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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO AGÊNCIAS REGULADORAS ADILSON MACHADO Itajaí (SC), Outubro de 2006.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

AGÊNCIAS REGULADORAS

ADILSON MACHADO

Itajaí (SC), Outubro de 2006.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

AGÊNCIAS REGULADORAS

ADILSON MACHADO

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor Msc. José Everton da Silva

Itajaí (SC), outubro de 2006

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MEUS AGRADECIMENTOS:

A Deus, por ter me concedido a possibilidade de

estar realizando mais um sonho.

A minha mãe Leonir, minha irmã Ivonete, pela

compreensão, amor e companheirismo nesta fase

tão importante da minha vida;

A todos os amigos queridos, que dos quais jamais

faltaram palavras de incentivo e ânimo para seguir

em frente;

A todos os mestres que foram fundamentais pra

minha formação, em especial aos professores:

José Everton da Silva, Irineu João da Silva,

Adriana Spengler, Leandro Batista Morgado,

Geremias Moretto.

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ESTE TRABALHO DEDICO:

A memória de meu pai, que na imensidão da sua

simplicidade me foi fonte inesgotável de

inspiração e determinação.

Aos colegas de turma, Claudirene, Laís, Carla,

Fina e Wagner que de colegas passaram a

amigos inseparáveis, que tenho certeza estarão

pra sempre no meu coração.

E por fim,a todos aqueles que de alguma forma

colaboraram para a conclusão desta pesquisa.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí (SC), outubro de 2006

Adilson Machado Graduando

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Adilson Machado, sob o título

Agências Reguladoras, foi submetida em 22 de Novembro de 2006 à banca

examinadora composta pelos seguintes professores: Drº Mauro Bittencourt dos

Santos, Msc José Everton da Silva, Msc Emerson de Moraes Granado, e

aprovada com a nota 9,5 (nove e meio).

Itajaí (SC), outubro de 2006

José Everton da Silva Orientador e Presidente da Banca

Antônio Augusto Lappa Coordenação da Monografia

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ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGERSA Agência Municipal de Regulação dos Serviços de Saneamento de Cachoeiro de Itapemirim

ANA Agência Nacional de Águas

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações

ANCINE Agência Nacional do Cinema

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP Agência Nacional do Petróleo

ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar

ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

SC/ARCO Agência Catarinense de regulação e Controle

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

1. Administração Pública

“Administração Pública se constitui de um conjunto multifacetário e complexo de

atividades, realizado por unidades administrativas, tendentes a proporcionar o

bem estar da coletividade”. Tolosa Filho (1999).

2. Administração Pública Direta

“Entenda-se por administração pública direta ou centralizada o complexo dos

órgãos integrados a estrutura administrativa do Estado, sobretudo do Poder

Executivo, de cada nível ou esfera de governo (União, Estados, Distrito Federal,

Municípios)”. Fazzio Junior (2003 p.35).

3. Administração Pública Indireta

“Por administração pública indireta ou descentralizada, compreenda-se o conjunto

de entidades com personalidade jurídica própria, criadas ou autorizadas sua

criação por lei, vinculadas ao Poder Executivo de cada nível ou esfera de

governo, com autonomia financeira e administrativa, prestadoras de serviços ou

exploradoras de atividades econômicas”. Fazzio Junior (2003 p. 36).

4. Agências Reguladoras

“Autarquias de regime especial, dotadas de considerável autonomia frente à

Administração Centralizada, incumbidas do exercício de funções regulatórias e

dirigidas por colegiado cujos membros são nomeados por prazo determinado pelo

Presidente da República, após prévia aprovação pelo Senado Federal, vedada à

exoneração ad mutum”. Aragão (2004 p.275).

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5. Autarquia

“O Serviço autônomo, criado por lei com personalidade jurídica, patrimônio e

receita própria para executar atividades típicas da Administração Pública que

requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira

descentralizada” Toshio Mukai (1999 p.32).

6. Serviço Público

“É todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e

controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da

coletividade ou simples conveniências do Estado”. Meirelles (2006 p.329).

7. Serviços Uti Universi ou Gerais

“São aqueles que a Administração presta sem ter usuários determinados, para

atender á coletividade no seu todo, como os de polícia, iluminação pública,

calçamento e outros dessa espécie”. Meirelles (2006 p.332).

8. Serviços Uti Singuli ou Individuais

“São aqueles que têm por finalidade a satisfação individual e direta das

necessidades dos cidadãos, entram nessa categoria determinados serviços

comerciais e industriais do Estado” Ex. Energia elétrica, gás,transporte e outros

serviços sociais. Di Pietro (2001 p. 104/105).

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SUMÁRIO

RESUMO.......................................................................................... XII

INTRODUÇÃO ................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 ...................................................................................... 3

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA....................................................... 3 1.1 CONCEITO E PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA........................3 1.1.1 Princípio da Legalidade....................................Erro! Indicador não definido. 1.1.2 Princípio da Impessoalidade.......................................................................9 1.1.3 Princípio da Moralidade.............................................................................10 1.1.4 Princípio da Publicidade............................................................................10 1.1.5 Princípio da Eficiência...............................................................................11 1.1.6 Princípio da Preponderância do Interesse Público.................................12 1.1.7 Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público ..............................13 1.1.8 Princípio da Proporcionalidade ................................................................14 1.1.9 Princípio da Motivação ..............................................................................15 1.2 HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..............................................16 1.3 DA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA DIRETA ....................................................17 1.3.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA FEDERAL ......................................18 1.3.2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA ESTADUAL....................................19 1.3.3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA MUNICIPAL...................................19 1.3.4 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA DO DISTRITO FEDERAL...............19 1.3.5 DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA......20 1.4 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA.......................................................23 1.4.1 AUTARQUIA................................................................................................25 1.4.2 FUNDAÇÃO.................................................................................................27 1.4.3 EMPRESA PÚBLICA....................................................................................29 1.4.4 SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA..........................................................31

CAPÍTULO 2 .............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

DO SERVIÇO PÚBLICO ...........ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 2.1 CONCEITO E PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO....................................38 2.1.1 PRINCIPIO DA CONTINUIDADE ................................................................35 2.1.2 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO ... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 2.1.3 Princípio da mutabilidade do regime jurídico..........................................35 2.1.4 Princípio igualdade dos usuários.............................................................37 2.1.4.1 Princípio da universalidade....................................................................36 2.1.4.2 Princípio da neutralidade .......................................................................37 2.1..5 Princípio da isonomia e as tarifas ...........................................................38 2.2 HISTÓRICO DO SERVIÇO PÚBLICO............................................................38

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2.3 CLASSIFICAÇÕES DO SERVIÇO PÚBLICO.................................................39 2.3.1 SERVIÇOS PÚBLICOS PROPRIAMENTE DITOS ......................................39 2.3.2 SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA.........................................................40 2.3.3 SERVIÇOS PRÓPRIOS DO ESTADO .........................................................41 2.3.4 SERVIÇOS IMPRÓPRIOS DO ESTADO .....................................................41 2.3.5 SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS.................................................................42 2.3.6 SERVIÇOS INDUSTRIAIS ...........................................................................43 2.3.7 SERVIÇOS UTI UNIVERSI OU GERAIS ......................................................43 2.3.8 SERVIÇOS UTI SINGULI OU INDIVIDUAIS ................................................44 QUADRO COM AS CLASSIFICAÇÕES DO SERVIÇO PÚBLICO.......................44 2.4 REQUISITOS..................................................................................................45 2.4.1 REGULARIDADE ........................................................................................46 2.4.2 CONTINUIDADE..........................................................................................46 2.4.3 EFICIÊNCIA.................................................................................................46 2.4.4 SEGURANÇA ..............................................................................................47 2.4.5 ATUALIDADE ..............................................................................................47 2.4.6 GENERALIDADE.........................................................................................48 2.4.7 CORTESIA...................................................................................................48 2.4.8 MODICIDADE ..............................................................................................48 2.5 FORMAS DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO ..................................49 2.5.1 CONCEITO ..................................................................................................49 2.5.2 AS DIVERSAS ESPÉCIES DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO......50 2.5.2.1 Concessão exclusivamente de Serviço Público ..................................50 2.5.2.2 Concessão de Serviço Público antecedida da execução de Obra Pública .................................................................................................................50 2.5.2.3 Concessão de exploração de Obra Pública a ser edificada ................51 2.5.2.4 A Concessão da exploração de obras já existentes ............................51 2.5.3 AS CONCESSÕES PRÓPRIAS E AS IMPRÓRPIAS...................................52 2.5.3.1 A concessão-descentralização ..............................................................52 2.5.3.2 A concessão convênio ...........................................................................53 2.5.3.3 A exploração da concessão como atividade econômica ....................54 Capítulo 3.............................................................................................................55 DAS AGÊNCIAS REGULADORAS 3.1. CONCEITO ....................................................................................................55 3.1.1 HISTÓRICO .................................................................................................56 3.2 FUNÇÕES.......................................................................................................57 3.3 AGÊNCIAS REGULADORAS EM ESPÉCIE .................................................59 3.3.1 AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL .......................60 3.3.2 AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – ANATEL ................60 3.3.3 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO......................................................61 3.3.4 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA ...............63 3.3.5 AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR – ANS......................64 3.3.6 AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA .................................................65 3.3.7 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT e AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS - ANTAQ..............66 3.3.8 AGÊNCIA NACIONAL DO CINEMA ...........................................................68 3.3.9 AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL – ANAC.................................70

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3.4 AGÊNCIAS REGULADORAS ESTADUAIS...................................................72 3.4.1 AGÊNCIA CATARINENSE DE REGULAÇÃO E CONTROLE – SC / ARCO..............................................................................................................................72 3.5 AGÊNCIAS REGULADORAS MUNICIPAIS ..................................................73 3.6 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E MODO DE FUNCIONAMENTO ..........73 3.7 CONTROLE PELO PODER EXECUTIVO E JUDICIÁRIO.............................75

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................. 78

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 82

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RESUMO

A presente monografia trata das Agências Reguladoras, com

base em doutrinadores modernos e contemporâneos. O enfoque do tema parte de

uma breve análise sobre a Administração Pública no Brasil. Em um primeiro

momento analisa-se o conceito de Administração Pública, os princípios

constitucionais, os não constitucionais, histórico da Administração Pública,

Administração Pública direta e indireta, desconcentração e descentralização

administrativa, Autarquia, Fundação, Empresa Pública, Sociedade de Economia

Mista. No capítulo seguinte, tratou-se do Serviço Público, desta forma, procurou-

se abordar o histórico do Serviço Público, conceito de Serviço Público, princípios

que regem o Serviço Público, as classificações de Serviço Público, requisitos para

o Serviço Público, Formas de Concessão do Serviço Público, as concessões

próprias e as impróprias. E finalmente, no terceiro e ultimo capítulo enfrentou-se o

tema das Agências Reguladoras, tratando inicialmente sobre o conceito de

Agências Reguladoras, histórico das Agências Reguladoras, funções, Agências

Reguladoras em Espécie, no âmbito Federal tratou-se de todas, embora se tenha

conhecimento de algumas á nível Estadual e uma única a nível de Município,

posteriormente verificamos a estrutura organizacional e modo de funcionamento,

bem como, o controle pelo poder Executivo e Judiciário. Não se pretende aqui

esgotar o tema Agências Reguladoras, apenas, estabelecer parâmetros

científicos para possíveis hipóteses quanto à criação, funcionamento, estrutura

organizacional desses entes estatais, dada a dificuldade e escassez de doutrina

sobre o tema, pois o assunto é muito recente em nosso sistema. Utilizou-se o

método indutivo e as técnicas do referente, categoria, conceito operacional,

pesquisa bibliográfica

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto as Agências

Reguladoras.

Como objetivo geral, a produção desta monografia que é um

pré-requisito para a obtenção do grau de bacharel em Direito.

Como objetivo específico, pesquisar, analisar e descrever,

as Agências Reguladoras no ordenamento Jurídico brasileiro.

O interesse pelo tema a ser abordado se deu em razão do

autor ser desde 2003, agente da ANP (Agência Nacional de Petróleo), em

decorrência de um convênio entre o Corpo de Bombeiros de Santa Catarina e a

referida agência, e também pelo total desconhecimento que se tem em relação a

essas agências no contexto nacional.

Desta forma, se buscará respostas aos seguintes

questionamentos:

1º) Se as agências reguladoras enquadram-se nos tipos de

entidades já existentes no Estado brasileiro?

Hipótese: Sim, a doutrina brasileira entende que as Agências

Reguladoras são Autarquias, mas em regime especial.

2º) No ordenamento jurídico brasileiro, uma única norma da

criação as Agências Reguladoras?

Hipótese: Sim, cada uma das Agências Reguladoras tem

como ponto inicial de sua criação uma Lei especifica.

Tentando elucidar esses questionamentos, dividimos essa

pesquisa em 3 capítulos, que seguem:

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2

No Capítulo 1, tratando da Administração Pública, onde se

buscará o conceito de Administração Pública, os princípios que norteiam a

Administração Pública, seu processo histórico, Administração Pública Direta e

Indireta nos 3 níveis, Desconcentração e Descentralização, Autarquias,

Fundação, Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista.

No Capítulo 2, tratando de Serviço Público, onde se buscará

o histórico do Serviço Público, o conceito de Serviço Público, os princípios que

regem o Serviço Público, as classificações do Serviço Público, os requisitos para

a concessão e permissão do Serviço Público, e as formas de concessão do

Serviço Público.

No Capítulo 3, tratou-se das Agências Reguladoras, se

verificará, o conceito de Agências Reguladoras, o histórico das Agências

Reguladoras, as funções dessas agências e posteriormente buscaremos

apresentar cada uma das Agências Reguladoras existentes no Brasil,

principalmente no âmbito Federal, embora se tenha conhecimento da existência

de agências de regulação em alguns Estados e uma única a nível municipal, em

seguida se verificará a estrutura organizacional e modo de funcionamento, bem

como, o controle pelo Poder Executivo e Judiciário.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões

sobre as Agências Reguladoras.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase

de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, o Relatório dos Resultados

expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa

Bibliográfica segundo Passold.

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CAPÍTULO 1

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Este capítulo tem por escopo, analisar a Administração

Pública em todas as suas faces, de forma a tentar compreender o que se entende

por Administração Pública, o seu processo histórico evolutivo e as suas

modalidades.

1.1 CONCEITO E PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

A Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo 37,

sobre a Administração Pública:

Art. 37 – A administração pública direta e indireta de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios obedecerá aos princípios da legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,

ao seguinte:

A partir do dispositivo constitucional, a expressão

Administração Pública denota sentido amplo, dirigido aos três poderes,

Legislativo, Executivo e Judiciário.

Estabelece, ainda que Administração pode ser direta ou

indireta, e, quanto a esta última, encontramos comentário de José Cretella Junior,

que observa, quanto ao lapso do legislador constituinte, a inexistência de

Administração Indireta dos Poderes Legislativo e Judiciário.1

1 CRETELLA JUNIOR, José. Manual de direito administrativo. 6 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992 p. 85

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4

Acerca da Administração Pública, observa-se o pensamento

da doutrina:

Considerando ser a Administração Pública objeto básico do direito

administrativo, a acepção do vocábulo “administração”,

corresponde exatamente ao vocábulo “Administração Pública”,

sendo, portanto, os dois vocábulos, para efeitos de direito

administrativo, sinônimos referidos. Nesse sentido, o conceito de

“Administração” ou “Administração Pública”, à luz do direito

administrativo, é exatamente o de atividade que o Estado

desenvolve, por meio de seus órgãos, para a consecução do

interesse público.2

No entendimento de Toshio Mukai, Administração Pública:

[...] é não só Governo, Poder Executivo, a complexa máquina

administrativa, o pessoal que a movimenta, como também a

atividade desenvolvida por esse aparelhamento, que possibilita ao

Estado o preenchimento de seus fins [...] 3

Sublinhe-se que a maioria dos autores, entre eles, Fritz

Fleiner, Otto Mayer, Adolf Merkl, considera como da esfera da Administração toda

atividade que não estiver compreendida dentro da legislação e da justiça. Por

essa razão, entende-se que quando se fala em Administração, devem se

compreender todos os órgãos que executam os serviços do Estado, excluídos

apenas o Legislativo e o Judiciário. 4

Segundo Marçal Justen Filho, utiliza-se a expressão

Administração Publica para fazer referência ao conjunto de entes e organizações

titulares da função administrativa. Mas a expressão pode ser interpretada em

diversos sentidos.

2 FIREDE, Reis. Tutela antecipada, tutela especifica e tutela cautelar, à luz da denominada reformada do código de processo civil. 2 ed. Belo Horizonte : Del Rey, 1996. p. 15 3 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 19 4 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 19

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5

Numa acepção subjetiva, Administração Pública é o conjunto de

pessoas públicas e privadas, e de órgãos que exercitam atividade

administrativa.

Em sentido objetivo, Administração Publica é o conjunto dos bens

e direitos necessários ao desempenho da função administrativa.5

Sob um enfoque funcional, a Administração Publica é uma

espécie de atividade, caracterizada pela adoção de providências de diversas

naturezas, visando à satisfação imediata dos direitos fundamentais. 6

Na obra de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, observa-se

explicações mais detalhadas do vocábulo Administração:

O vocábulo administração indica duas versões. Para uns, vem de

ad (preposição) mais ministro, as, are (verbo), que significa servir,

executar; para outros, vem de ad manus trahere, que envolve

idéia de direção ou gestão. Nas duas hipóteses, há o sentido de

relação de subordinação, de hierarquia. O mesmo autor

demonstra que a palavra administrar significa não só prestar

serviço executá-lo, como, outrossim, dirigir, governar, exercer a

vontade com o objetivo de obter um resultado útil; e que até, em

sentido vulgar, administrar quer dizer traçar programa de ação e

executá-lo.7

Em resumo, o vocábulo tanto abrange a atividade superior

de planejar, dirigir, comandar, como a atividade subordinada de executar.

Por isso mesmo, alguns autores dão ao vocábulo

Administração, no Direito Público, sentido amplo para abranger a legislação e a

execução. Outros, nela incluem a função administrativa propriamente dita e a

função de governo.

Quer no direito privado quer no direito público, os atos de

administração limitam-se aos de guarda, conservação e percepção dos frutos dos

5 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 90 6 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 90 7 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo : Atlas, 2001. p. 53

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6

bens administrados; não incluem os de alienação. Neste, há sempre uma vontade

externa ao administrador a impor-lhe a orientação a seguir.8

No entendimento de Benedicto de Tolosa Filho:

A administração Pública se constitui de um conjunto multifacetário

e complexo de atividades, realizado por unidades administrativas,

tendentes a proporcionar o bem-estar da coletividade. Esse

conceito deflui de seus princípios fundamentais, ou seja, o da

legalidade, da moralidade, da impessoalidade,da eficiência e da

publicidade.9

Utiliza-se a expressão Administração Pública para designar

um braço do Poder Público que opera, que age ou que atua concretamente, e

Administração Pública o conjunto de unidades, este tomado num sentido amplo,

que abrange os três níveis de poder: União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, incluindo as entidades com personalidade jurídica de Direito Privado,

sob o controle do Poder Publico e das fundações por ele instituídas ou mantidas. 10

Para o doutrinador Diógenes Gasparini:

Dada à etimologia do vocábulo “administração” (manus, mandare,

cuja raiz é man), é lhe natural à idéia de comando, orientação,

direção e chefia, ao lado da noção de subordinação, obediência e

servidão, se se entender sua origem ligada a minor, minus, cuja

raiz é min. De qualquer modo, a palavra encerra a idéia geral de

relação hierárquica e de um comportamento eminentemente

dinâmico.

Administração pública = atividade administrativa e Administração

Pública = Estado, consoante ensina, Hely Lopes Meirelles (Direito

Administrativo,cit., p.79). Desse modo, se grafada em minúscula

(administração pública), indica atividade administrativa ou função

8 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo : Atlas, 2001. p. 53 9 TOLOSA FILHO, Benedicto de. Direito Administrativo: noções fundamentais. São Paulo : Iglu, 1999. p.123 10 TOLOSA FILHO, Benedicto de. Direito Administrativo: noções fundamentais. São Paulo : Iglu, 1999. p. 125

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7

administrativa; se registrada em maiúscula (Administração

Pública), significa Estado.11

Paralelamente a tudo isso, os autores têm acolhido os mais

variados critérios para definir a expressão em apreço. Desses critérios

sobressaem o negativismo ou residual, o formal e o material. Com base no

primeiro, o negativista, Administração Pública é toda atividade do Estado que não

seja Legislativa e Judiciária. O critério parece encontrar sua justificativa nos

Estados primitivos, onde o chefe detinha todos os poderes em suas mãos. Cabia-

lhe legislar, administrar e julgar. Retirando-se-lhe as atividades de julgar e legislar,

restava-lhe a de administrar. Apesar disso, não satisfaz. A definição deve ser

positiva; deve dizer o que uma coisa é, e não o que uma coisa não é. Ademais, os

vocábulos “julgar” e “legislar” são equívocos, isto é, tem mais de um sentido,

dificultando, por isso, a compreensão do conceito formulado.

Pelo critério formal, também denominado orgânico ou

subjetivo a expressão subexamine indica um complexo de órgãos responsáveis

por funções administrativas. De acordo com o material, também chamado de

objetivo, é um complexo de atividades concretas e imediatas desempenhadas

pelo Estado sob os termos e condições da lei, visando o atendimento das

necessidades coletivas.12

Passaremos a estudar a partir de agora os princípios que

regem e norteiam a Administração Pública, tanto constitucionais quanto

doutrinários.

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A atividade da Administração Pública, de acordo com a

doutrina, resume-se em um único fim: o bem comum da coletividade, devendo o

ato administrativo ser praticado com o objetivo de atender a comunidade. Assim,

11 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9 ed. São Paulo : Saraiva, 2004. p. 42,43 12 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9 ed. São Paulo : Saraiva, 2004 .p. 43

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para regular a atividade estatal, devem ser seguidos alguns princípios básicos,

que analisaremos em seguida.13

O art. 37 do texto constitucional relaciona os princípios da

Administração Pública, que passaremos a estudar:

0.0.0 Princípio da Legalidade

Das matrizes gravadas no art. 37, caput, a legalidade é a

projeção administrativa do princípio do Estado de Direito. Quem administra da

sentido a lei.

Toda atuação administrativa precisa estar ligada à lei e ao

interesse público. A lei é o suporte e o limite do exercício administrativo.

É a autolimitação do estado em face dos direitos subjetivos e

a vinculação de toda atividade administrativa à lei, como medida do exercício do

poder.

Positivada a primazia da lei, sua observância é

incondicional. Só a lei, norma abstrata e geral, oriunda de corpo legislativo

legitimo, tem o condão de disciplinar direitos e garantias, observadas as diretrizes

constitucionais.

Em síntese, governam as leis. Por isso, quem administra só

pode fazer o que a lei determina. O secundum legem é a norma. Em outras

palavras, materializar a vontade da lei é a vocação congênita da Administração,

em todos os níveis. 14

Sobre o tema, vale trazer a ponto a seguinte preleção de

Bandeira de Mello:

13MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 28 ed. São Paulo : Malheiros, 2003. p. 85 14 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos de Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p. 18,19

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9

Para avaliar corretamente o princípio da legalidade e captar-lhe o

sentido profundo cumpre atentar para o fato de que ele é a

tradução jurídica de um propósito político: o de submeter os

exercentes do poder em concreto – administrativo – a um quadro

normativo que embargue favoritismo, perseguições ou

desmandos. Pretende-se através da norma geral, abstrata e

impessoal, a lei, editada pelo Poder Legislativo – que é o colégio

representativo de todas as tendências (inclusive minoritárias) do

corpo social – garantir que a atuação do executivo nada mais seja

senão a concretização da vontade geral.15

1.1.2 Princípio da Impessoalidade

A atividade administrativa deve ser destinada a todos os

administrados, dirigida aos cidadãos em geral, sem determinação de pessoa ou

discriminação de qualquer natureza. É o que impõe ao Poder Público este

princípio.16

Perfilhando este entendimento, sustenta o doutrinador

Bandeira de Mello:

No princípio da impessoalidade se traduz a idéia de que a

Administração tem que tratar a todos os administrados sem

discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismo nem

perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades

pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação

administrativa e muito menos sectários, de facções ou grupos de

qualquer espécie. O princípio em causa é senão o próprio

princípio da igualdade ou da isonomia.17

15 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito administrativo. 7. ed. São Paulo: Malheiros p. 57. 16 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9 ed. Ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 8 17 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito administrativo. 7. ed. São Paulo: Malheiros. p. 68.

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10

1.1.3 Princípio da Moralidade

O princípio da moralidade é de difícil tradução verbal talvez

porque seja impossível enquadrar em um ou dois vocábulos a ampla gama de

condutas e práticas desvirtuadoras das verdadeiras finalidades da Administração

Pública. Em geral, a percepção da imoralidade administrativa ocorre no enfoque

contextual: ou melhor, ao se considerar o contexto em que a decisão foi ou será

tomada. A decisão, de regra, destoa do contexto, e do conjunto de regras de

condutas extraídas da disciplina geral norteadora da Administração. Exemplo: em

momento de crise financeira, numa época de redução de mordomias, num

período de agravamento de problemas sociais, configura imoralidade efetuar

gastos com aquisição de automóveis de luxo para “servir” autoridades, mesmo

que tal aquisição se revista de legalidade.18

Desta forma o doutrinador Martins Cardoso, acrescenta:

Entende-se por princípio da moralidade, a nosso ver, aquele que

determina que os atos da Administração Publica devam estar

inteiramente conformados aos padrões éticos dominantes na

sociedade para a gestão dos bens e interesses públicos, sob pena

de inviabilidade jurídica19.

0.0.0 Princípio da Publicidade

O princípio da publicidade exige ampla divulgação dos atos

praticados pela Administração Pública, ressalvadas as hipóteses de sigilo

previstas em lei.20

18 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 10 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 127 19 CARDOZO, José Eduardo Martins. Princípios Constitucionais da Administração Pública (de acordo com a Emenda Constitucional n.º19/98). IN MORAES, Alexandre. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo: Atlas, 1999, p. 158. 20DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 75

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11

Nesse sentido, afirma Bandeira de Mello:

O conhecimento do ato é um plus em relação à publicidade, sendo

juridicamente desnecessário para que este se repute como

existente (...). Quando prevista a publicação do ato (em Diário

oficial), na porta de repartições (por afixação no local de costume),

pode ocorrer que o destinatário não o leia, não o veja, ou por

qualquer razão, dele ao tome efetiva ciência. Não importa. Ter-se-

á cumprido o que de direito se exigia para a publicidade, ou seja,

para a revelação do ato21.

0.0.0 Princípio da Eficiência

Este princípio foi inserido na Constituição Federal de 1988,

através da Emenda Constitucional de número 19 de 1998, com total obediência a

todos os demais princípios, a eficiência nada mais é que a boa correta e ágil

administração, pois de nada adiantaria, por exemplo, a atividade administrativa

obedecer à legalidade e a moralidade, mas, ser inócua ao administrado, por não

conseguir alcançar seu objetivo.22

Observa-se, ante ao exposto, que todas as leis, decretos,

portarias, provimentos, editais de licitações, dentre outros inúmeros atos

administrativos, devem ser publicados, pois a Administração Pública tem o dever

de agir de forma transparente, prestando conta de todos os seus atos.

Discorrendo sobre o tema, acrescenta Lopes Meirelles:

Dever de eficiência é o que se impõe a todo agente público de

realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento

funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa,

que já não se contenta em ser desempenhada apenas com

legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e

21MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Ato administrativo e direitos dos administrados. São Paulo: RT, 1981. p. 47. 22 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 28 ed. São Paulo : Malheiros, 2003. p. 94

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satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de

seus membros.23

Os princípios constitucionais, em geral, são expressos ao

longo do texto constitucional, segundo as matérias por ele abordadas de forma

sistêmica.

No entanto, além desses, há princípios constitucionais

implícitos, dotados dos mesmos atributos vinculantes, imperativos e coercitivos

que decorrem logicamente de princípios e regra geras constitucionais expressas

ou do próprio conteúdo da Constituição.24

Esses princípios implícitos, mas também de fundamental

importância serão estudados a partir de agora.

1.1.6 Princípio da Preponderância do Interesse Público

Na verdade, apresenta-se como princípio do interesse

público em geral. A expressão interesse público pode ser associada à bem de

toda coletividade, à percepção geral das exigências da vida na sociedade. Esse

clássico princípio rege muitos institutos e normas do Direito Administrativo. Mas

vem sedo matizado pela idéia de que à Administração cabe realizar a ponderação

dos interesses presentes numa determinada circunstância, para que não ocorra

sacrifício a priori de nenhum interesse; o objetivo dessa função está na busca de

compatibilidade ou conciliação dos interesses, com a minimização de sacrifícios.25

Desta maneira, discorre Serrano Araújo:

O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado,

coloca os interesses da Administração Pública em sobreposição

23 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. Cit., 21 ed. atualizada por Eurico de Andrade Azevedo, Délcio Balestero e José Emmanuel Burle Filho. Malheiros, p. 90 24 FILHO, Marino Pazzaglini. Princípios Constitucionais Reguladores da Administração Pública. 2 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.19 25 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 10 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 130

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aos interesses particulares que com os dela venham

eventualmente colidir. Com fundamento nesse princípio é que

estabelece, por exemplo, a autotutela administrativa, vale dizer, o

poder da administração de anular os atos praticados em

desrespeito à lei, bem como a prerrogativa administrativa de

revogação de atos administrativos com base em juízo

discricionário de conveniência e oportunidade26.

A respeito deve ser lembrada a Súmula 473 do Supremo

Tribunal Federal, quando afirma que:

A Administração pode anular os seus próprios atos, quando

eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se

originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência e

oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em

todos os casos, a apreciação judicial27.

Após a análise dos princípios constitucionais da

Administração Pública, veremos agora os princípios doutrinários, e não menos

importantes do que aqueles.

1.1.7 Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público

Não se acham, segundo esse princípio, os bens, direitos,

interesses e serviços públicos à livre disposição dos órgãos públicos, a quem

apenas cabe curá-los, ou do agente público, mero gestor da coisa pública.

Aqueles ou estes não são seus senhores ou donos, cabendo-lhes por isso tão-só

o dever de guardá-los e aprimorá-los para a finalidade a que estão vinculados. O

detentor dessa disponibilidade é o Estado. Por essa razão, há necessidade de lei

para alienar bens, para outorgar concessão de serviço público, para transigir, para

26 ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 267 27 ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 268

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renunciar, para confessar, para relevar a prescrição e para tantas outras

atividades a cargo dos órgãos e agentes da Administração Pública.28

Sobre esse prisma, cabe-nos observar os ensinamentos de

Lucia Valle Figueiredo:

[...] Com efeito, a conseqüência da supremacia do interesse

público é a indisponibilidade. Decorre, daí, que, mesmo ao delegar

o exercício de determinadas funções públicas a outrem, a

Administração delas não poderá dispor. Toda competência é, por

lei, intransferível. É apenas delegável seu exercício, continuando,

entretanto, como titular a mesma pessoa à qual a norma atribui

competência [...]29

1.1.8 Princípio da Proporcionalidade

Parece melhor englobar no princípio da proporcionalidade o

sentido de razoabilidade. O princípio da proporcionalidade consiste,

principalmente, no dever de não serem impostas, aos indivíduos em geral,

obrigações, restrições ou sanções em medida superior àquela estritamente

necessária ao atendimento do interesse público, segundo critério de razoável

adequação dos meios aos fins. Aplica-se a todas as atuações administrativas

para que sejam tomadas decisões equilibradas, refletidas, com avaliação

adequada da relação custo-benefício, aí incluído o custo social.30

O princípio da proporcionalidade, na lição de Celso Antônio

Bandeira de Mello, anuncia a idéia

De que as competências administrativas só podem ser

validamente exercidas na extensão e intensidade proporcionais ao 28 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9 ed. Ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 17 29 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 7 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Malheiros, 2004. p.68 30 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 10 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 130

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que seja realmente demandado para cumprimento da finalidade

de interesse público a que estão atrelados. Segue-se que os atos

cujos conteúdos ultrapassem o necessário para alcançar o

objetivo que justifica o uso da competência, ficam maculados de

legitimidade, porquanto desbordam do âmbito da competência; ou

seja, superam os limites que naquele caso lhes

corresponderiam31.

1.1.9 Princípio da Motivação

O princípio da motivação exige que a Administração Pública

indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. Ele está

consagrado pela doutrina e pela jurisprudência, não havendo mais espaço para

as velhas doutrinas que discutiam se a sua obrigatoriedade alcançava só os atos

vinculados ou só os atos discricionários, ou se estava presente em ambas as

categorias. A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque se

trata de formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos

administrativos.32

Afirma a doutrinadora Lúcia Valle Figueiredo:

A motivação, como forma de controle da atividade administrativa,

é de extrema importância. Aqui lembro frase feliz de Bentham,

‘good decisions are such decisions for which good reasons can be

given’ (boas decisões são aquelas decisões para as quais boas

razões podem ser dadas).33

Após estudarmos os princípios constitucionais e doutrinários

basilares que norteiam a Administração Pública, passaremos a buscar um

entendimento no tocante ao processo histórico da Administração Pública.

31 PAZZAGLINI FILHO, Marino . Princípios Constitucionais Reguladores da Administração Pública. 2 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.49 32 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 82 33 PAZZAGLINI FILHO, Marino. Princípios Constitucionais Reguladores da Administração Pública. 2 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.47

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16

1.2 HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Buscando um rápido conhecimento do histórico da

Administração Pública, vejamos os ensinamentos doutrinários:

A administração existe desde os primórdios da Humanidade,

pois, não há grupo sem líder ou chefe que exerça papel de subordinante sobre

um grupo de pessoas subordinadas.

A Administração não se confunde com o direito

administrativo, da mesma forma em que o objeto de uma ciência não se confunde

com a própria ciência.

A tarefa de Administrar é tão velha como a Humanidade,

mas a disciplina que trata dessa atividade não conta com mais de 150 anos,

entretanto na Grécia antiga, haviam instituições destinadas a proteção da ordem

interna e externa e, de interesses coletivos dos mais importantes dos cidadãos.

Na Idade Média, no que diz respeito ao Direito

Administrativo, ocorreu à divisão deste período em duas partes: período feudal e

período comunal. A administração feudal era baseada no elemento arbitrário e

patrimonial, não oferecendo clima propício para o funcionamento do sistema

governado por leis administrativas, pois a autoridade central, enfraquecida, era

desorganizada e não tinha relações com as localidades vizinhas, a não ser

acidentais e esporádicas. No período comunal, já no despontar do século XII,

ocorre à revolução das comunas ou municípios, em decorrência deste fato,

surgiram às organizações e administrações novas, que acabaram se

transformando por influência democrática dos burgueses e das corporações de

artes e ofícios.34

Após um rápido estudo pela história da Administração

Pública, onde se constatou que essa atividade tem origem nos primórdios da

34 CRETELLA JUNIOR, José. Manual de direito administrativo. 6 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992. p. 25-28

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humanidade, onde o ser humano que vivia em grupos, era liderado sempre por

uma pessoa que acabava decidindo o futuro daquele grupo.

Passaremos a estudar a Administração Pública direta, nos

níveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal, bem como as suas divisões:

1.3 DA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA DIRETA

Genericamente no Brasil, entende-se por Administração

Pública direta um conjunto de pessoas jurídicas de Direito Público, a saber:

Administração Pública Direta Federal;

Administração Pública Direta Estadual;

Administração Pública Direta Municipal;

Administração Pública Direta do Distrito Federal.

Em todos os níveis a Administração Pública Direta é

composta pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, exceto no caso do

Município que não tem Poder Judiciário local. Em todos os planos, há órgãos

auxiliares (ministérios ou secretariados, conforme o caso) e órgãos de

assessoramento diretamente vinculados aos chefes dos respectivos executivos.

Entenda-se por administração direta ou centralizada o

complexo dos órgãos integrados a estrutura administrativa do Estado, sobretudo

do Poder Executivo, de cada nível ou esfera de governo (União, Estados, Distrito

Federal, Municípios).35

35 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.35

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18

Esclarece Odete Medauar, que deve se compreender

Administração Direta como sendo: O conjunto dos órgãos integrados na estrutura

da chefia do Executivo e na estrutura dos órgãos auxiliares da chefia do

Executivo.36

Ante ao exposto, observa-se que Administração Pública

direta é composta por um conjunto de órgãos vinculados a um dos entes

federados (União, Estados, Municípios e o Distrito Federal) que realizam atividade

administrativa.

1.3.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA FEDERAL

A Administração Pública Direta Federal constitui-se

basicamente dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência

da República e dos Ministérios. Conforme art. 76 da Constituição de 1988, o

Poder Executivo Federal é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos

Ministros de Estado. Além da direção política do País, o Presidente da república

exerce a direção superior da Administração Federal, com o auxilio dos Ministros

de Estado (assim dispõe o inc. II do art. 84 da CRFB 1988). Aos Ministros de

Estado competem, além de outras atribuições, a orientação, coordenação e

supervisão dos órgãos e entidades federais na área de sua competência (art. 87,

parágrafo único, inc. I, da CRFB 1988).37

1.3.2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA ESTADUAL

A Administração Direta Estadual observa o mesmo esquema

da Federal: o chefe do poder Executivo, neste caso o Governador encabeça a

Administração e tem como auxiliares os Secretários de Estado.

36 MEDAUAR, Odete, Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 61 37 MEDAUAR, Odete, Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 62

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19

A organização administrativa dos Estados é de sua própria

competência, como resultado de ente federativo, dotado de autonomia.

O texto Constitucional no seu art. 25 assim prevê, ao dispor

que os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que

adotarem, observados os princípios fixados naquele texto.38

1.3.3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA MUNICIPAL

O Município, no Brasil, é ente dotado de autonomia política.

Desde que observados os preceitos estabelecidos pela Constituição Federal e na

Constituição do Estado-membro em que se situa, o próprio município estabelece

sua estrutura administrativa, cujos contornos básicos são previstos na sua lei

orgânica. É o que se depreende do art. 29 da CRFB.

O Poder Executivo do Município é exercido pelo Prefeito,

que também exerce a direção geral da Administração. Dentre as atribuições do

Prefeito se encontram, em geral, as seguintes: nomear e exonerar auxiliares

diretos; expedir decretos e regulamentos; prover cargos e funções públicas;

praticar atos administrativos referentes a servidores municipais.39

1.3.4 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA DO DISTRITO FEDERAL

O Distrito Federal, situado em Brasília, é ente federativo que

sedia a capital do Brasil. O art. 32 da CRFB veda a sua divisão em Municípios e

determina que se regerá por lei orgânica, votada por sua Câmara Legislativa. Ao

Distrito Federal são conferidas atribuições legislativas reservadas aos Estados e

Municípios, segundo o § 1º do art. 32 daquele texto.

38 MEDAUAR, Odete, Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 63 39 MEDAUAR, Odete, Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 64

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20

A Chefia do Executivo do Distrito Federal é exercida pelo

Governador, que também exerce a direção geral da Administração. O Governador

é auxiliado por Secretários e cada Secretaria tem sua estrutura escalonada

hierarquicamente.40

Essa estrutura básica da Administração Direta brasileira, em

nível Federal, Estadual e Municipal, vem se mantendo continuamente. O que tem

variado é o número, nome e atribuições dos órgãos auxiliares do chefe do

Executivo. E também dos órgãos situados em graus mais inferiores da hierarquia.

As alterações nos órgãos auxiliares diretos da chefia do Executivo (por exemplo,

Ministérios) ocorrem, em geral, no início de cada mandato, mediante textos legais

que recebem o nome de “reforma administrativa”. Tais textos se limitam a criar,

transformar, fundir e extinguir órgãos, especificando as providências decorrentes,

sobretudo quanto ao pessoal e verba.41

1.3.5 DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

A Administração Pública, em face das inúmeras e complexas

tarefas que são afetas ao Estado, funciona com base no princípio da divisão do

trabalho. E, essas condições, ou os serviços administrativos são delegados ou

atribuídos a órgãos inferiores, dentro do mesmo aparelhamento orgânico, ou são

transferidos a órgãos ou entidades locais, ou atribuídos a entidades situadas fora

do aparelhamento central 42.

Assim, temos a Administração centralizada (ex. Presidência

da República e Ministérios em nível Federal), a Administração desconcentrada

(ex. departamentos e divisões, órgãos de execução, que diferem dos de direção)

e a Administração descentralizada (ex. serviços realizados por entidades

autônomas, como as autarquias estatais e fundações).

40 MEDAUAR, Odete, Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 65 41 MEDAUAR, Odete, Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 61-62 42 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 21

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21

A desconcentração se dá quando a distribuição de poderes

ocorre dentro do mesmo aparelhamento administrativo, entre órgãos sujeitos a

hierarquia, chamando-se também burocrática, hierárquica ou orgânica. Logo, a

distribuição de competências ocorre internamente, dentro da mesma pessoa

jurídica, e gera relações de subordinação e coordenação.

A descentralização ocorre quando há a transferência de

serviços da Administração central para outros entes ou pessoas de direito público

ou privado. Nela o Estado atribui personalidade jurídica a determinado serviço.43

Na desconcentração, transfere-se determinada atividade

pública, do centro para a periferia, internamente, com base na hierarquia

orgânica, enquanto que, na descentralização, desloca-se à atividade pública para

entidades externas, com personalidade jurídica própria pública (autarquia) ou

privada (fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista).44

Na desconcentração, verifica-se o parcelamento interno de

funções; a descentralização há pluralização da titularidade.

A descentralização pode ocorrer:

Por outorga; ou

Por delegação

Na descentralização outorgada, os serviços públicos são

deslocados para os órgãos da administração indireta:

Autarquia;

Fundação pública;

43 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 21 44 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.36

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22

Empresa pública; e

Sociedade de economia mista

Que terão seus conceitos vistos oportunamente, ocasião em

que falaremos da Administração Pública Indireta.

Na descentralização delegada, transfere-se tão somente a

execução do serviço para terceiro, ente privado. A execução do serviço público é

deferida para um ente privado por:

Concessão;

Permissão;

Autorização.

No entendimento de Waldo Fazzio Junior Concessão é:

A delegação da prestação de serviços públicos feita pelo poder

concedente (União, Estados, Distrito Federal e Municípios),

mediante concorrência pública, à pessoa jurídica ou consórcio de

empresas que evidencie aptidão para seu desempenho, por sua

conta e risco e por prazo determinado. Trata-se de um contrato de

delegação porque, ao transferir a execução dos serviços, o poder

público detém sua titularidade.45

Para o doutrinador Rebello Pinho, Permissão é:

O ato pelo qual a administração faculta ao particular, de modo

discricionário e precário, a execução de serviços de interesse

45 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.111

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23

coletivo ou o uso de bens públicos, a titulo gratuito ou

remunerado.46

Para Di Pietro Autorização é:

“O ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual

a Administração faculta ao particular o uso privativo de bem

público, ou o desempenho de atividade material, ou a prática de

ato que, sem esse consentimento, seriam legalmente proibidos”.47

Além dessa descentralização extragovernamental, que

envolve inclusive a terceirização, as parcerias e a privatização, opera-se também

uma descentralização intergovernamental ou por subsidiariedade (ocorre quando

a Administração Pública transfere alguns serviços para entes ligados ao governo

e hierarquicamente inferiores). Trata-se de transferência vertical descendente de

atribuições e recursos por níveis de governo, com o objetivo de maximizar a

flexibilidade e o controle de resultados administrativos.

Nos termos do Decreto nº. 3.735/01, são empresas estatais

federais as empresas públicas, sociedade de economia mista, suas subsidiárias e

controladas e demais empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha

a maioria do capital social com direito a voto.48

1.4 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

Por Administração Pública Indireta ou descentralizada

(descentralização institucional) compreenda-se o conjunto de entidades com

personalidade jurídica própria, criadas ou autorizadas sua criação por lei,

vinculadas ao Poder Executivo de cada nível ou esfera de governo, com

autonomia financeira e administrativa, prestadoras de serviços ou exploradoras de

46 REBELLO PINHO, Ruy.Instituições de Direito Público e Privado. São Paulo : Atlas, 2004. p. 154 47 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 211 48 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.37

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atividades econômicas. Trata-se, aqui, de desmembramento horizontal de

atribuições administrativas.49

Ocorre, no entanto, que a Administração não é suficiente

para executar com eficiência todas as suas tarefas, tendo de recorrer à

descentralização administrativa, que nada mais é que a passagem da gestão de

atividade pública para entidade, pública ou privada, diversa da pessoa jurídica

pública política (União, Estado, Município ou Distrito Federal) e dos órgãos

vinculados que a integram. 50

Segundo o art. 4º inc. II do Decreto-Lei 200/67, a

Administração indireta compreende as entidades dotadas de personalidade

jurídica que estão indicadas nas suas alíneas. Assim, em cada nível de

Administração, o conjunto dessas entidades personalizadas forma a

Administração Indireta desse nível. Há, portanto, Administração Indireta Federal,

Estadual e Municipal, se a dimensão do Estado-membro e do município

comportar. 51

Assim, por Administração Indireta deve-se entender a

realização de Serviços Públicos através de entidades criadas pelo Estado, para

tais desempenhos.52

No dizer de Cretella Júnior,

Exceto duas modalidades de serviços públicos, o exercício do

poder de polícia e a distribuição da justiça, que em regra, são

indelegáveis, sob pena de falência virtual do Estado, os demais,

instrução, educação, transporte, telecomunicação, tanto podem

ser desempenhados pela Administração Indireta quanto por

pessoas jurídicas governamentais ou particulares.53

49 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.36 50 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 27 51 MEDAUAR, Odete, Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 67 52 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 27 53 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 27

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25

Passaremos a estudar os órgãos integrantes da

Administração Pública Indireta:

1.4.1 AUTARQUIA

O Decreto-Lei n. 200/67, no inciso I do art. 5º, assim

conceitua Autarquia:

O serviço autônomo, criado por lei com personalidade jurídica,

patrimônio e receita própria para executar atividades típicas da

Administração Pública que requeiram, para seu melhor

funcionamento, gestão administrativa e financeira

descentralizada.54

A Autarquia é, das entidades da Administração Pública

Indireta, a que se encontra mais próxima da Administração Central. Por isso, é

uma entidade intra-estatal (não paraestatal).

Ente criado por lei especifica oriunda do chefe do Poder

Executivo; com personalidade jurídica de direito público, patrimônio e receita

própria, tem por função desempenhar atividades administrativas típicas que

demandem gestão administrativa e financeira descentralizada. São os casos, por

exemplo, do Banco Central, do INSS, do Incra, do Crea etc.

Como é criada para coadjuvar a Administração Central, a

Autarquia está subordinada ao controle estatal do ente que a criou e ao controle

Legislativo.55

Nos ensinamentos de Francisco de Assis Alves, a autarquia

pode ser definida como:

A faculdade de autogoverno de que desfruta a autarquia não a

promove à categoria de ente automaticamente autônomo. Dotada

de certa autonomia para gerir um Serviço Público, a Autarquia não

está livre do controle de quem a instituiu. Embora faça parte da

54 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 32 55 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.37-38

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administração indireta, a autarquia não deixa de ser um órgão do

Estado sujeito ao crivo administrativo deste. Apesar de ser um

ente personalizado, não se despende do Estado. A atividade da

autarquia corresponde sempre ao exercício da função

administrativa do Estado, por isso, o Poder Executivo, a quem

cabe o desempenho da função administrativa do Estado,tem a

possibilidade de exercer sobre a sua autarquia eterna vigilância56.

Não possui autonomia política, isto é, o poder de editar as

suas próprias Leis. Autonomia política somente tem a União, os Estados

Membros, o Distrito Federal e os Municípios, dada pela Constituição Federal. 57

A Autarquia pode ser:

Territorial (antigos territórios);

Corporativa; ou

Fundacional

São suas características:

É vinculada ao Poder Executivo (art. 61, §1º, e, da CF);

Possui patrimônio próprio, inalienável, impenhorável e

imprescritível;

Possui autonomia administrativa;

Possui autonomia financeira;

Tem funcionalidade típica da administração central;

É finalisticamente prestadora de serviços públicos;

56 ALVES, Francisco de Assis. Fundações, organizações sociais, agências executivas. São Paulo : LTR , 2000. P. 40 57 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 31

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Seus servidores observam o regime jurídico único (art.

39 da CF);

Só contrata mediante licitação;

Só é extinta por lei;

Detém privilégios tributários (art. 150, VI, a, da CF);

Detém privilégios processuais (prazos maiores);

É respaldada, subsidiariamente, pela suplementação

econômica.

1.4.2 FUNDAÇÃO

Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a Fundação pode ser

definida como:

O patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de

personalidade jurídica de direito público ou privado, e destinado

por lei, ao desempenho de atividades do Estado na ordem social,

com capacidade de auto-administração e mediante o controle da

Administração Pública, nos limites da lei.58

Enquanto as sociedades ou associações caracterizam-se

pela união de pessoas para atingir fins comuns em benefício próprio, as

Fundações e Institutos, ao contrário, são coisas personificadas, são patrimônios

administrados, cuja existência de personalidade é uma abstração. Os fins da

Fundação ultrapassam o âmbito da entidade; beneficiam terceiros.59

Fundação Pública é pessoa jurídica sem fins lucrativos,

criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades

58 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 12 ed. São Paulo : Atlas, 2000. p. 223 59 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 33-34

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que exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia

administrativa, patrimônio público ou misto gerido pelos respectivos órgãos de

direção e funcionamento custeado por recursos da União e outras fontes.60

Pode ser instituída com regência de direito público ou com

personalidade jurídica de direito privado. Se criada sob o regime de direito

público, é modalidade autárquica. Envolve sempre uma universalidade de bens e

direitos. Exemplo: USP, CNPq etc. 61

Seu perfil é delineado pelas seguintes características:

Sua criação e extinção são autorizadas por lei;

É organizada por decreto;

Possui administração própria;

Possui dotação patrimonial pública ou semi-pública;

Possui autonomia financeira (orçamento próprio);

Seus servidores são estatutários ou celetistas, vedada a

cumulação de cargos;

Detém privilégios tributários (art. 150, § 2º, da CF);

Só contrata mediante licitação; e

Se prestadora de serviço público, a entidade estatal que a

criou responde subsidiariamente pelos encargos a que a

fundação não pode satisfazer.62

60 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.39 61 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.39 62 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.39-40

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Se instituída com personalidade jurídica de direito público,

não está sujeita à fiscalização do Ministério Público e não precisa escrever seu

estatuto no Registro Civil, como ocorre com as Fundações Públicas

personalizadas no direito privado.63

1.4.3 EMPRESA PÚBLICA

A Empresa Pública é dotada de personalidade jurídica

de direito privado, criada mediante autorização de lei especifica, com patrimônio

próprio e capital social exclusivamente público, com fito de explorar atividade

econômica exercida pelo Poder Público em caráter contingencial ou por

conveniência administrativa. É entidade paraestatal. Exemplos: Caixa Econômica

Federal, EBCT etc. 64

No entendimento de Odete Medauar:

A Empresa Pública reveste-se da condição de pessoa jurídica de

direito privado. A palavra “pública” aqui não significa tratar-se de

pessoa jurídica de direito público, mas, sim, de empresa estatal.

Deve ter sua instituição autorizada por lei especifica, cabendo à lei

complementar definir sua área de atuação (inc. XIX do art. 37 da

CRFB).65

De acordo com o preceito citado, a Empresa Pública,

destina-se a explorar atividade econômica. No entanto, há muitas que prestam

Serviços Públicos.66

São suas linhas essenciais:

Sua criação e extinção são autorizadas por lei;

63 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.40 64 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.40. 65MEDAUAR, Odete, Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 88 66 MEDAUAR, Odete, Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 88

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É dotada de administração própria;

Possui capital social exclusivamente público;

Possui patrimônio próprio;

Possui autonomia financeira;

Explora atividade econômica ou presta serviços

públicos;

O regime jurídico de seus servidores é o da CLT, vedada

à cumulação de cargos;

Não detém privilégios fiscais (art. 173, § 2º, da CF);

Só contrata mediante licitação;

O Estado responde subsidiariamente pelos encargos

sociais, se a empresa exercer atividades de prestação

de serviços públicos; e

O Estado não tem qualquer responsabilidade, se a

empresa explorar atividade econômica.67

O Decreto-Lei n. 200/67, alterado pelo Decreto-Lei n.

900/69, já definia a Empresa Pública como “entidade dotada de personalidade

jurídica de direito privado, com patrimônio público e capital exclusivo da União,

criada por Lei para a exploração de atividade econômica” (art. 5º, II). 68

67 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.40 68 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 37

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1.4.4SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

O Decreto-Lei n. 200/67, com redação dada pelo Decreto-Lei

n. 900/69, já definia a Sociedade de Economia Mista como a “entidade dotada de

personalidade jurídica de direito privado, criada por lei, para a exploração de

atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito

a voto pertencem, em sua maioria, à União ou entidade da Administração Indireta”

(art. 5º, III).69

Embora seja criada para explorar atividade econômica, tem-

se admitido, ou nada impede, que seja criada para explorar serviços públicos.

A Sociedade de Economia Mista é pessoa jurídica de direito

privado, criada mediante autorização legal, sob a forma de sociedade anônima,

para a exploração de atividade econômica ou serviço de interesse coletivo, sob o

controle majoritário da Administração Pública direta ou indireta. É entidade

paraestatal composta pela participação casada do Poder Público e de particulares

na construção de seu capital social e em sua administração. Exemplos: Banco do

Brasil, Petrobrás, Cesp, Sabesp etc. 70

Suas notas básicas são:

Sua criação e extinção são autorizadas por lei;

É dotada de administração própria;

Possui patrimônio próprio;

Tem autonomia financeira;

Só pode ser sociedade anônima;

Conjuga capital público (maioria do capital votante) e

69 MUKAI, Toshio. Direito Administrativo sistematizado. São Paulo : Saraiva, 1999. p. 36 70 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.41

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capital privado;

Seus servidores observam o regime da CLT, vedada a

cumulação de cargos;

Explora atividade econômica ou presta serviço de

interesse coletivo;

Quando presta serviço de interesse coletivo, sujeita-se à

licitação (salvo se o ato de instituição o determinar);

Seus bens estão sujeitos a penhora;

Não esta sujeita à falência, se prestadora de serviços

públicos; e

Não detém privilégios fiscais.71

Observe-se que, vigente a livre iniciativa como fundamento

da ordem econômica, sob a égide da propriedade privada e da livre concorrência,

a excepcional exploração de atividade econômica pelo Estado deve ser exercida

em caráter suplementar, se necessária à segurança nacional ou a relevante

interesse coletivo. Sua função é corretiva, reguladora e suplementar.É o que se

conclui dos arts. 170 usque 173 da CF. 72

Encerramos os estudos referentes à Administração Pública,

no 2º capítulo, estudaremos o Serviço Público, seu processo histórico, conceito,

classificação, requisitos e formas de concessão do serviço público.

71 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.41 72 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Fundamentos do Direito Administrativo. 3 ed. São Paulo : Atlas, 2003. p.41

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CAPÍTULO 2

DO SERVIÇO PÚBLICO

A Constituição Federal dispõe expressamente que incumbe

ao Poder Público, na forma da lei, a prestação de Serviços Públicos. Dessa

forma, a lei disporá sobre o regime de delegação, os direitos dos usuários, a

política tarifária, a obrigação de manter serviço adequado e as reclamações

relativas à prestação (arts. 175, parágrafo único, e 37, § 3º da CRFB 1988). A

constituição insere, ainda, o conceito de serviço relevante, como o de saúde (art.

197). Atendendo a essa orientação, o Código de Defesa do Consumidor (Lei

8.078/90) considera como direito básico do usuário a adequada e eficaz

prestação dos serviços públicos em geral (art. 6º) e, em complemento, obriga o

Poder Público ou seus delegados a fornecer serviços adequados, eficientes,

seguros e contínuos, dispondo sobre os meios para o cumprimento daquelas

obrigações e a reparação dos danos (art. 22 e parágrafo único).73

2.1 CONCEITO E PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO

O conceito de Serviço Público não é pacífico no

entendimento doutrinário, desta forma buscaremos as teses de alguns autores,

para que possamos elucidar essa questão.

Para o doutrinador Celso Antônio Bandeira de Mello, Serviço

Público é:

É toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade

material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas

fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume

73 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 32 ed. São Paulo : Malheiros, 2003. p. 328-329

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como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por

quem lhe faça às vezes, sob um regime de Direito Público –

portanto consagrador de prerrogativas de supremacia e de

restrições especiais -, instituído em favor dos interesses definidos

como públicos no sistema normativo.74

No entendimento de Hely Lopes Meirelles, o Serviço Público

é conceituado como:

Todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados,

sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades

essenciais ou secundárias da coletividade ou simples

conveniências do Estado.75

Para o doutrinador Moreira Neto, o Serviço Público pode ser

conceituado como sendo:

Atividade da Administração Pública que tem por fim assegurar de

modo permanente, contínuo e geral, a satisfação de necessidades

essenciais ou secundárias da sociedade, assim por leis

consideradas, e sob as condições impostas unilateralmente pela

própria Administração". Conceito "contemporâneo" de Serviço

Público: "as atividades pelas quais o Estado, direta ou

indiretamente, promove ou assegura a satisfação de interesses

públicos, assim por lei considerados, sob regime jurídico próprio a

elas aplicável, ainda que não necessariamente de direito público. 76

Marçal Justen Filho, por sua vez, define Serviço Público

como sendo:

Uma atividade pública administrativa de satisfação concreta de

necessidades individuais ou transindividuais, materiais ou

imateriais, vinculadas diretamente a um direito fundamental,

74 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito administrativo. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 634 75MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 32 ed. São Paulo : Malheiros, 2006. p. 329 76 MOREIRA NETO, D. F. Mutações do direito administrativo. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. p. 134

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destinada a pessoas indeterminadas e executada sob regime de

direito público.77

Vistos os entendimentos doutrinários do conceito de Serviço

Público, segue o nosso conceito sobre esta categoria.

É toda atividade desempenhada pela Administração Pública,

ou por seus delegados, sob normas estatais, com a finalidade de satisfazer as

necessidades essenciais ou secundárias da coletividade.

Visto o conceito de “Serviço Público” passaremos agora a

estudar alguns princípios que regem esta categoria.

2.1.1 Princípio da continuidade

O primeiro, indiscutivelmente, é o princípio da continuidade,

que não suporta interrupções ou suspensões. Este princípio, sem sombra de

dúvida, estaria a conflitar aparentemente com o direito de greve estabelecido no

texto constitucional.

O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990)

também consagra a obrigatoriedade da continuidade dos serviços essenciais.

Celso Ribeiro Bastos, em relação ao princípio da

continuidade, acrescenta que:

O Serviço Público deve ser prestado de maneira contínua, o que

significa dizer que não é passível de interrupção. Isso ocorre pela

própria importância de que o Serviço Público se reveste, o que

implica ser colocado à disposição do usuário com qualidade e

regularidade, assim como com eficiência e oportunidade.78

77 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 478 78 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Administrativo. 2 ed. São Paulo : Saraiva. 1996 p. 165

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2.1.2 Princípio da indisponibilidade do interesse público

O princípio da indisponibilidade do interesse público é ínsita,

indispensável à própria função administrativa, também essencial à atividade de

prestação de utilidade pública fruível pelo administrado. Não pode a

Administração omitir-se de sua competência.79

2.1.3 Princípio da mutabilidade do regime jurídico

O princípio da mutabilidade do regime jurídico ou da

flexibilidade dos meios aos fins autoriza mudanças no regime de execução do

serviço para adaptá-lo ao interesse público, que é sempre variável no tempo. Em

decorrência disso, nem os servidores públicos, nem os usuários dos serviços

públicos, nem os contratados pela Administração têm direito adquirido à

manutenção de determinado regime jurídico; o estatuto dos funcionários pode ser

alterado, os contratos também podem ser alterados ou mesmo rescindidos

unilateralmente para atender ao interesse público.

A doutrinadora Odete Medauar acrescenta que:

Este princípio visa adaptar a prestação do serviço a exigências

novas, da própria vida coletiva e de modernas tecnologias. A

aplicação mais usualmente desse princípio é a modificação

unilateral do contrato administrativo.80

79 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 7 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Malheiros, 2004. p. 83 80 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 10 ed. Ver. atual. São Paulo : Revista dos Tribunais, 2006. p. 317

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37

2.1.4 Princípio da igualdade dos usuários

O princípio da igualdade dos usuários perante o Serviço

Público, desde que a pessoa satisfaça as condições legais, ela faz jus à

prestação do serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal.81

Corrobora com este entendimento, o doutrinador Edmir

Netto de Araújo:

O princípio setorial da igualdade dos usuários perante os serviços

públicos significa o direito que o administrado possui de receber,

do executor desses serviços (administração ou

concessionário/permissionários), tratamento isonômico. Decorre

do princípio geral da isonomia ou da igualdade perante a lei.82

O Doutrinador Marçal Justen Filho, realiza um

desmembramento do princípio da igualdade dos usuários que dará origem a

outros dois princípios, que veremos adiante:

2.1.4.1 Princípio da universalidade

O princípio da universalidade significa que o Serviço Público

deve ser prestado em benefício de todos os sujeitos que se encontrem em

situação equivalente, de modo indeterminado. Admite-se, como é da essência da

isonomia, a discriminação fundamentada em critérios adequados.83

2.1.4.2 Princípio da neutralidade

A neutralidade consiste em vedar a prestação do serviço a

qualquer circunstância individual incompatível com o postulado da isonomia.

Assim, não é possível produzir privilégios fundados em sexo, raça, credo religioso

81 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo : Atlas, 2001. p. 101-102 82 DE ARAÚJO, Edmir Netto. Curso de Direito Administrativo. 2 ed. São Paulo : Saraiva, 2006. p. 109 83 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 489-490

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ou local de domicílio, exceto quando tais circunstâncias refletirem valores

distintos, que demandem diferenciação.84

2.1.5 Princípio da isonomia e as tarifas

A igualdade se aplica também à formulação das tarifas, que

devem ser fixadas em valores idênticos para os usuários em situação idêntica. O

autor Bertrand Du Marais lembra que é valida a discriminação tarifária de

pedágios de rodovias fundada na intensidade do tráfego. Por igual, admite-se a

variação tarifária em função do horário de fruição do benefício, desde que isso

não inviabilize a prestação do serviço e haja transparência de critérios na fixação

dos valores.85

2.2 HISTÓRICO DO SERVIÇO PÚBLICO

A noção brasileira atual do que seja serviço público foi

importada da França onde teve seu marco inicial a partir da Revolução Francesa,

firmando-se como escola do serviço público - séc. XIX.

Para entendermos melhor esse conceito, vamos retornar à

época Imperial, onde não havia determinação do que era "o bem para a

coletividade", valia apenas o que o Rei decidia, o que o Rei queria. Ele impunha

as regras, as leis e tinha o poder sobre tudo e todos.

A partir da Revolução Francesa, começa a haver uma maior

definição das atividades do Estado, que ainda faz muito pouco pela sociedade. A

prestação dos serviços pelo Estado é mínima e a noção de serviço público é

muito restrita, assim, a sociedade começa a se organizar para satisfazer suas

necessidades.

A partir da segunda metade do século XX o Serviço Público

começa a ter outra feição, pois a Constituição cria uma série de direitos, de

84 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 490 85 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 490

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garantias ao cidadão que devem ser cumpridas pelo Estado. A Constituição

define claramente e traça quais são os Serviços Públicos que devem ser

prestados aos cidadãos e a quem compete, dentro das 3 esferas - Federal,

Estadual ou Municipal - a prestação de determinado serviço. Com esta definição e

determinação de deveres podemos afirmar que o Estado deixa de ser um Estado

Mínimo para ser um Estado Social, com uma postura intervencionista e de

providência.86

2.3 CLASSIFICAÇÕES DE SERVIÇO PÚBLICO

Levando-se em consideração a essencialidade, a

adequação, a finalidade e os destinatários dos serviços, podemos classificá-los

em: públicos e de utilidade pública; próprios e impróprios do Estado;

administrativos e industriais; “uti universi” e “uti singuli”, que passaremos a

estudar.

2.3.1 SERVIÇOS PÚBLICOS PROPRIAMENTE DITOS

Serviços Públicos propriamente ditos, são os que a

Administração presta diretamente a comunidade, por reconhecer sua

essencialidade e necessidade para a sobrevivência do grupo social e do próprio

Estado. Por isso mesmo, tais serviços são considerados privativos do Poder

Público, no sentido de que só a Administração deve prestá-los, sem delegação a

terceiros, mesmo porque geralmente exigem atos de império e medidas

compulsórias em relação aos administrados. Como exemplo temos os serviços de

defesa nacional, os de polícia, os de preservação da saúde pública.87

Convém ainda anotar os ensinamentos do doutrinador Celso

Antônio Bandeira de Mello:

86 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 10 ed. Ver. atual. São Paulo : Revista dos Tribunais, 2006. p. 314 87 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo : Malheiros, 2006. p.330

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40

Em linguagem leiga, costuma-se designar como serviço tudo

aquilo que o Estado faz ou, pelo menos, toda atividade

administrativa por ele desempenhada. Assim, por exemplo, a

construção de uma estrada, de uma ponte, pode aparecer, na

linguagem corrente, como sendo um serviço que o Estado

desempenhou. Juridicamente, entretanto, são obras públicas.

Assim também, eventualmente, serão designados como serviços,

ou mesmo Serviços Públicos, atividades típicas de polícia

administrativa. Do mesmo modo, o rótulo Serviço Público, ainda

que acrescido do qualificativo industrial, ou comercial ou

econômico, algumas vezes é adotado para referir atividades

estatais regidas fundamentalmente pelo Direito Privado, isto é, as

concernentes à exploração estatal de atividade econômica88.

2.3.2 SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA

São os que a Administração reconhecendo sua conveniência

(não essencialidade, nem necessidade) para os membros da coletividade, presta-

os diretamente ou aquiesce em que sejam prestados por terceiros

(concessionários, permissionários ou autorizatários), nas condições

regulamentadas e sob seu controle, mas por conta e risco dos prestadores,

mediante remuneração dos usuários. São exemplos dessa modalidade os

serviços de transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone.89

Participa desse entendimento, o doutrinador Diógenes

Gasparini:

São não essenciais os assim considerados por lei ou os que, pela

própria natureza, são havidos de utilidade pública, cuja execução

é facultada aos particulares. Se preferir, são os que não são de

88 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito administrativo. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 644. 89 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo : Malheiros, 2006. p.330/331

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execução privativa da Administração Pública, por exemplo, os

serviços funerários.90

2.3.3 SERVIÇOS PRÓPRIOS DO ESTADO

São aqueles que se relacionam intimamente com as

atribuições do Poder Público (segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc.) e

para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os

administrados. Por esta razão, só devem ser prestados por órgãos ou entidades

públicas, sem delegação a particulares.91

A doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, acrescenta

ainda que: Serviços Públicos próprios são aqueles que, atendendo as

necessidades coletivas, o Estado assume como seus e os executa diretamente

por meio de seus agentes.92

2.3.4 SERVIÇOS IMPRÓPRIOS DO ESTADO

São os que não afetam substancialmente as necessidades

da comunidade, mas satisfazem interesse comuns de seus membros, e, por isso,

a Administração os presta remuneradamente , por seus órgãos ou entidades

descentralizadas (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista,

fundações governamentais), ou delega sua prestação a concessionários,

permissionários ou autorizatários. Esses serviços, normalmente, são rentáveis e

podem ser realizados com ou sem privilégio, mas sempre sob regulamentação e

controle do Poder Público competente.93

90 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 286 91 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo : Malheiros, 2006. p.331 92 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo : Atlas, 2001. p.102 93 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo : Malheiros, 2006. p.331

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42

Cumpri-nos demonstrar à divergência doutrinária, aqui

trazida a tona por Edmir Netto de Araújo, quanto à prestação de Serviços

Impróprios pelo Estado.

A posição dos autores estrangeiros é a de incluir serviços que

representem necessidades coletivas, não executados pelo Estado,

direta ou indiretamente, mas que dependem, para o particular que

os desempenhe, de regulamentação e/ ou autorização do Poder

Público, nesse caso, a doutrina costuma incluir os não tão

essenciais, mas que satisfazem a interesses e necessidades da

comunidade, prestados remuneradamente quer pela

Administração, seus órgãos ou entidades descentralizadas, quer

por concessionárias, permissionárias ou autorizatárias.94

2.3.5 SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS

São os que a Administração executa para atender a suas

necessidades internas ou preparar outros serviços que serão prestados ao

público, tais como os da imprensa oficial, das estações experimentais e outras

dessa natureza.95

A propósito, importa observar os comentários de Maria

Sylvia Zanella Di Pietro, em relação ao Serviço Público Administrativo

A expressão é equívoca porque também costuma ser usada em

sentido mais amplo para abranger todas as funções

administrativas, distinguindo-as da legislativa e jurisdicional, e

ainda para indicar os serviços que não são usufruídos diretamente

pela comunidade.96

94 DE ARAÚJO, Edmir Netto. Curso de Direito Administrativo. 2 ed. São Paulo : Saraiva, 2006 .p.103 95 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo : Malheiros, 2006. p.331 96 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo : Atlas, 2001. p.103

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2.3.6 SERVIÇOS INDUSTRIAIS

São os que produzem renda para quem os presta, mediante

a remuneração da utilidade usada ou consumida, remuneração, esta, que,

tecnicamente , se denomina tarifa ou preço público, por ser sempre fixada pelo

Poder Público, quer quando o serviço é prestado por seus órgãos ou entidades,

quer quando por concessionários, permissionários ou autorizatários. Os serviços

industriais são impróprios do Estado, por consubstanciarem atividade econômica

que só poderá ser explorada diretamente pelo Poder Público quando “necessária

aos imperativos da segurança nacional ou relevante interesse coletivo, conforme

definidos em lei” (art. 173 da CF).97

Para Marçal Justen Filho, Serviços Públicos de natureza

industriais são: aqueles que envolvem o oferecimento de utilidades materiais

necessárias à sobrevivência digna do indivíduo, tal como a água tratada, a

energia elétrica, as telecomunicações.98

2.3.7 SERVIÇOS UTI UNIVERSI OU GERAIS

São aqueles que a Administração presta sem ter usuários

determinados, para atender à coletividade no seu todo, como os de polícia,

iluminação pública, calçamento e outros dessa espécie. Esses serviços

satisfazem indiscriminadamente a população, sem que se erijam em direito

subjetivo de qualquer administrado à sua obtenção para seu domicilio, para sua

rua ou para seu bairro. Estes serviços são indivisíveis, isto é, não mensuráveis na

sua utilização. Daí por que, normalmente, os serviços uti universi devem ser

mantidos por imposto (tributo geral), e não por taxa ou tarifa, que é remuneração

mensurável e proporcional ao uso individual do serviço.99

Como bem observa o autor Celso Ribeiro Bastos

97 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo : Malheiros, 2006. p.332 98 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 499 99 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo : Malheiros, 2006. p.332

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Para aqueles que consideram a garantia da segurança nacional

um Serviço Público, este seria o melhor exemplo de prestação uti

universi, outro exemplo é a iluminação das praças públicas, uma

vez que é algo voltado a uma pluralidade de pessoas, que não se

pode absolutamente determinar qual seria mais diretamente

aquinhoada.100

2.3.8 SERVIÇOS UTI SINGULI OU INDIVIDUAIS

São os que têm usuários determinados, utilização particular

e mensurável para cada destinatário, como ocorre com o telefone, a água e a

energia elétrica domiciliares. Esses serviços, desde que implantados, geram

direito subjetivo à sua obtenção para todos os administrados que se encontrem na

área de sua prestação ou fornecimento e satisfaçam as exigências

regulamentares. São sempre serviços de utilização individual, facultativa e

mensurável, pelo que devem ser remunerados por taxa (tributo) ou tarifa (preço

público), e não por imposto.101

Por igual, observam-se os dizeres de Maria Sylvia Zanella Di

Pietro:

Serviços uti singuli são aqueles que têm por finalidade a

satisfação individual e direta das necessidades dos cidadãos.

Entram nessa categoria determinados serviços comerciais e

industriais do Estado, como por exemplo, energia elétrica, luz,

gás, transportes e outros serviços sociais, como ensino, saúde,

assistência e previdência social.102

QUADRO COM AS CLASSIFICAÇÕES DO SERVIÇO PÚBLICO

- SERVIÇOS PÚBLICOS

100 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 1996. p. 163 101 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo : Malheiros, 2006. p.332 102 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo : Atlas, 2001. p.104-105

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- SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA

- SERVIÇOS PRÓPRIOS DO ESTADO

- SERVIÇOS IMPRÓPRIOS DO ESTADO

- SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS

- SERVIÇOS INDUSTRIAIS

- SERVIÇOS UTI UNIVERSI OU GERAIS

- SERVIÇOS UTI SINGULI OU INDIVIDUAIS

Vistas as formas de classificação do Serviço Público,

passaremos a estudar a partir de agora os requisitos necessários para a

concessão do Serviço Público.

2.4 REQUISITOS

Para a Lei Federal n. 8.987/95, que dispõe sobre o regime

de concessão e permissão da prestação de Serviços Públicos previstos no art.

175 da Constituição Federal, “serviço adequado é o que satisfaz as condições de

regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,

cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas”. A inobservância desses

requisitos ensancha à Administração Pública competente a oportunidade de exigir

seu total cumprimento, de aplicar, depois do devido processo legal, as penas

cabíveis e de intervir na prestação, quando executado por concessionários ou

permissionários. Todas as medidas, administrativas e judiciais, que a situação

exigir para restabelecer, de pronto, o regular funcionamento do serviço devem ser

tomadas pela Administração Pública titular dos serviços trespassados, que nesse

particular não tem qualquer disponibilidade.

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O prestador do Serviço Público, como fornecedor que é,

responde objetivamente, ou seja, independentemente de ter agido com culpa ou

dolo, pelos danos causados ao consumidor por defeitos relacionados com a

prestação, consoante estabelece o art. 14 do Código de Defesa do

Consumidor.103

2.4.1 REGULARIDADE

A Regularidade exige que os serviços sejam prestados segundo

padrões de qualidade e quantidade impostos pela Administração

Pública tendo em vista o número e as exigências dos usuários,

observando-se, ainda, as condições técnicas exigidas pela própria

natureza do Serviço Público e as condições de sua prestação.104

2.4.2 CONTINUIDADE

A Continuidade impõe ao Serviço Público o caráter de ser

contínuo, sucessivo. O Serviço Público não pode sofrer solução de continuidade.

Vale dizer: uma vez instituído há de ser prestado normalmente, salvo por motivo

de greve, nos termos da lei regulamentadora. Não caracteriza descontinuidade da

prestação do Serviço Público quando interrompido em face de uma situação de

emergência ou quando sua paralisação se der, após competente aviso, por

motivo de ordem técnica ou de segurança das instalações, ou, ainda, por falta de

pagamento dos usuários, conforme estabelece o § 3º do art. 6º da Lei Federal das

Concessões e Permissões.105

2.4.3 EFICIÊNCIA

A Eficiência exige que o responsável pelo Serviço Público se

preocupe sobremaneira com o bom resultado prático da prestação que cabe

oferecer aos usuários. Ademais, os serviços, por força dessa exigência, devem

ser prestados sem desperdício de qualquer natureza, evitando-se, assim, onerar

103 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p.288-289 104 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p.289 105 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p.289

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os usuários por falta de método ou racionalização no seu desempenho. Deve-se,

ainda, buscar o máximo de resultado com um mínimo de investimento,

barateando a sua prestação e, por conseguinte, o custo para os usuários.106

2.4.4 SEGURANÇA

O Serviço Público deve ser prestado aos usuários com

segurança, tendo em vista a natureza do serviço. Nada deve ser menosprezado

se puder, por qualquer modo, colocar em risco os usuários do Serviço Público ou

terceiros ou, ainda, bens públicos ou particulares. Não deve haver qualquer

descuido ou omissão, por menor que seja, na execução dos serviços de

manutenção dos equipamentos utilizados na prestação dos Serviços Públicos. As

falhas devem ser imediatamente corrigidas, substituindo-se as peças impróprias

ou promovendo a renovação do próprio equipamento.107

2.4.5 ATUALIDADE

A Atualidade significa que a prestação dos Serviços Públicos

deve acompanhar as modernas técnicas de oferecimento aos usuários. Ademais,

a atualidade exige a utilização de equipamentos modernos, cuidando-se bem das

instalações e de sua conservação, visando, sempre, a melhoria e expansão dos

Serviços Públicos. Esse requisito obriga a uma constante atualização tecnológica

dos Serviços Públicos. O prestador, em razão disso, vê-se obrigado a oferecer à

coletividade de usuários o que há de melhor, dentro das possibilidades da

outorga.108

106 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p.289 107 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p.290 108 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005 . p.290

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2.4.6 GENERALIDADE

A Generalidade significa que o oferecimento do Serviço

Público deve ser igual para todos. Satisfeitas as condições para sua obtenção,

deve ser prestado sem qualquer discriminação a quem o solicita. Essa

generalidade é decorrente do princípio da igualdade, tracejado no art. 5º da

Constituição Federal. Perante os Serviços Públicos , os administrados devem ser

tratados igualmente, isto é, de forma impessoal, como quer a CRFB de 1988 no

seu art. 37.109

2.4.7 CORTESIA

Pelo princípio da Cortesia, obriga-se a Administração

Pública a oferecer aos usuários de seus serviços um bom tratamento. Exige-se de

quem presta Serviço Público um tratamento urbano, sem o desdém daquele que o

oferece. A prestação, em tais condições, não é favor do agente ou da

Administração Pública, mas deve ser de um e de outro e, sobretudo, um direito do

cidadão.110

2.4.8 MODICIDADE

A Modicidade impõe sejam os Serviços Públicos prestados

mediante taxas ou tarifas justas, pagas pelos usuários para remunerar os

benefícios recebidos e permitir o seu melhoramento e expansão. Assim, os

Serviços Públicos não devem ser prestados com lucros ou prejuízos, mas

mediante retribuição que viabilize esses interesses. Em situações excepcionais, o

Poder Público pode subsidiar seu custo ou consentir na utilização de outras fontes

de receitas, conforme facultado pelo art. 11 da Lei Federal das Concessões e

109 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p.290 110 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p.290

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Permissões de Serviço Público. Cabe à lei, nos termos do art. 175 da Constituição

Federal, instituir para essa remuneração a competente política tarifária.111

Não obstante essas sejam as regras, a Constituição Federal

impõe a gratuidade a certos Serviços Públicos. Com efeito, foi assegurado por

essa Lei maior a gratuidade do ensino fundamental, inclusive para os que não

tiverem acesso a ele na idade própria (art. 208, I), e do transporte coletivo urbano

(art. 230) aos maiores de 65 anos.

2.5 FORMAS DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO

2.5.1 CONCEITO

Concessão de Serviço Público é o instituto através do qual o

Estado atribui o exercício de um Serviço Público a alguém que aceita presta-lo em

nome próprio, por sua conta e risco, nas condições fixadas e alteráveis

unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual de um equilíbrio

econômico-financeiro, remunerando-se pela própria exploração do serviço, em

geral e basicamente tarifas cobradas diretamente dos usuários do serviço.112

Nos dizeres do autor Toshio Mukai, concessão de Serviço

Público é:

Pois, o modo de gestão do serviço, no qual se percebe que o

poder público concedente encarrega, por contrato, uma pessoa

privada, o concessionário, para fazer funcionar o serviço, durante

determinado tempo, mediante remuneração paga pelos

usuários113

111 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p.291 112 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito administrativo. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 664 113 MUKAI, Toshio. Concessões, Permissões e Privatizações de Serviços Públicos. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 11

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2.5.2 AS DIVERSAS ESPÉCIES DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO

Existem diversas espécies de concessão de Serviço Público,

que se distinguem entre si em vista do objeto da delegação realizada. A escolha

do tipo de concessão depende das necessidades a serem atingidas, e se

traduzirá no vulto dos encargos assumidos pelas partes e na dimensão da tarifa a

ser exigida.114

2.5.2.1 Concessão exclusivamente de Serviço Público

A hipótese mais simples é aquela em que o objeto da

delegação é exclusivamente a prestação de Serviço Público. O particular assume

o dever de promover o fornecimento de utilidades determinadas, que dão

identidade a um Serviço Público. Assim se passa, por exemplo, no caso da

concessão de transporte urbano de passageiros. Nessa situação, o particular

assume o encargo de promover o aparelhamento necessário à prestação do

serviço, mas sua atuação não se traduz em atividades de outra ordem, que não o

fornecimento das utilidades materiais em que se constitui o Serviço Público.115

2.5.2.2 Concessão de Serviço Público antecedida da execução de Obra

Pública

A segunda hipótese é a concessão de Serviço Público

antecedida da execução de obra pública. Nesse caso, a implantação de

determinado Serviço Público depende da realização de uma obra. É o caso da

concessão para geração de energia elétrica a partir de certo potencial

114 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 505 115 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 505

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51

hidroelétrica. Somente será possível gerar energia depois de edificar a usina. Ao

final do prazo da concessão, a obra reverterá ao patrimônio público.116

2.5.2.3 Concessão de exploração de Obra Pública a ser edificada

Outra situação ocorre quando a edificação da obra pública

gera, por si só, a satisfação do interesse estatal. O particular executa a obra, que

passa a ser utilizada pelos usuários como instrumento de satisfação de suas

necessidades. Não existirá um Serviço Público propriamente dito a ser prestado

posteriormente. Podem existir tarefas complementares e secundárias

relacionadas com a manutenção e conservação do empreendimento. É o que se

passa com a construção de rodovias e obras assemelhadas. Nesses casos e

quando muito, há o dever de atividades complementares posteriores, atinentes à

manutenção das obras e bens públicos, assim como de prestação se serviços

acessórios aos usuários. Usualmente, essa hipótese é denominada concessão de

obra pública. A exploração da obra pública pelo particular será destinada

precipuamente a assegurar-lhe a percepção de rendimentos suficientes para a

amortização dos investimentos realizados.117

2.5.2.4 A Concessão da exploração de obras já existentes

Há uma outra hipótese, similar à anterior. Trata-se da

outorga da faculdade de exploração de bens públicos já existentes, com

imposição de dever de reforma, manutenção ou ampliação e atribuição da

faculdade de cobrança de tarifa.

Rigorosamente, a hipótese se identifica com aquela em que

o particular executa a obra previamente à sua exploração. Não há diferença

jurídica significativa, já que em todos os casos o substrato da relação jurídica é

116 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 505-506 117 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 506

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idêntico: um particular assume o encargo de realizar certas prestações em face

de uma obra pública com a previsão de remuneração por meio da exploração do

bem ou conjunto de bens.

A distinção existente é econômica, e reflete no custo do

desembolso e na tarifa a ser cobrada. Quanto maior o investimento a ser

realizado pelo particular, tanto mais elevada será a tarifa a ser cobrada dos

usuários. Se o particular for obrigado a executar a obra previamente á sua

exploração, isso significará encargos mais elevados. Logo, a tarifa será mais alta.

Se já existir a obra e o encargo do particular for de sua conservação e ampliação,

o custo econômico será mais reduzido, do que derivará tarifa mais reduzida.118

2.5.3 AS CONCESSÕES PRÓPRIAS E AS IMPRÓRPIAS

Adota-se o entendimento de que somente existe concessão

de Serviço Público em sentido próprio quando a delegação for feita a um

particular. A delegação em prol das entidades da Administração direta não produz

a aplicação do regime da concessão de Serviço Público.119

2.5.3.1 A concessão-descentralização

O Estado dispõe da competência para organizar seus

recursos para prestação direta do Serviço Público. Os encargos correspondentes

podem ser atribuídos a uma repartição pública destituída de personalidade

própria. Também podem ser atribuídos a autarquias. Eventualmente, são criadas

entidades administrativas, dotadas de personalidade de direito privado, para a

prestação dos serviços. Em todos esses casos, não há delegação da prestação

do serviço para um terceiro.

118 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 507 119 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 507

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53

Nos casos em que o ente estatal responsável pela prestação

do serviço era titular de personalidade jurídica própria, surgiu o costume de

qualificá-lo como concessionário, o que não produz efeito jurídico relevante. A

entidade administrativa está sob controle estatal, não dispõe de interesses

próprios nem de autonomia de atuação.

O tema passou a despertar atenção em vista do art. 175 da

Constituição Federal de 1988, que impôs a obrigatoriedade da licitação como

requisito para a outorga de concessões de Serviço Público. Daí o tema passou a

ser reexaminado e se constatou que nem havia concessão em sentido próprio,

nem cabia licitação prévia.

Pode existir um ao administrativo formal, qualificando a

atribuição do serviço à entidade descentralizada como concessão de serviço

público. Isso não altera a natureza jurídica do vínculo. Continuará a existir

prestação direta do serviço pela Administração Pública, o que justifica a ausência

de prévia licitação.

A descentralização administrativa não configura a concessão

do serviço, já que os recursos aplicados continuam a ter origem pública, o regime

jurídico não se altera e não se transfere a prestação do serviço para órbita

estranha à da Administração Pública.120

2.5.3.2 A concessão convênio

As considerações acima não se aplicam quando a

concessão do vínculo envolver integrantes de órbitas distintas da Federação. Não

haverá vínculo de controle interno entre o titular da competência para prestação

do serviço e a entidade que os desempenha. Ambos os sujeitos pertencem à

Administração Pública, mas não integram a mesma órbita federativa. Mas poderá

haver um convênio entre os entes estatais, o que desnaturará a concessão.

120 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 507-508

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A atuação conjunta de diversas pessoas estatais, visando à

conjugação de esforços e recursos para o atingimento de um fim comum,

caracteriza um convênio.121

2.5.3.3 A exploração da concessão como atividade econômica

Pode, no entanto, existir concessão de Serviço Público em

sentido próprio para uma entidade administrativa. Tal se passará quando essa

entidade dedicar-se à exploração do Serviço Público como se fosse uma atividade

econômica qualquer. A entidade estatal compete com os demais particulares,

pretendendo obter a concessão para ampliação de seus lucros. Nesse caso,

estarão presentes os pressupostos da concessão, o que tornará necessária a

prévia licitação e subordinará a entidade administrativa exatamente ao mesmo

regime reservado para o concessionário privado.122

Vistos, o histórico do Serviço Público, seu conceito,

princípios norteadores, suas classificações, bem como os requisitos e as formas

de concessão, passaremos, a partir de agora a estudar aquele que é para nós o

capítulo fundamental deste trabalho, que são as Agências Reguladoras.

121 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 509 122 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 509

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55

CAPITULO 3

DAS AGÊNCIAS REGULADORAS

3.1. CONCEITO

As Agências Reguladoras criadas até o momento têm a

natureza de autarquias especiais, integram a Administração Federal Indireta e são

vinculadas ao Ministério competente para tratar da respectiva atividade. Por

exemplo: a Agência Reguladora de telecomunicações vincula-se ao Ministério das

Comunicações.123

Segundo o autor Alexandre Santos de Aragão, Agências

Reguladoras são:

Autarquias de regime especial, dotadas de considerável

autonomia frente à Administração Centralizada, incumbidas do

exercício de funções regulatórias e dirigidas por colegiado cujos

membros são nomeados por prazo determinado pelo Presidente

da República, após prévia aprovação pelo Senado Federal,

vedada à exoneração ad mutum.124

Marçal Justen Filho corrobora com esse entendimento, e

acrescenta que:

Agência Reguladora independente é uma autarquia especial,

sujeita a regime jurídico que assegure sua autonomia em face da

Administração direta e investida de competência para a regulação

setorial125

Criadas como Autarquias sob regime especial,

considerando-se o regime especial como o conjunto de privilégios específicos que 123 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 76 124 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p. 275 125 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 466

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a lei outorga à entidade para a consecução de seus fins. No caso das Agências

Reguladoras até agora criadas no âmbito da Administração Federal esses

privilégios caracterizam-se basicamente pela independência administrativa,

fundamentada na estabilidade de seus dirigentes (mandato fixo), autonomia

financeira (renda própria e liberdade de sua aplicação) e poder normativo

(regulamentação das matérias de sua competência). Entendeu-se indispensável à

outorga de amplos poderes a essas autarquias, tendo em vista a enorme

relevância dos serviços por elas regulados e fiscalizados, como também o

envolvimento de poderosos grupos econômicos (nacionais e estrangeiros) nessas

atividades.126

Para o autor Thiago Cechini Brunetto, apud Luiza Helena

Moll, agências reguladoras podem ser definidas como:

Autarquias em regime especial, com personalidade jurídica própria, uma significativa independência e autonomia, definida sempre na lei que as instituiu, com poderes de supervisão, fiscalização e normatização das empresas às quais foram delegados os serviços públicos.127

3.1.1 HISTÓRICO

Com a extinção total ou parcial do monopólio estatal de

alguns serviços públicos e outras atividades e com a transferência total ou parcial,

ao setor privado, da execução de tais serviços e atividades. Mediante

concessões, permissões ou autorizações, surgiram no ordenamento brasileiro as

respectivas Agências Reguladoras. Assim, por exemplo a Emenda Constitucional

8/95 possibilitou que os serviços de telecomunicações, antes monopolizados,

fossem explorados diretamente pela União ou pelo setor privado, mediante

autorização, permissão ou concessão, e previu a criação, por lei, do respectivo

órgão regulador.

126 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 32 ed. São Paulo : Malheiros, 2006 .p. 353 127 MOLL, Luiza Helena (organizadora). Brunetto, Thiago Cechini. Agências de regulação do mercado. Porto Alegre : UFRGS, 2002. p. 80

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Tal denominação vem sendo usada no Brasil, recentemente,

por influência dos ordenamentos anglo-saxônicos, sobretudo. Na Inglaterra, a

partir de 1834, floresceram entes autônomos, criados pelo Parlamento para

concretizar medidas previstas em lei e para decidir controvérsias resultantes

desses textos; a cada lei que disciplinasse um assunto de relevo, criava-se um

ente para aplicar a lei. Os Estados Unidos sofreram influência inglesa e desde

1887, com a criação da “Interstate Commerce Commission”, tem inicio a

proliferação de agencies para a regulação de atividades, imposição de deveres na

matéria e aplicação de sanções; adquiriu muita fama a FDA (Food and Drugs

Administration), responsável pela regulação, fiscalização e imposição de

penalidades do âmbito da produção e comercialização de alimentos, cosméticos e

medicamentos.

Na França existem as autoridades administrativas

independentes, podendo-se notar que a expressão idêntica se encontra no art. 9º

da Lei. 9472, de 16.07.1997, que instituiu a Agência Reguladora de

telecomunicações. 128

3.2 FUNÇÕES

A regulação exercida pelas agências possui papel

fundamental no cumprimento das políticas determinadas pelo Estado, sua função

é gerencial (técnica) e de controle sobre os entes regulados.

A ação da regulação varia de acordo com o modelo do

Estado que a desenvolve, intervencionista ou regulador, porém deve sempre ter

em mente o mercado a ser regulado, os princípios da autonomia e da

especialidade, a transição dos monopólios, e principalmente o interesse público. 129

128 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. Atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006 p. 75 129 CARVALHO, Cristiano Martins de. Agências Reguladoras. Jus Navegandi, Teresina, ano 6, n. 54, fev. 2002. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2654 acesso em 22 ago. 2006

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Carvalho acrescenta que:

Deve sempre ser preservado o objetivo de harmonizar os

interesses do consumidor, como preço e qualidade, com os do

fornecedor, como a viabilidade econômica de sua atividade

comercial, como forma de perpetuar o atendimento aos interesses

da sociedade.130

Até o início da execução do programa de desestatização, o

Brasil contava apenas com regulações o Banco Central do Brasil, do Conselho

Administrativo de Defesa Econômica e da manutenção de estoques produtivos,

tais regulações eram realizadas basicamente com o aumento ou diminuição de

impostos para beneficiar este ou aquele setor, com o controle se fusões e

incorporações, e com a venda de produtos no mercado interno para o controle da

elevação de seus preços.

Após a instituição do programa, em 1997, foram criadas a

ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), ANP (Agência Nacional do

Petróleo) e a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), todas elas para a

regulação e controle de atividades até então exercidas pelo Estado como

monopólio.

A outorga aos entes privados, do direito de explorar

atividade essencialmente pública, se deu através da Lei de Concessões dos

Serviços Públicos, que regula a concessão destes serviços até então exercidos

pelo Estado.

Esta Lei cuidou de proteger os usuários de tais serviços,

assegurando-lhes o direito de receber do poder concedente e da concessionária

todas as informações necessárias para a defesa dos interesses individuais e

coletivos, o direito de denunciar as irregularidades que venha a tomar

130 CARVALHO, Cristiano Martins de. Agências Reguladoras. Jus Navegandi, Teresina, ano 6, n. 54, fev. 2002. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2654 acesso em 22 ago. 2006.

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conhecimento, e o de formar comissões e conselhos para a fiscalização dos

serviços prestados. 131

A criação das agências especializadas vem ocorrendo nas

esferas federais e estaduais, sendo a primeira formada com o objetivo de regular

os serviços de rede de larga escala e os de interesse nacional e a segunda

competente para regular todos os serviços concedidos ou permitidos pelos

estados membros e municípios, para a melhor adaptação às realidades regionais.

A autonomia e independência concedidas às Agências

Reguladoras são fundamentais para que a mesma possa exercer adequadamente

suas funções, vez que o maior bem jurídico sob tutela é o interesse comum, não

podendo estar sujeita às constantes intempéries políticas.

Em última análise, a função primordial das Agências

Reguladoras para o autor, é compatibilizar a qualidade do serviço prestado com a

tarifa a ser paga, tais elementos devem ser equivalentes e atender aos anseios da

sociedade, equacionando o serviço desejável com o preço que se dispõe a pagar.

Tal preço deve ser justo para ser baixo ao consumidor, e garantir adequada taxa

de retorno ao capital investido. 132

3.3 AGÊNCIAS REGULADORAS EM ESPÉCIE

Passaremos a estudar agora cada uma das Agências

Reguladoras existentes no Brasil a nível federal, vamos enfocar a lei que a criou,

o órgão a que esta vinculada e suas funções.

131 CARVALHO, Cristiano Martins de. Agências Reguladoras. Jus Navegandi, Teresina, ano 6, n. 54, fev. 2002. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2654 acesso em 22 ago. 2006. 132 CARVALHO, Cristiano Martins de. Agências Reguladoras. Jus Navegandi, Teresina, ano 6, n. 54, fev. 2002. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2654 acesso em 22 ago. 2006.

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3.3.1 AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL

A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL foi criada

pela Lei nº. 9.427 de 26 de dezembro de 1996, após, portanto, o inicio da

reestruturação do setor elétrico.

A Lei 9.427/96 foi regulamentada pelo Decreto nº. 2.235/97;

e o regime Interno da agência foi aprovado pela Portaria MME nº. 349/97.

A ANEEL compete o exercício das funções inerentes ao

Poder concedente dos serviços públicos de energia elétrica e do uso de

potenciais de energia elétrica (art. 3º, II, Lei nº. 9.427/96), tendo, como base no

art. 13 da Lei nº. 9.648/98 , autorizando o ONS – Operador Nacional do Sistema

Elétrico interligando, pessoa jurídica de direito privado de cunho associativo,

integrada por concessionários, permissionários, autorizatários e consumidores

livres, a coordenar e controlar as operações de geração e transmissão de energia

elétrica nos sistemas interligados (Resolução nº. 351/98).133

O autor Celso Antônio Bandeira de Mello acrescenta que a

ANEEL, ANATEL, ANTT e ANTAQ disciplinam e controlam Serviços Públicos

propriamente ditos.134

3.3.2 AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – ANATEL

A Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL, criada

pela Lei n. 9.472/97, regulamentada pelo Decreto nº. 2.338/97 e pela resolução

ANATEL nº. 270/01, que aprovou o seu Regimento Interno, é certamente a

agência reguladora que recebeu o arcabouço institucional mais apurado, prévio à

desestatização do setor e com uma definida divisão de competências entre os

133 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.275/276 134

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 17 ed. Ver. e atual.São Paulo : Malheiros, 2003. p. 157

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diversos agentes e órgãos públicos com competências na área (arts. 10,18 e 19

da Lei nº. 9427/97).

A ANATEL , tem entre as suas competências implementar a

política nacional de telecomunicações, exercer as funções de Poder Concedente

no setor (ex.; celebrando os contratos de concessão), expedir normas quanto à

outorga de serviços no regime público e à prestação dos serviços no regime

privado, normatizar os padrões dos equipamentos utilizados pelas prestadoras de

serviços de telecomunicações e expedir normas que assegurem a interconexão

entre as redes, como instrumento de garantir a concorrência no setor (art. 19).135

3.3.3 AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO – ANP

A Agência Nacional do Petróleo – ANP foi criada pela Lei nº.

9478/97, regulamentada pelo Decreto nº. 2.455/98, que também aprovou o seu

Regimento Interno. As competências no setor são compartilhadas pela agência,

pelo Presidente da República e pelo Conselho Nacional de Política Energética.

A estes, compete à fixação das políticas públicas gerais do

setor, e à ANP a expedição de normas e atos concretos para a sua

implementação (arts. 1º, 2º e 7º, Lei nº. 9.478/97), ressalvados alguns casos em

que a Lei confere diretamente ao Presidente da república algumas competências

específicas, como, por exemplo, para a definição dos critérios para o cálculo do

valor dos Royalties. Note-se que mesmo a competência do Conselho Nacional de

Política Energética quanto ao estabelecimento das políticas públicas gerais para o

setor é meramente a de propô-las ao Presidente da República (art. 2º, caput, Lei

nº. 9.478/97).

De toda sorte, observa o professor Carlos Ari Sundfeld que

no setor do petróleo o papel dos regulamentos presidenciais ficou reduzido, em

função da outorga de parte dos poderes normativos à Agência. Mesmo assim, há

135 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.277

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regulamentos sobre a estruturação e funcionamento da Administração (o

Conselho Nacional de Política Energética é objeto do Decreto nº. 2.457; e a

Agência Nacional do Petróleo do Decreto nº. 2.455, ambos de 1988; o

procedimento sancionatório da ANP no exercício da regulação é tema do de

Decreto nº. 2.953, de 1999), sobre as participações financeiras governamentais

na exploração do petróleo, derivados e gás (Decreto nº. 2.705, de 1988) e sobre a

exportação do petróleo, derivados e gás (Decreto nº. 2.705, de 1998). 136

O mais, afirma o Professor Carlos Ari Sundfeld, apud

Aragão:

São portarias da ANP, editadas com o poder normativo para

regulação conferido pela Lei do Petróleo e versando assuntos

como à licitação de blocos para a exploração de petróleo, a

construção e operação de refinarias, as instalações de transporte,

o direito de uso de gasoduto alheio, e assim por diante137

Celso Antônio Bandeira de Mello, observa que a ANP tem a

finalidade de disciplinar e controlar as atividades exercitáveis para promover a

regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes

da industria do petróleo”138

Para cada espécie ou fase da atividade petrolífera a Lei do

Petróleo dá uma disciplina distinta, razão pela qual é de grande relevância

distinguir-mos: (a) exploração (ou pesquisa), na qual a empresa procura por

petróleo em blocos ou áreas pré-delimitadas; (b) produção ou lavra, pela qual o

petróleo e extraído da jazida; (c) importação e exportação, sendo que aquela,

tal como a produção , concorre para o suprimento interno do produto; (d) refino,

processo pelo qual o petróleo deve passar para poder ser utilizado; (e)

transporte: para que o petróleo bruto ou seus derivados cheguem aos seus

destinos. “O transporte pode se dar de várias formas. Há os meios fixos, os

136 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.277 137 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.278 138

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 17 ed. Ver. e atual.São Paulo : Malheiros, 2003. p. 157

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condutos (o oleoduto e o gasoduto). Há os meios móveis, sendo os navios os

principais” e (f) distribuição: para que os derivados do petróleo cheguem aos

consumidores deve haver “a distribuição de derivados do petróleo, uma espécie

de revenda destes derivados no atacado” e (g) revenda: “os consumidores finais

são atingidos pela atividade de revenda de derivados de petróleo”, feita na

maioria das vezes pelos “postos de gasolina”.

Apenas as atividades de exploração e produção (letras “a” e

“b”) foram submetias à concessão, tendo sido exigida para as demais (letra “c” a

“g”) a prévia autorização. 139

3.3.4 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA foi

criada pela Lei nº. 9.782/99, regulamentada pelo Decreto nº. 3.029/99 e pela

Portaria ANVISA nº. 593/00, que aprovou o seu Regimento Interno.

A atribuição para estabelecer a política pública geral do setor

é do Ministério da saúde (art. 2º, § 1º, Lei nº. 9.782/99), por proposta da ANVISA

(art. 15, I), cabendo ainda à agência, contudo, amplas competências, inclusive

normativas, em largos setores econômicos privados que geral potencial de risco à

saúde pública, como os medicamentos, tabaco, alimentos, bebidas, equipamentos

de exames médicos, etc. (cf.art. 15 c/c Anexo II da Lei nº. 9.782/99). Nesta seara

também lhe é atribuída uma série de competências de poder de polícia,

autorizativa e repressiva.

O art. 12 dispõe que a exoneração dos membros da

Diretoria colegiada da Agência (arts.10 a 14) só poderá ser promovida nos quatro

meses iniciais do mandato, findos os quais será assegurado seu pleno e integral

exercício, salvo nos casos de prática de ato de improbidade administrativa, de

139 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.278/279

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condenação penal transitada em julgado e de descumprimento injustificado do

contrato de gestão da autarquia.140

3.3.5 AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR – ANS

A Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, instituída

pela Lei nº. 9.961/00, regulamentada pelo Decreto nº. 3.327/00 e pela resolução

RDC (ANS) nº. 593/00, que aprovou o seu Regimento Interno, compete à

regulação dos planos de saúde privados, sempre observadas as finalidades

consignadas nas Leis nº. 9.656/98 e 9.961/00 e as políticas públicas traçadas pelo

Conselho Nacional de Saúde Suplementar – CONSU (4º, I, Lei nº. 9.961/00). Para

este mister lhe são assegurados amplos poderes normativos, inclusive sobre as

relações contratuais entre os indivíduos e as empresas de saúde, assim como lhe

são conferidas relevantes competências de polícia administrativa, notadamente

de cunho sancionatório e autorizativo (art. 4º).

De fato, compete à Agência autorizar o registro e o

funcionamento das empresas de planos de privados de assistência à saúde (art.

4º XX e XXII, Lei nº. 9.961/00, e arts. 8º e 19, Lei nº. 9.656/98), exercendo ampla

e permanente normatização e fiscalização sobre os mais diversos aspectos de

suas atividades, estabelecendo, até mesmo, as condições gerais para o exercício

de cargos de Direção destas empresas (art. 4º, II a VII, XVIII, XXIII a XXXI e § 2º,

Lei nº. 9.961/00).

É importante notar que a legislação da ANS representa uma

forte intervenção estatal sobre a atividade econômica privada (não se trata de

Serviço Público) dos planos de saúde, o que, mais uma vez, demonstra que a

criação de agências reguladoras no Brasil não se deu somente na senda de uma

desestatização / desregulação. No caso ora, a instituição da Agência propiciou,

140 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004 p.279/280.

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exatamente um grande aumento da intervenção e regulação estatal sobre

atividade da iniciativa privada.

Uma observação importante deve ser feita para afirmar que,

ao contrário do que pode à primeira vista parecer, à ANS não cabe simplesmente

tutelar os interesses dos consumidores. O art. 3º da Lei nº. 9.961/98 é claro ao

enunciar que “a ANS terá por finalidade institucional promover a defesa do

interesse público na assistência suplementar à saúde”. É natural que, na

avaliação deste “interesse público”, os interesses dos consumidores devem ser

considerados, mas não com exclusividade. 141

3.3.6 AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA

A Agência Nacional de Águas – ANA foi criada pela lei nº.

9.984/00 e regulamentada, inclusive regimentalmente, pelo Decreto nº. 3.692/00,

inserindo-se no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, cujo

principal diploma é a Lei nº. 9.433/97. Na execução desta Política somam-se

diversos órgãos e entidades federais, estaduais, municipais, governamentais,

semi-governamentais e da sociedade civil (arts.32 a 48, lei nº. 9.433/97).

A quantidade de órgãos e entidades envolvidos é um dos

fatores que faz com que a ANA tenha, se comparada com as demais agências, o

arcabouço institucional mais intricado. A sua atuação também ficou muito

prejudicada pelo retardo na aprovação dos Planos de Recursos Hídricos previstos

nos arts. 6º a 8º da Lei nº. 9.433/97, condição para o exercício de várias de suas

competências.

141 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.280/281

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As suas principais funções consistem na supervisão da

implementação da Política Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (art.

4º, I, Lei nº. 9.984/00), estabelecendo, inclusive, as normas de controle e

avaliação dos seus instrumentos (art. 4º, I Lei nº. 9.984/00) e as condições de

operação de reservatórios por agentes públicos e privados, visando a garantir o

uso múltiplo dos recursos hídricos (art. 4º, XII, Lei nº. 9.984/00). Também

compete à ANA outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de

recursos hídricos em corpos de águas de domínio da União (art. 4º, IV, Lei nº.

9.984/00).

Assim, a ANA tem uma competência nacional, relacionada

com a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, e uma

competência estritamente federal de outorga do uso de águas da União.

No exercício das suas competências deverá atender à

Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecida pela Lei nº. 9.433/97 e

complementada pelas diretrizes do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (art.

35, VI, Lei nº. 9.984/00). 142

3.3.7 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT e

AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS - ANTAQ

Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT e a

Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ foram criadas pela Lei nº.

10.233/01, possuindo modelos e competências paralelas, cada uma no seu

âmbito competencial, atuando com independência administrativa, observadas,

contudo, as políticas formuladas pelo Conselho Nacional de Integração de

Políticas de Transporte e pelo Ministério dos Transportes (arts. 20 e 21, § 2º).

Note-se que a Mensagem Legislativa originariamente

enviada pelo poder Executivo era prevista apenas uma agência reguladora de

transportes. A cisão em duas agências decorreu de emendas parlamentares, o

que certamente propiciaria questionamentos quanto à constitucionalidade da lei

142 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.281/282

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frente ao art. 61, § 1º, ‘e’, CF, que de toda sorte, já foi sanada pela edição da

Medida Provisória nº. 2.217-3/01.

Constitui-se a esfera de atuação da ANTT o transporte

ferroviário de passageiros e cargas ao longo do Sistema Nacional de Viação; a

exploração da infra-estrutura ferroviária e o arrendamento dos ativos operacionais

correspondentes; o transporte rodoviário interestadual e internacional de

passageiros ; o transporte rodoviário de cargas; a exploração da infra-estrutura

rodoviária federal; o transporte multimodal; e o transporte de cargas especiais e

perigosas em rodovias federais (art. 22).

No exercício destas competências caberá à ANTT, entre

outras atribuições, editar atos de outorga e de extinção de direito de exploração

de infra-estrutura e de prestação de serviços de transporte terrestre; elaborar e

editar normas e regulamentos relativos à exploração de vias e terminais; proceder

à revisão e ao reajuste de tarifas dos serviços prestados; fiscalizar a prestação

dos serviços e a manutenção dos bens arrendados, cumprindo e fazendo cumprir

as cláusulas e condições avençadas nas outorgas e aplicando penalidades pelo

seu descumprimento; estabelecer padrões e normas técnicas complementares

relativas às operações de transportes terrestres de cargas especiais e perigosas;

publicar os editais, julgar as licitações e celebrar os contratos de concessão para

prestação de serviços de transporte ferroviário e rodoviário interestadual e

internacional; autorizar o transporte de passageiros, realizado por empresas de

turismo, com a finalidade de turismo; autorizar o transporte de passageiros, sob

regime de fretamento; e habilitar o transportador internacional de carga (art. 24 a

26).143

A ANTAQ tem como objeto da regulação por ela

empreendida a navegação fluvial, lacustre, de travessia, de apoio marítimo, de

apoio portuário, de cabotagem e de longo curso; os portos organizados; os

terminais portuários privativos; e o transporte aquaviário de cargas especiais e

perigosas (art. 23).

143 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.283/284

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Neste âmbito incubirá à ANTAQ inclusive, elaborar e editar

normas e regulamentos relativos à prestação de serviços de transporte e à

exploração da infra-estrutura aquaviária e portuária; celebrar atos de outorga de

permissão ou autorização de prestação de serviços de transporte pelas empresas

de navegação fluvial, lacustre, de travessia, de apoio marítimo, de apoio portuário,

de cabotagem e de longo curso; controlar, acompanhar e proceder à revisão e ao

reajuste de tarifas, nos casos de Serviços Públicos de transporte de passageiros,

estabelecer normas e padrões a serem observados pelas autoridades portuárias;

publicar os editais, julgar as licitações e celebrar os contratos de concessão para

a exploração dos portos; autorizar projetos e investimentos no âmbito das

outorgas estabelecidas; e estabelecer padrões e normas técnicas relativos às

operações de transporte aquaviário de cargas especiais e perigosas (art. 27).144

3.3.8 AGÊNCIA NACIONAL DO CINEMA - ANCINE

A Agência Nacional do Cinema – ANCINE foi criada, antes

da promulgação da Emenda Constitucional nº. 32/01, pela Medida Provisória nº.

2.219/01. Apesar das discussões que podem advir, entende-se que como as

medidas provisórias têm força de lei, foi atendido o requisito estabelecido pelo art.

37, XIX, CF, pelo qual, as autarquias devem ser criadas por lei.

O art. 5º qualificou a ANCINE como uma autarquia especial

de fomento, regulação e fiscalização da industria cinematográfica e

videofonográfica, dotada de autonomia administrativa e financeira.

Entre as atribuições relevantes da ANCINE, todas a serem

exercidas de acordo com a Política traçada pelo Conselho Superior de Cinema

(art. 3º), podemos destacar a de estabelecer as normas de adaptação de obras

cinematográficas ou videofonográficas publicitárias estrangeiras para que sejam

divulgadas no país (art. 25); promover a integração de atividades governamentais

144 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.284

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relacionadas a industria cinematográfica e videofonográfica nacional por meio de

fomento à produção, à distribuição e à exibição nos diversos segmentos de

mercado; estimular a diversificação da produção cinematográfica e

videofonográfica nacional e o fortalecimento da produção independente e das

produções regionais; garantir a participação diversificada de obras

cinematográficas e videofonográficas estrangeiras no mercado brasileiro; garantir

a participação das obras cinematográficas e videofonográficas de produção

nacional em todos os segmentos do mercado interno e estimular no mercado

externo; executar a política nacional de fomento ao cinema; fiscalizar o

cumprimento da legislação referente à atividade cinematográfica e

videofonográfica nacional e estrangeira nos diversos segmentos de mercados, na

forma do regulamento; promover o combate a pirataria de obras audiovisuais ;

aplicar multas e sanções, na forma da lei; regular, na forma da lei, as atividades

de fomento e proteção à industria cinematográfica e videofonográfica nacional,

resguardando a livre manifestação do pensamento, da criação, da expressão e da

informação; e estabelecer critérios para a aplicação de recursos de fomento e

financiamento à industria cinematográfica e videofonográfica acional (arts. 6º e

7º).

Podemos constatar que as competências da ANCINE são

mais de fomento do que regulação propriamente dita, o que, todavia, não a

descaracteriza como agência reguladora. Além da qualificação expressa conferida

pelo art. 5º, o fato de possuir menos competências regulatórias que as demais

agências reguladoras, não faz que não possa ser considerada como tal, até

porque não há agências reguladoras que exerçam apenas competências

regulatórias. 145

145 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.285

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Nesse entendimento, acrescenta Celso Antônio Bandeira de

Mello: A ANCINE, tem a finalidade de disciplinar e controlar as atividades de

fomento e fiscalização de atividade privada146

Trata-se portanto, de uma questão apenas de quantidade

das suas competências regulatórias. Note-se, inclusive, que, além de

competências normativas e de polícia administrativa expressamente conferidas à

ANCINE, também possui competências regulatórias inferidas da sua atribuição de

executar e implementar a Política Nacional do Cinema; para fazê-lo terá,

naturalmente, que regular o setor (implied powerd doctrine).

Quanto à autonomia orgânica, à ANCINE foi dada a mesma

disciplina das demais agências reguladoras – especialidade técnica, mandatos

fixos não coincidentes prévia aprovação do Senado Federal, etc. (art. 8º). Na

Medida Provisória nº. 2.219/01 não há, contudo, vedação expressa da

exoneração ad mutum dos membros da Diretoria Colegiada da ANCINE.

Este silêncio não pode nos levar a crer que possam ser

exonerados ad mutum, já que lhes é aplicável à disciplina geral do art. 9º da lei nº.

9.986/00. 147

3.3.9 AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL – ANAC

A Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, foi criada pela

Lei nº. 11.182 de 27/09/2005, autarquia de regime especial, vinculada ao

Ministério da Defesa, com as atribuições, dentre outras, de regular e fiscalizar as

atividades da aviação civil e de infra-estrutura aeronáutica e aeroportuária; e de

implementar, no âmbito de sua competência, a política de aviação civil. A ANAC

tem sede e foro no Distrito Federal, podendo instalar suas unidades

administrativas regionais.

Deve-se notar que nem todas as Agências dizem respeito

propriamente à regulação e fiscalização de Serviços Públicos, cuja execução foi 146

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 17 ed. Ver. e atual.São Paulo : Malheiros, 2003. p. 157 147 ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.285/286

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transferida ao setor privado mediante concessão, permissão, autorização, ou

cuidam da regulação de atividades resultantes da quebra, total ou parcial, de

monopólios estatais.

A gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras

tem suas diretrizes fixadas na Lei 9.986, de 18.07.2000, que teve vários artigos

revogados ou por leis ou por medidas provisórias posteriores.148

Segue, quadro com as referidas Agências Reguladoras, a

Lei e a data da criação de cada uma delas:

Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL - Lei 9.427

de 26.12.1996

Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL - Lei

9.472 de 16.07.1997

Agência Nacional do Petróleo - ANP - Lei 9.478 de

06.08.1997

Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA - Lei

9.782 de 26.01.1999

Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS - Lei

9.961 de 28.01.2000

Agência Nacional de Águas- ANA - Lei 9.984 de

17.07.2000

Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT - Lei

10.233 de 05.06.2001

Agência Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ -

Lei 10.233 de 05.06.01

148

MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 10 ed. Ver. atual. e ampl. São Paulo : Revista Tribunais, 2006. p. 77

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Agência Nacional do Cinema - ANCINE - Lei 2.228 de

06.09.2001

Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC - Lei 11.182 de

27.09.2005

3.4 AGÊNCIAS REGULADORAS ESTADUAIS

No movimento da desestatização, os Estados-membros

também delegaram uma série de Serviços Públicos de sua titularidade, tendo

criado, muitas vezes, uma agência para regular a sua exploração pela iniciativa

privada.

Há título de exemplo, apenas apresentaremos a Agência

Reguladora criada pelo Estado de Santa Catarina e também a única agência

municipal criada no país até então que se tem notícia, as demais poderão vir a ser

objeto de estudos futuros:

3.4.1 AGÊNCIA CATARINENSE DE REGULAÇÃO E CONTROLE – SC / ARCO

Criada pela Lei Estadual nº. 11.355, 18 de janeiro de 2000,

os conselheiros, quatro deles indicados por órgãos da sociedade civil, serão

nomeados pelo Governador do Estado após homologação da Assembléia

legislativa, para mandato com prazo certo; a exoneração poderá ocorrer após

competente processo administrativo e manifestação da Assembléia Legislativa

(art. 7º).149

149 ARAGÃO, Alexandre Santos de. Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p. 288.

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3.5 AGÊNCIAS REGULADORAS MUNICIPAIS

A única Agência Reguladora municipal da qual até o

momento se tem conhecimento é a Agência Municipal de Regulação dos Serviços

de Saneamento de Cachoeiro de Itapemirim – AGERSA, criada pela lei municipal

nº. 4.798/99, que, nos moldes da Lei nº. 9.472/97, que instituiu a ANATEL, a

qualifica como “autoridade administrativa independente” (art. 4º) e admite a perda

do mandato dos seus dirigentes apenas nos casos enumerados no art. 20.

Vemos, assim, que, se por um lado, as delegações dos

serviços de transportes de passageiros continuam sendo objeto de uma regulação

centralizada, por outro, as controvérsias quanto à competência para a prestação

dos serviços de água e esgoto – se estadual ou municipal, têm dificultado a

criação de agências reguladoras neste setor. 150

3.6 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E MODO DE FUNCIONAMENTO

Quanto ao aspecto organizacional, as Agências Reguladoras

foram criadas como Autarquias sob regime especial, considerando-se o regime

especial como o conjunto de privilégios específicos que a lei outorga à entidade

para a consecução de seus fins.151

Sua direção foi entregue ao cargo do Diretor-Geral

acompanhado de um colegiado de diretores outros. Há também um ouvidor, a

cargo de quem fica a incumbência de zelar pela qualidade do serviço prestado

pelas empresas privadas, bem como de solucionar eventuais problemas e

reclamações dos consumidores e usuários do serviço. O Diretor-Geral é de

exclusiva nomeação pelo Presidente da República, pelo que, se deve seguir a

aprovação pelo Senado Federal, com base no art. 52,III, f, da Constituição

150 ARAGÃO, Alexandre Santos de. Agências Reguladoras e a evolução do direito administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004. p.290 151 MEIRELES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo : Malheiros, 2002. p.340

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Federal de 1988 e, genericamente, das leis de criação das agências, como a Lei

9.427/96 que cria a Aneel ou a Lei 9.472/97, que dá origem a Anatel.152

A autonomia das Agências Reguladoras pode ser ampliada

nos termos de contrato de gestão. É o que prevê, o art. 7º da Lei nº. 9427/96,

instituidora da Aneel.153

Quanto ao modo de funcionamento, a Lei 9.986/00, que

dispunha sobre a gestão dos recursos humanos em seu artigo 5º, afirmava que os

membros de alto escalão serão brasileiros de reputação ilibada, formação

universitária e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para os

quais serão nomeados.154

Di Pietro acrescenta, que em relação à atuação:

A independência em relação ao Poder Judiciário praticamente não

existe visto que a agência pode dirimir conflitos em ultima

instância administrativa, da mesma forma que outros órgãos

administrativos, mas isto não impede e não pode impedir o

controle das suas decisões pelo Poder Judiciário.155

Tendo em vista a norma do art. 5º, XXXV. Então, qualquer

tipo de lesão ou ameaça de lesão pode ser levada independentemente ao

judiciário.

Alexandre Moraes, corrobora, dizendo que:

A atual Constituição afastou a necessidade da jurisdição

condicionada (ou instância administrativa de curso forçado) de

modo que não há qualquer exigência de exaurir a esfera

administrativa para posterior ingresso e apreciação pelo Poder

Judiciário156

152 MORAES, Alexandre de. Agências reguladoras. São Paulo : Atlas, 2002. p.26-27 153 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Reforma do Estado: O papel das Agências Reguladoras e Fiscalizadoras, in: Agências Reguladoras, Alexandre de Moraes (organizador). São Paulo: Atlas, 2002. p.140 154 DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito Administrativo. 17 ed. São Paulo : Atlas, 2004. p. 404 155 DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito Administrativo. 17 ed. São Paulo : Atlas, 2004. p. 405 156 MORAES, Alexandre de. Agências reguladoras. São Paulo : Atlas, 2002. p.13

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Não há que se falar em independência também frente ao

Poder Legislativo visto que os atos normativos destes entes não podem conflitar

em nenhuma hipótese com normas constitucionais e legais, tendo nelas seu limite

de atuação, estando ainda sujeitas ao controle do Congresso conforme leitura do

art. 49, inciso X, da CF/88, e ao controle financeiro, contábil e orçamento,

exercido pelo Legislativo por meio do Tribunal de Contas; com base no art. 70 e

seguintes da Constituição Federal.

3.7 CONTROLE PELO PODER EXECUTIVO E JUDICIÁRIO

Uma questão que se põe no exercício da função executiva

das agências é a sua relação com as diretrizes políticas expedidas pela chefia do

Poder Executivo ou por agentes que dele recebem delegação. Por força de lei, as

agências deverão implementar políticas traçadas pelos órgãos da Administração

direta. A Lei da ANP (Lei nº. 9.478/97) prevê que o Conselho Nacional de Política

Energética (art. 7º, I) deverá fixar tais diretrizes; a Lei da ANEEL (Lei nº. 9.427/96)

atribui ao próprio Ministério das Minas e Energia essa competência (art. 2º); a Lei

da ANATEL (Lei nº. 9.472/97) determina que a agência envie ao Ministério das

Telecomunicações relatórios periódicos, além de submetê-la a auditorias

operacionais levadas a cabo pelo Ministério referido (art. 19, XXIX e XXX).

Por outro lado, as mesmas leis registram que as agências

não mantêm vinculo hierárquico ou decisório com a Administração direta ou com

qualquer órgão governamental (art. 8º, § 2º da Lei da ANATEL; art. . 1º, parágrafo

único, da Lei da ANS), sequer havendo revisão de recurso hierárquico impróprio,

contra suas decisões, dirigido à Administração direta. Ao contrário, o que se extrai

das diversas normas que cuidaram do assunto é que as agências reguladoras

funcionam como ultima instância administrativa para o julgamento dos recursos

contra seus atos (art. 19, XXV, da Lei nº. 9.472/97; art. 15, VII, § 2º, da Lei nº.

9.782/99; e art. 3º, V, da Lei nº. 9.427/96).157

157 BARROSO, Luis Roberto. Agências Reguladoras. Constituição, Transformações do Estado e Legitimidade Democrática. Revista Forense, Rio de Janeiro, Vol. 365 – p.97-, (jan/fev 2003).

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Assim, não será possível o controle administrativo pela via

do recurso hierárquico impróprio, sendo em princípio inadmissível que as

decisões tomadas pelas agências possam ser revistas ou modificadas por algum

agente político (Ministro ou Secretário de Estado). O controle do Executivo sobre

as agências reguladoras limita-se, como regra, à escolha de seus dirigentes, sob

pena de se ofender a autonomia que lhes é assegurada pelas leis instituidoras. A

subordinação seria incompatível com a implementação eficiente da regulação de

atividades que mobilizam interesses múltiplos do Estado, como empresário,

arrecadador de tributos ou agente social. Mas a questão não é tão simples.

É que, se couber às agências a determinação integral das

políticas públicas do setor regulado, pouco restará ao Chefe do Executivo em

termos de competência decisória, valendo lembrar que é ele quem detém a

legitimidade democrática, recebida nas eleições, para exercer a função

administrativa.158

O exercício de função decisória merece atenção especial.

Como referido, as agências reguladoras costumam ser autorizadas por lei a

dirimir tanto controvérsias nas quais, o poder concedente é parte – hipótese em

que se instaura um contencioso administrativo normal, com a possibilidade de

recurso ao judiciário em seguida – quanto as que se instaurem entre dois ou mais

particulares, sejam concessionários ou empresas do setor, seja entre essas

empresas e seus usuários, exercendo a função decisória tal como um árbitro.

Como se sabe, o sistema brasileiro é o da jurisdição una,

vale dizer, vige o princípio da inafastabilidade do acesso ao Poder Judiciário (art.

5º XXXV, da CF). A princípio, portanto, não é possível impedir que as decisões

das agências reguladoras sejam submetidas à apreciação judicial. De outra parte,

o controle judicial do ato administrativo, consoante doutrina tradicional, seria

limitado aos aspectos de legalidade, não alcançando o mérito da decisão

administrativa.

158 BARROSO, Luis Roberto. Agências Reguladoras. Constituição, Transformações do Estado e Legitimidade Democrática. Revista Forense, Rio de Janeiro, Vol. 365 – p.97-98, (jan/fev 2003).

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O conhecimento convencional no sentido de não ser

possível exercer controle de mérito sobre os atos administrativo tem cedido passo

a algumas exceções qualitativamente importantes, geradas no âmbito do pós-

positivismo e da normatividade dos princípios. Nesta nova realidade, destacam-se

princípios com reflexos importantes no Direito Administrativo, dentre os quais o da

razoabilidade, da moralidade e da eficiência. Á luz desses novos elementos, já

não é mais possível afirmar, de modo peremptório, que o mérito do ato

administrativo não é passível de exame. Isso porque verificar se alguma coisa é,

por exemplo, razoável – ou seja, se há adequação entre meio e fim, necessidade

e proporcionalidade – constitui, evidentemente, um exame de mérito. 159

Em suma: a doutrina convencional em tema de controle dos

atos administrativos, aí incluídos os das agências reguladoras, não perdeu a

validade, mas sofre as exceções importantes. Sem embargo, no tocante às

decisões as agências reguladoras, a posição do Judiciário deve ser de relativa

auto-contenção, somente devendo invalidá-las quando não possam resistir aos

testes constitucionalmente qualificados, como os de razoabilidade ou moralidade,

já mencionados, ou outros, como os a isonomia e mesmo o da dignidade da

pessoa humana. Notadamente no que diz respeito a decisões informadas por

critérios técnicos, deverá agir com parcimônia, sob pena de se cair no domínio da

incerteza e do subjetivismo.160

Neste capítulo, estudamos mais a fundo a questão

conceitual, histórico, funções, Agências Reguladoras em espécie, estrutura

organizacional, modo de funcionamento, controle pelo poder executivo e

judiciário, o que nos levou a ter um entendimento maior sobre essas autarquias.

159 BARROSO, Luis Roberto. Agências Reguladoras. Constituição, Transformações do Estado e Legitimidade Democrática. Revista Forense, Rio de Janeiro, Vol. 365 – p.98, (jan/fev 2003). 160 BARROSO, Luis Roberto. Agências Reguladoras. Constituição, Transformações do Estado e Legitimidade Democrática. Revista Forense, Rio de Janeiro, Vol. 365 – p.100-101, (jan/fev 2003).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo investigar, à luz da

legislação e da doutrina, As Agências Reguladoras. O interesse pelo tema

abordado deu-se em razão do autor ser Servidor Público Estadual, e em virtude

de um convênio entre o Corpo de Bombeiros de Santa Catarina e a Agência

Nacional do Petróleo (ANP) desde 2003, passou a desempenhar atividade de

fiscalização, sob a tutela da referida agência.

Em função do estudo prolongado e dos conhecimentos

adquiridos durante a elaboração desta monografia, restou-nos a certeza de que

nossas atividades realizadas junto a ANP serão melhor desenvolvidos.

Outro motivo que nos levou a estudar mais profundamente

esse tema é, o desconhecimento que se tem em relação a essas agências no

contexto nacional, ou seja, quando ocorre algum fato relevante no Brasil, como os

casos do “apagão”, quando boa parte do país enfrentou racionamento de energia

elétrica, ou as constantes alta nos preços dos combustíveis ou ainda mais recente

a queda do Boeing da empresa aérea Gol que vitimou mais de 150 pessoas,

ouve-se falar em uma agência reguladora, mas que não se sabe de onde surgiu,

e principalmente qual a função.

Tentando esclarecer algumas dessas questões, dividiu-se

esse trabalho em 3 capítulos:

No Capítulo 1, tratou-se da Administração Pública, e pode-

se constatar que esta possui no artigo 37 da Constituição Federal seu

fundamento, ocorre nas três esferas , Federal, Estadual e Municipal e é dirigido

aos três poderes, embora se saiba que não há poder Judiciário em âmbito

Municipal, bem como, inexiste administração indireta nos poderes legislativo e

judiciário, verifica-se ai um lapso do legislador.

Observou-se que para que a Administração Pública funcione

de acordo com o que se espera, deve nortear-se pelos princípios da legalidade,

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impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, princípios explícitos na

Constituição Federal, bem como, outros princípios implícitos, mas também de

fundamental importância, como o da preponderância do interesse público,

indisponibilidade do interesse público, proporcionalidade, e o da motivação.

Tratamos ainda, nesse capítulo da Administração Direta e

Indireta nas três esferas, enfocamos, os órgãos integrantes da Administração

Pública Indireta, que são as Autarquias, que posteriormente serviu de parâmetro

para as Agências Reguladoras, as Fundações, as Empresas Públicas e por fim as

Sociedades de Economia Mistas.

No Capítulo 2, tratou-se do Serviço Público, que também foi

recepcionado pela Constituição Federal no art. 37 § 3º, I e 175, procurou-se

abordar o histórico do serviço público no Brasil, o conceito de serviço público, os

princípios que regem o serviço público, posteriormente abordou-se a classificação

de serviço público, os requisitos para concessão do serviço público, para ao final

atingir-se as formas de concessão do serviço público.

No capítulo 3, abordamos as Agências Reguladoras

propriamente dita, buscamos, o conceito dessa categoria segundo a doutrina, o

histórico desde o surgimento na Inglaterra a partir de 1834, quando entes

autônomos foram criados pelo parlamento para concretizar medidas previstas em

lei e para decidir controvérsias resultantes desses textos, os Estados Unidos, por

sua vez, sofreram a influência anglo-saxônica e passaram a adotar esse tipo de

agência no seu ordenamento, até chegarmos a 1996 quando a primeira Agência

Reguladora foi criada no Brasil, através da Lei 9.427/96 que deu origem a ANEEL,

tendo como objetivo, o de reestruturar o setor elétrico.

Estudou-se cada uma das Agências Reguladoras existentes

no Brasil a nível Federal, e apenas a título ilustrativo citamos que alguns Estados

também criaram suas agências reguladoras, exemplificamos o Estado de Santa

Catarina que criou a Agência Catarinense de Regulação e Controle – SC / ARCO,

criada pela Lei Estadual nº. 11.355 de 18 de janeiro de 2000, e ainda uma única

agência municipal de que se tem notícia, criada pela lei Municipal nº. 4.798/99 de

Cachoeiro de Itapemirim, idealizada aos moldes da ANATEL .

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Em seguida, verificamos a estrutura organizacional, e

observamos que as agências reguladoras foram criadas como autarquias sob

regime especial, considerando-se o regime especial como o conjunto de

privilégios específicos que a lei outorga à entidade para a consecução de seus

fins, em seguida analisamos o modo de funcionamento, onde a lei 9.986/00

dispõe sobre a gestão dos recursos humanos.

Ao final analisamos o controle por parte do Poder Executivo

e Judiciário, e constatamos que as Agências Reguladoras não mantém vinculo

hierárquico ou decisório com a Administração Direta ou com qualquer outro órgão

governamental, entretanto, a de se salientar que o Judiciário não exerce controle

sobre as Agências Reguladoras, porém pelo princípio da inafastabilidade do

acesso ao Poder judiciário (art. 5º XXXV da CF), não se pode impedir que as

decisões tomadas por tais agências, sejam submetidas á apreciação do

Judiciário, que segundo a melhor doutrina tem alcance apenas quanto aos

aspectos de legalidade, não alcançando o mérito da decisão administrativa.

Após um profundo estudo acerca dos 3 capítulos referidos,

pode-se responder aos questionamentos formulados na introdução deste

trabalho.

O primeiro é se as Agências Reguladoras se enquadram nos

tipos de entidades já existentes no Estado brasileiro?

Esta hipótese restou confirmada, pois, as Agências

Reguladoras são consideradas pela doutrina como Autarquias, mas de regime

especial, o que as diferenciam das demais, é que, possuem considerável

autonomia frente à Administração Centralizada, fundamentada na estabilidade de

seus dirigentes que possuem mandato fixo, autonomia financeira (renda própria e

liberdade de sua aplicação), e poder normativo (regulamentação das matérias de

sua competência).

O legislador entendeu indispensável à outorga de amplos

poderes a essas Autarquias, tendo em vista a enorme relevância dos serviços por

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elas regulados e fiscalizados, como também o envolvimento de poderosos grupos

econômicos (nacionais e estrangeiros) nessas atividades.

A segunda hipótese levantada, foi que se no ordenamento

jurídico brasileiro uma única norma da criação as agências reguladoras?

A hipótese se confirmou, pois cada Agência Reguladora é

criada a partir de uma lei específica que as institui, com poderes de supervisão,

fiscalização e normatização das empresas às quais foram delegados os Serviços

Públicos.

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REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

ALVES, Francisco de Assis. Fundações, organizações sociais, agências

executivas. São Paulo : LTR, 2000

ARAGÃO, Alexandre Santos de, Agências Reguladoras e a evolução do direito

administrativo econômico. Rio de Janeiro : Forense, 2004

ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito

Constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2001

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de

outubro de 1988. Obra de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de

Antônio Luiz de Toledo Pinto,Márcia Cristina Vaz dos santos Windt e Lívia

Céspedes. 32 ed. São Paulo: Saraiva 2003.

BRASIL, Decreto-Lei nº. 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a

organização da Administração Federal.Diário Oficial da República Federativa

do Brasil, Brasília, DF, 27, Fevereiro de 1967. Disponível em : <

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/_quadro.htm> acesso

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BRASIL, Decreto-Lei nº. 900, de 29 de setembro de 1969. Altera disposições do

Decreto-lei número 200, de 25 de fevereiro de 1967. Diário Oficial da República Federativa do

Brasil, Brasília, DF, 30, Setembro de 1969. Disponível em : <

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/_quadro.htm > acesso

em 12 jun. 2006.

BRASIL, Decreto nº. 2.457, de 25 de agosto de 1988. Prorroga o prazo previsto no

caput do art. 2º do Decreto-Lei nº. 2.446, de 30 de junho de 1988. Diário Oficial da República

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