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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR Morfologia do tubo digestório aplicada à compreensão da dieta em quelônios da família Podocnemididae MARCELA DOS SANTOS MAGALHAES Manaus, Amazonas Março/2010

Morfologia do tubo digestório aplicada à compreensão da ... · 4. Histologia. I. Título. CDD 19. ed. 597.920443 Sinopse: Foi descrita a morfologia do tubo digestório das espécies

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR

Morfologia do tubo digestório aplicada à compreensão da dieta em

quelônios da família Podocnemididae

MARCELA DOS SANTOS MAGALHAES

Manaus, Amazonas

Março/2010

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MARCELA DOS SANTOS MAGALHAES

Morfologia do tubo digestório aplicada à compreensão da dieta em

quelônios da família Podocnemididae

Orientador: Dr. Richard C. Vogt

Co-orientador: Dr. Carlos Eduardo B. de Moura – UFRN

Co-oreintador: Dr. Jose Fernando M. Barcellos – UFAM

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação do Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Mestre em Ciências Biológicas, área de

concentração em Biologia de Água Doce e

Pesca Interior.

Manaus, Amazonas

Março/2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

M188 Magalhães, Marcela dos Santos

Morfologia do tubo digestório aplicada à compreensão da dieta em quelônios da família Podocnemididae / Marcela dos Santos Magalhães.--- Manaus : [s.n.], 2010. xii, 78 f. : il. color. Dissertação (mestrado)-- INPA, Manaus, 2010 Orientador : Richard Carl Vogt Co-orientadores : Carlos Eduardo Bezerra de Moura ; José Fernando Marques Barcellos Área de concentração : Biologia de Água Doce e Pesca Interior 1. Quelônios. 2. Sistema digestório. 3. Anatomia. 4. Histologia. I. Título. CDD 19. ed. 597.920443

Sinopse:

Foi descrita a morfologia do tubo digestório das espécies Podocnemis

expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis erythrocephala, Podocnemis

sextuberculata e Peltocephalus dumerilianus. Relacionando a anatomia e a

histologia com a categoria alimentar de cada uma destas espécies.

Palavras-chave: Quelônios, Sistema digestório, Anatomia, Histologia.

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AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pelo financiamento da bolsa de estudo.

Ao INPA pelo programa de Pós-Graduação e suporte para realização do meu trabalho.

Ao meu orientador Dr. Richard Vogt (Dick), por ter aceitado me orientar e ter acreditado no meu trabalho

Ao meu co-orientador Carlos Eduardo (Cadu), pela sua grande contribuição e por mais uma vez ter participado do meu crescimento profissional.

Ao meu co-orientador Fernando Marques (Ferdinando), pela sua orientação, e principalmente pela amizade e paciência.

A minha mãe, que esteve presente em todos os momentos da minha vida, acreditando, incentivando e apoiando nas minhas decisões e conquistas. E ao meu irmão pela torcida.

Ao CNPq, MCT, MMA, MPA e CT-INFRA, Processo 408760/2006-0 para RDS pelo financiamento e apoio ao projeto “BAJAQUEL”.

Ao Dr. Ronis Da-Silveira, por ter me dado espaço no projeto “BAJAQUEL” e disponibilizado exemplares de quelônios para análises.

Ao Dr. Celso Morato, pela contribuição na parte estatística do projeto e pelo seu incentivo.

A Dra. Eliana Feldberg, por ter disponibilizado o microscópio com câmera acoplada para realização das imagens histológicas.

As técnicas Rose Campos e Maíza da Conceição, pela importante ajuda na preparação das lâminas histológicas no laboratório de histologia da UFAM.

Ao laboratório de histologia da UFRN, onde realizei parte da coloração (PAS) das laminas histológicas com ajuda da Lourdes (Lourdinha).

Aos meus amigos e companheiros da Coleção de anfíbios e répteis do INPA: Virgínia, Camila, Rosa, Letícia (Tica), Ladislau, Rafael, Rayath, Melina, Elis, Larissa, Lucéia, Vinícios e Altamir, pela ajuda em vários momentos da realização desse trabalho e pelas experiências compartilhadas.

A Márcia e ao Daniel Praia (“Meus Pibic`s”), pela imensa ajuda na parte da morfometria.

Aos vários companheiros de republica, Daniel, Alex, Daniela, Anelena, Raquel, Francimario e em especial Ricardo, que fizeram minha estadia em Manaus mais alegre e colorida.

Aos amigos do BADPI turma 2008, especialmente Luciana (lut), Ariana (lurinha), João Henrique (Minhoca), Túlio, Fernanda (Nanda), Mariel, Marla, Roberta (Robertinha),

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William (China) e Daiane, por todos os momentos de ciência nos estudos do metabolismo do álcool.

Aos grandes amigos conquistados em Manaus, João Vitor (JB), Alice, Fabi (in memorian), Marcelino, Priscila, entre outros vários que fizeram deste um lugar mais feliz.

Aos amigos BAJAQUEL, Adriana, Shamila, Michele, Boris, Washington, Robin..., que mesmo sem perceberem me fizeram enxergar Manaus de forma diferente.

Aos professores do BADPI, que me mostraram como eu deveria ser profissionalmente e também como eu não deveria ser.

A Elany e Carminha, que sempre estiveram dispostas a me ajudar.

A todos os funcionários do CPBA, em especial Sida e Dona Rosa.

Ao Flavio Augusto (Guto) pela enorme e indispensável ajuda nas análises dos meus dados morfométricos.

A todos que direta e indiretamente me ajudaram a realizar esse trabalho.

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RESUMO

Neste estudo foram utilizados 75 animais sendo 15 exemplares de cada espécie, Podocnemis

expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis sextuberculata, Podocnemis erythrocephala e

Peltocephalus dumerilianus, com objetivo de caracterizar a morfologia do tubo digestório

dessas espécies. Foram realizadas as descrições anatômicas e histológicas e análise dos órgãos

do tubo digestório. As cinco espécies apresentaram a mucosa esofágica caracterizada por duas

regiões distintas, a primeira com papilas esofágicas e a segunda com pregas longitudinais;

sendo um órgão aglandular, com células mucosas, caliciformes e secretoras. O estômago em

P. expansa, P. unifilis e P. erytrhocephala é formado por duas porções gástricas separadas por

uma constrição, a primeira mais volumosa composta pelas regiões cárdica e fúndica

aglandulares e caracterizadas pela presença de células caliciformes. A segunda porção se

curva para direita logo abaixo da primeira e é formada pela região pilórica desenvolvida, com

grande quantidade de glândulas em sua lâmina própria. Em P. sextuberculata o estômago

apresentou forma de “J” e em P. dumerilianus forma de ferradura encurvada. Nessas duas

espécies esse órgão apresentou grande quantidade de glândulas em todas as regiões. O

intestino delgado (ID) em todas as espécies é um tubo longo e enovelado. Apresenta pregas

reticulares na região cranial, longitudinais baixas e em zigue-zague na região média e,

longitudinais altas em zigue-zague bem evidentes na região caudal. Caracteriza-se pela

presença de vilosidades que se apresentam diferentes em cada região do ID. O intestino

grosso (IG) em P. expansa, P. unifilis, P. erythrocephala inicia-se com uma dilatação, o ceco,

seguindo por região reta e tubular, o cólon/reto. Em P. sextuberculata e P. dumerilianus, o IG

é formado apenas de uma região tubular. O IG apresenta maior quantidade de células

caliciformes quando comparado ao ID. Em todas as espécies ocorreu diferença entre o

comprimento do ID e IG, sendo ID proporcionalmente maior que o IG (p < 0,0001). Este

trabalho define que para a manutenção destas espécies de quelônios em cativeiro uma dieta ou

ração deva ser elaborada em separado para as de adaptações herbívora, onívora e carnívora.

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ABSTRACT

In the present study were used 15 specimens of each species, Podocnemis expansa,

Podocnemis unifilis, Podocnemis sextuberculata, Podocnemis erythrocephala and

Peltocephalus dumerilianus, aiming to define and characterize the morphology of their

digestive tract. The biometric parameters were held in each specimen. The anatomical and

histological procedure were carried out for further analysis of the organs of the digestive tract.

The five species showed the esophageal mucosa divided and characterized by two distinct

regions, the first with esophageal papillae and the second with longitudinal folds. The

esophagus appeared as an aglandular organ with marked presence of mucous cells, goblet

cells and secretory cells. The stomach in P. expansa, P. unifilis and P. erytrhocephala

consists of two parts separated by a gastric evident constriction, the first portion is composed

of massive cardic and fundic regions. Both were glandular regions, but characterized by the

presence of goblet cells. In the anatomical position, the second part bends to the right just

below the first one and is composed by a pyloric region well developed, and a large number

of glands in the lamina propria. In P. sextuberculata the stomach showed a "J" shape and in

Peltocephalus dumerilianus has a "C" shape. The small intestine (SI) in all species is a long,

thin meandering tube with reticular folds in the proximal region, low longitudinal folds in a

zigzag design in the medial region and a very evident high longitudinal fold with zigzag in the

distal region. The organ is characterized by the presence of villi which appear different in

each region of the SI. The large intestine (LI) in P. expansa, P. unifilis and P. erythrocephala

begin with an enlarged and clear tube, the cecum, followed by a straight and tubular region,

the colon/rectum. In P. sextuberculata and P. dumerilianus the large intestine is composed

only by a tubular region, with a diameter larger than the SI. The GI has a large number of

goblet cells. In all species difference was found between the length of the SI and LI. The SI is

proportionally higher than the LI (p <0.0001). This work defines that the maintenance of these

species of turtles in captivity need a diet that should be prepared separately for the adaptations

of herbivores and another one for omnivory and carnivory.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................IX

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 4 2.1 Caracterização geral das espécies de Podocnemididae da Amazônia ........................... 4

2.1.1 Podocnemis expansa ............................................................................................... 4 2.1.2 Podocnemis unifilis ................................................................................................ 5 2.1.3 Podocnemis erythrocephala .................................................................................... 5 2.1.4 Podocnemis sextuberculata .................................................................................... 6 2.1.5 Peltocephalus dumerilianus .................................................................................... 7

2.2 Aspectos Gerais ............................................................................................................. 8 2.2.1 Morfologia do tubo digestório em quelônios ....................................................... 10

3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 12 3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 12 3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 12

4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 13 4.1 Obtenção dos animais ................................................................................................. 13 4.2 Biometria dos animais ................................................................................................. 14 4.3 Processamento e análise da anatomia do tubo digestório ........................................... 14 4.4 Preparação dos cortes histológicos para microscopia de luz ...................................... 16 4.5 Análise estatística ........................................................................................................ 18

5 RESULTADOS .................................................................................................................... 19 5.1 Esôfago ........................................................................................................................ 19 5.2 Estômago ..................................................................................................................... 28 5.3 Intestino Delgado ........................................................................................................ 38 5.4 Intestino Grosso .......................................................................................................... 44

6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 49

7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 60

ANEXOS ................................................................................................................................. 73

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Espécies de Podocnemididae analisadas. A: P. expansa; B: P. unifilis; C: P. erythrocephala; D: P. sextuberculata; E: P. dumerilianus ........................................................ 8

Figura 2 – Representação da biometria do comprimento e da largura retilínea da carapaça. (adaptado de Luz et al., 2003) .................................................................................................. 14

Figura 3 – Figura esquemática demonstrando o local dos fragmentos retirados ao longo do tubo digestório para análise histológica. ▌corte transversal; ▬ corte longitudinal. ................ 17

Figura 4 – Disposição do esôfago encontada em P. expansa, P.unifilis e P. erythrocephala. e: esôfago; s: estômago; (→) transição esôfago-estômago. ......................................................... 19

Figura 5 – Disposição do esôfago encontrada em P. dumerilianus. e: esôfago; s: estômago; (→) transição esôfago-estômago. ............................................................................................. 20

Figura 6 - Mucosa esofágica em Podocnemididae. Primeira porção caracterizada pela presença de papilas esofágicas (→); Segunda porção caracterizada pela presença de pregas longitudinais ( ). A: P. expansa. B: P. unifilis. C: P. erythrocephala. D: P. sextuberculata. E: P. dumerilianus. ................................................................................................................... 23

Figura 7 – Fotomicrografia da primeira porção do esôfago caracterizada pela presença de papilas esofágicas em Podocnemididae. A: Epitélio estratificado cilíndrico em P. expansa. (→): células superficiais mucosas; a: célula caliciforme; b: célula secretora; c: submucosa - PAS. B: Epitélio estratificado pavimentoso em P. expansa. d: epitélio estratificado pavimentoso; e: submucosa - HE. C: Epitélio estratificado cilíndrico em P. unifilis. (→): células superficiais mucosas; f: célula secretora; g: submucosa - PAS. D: Em P. unifilis. h: epitélio estratificado pavimentoso; i: epitélio estratificado cilíndrico; j: célula caliciforme - HE. E: Epitélio estratificado cúbico alto em P. erythrocephala. (→): células superficiais mucosas; k: célula caliciforme - PAS. F: Epitélio estratificado cilíndrico em P. sextuberculata. (→): células superficiais cilíndricas mucosas; l: Célula caliciforme ; m: epitélio estratificado cilíndrico - HE. Aumento todas as fotos: 400X ...................................... 24

Continuação Figura 7 - Fotomicrografia da primeira porção do esôfago caracterizada pela presença de papilas esofágicas em Podocnemididae. G: Epitélio estratificado cilíndrico em P. dumerilianus. n: células superficiais cilíndricas mucosas; o: submucosa - PAS. Aumento: 400X. H: Epitélio estratificado pavimentoso em P. dumerilianus (→) - PAS. Aumento: 400X. I: Camada muscular (→) em P. expansa; p: submucosa- HE. Aumento: 50X. J. Camada muscular (→) em P. erythrocephala; q: epitélio; r: submucosa; s: feixes de tecido conjuntivo entre as fibras musculares - HE. Aumento: 100X. L: Camada muscular (→); t: feixes de tecido conjuntivo entre as fibras musculares – TM. Aumento: 100X . M: Plexo mioentérico (→) em P. sextuberculata. - HE. Aumento: 100X. ................................................................... 25

Figura 8 – Fotomicrografia da segunda porção do esôfago caracterizada pela presença de pregas longitudinais em Podocnemididae. A: Mucosa esofágica pregueada em P. erythrocephala - TM. Aumento: 50X. Nas imagens de B a D: observa-se o epitélio estratificado cilíndrico com células superficiais mucosas alongadas, característico desta região

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nas espécies P. expansa, P. unifilis, P. erythrocephala, respectivamente (→). a: pregas esofágicas; b: epitélio; c: submucosa; d: camada muscular. B; D – PAS. C – HE. Aumento B a D: 400X .................................................................................................................................... 26

Continuação Figura 8 – Fotomicrografia da segunda porção do esôfago caracterizada pela presença de pregas longitudinais em Podocnemididae. Nas imagens de E e F: observa-se o epitélio estratificado cilíndrico com células superficiais mucosas alongadas, característico desta região nas espécies P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente (→). c: submucosa; d: camada muscular. E – PAS. F – HE. Aumento E e F: 400X. G: Camada muscular em P. expansa - HE. Aumento: 100X. H: camada muscular em P. dumerilianus. c: submucosa; d: camada muscular circular interna; e: camada muscular longitudinal externa; f: tecido conjuntivo - TM. Aumento: 50X. .................................................................................. 27

Figura 9 - Padrões anatômicos encontrados para o estômago em Podocnemididae. c: região cárdica; f: região fúndica; p: região pilórica. A; B; C: estômago dividido em duas porções por uma constrição (→) em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, respectivamente; D: estômago em forma de “J” em P. sextuberculata; E: estômago em forma de ferradura encurvada em P. dumerilianus. ................................................................................................ 29

Figura 10 - Mucosa do estômago. A: Mucosa da primeira porção do estômago da P. expansa com pregas transversais; A’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. expansa com pregas longitudinais; B: Mucosa da primeira porção do estômago da P. unifilis com pregas transversais; B’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. unifilis com pregas longitudinais; C: Mucosa da primeira porção do estômago da P. erythrocephala com pregas transversais; C’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. erythrocephala com pregas longitudinais. (►) transição entre a primeira e a segunda porção do estômago. D: Mucosa do estômago da P. sextuberculata com pregas longitudinais; E: Mucosa do estômago do P. dumerilianus com pregas longitudinais. (→): transição esôfago-estômago. ........................... 30

Figura 11- Fotomicrografia da região cárdica do estômago em Podocnemididae. A: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. expansa. a: pregas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - HE. Aumento: 50X. B: Células caliciformes presentes no epitélio em P. expansa (→). d: epitélio - PAS. Aumento: 400X. C: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. erythrocephala. e: pregas; f: submucosa - HE. Aumentov 100X. D: Células caliciformes presentes no epitélio em P. erythrocephala (→) – PAS. Aumento: 400X. ........................................................................................................................................ 32

Continuação Figura 11- Fotomicrografia da região cárdica do estômago em Podocnemididae. E: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. unifilis. g: pregas - PAS. Aumento: 100X. F: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. sextuberculata. (→): fosseta gástrica; (*): epitélio cilíndrico simples com células superficiais mucosas; h: região das glândulas gástricas - PAS. Aumento: 100X. G: Em P. dumerilianus. i: região das glândulas gástricas; j: muscular da mucosa - HE. Aumento 50X. H: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. dumerilianus. (→): fosseta gástrica; l: região das glândulas gástricas - PAS. Aumento: 100X. ............................................................................ 33

Figura 12 – Fotomicrografia da região fúndica do estômago em Podocnemididae. A: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. expansa. a: pregas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - PAS. Aumento: 100X. B: Células caliciformes presentes no epitélio em P. expansa (→) - PAS. Aumento: 400X. C: Pequenas pregas secundárias sem

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formação de fossetas em P. erythrocephala. d: pregas; e: epitélio cilíndrico simples; f: muscular da mucosa – HE. Aumento: 100X. D: Células caliciformes presentes no epitélio em P. erythrocephala (→) - PAS. Aumento: 400X. E: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. unifilis. g: pregas; (→): célula caliciforme - HE. Aumento: 400X. F: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. dumerilianus. (→): fosseta gástrica; h: região das glândulas gástricas; i: muscular da mucosa; j: submucosa - PAS. Aumento: 100X. .................................................................................................................................................. 34

Figura 13 – Fotomicrografia da região pilórica do estômago em Podocnemididae. A: Fossetas e glândulas pilóricas em P. expansa. (→): fosseta; a: glândulas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - PAS. B: Região das glândulas pilóricas em P. unifilis - HE. C: Fossetas gástricas em P. unifilis (→) - PAS. D: Fossetas gástricas em P. erythrocephala (→). (*): células superficiais mucosas. Aumento A e B: 100X. Aumento C e D: 400X. ................................... 35

Continuação Figura 13 - Fotomicrografia da região pilórica do estômago em Podocnemididae. E e F: Fossetas e glândulas pilóricas em P. sextuberculata. (→): fosseta; d: glândulas; e: muscular da mucosa; f: submucosa. E – HE. F – PAS. G: Fossetas gástricas e glândulas pilóricas em P. dumerilianus. (→): fossetas; g: glândulas - PAS. H: Região das glândulas pilóricas em P. dumerilianus - PAS. Aumento E a G: 100X. Aumento H: 400X. .. 36

Figura 14 - Esfincter pilórico (→). s: estômago; d: duodeno. A: P. expansa. B: P. unifilis. C: P. erythrocephala. D: P. dumerilianus. .................................................................................... 37

Figura 15 - Intestino delgado. A: P. erythrocephala. B: P. sextuberculata. s: estômago; d: duodeno, primeira região do intestino delgado caracterizado como uma porção curta; j/i: jejuno/íleo, região do intestino delgado caracterizada como longa e enovelada; ig: intestino grosso. ....................................................................................................................................... 38

Figura 16 - Mucosa do intestino delgado. Em A: Região cranial com pregas reticulares na P. expansa; e A’ na P. unifilis. B: Região medial com pregas longitudinais em zigue-zague baixas em P. expansa. C: Região caudal com pregas longitudinais em zigue-zague altas e bem evidentes na P. expansa e em C’: na P. unifilis........................................................................ 39

Figura 17 – Fotomicrografia das vilosidades do duodeno em Podocnemididae. A: Em P. expansa. a: simples; b: ramificada - PAS. B: Vilosidades filiformes em P. erythrocephala - HE. C: Vilosidades filiformes em P. dumerilianus - PAS. D: Células caliciformes presentes nas vilosidades (↔) em P. dumerilianus - PAS. Aumento A a C: 100X. Aumento D: 400X. 41

Figura 18 – Fotomicrografia das vilosidades do jejuno em Podocnemididae. Observar alternância de vilosidades foliáceas, ramificadas e digitiformes. A: Em P. expansa – HE. B: Em P. unifilis – HE. C: Em P. sextuberculata. a: vilosidade digitiforme; b: vilosidade ramificada; c: vilosidade foliácea - PAS. Aumento de todas as fotos: 50X. ............................ 42

Figura 19 – Fotomicrografia das vilosidades do íleo em Podocnemididae. A: Vilosidades fungiformes baixas em P. sextuberculata - HE. Aumento: 50X. B: Vilosidades ramificadas em P. sextuberculata - TM. Aumento: 100 X. C: Vilosidades convolutas em P. dumerilianus - PAS. Aumento 50X. D: Células caliciformes presentes no íleo em P. dumerilianus (→) - PAS. Aumento: 400X. .............................................................................................................. 43

Figura 20 - Intestino grosso. A: Padrão encontrado em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala. Intestino grosso iniciando com uma dilatação, cc: ceco, e seguindo com uma

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região reta e tubular, c/r: cólon/reto. B: Mucosa do ceco com pregas transversais (→); mucosa do cólon/reto com pregas longitudinais onduladas ( ). C e D Padrão encontrado em P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente. Intestino grosso formado por uma região tubular. E: Mucosa do intestino grosso em P. dumerilianus com pregas transversais. id: intestino delgado; ig: intestino grosso. Região circulada refere-se ao esfíncter ileocecal. ...... 45

Figura 21 – Fotomicrografia da região proximal do intestino grosso. A: Região referente ao ceco em P. expansa. a: mucosa pregueada; b: camada muscular - HE. Aumento: 50X. B: Região proximal do intestino grosso em P. sextuberculata. (→): prega primária; c: pregas secundárias; d: submucosa - PAS. Aumento: 50X. C: Presença de células caliciformes na região proximal do intestino grosso em P. dumerilianus (→). e: epitélio cilíndrico simples - PAS. Aumento: 400X. .............................................................................................................. 46

Figura 22 – Fotomicrografia da região do reto. A: Mucosa pregueada e submucosa formada por tecido conjuntivo frouxo em P. unifilis. a: mucosa pregueada com células caliciformes; b: submucosa; c: camada muscular circular interna; d: camada muscular longitudinal externa formando tênias - PAS. Aumeto: 100X. B: Camada muscular do reto em P. expansa - HE. Aumento: 50X. ......................................................................................................................... 47

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1

1 INTRODUÇÃO

Os quelônios amazônicos foram e continuam sendo um importante recurso alimentar e

econômico para as populações indígenas em toda Amazônia. Eles têm sido caçados, pescados

e seus ovos colhidos há muitas gerações (Smith, 1979; Fachín-Terán et al., 1996; Vogt,

2001). Em sentido estrito, existe uma boa documentação do uso da carne e dos ovos da

tartaruga-da-amazônia no Amazonas (Smith, 1979). Bates (1863) estimou que, durante o

século 19 aproximadamente 48 milhões de ovos de Podocnemis expansa foram removidos

anualmente na região do médio rio Solimões. E o óleo extraído a partir dos ovos foi um

produto importante para cozinha e iluminação (Redford e Robinson, 1991). No Rio Negro e

na Amazônia como um todo, o consumo de quelônios é uma maneira de se obter carne ou

proteína (Alho, 1984), no entanto, este hábito associado a um intenso comércio ilegal, levou à

drástica diminuição de suas populações naturais (Mittermeier, 1975; Vogt, 2001). Todas estas

características, juntamente com o seu comportamento de nidificar em grandes colônias e a

presença de ovos em altas densidades nas praias facilitaram ao homem reduzir as populações

de quelônios (Hernandez et al., 1998).

Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis sextuberculata, Podocnemis

erythrocephala e Peltocephalus dumerilianus são as espécies de quelônios mais consumidos

na Amazônia (Smith, 1979; Rebelo e Pezzuti, 2000; Vogt, 2001). Entretanto, uma grande

variação é observada dependendo da preferência e de qual espécie é mais abundante em

determinada localidade (Smith, 1979; Rebelo e Pezzuti, 2000). Em locais onde já houve uma

grande exploração das espécies maiores, as menores passam a ocupar um lugar de destaque na

caça (Smith, 1979).

Por exemplo, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – AM, a

população de P. sextuberculata vem sendo permanentemente explorada pelo homem (Fachín-

Terán et al., 2003). No Parque Nacional do Jaú - médio rio Negro – AM as espécies de

quelônios consumidas em maior escala são o P. unifilis, P. erythrocephala e P. dumerilianus,

sendo a última uma das mais consumidas (Pezzuti et al., 2004; Rebelo, 2002; Silva, 2004). No

município de Barcelos - médio rio Negro - AM, as duas maiores espécies, P. expansa e P.

unifilis são geralmente compradas por comerciantes para revenda em Manaus, e as três

menores, P. sextuberculata, P. erythrocephala e P. dumerilianus, são vendidas para consumo

local (Vogt, 2001).

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Entre as principais atividades adotadas para conservação desses animais, estava o

incentivo à criação com finalidade comercial em criadouros legalizados, desestimulando a

caça predatória e o comércio ilegal por meio da oferta legal de tartarugas e de seus

subprodutos (Brasil, 2001). A criação comercial de quelônios amazônicos foi normalizada

pelas Portarias 142-N, de 30 de dezembro de 1992, que dispõe sobre a criação em cativeiro de

P. expansa e P. unifilis, e 070, de 23 de agosto de 1996, que dispõe sobre a comercialização

de produtos e subprodutos de P. expansa e P. unifilis (Brasil, 1992; Brasil, 1996). Portanto, o

desenvolvimento de sistemas de criação pode contribuir, não somente para diminuir a pressão

sobre os animais de vida livre, como também para oferecer alternativas econômicas de

utilização sustentada e racional dos recursos da fauna (CENAQUA, 2000).

Embora a abertura para criação em cativeiro proporcionada pela legislação seja

extremamente importante, as pesquisas conduzidas até o momento não ofereceram subsídios

científicos suficientes para estabelecer tecnologia adequada e eficiente para o manejo (Luz,

2000). Conforme Lima (1998), a escassez de informações científicas sobre quelônios cria

dificuldades para a sua criação em escala comercial para abastecer a demanda de sua carne,

que é muito apreciada nos centros urbanos do Amazonas. Um dos fatores que condicionam o

bom desenvolvimento de espécies nativas em cativeiro está relacionado à questão nutricional

destes animais, incluindo estudos do sistema digestório (Rodrigues et al., 2004).

O efetivo enquadramento de quelônios, como fonte protéica disponível

comercialmente só será possível à medida que houver maior conhecimento científico,

relacionado à sua biologia e fisiologia. Pouco se conhece sobre a taxa de crescimento, as

exigências nutricionais, as densidades populacionais, o rendimento de carcaça, além dos

aspectos relacionados à morfologia do tubo digestório destes animais (Luz, 2000).

Análise dos parâmetros morfométricos do tubo digestório são necessários para o

conhecimento dos processos digestivos dos alimentos no organismo animal além de indicar a

preferência alimentar de uma espécie (Luz et al., 2003). Além disso, estudos anatômicos e

morfométricos fornecem informações necessárias na clínica de animais silvestres (Pinto,

2006). Esses estudos juntamente com exames complementares como endoscopia,

colonoscopia e radiografia podem ser conduzidos em quelônios, com finalidade de elucidar

fenômenos fisiológicos e patológicos do tubo gastrintestinal (Holt, 1978; Meyer, 1998). Do

ponto de vista morfológico, é importante que se conheça a descrição da localização dos

órgãos digestórios na cavidade celomática.

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As pesquisas científicas de caráter biológico e ecológico, desenvolvidas com os

quelônios, vieram crescendo significativamente na Amazônia, principalmente quando

relacionados a aspectos reprodutivos, alimentares e populacionais dos Podocnemididae

(Hildebrand et al., 1988; Vogt, 1994; Vogt et al., 1991; Fachin-Terán, 1992; Fachin-Terán et

al., 1995; Cantarelli, 1997; Soini, 1997; Vogt, 2001; Fachin-Terán e Vogt, 2004). Entretanto

não se dispõe de informações detalhadas da anatomia e histologia do tubo digestório de

quelônios da Amazônia.

Em quelônios, estudos morfológicos do tubo digestório e da composição alimentar se

tornam importantes para fornecer informações essenciais à formulação de produtos que

possam suprir suas necessidades alimentares em cativeiro (Rodrigues et al., 2004). Estes

animais são alimentados com ração para aves e peixes, ou na experimentação de fórmulas

caseiras, como peixe in natura e vísceras bovinas (Duarte, 1998). Os trabalhos de Best

(1984) e Lima (1998) avaliaram o efeito da dieta em animais em cativeiro e concluíram que

uma dieta adequada é importante para manutenção de tartarugas em cativeiro, tanto para fins

de conservação como para fins de comercialização da espécie.

Portanto existe a necessidade de maiores informações que auxiliem na correta

localização e delimitação das estruturas do tubo digestório bem como elucidar questões

referentes a adaptações morfológicas frente a variações nutricionais na dieta, tanto na natureza

como em criadouros.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Caracterização geral das espécies de Podocnemididae da Amazônia

Na Amazônia são encontradas cinco espécies da família Podocnemididae: Podocnemis

expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis erythrocephala, Podocnemis sextuberculata e

Peltocephalus dumerilianus (Vogt, 2008).

2.1.1 Podocnemis expansa

Podocnemis expansa, conhecida como tartaruga-da-amazônia, caracteriza-se como o

maior quelônio de água doce da América do Sul podendo atingir até 80 cm de carapaça

(Pritchard e Trebbau, 1984) (Figura 1A). É uma espécie largamente distribuída, ocorrendo em

rios da Colômbia, Venezuela, Guiana, Equador, Peru, Bolívia e no Brasil, nas bacias

Amazônica e do Araguaia/Tocantins (Roze, 1964; Pritchard e Trebbau, 1984), vivendo tanto

em sistema de água branca ou preta (Ernst e Barbour, 1989; Rueda-Almonacid et al., 2007).

Na natureza, a tartaruga-da-amazônia é herbívora, sua dieta constituiu-se de frutas,

raízes, sementes, gramíneas e folhas de plantas silvestres de várzeas (Pritchard, 1979;

Almeida et al., 1986; Fachín-Terán, 1992; Fachín-Terán et al., 1995; Rueda-Almonacid et al.,

2007; Vogt, 2008). Em um estudo realizado de conteúdo estomacal por Rodrigues et al.

(2004) em Trombetas-PA, o material de origem vegetal teve quantidade elevada, sendo que as

folhas destacaram-se como um alimento representativo, vindo em seguida as sementes e, em

menor representatividade, os talos e palmito. Corroborando que a alimentação dessa espécie

em condições de vida livre está predominantemente baseada em alimentos de origem vegetal.

Segundo Duarte (1998), essa espécie em alguns casos se comporta como onívora porque

também ingere, em quantidades menores, alimento de origem animal, mas sem especificar se

este é um hábito oportunista, em função da disponibilidade de alimentos existentes no meio

ambiente. Em cativeiro P. expansa apresenta fácil adaptação a alimentos de origem animal e

vegetal (Acosta et al., 1995; Malvasio et al., 2003).

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2.1.2 Podocnemis unifilis

Podocnemis unifilis, popularmente conhecida como tracajá, quando filhote, juvenil e

machos adultos exibem manchas amarelas na cabeça, enquanto as fêmeas adultas perdem essa

coloração, passando a ser marrom. (Pritchard, 1979; Pritchard e Trebbau, 1984; Ernst e

Barbour, 1989) (Figura 1B). Ocorre nas bacias venezuelanas dos rios Orinoco e Amazonas,

leste da Colômbia, leste do Equador, nordeste do Peru, Guiana Francesa, Guiana, Suriname e

bacia do rio Amazonas no Brasil e Bolívia (Ernst e Barbour, 1989). Seu habitat abrange rios

de água preta, clara e branca (Rueda-Almonacid et al., 2007; Vogt, 2008).

A dieta dessa espécie em ambiente natural indica que é herbívora, alimentando-se de

plantas aquáticas, algas, sementes, folhas, frutos, flores, raízes e talos (Fachín-Terán et al.,

1995; Portal et al., 2002; Balensiefer, 2003; Balensiefer e Vogt, 2006), mas ocasionalmente

ingerem pequenos animais como moluscos, crustáceos, insetos e peixes, sendo que o baixo

volume de artrópodes e peixes no conteúdo estomacal indicou que esses itens não são

importantes na dieta dessa espécie (Fachin-Terán et al., 1995; Balensiefer, 2003; Balensiefer e

Vogt, 2006). Balensiefer e Vogt (2006) encontraram que, do volume total analisado de

alimento para P. unifilis 79,6% era matéria vegetal, sendo que folhas (81,5%), sementes

(61,5%) e frutos (50,8%) ocorreram com maior freqüência. Fachín-Teráan et al. (1995)

encontraram que essa espécie consome com mais freqüência sementes e frutos, sendo que

caule e folhas são consumidas durante todo o ano. Em cativeiro essa espécie apresentou fácil

adaptação a alimentos de origem animal e vegetal em todas as fases de desenvolvimento

(Malvasio et al., 2003).

2.1.3 Podocnemis erythrocephala

Podocnemis erythrocephala, conhecida como irapuca, tem como característica da

espécie o padrão de coloração vermelha ou alaranjada na cabeça nos filhotes, juvenis e nos

machos adultos este padrão persiste enquanto que nas fêmeas adultas torna-se marrom escuro

(Pritchard, 1979) (Figura 1C). Essa espécie ocorre na Colômbia, Venezuela e no Brasil nos

rios Negro, Tapajós e Trombetas (Rueda-Almonacid et al., 2007). Apresenta distribuição

restrita, vivendo preferencialmente em água preta (Pritchard e Trebbau, 1984; Rueda-

Almonacid et al., 2007), havendo registros de pequenas populações também em água clara

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(Hoogmoed e Avila-Pires, 1990; Pritchard, 1990; Rebêlo, 1991; Vogt et al., 1991; Iverson,

1992).

Na natureza, a irapuca é primariamente herbívora alimentando-se de plantas aquáticas,

frutos e uma variedade de sementes (Vogt, 2001; Rueda-Almonacid et al., 2007). No entanto,

peixes também foram registrados como fazendo parte da sua dieta (Mittermeier e Wilson,

1974). Vogt (2001); Sousa e Vogt (2008) observaram que essa espécie alimenta-se

principalmente de matéria vegetal, representado por algas filamentosas e sementes,

consumindo peixes, crustáceos e insetos em menor escala. Segundo Santos-Junior (2009), na

época da seca P. erythrocephala é uma espécie herbívora que consome frutos e sementes, mas

também material animal em menor proporção, o que parece ser um padrão dentro da família

Podocnemididae.

2.1.4 Podocnemis sextuberculata

Podocnemis sextuberculata, conhecida como iaçá, apresenta nos indivíduos jovens o

plastrão com seis pontas salientes denominadas tubérculos, que desaparecem à medida que o

indivíduo cresce (Rueda-Almonacid et al., 2007) (Figura 1D). Sua distribuição geográfica

compreende a drenagem do rio Amazonas no Brasil, Peru e Colômbia (Ernst e Barbour, 1989;

Iverson, 1992). No Brasil, esta espécie é encontrada em rios de água branca como o Solimões,

Amazonas, Japurá e Branco, além de rios de água clara como o Trombetas e Tapajós (Smith,

1979; Pezzuti e Vogt 1999; Pezzuti et al., 2000; Bernhard, 2001; Fachin-Teran et al.; 2003).

Com relação à dieta, Ernst e Barbour (1989) afirmam que a iaçá alimenta-se de plantas

aquáticas e peixes. Fachín-Terán (1999) verificou que essa espécie é herbívora, desde filhote

até adulto, com 95,17% do volume total contendo material vegetal, entre eles sementes, talo,

folha e rizoma. Alimentando-se principalmente de sementes em todas as épocas do ano, sendo

rizoma o segundo ítem vegetal mais consumido. Material animal, principalmente peixe e

caranguejos foi encontrado em pequenas quantidades, no entanto foi detectado que material

animal foi mais freqüente na vazante, e que os insetos apresentaram freqüência de ocorrência

alta, supondo que esses são ingeridos como parte da sua dieta. O mesmo autor encontrou

mudanças na alimentação em função do tamanho, talo, folha e rizoma só foram consumidos

por exemplares cujo tamanho foi igual ou mais que 15 cm de comprimento.

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Vogt (2008) relata que em Trombetas-PA foram encontrados principalmente pequenos

caramujos no conteúdo estomacal desta espécie. Rueda-Almonacid et al. (2007) consideram

essa espécie onívora que se alimenta de peixes, rãs, moluscos, insetos pequenos, assim como

frutos e sementes. Em cativeiro, P. sextuberculata demonstra ser uma espécie

predominantemente carnívora nas faixas etárias recém eclodidas e jovens (Malvasio et al.,

2003).

2.1.5 Peltocephalus dumerilianus

Peltocephalus dumerilianus, conhecido como cabeçudo, ao contrário da maioria das

espécies da mesma família, os machos são maiores do que as fêmeas (Pritchard e Trebbau,

1984; De La Ossa, 2007). Os machos adultos podem atingir 52 cm de comprimento da

carapaça, enquanto às fêmeas adultas 47 cm (Medem, 1983; Iverson e Vogt, 2002) (Figura

1E). É uma espécie amplamente distribuída, encontrada na Bacia Amazônica, que

compreende desde o rio Orinoco na Venezuela, leste da Colômbia, leste do Equador, nordeste

do Peru, Guiana Francesa e Brasil (Iverson e Vogt, 2002). Essa espécie habita

preferencialmente rios, igapós e lagoas de água preta, sendo abundantes no rio Negro.

Entretanto, ocasionalmente, também pode ser encontrado, em menor número, em rios de água

branca e clara. (Pritchard e Trebbau, 1984; Rueda-Almonacid et al., 2007).

É considerada uma espécie onívora oportunista e generalista, com consumo de frutas,

sementes, peixes, plantas aquáticas, invertebrados e algas (Perez-Eman e Paolillo, 1977; Vogt,

2001; De La Ossa, 2007). Segundo De La Ossa (2007) é uma espécie com um consumo de

matéria vegetal diversa. Os conteúdos estomacais analisados por Perez-Eman e Paolillo

(1977) apresentaram 36% em volume de frutos e sementes e 51,6% de peixes, sendo o

Podocnemididae que registra maior ingestão de matéria animal.

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Figura 1 – Espécies de Podocnemididae analisadas. A: P. expansa; B: P. unifilis; C: P. erythrocephala; D: P. sextuberculata; E: P. dumerilianus

2.2 Aspectos Gerais

A morfologia do tubo digestório está relacionada à função digestiva, sendo que os

hábitos alimentares aproximados e a dieta de um vertebrado geralmente podem ser

determinados a partir do sistema digestório, e ocasionalmente, sua estrutura é utilizada na

sistemática (Hildebrand e Goslow, 2006). É possível diagnosticar o regime alimentar de uma

espécie a partir de diferenças anátomo-fisiológicas do tubo digestório, o que fica evidenciado

quando se observa os formatos variados dos estômagos ou os diferentes comprimentos do

intestino (Godinho, 1970). Estudos comparativos indicam que existem diferenças distintas na

estrutura e função do tubo digestório entre herbívoros e carnívoros (Grady et al., 2005). Esses

autores sugerem que as diferenças na morfologia do intestino são governadas por diferenças

na estratégia na dieta.

Segundo a descrição feita por D`arce e Flechtmann (1985) em mamíferos, o tubo

digestório é um tubo musculomembranoso que se estende da boca ao ânus e glândulas anexas.

O estômago é uma dilatação do tubo digestório, situado na parte dorsal da cavidade

abdominal e à esquerda do plano mediano. Visto externamente é subdividido em cárdia, corpo

e piloro. A cárdia e o piloro se encontram bem próximos um do outro. Esta disposição

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determina o aparecimento de um bordo bastante curto e côncavo entre a cárdia e o piloro, que

é conhecido com pequena curvatura, e o bordo oposto bem mais longo e convexo, conhecido

como grande curvatura.

A abertura esofágica, ou cárdica, mostra-se obliterada por numerosas dobras da

mucosa. A comunicação com o intestino delgado, o piloro, é provida de um espessamento da

musculatura circular, constituindo o esfíncter pilórico. O intestino delgado é um tubo longo,

todo dobrado em voltas ou circunvoluções, que se inicia no orifício pilórico. A sua porção

inicial, curta, fixa e bem delimitada, denomina-se duodeno. O restante é conhecido em

anatomia animal por jejuno-íleo. Este termina no intestino grosso onde se abre por meio de

um orifício circundado por uma saliência esta que constitui a válvula íleo-cecal. O intestino

grosso consiste em ceco, cólon e reto, mostrando grande variação quando se comparam as

diversas espécies (D`arce e Flechtmann, 1985).

Diversos trabalhos demonstram que existe correlação entre as estruturas do tubo

digestório e o hábito alimentar dos peixes (Fugi e Hahn, 1991). Segundo Fryer e Iles (1972),

o comprimento do intestino é claramente relacionado à categoria trófica em peixe, e o

comprimento é ordenado da seguinte maneira: carnívoro < onívoro < herbívoro < detritívoro.

O conhecimento de características morfofisiológicas do tubo digestório é essencial

para se compreender as modificações devido às adaptações a dietas e também para se obter

sucesso na criação (Curry, 1939; Al-Hussaini, 1949; Langille e Youson, 1984).

A análise do tubo digestório é importante na determinação da dieta em marsupiais e

em geral, o formato e o tamanho dos órgãos são funcionalmente adaptados (Crowe e Hume,

1997). O tamanho do intestino grosso é um bom indicador da dieta para pequenos mamíferos:

uma maior dimensão indica que a espécie tende a ser mais herbívora na dieta, e em contraste,

uma menor dimensão, indica ser mais carnívora. Por outro lado, o comprimento do intestino

delgado não ajuda a elucidar a atual dieta do animal (Schieck e Millar, 1985; Stevens e Hume,

1998). Segundo Junger et al. (1989), o comprimento intestinal menor indica uma tendência da

espécie a carnivoria. Além disso, herbívoros podem possuir especializações ausentes em

carnívoros como o ceco e válvulas intestinais.

A importância do intestino grosso varia segundo a espécie animal. Nos carnívoros, o

intestino grosso é de tamanho relativamente pequeno, apresentando pouca importância

digestiva, sendo o local onde simplesmente ocorre a recuperação da água que foi perdida com

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as secreções digestivas. Para os herbívoros monogástricos, no entanto, o intestino grosso e,

em especial, o ceco, são de enorme importância digestiva. Aí ocorre a digestão bacteriana da

celulosa e outros carboidratos das forragens que, de outra maneira, não poderiam ser

aproveitados (D`arce e Flechtman, 1985).

Os répteis mostram alto grau de adaptação morfofisiológica aos seus hábitats, sendo o

tubo digestório característico para espécies herbívoras, onívoras e carnívoras, diferindo na

forma do estômago e em comprimento e volume do intestino delgado e intestino grosso

(Zentek e Dennert, 1997). De acordo com Hildebrand (1995); (Hildebrand e Goslow, 2006),

os répteis carnívoros têm um estômago simples, mas distensível, e o intestino tende a ser

curto. Enquanto a maioria dos répteis herbívoros tem um estômago grande e complexo, que

funciona como reservatório ou câmara fermentativa, com intestino relativamente longo.

2.2.1 Morfologia do tubo digestório em quelônios

De acordo com Parsons e Cameron (1977); Legler (1993) para quelônios em geral, o

esôfago é um tubo distensível e a mucosa consiste tipicamente de pregas longitudinais. Já

segundo Hildebrand (1995), o esôfago tende a ser ciliado se o alimento ingerido é mole e é

queratinizado em algumas tartarugas. Em tartarugas marinhas, o esôfago é revestido

internamente com papilas pontiagudas e queratinizadas (Rainey, 1981; Work, 2000;

Wyneken, 2001; Pressler et al., 2003; Magalhães, 2007; Magalhães et al., 2008).

O estômago em tartarugas marinhas está situado no lado esquerdo da cavidade

celomática (Work, 2000; Magalhães, 2007), é semelhante a uma bolsa e distintamente mais

largo do que partes adjacentes do intestino, com amplas rugosidades e pregas longitudinais na

sua mucosa (Parsons e Cameron, 1977; Legler, 1993). P. unifilis apresenta estômago dividido

em dois compartimentos por uma constrição, um proximal e outro distal (Pinto, 2006). Em P.

expansa, o estômago apresenta forma achatada, com a região pilórica bem desenvolvida e

encurvada (Oliveira et al., 1996; Santos et al., 1998).

Segundo Work (2000); Wyneken (2001), a mucosa do intestino delgado em muitas

tartarugas marinhas possui aparência de “favos de mel”. Entretanto, Magalhães (2007)

descreveu que, nas espécies Chelonia mydas, Lepdochelys olivacea, Caretta caretta e

Eretmochelys imbricata existem diferenças na mucosa do duodeno, jejuno e do íleo, sendo a

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mucosa do duodeno marcada com pregas reticulares e do jejuno e íleo por pregas

longitudinais. Já na Dermochelys coriacea, todo o intestino delgado apresentou mucosa com

pregas reticulares. De acordo com Wyneken (2001) a transição entre as regiões do intestino

(duodeno, jejuno e íleo) é muitas vezes de difícil identificação e delimitação, onde para

confirmação o ideal é utilizar métodos histológicos. Em P. expansa (Oliveira et al., 1996;

Santos et al., 1998) e P. unifilis (Pinto, 2006) o intestino delgado é longo e enovelado.

O intestino grosso em tartarugas marinhas é marcado pela alternância de regiões

abauladas (haustros ou saculações) com ausência de pregas, e estreitamentos com pregas

retilíneas. A região referente ao reto apresentou pregas retilíneas evidentes (Magalhães,

2007). De acordo com Parsons e Cameron (1977) o padrão do cólon é muito difícil de

descrever porque raramente é distinto, e por ser distensível, o padrão das pregas pode

desaparecer completamente quando o cólno está cheio. Em P. expansa (Oliveira et al., 1996;

Santos et al., 1998) e P. unifilis (Pinto, 2006) inicia-se com uma dilatação, conhecida como

ceco.

Trabalhos publicados com histologia do tubo digestório em quelônios ainda são de

pouco conhecimento, tendo trabalhos apresentados em congressos com tartaruga marinha C.

mydas (Magalhães et al., 2008), com P. expansa (Oliveira et al., 1996), um relatório (Santos

et al., 1998), uma monografia com tartarugas marinhas (Magalhães, 2007), um artigo no prelo

com C. mydas (Magalhães et al. no prelo) e um artigo apenas com a descrição histológica do

esôfago (Vogt et al., 1998).

O esôfago foi descrito como apresentando epitélio estratificado pavimentoso para os

Podocnemididae (Vogt et al., 1998), estratificado pavimentoso queratinizado em C. mydas

(Magalhães, 2007; Magalhães et al. no prelo), epitélio colunar ciliado em P. expansa

(Oliveira et al., 1996) e estratificado colunar também em P. expansa (Santos et al., 1998).

Esse órgão apresentou-se aglandular em C. mydas (Magalhães, 2007; Magalhães et al., 2008)

em espécies da família Podocnemididae (Vogt et al., 1998) e em P. expansa (Santos et al.,

1998).

O estômago em P. expansa (Oliveira et al., 1996) e C. mydas (Magalhães, 2007)

apresenta glândulas gástricas com células secretoras e o intestino delgado mucosa com

inúmeras vilosidades e células caliciformes. O intestino grosso em P. expansa (Oliveira et al.,

1996) apresenta mucosa com muitas vilosidades revestida por um epitélio pseudo-

estratificado cilíndrico com células caliciformes em grande quantidade .

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Caracterizar a morfologia do tubo digestório nos segmentos esôfago, estômago,

intestinos delgado e grosso de cinco espécies da família Podocnemididae: Podocnemis

expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis erythrocephala, Podocnemis sextuberculata e

Peltocephalus dumerilianus, relacionando esses achados morfológicos com sua categoria

alimentar.

3.2 Objetivos específicos

1) Descrever a anatomia do tubo digestório;

2) Descrever a histologia dos órgãos do tubo digestório;

3) Comparar a morfometria dos intestinos delgado e grosso;

4) Comparar a anatomia e a histologia entre as espécies;

5) Relacionar a morfologia do tubo digestório das espécies analisadas à sua categoria

alimentar.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Obtenção dos animais

O tubo digestório das espécies P. expansa e P. unifilis analisados foram de quelônios

provenientes de vida livre no âmbito do Projeto “Bases Técnico-Científicas e Protocólons de

Beneficiamento para a Implantação da Cadeia Produtiva de Jacarés e de Quelônios nas

Florestas Alagáveis de Várzea da Amazônia Central (Bajaquel) - CNPq/408760/2006-0”, em

nome de Ronis Da Silveira (Licenças IBAMA 11919-1, 11919-2, 14498-1, 14498-2). As

coletas foram desenvolvidas na várzea localizada na margem esquerda (em relação à

nascente) do Rio Purus, no limite norte da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-

Purus e na área de várzea adjacente. Os tubos digestórios foram obtidos nos meses de abril,

agosto e setembro de 2008 e posteriormente tombados na Coleção de Anfíbios e Répteis do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (Anexo 1).

Os exemplares de P. erytrhocephala, P. sextuberculata e P. dumerilianus foram

quelônios coletados para a Coleção de Anfíbios e Répteis do INPA (Licença 13347-1). P.

erytrhocephala são provenientes do rio Itu, Barcelos/AM (00º30'390"S; 063º12'876"W) e

próximos da Comunidade da Floresta I, Barcelos (01º22’171’’S; 061’39’769’’W), P.

sextuberculata das proximidades da Comunidade da Floresta I, Barcelos/AM (01º22’171’’S;

061’39’769’’W) e P. dumerilianus do rio Itu, Barcelos/AM (00º30’390’’S; 063’12’876’’ W).

Essas espécies foram obtidas nos meses de maio e setembro de 2008 e março de 2009. Todos

os exemplares estão tombados na Coleção de Anfíbios e Répteis do Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia – INPA (Anexo 1).

As coletas foram realizadas com redes malhadeiras. Essas redes são formadas por três

malhas, duas laterais (firmes) e uma interna (solta) que formam uma espécie de saco quando

os quelônios são coletados. Cada malhadeira possui 100 m de comprimento, 2,5 m de altura e

distâncias entre nós de 10 ou 20 cm. As malhadeiras foram revisadas a cada três horas para

evitar afogamento dos animais (Vogt, 1980).

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4.2 Biometria dos animais

Realizou-se a biometria de todos os espécimes analisados, sendo registrados os dados

individuais referentes ao comprimento retilíneo da carapaça (CRC) (Figura 2). A mensuração

foi realizada com auxílio de um paquímetro digital (precisão de 1mm). Essa medida foi

realizada para indicar as classes de tamanho de cada exemplar analisado. Ver tabela 1 as

médias do CRC de cada espécie.

Figura 2 – Representação da biometria do comprimento e da largura retilínea da carapaça. (adaptado de Luz et al., 2003)

4.3 Processamento e análise da anatomia do tubo digestório

Parte do procedimento e análise anatômica foi realizada ainda em campo e parte no

Laboratório de Ecologia e Sistemática de Quelônios do Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia – INPA.

Para o estudo anatômico foram utilizados 75 animais de comprimentos variados

agrupados em 15 exemplares de cada espécie, P. expansa, P. unifilis, P. erythrocephala, P.

sextuberculata e P. dumerilianus.

Os quelônios do projeto BAJAQUEL foram insensibilizados por resfriamento (gelo

em água, de 0 a 20º Celsius, por 15 minutos), segundo características fisiológicas e

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comportamentais de reptilianos, e posteriormente abatidos através da secção da cabeça. Todos

esses processos seguiram normas mínimas de ética humanitária de produção animal, sendo

todas as etapas supervisionadas por dois Médicos Veterinários e por um biólogo do IBAMA-

AM, membros da Equipe Técnica do Projeto. (Licenças IBAMA 11919-1, 11919-2, 14498-1,

14498-2). Após dissecação o tubo digestório foi doado para análise.

O abate dos animais destinados a coleção foi realizado conforme os procedimentos

sugeridos por Silva Neto (1998). Para insensibilização dos animais, estes foram colocados em

um recipiente, contendo água e gelo a uma temperatura em torno de 5ºC, durante 20 minutos.

Para o abate foi realizada a secção da cabeça. (Licença 13347-1).

Os animais foram dissecados de acordo com a metodologia utilizada por Work (2000),

possibilitando análise de características morfológicas externas e internas do tubo digestório.

Para análise da disposição e morfologia dos órgãos digestórios, foram retirados além do

plastrão, os músculos peitorais, clavículas e cintura pélvica; ficando exposto todo o tubo

digestório, sendo assim realizada a descrição sobre a topografia de cada órgão na cavidade

celomática e também sua morfologia.

Para estudo da morfologia interna dos órgãos, o tubo digestório foi retirado

manualmente, em seguida, aberto com auxílio de uma tesoura e imerso em água, sendo as

partículas alimentares removidas para facilitar a visualização. Em seguida, foi realizada a

descrição morfológica interna de cada órgão, sendo descrito a presença de papilas, tipo e a

disposição das pregas da mucosa, e presença de esfíncteres. Para auxiliar na descrição

morfológica foram realizadas imagens fotográficas.

A medida do comprimento de cada órgão (esôfago, estômago, intestino delgado e

intestino grosso) foi realizada com o tubo digestório aberto, levando em consideração a

presença de esfíncteres, formato do órgão e mudança do padrão das pregas da mucosa, com o

auxílio de uma linha e de fita métrica flexível. A linha foi colocada percorrendo todo o tubo

digestório e na transição do órgão a linha era cortada e colocada sobre a fita métrica para

obtenção do comprimento em centímetros. Ver na tabela 1 a média do comprimento (cm) de

cada órgão (esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso).

Ao fim de cada análise o material foi devidamente acondicionado, etiquetado e fixado

em solução aquosa de formol tamponado a 10%.

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4.4 Preparação dos cortes histológicos para microscopia de luz

O processamento e a análise histológica, foram realizados no Laboratório de

Histologia do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e

a coloração pelo método de PAS no Laboratório de Histologia do Departamento de

Morfologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Para esta análise foram utilizados três exemplares de cada espécie alvo. De cada

exemplar, foram retirados fragmentos de diferentes segmentos ao longo do tubo digestório,

conforme descritos a seguir:

- Regiões cranial e caudal do esôfago, referente à porção das papilas esofágicas e

pregas longitudinais, respectivamente (corte transversal);

- Transição do esôfago com o estômago (corte longitudinal);

- Regiões cranial, média e caudal do estômago equivalem às regiões: cárdica, fúndica

e pilórica (corte transversal);

- Região do esfíncter pilórico (corte longitudinal);

- Região referente ao duodeno, jejuno e íleo no intestino delgado (corte transversal);

- Transição do intestino delgado com o intestino grosso (corte longitudinal);

- Região referente ao ceco e ao cólon e reto no intestino grosso (corte transversal).

Ver figura 3.

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Figura 3 – Figura esquemática demonstrando o local dos fragmentos retirados ao longo do tubo digestório para análise histológica. ▌corte transversal; ▬ corte longitudinal.

O material foi acondicionado individualmente em frascos contendo solução aquosa de

formaldeído a 10% tamponado com fosfato de sódio 0,1M, pH 7,4 a 4oC. Após fixação, o

material foi lavado em água corrente para retirada do excesso do fixador e então submetido às

técnicas histológicas padrão (desidratação, diafanização e inclusão em parafina) (Maia, 1979)

(Anexo 2). Obtidos os blocos, foram preparados cortes de 5µm em micrótomo (slee Cut

4255), que eram levados à esfufa a 55°C. As lâminas posteriormente foram submetidas às

técnicas de coloração por Hematoxilina-Eosina - HE (Maia, 1979), Tricômio de Mallory

(Mallory, 1938) e Ácido Periódico de Schiff - PAS (Hooghwinkel e Smith, 1948) (Anexo 3).

Finalizada a coloração, procedeu-se a montagem definitiva das lâminas utilizando-se bálsamo

do canadá interface entre lâmina e lamínula. Em seguida, as lâminas confeccionadas foram

observadas ao microscópio de luz (Olympicos BX41), e imagens obtidas em microscópio

trinocular com iluminação transmitida (Axiostar Plus Zeiss) com câmera fotográfica digital

Canon PowerShot acoplada para posterior análise.

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4.5 Análise estatística

As medidas do comprimento dos intestinos delgado e grosso foram utilizadas para

comparação estatística. As demais variáveis amostradas foram descritas através de média

aritmética e desvio-padrão.

Os comprimentos relativos do intestino delgado e do intestino grosso foram obtidos

pela divisão de cada uma dessas medidas pelo comprimento total do seu respectivo tubo

digestório. O coeficiente de variação dos intestinos delgado e grosso foi calculado baseado na

media aritmética e desvio padrão de cada espécie (CV = desvio padrão / média x 100). Para

evitar a heterocedasticidade das variáveis relacionada com percentagens e proporções (Zar,

1996) os dados foram submetidos à transformação arcosseno da raiz quadrada (Crowe e

Hume, 1997).

Os comprimentos dos intestinos delgado e grosso foram comparados em cada uma das

espécies estudadas através do Teste t de Student para amostras pareadas (Zar, 1996), com

nível de significância de 5%.

Foram analisados os valores relativos dos comprimentos dos intestinos delgados e

grossos entre as cinco espécies estudadas. Essas variáveis foram submetidas ao teste de

homogeneidade de variância de Levene. Os valores referentes ao intestino delgado não se

mostraram heterocedásticos, sendo comparados pelo testes não paramétricos de Kruskal-

Wallis para a variância e de Dwass-Steel-Critchlow-Fligner para comparação das médias

(Critchlow e Fligner, 1991). Os valores relativos do intestino grosso mostraram-se

homocedásticos, sendo comparados por análise de variância unifatorial e em seguida

submetidos ao teste de Tukey para amostras de tamanhos diferentes (Zar, 1996).

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5 RESULTADOS

Nesse estudo foi descrita a morfologia dos segmentos do tubo digestório, esôfago,

estômago, intestino delgado e intestino grosso de cinco espécies de Podocnemididae.

5.1 Esôfago

O esôfago nas cinco espécies analisadas apresentou-se com um órgão tubular

músculo-membranáceo. Os comprimentos do esôfago de cada espécie estudada estão

descritos na tabela 1. Em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala o esse órgão encontrou-

se localizado medianamente na região cervical e sofre um desvio lateral à direita na região

celomática, unindo-se ao cárdia (Figura 4). Em P. sextuberculata e P. dumerilianus o esôfago

também se encontrou localizado medianamente na região cervical, e na região celomática

sofre um desvio à esquerda, quando se une ao cárdia (Figura 5). A mucosa esofágica mostrou-

se dividida e caracterizada por duas regiões distintas.

Figura 4 – Disposição do esôfago encontada em P. expansa, P.unifilis e P. erythrocephala. e: esôfago; s: estômago; (→) transição esôfago-estômago.

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Figura 5 – Disposição do esôfago encontrada em P. dumerilianus. e: esôfago; s: estômago; (→) transição esôfago-estômago.

A primeira região esofágica, mais curta, localizada na região cervical foi caracterizada

por pequenas papilas cônicas, as papilas esofágicas, orientadas no sentido do estômago

(Figura 6).

Histologicamente, as papilas esofágicas eram formadas pela projeção da mucosa e da

submucosa do esôfago. Nas cinco espécies analisadas, a mucosa foi revestida por dois tipos

distintos de epitélio, epitélio estratificado pavimentoso (Figura 7B; 7H) e epitélio estratificado

cilíndrico (Figura 7A; 7C; 7D; 7F; 7G), porém em P. erythrocephala ao invés de cilíndrico

foi observado epitélio cúbico alto (Figura 7E). O epitélio estratificado pavimentoso

localizava-se nas regiões apicais das papilas, enquanto o epitélio estratificado cilíndrico

distribuía-se nas demais áreas como pode ser observado na porção superior da Figura 7D. O

elemento com predominância no epitélio estratificado cilíndrico foram células superficiais

mucosas, que são células cilíndricas alongadas com reação positiva ao PAS (Figura 7A; 7C;

7E), dispostas de forma homogênea na região apical do epitélio. Estavam presentes

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numerosas células secretoras, caracterizadas como células ovaladas que reagem

irregularmente ao PAS (Figura 7A; 7C) e células caliciformes, caracterizadas com células

globosas, mas às vezes ovaladas, que reagem positivamente ao PAS (Figura 7E), ambas

disposta de forma não homogênea no epitélio.

Não foi evidenciada a muscular da mucosa. A submucosa era aglandular, constituída

de tecido conjuntivo frouxo (Figura 7).

A coloração pelo método de Tricômio de Mallory indicou ausência de camada

muscular contínua, e sim camada disposta em feixes de músculo intercalados com feixes de

conjuntivo frouxo. Em alguns cortes foi possível diferenciar as duas subcamadas, a camada

circular interna e a camada longitudinal externa, ambas de músculo liso. (Figura 7I; 7J; 7L).

Presença de plexo mioentérico entre as camadas circular e longitudinal da camada muscular

(Figura 7M).

A segunda região, localizada na região celomática, constituiu quase todo o órgão, foi

caracterizada por apresentar em sua superfície interna pregas longitudinais elevadas,

ligeiramente onduladas e um pouco espaçadas entre si (Figura 6). Observou-se, também, que

quanto maior o animal, mais desenvolvidas as papilas esofágicas e mais evidentes as pregas

longitudinais.

Histologicamente essa região apresentou mucosa pregueada constituída por epitélio

estratificado cilíndrico, com predominância de células superficiais mucosas cilíndricas

alongadas (Figura 8C; 8E; 8F). As células superficiais mucosas apresentaram-se mais

alongadas que na primeira região, dando a impressão que a camada de muco estava mais

espessa, demonstrado pela atividade através do PAS (Figura 8B; 8D; 8E). Foi identificada a

presença de tecido linfóide associado à lâmina própria (GALT). Nesta região também não foi

observado à muscular da mucosa.

A Submucosa também era aglandular, formada por tecido conjuntivo frouxo e bem

vascularizada (Figura 8). A camada muscular própria seguiu o mesmo padrão da primeira

região do esôfago (figura 8G; 8H). Ainda, externamente, o esôfago era contínuo pela túnica

adventícia exceto próximo a região cárdica onde recebe um revestimento mesotelial seroso.

Não foi averiguado um esfíncter no limite de transição entre esôfago e estômago,

contudo macroscopicamente existe uma simples constrição e mudança da coloração mais

clara do esôfago, para avermelhada do estômago, quando no animal in vivo. Internamente

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ocorre mudança da mucosa, de pregas longitudinais no esôfago para transversais no estômago

em P. expansa, P. unifilis e P. erytrhocephala, e para pregas longitudinais espaçadas em P.

sextuberculata e P. dumerilianus (Figura 7). Histologicamente é perceptível a transição pela

mudança da mucosa esofágica pregueada para a mucosa com fossetas gástricas e da

substituição do epitélio estratificado cilíndrico pelo epitélio cilíndrico simples.

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Figura 6 - Mucosa esofágica em Podocnemididae. Primeira porção caracterizada pela presença de papilas esofágicas (→); Segunda porção caracterizada pela presença de pregas longitudinais ( ). A: P. expansa. B: P. unifilis. C: P. erythrocephala. D: P. sextuberculata. E: P. dumerilianus.

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Figura 7 – Fotomicrografia da primeira porção do esôfago caracterizada pela presença de papilas esofágicas em Podocnemididae. A: Epitélio estratificado cilíndrico em P. expansa. (→): células superficiais mucosas; a: célula caliciforme; b: célula secretora; c: submucosa - PAS. B: Epitélio estratificado pavimentoso em P. expansa. d: epitélio estratificado pavimentoso; e: submucosa - HE. C: Epitélio estratificado cilíndrico em P. unifilis. (→): células superficiais mucosas; f: célula secretora; g: submucosa - PAS. D: Em P. unifilis. h: epitélio estratificado pavimentoso; i: epitélio estratificado cilíndrico; j: célula caliciforme - HE. E: Epitélio estratificado cúbico alto em P. erythrocephala. (→): células superficiais mucosas; k: célula caliciforme - PAS. F: Epitélio estratificado cilíndrico em P. sextuberculata. (→): células superficiais cilíndricas mucosas; l: Célula caliciforme ; m: epitélio estratificado cilíndrico - HE. Aumento todas as fotos: 400X

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Continuação Figura 7 - Fotomicrografia da primeira porção do esôfago caracterizada pela presença de papilas esofágicas em Podocnemididae. G: Epitélio estratificado cilíndrico em P. dumerilianus. n: células superficiais cilíndricas mucosas; o: submucosa - PAS. Aumento: 400X. H: Epitélio estratificado pavimentoso em P. dumerilianus (→) - PAS. Aumento: 400X. I: Camada muscular (→) em P. expansa; p: submucosa- HE. Aumento: 50X. J. Camada muscular (→) em P. erythrocephala; q: epitélio; r: submucosa; s: feixes de tecido conjuntivo entre as fibras musculares - HE. Aumento: 100X. L: Camada muscular (→); t: feixes de tecido conjuntivo entre as fibras musculares – TM. Aumento: 100X . M: Plexo mioentérico (→) em P. sextuberculata. - HE. Aumento: 100X.

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Figura 8 – Fotomicrografia da segunda porção do esôfago caracterizada pela presença de pregas longitudinais em Podocnemididae. A: Mucosa esofágica pregueada em P. erythrocephala - TM. Aumento: 50X. Nas imagens de B a D: observa-se o epitélio estratificado cilíndrico com células superficiais mucosas alongadas, característico desta região nas espécies P. expansa, P. unifilis, P. erythrocephala, respectivamente (→). a: pregas esofágicas; b: epitélio; c: submucosa; d: camada muscular. B; D – PAS. C – HE. Aumento B a D: 400X

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Continuação Figura 4 – Fotomicrografia da segunda porção do esôfago caracterizada pela presença de pregas longitudinais em Podocnemididae. Nas imagens de E e F: observa-se o epitélio estratificado cilíndrico com células superficiais mucosas alongadas, característico desta região nas espécies P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente (→). c: submucosa; d: camada muscular. E – PAS. F – HE. Aumento E e F: 400X. G: Camada muscular em P. expansa - HE. Aumento: 100X. H: camada muscular em P. dumerilianus. c: submucosa; d: camada muscular circular interna; e: camada muscular longitudinal externa; f: tecido conjuntivo - TM. Aumento: 50X.

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5.2 Estômago

Para as cinco espécies analisadas foram evidenciados três padrões anatômicos

diferentes para o estômago.

O primeiro padrão observado em P. expansa, P. unifilis e P. erytrhocephala, o

estômago apresentou-se formado por duas porções bem evidentes, separadas por uma

constrição com pregas longitudinais em sua mucosa. A primeira porção é a mais volumosa,

localizada medianamente e ligeiramente deslocada para esquerda na cavidade celomática.

Compreende praticamente todo o órgão, e é composta pelas regiões cárdica e fúndica (Figura

9A; 9B; 9C). A região cárdica foi caracterizada como sendo a primeira porção, logo após o

esôfago, e a região fúndica ou corpo, a seguir, compreende todo o restante do órgão (Figura

9A; 9B; 9C). Internamente, as duas regiões são caracterizadas pela presença de pregas

transversais em toda sua mucosa (Figura 10A; 10B; 10C).

A segunda porção estomacal se curva para direita logo abaixo da primeira, sendo

formada pela região pilórica bem desenvolvida (Figura 9A; 9B; 9C). Internamente, sua

mucosa é marcada por pregas longitudinais elevadas (Figura 10A’; 10B’; 10C’).

O segundo padrão encontrado, observado em P. sextuberculata, o estômago estava

localizado no antímero esquerdo do animal e apresentou forma de “J” de aspecto saculiforme

com fundo cego. Do esôfago, inicialmente o estômago se curva discretamente para a direita,

sendo a porção inicial formada pela região cárdica, seguida por uma grande bolsa, a região

fúndica ou corpo, com a curvatura maior localizada do lado esquerdo; dando continuidade à

região pilórica, ascendente e curvada para a direita (Figura 9D). Internamente, sua mucosa é

constituída, em toda extensão, por diversas dobras elevadas no sentido longitudinal,

conferindo um aspecto pregueado (Figura 10D).

No terceiro padrão, observado em P. dumerilianus o estômago, localizado à esquerda

da cavidade celomática do animal, apresentou forma de ferradura curvada de aspecto

saculiforme de fundo cego. A partir da porção caudal do esôfago, curva-se para a esquerda

inicialmente formando a região cárdica, em seguida forma uma grande bolsa, a região fúndica

ou corpo, e por fim a região pilórica constitui uma pequena área curvada para a direita (Figura

9E). Internamente a mucosa foi marcada pela presença de dobras longitudinais elevadas

(Figura 10E).

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Figura 9 - Padrões anatômicos encontrados para o estômago em Podocnemididae. c: região cárdica; f: região fúndica; p: região pilórica. A; B; C: estômago dividido em duas porções por uma constrição (→) em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, respectivamente; D: estômago em forma de “J” em P. sextuberculata; E: estômago em forma de ferradura encurvada em P. dumerilianus.

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Figura 10 - Mucosa do estômago. A: Mucosa da primeira porção do estômago da P. expansa com pregas transversais; A’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. expansa com pregas longitudinais; B: Mucosa da primeira porção do estômago da P. unifilis com pregas transversais; B’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. unifilis com pregas longitudinais; C: Mucosa da primeira porção do estômago da P. erythrocephala com pregas transversais; C’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. erythrocephala com pregas longitudinais. (►) transição entre a primeira e a segunda porção do estômago. D: Mucosa do estômago da P. sextuberculata com pregas longitudinais; E: Mucosa do estômago do P. dumerilianus com pregas longitudinais. (→): transição esôfago-estômago.

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Os comprimentos do estômago de cada espécie estudada estão descritos na tabela 1.

Histologicamente em todas as espécies o estômago apresentou mucosa pregueada

revestida por epitélio cilíndrico simples, constituído por células superficiais mucosas

cilíndricas que são PAS positivas (Figuras 11, 12 e 13). Essas células podem variar de

tamanho sendo maiores nos ápices das fossetas, e menores ao constituir as criptas. Em P.

expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, não ocorreu formação de fossetas nas regiões cárdica

e fúndica do estômago e sim pequenas pregas secundárias, onde as células superficiais

mucosas encontram-se distribuídas homogeneamente por todo o epitélio.

Em P. sextuberculata e P. dumerilianus, que apresentam criptas ou fossetas gástricas,

as mesmas estiveram dispostas regularmente por toda a mucosa, diferenciando-se em tamanho

e profundidade dependendo da região. Estas fossetas são invaginações do epitélio que

estabelecem comunicação com a porção secretora das glândulas tubulares gástricas. As

glândulas gástricas quando presentes localizaram-se apenas na lâmina própria. A muscular da

mucosa apresentou-se bem evidente em todas as regiões do estômago e a submucosa foi

constituída por tecido conjuntivo frouxo rico em vasos sanguíneos (Figuras 11, 12 e 13).

Na região cárdica de P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala o epitélio de

revestimento recobre pequenas pregas secundárias, e não origina criptas ou fossetas (Figura

11A, 11C, 11E). Não foram encontradas glândulas gástricas nesta região. Células caliciformes

foram evidenciadas nessas três espécies - PAS positivas (Figura 11B; 11D). A região fúndica

seguiu o mesmo padrão da cárdica para estas espécies, sendo também encontradas células

caliciformes PAS positiva (Figura 12A; 12B; 12C; 12D; 12E). A região pilórica apresentou

fossetas relativamente profundas, com uma grande quantidade de glândulas tubulares longas e

simples (Figura 13A; 13B; 13C; 13D).

As espécies P. sextuberculata e P. dumerilianus apresentavam a região cárdica com

mucosa bem desenvolvida, com numerosas fossetas gástricas de pequena profundidade e com

glândulas tubulares longas e simples, ocupando toda a lâmina própria (Figura 11F; 11G;

11H). A região fúndica apresentou o mesmo padrão que a cárdica, porém aparentemente com

fossetas mais profundas e glândulas longas e simples (Figura 12F). Ambas as regiões

apresentaram uma grande quantidade de glândulas. A região pilórica, diferentemente das

outras regiões, possui fossetas mais profundas com glândulas tubulares simples e curtas,

podendo apresentar também glândula tubular enovelada (Figura 13E; 13F; 13G; 13H).

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A camada muscular no estômago variou nas três regiões. Em algumas espécies foi

verificada a presença de duas camadas musculares, uma circular interna e uma longitudinal

externa. Enquanto, que em outras foi verificado uma terceira camada, uma camada muscular

oblíqua entre a circular e a longitudinal. Sendo evidente que na região pilórica a camada

muscular se apresenta mais espessa do que nas outras regiões.

Externamente, o estômago é recoberto por uma membrana serosa.

Figura 11- Fotomicrografia da região cárdica do estômago em Podocnemididae. A: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. expansa. a: pregas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - HE. Aumento: 50X. B: Células caliciformes presentes no epitélio em P. expansa (→). d: epitélio - PAS. Aumento: 400X. C: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. erythrocephala. e: pregas; f: submucosa - HE. Aumentov 100X. D: Células caliciformes presentes no epitélio em P. erythrocephala (→) – PAS. Aumento: 400X.

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Continuação Figura 11- Fotomicrografia da região cárdica do estômago em Podocnemididae. E: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. unifilis. g: pregas - PAS. Aumento: 100X. F: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. sextuberculata. (→): fosseta gástrica; (*): epitélio cilíndrico simples com células superficiais mucosas; h: região das glândulas gástricas - PAS. Aumento: 100X. G: Em P. dumerilianus. i: região das glândulas gástricas; j: muscular da mucosa - HE. Aumento 50X. H: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. dumerilianus. (→): fosseta gástrica; l: região das glândulas gástricas - PAS. Aumento: 100X.

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Figura 12 – Fotomicrografia da região fúndica do estômago em Podocnemididae. A: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. expansa. a: pregas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - PAS. Aumento: 100X. B: Células caliciformes presentes no epitélio em P. expansa (→) - PAS. Aumento: 400X. C: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. erythrocephala. d: pregas; e: epitélio cilíndrico simples; f: muscular da mucosa – HE. Aumento: 100X. D: Células caliciformes presentes no epitélio em P. erythrocephala (→) - PAS. Aumento: 400X. E: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. unifilis. g: pregas; (→): célula caliciforme - HE. Aumento: 400X. F: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. dumerilianus. (→): fosseta gástrica; h: região das glândulas gástricas; i: muscular da mucosa; j: submucosa - PAS. Aumento: 100X.

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Figura 13 – Fotomicrografia da região pilórica do estômago em Podocnemididae. A: Fossetas e glândulas pilóricas em P. expansa. (→): fosseta; a: glândulas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - PAS. B: Região das glândulas pilóricas em P. unifilis - HE. C: Fossetas gástricas em P. unifilis (→) - PAS. D: Fossetas gástricas em P. erythrocephala (→). (*): células superficiais mucosas. Aumento A e B: 100X. Aumento C e D: 400X.

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Continuação Figura 13 - Fotomicrografia da região pilórica do estômago em Podocnemididae. E e F: Fossetas e glândulas pilóricas em P. sextuberculata. (→): fosseta; d: glândulas; e: muscular da mucosa; f: submucosa. E – HE. F – PAS. G: Fossetas gástricas e glândulas pilóricas em P. dumerilianus. (→): fossetas; g: glândulas - PAS. H: Região das glândulas pilóricas em P. dumerilianus - PAS. Aumento E a G: 100X. Aumento H: 400X.

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A transição do estômago para o intestino delgado nas cinco espécies estudadas se deu

pela presença de um espessamento muscular circular, caracterizando o esfíncter pilórico. Esse

esfíncter é bem evidente em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, porém em P.

dumerilianus e P. sextuberculata esse esfíncter é menos expressivo (Figura 14).

Histologicamente na região do esfíncter ocorre um espessamento da submucosa e da camada

muscular própria, e ocorre mudança da mucosa com fossetas estomacais para as vilosidades

intestinais.

Figura 14 - Esfincter pilórico (→). s: estômago; d: duodeno. A: P. expansa. B: P. unifilis. C: P. erythrocephala. D: P. dumerilianus.

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5.3 Intestino Delgado

Em todas as espécies analisadas, o intestino delgado (ID) consistiu de um tubo longo,

fino e enovelado. A primeira alça intestinal originou-se a partir do esfíncter pilórico, como

uma região retilínea e curta da esquerda para a direita. Em seguida descende se tornando um

órgão enovelado, localizado à direita na cavidade celomática (Figura 15).

Macroscopicamente, não foi possível a delimitação exata de cada região do ID (duodeno,

jejuno e íleo) por não possuírem limites de demarcação definidos. Desta forma, neste estudo

foram consideradas regiões cranial, média e caudal para as análises do duodeno, jejuno e íleo,

respectivamente. A primeira região, retilínea, foi considerada como duodeno e a parte mais

longa e enovelada, jejuno/íleo (Figura 15). Os comprimentos (cm) do ID de cada espécie

estudada estão descritos na tabela 1. Ver tabela 2 para comparação do tamanho proporcional

(%) do ID entre as espécies.

A região cranial apresentou pregas reticulares (Figura 16A; 16A’), e a região média

apresentou pregas longitudinais baixas em zigue-zague (Figura 16B). No entanto, não foi

claramente observado o local exato de transição das pregas reticulares para aquelas em zigue-

zague. Na região caudal as pregas longitudinais em zigue-zague eram altas e bem evidentes

(Figura 16C; 16C’).

Figura 15 - Intestino delgado. A: P. erythrocephala. B: P. sextuberculata. s: estômago; d: duodeno, primeira região do intestino delgado caracterizado como uma porção curta; j/i: jejuno/íleo, região do intestino delgado caracterizada como longa e enovelada; ig: intestino grosso.

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Figura 16 - Mucosa do intestino delgado. Em A: Região cranial com pregas reticulares na P. expansa; e A’ na P. unifilis. B: Região medial com pregas longitudinais em zigue-zague baixas em P. expansa. C: Região caudal com pregas longitudinais em zigue-zague altas e bem evidentes na P. expansa e em C’: na P. unifilis.

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Histologicamente o intestino delgado de todas as espécies apresentou mucosa

constituída por vilosidades revestida por epitélio cilíndrico simples, com células caliciformes

dispersas nas vilosidades, as quais reagem fortemente ao PAS. A lâmina própria e a

submucosa aglandular, foram formadas por tecido conjuntivo frouxo. A muscular da mucosa

foi constituída de uma fina camada de músculo liso.

Cada região (cranial, média e caudal) foi diferenciada pelo padrão de suas vilosidades

e pela quantidade de células caliciformes. Ocorreu padrão semelhante para todas as espécies,

havendo diferenças de altura. O duodeno apresentou vilosidades filiformes e alongadas, sendo

encontradas vilosidades simples e ramificadas. Em algumas espécies mostravam-se mais

alongadas que em outras (Figura 17). O jejuno apresentou vilosidades menores que as

duodenais, porém não seguiu um padrão contínuo, ocorrendo alternância de vilosidades

foliáceas, ramificadas e digitiformes (Figura 18). O íleo apresentou vilosidades baixas e com

base larga, com aspecto fungiforme, no entanto algumas vilosidades mostraram-se

ramificadas, e também convolutas (Figura 19). A quantidade de células caliciformes

aumentou em direção ao íleo.

A camada muscular é composta pela camada circular interna e pela longitudinal

externa, sendo a primeira mais espessa que a segunda, ambas de fibras musculares lisas.

Limitando o órgão externamente encontrou-se a serosa.

A delimitação do intestino delgado para o intestino grosso se deu pela presença de um

espessamento muscular, caracterizando um esfíncter ileocecal (Figura 20).

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Figura 17 – Fotomicrografia das vilosidades do duodeno em Podocnemididae. A: Em P. expansa. a: simples; b: ramificada - PAS. B: Vilosidades filiformes em P. erythrocephala - HE. C: Vilosidades filiformes em P. dumerilianus - PAS. D: Células caliciformes presentes nas vilosidades (↔) em P. dumerilianus - PAS. Aumento A a C: 100X. Aumento D: 400X.

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Figura 18 – Fotomicrografia das vilosidades do jejuno em Podocnemididae. Observar alternância de vilosidades foliáceas, ramificadas e digitiformes. A: Em P. expansa – HE. B: Em P. unifilis – HE. C: Em P. sextuberculata. a: vilosidade digitiforme; b: vilosidade ramificada; c: vilosidade foliácea - PAS. Aumento de todas as fotos: 50X.

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Figura 19 – Fotomicrografia das vilosidades do íleo em Podocnemididae. A: Vilosidades fungiformes baixas em P. sextuberculata - HE. Aumento: 50X. B: Vilosidades ramificadas em P. sextuberculata - TM. Aumento: 100 X. C: Vilosidades convolutas em P. dumerilianus - PAS. Aumento 50X. D: Células caliciformes presentes no íleo em P. dumerilianus (→) - PAS. Aumento: 400X.

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5.4 Intestino Grosso

Em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala o intestino grosso iniciou-se com uma

dilatação bem evidente, o ceco, com presença de pregas transversais em sua mucosa. Segue

em uma região reta e tubular, constituindo o cólon/reto, com pregas longitudinais onduladas

em sua mucosa, demonstrando às vezes um padrão irregular das pregas (Figura 20A; 20B).

Diferente, em P. sextuberculata e P. dumerilianus, o intestino grosso não apresenta

um ceco evidente (dilatação), seguindo de uma região tubular. Nestas espécies o intestino

grosso, a partir do esfíncter ileocecal, aumenta de diâmetro em relação ao intestino delgado,

mantendo constate o diâmetro até a cloaca. Internamente apresenta pregas transversais em sua

mucosa (Figura 20C; 20D; 20E).

Os comprimentos (cm) do IG de cada espécie estudada estão descritos na tabela 1. Ver

tabela 2 para comparação do tamanho proporcional (%) do IG entre as espécies.

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Figura 20 - Intestino grosso. A: Padrão encontrado em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala. Intestino grosso iniciando com uma dilatação, cc: ceco, e seguindo com uma região reta e tubular, c/r: cólon/reto. B: Mucosa do ceco com pregas transversais (→); mucosa do cólon/reto com pregas longitudinais onduladas ( ). C e D Padrão encontrado em P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente. Intestino grosso formado por uma região tubular. E: Mucosa do intestino grosso em P. dumerilianus com pregas transversais. id: intestino delgado; ig: intestino grosso. Região circulada refere-se ao esfíncter ileocecal.

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A histologia de todas as espécies seguiu padrão semelhante. O ceco e o cólon/reto

apresentaram mucosa pregueada com pregas primárias e secundárias. A mucosa foi revestida

por epitélio cilíndrico simples, com numerosas células caliciformes e uma camada de muco

evidente, reagindo fortemente ao PAS (Figura 21 e 22).

A lâmina própria e a submucosa mostraram-se aglandulares, compostas de tecido

conjuntivo frouxo, bastante vascularizado e com linfócitos associados formando agregados

linfóides na lâmina própria.

A camada muscular própria foi composta por uma camada circular interna e

longitudinal externa, ambas de fibras musculares lisas. A camada circular apresentou-se mais

espessa que a longitudinal. No reto os feixes de músculo da camada muscular longitudinal

externa se congregaram em faixas formando as tênias (Figura 22)

Figura 21 – Fotomicrografia da região proximal do intestino grosso. A: Região referente ao ceco em P. expansa. a: mucosa pregueada; b: camada muscular - HE. Aumento: 50X. B: Região proximal do intestino grosso em P. sextuberculata. (→): prega primária; c: pregas secundárias; d: submucosa - PAS. Aumento: 50X. C: Presença de células caliciformes na região proximal do intestino grosso em P. dumerilianus (→). e: epitélio cilíndrico simples - PAS. Aumento: 400X.

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Figura 22 – Fotomicrografia da região do reto. A: Mucosa pregueada e submucosa formada por tecido conjuntivo frouxo em P. unifilis. a: mucosa pregueada com células caliciformes; b: submucosa; c: camada muscular circular interna; d: camada muscular longitudinal externa formando tênias - PAS. Aumeto: 100X. B: Camada muscular do reto em P. expansa - HE. Aumento: 50X.

Foram observadas diferenças significativas (p<0,05) no comprimento dos intestinos

delgado e grosso em relação ao tubo intestinal para as cinco espécies de Podocnemididae

(Tabela 2). P. dumerilianus apresentou o intestino grosso relativamente maior entre as

espécies de Podocnemididae avaliadas. O maior e o menor comprimento relativo do intestino

delgado foram observados na P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente. As

espécies P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala não apresentaram diferenças (p>0,05)

entre si na proporção em relação ao tubo intestinal possuindo valores medianos entre as duas

espécies anteriores.

Para todas as cinco espécies o intestino delgado foi proporcionalmente maior que o

grosso (p < 0,0001). O intestino delgado apresentou uma menor variação no tamanho em

relação ao intestino grosso (p<0,0001) das Podocnemididae estudadas.

Ver tabela 2 para os resultados das análises estatísticas.

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Tabela 1 - Médias do Comprimento (cm) da Carapaça (CC) e dos órgãos do tubo digestório – esôfago, estômago, intestino delgado (ID) e intestino grosso (IG) nas espécies de Podocnemididae.

Espécie CC Esôfago Estômago ID IG

P. expansa 29,98±2,85 9,32±3,13 22,84±4,32 47,90±13,58 12,25±3,35

P. unifilis 37,29±4,90 10,99±2,80 37,88±11,99 81,39±16,34 22,84±7,81

P. erythrocephala 24,62±2,67 7,87±0,95 20,25±5,81 44,37±14,23 10,50±3,83

P. sextuberculata 22,53±1,38 10,00±1,46 8,07±1,11 44,91±7,47 10,38±2,61

P. dumerilianus 29,39±2,65 12,31±1,20 12,81±2,42 37,82±4,50 21,61±2,77

Média ± Desvio Padrão

Tabela 2: Tamanho proporcional* (%) dos intestinos delgado e grosso para cinco espécies da família de Podocnemididae.

ESPÉCIE INTESTINO DELGADO

% INTESTINO GROSSO

% TESTE t

P. expansa 51,41±8,96 a 13,39±3,55 A p < 0,0001

P. unifilis 52,57±5,35 a 14,47±3,34 A p < 0,0001

P. erythrocephala 52,91±4,20 a 12,60±2,46 A p < 0,0001

P. sextuberculata 61,34±2,47 b 14,13±2,47 A p < 0,0001

P. dumerilianus 44,68±4,16 c 25,62±3,42 B p < 0,0001

CV T 14,46 35,72 p < 0,0001

CV D 12,70 22,03 p < 0,0001

*Média ± desvio padrão

Letras minúsculas diferentes na coluna indicam, diferença (p<0,05) pelo teste de Dwass-Steel-Chritchlow-Fligner

Letras maiúsculas diferentes na coluna indicam, diferença (p<0,05) pelo teste de Tukey para amostras de tamanho desigual.

CV: coeficiente de variação; T: todas as espécies ; D: todas as espécies excluindo P. dumerilianus

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6 DISCUSSÃO

Para todas as espécies estudadas a mucosa esofágica mostrou-se caracterizada por

duas regiões bem distintas. A primeira região com papilas esofágicas orientadas no sentido do

estômago e a segunda com pregas longitudinais. Essas papilas também foram descritas por

Vogt et al. (1998) para as cinco espécies de Podocnemididade, porém foram ausentes para

espécies de Chelidae. A presença dessa região com papilas, esta possivelmente associada com

o peculiar comportamento alimentar de neustofagia empregada por P. unifilis (Belkin e Gans,

1968) e outras espécies de Podocnemis (Rhodin et al., 1981). As papilas esofágicas também

estão presentes em todas as tartarugas marinhas (Parsons e Cameron, 1977; Bjorndal, 1985;

Work, 2000, Wyneken, 2001, Magalhães, 2007, Magalhães et al. no prelo). Entretanto, ao

contrário do que ocorre em Podocnemididae essas papilas se estendem até a transição com o

estômago. A orientação das mesmas sugere que elas podem facilitar na ingestão do alimento e

evitar sua regurgitação do estômago devido à mudança de pressão durante o mergulho

(Bleakney, 1965; Porter, 1972; Work, 2000; Wyneken, 2001; Pressler, 2003).

A presença de pregas longitudinais na mucosa esofágica já havia sido descrita por

diversos autores (Porter, 1972; Legler, 1993; Zug et al., 2001), aumentando

significativamente o diâmetro do esôfago para garantir a capacidade de dilatação do órgão

adequando-o para a condução do alimento ao estômago. Menin (1988) propôs que o padrão da

mucosa, se mais ou menos pregueada, levaria a maior ou menor capacidade de deglutição. No

Caiman crocodilus (jacaré-tinga) e no Chelus fimbriatus (matamatá), que engolem presas

grandes e inteiras, foi verificada uma mucosa esofágica bem pregueada (obs. pessoal). Então,

o padrão pregueado longitudinalmente das espécies de Podocnemididae estudadas pode ser

relacionado ao fato de que nas análises anatômicas foram encontradas muitas sementes

grandes e inteiras.

Vogt et al. (1998) descreveu o epitélio esofágico dos Podocnemididae como sendo

estratificado pavimentoso. Entretanto, Oliveira et al. (1996) descreveu para P. expansa como

sendo colunar ciliado, enquanto que para a mesma espécie Santos et al. (1998) descreveu que

era estratificado colunar. Porém no presente estudo foi verificado na primeira região esofágica

a presença de dois tipos distintos de epitélio, na porção mais apical das papilas um epitélio

estratificado pavimentoso como descrito por Vogt (1998), e no restante da papila e na maior

parte da mucosa, epitélio estratificado cilíndrico mucoso como encontrado por Santos et al.

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(1998), e em P. sextuberculata estratificado cúbico alto. Enquanto que na segunda região toda

a mucosa foi revestida por epitélio estratificado cilíndrico mucoso.

Segundo Humbert et al. (1984), o epitélio do tipo estratificado pavimentoso funciona

como uma importante camada protetora contra agressões mecânicas e invasão bacteriana.

Como uma das funções das papilas esofágicas, presentes nas espécies estudadas, é evitar a

regurgitação do alimento do estômago, esse tipo de epitélio presente no ápice das papilas

protege a mucosa contra atritos decorrentes da passagem e retorno do alimento. E o epitélio

estratificado cilíndrico, devido à presença de células secretoras de muco, produz muco para

facilitar a deglutição e transporte do alimento em direção aboral (Al-Hussaini,1949; Godinho

et al., 1970).

Para as espécies de Podocnemididade analisadas foram evidenciadas três tipos

distintos de células produtoras de muco: células superficiais mucosas, células secretoras e

células caliciformes. Parsons e Cameron (1977) descrevem no esôfago de quelônios, as

células ciliadas e as células mucosas, essas últimas foram caracterizadas como células

globosas que reagem positivamente ao PAS e apresentam baixa atividade enzimática. Vogt et

al. (1998) em Podocnemididae apenas descreveu que o epitélio apresentava bordas apicais

com pouca reação positiva ao PAS e Alcian blue, porém não detalhando que tipos de células

se tratava. George e Castro (1998) descrevem a presença de células caliciformes no esôfago

de répteis e por sua vez, Oliveira et al. (1996) relatam sua presença em P. expansa sendo

importantes na liberação de muco ao longo de todo tubo digestório auxiliando na lubrificação

do alimento.

Para anfíbios, George e Castro (1998) descrevem a presença de células caliciformes na

mucosa esofágica. Em Bombina sp foram evidenciadas células caliciformes entre as células

colunares (Duellman e Trueb, apud Santana e Menin, 1997). Células classificadas como

mucosas foram encontradas no anuro Leptodactylus labyrinthicus, onde o muco produzido,

além de auxiliar na progressão do alimento em direção ao estômago, também protege o

segmento esofágico contra danos mecânicos provocados pelos alimentos, uma vez que os

Anura deglutem itens alimentares inteiros, ou seja, sem preparação digestiva (Santana e

Menin, 1997). Enquanto que, a ocorrência de células mucossecretoras é uma característica

comum nos epitélios do tubo digestório de teleósteos (Reid et al., 1988). Essas células, que

equivalem às células secretoras descritas no presente estudo, ainda não tinham sido

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demonstradas para quelônios, portanto pela primeira vez estão sendo descritas para espécies

de Podocnemididae

A camada muscular seguiu o mesmo padrão descrito por Parsons e Cameron (1977),

duas camadas de fibras de músculo liso, uma circular interna e uma longitudinal externa.

Porém foi encontrada nas espécies desse estudo a presença de fibras conjuntivas entre blocos

de fibras musculares lisas. George e Castro (1998) descrevem que em peixes e anfíbios a

camada muscular presente no esôfago tem importância no trajeto do alimento para o

estômago, pois é responsável pelas contrações peristálticas.

A transição do esôfago para estômago na espécie de peixe P. maculatus é claramente

percebida através da abrupta mudança do epitélio estratificado pavimentoso para o epitélio

simples cilíndrico (Santos et al. 2007). Para as espécies de Podocnemididae analisadas além

da mudança do epitélio estratificado cilíndrico para o epitélio simples cilíndrico, a transição

também foi notada pela mudança da mucosa esofágica pregueada para a mucosa com fossetas

do estômago.

Em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala analisadas nesse trabalho foi verificado

que o estômago é um órgão dividido em dois compartimentos por uma constrição e apresentar

região pilórica desenvolvida o que corrobora a descrição feita por Pinto (2006) para P.

unifilis, caracterizado como tendo uma região proximal em forma de sifão e outra distal

alongada disposta transversalmente na cavidade celomática. Trabalhos realizados por Oliveira

et al. (1996); Santos et al. (1998), em P. expansa, demonstraram que o estômago apresenta

uma forma achatada, com a região pilórica bem desenvolvida e encurvada.

Além das funções digestivas, o estômago também funciona como um reservatório de

alimentos (D`arce e Flechtmann, 1985). Segundo Hildebrand e Goslow (2004) uma

estocagem temporária é promovida por bolsas faciais em alguns roedores, primatas e

morcegos. Em aves, essa função de armazenamento temporário de alimentos é realizada em

uma porção do esôfago em forma de saco, chamada papo ou inglúvio. Em C. mydas existe na

região distal do esôfago uma porção dilatada em forma de saco, que possui a mesma função

do inglúvio das aves (Magalhães et al. no prelo). Não apresentando bolsas ou um papo, a

maioria dos répteis e mamíferos herbívoros possui um grande estômago mesmo quando este

não funcione como câmara de fermentação. Com essa adaptação o animal pode manter a

refeição por mais tempo e digeri-la com mais eficiência. Portanto, a separação do estômago

em dois compartimentos bem definidos demonstra uma especialização e uma divisão das

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funções entre cada porção. O estômago nesse formato reflete bem o tipo de alimento ingerido

pelas espécies que o possuem, já que P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala apresentam

uma dieta basicamente de matéria vegetal, sendo assim consideradas herbívoras. Enquanto a

primeira porção do estômago funciona como uma câmara fermentativa, a região pilórica

desenvolvida é que realiza a função de digestão desse órgão.

Entre as cinco espécies analisadas P. dumerilianus foi o que apresentou o estômago

mais simples. Sendo essa espécie considerada onívora e a que consome a maior quantidade de

matéria animal entre os Podocnemididae (Perez-Eman e Paolillo, 1977). Legler (1993)

comenta que a maioria das espécies de Testudines é onívora oportunista e apresenta

comportamento típico de onívoros aquáticos, rondando perto do leito do rio, investigando a

vegetação e as frutas caídas das árvores, além dos botes oportunistas em pequenos

invertebrados. No entanto, infere-se que cada espécie tem uma tendência a uma determinada

categoria trófica, como acontece com algumas espécies em questão.

Em tartarugas marinhas ocorre diferença na forma do estômago entre as espécies, no

qual a espécie herbívora (C. mydas), e as onívoras (Eretmochelys imbricata e Lepidochelys

olivacea) apresentaram estômago com aspecto saculiforme em J, e a Caretta caretta e a

Dermochelys coriacea (carnívoras) de aspecto tubular (Magalhães, 2007). De acordo com

Hildebrand (1995); (Hildebrand e Goslow, 2006), os répteis carnívoros têm um estômago

simples, mas distensível, e o intestino tende a ser curto. Em contrapartida, a maioria dos

répteis herbívoros tem um estômago grande e complexo, que funciona como reservatório ou

câmara fermentativa e um intestino relativamente longo. P. sextuberculata apresentou

estômago com o formato similar as espécies herbívoras e onívoras citadas acima.

Parsons e Cameron (1977) descreveram que algumas espécies de quelônios

apresentavam pregas longitudinais na mucosa gástrica. Em D. coriacea, o mesmo autor

encontrou a presença de pregas transversais na mucosa gástrica divergindo do padrão

encontrado para esta espécie por Magalhães (2007) que encontrou pregas longitudinais na

região cárdica, pregas transversais na fúndica e ausência de pregas na pilórica. Para P.

expansa, P. unifilis e P. erythrocephala analisadas nesse trabalho a primeira região do

estômago apresentou pregas transversais e a segunda, pregas longitudinais. P. sextuberculata

e P. dumerialianus apresentaram pregas longitudinais em toda mucosa gástrica. Segundo

Parsons e Cameron (1977) as pregas longitudinais, provavelmente, permitem a livre passagem

de alimentos através do lúmen ao passo que pode ser impedida por pregas transversais ou

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oblíquas. Portanto, supõe-se que a presença das pregas transversais nas espécies analisadas

sirva pra retardar a livre passagem do alimento ajudando a mantê-lo por mais tempo no

estômago.

Em animais em que o estômago estava repleto de alimento, no momento da análise, a

mucosa da primeira região se mostrou desprovida de pregas, demonstrando que essas dobras

são importantes para distensão do órgão e aumento da área de contato.

Histologicamente nas espécies analisadas o estômago apresentou mucosa revestida por

epitélio cilíndrico simples. Como descritos para peixes, anfíbios e répteis (George e Castro,

1998) e para peixes das espécies Steindachnerina notonota (Silva, 2004) e Pimelodus

maculatus (Santos et al. 2007). Esse epitélio é constituído por células superficiais mucosas

PAS positivas homogeneamente distribuídas pelo epitélio. A presença desse epitélio

mucossecretor também foi descrito para répteis, anfíbios e peixes (George e Castro, 1998),

como exemplo S. notonota e Hoplias malabaricus (Silva, 2004), Pseudoplatystoma coruscans

(Cal, 2006). Estes autores relatam que a função dessa secreção mucosa é provavelmente a de

proteger as células epiteliais contra o ácido clorídrico produzido pelas glândulas gástricas,

além de ser encarregada de proporcionar o deslocamento do alimento ao intestino e auxiliar

na hidratação do alimento.

Fossetas gástricas são invaginações do epitélio de revestimento para dentro da lâmina

própria que estabelecem ligação com a porção secretora das glândulas tubulares gástricas, são

estruturas que se encontram dispostas por toda a mucosa. Porém em P. expansa, P. unifilis e

P. erythrocephala nas regiões cárdica e fúndica não ocorreu formação de fossetas, o epitélio

de revestimento recobriu pequenas pregas secundárias, com presença de células superficiais

mucosas e células caliciformes. Além disso, essas regiões se mostraram desprovida de

glândulas. Portanto, devido à ausência de glândulas nas regiões cárdica e fúndica nas espécies

de estudo, a atividade secretora é restrita ao epitélio, pelas células superficiais mucosas e

caliciformes. A ausência de fossetas também foi descrito por Silva (2004) para a região

pilórica de S. notonota e para o estômago de H. maculatus. Células caliciformes também

foram descritas para o estômago anterior de anfíbios (George e Castro, 1998).

As fossetas estiveram presentes apenas na região pilórica de P. expansa, P. unifilis e

P. erythrocephala. Como sendo descrito para répteis no geral por George e Castro (1998). De

acordo com Oliveira et al. (1996) e Santos et al. (1998) em P. expansa, o estômago apresenta

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glândulas gástricas com células secretoras, além de células acidófilas nas glândulas pilóricas.

Mas como descrito anteriormente essa espécie apresentou glândulas apenas na região pilórica.

Portanto constata-se que as regiões estomacais cárdica e fúndica em P. expansa, P.

unifilis e P. erythrocephala possivelmente estão envolvidas com o armazenamento e

fermentação dos itens alimentares ingeridos, tendo a região pilórica funções de digestão e

deslocamento do alimento ao intestino.

P. sextuberculata e P. dumerilianus apresentaram semelhante padrão histológico

descrito para a maioria dos grupos de vertebrados (George e Castro, 1998). Apresentando

fossetas e glândulas nas três regiões estomacais, cárdica, fúndica e pilórica. Com variação

entre as regiões na profundidade das fossetas e na quantidade de glândulas. Esse padrão foi o

mesmo para espécie C. mydas (Magalhães et al. no prelo). As células mucosas, encontradas

nas espécies acima citadas, são comuns nas glândulas tubulares como descrito para quelônios

(Parsons e Cameron, 1977). Devido a essas características esse órgão não apresenta função

fermentativa, e sim função de armazenamento e, digestão além de deslocamento do alimento

ao intestino, auxiliado pelas células superficiais mucosas.

Em todas as espécies estudadas nesse trabalho a muscular da mucosa no estômago foi

bem espessa e evidente. Segundo Chaves e Vazzoler (1984), a presença da muscular da

mucosa nas paredes do estômago de Semaprochilodus insignis está relaciona com o

movimento de pressão sobre as glândulas para a eliminação de seus produtos.

A camada muscular própria das espécies de Podocnemididae variou entre regiões e

espécies, sendo verificada a presença ora de duas camadas, uma circular interna e uma

longitudinal externa e ora, com três camadas, sendo uma intermediária e oblíqua. Foi evidente

que na região pilórica a camada muscular se apresentou mais espessa que nas outras regiões.

De acordo com Silva (2004) a camada muscular é responsável pela motilidade gástrica, e,

portanto, pelo transporte e mistura do alimento com as secreções estomacais. Além disso, o

esvaziamento gástrico é causado em virtude das contrações desenvolvidas na espessa camada

muscular que compõe as paredes da região pilórica, e do padrão longitudinal das pregas de

sua mucosa (Menin, 1988; Santos et al., 2007).

Entre as espécies estudadas, independente do hábito alimentar existe a presença do

esfíncter pilórico que marca o início do intestino. Esse esfíncter controla o movimento dos

alimentos do estômago para o intestino delgado (Zug et al., 2001).

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Em P. unifilis Pinto (2006) verificou que a transição para o duodeno é suave e esta

porção do intestino delgado revela-se curta como um segmento retilíneo da direita para a

esquerda, onde se inicia o jejuno-íleo. Este por sua vez é enovelado e compreende a maior

porção do intestino delgado. Oliveira et al. (1996); Santos et al. (1998) descreveram para P.

expansa o intestino delgado longo e bem enovelado. As espécies analisadas nesse trabalho

apresentaram arranjo semelhante ao descrito acima, no entanto ao contrário do relatado por

Pinto (2006) o duodeno não se curva da direita para a esquerda, pois no animal na sua posição

anatômica, o duodeno se curva da esquerda para a direita.

Pregas longitudinais formam um padrão em zigue-zague, o qual provavelmente

desaparece quando o tubo é distendido (Parsons e Cameron, 1977). De acordo com Legler

(1993), o padrão de vilosidades é mais complexo no duodeno e se torna mais simples e menor

para o cólon, com mudança de pregas em zigue-zague para pregas longitudinais simples perto

da região distal do íleo. Em tartarugas marinhas a mucosa de todo o intestino delgado

apresenta aparência de “favos de mel” (Work, 2000; Wyneken, 2001). No entanto, nas

espécies de Podocnemididae analisadas o duodeno apresentou pregas reticulares, o jejuno,

pregas longitudinais baixas em zigue-zague e o íleo pregas longitudinais altas em zigue-zague

e evidentes. Nas espécies de tartarugas marinhas C. mydas, L. olivacea, C. caretta e E.

imbricata o duodeno apresentou pregas reticulares, e o jejuno/íleo pregas retilíneas. Já em D.

coriacea todo o intestino delgado apresentou mucosa com pregas reticulares (Magalhães,

2007).

Histologicamente em répteis o epitélio cilíndrico que reveste as pregas intestinais é

simples, e a camada muscular consiste de uma camada circular interna e uma longitudinal

externa (Parsons e Cameron, 1977). Oliveira et al. (1996); Santos et al. (1998), descreveram

que a mucosa do intestino delgado em P. expansa possui inúmeras vilosidades e seu epitélio é

simples e cilíndrico com borda estriada e células caliciformes. A mucosa constituída por

vilosidades também foi descrita para C. mydas, sendo longa e filiforme no duodeno, curta e

digitiforme no jejuno e foliado no íleo (Magalhães et al., no prelo). A mesma autora

descreveu a presença de glândulas na lâmina própria apenas no duodeno.

As espécies de Podocnemididae analisadas também apresentaram mucosa constituída

por vilosidades e revestida por epitélio cilíndrico simples, com células caliciformes dispersas

nas vilosidades. No entanto, ao contrário do que foi descrito para C. mydas (Magalhães et al.,

no prelo), apresentaram lâmina própria e a submucosa aglandular. As vilosidades nos

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Podocnemididae também variaram em relação à região do intestino delgado, sendo filiformes

e alongadas no duodeno, com alternância de vilosidades foliáceas, ramificadas e digitiformes

no jejuno e o íleo apresentou vilosidades fungiformes. A presença destas pregas e vilos

aumentam sobremodo a superfície da parede intestinal (Porter, 1972; Romer e Parsons, 1985;

Legler, 1993; Young e Heath, 2000; Wyneken, 2001).

A delimitação do intestino delgado para o intestino grosso se deu pela presença de um

espessamento muscular, caracterizando um esfíncter ileocecal em todas as espécies desse

trabalho. Esse esfíncter tem como função regular a passagem de material do intestino delgado

para o grosso. Semelhantes achados foram descritos por Rainey (1981); Wyneken (2001) e

Magalhães (2007) para tartarugas marinhas.

O intestino grosso em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala analisadas nesse

trabalho constitui inicialmente por uma dilatação, o ceco, e segue em direção a cloaca,

assumindo posição mediana até alcançar a pelve e apresenta dimensões reduzidas. Oliveira et

al. (1996); Santos et al. (1998) em P. expansa e Pinto (2006) em P. unifilis, descreveram

mesmo padrão para esse órgão. Porém para P. sextuberculata e P. dumerilianus o intestino

grosso não apresentou um ceco (dilatação), caracterizando-se como um órgão tubular.

Para as espécies analisadas foram encontradas pregas transversais no ceco e pregas

longitudinais onduladas, demonstrando às vezes um padrão irregular, no cólon/reto. No

entanto, como descrito por Parsons e Cameron (1977), o cólon e o ceco são distensíveis, e

para alguns espécimes não foi verificado a presença de pregas na mucosa. Em peixes as

relações entre o arranjo das pregas mucosas e a velocidade de transporte do alimento no

intestino sugere que o padrão longitudinal com numerosas anastomoses, retardam o avanço do

alimento em sentido aboral, o que possibilita maior período digestivo e, conseqüentemente,

maior aproveitamento dos nutrientes, em virtude da exposição do material alimentar à mucosa

intestinal por maior período, além de contribuir para a preparação do bolo fecal (Seixas-Filho

et al., 2003). A organização das pregas do ceco e cólon/reto evidenciadas neste trabalho para

as cinco espécies analisadas demonstram a retenção do alimento por um maior período de

tempo, devido à presença de pregas transversais.

A importância digestiva do intestino grosso varia segundo a espécie animal. Para os

carnívoros, é o local onde simplesmente ocorre a recuperação hidroeletrolítica que foi perdida

com as secreções digestivas, além disso, o ceco é pequeno ou mesmo ausente. Para os

herbívoros, em especial o ceco, são de enorme importância. Sendo o local onde ocorre a

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digestão bacteriana da celulose e outros carboidratos do material vegetal que, de outra

maneira, não poderiam ser aproveitados (D’arce e Flechtmann, 1985; Hildebrand e Goslow,

2006). P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, espécies herbívoras, apresentaram o ceco

desenvolvido, o que mostra a importância desse órgão. No entanto, apesar de P.

sextuberculata ser considerada herbívora, apresentou o mesmo padrão que P. dumerilianus,

que consome maior quantidade de material animal, onde não foi evidenciado um ceco

desenvolvido, todo o intestino grosso apresentou o mesmo diâmetro do inicio ao fim. Esse

padrão já descrito por Porter (1972), onde o intestino grosso tem o diâmetro maior que o

intestino delgado, e é geralmente reto.

Histologicamente o intestino grosso nas espécies estudadas apresentou mucosa

pregueada revestida por epitélio cilíndrico simples. Em comparação ao intestino delgado,

observa-se maior quantidade de células caliciformes. O tipo de epitélio encontrado e a

presença de células caliciformes foram o mesmo descrito por George e Castro (1998) para

peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. No entanto, Oliveira et al. (1996); Santos et al.

(1998) descreveram que em P. expansa a mucosa apresentava muitas vilosidades e revestida

por um epitélio pseudo-estratificado cilíndrico, divergindo do encontrado no presente estudo.

Porém também evidenciaram células caliciformes em quantidade. O muco secretado pelas

células caliciformes promove a lubrificação do tubo, o que facilita o deslizamento das fezes,

já que chegam nesta região bastante desidratadas (George e Castro, 1998; Young e Heath,

2000; Cal, 2006).

Em C. mydas, o intestino grosso apresentou mucosa pregueada contendo glândulas e

acúmulo de linfócitos na lâmina própria (Magalhães, 2007). Mesmo padrão foi descrito em

répteis (George e Castro, 1998). Porém nas espécies analisadas a submucosa foi aglandular,

mas ocorreu a presença de acúmulo linfocitário expressivo. A presença de células do sistema

imunitário está relacionada com a flora bacteriana no intestino grosso (Young e Heath, 2000).

Apesar de P. sextuberculata ser considerada herbívora, apresentou características mais

próximas do P. dumerilianus, espécie onívora, possuindo o estômago bem mais simples

quando comparada com as outras espécies herbívoras analisadas. Morfologicamente essa

espécie não possui especializações para uma dieta herbívora, desse modo sugere-se que esteja

em processo transicional da sua dieta, ou está se adaptando a disponibilidade de alimento no

meio, por isso a maioria dos autores considera essa espécie herbívora a partir de estudos

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recentes da sua dieta. No entanto Vogt (2008) encontrou principalmente pequenos caramujos

no conteúdo estomacal dessa espécie.

Luz et al. (2003) verificou que o estômago seguido pelo intestino delgado, foram os

que apresentaram maior capacidade em alocação, desempenhando importantes funções na

digestão de alimentos em P. expansa jovens. No entanto, em trabalho com trânsito

gastrintestinal na mesma espécie demonstrou que os dois segmentos do tubo digestório que

parecem exercer função importante no tempo de retenção da digestão são o estômago e o

ceco, que retiveram o contraste por até 24 e 29 dias, respectivamente (Lopes, 2006). Em um

trabalho parecido, Pinto (2006) observou que P. unifilis reteve o contraste no intestino grosso

em um tempo médio de permanência alto, quando comparado aos outros órgãos.

Apesar de não terem sido enfatizados os aspectos funcionais da digestão, a morfologia

demonstrou que em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala o estômago e o ceco

desempenham importante função no retardo do alimento, ratificando as informações dos

autores acima.

Luz et al. (2003) e Pereira et al. (2003) encontraram que os comprimentos médios de

intestino delgado e intestino grosso em P expansa, são 46,68 cm e 96,36 cm, 14 cm e 13,09

cm, respectivamente. No presente estudo P. expansa apresentou comprimentos médios de

intestino delgado e intestino grosso de 47,90 cm e 12,25 cm, respectivamente. O que

demonstra aproximação com os resultados encontrados pelos autores citados acima. Além

disso, os resultados de Luz et al., (2003) demonstraram que o estômago apresentou maior

percentual do tubo digestório, com 44,20%, seguido pelo intestino delgado, que correspondeu

a 28,68% e pelo intestino grosso, a 20,93%. Em todas as espécies analisadas o intestino

delgado também correspondeu a um maior percentual quando comparado ao intestino grosso,

como observado na tabela 2.

O intestino delgado tende a ser mais longo nos carnívoros e o mais curto nos

herbívoros, enquanto o intestino grosso é mais longo nos herbívoros e mais curto nos

carnívoros (Stevens e Hume, 1998). Essa diferença no comprimento do intestino delgado e do

grosso ocorre porque os alimentos de origem animal são mais facilmente digeridos do que os

de origem vegetal (Ricklefs, 2003).

No entanto, nossos resultados não seguiram por completo essa relação. P.

dumerilianus, espécie onívora, esteve de acordo com a afirmação acima, onde o intestino

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delgado apresentou maior média percentual quando comparado com o intestino grosso. Além

disso, essa espécie apresentou o intestino grosso relativamente maior que as espécies de

Podocnemididae herbívoras. Porém, P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, consideradas

herbívoras, apresentaram média percentual do intestino delgado maior que o intestino grosso.

Mas apesar de o intestino grosso ser proporcionalmente menor que o intestino delgado, é

capaz de reter a digestão por um tempo suficientemente longo para permitir uma ampla

atividade microbiana (Luz, 2000), como observado por Lopes (2006) em P. expansa e Pinto

(2006) em P. unifilis em trabalhos com trânsito gastrintestinal.

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7 CONCLUSÃO

O esôfago nas espécies de Podocnemididae está morfologicamente preparado para se

proteger contra ação abrasiva do alimento e para auxiliar seu transporte até a próxima câmara.

Existem 3 tipos de células secretoras de muco no esôfago nas espécies estudadas:

células superficiais mucosas, células secretoras e células caliciformes.

Foi verificada para as cinco espécies a presença de três padrões anatômicos diferentes

para o estômago. O estômago dividido em dois compartimentos, em forma de “J”e em forma

de ferradura encurvada.

As espécies herbívoras, Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis e Podocnemis

erythrocephala, apresentaram semelhança em sua morfologia macroscópica e microscópica

para todos os órgãos, principalmente em relação ao estômago e intestino grosso.

Em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala há uma separação do estômago em

duas porções definidas demonstrando uma especialização e uma divisão das funções entre

cada região. A primeira porção do estômago funciona como câmara fermentativa e a segunda

região realiza a digestão. Com ausência de fossetas e glândulas gástricas na porção

fermentativa

Podocnemis sextuberculata, considerada herbívora, não apresentou especializações

para uma dieta herbívora. Possuindo características anatômicas e histológicas mais próximas

do Peltocephalus dumerilianus, espécie onívora.

A relação ID/IG diverge da esperada para os indivíduos herbívoros, pois é

compensada pela região do ceco que auxilia nestes animais como uma câmara fermentativa.

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73

ANEXOS

Anexo 1: Lista do material tombado

Espécie Número do tombo

Podocnemis sextuberculata INPA-H 21931 até 21935

Podocnemis sextuberculata INPA-H 21960

Podocnemis sextuberculata INPA-H 21964

Podocnemis sextuberculata INPA-H 21965

Podocnemis sextuberculata INPA-H 21969

Podocnemis sextuberculata INPA-H 21970

Podocnemis sextuberculata INPA-H 21971

Podocnemis sextuberculata INPA-H 21974

Podocnemis sextuberculata INPA-H 24165

Podocnemis sextuberculata INPA-H 25567

Podocnemis sextuberculata INPA-H 25568

Podocnemis sextuberculata INPA-H 25571

Podocnemis erythrocephala INPA-H 21936 até 21938

Podocnemis erythrocephala INPA-H 21948

Podocnemis erythrocephala INPA-H 21951

Podocnemis erythrocephala INPA-H 21952

Podocnemis erythrocephala INPA-H 21954

Podocnemis erythrocephala INPA-H 23407

Podocnemis erythrocephala INPA-H 25561 até 25566

Peltocephalus dumerilianus INPA-H 21939 até 21947

Peltocephalus dumerilianus INPA-H 22884 até 22888

Peltocephalus dumerilianus INPA-H 25558 - 25559

Podocnemis unifilis INPA-H 26169 até 26172

Podocnemis unifilis INPA-H 26216 - 26217

Podocnemis unifilis INPA-H 26294 - 26295

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Podocnemis expansa INPA-H 26174 até 26179

Podocnemis expansa INPA-H 26210 até 26217

Podocnemis expansa INPA-H 26291 até 26293

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Anexo 2 : Técnicas histológicas de rotina

Fixação: Os tubos digestórios foram fixados durante 24hs, depois seccionados para obtenção

do esôfago, estomago e intestinos delgado e grosso. Após fixação, sofreram lavagem em água

corrente por aproximadamente 15 minutos, decorrido este tempo deu-se inicio a desidratação.

Desidrataçao: Foi realizada passando-se o fragmento através de uma serie crescente de

alcoóis, de modo a garantir total desidratação do material. As peças seguiram o seguinte

processo:

1. Alcool 70% -------------------------- 1h

2. Álcool 80% -------------------------- 1h

3. Alcool 90% -------------------------- 1h

4. Alcool 100% ------------------------- 1h

5. Alcool 100% ------------------------- 1h

Diafanização: Através desse processo, o álcool é substituído pelo xilol e as peças, por sua,

vez tendem a ficar transparentes. Seguindo o seguinte processo:

1. Xilol 1 -------------------------------- 1h

2. Xilol 2 -------------------------------- 1h

Inclusão em parafina: Passou-se a peça diafanizada por dois banhos de parafina liquida

mantida em estufa a 58°C, por uma hora cada.

Inclusão definitiva ou formação do bloco: Encheram-se pequenos moldes com para fina

lÍquida 50º.C - 55º.C Em seguida, tomou-se a peça e a cóloncou no interior do molde cheio de

parafina, como auxílio de uma pinça, orientando-a no sentido de que a superfície a ser cortada

coincidisse com o lado inferior do molde.

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Anexo 3 : Colorações

3.1 Hematoxilina-Eosina (HE) – corante de rotina

1. Desparafinização

1. Xilol 1 - 5min

2. Xilol 2 - 5min

2. Hidratação

1. Alcool 100% - 1min

2. Álcool 90% - 1min

3. Alcool 70% - 1min

3. Hematoxilina – 710min

4. Água corrente – tirar excesso do corante

5. Eosina – 10seg

6. Desidratação

1. Alcool 80% - 1min

2. Alcool 100% - 1min

3. Alcool 100% - 1min

4. Alcool 100% - 1min

7. Xilol – 1mim

8. Montar lâminas

Resultados: roxo: núcleos; cor de rosa: citoplasma

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3.2 Tricômio de Mallory – Fibras colágenas, cartilagem

1. Desparafinar e hidratar – idêntica ao processo para HE

2. Hematoxilina - idêntica ao processo para HE

3. Lavar

4. Solução fucsina ácida 0,5% - 10 min

5. Água destilada – banho

6. Solução ácido fosfomolibdico 1% - 5 seg

7. Água corrente - banho

8. Solução B (solução mãe*) – 30 seg

9. Montar lâminas

*Solução mãe – 1 ml do corante tricomio de Mallory p/ 3 ml de água destilada

Resultados: Laranja-amarelo: hemácias; Cinza: núcleos; Vermelho: fibras musculares; Azul:

tecido conjuntivo, membrana basal, retículo e fibras elásticas; Vermelho-escuros: nucléolos;

Vermelho-claro: fibrina

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3.3 Ácido Periodico de Schiff (PAS) – Mucoproteína, membrana basal

1. Desparafinar e hidratar - idêntica ao processo para HE

2. Água corrente – 10 min

3. Água destilada – 5 min

4. Ácido periódico 1,0% - 7 min

5. Água corrente – 15 min

6. Água destilada – 5 min

7. Reagente de Shiff – 15 min

8. Água corrente – 15 min

9. Água destilada – lavagem rápida

10. Hematoxilina – 15 seg (contra corar)

11. Agua corrente – 10 min

12. Desidratar e montar

Resultados: Púrpura: Mucoproteína e mebrana basal.