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MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA ROTEIRO GERAL DE AULAS Pedro Teixeira Castilho William César Castilho Pereira

Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

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MOVIMENTO INSTITUCIONALISTAROTEIRO GERAL DE AULAS

Pedro Teixeira CastilhoWilliam César Castilho Pereira

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1ª PARTE_________________________________________ MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA

Conjunto aberto e diversificado de teorias, práticas, experiências e saberes que pretendem desencadear ruptura com um certo modo cristalizado de existência institucional, contrapondo à alienação a autonomia.

Toma por objeto os coletivos sociais no que se refere às lógicas que os regem, às formas concretas em que essas se “materializam”, a finalidades que perseguem a medida que as alcançam, assim como aos expedientes que se dão para obtê-las.

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Se ocupa das instituições, organizações, estabelecimentos e equipamentos, assim como dos agentes e práticas que estes protagonizam.

O institucionalismo é a expressão de algo extremada de um questionamento da hegemonia do pensamento científico como tal, de suas diversas especificidades etc., e que defendem a fertilidade de todos os saberes, incluindo, por exemplo, os que existem em “estado prático” nas atividades legais, as artísticas,etc.

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Características gerais:

Pluralidade de escolas, leque de tendências; Não é uma ciência; Não é um saber constituído, clássico; Conjunto de saberes e modos de intervir

interdisciplinares, transdisciplinares e extra-disciplinares; Integra o saber e o agir dos coletivos, dos usuários, de

grupo de comunidades que produzem por si mesmos o conhecimento.

Idéias máximas: Produzir nos coletivos processos de auto-análise e

autogestão.

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GÊNESE HISTÓRICO-SOCIAL:

Todas as tendências que houve na história da humanidade e as que hoje existem e exercitam um institucionalismo espontâneo, ou seja, como se originou no transcurso da vida em sociedade. Toda a história da humanidade está permeada de ensaios autogestivos erigidos contra o poder centralizador de qualquer movimento em inúmeras conjunturas:

a comunidade primitiva; o cristianismo primitivo; os quilombos negros no Brasil (Palmares); a revolução francesa; acontecimentos da revolução russa; a libertação da Argélia; a república espanhola em 1926; o breve governo popular de 73 na Argentina; os mutirões; as comunidades de base; outras experiências, mais peculiares em torno do liberalismo humanista:

protestos de grupos americanos de minorias étnicas, sexuais e geracionais, assim como do pacifismo e da ecologia.

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GÊNESE CONCEITUAL:

Como se originou, enquanto fontes teóricas e saberes prévios dos quais se utilizou para constituir-se. Arqueologia teórica composta de linhas contrastantes, não homogêneas.

1- Anti-filósofos antigos: sofistas e estóicos: vertentes anti-platônicas e maneira anti-idealistas e anti-racionalista, contra a instituição da idéia como bem supremo e do sábio como estadista.

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2- Sofistas (pré-socráios) – século IV a.C.: “estrangeiros”, “sábios” não se interessam pelo que sua argumentação pode ter de moral ou imoral, justo ou injusto, pois isto é assunto do “cidadão” e eles não o são! Compartilham a experiência da democracia em que o mundo humano aparece como criação do próprio homem, os valores e verdades são instáveis e relativos. Caráter eminentemente humano, o homem como medida de todas as coisas.

Estóicos (helenistas) – século III e II a.C.: idéias de humanidade e ecumenismo (terra de todos). O mundo é o logos (razão enquanto substância ou causa do mundo) de tal modo que suas partes encontram-se unidas entre si e com o todo numa relação bem precisa: a simpatia. A simpatia é a relação de correspondência (mas não de igualdade) entre os vários aspectos da realidade.

O critério de verdade, no conhecimento, provém das sensações que são apreendidas pela razão como representação, estas podem corresponder ou não à verdade.

Epicuro: a filosofia como cura e libertação (epicuristas).

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Entre os pré-socráticos, encontramos dois personagens emblemáticos, Parmênides e Heráclito, que nos ajudarão a refletir sobre a origem do SER.

Para Parmênides, o ser é incriado e incorruptível, imóvel e infinito. Ele vê o ser como algo geral, de forma que não pode ser determinado por nenhuma substância. Segundo ele: “o ser é e não-ser, não é”. A visão de Parmênides caracteriza o ser como “estático, imutável e idêntico a si mesmo”, todo igual, não admitindo diferenças e transformações, apenas a repetição. Segundo ele, o caminho da verdade é o caminho da razão, e o caminho do erro é o a trilha dos sentidos

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Heráclito, por sua vez, notando o dinamismo do mundo, pensa o ser como DEVIR, ou seja, um ser em processo onde tudo flui, em oposição à idéia de Parmênides. Nada permaneceria imóvel, fixo, estriado. Tudo muda, é liso e transforma-se. É muito conhecido o fragmento de seus escritos em que ele afirma que um homem não se banha duas vezes num mesmo rio. Na realidade o rio, aparentemente o mesmo, é constituído de águas sempre novas. Igualmente, o ser humano também muda e ao se banhar uma segunda vez - já não será o mesmo, terá adquirido novas experiências, novos conhecimentos, novas subjetividades afetivo-sexuais, etárias, étnicas, espaciais e temporais. O conceito de identidade é igual a um, uno e único, enquanto que o conceito de subjetivação refere-se ao múltiplo e ao diferente. Para Heráclito, os sentidos captam a aparência das coisas, e isso é opinião. Para obter a verdade é necessário ir além dos sentidos.

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3- Spinoza (1632): racionalismo/panteísmo imanentista e a concepção da ética. Deus-natureza: “desconheço a razão pela qual a matéria seria indigna da natureza divina” – o mundo existe em Deus.

“Não é preciso que eu saiba, para que eu saiba que sei”.

A ordenação metodológica deve partir de uma idéia da qual tudo se deduz, mas que, por isso mesmo, não é deduzida de nenhuma outra-substância “o que é existe em si e por si é concebido, isto é, aquilo cujo conceito não carece do conceito de outra coisa do qual deva ser formado” – Deus.

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4) Utopistas: Thomas More, Campanela, Erasmo

Questionamento das instituições sexuais, religiosas e sociais e propostas de um novo mundo segundo uma concepção da utopia.

ERASMO (1465) – “Elogio da loucura”. “É a loucura que forma as cidades, graças a ela é que subsistem os governos, a religião, os conselhos, os tribunais [...] a vida humana não passa de um divertimento da loucura”.

TOMAS MORE – “Utopia” romance, ilha desconhecida em que as condições de vida se caracterizariam pela abolição da propriedade particular e pela intolerância religiosa.

CAMPANELLA – “Cidade do Sol”.Utopia: força de transformação da realidade em ato que assuma

corpo e consistência bastante para transformar-se em autêntica vontade inovadora e encontrar os meios de inovação.

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5) Enciclopedismo e iluminismo – século XVII e XVIII:

Rabelais, Sainte-Simon, Rousseau e FourierIgualdade, fraternidade e liberdade. Revolução burguesa.

Iluminismo:

1º) Extensão da crítica a toda e qualquer crença e conhecimento;2º) Realização de um conhecimento que, para ser aberto às

críticas, inclua e organize os instrumentos para a própria correção;

3º) O uso efetivo, em todos os campos, do conhecimento assim atingido com a finalidade de melhorar a vida una e associativa dos homens.

KANT – Levar a razão à presença do tribunal da razão.Não existem campos privilegiados dos quais a crítica racional deva

ser excluída.Tradição = erro

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6- Marx, Nietzche, Freud:

(Questionamento à lógica hegeliana)

Materialismo histórico: Com este nome foi reconhecido por Engels o cânon de interpretação histórica proposto por Marx: reconhecer nos fatores econômicos (técnicas de trabalho e de produção, relações de trabalho e de produção) um peso preponderante na determinação dos acontecimentos históricos.

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As formas que a sociedade assume historicamente dependem das relações econômicas que prevalecem numa certa fase desta. Diz Marx:

“na produção social da sua vida, os homens entram em determinadas relações necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção, que correspondem a uma certa fase do desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, que é a base real sobre a qual se edifica uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas sociais de consciência [...] O modo de produção da vida material condiciona, portanto, em geral o processo da vida social, política e espiritual.”

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Freud:

O inconsciente – instâncias, processos, mecanismos, forças e representações, em especial o Complexo de Édipo e o Desejo, que são mantidos no espaço psíquico inconsciente pela força ativa do recalcamento.

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Nietzche:

Inverteu o sentido tradicional da filosofia, fazendo dela um discurso ao nível da patologia e considerando a doença como “um ponto de vista” sobre a saúde, e vice-versa.

Para ele, nem a saúde, nem a doença são entidades: as oposições entre bem e mal, verdadeiro e falso, doença e saúde são apenas jogos de superfície. Há uma continuidade entre a doença e a saúde e a diferença entre as duas é apenas de grau, sendo a doença um desvio interior à própria ida; assim, não há fato patológico. A loucura não passa de uma máscara que esconde alguma coisa, esconde um saber fatal e “demasiado certo”.

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A loucura é que torna mais plano o caminho para as idéias novas, rompendo os costumes e as superstições veneradas e constituindo uma verdadeira subversão de valores. Onde há loucura há grão de gênio e de sabedoria. A filosofia, foi para ele, a arte de deslocar as perspectivas, da saúde à doença, e a loucura deveria cumprir as tarefas de fazer crítica escondida da decadência dos valores e do aniquilamento.

“Na verdade, a doença poder ser saúde interior e vice-versa. A saúde é coisa pessoal, é aquilo que pode ser útil a um homem ou a uma tarefa, ainda que para os outros signifique doença...”

O institucionalismo herda de Nietzche a genealogia crítica da moral judaica-cristã e da meditação sobre o poder como móvel de toda a vida social.

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Os continuadores de Freud, Marx e Nietzche:

Na linha materialista dialética: Sartre, Lefebvre, Althusser, Polantzas.

Na linha freudiana: Reich, Lacan, Leclaire, Green, Manonni.

Na linha nietzcheana: Foulcault, Deleuze e Guattari, Klossovsky.

No terreno estético:

Dadaísmo, Artaud, A. Miller, D.H.Lawrence, William Burroughs e outros “malditos”.

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A relação do Institucionalismo com os seguintes grupos é de clara discrepância, no entanto, aproveitam deles muitos recursos, especialmente para a metodologia de intervenção:

Positivista: Conte, Weber, Durkhein, Pareto.

Estrutural-funcionalistas: Parson, Merton, Lewin (pesquisa-ação).

Empiristas: Locke, Hume.

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7) Antropologia: Morgan, Mauss, Lévi-Strauss, Godelier, Terray, Clastres

(questionamento da universalidade de certas formas de parentesco, o valor heurístico dos ritos e mitos, assim como a relação entre a família e o Estado).

8) Linguística e Semiótica: Derrida, Rossi-Landi, Kristeva, R.Barthes, Hemlev:

pragmática semiopolítica que vê nos sistemas simbólicos, dispositivos e fluxos de desejo, produção de poder (sobrecondificação).

9) Pedagogia: O institucionalismo prefere os inovadores, como

Pestalozzi, Mead, Freinet e Paulo Freire.

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10) Psiquiatria/Psicologia:

Antipsiquiatria inglesa (Laing e Cooper)

Psiquiatria institucional francesa: Daumézon, Bonafé, Jean Oury.Damézon, 1950, mudança na psiquiatria no pós-guerra, contra o

confinamento durante a guerra, postura solidária aos doentes mentais, resistência à hierarquia rígida, oposição à crueldade e frieza para com os pacientes.

Psiquiatria institucional espanhola: Tosquelles, humanização, desburocratização e demedicalização.

Psicologia Institucional Argentina: J. Bleger

Grupo Operativo:Enriquez Pichón-Rivière.

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11) Orientações atuais:

No âmbito da contribuição teórica: R. Castel, Baudrillard e Donzelot.

No âmbito da contribuição no campo operativo: G.Lapassade, R. Lourau, G.Mendel, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Félix Basságlia, I. Goffman, Szazs.

Brasileiros: Guilon de Albuquerque, Roberto Machado, Rose Marie Muraro, Marilene Chauí, Leandro Konder.

Latinos: Ivan Illichi, Miguel Matrajt, J.C. de Brasi, J.C. Volnovich, Leon Rozitchner.

Argentinos: Bauleo, Ulloa, E. Pavlovisky, Emilio Rodrigué, Gregório Baramblitt.

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Gênese operativa:

Psicoterapia Institucional:

Observação dos operadores de hospitais na Espanha. Os internos produziam espontaneamente uma série de

medidas de auto-organização e de produtos culturais sui-generis.

Os internos, submetidos a normas estatutárias e técnicas de organização geravam uma cultura de resistência, autônoma e independente.

Esta cultura gerava mais resultados terapêuticos que qualquer outro método adotado.

Permitindo aos pacientes administrar o espaço da organização, conseguiram, espontaneamente, chegar a um acordo sobre a utilização do tempo e o programa diário de atividades.

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Permitindo que se reunissem para discutir publicamente suas opiniões sobre diretivas médico-administrativas, davam-se ocasiões para unirem-se, pintarem, dançarem, etc., respeitando suas próprias preferências.

Transformavam o estabelecimento no qual estavam, por razões alheias a sua vontade, em uma comunidade própria, auto-analisada, autoplanejada, autogerida.

Constatou-se que as melhoras e altas aumentaram consideravelmente, chegando a minimizar e fazer prescindíveis os recursos oficiais de tratamento, como eletrochoques, insulina, isolamento, camisa-de-força, medicamentos, etc.

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Teorizou-se sobre a experiência, utilizando-se como referência “Psicologia das Massas e Análise do Ego” de Freud.

Posteriormente, estes achados foram transferidos para o campo da pedagogia descobrindo-se que nas organizações de ensino acontecia algo similar. A “patologia” política, econômica, ideológica dos organismos de ensino tendia a produzir uma “patologia” correspondente na massa de alunos.

Utilizando os mesmos recursos/procedimentos; permitindo a participação ativa do usuário aprendiz na organização desta prática, em sua gestão e planejamento, fomentam-se, propiciam-se transferências amistosas e os rendimentos no processo de ensino-aprendizagem multiplicam-se surpreendentemente.

Criam-se dispositivos de auto-análise e auto-gestão.

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Alguns pontos críticos característicos do Movimento

Institucionalista:

Todo saber envolve um poder. Quanto maior é o acúmulo social de saber e mais dividido

está em especificidade, mais envolve o poder. Monopólios do saber e do poder por elites tecnocráticas que

subordinam-se àqueles que detêm o saber e o poder sobre a organização e decisão, camadas burocráticas e executivas.

A racionalidade burocrática que condena os saberes e “que fazeres”.

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A certeza de que uma das conseqüências desse desenvolvimento consolida-se cada vez mais, mostrando-se como a melhor ou a única opção, paralisando toda a produtividade e o desejo instituintes, e encaminhando-os por canais imutáveis, reprodutivos e antiprodutivos.

O que leva à desvalorização do saber e o poder da massa leiga que são invalidado ou tomados como regressivos e disrruptivos.

Dissociação entre “que fazeres” e saberes/teoricismo academicista/dispositivos do saber a serviço dos setores e grupos dominantes.

Explicações abrangentes ou totalizantes da sociedade ou as rigidamente circunscritas a cada disciplina não servem para elucidar situações sociais complexas e concretas como, por exemplo, “esta escola”, “está fábrica” etc. o que determina a criação de dispositivos para entender e intervir em cada campo singular.

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Se o complexo econômico, social, político, ideológico, desejante é decomposto em instituições interpenetradas e cristalizadas em formas organizacionais, torna-se possível investigar sua imprescindibilidade aparente e suas alternativas possíveis, para compreender e transformar o que registram como eu-funções e disfunções, reformulando-as e otimizando-as.

Este propósito poder ser alcançado se é instaurado um campo coletivo de análise e intervenção, no que a produção de conhecimentos e de reorganização se realiza em plena ação compartilhada, incluindo todos os interessados. Esta tarefa exigirá da equipe interventora um trabalho semelhante exercitado sobre si mesma.

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Crítica à civilização industrial capitalista tecnológica:

Grau de complexidade, de sofisticação e diversos saberes especializados.

Profissionalismo Disciplinar.Nos últimos 200 anos conseguimos um avanço maior do que

a humanidade conseguiu em 2.000 anos.

Tal “progresso científico” gerou: privatização do saber, do poder, do prestígio, do dinheiro –

experts; entidades que representam as forças dominantes,

proprietárias da riqueza nacional e internacional; incorporação da ciência e da técnica ao processo

produtivo capitalista; burocratização como lugar sagrado do segredo e do

conhecimento.

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Modelo liberal – era da modernidade:

Subjetividade do homem liberal: sujeito auto-contido, cindido na esfera da liberdade privada e da obediência pública. Senhor da própria vontade e artífice da própria vida. Sujeito é igual a INDIVÍDUO, INDIVIDUALISMO, INDIVIDUALIDADE, igual a si mesmo.

Absoluta acumulação de bens, o cientificismo, o totalitarismo, o individualismo, o isolamento e o desenraizamento trazem como resultado a dominação.

Conseqüências: plutocracia, nepotismo, fisiologismo, técno-burocratismo, clientelismo, corrupção.

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Comunidades carenciadas: despossuídas, sem poder para gerar vida e sim formas mortíferas, perda de seu próprio saber e dependência ideológica e financeira. Produção de coletivos alienados, sem controle e compreensão de si. Demandas produzidas conforme o poder dominante, desejo contrabandeado. Tudo é produzido é decidido por quem se supõe que saiba e conheça do assunto e usam da sedução (meios de comunicação de massa), da lei e da força física (estrutura jurídica e policial), para gerar subjetividade: dominador X dominado.

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2ª PARTE____________________________________________SOCIEDADE E INSTITUIÇÕES

Sociedade: forma organizada de associação humana. Para o materialismo histórico, sociedade são conjuntos de homens que se associam entre si para produzir e reproduzir a vida humana sobre a terra. História devir da sociedade no tempo. Para o Institucionalismo: sociedade como rede, tecido de instituição. Instituições: lógicas, árvores de composições lógicas que, segundo a forma e o grau de formalização que adotem poder ser leis, normas e, quando não estão enunciadas de forma manifesta, podem ser pautas, regularidades de comportamento (valores), lógicas de funcionamento.

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São lugares imaginários que habituam o cidadão à obediência, ao controle da informação, à moral pública, à maneira de agir e de pensar.

São árvores de decisões lógicas que regulam as atividades humanas, indicam o que é proibido, o que é permitido, o que é diferente. Essas lógicas contribuem na formação das subjetividades.

As instituições são um conjunto de pautas, de atividades supra-organizativas, mediante as quais os seres humanos regem sua vida material no espaço e no tempo, concebendo-nas como um conjunto de sistemas simbólicos dos quais se servem para categorizar esta atividade e dota-la de significado.

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Exemplos de instituições:

LINGUAGEM: gramática, morfologia, sintaxe, ortografia.PARENTESCO: lugares e papéis; família – pai, mãe, filhos, noras, sogras, genros; proibições: o incesto; mitos, sagas e histórias.TRABALHO: hierarquia, lucro, capital, divisão do trabalho.COMUNICAÇÃO SOCIAL: hegemonia de canais, globalização, aldeia global, forma e o que se divulga, condições para concessão de canais,EDUCAÇÃO: currículo, programas, métodos, técnicas, sanções e prêmios.RELIGIÃO: relações do homem com Deus, transcendência.JUSTIÇA: leis jurídicas, código civil, controle policial, estabelecimento da ordem.O ESTADO: macro instituição do controle simbólico, representação da força e da violência, instância do controle econômico, jurídico e do poder.

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As instituições através de mecanismos políticos-ideológicos, legitimam como naturais e universais, as relações sociais dominantes e supõem e fazem acontecer uma determinada forma de subjetivação, isto é, a forma de ser sujeito.

A SOCIEDADE NÃO É MAIS QUE UM TECIDO DE INSTITUIÇÕES QUE SE INTERPENETRAM E SE ARTICULAM ENTRE SI PARA REGULAR A PRODUÇÃO E A REPRODUÇÃO DA VIDA HUMANA SOBRE A TERRA E A RELAÇÃO ENTRE OS HOMENS.

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Para vigorar, para cumprir sua função de regulação da vida humana, as instituições têm de realizar-se, tem de “materializar-se”, já que, por mais que possam estar registradas, são entidades abstratas.

Elas se materializam em dispositivos concretos que são as ORGANIZAÇÕES. Vão desde um grau complexo, como um ministério, até um pequeno ESTABELECIMENTO escolar, por exemplo.

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Organizações: Sistema macro, grandes organizações.Estabelecimento: sistemas menores, pequenas organizações. Exemplo: escolas, quartel, banco, fábrica, clube, fórum, igreja. Um conjunto de estabelecimentos integram uma organização.Equipamentos: dispositivos técnicos como: instalação física, arquivos, aparelhos, tecnologia, etc.Agentes: aqueles que operam, mobilizam, protagonizam alguma prática. Que dinamizam a instituição.Prática: resultado operativo, produções do estabelecimento: verbais, não verbais, teóricas, técnicas, materiais.As organizações são, então, grandes ou pequenos conjuntos de formas materiais que põem em efetividade, que concretizam, as opções que as instituições distribuem e anunciam. Isto é, as instituições não teriam vida, não teriam sentido, não teriam direção se não estivessem informadas, como estão, pelas organizações.

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Em uma instituição podem-se distinguir duas vertentes importantes: O INSTITUÍDO E O INSTITUINTE O Instituído é o resultado da ação instituinte. Quando este efeito foi produzido pela primeira vez, se diz que se fundou uma instituição. O instituído cumpre um papel histórico importante porque vigora para ordenar as atividades sociais essenciais para a vida coletiva. Para que os instituídos sejam eficientes, devem permanecer abertos às transformações com que o instituinte acompanha o devir social. Contudo, o instituído tem uma tendência a permanecer estático e imutável, conservando estados já transformados e tornando-se, assim, resistente e conservador.

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O Instituinte é o processo mobilizado por forças produtivo-desejante-revolucionárias, que tende a fundar instituições ou a transforma-las, como parte do devir das potências e materialidades sociais.

Há grande momentos históricos de revolução de uma instituição, de profundas transformações de uma instituição. Então, a estes momentos de transformação institucional, a estas forças que tendem a transformar as instituições (ou a funda-las, quando ainda não existem), a isto se chama instituinte.

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São forças produtivas de códigos institucionais. É a dimensão do indizível, do caos, aberta. É o vetor da afetividade, das forças inconscientes, lugar das pulsões inquietantes, responsável pelas novas processualidades.Muito importante é: evitar uma leitura do tipo maniqueísta, que pensa que o instituinte é bom e o instituído é mal, embora seja verdade que o instituído apresente, por natureza, uma tendência à resistência, uma disposição que se poderia chamar de persistir em seu ser, a não mudar, que, quando se exacerba, se exagera, se conhece politicamente como atividade revolucionária, criativa, transformadora.Na realidade, não é exatamente assim, porque o instituinte careceria completamente de sentido se não se plasmasse, se não se materializasse nos instituídos. Por outro lado, os instituídos não seriam úteis, não seriam funcionais se não se estivessem permanentemente abertos à potência instituinte. É um processo dialético.

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• ORGANIZANTEAtividades críticas, inventivas,

criativas e transformadoras. Fluído, elástico, permeável.

• FUNCIONAMENTOMovimento dos processos

produtivos/desejantes/ revolucionários. Remete à

virtualidade que estas entidades detêm de um potencial transformador, a serviço da vida. É gerador da diferença da invenção, da alteridade (coexistência entre pessoas, idéias e toda a materialidade, produzindo transformações irreversíveis em cada um e em todos).

• ORGANIZADOAtividades cristalizadas,

conservadoras: organograma, fluxograma, burocracia.

• FUNÇÃO

Predominantemente reacionária, conservadora, a serviço da exploração, da dominação, da mistificação e se apresenta como eterna, natural, desejável e invariável.

A nível organizacional, acontece a mesma coisa:

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PRODUÇÃO:

Geração do novo, daquilo que persegue a utopia. A criação, a invenção.

REPRODUÇÃO:

É a repetição, a perpetuação do mesmo. A tentativa de reiterar o igual. Aquilo que não é operativo para acompanhar as transformações sociais

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Como entender, como analisar cada instituição, cada organização e como intervir para propiciar-lhes a ação do instituinte e organizante?

Os instituídos, organizantes-organizados, não atuam separadamente, mas sim em conjunto: Cada um atua no outro pelo outro para o outro desde o outro.Instituído e instituinte estão entrelaçados, interpenetrados.

Esta interpenetração a nível da função, do conservador, do reprodutivo, se chama ATRAVESSAMENTO.

Está interpretação no nível do instituinte, do produtivo, do revolucionário, do criativo, se chama TRANSVERSALIDADE.

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Os efeitos de uma relação de transversalidade: criar dispositivos que não respeitam os limites das unidades organizacionais formalmente constituídas, gerando, assim movimentos e montagens alternativos, marginais, e até clandestinas às estruturas oficiais e consagradas.

Exemplo: Atravessamento: a escola como função de educar, de

instruir. Serve, também para vigiar e criar subjetividades a serviço da reprodução.

Transversalidade: a escola como ocasião de formar um agrupamento político, escolar, um lugar onde se aprende a lutar pelos seus direitos; onde se adquire elementos para poder materializar as correntes produtivas e instituintes; onde se aprende a lutar contra a exploração, a dominação, a mistificação; onde se exercita a solidariedade.

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A transversalidade é um modo de interpretação e ao mesmo tempo um referencial da interpretação do que acontece nos grupos e nas organizações onde se intervém e onde se busca descobrir quais as instituições que esse grupo ou essa organização realizam e de que forma.Pela transversalidade, o que se analisa nos grupos não é apenas sua dinâmica interna frente a uma determinada “tarefa”, mas a própria tarefa e como essa tarefa institui o grupo enquanto estrutura (divisão de trabalho) e dinâmica, como, por outro lado, essa mesma tarefa é investida, consciente e inconscientemente, pelos membros do grupo, que outros investimentos reprime ou impede de se realizar etc.

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GRUPOS SUJEITOS:

Que enunciam ativamente uma verdade sobre as instituições, funcionando pela transversalidade:conjuram totalidade e hierarquia;são suporte de desejo e criação;defrontam-se como o “não sei”;perseguem uma utopia ativa;são capazes de dar-se suas próprias leis para realiza-las e construírem-se a si mesmos durante o processo, tendo sempre presente sua finitude e a perspectiva de sua própria morte.

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GRUPOS SUJEITADOS:Identificados no “mestre”;hierarquia, organização vertical, como defesas para conjurar a inscrição do “não sei”, medo da morte;centralização, operam para estruturar a totalização, a unificação;criam um imaginário edipianizado, superegoicizado e castrado;são alienados em procedimentos, estruturas e leis, que se lhes impõem desde outros segmentos ou desde a totalidade social;se empenham em subsistir como um fim em si quando não cumprem sua finalidade.

Os grupos sujeito são capazes de operar através de processos de auto-análise e autogestão.

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AUTO-ANÁLISE: Processo de produção e re-apropriação, por partes dos coletivos autogestionários, de um saber a cerca de si mesmos, suas necessidades, desejos, demandas, problemas, soluções e limites. Esse saber se acha em geral apagado, desqualificado e subordinado pelos saberes científicos-disciplinares, que não só estão em boa medida a serviço das entidades dominantes (Estado, Capital, Raça, etc.), como também operam como critérios de verdade e eficiência, que são imanentes aos valores de tais entidades. A auto-análise possibilita aos coletivos o conhecimento e a enunciação das causas de sua alienação. Através da auto-análise, os grupos tornam-se protagonistas do próprio desejo, podem enunciar, falar, compreender e adquirir um saber acerca de sua própria vida, dizendo o indizível, enunciando o oculto, o não-dito (que vira maldito).

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AUTOGESTÃO: É, ao mesmo tempo, o processo e o resultado da organização independente que os coletivos se dão para gerenciar sua vida. Os coletivos instituem-se, organizam-se e estabelecem de maneira livres e originais, dando-se dispositivos necessários para gerenciar suas condições e modos de existência. Todo processo instituinte implica uma certa divisão do trabalho, assim como alguma especialização nas operações de planejamento, decisão e execução, mas, as mesmas não envolvem escalas de poder. Os conhecimentos essenciais são compartilhados e as decisões importantes tomadas coletivamente. As hierarquias correspondem a diferenças de potência, peculiaridades e capacidades produtivas, que visam sempre ser funcionais para a vontade coletiva.

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CAMPO DE ANÁLISE X CAMPO DE INTERVENÇÃO

Campo de análise: delimita um objetivo ou um campo ao qual se aplica o campo conceitual do institucionalismo para entende-lo, saber “como funciona”, como estão colocadas e articuladas suas determinações, suas causas, como se geram seus efeitos, etc. São amplos.

Campo de intervenção: O “recorte”, que é o espaço delimitado para planejar estratégias, logísticas, táticas, técnicas para operar sobre este âmbito e transformá-lo realmente, concretamente.

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DESEJO E PRODUÇÃO

As histórias: Histórias e HistoriografiaHistoriografia: o registro dos fatos históricos que

se encontra nos arquivos, é a versão que foi conservada e publicada porque coincide com os interesses do Estado, das classes dominantes, das instituições, do instituído e do organizado, que têm recursos para resgatar e promover estes documentos.

Se apresenta como natural, objetiva, neutra e impessoal.

Historiar: é o processo cognoscitivo que pretende reconstruir os fatos e acontecimentos nos tempos, mas que o faz assumindo que qualquer reconstrução inclui os desejos, os interesses e as tendências de quem historia.

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Exemplos: a história “oficial” de Don João VI e a transferência da Corte para o Brasil e o filme Carlota Joaquina. O filme “A história oficial” sobre os acontecimentos na Argentina.

Para o institucionalismo, a história não é apenas a reconstrução do que já aconteceu e que está morto, absoleto, definido.

O interesse do institucionalismo é o de reconstruir o passado enquanto ele está vivo no presente, enquanto ele está atuando o pode determinar ou já estar determinando o futuro.

Exemplo: as mudanças que houve na educação durante a ditadura militar. Excluir filosofia dos currículos e incluir, obrigatoriamente, Moral e Cívica e EPB. A Reforma do Ensino e suas conseqüências até hoje.

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Não existe uma história que totalize todo o devir da vida social em um espaço e em um só tempo; existem histórias econômicas, culturais, ideológicas, das gerações etc.

Cada uma delas ocorre num tempo que não se pode uniformizar, totalizar, globalizar em um tempo único, ou estudar uma época como se fosse um corte transversal que se faz em um fluxo único da história, como se fosse um rio.

Os processos que constituem a história são processos policrônicos, cada um tem a sua duração, e é preciso ver como cada um se adianta ou se atrasa em relação aos outros. O passado está composto de uma série de potencialidades que o presente ativa, que o presente ilumina, que o presente deflagra.

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Mas não é o passado que gera o presente, e sim o presente que o explora, que aproveita ou atualiza as potencialidades do passado para construir um porvir.

Para o institucinalismo, o que retorna na história não é o igual, o regular, o que se repete é a diferença, o acaso, o inesperado, imprevisível. São estes momentos grandes ou pequenos, de repetição do diferente (do instituinte) que depois vão tentar ser capturados pelo instituído e repetidos como idênticos.

Práxis- atividade político-desejanteUtopia ativa – propósito, objetivo, finalidade do institucionalismo.

Propiciar o advento do inesperado, do acontecimento, da inovação.

A história se estuda para aprender a militar a favor da transformação, não de uma transformação previsível, não de uma transformação prefigurada, mas da transformação em direção ao radicalmente novo, portanto, relativamente desconhecido.

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ACASO:Modo de devir que se caracteriza por ser aleatório, imprevisível e incontrolável. No Institucionalismo o Acaso e a Desordem são considerados fontes de produção e desejo,Física clássica: o relógio como símbolo. Ordem e equilíbrio eram vividos e entendidos como sinônimos. Degeneração do caos e da desordem.Século XIX: Termodinâmica. Ordem e equilíbrio deixam de ser desconsiderados. O mundo0 não é estável. Não é igual a si mesmo. Cada corpo dissipa energia, turbulência e transformações irreversíveis. Este modelo reconhece a turbulência, o caos, esta instabilidade intrínseca do mundo, como um processo irreversível de destruição (a morte térmica, segundo a lei da entropia). Caos como negativo da ordem. Ordem é parâmetro.Física contemporânea: Não coloca, de um lado, ordem e estabilidade associados a equilíbrio, e, de outro, turbulência e caos associados a desequilíbrio.

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O CAOS:Não é processo irreversível de destruição. Portador virtual de uma irreversível complexidade do mundo da qual a destruição é apenas uma das possibilidades existentes.Ele é a dimensão onde se engendra a processualidade do mundo.Movimento permanente de decomposição das ordens vigentes e de composição das novas ordens, em múltiplas direções, imprevisíveis.A ordem deixou de ser parâmetro.Ordem e caos passaram a ser pensados como indissociáveis: há sempre ordem e caos ao mesmo tempo; do caos estão sempre nascendo novas ordens, a precessualidade é intrínseca à ordem.

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ALTERIDADE: caos de devir-outro.

Alteridade é a coexistência entre os corpos (pessoa, idéia e toda a materialidade) que produz turbulência e transformações irreversíveis em cada um deles.

Outro = múltiploEu = vários outrosReprodução = repetiçãoProdução = diferença, multiplicidade, acaso, processo de

subjetivação.

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MOLAR X MOLECULAR:

O macro: lugar da ordem, das entidades claras, da estabilidade, dos limites precisos, da conservação, da reprodução;O micro: lugar das conexões anárquicas, insólidas, impensáveis. Lugar da produção, da eclosão do novo.

O institucionalismo confia em analisar e propiciar as mudanças locais, as transformações microscópicas/moleculares, que resultam nas grandes metamorfoses do instituído e organizado. Estas pequenas conexões locais são o lugar do Instituinte, onde o institucionalismo vai atuar, tentando propiciar, através de estratégias de intervenção, o advento do novo.

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PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES:Não se pode conceber o que acontece em nível social, na política, na economia, com independência do psiquismo dos homens.Apesar de se poder acreditar que é o econômico que determina em última instância, as características da vida e da morte social, ou que se possa supor que é o político o tal determinante.Por mais submetidas às leis econômicas e políticas que estejam os homens, eles só entram nesses processos de dominação, de exploração, de mistificação ou pelo contrário, em processos revolucionários, se estes, de algum modo, coincidem com crenças, representações, convicções que eles têm acerca da vida social. E, também, não entram se suas expectativas, suas vontades, seus desejos, não se encaminham nesta ou naquela direção.

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POR QUE OS POVOS ATUAM CONTRA SEUS REAIS INTERESSES?Então, deve haver uma PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES!

A contribuição psicanalítica sugere que as vontades, os desejos mais potentes que dirigem a conduta ou a vida dos homens são inconscientes, isto é, não fazem parte de seu querer deliberado. Os homens entram no processos históricos, sociais, determinados por forças desejantes, por vontades que eles não controlam e não conhecem, mas que têm a ver com o prazer, que têm a ver com o sofrimento e têm a ver com vivências e mecanismos subjetivos.

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SUBJETIVIDADE - SUBJETIVAÇÃO

DEFINIÇÕES

1. O sentido do termo subjetividade, aqui usado, baseia-se nas teorias de Félix Guattari que, inicialmente, recomenda dissociar os conceitos de indivíduo e de subjetividade. Para ele, os indivíduos são o resultado de uma produção de massa: “o indivíduo é serializado, registrado, modelado”. A subjetividade não é passível de totalização.

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Ela se configura numa forma aberta, repleta da multiplicidade dos agenciadores já que

“está em circulação nos conjuntos sociais de diferentes tamanhos: ela é essencialmente social, e assumida e vivida por indivíduos em suas existências particulares. O modo pelo qual os indivíduos vivem essa subjetividade oscila entre dois extremos: uma relação de alienação e opressão, na qual o indivíduo se submete à subjetividade tal como recebe, ou uma relação de expressão e de criação, na qual o indivíduo se reapropria dos componentes da subjetividade, produzindo um processo que se chamaria de singularização”. (GUATTARI, ROLNIK, 1986, p.31-33).

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2. Ainda sobre o conceito de subjetividade, Guattari mostra que:“a produção de subjetividade constitui matéria-prima de toda e qualquer produção. As forças sociais que administram o capitalismo hoje entendem que a produção de subjetividade talvez seja mais importante que qualquer outro tipo de produção, mais essencial até que o petróleo e as energias, visto que produzem esquemas dominantes de percepção do mundo”. (GUATTARI, ROLNIK, op. cit., p.40).

3. Domínio do que é subjetivo. Realidade psíquica, emocional e cognitiva do ser humano, passível de manipular-se simultaneamente nos âmbitos individual e coletivo, e comprometida com a apropriação intelectual dos objetos externos. (HOUAISS. Dicionário da língua portuguesa. p. 2.624)

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4. “A subjetividade é definida a partir da idéia de autonomia, liberdade, auto-reflexividade, auto-responsabilidade, materialidade de um corpo e particularidades da personalidade. Nessa perspectiva, na modernidade em que a regulação capitalista predomina sobre a emancipação, há uma tensão entre a subjetividade individual-individualizante e uma cidadania reguladora-estatizante”. (Boaventura Sousa Santos)

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5. “Vivemos num mundo de múltiplos sujeitos. A minha proposta é que, em termos gerais, todos nós, cada um de nós, é uma rede de sujeitos em que se combinam várias subjetividades correspondentes às várias formas básicas de poder que circulam na sociedade. Somos um arquipélago de subjetividades que se combinam diferentemente sob múltiplas circunstâncias pessoais e coletivas. Somos de manhã cedo privilegiadamente membros de uma família, durante o dia de trabalho somos classe, lemos jornal como indivíduos e assistimos ao jogo de futebol da equipe nacional como nação. Nunca somos uma subjetividade em exclusivo, mas atribuímos a cada uma delas, consoante as condições, o privilégio de organizar a combinação com as demais. À medida que desaparece o coletivismo grupal desenvolve-se, cada vez mais, o coletivismo da subjetividade”. (SANTOS, 1966, p.107)

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6. “As subjetividades são construções lingüísticas de si mesmo e do outro a partir de infinitas redes de crenças e desejos. São respostas da linguagem cultural frente ao desejo e a interdição. São imagens, representações, saberes e narrativas que espelham as nossas aspirações de prazer, de dor, de vergonha, de juízo, de temores, de felicidade, de aflição e de infinitos não-ditos. (PEREIRA, William. “A formação religiosa em questão”. Petrópolis: Vozes (no prelo). 2004.

A subjetividade como produção:A subjetividade no painel contemporâneo desvincula-se da noção de sujeito como conjunto de características interna e por conseguinte inacessíveis de um indivíduo.O indivíduo é o resultado de uma produção de massa. O indivíduo é serialização registrado, modelado. A subjetividade não é passível de totalização ou de centralização no indivíduo.

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Os processos de subjetivação não são centrados em agentes individuais (instâncias intrapsíquicas, egoíscas, microssociais), nem em agentes grupais (sistemas econômicos, sociais tecnológicos, ecológicos, de mídia, etc.) Os processos de subjetivação são duplamente descentrados. Agenciamento coletivo de enunciação.A subjetivação está em circulação nos conjuntos sociais de diferentes tamanhos: ela é essencialmente social, e assumida e vivida por indivíduos em suas existências particulares. Exemplo: linguagem.Pode-se viver a subjetividade de forma alienada (se submete a ela como a receber; infantilização) ou se reapropriar dela produzindo modos de subjetividade sobre bases diferentes daquelas sobre as quais se assenta a industrialização mundial (subjetividade capitalista). (GUATTARI, Félix, ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes, 1986.)

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3ª PARTE________________________________________________A SEXUALIDADE HUMANA:Fascínio, à busca de prazer-desprazer-mistério da vida e da morte.O desejo inconsciente da Psicanálise:Está relacionado com uma estrutura chamada Complexo de Édipo – Sigmund Freud.O enigma da esfinge. Mitos e Logos não se excluem, mas complementam-se.O corpo biológico:

Viemos de uma evolução biológica:Corpo anatômico/fisiológico/químico/físico...É a partir do nascimento – saída do meio homeostático – o útero – para o meio externo mais frio, onde o bebê tem que respirar, onde sentirá a agressão da luz, e logo sofrerá o mal estar da fome, que o ser humano começa a expandir a bolha de seu psiquismo.

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Nesta escala aparece um novo ser vivo: o ser humano, o filhote humano. O psiquismo humano é uma pura virtualidade – espaço cerrado – ao nascer o bebê. É uma possibilidade dada, inscrita no código genético do mamífero humano. O choque térmico, junto com a explosão de luz, desperta um mal estar, logo agravado pela ânsia de ter que ingerir ar. Esses incômodos propulsam o bebê a reagir instintivamente. A fome é o grande vetor que desperta o instinto oral inato, gerando os movimentos labiais de sucção e a estimulação da mucosa da boca.

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O Instinto de mamar gera os movimentos de sucção, enquanto a criança alucina a chegada daquilo – coisa-objeto-leite que lhe falta.

Experiência de satisfação/estado de desamparo original.

A maioria dos animais tem uma vida intra-uterina de duração satisfatória. No ser humano, este tempo é insuficiente, reduzido. O filhote humano é frágil e depende de cuidados. A função da mãe é a eliminação da tensão causada pelo estado de necessidade que dá lugar à experiência de satisfação.

A partir desse momento, a experiência de satisfação fica associada à imagem do objeto que proporcionou a satisfação, assim como à imagem do movimento que permitiu a descarga.

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O ser humano tem tudo igual aos animais e tem também algo mais que o diferencia:sistema econômico: circulação de bens, diversos sistemas (escravo, feudal, capitalista, socialista)sistema de comunicação: linguagem simbólica (comunicação = lugar do equívoco)sexualidade: corpo erógeno/simbolizado.Cultural, mítico: o sagrado e o profano.A abelha tem uma organização social, econômica, sexual, política marcada pelo código genético (não muda). O ser humano ultrapassa seus limites orgânicos e genéticos. O corpo humano é gerador de significações – sentidos. Conferir sentido é ir além do que as coisas são, é um ato de re-inscrição.O ser humano está preso à linguagem (simbologia).

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Pelo fato de estar preso e dependente da linguagem, a função orgânica se acha elevada, numa função erótica que a ultrapassa, de forma que tudo que é da ordem da necessidade se vê subvertido (perversão), desviado e remanejado no registro do desejo. A função orgânica do ser falante se vê arrastada a um ponto – limite no aquém do desejo. Portanto, beber, comer, respirar, copular, tornam-se atividades eróticas que o corpo realiza apoiando-se mais na fantasia do desejo que na exigência do organismo. O animal tem instinto sexual, que é satisfeito com o objeto específico. Não dúvida de seu objeto sexual. O homem duvida porque está no registro do Outro. O Outro da cultura-inconsciente- sexo. O homem não “sabe” o que fazer. O animal sabe.

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Instinto e pulsãoINSTINTO:pertence ao biológico;é inato;inadiável a sua satisfação, proveniente da tensão no organismo;é da ordem da necessidade;o aparelho biológico tem necessidade devido aos efeitos do catabolismo (desassimilação). O catabolismo gasta as disponibilidades de reserva orgânica e isso produz uma urgência da procura de uma reposição anabólica (assimilação) dessa substância que se encontra no objeto de instinto;essa urgência é cíclica, porque a cada período de anabolismo se segue um de catabolismo, essa necessidade não pode ser adiada, pondo em risco o organismo;o objeto do instinto é fixo e natural;o padrão é biológico e sua função é de reprodução.

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PULSÃO pertence ao corpo erógeno é aprendida; é adiável; busca a realização; é da ordem do desejo; o objeto é variável e da ordem da cultura; sua função é a realização do desejo.

A pulsão está na fronteira entre o somático e o psíquico, está aquém da oposição entre consciente e inconsciente; por um lado, nunca só pode tornar objeto da consciência e, por outro, não está presente no inconsciente, senão pelos seus representantes, essencialmente o representante ideativo.

As representações inconscientes são dispostas em fantasmas, histórias, imaginárias em que a pulsão se fixa e que podemos conceber como verdadeiras encenações do desejo.

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A pulsão, lugar do silêncio, é muda, é nossa mitologia. A Psicanálise oferece o lugar da linguagem. A pulsão desenha o horizonte do discurso psicanalítico. Ela está situada aquém do inconsciente e do recalcamento, ela escapa à trama da linguagem e da representação. A pulsão sexual visa a realização e não a reprodução. A pulsão se apóia no instinto, não para se confundir com ele, mas para desviar-se dele = perversão. A perversão se dá por uma desnaturalização do instinto. A pulsão representa o corpo no psiquismo, através de seus representantes psíquicos: idéia e afeto. A pulsão procura uma realização que já foi obtida na nossa pré-história individual. Foi inibida quanto ao seu objetivo e obrigada a um caminho de aventura: vicissitude da pulsão. Viu-se forçada a fazer-se representar no mundo da subjetividade: idéia e afeto = delegados. A pulsão é uma neo-necessidade que não existe nos animais, que é a “necessidade de alucinar”.

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A Corporeidade: o DESEJO: A natureza última do desejo é a categoria do impossível,

do absoluto, do interdito. O lugar dos objetos do desejo é a realidade.

É nesse campo, das representações da realidade, que podemos falar do desejo desviado de seus fins primários, em direção a objetos secundários que aparecem para a consciência como objetos possíveis, cujo alcance depende pelo menos em parte de nossa ação voluntária e consciente.

Realidade: é tudo o que se diferencia da produção alucinatória.

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Princípio da realidade:a. limite entre a vida e a morte.b. sobrevivência do corpo (último reduto que consegue

se opor à onipotência do pensamento). Prova do Corpo.

c. prova do Outro. Código da cultura. Prova de vida diante da morte.

As relações entre a realidade psíquica e a realidade externa estão longe de ser de pura oposição.

Toda fantasia toma como suporte algum acontecimento da experiência real.

Nem tudo o que é recalcado são fantasias – percepções da realidade externa que podem ser sentidas como ameaçadoras para o Ego, em função de sua associação com o desejo também são recalcadas e se incorporam ao conjunto de imagens que vão formar a tal realidade psíquica.

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Fome de alimentos/fome do mundo

Fome do mundo, fruto de energia – libido – passeadora que parece querer provar sempre um pouco de tudo, mesmo quando aparentemente satisfeita em suas demandas essenciais: alimento, amor, fome típica do ser humano, exclusividade do humano. Felicidade ao sentir fome, em ao sentir saciedade. A felicidade da fome vem da antecipação da experiência de saciedade. Diferenciar a alegria da fome do prazer da saciedade, da experiência da privação, já que esta nunca é vivida sem imensa angústia, a própria angústia da morte: a dúvida sobre as possibilidades de sobrevivência do sujeito.

Page 79: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

A alegria de desejar depende de uma certa dose de confiança no rela, experiência da gratificação que permita esperar que esse lugar externo ao psiquismo para onde se espraia a fome do mundo seja um lugar de onde pode vir alguma espécie de prazer e alguma espécie de confirmação, aplacamento.

Quando a realidade cede ao acordo que o desejo faz com suas exigências, que a fome do mundo é sentida como antecipação feliz, afirmação do sujeito que, ao dizer “eu quero”, está também dizendo “eu posso”, ou pelo menos, “eu acho que posso”.

Page 80: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

Princípio do prazer/princípio da realidade

PRINCÍPIO DO PRAZER:

satisfação alucinatória – demandas imediatas e onipotentes – descarga imediata de qualquer excitação;fusão imaginária;não Desejo o sim Gozo;necessidade de satisfação alucinatória;ausência de tempo, realidade e até de um esboço do EU – a-histórico;

Page 81: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

simultaneidade entre a manifestação da necessidade e a representação do objeto de satisfação;

regido pelo processo primário – império do superefo que impõe ao Ide o ato de Gozar;

não á lei/cultura; domínio da Pulsão de Morte; repetição: lugar de plenitude e indiferenciação, retorno

ao recalcado; o recalque é um percurso para evitar desprazer, não

para proporcionar prazer.

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É com o malogro do Princípio do Prazer que surge a possibilidade do recém-nascido se tornar sujeito de uma história, que será a história das tentativas que ele fará para encontrar satisfação substitutiva para a satisfação alucinatória. É a partir desse fracasso que o psiquismo desenvolve recursos para fazer a mediação necessária dentre a pulsão e a satisfação parcial da pulsão, recurso que chamamos Princípio da Realidade.

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PRINCÍPIO DA REALIDADE:

Corte da unidade célula mãe-filho;Satisfação relativa (simbolizada);O desejo e não o Gozo;permanência do tempo, realidade e de um mínimo de esboço do EU histórico;Regido pela lei/cultura;Composição possível entre as demandas do prazer e as imposições de realidade externa (Superego);Apoio minimamente possível da realidade;decepção com satisfação alucinatória que obriga a introdução da realidade no psiquismo;

Page 84: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

desenvolvimento da consciência, atenção, memória e pensamento;

faculdades mentais: re-simbolizar; pensamento: herdeiro da atividade alucinatória através

do qual não precisamos recalcar toda representação que é fonte de desprazer;

encontrar uma realidade na qual o prazer seja possível; é a realidade com seus pobres objetos parciais que vai

oferecer ao sujeito possibilidades de prazer substitutivos do prazer alucinatório e impedir que o campo do desejo seja inundado pela Pulsão de Morte;

a realidade tem um certo poder para salvar o Ego da Pulsão de Morte;

a realidade oferece apoio para ocorrer investimentos libidinais feitos em direção aos objetos parciais.

Page 85: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

A miséria é uma experiência em que a introdução do Princípio da Realidade não parece vantajosa para o psiquismo, já que os recursos adquiridos a partir do fracasso do Princípio do Prazer não trazem de fato nada que substitua o prazer alucinatório. A realidade em situações de extrema miséria não se apresenta como um campo que atraia investimento externos ao narcisismo, capazes de salvar o EU da Pulsão de Morte. É como um ovo de pássaro repleto de provisão de alimento dentro da casca, a mãe apenas transmite o calor. Haverá um momento em que ocorrerá um movimento do mundo externo, que significa exatamente viver. Este movimento estamos chamando de realidade mínima de se viver (calor) que, somada a substâncias contidas no ovo, gera a Vida.

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O COMPLEXO DE ÉDIPO:

O enigma da esfinge: quem sou? De onde venho? Para onde vou? De onde vem os bebes? Qual é o meu sexo? ”Conhece-te a ti mesmo”.A porta de Tebas fica na encruzilhada: Atenas, cidade das artes, da poesia, a sensibilidade, a sensualidade, a estética; Corinto, a cidade dos dois portos, isto é, da comunicação; Delfos: a cidade dos deuses, o místico e o mistério, no sentido do sublime.Eros, Filia, Ágape.

Page 87: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

O DESEJO e O GOZO

Ao nascer

matriz indiferenciada inicialSer inacabado

único instinto pronto: comportamento oral

enorme potencial morfogenético a ser despertado pelo contato

necessidade de incorporar cultura

útero socialrelação simbiótica com a mãe

mãe devotada ao filho, atendendo-o a partir das necessidades dele

Page 88: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

auto-erotismo

todo o corpo é fonte de erotismoprazer pululante/anárquico

adaptação ativa da mãe ao filho

bolinação de seu corpoerogenização da musculatura estriada, pelo, mucosa,

órgãos dos sentidos

célula mãe fálica/menino narcisistarelação dual

o filho é o falo da mãe

Page 89: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

narcisismo

relação especular/imagéticaeu sou aquilo que o olhar do outro diz que sou

separação eu-outro

relação objetal

introdução do Pai como terceiroa Lei da culturarelação triádica

interdição do incesto, do parricídiocastração

abertura para o múltiplo, para o mundo

Page 90: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

Complexo de Édipo

cenário bélico-lúdico-relacionalprimeira floração da sexualidade

condenado ao fracassosolução:

conformar-selamber as próprias feridas

abdicar do amor da mãe e candidatar-se à exogamia, no futuro

latênciacair de boca no mundo

incorporar patrimônio cultural

Page 91: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

puberdade

segunda floração da sexualidade

vida adulta jovemsorte e amor são o bastante

vida erótica equaciionadasurpresa do fracasso por neurose

elaboração de fantasmas – psicoterapia

terceira floração da sexualidade30-45 anos

Page 92: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

O Desejo é resultado da pulsão ligada à representação ou traço mnésico, que preserva um buscar o gozo, obtendo apenas prazer. O desejo é uma relação com o fantasma; o resto da insatisfação faz recircular o desejo. Desejar é manter a representação além do prazer, do voto, do wunsch. A realidade do desejo é sua ruína.

Fonte: BAGGIO, Marco Aurélio.

Page 93: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

O Gozo: “No clamar da cultura atual, todos devem gozar, não importa como; o discurso capitalista faz crer que o gozo, reduzido ao prazer, não é interditado. Para a psicanálise, ao contrário, o prazer não se iguala ao gozo; se há no prazer uma modalidade de gozo, nem todo gozo leva ao prazer. Freud foi o primeiro a delimitar que o prazer tem como princípio o impedimento, afirmando sua função de vigilância da vida. O fracasso dessa vigilância toca o domínio do “além do principio do prazer”, com sua satisfação estranha e paradoxal. Falta de um lado, excesso de outro: a conta nunca fecha!

Page 94: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

O principio do Gozo para Lacan, assenta-se em um paradoxo: algo que não serve para nada e, ao mesmo tempo, aquilo sem o qual tornaria vão o universo. Algo escapa, jorra, escorre, vaza, esvai... O interdito do gozo pela castração, marcando seu limite e a diferença sexual, possibilita certas maneiras de gozar.

O laço social oferece uma canalização para o vazamento de gozo. Tenta-se educar, governar e desejar. Um sujeito que consinta ser responsável por seu gozo!”

Fonte: VII Encontro da EPFCL

Page 95: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

O aparelho PsíquicoTrês reinos/regiões/províncias.ID

Isso (pronome impessoal)Caos, caldeirão cheio de agitação fervilhante. Está repleto de

energias, porém não possui organização. Não existe nada que corresponda à idéia de tempo. Não conhece o bem, nem o mal, nem moralidade.

EGOÉ aquela parte do ID que se modificou pela proximidade e influência

do mundo externo. “Onde estava o ID, ali estará o EGO”. É o órgão sensorial de todo o aparelho; ademais, é receptivo não só às excitações provenientes de fora, mas àquelas que emergem do interior da mente. Ele assumiu a tarefa de representar o mundo externo perante o ID. Para tanto, ele deve observar o mundo externo, deve dele estabelecer um quadro precioso nos traços de memória de suas percepções. Processar o princípio do Prazer em princípio da Realidade.

Page 96: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

A relação com o tempo é introduzida no EGO pelo sistema percentual.

Fraco, toma emprestadas ao ID as forças, extraindo quantidades adicionais de energia. Procura desviar a libido do ID para si próprio.

Metáfora do “Cavalo e o cavaleiro” de Freud.

Conflito de ansiedade: Mundo externo Do ID Do Superego

Page 97: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

Características:O que distingue o EGO do ID é uma tendência à síntese de

seu conteúdo, à combinação e à unificação nos seus processos mentais.

O EGO como sintoma:1.Os sintomas são derivados do reprimido, são, por assim

dizer, seus representantes perante o EGO, mas o reprimido é o território estrangeiro para o EGO.

2.Tornar-se a si próprio como objeto: Observação (auto-observação), instância especial do

SUPEREGO. Crítica (análise) Divisão (estrutura de cristal)3.Resistência: Manifesta pelo EGO – forçou a repressão e deseja mantê-

la.

Page 98: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

SUPEREGOOrigem: instância existente no EGO. Herdeiro do

Complexo de Édipo. O representante de todas as restrições morais e idéias: conteúdos das tradições, do social, das ideologias e da infra-estrutura. “Um grupo de psicológico é uma coleção de indivíduos que introduziram a mesma pessoa em seu SUPEREGO, e com base nesse elemento comum, identificaram-se entre si no seu EGO”. Função: idealização, auto-observação, consciência moral (auto punição) Exemplo: melancolia (insulta, humilha e maltrata o pobre EGO com duros castigos). Dinâmica: goza de uma determinada autonomia. Obtém energia também do ID. Herdeiro do Complexo de Édipo. Processo de Identificação (substituição do narcisismo primário).

Page 99: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

EGO IDEAL

Imaginário

Relação dual

Pulsão de Morte

Gozo

IDEAL DE EGO

Simbólico

Relação de três

Pulsão de Vida

Desejo

Page 100: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

Pré-consciente

SUPEREGO

-------------------------------------

EGO

--------------------------

inconsciente

ID

Page 101: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

O Inconsciente “O Inconsciente do recalque será uma forma secundária, comtemporânea da formação do sistema percepção-consciência e o inconsciente primordial será o deixar-se, o sim inicial, a indivisão do sentir” (Merleau-Ponty)

Nietzche – Guattari O Inconsciente primordial, será, pois, a experiência do devir, com um sim, um deixar-se inicial, antes que a linguagem ordinária e a consciência abstraiam e fixem os fluxos em representações e as recalquem, formando um sistema secundário. Será, após isso, a indivisão do sentir que subsistem num domínio marginal às representações da consciência..

Page 102: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

Ele designa um universo indizível e indivizível, marginal à consciência e com o qual é preciso entrar em ressonância.

Indizível e indivizível, porque é o fluxo, devir, sem forma ou representação definida, campo de forças móveis e vibráteis.

Invisível # oculto. Afirmar que o Inconsciente pode se exprimir através

da linguagem verbal não significa dizer que a linguagem seja a sua condição, como queria Lacan. Tão pouco que ele seja formado por significantes. A linguagem não é condição do Inconsciente, mas condição de que o Inconsciente possa encontrar representação na consciência.

Page 103: Movimento+Institucionalista RoteiroGeral

Nietzche – DeleuzeInconsciente:Caracteriza atividadeSistema do Aparelho Reativo

Inconsciente ativo Estado de expansão, intensificação que nunca está

aquém de sua potência, afirmando o seu devir como objeto de prazer e de valor.

Designado aquilo que está aquém e além dos limites da consciência.

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Inconsciente reativo Designa um sistema de memória, conjunto de traços

mnêmicos, acoplado à consciência e com fins eminentemente adaptativos.

No estágio normal ou de saúde, as forças reativas têm sempre um papel de limitar a ação. Elas a dividem, retardam ou impedem, em função de uma outra força cujo efeito sofremos.

Mas, inversamente, as forças ativas fazem explodir a reação; precipitam-na num instante escolhido, num momento favorável, numa direção determinada, para uma tarefa de adaptação, rápida e precisa.

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ESQUECIMENTO

Faculdade

ATIVASUPRACONSCIENTE

Inconsciente Inconsciente

Plástico Ativo Reativo Mnêmico

MarcasMnêmicasInvadem aconsciência

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A consciência, invadida pelas lembranças, pres do passado, só resta sentir, pois o que já passou não comporta ação presente: é o re-sentimento.O Inconsciente reativa captura o Inconsciente Ativo privando-o da sua atividade transformando as suas forças reativas: é o triunfo do ressentimento e da culpa, do tipo escravo.Quando funciona o esquecimento é o Inconsciente Ativo, como força plástica, criadora, quem predomina.Homem privado da sua força:separado daquilo que pode;recriminação, ressentimento;desejo impotente;castrado, inveja e culpabiliza a potência do outro.

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O escravo é o símbolo do que pior a humanidade pode produzir.

O ódio à realidade (ódio à vida)Má interpretação da realidade, impossível a digestão

(dispepsia afetiva)

O Inconsciente Reativo, só é inconsciente no sentido tópico do conceito – na medida em que ele corresponde a um passado que precisa se manter afastado da consciência. Manter um reservatório de memória. Ele funciona acoplado à consciência – Pré-consciente.

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Inconsciente AtivoNão é produzido, mas produção incessante, não é memória

camuflada, mas usina de criação. Irredutível aos códigos, mais múltiplos – Vontade de Potência. Suas leis são ao acaso, o devir, a multiplicidade. Está sempre agitando e multiplicando.

Nietzche – FreudFreud – existem dois sistemas diferentes de registro:1. Recebe as excitações preceptivas e corresponde à

consciência.2. Transforma a excitação momentânea em traços duráveis

e corresponde ao Inconsciente.

Tanto o Inconsciente Freudiano com o Inconsciente Reativo são concebidos como conjunto de marcas mnêmicas, distintos e separados da Consciência.

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Freud distingue duas formas de memória:

1.Memória Inconsciente Restos Verbais2.Memória ConscienteFreud NietzcheRecalque Esquecimento

Recalque: afasta as representações da consciência, separando-as das palavras que as designam, tornando-as, assim, inidetificáveis; com isso evita o desprezo gerado pela sua presença.

Os conflitos permanecem, reaparecendo através do retorno de recalcaso.

Esquecimento: força delegada, que provoca fluidez, mobilidade, no sentido de apoiar o Inconsciente Ativo.

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Inconsciente em Nietzche:Aquele domínio que escapa à linguagem, domínio,

pois, do indizível. Nada de representação, nem remeter a qualquer princípio ordenador transcendente, metafísico ou lingüístico; quando muito pode significar silêncio, singularidade, indizibilidade, melhor dizendo, tudo aquilo da experiência humana que escapa às possibilidades de representação da linguagem e da consciência.

Imagem que é expressão jamais se confunde com aquilo que expressa, sempre manifesta algo diferente de si própria, é veículo, portanto, exterior ao objeto de expressão.

Linguagem (grego): glossa – a língua, linguagem: phoné semantiké – emissão sonora que denota algo.

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Para o institucionalismo, há uma produção de subjetividade.

Há forças inconscientes que o institucionalismo denomina DESEJO, por ressonância e reelaboração do conceito de desejo inconsciente da psicanálise.

Para a psicanálise, o desejo está sempre relacionado ao Complexo de Édipo: é um desejo que atua primeiro na vida familiar, nas relações ou fantasias incestuosas ou parricidas do ICS infantil e que, depois, se translada para a vida social com as mesmas características.

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O desejo da psicanálise é um impulso que tende a reconstruir estados perdidos a se realizarem em fantasmas, é uma tendência reprodutiva, um anseio que tende a restaurar o narcisismo.

Deleuze e Guattari têm uma proposta muito ambiciosa de reformulação da história universal: o que eles sugerem é uma megateoria que não procura sua validade nem em fundamentos biológicos, nem em validação empírica.Buscam uma nova maneira de pensar que não se encaixa nas formulações epistemológicas habituais.

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Freud Ser psíquico como fruto de

seu afastamento da natureza e sua inscrição no universo da cultura.

Estrutura montada a partir das relações infantis.

Marca do passado.

Tentativa de retorno a uma relação narcísica.

Deleuze e Guattari Desejo revolucionário, que

investe imediatamente o mundo social e a produção.

Sujeito em constante transformação.

Múltiplos componentes semióticos da fala, do corpo, do espaço, econômicos, políticos etc.

Mundo do possível: múltiplas

possibilidades de arranjos de componentes de subjetividade, um sujeito singular e suscetível a re-arranjos: subjetividade plural e polofônica.

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Para Deluze e Guattari, é ao capitalismo que interessa a unificação. A subjetividade plural, não interessa ao capitalismo.O ICS freudiano é perfeitamente adaptável a uma sociedade ligada à conservação, ligada ao passado, a tradição falocráticas e a um tipo de subjetividade estática.“Eclosão do desejo é a ruptura que abala, que questiona o campo social”Por isso o desejo é revolucionário e a ruptura é condição sine-qua-nom para o surgimento do novo.

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Deleuze diz: “O ICS, vocês devem produzi-lo” O ICS é substância a fabricar, a posicionar, a fazer fluir;

espaço social e político a conquistar.O desejo produz, produz o real. O desejo é produtor de

realidades.“Se o desejo produz, ele produz o real. Se o desejo é

produtor, só o pode ser na realidade, e de realidade”“Ao desejo não falta nada, não falta objeto. É mais o sujeito

que carece de desejo ou o desejo que carece de sujeito fixo porque o sujeito é fixado pela repressão.

O ser objetivo do desejo é real em si mesmo”. (grifo nosso)

Não é o desejo que se apóia na necessidade. As necessidades são contra-produtos no rela que o desejo produz. Há carência dos contra-efeitos do desejo, carência depositada, déspota, vacualizada no real natural e social.

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A carência é preparada, organizada na produção social. É contra-reproduzida pela anti-produção que se volta sobre as forças produtivas e delas se apropria.

É a prática do vazio como economia de mercado.Organizar a escassez, a carência, na abundância da produção, fazer com que o desejo recaia no grande modo de carecer, fazer com que o objeto dependa de uma produção real que se supõe exterior ao desejo, enquanto a produção do desejo passa a fantasma.O campo social é percorrido pelo desejo – é seu produto historicamente determinado.

“Transformar pela Transversalidade”A transversalidade é o que existe de original, singular,

que é capaz de perfurar a força dominante da instituição.

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4ª PARTE________________________________________________PRINCIPAIS CORRENTES DO INSTITUCIONALISMO NA ATUALIDADE:

1) Análise Institucional:Seus fundadores: George Lapassade e René Lourau.Félix Guattari foi o primeiro que adotou esta denominação – Análise Institucional

Bases teóricas:Psico-sociologia/dinâmica de grupos/psicoterapia e pedagogia institucional.

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Principais contribuições conceituais:• Instituinte X Instituído• Demanda X Encargo• Analisadores históricos e construídos• Análise de Implicação

Metodologia:• Diagnóstico (análise da demanda e do encargo)• Levantamento de Analisadores• Intervenção: Assembléia Geral Permanente, onde

os “não-ditos” são expressados até suas últimas conseqüências transformadoras.

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2) Sociopsicanálise:

Fundada por Gerard Mendel

Articula duas concepções:Psicanálise (Freud e Reich)Materialismo dialético (Marx, G. Luckas e Orwel)

Principais contribuições:a. Psicanálise:Impotência fundamental inerente ao ser humanoEstado indefeso da criança – desamparoConflito edipiano: confrontação angustiante com a Imago Materna arcaica, alimentadora e ao mesmo tempo devoradora = sociedade de consumo. Revolta contra o Pai, não mais para ocupar seu lugar, mas porque ele (a Lei) não mais existe enquanto tal.

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Classes institucionais (professores, operários, alunos, etc.). A redução da dimensão do político à esfera psicofamiliar arcaica: regressão, atuação, inibição, delírio, somatização, tóxico-dependência, etc.

Culpa inconsciente institucional: transferência explorada.

Redução psico-institucional a um funcionamento psicofamiliar: preferência pela vida imaginária (arcaica, fantasmática).

Diminuição da rede simbólica.

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Materialismo Dialético

A experiência de desamparo é também produzida pela má distribuição de renda, pela discriminação e divisão do trabalho: poder, prestígio e prazer.Pela alienação, onde o sujeito perde sua identidade ou seus atributos essenciais, alienando-se (desintegrando-se – introjeção e projeção), transbordando-se no Outro ou em um “fora de si”.Os homens, grupos ou classes sociais alienam suas potencialidades atribuindo-as a entidades (sobrenaturais ou proprietárias dos meios de produção) – onipotência.Roubo da mais-valia = mais-valia do poder.

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Metodologia:

Intervenção psicanalítica:

Diagnóstico InstitucionalTrabalho de grupo com as classes

institucionaisAnálise da Instituição – Materialismo

Histórico

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3) Esquizoanálise:Fundadores: Gilles Deleuze e Félix GuattariPrincípios:

que tenha por objeto a destruição das relações de exploração capitalista e o fim da divisão da sociedade em classe, castas, raças, segmentos, etc.que se estabeleça em ruptura com todos os valores fundados sobre uma política de falo, do poder territorizado, etc.

Trata-se de revoluções moleculares, proliferando a partir de uma multidão de devires mutantes: devir mulher/criança/velho/animal/planta, etc.trata-se de inventar novas sensibilidades e subjetivações.

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5ª PARTE___________________________________________________________

ESQUEMA/ROTEIRO DE ANÁLISE INSTITUCIONAL

1) Apresentação do analista

Objeto estranho: é um fora do grupo, gênero (masculino/feminino), leigo, etc.

Para estudar os fenômenos institucionais o pesquisador precisa ter contatos diretos, vivenciar durante um tempo a realidade dos sujeitos ou grupos estudados – observação participante.

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2) Solicitação da Análise

Análise da Demanda: análise da encomenda do staff-cliente (responsáveis da organização) e de sua demanda implícita, diferente da encomenda, de um lado, e, de outro, análise da demanda do grupo-cliente (membros da organização). Produção de Análise:“não existe demanda espontânea, que toda demanda é produzida, é gerada, e que existe um cruzamento na natureza da demanda, de tal maneira que não é necessariamente a organização que oferece um serviço a única responsável pela produção de demanda desse serviço”.(BAREMBLITT, 1992, p.106)

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3) O que é Analise Institucional

É uma perspectiva de análise/intervenção (pesquisa-ação) em diferentes níveis: relações interpessoais, relações intergrupais, sistema de funcionamento organizacional que visam o processo institucional. Isto significa que o processo de análise institucional estrutura situações autogestivas que farão surgir o não-dito institucional, o não-saber social, prestígios, prazeres ocultos e as relações de poder. É a cultura do construcionismo: desconstrução, construção e elaboração.

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Trabalho da assembléia/grupo – Exposição dialogada – Síntese

Condições principais:• Autogestão• Auto-análise• Liberdade/confiança/ética• Preparação para a votação: (análise do desejo do grupo)• NÃO É:• Dinâmica de Grupo• Qualidade Total• Reengenharia.• Recursos Humanos – RH

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4) Como se faz Análise Institucional

4.1. Elaboração dos Instrumentos de Coleta de dadosAnálise da Produção da DemandaDemanda ExplícitaDemanda Implícita

Levantamento dos analisadores:Autorização e credenciamento. Acesso aos lugares,

reconhecimento do material documental, das pessoas envolvidas.

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Por analisadores entendemos todas as situações emergentes e potencialmente capazes de gerar análise no coletivo. São elementos materiais passíveis de análise e revelados pelos analistas institucionais para propiciar a explicitação dos conflitos e sua resolução. Para tal fim, pode-se valer de qualquer recurso materializado como: dinheiro, poder, organograma, fluxograma, planta física, temas, como a questão de gênero, etária, étnico, ecológico, religioso, nacionalista, sexual, etc ou todos esses e outros capazes de serem traduzidos pela palavra em situações de análise e novas processualidades de subjetivações.

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Eugène Enriquez (1989, p.59) também assinala a importância de analisar os fundadores e os pontos de referências identificatórios, como mitos e ideologia de uma determinada instituição. Os antigos fundadores podem, mesmo mortos, impedir e dificultar as mudanças, incutindo nos participantes um sentimento de culpabilidade inconfessável. A culpa dos participantes diante dos dignos ancestrais, das lendas, histórias, rumores e sagas seriam as principais fontes de resistência à mudança.

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Diagnóstico Provisório

É uma configuração ou cena preliminar da instituição. São os primeiros entendimentos hipotéticos a respeito do quadro organizacional. Feito este desenho em forma descritiva, o próximo passo consiste em elaborar um novo contrato de trabalho visando a construção de outros dispositivos que favoreçam o acesso a um maior número de pessoas, a documentos da organização, como estatuto, organograma, carta de princípios, ata de fundação, quadro de pessoal e acesso aos lugares, etc.

Alguns dispositivos para a construção do pré-diagnóstico:Questionário sócio-econômico-cultural e religiosoEntrevista semi-estruturada/ grupo focal/análise do discursoPesquisa documental, História da fundação, Primeiros

fundadores.

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Implementação dos ProcessosPlanejamento de estratégia para execuçãoTratamento e análise de dadosElaboração dos relatórios, análise e interpretação dos dados

confrontados e determinados a partir dos conhecimentos sócio-econômicos, psicocultural e religioso.

4.2. Elaboração e devolução do pré-diagnóstico

Elaboração de estratégias, táticas, técnicas, procedimentos. Ex: reuniões em comunidades.

4.3. 1ª Assembléia Geral:

Aprovação do DiagnósticoDiscussão dos pré-projetos

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Sugestões para elaboração de Projeto

OBJETIVO (para que este projeto?)JUSTIFICATIVA (por que este projeto?)METODOLOGIA (como, com qual instrumento será

realizado este projeto?)ORÇAMENTO GERAL (com quanto – que recursos

financeiros são necessários para realização deste projeto?)

CRONOGRAMA (Tempo necessário para execução do projeto)

METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO (instrumentos necessários para avaliação do projeto)

BIBLIOGRAFIA (levantamentos de textos sobre o problema do projeto)

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Clarificação dos Conceitos:Objetivo: é o propósito que se deseja alcançar por meio de um projeto. Justificativa: é a demonstração da importância do projeto na solução dos problemas enfrentados pela província.Metodologia: são passos ou caminhos que conduzirão a execução do projeto. São ferramentas que serão usadas para atingir o objetivo. É a maneira detalhada de como serão executados os passos do projeto.Orçamento: são os recursos econômicos necessários para execução do projeto.Cronograma: tempo necessário para execução do projeto.Avaliação: Os instrumentos detalhados de avaliação das atividades programadas.Bibliografia: levantamento de textos bibliográficos relacionados com o problema do projeto.

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4.4. 2ª Assembléia Geral:Aprovação dos projetosAnálise das resistências que envolvem a sua vivênciaPrognóstico/avaliação e propostas de acompanhamento periódicas e atualização.

OBSERVAÇÃO: A referência bibliográfica utilizada na elaboração deste roteiro, consta do Plano de Curso de disciplina: Psicologia Institucional do Curso de Pós-graduação “Lato sensu” Pedagogia Clínica e Institucional – CEMPEMG/UNICENTRO Newton Paiva