167
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS CAO-II/97 MANGUEIRA DE GRANDE DIÂMETRO: PROPOSTA PARA O SEU EMPREGO NO CORPO DE BOMBEIROS AUTOR: CAP PM JULIO FLÁVIO ROSOLEN SÃO PAULO 1997

Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Monografia de Julio Flávio Rosolen. Monografia apresentada no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito para habilitação ao Oficialato Superior da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Citation preview

Page 1: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAO-II/97

MANGUEIRA DE GRANDE DIÂMETRO:

PROPOSTA PARA O SEU EMPREGO NO CORPO DE BOMBEIROS

AUTOR: CAP PM JULIO FLÁVIO ROSOLEN

SÃO PAULO

1997

Page 2: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAO-II/97

MANGUEIRA DE GRANDE DIÂMETRO:

PROPOSTA PARA O SEU EMPREGO NO CORPO DE BOMBEIROS

AUTOR: CAP PM JULIO FLÁVIO ROSOLEN

Monografia apresentada no Curso de Aperfeiçoamento de

Oficiais, como requisito para habilitação ao Oficialato

Superior da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

SÃO PAULO

1997

Page 3: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

DEDICATÓRIA

Aos meus Pais Nelson e Santa, a

meus irmãos Luiz Henrique, Davi e

Maria Amália, à minha cunhada

Célia, ao meu sobrinho Rafael e aos

Bombeiros de ontem, de hoje e de

amanhã, dedico este trabalho.

Page 4: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

4

AGRADECIMENTOS

Quero externar os meus agradecimentos ao Senhor

Tenente-Coronel PM Braz Esteves Neto, meu

Comandante, pelo constante apoio no

desenvolvimento deste trabalho.

Também desejo agradecer ao Engenheiro Químico

Alexandre Itiu Seito pela revisão dos conceitos

técnicos.

Agradeço, igualmente, aos Oficiais e Praças do 16º

Grupamento de Incêndio pela colaboração

emprestada na realização deste trabalho

monográfico.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Coeficientes de perda de carga...............................................................36

Tabela 2 - Pressão de prova.....................................................................................58

Tabela 3 - Alongamento máximo...............................................................................59

Tabela 4 - Torção......................................................................................................59

Page 5: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

5

Tabela 5 - Pressão....................................................................................................60

Tabela 6 - Pressão de ruptura...................................................................................60

Tabela 7 - Número mínimo de ciclos.........................................................................60

Tabela 8 - Aderência.................................................................................................61

Tabela 9 - Tensão de ruptura....................................................................................61

Tabela 10 - Deformação permanente à tração..........................................................62

Tabela 11 - Envelhecimento acelerado.....................................................................62

Tabela 12 - Perda de carga na mangueira de grande diâmetro................................69

Tabela 13 - Resultado do teste simulado................................................................152

Page 6: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - O escoamento da água no interior de um tubo.........................................25

Figura 2 - Variação da perda de carga com o comprimento da mangueira..............27

Figura 3 - A perda de carga aumenta com o aumento da velocidade.......................29

Figura 4 - A linha A indica a pressão estática. A distância entre as linhas A e B

indica a pressão perdida devido à perda de carga. Notar que não há

esguicho na mangueira............................................................................33

Figura 5 - Um esguicho foi acoplado na mangueira. Isso diminui a quantidade de

água fluindo, o que resulta em menor perda de carga.............................34

Figura 6 - Exemplos de vazão disponível, usando 300 m de mangueira à pressão de

175 PSI (1225 kPa) na expedição............................................................40

Figura 7 - Ilustração da trama e do urdume..............................................................45

Figura 8 - Ilustração das uniões de engate rápido Storz...........................................47

Figura 9 - Ilustração da trava para evitar o desacoplamento da união.....................48

Figura 10 - Ilustração da empatação externa............................................................50

Figura 11 - Empatação externa com três peças........................................................51

Figura 12 - Ilustração da empatação por anel de contração.....................................52

Figura 13 - Empatação externa com arame..............................................................56

Figura 14 - A mangueira de grande diâmetro usada como adutora..........................65

Figura 15 - Mangueira de grande diâmetro no bombeamento duplo........................67

Figura 16 - Passagem de nível..................................................................................71

Figura 17 - Cruzamento de viatura sobre a mangueira.............................................72

Figura 18 - Armação da válvula de 4 vias no hidrante..............................................87

Figura 19 - Armação da mangueira de 4” entre a válvula de 4 vias e o auto-

bomba.....................................................................................................87

Figura 20 - Pressurização da adutora pelo auto-bomba...........................................88

Figura 21 - Fluxo de água com a válvula de 4 vias instalada...................................88

Figura 22 - Retirada da mangueira do berço da viatura............................................89

Figura 23 - Sinalização para o motorista avançar a viatura......................................90

Figura 24 - Conexão da mangueira de grande diâmetro à admissão.......................91

Figura 25 - Efeitos danosos do golpe de aríete........................................................93

Page 7: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

7

Figura 26 - Armação de mangueiras de incêndio até o abastecimento de água......95

Figura 27 - Armação de mangueiras divididas..........................................................95

Figura 28 - Derivante - notar a válvula de alívio na parte superior.........................114

Figura 29 - Canhão-monitor....................................................................................115

Figura 30 - Canhão-monitor abastecido por auto-bomba com mangueira de grande

diâmetro................................................................................................116

Figura 31 - Conexão à introdução central do canhão-monitor................................116

Figura 32 - Adaptação conectada à introdução do canhão-monitor........................117

Figura 33 - Conexão do auto-bomba à rede de chuveiros ou de hidrantes............117

Figura 34 - Armação da mangueira a partir do registro de recalque.......................128

Figura 35 - Válvula de alívio da introdução.............................................................119

Figura 36 - Coletor..................................................................................................120

Figura 37 - Válvula de quatro vias...........................................................................120

Figura 38 - Desacoplamento da mangueira............................................................122

Figura 39 - Acoplamento do tampão-cego..............................................................123

Figura 40 - Desacoplamento das mangueiras.........................................................123

Figura 41 - Drenagem da mangueira......................................................................124

Figura 42 - Acoplamento de um tampão-cego à extremidade.................................124

Figura 43- Deixar a mangueira perfeitamente reta..................................................125

Figura 44 - Extração do ar do interior da mangueira...............................................126

Figura 45 - Dobra da mangueira sobre si mesma...................................................126

Figura 46 - Acondicionamento da mangueira com o uso da viatura.......................127

Figura 47 - Dobra da mangueira e remoção do tampão-cego.................................128

Figura 48 - Retirada do tampão-cego......................................................................128

Figura 49 - Acoplamento com o lance do berço de mangueiras.............................129

Figura 50 - Remoção do ar remanescente no interior da mangueira......................129

Figura 51 - Acondicionamento com a viatura transitando sobre a mangueira........131

Figura 52- Juntas colocadas na parte dianteira do berço.......................................131

Figura 53 - Início do acondicionamento da mangueira no berço............................132

Figura 54 - Execução da dobra no fim do berço.....................................................132

Figura 55 - Distância a ser deixada na parte dianteira do berço............................133

Figura 56 - Posicionamento das juntas no espaço deixado....................................133

Figura 57 - Verificação do acoplamento correto das juntas....................................134

Page 8: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

8

Figura 58 - Distância a ser deixada, quando da confecção da camada superior....134

Figura 59 - Acondicionamento da mangueira em carretel.......................................135

Figura 60 - Comunicação com o motorista..............................................................136

Figura 61 - Lavagem da mangueira antes do acondicionamento............................137

Figura 62 - Uso de solventes apropriados..............................................................138

Figura 63 - Descontaminação da mangueira no local da ocorrência......................138

Figura 64 - Reacondicionamento da mangueira no berço......................................139

Figura 65 - Lavagem do berço de mangueiras........................................................140

Figura 66 - Lavagem das juntas com água e sabão................................................140

Figura 67 - Lubrificação das juntas.........................................................................141

Figura 68 - Verificação do giro das juntas...............................................................141

Figura 69 - A mangueira não deve ser arrastada pela dobra..................................142

Figura 70 - Incêndio na indústria de bebidas Vila Velha, em Rio Claro..................144

Figura 71 - Acoplamento da adutora na introdução do AB-01................................147

Figura 72 - Pressurização da adutora e armação do tanque-portátil......................148

Figura 73 - AB-02 pressuriza a adutora e prepara a sucção do tanque-portátil.....149

Figura 74 - Ciclo de abastecimeto e descarga de água dos AT..............................150

Figura 75 - Operações no hidrante.........................................................................151

GRÁFICO 1 - Vazões obtidas durante o exercício simulado...................................153

Page 9: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

LISTA DE ABREVIATURAS

AB : Auto-bomba

ABNT : Associação Brasileira de Normas Técnicas

AT : Auto-tanque

GPM : Galões por minuto

IFSTA : International Fire Service Training Association

KGF : Quilograma-força

kPa : QuiloPascal

KGF/CM2 : Quilograma-força por centímetro quadrado

L : Comprimento

LB/POL2 : Libra por polegada quadrada

LPM : Litros por minuto

MCA : Metro de coluna d’água

NFPA : National Fire Protection Association

PSI : Libras por polegada quadrada (Pounds per square inch)

“ : Polegada

Q : Vazão

Page 10: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA............................................................................................................3

AGRADECIMENTOS...................................................................................................4

LISTA DE

TABELAS....................................................................................................5

LISTA DE

ILUSTRAÇÕES...........................................................................................6

LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................................9

RESUMO...................................................................................................................14

INTRODUÇÃO...........................................................................................................1

5

1 REVISÃO TEÓRICA..............................................................................................18

2 HISTÓRICO DAS

MANGUEIRAS..........................................................................22

3 PERDA DE CARGA...............................................................................................25

3.1 Definição.............................................................................................................25

3.2 Princípios básicos...............................................................................................26

3.2.1 Primeiro princípio da perda de carga...............................................................27

3.2.2 Segundo princípio da perda de carga..............................................................27

3.2.3 Terceiro princípio da perda de carga...............................................................30

3.2.4 Quarto princípio da perda de carga..................................................................30

3.3 A água é incompressível.....................................................................................31

3.4 Elementos de hidráulica de combate a incêndios...............................................35

3.4.1 Vazão...............................................................................................................35

3.4.1.1 Método da pressão constante/distância igual...............................................39

4 MANGUEIRA DE GRANDE DIÂMETRO...............................................................41

4.1 Definição.............................................................................................................41

4.2 Fabricação da mangueira de grande diâmetro....................................................42

4.3 O tubo interno......................................................................................................42

4.4 O reforço têxtil.....................................................................................................44

4.5 Mangueira com revestimento de borracha..........................................................46

Page 11: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

11

4.6 Uniões.................................................................................................................47

4.7 Empatação da mangueira à união.......................................................................48

4.7.1 Empatação interna...........................................................................................49

4.7.2 Empatação

externa...........................................................................................49

4.7.3 Anel de contração.............................................................................................51

4.7.4 Empatação externa com

arame........................................................................56

4.8 Classificação das mangueiras.............................................................................56

4.9 Testes..................................................................................................................57

4.10 Condições mínimas de aceitação......................................................................58

5 APLICAÇÃO DAS MANGUEIRAS DE GRANDE

DIÂMETRO...............................64

5.1 Os precursores....................................................................................................64

5.2 Aplicações...........................................................................................................64

5.2.1 No abastecimento de auto-bombas..................................................................64

5.2.2 No abastecimento de auto-tanques..................................................................65

5.2.3 No abastecimento de outros equipamentos e viaturas.....................................66

5.2.4 No bombeamento duplo...................................................................................66

6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS MANGUEIRAS DE GRANDE

DIÂMETRO.........................................................................................................68

6.1 Vantagens...........................................................................................................68

6.1.1 Pouca perda de carga......................................................................................68

6.1.2 Simplificação de táticas e de evoluções..........................................................69

6.1.3 Pouca manutenção...........................................................................................70

6.2 Desvantagens......................................................................................................70

6.2.1 Impossibilidade de mover a mangueira em carga............................................71

6.2.2 Obstrução do tráfego........................................................................................71

6.2.3 Possibilidade da perda de toda a água............................................................73

6.3 Quadro-resumo...................................................................................................73

7 FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA ESCOLHA DA MANGUEIRA DE

GRANDE DIÂMETRO.........................................................................................75

7.1 Capacidade das adutoras....................................................................................75

Page 12: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

12

7.2 Tipo e localização dos hidrantes.........................................................................75

7.3 Seleção da mangueira de grande diâmetro........................................................76

7.3.1 Comentários.....................................................................................................84

8. MÉTODOS DE ARMAÇÃO DAS MANGUEIRAS DE GRANDE

DIÂMETRO.........85

8.1 Preâmbulo...........................................................................................................85

8.2 Armação de mangueiras até o incêndio..............................................................85

8.2.1 Válvula de quatro vias para hidrantes..............................................................86

8.3 Armação a partir do hidrante...............................................................................89

8.3.1 Golpe de aríete.................................................................................................91

8.3.2 Válvula de alívio...............................................................................................93

8.4 Armação da mangueira até o abastecimento de água........................................94

8.5 Armação de mangueiras divididas......................................................................95

9 SEGURANÇA NO USO DAS MANGUEIRAS DE GRANDE

DIÂMETRO..............96

9.1 A experiência internacional.................................................................................96

9.2 Recomendações de segurança.........................................................................112

10 EQUIPAMENTOS USADOS COM AS MANGUEIRAS DE GRANDE DIÂME-

TRO...................................................................................................................114

10.1 Preâmbulo.......................................................................................................114

10.2 Derivantes.......................................................................................................114

10.3 Canhões-monitores.........................................................................................115

10.4 Rede de hidrantes e de chuveiros automáticos..............................................117

10.5 Outros equipamentos......................................................................................118

10.5.1 Válvula de alívio da introdução....................................................................118

10.5.2 Adaptações...................................................................................................119

10.5.3 Reduções.....................................................................................................119

10.5.4 Coletores......................................................................................................120

10.5.5 Válvula de quatro vias para hidrantes..........................................................120

10.5.6 Miscelâneas..................................................................................................121

11 PROCEDIMENTOS PÓS-INCÊNDIO................................................................122

11.1 Drenagem da mangueira.................................................................................122

11.2 Acondicionamento no berço de mangueiras...................................................127

Page 13: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

13

11.3 Acondicionamento em carretéis......................................................................135

12 MANUTENÇÃO DA MANGUEIRA DE GRANDE

DIÂMETRO...........................137

12.1 Lavagem..........................................................................................................137

12.2 Descontaminação............................................................................................138

12.3

Secagem..........................................................................................................139

12.4 Freqüência da lavagem...................................................................................139

12.5 Limpeza das uniões.........................................................................................140

12.6 Rodízio das mangueiras..................................................................................142

13 EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS COM AS MANGUEIRAS DE GRANDE

DIÂMETRO.....................................................................................................143

13.1 Preâmbulo.......................................................................................................143

13.2 A experiência do 16º Grupamento de Incêndio...............................................143

13.3 A experiência do 7º Grupamento de Incêndio.................................................145

13.3.1 Arranjo das viaturas......................................................................................145

13.3.2 Desenvolvimento..........................................................................................146

13.3.2.1 Auto-bomba 01..........................................................................................146

13.3.2.2 Auto-tanque 01..........................................................................................147

13.3.2.3 Auto-bomba 02..........................................................................................149

13.3.2.4 Auto-tanque 02 e/ou carros-pipas de apoio..............................................150

13.3.2.5 Operações no hidrante..............................................................................151

13.3.3 Resultado.....................................................................................................152

CONCLUSÃO..........................................................................................................154

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................156

GLOSSÁRIO............................................................................................................16

0

ANEXO A - Arranjo do berço de mangueiras da viatura proposto pelo 7º GI..........164

ANEXO B - Fatores de conversão...........................................................................165

ANEXO C - Equivalências importantes...................................................................166

Page 14: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

14

Page 15: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

RESUMO

O objetivo desta monografia é propor o emprego de mangueiras de

grande diâmetro no Corpo de Bombeiros, como alternativa ao modelo atualmente

em uso, que se baseia na utilização de mangueira de diâmetro 2½” (duas e meia

polegadas).

Buscaram-se na literatura técnica norte-americana os dados

necessários para justificar tal proposta, tendo em vista o largo uso de tal

equipamento naquele País e, conseqüentemente, possuir maior experiência.

Com o uso de mangueiras de grande diâmetro, pretendeu-se

demonstrar que há um aumento considerável da vazão de água para o combate a

incêndios; que a menor perda de carga provocada por tal equipamento permite

bombear a água a maiores distâncias. Por usar pressões mais baixas, permite a

operação com menores rotações do motor da viatura, propiciando, assim, o

aumento de sua vida útil, devido ao menor desgaste das peças móveis, além de

proporcionar maior segurança à operação.

O uso de mangueiras de grande diâmetro no Corpo de Bombeiros

contribuirá em muito para o aperfeiçoamento das técnicas de combate a incêndios,

igualando-as aos dos países mais desenvolvidos do mundo.

Page 16: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

INTRODUÇÃO

No combate a incêndios, o suprimento de água é, indiscutivelmente,

ponto vital para o sucesso da operação.

De fato, a habilidade de levar e manter o suprimento de água no

local do incêndio é fundamental, para qualquer operação de combate a incêndio.

Com o projeto de reequipamento do Corpo de Bombeiros, por meio

do qual foram adquiridas viaturas dotadas de bombas com vazões de 1500 galões

por minuto (GPM) a 2000 galões por minuto (GPM), evidenciaram-se ainda mais as

deficiências do modelo atualmente utilizado, isto é, os auto-tanques recalcando

água para os auto-bombas, por meio de mangueira de diâmetro de 21/2” (duas e

meia polegadas).

A preocupação com o abastecimento adequado dos Auto-Bombas já

foi anteriormente expressa pelo então Ten Cel PM Hugo Massotti Júnior em sua

monografia elaborada no CSP-II/93, na qual sugere estudos para a adoção de

mangueiras de grande diâmetro1.

O presente trabalho visará propor a adoção, pelo Corpo de

Bombeiros da Polícia Militar, das mangueiras de grande diâmetro, a fim de permitir a

adução de uma quantidade maior de água ao incêndio com menor perda de carga.

1 Tanque-Portátil: A Solução Brasileira para a Falta de Hidrantes, CSP-II/93, l993, p. 54-57.

Page 17: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

17

Por outro lado, este trabalho não terá o escopo de propor soluções

para o aumento da pressão nas redes públicas de abastecimento de água, onde os

hidrantes estão instalados.

Sabe-se que as viaturas dotadas de bomba de combate a incêndio,

quer sejam auto-bombas, auto-bombas-escada, auto-bombas-plataforma ou auto-

escadas, possuem somente uma introdução auxiliar de 2½” (duas e meia

polegadas), com válvula esférica de abertura a um quarto de volta, pela qual são

abastecidas por mangueira de diâmetro de 21/2” (duas e meia polegadas).

Internacionalmente, as mangueiras de diâmetro 21/2” (duas e meia

polegadas) estão gabaritadas para a adução de 250 GPM e como a bomba não

produz água, bombeando apenas a quantidade que recebe da fonte de

abastecimento, somente esta quantidade de água é aplicada no combate ao

incêndio. Portanto, conclui-se que as bombas estão sendo sub-utilizadas.

Isso resulta, dependendo do vulto da operação, em um combate ao

incêndio extremamente pobre, tendo como conseqüência o aumento dos danos ou

mesmo a perda total da estrutura envolvida, por deficiência no abastecimento de

água para o combate a incêndios, mesmo sendo utilizadas viaturas com bombas

poderosas, cujas vazões vão de 1000 a 2000 GPM à pressão de 150 libras por

polegada quadrada (PSI).

Com o uso de mangueiras de grande diâmetro, as vazões para

combate a incêndios serão grandemente aumentadas, bem como a distância em

que a água poderá ser bombeada. Além disso, os motores das viaturas serão

poupados devido ao menor número de rotações por minuto necessário, tendo em

vista as pressões menores que serão utilizadas, quando usadas mangueiras de

grande diâmetro.

Page 18: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

18

O uso de mangueiras de grande diâmetro não é muito difundido no

Brasil. Por isso, na elaboração deste trabalho, pesquisar-se-á a bibliografia

estrangeira, notadamente a norte-americana, onde tal equipamento é amplamente

utilizado.

A mangueira de grande diâmetro, uma vez adotada pelo Corpo de

Bombeiros, contribuirá de forma decisiva para o aumento da eficiência nas

operações de combate a incêndios e, conseqüentemente, para a redução dos riscos

à vida e ao patrimônio.

Page 19: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

1 REVISÃO TEÓRICA

Como no Brasil a literatura a respeito do tema abordado é muito

escassa, buscaram-se na literatura técnica internacional, principalmente na norte-

americana, as justificativas para a comprovação das vantagens do uso das

mangueiras de grande diâmetro no Corpo de Bombeiros.

A fim de situar historicamente o uso das mangueiras pelos Corpos

de Bombeiros, desde as eras mais remotas até aos nossos dias, pesquisou-se nos

manuais Fire Service Orientation and Terminology2, Hose Practices

3 e no livro A

Força Pública de São Paulo - Esboço Histórico 1831/19314.

Sabe-se que um dos fatores mais restritivos do uso de mangueiras

de diâmetros menores é a perda de carga. Para dar uma visão deste fenômeno, sua

definição e princípios, pesquisaram-se os manuais MB-3-PM Proteção Contra

Incêndios5, Fire Stream Practices

6 e o livro Fire Department Water Supply

Handbook.7

Para se estudar o assunto objeto da monografia, necessitou-se

procurar uma definição para mangueira de grande diâmetro. Para fixar a sua

definição, fabricação, tipos de união e métodos de empatação, classificação, testes,

condições de aceitação e testes anuais, consultou-se o Manual de Mangueiras e

Acessórios (M-1), 1ª Parte8, o MB-3-PM Proteção Contra Incêndios

9, o Manual de

2 INTERNATIONAL FIRE SERVICE TRAINING ASSOCIATION. Fire service orientation and terminology. 3. ed.

Stillwater, Fire Protection Publications-Oklahoma State University, 1988. 3 _______, Hose practices. 7. ed. Stillwater, Fire Protection Publications-Oklahoma State University, 1988.

4 ANDRADE, Euclides e DA CÂMARA, Hely F. A Força Pública de São Paulo. Esboço Histórico. 1831-1931.

Sociedade Impressora Paulista, 1931. 5 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. MB-3-PM Proteção contra incêndio. 1. ed. São Paulo. 1978.

6 INTERNATIONAL FIRE SERVICE TRAINING ASSOCIATION. Fire stream practices. 7. ed. Stillwater, Fire

Protection Publications-Oklahoma State University, 1989. 7 ECKMAN, William F. The fire department water supply handbook. 1. ed. Saddle Brook: Fire Engineering Books

& Videos, 1994. 8 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual de mangueiras e acessórios (M-1). 1ª Parte, São

Paulo, 1971. 9 Op. cit.

Page 20: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

20

Fundamentos de Bombeiros10

, a norma EB-2161/91 Mangueira de Incêndio11

e a

norma NFPA 1961 Standard for Care, Use, and Service Testing of Fire Hose

Including Couplings and Nozzles12

.

A seguir, pesquisaram-se os possíveis usos para as mangueiras de

grande diâmetro, baseando-se na experiência norte-americana, relatadas em

revistas técnicas como Fire Engineering13

e Fire Chief14

e no manual técnico Fire

Stream Practices15

.

Para o cotejamento entre as vantagens e as desvantagens do uso

das mangueiras de grande diâmetro, pesquisou-se o Manual de Mangueiras de

1971, o manual técnico Fire Stream Practices16

e o artigo de autoria de William C.

Peters, denominado “A Practical Approach to Large Diameter Hose”, publicado na

revista Fire Engineering17

, bem como catálogos técnicos do fabricante de

mangueiras Snap-tite Hose, Inc.

Para se obter diretrizes para a escolha da mangueira de grande

diâmetro mais adequada, em função das pressões na fonte de água e do

comprimento pretendido, pesquisou-se o artigo de C. Bruce Edwards, denominado

“Don’t Play Hose Catch-up”, publicado na revista Fire Engineering,18

o qual fornece

importantes subsídios para a escolha correta do diâmetro adequado da mangueira,

através de tabelas adrede preparadas.

As técnicas de armação das mangueiras de grande diâmetro foram

pesquisadas no Manual de Fundamentos de Bombeiros19

, nos manuais Practicas y

10

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual de Fundamentos de Bombeiros. Fascículo n. 5. 1. ed. 1996. 11

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Mangueira de incêndio - EB-2161. Rio de Janeiro. nov. 1991. 12

NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION. Standard for the care, use, and service testing of fire hose including couplings and nozzles - NFPA 1962, Quincy, 1993. 13

PRESSLER, Bob. Getting water to the fire. Fire Engineering. Tulsa, v. 148, n. 2, p.16-21, feb. 1995. 14

VENTILAMIGLIA, Mike. Developing maximum flow capacities. Fire Chief, Chicago, v.27, n. 5, p. 54-55, may 1984. 15

Op. cit. 16

Idem 17

PETERS, William C. A practical approach to large diameter hose. Fire Engineering, Tulsa, v. 145, n. 1, p.42-49, jan. 1992. 18

EDWARDS, C. Bruce. Don’t play hose catch-up. Fire Engineering, Tulsa, v.148, n.2, p. 48-50, feb. 1995. 19

Op. cit.

Page 21: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

21

Teoria para Bomberos20

, Fire Department Pumping Apparatus21

, Hose Practices22

,

Fire Stream Practices23

e na norma NFPA 196224

.

Todos os Bombeiros já viram o que ocorre quando mangueiras

submetidas a altas pressões se desacoplam, bem como quando esguichos

escapam acidentalmente das mãos dos Bombeiros. A possibilidade de ferimentos

ou até mesmo a morte de Bombeiros e de circunstantes é grande. Imagine-se,

então, o potencial desastroso de uma mangueira de 4” ou de 5” de diâmetro, em

carga, desacoplar-se e ficar fora de controle, produzindo violentos golpes até que a

água seja cortada. Para se evitar tal situação são necessárias medidas de

precaução e para determiná-las pesquisou-se o artigo de William C. Peters,

denominado “LDH Safety: It’s no accident”, publicado em Fire Engineering25

.

Na indicação dos equipamentos a serem utilizados com as

mangueiras de grande diâmetro, pesquisaram-se os vídeos Large Diameter Hose26

e Large Diameter Hose Systems - Training & Maintenance,27

bem como catálogos

técnicos da Snap-tite, Inc.

Os procedimentos pós-incêndio, envolvendo a mangueira de grande

diâmetro, tais como: drenagem da água, acondicionamento no berço de mangueiras

da viatura e acondicionamento em carretéis foram pesquisados no vídeo Large

Diameter Hose28

.

As atividades de manutenção da mangueira de grande diâmetro

foram pesquisadas nos vídeos Large Diameter Hose29

e Large Diameter Hose

Systems - Training & Maintenance30

.

20

INTERNATIONAL FIRE SERVICE TRAINING ASSOCIATION. Practicas y teoria para bomberos. 6. ed. Stillwater, 1991. 21

____________. Fire Department pumping apparatus. 7. ed. Stillwater, 1989. 22

Op. cit. 23

Op. cit. 24

Op. cit. 25

PETERS, William C. LDH Safety: It’s no accident. Fire Engineering. Tulsa, v. 147, n.4, p. 63-68, apr. 1994. 26

MEDIA RESOURCES INC. Large Diameter Hose, Training video, Vancouver, 1991. 27

STI Creative Division of Snap-tite Inc., Large Diameter Hose Systems - Training & Maintenance, Erie. 28

Op. cit. 29

Idem. 30

Op. cit.

Page 22: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

22

As experiências práticas com as mangueiras de grande diâmetro

foram pesquisadas na monografia Tanque-Portátil: a solução brasileira para a falta

de hidrantes31

, de autoria do então Ten Cel PM Hugo Massotti Júnior, em relatório

de ocorrência de incêndio32

do 16º Grupamento de Incêndio e em Nota de Serviço

do 7º Grupamento de Incêndio33

.

Com a pesquisa bibliográfica supra citada, procurou-se demonstrar

as vantagens do uso das mangueiras de grande diâmetro no Corpo de Bombeiros.

31

MASSOTTI JÚNIOR, Hugo. Tanque-portátil: a solução brasileira para a falta de hidrantes. CAES, São Paulo, 1993. Monografia elaborada no CSP-II/93 32

RELATÓRIO/AVISO DO CORPO DE BOMBEIROS N. 486 33

NOTA DE SERVIÇO Nº7GI-002/13.2/93

Page 23: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

2 HISTÓRICO DAS MANGUEIRAS

O século vinte e um aproxima-se rapidamente e os Corpos de

Bombeiros continuam a fazer frente a um problema com que a civilização tem se

defrontado por milhares de anos — a destruição causada pelos incêndios.

Surpreendentemente, com o passar dos séculos, houve pouca

mudança na forma básica de combater um incêndio.

Os Bombeiros de todo o mundo continuam a extinguir os incêndios,

utilizando as mangueiras para enviar a água até eles.

A água continua a servir como o agente extintor mais barato e mais

eficiente e, de todo o equipamento que há em um auto-bomba, a mangueira é o

item que é usado na extinção de incêndios com mais freqüência.

A mangueira, por isso, é absolutamente essencial para que os

Corpos de Bombeiros cumpram as suas missões básicas: salvar vidas e preservar a

propriedade de danos ou da perda total por incêndios.

Nos primórdios do combate a incêndios, o processo de transporte da

água para um incêndio e a sua aplicação para a extinção, era o grande problema.

Embora um tipo tosco de mangueira de incêndio houvesse sido desenvolvido no

século dezessete, mangueiras de incêndio satisfatórias não foram produzidas até o

século dezenove.

Até essa época, o único meio de transporte de água até o incêndio

era, passando baldes de água ao longo de uma linha de bombeiros. Esse sistema

Page 24: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

24

de transporte de água ficou conhecido nos Estados Unidos da América como a

“Brigada de Baldes”34

.

Em São Paulo, por volta de 1850, a situação não era diferente,

como pode ser verificado na obra A Força Pública de São Paulo - Esboço

Histórico35

.

As mangueiras flexíveis têm sido usadas desde a época dos antigos

gregos, que usavam os intestinos de bois para confeccioná-las.

A mangueira de couro inventada na Holanda era feita com couro

bovino de ótima qualidade, costurada cuidadosamente e possuía uniões de latão

nas extremidades, de modo que pudesse ser acoplada com outra mangueira.

Quando era aplicada pressão à mangueira, esta, algumas vezes,

rompia-se e a água escapava pelas suas fendas e costuras, chegando pouca água

ao esguicho.

Apesar disso, os bombeiros perceberam que tinham um

equipamento necessário e eficiente, sendo introduzidos melhoramentos, como a

mangueira rebitada, desenvolvida pelos membros da Hose Nº 1, da Filadélfia,

EUA36

, o que foi um grande aperfeiçoamento depois das mangueiras costuradas, as

quais deixavam vazar muita água.

O próximo avanço significativo na tecnologia da fabricação de

mangueiras veio com a introdução dos teares circulares, que foram projetados para

formar tubos de lona, tecidos de linho, que eram muito mais leves e mais fáceis de

manusear do que o couro.

Esse tipo de mangueira era mais resistente a vazamentos do que o

couro, mas mais vulnerável ao ataque por fungo, que a destruía.

34

Hose Practices, 7th Ed.,1988, p. 1. 35

A Força Pública de São Paulo - Esboço Histórico 1831/1931, 1931, p. 215. 36

Fire Service Orientation and Terminology, 3rd Ed., 1993, p. 20.

Page 25: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

25

O próximo principal aperfeiçoamento nas mangueiras de incêndio

veio com a descoberta da borracha.

O tubo de linho foi revestido com um tubo interno de borracha para

tornar a mangueira virtualmente à prova de vazamentos e mais resistente ao

rompimento devido à pressão interna.

Desde a introdução da borracha, muitos aperfeiçoamentos foram

feitos na qualidade dos materiais usados no revestimento externo e em seu forro

interno.

Como resultado desses desenvolvimentos, a mangueira de hoje é

mais leve, mais durável e mais fácil de manusear como nunca o foi antes.

A par disso, os Corpos de Bombeiros têm aperfeiçoado os seus

métodos de transporte e de disposição das mangueiras nas viaturas.

Embora seja difícil imaginar o quanto a mangueira de incêndio

possa ainda ser aperfeiçoada, o desenvolvimento de materiais da era espacial

certamente continuará a melhorar a qualidade desse componente vital do arsenal de

combate a incêndios e, em última análise, reduzirá a trágica perda de vidas e de

propriedades causadas por incêndios.

Page 26: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

3 PERDA DE CARGA

3.1 Definição

Quando um líquido escoa ao longo de uma superfície sólida, notam-

se partículas que não se movimentam, são estacionárias, causando atritos externos.

Portanto, deve-se entender que o atrito externo é conseqüência da

ação de freio exercida por essa camada de partículas estacionárias sobre as demais

em movimento.

Nesse caso, conclui-se que, quando ocorre o escoamento de um

líquido em um tubo, forma-se junto às paredes desse tubo, uma película fluida que

não participa do movimento. Junto à parede do tubo a velocidade é zero, sendo

máxima na parte central, como pode ser visto na figura abaixo:

Figura 1 - O escoamento da água no interior de um tubo.

Fonte: Water Supply Handbook, p. 174

O atrito entre a água em escoamento e as paredes do tubo provoca

a perda de carga.

VAZÃO NORMAL QUALQUER DIÂMETRO

VAZÃO LIMITADA PERDA DE CARGA DEVIDO

AO ATRITO

Page 27: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

27

Pode-se definir a perda de carga como:

A perda de carga é a parte da pressão total perdida pela água

ao escoar através dos tubos, conexões, mangueiras e adaptações, em

conseqüência dos atritos existentes.

Em uma linha de mangueiras, a perda de carga é causada pelo

atrito das moléculas de água entre si, pela rugosidade do tubo interno das

mangueiras, pelas uniões, pelas dobras nas mangueiras, pela mudança do diâmetro

da mangueira por adaptações e por diâmetro do anel de expansão inadequado.

Qualquer coisa que afete o movimento da água pode causar perda

de carga adicional.

A mangueira de boa qualidade possui uma superfície interna lisa e

causa menos perda de carga do que uma mangueira de baixa qualidade. A perda

de carga em uma mangueira velha pode ser 50% maior do que em uma nova.

A perda de carga pode ser medida instalando-se manômetros na

linha de mangueiras. A diferença na pressão residual entre os manômetros, quando

a água está escoando, é a perda de carga.

Um bom exemplo de perda de carga em uma linha de mangueiras é

a diferença de pressão existente entre o esguicho e o auto-bomba.

3.2 Princípios Básicos37

Há quatro princípios básicos que regem a perda de carga nas

mangueiras e tubos. Esses princípios serão discutidos a seguir:

Page 28: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

28

3.2.1 Primeiro princípio da perda de carga

Se todas as condições são as mesmas, a perda de carga varia

diretamente com o comprimento da mangueira ou do tubo.

Esse princípio pode ser demonstrado com uma linha de mangueiras

de 30 m de comprimento e outra com 60 m de comprimento.

Uma vazão constante de 200 GPM (800 LPM) é mantida em cada

mangueira.

A mangueira de 30 m possui uma perda de carga de 10 PSI.

A mangueira de 60 m possuirá o dobro da perda de carga, ou 20

PSI.

Figura 2 - Variação da perda de carga com o comprimento da

mangueira.

Fonte: Fire Stream Practices, 1993, p.38

3.2.2 Segundo princípio da perda de carga

Quando as mangueiras são do mesmo diâmetro, a perda de carga

varia aproximadamente com o quadrado do aumento da vazão.

37

Fire Stream Practices, 1993, p. 38

L= 30 M E Q= 200 GPM

PERDA = 10 PSI

L= 60 M E Q= 200 GPM

PERDA= 20 PSI

Page 29: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

29

Esse princípio mostra que a perda de carga cresce muito mais

rápido do que a mudança da velocidade (a velocidade é proporcional à vazão).

Esse princípio é ilustrado na figura 3.

Como a vazão dobra de 200 GPM para 400 GPM (800 LPM para

1600 LPM), a perda de carga aumenta quatro vezes (22

= 4).

Quando a vazão inicial é triplicada de 200 para 600 GPM (800 para

2400 LPM), a perda de carga aumenta nove vezes (32

= 9).

Page 30: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

30

Figura 3 - A perda de carga aumenta com o aumento da vazão

Fonte: Fire Stream Practices, p. 39

3.2.3 Terceiro princípio da perda de carga

AUMENTO DA PERDA DE CARGA COMPARADO COM O AUMENTO DA

VAZÃO

[MAGUEIRA DE 3” (75 mm) USADA COMO EXEMPLO]

200 GPM

(800 LPM) 400 GPM

(1600 LPM) 600 GPM

(2400 LPM)

Perda de Carga

(psi) (kPa)

40

35

30

25

20

15

10

5

280

245

210

175

140

105

70

35

35.1

(245 kPa)

15.6

(108 kPa)

3.9

(27 kPa)

3.9 (4)= 15.6 3.9 (9) = 35.1

Page 31: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

31

Para a mesma vazão, a perda de carga varia inversamente com a

quinta potência do diâmetro da mangueira.

Esse princípio prova a vantagem da mangueira de grande diâmetro

e pode ser ilustrado por uma mangueira de 2½” de diâmetro e outra mangueira de

3” de diâmetro. A perda de carga na mangueira de 3” é:

(2,5) 5 /(3) 5 = 98/243 = 0,4 da perda de carga na mangueira de 2½”.

3.2.4 Quarto princípio da perda de carga

Para uma dada vazão, a perda de carga é aproximadamente a

mesma, independentemente da pressão da água.

Esse princípio explica porque a perda de carga é a mesma, quando

linhas de mangueiras a pressões diferentes debitam a mesma quantidade de água.

Por exemplo, se 100 GPM (400 LPM) fluem por uma mangueira de

3” em um certo tempo, a água deverá fluir a uma velocidade especificada (m/s).

Porém, para que a mesma vazão possa fluir por uma mangueira de 1½”, a

velocidade deverá ser aumentada grandemente.

São necessárias quatro mangueiras de 11/2” para debitar os 100

GPM (400 LPM), fluindo à mesma velocidade requerida para uma única mangueira

de 3”, isto porque, quando o diâmetro da mangueira é dobrado, a área da sua

secção transversal aumenta aproximadamente quatro vezes.

Page 32: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

32

3.3 A água é incompressível

Uma das propriedades físicas da água é que ela é praticamente

incompressível. Isso significa que o mesmo volume de água fornecido a uma das

extremidades de uma mangueira deverá ser debitado na outra extremidade.

O diâmetro da mangueira determina a velocidade para uma dada

vazão de água. Quanto menor é o diâmetro da mangueira, maior é a velocidade

para debitar o mesmo volume de água.

A perda de carga em um sistema aumentará com o aumento do

comprimento da tubulação. A pressão será sempre maior, próxima da fonte de

abastecimento e menor no ponto mais distante do sistema.

Uma condição existente em um sistema de abastecimento de água

e um lay-out de mangueiras é mostrado na figura 4.

Um reservatório elevado está cheio com água até à altura de 45 m.

Na sua base estão as conexões a um hidrante.

Do hidrante, 90 m de mangueiras de 2½” são armados ao longo da

rua com uma válvula em sua extremidade final.

Imagine-se um tubo de vidro acoplado às mangueiras a cada 30 m,

mantido na vertical e com a mesma altura do reservatório elevado.

Com a válvula fechada, a água nos tubos manter-se-á na linha A,

que é o mesmo nível da água no reservatório.

Essa linha indica a pressão estática.

Ao ser aberta a válvula, a água flui moderadamente à baixa pressão.

Page 33: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

33

Se a abertura for feita diretamente no hidrante, a vazão será bem

maior e à alta pressão.

Em outras palavras, a pressão não é tão grande no final da linha de

mangueiras quanto o é no hidrante.

Observando-se o nível da água nos tubos verticais, vê-se que ao

invés de estar no mesmo nível do primeiro, está na linha B.

A diferença no nível da água dos tubos indica a pressão usada para

vencer a perda de carga nas seções de mangueira entre os tubos.

A perda de pressão em cada intervalo de 30 m e a reduzida vazão

indicam a perda de carga na linha.

Figura 4 - A linha A indica a pressão estática. A distância entre as linhas A e B

indica a pressão perdida devido à perda de carga. Notar que não há esguicho na

mangueira

Page 34: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

34

Fonte: Fire Stream Practices, p. 41

Figura 5 - Um esguicho foi acoplado na mangueira. Isso diminui a quantidade de

água fluindo, o que resulta em menor perda de carga

PRESSÃO

RESIDUAL

DO

HIDRANTE

45 M

A

B

Page 35: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

35

Fonte: Fire Stream Practices, p. 39

Uma mangueira aberta produz um jato que normalmente não tem

nenhuma utilidade no combate a incêndios. É necessário o uso de algum tipo de

esguicho para produzi-lo.

A figura 5 mostra um esguicho com um requinte de 1” (uma

polegada). Com o esguicho fechado, o nível da água no tubo de vidro está na linha

A. Com o esguicho aberto, ele cai para a linha C.

Nota-se que a linha C na figura 5, é consideravelmente mais alta do

que a linha B, na figura 4 e que foi produzido um jato de água com algum alcance.

Se o requinte de 1” for substituído por um de 3/4”, o nível da água

nos tubos de vidro subirá a um nível mais alto.

A velocidade aumentará, mas a vazão diminuirá. Pela diminuição da

quantidade de água fluindo, o bombeiro reduz a velocidade da água na mangueira;

conseqüentemente, há menos perda de carga.

PRESSÃO

RESIDUAL

DO

HIDRANTE

A

C

45 M

Page 36: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

36

3.4 Elementos de hidráulica de combate a incêndios

3.4.1 Vazão

A vazão depende da velocidade em que a água está fluindo e da

área do orifício de descarga. Esses dois fatores são essenciais no desenvolvimento

de uma fórmula matemática, que poderá ser assim expressa:

Q= A . V

Onde:

Q= Vazão (em m3/s);

A= Área do orifício (em m2)

V= Velocidade (em m/s)

A equação acima é conhecida como Equação da Continuidade.

Para calcular a velocidade da água fluindo de um orifício, usa-se a

seguinte fórmula:

V= 1,2 NP

Onde:

V= Velocidade da água (em m/s)

1,2= Uma constante

NP= Pressão no esguicho (em kPa)

Tabela 1 - Coeficientes de perda de carga

Page 37: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

37

COEFICIENTES DE PERDA DE CARGA

DIÂMETRO DA MANGUEIRA COEFICIENTE (C)

63 MM 3,17

75 MM COM JUNTAS DE 63 MM 1,27

100 MM 0,305

125 MM 0,138

150 MM 0,083

Fonte: Fire Streams Practices, p. 257

As bases para o cálculo da perda de carga em mangueira são: o

seu tipo, a vazão e o seu comprimento. A perda de carga é determinada pela

seguinte fórmula:

FL= C.Q2

.L onde:

FL= Perda de carga (em kPa)

C= Coeficiente da perda de carga (da Tabela 1)

Q= Vazão (em centenas de L/min)

L= Comprimento da mangueira (em centenas de metros)

Exemplo 1:

Determinar qual a distância máxima que pode ser alcançada pela

água de um hidrante com vazão de 1000 GPM (4000 L/min) e pressão de 150 PSI

(1050 kPa), por meio de uma mangueira de 2.½” (63 mm).

FL= C.Q2

.L onde:

FL= 1050 kPa (pressão disponível no hidrante)

Q= 4000 L/min

C= 3,17

Isolando o comprimento fica:

L= FL

C Q. 2, substituindo os valores:

Page 38: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

38

L= 1050

3 174000

100

2, . ( )

L= 0,207 x 100

L= 20,7 M

Resposta: A distância máxima é de 20,7 metros.

Exemplo 2:

Para o mesmo problema, utilizar a mangueira com diâmetro 4” (100 MM).

FL= C.Q2

.L onde:

FL= 1050 kPa (pressão disponível no hidrante)

Q= 4000 L/min

C= 0,305

Isolando o comprimento fica:

L= FL

C Q. 2, substituindo os valores:

L= 1050

0 3054000

100

2, . ( )

L= 2,15 x 100

L= 215 M

Resposta: A distância máxima é de 215 metros.

Verifica-se que, mantidas as mesmas condições, com o uso da

mangueira de grande diâmetro de 4” (100 MM) é possível fazer com que a água

seja enviada a uma distância 10 vezes maior do que aquela conseguida com o uso

da mangueira de 2.½” (63 MM).

Outra aplicação das mangueiras de grande diâmetro é com bombas

em série. Havendo auto-bombas e mangueiras suficientes não há limites para a

distância em que a água possa ser bombeada.

Page 39: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

39

O bombeamento em série é baseado na quantidade de água

necessária e a distância que o local do incêndio está da fonte de abastecimento.

Há dois tipos de perda de pressão que o bombeamento em série

deverá superar: a perda de carga nas mangueiras e o desnível geométrico.

A perda de carga é afetada pela quantidade de água a ser

bombeada, pelo diâmetro da mangueira e pela distância entre os auto-bombas, o

que não ocorre com o desnível geométrico que é afetado unicamente pela

topografia local. Há certas limitações para o bombeamento em série. A primeira

delas é que os auto-bombas são gabaritados para debitarem a sua capacidade

máxima a 150 PSI (1050 kPa) de pressão. Se pressões mais altas forem

necessárias, a capacidade da bomba será reduzida proporcionalmente.

As pressões são também limitadas pelo fato de que as mangueiras

não devem ser expostas a pressões que excedam às pressões anuais de teste.

Para mangueiras de grande diâmetro de até 5”, a pressão máxima a

ser imprimida é de 185 PSI (1300 kPa) e para as de 6”, é de 135 PSI (950 kPa).

Outra consideração a ser feita é que a pressão na introdução da

bomba seguinte não pode ser inferior a 20 PSI (ou 140 kPa).

Por último, a capacidade máxima de qualquer bombeamento em

série é determinado pela bomba de menor capacidade e/ou pela mangueira de

menor diâmetro que for utilizada.

O método mais simples de trabalhar com bombas em série é com a

pressão constante. O princípio básico é que todos os auto-bombas envolvidos na

operação bombeiem à mesma pressão, durante todo o tempo.

Page 40: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

40

Estudar-se-á, a seguir, o método da pressão constante/distância

igual.

3.4.1.1 Método da pressão constante/distância igual

Neste método, o comprimento de mangueira entre os auto-bombas

é o mesmo. A distância exata pode ser ajustada, dependendo da quantidade de

mangueira disponível e seu diâmetro. A experiência internacional demonstra que a

distância de 300 metros entre os auto-bombas é viável.

O auto-bomba que está junto ao manancial opera a 175 PSI (1225

kPa) e isso permite que uma vazão máxima seja mantida, adotando-se a distância

standard de 300 metros entre eles. O operador da bomba deverá manter essa

pressão durante a operação, a não ser que uma destas condições ocorra:

a) A pressão na introdução da bomba caia a menos de 20 PSI (140

kPa), quando abastecida por fonte pressurizada;

b) O aumento das rotações do motor não resulte em um aumento da

pressão na expedição;

c) Aumentando-se a aceleração, não resulte em um aumento das

rotações do motor.

Algumas das vantagens desse método são: a fixação da mesma

distância entre as viaturas, facilitando o trabalho dos motoristas para posicioná-las;

realização de poucos cálculos hidráulicos e emprego de menor número de viaturas,

devido à maior distância entre elas.

A principal desvantagem é que pode não ser possível utilizar toda a

capacidade da bomba de menor vazão envolvida no processo, ao menos que

mangueiras de grande diâmetro ou múltiplas linhas sejam empregadas. Como

exemplo, pode-se ver na figura 6, como a vazão pode ser aumentada, utilizando-se

uma mangueira de maior diâmetro.

Page 41: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

41

Figura 6 - Exemplos de vazão disponível, usando 300 m de mangueira à pressão de

175 PSI (1225 kPa) na expedição.

Pressão na Pressão na

Expedição Admissão

175 PSI (1225 kPa) 20 PSI (140 kPa)

DISTÂNCIA - 300 M

63 MM

100 MM

281 GPM (1068 LPM)

906 GPM (3443 LPM)

VAZÃO DISPONÍVEL

VAZÃO DISPONÍVEL

HIDRANTE

S

HIDRANTE

S

Page 42: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

4 MANGUEIRA DE GRANDE DIÂMETRO

4.1 Definição

A definição de mangueira consta dos manuais que já foram usados

ou estão em uso no Corpo de Bombeiros.

O Manual de Mangueiras e Acessórios (M-1) 1ª Parte38

definiu

mangueiras como: “...os condutores flexíveis utilizados para transportar água, do

ponto de suprimento até o local em que deva ser lançada.”

O MB-3-PM Proteção Contra Incêndio39

reproduziu a definição

acima, constante do Manual de 1971.

A EB-2161/91 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

define a mangueira de incêndio como: “Equipamento de combate a incêndio

constituído essencialmente por um duto flexível dotado de uniões”40.

O Manual de Fundamentos de Bombeiros a define como: “É o

equipamento de combate a incêndio, constituído de um duto flexível dotado de

juntas de união, destinado a conduzir água sob pressão”41

.

A definição de mangueira de grande diâmetro consta das normas da

National Fire Protection Association (NFPA) 42

, a qual é reproduzida abaixo:

38

Manual de Mangueiras e Acessórios (M-1), 1ª Parte, 1971, p. 7. 39

MB-3-PM Proteção Contra Incêndios, 1978, p. 38. 40

EB-2161/91 Mangueira de Incêndio, 1991, p. 1. 41

Manual de Fundamentos de Bombeiros, Fascículo nº 5, 1ª Ed., p. 5 42

NFPA 1961 Standard on Fire Hose, 1992, p. 5.

Page 43: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

43

“Mangueira de grande diâmetro é aquela com diâmetro de 3½”

(três e meia polegadas) ou mais, usada para mover com eficiência grandes

volumes de água”.

4.2 Fabricação da mangueira de grande diâmetro

A fabricação da mangueira de grande diâmetro abrange

basicamente os mesmos processos de fabricação das mangueiras de menor

diâmetro.

O tipo mais comum é a mangueira com reforço têxtil sintético e tubo

interno de borracha.

Ela consiste de um ou mais reforços externos no interior dos quais

um tubo de borracha é inserido e vulcanizado.

O tubo interno torna a mangueira resistente a vazamentos e reduz o

atrito que ocorre, quando a água movimenta-se através dela a altas velocidades.

4.3 O tubo interno

As características essenciais dos forros internos das mangueiras de

incêndio (também chamados tubos) são a ausência de defeitos e de pontos de

vazamentos, boas características de envelhecimento e baixa rugosidade da

superfície.

Características desejáveis de envelhecimento são exigidas para

evitar o aparecimento de rachaduras nas dobras e subseqüente falha em serviço.

Page 44: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

44

Essa característica é muito importante já que a mangueira fica

armazenada por grande parte de sua vida.

O tubo interno é constituído de borracha, plástico ou composto de

borracha/plástico flexível.

A composição do forro interno de borracha das mangueiras de

incêndio envolve a seleção de matérias primas apropriadas para assegurar as

propriedades desejadas.

A primeira e a mais importante dessas seleções é a da borracha.

Há cinqüenta anos, a borracha natural era a única escolha possível.

Hoje, entretanto, diversas borrachas sintéticas tornaram-se

disponíveis comercialmente.

Essas borrachas (natural ou sintética) são combinadas com cargas

(sílicas, negro de fumo, caulim, etc), óleos de processamento, anti-oxidantes, anti-

ozonizantes, aceleradores e agentes de vulcanização para alcançar as propriedades

físicas desejadas no tubo acabado.

O composto de borracha sintética possui uma resistência muito

maior do que a borracha natural ao ozônio, a óleos e a combustíveis, bem como

contra todos os efeitos do tempo.

Os termoplásticos, como o poliuretano, também podem ser

utilizados na confecção dos tubos internos, embora sua utilização esteja restrita a

alguns países europeus, que os utilizam em mangueiras do tipo predial.

O tubo é fabricado de duas formas: por calandras ou por extrusão.

Calandra é o processo no qual a borracha é comprimida entre dois

rolos opostos para produzir uma lâmina plana.

Page 45: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

45

O tubo é então formado dobrando-se e unindo-se às extremidades

da lâmina.

Esse método foi virtualmente substituído pela extrusão, um processo

no qual uma massa de borracha ou de plástico aquecido é forçada, sob pressão,

através de um molde de uma máquina de extrusão, para produzir um tubo contínuo,

sem costura.

A baixa rugosidade no interior do tubo reduz a perda de carga,

causada pela passagem da água através da mangueira a alta velocidade.

Após os tubos serem extrudados, é aplicada uma fina camada de

adesivo. A seguir o tubo é introduzido no reforço têxtil e tem lugar a vulcanização.

O calor e a pressão do vapor no processo de vulcanização provoca

a aderência do tubo interno às fibras do reforço têxtil, que transforma o tubo e o

reforço em uma peça só.

4.4 O reforço têxtil

A função do reforço têxtil é proteger o tubo interno de borracha e dar

resistência ao conjunto.

Tecido em um tear circular, o reforço têxtil possui dois elementos

básicos: o urdume e a trama.

O urdume é o conjunto de fios que estão dispostos no sentido

longitudinal da mangueira.

Page 46: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

46

A trama é o conjunto de fios que estão dispostos no sentido

transversal da mangueira. A trama está disposta ao longo da circunferência do

reforço têxtil e cobre o urdume.

Figura 7 - Ilustração da trama e do urdume

Fonte: Fire Hose Practices, p. 14.

Como a mangueira está sujeita a altas pressões quando em carga,

o urdume resiste aos componentes da pressão interna, no sentido do comprimento

e a trama resiste à pressão, no sentido da circunferência.

Diversas fibras sintéticas são utilizadas na confecção do reforço,

principalmente o nailon e o poliéster.

A característica mais importante de qualquer mangueira de incêndio

é o seu comportamento sob pressão.

Alongamento, dobramento, torção ou qualquer distorção sob

pressão deve ser razoavelmente baixa, a fim de que a performance desejada possa

ser alcançada. A concepção e a resistência do reforço têxtil é fator fundamental para

atingir tal performance.

TRAMA

URDUME

Page 47: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

47

4.5 Mangueira com revestimento de borracha

Como o termo indica, é a mangueira que possui um revestimento

externo de borracha, o qual resiste ao mofo, resiste a danos por abrasão e ao

contato com produtos químicos.

Há vários processos para a produção desse tipo de mangueira.

Em um dos processos o reforço têxtil é passado através de uma

máquina de extrusão que o reveste interna e externamente com material

emborrachado.

O reforço têxtil é feito de poliéster, nailon ou uma combinação de

ambos.

Como o reforço passa através da máquina, um composto de

borracha nitrílica é injetado sob pressão e calor, de modo que ele penetre nas fibras

do reforço, unindo o interior e o exterior.

A borracha nitrílica, assim, serve tanto como uma cobertura ou como

um tubo interno liso e à prova de vazamentos.

Um outro tipo de mangueira recoberta com borracha é fabricada em

um processo de três camadas, no qual a proteção externa é vulcanizada à

superfície interior do reforço de poliéster.

Após, a mangueira é virada no seu avesso. O tubo interno de

borracha é então introduzido na mangueira e esta é novamente vulcanizada.

4.6 Uniões

Page 48: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

48

As uniões utilizadas em mangueiras de grande diâmetro são as do

tipo engate rápido Storz.

São uniões que não possuem peças macho ou fêmea, facilitando e

dando maior rapidez à execução das conexões.

São conectadas juntando-se as duas uniões e girando-as para a

direita até o seu travamento.

Figura 8 - Ilustração das uniões de engate rápido Storz

Foto do Autor

Os componentes de travamento consistem em aletas e reentrâncias

feitas na face de cada união giratória.

Quando juntadas, as aletas de cada união ajustam-se a um recesso

na reentrância da oposta, então deslizam até a posição de travamento com um giro

de 180º (cento e oitenta graus). Ressaltos na parte de trás da união giratória

fornecem apoio para as chaves de mangueira.

Page 49: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

49

A norma NFPA 1963 Standard for Fire Hose Connections43

exige

que as uniões sem rosca possuam uma trava que previna contra o desacoplamento

não intencional.

Figura 9 - Ilustração da trava para evitar o desacoplamento da

união.

Fonte: NFPA 1963 Standard for Fire Hose Connections, 1993, p. 11

A ABNT ainda não possui norma contemplando as uniões para

mangueiras de incêndio.

4.7 Empatação da mangueira à união

Denomina-se empatação a fixação da mangueira à união. Nas

mangueiras de grande diâmetro, são usados os seguintes tipos de empatação:

43

NFPA 1963 Standard for Fire Hose Connections, 1993, p. 11.

TRAVA

Page 50: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

50

4.7.1 Empatação interna

Uma das mais antigas formas de fixar a mangueira à união envolve

o uso de um anel de metal maleável, chamado anel de expansão, usualmente feito

de cobre recozido.

O anel de expansão, que possui diâmetro externo ligeiramente

menor do que o diâmetro interno da mangueira, é introduzido e alinhado com a

borda da mangueira.

A mangueira é introduzida na união e então o anel é expandido

contra a mangueira com uma máquina (manual ou hidráulica).

Esse processo comprime fortemente a mangueira contra a

superfície interna da união. O anel expandido fica com o mesmo diâmetro do forro

interno da mangueira, de tal forma que ele não obstrui a passagem da água.

Esse método não é somente usado nas fábricas de mangueiras,

mas também nas oficinas dos Quartéis de Bombeiros, para reempatar as

mangueiras, que por qualquer motivo necessitem de tal serviço. A seguir, a título de

informação, apresentam-se dois tipos de empatação, muito utilizados em

mangueiras de grande diâmetro nos Estados Unidos.

4.7.2 Empatação externa

Essa é uma das formas mais simples de empatar uma união, porque

não é necessário nenhum equipamento, exceto uma chave.

Com esse método, a mangueira é introduzida na extremidade da

união, que possui ressaltos a intervalos regulares para melhorar a fixação. Então,

Page 51: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

51

uma presilha com duas ou três peças é fixada de forma que ela comprima a

mangueira contra a extremidade da união.

Figura 10 - Ilustração da empatação externa.

Fonte: Fire Hose Practices, p. 22

Na figura seguinte, é exemplificado outro tipo de empatação

externa, que envolve o uso de três peças. Este tipo de empatação é de fácil reparo,

pois, é possível fazê-la usando-se somente uma chave tipo allen. A vantagem desse

sistema de empatação é que o próprio operador da bomba pode, no caso de

rompimento da mangueira, reempatá-la no próprio local da ocorrência em poucos

minutos.

Figura 11 - Empatação externa com três peças.

Page 52: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

52

Fonte: Catálogo da Snap-tite, Inc.

4.7.3 Anel de contração

É um método similar ao anterior e utiliza um anel de contração.

Neste caso, a extremidade da união é fabricada com dois sulcos em

torno de sua circunferência externa.

Como no método descrito em 4.7.2, essa extremidade encaixa-se no

interior da extremidade da mangueira.

Uma luva de nailon com saliências internas, que correspondem aos

sulcos da extremidade da união, é colocada na mangueira diretamente sobre esses

sulcos.

O anel de contração é então colocado sobre a luva de nailon e

apertado com parafusos tipo allen.

Assim que os parafusos são apertados, as saliências da luva de

nailon comprimem o material da mangueira contra os sulcos da extremidade da

união, formando uma conexão perfeitamente estanque.

Page 53: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

53

Figura 12 - Ilustração da empatação por anel de contração.

Fonte: Fire Hose Practices, p. 22.

A seqüência para a empatação de mangueira, segundo este método

é demonstrada nas figuras a seguir:

1º Passo: Fixa-se a união em uma morsa com a extremidade para cima.

2º Passo: Coloca-se o anel de contração e o anel flange na ponta da mangueira a

ser empatada, como mostrado.

Page 54: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

54

3º Passo: Introduz-se a mangueira na extremidade da união. A ponta da mangueira

deverá estender-se através do anel flange até o interior do rebaixo da extremidade.

4º Passo: Abre-se a luva de nailon contraxial, instala-se ao redor da mangueira,

desliza-se para baixo, alinhando-se com o rebaixo do anel flange. Sugere-se que a

superfície externa da luva seja lubrificada com um lubrificante à base de silicone.

Page 55: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

55

5º Passo: Forçar para baixo o anel de contração sobre a luva contraxial o suficiente

para iniciar o aperto dos parafusos. Existem parafusos longos para começar a puxar

o anel de contração contra o anel flange, se necessário.

6º Passo: Apertar os parafusos uniformemente e o mais possível.

Page 56: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

56

As instruções para a desmontagem são as seguintes:

Para desmontar, remover os parafusos, girar o anel com flange

cerca de 1” para qualquer direção, inserir a chave de desmontagem com rosca na

fenda do anel de contração e rosquear o parafuso na chave. O aperto do parafuso

fará com que o anel de contração se solte do anel flange.

7º Passo: Desmontagem da empatação.

Os dois últimos métodos acima são utilizados na empatação de

mangueiras de grande diâmetro nos Estados Unidos.

4.7.4 Empatação externa com arame

Page 57: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

57

No Brasil, usa-se um método já não mais utilizado no exterior: a

empatação externa com arame.

Nesse caso, a extremidade da união é projetada para ajustar-se no

interior da extremidade da mangueira.

A extremidade da união possui ranhuras e sulcos, a fim de que os

faixes de arame ali se alojem. As ranhuras evitam a desempatação da união,

quando a mangueira é submetida à pressão.

Figura 13 - Empatação externa com arame.

Foto do Autor

4.8 Classificação das mangueiras

O Manual de Fundamentos de Bombeiros classifica as mangueiras

de três formas:

Page 58: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

58

a) Quanto às fibras de que são feitas as lonas, que podem ser

naturais ou sintéticas;

b) Quanto à disposição das lonas, que podem ser de lona simples,

de lona dupla e de lona revestida por material plástico;

c) Quanto ao diâmetro, que podem ser de 38, 63, 75 e 100 mm.

Já a norma EB-2161 da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT) classifica as mangueiras em cinco tipos:

a) Mangueira tipo 1: mangueira construída com um reforço têxtil e

para pressão de prova de 2060 kPa (21 kgf/cm2

);

b) Mangueira tipo 2: mangueira construída com um reforço têxtil e

para pressão de prova de 2745 kPa (28 kgf/cm2

);

c) Mangueira tipo 3: mangueira construída com dois reforços têxteis

e para pressão de prova de 2940 kPa (30 kgf/cm2

);

d) Mangueira tipo 4: mangueira construída com um reforço têxtil

acrescida de uma película externa de plástico e para pressão de prova de 2745 kPa

(28 kgf/cm2

);

e) Mangueira tipo 5: mangueira construída com um reforço têxtil

acrescida de um revestimento externo de borracha e para pressão de prova de 2745

kPa (28 kgf/cm2

).

4.9 Testes

O desempenho da mangueira é avaliado por testes, que podem ser:

a) Teste de ruptura: é o teste destrutivo a que o fabricante submete

uma mangueira nova;

Page 59: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

59

b) Pressão de prova ou pressão de aceitação: é um teste

hidrostático não destrutivo a que o fabricante submete a mangueira e uniões em

condições controladas;

c) Teste de pressão de serviço: é o teste anual executado pelo

Corpo de Bombeiros sob condições controladas. O teste de pressão de serviço é

feito com uma pressão 50 PSI mais alta do que a pressão de trabalho da

mangueira;

d) Pressão de trabalho: é a pressão máxima na qual a mangueira

deve ser usada.

4.10 Condições mínimas de aceitação

A EB-2161/91 da ABNT fixa as condições mínimas exigíveis, a

princípio, para as mangueiras de diâmetros 1½” (uma e meia polegadas) e 2½”

(duas e meia polegadas).

Porém, em seu item 1.3, ela explicita que também será aplicável

para diâmetros superiores, como é o caso das mangueiras de grande diâmetro.

A norma também apresenta as condições mínimas de aceitação da

mangueira, segundo os seus tipos, que devem atender aos parâmetros seguintes:

a) As pressões de prova são descritas na tabela abaixo;

Tabela 2 - Pressão de prova

Tipo Pressão de Prova kPa (kgf/cm2)

1 2060 (21)

2, 4, 5 2745 (28)

3 2940 (30)

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

Page 60: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

60

b) O alongamento máximo aceitável do lance será conforme consta

da tabela a seguir;

Tabela 3- Alongamento máximo

Tipo Alongamento máximo (%)

1, 2, 4, 5 10

3 8

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

Quanto à flexão, o lance, quando submetido à pressão de prova,

não deve apresentar uma flexão maior do que 0,60 m.

c) O lance de mangueira, quando submetido à pressão de prova,

não deve apresentar torção final à esquerda (sentido de abertura das uniões), sendo

que a torção à direita (sentido do fechamento das uniões) não deve ser maior do

que os valores da tabela abaixo;

Tabela 4 - Torção

Tipo Diâmetro nominal Graus/m Voltas/15 m

1 38 192 8

64 96 4

2, 4, 5 38 240 10

64 120 5

3 38 96 4

64 48 2

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

Uma torção transitória à esquerda de 6 graus/m (0,25 volta/15 m) é

admitida durante o incremento da pressão.

Page 61: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

61

d) A mangueira com a extremidade dobrada e submetida às

pressões conforme tabela abaixo, não deve apresentar vazamento ou rompimento

de fios;

Tabela 5 - Pressão

Tipo Pressão kPa (kgf/cm2)

1 2060 (21)

2, 3,4,5 2350 (24)

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

d) Um corpo-de-prova retirado da mangueira deve atender à

pressão mínima de ruptura da tabela abaixo;

Tabela 6 - Pressão de ruptura

Tipo Pressão kPa (kgf/cm2)

1 34301(35)

2, 4, 5 4120 (42)

3 4900 (50)

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

e) As mangueiras dos tipos 4 e 5 devem atender quanto à abrasão

os números de ciclos da tabela a seguir;

Tabela 7 - Número mínimo de ciclos

Diâmetro nominal Nº mínimo de ciclos

Tipo 4 Tipo 5

38 55 65

64 65 90

Page 62: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

62

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

f) A aderência entre o tubo interno e o reforço têxtil deve atender à

tabela abaixo;

Tabela 8 - Aderência

Tipo Força aplicada N (kgf) Velocidade máxima de separação (mm/min)

1 27 (2,8) 25

2, 3, 4, 544

53 (5,4) 25

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

g) Para a mangueira tipo 4 também deve ser verificada a

estabilidade da película externa, aplicando-se a MB-3440, sem apresentar

amolecimento ou desprendimento em relação ao reforço têxtil.

h) O material que compõe o tubo interno da mangueira deve

atender, quanto à tensão de ruptura, os valores mínimos a seguir;

Tabela 9 - Tensão de ruptura45

Material Tensão de ruptura kPa (kgf/cm2)

Borracha 8335 (85)

Plástico 13730 (140)

Composto de

Borracha/Plástico

13730 (140)

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

O material que compõe o tubo interno da mangueira deve

apresentar um alongamento mínimo de ruptura igual a 400%.

44

Para a mangueira tipo 5, também é exigida a aplicação de força de 44 N (4,5 kgf) entre o revestimento externo e o reforço têxtil, mantida a velocidade máxima de separação de 25 mm/min. 45

Para mangueira tipo 5, a tensão de ruptura mínima do revestimento interno de borracha é 8335 kPa (85 kgf/cm2)

Page 63: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

63

Para mangueira tipo 5, o alongamento de ruptura mínimo do

revestimento externo de borracha é 300%.

i) Quanto à deformação permanente à tração, o material que

compõe o tubo interno da mangueira deve atender aos valores máximos da tabela

seguinte;

Tabela 10 - Deformação permanente à tração

Material Deformação permanente à tração

(%)

Borracha 25

Plástico não exigido

Composto de

Borracha/Plástico

não exigido

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

j) O material que compõe o tubo interno da mangueira deverá

atender, quanto à prova de envelhecimento acelerado, os valores máximos

constantes da tabela abaixo;

Tabela 11 - Envelhecimento acelerado46

Material Variação da tensão de ruptura (%) Variação do alongamento de

ruptura(%)

Borracha - 20 - 50

Plástico - 25 - 25

Composto de

Borracha/Plástico

- 25 - 25

Fonte: EB-2161/91 da ABNT

46

Para a mangueira tipo 5, a variação da tensão de ruptura e do alongamento de ruptura do revestimento externo de borracha deve atender aos valores máximos da tabela.

Page 64: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

64

A EB-2161/91 especifica também as condições para a aceitação e

rejeição dos lotes de mangueiras.

As mangueiras devem ser ensaiadas conforme a Tabela 1 da NBR

1277947

47

NBR 12779 Inspeção, manutenção e cuidados em mangueiras de incêndio, ABNT, Dez 1992, p. 2.

Page 65: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

5 APLICAÇÕES DAS MANGUEIRAS DE GRANDE DIÂMETRO

5.1 Os precursores

Os Corpos de Bombeiros norte-americanos, que atendem a

ocorrências de incêndios em áreas rurais, foram os primeiros a utilizarem as

mangueiras de grande diâmetro na década de 6048

.

Como as vantagens do uso desse sistema de suprimento de água

tornaram-se evidentes, ele começou a ser usado pelos Corpos de Bombeiros

urbanos.

5.2 Aplicações

Os usos mais freqüentes das mangueiras de grande diâmetro são:

5.2.1 No abastecimento de auto-bombas

A mangueira de grande diâmetro permite que um auto-bomba seja

abastecido diretamente a partir de um hidrante (ou de um auto-tanque), a distâncias

bem maiores do que quando usadas mangueiras de menor diâmetro.

As distâncias exatas dependerão do diâmetro e do material usado

na confecção da mangueira, bem como da vazão requerida e da pressão existente

no sistema de distribuição de água, no qual os hidrantes estão instalados.

48

Fire Engineering, Feb. 1995, p. 48.

Page 66: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

66

A mangueira de grande diâmetro também pode ser usada para um

auto-bomba abastecer outro auto-bomba (bombas em série).

Por exemplo, um auto-bomba estaciona junto a um hidrante (ou

outro tipo de fonte de água) e abastece, por meio da mangueira de grande

diâmetro, outro auto-bomba, que está atacando o incêndio.

Figura 14 - A mangueira de grande diâmetro usada como adutora.

Fonte: Fire Stream Practices

5.2.2 No abastecimento de auto-tanques

Em áreas rurais ou outros locais onde o acesso até próximo da fonte

de abastecimento de água é impraticável aos auto-tanques, a distância pode ser

vencida com o uso das mangueiras de grande diâmetro.

Um auto-bomba coloca-se na fonte de água e abastece o auto-

tanque que está em local mais distante.

Page 67: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

67

5.2.3 No abastecimento de outros equipamentos e viaturas

A mangueira de grande diâmetro pode ser usada para abastecer

derivantes, canhões-monitores, auto-escadas, auto-plataformas e redes de

hidrantes e de chuveiros automáticos.

5.2.4 No bombeamento duplo

A mangueira de grande diâmetro também pode ser usada para

conectar dois auto-bombas por meio de suas admissões.

Com essa evolução, denominada bombeamento duplo, um hidrante

com grande vazão poderá ser usado para abastecer dois auto-bombas, se sua

capacidade for igual ou maior do que a dos dois auto-bombas.

O primeiro auto-bomba estaciona junto ao hidrante e conecta a

mangueira de grande diâmetro do hidrante à sua admissão.

O segundo auto-bomba estaciona junto do primeiro e conecta uma

mangueira de grande diâmetro da admissão (não usada) do primeiro auto-bomba,

até à sua própria admissão.

Com isso, a água que não foi usada pelo primeiro auto-bomba

passará para o segundo.

Esse tipo de operação tem diversas vantagens, incluindo o melhor

uso da água disponível e comprimentos de mangueiras mais curtos (especialmente

se o hidrante está próximo do incêndio).

Page 68: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

68

Mangueiras adicionais podem ser armadas rapidamente e as

viaturas podem ser agrupadas juntas, possibilitando uma melhor coordenação.

Figura 15 - Mangueira de grande diâmetro no bombeamento duplo.

Fire Streams Practices, p. 208.

Page 69: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS MANGUEIRAS DE

GRANDE DIÂMETRO

6.1 Vantagens

As vantagens da mangueira de grande diâmetro podem ser

enunciadas, como se segue:

6.1.1 Pouca perda de carga

Uma das mais significativas vantagens da mangueira de grande

diâmetro é, não só que ela pode mover grandes volumes de água a grandes

distâncias, com relativamente pouca perda de carga, mas que ela pode também,

mover pequenas quantidades de água, sem praticamente nenhuma perda de carga.

Por esta razão, a mangueira de grande diâmetro não deverá ter seu

uso restrito a somente grandes incêndios; mesmo no combate a pequenos e médios

incêndios, a mangueira de grande diâmetro será de extrema valia. Aliás, a redução

da perda de carga é, de há muito tempo uma preocupação do Corpo de Bombeiros,

que em seu Manual de Mangueiras de 197149

, já prescrevia o emprego de tubos de

alumínio de 3” (três polegadas) de diâmetro, como adutoras de grande extensão, a

fim de reduzi-la.

Qualquer aumento no diâmetro da mangueira, por menor que seja,

causa um enorme impacto na vazão.

49

Op. cit, p. 35-38.

Page 70: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

70

Por exemplo, uma mangueira de 5” (cinco polegadas) debita a

mesma vazão do que seis mangueiras de 2½” (duas e meia polegadas) ou então

quatro mangueiras de 3” (três polegadas).

Isso porque a área da seção transversal da mangueira varia com o

quadrado do raio (área = .R2

).

O aumento do diâmetro da mangueira, para a mesma vazão, causa

a diminuição da perda de carga. Tal fato pode ser observado na tabela abaixo:

Tabela 12- Perda de carga na mangueira de grande diâmetro

PERDA DE CARGA POR 30M EM MANGUEIRA DURA-LIGHT TPX (EM PSI)

DIÂMETRO VAZÃO ( GALÕES POR MINUTO)

(POL) 500 750 1000 1250 1500 2000

3½ 8,5 16,6 28,0 45,8 — —

4 3,0 6,6 11,9 19,5 27,5 48,8

5 1,1 2,4 4,1 6,7 9,0 16,0

6 0,53 1,2 2,1 3,3 4,7 8,3

Fonte: Catálogo Snap-tite Hose, Inc.

Conseqüentemente, o uso da mangueira de grande diâmetro,

permite a armação de mangueiras a grandes distâncias e o emprego de baixas

pressões de operação.

6.1.2 Simplificação de táticas e de evoluções

O uso de mangueiras de grande diâmetro reduz o número de

decisões a serem tomadas pelo Comandante da Guarnição, quando da análise da

situação.

Page 71: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

71

A simplificação dessas decisões inclui a quantidade de adutoras que

serão necessárias, reduz o número de pessoal para a armação das mangueiras e

facilita os cálculos de perda de carga.

Simplifica também o treinamento de combate a incêndios, uma vez

que podem ser fixados procedimentos operacionais padrão, envolvendo a

mangueira de grande diâmetro.

6.1.3 Pouca manutenção

Por ser impermeável, a mangueira de grande diâmetro com

revestimento polimérico, não necessita sofrer processo de secagem, podendo ser

reacondicionada imediatamente após o seu uso no berço de mangueiras e a viatura

pode retornar ao serviço.

Não é necessário manter outra reserva de mangueiras secas no

quartel para substituição, o que significa maior economia.

6.2 Desvantagens

As desvantagens da mangueira de grande diâmetro podem ser

enunciadas como segue:

Page 72: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

72

6.2.1 Impossibilidade de mover a mangueira em carga

A armação da mangueira de grande diâmetro exige do Comandante

de Guarnição um ótimo julgamento, pois após armada e colocada em carga, é

praticamente impossível movê-la.

A título de exemplo, um lance de mangueira de grande diâmetro de

4” (quatro polegadas) com 30 metros de comprimento, pesa 235 quilogramas (Kg),

uma vez em carga. Portanto, movê-la não é uma opção.

6.2.2 Obstrução do tráfego

A mangueira de grande diâmetro causa a interrupção do tráfego de

veículos, necessitando do auxílio do policiamento de trânsito para a tarefa de

desviá-lo.

Não é aconselhável o trânsito de automóveis sobre as mangueiras

de grande diâmetro em carga, pois, eles são muito baixos e seus chassis poderão

furar a mangueira.

Deve-se sempre usar passagens de nível para o trânsito sobre as

mangueiras. Porém, tais equipamentos, por serem muito volumosos e ocuparem

muito espaço na viatura, deverão ficar no quartel e serem pedidos quando houver

necessidade.

Figura 16 - Passagem de nível

Fonte: Fire Stream Practices

Page 73: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

73

Se houver necessidade e não houver alternativa, as viaturas mais

altas poderão passar sobre as mangueiras em carga, com os seguintes cuidados:

a) certificar-se que não há vidro ou outros objetos cortantes sob o

local onde a mangueira será cruzada;

b) o veículo deverá mover-se lentamente ao cruzar a mangueira,

para evitar danificá-la;

c) sempre cruzar a mangueira em ângulo, com uma roda de cada

vez;

Figura 17 - Cruzamento de viatura sobre a mangueira.

Fonte: Hose Practices

d) nunca cruzar sobre as juntas de união;

A mangueira de grande diâmetro deve, sempre que possível, ser

armada nas proximidades do meio-fio da rua, onde é menos provável haver trânsito

de veículos sobre ela.

6.2.3 Possibilidade da perda de toda a água

Page 74: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

74

Com o uso da mangueira de grande diâmetro, uma só mangueira

adutora é necessária, tornando-se, assim, a única fonte de água para o combate a

incêndio. Se essa fonte falha por qualquer razão inesperada, o fluxo de água é

interrompido.

Essas falhas podem ser causadas por:

a) Mangueira danificada (furada): a mangueira pode fura-se por

desgaste em suas dobras, por objetos perfurantes que caiam sobre ela, veículos

baixos que a cruzem ou por golpe de aríete, dentre outras. Porém, esse não é um

fator crítico para a interrupção da operação, pois como relata Willian C. Peters em

seu artigo “A Practical Approach to Large Diameter Hose50

”, se um lance se fura,

fará com que a água jorre como um chafariz, mas não romperá. Peters tem operado

por longos períodos de tempo com a mangueira de grande diâmetro furada,

somente jogando uma lona sobre o vazamento.

b) União danificada ou impropriamente acoplada: o desacoplamento

pode ser causado por descuido na hora de travar corretamente as uniões, ou por

acoplar os lances com as mangueiras torcidas e, quando esta é posta em carga,

poderá ocorrer o desacoplamento.

6.3 Quadro resumo

Resumiram-se em um quadro as vantagens e as desvantagens do

uso de mangueiras de grande diâmetro, o qual é apresentado a seguir:

Quadro 1 - Vantagens e Desvantagens

Page 75: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

75

VANTAGENS DESVANTAGENS

1. As vazões gabaritadas das bombas

podem ser supridas por meio da

armação de mangueiras por longas

distâncias com menor necessidade de

bombeamento em série.

1. As conexões Storz podem

desacoplar quando não acopladas

adequadamente.

2. É necessário pouco pessoal e é

requerido menor tempo para

estabelecer suprimento com grande

volume de água.

2. A mangueira de grande diâmetro é

suscetível a danos, quando

automóveis passam sobre ela.

3. A mangueira de grande diâmetro

com revestimento polimérico de fácil

armação com viaturas

3. Os grandes volumes de água fazem

a mangueira de grande diâmetro mais

vulnerável a variações bruscas de

pressão.

4. A mangueira polimérica requer

pouca ou nenhuma manutenção. A

mangueira pode ser reacondicionada e

as viaturas podem retornar ao serviço

a partir do local da ocorrência.

4. Se uma mangueira de grande

diâmetro se rompe, toda a água do

hidrante se perde, ao invés de apenas

ser reduzida, como no caso de

múltiplas linhas menores

5. Mangueira polimérica e empatações

com engate rápido Storz requerem

menos reparos do que mangueiras

revestidas com tecido.

5. É mais provável que as mangueiras

leves com empatações de alumínio

possam sofrer impactos no fundo do

berço de mangueiras ou serem

jogadas fora dele, resultando na

armação de um esquema de

mangueiras não planejado.

6. Conexões Storz conectam e

desconectam rapidamente.

6. Após a mangueira de grande

diâmetro ser posta em carga, é quase

impossível movê-la.

50

Fire Engineering, Jan. 1992, p. 49.

Page 76: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

7 FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA ESCOLHA DA

MANGUEIRA DE GRANDE DIÂMETRO

7.1 Capacidade das adutoras

O primeiro fator a ser considerado na adoção de um sistema

envolvendo mangueiras de grande diâmetro é o abastecimento de água.

Na maioria das cidades do Estado de São Paulo, este é o ponto

mais vulnerável do sistema de combate a incêndios.

As adutoras da rede pública de distribuição de água não são

dimensionadas considerando-se as vazões para combate a incêndios, resultando,

principalmente, nas suas áreas centrais, baixíssimas vazões, notadamente nas

horas de maior consumo de água.

Não importa o quanto sofisticado seja o auto-bomba, se o

abastecimento de água for deficiente, as chances do insucesso da operação

aumentam.

O sistema de abastecimento de água deve ser estudado e

redimensionado para que a adoção das mangueiras de grande diâmetro seja bem

sucedida

7.2 Tipo e localização dos hidrantes

Este é outro item que raramente é observado com a seriedade

devida pelas municipalidades.

Page 77: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

77

A instalação dos hidrantes, a cargo das concessionárias de

distribuição de água, não é feita regularmente e de forma a atender às

necessidades do Corpo de Bombeiros.

É uma luta, muitas vezes frustrante, que os Comandantes de Postos

de Bombeiros empreendem constantemente, para convencer os administradores a

instalarem hidrantes, em face da inexistência de dispositivos que os obriguem a

fazê-lo compulsoriamente.

Hidrantes de coluna com vazões compatíveis com os riscos da área

que protegem e instalados a intervalos regulares são requisitos a serem observados

na adoção das mangueiras de grande diâmetro.

7.3 Seleção da mangueira de grande diâmetro

As mangueiras a serem empregadas devem ser resistentes, exigir o

mínimo de manutenção, serem revestidas externamente de borracha, serem leves,

de fácil manuseio e ocuparem pouco espaço quando acondicionadas nos berços de

mangueiras.

Especialistas norte-americanos em hidráulica de bombeiros

desenvolveram interessantes estudos sobre a seleção das mangueiras de grande

diâmetro. A seguir, reproduzimos parte do trabalho de C. Bruce Edwards, no seu

artigo denominado “Don’t Play Supply Hose Catch-up”51

:

“Determinar a mangueira adutora correta não é difícil.

Simplesmente selecione a mangueira adutora que se compatibilize com a

capacidade do hidrante (usando a sua expedição apropriada).

As regras são:

Page 78: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

78

1. Especificar mangueira adutora grande o suficiente para dar vazão

à capacidade total de seus melhores hidrantes, às suas menores pressões, na

maior distância necessária.

2. Obtenha um auto-bomba com bomba, com capacidade suficiente

para usar a vazão total de seus melhores hidrantes.

Teoria

A pressão disponível do hidrante é usada para superar a perda de

carga na mangueira, deixando suficiente pressão de admissão na introdução da

bomba (indicada no manovacuômetro do painel da bomba), para evitar a cavitação

da bomba e para impedir a mangueira adutora tornar-se muito mole.

Deixando 10 psi na introdução da bomba, é adequado. Portanto,

para achar a pressão disponível para superar a perda de carga na mangueira

adutora, apenas subtraia 10 psi da pressão do hidrante quando este estiver aberto.

Lembre que a pressão do hidrante não é a pressão estática

(pressão com o hidrante sem estar escoando). Ela é a pressão residual, enquanto o

hidrante está escoando a vazão total requerida, tendo em mente que os hidrantes

próximos podem também ser totalmente utilizados.

51

Fire Engineering, Feb. 1995, p. 49

Page 79: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

79

TABELA DE SELEÇÃO DE MANGUEIRA ADUTORA DE GRANDE DIÂMETRO

HIDRANTE DIÂMETRO 150 M 210 M 300 M

PSI POL GALÕES POR MINUTO

120 6 2.100 1.770 1.480

120 5 1.660 1.400 1.170

120 4 1.050 890 740

120 2½ 330 280 230

90 6 1.790 1.510 1.280

90 5 1.410 1.200 1.000

90 4 890 760 630

90 2½ 280 240 200

60 6 1.410 1.200 1.000

60 5 1.120 940 790

60 4 710 600 500

60 2½ 220 190 160

30 6 890 760 630

30 5 710 600 500

30 4 450 380 320

30 2½ 140 120 100

Fonte: NFPA Fire Protection Handbook, 16th edition, p. 17-95.

A tabela acima mostra a vazão que 150, 210 ou 300 m de cada

diâmetro de modernas mangueiras adutoras suportarão, quando supridas por

hidrantes, às pressões de 30, 60, 90 e 120 psi.

Diâmetros de mangueiras apropriados para hidrantes com vazões

maiores do que 1400 GPM estão em negrito.

Para usar a tabela, determine o máximo comprimento de mangueira

adutora para o qual o seu Corpo de Bombeiros necessita vazão total para incêndio.

Então determine as vazões de seus melhores hidrantes e as

pressões nas quais tais vazões são conseguidas.

Por exemplo, suponha que seus melhores hidrantes debitem 1200

GPM a 60 psi e um comprimento de mangueiras de 150 m é adequado. A tabela

mostra que sob estas condições, a mangueira de 5” transportará 1120 GPM e a

mangueira de 6” transportará 1410 GPM.

Page 80: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

80

Portanto, a mangueira de 5” quase atende às necessidades,

enquanto que a mangueira de 6” oferece uma margem de segurança.

Áreas com hidrantes de baixa capacidade, podem usar mangueiras

menores do que 6” de diâmetro.

Para um comprimento de mangueiras de 150 m a partir de um

hidrante de 60 psi, hidrantes com vazões inferiores a 800 GPM necessitam de

mangueiras adutoras de 4”, enquanto aqueles que fornecem mais do que 1200 GPM

necessitam de mangueiras de 6”.

Entre 700 e 1200 GPM, a mangueira de 5” é adequada.

Ainda que a capacidade do auto-bomba seja menor do que a do

hidrante, vale a pena armar mangueiras para usar a capacidade total do hidrante.”(*)

O segundo estudo a respeito de seleção de mangueira de grande

diâmetro, é o de Larry H. Stevens, publicado sob o título “How Efficient is Your

Hose?”52

:

“Para determinar qual diâmetro de mangueira de grande diâmetro é

melhor para o seu Corpo de Bombeiros, primeiro, determine a pressão média dos

hidrantes em sua área.

Por exemplo, alguns grandes Corpos de Bombeiros podem achar

mais eficiente ter mangueiras grandes para os distritos comerciais e mangueiras

menores, para os residenciais, dependendo da vazão que eles desejam gerar.

Segundo, determine qual a capacidade da bomba que você está

tentando suprir e terceiro, determine o comprimento médio de mangueiras que suas

guarnições estão armando.

Esses três passos fornecem todos os dados de que você precisa.

Condições locais podem requerer carregar mais mangueira do que o

espaçamento médio dos hidrantes ou do comprimento médio de armação de

mangueira.

52

Fire Engineering, Jun. 1983, p. 19-21. (*) Tradução e Adaptação do Autor.

Page 81: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

81

A decisão final que você precisa tomar é se você vai armar uma

linha ou duas linhas e se a armação da mangueira do hidrante para o incêndio ou do

incêndio para o hidrante está disponível para ser usada.

Uma vez tomadas estas decisões, as tabelas C, D, E, F ajudarão

você a escolher o diâmetro mínimo correto de mangueira.

Para usar as tabelas, simplesmente cruze as linhas da capacidade

da bomba com o comprimento da mangueira sob a pressão apropriada do auto-

bomba ou do hidrante.

Por exemplo, para estimar o diâmetro da mangueira para usar com

um auto-bomba de 1000 GPM, um esquema de mangueiras de 100 m, uma linha, e

uma pressão do hidrante de 25 psi, usar a tabela C.

O diâmetro mínimo correto da mangueira a usar, é 4.½”.

Se duas mangueiras forem armadas e todas as outras condições

permanecerem as mesmas, uma mangueira de 3.½” poderá ser usada a pressões

da bomba de 150, 200 ou 250 psi, se duas linhas reversas forem escolhidas, uma

mangueira de 3” e uma de 2.½” trabalharão a 150 psi ou duas de 2.½” a 200 ou 250

psi.

Planeje possíveis áreas de incêndio para determinar qual seria a

sua maior distância para armação de adutora e a distância normal.

Para ajudá-lo a decidir o custo/benefício, cada tabela tem

sublinhado o diâmetro de mangueira mais barato para uma dada situação.

Se durante seus cálculos você encontrar um asterisco na coluna do

diâmetro da mangueira isso significa ir a outra tabela, porque esse método de

suprimento não funcionará.

O Comandante de Bombeiros prudente usará esse recurso para

determinar a melhor forma para equipar viaturas novas ou já existentes. Usando um

sistema completo, é garantida melhor produtividade e adequada quantidade de água

para alcançar cada veículo.”(**)

(**) Tradução e Adaptação do Autor

Page 82: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

82

GUIA PARA SELEÇÃO DE MANGUEIRA DO HIDRANTE PARA O INCÊNDIO

TABELA C - UMA LINHA DE MANGUEIRA

Comprimento da Pressão no hidrante

mangueira 25 psi 50 psi 80 psi

Capacidade da bomba 90 180 300 90 180 300 90 180 300

250 3 3½ 4 2½ 3 3½ 2½ 3 3

300 3½ 3½ 4 3 3½ 3½ 2½ 3 3½

350 3½ 4 4 3 3½ 4 3 3 3½

400 3½ 4 4 3 3½ 4 3 3½ 3½

500 4 4 4½ 3½ 4 4 3 3½ 4

750 4 4½ 5 4 4 4½ 3½ 4 4

1000 4½ 5 • 4 4½ 5 4 4 4½

1250 5 • • 4½ 5 • 4 4½ 5

1500 • • • 4½ • • 4 5 •

1750 • • • 5 • • 4½ 5 •

2000 • • • 5 • • 4½ • •

Page 83: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

83

GUIA DE SELEÇÃO DE MANGUEIRA DO HIDRANTE PARA O INCÊNDIO

TABELA D - DUAS LINHAS DE MANGUEIRAS

Comprimento da Pressão no hidrante

mangueira 25 psi 50 psi 80 psi

Capacidade da bomba 90 180 300 90 180 300 90 180 300

250 2½ 2½ 2½/3 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½

300 2½ 2½/3 3 2½ 2½ 2½/3 2½ 2½ 2½

350 2½ 3 3½ 2½ 2½ 2½/3 2½ 2½ 2½

400 2½/3 3 3½ 2½ 2½/3 3 2½ 2½ 2½/3

500 3 3½ 4 2½ 3 3½ 2½ 2½/3 3

750 3½ 4 4 3 3½ 4 2½/3 3 3½

1000 4 4 4½ 3½ 4 4 3 3½ 4

1250 4 4½ 5 3½ 4 4½ 3½ 4 4

1500 4 4½ 5 4 4 4½ 3½ 4 4

1750 4½ 5 • 4 4½ 5 4 4 4½

2000 4½ • • 4 4½ 5 4 4 4½

Page 84: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

84

GUIA DE SELEÇÃO DE MANGUEIRA DO INCÊNDIO PARA O HIDRANTE

TABELA E - UMA LINHA DE MANGUEIRA

Comprimento da Pressão da bomba

mangueira 150 psi 200 psi 250 psi

Capacidade da bomba 90 180 300 90 180 300 90 180 300

250 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½

300 2½ 2½ 3 2½ 2½ 3 2½ 2½ 2½

350 2½ 3 3 2½ 2½ 3 2½ 2½ 3

400 2½ 3 3 2½ 3 3 2½ 2½ 3

500 3 3 3½ 2½ 3 3½ 2½ 3 3

750 3 3½ 4 3 3½ 4 3 3½ 3½

1000 3½ 4 4 3½ 4 4 3½ 3½ 4

1250 4 4 4½ 3½ 4 4 3½ 4 4

1500 4 4½ 4½ 4 4 4½ 3½ 4 4½

1750 4 4½ 5 4 4½ 4½ 4 4 4½

2000 4 5 • 4 4½ 5 4 4½ 5

Page 85: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

85

GUIA DE SELEÇÃO DE MANGUEIRA DO INCÊNDIO PARA O HIDRANTE

TABELA F - DUAS LINHAS DE MANGUEIRAS

Comprimento da Pressão da bomba

mangueira 150 psi 200 psi 250 psi

Capacidade da bomba 90 180 300 90 180 300 90 180 300

250 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½

300 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½

350 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½

400 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½

500 2½ 2½ 2½/3 2½ 2½ 2½ 2½ 2½ 2½

750 2½ 2½/3 3 2½ 2½ 2½/3 2½ 2½ 2½/3

1000 2½/3 3 3 2½ 3 3½ 2½ 2½/3 3

1250 3 3½ 3½ 2½/3 3½ 3½ 2½/3 3 3½

1500 3½ 3½ 3½ 3 3½ 4 3 3½ 3½

1750 3½ 4 4 3½ 3½ 4 3 3½ 4

2000 3½ 4 4 3½ 4 4 3½ 3½ 4

7.3.1 Comentários

O uso das tabelas como indicado acima em muito facilitará o

trabalho de seleção da mangueira de grande diâmetro mais adequada para cada

caso específico.

Page 86: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

8 MÉTODOS DE ARMAÇÃO DAS MANGUEIRAS DE GRANDE

DIÂMETRO

8.1 Preâmbulo

O êxito em um combate a incêndios depende grandemente da

rapidez e eficiência das guarnições em armarem as linhas de mangueiras e

conectá-las a um abastecimento de água.

Os berços de mangueiras devem estar preparados para facilitar a

armação de linhas singelas ou múltiplas.

8.2 Armação de mangueiras até o incêndio

A primeira forma de armação de mangueiras, mesmo antes da

instalação das bombas nos veículos de combate a incêndios, foi do hidrante (ou

outra fonte de abastecimento de água) até o incêndio.

A operação consiste em estacionar a viatura em frente à fonte de

abastecimento de água permitindo ao homem-válvula sair da viatura e puxar a

mangueira adutora do berço; depois de tal operação, a viatura prossegue até o

incêndio, estendendo uma linha adutora (simples ou paralela).

Page 87: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

87

8.2.1 Válvula de quatro vias para hidrantes

O objetivo de uma “válvula de quatro vias para hidrantes” é fornecer

um meio para permitir passar de uma adutora direta do hidrante para uma linha

adutora pressurizada por um auto-bomba, sem interromper o fluxo de água.

Com estas válvulas, uma linha adutora é usada pelo primeiro auto-

bomba, até que um segundo chegue ao hidrante e as conexões sejam feitas entre

ele e a válvula.

Então, o segundo auto-bomba bombeia através da válvula,

aumentando a pressão e a vazão da linha inicial de abastecimento.

Há vários fabricantes norte-americanos que fornecem válvulas de

quatro vias para hidrantes, as quais possuem os mesmos princípios de operação.

Os passos seguintes descrevem a aplicação típica de uma dessas

válvulas:

1º passo: O primeiro auto-bomba conecta a válvula de quatro vias

ao hidrante e completa a armação da adutora até o incêndio.

2º passo: Como a adutora já está conectada à válvula, pode-se abrir

o hidrante de imediato. Abrir o hidrante completamente.

3º passo: O segundo auto-bomba pára em frente ao hidrante e

conecta uma mangueira entre a conexão de 4” da válvula e a abre para permitir o

fluxo de água até à bomba.

4º passo: O segundo auto-bomba conecta uma linha da expedição

até a entrada da válvula de quatro vias. Dirige-se o abastecimento de água por meio

da válvula de quatro vias do hidrante para a bomba.

Então, imprime-se a pressão adequada na linha de descarga para

abastecer o primeiro auto-bomba, por meio da adutora.

Page 88: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

88

Figura 18 - Armação da válvula de 4 vias no hidrante.

Fonte: Practica y teoria para bomberos, p. 165.

Figura 19 - Armação da mangueira de 4” entre a válvula de 4 vias e o auto-bomba

Fonte: Practica y teoria para bomberos, p. 165.

Figura 20 - Pressurização da adutora pelo auto-bomba

Page 89: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

89

.

Fonte: Practica y teoria para bomberos, p. 165.

Figura 21 - Fluxo da água com a válvula de quatro vias instalada.

Como foi discutido, a válvula de quatro vias para hidrantes permite

ao primeiro auto-bomba que chega, montar um ataque inicial limitado com linhas de

ataque pré-conectadas (usando a água que chega até à bomba, por meio da

adutora abastecida pelo hidrante). Também permite manter disponível a capacidade

restante do hidrante para uso adicional.

ADUTORA INICIAL PARA A VIATURA DE ATAQUE

MANGUEIRA PARA ABASTECER O AUTO-BOMBA

LINHA PARA AUMENTAR A

PRESSÃO DA ADUTORA INICIAL

ADUTORA ADICIONAL PARA O INCÊNDIO

HIDRANTE

Page 90: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

90

O ataque pode ser ampliado uma vez que a válvula possibilita um

meio para que, quando o segundo auto-bomba chegar, armar linhas adicionais no

mesmo hidrante, conectar-se e pressurizar essas linhas sem nenhuma interrupção

do fluxo de água na linha do abastecimento inicial. Tais válvulas são de extrema

utilidade, porém, não estão disponíveis para aquisição no mercado nacional,

devendo ser importadas.

8.3 Armação a partir do hidrante

Os procedimentos para a armação da mangueira de grande

diâmetro a partir do hidrante são os seguintes:

1º passo: Parar a viatura junto ao hidrante para permitir ao homem-

válvula retirar os materiais que irá usar (incluindo adaptações, chaves, etc) e puxar a

mangueira suficiente para fazer a conexão ao hidrante.

Figura 22 - Retirada da mangueira do berço da viatura.

Fonte: Hose Practices, p. 164

2º passo: Após sinalização do homem-válvula, inicia-se a armação

da mangueira. Mantendo-se a velocidade de 8 a 10 Km/h na armação, assegura-se

Page 91: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

91

que as mangueiras chegarão suavemente ao solo, evitando-se danos às conexões.

Arma-se a mangueira junto ao meio-fio, para evitar trânsito de veículos sobre ela.

Figura 23 - Sinalização para o motorista avançar a viatura

Fonte: Hose Practices, p. 164

3º passo: Pára-se no local adequado. Retira-se a parte

remanescente da mangueira do berço, desconecta-se e conecta-se novamente a

mangueira de grande diâmetro à válvula da admissão.

Page 92: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

92

Figura 24 - Conexão da mangueira de grande diâmetro à admissão

Hose Practives, p. 165

4º passo: Sinaliza-se para o homem-válvula abrir o hidrante e abrir a

válvula da admissão da bomba. Quando for dada a ordem para a abertura do

hidrante, fazê-lo lentamente. A abertura rápida do hidrante pode causar o golpe de

aríete.

8.3.1 Golpe de aríete

A água, quando se movimenta em um tubo ou mangueira, possui

peso e velocidade.

O peso da água aumenta, quando o diâmetro do tubo ou da

mangueira aumenta.

Page 93: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

93

A interrupção súbita do fluxo de água na mangueira ou tubo resulta

em uma onda de energia que é transmitida na direção oposta, a muitas vezes mais

do que a pressão original.

Essa onda é chamada de golpe de aríete.

O golpe de aríete pode danificar a bomba, equipamentos,

mangueiras ou o próprio sistema público de abastecimento de água.

Pode causar situações perigosas, quando causam o rompimento de

mangueiras, desacoplamentos de conexões, colocando em risco os bombeiros ou

espectadores que estejam nas proximidades de onde tais falhas ocorrerem.

Os esguichos, hidrantes e válvulas devem sempre ser abertos

lentamente, para evitar o golpe de aríete. As admissões das viaturas e os

acessórios devem ser equipados com válvulas de alívio para evitar danos aos

equipamentos.

Page 94: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

94

Figura 25 - Efeitos danosos do golpe de aríete.

Fonte: Fire Streams Practices, p. 44

8.3.2 Válvulas de alívio

As válvulas de alívio são requeridas, quando mangueiras de grande

diâmetro forem usadas.

Deverão ser instaladas nas introduções dos auto-bombas e nos

equipamentos abastecidos por mangueiras de grande diâmetro.

Também deverão ser adequadamente ajustadas de acordo com

cada suprimento e sistema de distribuição de água.

Uma válvula de alívio corretamente ajustada, abre e fecha

freqüentemente durante uma operação de combate a incêndios.

BOMBA

TUBULAÇÃO

MANGUEIRA

UNIÃO

HIDRAN

TE

ADUTORA

Page 95: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

95

A norma NFPA - 196253

(National Fire Protection Association)

estabelece que as válvulas de alívio deverão ser ajustadas a não mais do que 20

PSI acima da pressão estática do hidrante ou da pressão de bombas em série e não

deve exceder o máximo de 200 PSI.

A norma NFPA 1962 também estabelece que, ao usar mangueira

de grande diâmetro, para abastecer equipamentos, a pressão na expedição nunca

deve exceder a 185 PSI.

A operação com pressão acima de 185 PSI pode causar o

rompimento da mangueira.

8.4 Armação da mangueira até o abastecimento de água

Às vezes, é necessário colocar um auto-bomba na fonte de água

para alimentar as linhas de mangueiras com a pressão e a vazão adequadas.

Essa operação necessita que o auto-bomba arme as mangueiras do

incêndio para a fonte de abastecimento de água.

A operação consiste em parar o auto-bomba junto ao incêndio, para

que uma quantidade suficiente de mangueiras possa ser retirada do berço de

mangueiras. Todos os equipamentos, que possam ser necessários ao combate ao

incêndio, devem ser retirados e deixados em lugar seguro e conveniente, antes que

o auto-bomba deixe a área do incêndio, uma vez que vai ficar na fonte de

abastecimento de água.

53

Op. cit.

Page 96: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

96

Figura 26 - Armação de mangueiras do incêndio até o abastecimento de água.

Fonte: Practica y Teoria para Bomberos, p. 126.

8.5 Armação de mangueiras divididas

É uma linha de mangueiras armada em parte como uma armação

até o incêndio e em parte como uma armação até o abastecimento de água.

Isso pode ser feito com o auto-bomba, armando as mangueiras até

o incêndio a partir de uma esquina.

Então, um segundo auto-bomba pode fazer uma armação de

mangueiras até o abastecimento de água, a partir do ponto onde a linha inicial foi

deixada.

Figura 27 - Armação de mangueiras divididas.

Fonte: Fire Streams Practices, p. 44

Page 97: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

9 SEGURANÇA NO USO DAS MANGUEIRAS DE GRANDE

DIÂMETRO

9.1 A experiência internacional

Um aspecto de suma importância, que deve ser sempre observado,

é o da segurança ao se empregar mangueiras de grande diâmetro.

Nos Estados Unidos, onde o uso dessas mangueiras está bastante

difundido, alguns acidentes envolvendo a mangueira de grande diâmetro foram

relatados, produzindo-se, a partir daí, procedimentos de segurança, a fim de

minimizar os riscos para os bombeiros e para o público.

Transcreve-se, a seguir, o artigo de William C. Peters, intitulado

“LDH Safety: It’s no accident”54

, onde o autor ensina importantes procedimentos de

segurança no uso de tais mangueiras:

“Em maio de 1.993, uma pequena guarnição de bombeiros

voluntários no Condado de Chester, Pennsylvania, EUA, estava fazendo um

treinamento de hidráulica, quando a quebra de uma válvula da mangueira de grande

diâmetro transformou um exercício de rotina em um desastre. Relatos verbais do

incidente indicaram que um dos auto-bombas da guarnição estava posicionado para

receber a água de um hidrante por meio de uma mangueira adutora de 5” com

comprimento de 30 m.

Acoplada à sucção do lado esquerdo do painel da bomba, estava

uma válvula de gaveta com volante vertical.

54

Fire Engineering, Apr. 1994, p. 63-68.

Page 98: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

98

No momento em que um componente da guarnição abriu o hidrante

usando a chave de abertura da válvula, a mangueira de grande diâmetro começou a

encher-se de água.

Nesse instante, a válvula quebrou-se entre a gaveta e a conexão de

rosca fêmea giratória, golpeando o operador da bomba. A força do impacto jogou o

operador a vários metros de distância, causando-lhe ferimentos críticos e invalidez

permanente.

A polícia local e outras agências governamentais investigaram o

acidente.

No esforço para determinar o que saiu errado, a guarnição repetiu

as condições do treinamento usando uma válvula idêntica, adquirida ao mesmo

tempo do mesmo fabricante e chegou aos mesmos resultados.

A segunda válvula quebrou-se na mesma área da primeira. As

causas dessas falhas não foram completamente determinadas até agora.

Mesmo que lhe pareça que a guarnição usou a peça como

planejado, os resultados da quebra da válvula são dolorosamente óbvios.

A válvula de gaveta com volante vertical, como retratada aqui, é

similar às duas avariadas na Pennsylvania. A área entre o corpo da válvula e a

rosca fêmea giratória (indicada por uma trinca), foi onde a válvula se quebrou.

VOLANTE VERTICAL

ADMISSÃO DE 5” LOCAL DA QUEBRA

CONEXÃO À

ADMISSÃO DA

BOMBA CORPO DA

VÁLVULA

Page 99: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

99

Infelizmente, é muito fácil tornar-se muito autoconfiante ao trabalhar

ao redor de mangueiras de grande diâmetro.

A adutora grande, pesada e amarela parece inofensiva.

Todo bombeiro teme deitar-se sobre um lance de mangueira de 1.½”

ou 2.½” para controlar os ricochetes violentos de um esguicho aberto.

Quando um lance rompido é encontrado, mensagens urgentes de

rádio para “fechar a linha”, são freqüentemente ouvidas.

Por outro lado, quando a mangueira de grande diâmetro se fura,

produz um jato como um chafariz.

Na maioria dos casos, o vazamento pode ser ignorado ou coberto

por uma lona até o término da operação.

Nosso senso de satisfação, entretanto, é abalado quando uma

adaptação ou peça mal acoplada se quebra, desencadeando terror entre os

bombeiros e as pessoas que assistem. Em uma comunidade de New Jersey, no ano

passado, uma mulher foi ferida quando uma mangueira adutora de grande diâmetro

desacoplou-se golpeando-a durante um grande incêndio.

Às vezes, os acidentes são inevitáveis. Entretanto, você pode adotar

precauções para ajudar a reduzir a probabilidade de acidentes ao usar as

mangueiras de grande diâmetro.

PRESSÕES DE OPERAÇÃO

Mangueira de grande diâmetro é a mangueira de diâmetro 3.½” ou

mais.

A mangueira de grande diâmetro identificada como “mangueira

adutora” possui uma pressão máxima de operação de 185 psi e uma pressão de

teste de serviço de 200 psi (uma exceção a essa exigência é a mangueira adutora

de 6”, que não deverá ser usada a pressão de operação acima de 135 psi).

Para a mangueira adutora atender às provisões da norma NFPA-

Mangueira de Incêndio, o fabricante deverá submeter cada lance a teste de

resistência à pressão de 400 psi, sem ruptura.

Page 100: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

100

Essa margem de segurança é o dobro da pressão de teste de

serviço de 200 psi.

Mesmo com a pressão de teste de serviço claramente gravada na

mangueira, a mentalidade que algumas vezes prevalece é “incêndio grande,

mangueira grande, pressão grande”.

Eu estava em um incêndio com alarme múltiplo e vi um operador

inexperiente, recalcando com uma mangueira adutora de 5” a uma pressão

consideravelmente acima da pressão segura de operação.

Quando eu o questionei sobre os seus motivos de fazer aquilo, ele

replicou que o medidor de vazão, acoplado à expedição da mangueira de grande

diâmetro estava indicando uma diminuição da vazão e ele estava tentando aumentá-

la!

Em conseqüência, tudo o que ele fazia era recalcar uma enorme

quantidade de água que era jogada fora pela válvula de alívio, na introdução da

bomba que recebia a água!

Isso mostra uma falha no entendimento do conceito de medidor de

vazão.

O mais importante, entretanto, era que o recruta estava

inadvertidamente excedendo os limites seguros de pressão, para enviar água ao

que ele achava que era o incêndio.

Este exemplo ilustra outro ponto que muitos não consideram.

O procedimento normal de operação de bomba dita que você

bombeie, para atender à mais alta pressão requerida e feche as demais expedições

como necessário. Considere a situação na qual um auto-bomba está recalcando a

240 psi para suprir várias linhas de ataque, enquanto supre simultaneamente uma

mangueira de grande diâmetro que alimenta outro auto-bomba.

Um medidor de vazão acoplado à expedição da mangueira de

grande diâmetro indicaria a vazão que está sendo suprida, mas o operador não teria

uma indicação de quanto a pressão de segurança na expedição de 185 psi estaria

sendo excedida.

Como precaução de segurança, auto-bombas que utilizam

exclusivamente medidores de vazão em todas as expedições, deveriam ter também

Page 101: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

101

um manômetro separado ou um medidor de leitura dupla (vazão/pressão), na

expedição da mangueira de grande diâmetro.

GOLPE DE ARÍETE

Golpe de aríete é uma ondulação de pressão que ocorre quando um

fluxo de água de alta velocidade é interrompido abruptamente, criando um efeito de

aríete ou onda de choque. A pressão exercida durante esta manobra pode ser de

sete ou mais vezes superior à pressão estática.

Como a velocidade e a vazão aumentam, produzem-se, então, os

efeitos danosos do golpe de aríete.

Um mecanismo de comando por engrenagem, adicionado a uma válvula-borboleta

de ¼ de volta, ajuda a evitar o golpe de aríete.

Page 102: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

102

(Abaixo direita) Todos os acessórios das mangueiras de grande diâmetro do lado

da expedição, incluindo derivantes, deverão ser especificados com um dispositivo

de alívio incorporado (Fotos do Autor).

Em Fire Stream Management Handbook (Fire Engineering Books,

1.991) o autor, David P. Fornell, escreve: “1500 GPM fluindo através de 300 m de

mangueiras é igual a 3.863 quilogramas de água, movendo-se à velocidade de 27

quilómetros por hora”.

Tentar parar abruptamente esse fluxo certamente poderá causar o

rompimento de um de seus componentes, provavelmente da mangueira.

Os operadores de bomba deverão operar todas as válvulas

lentamente, especialmente aquelas que possuem mangueiras de grande diâmetro

conectadas a elas. Eu sei que quando diversos edifícios estão envolvidos e o auto-

bomba de ataque no local do incêndio está pedindo água, a expedição é aberta

repentinamente, ao invés da lenta, deliberada ação ensinada no curso de

operadores de bombas.

Page 103: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

103

A norma NFPA 1901, Auto-Bomba, remeteu esta parte do problema

às viaturas montadas de acordo com as normas a partir de 1.991.

Todas as válvulas, sucção e expedição, de 3” ou mais, deverão ter

um mecanismo para evitar que a válvula seja mudada de totalmente aberta para

totalmente fechada ou vice versa, em menos de três segundos. Elas são

normalmente chamadas de válvulas de “fechamento lento”.

Essa adição à Norma deverá ajudar em ocasiões tais como no

exemplo anterior, entretanto, muitas das antigas válvulas sem restrição continuam

em uso.

Algumas válvulas de borboleta de ¼ de volta, comuns em grandes

admissões, podem ser convertidas em “fechamento lento”, com a adição de um

volante manual — um investimento em segurança que vale a pena.

VÁLVULAS DE ALÍVIO NA EXPEDIÇÃO

Outro método de proteção que deverá ser incorporado ao sistema

de mangueira de grande diâmetro é a válvula de alívio de volume/pressão. Tais

dispositivos de segurança estão disponíveis como parte de muitos acessórios de

mangueiras de grande diâmetro.

A norma “NFPA 1962, Care, Use, and Service Testing of Fire Hose

Including Couplings and Nozzles”, indica o uso na expedição da bomba de uma

válvula de alívio de volume/pressão, com uma regulagem máxima, de forma a não

exceder a pressão de teste de serviço da mangueira usada.

Essas válvulas deverão descarregar na atmosfera e prevenir que

pressão na mangueira de grande diâmetro exceda aquela previamente ajustada.

Derivantes, válvulas distribuidoras e derivantes de mangueiras de

grande diâmetro, todos deverão ser especificados com um dispositivo de alívio

incorporado.

Page 104: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

104

Uma expedição em cotovelo com dispositivo de alívio regulado a 185 psi (lado

superior direito da foto) assegurará que a pressão não excederá os limites seguros

de operação. A válvula de introdução (lado inferior direito da foto), também é

adequadamente equipada com um dispositivo de alívio.

Quando uma condição de sobre-pressão é encontrada, a válvula de alívio da

válvula da introdução descarrega, antes que um perigoso golpe de aríete possa

chegar à bomba.

A válvula de alívio da bomba do auto-bomba, que faz com que o

excesso de pressão na expedição circule de volta para a introdução da bomba, não

é adequada a esse propósito e não fornece proteção adequada.

Quando a mangueira de grande diâmetro é usada para alimentar um

canhão-monitor, chuveiros automáticos, hidrantes, torre d’água etc, a forma segura

de operar é com um dos equipamentos descritos anteriormente acoplados na linha.

Alguns Corpos de Bombeiros escolhem equipar o cotovelo da expedição do auto-

bomba com dispositivo de alívio.

Quando previamente regulada a 185 psi, a válvula se abre

automaticamente, quando pressões acima da ajustada são encontradas.

A ativação da válvula é causada por pressão excessiva da bomba,

inadvertidamente aplicada pelo operador ou pelo fechamento da mangueira de

grande diâmetro, em algum ponto remoto, o que causa o aumento da pressão.

O mesmo tipo de dispositivo pode ser acoplado à introdução de uma

auto-escada ou plataforma para proporcionar a necessária proteção contra sobre-

Page 105: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

105

pressão, quando mangueiras de grande diâmetros são usadas para suprir jatos

elevados.

VÁLVULAS DE ALÍVIO DA SUCÇÃO

Outra exigência da NFPA 1962 é que, quando mangueiras de

grande diâmetro são usadas como adutoras entre bombas em série, a sucção da

bomba que recebe a água deve ser equipada com uma válvula de alívio.

A válvula deverá ser ajustada a não mais do que 10 psi acima da

pressão estática da fonte de água ou da pressão na expedição da bomba que

recalca.

Obviamente, quanto menor o ajuste, mais sensível seria o alívio a

uma condição de sobre-pressão.

A válvula de alívio nunca deverá ser ajustada acima do que a

pressão máxima da mangueira usada no sistema (185 psi).

Ambas Angus e Snap-Tite Hose, Inc., os dois maiores fornecedores

de equipamento para mangueiras de grande diâmetro neste País, concordam que

qualquer mangueira adutora de grande diâmetro, deverá ser equipada com um

dispositivo de alívio.

Alguns acham que o sistema de válvula de alívio da sucção da

bomba, exigida pela atual norma de auto-bomba, NFPA 1901, satisfaz esta

exigência.

Esta lógica é questionável, por uma série de razões.

Primeiro, a válvula de alívio interna pode não responder com rapidez

suficiente, para evitar danos por golpe de aríete, produzidos pelas grandes vazões

encontradas com o uso de mangueira de grande diâmetro.

Segundo, a válvula de alívio da bomba é instalada na tubulação de

sucção da bomba, o que a coloca após qualquer válvula de gaveta da sucção.

Se o operador inadvertidamente fechar a válvula de recebimento da

água, não há alívio na linha.

Terceiro, é requisito que a válvula de alívio da bomba seja ajustável

até 250 psi, com algumas operadas externamente.

Page 106: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

106

Isso é 65 psi acima do ajuste máximo seguro da válvula de alívio,

especificado para o uso de mangueira de grande diâmetro.

Os fabricantes de equipamentos recomendam que a válvula de

recebimento da mangueira de grande diâmetro deve ser equipada com um

dispositivo de alívio que ativará antes que a onda de choque do golpe de aríete

possa alcançar as tubulações da bomba.

Alguns auto-bombas são equipados com uma adaptação de engate

rápido Storz, montada na introdução da bomba e sem alívio no sistema. A NFPA

1962 não faz referência à água recebida de um hidrante, então, eu somente

presumo que este é o uso pretendido deste adaptador básico.

Infelizmente, ele também proporciona uma sucção convidativa para

uma adutora vinda de outro auto-bomba.

O uso de uma válvula de alívio na introdução da mangueira de

grande diâmetro é a forma mais segura para receber água e, nestas condições,

fornecerá a adequada proteção contra a sobre-pressão sob todas as condições.

POSICIONANDO INTRODUÇÕES E EXPEDIÇÕES PARA MANGUEIRAS DE

GRANDE DIÂMETRO NO AUTO-BOMBA.

A edição de 1991 da NFPA 1901 proibiu a localização de qualquer

expedição maior do que 2½” no painel do operador.

Essa exigência desloca a expedição da mangueira de grande

diâmetro para longe do operador da bomba. Mas onde muitos Corpos de Bombeiros

posicionam as válvulas de introdução?

Bem no painel da bomba! Como você pôde ver a partir do exemplo

no início desse artigo, uma falha nesse local pode resultar em ferimentos críticos ou

até mesmo em morte.

A razão mais mencionada para localizar a válvula no painel é que

ela permite ao operador ajustar a rotação do motor, enquanto abre a adutora.

Entretanto, mudando-se a introdução da mangueira de grande

diâmetro para longe do painel da bomba, certamente aumentará a segurança do

operador da bomba no caso de uma falha

Page 107: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

107

Alguns outros benefícios incluem a eliminação dos riscos de um

desacoplamento da mangueira, proteção contra molhar-se, quando a válvula de

alívio se abre e, em climas frios, reduz a formação de gelo ao redor da posição do

operador, quando a válvula de alívio se abre.

Algumas introduções, tais como aquelas localizadas na frente e na

traseira das viaturas, podem ser remotamente controladas do painel do operador da

bomba.

Muitos “experts” em hidráulica de combate a incêndios argúem que

as introduções na frente e na traseira não são tão eficientes como as introduções

laterais para o suprimento de água para a bomba.

Por causa do reduzido diâmetro e das muitas curvas que a

tubulação deve fazer no seu caminho até à bomba, a perda de carga na tubulação é

aumentada e as vazões que entram são algo restritas.

Isso é verdadeiro, mas considere a segurança e prudência dessas

localizações, quando usadas com mangueiras de grande diâmetro.

Usando uma válvula de alívio montada na sucção frontal com um

lance curto de mangueira de grande diâmetro para conexão ao hidrante, permite-lhe

conectar ao hidrante ou receber com segurança a alimentação por mangueira de

grande diâmetro com proteção contra sobre-pressão, longe do operador.

Ela também atende à exigência de válvula de fechamento lento

especificada na NFPA 1901.

Se a válvula de introdução é instalada no painel do lado direito, a

forma mais fácil para coordenar a transferência do abastecimento do tanque para a

adutora é com dois bombeiros — um para abrir a válvula da introdução e o outro

para ajustar a pressão de expedição da bomba. Se o operador está sozinho, ele

pode reduzir a rotação do motor e ir para o outro lado da viatura e abrir a válvula da

introdução e então ajustar a pressão de expedição como necessário.

Isso resultaria em um temporário decréscimo na pressão de saída,

mas propiciará a segurança da remoção dos perigos potenciais da mangueira de

grande diâmetro do painel da bomba por toda a duração da operação.

Tenha cautela com a montagem de válvula de alívio na sucção que

se projeta além da lateral externa da viatura.

Page 108: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

108

Danos físicos podem ocorrer e não serem observados até que a

válvula seja usada.

Uma válvula para mangueira de grande diâmetro, projetando-se além da lateral

externa da viatura, pode estar sujeita a danos físicos e possível falha.

Se você está considerando esse tipo de instalação em um novo

auto-bomba, especifique que a conexão de sucção deve ficar recuada no painel da

bomba ou então montada rente a esse. Isso efetivamente protegerá a válvula de

qualquer dano.

Page 109: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

109

Muitos fabricantes podem encurtar a conexão de sucção de forma que a válvula de

alívio pré-conectada não se projete além da lateral da viatura.

Se o posicionamento da válvula causa a interferência do estribo

com a mangueira de grande diâmetro, ele pode ser modificado para evitá-la.

Page 110: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

110

Se é instalada uma conexão de sucção rente ao painel, o estribo pode ser

modificado para evitar interferir com a mangueira de grande diâmetro.

ALÍVIO DE TENSÃO

Os acessórios hidráulicos das mangueiras de grande diâmetro, que

serão usados fora do chão, deverão possuir um cotovelo com curva incorporado ao

seu projeto. Com este dispositivo, a mangueira forma um ângulo curvo com o

acessório, que transfere com segurança muito do peso para o solo.

A entrada retilínea dos acessórios deposita uma grande parcela de

stress na mangueira, conexões, uniões e algumas vezes, resulta em uma dobra.

Page 111: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

111

Uma conexão em ângulo em todos os equipamentos de mangueira de grande

diâmetro ajudará a reduzir as tensões, nas adaptações provocadas pelo peso e

equipamentos.

UNIÕES COM TRAVA

Em uma reunião da NFPA, a exigência de dispositivos de trava

positivos para todos os novos engates, com um quarto de volta foi aprovada.

A data que entrou em vigor essa nova exigência foi 20 de agosto de

1993.

As atuais mangueiras e equipamentos, como foram fabricados antes

daquela data, estão isentos da exigência.

Alguns fabricantes, entretanto, podem fornecer kits para a

adaptação das conexões atualmente em uso.

Essas exigências foram criadas parcialmente em resposta aos

relatórios que chegaram sobre conexões que se desconectavam, quando a linha de

mangueira estava em uso.

Uma possível causa do desacoplamento acidental das conexões de

mangueiras de grande diâmetro é a presença da torção na mangueira.

Os bombeiros deverão ter cautela ao armar e acoplar as mangueiras

e acessórios hidráulicos para estarem certos de não haver nenhuma torção na linha.

Page 112: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

112

A mangueira de grande diâmetro deve sempre ser acoplada de forma a ficar

igualmente plana. Uma torção (como mostrada) pode causar o desacoplamento da

empatação e possivelmente causará um acidente.

* * *

O uso de mangueira de grande diâmetro tem aumentado

tremendamente nossa eficiência operacional e é considerada a melhor maneira de

mover grandes quantidades de água a grandes distâncias.

Infelizmente, como os trágicos incidentes da Pennsylvania e outros

locais mostram, um enorme potencial para desastre está presente, quando

mangueiras de grande diâmetro estão em uso.

Com a observação dos aspectos de segurança ao adquirir

equipamentos para mangueira de grande diâmetro e praticando segurança ao usá-

los, ajudará em muito a prevenir sérios ferimentos nos bombeiros e espectadores.”

9.2 Recomendações de segurança

Tradução e adaptação do Autor.

Page 113: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

113

Dos ensinamentos acima, os seguintes podem ser destacados como

recomendações a serem seguidas, a fim de evitar acidentes no uso das mangueiras

de grande diâmetro:

a) A pressão máxima de operação deverá ser de 185 PSI (com

exceção da mangueira adutora de 6”, cuja pressão de operação deverá ser de, no

máximo, 135 PSI);

b) Os operadores de bomba deverão operar todas as válvulas

lentamente, especialmente aquelas que possuem mangueiras de grande diâmetro

conectadas a elas, para evitar o golpe de aríete;

c) Uso na expedição da bomba de uma válvula de alívio de

volume/pressão com uma regulagem máxima, de forma a não exceder a pressão de

teste de serviço da mangueira usada;

d) Derivantes, válvulas distribuidoras e demais equipamentos

usados com mangueiras de grande diâmetro deverão ser especificados com um

dispositivo de alívio incorporado;

e) Quando mangueiras de grande diâmetro são usadas como

adutoras entre bombas em série, a introdução da bomba que recebe água deve ser

equipada com válvula de alívio, ajustada à pressão máxima da mangueira usada no

sistema (185 PSI);

f) A admissão da bomba deverá ser dotada de válvula com alívio de

pressão, ao ser usada qualquer mangueira adutora de grande diâmetro. Incluem-se

também as viaturas dotadas de válvulas de alívio na admissão;

g) Qualquer expedição maior do que 2½” deverá ser localizada fora

do painel do operador da bomba;

Page 114: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

114

h) A válvula de introdução da mangueira de grande diâmetro não

deverá ser localizada no painel do operador;

i) Extremo cuidado deverá ser tomado na montagem de válvula de

alívio na admissão da bomba que ultrapasse o alinhamento da carenagem da

viatura, para evitar acidentes e danos à válvula;

j) Exigência que as uniões de engate rápido Storz possuam travas

que impeçam o desacoplamento acidental;

l) Os bombeiros deverão ter cuidado ao armar e acoplar a

mangueira de grande diâmetro e acessórios hidráulicos, certificando-se que não

haja nenhuma torção na linha, que poderá provocar o desacoplamento das uniões.

m) Os acessórios hidráulicos das mangueiras de grande diâmetro,

que forem usados acima do chão, deverão possuir uma curva descendente para

alívio da tensão nas juntas de união.

Page 115: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

10 EQUIPAMENTOS USADOS COM AS MANGUEIRAS DE GRANDE

DIÂMETRO

10.1 Preâmbulo

Há numerosos equipamentos que podem ser eficientemente

abastecidos por mangueiras de grande diâmetro, tais como:

10.2 Derivantes

Os derivantes são comumente usados para distribuir água para as

linhas de ataque ou para outros dispositivos.

Figura 28 - Derivante - notar válvula de alívio na parte superior

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Para a mangueira de grande diâmetro poder conectar-se

diretamente com o derivante, este deve ser equipado com uma válvula de alívio,

uma válvula de fechamento e um manômetro para indicar a pressão.

Page 116: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

116

Colocar sempre o derivante na posição desejada antes de conectar

a mangueira de grande diâmetro, pois após esta ser colocada em carga, torna

qualquer mudança de posição impossível.

10.3 Canhões-monitores

Os canhões-monitores podem ser abastecidos por mangueira de

grande diâmetro de diversas formas.

Figura 29 - Canhão-monitor

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Podem ser abastecidos diretamente pelo hidrante, por meio de um

lance curto de mangueira de grande diâmetro.

Os canhões-monitores podem também ser supridos por um auto-

bomba ou por meio de um derivante.

Page 117: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

117

Figura 30 - Canhão-monitor abastecido por auto-bomba com mangueira de grande

diâmetro.

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Em canhões-monitores com múltiplas introduções, a mangueira de

grande diâmetro deve ser conectada à introdução do meio para melhor estabilidade.

Figura 31 - Conexão à introdução central do canhão-monitor

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

As adaptações de engate rápido Storz podem ficar

permanentemente conectadas nessas introduções.

Page 118: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

118

Figura 32 - Adaptação conectada à introdução do canhão-monitor

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

10.4 Rede de hidrantes e de chuveiros automáticos

As redes de hidrantes e de chuveiros automáticos podem ser

abastecidas por mangueira de grande diâmetro, conectadas a um auto-bomba.

Figura 33 - Conexão do auto-bomba à rede de chuveiros ou de hidrantes

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

CHUVEIROS AUTOMÁTICOS E

HIDRANTES

Page 119: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

119

As mangueiras de grande diâmetro permitem longas extensões de

mangueiras das fontes de água para abastecer rede de hidrantes e de chuveiros

automáticos pelo lado externo.

Arma-se a mangueira do registro de recalque para o hidrante ou

outra fonte de água.

Figura 34 - Armação da mangueira a partir do registro de recalque

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

10.5 Outros equipamentos

Ao usar-se a mangueira de grande diâmetro, outros equipamentos

são necessários como seu complemento. Podemos citar:

10.5.1 Válvula de alívio da introdução

É uma válvula utilizada na admissão do auto-bomba que recebe a

mangueira de grande diâmetro de outro auto-bomba ou de outra fonte de água com

pressão. Deve ser equipada com dispositivo de alívio, para evitar o golpe de aríete.

Page 120: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

120

Figura 35 - Válvula de alívio da introdução

Fonte: Catálogo Snap-tite,Inc.

10.5.2 Adaptações

São equipamentos necessários para o acoplamento da mangueira

de grande diâmetro aos hidrantes.

10.5.3 Reduções

As reduções são equipamentos a serem usados nas expedições dos

auto-bombas, quando bombeando em série.

Page 121: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

121

10.5.4 Coletores

Destinados a receber duas ou mais linhas adutoras.

Figura 36 - Coletor

Fonte: Catálogo Snap-tite, Inc

10.5.5 Válvula de quatro vias para hidrantes

Usada para permitir que uma adutora seja armada diretamente do

hidrante e, posteriormente, seja pressurizada por um auto-bomba, sem a

interrupção do fluxo de água, como tratado em 8.2.1.

Figura 37 -Válvula de quatro vias

Fonte: Catálogo Snap-tite, Inc.

Page 122: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

122

10.5.6 Miscelâneas

Outros equipamentos tais como: chaves de mangueiras, tampão-

cego, chave de hidrante, são necessários para complementar o uso das mangueiras

de grande diâmetro.

Page 123: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

11 PROCEDIMENTOS PÓS-INCÊNDIO

Após o término do atendimento da ocorrência, alguns

procedimentos quanto à conservação dos equipamentos são necessários.

Particularmente, quanto às mangueiras de grande diâmetro, são os seguintes:

11.1 Drenagem da mangueira

Após o término das operações é procedida a drenagem da

mangueira, que deve ser executada como indicado, a seguir.

Se a mangueira estiver em uma área inclinada, iniciar

desconectando-se a mangueira pelo lado em que ela está mais alta.

Figura 38 - Desacoplamento da mangueira

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Page 124: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

124

A seguir acopla-se um tampão-cego, para criar um vácuo, a fim de

manter a mangueira achatada.

Figura 39 - Acoplamento do tampão-cego

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Depois, desconecta-se a extremidade mais baixa da mangueira.

Figura 40 - Desacoplamento das mangueiras

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Page 125: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

125

Certificar-se que a mangueira esteja bem esticada e reta. Então, a

água vai sair livremente pelo lado aberto.

Figura 41 - Drenagem da mangueira

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Em locais nivelados, desconecta-se a mangueira e acopla-se um

tampão-cego em uma das extremidades.

Figura 42 - Acoplamento de um tampão-cego à extremidade

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Page 126: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

126

Estica-se a mangueira deixando-a perfeitamente reta. Então,

desconecta-se a outra extremidade da mangueira.

Figura 43 - Deixar a mangueira perfeitamente reta

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Usa-se um “hose roller” ou um croque para retirar o ar e a água da

mangueira, começando-se pelo lado onde está acoplado o tampão-cego.

Page 127: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

127

Figura 44 - Extração do ar do interior da mangueira

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Conforme a água for sendo drenada, a mangueira vai ficando plana

pela ação da força da gravidade (forma-se um vácuo parcial em seu interior). Para

assegurar que ela permaneça plana, manter a drenagem até o final da mangueira.

Então, instala-se outro tampão-cego ou dobra-se a mangueira sobre

si mesma.

Figura 45 - Dobra da mangueira sobre si mesma.

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Page 128: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

128

11.2 Acondicionamento no berço de mangueiras

Após o processo de drenagem estar concluído, o acondicionamento

da mangueira no berço pode ser iniciado.

A mangueira de grande diâmetro deverá ser acondicionada em zig-

zag deitado, para facilitar o seu deslizamento quando da armação.

O melhor método de acondicionamento, é conduzir a viatura ao lado

da mangueira, enquanto esta é acondicionada.

Figura 46 - Acondicionamento da mangueira com o uso da viatura

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Essa operação envolve quatro bombeiros: dois sobre o berço de

mangueiras, o bombeiro para controle, no chão, atrás da viatura e o motorista.

Antes da remoção do tampão, dobra-se a mangueira sobre si

mesma, para manter o vácuo e mantê-la livre da entrada de ar ao reacondicioná-la.

Figura 47 - Dobra da mangueira e remoção do tampão-cego

Page 129: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

129

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Remove-se o tampão-cego.

Figura 48- Retirada do tampão-cego

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Acopla-se com o lance que está no berço.

Figura 49 - Acoplamento com o lance do berço de mangueiras

Page 130: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

130

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

A viatura deve ser conduzida lentamente ao longo da mangueira.

O bombeiro de controle prepara a mangueira para os bombeiros que

estão no berço. Se algum ar permanece no interior da mangueira, o bombeiro de

controle pode comprimi-la e expulsá-lo pela extremidade aberta da mangueira.

Figura 50 - Remoção do ar remanescente no interior da mangueira

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Boa comunicação entre o bombeiro de controle e o motorista é

importante para assegurar que a viatura ande na velocidade apropriada, a fim de

permitir que os bombeiros no berço acondicionem a mangueira adequadamente.

Page 131: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

131

O bombeiro de controle deve andar cerca de um metro atrás do

estribo traseiro da viatura e numa área em que possa ser visto pelo motorista, por

meio do espelho retrovisor.

Durante o dia e em locais com boa visibilidade, o bombeiro de

controle sinalizará para o motorista prosseguir, movendo a cabeça para cima e para

baixo. Para mandar o motorista parar, o bombeiro de controle move sua cabeça

para os lados, da esquerda para a direita e vice-versa.

Se o bombeiro de controle não faz nenhum sinal com a cabeça o

motorista prossegue até a próxima esquina.

À noite e onde há pouca visibilidade, deverão ser usados sinais com

a mão.

O acondicionamento da mangueira no berço também pode ser feito

com a viatura indo sobre a mangueira. Mas deverão ser tomadas precauções, pois

as conexões ficam muito próximas das rodas e dos eixos.

Figura 51 - Acondicionamento com a viatura transitando sobre a mangueira

Page 132: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

132

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Para o acondicionamento da mangueira de grande diâmetro no

berço, é mais usual deixar as juntas na sua parte dianteira.

Figura 52 - Juntas colocadas na parte dianteira do berço

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Começa-se deixando a junta do primeiro lance bem junto da parte

da frente do berço.

Figura 53 - Início do acondicionamento da mangueira no berço

Page 133: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

133

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Dobra-se a mangueira no fim do berço.

Figura 54 - Execução da dobra no fim do berço

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Faz-se uma nova dobra a 15 cm da parte da frente do berço.

Figura 55 - Distância a ser deixada na parte dianteira do berço

Page 134: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

134

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

As juntas deverão ficar neste espaço de 15 cm entre as dobras e a

parte da frente do berço.

Figura 56 - Posicionamento das juntas no espaço deixado

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Fazer dobras falsas para manter as adaptações nesta área.

Checa-se se cada junta está bem acoplada. Os ressaltos das uniões

deverão estar perfeitamente alinhados.

Figura 57 - Verificação do acoplamento correto das juntas

15 CM

Page 135: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

135

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

A segunda camada de mangueiras deve ser dobrada ligeiramente

mais curta do que as anteriores, tanto na parte da frente, como na de trás do berço,

alternando-se dobras mais longas e mais curtas para manter a mangueira em zig-

zag e evitar dobras.

Figura 58 - Distância a ser deixada, quando da confecção da

camada superior

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

11.3 Acondicionamento em carretéis

Page 136: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

136

O acondicionamento das mangueiras de grande diâmetro pode ser

feito em viaturas dotadas de carretéis.

Para fazê-lo, a viatura anda com a mangueira sob os eixos.

Enrola-se a mangueira no carretel de maneira uniforme para impedir

a formação de dobras quando for armada.

Figura 59 - Acondicionamento da mangueira em carretel

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Um bombeiro de controle deverá ser posicionado para comunicar ao

motorista a velocidade apropriada da viatura e do carretel.

Figura 60 - Comunicação com o motorista

Page 137: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

137

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Acionar o carretel com a viatura estacionada para enrolar a

mangueira, não é recomendado, pois, o atrito da mangueira com o solo pode

danificá-la ou danificar os acoplamentos.

Page 138: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

12 MANUTENÇÃO DA MANGUEIRA DE GRANDE DIÂMETRO

12.1 Lavagem

Os acúmulos de lama ou cinzas deverão ser lavados antes da

mangueira ser reacondicionada.

Figura 61 - Lavagem da mangueira antes do acondicionamento

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Os acúmulos de graxa ou tinta deverão ser retirados com os

solventes apropriados ou thinner. Deverá ser consultado o fabricante antes de

aplicar qualquer produto diferente da água na mangueira.

Page 139: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

139

Figura 62 - Uso de solventes apropriados

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

12.2 Descontaminação

Se a mangueira foi contaminada com produtos perigosos, ela

deverá ser descontaminada no local da ocorrência, antes de ser reacondicionada.

Figura 63 - Descontaminação da mangueira no local da ocorrência

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Page 140: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

140

Nunca reacondicionar uma mangueira contaminada no berço ou em

carretel.

E nunca retornar com mangueira contaminada ao quartel, antes que

estejam completamente limpas com o uso das soluções apropriadas.

12.3 Secagem

Devido aos materiais usados e à sua construção, a mangueira de

grande diâmetro não requer secagem, após o seu uso e limpeza pode ser

reacondicionada no berço de mangueiras ou no carretel.

Figura 64 - Reacondicionamento da mangueira no berço

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

12.4 Freqüência da lavagem

Recomenda-se a lavagem da mangueira e do berço de mangueiras

das viaturas pelo menos duas vezes por ano e a mudança do local das dobras

sempre que a mangueira for reacondicionada.

Page 141: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

141

Figura 65 - Lavagem do berço de mangueiras

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

12.5 Limpeza das uniões

Lavam-se as juntas com água e sabão para remover lubrificantes

ressecados.

Figura 66 - Lavagem das juntas com água e sabão

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Page 142: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

142

Os anéis de borracha das juntas não precisam ser lubrificados, mas

devem ser inspecionados regularmente.

As juntas devem ser lubrificadas com lubrificantes de alta qualidade,

recomendados pelo fabricante.

Figura 67 - Lubrificação das juntas

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Verificar as juntas, constatando se giram adequadamente.

Figura 68 - Verificação do giro das juntas

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

12.6 Rodízio das mangueiras

Page 143: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

143

Os lances e as empatações deverão sofrer rodízios freqüentes e

similarmente deverão ser drenados após cada uso.

Para evitar danos à mangueira, se esta tiver de ser arrastada, fazê-

lo no seu lado plano e nunca na dobra.

Figura 69 - A mangueira não deve ser arrastada pela dobra

Fonte: Large Diameter Hose Training Video

Page 144: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

13 EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS COM AS MANGUEIRAS DE

GRANDE DIÂMETRO

13.1 Preâmbulo

As mangueiras de grande diâmetro já têm sido empregadas por

alguns Grupamentos de Incêndio, na tentativa de melhorar o abastecimento de água

para o combate a incêndios.

13.2 A experiência do 16º Grupamento de Incêndio

O 16º Grupamento de Incêndio (16º GI) começou a utilizá-las para o

abastecimento de auto-tanques no “Projeto-Dilúvio”, processo descrito pelo então

Ten Cel PM Hugo Massotti Júnior em sua monografia elaborada no CSP-II/9355

.

O 16º GI já tem empregado a mangueira de grande diâmetro em

casos reais de incêndio56

. Um deles ocorreu em 15 de julho de 1.994, em uma

engarrafadora de aguardente, localizada na cidade de Rio Claro.

Foi utilizada uma mangueira de 4” como adutora diretamente do

hidrante para abastecer, com sucesso, todas as viaturas envolvidas na operação de

combate ao incêndio.

55

Op. cit. 56

Relatório/Aviso do Corpo de Bombeiros n. 486

Page 145: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

145

Na figura abaixo, está o lay-out da ocorrência.

Figura 70 - Incêndio na Indústria de Bebidas Vila Velha, em Rio

Claro.

NM

AV 24 AV. 26

RUA 15

INCÊNDIO

RUA 14

AB

343

AB

174

AB - 278

AB - 306

AB - 352

HIDRANTE DE

COLUNA

P= 27 PSI

Q= 850 GPM

MANGUEIRA

DE 4”

MANGUEIRA DE 2.1/2”

MANGUEIR

A

DE 2.1/2”

MANGUEIRA DE

1.1/2”

MANG. DE

1.1/2”

DERIVANTE

MANGUEIRA

DE 2.1/2”

Page 146: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

146

13.3 A experiência do 7º Grupamento de Incêndio

O 7º Grupamento de Incêndio (7º GI) desenvolveu um sistema,

combinando o emprego de tanques portáteis, auto-tanques equipados com válvulas

de descarga rápida (“dump valves”) e mangueiras de grande diâmetro.

É uma evolução do processo empregado pelo 16º GI em Piracicaba

(“Projeto Dilúvio”). O sistema foi demonstrado ao Comandante do Corpo de

Bombeiros, Cel PM José Carlos da Silva, em exercício simulado, realizado em

14Mar9657

, em Campinas.

O sistema de abastecimento de água para incêndios, proposto pelo

7º GI envolve as seguintes fases:

13.3.1 Arranjo das viaturas

a) Auto-tanque: a viatura deverá ter em seu berço um local

adequado para abrigar o tanque-portátil. Na parte posterior do tanque da viatura,

deve-se instalar uma válvula de descarga rápida;

b) Auto-bomba: as mangueiras deverão estar adequadamente

acondicionadas no berço da viatura, de forma que a guarnição execute a armação

da linha adutora;

c) A preparação do berço e o arranjo das mangueiras devem ser

feitos como demonstrado nas figuras constantes do Anexo A.

Page 147: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

147

13.3.2 Desenvolvimento

13.3.2.1 Auto-bomba 01

a) Posicionamento, armação da adutora e armação das linhas de

ataque:

A viatura desloca-se para o local do sinistro. Ao chegar próximo à

ocorrência, verifica-se o melhor ponto para estacionar a viatura. Antes disso,

escolhe-se o local onde deverá deixar o primeiro lance da adutora. Desse ponto

parte em direção ao sinistro, deixando no solo a linha adutora.

No ponto ideal de estacionamento da viatura, o Comandante de

guarnição determina a armação de linha(s) de ataque(s) e início dos trabalhos, com

água do tanque do AB-01 (Auto Bomba 01).

Em seguida, a adutora deve ser acoplada à introdução do AB-01.

57

NOTA DE SERVIÇO Nº7GI-002/13.2/96

Page 148: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

148

Figura 71- Acoplamento da adutora na introdução do AB -01

13.3.2.2 Auto-Tanque 01

a) Posicionamento, acoplamento e armação do tanque-portátil:

O AT-01 (Auto-Tanque 01) pressuriza a adutora armada pela

guarnição do AB-01 (Auto-Bomba 01). Em seguida, arma-se o tanque-portátil para

que o AB-02 (Auto-Bomba 02) possa estacionar e montar o mangote para o trabalho

de sucção. Finda a sua água, parte-se para o hidrante mais próximo para o

ÁGUA DO TANQUE DO

AB-01

AB - 01

Ø100 MM

COLETOR

DE 2,5” X 4”

ADUTORA ARMADA PELO AB-01

Page 149: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

149

reabastecimento, utilizando mangueiras de 4” (quatro polegadas). Retornando-se ao

tanque-portátil, reabastece-o pela válvula de descarga rápida, quantas vezes for

necessário.

Figura 72 - Pressurização da adutora e armação do tanque-portátil

AB -01

AT

01

TP

TANQUE - PORTÁTIL ARMADO S/ ÁGUA

ÁGUA DO TANQUE

DO AT-01

Page 150: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

150

13.3.2.3 Auto-Bomba 02

a) Posicionamento, acoplamento da adutora e armação do mangote

para sucção:

O AB-02 (Auto-Bomba 02) estaciona-se ao lado do tanque-portátil e

inicialmente pressuriza a adutora com água de seu tanque. Em seguida, iniciam-se

os preparativos para sucção, acoplando o filtro flutuante no mangote e aguarda o

enchimento do tanque-portátil:

Figura 73 - AB-02 pressuriza a adutora e prepara sucção do tanque-portátil.

AT - 02

AB - 01

AT

01

DESLOCAMENTO

PARA HIDRANTE

ÁGUA DO TANQUE DO

AB - 02

TP

AB - 02

Page 151: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

151

13.3.2.4 Auto-tanque 02 e/ou carros-pipas de apoio

a) Posicionamento, descarga d’água, reabastecimento no hidrante,

retorno e descarga d’água:

Ao chegar próximo do tanque-portátil, posiciona-se de modo a

permitir a descarga rápida da água no interior do tanque-portátil. Feito isto, desloca-

se para o hidrante a fim de reabastecer, retornando-se ao tanque-portátil

novamente, trabalhando dessa maneira, enquanto for necessário.

Figura 74 - Ciclo de abastecimento e descarga de água dos AT

.

AT

03

AT

01

RETORNO DO

HIDRANTE

TP AT 02 AB 01

AB 02

ADUTORA Ø 100 MM

DESCARREGANDO

NO

TANQUE-PORTÁTIL

ÁGUA DO TANQUE-

PORTÁTIL

Page 152: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

152

13.3.2.5 Operações no hidrante

a) Acoplamento da mangueira, abertura e enchimento:

Com a chegada do AT-01 (Auto-Tanque 01) é montado o sistema de

abastecimento, utilizando os acessórios hidráulicos da viatura. É dado a seqüência

do abastecimento das demais viaturas, procurando ser o mais rápido possível, a fim

de que não falte água no tanque-portátil .

Figura 75 - Operações no hidrante

13.3.3 Resultado

AT O1

HIDRANTE DE

COLUNA

MANGUEIRA DE

Ø 100 MM (4”)

Page 153: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

153

O resultado do teste simulado pode ser constatado na tabela

reproduzida abaixo, onde pode ser observado que durante todo o exercício foi

mantida a vazão média de aproximadamente 400 GPM (1500 LPM).

Tabela 13 - Resultado do teste simulado

VAZÕES MEDIDAS NAS EXPEDIÇÕES DO AB-01

DATA: 14MAR96

PRESSÃO (PSI) VAZÃO (LPM) TEMPO (MIN) REQUINTES DE 25 MM

29,4 611,8 1 1

8,8 335,1 2 1

51,5 1618,7 3 2

51,5 809,3 4 1

11,8 386,9 5 1

58,8 865,2 6 1

44,1 749,3 7 1

44,1 749,3 8 1

51,5 1618,7 9 2

59,9 1686,6 10 2

51,5 1618,7 11 2

58,8 1730,4 12 2

55,9 1686,6 13 2

58,8 1730,4 14 2

58,8 1730,4 15 2

55,9 1686,6 16 2

58,8 1730,4 17 2

22,1 1059,7 18 2

58,8 1730,4 19 2

58,8 1730,4 20 2

58,8 1730,4 21 2

73,5 1934,7 22 2

73,5 1934,7 23 2

41,2 2171,7 25 3

44,1 2247,9 26 3

80 2018,4 27 2

60 1748 28 2

50 1595,7 29 2

50 1595,7 30 2

60 1748 31 2

100 2256,7 32 2

GRÁFICO 1 - Vazões obtidas durante o exercício simulado

Page 154: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

154

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

TEMPO (MIN)

0

500

1000

1500

2000

2500

VA

O (

L/M

IN)

VAZÕES OBTIDAS

Page 155: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

CONCLUSÃO

No presente trabalho monográfico, pretendeu-se demonstrar as

vantagens do uso da mangueira de grande diâmetro no Corpo de Bombeiros em

contraposição ao modelo de abastecimento atualmente em uso, que se baseia

fundamentalmente na mangueira adutora de diâmetro 2½” (duas e meia polegadas).

Parece ter sido demonstrado que a perda de carga na mangueira de

grande diâmetro é bem menor do que nas mangueiras de menor diâmetro, o que

permite:

a) que a água, partindo de um manancial pressurizado, alcance

maiores distâncias;

b) que maiores vazões sejam alcançadas, propiciando melhor

aproveitamento da capacidade das bombas;

c) a redução dos desgastes das viaturas, devido às menores

pressões utilizadas;

d) o seu uso com bombas em série, de forma vantajosa;

e) que mesmo conectada à fonte pressurizada com pressão baixa,

alcançar distâncias maiores do que mangueiras de menor diâmetro;

f) a redução da quantidade de mangueiras a serem armadas,

contribuindo para o descongestionamento do local da ocorrência;

g) uso de menor efetivo para armar as adutoras necessárias, bem

como para reacondicioná-las no berço de mangueiras.

Em decorrência do estudo realizado, propõe-se:

a) a implementação do uso de mangueiras de grande diâmetro

como adutoras, tanto diretamente dos hidrantes de coluna até à admissão das

bombas (nas localidades onde a pressão da rede pública de distribuição de água o

permitir), como em bombas em série (tanto entre auto-tanque provido de bomba,

como entre auto-bombas);

Page 156: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

156

b) o uso das mangueiras de grande diâmetro para o abastecimento

de equipamentos, tais como: canhões-monitores, rede de hidrantes e de chuveiros

automáticos, jatos elevados (auto-escada, auto-bomba-escada, auto-plataforma

elevada, auto-bomba-plataforma, etc);

c) a produção pela ABNT de normas técnicas contemplando as

uniões de engate rápido Storz, para uso com mangueiras de grande diâmetro,

atentando para a inclusão de dispositivo que impeça o seu desacoplamento

acidental;

d) a aquisição de equipamentos complementares tais como:

derivantes, coletores, válvulas de alívio de admissão das bombas, válvulas de 4

vias, todos dotados de dispositivos de alívio de pressão para maior segurança;

e) o estabelecimento, concomitantemente ao início do uso das

mangueiras de grande diâmetro, de regras de segurança, que evitem a ocorrência

de acidentes, envolvendo tais equipamentos;

f) a implantação de sistemas alternativos de abastecimento de água

para o combate a incêndios, envolvendo auto-tanques providos de válvulas-dilúvio,

tanque-portátil e mangueiras de grande diâmetro, tais como os utilizados pelos 7º e

16º Grupamentos de Incêndio, que já demonstraram a sua eficiência.

O Corpo de Bombeiros, na busca da excelência dos serviços que

presta à Comunidade Paulista, dará um grande passo ao adotar as mangueiras de

grande diâmetro, objeto precípuo deste trabalho, contribuindo, assim, para o avanço

das técnicas do combate a incêndios e para a redução das perdas de vidas, dos

bens e dos danos ao meio-ambiente, provocados pelos incêndios.

Page 157: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

157

BIBLIOGRAFIA

ANDERSON, Bradley. Large diameter hose: advantages and disadvantages. Fire

Engineering, Tulsa, v. 136, n. 6, p. 50-53, june, 1983.

ANDRADE, Euclides e DA CAMARA, F. A Força Pública de São Paulo. Esboço

Histórico. 1831-1931, Sociedade Impressora Paulista, 1931.

ANTAS, Luiz Mendes. Dicionário de Termos Técnicos Inglês-Português. 3. ed.

Rio de Janeiro, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Mangueira de incêndio -

EB-2161, Rio de Janeiro, nov. 1991.

BROCK, Pat D. Fire protection hydraulics and water supply analysis. 1. ed.

Stillwater: FPP-OSU, 1990.

DEMERS, Dave. Getting the most from large-diameter hose. Fire Engineering,

Tulsa, v. 136, n.10, p. 8, oct. 1983.

ECKMAN, William F. Initial supply. Fire Engineering, Tulsa v. 148, n. 2, p. 22, feb.

1995.

________.The fire department water supply handbook. 1. ed. Saddle Brook: Fire

Engineering Books & Videos, 1994.

EDWARDS, C. Bruce. Don’t play supply hose catch-up. Fire Engineering, Tulsa, v.

148, n. 2, p. 48-50, feb. 1995.

________. Large diameter hose hydraulics in your head. Fire Engineering, Tulsa, v.

144, n. 11 p. 75-77, nov. 1991.

Page 158: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

158

FERREIRA, Edil Daubian. Dicionário Nosé: Nomenclatura de Segurança. São

Paulo, Everest, 1992.

HOUAISS, Antônio e AVERY, Catherine B. Novo Dicionário Barsa das Línguas

Inglesa e Portuguesa, v. 1, Inglês-Português, Appleton-Century-Crofts, New

York, 1977.

INTERNATIONAL FIRE SERVICE TRAINING ASSOCIATION. Hose practices. 7.

ed. Stillwater, 1988.

________. Fire service practices for volunteer and small community fire

departments. 6. ed. Stillwater, 1982.

________. Fire stream practices. 7. ed. Stillwater, 1989.

________. Fire department pumping apparatus. 7. ed. Stillwater, 1989.

________. Practicas y teoria para bomberos. 6. ed. Stillwater, 1991.

________. Fire service orientation and terminology. 3. ed. Stillwater, 1988.

LOEB, Donald L. Rows and rows of hose. Fire Chief, Chicago, v. 27, n. 4, p. 55-58,

apr. 1991.

LUNT, Roger D. A case in support of large diameter hose. Fire Engineering, Tulsa

v. 138, n. 6, p. 43-46, june. 1985.

MACINTYRE, Archibald Joseph. Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais.

Rio de Janeiro, 1988.

MASSOTTI JÚNIOR, Hugo. Tanque-portátil: a solução brasileira para a falta de

hidrantes. São Paulo, 1993. Monografia elaborada no CSP-II/93.

Page 159: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

159

MEDIA RESOURCES INC. Large Diameter Hose, Training video, Vancouver,

1991.

MULLER, Mary Stela, CORNELSEN, Julce Mary. Normas e padrões para teses,

dissertações e monografias, Londrina, UEL, 1994.

NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION. Standard on fire hose - NFPA

1961, Quincy, 1992.

________. Standard for the care, use, and service testing of fire hose including

couplings and nozzles - NFPA 1962, Quincy, 1993.

________. Standard for fire hose connections - NFPA 1963, Quincy, 1993.

PETERS, William C. A practical approach to large diameter hose. Fire Engineering,

Tulsa, v. 145, n. 1, p. 42-49, jan. 1992.

_______. LDH Safety: it’s no accident. Fire Engineering, Tulsa, v. 147, n. 4, p. 63-

68, apr. 1994.

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. MB-3-PM Proteção contra

incêndio. 1. ed. São Paulo, 1978.

________. Manual de mangueiras e acessórios (M-1), Primeira Parte. São Paulo,

1971.

________. Manual de Fundamentos de Bombeiros. Fascículo n. 5. 1. ed. 1996.

PRESSLER, Bob. Getting water to the fire. Fire Engineering, Tulsa, v. 148, n. 2, p.

16-21, feb. 1995.

STEVENS, Larry H. How efficient is your hose?. Fire Engineering, Tulsa, v. 136, n.

6, p. 16-21, june. 1983.

Page 160: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

160

STI Creative Division of Snap-tite Inc., Large Diameter Hose Systems - Training &

Maintenance, Erie.

VENTILAMIGLIA, Mike. Developing maximum flow capacities. Fire Chief, Chicago,

v. 27, n. 5, p. 54-55, may 1984.

________. Wharf fire controlled with large-diameter hose. Fire Engineering, Tulsa,

v. 136, n. 10, p. 28, oct. 1983.

GLOSSÁRIO

Page 161: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

161

A

ADAPTAÇÃO: Peça metálica que permite a ligação de uma mangueira com junta de

união tipo rosca a uma mangueira com junta de união tipo engate rápido.

ANEL DE EXPANSÃO: Anel de cobre recozido e chanfrado, utilizado para prender a

mangueira contra a junta de união.

ADUTORA: Mangueira que fica entre a fonte de abastecimento e o auto-bomba, ou

entre o auto-bomba e o derivante, armada para fornecer grande volume de água a

baixas pressões.

B

BERÇO DE MANGUEIRAS: Área principal para acondicionar mangueira em um

auto-bomba ou outra viatura destinada a carregar mangueira.

C

CURA: Etapa do processo de fabricação da mangueira; processo de aplicação de

calor e pressão para “ajustar” a forma do tubo e torná-lo mais liso.

D

DERIVANTE: Aparelho destinado a permitir desdobrar uma linha adutora de

mangueiras em duas ou mais linhas de ataque.

E

ESGUICHO-CANHÃO (CANHÃO-MONITOR): Esguicho constituído de um tubo

tronco-cônico, montado sobre uma base coletora por meio de uma junta móvel;

empregado quando se necessita de jato compacto de grande alcance e volume de

água.

Page 162: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

162

EMPATAÇÃO POR PRESILHA: Um meio de empatar uma junta de união com

presilha de duas ou três peças, que é fixada, comprimindo a mangueira contra a

extremidade da união.

EMPATAÇÃO POR ANEL DE CONTRAÇÃO: Método de empatação de juntas com

um anel de tensão, que comprime uma luva de nailon para fixar a mangueira na

junta de união.

EXTRUSÃO: processo utilizado para modelar por meio de matriz, produtos de

plástico e de metal como varetas, tubos e diversos outros artigos de formatos

simples, sólidos e ocos.

G

GOLPE DE ARÍETE: Ruído e força que se desenvolve nas mangueiras e tubos,

quando o fluxo de água é interrompido bruscamente pelo fechamento rápido de uma

válvula ou esguicho.

H

HOSE ROLLER: Equipamento destinado a auxiliar na extração do ar do interior

da mangueira de grande diâmetro.

J

JUNTA DE UNIÃO TIPO DE ENGATE RÁPIDO STORZ: Junta que se compõe de

uma peça metálica oca com corpo cilíndrico, tendo uma das extremidades dotada

de um entalhado interno que serve para a fixação da mangueira; na outra

extremidade um flange onde se apóia o anel móvel com dois ressaltos

diametralmente opostos, colocados na sua parte dianteira e dois alojamentos, onde

se fixarão os ressaltos da outra junta, ao conectar-se.

Page 163: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

163

M

MANGUEIRA EM ZIG-ZAG EM PÉ: Forma de acondicionamento da mangueira no

berço de mangueiras da viatura, na qual são feitas camadas umas sobre as outras.

MÉTODO DO ANEL DE TENSÃO: É um método utilizado para fixar uma junta de

união à mangueira de grande diâmetro, usando-se um anel de tensão e uma luva de

contração.

P

PASSAGEM DE NÍVEL: Dispositivo que é instalado sobre a mangueira para evitar

danos por veículos, transitando sobre ela.

PRESSÃO RESIDUAL: Parte da pressão total da água não usada para superar a

perda de carga ou desnível geométrico, ao fluir através das mangueiras, tubos e

acessórios hidráulicos.

R

REFORÇO TÊXTIL: cobertura externa da mangueira.

T

TESTE DE ACEITAÇÃO: Teste feito pelo fabricante da mangueira, a pedido do

comprador. A mangueira é submetida a pressões extremamente altas para

assegurar sua capacidade de suportar as mais extremas condições em uso.

TESTE DE RUPTURA: Teste destrutivo de uma mangueira com 1 metro de

comprimento para determinar a sua resistência máxima.

TESTE COM A MANGUEIRA DOBRADA: Teste da mangueira sob condições

extremas para assegurar a sua performance, é feito dobrando-se a mangueira sobre

si mesma, fixando-a para manter a dobra e pressurizando-a. As pressões variam de

acordo com o tipo de mangueira.

Page 164: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

164

TESTE DE SERVIÇO: Teste hidrostático da mangueira feito pelo Corpo de

Bombeiros.

TERMOPLÁSTICO: Plástico que amolece quando aquecido e que endurece quando

resfriado.

TRAMA: Fios no sentido transversal do reforço externo da mangueira.

U

URDUME: Fios no sentido do comprimento do reforço externo da mangueira.

V

VÁLVULA DE RETENÇÃO: Válvula que possui no seu interior um dispositivo de

vedação que serve para determinar um único sentido de direção para o fluxo de

água.

VÁLVULA DE QUATRO VIAS PARA HIDRANTE: Dispositivo que permite a um

auto-bomba aumentar a pressão em uma adutora conectada a um hidrante, sem a

interrupção do fluxo de água.

VÁLVULA DE ALÍVIO DA INTRODUÇÃO: Válvula projetada para evitar danos à

bomba, provocados pelo golpe de aríete ou por qualquer outra alteração brusca de

pressão.

Page 165: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

165

ANEXO A - Arranjo do berço de mangueiras da viatura proposto pelo

7º GI

Page 166: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

166

ANEXO B - Fatores de Conversão

MULTIPLICAR POR PARA OBTER

CENTÍMETRO

GALÃO AMERICANO

GALÃO AMERICANO POR

MINUTO

LIBRA POR POLEGADA

QUADRADA

LIBRA POR PÉ QUADRADO

LITRO

QUILO-PASCAL

0,3937

3,785

0,06308

6,8

0,07

0,2642

0,146

POLEGADA

LITRO

LITROS POR SEGUNDO

QUILO-PASCAL

QUILOGRAMA-FORÇA POR

CENTÍMETRO QUADRADO

GALÃO AMERICANO

LIBRA POR POLEGADA QUADRADA

Fonte: Instalações Hidráulicas e Prediais, p.783.

Page 167: Monografia - Mangueira de grande diâmetro - Proposta para o seu emprego no Corpo de Bombeiros

167

Anexo C - Equivalências importantes

1 atmosfera = 1,00335 kg/cm2

1 atmosfera = 14,7 lb/pol2

1 atmosfera = 10,347 metros de coluna de água

1 atmosfera = 1,0 kgf/cm2

1 atmosfera = 100 kPa

1 kPa = 0,10 metros de coluna de água

1 metro de coluna de água = 10 kPa = 0,1 kgf/cm2

Fonte: Instalações Hidráulicas e Prediais, p.786.