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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA MÁRIO JÚNIOR DE OLIVEIRA NÍVEL PRESSÓRICO EM INDIVÍDUOS COM SINTOMA DE ANSIEDADE Juiz de Fora MG 2020

MÁRIO JÚNIOR DE OLIVEIRA NÍVEL PRESSÓRICO EM INDIVÍDUOS ... · há indicativos de que a ansiedade pode influenciar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (KUBZANSKY,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

MÁRIO JÚNIOR DE OLIVEIRA

NÍVEL PRESSÓRICO EM INDIVÍDUOS COM SINTOMA DE ANSIEDADE

Juiz de Fora – MG

2020

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MÁRIO JÚNIOR DE OLIVEIRA

NÍVEL PRESSÓRICO EM INDIVÍDUOS COM SINTOMAS DE ANSIEDADE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Juiz de Fora, como parte das exigências do programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto para obtenção de título de especialista em Saúde do Adulto: ênfase em doenças crônico degenerativas.

Orientador: Prof. Dr. Mateus Camaroti Laterza Co-orientadora: Profa. Dra. Natália Portela Pereira

Juiz de Fora - MG 2020

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FICHA CATALOGRÁFICA

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Mário Júnior de Oliveira

Nível pressórico em indivíduos com sintomas de ansiedade

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Juiz de Fora, como parte das exigências do programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto para obtenção de título de especialista em Saúde do Adulto: ênfase em doenças crônico degenerativas.

Orientador: Prof. Dr. Mateus Camaroti Laterza Co-orientadora: Profa. Dra. Natália Portela Pereira

Aprovado em de de

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________ Profª

________________________________ Prof.

Juiz de Fora – MG

2020

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Resumo

Introdução: Evidências apontam que sintomas de ansiedade possuem

impacto negativo no prognóstico de doenças cardiovasculares. Um estudo

prospectivo demonstrou risco de hipertensão aumentado em pessoas, brancas e

negras, com faixa etária de 25-64 anos com sintomas moderados e elevados de

ansiedade. O objetivo do presente estudo foi verificar a pressão arterial de repouso

em indivíduos adultos, jovens, sedentários e sadios do ponto de vista cardiovascular

e pulmonar, frente à percepção de sintomas de ansiedade.

Métodos: Quarenta e sete voluntários saudáveis do sexo masculino com

idade de 25±5,2 anos, foram divididos em dois grupos, sintomas mínimos (0-7) n=26

e sintomas maior que o mínimo de ansiedade (8-63) n=21, segundo o escore obtido

mediante aplicação do inventário de ansiedade de Beck. Na mesma semana foi

aferida a pressão arterial de repouso, pelo método oscilométrico (Dixtal 2022), de

cada indivíduo. Todos sujeitos foram classificados como sedentários segundo o

Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). As possíveis diferenças

relacionadas às características dos grupos ansiedade mínima e maior que mínima

foram verificadas pelo Teste t de Student para amostras independentes e variáveis

que apresentam distribuição normal. Foi adotado como diferença significativa valor

de p <0,05.

Resultados: Não houve diferença significativa entre os grupos sintomas

mínimo e maior que o mínimo para pressão arterial sistólica: 118±13 mmHg, e

122±10 mmHg p>0,28, pressão arterial diastólica: 60±8 mmHg e 60±9 mmHg,

p>0,99 e pressão arterial média: 79±9 mmHg e 80±8 mmHg p>0,58;

respectivamente.

Conclusão: Os sintomas de ansiedade não interferiram nos valores

pressóricos de jovens saudáveis do ponto de vista cardiovascular e pulmonar.

Palavras-chave: Pressão arterial. Níveis de ansiedade.

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Abstract

Introduction: Evidence indicates that anxiety symptoms have a negative

impact on the prognosis of cardiovascular diseases. A prospective study showed an

increased risk of hypertension in white and black people, aged 25-64 years with

moderate and high symptoms of anxiety. The aim of the present study was to check

the blood pressure at rest in adults, young, sedentary and healthy individuals, in view

of the perception of anxiety symptoms.

Methods: Forty-seven healthy male volunteers aged 25 ± 5.2 years, were

divided into two groups, minimal symptoms (0-7) n = 26 and symptoms greater than

minimum anxiety (8-63) n = 21, according to the score obtained by applying the Beck

anxiety inventory. In the same week, the resting blood pressure was measured using

the oscillometric method (Dixtal 2022) for each individual. All subjects were classified

as sedentary according to the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ).

The possible differences related to the characteristics of the minimum and greater

than minimum anxiety groups were verified by the Student's t test for independent

samples and variables that have a normal distribution. A significant difference of p

<0.05 was adopted.

Results: There was no significant difference between the minimum and

greater than minimum symptoms for systolic blood pressure: 118 ± 13 mmHg, and

122 ± 10 mmHg p> 0.28, diastolic blood pressure: 60 ± 8 mmHg and 60 ± 9 mmHg,

p> 0.99 and mean arterial pressure: 79 ± 9 mmHg and 80 ± 8 mmHg p> 0.58;

respectively

Conclusion: Anxiety symptoms did not affect the blood pressure values of

healthy young people from a cardiovascular and pulmonary point of view.

Keywords: Blood pressure. Levels of anxiety. Hemodynamic response

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Sumário

Introdução ....................................................................................................... 7

Métodos ........................................................................................................... 8

Avaliação do Nível de Ansiedade ............................................................... 8

Avaliação do Nível de atividade física ....................................................... 9

Avaliação antropométrica ........................................................................... 9

Avaliação da pressão arterial ................................................................... 10

Análise estatística ..................................................................................... 10

Resultados .................................................................................................... 10

Discussão ...................................................................................................... 11

Conclusão ..................................................................................................... 13

Referências ................................................................................................... 14

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Introdução

Ansiedade é definida como a antecipação a situações ameaçadoras

(CROCQ, 2015). Os transtornos de ansiedade são fenômenos patológicos, que se

destacam, por exacerbação da frequência, duração e intensidade do comportamento

ansioso (“DSM-5 Diagnostic Classification”, 2013). Em 2010, 272,2 milhões de

pessoas em todo o mundo tiveram diagnóstico de algum transtorno de ansiedade, a

prevalência anual foi de 2,8% (IC 95% 2.6 – 3,0%) para homens e 5,2% (IC 95%

4,8-5,7%) para mulheres, entretanto, países da América Latina Tropical (Brasil e

Paraguai) os distúrbios de ansiedade prevalecem em 3,4% (IC 95% 3,1-3,8%) e 6,3

(IC 95% 5,7-7,0%) em homens e mulheres, respectivamente (BAXTER, 2014) .

Estudos prévios têm demonstrado associação entre fatores psicológicos no

desenvolvimento de doenças cardiovasculares (ROSENGREN, 2004); VAN MELLE,

2004). Evidências demonstraram que sintomas de ansiedade tenham impacto

negativo no prognóstico nessas doenças (GRACE, 2004; ROTHENBACHE, 2007).

Por exemplo, a variabilidade da frequência cardíaca, método indireto que avalia a

função autonômica sobre coração, está prejudicada na presença da ansiedade.

(KAWACHI,1995) demostrou, por meio deste método, disfunção autonômica

cardíaca em sujeitos com distúrbio de ansiedade, outro trabalho indicou forte relação

entre variabilidade da frequência cardíaca e doenças cardiovasculares(ZHAO,

2020).

Em um estudo transversal com 858 participantes, de ambos os sexos com

faixa etária entre 21-81 anos, foi observado que a ansiedade está diretamente

relacionada a aumento agudo da pressão arterial (EDMONDSON, 2015), porém,

nesse estudo não foi avaliado o nível de atividade física dos participantes, sendo

esse, um fator que pode interferir nos valores pressóricos. No entanto, em estudo

realizado com mulheres grávidas acima de 18 anos, foi demonstrado que atividade

física foi capaz de promover a diminuição dos sintomas de ansiedade dessas

mulheres, porém, as diminuições desses sintomas culminaram em queda na pressão

arterial nessa população (YAN, 2020). Um estudo prospectivo demonstrou risco de

hipertensão aumentado em pessoas brancas e negras, com faixa etária de 25-64

anos com sintomas moderados e elevados de ansiedade, porém, dados como

pressão arterial forma obtidas segundo relato dos voluntários, mediante ligação

telefônica, o que gera a não padronização das medidas (JONAS, 1997). Entretanto,

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há indicativos de que a ansiedade pode influenciar o desenvolvimento de doenças

cardiovasculares (KUBZANSKY, 1998). Em meta-analise publicada em 2010, os

distúrbios de ansiedades foram apontados como fator de risco independente para o

desenvolvimento de doença arterial coronariana (ROEST, 2010).

Parece haver consenso na literatura de que a relação entre sintomas de

ansiedade e desfechos cardiovasculares estão correlacionados positivamente.

Entretanto, permanece uma lacuna em relação ao nível pressórico e sintomas de

ansiedade em adultos jovens e saudáveis. Portanto, o objetivo do presente estudo

foi verificar a pressão arterial de repouso em indivíduos adultos, jovens, sedentários

e sadios do ponto de vista cardiovascular e pulmonar, frente à percepção de

sintomas de ansiedade.

Métodos

Foram recrutados 47 voluntários saudáveis do ponto de vista cardiovascular e

pulmonar do sexo masculino na faixa etária de 18 a 40 anos, residentes na cidade

de Juiz de Fora. A amostra foi dividida em dois grupos, sintomas mínimos (0-7) e

sintomas maior que o mínimo (8-63), segundo o escore obtido mediante aplicação

do inventário de ansiedade de Beeck. Considerou-se como critério de exclusão,

indivíduos que fossem fisicamente ativos, tabagistas, hipertensos, doença

cardiovascular e com qualquer outro agravo crônico.

Todos os participantes foram orientados previamente a não consumirem

cafeína, bebidas alcoólicas, bem como não realizarem atividades físicas vigorosas

nas 24 horas anteriores aos procedimentos da pesquisa. Os indivíduos foram

orientados sobre os objetivos e técnicas envolvendo a pesquisa e, após lerem e

concordarem, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Esta

pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil sob parecer

de aprovação do CEP: 1.799.770.

Avaliação do Nível de Ansiedade

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Para a avaliação do nível de ansiedade foi aplicado o Inventário de Ansiedade

desenvolvido por (BECK, 1988), que mede a intensidade dos sintomas de

ansiedade. O inventário consiste de 21 itens auto-avaliativos que descrevem os

sintomas comuns nos quadros de ansiedade, como dormência ou formigamento;

sensação de calor; tremores nas pernas; incapacidade de relaxar; medo que

aconteça o pior; atordoado ou tonto; palpitação ou aceleração do coração; sem

equilíbrio; aterrorizado; nervoso; sensação de sufocação; tremores nas mãos;

trêmulo; medo de perder o controle; dificuldade de respirar; medo de morrer;

assustado; indigestão ou desconforto no abdome; sensação de desmaio; rosto

afogueado; suor (não devido ao calor). As respostas a essas questões tomam como

base a última semana do voluntário, dentro de uma escala que varia de 0 (ausente),

1 (suave, não me incomoda muito), 2 (moderado, é desagradável mas consigo

suportar) e 3 (severo, quase não consigo suportar). A soma geral dos itens resulta

em escore que pode variar entre 0 e 63 pontos, sendo os escores indicativos para

ansiedade divididos em: grau mínimo de ansiedade (0-7), ansiedade leve (8-15),

ansiedade moderada (16-25), ansiedade severa (26-63).

Avaliação do Nível de atividade física

Aqueles que realizavam menos que 10 minutos contínuos de atividade física

e/ou exercício físico durante a semana, foram considerados sedentários, segundo o

Questionário Internacional de Atividade Física, (IPAQ) versão curta

(MATSUDO,2012).

Avaliação antropométrica

Peso (kg) e altura (cm), foram aferidas com uma balança digital e

estadiômetro da marca Líder®, respectivamente. O índice de massa corporal (IMC)

foi calculado pela relação (peso corporal (kg) /altura2 (m)). Foram realizadas

medidas de circunferência (cintura, quadril e abdome) utilizando uma fita métrica

com precisão de 1cm da marca Cescorf®. A relação cintura quadril foi obtida por

meio do quociente da circunferência de cintura e quadril (COSTA, 2001). As

medidas de dobras cutâneas (abdome, peitoral e coxa), foram realizadas com a

utilização do adipômetro da marca Cescorf®, sendo realizadas três medidas,

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registrando-se o valor correspondente a média. O somatório das dobras foi

interpretado com uma estimativa do percentual de gordura, utilizando a equação

proposta por (DURNIN,1974) e para o cálculo da densidade corporal, transformada

em %GC a equação de (SIRI, 1961).

Avaliação da pressão arterial

Os níveis de pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e pressão

arterial média (PAM) foram medidos após 10 minutos de repouso em decúbito

dorsal. Para aferição da PA foi utilizado o monitor multiparamétrico DIXTAL® modelo

2022, foram realizadas 5 medidas no membro inferior direito com o voluntário em

posição supina, registrando-se a medida correspondente à média.

Análise estatística

Para avaliação das características descritivas da amostra foram utilizadas

medidas de dispersão (desvio padrão) e tendência central (média). As possíveis

diferenças relacionadas às características dos grupos ansiedade mínima e maior

que mínima foram verificadas pelo Teste t de Student para amostras independentes

e variáveis que apresentam distribuição normal. Foi aceito como significância

estatística quando p≤0,05. Todas análises estatísticas foram realizadas por meio do

software o Microsoft® Excel 20013.

Resultados

Os grupos foram semelhantes para a idade e variáveis antropométricas.

Porém, os valores dos sintomas de ansiedade foram significativamente maiores no

grupo classificado como maior que o mínimo em relação ao grupo classificado como

mínimo (Tabela 1).

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Tabela 1. Comparação das características demográficas, antropométricas e de ansiedade entre os grupos Mínimo e Maior que o mínimo.

Variáveis Mínimo

n= 26

Maior que mínimo

n= 21

P valor

Idade (anos) 26,2±5,7 24,8±4,5 0,34

Peso (kg) 73,6±10,8 74±10,1 0,91

Estatura (cm) 1,75±0,1 1,75±0,1 0,79

IMC (kg/m2) 24±3,2 24,2±11,5 0,55

CA (cm) 85,9±8,4 87,3±7,9 0,58

CC (cm) 82,1±8 82,1±6,2 0,98

CQ (cm) 97,8±6,1 99±7,4 0,55

RCQ 0,8 0,8 0,43

Gordura (%) 17,9±5,6 16,26,5 0,35

Níveis de

ansiedade

3,6±2,9

14±11,3 0,001

Entretanto, não houve diferença significativa entre os grupos para as variáveis

hemodinâmicas (Tabela 2).

Tabela 2. Comparação das características hemodinâmicas entre os grupos Mínimo e Maior que o mínimo.

Variáveis Mínimo

n= 26

Maior que o mínimo

n= 21

P valor

PAS (mmHg) 118±13 122±10 0,28

PAD (mmHg) 60±8 60±9 0,99

PAM (mmHg) 79±9 80±8 0,58

Discussão

IMC: índice de massa corporal, CA: circunferência abdominal, CC: circunferência de cintura, CQ:

circunferência de quadril e RCQ: relação cintura quadril.

PAS: pressão arterial sistólica, PAD: pressão arterial diastólica e PAM: pressão arterial média.

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A partir dos resultados do presente estudo, observou-se que os níveis de

sintomas de ansiedade percebidos na última semana não tiveram influência sob

valores pressóricos. A análise dos resultados deve ser considerada tendo a

compreensão de que este instrumento oferece referencial a nível não patológico de

ansiedade, ou seja, não é uma escala diagnóstica, mas sim, um instrumento que

considera sintomas da ansiedade patológica.

Os resultados encontrados no presente estudos corroboram com achados de

trabalho anterior (YAN, 2003), que indicaram não haver influência dos níveis de

ansiedade na pressão arterial de repouso em jovens saudáveis. Em um estudo

longitudinal, onde 36.530 sujeitos com idade entre 20-78 que foram acompanhados

por 11 anos, elevados níveis dos sintomas de ansiedade foram inversamente

associados com valores de pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica

(HILDRUM, 2008). Um outro trabalho longitudinal corrobora com esse achado

(HILDRUM, 2011). Entretanto, em ambos os estudos citados anteriormente deve-se

levar em consideração algumas limitações, como: diferentes métodos de aferição da

pressão arterial e avaliação dos sintomas de ansiedade, sendo o último, tendo a

cultura local como fator determinante na escolha do método avaliativo.

Segundo revisão(MARKOVITZ,2001), ansiedade e depressão podem ser

fatores de risco para a hipertensão. Um estudo nos EUA mostrou associação direta

entre hipertensão e transtorno de ansiedade generalizado (TAG) (CARROLL, 2010).

Em seu estudo (JOHANNESSEN, 2006) indica que, altas taxas de hipertensão em

sujeitos com transtorno de ansiedade, quando comparado com a população em

geral. (CHEUNG, 2005) aponta associação entre níveis de ansiedade e hipertensão

arterial, porém a amostra desse trabalho foi composta por tabagistas e portadores

de Diabetes Melitus, que são altamente relacionadas com hipertensão arterial.

Pouco se sabe sobre os mecanismos pelos quais os sintomas de ansiedade

agem sobe a pressão arterial. Há evidência sugerindo que sintomas de ansiedade

estão associadas a alterações no sistema hipófise-adrenal (STRÖHLE, 2003).

Alguns estudos apontam para o neuropeptídeo Y, que tem funções importantes

nesses sistemas e exibe efeitos em vários domínios, como: ingestão de alimentos e

pressão arterial. Uma revisão literatura mostrou que pacientes com depressão

apresentam níveis alterados de neuropeptídeo Y, e que os níveis no líquor do

neuropeptídeo Y são inversamente associados aos escores de ansiedade (KARL,

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2007), outra revisão de literatura destaca seus efeitos ansiolíticos e antidepressivos

(CARVAJAL, 2006).

É de extrema relevância entender como os sintomas de ansiedade podem

estar ou não associados com aumento da pressão arterial de repouso. Isso pode ser

de grande valia nas na prevenção das doenças cardiovasculares, que são umas das

principais causas de mortalidade e incapacidade em todo o mundo. No entanto, há

carência de estudos com métodos mais homogêneos na avaliação dos sintomas de

ansiedade e seus efeitos na pressão arterial de repouso de indivíduos saudáveis.

Conclusão

Os sintomas de ansiedade não interferem nos valores pressóricos de jovens,

sedentários e saudáveis do ponto de vista cardiovascular e pulmonar.

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