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MPF MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM CARUARU Único nº /2017-PRM-CARUARU-GAB-1°Ofício Inquérito Civil Nº 1.26.002.000164/2015-40 PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO CÍVEL Nº 91/2017 - CRU FATOS ANTIGOS. AUSÊNCIA DE PROVAS DE CRIME OU ATO DE IMPROBIDADE. INVIABILIDADE DE MANUTENÇÃO DA APURAÇÃO. Trata-se de Inquérito Civil Público originado do IC de nº 1.26.002.000063/2012-26, instaurado para apurar irregularidades apontadas em Relatório de Fiscalização nº 034 da CGU. No tocante ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome ocorridas no município de Santa Cruz do Capibaribe. Em acordo com o referido relatório, uma enorme quantidade de irregularidades foram cometidas, destacando-se por sua gravidade e pelos elementos coletados pela CGU. Recebidas as informações da CGU, solicitou-se os papéis de trabalho que embasam o Relatório da CGU, que foram recebidos nesta Procuradoria restaram em anexo ao procedimento. Oportunizou-se, então, que o então Prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Antonio Figueiroa de Siqueira, fosse intimado para se manifestar sobre os fatos narrados no referido Relatório, encaminhando cópia deste (fl. 70). Às fls. 76/77, resposta da Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe, datada de 16 de abril de 2013, assinada pelo atual prefeito EDSON DE SOUZA VIEIRA, destacando que são verídicas as informações da CGU, e que o gestor não se preocupou em regularizar algumas falhas apontadas no relatório. O Atual Prefeito destacara que o município não possuía um levantamento do patrimônio municipal em razão da falta de interesse do antigo gestor em cuidar dos bens adquiridos pelo Erário. Essa falha facilitava o sumiço de bens móveis (notebooks, 1 Rua Professor Luiz Bezerra de Vasconcelos, s/nº – Bairro Universitário Caruaru – PE – CEP 55.014-838

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EM CARUARU

Único nº /2017-PRM-CARUARU-GAB-1°OfícioInquérito Civil Nº 1.26.002.000164/2015-40

PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO CÍVEL Nº 91/2017- CRU

FATOS ANTIGOS. AUSÊNCIA DEPROVAS DE CRIME OU ATO DEIMPROBIDADE. INVIABILIDADE DEMANUTENÇÃO DA APURAÇÃO.

Trata-se de Inquérito Civil Público originado do IC de nº1.26.002.000063/2012-26, instaurado para apurar irregularidades apontadas emRelatório de Fiscalização nº 034 da CGU. No tocante ao Ministério do DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome ocorridas no município de Santa Cruz do Capibaribe.

Em acordo com o referido relatório, uma enorme quantidade deirregularidades foram cometidas, destacando-se por sua gravidade e pelos elementoscoletados pela CGU.

Recebidas as informações da CGU, solicitou-se os papéis de trabalho que embasam o Relatório da CGU, que foram recebidos nesta Procuradoria restaram em anexo ao procedimento.

Oportunizou-se, então, que o então Prefeito de Santa Cruz do Capibaribe,Antonio Figueiroa de Siqueira, fosse intimado para se manifestar sobre os fatosnarrados no referido Relatório, encaminhando cópia deste (fl. 70).

Às fls. 76/77, resposta da Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe, datadade 16 de abril de 2013, assinada pelo atual prefeito EDSON DE SOUZA VIEIRA,destacando que são verídicas as informações da CGU, e que o gestor não se preocupouem regularizar algumas falhas apontadas no relatório.

O Atual Prefeito destacara que o município não possuía um levantamentodo patrimônio municipal em razão da falta de interesse do antigo gestor em cuidar dosbens adquiridos pelo Erário. Essa falha facilitava o sumiço de bens móveis (notebooks,

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projetores, televisores, etc) praticado por servidores que simplesmente não possuemlembranças de tais equipamentos.

Quanto às falhas apontadas no Programa Bolsa Família, o atual Prefeitodestacou que a nova gestão estava fazendo um novo recadastramento no referidoprograma, com o intuito de excluir do cadastro pessoas que não se enquadram noprograma.

Verificou-se, então, que o referido IC, ainda que se restringisse aosProgramas relacionados ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fomeno sentido apurar irregularidades verificadas pela CGU em Santa Cruz do Capibaribeem fiscalização realizada no período de 29/08/2011 a 09/09/2011, possuía objetoextremamente amplo.

Isso ocorreu porque as ilicitudes verificadas pela CGU no município deSanta Cruz do Capibaribe foram muitas e que diversos programas relacionados aoMinistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome foram realizados com gravesdistorções em tal município.

Desse modo, determinou-se no Despacho Cível nº 114/2015 o necessário odesmembramento do IC nº 1.26.002.000063/2012-26.

Com isso, restou instaurado o presente IC de nº 1.26.002.000164/2015-40,com o escopo seguinte:

Apurar supostas irregularidades relacionadas ao PROGRAMADE TRANSFERÊNCIA DE RENDA COMCONDICIONALIDADES BOLSA FAMÍLIA a partir da verificaçãopela fiscalização da CGU, Relatório Nº 034036 de 15/08/2011, nomunicípio de Santa Cruz do Capibaribe/PE.

Realizado o desmembramento, oficiou-se, de logo, à prefeitura de SantaCruz do Capibaribe questionando se já foi realizado o recadastramento dosbeneficiários do Bolsa Família no município, bem como se houve verificação de sealguma família de servidor público municipal continua recebendo mensalmente osvalores do programa.

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Em resposta, a Prefeitura destacou o seguinte (fl. 156):

Cumprimentando-o cordialmente, venho por meio de este, ematenção ao oficio nº 45912016IPRM/CRU/PEI1°0ficio, oriundodeste órgão, onde requer informações sobre a reiteração deoficio, referente ao lC 1.26.002.000164/2015-40, para talinformamos que ao assumir o primeiro ano de Gestão,providenciamos na Secretária de Cidadania e Inclusão Sociala criação de um trabalho de fiscalização do Programa BolsaFamília com busca ativa em conjunto com a Assistente Socialcontratada exclusivamente para o programa e um trabalhode conscientização diário junto aos servidores públicos quenão se enquadrava no perfil do Programa para se desligaremvoluntariamente onde já obtivemos êxito. Vale salientar quea gestão tem o compromisso de seguir os critériosestabelecidos pelo Ministério de Desenvolvimento Social, ese coloca a disposição para quaisquer duvidas.

Os autos possuem análise prioritária dada a iminência da prescrição deeventuais sanções por ato de improbidade em relação ao gestor do Município entre osanos de 2008-2012.

É o que se tem dos autos. Passo ao encaminhamento devido.

Para uma escorreita análise dos fatos envolvidos pelo presenteprocedimento, passo a transcrever a constatações da CGU que motivaram a suainstauração:

3.4. PROGRAMA: 1335 - Transferência de Renda com Condicionalidades - BolsaFamília

3.4.1.1 Constatação - Realização de despesa não elegível ao IGD.

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A Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe/PE movimentou osrecursos do incentivo financeiro de que trata o art. 8º, § 2º, daLei nº 10.836/2004, acrescido pelo art. 6º da Lei nº 12.058/2009(conversão da Medida Provisória nº 462/2009), durante osexercícios de 2009 e 2011 nas contas correntes nº 16.651-0/BB e177-4/CAIXA.Analisando os objetivos das despesas incorridas, ecomparando-os às modalidades de atividades elegíveis nasPortarias/GM/MDS nº 148/2006 e 754/2010, constatou-seaplicação com desvio de finalidade, no valor de R$ 70.647,20,de acordo com a relação discriminada dos gastos no períodoem alusão:

Objeto (resumo) Fornecedor (CPF/CNPJ) Valor (em R$, bruto) Cheque/Banco/Data

Serviços técnico-profissionaisde Assistente Social ao CRAS

732.575.404-34 1.210,00 850134/BB, de 21/12/09

Confecção de fardamento(calças e blusas) aos alunos doPETI

07.849.225/0001-66 7.865,00 850112/BB, de 30/09/09

Fornecimento de 96 pares desapatos aos alunos do PETI

07.745.560/0001-14 3.120,00 850123/BB, de 10/11/09

Inscrições para treinandosemcurso do SICONV

33.645.482/0001-96 1.560,00 850104/BB, de 5/06/09

Confeccionar e instalargradeado de ferro para o PETI

513.717.234-00 1.200,00 850143/BB, de 12/03/10

Fornecimento de carteirasescolares

69.947.513/0001-00 3.800,00 850154/BB, de 5/04/10

Recuperação de portas no BolsaFamília e no AçougueMunicipal*

414.799.044-49 1.550,00 850160/BB, de 7/04/10

Fornecimento de materiais

03.370.994/0001-26 2.520,00 850157/BB, de 7/04/10

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didáticos em favor dos núcleosdo PETI

Fornecimento de materiaisdiversos ao PETI

04.975.552/0001-76 2.515,00 850156/BB, de 7/04/10

Fornecimento de brinquedosaos alunos do PETI

07.856.480/0001-36 2.752,00 850170/BB, de 26/05/10

Serviço de pintura do prédio doPETI-Santo Agostinho

075.826.604-98 1.300,00 850179/BB, de 14/07/10

Viagem de ônibus em favor dosidosos do CCI, em visita aoRecife/PE

10.616.621/0001-58 2.400,00 850176/BB, de 14/07/10

Confecção de 200 camisas aosalunos do PETI

085.348.054-07 3.000,00 850184/BB, de 30/07/10

Confecção de 100 vestidosàsalunas do PETI

054.876.824-29 3.000,00 850183/BB, de 30/07/10

Aquisição de acessórios parainstrumentos musicais para aBATUCARTE – PETI

04.975.552/0001-76 4.960,00 900014/CAIXA, de 28/10/10

Fornecimento de 168 pares detênis aos alunos do PETI

07.745.560/0001-14 3.494,40 900015/CAIXA, de 17/11/10

Fornecimento e instalaçãodeportão de segurança ao CRAS

038.164.024-88 1.287,00 000003/CAIXA, de 21/12/10

Serviço de implantação desoftware para universalizaçãodoatendimento/acompanhamentodo CRAS, PETI e CREAS

068.073.024-95 600,00 900004/CAIXA, de 1/10/10

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Serviços de locação, montageme desmontagem deinfraestrutura para realização deevento no CCI, PROJOVEMe Núcleos do PETI

02.520.264/0001-00 6.748,80 850182/BB, de 20/07/10

Aquisição de materiaisdidáticos para a demandadospsicólogos e do fonoaudiólogo

03.370.994/0001-26 4.825,00 000017/CAIXA, de 10/01/11

Fornecimento de enfeites natalinos para o CRAS

03.370.994/0001-26 1.800,00 000017/CAIXA, de 10/01/11

Fornecimento de enfeitesnatalinos para o PETI

03.370.994/0001-26 1.000,00 000017/CAIXA, de 10/01/11

Aquisição de materiaisdidáticos em favor do PETI

03.370.994/0001-26 3.820,00 000017/CAIXA, de 10/01/11

Aquisição de materiaisdidáticos em favor do PETI ede famílias do BF

03.370.994/0001-26 3.780,00 900061/CAIXA, de 17/03/11

Locação de imóvel ondefunciona o Centro Municipal deEsportes – PROJOVEMAdolescente

845.602.404-00 540,00 900263/CAIXA, de 6/05/11

Obs.: * essa despesa foi realizada sem a discriminação dosmateriais/serviços efetivamenteempregados em cada local (PBF e Açougue Municipal),razão pela qual mantém-se o valor peloque foi registrado na fatura e pago pela Prefeitura.

Há, ainda, despesas incorridas à conta do IGD com aquisiçãode computadores, impressoras e acessórios de informáticapara atendimento genérico à Secretaria Municipal deDesenvolvimento e Planejamento Social (há mençãoexpressa na capa do processo – fls. 1, na certidão de

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divulgação do certame – fls. 41, e no instrumento contratual– fls. 93/99), objeto do Processo nº 17/2011 – Convite nº18/2011, sagrando-se vencedora do certame a fornecedoraportadora do CNPJ nº 03.370.994/0001-26, ao custo total deR$ 77.900,000. Até o encerramento da fiscalização, foramefetivamente pagos R$ 55.500,00 ao fornecedor portador doCNPJ nº 03.370.994/0001-26, assim discriminados:

Título de Crédito (nº do cheque/Inst. Financeira)

Valor

900102/CAIXAc/c 600177-4contabilizado em 2/05/2011

32.100,00

850013/BBc/c 23.172-Xcontabilizado em 29/07/2011

15.000,00*

850014/BBc/c 23.172-Xcontabilizado em 29/07/2011

8.400,00

Obs.: * A Nota de Empenho nº 226-Subempenho nº 6, e o DNFE – Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica nº000.000.193, possuem valores de R$ 31.500,00, contudo a PMSCC liquidou R$ 15.000,00

Os pagamentos acima relacionados correspondem a 13computadores Samsung 4GB Intel, 4 impressoras e 3notebooks HP DM4 1055, processador Intel I5, 3GB dememória, à exceção da despesa objeto do cheque 850013/BB,pois houve confirmação parcial do pagamento, referente aoDocumento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica - DANFE nº000.000.193, emitido em 8/07/2011,que é de R$ 31.500,00, equivalente a 7 computadores e 6notebooks. Assim sendo, há dificuldade na distinção dosquantitativos efetivamente entregues. Embora haja censura

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na compra de material permanente para funcionamento foradas atribuições normativas do Programa Bolsa Família, foirequerida a disponibilização dos locais de uso/instalação das4 impressoras e 3 notebooks já devidamente recebidos epagos, contudo a Administração municipal não forneceuelementos para a certificação do controle interno federal daentrega dos sobreditos bens.É pertinente anotar que já em 2010, com o Processo nº056/2010 - Convite nº 040/2010, foram contratados 10conjuntos CPU + Monitor + Teclado + Mouse para instalaçãoe uso no Programa Bolsa Família, estando, em princípio,atendida à sua demanda, até porque o espaço reservado àprestação de serviço ao público-alvo, de pouco mais de40m², não comportaria agregação de equipamentos novos, eainda endossado pela comprovação, durante nossapermanência na cidade, de que havia fluidez noatendimento à população carente do município.

Consta do Relatório, manifestação do gestor seguida de análise desta pela CGU:

Manifestação da Unidade Examinada:Por meio do Ofício nº GP nº 516/2011, de 07/10/2011, aPrefeitura Municipal de Santa Cruz do Capibaribe/PEapresentou a seguinte manifestação:“A interpretação lingüística passa a ser relativa à medida que cadagestor entende conforme o alcance da sua leitura e orientações. Dessa feita, conforme de se depreende da leitura do CadernoInformativo sobre o Índice de Gestão Descentralizada do PBF-IGD,às fls. 08, explica como podem ser utilizados os recursos do IGDassim expresso:“O MDS e a Coordenação Estadual do Bolsa Família não definemquais despesas, itens ou ações podem ser custeados com os recursosdo IGD”.E ainda explica:“Essa identificação é feita diretamente pelo município,considerando, entre outros aspectos, o caráter intersetorial do

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Programa”.Então, diante o texto acima transcrito entende-se que todos osbeneficiários do PETI, PROJOVEM ADOLESCENTE, CRAS,CREAS e CCI (Centro de Convivência dos Idosos) são programasdiretamente vinculados ao Bolsa Família, como previsto na LeiFederal n.º 10.836/2004, especialmente pelas circunstânciasprevistas em seu artigo 2.º , § 1.º .E ainda, em palestras, conferências e capacitações promovidas peloMDS é essa interpretação que se manifesta, de forma corrente,sempre traduzindo que de uma forma direta ou indiretatodos os recursos do IGD devem ser utilizados de forma a beneficiaros inscritos no CadÚnico ou beneficiários do PBF.Quando se faz referência ao curso do SICONV essa despesa sejustifica porque é através desse Sistema que se apresenta projetosque serão encaminhados ao MDS, objetivando justamente abeneficiar os usuários dos programas sociais.”

Análise do Controle Interno:O IGD foi criado para fomento ao Programa Bolsa Família,tanto que é composto por indicadores de desempenho sobreo controle das informações oriundas das Secretarias deEducação (Projeto Presença) e Saúde (SISVAN), assim comoda melhoria da gerência da Assistência Social, responsávelpela fidedignidade do Cadastro Único.Os programas mencionados pelo gestor municipal sãocofinanciados pela União, por intermédio do MDS, contudo,possuem regras peculiares na aplicação dos recursospúblicos, definidas por normativos que não compartilham asverbas do IGD. Somente em 2010, o município foicontemplado com R$ 664.088,58 (exceto IGD), assimdiscriminado:a) Apoio à Alfabetização e à Educação de Jovens e Adultos:R$ 47.628,00b) Serviço Socioeducativo – PETI: R$ 117.000,00c) Projovem Adolescente: R$ 314.062,50d) PAIF/CRAS: R$ 99.000,00e) CREAS: R$ 48.600,00

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f) Serviço de Proteção Social Básica para Criança e Idoso: R$37.798,00(fonte: www.portaldatransparencia.gov.br)Não há, portanto, dubiedade na finalidade das verbasprovenientes do IGD, cujas despesas devem estar atreladasao eficiente controle das condicionalidades do ProgramaBolsa Família. Já os programas citados no corpo da respostado gestor são assistidos técnica e financeiramente pela União,comprometendo-se o município aderente nacomplementação de recursos do Tesouro Municipal paraconsecução dos objetivos dos mesmos.

3.4.1.2 Constatação - Imprecisão na configuração de benscontratados com recursos do IGD em 2010. Impossibilidadede localização dos equipamentos já pagos ao fornecedor.Ausência de controle patrimonial dos bens adquiridos.

A Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe/PE, por intermédiodo Processo nº 056/2010 – Convite nº 040/2010, instaurouprocedimento licitatório visando à contratação de fornecedorde bens de informática e materiais permanentes diversosdestinados ao Programa Bolsa Família.Dentre os produtos especificados no lote eletro-eletrônico,constam os seguintes bens:

Especificação do produto Quantidade

Notebook com nova tecnologia duo core 02 unidades

Computador 15, MB Intel DP55WB S/R 1000 Box/DDR3 SK 1156. Processador Intel Core15-750 2.66GHZ 8MB, memória 2.0GB DDR 3 1333 Mhz, HD 500GB Serial Ata II, comgravador de DVD SATA Preto, cabo de dados para HD Serial ATA, cabo de força para HDSerial ATA, Gabinete P4 ATX, 4 baias preto, com USB, fonte de alimentação serventeanATX 2.2 550W

01 unidade

Computador com processador CORE 2 DUO de 1 Mhz, disco rígido SATA de 160GB,monitor de 17', mouse e teclado ABNT-V, compatível

10 unidades

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com os sistemas operacionaisMicrosoft Windows Vista e/ou Linux 2.6 para cadastramento e atualizações cadastrais doBolsa Família

Teclado ABNT2 PS2 multimídia preto 10 unidades

Mouse optical PS2 preto 10 unidades

Monitor de 19' LCD 912 VW WIDE 10 unidades

Estes produtos foram cotados pelo menor preço pelofornecedor portador do CNPJ nº 10.541.005/0001-85, ao custototal de R$ 43.715,00.Do exame da documentação acostada aos autos, assim comodos processos de despesas resultantes da compragovernamental e da verificação “in loco” das dependênciasdo Programa Bolsa Família, e das Secretarias Municipais deEducação, Cultura e Esportes e de Saúde, órgãos quealimentam os programas geradoras dos seus respectivosindicadores, para fins de composição do IGD, identificou-seas seguintes falhas:a) detalhamento insuficiente dos bens pretendidos pelaAdministração municipal, como no notebook, tendo nomercado versões variadas com múltiplas configurações,prejudicando a aferição da compatibilidade da propostaofertada com os preços de mercado, tanto pelo gestormunicipal, quanto pelo órgão federal de controle interno;b) não foram localizados os notebooks adquiridos peloMunicípio;c) foram percorridas as instalações da sala de informática doPROJOVEM, do CRAS, da Secretaria Municipal de Saúde -área de alimentação do SISVAN, da Secretaria deDesenvolvimento e Planejamento Social e da Central deAtendimento do Programa Bolsa Família, não tendo sidolocalizados computadores objeto do certame sob exame. Atítulo de exemplo, citase o parque de informática instaladona Central de Atendimento ao PBF: há 10 CPU, diferentesentre si, localizados na Central de Atendimento do Programa

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Bolsa Família: tem CPU com registro frontal “multilaser”,CPU com registro frontal “VIP”, tem CPU com registrofrontal “N3 Computer”, CPU LG e CPU Samsung Wise,sendo este último aparentemente coerente com o pedido docontratante, tendo por base o resumo do monitorpretendido; Vale destacar que os bens existentes nos locaispercorridos não possuem registro de tombamento comomeio de controle do acervo patrimonial dos materiaispermanentes adquiridos com recursos federais, inexistindo,via de consequência, termo de responsabilidade pelo uso,guarda e conservação dos mesmos.

Quanto a tais fatos foram, foram as seguintes as manifestações do Gestor Municipal e posterior análise da CGU:

Manifestação da Unidade Examinada:Por meio do Ofício nº GP nº 516/2011, de 07/10/2011, aPrefeitura Municipal de Santa Cruz do Capibaribe/PEapresentou a seguinte manifestação:“Houve falha formal na discriminação dos equipamentos deinformática, o que ocasionou o questionamento dos ilustrescontroladores. Um dos motivos para que ocasionasse essa situação éa carência de pessoal especializado e apto para o exercício de taisatividades.Com a constatação da equipe, essa Administração PúblicaMunicipal vem tomando as providências, quanto à adoção dedescrição precisa e detalhada, não somente de equipamentos deinformática, quanto de toda e qualquer aquisição pública.Quanto à verificação de marcas diferentes nas CPU´s, não houveexigência no Edital (discriminação da marca).Em relação ao tombamento e registro, está sendo providenciado apartir desta data, a sua regularização para o efetivo controle doacervo patrimonial e o zelo pela coisa pública.No que tange aos dois notebooks, eles existem, e estão alocados noPrograma Bolsa Família, e vale destacar que por ser umcomputador móvel é deslocado momentaneamente para outros

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locais de trabalho.Constata-se, finalmente, que não houve má-fé na aquisição dosmateriais, uma vez que até o presente momento, todo oequipamento tem sido utilizado à satisfação do interesse público.Apesar das falhas de discriminação, estas não concorreram paranenhum prejuízo da população do Bolsa Família, vez que acapacidade operacional não impediu o bom funcionamento dainclusão dos dados necessários à satisfação dos mesmos.Por fim, vale ressaltar que o quantitativo foi entregue na mesmamedida constante no Edital respectivo.”

Análise do Controle Interno:A insuficiente discriminação dos equipamentos deprocessamento de dados foi mais um dentre os problemasverificados por ocasião dos trabalhos de campo em SantaCruz do Capibaribe/PE.Embora tenha alegado falta de profissional capacitado paraelaborar termo de referência, é pertinente afirmar que,segundo consta da folha de pagamentos da Prefeitura há umchefe de divisão de sistema de informação (matrícula nº3470), um chefe do setor de informática (matrícula nº 4158) eum assistente técnico de informática (matrícula nº 5283),logo, o município possui uma estrutura a quem competiria,pelas funções exercidas, dar suporte à Prefeitura nosnegócios relacionados ao acervo de informática e eventuaisaquisições governamentais.É defeso expressar marca e/ou modelo nas comprasprocedidas pela Administração Pública, contudo amultiplicidade de modelos identificados nas dependênciasda Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento Socialsugere aquisições distintas, e que não estavam no escopo dafiscalização da CGU-Regional/PE.A ausência de controle patrimonial impediu a checagem pelatotalização dos bens efetivamente entregues pelosfornecedores nos certames avaliados. No memorial fotográfico anexado aos autos apresenta-se aidentificação de estações de trabalho alocados no Projovem

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Vila Poço Fundo: em que pese constituir-se em programagerenciado, em âmbito nacional, pelo MDS, não pode seroutorgado benefício oriundo do IGD, posto que esteprograma vincula-se à gestão das condicionalidades doPrograma Bolsa Família. É digno de nota realçar que emSanta Cruz do Capibaribe/PE existem mais de 12 mil famílias(titular e/ou beneficiário(s)) contemplados com a assistênciafinanceira da União, cujo atendimento é exercido em espaçode pouco mais de 50m², com somente 5 (cinco) computadoresreservados a esta finalidade. Os computadores, inclusive osnotebooks, deveriam ter sido exclusivamente implantados naCentral de Atendimento, renovando o parque atual,facultando distribuir os antigos móveis para outrasatividades-fim, e se mesmo assim não comprometer aexpansão na prestação do serviço ao cidadão. Já em relaçãoaos notebooks, de acordo com a estrutura organizacionalvigente do Programa Bolsa Família, seu aproveitamento seriamaximizado caso fossem utilizados, por exemplo, emcadastramento de famílias na zona rural, ou mesmo embairros periféricos ao distrito sede, de modo que a Prefeituradeslocasse seu contingente aos bolsões de pobreza,atualizando os dados e, concomitantemente, promovendooutras ações assistencias vinculadas ao Programa BolsaFamília.

3.4.2.1 Constatação - Servidores municipais beneficiários com renda per capita superior à estabelecida na legislação doPrograma Bolsa Família.

Do cruzamento dos dados da Folha de Pagamento e doCadastro Único do Programa Bolsa Família, no município deSanta Cruz do Capibaribe/PE, referente ao mês dedezembro/2010, com a Relação Anual de Informações Sociais(RAIS-2010) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),foram identificados servidores municipais beneficiários doPrograma Bolsa Família.

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Com base nesse cruzamento, identificaram-se famíliascompostas de servidores municipais cuja renda per capita ésuperior a meio salário mínimo, em desacordo com o quedispõe o art. 6º da Portaria/MDS nº 617, de 11/08/2010, parapermanência no Programa, conforme tabela a seguir:

A tabela mencionada informa 112 servidores municipais com respectivas famílias recebendo bolsa família, encontra-se no Relatório da CGU às fls.321/337 do IC originário.

No total, tem-se 112 servidores com renda per capitasuperior à estabelecida na legislação do Programa BolsaFamília, destacando-se o fato de que das 105 famílias acimamencionadas 7 possuem mais de um servidor públicomunicipal em sua composição.

Diante da irregularidades verificada, foram as seguintes as justificativasdo Gestor Municipal e análise dessas por parte da equipe da GGU:

Instado a prestar esclarecimentos sobre o assunto, porintermédio da Solicitação de Fiscalização nº07/2011/SM34/Santa Cruz do Capibaribe, de 29/08/2011, ogestor encaminhou o Ofício GP nº 439/2011, de 31/08/2011,nos seguintes termos: “Em atenção à solicitação requerida através do oficio de solicitaçãode fiscalização nº. 07/2011/SM34/Santa Cruz do Capibaribe –Assistência, remeto as explicações atinentes à matéria questionadano referido ofício, esclarecendo os pontos obscuros e/ou dúbiosexistentes quantos as perguntas formuladas, enviando-lhesdocumentos explicativos acerca do tema abordado.Inicialmente, cumpre-nos esclarecer que o PROGRAMA BOLSAFAMÍLIA, é gerido pelo MDSBOLSA FAMÍLIA. – Ministério do Desenvolvimento Social – órgão do Governo Federal que controla toda a rede de programas governamentais na área social, que dentre eles, está incluído o Ainda no tocante a distribuição da competência eresponsabilidade de cada ente federativo, informo que compete ao

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MDS a CONCESSÃO DO BENEFÍCIO – que é o órgãogestor do programa; a CEF – que é o agente OPERADOR ePAGADOR e, por fim, o MUNICÍPIO, responsável porMANTÉR O CADASTRO DOS BENEFICIOS JÁCONCEDIDOS.Assim sendo, ao município compete a inscrição da família, adisponibilização de serviços e estrutura, o apoio técnico, ainstituição de órgão de controle, dentre outras. Destaca-se o fato deque, embora aos Estados também caiba a responsabilidade depromover o acompanhamento de condicionalidades, apenas aomunicípio é obrigatória à criação de órgãos de controle (muitoembora essa responsabilidade seja de âmbito dos governos federal,estadual e municipal), recaindo, exclusivamente, aresponsabilidade quanto ao oferecimento de serviços nesta área.Assim, em relação ao programa Bolsa Família, temos quereconhecer que ao Município somente recai a atribuição decadastrar as famílias beneficiárias – e manter os respectivoscadastros –, ao MDS a aprovação e a concessão – competênciaexclusiva – que por sua vez recebem os valores junto à CaixaEconômica Federal (gestor dos recursos). Discorrido inicialmente esta parte introdutória que demonstramosquanto a competência e as atribuições de cada ente, passamos aseguir a explanar os fatos e apresentar as justificativas quanto aorequerido no referido oficio 07/2011 – SM34, desta fiscalização:1. Em relação aos beneficiários elencados no referido oficio, informoque, como já explanado acima, cumpre-nos efetuar o cadastro dospretensos beneficiários, cabendo ao MDS sua aprovação econcessão.2. Quando da inscrição dos pretensos beneficiários, informo que ocadastramento é realizado seguindo os padrões do sistema do BolsaFamília. Ressalte-se que todas as informações prestadas são detotal responsabilidade do beneficiário, não cabendo ao entepúblico municipal, no ato da inscrição, promover a exata eimediata averiguação das informações ali apresentadas, pois nãohá, naquele momento, qualquer meio (cruzamento de informações,de dados e de valores, com outros programas e/ou sistemas doGoverno Federal) que permitam a Gestor do Programa Bolsa

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Família, verificar ou delimitar possíveis inconsistências ou atémesmo, prováveis irregularidades. Desta forma, resta-nosreconhecer que o município fica refém das informações prestadaspelos pretensos beneficiários (que o fazem de formadeclaratória), ficando, inclusive, limitado e/ou impedido denão realizar o cadastramento/inscrição das famílias, emvirtude da recomendação do Governo Federal em promovera inserção das famílias numa política intersetorial voltadaao enfraquecimento da pobreza e à emancipação destasfamílias em situação de vulnerabilidades socioeconômica.3. Quanto às famílias nominadas no referido ofício,promoveremos a solicitação imediata do bloqueio dessesbenefícios, para chamamento, uma a uma das famílias aliidentificadas, e outras que por ventura, sejam identificadasna RAIS/2010 informada por este Município. Em atocontinuo, iremos realizar um recadastramento dessasfamílias, para atualizar os dados e informações, fazendoassim, o “cruzamento” com a RAIS/2010, para verificar seestas se enquadram dentro dos requisitos exigidos pelo MDSpara o direito da concessão do referido beneficio.4. Imediatamente, comunico que iremos promover orecadastramento geral de todas as famílias beneficiarias,como forma de atualizar e enxugar prováveisinconsistências existentes no Programa Bolsa Família.5. Ademais, por tudo justificado, apresentamos como medidainicial e cautelar, o pedido de bloqueio de todos os benefícioselencados no referido ofício CGU nº. 07/2011/SM34, para quepossamos apurar, mais detalhadamente, a existência dequaisquer irregularidades que por ventura tenha ocorrido.(doc. Em anexo).Ademais, venho reiterar a total disponibilidade de nossa equipepara prestar quaisquer esclarecimentos futuros, e se necessário for,referente à gestão do Programa Bolsa Família, no que diz respeito àcompetência e responsabilidade do gerenciamento no âmbitomunicipal, ressaltando que compete a gestão municipal APENASa manutenção dos cadastros já concedidos, bem como dos cadastrosaprovados, porém, não liberados pelo MDS conforme já discorrido

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anteriormente.Certo de que atendemos ao solicitado, renovamos os votos deelevada estima e consideração.”(sic)Em anexo a referida resposta, o gestor municipalencaminhou cópia do Ofício PBF 199/2011, de 30/08/2011,dirigido ao “Coordenador de Sustentação ao Negócio EE daGIPSO/RE – Gerência de filial – Programas Sociais”, solicitando,se possível, o cancelamento dos benefícios das famílias, nãotendo sido apresentado o comprovante de entrega doreferido ofício, nem a comprovação de que os benefíciosforam, de fato, cancelados.

Manifestação da Unidade Examinada:Por meio do Ofício GP nº 516/2011, de 07/10/2011, aPrefeitura Municipal de Santa Cruz do Capibaribe/PEapresentou a seguinte manifestação:“Para tal fato haverá de ser considerado da impossibilidade doGestor do PBF municipal ter acesso total à veracidade dasinformações prestadas pelo pretenso beneficiário de um ProgramaFederal, sendo aquele vítima de uma situação tipificada no próprioCódigo Penal Pátrio, no artigo 299, porque lhe foram prestadasinformações falsas, ou possivelmente falsas, resultandoquiçás em um crime contra a fé pública, tendo como agravante sero responsável pelas informações dos dados cadastrais maior deidade e capaz.Entretanto, mesmo já tendo sido tomado a atitude de bloqueio daliberação do Benefício Bolsa Família, pelo Gestor, através do SIBECda Caixa Econômica Federal, para fins de obedecer ao Princípio daAmpla Defesa, está sendo encaminhado a cada um dos beneficiáriosdetectados com irregularidades na RAIS 2010, uma intimação pararesposta em prazo legal, conforme modeloanexo.”

Análise do Controle Interno:Conforme estabelece o Decreto nº 5.209/2004, alterado peloDecreto nº 6.917/2009, o Programa Bolsa Família atende

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famílias com renda per capita inferior a R$ 140,00 (cento equarenta Reais),podendo essa renda sofrer variações sem que o fato impliqueo imediato desligamento do Programa, nos termos e prazosdefinidos no art. 6º da Portaria/MDS nº 617/2010. Todavia,conforme a mencionada Portaria, o aumento da renda nãopoderá ultrapassar o limite de meio salário mínimo,estabelecido pelo Decreto n° 6.135, de 26 de junho de 2007,como renda familiar per capita máxima admitida parainscrição da família no Cadastro Único, valor a partir do qualcaberá o cancelamento do benefício.As providências informadas pelo Município (bloqueiocautelar dos benefícios e intimação dos beneficiários paraapresentação de esclarecimentos) são suficientes pararesolver pontualmente a situação em questão, qual seja, aexistência de famílias composta com servidores municipaiscom renda per capita superior a meio salário mínimo.Todavia, a Prefeitura deveria manter rotinas quepermitissem identificar, a partir de sua folha de pagamento,os servidores cujas famílias recebam o benefício do Programae que não façam jus ao mesmo.Deve-se ressaltar, que, segundo o Decreto nº 5.209/2004, aexecução do Programa Bolsa Família ocorre de formadescentralizada, por meio da conjugação de esforços entre osentes federados, observada a intersetorialidade, aparticipação comunitária e o controle social (art. 11).Ademais, o mesmo dispositivo legal, no seu art. 14, dispõeque cabe aos municípios, entre outras ações: proceder àinscrição das famílias pobres do Município noCadastramento Único do Governo Federal; promover açõesque viabilizem a gestão intersetorial, na esfera municipal;disponibilizar serviços e estruturas institucionais, da área daassistência social, da educação e de saúde, na esferamunicipal; garantir apoio técnico-institucional para a gestãolocal do programa; e promover, em articulação com a Uniãoe os Estados, o acompanhamento do cumprimento dascondicionalidades.

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Observe-se, que são repassados ao município recursosdestinados à gestão e execução descentralizadas doPrograma Bolsa Família. Esses recursos são calculados combase no IGD (Índice de Gestão Descentralizada). Segundo aPortaria GM nº 754, de 20/10/2010, do Ministério doDesenvolvimento Social e Combate à Fome:“Art. 2º O MDS transferirá mensalmente, na forma do art. 4º,recursos financeiros ao município que tenha aderido ao PBF e aoCadÚnico, observadas as disposições da Portaria n° 246, de 20 demaio de 2005, do MDS, a fim de apoiar o ente municipal narealização de atividades:I - de gestão de condicionalidades de saúde e de educação;II - de gestão de benefícios;III - de acompanhamento das famílias inscritas no CadÚnico, emespecial as beneficiárias doPBF e do Programa Cartão Alimentação - PCA;IV - de cadastramento de novas famílias, de atualização dasinformações das famílias incluídasno CadÚnico e de revisão dos dados de famílias beneficiárias doPBF;V - de implementação de programas complementares ao PBF e aoPCA, considerados como ações voltadas ao desenvolvimento dasfamílias beneficiárias, especialmente nas áreas de:a) alfabetização e educação de jovens e adultos;b) capacitação profissional;c) geração de trabalho e renda;d) acesso ao micro-crédito produtivo orientado; ee) desenvolvimento comunitário e territorial; eVI - relacionadas às demandas de acompanhamento da gestão efiscalização do PBF e do CadÚnico, formuladas pelo MDS.§ 1º O gestor municipal do PBF será o responsável pelaobservância da aplicação dos recursos de que trata esta Portarianas finalidades a que se destinam.(...)”Assim, também por esses motivos, não procedem asjustificativas do gestor, já que estão definidas em norma assuas atribuições de monitoramento e fiscalização do cadastro

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das famílias beneficiárias e, consequentemente, a gestão dosbenefícios. Nesse mesmo sentido, são as orientações contidasno site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combateà Fome (http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/cadastrounico/gestao-municipal/ processo-decadastramento), a seguir transcritas:

“Todas as famílias com renda mensal de até meio salário mínimopor pessoa têm o direito de ser incluídas no Cadastro Único paraProgramas Sociais. Antes da coleta de dados, o município devedesenvolver estratégias e ações de identificação do público a sercadastrado, conforme as especificidades locais.A coleta de dados das famílias pode ser feita pela visita doentrevistador à residência da família, pelo deslocamento da famíliaaté o local de cadastramento e por meio de uma ação de mobilizaçãosocial, quando a gestão municipal do Cadastro Único realiza algumevento e solicita que as famílias compareçam.O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome(MDS) recomenda que a coleta de dados seja feita de preferênciapor meio de visitas domiciliares, para que seja possível verificarcom mais precisão as condições socioeconômicas da família. Acoleta dos dados deve ser realizada com precisão e por meio dopreenchimento dos formulários do Cadastro Único.A coleta dos dados da família também poderá ser realizadadiretamente no Sistema de Cadastro Único, desde que seja efetuadaa impressão dos formulários preenchidos que deverão serassinados pelo entrevistado, pelo entrevistador e pelo responsávelpelo cadastramento. Caso seja utilizada a Folha Resumo, ela deveser impressa e assinada da mesma forma que os formulários.”Assim, percebe-se que existem estratégias a seremimplementadas pelo município, para a correta identificaçãodo público-alvo do programa, não podendo amunicipalidade se escusar desta responsabilidade”.

3.4.2.2 Constatação - Beneficiário com evidência de renda percapita superior à estabelecida na legislação do Programa

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Bolsa Família.

Por intermédio de visitas aos beneficiários do PBF constantes da amostra/CadÚnico, foram identificadas as seguintes evidências de situação financeira incompatível com a legislação do Programa:

NIS Composição Familiar - Situação apurada

Renda per capitafamiliar

10710015604 Composição familiar de duas pessoas, percebendoaposentadorias, respectivamente, nos valores, deR$ 415,00 e R$ 320,00. É proprietário de duascasas.

R$ 367,50

3.4.2.3 Constatação - Cadastro desatualizado: alunos beneficiários do Programa Bolsa Família não localizados.

Por intermédio de análise aos diários de classe das escolasconstantes da amostra, no que se refere aos registros dosalunos beneficiários do PBF constantes da amostra, bemcomo por meio de entrevistas com os responsáveis pelosestabelecimentos de ensino, constatou-se 36 (trinta e seis)alunos relacionados na amostra e não localizados na escola,conforme tabela a seguir:

Escola Amostra Não Localizados % NãoLocalizados

Escola Profa. Maria do Socorro Aragão Florêncio

15 5 33,33%

Escola Mul. Profa. 15 8 53,33%

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Donatila da Costa Lima

Escola Intermediária José Quirino da Silva

15 1 6,67%

Creche Escola Júlia Oliveira da Silva

8 8 100,00%

Escola Mul. Profa. Ivone Gonçalves de Araújo

15 14 93,33%

Total 68 36 52,94%

O detalhamento das situações apuradas, por escola, é o seguinte:

Escola Profª. Maria do Socorro Aragão Florêncio

NIS Aluno Situação apurada

16231366287 Aluno transferido, mas não souberam informar a escola.

16481216401 Aluno transferido, mas não souberam informar a escola.

16696618946 Aluno transferido, mas não souberam informar a escola.

20627168455 O aluno não foi localizado.

16668939512 O aluno não foi localizado.

Escola Mul. Profª. Donatila da Costa Lima

NIS Aluno Situação apurada

21231031753 A aluna não foi localizada

16339140824 A aluna não foi localizada

20457215547 A aluna não foi localizada

20219545264 O aluno não foi localizado

16516731250 A aluna não foi localizada

20200163250 O aluno não foi localizado

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16634912050 O aluno não foi localizado

16634991007 Aluno foi transferido para a Escola Dr. Adilson Bezerra de Souza

Escola Intermediária José Quirino da Silva

NIS Aluno Situação apurada

16168748483 O aluno não foi localizado

Creche Escola Júlia Oliveira da Silva

NIS Aluno Situação apurada

21236545399 O aluno não foi localizado

21242635140 A aluna não foi localizada

21232686532 A aluna não foi localizada

20200168082 A aluna não foi localizada

16494541748 O aluno não foi localizado

16473048708 A aluna não foi localizada

16680287023 Aluno foi transferido para a Escola Mul. Lindalva Aragão de Lira.

16688661536 A aluna não foi localizada.

Escola Mul. Profª. Ivone Gonçalves de Araújo

NIS Aluno Situação apurada

16104253122 Aluna foi transferida para a Escola José Francelino Aragão.

16325953747 Aluna transferida para o Projeto Acelera

16605677200 Aluno foi transferida para a Escola José Francelino Aragão.

16681336214 A aluna não foi localizada.

16130885610 Aluna foi transferida para a Escola José Francelino Aragão.

16121799820 Aluna transferida, mas não souberam informar a escola.

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16102757328 Aluno foi transferido para a Escola Mul. Lindalva Aragão de Lira.

16285456993 A aluna mudou-se para Campina Grande/PB.

16284499834 Aluno foi transferida para a Escola José Francelino Aragão.

21040408615 Transferida para o Projeto Se Liga.

16404955785 Aluna foi transferida para a Escola José Francelino Aragão.

16523078443 A aluna foi transferida para a Escola Virgilina Pereira.

16660519492 A aluna não foi localizada.

16616916708 Aluno foi transferida para a Escola José Francelino Aragão.

Diante do exposto, verifica-se que as informações contidasnas frequências inseridas no Projeto Presença não condizemcom a realidade fática encontrada nas escolas, haja vista aquantidade dealunos não localizados. Ressalte-se, que as fichas do Projeto Presença dos alunos daamostra também estão com diversas falhas depreenchimento, destacando-se o campo “frequência” e ocampo “motivo” da baixafrequência. Questionada sobre as diversas falhas no preenchimentodessas fichas, principalmente, na questão de transferência dealunos para outro estabelecimento de ensino, a Diretora daEscola Municipal Ivone Gonçalves de Araújo encaminhoudeclaração datada de 01/09/2011, nos seguintes termos: “Declaro para os devidos fins de comprovação que a FICHA DEPREENCHIMENTO DA FREQUÊNCIA repassada pelaCoordenação Municipal do Programa Bolsa Família (PBF) não

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condiz com a realidade da Escola, pois nesta constam alunos játransferidos e outros que nunca foram matriculados nestainstituição. Vale salientar que, estas situações são informadas nalista de frequência que é devolvida ao Operador Máster (Gestor)responsável pelo Programa Bolsa Família do município de SantaCruz do Capibaribe, contudo, tem sido observada a persistência narepetição do nome destes alunos na relação de alunos vinculados aesta Unidade Escolar.”(sic)Em relação aos demais dirigentes das escolas visitadas, nãofoi informada qualquer providência quanto à verificação dasinconsistências das informações contidas no Projeto Presença(alunos não localizados), bem como em relação ao corretopreenchimento das fichas do referido projeto.Questionado o gestor municipal sobre acerca dasprovidências adotadas quanto aos alunos com frequênciainferior ao exigido no programa (Solicitação de Fiscalizaçãonº 02/2011/SM034/Santa Cruz do Capibaribe, item 5.18), foiencaminhada a seguinte resposta (Ofício SDPS nº 126/2011,de 25/08/2011):

" 5.18. Quando é identificado que o aluno tem uma frequênciainferior a 85% (oitenta e cinco por cento) no BFA ou inferior a75% (setenta e cinco por cento) no BVJ, as famílias são visitadaspor Equipe de Referência para identificação dos problemasexistentes que levaram à evasão escolar, bem como para tentarsolucionar a realidade apresentada." (sic)

Entretanto, a informação acima não condiz com os fatosencontrados em campo pela equipe de fiscalização,verificando-se, nas escolas da amostra, uma divergência de36 alunos não localizados e, portanto, sem frequência escolar,os quais constam do Projeto Presença com frequênciaregular.

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3.4.2.4 Constatação - Ausência de divulgação da relação dos beneficiários do Programa Bolsa Família.

Assistência Social de 22/08/2011 (item 5.12), foi solicitado àPrefeitura Municipal, informar como é realizada pelaPrefeitura a divulgação da relação de beneficiários doPrograma Bolsa Família, apresentando documentaçãocomprobatória.

Por meio do Ofício SDPS nº 126/2011, de 25/08/2011, aPrefeitura Municipal de Santa Cruz do Capibaribe/PEinformou que: “a divulgação é realizada através de consultaexecutada pelos beneficiários na sede do Programa, através do siteda caixa Econômica Federalwww.beneficiossociais.caixa.gov/consulta/beneficio/04 paraconsulta popular, além da consulta no site da Caixa, que podeocorrer através dos servidores nos próprios computadores daSecretaria Municipal de Desenvolvimento e Planejamento Social eCRAS.” (sic)

Diante da resposta apresentada, não foram demonstradasevidências de que a relação dos beneficiários do ProgramaBolsa Família vem sendo divulgada pelo Poder PúblicoMunicipal, na qual deveria constar informações relativas aonome e NIS dos responsáveis.Em face disso, a equipe de fiscalização encaminhou aSolicitação de Fiscalização nº 10/2011/SM34/Santa Cruz doCapibaribe, de 01/09/2011 (item 2), requerendo justificativasquanto à ausência de afixação da lista de beneficiários doprograma, no locais de atendimento. Em resposta, o gestorencaminhou o Ofício GP nº 444/2011, de 02/09/2011, com asseguintes explicações:“2. Devido à listagem como o nome dos Beneficiários do ProgramaBolsa Família ser muito extensa, com mais de 900 páginas, e nestemomento estarmos em uma sede provisória que não dispõe deespaço suficiente para afixação das mesmas, estamos atualmenterealizando a consulta dos beneficiários através de consulta

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executada pelo site da Caixa Econômica Federal<www.beneficiossociais.caixa.gov.br/consulta/beneficio/04> paraconsulta popular, além da consulta do site da Caixa, que podeocorrer através dos servidores nos próprios computadores daSecretaria Municipal de Desenvolvimento e Planejamento Social eCRAS.” (sic)Assim, verificou-se que, de fato, não vem sendo realizada aampla divulgação da relação dos beneficiários do Programa,inclusive, em locais estratégicos, como é o caso do local deatendimento dos beneficiários.

Manifestação da Unidade Examinada:Por meio do Ofício GP nº 516/2011, de 07/10/2011, aPrefeitura Municipal de Santa Cruz do Capibaribe/PEapresentou a seguinte manifestação:“Esta situação foi sanada porque impressa em folhas e colecionadaspor ordem alfabética todos os beneficiários do PBF, conformedisposição do próprio SIBEC que se dá por meio apenas do nome edata de nascimento do beneficiário, o qual estará, além do alcance,exposto aos interessados na sede atual da Gestão do PBF.”

Análise do Controle Interno:A resposta do gestor não só confirma a falha apontada pelaCGU, como também informa a adoção de providências,inclusive, com a modificação do local de atendimento dosbeneficiários do programa, no qual estão sendo divulgadasas listas de beneficiários do programa, com a anexação defotos da situação atual, após os trabalhos de fiscalização daCGU.

3.4.2.5 Constatação - Falhas no acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família, nas áreas de educação e saúde.

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Tendo em vista a necessidade de verificação doacompanhamento, pelo município, das condicionalidades nasáreas de educação e saúde do Programa Bolsa Família, foiapresentado ao gestor a Solicitação de Fiscalização nº02/2011/SM34/Santa Cruz do Capibaribe – Assistência Social,de 22/08/2011, itens 5.10 e 5.15, nos seguintes termos:“5.10. Informar sobre a existência de protocolos derecebimento/transferência de arquivos e de listas de frequência efolhas de acompanhamento das condicionalidades de educação e desaúde. Em caso afirmativo, apresentar a documentação comprobatória.”(sic) “5.15. Informar se o Município realiza o preenchimento do“MAPA DE ACOMPANHAMENTO DO SISVAN” e inclui osdados no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN),apresentando cópia da documentação comprobatória.” (sic)Em resposta, o gestor encaminhou o Ofício SDPS nº 126/2011,de 25/08/2011, nos seguintes termos:“5.10. Sim. A escola recebe o relatório, preenche as informações edevolve ao Programa Bolsa Família para alimentar o sistema.” (sic)“5.15. O Município realiza o preenchimento do MAPA DEACOMPANHAMENTO DO SISVAN, incluindo todos os dadosno Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), cujascópias seguem em anexo. Segue também ofício 047/2011 dSecretaria Municipal de Saúde que relata sobre o procedimento.”(sic)A documentação encaminhada pelo gestor não corresponde àresposta acima transcrita, tendo em vista que, para o item5.10, foram encaminhados relatórios consolidados do Siscon(Sistema deGestão de Condicionalidades - Decon/Senarc/MDS) e doProjeto Presença (frequência de fevereiro a novembro/2009,abril a novembro/2010 e fevereiro a julho/2011), entretanto,esses relatórios não correspondem às fichas de frequênciaescolar do referido Projeto Presença, preenchidas pelaspróprias escolas, cujas cópias também foram encaminhadas,

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em anexo à referida resposta.Observe-se que essas fichas estão incompletas, rasuradas,algumas sem preenchimento e, a maior parte, riscadas e sema indicação dos quantitativos e motivos da baixa frequênciados alunos.Ainda em relação à resposta do item 5.10, foi encaminhadacópia de relatórios extraídos do DATASUS (“RelatórioConsolidado do Bolsa Família”), em que se verificaminformações percentuais consolidadas sobre as famíliasbeneficiárias, mas sem comprovação do efetivoacompanhamento da condicionalidade da saúde pelomunicípio.Para o item 5.15 da citada Solicitação de Fiscalização, o gestorencaminhou cópias do Mapa de AcompanhamentoNutricional do SISVAN. Entretanto, os referidos mapas nãoapresentam, na sua maioria, o preenchimento dos camposrelativos ao Programa Bolsa família, a exemplo do item“Vacinação em dia? (Sim/Não)”.Observe-se, ainda, que esses mapas são preenchidosmanualmente pela equipe de Saúde da Família (PSF), nãotendo sido apresentado nenhuma comprovação de que essasinformações foram incluídas no citado sistema (SISVAN).Por fim, deve-se mencionar que, em anexo ao item 5.15, foiencaminhada uma cópia do Ofício nº 047/2011, de 31/08/2011,da lavra do Coordenador Municipal do PACS/PSF, com oseguinte teor: “Em resposta ao Ofício PBF nº 200/2011, referente ao Sistema deVigilância Alimentar e Nutricional –SISVAN, informamos que oMunicípio de Santa Cruz do Capibaribe avalia o SISVANmensalmente executados pelo atendimento das enfermeiras das ESFe PACS, em consultas de avaliação do crescimento edesenvolvimento das crianças menores de 7 anos e em consulta deacompanhamento das gestantes durante pré-natal nas suasrespectivas áreas de cobertura, e semestralmente através doacompanhamento das pessoas atendidas pelo Bolsa Família, onde efeito pelos Agentes Comunitários de Saúde, em seus respectivosdomicílios.” (sic)

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Do ofício acima, percebe-se a confirmação das falhas deacompanhamento das condicionalidades de saúde, que, emrelação ao Programa Bolsa Família, segundo o gestor, vemsendo feito semestralmente, apesar, de não ter sidoapresentada documentação comprobatória, conforme jámencionado.Verifica-se, desta forma, que os técnicos responsáveis peloacompanhamento das condicionalidades das áreas deeducação e de saúde não vem exercendo as atribuiçõesespecificadas nas Portarias Interministeriais MDS/MEC nº3.789, de 17/11/2004 e nº 2.509, de18/11/2004.

Manifestação da Unidade Examinada:Por meio do Ofício GP nº 516/2011, de 07/10/2011, aPrefeitura Municipal de Santa Cruz do Capibaribe/PEapresentou a seguinte manifestação:“Em relação à Educação, admite-se que houve falha, nãonecessariamente por omissão, mas por falta de conhecimento decausa porque se acreditava no protocolo do próprio Sistema.Entretanto, desde já se está utilizando o sistema de protocolomanual em livro próprio, bem com uma fiscalização mais amiúdenas fichas de frequência, não mais se confiando nas informaçõesconcedidas pelas escolas. Ainda se admite falha quanto ao acompanhamento do SISVAN, aSecretaria de Saúde está tomando providências e nesse momento,em virtude da efetivação dos agentes comunitários de saúde, estábuscando ampliar o seu trabalho e oferecer melhores qualidades deserviços ao público, visando assim, eliminar as falhas detectadaspelos controladores.”Análise do Controle Interno:O gestor reconheceu as falhas apontadas pela equipe defiscalização da CGU, no que diz respeito aoacompanhamento efetivo das condicionalidades doPrograma Bolsa Família, nas áreas de educação e saúde.Segundo a resposta, estão sendo tomadas medidas parasolução das questões apresentadas, entretanto, não foi

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apresentada nenhuma comprovação do que foi alegado, nemações concretas para a solução das falhas, principalmente, noque se refere ao preenchimento das frequências no ProjetoPresença, bem como no que pertine ao monitoramento e àinserção de dados no SISVAN, para o efetivoacompanhamento da condicionalidade da saúde.

3.4.2.7 Constatação - Falhas no processo de atualizaçãocadastral das famílias beneficiárias do PBF.

Analisando-se o processo de cadastramento das famíliasbeneficiárias do Bolsa Família, foi possível observar, por meioda análise em alguns formulários do CadÚnico, bem comopor intermédio da aplicação dos questionários com asfamílias visitadas, as seguintes falhas: - quanto aos formulários: não preenchimento dos camposobrigatórios, ausência de arquivamento e outros. - longos períodos em filas de espera. - dificuldade para transferir o benefício quando há mudançade domicílio para outro município. Manifestação da Unidade Examinada: Por meio do Ofício GP nº 516/2011, de 07/10/2011, a PrefeituraMunicipal de Santa Cruz do Capibaribe/PE apresentou aseguinte manifestação: "...As falhas quanto aos (às): Formulários: há de se comunicar,como já mencionado no item 3.4.2.4. Constatação 004, o imóvelatual oferece ótimas estruturas que facilitam o preenchimento e oarquivamento desses documentos. Longos períodos de espera: com a nova sede, obtive-se melhorestrutura para atendimento e consequentemente a diminuição dasfilas de espera, com a entrega de fichas diárias. Dificuldades demudança de domicílio: esta situação já foi sanada pela versão 7 doPrograma do CadÚnico.”Análise do Controle Interno: O gestor reconheceu as falhasapontadas pela equipe de fiscalização da CGU.Destaque-se,

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ainda, relativamente à questão do cadastramento, ainformação do gestor de que os problemas estão sendocorrigidos, em face da mudança do local de atendimento doprograma, após a fiscalização da CGU.

3.4.2.8 Constatação - A Instância de Controle Social do Programa Bolsa Família (ICS) não foi formalmente constituída.O Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) não exerce as atribuições do ICS.

Por intermédio da Solicitação de Fiscalização nº02/2011/SM34/Santa Cruz do Capibaribe – Assistência Socialde 22/08/2011, itens 5.19 e 5.21, foi demandado à PrefeituraMunicipal de Santa Cruz do Capibaribe fornecer cópia do atonormativo do governo local que criou a Instância de ControleSocial do Programa Bolsa Família (ICS-PBF) ou ato dedesignação de outro órgão de Controle Social para exercersuas atribuições, apresentar Livro de Atas das reuniões da ICS-PBF (original e cópia, referente aos exercícios de 2009, 2010 e2011 e informar o nome completo e o número do CPF dosmembros da ICS-PBF nos exercícios acima referenciado,discriminando o tipo de representação (sociedade ougoverno).Por meio do Ofício SDPS nº 126/2011, de 25/08/2011, emresposta ao item 5.19, a prefeitura informou que “não há atonormativo que cria a Instância de Controle Social do PBF e esteacompanhamento é realizado pelo Conselho Municipal deAssistência Social” (sic). E em resposta ao item 5.21, a Prefeiturainformou que “os membros do ICS PBF são os mesmos mencionadosno item 2.2” (sic).Embora tenha informado que as atribuições institucionais daICS-PBF são exercidas pelo Conselho Municipal de AssistênciaSocial, foi possível evidenciar por meio de entrevista com osmembros do CMAS, realizada em 01/09/2011, que não háatuação de outro Órgão de Controle Social, tão pouco este

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colegiado deliberou em reuniões assunto pertinente ao ICS-PBF. Ainda, por intermédio de entrevistas realizadas com membrosdo CMAS, foi questionado se o Conselho Municipal deAssistência Social possui acesso às informações básicas paraacompanhamento do Programa, entretanto, o Conselho nãoforneceu as informações requeridas, não apresentandoevidências do efetivo acompanhamento do PBF. Por fim, da análise das atas das reuniões realizadas pelorespectivo conselho não ficaram evidenciados registros de quevem sendo realizadas visitas aos postos de saúde, às escolas eao local de atendimento aos beneficiários do Bolsa Família,para fins de acompanhamento das condicionalidades. Manifestação da Unidade Examinada: Por meio do Ofício GPnº 516/2011, de 07/10/2011, a Prefeitura Municipal de SantaCruz do Capibaribe/PE apresentou a seguinte manifestação:

“Conforme explicado no item 3.2.1.1. Constatação 001, precisamenteem relação a Instância de Controle Social, já foi promovida a devidaadequação da sua constituição através de Portaria Administrativacompetente, ora em anexo.”

Análise do Controle Interno: A resposta do gestor confirma asfalhas indicadas pela equipe de fiscalização da CGU, uma vezque inexistia a formalização da Instância de Controle Social doPrograma Bolsa Família – ICS, além de não ter sido verificadaa atuação do Conselho Municipal de Assistência Social –CMAS, como ICS.De acordo com a documentação apresentada pela Prefeitura,verifica-se a adoção de providências para sanar as falhasapontadas. No entanto, a constatação permanece para oacompanhamento da atuação da Instância de Controle Socialpelo gestor federal.

Antes de passar à análise em relação a cada uma das constatações, deve-sedestacar que 6 anos já decorreram desde a realização da fiscalização da CGU, de

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modo que o município já passou por duas gestões posteriores (2012 e 2016) . Assim, aanálise deve se pautar na verificação da ocorrência, ou não, de atos de improbidade,considerando que a mudança de gestão e o longo tempo transcorrido desaconselham aapresentação de recomendações ou tomada de outras medidas de caráter indutivo,especialmente quando se sabe que as autoridades municipais tiveram acesso à análiseda CGU, com as considerações devidas em relação ao que se verificou deirregularidades na gestão de recursos e programas federais.

Também é preciso se adiantar que os aspectos relacionados aocadastramento do benefício do Programa Bolsa Família em Santa Cruz do Capibaribeestão sendo acompanhados por meio do Inquérito Civil nº 1.26.002.000208/2016-12,em ação coordenada da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão, no qual se certificou oacatamento da Recomendação expedida, nos termos do Raio X Bolsa Família (extratodo Único em anexo).

Nesse sentido, questões relacionadas à regularização do cadastramentonão devem continuar no âmbito do presente procedimento.

Passa-se, pois, à análise da Constatação 3.4.1.1.

Em relação a tal constatação, deve-se destacar que o decurso do tempoinviabiliza a verificação do dolo do gestor no que se refere a realização de despesa nãoelegível.

Considera-se, nesse sentido, que as despesas não elegíveis mencionadaspela CGU restaram em proveito do município, mais especificamente em áreasimportantes para a assistência social, como o PETI, o CRAS e o PROJOVEM.

Assim, em que pese se entenda que não há dubiedade para a finalidadedas verbas provenientes do IGD, a ausência de demonstração do dolo por elementos acorroborar uma intenção deliberado do gestor de realizar tais despesas em detrimentodo Bolsa Família, aponta, já decorrido 6 anos dos fatos, para a sua consideração comoirregularidade, não como ato de improbidade.

No que se refere à Constatação 3.4.1.2, que se refere à impossibilidade delocalização de equipamentos, com ausência de controle patrimonial, também se faznecessário reconhecer que o passar do tempo impossibilitou a verificação de dolo no

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que se refere a tal irregularidade, em especial no que tange a uma apuração dosresponsáveis por eventuais extravios de equipamentos.

A situação apresentava, em realidade, desorganização administrativa, masnão se identificou o dolo da sua prática, nem mesmo o efetivo prejuízo ao erário.

Quanto às constatações 3.4.2.1, 3.4.2.2, 3.4.2.3, 3.4.2.7, como essas se

referem a questões relacionadas ao cadastramento do Bolsa Família, sem que dos fatosse identifique a ocorrência efetivo ato de improbidade, destaco novamente a existênciade procedimento específico sobre a questão, no âmbito do qual já há recomendaçãoexpedida e comunicação de acatamento por parte da Prefeitura Municipal (IC nº1.26.002.000208/2016-12).

Ademais, deve-se apontar que a Prefeitura após a fiscalização da CGU jádeterminara o bloqueio em relação aos benefícios com indícios de irregularidade,conforme destacado pela CGU em análise da constatação 3.4.2.1:

(…)As providências informadas pelo Município (bloqueiocautelar dos benefícios e intimação dos beneficiários paraapresentação de esclarecimentos) são suficientes pararesolver pontualmente a situação em questão, qual seja, aexistência de famílias composta com servidores municipaiscom renda per capita superior a meio salário mínimo.Todavia, a Prefeitura deveria manter rotinas quepermitissem identificar, a partir de sua folha de pagamento,os servidores cujas famílias recebam o benefício do Programae que não façam jus ao mesmo.(...)

Em relação à constatação 3.4.2.8, observo que a própria análise doControle Interno já destaca a existência de documentação necessária para sanar asfalhas apontadas:

Análise do Controle Interno: A resposta do gestor confirma

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as falhas indicadas pela equipe de fiscalização da CGU, umavez que inexistia a formalização da Instância de ControleSocial do Programa Bolsa Família – ICS, além de não ter sidoverificada a atuação do Conselho Municipal de AssistênciaSocial – CMAS, como ICS.De acordo com a documentação apresentada pela Prefeitura,verifica-se a adoção de providências para sanar as falhasapontadas. No entanto, a constatação permanece para oacompanhamento da atuação da Instância de Controle Socialpelo gestor federal.

Diante disso, não há razão para a tomada de providência em relação a talirregularidade.

Portanto, diante do apontado acima, não verificado especialmenteelementos que demonstrem a ocorrência de atos de improbidade no presente InquéritoCivil, apesar do longo tempo decorrido desde a fiscalização da CGU (6 anos), entendonão haver viabilidade na manutenção do presente procedimento.

A inviabilidade também alcança a análise criminal do apurado, dado quenão restou verificado tampouco evidências suficientes de crime para embasar com juntacausa eventual ação criminal.

Desta feita, levando em consideração os argumentos acima expostos, nãohá outra medida a ser tomada senão o ARQUIVAMENTO dos presentes autos, nostermos do art. 9º, caput, da Lei n.º 7.347/85 e do art. 17, caput, da Resolução n.º 87/2006,do Conselho Superior do Ministério Público Federal.

Notifique-se o representante (CGU) dos termos da presente promoção.

Após, remetam-se os autos à 5ª CCR, para o exame desta promoção dearquivamento, na forma do art. 62, IV da Lei Complementar n.º 75/93, art. 9º, § 1º, da lein.º 7.347/85 e do art. 17, § 2º, da Resolução n.º 87/2006, do Conselho Superior doMinistério Público Federal.

Caruaru/PE, 26 de Outubro de 2017.

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LUIZ ANTONIO MIRANDA AMORIM SILVAProcurador da República

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