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Revista experimental dos alunos do curso de Jornalismo da Faculdade 7 de Setembro

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Revista experimental dos alunos do curso de

Jornalismo da Faculdade 7 de Setembro

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UDIRETOR GERALEdnilton Soárez

DIRETOR ACADÊMICOEdnilo Soárez

VICE-DIRETORAdelmir Jucá

COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMODilson Alexandre

EDITORES CHEFESEdma GóisMiguel Macedo

PROJETO GRÁFICO E DIREÇÃO DE ARTETarcísio Bezerra Martins Filho

COORDENADOR DO NÚCLEO DE FOTOGRAFIAJari Vieira

BOLSISTAS DO NPJOR QUE PARTICIPAREM DESTA EDIÇÃOGuilherme Paiva | Diagramação Alexandre Fernandes | Diagramação

EDITORIALEdma Góis

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO

TEXTOSamara Melo, Bárbara Rodrigues, Angela Barroso, Lara Rovere, Saulo Lobo, Elrica Olinda, Paulo Victor Mascarenhas,Felipe Sena, Jordán Pimentel, Ravena Cascaes, Jéssica Castro, Gabriel Maia, Lucas Mota, Bárbara Rios, Luana Severo, Soriel Leiros, Gustavo Freitas, Gabriella Freitas, Cyntia Paula, Alexandre Fernandes,Rubens de Andrade, Augustiano Xavier

DESIGNAlexandre Fernandes, André Almeida, Bárbara Rodrigues, Jéssica Castro,Guilherme Paiva,Zaira Umbelina, Jackson Pereira, Camila Menezes, Natasha Carvalho,Elayne Costa, Rubens de Andrade, Lylla Lima, Vanessa Freitas, Taiamara Gomes,Ariadne Sousa, Jéssica Castro, Bárbara Rodrigues, Frank Roger, Gustavo Mendes,Giuliano Vandson, Rodrigo Barros, Gustavo Freita

m ano para ficar marcado na história da Faculdade 7 de Setembro (FA7). Em 2014, os cursos de Comunicação comemo-ram 10 anos de existência. A revista MATÉRIA PRIMA compar-tilhou este momento, com conteúdo temático das pautas dire-cionado para as diferentes áreas profissionais.

Com base em nosso princípio de investir sempre no talento dos estudantes de Comunicação da FA7, dividimos com cada aluno, a responsabilidade pela sugestão de pautas desta edição. Eles foram repórteres, fotógrafos e designers gráficos, forman-do nossa equipe com os professores responsáveis pelo acompa-nhamento da produção e fechamento desta MATÉRIA PRIMA.

Com os olhos lançados para o amanhã, damos total priori-dade à inovação tecnológica dos meus digitais. O portal Quinto Andar (www.quintoandar.fa7.edu.br), coordenado pelo Núcleo de Produções Jornalísticas (NPJor), é o exemplo deste compro-misso com as ferramentas multimídia.

Nesta edição, as pautas discutem o panorama atual da comu-nicação. Temas como convergência de mídias, inovação tecno-lógica, gestão e empreendedorismo estão presentes nas repor-tagens. Buscam, ainda, o diálogo com profissionais do mercado, e conversam com os professores que contribuíram para a his-tória dos cursos de Comunicação da FA7.

Um desses diálogos sobre os rumos da profissão foi marcado na entrevista com Nonato Albuquerque. Comunicador multimí-dia, ele destacou a convivência com jovens estudantes, durante a experiência com o programa Câmera 12, da TV Jangadeiro. Para o profissional, o convívio com alunos de jornalismo serviu para oxigenar a redação e mostrar que sempre se pode fazer algo diferente.

Nesta mesma direção pensa Dilson Alexandre, coordenador de Jornalismo e Publicidade da FA7. Na próxima década, ele de-seja que o curso contribua, de fato, para a formação de comuni-cadores sérios e comprometidos com o jornalismo de verdade.

Em cada nova edição da revista-laboratório, nosso objetivo é aprimorar os fundamentos do fazer jornalístico, na pauta, tex-to, imagem e design. É assim que queremos que as reportagens sejam apreciadas por você, nosso leitor. Ótima leitura!

Boa leitura!

ED

IT

OR

IA

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10 anos de experimentações

Comunicação da cor do mar] O mar está sempre em movimento. Transforma-se em toda sua incontância de mar, de ir e vir. Assim é a Comunicação, o Jornalismo e o Design Editorial. No conceito desta edição, pensamos nas mudanças da comunicação voltando às origens. A premissa rupestre confunde-se com a ideologia da Bauhaus, este é o segredo para esses 10 anos de sucesso.

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08 A hora de ser estrela10 Ofício: comunicador16 A voz que orienta20 Comunicação #10anos30 Embelezando a cidade com cores40 Uma mão lava a outra

SU

RI

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e a cultura da colaboraçãoCROWFUNDING

REPÓRTER | FOTOS Mariana Banhos DESIGN Clara Jovino | Laíne Monteiro

O financiamente só se torna colaborativo a partir da divulgação do projeto, geralmente pelas redes sociais, e do engajamento de familiares, amigos e até desconhecidos

Iniciar a produção de um proje-to de cunho cultural, jornalístico, social ou político sem capital para arcar com as despesas necessárias para realizá-lo não é um desafio fácil. É necessário o míni-mo de dinheiro para que ele possa sair do papel e tenha a chance de, um dia, ser concretizado. Assim, sem incentivo e apoio financeiros, muitos estão optan-do pelo financiamento coletivo, também conhecido como financiamento colabo-rativo ou crowfunding, para dar vida a seus projetos. No Brasil, o pioneiro é o site Catarse. Inaugurado em 2011, con-quistou a confiança e a credibilidade

de muitos artistas fortalezenses, como o cantor Felipe de Paula e a escritora Tyanne Maia, e da produtora cearense Alumbramento Filmes.

O Catarse iniciou com apenas cin-co projetos inscritos. Hoje, o site rece-be projetos de todas as partes do Brasil: do Norte, do Nordeste, do Centro-Oeste, do Sul e, principalmente, do Sudeste. A escritora Tyanne Maia, após a rejeição de várias editoras, decidiu recorrer ao crowfundig para financiar o livro in-fantil sobre respeito e amor aos animais “Telhado de Gato”. “Fiquei muito temero-sa e passei algumas semanas estudando

o financiamento, quem havia conse-guido o recurso ou não, até que resolvi apostar na ideia, já que não havia nada a perder”, afirmou. Após divulgação no Facebook e no Twitter, 180 pessoas, cha-madas apoiadores, tornaram possível o sonho da escritora, em 2013. E já está decidido, o próximo livro também será lançado pelo Catarse, em maio desse ano.

Com a quebra de barreiras físicas que a internet promoveu, qualquer pes-soa, de qualquer parte do mundo pode contribuir; além de ser simples, segu-ro, sem burocracia, sem custo e de bai-xo risco financeiro. Rodrigo Maia, sócio

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do Catarse, acredita que “as pessoas são atraídas pela idéia de que tem espaço pra todo mundo, só é preciso se adap-tar e conhecer as nuances da sua rede”. Para enviar um projeto no Catarse, o re-alizador deve apenas definir o valor que deve ser atingido para realizá-lo, esta-belecer quais recompensas serão dadas em troca aos apoiadores, engajar amigos, familiares e qualquer pessoa que goste do seu trabalho, e torcer para alcançar a meta de arrecadação. Para ser um apoia-dor também é fácil: escolha um projeto, decida o valor que será dado e opte pela melhor forma de pagamento para você.

O site nasceu como reflexo da vonta-de das pessoas de mudar o cenário de incentivo à cultura, que é bastante bu-rocrático. Efetivamente, a burocraia do mercado foi um fator que pesou bastante

CURIOSIDADES

O crowfunding ficou conhecido

mundialmente nas últimas

eleições presidenciais dos Estados

Unidos, em 2008. O candidato

eleito, Barack Obama, aproveitou

este recurso que, até então, era

pouco conhecido e, através de

um aplicativo, arrecadou mais

de um milhão de colaboradores,

cada um apoiando com a quantia

mínima de R$30,00. Desde então,

a popularidade das plataformas

de financiamento coletivo ganhou

novos sites e foram responsáveis

pela realização de muitos projetos.

na decisão da produtora Alumbramento Filmes de recorrer ao Catarse para fina-lizar o longa-metragem “Com os Punhos Cerrados”. Amanda Pontes, diretora de produção do filme, acredita que a maior vantagem do crowfunding “é justamen-te o fato de ser um mecanismo pouco burocrático e rápido no que diz respei-to ao repasse do recurso conseguido”. A produtora apostou em uma intensa e efetiva divulgação do projeto nas re-des sociais e, com 293 apoiadores, con-seguiu financiar a parte final do filme.

Segundo pesquisa realizada pelo Catarse e disponibilizada no próprio site da empresa, 52% das pessoas têm interesse em apoiar fomento de proje-tos artísticos e culturais de forma in-dependente. O projeto do CD “Filho de Manicure” do cantor, músico, composi-tor e ator Felipe de Paula está fazendo parte da estatística dos bem-sucedidos. “A intenção era conseguir melhorar o orçamento do meu disco de forma co-letiva e fugir um pouco da necessidade de políticas culturais para realização do projeto”, disse ele. E conseguiu. Com 40 dias de projeto, antes do prazo estabe-lecido, Felipe alcançou o valor de arre-cadação, gravou o CD e o lançou, este mês, no Centro Cultural Dragão do Mar.

Foram incansáveis divulgações nas redes sociais e mobilização da família, de amigos,

amigos de amigos, conhecidos e desconhe-cidos. Enfim, com o objetivo foi alcançado, os 85 apoiadores receberão suas recom-pensas, que variam desde Cds, entregues na residência do contribuinte, até shows particulares, dependendo do valor contri-buído. Uma boa campanha de divulgação e o apoio de familiares e amigos são impor-tantes para um projeto ser bem-sucedido.

FUTUROO site fez uma previsão de como esta-

riam as estatísticas daqui a 10 anos, caso continue crescendo dessa forma: mais de três milhões de apoiadores, mais de 10 mil projetos viabilizados e mais 300 mi-lhões de reais arrecadados. Assim, po-demos criar esperanças de um merca-do cultural mais democrático, simples e inteligente. Sobre o sucesso do Catarse, afirma Rodrigo: “Acho que é a força cole-tiva. E ver que é você, o teu amigo ali do lado, teu pai e companheiros que que-rem ver algo nascer. No financiamen-to colaborativo é você quem decide, em conjunto com esse coletivo citado acima, o que quer apoiar financeiramente.” u

As pessoas são atraídas pela ideia de que tem espaço pra todo mundo, só é preciso se adaptar e conhecer as nuances da sua rede Rodrigo Maia

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A HORA DE SERESTRELA

Jovem surda muda é apaixonada por literatura e sonha ser atriz para brilhar nos palcos mundo afora

TEXTO Gustavo Mendes FOTOS Gustavo Mendes DESIGN Beatriz Rocha | Maria do Carmo

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“Por milhões de anos a humani-dade viveu como os animais. Então algo aconteceu que libertou o poder da nossa imaginação. Nós aprendemos a falar.” O trecho citado é de um dos maiores clás-sicos do grupo de rock inglês Pink Floyd, a música Keep talking, (continuar falan-do, em tradução livre) como aprender a falar, foi um fator evolutivo diferencial para a humanidade. Não apenas falar, mas as milhares de possibilidades oriun-das de todo processo comunicativo que a fala desencadeia, permitiu ao homem ir de simples nômades e coletores, a explo-radores do espaço.

Mas, e as pessoas que, por acaso do destino, não são capazes de ouvir ou pronunciar palavra alguma? Seriam por acaso retardatários nesse proces-so evolutivo? A resposta é não! A co-municação assim como a vida, supera limites e quaisquer barreiras. Como é o caso da jovem Francisca Demy Kelly Alves, de 26 anos, surda-muda de nas-cença, jamais se sentiu diminuída ou incapaz por conta da deficiência. Muito pelo contrário.

Ela, que sonha em ser atriz; adora ler, dançar, atuar e assistir televisão para

estar sempre por dentro do que acontece no mundo e se espelhar em artistas con-sagrados. Agora, tem como nova meta, entrar para na faculdade para cursar ar-tes cênicas, seu sonho de adolescência. “Sempre gostei muito de novela, assisto tudo que conseguir e por isso sempre me imaginei como seriam milhões de pesso-as assistindo, olhando pra mim tudo ao mesmo tempo,” diz ela empolgada.

“Ela (Demy Kelly) tem nome e alma de artista.” conta a mãe, dona Raimunda Antonina Alves que acompanha o tem-po inteiro a conversa como uma tradu-tora, já que este repórter não conhece libras. Seu nome é uma homenagem a duas atrizes americanas; Demi Moore, mas grafado com ípsilon mesmo para fi-car mais chic. E Grace Kelly, que se torna-ria a princesa de Mônaco, que ela, Dona

Raimunda diz nunca ter sequer visto uma imagem, mas ouviu comentários de que era uma das mulheres mais bonitas do mundo. Sempre perto da televisão, mas sem esquecer-se dos livros, ela fica por horas no sofá alternando entre o ele-trodoméstico e a leitura.

Kelly aprendeu a ler somente aos 14 anos, devido à dificuldade de encontrar uma escola com ensino adequado na ci-dade onde mora, Canindé, distante cer-ca de 110 quilômetros de Fortaleza. Foi quando surgiu a APAE (Associação de Pais e amigos dos Excepcionais), conhe-cida pelo diferenciado ensino de jovens e adultos com deficiência, logo pertinho de casa, o que despertou o gosto da meni-na pelos estudos e também pela leitura.

Uma das suas escritoras preferidas é Clarice Lispector, que ela conheceu por meio da professora e coordenadora da APAE de Canindé, Tânia Yulo. Foi ela que a presenteou com um exemplar de A hora da Estrela, ao ver o gosto da menina pe-los livros. Daí em diante não parou mais. Demy Kelly possui uma pequena estante em casa com alguns bons exemplares da literatura brasileira. Mas, o xodó mesmo é Clarice e seu A Hora da Estrela. O livro que narra as desventuras da personagem Macabéa, que tem dificuldades para ver-balizar e expor seus sentimentos. Para a jovem, é a história mais engraçada que já leu, principalmente a parte em que a protagonista encontra um namorado, o também nordestino e estereótipo do “ca-bra macho”, Olímpio.

Apesar de gostar muito de conversar, o universo de Kelly se restringe ao am-biente da casa, com a mãe, que enten-de libras, e a escola, com os amigos e os professores. E, enquanto se prepara para enfrentar todos os desafios em busca do seu objetivo, ela continua sentada no sofá da sala, viajando pelo mundo das pala-vras, que encontram eco na sua alma e alimentam seus sonhos. u

Ela (Demy Kelly) tem nome e alma de artistaRaimunda Antonina Alves

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Do estágio como editor de tex-tos na rádio Iracema de Iguatu, aos dias hoje, já se passaram 51 anos. Mas, o ado-lescente de 13 anos, que foi para o rá-dio a convite de um professor do giná-sio, não tinha planos de ser radialista. Sonhava com o trapézio do circo e em pilotar aviões. Acordou “No ar”, mas com os pés em terra firme, estava mes-mo num estúdio de rádio. Tinha sido es-colhido pela profissão.

Nonato Albuquerque construiu a maior parte da sua trajetória profissional no rádio. Trabalhou nas emissoras Iracema de Fortaleza, Dragão do Mar, FM 93 e O Povo/CBN. Atualmente está à frente do programa Tribuna Band News 1ª edição. No impresso, trabalhou no caderno Vida e Arte, do jornal O Povo, e no Caderno 3, do Diário do Nordeste.

Há vinte, surpreendeu os amigos pró-ximos ao aceitar ser apresentador do

Barra Pesada, programa policial exibido pela TV Jangadeiro. Logo ele, que evitou a editoria de polícia dos jornais por onde passou. Mas, o que poucos sabem, é que uma amiga espírita, doutrina da qual faz parte, já o havia alertado meses antes so-bre o convite. “Aceitei porque o convite falava muito mais ao Nonato, ser huma-no, do que para jornalista”, recorda.

Apesar de apresentar um programa tido como policialesco, Nonato não se

OFÍCIO:

COMUNICADORO jornalista Nonato Albuquerque faz da comunicação sua principal missão de vida

TEXTO Antonio Marcos FOTO Letícia Firmiano DESIGN Caio Faheina | Remir Freire | Thiago Jorge

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enquadra no estereótipo do gênero. Com sua voz firme e seu jeito sereno, tenta por meio de seus comentários, fazer a sociedade refletir sobre os problemas apresentados. Vai na contramão do mo-dismo do “apresentador-político”, ao não aceitar os apelos de partidos (políticos) a uma candidatura. Para explicar a re-cusa, cita uma frase da jornalista Adísia Sá: “um jornalista tem muito mais força do que um mandato político”.

Comunicador multimídiaAlém do rádio e da televisão, Nonato

Albuquerque também se utiliza das no-vas tecnologias para comunicar. Está presente nas redes sociais e escreve so-bre diferentes assuntos em quatro blo-gs: Gente de Mídia, Antena Paranoica, Mouse ou Menos e O Bangalô nas Nuvens. Afirma que não tem retorno fi-nanceiro dessas atividades, as faz pelo prazer de escrever.

Quando questionado qual o veícu-lo de sua preferência, dentre os quais atua, a resposta é imediata: o rádio! A prestação de serviços e a participação direta do ouvinte são vantagens apon-tadas pelo comunicador. Para Nonato, o rádio vem acompanhando os avanços da tecnologia, e as ferramentas de intera-tividade até parecem que foram criadas para ele. “Quando todo mundo anuncia: aí o rádio morreu... que nada, rádio tem vida longa”.

Em 1967, quando deixou Iguatu com apenas 17 anos para estudar na capi-tal, logo conseguiu emprego na rádio Iracema de Fortaleza. Mesmo traba-lhando área da comunicação, fez ves-tibular para Direito. Pensou melhor, transferiu-se para o curso de Letras, afinal, tinha facilidade na arte da es-crita. Depois de cursar as disciplinas básicas, resolveu mudar novamente. Como trabalhava no rádio, decidiu pro-fissionalizar-se, por isso, graduo-se em Comunicação Social.

Sobre a importância do diploma para o exercício da profissão, Nonato acredi-ta que o aprendizado acadêmico amplia

os conhecimentos e a percepção do fa-zer jornalístico. É totalmente favorável que se exija a formação, mas salienta que a teoria obtida na faculdade, deve ser complementada com aprendizado prático nas redações.

Tempos do regime militarNeste ano, em que o golpe militar de

1964 completa 50 anos. Nonato relembra as dificuldades de trabalhar sob censu-ra. Ele relata que o noticiário da rádio

Iracema de Fortaleza, apresentado por ele, Mozart Marinho e Almir Pedreira, só poderia ir ao ar, após receber o “visto do censor”. “Um dia fomos impedidos de noticiar um caso de poliomielite; 15 dias depois o governo lança uma campanha de vacinação. Estava ocorrendo era um surto da doença em todo o Nordeste”.

Meses atrás, apresentou no Barra Pesada uma matéria sobre o esquema de venda de sentenças por desembar-gadores. Após a exibição da notícia, foi

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Quando todo mundo anuncia: aí o rádio morreu... que nada, rádio tem vida longa

surpreendido pelo comentário de um membro da sua equipe: “tinha que vol-tar a era os militares”. O jornalista o re-preendeu imediatamente. Por ser jovem, não tinha vivido aquele momento, e não sabia do que estava falando. “Não desejo que esse momento se repita em nenhuma das minhas próximas vidas”, declarou.

Sobre o polêmico tema da imparcia-lidade, Nonato acredita sim, que ainda existam jornalistas e veículos de comu-nicação imparciais. Diz, no entanto, que quando uma emissora depende das ver-bas de publicidade do governo, fica em situação difícil ao criticá-lo.

Contato com os jovensNo ambiente virtual, Nonato Albu-

querque experimenta contato com um

público diferente do que aquele que o acompanha no rádio e na TV. Muitos jo-vens o descobrem primeiro como “blo-gueiro” e só depois associam ao apresen-tador de televisão.

Recentemente, fez parte do projeto Câmera 12, onde doze estudantes de jor-nalismo colocavam em prática por meio de reportagens, os conhecimentos ad-quiridos na sala de aula. Para o jornalis-ta, “foi uma experiência corajosa colocar no ar, em horário nobre, um programa feito por estudantes”. Nonato aponta que a o convívio com os jovens estudantes, serviu para oxigenar a redação e mos-trar, que sempre se pode fazer algo dife-rente. O Câmera 12 foi retirado da grade de programação, mas a expectativa é que o projeto retorne em 2015.

Projetos FuturosMesmo já aposentado por tempo de

serviço, Nonato Albuquerque não tem planos de diminuir o ritmo de traba-lho. Gosta e, principalmente, acredita no trabalha que realiza nos veículos de comunicação em que atual. Afirma que resposta não vem dos números dos institutos de pesquisa, visto que o

programa e líder de audiência no esta-do, e sim do contato com público. Nas ruas e até nas visitas feitas às delega-cias, com o grupo espírita do qual faz parte, as resposta são sempre positivas.

Mesmo sem pensar em uma aposen-tadoria definitiva, o comunicador tem em mente o que fará quando essa hora chegar. Além de continuar trabalhando com projetos sociais, publicará um livro. Segundo ele, já está todo pronto. “Todo mar azul não esconde tempestade”. O nome, explica, foi retirado da obra do es-critor cearense Jáder de Carvalho. A pes-soa responsável pelo prefácio o indaga frequentemente, “cadê o livro?” Nonato diz que será lançado no tempo certo.

Fato engraçadoNas páginas azuis do jornal O Povo, o jor-

nalista contou que quando estagiava na rádio Iracema de Iguatu, escutou na rádio Globo a morte de alguém na Inglaterra, e foi decretado três dias de luto. Nonato não titubeou e anunciou a morte da rainha Elizabeth. Na mesma hora, o diretor da rá-dio informou que o falecido era uma parente da rainha. Nonato disse ao diretor que a no-tícia tinha sido dada por um estagiário. u

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O péssimo sistema educacio-nal é um dos piores problemas sociais do nosso país. É também o principal mo-tivo do envolvimento de jovens com dro-gas, o que, consequentemente, contribui para o aumento da violência. De acordo com uma pesquisa do Conselho Tutelar, 40% dos jovens que abandonam a escola estão envolvidos com o uso de entorpe-centes. Em Fortaleza, os alunos das es-colas municipais e estaduais, carentes de boas estruturas e ações que incenti-vem a educação, tarão uma porta aber-ta para o aprendizado. O Projeto Ondas Cidadãs, promovido pela ONG Catavento em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), vai dar a oportunidade de crescimento para esses alunos através da rádio escolar.

O jornalista Edgard Patrício, 49, co-ordenador da UFC e do Projeto, fun-dou a Catavento há 19 anos. Financiado pelo Ministério da Educação, o projeto Ondas Cidadãs foi criado no Seminário Latino-Americano de Rádio e Educação, em 2012, como uma extensão de outro projeto chamado Segura essa Onda. Ele auxilia o programa Mais Educação e constitui-se como estratégia para indu-zir a ampliação da jornada escolar em tempo integral.

Em dezembro de 2012, logo na primeira fase do projeto, dos cerca de 180 profes-sores que estavam sendo formados para trabalhar com rádio escolar, apenas 79 foram formados. A mudança de governo na Prefeitura (saída de Luizianne Lins e entrada de Roberto Cláudio) inviabilizou

Alunos de escolas públicas vão ter oportunidade de trabalhar com rádio escolar por meio do Projeto Ondas Cidadãs

Educação através das ondas

os planos. Com a troca de governos, vá-rios professores que estavam sendo for-mados tiveram que sair do treinamento porque foram realocados.

Depois de terem passado pela fase de treinamento, os dezesseis alunos de jornalismo, selecionados em março para estagiar no projeto estão na eta-pa de diagnóstico das rádios. Eles vão

REPÓRTER Rodrigo Barros Design Estélio Neto | Daniel Costa

Para nós o que interessa é o confronto de ideias, o debateEdgard Patrício, jornalista

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não vai poder ser alcançada pelo pro-jeto. Edgard lamenta que a Catavento não tem equipe suficiente para abran-ger todas as escolas que solicitaram o trabalho. A ONG escolherá as escolas que tiverem a melhor estrutura e o me-lhor planejamento de manutenção dos equipamentos de rádio. “Nós não temos condições financeiras de desenvolver um trabalho em escolas que ainda ne-cessitem de investimentos em equipa-mentos de rádio”, ponderou Fernando Girão, 24, que está estagiando há dois anos na Catavento.

Os alunos selecionados para o proje-to vão ser definidos pela própria escola. Os escolhidos serão, preferencialmente,

às escolas para trabalhar nas oficinas de formação com os professores, mo-nitores e estudantes e, também, acom-panhar, analisar e discutir a qualidade da informação. Marcela Marvel é uma das dezesseis estudantes selecionadas. Ela está empolgada com o novo estágio. “Está sendo ótima. Nós estamos tendo a oportunidade de relembrar as ativi-dades que estudamos e de colocar em prática para os alunos que vão fazer parte do projeto”.

Entre as cinco opções de disciplinas disponíveis no programa Mais Educação (quadrinhos, vídeo, fotografia, jornal e rádio), 108 escolas fizeram a opção por rádio escola. Mas, a grande maioria

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alunos do ensino médio. O objetivo prin-cipal é estabelecer um ambiente em que os estudantes promovam o debate. Para Edgard, a escola tem que se abrir para esse tipo de trabalho.

Também faz parte do projeto a elabo-ração de um guia sonoro onde os alunos vão poder expor seus trabalhos e fazer um intercâmbio com os trabalhos dos es-tudantes das outras escolas.

Escola no Mais Educação A EMEIF Aldaci Barbosa, no bairro

Água Fria, participa do Programa Mais Educação e fez a opção pela rádio es-cola. Lá, o monitor Douglas Rocha, 35, apelidado carinhosamente de “Taco Pancadão”, ensina os garotos noções práticas sobre o rádio, além de produzir diversos programas.

Trinta alunos, do sexto ao nono ano do ensino fundamental farão parte da rádio na escola. Ismael Miranda, 14, é um desses alunos. Sua função é operar o equipamento de som. Ele circula pela escola coletando as músicas preferidas dos outros alunos para tocar na rádio. O brilho nos olhos na sua fisionomia dei-xa transparecer que, oferecendo opor-tunidades, esses garotos vão longe. u

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A voz queorientaUm esporte divertido faz uso da tecnologia para driblar os obstáculos da natureza

TEXTO | FOTOS Glenna Cherice DESIGN Erikison Amaral | Camila Vasconcelos

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Em meio aos fenômenos naturais como sol, vento, água salgada e areia da praia é possível existir um ambiente de sala de aula. São muitos professores en-sinando ao mesmo tempo. O aluno não senta e sequer usa caneta ou bloco de anotações. Quase nada é parecido com o modelo tradicional. Eu disse quase. Mas, como toda escola ou local onde exige aprendizado é necessário haver comunicação. Embora o ambiente seja diferente, na praia, existem maneiras de driblar os obstáculos para obter efi-ciência na hora de se comunicar.

A constatação desse ambiente pode ser comprovada na praia do Preá, no Município de Cruz, a 300 km de Fortaleza. Desde que foi criada, em 2009, a escola de kite surf, Fly Wind, tem atraído turistas de diferentes luga-res do mundo. Nicy Marque, 28, é dona da escola juntamente com o marido, Jair Marques. Apaixonada pelo esporte, ela garante que a procura pela prática do esporte tem crescido e o período de maior frequência é na alta temporada, o que corresponde aos meses de julho a janeiro, meses de fortes ventos.

Nestes períodos do ano, mais de 150 alunos passam pela escola, sendo 80% de-les estrangeiros. Com essa grande pro-cura, é necessário mais de um profes-sor, ou como é mais chamado, instrutor, para ensinar e acompanhar cada aluno.

As aulas começam com instruções ao uso dos equipamentos, a fim de que o apren-diz tenha familiaridade e técnica antes de ir para água. Toda instrução, nos pri-meiros dias, é realizada por meio de diá-logo direto entre professor e aluno.

A partir do terceiro dia, o meio de co-municação da aula muda. Nesta segunda etapa, o aluno passa a velejar sob o co-mando do instrutor, que permanece em terra. É a partir daí que entra em cena um dos principais acessórios responsá-veis pela transmissão de mensagens, o rádio amador. Este equipamento tecno-lógico serve de auxílio para que o instru-tor oriente o aluno em possíveis falhas na execução do exercício. Os erros são monitorados em terra e, quando detec-tados, o velejador iniciante é acionado através do rádio.

Essa assistência auxilia quem está aprendendo, já que não é possível pergun-tar ou falar sobre a prancha, apenas se-guir as ordens vindas da voz do instrutor. Kelvy Chagas, 20, é professor de kite surf da escola Fly Wind em Preá e trabalha no ramo há quatro anos. Ele conta que antes da chegada do rádio amador às escolas, a comunicação era feita por meio de gestos, e que o uso do aparelho agiliza o aprendi-zado. “O rádio ajuda muito na resposta do aluno na hora de fazer algumas manobras. Um exemplo é a manobra water start (le-vantar na água)”, diz ele.

Para que o aparelho de transmissão não tenha contato com a água há um assessó-rio de material plástico, conhecido como aquapack totalmente resistente à água. Ele é fixado ao capacete e permite que o aluno receba instrução do professor a qualquer momento. Essa aquisição trouxe mais mo-dernidade às escolas e garantiu uma efici-ência maior no aprendizado.

Além de ajudar a quem está aprenden-do o esporte, o uso da tecnologia tam-bém passa confiança. Deyne Brandão, 22 anos, não concluiu todas as aulas do cur-so de kite, mas o período em que velejou foi suficiente para ter mais conhecimen-to da modalidade. “Em um determinado momento do curso, quandwo entramos no mar, é bom saber que há alguém te in-formando, falando e corrigindo teus er-ros. Isso passa mais segurança e facilita muito na hora de aprender”, diz Deyne. Atualmente ela é monitora e organiza-dora dos equipamentos de uma escola de kite, Surfing School Brazil, localiza-da, também, em Preá.

Futuro promissorA procura pela prática do esporte aquá-

tico virou atração para turistas de vários lugares. Isso fez com que as escolas se pre-parassem para receber um público bem di-versificado. Além de seguir antenado com as tecnologias, ter conhecimento e domí-nio de outros idiomas, também, é indis-pensável. Jair Marques, 28, empresário dono da escola Fly Wind Kite School come-çou a praticar o esporte em 2004 ajudando levantar e pousar kites. Logo depois ele já aprendia a velejar. Percebendo um futuro promissor neste esporte, Jair fez o curso que garantia um certificado de autoriza-ção para dar aulas profissionalmente.

Já cheguei a dar aula para cinco alunos no mesmo diaJair Marques

...é bom saber que há alguém te informando, falando e corrigindo teus errosDeyne Brandão

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investiu nos estudos e hoje domina o in-glês, o francês e o espanhol. Em sua escola trabalham cinco instrutores qualificados, além da esposa Nicy que fica na parte da administração. Logo, quando chega um “gringo”, quem toma à frente para minis-trar a aula é ele. “Já cheguei a dar aula para cinco alunos no mesmo dia”, lembra.

Trabalhar e morar no litoral garante uma qualidade de vida melhor, em relação às pessoas que vivem na cidadeJair Marques

SERVIÇOS

A escola trabalha com

agendamento de horários, sendo

possível marcar via e-mail e/ou por

telefone. O curso oferecido pela Fly

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Ele conta que, naquele tempo, devido o material não ser tão evoluído como é hoje, seu aprendizado durou cerca de um mês. “Atualmente os alunos aprendem o básico em três ou quatro dias. Como, na época, não havia o rádio, a comunicação entre aluno e professor era feita por meio de sinais e gestos com as mãos. Só a par-tir de 2007 novos equipamentos chega-ram, inclusive o rádio garantindo mais segurança e eficiência na comunicação”, conta o empresário.

Em dia com idiomasA proximidade com uma das melhores

e mais bela praia do Brasil, Jericoacoara, fez Jair aprender outros idiomas, já que a região onde reside, Preá, é atração para vários turistas. Com isso, o empresário

A prática do esporte rendeu o que hoje, é seu meio de vida. Trabalhar e morar no litoral garante uma qualidade de vida melhor, em relação às pessoas que vivem na cidade, diz Jair. u

2014.1 MATÉRIA PRIMA // 19

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Comunicação#10anos

TEXTO Gabriela Rolim FOTOS Arquivo Pessoal DESIGN Guilherme Paiva

20 // MATÉRIA PRIMA 2014.1

Na primeira década de criação dos cursos

de Comunicação, professores pioneiros e

coordenadores revivem momentos que

marcaram a FA7

A Faculdade 7 de Setembro (FA7) está no seu décimo gol pelo o time da Comunicação. E quem comemora são os professores e alunos das habilita-ções em Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Design.

Num semestre atípico para o calen-dário universitário, por conta da Copa do Mundo, encaixam-se os festejos pela a década de existência do curso de Comunicação. Diversas palestras, oficinas, cursos de extensão e músicas no intervalo estão no programa de comemorações.

A revista “Matéria Prima” não pode-ria ficar de fora deste programa. E jun-tamente com os dois professores que es-tão na FA7 desde a formação da primeira turma de Comunicação será feito uma re-trospectiva do curso.

Jari Vieira, jornalista formado pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e pro-fessor de fotografia da FA7. Antes mesmo da turma pioneira ser formada foi cha-mado para integrar o quadro de profes-sores, em novembro de 2003. Ele foi con-tatado para participar da seleção pelo

primeiro coordenador do curso, o pro-fessor e jornalista, Ismael Furtado. “Eu vim para faculdade trazer meu currícu-lo, dizer quem eu era, que já dava aula na Unifor há dois anos” lembra. Jari foi aprovado no teste de seleção, mas teve que aguardar o vestibular que acontece-ria no ano seguinte para ver a procura pelos cursos de Comunicação.

Lembra-se de todos os detalhes, “Quando foi especificamente no dia 02 de fevereiro de 2004 eu vim para cá, numa segunda-feira à noite para dar

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2014.1 MATÉRIA PRIMA // 21

é a faculdade passar a ser um centro uni-versitário e se chamar UNI7, o que já é uma realidade bem próxima.

Questionados sobre aspectos negativos nestes dez anos de Comunicação, os dois professores foram firmes e parecidos nas respostas. Não descreveram problemas que existe ou existiram na instituição que não pudessem ser resolvidos. “Problemas a gente tem em todo local, mas não vejo problema porque nada interfere no meu trabalho daqui. Problema é quando ele acaba impedido de você fazer o seu tra-balho como você deseja” afirma Katia.

Por fim o desejo dos professores pio-neiros do curso para mais uma década

a frente é que os alunos possam confiar mais na instituição de ensino que estu-dam. Que tenham um dia orgulho em di-zer que se formaram na FA7, “Se os alu-nos acreditassem na FA7 há mais tempo ela seria bem maior do que ela é hoje. Quem faz a faculdade são os professores e os alunos”, Jari. E Katia completa “O alu-no tem que perceber onde está e apro-veitar a faculdade e o que ela oferece”.

Alunos de diversos semestres tam-bém falaram a respeito do curso de Comunicação. No geral os alunos reco-mendam a instituição. Julita é aluna da

a primeira aula no horário AB na sala 37”. Estava tão ansioso que chegou an-tes do coordenador.

Formada em Jornalismo pela a Universidade Federal do Ceará (UFC), professora de Rádio Jornalismo e conhe-cida pela delicadeza de sua voz, Kátia Patrocínio também chegou ma FA7 a con-vite do professor Ismael Furtado antes do início do curso. Participou das reuni-ões com o Ministério da Educação (MEC) para autorização do curso, e, assim como Jari, aguardou o primeiro vestibular ara formação de turma. Ela iniciou com au-las teóricas e hoje dá aulas práticas.

Inicialmente os cursos de Publicidade/Propaganda e Jornalismo eram formados por cinco professores e duas turmas. Mas, a partir do ano de 2006 o crescimen-to foi contínuo “Quando começamos a fa-zer as reuniões do curso de Comunicação era numa mesa pequenininha, à medi-da que o tempo foi passando a mesa co-meçou a aumentar, cada semestre que ia chegando nós tínhamos uma surpresa: Estávamos crescendo”, revela Kátia.

A principal mudança nesses dez anos apontada pelos dois professores é na es-trutura que era oferecida para o curso, onde não existia o Quinto, o Sexto e nem o sétimo andar. Era tudo estacionamen-to. Com exceção do laboratório e estúdio de Fotografia que sempre foi no sexto an-dar “Ficava num lugar isolado. Era preci-so pegar muitas chaves, abrir vários por-tões para chegar ao laboratório”, diz Jari.

Em 2006 foi inaugurado o quinto an-dar com salas de aula e laboratórios. Processo rápido de construção e cres-cimento do andar da Comunicação. Em 2007/2008 começava a surgir o Instituto Fa7, em 2012 o sétimo andar. Novo passo

Fa7 e está no penúltimo ano do curso de Jornalismo “Eu gostei do curso, me senti bem informada, acho que aprendi coisas muito úteis” diz. A futura Jornalista de-fende mais aulas práticas no curso.

Eduarda trancou a graduação em Contábeis quando já estava no sexto se-mestre e hoje cursa o primeiro semestre de Publicidade e Propaganda. “Escolhi a FA7 porque sempre é bem falada, que o melhor curso de publicidade é dela e pela a estrutura dos professores. É bacana, estou me identificando muito com o curso”.

O técnico da seleção da Comunicação conta como foi sua chegada na FA7 e o que deseja para mais dez anos de cur-so. Dilson Alexandre é formado em Jornalismo pela UFC, chegou na FA7 no ano de 2007 quando a primeira turma já estava sendo preparada para se for-mar. Estava terminando o mestrado em Marketing. Inicialmente dava au-las para o curso de Publicidade e aos poucos foi assumindo disciplinas de Jornalismo. No dia 01 de fevereiro de 2011 surgiu o convite para ser coorde-nador de Jornalismo e em maio de 2013 assumiu também o comando do curso de Publicidade.

Dilson expressa o que deseja para mais uma década a frente “Curso maior, ainda mais forte, com alunos que tenham orgulho em dizer que es-tudou na FA7. Quero que o mercado re-conheça a FA7 como uma empresa, um curso que contribua de fato, de manei-ra séria, para formar comunicadores sérios. Isso é um trabalho diário.” É o que todos que fazem parte dessa sele-ção que é o curso de Comunicação de-sejam, e como diria o professor Jari: Sucesso intergaláctico! u

Cada semestre que ia chegando nós tínhamos uma surpresa: Estávamos crescendoKátia Patrocínio

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22 // MATÉRIA PRIMA 2014.1

WHATSAPPa comunicação

do momento

O aplicativo da comunicação rápida, que conecta milhões de

pessoas no mundo, é um fenômeno comunicacional ou moda?

TEXTO | FOTO Gil de Sousa DESIGN Julyta Albuquerque | Gabriella Maciel

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2014.1 MATÉRIA PRIMA // 23

horas conectada. “Considero-me depen-dente do Whatsapp. Não passo um dia sem usar”. Ela conta ainda que é uma for-ma de estar sempre próxima dos amigos, e por dentro de todos os acontecimentos, sem deixar de fora os paqueras, que hoje perguntam primeiro pelo “whats”, antes mesmo do seu nome.

Os grupos criados no aplicativo es-tão fazendo sucesso até nas empresas. O Supervisor de estamparia da Turma da Malha, Nilson Mota, 33 anos, conta que a ideia do grupo “Gestores da Trm” foi criado pela Diretora Administrativa, Técia Caetano, com o objetivo de melho-rar a comunicação e envolver a Direção, Gerência, Coordenação e Supervisão em assuntos importantes para a organiza-ção, como metas, reuniões, novidades na área, e investimentos. O grupo também auxiliar no programa “Trm 100%”.

O Whatsapp se tornou um aliado para os veículos de comunicação. O por-tal Tribuna do Ceará e a rádio Tribuna Bandnews FM utiliza como ferramenta de interatividade com os leitores e ouvin-tes. As informações de qualquer região podem ser enviadas em diversos forma-tos para a produção, através de textos, ví-deos, fotos e áudios. Além disso, a rádio recebe ocorrências de ouvintes sobre a situação do trânsito.

No mundo cada vez mais conec-tado, as pessoas estão se entregando a nova moda dos aplicativos. Hoje eles fa-zem a cabeça e parte da rotina de mui-tos brasileiros, quase uma epidemia en-tre as diferentes gerações.

O Whatsapp é o novo queridinho do momento. Um aplicativo de mensagens multiplataformas que permite trocar mensagens pelo celular sem pagar nada por SMS, (serviço de mensagens curtas). Isso acontece porque o apli-cativo usa o mesmo plano de dados de internet que se usa para e-mail e na-vegação. Pode ser baixado em iPhone, BlackBerry, Android, Windows Phone, e Nokia. Além das mensagens básicas, os usuários do Whatsapp podem criar grupos, enviar mensagens ilimitadas com imagens, vídeos e áudios.

De acordo com blog oficial do Whatsapp meio bilhão de pessoas em todo o mundo são agora usuários ativos regulares. São mais de 700 milhões de fotos e 100 mi-lhões de vídeos compartilhados a cada dia. Nos últimos meses, países como Brasil, Índia, México e Rússia foram os que mais baixaram o aplicativo.

Essa forma mais prática de se comuni-car divide opiniões de usuários. Para os mais conservadores é o fim do diálogo. Já outros brincam, dizendo que é a melhor invenção depois da roda.

Para Artemilson Reis, editor de fo-tos, 26 anos, o Whatsapp é uma maneira prática de se comunicar entre as pesso-as que nem sempre podem estar pre-sentes, “Uma ferramenta útil que pode ser utilizada em muitas situações do dia a dia, como no trabalho ou em conver-sas com os amigos”.

A vendedora Thalyta Herculano, 18 anos, conta que é viciada, e que fica 24

O jornalista Alison Marques, considera o aplicativo como uma nova ferramen-ta de comunicação. “A agilidade, a eficá-cia, as multimídias e as trocas de infor-mações fazem com que a noticia chegue de forma mais rápida nas redações”. De acordo com o jornalista, essa interativi-dade do aplicativo aproximam as pessoas e despertam um interesse pela informa-ção, tornando os usuários participativos na construção da notícia.

Mas, apesar dessa legião de fãs que o Whatsapp carrega, ainda existem os que resistem à essa nova forma de comuni-cação. Segundo o estudante de Letras, da Universidade Federal do Ceará, Jairo Cezar Araújo, o aplicativo é uma fer-ramenta que distancia o contato físico entre as pessoas. “Prefiro ligar, ou con-versar pessoalmente. Pra mim essa co-municação é fria, só serve para conver-sas rápidas e pontuais”. E apesar de todos os seus amigos usarem, ele conta que não se deixa influenciar pelas cobranças, mas confessa que se sente excluído.

Comprado em fevereiro desse ano pelo Facebook, o Whatsapp ganhou mais no-toriedade na sociedade conectada, con-quistando mais adeptos. E você já se ren-deu ao app? u

Meio bilhão de pessoas em todo o mundo são agora usuários ativos regulares do WhatsappBlog oficial do Whatsapp

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24 // MATÉRIA PRIMA 2014.1

Ele tem em mãos uma ferramenta capaz de derrubar governos ou evitar crises

TEXTO | FOTO Israel Alves DESIGN Israel Alves I Alexandre Lima

O PROFISSIONAL DAS

MÍDIAS SOCIAIS

Page 25: Mp 20141 10 anos

As mídias sociais são algo revo-lucionário e é muito difícil uma em-presa ou veículo de comunicação não estar presente nelas. Hoje em dia, a uti-lização delas é obrigatória para chegar aos consumidores, construir relacio-namento com eles e tornar o próprio nome reconhecido. Porém, por mais in-críveis que as mídias sociais sejam, o sucesso nelas depende de um substan-cial investimento de tempo, paciência, criatividade e comprometimento. Esse papel é desenvolvido pelo analista de mídias sociais.

O profissional é de extrema impor-tância para a empresa, já que, qualquer uma, pode ser alvo de crises e comen-tários negativos na web. Saber o que falar, quando falar, como falar e para quem falar, faz com que a empresa te-nha uma melhor imagem na cabeça do consumidor. O impacto que as empre-sas causam em plataformas sociais são imensos e geram cada vez mais recei-tas com cada vez mais dígitos. Já, o mí-nimo deslize, pode causar grandes es-tragos na imagem dela. Recentemente, uma discussão entre uma consumido-ra e um dono de bar em Curitiba, pelo Facebook, tornou-se viral na Internet. Ela fez críticas, em seu próprio perfil, ao estabelecimento. O dono não gostou e rebateu fazendo ofensas a cliente. Ele só não contava que o post poderia re-percutir tanto.

2014.1 MATÉRIA PRIMA // 25

Page 26: Mp 20141 10 anos

Mas o que faz um ana-lista de mídias sociais?

Para o analista de mídias sociais, da Estojo 20 Comunicações, Pedro Pamplona, o papel do analista é cuidar do planejamento estratégico da empre-sa nas mídias sociais. Por isso um vicia-do em mídias sociais não, necessaria-mente, será um bom analista. É preciso ter conhecimento geral de marketing, administração e empreendedorismo para o desenvolvimento de um bom planejamento. Outra função do profis-sional de mídias sociais é a produção de conteúdo relevante. Pra isso é necessá-rio ter uma alta capacidade de leitura, crítica, resenha, escrita e criatividade. Além disso, o analista, também, é res-ponsável pelo atendimento e relaciona-mento com os clientes. É muito comum os consumidores reclamarem nas redes

sociais quando se sentem insatisfeitos com um produto ou serviço. Deixá-los sem resposta pode agravar ainda mais a situação, não só pelo fato de perder esse cliente, mas também pelo fato de que a reclamação pode afetar a opinião de outros clientes em potencial. “Atender pessoas nas mídias sociais é complica-do, pois todos estão vendo como a em-presa se comportará”, conta Pedro.

De acordo com uma reportagem rea-lizada pela Folha.com, as redes sociais são mais ágeis que o SAC como canal de reclamação. Ela cita como exemplo o banco Santander, que responde pro-testos feitos pelo Twitter em até duas horas e por Facebook, em até 24 horas. Já quando a reclamação é feita por tele-fone, a espera é de até cinco dias úteis. As feitas ao PROCON podem demorar até um mês para serem respondidas.

As empresas agem mais rapidamente, porque acabam expostas e o consumidor explora essa oportunidade. As empre-sas não querem a reputação da marca manchada.

E não para por aí, o analista ainda tem de fazer o monitoramento de tudo que acontece de interessante para a

Atender pessoas nas mídias sociais é complicado, pois todos estão vendo como a empresa se comportaráPedro Pamplona

26 // MATÉRIA PRIMA 2014.1

Page 27: Mp 20141 10 anos

O erro da Dell

No dia 14 de junho de 2007, um

ex-funcionário da Dell postou uma

lista intitulada “22 Confissões de um

Ex-Gerente de Vendas da Dell” em

um dos blogs mais populares da

época, chamado The Consumerist.

O blog publicou a lista, que revelava

segredos sobre os termos de

garantia dos produtos da Dell, dicas

para obter descontos no momento

da compra e outras coisas. Um dia

depois, o blog recebeu um e-mail

da Dell, exigindo que o artigo fosse

retirado do site. Nove horas mais

tarde, como o artigo ainda não

havia sido retirado, a Dell enviou

um segundo e-mail, exigindo (mais

enfaticamente) que o texto fosse

removido, mencionando o possível

envolvimento de coerção judiciária.

Conhecendo muito bem o poder

das redes sociais e percebendo o

evidente equívoco da Dell quanto

ao funcionamento das mídias

sociais, o blog publicou os dois

e-mails que havia recebido da Dell.

Em menos de 48 horas, os dois posts

já haviam sido acessados mais de

5 mil vezes e recebido centenas de

comentários; e bloggers do mundo

todo haviam reproduzido a história.

A empresa acabou aprendendo,

da pior maneira, que tentar

impedir que conversações online

acontecessem pelas redes sociais,

era de fato, um grande erro.

GUNELIUS, Susan. Marketing nas Mídias Sociais em 30 minutos. Editora Pensamento-Cultrix, 2012, página 44 e 45.

empresa. É fundamental, para a empre-sa, conhecer os resultados de suas ações nas mídias sociais. A função de gerar re-latórios e apresentar os resultados e re-tornos sobre o investimento (ROI) fazem parte do trabalho do analista.

O mercado é promissor. Tanto que grande parte das companhias já man-têm departamentos específico neste setor. Para o analista de mídias so-ciais, David Varelo, “o mercado cea-rense oferece muitas vagas. A cada semana novas empresas, com no-vas vagas, surgem no mercado, mas é difícil aparecer gente qualificada para o cargo. É comum, em rodas de conversa, profissionais comentarem que receberam centenas de currícu-los, mas ninguém realmente capaci-tado”, afirma.

Não é preciso ser formado para exer-cer o cargo, mas é lógico que quem tem uma graduação recebe um retor-no financeiro maior. Publicitários e jornalistas são os profissionais mais procurados pelas empresas, por suas habilidades em comunicação. Mas a graduação vem apenas dar uma base, é preciso fazer cursos de extensão es-pecíficos para área e estar sempre se atualizando, já que é uma área que vive em constante mudança. Para David, o simples surgimento de uma nova rede social pode mudar todo o panorama profissional do mercado. “O objetivo do Twitter mudou. Quem poderia ter afirmado isso há dois anos? Precisamos estar sempre antenados”, conta o analista de mídias sociais. Uma postagem errada pode comprometer a imagem de uma empresa e pôr em ris-co a sua audiência.

Em Fortaleza, o Quartel Digital é um dos principais responsáveis por cursos na área. Tendo parceria com o jornal O Povo, foi fundado com o objetivo de ajudar marcas e pessoas a se adequar à nova dinâmica de um mercado regido pelas tendências de um mundo conec-tado. A empresa oferece cursos presen-ciais e online, workshops, palestras e seminários, além de realizar o evento conhecido como “Manhã com a Tropa”, que é gratuito e acontece uma vez por mês, sempre dando ênfase a temáticas em evidência no mercado digital. u

O mercado cearense oferece muitas vagas. A cada semana novas empresas, com novas vagas, surgem no mercado, mas é difícil aparecer gente qualificada para o cargoDavid Varelo

2014.1 MATÉRIA PRIMA // 5

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Agitação, barulho, movimen-tação e correria. Vozes que se mis-turam com sons de teclado, em meio ao toque de vários telefones, celulares e também de smartphones conectados as redes virtuais sociais, que comple-tam a melodia ruidosa do ambiente. Na mente das pessoas a apuração de histó-rias, na voz, o contato com fontes, nas mãos e nos olhos, produção de vídeos, de textos, checagem de informações. Toda essa bagunça, organizada, faz parte da rotina dos profissionais de jornalismo dentro das redações dos dois maiores grupos de comunicação cearenses, o Sistema Verdes Mares e o grupo O Povo de Comunicação.

Conseguir um estágio e construir um aprendizado com profissionais consa-grados, dentro desses veículos, é sonho compartilhado por estudantes de comu-nicação de diversas faculdades do estado do Ceará. Dedicação, vontade de apren-der, qualidade de texto são requisitos fundamentais para os jovens que que-rem viver uma experiência dentro des-ses grandes grupos de comunicação.

Programas de estágioO grupo O Povo de Comunicação

possui o programa “Novos Talentos”. Semestralmente a empresa abre se-leção para estudantes de jornalismo que queiram participar do processo. O programa funciona desde 2007 como um Trainee, no qual oito estudantes participam de um curso com duração de 3 meses, com aulas de Português, Redação, Apuração Jornalística e trei-namento prático nas editorias dos ve-ículos do grupo.

Já o Sistema Verdes Mares, investiu no Programa de Desenvolvimento de Jornalistas, o PDJ. Com duração de 3 meses, o programa foi criado em 2013 e já teve duas edições, uma no começo de 2013 e outra em 2014. Os alunos do PDJ são estagiários e jornalistas que já fazem parte do grupo, eles participam durante um mês de aulas sobre direi-to, língua portuguesa, geografia, his-tória e diversas áreas do jornalismo. Nos dois meses seguintes, eles circu-lam pelas redações de todos os veícu-los do grupo.

Talentos do povoGarimpar talentos para o jornalis-

mo. Com essa intenção, o Jornal O Povo criou o Programa Novos Talentos, para complementar a formação de estudan-tes que pretendem ingressar no mer-cado de trabalho. O curso está na 15ª turma. Nesse semestre três alunos da Fa7 participam do programa, Iury Lima Oliveira Costa, Janaina Rodrigues Candido e Rodrigo Ramos.

Rodrigo explica o formato do curso. “A gente mescla o trabalho na redação com aulas de português e de apuração que acontecem todas as terças de 2hs às 6hs da tarde, no restante dos dias, no-hts temos o trabalho em cada editoria.” Durante três meses, os estagiários par-ticipam de um rodízio nas editorias, a cada mês, em uma diferente, escolhida pelo veículo.

O jornalista Plínio Bortolotti coorde-nador da turma dos Novos Talentos do O Povo conta que o contato com os es-tudantes dá a ele oportunidade de ensi-nar e aprender “Ninguém só ensina ou só aprende. As turmas que recebo são todos

mercado detrabalhoUMA PORTA ABERTA PARA O

Os programas de estágio proporcionam a atransição para o estudante que tem base teórica de informações, como a atividade profissional nas redações

TEXTO Jackson Pereira DESIGN Jarlesson Vanley | Fernando Souza

28 // MATÉRIA PRIMA 2014.1

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diferentes e todas iguais em um sentido: tem vontade de aprender, curiosidade, e disposição para enfrentar uma posição difícil, porém bela, que nos dá a oportu-nidade de nos abrir para o mundo.”

Outros caminhos para O Povo

Quase na porta de saída da Faculdade, Aflaudísio Dantas, do oitavo semestre de jornalismo da Fa7, não participou dos Novos Talentos, mas sonha em fazer carreira no Jornal O Povo. Desde 2011 no grupo, ele e mostrou seu talento e von-tade e mesmo antes de concluir o curso. Com esse perfil, conquistou um luga na editoria de esportes do jornal. Para ele o segredo do sucesso é simples. “Você tem que mostrar que você é versátil, que você está disposto a aprender e tem que ter um bom relacionamento com as pessoas”. Afirma Aflaudísio.

Desenvolvendo jornalistasCapacitar e reciclar profissionais e es-

tagiários. Essa é a iniciativa do Programa de Desenvolvimento de Jornalistas, PDJ, do Sistema Verdes Mares. Estar dispos-to a encarar novos desafios, é um dos segredos para um estagiário ter suces-so no jornalismo, quem afirma isso, é o editor, Gustavo de Negreiros, instrutor do PDJ, na área online. Há cinco anos no Sistema Verdes Mares, o jornalista

iniciou na empresa como estagiário em 2008, em 2009, formou-se pela UFC e foi contratado.

Ele acredita que “você não pode ser jornalista só disto, ou só daquilo, mas tem que ser jornalista em tudo” e com-plementa que é necessário aceitar os de-safios e se valorizar. “O PDJ é uma opor-tunidade excelente para os estagiários e jornalistas.” Como instrutor do progra-ma, ele teve a possibilidade de conhecer profissionais de outras redações, e dar, ao mesmo tempo, uma pausa do dia-a-dia, do cotidiano frenético da redação, o que auxilia na reflexão.

Ninguém só ensina ou só aprende. As turmas que recebo são todos diferentes e todas iguais em um sentido: tem vontade de aprender, curiosidade, e disposição para enfrentar uma posição difícil, porém bela, que nos dá a oportunidade de nos abrir para o mundoPlínio Bortolotti

A FA7 no Sistema Verdes Mares

Vários alunos da Fa7 já aproveitaram oportunidades no Sistema Verdes Mares, uma delas é a estudante do 7º semestre, Lyvia Rocha. Em abril de 2013 ela iniciou sua jornada profissional como estagiária de Mídias Sociais, sua vontade em ajudar chamou a atenção dos editores que a le-varam para o Portal. “O aprendizado do online foi muito bom, lá você faz tudo, política, esporte, cidades.”

Em dezembro de 2013, a aluna da FA7 foi convocada para se engajar no caderno de esportes Jogada, da versão impressa do Jornal Diário do Nordeste, e também participar do PDJ, duas oportunidades de ouro. Conhecer o sistema reforçou a vontade de realizar um bom trabalho na área esportiva, sonho da estudante des-de o seu inicio de carreira no jornalismo. “Adoro essa correria, esse ritmo, gosto de cobrir jogos e eventos esportivos”.

O sonho da jovem virou realidade e ga-nhou lances de emoção mais fortes com a participação de um trainne no Jornal O Estado de São Paulo, depois de uma se-mana em São Paulo, participando de au-las, palestras e cursos, foi escolhida pelo jornal para cobrir a Copa do Mundo, em Fortaleza. “É uma experiência sensacio-nal que vai me ajudar a fazer um jornalis-mo diferenciado, e também levar o nome da faculdade (Fa7) a nível nacional”. u

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Embelezando a cidade com

CORESArtistas encontram no grafite uma forma ideal para se

comunicar e chamar a atenção para questões sociais na correria da cidade

O grafite é uma forma de expressão visual que nasceu como uma transgres-são e que evoluiu para além de um nome escrito no muro com spray. Ele é a repre-sentação dos sonhos de um jovem pobre e oprimido, é a visão de um sonhado mun-do melhor ou a denúncia da realidade do pavoroso mundo que vivemos, saiu das ruas para ganhar espaço na eternidade, mesmo que o muro seja pintado. Nasceu ilegal, mas atualmente é uma forte fer-ramenta nos projetos sociais que ajudam adolescentes moradores de áreas críticas a se distanciarem do mundo do crime. Esse tipo de arte urbana foge aos padrões convencionais e não quer ser capitaliza-da, guardada em galerias ou smanter,

eladeseja somente passar a sua mensa-gem e logo se apagar.

“O artista de rua que faz o seu traba-lho sabendo que será apagado. Ele está ali ativando a perspectiva de uma arte fora das instituições, é uma arte que se faz indiferente aos circuitos tradicio-nais do juízo de gostos”, afirma Glória Diógenes, professora de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará. Porém, na presente década, a arte de rua se popularizou e foi um as-sunto fortemente abordado pela mídia, principalmente pelos projetos sociais a ela associados. Temos grafite na nove-la e na propaganda da Coca-Cola. Esse universo que antes estava associado a

trabalhos efêmeros e exclusivo das ruas acabou até sendo transportado para as galerias de arte, como as exposições d’Os Gêmeos no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Pode-se di-zer que o grafite é a expressão das ruas, das praças, dos muros, dos postes e das lixeiras, é a arte de quem vê o mundo do lado de fora. É a forma como o me-nino pobre e sem voz, que vive em uma área crítica, encontrou para se comuni-car com o mundo. Para José Lucivan, de 22 anos, conhecido popularmente como Bulan, o grafiteiro expressa o que vive, o que quer viver e os seus sonhos. Bulan teve o primeiro contato com a lata de spray em 2004.

TEXTO Átila Frank

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forte poder de transformar a vida das pessoas e que o grafiteiro tem a missão de levar cores para o mundo.

E é isso o que a artista potiguar Viviani Fujiwara, de 35 anos, tenta fazer também. Ela define os seus tra-balhos como poesias visuais, gosta de expressar reflexões e questionamen-tos, a figura feminina, insetos e ani-mais em geral, tudo em um universo etéreo e surrealista. Ela trabalha com arte tradicional há vinte anos, mas foi somente em junho do ano passado que conheceu e o grafite, quando se jun-tou aos artistas Rodrigo Fernandes e Clarissa Torres para formar o Coletivo Comboio. O coletivo atua no Rio Grande do Norte e prega a liberdade da arte e do pensamento artístico, com painéis que mais parecem ter saído de um mundo surrealista, objetivando tra-zer mais beleza e cores para o mundo. Rodrigo foi quem apresentou o spray à Viviani. “Não existe isso de graffiti fei-to por mulher ou por homem. Depende da proposta de cada um, independente do gênero. O meu trabalho é muito fe-minino, mas é o meu trabalho. Tanto nos muros como nas telas”, declara Viviani quando perguntada sobre os grafites feitos por mulheres, “Agora, a mulherada está muito mais ativa e

Pode-se dizer que o grafite é a expres-são das ruas, das praças, dos muros, dos postes e das lixeiras, é a arte de quem vê o mundo do lado de fora. É a forma como o menino pobre e sem voz, que vive em uma área crítica, encontrou para se co-municar com o mundo. Para José Lucivan, de 22 anos, conhecido popularmente como Bulan, o grafiteiro expressa o que vive, o que quer viver e os seus sonhos. Bulan teve o primeiro contato com a lata de spray em 2004. De 2011 para 2012, or-ganizou um projeto social chamado “Transformando Vidas Fazendo Arte”,

com 30 alunos inicialmente, no seu bair-ro de origem, o Caça e Pesca. Atualmente dá aulas de grafite como forma de cons-ciência ambiental em 4 turmas de 150 alunos ao todo, no bairro Messejana. Ele gosta de expressar a essência da região Nordeste e mostrar a realidade de onde vive. Ele acredita que o grafite tem um

presente. Inclusive, eu sou dessa leva de novas artistas de rua”.

Desde os primórdios da humanidade, o homem se comunica através de dese-nhos e riscos nas paredes. É algo comum e até natural para nós. Com o tempo e o surgimento da propriedade privada, essa forma de expressão acabou sendo limitada, vista como uma transgressão e ilegalizada. Temos que pedir autorização do dono para escrever no muro alheio. Talvez por isso que o grafite se popula-rizou tanto com o movimento da con-tracultura de 1968, nada é mais trans-gressor na sociedade capitalista do que “vandalizar” a posse do outro. A partir dali a pixação ou grafite adquiriu um caráter mais poético-político. Destaque para o artista britânico Bansky, que pos-sui uma técnica conhecida pelo ativis-mo político, rica em subversão e ironia. Seus desenhos são aplicados com estên-cil, material plano e fino, que permite imprimir e reproduzir algo numa super-fície através das aberturas ou cortes que se preenchem com tinta. Acredita-se que Banksy tenha passado por Fortaleza em novembro de 2013. Ele teria deixado o desenho de um menino urinando na pa-rede do Batalhão de Choque da Polícia Militar, subversão que seria compatível com seu estilo.

A essência do grafite é a escrita, os personagens vieram depoisBulan, grafiteiro há 7 anos

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O grafite no Brasil No caso do Brasil, ainda há um pre-

conceito quanto esse tipo de arte urba-na, tenta-se separar o grafite, um tra-balho tido como legal, da pixação ilegal. Segundo Glória Diógenes, essa divisão não existe, ambos são o mesmo. Ela con-ta que fora do país a pixação é somente mais um tipo de grafite. Inclusive muitos grafiteiros começaram pixando ou fa-zendo bombing - grafite rápido, associa-do à ilegalidade, com letras mais simples e eficazes. A professora Glória Diógenes, em suas pesquisas, entrou em contato com grafiteiros portugueses, como Tinta Crua, que preferem fazer o seu trabalho no ilegal, ser um artista transgressor, como era o grafite nas suas origens. A intervenção artística no farol velho de Fortaleza, no bairro Serviluz, realizada por artistas participantes do Festival Concreto foi um exemplo de que o grafi-te também pode trabalhar sem a autori-zação e ainda assim ser tão expressivo e rico quanto um trabalho feito por artis-tas autorizados.

Segundo Glória Diógenes, o Brasil foi muito receptivo ao grafite, que bem se adaptou à estrutura socio-cultural brasileira, inclusive os tra-balhos nacionais se destacam pela sua originalidade. O brasileiro, por ser um povo miscigenado e por pos-suir uma cultura oriunda de origens diversificadas, acabou passando isso para a arte urbana. u

A arte urbana é efêmera e não tem a pretensão de se constituir como artefato material de valor tanto de mercado quanto de percepção isolada de seu habitatGlória Diógenes, Socióloga

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A importância dos itens gráficos e a imagem visual com mesma importância para o desenvolvimento do negócio

COMUNICAÇÃO VISUAL E O SUCESSO EMPRESARIAL

TEXTO Alexandre Fernandes DESIGN Lorena Mesquita | Ariella de Sá

A imagem visual de uma empresa e de uma marca é tão importante quanto o desenvolvimento do negócio. É preciso entender muito bem o espírito do negócio e do público-alvo para traduzi-lo em ima-gens que irão representar a empresa.

Para aqueles que iniciam uma empresa, a preocupação maior é com itens de comu-nicação visual, como: logotipo, placas, ban-ners, cartões de visita, plotagens, panfletos, entre uma variedade de itens gráficos.

“A chamada identidade visual ajuda a fixar uma empresa na memória. Ela vai desde o logotipo à posição da logo no fardamento”, explica o empresário Nonato Oliveira, 51 anos, dono de uma gráfica na Av. Doutor Silas Munguba (an-tiga A. Dedé Brasil). Criar uma identida-de visual significa padronizar o uso da logo e das cores de sua empresa em to-dos os meios de divulgação que possam vir a serem utilizados.

“Enquanto montava a estrutura da empresa, o movimento era fraco, pois o único meio de divulgação era um to-tem na fachada do condomínio comer-cial em que a gráfica fica localizada. Colocamos placa, fizemos plotagens na vitrine e no interior da loja, utilizamos de panfletagem e visitas a shoppings”, é o que diz Nonato sobre como utili-zou a comunicação visual produzida em sua gráfica.

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É preciso entender muito bem o espírito do negócio e do público-alvo para traduzi-lo em imagens que irão representar a empresa.

Colocamos placa, fizemos plotagens na vitrine e no interior da loja, utilizamos de panfletagem e visitas a shoppingsNonato Oliveira

Quando o objetivo é atrair novos clientes, a comunicação visual é im-prescindível. Se a empresa possui uma identidade visual profissional, harmo-niosa e personalizada, o cliente tende a escolhê-la. Já que neste momento o consumidor está em processo de pes-quisa e avaliação, buscando empresas que ofereçam o serviço, possuam pre-ços acessíveis e acima de tudo, passem credibilidade. A comunicação visual da empresa desempenha um papel muito importante no estágio final da esco-lha, onde o consumidor avalia seu lo-gotipo, cores e possivelmente se iden-tifica com a empresa.

A esteticista e podóloga, Gorete Almeida, 47, afirma que o uso de comuni-cação visual é de extrema importância. “Para mim, que preciso expor todos os meus serviços de forma clara e atrativa, utilizar de panfletos, cartões de visita, banners e placas é o que tem me mantido com clientela”.

É papel da comunicação visual, infor-mar o público local e geral de que um estabelecimento é diferente por vários motivos. De acordo com o consultor de marketing, Fábio Torres, 38, quando os clientes não só entendem, “mas também explicam os diferenciais de qualidade de determinado estabelecimento, podemos, então, dizer que a comunicação visual

cumpriu o seu papel. O papel do valor, do status, da qualidade e do preço”.

As pessoas, por mais que tenham um poder aquisitivo mais baixo e poucas referências de leitura, destinarão o seu momento de lazer e prazer naquele local por conta dos diferenciais que o estabe-lecimento proporciona.

Segundo a publicitária, Taís Corrêa, 29, a identidade visual é um importan-te instrumento para obtenção de uma boa identidade corporativa, “na qual se refere à imagem que a empresa bus-ca conseguir, que levará à imagem cor-porativa, que se refere à percepção que uma empresa possui entre o público.” Trabalhar com a comunicação visual é bastante significativo no momento em que ela exerce um impacto imediato, pois lida diretamente com a percep-ção visual do ser humano. Ela pode ser a primeira impressão frente ao seu pú-blico e influenciar diretamente no con-ceito que este público irá formular a respeito da organização. u

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TRANSMISSÃO DE

E M O Ç Ã O

Foi assim que o narrador esportivo Carlos Fred, da equipe esportiva Tribuna BandNewsFM, viu e descreveu o gol de Tadeu do time do Ceará Sporting Club na vitória de 1 a 0 contra a equipe do Oeste. Em atividade na radiofonia esportiva há 43 anos, Fred começou em 1971 na rádio Dragão do Mar e hoje realiza o sonho de criança, ser narrador de futebol. No iní-cio da carreira começou como redator, logo se aprimorou e virou repórter, um pista (complementador de lances) e um ano depois, em 1972, começou a narrar jogos de futebol. Na TV tornou-se comen-tarista esportivo pela TV Diário, além de ter sido coordenador e produtor, mas a sua principal atividade e que faz com amor é a narração.

Para Fred, o futebol evoluiu e a trans-missão esportiva teve que acompanhar. Primeiro na linguagem por termos hoje transmissões mais descontraídas, mas nem por isso menos informativas. O relato dos acontecimentos e o seu pró-prio linguajar permanecem fiéis pelo que acredita ser o correto e por ser sua marca. “Muitas vezes o que é tido como moderno hoje me desagrada, porque o

português correto pode ser deixado de lado”, explica.

O narrador deixa claro que as trans-missões de hoje são bem diferentes de outrora, desde o seu início até o fim. Antes havia a abertura de jornada, que é a apresentação da equipe e do evento, com a participação de um locutor com alta formalidade. Hoje as jornadas es-portivas são bem mais fáceis. Um ânco-ra abre a transmissão munido de grava-ções, de um roteiro já preparado, já se

sabe o que vai acontecer e assim é pos-sível começar um trabalho dez minutos antes, porque é tudo muito automático.

Apesar de todas as facilidades encon-tradas hoje, Fred faz questão de frisar que a qualidade de quem está com o mi-crofone na mão ainda é o diferencial. “Existe um locutor que considero um mito, ele torna o jogo um espetáculo. Gomes Farias cria jargões que vai cain-do na boca do povo e isso o diferencia”, afirma Carlos Fred. No contra ponto das facilidades, a maior dificuldade na análi-se do narrador é o fator comercial. A so-brevivência do rádio depende dos anun-ciantes e para muitas rádios é cada vez mais complicado conseguir patrocínio.

Na opinião do narrador, o que é complicado acaba por piorar para quem faz parte da amplitude modu-lada (AM). “Eu adoro AM, se eu pu-desse entrava sempre no AM, pena que estão dificultando as coisas para essa freqüência que tem um lado tão romântico”, opina. Contemporâneo a Fred nem por isso menos experiente, Jussiê Cunha atua no rádio esportivo desde os 14 anos de idade, incentivado

TEXTO | FOTO Tarcísio Ribeiro DESIGN Lucas Mota | Gustavo Nunes

Eeeencostado na zaga, o lançamento feito para Robiiiiiinho, olha o gol olha o gol do Tadeeeeuuu !Gooooollll !!!Tadeeeu, desta vez ele apareceu como queria o comentarista Jussiê Cunha...

“Eeeencostado na zaga. O lançamento feito para Robiiiiiinho olha o gol, olha o goooool de Tadeeeeuuu ! Gooooollll do Cearááááá!!! Tadeeeu!!!! desta vez ele apareceu como queria o

comentarista Jussiê Cunha...”

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Fernando Lima é o responsável por pre-parar todo o ambiente de transmissão. Há 16 anos na função ele e todos os com-panheiros de profissão foram os maiores beneficiados com o surgimento da tecno-logia. O uso dos novos equipamentos re-duziu praticamente toda a bagagem que antes era usada, cerca de cinco malas e 10 microfones a no máximo três ferra-mentas de trabalho.

Segundo Junior Lima, assim conhecido por todos da imprensa esportiva, as faci-lidades não param por ai “Com a chegada do 4G tenho certeza que vamos chegar a uma época que vamos usar apenas um material apenas”, explica. O fato é que a cada inovação tecnológica, a cada passo que os materiais utilizados evoluem, o ouvinte é quem ganha e pode ouvir com qualidade o grito de gol do seu time de coração. u

pelo pai, homônimo que também era radialista.

Jussiê Cunha faz parte de uma safra de grandes nomes esportivos vindos de Aracati como Antero Neto, Kaio César, Caio Ricard entre outros. O comentarista já veio do município praiano com a base do que é a radiofonia esportiva. Desde cedo já se aventurava em transmissões amadoras em uma rádio local, mas com muito apa-rato profissional. O grupo fazia reuniões de pauta, roteiros e até mesmo possuía um site da equipe.

O comentarista é categórico ao afirmar que as transmissões sofreram alterações de uns tempos pra cá. Os recursos da tele-visão e da internet dão uma responsabili-dade maior as rádios, as dúvidas dos lances e as informações chegam com muita velo-cidade ao público esportivo que segundo ele, é muito bem informado.

Mas no geral a tecnologia veio para au-xílio de todos, mais ainda para o profissio-nal que pode exercer com maior qualidade

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Eu adoro AM, se eu pudesse entrava sempre no AM, pena que estão dificultando as coisas para essa freqüência que tem um lado tão românticoCarlos Fred

Durante os 90 minutos o mundo não para pra ver o futebol, outras coisas acontecem e temos que ficar atentos como jornalistas a estes acontecimentos. Hoje está muito mais fácil e a internet ajuda demaisJussiê Cunha

a função jornalística. “Durante os 90 mi-nutos o mundo não para pra ver o futebol, outras coisas acontecem e temos que ficar atentos como jornalistas a estes aconteci-mentos. Hoje está muito mais fácil e a in-ternet ajuda demais”, conta Jussiê.

E é com o auxílio da internet e tecnologia que a Tribuna Band News inova nas suas transmissões. Primeiro porque usa a ferramenta para informar de forma imediata mantendo a característica do rádio, utiliza redes sociais como o what-sapp para interagir e dar voz ao ou-vinte, através da internet e apli-cativos de celular combina com os melhores com os melhores equipa-mentos de custo elevado, mas que oferecem o que tem de melhor como som de estúdio em qualquer lugar mundo. “Com esses equipamentos fica fácil inovar também, por exem-plo as escalações dos times, que são feitas pelos próprios treinadores”, argumenta.

Os benefícios são tantos que impres-sionam Jussiê, que se mostrava preocu-pado pela decadência do veículo “O rádio se revigorou, estava fadado ao prejuízo e com a internet o maior beneficiado foi ele”, afirma. Porém também surgem pro-blemas, como nas cidades do interior em que muitos ainda não possuem internet banda larga e a transmissão não chega na qualidade esperada.

Por falar em qualidade de equipa-mentos, o operador de áudio externo

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São por muitas mãos e mentes que uma reportagem de TV passa até ser vista pelo telespectador. Em todas elas há um objetivo em comum, a informação

TEXTO Lorena Sales DESIGN Iago Monteiro | Matheus Ribeiro

REPORTAGEMA

N A T V

exercício de síntese e criatividade

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uma pauta, ou seja, contar com fatos que o produtor deixou escapar.

É necessário estruturar a reportagem ainda na rua, pois não há muito tempo para escrever o texto, devido o imedia-tismo da profissão.

Por isso, a concisão é extremamente im-portante, afinal, o público deve compre-ender a mensagem. Mas como ser conciso sem perder a criatividade? “A literatura ajuda. Acredito que dá subsídios para brin-car com as palavras sem perder a clareza e a concisão dos fatos”, explicou a repórter.

O cinegrafista também tem papel im-portante, pois não é só fazer a imagem, mas a melhor imagem. Ele precisa ficar atento a posição do entrevistado no ví-deo, ao local onde ele está e a qualidade do som e das imagens que serão usadas.

Luz, câmera edição..Primeiro um OFF? Depois uma sonora?

De quem é a sonora? Que parte deve ser usa-da? A parte final do processo é a edição. O editor é o responsável por juntar um gran-de quebra cabeça, utilizando as imagens feitas e as “deixas” do texto do repórter. u

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A coisa mais difícil é dar uma cara nacional para um jornal feito basicamente aqui”Musa Guedes, chefe de reportagem

O nosso trabalho é levar informação aos telespectadores com o máximo de verdade. E mais do que isso. De veracidade. Realizamos um trabalho fundamental para a democraciaFernanda Aires, repórter

GLOSSÁRIO

OFF > Texto narrado pelo repórter

sem que ele apareça no vídeo

SONORA > Entrevista

PASSAGEM > Texto decorado pelo

repórter com ele aparecendo no

vídeo

CABEÇA > Chamada da matéria,

lida pelo apresentador

É aí onde entra o trabalho do pro-dutor. O chamado “pensar nas imagens” é peça chave quando se fala em reporta-gem de televisão. Não adianta falar so-bre o alagamento de uma avenida, sem mostrar o local onde aconteceu. “No mo-mento da construção do texto, a gente têm essa visão, imagina toda a matéria na nossa cabeça”, afirma o produtor da TV União, Natan Santos.

Tudo isso requer planejamento, prin-cipalmente quando se marca as entre-vistas. Natan ressalta ainda que, às ve-zes, a maior dificuldade é a questão do tempo e das fontes. “Não podemos re-petir muito as fontes, temos sempre que buscar novos contatos. Quanto mais con-tato tiver, melhor para o produtor”.

Geórgia Beatriz, produtora de progra-mas policiais da TV Diário, ressalta que o trabalho é ainda mais corrido devido a essa editoria. “Trabalho com pautas fac-tuais, ou seja, trabalho com o inesperado e não temos tempo de ter uma “reunião de pauta”. Logo quando chego na redação te-nho uma lista de telefones pra ligar e veri-ficar se está acontecendo alguma coisa na cidade, como CIOPS, SAMU, AMC etc”.

A produção precisa ainda pensar no tempo em que a equipe leva para se des-locar de um lugar para o outro, tendo que enfrentar o trânsito cada vez mais

congestionado da cidade. É uma mistura de jornalismo e logística. Geórgia afir-ma que o bom relacionamento com as fontes é fundamental. “As vezes entrar em contato com as autoridades é uma questão de ser brasileiro e não desistir nunca. Como trabalhamos com a notí-cia factual o tempo corre contra nosso favor, então temos que ser rápidos na apuração, confirmação e no encami-nhamento do repórter”.

Hora da açãoDepois de pronta, a pauta chega ao re-

pórter, que junto com o motorista e o ci-negrafista saem para fazer as entrevistas previamente marcadas. O bom repórter fica atento ao que as fontes estão falan-do, confirma a informação, o nome dos locais, dos entrevistados, os desdobra-mentos do fato.

Para Fernanda Aires, que já foi re-pórter da TVC e atualmente trabalha na TV União, são muitas as dificuldades do profissional. “São muitos entrevis-tados em lugares diferentes. Corremos o tempo todo atrás das notícias, vamos onde elas estão. Mas, ao final, é praze-roso assistir o resultado de tudo”. A boa execução de uma reportagem na rua se dá, principalmente, pela capacidade do repórter em tirar a melhor fala da fon-te, saber lidar com os imprevistos, “ter jogo de cintura” e também pensar nas possibilidades de desdobramento de

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A realidade queconverge no CearáO cenário jornalístico fortalezense já emerge novos hábitos e reflete conteúdos diferentes

TEXTO Renato Ferreira FOTO Letícia Firmiano DESIGN Priscila Almeida | Renato Ferreira

passaram a ser conjuntas para entender o que caberia a quem e como aproveitar, ou até reaproveitar, uma matéria que la-pidaria ainda mais o serviço voltado à população do Ceará.

De alguns programas produzidos e transmitidos pela radiodifusão e um site que reproduzia fielmente o conteúdo te-levisivo, nasceriam uma nova emissora de rádio, a Tribuna Band News FM, um portal de notícias, o Tribuna do Ceará e uma nova emissora de TV, o Nordestv/SBT. “Aprendemos apanhando até dar certo. Era produção de um programa conversando com a produção do outro, a adaptação das equipes para se prepa-rar com outras maneiras midiáticas de informar e sempre levar todo e qualquer

Era produção de um programa conversando com a produção do outro, a adaptação das equipes para se preparar com outras maneiras midiáticas de informar e sempre levar todo e qualquer fator em contaIsabela Martin

Recortes convergentes dos veículos comunicacionais

Para a coordenadora dos portais G1 e Globo Esporte Ceará, Marília Cordeiro, do Sistema Verdes Mares, a convergência está na fusão dos formatos das lingua-gens e do material que o profissional traz de seu trabalho. Há uma compreensão, segundo a coordenadora, de que o repór-ter do site já sabe que tem de se adequar para já se inserir no meio promovido pela internet. É a multimídia que deixa o conteúdo atraente para os leitores, e consecutivamente, o fechamento da ma-téria se torna mais leve, prático e ideal.

“Nos veículos de internet, já conside-ramos natural ter de fazer matérias que explorem os recursos da plataforma, mas ainda é um desafio cultural que profissionais dedicados a outros veícu-los contribuam para os portais. Acho também crescente no país a iniciativa de apresentar conteúdos diferentes como infográficos, crossmídia e bons vídeos”, revela Marília.

A diretora de jornalismo do Sistema Jangadeiro, Isabela Martin, nesta fun-ção desde 2012, comenta que, ainda na-quela época, a convergência era mínima mas aos poucos já estava se inserindo no meio. Quando chegou na empresa se de-parou com os poucos veículos trabalhan-do de maneira individual e resolveu inte-grar toda a equipe. As reuniões de pauta

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revela que o jornalismo tem se tornado muito abrangente e a audiência cada vez mais multimídia. O site do sistema já vem com essa ideia de integração das rádios e das Tvs da empresa, agregando mais con-teúdo e abrindo nichos de público.

Helcio coloca o portal de webjornalis-mo como um meio idealizado de que exis-ta ideias e informações por toda a volta, cada uma com um valor. A ideia de não ser “escravo” do factual e contar histórias interessantes, sem desvalorizar ou super--valorizar o jornalismo hard-news deve ser colocado em cheque, apoiando tam-bém produtos convergentes para dar ali-cerce à comunicação. “Essa cultura deve ser implementada já nas escolas de jorna-lismo, porque as coisas estão mudando e

antigamente não era assim”, reflete.O apresentador e editor de esportes

dos programas Bom Dia Ceará e Globo Esporte da TV Verdes Mares, Marcos

Nos veículos de internet, já consideramos natural ter de fazer matérias que explorem os recursos da plataformaMarília Cordeiro

fator em conta, para que haja clareza no que ocorre dentro da empresa”, ressalta Isabela.

Marília comenta que os repórteres do site já compreendem que as matérias pedem mais do que um texto. Os outros profissionais do sistema, como da TV Verdes Mares ou do Diário do Nordeste, também têm seu devido valor prestado dentro do campo. “Peço que eles pensem em complementar o ‘eixo do material’ com acréscimos em outro formato. Por exemplo, se temos um texto escrito, pre-cisamos de uma foto. Se temos um ótimo vídeo, temos de escrever um texto com informações que contextualizem as ima-gens” pontuou.

Já Isabela ressalta que desde que as-sumiu a diretoria de jornalismo, os ve-ículos que “nasceram” juntos já foram programados pensando na convergên-cia. O Tribuna Band News FM, como um veículo que trabalha com a factualidade e instantaneidade e o Tribuna do Ceará, um portal eminentemente cearense que não compete com os outros sites do es-tado, visando somente “informar o que acontece e o que há de melhor no Ceará”, complementa.

Função multimídia, jor-nalista ascendente

O gerente de plataforma digital do Sistema Jangadeiro, Helcio Brasileiro,

Montenegro, admite que a convergên-cia foi catalisadora em sua carreira. No início, contratado para fazer matérias para a web, houve oportunidades para trabalhar com o telejornalismo até se firmar onde está, mas mesmo assim não deixou de cobrir o que ocorre com matérias especiais, no qual ele se des-loca e vai a campo para colher infor-mações como outro repórter “de rua”.

Ainda assim, seus colegas de traba-lho sabem que podem contar com ele quando precisarem. “Tirar uma foto, escrever uma notícia rápida direto da rua, mandar alguma informação e por aí vai. Você abre seu leque e as opor-tunidades no mercado. Uma vez que ‘ser multimídia’ é dever de todo jor-nalista hoje em dia, embora não seja obrigado a fazer tudo, mas deve estar preparado para quando houver algu-ma necessidade. Com essa preparação há o destaque”, conclui.

Fato concreto é que com a abran-gência midiática da internet, o usu-ário que pode ser o receptor do im-presso ou do audiovisual, assume uma função ativa dentro do processo de comunicação. Ele passa agora a tam-bém escolher o que quer ver, ouvir, ler e encontra na oportunidade uma maneira de se tornar o próprio filtro, caminhando (ou navegando) por sua direção favorita. u

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CINEMADE RUA

Espaço aberto ao público, o Cinema do Dragão é considerado uma linguagem que busca dialogar visando à democratização

TEXTO Tamara Aquino DESIGN Guilherme Paiva

atores Wagner Moura e Jesuíta Barbosa, foi exibido em sessão especial com a pre-sença do elenco. Apenas 120 ingressos, equivalentes ao número total de cadeiras das duas salas de cinema, foram disponi-bilizados na bilheteria. Quem não conse-guiu comprar o ingresso, tevede esperar até o dia 15 de maio, data oficial da es-treia do filme.

A nova gestão formada por Pedro Azevedo e Salomão Santana, em Fortaleza e Kléber Mendonça filho e Luiz Joaquim, em Recife, instaura uma nova metodologia: Pessoas totalmente

Com apenas sete meses de funcio-namento, o Cinema do Dragão – Fundação Joaquim Nabuco, reinaugurado após um hiato de um ano,já recebeu em torno de 40 mil pessoas. A reaproximação do pú-blico deve-se à diversidade da programa-ção e também à suaprivilegiada locali-zação. Um dos raros cinemas de rua do Brasil, o ambiente livre à comunicação convida o público a sentir a experiência do cinema e quem sabe olhar para suas próprias vidas a partir dele.

O sucesso de público é um dos moti-vos de comemoração neste ano em que

foram celebrados os 15 anos do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Local pensado para vivenciar arte e cultura, o Dragão foi inaugurado em 1999, tor-nando-se empouco tempo um dos maio-res Centros Culturais do Brasil. O evento “Maloca Dragão”, que durou cinco dias, no final de maio, preparou para o públi-co shows, exposições, programação vol-tada para as crianças, peças de teatro, e dedicou a semana ao cinema brasileiro, com um dos filmes tendo sua pré-estreia no dia da abertura do evento. Praia do Futuro, do diretor KarimAïnouz e com os

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TEXTO Tamara Aquino DESIGN Guilherme Paiva

dedicadas ao cinema e que procuram se comunicar com a cidade e com que está acontecendo.

“A ideia não é trazer filmes que já têm es-paço em grandes circuitos exibidores, em grandes salas de cinema, seria injustiça”, sentencia Pedro Azevedo. A nova grade de programação oferece uma proposta que promove a reflexão e o debate, para isso é importante dialogar com o público. Esse diálogo acaba sendo imprescindível tanto para dar às pessoas o que elas querem ver, como também para surpreender.

Os debates são importantes para forma-ção de público e hoje 90% das estreias bra-sileiras tem a presença do diretor e dos ato-res no final de cada sessão para conversar sobre o filme, esclarecer dúvidas e intensi-ficar mensagens. E para Salomão isso é um privilégio que precisa ser valorizado.

O cinema contemporâneo converge cada vez mais para produções com lin-guagem saturada e repetitiva. Operando fora desse cenário, o Cinema do Dragão oferece opções. Colocam um filme com apelo popular ao lado de outro indepen-dente, cuja exibição se daria de forma limitada, apenas em algumas salas em todo o Brasil. Dessa forma despertam a curiosidade das pessoas. “O interessan-te é que descubram filmes novos e que criem o hábito de assistir coisas diferen-tes dessa linguagem mastigada das gran-des salas de cinema”, afirma Pedro.

Mas se engana quem acha que se tra-ta de um Cinema de Arte. Para Salomão, o rótulo erroneamente atribuído ao

Cinema do Dragão pode afastar as pesso-as. “Não trabalhamos com essa propos-ta, porque não fala o que a gente quer”, diz. Para os dois curadores de Fortaleza, não existe o “tipo” de filme que o Dragão exibe, nem uma distinção entre Cinema de Arte e o de Entretenimento, porque tudo é cinema.

O espaço é pensando para todos e não apenas para profissionais da área ou ci-néfilos. Os filmes escolhidos podem ser compreendidos e ainda se comunicar de forma subjetiva com cada um, pro-porcionando novos questionamentos e entendimentos. “O que queremos é a democratização, procurando interagir com outras áreas para agregar e trocar experiências”, diz Salomão.

“Os filmes levantam questões sociais e econômicas. São filmes que trabalham com outro tempo, com cenas mais longas que pedem reflexão. E temos chances de conhecer outras produções”, expõe o jor-nalista Marcos Joel, 27.

Além da programação diferenciada, o cuidado técnico é crucial. Os filmes trabalham com um projetor de DCP que

confere qualidade superior dando aos es-pectadores projeções ótimas. “Fortaleza estava adormecida e acostumada com a má qualidade de projeção. Podem ques-tionar a programação, mas não a quali-dade técnica”, diz Pedro.

O estudante de publicidade, Lucas Vieira, 24, afirma que é muito me-lhor ir para o Dragão do Mar do que ao shopping. “O diferencial do Cinema do Dragão, primeiramente, são os filmes que não estão em outros nichos. Lá as pessoas respeitam mais os filmes, não fazem baderna e depois que a sessão acaba podemos ir para bares, exposi-ções, shows”, diz.

O velho e o novoAs salas do Dragão do Marforam

importantes por inserir Fortaleza no circuito de exibição de filmes inde-pendentes e de mostras nacionais e in-ternacionais. Antes conhecido como Espaço Unibanco de Cinema, fruto de uma parceria entre o Dragão do Mar e o Unibanco/Itaú, o local passou por um processo de modificação. Reinaugurado em Setembro de 2013,as salas foram re-formadas e cerca de R$ 1 milhão foi in-vestido para torná-las confortáveis e atrativas. Novos parceiros também en-traram em cena com a proposta de ofe-recer programação diferenciada para atender uma demanda reprimida.Coube a Fundação Joaquim Nabuco, referência em salas de cinema em Recife, a respon-sabilidade da nova gestão. u

A ideia não é trazer filmes que já têm espaço em grandes circuitos exibidores, em grandes salas de cinema, seria injustiçaPedro Azevedo

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TEXTO Frank RogerFOTOS DESIGN Thiago Daniel | Tatiana Fortes

Saber em qual área o estudante que ser aprofundar já é um grande passo para quem está na área de comunicação social. Uma das principais decisões que muitas pessoas que cursam uma graduação têm que tomar é “Em que área devo me espe-cializar?”. Esta é uma pergunta que apa-rece frequentemente na cabeça de muitos estudantes que ainda não decidiram qual caminho seguir. Ao escolher a função de assessor de imprensa o estudante deve es-tar ciente das suas atribuições e gostar de um ritmo de trabalho intenso.

É o que nos revela a jornalista Isabelle Vieira, que atua na área há 13 anos. “No começo trabalhar nessa área era mais difícil, hoje com o advento das novas tecnologias e fontes de comunicação o nosso trabalho vem ficando mais fá-cil.” Quando questionada sobre o mer-cado atual ela é enfática: “As empresas com o passar dos anos vêm se conscien-tizando da necessidade de ter um as-sessor de imprensa para gerenciar sua comunicação”.

Isabelle diz que o trabalho é bastante intenso, apesar das novas tecnologias e técnicas que chegaram para facilitar a vida do profissional, mas que é bastante apaixonada pelo sistema de construção

de manutenção de imagem que o profis-sional da área tem que lidar. “Acho que foi amor à primeira vista. Interessei-me bem cedo pela área e logo tive a mi-nha primeira experiência como bolsista na Coordenadoria de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC)”.

Já para a jornalista recém-formada Júlia Norões, a decisão foi influencia-da pela família, pois ela já tinha uma prima que trabalhava na área. Julia co-meçou a estagiar em assessoria antes mesmo de se formar. “Mesmo após a minha formação eu enfrentei precon-ceito e falta de confiança no ambiente

O mercado está mais exigente, hoje as empresas estão procurando cada vez mais profissionais que sejam especializados na área para trabalharPaulo Roberto, assessor político

Ao escolher a área de assessoria de comunicação o profissional deve estar ciente do grande esforço e do trabalho árduo que virá pela frente.

ASSESSORIAem foco

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atual. “Muitas empresas tem adotado a ideia de trocar o assessor de comunica-ção por um gestor de mídias sociais. O pouco engajamento com o cliente e as faltas de opções no mercado são os prin-cipais obstáculos que nós enfrentamos. É preciso ser muito proativo e buscar no-vas formas de estimular a mídia espon-tânea para se ter um bom resultado”. u

profissional, apesar de já ter estagiado um ano na área”.

Exigência do mercadoPara o especialista em comunicação

Paulo Roberto, que trabalha atualmente com assessoria política. “O mercado está mais exigente, hoje as empresas estão pro-curando cada vez mais profissionais que sejam especializados na área para traba-lhar”. Paulo cita o seu caso como exemplo, já que no caso dele, antes de trabalhar na área de assessoria política já havia pro-curado formação política para exercer a função.

2014.1 MATÉRIA PRIMA // 45

Saiba mais

- Piso salarial do Assessor de

Imprensa: R$4.105,74 (6h/dia)*

- 64% dos profissionais da área são

mulheres.**

- 76% dos profissionais que

trabalham atualmente na área já

haviam adquirido experiência por

conta de estágio.**

- 24% dos profissionais nunca

haviam trabalhado antes quando

começaram como assessores.**

* Segundo o Sindjorce (Sindicato

dos Jornalistas no Ceará)

** Segundo a FENAJ (Federação

Nacional dos Jornalistas)

A jornalista Isabelle nos revela que tem percebido que o número de agên-cias e profissionais free lancers tem au-mentado bastante. “Eles (as empresas) começaram a se dar conta da importân-cia do nosso trabalho. Mas o maior pro-blema em relação à área é o mercado, que paga pouco e não valoriza como deve a assessoria, já que a competitividade en-tre os profissionais está acirrada e mui-tos acabam cobrando tão pouco por um trabalho tão importante”. O que conse-quentemente desvaloriza e enfraquece o exercício da atividade, prejudicando muitos profissionais. Para Julia Norões esta prática é perceptível no mercado

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repórter CUCA, Magno Paz, começou de mansinho, fazendo um curso de radiono-vela, pedindo músicas na rádio... Logo o “Bonner da Barra” entrou para a equipe de desbravadores da comunicação popu-lar. O morador do bairro Cristo Redentor pensa em ingressar na faculdade de jor-nalismo, tamanho o interesse pela co-municação gerado através do projeto. No entanto, a rádio ainda está em seus planos por um bom tempo. “Eu pretendo ficar na rádio até quando puder. A inten-ção é continuar ganhando experiência e crescendo”.

Luiz Lopes é fruto de uma oficina em parceria com a Catavento - Comunicação e Educação Ambiental ministrado no lo-cal. Chegou a cursar o primeiro semestre de jornalismo na Fa7 e hoje estuda publi-cidade na Universidade Federal do Ceará. Além de produzir o Mistura, o sonhador já planeja um programa musical no for-mato documentário. “A gente iria contar a história de um artista falecido e tocar as músicas, entrevistar algum fã”.

Denise Braga, 21, ingressou na faculda-de de jornalismo da Fa7 por causa da ex-periência com a Rádio CUCA. Junto com sua amiga Brenda Martins, 21, apresenta o “Deu a Louca na Barra”. Integrantes da

para os quadros “Papo Cearense” e “Fica a Dica”. Atualmente, o programa possui uma página no Facebook onde postam edições e fotos dos bastidores. Os ou-vintes podem comentar, sugerir tmas a serem abordados e pedir músicas - desde que não contenham linguagem inapropriada.

Depois surgiram outros programas, como o Mistura, mensalmente apresen-tado e produzido pelos jovens Magno Paz, 18, e Luiz Lopes, 20. O também

46 // MATÉRIA PRIMA 2014.1

A motivação é o fortalecimento da comunidade, a garantia dos direitos humanos e a busca pela excelência na comunicação

TEXTO | FOTO Bárbara Camurça DESIGN Javier Blanco | Cristina Tallón

Competindo com a exploração sexual, o uso de entorpecentes e a dispu-ta de território, a programação da Rádio do CUCA - Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte é um oásis para o jovem que não se vê representado na grande mídia e precisa reconhecer em um meio de comunicação seu papel, sua voz, seu jeito. O ruído é diminuído quan-do o repertório é comum. Aí a comunica-ção é estabelecida.

Conceitualmente, radioescola é um es-paço de formação ampla e transversal. Nela se trabalha, além da formalidade do ensino, o aspecto crítico, a formação ci-dadã, o empoderamento e o protagonis-mo do jovem. O foco é a criação de um ambiente o mais horizontal possível para que todos participem e tenham voz na mesma proporção.

A radioescola do CUCA surgiu há quase cinco anos junto com a sede da Barra do Ceará, o CUCA Che Guevara.

Hozana Arruda, educadora de rádio e supervisora do projeto, conta que a pro-gramação, de fato, só iniciou em 2012, de-pois de uma capacitação inicial através de um curso de sonoplastia.

O primeiro programa foi o Natividade, uma revista quinzenal com entrevistados

RADIOESCOLA CUCA BARRA a vitória da comunicação contra a exclusão e a violência

Quando se fala em comunicação popular e alternativa geralmente se pensa em algo que é mal feito, no jornalzinho de bairro com parágrafos tronchos, fotos gigantescas e muito anúncio. Isso não é uma regra! João Carlos Bendo

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2014.1 MATÉRIA PRIMA // 47

segunda turma de sonoplastia, as meni-nas fizeram um “programa teste” levado para a FM Fortaleza, implantado numa rádio comunitária e na radioescola.

Brenda fala com um sorriso largo da sua preferência por programas ao vivo. Gosta da interação com o público, se di-verte com os personagens criados e vozes improvisadas para o “Deu a Louca”. Sente pelas produções não terem um maior al-cance, já que a transmissão é limitada ao espaço do Centro Urbano. “Nosso desejo é estar fora, trazer a galera para cá”.

Todos compartilham do mesmo an-seio. A equipe pretende implantar um sistema de webrádio para maximizar o alcance, mas por enquanto são limitados pela qualidade da Internet no bairro.

Quem coordena a agitação desse povo criativo é João Carlos Bento, supervisor de Comunicação Popular e Cidadania. Orgulhoso, João elogia o profissionalismo e a dedicação da equipe da radioescola. “O grupo que está aqui é muito represen-tativo pelo potencial de executar qual-quer coisa que eles queiram com muito profissionalismo”. Para ele, a comunica-ção popular não é sinônimo de deslei-xo, pode ser excelente. “Quando se fala em comunicação popular e alternativa

SAIBA MAIS

CUCA na Comunidade

Com a intenção de divulgar as

atividades gratuitas disponíveis,

o grupo leva música e oficinas

para os bairros, pensando em

uma programação voltada às

necessidades específicas de cada um.

Repórter CUCA Disponibiliza formações de

Comunicação Popular, como o

curso em parceria com a Catavento.

Dividido em três módulos, trabalha

desde características do rádio,

gênero informativo (notícia,

entrevista e reportagem) até

radiodramaturgia (radioteatro).

geralmente se pensa em algo que é mal feito, no jornalzinho de bairro com pará-grafos tronchos, fotos gigantescas e mui-to anúncio. Isso não é uma regra!

Impacto na comunidade O objetivo da radioescola é alcançar,

conscientizar e fortalecer a população através de uma rádio que fale a lingua-gem local. A proporção ainda é reduzida, mas a aposta é que os jovens sejam mul-tiplicadores do conhecimento adquirido em seus contextos.

João Carlos Bento diz que a comunica-ção popular trabalha a construção cola-borativa e oferece voz político-social às pessoas. O espaço não é construído só em termos de entretenimento, mas de mo-bilização. “A proposta da radioescola é essa: os meninos sentam com a gente e propõem”.

Os voluntários falam da rádio com pai-xão e se empenham como se fossem re-munerados. Escolhem os temas, pesqui-sam, produzem. As pautas são coerentes com a realidade dos comunicadores e dos ouvintes. O grupo ganha a atenção porque traz de volta a proximidade das pessoas com o estúdio da rádio, como nos antigos programas de auditório.

Reiteram que a comunicação é um direi-to de todos, desmistificam e humanizam o radialista, o comunicador. u

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48 // MATÉRIA PRIMA 2014.1

Uma mão lava a outraComo o jornalismo de moda vem se sustentando em Fortaleza em meio ao boom dos blogs do mesmo segmentoTEXTO Jéssica Saunders DESIGN Isabela Thé | Paulo Victor Mascarenhas

Page 49: Mp 20141 10 anos

2013.2 MATÉRIA PRIMA // 49

Segundo a jornalista, nunca se vendeu tanta revista de moda. “Os jor-nalistas se encarregam da parte crítica e conceitual. Nas revistas podemos ter acesso a produções de moda, reflexões sobre tendências, entrevistas com es-tilistas e inclusive com as próprias blo-gueiras”, conta. As revistas possibilitam às blogueiras entender o que vai estar em alta na próxima estação, por exem-plo. “Acesso vários blogs e nunca cancelei minhas assinaturas de revistas”, Victória Rocha, blogueira de moda há três anos. Cadeira cativa na primeira fila dos des-files, os blogueiros conquistaram um espaço relevante no mundo da moda. Tendências em primeira mão, dicas de beleza, de moda e maquiagem. A instan-taneidade é o diferencial de quem faz os blogs de moda. Por este e por outros mo-tivos é que eles vêm ganhando cada dia mais seguidores. Blogueiros foram pro-movidos a “profissão blogger” e, fazendo jus ao trabalho árduo de postagens di-árias, são muito bem remunerados por isso. Com todo o glamour da profissão, há quem diga que eles só vivem de even-to em evento e ganhando presentinhos de marcas famosas. Preconceitos à par-te, esses profissionais vêm conquistan-do o reconhecimento merecido perante a mídia e os leitores. Causando um ver-dadeiro frisson é que blogueiras de todo o mundo influenciam, mesmo que in-diretamente, meninas e mulheres, des-lumbradas por esse facinante life style, a criarem o seu próprio espaço na web. Segundo Alessandra Leeman, professora e jornalista especializada em moda, em 2009 o Brasil já era o segundo país com o maior número de blogs cadastrados no blogger.com. Uma verdadeira enxur-rada de conteúdos postados diariamen-te. Entretanto, muitos blogs ainda irão

surgir e se destacar, já outros, a grande maioria, irão desaparecer e assim por diante. “Só os bons permanecem, quem se esforça, estuda, corre atrás e se des-taca. Quem espera cair do céu, fica para trás”, afirma a blogueira Victória Rocha. Os blogueiros ganharam tanta força que hoje assessorias de imprensa e marcas, entendendo muito bem esse fenômeno, os convidam para prestigiar lançamen-tos de coleções, coquetéis e, claro, parti-ciparem das semanas de moda, um lugar que até então era restrito a jornalistas de moda. Como diria a blogueira Victória Rocha, tem espaço para todo mundo. “O blogueiro jamais substituirá um jorna-lista, mesmo sendo ele de moda. Um jor-nalista desconhece as várias aptidões de um blogueiro. Bem como um blogueiro não possui os conhecimentos obtidos na faculdade de jornalismo”, explica.

A cada ano que passa, a capital do Ceará ganha mais profissionais capaci-tados e, obviamente, vem tendo destaque na mídia local e nacional. Eventos como Festival de Moda de Fortaleza (FMF), Dragão Fashion Brasil (DFB) e tantos ou-tros são um prato cheio para estilistas, jornalistas, blogueiros e, claro, os fashio-nistas de plantão. Uma porta de entra-da perfeita para novos talentos surgi-rem e se engajarem nessa atmosfera. Em

Só os bons permanecem, quem se esforça, estuda, corre atrás e se destaca. Quem espera cair do céu, fica para trásVictória Rocha, blogueira

Fortaleza, a moda autoral é referência para todo o mundo e está em constan-te ascensão. Bordados, rendas e crochês dão “pano para as mangas” em qualquer temporada. “A moda autoral é consumida por todos nós, amantes da moda. A comu-nicação é a melhor forma de consumo. Através da sua imagem a ‘roupa’ trans-põe o ato de vestir e cumpre sua função maior, de ser expressão cultural de seu povo”, explica o estilista Mark Greiner. u

Como ser uma bloqueira de sucesso

1 Vá a todos os eventos de moda da sua cidade.

2 Faça postagens frequentes e em horários constantes.

3 Crie conteúdos relevantes

Nada de ctrl-c ctrl-v.

4 Tire suas próprias fotos com qualidade e originalidade.

5 Esteja sempre atualizada

6 Faça fotos de look do dia,

mostre seu estilo.

7 Indique sempre as referências de lojas e preços.

8 Não se venda à lojas e marcas.

9 Tenha compromisso com a verdade.

10 Trate muito bem as suas leitoras e seguidoras.

Page 50: Mp 20141 10 anos

A melhor faculdade particular de Fortaleza (SEGUNDO AVALIAÇÃO DO MEC E DE SEUS ALUNOS)

Bem vindos à FA7, uma instituição que já nasce com 66 anos de experiência educacional e o compromisso com um padrão de ensino de alto nível. A faculdade possui ensino superior diferenciado, contando com 12 cursos de graduação.

PedagogiaLogística

Engenharia de ProduçãoAdministração

Jornalismo

Arquitetura e Urbanismo

Sistemas de Informação

DireitoNegócios Imobiliários

Entre em nosso site e veja também nossos cursos de pós-graduação.www.fa7.edu.br.

Ciências Contábeis Publicidade e Propaganda

Design Gráfico

Page 51: Mp 20141 10 anos

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No 5.º andar da FA7 encontram-se os cursosde comunicação social. Isso significa quelá estão os alunos mais criativos.Você pode acompanhar os trabalhos desses estudantes através do portal Quinto Andar,que atua como uma plataforma para organizar, reunir e divulgar os trabalhos jornalísticos do corpo discente.

Quer ver os trabalhos? Acesse o portal e fique por dentro do que os alunos estão produzindo.