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MÚSICA E SOCIEDADE

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Page 1: MÚSICA E SOCIEDADE

DIRETORlA DA ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRADE EDUCACcedilAtildeO MUSICAL - ABEM

Dra Vanda Lima Bellard FreirePresidente

Dr Carlos KaterVice~presidente

Dra AIda OliveiraMembro Honoraacuterio

Dra Esther BeyerSecretaacuteria

Leda MaffiolelliTesoureira

DIRETORlA REGIONAL

Anamaria Nobre PeixotoRegiatildeo Norte

Cristiane AlmeidaRegiatildeo Nordeste

Dr Carlos Alberto StortiRegiatildeo Sudeste

Magali KZeberRegiatildeo Sul

Ana Guiomar SouzaRegiatildeo Centro-Oeste

CONSELHO EDITORIAL

Dr JaeZ Barbosa EditorDra Liane HentschkeDra Jusamara SouzaDra Glacy Antunes

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Vanda Lima Bellard Freire

MUacuteSICA E SOCIEDADE

UMA PERSPECTIVA HISTOacuteRICA

E UMA REFLEXAtildeO APLICADA AO

ENSINO SUPERIOR DE MUacuteSICA

Tese Apresentada agrave Faculdade de Educaccedilatildeoda Universidade Federal do Rio de Janeiro

como Requisito Parcial agrave Obtenccedilatildeo doTiacutetulo de Doutor

Abril1992

AGRADECIMENTOS

Aos professores da Faculdade de Educaccedilatildeo da UFRJ em especial agraveprofessora Mania Angela Vinagre de Almeida Orientadora deste trabalho e agravesprofessoras Ada Judith Alves e Marlene Alves de Carvalho pelas criacuteticasenriquecedoras

Aos colegas professores da Escola de Muacutesica e em especial a AntocircnioJardim Marisa Resende Rosa Zamith e Sara Cohen cujo apoio e diaacutelogocontribuiacuteram efetivamente para o aperfeiccediloamento desta pesquisa

Ao professor Joseacute Maria Neves da Uni-Rio e do Conservatoacuterio Brasileirode Muacutesica pelas criticas e observaccedilotildees valiosas

Agrave professora Alda de Jesus Oliveira da Universidade Federal da Bahiapela participaccedilatildeo na banca examinadora e agraves professoras Ceciacutelia Conde e DivaTeixeira Mendes Abalada suplentes que com sua presenccedila e comentaacuteriosprestigiaram a defesa deste trabalho

Agrave professora Maria Maacutercia Trigueiro Mendes pelo incentivo tranquumlilo epela consultoria

SUMAacuteRIO

RESUMO ABSTRACT 8

CAPIacuteTULO I

CONSIDERACcedilOtildeES PRELIMINARES 10

CAPIacuteTULO II

FUNCcedilOtildeES SOCIAIS DA MUacuteSICA -UMA PERSPECTIVA HISTOacuteRICA 19Primeira Idade da Muacutesica 25Segunda Idade da Muacutesica 40Terceira Idade da Muacutesica 55Quarta Idade da Muacutesica 73

CAPIacuteTULO III

ENSINO DE GRADUACcedilAtildeO E FUNCcedilAtildeO SOCIAL DA MUacuteSICA 110Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional 115Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico 118Funccedilatildeo de Divertimento 121Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 122Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica 124Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica 127Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais 128Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das Instituiccedilotildees Sociais e dos Rituais Religiosos 129Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Continuidade e Estabilidade da Cultura 131Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade 132Conclusotildees 133

CAPIacuteTULO IV

NOVAS PERSPECTIVAS PARA O ENSINODE GRADUACcedilAtildeO EM MUacuteSICA 140

CAPIacuteTULO V

CONCLUSAtildeO 158BIBLIOGRAFIA 161

ANEXO I 167

ANEXO II 197

RESUMO

A preocupaccedilatildeo baacutesica deste trabalho foi a relaccedilatildeo muacutesicasociedade e suasimplicaccedilotildees no ensino superior de muacutesica a partir do evidenciamento dainsatisfaccedilatildeo de muitos professores e alunos patenteada na praacutetica universitaacuteria enos inuacutemeros congressos e eventos que tecircm discutido esse ensino

Buscou-se assim caracterizar a atual situaccedilatildeo dos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica atraveacutes da anaacutelise de seu conteuacutedo - a muacutesica - e propor a partir dessaanaacutelise novas diretrizes para esses cursos

A primeira etapa deste trabalho consistiu numa revisatildeo das funccedilotildees sociaisda muacutesica numa perspectiva histoacuterica tomando-se como base a categorizaccedilatildeodessas funccedilotildees elaborada por ABan Merriam (1964) Com fundamento nessessubsidios e utilizando a mesma categorizaccedilatildeo partiu-se para uma anaacutelise doconteuacutedo dos cursos superiores de muacutesica de forma a caracterizar a atual situaccedilatildeodesse niacutevel de ensino

A segunda etapa consistiu na proposiccedilatildeo de novas diretrizes para o ensinode graduaccedilatildeo em muacutesica fundamentadas em uma concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeoe da apresentaccedilatildeo a tiacutetulo de sugestatildeo das articulaccedilotildees baacutesicas para o conteuacutedode novos curriacuteculos a partir das diretrizes propostas

A convicccedilatildeo de que a arte em geral a muacutesica e a educaccedilatildeo satildeo instrumentospossiacuteveis para a transformaccedilatildeo individual e social permeou todo este trabalho

Justifica-se assim a opccedilatildeo por uma abordagem dialeacutetica para o ensinosuperior de musica por ser essa abordagem um meio efetivo de articular o conteuacutedodesses cursos agrave sociedade em que se inserem com vistas ao desenvolvimentopleno da muacutesica e do proacuteprio homem e ao aperfeiccediloamento individual e social

ABSTRACT

The basic concem of this study was the relation musicsociety and itsimplications on the teaching ofmusic in the university in view ofthe dissatisfactionof many teachers and students made evident in the academic practice and inmany congresses and events that have been discussing that teaching

Therefore a characterization of the current situation of graduation coursesin music was attempted through an analysis ofits content-music - and supportedby this analysis new directions to the courses were proposed

A review ofthe social functions ofmusic in a historical perspective was thefirst stage of this study based on the categorization ofthose functions as e1aboratedby ABan Merriam (1964) From this fundament and utilizing Merriams

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categoriz~ton a content analysis of music graduation courses was made thuscharactenzmg ItS current situation

ln the second stage new directions for the graduation teaching of musicwere proposed based on a dialectical conception of education and the b I aSlcartlcu atIons ofnew curr~c~la s contents were suggested This study was throughoutpe~eat~d by the canvlchonthat art in general and music and education arePsslblemstruments for individual and social transfonnation Thus the option for adlalectIcalapproach t~ the teaching ofmusic in the university is justified for thisan~roa~h IS ~n effechve means to articulate the content of those courses to thesoclety m whlch they are inserted aiming the full development of music and ofman Itself and the individual and social improvement

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CAPIacuteTULO I

CONSIDERACcedilOtildeES PRELIMINARES

A muacutesica vive no seacuteculo XX nas sociedades ocidentais uma situaccedilatildeo ineacuteditaem sua histoacuteria Contraditoriamente numa eacutepoca em que os recursos tecnoloacutegicosse multiplicam e em que o acesso a ela se tomou bastante faacutecil a muacutesica pareceesvaziada de seus significados e papeacuteis mais expressivos

A revoluccedilatildeo industrial estendeu seus efeitos agrave cultura em geral econseqUentemente agrave muacutesica O consumismo que hoje caracteriza nossa sociedadetambeacutem atingiu o acircmbito musical E a posiccedilatildeo dos indiviacuteduos em relaccedilatildeo agrave muacutesicaeacute frequentemente de absoluta passividade segundo os ditames de uma induacutestriaespecializada (AdornO 1975 1986 Candeacute 1981)

Diferindo das sociedades menos complexas que a nossa ondefreqUumlentemente natildeo haacute distinccedilatildeo entre autor puacuteblico e obra sendo os assistentesquase todos participantes (Candeacute 1981) nossa sociedade prouz umaseparaccedilatildeo entre muacutesicos ativos e assistentes entre executantes CrIadores e

ouvintesA transformaccedilatildeo no seacuteculo XX da muacutesica em bem de consumo

(Adorno 1975) criou diferenciaccedilotildees intensas entre o puacuteblico elitizou a chamadamusica cultae intensificou a passividade e a massificaccedilatildeo dos ouvintes Contudoconvivem com essa muacutesica culta (tambeacutem diversificada) r~ outrasmodalidades de muacutesica da folcloacuterica agrave muacutesica de consumo numa pluralidade desituaccedilotildees divergentes A multiplicidade de situaccedilotildees da proacutepria musica cultapode ser ilustrada pelo trecho que se segue

O espaccedilo da modernidade eacute caracterizado simultaneamente pelariqueza e pela diversidade da atividade musical Os grandes centros culturaisde entatildeo propiciaram o surgimento de um nuacutemero enorme de esteacuteticasdiferentes e com frequumlecircncia divergentes criando uma agitaccedilatildeo de ideacuteiassem paralelo na Histoacuteria da Muacutesica Pois contrariamente a outros momentosda Histoacuteria a modernidade definiu-se natildeo como um periacuteodo de um estilogeral caracteriacutestico de uma eacutepoca mas como de vaacuterios estilos e em algumasde suas instacircncias o de vaacuterias linguagens (Moraes 1983 p12)

A diversidade de estilos assinalada por Moraes eacute sem duacutevida umacaracteriacutestica de nossa eacutepoca Embora seja possiacutevel questionar em que medidateria havido homogeneidade em termos de estilo geral em eacutepocas passadasda Histoacuteria no presente momento e a heterogeneidade musical do seacuteculo XX semduacutevida indiscutiacutevel que cabe destacar

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Diante de um quadro tatildeo heterogecircDeo Adorno citado por Candeacute (1981pj3)~distingue em nossa sociedade oito tipos de comportamento musical que podemresumidamente ser assim descritos I) o ouvinte ideal a quem nada escapa e aquem o compositor considera como o uacutenico que pode compreendecirc-lo perfeitamentegraccedilas a uma audiccedilatildeo totalmente adequada e a uma escuta estrutural 2) o bom ouvinte aquele que tambeacutem escuta algo mais que fenocircmenos sonorossucessivos compreendendo perfeitamente o sentido da muacutesica embora de formapouco consciente por natildeo ser um teacutecnico 3) o consumidor de cultura tipoespecificamente burguecircs que tende hoje a substituir o bom ouvinte 4) o ouvinteemocional ao qual a muacutesica serve essencialmente para liberar os instintoshabitualmente rejeitados ou reprimidos pelas normas sociais 5) o ouvinte rancorosoque faz do tabu imposto ao sentimento a norma de seu comportamento musicalsendo superficialmente natildeo-conformista refugia-se no passado que ele imaginamais puro 6) o expert em jazz que natildeo eacute necessariamente um teacutecnico maseacute sempre um especialista 7) o ouvinte de mu~icade fundo totalmente submissoagrave pressatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo de massa 8) o a-musical indiferente ouhostil que eacute aquele a quem a muacutesica etotalmente inuacutetil ou incocircmoda

Eacute interessante complementar a categorizaccedilatildeo acima referida com ainterpretaccedilatildeo que Adorno apresenta da situaccedilatildeo da cultura e em especial da artena sociedade capitalista contemporacircnea A expressatildeo induacutestria cultural introduzida por Adorno e Horkheimer em 1947 procura delinear o resultado dapressatildeo exercida pela estrutura capitalista sobre as mais diversas manifestaccedilotildeesculturais da qual resulta uma cultura (e consequumlentemente uma arte)descaracterizada de suas dimensotildees criativas esteacuteticas ou poliacuteticas O resultadodessa induacutestria cultural eacute um conjunto de setores regido pelo ritmo do accedilo pelanecessidade prioritaacuteria de obter lucros - A verdade de que natildeo passam de umnegoacutecio eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo quepropositalmente produzem(Adorno e Horkheimer 1986 p114) A relaccedilatildeomuacutesica e sociedade pode ainda ser ilustrada com a categorizaccedilatildeo proposta porCandeacute (1981 p~36) classificando os diversos tipos de muacutesica em funccedilatildeo dascondiccedilotildees socioloacutegicas em que satildeo produzidas apresentando-as em pares de opostosI) muacutesica espontacircnea e muacutesica composta - a primeira criada a partir dereminiscecircncias de um sistema musical transmitido por tradiccedilatildeo oral sendo umacriaccedilatildeo popular para uso popular em que criador e consumidor se confundemquase contraposta agrave muacutesica espontacircnea mas com uma certa margem deespontaneidade estaria a muacutesica composta escrita 2) muacutesica culta seleta e muacutesicapopular - a primeira eacute produzida em princiacutepio por uma minoria culturalmente seletae seu grau de dificuldade cria tambeacutem uma seleccedilatildeo entre seus ouvintes a segundaao contraacuterio surge tanto das camadas populares e por elas eacute consumida quanto

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pode ser produzida industrialmente pela classe dirigente segundo criteacuteriospuramente comerciais 3) muacutesica claacutessica e muacutesica de variedades - a primeirareuacutene toda a muacutesica culta ocidental a muacutesica de variedades abrange numericamentetoda muacutesica modema de diversatildeo de escrita muito simples e estereotipada ambasas categorias (claacutessica e de variedades) satildeo mais comerciais que musicais e estatildeoligadas ao desenvolvimento do disco e da radiodifusatildeo O proacuteprio Candeacute consideraessa categorizaccedilatildeo insatisfatoacuteria propiciando apenas que se distingam aindaque de maneira imprecisa diversas maneiras de produzir muacutesica

A complexidade da situaccedilatildeo da muacutesica ocidental no contexto contemporacircneosuscita questionamentos referentes ao ensino da muacutesica o que certamente incluio ensino de niacutevel superior Que ensino musical deve ser ministrado e que muacutesicadeve ele ter como objeto E para quecirc Qual a funccedilatildeo dessa muacutesica na sociedadeem que esse ensino se insere Edino Krieger em introduccedilatildeo ao livro de Martins(1985 p8) reflete sobre a educaccedilatildeo musical

() se tivermos presente a profunda crise por que passa o espiacuteritohumano em nossos tempos () se pensarmos na passividade provocadanas pessoas pela miacutediarelegando o fazer musical para um segundo planose nos chocarmos com-o ranccedilo que caracteriza muitas das autodenominadasescolas de muacutesica admiraremos sem esforccedilo o trabalho respeitaacutevel realizadopor gente ainda idealista - gente que quixotescamente acredita napossibilidade de recuperar ou conquistar () o fazer musical que acreditanesse fazer como tendo um sentido para o ser humano bem mais profundodo que se costuma pensar

A questatildeo da formaccedilatildeo do muacutesico e do papel na sociedade desse muacutesico e damuacutesica que ele realiza aiacute estaacute presente assim como a questatildeo do fazer musical Martins(1985 p15) reflete sobre a importacircncia desses aspectos no acircmbito do ensino de muacutesica

Eacute muito importante levar o aluno agrave consciecircncia de seu papel enquantoagente cultural o que implica na dever de conhecer a accedilatildeo da mudanccedila e dapermanecircncia em seus sentidos histoacutericos evolucionaacuterios

Eacute muito importante que o aluno perceba e compreenda a accedilatildeo denovas forccedilas na sua proacutepria geraccedilatildeo como elas se relacionam influenciandoo periodo em que vive Deve tornar-se criticamente consciente da excelecircnciaou pobreza da muacutesica que executa situando-a no contexto de seu tempo

Diante do complexo mosaico representado pela situaccedilatildeo da muacutesica nasociedade ocidental contemporacircnea o ponto de partida para este trabalho foi apreocupaccedilatildeo com o ensino de musica nesse contexto Mais particularmente como ensino d~ Traduaccedilatildeo em mU-ica E mais especialmente ainda com a muacutesica

que se ensina nos cursos de graduaccedilatildeo

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Na verdade os simpoacutesios encontros e congressos que vecircm se realizandopara debater o ensino de muacutesica ( refletindo a inquietaccedilatildeo de muitos professorese alunos) tecircm questionado basicamente o ensino e natildeo a muacutesica que se ensina eeste foi o ponto de referecircncia para o desenvolvimento desta pesquisa

A proposta baacutesica do presente trabalho eacute deslocar o debate sobre o ensinode muacutesica do acircmbito dos meacutetodos e teacutecnicas ou das grades curriculares doscreacuteditos e da obrigatoriedade de disciplinas (ou mesmo da inclusatildeo de novasdisciplinas) para o conteuacutedo que eacute trabalhado ou seja a muacutesica que eacute ensinada

Pode-se de certa forma atribuir a uma heranccedila do liberalismo no acircmbitoda educaccedilatildeo a ecircnfase nos meacutetodos de ensino e na obtenccedilatildeo de conhecimentosatraveacutes de tais meacutetodos Autores como Libacircneo (1986) e Saviani (1988) dedicaramshyse jaacute a essa questatildeo criticando a ecircnfase nos meacutetodos em detrimento dos conteuacutedosBuscou-se aqui intencionalmente romper com essa abordagem e enfocar oconteuacutedo - a muacutesica- por considerar-se que eacute aiacute no conteuacutedo que se encontra omaterial essencial para questionar o ensino de graduaccedilatildeo

Para isso alguns pressupostos foram estabelecidos O primeirofundamentado em Herbert Read (1982) eacute o de que arte e sociedade satildeo conceitosinseparaacuteveis o que leva agrave afirmaccedilatildeo de que muacutesica e sociedade tambeacutem o satildeoComplementarmente assumiu-se a concepccedilatildeo tambeacutem de Read de que asociedade como entidade orgagravenica viaacutevel eacute de certo modo dependente da artecomo forccedila aglutinadora e energizante Ou seja natildeo soacute se considerou muacutesica esociedade como conceitos inseparaacuteveis mas tambeacutem que a sociedade em certosentido depende da muacutesica que exerce inquestionavelmente funccedilatildeu funccedilotildeesde natureza social

Acreditou-se tal como Read que e impossiacutevel conceber em qualquer periacuteododa histoacuteria uma sociedade sem arte ou uma arte sem significaccedilatildeo - pelo menossegundo esse autor ateacute chegarmos agrave eacutepoca modema onde a significaccedilatildeo e afunccedilatildeo social da arte parecem sofrer uma alteraccedilatildeo de trajetoacuteria

Buscou-se sobretudo pensar a muacutesica natildeo como uma abstraccedilatildeo (no sentidode objeto de estudo isolado de relaccedilotildees) ou como um produto acabado mas comoum elemento determinado socialmente e determinante da sociedade na qual estaacuteinserido num processo de constante interaccedilatildeo dialeacutetica e recriaccedilatildeo permanente

O segundo pressuposto assumido foi o de que arte tal como Cassirer (1977)e Read (1981 1982) consideram eacute conhecimento embora de uma espeacutecie peculiare especiacutefica e portanto diferente do conhecimento cientiacutefico nem superior neminferior a ele entretanto Considerou-se com fundamento em Cassirer que a artepotildee ordem na apreensatildeo das aparecircncias visiacuteveis tangiacuteveis e audiacuteveis constituindosegundo o autor uma interpretaccedilatildeo intuitiva do mundo diferemente dainterpretaccedilatildeo conceptual da ciecircncia Essas consideraccedilotildees permitem logicamente

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transposiccedilotildees agrave muacutesica que portanto foi tratada ao longo deste trabalho comouma forma de conhecimento embora peculiar e especiacutefico

Um terceiro pressuposto foi tambeacutem adotado a partir de fundamentostomados a Fischer (sd) e Read (1982) a missatildeo social da arte eacute ajudar acompreender e a transformar o homem e o mundo o que a toma inseparaacutevel deuma concepccedilatildeo poliacutetica aqui entendida como accedilatildeo transformadora Muacutesicaportanto foi tratada no decorrer desta pesquisa como dotada de uma di~ensatildeo

poliacutetica como instrumento potencial de transformaccedilatildeo do hm~me da socleda~ena medida em que como as demais formas de arte ela contnbUI para a elaboraccedilaode um saber criacutetico conscientizador propulsor da accedilatildeo social assim como para um

aperfeiccediloamento eacutetico individualA esse respeito e interessante citar Gramsci (1991)Transformar o mundo exterior as relaccedilotildees gerais significa fortalecer

a si mesmo Eacute uma ilusatildeo supor que o melhoramento eacutetico seja puramenteindividual a siacutentese dos elementos constitutivos da individualidade eacuteindividual mas ela natildeo se realiza e desenvolve sem uma atividade para oexterior atividade transformadora das relaccedilotildees externas ( ) Por isso eacutepossiacutevel dizer que o que o homem eacute essencialmente poliacutetico jaacute que a atividadepara transformar e dirigir conscientemente os homens realiza a suahumanidade sua natureza humana ( p 47-48)

A partir desses pressupostos a questatildeo da funccedilatildeo social da muacutesica adquiriuespecial relevacircncia a ponto de constituir o cerne deste trabalho cujos objetivospodem ser assim enunciados I) caracterizar o conteuacutedo dos cursos ~e gradu~ccedil~o

a partir da identificaccedilatildeo das funccedilotildees sociais desse conteuacutedo ou seja da musicatrabalhada nesses cursos 2) propor diretrizes para revisatildeo do conteuacutedo dos cursosde graduaccedilatildeo em muacutesica com vistas a uma efetiva significaccedilatildeo social

Para a consecuccedilatildeo desses objetivos foi feita numa primeira instacircncia umapesquisa de natureza descritiva voltada para a caracterizaccedilatildeo dos curso~ degraduaccedilatildeo em muacutesica a partir de suas funccedilotildees sociais Buscaram-se para ISSOfundamentos musicoloacutegicos e socioloacutegicos de modo a obter embasamento paranuma segunda instacircncia elaborar proposta de novos rumos para esses cursos a

partir de uma perspectiva dialeacutetica No que concerne agrave educaccedilatildeo que eacute sem duacutevida um dos elementos essenCiaIS

deste trabalho de vez que se objetivou questionar o ensino em niacutevel superior demuacutesica bem como propor para ele novas diretrizes dois pressupostos foram tambeacutemestabelecidos a partir de contribuiccedilatildeo tomada a Saviani (1988) e a Durmeval

Trigueiro Mendes (198519861987) O primeiro eacute que a educaccedilatildeo assim como a arte interage com a SOCIedade

e eacute por esta determinada numa primeira instacircncia mas tambeacutem nela influindo ou

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seja a educaccedilatildeo se relaciona dialeticamente com a sociedade como elementodeterminado e influenciando por sua vez o determinante

O segundo pressuposto tem iacutentima relaccedilatildeo com o primeiro educaccedilatildeo eacuteinstrumento poliacutetico e embora determinado pela sociedade potencialmente eacuteimportante instrumento no processo de transformaccedilatildeo do homem e da sociedadeOu seja natildeo se considerou a educaccedilatildeo como elemento autoacutenomo da sociedade(mais uma vez cabe o paralelo com a arte e consequentemente com a muacutesica)nem como dependente absoluto das condiccedilotildees sociais vigentes Emborareconhecendo sua condiccedilatildeo de elemento determinado socialmente num primeiromomento enfatizou-se seu potencial como subsdio agrave accedilatildeo transformadora econsequentemente como forccedila poliacutetica

A dimensatildeo filosoacutefica estaacute indiretamente presente sobretudo subjacente agravesconcepccedilotildees de arte de muacutesica e de educaccedilatildeo adotadas Natildeo seraacute poreacutem elaboradono contexto desta pesquisa um pensar de caracteristicas filosoacuteficas apesar dossubsiacutedios colhidos nesse campo do saber

Cabe ainda explicitar que trecircs concepccedilotildees de educaccedilatildeo foram consideradascomo baacutesicas a de Read (1982) que considera a educaccedilatildeo como o cultivo demodos de expressatildeo a de Bittencourt (1962) que considera a educaccedilatildeo comorealizaccedilatildeo de valores e a concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeo tal como Saviani (1988)a descreve voltada para o homem concreto ou seja o homem como siacutentese doconjunto das relaccedilotildees sociais muacuteltiplas e dinacircmicas que o determinam Estauacuteltima concepccedilatildeo enfatiza um aspecto que embora indiretamente presente nasduas outras nesta assume posiccedilatildeo proeminente exigecircncia de articulaccedilatildeo com ocontexto histoacuteriacuteco-concreto

Assim das consideraccedilotildees ateacute aqui apresentadas ressalta a importacircncianesta pesquisa das abordagens fundamentadas nos aspectos sociais tanto no queconcerne ao ensino superior de muacutesica quanto agrave proacutepria muacutesica

No que tange agrave educaccedilatildeo os subsiacutedios foram fartos de vez que haacute umaampla bibliografia dedicada a analisar a educaccedilatildeo a partir de suas relaccedilotildees com asociedade Alguns desses autores e algumas de suas obras podem como exemplosaqui serem citados Durkheim (1967) Bourdieu e Passeron (1975) Freire (1977)Bourdieu (1982) Cunha (1985) Mendes (1985 1986 1987) Saviani (1987 1988)Resumidamente pode-se situar Durkheim como tendo pensado a educaccedilatildeo comoadaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave heterogeneidade do contexto social a partir de uma posturade homogeneidade ideoloacutegica Bourdieu e Passeron ainda numa abordagem sinteacuteticapodem ser situados visualizando a educaccedilatildeo como reprodutora das relaccedilotildees sociaisenfatizando-a como aparelho ideoloacutegico do Estado Cunha Mendes e Saviani alinhamshyse numa postura de abordagem dialeacutetica do homem e de seu mundo histoacutericoshysocial concebendo o fenocircmeno educativo em unidade diaIeacutetica com essa totalidade

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social Estas satildeo apenas algumas abordagens aqui tomadas como exemplo ilustrandoa multiplicidade de estudos dedicados agrave relaccedilatildeo homem-sociedade

A funccedilatildeo social da muacutesica poreacutem natildeo tem sido suficientemente exploradaEstudos haacute sem duacutevida e decerto subsidiaram este trabalho mas natildeo pareceramsuficientes ao que se desejava atingir Fischer (sd) Weber (1984) e Adorno(1975) satildeo alguns dos autores que buscaram relacionar muacutesica e sociedade ereferecircncias a suas abordagens apareceratildeo ao longo deste trabalho

Surgiu assim a necessidade de verificar ao longo da histoacuteria da civilizaccedilatildeoocidental como se desenvolveu a muacutesica do ponto de vista de suas funccedilotildees sociais

Para tal tarefa pareceu uacutetil empregar a classificaccedilatildeo que Alan Merriam(1964) elaborou para as funccedilotildees sociais da muacutesica a partir do estudo comparativode diversas sociedades E a seguir buscar essas funccedilotildees ao longo da histoacuteria damuacutesica traccedilando um painel desse desenvolvimento que permitisse uma melhorcompreensatildeo da trajetoacuteria da muacutesica no Ocidente no que concerne agraves funccedilotildeessociais que ela vem desempenhando Sobretudo buscando compreender a situaccedilatildeoda muacutesica no contexto do seacuteculo XX como integrante de um processo cujas raiacutezesse encontram em periacuteodos anteriores e cujas projeccedilotildees para o futuro certamentejaacute se encontram aiacute semeadas A compreensatildeo do seacuteculo atual segundo esseenfoque pareceu essencial agrave anaacutelise do ensino superior de muacutesica em nossa eacutepoca

Obviamente esse painel natildeo se pretendeu completo acabado ou imune aretoques e revisotildees Aliaacutes por si soacute ele poderia ser tema de uma pesquisamusicoloacutegica Mas objetivo aqui era utilizaacute-lo como fundamento musicoloacutegicopara uma anaacutelise do ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica E nesse sentido preferiu-setrabalhaacute-lo aqui ainda que com as restriccedilotildees feitas para tentar melhor entender oque acontece com a muacutesica hoje e com o ensino de muacutesica

Para melhor ordenaccedilatildeo do assunto tomou-se a Walter Wiora (1961) aclassificaccedilatildeo em periacuteodos da histoacuteria da muacutesica ocidental dividida pelo autor emquatro idades Essa classificaccedilatildeo pareceu particularmente uacutetil por apresentar umcorte da histoacuteria da muacutesica no Ocidente mais propiacutecio agrave compreensatildeo de seusprocessos Aliaacutes na bibliografia consultada foi a uacutenica periodizaccedilatildeo encontradaque diferiu da tradicional (preacute-histoacuteria antiguumlidade oriental antiguumlidade claacutessicaidade meacutedia idade modema idade contemporacircnea) A classificaccedilatildeo de Wioraem termos de muacutesica ocidental (aqui entendida como aquela derivada da tradiccedilatildeoculta europeacuteia) expressa com maior clareza as etapas de sua trajetoacuteria aoclassificaacute-la em quatro idades ao inveacutes dos periacuteodos antes referidos de vez queessas idades satildeo propostas a partir de uma anaacutelise centrada na histoacuteria da proacutepriamuacutesica E sobretudo pareceu bastante significativa para uma melhor compreensatildeoda atual situaccedilatildeo da muacutesica pois afinal eacute a ela que se pretende remeter a anaacutelisedo ensino superior de muacutesica em nossos dias

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Esta etapa do estudo - a revisatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica na histoacuteriada muacutesica ocidental- eacute apresentada no segundo capiacutetulo deste trabalho constituindoum referencial para a caracterizaccedilatildeo feita do atual ensino de graduaccedilatildeo emmuacutesica apresentada no terceiro capitulo

Essa caracterizaccedilatildeo decorreu da identificaccedilatildeo no conteuacutedo dos cursos degraduaccedilatildeo das funccedilotildees sociais por ele contempladas atraveacutes de seu conteuacutedotomando-se como referencial a categorizaccedilatildeo apresentada por Merriam e o painelelaborado anteriormente relativo agrave trajetoacuteria das funccedilotildees sociais da muacutesica noOcidente A partir dessa identificaccedilatildeoJhegou-se no terceiro capiacutetulo agravecaracterizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais exercidas pela mtfsica trabalhada nos cursosde graduaccedilatildeo em muacutesica

A categorizaccedilatildeo de Merriam (1964) utilizada para o painel dodesenvolvimento da muacutesica no Ocidente e para a caracterizaccedilatildeo das funccedilotildeessociais do conteuacutedo dos cursos de graduaccedilatildeo eacute um instrumental funcionalista enesses termos seraacute apreciado no segundo capitulo Sua utilizaccedilatildeo aqui contudonatildeo significou uma restriccedilatildeo deste trabalho agrave oacutetica funcionalista e sim um meiopara atraveacutes dessa anaacutelise preliminar colher subsiacutedios para as etapas finais deinspiraccedilatildeo dialeacutetica Tal procedimento metodoloacutegico encontra respaldo em autorescomo Fernandes (1970) Politzer(7986) e Demo (1990) e seraacute explicitado tambeacutemno terceiro capiacutetulo

Para o trabalho de descriccedilatildeo do ensino superior de muacutesica considerou-seque apesar de pequenas variaccedilotildees e de esforccedilos isolados de alguns professoreso ensino superior de muacutesica tem genericamente caracteriacutesticas semelhantes emtodo o Brasil Os debates sobre o ensino de muacutesica em simpoacutesios congressos eencontros ressaltam essa situaccedilatildeo permitindo tomaacute-la como evidente dispensandoassim comprovaccedilotildees desse fato

~ Os exemplos necessaacuterios agrave caracterizaccedilatildeo do ensino superior de muacutesicaelaborada nesta pesquisa foram tomados aos curriacuteculos e programas da Escola deMusica da U~l Partiu-se da suposiccedilagraveo de que as observaccedilotildees e conclusotildeesneles baseadas poderiam ser na maioria das vezes razoavelmente aplicaacuteveis atodo o paiacutes de vez que essa Escola por ser a mais antiga do Brasil tem fornecidoCom razoaacutevel freqiiecircncia modelos que se tecircm difundido nacionalmente (ressalvadasas variantes acima mencionadas) Considerando o fato de que o propoacutesito dapesquisa nagraveo era anaacutelise de curriacuteculos nem apresentaccedilatildeo de novas propostas decurriacuteculo esse procedimento pareceu aceitaacutevel pois o que se pretendeu na verdadefoi estabelecer um novo questionamento centrado no objeto dos cursos em questatildeo--a muacutesica - a partir de suas funccedilotildees sociais (e natildeo a partir da grade curriculardos meacutetodos de ensino ou das teacutecnicas de adestramento e preparaccedilatildeo dos muacutesicos)de modo a poder esboccedilar diretrizes para novas propostas de inspiraccedilatildeoamp~

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Destina-se este capiacutetulo a rever na literatura especializada as funccedilotildees sociaisque a muacutesica historicamente tem desempenhado O conceito de funccedilatildeo socialda muacutesica adotado neste trabalho eacute o mesmo que Merriam (t964) considera aobuscar a partir dos diversos usos da muacutesica chegar a suas funccedilotildees ou sejaao que a muacutesica~ sociedade humana O autor estabelece assim uma claradiferenccedila entre ~~relativoagrave situaccedilatildeo na qual a muacutesica eacute empregada na accedilatildeohumana - e funccedilatildeo - referente agraves razotildees do uso ou emprego da muacutesica eaos propoacutesitos mais amplos a que esse emprego serve

A fim de ordenar o material recolhido consideraram-se duas classificaccedilotildees- uma relativa agraves grandes fases em que genericamente se pode organizar ahistoacuteria da muacutesica ocidental e outra relativa agrave categorizaccedilatildeo das diversas funccedilotildeessociais passiacuteveis de serem exercidas pela muacutesica r-----

A primeira classificaccedilatildeo acima referida eacute a que Walter Wioraacute apresentaem seu livro Les quatre acircges de la musique (1961) Nessa obra Wiora distinguequatro grandes fases na evoluccedilatildeo da muacutesica ocidental a saber

I) 1 idade - a preacute-histoacuteria e seus prolongamentos entre os povos primitivose na muacutesica popular arcaica de civilizaccedilotildees posteriores

2) 2abull idade - desenvolvimento da muacutesica entre as altas culturas antigas

(Mesopotacircmia Egito Oriente antiguumlidade greco-romana)3) 3a

bull idade - surgimento da muacutesica ocidental ou seja a arte musicalocidental a partir da Alta Idade Meacutedia

4) 4 idade - a idade da teacutecnica e da induacutestria localizada pelo autor noseacuteculo XX

A periodizaccedilatildeo proposta por Wiora conformejaacute referido no primeiro capiacutetuloexpressa com maior clareza que as tradicionalmente adotada~asetapas da trajetoacuteriada musica ocidental aqui entendida como a muacutesica culta derivada da tradiccedilatildeoeuropeacuteia (tambeacutem chamada de muacutesica erudita ou musica seacuteria) Essa periodizaccedilatildeomostrou-se especialmente adequada a este trabalho por possibilitar marcos maissignificativos para a contemporacircnea - na classificaccedilatildeo de Wiora pertencente agraveqUarta idade da muacutesica- cuja compreensatildeo articulada com os fatos e fenocircmenosanteriores da histoacuteria eacute fundamental para este trabalho

Apesar do meacuterito de ser uma periodizaccedilagraveo centrada na trajetoacuteria da proacutepria

mUSIca buscando dar conta de suas peculIandades cabe ressaltar que ela e fundadanuma oacutetica europeacuteia o que contudo nagraveo comprometeu sua utilizaccedilatildeo neste trabalho

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atildeo do ensino de muacutesica pela oacutetica dasChegou-se asSIm a cara~telzaccedil e e o conteuacutedo desses cursos

d la propna mUSIca qufunccedilotildees SOCIaiS exerCI as pe flexa-o sobre os curriculos de

d t b lho remete a uma reA etapa fmal este ra a m E busca propor novas

- d Scursos a que pertence muacutesica que satildeo a obJettvaccedilao o rtlr de uma concepccedilatildeo dialeacutetiea da

erior de mUSIca a padlretnzes para o ensmo sup ~ dade socialmente construiacuteda (quartoeducaccedilatildeo visualizando o CUITlculo como a IVI

capiacutetulo) bases deste trabalho foi a crenccedila no papel da arte da muacutesicaComo uma das d d mais aprimorada sem contudo

- I b accedilatildeo de uma socle a e e da educaccedilao na e a or _ d lmente determinados pela propna

peacuteIS sao pnmor la desconhecer que taIs pa obJetivando contribuir para que

d envolver esta pesqUisasociedade buscou-se es d b ndo agrave Universidade a abertura da

I namente exerCI o ca e esse papel possa ser P e d sica voltado para uma efetlvaquestatildeo e a busca de um ensmo supenor e mu

significaccedilatildeo social

CAPIacuteTULO II

FUNCcedilOtildeES SOCIAIS DA MUacuteSICA-UMA PERSPECTIVA HISTOacuteRICA

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As~ccedilotildees sociaTsaatildem~~ foram classificadas segundo a categorizaccedilagraveopropost~porAllanMerriam (1964) da qualresultam dez categorias principais asaber I)funccedilatildeo da expressatildeo emocional 2) funccedilatildeo do prazer esteacutetico 3) funccedilagraveode divertimento 4-)funccedilatildeo deccedilomunicaccedilatildeo 5)funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica6)funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica 7)funccedilatildeo de impor conformidade agraves norm~ sociais8)fmccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais r~ligiosos9) funccedilatildeo decontribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura 10) funccedilatildeo de contribuiccedilatildeopara a integraccedilatildeo da sociedade I i

Merriam considera muacutesica coacute~o comportamento humano e parte funcional da cultura humana sendo parte integrante de sua totalidade e refletindo aorganizaccedilatildeo da sociedade em que se insere Embora considere que o som musicale o resultado de processos de comportamento humano que satildeo modelados porvalores atitudes e crenccedilas das pessoas de uma cultura particular Merriam buscouatraveacutes da comparaccedilatildeo de diversas sociedades chegar a funccedilotildees sociais da muacutesicapor ele consideradas como universais culturais ou seja encontraacuteveis em todasas culturas

Cabe ainda ressaltar que essas categorias natildeo satildeo exc1udentes (ou sejaum mesmo evento musical pode desempenhar duas ou mais funccedilotildees) e que elastem intensidades diferentes nas diversas sociedades e em momentos histoacutericosdistintos

O autor natildeo considera essas dez categorias como definitivas admitindo queelas possam vir a ser condensadas ou expandidas embora afirme que elas resumemo papel da muacutesica na cultura favorecendo estudos voltados para a compreensatildeoda complexidade do comportamento humano no contexto social e cultural

Merriam reconhece portanto indecisotildees e necessidades de aprofundamentoacerca de diversas categorias A descriccedilatildeo que apresenta delas passa a ser expostade ma~ira resumida

I) Funccedilatildeo de expressatildeo emocional refere-se ao papel da muacutesica comoveiculo para a expressatildeo de ideacuteias e emoccedilotildees natildeo reveladas no discursocomum Seriam expressotildees emocionais extravasaacuteveis atraveacutes da muacutesica aliberaccedilatildeo de ideacuteias e pensamentos natildeo mencionaacuteveis de outro modo oextravasamento de uma grande variedade de emoccedilotildees em correlaccedilatildeo com amuacutesica realizada o desabafo de conflitos sociais e talvez sua resoluccedilatildeo aexplosatildeo da criatividade em si mesma a expressatildeo das hostilidades de umgrupo etc

Alguns exemplos que Merriam apresenta e que se encaixam todos noSgrupos acima mencionados satildeo evocaccedilatildeo de estados de tranquumlilidade nostalgiasentimento relaccedilotildees grupais sentimento religioso solidariedade partidaacuteria epatriotismo liberaccedilatildeo emocional individual (sobretudo ligada ao processo criativo

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em si mesmo) e coletiva excitaccedilatildeo sexual exaltaccedilatildeo do ego (em demonstraccedilatildeode virtuosismo ou em cantos de gloacuteria) estiacutemulo expressatildeo e divisatildeo de emoccedilatildeodiminuiccedilatildeo de frustraccedilotildees (atraveacutes do desabafo) conduzindo ao ajuste ou agrave mudanccedilasocial e em ambos os casos agrave reduccedilatildeo do desequiliacutebrio social e agrave integraccedilatildeo dasocie~e etc

2) Funccedilatildeo de prazer esteacutetico - refere-se agrave esteacutetica tanto do ponto de vistado criador quanto do contemplador Merriam considera que muacutesica e esteacuteticaestatildeo claramente associadas na cultura ocidental assim como em diversas culturasorientais Ele assinala contudo que essa associaccedilatildeo e discutiacutevel nas culturasaacutegrafas sendo tambeacutem problemaacutetico definir exatamente o que eacute uma esteacuteticabem cOffto estabelecer se ela eacute um conceito de cultura

3) Funccedilatildeo de divertimento - segundo Merriam a muacutesica exerce umafunccedilatildeode diversatildeo em todas as sociedades Ele ressalta contudo que deve ser feita umadistinccedilatildeo entre diversatildeo pura (que seria uma caracteriacutestica particular da muacutesicana sociedade ocidental) e diversatildeo combinada com outras funccedilotildees (que seriapreval~ccedilente nas sociedades aacutegrafas)

4) Funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo - refere-se segundo o autor ao fato de que a muacutesicacomunica alguma coisa natildeo estejamos certos quanto ao Qecirc como e para quem

A muacutesica natildeo eacute uma linguagem universal mas sim eacute formada deacordo com a cultura da qual eacute parte () Ela transmite emoccedilatildeo ou algosimilar a emoccedilagraveo para aqueles que compreendem seu idioma O fato de quea muacutesica eacute compartilhada como uma atividade humana por todos os povospode significar que ela comunica uma determinada compreensatildeo simplesmentepor sua existecircncia (Merriam 1964 p223)

Merriam afirma que o som musical natildeo pode ser produzido senatildeo de pessoaspara outras pessoas e embora se possa separar conceitualmente esses dois aspectosum natildeo eacute realmente completo sem o outro o que pressupotildee a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

O autor considera que num niacutevel simples pode-se dizer talvez que a muacutesicacomunica em uma dada comunidade embora se compreenda pouco como essacomunicaccedilatildeo se processa O mais oacutebvio possivelmente eacute que a comunicaccedilatildeo eacuteefctuada atraveacutes da investidura da muacutesica com significados simboacutelicos que satildeotacitamente aceitos pela comunidade

5) Funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica - Merriam assinala que quase natildeo haacuteduacutevida de que a muacutesica funciona em todas as sociedades como uma representaccedilatildeosimboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos

Simbolismo em muacutesica pode ser considerado nestes quatro niacuteveissignificaccedilagraveo ou simbolizaccedilatildeo existente nos textos de canccedilotildees representaccedilatildeosimboacutelica de significados afetivos ou culturais representaccedilatildeo de outroscomportamentos e valores culturais simbolismo profundo de princiacutepios

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universais Eacute evidente que a abordagem que visualiza muacutesica essencialmentecomo simboacutelica de outras coisas e processos eacute proveitosa e pressiona tambeacutema uma espeacutecie de estudo que objetiva compreender a muacutesica natildeo simplesmentecomo uma constelaccedilatildeo de sons mas como comportamento humano (Merriam1964 p258)

Merriam afinnal ainda que muacutesica eacute simboacutelica de muitas maneiras ereflete a_organizaccedilatildeo da sociedade

6) Funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica - Merriam considera discutiacutevel a inclusatildeo destacategoria entre funccedilotildees sociaisu

No entanto o fato de que a muacutesica provoca reaccedilatildeo fisica eacute claramentenotado pelo seu uso na sociedade humana embora as reaccedilotildees possam sermotivadas por convenccedilotildees culturais ( p 224)

Eacute o caso segundo o autor de emoccedilotildees despertadas por detenninadasmuacutesicas ocidentais (emoccedilotildees envolvem sem duacutevida reaccedilatildeo fiacutesica) e que nadaestimulam em indiviacuteduos de outras culturas que natildeo receberam detenninadotreinamento cultural para terem tais emoccedilotildees

Alguns exemplos que ele cita no acircmbito da reaccedilatildeo fiacutesica satildeo a possessatildeo(sem a qual satildeo considerados fmstrados detenninados rituais religiosos) excitaccedilatildeoe canalizaccedilatildeo de comportamento da multidatildeo encorajamento de reaccedilotildees fiacutesicasdo guerreiro e do caccedilador estiacutemulo agrave reaccedilatildeo da danccedila

Merriam considera que a questatildeo relativa a se a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesicaeacute principalmente uma reaccedilatildeo bioloacutegica provavelmente esuperada pelo fato de queela eacute funnada culturalmente

7) Funccedilatildeo de impor conformidade a nonnas sociais - Merriam exemplificaesta funccedilatildeo com canccedilotildees que chamam a atenccedilatildeo para comportamentosconvenientes ou natildeo (canccedilotildees de protesto) e canccedilotildees que instruem os jovensmembros da comunidade sobre os comportamentos proacuteprios e improacutepriacuteos (canccedilotildeesusadas em cerimocircnias de iniciaccedilatildeo) canccedilotildees cujos textos refletem mecanismospsicoloacutegicos individuais e coletivos e atitudes e valores prevalecentes na culturaassim como transmitem mitos lendas e histoacuteria

Merriam considera que a muacutesica e a linguagem exercem influecircncias muacutetuassendo que os textos das canccedilotildees constituem um suporte para uma linguagempennissiva

8) Funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos shyMerriam considera que haacute pouca infonnaccedilatildeo para se saber ateacute onde a muacutesicarealmente valida instituiccedilotildees sociais e rituais religiosos devendo esta funccedilatildeo sermelhor estudada

Apresenta contudo alguns exemplos cabiacuteveis de serem aqui relatadospreservaccedilatildeo da ordem e coordenaccedilatildeo de siacutembolos cerimoniais atraveacutes de canccedilotildees

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(Reichard 1950) transmissatildeo de potecircncia maacutegica atraveacutes de encantamentos pormeio de canccedilotildees (Burrows 1933) desgaste de um conflito ou frustraccedilatildeo de longoprazo atraveacutes de canccedilotildees com versos estabilizadores que sugerem uma soluccedilatildeopennitida segundo os costumes (Freeman 1957) validaccedilatildeo de sistemas religiososcomo no folclore atraveacutes da recitaccedilatildeo do mito e da lenda em canccedilotildees assim comoatrav~muacutesica que expresse preceitos religiosos

9) flunccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura shypara Merriam esta funccedilatildeo seria uma decorrecircncia ou talvez um somatoacuterio dasfunccedilotildees anteriores pois

se a muacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer esteacutetico divertecomunica provoca reaccedilatildeo fisica impotildees conformidade agraves normas sociais evalida instituiccedilotildees sociais e religiosas eacute claro que ela contribui para acontinuidade e estabilidade da cultura (Merriam 1964 p225)

Alguns exemplos seriam a muacutesica como veiacuteculo de histoacuteria mito e lendaapontando para a continuidade da cultura a muacutesica atraveacutes da transmissatildeo deeducaccedilatildeo contribuindo para o controle de membros desviantes da sociedade epara o sublinhamento do que eacute certo o que contribui para a estabilidade da culturaparticipaccedilatildeo da muacutesica na enculturaccedilatildeo de indiviacuteduos instruindo-os sobre o seuambiente natural e sua utilizaccedilatildeo transmitindo a visatildeo de mundo do grupofuncionando como emblema da condiccedilotildees de membro do grupo etc

Merriam considera que o som musical eacute o resultado de processos decomportamento humano que satildeo modelados por valores atitudes e crenccedilas daspessoas de uma cultura particular contribuindo assim para a continuidade eestabilidade dessa cultura

(10 Funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeo da sociedade - Eacute claro que promovendo um ponto de uniatildeo em torno do qual os

membros de uma sociedade se congregam a muacutesica realmente realiza a funccedilatildeode integrar a sociedade (Merriam 1964 p226)

Alguns exemplos que Merriam apresenta satildeo execuccedilotildees da muacutesica de umgmpo contribuindo para a satisfaccedilatildeo de participar de algo familiar e para acerteza de tomar parte de um grupo que compartilha os mesmos valores os mesmosmodos de vida e as mesmas fonnas de arte (Nketia 1958) canccedilotildees de protestosocial permitindo ao indiviacuteduo desabafar e ajustar-se agraves condiccedilotildees ou promovendoa mudanccedila atraveacutes da mobilizaccedilatildeo do sentimento do grupo (Freeman 1957) danccedilascom canccedilotildees de acompanhamento contribuindo em virtude do ritmo e da melodiapara a cooperaccedilatildeo hannoniosa entre os indiviacuteduos para o agir em unidade para ocompartilhamento de um sentimento de prazer (Radcliffe-Brown 1948)

O autor considera ainda que a muacutesica constitui um ponto de uniatildeo emtomo do qual os membros da sociedade se reuacutenem para se dedicarem a atividades

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que requerem cooperaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo do grupo e que embora nem toda muacutesicaseja executada assim haacute em toda sociedade ocasiotildees marcadas pela reuniatildeo daspessoas lembrando-lhes sua unidade

A categorizaccedilatildeo de Merriam como todo instrumento de anaacutelise eacute passiacutevelde limitaccedilotildees como possiacuteveis distorccedilotildees da realidade ou natildeo dar conta da totalidadedo objeto de estudo entre outros Aliaacutes a proacutepria concepccedilatildeo de funccedilatildeo social damuacutesica da forma como Merriam realiza traduz uma abordagem funcionalistaque como tal visualiza a sociedade como fenocircmeno organizacional resultante dainteraccedilatildeo de partes concatenadas o que~ certamente discutiacutevel

As criacuteticas feitas ao funcionalismo de um modo geral se aplicam agravecategorizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica proposta pelo autor

Algumas dessas principais criticas satildeo a seguir apresentadasPrimeiramente o funcionalismo trabalha com uma abordagem sistecircmica

enfatizando a retroalimentaccedilatildeo entre as partes mantenedora do dinamismo derecomposiccedilatildeo de seu equiliacutebrio e ambiecircncia (Demo 1987 pl 09 Kaplan 1975 p90)

Demo (1987 pll0) e Kaplan (1975 p90) assinalam tambeacutem que ofuncionalismo acentua a face consensual e harmoniosa da sociedade voltadapara a coesatildeo social Natildeo trabalha pois com a perspectiva de superaccedilatildeo do sistemabuscando apenas a mudanccedila dentro do sistema (ou seja ressaltando a dinacircmicade manutenccedilatildeo do sistema)

Procurando dar conta da dimensatildeo conflituosa o funcionalismo parte muitasvezes para a concepccedilatildeo de disfunccedilatildeo (Kaplan 1975 p90) O que corrobora asafirmativas anteriores de que o funcionalismo soacute daacute conta da concepccedilatildeo demudanccedila dentro do sistema e natildeo da perspectiva de mudanccedila estrutural

Aleacutem disso segundo Kaplan (1975 p96) o funcionalismo se depara comlimitaccedilotildees loacutegicas sempre que busca teorizar sobre origem ou persistecircncia decertas estruturas e segundo Firth (1955) citado por Kaplan (1975 p98) a anaacutelisefuncional apresenta dificuldade do ponto de vista do observador de ter acesso agravesfunccedilotildees em situaccedilotildees empiricas

Apesardessas limitaccedilotildees a anaacutelise funcional tem seus meacuteritos sobretudo quandose compreende que ela natildeo eacute um fim em si nem pode dar conta de todos os aspectosdo objeto estudado - aliaacutes nenhum meacutetodo cientiacutefico consegue realizar tal proeza

A abertura de perspectiva para a anaacutelise de funccedilotildees sociais certamenteaclara certos aspectos do intrincado complexo de relaccedilotildees sociais emboracertamente natildeo o esgote

Segundo Kaplan (1975 plOl) talvez o maior sucesso da antropologiafuncionaltenha sido apontar as consequumlecircncias natildeo planejadas dos atos culturais(funccedilotildees latentes ou simplesmente funccedilotildees segundo Merriacuteam em contraposiccedilatildeoa usos)

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Aleacutem disso Florestan Fernandes (1970) assinala queuma valorizaccedilatildeo construtiva do uso cientiacutefico do funcionalismo natildeo

impede a adesatildeo de socioacutelogos de vez que os conhecimentos empiacutericos eteoacutericos fornecidos por esse meacutetodo satildeo igualmente uacuteteis e potencialmenteexploraacuteveis sob quaisquer ideologias (pl09)

As afirmativas acima apresentadas relativas aos aspectos positivos da anaacutelisefuncional justificam a escolha do instrumento de Merriacuteam neste trabalho sobretudoporque sendo as funccedilotildees sociais um aspecto ainda pouco estudado da muacutesica foi auacutenica categorizaccedilatildeo encontrada na bibliografia consultada Aleacutem disso ela pareceurealmente uacutetil desde que natildeo transformada em fim para fornecer uma aproximaccedilatildeodo objeto de estudo em questatildeo - a muacutesica numa perspectiva histoacuterica numa primeirainstacircncia e no ensino superior de muacutesica num segundo momento

Certamente as categorias em si tambeacutem podem ser alvo de muitas questotildeesA funccedilatildeo de expressatildeo emocional eacute individual ou social Representaccedilatildeosimboacutelica e comunicaccedilatildeo devem ser categorias separadas Divertimento erealmente atribuiccedilatildeo da arte (haacute autores que a negam em absoluto) Essascategorias satildeo realmente aplicaacuteveis a qualquer cultura em qualquer tempo

Natildeo se pretendeu aqui analisar essas questotildees (e outras pertinentes) emseparado Elas seratildeo na medida do possiacutevel discutidas no decorrer do trabalho quandode sua aplicaccedilatildeo agrave muacutesica ocidental em sua trajetoacuteria e ao ensino superior de muacutesica

Cabe sobretudo enfatizar que a utilizaccedilatildeo dessa categorizaccedilatildeo visouprincipalmente a permitir uma aproximaccedilatildeo do objeto de estudo - a muacutesica - e agravecoleta de subsiacutedios para anaacutelises posteriores fundadas em outras perspectivasmetodoloacutegicas __t~ _

Primeira Idade da_~)A primeira idade da muacutesica segundo a classificaccedilatildeo de Wiora nagraveo nos

legou documentos escritos -literaacuterios ou musicais~ o que limita nosso conhecimentoJ

desse periacuteodoOs documentos baacutesicos dessa fase preacute-histoacuterica sagraveo instrumentos musicais

esculturas e pinturas atraveacutes dos quais podem ser levantadas hipoacuteteses que buscamreconstruir os acontecimentos musicais do periacuteodo Tambeacutem tecircm sido uacuteteis asobservaccedilotildees desenvolvidas em comunidades contemporacircneas aacutegrafas que nospermitem a partir de comparaccedilotildees chegar a algumas conclusotildees importantes sobrea preacute-histoacuteria musical da humanidade

Wiora (1961 p 13) assinala trecircs tipos baacutesicos de fontes utilizaacuteveis na pesquisasobre os primoacuterdios da muacutesica os achados arqueoloacutegicos os vestiacutegios atuaisencontraacuteveis entre os povos primitivos e os mitos

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Merriam (1964) por exemplo assinala que a muacutesica eacute um aspectocotidiano e presente em todos os momentos em sociedades aacutegrafas Istoparece ser uma observaccedilatildeo efetivamente generalizaacutevel agrave preacute-histoacuteria dahumanidade pois nesse sentido convergem todas as evidecircncias apontadasunanimemente pelos autores consultados

Wiora (1961) afirma que as origens da muacutesica remontam a mais de 30000anos tendo a muacutesica sido associada agraves danccedilas cultuais que segundo o autorprovavelmente precederam as artes plaacutesticas

Entre as atividades musicais do periacuteodo Paleoliacutetico anteriores a 10000 acna Europa Wiora cita as danccedilas cultuais - danccedilas miacutemiacutecas com maacutescaras deanimais que aparecem em diversas representaccedilotildees em paredes de grutas Arepresentaccedilatildeo miacutemica associada agrave danccedila eacute segundo o autor muito anteriacuteor agrave suarepresentaccedilatildeo plaacutestica no periacuteodo Paleoliacutetico

Wiora menciona a possibilidade dos feiticeiros desse periacuteodo terem utilizado o poder religioso e encantador da voz

A anaacutelise de mitos atuais entre Pigmeus por exemplo permite segundo oautor identificar algumas representaccedilotildees plaacutesticas do Paleoliacutetico como miacuteticassendo a elas associadas elementos musicais o que leva inuacutemeros estudiosos dapreacute-histoacuteria a considerar que a muacutesica desempenhava nesse periacuteodo um grandepapel na vida cultual

Wiora assinala que o jogo maacutegico e a realidade natildeo estavam claramentediferenciadas e que os instrumentos musicais se mesclavam agraves funccedilotildees miacuteticasdas atividades cultuais de que participavam

Muitos instrumentos deviam servir natildeo somente atilde produccedilatildeo de ruiacutedose de sons mas tambeacutem a outros fins como eacute ainda o caso dos australianosque entrechocam seus bumerangues durante suas danccedilas noturnas e batemsobre suas lanccedilas

Talvez os dardos lanccedilados tivessem um emprego similar nos tempos preacuteshyhistoacutericos diversos exemplares encontrados satildeo tatildeo fraacutegeis e tatildeo ricamentedecorados que parecem ter sido instrumentos rituais e nagraveo annas

Da mesma forma os bastotildees ditos de comando satildeo sobretudo emrazatildeo de sua ornamentaccedilatildeo artiacutestica objetos rituais e natildeo de uso corrente (Wiora 1961 p 20)

O arco preacute-histoacuterico cujo emprego se deu na caccedila e na muacutesica eacute apontadopor Wiora como exemplo de relaccedilatildeo com antigos mitos Apesar da importacircnciados instrumentos musicais e de sua relaccedilatildeo com os cultos Wiora assinala a prioridadeda voz e da escuta o que pode talvez ser comprovado a partir da inexistecircncia deinstrumentos entre alguns povos primitivos Voz ou instrumento o autor destaca

contudo que todos os povos cantam com intervalos diferenciados e quea definiccedilatildeodesses sons por cada povo eacute muito antiga jaacute existindo provavelmenteI10 ~(lleoliacutetico

Baseados sobre essas relaccedilotildees [intervalares ] compreensiacuteveis semteoilanotaccedilatildeo ou instrumentos os sistemas bitocircnico tritocircnico tetratocircnico e pentatocircnicose fonnaram provavelmente jaacute no Paleoliacutetico (p 24)

As relaccedilotildees intervalares e os tipos meloacutedicos delas decorrentes eramsegundo Wiora respeitadas como costumes Os povos primitivos ainda segundo oautor conheciam a tonalidade e as funccedilotildees tonais (ambos os tennos tomados numsentido mais amplo) assim como as fonnas elementares de polifonia

No periacuteodo Neoliacutetico a muacutesica adquiriu um novo sentido e novasformas (p 28) Surgiram os primeiros costumes campestres associados aoscantos e desde entatildeo a existecircncia humana ganhou uma estrutura modelada pelociclo das estaccedilotildees segundo o ano agriacutecola

As danccedilas cultuais como as danccedilas mortuaacuterias destinadas a evocar afertilidade satildeo nesse periacuteodo importantes atividades associadas agrave muacutesica

Wiora base~~do-se e~ Schneider ~ssinala que uma grande ~osinstrumentos de musIca pnmItlvos era estreItamente aparentada aos(ClfiiiiacuteSzllOs eservia antes de tudo agraves manifestaccedilotildees maacutegicas e sonoras da vontade de accedilatildeoSignos traccedilados sobre instrumentos e ateacute mesmo muitos utensiacutelios eramsimultaneamente ornamentos e siacutembolos

Outro fato d01lteacuteocircIacuteiacuteti~0 mencionado por Wiora satildeo as construccedilotildeesmegaliacuteticas destinadas ao culto dos ancestrais e onde se processavam danccedilascultuais e cerimoniais A disposiccedilatildeo de pedras em ciacuterculo nessas construccedilotildeesteria segundo o autor relaccedilatildeo com a posiccedilatildeo dos astros pennitindo supor a ligaccedilatildeoda muacutesica com especulaccedilotildees sobre o cosmos

Ainda no periacuteodo Neoliacutetico Wiora aponta a celebraccedilatildeo cantada dos heroacuteis eoutros gecircneros de cantos eacutepicos Desses cantos heroacuteicos primitivos derivariamposteriormente epopeacuteias escritas como a Iliacuteada

Instrumentos musicais a partir da descoberta do uso de metais passaram aser com eles confeccionados adquirindo uma nova caracteriacutestica comosiacutembolos do poder e da habilidade artiacutestica ( p 33) Muda a sonoridade e aclareza do som a cujo brilho correspondiam segundo Wiora a roupagem e oequipamento do guerreiro assim como o ritmo e o melodismo da muacutesica

Cantos heroacuteicos casamentos banquetes lamentos fuacutenebres eram assimacompanhados Instrumentos metaacutelicos de sopro eram utilizados para afugentar operigo ou o mal para chamar a comunidade para o culto ou estimular guerreirospara o combate O poder maacutegico da muacutesica era entatildeo grandemente consideradotal como atestam reminiscecircncias em antigos contos e lendas

T7

Wiora assinala a importacircncia da muacutesica em comunidades primitivas preshyhistoacutericas ou atuais A muacutesica original estava ligada agrave vida da comunidadenatildeo__ordf_Jf1ll__ gr1JP() e~JfEifi~qmen(~flJysecticJ mas a ambientaccedilatildeo geral porexemplo de toda uma aldeia (p 37)

A importacircncia da execuccedilatildeo da muacutesica a partir dos tipos e modelos meloacutedicose das maneiras de cantar levava a que a comunidade controlasse tais execuccedilotildeesmantendo-as dentro de certos limites jaacute que da muacutesica dependia sua sorte Issopermitiu que tais modelos e praacuteticas pudessem ser longamente conservados

A muacutesica tomava parte bem mais que posteriormente nas realidadesprimordiais da existecircncia Segundo Herder ela envolvia os objetos reais osatos os acontecimentos todo um mundo animado Ela participava dos trabalhosda guerra da cura dos julgamentos - do que se fazia diretamente durante aexecuccedilatildeo desses atos ou durante sua preparaccedilatildeo e seus acompanhamentosrituais por exemplo o encantamento da caccedila (Wiora 1961 p 39)

Wiora observa que a essecircncia da muacutesica favoreceu seu uso para efeitosmaacutegicos os quais envolviam entre outros aspectos o encantamento esteacutetico

A eficaacutecia psiacutequica eacute tambeacutem ressaltada pelo autor como sendo celebradadesde os mitos da antiguumlidade Relaciona-se a esse aspecto o estado de ecircxtaseobtido com auxiacutelio da muacutesica em rituais de magia

A muacutesica era tambeacutem utilizada segundo Wiora para atingir o domiacutenio psiacutequicoe corporal bem como para movimentar as forccedilas fundamentais do mundo Serviatambeacutem agrave nec~ssidade de aJienaccedilatildeo de se transformar em qualquer demoacuteniode se evadir de se transportar luis estranhos reinos imaginaacuterios do mundodas almas (p 40)

Ao lado da muacutesica maacutegica e religiosa Wiora assinala a existecircncia entre ospovos primitivos de uma muacutesica profana e alegre como ainda hoje pode serobservada entre Esquimoacutes ou Piacutegmeus

Referindo-se aos primoacuterdios da muacutesica Candeacute (1981) afirmaNas origens a muacutesica natildeo era senatildeo uma atividade muscular (membros)

laringe) adaptada agraves condiccedilotildees da luta pela vida De diversas maneirasseu desenvolvimento seguiu o das sociedades humanas Durante muito tempose manteve como uma prolongaccedilatildeo um suporte uma exaltaccedilatildeo da accedilatildeoUnida agrave magia a religiatildeo agrave eacutetica agrave terapecircutica agrave politica ao jogo aoprazer tambeacutem constitui um dos aspectos fundamentais das antigascivilizaccedilotildees Sua transmissatildeo estaraacute assegurada de geraccedilatildeo em geraccedilatildeopela imitaccedilatildeo logo pelo ensino sistemaacutetico (p 17)

E Candeacute assinala em outra passagem o caraacuteter imitativo da muacutesicatransmitida tal como a pantomima por tradiccedilatildeo oral As regras fundamentais queregiam a muacutesica da 1 idade eram profundamente assimiladas pelo grupo que

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sobre elas criava e improvisava tal como ateacutehoje se observa em sociedades aacutegrafasA notaccedilatildeo musical nada tem a ver com essa realizaccedilatildeo musical calcada em foacutermulastradicionais sobre as quais se desenvolve a muacutesicafNas sociedades primitivasa muacutesica eacute um ato comunitaacuterio Natildeo haacute puacuteblico natildeo haacute autor natildeo haacute obraos assistentes satildeo quase todos participantes (p29)J

Dentro de regras precisas o grupo exercita a variaccedilatildeo musical As regras4ainda segundo Candeacute relacionam~~se agraves circunstacircncias da vida social quecondicionam por exemplo a seleccedilatildeo de instrumentos o modo de execuccedilatildeo aadoccedilatildeo de ritmos caracteriacutesticos

Eacute preciso ainda referir ao que Candeacute apresenta quanto ao periacuteodo neoliacuteticopertencente tambeacutem agrave 1 idade

A associaccedilatildeo da voz ao gesto do canto aos instrumentos e oestabelecimento de sistemas transmissiacuteveis permitiram agrave expressatildeo sonoraperder seu caraacuteter individual e exercer uma forccedila de enfeiticcedilamento favoraacutevelaos rituais ou agraves atividades coletivas (p 50)-- -

O caraacuteter coletivista e o entrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo e a magiaeacute uma conclusatildeo tambeacutem unacircnime dos diversos autores consultados quanto a esseperiacuteodo

Schurmann (1989) situa a origem de manifestaccedilotildees classificaacuteveis comomusicais no periacuteodo plistocecircnico anterior ao paleoliacutetico e classifica comoessencialmente comunicativas as primeiras manifestaccedilotildees Posteriormente aleacutemda funccedilatildeo comunicativa passariam a funcionar como instrumentos detrabalhos maacutegicos mais diretamente inscritos portanto na categoria dasforccedilas produtivas (p 19)

Nettl citado por Schurmann (1989) destaca entre as funccedilotildees da muacutesicaprimitiva a religiosa e a maacutegica esta uacuteltima mais antiga que a primeira assim comonas manifestaccedilotildees pictoacutericas desse periacuteodo Tal como em relaccedilatildeo agrave pintura eacutepossiacutevel formular a hipoacutetese de que a muacutesica tenha sido tatildeo naturalista quantoaquela e que com uma determinada manifestaccedilatildeo sonora imitando porexemplo o relinchar de um cavalo selvagem o homem julgasse apossar-senelO apenas do relinchar mas tambeacutem do proacuteprio cavalo (p 20)

Schumann acrescenta para o periacuteodo neoliacutetico o surgimento de um caraacutetereminentemente simboacutelico para a arte diferentemente do periacuteodo anterior em quepredominava o caraacuteter de representaccedilatildeo ou de reproduccedilatildeo isto eacute abandonashyse o naturalismo acima referido do periacuteodo paleoliacutetico

O animismo eacute assinalado por Schurmann (1985 p25) como uma novaconquista da fase da barbaacuterie contraacuteria agrave concepccedilatildeo anterior proacutepria do estadoselvagem quando o homem se julgava capaz de atuar por meios maacutegicosdiretamente sobre a natureza Na praacutetica animista as magiacuteas da fase anterior (do

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estado selvagem) foram sendo substituiacutedas por sortileacutegios e conjuraccedilotildees atraveacutesdos quais o homem buscava seduzir os espiacuteritos para que o ajudassem solucionandoproblemas surgidos no trabalho e contribuindo para a progressiva conquista dedomiacutenio sobre a natureza

( ) era importante o papel desempenhado pelas praacuteticas musicaisagraves quais se atribuiam grandes poderes relevantes sobretudo em se tratandotanto de convocar os espiritos como de assegurar as condiccedilotildees necessaacuteriaspara a preservaccedilatildeo das estruturas sociais (Schurmann 1989 p 26)

Segundo Schurmann devem ter sido muitas as manifestaccedilotildees musicais dabarbaacuterie ligadas a rituais de conjuraccedilatildeo de espiacuteritos e segundo ele praacuteticascomunicativas desta muacutesica ritual soacute podem ser inseridas na categoria decomunicaccedilatildeo social na medida em que se admita que os seres espirituais aos quaiselas de dirigiam fossem considerados membros efetivos da comunidade social

Schurmann nega agrave muacutesica da barbaacuterie a caracterizaccedilatildeo de linguagem musicaluma vez que os elementos musicais envolvidos carecem inteiramente dequalquer articulaccedilatildeo agrave semelhanccedila dos atos elocutoacuterios (p 27) Assinalacontudo que nessa fase talvez tenham existido textos cantados ou declamadossob a forma de melodias cantadas desempenhando papel importante na praacutetica decontar estoacuterias atraveacutes das quais se mantinham vivos os valores eacuteticosindispensaacuteveis para a estrutura social

Nettl citado por Schurmannobserva que na grande maioria das tribos primitivas ainda existentes

o contador de estoacuterias intercala canccedilotildees na sua narrativa e os ouvintespassam a cantar junto com ele Este haacutebito leva frequumlentemente a um tipo demanifestaccedilatildeo musical qualificaacutevel conuxecircal1oresponsorial por meio doqual se acaba por garantir a participaccedilatildeo ativa de todos os membros dacomunidade (Schurmann p 27)

O mesmo autor ainda citado por Schurmann assinala o desenvolvimento decantos ou poetas-muacutesicos ambulantes (bardos escaldos e rapsodos) que louvavamem suas declamaccedilotildees musicais a memoacuteria de deuses e heroacuteis narrando feitosnotaacuteveis e exaltando a bravura a lealdade o espirito aventureiro e a coragemdando origem a uma grande variedade de mitos e lendas e tambeacutem a poemaseacutepicos posteriores como a Odisseacuteia

Schurmann assinala tambeacutem a evoluccedilatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica nafase da barbaacuterie perdendo sua vinculaccedilatildeo imediata com as forccedilas produtivas eaproximando-se gradativamente de outra categoria de relaccedilotildees sociais quefrequumlentementejaacute natildeo faziam parte das relaccedilotildees de produccedilatildeo A proacutepria narraccedilatildeode estoacuterias aliaacutes jaacute natildeo se destinava ao trabalho necessaacuterio agrave produccedilatildeo de meiosde subsistecircncia O mesmo se aplica a diversas outras atividades como as de caraacuteter

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luacutedico que frequumlentemente envolviam procedimentos musicais e quedesempenhavam papel social natildeo ligado agrave produccedilatildeo mas agrave integraccedilatildeo social e aotreinamento de habilidades de observaccedilatildeo e domiacutenio do meio ambiente

Embora o autor consiacutedere que natildeo se encontra na barbaacuterie qualquermanifestaccedilatildeo que possa ser identificada como linguagem musical ele nega queessa muacutesica fosse apenas incipiente fruto de uma espontaneidade ingecircnua

Muito pelo contraacuterio as pesquisas etnomusicoloacutegicas mais aprofundadasem abordando por exemplo as praacuteticas musicais na cultura indigena brasileiramostram que elas obedecem agrave uma organizaccedilatildeo surpreendentemente complexabaseada em tradiccedilotildees seculares dando a entender que absolutamente natildeo seriapossivel explicaacute-Ias no acircmbito teoacuterico de uma suposta imaturidade cultural (Schurmann p29)

Schurmann assinala tambeacutem que a cultura indiacutegena desenvolveu umaconsciecircncia dos atos de ouvir e de ver relacionando-os aos atos de entender econhecer o que evidenciaria que

as praacuteticas musicais nunca poderiam reduzir-se a meras manifestaccedilotildeesespontacircneas mas teriam que seguir por um complexo caminho onde seviabilizasse o ato de comunicar socialmente a compreensatildeo de toda umaideologia que se encontra na base da estrutura gentilica (Schurmann p 30)

Sobre a muacutesica da 1a Idade Menuhin afirma que a muacutesica eacute a nossamais antiga forma de expressatildeo mais antiga do que a linguagem ou qualquer outraforma de arte comeccedilando com a voz e com a nossa necessidade preponderantede nos darmos aos outros Referindo-se ainda agrave preacute-histoacuteria da humanidadeMenuhin relaciona caccedila e muacutesica Do ritual da caccedila surgia a muacutesica o arcopodia produzir uma vibraccedilatildeo meliflua Um ponto de vista amplamente ~

defendido eacute de que o arco e flecha satildeo ancestrais do violino (p5)Um exemplo de associaccedilatildeo entre caccedila muacutesica e ritual aparece na referecircncia

que Abraham (1986 p17) faz a um desenho gravado em uma gruta magdaleniensedatado de 13500 Ac que apresenta uma tlgura metade bisatildeo metade homem queJode ser interpretada como um caccedilador disfarccedilado parecendo tomar parte em ummiddot1ma Sobre ele haacute um arco desenhado e os musicoacutelogos divergem sobre se seriauma f1auta ou um arco musical associando esse instrumento a rituais de magia

A muacutesica eacute para Menuhin relacionada a rituais desde os seus primoacuterdios shynascimento morte colheita etc Posterionnente com o desenvolvimento gradativoda agricultura e da construccedilatildeo de abrigo a muacutesica passou a associar-se ao trabalho

Outra referecircncia importante que o autor faz eacute a associaccedilatildeo entre canto efala durante muito tempo na preacute-histoacuteria da humanidade Menuhin observa queem certas partes do mundo onde subsistem linguagens antigas (China Vietnatildealgumas partes da Aacutefrica) a inflexatildeo da fala e a da muacutesica permanecem

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inseparaacuteveis embora natildeo idecircnticas Apesar poreacutem da intriacutenseca relaccedilatildeo dasduas em tempos remotos Menuhin assinala que haacute provas antropoloacutegicas de queo canto surgiu antes da fala

A especializaccedilatildeo de tarefas eacute tambeacutem aludida por Menuhin que tambeacutemrefere-se a uma especializaccedilatildeo do muacutesico Em muitas sociedades todosparticipavam da muacutesica e nesses grupos o muacutesico semi-profissional erararo Gradualmente o muacutesico passou a ser valorizado e recebeuresponsabilidades cada vez maiores porque ele era capaz de arrebatar aspessoas (p 8)

A elaboraccedilatildeo de instrumentos musicais eacute tambeacutem situada por Menuhin napreacute-histoacuteria sendo que os vestiacutegios mais antigos foram encontrados na Sibeacuteria edatam de cerca de trinta e cinco mil anos atraacutes Esses instrumentos os mais antigosateacute entatildeo encontrados indicam a existecircncia de um aprimorado sistema dededilhar e por extensatildeo de uma escala musical - indicam pois a existecircnciade melodias primitivas muito antes da uacuteltima grande Era Glacial (Menuhinp8)

As flautas remontam segundo Menuhin agrave Idade da Pedra - sejam de argilamoldada e submetida agrave queima seja de ossos de galhos de casca de aacutervore debambu etc A flauta de Patilde por exemplo parece remontar ao final da Idade daPedra e eacute encontrada ainda hoje em diversos povos

Ressaltando mais uma vez a importacircncia da observaccedilatildeo dos fatos musicaisem sociedades contemporacircneas de contextos soacutecio-econacircmicos diversos do mundodito civilizado cabe citar JJ de Moraes (1983)

Mas voltemos aos Suiaacute O que eles fazem em termos musicais hojenatildeo eacute arcaico natural ou simples Como nos ensinou o etnomusicoacutelogoAnthony Seeger pensamos erradamente que sua muacutesica eacute primitiva imitaccedilatildeodireta dos sons da natureza e pobre do ponto de vista de sua organizaccedilatildeo apenas porque natildeo a compreendemos ( p85)

Citando ainda Seeger JJ de Moraes prossegueA muacutesica tem enorme importacircncia na vida tradicional das sociedades

indiacutegenas ( ) Para essas sociedades a muacutesica eacute parte fundamental da vidanatildeo simplesmente uma de suas opccedilotildees O que noacutes relegamos a um segundoplano como optativo ou lazer ocupa um lugar mais central na percepccedilatildeodos gupos formador da experiecircncia social parte integral das atividades desubsistecircncia garantia da continuidade social e cosmoloacutegica ( p 86)

Moraes enfatiza ainda com relaccedilatildeo ao exemplo referido a importacircncia queadquirem as significaccedilotildees especiais do canto seja ele gritado ou sussurrado a importacircnciada voz um de seus uacutenicos instrumentos e do chocalho este gerador da pulsaccedilatildeo quese cola agravecadecircncia dos textos cantados a importacircncia dos timbres muito mais importantespara esses povos que aquilo que chamamos de afinaccedilatildeo a importacircncia do ritmo

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Esses e muitos outros exemplos que nos satildeo oferecidos pela etnomusicologiaconstituem junto com os achados arqueoloacutegicos o material baacutesico para a reflexatildeosobre a musica da 1 idade

A explanaccedilatildeo ateacute aqui desenvolvida baseada em exemplos relativos agrave Iidade da muacutesica extraiacutedos da literatura especializada merece aqui uma ordenaccedilatildeoconforme foi proposta no iniacutecio deste capiacutetulo com base na categorizaccedilatildeoestabelecida por Merriam para as funccedilotildees sociais da muacutesica A quais das categoriasde Merriam os autores se referem ainda que indiretamente quando remetem agraveI idade da muacutesica

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

As referecircncias aqui apresentadas agrave muacutesica da I idade parecem deixarclaro a evidclIcia desta funccedilatildeo - a de expressatildeo emocional embora Candeacute citadoao iniacutecio deste capiacutetulo afirme Nas origens a muacutesica natildeo era senatildeo umaatividade muscular ( ) adaptada agraves condiccedilotildees de luta pela vida (p17)

Schurmann (1989) poreacutem tambeacutem citado anteriormente classifica comoessencialmente comunicativas as primeiras manifestaccedilotildees musicais o que divergedo ponto de vista apresentado por Candeacute

Menuhin (1981) refere-se agrave existecircncia de instrumentos musicais comotambores e flautas muito antes da uacuteltima Era Glacial e admite a possibilidade deespeculaccedilotildees sobre rituais sacros e profanos A utilizaccedilatildeo de muacutesica em rituaisparece sugerir a funccedilatildeo de expressatildeo emocional

Embora sobre a origem da muacutesica haja divergecircncias quanto agrave ocorrecircncia dafunccedilatildeo de expressatildeo emocional todos os autores apontam para ela no decorrer daI idade bastando a tiacutetulo de exemplo citar Menuhin (1981) quando afirma quea muacutesica ea nossa mais antiga forma expressatildeo () comeccedilando com a voze com a nossa necessidade preponderante de nos darmos aos outros ( pl)

Merriam apresenta ao analisar a funccedilatildeo de expressatildeo emocional diversosexemplos entre grupos indiacutegenas e outros atuais em que seria pertinente assinalaresta funccedilatildeo Eacute o caso dos iacutendios Flathead que o autor cita que manteacutem tradiccedilotildeesde canccedilotildees e danccedilas cuja ocasiatildeo real de suas execuccedilotildees haacute muito jaacute natildeo existeA muacutesica e a danccedila serviriam nesse caso segundo Merriam como expressatildeode liberaccedilatildeo emocional da cultura essencialmente hostil que cerca esses iacutendiospermitindo-lhes extravasar assim a hostilidade que sentem

Wiora (1961) refere-se agrave expressatildeo emocional ao abordar as origens damuacutesica

As especulaccedilotildees sobre a origem da muacutesica guardam seu valor natildeotanto como conhecimentos mas como estimulantes para a pesquisa O

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-

grito a expressatildeo de um sentimento a linguagem o apelo foram certamentefatores tanto quanto o instinto sexual o gosto pelo jogo e outros impulsos (p12)

As referecircncias de Wiora agraves ligaccedilotildees da muacutesica com a danccedila e os cultoscom a magia e com a dominaccedilatildeo psicoloacutegica parecem tambeacutem permitir relacionara muacutesica da I a idade agrave funccedilatildeo de expressatildeo emocional A proacutepria diferenciaccedilatildeoque Wiora apresenta na muacutesica dos primitivos entre muacutesica sacra e muacutesica profanae alegre pode servir como evidecircncia da presenccedila da funccedilatildeo aqui considerada

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

A questatildeo da esteacutetica presente ou natildeo na muacutesica da Ia idade natildeo eacuteexplicitada pelos autores consultados e considerada discutiacutevel por Merriam (1964)nas culturas aacutegrafas Apenas Wiora (1961) faz uma referencia mais di reta aomencionar entre os papeacuteis que a muacutesica desempenha no Neoliacutetico o encantamentoesteacutetico embora natildeo o esclareccedila mais detalhadamente (p30)

A seleccedilatildeo dos sons que constituem o universo musical de cada comunidadepode pressupor as influecircncias ambientais mas pode tambeacutem apontar na direccedilatildeode uma escolha derivada do gosto ou do prazer esteacutetico

Parece prudente deixar em aberto a questatildeo da funccedilatildeo do prazer esteacuteticona primeira idade da muacutesica mas natildeo parece pertinente excluiacute-Ia

Funccedilatildeo de Divertimento

o caraacuteter luacutedico da muacutesica na 1 idade eacute referido por Schurmann (1989)fazendo o autor referecircncia agrave associaccedilatildeo a outras finalidades Note-se aindaque na barbaacuterie a muacutesica quase nunca se apresenta como uma atividadeexclusivamente musical mas apenas como um dos ingredientes de modos decomunicaccedilatildeo mais complexos (p 28)

Ainda quanto ao aspecto luacutedico o mesmo autor afinna que 170 caso dasnarrativas o que se qualifica como linguumlistico natildeo eacute a muacutesica mas o textoverbal enquanto no caso dos jogos a muacutesica apenas participava de umdeterminado modo de comunicaccedilatildeo luacutedico (p29)

Assim Schurmann (1989) refere-se ao caraacuteter luacutedico - que pode serrelacionado agrave funccedilatildeo de entretenimento - como funccedilatildeo combinada coincidindocom a abordagem de Merriam jaacute referida que distingue divertimento puro(caracteriacutestica particular da sociedade ocidental) e diversatildeo combinada com outrasfunccedilotildees prevalecente nas sociedades aacutegrafas

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Candeacute (1981) e Menuhin (1981) natildeo fazem referecircncia especiacutefica agrave funccedilatildeode entretenimento na Ia idade

Blacking (1980) apresenta o exemplo a seguir Eu observei um processosimilar em Zacircmbia em 1961 Entre os Nsengas da regiatildeo de Petauke os

jovens meninos tocam pequenas kalimba mbiras para se distrair quandoeles estagraveo soacutes caminhando ou sentados (p20)

O grupo observado por Blacking assim como o exemplo acima descritopermite que se levante a hipoacutetese de praacuteticas semelhantes na la idade da muacutesicapermitindo que se admita a possibilidade do uso da muacutesica com funccedilatildeo deentretenimento puro em determinadas circunstacircncias

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

Certamente haacute uma grande polecircmica entre os autores no que se refere aopapel de comunicaccedilatildeo da muacutesica Simplificadamente podemos dizer que haacute osque consideram que a muacutesica eacute uma linguagem embora comunique emoccedilotildees enatildeo conceitos e haacute os que consideram que a muacutesica natildeo eacute linguagem uma vez quenatildeo transmite significados conceituais

Procurando deixar de lado neste momento a divergecircncia sobre se muacutesica eacuteou natildeo linguagem poderiacuteamos admitir simplesmente tal como Merriam fez queela comunica alguma coisa talvez emoccedilotildees ou sentimentOSE nesse sentido afunccedilatildeo de comunicaccedilatildeo poderia ser considerada presente na I a idade da muacutesica

Exemplos nesse sentido podem ser encontrados em diversos autoresMonod citado por Candeacute (1981) refere-se ao Paleoliacutetico afirmando A

muacutesica nasceu quando combinaccedilotildees criadoras associaccedilotildees novas realizadasno indiviacuteduo puderam transmitidas a outros deixar de morrer nele (p46) A referecircncia ao transmitir a outros indiviacuteduos permite correlaccedilatildeo coma funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Tambeacutem Menuhin (1981) refere-se agrave comunicaccedilatildeo entre os povos igwiquando afimm que a muacutesica une a famiacutelia e a tribo (p 4) O mesmo autorreferindo-se agrave gradativa valorizaccedilatildeo do muacutesico em comunidades preacute-histoacutericasmenciona que esse muacutesico era capaz de arrebatar as pessoas o que pressupotildeeuma accedilatildeo comunicativa (p 8)

Blacking (1980) descrevendo os estudos que desenvolveu sobre a muacutesicados Vendas na Aacutefrica refere-se implicitamente agrave funccedilatildeo comunicativa ao afirmarOs Vendas me ensinaram que a muacutesica natildeo pode jamais ser uma coisa emsi e que toda muacutesica eacute muacutesica popular no sentido de que a muacutesica nagraveopode ser transmitida ou ter significado sem que haja associaccedilotildees entre os

fndividuoslt (p8)middot -(

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Ao referir-se agrave transmissatildeo de significados (sejam eles quais forem) e aassociaccedilotildees entre indiviacuteduos Blacking permite pressupor a muacutesica atuando como

linguagem e exercendo a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

Candeacute (1981) talvez nos ofereccedila um exemplo desta funccedilatildeo quandoapresentando etapas hipoteacuteticas que representem oS primeiros estaacutegios de evoluccedilatildeoda muacutesica afirma ao descrever a 43

bull etapa Fabricaccedilatildeo de objetos sonorosmelhor diferenciados mas eficazes capazes de expressatildeo artiacutestica e de imitaccedilatildeode roiacutedos da Natureza Esta imitaccedilatildeo pode ter um caraacuteter maacutegico (p 48)

Embora o autor natildeo elabore uma anaacutelise mais detalhada do exemplo acimaeacute cabiacutevel a interpretaccedilatildeo de que a imitaccedilatildeo de ruiacutedos da Natureza possivelment~com caraacuteter maacutegico tenha a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica tal como fOI

identificada por MerriamWiora (1961) tambeacutem apresenta referecircncia agrave muacutesica preacute-histoacuterica no acircmbito

da representaccedilatildeo simboacutelica Eles danccedilam vestidos de maacutescaras de animaisdesenham sobre as paredes rochosas ou em tambores chamacircnicos imagensde encantamento atiram o arco sobre elas segundo o rito e dirigemcerimocircnias cultuais como a de iniciaccedilatildeo (p17)

A muacutesica associada a esses rituais como os de iniciaccedilatildeo parece ter nasdescriccedilotildees de Wiora relacatildeo com a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica A mesmainterpretaccedilatildeo eacute passivei analisando o texto do autor de ser aplicada aos instrumentosmusicais da preacute-histoacuteria como o arco musical que aparece em inscriccedilatildeo rupestre

tocado por um feiticeiro (p20)Tambeacutem Schurmann (1989) em exemplo anteriormente apresentado refere-

se agrave imitaccedilatildeo do relincho do cavalo no contexto de uma manifestaccedilatildeo sonora qualificaacutevelde musical tendo a funccedilatildeo de possibilitar ao homem apossar-se do proacuteprio cavalo Ecabiacutevel tambeacutem aqui interpretar a imitaccedilatildeo do relincho como a sua manifestaccedilatildeosimboacutelica e como tal admiti-la pertinente agrave funccedilatildeo social em questatildeo

O exemplo acima refere-se ao periacuteodo que Schurmann (1989) caracterizacomo estado selvagem o mais antigo da histoacuteria do homem Para o autor eacute noperiacuteodo seguinte o da barbaacuterie que o caraacuteter simboacutelico iraacute efetivamente se

instalar natildeo soacute na muacutesica mas na arte em geral

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

Alguns exemplos citados por Merriam parecem apontar para a funccedilatildeo dereaccedilatildeo fisica na 1a idade da muacutesica como a possessatildeo desencadeada pelo menos

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em parte pela muacutesica funcionando numa situaccedilatildeo total Sem a possessatildeo certoscerimoniais religiosos em certas culturas satildeo considerados frustrados

Wiora tambeacutem faz referecircncia ao estado extaacutetico obtido atraveacutes da muacutesicao que permite citaacute-lo no contexto da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica

Outro exemplo citado por Merriam eacute o da muacutesica excitando e canalizando ocomportamento de uma multidatildeo Outros exemplos ainda seriam o deencorajamento de re_accedilotildees fisicas do guerreiro ou do caccedilador ou ainda o de estiacutemuloagrave reaccedilatildeo fisica dad~

Embora Merriam reconheccedila que esta categoria conteacutem principalmente umcomponente bioloacutegico ele considera que tal componente eacute superado pelo fato deque a reaccedilatildeo bioloacutegica eacute condicionada culturalmente

Menuhin (1981) referindo-se agrave gradativa responsabilidade que o muacutesicopassa a receber em eacutepocas remotas oferece-nos um exemplo pertinente agrave funccedilatildeode reaccedilatildeo fisica Com seu auxiacutelio [do muacutesico] a muacutesica lhes deu forccedila devontade e coragem para fazer guerra defender a propriedade expressaralegria ou lamentar suas perdas (p 8)

Tambeacutem Candeacute referindo-se a uma origem comum do canto da danccedila e dafala (que soacute se iriam diferenccedilar nitidamente a partir de 9 000 ac no periacuteodoNeoliacutetico) permite-nos identificar a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica no que diz respeito agravedanccedila

Wiora (1961) ao referir-se agrave muacutesica utilizada como estimulo para osguerreiros ao combater pode ser citado aqui no que se refere agrave funccedilatildeo da reaccedilatildeofiacutesica embora se possa questionar sobre ateacute que ponto a incitaccedilatildeo ao combate eacutefiacutesica ou psicoloacutegica (o que pode ser solucionado retomando-se a consideraccedilatildeoanterior de Merrian sobre o condic~ento cultural agraves reaccedilotildees bioloacutegicas)

A participaccedilatildeo da muacutesica na cura conforme citaccedilatildeo jaacute apresentada de Wioratambeacutem pode ser cogitada no acircmbito da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

B1acking (1980) apresenta-nos um outro exemplo A muacutesica Venda eacutefundada natildeo sobre a melodia mas sobre uma agitaccedilatildeo riacutetmica do corpointeiro do qual o canto natildeo eacute senatildeo uma extensatildeo particulaJ (p36)

A referencia acima agrave musica dos Vendas povo africano que nos podeservir de base para reflex()~s sobre a 13

bull idade da muacutesica aponta para uma muacutesicaque se manifesta no corpo inieiro evidenciando assim a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisicaque buscamos exemplificar

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

As referecircncias de Wiora (1961) agraves cerimocircnias de iniciaccedilatildeo e a outros rituaisno periodo Neoliacutetico nos quais a muacutesica desempenha papel essencial parecem

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permitir a identificaccedilatildeo na primeira idade da muacutesica da funccedilatildeo de impor

conformidade a normas sociaisTambeacutem os cantos heroacuteicos primitivosjaacute referidos anteriormente com base

no mesmo autor podem ser interpretados como exemplos da funccedilatildeo aquiconsiderada O mesmo se aplica aos cantos de louvor sobre eventos aos quaisa muacutesica estaria mesclada por exemplo um casamento franco um banqueteentre os hunos um lamento fuacutenebre entre os godos (p34)

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Reichard citado por Merriam (1964) apresenta um exemplo desta funccedilatildeo

ao referir-se aos Navaho a primeira funccedilatildeo da canccedilatildeo eacute preservar a ordemcoordenar os siacutembolos cerimoniais (p2 2 4 ) Burrows tambeacutem citadopor Merriam comenta que uma das funccedilotildees das canccedilotildees entre os Tuametos eacutetransmitir potecircncia maacutegica atraveacutes dos encantamentos (p224) Essesexemplos parecem permitir transposiccedilotildees agrave primeira idade da muacutesica e agrave validaccedilatildeo

de instituiccedilotildees e rituaisos sistemas religiosos satildeo validados como no folclore atraveacutes da

recitaccedilatildeo do mito e da lenda em canccedilotildees assim como atraveacutes da muacutesica queexpresse preceitos religiosos As instituiccedilotildees sociais satildeo validadas atraveacutes decanccedilotildees que enfatizam o que eacute conveniente e o que natildeo eacute conveniente nasociedade assim como as que dizem agraves pessoas o que se deve fazer e como se

deve fazer (Merriam 1964 p224)Menuhin (1981) apresenta-nos uma outra referecircncia agrave relaccedilatildeo entre a muacutesica

e as instituiccedilotildees sociais nos primoacuterdios da evoluccedilatildeo musical Cada ritual de queparticipamos requer sua proacutepria muacutesica nascimento casamento mortesemeadura colheita ( ) Sem duacutevida nossa primeira muacutesica dedicava-se agrave

consagraccedilatildeo de tais eventos (p5)Alguns exemplos apresentados por Wiorajaacute citados anteriormente como a

participaccedilatildeo da muacutesica em rituais de casamento satildeo passiacuteveis de inclusatildeo na

funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Seeger citado por Morais (1983) em exemplo jaacute citado paacuteginas atraacutes

refere-se ao abordar a muacutesica indiacutegena ao papel que ela desempenha como

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gar~nt~a da conti~uidade sociale cosmoloacutegica (p 86) o que permitereferencIa a esta funccedilao na pnmeIra Idade da muacutesica

Wiora (1961) a_o mencio~ar o controle da comunidade sobre a preservaccedilatildeodas normas de execuccedilao da mUSIca uma vez que de tais cuidados dependia a sortedo grupo ~ar~ce tambeacutem oferecer-nos exemplo pertinente agrave funccedilatildeo de contribuirpara a contmUIdade e estabilidade da cultura

~participaccedilatildeoda muacutesi~aem antigos mitos e lendas transmitidos por tradiccedilatildeooral e Ja apresentados antenormente segundo Wiora tambeacutem se relacionariam agravefunccedilatildeo aqui considerada O mesmo pode ser dito em relaccedilatildeo agrave muacutesica utilizadanos rituais de iniciaccedilatildeo jaacute referidos pelo mesmo autor

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

_ Nketia c~ta~9~or Merriam (1964) entre diversos exemplos referentes agravefunccedilao~e contnbUIccedilao para a mtegraccedilatildeo da sociedade relata o seguiacutente

Pa~a os Yoruba em Accra as execuccedilotildees da muacutesica Yoruba ( ) trazemtanto a satisfaccedilatildeo de participar de algo familiar quanto a certeza de se tomarp~rte de um grupo que compartilha os mesmos valores os mesmos modos deVIda um grupo que manteacutem as mesmas formas de arte A muacutesica assim trazuma renovaccedilatildeo da solidariedade tribal ( p226)

O~tro exemplo interessante quanto agrave integraccedilatildeo social nos apresentadopor Memam (1964)

As observaccedilotildees de Freeman (1957) a respeito das canccedilotildees folcloacutericas~av~lanas sugerem que as canccedilotildees de protesto social podem permitir aol~dllduo desbafar e assim ajustar-se agraves condiccedilotildees sociais tais como elassao ou elas podem alcanccedilar uma mudanccedila social atraveacutes da mobilizaccedilatildeodo sentlme~to do grupo Nos dois casos estes versos funcionam para reduziro desequllzbrlO soczal e para integrar a sociedade ( p 226)

Aos dOIS exemplos acima transcritos Merriam acrescenta outrosdecorre~t~s da obs~rvaccedilatildeo de sociedades contemporacircneals que por sua~caract~nstlcaspermItem levantar hipoacuteteses e generalizaccedilotildees relativas agrave muacutesicada 1 Idade

s Candeacute (1981 ) a~r~senta tambeacutem uma referecircncia a respeito da integraccedilatildeo daoCI~dadeatraes da mUSIca quando analIsa a evoluccedilatildeo histoacuterica dos comportamentosm~sI~~IS coletlvos afirmando que a muacutesica eacute um ato comunitaacuterio nas sociedadespnmItIvas natildeo haendo separaccedilatildeo entre autor puacuteblico e obra (p29)

h Em Menu~m (1981) ~ma referecircncia ao papel do muacutesico em periacuteodos preacuteshyIstoncos tambem remete a mtegraccedilatildeo social

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Gradualmente o musICO passou a ser valorizado e recebeuresponsabilidades cada vez maiores porque ele era capaz de arrebatar aspessoas falando por elas como em conjunto elas falavam com ele Com seuauxiacutelio a muacutesica lhes deu forccedila de vontade e coragem para fazer guerradefender a propriedade expressar alegria ou lamentar suas perdas (p8)

Blacking (1980) tambeacutem apresenta uma observaccedilatildeo pertinente agrave integraccedilatildeosocial quando em citaccedilatildeo apresentada anteriormente afirma que toda muacutesica eacutepopular ou seja soacute pode ser transmitida e compreendida se houver associaccedilotildees

entre os indiviacuteduos (p18)Referindo-se aos Vendas Blacking (1980) tambeacutem afirma Vivendo

com os Vendas comecei a compreender ateacute que ponto a muacutesica pode tornarshyse parte integrante do desenvolvimento do espiacuterito do corpo e de relaccedilotildees

sociais harmoniosas ( p9)Os exemplos acima obtidos de Blacking referem-se a sociedades

contemporacircneas cujas estruturas soacutecio-econoacutemicas e culturais parecem permitir

transposiccedilotildees agrave 1a idade da muacutesicaResumindo o levantamento feito das funccedilotildees sociais da muacutesica na 1a idade

segundo classificaccedilotildees de Merriam e Wiora cumpre assinalar que as dez funccedilotildeesda categorizaccedilatildeo puderam ser identificadas nos exemplos contidos na literaturarevista apesar das limitaccedilotildees ao conhecimento dessa fase permitindo supor umintenso papel social desempenhado pela tpuacutesica nQs_primoacuterdios de sua histoacuteria

_____ ~_~ __--_ ~_ _-1 ~t ~~lt--~ _

I~Se~unda Idad~d~~~~~~JPassando a examinar a 2a bull idade da muacutesica segundo Wiora aquela que se

situa no contexto das antigas civilizaccedilotildees (Mesopotacircmia Egito Greacutecia OrienteAntiguumlidade Greco-Romana) observamos que a aproximaccedilatildeo no tempo traz maioresfacilidades ao exame deste periacuteodo tendo em vista que eacute nele que a escrita comeccedilaa desabrochar o que nos permite acesso a textos (inclusive tratados teoacutericosmusicais em alguns casos como China e Greacutecia) que nos possibilitam uma

compreensatildeo um pouco mais claraMenuhin (1981) referindo-se a essa fase afirmaDe acordo com descobertas recentes no Oriente Proacuteximo os primeiros

siacutembolos da palavra escrita comeccedilaram a aparecer haacute mais ou menos dez milanos principalmente para facilitar o comeacutercio A escrita ajudou a separar amuacutesica da fala As palavras escritas na argila ou no papiro podiam transmitirrapidamente mensagens simples ao passo que a muacutesica estava vinculada agrave

expressatildeo de sentimentos complexos (p6)

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Wiora estabelece para a segunda idade uma divisatildeo em trecircs periacuteodos oprimeiro envolvendo as altas culturas arcaicas o segundo comeccedilando com onascimento da teoria musical e com uma concepccedilatildeo filosoacutefica da muacutesica naGreacutecia e na China o terceiro compreendendo a sobrevivecircncia da Antiguumlidade noOriente e o desenvolvimento posterior da muacutesica nas culturas superiacuteores dessaparte do mundo

1) O primeiro desses periacuteodos assinala segundo Wiora (1961) umamodificaccedilatildeo importante em relaccedilatildeo agrave priacutemeira fase a cultura estava centrada noculto e eacute assim que a muacutesica assume suas novas funccedilotildees A civilizaccedilatildeo sumerianaestava concentrada sobre a religiatildeo mais que nenhuma outra posteriormentee a muacutesica desempenhava um tal papel na vida religiosa que se estima combase nas fontes disponiveis que a muacutesica profana natildeo existia (p44)

Menuhin (1981) afirma que a muacutesica associava-se aos misteacuteriossagrados uma coisa dando status agrave outra( e que alguns dos instrumentosdessa eacutepoca subsistiram apenas porque foram enterrados com outros pertencesno tuacutemulo dos governantes onde podiam ajudar a abrir o caminho para oceacuteu ( plS)

Wiora (1961) refere-se a numerosas esculturas sumerianas reunidas porAndreacute Parrot que atestam a religiosidade daquela civilizaccedilatildeo agrave qual estava associadaessa forma primordial de uma muacutesica eclesiaacutestica que lhe dava seu sentido e seucaraacuteter O mesmo autor acredita que bases sumerianas subsistam nas Igrejasmiddotcristatildes e em algumas outras - Uma relaccedilatildeo profunda ntre a construccedilatildeo dos templos e a muacutesica dos templose assI~alada por Wiora (1961) no periacuteodo sumeriano sobrevivendo em templospostenores Aleacutem disso ele menciona uma forte relaccedilatildeo entre os hinos e preces cantadose um determinado instrumento e um estilo musical correspondente A muacutesicaparticipavadas procissotildees do culto aos mortos dos acontecimentos especiais como por exemplodos ritos de proteccedilatildeo contra os maus efeitos de um eclipse lunar (p46)

Menuhin (1981) referindo-se aos instrumentos musicais assinala esserela~lOnamento dos instrumentos propriedades maacutegicas na segunda idade damUSIca e assinala tambeacutem que a partir da eacutepoca do Impeacuterio Romano houveuma tendecircncia gradativa a despojaacute-los dessas funccedilotildees (plS)

Haacute exemplos entre os sumerianos de muacutesica natildeo cultual que segundoWlOra satildeo atestados por ilustraccedilotildees posteriores uma entre elas representaum combate de boxe acompanhado de tambores e cimbalos (p47)

Representaccedilotildees de animais muacutesicos tambeacutem satildeo apontados por Wiora napnrneIra metade do terceiro milecircnio - os temas poderiam ser tomados a mitos ou arelatos conhecidos (essa tradiccedilatildeo deixou heranccedilas na Europa) Os instrumentosmesoptacircmicos tambeacutem foram transmitidos em sua maioria agrave Europa atraveacutesda Antlguumlidade mediterracircnea

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Aula
Nota
1309 Gabi

Alem da relaccedilatildeo assinalada anteriormente entre instrumentos hinos oupreces e estilos musicais Wiora menciona relaccedilatildeo entre gecircneros poeacuteticos doculto sumeriano e instrumentos Eacute provavelmente um dos progressos dasprimeiras civilizaccedilotildees superiores que o canto seja adaptado a uminstrumento e que este uacuteltimo se junte agrave voz ( p 48)

Sumerianos e egiacutepcios ainda segundo Wiora foram os primeiros adesen~olver uma profissatildeo musical organizada e representada em imagens de tiposoriginais de muacutesicos~ Os muacutesicos por sua participaccedilatildeo nos cultos tinham statusequivalente aos pad~es e muacutesicos e muacutesicas eram enterrados em tumbas reais

Menuhin (1981) referindo-se ao Egito e agrave Ameacuterica acrescenta que a muacutesicaera usada em louvor aos liacutederes remontando a essa eacutepoca a realizaccedilatildeo deprocissotildees reais com instrumentos musicais Aleacutem disso o autor refere-setambeacutem agrave associaccedilatildeo da muacutesica ao trabalho

Os Assiacuterios que dominaram a Mesopotacircmia entre 1250 e 612aproximadamente tiveram segundo Wiora uma civilizaccedilatildeo calcada na sumerianaembora mais secularizada (p50)

Candeacute (1981) referindo-se aos sumerianos assinala a referecircncia em textosdo 2deg milecircnio Ac a ladainhas cantadas e referindo-se aos assiacuterios afirma quea funccedilatildeo social da muacutesica se fez entre eles cada vez mais importante sendosiacutembolo de poder de respeito de vitoacuteria Honra-se aos muacutesicos mais que aossaacutebios imediatamente depois dos reis e dos deuses e nas matanccedilas que seseguem agraves conquistas os assirios perdoam sempre aos muacutesicos ( ) (p57)

A muacutesica do Egito antigo eacute tambeacutem segundo Wiora bastante semelhante agravesumeriana inclusive no que se refere ao aspecto cultural

Candeacute (1981) referindo-se ao Impeacuterio Antigo no Egito afirma ( ) umrelevo mural nos mostra cantores um harpista um tocador de flauta largaque evocam uma muacutesica doce e refinada com funccedilatildeo mais domeacutestica quereligiosa (p59)

Quanto ao Novo Impeacuterio (1554 a 1080 ac) Candeacute refere-se a umamuacutesica mais viva e forte com funccedilatildeo ritual religiosa e militar

Os egiacutepcios tambeacutem segundo algumas teorias praticaram a muacutesicamundana de maneira viva e dinacircmica Mas toda a ecircnfase estava na muacutesica decunho religioso

Wiora cita tambeacutem a muacutesica como regalo auditivo fazendo parteintegrante nos banquetes como atestam inscriccedilotildees e representaccedilotildees Siacutembolo deprazer e de boa vida o banquete eacute oferecido aos mortos em seguida agrave mortebanquetes acompanhados de muacutesica satildeo representados nos tuacutemulos (p53)

Tambeacutem como acompanhamento ao trabalho a muacutesica eacute citada por Wioraentre os egiacutepcios seja atraveacutes de canto de instrumentos de ruiacutedos riacutetmicos

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Eacute contudo na muacutesica da corte ainda segundo o mesmo autor que amuacutesica e o muacutesico tecircm maior prestiacutegio Ateacute mesmo no que se refere agraverepresentaccedilatildeo dos sons com as matildeos - a quironomia - os egiacutepcios se referem a elaaludindo natildeo aos cantos comuns dos lavradores ou negros mas somente aocanto aristocraacutetico que eacute ao mesmo tempo ullla arte de dirigir e umanotaccedilagraveo por gestos (p56)

Candeacute (1981) contudo refere-se a uma possiacutevel situaccedilatildeo subalterna entreos muacutesicos egiacutepcios Os textos raramente o mencionam e a iconografiacostuma representaacute-los enrodilhados diante de seus amos ou vestidos comoos escravos (p 61)

E Wiora acrescenta outras informaccedilotildees sobre a muacutesica dessa fase Aolado do serviccedilo divino e da muacutesica da Corte conservavam-se foacutermulasencantatoacuterias de exorciSIllO de muacutesica maacutegica e terapecircutica (p62)

Entre os egiacutepcios assim como entre os sumerianos Wiora menciona aocolTecircncia de representaccedilotildees de animais muacutesicos cuja significaccedilatildeo eacute controversa

mas sem nenhuma duacutevida elas tecircm por base velhas histoacuterias muitoconhecidas tendo dado lugar tambeacutem a representaccedilotildees mimicas nessesanimais muacutesicos de antigas culturas superiores sobreviviam motivos derivadosde ritos e de jogos mascarados da era preacute-histoacuterica (p62)

Sumerianos e egipcios segundo o mesmo autor tambeacutem utilizaram a muacutesicaem eventos como festejos da fecundidade da natureza tal como na preacute-histoacuteriadiferindo desta fase por uma maior independecircncia da natureza (compare-se porexemplo caverna e templo)

A inexistecircncia de notaccedilatildeo musical nas altas culturas parece certa poissomente mais tarde entre Feniacutecios e Gregos encontram-se os primeiros vestiacutegiosde notaccedilatildeo passando-se a objetivar os sons por notas (Wiora 1961 p65) Passospara essa objetivaccedilatildeo segundo Wiora satildeo sem duacutevida a praacutetica da quironomiano Eg~to ao transpor os sons para gestos das matildeos e braccedilos e a possiacutevel praacuteticada antIga Mesopotacircmia de designar os sons por siacutelabas

Wiora tambeacutem registra o emprego de relaccedilotildees numeacutericas - talvez extrashymusicais cosmoloacutegicas - na muacutesica das altas culturas Exemplos como amctrificaccedilatildeo de cantos de encantaccedilatildeo sumerianos ou a contagem de intervalosmusicais c de acordes podem ser apontados segundo ele

2) O segundo periodo da segunda idade da muacutesica segundo Wiora comeccedilaCOI~ o nascimento da teoria musical e de uma concepccedilagraveo filosoacutefica da muacutesica na-IChIna e na Greacutecia J

Poucos fragmentos musicais restaram da Antiguumlidade Greco-Romana epouco nos permitem conhecer da muacutesica desse periacuteodo Contudo assinala Wiora

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a arte musical era uma parte essencial da vida cultural grega constata-sepelo alto apreccedilo de que ela desfrutava em relaccedilatildeo agraves outras artes (p72)

Candeacute (1981) referindo-se agrave civilizaccedilatildeo greco-latina afirmaFoi na Greacutecia onde pela primeira vez a~onsciecircncia musical

apareceram a ambiccedilatildeo de criar e o gosto de escutar Durante mileacutenios amuacutesica viveu a eficaacutecia religiosa maacutegica terapecircutica militar se dirigia aosdeuses e aos reis aos poderes visiacuteveis e invisiacuteveis Entre os gregos se converteem arte em uma maneira de ser e de pensar revela sua beleza ao primeiro

puacuteblico socialmente consciente (p68)Ser mousikos significava para os gregos ser muacutesico e ser culto e se

considerava como mais digno do que dedicar-se agraves artes plaacutesticas Menuhin(1981 p 35 ) referindo-se a essa alta estima que a Greacutecia atribuiacutea agrave muacutesicaafirma que o proacuteprio termo para designar um homem educado e distinto queria

dizer homem musicalWiora assinala que os gregos fundaram as primeiras bases do conhecimento

obrigatoacuterio e geral da muacutesica pela linguagem e pela escrita sua teoria e suafilosofia _ A arte dos sons eacute universalmente conhecida pelo nome gregomuacutesica ( p 72) Cabe contudo relativizar a afirmativa do autor pois sabe-sehoje que haacute sociedades que natildeo tecircm uma palavra especiacutefica para designar um

evento puramente musical tal como noacutes o fazemosSegundo Wiora (1961) a palavra muacutesica teve sua origem na religiatildeo grega

sendo a uacutenica arte cujo nome deriva de uma divindade Os mitos ligam as divindadesagrave muacutesica a sua--manifestaccedilotildees seus instrumentos seus modos etc

Menuhin ( 1981) afirma que para os gregos a muacutesica era interligadacom a ideacuteia das nove Musas fontes de inspiraccedilatildeo para todas as artes (p37)Ainda agrave mesma paacutegina o autor assinala que a proacutepria palavra muacutesica vem dagrega Ilusiki significando todas as artes das nove musas

Candeacute (1981) aponta para o fato de que sendo a muacutesica derivada do ensinodas Musas requer uma instruccedilatildeo que natildeo pode ser puramente esteacutetica seconverte em disciplina escolQ em objeto de maestria da medida de valores

eacuteticos eacute uma sabedoria ( p 72)Wiora (1961) aponta tambeacutem para os diversos efeitos do canto entre os gregos

O canto culivava aos gregos nos festins nos sacrificios nos jogos puacuteblicosnos campos de batalha e nos alegres banquetes O canto os acompanhava aoreino dos mortos e adoccedilava os terrores dos Infernos (p 72)

Menuhin (1981) referindo-se a danccedilas que ainda hoje sobrevivem na Greacuteciaafirma que em muitas vilas o terreiro de debulhar o aloni eacute o uacutenico lugar grande e planopara a danccedila comunal e sugere que essas danccedilas atuais derivam de danccedilas comunaiscom dois mil anos de idade ou mais que eram associadas agrave pratica da debulha

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Outro aspe~to que ~iora ressalta na muacutesica grega eacute a eacutetica musical que se~tremeav~ a motIvos mltlcos e filosoacuteficos Platatildeo procurava conservar o sensoetIc da mUSIca e renovaacute-lo rejeitava com base nesse senso eacutetico o que fossenocIvo para o homem e para a moralidade da sociedade

Cand~ (1981) afirma que para os pitagoacutericos a muacutesica eacute umarepresentaccedilao da harmonia universal sendo seu conhecimento necessaacuterio

porque _~~uc~ a ~lma (p 18) Candeacute f~z ta~beacutem referecircncia agraves propriedades queos gregos atnbUla~ a ~uslca - edUCaCIOnaIS morais e politi_cas bem como aos pengos de seu usomdevIdo-

M~uhin (198 i)-~fi-~a que a perfeiccedilatildeo da Cidade-Estado seguiu de matildeosd~d~s ~om uma educaccedilatilde~ musical dirigida considerada essencial para um povodlsclplznado O papel prinCIpal da muacutesica na Greacutecia era formar o caraacuteter

C_ande (198 ~) tambeacutem faz referecircncia ao papel da muacutesica na educaccedilatildeo e naf~rmaccedil~o ~o c~rater bem como na distraccedilatildeo do povo e na celebraccedilatildeo deCIrcunstanCIaS t~lstes ou alegre~

Damon cItado por Cande lt21981) abordando aspectos tambem focalizadospor Platatildeo e Aristoacuteteles afirma que

A arte eacute imitaccedilatildeo e a alma imita por sua vez os simulacros da arteMas na muacute~ica os modelos natildeo satildeo objetos mas ideacuteias accedilotildees e a ordemdas cOIsas E passivei pois imitar tanto o bem como o mal eacute um perigo parao Estado que deve cuidar da qualidade da educaccedilatildeo( p 75)

Schurmann (1989) aborda a situaccedilatildeo cultural da Greacutecia enfatizando tratarshyse de ul ~istema que se assenta num tipo inteiramente novo de relaccedilotildees deproduccedilao p34) Segundo o autor a consolidaccedilatildeo dessas novas relaccedilotildees jaacute natildeocorrespondIa aos mtere~ses de toda a comunidade e a garantia dos privileacutegios daclasse dmmante passana a depender da seguranccedila civil que soacute o Estado poderiaproporcIOnar

~ntre os meios de que o Estado lanccedilaria matildeo estariam a repressatildeo e apersuasao esta de ordem ideoloacutegica envolvendo a dominaccedilatildeo cultural que atingiriaa arte em geral e a muacutesica

Assinl se explica o fato de que o inicio da civilizaccedilatildeo europeacuteia a~artll- ~as CIdades-Estado da Antiguumlidade Grega a cultura oficial do estadoera ~lgl~a~lente regulamentada e imposta a todos os cidadatildeos ficando todatendencla 1I10vadora () sujeita a uma severa marginalizaccedilatildeo (Schurmann1989 p35) ~

Schurmann assinala acisatildeo ocorrida nesse periacuteodo entre classe dominanteacutee c~asses populares agraves quais correspondiam culturas diferentes e muacutesicas diferentesA etIca musical grega refletia diretamente a necessidade de predomiacutenio da primeirasobre as demais

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Wiora (1961) identifica entre os gregos a origem da Musicologia e daocorrecircncia pela primeira vez na evoluccedilatildeo da muacutesica de textos que tratamespecificamente de sua teoria O aspecto matemaacutetico deste conhecimento(teoacuterico) foi traccedilado pelos Pitagoacutericos e tem suas raiacutezes na antiga miacutesticapitagoacuterica dos nuacutemeros ( ) Pitaacutegoras havia ele mesmo se apoiada nas

tradiccedilotildees mesopotacircmicas e egipcias (p 77) A~pectos musicais matemaacuteticos e miacutesticos se interligavam e a fraternidade

religios~ fundad~por Piacutetaacutegoras buscava atingir segundo Wiora a purificaccedilatildeo daalma pela via monaacutestica e pela muacutesica esperando escapar ao ciclo de migraccedilatildeo daalma pela iniciaccedilatildeo aos misteacuterios dos nuacutemeros eternos e da harmonia coacutesmica

Candeacute (1981) apresenta referecircncias agrave concepccedilatildeo pitagoacuterica de boa muacutesicacom base em relaccedilotildees matemaacuteticas O mesmo autor afirma que Aristoacutetelesacrescenta agraves especificaccedilotildees eacuteticas da muacutesica ( que por sua vez relacionam-se aconcepccedilotildees matemaacuteticas) a doutrina da Katharsis Trata-se de um meacutetodopsicoteraacutepico por analogia em que a muacutesica excita na alma enfermasentimentos violentos que provocam uma espeacutecie de crise que favorecem oretorno ao estado normal (Aristoacuteteles Poliacutetica VIII 7)

Wiora (1961) menciona o nascimento da notaccedilatildeo musical entre os gregos ea relaciona ao espiacuterito objetivo reforccedilado por eles no conjunto da cultura musical

Apesar do surgimento da notaccedilatildeo e da ritmografia serem frequumlentementecitadas como mateacuterias de exame os gregos mantiveram segundo Wiora umaseparaccedilatildeo entre teoria e notaccedilatildeo - os escritos teoacutericos natildeo continham exemplosmusicais Tambeacutem a tradiccedilatildeo da transmissatildeo oral da muacutesica natildeo foi abandonadapor eles em consequumlecircncia do desenvolvimento da notaccedilatildeo fato que tambeacutem eacute

assinalado por Menuhim (1981)( Depois de absorvida pelo impeacuterio romano a muacutesica grega daacute origem segundo

Wiora (1961) a uma nova cultura musical aparecendo em teatros circosdistraccedilotildees e danccedilas - a esta passagem da muacutesica agraves massas correspondiaum gecircnero de muacutesica que se distanciava das massas (p86)

As elites _classes superiores e grupos esoteacutericos -fecharam-se segundo omesmo autor em si mesmas e dedicaram-se a praacuteticas musicais saudosistas

fantaacutesticas idiacutelicas ou de especulaccedilatildeo metamusicalA tendecircncia a opor a muacutesica racional e divina agrave popular agravequela que

deleita a massa vulgar eacute contudo segundo Wiora uma experiecircncia de acircmbitorestrito O autor cita depoimentos da eacutepoca que repudiam a muacutesica enquantodisciplina matemaacutetica Contudo pela influecircncia histoacuterica que essa muacutesica exerceuposteriormente ela se toma muito importante atraveacutes de seus escritos pois a

muacutesica viva se perdeu

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Menuhin (1981) assinala que quando Roma derrotou a Greacutecia copiou-lhe am~s~ca J~ntam~nte com a arquitetura e a escultura mas que a importacircncia damUSica ~l1111nUIU muit~ porque Roma orientava-se para a palavra a lei e aespada (p40) DepOIs da queda da civilizaccedilatildeo romana uma nova forccedila culturalcomeccedilou a emergir no Ocidente -a Igreja Cristatilde

o~traveacutes dos romanos que dominaram os gregos a muacutesica grega veio aconst~tUlr a base da muacutesica cristatilde primitiva associada a praacuteticas musicais e religiosasdos Judeus que por sua vez herdaram caracteriacutesticas d0s diversos lugares queatravessaram e ocuparam em sua conturbada histoacuteria

Candeacute (1981) referindo-se agrave civilizaccedilatildeo Greco-Romana afirma A partirda conquista Romana e sobretudo desde o advento do Cristianismo a muacutesicajaacute natildeo se destina ao povo a natildeo ser para sua edificaccedilatildeo ou sauacuted Duranteseacuteculos a muacutesica saacutebia seraacute patrimocircnio-aflreja e dos po_deres (p22)

O mesmo autor afirma que na obra da maior parte dos autores a muacutesicaaparece como elemento de luxo ou recreaccedilatildeo entre os romanos natildeo estando realmenteintegrada agrave c~ltura sendo ~ue a profissatildeo de muacutesico natildeo tem nenhum prestiacutegio

o Cande (1981) assmala uma gradativa separaccedilatildeo entre muacutesicos ativos eassIstentes executan~e~ - criadores e ouvintes no periacuteodo que abrange a maiorparte das grandes cIvlhzaccedilotildees da antiguumlidade e os primeiros seacuteculos da EraCrist~ em~oraa m~sica permaneccedila nesse periacuteodo sempre como uma manifestaccedilatildeocoletlva i N penodo de decadecircncia da civilizaccedilatildeo grega essa tendecircncia deseparaccedilatildeo eacute mtensa e a muacutesica se converte em arte de especialistas I

Candeacute considera tambeacutem que a especializaccedilatildeo favoreceu atildedecadecircnciada muacutesica nesse periacuteodo e citando Wiora refere-se agrave existecircncia entre os romanosde uma ~~sica faacutecil para uso do povo - havia nessa fase uma niacutetida separaccedilatilde~entre mUSIca popular e muacutesica culta

o 3) O terceiro periacuteodo da segunda idade da muacutesica corresponde segundoWIOra (1961) agrave sobrevivecircncia da Antiguumlidade no Oriente e o desenvolvimentopos~eri~r da muacutesica nas culturas orientais superiores Segundo o autor em todas~sc1V1h~accedile~~rientais distinguem-se quatro fases sucessivas 1a) derivaccedilatildeo daslalzes pre~hIstoncas (por exemplo a heranccedila megaliacutetica na China) 2a

) modificaccedilatildeodessas raIzes pelas culturas arcaicas superiores formadas por volta de 3000aoC 3) influecircncias (sobre o Oriente) da Antiguumlidade grega e do Cristianismo4) desenvolv~mento proacutep~io ~e cada uma das civilizaccedilotildees orientais sobre a triacuteplic~~eranccedila descnta nas 3 pnmeIras fases com intenso relacionamento muacutetuo eInfluecircncias reciacuteprocas

Apesar de em linhas gerais a muacutesica oriental apresentar caracteriacutesticasunIformes Wiora enfatiza a existecircncia de diversidades ( ) do ponto de vistaSocioloacutegico as diversas especulaccedilotildees ou interpretaccedilotildees simboacutelicas natildeo

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refletem absolutamente a concepccedilatildeo musical de conjunto de um povo mascorresponde a uma elite intelectual ou a uma classe particular (p 104)

Wiora assinala aleacutem das diversidades de concepccedilotildees o sentIdo vanadoque o termo muacutesica tinha na Iacutendia na China tal ~omo na Greacutecia - na antiga

literatura ele compreendia tambeacutem a danccedila a poesIaietcO autor ilustra essas diversidades com exemplos variados como o da relaccedilatildeo

entre muacutesica e determinismo astroloacutegico e cosmoloacutegico sem nenhuma duacutevidaa euforia que a muacutesica proporciona repousa em grande pa~te na nossaprofunda dependecircncia dos periodos e ritmos do mundo extenor e de seus

movimentos automaacuteticos (p1 04)Candeacute (1981) faz referecircncia referindo-se agraves Antigas Civilizaccedilotildees Orientais

agrave crenccedila metafisica na correspondecircncia da muacutesica com a ordem do mundo e ao

caraacuteter maacutegico do somMenuhin (1981) referindo-se agrave antiga China afirma que os instrumentos que

produziam muacutesica sob a conduccedilatildeo humana eram considerados como um elocom o divino e o eterno Afirma ainda que tais objetos tinham que ser preservadosprincipalmente peIa importacircncia que se dava ao culto do ancestral poi(possldr uminstrumento verdadeiramente antigo era como possuir um pedaccedilo da alma d-um antepassado tocando com outros dedos onde os dele havi~m tocado (p 1SU

Outros exemplos de Wiora reportam agraves concepccedilotildees ligadas ao aspecto

dinacircmico e irracional da m~~ica~o mundo Assim na metafiacutesisa-Wpdu a muacutesica eacute~ com a forccedila ongmal Impessoal denommada porltSC~~R-~n~somo

vontadebase comum de toda germinaccedilatildeo de todo poder de todo deseJo OBhrama dos Vedas tambeacutem se relaciona a essa forccedila fundamental e sempre

atuante significando originalmente canto foacutermula cantada verboWiora e Candeacute referem-se tambeacutem agrave concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica que se

desenvolveu sobretudo na antiga Chiacutena A esse respeito Tchocian- Tseacute citado

por Wiora se pergunta o que eacute uma alma nobre Eacute aquela que se conforma aos princiacutepios da hlllllanzdade realzzando

boas accedilotildees que segue as regras da justiccedila respeita os bons haacutebitos na su~conduta exprime pela muacutesica o sentido de harmonia e consequumlentemente e

bom e compadecido ( p lOS)Menuhin (1981) a respeito da concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica afirma Tanto a

Greacutecia como a China equiparavam muacutesica com moralidade es~a er~ um ~imb~lopara o bem do homem Confuacuteciacuteo por volta do ano 500 AC disse O cmmiddotater e aespinha dorsal da cultura humana A muacutesica eacute o floresciacutemento d~ caraacutete~ (p ~ O~)

Ainda a esse respeito Menuhin afirma que para os chmeses a musicaera uma ferramenta para governar os coraccedilotildees das pessoas e que diziameles se houvesse muacutesica no lar haveria afeiccedilatildeo entre pai e filho e se houvesse

48

muacutesica e~ puacuteblico haveria harmonia entre as pessoas Le Ly Kim poetachmes do VII seculo ac citado por Menuhin escreveu A virtude eacute nossaflor predileta A muacutesica eacute o perfume dessa flor

Referindo-se aos judeus Candeacute (1981) relaciona menccedilotildees biacuteblicas agrave muacutesicaentre eles aparecendo entre as referidas citaccedilotildees o registro de funccedilotildees rituais emilitares da muacutesica assim como de efeitos terapecircuticos

Contudo em Isaiacuteas Esequiel e Job Candeacute aponta referecircncias negativas agravemuacutesica relacionando-a ao mal e agrave depravaccedilatildeo

Menuhin (1981) acrescenta a essas informaccedilotildees a referecircncia agrave praacutetica decontar histoacuterias utilizando muacutesica o que ajudava a manter viva a memoacuteria de umacivilizaccedilatildeo Antigas tradiccedilotildees musicais atuais sobreviventes no Oriente Proacuteximoainda preservam histoacuterias semelhantes agraves do rei Gilgamesh um semideus cantadoem poemas desde tempos antigos

Candeacute (1981) referindo-se agrave muacutesica da Antiguumlidade que abarcaria a 2 idadecomo um todo apresenta exemplos que associam segundo ele muacutesica a sabedoria Omesmo autor referindo-se agraves antigas civilizaccedilotildees orientais afinna que todas fazem evidentea importacircncia das funccedilotildees rituais maacutegicas terapecircuticas e inclusive poliacuteticas da muacutesica(pS2) Ele assinala tambeacutem que as regras musicais fundamentam-se em misteriosascorrespondecircncias e natildeo estatildeo relacionadas com o gosto sendo imutaacuteveis essenciaisgarantidas de paz e prosperidade impotildeem o dever moral de respeitaacute-las (pS2)

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Constata-se atraveacutes de diversos autores a ocorrecircncia desta funccedilagraveo AgravegUIsa de exemplo pode ser citado Menuhin (1981) quando assinala a separaccedilatildeoda fala e da muacutesica a partir do advento da escrita a primeira destinando- seatraveacutes da escrita agrave transmissatildeo de mensagens simples e a muacutesica destinando-s~agrave expressatildeo de sentimentos complexos Outros exemplos poderiam ser obtidosentre os gregos atraveacutes da eacutetica e da Katharsis esta preconizada por Aristoacuteteles

Todos os autores apontam unanimemente para a teoria da eacutetica musicalentre os gregos e certamente essa teoria pressupotildee a funccedilatildeo da expressatilde~emocional que contudo deveria ser dirigida e canalizada para o alcance dedeterminados objetivos Tambeacutem os chineses valorizaram essa concepccedilagraveo

Da mesma forma a concepccedilatildeo aristoteacutelica da Katharsis pressupotildee aexpressatildeo emocional atraveacutes da muacutesica desencadeando uma espeacutecie dedescompressatildeo de movimento fora de si ( emoccedilatildeo) (Candeacute 1981 p 7S)

A utilizaccedilatildeo terapecircutica da muacutesica a que muitos autores fazem referecircnciana 2 idade da muacutesica entre diversos povos tambeacutem reportaria agrave incitaccedilatildeo daexpressatildeo emocional visando a extravasaacute-la e a obter beneficios terapecircuticos

49

Aula
Nota
Vitor F (1309)

~

_ mocional eacute interessante citar SantoAinda ~ respeIto da expres~~uacute~timostem~osda segunda idade da muacutesica

Agostmho cUjas palavras remontam aacutevel inclino-me a aprovar o costume( ) sem proferir sentenccedila Irrevog d t demasiado elos deleites do OUVI o o espm o

de cantar na igreja para que p d Q d s vezes a muacutesica me sensibilizabull r t s da pteda e uan oa

fraco se eleve ate aos aJe o dor ue equei Neste caso por castigomais do que as letras confesso com qd P to (1973 p220)

Emiddot ue esta o me encon f bull

preferiria natildeo ouvir cantar IS em q

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

_ or Merriam a do prazer esteacutetico pareceA segunda funccedilao IdentIfica~ P mplos fartos a esse respeito nos

bastante evidente na 2a bull idade da mUSIca e os exe

diversos autors ~onsultado~(1981) a uma muacutesica doce e refinada com funccedilatildeoA reer~ncIa de C~n~e 59 ermite pressupor a funccedilatildeo do ~razer

mais domestica que reltglOsa (p ) p bt domeacutestico atraveacutes da mUSIca Oesteacutetico quando o deleite era buscado no alO I 0

t d como prazer estetIcodeleite pode ser mterpre a o ~ sIca como regalo auditivo entre

W (1961) ao relenr-seamuTambem IOra d funccedila-o do prazer esteacutetico lar a ocorrencIa a

os egIpclOS permIte assma b exemplo dessa funccedilatildeo na 2abull Idade

Menuhin (1981) oferece-nos talO ~~ umd

nava a vida religiosa esteacuteticad fi ue a musica oml

entre os gregos quan o a Irma q ~ domiacutenio da vida esteacutetica o autor ifi ( 35) Ao relenr-se aomoral e Clentl Ica p d

f atildeo aqui consIdera aparece repo~ar-se a unccedil _ d muacutesica e ao gosto de escutar entre

Cande (1981) refere-se a ambIccedilao e Ancn~r dade ter atingido uma consciecircncia beacute f t de esse povo na tIgUI O

osgregos e tam 10 ao a o b 1 um puacuteblico socialmente conscIentemusical - a muacutesica revelando sua e eza af d Candeacute em duas modalidadesprazer esteacutetico pode ser identifica~o nas re~~~sosedistingue (p68)_o prazer de criar e ode escutar ta como t -o anterior de Santo Agostinho

- rt o relembrar aqUI CI accedila Tambem e opo un t r agrave funccedilatildeo de prazer estetIco

relativa aos deleites do ouvido o que permIte reme e

Funccedilatildeo de Divertimento

r Merriam eacute a de divertimento e segundoA terceira funccedilatildeo IdentIficada po

t das as sociedades o autor aparece em o d C deacute (1981) quando menCIOna a

Tal funccedilatildeo aparece exemplIfica a p~~ t an_ do povo segundo referecircnciasutilizaccedilatildeo da muacutesica entre os Gregos para IS raccedilao

na Iliacuteada e na Odisseacuteia

50

Wiora (1961) tambeacutem se refere agrave muacutesica utilizada para a distraccedilatildeo dasmassas na Roma antiga assim como Candeacute (1981) cita a muacutesica como elementode luxo e recreaccedilatildeo entre os romanos

A muacutesica acompanhada de danccedila como aparece fartamente representadana iconografia desse periodo parece remeter tambeacutem agrave funccedilatildeo de divertimento

O uso domeacutestico da muacutesica citado por Candeacute (1981 ) embora pareccedila remeteragrave funccedilatildeo de prazer esteacutetico pode tambeacutem reportar agrave funccedilatildeo de divertimentoTambeacutem o papel de regalo auditivo entre os gregos referido por Wiora (1961)pode remeter agraves duas funccedilotildees acima mencionadas

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A quarta funccedilatildeo assinalada por Merriam eacute a de comunicaccedilatildeo e ao referir-se agraveseparaccedilatildeo da muacutesica e da fala Menuhin (1981) menciona a expressatildeo (e implicitamentea transmissatildeo de sentimentos complexos o que corresponderia a esta funccedilatildeo)

Tambeacutem ao referir-se aos sumerianos citando a possibilidade de a muacutesicaabrir o caminho para o ceacuteu Menuhin (1981) permite pressupor a funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo - a muacutesica estabelecendo o elo com as divindades Tambeacutem aoparticipar do culto dos mortos entre esses povos eacute possiacutevel que a muacutesica servissede elemento de comunicaccedilatildeo entre aqueles e os vivos (Wiora 1961 p46)

Damon citado por Candeacute (1981) ao afirmar que a muacutesica imita ideacuteiasaccedilotildees e a ordem das coisas podendo induzir o bem e o mal tambeacutem parece permitira identificaccedilatildeo da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo na muacutesica da antiga Greacutecia na medidaem que comunicaria tais conteuacutedos a partir de sua representaccedilatildeo simboacutelica

Schurmann (1989) ao identificar a muacutesica na Greacutecia como elemento depersuasatildeo ideoloacutegica visando agrave manutenccedilatildeo do predomiacutenio da classe dominantepossibilita remeter agrave funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo da muacutesica

A proacutepria identificaccedilatildeo que Candeacute faz da muacutesica na 2a bull idade comopredominantemente coletiva pode conter uma referecircncia impliacutecita agrave funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo - o envolvimento coletivo pressuporia a comunicaccedilatildeo entre oselementos da comunidade Cabe contudo lembrar que o proacuteprio Merriam consideraque essa funccedilatildeo precisa ser melhor estudada

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica eacute a quinta relacionada por MerriamqUe considera quase fora de duacutevida sua ocorrecircncia em todas as sociedades comoUma representaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos

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Um exemplo por excelecircncia seria a concepccedilatildeo grega de imitaccedilatildeo segundo aqual a arte _e em especial a muacutesica - imitam modelos No caso da muacutesica os modelosseriam ideacuteias accedilotildees e a ordem das coisas imitados ou simbolizados atraveacutes dela

A China antiga parece oferecer tambeacutem exemplos pertinentes agrave funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica A correspondecircncia que os antigos chineses estabeleciamentre as notas musicais e elementos da natureza estaccedilotildees do ano classes sociaisdivindade~etcpennite atribuir agrave sua muacutesica a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelicaA referida correspondecircncia eacute assinalada por inuacutemeros autores e fartamenteexemplificada na literatura especializada A simbologia da muacutesica chinesa estaacuteintimamente ligada agrave eacutetica musical talvez com mais intensidade que na antiga

GreacuteciaOutros exemplos pertinentes agrave funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica todos

eles _jaacute apontados anterionnente neste capiacutetulo remetem agraves relaccedilotildees numeacutericassubjacentes agrave musica interligando-a a fatos de ordem metafiacutesica ou miacutestica agravespropriedades maacutegicas dos instrumentos agraves relaccedilotildees entre muacutesica e mitologia Asrepresentaccedilotildees de animais muacutesicos tambeacutem parecem remeter agrave funccedilatildeo lqui

considerada

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

A sexta funccedilatildeo na categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a de reaccedilatildeo fisica eentre os exemplos apontados por ele estatildeo a possessatildeo pelo menos em parteprovocada pela muacutesica em muitos rituais e o excitamento e a canalizaiacuteatildeo ao

comportamento da multidatildeoTambeacutem quanto a esta funccedilatildeo os exemplos parecem fartos na 2

abull idade da

muacutesica A referencia que Wiora (1961) faz ao registro entre os sumerianos de

combate de boxe acompanhado de tambores e ciacutembalos parece ilustrar esta funccedilatildeoa de reaccedilatildeo fisica uma vez que tais instrumentos muito provavelmente estariam

incitando o ritmo da lutaAs citaccedilotildees que aparecem em inuacutemeros autores ao acompanhamento musical

ao trabalho na 2 idade da muacutesica tambeacutem serviriam de ilustraccedilatildeo a esta funccedilatildeoMenuhin (1981) por exemplo referindo-se ao Egito menciona a associaccedilatildeo damuacutesica ao trabalho (p5) Wiora (1961) tambeacutem faz referecircncia ao acompanhamentomusical ao trabalho entre os egiacutepcios seja na forma de canto de muacutesica

instrumental ou de ruiacutedos riacutetmicosTomada no que concerne agrave provocaccedilatildeo do estado de ecircxtase a funccedilatildeo de

reaccedilatildeo fisica tambeacutem parece evidente na 2 idade da muacutesica Wiora (1961) emexemplo anterionnente apresentado refere-se agrave muacutesica de cunho religioso no Egito

52

antigo ~finnando que tal como o efeito divinizante do incenso a muacutesicapreenchl~ os lugares deum fluido sagrado nos cerimoniais religiosos (p52)

WlOra (196~) amda com relaccedilatildeo agrave antiga muacutesica egiacutepcia refere-se afonnulas encantaton~s e d~ exorci~mo de muacutesica maacutegica e terapecircutica queprovavelmente assocIavam mfluencIas psicoloacutegicas e fiacutesicas

As funccedilotildeesterapecircuticas e militares citadas tambeacutem por diversas autoresque aborda~ a 2 Idade da muacutesica exemplificam a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica Candeacute( 198) ~s~mala a o~orrecircnci~ dessas funccedilotildees entre os Gregos ao mencionar afunccedilao mIlItar da musIca eglpCIa O mesmo autor referir-se agrave doutrina da Katharsissegundo Aristoacuteteles ta~beacutem permite cogitar-se da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica (enaturalmente por aSSOCIaccedilatildeo psicoloacutegica) A ass~iaccedilatilde da ~uacutesica agrave danccedila encontraacutevel em todos os povos e em todas asIdades da mU~lca - Incluslve na 2 Idade - eacute outro exemplo da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

Tambem WlOra (1 ~~ 1) ao mencionar euforia que a muacutesica proporcionaassocIando-a entre as CIVIlIzaccedilotildees orientais aos processos perioacutedicos e ritmadosdo mundo exterior pode ser citado para ilustrar a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

As referecirc~ci~s biacuteblicas agrave muacutesica tambeacutem incluem menccedilatildeo agraves funccedilotildeesmllIt~res e terapeutlcas entre os antigos hebreus e tambeacutem podem ser tomadaspara Ilustrar a funccedilatildeo aqui analisada (Candeacute 1981 p65) As concepccedilotildees eacuteticas da muacutesica notadamente na China e na Greacutecia na 2a

bull

Idade da muacutesica agraves quais encontram-se referecircncias fartas em toda a bibli~grafia~onsult~da tambeacutem se relacionam agrave funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica ao pressuporeml~terferencIa no compo~amento humano - a docilidade ou o iacutempeto guerreironao pare~em ser exclusIvamente atitudes psicoloacutegicas sem correspondecircncia noplano fiacuteSICO

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

A seacutetima funccedilatildeo considerada por Merriam a de impor conformidade agravesnormas sociais tambeacutem parece ser de faacutecil identifiacutecaccedilatildeo na 2a

idade da muacutesicaToda a concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica bastante presente na 2 idade da muacutesica

mormente na China e na Greacutecia se presta a exemplificar a ocorrecircncia desta funccedilatildeo Schurmann (1989) refenndo-se aos primoacuterdios da sociedade gentiacutelica (que

se msere na 2abull idade da muacutesica) afirma que passou-se a exigir agrave muacutesica uma

funccedil~ 1 d dc ~o ~mcu a a a natureza o Estado ou seja uma funccedilatildeo especiacutefica queontnbUIsse para aformaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da estrutura de classes (p34)

n A Hauser CItado por Schurmann (1989) afirma que Oliacutempia era o locall~IS Importante de propaganda na Greacutecia o local onde se formava a opiniatildeo

publica do paiacutes e a consciecircncia da unidade nacional da aristocracia (p36)

53

z

Entre os chineses os princiacutepios de estabilidade do Estado associados agrave musica

satildeo citados por diversos autores podendo ser tambeacutem incluiacutedos no acirc~bit ~esta funccedilatildeoReferindo-se aos gregos mais especificamente aos pltagoncos Cande

(1981) tambeacutem apresenta exemplo pertinente a esta funccedilatildeo quando ~~a quepara eles a muacutesica era essencial no caminho da sabedoria e da ClenCla mastambeacutem era necessaacuteria ao povo e aos escravos por educar-lhes a alma e o

sentimento garantindo a estabilidade e a prosperidade do ~~tado (p18) _As inuacutemeras referecircncias agraves concepccedilotildees eacuteticas da mUSica segundo Platao e

Aristoacuteteles fartamente encontraacuteveis na bibliografiaconsultada tambeacutem apontam na direccedilatildeoda imposiccedilatildeo de conformidade agraves normas sociais - Nada ~ pode mudar ~os modos damuacutesica sem comover a estabilidade do Estado (Platatildeo Citado por Cande 1981 p17)

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

A presenccedila da muacutesica na 2 idade em rituais religiosos e em grande n~merode festejos e comemoraccedilotildees eacute intensa e inuacutemeros dos exemplos aqUI citadosanteriormente neste capitulo exemplificam tal participaccedilatildeo cabendo cogitar sobre

a funccedilatildeo de validaccedilatildeo de tais eventosAs honras conferidas aos muacutesicos entre os assiacuterios e a utilizaccedilatildeo entre eles

da muacutesica como siacutembolo de poder de respeito e de vitoacuteria referidos anteriormente

segundo Candeacute (1981 p57) parecem pertinentes agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo O mesmo autor refere-se tambeacutem com base em documentos do lmpeno

Meacutedio no Egito agrave muacutesica com funccedilatildeo ritual religiosa e militar o que tambeacutem

permite citaacute-lo quanto a esta funccedilatildeo (p59) Entre os hebreus Candeacute (1981 p65) faz referecircncia baseada na BlblIa a

promulgaccedilatildeo da lei no Sinai ao som do schophar assim como a danccedilas ~reacuteshynupciais e agrave marcha de sacerdotes (ao som tambeacutem do schophar) na conquista

de Jericoacute Esses exemplos parecem cabiacuteveis agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo Os hinos gregos (a Apolo ao Sol etc) dos quais alguns fragmentos escrItos

foram encontrados e que satildeo referidos por diversos autores tambeacutem podem ser

interpretados como pertinentes agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Segundo Merriam se a muacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer

esteacutetico diverte comunica provoca reaccedilatildeo fisica impotildee conformidade as normas

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sociais e valida instituiccedilotildees sociais e religiosas eacute claro que ela contrib UI para a

contmUldade e estabilidade da cultura Assim sendo como todas as fu - fi nccediloesantenores Ja ora~ demonstradas como pertinentes agrave 2 idade da muacutesica estanona funccedilatildeo estana consequumlentemente jaacute exemplificada

Cabe contudo ressaltar alguns exemplos como a praacutetica de contar histoacuteriasutilizando muacutesica que segundo Menuhin (1981) contribuiria para manter viva ~memoacuteria de uma civilizaccedilatildeo Os poemas cantados relatando lendas e mitos satildeocitados por diversos autores como o proacuteprio Menuhin ao abordarem o periodoaqui enfocado

Um outro exemplo interessante de ser relembrado eacute a concepccedilatildeo eacutetica damuacutesica q~e entre outros aspectos buscava a estabilidade poliacutetica e social o quepode bem Ilustrar a funccedilatildeo de contribuir para a continuidade e estabilidade da culturaExemplos a esse respeito jaacute foram apresentados anteriormente neste capiacutetulo

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

A deacutecima funccedilatildeo social da muacutesica segundo Merriam eacute a de contribuiccedilatildeopara a integraccedilatildeo da sociedade Tambeacutem neste caso a exemplificaccedilatildeo jaacuteapresentada pertinente agrave 2 idade da muacutesica parece ser suficiente para ilustrar aocorrecircncia desta funccedilatildeo no periodo aqui considerado A muacutesica em louvor doslideres ou heroacuteis a muacutesica associada agrave danccedila aos rituais ou ao trabalho ouuniformizando coletivarnente o sentimento de feacute exemplos jaacute citados podem servirde exemplos da funccedilatildeo de integraccedilatildeo social

Concluindo a revisatildeo de funccedilotildees sociais da muacutesica segundo classificaccedilatildeode Merriam no periacuteodo que Wiora denomina 2 idade vale registrar que as dezfunccedilotildees descritas por Merriam parecem encontrar farta exemplificaccedilatildeo na literaturaexaminada o que certamente eacute um ponp inte~nte para reflexotildees posteriores

~-- ( -------------

Terceira Idade da Muacutesica

Passando ao exame da 3 idade da muacutesica segundo Wiora cabeInICialmente situaacute-Ia segundo o autor a partir da Alta Idade Meacutedia distinguindoshyse pela poli fonia pela harmonia pelas grandes formas tais como a sinfonia eoutras caracteriacutesticas desconhecidas anteriormente

A terceira idade tal como Wiora a delimita corresponde agrave fase que muitosautores caracterizam como de definiccedilatildeo de uma muacutesica ocidental culta

Leuchter (1946) no capiacutetulo denominado O nascimento da muacutesica cultano ocidente afirma

55

Aula
Nota
2009 Milena e Mariana

~

As caracteriacutesticas tanto espirituais como teacutecnicas da muacutesica orientaltambeacutem o satildeo da primitiva muacutesica cristatilde Natildeo se havia constituiacutedo contudouma muacutesica artiacutestica de essecircncia ocidental por haver achado o Ocidente suaexpressatildeo musical nas melodias populares

Coexistiram pois nos primeiros seacuteculos do Cristatildeos duas corre~tes

independentes a da muacutesica artiacutestica como a e~lesiaacutestica e a de c~rater

popular Ao se confundirem ambas nascera uma mUSIca ~rtlstlca

genuinamente ocidental e natildeo antes de haver transcorrzdo dez seculos dehistoacuteria cristatilde (p16)

O surgimento pois de uma muacutesica ocidental tiacutepica e seu des~brocha~ ~m

diversas formas gecircneros teacutecnicas e estilos eacute o que caracteriza a partIr da anahsede Leuchter a fase descrita por Wiora (1961) como a 3a

idade da muacutesica--- 0 que se entende por muacutesica ocidental natildeo eacute toda a muacutesica da Europa

desde a pre-histoacuteria ateacute nossos dias eacute uma encadeamento que aflora sob osCaroliacutengeos e se prolonga ateacute a eacutepoca contemporacircnea Desenvolvida pelospovos latinos e germacircnicos ela se estendeu sobre a E~ropa e sobre a ~erra

inteira Ela natildeo representa ( ) um tipo de cultura musIcal () mas ela e um --------Gecircnero em si bem particular( p29)

Wiora assinala tambeacutem a importacircncia da terceira idade da muacutesIca napreparaccedilagraveo da quarta idade a atuaI

r- O mesmo autor enfatiza amda a peculIandade da musIca ocIdental demonstraacutevel segundo ele pelo desenvolvimento da composiccedilatildeo escrita e pelo fato de sua teoria

musical ser a base de todo ensino musical nos cinco continentes (p130)- A importante relaccedilatildeo entre a Igreja a muacutesica ocidental (e sua notaccedilatildeo) e oensino eacute ilustrada por Raynor (1981) no capiacutetulo denominado A Igreja MedievalAleacutem de citar diversas escolas de canto ligadas a mosteiros e igrejas (tais como aSchola Cantorum em Roma ou a Thomasschule em Leipzig) o autor enfatiza aimportacircncia do aprendizado da muacutesica anotada para que se tentasse uniformiz~r oscantos na Igreja As escolas de canto ex istiam segundo Raynor para preparar memnosem muacutesica antes de examinar ateacute que ponto e de que modo dar-lhes educaccedilatildeo geral

Desse modo em fins do seacuteculo X o preparo musical de meninosconvertera-se numa necessidade lituacutergica e as escolas de canto tornaramshyse uma forma de educaccedilatildeo que era em geral o primeiro passo para o eventualpreparo ao sacerdoacutecio (p31)

Aleacutem da importacircncia da Igreja no periacuteodo histoacuterico aqui conSIderado WlOra(1961) enfatiza a presenccedila de muacuteltiplas influecircncias na formaccedilatildeo da muacutesicaocidental

Pela afirmaccedilatildeo de sua independecircncia contra as invasotildees dos Hunose dos Arabes pela crenccedila da Igreja Catoacutelica e pelo impeacuterio de Carlos

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magno a comunidade ocidental desenvolveu uma muacutesica particular noseu estilo e sua cultura Esta muacutesica tem sem duacutevida raiacutezes nas velhastradiccedilotildees da Europa ocidental e sobretudo nas altas culturas da aacutereamediterracircnea mas ela afirmou pouco a pouco traccedilos que a distinguem detoda outra muacutesica do mundo (p 13 I)

Entre as peculiaridades da muacutesica ~cidentacirciacute-Wioraassinala o empregoda polifonia e da harmonia loacutegica a estruturaccedilatildeo arquitetocircnica (como na fuga ouna sinfonia) a representaccedilatildeo intencional de ideacuteias nas composiccedilotildees autoacutenomasa racionalizaccedilatildeo em ritmos medidos anotados e no emprego da doutrina de tonalidades

e da hannonia -

Sob o impeacuterio da razatildeo a muacutesica tornou-se segundo Wiora uma entidadeobjetiva e uma ciecircncia musical

Segundo o mesmo autor a compreensatildeo da muacutesica ocidental natildeo podeser alcanccedilada unicamente pela compreensatildeo da sequumlecircncia de mudanccedilas de estilo- e sim pelo estudo das correntes e etapas de sua ccedilvoluccedilatildeo (evoluccedilatildeo aquiempr~~ada nagraveo no~sentido bioloacutegico nem como aperfeiccediloamento mas comoprocesso~) I

Assim a evoluccedilatildeo da muacutesica ocidental na 3a bull Idade processouuml-se segundoWiora suplantando ou incorporando os elementos antigos que assim subsistiramao lado dos novos Amda segundo o mesmo autor ta eliminaccedilatildeo completa dopassado natildeo se produziu jamais antes das tendecircncias radicais do seacuteculoXY (p134)

Assim- Wiora enfatiza a permanecircncia e o processo de caracteriacutesticasproacuteprias na muacutesica ocidental

O desenvolvimento da muacutesica ocidental se fez durante um grandelapso de tempo sem influecircncias essenciais do exterior Ele se produziu porrenovaccedilotildees internas tomando melodias e tipos geneacutericos de Sua proacutepriasubstacircncia o canto popular as tradiccedilotildees dos jograis e outros domiacutenios damuacutesica llsual (p135)

Leuchter (1946) referindo-se aos autos sacramentais medievais daacute-nos umexemplo da conjugaccedilatildeo da muacutesica religiosa com a popular na 3 Idade da muacutesica

Estes minuacutesculos autos sacramentais se desenrolavam diante do altare antes de dar comeccedilo agrave missa Reservada originariamente sua execuccedilatildeoao clero o povo natildeo tardou em contribuir com sua proacutepria muacutesica dandodeste modo impulsos agrave arte dramaacutetica (p26)

Leuchter aponta para o crescimento da influecircncia culminando nos autoscligiosos do incipiente Renascimento Assim como a muacutesica religiosa sofreuInfiltraccedilotildees populares o processo inverso tambeacutem ocorreu e Leuchter daacute comoexemplos a canccedilagraveo popular religiosa e a arte cavalheiresca ( p 27) -

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o autor assinala a manifestaccedilatildeo de cantos gregorianos e de danccedilas decaraacuteter popular na muacutesica trovadoresca (arte cavalheiresca) e registra Ui muacutesicasubstituiccedilatildeo do cavalheirismo pela jovem burguesia florescente tatildeo logo terminaramas Cruzadas

A importacircncia do surgimento e do desenvolvimento da notaccedilatildeo musical naterceira idade da muacutesica - possibilitando a obra musical acabada - eacute evidenciadapor Wiora cabendo a esse respeito algumas consideraccedilotildees pois esse fato temrepercussotildees significativas no fenocircmeno musical do Ocidente e no papel social damuacutesica

Eacute interessante assinalar que toda a histoacuteria da muacutesica anterior agrave IdadeMeacutedia eacute de uma muacutesica natildeo escrita O surgimento da notaccedilatildeo levou inicialmenteagrave escrita apenas dos cantos lituacutergicos difundindo-se pouco a pouco e abrangendooutros gecircneros ateacute que no seacuteculo XIX pas sou- se a fixar por escrito tambeacutemos cantos populares e a muacutesica de divertirri~nto (Wiora 1961 p136) Cabecontudo lembrar que a maioria dos instrumentistas medievais tocou sem notaccedilatildeodurante toda a Idade Meacutedia

Raynor (1981) referindo-se agrave muacutesica medieval e agrave importacircncia naquelecontexto da Igreja e da notaccedilatildeo musical afirma que

A muacutesica como elemento do culto ocupando lugar indispensaacutevel noritual tem que cantada corretamente ( ) Por essa razatildeo a muacutesica tinha deser ensinada e era preciso memorizar as suas formas corretas meacutetodos denotaccedilatildeo tiveram de ser inventados e apelleiccediloados para ajudar na memoacuteriados muacutesicos de modo que a histoacuteria da evoluccedilatildeo da notaccedilatildeo ocidental eacute ahistoacuteria dos esforccedilos dos musicalistas eclesiaacutesticos no sentido de asseguraro rigor do ritual (p26)

Os esforccedilos da Igreja Medieval segundo o autor para tentar impor umnovo modo de vida levaram ao banimento dos instrumentos musicais durante muitotempo sendo readmitidos praticamente a partir do seacuteculo XII A Igreja aleacutemde hostil a todos os instrumentos por lembrarem praacuteticas pagatildes procuravadestruir toda a geraccedilatildeo de artistas ambulantes que divertiam o puacuteblico assimcomo buscou impedir a muacutesica e a danccedila seculares

Apesar do repuacutedio dalgreja agraves praacuteticas seculares elas floresceram e noseacuteculo XIV Guillaume de Machaut foi por assim dizer o primeiro compositorcom a incumbecircncia de estar sempre agrave disposiccedilatildeo e escrever qualquer muacutesicareligiosa ou secular exigida para todas as ocasiotildees (Raynor 1981 p43)Segundo Raynor Machaut trabalhava para patrotildees aristocratas e natildeo era umespecialista mas compositor de muacutesica secular e religiosa de vaacuterios estilos I J

Fora do acircmbito da muacutesica religiosa as manifestaccedilotildees musicaistagravembeacutemprosperavam embora os registros sobre elas sejam praticamente inexistentes

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uma vez que tais muacutesicas natildeo foram anotadas e registradas como a Igreja fez comas suas

Raynor refere-se agraves guildas medievais e agrave criaccedilatildeo das capelas das guildasna Inglaterra onde os serviccedilos eram cantados tendendo portanto a aumentar aspossibilidades de empregos para muacutesicos e talvez permitindo a introduccedilatildeo de umestilo de muacutesica religiosa mais livre do que seria normal em igrejas paroquiaisou catedrais (p51) oU seja mais vulneraacutevel agraves influecircncias da muacutesica secular

Uma alternativa segundo o autor _ao serviccedilo do muacutesico agrave Igreja eacute o empregopalaciano de natureza mais ambulante e gradativamente difundido a partir doseacuteculo XlV

Os jograis e menestreacuteis muacutesicos ambulantes eram talvez segundo Raynoros menos eficientes pois o emprego numa casa aristocraacutetica era garantia de ummeio de vida Esses muacutesicos ambulantes natildeo gozavam de prestiacutegio sociai e era~mais ou menos mal vistos pelas autoridades religiosas embora haja registros deque em certos locais os comediantes em viagem ganhassem muito dinheiro comapresentaccedilotildees em mosteiros

A partir do seacuteculo XIV abriram-se novas e amplas possibilidades de empregoaos muacutesicos ambulantes como vigilantes municipais e muacutesicos cerimoniais Comovigilantes eles eram incumbidos de por meio de seus instrumentos dar aviso dequalquer perigo iminente (Raynor 1981 p59)

Trovadores trovistas e Minnesingers eram ao contraacuterio dos jograis emenestreacuteis geralmente de origem aristocraacutetica embora isso natildeo fosse um preacuteshyrequisito obrigatoacuterio Muitas vezes faziam coletacircneas de suas composiccedilotildees e outrascanccedilotildees por eles cantadas de forma que muitas delas chegaram ateacute noacutes (o que decerto modo eacute uma exceccedilatildeo em se tratando de muacutesica secular)

A importacircncia da muacutesica secular cresce gradativamente agrave medida em quea Idade Meacutedia avanccedila em direccedilatildeo ao Renascimento O decliacutenio do feudalismo eo crescimento das cidades trouxe segundo Raynor (1981) um estiacutemulo agrave muacutesicarevolucionaacuteria do seio da igreja Criou tambeacutem um modo de vida do qual amuacutesica tinha de exprimir a dignidade e enaltecer as cerimocircnias (p69) Asclasses meacutedias que entatildeo emergiam passaram a reivindicar segundo o autorque J muacutesica acrescentasse gloacuterias simboacutelicas e concretas aos seus feitos tal como a nobreza utilizava trompas e tambores para saudaacute-la

A muacutesica aleacutem da funccedilatildeo de lazer que desempenhava tanto para a nobrezaqUanto para a nova classe meacutedia que comeccedila a se formar tem outros papeacuteis segundoRaynor como o de utilidade ciacutevica a cargo dos membros das guildas dos vigias

O autor faz referecircncia a que os muacutesicos citadinos eram frequumlentementehaacutebeis executantes versados em vaacuterios instrumentos e aptos a atender a todasas funccedilotildees ciacutevicas e acompanhamento musical de serviccedilos religiosos

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- - I

() o muacutecos dtadinos eram menestreacutei ajutado agrave vida na cidade permaneciam separadas A precisatildeo radativa - -que acharam uma possibilidade de se estabelecer no centro urbanos ma ~orrespondeu segundo o mesmo auto~ que a ~otaccedilao musical alcanccedilousem terem emprego na resideacutencio de algum adlOcrataj Veio a ser funccedilatildeo mteacuteltpretes a uma mvoluccedilao da lIberdade criativa dos

deles a muacutesica para toda a cidade ao mesmo tempo que encarregados da Do ponto de vista da composiccedilatildeo em si Wi vigilatildencia ( ) adolaram o padratildeo da organzaccedilotildees de oficio e reuniam- a escnta musical no ocidente tendeu a ser ora enfatIZa aspectos m1portantesse em guildas de muacutesicos (Raynor 1981 p 70) eacute um desenho da composiccedilatildeo enqua t umylano OtICO perceptiacutevel pela visatildeo -

R I d

f t noasantlgasnotaccedilo-elt aynor re ata as Isputas que com requencJa ocomam en re os muslCOS a pOSIccedilatildeo dos dedos sobre s I erms representavamum Instrumento ou a m d

amadores ou semi-profissionais que natildeo eram membros das guiIdas e que cobravam ocidental em linhas representa - anelra e executaacute-lo a notaccedilatildeo

fi

rt t 1 a composlccedilao em si e o t dprcccedilos mcnores que os o IClalS c os musocoS pWISSIOn3lS pc encen es aque as corresponde ao primado da parttu ermo essa evoluccedilatildeor A I ra e a representa - borganizaccedilotildees Spartituras que se impotildeem d fi t ccedilao o ~etlva da obra de arte f d emI lVamente ao final d I

E interessante ainda assinalar a observaccedilatildeo que o autor az e que os o esforccedilo de concretizaccedilatildeo das obras o secu o XVI representandomeacutetodos de instruccedilatildeo utilizados pelas guildas eram extremamente convencionais (p de vaacuterias vozes mUSIcaIS passam a pennitir a leitura simultacircnea

76) Curioso tambeacutem eacute o relato que Raynor faz descrevendo uma peccedila cocircmica em A consequumlecircncia imediata segundo Wque muacutesicos comuns e profissionais discutem os primeiros acusando os segundos perda quase total do papel prod~ti d IOra da obra musical escrita estaacute na

d

b fi t t I d t vo o executante em fa d e so sa erem tocar com uma partItura na ren e enquan o e es po em ocar executante tomaHe um inteacute t vor o composItor - o

1

d d 1 d I d ( 79) rpre e passando a execut qua quer corsa e OUVI o tatildeo ogo guar cm a me o 13 na memona p esta escnto sem introduzir modificaccedilotildees ar estnlamente o que

Ao final da Idade Meacutedia e inicio da Renascenccedila a muacutesica segundo Raynor Dessa definiccedilatildeo precisa da m eacute considerada um ofiacutecio altamente qualificado uma disciplina intelectual estrita prescriccedilatildeo cada vez mais detalh d duslcda pelo composItor decorreu uma

I

f bullr t ( It a a e ca a um dos aspe t d b e va IOsa que 0JereclQ as suas propnas recompensas a quem enJren asse a uras tImbres intensidades ritmo dd c os a o ra mUSIcaI ( 90) v I sme I os etc) Como con sea rIgores p oca e mstrumental di ferenccedilaram-se cada sequenc os estHos

O advento da imprensa interferiu fortemente no processo de difusatildeo musical aSSIm como os diversos estilos e ecircneros vez mais mtulamente a parti daicntrc o puacuteblico em outras regiotildees e em outras eacutepocas Iniciou-se com a imprcssatildeo precIsas ( muacutesica de conjunto e o u tdqulT1ra~ ambem definiccedilotildees maisde obras a formaccedilatildeo dc uma literatura musical e possibilitou-se agrave muacutesica ter etc) q estra compoSlccediloes para piano ou oacutegatildeo

durabilidade _quando ateacute a Idade Media lal caracteriacutestica inexistia Leucbter (1946) assinaIa o seacutecuI~ Leuchlelt analisa o crescimento do papel da obra impressa principalmente do concerto E tambeacutem como a com~ a epoca por exeeleacutencia

apoacutes a Rcvoluccedilatildeo Francesa uma uacutenica pessoa do artista e d~~- e~q~~se desmtegra a antiga uniatildeo em

O arlista pasleriar agrave Revolaccedilatildeo Francesa se emancipa das restriccedilotildee em duas at ividades di stintas a do eacute~~OI~o=~ea umdade da arte musical middot1

imposta pelas circunlatildencias locai graccedila aacute organizaccedilotildees editoriai Natildeo descrito por Leuchter estaacute i~tima tliY o executante O processoujeita mai a condiccediloacutees de execuccedilatildeo preacute_estabelecida as obra se escrita musical caacute conc - en e ~g~do a crescente especializaccedilatildeo daconvertem _ pelo menos no que se refere a ua concepccedilatildeo exterior _ em am 139) epccedilao aI qulIetomca da muacutesica ( Wiora I961 p

produto da libeacuterrima vontade do artista (p 118) Essa concepccedilatildeo arquitet d d I XVII d I b omca a musIca seg d WA superaccedilatildeo gradatiV

a segundo o autor ao longo o secu o OS e a oraccedilatildeo de fonoas artistica t un o rora possibilitou a d b d O d s aIS como a da sonata e da f E I

recursos dlspomvels levou a concepccedilotildees ca a vez maiS su ~etIvas a mUSIca a mo lficaccedilotildees na relaccedilatildeo d uga evou tambeacutem _ 1 d d a musIca com a religiatildeo O fu - crcsclmento da conccpccedilao dramallca c sub]eta da musica cevoU am a segun o exerCIda por caracteristicas d u seJa a nccedilao religiosa I d h a musIca em SI modIfica dLeuchtcr o timbrc a posiccedilatildeo eqUIValente ao ntmo a me o la e a armoma ou seja com o desenvolvimento de um -se no ecorrer da 3idadeI 124) d a musIca que passa a tra f d a uma concepccedilatildeo pictoacuterica do som musIca (p eVI entemente natildeo soacute de natu e I nsml Ir I elas ideacuteias essas

d d I d W (1961) r za re IglOsaUm outw aspecto da terceIra I a e da mUSIca assma a o por lora Leuchter (1946) assinala u

refere-se ateoria musical que na Idade Meacutedia passoU a determinar () 1) o estudo da evoluccedilatilde J e desenvolvimento da notaccedilatildeo mus1caI enquanto na Antiga Greacutecia a teoria e a notaccedilatildeo bull exan~ da produccedilatildeo musical o ~ m~slca na Ocidente deve iniciar-se por umI na przmelra Idade Meacutedia originada na ideacuteia cultural

ro 61

e mtlmamente ligada aos oficios religiosos ao ponto de os conceitos muacutesicae muacutesica eclesiaacutestica resultarem sinoacutenimos para o historiador (p 12)

O autor registra ainda o repuacutedio da igreja pela muacutesica profana que deixoupor isso raros registros Ao ser anotada a muacutesica ainda segundo o mesmo autorperdeu seu caraacuteter esoteacuterico convertendo-se em arte executaacutevel por todos osque soubessem interpretar os signos de notaccedilatildeo (p 13)

Outra faceta interessante da relaccedilatildeo muacutesica-religiatildeo citada por Leuchter(1946) no capiacutetulo dedicado agrave muacutesica protestante refere-se ao papel da muacutesica noProtestantismo em cujo acircmbito ela deveria servir ao fim de educar e melhorar opovo (Leuchter p 101)

Wiora assinala outras mudanccedilas de caraacuteter na muacutesica da 3~f idadedecorrentes de sua concepccedilatildeo arquitetocircnica acabada burilada

Na transformaccedilatildeo das danccedilas danccediladas em suites artiacutesticas se revelao desenvolvimento moderno da muacutesica em arte independente Enquanto elaperdia diversos liames diretos com a muacutesica cotidiana assim como seu lugarde disciplina erudita entre as artes liberais a muacutesica entrou no domiacutenio

-1 J das Belas-Artes e tornou-se um mundo em si com uma esteacutetica autoacutenoma(W 1961 41 ( f ( lora p I ) _ ___ J _ eacute

A independecircncia crescente da arte musical ocidental eacute traccedilo ~arc~nte nodesenvolvimento da 3a idade embora Wiora assinale a coexistecircncia dessaautonomia tiacutepica das obras de arte com ligaccedilotildees com as tradiccedilotildees religiosas shycomo nos oratoacuterios de Haendel ou nas muacutesicas de Beethoven

Desenvolveu-se assim nesse periacuteodo uma vida musical independente de i funccedilotildees cotidianas com suas proacuteprias organizaccedilotildees salas de concerto comunidades~ de ouvintes literatura e esteacutetica proacuteprias

-

Um bom exemplo da mudanccedila de funccedilotildees da muacutesica na 331 idade nos

oferece Leuchter (1946) ao analisar o advento da oacutepera no seacuteculo XVIIAteacute este momento a oacutepera havia formado parte das cerimoacutenias oficiais

das cortes Executava-se ante um puacuteblico de suma culturaEm tVecircneza a oacutepera se fez puacuteblica Em 1637 se inaugurou nesta o

primeiro cenaacuterio operistico acessiacutevel a todos os que pagavam entrada ( )a mudanccedila que se realiza com relaccedilatildeo ~ suafunccedilatildeo social influiu decisivamentesobre a concepccedilatildeo deste geacutenero musical ( p 83)

Um outro aspecto importante analisado por Leuchter (1946) diz respeitoagrave pltsiccedilatildeo do muacutesico que se altera do periacuteodo Barroco quando todos erameriipreg~m-rrl-itos deveres e poucos direitos ao periacuteodo seguinfe noseacuteculo XVIII quando Beethoven foi o primeiro que deve somente agrave suh artea posiccedilatildeo que ocupa Tal garantia ficou estabelecida ao criar-se um sistemaeditorial organizado que natildeo surgiu senatildeo no uacuteltimo terccedilo do rculoXVIlI (p116)

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Eacute preciso ainda assinalar no contexto da terceira idade da muacutesica como ofaz Wiora o afloramento de estilos pessoais da ocorrecircncia de grandes mestres e

de estilos nacionaisWiora considera a fase que se desenrola a partir do seacuteculo XV como um

periacuteodo de preparaccedilatildeo para a quarta idade da muacutesica sobretudo o seacuteculo XIX queo autor considera o aacutepice desse processo transitoacuterio

O seacuteculo XIX e em especial o Romantismo representa o ponto de transiccedilatildeopor excelecircncia da 33 bull agrave 43

bull idade da muacutesica Leuchter (1946) analisando o

Romantismo afirmae-_ Durante -ffr seacuteculo XIX se desenvolve a ultIma fase do processo de

humanizaccedilatildeo total() O indiviacuteduo se apresenta como uma entidade uacutenicadesligada tanto do mundo fenomenal como do transcendental O processo

analiacutetico atingiu o ponto culminanteA humanizaccedilatildeo total se evidencia em muacutesica na progressiva

desintegraccedilatildeo dos uacuteltimos el_~f~ ~iejyordmJ que operam ainda no seacuteculoXVIII vale dizer a harmonia e alarma (p 148)

Leuchter conside~ a passagem do Classicismo ao Romantismo no seacuteculoXIX como um processo de destronamento da ratio em favor do dominio absolutoda fantasia ou seja como uma trajetoacuteria em direccedilatildeo ao individualismo e aosubjetivismo O abandono da concepccedilagraveo romacircntica se daraacute no final do s~cu~o XIXcom o Realismo representando o fiel reflexo da vontade eXpanSIOnista do

imperialismo moderno (p 160)A expansatildeo da cultura ocidental logo apoacutes o iniacutecio de sua definiccedilagraveo em

direccedilatildeo agrave Europa oriental registrada por Wiora que tambeacutem assinala a expansatildeodessa cultura agrave Terra inteira a partir do iniacutecio dos tempos modernos

Missionaacuterios colonos muacutesicos ambulantes divulgaram o coralgregoriano e a muacutesica popular as Cortes enviaram os virtuoses e ascompanhias de oacuteperas seguiram-se focos de arte musical ocidental nomundo oriental Por outro lado as fontes proacuteprias de produtividade emcada paiacutes toniaram as formas e os estilos do ocidente (Wiora 1961

p147) Um exemplo significativo apresentado pelo autor eacute a difusatildeo da pohfoma

ocidental a partir do seacuteculo XVII nos cantos da Igreja russa bem como a adoccedilatildeopela Ruacutessia do sistema de notaccedilatildeo linear do Ocidente

Os estilos nacionais decorrentes do amaacutelgama das formas e estruturasocidentais agraves tradiccedilotildees nacionais na verdade retomaram antigos tesouros comuns segundo Wiora O mesmo autor considera que por uma seacuterie derenasci~entosos tempos modernos trouxeram ao mundo a consciecircncia da ev~luccedilatildeohistoacuterica e abriram o caminho para reunir todo o passado musical da humamdade

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Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

A funccedilatildeo de expressatildeo emocional- proporcionando veiacuteculo para a expressatildeode ideacuteias e emoccedilotildees natildeo reveladas no discurso comum - transparece na terceiraiacutedade da muacutesica principalmente no forte entrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo

Raynor (1981) em citaccedilatildeo aqui apresentada anteriomente afirma que qualquerhistoacuteria de muacutesica medieval deve comeccedilar pelo estudo da Igreja natildeo soacute pelos registrosque ela deixou mas pelo importante papel desempenhado no culto pela muacutesica

O cantochatildeo visava segundo Maacuterio de Andrade (1980) a ser elementouacutetil de purificaccedilatildeo e elevaccedilatildeo abandonando a antiga riacutetmica grega e dandopreponderacircncia agrave melodia a muacutesica se sutiliza e vai deixar gradativamentede ser sensaccedilatildeo para se tornar sentimental (p 34) Eacute ainda Mariacuteo de Andradeque citando Otto Keller afirma que enquanto os povos antigos conceberam osom como elemento sensitivo o Cristianismo o empregou como elementopelo qual a alma comovida se expressa em belas formas sonoras Maisadiante veremos que outras funccedilotildees sociais satildeo atribuiacutedas ao Canto Gregoriano

Natildeo soacute no cantochatildeo medieval contudo encontramos na terceira idade o forteentrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo Na Renascenccedila os movimentos da Reformae da Contra-Reforma buscaram na muacutesica meio de expressar a emoccedilagraveo da feacute

Posteriormente no periacuteodo Barroco Bach e Haendel sagraveo exemplos aindana terceira iacutedade da expressatildeo dessa emoccedilatildeo atraveacutes da muacutesica

Cabe contudo observar que desde a Renascenccedila processa-se uma mudanccedilana relaccedilatildeo muacutesica-religiacuteatildeo (jaacute referida anteriormente) pois a partir desse periacuteodobusca-se transmitir ideacuteias e ensinamentos atraveacutes da muacutesica aleacutem de expressarpuramente a emoccedilatildeo

A produccedilatildeo de muacutesica religiosa declina acentuadamente apoacutes o Barrocomas pode-se ainda registrar nos uacuteltimos tempos da 3a idade _ seacuteculos XVIII eXIX - a muacutesica como expressatildeo do sentimento e da emoccedilatildeo da feacute

Aleacutem da muacutesica religiosa outros exemplos da muacutesica como expressatildeo deemoccedilotildees podem ser apontados na terceira idade

Schunnann (1989) referindo-se ao estabelecimento do sistema tonal noseacuteculo XVIII menciona a teoria dos afetos segundo a qual a muacutesica vieraestabelecer-se como a linguagem mais adequada sempre que se tratava deexpressar ou provocar certos sentimentos emoccedilotildees e paixotildees ou seja osaetos humanos (p 120)

Lenaerts citado por Schurmann (1989) oferece-nos ao referir-se agrave origem daoacutepera outro exemplo no acircmbito da expressatildeo de emoccedilotildees no contexto da 3a idade

Por volta de 1580 formava-se em Florenccedila ( ) um ciacuterculo de saacutebios eartistas ( a Camerata) que na sua aspiraccedilatildeo de dar nova vida agrave trageacutedia antiga

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m novas fonnas musicais que estivessem mais aptas a reproduzirprocurava 121)

music~~e=e as(~~i~)e~~~~~~~~sr~~~recircnci~ agrave funccedilatildeo de expressatildeo emocioalr am d d fins do seacuteculo XVI se havwmOs compositores de ma ngazs e b I

d t middot bres o de sim o lsmos d~ o cromatismo o uso e 1m Preocupado em intro Udr d mo a obra dos grandes pintores I es tatildeo ramatlcos coe outros meiOS a gumas vez _ ra servir veiculos de emoccedilotildeesmaneiristas - EI Greco CaravagglO fa ~ C

violentas e sugbest~esi~toacute~~c R~~~~~~o levou agrave exaltaccedilatildeo do subjetivismoA exacer accedilao o eu d b objetivar emd L uchter (1946) os compositores desse peno o usca~

Segun o e d d Animo e sentimentos subJetlvos ou sejasons determinados esta os e a seus sentimentos e emoccedilotildees O

t s dos sons de suas mUSIcas expressar a rave - ma das fonnas mais significativasliedsegundo o autor e por esse motIVO udesse periacuteodo (p149)

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

d d papeacuteis de criador (compositor) eA separaccedilatildeo cada vez maIS mtI a os ui abordadocontemplador eacute uma das caracteriacutesticas mais expreSSIvas do penodo aq

mo 3 idade da muacutesica fi fi dco d decircncia da arte musical ocidental nessa fase Ja OI re en a

A crescente m ep~n A se ara agraveo da musica4ordfLfu_~e~ anterIonnente assmalada por WIOra p S____ lt0 1aqUI --- I nas pe o prazer lt agraveo de salas de concerto - onde ta vez ape cotIdIanas levou a crIaccedil ---- _- taccedilotildees musicais A sUIte

~steacutetico a comunidaeeacutede

uv~~e~n~~ecs~ss~~~os desse fe1ocircmeno pO~smstrumentaLparr~~__ ada por contempladores que naoextraiacuteda de peccedilas de danccedila passa a ser apreCI

d apenas ouvem e apreciam fi -danccedilam _ I d Idade Media anterior ao processo acima re en o

A produccedilao mUSIca a r esteacutetico A execuccedilatildeo de motetos nonagraveo parece contudo despIda do pr~z~ m bom exemplo fi do contexto hturgICO parece ser umtenor das IgrejaS ora dO d ifestaccedilatildeo do prazer esteacutetico

R a uma outra eVI enCIa a manNa enascenccedil _ ecircnero olicoral no interior das igrejas Natildeo

poderia ser apont~da na reahz~ccedil~odo ~ a ambientaccedilatildeo religiosa que pareciam serera o simples ensmamento e IglOSO o feitos musicais ateacute da exploraccedilatildeobuscadas com tais reahzaccediloes que extraIpm e

acuacutestica do espaccedilo profundo dos temPfulos~~~ fi bull cia que Abraham (1986) fazP oder ser incluiacuteda nesta nccedilao a re erend~e~e ~ M enzio Ao contraacuterio dos fnadrigaistas manluanos efeacuterrarenses

aos ma ngms e A ar o razer dos executantes mesmos natildeo paraMarenzio compos sobretudo para p ( ) ( 266)auditoacuterios cortesatildeos que escutaram inteacutelpretes bnlhantes p

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A oacutepera cujo aflorar se daacute no Barroco e que eacute explorada em toda a fasefinal da terceira idade da muacutesica tambeacutem pode ser apontada como um exemplonessa fase de manifestaccedilatildeo do prazer esteacutetico Ao pretender associar artesdiversas como muacutesica poesia cenografia danccedila a oacutepera parece realmente buscara mobilizaccedilatildeo do prazer esteacutetico atraveacutes de diversos elementos O proacuteprio papelsocial desempenhado pela oacutepera nos seacuteculos XVIII e XIX alcanccedilando grandepopularidade parece enfatizar esse aspecto

Funccedilatildeo de Divertimento

A terceira funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a de divertimento e o uacuteltimoexemplo apontado - a oacutepera - parece ter desempenhado esse papel com intensidadenos seacuteculos XVIII e XIX

Mas natildeo se restringe agrave oacutepera a funccedilatildeo de divertimento na terceira idadeEmbora natildeo tenha deixado deixado registros (partituras) sabe-se que a muacutesica dedanccedila foi praticada durante todo esse periacuteodo inclusive na Idade Meacutedia ecertamente ela se liga agrave funccedilatildeo de divertimento

As referecircncias agrave pratica da muacutesica nas cortes desde o periacuteodo medievaltambeacutem apontam para a funccedilatildeo de divertimento Tal seria o caso provavelmenteda muacutesica trovadoresca Guillernr lduque de Aquitacircnia era mesmo umtrova por e quando regressou da primeira cruzada em 11 Oacute2 se deleitou ementreter as audiecircncias nobres com chansons de geste relatos humoriacutesticosde suas desventuras militares (Abraham 1986 p 98)

Representaccedilotildees religiosas como os autos sacramentais medievais emboracom a funccedilatildeo de transmitir ensinamentos tambeacutem serviram agrave diversatildeo do povo

Schurmann (1989) referindo-se ao que denomina atos de musicar fazuma referecircncia que tambeacutem serve de exemplo agrave funccedilatildeo de entretenimento

Note-se ( ) que ainda no seacuteculo XIX um compositor comoBeethoven quando produzia as suas sinfonias aleacutem de preocupar-secom a sua apresentaccedilatildeo puacuteblica em concerto tratava de providenciar aediccedilagraveo de versotildees silllpl~ficadas a serem utilizadas no acircmbito de uma praacuteticaamadoristica muito difundida 10 meio da proacutepria burguesia consumidora(p 178)

Menuhin (1981) tambeacutem aborda essa divulgaccedilatildeo ligeira da muacutesica eruditacom funccedilatildeo de entretenimento

Agora [seacuteculo XIX as melodias de oacutepera as uacuteltimas marchas e valsascompostas para bandas de jardim e tocadas de ouvido por dois ou trecircsmuacutesicos eram encontradas em todos os lugares Tanto Schubert comoBeethoven tinham escrito esse tipo de muacutesica ( ) li medida em que o apetite

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pela muacutesica crescia muitos compositores escreviam melodias popularesexpressamente para entretenimento leve () (p 172)

Abraham (1986) tambeacutem cita a funccedilatildeo de entretenimento da muacutesica nascortes renascentistas nas quais um grupo de muacutesicos florentinos mesclou madrigaiscom uma classe nova de monodia em outro modo de cantar distinto do corrente(p204)

Os exemplos acima referidos aos quais se poderiam acrescentar outros ilustramsem duacutevida a ocorrecircncia da funccedilatildeo de divertimento na terceira idade da muacutesica

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A respeito da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo da muacutesica cabe citar Schurmann (1989)referindo-se agrave estruturaccedilatildeo do sistema tonal Schurmann considera que o sistematonal cujo predomiacutenio ocorre nos uacuteltimos tempos da 3a idade presta-se por excelecircnciaagrave caracterizaccedilatildeo de uma linguagem musical servindo portanto agrave comunicaccedilatildeo

Outras referecircncias podem ser acrescentadas agrave funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo damuacutesica na terceira idade

A praacutetica de dramatizaccedilotildees religiosas calcadas no canto gregorianoprovavelmente visavam a comunicar ao povo o ensinamento cristatildeo

A intenccedilatildeo de atrair mais o povo pra essas representaccedilotildees levou auma seacuterie de licenccedilas danccedilas orquestrinhas rudimentares substituiccedilatildeo dolatim pelos dialetos substituiccedilatildeo do Gregoriano pela muacutesica popularridicularizaccedilatildeo do diabo e dos maus e consequumlente predominacircncia doelemento coacutemico (Maacuterio de Andrade 1980 p42)

A muacutesica protestante conforme proposta de Lutero eacute um outro exemplopertinente agrave funccedilatildeo comunicadora da muacutesica utilizada no culto com vistas agravetransmissatildeo do ensinamento religioso - na interpretaccedilatildeo didaacutetica do verbosagrado que por meio de textos explicativos e da muacutesica eacute projetado agraveeslera espiritual do povo (Leuchter 1946 p99)

Cabe observar contudo que nos dois exemplos acima a comunicaccedilatildeo eacuteefetivada atraveacutes da muacutesica mas apoiada em textos que veiculam a mensagem(contudo Merriam assinala que muacutesica e texto se influenciam mutuamente)

A muacutesica trovadoresca ao relatar os grandes feitos das Cruzadas ou louvara mulher amada atraveacutes de textos conjugados a muacutesicas monoacutedicas certamentepode ser apontada como utilizaccedilatildeo da muacutesica com funccedilatildeo comunicadora

A canccedilatildeo francesa e o madrigal italiano ambos renascentistas e ambosmuito pictoacutericos no que se refere a buscar expressar musicalmente o conteuacutedodo texto em que se baseiam podem tambeacutem ser cogitados como exemplos dafunccedilatildeo comunicadora (Abraham 1986 p267)

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A oacutepera a partir do Barroco tambeacutem parece desempenhar a funccedilagraveo decomunicaccedilatildeo embora caiba lembrar que natildeo soacute atraveacutes da pura expressatildeo musicalmas do relato (texto) Este eacute tambeacutem o caso das cantatas e oratoacuterios que buscavamexpressar atraveacutes da muacutesica e do texto o Verbo Divino

Outros exemplos como o lied romacircntico se prestam a ilustrar a funccedilatildeode comunicaccedilatildeo da muacutesica na terceira idade Pode-se abstrair aqui a questatildeo dedefinir se a muacutesica eacute ou natildeo linguagem - a comunicaccedilatildeo (de ideacuteias sentimentosemoccedilotildees) eacute que foi aqui considerada

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

A quinta funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a de representaccedilatildeo simboacutelica (segundoo autor representaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias comportamentos)

O canto gregoriano poderia ser bom exemplo inicialLeuchter (1946) referindo-se aos primeiros tempos da polifonia (estruturada

sobre o cantus firmus gregoriano) refere-se a esse cantus firmus comosiacutembolo musical do dogma religioso (p38)

Schurmann (1989) no capiacutetulo denominado A Monodia refere-se aocanto gregoriano como instrumento de dominaccedilatildeo cultural como um siacutembolo daestrutura do poder medieval calcado na Igreja

Mario de Andrade (1980) refere-se ao cantochagraveo afirmando que elerepresenta musicalmente a essecircncia ideal e mais intima da religiatildeo catoacutelica o que parece permitir sua inclusatildeo na funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica (p44)

Um outro exemplo de representaccedilatildeo simboacutelica poderia ser tomado agrave polifoniagoacutetica A esse respeito Leuchter (1946) afirma O conjunto da muacutesica goacuteticareflete fielmente a estrutura social dessa eacutepoca a qual por sua vez resultacomo uma consequumlecircncia da concepccedilatildeo hieraacuterquica do universo quecaracteriza a ideologia do goacutetico (p42)

Leuchter considera assim o cone goacutetico como o siacutembolo de organizaccedilatildeosocial em classes estritamente separadas vigente agrave eacutepoca

Um outro exemplo de representaccedilatildeo simboacutelica na Idade Meacutedia nos eacutefornecido por Raynor (1981) jaacute citado anteriormente quando o autor referindoshyse agraves classes meacutedias entatildeo emergentes afirma que elas passaram a reivindicarque a muacutesica acrescentasse gloacuterias simboacutelicas e concretas aos seus feitos(p69)

Schurmann (1989) no capiacutetulo dedicado ac(Slst~ma-tonal considera queesse sistema ~onsumaria uma linguagem musica( enireoiifr~s motivos porrepresentar em s~aseStrutuias--~Sicals~-aestrutura social da eacutepoca - ou seja doperiacuteodo iluminista

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Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

A sexta funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica shyconsiderada passiacutevel de questionamento pelo proacuteprio autor

A danccedila eacute registraacutevel em toda a terceira idade da muacutesica e pelo menosnesse aspecto a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica poderia ser identificada

A partir do periodo barroco desenvolveu-se contudo a estilizaccedilatildeo de danccedilasque passaram a ser apreciadas por um puacuteblico e natildeo destinadas a danccedilar excluindoportanto nesse acircmbito a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica enquanto movimento

O estado de tranquumlilidade fiacutesica o estado contemplativo proporcionado pelocantochatildeo seria o exemplo contraacuterio ao acima descrito pois enquanto a danccedilaimpulsiona a partir do ritmo meacutetrico o movimento do corpo o cantochatildeo pelaadoccedilatildeo de um ritmo natildeo meacutetrico equivalente a uma pulsaccedilatildeo induziria a um estadode tranqiiilidade propiacutecio agrave introspecccedilatildeo Eacute que a gregoriano natildeo foi feitopara a gente escutar mas para a gente se deixar escutar Ele provocainsensivelmente o estado de religiosidade (Andrade 1980 p44)

No final da terceira idade a transposiccedilatildeo gradativa da muacutesica religiosa paraas salas de concerto refletiu uma mudanccedila pois ao inveacutes de buscar-se um estadode contemplaccedilatildeo coletivo passou-se a enfatizar as caracteriacutesticas da muacutesica em si

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

O principal exemplo a ser invocado quanto a esta funccedilatildeo parece ser amuacutesica religiosa cuja produccedilatildeo eacute bastante farta na 3 idade da muacutesicaprincipalmente ateacute o Barroco

Parece prender-se neste caso mais agrave letra a funccedilatildeo aqui consideradapois atraveacutes dela veicularam -se as mensagens os ensinamentos tanto da igrejacatoacutelica quanto da protestante

A saacutetira parece ser tambeacutem uma forma de impor conformidade a normassociais Nesse sentido talvez os principais exemplos na terceira idade sejamencontrados entre as canccedilotildees trovadorescas alguns madrigais e no gecircnero operistico

O sucesso da oacutepera coacutemica residia antes de tudo nos argumentosinspirados no mundo atual fazendo possivel assim ao espectador interessarshyse diretamente na accedilatildeo Aleacutem disso esta devia ser conduzida com o maacuteximorealismo jaacute que sua candente atualidade excluia toda classe de alusatildeoalegoacuterica tal como ocorria na oacutepera do seacuteculo XVIII (Leuchter 1946 p136)

A criacutetica de costumes ou a saacutetira poliacutetica estariam entre os objetivos daoacutepera cacircmica que nesse sentido pode ser vista como desempenhando a funccedilatildeo deimpor conformidade a normas sociais

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das Instituiccedilotildees Sociais e dosRituais Religiosos

Todos os exemplos aqui descritos de utilizaccedilatildeo de muacutesica religiosa querna Igreja Catoacutelica ou na Protestante na 33

bull idade da muacutesica satildeo pertinentes agravefunccedilatildeo de validaccedilatildeo dos rituais religiosos Vale assinalar mais uma vez que aproduccedilatildeo de muacutesica religiosa declina a partir do Barroco cabe observar tambeacutem

que a partir do Classicismo a muacutesica religiosa tem (talvez mais proeminentemente)a funccedilatildeo de concerto

A validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais pode ser feita segundo Merriam atraveacutesde canccedilotildees que enfatizam o que eacute conveniente e o que natildeo eacute conveniente nasociedade assim como dizem agraves pessoas o que se deve e como se deve fazerNesse sentido e vaacutelido apresentar o exemplo das chansons de geste medievaistais como satildeo abordadas por Abraham (1986)

De modo incidental Johannes de Grocheo menciona que as chansonsde geste deveriam ser cantadas para os anciatildeos para os trabalhadores epara os cidadatildeos correntes quando descansam de suas tarefas de modoque ao ouvir as miseacuterias e calamidades de outros elevem com maior energiaas suas proacuteprias e voltem ao trabalho com mais empenho (p98)

Outro exemplo apresentado pelo mesmo autor parece aplicar-se a estafunccedilatildeo refere-se ao aparecimento de um tipo de canccedilatildeo cortesatilde - a Spruchalematilde - cujo conteuacutedo era poliacutetico ou moral (pl 02)

Um outro exemplo ainda no acircmbito da funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildeessociais e dos rituais religiosos pode ser obtido em Abraham (1986) referente aosmotetos do seacuteculo XlV O autor refere-se a esses motetos atribuindo-lhes funccedilotildeespoliacuteticas e cerimoniais

Frequumlentemente compunham-se motetos para acontecimentosdo estado conservam-se composiccedilotildees deste tipo que celebravam a todos osreis franceses do seacuteculo XiV os papas os bispos e os nobres recebiam honrassimilares aleacutem disso possuiacutemos um magniacutefico exemplo inglecircs de motetoisorriacutetimico cerimonial ( ) talvez para celebrar uma reuniatildeo no dia de SatildeoJorge () em WindsOl no ano 1358 ou no 1374 ( p 125)

O mesmo autor refere-se ao madrigal num sentido passiacutevel de ser incluidona funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildees sociais e rituais religiosos ao mencionar apublicaccedilatildeo de madrigais para as cerimocircnias ( p 203)

Abraham (1986) referindo-se agrave canccedilatildeo francesa renascentista possibilitashynos uma outra inclusatildeo na funccedilatildeo de validaccedilatildeo ao referir-se agrave canccedilatildeo La guerrede Janequim que celebra a vitoacuteria obtida por Francisco I em Marignandem i5i5 (p216)

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Outro exemplo da funccedilatildeo de validaccedilatildeo ainda na Renascenccedila pode serapontado no mesmo autor

(i a muacutesica religiosa em Veneza em especial em Satildeo Marcos muitofrequumlentemente foi muacutesica para os acontecimentos do estado e Andrea Gabrieliem grande medida foi um compositor oficial Escreveu muacutesica para visitasreais para as festividades de carnaval ( ) e sua muacutesica de igreja foiplanejada com interesse especial em um som esplecircndido e de efeito muitomais do que aparece em suas composiccedilotildees profanas (p249)

As diversas oacuteperas compostas no seacuteculo XVII (Monteverdi Cavalieri Peri ) para celebraccedilatildeo de matrimocircnios aristocraacuteticos constituem um outro exemplo queaparece em diversos autores e pode ser situado no contexto de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais (Abraham 1986 p270-273) Da mesma forma cantatas eserenadas foram compostas no seacuteculo XVIII para o mesmo fim (Abraham p385)

Abraham ao abordar a muacutesica francesa para oacutergatildeo (seacuteculos XVII-XVIII)refere-se a Nicolas de Grigny cujo uacutenico livro para oacutergatildeo data de 1699 e cont~muma missa para oacutergatildeo e os hinos das principais festas do ano - hinos esses quepodem exemplificar a funccedilatildeo de validaccedilatildeo

De certa fonna as obras musicais dedicadas a reis ou a nobres em geralsatildeo tambeacutem um exemplo passiacutevel de ser incluiacutedo nesta categoria E satildeo muitas asobras assim dedicadas Citando apenas dois exemplos podemos apontar Carl PhilippEmmanuel Bach que no seacuteculo XVIII publicou Sei Sonate per cembalo dedicadasao rei da Pruacutessia e as valsas de Chopin no seacuteculo XIX todas dedicadas a membrosda nobreza

A produccedilatildeo de hinos nacionais marcadamente no seacuteculo XIX eacute citada porMenuhin (1981) e se insere sem duacutevida no contexto da funccedilatildeo de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais (p180) Na mesma trajetoacuteria de sentimento nacionalista inc1uemshyse as oacuteperas patrioacuteticas histoacutericas das quais Abraham (1986) oferece exemplo(p596)

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Cabe afinnar mais uma vez a importacircncia da muacutesica cristatilde na terceiraidade da muacutesica embora cabendo ressaltar que ela sofre transformaccedilotildees em suaforma e conteuacutedo ao longo desse periacuteodo

Ela desempenha aparentemente de forma indubitaacutevel um papel importantequanto agrave nona funccedilatildeo social a de continuidade e estabilidade da cultura E talpapel poderia ser melhor especificado sob diversos aspectos

Um desses aspectos ainda nos primeiros tempos da terceira idade cabe aocantochatildeo Fruto do amaacutelgama de origens diversas - inc1usive da muacutesica grega -_ ~ _A bull

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1

ele garante uma certa sobrevivecircncia da muacutesica da civilizaccedilatildeo greco-romana Apresenccedila desse canto em busca de uma uniformidade da liturgia nas mais diversasparoacutequias (ainda que sujeita a possiacuteveis interferecircncias locais) eacute um fator deestabilidade e de continuidade cultural

De certa forma o cantochatildeo estaacute por traacutes de toda muacutesica culta medieval oque reforccedila a afirmativa anterior Os exemplos jaacute apresentados anteriormenteneste capiacutetulo referentes ao cantochatildeo ilustram fartamente o que vai aqui descrito

A relaccedilatildeo com a muacutesica popular que a partir provavelmente do seacuteculo Xa muacutesica cristatilde passou a manter dela se nutrindo e a ela fornecendo elementos(tambeacutem jaacute abordada anteriormente) eacute outro aspecto pertinente ao exame destafunccedilatildeo

A presenccedila da muacutesica popular e folcloacuterica inclusive a muacutesica de danccedila namuacutesica erudita (secular ou religiosa) ao longo de toda a baixa Idade Meacutedia e noperiacuteodo que se estende ateacute o seacuteculo XIX eacute tambeacutem fator de continuidade - econsequumlentemente estabilidade - cultural Haacute diversos exemplos jaacute citadosanteriormente desde a muacutesica trovadoresca agraves sinfonias claacutessicas e romacircnticasque ilustram o fato aqui descrito

Outros exemplos (jaacute apresentados no decorrer deste capiacutetulo) podem apontarpara a ocorrecircncia da funccedilatildeo aqui abordada na terceira idade da muacutesica As lendas emitos tomados como temas de oacuteperas as canccedilotildees populares e as poesias interligadasno lied os temas musicais populares ouvidos em oacuteperas missas concertos sinfoniasetc satildeo alguns dos fatos que atestam a sobrevivecircncia de elementos culturaisatraveacutes da muacutesica ou seja da nona funccedilatildeo social descrita por Merriam

De certa forma os exemplos apresentados em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo de imporconformidade a normas sociais e agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais edos rituais religiosos tambeacutem se aplicam agrave funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para acontinuidade e estabilidade da cultura

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

Certamente que esta funccedilatildeo eacute muito mais fortemente observaacutevel emsociedades de estrutura menos complexa contudo ela parece tambeacutem serassinalaacutevel no contexto da terceira idade da muacutesica

De certa forma todas as funccedilotildees aqui tratadas no periacuteodo em questatildeocontribuem direta ou indiretamente para a integraccedilatildeo da sociedade

A expressatildeo emocional- individual ou coletiva - assim como o prazer esteacuteticoou o divertimento contribuiriam para o equiliacutebrio e a integraccedilatildeo da sociedade Osdiversos exemplos apontados quando do exame dessas funccedilotildees podem para aquiser transpostos

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A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo tambeacutem entrelaccedila-se agrave de integraccedilatildeo dasociedade e a ilustraccedilatildeo apresentada anteriormente quanto agrave funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo na muacutesica da terceira idade pode igualmente ser transposta para oacircmbito da deacutecima funccedilatildeo

A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica ao unir os indiviacuteduos em tomo de umamesma simbologia tambeacutem contribui para a integraccedilatildeo social e jaacute foi exemplificadaanteriormente

A funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica embora questionada pelo proacuteprio Merriam podetambeacutem ser cogitada aqui Os exemplos apresentados no acircmbito da anaacutelise dafunccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica parecem contribuir para o congraccedilamento dos indiviacuteduosquer atraveacutes da movimentaccedilatildeo da danccedila quer atraveacutes da integraccedilatildeo coletiva emtomo da inspiraccedilatildeo tranquumlila do canto gregoriano

A funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais bem como a devalidaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos parecem claramente ligadasagrave questatildeo da integraccedilatildeo social cabendo retomar os exemplos jaacute apresentados

Finalmente a nona funccedilatildeo a de contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidadeda cultura tambeacutem natildeo parece passiveI de questionamento quantoagrave forte relaccedilatildeoque apresenta com a funccedilatildeo de integraccedilatildeo social e sua revisatildeo aqui eacute absolutamentepertinente

Haacute grande fartura de exemplos encontrados na literatura revista que apontampara a ocorrecircncia na terceira idade da muacutesica dos dez tipos de funccedilotildees descritospor Merriam

Apesar das referecircncias agrave perda gradativa da participaccedilatildeo cotidiana damuacutesica nesse periacuteodo ou mesmo agrave destinaccedilatildeo tambeacutem gradativa da muacutesicaculta a ouvintes conhecedores (Fischer sd p220) a muacutesica da terceiraidade eacute plena de funccedilotildees sociais desempenhando um papel significativo nocontexto desse periacuteodo Cabe mais uma vez registrar que apesar do divoacutercioaparente entre a muacutesica culta e a popular dessa fase as pontes entre elas natildeoforam cortadas e isso talvez explique ao menos em parte a riqueza de f~nccedilotilde~ssociais da muacutesica da terceira idade

I bull ~

I Quarta Idade da Muacutesica)

A quarta idade da muacutesica eacute definida por Wiora como a idade de teacutecnica e dacivilizaccedilatildeo industrial mundial

Wiora assinala inicialmente a permanecircncia de tendecircncias anteriores namuacutesica do seacuteculo XX quer na continuaccedilatildeo do concerto puacuteblico e na ecircnfase naperfeiccedilatildeo teacutecnica e na integraccedilatildeo quer na praacutetica musical de grupos neo-

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Aula
Nota
2709 Bella e Migueacute

romacircnticos ou mesmo de Schotildeenb~aelaboraccedilatildeo musical partiu aindasegundo o mesmo autor da desintegraccedilatildeo de elementos propostos por Wagner

Leuchter (1947) analisando a passagem da muacutesica do seacuteculo XIX para oseacuteculo XX afirma

O problema que se colocou agrave muacutesica do incipiente seacuteculo XX consistiu( ) em encontrar a soluccedilatildeo do antagonismo que na arte neo-romagraventica aparece entre sua essecircncia realista e sua aparecircncia romacircntica Quando em1866 morre Liszt uacuteltimo dos grandes expoentes da muacutesica imperialistacomeccedila a manifestar-se uma reaccedilatildeo contra o espirito dessa arte reaccedilatildeo quese concretizou em vaacuterias correntes de distinta indole Mas por mais opostasque pareccedilam as duas tendecircncias fundamentais de fins do seacuteculo XIXNaturalismo e Impressionismo surgiram sem duacutevida de um mesmo impulso a oposiccedilatildeo ao antagonismo neo-romacircntico (p169)

Wiora afirma tambeacutem que o seacuteculo XX representa uma ruptura de primeiragrandeza na histoacuteria do mundo o iniacutecio de uma nova era na histoacuteria da humanidade

Hamoncourt (1988) aborda a modificaccedilatildeo radical de significaccedilatildeo da muacutesicanos uacuteltimos dois seacuteculos deixando de ser o centro de nossas vidas (parte essencialdelas) deixando de ser a linguagem viva do indiziacutevel que soacute os seuscontemporacircneos podem entender tomando-se no seacuteculo XX um Ornamento (p13)

Leuchter (1947) afirma que a tendecircncia da muacutesica do seacuteculo XX a umanova objetividade leva agrave busca de eE1ina~9 de todo tipo de impulsosextramusicais e se opotildee tanto agrave muacutesicaclaacutessica quantoarotildemacircnuumlcatildee agraveneoshyrorrIacuteacircnUumlca~-Conduztambeacutem agrave conquista de novos meios de realizaccedilatildeo (p170)

Outra tendecircncia que Leuchter assinala na muacutesica da quarta idade eacute a deum liYr~desenvolvimentodas forccedilas motoras da muacutesica quer extraiacutedas deprograma~il1decircpendentesate certo ponto dam~nt~-~datildelmahumanas queremanadas da muacutesica popular (em especial de seus ritmos) quer completamenteindependentes recebendo seus impulsos exclusivamente de si mesmas (p173shy75) A concepccedilatildeo motora segundo Leuchter leva a muacutesica agrave desintegraccedilatildeocompleta das leis construtivas do seacuteculo XIX e conduz a um processo de objetivaccedilatildeorestituindo-lhe sua autonomia e abrindo novos horizontes agrave produccedilatildeo musical

Wiora considera que a quarta idade apresenta as seguintes caracteriacutesticas1) difusatildeo da muacutesica ocidental sobre o globo e formaccedilatildeo de uma cultura musicalglobal 2) um duplo processo de popularizaccedilatildeo e de despopularizaccedilatildeo da muacutesica3) retomada de toda muacutesica anterior e paralelamente exclusatildeo do passado musicalna composiccedilatildeo 4) conquista de novos territoacuterios musicais e retraimento ateacute oslimites da muacutesica 5) tecnizaccedilatildeo e artificializaccedilatildeo 6) organizaccedilatildeo industrializaccedilatildeoe ideologizaccedilatildeo da vida musical 7) desumanizaccedilatildeo e regeneraccedilatildeo Essascaracteriacutesticas seratildeo comentadas nos paraacutegrafos que se seguem

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Wiora considera ainda que a muacutesica ocidental formou-se no Sul e no Oesteda Europa de onde difundiu-se pouco a pouco sobre a terra toda a partir defatores como a colonizaccedilatildeo da Ameacuterica e de outras terras a atuaccedilatildeo demissionaacuterios as escolas o comeacutercio o raacutedio etc

Dessa expansatildeo decorreram segundo o autor dois processos 1) a muacutesicados compositores ocidentais foi introduzida e se adaptou gradativamente a novosgecircneros de vida 2) os muacutesicos locais comeccedilaram a compor sobre modeloseuropeus formando tendecircncias nacionais a partir do amaacutelgama da tradiccedilatildeo localcom esses modelos - no caso da Ameacuterica tal amaacutelgama reuniu traccedilos europeusindiacutegenas e negros sendo que alguns dos gecircneros daiacute decorrentes como oJaizxma muacutesica de filmes de Hollywood difundiu-se sobre o mundo todo

A costumeira oposiccedilatildeo que frequumlentemente se faz entre muacutesica europeacuteiae muacutesica da Ameacuterica qualificada em comum de muacutesica ociental e muacutesica dascivilizaccedilotildees primitivas ou ocidentais natildeo corresponde segundo Wiora agrave realidadeem funccedilatildeo de novas relaccedilotildees que se estendem a todo o planeta

Assim ainda segundo o mesmo autor apesar do enfraquecimento dastendecircncias musicais tradicionais locais elas natildeo foram inteiramente anuladas esegundo ele subsistem em certos momentos seja no timbre da voz seja emcaracteriacutestics riacutetmicas etc

Assim em um disco Indiacutegenas do Meacutexico tocam peccedilas do estiacuteloeuropeu mas seu temperamento proacuteprio aflora nos ritmos de seus tamboresUma peccedila lembra uma cadecircncia da eacutepoca dos claacutessicos vienenses massegundo seu proacuteprio costume eacute repetida muitas vezes como uma foacutermulameloacutedica de um canto primitivo (Wiora 1961 p 162)

Wiora assinala tambeacutem entre as altas civilizaccedilotildees orientais a introduccedilatildeo damuacutesica europeacuteia seja em concertos ou programas radiofocircnicos organizados comona Europa seja no repertoacuterio Por outro lado os modos europeus do folcloredo exotismo e do impressionismo prepararam misturas de estilos que continuamhoje nos compositores orientais ( p 163)

Um outro exemplo de mistura citado pelo autor eacute o jazz que para ele soacutepocircde atingir uma irradiaccedilatildeo mundial em decorrecircncia de ser uma mistura de hannoniaeuropeacuteia e de ritmos e expressotildees negros - de certa forma o jazz combinouelementos da primeira e da quarta idade ( p 164) O jazz ainda segundoWiora representa junto a outros eventos um movimento de reaccedilatildeo contra aexpansatildeo europeacuteia - embora a propagaccedilatildeo de muacutesica no mundo continue ase fazer partindo de raiacutezes europeacuteias (p 165)

O progresso da circulaccedilatildeo mundial dos meios de comunicaccedilatildeo como oraacutedio alargaram os horizontes musicais e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo de umpuacuteblico mundial Tambeacutem a difusatildeo das obras musicais em partituras e discos

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atraveacutes de concertos e do raacutedio levaram ao surgimento de uma literatura musicalmundial contribuindo para a difusatildeo e a uniformizaccedilatildeo da muacutesica no mundo

() os tempos modernos favorecem a uniformizaccedilatildeo sob muitosaspectos a normatizaccedilatildeo e a padronizaccedilatildeo do diapasatildeo da teacutecnica e daterminologia a supremacia das canccedilotildees populares repetitivas e dosinstrumentos populares em todas as regiotildees de outro lado a unidade deestilo das composiccedilotildees dodecafocircnicas ou seriais difundidas por toda partesem que se possa distinguir de que regiatildeo elas provecircm (Wiora 1961 p 166)

r----- -ParaIacuteelamente a essa unifoririacuteizaccedilatildeo contudo como jaacute foi referido anteriormente o autor enfatiza que a nova idade mundial favorece as misturas e os sincretismos (p 166)

No que se refere a popularizaccedilatildeo e despopularizaccedilatildeo da muacutesica Wioraassinala a ocorrecircncia de uma democratizaccedilatildeo da vida musi~~l a partir da eacutepoca darevoluccedilatildeo francesa ultrapassando os limites dos auditoacuterios burgueses - fatorescomo a radiodifusatildeo a realizaccedilatildeo de concertos populares a reduccedilatildeo da jornada detrabalho entre outros explicariam essa popularizaccedilatildeo bem como o surgimento denovas categorias de ouvintes (como o ouvinte anocircnimo e solitaacuterio de apresentaccedilotildeesradiofocircnicas escolhidas ou o colecionador apaixonado de bons discos)

Contudo Wiora assinala que todo este processo de popularizaccedilatildeo tem porcontrapartida a extinccedilatildeo das tradiccedilotildees populares autecircnticas (p 172) Paralelamentea esse processo de popularizaccedilatildeo crescente Wiora identifica um movimentodiametralmente oposto que ele identifica como um esforccedilo de eS2t~rismo

A muacutesica de vanguarda se distancia P~-~~~spr~middotnciacuteiosatonais

atemaacuteticos anedoacuteticos para fora do alcance do grande puacuteblico e da maiorparte dos amadores( ) Essa muacutesica natildeo pode atingir a popularidade

j primeiramente por sua extrema artificialidade e em seguida por sua oposiccedilatildeoacentuada agraves massas ao clichecirc e agrave exploraccedilatildeo comercial (p 173)

( Wiora considera que um processo engendra o outro ou seja a popularizaccedilatildeoI suscita a despopularizaccedilatildeo e vice-versa sendo que a segunda paradoxalmenteinatildeo eacute possiacutevel sem a sustentaccedilatildeo financeira do grande puacuteblico

Adorno citado por Wiora afirma assinalando o distanciamento da muacutesicaerudita do seacuteculo XX Desde a Flauta Maacutegica a muacutesica seacuteria e a muacutesicaligeira natildeo coincidiram mais Toda arte agradaacutevel e ligeira tornou-seilusoacuteria e enganosa (p 174) f [ S

Leuchter (1946) analisando a muacutesica da quarta idade considera que oExpressionismo manifesto nas obras dodecafocircnicas de Schotildeenberg e Webernleva a uma renuacutencia a toda missatildeo social da arte (p 186) ou seja corrobora oargumento d~ despop~Iarlzaccedilatilde-oconsidernI-do que a esfera de accedilatildeo da obra ficareduzida a um miacutenimo - o ciacuterculo dos entendidos (p187)

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o autor considera que o dodecafonismo eacute um indiacutecio de um incipienteprocesso de objetivaccedilatildeo mesmo que as formas levem ainda um conteuacutedosubjetivo E considera ainda que a composiccedilatildeo serial ao derivar todos osfenocircmenos musicais de um uacutenico ponto central- a seacuterie tal como o cantus firmusda Idade Meacutedia aponta para um retorno da muacutesica a sua mais ancestral finalidade- ser siacutembolo do processo de criaccedilatildeo transcendental (p 190)

Tambeacutem Raynor ( 1981) nos oferece um exenplo bastante interessante noque concerne ao distanciamento do puacuteblico pela muacutesica do seacuteculo XX Soacute comSchoenberg vamos encontrar um compositor de vulto rejeitando o auditoacuteriocomo uma necessidade mais ou menos desagradaacutevel ( p 18)

Raynor transcreve trecho de carta de Schotildeenberg que bem exemplificaesse distanciamento

Mantenho tambeacutem a opinatildeo de que uma obra natildeo tem de viver isto eacute -ser executada a todo custo isto eacute se tiver de perder partes dela mesmo quefeias ou falhas mas que nasceram com ela

A segunda questatildeo eacute a da consideraccedilatildeo pelo ouvinte como ele tem pormim Tudo o que sei eacute que ele existe e na medida em que natildeo eacute indispensaacutevel pormotivos acpsticos (visto quea muacutesica natildeo soa bem numa sala vazia) ele eacute apenasum estorvoi ibid)

Raynor afirma que Schotildeenberg perdera a esperanccedila de estabelecercomunicaccedilatildeo com o puacuteblico ao contraacuterio de Beethoven que parece tercompreendido que levaria tempo para que o gosto popular assimilasse seus uacuteltimosquartetos mas pressupunha que eles existissem para serem ouvidos ( )

Harnoncourt (1988) acrescenta-nos uma afirmativa interessante a respeitodo isolamento da muacutesica culta no seacuteculo XX assinalando que a muacutesica hoje natildeosatisfaz nem ao muacutesico nem ao puacuteblico gerando assim um vazio que buscamospreencher segundo ele com a muacutesica histoacuterica ( p 18)

Outro aspecto dual da muacutesica da quarta idade tambeacutem abordado por Wioraeacute o da retomada da muacutesica an~~iltgt paralelam~nt~ordfs~ccedilJlliatildeodo ~ssado nacomposiccedilatildeo Ou seja com o abandono da muacutesica de tradiccedilatildeo oral do folclore dascanccedilotildees populares desaparecem as variaccedilotildees improvisadas mas reproduzem-sepeccedilas fixadas para sempre sobre partituras ou sobre discos (Wiora 1961p175)

A desapariccedilatildeo da tradiccedilatildeo corresponde contudo a multiplicaccedilatildeo de olharesconscientes em direccedilatildeo ao passado a historizaccedilatildeo do passado do qual noacutespodemos somente guardar uma imagem mas que natildeo eacute mais um elemento danossa vida (Wittram citado por Wiora 1961p175)

O desenvolvimento da musicologia e da mentalidade historicista na muacutesicaeacute segundo Wiora uma das caracteriacutesticas da muacutesica da quarta idade - recolhem-

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se e editam-se manuscritos de todos os seacuteculos cantos populares de todos os

paiacuteses ressuscitam-se instrumentos do mundo todo () (Wiora 1961 p 176)Outros exemplos desse processo segundoWiora satildeo a busca e a divulgaccedilatildeo

de cartas de muacutesicos visando a ressuscitar a vida e o conhecimento dos grandesmestres a busca de reconstituiccedilatildeo de textos musicais segundo o original exatosegundo a concepccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo exatas segundo a autenticidade da obra(p 176)

Tambeacutem a pesquisa folcloacuterica se expande e compositores como Janacekou Bartok satildeo segundo o autor aleacutem de compositores exploradores a serviccedilo daciecircncia histoacuterica (pI77)

A difusatildeo mundial da muacutesica antiga se expande tambeacutem na quarta idade eKutz citado por Wiora refere-se a crianccedilas negras da Aacutefrica do Sul cantandovelhos madrigais ingleses e agrave difusatildeo do cravo (ressuscitado na Europa haacute cercade trinta anos) no Cairo na Batavia em Singapura Shangai Tokio O raacutedio e odisco contribuem para isso e desenvolve-se a construccedilatildeo modema de instrumentosantigos o traccedilo dominante consiste em qar agrave muacutesica antiga novas concepccedilotildees

f de exist~n~ja (p 177)O desenvolvimento da consciecircncia histoacuterica musical leva a que os

compositores do seacuteculo XX conheccedilam mais obras do passado do que oscompositores dos seacuteculos anteriores E aproveitam muitos deles caracteriacutesticasdessasobras para por renovaccedilatildeo e acumulaccedilatildeo chegarem a novos resultadosWiora identifica trecircs formas principais de aproveitamento I) de estilos passadosda muacutesica ocidental (Idade Meacutedia Renascenccedila Barroco e Classicismo) 2) deestilos de povos ocidentais e orientais das tradiccedilotildees escrita e oral 3) de estilosarcaicos renovados (como certas foacutermulas de recitativos)

Fischer (sd) aborda o reaproveitamento no seacuteculo XX da muacutesica dopassado como um risco de levar agrave imitaccedilatildeo crassa pois considera que a muacutesicamodema se alimenta de um conteuacutedo perdido de formas cuja significaccedilatildeo evigor natildeo existem mais (p 223)

Paralelamente a esse processo de renovaccedilatildeo da heranccedila musical do passadoWiora assinala a ocorrecircncia de um movimento contraacuterio uma forte exigecircncia deromper totalmente com o passado ~

Embora todos os antigos mestreos Josquin os Bach os Beethovencombinassem tendecircncias conservadoras e progressistas e mesmo atemporaisou transhistoacutericas hoje se estabelece como norma um progressismo elementoparcial ateacute entatildeo e se pretende compor excluindo o passado (p 181)

Apesar dessa tendecircncia de exigir a ruptura com todo acervo tradicionalmuitos compositores como Hindemith ao envelhecerem se tomaram maisconservadores voltando-se para o passado musical

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Outro duplo aspecto enfocado por Wiora na anaacutelise da quarta idade da muacutesicadiz respeito agrave conquista de terras novas - ou seja de novas mateacuterias primaspara a composiccedilatildeo - paralelamente ao retraimento ateacute os limites da muacutesica

No acircmbito das novas conquistas encontram-se segundo o mesmo autornovas escalas e estruturas (como as atonais ou dodecafocircnicas) novas concepccedilotildeesriacutetmicas (como os ritmos assimeacutetricos) novas abordagens harmocircnicas tiacutembricasnovos dinamismos e agoacutegicas

Os limites fisicos - da voz humana ou da matildeo do instrumentista - satildeoultrapassados pela teacutecnica nas composiccedilotildees vanguardistas e segundo Freyer citadopor Wiora (p 186)corre-se o risco de que o livre emprego de todo o arsenal de meios teacutecnicos tornese um fim em si mesmo

A liberdade total que pareceria advir douacuteso ilimitado de teacutecnicas ilimitadaseacute contudo ilusoacuteria de vez que novas regras (ainda que totalmente libertas dasregras do passado) satildeo estabelecidas

No que concerne ao retraimento ateacute os limites da muacutesica Wiora consideraque a muacutesica da quarta idade perdeu a participaccedilatildeo em relaccedilotildees gerais como oserviccedilo divino a paacutetria o estilo de vida e paralelamente desapareceram aspropriedades correspondentes como a ambientaccedilatildeo a eacutetica a perspectiva

Stravinsky citado por Wiora afirma Eu considero que a muacutesica porsua natureza eacute incapaz de exprimir qualquer coisa que seja sentimentoatitude estado psicoloacutegico fenocircmeno natural natildeo importa qual (p 8)

Wiora afirma que aleacutem dos aspectos relacionados por Stravinsky a muacutesicado seacuteculo XX foi tambeacutem despojada de sua trama estrutural operando-se uma reduccedilatildeoateacute os limites a partir dos quais natildeo haacute propriamente muacutesica (p 188)

A realizaccedilatildeo progressiva de possibilidades preacute-existentes a rartir das quaisa muacutesica eacute criada natildeo eacute infinita segundo o mesmo autor mas se prende a limitesdeterminados pela natureza das coisas Segundo o autor eacute caracteriacutestica doseacuteculo XX iniacutecio da quarta idade da muacutesica que a maior parte dos movimentosvanguardistas opere nas zonas de fronteira da muacutesica ou passe para os domiacuteniosvizinhos como o da linguagem e o do ruido

Wiora toma como conceito de muacutesica o que a define como a arte dossons e a partir dessa definiccedilatildeo faz duas consideraccedilotildees relativas agrave muacutesica doseacuteculo XX 1) como arte ela eacute feita a partir de sua natureza de conte~dos

intrinsecamente musicais ou transmusicais sensiacuteveis e inteligiacuteveis 2) a mUacuteSIca eumjogo com sons niacutetidos e determinados sendo possiacutevel a intervenccedilatildeo de ruiacutedoseventuais como acessoacuterio

Quanto ao primeiro aspecto o autor considera que a percepccedilatildeo dos elementos(como o sujeito em uma fuga) eacute essencial para que natildeo nos aproximemos doslimites da arte Mas nos aproximamos do limite da arte se os conhecedores

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eles mesmos natildeo perceberem suficientemente uma seacuterie de sons e suastransformaccedilotildees e se eles natildeo podem fazer uma ideacuteia ( da seacuterie e derivados)se natildeo analisarem a partitura (Wiora 1961 p 190)

rWiora afinna que ao adotar estruturas de difiacutecil percepccedilatildeo a muacutesica se

dessensibiliza e perde seu caraacuteter de espiritualidade - toma-se muacutesica de papelafasta-se do puacuteblico

- O segundo aspecto abordado por Wiora remete ao uso de outros materiaissonoros que natildeo os sons de altura definida Ele considera que os ruiacutedos eventuaissatildeo aceitaacuteveis que se satildeo numerosos a obra natildeo eacute senatildeo parcialmente musical ese eles dominam natildeo se trata de muacutesica no sentido proacuteprio do tenno

A partir das consideraccedilotildees acima o autor considera que a arte ruidosa - conto-a muacutesica concreta ou a eletrocircnica ultrapassa as fronteiras da arte musical el~~ deveria chamar-se muacutesica) embora constitua uma evidente tendecircncia do seacuteculo atual

Ocircutro aspecto da muacutesica da quarta idade abordado por Wiora eacute o datecnicizaccedilatildeo e da artificializaccedilatildeo

Wiora assinala que a muacutesica estaacute tecnicizada na atualidade sob um duploasectecto primeiramente porque se tem aplicado agrave muacutesica lt) espiacute~ito teacutecni~o ~os

) engenheiros segundo em funccedilatildeo da transmissatildeo ou da reproduccedilao eletrotecmcac _ de sons (discos raacutedio composiccedilatildeo eletrocircnica)

O autor afinna que ateacute mesmo a muacutesica executada por meios tradicionaisestaacute influenciada por esse espiacuterito tecnicista que i1_spiordf_~u~er~~~55~lisIJl~_~~_s_

solistas e das orquestras levando a Ull realismoinexp~~~ioem que amuacute~icac ltflui automaticamente como um motor ~ -_ ~-

Oespirit~te~-Icrsta kvatildetambeacutem segundo Wiora a um construtivismo na muacutesica atual sendo que certos artifiacutecios jaacute empregados na Idade Meacutedia como o

de inversatildeo de motivos satildeo retomados hoje em dia como nas teacutecnicas dodecafocircnicas(_ de composiccedilatildeo que conduzem agrave construccedilatildeo total lt

r A construccedilatildeo segundo o autor toma-se um fim em si e nessa perspectiva toma-se indiferente que os ouvintes natildeo a possam perceber

As descobertas e1etro-acuacutesticas satildeo ainda segundo Wiora fator de diferenccedila fundamental entre a quarta idade da muacutesica e as anteriores Alguns aspectos~

principais referentes a essas descobertas satildeo assinalados por Wiora 1) asgravaccedilotildees pennitem faacutecil acesso agrave muacutesica ~_ordm-_~forccedilQ de~~~c_utaacute-Ia aleacutemdisso as interpretaccedilotildees de muacutesicos famosos satildeo amplamente divulgadas econservam-se para a posteridade 2) as gravaccedilotildees o raacutedio e a televisatildeo suprimema barreira do espaccedilo e transportam as obras-primas ateacute mesmo a recantos onde oshomens jamais pisaram numa sala de concerto familiarizam-se assiIl1z~ordmD ti1-ordmres

-artificiais e natildeo com os verdadeiros 3) os novos instrumentos eletrocircnicos se~ssemelham~mpatilderte aos tratildediCiotildeiiatildeis e buscam reproduzir os sons de maneira

econocircmica mas modificam os timbres e a maneira de produzir muacutesica 4) osaparelhos eletrocircnicos para medir registrar reproduzir ou produzir sons modificamo domiacutenio da musicologia teoacuterica e praacutetica gerando instituiccedilotildees para estudoexperimental das novas possibilidades de conhecimento e praacutetica 5) a modificaccedilatildeodos sons as misturas as recriaccedilotildees surgem como novos dados de fonna que oselementos musicais natildeo satildeo mais tomados agrave natureza mas criados artificialmente6) a busca do novo absoluto do inusitado atraveacutes de recursos e1etrocircnicos sugerepossibilidades infinitas mas cria dependecircncias a recursos materiais

Wiora aborda ainda a questatildeo da organizaccedilatildeo da industrializaccedilatildeo e daideologizaccedilatildeo da vida musical que segundo ele leva agrave fonnaacuteccedilatildeo de uma trama deaparelhos de maacutequinas de empregados de funcionaacuterios de ideologias de direitosde autores etc interferindo na Musa da Muacutesica e frequumlentemente a oprimindo(Wiora 1961 p 199)

A quantidade crescente de organizaccedilotildees instituiccedilotildees congressos e festivaiseacute segundo Wiora fator de diferenciaccedilatildeo na muacutesica da nova idade para asprecedentes

O papel da induacutestria modema funcionando tambeacutem como estruturasecundaacuteria na vida musical contemporacircnea eacute enfatizada pelo autor que assinalaa importacircncia dos processos de massificaccedilatildeo atraveacutes da propaganda assim comoda literatura de programa da criacutetica e outros

Outras caracteriacutesticas contraditoacuterias da muacutesica contemporacircnea abordadaspor Wiora satildeo a desumanizaccedilatildeo e a regeneraccedilatildeo do aspecto humano na muacutesica

A desumanizaccedilatildeo eacute considerada pelo autor evidente a partir de vaacuteriosaspectos 1) substituiccedilatildeo de inteacuterpretes por aparelhos o que se reflete inclusiveno decliacutenio do uso da voz humana no cultivo de uma atitude passiva (como a quese tem ao apertar o botatildeo de um raacutedio para ouvir muacutesica pronta ao inveacutes de porexemplo cantar em casa) 2) desaparecimento de relaccedilotildees humanas como entre() muacutesico e o ouvinte em razatildeo do intennediaacuterio mecacircnico entre o compositor e omU1do ambiente etc

Pela teeacutenicizaccedilatildeo a maior parte das possibilidades que oferecia amuacutesica lIa vida desapareceu Na usina natildeo pode se elevar nenhum canto detrabalho IS grandes vilas industriais natildeo se pode formar nenhum canto detrabalho na ftrandes vilas industriais natildeo se pode formar nenhum ambientemusical comgt foi o caso de Nuremberg e Veneza ratilde sino da igreja foi osiacutembolo de nosL1 antiga cultura o da civilizaccedilatildeo uumliacutedustrial eacute a sirene dausina (Wiora 196 p 204)

Paralelamenttltt esse pr~cesso de desumanizaccedilatildeo da muacutesica da quartaidade Wiora identificum processo de restauraccedilatildeo das caracteristicas humanasna muacutesica (p 205) Os e~ldos de psicologia e de sociologia recentes aplicados agrave

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muacutesica tecircm contribuiacutedo para esse resgate dos valores humanos e para a constituiccedilatildeode uma nova base da teoria e da educaccedilatildeo musicais

[Apesar da evidente tendecircncia massificadora da nova idade os apelos aosretornos e a humanizaccedilatildeo da muacutesica se desenvolvem e agem conjuntamente comas forccedilas de desumanizaccedilatildeo e de tecnicizaccedilatilde~Algunsexemplos seriam o despertarde atividades musicais a partir dos jardins de inffincia o desenvolvimento do jazzo reverso agrave tendecircncia construtivista em composiccedilotildees onde se deixe uma grandeliberdade ao executante

Concluindo seu exame da quarta idade Wiora considera que a tendecircncia abuscar ilimitadamente o novo na muacutesica eacute utoacutepica pois I1atildeo haacute terras novas aconquistar1ndefinidamente Para ele a expansatildeo musical tem limites definido-~eashy

ultrapassagem desses limites pode conduzir aos domiacutenios vizinhos ao ruiacutedoA baixa representatividade nos concertos das obras vanguardistas seria

para o autor reflexo de seu isolamento Wiora apresenta argumentos como osde Honnegger (p 207) que considera que a muacutesica estaacute decadente e em processode desaparecimento e os de Juumlnger (p 208) que ao considerar a ocorrecircncia deuma fase transhistoacuterica abre horizontes diferentes para a histoacuteria da muacutesica

Harnoncourt (1988) registra a importante mudanccedila que a muacutesica sofre nonosso seacuteculo e observa que a compreensatildeo da muacutesica ateacute o seacuteculo XIX faziaparte da cultura geral e que hoje paradoxalmente ouvimos muito mais muacutesica queantes mas ela frequumlentemente tomou-se um simples ornamento ou uma formade ~nrig-t~~eLQlH~-spordfnordfL9~ilecircciocrialtiop~Jl~lidatildeo (p 13)

O mesmo autor observa contudo que podemocircs observar que a muacutesica atualestaacute dividida em muacutesica folcloacuterica muacutesica popular e muacutesica seacuteria e que dentrodesses grupos encontram-se ainda parcelas da unidade entre muacutesica e vida masque a unidade como um todo se perdeu Para ele na muacutesica folcloacuterica pode-seainda descobrir certa unidade e na muacutesica popular encontram-se ainda vestiacutegiosda antiga funccedilatildeo da muacutesica mas questiona o papel social da muacutesica seacuteria(Harnoncourt 1988 p 25)

Analisando a crise da muacutesica seacuteria o autor considera que ela eacute reflexo cit criseespiritual e intelectual do nosso tempo pois a muacutesica para ele eacute um espelhodcpresente

A muacutesica moderna cultivada por importantes e ilustro) muacutesicosdesde seacuteculos existe apenas para um diminuto ciacuterculo de intressados queviaja e eacute sempre o mesmo em toda parte Natildeo Odigo de manra iroacutenica maseacute que sinto realmente isso como o sintoma de um colapsoue natildeo eacute simplesde ser entendido e explicado Pois quando a muacutesica se spura de seu puacuteblicoisto natildeo eacute culpa nem da muacutesica nem do puacuteblico (HarJncourt 1988 p25)

Embora o autor natildeo se refira nesse momento agrave muacute~a popular como tambeacutemrefletindo a crise de nosso tempoela sem duacutevida - ainl que de maneira diferente

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sofre consequumlecircncias desse processo Ado tambeacute~ a questatildeo da muacutesica popul~r em ~~ cltad nas paacuteginas seguintes abordaculturais do seacuteculo Xx rtlculaccedilao com as caracteriacutesticas soacutecio-

Harnoncourt (p27-28) assinala tambeacute sena contemporacircnea lev m que o dIstancIamento da m

ou ao culto da muacutesica d USlcacompreender verdadeiramente essa m o passado soacute que natildeo podemos

t USlca Ja que I fi ~ ou ras epocas Ou seja podem e a 01 lelta para pessoas d os aproXImar-nos d e

e emoclOnms mas perdemos seu conteuacuted e seus componentes esteacuteticos

Adorno (I 975) tambeacutem analisa a sit o ~ no s~culo Xx Considera que na atualid~~~aoh~amUSIca no contexto do OcidentemusIca ao qual corresponde um ~um processo de fetichizaccedilatildeo da

E a regressao da audi ~ntre as causas de ft tichi7 accedilatildeo da ccedilao

comportamento valorativo em con~s mUSIca Adorno cita a mudanccedila deq I equencla das influecirc d

ua o cnteno de julgamento eacute o fato de a ~ nClaS o mercado a partir doe gostar de um disco de sucesso eacute q canccedilao de sucesso ser conhecida de todos

Adorno observa ainda qu uase o me~m~ que reconhececirc-lo (p 173)d e a mUSIca II

estma-se ao descarte raacutepido e p gelra e toda a muacutesica de consumoP roporclOna entret

orem apenas para ao mesmo t emmento atrativo e pra7 erp empo recusar os vai ~

ara o autor contudo ao inveacutesd ores que concede (p174)~escartavel contribui para o emudecimnentretenImento legiacutetimo essa muacutesicahnguagem como meio de expressatildeo e im to d~ homens levando agrave morte a

A consequumlecircncia desse pro possIbJlItando a comunicaccedilatildeode fal I cesso segundo Adorno ~ ar rea mente tambeacutem ningueacutem eacute ca az e que se ningueacutem eacute capaz

nao dar atenccedilatildeo ao que ouvem dura t p de OUVIr - as pessoas aprenderam aco d n e mesmo opraacute dnVertl o em consumidor passivo d _ pno ato e ouvir O ouvintemomentos isolados de prazer send per e a noccedilao do todo e usufrui apenas d~funccedilatildeo criacutetica (p176) o que esses momentos parciais jaacute natildeo exerdem

A negaccedilatildeo dos valores dos sentidos na o bull

transformou-se segundo Ad mUSIca ascetlCa do seacuteculo XXA art l orno em caracteriacutestica e b d

e 1ge1ra e agradaacutevel serla ape an eIra da arte avanccediladad d nas um suc d

ver a elro prazer dos sentidos e aneo superficial ilusoacuterio do

_A nOVa etapa da con~ciecircncia m ngaccedilao e rejeiccedilatildeo do prazer no pr uSlcal das massas se define pelatao diferente das canccedilotildees de opno prazer ( ) A muacutesica de ScoenbergCOIl1 elas natildeo eacute degustada nagrave~upc~seos apdresenta em todo caso uma analogi~

Ad er esfrutada (Add middot orno Identifica tambeacutem a Ccedil d ~ orno 1975 pI77)

Iverso f prolun a clsao emnunca ralmiddotIPos de muacutes~ca pois segundo ele desde FlauntaOMss~ t~mpo entre os- s se conseguIu re ------- aalca de Mo rtsena h 000 o ynlr mUSIca sena e muacutesic I----_-__~ z~

degJe uma caracteriacutestica de todos o f d a Ig~I~~ A banahdade contudos IpOS e mUSIca e as leis de mercado

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r

afetariamlgualmente a muacutesica seacuteria e a muacutesica ligeira A partir daiacute a apreciaccedilatildeoda muacutesica seria substituiacuteda pelo culto aos fetiches (Adorno 1975 p 178)

r- Adorno assinala os princip-ais fetIchesmiddotquepatildessam assim a dominar a muacutesicao princiacutepio do estrelato (que afeta todos os ramos de alto virtuosi~mo teacutecnicosobretudo o da voiIiumagravena os grandes mestres os best sellers os mstrumentosmusicais de marca consagrada etc) a caracteriacutestica de l1ercadltgtria que eacute atribuiacuteda

I agrave proacutepria muacutesica e a todo um mercado de consumo em torno dela necessaacuterioI para que se possa ouvir muacutesica _ ~ O autor considera que o processo atual de etlChIZaccedilao da mUSIca lIgado atroca de valores autecircnticos de significaccedilatildeo por valores de mercado envolve amanipulaccedilatildeo comercial tanto da muacutesica claacutessica quanto da muacutesica ligeiraeliminando qualquer distinccedilatildeo legiacutetima entre as duas banalizando a ambas

A atual utilizaccedilatildeo da muacutesica com funccedilatildeo propagandiacutestica eacute tambeacutem assinaladapelo autor como decorrecircncia do processo de transformaccedilatildeo de muacutesica emmercadoria e do seu consequumlente despojamento de valores intriacutensecos

Adorno identifica a partir da anaacutelise dos aspectos acima mencionados amodificaccedilatildeo da funccedilatildeo da muacutesica em nossa sociedade atingindo os proacuteprios

fundamentos da relaccedilatildeo entre arte e sociedadeA praacutetica de arranjos de muacutesicas claacutessicas buscando tornaacute-la facilmente

assimilaacutevel eacute um processo de degradaccedilatildeo segundo o autor que suprime agrave muacutesicasuas caracteriacutesticas originais (e contextuais) Contrariamente Schurmann que seraacutecitado a seguir considera que a praacutetica amadoriacutestica de versotildees simplificadas eacutefavorecedora de maior envolvimento com o puacuteblico e de comunicabilidade

Segundo Adorno a praacutetica dos arranjos toma emprestada a exigecircnciade niacutevel e qualidade dos bens da cultura poreacutem transforma-os em objetos deentretenimento do tipo das muacutesicas de sucesso (p185)

A verdadeira muacutesica estaria assim num processo de desaparecimentocrescente ateacute mesmo porque segundo ele o processo de fetichizaccedilatildeo invadeateacute mesmo a muacutesica supostamente seacuteria que mobiliza o paacutethos da distacircncia

contra o entretenimento elevado (p185)r A barbaacuterie da perfeiccedilatildeo associada agrave necessidade de uma disciplina absolutamente feacuterrea gera um novo fetiche - o aparato como tal a interpretaccedilatildeoi perfeita e sem defeito que conserva a obra agraves custas do preccedilo de sua coisificaccedilatildeo

definitiva (Adorno 1975 pl86)~ O autor associa o domiacutenio dos novos maestros - tambeacutem de caraacuteter fetichista - aopoderio de um governante totalitaacuterio e situa-o tambeacutem no acircmbito do culto ao aparato~ A degradaccedilatildeo da muacutesica contudo segundo sua avaliaccedilatildeo soacute se tomou

possiacutevel porque o puacuteblico natildeo lhe opocircs resistecircncia forccedilando as barreiras que lhe

satildeo impostas pelo mercado

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Ao processo de fetichizaccedilatildeo acima descrito sucintamente correspondeum pr~cesso de regressatildeo da audiccedilatildeo pois segundo Adorno a audiccedilatildeo modernaregredIU e permaneceu num estado infantil

O primitivismo de tal audiccedilatildeo natildeo eacute segundo Adorno caracteriacutestico dos natildeodesenvolvidos e sim dos que foram privados violentamente da sua liberdade Aregress~o se~u~~o ele eacute tatildeo gritante que constata-se ateacute mesmo uma regressatildeoquanto a possIbIhdade de uma outra muacutesica oposta a essa atual muacutesica de massasdeixando morrer a possibilidade de algo melhor

Apesar dos modos de ouvir tiacutepicos das massas atuais natildeo serem consideradosa~solutamente novos por Adorno eles tecircm em comum o fato de que nada do queatmge o OUVIdo foge do esquema de apropriaccedilatildeo de valores

Adorno relaciona a audiccedilatildeo regressiva agrave produccedilatildeo atraveacutes do mecanismode dlfu~atildeo o que se~ndo ele acontece precisamente atraveacutes da propaganda levando~~ ouvmtes e consumIdores a um processo de identificaccedilatildeo com o produto que lhese Imposto fazendo-os necessitar e exigir exatamente tal produto O sentimento deimpot~ncia diante de talmecanismo opressor furtivamente toma conta do puacuteblicoque nao consegue subtraIr-se agrave produccedilatildeo monopolista e sucumbe dominado

Novos modos de comportamento perceptivo satildeo entatildeo desenvolvidos e adesconcentraccedilatilde ~ o meio atraveacutes do qual segundo Adorno se prepaa oesquecer e omiddot rapdo recordar da muacutesica de massas (p 190)

A ipercepccedilatildeo de filmes ou muacutesicas em estado de distraccedilatildeo - ou dedesconcentraccedilatildeo - eacute assinalada pelo autor91e considera a partir de talcomportamento Impossiacutevel a apreensatildeo da totalidadeecircie tais obras

Do processo de desconcentraccedilatildeo e de incapacidade de apreender atotahdade decorre um desvio da atenccedilatildeo de tal forma que desse processo deframentaccedilatildeo d~ percepccedilatildeo (audiccedilatildeo atomiacutestica) se inaugura um deslocamentodo I~~eresse mUSIcal para determinados atrativos particulares como determinadashabIhdades acrobaacuteticas instrumentais ou diversos coloridos instrumentais

A passividade dos ouvintes e outra consequumlecircncia segundo Adorno doprocesso de regressatildeo auditiva Esses ouvintes satildeo classificados pelo autor ementu~lastas (que escrevem cartas de estiacutemulo agraves estaccedilotildees de raacutedio e agraves orquestrass~rvmdo com seu entusiasmo de propaganda da mercadoria que consomem)d~hge~tes (que se retiram do movimento e se ocupam com a muacutesica na pazSilenCiOsa de seus quartos) entendidos (que em toda parte se sentem atilde vontadee tecircm capacidade para tudo inclusive tocar jazz mecanicamente para os outrosdanccedila - rem ou sao pentos em audIccedilatildeo capazes de identificar cada banda e seaprofundar na histoacuteria do jazz como se fosse a histoacuteria sagrada) Os ouvintes regressivos segundo o autor tecircm em comum a perda daindiVidualidade e a alienaccedilatildeo expressa pela despolitizaccedilatildeo que lhes permlte serem

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escravos dos ditames do sistemaA aparecircncia ilusoacuteria corresponde ao falso encantamento oferecido pela

atual muacutesica de massas destinada a ser objeto de consumo e por isso mesmodesprovida segundo o autor de caracteriacutesticas efetivamente artiacutesticas Aleacutem domais essa muacutesica eacute tambeacutem desprovida de inovaccedilotildees teacutecnicas segundo Adornoela se limita a copiar o que a muacutesica seacuteria realizou em Brahms ou Wagner tirando-lhe contudo a autenticidade e o vigor ~ r I _

A muacutesica nova e radical que tem como seusaraut~representa segundo Adorno uma tentativa de resistecircncia consciente agraveexpenenciada audiccedilatildeo regressiva O individualismo atribuido a esses autores com caratermuitas vezes pejorativo representa contudo a possibilidade de salvaccedilatildeo poissomente individuos satildeo capazes de reagir agrave forccedila massificadora

Outro autor que se deteacutem em examinar a situaccedilatildeo da muacutesica na quartaidade eacute Ernst Schurmann (1989)

Schurmann assinala o final do seacuteculo XIX como o momento em que asmanifestaccedilotildees musicais assumem definitivamente a forma de produccedilatildeo econsumo de uma mercadoria chamada arte servindo de alimento ideoloacutegicoindispensaacutevel agrave burguesia Os muacutesicos produtores desta arte - os compositores- ficaram incumbidos de fornecer obras sempre novas e mais convincentes noacircmbito do universo ideoloacutegico musical (p 173)

Em funccedilatildeo da divisatildeo social do trabalho segundo o autor estes compositorespassaram a ter a incumbecircncia apenas de produzir os projetos de tais obras Aexecuccedilatildeo passou agrave responsabilidade de outros muacutesicos especializados narealizaccedilatildeo propriamente sonora das mesmas (p 173)

Schurmann assinala ainda o alto grau de perfeiccedilatildeo e detalhamento da grafiamusical de forma a permitir interpretaccedilotildees exatas Inteacuterpretes e compositores queobtenham ecircxito passam segundo o autor a ser consideradas gecircnios e seutrabalho desenvolve-se de forma inteiramente individual natildeo restando mais nadada praduccedilatildeo coletiva que havia caracterizado eacutepocas mais remotas

A passagem para o seacuteculo XX eacute registrada por Schurmann como uma eacutepocade crise em que o sistema tonal passa a ser questionado surgindo direcionamentosnovos e contraditoacuterios entre si como reaccedilatildeo agrave linguagem musical baseada no sistematonal e agrave alienaccedilatildeo implicada no universo ilusoacuterio por ela criado

r- Entre os novos direcionamentos surgidos o autor assinala aquele aberto porSchotildeenberg que segundo ele visava a abrir novas perspectivas que garan tissemo continuismo da supremacia musical natildeo apenas da cultura burguesa mas

_especificamente da cultura germacircnica (p175f Schurmann considera contrariamente agrave visatildeo hegemocircnica de Schotildeenberg

que essa supressatildeo de hierarquia corresponde aos ideais democraacuteticos da eacutepoca

e que(lS estruturas dodecafocircnicas passaram a realizar no universo do espaccedilomeacutelico uma perfeita liberdade e igualdade que na realidade poliacutetica natildeopassava de mera utopia (p176)

O autor considera natural por isso que a burguesia natildeo tenha aceito essamuacutesica tendo em vista a natural aversatildeo desta classe social aos movimentos poliacuteticosde esquerda (tal como ocorreu com as pinturas cubista e abstracionista)

A inaceitaccedilatildeo pelo puacuteblico das produccedilotildees musicais baseadas no sistemamusical dodecafocircnico ou decorrentes do mesmo e a diminuiccedilatildeo de produccedilatildeo denovas obras tonais levou ao culto do passado dos grandes mestres e agrave crescente

- importacircncia do inteacuterprete em detrimento do compositorOutras decorrecircncias desse processo seriam segundo Schurmann a

supervalorizaccedilatildeo das execuccedilotildees das obras-primas realizadas profissionalmente soba forma de espetaacuteculos ou concertos e o abandono dos atos de musicar (praacuteticaamadoristica de versotildees simplificadas de obras musicais que ainda no iniacutecio doseacuteculo XIX Beethoven providenciava para suas obras) tornando a muacutesica denosso seacuteculo em objeto de consumo passivo O autor assinala a acentuaccedilatildeo desseprocesso em consequecircncia do desenvolvimento das teacutecnicas envolvidas nasgravaccedilotildees fonograacuteficas no raacutedio e na televisatildeo

Schurmann considera contudo que as manifestaccedilotildees acima descritas satildeosintomas de crise cultural e decadecircncia embora talvez seja mais apropriado segundoele delinear uma crise cultural burguesa ao inveacutes de uma crise geral

Na aacuterea rural sobretudo Schurmann identifica um menor acesso aoexerciacutecio da dominaccedilatildeo cultural e uma notaacutevel fidelidade agraves tradiccedilotildees Asmanifestaccedilotildees musicais envolvidas em festas folcloacutericas (como a Festa do Divinoou a Festa dos Santos Reis) se caracterizariam segundo ele pelo seu valor deutilidade como meio necessaacuterio agrave efetivaccedilatildeo de certas relaccedilotildees sociais

Natildeo haacute duacutevida de que as estruturas musicais que nessasmanifestaccedilotildees se associam ora a praacuteticas rituais ora a atividades de trabalhoe ora ao contar de estoacuterias embora praticadas em atendimento anecessidades inteiramente autoacutectones natildeo poderiam ficar totalmente isentasdas influecircncias exercidas pelos princiacutepios que vigoram na muacutesica daburguesia urbana Verifica-se neste sentido que as classes populares ruraispassaram a reproduzir agrave sua maneira as formaccedilotildees tonais da culturadominante (Schurmann 1989 p 179)

A simplificaccedilatildeo harmocircnica extrema dessas manifestaccedilotildees musicais seriareflexo da desvinculaccedilatildeo da linguagem de um universo ilusoacuterio de denotaccedilotildees deforma que os acordes perderiam (total ou parcialmente) a funccedilatildeo linguumliacutestica

Essa aplicaccedilatildeo simplificada do sistema tonal verifica-se tambeacutem segundoSchurmann no acircmbito das manifestaccedilotildees musicais proacuteprias agrave cultura urbana

popularesca como eacute o caso no Brasil da modinha do lundu do tango brasileirodo choro e de vaacuterias manifestaccedilotildees vinculadas ao carnaval

O autor assinala ainda que embora a muacutesica caipira e a muacutesica urbanapopularesca adotem procedimentos musicais semelhantes (como a simplificaccedilatildeoda harmonia tonal) a primeira devido agraves suas caracteriacutesticas de produccedilatildeo e deapropriaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo se esgota na qualidade de valor de usoenquanto a segunda absorvida pelo sistema de mercado capitalista qualifica-sepor seu valor de troca (p 180)

Schurmann observa que a muacutesica urbana popularesca como mercadoria eacuteconsumida natildeo soacute por um puacuteblico de elite numericamente reduzidQl mas por grandesmassas da populaccedilatildeo urbana sujeitas a um processo de monopoacutelio na produccedilatildeo edistribuiccedilatildeo de tal mercadoria pelas grandes empresas que controlam esses meios

r A cultura de massa decorrente desse processo sujeita aos ditames dainduacutestria cultural desenvolve desmedidamente a tendecircncia de apenas~onsumir em detrimento de um autecircntico ato de mur (p 181)

A massificaccedilatildeo atraveacutes da muacutesica revela-se segundo o mesmo autor comoum poderoso instrumento da dominaccedilatildeo cultural refreando o desenvolvimentonatural da cultura popular impedindo que esta adquira a potencialidade de contribuirefetivamente para a emancipaccedilatildeo das classes populares

Outro fato importante assinalado por Schurmann eacute o processo de exploraccedilatildeocultural ligado ao fato de a induacutestria cultural para poder produzir os seusprodutos de faacutecil acesso agraves massas populares tem necessariamente de lanccedilarmatildeo do manancial da cultura popular (p 181) A proacutepria pesquisa sobre ofolclore segundo ele se coloca atraveacutes das instituiccedilotildees que as desenvolvem naposiccedilatildeo de oferecer agraves classes dominantes produtos culturais autenticamentepopulares que possam ser devidamente manipulados pela induacutestria cultural

Schurmann adota o termo muacutesica de consumo para designar a totalidadedos produtos musicais que as mass miacutedia veiculam para o consumo demassa incluindo portanto aquela produccedilatildeo que habitualmente eacute chamadade muacutesica popular (p 182) O autor registra seu repuacutedio aos termos muacutesicapopular e muacutesica folcloacuterica o primeiro por camuflar o processo de dominaccedilatildeocultural inerente a tal tipo de produccedilatildeo (Schurmann considera-o adequado a designarmanifestaccedilotildees musicais autecircnticas das classes populares como a muacutesica caipira)o segundo por estar o termo muacutesica folcloacuterica demasiadamente ligado ao processode exploraccedilatildeo cultural

A capacidade de absorver as mais diversas manifestaccedilotildees musicais eacute umacaracteriacutestica importante da induacutestria cultural assinalada por Schurmann Entreos exemplos dessa absorccedilatildeo citados pelo autor podemos mencionar 1) areproduccedilatildeo dos temas mais conhecidos da claacutessica muacutesica tonal burguesa

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destinando-se a um consumo que apela apenas para a fruiccedilatildeo epideacutermica(p 183) 2) manipulaccedilatildeo de teacutecnicas desenvolvidas pela vanguarda musicalburguesa mediante a utilizaccedilatildeo e o abuso de meios eletrocircnicos lembrando asexperiecircncias de muacutesica concreta da deacutecada de 40 - tudo isso tratado de forma aproporcionar um consumo faacutecil isento de qualquer exigecircncia de participaccedilatildeointerpretativa por parte do ouvinte 3) a absorccedilatildeo na muacutesica de consumo de certaspraacuteticas originalmente surgidas agrave margem da induacutestria cultural (como eacute o caso dosatos de musicar praticados por alguns intelectuais que levaram agrave elaboraccedilatildeo detrajetoacuterias musicais depois cooptadas com o nome de ltbossa nova)

O consumo de muacutesica segundo Schurmann tende a processar-se emregime de tempo integral como se qualquer instante em que natildeo estivessepresente esse consumo representasse um tempo perdido ( p184) O homemmassificado sem nenhum outro objetivo que o de consumir adquiriu um horror aosilecircncio e busca preencher esse vazio com os produtos que a induacutestria cultural lheoferece

Finalmente Schurmann registra que a partir da pressatildeo cada vez maior dainduacutestria cultural a cultura de massa assume a funccedilatildeo de dominaccedilatildeo culturallevando agrave marginalizaccedilatildeo a antiga cultura dominante

A busca de novas perspectivas deve partir da procura de reconduzir aosautecircnticos atos de musicar que segundo o autoraniacutevel decomunicaccedilatildeo socialpodem ser produzidos com a mesma facilidade que os atos de fala e quepossibilitaratildeo agrave muacutesica tomar a adquirir a capacidade de efetivamente contribuirpossivelmente sob a forma de uma nova linguagem musical para a qualidade devida social (p186)

Passando ao exame das funccedilotildees sociais da muacutesica na quarta idade agrave luz dacategorizaccedilatildeo de Merriam fazem-se necessaacuterias algumas consideraccedilotildees preliminares

Inicialmente cabe assinalar que a quarta idade da muacutesica conteacutem algumascaracteristicas que lhe satildeo absolutamente exclusivas ou seja que natildeo se encontramnas trecircs idades anteriores A esse respeito jaacute foi citada a posiccedilatildeo de diversos autoresassinalando uma mudanccedila de funccedilatildeo da muacutesica no contexto do seacuteculo XX

Eacute preciso tambeacutem ressaltar a forte e niacutetida separaccedilatildeo que na quarta idadeafasta os diversos tipos de muacutesica Adotaremos aqui a nomenclatura utilizada porHamoncourt (1988) e jaacute citada anteriormente - Iluacutesica popular referente agravequelamuacutesica criada por autor conhecido predominantemente numa linguagem natildeo eruditae Com frequumlecircncia dependente dos meios de comunicaccedilatildeo de massa para suadifusatildeo musica folcloacuterica referente agrave muacutesica oralmente transmitida cuja autoriaeacute desconhecida e muacute~i~~seacuteria designando a muacutesica derivada da tradiccedilatildeo cultaeuropeacuteia Sentimos necessidade de acrescentar a categoria Iluacutesica de massastomando a denominaccedilatildeo emprestada a Adorno por considerarmos imprescindiacutevel

89r

diferenccedilar a muacutesica decorrente da accedilatildeo da induacutestria cultural daquela muacutesica popularautecircntica ainda que esta uacuteltima seja cada vez mais rara Consideramos incluiacutedana categoria muacutesica de massas aquela m~sica denominada por Adorno demuacutesica ligeira por ser tambeacutem ela fruto da manipulaccedilatildeo da induacutestria cultural

Certamente que essa compartimentaccedilatildeo da muacutesica eacute discutiacute~el e abrangemuitas imprecisotildees e alguns argumentos jaacute foram apresentados anteriorynentenesse sentidOtilde-Contudo sua utilizaccedilatildeo aqui com essa ressalva se faz uacutetil ao

desenvolvimento e ordenaccedilatildeo do assunto Eacute preciso ainda esclarecer que seraacute dada ecircnfase agrave muacutesica seria natildeo por

ser a mais importantei mas pelas caracteristicas deste trabalho Um detalhamentodas funccedilotildees da musica folcloacuterica da popular ou da muacutesica de massas seria temapara um outro trabalho exigindo aprofundamento em literatura especiacutefica - oque reflete uma compartimentaccedilatildeo da proacutepria bibliografia

Seratildeo portanto apesar da importacircncia dessas outras categorias de muacutesicaabordadas apenas de passagem em suas caracteristicas e em seus exemplosmais evidentes sem que essa centralizaccedilatildeo na muacutesica seacuteria implique em qualquerjuizo de valor o _o -o ---

Harnoncourt (1988) levanta a perguntaI por que haacute atualmente de um lado uma muacutesica popular que

I desempenha na vida cultural um papel tatildeo importante mas nenhuma uacutesical seacuteria contemporacircnea de outro representando algum papel (p25)

- Essa pergunta aqui repetida serve para demonstrar que natildeo se pretendeatribuir valor apenas agrave muacutesica seacuteria mas enfocaacute-la prioritariamente em funccedilatildeo da

necessidade de delimitar a pesquisa

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Harnoncourt (1988) natildeo se refere diretamente agrave expressatildeo emocional masindiretamente abordando a relaccedilatildeo muacutesica e vida e enfocando o desempenho deum papel significativo pela muacutesica na vida cultural o autor sugere que estafunccedilatildeo - a de expressatildeo emocional - estaria mais presente na muacutesica popular e na

folcloacuterica sobretudo na primeiraSegundo Harnoncourt (1988) na muacutesica popular encontram-se vaacuterios

aspectos da antiga compreensatildeo musical tais como a unidade canto-poesia (quefoi tatildeo importante nos primoacuterdios da muacutesica) a unidade ouvinte-artista e a unidademuacutesica-tempo - a muacutesica popular nunca tem mais de uns cinco ou dez anosportanto eacute parte integrante do presente ( ) a muacutesica popular eacute atualmente

uma parte essencial da vida (p25)

A muacutesica seacuteria ao contraacuterio segundo o autor natildeo desempenha papel algumna vida atual tendo inclusive se afastado do puacuteblico - que em resposta buscoua muacutesica de outros tempos (cabe observar contudo que a concepccedilatildeo de revivera muacutesica histoacuterica eacute recente emergindo a partir do seacuteculo passado) Na anaacutelise deHarnoncourt a funccedilatildeo de expressatildeo emocional parece ausente na muacutesica seacuteriado seacuteculo xx

Esta eacute tambeacutem a posiccedilatildeo de Leuchter (1946) que no capiacutetulo denominadoA reaccedilatildeo contra a concepccedilatildeo romacircntica considera a muacutesica do movimentoanti-romacircntico do seacuteculo xx - a nova objetividade - como oposiccedilatildeo aosubjetivismo romacircntico resultando na eliminaccedilatildeo de toda classe de impulsoextramusical quer seja idealista sentimental ou realista (p169)

Tambeacuteem Abraham (1986) tratando do serialismo total tendecircncia que sealinha entre as vanguardistas exclui a funccedilatildeo de expressatildeo emocional bem comoa de comunicaccedilatildeo que seraacute tratada adiante considerando-o como puroconstrutivismo sem a menor consideraccedilatildeo com o ouvinte (p841) A mesmaconsideraccedilatildeo seria aplicaacutevel segundo o autor ao dodecafonismo ao serialismoem geral e a outras tendecircncias contemporacircneas

Adorno (1975) considera que todaa muacutesica ligeira e de cOIsumo (aqui incluiacutedasna categoria muacutesica de massas) estatildeo destituiacutedas da possibilidade de servir comoentretenimento contribuindo para o emudecimento dos homens para a morte dalinguagem como expressatildeo para a incapacidade de comunicaccedilatildeo (p 174) Oprazer que essa muacutesica pode propiciar eacute segundo o autor superficial e negadordos verdadetros valores Tal muacutesica atraveacutes da anaacutelise de Adorno aparece-nosisenta de uma legiacutetima funccedilatildeo de expressatildeo emocional

A muacutesica nova e radical (muacutesica seacuteria vanguardista) eacute apontada por Adornocomo a forma por excelecircncia de expressatildeo emocional na muacutesica do seacuteculo xxO autor considera que a aversatildeo e o medo que elas despertam natildeo eacute fruto de suaincompreensibilidade mas exatamente do fato de serem demasiadamente bemcompreendidas~

As manifestaccedilotildees musicais rurais populares ou folcloacutericas no Brasilaparecem segundo Schurmann (1989) como um outro exemplo de expressatildeo deemoccedilotildees uma vez que tal muacutesica interrelaciona atividades de subsistecircncia econcepccedilotildees religiosas vigentes As manifestaccedilotildees musicais daiacute derivadas associamshyse segundo o autor ora a praacuteticas rituais ora a atividades de trabalho ora aocontar de estoacuterias ( como os cantadores nordestinos) A expressatildeo emocional dopovo encontraria vazatildeo atraveacutes dessas praacuteticas musicais O autor observa aindaque as manifestaccedilotildees musicais rurais enquadradas pela induacutestria cultural sofremdeformaccedilotildees que descaracterizam seu sentido original

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Aula
Nota
0410 Manu e Dimas (5 primeiras)

Wiora (1961) conforme jaacute referido considera a restriccedilatildeo de funccedilotildees damuacutesica na quarta idade (o que inclui a funccedilatildeo de expressatildeo emocional talvez amais primitiva de todas) pois segundo ele a muacutesica do seacuteculo XX perdeu aparticipaccedilatildeo em relaccedilotildees gerais como O serviccedilo divino a paacutetria o estilo etc

- A citaccedilatildeo de Stravinsky por Wiora tambeacutem jaacute referida parece reforccedilar aexclusatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emocional na muacutesica da quarta idade quando ocompositor afirma que a muacutesica e incapaz por sua natureza de exprimir qualquercoisa que seja inclusive sentimento

Eacute ainda Wiora quem exclui a muacutesica de vanguarda no seacuteculo XX dafunccedilatildeo de expressatildeo emocional quando afirma que ao adotar estrutu~a~de ificilpercepccedilotildees essa muacutesica se dessensibiliza perde seu caraacuteter de esp1Tltuahdad~

torna-se muacutesica de papel afastada do puacuteblico O construtivismo e as demaIsteacutecnicas dessa muacutesica tambeacutem seriam segundo o autor fatores que levariam agraveartificializaccedilatildeo e agrave inexpressividade da muacutesica

Menuhin (1961) transcreve um diaacutelogo com Aaron Copland que reforccedila aquestatildeo da incompreensibilidade da muacutesica seacuteria de vanguarda o queprovavelmente compromete a funccedilatildeo de expressatildeo emOCIOnal Menuhm nessediaacutelogo declara que nagraveo consegue captar inteiramente certos trabalhoscontemporacircneos mesmo apoacutes escutaacute-los duas ou trecircs vezes (p260) Coplandafirma o mesmo

Tambeacutem ao considerara muacutesica eletrotildenica Menuhin exclui a funccedilatildeo de expressatildeoemocional considerando-a incapaz de transmitirum impulso vibrante (p268)

As tendecircncias massificadoras na muacutesica da quarta idade satildeo para Wiora(1961) fatores de exclusatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emocional na muacutesicacontemporacircnea Em contrapartida as composiccedilotildees em que se deixa uma gr~nde

liberdade ao inteacuterprete tal como a muacutesica aleatoacuteria seriam para o autor tentatIvasde resgatar os valores humanos (entre os quais se inclui a emoccedilatildeo I~giacutetima)

No capiacutetulo em que trata do Conteuacutedo e Forma na arte FIscher (sd)dedica uma parte agrave muacutesica Em sua abordagem ele considera que o conteuacutedo e aforma musicais satildeo diretamente ligados ao momento histoacuterico que os circundasendo que conteuacutedo e forma em muacutesica para Fischer se acham tatildeoreciprocamente interpenetrados que dificilmente podem ser separados (p22)Nesse sentido sendo conteuacutedo e forma social e historicamente vinculados podenamosentender que a muacutesica - mesmo a muacutesica seacuteria de vanguarda distante do puacuteblico- expressaria os anseios anguacutestias emoccedilotildees enfim os sentimentos de sua eacutepoca

Fischer considera contudo que a muacutesica contemporacircnea passa por umprocesso de excessiva valorizaccedilatildeo da forma sendo um dos aspectos dessaformalizaccedilatildeo a remoccedilatildeo forccedilada de todo calor e sentimento ( ) a frieza e ointelectualismo pseudo-religioso de certa muacutesica moderna seu retorno

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artifiCiai a elementos sacros profundamente incompatiacuteveis com o conteuacutedode nossa eacutepoca satildeo sintomas de extrema alienaccedilatildeo (p224)

Para Fischer a muacutesica moderna em geral nada tem a ver com a expressatildeodos sentimentos e se limita a um puro jogo formal

Beltrando-Patier (1982) contudo apresenta uma referecircncia a Jolivet quecontradiz a opiniatildeo de Fischer Em Jolivet tudo soa de maneira encantatoacuteriacomo uma imensa prece pagatilde um tanto selvagem um tanto liacuterica (p60S) Esegue citando palavras do proacuteprio Joivet Eu estou cada vez mais persuadido() que a missatildeo da muacutesica eacute humana e religiosa (no sentido de religare) Eacute precisd efetivamente religar o homem ao cosmos (p60S) ~

A muacutesica para cinema que Menuhin (1981) aprecia no uacuteltimo capiacutetulo deseu livro parece poder ser incluiacuteda no acircmbito da expressatildeo emocional Aelaboraccedilatildeo do desenho animado Fantasia por Stokovsky e Walt Disney seiaexemplo de uma das obras-primas do gecircnero (p2S1)

Cabe ainda uma referecircncia agrave produccedilatildeo de muacutesica de inspiraccedilatildeo religiosaproduccedilatildeo essa restrita na quarta idade sobretudo se comparada agrave de eacutepocaspassadas - como o periacuteodo medieval ou a Renascenccedila por exemplo Eacute interessanteregistrar aqui embora possa ser questionaacutevel enquanto funccedilatildeo de expressatildeoemocional o comentaacuterio de Abraham (1986) agrave Sinfonia dos Salmos deStravinsky que o autor considera como uma das mais impressionantes provas dareligiosidade do compositor conseguindo um efeito de hipnose miacutestica incomparaacutevel(p818)

Se pode ser discutiacutevel o efeito de hipnose miacutestica como expressatildeoemocional do puacuteblico o exemplo parece apontar indiscutivelmente para a expressatildeoemocional do compositor imbuiacutedo de religiosidade E talvez essa seja a principalcaracteriacutestica da muacutesica religiosa do seacuteculo XX composta para ser espetaacuteculode concerto e natildeo para despertar sentimentos religiosos no puacuteblico ou canalizarsua expressatildeo servindo para veicular a emoccedilatildeo religiosa de quem a compocircs

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

A muacutesica seacuteria composta no seacuteculo XX como jaacute tem sido assinaladoaqui em consideraccedilotildees anteriores encontra-se afastada do puacuteblico e no entenderde autores como Harnoncourt Fischer ou Wiora ela eacessiacutevel apenas a umpequeno grupo de conhecedores experientes A apreciaccedilatildeo esteacutetica dessa m~sicanova natildeo eacute faacutecil nem oacutebvia de vez que suas estruturas satildeo de dificil percepccedilatildeo

A esse respeito eacute interessante citar a observaccedilatildeo que Abraham (1986) fazagrave muacutesica eletrotildenica em especial agrave de Stockhausen Eacute duvidoso que um ouvidohumano possa captar as sutiezas riacutetmico-meacutetricas do iniacutecio do Klaverstuumlck

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Ocorreu-me que talvez uma das razotildees por que natildeo gostamos decertas muacutesicas ou de certa arte moderna eacute precisamente o fato de algumasvezes natildeo gostarmos de noacutes mesmos ou do mundo que nos cerca ou denossa sociedade ( middotr-E o mais longo periacuteodo que conhecemos em que amuacutesica considerada impor~ante por alguns foi rejeitada por tantos (p247)

As palavras de Menuhm parecem apontar para a exclusatildeo do prazer esteacuteticopor parte do puacuteblico da muacutesica seacuteria do seacuteculo XX

Adorno (1975) considera que a muacutesica ligeira e a de consumo (muacutesica demassas) proporcionam entretenimento atrativo e prazer mas as considerafundadas em falsos valores conforme jaacute foi exposto anteriormente Ele natildeoexclui dess~~categorias o prazer esteacutetico apen~acha enganoso em virtudeda trocadeval~ porVatildefores provenientes da induacutestria cultural

Na consideraccedilatildeo do autor a muacutesica de Schotildeenberg natildeo pode ser degustada- o que parece excluir dessa muacutesica (e do dodecafonismo em geral e suasvariantes) a funccedilatildeo de prazer esteacutetico A muacutesica seacuteria de vanguarda na abordagemde Adorno tomou-se independente do consumo abrindo matildeo de adotar foacutermulasbanais que a tomariam vendaacutevel agradaacutevel e consequumlentemente alienante edestruidora do individualismo que ela ainda defende

Schurmann (1989) situa a muacutesica serial que inclui a dodecafocircnica e amusica eletrocircnica (ambas incluiacutedas aqui na categoria muacutesica seacuteria) comoamplos espaccedilos para experimentaccedilatildeo musical no contexto da crise cultural doseacuteculo XX Considera tambeacutem que ambas ao romperem radicalmente com otonalismo divorciaram-se do puacuteblico o que exclui a funccedilatildeo de prazer esteacutetico e dealimento ideoloacutegico pois essas correntes natildeo representariam como o tonalismoa ideologia burguesa e o conjunto de relaccedilotildees sociais a ela rel~cionados

Passando ao exame de outra categoria musical segundo anaacutelise dechurmann a mUacutesica caipira se esgota na sua qualidade de valor de uso o

que a~ece exclUI-la da funccedilatildeode prazer esteacutetico Vale lembrar que a muacutesiacutecaCaIpIra a que o autor se refere lllsere-se aqui na categoria muacutesica popular

~churmann enfoca tambeacutem agrave muacutesica popularesca urbana que ele considera~bsorvId~ pelo sistema de mercado capitalista sujeita aos processos de compra e

enda destlnando-se a um consumo nagraveo produtivo e qualijlcando-seportanto sobretudo por seu valor de troca (p 180) Essa muacutesica popularescaurbana a que o autor se refere vincula-se agrave categoria de muacutesica de massas eparece poder ser excluiacuteda da funccedilatildeo de prazer esteacutetico em virtude de relacion~rshyse ~~enas a valores de mercado Esse seria o caso tambeacutem segundo Schurmannda bossa nova b que em ora ongInana de um grupo de Intelectuais da classemedIa canoca que pmtlcavam autentlcos atos de musicar (p184) foi cooptadapela cultura de m d assa que a enommou da forma aCIma refenda

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II Se o prazer esteacutetico relaciona-se em certa medida com a possibilidade deapreender estruturas ele certamente estaria nesse caso comprometido

Wiora (1961) em citaccedilatildeo apresentada anteriormente refere-se ao fato deque mesmo os conhecedores natildeo percebem suficientemente uma seacuterie dodecafotildenicaA apreciaccedilatildeo esteacutetica ficaria provavelmente sacrificada pela ininteligibilidade doselementos na maioria das obras seacuterias contemporacircneas

Eacute preciso contudo ressaltar que tais obras aparecem em caraacuteterabsolutamente minoritaacuterio nos programas de concerto que de qualquer maneiradestinam-se a um puacuteblico muito restrito Os muacutesicos de nossa eacutepoca ao contraacuteriodos muacutesicos de eacutepocas passadas tocam muacutesica de eacutepocas anteriores agrave sua shyenquanto estes uacuteltimos soacute tocavam obras de seus contemporacircneos

Harnoncourt ( 1988 p 27) considera que a consequumlecircncia da dissociaccedilatildeoentre a muacutesica de concerto executada atualmente e a eacutepoca em que vivemos eacuteque chegamos apenas aos componentes esteacuteticos ou emocionais dessas obras do

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passado mas perdemos seu conteuacutedo ou seja as compreendemos realmenteAssim nos deparamos segundo ele no contexto da quarta idade da muacutesica

com uma situaccedilatildeo ineacutedita na histoacuteria da muacutesica As obras seacuterias de nossotempo satildeo de dificil acesso (ou mesmo inacessiacuteveis) do ponto de vista esteacuteticoem virtude de terem rompido com toda a tradiccedilatildeo do passado e desenvolvidonovas estruturas de dificil percepccedilatildeo ou seja prazer esteacutetcCcedilgt que_els_ltl~veIj111

proporcionar vecirc-se sacrificado por sua incompreensLb~de Por outro lado opuacuteblico volta-se para a muacutesica seacuteria do passado cujas e~turas lhe satildeo maisinteligiacuteveis - usufrui delas o prazer esteacutetico mas natildeo atinge seu conteuacutedo cujosignificado pertence a outra eacutepoca

- Leuchter (1946) ~n~li~andoamuacutesica do seacuteculo XX tambeacutem considera quea muacutesica do Expressionismo particularmente representada pelo dodecafonismoresulta dificilmente acessiacutevel Embora o autor considere que em espiacuteritoessa muacutesica tenha identidades com o Romantismo (como pela valorizaccedilatildeo maacuteximada subjetividade ou pela adoccedilatildeo da microforma) ao romper com o tonalismoela renuncia agrave comunicabilidade com o puacuteblico e a toda missatildeo social ficandorestrita a um ciacuterculo de entendidos (p187)

Ao assinalar a inacessibilidade da muacutesica expressionista e sua perda decontato com o puacuteblico Leuchter a exclui (exceto talvez para os poucosentendidos) da funccedilatildeo de prazer esteacutetico Raynor (1981) em referecircncias jaacuteapresentadas neste capiacutetulo reforccedila esse posicionamento o mesmo podendo serdito em relaccedilatildeo a Fischer (sd )

Menuhin (1981) ao abordar as novas correntes musicais do nosso seacuteculofaz algumas afirmativas que oportunamente devem ser citadas quando se enfocaa funccedilatildeo de prazer esteacutetico

Ponto de vista diferente relativo agrave bossa-nova eacute expresso por Joatildeo Gilbertocitado por Brito (1986)

Acho que os cantores devem sentir a muacutesica como esteacutetica senti-la emtermos de poesia e naturalidade Quem canta deveria ser como quem reza oessencial eacute a sensibilidade Muacutesica eacute som E som eacute voz instrumento O cantorteraacute por isso necessidade de saber quando e como deveraacute alongar uma agudoum grave de modo a transmitir com peifeiccedilatildeo a mensagem emocional (p 32)

As observaccedilotildees acima parecem sugerir a funccedilatildeo de expressatildeo emocionale possivelmente a de prazer esteacutetico

Funccedilatildeo de Divertimento

A apreciaccedilatildeo anterior relativa acirc funccedilatildeo de prazer esteacutetico talvez lancealgumas luzes preliminares sobre a questatildeo

A muacutesica seacuteria do seacuteculo XX considerada por todos os autores revistoscomo distante do puacuteblico (exceto de uns poucq~ iniciados) isolada vecirc-se restritaou mesmo isenta de proporcionar prazer esteacutetico e consequentemente algumdivertimento que daiacute pudesse ser decorrente A muacutesica seacuteria dos seacuteculosanteriores notadamente dos seacuteculos XVIII e XIX eacute executada com frequumlecircncianas salas de concerto servindo agrave funccedilatildeo de prazer esteacutetico e possivelmente agrave dedivertimento Mesmo assim para um puacuteblico restrito - mais ou menos restritoconforme a condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica e cultural da sociedade ~considerada

Cabe contudo ressaltar que em ambos os casos (muacutesica seacuteria do seacuteculoXX ou de seacuteculos anteriores) as funccedilotildees de prazer esteacutetico e entretenimento natildeosatildeo necessariamente associadas

A funccedilatildeo de divertimento estaria mais ligada ao acircmbito da muacutesica folcloacutericada muacutesica popular e da muacutesica de massas ainda que de formas diferenciadas

No caso da musica folcloacuterica conforme assinala Schurmann (1989) emcitaccedilatildeo jaacute apresentada ela se acha associada ao cotidiano dos indiviacuteduosrelacionando atividades de subsistecircncia concepccedilotildees religiosas e misticas A danccedila eacutecomwnente associada agraves manifestaccedilotildees musicais folcloacutericas o que permite mesmosem wn maior aprofundamento da questatildeo associaacute-la agrave funccedilatildeo de divertimento

A muacutesica popular cujo protoacutetipo segundo Schurmann seria a muacutesica caipirapode tambeacutem ser relacionada agrave funccedilatildeo de divertimento embora o autor natildeoestabeleccedila tal correlaccedilatildeo Waldenyr Caldas (1987) estabelece claramente a funccedilatildeode divertimento para a muacutesica caipira (p15)

Quanto agrave muacutesica de massas embora se possa agrave primeira vista relacionaacute-laagrave funccedilatildeo de divertimento - danccedila grandes shows com intensa participaccedilatildeopopular veiculaccedilatildeo maciccedila pelos meios de comunicaccedilatildeo etc - eacute preciso ressaltar

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a apreciaccedilatildeo que autores como Adorno e Schurmann apresentam ao divertimentoque ela proporcionar Ambos consideram a muacutesica de massas como forma dealienaccedilatildeo de dominaccedilatildeo e de exploraccedilatildeo cultural Adorno (1975) conforme jaacute foimencionado anteriormente considera que o prazer que essa muacutesica proporcionaeacute ilusoacuterio de vez que fundado em valores apenas de consumo (o que Schurmann[1989J corrobora) prestando-se agrave eliminaccedilatildeo do individuo de sua capacidadecriacutetica de sua percepccedilatildeo da totalidade que o cerca

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

No contexto do seacuteculo XX a comunicaccedilatildeo da muacutesica seacuteria composta nesteseacuteculo vecirc-se bastante restrita fato que jaacute foi explanado em momentos anterioresneste capitulo A ruptura radical com a linguagem anterior do tona1ismo 1evoushya a uma incomunicabilidade com a maioria absoluta da populaccedilatildeo excetotalvez com alguns experts A muacutesica seacuteria dos seacuteculos anteriores realizadacom frequumlecircncia nas salas de concerto atuais tambeacutem eacute de alcance e decomunicaccedilatildeo restritos

Cabe lembrar a observaccedilatildeo que Fischer (sd) faz a esse respeitoquando observa que o virtuosismo que a muacutesica desenvolveu ao afastar-se segundoele da religiatildeo tornou-a exclusiva de um nuacutemero reduzido de ouvintes refinadose que muitas obras importantes de Bach Mozart Beethoven ou Brahms jamai~foram efetivamente populares (p221)

Fischer observa que o formalismo excessivo domina a muacutesica seacuteriacontemporacircnea e que mesmo buscando captar a muacutesica do cosmos a linguagemd~s estrelas dos cristais ou ~os aacutetomose eleacutetrons essa ~uacutesica~bandonao caraacuteterh~o ( ) com expressao de sentlmentos sensaccediloes e Ideias (p 224)

A comunicaccedilatildeo de conteuacutedos histoacuterico-sociais atraveacutes da muacutesica (tal comona Heroacuteica de Beethoven um momento revolucionaacuterio eacute express8raquo vecirc-se limitadona possibilidade de chegar ao puacuteblico uma vez que dificilmente ele assimila a~uacutesi~ s~ria de n~sso tempo E hoje segundo Fischer (sd) quando ouvimos aHerol~~ usufrulmos apenas o nivel esteacutetico pois o conteuacutedo por ser de outra~pocaJa natildeo chega a noacutes Contudo cabe lembrar segundo o autor que mesmoa s~a epoca essa obra de Beethoven escapou agrave compreensatildeo de uma audiecircnciamaIs ampla

Abraham (1986) refere-se agrave muacutesica de vanguarda e agrave incomunicabilidadeao enfocar as muacutes 1 t

Icas e e romca e concreta conSIderadas por ele como desproVIdasde slgmficado (p813)

M Devem-se ressaltar tentativas no seacuteculo XX como a Elegia Violeta paraonsenhor Rom d J

ero e orge Antunes (que busca homenagear o Monsenhor

Sinado em El Salvador) ou a Cantata ao trigeacutesimo aniversaacuterio da morte deassa Lecircnin de Hanns Eisler que Fischer cita (p 213) Outras ha entre as mUSIcas

as referindo-se diretamente a fatos marcantes da histoacuteria do nosso seacuteculo~n mas em todas elas a incomunicabilidade de sua mensagem segundo dIversosautores eacute fator comum

Wiora (1961) refere-se agrave despopularizaccedilatildeo da muacutesica na quarta idade Leuchter(1946) agrave renuacutencia de toda funccedilatildeo social da muacutesica do s~culo ~ ~arnoncourt (1988)afirma que a muacutesica seacuteria de hoje natildeo satisfaz e por ISSO o pubhco se volta p~a amuacutesica histoacuterica A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo acha-se seriamente comprometidasegundo autores aqui referidos na muacutesica seacuteria do seacuteculo XX A

Berio (1981) considera que natildeo existe hoje um contrato socIal u~alllme ehomogecircneo como por exemplo na eacutepoca barroca ou entreo~ Banda-Lllld~emBokassa e que por isso haacute tantos modos de entender mUSIca quantos sao osindiviacuteduos que a ela se dedicam (p9) A

Parece que para o autor a inexiacutestecircncia de um contrato social unalll~e

subjacente agrave muacutesica seacuteria do seacuteculo XX leva a que essa muacutesi~a seja apre~ndI~a

de infinitas maneiras quer seja compreendida ou natildeo Ou seja a comulllcaccedilaonatildeo estaria excluiacuteda mas diversificada

Berio considera que cada um a seu modo todos compreendem a muacutesicaseja ela qual for - o que inclui a muacutesica serial considerada incompreensiacutevel pormuitos (p 14)

Adorno (1975) considera que a rejeiccedilatildeo agrave muacutesica de vanguarda deve-se aofato de ela ser bem compreendida demais Ao expressar o drama de nossa eacutepocaela assustaria Neste caso a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo estaria presente ao contraacuteriodo que Wiora considera quando a denomina muacutesica de papel por estar afastadado puacuteblico

Nas muacutesicas folcloacutericas populares e de massas a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeose faz mais presente ainda que em gradaccedilotildees diversas

A comunicaccedilatildeo de conteuacutedos afetivos sociais religiosos etc pode serconsiderada presente em todas elas sobretudo veiculado pelas letras queapresentam Contudo cabe retomar aqui as consideraccedilotildees de Adorno agrave induacutestriacultural e agrave regressatildeo da audiccedilatildeo

Um exemplo interessante de ser analisado parece ser o que Medaglia (1968)nos oferece quando se refere ao caraacuteter coloquial da narrativa musical na bossashynova (p63) que parece evidentemente apontar para a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Sem duacutevida todos os comentaacuterios anteriormente apresentados agrave muacutesicade massas voltam a ser vaacutelidos neste momento - ela comunica ainda quevalores ditados pela induacutestria cultural ainda que ao preccedilo da alienaccedilatildeo e dafragmentaccedilatildeo do indiviacuteduo

98

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

No acircmbito da muacutesica seacuteria na quarta idade da muacutesica diversos autoresaqui citados assinalam uma mudanccedila de significaccedilatildeo uma perda na participaccedilatildeoem relaccedilotildees gerais e cotidianas o proacuteprio conteuacutedo da muacutesica contemporacircneaeacute muitas vezes discutiacutevel como se depreende das palavras de Berio (I 98 1)referindo-se agrave muacutesica eletrocircnica

() muitos muacutesicos dentre os mais conscientes deram-se conta logoque era tatildeo faacutecil quanto supeacuterfluo produzir sons novos que natildeo fossem oproduto de um pensamento musical assim como hoje eacute faacutecil desenvolver emelhorar as tecnologias da muacutesica eletrocircnica quando elas satildeo desprovidasde profundas e reais razotildees musicais ( p 109)

O risco de que a criatividade cientifica substitua a criatividade musical eacuteassinalado por Berio no que concerne agrave muacutesica eletrocircnica e evidentemente cabea partir daiacute questionar o conteuacutedo musical e o simbolismo dessa muacutesica

A expansatildeo dos limites da muacutesica com a inclusatildeo de novas estruturas enovos materiais sonoros jaacute assinalada aqui anteriormente

hatraveacutes das palavras

de Wiora (1961) natildeo parece corresponder a um aprofundamento de seu conteuacutedode seu significado de seu simbolismo - a muacutesica segundo ele teria recuado ateacuteos limites aleacutem dos quais natildeo haacute propriamente muacutesica ( p 188)

O artificialismo e o tecnicismo o excessivo formalismo a presenccedila detendecircncias eminentemente construtivistas e estruturalistas seriam segundo autorescomo Wiora(1 9oacutel) Abraham (1986) ou Fischer (sd) fatores de esvaziamento damuacutesica contemporacircnea - o que parece comprometer a funccedilatildeo de representaccedilatildeosimboacutelica

As r~s e as transmissotilde~s at~aveacute~ ~e raacutedio e televisatildeo acrescentariamtamb~m a questatildeo de representaccedilao sImbohca o fato da muacutesica transpor asbarreIras do espaccedilo e ser veiculada a pessoas que nem sempre podem assimilaacuteshyla tota~mente A esse respeito cabe ressaltar a intensa participaccedilatildeo quer emgr~va~oesquer em transmissotildees diversas da muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriorescUJ~ SImbolismo natildeo chega ateacute noacutes por natildeo pertencer a nossa eacutepoca a nossarealIdade social

Diversos argumentos a esse respeito jaacute foram apresentados em paacuteginasantenores referindo tu - dI

-se a SI accedilao as sa as de concerto cUJos programas satildeopnontanamen~ede eacutepocas passadas cujo simbolismo natildeo podemos apreender

A teclllcIzaccedilatildeo a desumanizaccedilatildeo satildeo caracteriacutesticas da muacutesicacfudegntmpOracircnea assinaladas por Wiora (I 961 )que sem duacutevida comprometem a

nccedilao de representaccedil- b I E _ ao SIm o Ica m cItaccedilao Ja apresentada o autor menciona

101

retomo artificial a elementos sacros incompatiacuteveis com o conteuacutedo de nossaeacutepoca (p224)

Outro acircngulo da muacutesica da quarta idade a ser enfocado eacute aquele assinaladopor Schurmann( 1989) referindo-se ao aparecimento do dodecafonismo no iniacuteciodo nosso seacuteculo Assim como o autor associa o afloramento do sistema tonal noseacuteculo XVIIl agrave emergecircncia do capitalismo industrial (cujas bases gradativamenteforam lanccediladas na eacutepoca iluminista) ele relaciona o dodecafonismo aos ideaisdemocraacuteticos do iniacutecio do seacuteculo XX Para S~hurmann as estruturasdodecafocircnicas ao pretenderem a rem~ de toda hierarquia propostas pelotonalismo realizariam no universo meacutelico uma perfeita liberdade e igualdadeque na realidade politica ainda natildeo passava de utopia (Schurmann1989 p 176)

A correlaccedilatildeo apontada por Schurmann entre o sistema dodecafocircnico e aideologia critica de natureza democraacutetica proacutexima agravequela preconizadapelos teoacutericos marxistas (p 176) permite identificar na muacutesica dodecafocircnica afunccedilatilde~ de represe~t~ccedilatildeosimboacutelicaexplicando segundo o autor o repuacutedio do puacuteblicoburgues a essa mUSIca Identificada por esse puacuteblico com os movimentos poliacuteticosde esquerda

De certa forma Berio (1981) parece atribuir a toda muacutesica a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica

Na o~ra musical existe sempre uma zona de irrealidade que soacute podes~r apreendida atraveacutes da mediaccedilatildeo de obras assimiladas e experiecircnciasVlvdas com as quais natildeo precisamos necessariamente identificar-nos masque apreendemos e observamos () porque acreditamos que sobre elas mais~ue s~bre outras estaacute colada a histoacuteria e mais livremente somos levados amvesflr nelas talvez a parte melhor e natildeo revelada de noacutes proacuteprios e maisabertalente o nosso inconsciente musical (p 6)

~ ainda Berio quem referindo-se agrave muacutesica eletrocircnica coloca como umdo~ ~alOres problemas musicais do nosso tempo a distacircncia entre as dimensotildeesacustlcas e ~o~ceiacutetual da muacutesica Tal problema parece comprometer no caso damuslc~~e~ron~caas fu~ccedil~es de representaccedilatildeo simboacutelica e de comunicaccedilatildeo (p3 3)

~mblto das musIcas populares e folcloacutericas a funccedilatildeo aqui consideradapa~e~e mais eVIdente sobretudo entre as uacuteltimas que vecircm associadas a temaacuteticasrelIgIOsas ou cotid A t mnas s mUSIcas populares sobretudo atraveacutes de suas letrasenam tambem essa funccedilatildeo

d Quanto agrave muacutesica de massas poder-se-ia caracterizar a ocorrecircncia da funccedilatildeoe representaccedilatildeo b T

(1975) Sl~ o Ica embora fundada segundo Schurmann (1989) e Adornoem valores Ilusoacuteri I d

cultural os ou seja va ores e troca mampulados pela induacutestria

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a ausecircncia de cantos de trabalho nas usinas e a substituiccedilatildeo do sino da igreja quefoi segundo ele siacutembolo de nossa antiga cultura pela sirene das faacutebricas

Harnoncourt (1988) tambeacutem reforccedila a argumentaccedilatildeo em torno doesvaziamento da muacutesica atualmente ao assinalar que ela passa a ter em nossasvidas uma funccedilatildeo meramente decorativa o que segundo ele natildeo seria um problemaexclusivo da muacutesica seacuteria em virtude da accedilatildeo da induacutestria cultural sobre a muacutesicacomo um todo

A unidade entre muacutesica e vida estaria para Harnoncourt ainda presente(embora comprometida) nas muacutesicas populares e folcloacutericas mas inexistente namuacutesica seacuteria A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica tambeacutem nas palavras doautor pode ser depreeendida como ausente na muacutesica seacuteria da quarta idade

O processo de fetichizaccedilatildeo da muacutesica em nosso seacuteculo assinalado porAdorno (1975) relaciona-se ao esvaziamento da funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelicada muacutesica seacuteria realizada em salas de concerto ou difundida atraveacutes de gravaccedilotildeesOs valores de mercado a valorizaccedilatildeo de estrelas (sejam maestros ou inteacuterpretes)seriam indiacutecios para ele da troca dos valores autecircnticos por aqueles ditados pelainduacutestria cultural

Contudo Adorno identifica a muacutesica de vanguarda como um foco deresistecircncia agrave massificaccedilatildeo e ao consideraacute-Ia inaceita em virtude de representar ohorror de nossa eacutepoca ele parece conferir agrave muacutesica dodecafocircnica a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica

Menuhin (1981) apresenta um exemplo que merece ser citado no acircmbito dafunccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica na muacutesica de nosso seacuteculo

Na Alemanha na deacutecada de 20 especialmente o estado de espiacuteritoera quase de histeria um espiacuterito amargo mordaz composto de desiluccedilatildeo enostalgia que a muacutesica de Kurt Weill capta com perfeiccedilatildeo () As partiturasde Weill contecircm algo do espiacuterito caccediloiacutesta da Repuacuteblica de Weimar entre asguerras ( ) ( p248)

As consideraccedilotildees do autor sobre a muacutesica de Kurt Weill parecem indicarque a muacutesica desse compositor simbolizaria o contexto poliacutetico-social ou pelomenos o estado psicoloacutegico das pessoas no periacuteodo intermediaacuterio agraves duas grandesguerras

Ainda na esfera da funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica vale lembrar que amuacutesica sacra de periacuteodos anteriores deteve fortemente essa caracteristica Fischer(sd) assinala a gradativa mudanccedila dessa muacutesica e sua trajetoacuteria rumo agraves salas deconcerto nos periacuteodos barroco claacutessico e romacircntico A muacutesica do seacuteculo XX natildeoresgatou ao que parece o forte componente simboacutelico dessa muacutesica religiosa deoutras eacutepocas A produccedilatildeo de tal muacutesica eacute escassa na atualidade e Fischer assinalanela caracteriacutesticas de frieza e intelectualismo pseudo-religioso bem como um

100

A apropriaccedilatildeo pela muacutesica de massas de temas estruturas praacuteticasteacutecnicas das muacutesicas populares folcloacutericas e seacuterias conduzem segundo Schurrnann(1989) a uma fruiccedilatildeo apenas epideacutermica despida de significado verdadeiromarginalizando a antiga cultura dominante (p183-184) Contudo apesar de ilusoacuteriaa representaccedilatildeo simboacutelica parece presente tambeacutem na muacutesica de massas

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

No contexto da musica seacuteria na quarta idade natildeo se encontraram referecircnciasque permitam assinalar a ocorrecircncia niacutetida desta funccedilatildeo embora se possaargument~toda e qualquer muacutesica provoca sempre alguma reaccedilatildeo fisicaainda quea niacutevel bioloacutegico

No acircmoiacuteto dos concertos a reaccedilatildeo fisica soacute eacute cogitaacutevel ao niacutevel da reaccedilatildeoemocional (o que envolve sem duacutevida o aspecto fisico) ainda que culturalmentecondicionada conforme jaacute foi comentado anteriormente A produccedilatildeo de muacutesicareligiosa no seacuteculo XX prioritariamente dirigida (ainda que escassa) agraves salas deconcerto tambeacutem se situa neste exemplo

A utilizaccedilatildeo de hinos e marchas de caraacuteter ciacutevico pode ser assinalada nahistoacuteria do seacuteculo XX muitas vezes com a finalidade de conduzir o comportamentoda multidatildeo

Contudo eacute no acircmbito das muacutesicas populares folcloacutericas e de consumo quefrequumlentemente vecircm associadas agrave danccedila que a reaccedilatildeo fisica se faz mais evidente

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

Alguns exemplos citados aqui no acircmbito da muacutesica seacuteria como a Elegia Violetapara Monsenhor Romero de Jorge Antunes que eacute uma homenagem ao Monsenhorum protesto pelo seu assassinato e uma exaltaccedilatildeo agrave justiccedila poderiam talvez serrelacionados como exercendo a funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais Aestruturaccedilatildeo da muacutesica aqui citada acessiacutevel apenas a uma minoriaabsoluta de expertstoma bastante restrito o acircmbito do exerciacutecio dessa funccedilatildeo Eacute o mesmo caso de obrascomo Treno para as viacutetimas de Hiroshima de Penderecki ou O canto suspenso deNono (composto sobre cartas de membros da Resistecircncia europeacuteia condenados agrave morte(Abraham 1986p844) ou ainda Yo lo vi de De Pablo tratando dos desastres daguerra (Beltrando-Patier 1982 p6uuml2) etc

Entre as muacutesicas folcloacutericas populares e de consumo na maioria das vezesassociadas a letras a-imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais eacute mais evidenteA saacutetira poliacutetica ou aos costumes eacute um exemplo que pode facilmente ser localizado

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no exame das letras de canccedilotildees diversas As canccedilotildees de protesto tambeacutem satildeofrequumlentes e referecircncias a elas podem ser encontradas por exemplo em Campos(1968) no contexto da bossa-nova (p 49)

Menuhin (1981) apresenta exemplos de hinos e canccedilotildees populares que podemser enquadrados na funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais WeshaIl overcome cantado por milhares de homens e mulheres brancos e negroscom a mesma mensagem de dignidade que ouvimos na voz sonora do Dr MartinLuther King e Blowin in the wind escrito e cantado por Bob Dylan um gritode consciecircncia em uma eacutepoca de profundas discussotildees quanto agraves metas nacionaise sociais envolvendo a guerra do Vietnatilde (p29uuml-291 )

Waldenyr Caldas (1987) no capiacutetulo denominado O tempo de Alvarenga eRanchinho assinala o importante papel dessa dupla no contexto da muacutesica sertanejae a iinportacircncia da saacutetira poliacutetica por eles realizada principalmente dirigida agraveditadura de Getuacutelio

A ditadura de Getuacutelio Vargas governava o paiacutes ( ) Alvarenga eRanchinho resolveram contestaacute-la denunciacuteaacute-la atraveacutes do desafio e doponteio da viola Sempre que podiam ridicularizavam publicamente a figurado ditador gauacutecho Alvarenga lider da dupla aleacutem de politizado eirreverente era extremamente radical Natildeo deixava jamais passar em brancouma atitude uma medida autoritaacuteriacutea de Vargas Satiriacutezava na mesma hora edepois incluiacutea em seu repertoacuterio Por causa diacutesso a dupla foi vaacuterias vezeslevada agrave prisatildeo mas tambeacutem agraves paradas de sucesso (p46)

E preciso contudo ressaltar que as letras das canccedilotildees sobretudo dasmuacutesicas de massas - nem sempre estatildeo voltadas para impor conformidade anormas sociais Pelo contraacuterio muitas delas visam a escandalizar ou a rompercom padrotildees sociais (possibilidade descrita por Merriam) aos quais natildeo buscam~onformar-se e sim romper embora tal ruptura natildeo signifique ruptura doSIstema A induacutestria cultural manipula tais tendecircncias (assim como nas novelasde televisatildeo) procurando atingir um puacuteblico vulneraacutevel a essas influecircncias

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Prov~velmente no contexto da quarta idade a muacutesica folcloacuterica seja a quemelhor realIza essa funccedilatildeo Schurmann (1989) em citaccedilotildees jaacute apresentadas assinalaesse fato

Waldenyr Caldas (1987) referindo-se agraves origens da musica caipira cuja ligaccedilatildeoe mtensa Com o folclore I I assma a sua ImportancIa SOCIa atraves de vaacuterias funccedilotildees

103

Aula
Nota
1110 Eduardo A e Eacuteber (5 uacuteltimas funccedilotildees)

A importacircncia dessa mUSIca poreacutem eacute muito maior do que possaparecer Ateacute poque ela nunca aparece apenas enquanto muacutesica Aleacutem daevidente funccedilacirco luacutedica de lazer deve-se ainda destacar seu papel na produccedilatildeoeconoacutemica atraveacutes do mutiratildeo no ritual religiosa das festas tradicionaisda Igreja e principalmente como elemento agregador da proacutepriacomunidade mantendo-a coesa atraveacutes da praacutetica e da preservaccedilatildeo dosseus valores culturais (p IS)

A funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos parecetransparecer na referecircncia agrave muacutesica caipira acima apresentada

No contexto da muacutesica seacuteria no seacuteculo XX a funccedilatildeo aqui considerada natildeopode ser assinalada com clareza atraveacutes dos exemplos e anaacutelises constantes da

bibliografia consultadaAparecem referecircncias agrave utilizaccedilatildeo de hinos e canccedilotildees inclusive com a funccedilatildeo

de conduzir o comportamento das multidotildees que indiretamente poderiam contribuirpara a validaccedilatildeo de instituiccedilotildees sociais e religiosas As obras sacras compostasna atualidade parecem mais destinadas a um papel de concerto que agrave funccedilatildeo aqui

consideradaBeltrando-Patier (1982) faz uma referecircncia que permite remeter agrave funccedilatildeo

de validaccedilatildeoNa Espanha adotou-se a doutrina dodecafoacutenica para se destacar da

esteacutetica governamental sob a ditadura do General Franco Em 1939 realmentea muacutesica espanhola () perde seu dinamismo proacuteprio A desorientaccedilatildeo anterioragrave guerra conduz a uma arte quase reacionagraveria frequumlentemente calcada deforma inconsciente sobre a poliacutetica da regiatildeo (p601)

Pode-se questionar se essa arte reacionaacuteria seria uma forma ainda queinconsciente de validar o regime poliacutetico da ditadura de Franco

Tambeacutem no que diz respeito agrave muacutesica de consumo - muacutesica de massas - ficadificil ou mesmo impossiacutevel identificar essa funccedilatildeo sobretudo se adotarmos oponto de vista de Adorno (1975) que considera que essa muacutesica promove asubstituiccedilatildeo de valores verdadeiros por valores apenas de mercado Mas a muacutesicade massas natildeo estaria validando o sistema capitalista e suas instituiccedilotildees justamente

por preconizar os valores de mercado

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

A grande ruptura produzida pela muacutesica seacuteria assinalada por Wiora (1961)como um dos marcos da quarta idade natildeo parece permitir sua inclusatildeo na

104

bull6-4l--shybullbullbullbull-shybullbulle---bull-bull--~shy~ ~

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contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura O distanciamentocrescente do puacuteblico a adoccedilatildeo de estruturas de dificil acesso a restriccedilatildeo gradativade papeacuteis sociais que a muacutesica seacuteria possa desempenhar (conforme vemtransparecendo na revisatildeo aqui realizada) parecem excluir a muacutesica seacuteria do

exerciacutecio dessa funccedilatildeoCabe lembrar poreacutem a intensa veiculaccedilatildeo nas salas de concerto e nas

gravaccedilotildees da muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriores Ao ser mantida viva essamuacutesica contribui de alguma forma para a continuidade e estabilidade da

culturaOs exemplos jaacute apresentados anteriormente relativos agrave muacutesica popular e agrave

muacutesica folcloacuteria apontam para a inclusatildeo dessas muacutesicas na funccedilatildeo aquiconsiderada sobretudo no que se refere agrave uacuteltima

Quanto agrave muacutesica de massas cujo objetivo eacute promover valores de mercadopode parecer duvidoso inclui-Ia na funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a continuidade eestabilidade da cultura mesmo quando ela aparentemente pareccedila fazecirc-lo Podeshyse contudo considerar que a manutenccedilatildeo do status quo do mundo capitalista (ede sua cultura mesmo que de valores ilusoacuterios) eacute garantida no seacuteculo XX pelainduacutestria cultural e pela muacutesica de massas

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

A muacutesica seacuteria do seacuteculo XX - a muacutesica de papel no dizer de Wiora(1961) - natildeo parece ter condiccedilotildees de desempenhar a funccedilatildeo integradora numsentido mais amplo porque acha-se voltada para um restrito puacuteblico de iniciados

A muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriores veiculada atualmente em concertospuacuteblicos multas vezes ao ar livre e destinados a atingir o povo em geral poderiatalvez em alguma medida sugerir a presenccedila dessa funccedilatildeo apesar das observaccedilotildeesjaacute apresentadas anterionnente referentes agrave perda do conteuacutedo das muacutesicas deoutras eacutepocas quando realizadas fora de seu momento histoacuterico-social Sua inclusatildeonessa categoria - integraccedilatildeo da sociedade - se legitima parece registraacutevel apenasem caraacuteter superficial

A muacutesica popular a muacutesica folcloacuterica e a muacutesica dc consumo realizamain~a que em graus diferentes a funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeo daSOCIedade

Os exemplos jaacute apresentados parecem ilustrar com clareza a presenccediladessa funccedilatildeo nas muacutesicas acima referidas

Vale ressaltar mais uma vez o caraacuteter ilusoacuterio e alienante da muacutesica demassas confonne assinala Adorno~A integraccedilatildeo de indiviacuteduos em tomo de valores

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induzidos pela induacutestria cultural eacute certamente ilusoacuteria segundo ele visando agravemassificaccedilatildeo dos indiviacuteduos e agrave sua submissatildeo aos ditames do mercado)

A integraccedilatildeo de grandes multidotildees de indiviacuteduos em espetaacuteculos de rock(fenocircmeno musical incluiacutedo aqui na categoria muacutesica de massas) eacute enfocadapor Menuhin (1981)

Parte do atrativo do roeI( and rol estaacute em seu senso de participaccedilatildeocoletiva Os jovens como sempre necessitam da seguranccedila que lhes daacute apresenccedila de seus semelhantes ( ) acima de tudo em espetaacuteculos puacuteblicosonde a histeria da adulaccedilatildeo jagravez parte de seu modo de expressatildeo ( ) Amultidatildeo de fatildes em um concerto de rock eacute uma proclamaccedilatildeo evidente deidentidade coletiva (p 279)

O caraacuteter ilusoacuterio segundo Adorno (1975) dessa integraccedilatildeo decorre dainduccedilatildeo de falsos valores que o autor assinala em sua anaacutelise da muacutesica demassas

Menuhin (1981) reforccedila esse aspecto de diluiccedilatildeo das identidades dedestruiccedilatildeo da individualidade atraveacutes dos grandes espetaacuteculos puacuteblicos de muacutesiacutecade massas Referindo---se aos Rolling Stones ele menciona uma parede de somque visa a entorpecer todos os sentidos conscientes natildeo deixando outraescolha para a pessoa senatildeo a de se render e participar A histeria geradapor esses espetaacuteculos eacute assinalada por Menuhin que considera que a muacutesica dosRolling Stones parece mais eliminaccedilatildeo de estruturas jagravezendo tudo voltar aobarro cru (p 28) A alienaccedilatildeo e a histeria coletivas assinaladas pelo autor satildeoaspectos da muacutesica de massas que no acircmbito da integraccedilatildeo social natildeo podemdeixar de ser assinalados

Algumas consideraccedilotildees finais no que concerne agraves funccedilotildees sociais da muacutesicadevem aqui ser incluiacutedas

Primeiramente eacute preciso registrar que natildeo houve qualquer pretensatildeo deestabeleceu roacutetulos ou categorias estanques mas apenas de tentar ordenar einterpreta~ o vasto material colhido de forma a viabilizar sua utilizaccedilatildeo no acircmbitodesta pesquisa

Em segundo lugar cabe lembrar que o proacuteprio Merriam assume duacutevidashesitaccedilotildees e necessidades de aprofundamento em relaccedilatildeo a diversos aspectospertinentes agraves funccedilotildees sociais da muacutesica e agrave categorizaccedilatildeo que ele propotildee o quereforccedila a necessidade de que nem~lassificaccedilatildeoque ele apresenta nem a apreciaccedilatildeohistoacuterica dessas funccedilotildees aqui realizada sejam encaradas de forma riacutegida oudefinitiva

Finalmente faz-se necessaacuterio assinalar que sobretudo no contexto da quartaidade eacute preciso um aprofundamento da questatildeo Eacute preciso ter em mente que ao

106

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~------shyte

analisarmos um contexto histoacuterico que estamos vivenciando nossas possibilidadesde clareza satildeo provavelmente menores do que ao enfocar periacuteodos anteriores

Por outro lado natildeo podemos de todo evitar que o olhar do seacuteculo XXesteja presente na anaacutehse de periacuteodos histoacutericos anteriores - o que seria minimizaacutevelem certa medida com a an~lise e tratados e de textos diversos das eacutepoca~enfocadas mas essa tarefa nao fOI assumIda no contexto deste trabalho

Aleacutem disso evidencia-se que as peculiaridades da muacutesica do seacuteculo XXe~ige~ u~ estudo especiacute~co das funccedilotildees sociais da muacutesica As proacutepriasdlvergencas entre os tratadIstas e filoacutesofos de nossa eacutepoca apontam no sentidodesse estudo

~m que categoria por ~xe~pl~ deve-se situar o exemplo abaixo queMenuhm (1981) apresenta relatIvo a musIca do compositor norte-americano JohnCage

() Cage fez uma apresentaccedilatildeo em Cambridge Massachusetts deum evento que chamou de Harvard Square Colocou um piano em uma ilhapaa pedestres ~o centro da praccedila e logo se formou uma multidatildeo CageaClOn~u um cronometro jechou o piano e cruzou as matildeos A multidatildeo esperouDep0ls de um certo tempo determinado pela consulta ao I Ching ( ) eleabnu a tampa do teclado e ficou de peacute O puacuteblico aplaudiu enquanto Cagese curvava agradecendo E o que foi apresentado Nada mais que o ambientede som do tracircnsito de Harvard Square conversas casuais passos e outrosruldos (p269)

Natilde~ cabe soacute a duacutevida quanto agrave categoria em que esse exemplo se inseremas tambem a pergunta levantada pelo proacuteprio Menuhin A muacutesica eacute som ou natildeosom (p270)

J 1 de Mora~s (1989) apresenta uma das possiacuteveis respostas a essapergunta quando conSIdera que o silecircncio na muacutesica do ocidente passou a assumirum papel estrutural tomado em peacute de igualdade com o som (p81) Moraes acrescenta ainda que John Cage concluiu que o silecircncio tambeacuteme mUSIca tendo i I d nc USlve construI o sobre ele boa parte de sua poeacuteticaconSIderando-o um novo 1 d d f - fi pOl a or em ormaccediloes gerador de novos e insuspeitadosslgm Icados

Um~ outra consideraccedilatildeo interessante sobre o papel do silecircncio na mUSIcacontemporanea pode t d d C ser re Ira o e ampos (1968) quando assinala que a pausaou seja o sI1enc T d d 10 e Utl Iza o na bossa-nova como um elemento estrutural comosen o um a~~ecto do som som-zero (p22)

A analIse do pap I d I um t b Ih e o SI enclO na muacutesica do seacuteculo XX certamente merecera a o a parte

107

Outro exemplo que suscita a duacutevida sobre o que eacute a muacutesica e sobre ascategorias passiacuteveis de serem estabelecidas para as funccedilotildees sociais da muacutesica eacuteapresentado por Moraes (1989) Hoje em um universo visto natildeo mais comoalgo fechado ou imoacutevel nas relativizado e ~m expansatildeo COIIO o propostopela jisica moderna natildeo existe razatildeo para aceitar a proacutepria muacutesica comoum processo ( plO)

O autor segue apresentando um exemplo de muacutesica do compositor norteshyamericano La Monte Young (1935) denominada Composiccedilagraveo 1960 n 5 quedeve ser construiacuteda aleatoriamente seguindo-se o movimento de uma borboleta(pIO)

Outras questotildees podem ainda ser levantadas Onde por exemploincluiriacuteamos a muacutesica estocaacutestica ou seja aquela baseada em caacutelculos dasprobabilidades A que funccedilagraveo corresponde a muacutesica utilizada para preencher osvazios do silecircncio que muitos homens do seacuteculo XX natildeo podem suportar Quepapel desempenham os novos materiais sonoros na muacutesica contemporacircnea

Os COlpOS sonoros natildeo rendem de forma alguma o que se esperadeles O microjagravene capta o que haacute de mais imprevisivel Muitas vezes perdeshyse e recomeccedila-se ateacute que se obtenha um objeto sonoro interessante ( ) Umachapa de jagravelha metaacutelica um abajur um ventilador desviados de sua utilizaccedilatildeonormal datildeo resultados sonoros insuspeitados (Ferrari citado por Barraud 1975p152)

Outras funccedilotildees aleacutem das categorizadas por Merriam parecem ser sugeridaspela observaccedilatildeo dos exemplos analisados ou mesmo pelos autores revistos comoeacute o caso de Adorno (1975) ao assinalar a muacutesica como ruiacutedo de fundo paranossas atividades cotidianas ou de Berio (1981) quando preconiza uma funccedilatildeoconsolatoacuteria para a muacutesica considerando que ela pode tomar-se siacutembolo deuma possibilidade de leitura consolatoacuteria e ateacute utoacutepica do mundo (pI9)

A funccedilatildeo consolatoacuteria da muacutesica a que Berio se refere tem correspondentena categorizaccedilaacuteo de Merriam Que outras funccedilotildees fora da perspectiva funcionalistade Merriam poderiam ser identificadas Conscientizaccedilatildeo Transformaccedilatildeoindividual ou social Representaccedilatildeo de conflitos sociais Alienaccedilatildeo

Cabe ainda citar Berio (1981) contrapondo sua palavra a todos osargumentos levantados aqui agrave incompreensibilidade da muacutesica seacuteria de vanguardaNatildeo creio em quem diz natildeo entendo esta muacutesica quer me explicarSignifica que ele nagraveo entende a si mesmo e natildeo sabe o lugar que ocupa nomundo e nem suspeita que a muacutesica eacute tambeacutem um produto da vida coleliva(pII )

E cabe tambeacutem assinalar que embora predominem opiniotildees restritivas agravemuacutesica seacuteria contemporacircnea na bibliografia consultada esse natildeo foi o criteacuterio de

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sua seleccedilatildeo e sim a sua respeitabilidade (e de suas fi t ) O on es que se parece

eVIdenCIar e um notono desconforto dos tratadista t s con emporaneos dIante

dessa mUSica ou mesmo a Incompreensatildeo dela - o que tt fi d I cons I UI enomeno dIgnoe ana Ise

A revisatildeo e as sistematizaccedilotildees apresentadas neste ca t I -( _pI U o nao pretendeme nao podem naturalmente) esgotar o tema abordado AI d

d I - em ISSO e precISoconsl erar as Imltaccediloes merentes a qualquer estudo d t- d b

e ao gran e a rangenCIaCntudo o matenal aqUI apresentado parece suficiente para ab

Pe s e t d - d h nr umar p c Iva e revlsao a Istona da muacutesica (e em esp I I d _ cCla e c aro as funccediloesque a musIca desempenhou e desempenha) bem como I fu d

I coocar n amentospre Immares a uma discussatildeo mais profunda sobre o

ensmo supenor de musIcacentrada em seu conteudo- a musICa - a partir d t d fu _

a o Ica c suas nccediloes socIaIs

IW

CAPIacuteTULO III

ENSINO DE GRADUACcedilAtildeO E FUNCcedilAtildeOSOCIAL DA MUacuteSICA

o objetivo deste capiacutetulo eacute trazer para o acircmbito do ensino d~ grad~a~atilde emmuacutesica o cnfoque da funccedilatildeo social da muacutesica cuja retrospectiva hlstonca eclassificaccedilatildeo foi feita no capitulo anterior a partir da revisatildeo da literaturaespecializada

A bibliografia consultada menciona em diversas passagens a neceSSidadede revisatildeo dos cursos de muacutesica

Harnoncourt (1988) situa na Revoluccedilatildeo Francesa uma importantemodificaccedilatildeo na relaccedilatildeo mestre-aprendiz que passou no acircmbito do ensino damuacutesica a ser substituiacuteda por uma instituiccedilatildeo - o Conservatoacuterio

Poder-se-ia qualificar o sistema deste conservatoacuterio de educaccedilatildeopolitico-musical A Revoluccedilatildeo Francesa tinha quase todos os muacutesicos d~ ~eu

lado e logo se percebeu que com a ajuda da arte em espeCial da musica() se poderia influtenciar as pessoas Naturalmente q~e o a~~ovelt~m~nto

politico da arte para clara ou imperceptivelmente d~utrnar o clda~ao o~

o suacutedito jaacute vem de longa data apenas isto ainda nao tznha Sido aplicado amuacutesica de forma tatildeo sistemaacutetica (p29)

Segundo Hamoncourt o meacutetodo do conservatoacuterio francecircs buscava mte~ara muacutesica ao processo poliacutetico geral atraveacutes de minuciosa uniformizaccedilaacuteo dos estilosmusicais

() princiacutepio teoacuterico era o seguinte a muacutesica deve ser suficientementesimples para que possa ser por todos compreendida ( contudo a pa~vra

compreender perde aqui o seu sentid~ proacuteprio) ele deve t~~ar e~~lta

adormecer seja a pessoa culta ou nao ela deve ser uma Izngua qutodos entendam sem precisar aprendecirc-Ia (Harnoncourt 1988 p29)

O novo ideal de egaliteacute (igualdade) subsidiava essa diretriz aplicada agrave mUacuteSicapreconizando-a como muacutesica para todos contrariamente agrave tendecircncia elitizantedo periacuteodo anterior

Os mais importantes professores de muacutesica da Franccedilaprecisavam consignar as novas ideacuteias num sistema riacutegido Tecnicamentetratava-se de substituir a retoacuterica pela pintura Foi assim que se desenvolveuo sostenu(fto a grande linha o legato moderno ( ) Essa revoluccedilatildeo naeducaccedilatildeo musical foi de tal forma radicalmente levada adiante que em

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algumas deacutecaacutedas por toda a Europa os muacutesicos passaram a ser formadospelo sistema de conservatoacuterio

Poreacutem o que parece mais grotesco eacute que ainda hoje tenhamos essesistema como a base da educaccedilatildeo musical Tudo o que era anteriormenteimportante foi dissolvido (Hamoncourt 1 988 p 30)

HamOD(Ourt prossegue no desenvolvimento da questatildeo afirmando que aeducaccedilatildeo musical atual continua aplicando aparentemente sem qualquer reflexatildeoprinciacutepios teoacutericos que haacute cento e oitenta anos faziam sentido mas que natildeo satildeomais compreendidos hoje em dia

O autor condena a formaccedilatildeo demasiadamente centrada na teacutecnica e enfatizagravea necessidade de atraveacutes de outros estudos e leituras ampliar a compreensatildeo damuacutesica de suas diversas linguagens e estilos - soacute assim natildeo se estariam formandoapenas acrobatas cuja preparaccedilatildeo essencial reside na teacutecnica SegundoHamoncourt essa maior compreensatildeo da muacutesica terminaria tendo reflexos nosprogr~mas ~e cnce~o levando os ouvintes tambeacutem eles a uma nova formaccedilatildeoque nao aceltana maiS uma praacutetica musical embrutecedora calcada na monotoniados programas ___

Como consequumlecircncia I~ica a separaccedilatildeo entre muacutesica popular e muacutesicasena aSSim como entre a mUSlca e seu tempo desapareceraacute e a vida cultural iraacuteencontrar novamente sua unidade (( r r (I

~~te deve~ia ser o objetivo da educ~ccedilatildeo musical em nosso tempo Jaacute que haacutem~tIt~llccediloes destmadas a este fim deveria ser mais faacutecil mudar e influenciar seusobjetlvos dando-lhes um conteuacutedo novo

Do mesmo modo que a Revoluccedilatildeo Francesa conseguiu com o Seuprograma ~e consenatoacuterio u~a mudanccedila rqdicpLnqYiJz~I a eacutepocaatual tamem podena conse~Ul-lo desde eacute claro que estejamos convencidosda neceSSidade destas mudanccedilas (Hamoncourt 1988 p33)

As oservaccedil~~ de Ha~oncourt permitem assinalar um aspecto importanten~ atual ensmo de mus~ca - a utilIzaccedilatildeo de modelos teacutecnicos e teoacutericos cujo significadonao pertence a nossa epoca Esse fato relaciona-se agrave crise que a muacutesica atravessaem nosso seculo crise es d t I

sa Ja escn a no capltu o antenol e que se situapredommantemente segundo os autores consultados no acircmbito ampcultura burguesa

Schurmann (1989) eacute um dos autores que assinala a crise musicalcontemporacircnea diant d d ~

e a esatlvaccedilao da linguagem musical burguesaprecomzando a urgente t d d d re orna a os atos de mUSicar e uma revisatildeo completar o p~peI da musica na educaccedilatildeo e na sociedade A muacutesica entatildeo a partir dessa

devlsao resgatando seu papel eminentemente criador deixaria de seru~amercadoriae consumo consumd

de c - I a por massa amorfa e readqulflna sua qualidade de modoomullIcaccedilao totalm td en e msen o no cotIdiano de uma nova comunidade social

III

Aula
Nota
1810 Zeacute Guerreiro e Samuel

Tambeacutem as palavras de Schurmann permitem assinalar outro importanteaspecto relativo ao atual ensino de muacutesica - a necessidade de resgatar a funccedilatildeqcomunicadora da muacutesica bem como seup~pel eminentemente_~~i(lQ2rde forma-aestabelecer sua possibilidade de atuar no cotidiano social

Embora abordando diferentemente a questatildeo da educaccedilatildeo musical tantoHarnoncourt quanto Schurmann levantam temas que apontam em direccedilatildeo da relaccedilatildeoentre funccedilatildeo social da muacutesica e ensino de muacutesica

Fischer (sd)ecircoutro autor que registra a crise no mundo burguecircs da cisatildeoentre muacutesica erudita afastada do povo e musica popular de diversatildeo compequeno valor em geral O autor afirma que um dos objetivos da educaccedilatildeosistemaacutetica eacute exatamente ampliar essa cisatildeo (p22 1)

A afirmativa de Fischer tambeacutem pode ser direcionada para uma reflexatildeosobre a funccedilatildeo social da muacutesica e do ensino sistemaacutetico de muacutesica no dizer doautor empenhado em enfatizar a separaccedilatildeo entre muacutesica erudita e popular EmboraFischer natildeo aprofunde a questatildeo cabe buscar responder qual a funccedilatildeo social doensino calcado nessa separaccedilatildeo e por que isso acontece

A preocupaccedilatildeo com o ensino de muacutesica no Brasil reflete-se em diversoseventos nacionais realizados nos uacuteltimos anos com a finalidade de discutir o tema eapresentar propostas para superar a reconhecida crise no setor Nessa linha podemoscitar o I Encontro Nacional de Educaccedilatildeo Musical promovido no Rio de Janeiro em1972 pelo Conservatoacuterio Brasileiro de Muacutesica o Seminaacuterio sobre o Ensino dasArtes e suas Estrateacutegias realizado em Ouro Preto em 1981 pela CAPES o IIEncontro Nacional de Pesquisa em Muacutesica promovido pela UFMG em 1985 emSatildeo Joatildeo Dei-Rei (que embora natildeo direcionado especificamente para o ensino demuacutesica tambeacutem apresentou contribuiccedilotildees nesse sentido) o V Encontro Nacionalde Educaccedilatildeo Musical realizado em 1986 no Rio de Janeiro pelo ConservatoacuterioBrasileiro de Muacutesica o II Simpoacutesio sobre a Problemaacutetica da Pesquisa e do EnsinoMusical no Brasil (SINAPEMj realizado em 1987 em Joatildeo Pessoa promovido pelaSeSu CAPES CNPq e UFPb o II Congresso Internacional de Muacutesica realizadoem 1987 no Rio de Janeiro pela EMIUFRJ entre outros

Koellreutter (1985) em trabalho apresentado no II Encontro Nacional dePesquisa em Muacutesica (Satildeo Joatildeo Dei-Rei) assinala a crise do ensino de muacutesica noBrasil e tal como Harnoncourt remete agrave heranccedila dos conservatoacuterios europeus

Acontece que os nossos estabelecimentos de ensino musical ainda seorientam pelas normas e pelos criteacuterios em que estavam baseados os

programas e curriacuteculos dos conservatoacuterios europeus do seacuteculo passado revelando-se instituiccedilotildees alheias agrave realidade musical brasileira na segundametade do seacuteculo XX e servindo dessa maneira a interesses que natildeo podemser os interesses culturais de nosso paiacutes (p192)

112

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Em acircmbito interno a Escola de Muacutesica da UFRJ realizou no periacuteodo de1986 a 1989 jornadas destinadas agrave revisatildeo de seus curriacuteculos com a participaccedilatildeoplena de professores e alunos Desses encontros resultou um documentopreliminar compilando todas as propostas apresentadas Contudo a partir de 1989o processo foi interrompido e o documento baacutesico natildeo chegou a ser analisado pelacomunidade Nesse documento transparece uma~preocupaccedilatildeocom a significaccedilatildeosocial expressa numa busca de maior inserccedilatildeo com o mercado de trabalho Contudoos cursos de graduaccedilatildeo e seu conteuacutedo tradicional natildeo foram revistos a partir deuma nova oacutetica que rompesse com a tradiccedilatildeo e a ineacutercia

Revendo os relatoacuterios dos eventos citados nos paraacutegrafos anterioresobserva-se que haacute reconhecidamente uma insatisfaccedilatildeo geral com o atual ensinode muacutesica no paiacutes O II Encontro Nacional da ABEMUS (Associaccedilatildeo Brasileirade Escolas de Muacutesica) realizado em 1990 na Escola de Muacutesica da UFRJevidenciou esse fato Contudo as propostas de reformulaccedilatildeo nunca chegaram ~ser aprofundadas e geralmente natildeo representam reestruturaccedilotildees significativasque impliquem num redirecionamento filosoacutefico do ensino de muacutesica

Co~tudo ~Igumas teses e artigos assinalam questotildees fundamentais paraessa revlsao filosofica e consequumlentemente metodoloacutegica e de conteuacutedo dos cursosde muacutesica sem que poreacutem em qualquer momento se tenha encontrado umaanaacutelis~ do tema a partir da funccedilatildeo social da muacutesica Algumas abordagens seaproxImam da questatildeo da funccedilatildeo social mas em nenhuma delas constitui o eixofundamental da forma como aqui se processa

Buscando contribuir para o avanccedilo da anaacutelise da problemaacutetica do ensinode graduaccedilatildeo em muacutesica no Brasil o mesmo foi analisado a partir desse eixo _

(atilde1Unccedilatildeo social da muacutesica Os exemplos foram tomados agrave Escola de Muacutesica da( UFRJ natildeo ~or se~ a uacuten~ca detentora de tais problemas mas pelas razotildees que ses~gue~ 1) e a maIs antIga do Brasil e ateacute certo ponto forneceu modelos que se I

dlfu~dlra~ por todo o pais 2) eacute o universo mais proacuteximo desteacute pesquisadoi~porle Ivenc~adocomo aluno e ~tualmente como integrante de seu corpo doc~nte

) e posslvel supor que mUltas das observaccedilotildees e conclusotildees baseadas naobseraccedilatildeo da EMUFRJ possam na maioria das vezes ser aplicaacuteveis ao restodo paIs

Para tal exemplificaccedilatildeo anexou-se a este trabalho parte de um cataacutelogopu~hcado em 1981 pela Direccedilatildeo da Escola de Muacutesica da UFRJ A parte dessecatalogo transforrn d ( Ad a a em anexo Anexo 1) e a que se refere agrave Estrutura

HCbal~ml~a da EMUFRJ vigente ateacute hoje contendo I) Relaccedilatildeo dos Cursos ea I Itaccediloes 2) C I UITICU o por HabIlItaccedilatildeo e 3) Ementas

d fu sslm questionou-se o ens ino de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir do enfoquea nccedilao SOCIal da m

USlca e para melhor ordenaccedilatildeo do estudo foram retomadas

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Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Retomou-se inicialmente a funccedilatildeo da expressatildeo emocional Certamentee~ta funccedilatildeo natildeo estaacute inteiramente ausente nos cursos de graduaccedilatildeo mas semdUVIda podemos IdentIficaacute-Ia como atrofiada Por que As raiacutezes baacutesicas estariamnaquel~s caracteriacutesticas jaacute assinaladas o ensino estaacute calcado em ecircnfase nosprocedIme t t

n ~s ecmcos o repertono trabalhado por ser prioritariamente de eacutepocaspassa~as nao corres~onde a conteuacutedos atuais e soacute pode ser apreendidoparcm mente os procedImentos criativos satildeo minimizados ou ausentes nos referidoscursos de vez que privl d ~

d ~ I egmm a repra uccedilao calcada na leitura musical ao inveacutes dapro uccedilao (teonca ou praacutetica)

p f ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos aleacutem de observada e vivenciadaessoa mente pelo autor desta pesquisa eacute assinalada por diversos autores

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repertoacuterio sendo que conforme jaacute assinalado anteriormente esse repertoacuterieacute prioritariamente o dos seacuteculos XVIII e XIX o

A ecircnfase nos mecanismos reprodutoacuterios conduz a uma quinta observaccedilatildeoque eacute a da ecircnfase dada agrave muacutesica escrita nos cursos de graduaccedilatildeo com um~consequumlente supervalorizaccedilatildeo dos mecanismos de leitura

Finalmente uma sexta observaccedilatildeo diz respeito agrave apresentaccedilatildeo do conteuacutedoem disciplinas sequumlenciais de conteuacutedo crescente dispostas atraveacutes dos periodosnuma perspectiva linear-evolucionista (vide Anexo I) o que eacute observaacutevel tambeacutemno r~pertoacuterio ~u~ical d~s instru~entos (vide Anexo 2) Cabe ao aluno apenassegUIr essa traJetona pre-determmada e ao professor ministrar conhecimentospreacute-determinados tambeacutem nessa sequumlecircncia

A pa~ir dessas observa~otildees iniciais procurou-se identificar entre as funccedilotildeessocIaIs assmaladas por Memam aquelas que seriam atendidas pelo ensino degraduaccedilatildeo em muacutesica tal como ele hoje eacute estruturado As categorias de Merriamforam tomadas como instrumento auxiliar nessa tarefa natildeo com a finalidade deesgotar nessa anaacutelise a questatildeo do conteuacutedo dos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica

A proposta aqui tal como no capiacutetulo anterior eacute de proceder a uma anaacutelisefunc~onal (e natildeo funcionalista) na forma como Demo (1989p28) assinala a anaacutelisefunCIonai visa a investigar funccedilotildees de algo na sociedade sem reduzi-lo aeste aspecto o que jaacute seria funcionalismo Ou seja a investigaccedilatildeo sobre asfunccedilotildees sociais da muacutesica trabalhada nos cursos de graduaccedilatildeo natildeo constitui nestetrabalo um fim em si uma tentativa de reduzir toda a questatildeo a essa persp~ctiva

rCnstttUI antes um meio para que se busque lanccedilar luzes sebre a problemaacutetica de ItaIS ursos e para ~u~ se possa ousar o esboccedilo de outras perspectivas que natildeo

estarao confinadas a ottca funcionalista

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as funccedilotildees sociais da muacutesica identificadas por Merriam buscando assinalaacute-las noniacutevel de ensino aqui delimitado a partir da anaacutelise de seu conteuacutedo

Cabem poreacutem algumas observaccedilotildees introdutoacuterias cuja finalidade eacute delinearalgumas caracteriacutesticas gerais do ensino superior de muacutesica primeiramente oensino de graduaccedilatildeo em muacutesica no Brasil tem historicamente se baseado noensino de musica seacuteria evidenciando-se inclusive entre seus professores fortepreconceito contra os demais tipos de muacutesica por eles consideradosfrequumlentemente de naturez~ inferi00 bsra-s portanto que o universo musicaldo ensino de graduaccedilatildeo e o da musIca sena havendo apenas pequenas eisoladas referecircncias agraves muacutesicas popular e folcloacuterica que praticamente natildeofazem parte da vivecircncia musical do aluno no decorrer de sua formaccedilatildeo

Uma segunda observaccedilatildeo preliminar igualmente importante eacute a de que talcomo nas salas de concerto o repertoacuterio musical trabalhado nas escolas de muacutesicaeacute prioritariamente (poder-se-ia ateacute dizer que quase exclusivamente o da musicaseacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX assim como o conteuacutedo enfocado eacuteprioritariamente centrado naqueles seacuteculos A problemaacutetica relativa a essefenocircmeno ineacutedito na histoacuteria da muacutesica jaacute foi abordada no capiacutetulo anterior cabendoaqui transportaacute-lo para o acircmbito do ensino de graduaccedilatildeo Para exemplificar asobservaccedilotildees relativas ao repertoacuterio anexou-se coacutepia do repertoacuterio de piano doCurso de Graduaccedilatildeo da Escola de Muacutesica da UFRJ (Anexo 2) O exame desserepertoacuterio comprova as observaccedilotildees feitas e foi escolhido como exemplo por doismotivos 1) o curso de piano eacute o que conta com maior nuacutemero de alunos 2) aindaque com variaccedilotildees quanto agrave proporccedilatildeo de autores contemporacircneos e autores dosseacuteculos XVIII e XIX os repertoacuterios dos demais instrumentos refletem as mesmascaracteriacutesticas gerais do de piano

Uma terceira observaccedilatildeo diz respeito agrave ecircnfase dada nos cursos de graduaccedilatildeoaos procedimentos teacutecnicos o que eacute assinalado por diversos autores (Koellreuter1985 Harnoncourt 1988 Jardim 1988 entre outros)

A teacutecnica eacute ferramenta da arte serve a ela viabiliza sua expressatildeo - masnatildeo eacute um fim em s~ nem pode ser exacerbada em detrimento de praacuteticas criativasreflexivas interpretativas Schaeffer (1966) alerta para o fato de que a teacutecnica eacuteuma maacutegica sobre a qual repousa toda a realizaccedilatildeo musical mas que natildeo podejamais ser transformada em um fim Eacute contudo numa situaccedilatildeo de ecircnfase que osprocedimentos teacutecnicos aparecem nesses cursos

Uma quarta observaccedilatildeo relativa aos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica dizrespeito agrave minimizaccedilatildeo dos procedimentos criativos o que corresponde a umaatrofia dos mecanismos de produccedilatildeo musical e a uma ecircnfase nos de reE9E1ltordf-Ccedill

Prati~~~~~tecirc--iiatildeo se cria livremente nesses cursos seja saber musicalseja musicoloacutegico As atividades privilegiadas satildeo aquelas de ~eproduccedilatildeo ~~

114

de um significado soci~I Quer~e~o~n~-se conteuacutedo ou significado quando proveacutemde outro contexto ou epoca nao e inteiramente acessiacutevel a noacutes _e eacute nesse sentidoque eacute qu~stionado o predomiacutenio de obras (e de conteuacutedos) de outras eacutepocas

E mt~ressante a respeito da relaccedilatildeo entre funccedilatildeo de expressatildeo emocional erepertono ItarM~IT1am~ 164 p12) quando ele assinala a existecircncia de emoccedilotildeese expressoes oCldentals decorrentes de atitudes e valores adquiridoscuItural~enteOu seja a patlr de modelos esteacuteticos condiciona-se a expressatildeo ea emoccedilao das pessoas realIzando uma espeacutecie de treinamento social O t

I ~ au orre ata expenencIas em que a muacutesica ocidental propicia a estimular detenninadasemoccedilotildees nada despertou em indiviacuteduos de outras culturas

-o As~im a centra~izaccedilatildeo do universo musical dos cursos de graduaccedilatildeo nos modelos -de umpenodo de~e~llladoconduz a um condicionamento de expressatildeo e de emoccedilatildeo

e restnnge a POSSIbilidade de expressatildeo emocional a partir de outros paracircmetrosSe o~ ~ursos de grad~accedilatildeo em muacutesica privilegiam quase que exclusivamente

sse repertoflo ~Ies esvaziam a praacutetica musical dos alunos do conteuacutedo de nOSsae~ocae consequ~ntemente restringem a possibilidade de uma expressatildeo emocionalnao alienada SOCIalmente O saber musical da quarta Idade da m middotmiddotmiddot------1middot

- uSlca e margmanos cursos ~e graduaccedilao cUJa enfase se daacute em obras dos seacuteculos anteriores queapenas p~rcIa~mente pennitem a realizaccedilatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emoci~nal que se da aSSim em bases sociais alienantes f

eacute o ~ ~ut~o atilde~gulo pertnete ao afuni~amento da funccedilatildeo de expressatildeo emocionalda mmllluzaccedilao ou ausenCIa de procedImentos criativos decorrentes do privileacutegio

dado nesses cursos aos procedimentos reprodutores

A questatildeo de certa fonna jaacute foi enfocada nos paraacutegrafos anteriores mascab~ ressaltar novamente a ecircnfase que as escolas de muacutesica concedem agrave muacutesicaescnta e agrave Sua reproduccedilatildeo com a agravante de que o repertoacuterio reproduzidopertence quase emsua totalidade aos seacuteculos anteriores Aleacutem do fato de que osproce~sos reprodutivos natildeo pennitem o exerciacutecio pleno da funccedilatildeo de _emocIOnal h expressaoO ~ a que se regIstrar tambeacutem que a mera reproduccedilatildeo exclui a produccedilatildeoCu seja n~o se produz muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo (agrave exceccedilatildeo dos cursos d~

Jomposlccedilao) - ap~nas se reproduz e isso limita as possibilidades de realizarp enamente a funccedilao de expressatildeo emocionaL

~ respeito ~o aspecto criaccedilatildeo eacute interessante fazer algumas observaccedilotildees

F h (artista ena se expressa atraveacutes de fonnas Conteuacutedo e forma segundoISC er sd p 15) -

dialeacutetica O sao conexos e zntlmamen~e ligados em interaccedilatildeo for mes~~ a~tor ainda afinna que arte eacute~doaccedilatildeo de forma e ue

ma e a experzen~Q social solidificada (p175-176) qOra o ato de cnar press - b I

Read (1958) - Upoe o esta e eClmento de fonnas que segundo sao essenCiaiS para a apreensatildeo dos significados da arte pelo homem

117

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Hamoncourt (1988) no iniacutecio deste capiacutetulo jaacute foi citado mencionando aexcessiva ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos na fonnaccedilatildeo musical sistemaacutetica

Jardim (1988) tambeacutem identifica esse problema relacionando-o inclusive agraveecircnfase nos procedimentos reprodutores nas escolas de muacutesica bem como agravehipertrofia da escrita e da leitura musicais Ou seja~o considerarem_some~te amusica escrita as escolas trabalham apenas com processos de reproduccedilao musical

i que para isso necessitam de um adestramento teacutecnico ~ seja fisic no acircmbito d~s

movimentos do muacutesico seja mental em tennos de dommar a escnta para atravesde uma leitura aacutegil melhor reproduzir o que se lhe apresentaj O autor assinalaum afunilamento do conceito de muacutesica a partir desse processo Pode-se semduacutevida complementar afinnando que haacute tambeacutem um afunilamento da funccedilatildeo deexpressatildeo emocional

Oliveira (1991) ao analisar o curriacuteculo de Trompa vigente na Escola deMuacutesica da UFRJ assinala tambeacutem a ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos emdetrimento de procedimentos criativos ou reflexivos A observaccedilatildeo do autoraleacutem de poder ser aplicaacutevel agrave maioria dos cursos de muacutesica serve de reforccedilo agraveafinnativa aqui apresentada de que a funccedilatildeo de expressatildeo emocional eacute minimizadanesses cursos

KoeIlreutter (1985) tambeacutem faz referecircncia agrave ecircnfase nos procedimentosteacutecnicos - habilidades instrumentais - relacionando-a agrave concepccedilatildeo global do ensinoministrado pelas escolas de muacutesica

Em sua maioria as escolas de muacutesica natildeo passam de pretensasfaacutebricas de inteacuterpretes para as promoccedilotildees musicais da elite burguesa o quesignifica em termos de ensino musical especializaccedilatildeo unitateralaperfeiccediloamento exclusivo das habilidades instrumentais e preparaccedilatildeo deum tipo de musicista que vecirc seu ideal na apresentaccedilatildeo de um repertoacuterio inuacutemeras vezes repetido de valores assim chamados eternos estabelecidose apreciados pela elite (p142)

A outra questatildeo levantada pertinente ao afunilamento da funccedilatildeo deexpressatildeo emocional diz respeito ao repertoacuterio que confonne afirmativa anterioreacute centrado nos seacuteculos XVIII e XIX o que pode facilmente ser comprovado peloexame dos programas dos diferentes cursos (vide Anexos 1 e 2)

Ora no capiacutetulo anterior foram apresentadas anaacutelises de diversos autoressobre o predomiacutenio absoluto desses repertoacuterios nas salas de concerto A questatildeoem parte pode ser situada no fato de que o conteuacutedo que essas muacutesicas veiculamnatildeo eacute o de nossa eacutepoca e que na verdade jaacute natildeo podemos apreendecirc-locomplctamente Cabe observar que conteuacutedo e significado em muacutesica satildeoconceitos proacuteximos ou igualaacuteveis se for considerado que conteuacutedo eacute temaimpregnado das vinculaccedilotildees sociais em que se insere ou seja eacute tema impregnado

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1I6

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determinado periacuteodo histoacuterico Pretender universalizar os padrotildees de uma culturae de uma eacutepoca eacute empobrecimento esteacutetico e nesse sentido o ensino uni-direcionalpara uma esteacutetica impede a elaboraccedilatildeo de novos valores

Ora esteacutetica natildeo eacute conceito redutiacutevel a um uacutenico enfoque e certamenteao direcionar a formaccedilatildeo do aluno para modelos ideais do periacuteodo citado perdeshy

I se a possibilidade infinita e dinacircmica da vivecircncia esteacutetica em Sua plena con~epccedilatildeoTomando oRead (1981 p169) as categorias de inteligecircncia cartesiana

(fundada no raciociacutenio) e inteligecircncia esteacutetica (fundada nos sentidos) a experiecircnciaesteacutetica ligada a esta uacuteltima categoria implicaria na apreensatildeo do mundo atraveacutesdos sentidos o que ocorre por excelecircncia atraveacutes da atividade artiacutestica(contrariamente segundo o autor a inteligecircncia cartesiana trataria da estruturaccedilatildeodo pensamento racional e ideal)

A apreensatildeo do mundo atraveacutes da vivecircncia prioritaacuteria de modelos artisticosde eacutepocas passadas resultaria num afunilamento da experiecircncia esteacutetica fundadadessa maneira numa perspectiva univoca (os modelos da eacutepoca enfocada)privando~a da nqueza da experiecircncia muacuteltipla

Restringe-se pois a possibilidade do prazer esteacutetico ao reduzir-se o universomUSicaI do aluno Restringe-se assim o exerciacutecio dessa funccedilatildeo

Mas e preciso ~inda considerar tal como Merriam o fez a funccedilatildeo do prazerestetIco segundo dOIS pont~s de vista o do criador e o do contemplador Eacresce~tar tal cmo ZamacOls (1986) um terceiro o do inteacuterprete Ja f~1 aS~I~alada anteriormente a ecircnfase que os cursos de graduaccedilatildeoIm~n~cmas pratIcas reprodutivas em detrimento das produtivas Ora se o alunose 1lmlta a reproduzir ele deixa de exercitar degprazer esteacutetico em sua modalidademaIS plena ou seja aquela inerente ao ato de criar jaacute analisado anteriormenteObserva-se a partir dessa constataccedilatildeo que esse prazer se vecirc restrito nos cursosdegrd - I

a uaccedilao aque e atlllglvel pelo inteacuterprete ao executar (reproduzir recriar)~bras compostas por outros muacutesicos na maioria dos casos tambeacutem de outrasepocas

Considerando outro acircngulo do prazer esteacutetico - o do contemplador eacute precisosituar o aluno de dua f 1) I

I - s ormas e e mesmo o aluno como contemplador- 2) aTe accedilao do ~Iu~o co~ as pessoas que contemplam suas realizaccedilotildees musicai~r ~ pnmel~a Situaccedilatildeo e~middota do aluno ele mesmo como contemplador cuialormaccedilao de ~

vena apnmorar-se no decorrer do curso Contudo a concepccedilatildeo deestetIca que o curso Ih t e ransmIte e Ulllvoca ou seja proveacutem dos modelos de um

UTIlCO penado da h t d P I IS OTIa a musica e portanto absolutamente restritiva Ao senvar o a uno de P - lVenCIas estetlcas vanadas e da compreensatildeo de que esteacutetica

ressupoe POSSlblhdad fi Praze L cs m mltas sem duacutevida restringe-se sua percepccedilatildeo e seu

r Imita-se assim d a um umverso Immuto a funccedilatildeo do prazer esteacutetico

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Eacute preciso pois estabelecer uma distinccedilatildeo entre o ato de criar muacutesica e o derecriar (reproduzir interpretar) No primeiro haacute a liberdade plena da proposiccedilatildeode forma e conteuacutedo (inseparaacuteveis segundo Fischer e socialmente condicionados)No segundo parte~se de formas preacute-determinadas que o inteacuterprete ao reconstruishylas apresenta aos espectadores que procederatildeo a uma segunda instacircncia recriadoraao apreendecirc-las e interpretaacute-las

Justifica-se assim o ponto de vista aqui assumido de que ao enfatizarem osprocessos reprodutoacuterios os cursos de graduaccedilatildeo restringem a funccedilatildeo de expressatildeoemocional ao situaacute-la prioritariamente no acircmbito da recriaccedilatildeo

Eacute preciso ainda registrar que a muacutesica dos seacuteculos XVIII e XIX cuja baseeacute o sistema tonal se for considerada uma linguagem (haacute sem duacutevida divergecircnciassobre a questatildeo) natildeo o eacute de nossa eacutepoca Portanto se adotarmos a premissa deque a muacutesica euma linguagem precisamos consideraacute-Ia em termos dinacircmicos eatuais e natildeo como produto acabado e estaacutetico o que ocorre quando cristalizamosos procedimentos musicais na praacutetica reprodutora da muacutesica de outras eacutepocas

Perde-se pois a experiecircncia do processamento dinacircmico da elaboraccedilatildeopermanente da linguagem e certamente isso tem reflexos no acircmbito da expressatildeoemocional

A exclusatildeo das muacutesicas populares e folcloacutericas da vivecircncia musical doscursos de graduaccedilatildeo reduz a possibilidade de realizaccedilatildeo da funccedilatildeo de expressatildeoemocional mais presente no contexto dessas manifestaccedilotildees que no da muacutesicaseacuteria (vide abordagens de diversos autores apresentadas no capitulo anterior)

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Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

Outra funccedilatildeo a ser considerada nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica eacute a doprazer esteacutetico

O prazer esteacutetico nesses cursos e direcionado ou seja os modelos esteacuteticosconsiderados ideais satildeo aqueles do periacuteodo barroco-classicismo-romantismo (videanexos)

Tal fato pode ser evidenciado nagraveo soacute pelo repertoacuterio prioritariamente calcadoem muacutesicas desse periacuteodo mas por conteuacutedos e praacuteticas de certas disciplinascomo Harmonia c Morfologia (vide ementa no Anexo I) que tecircm tradicionalmentese nutrido das normas e princiacutepios dos seacuteculos XVlII e XIX

As concepccedilotildees de harmonia e forma do periacuteodo barroco-classicismoshyromantismo refletem os padrotildees esteacuteticos daquela eacutepoca espelham a sociedadeem que se estruturaram que natildeo eacute a de hoje Aprisionar os conceitos de harmoniae forma agraves praacuteticas desse periacuteodo eacute aprisionaacute-los no tempo e no espaccedilo - eacute tirarshylhes a vida jaacute que a arte eacute sempre produto de uma cultura determinada e de um

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derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia Concessotildees satildeo feitas ao que seriam os antecedentesdessa muacutesica (Histoacuteria da Muacutesica I) e pequenas referecircncias satildeo feitas aos seusconsequumlentes - muacutesica brasileira e muacutesica na Ameacuterica Latina satildeo apenaspequenos toacutepicos isolados na ementa de Histoacuteria da Muacutesica IV Passa-se assimao aluno a falsa ideacuteia de que a histoacuteria da muacutesica da humanidade eacute a histoacuteriadamuacutesica seacuteria europeacuteia

Wisnik (1989) contrapotildee-se a esse enfoque propondo em O som e osentido uma histoacuteria das muacutesicas Seeger citado por Dufrenne (1982 v2 p148)tambeacutem critica o ensino de muacutesica centrado nos modelos esteacuteticos europeus

Quanto mais cedo os historiadores da muacutesica ocidental seguindo o exemplode quase todas as categorias de historiadores ocidentais abandonarem oeur~jcentrismo e comeccedilarem a estudar as muacutesicas natildeo ocidentais ( assimcomo as suas prpri~smuacutesicas popularese folcloacutericas que constituem doravAgrave1tedados etnomuslcologlcos) e quanto mais cedo os etnologistas da muacutesica (quedeveratildeo ser na medida do possiacutevei natildeo soacute antropologistas mas ainda musicoacutelogose compreender os natildeo ocidentais) se lanccedilarem na etnomusicologia da muacutesicaocidental considerada como um todo - isto eacute englobando tanto a muacutesica eruditacomo as obras populares e folcloacutericas - melhor seraacute para todos

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Funccedilatildeo de Divertimento

A terceira funccedilatildeo identificada por Merriam eacute a de divertimento e cabeaqui buscar responder em que medida ela pode ser associada agraves atividades ~usicai~dos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica bem como agrave formaccedilatildeo musical por elesdesenvolvida

Comojaacute foi enfaticamente exposto em paraacutegrafos anteriores a realizaccedilatildeo musicalnas escolas de muacutesica dedica-se prioritariamente agrave reproduccedilatildeo de obras do periacuteodobarroco-claacutessico-romacircntico As muacutesicas desse periodo - muacutesicas seacuterias - destinamshyse no contexto da quarta idade a um tipo extremamente especial de divertimento ousejao deu~ puacuteblico de experts que frequumlentam as salas de concerto para usufruirde taiS mUSIcas o que talvez possa ser considerado como diversagraveo

A reduccedilatildeo do universo de experiecircncias musicais na formaccedilagraveo do aluno levaa que ele se relacione apenas com essa modalidade fugaz de diversatildeo que segundoAd

orno Ja CItado antenormente representana um processo ilusoacuterio e alienantede v~z que revestido de todas as concepccedilotildees fetichizantes que envolvem a muacutesicano seculo XX

~leacutem disso a exclusatildeo de outras categorias de muacutesica a popular e afolclonc r

fa e Imllla as pOSSIbilidades de dIVersatildeo inerentes a elas Cabe aliaacutes

azer duasbbserv - I accediloes a esse respeIto pnmeIramente a de que na revisatildeo de

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A presente questatildeo - formaccedilatildeo musical do aluno a partir de modelos tomadosa uma esteacutetica especiacutefica - po de ser bem ilustrada pela disciplina PercepccedilatildeoMusical (vide ementas no Anexo 1) A percepccedilatildeo dos alunos eacute trabalhada a partirde estruturas tonais que correspondem aos modelos esteacuteticos do periodo priorizadopelo curso Resulta desse fato uma limitaccedilatildeo da percepccedilatildeo musical dos alunosmodelada e condicionada a partir de paracircmetros uacutenicos o que tecircm reflexos restritivosna percepccedilatildeo de outras estruturas e modelos e conseqiientemente na apreensatildeoesteacutetica a partir de outros paracircmetros

A outra situaccedilatildeo a ser considerada eacute a da relaccedilatildeo do aluno no exerciacutecio desua atividade musical com o puacuteblico que contempla suas realizaccedilotildees Ora se apraacutetica musical nas escolas de musica eacute reprodutora e natildeo eminentemente criadorase adota prioritariamente modelos alienados de nossa eacutepoca a muacutesica que daiacute provemoferece tambeacutem aos contempladores possibilidades de prazer esteacutetico restritas

Pode-se considerar que os iniciados usufruem plenamente dessasrealizaccedilotildees musicais mas cabe questionar o produto musical dirigido a tatildeo poucosAcaso o resto da sociedade natildeo eacute dotado de sensibilidade musical de sensibilidadeesteacutetica Seratildeo as manifestaccedilotildees musicais populares e folcloacutericas desprovidasda vertente esteacutetica

Duas perguntas que Blacking (1980) formula encaixam-se nesta linha dequestionamento

O desenvolvimento cultural representa um progresso real dasensibilidade humana e da capacidade teacutecnica ou eacute sobretudo- umdivertimento para uso das elites e uma arma de eacuteSploraccedilatildeo de classes Eacutepreciso que a maioria seja declarada natildeo musical para que uma pequenaelite possa se considerar mais musical ( p12 )

Sem pretender esgotar aqui esses questionamentos cabe citar o mesmoautor quando ele nega valor agrave distinccedilatildeo entre muacutesica claacutessica e muacutesica folcloacutericareduzindo tais denominaccedilotildees a simples etiquetas e quando ele afirma que todamuacutesica eacute popular no sentido de que ela pressupotildee um contrato social Blackingassinala tambeacutem a atitude dos estabelecimentos de ensino musical cujo universomusical eacute centrado na musica claacutessica europeacuteia Ele classifica esse ensino comoelitista fruto da mentalidade capitalista

As afirmativas de Blacking referidas no paraacutegrafo anterior servem dereforccedilo agrave reflexatildeo dirigida ao universo esteacutetico oferecido ao aluno dos cursos degraduaccedilatildeo em muacutesica que aleIacutei1 de representar uma limitaccedilatildeo das possibilidadesesteacuteticas da formaccedilatildeo desse aluno eacute fruto de uma ideologia que busca valorizaros modelos advindos da cultura burguesa europeacuteia em detrimento dos demais

A ementa da disciplina Histoacuteria da Muacutesica (vide Anexo 1) tambeacutem ilustraesse enfoque esteacutetico uniacutevoco na medida em que aborda apenas a muacutesica seacuteria

O autor prossegue afirmando que nossos conceitos empiacutericos podemgrosso modo ser divididos em duas classes - teoacuterica ou praacutetica - conforme o~interesses a que se aplicam Nada disso poreacutem se aplica agrave arte nela por traacutesda existecircncia da natureza das propriedades empiacutericas das coisasdescobrimos de suacutebito as formas (p267) Essas formas natildeo satildeo simplesduplicata do real mas uma direccedilatildeo especial uma nova orientaccedilatildeo de nossospensamentos de nossa imaginaccedilatildeo de nossos sentimentos

A questatildeo da representaccedilatildeo tal como Cassirer a coloca sc daacute por meio deformas cuja funccedilatildeo erevelar uma dimensatildeo do conhecimento que natildeo eacute aconceituaI e natildeo a simples apresentaccedilatildeo ou reproduccedilatildeo da realidade

Considerar arte ou muacutesica - como linguagem eacute questatildeo polecircmica Haacutea~ueles co~o Duarte (~953 I81) que natildeo as consideram como linguagem pornao transmItIrcm conceItos Ha aqueles como Jardim (1988) quc as consideramlinguagem por articl larem sentidos e transmiti-los o que se daacute atraveacutes das formas

Se f~r considera(iJ que a muacutesica eacute linguagem por transmitir alguma coisasejam sentImentos emoccedilotildees sejam sentidos novamente a questatildeo de os cursosde muacutesca Iidarem quase exclusivamente com modelos de uma determinada eacutepoca(que nao e a nossa) compromete o exerciacutecio dcssa funccedilatildeo pois os sentidos ouemoccedilotildees ou significados proviriam estritamente dessas obras tomadas comomodelos limitando a percepccedilatildeo e a compreensatildeo de outros possiacuteveis sentidosemoccedilotildees ou significados

A concep~atildeo de linguagem natildeo pode ser estaacutetica desprovida da renovaccedilatildeoconstante e at~ahzan~e ~ssima cristalizaccedilatildeo e a priorizaccedilatildeo de modelos implican~na ~retensaode cnsta~Izar a Imguagem musical desprovendo-a de seu potencialdmamIc~ de sua rec~Iaao permanente de sua atualizaccedilatildeo Ora tal praacutetica resultasem dUVIda numa lImItaccedilatildeo das possibilidades da muacutesica ser vivenciada comoImguage~o que resulta numa atrofia da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

A enfase nos ~~ocedimentos teacutecnicos a ecircnfase nos aspectos visuais dam~sIca com a consequente supervalorizaccedilatildeo da escrita e da leitura musicais satildeopratIcas que por si soacute restringem a funccedilatildeo comunicadora da musica Mas satildeoab~~lutamente necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo musical na qual se alicerccedila o ensino damusIca

E a reprodu ~ ~das ativi ccedil~o como c~lase dos cursos de graduaccedilatildeo significa restriccedilatildeo

dades cnatIvas que senam as comunicadoras por excelecircncia O ato decnar arte pode ser I d

fi d ~e aCIOna o ao ato de comUOlcar por pressupor que algueacutem iraacute~iu ~Ir o ~ue fOi concebido A reproduccedilatildeo portanto ao limitar o potencial de

_accedill~dadeg restnngeas possibilidades da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo na medida em quenao I comaartIculaccedil- d d

ao c scntI os atraves da proposiccedilatildeo de formas expressivasmas com a recnaccedil- _ ao e mterpretaccedilao de formas preacute-estabelecidas

literatura realizada a funccedilatildeo de divertimento encontra-se muito mais claramenteassociada agraves manifestaccedilotildees populares e folcloacutericas que agraves de muacutesica seacuteriaem segundo lugar a de que apesar das fortes restriccedilotildees agrave classificaccedilatildeo da muacutesicanessas categorias eacute impossiacutevel em se tratando de ensino de muacutesica tal como eleestaacute estruturado e concebido deixar de consideraacute-Ias pois elas se acham impliacutecitasao sistema educacional que no dizer de Fischer empenha-se em acentuar essadiferenciaccedilatildeo

Divertimento puro ou associada a outros eventos como a danccedila a muacutesicapopular e folcloacuterica eacute a que lida efetivamente com essa funccedilatildeo E o ensino demuacutesica ao limitar a vivecircncia musical agrave muacutesica seacuteria parece tambeacutem restringi-Iaem seu acircmbito

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo eacute outra que Merriam considera entre as funccedilotildeessociais da muacutesica

A anaacutelise dessa funccedilatildeo no que tange aos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesicapode ter iniacutecio mais uma vez com a questatildeo dos modelos dos seacuteculos XVIII eXIX que satildeo priorizados em seu ensino Ora a priorizaccedilatildeo por si jaacute indica umaatribuiccedilatildeo de valor maior a esses modelos e a uma pretensatildeo de transformaacute-losem detentores fdaf~erdadeno sentido de conf~midade com uma regra ou conceitoaparentemente uacutenico

Ocorre que a concepccedilatildeo de verdade transmitida como fenocircmeno estaacutetico ecristalizado independente dc eacutepoca ou contexto exclui a possibilidadeextremamente rica em arte de se descobrir as verdades infinitas existentes nosinfinitos modelos que a humanidade tem produzido ie~tring~e assim apossibilidade de comunicaccedilatildeo num sentido mais amplo que eacute aquela que amuacutesica como qualquer outra obra de arte possibilita quando transcendendo eacutepocae espaccedilo eacute apreendida ou compreendida por algueacutem

Outra forma de considerar aqui a questatildeo da comunicaccedilatildeo eacute considerar amuacutesica uma linguagem Apesar da divergecircncia a respeito do assunto pode-selidar com a questatildeo aceitando ser a muacutesica uma linguagem ainda que natildeotransmita conceitos e ainda que natildeo lide necessariamente com representaccedilotildeesA esse respeito eacute interessante citar Cassirer

Nem linguagem nem arte nos proporcionam uma simples imitaccedilatildeodas coisas ou de accedilotildees ambas satildeo representaccedilotildees Mas uma representaccedilatildeono meio de formas sensoacuterias difere amplamente de uma representaccedilatildeo ve1alou conceituai ( 1977 p 266 )

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pouco espaccedilo dedicam a esse repertoacuterio eles restringem o acesso do alunado agravevivecircncia e agrave compreensatildeo do simbolismo que essa muacutesica carrega

Ainda segundo Adorno a muacutesica de vanguarda representa um foco verdadeirode resistecircncia aos ditames da induacutestria cultural Ao minimizaacute-Ia os cursos degraduaccedilatildeo retiram de seu contexto a possibilidade de questionar a accedilatildeo da induacutestriacultural Ao contraacuterio corroboram-na pois tal como a industria fonograacutefica ouas transmissotildees radiofoacutenicas privilegiam o repertoacuterio de muacutesica seacuteria aceitopela burguesia ou seja o dos seacuteculos XVIII e XIX

Ao enfatizarem tambeacutem a reproduccedilatildeo desse repertoacuterio de outras eacutepocasrestringindo as atividades criadoras os cursos de graduaccedilatildeo deixam de pennitique produzindo muacutesica os alunos exerccedilam no ato de criar a funccedilatildeo de representare transmitir simbolicamente os conteuacutedos de nossa eacutepoca

A esse respeito eacute interessante citar Koellreutter( I990) quando ao analisara educaccedilatildeo musical no terceiro mundo ele questiona a centralizaccedilatildeo do conteuacutedonaquele de seacuteculos anteriores

Eacute preciso compreender que o conceito de cultura - em um mundo deinteg~accedilatildeo como o nosso - natildeo pode ser o conceito criado pela burguesiado seculo XIX Orgacircnica e dinamicamente a cultura acha-se associada agravehistoacuteria da sociedade da qual natildeo pode ser isolada( p 2)

Outro aspecto a ser considerado tno~--q~-tangeagrave funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica eacute o processo de feUumlchi~que envolve a muacutesicae n~ssa eacutepoca conform assinalad9 por Adorno (975) ~ntre os fetichesIdentIficados por ele estao os mterpretes e maestros valorizados comoestrelas Os cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica satildeo direcioria~fsshypriori~ariamente agrave formaccedilatildeo de virtuoses solistas e nesse sentido ele~contnbuem para a formaccedilatildeo dessas estrelas (fetiches) que longe deressaltare~osaspectossimboacutelicos da muacutes~a que realizam voltam-se para aaut~-valon~aao com VIstas ao estrelato1 Denm~erspectiva a funccedilatildeosocI~IdamUSIca realizada perde espaccedilo para o estrelismo social esvaziandoa mUSIca de seus significados simboacutelicos i

~ repertoacuterio dos seacuteculos XVIII e XIXjaacute consagrado pela burguesia eacute oque maIS serve aos propoacutesitos do estrelato O acervo musical do seacuteculo XX eacuterechaccedil~~o por esse puacuteblico que em essecircncia eacute o puacuteblico-alvo dos concertos econsequentemente o da formaccedilatildeo dos alunos de muacutesica

No entender de Schurmann (1989) conforme jaacute foi descrito no capituloantenor o SIstema ton I b d a que e a ase o repertono dos seculos antenores eacuteaceito pela burguesia O por representar o UnIverso de relaccediloes SOCIaIS por ela admiacutetido

mverso ou sela d ~ a maceItaccedilao a mUSIca do seculo XX em especial da

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Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

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Outra funccedilatildeo social da muacutesica a ser considerada a partir da categorizaccedilatildeode M~iam (1964) eacute a de representaccedilatildeo simboacutelica Para ele quase natildeo haacuteduacutevida de que a muacutesica funciona em todas as sociedades como umarepresentaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos( p 223)

No captulo anterior buscou-se identificar essa funccedilatildeo no contexto musicaldo seacuteculo XX cabendo aqui trazecirc- la para o acircmbito do ensino de graduaccedilatildeo

Jaacute foi considerado anteriormente que os cursos de graduaccedilatildeo tal como assalas de concerto priorizam a muacutesica de seacuteculos anteriores cujo conteuacutedo esimbolismo por natildeo pertencerem a nosso contexto poliacutetico-social satildeo inacessiacuteveisa noacutes Diversos autores fundamentaram esse posicionamento cabendo aquiressaltar que a ecircnfase em muacutesica de outras eacutepocas compromete a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica na vivecircncia musical dos alunos de graduaccedilatildeo

Representaccedilatildeo simboacutelica natildeo implica em reproduccedilatildeo da realidade emduplicaccedilatildeo desta

Fischer (sd) considera que apesar da tendecircncia de se procurar esgotar aanaacutelise do significado da muacutesica na forma reforccedilando-lhe o caraacuteter abstrato oconteuacutedo inseparaacutevel da forma determinando-a ou condicionando-a muitas vezesecorrespondente a uma situaccedilatildeo social dada e nesse sentido representa-asimbolicamente

A muacutesica dita de vanguarda seria segundo autores como Adorno (1975) aque representaria verdadeiramente a nossa eacutepoca inclusive em seus aspel tosnegativos - o que explicaria sua inaceitaccedilatildeo Como os cursos uccedil graduayatildeo

Aleacutem disso cabe perguntar com quem se pretende estabelecer comunicaccedilatildeoquando se trabalha quase exclusivamente com os modelos musicais dos seacuteculosanteriores A resposta seria novamente com o grupo de experts gruporestrito que por isso mesmo representa possibilidades restritas de comunicaccedilatildeo

E que conteuacutedos seriam comunicados por tal praacutetica musical O conteuacutedode seacuteculos passados que jaacute natildeo podemos apreender completamente E o ciacuterculovicioso se forma enquanto a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo se estreita

r Certamente cabe perguntar a esta altura por que o ensino de muacutesica e as

li salas de concerto insistem em dar preferecircncia agrave muacutesica do passado A muacutesica de

nosso seacuteculo natildeo e habitada pelo belo no seu sentido mais amplo Natildeo cumpre sua missatildeo artiacutestica

Essa eacute sem duacutevida uma questatildeo que deveraacute ser fruto de reflexotildeesposteriores

Outra funccedilagraveo a ser considerada a partir da categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a dereaccedilatildeo tIsica que comojaacute foi dito anteriormente o autor menciona com certa cautela

Foi feita referecircncia no capiacutetulo anterior agrave passagem das suItes da categoriade danccedilas danccediladas para danccedilas estilizadas que satildeo para serem apreciadas emsalaacutes de concerto por um puacuteblico sentado isento de reaccedilatildeo fisica Isso ocorreubasicamente no periacuteodo barroco e a partir daiacute observamos uma trajetoacuteria damuacutesica seacuteria nutrindo-se de elementos inclusive riacutetmicos da muacutesica popularmas destinando-se agrave apreciaccedilatildeo passiva

Eacute claro que essa passiviacutedade natildeo eacute total como o proacuteprio Merriam assinalapois pelo menos a niacutevel bioloacutegico quer queiramos quer natildeo haacute reaccedilatildeo fisica agravemuacutesica que nos atinja Contudo natildeo eacute proposta da musica seacuteria estimular amovimentaccedilatildeo de vez que ela se destina a ser espetaacuteculo observaacutevel

Quanto agraves emoccedilotildees que essa muacutesica produz que tem sem duacutevida umavertente de reaccedilatildeo fiacutesica cabe retomar a argumentaccedilatildeo apresentadaanteriormente referente a um adestramento social nesse sentido Assim osegmento da sociedade que receber tal condicionamento em sua formaccedilatildeo apresentaessa reaccedilatildeo fisico-emociona1 Aqueles que natildeo a receberam natildeo teratildeo nada em sidespertado por tais muacutesicas que em uacuteltima instacircncia destinam-se apenas aosiniciados

A transformaccedilatildeo em espetaacuteculo observaacutevel foi tambeacutem a trajetoacuteria damuacutesica sacra uma das vertentes da muacutesica seacuteria Ela deixou do barroco paracaacute de ser veiacuteculo de uma emoccedilagraveo religiosa de uma atitude de ecircxtase contemplativo(que eacute tambeacutem uma forma de reaccedilatildeo fisica) para destinar-se agraves salas de concerto

A muacutesica para baleacute embora pressuponha danccedilarinos que iratildeo interpretaacute-laeacute tambeacutem muacutesica de palco que o puacuteblico aprecia sentado A muacutesica seacuteria dosuacuteltimos seacuteculos lida claramente com a separaccedilatildeo compositor- iacutenteacuterprete- puacuteblicoeste uacuteltimo sempre fisicamente passivo no que concerne agrave movimentaccedilatildeo E oscursos de graduaccedilatildeo em muacutesica refletem essa postura pois soacute lidam com a muacutesiacutecaseria Natildeo valorizam o movimento exceto como teacutecnica necessaacuteria agrave execuccedilatildeomusical no instrumento

A ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos jaacute foi assinalada anteriormente Maso movimento direcionado pela teacutecnica pela necessidade de servir a uma realizaccedilatildeocorreta natildeo daacute conta da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica em seu sentido pleno Eacute movimentocontido orientado direcionado para fins especiacuteficos

As muacutesicas populares e folcloacutericas lidam muito diretamente com adimensatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica pois na maioria das situaccedilotildees pressupotildeem um puacuteblico

dodecafocircnica decorreria do fato de essa muacutesica simbolizar um outro universo derelaccedilotildees sociais que natildeo conta com a aprovaccedilatildeo dessa classe social

Certamente natildeo se pode acusar a burguesia de conscientemente aceitar ourechaccedilar determinados tipos de muacutesica ou sistemas musicais O que ocorre eacute quetais atitudes satildeo inculcadas informalmente de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo atraveacutes doacervo de valores dessa classe social sendo que o ensino formal representa um

reforccedilo a esses posicionamentos r Assim ao enfatizar o repertoacuterio do periacuteodo barroco-etasslclsmo-romantlsmo

os cursos de graduaccedilatildeo continuam trabalhando com a simbolizaccedilatildeo de relaccedilotildeessociais correspondentes ao periacuteodo aacuteureo do sistema tonal e alijam os sistemasque poderiam simbolizar as relaccedilotildees sociais de nossa eacutepoca

A exclusatildeo das muacutesicas populares e folcloacutericas da vivecircncia musicaldos alunos de graduaccedilatildeo muacutesicas essas que no exame da literatura pertinentepareceram mais expressivas no que concerne agrave funccedilatildeo de representaccedilatildeosimboacutelica limita a possibilidade de ser essa funccedilatildeo privilegiada atraveacutes desses

cursosHarnoncourt em citaccedilatildeo anterior assinala que a muacutesica passa a ter em

nossas vidas atualmente uma funccedilatildeo decorativa o que segundo o autor natildeo seriaum problema exclusivo da muacutesica seacuteria mas atingiria a todas as modalidades demuacutesica em decorrecircncia da accedilatildeo da induacutestria cultural Autores como Fischer eAbraham tambeacutem jaacute citados anteriormente consideram que a muacutesica seacuteria doseacuteculo XX enveredou por caminhos como o excessivo formalismo ou oconstrutivismo como um fim em si que esvaziam essa muacutesica de seu conteuacutedo

As afirmativas acima apontam para uma crise cultural e conseqijentementemusical em nossos dias Os cursos de graduaccedilatildeo tais como as salas de concertotentam passar ao largo dessa crise refugiando-se no repertoacuterio de outras eacutepocas

Natildeo seria papel da Universidade propiciar ao aluno vivecircncia de todas aSmodalidades de muacutesica e refletir sobre a crise Negar a muacutesica de vanguarda oua muacutesica folcloacuterica e a popular buscando o abrigo aparentemente seguro de muacutesicasde eacutepocas anteriores jaacute consagradas nagraveo eacute negar aos alunos a possibilidade deentender essa crise e contribuir para a busca de novoS caminhos Essa eacute maisuma questatildeo a ser retomada ao final deste trabalho

Finalmente cabe observar que ao lidar com um sistema de representaccedilotildeessimboacutelicas sem questionaacute-lo sem confrontaacute-lo com outros os cursos de graduaccedilatildeocontribuem para a transmissatildeo e para a perpetuaccedilatildeo desses ~ ibuindoassim para a alienaccedilatildeo do indiviacuteduo Omite-se assim a Universida_de seupapel de formaccedilagraveo global do individuo de contribuir para sua inserccedilatildeo~~nsclent~

na sociedade que o cerca

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Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

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participante Contudo como tais muacutesicas praticamente natildeo satildeo vivenciadas nounivers8 musical dos cursos de graduaccedilatildeo exclui-se essa dimensatildeo dos referidos

cursosA simples observaccedilatildeo de qualquer curriacuteculo de graduaccedilatildeo em muacutesica

evidencia a inexistecircncia de disciplinas - ou de espaccedilos menos formais - que lidemcom o movimento como funccedilatildeo social ou mesmo como expressatildeo individual enatildeo apenas como teacutecnica

E assim como o aluno e trabalhado dentro dessa perspectiva ele tambeacutemeacute preparado para lidar com um puacuteblico imoacutevel que aplaudiraacute suas execuccedilotildees apoacutesapreciaacute-las impassiacutevel A funccedilatildeo de reaccedilatildeo tisica eacute categoria praticamente ausentenos cursos de graduaccedilatildeo

Outro aspecto a ser enfocado no que concerne agrave reaccedilatildeo tisica eacute a percepccedilatildeomusical Percepccedilatildeo - musical ou natildeo-natildeo eacute fenocircmeno exclusivamente tisico devez que pressupotildee seleccedilatildeo ordenaccedilatildeo compreensatildeo dos elementos percebidosOs cursos de graduaccedilatildeo via de regra lidam com a percepccedilatildeo como fenocircmenoestaacutetico ou seja busca-se apurar a audiccedilatildeo a partir de exerciacutecios e de modelostradicionalmente tomados ao sistema tonal o que pode ser observado na ementada disciplina Percepccedilatildeo Musical (Anexo I) Ainda quando satildeo apresentados outrostipos de modelos a serem percebidos o centro do processo ou mesmo o seuponto de partida eacute o tonalismo A audiccedilatildeo aprimora-se direcionada e enclausurashyse nesse direcionamento O ouvido adestra-se aos sons intervalos e harmoniasdo tonalismo e condicionado dessa forma perde a acuidade para outros tipos deelementos Esse processo embora contendo duas vertentes - a tisica e acultural - natildeo pode deixar de ser incluiacutedo aqui pois a percepccedilatildeo musical eacuteessencial agrave formaccedilatildeo do muacutesico

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

A funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais eacute a que se segue nacategorizaccedilatildeo de Merriam sendo considerada por ele uma das mais importantesde vez que orienta os membros da sociedade sobre o que eacute correto ou natildeoorientando-lhes o comportamento

Mais uma vez no acircmbito desta funccedilatildeo a seleccedilatildeo do repertoacuterio pelos cursosde graduaccedilatildeo eacute elemento decisivo Jaacute foi suficientemente assinalado que esserepertoacuterio prioriza as obras seacuterias dos seacuteculos XVIII e XX Ora mesmo seconsiderarmos que a muacutesica seacuteria natildeo tem enfatizado a funccedilatildeo aqui consideradaeacute preciso mais uma vez ressaltar que a imposiccedilatildeo de normas dos seacuteculos anterioresnatildeo teria significado nos dias atuais

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No capiacutetulo anterior foram citadas obras seacuterias do seacuteculo XX cujo conteuacutedopoliacutetico ou de protesto permite incluiacute-las nesta funccedilatildeo Ou seja a muacutesica seacuteriade vanguarda natildeo exclui totalmente essa funccedilatildeo embora natildeo a priorize mascomo essa muacutesica conta com espaccedilos miacutenimos nos cursos de graduaccedilatildeo afunccedilatildeo se vecirc atrofiada

As muacutesicas populares e folcloacutericas tecircm sido no nosso seacuteculo o espaccedilomais feacutertil para a funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais No cap[tuloanterior foram mencionados exemplos - como a saacutetira poliacutetica presente agrave muacutesicasertaneja - que ilustram a afirmativa anterior

Contudo como os cursos de graduaccedilatildeo natildeo abrem espaccedilo a essasmanifestaccedilotildees musicais eles reduzem a um miacutenimo a possibilidade de manifestaccedilatildeoda funccedilatildeo aqui considerada em seu universo musical

Ateacute mesmo a ruptura com as normas vigentes ou seja o contraacuterio daimposiccedilatildeo de conformidade agraves normas sociais se vecirc alijado desse universo Amuacutesica seacuteria vivenciada no contexto desses cursos eacute a de outras eacutepocas e afunccedilatildeo de ruptura tal como de imposiccedilaacuteo de conformidade a normas sociaispressupotildee inserccedilatildeo do universo musical com o contexto social contemporacircneo oque natildeo ocorre nos cursos de graduaccedilatildeo em virtude do tipo de repertoacuterio reproduzido

Cabe ainda lembrar - pois jaacute foi mencionado anteriormente - a ecircnfasedos cursos de graduaccedilatildeo nos processos reprodutores e a minimizaccedilatildeo de atividadescriadoras Se houvesse produccedilatildeo criaccedilatildeo musical intensa nesses cursos - e natildeoreproduccedilatildeo prioritariamente como ocorre - os alunos ao criarem muacutesica poderiamdar vazatildeo agrave funccedilatildeo aqui abordada Haveria possibilidade de contestarem ouapoiarem atraveacutes de seus atos de criaccedilatildeo musical as normas sociais vigentesMas a criaccedilatildeo musical eacute praticamente ausente nesses cursos cuja ecircnfase e aformaccedilatildeo de inteacuterpretes (reprodutores) e assim mais uma funccedilatildeo social se esvaide seu contexto

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Outra funccedilatildeo a ser tratada a partir da categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a devalIdaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos que mais uma vez noc~piacutetulo anterior evidenciou-se como de dificil identificaccedilatildeo na muacutesica seacuteria doseculo XX e mais presente nas muacutesicas populares e folcloacutericas

Contudo se considerarmos que a muacutesica seacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX~ue pr~domina no repertoacuterio dos cursos de graduaccedilatildeo simboliza o universoIdeologlco e consequumlentemenre de relaccedilotildees sociais do periodo barroco-classicismo

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-romantismo podemos refletir sobre as consequumlecircncias da fixaccedilagraveo e da valorizaccedilatildeodesses modelos A transmissatildeo de valores inclusive esteacuteticos da burguesia cujaascensatildeo se deu naquele periacuteodo seria talvez uma forma de validar as instituiccedilotildeessociais tais como satildeo aprovadas (conscientemente ou natildeo) pela classe burguesaA valorizaccedilatildeo e a permanecircncia desse repertoacuterio poderiam ser interpretadas comomecanismos de inculcaccedilatildeo ideoloacutegica e a partir daiacute como mecanismos de validaccedilatildeode instituiccedilotildees sociais

Schurmann em citaccedilotildees anteriores considera que a inaceitaccedilatildeo dododecafonismo pela burguesia decorre do fato de natildeo se basear no universo derelaccedilotildees sociais e poliacuteticas do periacuteodo de ascensatildeo dessa classe O dodecafonismoao contraacuterio ao remover qualquer princiacutepio hieraacuterquico entre os sons que organizasimbolizaria ideais que a burguesia rechaccedila ou seja de igualdade entre todoseliminando os princiacutepios de contradiccedilatildeo necessaacuterios agrave sustentaccedilatildeo das relaccedilotildees deproduccedilatildeo que deram prosperidade agrave burguesia

Ora ao rechaccedilarem ou minimizarem o espaccedilo concedido agraves teacutecnicascontemporacircneas de composiccedilatildeo que de diferentes maneiras negam o tonalismoos cursos de graduaccedilatildeo corroboram a rejeiccedilatildeo da burguesia a essas teacutecnicas e agravesesteacuteticas que elas representam assim como aos sistemas de relaccedilotildees sociais queelas possivelmente simbolizem como no caso do dodecafonismo segundointerpretaccedilatildeo de Schurmann

A reproduccedilatildeo musical de repertoacuterios de outras eacutepocas teria assim um sentidode tentativa de conservaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e econocircmicas daqueles periacuteodosSeria sobretudo reproduccedilatildeo ideoloacutegica e natildeo apenas reproduccedilatildeo de obrasco~sagrada

i No que tange validaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas torna-se ainda mais dificilidentificar essa funccedilatildeo A muacutesica religiosa jaacute foi dito anteriormente passou nosseacuteculos XVIII e XIX do ritual e do templo para o teatro segundo vaacuterios autoresassinalaram (vide capitulo anterior) No seacuteculo XX tambeacutem como jaacute foi dito amuacutesica seacuteria se manteve afastada de uma funccedilatildeo ritual passando a umaabordagem mais coacutesmica A funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas noque diz respeito agrave muacutesica seacuteria parece seriamente comprometida no contextodos uacuteltimos seacuteculos da terceira idade da muacutesica assim como na quarta idadeConsequumlentemente parece ausente dos cursos de graduaccedilatildeo

As muacutesicas folcloacutericas foram identificadas atraveacutes de autores revistoscomo claramente ligadas a essa funccedilatildeo Sua praacutetica eacute quase ausente nos cursosde graduaccedilatildeo - a disciplina Folclore Musical Nacional na Escola de Muacutesica daUFRJ eacute dada em apenas dois semestres eacute optativa para quase todos os cursos etem um enfoque mais musicoloacutegico que de vivecircncia musical A funccedilatildeo de validaccedilatildeo

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Tal como na funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais aausecircncia ou a minimiaccedilatildeo de praacuteticas criativas restriacutenge ou elimina a possibilidade J ao criarem muacutesicacos alunos exercitarem essa funccedilatildeo Como por outro lado aformaccedilatildeo desses alunos tem como alicerce principal os princiacutepios normas econcepccedilotildees esteacuteticas da muacutesica seacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX natildeo bastariapropor-lhes que criassem muacutesica pois sua formaccedilatildeo condicionada por aquelesmodelos provavelmente natildeo levaria agrave expressatildeo da funccedilatildeo de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais e religiosas de nossa eacutepoca

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

A penuacuteltima funccedilatildeo identificada por Merriam (1964) eacute a de contribuiccedilatildeopara a continuidade e estabilidade da cultura O autor afirma que - Se amuacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer esteacutetico diverte comunicaprovoca reaccedilatildeo fiacutesiacuteca impotildees conformidade a normas sociais e validainstituiccedilotildees religiosas eacute claro que ela contribui para a continuidade eestabilidade da cultura (p225)

Contudo cabe perguntar se a muacutesica seacuteria tem realmente exercidotod~s essas funccedil~es anteriores Pelo que vimos ateacute aqui elas aparecemfragIlmente exercIdas ou talvez ateacute ausentes do contexto da muacutesica seacuteriaCitaccedilotilde~s anteriores de diversos autores apontam para uma mudanccedila de funccedilatilde~da mUacuteSIca seacuteria em nosso seacuteculo ou mesmo para um esvaziamento de funccedilotildees~a uma crise sem duacutevida nesse acircmbito e ela jaacute apareceu nas abordagens dedIversos autores

corre que os cursos de graduaccedilatildeo como jaacute foi visto lidam quaseexclUSIvamente com a muacutesica seacuteria e assim como as funccedilotildees anterioresapareceram comprometidas tambeacutem a de contribuiccedilatildeo para a continuidade dacultura pareceu fragilizada

Num certo sentido poreacutem os cursos de graduaccedilatildeo contribuem atraveacutes desuas praacuteticas musicais para o exerciacutecio da funccedilatildeo aqui considerada Ao ~nfatizarema re~ro~uccedilatildeo de obras do final da terceira idade da muacutesica contribuem para acontInUlade de padrotildees e valores da cultura burguesa assegurando de certa formasua contmuidade

As teacutecnicas e esteacuteticas musicais contemporacircneas natildeo representam buscade continuidade cultural buscam antes romper com as bases anteriores talvez

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da fonna mais draacutestica jaacute observaacutevel na histoacuteria da muacutesica Como os cursos degraduaccedilatildeo pouco espaccedilo conferem a elas natildeo se ameaccedila o status quo da muacutesicatonal no acircmbito desses cursos

As muacutesicas populares e folcloacutericas tecircm assimilado caracteriacutesticas damuacutesica seacuteria e tecircm muitas vezes sido cooptadas pela induacutestria cultural Elasnatildeo buscaram rupturas tatildeo draacutesticas com a bagagem musiacutecal anterior pois elasvivem muito mais que a muacutesica seacuteria a relaccedilatildeo com a sociedade ou acomunidade Sua exclusatildeo dos repertoacuterios de graduaccedilatildeo restringe a possibilidadede que os alunos atraveacutes da vivecircncia dessas muacutesicas exercitem a funccedilatildeo aquiconsiderada

As letras dessas muacutesicas que por si soacute constituem acervo suficiente paraum estudo de sua funccedilatildeo social e poliacutetica tambeacutem deixa de ser considerada nessescursos o que exclui uma importante vertente de inserccedilatildeo dos alunos na sociedadecontemporacircnea

Por outro lado a ecircnfase da fonnaccedilatildeo do alunado estaacute na reproduccedilatildeo demuacutesicas compostas antes deles Eles contribuem para a reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeodesse repertoacuterio e dos valores que ele carrega mas deixam de exercer igualpapel com relaccedilatildeo ao repertoacuterio de muacutesica seacuteria contemporacircnea Se a sociedadenatildeo assimila ou aceita bem essas obras e se a Universidade natildeo as preservamesmo questionando-as que seraacute delas no futuro

De qualquer fonna os auditoacuterios para a muacutesica seacuteria sobretudo acontemporacircnea satildeo restritos representam uma parcela miacutenima da populaccedilatildeo Quepapel portanto os cursos de graduaccedilatildeo vecircm desempenhando(no que tange)agravecontinuidade e estabilidade da cultura atual i

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Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

Finalmente Merriam identifica a funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeoda sociedade ou seja aquela que a muacutesica exerce quando promove um ponto deuniatildeo em tomo do qual os membros de uma sociedade se congregam

Conveacutem considerar mais uma vez que a fonnaccedilatildeo do aluno de graduaccedilatildeoem muacutesica se destina prioritariamente a tomaacute-lo um virtuose solista que executaraacutequase sempre obras de seacuteculos anteriores da categoria muacutesica seacuteria

O grau de possibilidade de promover integraccedilatildeo social a partir dos repertoacuteriose situaccedilotildees de concerto para as quais o aluno eacute preparado eacute bastante restrito Osmotivos jaacute foram apresentados mas cabe mencionaacute-los mais uma vez I) osconcertos atingem apenas uma diminuta parcela da sociedade 2) os concertosnatildeo lidam com a possibilidade de mobilizar efetivamente a plateacuteia seja provocando

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nesse puacuteblico a reaccedilatildeo fiacutesica seja mobilizando-o psicoloacutegica ou afetivamente (essesespetaacuteculos enfatizam a separaccedilatildeo compositor-inteacuterprete-ouvinte e contam comuma contemplaccedilatildeo mais ou menos passiva por parte do puacuteblico) 3) o repertoacuterioprioritariamente de seacuteculos anteriores lida com simbolismos e valores que natildeo satildeoos de nossa eacutepoca tendo portanto reduzido seu potencial de envolvimento dopuacuteblico a que se destina e consequumlentemente de promover um efetivocongraccedilamento entre as pessoas

A partir das afinnativas do paraacutegrafo anterior que parecem jaacute ter sidosufiacutecientemente explanadas ao longo deste capiacutetulo parece evidente que a fonnaccedilatildeomusical do aluno de graduaccedilatildeo bem como as realizaccedilotildees musicais de que participapouca possibilidade tecircm de promover a integraccedilatildeo social

A exclusatildeo de praacuteticas ligadas agrave muacutesica popular ou agrave folcloacuterica tambeacutemjaacute amplamente referida eacute mais uma vez fator de minimizaccedilatildeo da funccedilatildeo socialaqui considerada Essas categorias de muacutesica atuam mais em tennos de integraccedilatildeosocial pois suas letras veiculam conteuacutedos do contexto atual trabalhando portantocom simbolismos e valores de nossa eacutepoca e de nosso povo e suas estruturasmusicais satildeo mais familiares e apreensiacuteveis pelo ouvinte Aleacutem disso envolvemapelos riacutetmicos mais incisivos por pressuporem a participaccedilatildeo fiacutesica do puacuteblico

Eacute claro que as observaccedilotildees de Adorno (1975) sobre a interferecircncia dainduacutestria cultural sobre a muacutesica popular natildeo devem ser esquecidas aqui Ainterferecircncia dessa induacutestria na anaacutelise do autor promove a inculcaccedilatildeo de falsosvalores que apenas servem aos propoacutesitos do capitalismo Contudo mesmo quandocentradas em falsos valores essas manifestaccedilotildees musicais promovem a integraccedilatildeodos indiviacuteduos mobilizando-os fiacutesica e psicologicamente

Quando os cursos de graduaccedilatildeo excluem essas praacuteticas de seu contextodeixam inclusive de promover uma avaliaccedilatildeo criacutetica dessas muacutesicas e deixam decontribuir para o surgimento de outras fonnas de integraccedilatildeo alicerccediladas em valoresverdadeiros neutralizando a penetra~atildeo daqueles inculcados pela induacutestriacultural Natildeo seria esse um dos papeacuteis a ser desempenhado pela Universidade

Conclusotildees

O painel traccedilado neste capiacutetulo da situaccedilatildeo dos cursos de graduaccedilatildeo emmuacutesica relativamente agraves funccedilotildees sociais da muacutesica mereceu ainda algunsdesdobramentos

Primeiramente relacionou-se a anaacutelise aqui desenvolvida sobre as funccedilotildeessO~la~s da muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica aos curriacuteculos que satildeo aobJetIvaccedilatildeo da proposta desses cursos Buscou-se contudo natildeo restringir aabordagem nesta etapa conclusiva agrave oacutetica da anaacutelise funcional e sim colhidos os

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Aula
Nota
2510 Ana C e Paulo H

subsiacutedios dessa anaacutelise alargar o horizonte retomando os pressupostos assumidosno primeiro capitulo referentes a arte muacutesica e educaccedilatildeo todos eles voltadospara uma perspectiva de transformaccedilatildeo social

A conjugaccedilatildeo da anaacutelise funcional com outra abordagem metodoloacutegicashyneste caso a dialeacutetica que subsidia os pressupostos apresentados - encontrarespaldo em Florestan Fernandes (1970 p199) que referindo-se ao funcionalismoafirma que os conhecimentos empiacutericos fornecidos por esse meacutetodo satildeoiacutegualmente uacuteteis e potencialmente exploraacuteveis sob quaisquer ideologias

Tambeacutem Politzer (1986) ao analisar o meacutetodo dialeacutetico admite a possibilidadede que se procedam preliminarmente a outras formas de anaacutelise inclusive quantitativasque forneccedilam subsiacutedios para um melhor conhecimento do objeto de estudo Mas quetais anaacutelises natildeo constituam o fim de um raciociacutenio e sim o estabelecimento deconhecimento preliminar sobre o qual se aplicaraacute outro meacutetodo de anaacutelise

Demo (1990) no capiacutetulo denominado Elementos da MetodologiaDialeacutetica tambeacutem apresenta afirmativa que respalda a convivecircncia metodoloacutegica

[ A metodologia dialeacutetica] natildeo combate as posturas das ciecircncias naturaise exatas desde que natildeo sejam concebidas como regra uacutenica Aproveita-sedelas no que for possiacutevel e recomendaacutevel como eacute o caso da experimentaccedilatildeoda quantificaccedilatildeo da observaccedilatildeo do teste empiacuterico etc ( p 99)

Assim a etapa conclusiva deste trabalho nutrida pelas informaccedilotildees obtidasda anaacutelise funcional procurou visualizar os cursos de graduaccedilatildeo pela oacutetica de umaconcepccedilatildeo dialeacutetica de arte de muacutesica e de educaccedilatildeor Da anaacutelise anteriormente desenvolvida de base funcional evidenciou-se

( que os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica natildeo tecircm como caracteriacutestica predominantegt sua inserccedilatildeo na realidade social brasileira ou seja natildeo satildeo determinados

culturalmente por essa realidade nem satildeo historicamente situados nela em suacontemporaneidade

Bosi (1987) no capiacutetulo intitulado Cultura Brasileira afirma que unidadee uniformidade cultural parecem ser caracteriacutesticas inexistentes em sociedadesmodernas sobretudo em sociedades de classes Ele delineia quatro faixas culturaisno contexto da sociedade brasileira cultura erudita cultura popular cultura criill~a

individualizada e cultura ~etpassa~ Essas faixas embora niacutetidas tecircm segundoo autor inter-relaccedilotildees que ele assinala em termos de algumas combinaccedilotildees deaspectos entre os subconjuntos culturais identificados

Bosi aleacutem de afirmar que natildeo se pode falar em cultura brasileira masem culturas brasileiras relaciona esse contexto cultural agrave educaccedilatildeo Umafilosofia da educaccedilatildeo brasileira natildeo deveria ser elaborada abstratamente fora deuma praacutetica de cultura brasileira e de uma criacutetica da cultura contemporacircnea(p 173)

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A evidente desconexatildeo dos curriacuteculos de graduaccedilatildeo com a sociedadebrasileira em seus aspectos culturais histoacutericos e sobretudo em suascaracteriacutesticas contemporacircneas conduz agrave observaccedilatildeo de que eles natildeo se baseiamtal como Bosi preconiza em uma praacutetica de cultura brasileira nem em um~criacutetica da cultura contemporacircnea seja ela brasileira seja ela tomada em cortemais amplo como cultura ocidental

Os curriacuteculos cujo eixo se localiza nos seacuteculos XVIII e XIX natildeo podemter a questatildeo da contemporaneidade como prioridade Decorre daiacute seremdestituiacutedos de possibilidade de accedilatildeo poliacutetica no sentido de natildeo servirem de elementocriacutetico nem de elemento propulsor de transformaccedilatildeo social de vez que natildeopropiciam a elaboraccedilatildeo de um saber que explicite a concepccedilatildeo de mundo atualmenteexistente ou proponha uma nova concepccedilatildeo

Mas seratildeo verdadeiramente isentos politicamente esses curriacuteculos Ouainda e possiacutevelhaver educaccedilatildeo neutra A resposta a ambas as perguntas ecertamente negatva 0 aparente isenccedilatildeo poliacutetica de curriacuteculos que lidam comvalores unIversaIs - no caso a muacutesica erudiacuteta europeacuteia dos seacuteculos XVIII eXIX - eacute enganosagrave Como jaacute foi visto anteriormente os valores que o repertoacuteriodessa eacutepoca transmite vem impregnados da ideologia burguesa dos simbolismossociais aceitos por essa classe no contexto e na eacutepoca de sua ascensatildeo

Ou seja os curriacuteculos satildeo aparentemente neutros nos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica por priorizarem modelos e valores de outra eacutepoca deixando de promovera reflexatildeo criacutetica propulsora de transformaccedilotildees centrada na sociedade brasileiracontemporacircnea com todo seu pluralismo cultural Natildeo satildeo portanto curriacuteculosvoltados para a transformaccedilatildeo social a partr d~ uma elaboraccedilatildeo criacutetica ou teoacutericaque subsidie a accedilatildeo poliacutetica ( r( ) I )

Outro aspecto a ser considerado eacute o fato de que esses curriacuteculos natildeoconstltue~elemento-chavepara apropriaccedilatildeo do saber pelos alunos nem lidamcom a musica como um saber como uma forma de conhecin1enQ que segundoautor~s como Read (1981 1982) ou Cassirer (1977) toda arte representa Aocontrano os curriacuteculos veiculam prioritariamente um tipo de muacutesica instituiacutedo poreles co b ~o o sa er pnvando os alunos da reflexatildeo criacutetica e da praacutetica criativa deelaboraccedilao do saber musical ou mesmo musicoloacutegico

A esse respeito eacute iacutenteressante citar Durmeval Trigueiro Mendes (1987p6-6~) quando ele estabelece duas concepccedilotildees antagoacutenicas do saber - o saberslstemlCo e o sabe d I

I r Ia etlco o pnmelro empenhado na empiria como saber

exp lcatlvo de uma fiun Id d Clona I a e e o segundo radical axioloacutegicotransformador

t t Idd() ambos os saberes - o ~i~tecircmic~-~ o dialeacuteticy satildeo saberes dao a I a e Mas enquanto o b d I I ---~sa er la etlco ana isa criticando a totalidade

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mesquinho e integrando os valores alienigenas que tambeacutem satildeo parte daheranccedila do homem (p4)

Ao eximir-se de enfatizar a contemporaneidade o ensino de graduaccedilatildeo demuacutesica natildeo contribui para que o aluno extraia estiacutemulos da realidade social por elevivida deixando de contribuir para sua compreensatildeo questionamento ereformulaccedilatildeo

A dimensatildeo de conservaccedilatildeo de cultura deve pois ser mantida mas natildeo aopreccedilo de minimizar a renovaccedilatildeo cultural que deveria ter na Universidade um espaccediloprivilegiado Segundo Bithencourt (1962) conservar cultura eacute reiterar os valorescontidos na tradiccedilatildeo e renovaacute-la eacute inventar objetos valiosos ou revelar valoresnovos - e eacute aiacute que falham os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica na tarefa criadorae reveladora pois como jaacute vimos anteriormente sua ecircnfase situa-se na reproduccedilatildeo

r Questionar os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir da funccedilatildeo social da lmuacutesica eacute em certa medida questionar o papel social desses curriacuteculos e desses cursos J

Se a funccedilatildeo social da arte e prioritariamente no dizer de Fischer (sd)tomar o homem capaz de conhecer e mudar o mundo eacute evidente que os cursossuperiores de muacutesica natildeo estatildeo viabilizando esse processo

Ao contraacuterio a busca das funccedilotildees sociais contempladas pelos cursos degraduaccedilatildeo a partir das funccedilotildees identificadas por Merriam deixou-nos de matildeosvazias As funccedilotildees sociais exercidas por esses curriacuteculos cujos conteuacutedos satildeodescontextualizados alienantes satildeo extremamente restritas e conservadoras natildeoapresentando resultado significativo nem mesmo quando submetidos a anaacuteliseatraveacutes de um instrumental funcionalista de inspiraccedilatildeo conservadora

Enquanto a moderna pedagogia aponta para a transformaccedilatildeo social essescurriacuteculos prendem-se agrave conservaccedilatildeo e agrave reproduccedilatildeo esvaziam o conteuacutedo damuacutesica como forma de saber priorizando procedimentos teacutecnicos que natildeo podemrealizar nenhum valor social

Valorizando uma definiccedilatildeo nova clara e convincente dos objetivos daeducaccedilatildeo musical Koellreutter (1990) reforccedila as afirmativas aqui apresentadas

Esta mudanccedila do conteuacutedo dos programas de educaccedilatildeo ensino emun~ ~undo de integraccedilatildeo teraacute que tender essencialmente ao questionamentocntlco do sistema existente - e natildeo agrave sua reproduccedilatildeo - ao despertar 1 aodesenvolvimento da criatividade agrave conscientizaccedilatildeo das descobertas cientiacuteficase d~s en~menos sociais que marcam nossa eacutepoca e natildeo agrave adaptaccedilatildeo e agraveasslmllaccedilao das coisas do passado (p5)

A diversidade e riqueza do contexto cultural brasileiro natildeo labrangida peloscumculos de graduaccedilatildeo pretensamente neutros impedindo que se defina a partirdeles a cultura a que se destinam

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middot I d f I I d d ij==e por ISSO e suscetlve e reJaze- a O outro se msta a entro a totalidade Jue ele procura recuperar contra eventuais desgarramentos das partes ~--ifIt

Ou seja os cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica lidam com o saber sistecircmico ~lif---it

r~la~inado auma realidade que natildeo eacute a brasileira e natildeo trabalham com o saber l____dIalehco cnhco e transfo~a~or de uma da~a socIedade em que se insere -

A postura de transmIssao de conhecImentos pretensamente universais vaacutelidos para q~lquer indiviacuteduo em qualquer parte do mundo (ou seja dissociados de uma localIzaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo) levam natildeo soacute a uma situaccedilatildeo de aparente neutralidade poliacutetica mas tambeacutem do ponto de vista do conhecimento agrave ~padronizaccedilatildeo do pensamento impedindo que os alunos elaborem sua visatildeo de -mundo a partir da realidade concreta onde vivem Natilde~ se preten~e com essas observaccedilotildees negar o papel que tambeacutem cabe ~

a UmversIdade que e o de preservaccedilatildeo de cultura (Ccedilertamente nada teriacuteamos a ganhar enterrando as obras artiacutesticas de outras eacutepocas pois isso tambeacutem seria ~negar ao aluno o acesso ao conjunto das conquistas armazenadas pelo homem em 6-L I

sua trajetoacuteria histoacutericagravej Mas ocorre que essa trajetoacuteria natildeo parou em tempos ~~

anteriores ao nosso ela continua em sua dinacircmica incessante que eacute inerente agrave condiccedilatildeo do homem como ser criador

Natildeo se pretende tambeacutem ignorar uma certa transcendecircncia de tempo e - clugar inerente agrave arte No dizer de Fischer (sd) haacute na arte alguma coisa que __expressa uma verdade permanente o que nos possibilita em pleno seacuteculo XX --comovermo-nos com pinturas preacute-histoacutericas das cavernas ou com antiquumliacutessimascanccedilotildees bull

Natildeo se trata pois de negar o valor artiacutestico das obras musicais dos periacuteodos (barroco claacutessico ou romacircntico ou de quaisquer outros ou pretender excluiacute-las da (v~vecircn~ia mus~c~l dos cursos de graduaccedilatildeo Trata-se antes de natildeo imobilizar a (hIstona da mUSIca mas de preservar seu contiacutenuo movimento de dar conta dastendecircncias conflitantes que carrega em seu bojo (

Podemos colocar a questatildeo da seguinte maneira toda arte eacute (condicionada pelo seu tempo e representa a humanidade em consonacircncia te-com as ideacuteias e aspiraccedilotildees as necessidades e esperanccedilas de uma situaccedilatildeohistoacuterica particular Mas ao mesmo tempo a arte supera essa limitaccedilatildeo e e-de dentro do momento histoacuterico cria tambeacutem um momento de humanidade ~t-que promete constacircncia no desenvolvimento (Fischer sd pl) (

~oellreutter(1990) tambeacutem assinala a necessidade de no ensino de muacutesica (Iser culh~ado de forma relevante o acervo contemporacircneo nacional ou internacional

E indispensaacutevel que nas culturas do Terceiro Mundo o artista cultive ~os valores culturais de seu povo que os selecione sob o ponto de vista de (ttsua validade universal excluindo no entanto o nacionalismo estreito e lfr

ctt ~

A respeito da relaccedilatildeo cultura-educaccedilatildeo eacute importante citar um pensadorbrasileiro que frequumlentemente enfatizou essa relaccedilatildeo ligando-a agrave dimensatildeo poliacuteticae agrave accedilatildeo transformadora

A cultura eacute essencialmente dialeacutetica Informa-a uma dupla intensatildeo shya de descobrir e a de transformar a de refletir fatos e projetar utopias a deser ao mesmo tempo reflexa e tensional A cultura eacute tambeacutem fato poliacuteticoSupotildee opccedilotildees atitudes posiccedilotildees O ato de pensar eacute ateacute certo ponto um atode vontade politica para ver eacute preciso querer ver e acreditar no proacutepriopoder de ver Ver eacute um ato em larga margem instituidor da realidade (Mendes1987p70)

Apoacutes apreciar a trajetoacuteria histoacuterica--da muacutesica e as funccedilotildees sociais por elaexercidas nessa trajetoacuteria resta-nos concluir que a praacutetica das escolas de muacutesicaeacute descontextualizada e alienante centrada em teacutecnicas e esteacuteticas obsoletasdeixando de realizar a maior parte das funccedilotildees sociais da muacutesica identificadas porMerriam ou de apresentar outras funccedilotildees Reduzem assim o universo musicalbem como seu potencial criador e de transformaccedilatildeo social Excluem a reflexatildeocriacutetica e a concepccedilatildeo de muacutesica como saber deixando de processar valores atuaisseja para preservaacute-los seja para transmudaacute-Ios

r Perde-se assim a dimensatildeo mais rica que o exerciacutecio da arte possibilita arealizaccedilatildeo plena do homem como ser criador e como ser social agente detransformaccedilatildeo e portador de rumos para uma sociedade mais aprimora~ta __

Cabe finalmente indagar sobre o papel dos professores universitaacuterios demuacutesica nesse processo Culpados ou cuacutemplices

Para lhes fazer justiccedila eacute preciso que se diga - nem culpados nem cuacutemplicespois eles mesmos satildeo produto desse sistema que conta com um forte potencial deauto-reproduccedilatildeo

Stein (1980) analisando o papel dos professores no processo educacionalidentifica uma dupla accedilatildeo do professorado em relaccedilatildeo agrave conservaccedilatildeo e agrave mudanccedilasocial Primeiramente reproduzindo e perpetuando formas de comportamentoconjunto de valores que interessam agrave sociedade tal qual eacute dando-lhe coesatildeo epermanecircncia por outro lado possibilitando a critica do atual sistema e a suasuperaccedilatildeo estimulando a atitude criativa a inteligecircncia e a inovaccedilatildeo de expressotildees

e valoresNa medida em que os profissionais da educaccedilatildeo se identificam com

a ideologia burguesa tornam-se veiculos e agentes de conservaccedilatildeo e dereproduccedilatildeo das atuais relaccedilotildees sociais Na medida em que se assumem comomembros de uma vanguarda cultural e deixam-se atingir pela ideolqgjg

popular identificando-se com os interesses de mudanccedila das cldssesdominadas podem passar a colaboradores da transformaccedilatildeo (p27)

138

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E eacute dessa dupla forma que agem os professores dos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica Haacute os que envolvidos pelo processo (que eacute o mesmo que os formou)funcionam como agentes reprodutores Haacute os que tendo acesso a possibilidadesde crUacuteica e de reelaboraccedilatildeo do conhecimento e da praacutetica assimilados procuramfuncionar como agentes de transformaccedilatildeo

Eacute bastante oportuno a esse respeito transcrever uma passagem de Althussercitada por Saviani (1988)I ~ccedilotilde-desculpaaos professores que em condiccedilotildees terriacuteveis tentam sevoltar contra a ideologia contra o sistema e contra as praacuteticas em ~ue este osencerra As armas que podem encontrar na histoacuteria e no saber que ensinamEm certa medida satildeo heroacuteis Mas natildeo satildeo raros e quantos ( a maioria) natildeo tecircmsequer um vislumbre de duacutevida quanto ao trabalho que o sistema ( que osultrapassa e esmaga) os obriga a fazer pior dedicam-se inteiramente e em toda aconsciecircncia agrave realizaccedilatildeo desse trabalho (os famosos meacutetodos novos) Tecircm tatildeopoucas duacutevidas que contribuem ateacute pelo seu devotamento a manter e a alimentara representaccedilatildeo ideoloacutegica da Escola (00) ( p 35)

As palavras de Althusser permitem pelo menos duas constataccedilotildeesimportantes a primeira eacute a de que haacute professores empenhados na luta aacuterdua depromover a transformaccedilatildeo a segunda e a de que o problema natildeo eacute especiacutefico doensino de muacutesica nem da sociedade brasileira o que pode tambeacutem ser evidenciadopelas citaccedilotildees de Hamoncourt no iniacutecio deste capitulo

Com a consciecircncia de que tal como Saviani (1988) afirma a interaccedilatildeoentre educaccedilatildeo e sociedade eacute dialeacutetica e que a educaccedilatildeo embora determinada~ocialmentenatildeo deixa de influenciar o elemento determinante ou seja a sociedadee I~portante admitir que a educaccedilatildeo pode ser um instrumento de transformaccedilatildeosocIal desde que articulada com a sociedade em que se insere pois ao reproduzirmesmo que por negaccedilatildeo seus conflitos sociais tambeacutem carrega em seu bojo ogerme da mudanccedila

O que se pretende com este trabalho eacute um despertar para o fato de que oscursos de g d - dra uaccedilao em mUSIca Ispotildeem de duas ricas ferramentas para umtrabalho de efetiva relevacircncia social a arte e a educaccedilatildeo E abrir um debate pelaverte~te da funccedilatildeo social da muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica eacute buscarcontrIbUIr para uma ~ t fi - o bull-- _ __ ele Iva sIgm Icaccedilao socIal e cammhar para uma sociedademaIS aprImorada

d Imiddot Eacute n~ssa direccedilatildeo que aponta o quarto e uacuteltimo capitulo ou seja na busca de

e mear dIretnzes par b d -d

a uma nova a or agem do ensmo superIor de muacutesica a partire uma concepccedilatildeo d It d d -

Ia e Ica e e ucaccedilao procurando dar a esse ensino umaperspectIva de significaccedilatildeo social

139

141

conflito social 2) totalidade dialeacutetica 3) condiccedilotildees objetivas e subjetivas 4) unidadedos contraacuterios 5) teoria e praacutetica

No verbete dedicado ao Marxismo Mora (1975) apresenta trecircs leis dialeacuteticascomo principais 1) lei da transformaccedilatildeo da quantidade em qualidade 2) lei daunidade e do conflito dos opostos 3) lei da negaccedilatildeo da negaccedilatildeo

Politzer (1986) apresenta a dialeacutetica fundamentada nas seguintes leis 1)mudanccedila dialeacutetica 2) accedilatildeo reciacuteproca 3) contradiccedilatildeo 4) transformaccedilatildeo daquantidade em qualidade ou lei do progresso por saltos

Cury (1983) apresenta as seguintes categorias dialeacuteticas como categoriasdialetizadas que se medeiam mutuamente 1) contradiccedilatildeo 2) totalidade 3)mediaccedilatildeo 4) reproduccedilatildeo 5) hegemonia O autor considera com base em Gramsci(1978) a concepccedilatildeo dessas categoriasno interior de uma teoria geral da realidadeexpressa na filosofia da praacutexis

Gadotti (1990) apresenta como princiacutepios gerais oucaracteriacutesticas da dialeacutetica 1) princiacutepio de totalidade 2) princiacutepio dj

movimento 3) princiacutepio da mudanccedila qualitativa 4) princiacutepio da contradiccedilatildeo J Todas essas categorias leis ou princiacutepios se correspondem e a variaccedilatildeo na

maneira de apresentaacute-los natildeo implica em divergecircncia quanto agrave essecircncia daconcepccedilatildeo dialeacutetica Neste quarto captulo utilizou-se a nomenclatura de Gadotti shy(1990) sem que nisso incidisse qualquer criteacuterio valorativo sobre outras abordagenspassando-se a apresentar resumidamente a descriccedilatildeo dos princiacutepios ou categoriasdialeacuteticas segundo este autor -

O primeiro princiacutepio o d~taiacuteidade~ refere-se ao ~elacionamentoreciacutepr()coque envolve todos os objetos e fenocircmenos atraveacutes do qual o meacutetodo dialeacuteticobusca entendecirc-los numa totalidade concreta A tenlativa de isolar fatos oufenocircmenos para compreendecirc-los natildeo estaacute contemplada pela abordiuacute~_eIiialaleacutetlcashy

pois segundo sua oacutetica tal isolamento levaria agrave privaccedilatildeo de sentido de exPik~ccedilmiddotatilde~

de conteuacutedo Seria imobilizaccedilatildeo artificial contraacuteria ao pressuposto baacutesico da dialeacuteticade que o sentido das coisas natildeo estaacute na consideraccedilatildeo de sua individualidade masna sua totalidade

O segundo princiacutepio o de~~v~oacute relaciona-se diretamente agrave concepccedilatildeode transformaccedilatildeo pois a partir dele a dialeacutetica considera todas as coisas em seudevir Ou seja natureza e sociedade satildeo entidades sempre inacabadas e em contiacutenuatransformaccedilatildeo - o movimento eacute uma qualidade inerente a todas as coisas

O principio do movimento chamado por Engels de Lei da Negaccedilatildeo procura dar conta da realidade a partir do conflito incessante entre afirmaccedilotildees(teses) e negaccedilotildees (antiacuteteses) estas necessariamente engendradas pelas primeirase da super~ccedilatildeo de ambas em uma siacutentese que na verdade constitui uma novatese e assIm sucessivamente

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NOVAS PERSPECTIVAS PARA O ENSINODE GRADUACcedilAtildeO EM MUacuteSICA

A proposta deste capiacutetulo eacute apresentar diretrizes para um redirecionamentodo ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir da anaacutelise de seu conteuacutedo e de umaconcepccedilatildeo dialeacutetica da educaccedilatildeo coerentemente com os pressupostos apresentadosno primeiro capiacutetulo

A dialeacutetica tem suas origens mais recentes em Hegel com uma concepccedilatildeoidealista e em Marx e Engels com uma concepccedilatildeo materialista

Segundo Abbagnano (1970 p255) a dialeacutetica se formulou no Idealismoromacircntico e em particular em Hegel como siacutentese dos opostos Para Hegel adialeacutetica eacute a proacutepria natureza do pensamento e consiste ldeg) na colocaccedilatildeo de umconceito abstrato e limitado 2deg) no suprimir-se desse conceito como algo de finitoe na passagem para o contraacuterio dele 3deg) na siacutentese das duas determinaccedilotildees precedentessiacutentese que conserva o que haacute de afirmativo na sua soluccedilatildeo e na sua passagem

Marx e Engels ainda segundo Abbagnano (1970 p256) utilizaram a noccedilatildeode dialeacutetica no mesmo sentido que Hegel lhe atribuiacutera mas sem o significadoidealista que recebera do sistema de Hegel Marx preconizava a necessidade defazer passar a dialeacutetica da abstraccedilatildeo agrave realidade do mundo fechado daconsciecircncia ao mundo aberto da natureza e da histoacuteria

Segundo Politzer (1986 p124) Marx e Engels disciacutepulos materialistas deHegel transferiram para a realidade material a causa inicial do movimento dopensamento definido por Hegel e chamaram-no tal como este de dialeacutetico apesarde terem transformado suas bases

A dialeacutetica tem sido abordada de diversas maneiras (Gentile CroceFeuerbach etc) o que gera divergecircncias conceituais Mora (1975 p447) arespeito dessas variaccedilotildees assinala

Natildeo se pode afirmar com efeito se a dialeacutetica eacute um nome para a filosofiageral que inclui a loacutegica formal como uma de suas partes ou se eacute um reflexo darealidade ou se eacute simplesmente um meacutetodo para a compreensatildeo desta

Demo (1989) ao analisar a metodologia dialeacutetica assinala que na praacuteticaencontramos natildeo soacute dialeacuteticas diferentes divergentes mas ateacute mesmocontraditoacuterias como em qualquer campo metodoloacutegico (p88) deixando claroque natildeo existe a dialeacutetica como abordagem uacutenica O autor se propotildee a argumentara favor da dialeacutetica histoacuterico-estrutural por lhe parecer a mais consentacircnea com arealidade histoacuterica e apresenta as seguintes categorias baacutesicas 1) pressuposto do

CAPIacuteTULO IV

140

Aula
Nota
0111 Saimonton Jefferson e FLaacutevia

o terceiro princiacutepio o da tiacute1Gd~~iit~tT~ relaciona-se tambeacutem agraveconcepccedilatildeo de transformaccedilatildeo e logicamente agrave de movimento partindo daconsideraccedilatildeo de que essa mudanccedila qualitativa decorre do acuacutemul0 de elementosquantitativos que num dado momento produzem o qualtativamerIacutetenovocirc~

transformaccedilatildeo das coisas natildeo se realiza num processo circular de eterna repeticcedilatildeodo velho mas numa espiral ascendente em que cada retomo se daacute a um outro plano

A esse respeito e interessante citar Politzer (1986 pl42)A histoacuteria mostra que o tempo natildeo passa sem deixar marca Passa mas

os desenvolvimentos que ocorrem natildeo satildeo os mesmos O mundo a natureza asociedade constituem um desenvolvimento que eacute histoacuterico e em linguagemfilosoacutefica se chama em espiral

O quarto princiacutepio o dareacuteont~~ tambeacutem intrinsecamente ligado aosprinciacutepios anteriores refere-se agravetransformaccedilatildeo como decorrente de forccedilas opostase complementares que coexistem no proacuteprio interior dos fatos e fenocircmenos-Essasforccedilas tendem simultaneamente agrave unidade e agrave oposiccedilatildeo (contradiccedilatildeo) rrIacuteotilde~imentoesse (unidade e luta) que eacute universal ou seja inerente a todas as coisas materiaise espirituais

Os elementos coexistem numa realidade estruturada um natildeo podendoexistir sem o outro [ 1 (A existecircncia dos contraacuterios natildeo eacute um absurdoloacutegico ela se funda no rea1j (Gadotti 1990 p26)

Esses princiacutepios descritos resumidamente aqui a partir de Gadotti estatildeosubjacentes aos pressupostos apresentados no primeiro capiacutetulo

As concepccedilotildees de arte e muacutesica expressas nesses pressupostos trazemno bojo tais princiacutepios na medida em que esses fenocircmenos natildeo satildeo concebidosestaticamente ou isoladamente mas num conjunto de muacuteltiplas relaccedilotildees dinacircmicasno interior da sociedade e considerados numa perspectiva de transformaccedilatildeo social

r- No que concerne agrave educaccedilatildeo tambeacutem os pressupostos assumidostransparecem numa abordagem dialeacutetica riagrave medida em que consideram educaccedilatildeoarticulada com o contexto histoacuterico-concreto ou seja como elemento (determinadoe determinante) de um processo de relaccedilotildees sociais muacuteltiplas potencialmenteimportante no processo de transformaccedilatildeo do homem e da sociedade

A busca de diretrizes gerais para o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesicaembasadas em uma concepccedilatildeo dialeacutetica de arte de muacutesica e de educaccedilatildeo foiprecedida de uma anaacutelise das funccedilotildees sociais da muacutesica numa perspectiva histoacutericae no contexto dos cursos de graduaccedilatildeo

Favoreceu-se com essa anaacutelise uma aproximaccedilatildeo do fenocircmeno musicalpela oacutetica de suas funccedilotildees sociais e uma caracterizaccedilatildeo do ensino superior demuacutesica a partir de seu conteuacutedo tendo consistido essa primeira etapa numa coletapreliminar de subsiacutedios para o delineamento de novos rumos

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Natildeo foi proposta intencional deste trabalho apresentar um novo curriacuteculopois tal tarefa cabe agraves comunidades interessadas - professores e alunos deinstituiccedilotildees de ensino superior de muacutesica de forma a refletir efetivamente ascaracteriacutesticas soacutecio-culturais e a garantir no processo educacional a presenccedilaviva e atuante dos elementos envolvidos O que se pretendeu foi apresentardiretrizes gerais para nortearem abordagens segundo novas bases dos curriacuteculosde muacutesica a partir de uma revisatildeo de seu conteuacutedo Nesse sentido foi consideradauma tarefa pertinente a este trabalho e como tal foi assumida em seus objetivos

Assim com base nos pressupostos estabelecidos inicialmente nos subsiacutedioscolhidos com a anaacutelise das funccedilotildees sociais da muacutesica e sobretudo a partir deuma concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeo estabeleceram-se sete diretrizes filosoacuteficasconsideradas fundamentais para que se possa pensar em novas bases o conteuacutedodos curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica Essas diretrizes natildeo se pretenderamisoladas nem excludentes elas se interpenetram e interagem representando umamovimentaccedilatildeo contiacutenua movimentaccedilatildeo essa alimentada pela sociedade em que seinserem a qual por sua vez passa a ser nutriacuteda com o produto artiacutestico e reflexivode um ensino de muacutesica formulado em bases dialeacuteticas

Essas sete diretrizes ou princiacutepios estabelecidos a partir de uma aplicaccedilatildeodos princiacutepios da dialeacutetica ao ensino de muacutesica satildeo sem qualquer pretensatildeohieraacuterquica ou sequumlencial os seguintes 1) historicidade 2) criaccedilatildeo de~

conhecimento 3) preservaccedilatildeo de conhecimentos 4) reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeoteoacuterica 5) praacutetica atual 6) implicaccedilatildeo poliacutetica 7) expressatildeo esteacutetica -f

Cabe agora explicitar esses princiacutepios O primeiro deles relaciona-se agravehistoricidade aqui entendida como a implicaccedilatildeo histoacuterica (a proacutepria dinacircmica entrepresente passado e futuro) dos fatos e fenocircmenos considerados neste momentoos fatos e fenocircmenos musicais O princiacutepio de historicidade busca dar conta da~relaccedilotildees sociais presentes e passadas que impregnam a muacutesica e das interferecircnciasfu~r~s jaacute contidas no presente numa aJordagem que envolva dinamicamente asmultIpIas relaccedilotildees i~erentes a~nocircmeno musical

O compromIsso com a historicidade impede o exerciacutecio de uma arteaparentemente destituiacuteda de marcos temporais e espaciais ou seja alienadaImpede tambeacutem a cristalizaccedilatildeo temporal e espacial do conteuacutedo dos cursos degraduaccedilatildeo pois historicidade eacute compromisso com o passado com o presente ecom o futuro Natildeo necessariamente o presente atingido atraveacutes do passadomas o presente contido no passado e no futuro de vez que a sociedade apresentashyse permanentemente inacabada em contiacutenua transformaccedilatildeo trazendo em seu bojoas contradiccedilotildees qu - _ e gerarao novos processos (e novas contradlccediloes)

Hlstonclzaccedilatildeo co mo pnnclplO e Importante para que se preserve acompreensatildeo da p d ropna mamlca da hlstona mas tambem para que natildeo se

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universalize um momento histoacuterico pretendendo tomaacute-lo um modelo e sobretudo ~ O ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica como nuacutecleo gerador de conhecimentor para que o homem se conscientize de seu papel como efetivo agente da histoacuteria ~ musical e musicoloacutegico como espaccedilo criacutetico privilegiado passaria a contribuir para compreendendo os processos histoacutericos como fruto da intervenccedilatildeo humana ~ a criaccedilatildeo de um conhecimento inovador feacutertil embasado num contexto histoacuterico-l Fazer e pensar muacutesica a partir do princiacutepio de historicidade eacute sobretudo social concreto inserido numa totalidade de relaccedilotildees dinacircmicas e muacuteltiplas avesso

dar conta da muacutesica hoje mas natildeo soacute da musica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo a conteuacutedos cristalizados e imobilizados no tempo e no espaccedilo Se como Gramscieuropeacuteia pois a histoacuteria contemporacircnea abriga muacuteltiplas concepccedilotildees de muacutesica ~ (1988) aponta uma das funccedilotildees da Universidade eacute a formaccedilatildeo de intelectuais(como foi visto no segundo capiacutetulo) concepccedilotildees essas contraditoacuterias e bull WJ_ (embora natildeo soacute a ela atribua essa tarefa) cabendo a esses intelectuais uma accedilatildeocoexistentes que natildeo podem a partir de tal princiacutepio ser excluiacutedas Mas eacute tambeacutem ~ organizadora na sociedade o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica concebido nas basesdar conta da muacutesica do passado natildeo como paracircmetro ideal para opensllr~o fa~~ li bullbullbull aqui propostas compromissado com a criaccedilatildeo de conhecimento estaria cumprindomuacutesica mas como elemento significativo de uma histoacuteiiaquacuteenatildeo se quer apag~~ - esse sentido sua funccedilatildeo social _-- _

mas compreender e apreender bull bull ~w O terceiro princiacutepio diz respeito agrave preservaccedilatildeo de conhecime~o que natildeof Criar uma nova cultura natildeo significa apenas fazer individualmente ~ significa imobilismo ou cristalizaccedilatildeo Preservar conhecimento significaass~

descobertas originais significa tambeacutem e sobretudo difundir criticamente ~ o acesso ao acervo cultural da humanidade revisitado a partir de reflexotildees criacuteticasverdades jaacute descobertas socializaacute-las por assim dizer transformaacute-las sempre renovadas dando conta da dinacircmica desse conhecimento num processo

portanto em base de accedilotildees vitais em elemento de coordenaccedilatildeo e de ordem de recriaccedilatildeo permanente

i intelectual e moral (Gramsci 199)f 13 ~ Segundo este princiacutepio a reproduccedilatildeo de repertoacuterios de eacutepocas passadas1 O segundo princiacutepio refere-se agrave criaccedilatildeo de conheciment este concebido como i- teria um lugar redimensionado deixando de figurar esse repertoacuterio como fixaccedilatildeo

v em permanente transformaccedilatildeo processado continuamente em movimento permanente -) de modelos ideais mas como um redescobrir permanente dos~ f A ~mobilizaccedilatildeo artificial dos conteuacutedos e do c()~J1~~i~~1]todeixaria de ter de outros momentos histoacutericos Mas tal reproduccedilatildeo natildeo tomaria o espaccedilo gagraverantido-

lugar a partir deste princiacutepio que levaria agrave buscade produzir permanentemente __ por este princiacutepio de preservaccedilatildeo das obras do presente de reproduzi-las deno acircmbito dos cursos de graduaccedilatildeo muacutesica e reflexatildeo sobre muacutesica contrariamente _ analisaacute-las criticamente dando conta tambeacutem de que elas abrigam duacutevidas ~

r agrave adoccedilatildeo de conteuacutedos apresentad~s ~ogmaticament~cmo ideais A ~ialeacutetica- contradiccedilotildees estruturais e esteacuteticas e de que elas tambeacutem contecircm um princiacutepio de opotildee-se necessariamente ao dogmatismo ao reduclOlllsmo portanto e sempre movimento apontado para o futurol aberta inacabada superando-se constantemente (Gadotti 1990 p38) Preservar conhecimento natildeo significa tambeacutem preservar um tipo privilegiado

Criar conhecimento permanentemente natildeo significa excluir ou desprezar de conhecimento mas garantir espaccedilos para todos os tipos de conhecimento _doos conhecimentos e conteuacutedos do passado mas significa natildeo parar neles O propoacutesito popu~ar ao erudito do folcloacuterico agrave cultura de massa - pois eles estatildeo presentesmaior da Universidade estaria entatildeo contemplado e a criaccedilatildeo - tarefa maior do conflltantes e contraditoacuterios entre si no contexto social do seacuteculo XXJSomenteartista - estaria exercida de forma prioritaacuteria ~razendopara a Universidade essa multiplicidade de facetas da muacutesica d quarta

Reproduzir muacutesica - do presente ou do passado - seria tarefa coadjuvante I~ade vlde segundo capiacutetulo) analisando-os criticamente reprocessando-osnatildeo meta principaL pennitindo que o exerciacutecio pleno da faculdade de criar gerasse vlv~nclando-os o ensino superior poderaacute dar cabo de seu compromisso com aartistas plenamente realizados socIedade que eacute aleacutem de criar conhecimento preservaacute-lo

A reflexatildeo o conhecimento musicoloacutegico tambeacutem estariam contemplados Segundo essa oacutetica conteuacutedos como os princiacutepios teoacuteriacutecos e esteacuteticos daNatildeo necessariamente a reproduccedilatildeo de reflexotildees ou de conhecimentos gerados hannonia ~laacute~sca podem e devem ser preservados pois representam um momentopor outros muitas vezes de qualidade discutiacutevel mas a reflexatildeo proacutepria elaborada nco na traJe~ona europeacuteia dos seacuteculos XVII a XIX que gera desdobramentos ateacuteno proacuteprio contexto do curso embora nutrida por reflexotildees ou conhecimentos os dias atualS Mas natildeo se permitiria apresentaacute-los sob o nome de Harmoniaanteriores Natildeo se preconiza aqui a pretensatildeo de criar sempre o novo pois o ~ com se fosse a uacutenica possibilidade de harmonizar sons ou como se fosse u~

b t b a-o prototIpo a ser copiado e etem dO ldconheCImento antenor e a ase necessana para que se avance mas am em n Iza o mesmo raCIOcmIO e va I o para o estudo dah I tmiddot foona que natildeo poderia se de M- I bse preconiza a estagnaccedilatildeo no con eClmento pronto o que e Immana a ms ancla j~ bull nommar orlO ogla a rangendo apenas o estudo

criadom 144 iiacute das fonnas clasSlcas (com algumas cocssotildecs ao barroco ou ao romantismo)

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mas compreendendo fo~omoas infinitas possibilidades que o artista tem parai estruturar os significados eacutesentidos que quer transmitir - ---------~

Preservar conhecimento eacute debruccedilar-se sobre os conteuacutedos e repertoacuterios dopassado e do presente preservando a historicidade e a dinacircmica que eles carregamreconhecendo seus referenciais espaciais temporais culturais de modo a poder

~analisaacute-los criticamente e gerar novos conteuacutedos e~pertoacuterios enriquecidos~ O quarto ~rinciacutepio diz respeito ~otildeCrtica e agrave ~l~boraccedilatildeo t~oacuteric~e

certamente esta entrelaccedilado aos antenores pOIS hlstoncldade cnaccedilatildeo epreservaccedilatildeo de conhecimento soacute se processam alicerccedilados na anaacutelise criacuteticapropiacutecia agrave elaboraccedilatildeo e agrave reelaboraccedilatildeo teoacuterica

Reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterIacuteca satildeo procedimentos inseparaacuteveis da praacutetica pois~aJraacuteti~parte o cont_~~meE~a ela retomYlUma movimentaccedilatildeo dialeacutetica

Natildeo se trata pms~stir apenas em disciplinas teoacutericas pois segundo o temorde muitos muacutesicos (alunos e professores) roubam tempo agrave praacutetica instrumentalque segundo eles eacute soacute o que importa Na verdade a elaboraccedilatildeo e a reelaboraccedilatildeoteoacutericas estatildeo ausentes nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica cujas disciplinas tidascomo teoacutericas apenas descrevem descontextualizadamente partes do fenocircmenomusical a partir da oacutetica da muacutesica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia sem quetal oacutetica seja explicitada ou seja com perda da perspectiva totalizante

r Natildeo deve se configurar pois nos cursos de graduaccedilaacuteo uma dissociaccedilatildeo ou uma incompatibilidade entre teoria e praacutetica musical Na verdade satildeo elementos

integrantes de um mesmo moacutevimentoacute devendo como tal ser compreendidos e integrados natildeo soacute entre si mas ao conjunto derelaccedilotildees sociais agraves quais se vinculam

Reflexatildeo criacutetica pressupotildee o~u~jlt]-1_~~ de limites de verdades devalores imutaacuteveis de preconceitos de visotildees de mundo uniacutevocas e impulsionapara a recolocaccedilatildeo de limites para a r~valorizaccedilatildeo de fato~ccedilJenocirc~enos para a~einterp-retatildeccedil_atildeo desses fatos e fenocircmenos para a t~ansfol1a~~o--middot-lmpede avinculaccedilatildeo da teoria a praacuteticas sociais que natildeo sejam a de seu tempo promove aconscientizaccedilatildeo lo

Reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterica pennanentes como princiacutepio implicamem conceber o conhecimento praacutetico ou teoacuterico como transitoacuterio comopermanentemente inacabado passiacutevel de recriaccedilatildeo permanente

Numa tal perspectiva natildeo haveria espaccedilo para dogmas para cristalizaccedilatildeode modelos teoacutericos e esteacuteticos para uma praacutetica que natildeo remeta criticamente agraveteoria nem a uma teoria que natildeo se alimente permanentemente da praacutetica

( Os conhecimentos musicai~~os do presente teriam aiacute seuespaccedilo garantido permitindo quGtos e fetiches ~o presente ou do passado

revistos criticamente analisados reinterpretados revalorizados conduzissem a novasconcepccedilotildees de saber

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As contradiccedilotildees entre cultura burguesa e cultura popular assim comooutras contradiccedilotildees inerentes agraves classes sociais natildeo seriam evitadas a partir desteprinciacutepio mas seriam ~irnel1tordmpara a reflexatildeo criacutetica e para a produccedilatildeo permanentede saber a partir da elaboraccedilatildeo e da reelaboraccedilatildeo teoacutericas dando conta assim deuma articulaccedilatildeo verdadeira da Universidade com a sociedade em que se insere

A educaccedilatildeo executaria um jogo duplo forneceria modelos e as armascriacuteticas desses modelos realizaria uma siacutentese um equiliacutebrio entre aestabilidade e a evoluccedilatildeo entre a ordem e a desordem a reproduccedilatildeo e acriaccedilatildeo a seguranccedila e a inovaccedilatildeo a autoridade e a liacuteberdade ( Gadotti1990 pl 07)

Se uma das funccedilotildees baacutesicas da Universidade eacute o papel criacutetico ele estariaentatildeo contemplado permitindo natildeo soacute a reproduccedilatildeo da cultura da qual eacute frutomas tambeacutem a criaccedilatildeo de cultura ou de contra-cultura

Somente assumindo o conflito a relaccedilatildeo dialeacutetica entre o velho e o novoentre a reproduccedilatildeo e a transformaccedilatildeo a ljniversidade pode dar conta de seu papelna sociedade - e o ensino superior de musica natildeo eacute uma exceccedilatildeo a esse caso

O quinto princiacutepio diz respeito agrave praacutetica atuaIfpraacutetica entendida aqui nosentido de accedilatildeo Na anaacutelise do princiacutepio anterior ficou claro que praacutetica e teoriasatildeo inseparaacuteveis interpenetrando-se e modificando-se permanentemente e nessesentido se a reflexatildeo criacutetica e a elaboraccedilatildeo teoacuterica satildeo imprescindiacuteveis a praacuteticatambem o eacute - trata-se de natildeo dicotomizar um ato que envolve os doissentidos (Gadotti 1990 p94)

Mas cabem algumas observaccedilotildees complementares e a primeira delas dizrespeito agrave praacutetica musical no seacuteculo XX que como foi visto no segundo capiacutetulodesenvolve-se segundo diversas concepccedilotildees que contemplam desde a muacutesicafolcloacuterica carregada de simbolismos e tradiccedilatildeo agrave muacutesica de massas direcionadapelo e para o mercado desde a muacutesica seacuteria de seacuteculos passados agrave muacutesicaseacuteria do nosso tempo

Compromisso com a praacutetica musical atual eacute compromisso com todas asmodalidades musicais que se rneSUacuteeacutelm-na contemporantuacutetordfae-reaiacutel~ndoos ~

conflitos e contradiccedilotildees sociais que ess~~ -m-uacutesic~s representam E nes-sesentlduumla muacutesica seacuteria dos seacuteculos anteriores tem seu espaccedilo garantido desde que aconsciecircncia histoacuterica do homem voltou seus olhos para a muacutesica do passado ebuscou reaprendecirc-Ia Mas natildeo eacute sobretudo tomaacute-Ia o centro do processo deensino em detrimento das outras concepccedilotildees de muacutesica principalmente as quesatildeo produzidas no contexto de nossa eacutepoca

Conteuacutedos repertoacuterios teacutecnicas adestramentos todos estariamcom~rometidoscom a praacutetica atual e teriam que abrigar sua multiplicidade demamfestaccedilotildees musicais - e refletir sobre elas

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como Histoacuteria da Muacutesica Harmonia e Morfologia ou Esteacutetica teriam apartir dessa abordagem uma dimensatildeo poliacutetica como conteuacutedos inseridos ~oscontextos humanos que lhes datildeo sentido propiciadores de um aprofundamentoqualitativo do conhecimento

Outra observaccedilatildeo de Gadotti (1988) eacute oportuna de ser tomada nestemomento

r A escola natildeo eacute a alavanca da transformaccedilatildeo social mas essa~ transformaccedilatildeo natildeo se faraacute sem ela natildeo se efetivaraacute sem ela (p73)

Segundo essa perspectiva o ensino (inclusive o ensino superior de muacutesica)tem um papel social a desempenhar atraveacutes da politizaccedilatildeo de seu conteuacutedo poisnatildeo se pode pensar transformaccedilatildeo sem esclarecimento sem lucidez eesclarecimento e lucidez soacute podem advir de conteuacutedos aprofundados e trabalhadosnuma abordagem totalizante - ou seja da politizaccedilatildeo dos conteuacutedos visando agraveparticipaccedilatildeo agrave autonomia agrave transformaccedilatildeo do individuo e da sociedade

Compromisso politico aparece pois associado a accedilatildeo transformadora dandoconta assim de um dos comprometimentos de uma educaccedilatildeo dialeacutetica

Gramsci (1990) leva mais longe a possibilidade de se pensar numa educaccedilatildeotransformadora (poliacutetica)quando afirma que o melhoramento eacutetico natildeo eacutepuramente individual pois ele soacute se realiza em uma atividade para o exterior numaatividade transformadora das relaccedilotildees externas

Das palavras de Gramsci eacute possivel partir para uma reflexatildeo sobre o~me~horamento eacutetico individual a partir de conteuacutedos politizados (aprofundadoscontextualizados criticados) Mas o melhoramento eacutetico segundo o autor natildeose e~gotaria na instacircncia individual pois sua realizaccedilatildeo plena soacute se daria numaatlvldade exterior ou seja do fortalecimento interior adviria uma transformaccedilatildeo domundo exterior

A ~imen~~o poliacutetica da arte tomada em si tambeacutem estaria presente nessaImplIcaccedilao polItIca ao permitir uma realizaccedilatildeo plena na atividade artistica noscursos de gra~uaccedilatildeo em muacutesica Segundo Fischer (sd) a arte tem sempre umpouco de magIa que lhe eacute essencial mas a arte eacute necessaacuteria para que o homem setorne capaz de conhecer e mudar o mundo Eacute verdade que a funccedilatildeo essencialda m~te pa~a uma classe destinada a transformar o mundo natildeo eacute a de fazermaglC~e slm a d~ esclarecer e incitar agrave accedilatildeo () (p20)

~mpreconIzar a eliminaccedilatildeo do elemento maacutegico sem o qual para o autora arte nao e arte F h 1 ~

ISC er assma a uma funccedilao socIal - poliacutetica - na arte voltadapara a transformaccedilao

O ensino de graduaccedil~ ad d ao em musIca tena aSSIm um duplo potencial poliacutetico

vm o de duas verte t profundidad b n es - u~a a da polItIzaccedilatildeo do conteuacutedo trabalhado em

e na USca da totalIdade de suas relaccedilotildees outra a da missatildeo poliacutetica e

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transfonnadora da proacutepria arte quando produzida de fonna consciente e profundadando conta da totalidade do proacuteprio artista

( ) quer embalando quer despertando jogando com sombras outrazendo luzes a arte jamais eacute uma mera descriccedilatildeo cliacutenica do real Sua funccedilatildeoconcerne sempre ao homem total capacita-o a incorporar a si aquilo que elfshynatildeo eacute mas tem possibilidade de ser (Fischer sd p19)-- O seacutetimo princiacutepio diz respeito expressatildeo esteacutetica agrave dimensatildeo sensiacutevel enatildeo poderia estar ausente em nenhum eacuteurso sobretudo nos que lidam diacuteretamentecom arte

A inteligecircncia esteacutetica jaacute descrita anterionnente segundo Read (1981p169) realiza-se na experiacuteecircncia sensiacutevel e eacute inerente a toda experiecircncia artiacutesticapossibilitando o desenvolviacutemento pleno do homem

O ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica deveria privilegiar o espaccedilo da experiecircnciacuteaesteacutetica mas natildeo ao preccedilo de atrelaacute-la a uma uacutenica concepccedilatildeo de esteacutetica (comofoi visto no capiacutetulo anterior) ou de reduzir a experiecircncia esteacutetica agrave instacircnciarecriadora (reproduccedilatildeo)

Se arte eacute conheciacutemento e se arte decorre da experiecircnciacutea esteacutetica natildeo sepode pensar em ensino superior de muacutesica sem assumir compromisso com aexpressatildeo esteacuteticalMas eacute preciso consiacutederar que esteacutetica pressupotildee escolha e

I

escolha pressupotildee valores e valores soacute existem em interaccedilatildeo com a cultura ouseja com a sociedade] Dar conta da dimensatildeo esteacutetica eacute dar conta das relaccedilotildeessociais em que as concepccedilotildees esteacuteticas se inserem eacute dar conta do dinamismo

_dessas_~ordm-~cepccedilotildees na totalidade de que fazem parte ---------------Conceber atilde dimensatildeo esteacutetica nos cursos de graduaccedilatildeo exclui a possibilidadede conteuacutedos e repertoacuterios descontextualizados pois a manifestaccedilatildeo esteacuteticajamais ocorre isenta de viacutenculos temporais ou espaciaiacutes Compromisso com a esteacuteticae compromisso com as relaccedilotildees sociais em sua totalidade com o movimento dessasrelaccedilotildees e com o movimento e com a transfonnaccedilatildeo das proacuteprias concepccedilotildeesesteacuteticas decorrentes das contradiccedilotildees inerentes aos contextos em que se inserem

Retomando mais uma vez as categorias de Read (1981) - inteligecircnciacartesiana e inteligecircncia sensiacutevel - jaacute descritas anteriormente cabe assinalar que oprinciacutepio relativo agrave esteacutetica aliado aos princiacutepios anteriores (sobretudo os relativosagrave produccedilatildeo de conhecimento e agrave reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterica) asseguraa participaccedilatildeo equilibrada das duas fonnas de inteligecircncia nos cursos de graduaccedilatildeo

Iem muacutesica [O homem total buscado por uma educaccedilatildeo de inspiraccedilatildeo dialeacutetiacutecae natildeo o homem fragmentado ( apenas racional ou apenas sensiacutevel) seria cultivadol

Aliaacutes o proacuteprio Read alerta para a distorccedilatildeo de se pretender privilegiaruma dessas dimensotildees - a racional ou a esteacutetica pois na verdade elas secomplementam se interpenetram se movem em interaccedilatildeo Read demonstra que

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a instacircnciacutea racional decorre da iacutenstacircncia sensiacutevel e a instacircncia sensiacutevel se estruturaconceitualmente na raciacuteonal

Assiacutem o conhecimento decorrente da arte e da ciecircncia nos cursos degraduaccedilatildeo em muacutesica seria a garantia dessa ciacutercularidade entre as duasinteligecircncias definidas segundo Read

A consideraccedilatildeo da arte como conhecimento encontra respaldo em diversas rautores como Read (passim) Fischer (sd) ou Cassirer (1977) E o compromisso com a expressatildeo esteacutetica seria a garantia nos cursos de mlIacutesica de que natildeo -~

apenas o conhecimento racional estaria privilegiadoA proacutepria arte pode ser descrita como conhecimento soacute que eacute de

uma espeacutecie peculiar especifica ( ) Como arte e ciecircncia se movem emplanos inteiramente diversos natildeo podem contradizer-se nem estorvar-se Ainterpretaccedilatildeo conceptual da ciecircncia natildeo impossibilita a interpretaccedilatildeo intuitivada arte () A arte por outro lado nos ensina a visualizar e natildeo apenas aconceptualizar as coisas (Cassirer 1977 p268-269)

De certa fonna o compromisso com a dimensatildeo esteacutetica seria o aacutepice doprocesso segundo uma concepccedilaacuteo dialeacutetica dos cursos superiores de muacutesica Aoabranger as esferas racional e esteacutetica do homem privilegiar-se-ia o homem totalque eacute sobretudo o homem artista Natildeo o artista alienado mas o artistaconscientizado de todas as relaccedilotildees sociais histoacutericas poliacuteticas que envolvem suaaccedilatildeo artiacutestica e sua arte

O conhecimento musical e musicoloacutegico soacute pode advir de um curriacuteculo queprivilegie as duas inteligecircncias aqui consideradas como partes inseparaacuteveis dotodo dialeacutetico que eacute o proacuteprio homem tambeacutem ele pennanentemente inacabadopermanentemente em transformaccedilatildeo - o homem eacute um processo segundoGramsci(1990) e como tal uma educaccedilatildeo dialeacutetica deve consideraacute-lo para que elese tome efetivamente um homem _ - --- ------ - --

A partir dessas consideraccedilotildees procurou-se elaborar um esboccedilo de propostapara o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica natildeo em tennos de tentar definir gradeCUITlcular (que aliaacutes natildeo consta dos objetivos deste trabalho) mas em tennos desugerir as articulaccedilotildees baacutesicas para a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo cuja base sejauma proposta dialeacutetica da educaccedilatildeo e cujo conteuacutedo seja a muacutesica entendida defonna muacuteltipla e abrangente dando conta de toda e qualquer modalidade de muacutesicae das relaccedilotildees sociais a elas pertinentes

A reisatildeo da funccedilatildeo social da muacutesica em uma perspectiva histoacuterica visou au~aaproxlmaccedilatildeo da dimensatildeo social da muacutesica que se demonstrou esvaziada naanalIse do conteuacutedo dos curriacuteculos de graduaccedilatildeo A apresentaccedilatildeo de diretrizespara a elaboraccedilatildeo de novas propostas de ensino de graduaccedilatildeo derivadas dos

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diferentes maneiras Pode-se dizer em tese que cada presente tem o seupassado A praacutetica da divergecircncia deveria deixar o educando diante dealternativas divergentes natildeo apenas em questotildees fundamentais como asideologias as filosofias etc mas em questotildees menos complicadas como asteacutecnicas as metodologias as profissotildees etc

Procurando especificar um pouco mais essa articulaccedilatildeo baacutesica que aqui sepretende propor cabe sugerir essas aacutereas de estudo embora sua definiccedilatildeo numaproposta estruturada deva advir de uacutem debatepartiapativo envolvendo prof~ssorese al~os Numa pretensatildeo portanto apenas de sugestatildeo essas aacutereas poderiamserI) e~~dos musicl~gicos )estruturaccedilatildeo da linguagem musical 3))praacuteticamUSIcal 4) estudos socIo-filosoficos (I) A propna nomenclatura das aacutereas aquipropostas natildeo eacute definitiva e tambeacutem deveria ser fruto de debates para melhordenominaacute-las e delimitaacute-las

1 bull A primeira aacuterea a de estudos musicoloacutegicos abrangeria estudos centrados namuacutesi~a escrita ou oral presente ou passada pertinente a qualquer gecircnero ou estilobuscando abarcara totalidade e o movimento do universo musical em sua historicidade

A constataccedilagraveo de Ruiz (1989 p 8) de que o homem faz muacutesica dequalquer eacutepoca e lugar de qualquer tipo e funccedilatildeo contemporaneamente reforccedila a posiccedilatildeo assumida no paraacutegrafo anterior de buscar dar conta da totalidadeplural e dinacircmica do universo musical bem como a constataccedilatildeo feita no terceirocapiacutetulo de que eacute necessaacuterio que o ensino superior de muacutesica remeta agravecontemporaneidade em suas muacuteltiplas facetas

Os estudos etnomusicoloacutegicos assim como a musicologia histoacuterica estariamincluiacutedos nesta aacuterea buscando simultaneamente cortes transversais e longitudinaisdo fenocircmeno musical no tempo e no espaccedilo dando agrave muacutesica uma abordagem natildeomais ~niacutevoca mas abrangente totalizante evitando o estreitamento do proacuteprioconceIto de muacutesica

As funccedilotildees sociais - as propostas por Merriam ou outras - estariamcontempladas por esses estudos que bus cariam inclusive visualizar a muacutesica emsuas inserccedilotildees espaciais e temporais com suas representaccedilotildees simbolismosexpressotildees interpretadas a partir de uma conexatildeo com o contexto histoacuterico-concretoem que ~s (muacuteltiplas manifestaccedilotildees musicais ocorrem r ~~A ~gunda ar~a denominada aqui provisoriamente de praacutetiacuteeacuteamuumlSiCafmcUacute1 a o f~ze mUSIcal propriamente dito a realizaccedilatildeo musical em si quer emfonna de cnaccedilao quer de interpretaccedilatildeo (as duas modalidades se interpenetrando

III Uma quinta aacuterea - h ------ - J que nao c egou a ser mdUda no texto ongmal da tese foi a deeducaccedilatildeo

( ) muslcayaqui entendid d d d d a como to a atlvI ade que envolva o ensino de muacutesica em qualquer nivel

es e a muslcarzaragraveo t d d gt a e a pe agogla os lIstrumenlos em nrvel superior

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princiacutepios baacutesicos de uma educaccedilatildeo dialeacutetica requer contudo um ensino vinculadosocialmente com conteuacutedos politizados com perspectivas transformadoras

Assim buscou-se sugerir esse conjunto de articulaccedilotildees baacutesicas queoriginariam um curriacuteculo de inspiraccedilatildeo dialeacutetica cujo conteuacutedo desse conta deinserccedilotildees dinacircmicas funccedilotildees e perspectivas sociais

Os curriacuteculos atuais dos quais se tomou como exemplo o da Escola deMuacutesica da UFRJ satildeo geralmente concebidos de maneira linear sequumlencialcronoloacutegica (vide terceiro capiacutetulo) refletindo uma postura evolucionista e aleacutemde evolucionista restritiva pois comojaacute se demonstrou anteriormente essa evoluccedilatildeosoacute atende agrave muacutesica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia desconsiderando atotalidade do universo musical

Uma nova proposta teria que romper com esses encaminhamentos baacutesicospara atender aos princiacutepios dialeacutetiacutecos expostos anteriormente e para trabalhar umconteuacutedo de efetiva significaccedilatildeo social

Essa nova proposta para romptr com a perspectiacuteva linear - evolucionista acimareferida necessitaria primordialmente-acircboliro sequumlenciamento obrigatoacuterio e a cronologiana apresentaccedilatildeo dos repertoacuterios e conteuacutedos ateacute porqu~ aquisiccedilatildeo de conhecimentos ) Ipelo homem natildeo se daacute necessariamente de forma crescente sequumlencial e linearembora se processe a partir de viacutenculos com conhecimentos anteriores]

A ruptura com essa perspectiacuteva poderia se dar pela definiccedilatildeo de aacutereasbaacutesicas de estudo abandonando-se a concepccedilatildeo de elenco de disciplinas previamentedispostas de maneira sequumlencial atraveacutes dos diversos periacuteodos do curso A partirda adoccedilatildeo dessas aacutereas baacutesicas de estudo caberia ao aluno escolher o seu trajetonatildeo mais em termos de selecionar disciplinas ou de cumprir disciplinas obrigatoacuteriasmas em termos de escolher toacutepicos de estudo em cada uma dessas aacutereas emquantidade a ser definida previamente numa proposta jaacute estruturada de curriacuteculo

Esses toacutepicos de estudo - temas - que integrariam cada aacuterea baacutesica deestudo seriam diversificados e abrangentes e adviriam de temas preacute-definidos edos temas de pesquisa desenvolvidos pelo corpo docente e como tal natildeo teriamqualquer pretensatildeo sequumlencial cronoloacutegica ou de conteuacutedo crescente e dada asua riqueza envolveriam todas as modalidades de muacutesica (ou pelo menospotencialmente o fariam deixando assim de restringir o proacuteprio conceito demuacutesica)

Gadotti (1988 p70) abordando a pedagogia da divergecircncia apresentaconsideraccedilotildees que podem ser aqui citadas como reforccedilo agrave questatildeo da pluralidadetemaacutetica oferecida agrave livre escolha do aluno

A pedagogia da divergecircncia significa colocar diante do educando ediscutir com ele os vaacuterios caminhos as vaacuterias possibilidades que a soluccedilatildeode uma quest~o pode tomar ( ) A histoacuteria pode ser escrita de muitas e

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A proacutepria polifonia deixaria de ter o atual tratamento restrito agrave polifoniatonal e abarcaria todas as modalidades possiacuteveis (da modal agrave dodecafocircnica) noacircmbito das combinaccedilotildees sonoras

f A quarta aacuterea a de estudos soacutecio-filosoacuteficos viria a fecundar oucomplementar as anteriores e poderia buscar inclusive articulaccedilotildees com outrasunidades da Universidade

Nesta aacuterea poderiam estar estudos como antropologia filosofia sociologiametodologia cientiacutefica psicologia ou outros considerados pertinentes acomplementar enriquecer ou embasar a formaccedilatildeo do aluno buscando inclusivefavorecer a articulaccedilatildeo do saber musical ou musicoloacutegico com outras aacutereas deconhecimento Tatildeo importante quanto as

aacutereas precedentes esta propiciaria ao aluno conteuacutedos que atraveacutes desiacutenteses realizadas por ele mesmo soacute viriam a acrescentar densidade ao seufazer musical e agrave sua reflexatildeo aplicada agrave muacutesica ~

Natildeo se buscaria pois a formaccedilatildeo de um muacutesico apenas adestradotecnicamente ao seu instrumento mas um muacutesico conscientizado das articulaccedilotildeesque envolvem sua atuaccedilatildeo e seu produto artiacutestico E sobretudo formar-se-iammuacutesicos instrumentalizados teoricamente para tal conscientizaccedilatildeo e capazes devisualizar o universo de conhecimentos musicais como parte integrante do universode conhecimentos humanos Eacute preciso ainda ressaltar o papel do professor nessanova perspectiva de ensino pois cabe a ele um papel extremamente criativo nesseprocesso Mas natildeo apenas criativo pois a riqueza do conteuacutedo oferecido aos alunosdependeria em grande medida do desenvolvimento das pesquisas docentes aliadaagrave praacutetica artiacutestica bem como de sua atuaccedilatildeo como consultor orientador ou assessorteacutecnico do alunado

t pedagogia da divergecircncia referida em paacuteginas anteriores a partir deGadttI (1988) ao oferecer ao aluno a possibilidade de construccedilatildeo do proacuteprioc~m~~ho natildeo preconiza a omissatildeo do professor Cabe a ele em grande parte avIaIIzaccedilatildeo do processo primeiramente preacute-definindo juntamente com o alunadoas areas de estudo as sub-aacutereas (se necessaacuterio) os temas os toacutepicos de estudoetc ~m segundo lugar sendo ele mesmo um agente criador do conhecimento(musIcal ~u musicoloacutegico) a partir de suas pesquisas e um agente de transmissatildeode conhecImentos jaacute estabelecidos (ainda que com a visatildeo criacutetica da provisoriedadedesses conhecimento ) t I s em ercelro ugar atuando como consultor e onentadorpermanente ~o processo de construccedilatildeo da trajetoacuteria do aluno

G A respeIto da funccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo ao aluno eacute oportuno citar

ramsCI (1989 p124-125)

J a aprendizagem ocorre notadamente graccedilas a um esforccediloespontaneo e autocircno d d mo o lscente no qual o professor exerce apenas uma

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fshyI--~~~~t--til-bull -4middot -bull c~middot -shybullbull--bullt-e-shyshyshyshyshyttshye154

de forma natildeo excludente) A composiccedilatildeo musical e a praacutetica interpretativa estariamaqui abrangidas e igualmente contempladas

Ainda nesta aacuterea a apresentaccedilatildeo seria temaacutetica abandonando-se assim aslistagens sequumlenciais de repertoacuterios ou de conteuacutedos e teacutecnicas a serem praticados

Ao inveacutes de apresentar obras de autores determinados os professores apartir de seus estudos e pesquisas proporiam temas para serem vivenciadosmusicalmente Procurando exemplificar para mai~r clareza se um protildefes~d~

canto propotildee como temaacutetica de estudo Os intervalos de quinta ele pode trabalhar- conforme o seu interesse e o do aluno - desde a escala pentatonal chinesa agraveocorrecircncia de quintas na muacutesica contemporacircnea se a temaacutetica for A voz e oaleatoacuterio poderiam ser incluiacutedos desde improvisos vocais como o fazem os Pigmeusou cantores de jazz agrave muacutesica de Luciano Berio ou mesmo ao Canto GregorianoSe um professor de piano quiser trabalhar o mesmo tema o da aleatoriedade elepode contar com obras de compositores atuais que buscam resgatar um papel maisativo para o inteacuterprete ou com obras do periodo Barroco que em seus baixos contiacutenuoscontavam com a aleatoriedade da interpretaccedilatildeo no momento de sua realizaccedilatildeo oucom os improvisos desenvolvidos pelo jazz pianiacutestico

rA abordagem temaacutetica aplicada agrave vivecircncia musical daria conta do popularao erudito do folclore agrave muacutesica de massa visando atraveacutes da multiplicidade deexperiecircncias esteacuteticas agrave totalidade do conceito de muacutesica em sua dinacircmica e emsuas formas contraditoacuterias e na geraccedilatildeo permanente de novas formas o que soacuteviria a enriquecer a formaccedilatildeo do muacutesico compositor e inteacuterprete (caberia inclusiveo questionamento de tal separaccedilatildeo)

J A ~tOacuteelr~ acircr~a tambeacutem proVisoriamente denominada aqui como a deestrutur~ccedilagraveordm_ltlalinguagemmusical abarcaria os mais diversos elementos comoforma textura combinaccedilotildees sonoras (que se interligam certamente agrave textura)estruturaccedilatildeo do espaccedilo meacutelico estruturaccedilatildeo riacutetmica (e sua dinacircmica) sistemasmusicais idiomas musicais etc

Esta aacuterea seria talvez o espaccedilo por excelecircncia da integraccedilatildeo da teoria agravepraacutetica atraveacutes do vivenciamento de todos os elementos possiacuteveis constitutivos dodiscurso musical da anaacutelise desses elementos da comparaccedilatildeo da critica da criaccedilatildeo

A percepccedilatildeo musical natildeo mais trabalhada como disciplina (mas talvezcomo sub-aacuterea) se enriqueceria nesse processo buscando apreender formasestruturas sistemas articulaccedilotildees as mais variadas (atraveacutes de propostas temaacuteticas)deixando de ser percepccedilatildeo-adestramento de alguns modelos direcionadores Omesmo ocorreria com o estudo da morfologia musical da harmonia (incluiacuteda noacircmbito de combinaccedilotildees sonoras tal como a poli fonia ou outras) e o espectromusical oferecido ao aluno sofreria um alargamento mais uma vez abrangendo atotalidade das manifestaccedilotildees musicais

157

r

mesma sociedade Revisto esse ensino a partir de uma concepccedilatildeo dialeacuteticacomo aqui se pretendeu resgata-se essa relaccedilatildeo com a sociedade como u~

todo e resgata-se o papel criacutetico e criador da Universidade - criador de culturade muacutesica em sua plena acepccedilatildeo de saber musical e musicoloacutegico de homen~

tomados homens de homens que se percebem eles mesmos tal como sua artecomo processos permanentes

Resgata-se tambeacutem o papel do professor conferindo-lhe um papel de gestorde um processo efetivamente criativo e produtivo em que ele mesmo eacute elementocriador e produtor em transformaccedilaacuteo permanente Criador e produtor sobretudode muacutesica e de reflexatildeo musicoloacutegica e natildeo de alunos apenas reprodutores d~

obras e de conhecimentos que lhes satildeo simplesmente transmitidos sem que seexija deles nenhuma accedilatildeo construtiva artistica ou teoacuterica ou mesmo criacutetica

Resgata-se ainda um ensino de efetiva implicaccedilatildeo poliacutetica abandonandoshyse conteuacutedos pretensamente neutros que apenas ocultam os conflitos sociais erefletem uma perspectiva uniacutevoca A fecundidade teoacuterica e artiacuteStIca residejustamente emabrangecircncia das situaccedilotildees contraditoacuterias criticando-as refletindosobre elas reprocessando-as criativamente na elaboraccedilatildeo de novos conhecimentos

Da revelaccedilatildeo de contradiccedilotildees impulsiona-se assim a criaccedilatildeo de saber al consciecircncia poliacutetica e a accedilatildeo transformadora contribuindo para a formaccedilatildeo dosalunos num sentIdo pleno como homens agentes de sua histoacuteria

r E resgata-se sobretudo a proacutepria funccedilatildeo social da muacutesica que como toda~0nn~ de arte tem pap~is sociais a cumprir contribuindo para o desenvolvimento

~ 1 mdIvIdual em sua totalIdade e para uma accedilatildeo social efetivamente significativaSe conforme Demo (1987) afirma ciecircncia eacute uma utopia na medida em que

busca se~pre a verd~de interminavelmente e se a arte segundo Fischer (sd)tem tambem como mIssatildeo a criaccedilatildeo de utopias mostrando o mundo como passiveIde ser mudado e ajudando a mudaacute-lo a Universidade ao abrigar cursos superiorescomo o de muacutesica nos quais a praacutetica investigatoacuteria e a artiacutestica devem caminhar~ado a Ia~o tem un significativo papel social a desempenhar _ quer na busca~nt~~mavel da verdade na projeccedilagraveo de utopias na busca do aperfeiccediloamentoIndIVIduaI e social

O curriacuteculo fruto entatildeo de uma concepccedilagraveo dialeacutetica seria o caminho paraque o homem - um process h

o - se tome ornem e lortalecIdo por esse movimentose tome um agente efeti d h ~

vo a Istona contnbumdo para a transformaccedilatildeo social

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156

funccedilatildeo de guia amigaacutevel como ocorre ou deveria ocorrer na universidadeDescobrir por si mesmo uma verdade sem sugestotildees e ajudas exteriores eacutecriaccedilatildeo ( mesmo que a verdade seja velha) e demonstra a posse do meacutetodoindica que de qualquer modo entrou-se na fase da maturidade intelectualna qualEuode descobrir verdades novas

( Gra~scvaponta como funccedilatildeo orgacircnica do professor o aconselhamento afacilitaccedilatildeo de pesquisas discentes a aceleraccedilatildeo da formaccedilatildeo cientifica do alunoo estimulo para que este faccedila suas primeiras publicaccedilotildees o propiciamento de contatodo aluno com outros especialistas Aleacutem disso atribui ao professor a importantetarefa de transmissatildeo da bagagem acumulada agravequal remeteraacute avaliaccedilotildees criticasanaacutelises esteacuteticas ou filosoacuteficas ~~

O paraacutegrafo que se segue tomado acircGadotti N990 p74) reforccedila o papel doprofessor nos termos aqui propostos ou seja numa posiccedilatildeo diretiva que natildeoexclui a iniciativa do aluno mas convive com ela guiando-a e incentivando-a

r-- A educaccedilatildeo eacute um processo contraditoacuterio ( unidade e oposiccedilatildeo) umatotalidade de accedilatildeo e reflexatildeo eliminando a autoridade caiacutemos noespontaneiacutesmo libertaacuterio onde natildeo se daacute educaccedilatildeo eliminando a liberdadecaiacutemos no autoritarismo onde tambeacutem natildeo existe educaccedilatildeo mas domesticaccedilatildeoou puro adestramento O ato educativo realiza-se nessa tensatildeo dialeacutetica entreliberdade e necessidade

Ao privilegiar o conteuacutedo o ensino em bases dialeacuteticas atribui ao professoruma responsabilidade consideraacutevel pois eacute atraveacutes do conteuacutedo que se daraacute arenovaccedilatildeo da consciecircncia do aluno e cabe ao professor estabelecer a relaccedilatildeoentre esse saber e a praacutetica do alunado Essa relaccedilatildeo se processa com umaparticipaccedilatildeo de ambas as partes o professor assumindo uma tarefa diretivaorganizadora de modo ajunto com o aluno realizar a elaboraccedilatildeo e reelaboraccedilatildeodo saber a ruptura com o velho a construccedilatildeo do novo (o novo natildeo entendidonecessariamente como o ineacutedito ou original~~o sentido da escoberta ou dareelaboraccedilatildeo)

O ensino superior de muacutesica nas bases aqui propostas contando com umaatuaccedilatildeo critica e criativa de professores e alunos viabilizaria entatildeo o que Gadotti(1988 p121) assinala

A relaccedilatildeo universidade-sociedade eacute dialeacutetica a universidade criacultura para uma sociedade mas ela eacute tambeacutem fruto reflexo de certascondiccedilotildees culturais que permitem o seu surgimento

O atual ensino de muacutesica que se revelou desvinculado de significaccedilotildeessociais e descontextualizado na anaacutelise realizada no terceiro capitulo eacute apenasfruto de uma diminuta parcela da sociedade cujos modelos cultu~ai~1usca~~Plt2~JZir

e eternizar mas natildeo se propotildee como Gadotti assinala a criar cultura para essa

CAPIacuteTULO V

CONCLUSAtildeO

Este trabalho teve sua origem em uma preocupaccedilatildeo com a muacutesica nocontexto do seacuteculo XX e seu ensino no acircmbito universitaacuterio Impossiacutevel dizer qualdessas preocupaccedilotildees surgiu primeiro elas se interpenetraram e caminharamjuntas e isso explica a dupla dimensatildeo desta pesquisa

Na verdade essas duas preocupaccedilotildees tiveram origem nas salas de aula daEscola de Muacutesica da UFRJ na reflexatildeo conjunta com professores e alunos deonde emergiram as pe[gUntas que antecederam a este trabalho Com que conc~pccedilatildeo

de muacutesica trabalham os cursos superiores de muacutesica Qual a funccedilatildeo socml damuacutesica ensinada nesses cursos

Os objetivos desta pesquisa decorreram assim de um conflito surgido nasclasses de Histoacuteria da Muacutesica onde se procurou abrir um debate sobre a muacutesicaem uma perspectiva histoacuterica em suas relaccedilotildees com a sociedade E agrave medida emque esse debate se aprofundava cresciam as inquietaccedilotildees sobre as relaccedilotildees doproacuteprio curso de graduaccedilatildeo com a sociedade sobre as funccedilotildees sociais do conteuacutedodesses cursos

A primeira parte deste trabalho deu forma aos levantamentos bibliograacuteficosrealizados sobre as funccedilotildees sociais da muacutesica a partir da periodizaccedilatildeo da histoacuteriada muacutesica elaborada por Walter Wiora e da categorizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais damuacutesica proposta por Allan Merriam Evidenciou-se nessa etapa uma trajetoacuteriada muacutesica rica de significados sociais e um contexto musical contemporacircneoestremamente diversificado e conflituoso refletindo as proacuteprias caracteriacutesticassociais econocircmicas culturais do seacuteculo XX

Diante desse painel tomaram-se mais evidentes as preocupaccedilotildees relativasaos cursos de graduaccedilatildeo que analisados pela oacutetica das funccedilotildees sociais da muacutesicaneles trabalhada apresentaram-se dissociados da problemaacutetica atual operandocom um conteuacutedo de funccedilotildees sociais restritas O proacuteprio papel da Universidadetema atual de debates internos e externos ao meio acadecircmico aflorou de formapreocupante

A partir daiacute do proacuteprio quadro evidenciado quanto agrave situaccedilatildeo do ensmosuperior de muacutesica na restrita significaccedilatildeo social de seu conteuacutedo tomou-sepremente o delineamento de novos rumos E foi na concepccedilatildeo dialeacutetica aplicadaagrave educaccedilatildeo que se pareceu encontrar uma contrapartida para o problema namedida em que conceber dialeticamente o ensino implica em consideraacute-lonecessariamente voltado para um homem concreto articulado com um contexto

158

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social especifico Ocorreu entatildeo uma convergecircncia com os pressupostosassumidos preliminarmente ou seja de que arte muacutesica e educaccedilatildeo satildeoinstrumentos possiacuteveis de transformaccedilatildeo individual e social

A dimensatildeo poliacutetica entatildeo evidente eacute relativamente rara nos debates sobremuacutesica ou sobre o ensino superior de muacutesica pois muitos lidam com arte em gerale muacutesica como elementos politicamente neutros ou mesmo isentos de implicaccedilotildeesdessa ordem

Este trabalho inverteu em Sua fase final essa colocaccedilatildeo de aparente I

neutralidade em que os cursos de muacutesica frequumlentemente se colocam Pretendeu- se ao contraacuterio visualizar um ensino de muacutesica politicamente concebido articuladocom o contexto social atual da cultura brasileira ou das culturas brasileiras nodizer de Bosi (1987) lidando com uma concepccedilatildeo totalizante de muacutesica e dehomem e voltado para o aperfeiccediloamento individual e social

Foi assim a partir de uma inspiraccedilatildeo tomada aos princiacutepios do meacutetododialeacutetico que surgiram as diretrizes filosoacuteficas propostas no final do trabalhoBuscou-se com essas diretrizes apontar para um quadro utoacutepico hoje mas atingiacutevelno futuro de um CUrso superior de muacutesica em novas bases privilegiando a accedilatildeo(criadora poliacutetica artiacutestica social) a reflexatildeo (fundamentada e inovadora) aproduccedilatildeo (de saber musical e musicoloacutegico) a totalidade do homem e de sua arte

Natildeo se considerou cabiacutevel a proposiccedilatildeo de novo curriacuteculo mas pareceunecessaacuterio exemplificar a operacionalizaccedilatildeo das diretrizes propostas e para issoas possiacuteveis articulaccedilotildees baacutesicas do conteuacutedo de um curriacuteculo concebido em base~dialeacuteti~as foram apresentadas Seria incoerente com a proacutepria postura filosoacuteficaass~mlda neste trabalho ir aleacutem disso pois a convicccedilatildeo de quea participaccedilatildeoconJunta de professores e alunos eacute que deve dar cabo de tal tarefa eacute a quecoerentemente com os princiacutepios e pressupostos apresentados foi adotada

P~ojetou-se assim um curso de graduaccedilatildeo em muacutesica em que a produccedilatildeode musIca e ~e reflexatildeo sobre muacutesica eacute o cerne do processo enraizado nacontemporaneidade musical com suas muacuteltiplas facetas Propocircs-se para issouma accedilatildeo partici f Ccedil

pa Iva elctlvamente cnadora de professores e alunos rccusando-se o papel meramente reprodutor E sobretudo trabalhou-sc com uma concepccedilatildeode arte e de ~uacutesica efetivamente vinculada agrave sociedade da qual eacute determinanteem certa medIda embo t b I d ra am em seja por e a determinada e dotada portanto

e uma vertente poliacutetica e transformadora Sem duacutevida d

as Iretnzes aquI apresentadas satildeo passiacuteveis dequestIonamentos mas ~ I ISSO nao minimIza a pretensatildeo de oferecer aos professorese a unos de cursos supe

um d - nores uma proposta baslca Inovadora para fundamentara ISCUssao que des rt pe e esses cursos da inerCIa e da repeticcedilatildeo

159

Aula
Nota
0811 Maycon

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161

BIBLIOGRAFIAtshyt-

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160

Essa proposta sobretudo natildeo eacute ocasional superficial ou de fundamentosrecentes Eacute o fruto de uma reflexatildeo que nasceu no proacuteprio exercicio do magisteacuteriosuperior de muacutesica dos debates participativos nas proacuteprias aulas em seminaacuterioscongressos reuniotildees para refonna de curriacuteculos em conversas infonnais cheiasde idealismo e aleacutem disso subsidiada por leituras consistentes e persistentespois frequumlentemente a bibliografia sobre muacutesica eacute teoricamente escassa tambeacutemela impregnada de concepccedilotildees fragmentaacuterias de muacutesica muitas vezes restritaapenas a descrever fatos ou a repetir infonnaccedilotildeesEacutessa deficiecircncia bibliograacuteficaimpele frequumlentemente a que se busquem fundamentos teoacutericos em outras aacutereaso que representa um ~sforccedilo adicional ao transportaacute-los para o ~mbito da muacutesica]

Os novos cursos de muacutesica concebidos nas bases aqUI propostas talvezpudessem suprir ateacute mesmo essa lacuna passando a produzir aleacutem de muacutesicareflexatildeo musicoloacutegica gerando bibliografia mais rica para novos estudos epreenchendo com isso um espaccedilo que efetivamente cabe agrave Universidade

A proposta maior deste trabalho - fornecer subsiacutedios para revisatildeo doscursos superiores de muacutesica~ foi plenamente atingida Falta empreender o debatee ter coragem para as modificaccedilotildees Teraacute entatildeo compensado o esforccediloempreendido na busca de um novo caminho

163

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Problemaacutetica da Pesquisa e do Ensino Musical no Brasil (2abull Fase) Joatildeo

Pessoa 6 a IOde julho de 1987 Joatildeo Pessoa Universidade Federal da Paraiacuteba MEC CNPq

3 ESTRUTURA ACADEcircMICA DA ESCOLA DE MUacuteSICA DA UFRJ

31 Cursos e Habilitaccedilotildees

ANEXO I

--_-----167

PRELIMINAR - Iniciaccedilatildeo MusicalTEacuteCNICO - Formaccedilatildeo profissional a niacutevel de 2deg grau fornecendo Diploma registrado no Ministeacuteriacuteode Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)GRADUACcedilAacuteO - Licenciatura em Educaccedilatildeo Artiacutestica Instrumento Piano Violino Viola ViolonceloContrabaixo Viacuteolatildeo Oboeacute Flauta Fagote Clarineta Trompa Trompete Trombone Oacutergatildeo Harpae Percussatildeo Composiccedilatildeo Canto Regecircncia (Com exceccedilatildeo do primeiro que soacute haacute para Licenciaturaos demais atendem ao Bacharelato e Licenciatura)POacuteS-GRADUACAtildeO - Mestrado nas seguintes aacutereas Piano Oacutergatildeo Canto Instrumentos de Arco eCordas Dedilhadas (Harpa) Instrumentos de Percussatildeo e ComposiccedilatildeoAdmissatildeoPRELIMINAR - Natildeo se exige da crianccedila conhecimentos musicais O teste de seleccedilatildeo vocacional medea percepccedilatildeo auditiva para som e ritmoTEacuteCNICO - O Concurso de habilitaccedilatildeo poderaacute ser prestado para os periacuteodos iacutempares do Ciclo Baacutesicoe para o primeiro periacuteodo do Ciclo Profissiacuteonal Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provasa) Percepccedilatildeo musical e conhecimentos teoacutericosb) Execuccedilatildeo instrumentalGRADUACcedilAtildeO - Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provasa) Percepccedilatildeo musical e conhecimentos teoacutericosb) Harmoniac) Execuccedilatildeo Instrumental

POacuteS-GRADUACAtildeO - Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provas (todas as aacutereas deconcentraccedilatildeo)a) Execuccedilatildeo instrumentalb) Anaacutelise

c) Capacidade de leitura em Iingua estrangeira inglecircs alematildeo francecircs ou italiano agrave escolha do candidatod)Entrevista

A aacuterea de Canto tem aleacutem dessas uma prova de acompanhamento ao piano de peccedila para Canto agraveescolha do candidato a aacuterea de Composiccedilatildeo deveraacute se submeter agraves seguintes provasa) Composiccedilatildeo (Fuga Tema e Variaccedilotildees)

Apreciaccedilatildeo de obras do candidatoPercepccedilatildeo Musical

b) Anaacutelise

c) Capa~idade de leitura em liacutengua estrangeira inglecircs alematildeo francecircs ou italiano agrave escolha docandIdato

d) Entrevista

a) Fundamentaccedilatildeo Legal do Curso

~A criaccedilatildeo da ~niversidade do Rio de Janeiro natildeo modificou o ensino ministrado pois a universidadedGO ponto de vIsta legal era um conjunto de Faculdades reunidas O Dr Getuacutelio Vargas Chefe do

ovemo Provisoacuterio e I dfi de 19 r soveumo I Icara situaccedilatildeo promulgando o Decretonordm 19852 de II deabril

31 que congregava vaacuterias Faculdades inclusive o entagraveo Instituto Nacional de Muacutesica na

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Universidade do Rio de Janeiro Em 1937 a Lei 452 transformou a Universidade do Rio de Janeiro emUniversidade do Brasil e mudou o nome de Instituto Nacional de Muacutesica para Escola Nacional deMuacutesica Em 1961 com a mudanccedila da Capital Federal para Brasilia a Universidade do Brasil passoua ser designada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Escola Nacional de Muacutesica ficousendo chamada Escola de Muacutesica da Universidade Federal do Rio de Janeiro com base no DecretoshyLei nordm 53 de 18 de novembro de 1966

--- b) Da ProfissatildeoOs Cursos de Licenciatura estatildeo preparando professores para o ensino de ldeg e 2deg graus cujomercado de trabalho eacute bastante satisfatoacuterio O Curso de Graduaccedilatildeo forma profissionais habilitados aintegrar as orquestras das grandes cidades cujos quadros estatildeo sempre se renovando O Curso dePoacutes-Graduaccedilatildeo objetiva a formaccedilatildeo de professores de alta qualificaccedilatildeo profissional pesquisadores econcertistas que teratildeo condiccedilotildees de competir mesmo no exterior

32 - Curriacuteculo por Habiacutelitaccedilatildeo

Os Curriculos minimos dos Cursos Superiores de muacutesica compreendem as seguintes mateacuteriasMateacuterias Comuns a todos os Cursos - Esteacutetica Histoacuteria das Artes e Estudo dos Problemas BrasileirosMateacuterias Especificas dos Cursos - Curso de Instrumento Instrumento e Muacutesica de Cacircmera Curso deCanto Fisiologia da Voz Canto e Canto Coral Composiccedilatildeo e Regecircncia Harmonia SuperiorContraponto e Fuga Prosoacutedia Musical Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo Composiccedilatildeo (para oCompositor) e Regecircncia (para o Regente)

a)CEG06

CURSO PIANO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO ldeg - Creacuteditos 12MUPIOI - Piano IMUC 101 - Harmonia e Morfologia IMUMIOI - Transp e Acompanhamento ao Piano IFCS III - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integrada agrave Muacutesica

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2 - Creacuteditos IIMUP 102 - Piano IIMUC 102 - Harmonia e Morfologia IMUM I02- Transposiccedilatildeo e Acompanhamento ao piano IIMUT 192 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3deg - Creacuteditos IIMUP 20 I - Piano IIIMUC 20l - Harmonia e Morfologia III

168

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MUM 201 - Transp e Acompanhamento ao Piano IIIMUT 331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos IIMUP202 - Piano IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUM202 - Transp e Acompanhamento ao Piano IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 10MUP301- Piano VMUC301- Hannonia e Morfologia VM UT431- Histoacuteria da Muacutesica III

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos lOMUP302 - Piano VIMUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IV

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos lOMUP-40 1- Piano VIIMUC541 Esteacutetica Musical IMUM III - Muacutesica de Cagravemera I

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Sordm - Creacuteditos 10MUP402 - Piano VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUM 112 - Muacutesica de Cagravemera II

CONCLUSAO DO CURSO 100 CREDIlOS 85 BRIGATOacuteRIOSe 15 COMPLEMENTARES

CURSO OacuteRGAtildeO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEOUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO I - Creacuteditos IIMUPIII - Oacutergatildeo IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IFCSIII - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERIacuteO~O DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm _Creacuteditos lOMUPI12 - Orgatildeo II

MUTl 02 - Harmonia e Morfologia II

169

MUT 192 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3~ - Creacuteditos 10MUP211 - Oacutergatildeo IIIMUC201 - Hannoniacutea e Morfologia IIIMUT331 - Hiacutestoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4~ - Creacuteditos 10

MUP2J2 - Oacutergatildeo IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5~ - Creacuteditos 12MUP311 - Oacutergatildeo VMUC301 - Harmonia e Morfologia VMUT431 - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUC371 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo I

6 - PERIOacuteDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6~ - Creacuteditos 12MUP312 - Oacutergatildeo VIMUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo II

7 - PERIOacuteDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7~ - Creacuteditos 10MUP411 - Oacutergatildeo VIIMUC541- Esteacutetica Musical IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8~ - Creacuteditos 10MUP412 - Oacutergatildeo VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

CONCLUSAtildeO DO CURSO 100 CREacuteDITOS 85 OBRIGATOacuteRIOS E 15COMPLEMENTARES

CURSO COilPOSICcedilO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEacuteNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO I~ - Creacuteditos 8MUC 101 - Harmonia e Morfologia IMUTI21 - lIistoacuteria das Artes Integr a Muacutesica[FC II S - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva I

170

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FCSIII - Estudo de Problemas Brasileiros IMUPI21 - Piano B I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 7MUC I02 - Hannonia e Morfologia IIEFCI25 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IIMUT 192 - Estudo de Problemas Brasileiros IIIIUP 122 - Piano B II

3 - PERiacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 32bull - Creacuteditos 9MUC20 I - Hannonia e Morfologia IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica IMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUP221 - Piano B III

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 42 - Creacuteditos 10MUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Hist6ria da Muacutesica IIMUTI62 - Folclore Nacional Musical IIMUP222 - Piano B IVMUC III - Prosoacutedia Musical

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 15MUC30 I - Hannonia e Morfologia VM UT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUP32 I - Piano B VMUC351 - Contraponto I

MUC321 - Hannonia Superior I

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos ISMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUP322 - Piano B VIMUC352 - Contraponto IIMUC322 - Hannonia Superior II

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 72 _ Creacuteditos 14MUP421 - Piano B VII

MUC541 - Eseacutetica Musical I

MUC683 - Oficina de Composiccedilatildeo I

MUC371 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IMUC461 - Fuga I

8 - PERIacuteOODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 82bull _ Creacuteditos 14MUP422 - Piano B VIII

MUC542 - Esteacutetiea Musical II

MUC684 - Oficina de Composiccedilatildeo II

171

MUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IIMUC462 - Fuga II

9 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 9ordm - Creacuteditos 8MUC481 - Composiccedilatildeo IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

lO - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 10ordm - Creacuteditos 8MUC482 = Composiccedilatildeo IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

II - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO II ordm - Creacuteditos 6MUC581 - Composiccedilatildeo III

12 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 12ordm - Creacuteditos 6MUC582 - Composiccedilatildeo IV

13 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 13ordm - Creacuteditos 6MUC681 - Composiccedilatildeo V

14 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 14ordm - Creacuteditos 6MUC682 - Composiccedilatildeo VI

CONCLUSAtildeO DO CURSO 136 CREacuteDITOS 132 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

CURSO INSTRUMENTO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 14 - Instrumento IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IMUM 15 I - Praacutetica de Orq uestra IFCS III - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERCODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento IIMUC 102 - Harmonia a Morfologia 11MUM 152 - Praacutetica de Orquestra IIMUTl92 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva 11

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 13

172

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- Instrumento IIIMUC201 - Hannonia e Morfologia IIIMUM251 - Praacutetica de Orquestra IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUM252 - Praacutetica de Orquestra IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VMUC30 I - Harmonia e Morfologia VM UT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUM351 - Praacutetica de Orquestra V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUM352 - Pratica de Orquestra VI

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIIMUC541 - Esteacutetica Musical IMUMIII - Muacutesica de Cacircmera IMUM451 - Pratica de Orquestra VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUMI 12 - Muacutesica de Cacircmera IIMUM452 - Praacutetica de Orquestra VIII

CONCLUSAtildeO DO CURSO 109 CREacuteDITOS 105 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

Compreendendo Instrumentos de Cordas - Violino Viola Violoncelo e Contrabaixo HarpaInstrumentos de Sopro - Flauta Oboeacute Clarineta Fagote Trompa Trompete e Trombone

CURSO CANTOCURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIAS

SEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 15MUVIOI - Canto I

173

MUCIOI - Hannonia e Morfologia IMUVlll- Dicccedilatildeo IFCSI I I - Estudo dos Problemas Brasileiros IEFCI 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTI21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave MuacutesicaMUT 171 - Fisiologia do Voz IMUPI21 - Piano B I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 14MUV 102 - CantoMUCI02 - Hannonia e MorfologiaMUVI 12 - DicccedilatildeoMUTI 92 - Estudo de Problemas BrasileirosEFCI25 - Educaccedilatildeo Fiacutesica DesportivaMUTI72 - Fisiologia da VozMUPI22 - Piano B II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 13MUV201 - Canto IIIMUC20 I - Hannonia e Morfologia IIIM UT33l - Histoacuteria da MuacutesicaMUV2l I - Dicccedilatildeo IIIMUP22l - Piano B II1

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 13MUV202 - Canto IVMUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da MuacutesicaMUV2l2 bull Dicccedilatildeo IVMUP222 - Piano B IV

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARlDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 14MUV30 I - Canto VMUC30l - Hannonia e Morfologia VMUM141 - Canto Coral IM UT431 - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUV 121- Declamaccedilatildeo Liacuterica IMUP321 - Piano B V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 14MUV302 - Canto VIMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUMI42 - Canto Coral IIMUT432 - Hist6ria da Muacutesica IVMUV122 - Declamaccedilatildeo LiacutericaMUP322 - Piano B VI

174

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7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos I I

MUV401 - Canto VIIMUC54l - Esteacutetica Musical IMUV22 I - Declamaccedilatildeo Liacuterica II IMUP421 - Piano B VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos II

MUV402 - Canto VIIIMUC542 - Esteacutetica MusicalMUV222 - Declamaccedilatildeo Liacuterica IVMUP422 - Piano B VIII

CONCLUSAtildeO DO CURSO 109 CREacuteDITOS 105 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

CURSO REGEcircNCIA

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 10MUC10l - Hannonia e Morfologia IMUTI2l - Histoacuteria das Artes Integr agrave MuacutesicaFCS I I I - Estudo de Problemas Brasileiros IEFCI 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUPI2l - Piano B IMUT 10 I - Percepccedilatildeo Musical I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 9MUC 102 - Hannonia e Morfologia IIMUT I92 - Estudo de Problemas Brasileiros IIEFC125 - Educaccedilatildeo Fiacutesica DesportivaMUPI22 - Piano B IIMUTI 02 - Percepccedilatildeo Musical II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos IIMUC201 - Harmonia e Morfologia IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica IMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUP221 - Piano BillMUT201 - Percepccedilatildeo Musical II1

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 12MUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica IIMUTI62 - Folclore Nacional MusicalMUCI I I - Prosoacutedia Musical

175

MUP222 - Piano B IVMUT202 - Percepccedilatildeo Musical IV

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 15MUC301 - Hannonia e Morfologia VMUT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUC32 I - Harmonia Superior IMUC35 I - Contraponto IMUP32 I - Piano B V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 15MUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUC322 - Hannonia Superior IIMUC352 - Contraponto IIMUP322 - Piano B VI

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos I IMUC541 - Esteacutetica Musical IMUC37 I - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IMUC461 - Fuga IMUP42 I - Piano B VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos I IMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IIMUC462 - Fuga IIMUP422 - Piano B VIII

9 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 9ordm - Creacuteditos 8MUM42 I - Regecircncia IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

10 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 10ordm - Creacuteditos 8MUM422 - Regecircncia IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

11 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO II ordm - Creacuteditos 6MUM52 I - Regecircncia III

12 - PERIacuteOODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 12ordm - CREacuteDITOS 6MUM522 - Regecircncia IV

13 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 13ordm - CREacuteDITOS 6MUM62 I - Regecircncia V

14 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 14ordm - CREacuteDITOS 6

176

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MUM622 - Regecircncia VI

CONCLUSAtildeO DO CURSO 142 CREacuteDITOS 134 OBRIGATOacuteRIOS e 8COMPLEMENTARES

CURSO VIOLAtildeO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 13MUAI03 - Violatildeo IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IMUT IOI - Percepccedilatildeo Musical IFCS II I - Estudo de Problemas Brasileiros IEFC I 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 12MUA 104 - Violatildeo IIMUC I02 - Harmonia e Morfologia IIMUT I02 - Percepccedilatildeo Musical IIMUTl92 - Estudo de Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 12MUA203 - Violatildeo IIIMUC201 - Harmonia e Morfologia IIIMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4 - Creacuteditos 12MUA204 - ViolatildeolVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUTl62 - Folclore Nacional Musical IIMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creditos 12MUA303 - Violatildeo VMUC301 - Hannonia e Morfologia VMUT431 - Histoacuteria da Muacutesica lIacuteIMUT511 - Muacutesica Brasileira I

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm _ Creacuteditos 12MUA304 - Violatildeo VIMUacuteC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUT52 I - Muacutesica Brasileira II

177

179

DEPARTAMENTO 01

E00567 - Praacutetica de Ensino de Flauta IE00568 - Praacutetica de Ensino de Flauta IIE00569 - Praacutetica de Ensino de Fagote IE00570 - Praacutetica de Ensino de Fagote IIE0057 I - Praacutetica de Ensino de Clarineta IE00572 - Pratica de Ensino de Clarineta IIE00583 - Praacutetica de Ensino de Trompa IE00584 - Praacutetica de Ensino de Trompa IIE00585 - Praacutetica de Ensino de Trompete IE00586 - Praacutetica de Ensino de Trompete IIE00587 - Praacutetica de Ensino de Trombone IE00588 - Praacutetica de Ensino de Trombone IIE00589 - Praacutetica de Ensino de Oacutergatildeo IE00590 - Praacutetica de Ensino de Oacutergatildeo IIE00591 - Praacutetica de Ensino de Harpa IE00592 - Praacutetica de Ensino de Harpa IIE00593 - Praacutetica de Ensino de Composiccedilatildeo IE00594 - Praacutetica de Ensino de Composiccedilatildeo IIE00595 - Praacutetica de Ensino de Canto IE00596 - Praacutetica de Ensino de Canto IIE00587 - Praacutetica de Ensino de Regecircncia IE00598 - Praacutetica de Ensino de Regecircncia II

OacuteRGAtildeO I - O Oacutergatildeo sua disposiccedilatildeo geral Posiccedilatildeo individual do organista ao instrumento Haacutebito deleitura em trecircs ou mais pautar Sinais convencionais para a pedaleira Teacutecnica das matildeos e dos peacutes Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAtildeOIl- Oposiccedilatildeo cntre sons ligados e reparados A teacutecnica da pcdaleira aplicaccedilatildeo da ponta e docalcarhar incluindo a substituiccedilatildeo muda c sonora dos peacutes Estudo dirigido Repertoacuterio obriget6rioORGAO III - Da teacutecnica da pedaleira cruzamcnto e altemacircncia dos peacutes escalas maiores e mcnoresligadas e destacadas com aplicaccedilatildeo de ponta e do calcanhar Registros e acessoacuterios mecacircnicos Estudo~relirrinardos jogos Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioORGAO IV - De teacutecnica da pedaleira intervalos de segundas menores resvalando com a ponta do peacute(striciamento) Arpejos na pedaleira Movimentos em intervalos diversos e em ritmos diferentes dos~eacutes uridos aos manuais Jogos de Fundo Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioORG~ V - Da teacutecnica da pedaleira Pedais duplos triplos e quaacutedruplos Escolha dos Registros eacessonos mecacircnicos Estudo dos Jogos de Mutaccedilatildeo e de Palheta nos diferentes autores para oacutergatildeoEstudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterio

a)CEG03

33 - Ementas das Disciplinas

b) Disciplinas CompIementararesTodo Curso aleacutem das Disciplinas Obrigatoacuterias condiciona o aluno agrave realizaccedilatildeo de duas DisciplinasComplementares que variam de Curso para Curso e cuja relaccedilatildeo pode ser encontrada naUnidade

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EOS533 - Fundamentos Socioloacutegicos da EducaccedilatildeoEOH543 - Fundamentos Fisioloacutegicos EducaccedilatildeoEOA563 - Estrutura e Funcionamento do Ensino Iordm grauEOA564 - Estrutura e Funcionamento do Ensino 2ordm grauEOP526 - Psicologia da Educaccedilatildeo IEOP527 - Psicologia da Educaccedilatildeo IIE00573 - Didaacutetica IE00574 - Didaacutetica II

Dependendo da Licenciatura que o aluno esteja cursando deveraacute se inscrever para a praacutetica deensino especifica nas Disciplinas abaixo relacionadasE00515 - Praacutetica de Ensino de Muacutesica IE005 16 - Praacutetica de Ensino de Muacutesica IIE00551 - Praacutetica de Ensino de Iniciaccedilatildeo Musical IE00552 - Praacutetica de Ensino de Iniciaccedilatildeo Musical IIE00599 - Praacutetica de Ensino de Percussatildeo IE00600 - Praacutetica de Ensino de Percussatildeo IIE00553 - Praacutetica de Ensino Musical Especial IE00554 - Praacutetica de Ensino Musical Especial IIE00555 - Praacutetica de Ensino de Piano IE00556 - Praacutetica de Ensino de Piano IIE00557 - Praacutetica de Ensino de Violino IE00558 - Praacutetica de Ensino de Violino IIE00559 - Praacutetica de Ensino de Viola IE00560 - Praacutetica de Ensino de Viola IIE0056 I - Praacutetica de Ensino de Violoncelo IE00562 - Praacutetica de Ensino de Violoncelo IIE00563 - Praacutetica de Ensino de Contrabaixo IE00564 - Praacutetica de Ensino de Contrabaixo IIE00565 - Praacutetica de Ensino de Oboeacute IE00566 - Praacutetica de Ensino de Oboeacute II

PLANO CURRICULAR DA FORMACcedilAtildeO PEDAGOacuteGICAPARA O ALUNO DE LICENCIATURA

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - CREacuteDITOS lOMUA404 - Violatildeo VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUM2I2 - Muacutesica de Cacircmera IICONCLUSAO DO CURSO 105 CREacuteDITOS 93 OBRIGATOacuteRIOS e 12COMPLEMENTARES

7 - PERiacuteoDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - CREacuteDITOS 10MUA403 - Violatildeo VIIMUC54I - Esteacutetica Musical IMUM I I I - Muacutesica de Cacircmera I

178

OacuteRGAtildeO VI - Da teacutecnica da pedaleira o trinado na pedaleira Tipos de oacutergatildeos Utilizaccedilatildeo de todos osJogos Combinaccedilotildees Livres Fixas e Ajustaacuteveis Diferentes eacutepocas do Oacutergatildeo Harmonizaccedilatildeo de umBaixo Dado Coral Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAtildeO VII - Da teacutecnica da pedaleira Escalas em oitavas Recursos dos diversos oacutergatildeos eletrocircnicosTodos os Jogos do Oacutergatildeo Caixas expressivas e registros acessoacuterios mecacircnicos Obras organiacutesticasseus autores Harmonizaccedilatildeo de um Baixo Dado em forma de Coral Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAO VIll - Da teacutecnica da pedaleira Mecanismo transcendente da pedaleira O Oacutergatildeo comoinstrumento solista e como acompanhante Estilo e interpretaccedilatildeo Virtuosismo Improvisaccedilatildeo sobreum tema dado Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterio Pesquisa artiacutesticaPIANO I - Diagnoacutestico e correccedilatildeo de falhas da teacutecnica pianiacutestica Desenvolvimento dos elementosbaacutesicos na execuccedilatildeo polifocircnica Fundamentos histoacutericos e esteacuteticos da muacutesica - o ritmo das danccedilas SuiteFrancesa Conhecimento e interpretaccedilatildeo de obras do repertoacuterio internaciacuteonal os claacutessicos e romacircnticosPIANO II - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos pianisticos baacutesicos exerciacutecios e estudos apropriadosDesenvolvimento em nivel superiacuteor da habilidade poilifocircnica Preluacutedio e Fuga a duas vozesAs grandes formas sonata claacutessica - conhecimentos formais como apoio da interpretaccedilatildeo Muacutesicabrasileira com caracteristicas nacionalistas ritmo e melodiaPIANO III - Ampliaccedilatildeo e aprofundamento dos elementos teacutecnicos pianiacutesticos com vistas aovirtuosismo estudos e repertoacuterio apropriado A muacutesica polifocircnica a duas e trecircs vozes a FugaAs tocatas de J S Bach aplicaccedilatildeo dos conhecimentos polifocircnicos Obras representativas do repertoacuteriointernacional- Escolas nacionalistas e suas caracteristicasPIANO IV - Os Estudos de Chopin teacutecnica avanccedilada aplicada As Fugas a trecircs ou mais vozes oconhecimento formal como apoio da interpretaccedilatildeo As grandes formas a Sonata claacutessica os concertospreacute-claacutessicos e claacutessicos para piano e orquestra Muacutesica brasileira de caracteriacutesticas folcloacuterica e popularPIANO V - O virtuosismo e os grandes estudos romacircnticos Aprofundamento dos elementos daexecuccedilatildeo polifocircnica e as Fugas de J S Bach Articulaccedilatildeo fraseado e dinacircmica das partesProsseguimento das estudas das Suites de danccedilas A Partita As principais correntes da muacutesicamodema internacional conhecimento e interpretaccedilatildeo de obras representativasPIANO VI - Os estudos de compositores brasileiros - teacutecnica e esteacutetica inerentes A Fuga a cinco vozesde J S Bach A Sonata romacircntica e suas inovaccedilotildees formais ampliaccedilatildeo de conhecimentos teacutecnicosesteacuteticos e interpretaccedilatildeo Muacutesica brasileira Suite Sonatinas Sonatas e outras grandes formasPIANO VII- Estudos modernos novas caracteriacutesticas teacutecnica e esteacutetica A execuccedilatildeo de obra polifocircnicado repertoacuterio pianiacutestico Suites e danccedilas - a Suite Inglesa - aplicaccedilatildeo dos conhecimentos polifocircnicosteacutecnicos esteacuteticos e formais em sua totalidade Muacutesica contemporacircnea e sua grafia conhccimento einterpretaccedilatildeo de obras do repertoacuterio internacionalPIANO VIll - Grandes estudos de concertos em todos os estilos A pcsquisa na interpretaccedilatildeopolifocircnica das obras do repertoacuterio A muacutesica contcmporacircnea c as novas grafias conhecimento einterpretaccedilatildeo do repertoacuterio nacional As grandes formas sonata moderna concerto para piano eorquestra romacircntico ou moderno

Disciplinas Complementares B

OacuteRGAtildeO B I - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeo individual ao instrumentoPratica da leitura em trecircs pautas Os sinais convencionais da pedaleira Estudos baacutesicossobre o toque organistico

OacuteRGAtildeO B II - Sons ligados e destacados das matildeos A teacutecnica elementar da pedaleira Noccedilotildees sobreregistros e jogos

180

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OacuteRGAtildeO B III - Estudos elementares do cruzamento e alternacircncia dos peacutes Escalas maiores ligadasexecutadas na pedaleira Iniciaccedilatildeo ao estudo dos registros e acessoacuterios mecacircnicos Estudos da dinacircmica

nas peccedilas do repertoacuterioOacuteRGAtildeO B IV - Execuccedilatildeo dos intervalos na pedaleira A simultaneidade na execuccedilatildeo de ritmosdiferentes nas matildeos e nos peacutes Estudos elementares dos jogos de fundo Noccedilotildees baacutesicas de

acompanhamentoOacuteRGatildeO B V - Pedais duplos e sua aplicaccedilatildeo A praacutetica dos registros e acess6rios mecacircnicos Estudoelementar dos jogos de mutaccedilatildeo Estudo dos diferentes autores para oacutergatildeo O fraseado na interpretaccedilatildeo

de pequenas peccedilasOacuteRGAO B VI - Noccedilotildees de pedais duplos e triplos e sua aplicaccedilatildeo Noccedilotildees baacutesicas de registraccedilatildeoEstudo elementar dos jogos de palheta Tipos diversos de oacutergatildeo e principais construtores e cultoresHarmonizaccedilatildeo de Baixos Dados cifradosPIANO B I - O piano e ruas caracteriacutesticas Adaptaccedilatildeo individual ao instrumento Teacutecnica dos cincodedos objetivando o desenvolvimento das respectivas articulaccedilotildees e flexibilidade muscular Execuccedilatildeode estudos eou peccedilas do programaPIANO B II - Conhecimento da terminologia e sinais graacuteficos utilizados na muacutesica para pianoImportacircncia e desenvolvimento da passagem do polegar exerciacutecios especiacuteficos Dedilhadosfundamentais - escalas e arpejos Exerciacutecios objetivando a independecircncia das matildeos Noccedilotildees sobre oemprego dos pedais Executar estudos e peccedilas do repertoacuterioPIANO Bill - Variaccedilotildees ritmicas com vistas agrave aquisiccedilatildeo de um maior senso meacutetrico O toque legatoNoccedilotildees e importacircncia do fraseado musical Emprego dos pedais e consequumlente independecircncia demovimentos Introduccedilatildeo agrave polifonia exerciacutecios especiacuteficos Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas doprogramaPIANO B IV - Exerciacutecios de acordes visando a um maior fortalecimento de arcada da matildeo Fundamentoshistoacutericos e esteacuteticos da muacutesica Dinacircmica Agoacutegica Aplicaccedilatildeo desses elementos empeccedilas eouestudos constantes do programaPIANO B V - Os diversos tipos de toque Aplicaccedilatildeo das diferentes modalidades de pedalConhecimento e interpretaccedilatildeo de muacutesica brasileira de caraacuteter folcloacuterico e popular Pesquisa da qualidadedo som o cantabile Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VI - Desenvolvimento dos elementos baacutesicos na execuccedilatildeo polifocircnica a duas vozes Ampliaccedilatildeodos elementos interpretativos estilo Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VII - Noccedilotildees sobre notas duplas dedilhado Conhecimento e interpretaccedilatildeo da muacutesicamodema internacional Desenvolvimento dos estudos teacutecnicos jaacute realizados Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VIlI - Ampliaccedilatildeo dos elementos teacutecnicos pianiacutesticos Exerciacutecios de velocidade As invenccedilotildeesa duas vozcs Introduccedilatildeo agrave poli fonia a trecircs partes Excrcicios especificos A Sonataclassica - execuccedilatildeode um movimento Execuccedilatildeo de estudos cou peccedilas constantes do programa

DEPARTAMENTO 02

HARMONIA E MORFOLOGIA I - Hannonia a 4 partes As cadecircncias e as marchas hannocircnicas Osacordes dissonantes naturais e suas resoluccedilotildees A cifragem do Baixo Dado Anaacutelise de trechos harmonizadosHARMONIA E MORFOLOGIA II - A modulaccedilatildeo aos tons vizinhos Os acordes de 7ordf dissonanteartificial e suas resoluccedilotildees Notas meloacutedicas As marchas modulantes O discurso musical seuparalelismo com o literaacuterio As pequenas formas binaacuterias e ternaacuteriasHARMONIA E MORFOLOGIA III - Canto Dado unitocircnico e modulante Notas meloacutedicas Osretardos nos acordes de 3 4 e 5 sons Os vaacuterios tipos de imitaccedilatildeo As alteraccedilotildees natildeo artificiais nos

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acordes de 3 e 4 sons Invenccedilotildees a duas c trecircs vozes de J S Bach A Suite de fonna claacutessica e suascaracteriacutesticas fonnaisHARMONIA E MORFOLOG IA IV - Alteraccedilotildees artificiais nos acordes de 3 4 e 5 sons A modulaccedilatildeoa tons afastados e seus diversos tipos O pedal e seus tipos Anaacutelise dos Preluacutedios e Fugas de J S BachHARMONIA E MORFOLOG IA V - O Canto e Baixo Alternados A variaccedilatildeo Organizaccedilatildeo fonnaldos movimentos da Sonata Claacutessica Hannonia Instrumental Introduccedilatildeo agrave sonata de Haydn e MozartHARMONIA E MORFOLOGIA VI - A Hannonia Instrumental A Orquestra Os valores esteacuteticosda expressatildeo instrumental Organizaccedilatildeo fonnal dos movimentos da Sonata Claacutessica Sonata deBeethoven A Sonata ciclicaPROSOacuteDIA MUSICAL - Combinaccedilatildeo das formas e siacutelabas poeacuteticas com os sons musicaisDesenvolvimento progressivo das etapas quanto as dificuldades Estudos sobre a conservaccedilatildeo dos acentostoacutenicos relacionada com os acentos meacutetricos e expressivos do texto Estudo sobre repeticcedilotildees adequadasHARMONIA SUPERIOR I - A realizaccedilatildeo de Cantos e Baixos cifrados de J S Bach Alteraccedilotildees nosdiversos processos de modulaccedilatildeo por enannonia A hannonia com emprego de acordes de 7a 9a I lae 13a em todos os graus da escalaHARMONIA SUPERIOR II - Peccedilas de autores consagrados cuja melodia eacute aproveitada emhannonizaccedilotildees para instrumentos de corda sopro e cantoCONTRAPONTO I - Contraponto caracteriacutestica e objetivos de seu estudo As diversas espeacutecies decontraponto Contraponto simples a duas trecircs e quatro partes na Ia 2a 3a e 4a espeacutecies Contrapontomisto e floridoCONTRAPONTO II - Imitaccedilotildees Contraponto florido a 5 6 7 c 8 partes Duplo Coro Contrapontoinvertiacutevel a 8a Noccedilotildees gerais sobre Contraponto invertivel a intervalo maior que uma oitava Noccedilotildeesgerais de Contraponto triplo e quaacutedruploFUGA I - Fuga acadecircmica escolar vocal Sujeito Resposta real Contrasujeito Exposiccedilatildeo e contrashyexposiccedilatildeo Desenvolvimento Divertimento Slrelto Pedal Exame c criacutetiacuteca de Fugas de diverosos autoresFUGA II - Praacutetica de Fuga Tonal (vocal e instrumental) Fuga cromaacutetica A Fuga na composiccedilatildeo polifocircnicaINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACcedilAtildeO I - Conhecimento dos instrumentos da OrquestraSinfoacutenica e da Banda e seu relacionamento global em funccedilatildeo da partituraINSTRUMENTACcedilAtildeO E OROUESTRACcedilAtildeO II - Estudo aprofundado dos 3 naipes da OrquestraSinfocircniacuteca e da Percussatildeo com seus problemas especiacuteticos e no que se relaciona com o trabalho orquestralINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACAtildeO III - Os planos orquestrais e afmidades de timbresequiliacutebrio e contraste A voz humana e sua integraccedilatildeo na orquestraINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACcedilAtildeO IV - Muacutesica polifocircnica Destaque meloacutedico com ousem fundo hannocircnico Coro instrumentos raros ou natildeo habituais seu tratamento na orquestraccedilatildeoESTEacuteTICA I - Principais correntes esteacutetico-musicais Caracteristicas esteacuteticas do Barroco do Classicismodo Romantismo do Expressionismo O plano formal do Concerto da Sintonia e da AberturaESTEacuteTICA II - As caracteriacutesticas esteacuteticas da musica intermediaacuteria e da muacutesica dramaacutetica A musicabrasileira - anaacutelise de obras As musicas concreta elctroacutenica aleatoacuteria e outras concepccedilotildees esteacuteticasda musica atualOFICINA DE COMPOSiCcedilAtildeO I (Requisito Curricular Suplementar - RCS) - Pesquisa c praacuteticacomposicional com os elementos fundamentais da muacutesica Introduccedilatildeo agrave improvisaccedilatildeo instrumental evocal individual e coletiva O desenvolvimento da ideacuteia musical Novas perspectivas da grafia musicalOFICINA DE COMPOSICcedilAtildeO II (Requisito Curricular Suplemcntar - RCS) -Improvisaccedilatildeo vocal einstrumental individual e coletiva Aplicaccedilatildeo da grafia atual nos exercicios de criatividade Praacutetica depequenas formas e composiccedilotildees livresCOMPOSICcedilAtildeO I - Estudo teoacuterico e praacutetico da Melodia Linguagem musical do barroco ao classicismoPequenas fonnas Suite Perspcctivas da muacutesica livre

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COMPOSiCcedilAtildeO II - Estudo teoacuterico e praacutetico da Melodia acompanhada Linguagem musical doromantismo pratica politonal introduccedilatildeo ao serialismo dodecafonismoCOMPOSICcedilAO III - Estudo teoacuterico e praacutetico da linguagem musical impressionista muacutesica para trecircsquatro ou cinco instrumentos Da sonata ao quinteto Muacutesica de Cacircmera em geral Reduccedilatildeo departituras orquestraisCOMPOSICcedilAO IV - Abertura Sinfonia Grafia musical contemporacircnea - Reduccedilatildeo de partiturasCOMPOSICcedilAO V - Poema Sinfocircnico Aproveitamento do Folclore Muacutesica Nacional Muacutesica IncidentalCOMPOSICAO VI - Cantata Oratoacuterio Bailado Oacutepera

DEPARTAMENTO 03

VIOLINO I - Desenvolvimento da teacutecnica geral da matildeo esquerda e do estudo dos golpes de arcofundamentais derivados e mistos Processos para o aperfeiccediloamento do vibrato Estudos e peccedilasConcertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLINO II - Estudo da teacutecnica geral do arco e da matildeo esquerda Coloridos agoacutegicos e dinacircmicosDedilhados teacutecnicos e artiacutesticos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autores brasileiros e estrangeiacuterosPraacutetica de execuccedilatildeo com acompanhamento de piano Concerto ou sonatas de autores claacutessicosVIOLINO III - A pratica dos vaacuterios golpes de arco Cordas duplas em geral Trinados simples eduplos Sons hannocircnicos simples e duplos As transcriccedilotildees para violino das sonatas de J S BachEstudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLINO IV - Desenvolvimento da praacutetica dos vaacuterios golpes de arco e da pratica da matildeo esquerdaEfeitos de sonoridade Sons hannocircnicos simples e duplos Interpretaccedilatildeo e anaacutelise de peccedilas de autoresbrasileiros e estrangeiros Concertos e sonatas de autores claacutessicos e romacircnticosVIOLINO V - Pratica de ornamentos Teacutecnica do Pizzicato em geral Portamentos PolifoniaConcertas e Sonatas de autores claacutessicos romacircnticos e contemporacircneos Estudos e peccedilasVIOLINO VI - Golpes de arco transcendentais Praacutetica de escalas exoacuteticas e cromaacuteticas Estudobaacutesico da dinacircmica Interpretaccedilatildeo e anaacutelise de estudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autoresromacircnticos e contemporacircneosVIOLINO VII - Teacutecnica transcendental do arco e da matildeo esquerda Os estilos conhecimentos e suaaplicaccedilatildeo na interpretaccedilatildeo Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas de autores nacionais e estrangeirosConcertos e Sonatas de autores romacircnticos e contemporacircneosVIOLINO VIII - Das principais escolas de violino e seus mais importantes representantes Histoacuteriado violino seus construtores e principais cultores Praacutetica soliacutestica e em conjuntoVIOLA I - Desenvolvimento da teacutecnica geral da matildeo esquerda e do estudo dos golpes de arcofundamentais derivados e mistos Processos para o aperfeiccediloamento do vibra to Estudos e peccedilasConcertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLA 11- Estlido da teacutecnica geral do arco e da matildeo esquerda Coloridos agoacutegicos e dinacircmicasDedIlhados teacutecnicos e artisticos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autores brasileiros e estrangeirosPraacutetica de execuccedilatildeo com acompanhamento de piano Concertos e Sonata de autores claacutessicosVIOLA III - A praacutetica dos vaacuterios golpes de arco Cordas duplas em geral Trinados simples e duplosSons hannocircnicos simples e duplos As transcriccedilotildees para viola das sonatas de 1 S Bach Estudos epeccedilas Concertos e Sonatas de autores claacutessicosVICgtLA IV - Desenvolvimento da praacutetica dos vaacuterios golpes de arco e da praacutetica da matildeo esquerdaEfeItos de sonoridade Sons hannocircnicos simples e duplos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autoresbraSIleIros e estrangeiros Concertas e Sonatas de autores claacutessicos e romacircnticosVIOLA V - Praacutetica de ornamentos Teacutecnica do Pizzicato em geral Portamentos Polifonia Concertose Sonatas de autore I s c asslcos romantlcos e contemporaneos Estudos e peccedilas

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VIOLA VI - Golpes de arco transcendentais Estudo baacutesico da dinacircmica Interpretaccedilatildeo e anaacutelise deestudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autores romacircnticos e contempor~neos VIOLA VII - Teacutecnica transcendental de arco e da matildeo esquerda Os estIlos conhecImentos e suaaplicaccedilatildeo na interpretaccedilatildeo Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas de autoras nacionais e estrangeirosConcertas e Sonatas de autores romacircnticos e contemporacircneosVIOLA VIII - Das principais escolas de viola e seus mais importantes representantes Histoacuteria daviola seus construtores e principais cultores Praacutetica solistica e em conjunto VIOLONCELO I -Independecircncia das matildeos na teacutecnica do arco e da matildeo esquerda estudos espeClficosTrinados simples e duplos Cordas duplas Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas do repertoacuterio em solo oucom acompanhamento de piano VIOLONCELO II - Estudo da teacutecnica geral da matildeo esquerda Praacutetica intensiva de leItura a pnmelravista Cordas duplas e estudos especiacuteficos Praacutetica dos golpes de arco destacado ligado martelado eseu emprego em arcadas mistas Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas do repertoacuterio VIOLONCELO III - Estudo do trinado e do vibrato Pesquisa sonora estudos especlficos Estudodos hannocircnicos no braccedilo do violoncelo Desenvolvimento do estudo de golpe de arco saltado e seusderivados Estudos e peccedilas do repertoacuterioVIOLONCELO IV - Estudo especifico do Demancheacute leveza velocidade e precisatildeo Estudo doPizzicato em ambas as matildeos Estudos e peccedilas do repertoacuterio anaacutelise e interpretaccedilatildeoVIOLONCELO V - Estudo detalhado das escalas maiores e menores cromaacuteticas e por tons inteirosExerciacutecios para o deslocamento do polegar esquerdo sobre as cordas a partir da 7a posiccedilatildeo Coloridodinacircmico Posiccedilotildees fixas e encadeadas Estudos e peccedilas do repertoacuterio VIOLONCELO VI - Estudo das extensotildees irregulares Estudo detalhado dos arpeJos em geralEstudo do Spicato Dos vaacuterios modos de utilizaccedilatildeo do arco na modificaccedilatildeo de timbres Escalas comhannocircnicos naturais e artificiais Estudos e peccedilas do repert6rioVIOLONCELO VII- Sistematizaccedilatildeo do estudo O Gettato definiccedilatildeo e estudo Da inflexatildeo expressivaFraseado Estudo e peccedilas do repertoacuterioVIOLONCELO VIII - Dos acentos meacutetrico ritmico e expressivo O dedilhado e seu emprego em funccedilatildeoda esteacutetica musical O rubato Interpretaccedilatildeo a expressatildeo musical e o estilo Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO I - Teacutecnica da matildeo esquerda e do arco estudos especiacuteficos Produccedilatildeo do somafinaccedilatildeo Posiccedilotildees fixas e alternadas O destacado e seus derivados Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO II - Teacutecnica aplicada As diferentes arcadas ligada destacada e mIsta O golpemartelado e seus derivados Posiccedilotildees fixas e encadeadas Coordenaccedilatildeo dos movimentos Estudos epeccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO III - O golpe saltitado e seus derivados Vibrato processo de estudo e seudesenvolvimento Efeitos sonoros Colorido dinacircmico Sons hannocircnicos Ritmo e pronunciaccedilatildeo doarco Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO IV - Prosoacutedia superior do arco Pesquisas do dedilhado Portamcnto dos sonsTrinados Ornamentos Mecanismo especiacutefico do instrumento A teacutecnica do Pizzicato coma matildeodireita c alternado Cordas duplas c acordes Praacutetica solistaCONTRABAIXO V - Dedilhados especificos das cordas duplas nas escalas diatocircnicas cromaacuteticas chexatocircnicas Cordas duplas alternadas Teoria dos movimentos relacionados com a teacutecnica geral docontrabaixo e sua aplicaccedilatildeo Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO VI - Teacutecnica da matildeo esquerda Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos estudos e peccedilas dorepertoacuterio Estudos avanccedilados da teacutecnica contrabaixista Os diversos estilos e gecircneros musicais Ateacutecnica e a expresso

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CONTRABAIXO VII - As escolas do Contrabaixo e seus principais representantes A importacircnciado contrabaixo na orquestra Histoacuteria do contrabaixo seus construtores e principais cultores Praacuteticasoliacutestica e em conjuntoCONTRABAIXO VIII - Memorizaccedilatildeo Repertoacuterios claacutessico romacircntico e contemporacircneo Prosoacutediatranscendental do arco Praacutetica solistica e execuccedilatildeo comentada Execuccedilatildeo em conjuntoHARPA I - Anaacutelise da posiccedilatildeo harpistica das diferentes articulaccedilotildees dos dedos da importacircncia doulso e do braccedilo Teacutecnica das escalas arpejos e glissando Estudos e peccedilas do repertoacuterio~ARPA II - Estudos de escalas e arpejos Pedais diagrama e aplicaccedilatildeo Dos sons hannocircnicos Ateacutecnica e a sonoridade Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA III - Fraseado Da expressatildeo Da execuccedilatildeo legato e stacatto Da articulaccedilatildeo e independecircnciados dedos Polirritmia Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA IV - O cruzamento das matildeos na execuccedilatildeo Trinado e trecircmulo Escalas em matildeos alternadasdiatocircnicas e com notas enarmonizadas A importacircncia da enarmonia na harpa Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA V - Hannocircnicos simples nas duas matildeos Hannocircnicos duplos a triplos com a matildeo esquerdaTeoria dos dedilhados e sua aplicaccedilatildeo praacutetica Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA VI - Efeitos especiais da harpa com som de timpanos e glissando com a unha grafia espacialTeacutecnica transcendental dos arpejos e intervalos Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA VII - Da teacutecnica de execuccedilatildeo da harpa em conjunto Sintese do estudo da posiccedilatildeo individualdo instrumento Anaacutelise e estudo do fraseado de peccedilas do repertoacuterioHARPA VIII - Interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos diferentes estilos musicais claacutessico romacircntico modernoe contemporacircneo Repertoacuterio harpistico e peccedilas pianisticas de compositores brasileiros e estrangeirosadaptados para a harpa Duos trios e quartetosVIOLAtildeO I - Introduccedilatildeo e conhecimento dos princiacutepios baacutesicos da teacutecnica posiccedilatildeo do instrumentistaIniciaccedilatildeo ao estudo do repertoacuterio do alauacutede e vilhuela como precurssores do violatildeoVIOLAtildeO II - Desenvolvimento das matildeos direita e esquerda independecircncia de suar pulsaccedilotildees Estudodo repertoacuterio didaacutetico de transcriccedilotildees de alauacutede e vilhuelaVIOLAtildeO III - Problemas relativos agrave leitura e agrave capacidade de concentraccedilatildeo Desenvolvimento dorepertoacuterio e interpretaccedilatildeo das primeiras suites barrocas para alauacutede vilhuela ou violino Praacutetica demuacutesica de cacircmera em duos com voz ou flautaVIOLAtildeO IV - Teacutecnica da digitaccedilatildeo e sua pratica em funccedilatildeo do estilo Elementos de teacutecnica superiorcom aprendizado das obras dos grandes virtuoses e das transcriccedilotildees das obras de piano Praacutetica demuacutesica de cacircmera com instrumentos de corda

VIOLAtildeO V - Conhecimento da evoluccedilatildeo histoacuterica da teacutecnica violonistica Interpretaccedilatildeo da obra de JS Bach escrita originalmente para violoncelo e alauacutedeVIOLAtildeO VI - Conhecimento da grafia simbologia e efeitos sonoros da muacutesica contemporacircnea ecompreendo do seu desempenho teacutecnico Estudos de alta virtuosidadeVIOLAO VI I - Desenvolvimento da teacutecnica objetivando a ampliaccedilatildeo do volume sonoro do instrumentoo violatildeo como instrumento solista de orquestra Conhecimento completo da obra de Villa-Lobos e dosdiferentes estilos de muacutesica contemporacircnea Repertoacuterio para recitaisVIOLAtildeO VIII - Desenvolvimento da teacutecnica necessaacuteria agrave resoluccedilatildeo dos problemas relativos agrave reaccedilacircoacuacutestica em salas de concerto e estuacutedios de gravaccedilatildeo A utilizaccedilatildeo do violatildeo na muacutesica contemporacircneaCapacidade para revisatildeo de obras modernas

Disciplinas Complementares B

INSTRUMENTO B ARCO I (VIOLINO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeoindividual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio com acompanhamentode piano

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INSTRUMENTO B ARCO II (CONTRABAIXO) - Do arco divisatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealternadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (CONTRABAIXO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacadomartelado saltado e suas combinaccedilotildees Igualdade riacutetmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem decordas em sons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (CONTRABAIXO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibradosons harmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e quatro sons Trinado Pizzicato PortamentoINSTRUMENTO B ARCO V (CONTRABAIXO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notasduplas Pronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudose peccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (CONTRABAIXO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principaissolos do repertoacuterio sinfoacutenico e operiacutestico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e ConjuntosINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS I (HARPA) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeogeral A posiccedilatildeo individual ao instrumento Articulaccedilatildeo dos dedos exerciacutecios especiacuteficos Escala deDoacute Maior glissando do polegar e do quarto dedo Realizaccedilatildeo de arpejos com trecircs dedosINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS II (HARPA) - Realizaccedilatildeo de arpejos com trecircs equatro dedos com matildeos alternadas A execuccedilatildeo de terccedilas sextas oitavas e graus conjuntosexerciacutecios especiacuteficos A pratica dos pedais nas escalas e arpejos em diversos tonsINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS III (HARPA) - A problemaacutetica da afinaccedilatildeo Execuccedilatildeode acordes e arpejos de trecircs e quatro sons de legato e staccatto Efeitos sonoros peculiares Noccedilotildeesgerais a respeito da histoacuteria da harpa Estudos e peccedilas do repertoacuterioINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS IV (HARPA) - Novas teacutecnicas para obtenccedilatildeo deefeitos sonoros Intervalos As diversas maneiras de execuccedilatildeo de glissando simples e duplo e dotrinado simples

INSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS V (HARPA) - O fraseado Efeitos especiais daexecuccedilatildeo harpiacutestica A afinaccedilatildeo para orquestra A execuccedilatildeo de acordes e arpejos de 7aINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS VI (HARPA) - A teacutecnica aplicada em estudos epeccedilas Efeitos especiais de execuccedilatildeo na harpa A execuccedilatildeo dos arpejos e acordes em suas diversasmodalidades Os principais solos do repertoacuterio sinfoacutenico e operiacutesticoINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS I (VIOLAtildeO) - Rudimentos de teacutecnica Conhecimentoda posiccedilatildeo das matildeos e aprendizado das notas Estudos elementaresI~ST~UMENTO B CORDAS DEDILHADAS II (VIOLAtildeO) - Escala de uma oitava e arpejosSImplIficados pequenas melodias brasileiras

INSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS III (VIOLAtildeO) - Escala de duas oitavas LigadosAcordes Encadeamento de acordes Estudos simples (formando som)INSRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS IV (VIOLAtildeO) - Independecircncia do polegar da matildeodIreita Arpeio I d - s e esca as e tres oItavas Pequenas peccedilas da Renascenccedila Noccedilotildees de acompanhamentode musica brasileira

IN~TRUME~Tltgt ~ CORDAS DEDILHADAS V (VIOLAtildeO) - Teacutecnica de independecircncia das matildeos eagIl](ladedamao dIreIta Noccedilotildees do repertoacuterio modemo Pequenas peccedilas de autores nacionais e internacionaisINSTRUMENTO B CORDAS DEDI - _ LHADAS VI (VIOLAOI - Introduccedilao a problematlca detran~cnccediloes ConhecImento da histoacuteria do violatildeo atraveacutes do repertoacuterio Peccedilas barrocas originalmenteescntas para alauacutede e vilhuela Estudos

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INSTRUMENTO B ARCO II (VIOLINO) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealtemadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (VIOLINO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacado marteladosaltado e suas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem de cordas emsons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLINO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibrado sonsharmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e de quatro sons Trinados Pizzicato PortamentosINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLINO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notas duplasPronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudos epeccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLINO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principais solos dorepertoacuterio sinfotildenico e operistico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I(VIOLA) -Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeo individualao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO II (VIOLA) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealternadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (VIOLA) - Estudo dos golpes de arco ligado martelado saltado esuas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem de cordas em sons ligadose sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLA) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibrado sonsharmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e quatro sons TrinadosINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLA) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notas duplasPronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudos epeccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLA) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principais solos dorepertoacuterio sinfoacutenico e operiacutestico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I (VIOLONCELO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral Aposiccedilatildeo individual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio comacompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO II (VIOLONCELO) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeosobre as cordas Articulaccedilatildeo e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixase altemadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO BARCO 111 (VIOLONCELO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacadomartelado saltado e suas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem decordas em sons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLONCELO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico Som vibradosons harmoacutenicos em geral Cordasduplas Acordes de trecircs e de quatro sons Trinados Pizzicato PortamentoINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLONCELO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notasduplas Pronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacuteniacuteca e cromaacutetica Estudose peccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLONCELO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principaissolos do repertoacuterio sinfoacutenico e operistico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I (CONTRABAIXO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geralA posiccedilatildeo individual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio comacompanhamento de piano

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DEPARTAMENTO OS

seitas afro-brasileiras A muacutesica folcloacuterica em festas do catolieismo popular A muacutesica folcloacuterica napoesia popular do Brasil em diferentes aacutereas culturaisFOLCLORE NACIONAL MUSICAL II - Etnomusicologia Processos de aculturaccedilatildeo Muacutesicafolcloacuterica no Brasil Autos populares no Brasil Folclore na muacutesica artistica brasileiraESTUDO DE PROBLEMAS BRASILEIROS I - Panorama geral da realidade brasileira ProblemasMorfoloacutegicos (estruturas econocircmicas) Anaacutelise do sistema econocircmico brasileiro Problemas doDesenvolvimento Econocircmico

ESTUDO DE PROBLEMAS BRASILEIROS II - Problemas soacuteciomiddoteconocircmicos Problemas politicosSeguranccedila NaCIOnal Recursos energeacuteticos do Brasil Educaccedilatildeo

CANTO I - A respiraccedilatildeo no ato vocal Treinamento da respiraccedilatildeo completa Correccedilatildeo dos defeitosrespiratoacuterios Impostaccedilatildeo da voz cantada Classificaccedilatildeo da voz Diagnoacutestico dos defeitos da vozcantada Teacutecnica reeducativa Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programaCANTO II - Exerciacutecios respiratoacuterios destinados a desenvolver o focirclego pelo emprego de frasescantadas progressivamente mais longas Impostaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo ligada em vaacuterios desenhos meloacutedicosem vaacuterios tons dentro da tessitura do aluno Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programa CANTO III - A~erfelccedilo~mento da manobra respiratoacuteria Exerciacutecios de impostaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo emdiferentes vogaIs VocalIzaccedilatildeo destacada em vaacuterios desenhos meloacutedicos em vaacuterios tons dentro datessitura Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programa adotado AudiccedilotildeesCANTO IV - Educaccedilatildeo respiratoacuteria e vocal do aluno Verificaccedilatildeo perioacutedica do trabalho por meio degravaccedilocirces Exerciacutecios de extensatildeo e agilidade Articulaccedilatildeo e pronuacutencia em vaacuterios idiomas na vozcantada Repertoacuterio de acordo com o programa adotado Canccedilotildees folcloacutericas AudiccedilotildeesCANTO V - ~ultivo da voz em amplitude maleabilidade projeccedilatildeo Ornamentos interpretaccedilatildeosegundo os estIlos Repertoacuterios cameristico e operistico Estilos claacutessico moderno e nacionalCANTO VI - T~c~ica vocal desenvolvida Canto de Cacircmera e Canto de Oacutepera Estilo InterpretaccedilatildeoCAr-TO VII - Anas de cantatas e oratoacuterios com instrumento obrigado - violino violoncelo flautaClarmeta oboeacute etc Anaacutelise e preparo de programas de recital~ANTO VIII - A muacutesica contemporacircnea as novas grafias e pesquisa dos repertoacuterios nacional emtern~cIOnal Caracteristicas do cantor camerista e do cantor de OacuteperaOlCCcedilAO 1- Linguumlistica geral Elementos foneacuteticos e semacircnticos em portuguecircs e italiano Classificaccedilatildeodos fonemas em portuguecircs francecircs italiano e espanhol Declamaccedilatildeo de poesias teatralizadas comcena e contracena em portuguecircs e espanhol

DlCCcedilAO II - Defeitos de articulaccedilacirco Exerciacutecios de reeducaccedilatildeo respiratoacuteria e vocal RegionalismoMetaplasm Va~o~izaccedilatildeo da expressatildeo oral e corporal Regras baacutesicas da elocuccedilatildeo aplicadas agravesrepres~ntaccediloes centcas Declamaccedilatildeo dc pocsias com cena e contracena em italiano c francesDlC~AO III - Classificaccedilatildeo dos fonemas alematildees e ingleses A pronuacutencia padratildeo do canto eruditonos dlferen~es Id~omas A psicologia das emoccedilotildees analisadas e aplicadas como forma de expressatildeo nasmterprtaccediloes cemcas Preparaccedilatildeo do repertoacuterio vocal em vaacuterios idiomasDI~CcedilAOI~ ~ Fundamentos histoacutericas e esteacuteticos de Dicccedilatildeo O teatro na Greacutecia e a oratoacuteria doslatmos Hlstona da teoria do - It Ifi s generos I eranos exemp I Icada com leitura expressIva de fragmentosextraldos das obras rnals representativas_Preparaccedilatildeo do repertoacuterio ecleacuteticoDECLAMACcedilAO LlRICA I A H G I - - Istona era e a Importancla de seu conhecimento para o estudoteatral Smopse histoacuteri d Ti U d ca o eatro mversal Teatro c1asSlCO greco-romano O renascimento Origens

a opera e suas modalidades O t I ges o e a mlmlca A pantomIma As expressotildees fisionocircmicasmprovlsaccedilao e sua teacutecnica

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DEPARTAMENTO 04

ACUacuteSTICA E BIOLOGIA APLICADAS Agrave MUacuteSICA I - Acuacutestica Musical Som Vibraccedilotildees sonorasFrequumlecircncia (altura) intensidade timbre Batimentos (vibrato) Ressonacircncia reverberaccedilatildeo (construccedilatildeode instrumentos musicais e acuacutestica das salas) Cordas sonoras tubos sonoros (instrumentos decorda e sopro) Interferecircncia dos sons Caracteridicas acuacutesticas dos instrumentos musicais EcoACUacuteSTICA E BIOLOGIA APLICADAS A MUacuteSICA II - Anatomo-fisiologia dos muacutesculosesqueleacuteticos Coordenaccedilatildeo motora neuro-muscular A fisiologia muscular e as teacutecnicas instrumentaisAparelhos respiratoacuterio fonador e auditivo Sistema neuro-muscular O som vocal A respiraccedilacirconormal e a respiraccedilatildeo na fonaccedilatildeo AudiccedilatildeoFISIOLOGIA DA VOZ 1- Acuacutestica Musical Som Vibraccedilotildees sonoras Frequumlecircncia (altura) intensidadetimbre Batimentos (vibrato) Ressonacircncia reverberaccedilatildeo (construccedilatildeo de instrumentosmusicais e acuacutestica das salas) Cordas sonoras tubos sonoros (instrumentos de corda e de sopro)Interferecircncia dos sons Caracteriacutesticas acuacutesticas dos instrumentos musicais EcoFISIOLOGIA DA VOZ II - Noccedilotildees gerais sobre a voz humana A voz laringea O laringe os labiosvocais Evoluccedilatildeo da voz atraveacutes da idade Hormocircnio e as caracteristicas vocais masculinas e femininasAparelho respiratoacuterio A respiraccedilatildeo normal e no Canto Respiraccedilatildeo e teacutecnicas vocaisPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL I - Exerciacutecios para memorizaccedilatildeo do LA3 Exerciacutecios ritmicos e meloacutedicosClassificaccedilatildeo auditiva de intervalos harmocircnicos e de acordes de 3 sons no estado fundamentalPercepccedilatildeo auditiva de cadecircncias harmocircnicas PesquisasPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL 11- Exercicios riacutetmicos meloacutedicos e harmocircnicos Exercicios de improvisaccedilatildeoClassificaccedilatildeo auditiva de acordes de trecircs quatro e cinco sons no estado fundamental Percepccedilatildeoauditiva de cadecircncias harmoacutenicas Pesquisas sobre assuntos do programaPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL 111- Exerciacutecios para desenvolvimento da percepccedilatildeo interior Classificaccedilatildeoauditiva dos acordes no estado fundamental e inversotildees Percepccedilatildeo auditiva das resoluccedilotildees naturaisdos acordes dissonantes PesquisaPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL IV - Percepccedilatildeo auditiva de acordes alterados e de qualquer alteraccedilatildeoharmOcircnica Percepccedilatildeo auditiva das resoluccedilotildees excepcionais dos acordes dissonantes Percepccedilatildeo auditivarepresentaccedilatildeo graacutefica e execuccedilatildeo vocal de corais a 4 vozes PesquisaHISTOacuteRIA DAS ARTES INTEGR A MUacuteSICA - Introduccedilatildeo agraves diferentes correntes das artes visuaisdesde a preacute-histoacuteria ateacute os nossos dias relacionando-as com a linguagem musical dos periodoscorrespondentes bem como a estrutura social e o pensamento filosoacutefico de cada eacutepoca e de cada povoHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA I - Origem da Muacutesica Muacutesica nos povos primitivos e nas antigascivilizaccedilotildees orientais Muacutesica grega romana bizantina primitiva igreja cristatilde Primoacuterdios da polifoniaTrovadores Notaccedilatildeo musical Instrumentos musicais na Idade MeacutediaHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA II - Desenvolvimento da polifonia Fundaccedilatildeo da oacutepera MontcverdiOacutepera italiana nos seacuteculos XVII e XVIII Oacutepcra alematilde francesa inglesa Muacutesica instrumental nosseacuteculos XVI e XVII Teorias de Zarlino e Rameau 1 S Bach e HaendelHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA III - Muacutesica instrumental inicio do seacuteculo XVIII Origcns da sonata c dasinfonia Classicismo Haydn Mozart Beethoven Romantismo Weber Schubert SchumannMendelssohn Poema Sinfocircnico Oacutepera italiana francesa alematilde do seacuteculo XIX Wagner Neoshyclassicismo Poacutes-romantismoHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA IV - Escolas nacionais russa escandinava tcheca espanhola Apogeu daescola francesa Faureacute Debussy e muacutesica contemporacircnea Escola francesa apoacutes Debussy Muacutesica germacircnicarussa italiana inglesa no seacuteculo XX Muacutesica nas Ameacutericas Muacutesica no Brasil Atualidade musicalFOLCLORE NACIONAL MUSICAL I - A muacutesica folcloacuterica no contexto soacutecio-cultural do BrasilMuacutesica canto danccedila nos rituais dos indiacutegenas brasileiros Importacircncia da muacutesica canto danccedila nas

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FLAUTA VIII - Leitura de peccedilas de vanguarda Noccedilotildees sobre problemas teacutecnicos e mecacircnicos da flautamanutenccedilatildeo e reparos Audiccedilatildeo de discos como fonte de apreciaccedilatildeo das vaacuterias escolas de flautaOBOEacute I - Introduccedilatildeo agrave alta teacutecnica e interpretaccedilatildeo Divisatildeo do instrumento Posiccedilatildeo do instrumentocom correccedilatildeo Embocadura Exame meticuloso da propriedade de tipo de instrumento e palhetas a eleapropriadas Leitura agrave primeira vistaOBOEacute II - Execuccedilatildeo do Corninglecircs Anaacutelise e interpretaccedilatildeo Respiraccedilatildeo normal e artiacutestica Emissatildeodo som Estudo de peccedilas com outros instrumentosOBOEacute III - Aperfeiccediloamento da confecccedilatildeo de palhetas para Oboeacute Analise e interpretaccedilatildeo de peccedilascom acompanhamento de piano Aperfeiccediloamento do mecanismo e da sonoridade Dedilhados Leiturae transporte a primeira vistaOBOEacute IV - Exerciacutecios de mecanismos com vistas agrave sonoridade colorido homogeneidade dos sons eregistros Sons ligados e destacados Peccedilas com acompanhamento de piano Execuccedilatildeo de peccedilas agraveprimeira vistaOBOEacute V - Aperfeiccediloamento da Alta Teacutecnica Elementos fundamentais de anaacutelise para apreciaccedilatildeo eexecuccedilatildeo das peccedilas em estudo Conservaccedilatildeo do instrumentoOBOEacute VI - Peccedilas com acompanhamento de piano Dificuldades riacutetmicas Estudo de peccedilas comoutros instrumentos Liccedilotildees praacuteticas para a confecccedilatildeo de palhetas para o Corninglecircs Palheta suaconstruccedilatildeo e tecircmperaOBOEacute VI I - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Interpretaccedilatildeo e anaacutelisede peccedilas com acompanhamento de piano Escalas em diversos tons e articulaccedilotildees variadas Estudosmeloacutedicos nos diferentes registrosOBOEacute VIII - Leitura a primeira vista de trechos mais dificultados e com ritmos alternados TransportesAnaacutelise interpretaccedilatildeo de peccedilas com acompanhamento de piano Peccedilas com outros instrumentosCLARINETA I - Embocadura evoluccedilatildeo histoacuterica e praacutetica detalhada escolha e adaptaccedilatildeo da palhetana boquilha do instrumento Execuccedilatildeo de duos Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas comacompanhamento de piano Leitura a primeira vistaCLARINETA II - Aspectos das diferentes formas de emissatildeo no instrumento dinacircmica e suaimportacircncia em relaccedilatildeo agrave embocadura Mecanismo como base teacutecnica para o equiliacutebrio da interpretaccedilatildeoEstudos e peccedilas com acompanhamento de piano Leitura a primeira vistaCLARINEIA III - Preferecircncia entre dedilhado real e seu correspondente nas passagens dificeisdurante a execuccedilatildeo do instrumento Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas com acompanh lmento de pianoLeitura agrave priacutemeira vista com transporteCLARINETA IV - Detalhes sobre a respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artiacutestica iniacutecio e terminaccedilatildeo fraseoloacutegicaemprego de diferentes articulaccedilotildees no mesmo trecho como estudo de mecanismo Execuccedilatildeo de peccedilascom acompanhamento de piano

CLARINETA V ~ Teacutecnica dc cmbocadura para o equilibrio de afinaccedilotildees Frascologia musical c seusdiferentes aspectos de interpretaccedilatildeo Execuccedilatildeo de estudos Peccedilas caracteristicas c Sonatas comacompanhamento de piano Debatcs sobre Teacutecnica e InterpretaccedilatildeoCLARINETA VI - Variantes de sonoridade para diversos coloridos no decorrer da execuccedilatildeo Teacutecnicasde tubos suas dificuldades c maneiras de facilitaacute-Ias Importacircncia dos arpejos como mecanismo ouacompanhamento Execuccedilatildeo de estudos Sonatas e Concertos com acompanhamento de pianoCLARINETA VII - Detalhes sobre as ligaduras ascendentes e descendentes intensidade do somdIlata - dccedilao expressIva a nota sustentada Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas com acompanhamento de pianoCL~RINETA VIII - Noccedilotildees histoacutericas sobre o desenvolvimento da c1arineta e seus congecircneresEfeitos de glissandos e f I t d h - d ru a os emprego e sons armomcos para faCIlItar a execuccedilao Sons eefeito nos dIferentes instrumentos da famiacutelia sons de eco defeitos de falsos crescendos Execuccedilatildeode estudos e peccedilas com acompanhamento de piano

DECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA II - Idade Meacutedia (sacras representaccedilotildees) Os cenaacuterios na Idade MeacutediaDas oacuteperas e seus autores Periodos claacutessico romacircntico moderno e contemporacircneo Fases dasexpressotildees e expansotildees dos sentimentos Nomenclatura teatral Caracterizaccedilatildeo Histoacuteria dos costumesInovaccedilotildees ceacutenicasDECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA III - Atributos necessaacuterios a um ator Origem das maacutescaras A religiatildeo noteatro Piccini Lulli Gluck Wagner Stanislawsky Shakespeare Figurinos Eletricidade Comeacutediadeli Arte Termos teatrais Anchieta e seus autos A Real Academia da Oacutepera Nacional A arte cecircnicaDECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA IV - Recitativo e suas modalidades Retotono Efeitos onomatopdicosTravesti Decors Dicccedilatildeo Cenas e contracenas Raccedilas Mis-en-sceacutenes As diversas escolasoperlsticas Interpretaccedilatildeo Estilo de peccedila e dos personagens

Disciplinas Complementares B

CANTO B I - Noccedilotildees baacutesicas sobre respiraccedilatildeo e fonaccedilatildeo Exerciacutecios objetivando a coordenaccedilatildeo darespiraccedilatildeo com a emissagraveo sonora Impostaccedilatildeo eclassificaccedilatildeo da voz Vocalises Peccedilas de autores brasileirosCANTO B II - A importacircncia da respiraccedilatildeo no canto e no fraseado musical O agente modificador dossons a ressonacircncia e articulaccedilatildeo Exerciacutecios de emissatildeo da voz sobre vogais ou siacutelabas intervalos earpejos Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeirosCANTO B III - Exerciacutecios e estudos com diferentes vogais visando ao domiacutenio completo do aparelho vocale o melhor aproveitamento da ressonacircncia Vocalises e peccedilas de diversos autores brasileiros e estrangeirosCANTO B IV - Exerciacutecios e estudos para o emprego dos diferentes graus de intensidade Sonssustentados e destacados Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeirosCANTO B V - Iniacutecio da aprendizagem de ornamentos grupetos mordentes appoggiaturas e trinadosExerciacutecios especiais Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeiros Duetos e tercetosCANTO B VI - Articulaccedilatildeo e pronuacutencia na palavra cantada Exerciacutecios e estudos para articulaccedilatildeo epronuacutencia dos fonemas nacionais e estrangeiros Pausas riacutetmicas expressivas Vocalises e peccedilasdiversas de autores brasileiros e estrangeiros em solo ou conjunto

DEPARTAMENTO 06

FLAUTA I - Praacuteticade exerciacutecios eembocadtrra noccedilotildees de respiraccedilatildeo fisioloacutegica e sua importacircncia na sonorishydade o vibrato execuccedilatildeode duas trios e quartetos execuccedilatildeode estudosepeccedilas comacompanhamento de pianoFLAUTA 11- A embocadura e as diferentes formas de emissatildeo do som respiraccedilatildeo diafragmaacutetica e suaimportacircncia em relaccedilatildeo acirc sonoridade O mecanismo como base teacutecnica Estudos e peccedilas comacompanhamento de piano duos trios quartetos leitura a primeira vistaFLAUTA III - A afinaccedilatildeo e os meios de facilitar a execuccedilatildeo e interpretar estudos e peccedilas comacompanhamento de piano duos trios e quartetos leitura agrave primeira vista certas passagensimpraticaacuteveis com o dedilhado realFLAUTA IV - Da sonoridade colorido homogeneidade dos sons e registros do instrumento teacutecnicade trilos e execuccedilatildeo de estudos e peccedilas do repertoacuterio com acompanhamento de pianoFLAUTA V - Elementos fundamentais de anaacutelise morfoloacutegica para apreciaccedilatildeo das peccedilas em estudo(estilo gecircnero e forma) Os problemas da execuccedilatildeo da muacutesica contemporacircnea Execuccedilatildeo de estudos epeccedilas com acompanhamento de piano duos trios e quartetosFLAUTA VI - Elementos fundamentais de anaacutelise morfoloacutegica (estilo geacutenero e forma)Execuccedilatildeo deestudos e peccedilas com acompanhamento de piano O repertoacuterio de muacutesica contemporacircnea para flautaFLAUTA VII - A Flauta origem e evoluccedilatildeo A Familia das Flautas e seus diferentes tipos deembocadura Sons harmocircnicos glissando flatterzung sons muacuteltiplos e outros efeitos caracteriacutesticose seu emprego na muacutesica contemporacircnea

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FAGOTE I - Introduccedilatildeo a Alta Teacutecnica e Interpretaccedilatildeo Leitura a primeira vista e transporteEmissatildeo do som Posiccedilatildeo correta do instrumento Divisatildeo do instrumentoFAGOTE II - Respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artistica Estudos e peccedilas com outros instrumentos Leitura agraveprimeira vista e transporteFAGOTE III - Ampliaccedilatildeo do estudo da clave de Doacute na 4a linha para desenvolvimento da regiatildeoaguda Aperfeiccediloamento de palhetas para Fagote Estudo de ConcertoFAGOTE IV - Iniciaccedilatildeo ao estudo de Contra-Fagote balanceadas suas diferenccedilas do InstrumentoshyTipo e distinccedilatildeo de peculiaridades Analise e InterpretaccedilatildeoFAGOTE V - Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas com acompanhamento de piano Peculiaridades eTeacutecnica de Alternaccedilatildeo Liccedilotildees praacuteticas para a confecccedilatildeo de palhetas de Contra-Fagote Execuccedilatildeo daContra-FagoteFAGOTE VI - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Histoacuteria dosInstrumentos afins Alternaccedilatildeo de registro Estudos meloacutedicos nos diferentes registrosFAGOTE VII - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Interpretaccedilatildeo eAnaacutelise de peccedilas com acompanhamento de piano e peccedilas com outros instrumentos Teacutecnica detransporte no Contra-FagoteFAGOTE VIII - Anaacutelise e Interpretaccedilatildeo dos Concertos de Mozart Weber e de peccedilas para Fegotesolo com acompanhamento de piano ou outros instrumentos Correlaccedilatildeo do manuseio e estudo dosdcmais membros da Familia Instrumental Consideraccedilotildees gerais sobre o Instrumento e seu usoTROMPA I - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos baacutesicos Desenvolvimento da teacutecnica da emissatildeo dossons com diferentes articulaccedilotildees Duos e trios de dificuldade meacutediaTROMPA II - As sete posiccedilotildees e a seacuterie harmoacutenica Staccattos e suas modalidades Exerciacutecio detransposiccedilatildeo de dificuldade meacutedia Estudos c peccedilasTROMPA III - Afinaccedilatildeo e seus problemas Desenvolvimento da pratica de transposiccedilatildeo O trinadoe suas dificuldades Estudos e peccedilasTROMPA IV - Os ornamentos e sua execuccedilatildeo A teacutecnica de arpejos Peccedilas com acompanhamento de pianoTROMPA V - Escalas cromaacuteticas exerciacutecios com articulaccedilatildeo variada A trompa e seus efeitossonoros estudo praacutetico Estudos e peccedilasTROMPA VI- Teacutecnica avanccedilada dos arpejos das escalas cromaacuteticas com articulaccedilotildees variadas e detrinado Sons boucheacutes (exerciacutecios praacuteticos) Estudos e peccedilasTROMPA VIl- A trompa dupla Faacute c Si bemol Fraseado e seus problemas de execuccedilatildeo Execuccedilatildeo deconcertos sonatas trios e quartetosTROMPA VIII - Glissando estudo dc teacutecnica adequada Anaacutelise de problemas teacutecnicos e musicais nainterpretaccedilatildeo de concertos e sonatas e ura execuccedilatildeo Duos trios c quartetos Peccedilas comacompanhamento de pianoTROMPETE I - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos baacutesicos Estudos de flcxibilidadc Execuccedilatildeo decstudos e pcccedilas com acompanhamcnto dc pianoTROMPETE II - Desenvolvimento da teacutecnica de staccattosmiddot Aspcctos das diferentes fonnas deemissatildeo no instrumento A adcquaccedilatildeo muscular no apcrfciccediloamento da embocadura Praacutetica doinstrumento Muacutesica dc conjuntoTROMPETE III - Estudo baacutesica da dinacircmica Exccuccedilatildeo de peccedilas do repcrtoacuterio sinfoacutenico Duos e triosTROMPETE IV - Estudos para o completo dominio do andamento na execuccedilatildeo Da resoluccedilatildeo dasmais complcxas estruturas ritmicas Estudo de transposiccedilatildeo Estudos c peccedilasTROMPETE V - Da origem c evoluccedilatildeo do trompete Estudo das sete posiccedilotildees Rcpertoacuterio de orquestraTROMPETE VI - O trompete os diversos tipos montagem manutenccedilatildeo e funcionamento Estudoda extensatildeo normal Sons sub-graves e agudosTROMPETE VII - O emprego dos diversos tipo de surdina Problemas da afinaccedilatildeo Emprego doTrompete na muacutesica erudita de cacircmera e na popular Peccedilas do repertoacuterio

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TROMPETE VIII - O conhecimento dos estilos Estudos avanccedilados da fraseologia na execuccedilatildeo Oinstrumentista de orquest-a e o solista Peccedilas do repertoacuterio Alta InterpretadoTROMBONE 1- Embocadura e seu desenvolvimento respiraccedilatildeo em geral postura do instrumentistamanejo do Trombone Tenor e Trombone BaixoTROMBONE II - Estudos de articulaccedilatildeo diferente em tons faacuteceis Estudos e duos Pequenos exerciacuteciossobre o trinadoTROMBONE ]lJ - Exerciacutecios de sons filados e ligaduras em todos os seus aspectos natural relativoagrave seacuterie harmoacutenica e artificialTROMBONE IV - Exerciacutecios de trinados estudos em diversos estilos transcritos para tromboneexerciacutecios sobre ligadura em geral arpejos e articulaccedilotildees diversasTROMBONE V - Exercicios de glissando ornamentos em geral escalas maiores e menores emtodos os tons exerciacutecios de escalas em terccedilas tons maiores e menores peccedilas com acompanhamentode piano arpejos

TROMBONE VI - O Trombone e seu sistema de funcionamento em bases cientificas frulato e uraaplicaccedilatildeo emprego da surdina e seus efeitos Estudos caracteristicos e peccedilas de concerto comacompanhamento de piano

TROMBONE VII - Estudos variados com aplicaccedilatildeo da teacutecnica de staccatto exerciacutecios de sonsfundamentais aplicados cm obras orquestrais exerciacutecios de escalas cromaacuteticas com articulaccedilatildeo variadacom observaccedilatildeo de precisatildeo riacutetmica e igualdade de emissatildeo

TROMBONE VIII - Realizar a leitura de diversas peccedilas de concerto com vistas ao domiacutenio dorepertoacuterio especiacutefico do instrumento

Disciplinas Complementares B

INSTRUMENTO B SOPRO I (FLAUTA) - Postura do instrumentista Emissatildeo do som na FlautaTransversal Noccedilotildees de respiraccedilatildeo Exerciacutecios sobre graus conjuntos e di~juntos

INSTRUMENTO B SOPRO II (FLAUTA) - Exerciacutecios respiratoacuterios Exerciacutecios sobre o IegatoPequenos duos Escalas com articulaccedilotildees distintas

INST~~MENT ~ SOPRO III (FLAUTA) - Estudos meloacutedicos em tons faacuteceis Introduccedilatildeo aosexercICIOS de mela dificuldade com diversas articulaccedilotildees

INSTRUMENTO B SOPRO IV (FLAUTA) - Introduccedilatildeo ao estudo das escalas mtnores e ao estudodos trinados Exerciacutecios e estudos de meia di ficuldade

INSTRUMENTO B SOPRO V (FLAUTA) - Introduccedilatildeo ao estudo dos vaacuterios tipos de ornamentos combase nos estudos de trinados Estudos e peccedilas do repertoacuterio de meia dificuldade em solo ou em conjuntoINSTRUMENTO ~ SOPRO VI (FLAUTA) - Estudo de pequenas peccedilas faacuteceis com acompanhamentode plano Duos tnos e quartetos faacuteceis

INSTRUMENTO B SOPRO I (OBOEacute) - A importacircncia da posiccedilatildeo correta ao instrumcnto formaccedilatildeoda embocadura Respiraccedilatildeo Mecanismo

INSTRUMENTO B SOPRO II (OBOEacute) - Estudo de notas brancas com dinacircmica apurada Noccedilotildeespara a conservaccedilatildeo praacutetica do instrumentoINSTRUMENTO B SOPRO III (OBOE) R - fid - esplraccedilao artlstlca e ISlOloglca Embocadura e seuesenvolvlmento Escalas em diversos tons

INSTRUMENTO B SOPRO IV (OBOE ) - _ E d - Noccediloes sobre a fabncaccedilao da palheta emIssatildeo do som

stu os e exerCICIOS de faacutecil execuccedilatildeo em solo ou em duoINSTRUMENTO B SOPRO V (OB )

OE - Escalas dlatomcas em todos os tons Passagens em tonsmaIOres e menores com d I -INSTRUM Iversas artlcu accediloes Estudos e peccedilas faacuteceis em rolo ou em conjunto

ENTO B SOPRO VI (OBOE) - E _ bull scalas mterrompldas com dIversas artlculaccediloes (dlatomcase cromatlcas) Apuro do d dlh d fi _

e I a o e Irmeza de cmlssao Execuccedilatildeo de peccedilas faacuteceis com piano

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INSTRUMENTO B SOPRO I (CLARlNETA) - Apresentaccedilatildeo da Clarineta posiccedilatildeo corretaEmbocadura e sua evoluccedilatildeo histoacuterica Dedilhados nos diferentes registros do instrumento Escolha eadaptaccedilatildeo da palhetaINSTRUMENTO B SOPRO II (CLARINETA) - Emissatildeo do som A embocadura e a dinacircmicaMecanismo elementar Execuccedilatildeo de duosINSTRUMENTO B SOPRO 1lI (CLARINETA) - Posiccedilotildees cromaacuteticas nos registros graves meacutediosagudos e superagudos Notas destacadas Praacutetica de leitura agrave primeira vistaINSTRUMENTO B SOPRO IV (CLARINETA) - Sons ligados Introduccedilatildeo ao estudo da dinacircmica nainterpretaccedilatildeo Praacutetica da respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artistica Execuccedilatildeo de pequenos duosINSTRUMENTO B SOPRO V (CLARINETA) - A problemaacutetica da respiraccedilatildeo na execuccedilatildeoDiferentes combinaccedilotildees de articulaccedilotildees destacados e suas variantes EstudosINSTRUMENTO B SOPRO VI (CLARINETA) - Histoacuterico do instrumento Desenvolvimento doestudo da respiraccedilatildeo e dos sons destacados Articulaccedilotildees variadas no mesmo trecho Estudos e peccedilasINSTRUMENTO B SOPRO I (FAGOTE) - A posiccedilatildeo individual ao instrumento Formaccedilatildeo daembocadura Mecanismo RespiraccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO II (FAGOTE) - Embocadura e seu desenvolvimento Estudosprogressivos Escalas variadas para o estudo das diferentes articulaccedilotildeesINSTRUMENTO B SOPRO III (FAGOTE) - Respiraccedilatildeo sobre o ponto de vista artiacutestico e fisioloacutegicoEmissatildeo Estudos e exerciacutecios especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO IV (FAGOTE) - Noccedilotildees sobre a fabricaccedilatildeo da palheta Escalas diatoacutenicasExerciacutecios e estudos de faacutecil execuccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO V (FAGOTE)- Ampliaccedilatildeo do estudo de notas brancas Com dinacircmicaapurada Emissatildeo do som (exerciacutecios especiais)INSTRUMENTO B SOPRO VI (FAGOTE) - Histoacuterico do Fagote Exerciacutecios praacuteticos para aconservaccedilatildeo material do instrumento Estudos progressivos com vistas agrave execuccedilatildeo de peccedilas faacuteceiscom acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMPA) - Posiccedilatildeo correta ao instrumento Maneira de embocarEmissatildeo do som Sons Fileacutes - Sons ligados e exerciacutecios sobre os mesmos Exerciacutecios para trompaINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMPA) - Continuaccedilatildeo dos exerciacutecios para Trompa LisaDedilhado da Trompa em Faacute Exerciacutecios de intervalos com articulaccedilotildees diversasINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMPA) - Exerciacutecios de escalas maiores e menores comarticulaccedilotildees diferentes Seacuterie Harmoacutenica e suas sete posiccedilotildees Estudos e exerciacutecios especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMPA) - Escalas diatocircnicas maiores e menores Estudos de staccattoe suas modalidades Exerciacutecios de Transposiccedilatildeo de dificuldade meacutedia Exerciacutecios e estudos especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO V (TROMPA) - Exerciacutecios de Transposiccedilatildeo progressivamente maisdi ficeis Escalas e arpejos com articulaccedilotildees variadas Staccatto simples nas escalas diatoacutenicas DuosINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMPA) - Escalas diatoacutenicas e cromaacuteticas com articulaccedilotildeesvariadas Afinaccedilatildeo Estudos faacuteceis e progressivos Exerciacutecios de transposiccedilatildeo com emprego da Trompasimples em Faacute Duos Efeitos obtidos na Trompa em FaacuteINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMPETE) - Postura do instrumentista Respiraccedilatildeo Emissatildeo dosom Seacuterie Harmoacutenica da Iordf posiccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMPETE) - Praacutetica de exerciacutecios respiratoacuterios Exerciacuteciosbaseados na Seacuterie Harmoacutenica da segunda posiccedilatildeo dinacircmica Escalas diatoacutenicas maiores em seminimasINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 3ordf posiccedilatildeo Escalas diatoacutenicasem colcheias Exerciacutecios sobre dinacircmicas e intervalos nas regiotildees grave media e agudaINSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 4ordf posiccedilatildeo Exerciacutecios sobrearticulaccedilatildeo e ataque do som Estudos sobre ligaduras Escalas diatoacutenicas em colcheiasEstudos e peccedilas especiacuteficas

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INSTRUMENTO B SOPRO V (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 5ordf posiccedilatildeo Estudos e mecanismocom articulaccedilatildeo variada Estudos e peccedilas do repertoacuterio em solo e em conjuntoINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 6ordf posiccedilatildeo Escalas diatocircnicasmaiores e menores em andamento raacutepido Estudos sobre Staccaltos Estudos e peccedilas do repertoacuterioem solo ou em conjuntoINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMBONE) - Exposiccedilatildeo geral sobre o instrumento e postura doinstrumentista Respiraccedilatildeo com vistas agrave formaccedilatildeo da embocaduraINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMBONE) - Afinaccedilatildeo Exerciacutecios preparatoacuterios das trecircs primeirasposiccedilotildeesINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMBONE) - Seacuterie Harmoacutenica da primeira agrave quarta posiccedilatildeoabrangendo os seis primeiros sons Exerciacutecios preparatoacuterios (faacuteceis)INSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMBONE) - Extensatildeo e registro do instrumento Estudos eexerciacutecios preparatoacuterios das 7 posiccedilotildees do instrumentoINSTRUMENTO B SOPRO V (TROMBONE) - Aplicaccedilatildeo e correccedilatildeo dos intervalas formadospelos harmoacutenicos - 3 5 e 7 Exerciacutecios preliminares de escalas maiores e intervalos diversosINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMBONE) - Exercicios preliminares sobre o Staccattosimples e pronuacutencias diferentes Exerciacutecios progressivos de escalas maiores e menores na extensatildeonormal do instrumento

DEPARTAMENTO 07

CAN~OCORAL I - Gecircneros estilos e fonnas corais cantochatildeo moteto missa cantata paixotildees eorat6nos Execuccedilatildeo de trechos corais

CANTO CORAL II - A emissatildeo de sons sustentados ligados destacados filados e a meia vozExecuccedilatildeo de obras do periodo barroco claacutessico e moderno

CANTO CORAL III - Afinaccedilatildeo em conjunto e fusatildeo das vozes Execuccedilatildeo de trechos corais doperiacuteodo claacutessico e moderno obedecida a ordem progressiva das dificuldadesCA1TO CORAL IV - Interpretaccedilatildeo com observaccedilatildeo sobre gecircnero estilos e formas corais dopendo moderno e contemporacircneo

PRATIC~ DE ORQUEST~ I - Afinaccedilatildeo instrumento adotado para orientaacute-la gesticulaccedilatildeo normale convnclOnal compassos Simples compostos alternados mistos Aplicaccedilatildeo dos assuntos estudadosexecuccedilao de ob b I PRAacute ras arrocas e c aSSlcas renomadas Aos pIanistas reduccedilatildeo ao piano das obras programadas

TICA ~E OROUESTRA II - Responsabilidade e funccedilatildeo do spalla solistas e primeiraspartes Os dlferent E Ib d _ es naipes qUi I no e sonondade e uniformidade das arcadas e da respiraccedilatildeoExecuccedila de obras b I arrocas e c aSSlcas precedida de preleccedilotildees Reduccedilatildeo para pianistasPRATICA DE ORQUESTRA III - O

- - Dlvlsao da orquestra em cordas madeiras metais e percussatildeorgamzaccedilao da banda em relaccedilatildeo a t E d

R d- orques ra xerClCIO e obras romacircnticas precedidas de preleccedilotildees

e uccedilao para plamstasPRATICA DE ORQUESTRA IV D - Dem t

- - Istmccedilao entre as orquestras de camera IInca e de concertoons raccediloes nos conJ u tmiddot

Exec - d b n os orquestrais dos assuntos abordados ateacute o terceiro periacuteodouccedilao e o ras modernas d d

PRAacuteTICA DE ORO e as emals epocas Reduccedilatildeo para os pianistasUESTRA V - P t dium mesmo ermu a e ugar no conjunto orquestral entre os executantes de

grupo para adaptaccedilatildeo em nova bId d d versa de Iordm v I o s responsa I I a es e VIOlino de fila para spalia e vice- 10 mo para 2- e Vlce-ver d I

obras orquestra d sa e so Ista para segunda parte e Vlce-versa etc Execuccedilatildeo de IS o repertono mdlcado

PRATICA DE OROUESTRA VI _An execuccedilatildeo de obras d alise resumida da partitura orquestral programada para ensaio

o repertono mdlcado T menor abaixo ou acima d ransporte a pnmelra vista de segunda de terceira maior ou

o tom ongma de trecho de obra sinfoacutenica do repertoacuterio

195

PROGRAMA DOS ESTUDOS

ESTUDOS

197

BEETHOVEN - ConcertosBARTOK - ConcertosBRITTEN - Diacuteversiacuteons para matildeo esquerdaBRAHMS - Concertos

LISZT - 6 Estudos de ConcertoMESSIAEN - EstudosMOSCHELES - Estudos op 70MOSZKOWSKY - Estudos op 72MOSZKOWSKY - 4 Grandes Estudos da Escola

das notas dobradasPAGANINI - LISZT - EstudosPHILIPP - EstudosPROKOFIEFF - 4 Estudos op 2RACHMANINOFF - Estudos op 33 e op 39RUBINSTEIN - Estudos op 23SAlNT-SAEacuteNS - EstudosSCHUMANN - Estudos op 3 e opIOSCRIABIN - EstudosSOUZA LIMA - Trecircs pequenos EstudosSTRAVINSKI - Quatro Estudos op7SZYMANOWSKY - Estudos

CONCERTOS E PECcedilAS PARA PIANO E ORQUESTRA

BACH J S - ConcertosBACH J CHRISTIAN - ConcertosBALAKIREW - ConcertosBORTKIEWICZ - Concertos op 58

ALKAN - 12 estudos op 39BARBOZA (CACILDA B) - Estudos

BrasileirosBARTOK (B) - 3 Estudos op18BORTKIEWICZ - Estudos op 15 e 29BRAHMS - EstudosCHOPIN - Estudos op 10 e 25DEBUSSY - EstudosDOHNANY - 6 Estudos de Concerto op 28FREY (EMIL) - Estudos do Suplemento O

Estudo consciente do piacuteanoFRlEDMAN (I) - EstudosGUARNIERI (C) - EstudosKULLAK - Escola das 8 duplas (2 VoI)LACERDA (O) - Oito EstudosLIAPOUNOW - Estudos op IILISZT - Estudos Transcendentais

CURSO DE GRADUACcedilAtildeO

ANEXO II

MOSlCA DE CAtildeMERA IV - Equilibrio dinacircmico e riacutetmico do conjunto cameriacutertico A meacutetrica e asmanifestaccedilotildees agoacutegicas Os diferentes timbres dos instrumentos de arco no conjunto cameriacutestico e ainterpretaccedilatildeo da obra de cacircmera

MATEacuteRIA OBRIGATOacuteRIA

I - No IQ periacuteodo seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de uma peccedila de Autor Estrangeiro Doiacutes EstudosUm Preluacutedio e Fuga de Bach2 - Nos periodos I III V VII seraacute obriacutegatoacuteria a apresentaccedilatildeo respectivamente de uma SuiacuteteFrancesa Tocata Partiacuteta Suiacutete Inglesa de J S Bach3 - No 2Q periacuteodo seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de uma peccedila de Autor Brasileiro Dois Estudos deChopin Um preluacutedio e Fuga de Bach uma Sonata4 - Nos periacuteodos II IV VI VIII e X seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de Um Concerto para piano eorquestra ou com acompanhamento de 2Q piano

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196

PRAacuteTICA DE ORQUESTRAVII- Os gestos relativos agrave dinacircmica e agrave agoacutegica praticados pelo regente gestoriacutetmico eexpressivo execuccedilatildeo de trechos de oacutepera (cena liacuterica) com a participaccedilatildeo de solistas cantores e corosPRATICA DE ORQUESTRA VIII - Execuccedilatildeo de obras orquestrais destinadas a um instrumentosolista (piano violino violoncelo etc) participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeo puacuteblica da Disciplina Praacuteticade Orquestra como atividade curricularREGEcircNCIA I - A Regecircncia o uso da batuta e seus inconvenientes movimentos (membros e toacuterax)partindo da posiccedilatildeo fundamental esquemas de gesticulaccedilatildeo relaxamento muscular Compassos simplescomposto alternado e misto preleccedilotildees e debates Exerciacutecios com acompanhamento de pianoREGEcircNCIA II - Gestos preventivos e anacruse descriccedilatildeo graacutefica dos gestos Exemplos dasoperaccedilotildees de divisatildeo e subdivisatildeo omissatildeo de gestos classificaccedilatildeo dos mesmos terminologia usualAmplificaccedilatildeo em conjuntos orquestraisREGEcircNCIA III - Particularidades dos gestos essenciais secundaacuterios normais dinacircmica e agoacutegicapausas andamentos metroacutenomo leitura e transporte Aplicaccedilatildeo em conjuntos Orquestrais da mateacuteriadada tendo por base obras barrocas e claacutessicasREGENCIA IV - Tempos fortes e fracos contratempo valores negativos gestos emitidos sentidosvisual e auditivo direccedilatildeo do som Aplicaccedilatildeo em conjuntos orquestrais da mateacuteria dada tendo por baseobras claacutessicas reduccedilotildees ao pianoREGEcircNCIA V - Conhecimento da partitura forma gecircnero estilo orquestraccedilatildeo memorizaccedilatildeotonalidades principais simbolos meacutetricos entradas e saldas de instrumentos Aplicaccedilatildeo em conjuntosorquestrais da mateacuteria dada tendo por base obras romacircnticas e modernasREGEcircNCIA VI - Esquema riacutetmico da partitura anaacutelise critica de obras processos de automatizaccedilatildeodos gestos atraveacutes de esquemas ritmicos preacute-estabelecidos a orquestra e o solista Execuccedilatildeo emgrande orquestra de obras modernas e contemporacircneasTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO I - Testes de aptidatildeo e exerciciacuteospreparatoacuterios para a leitura agrave primeira vista transposiccedilatildeo e acompanhamento ao piano Estudo dosproblemas gerais da transposiccedilatildeo (regras praacuteticas utilizaccedilatildeo de claves e outros processos didaacuteticos)Definiccedilatildeo e consideraccedilatildeo sobre a arte de acompanharTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO II - Transposiccedilatildeo sobre trechospoli foacutenicos a duas partes com apresentaccedilatildeo perioacutedica de testes Execuccedilatildeo de acompanhamento devocalises (ciclo tonal) Ensaio de peccedilas com solistas cantores e instrumentistas Estudo dos problemasriacutetmicos e sonoros no acompanhamento Conhecimento dos textos literaacuterios musicadosTRANSPOSICAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO III - Transposiccedilatildeo de trechos dos doisestilos polifocircnico e harmoacutenico Acompanhamento de peccedilas incluindo concertos obras do gecircnerolirico Lied e congecircneres Acompanhamento transportado Demonstraccedilatildeo da transposiccedilatildeo a todos osintervalos Histoacuterico do acompanhamento Particularidades interpretativas dos estilos claacutessicoromacircntico e contemporacircneoTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO IV - Transposiccedilatildeo (exerciacutecios progressivos)Conhecimento do repertoacuterio tradicional de obras para acompanhamento Scleccedilatildeo de peccedilas para examefinal e ensaios de conjunto Problemas de adaptaccedilatildeo no acompanhamento de solistas principiantes evirtuoses Aquisiccedilatildeo do tirociacutenio e senso artistico-profissional do acompanhadorMUacuteSICA DE CAtildeMERA 1- Muacutesica de Cacircmera definiccedilatildeo PraacuteticJ dos seguintes conjuntos cameristicode arco de sopro transposiacutetores ou natildeo com ou sem a participaccedilatildeo do piano Estudoem conjunto de exerciacutecios teacutecnicos escalas arpejos vibrado e demais elementos da teacutecnica cameriacutesticaMUacuteSICA DE CAtildeMERA II - Disposiccedilatildeo das diferentes conjuntos cameriacutesticos de arco sopro epercussatildeo Execuccedilatildeo de exerciacutecios teacutecnicos em conjuntos Adaptaccedilatildeo do executante ao gecircnero camerlsticoMUacuteSICA DE CAtildeMERA III- Comunicaccedilatildeo e afinidade entre os componentes do conjunto cameriacutesticoIgualdade de importacircncia de todos os executantes na realizaccedilatildeo da obra de cacircmera Anaacutelise da partiturae sua compreendo auditiva

AUTORES BRASILEIROS

CONCERTOS E PECcedilAS PARA PIANO E ORQUESTRA

CICLO BAacuteSICO

TAVARES (HEKEL) - ConcertoVILLA-LOBOS - Concerto

CHOPIN - Notumos op IS ns I e 2 op 55 n 2CHOPIN - Polonaises op 26 nso I e 2 op 40

ns I e 2CHOPIN - Polonaise poacutestuma em Sol Sustenido

MenorCHOPIN - PolonaisesPoacutestumasop 71nsI2e3CHOPIN - Mazurcas op 7 n3 op 17 N 4

op 24 n 4 op 30 n3 op 33 n2 op 41 n4 op 50 nS1 e 2 op 63 n I

CLEMENTI - Suites do Gradus ad PamassumCOPLAND - Four Piano BluesCZERNY - Toccata op 92DEBUSSY - Childrens ComerDEBUSSY - Jardins Sous la PluieDEBUSSY - Homage a HaydnDEBUSSY - La Soireacute dans GreacutenadeDEBUSSY - DanseDEBUSSY - Preluacutedios - Voiles

- Seacutereacutenade Interrompue- La Catheacutedrale Engloutie- Mistrels

DEBUSSY - BaladaDOHNANY - CaprichosFAUREacute - ImprovisosFAUREacute - Romances Sem PalavrasFALLA - Danccedila Ritual do FogoFRANCcedilAIX (JEAN) - Portraits de Jeunes FilIesFRANCK (C) - Preluacutedio - Fuga e VariaccedilatildeoGERSHWIN - PreluacutediosGLUCK (C H) - Ballet des Ombres heureusesGRANADOS - Allegro de ConcertoGRANADOS - cuentos para la juventudGRANADOS - Rapsoacutedia AragonezaGRANADOS - Valsas PoeacuteticasGRIEG - Notumos (exceto op 54 n 4)GRIEG - Romance op ISGRIEG - Folhas daacutelbum op 28GRIEG - Melodias norueguesas op 66HAENDEL - Suites (I Q e 2ordm vols)

199

PERiacuteODOS I II III IV

REPUBLICANO (A) - ConcertosSANTORO (C) - Concertino

PECcedilASALBENIZ - EvocacionALBENIZ- AragonALBENIZ - EI PoloALBENIZ - EI PuertoDALBERT - Sonata op 10ARENSKY - Basso obstinatoARENSKY - Trois esquisses op 24BACH (J S) -Cravo bem temperadoBACH (1 S) - Suiacutetes FrancesasBACH (J S) - TocatasBACH (1 S) - CoraisBACH (J S) - CantatasBACH (J S)- SAINT-SAENS - Abertura da

28ordf CantataBACH (Ph Eo) - SonatasBARTOK (BELA) - Mikrokosmos (VI vol)BARTOK (BELA) - SonatinaBARTOK (BELA) - Bagatelas op6BRATOK (BELA)- Elegias op 8BEETHOVEN - Bagatelas op 119BEETHOVEN - Rondoacute op 51 n 2BEETHOVEN - 24 Variaccedilotildees em Reacute MBEETHOVEN - Sonatas op 2 ns 2 e 3 op 7

op 13 op 22 op 27 ns I e 2 e op 54BEETHOVEN - 6 Variaccedilotildees op 34BEETHOVEN - Rondoacute op 129BRAHMS - Romance opo 118BRAHMS - Danccedilas HuacutengarasBRAHMS - Rapsoacutedia op 119BRAHMS - CaprichosCHABRIER - 10 Peccedilas pitorescasCHOPIN - Improviso op 29 n ICHOPIN - Fantasia - Improviso op 66CHOPIN - Rondoacute op I

CHOIN - Variaccedilotildees sobre aacuteria alematilde (O pequenoSUISSO)

CHOPIN - Preluacutedios (poacutestumos) op 45CHOPIN - Valsas op 34 n 3 op 70 n ICHOPIN - Valsa Poacutestuma em Mi m

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GUARNIERI (C) - ConcertinoGUARNIERI (C) - SerestaGUERRA PEIXE - ConcertinoJABOR (NAJLA) - Concerto em Laacute MaiorMAUL (O) - ConcertoMIGNONE (F) - Iordf e 2ordf Fantasias BrasileirasOCTAVIANO (J) - ConcertoOSWALD (H) - Tema com VariaccedilotildeesOSWALD (H) - Concerto op 10RAYMUNDO (O) - Concerto

MARTINU - ConcertosMARTINU - ConcertinoMENOTTI - ConcertoPADEREWSKY - ConcertoPFITZNER - ConcertoPROKOFIEFF - ConcertosRACHMANINOFF - ConcertosRACHMANINOFF - Rapsoacutedia sobre um tema

dePaganiniRAVEL - Concertos em Sol MaiorRAVEL - Concerto para matildeo esquerdaRIMSKY-KORSAKOW - Concerto op 30RIMSKY-KORSAKOW - Seis FugasRIMSKY-KORSAKOW - Seis Variaccedilotildees sobre

o tema de Bach op 50RUBINSTEIN (A) - ConcertosSAINT-SAENS - ConcertosSHOSTAKOVICH - ConcertosSCHUMANN - Concerto op 54SCHUMANN - Allegro de Concerto com

Introduccedilatildeo op 14SCHUMANN - Introduccedilatildeo e Allegro

appassionato op 92SCRIABINE - ConcertoSTRAUSS - BurlescaSTRAWINSKI - CaprichoSZYMANOWSKI - Sinfonia ConcertanteSZYMANOWSKI - ConcertoTSCHAIKOWSKY -ConcertosVIVALDI- Concerto em Reacute MenorWEBER - Konzertstuch

198

ANES (CARLOS) - Fantasia SinfocircnicaANES (CARLOS) - ConcertoALMEIDA (CARLOS) - Introduccedilatildeo agrave Danccedila

BrasileiraFERNANDEZ (L) - ConcertoGNATALLI (R) - ConcertosGNATALLI (R) - BrasilianaGUARNIERI (C) - ConcertosGUARNIERI (C) - Variaccedilotildees sobre tema

Nordestino

CHOPIN - ConcertosCHOPIN - Grande Fantasia op3CHOPIN - Cracoviac op 14CHOPIN - Adante Splanato e Grande Polonaise

brilhanteDlTTERSDORF - ConcertosDVORAK - ConcertoFALLA - Noites nos Jardins de EspanhaFAuREacute - BalladaFRANK (CEacuteSAR) - Variaccedilotildees SinfocircnicasFRANCcedilAIX (J) - Concerto - ConcertinoGERSHWIN - Concerto em FaacuteGERSHWIN - Rhapsody in BlueGLAZOUNOW - Concerto op 92GRIEG - Concerto op16HAYDN - ConcertosHINDEMITH (P) - tema com Variaccedilotildees (Os 4

temperamentos)KABALEWKY - Concerto op 23KHACHATURIAN - ConcertoKODALY - Danccedilas de Galanta e de MorascekLIAPOWNOW - Concerto op 4 e op 23LISZT - ConcertosLISZT - Danccedila macabraLISZT- Rapsoacutedia Huacutengara n 2LISZT - Rapsoacutedia EspanholaMAC-DOWELL - Concertos op 15 e op 23MAX-REGER - Concertos op 114MENDELSSOHN - ConcertosMENDELSSOHN - Capricho brilhanteMOSKOWSKY - Concerto op 59MOZART - Concertos

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS

PERIacuteODOS I II III IV

HAYDN - Andante com VariaccedilotildeesHAYDN - Sonatas ns 16912131516 e 18IBERT (1) - Les rencontresDINDY (V) - Tableaux des voyages op 33KABALEWKSY - Preluacutedio op 38KABALEWKSY - Variaccedilotildees op 40KABALEWKSY - Sonatina op 13KARGANOFf - Miniaturas op 10KARGANOFF - Pres dun rousseau op 27KODALY - Danccedilas de GalanteKODALY - Danccedilas mourescasLlAPONOW (S) - HumoresqueLlAPONOW (S) - Six morceaux facilesLIAPONOW (S) - Chant de Noel op 41 nAL1SZT - 3 noturnosLlSZT - Valsa ImprovisoL1SZT - Capella de Guilherme TellL1SZT - Au lac de WallensteinLISZT - Valleacutes dObermanLISZT - Le mal du paysL1SZT - SposalizzioLISZT - rapsoacutedias huacutengaras ns I 4 6 8 e IILISZT - Cacircnticos de AmorLISZT - Soireacutees de ViennaMAC-DOWEL - Polonaise op 46 n 12MAC-DOWEL - Danccedila das BruxasMAC-DOWEL - Danccedila das SombrasMAC-DOWEL - Lieders op 58 e op 60MARTINI - PreluacutediosMARTINI - Esquisses de DansesMARTINI - RitournellesMARTINU - PolcasMENDELSSOHN - Fantasia op 16 n IMENDELSSOHN - PrestoMENDELSSOHN - Scherzo op 16 n2MENDELSSOHN - Sobre as asas de um sonhoMENDELSSOHN - Rondoacute caprichoso op 14MARCELLO (8) - Tocata cm Sol mMOMPOU - Canccedilotildees e Danccedilas (de I a lO)MOMPOU - SousbourbisMOSKOWSKY - Valsa op 34 n1MOSKOWSKY - LajongleuseMOUSSORGSKY - IntermezzoMOZART - Variaccedilotildees K 353 K 354 K 455 K

500 K 613MOZART - Fantasia e Fuga K 394MOZART - Sonatas K 279 K 281 K 309 K

332 e K 570

MOZART - Adaacutegio em Si mNIN (1) - Danccedila IbeacutericaNIN (1) - Danccedila MurcianaPOULENC - PrestoPOULENC - Suite FrancesaPROKOFIEFF - 10 Peccedilas op 12PROKOFIEFF -2 Sanatinas op 54 ns I e 2PROKOFIEFF -Marcha (Amor das 3 laranjas)PROKOFlEFF - Visotildees fugitivas op 22PROKOFlEFF - 4 peccedilas op 32RACHMANINOFf - 6 Momentos Musicais

op16RACHMANINOFf - Preluacutedios op 23 ns 4 5

e 6 op 32 ns 5 e 12RAVEL - Minueto sob o nome de HaydnRAVEL -PreluacutedioRAVEL -Preluacutedio Fuga Forlane e Rigaudon

(Tombeau de Couperin)REGER (MAX) - Sonatinas op 89REGER (MAX) - Silhouettes op 53REGER (MAX) - 10 Peccedilas op 44RIMSKY-KORSAKOFf - NoturnoRIMSKY-KORSAKOFF - AlIegroRUBINSTEIN - Sonatas op 12 n I op 20 n

2 op 41 n 3SAINT-SAENS - 6 Fugas op 161SCARLATTI - Sanas n 7 (Sol M) n 8 (Sol m)

n 13 (Reacute m) n 15 (Laacute m) n 21 (Sol M)SCHOENBERG - 3 Peccedilas op IISCHOENBERG - 6 Peccedilas op 19SCHOENBERG - 5 Peccedilas op 23SCHOSTAKOVICH - 3 Danccedilas fantaacutesticasSCHOSTAKOVICH - 8 Preluacutedios op 2SCHOSTAKOVICH - Danccedila da Idade de ouro

op 22SCHUBERT - Improvisos op 90SCHUBERT - 3 Peccedilas para Piano (Mi b menor-

Mi b M - Doacute M)SCRIABIN - PreluacutediosSCRIAEIN - ImprovisoSCHUMANN - Peccedilas- Fantasias op 12 ns 2

5e7SCHUMANN - Cenas Infantis op 15SCHUMANN - Variaccedilotildees op I (sobre o nome

de Abegg)SCHUMANN - Schrezo Giga Romances e

Fuguetas op 32

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SCHUMANN - Improvisos sobre o tema deClara Wieck op 5

SCHUMANN - Noveletes op 21 (exceto as den 7 e 8)

SCHUMANN - Cenas da Floresta op 82SCHUMANN - Blumenstuumlk op 19SCHUMANN - LISZT - A ma fianceacuteeSEVERAC - CerdanaSEVERAC - En LanguedocSMETANA - Danccedilas TchecasSMETANA - ValsasSMETANA - PolcasSZIMANOWSKI - Polca da BoeacutemiaSZIMANOWSKI - Mazurcas op 50 e 62

PECcedilASALENCAR PINTO (A) - NotumoALlMONDA (H) - Estudos em terccedilas n 3ALMEIDA (CARLOS) - lordf SerestaALMEIDA (CARLOS) - CarioquinhaALMEIDA (CARLOS) - Miniaturas n 3ALMEIDA (CARLOS) - Ritmos Cariocas (2~

Seacuterie)ANES (CARLOS) - RiachoANES (CARLOS) - A rendilheiraANES (CARLOS) - O ventoANES (CARLOS) - CurrupioANES (CARLOS) - Templo ChinecircsANES (CARLOS) - HomenagensANES (CARLOS) - PreluacutediosANES (CARLOS) - Pinoacutechio

BARROSO NETTO - Danse des fantochesBARROSO NETTO - Feux folletsBARROSO NETTO - Em caminhoBARROSO NETTO - RedemoinhoBARROSO NETTO - ScherzettoBARROSO NETTO - Galhofeiro

BELLlNGHAUSEN (O T) - A japonezinhaalegre

BILHAR(BRANCA) - Samba SertanejoBRANDAO (1 VIEIRA) - Preluacutedios ns I e 4CAMPOS (1 ARAUacuteJO) bull Estado dal~aCAMPos (1 ARAUacuteJO) - Poema da Saudade

201

SZIMANOWSKI - Fantasia op 14SZIMANOWSKI - Sonata RomacircnticaTURINA - Cuentos de Espaiia op 20TSCHAIKOWSKY - Valsas - Scherzo op 7

op59

TSCHAIKOWSKY - Impromptu em Laacute b MUGARTE - De mi tierraUGARTE - Voces deI pajonalUGARTE - Crepuacutesculo camperoUGARTE - Carnaval provincianoVIANNA DA MOTTA - Vito op IIWEBER - Polaca brilhante op 72WEBER - Presto em Doacute Maior

WILLIAMS (ALBERTO) - En la sierra op 32

CAMPOS (1 ARAUacuteJO) - Estudo em Forma deToada

CANTUacute (A) - Iordf Rapsoacutedia BrasileiraCARVALHO (D) - Paacutessaro TristeCASTRO (A) - Estudo op 23COSME (L) - Saci-perecircreFAGNANI (O) - Preluacutedio n 4

FAGNANI (O) - Valsa Romacircntica (Seresteira)FERNANDEZ (L) - Idilio op IS n2FERNANDEZ (L) - AngelusFERNANDEZ (L) - La brasilianaFERNANDEZ (L) - Preluacutedios do Crepuacutesculo

ns 2 e 4

FERNANDEZ (L) - 2~ Suite BrasileiraFERNANDEZ (L) - PirilamposFlUZA (V) - Suiacutete romacircnticaFIUZA (V) - DivertimentoFIUZA (V) - DivagaccedilotildeesFIUZA (V) - Preluacutedio e FugaFRANCcedilA (L) - SombrasGNATALLl (R) - ValsasGNATALLl (R) - TocataGALLET (L) - SertanejaGOacuteES (C F) BarcarolaGOacuteES (C F) - TarantelaGUARNIERI (C) - Canccedilatildeo SertanejaGUARNIERI (C) - Toada Triste

CICLO PROFISSIONAL

PERIacuteODOS V VI VII VII IX X

VILLA-LOBOS - Agrave procura de uma Agulha(Ciranda n 13)

VILLA-LOBOS - A ca~lOa virou (Ciranda n 14)VILLA-LOBOS - Aria n III (Bachianas

Brasileiras nA)

VILLA-LOBOS - Miudinho n IV (BachianasBrasileiras n 4)

VILLA-LOBOS - As trecircs MariasVILLA-LOBOS - Saudades das Selvas Brasileiras

ns 12 e 3VILLA-LOBOS - Choros n 2VILLA-LOBOS - Idiacutelio na Rede (Suiacutete Floral

op 97 n I)

VILLA-LOBOS - Uma camponesa cantadeira(Suiacutete Floral op 97 n 2)

VILLA-LOBOS - O gato e o ratoVILLA-LOBOS - Moreninha (Prole do bebecirc n2)VILLA-LOBOS - Mulatinha (Prole do bebecirc n 4)VILLA-LOBOS - Negrinha (Prole do bebecirc n 5)VILLA-LOBOS -O polichinelo (Prole do bebecirc n 7)VlLLA-LOBOS - Valsa Mistica

BACH -Capricho em Si b M (Sobre a despedidade seu dileto irmatildeo)

BACH - fantasia cromaacutetica e fugaBACH - Preluacutedios e Fugas em Mi e Mi b MBACH - Grande Fantasia e Fuga em Laacute mBACH - Variaccedilotildees GoldbergBACH-BOSKOFF - Tocata em Reacute MBACH-BOSKOFF - Preluacutedio em Sol MBACH-BOSKOFF - Concerto em Doacute M para oacutergatildeoBACH-BUSONI - Preluacutedios e Fugas para Oacutergatildeo

em Reacute MeMi bMBACH-BUSONl- Preluacutedio Fuga e Allegro em

MibMBACH-BUSONI - 9 Preluacutedios Corais para Oacutergatildeo

transcritos para pianoBACH-BUSONI-FantasiaAdaacutegio e Fuga em Doacute mBACH-BUSONI - Chaconne

203

SIQUEIRA (JOSEacute) - Iordf ValsaSOUZA (F GURGULINO) - Capricho

BrasileiroSOUZA LIMA (1) - PreluacutedioSOUZA LIMA (1) - Iordf ValsaSOUZA LIMA (1) - Maria n 4 (Peccedilas

Romacircnticas)SOUZA LIMA (1) - Serenidade n 7 (Peccedilas

Romacircnticas)SOUZA LIMA (1) - Arabesco n 8 (Peccedilas

Romacircnticas)VIANA (FRUTUOSO) - Danccedila de NegrosVIANA (FRUTUOSO) - Berceuse do SabiaacuteVILLA-LOBOS - Vamos Atraacutes da Serra Calunga

(Cirandinha n 8)VILLA-LOBOS - Senhora D Sancha (Ciranda n 3)VILLA-LOBOS - O cravo brigou com a rosa

(Ciranda n 4)VILLA-LOBOS - Nesta rua Nesta rua (Crianda

n II)

PECcedilASALBENIZ - RondefiaALBENIZ - LavapieacutesALBENIZ - TrianaALBENIZ - NavarraALBENIZ - EritafiaALBENIZ - AlmerlaALBENIZ - AzulejosALBENIZ - MaacutelagaALBENlZ - Fecircte de Dieu agrave SevilhaALBENIZ - lerezALBENlZ - El AlbaicinBACH - Cravo bem temperadoBACH - PartitasBACH - Suiacutetes inglesasBACH - CoraisBACH - SonatasBACH - Concerto Italiano

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NAZARETH (E) - Brejeiro (Tango)NAZARETH (E) - Ameno Resedaacute (Tango)NAZARETH (E) - Bambino (Tango)NEPOMUCENO (A) - Cloches de NoelNEPOMUCENO (A) - NoturnoNEPOMUCENO (A) - Noturno para matildeo

esquerdaNOBRE (MARLOS) - Iordm Ciclo NordestinoNOBRE (MARLOS) - NazarethianaOCTAVIANO (1) - Allegro molto agitatoOCTAVIANO (1) - EstudosOLIVEIRA (BABI) - Tu doce poemaOLIVEIRA (BABI) - Caboclo amazonenseOSWALD (H) - Duas Valsas-Capricho op IIOSWALD (H) - Polonaise op 34OSWALD (H) - Tarantela op 14 n3OSWALD (H) - Sur la plageOSWALD (H) - Romance op 7 n2OSWALD (H) - SerenatelaOSWALD (H) - En nacelleOSWALD (H) - II neigeOSWALD (H) - valsa-improviso op 12 n 2PEIXE (GUERRA) - Sonatinas ns I e 2PEIXE (GUERRA) - Suites ns 2 e 3PEREIRA DA SILVA (ANNA C) - Estudos em

Sol Maior e Doacute MaiorPINTO (O) - Cenas Infantis (completo)PRIOLLI (MARIA LUISA) - PapillonsPRIOLLI (MARIA LUISA) - ArabescoPRIOLLI (MARIA LUISA) - Fuga e PostluacutedioPRIOLLI FONSECA (MARISA) - Suite

Brasileira Moda - Caixinha de Muacutesica shyEmbolada

QUEIROZ (B) - Tema variadoRAMOS (MIRIAM) - Cinco peccedilas brasileiras

sobre temas folcloacutericosREBELLO (A) - Visatildeo Gudi (Ponteio n 3)REBELLO (A) - Curupira (Ponteio n 5)REBELLO (A) - Velha EstampaREBELLO (A) - Choro em oitavasREIS (HILDA) - Valsa n 3SANTORO (C) - Estudo n 2SANTORO (C) - FrevoSANTORO (C) - Paulistanas ns 4 e 7SIQUEIRA (1 BAPTISTA) - CarapiaacuteSIQUEIRA (1 BAPTISTA) - Suiacutete dos BemoacuteisSIQUEIRA (JOSEacute) - Chorinho

202

GUARNIERI (C) - SonatinasGUARNIERI (C) - Ponteios ns 2 3 5 II 12

1718202425272829313334353641 e 50

lABOR (NA1LA) - longo1ABOR (NA1LA) - Somente Saudade (Vaisan 5)lABOR (NA1LA) - Noturno n 2KORENCHENDLER (HD) - Sonatina op loKRIEGER (E) - SonatinaLACERDA (O) - Suite n ILACERDA (O) - Brasilianas ns 2 5 7LACERDA (O) - Cromos (4ordm caderno)LEAL (DULCE S R) - Preluacutedio e TocattaLEVY (A) - Allegro apassionatoLEVY (A) - Improviso-CaprichoLEVY (A) - SchumanianaLEVY (A) - 4ordf Valsa Lenta op 32LYRA (DIVA) - Estudos ns 2 3 e 7LYRA(D1VA)-ReflexosMAUL (O) - Valsas Poeacuteticas ns I e 2MAUL (O) - Xocirc PassarinhoMAUL (O) - Tema e VariaccedilotildeesMAUL (O) - Suite (Preluacutedio Toada e Polca)MAUL (O) - RomanceMAUL (O) - Cantilena das aacuteguasMAUL (O) - PaisagemMIGNONE (F) - Valsa em Sol MaiorMIGNONE (F) - QuebradinhoMIGNONE (F) - O velho o menino e o burroMIGNONE (F) - Cinco peccedilas para pianoMIGNONE(F)- Valsas de Esquinans 89 10e IIMIGNONE (F) - CongadaMIGNONE (F) - Doccedilura de manhatildezinha frescaMIGNONE (F) - Preluacutedios ns 2 3 4 e 5MIGNONE (F) - LunduacuteMIGUEZ (L) - Noturnos op 10 op 20 n IMIGUEZ (L) - Bavardage op 24 n 4 (Cenas

Iacutentimas)MOURA (A M PORTO) - SonataNATTHO HENN - Paacuteginas do SulNATTHO HENN - A carretaNAZARETH (E) - Improviso (Estudo de

Concerto)NAZARETH (E) - Pierrot (Choro)NAZARETH (E) - Odeon (Tango)NAZARETH (E) - Apanhei-te cavaquinhoNAZARETH (E) - Escovado (Tango)

INFANTE (MANUEL) - GitaneriasDINDY (VINDENT) - Sonata op 63JARVACH (Ph) - Sonatina op 18JOLIVET (A) - Cinq danses rituellesKABALEWSKY - SonatasKABALEWSKY - Tema e Variaccedilotildees op 29KHATCHATURIAN - TocataLIAPOUNOW - Preluacutedio e Fuga op 58LIAPOUNOW - Mazurcas op 19 e 21LIAPOUNOW - Sonata op 27LISZT - Sonetos de PetrarcaLISZT - Au bord dune sourceLISZT - Rapsoacutedias Huacutengaras ns 2 9 lO 12

13 14 e 15 (Rackoczy Marsch)LISZT - Rapsoacutedia EspanholaLISZT - Tarantela Veneza e NaacutepolesLISZT - Variaccedilotildees sobre um tema de BachLISZT - SonataLISZT - Fantasia e Fuga sobre o nome de BachLISZT - Danccedila da MorteLISZT - Mefisto-ValsaLISZT - Scherzo e MarchaLISZT - Le rossignolLISZT - Lesjeux deau agrave la ville dEsteLISZT - OrageLISZT - FuneraisLISZT - S Francisco de Assis pregando aos

paacutessarosLISZT - S Francisco de Paula caminhando sobre

as ondasLISZT - PolonaisesLISZT - BaladasLISZT - Apres une lecture de DanteMAC-DOWELL - SonatasMARTIN (B) - Preluacutedio em forma de EstudoMEDTNER - Balada op 27MENDELSSOHN - Moto perpeacutetuo op 119MENDELSSOHN - caprichos op 33MENDELSSOHN - Andante com variaccedilotildees op 82MENDELSSOHN - Fantasia op 28MENDELSSOHN - 6 Preluacutedios e Fugas op 35MENDELSSOHN - Preluacutedio e Fuga em Mi

menorMENDELSSOHN - Variaccedilotildees SeacuteriasMENDELSSOHN - Sonho de uma noite de veratildeoMESSIAEN (O) - PreluacutediosMESSIAEN (O) - Fantasia Burlesca

205

_La terasse des audiences du clair de luneDEBUSSY - MasquesDEBUSSY - Suite Bergamasque Preacutelude -

Meacutenuet - Clair de Line - PassepiedDEBUSSY - PagodesDOHNANY - Variaccedilotildees e Fuga op 4DOHNANY - RapsoacutediasDUCASSE (ROGER) - Estudo em Sol MDUKAS (PAUL) - Sonata em mi b mFAUREacute - Tema e Variaccedilotildees op 73FAUREacute - BarcarolasFAUREacute - NoturnosFAUREacute - Valsas-Caprichos op 30 op 38 op

59op62FAUREacute - Balada op 19FAUREacute - 8 Peccedilas brevesFRANCK (C) - Preluacutedio Aacuteria e FugaFRANCK (C) - Preluacutedio Coral e FugaFRANCK (C) - 3 Grandes CoraisFAIRCHILD (BLAIR) - Le bateauFALLA (M) - 4 Peccedilas Espanholas - Aragoneza

Cubana Montanhesa e AndaluzaFALLA (M) - Fantasia IbeacutericaFALLA (M) - Fantasia PoeacuteticaFALLA (M) - Danccedila do TerrorFRESCOBALDI-RESPIGHI - Tocata e Fuga em

LaacuteMGINASTERA (ALBRETO) - SonataGLAZOUNNOW - Suite para piano op 2GLAZOUNNOW - Sonata op 129GODOWSKY - SonataGRANADOS - GoyescasGRETCHANINOFF - Sonata op 75GRETCHANINOFF - Romance e Variaccedilotildees op 51GRIEG - Sonata op 7GRIEG - Baladas op 9 e op 24GRIEG - Valsas-Caprichos op 37GRIEG - Danccedilas Ruacutesticas norueguesas op 72HAAS (J) - Sonatas op 6 ns I e 2HAYDN - Sonatas ns 19 e 20HENDRIKS - Fantoches

HINDEMITH - Peccedilas para piano op 37 e 37 bisHINDEMITH - SonatasHINDEMITII - Ludus TonalisINFANTE (MANUEL) - Sevillanas

(Impressions de retes agrave Seville)INFANTE (MANUEL) - EI Vile (versatildeo A)

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CHOPIN - BaladasCHOPIN - BarcarolaCHOPIN - Fantasia op 49CHOPIN - Allegro de ConcertoCHOPIN - Rondoacutes op I op 5 e op 16CHOPIN - Variaccedilotildees op 12CHOPIN - BerceuseCHOPIN - BoleroCHOPIN - TarantelaCHOPIN - Valsas op 18 op 34 n I e op 42CHOPIN - 24 Preluacutedios op 28CHOPIN - Noturnos op 9 n3 op 27 ns I e 2

op 32 n 2 op 37 n 2 op 48 ns I e 2 Op62 ns I e 2

CHOPIN - Polonaises op 44 op 53 op 61CHOPIN - Mazurcas op 30 n 4 op 33 n 4

op 41 n I op 50 n 3 op 56 ns I e 3 op59 n 3 op 68 ns I e 2

CHOPIN - Andante Splanato e Grande PolonaiseBrilhante

CHOPIN - Polonaise-Fantasia op 61CLEMENTI - Sonatas op 40 ns 2 e 3DEBUSSY - LIsle joyeyseDEBUSSY - Suite pour le piano Preluacutedio

Sarabanda e TocataDEBUSSY - Imagens (1 Caderno) - Reflets

dans Ieau- Hommage agrave Rameau- MouvementDEBUSSY - Imagens (2 Caderno) - Cloches agrave

travers les feuilles- Et la lune descend sur le temple qui fut- Poissons dorDEBUSSY - Preluacutedios - Le vent dans la pleine- Ce qua vu le vent dOuest- La danse de puck- Brouillards- Les feacutees sont dexquises danseuses- Ondine- Les tieces ai temes- Feux dartifice- Les Sons et les parfums tornent dans lair du

soir- Les collines dAnacapri- Feuilles mortes- La puerta dei vino- General Lavine

204

BACH-BUSONI - Tocata e Fuga em Reacute m paraOacutergatildeo

BACH-BUSONI - Tocata Intermezzo e Fugapara Oacutergatildeo em Doacute M

BACH-LISZT - 6 Preluacutedios e FugasBACH-LISZT - Fantasia e Fuga em Sol mBACH-LISZT - Preluacutedio e fuga para OacutergatildeoBACH-SILOTTI - Preluacutedio em Sol m para OacutergatildeoBACH-STRADALL - Concerto para OacutergatildeoBACH-TAUSIG - Tocata e Fuga em Reacute m para

OacutergatildeoBACH (w F) - Fantasia e Fuga em Laacute mBALAKlREW - ScherzosBALAKIREW - IslameyBARBER (SAMUEL) - SonataBARTOK (BELA) - SonataBARTOK (BELA) - Allegro BaacuterbaroBARTOK (BELA) - Suiacutete op 14 (completo)BARTOK (BELA) - Improvisaccedilotildees op 20

(completo)BARTOK (BELA) - Danccedilas RomenasBARTOK (BELA) - Danccedilas BuacutelgarasBEETHOVEN - 32 Variaccedilotildees em Doacute mBEETHOVEN - 33 Variaccedilotildees sobre tema de DiabelliBEETHOVEN - Variaccedilotildees sobre tema da HeroacuteicaBEETHOVEN - Sonatas op 26 op 28 op 31

ns 12 e 3 op 53 op 57 op 81 op 101 op106 op 109 op 110 e op III

BEETHOVEN - 12 Variaccedilotildees em Laacute M (DasWaldmachen)

BERG (ALBAN) - Sonata n IBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema huacutengaroBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema originalBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema de SchumannBRAHMS - Variaccedilotildees e Fuga sobre um tema de

HaendelBRAHMS - Variaccedilotildees e Fuga sobre um tema de

PaganiniBRAHMS - Duas Rapsoacutedias op 79BRAHMS - 4 Baladas op 10BRAHMS - Scherzo op 4BRAHMS - Balada op 118BRAHMS - SonatasCASTELNOUVO (TEDESCO) - SonataCHOPIN - Improvisos op 36 e op 51CHOPIN - SonatasCHOPIN - Scherzos

SMETANA - BagatelasSTRAWINSKY - PetruskaSTRAWINSKY - Capricho op 7 n 1SZYMANOWSKY - SonatasSZYMANOWSKY - Variaccedilotildees sobre tema polacoSZYMANOWSKY - Preluacutedio e FugaTHEVENET (JEAN) - Eacutetude Frantasie pourpianoTSCHAIKOWSKY - Improviso - CaprichoTSCHAIKOWSKY - Sonata op 37TURlNA - Silhuetas op 70TURINA - Minerias op 21 e op 56WAGNER-LISZT - cavalgada das WalkiacuteriasWAGNER-LISZT - Morte de Isolda

BARROZO NETTO - Rapsoacutedia GuerreiraBARROZO NEITO - Variaccedilotildees sobre um tema

originalBARROZO NEITO - Movimento perpeacutetuoBRANDAtildeO (1 Y) - Preluacutedio n 5BRANDAtildeO (1 V) - Estudos ns I e 3BRANDAtildeO (J Y) - ChorinhoCAMEU (H) - Estudo op 19 n ICAMEU (H) - YaraCAMEU (H) - Saci-PererecircCAMEU (H) - BoitataacuteCAMEU (H) - Duas SonatinasCAMINHA (A) - Preluacutedio da Suiacutete n ICAMPOS (JOAQUINA ARAUacuteJO) - Tema com

Variaccedilotildees e CoralCANTUacute (A) - leux deauCHAVES (P) - Preluacutedio e Fuga em Reacute menorCHAVES (P) - Preluacutedio e Fuga em Doacute menorCUNHA (ITIBEREcirc) - Estudo em Doacute MaiorFERNANDEZ (L) - Estudo do crepuacutesculo n 5FERNANDEZ (L) - Preluacutedio FantaacutesticoFERNANDEZ (L) - 3ordf Suiacutete Brasileira (Toada-

Seresta - longo)

FERNANDEZ (L) - 3 Estudos em fonna deSonatina

FERNANDEZ (L) - Valsa suburbanaFERNANDEZ (L) - Sonata Breve

SCRlABIN - SonatasSCRlABIN - Sonata Fantasia op 19SCRlABIN - Allegro Appasionato op 4SCRlABIN - Poema traacutegico op 34SCRlABIN - Poema Noturno op 6 ISCRlABIN - Notumos op 5SCRlABIN - Preluacutedio para a matildeo esquerda op 9SCRlABIN - Noturno para a matildeo esquerda op 9SCRlABIN - Poemas ops 32 4 I e 63SCRlABIN - Vers la flammeSCRlABIN - Poema satacircnico op 36SEacuteVEacuteRAC (DEODAT) - IntennezzoSEacuteVEacuteRAC (DEODAT) - Conte agrave laacute veilIeacuteeSMETANA - Sonata em um movimentoWAGNER-LISZT - Encantamento do fogoWEBER - Grande Polonaise op 21WEBER - Sonatas op 24 op 39 op 49 e op 70WEBERN (ANTON) - Variaccedilotildees op 27

AUTORES BRASILEIROS

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX XPECcedilASALENCAR PINTO (A) - Suite Sul-Americana

(sobre temas populares)ALIMONDA (H) - Duas SonatinasALMEIDA (CARLOS) - 4ordf SerestaANES (CARLOS) - Variaccedilotildees sobre um tema

em tempo de MinuetoANES (CARLOS) - PirilamposANES (CARLOS) - Fonte luminosaANES (CARLOS) - Marcha liliputianaANES (CARLOS) - FiligranasANES (CARLOS) - BorboletasANES (CARLOS) - MiragensANES (CARLOS) - TocataANES (CARLOS) - Quietude op 45ANES (CARLOS) - Gorgeios op 63ANES (CARLOS) - Moto perpeacutetuoANES (CARLOS) - Um passeio na neveANES (CARLOS) - A procelaacuteriaBARROZO NEITO - ChoroBARROZO NEITo - Alegria de viverBARROZO NEITO - TarantelaBARROZO NEITO - CoriscosBARROZO NEITO - Estudo de Concerto

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RAVEL - Miroirs n 4 - Alborada dei GraciosoRAVEL - Miroirs n 5 - La valeacutee des cIochesRAVEL - Jeux deauRAVEL - Valses Nobles et sentimentalesREGER (MAX) - Variaccedilotildees e Fugas sobre um

tema de BachREGER (MAX) - 6 Intennezzos op 45REGER (MAX) - 6 Preluacutedios e FugasREGER (MAX) - Aquarelas op 25REGER (MAX) - 6 Peccedilas op 24RINSKY-KORSAKOFF - Variaccedilotildees sobre um

tema russoRINSKY-KORSAKOFF - 6 FugasRlNSKY-KORSAKOFF - 6 variaccedilotildees sobre um

tema de BachRUBINSTEIN - Sonatas op 100SAINT-SAENS - Air de Ballet dAIcesteSAINT-SAEN S - Danccedila MacabraSAINT-SAENS - Capricho sobre a Aacuteria

dAIcesteSAINT-SAENS - Estudo em fonna de ValsaSAINT-SAENS - tema Variado op 97SAINT-SAENS - Suiacutete op 90SCARLATTI (DOMEacuteNICO) - LONGO (A) shy

Sonatasn 9 emLaacute Maior n 14em Reacute Maiorn 18 em Reacute Maior e n 20 em Sol Maior

SCHOENBERG - Suite op 25SCHOSTAKOVICH - Preluacutedios e FugasSCHOSTAKOVICH - Marcha SarcaacutesticaSCHOSTAKOVICH - SonataSCHUBERT - Fantasia op 15SCHUBERT - SonatasSCHUBERT - Tausig - Marcha MilitarSCHUMANN - PapilIonsSCHUMANN - AlIegro n 8SCHUMANN - Visotildees notumas op 23SCHUMANN - 3 Peccedilas Fantasias op IIISCHUMANN - Tocata op 7SCHUMANN - Fantasia op 17SCHUMANN - Kreisleriana op 16SCHUMANN - Estudos Sinfoacutenicos op 13SCHUMANN - Carnaval de Viena op 26SCHUMANN - Humoresque op 20SCHUMANN - Danccedilas de Davidsbuumlndler op 6SCHUMANN - Novelete op 2 I n 8SCHUMANN - SonatasSCHUMANN - Carnaval op 9

206

MILHAUD (O) - Saudades do Brasil (lordf e 2ordfseacuteries)

MITROUPOLOS - ScherzoMITROUPOLOS - Fecircte cretoiseMITROUPOLOS - Passacaglia e FugaMITROUPOLOS - SonataMOSZKOWSKY - Tarantela (em Sol bemol M)MOSZKOWSKY - Capricho espanhol op 37MOSZKOWSKY - Les vaguesMOUSSORGSKY - Quadros de uma exposiccedilatildeoMOZART - Sonatas K 310 K 331 K 457 e K 576MOZART - Fantasias K 396 e K 475MOZART - Variaccedilotildees K 573 spbre um tema de

DuportPADEREWSKY - No deserto op 15 (Tocata)PADEREWSKY - O canto do viajante op 5POLLINI - Tocata op 31POULENC - Movimentos perpeacutetuosPOULENC - NotumosPOULENC - TocataPOULENC - Intennezzo em Laacute b MaiorPOULENC - ImpromptusPOULENC - NovellettesPROKOFIEFF - SonatasPROKOFIEFF - Marcha Triunfal op 67PROKOFIEFF - 4 Peccedilas op 4PROKOFIEFF - Tocata op IIPROKOFIEFF - Sarcasmo op 17RACHMANINOFF - Preluacutedios op 32 exceto

os de ns 5 e 12RACHMANINOFF - Preluacutedios op 23 exceto

os de ns 4 5 e 6RACHMANINOFF - Variaccedilotildees sobre um tema

de Corelli op 42RACHMANINOFF - Variaccedilotildees sobre um tema

de Chopin op 22RACHMANINOFF-KREISLER - LiebesfreudRACHMANINOFF-KREISLER - LiebesleidRAVEL - Tocata (Tombeau de Couperin)RAVEL - SonatinaRAVEL -Gaspard de la nuitRAVEL - Ondine

- Le gibet- Scarbo

RAVEL - Miroirs n I - NoctuellesRAVEL - Miroirs n 2 - Oiseaux tristesRAVEL - Miroirs n 3 - Une barque sur lOceacutean

SOUZA LIMA - 2ordf Valsa BrasileiraSOUZA LIMA -Notumo n 1 (Peccedilas Romacircnticas)SOUZA LIMA - Capricho n 2 (Peccedilas

Romacircnticas)

SOUZA LIMA - Estudo Fantasia n 6 (PeccedilasRomacircnticas)

SOUZA LIMA - Danza - Impressotildees de ValecircnciaTACUCHIAN (R) - Sonatas ns I e 2VIANNA (FRUTUOSO) - Toada n 2VIANNA (FRUTUOSO) - Corta-jacaVIANNA (FRUTUOSO) - 7 MiniaturasVILLA-LOBOS - Num berccedilo encantado (Simples

coletacircnea n 2)VILLA-LOBOS - Rodante (Simples coletacircnean 3)VILLA-LOBOS - Alegria na hortaVILLA-LOBOS - Suiacutete FloralVILLA-LOBOS Farrapos (Danccedilas

caracteristicas africanas n 1)VILLA-LOBOS - Kankukus (Danccedilas

caracteriacutesticas africanas n 2)VILLA-LOBOS Kankikis (Danccedilas

caracteriacutesticas africanas n 3)VILLA-LOBOS - Caboclinha (Prole do bebecircn 3)VILLA-LOBOS - Bruxa (Prole do bebecirc n 8)VILLA-LOBOS - Ciclo Brasileiro Plantio do

caboclo - Impressotildees seresteiras - Festa nosertatildeo - Danccedila do iacutendio branco (Peccedilas isoladas)

VILLA-LOBOS - Alma Brasileira (Choros n 5)VILLA-LOBOS - Xocirc xocirc passarinho (Cirandan 7)VILLA-LOBOS - Fui no tororoacute (Ciranda n 9)VILLA-LOBOS-Olhaopassarinho(Cirandan 12)VILLA-LOBOS - Que lindos olhos (Ciranda n 15)VILLA-LOBOS - Coacute-coacute-coacute (Ciranda n 16)VILLA-LOBOS - Valsa da dorVILLA-LOBOS - Valsa-Scherzo op 17VILLA-LOBOS - A fiandeiraVILLA-LOBOS - Rude poema

BACH (1 S) - Coral- O Salvador dos Pagatildeos seaproxima (Transcriccedilatildeo de Pierre Luboshutz)

BACH (1 S) - Coral - Regozijai-vos Cristatildeosamados (Transcriccedilatildeo de Siacutelvio Scionti)

2W

PECcedilAS

BACH (J S) - Recitativo e Aacuteria (Transcriccedilatildeo deVictor Babin)

BACH-MEDNIKOFF F Sol menor - uga para Orgatildeo em

REPERTOacuteRIO A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS I II III IV

OSWALD (H) - 3 EstudosOSWALD (H) - variaccedilotildees sobre um tema de

Barrozo NettoOSWALD (H) - Improviso op 19OSWALD (H) - Estudo PoacutestumoOSWALD (H) - Paacuteginas daacutelbum ns 4 e 6OSWALD (H) - ScherzoOSWALD (H) - ln hamacOSWALD (H) - Noturnos op 6 ns I e 2OSWALD (H) - 7 Miniaturas op 16 (completo)OSWALD (H) - Chauve-Sourris op 36 n 3PEIXE (GUERRA) - Sonata n 2PEREIRA DA SILVA (ANNA C) - Estudo em

Laacute bMaiorPRADO (ALMEIDA) - 8 Variaccedilotildees (sobre um

tema do Rio Grande do Norte)PRADO (ALMEIDA) - Recitativo e FugaPRADO (ALMEIDA) - TocattaPRIOLLI (MARIA LUISA) - Estudo em Doacute MaiorPRIOLLI (MARIA LUISA) - Sonata - Fantasia

op 21PUMAR (L MARIA) - Estudos ns I e 2REBELLO (A) - TarumatildeREBELLO (A) - Caboclo Imaginando (ponteio n I)REBELLO (A) - Ajuricaba (Ponteio n I)REBELLO (A) - Valsa GauacutechaREBELLO (A) - Taxaua (Ponteio n 2)REIS (HILDA) - Expressotildees CariocasSANTORO (C) - TocataSANTORO (C) - Paulistanas n 7SANTORO (C) - Danccedilas BrasileirasSANTORO (C) - SonatasSCLIAR (ESTHER) - SonataSIQUElRA (1 BATISTA) - SonatasSIQUElRA (1 BATISTA) - Fantasia de ConcertoSIQUElRA (J BATISTA) - Suiacutete dos sustenidosSIQUElRA (10SEacute) - Toada

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MIGNONE (F) - Bacanal dos ElfosMIGNONE (F) - Crianccedilas brincandoMIGNONE (F) - Noites em GranadinaMIGNONE (F) - 6 Estudos transcendentaisMIGNONE (F) - 6 PreluacutediosMIGNONE (F) - SonataMIGNONE (F) - TangoMIGNONE (F) - CateretecircMIGNONE (F) - MarvadinhoMIGNONE (F) - CucumbizinhoMIGNONE (F) - EI retablo dei AlcazarMIGNONE (F) - MaxixeMIGNONE (F) - Danccedila do BotocudoMIGNONE (F) - Lendas sertanejas ns 1345 e 6MIGNONE (F) - Valsa de Esquina n 12MIGUEZ (L) - Schrezetto op 20 n3MIGUEZ (L) - Allegro appassionatoNATHO (HENN) - Procissatildeo de Nossa Senhora

dos NavegantesNATHO (HENN) - Ymembuiacute (Bailado)NAZARETH (E) - Gauacutecho - TangoNAZARETH (E) - BatuqueNAZARETH (E) - Carioca - ChoroNAZARETH (E) - Sarambeque - ChoroNAZARETH (E) - LabirintoNAZARETH (E) - Cavaquinho porque chorasNAZARETH (E) - Duvidoso - TangoNAZARETH (E) - Nenecirc - TangoNAZARETH (E) - Fon-FonNEPOMUCENO (A) - Suiacutete Antiga op 11

(completa)NEPOMUCENO (A) - BrasileiraNEPOMUCENO (A) - BatuqueNEPOMUCENO (A) - Tema e Variaccedilotildees em Laacute

menorNEPOMUCENO (A) - Tema e Variaccedilotildees sobre

um tema originalNOBRE (MARLOS) - 3ordm Ciclo Nordestino op 22NOBRE (MARLOS) - Tocatina Ponteio e Final

op12NOBRE (MARLOS) - 16 Variaccedilotildees sobre um

tema de Frutuoso Vianna op 8NOBRE (MARLOS) - Tema e Variaccedilotildees op 7NUNES (JOAtildeO) - Les hermonies de la CatheacutedraleNUNES (JOAtildeO) -Ia vie des abeillesOCTAVIANO (J)- Variaccedilotildees sobre um tema deBarrozo NettoOCTAVIANO (1) - Cenas brasileiras

208

FERNANDEZ (L) - Tema com variaccedilotildeesFERNANDEZ (L) - BatuqueFIUZA (V) - VariaccedilotildeesFIUZA (V) - Sonata em Reacute menorFROacuteES (D) - E o mar respondeu agrave selvaGARRlTANO (A) - Coral com 4 VariaccedilotildeesGARRlTANO (A) - PampaGARRlTANO (A) - Preluacutedio e Fuga em Faacute MaiorGNATTALI (R) - Rapsoacutedia BrasileiraGNATTALI -(R) - SuiacutetesGOacuteES (C F) - BaladaGOacuteES (C F) - Estudo de ConcertoGUARNIERI (C) - Ponteios ns 21 23 26 30

323740424344454748 e 49GUARNIERI (C) - TocataGUARNIERI (C) - Choro torturadoGUARNIERI (C) - LunduacuteGUARNIERI (C) - Danccedila negraGUARNIERI (C) - Danccedila brasileiraGUARNIERI (C) - Danccedila selvagemGUARNIERI (C) - ToadaGUARNIERI (C) - SonataITIBEREcirc (BASIacuteLIO) - SertanejaITIBEREcirc (BASIacuteLIO) - Estudo n IITmEREcirc (BASIacuteLIO) - Estudo de Concerto op 33lABOR (NAlLA) - Estudo transcendental n IlABOR (NAJLA) - Suiacutete O cabritinho e a flauta

-Loucurade Polichinelo - Pandemotildenio (completa)lABOR (NAlLA) - Preluacutedio SinfocircnicolABOR (NAlLA) - Histoacuteria de amor em 4

tempos (completa)KORENCHENDLER(H D) - Preluacutedio Tocata

e Fugaop 26LACERDA (O) - Cromos (3ordm Caderno)LACERDA (O) - Brasiliana n 6LACERDA (O) - Variaccedilotildees sobre Mulher

BrasileiraLEVY (A) - Variaccedilotildees sobre um tema brasileiroLEVY (A) - SambaLEVY (A) - Rapsoacutedias brasileiras ns I e 2LYRA (DIVA) - Danccedila do IacutendioLYRA (DIVA) - Estudos ns 4 5 e 6MAUL (O) - TriacutepticoMAUL (O) - TocataMAUL (O) - Festa no ArraialMAUL (O) - BaiatildeoMAUL (O) - Estudos op 21MAUL (O) - Lenda do velho moinho

REPERTOacuteRIO A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS I II III IV

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX X

MIGNONE (E) - Congada

SAINT-SAENS - Scherzo op 87SAINT-SAENS - Variaccedilotildees sobre um te ma de

BeethovenSAINT-SAENS - Marche HeroiqueSCHUMANN - Andante e Variaccedilotildees op 46SCHUMANN - Seis Estudos Canoacutenicos op 56

(Transcriccedilatildeo de Debussy)STRAVINSKY - Trecircs movimentos de

PetruchkaTHOMEacute (FRANCIS) - Marche Croate

NAZARETH (E) - Labirinto (Transcriccedilatildeo deCladyr de Campos)

SCHUBERT - 6 Marchas fuacutenebres op 55(volume II)

SCHUBERT - 6 Polonaises op 61 (volume II)SCHUBERT - Divertimentos op 63 (volume II)SCHUBERT - Marcha Heroacuteica op 66 (volume II)SCHUBERT - 4 Polonaises op 75 (volume II)SCHUBERT - Variaccedilotildees op 82 (volume II)SCHUBERT - Andantino op 84 (volume II)SCHUBERT - Rondoacute (volume II)SCHUMANN - Cenas Infantis (Transcriccedilatildeo de

Kirchner)

211

PERIacuteODOS I II III IV

REPERTOacuteRIO PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PERIacuteODOS I II III IV

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS - A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX X

AUTORES BRASILEIROS - PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PECcedilAS

LACERDA (OSVALDO) - Brasiliana n 4

MOUSSORGSKY - Quadros de uma Exposiccedilatildeo(Transcriccedilatildeo de Cladyr de Campos)

MOZART - Sonata e Fuga K 448 e K 426MOZART - Adaacutegio e Fuga ln C minorPROKOFIEFF - Preluacutedio op 12 n 7

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolliacute)RACHMANINOFF - Rapsoacutedia sobre um tema

de Paganini op 43 (Transcriccedilatildeo de Cecily

Lambert)RACHMANINOFF - Suiacutetes op 5 e op 17

PECcedilASALMEIDA (CARLOS) - Quarta SerestaJABOR (NAJLA) - Pandemoacutenio

PECcedilASBRAHMS - Liebeslieder Waltzes op 52 (a)BRAHMS - Neue Liebeslieder Waltzer op 65 (a)BRAHMS - 21 Danccedilas huacutengarasMOZART - Sonatas K 381 K 358 K 497 e K 521MOZART - Fantasias K 594 e K 608MOZART - Variaccedilotildees K 50 IMOZARTmiddot Fuga K 401RAVEL - Ma mere IOyeSATIE (ERIK) - Muacutesica para piano a 4 matildeos shy

La belle excentrique (Fantasie serieuse)

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CHOPIN - Estudos op 10 n 5 e op 25 n 9(Transcriccedilatildeo de Gui Maier)

DVORAK - Danccedila eslava n 9 (Transcriccedilatildeo deG Graetzer)

KREISLER (FRITZ) - Capricho VienenseLISZT - Recircve damour (Transcriccedilatildeo de E Guenther)MENDELSSOHN - Nas asas da canccedilatildeo

(Transcriccedilatildeo de R Gruen)

NAZARETH (E) - Apanhei-te cavaquinho(Transcriccedilatildeo de Cladyr de Campos)

NAZARETH (E) - Ameno Resedaacute (Transcriccedilatildeode Cladyr de Campos)

PINTO (OCTAacuteVIO) - Cenas InfantisREBELLO (A) - Tarumatilde (Transcriccedilatildeo de Aureacutelio

Silveira)REBELLO (A) - Curupira (Transcriccedilatildeo de

Cladyr de Campos)REBELLO (A) - Choro em oitavas (Transcriccedilatildeo

de Maria Castilho)

FRANCK (CEacuteSAR) - Preluacutedio Fuga e VariaccedilatildeoKRIESLER (FRITZ) - Liecesfreud (Transcriccedilatildeo

de Gui Maier)LECUONA (E) - CoacuterdobaLlADOV (A) - Boite agrave Musique op 32

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolli)MOSZKOWSKY - Danccedila Espanhola op 12

(Transcriccedilatildeo de B Wolft)PROKOFIEFF - Preluacutedio op 12 n 7

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolli)RAVEL - Pavane (Transcriccedilatildeo de Castelnuovo

Tedesco)STRUSS (RICHARD) - Seacutereacutenade (Transcriccedilatildeo

de Abram Chassiacutens)TSCHAIKOWSKY - Quatro Valsas (Transcriccedilatildeo

de Viacutestor Babin)

210

BACH (J S) - Duas Fugas (em Reacute menor)BACH (J S) - Coral- As ovelhas podem pastar

tranquumlilamente (Transcriccedilatildeo de Mary Howe)BACH (J S) - Coral- Jesus alegria dos homens

(Transcriccedilatildeo de Victor Babin)BACH-FRIEDMAN - Sonata em Faacute MaiorBRAHMS - Valsas op 39CHAMBRIER - Trecircs Valsas RomacircnticasCHOPIN - Preluacutedios ns 6 e 7 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)CHOPIN - Estudo op 25 n 2 (Transcriccedilatildeo de

C Dougherty)CRAMER-ARTHUR NAPOLEAtildeO - EstudosDEBUSSY - Danccedilas Sacras e ProfanasFALLA (MANUEL) - EI amor brujo

(Transcriccedilatildeo de C Dougherty)

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS - A DOIS PIANOS

PECcedilASARENSKY - Suiacutete op 15BARTOK - Sete peccedilas do MicrocosmosBRAHMS - Sonata op 34CHOPIN - Estudo op 10 n 2 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)CHOPIN - Estudo op 25 n 6 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)

PECcedilAS

ALENCAR PINTO (A) - Quebra o cocomenina (Transcriccedilatildeo de Radameacutes Gnattali)

ALMEIDA (CARLOS) - Carioquinha(Miniatura n 4) Original

ALMEIDA (CARLOS) - BrincandoALMEIDA (CARLOS) - Iordf SerestaNAZARETH (E) - Brejeiro (Transcriccedilatildeo de E

Mignone)NAZARETH (E) - Odeon (Transcriccedilatildeo de

Cladyr de Campos)

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212

REPERTOacuteRIO PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PERiacuteoDOS V VI VII VIII IX X

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SCHUBERT - Rondoacute op 138SCHUBERT - Grande Duo op 140SCHUBERT - Allegro op 144SCHUBERT - Fuga op 152SCHUBERT - Ouverture (volume IV)SCHUBERT - SonataSCHUBERT - Vier LanderSCHUBERT - Kinder March

PECcedilASBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema de

Schumann op 23MENDELSSOHN - Allegro brilhante op 92MENDELSSOHN - Andante e Variaccedilotildees op 83POULENC - SonataSCHUBERT - Fantasia op 103 (volume III)SCHUBERT -Grande Rondoacute op 107 (volume III)SCHUBERT - Duas Marchas op 121 (volume III)

Nota - Em qualquer periacuteodo podem ser apresentadas peccedilas para 2 pianos ou para piano a quatromagraveos de acordo com o constante do Programa do Curso de Graduaccedilatildeo

Page 2: MÚSICA E SOCIEDADE

AGRADECIMENTOS

Aos professores da Faculdade de Educaccedilatildeo da UFRJ em especial agraveprofessora Mania Angela Vinagre de Almeida Orientadora deste trabalho e agravesprofessoras Ada Judith Alves e Marlene Alves de Carvalho pelas criacuteticasenriquecedoras

Aos colegas professores da Escola de Muacutesica e em especial a AntocircnioJardim Marisa Resende Rosa Zamith e Sara Cohen cujo apoio e diaacutelogocontribuiacuteram efetivamente para o aperfeiccediloamento desta pesquisa

Ao professor Joseacute Maria Neves da Uni-Rio e do Conservatoacuterio Brasileirode Muacutesica pelas criticas e observaccedilotildees valiosas

Agrave professora Alda de Jesus Oliveira da Universidade Federal da Bahiapela participaccedilatildeo na banca examinadora e agraves professoras Ceciacutelia Conde e DivaTeixeira Mendes Abalada suplentes que com sua presenccedila e comentaacuteriosprestigiaram a defesa deste trabalho

Agrave professora Maria Maacutercia Trigueiro Mendes pelo incentivo tranquumlilo epela consultoria

SUMAacuteRIO

RESUMO ABSTRACT 8

CAPIacuteTULO I

CONSIDERACcedilOtildeES PRELIMINARES 10

CAPIacuteTULO II

FUNCcedilOtildeES SOCIAIS DA MUacuteSICA -UMA PERSPECTIVA HISTOacuteRICA 19Primeira Idade da Muacutesica 25Segunda Idade da Muacutesica 40Terceira Idade da Muacutesica 55Quarta Idade da Muacutesica 73

CAPIacuteTULO III

ENSINO DE GRADUACcedilAtildeO E FUNCcedilAtildeO SOCIAL DA MUacuteSICA 110Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional 115Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico 118Funccedilatildeo de Divertimento 121Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 122Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica 124Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica 127Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais 128Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das Instituiccedilotildees Sociais e dos Rituais Religiosos 129Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Continuidade e Estabilidade da Cultura 131Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade 132Conclusotildees 133

CAPIacuteTULO IV

NOVAS PERSPECTIVAS PARA O ENSINODE GRADUACcedilAtildeO EM MUacuteSICA 140

CAPIacuteTULO V

CONCLUSAtildeO 158BIBLIOGRAFIA 161

ANEXO I 167

ANEXO II 197

RESUMO

A preocupaccedilatildeo baacutesica deste trabalho foi a relaccedilatildeo muacutesicasociedade e suasimplicaccedilotildees no ensino superior de muacutesica a partir do evidenciamento dainsatisfaccedilatildeo de muitos professores e alunos patenteada na praacutetica universitaacuteria enos inuacutemeros congressos e eventos que tecircm discutido esse ensino

Buscou-se assim caracterizar a atual situaccedilatildeo dos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica atraveacutes da anaacutelise de seu conteuacutedo - a muacutesica - e propor a partir dessaanaacutelise novas diretrizes para esses cursos

A primeira etapa deste trabalho consistiu numa revisatildeo das funccedilotildees sociaisda muacutesica numa perspectiva histoacuterica tomando-se como base a categorizaccedilatildeodessas funccedilotildees elaborada por ABan Merriam (1964) Com fundamento nessessubsidios e utilizando a mesma categorizaccedilatildeo partiu-se para uma anaacutelise doconteuacutedo dos cursos superiores de muacutesica de forma a caracterizar a atual situaccedilatildeodesse niacutevel de ensino

A segunda etapa consistiu na proposiccedilatildeo de novas diretrizes para o ensinode graduaccedilatildeo em muacutesica fundamentadas em uma concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeoe da apresentaccedilatildeo a tiacutetulo de sugestatildeo das articulaccedilotildees baacutesicas para o conteuacutedode novos curriacuteculos a partir das diretrizes propostas

A convicccedilatildeo de que a arte em geral a muacutesica e a educaccedilatildeo satildeo instrumentospossiacuteveis para a transformaccedilatildeo individual e social permeou todo este trabalho

Justifica-se assim a opccedilatildeo por uma abordagem dialeacutetica para o ensinosuperior de musica por ser essa abordagem um meio efetivo de articular o conteuacutedodesses cursos agrave sociedade em que se inserem com vistas ao desenvolvimentopleno da muacutesica e do proacuteprio homem e ao aperfeiccediloamento individual e social

ABSTRACT

The basic concem of this study was the relation musicsociety and itsimplications on the teaching ofmusic in the university in view ofthe dissatisfactionof many teachers and students made evident in the academic practice and inmany congresses and events that have been discussing that teaching

Therefore a characterization of the current situation of graduation coursesin music was attempted through an analysis ofits content-music - and supportedby this analysis new directions to the courses were proposed

A review ofthe social functions ofmusic in a historical perspective was thefirst stage of this study based on the categorization ofthose functions as e1aboratedby ABan Merriam (1964) From this fundament and utilizing Merriams

8

categoriz~ton a content analysis of music graduation courses was made thuscharactenzmg ItS current situation

ln the second stage new directions for the graduation teaching of musicwere proposed based on a dialectical conception of education and the b I aSlcartlcu atIons ofnew curr~c~la s contents were suggested This study was throughoutpe~eat~d by the canvlchonthat art in general and music and education arePsslblemstruments for individual and social transfonnation Thus the option for adlalectIcalapproach t~ the teaching ofmusic in the university is justified for thisan~roa~h IS ~n effechve means to articulate the content of those courses to thesoclety m whlch they are inserted aiming the full development of music and ofman Itself and the individual and social improvement

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CAPIacuteTULO I

CONSIDERACcedilOtildeES PRELIMINARES

A muacutesica vive no seacuteculo XX nas sociedades ocidentais uma situaccedilatildeo ineacuteditaem sua histoacuteria Contraditoriamente numa eacutepoca em que os recursos tecnoloacutegicosse multiplicam e em que o acesso a ela se tomou bastante faacutecil a muacutesica pareceesvaziada de seus significados e papeacuteis mais expressivos

A revoluccedilatildeo industrial estendeu seus efeitos agrave cultura em geral econseqUentemente agrave muacutesica O consumismo que hoje caracteriza nossa sociedadetambeacutem atingiu o acircmbito musical E a posiccedilatildeo dos indiviacuteduos em relaccedilatildeo agrave muacutesicaeacute frequentemente de absoluta passividade segundo os ditames de uma induacutestriaespecializada (AdornO 1975 1986 Candeacute 1981)

Diferindo das sociedades menos complexas que a nossa ondefreqUumlentemente natildeo haacute distinccedilatildeo entre autor puacuteblico e obra sendo os assistentesquase todos participantes (Candeacute 1981) nossa sociedade prouz umaseparaccedilatildeo entre muacutesicos ativos e assistentes entre executantes CrIadores e

ouvintesA transformaccedilatildeo no seacuteculo XX da muacutesica em bem de consumo

(Adorno 1975) criou diferenciaccedilotildees intensas entre o puacuteblico elitizou a chamadamusica cultae intensificou a passividade e a massificaccedilatildeo dos ouvintes Contudoconvivem com essa muacutesica culta (tambeacutem diversificada) r~ outrasmodalidades de muacutesica da folcloacuterica agrave muacutesica de consumo numa pluralidade desituaccedilotildees divergentes A multiplicidade de situaccedilotildees da proacutepria musica cultapode ser ilustrada pelo trecho que se segue

O espaccedilo da modernidade eacute caracterizado simultaneamente pelariqueza e pela diversidade da atividade musical Os grandes centros culturaisde entatildeo propiciaram o surgimento de um nuacutemero enorme de esteacuteticasdiferentes e com frequumlecircncia divergentes criando uma agitaccedilatildeo de ideacuteiassem paralelo na Histoacuteria da Muacutesica Pois contrariamente a outros momentosda Histoacuteria a modernidade definiu-se natildeo como um periacuteodo de um estilogeral caracteriacutestico de uma eacutepoca mas como de vaacuterios estilos e em algumasde suas instacircncias o de vaacuterias linguagens (Moraes 1983 p12)

A diversidade de estilos assinalada por Moraes eacute sem duacutevida umacaracteriacutestica de nossa eacutepoca Embora seja possiacutevel questionar em que medidateria havido homogeneidade em termos de estilo geral em eacutepocas passadasda Histoacuteria no presente momento e a heterogeneidade musical do seacuteculo XX semduacutevida indiscutiacutevel que cabe destacar

10

Diante de um quadro tatildeo heterogecircDeo Adorno citado por Candeacute (1981pj3)~distingue em nossa sociedade oito tipos de comportamento musical que podemresumidamente ser assim descritos I) o ouvinte ideal a quem nada escapa e aquem o compositor considera como o uacutenico que pode compreendecirc-lo perfeitamentegraccedilas a uma audiccedilatildeo totalmente adequada e a uma escuta estrutural 2) o bom ouvinte aquele que tambeacutem escuta algo mais que fenocircmenos sonorossucessivos compreendendo perfeitamente o sentido da muacutesica embora de formapouco consciente por natildeo ser um teacutecnico 3) o consumidor de cultura tipoespecificamente burguecircs que tende hoje a substituir o bom ouvinte 4) o ouvinteemocional ao qual a muacutesica serve essencialmente para liberar os instintoshabitualmente rejeitados ou reprimidos pelas normas sociais 5) o ouvinte rancorosoque faz do tabu imposto ao sentimento a norma de seu comportamento musicalsendo superficialmente natildeo-conformista refugia-se no passado que ele imaginamais puro 6) o expert em jazz que natildeo eacute necessariamente um teacutecnico maseacute sempre um especialista 7) o ouvinte de mu~icade fundo totalmente submissoagrave pressatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo de massa 8) o a-musical indiferente ouhostil que eacute aquele a quem a muacutesica etotalmente inuacutetil ou incocircmoda

Eacute interessante complementar a categorizaccedilatildeo acima referida com ainterpretaccedilatildeo que Adorno apresenta da situaccedilatildeo da cultura e em especial da artena sociedade capitalista contemporacircnea A expressatildeo induacutestria cultural introduzida por Adorno e Horkheimer em 1947 procura delinear o resultado dapressatildeo exercida pela estrutura capitalista sobre as mais diversas manifestaccedilotildeesculturais da qual resulta uma cultura (e consequumlentemente uma arte)descaracterizada de suas dimensotildees criativas esteacuteticas ou poliacuteticas O resultadodessa induacutestria cultural eacute um conjunto de setores regido pelo ritmo do accedilo pelanecessidade prioritaacuteria de obter lucros - A verdade de que natildeo passam de umnegoacutecio eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo quepropositalmente produzem(Adorno e Horkheimer 1986 p114) A relaccedilatildeomuacutesica e sociedade pode ainda ser ilustrada com a categorizaccedilatildeo proposta porCandeacute (1981 p~36) classificando os diversos tipos de muacutesica em funccedilatildeo dascondiccedilotildees socioloacutegicas em que satildeo produzidas apresentando-as em pares de opostosI) muacutesica espontacircnea e muacutesica composta - a primeira criada a partir dereminiscecircncias de um sistema musical transmitido por tradiccedilatildeo oral sendo umacriaccedilatildeo popular para uso popular em que criador e consumidor se confundemquase contraposta agrave muacutesica espontacircnea mas com uma certa margem deespontaneidade estaria a muacutesica composta escrita 2) muacutesica culta seleta e muacutesicapopular - a primeira eacute produzida em princiacutepio por uma minoria culturalmente seletae seu grau de dificuldade cria tambeacutem uma seleccedilatildeo entre seus ouvintes a segundaao contraacuterio surge tanto das camadas populares e por elas eacute consumida quanto

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pode ser produzida industrialmente pela classe dirigente segundo criteacuteriospuramente comerciais 3) muacutesica claacutessica e muacutesica de variedades - a primeirareuacutene toda a muacutesica culta ocidental a muacutesica de variedades abrange numericamentetoda muacutesica modema de diversatildeo de escrita muito simples e estereotipada ambasas categorias (claacutessica e de variedades) satildeo mais comerciais que musicais e estatildeoligadas ao desenvolvimento do disco e da radiodifusatildeo O proacuteprio Candeacute consideraessa categorizaccedilatildeo insatisfatoacuteria propiciando apenas que se distingam aindaque de maneira imprecisa diversas maneiras de produzir muacutesica

A complexidade da situaccedilatildeo da muacutesica ocidental no contexto contemporacircneosuscita questionamentos referentes ao ensino da muacutesica o que certamente incluio ensino de niacutevel superior Que ensino musical deve ser ministrado e que muacutesicadeve ele ter como objeto E para quecirc Qual a funccedilatildeo dessa muacutesica na sociedadeem que esse ensino se insere Edino Krieger em introduccedilatildeo ao livro de Martins(1985 p8) reflete sobre a educaccedilatildeo musical

() se tivermos presente a profunda crise por que passa o espiacuteritohumano em nossos tempos () se pensarmos na passividade provocadanas pessoas pela miacutediarelegando o fazer musical para um segundo planose nos chocarmos com-o ranccedilo que caracteriza muitas das autodenominadasescolas de muacutesica admiraremos sem esforccedilo o trabalho respeitaacutevel realizadopor gente ainda idealista - gente que quixotescamente acredita napossibilidade de recuperar ou conquistar () o fazer musical que acreditanesse fazer como tendo um sentido para o ser humano bem mais profundodo que se costuma pensar

A questatildeo da formaccedilatildeo do muacutesico e do papel na sociedade desse muacutesico e damuacutesica que ele realiza aiacute estaacute presente assim como a questatildeo do fazer musical Martins(1985 p15) reflete sobre a importacircncia desses aspectos no acircmbito do ensino de muacutesica

Eacute muito importante levar o aluno agrave consciecircncia de seu papel enquantoagente cultural o que implica na dever de conhecer a accedilatildeo da mudanccedila e dapermanecircncia em seus sentidos histoacutericos evolucionaacuterios

Eacute muito importante que o aluno perceba e compreenda a accedilatildeo denovas forccedilas na sua proacutepria geraccedilatildeo como elas se relacionam influenciandoo periodo em que vive Deve tornar-se criticamente consciente da excelecircnciaou pobreza da muacutesica que executa situando-a no contexto de seu tempo

Diante do complexo mosaico representado pela situaccedilatildeo da muacutesica nasociedade ocidental contemporacircnea o ponto de partida para este trabalho foi apreocupaccedilatildeo com o ensino de musica nesse contexto Mais particularmente como ensino d~ Traduaccedilatildeo em mU-ica E mais especialmente ainda com a muacutesica

que se ensina nos cursos de graduaccedilatildeo

12

Na verdade os simpoacutesios encontros e congressos que vecircm se realizandopara debater o ensino de muacutesica ( refletindo a inquietaccedilatildeo de muitos professorese alunos) tecircm questionado basicamente o ensino e natildeo a muacutesica que se ensina eeste foi o ponto de referecircncia para o desenvolvimento desta pesquisa

A proposta baacutesica do presente trabalho eacute deslocar o debate sobre o ensinode muacutesica do acircmbito dos meacutetodos e teacutecnicas ou das grades curriculares doscreacuteditos e da obrigatoriedade de disciplinas (ou mesmo da inclusatildeo de novasdisciplinas) para o conteuacutedo que eacute trabalhado ou seja a muacutesica que eacute ensinada

Pode-se de certa forma atribuir a uma heranccedila do liberalismo no acircmbitoda educaccedilatildeo a ecircnfase nos meacutetodos de ensino e na obtenccedilatildeo de conhecimentosatraveacutes de tais meacutetodos Autores como Libacircneo (1986) e Saviani (1988) dedicaramshyse jaacute a essa questatildeo criticando a ecircnfase nos meacutetodos em detrimento dos conteuacutedosBuscou-se aqui intencionalmente romper com essa abordagem e enfocar oconteuacutedo - a muacutesica- por considerar-se que eacute aiacute no conteuacutedo que se encontra omaterial essencial para questionar o ensino de graduaccedilatildeo

Para isso alguns pressupostos foram estabelecidos O primeirofundamentado em Herbert Read (1982) eacute o de que arte e sociedade satildeo conceitosinseparaacuteveis o que leva agrave afirmaccedilatildeo de que muacutesica e sociedade tambeacutem o satildeoComplementarmente assumiu-se a concepccedilatildeo tambeacutem de Read de que asociedade como entidade orgagravenica viaacutevel eacute de certo modo dependente da artecomo forccedila aglutinadora e energizante Ou seja natildeo soacute se considerou muacutesica esociedade como conceitos inseparaacuteveis mas tambeacutem que a sociedade em certosentido depende da muacutesica que exerce inquestionavelmente funccedilatildeu funccedilotildeesde natureza social

Acreditou-se tal como Read que e impossiacutevel conceber em qualquer periacuteododa histoacuteria uma sociedade sem arte ou uma arte sem significaccedilatildeo - pelo menossegundo esse autor ateacute chegarmos agrave eacutepoca modema onde a significaccedilatildeo e afunccedilatildeo social da arte parecem sofrer uma alteraccedilatildeo de trajetoacuteria

Buscou-se sobretudo pensar a muacutesica natildeo como uma abstraccedilatildeo (no sentidode objeto de estudo isolado de relaccedilotildees) ou como um produto acabado mas comoum elemento determinado socialmente e determinante da sociedade na qual estaacuteinserido num processo de constante interaccedilatildeo dialeacutetica e recriaccedilatildeo permanente

O segundo pressuposto assumido foi o de que arte tal como Cassirer (1977)e Read (1981 1982) consideram eacute conhecimento embora de uma espeacutecie peculiare especiacutefica e portanto diferente do conhecimento cientiacutefico nem superior neminferior a ele entretanto Considerou-se com fundamento em Cassirer que a artepotildee ordem na apreensatildeo das aparecircncias visiacuteveis tangiacuteveis e audiacuteveis constituindosegundo o autor uma interpretaccedilatildeo intuitiva do mundo diferemente dainterpretaccedilatildeo conceptual da ciecircncia Essas consideraccedilotildees permitem logicamente

13

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transposiccedilotildees agrave muacutesica que portanto foi tratada ao longo deste trabalho comouma forma de conhecimento embora peculiar e especiacutefico

Um terceiro pressuposto foi tambeacutem adotado a partir de fundamentostomados a Fischer (sd) e Read (1982) a missatildeo social da arte eacute ajudar acompreender e a transformar o homem e o mundo o que a toma inseparaacutevel deuma concepccedilatildeo poliacutetica aqui entendida como accedilatildeo transformadora Muacutesicaportanto foi tratada no decorrer desta pesquisa como dotada de uma di~ensatildeo

poliacutetica como instrumento potencial de transformaccedilatildeo do hm~me da socleda~ena medida em que como as demais formas de arte ela contnbUI para a elaboraccedilaode um saber criacutetico conscientizador propulsor da accedilatildeo social assim como para um

aperfeiccediloamento eacutetico individualA esse respeito e interessante citar Gramsci (1991)Transformar o mundo exterior as relaccedilotildees gerais significa fortalecer

a si mesmo Eacute uma ilusatildeo supor que o melhoramento eacutetico seja puramenteindividual a siacutentese dos elementos constitutivos da individualidade eacuteindividual mas ela natildeo se realiza e desenvolve sem uma atividade para oexterior atividade transformadora das relaccedilotildees externas ( ) Por isso eacutepossiacutevel dizer que o que o homem eacute essencialmente poliacutetico jaacute que a atividadepara transformar e dirigir conscientemente os homens realiza a suahumanidade sua natureza humana ( p 47-48)

A partir desses pressupostos a questatildeo da funccedilatildeo social da muacutesica adquiriuespecial relevacircncia a ponto de constituir o cerne deste trabalho cujos objetivospodem ser assim enunciados I) caracterizar o conteuacutedo dos cursos ~e gradu~ccedil~o

a partir da identificaccedilatildeo das funccedilotildees sociais desse conteuacutedo ou seja da musicatrabalhada nesses cursos 2) propor diretrizes para revisatildeo do conteuacutedo dos cursosde graduaccedilatildeo em muacutesica com vistas a uma efetiva significaccedilatildeo social

Para a consecuccedilatildeo desses objetivos foi feita numa primeira instacircncia umapesquisa de natureza descritiva voltada para a caracterizaccedilatildeo dos curso~ degraduaccedilatildeo em muacutesica a partir de suas funccedilotildees sociais Buscaram-se para ISSOfundamentos musicoloacutegicos e socioloacutegicos de modo a obter embasamento paranuma segunda instacircncia elaborar proposta de novos rumos para esses cursos a

partir de uma perspectiva dialeacutetica No que concerne agrave educaccedilatildeo que eacute sem duacutevida um dos elementos essenCiaIS

deste trabalho de vez que se objetivou questionar o ensino em niacutevel superior demuacutesica bem como propor para ele novas diretrizes dois pressupostos foram tambeacutemestabelecidos a partir de contribuiccedilatildeo tomada a Saviani (1988) e a Durmeval

Trigueiro Mendes (198519861987) O primeiro eacute que a educaccedilatildeo assim como a arte interage com a SOCIedade

e eacute por esta determinada numa primeira instacircncia mas tambeacutem nela influindo ou

14

seja a educaccedilatildeo se relaciona dialeticamente com a sociedade como elementodeterminado e influenciando por sua vez o determinante

O segundo pressuposto tem iacutentima relaccedilatildeo com o primeiro educaccedilatildeo eacuteinstrumento poliacutetico e embora determinado pela sociedade potencialmente eacuteimportante instrumento no processo de transformaccedilatildeo do homem e da sociedadeOu seja natildeo se considerou a educaccedilatildeo como elemento autoacutenomo da sociedade(mais uma vez cabe o paralelo com a arte e consequentemente com a muacutesica)nem como dependente absoluto das condiccedilotildees sociais vigentes Emborareconhecendo sua condiccedilatildeo de elemento determinado socialmente num primeiromomento enfatizou-se seu potencial como subsdio agrave accedilatildeo transformadora econsequentemente como forccedila poliacutetica

A dimensatildeo filosoacutefica estaacute indiretamente presente sobretudo subjacente agravesconcepccedilotildees de arte de muacutesica e de educaccedilatildeo adotadas Natildeo seraacute poreacutem elaboradono contexto desta pesquisa um pensar de caracteristicas filosoacuteficas apesar dossubsiacutedios colhidos nesse campo do saber

Cabe ainda explicitar que trecircs concepccedilotildees de educaccedilatildeo foram consideradascomo baacutesicas a de Read (1982) que considera a educaccedilatildeo como o cultivo demodos de expressatildeo a de Bittencourt (1962) que considera a educaccedilatildeo comorealizaccedilatildeo de valores e a concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeo tal como Saviani (1988)a descreve voltada para o homem concreto ou seja o homem como siacutentese doconjunto das relaccedilotildees sociais muacuteltiplas e dinacircmicas que o determinam Estauacuteltima concepccedilatildeo enfatiza um aspecto que embora indiretamente presente nasduas outras nesta assume posiccedilatildeo proeminente exigecircncia de articulaccedilatildeo com ocontexto histoacuteriacuteco-concreto

Assim das consideraccedilotildees ateacute aqui apresentadas ressalta a importacircncianesta pesquisa das abordagens fundamentadas nos aspectos sociais tanto no queconcerne ao ensino superior de muacutesica quanto agrave proacutepria muacutesica

No que tange agrave educaccedilatildeo os subsiacutedios foram fartos de vez que haacute umaampla bibliografia dedicada a analisar a educaccedilatildeo a partir de suas relaccedilotildees com asociedade Alguns desses autores e algumas de suas obras podem como exemplosaqui serem citados Durkheim (1967) Bourdieu e Passeron (1975) Freire (1977)Bourdieu (1982) Cunha (1985) Mendes (1985 1986 1987) Saviani (1987 1988)Resumidamente pode-se situar Durkheim como tendo pensado a educaccedilatildeo comoadaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave heterogeneidade do contexto social a partir de uma posturade homogeneidade ideoloacutegica Bourdieu e Passeron ainda numa abordagem sinteacuteticapodem ser situados visualizando a educaccedilatildeo como reprodutora das relaccedilotildees sociaisenfatizando-a como aparelho ideoloacutegico do Estado Cunha Mendes e Saviani alinhamshyse numa postura de abordagem dialeacutetica do homem e de seu mundo histoacutericoshysocial concebendo o fenocircmeno educativo em unidade diaIeacutetica com essa totalidade

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social Estas satildeo apenas algumas abordagens aqui tomadas como exemplo ilustrandoa multiplicidade de estudos dedicados agrave relaccedilatildeo homem-sociedade

A funccedilatildeo social da muacutesica poreacutem natildeo tem sido suficientemente exploradaEstudos haacute sem duacutevida e decerto subsidiaram este trabalho mas natildeo pareceramsuficientes ao que se desejava atingir Fischer (sd) Weber (1984) e Adorno(1975) satildeo alguns dos autores que buscaram relacionar muacutesica e sociedade ereferecircncias a suas abordagens apareceratildeo ao longo deste trabalho

Surgiu assim a necessidade de verificar ao longo da histoacuteria da civilizaccedilatildeoocidental como se desenvolveu a muacutesica do ponto de vista de suas funccedilotildees sociais

Para tal tarefa pareceu uacutetil empregar a classificaccedilatildeo que Alan Merriam(1964) elaborou para as funccedilotildees sociais da muacutesica a partir do estudo comparativode diversas sociedades E a seguir buscar essas funccedilotildees ao longo da histoacuteria damuacutesica traccedilando um painel desse desenvolvimento que permitisse uma melhorcompreensatildeo da trajetoacuteria da muacutesica no Ocidente no que concerne agraves funccedilotildeessociais que ela vem desempenhando Sobretudo buscando compreender a situaccedilatildeoda muacutesica no contexto do seacuteculo XX como integrante de um processo cujas raiacutezesse encontram em periacuteodos anteriores e cujas projeccedilotildees para o futuro certamentejaacute se encontram aiacute semeadas A compreensatildeo do seacuteculo atual segundo esseenfoque pareceu essencial agrave anaacutelise do ensino superior de muacutesica em nossa eacutepoca

Obviamente esse painel natildeo se pretendeu completo acabado ou imune aretoques e revisotildees Aliaacutes por si soacute ele poderia ser tema de uma pesquisamusicoloacutegica Mas objetivo aqui era utilizaacute-lo como fundamento musicoloacutegicopara uma anaacutelise do ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica E nesse sentido preferiu-setrabalhaacute-lo aqui ainda que com as restriccedilotildees feitas para tentar melhor entender oque acontece com a muacutesica hoje e com o ensino de muacutesica

Para melhor ordenaccedilatildeo do assunto tomou-se a Walter Wiora (1961) aclassificaccedilatildeo em periacuteodos da histoacuteria da muacutesica ocidental dividida pelo autor emquatro idades Essa classificaccedilatildeo pareceu particularmente uacutetil por apresentar umcorte da histoacuteria da muacutesica no Ocidente mais propiacutecio agrave compreensatildeo de seusprocessos Aliaacutes na bibliografia consultada foi a uacutenica periodizaccedilatildeo encontradaque diferiu da tradicional (preacute-histoacuteria antiguumlidade oriental antiguumlidade claacutessicaidade meacutedia idade modema idade contemporacircnea) A classificaccedilatildeo de Wioraem termos de muacutesica ocidental (aqui entendida como aquela derivada da tradiccedilatildeoculta europeacuteia) expressa com maior clareza as etapas de sua trajetoacuteria aoclassificaacute-la em quatro idades ao inveacutes dos periacuteodos antes referidos de vez queessas idades satildeo propostas a partir de uma anaacutelise centrada na histoacuteria da proacutepriamuacutesica E sobretudo pareceu bastante significativa para uma melhor compreensatildeoda atual situaccedilatildeo da muacutesica pois afinal eacute a ela que se pretende remeter a anaacutelisedo ensino superior de muacutesica em nossos dias

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Esta etapa do estudo - a revisatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica na histoacuteriada muacutesica ocidental- eacute apresentada no segundo capiacutetulo deste trabalho constituindoum referencial para a caracterizaccedilatildeo feita do atual ensino de graduaccedilatildeo emmuacutesica apresentada no terceiro capitulo

Essa caracterizaccedilatildeo decorreu da identificaccedilatildeo no conteuacutedo dos cursos degraduaccedilatildeo das funccedilotildees sociais por ele contempladas atraveacutes de seu conteuacutedotomando-se como referencial a categorizaccedilatildeo apresentada por Merriam e o painelelaborado anteriormente relativo agrave trajetoacuteria das funccedilotildees sociais da muacutesica noOcidente A partir dessa identificaccedilatildeoJhegou-se no terceiro capiacutetulo agravecaracterizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais exercidas pela mtfsica trabalhada nos cursosde graduaccedilatildeo em muacutesica

A categorizaccedilatildeo de Merriam (1964) utilizada para o painel dodesenvolvimento da muacutesica no Ocidente e para a caracterizaccedilatildeo das funccedilotildeessociais do conteuacutedo dos cursos de graduaccedilatildeo eacute um instrumental funcionalista enesses termos seraacute apreciado no segundo capitulo Sua utilizaccedilatildeo aqui contudonatildeo significou uma restriccedilatildeo deste trabalho agrave oacutetica funcionalista e sim um meiopara atraveacutes dessa anaacutelise preliminar colher subsiacutedios para as etapas finais deinspiraccedilatildeo dialeacutetica Tal procedimento metodoloacutegico encontra respaldo em autorescomo Fernandes (1970) Politzer(7986) e Demo (1990) e seraacute explicitado tambeacutemno terceiro capiacutetulo

Para o trabalho de descriccedilatildeo do ensino superior de muacutesica considerou-seque apesar de pequenas variaccedilotildees e de esforccedilos isolados de alguns professoreso ensino superior de muacutesica tem genericamente caracteriacutesticas semelhantes emtodo o Brasil Os debates sobre o ensino de muacutesica em simpoacutesios congressos eencontros ressaltam essa situaccedilatildeo permitindo tomaacute-la como evidente dispensandoassim comprovaccedilotildees desse fato

~ Os exemplos necessaacuterios agrave caracterizaccedilatildeo do ensino superior de muacutesicaelaborada nesta pesquisa foram tomados aos curriacuteculos e programas da Escola deMusica da U~l Partiu-se da suposiccedilagraveo de que as observaccedilotildees e conclusotildeesneles baseadas poderiam ser na maioria das vezes razoavelmente aplicaacuteveis atodo o paiacutes de vez que essa Escola por ser a mais antiga do Brasil tem fornecidoCom razoaacutevel freqiiecircncia modelos que se tecircm difundido nacionalmente (ressalvadasas variantes acima mencionadas) Considerando o fato de que o propoacutesito dapesquisa nagraveo era anaacutelise de curriacuteculos nem apresentaccedilatildeo de novas propostas decurriacuteculo esse procedimento pareceu aceitaacutevel pois o que se pretendeu na verdadefoi estabelecer um novo questionamento centrado no objeto dos cursos em questatildeo--a muacutesica - a partir de suas funccedilotildees sociais (e natildeo a partir da grade curriculardos meacutetodos de ensino ou das teacutecnicas de adestramento e preparaccedilatildeo dos muacutesicos)de modo a poder esboccedilar diretrizes para novas propostas de inspiraccedilatildeoamp~

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Destina-se este capiacutetulo a rever na literatura especializada as funccedilotildees sociaisque a muacutesica historicamente tem desempenhado O conceito de funccedilatildeo socialda muacutesica adotado neste trabalho eacute o mesmo que Merriam (t964) considera aobuscar a partir dos diversos usos da muacutesica chegar a suas funccedilotildees ou sejaao que a muacutesica~ sociedade humana O autor estabelece assim uma claradiferenccedila entre ~~relativoagrave situaccedilatildeo na qual a muacutesica eacute empregada na accedilatildeohumana - e funccedilatildeo - referente agraves razotildees do uso ou emprego da muacutesica eaos propoacutesitos mais amplos a que esse emprego serve

A fim de ordenar o material recolhido consideraram-se duas classificaccedilotildees- uma relativa agraves grandes fases em que genericamente se pode organizar ahistoacuteria da muacutesica ocidental e outra relativa agrave categorizaccedilatildeo das diversas funccedilotildeessociais passiacuteveis de serem exercidas pela muacutesica r-----

A primeira classificaccedilatildeo acima referida eacute a que Walter Wioraacute apresentaem seu livro Les quatre acircges de la musique (1961) Nessa obra Wiora distinguequatro grandes fases na evoluccedilatildeo da muacutesica ocidental a saber

I) 1 idade - a preacute-histoacuteria e seus prolongamentos entre os povos primitivose na muacutesica popular arcaica de civilizaccedilotildees posteriores

2) 2abull idade - desenvolvimento da muacutesica entre as altas culturas antigas

(Mesopotacircmia Egito Oriente antiguumlidade greco-romana)3) 3a

bull idade - surgimento da muacutesica ocidental ou seja a arte musicalocidental a partir da Alta Idade Meacutedia

4) 4 idade - a idade da teacutecnica e da induacutestria localizada pelo autor noseacuteculo XX

A periodizaccedilatildeo proposta por Wiora conformejaacute referido no primeiro capiacutetuloexpressa com maior clareza que as tradicionalmente adotada~asetapas da trajetoacuteriada musica ocidental aqui entendida como a muacutesica culta derivada da tradiccedilatildeoeuropeacuteia (tambeacutem chamada de muacutesica erudita ou musica seacuteria) Essa periodizaccedilatildeomostrou-se especialmente adequada a este trabalho por possibilitar marcos maissignificativos para a contemporacircnea - na classificaccedilatildeo de Wiora pertencente agraveqUarta idade da muacutesica- cuja compreensatildeo articulada com os fatos e fenocircmenosanteriores da histoacuteria eacute fundamental para este trabalho

Apesar do meacuterito de ser uma periodizaccedilagraveo centrada na trajetoacuteria da proacutepria

mUSIca buscando dar conta de suas peculIandades cabe ressaltar que ela e fundadanuma oacutetica europeacuteia o que contudo nagraveo comprometeu sua utilizaccedilatildeo neste trabalho

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atildeo do ensino de muacutesica pela oacutetica dasChegou-se asSIm a cara~telzaccedil e e o conteuacutedo desses cursos

d la propna mUSIca qufunccedilotildees SOCIaiS exerCI as pe flexa-o sobre os curriculos de

d t b lho remete a uma reA etapa fmal este ra a m E busca propor novas

- d Scursos a que pertence muacutesica que satildeo a obJettvaccedilao o rtlr de uma concepccedilatildeo dialeacutetiea da

erior de mUSIca a padlretnzes para o ensmo sup ~ dade socialmente construiacuteda (quartoeducaccedilatildeo visualizando o CUITlculo como a IVI

capiacutetulo) bases deste trabalho foi a crenccedila no papel da arte da muacutesicaComo uma das d d mais aprimorada sem contudo

- I b accedilatildeo de uma socle a e e da educaccedilao na e a or _ d lmente determinados pela propna

peacuteIS sao pnmor la desconhecer que taIs pa obJetivando contribuir para que

d envolver esta pesqUisasociedade buscou-se es d b ndo agrave Universidade a abertura da

I namente exerCI o ca e esse papel possa ser P e d sica voltado para uma efetlvaquestatildeo e a busca de um ensmo supenor e mu

significaccedilatildeo social

CAPIacuteTULO II

FUNCcedilOtildeES SOCIAIS DA MUacuteSICA-UMA PERSPECTIVA HISTOacuteRICA

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As~ccedilotildees sociaTsaatildem~~ foram classificadas segundo a categorizaccedilagraveopropost~porAllanMerriam (1964) da qualresultam dez categorias principais asaber I)funccedilatildeo da expressatildeo emocional 2) funccedilatildeo do prazer esteacutetico 3) funccedilagraveode divertimento 4-)funccedilatildeo deccedilomunicaccedilatildeo 5)funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica6)funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica 7)funccedilatildeo de impor conformidade agraves norm~ sociais8)fmccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais r~ligiosos9) funccedilatildeo decontribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura 10) funccedilatildeo de contribuiccedilatildeopara a integraccedilatildeo da sociedade I i

Merriam considera muacutesica coacute~o comportamento humano e parte funcional da cultura humana sendo parte integrante de sua totalidade e refletindo aorganizaccedilatildeo da sociedade em que se insere Embora considere que o som musicale o resultado de processos de comportamento humano que satildeo modelados porvalores atitudes e crenccedilas das pessoas de uma cultura particular Merriam buscouatraveacutes da comparaccedilatildeo de diversas sociedades chegar a funccedilotildees sociais da muacutesicapor ele consideradas como universais culturais ou seja encontraacuteveis em todasas culturas

Cabe ainda ressaltar que essas categorias natildeo satildeo exc1udentes (ou sejaum mesmo evento musical pode desempenhar duas ou mais funccedilotildees) e que elastem intensidades diferentes nas diversas sociedades e em momentos histoacutericosdistintos

O autor natildeo considera essas dez categorias como definitivas admitindo queelas possam vir a ser condensadas ou expandidas embora afirme que elas resumemo papel da muacutesica na cultura favorecendo estudos voltados para a compreensatildeoda complexidade do comportamento humano no contexto social e cultural

Merriam reconhece portanto indecisotildees e necessidades de aprofundamentoacerca de diversas categorias A descriccedilatildeo que apresenta delas passa a ser expostade ma~ira resumida

I) Funccedilatildeo de expressatildeo emocional refere-se ao papel da muacutesica comoveiculo para a expressatildeo de ideacuteias e emoccedilotildees natildeo reveladas no discursocomum Seriam expressotildees emocionais extravasaacuteveis atraveacutes da muacutesica aliberaccedilatildeo de ideacuteias e pensamentos natildeo mencionaacuteveis de outro modo oextravasamento de uma grande variedade de emoccedilotildees em correlaccedilatildeo com amuacutesica realizada o desabafo de conflitos sociais e talvez sua resoluccedilatildeo aexplosatildeo da criatividade em si mesma a expressatildeo das hostilidades de umgrupo etc

Alguns exemplos que Merriam apresenta e que se encaixam todos noSgrupos acima mencionados satildeo evocaccedilatildeo de estados de tranquumlilidade nostalgiasentimento relaccedilotildees grupais sentimento religioso solidariedade partidaacuteria epatriotismo liberaccedilatildeo emocional individual (sobretudo ligada ao processo criativo

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em si mesmo) e coletiva excitaccedilatildeo sexual exaltaccedilatildeo do ego (em demonstraccedilatildeode virtuosismo ou em cantos de gloacuteria) estiacutemulo expressatildeo e divisatildeo de emoccedilatildeodiminuiccedilatildeo de frustraccedilotildees (atraveacutes do desabafo) conduzindo ao ajuste ou agrave mudanccedilasocial e em ambos os casos agrave reduccedilatildeo do desequiliacutebrio social e agrave integraccedilatildeo dasocie~e etc

2) Funccedilatildeo de prazer esteacutetico - refere-se agrave esteacutetica tanto do ponto de vistado criador quanto do contemplador Merriam considera que muacutesica e esteacuteticaestatildeo claramente associadas na cultura ocidental assim como em diversas culturasorientais Ele assinala contudo que essa associaccedilatildeo e discutiacutevel nas culturasaacutegrafas sendo tambeacutem problemaacutetico definir exatamente o que eacute uma esteacuteticabem cOffto estabelecer se ela eacute um conceito de cultura

3) Funccedilatildeo de divertimento - segundo Merriam a muacutesica exerce umafunccedilatildeode diversatildeo em todas as sociedades Ele ressalta contudo que deve ser feita umadistinccedilatildeo entre diversatildeo pura (que seria uma caracteriacutestica particular da muacutesicana sociedade ocidental) e diversatildeo combinada com outras funccedilotildees (que seriapreval~ccedilente nas sociedades aacutegrafas)

4) Funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo - refere-se segundo o autor ao fato de que a muacutesicacomunica alguma coisa natildeo estejamos certos quanto ao Qecirc como e para quem

A muacutesica natildeo eacute uma linguagem universal mas sim eacute formada deacordo com a cultura da qual eacute parte () Ela transmite emoccedilatildeo ou algosimilar a emoccedilagraveo para aqueles que compreendem seu idioma O fato de quea muacutesica eacute compartilhada como uma atividade humana por todos os povospode significar que ela comunica uma determinada compreensatildeo simplesmentepor sua existecircncia (Merriam 1964 p223)

Merriam afirma que o som musical natildeo pode ser produzido senatildeo de pessoaspara outras pessoas e embora se possa separar conceitualmente esses dois aspectosum natildeo eacute realmente completo sem o outro o que pressupotildee a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

O autor considera que num niacutevel simples pode-se dizer talvez que a muacutesicacomunica em uma dada comunidade embora se compreenda pouco como essacomunicaccedilatildeo se processa O mais oacutebvio possivelmente eacute que a comunicaccedilatildeo eacuteefctuada atraveacutes da investidura da muacutesica com significados simboacutelicos que satildeotacitamente aceitos pela comunidade

5) Funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica - Merriam assinala que quase natildeo haacuteduacutevida de que a muacutesica funciona em todas as sociedades como uma representaccedilatildeosimboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos

Simbolismo em muacutesica pode ser considerado nestes quatro niacuteveissignificaccedilagraveo ou simbolizaccedilatildeo existente nos textos de canccedilotildees representaccedilatildeosimboacutelica de significados afetivos ou culturais representaccedilatildeo de outroscomportamentos e valores culturais simbolismo profundo de princiacutepios

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universais Eacute evidente que a abordagem que visualiza muacutesica essencialmentecomo simboacutelica de outras coisas e processos eacute proveitosa e pressiona tambeacutema uma espeacutecie de estudo que objetiva compreender a muacutesica natildeo simplesmentecomo uma constelaccedilatildeo de sons mas como comportamento humano (Merriam1964 p258)

Merriam afinnal ainda que muacutesica eacute simboacutelica de muitas maneiras ereflete a_organizaccedilatildeo da sociedade

6) Funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica - Merriam considera discutiacutevel a inclusatildeo destacategoria entre funccedilotildees sociaisu

No entanto o fato de que a muacutesica provoca reaccedilatildeo fisica eacute claramentenotado pelo seu uso na sociedade humana embora as reaccedilotildees possam sermotivadas por convenccedilotildees culturais ( p 224)

Eacute o caso segundo o autor de emoccedilotildees despertadas por detenninadasmuacutesicas ocidentais (emoccedilotildees envolvem sem duacutevida reaccedilatildeo fiacutesica) e que nadaestimulam em indiviacuteduos de outras culturas que natildeo receberam detenninadotreinamento cultural para terem tais emoccedilotildees

Alguns exemplos que ele cita no acircmbito da reaccedilatildeo fiacutesica satildeo a possessatildeo(sem a qual satildeo considerados fmstrados detenninados rituais religiosos) excitaccedilatildeoe canalizaccedilatildeo de comportamento da multidatildeo encorajamento de reaccedilotildees fiacutesicasdo guerreiro e do caccedilador estiacutemulo agrave reaccedilatildeo da danccedila

Merriam considera que a questatildeo relativa a se a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesicaeacute principalmente uma reaccedilatildeo bioloacutegica provavelmente esuperada pelo fato de queela eacute funnada culturalmente

7) Funccedilatildeo de impor conformidade a nonnas sociais - Merriam exemplificaesta funccedilatildeo com canccedilotildees que chamam a atenccedilatildeo para comportamentosconvenientes ou natildeo (canccedilotildees de protesto) e canccedilotildees que instruem os jovensmembros da comunidade sobre os comportamentos proacuteprios e improacutepriacuteos (canccedilotildeesusadas em cerimocircnias de iniciaccedilatildeo) canccedilotildees cujos textos refletem mecanismospsicoloacutegicos individuais e coletivos e atitudes e valores prevalecentes na culturaassim como transmitem mitos lendas e histoacuteria

Merriam considera que a muacutesica e a linguagem exercem influecircncias muacutetuassendo que os textos das canccedilotildees constituem um suporte para uma linguagempennissiva

8) Funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos shyMerriam considera que haacute pouca infonnaccedilatildeo para se saber ateacute onde a muacutesicarealmente valida instituiccedilotildees sociais e rituais religiosos devendo esta funccedilatildeo sermelhor estudada

Apresenta contudo alguns exemplos cabiacuteveis de serem aqui relatadospreservaccedilatildeo da ordem e coordenaccedilatildeo de siacutembolos cerimoniais atraveacutes de canccedilotildees

22 1

(Reichard 1950) transmissatildeo de potecircncia maacutegica atraveacutes de encantamentos pormeio de canccedilotildees (Burrows 1933) desgaste de um conflito ou frustraccedilatildeo de longoprazo atraveacutes de canccedilotildees com versos estabilizadores que sugerem uma soluccedilatildeopennitida segundo os costumes (Freeman 1957) validaccedilatildeo de sistemas religiososcomo no folclore atraveacutes da recitaccedilatildeo do mito e da lenda em canccedilotildees assim comoatrav~muacutesica que expresse preceitos religiosos

9) flunccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura shypara Merriam esta funccedilatildeo seria uma decorrecircncia ou talvez um somatoacuterio dasfunccedilotildees anteriores pois

se a muacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer esteacutetico divertecomunica provoca reaccedilatildeo fisica impotildees conformidade agraves normas sociais evalida instituiccedilotildees sociais e religiosas eacute claro que ela contribui para acontinuidade e estabilidade da cultura (Merriam 1964 p225)

Alguns exemplos seriam a muacutesica como veiacuteculo de histoacuteria mito e lendaapontando para a continuidade da cultura a muacutesica atraveacutes da transmissatildeo deeducaccedilatildeo contribuindo para o controle de membros desviantes da sociedade epara o sublinhamento do que eacute certo o que contribui para a estabilidade da culturaparticipaccedilatildeo da muacutesica na enculturaccedilatildeo de indiviacuteduos instruindo-os sobre o seuambiente natural e sua utilizaccedilatildeo transmitindo a visatildeo de mundo do grupofuncionando como emblema da condiccedilotildees de membro do grupo etc

Merriam considera que o som musical eacute o resultado de processos decomportamento humano que satildeo modelados por valores atitudes e crenccedilas daspessoas de uma cultura particular contribuindo assim para a continuidade eestabilidade dessa cultura

(10 Funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeo da sociedade - Eacute claro que promovendo um ponto de uniatildeo em torno do qual os

membros de uma sociedade se congregam a muacutesica realmente realiza a funccedilatildeode integrar a sociedade (Merriam 1964 p226)

Alguns exemplos que Merriam apresenta satildeo execuccedilotildees da muacutesica de umgmpo contribuindo para a satisfaccedilatildeo de participar de algo familiar e para acerteza de tomar parte de um grupo que compartilha os mesmos valores os mesmosmodos de vida e as mesmas fonnas de arte (Nketia 1958) canccedilotildees de protestosocial permitindo ao indiviacuteduo desabafar e ajustar-se agraves condiccedilotildees ou promovendoa mudanccedila atraveacutes da mobilizaccedilatildeo do sentimento do grupo (Freeman 1957) danccedilascom canccedilotildees de acompanhamento contribuindo em virtude do ritmo e da melodiapara a cooperaccedilatildeo hannoniosa entre os indiviacuteduos para o agir em unidade para ocompartilhamento de um sentimento de prazer (Radcliffe-Brown 1948)

O autor considera ainda que a muacutesica constitui um ponto de uniatildeo emtomo do qual os membros da sociedade se reuacutenem para se dedicarem a atividades

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que requerem cooperaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo do grupo e que embora nem toda muacutesicaseja executada assim haacute em toda sociedade ocasiotildees marcadas pela reuniatildeo daspessoas lembrando-lhes sua unidade

A categorizaccedilatildeo de Merriam como todo instrumento de anaacutelise eacute passiacutevelde limitaccedilotildees como possiacuteveis distorccedilotildees da realidade ou natildeo dar conta da totalidadedo objeto de estudo entre outros Aliaacutes a proacutepria concepccedilatildeo de funccedilatildeo social damuacutesica da forma como Merriam realiza traduz uma abordagem funcionalistaque como tal visualiza a sociedade como fenocircmeno organizacional resultante dainteraccedilatildeo de partes concatenadas o que~ certamente discutiacutevel

As criacuteticas feitas ao funcionalismo de um modo geral se aplicam agravecategorizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica proposta pelo autor

Algumas dessas principais criticas satildeo a seguir apresentadasPrimeiramente o funcionalismo trabalha com uma abordagem sistecircmica

enfatizando a retroalimentaccedilatildeo entre as partes mantenedora do dinamismo derecomposiccedilatildeo de seu equiliacutebrio e ambiecircncia (Demo 1987 pl 09 Kaplan 1975 p90)

Demo (1987 pll0) e Kaplan (1975 p90) assinalam tambeacutem que ofuncionalismo acentua a face consensual e harmoniosa da sociedade voltadapara a coesatildeo social Natildeo trabalha pois com a perspectiva de superaccedilatildeo do sistemabuscando apenas a mudanccedila dentro do sistema (ou seja ressaltando a dinacircmicade manutenccedilatildeo do sistema)

Procurando dar conta da dimensatildeo conflituosa o funcionalismo parte muitasvezes para a concepccedilatildeo de disfunccedilatildeo (Kaplan 1975 p90) O que corrobora asafirmativas anteriores de que o funcionalismo soacute daacute conta da concepccedilatildeo demudanccedila dentro do sistema e natildeo da perspectiva de mudanccedila estrutural

Aleacutem disso segundo Kaplan (1975 p96) o funcionalismo se depara comlimitaccedilotildees loacutegicas sempre que busca teorizar sobre origem ou persistecircncia decertas estruturas e segundo Firth (1955) citado por Kaplan (1975 p98) a anaacutelisefuncional apresenta dificuldade do ponto de vista do observador de ter acesso agravesfunccedilotildees em situaccedilotildees empiricas

Apesardessas limitaccedilotildees a anaacutelise funcional tem seus meacuteritos sobretudo quandose compreende que ela natildeo eacute um fim em si nem pode dar conta de todos os aspectosdo objeto estudado - aliaacutes nenhum meacutetodo cientiacutefico consegue realizar tal proeza

A abertura de perspectiva para a anaacutelise de funccedilotildees sociais certamenteaclara certos aspectos do intrincado complexo de relaccedilotildees sociais emboracertamente natildeo o esgote

Segundo Kaplan (1975 plOl) talvez o maior sucesso da antropologiafuncionaltenha sido apontar as consequumlecircncias natildeo planejadas dos atos culturais(funccedilotildees latentes ou simplesmente funccedilotildees segundo Merriacuteam em contraposiccedilatildeoa usos)

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Aleacutem disso Florestan Fernandes (1970) assinala queuma valorizaccedilatildeo construtiva do uso cientiacutefico do funcionalismo natildeo

impede a adesatildeo de socioacutelogos de vez que os conhecimentos empiacutericos eteoacutericos fornecidos por esse meacutetodo satildeo igualmente uacuteteis e potencialmenteexploraacuteveis sob quaisquer ideologias (pl09)

As afirmativas acima apresentadas relativas aos aspectos positivos da anaacutelisefuncional justificam a escolha do instrumento de Merriacuteam neste trabalho sobretudoporque sendo as funccedilotildees sociais um aspecto ainda pouco estudado da muacutesica foi auacutenica categorizaccedilatildeo encontrada na bibliografia consultada Aleacutem disso ela pareceurealmente uacutetil desde que natildeo transformada em fim para fornecer uma aproximaccedilatildeodo objeto de estudo em questatildeo - a muacutesica numa perspectiva histoacuterica numa primeirainstacircncia e no ensino superior de muacutesica num segundo momento

Certamente as categorias em si tambeacutem podem ser alvo de muitas questotildeesA funccedilatildeo de expressatildeo emocional eacute individual ou social Representaccedilatildeosimboacutelica e comunicaccedilatildeo devem ser categorias separadas Divertimento erealmente atribuiccedilatildeo da arte (haacute autores que a negam em absoluto) Essascategorias satildeo realmente aplicaacuteveis a qualquer cultura em qualquer tempo

Natildeo se pretendeu aqui analisar essas questotildees (e outras pertinentes) emseparado Elas seratildeo na medida do possiacutevel discutidas no decorrer do trabalho quandode sua aplicaccedilatildeo agrave muacutesica ocidental em sua trajetoacuteria e ao ensino superior de muacutesica

Cabe sobretudo enfatizar que a utilizaccedilatildeo dessa categorizaccedilatildeo visouprincipalmente a permitir uma aproximaccedilatildeo do objeto de estudo - a muacutesica - e agravecoleta de subsiacutedios para anaacutelises posteriores fundadas em outras perspectivasmetodoloacutegicas __t~ _

Primeira Idade da_~)A primeira idade da muacutesica segundo a classificaccedilatildeo de Wiora nagraveo nos

legou documentos escritos -literaacuterios ou musicais~ o que limita nosso conhecimentoJ

desse periacuteodoOs documentos baacutesicos dessa fase preacute-histoacuterica sagraveo instrumentos musicais

esculturas e pinturas atraveacutes dos quais podem ser levantadas hipoacuteteses que buscamreconstruir os acontecimentos musicais do periacuteodo Tambeacutem tecircm sido uacuteteis asobservaccedilotildees desenvolvidas em comunidades contemporacircneas aacutegrafas que nospermitem a partir de comparaccedilotildees chegar a algumas conclusotildees importantes sobrea preacute-histoacuteria musical da humanidade

Wiora (1961 p 13) assinala trecircs tipos baacutesicos de fontes utilizaacuteveis na pesquisasobre os primoacuterdios da muacutesica os achados arqueoloacutegicos os vestiacutegios atuaisencontraacuteveis entre os povos primitivos e os mitos

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Merriam (1964) por exemplo assinala que a muacutesica eacute um aspectocotidiano e presente em todos os momentos em sociedades aacutegrafas Istoparece ser uma observaccedilatildeo efetivamente generalizaacutevel agrave preacute-histoacuteria dahumanidade pois nesse sentido convergem todas as evidecircncias apontadasunanimemente pelos autores consultados

Wiora (1961) afirma que as origens da muacutesica remontam a mais de 30000anos tendo a muacutesica sido associada agraves danccedilas cultuais que segundo o autorprovavelmente precederam as artes plaacutesticas

Entre as atividades musicais do periacuteodo Paleoliacutetico anteriores a 10000 acna Europa Wiora cita as danccedilas cultuais - danccedilas miacutemiacutecas com maacutescaras deanimais que aparecem em diversas representaccedilotildees em paredes de grutas Arepresentaccedilatildeo miacutemica associada agrave danccedila eacute segundo o autor muito anteriacuteor agrave suarepresentaccedilatildeo plaacutestica no periacuteodo Paleoliacutetico

Wiora menciona a possibilidade dos feiticeiros desse periacuteodo terem utilizado o poder religioso e encantador da voz

A anaacutelise de mitos atuais entre Pigmeus por exemplo permite segundo oautor identificar algumas representaccedilotildees plaacutesticas do Paleoliacutetico como miacuteticassendo a elas associadas elementos musicais o que leva inuacutemeros estudiosos dapreacute-histoacuteria a considerar que a muacutesica desempenhava nesse periacuteodo um grandepapel na vida cultual

Wiora assinala que o jogo maacutegico e a realidade natildeo estavam claramentediferenciadas e que os instrumentos musicais se mesclavam agraves funccedilotildees miacuteticasdas atividades cultuais de que participavam

Muitos instrumentos deviam servir natildeo somente atilde produccedilatildeo de ruiacutedose de sons mas tambeacutem a outros fins como eacute ainda o caso dos australianosque entrechocam seus bumerangues durante suas danccedilas noturnas e batemsobre suas lanccedilas

Talvez os dardos lanccedilados tivessem um emprego similar nos tempos preacuteshyhistoacutericos diversos exemplares encontrados satildeo tatildeo fraacutegeis e tatildeo ricamentedecorados que parecem ter sido instrumentos rituais e nagraveo annas

Da mesma forma os bastotildees ditos de comando satildeo sobretudo emrazatildeo de sua ornamentaccedilatildeo artiacutestica objetos rituais e natildeo de uso corrente (Wiora 1961 p 20)

O arco preacute-histoacuterico cujo emprego se deu na caccedila e na muacutesica eacute apontadopor Wiora como exemplo de relaccedilatildeo com antigos mitos Apesar da importacircnciados instrumentos musicais e de sua relaccedilatildeo com os cultos Wiora assinala a prioridadeda voz e da escuta o que pode talvez ser comprovado a partir da inexistecircncia deinstrumentos entre alguns povos primitivos Voz ou instrumento o autor destaca

contudo que todos os povos cantam com intervalos diferenciados e quea definiccedilatildeodesses sons por cada povo eacute muito antiga jaacute existindo provavelmenteI10 ~(lleoliacutetico

Baseados sobre essas relaccedilotildees [intervalares ] compreensiacuteveis semteoilanotaccedilatildeo ou instrumentos os sistemas bitocircnico tritocircnico tetratocircnico e pentatocircnicose fonnaram provavelmente jaacute no Paleoliacutetico (p 24)

As relaccedilotildees intervalares e os tipos meloacutedicos delas decorrentes eramsegundo Wiora respeitadas como costumes Os povos primitivos ainda segundo oautor conheciam a tonalidade e as funccedilotildees tonais (ambos os tennos tomados numsentido mais amplo) assim como as fonnas elementares de polifonia

No periacuteodo Neoliacutetico a muacutesica adquiriu um novo sentido e novasformas (p 28) Surgiram os primeiros costumes campestres associados aoscantos e desde entatildeo a existecircncia humana ganhou uma estrutura modelada pelociclo das estaccedilotildees segundo o ano agriacutecola

As danccedilas cultuais como as danccedilas mortuaacuterias destinadas a evocar afertilidade satildeo nesse periacuteodo importantes atividades associadas agrave muacutesica

Wiora base~~do-se e~ Schneider ~ssinala que uma grande ~osinstrumentos de musIca pnmItlvos era estreItamente aparentada aos(ClfiiiiacuteSzllOs eservia antes de tudo agraves manifestaccedilotildees maacutegicas e sonoras da vontade de accedilatildeoSignos traccedilados sobre instrumentos e ateacute mesmo muitos utensiacutelios eramsimultaneamente ornamentos e siacutembolos

Outro fato d01lteacuteocircIacuteiacuteti~0 mencionado por Wiora satildeo as construccedilotildeesmegaliacuteticas destinadas ao culto dos ancestrais e onde se processavam danccedilascultuais e cerimoniais A disposiccedilatildeo de pedras em ciacuterculo nessas construccedilotildeesteria segundo o autor relaccedilatildeo com a posiccedilatildeo dos astros pennitindo supor a ligaccedilatildeoda muacutesica com especulaccedilotildees sobre o cosmos

Ainda no periacuteodo Neoliacutetico Wiora aponta a celebraccedilatildeo cantada dos heroacuteis eoutros gecircneros de cantos eacutepicos Desses cantos heroacuteicos primitivos derivariamposteriormente epopeacuteias escritas como a Iliacuteada

Instrumentos musicais a partir da descoberta do uso de metais passaram aser com eles confeccionados adquirindo uma nova caracteriacutestica comosiacutembolos do poder e da habilidade artiacutestica ( p 33) Muda a sonoridade e aclareza do som a cujo brilho correspondiam segundo Wiora a roupagem e oequipamento do guerreiro assim como o ritmo e o melodismo da muacutesica

Cantos heroacuteicos casamentos banquetes lamentos fuacutenebres eram assimacompanhados Instrumentos metaacutelicos de sopro eram utilizados para afugentar operigo ou o mal para chamar a comunidade para o culto ou estimular guerreirospara o combate O poder maacutegico da muacutesica era entatildeo grandemente consideradotal como atestam reminiscecircncias em antigos contos e lendas

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Wiora assinala a importacircncia da muacutesica em comunidades primitivas preshyhistoacutericas ou atuais A muacutesica original estava ligada agrave vida da comunidadenatildeo__ordf_Jf1ll__ gr1JP() e~JfEifi~qmen(~flJysecticJ mas a ambientaccedilatildeo geral porexemplo de toda uma aldeia (p 37)

A importacircncia da execuccedilatildeo da muacutesica a partir dos tipos e modelos meloacutedicose das maneiras de cantar levava a que a comunidade controlasse tais execuccedilotildeesmantendo-as dentro de certos limites jaacute que da muacutesica dependia sua sorte Issopermitiu que tais modelos e praacuteticas pudessem ser longamente conservados

A muacutesica tomava parte bem mais que posteriormente nas realidadesprimordiais da existecircncia Segundo Herder ela envolvia os objetos reais osatos os acontecimentos todo um mundo animado Ela participava dos trabalhosda guerra da cura dos julgamentos - do que se fazia diretamente durante aexecuccedilatildeo desses atos ou durante sua preparaccedilatildeo e seus acompanhamentosrituais por exemplo o encantamento da caccedila (Wiora 1961 p 39)

Wiora observa que a essecircncia da muacutesica favoreceu seu uso para efeitosmaacutegicos os quais envolviam entre outros aspectos o encantamento esteacutetico

A eficaacutecia psiacutequica eacute tambeacutem ressaltada pelo autor como sendo celebradadesde os mitos da antiguumlidade Relaciona-se a esse aspecto o estado de ecircxtaseobtido com auxiacutelio da muacutesica em rituais de magia

A muacutesica era tambeacutem utilizada segundo Wiora para atingir o domiacutenio psiacutequicoe corporal bem como para movimentar as forccedilas fundamentais do mundo Serviatambeacutem agrave nec~ssidade de aJienaccedilatildeo de se transformar em qualquer demoacuteniode se evadir de se transportar luis estranhos reinos imaginaacuterios do mundodas almas (p 40)

Ao lado da muacutesica maacutegica e religiosa Wiora assinala a existecircncia entre ospovos primitivos de uma muacutesica profana e alegre como ainda hoje pode serobservada entre Esquimoacutes ou Piacutegmeus

Referindo-se aos primoacuterdios da muacutesica Candeacute (1981) afirmaNas origens a muacutesica natildeo era senatildeo uma atividade muscular (membros)

laringe) adaptada agraves condiccedilotildees da luta pela vida De diversas maneirasseu desenvolvimento seguiu o das sociedades humanas Durante muito tempose manteve como uma prolongaccedilatildeo um suporte uma exaltaccedilatildeo da accedilatildeoUnida agrave magia a religiatildeo agrave eacutetica agrave terapecircutica agrave politica ao jogo aoprazer tambeacutem constitui um dos aspectos fundamentais das antigascivilizaccedilotildees Sua transmissatildeo estaraacute assegurada de geraccedilatildeo em geraccedilatildeopela imitaccedilatildeo logo pelo ensino sistemaacutetico (p 17)

E Candeacute assinala em outra passagem o caraacuteter imitativo da muacutesicatransmitida tal como a pantomima por tradiccedilatildeo oral As regras fundamentais queregiam a muacutesica da 1 idade eram profundamente assimiladas pelo grupo que

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sobre elas criava e improvisava tal como ateacutehoje se observa em sociedades aacutegrafasA notaccedilatildeo musical nada tem a ver com essa realizaccedilatildeo musical calcada em foacutermulastradicionais sobre as quais se desenvolve a muacutesicafNas sociedades primitivasa muacutesica eacute um ato comunitaacuterio Natildeo haacute puacuteblico natildeo haacute autor natildeo haacute obraos assistentes satildeo quase todos participantes (p29)J

Dentro de regras precisas o grupo exercita a variaccedilatildeo musical As regras4ainda segundo Candeacute relacionam~~se agraves circunstacircncias da vida social quecondicionam por exemplo a seleccedilatildeo de instrumentos o modo de execuccedilatildeo aadoccedilatildeo de ritmos caracteriacutesticos

Eacute preciso ainda referir ao que Candeacute apresenta quanto ao periacuteodo neoliacuteticopertencente tambeacutem agrave 1 idade

A associaccedilatildeo da voz ao gesto do canto aos instrumentos e oestabelecimento de sistemas transmissiacuteveis permitiram agrave expressatildeo sonoraperder seu caraacuteter individual e exercer uma forccedila de enfeiticcedilamento favoraacutevelaos rituais ou agraves atividades coletivas (p 50)-- -

O caraacuteter coletivista e o entrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo e a magiaeacute uma conclusatildeo tambeacutem unacircnime dos diversos autores consultados quanto a esseperiacuteodo

Schurmann (1989) situa a origem de manifestaccedilotildees classificaacuteveis comomusicais no periacuteodo plistocecircnico anterior ao paleoliacutetico e classifica comoessencialmente comunicativas as primeiras manifestaccedilotildees Posteriormente aleacutemda funccedilatildeo comunicativa passariam a funcionar como instrumentos detrabalhos maacutegicos mais diretamente inscritos portanto na categoria dasforccedilas produtivas (p 19)

Nettl citado por Schurmann (1989) destaca entre as funccedilotildees da muacutesicaprimitiva a religiosa e a maacutegica esta uacuteltima mais antiga que a primeira assim comonas manifestaccedilotildees pictoacutericas desse periacuteodo Tal como em relaccedilatildeo agrave pintura eacutepossiacutevel formular a hipoacutetese de que a muacutesica tenha sido tatildeo naturalista quantoaquela e que com uma determinada manifestaccedilatildeo sonora imitando porexemplo o relinchar de um cavalo selvagem o homem julgasse apossar-senelO apenas do relinchar mas tambeacutem do proacuteprio cavalo (p 20)

Schumann acrescenta para o periacuteodo neoliacutetico o surgimento de um caraacutetereminentemente simboacutelico para a arte diferentemente do periacuteodo anterior em quepredominava o caraacuteter de representaccedilatildeo ou de reproduccedilatildeo isto eacute abandonashyse o naturalismo acima referido do periacuteodo paleoliacutetico

O animismo eacute assinalado por Schurmann (1985 p25) como uma novaconquista da fase da barbaacuterie contraacuteria agrave concepccedilatildeo anterior proacutepria do estadoselvagem quando o homem se julgava capaz de atuar por meios maacutegicosdiretamente sobre a natureza Na praacutetica animista as magiacuteas da fase anterior (do

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estado selvagem) foram sendo substituiacutedas por sortileacutegios e conjuraccedilotildees atraveacutesdos quais o homem buscava seduzir os espiacuteritos para que o ajudassem solucionandoproblemas surgidos no trabalho e contribuindo para a progressiva conquista dedomiacutenio sobre a natureza

( ) era importante o papel desempenhado pelas praacuteticas musicaisagraves quais se atribuiam grandes poderes relevantes sobretudo em se tratandotanto de convocar os espiritos como de assegurar as condiccedilotildees necessaacuteriaspara a preservaccedilatildeo das estruturas sociais (Schurmann 1989 p 26)

Segundo Schurmann devem ter sido muitas as manifestaccedilotildees musicais dabarbaacuterie ligadas a rituais de conjuraccedilatildeo de espiacuteritos e segundo ele praacuteticascomunicativas desta muacutesica ritual soacute podem ser inseridas na categoria decomunicaccedilatildeo social na medida em que se admita que os seres espirituais aos quaiselas de dirigiam fossem considerados membros efetivos da comunidade social

Schurmann nega agrave muacutesica da barbaacuterie a caracterizaccedilatildeo de linguagem musicaluma vez que os elementos musicais envolvidos carecem inteiramente dequalquer articulaccedilatildeo agrave semelhanccedila dos atos elocutoacuterios (p 27) Assinalacontudo que nessa fase talvez tenham existido textos cantados ou declamadossob a forma de melodias cantadas desempenhando papel importante na praacutetica decontar estoacuterias atraveacutes das quais se mantinham vivos os valores eacuteticosindispensaacuteveis para a estrutura social

Nettl citado por Schurmannobserva que na grande maioria das tribos primitivas ainda existentes

o contador de estoacuterias intercala canccedilotildees na sua narrativa e os ouvintespassam a cantar junto com ele Este haacutebito leva frequumlentemente a um tipo demanifestaccedilatildeo musical qualificaacutevel conuxecircal1oresponsorial por meio doqual se acaba por garantir a participaccedilatildeo ativa de todos os membros dacomunidade (Schurmann p 27)

O mesmo autor ainda citado por Schurmann assinala o desenvolvimento decantos ou poetas-muacutesicos ambulantes (bardos escaldos e rapsodos) que louvavamem suas declamaccedilotildees musicais a memoacuteria de deuses e heroacuteis narrando feitosnotaacuteveis e exaltando a bravura a lealdade o espirito aventureiro e a coragemdando origem a uma grande variedade de mitos e lendas e tambeacutem a poemaseacutepicos posteriores como a Odisseacuteia

Schurmann assinala tambeacutem a evoluccedilatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica nafase da barbaacuterie perdendo sua vinculaccedilatildeo imediata com as forccedilas produtivas eaproximando-se gradativamente de outra categoria de relaccedilotildees sociais quefrequumlentementejaacute natildeo faziam parte das relaccedilotildees de produccedilatildeo A proacutepria narraccedilatildeode estoacuterias aliaacutes jaacute natildeo se destinava ao trabalho necessaacuterio agrave produccedilatildeo de meiosde subsistecircncia O mesmo se aplica a diversas outras atividades como as de caraacuteter

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luacutedico que frequumlentemente envolviam procedimentos musicais e quedesempenhavam papel social natildeo ligado agrave produccedilatildeo mas agrave integraccedilatildeo social e aotreinamento de habilidades de observaccedilatildeo e domiacutenio do meio ambiente

Embora o autor consiacutedere que natildeo se encontra na barbaacuterie qualquermanifestaccedilatildeo que possa ser identificada como linguagem musical ele nega queessa muacutesica fosse apenas incipiente fruto de uma espontaneidade ingecircnua

Muito pelo contraacuterio as pesquisas etnomusicoloacutegicas mais aprofundadasem abordando por exemplo as praacuteticas musicais na cultura indigena brasileiramostram que elas obedecem agrave uma organizaccedilatildeo surpreendentemente complexabaseada em tradiccedilotildees seculares dando a entender que absolutamente natildeo seriapossivel explicaacute-Ias no acircmbito teoacuterico de uma suposta imaturidade cultural (Schurmann p29)

Schurmann assinala tambeacutem que a cultura indiacutegena desenvolveu umaconsciecircncia dos atos de ouvir e de ver relacionando-os aos atos de entender econhecer o que evidenciaria que

as praacuteticas musicais nunca poderiam reduzir-se a meras manifestaccedilotildeesespontacircneas mas teriam que seguir por um complexo caminho onde seviabilizasse o ato de comunicar socialmente a compreensatildeo de toda umaideologia que se encontra na base da estrutura gentilica (Schurmann p 30)

Sobre a muacutesica da 1a Idade Menuhin afirma que a muacutesica eacute a nossamais antiga forma de expressatildeo mais antiga do que a linguagem ou qualquer outraforma de arte comeccedilando com a voz e com a nossa necessidade preponderantede nos darmos aos outros Referindo-se ainda agrave preacute-histoacuteria da humanidadeMenuhin relaciona caccedila e muacutesica Do ritual da caccedila surgia a muacutesica o arcopodia produzir uma vibraccedilatildeo meliflua Um ponto de vista amplamente ~

defendido eacute de que o arco e flecha satildeo ancestrais do violino (p5)Um exemplo de associaccedilatildeo entre caccedila muacutesica e ritual aparece na referecircncia

que Abraham (1986 p17) faz a um desenho gravado em uma gruta magdaleniensedatado de 13500 Ac que apresenta uma tlgura metade bisatildeo metade homem queJode ser interpretada como um caccedilador disfarccedilado parecendo tomar parte em ummiddot1ma Sobre ele haacute um arco desenhado e os musicoacutelogos divergem sobre se seriauma f1auta ou um arco musical associando esse instrumento a rituais de magia

A muacutesica eacute para Menuhin relacionada a rituais desde os seus primoacuterdios shynascimento morte colheita etc Posterionnente com o desenvolvimento gradativoda agricultura e da construccedilatildeo de abrigo a muacutesica passou a associar-se ao trabalho

Outra referecircncia importante que o autor faz eacute a associaccedilatildeo entre canto efala durante muito tempo na preacute-histoacuteria da humanidade Menuhin observa queem certas partes do mundo onde subsistem linguagens antigas (China Vietnatildealgumas partes da Aacutefrica) a inflexatildeo da fala e a da muacutesica permanecem

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inseparaacuteveis embora natildeo idecircnticas Apesar poreacutem da intriacutenseca relaccedilatildeo dasduas em tempos remotos Menuhin assinala que haacute provas antropoloacutegicas de queo canto surgiu antes da fala

A especializaccedilatildeo de tarefas eacute tambeacutem aludida por Menuhin que tambeacutemrefere-se a uma especializaccedilatildeo do muacutesico Em muitas sociedades todosparticipavam da muacutesica e nesses grupos o muacutesico semi-profissional erararo Gradualmente o muacutesico passou a ser valorizado e recebeuresponsabilidades cada vez maiores porque ele era capaz de arrebatar aspessoas (p 8)

A elaboraccedilatildeo de instrumentos musicais eacute tambeacutem situada por Menuhin napreacute-histoacuteria sendo que os vestiacutegios mais antigos foram encontrados na Sibeacuteria edatam de cerca de trinta e cinco mil anos atraacutes Esses instrumentos os mais antigosateacute entatildeo encontrados indicam a existecircncia de um aprimorado sistema dededilhar e por extensatildeo de uma escala musical - indicam pois a existecircnciade melodias primitivas muito antes da uacuteltima grande Era Glacial (Menuhinp8)

As flautas remontam segundo Menuhin agrave Idade da Pedra - sejam de argilamoldada e submetida agrave queima seja de ossos de galhos de casca de aacutervore debambu etc A flauta de Patilde por exemplo parece remontar ao final da Idade daPedra e eacute encontrada ainda hoje em diversos povos

Ressaltando mais uma vez a importacircncia da observaccedilatildeo dos fatos musicaisem sociedades contemporacircneas de contextos soacutecio-econacircmicos diversos do mundodito civilizado cabe citar JJ de Moraes (1983)

Mas voltemos aos Suiaacute O que eles fazem em termos musicais hojenatildeo eacute arcaico natural ou simples Como nos ensinou o etnomusicoacutelogoAnthony Seeger pensamos erradamente que sua muacutesica eacute primitiva imitaccedilatildeodireta dos sons da natureza e pobre do ponto de vista de sua organizaccedilatildeo apenas porque natildeo a compreendemos ( p85)

Citando ainda Seeger JJ de Moraes prossegueA muacutesica tem enorme importacircncia na vida tradicional das sociedades

indiacutegenas ( ) Para essas sociedades a muacutesica eacute parte fundamental da vidanatildeo simplesmente uma de suas opccedilotildees O que noacutes relegamos a um segundoplano como optativo ou lazer ocupa um lugar mais central na percepccedilatildeodos gupos formador da experiecircncia social parte integral das atividades desubsistecircncia garantia da continuidade social e cosmoloacutegica ( p 86)

Moraes enfatiza ainda com relaccedilatildeo ao exemplo referido a importacircncia queadquirem as significaccedilotildees especiais do canto seja ele gritado ou sussurrado a importacircnciada voz um de seus uacutenicos instrumentos e do chocalho este gerador da pulsaccedilatildeo quese cola agravecadecircncia dos textos cantados a importacircncia dos timbres muito mais importantespara esses povos que aquilo que chamamos de afinaccedilatildeo a importacircncia do ritmo

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Esses e muitos outros exemplos que nos satildeo oferecidos pela etnomusicologiaconstituem junto com os achados arqueoloacutegicos o material baacutesico para a reflexatildeosobre a musica da 1 idade

A explanaccedilatildeo ateacute aqui desenvolvida baseada em exemplos relativos agrave Iidade da muacutesica extraiacutedos da literatura especializada merece aqui uma ordenaccedilatildeoconforme foi proposta no iniacutecio deste capiacutetulo com base na categorizaccedilatildeoestabelecida por Merriam para as funccedilotildees sociais da muacutesica A quais das categoriasde Merriam os autores se referem ainda que indiretamente quando remetem agraveI idade da muacutesica

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

As referecircncias aqui apresentadas agrave muacutesica da I idade parecem deixarclaro a evidclIcia desta funccedilatildeo - a de expressatildeo emocional embora Candeacute citadoao iniacutecio deste capiacutetulo afirme Nas origens a muacutesica natildeo era senatildeo umaatividade muscular ( ) adaptada agraves condiccedilotildees de luta pela vida (p17)

Schurmann (1989) poreacutem tambeacutem citado anteriormente classifica comoessencialmente comunicativas as primeiras manifestaccedilotildees musicais o que divergedo ponto de vista apresentado por Candeacute

Menuhin (1981) refere-se agrave existecircncia de instrumentos musicais comotambores e flautas muito antes da uacuteltima Era Glacial e admite a possibilidade deespeculaccedilotildees sobre rituais sacros e profanos A utilizaccedilatildeo de muacutesica em rituaisparece sugerir a funccedilatildeo de expressatildeo emocional

Embora sobre a origem da muacutesica haja divergecircncias quanto agrave ocorrecircncia dafunccedilatildeo de expressatildeo emocional todos os autores apontam para ela no decorrer daI idade bastando a tiacutetulo de exemplo citar Menuhin (1981) quando afirma quea muacutesica ea nossa mais antiga forma expressatildeo () comeccedilando com a voze com a nossa necessidade preponderante de nos darmos aos outros ( pl)

Merriam apresenta ao analisar a funccedilatildeo de expressatildeo emocional diversosexemplos entre grupos indiacutegenas e outros atuais em que seria pertinente assinalaresta funccedilatildeo Eacute o caso dos iacutendios Flathead que o autor cita que manteacutem tradiccedilotildeesde canccedilotildees e danccedilas cuja ocasiatildeo real de suas execuccedilotildees haacute muito jaacute natildeo existeA muacutesica e a danccedila serviriam nesse caso segundo Merriam como expressatildeode liberaccedilatildeo emocional da cultura essencialmente hostil que cerca esses iacutendiospermitindo-lhes extravasar assim a hostilidade que sentem

Wiora (1961) refere-se agrave expressatildeo emocional ao abordar as origens damuacutesica

As especulaccedilotildees sobre a origem da muacutesica guardam seu valor natildeotanto como conhecimentos mas como estimulantes para a pesquisa O

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grito a expressatildeo de um sentimento a linguagem o apelo foram certamentefatores tanto quanto o instinto sexual o gosto pelo jogo e outros impulsos (p12)

As referecircncias de Wiora agraves ligaccedilotildees da muacutesica com a danccedila e os cultoscom a magia e com a dominaccedilatildeo psicoloacutegica parecem tambeacutem permitir relacionara muacutesica da I a idade agrave funccedilatildeo de expressatildeo emocional A proacutepria diferenciaccedilatildeoque Wiora apresenta na muacutesica dos primitivos entre muacutesica sacra e muacutesica profanae alegre pode servir como evidecircncia da presenccedila da funccedilatildeo aqui considerada

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

A questatildeo da esteacutetica presente ou natildeo na muacutesica da Ia idade natildeo eacuteexplicitada pelos autores consultados e considerada discutiacutevel por Merriam (1964)nas culturas aacutegrafas Apenas Wiora (1961) faz uma referencia mais di reta aomencionar entre os papeacuteis que a muacutesica desempenha no Neoliacutetico o encantamentoesteacutetico embora natildeo o esclareccedila mais detalhadamente (p30)

A seleccedilatildeo dos sons que constituem o universo musical de cada comunidadepode pressupor as influecircncias ambientais mas pode tambeacutem apontar na direccedilatildeode uma escolha derivada do gosto ou do prazer esteacutetico

Parece prudente deixar em aberto a questatildeo da funccedilatildeo do prazer esteacuteticona primeira idade da muacutesica mas natildeo parece pertinente excluiacute-Ia

Funccedilatildeo de Divertimento

o caraacuteter luacutedico da muacutesica na 1 idade eacute referido por Schurmann (1989)fazendo o autor referecircncia agrave associaccedilatildeo a outras finalidades Note-se aindaque na barbaacuterie a muacutesica quase nunca se apresenta como uma atividadeexclusivamente musical mas apenas como um dos ingredientes de modos decomunicaccedilatildeo mais complexos (p 28)

Ainda quanto ao aspecto luacutedico o mesmo autor afinna que 170 caso dasnarrativas o que se qualifica como linguumlistico natildeo eacute a muacutesica mas o textoverbal enquanto no caso dos jogos a muacutesica apenas participava de umdeterminado modo de comunicaccedilatildeo luacutedico (p29)

Assim Schurmann (1989) refere-se ao caraacuteter luacutedico - que pode serrelacionado agrave funccedilatildeo de entretenimento - como funccedilatildeo combinada coincidindocom a abordagem de Merriam jaacute referida que distingue divertimento puro(caracteriacutestica particular da sociedade ocidental) e diversatildeo combinada com outrasfunccedilotildees prevalecente nas sociedades aacutegrafas

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Candeacute (1981) e Menuhin (1981) natildeo fazem referecircncia especiacutefica agrave funccedilatildeode entretenimento na Ia idade

Blacking (1980) apresenta o exemplo a seguir Eu observei um processosimilar em Zacircmbia em 1961 Entre os Nsengas da regiatildeo de Petauke os

jovens meninos tocam pequenas kalimba mbiras para se distrair quandoeles estagraveo soacutes caminhando ou sentados (p20)

O grupo observado por Blacking assim como o exemplo acima descritopermite que se levante a hipoacutetese de praacuteticas semelhantes na la idade da muacutesicapermitindo que se admita a possibilidade do uso da muacutesica com funccedilatildeo deentretenimento puro em determinadas circunstacircncias

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

Certamente haacute uma grande polecircmica entre os autores no que se refere aopapel de comunicaccedilatildeo da muacutesica Simplificadamente podemos dizer que haacute osque consideram que a muacutesica eacute uma linguagem embora comunique emoccedilotildees enatildeo conceitos e haacute os que consideram que a muacutesica natildeo eacute linguagem uma vez quenatildeo transmite significados conceituais

Procurando deixar de lado neste momento a divergecircncia sobre se muacutesica eacuteou natildeo linguagem poderiacuteamos admitir simplesmente tal como Merriam fez queela comunica alguma coisa talvez emoccedilotildees ou sentimentOSE nesse sentido afunccedilatildeo de comunicaccedilatildeo poderia ser considerada presente na I a idade da muacutesica

Exemplos nesse sentido podem ser encontrados em diversos autoresMonod citado por Candeacute (1981) refere-se ao Paleoliacutetico afirmando A

muacutesica nasceu quando combinaccedilotildees criadoras associaccedilotildees novas realizadasno indiviacuteduo puderam transmitidas a outros deixar de morrer nele (p46) A referecircncia ao transmitir a outros indiviacuteduos permite correlaccedilatildeo coma funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Tambeacutem Menuhin (1981) refere-se agrave comunicaccedilatildeo entre os povos igwiquando afimm que a muacutesica une a famiacutelia e a tribo (p 4) O mesmo autorreferindo-se agrave gradativa valorizaccedilatildeo do muacutesico em comunidades preacute-histoacutericasmenciona que esse muacutesico era capaz de arrebatar as pessoas o que pressupotildeeuma accedilatildeo comunicativa (p 8)

Blacking (1980) descrevendo os estudos que desenvolveu sobre a muacutesicados Vendas na Aacutefrica refere-se implicitamente agrave funccedilatildeo comunicativa ao afirmarOs Vendas me ensinaram que a muacutesica natildeo pode jamais ser uma coisa emsi e que toda muacutesica eacute muacutesica popular no sentido de que a muacutesica nagraveopode ser transmitida ou ter significado sem que haja associaccedilotildees entre os

fndividuoslt (p8)middot -(

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Ao referir-se agrave transmissatildeo de significados (sejam eles quais forem) e aassociaccedilotildees entre indiviacuteduos Blacking permite pressupor a muacutesica atuando como

linguagem e exercendo a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

Candeacute (1981) talvez nos ofereccedila um exemplo desta funccedilatildeo quandoapresentando etapas hipoteacuteticas que representem oS primeiros estaacutegios de evoluccedilatildeoda muacutesica afirma ao descrever a 43

bull etapa Fabricaccedilatildeo de objetos sonorosmelhor diferenciados mas eficazes capazes de expressatildeo artiacutestica e de imitaccedilatildeode roiacutedos da Natureza Esta imitaccedilatildeo pode ter um caraacuteter maacutegico (p 48)

Embora o autor natildeo elabore uma anaacutelise mais detalhada do exemplo acimaeacute cabiacutevel a interpretaccedilatildeo de que a imitaccedilatildeo de ruiacutedos da Natureza possivelment~com caraacuteter maacutegico tenha a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica tal como fOI

identificada por MerriamWiora (1961) tambeacutem apresenta referecircncia agrave muacutesica preacute-histoacuterica no acircmbito

da representaccedilatildeo simboacutelica Eles danccedilam vestidos de maacutescaras de animaisdesenham sobre as paredes rochosas ou em tambores chamacircnicos imagensde encantamento atiram o arco sobre elas segundo o rito e dirigemcerimocircnias cultuais como a de iniciaccedilatildeo (p17)

A muacutesica associada a esses rituais como os de iniciaccedilatildeo parece ter nasdescriccedilotildees de Wiora relacatildeo com a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica A mesmainterpretaccedilatildeo eacute passivei analisando o texto do autor de ser aplicada aos instrumentosmusicais da preacute-histoacuteria como o arco musical que aparece em inscriccedilatildeo rupestre

tocado por um feiticeiro (p20)Tambeacutem Schurmann (1989) em exemplo anteriormente apresentado refere-

se agrave imitaccedilatildeo do relincho do cavalo no contexto de uma manifestaccedilatildeo sonora qualificaacutevelde musical tendo a funccedilatildeo de possibilitar ao homem apossar-se do proacuteprio cavalo Ecabiacutevel tambeacutem aqui interpretar a imitaccedilatildeo do relincho como a sua manifestaccedilatildeosimboacutelica e como tal admiti-la pertinente agrave funccedilatildeo social em questatildeo

O exemplo acima refere-se ao periacuteodo que Schurmann (1989) caracterizacomo estado selvagem o mais antigo da histoacuteria do homem Para o autor eacute noperiacuteodo seguinte o da barbaacuterie que o caraacuteter simboacutelico iraacute efetivamente se

instalar natildeo soacute na muacutesica mas na arte em geral

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

Alguns exemplos citados por Merriam parecem apontar para a funccedilatildeo dereaccedilatildeo fisica na 1a idade da muacutesica como a possessatildeo desencadeada pelo menos

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em parte pela muacutesica funcionando numa situaccedilatildeo total Sem a possessatildeo certoscerimoniais religiosos em certas culturas satildeo considerados frustrados

Wiora tambeacutem faz referecircncia ao estado extaacutetico obtido atraveacutes da muacutesicao que permite citaacute-lo no contexto da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica

Outro exemplo citado por Merriam eacute o da muacutesica excitando e canalizando ocomportamento de uma multidatildeo Outros exemplos ainda seriam o deencorajamento de re_accedilotildees fisicas do guerreiro ou do caccedilador ou ainda o de estiacutemuloagrave reaccedilatildeo fisica dad~

Embora Merriam reconheccedila que esta categoria conteacutem principalmente umcomponente bioloacutegico ele considera que tal componente eacute superado pelo fato deque a reaccedilatildeo bioloacutegica eacute condicionada culturalmente

Menuhin (1981) referindo-se agrave gradativa responsabilidade que o muacutesicopassa a receber em eacutepocas remotas oferece-nos um exemplo pertinente agrave funccedilatildeode reaccedilatildeo fisica Com seu auxiacutelio [do muacutesico] a muacutesica lhes deu forccedila devontade e coragem para fazer guerra defender a propriedade expressaralegria ou lamentar suas perdas (p 8)

Tambeacutem Candeacute referindo-se a uma origem comum do canto da danccedila e dafala (que soacute se iriam diferenccedilar nitidamente a partir de 9 000 ac no periacuteodoNeoliacutetico) permite-nos identificar a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica no que diz respeito agravedanccedila

Wiora (1961) ao referir-se agrave muacutesica utilizada como estimulo para osguerreiros ao combater pode ser citado aqui no que se refere agrave funccedilatildeo da reaccedilatildeofiacutesica embora se possa questionar sobre ateacute que ponto a incitaccedilatildeo ao combate eacutefiacutesica ou psicoloacutegica (o que pode ser solucionado retomando-se a consideraccedilatildeoanterior de Merrian sobre o condic~ento cultural agraves reaccedilotildees bioloacutegicas)

A participaccedilatildeo da muacutesica na cura conforme citaccedilatildeo jaacute apresentada de Wioratambeacutem pode ser cogitada no acircmbito da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

B1acking (1980) apresenta-nos um outro exemplo A muacutesica Venda eacutefundada natildeo sobre a melodia mas sobre uma agitaccedilatildeo riacutetmica do corpointeiro do qual o canto natildeo eacute senatildeo uma extensatildeo particulaJ (p36)

A referencia acima agrave musica dos Vendas povo africano que nos podeservir de base para reflex()~s sobre a 13

bull idade da muacutesica aponta para uma muacutesicaque se manifesta no corpo inieiro evidenciando assim a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisicaque buscamos exemplificar

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

As referecircncias de Wiora (1961) agraves cerimocircnias de iniciaccedilatildeo e a outros rituaisno periodo Neoliacutetico nos quais a muacutesica desempenha papel essencial parecem

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permitir a identificaccedilatildeo na primeira idade da muacutesica da funccedilatildeo de impor

conformidade a normas sociaisTambeacutem os cantos heroacuteicos primitivosjaacute referidos anteriormente com base

no mesmo autor podem ser interpretados como exemplos da funccedilatildeo aquiconsiderada O mesmo se aplica aos cantos de louvor sobre eventos aos quaisa muacutesica estaria mesclada por exemplo um casamento franco um banqueteentre os hunos um lamento fuacutenebre entre os godos (p34)

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Reichard citado por Merriam (1964) apresenta um exemplo desta funccedilatildeo

ao referir-se aos Navaho a primeira funccedilatildeo da canccedilatildeo eacute preservar a ordemcoordenar os siacutembolos cerimoniais (p2 2 4 ) Burrows tambeacutem citadopor Merriam comenta que uma das funccedilotildees das canccedilotildees entre os Tuametos eacutetransmitir potecircncia maacutegica atraveacutes dos encantamentos (p224) Essesexemplos parecem permitir transposiccedilotildees agrave primeira idade da muacutesica e agrave validaccedilatildeo

de instituiccedilotildees e rituaisos sistemas religiosos satildeo validados como no folclore atraveacutes da

recitaccedilatildeo do mito e da lenda em canccedilotildees assim como atraveacutes da muacutesica queexpresse preceitos religiosos As instituiccedilotildees sociais satildeo validadas atraveacutes decanccedilotildees que enfatizam o que eacute conveniente e o que natildeo eacute conveniente nasociedade assim como as que dizem agraves pessoas o que se deve fazer e como se

deve fazer (Merriam 1964 p224)Menuhin (1981) apresenta-nos uma outra referecircncia agrave relaccedilatildeo entre a muacutesica

e as instituiccedilotildees sociais nos primoacuterdios da evoluccedilatildeo musical Cada ritual de queparticipamos requer sua proacutepria muacutesica nascimento casamento mortesemeadura colheita ( ) Sem duacutevida nossa primeira muacutesica dedicava-se agrave

consagraccedilatildeo de tais eventos (p5)Alguns exemplos apresentados por Wiorajaacute citados anteriormente como a

participaccedilatildeo da muacutesica em rituais de casamento satildeo passiacuteveis de inclusatildeo na

funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Seeger citado por Morais (1983) em exemplo jaacute citado paacuteginas atraacutes

refere-se ao abordar a muacutesica indiacutegena ao papel que ela desempenha como

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gar~nt~a da conti~uidade sociale cosmoloacutegica (p 86) o que permitereferencIa a esta funccedilao na pnmeIra Idade da muacutesica

Wiora (1961) a_o mencio~ar o controle da comunidade sobre a preservaccedilatildeodas normas de execuccedilao da mUSIca uma vez que de tais cuidados dependia a sortedo grupo ~ar~ce tambeacutem oferecer-nos exemplo pertinente agrave funccedilatildeo de contribuirpara a contmUIdade e estabilidade da cultura

~participaccedilatildeoda muacutesi~aem antigos mitos e lendas transmitidos por tradiccedilatildeooral e Ja apresentados antenormente segundo Wiora tambeacutem se relacionariam agravefunccedilatildeo aqui considerada O mesmo pode ser dito em relaccedilatildeo agrave muacutesica utilizadanos rituais de iniciaccedilatildeo jaacute referidos pelo mesmo autor

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

_ Nketia c~ta~9~or Merriam (1964) entre diversos exemplos referentes agravefunccedilao~e contnbUIccedilao para a mtegraccedilatildeo da sociedade relata o seguiacutente

Pa~a os Yoruba em Accra as execuccedilotildees da muacutesica Yoruba ( ) trazemtanto a satisfaccedilatildeo de participar de algo familiar quanto a certeza de se tomarp~rte de um grupo que compartilha os mesmos valores os mesmos modos deVIda um grupo que manteacutem as mesmas formas de arte A muacutesica assim trazuma renovaccedilatildeo da solidariedade tribal ( p226)

O~tro exemplo interessante quanto agrave integraccedilatildeo social nos apresentadopor Memam (1964)

As observaccedilotildees de Freeman (1957) a respeito das canccedilotildees folcloacutericas~av~lanas sugerem que as canccedilotildees de protesto social podem permitir aol~dllduo desbafar e assim ajustar-se agraves condiccedilotildees sociais tais como elassao ou elas podem alcanccedilar uma mudanccedila social atraveacutes da mobilizaccedilatildeodo sentlme~to do grupo Nos dois casos estes versos funcionam para reduziro desequllzbrlO soczal e para integrar a sociedade ( p 226)

Aos dOIS exemplos acima transcritos Merriam acrescenta outrosdecorre~t~s da obs~rvaccedilatildeo de sociedades contemporacircneals que por sua~caract~nstlcaspermItem levantar hipoacuteteses e generalizaccedilotildees relativas agrave muacutesicada 1 Idade

s Candeacute (1981 ) a~r~senta tambeacutem uma referecircncia a respeito da integraccedilatildeo daoCI~dadeatraes da mUSIca quando analIsa a evoluccedilatildeo histoacuterica dos comportamentosm~sI~~IS coletlvos afirmando que a muacutesica eacute um ato comunitaacuterio nas sociedadespnmItIvas natildeo haendo separaccedilatildeo entre autor puacuteblico e obra (p29)

h Em Menu~m (1981) ~ma referecircncia ao papel do muacutesico em periacuteodos preacuteshyIstoncos tambem remete a mtegraccedilatildeo social

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Gradualmente o musICO passou a ser valorizado e recebeuresponsabilidades cada vez maiores porque ele era capaz de arrebatar aspessoas falando por elas como em conjunto elas falavam com ele Com seuauxiacutelio a muacutesica lhes deu forccedila de vontade e coragem para fazer guerradefender a propriedade expressar alegria ou lamentar suas perdas (p8)

Blacking (1980) tambeacutem apresenta uma observaccedilatildeo pertinente agrave integraccedilatildeosocial quando em citaccedilatildeo apresentada anteriormente afirma que toda muacutesica eacutepopular ou seja soacute pode ser transmitida e compreendida se houver associaccedilotildees

entre os indiviacuteduos (p18)Referindo-se aos Vendas Blacking (1980) tambeacutem afirma Vivendo

com os Vendas comecei a compreender ateacute que ponto a muacutesica pode tornarshyse parte integrante do desenvolvimento do espiacuterito do corpo e de relaccedilotildees

sociais harmoniosas ( p9)Os exemplos acima obtidos de Blacking referem-se a sociedades

contemporacircneas cujas estruturas soacutecio-econoacutemicas e culturais parecem permitir

transposiccedilotildees agrave 1a idade da muacutesicaResumindo o levantamento feito das funccedilotildees sociais da muacutesica na 1a idade

segundo classificaccedilotildees de Merriam e Wiora cumpre assinalar que as dez funccedilotildeesda categorizaccedilatildeo puderam ser identificadas nos exemplos contidos na literaturarevista apesar das limitaccedilotildees ao conhecimento dessa fase permitindo supor umintenso papel social desempenhado pela tpuacutesica nQs_primoacuterdios de sua histoacuteria

_____ ~_~ __--_ ~_ _-1 ~t ~~lt--~ _

I~Se~unda Idad~d~~~~~~JPassando a examinar a 2a bull idade da muacutesica segundo Wiora aquela que se

situa no contexto das antigas civilizaccedilotildees (Mesopotacircmia Egito Greacutecia OrienteAntiguumlidade Greco-Romana) observamos que a aproximaccedilatildeo no tempo traz maioresfacilidades ao exame deste periacuteodo tendo em vista que eacute nele que a escrita comeccedilaa desabrochar o que nos permite acesso a textos (inclusive tratados teoacutericosmusicais em alguns casos como China e Greacutecia) que nos possibilitam uma

compreensatildeo um pouco mais claraMenuhin (1981) referindo-se a essa fase afirmaDe acordo com descobertas recentes no Oriente Proacuteximo os primeiros

siacutembolos da palavra escrita comeccedilaram a aparecer haacute mais ou menos dez milanos principalmente para facilitar o comeacutercio A escrita ajudou a separar amuacutesica da fala As palavras escritas na argila ou no papiro podiam transmitirrapidamente mensagens simples ao passo que a muacutesica estava vinculada agrave

expressatildeo de sentimentos complexos (p6)

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Wiora estabelece para a segunda idade uma divisatildeo em trecircs periacuteodos oprimeiro envolvendo as altas culturas arcaicas o segundo comeccedilando com onascimento da teoria musical e com uma concepccedilatildeo filosoacutefica da muacutesica naGreacutecia e na China o terceiro compreendendo a sobrevivecircncia da Antiguumlidade noOriente e o desenvolvimento posterior da muacutesica nas culturas superiacuteores dessaparte do mundo

1) O primeiro desses periacuteodos assinala segundo Wiora (1961) umamodificaccedilatildeo importante em relaccedilatildeo agrave priacutemeira fase a cultura estava centrada noculto e eacute assim que a muacutesica assume suas novas funccedilotildees A civilizaccedilatildeo sumerianaestava concentrada sobre a religiatildeo mais que nenhuma outra posteriormentee a muacutesica desempenhava um tal papel na vida religiosa que se estima combase nas fontes disponiveis que a muacutesica profana natildeo existia (p44)

Menuhin (1981) afirma que a muacutesica associava-se aos misteacuteriossagrados uma coisa dando status agrave outra( e que alguns dos instrumentosdessa eacutepoca subsistiram apenas porque foram enterrados com outros pertencesno tuacutemulo dos governantes onde podiam ajudar a abrir o caminho para oceacuteu ( plS)

Wiora (1961) refere-se a numerosas esculturas sumerianas reunidas porAndreacute Parrot que atestam a religiosidade daquela civilizaccedilatildeo agrave qual estava associadaessa forma primordial de uma muacutesica eclesiaacutestica que lhe dava seu sentido e seucaraacuteter O mesmo autor acredita que bases sumerianas subsistam nas Igrejasmiddotcristatildes e em algumas outras - Uma relaccedilatildeo profunda ntre a construccedilatildeo dos templos e a muacutesica dos templose assI~alada por Wiora (1961) no periacuteodo sumeriano sobrevivendo em templospostenores Aleacutem disso ele menciona uma forte relaccedilatildeo entre os hinos e preces cantadose um determinado instrumento e um estilo musical correspondente A muacutesicaparticipavadas procissotildees do culto aos mortos dos acontecimentos especiais como por exemplodos ritos de proteccedilatildeo contra os maus efeitos de um eclipse lunar (p46)

Menuhin (1981) referindo-se aos instrumentos musicais assinala esserela~lOnamento dos instrumentos propriedades maacutegicas na segunda idade damUSIca e assinala tambeacutem que a partir da eacutepoca do Impeacuterio Romano houveuma tendecircncia gradativa a despojaacute-los dessas funccedilotildees (plS)

Haacute exemplos entre os sumerianos de muacutesica natildeo cultual que segundoWlOra satildeo atestados por ilustraccedilotildees posteriores uma entre elas representaum combate de boxe acompanhado de tambores e cimbalos (p47)

Representaccedilotildees de animais muacutesicos tambeacutem satildeo apontados por Wiora napnrneIra metade do terceiro milecircnio - os temas poderiam ser tomados a mitos ou arelatos conhecidos (essa tradiccedilatildeo deixou heranccedilas na Europa) Os instrumentosmesoptacircmicos tambeacutem foram transmitidos em sua maioria agrave Europa atraveacutesda Antlguumlidade mediterracircnea

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Aula
Nota
1309 Gabi

Alem da relaccedilatildeo assinalada anteriormente entre instrumentos hinos oupreces e estilos musicais Wiora menciona relaccedilatildeo entre gecircneros poeacuteticos doculto sumeriano e instrumentos Eacute provavelmente um dos progressos dasprimeiras civilizaccedilotildees superiores que o canto seja adaptado a uminstrumento e que este uacuteltimo se junte agrave voz ( p 48)

Sumerianos e egiacutepcios ainda segundo Wiora foram os primeiros adesen~olver uma profissatildeo musical organizada e representada em imagens de tiposoriginais de muacutesicos~ Os muacutesicos por sua participaccedilatildeo nos cultos tinham statusequivalente aos pad~es e muacutesicos e muacutesicas eram enterrados em tumbas reais

Menuhin (1981) referindo-se ao Egito e agrave Ameacuterica acrescenta que a muacutesicaera usada em louvor aos liacutederes remontando a essa eacutepoca a realizaccedilatildeo deprocissotildees reais com instrumentos musicais Aleacutem disso o autor refere-setambeacutem agrave associaccedilatildeo da muacutesica ao trabalho

Os Assiacuterios que dominaram a Mesopotacircmia entre 1250 e 612aproximadamente tiveram segundo Wiora uma civilizaccedilatildeo calcada na sumerianaembora mais secularizada (p50)

Candeacute (1981) referindo-se aos sumerianos assinala a referecircncia em textosdo 2deg milecircnio Ac a ladainhas cantadas e referindo-se aos assiacuterios afirma quea funccedilatildeo social da muacutesica se fez entre eles cada vez mais importante sendosiacutembolo de poder de respeito de vitoacuteria Honra-se aos muacutesicos mais que aossaacutebios imediatamente depois dos reis e dos deuses e nas matanccedilas que seseguem agraves conquistas os assirios perdoam sempre aos muacutesicos ( ) (p57)

A muacutesica do Egito antigo eacute tambeacutem segundo Wiora bastante semelhante agravesumeriana inclusive no que se refere ao aspecto cultural

Candeacute (1981) referindo-se ao Impeacuterio Antigo no Egito afirma ( ) umrelevo mural nos mostra cantores um harpista um tocador de flauta largaque evocam uma muacutesica doce e refinada com funccedilatildeo mais domeacutestica quereligiosa (p59)

Quanto ao Novo Impeacuterio (1554 a 1080 ac) Candeacute refere-se a umamuacutesica mais viva e forte com funccedilatildeo ritual religiosa e militar

Os egiacutepcios tambeacutem segundo algumas teorias praticaram a muacutesicamundana de maneira viva e dinacircmica Mas toda a ecircnfase estava na muacutesica decunho religioso

Wiora cita tambeacutem a muacutesica como regalo auditivo fazendo parteintegrante nos banquetes como atestam inscriccedilotildees e representaccedilotildees Siacutembolo deprazer e de boa vida o banquete eacute oferecido aos mortos em seguida agrave mortebanquetes acompanhados de muacutesica satildeo representados nos tuacutemulos (p53)

Tambeacutem como acompanhamento ao trabalho a muacutesica eacute citada por Wioraentre os egiacutepcios seja atraveacutes de canto de instrumentos de ruiacutedos riacutetmicos

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Eacute contudo na muacutesica da corte ainda segundo o mesmo autor que amuacutesica e o muacutesico tecircm maior prestiacutegio Ateacute mesmo no que se refere agraverepresentaccedilatildeo dos sons com as matildeos - a quironomia - os egiacutepcios se referem a elaaludindo natildeo aos cantos comuns dos lavradores ou negros mas somente aocanto aristocraacutetico que eacute ao mesmo tempo ullla arte de dirigir e umanotaccedilagraveo por gestos (p56)

Candeacute (1981) contudo refere-se a uma possiacutevel situaccedilatildeo subalterna entreos muacutesicos egiacutepcios Os textos raramente o mencionam e a iconografiacostuma representaacute-los enrodilhados diante de seus amos ou vestidos comoos escravos (p 61)

E Wiora acrescenta outras informaccedilotildees sobre a muacutesica dessa fase Aolado do serviccedilo divino e da muacutesica da Corte conservavam-se foacutermulasencantatoacuterias de exorciSIllO de muacutesica maacutegica e terapecircutica (p62)

Entre os egiacutepcios assim como entre os sumerianos Wiora menciona aocolTecircncia de representaccedilotildees de animais muacutesicos cuja significaccedilatildeo eacute controversa

mas sem nenhuma duacutevida elas tecircm por base velhas histoacuterias muitoconhecidas tendo dado lugar tambeacutem a representaccedilotildees mimicas nessesanimais muacutesicos de antigas culturas superiores sobreviviam motivos derivadosde ritos e de jogos mascarados da era preacute-histoacuterica (p62)

Sumerianos e egipcios segundo o mesmo autor tambeacutem utilizaram a muacutesicaem eventos como festejos da fecundidade da natureza tal como na preacute-histoacuteriadiferindo desta fase por uma maior independecircncia da natureza (compare-se porexemplo caverna e templo)

A inexistecircncia de notaccedilatildeo musical nas altas culturas parece certa poissomente mais tarde entre Feniacutecios e Gregos encontram-se os primeiros vestiacutegiosde notaccedilatildeo passando-se a objetivar os sons por notas (Wiora 1961 p65) Passospara essa objetivaccedilatildeo segundo Wiora satildeo sem duacutevida a praacutetica da quironomiano Eg~to ao transpor os sons para gestos das matildeos e braccedilos e a possiacutevel praacuteticada antIga Mesopotacircmia de designar os sons por siacutelabas

Wiora tambeacutem registra o emprego de relaccedilotildees numeacutericas - talvez extrashymusicais cosmoloacutegicas - na muacutesica das altas culturas Exemplos como amctrificaccedilatildeo de cantos de encantaccedilatildeo sumerianos ou a contagem de intervalosmusicais c de acordes podem ser apontados segundo ele

2) O segundo periodo da segunda idade da muacutesica segundo Wiora comeccedilaCOI~ o nascimento da teoria musical e de uma concepccedilagraveo filosoacutefica da muacutesica na-IChIna e na Greacutecia J

Poucos fragmentos musicais restaram da Antiguumlidade Greco-Romana epouco nos permitem conhecer da muacutesica desse periacuteodo Contudo assinala Wiora

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a arte musical era uma parte essencial da vida cultural grega constata-sepelo alto apreccedilo de que ela desfrutava em relaccedilatildeo agraves outras artes (p72)

Candeacute (1981) referindo-se agrave civilizaccedilatildeo greco-latina afirmaFoi na Greacutecia onde pela primeira vez a~onsciecircncia musical

apareceram a ambiccedilatildeo de criar e o gosto de escutar Durante mileacutenios amuacutesica viveu a eficaacutecia religiosa maacutegica terapecircutica militar se dirigia aosdeuses e aos reis aos poderes visiacuteveis e invisiacuteveis Entre os gregos se converteem arte em uma maneira de ser e de pensar revela sua beleza ao primeiro

puacuteblico socialmente consciente (p68)Ser mousikos significava para os gregos ser muacutesico e ser culto e se

considerava como mais digno do que dedicar-se agraves artes plaacutesticas Menuhin(1981 p 35 ) referindo-se a essa alta estima que a Greacutecia atribuiacutea agrave muacutesicaafirma que o proacuteprio termo para designar um homem educado e distinto queria

dizer homem musicalWiora assinala que os gregos fundaram as primeiras bases do conhecimento

obrigatoacuterio e geral da muacutesica pela linguagem e pela escrita sua teoria e suafilosofia _ A arte dos sons eacute universalmente conhecida pelo nome gregomuacutesica ( p 72) Cabe contudo relativizar a afirmativa do autor pois sabe-sehoje que haacute sociedades que natildeo tecircm uma palavra especiacutefica para designar um

evento puramente musical tal como noacutes o fazemosSegundo Wiora (1961) a palavra muacutesica teve sua origem na religiatildeo grega

sendo a uacutenica arte cujo nome deriva de uma divindade Os mitos ligam as divindadesagrave muacutesica a sua--manifestaccedilotildees seus instrumentos seus modos etc

Menuhin ( 1981) afirma que para os gregos a muacutesica era interligadacom a ideacuteia das nove Musas fontes de inspiraccedilatildeo para todas as artes (p37)Ainda agrave mesma paacutegina o autor assinala que a proacutepria palavra muacutesica vem dagrega Ilusiki significando todas as artes das nove musas

Candeacute (1981) aponta para o fato de que sendo a muacutesica derivada do ensinodas Musas requer uma instruccedilatildeo que natildeo pode ser puramente esteacutetica seconverte em disciplina escolQ em objeto de maestria da medida de valores

eacuteticos eacute uma sabedoria ( p 72)Wiora (1961) aponta tambeacutem para os diversos efeitos do canto entre os gregos

O canto culivava aos gregos nos festins nos sacrificios nos jogos puacuteblicosnos campos de batalha e nos alegres banquetes O canto os acompanhava aoreino dos mortos e adoccedilava os terrores dos Infernos (p 72)

Menuhin (1981) referindo-se a danccedilas que ainda hoje sobrevivem na Greacuteciaafirma que em muitas vilas o terreiro de debulhar o aloni eacute o uacutenico lugar grande e planopara a danccedila comunal e sugere que essas danccedilas atuais derivam de danccedilas comunaiscom dois mil anos de idade ou mais que eram associadas agrave pratica da debulha

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Outro aspe~to que ~iora ressalta na muacutesica grega eacute a eacutetica musical que se~tremeav~ a motIvos mltlcos e filosoacuteficos Platatildeo procurava conservar o sensoetIc da mUSIca e renovaacute-lo rejeitava com base nesse senso eacutetico o que fossenocIvo para o homem e para a moralidade da sociedade

Cand~ (1981) afirma que para os pitagoacutericos a muacutesica eacute umarepresentaccedilao da harmonia universal sendo seu conhecimento necessaacuterio

porque _~~uc~ a ~lma (p 18) Candeacute f~z ta~beacutem referecircncia agraves propriedades queos gregos atnbUla~ a ~uslca - edUCaCIOnaIS morais e politi_cas bem como aos pengos de seu usomdevIdo-

M~uhin (198 i)-~fi-~a que a perfeiccedilatildeo da Cidade-Estado seguiu de matildeosd~d~s ~om uma educaccedilatilde~ musical dirigida considerada essencial para um povodlsclplznado O papel prinCIpal da muacutesica na Greacutecia era formar o caraacuteter

C_ande (198 ~) tambeacutem faz referecircncia ao papel da muacutesica na educaccedilatildeo e naf~rmaccedil~o ~o c~rater bem como na distraccedilatildeo do povo e na celebraccedilatildeo deCIrcunstanCIaS t~lstes ou alegre~

Damon cItado por Cande lt21981) abordando aspectos tambem focalizadospor Platatildeo e Aristoacuteteles afirma que

A arte eacute imitaccedilatildeo e a alma imita por sua vez os simulacros da arteMas na muacute~ica os modelos natildeo satildeo objetos mas ideacuteias accedilotildees e a ordemdas cOIsas E passivei pois imitar tanto o bem como o mal eacute um perigo parao Estado que deve cuidar da qualidade da educaccedilatildeo( p 75)

Schurmann (1989) aborda a situaccedilatildeo cultural da Greacutecia enfatizando tratarshyse de ul ~istema que se assenta num tipo inteiramente novo de relaccedilotildees deproduccedilao p34) Segundo o autor a consolidaccedilatildeo dessas novas relaccedilotildees jaacute natildeocorrespondIa aos mtere~ses de toda a comunidade e a garantia dos privileacutegios daclasse dmmante passana a depender da seguranccedila civil que soacute o Estado poderiaproporcIOnar

~ntre os meios de que o Estado lanccedilaria matildeo estariam a repressatildeo e apersuasao esta de ordem ideoloacutegica envolvendo a dominaccedilatildeo cultural que atingiriaa arte em geral e a muacutesica

Assinl se explica o fato de que o inicio da civilizaccedilatildeo europeacuteia a~artll- ~as CIdades-Estado da Antiguumlidade Grega a cultura oficial do estadoera ~lgl~a~lente regulamentada e imposta a todos os cidadatildeos ficando todatendencla 1I10vadora () sujeita a uma severa marginalizaccedilatildeo (Schurmann1989 p35) ~

Schurmann assinala acisatildeo ocorrida nesse periacuteodo entre classe dominanteacutee c~asses populares agraves quais correspondiam culturas diferentes e muacutesicas diferentesA etIca musical grega refletia diretamente a necessidade de predomiacutenio da primeirasobre as demais

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Wiora (1961) identifica entre os gregos a origem da Musicologia e daocorrecircncia pela primeira vez na evoluccedilatildeo da muacutesica de textos que tratamespecificamente de sua teoria O aspecto matemaacutetico deste conhecimento(teoacuterico) foi traccedilado pelos Pitagoacutericos e tem suas raiacutezes na antiga miacutesticapitagoacuterica dos nuacutemeros ( ) Pitaacutegoras havia ele mesmo se apoiada nas

tradiccedilotildees mesopotacircmicas e egipcias (p 77) A~pectos musicais matemaacuteticos e miacutesticos se interligavam e a fraternidade

religios~ fundad~por Piacutetaacutegoras buscava atingir segundo Wiora a purificaccedilatildeo daalma pela via monaacutestica e pela muacutesica esperando escapar ao ciclo de migraccedilatildeo daalma pela iniciaccedilatildeo aos misteacuterios dos nuacutemeros eternos e da harmonia coacutesmica

Candeacute (1981) apresenta referecircncias agrave concepccedilatildeo pitagoacuterica de boa muacutesicacom base em relaccedilotildees matemaacuteticas O mesmo autor afirma que Aristoacutetelesacrescenta agraves especificaccedilotildees eacuteticas da muacutesica ( que por sua vez relacionam-se aconcepccedilotildees matemaacuteticas) a doutrina da Katharsis Trata-se de um meacutetodopsicoteraacutepico por analogia em que a muacutesica excita na alma enfermasentimentos violentos que provocam uma espeacutecie de crise que favorecem oretorno ao estado normal (Aristoacuteteles Poliacutetica VIII 7)

Wiora (1961) menciona o nascimento da notaccedilatildeo musical entre os gregos ea relaciona ao espiacuterito objetivo reforccedilado por eles no conjunto da cultura musical

Apesar do surgimento da notaccedilatildeo e da ritmografia serem frequumlentementecitadas como mateacuterias de exame os gregos mantiveram segundo Wiora umaseparaccedilatildeo entre teoria e notaccedilatildeo - os escritos teoacutericos natildeo continham exemplosmusicais Tambeacutem a tradiccedilatildeo da transmissatildeo oral da muacutesica natildeo foi abandonadapor eles em consequumlecircncia do desenvolvimento da notaccedilatildeo fato que tambeacutem eacute

assinalado por Menuhim (1981)( Depois de absorvida pelo impeacuterio romano a muacutesica grega daacute origem segundo

Wiora (1961) a uma nova cultura musical aparecendo em teatros circosdistraccedilotildees e danccedilas - a esta passagem da muacutesica agraves massas correspondiaum gecircnero de muacutesica que se distanciava das massas (p86)

As elites _classes superiores e grupos esoteacutericos -fecharam-se segundo omesmo autor em si mesmas e dedicaram-se a praacuteticas musicais saudosistas

fantaacutesticas idiacutelicas ou de especulaccedilatildeo metamusicalA tendecircncia a opor a muacutesica racional e divina agrave popular agravequela que

deleita a massa vulgar eacute contudo segundo Wiora uma experiecircncia de acircmbitorestrito O autor cita depoimentos da eacutepoca que repudiam a muacutesica enquantodisciplina matemaacutetica Contudo pela influecircncia histoacuterica que essa muacutesica exerceuposteriormente ela se toma muito importante atraveacutes de seus escritos pois a

muacutesica viva se perdeu

46

Menuhin (1981) assinala que quando Roma derrotou a Greacutecia copiou-lhe am~s~ca J~ntam~nte com a arquitetura e a escultura mas que a importacircncia damUSica ~l1111nUIU muit~ porque Roma orientava-se para a palavra a lei e aespada (p40) DepOIs da queda da civilizaccedilatildeo romana uma nova forccedila culturalcomeccedilou a emergir no Ocidente -a Igreja Cristatilde

o~traveacutes dos romanos que dominaram os gregos a muacutesica grega veio aconst~tUlr a base da muacutesica cristatilde primitiva associada a praacuteticas musicais e religiosasdos Judeus que por sua vez herdaram caracteriacutesticas d0s diversos lugares queatravessaram e ocuparam em sua conturbada histoacuteria

Candeacute (1981) referindo-se agrave civilizaccedilatildeo Greco-Romana afirma A partirda conquista Romana e sobretudo desde o advento do Cristianismo a muacutesicajaacute natildeo se destina ao povo a natildeo ser para sua edificaccedilatildeo ou sauacuted Duranteseacuteculos a muacutesica saacutebia seraacute patrimocircnio-aflreja e dos po_deres (p22)

O mesmo autor afirma que na obra da maior parte dos autores a muacutesicaaparece como elemento de luxo ou recreaccedilatildeo entre os romanos natildeo estando realmenteintegrada agrave c~ltura sendo ~ue a profissatildeo de muacutesico natildeo tem nenhum prestiacutegio

o Cande (1981) assmala uma gradativa separaccedilatildeo entre muacutesicos ativos eassIstentes executan~e~ - criadores e ouvintes no periacuteodo que abrange a maiorparte das grandes cIvlhzaccedilotildees da antiguumlidade e os primeiros seacuteculos da EraCrist~ em~oraa m~sica permaneccedila nesse periacuteodo sempre como uma manifestaccedilatildeocoletlva i N penodo de decadecircncia da civilizaccedilatildeo grega essa tendecircncia deseparaccedilatildeo eacute mtensa e a muacutesica se converte em arte de especialistas I

Candeacute considera tambeacutem que a especializaccedilatildeo favoreceu atildedecadecircnciada muacutesica nesse periacuteodo e citando Wiora refere-se agrave existecircncia entre os romanosde uma ~~sica faacutecil para uso do povo - havia nessa fase uma niacutetida separaccedilatilde~entre mUSIca popular e muacutesica culta

o 3) O terceiro periacuteodo da segunda idade da muacutesica corresponde segundoWIOra (1961) agrave sobrevivecircncia da Antiguumlidade no Oriente e o desenvolvimentopos~eri~r da muacutesica nas culturas orientais superiores Segundo o autor em todas~sc1V1h~accedile~~rientais distinguem-se quatro fases sucessivas 1a) derivaccedilatildeo daslalzes pre~hIstoncas (por exemplo a heranccedila megaliacutetica na China) 2a

) modificaccedilatildeodessas raIzes pelas culturas arcaicas superiores formadas por volta de 3000aoC 3) influecircncias (sobre o Oriente) da Antiguumlidade grega e do Cristianismo4) desenvolv~mento proacutep~io ~e cada uma das civilizaccedilotildees orientais sobre a triacuteplic~~eranccedila descnta nas 3 pnmeIras fases com intenso relacionamento muacutetuo eInfluecircncias reciacuteprocas

Apesar de em linhas gerais a muacutesica oriental apresentar caracteriacutesticasunIformes Wiora enfatiza a existecircncia de diversidades ( ) do ponto de vistaSocioloacutegico as diversas especulaccedilotildees ou interpretaccedilotildees simboacutelicas natildeo

47

refletem absolutamente a concepccedilatildeo musical de conjunto de um povo mascorresponde a uma elite intelectual ou a uma classe particular (p 104)

Wiora assinala aleacutem das diversidades de concepccedilotildees o sentIdo vanadoque o termo muacutesica tinha na Iacutendia na China tal ~omo na Greacutecia - na antiga

literatura ele compreendia tambeacutem a danccedila a poesIaietcO autor ilustra essas diversidades com exemplos variados como o da relaccedilatildeo

entre muacutesica e determinismo astroloacutegico e cosmoloacutegico sem nenhuma duacutevidaa euforia que a muacutesica proporciona repousa em grande pa~te na nossaprofunda dependecircncia dos periodos e ritmos do mundo extenor e de seus

movimentos automaacuteticos (p1 04)Candeacute (1981) faz referecircncia referindo-se agraves Antigas Civilizaccedilotildees Orientais

agrave crenccedila metafisica na correspondecircncia da muacutesica com a ordem do mundo e ao

caraacuteter maacutegico do somMenuhin (1981) referindo-se agrave antiga China afirma que os instrumentos que

produziam muacutesica sob a conduccedilatildeo humana eram considerados como um elocom o divino e o eterno Afirma ainda que tais objetos tinham que ser preservadosprincipalmente peIa importacircncia que se dava ao culto do ancestral poi(possldr uminstrumento verdadeiramente antigo era como possuir um pedaccedilo da alma d-um antepassado tocando com outros dedos onde os dele havi~m tocado (p 1SU

Outros exemplos de Wiora reportam agraves concepccedilotildees ligadas ao aspecto

dinacircmico e irracional da m~~ica~o mundo Assim na metafiacutesisa-Wpdu a muacutesica eacute~ com a forccedila ongmal Impessoal denommada porltSC~~R-~n~somo

vontadebase comum de toda germinaccedilatildeo de todo poder de todo deseJo OBhrama dos Vedas tambeacutem se relaciona a essa forccedila fundamental e sempre

atuante significando originalmente canto foacutermula cantada verboWiora e Candeacute referem-se tambeacutem agrave concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica que se

desenvolveu sobretudo na antiga Chiacutena A esse respeito Tchocian- Tseacute citado

por Wiora se pergunta o que eacute uma alma nobre Eacute aquela que se conforma aos princiacutepios da hlllllanzdade realzzando

boas accedilotildees que segue as regras da justiccedila respeita os bons haacutebitos na su~conduta exprime pela muacutesica o sentido de harmonia e consequumlentemente e

bom e compadecido ( p lOS)Menuhin (1981) a respeito da concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica afirma Tanto a

Greacutecia como a China equiparavam muacutesica com moralidade es~a er~ um ~imb~lopara o bem do homem Confuacuteciacuteo por volta do ano 500 AC disse O cmmiddotater e aespinha dorsal da cultura humana A muacutesica eacute o floresciacutemento d~ caraacutete~ (p ~ O~)

Ainda a esse respeito Menuhin afirma que para os chmeses a musicaera uma ferramenta para governar os coraccedilotildees das pessoas e que diziameles se houvesse muacutesica no lar haveria afeiccedilatildeo entre pai e filho e se houvesse

48

muacutesica e~ puacuteblico haveria harmonia entre as pessoas Le Ly Kim poetachmes do VII seculo ac citado por Menuhin escreveu A virtude eacute nossaflor predileta A muacutesica eacute o perfume dessa flor

Referindo-se aos judeus Candeacute (1981) relaciona menccedilotildees biacuteblicas agrave muacutesicaentre eles aparecendo entre as referidas citaccedilotildees o registro de funccedilotildees rituais emilitares da muacutesica assim como de efeitos terapecircuticos

Contudo em Isaiacuteas Esequiel e Job Candeacute aponta referecircncias negativas agravemuacutesica relacionando-a ao mal e agrave depravaccedilatildeo

Menuhin (1981) acrescenta a essas informaccedilotildees a referecircncia agrave praacutetica decontar histoacuterias utilizando muacutesica o que ajudava a manter viva a memoacuteria de umacivilizaccedilatildeo Antigas tradiccedilotildees musicais atuais sobreviventes no Oriente Proacuteximoainda preservam histoacuterias semelhantes agraves do rei Gilgamesh um semideus cantadoem poemas desde tempos antigos

Candeacute (1981) referindo-se agrave muacutesica da Antiguumlidade que abarcaria a 2 idadecomo um todo apresenta exemplos que associam segundo ele muacutesica a sabedoria Omesmo autor referindo-se agraves antigas civilizaccedilotildees orientais afinna que todas fazem evidentea importacircncia das funccedilotildees rituais maacutegicas terapecircuticas e inclusive poliacuteticas da muacutesica(pS2) Ele assinala tambeacutem que as regras musicais fundamentam-se em misteriosascorrespondecircncias e natildeo estatildeo relacionadas com o gosto sendo imutaacuteveis essenciaisgarantidas de paz e prosperidade impotildeem o dever moral de respeitaacute-las (pS2)

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Constata-se atraveacutes de diversos autores a ocorrecircncia desta funccedilagraveo AgravegUIsa de exemplo pode ser citado Menuhin (1981) quando assinala a separaccedilatildeoda fala e da muacutesica a partir do advento da escrita a primeira destinando- seatraveacutes da escrita agrave transmissatildeo de mensagens simples e a muacutesica destinando-s~agrave expressatildeo de sentimentos complexos Outros exemplos poderiam ser obtidosentre os gregos atraveacutes da eacutetica e da Katharsis esta preconizada por Aristoacuteteles

Todos os autores apontam unanimemente para a teoria da eacutetica musicalentre os gregos e certamente essa teoria pressupotildee a funccedilatildeo da expressatilde~emocional que contudo deveria ser dirigida e canalizada para o alcance dedeterminados objetivos Tambeacutem os chineses valorizaram essa concepccedilagraveo

Da mesma forma a concepccedilatildeo aristoteacutelica da Katharsis pressupotildee aexpressatildeo emocional atraveacutes da muacutesica desencadeando uma espeacutecie dedescompressatildeo de movimento fora de si ( emoccedilatildeo) (Candeacute 1981 p 7S)

A utilizaccedilatildeo terapecircutica da muacutesica a que muitos autores fazem referecircnciana 2 idade da muacutesica entre diversos povos tambeacutem reportaria agrave incitaccedilatildeo daexpressatildeo emocional visando a extravasaacute-la e a obter beneficios terapecircuticos

49

Aula
Nota
Vitor F (1309)

~

_ mocional eacute interessante citar SantoAinda ~ respeIto da expres~~uacute~timostem~osda segunda idade da muacutesica

Agostmho cUjas palavras remontam aacutevel inclino-me a aprovar o costume( ) sem proferir sentenccedila Irrevog d t demasiado elos deleites do OUVI o o espm o

de cantar na igreja para que p d Q d s vezes a muacutesica me sensibilizabull r t s da pteda e uan oa

fraco se eleve ate aos aJe o dor ue equei Neste caso por castigomais do que as letras confesso com qd P to (1973 p220)

Emiddot ue esta o me encon f bull

preferiria natildeo ouvir cantar IS em q

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

_ or Merriam a do prazer esteacutetico pareceA segunda funccedilao IdentIfica~ P mplos fartos a esse respeito nos

bastante evidente na 2a bull idade da mUSIca e os exe

diversos autors ~onsultado~(1981) a uma muacutesica doce e refinada com funccedilatildeoA reer~ncIa de C~n~e 59 ermite pressupor a funccedilatildeo do ~razer

mais domestica que reltglOsa (p ) p bt domeacutestico atraveacutes da mUSIca Oesteacutetico quando o deleite era buscado no alO I 0

t d como prazer estetIcodeleite pode ser mterpre a o ~ sIca como regalo auditivo entre

W (1961) ao relenr-seamuTambem IOra d funccedila-o do prazer esteacutetico lar a ocorrencIa a

os egIpclOS permIte assma b exemplo dessa funccedilatildeo na 2abull Idade

Menuhin (1981) oferece-nos talO ~~ umd

nava a vida religiosa esteacuteticad fi ue a musica oml

entre os gregos quan o a Irma q ~ domiacutenio da vida esteacutetica o autor ifi ( 35) Ao relenr-se aomoral e Clentl Ica p d

f atildeo aqui consIdera aparece repo~ar-se a unccedil _ d muacutesica e ao gosto de escutar entre

Cande (1981) refere-se a ambIccedilao e Ancn~r dade ter atingido uma consciecircncia beacute f t de esse povo na tIgUI O

osgregos e tam 10 ao a o b 1 um puacuteblico socialmente conscIentemusical - a muacutesica revelando sua e eza af d Candeacute em duas modalidadesprazer esteacutetico pode ser identifica~o nas re~~~sosedistingue (p68)_o prazer de criar e ode escutar ta como t -o anterior de Santo Agostinho

- rt o relembrar aqUI CI accedila Tambem e opo un t r agrave funccedilatildeo de prazer estetIco

relativa aos deleites do ouvido o que permIte reme e

Funccedilatildeo de Divertimento

r Merriam eacute a de divertimento e segundoA terceira funccedilatildeo IdentIficada po

t das as sociedades o autor aparece em o d C deacute (1981) quando menCIOna a

Tal funccedilatildeo aparece exemplIfica a p~~ t an_ do povo segundo referecircnciasutilizaccedilatildeo da muacutesica entre os Gregos para IS raccedilao

na Iliacuteada e na Odisseacuteia

50

Wiora (1961) tambeacutem se refere agrave muacutesica utilizada para a distraccedilatildeo dasmassas na Roma antiga assim como Candeacute (1981) cita a muacutesica como elementode luxo e recreaccedilatildeo entre os romanos

A muacutesica acompanhada de danccedila como aparece fartamente representadana iconografia desse periodo parece remeter tambeacutem agrave funccedilatildeo de divertimento

O uso domeacutestico da muacutesica citado por Candeacute (1981 ) embora pareccedila remeteragrave funccedilatildeo de prazer esteacutetico pode tambeacutem reportar agrave funccedilatildeo de divertimentoTambeacutem o papel de regalo auditivo entre os gregos referido por Wiora (1961)pode remeter agraves duas funccedilotildees acima mencionadas

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A quarta funccedilatildeo assinalada por Merriam eacute a de comunicaccedilatildeo e ao referir-se agraveseparaccedilatildeo da muacutesica e da fala Menuhin (1981) menciona a expressatildeo (e implicitamentea transmissatildeo de sentimentos complexos o que corresponderia a esta funccedilatildeo)

Tambeacutem ao referir-se aos sumerianos citando a possibilidade de a muacutesicaabrir o caminho para o ceacuteu Menuhin (1981) permite pressupor a funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo - a muacutesica estabelecendo o elo com as divindades Tambeacutem aoparticipar do culto dos mortos entre esses povos eacute possiacutevel que a muacutesica servissede elemento de comunicaccedilatildeo entre aqueles e os vivos (Wiora 1961 p46)

Damon citado por Candeacute (1981) ao afirmar que a muacutesica imita ideacuteiasaccedilotildees e a ordem das coisas podendo induzir o bem e o mal tambeacutem parece permitira identificaccedilatildeo da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo na muacutesica da antiga Greacutecia na medidaem que comunicaria tais conteuacutedos a partir de sua representaccedilatildeo simboacutelica

Schurmann (1989) ao identificar a muacutesica na Greacutecia como elemento depersuasatildeo ideoloacutegica visando agrave manutenccedilatildeo do predomiacutenio da classe dominantepossibilita remeter agrave funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo da muacutesica

A proacutepria identificaccedilatildeo que Candeacute faz da muacutesica na 2a bull idade comopredominantemente coletiva pode conter uma referecircncia impliacutecita agrave funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo - o envolvimento coletivo pressuporia a comunicaccedilatildeo entre oselementos da comunidade Cabe contudo lembrar que o proacuteprio Merriam consideraque essa funccedilatildeo precisa ser melhor estudada

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica eacute a quinta relacionada por MerriamqUe considera quase fora de duacutevida sua ocorrecircncia em todas as sociedades comoUma representaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos

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Um exemplo por excelecircncia seria a concepccedilatildeo grega de imitaccedilatildeo segundo aqual a arte _e em especial a muacutesica - imitam modelos No caso da muacutesica os modelosseriam ideacuteias accedilotildees e a ordem das coisas imitados ou simbolizados atraveacutes dela

A China antiga parece oferecer tambeacutem exemplos pertinentes agrave funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica A correspondecircncia que os antigos chineses estabeleciamentre as notas musicais e elementos da natureza estaccedilotildees do ano classes sociaisdivindade~etcpennite atribuir agrave sua muacutesica a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelicaA referida correspondecircncia eacute assinalada por inuacutemeros autores e fartamenteexemplificada na literatura especializada A simbologia da muacutesica chinesa estaacuteintimamente ligada agrave eacutetica musical talvez com mais intensidade que na antiga

GreacuteciaOutros exemplos pertinentes agrave funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica todos

eles _jaacute apontados anterionnente neste capiacutetulo remetem agraves relaccedilotildees numeacutericassubjacentes agrave musica interligando-a a fatos de ordem metafiacutesica ou miacutestica agravespropriedades maacutegicas dos instrumentos agraves relaccedilotildees entre muacutesica e mitologia Asrepresentaccedilotildees de animais muacutesicos tambeacutem parecem remeter agrave funccedilatildeo lqui

considerada

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

A sexta funccedilatildeo na categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a de reaccedilatildeo fisica eentre os exemplos apontados por ele estatildeo a possessatildeo pelo menos em parteprovocada pela muacutesica em muitos rituais e o excitamento e a canalizaiacuteatildeo ao

comportamento da multidatildeoTambeacutem quanto a esta funccedilatildeo os exemplos parecem fartos na 2

abull idade da

muacutesica A referencia que Wiora (1961) faz ao registro entre os sumerianos de

combate de boxe acompanhado de tambores e ciacutembalos parece ilustrar esta funccedilatildeoa de reaccedilatildeo fisica uma vez que tais instrumentos muito provavelmente estariam

incitando o ritmo da lutaAs citaccedilotildees que aparecem em inuacutemeros autores ao acompanhamento musical

ao trabalho na 2 idade da muacutesica tambeacutem serviriam de ilustraccedilatildeo a esta funccedilatildeoMenuhin (1981) por exemplo referindo-se ao Egito menciona a associaccedilatildeo damuacutesica ao trabalho (p5) Wiora (1961) tambeacutem faz referecircncia ao acompanhamentomusical ao trabalho entre os egiacutepcios seja na forma de canto de muacutesica

instrumental ou de ruiacutedos riacutetmicosTomada no que concerne agrave provocaccedilatildeo do estado de ecircxtase a funccedilatildeo de

reaccedilatildeo fisica tambeacutem parece evidente na 2 idade da muacutesica Wiora (1961) emexemplo anterionnente apresentado refere-se agrave muacutesica de cunho religioso no Egito

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antigo ~finnando que tal como o efeito divinizante do incenso a muacutesicapreenchl~ os lugares deum fluido sagrado nos cerimoniais religiosos (p52)

WlOra (196~) amda com relaccedilatildeo agrave antiga muacutesica egiacutepcia refere-se afonnulas encantaton~s e d~ exorci~mo de muacutesica maacutegica e terapecircutica queprovavelmente assocIavam mfluencIas psicoloacutegicas e fiacutesicas

As funccedilotildeesterapecircuticas e militares citadas tambeacutem por diversas autoresque aborda~ a 2 Idade da muacutesica exemplificam a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica Candeacute( 198) ~s~mala a o~orrecircnci~ dessas funccedilotildees entre os Gregos ao mencionar afunccedilao mIlItar da musIca eglpCIa O mesmo autor referir-se agrave doutrina da Katharsissegundo Aristoacuteteles ta~beacutem permite cogitar-se da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica (enaturalmente por aSSOCIaccedilatildeo psicoloacutegica) A ass~iaccedilatilde da ~uacutesica agrave danccedila encontraacutevel em todos os povos e em todas asIdades da mU~lca - Incluslve na 2 Idade - eacute outro exemplo da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

Tambem WlOra (1 ~~ 1) ao mencionar euforia que a muacutesica proporcionaassocIando-a entre as CIVIlIzaccedilotildees orientais aos processos perioacutedicos e ritmadosdo mundo exterior pode ser citado para ilustrar a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

As referecirc~ci~s biacuteblicas agrave muacutesica tambeacutem incluem menccedilatildeo agraves funccedilotildeesmllIt~res e terapeutlcas entre os antigos hebreus e tambeacutem podem ser tomadaspara Ilustrar a funccedilatildeo aqui analisada (Candeacute 1981 p65) As concepccedilotildees eacuteticas da muacutesica notadamente na China e na Greacutecia na 2a

bull

Idade da muacutesica agraves quais encontram-se referecircncias fartas em toda a bibli~grafia~onsult~da tambeacutem se relacionam agrave funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica ao pressuporeml~terferencIa no compo~amento humano - a docilidade ou o iacutempeto guerreironao pare~em ser exclusIvamente atitudes psicoloacutegicas sem correspondecircncia noplano fiacuteSICO

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

A seacutetima funccedilatildeo considerada por Merriam a de impor conformidade agravesnormas sociais tambeacutem parece ser de faacutecil identifiacutecaccedilatildeo na 2a

idade da muacutesicaToda a concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica bastante presente na 2 idade da muacutesica

mormente na China e na Greacutecia se presta a exemplificar a ocorrecircncia desta funccedilatildeo Schurmann (1989) refenndo-se aos primoacuterdios da sociedade gentiacutelica (que

se msere na 2abull idade da muacutesica) afirma que passou-se a exigir agrave muacutesica uma

funccedil~ 1 d dc ~o ~mcu a a a natureza o Estado ou seja uma funccedilatildeo especiacutefica queontnbUIsse para aformaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da estrutura de classes (p34)

n A Hauser CItado por Schurmann (1989) afirma que Oliacutempia era o locall~IS Importante de propaganda na Greacutecia o local onde se formava a opiniatildeo

publica do paiacutes e a consciecircncia da unidade nacional da aristocracia (p36)

53

z

Entre os chineses os princiacutepios de estabilidade do Estado associados agrave musica

satildeo citados por diversos autores podendo ser tambeacutem incluiacutedos no acirc~bit ~esta funccedilatildeoReferindo-se aos gregos mais especificamente aos pltagoncos Cande

(1981) tambeacutem apresenta exemplo pertinente a esta funccedilatildeo quando ~~a quepara eles a muacutesica era essencial no caminho da sabedoria e da ClenCla mastambeacutem era necessaacuteria ao povo e aos escravos por educar-lhes a alma e o

sentimento garantindo a estabilidade e a prosperidade do ~~tado (p18) _As inuacutemeras referecircncias agraves concepccedilotildees eacuteticas da mUSica segundo Platao e

Aristoacuteteles fartamente encontraacuteveis na bibliografiaconsultada tambeacutem apontam na direccedilatildeoda imposiccedilatildeo de conformidade agraves normas sociais - Nada ~ pode mudar ~os modos damuacutesica sem comover a estabilidade do Estado (Platatildeo Citado por Cande 1981 p17)

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

A presenccedila da muacutesica na 2 idade em rituais religiosos e em grande n~merode festejos e comemoraccedilotildees eacute intensa e inuacutemeros dos exemplos aqUI citadosanteriormente neste capitulo exemplificam tal participaccedilatildeo cabendo cogitar sobre

a funccedilatildeo de validaccedilatildeo de tais eventosAs honras conferidas aos muacutesicos entre os assiacuterios e a utilizaccedilatildeo entre eles

da muacutesica como siacutembolo de poder de respeito e de vitoacuteria referidos anteriormente

segundo Candeacute (1981 p57) parecem pertinentes agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo O mesmo autor refere-se tambeacutem com base em documentos do lmpeno

Meacutedio no Egito agrave muacutesica com funccedilatildeo ritual religiosa e militar o que tambeacutem

permite citaacute-lo quanto a esta funccedilatildeo (p59) Entre os hebreus Candeacute (1981 p65) faz referecircncia baseada na BlblIa a

promulgaccedilatildeo da lei no Sinai ao som do schophar assim como a danccedilas ~reacuteshynupciais e agrave marcha de sacerdotes (ao som tambeacutem do schophar) na conquista

de Jericoacute Esses exemplos parecem cabiacuteveis agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo Os hinos gregos (a Apolo ao Sol etc) dos quais alguns fragmentos escrItos

foram encontrados e que satildeo referidos por diversos autores tambeacutem podem ser

interpretados como pertinentes agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Segundo Merriam se a muacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer

esteacutetico diverte comunica provoca reaccedilatildeo fisica impotildee conformidade as normas

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sociais e valida instituiccedilotildees sociais e religiosas eacute claro que ela contrib UI para a

contmUldade e estabilidade da cultura Assim sendo como todas as fu - fi nccediloesantenores Ja ora~ demonstradas como pertinentes agrave 2 idade da muacutesica estanona funccedilatildeo estana consequumlentemente jaacute exemplificada

Cabe contudo ressaltar alguns exemplos como a praacutetica de contar histoacuteriasutilizando muacutesica que segundo Menuhin (1981) contribuiria para manter viva ~memoacuteria de uma civilizaccedilatildeo Os poemas cantados relatando lendas e mitos satildeocitados por diversos autores como o proacuteprio Menuhin ao abordarem o periodoaqui enfocado

Um outro exemplo interessante de ser relembrado eacute a concepccedilatildeo eacutetica damuacutesica q~e entre outros aspectos buscava a estabilidade poliacutetica e social o quepode bem Ilustrar a funccedilatildeo de contribuir para a continuidade e estabilidade da culturaExemplos a esse respeito jaacute foram apresentados anteriormente neste capiacutetulo

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

A deacutecima funccedilatildeo social da muacutesica segundo Merriam eacute a de contribuiccedilatildeopara a integraccedilatildeo da sociedade Tambeacutem neste caso a exemplificaccedilatildeo jaacuteapresentada pertinente agrave 2 idade da muacutesica parece ser suficiente para ilustrar aocorrecircncia desta funccedilatildeo no periodo aqui considerado A muacutesica em louvor doslideres ou heroacuteis a muacutesica associada agrave danccedila aos rituais ou ao trabalho ouuniformizando coletivarnente o sentimento de feacute exemplos jaacute citados podem servirde exemplos da funccedilatildeo de integraccedilatildeo social

Concluindo a revisatildeo de funccedilotildees sociais da muacutesica segundo classificaccedilatildeode Merriam no periacuteodo que Wiora denomina 2 idade vale registrar que as dezfunccedilotildees descritas por Merriam parecem encontrar farta exemplificaccedilatildeo na literaturaexaminada o que certamente eacute um ponp inte~nte para reflexotildees posteriores

~-- ( -------------

Terceira Idade da Muacutesica

Passando ao exame da 3 idade da muacutesica segundo Wiora cabeInICialmente situaacute-Ia segundo o autor a partir da Alta Idade Meacutedia distinguindoshyse pela poli fonia pela harmonia pelas grandes formas tais como a sinfonia eoutras caracteriacutesticas desconhecidas anteriormente

A terceira idade tal como Wiora a delimita corresponde agrave fase que muitosautores caracterizam como de definiccedilatildeo de uma muacutesica ocidental culta

Leuchter (1946) no capiacutetulo denominado O nascimento da muacutesica cultano ocidente afirma

55

Aula
Nota
2009 Milena e Mariana

~

As caracteriacutesticas tanto espirituais como teacutecnicas da muacutesica orientaltambeacutem o satildeo da primitiva muacutesica cristatilde Natildeo se havia constituiacutedo contudouma muacutesica artiacutestica de essecircncia ocidental por haver achado o Ocidente suaexpressatildeo musical nas melodias populares

Coexistiram pois nos primeiros seacuteculos do Cristatildeos duas corre~tes

independentes a da muacutesica artiacutestica como a e~lesiaacutestica e a de c~rater

popular Ao se confundirem ambas nascera uma mUSIca ~rtlstlca

genuinamente ocidental e natildeo antes de haver transcorrzdo dez seculos dehistoacuteria cristatilde (p16)

O surgimento pois de uma muacutesica ocidental tiacutepica e seu des~brocha~ ~m

diversas formas gecircneros teacutecnicas e estilos eacute o que caracteriza a partIr da anahsede Leuchter a fase descrita por Wiora (1961) como a 3a

idade da muacutesica--- 0 que se entende por muacutesica ocidental natildeo eacute toda a muacutesica da Europa

desde a pre-histoacuteria ateacute nossos dias eacute uma encadeamento que aflora sob osCaroliacutengeos e se prolonga ateacute a eacutepoca contemporacircnea Desenvolvida pelospovos latinos e germacircnicos ela se estendeu sobre a E~ropa e sobre a ~erra

inteira Ela natildeo representa ( ) um tipo de cultura musIcal () mas ela e um --------Gecircnero em si bem particular( p29)

Wiora assinala tambeacutem a importacircncia da terceira idade da muacutesIca napreparaccedilagraveo da quarta idade a atuaI

r- O mesmo autor enfatiza amda a peculIandade da musIca ocIdental demonstraacutevel segundo ele pelo desenvolvimento da composiccedilatildeo escrita e pelo fato de sua teoria

musical ser a base de todo ensino musical nos cinco continentes (p130)- A importante relaccedilatildeo entre a Igreja a muacutesica ocidental (e sua notaccedilatildeo) e oensino eacute ilustrada por Raynor (1981) no capiacutetulo denominado A Igreja MedievalAleacutem de citar diversas escolas de canto ligadas a mosteiros e igrejas (tais como aSchola Cantorum em Roma ou a Thomasschule em Leipzig) o autor enfatiza aimportacircncia do aprendizado da muacutesica anotada para que se tentasse uniformiz~r oscantos na Igreja As escolas de canto ex istiam segundo Raynor para preparar memnosem muacutesica antes de examinar ateacute que ponto e de que modo dar-lhes educaccedilatildeo geral

Desse modo em fins do seacuteculo X o preparo musical de meninosconvertera-se numa necessidade lituacutergica e as escolas de canto tornaramshyse uma forma de educaccedilatildeo que era em geral o primeiro passo para o eventualpreparo ao sacerdoacutecio (p31)

Aleacutem da importacircncia da Igreja no periacuteodo histoacuterico aqui conSIderado WlOra(1961) enfatiza a presenccedila de muacuteltiplas influecircncias na formaccedilatildeo da muacutesicaocidental

Pela afirmaccedilatildeo de sua independecircncia contra as invasotildees dos Hunose dos Arabes pela crenccedila da Igreja Catoacutelica e pelo impeacuterio de Carlos

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magno a comunidade ocidental desenvolveu uma muacutesica particular noseu estilo e sua cultura Esta muacutesica tem sem duacutevida raiacutezes nas velhastradiccedilotildees da Europa ocidental e sobretudo nas altas culturas da aacutereamediterracircnea mas ela afirmou pouco a pouco traccedilos que a distinguem detoda outra muacutesica do mundo (p 13 I)

Entre as peculiaridades da muacutesica ~cidentacirciacute-Wioraassinala o empregoda polifonia e da harmonia loacutegica a estruturaccedilatildeo arquitetocircnica (como na fuga ouna sinfonia) a representaccedilatildeo intencional de ideacuteias nas composiccedilotildees autoacutenomasa racionalizaccedilatildeo em ritmos medidos anotados e no emprego da doutrina de tonalidades

e da hannonia -

Sob o impeacuterio da razatildeo a muacutesica tornou-se segundo Wiora uma entidadeobjetiva e uma ciecircncia musical

Segundo o mesmo autor a compreensatildeo da muacutesica ocidental natildeo podeser alcanccedilada unicamente pela compreensatildeo da sequumlecircncia de mudanccedilas de estilo- e sim pelo estudo das correntes e etapas de sua ccedilvoluccedilatildeo (evoluccedilatildeo aquiempr~~ada nagraveo no~sentido bioloacutegico nem como aperfeiccediloamento mas comoprocesso~) I

Assim a evoluccedilatildeo da muacutesica ocidental na 3a bull Idade processouuml-se segundoWiora suplantando ou incorporando os elementos antigos que assim subsistiramao lado dos novos Amda segundo o mesmo autor ta eliminaccedilatildeo completa dopassado natildeo se produziu jamais antes das tendecircncias radicais do seacuteculoXY (p134)

Assim- Wiora enfatiza a permanecircncia e o processo de caracteriacutesticasproacuteprias na muacutesica ocidental

O desenvolvimento da muacutesica ocidental se fez durante um grandelapso de tempo sem influecircncias essenciais do exterior Ele se produziu porrenovaccedilotildees internas tomando melodias e tipos geneacutericos de Sua proacutepriasubstacircncia o canto popular as tradiccedilotildees dos jograis e outros domiacutenios damuacutesica llsual (p135)

Leuchter (1946) referindo-se aos autos sacramentais medievais daacute-nos umexemplo da conjugaccedilatildeo da muacutesica religiosa com a popular na 3 Idade da muacutesica

Estes minuacutesculos autos sacramentais se desenrolavam diante do altare antes de dar comeccedilo agrave missa Reservada originariamente sua execuccedilatildeoao clero o povo natildeo tardou em contribuir com sua proacutepria muacutesica dandodeste modo impulsos agrave arte dramaacutetica (p26)

Leuchter aponta para o crescimento da influecircncia culminando nos autoscligiosos do incipiente Renascimento Assim como a muacutesica religiosa sofreuInfiltraccedilotildees populares o processo inverso tambeacutem ocorreu e Leuchter daacute comoexemplos a canccedilagraveo popular religiosa e a arte cavalheiresca ( p 27) -

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o autor assinala a manifestaccedilatildeo de cantos gregorianos e de danccedilas decaraacuteter popular na muacutesica trovadoresca (arte cavalheiresca) e registra Ui muacutesicasubstituiccedilatildeo do cavalheirismo pela jovem burguesia florescente tatildeo logo terminaramas Cruzadas

A importacircncia do surgimento e do desenvolvimento da notaccedilatildeo musical naterceira idade da muacutesica - possibilitando a obra musical acabada - eacute evidenciadapor Wiora cabendo a esse respeito algumas consideraccedilotildees pois esse fato temrepercussotildees significativas no fenocircmeno musical do Ocidente e no papel social damuacutesica

Eacute interessante assinalar que toda a histoacuteria da muacutesica anterior agrave IdadeMeacutedia eacute de uma muacutesica natildeo escrita O surgimento da notaccedilatildeo levou inicialmenteagrave escrita apenas dos cantos lituacutergicos difundindo-se pouco a pouco e abrangendooutros gecircneros ateacute que no seacuteculo XIX pas sou- se a fixar por escrito tambeacutemos cantos populares e a muacutesica de divertirri~nto (Wiora 1961 p136) Cabecontudo lembrar que a maioria dos instrumentistas medievais tocou sem notaccedilatildeodurante toda a Idade Meacutedia

Raynor (1981) referindo-se agrave muacutesica medieval e agrave importacircncia naquelecontexto da Igreja e da notaccedilatildeo musical afirma que

A muacutesica como elemento do culto ocupando lugar indispensaacutevel noritual tem que cantada corretamente ( ) Por essa razatildeo a muacutesica tinha deser ensinada e era preciso memorizar as suas formas corretas meacutetodos denotaccedilatildeo tiveram de ser inventados e apelleiccediloados para ajudar na memoacuteriados muacutesicos de modo que a histoacuteria da evoluccedilatildeo da notaccedilatildeo ocidental eacute ahistoacuteria dos esforccedilos dos musicalistas eclesiaacutesticos no sentido de asseguraro rigor do ritual (p26)

Os esforccedilos da Igreja Medieval segundo o autor para tentar impor umnovo modo de vida levaram ao banimento dos instrumentos musicais durante muitotempo sendo readmitidos praticamente a partir do seacuteculo XII A Igreja aleacutemde hostil a todos os instrumentos por lembrarem praacuteticas pagatildes procuravadestruir toda a geraccedilatildeo de artistas ambulantes que divertiam o puacuteblico assimcomo buscou impedir a muacutesica e a danccedila seculares

Apesar do repuacutedio dalgreja agraves praacuteticas seculares elas floresceram e noseacuteculo XIV Guillaume de Machaut foi por assim dizer o primeiro compositorcom a incumbecircncia de estar sempre agrave disposiccedilatildeo e escrever qualquer muacutesicareligiosa ou secular exigida para todas as ocasiotildees (Raynor 1981 p43)Segundo Raynor Machaut trabalhava para patrotildees aristocratas e natildeo era umespecialista mas compositor de muacutesica secular e religiosa de vaacuterios estilos I J

Fora do acircmbito da muacutesica religiosa as manifestaccedilotildees musicaistagravembeacutemprosperavam embora os registros sobre elas sejam praticamente inexistentes

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uma vez que tais muacutesicas natildeo foram anotadas e registradas como a Igreja fez comas suas

Raynor refere-se agraves guildas medievais e agrave criaccedilatildeo das capelas das guildasna Inglaterra onde os serviccedilos eram cantados tendendo portanto a aumentar aspossibilidades de empregos para muacutesicos e talvez permitindo a introduccedilatildeo de umestilo de muacutesica religiosa mais livre do que seria normal em igrejas paroquiaisou catedrais (p51) oU seja mais vulneraacutevel agraves influecircncias da muacutesica secular

Uma alternativa segundo o autor _ao serviccedilo do muacutesico agrave Igreja eacute o empregopalaciano de natureza mais ambulante e gradativamente difundido a partir doseacuteculo XlV

Os jograis e menestreacuteis muacutesicos ambulantes eram talvez segundo Raynoros menos eficientes pois o emprego numa casa aristocraacutetica era garantia de ummeio de vida Esses muacutesicos ambulantes natildeo gozavam de prestiacutegio sociai e era~mais ou menos mal vistos pelas autoridades religiosas embora haja registros deque em certos locais os comediantes em viagem ganhassem muito dinheiro comapresentaccedilotildees em mosteiros

A partir do seacuteculo XIV abriram-se novas e amplas possibilidades de empregoaos muacutesicos ambulantes como vigilantes municipais e muacutesicos cerimoniais Comovigilantes eles eram incumbidos de por meio de seus instrumentos dar aviso dequalquer perigo iminente (Raynor 1981 p59)

Trovadores trovistas e Minnesingers eram ao contraacuterio dos jograis emenestreacuteis geralmente de origem aristocraacutetica embora isso natildeo fosse um preacuteshyrequisito obrigatoacuterio Muitas vezes faziam coletacircneas de suas composiccedilotildees e outrascanccedilotildees por eles cantadas de forma que muitas delas chegaram ateacute noacutes (o que decerto modo eacute uma exceccedilatildeo em se tratando de muacutesica secular)

A importacircncia da muacutesica secular cresce gradativamente agrave medida em quea Idade Meacutedia avanccedila em direccedilatildeo ao Renascimento O decliacutenio do feudalismo eo crescimento das cidades trouxe segundo Raynor (1981) um estiacutemulo agrave muacutesicarevolucionaacuteria do seio da igreja Criou tambeacutem um modo de vida do qual amuacutesica tinha de exprimir a dignidade e enaltecer as cerimocircnias (p69) Asclasses meacutedias que entatildeo emergiam passaram a reivindicar segundo o autorque J muacutesica acrescentasse gloacuterias simboacutelicas e concretas aos seus feitos tal como a nobreza utilizava trompas e tambores para saudaacute-la

A muacutesica aleacutem da funccedilatildeo de lazer que desempenhava tanto para a nobrezaqUanto para a nova classe meacutedia que comeccedila a se formar tem outros papeacuteis segundoRaynor como o de utilidade ciacutevica a cargo dos membros das guildas dos vigias

O autor faz referecircncia a que os muacutesicos citadinos eram frequumlentementehaacutebeis executantes versados em vaacuterios instrumentos e aptos a atender a todasas funccedilotildees ciacutevicas e acompanhamento musical de serviccedilos religiosos

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- - I

() o muacutecos dtadinos eram menestreacutei ajutado agrave vida na cidade permaneciam separadas A precisatildeo radativa - -que acharam uma possibilidade de se estabelecer no centro urbanos ma ~orrespondeu segundo o mesmo auto~ que a ~otaccedilao musical alcanccedilousem terem emprego na resideacutencio de algum adlOcrataj Veio a ser funccedilatildeo mteacuteltpretes a uma mvoluccedilao da lIberdade criativa dos

deles a muacutesica para toda a cidade ao mesmo tempo que encarregados da Do ponto de vista da composiccedilatildeo em si Wi vigilatildencia ( ) adolaram o padratildeo da organzaccedilotildees de oficio e reuniam- a escnta musical no ocidente tendeu a ser ora enfatIZa aspectos m1portantesse em guildas de muacutesicos (Raynor 1981 p 70) eacute um desenho da composiccedilatildeo enqua t umylano OtICO perceptiacutevel pela visatildeo -

R I d

f t noasantlgasnotaccedilo-elt aynor re ata as Isputas que com requencJa ocomam en re os muslCOS a pOSIccedilatildeo dos dedos sobre s I erms representavamum Instrumento ou a m d

amadores ou semi-profissionais que natildeo eram membros das guiIdas e que cobravam ocidental em linhas representa - anelra e executaacute-lo a notaccedilatildeo

fi

rt t 1 a composlccedilao em si e o t dprcccedilos mcnores que os o IClalS c os musocoS pWISSIOn3lS pc encen es aque as corresponde ao primado da parttu ermo essa evoluccedilatildeor A I ra e a representa - borganizaccedilotildees Spartituras que se impotildeem d fi t ccedilao o ~etlva da obra de arte f d emI lVamente ao final d I

E interessante ainda assinalar a observaccedilatildeo que o autor az e que os o esforccedilo de concretizaccedilatildeo das obras o secu o XVI representandomeacutetodos de instruccedilatildeo utilizados pelas guildas eram extremamente convencionais (p de vaacuterias vozes mUSIcaIS passam a pennitir a leitura simultacircnea

76) Curioso tambeacutem eacute o relato que Raynor faz descrevendo uma peccedila cocircmica em A consequumlecircncia imediata segundo Wque muacutesicos comuns e profissionais discutem os primeiros acusando os segundos perda quase total do papel prod~ti d IOra da obra musical escrita estaacute na

d

b fi t t I d t vo o executante em fa d e so sa erem tocar com uma partItura na ren e enquan o e es po em ocar executante tomaHe um inteacute t vor o composItor - o

1

d d 1 d I d ( 79) rpre e passando a execut qua quer corsa e OUVI o tatildeo ogo guar cm a me o 13 na memona p esta escnto sem introduzir modificaccedilotildees ar estnlamente o que

Ao final da Idade Meacutedia e inicio da Renascenccedila a muacutesica segundo Raynor Dessa definiccedilatildeo precisa da m eacute considerada um ofiacutecio altamente qualificado uma disciplina intelectual estrita prescriccedilatildeo cada vez mais detalh d duslcda pelo composItor decorreu uma

I

f bullr t ( It a a e ca a um dos aspe t d b e va IOsa que 0JereclQ as suas propnas recompensas a quem enJren asse a uras tImbres intensidades ritmo dd c os a o ra mUSIcaI ( 90) v I sme I os etc) Como con sea rIgores p oca e mstrumental di ferenccedilaram-se cada sequenc os estHos

O advento da imprensa interferiu fortemente no processo de difusatildeo musical aSSIm como os diversos estilos e ecircneros vez mais mtulamente a parti daicntrc o puacuteblico em outras regiotildees e em outras eacutepocas Iniciou-se com a imprcssatildeo precIsas ( muacutesica de conjunto e o u tdqulT1ra~ ambem definiccedilotildees maisde obras a formaccedilatildeo dc uma literatura musical e possibilitou-se agrave muacutesica ter etc) q estra compoSlccediloes para piano ou oacutegatildeo

durabilidade _quando ateacute a Idade Media lal caracteriacutestica inexistia Leucbter (1946) assinaIa o seacutecuI~ Leuchlelt analisa o crescimento do papel da obra impressa principalmente do concerto E tambeacutem como a com~ a epoca por exeeleacutencia

apoacutes a Rcvoluccedilatildeo Francesa uma uacutenica pessoa do artista e d~~- e~q~~se desmtegra a antiga uniatildeo em

O arlista pasleriar agrave Revolaccedilatildeo Francesa se emancipa das restriccedilotildee em duas at ividades di stintas a do eacute~~OI~o=~ea umdade da arte musical middot1

imposta pelas circunlatildencias locai graccedila aacute organizaccedilotildees editoriai Natildeo descrito por Leuchter estaacute i~tima tliY o executante O processoujeita mai a condiccediloacutees de execuccedilatildeo preacute_estabelecida as obra se escrita musical caacute conc - en e ~g~do a crescente especializaccedilatildeo daconvertem _ pelo menos no que se refere a ua concepccedilatildeo exterior _ em am 139) epccedilao aI qulIetomca da muacutesica ( Wiora I961 p

produto da libeacuterrima vontade do artista (p 118) Essa concepccedilatildeo arquitet d d I XVII d I b omca a musIca seg d WA superaccedilatildeo gradatiV

a segundo o autor ao longo o secu o OS e a oraccedilatildeo de fonoas artistica t un o rora possibilitou a d b d O d s aIS como a da sonata e da f E I

recursos dlspomvels levou a concepccedilotildees ca a vez maiS su ~etIvas a mUSIca a mo lficaccedilotildees na relaccedilatildeo d uga evou tambeacutem _ 1 d d a musIca com a religiatildeo O fu - crcsclmento da conccpccedilao dramallca c sub]eta da musica cevoU am a segun o exerCIda por caracteristicas d u seJa a nccedilao religiosa I d h a musIca em SI modIfica dLeuchtcr o timbrc a posiccedilatildeo eqUIValente ao ntmo a me o la e a armoma ou seja com o desenvolvimento de um -se no ecorrer da 3idadeI 124) d a musIca que passa a tra f d a uma concepccedilatildeo pictoacuterica do som musIca (p eVI entemente natildeo soacute de natu e I nsml Ir I elas ideacuteias essas

d d I d W (1961) r za re IglOsaUm outw aspecto da terceIra I a e da mUSIca assma a o por lora Leuchter (1946) assinala u

refere-se ateoria musical que na Idade Meacutedia passoU a determinar () 1) o estudo da evoluccedilatilde J e desenvolvimento da notaccedilatildeo mus1caI enquanto na Antiga Greacutecia a teoria e a notaccedilatildeo bull exan~ da produccedilatildeo musical o ~ m~slca na Ocidente deve iniciar-se por umI na przmelra Idade Meacutedia originada na ideacuteia cultural

ro 61

e mtlmamente ligada aos oficios religiosos ao ponto de os conceitos muacutesicae muacutesica eclesiaacutestica resultarem sinoacutenimos para o historiador (p 12)

O autor registra ainda o repuacutedio da igreja pela muacutesica profana que deixoupor isso raros registros Ao ser anotada a muacutesica ainda segundo o mesmo autorperdeu seu caraacuteter esoteacuterico convertendo-se em arte executaacutevel por todos osque soubessem interpretar os signos de notaccedilatildeo (p 13)

Outra faceta interessante da relaccedilatildeo muacutesica-religiatildeo citada por Leuchter(1946) no capiacutetulo dedicado agrave muacutesica protestante refere-se ao papel da muacutesica noProtestantismo em cujo acircmbito ela deveria servir ao fim de educar e melhorar opovo (Leuchter p 101)

Wiora assinala outras mudanccedilas de caraacuteter na muacutesica da 3~f idadedecorrentes de sua concepccedilatildeo arquitetocircnica acabada burilada

Na transformaccedilatildeo das danccedilas danccediladas em suites artiacutesticas se revelao desenvolvimento moderno da muacutesica em arte independente Enquanto elaperdia diversos liames diretos com a muacutesica cotidiana assim como seu lugarde disciplina erudita entre as artes liberais a muacutesica entrou no domiacutenio

-1 J das Belas-Artes e tornou-se um mundo em si com uma esteacutetica autoacutenoma(W 1961 41 ( f ( lora p I ) _ ___ J _ eacute

A independecircncia crescente da arte musical ocidental eacute traccedilo ~arc~nte nodesenvolvimento da 3a idade embora Wiora assinale a coexistecircncia dessaautonomia tiacutepica das obras de arte com ligaccedilotildees com as tradiccedilotildees religiosas shycomo nos oratoacuterios de Haendel ou nas muacutesicas de Beethoven

Desenvolveu-se assim nesse periacuteodo uma vida musical independente de i funccedilotildees cotidianas com suas proacuteprias organizaccedilotildees salas de concerto comunidades~ de ouvintes literatura e esteacutetica proacuteprias

-

Um bom exemplo da mudanccedila de funccedilotildees da muacutesica na 331 idade nos

oferece Leuchter (1946) ao analisar o advento da oacutepera no seacuteculo XVIIAteacute este momento a oacutepera havia formado parte das cerimoacutenias oficiais

das cortes Executava-se ante um puacuteblico de suma culturaEm tVecircneza a oacutepera se fez puacuteblica Em 1637 se inaugurou nesta o

primeiro cenaacuterio operistico acessiacutevel a todos os que pagavam entrada ( )a mudanccedila que se realiza com relaccedilatildeo ~ suafunccedilatildeo social influiu decisivamentesobre a concepccedilatildeo deste geacutenero musical ( p 83)

Um outro aspecto importante analisado por Leuchter (1946) diz respeitoagrave pltsiccedilatildeo do muacutesico que se altera do periacuteodo Barroco quando todos erameriipreg~m-rrl-itos deveres e poucos direitos ao periacuteodo seguinfe noseacuteculo XVIII quando Beethoven foi o primeiro que deve somente agrave suh artea posiccedilatildeo que ocupa Tal garantia ficou estabelecida ao criar-se um sistemaeditorial organizado que natildeo surgiu senatildeo no uacuteltimo terccedilo do rculoXVIlI (p116)

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Eacute preciso ainda assinalar no contexto da terceira idade da muacutesica como ofaz Wiora o afloramento de estilos pessoais da ocorrecircncia de grandes mestres e

de estilos nacionaisWiora considera a fase que se desenrola a partir do seacuteculo XV como um

periacuteodo de preparaccedilatildeo para a quarta idade da muacutesica sobretudo o seacuteculo XIX queo autor considera o aacutepice desse processo transitoacuterio

O seacuteculo XIX e em especial o Romantismo representa o ponto de transiccedilatildeopor excelecircncia da 33 bull agrave 43

bull idade da muacutesica Leuchter (1946) analisando o

Romantismo afirmae-_ Durante -ffr seacuteculo XIX se desenvolve a ultIma fase do processo de

humanizaccedilatildeo total() O indiviacuteduo se apresenta como uma entidade uacutenicadesligada tanto do mundo fenomenal como do transcendental O processo

analiacutetico atingiu o ponto culminanteA humanizaccedilatildeo total se evidencia em muacutesica na progressiva

desintegraccedilatildeo dos uacuteltimos el_~f~ ~iejyordmJ que operam ainda no seacuteculoXVIII vale dizer a harmonia e alarma (p 148)

Leuchter conside~ a passagem do Classicismo ao Romantismo no seacuteculoXIX como um processo de destronamento da ratio em favor do dominio absolutoda fantasia ou seja como uma trajetoacuteria em direccedilatildeo ao individualismo e aosubjetivismo O abandono da concepccedilagraveo romacircntica se daraacute no final do s~cu~o XIXcom o Realismo representando o fiel reflexo da vontade eXpanSIOnista do

imperialismo moderno (p 160)A expansatildeo da cultura ocidental logo apoacutes o iniacutecio de sua definiccedilagraveo em

direccedilatildeo agrave Europa oriental registrada por Wiora que tambeacutem assinala a expansatildeodessa cultura agrave Terra inteira a partir do iniacutecio dos tempos modernos

Missionaacuterios colonos muacutesicos ambulantes divulgaram o coralgregoriano e a muacutesica popular as Cortes enviaram os virtuoses e ascompanhias de oacuteperas seguiram-se focos de arte musical ocidental nomundo oriental Por outro lado as fontes proacuteprias de produtividade emcada paiacutes toniaram as formas e os estilos do ocidente (Wiora 1961

p147) Um exemplo significativo apresentado pelo autor eacute a difusatildeo da pohfoma

ocidental a partir do seacuteculo XVII nos cantos da Igreja russa bem como a adoccedilatildeopela Ruacutessia do sistema de notaccedilatildeo linear do Ocidente

Os estilos nacionais decorrentes do amaacutelgama das formas e estruturasocidentais agraves tradiccedilotildees nacionais na verdade retomaram antigos tesouros comuns segundo Wiora O mesmo autor considera que por uma seacuterie derenasci~entosos tempos modernos trouxeram ao mundo a consciecircncia da ev~luccedilatildeohistoacuterica e abriram o caminho para reunir todo o passado musical da humamdade

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Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

A funccedilatildeo de expressatildeo emocional- proporcionando veiacuteculo para a expressatildeode ideacuteias e emoccedilotildees natildeo reveladas no discurso comum - transparece na terceiraiacutedade da muacutesica principalmente no forte entrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo

Raynor (1981) em citaccedilatildeo aqui apresentada anteriomente afirma que qualquerhistoacuteria de muacutesica medieval deve comeccedilar pelo estudo da Igreja natildeo soacute pelos registrosque ela deixou mas pelo importante papel desempenhado no culto pela muacutesica

O cantochatildeo visava segundo Maacuterio de Andrade (1980) a ser elementouacutetil de purificaccedilatildeo e elevaccedilatildeo abandonando a antiga riacutetmica grega e dandopreponderacircncia agrave melodia a muacutesica se sutiliza e vai deixar gradativamentede ser sensaccedilatildeo para se tornar sentimental (p 34) Eacute ainda Mariacuteo de Andradeque citando Otto Keller afirma que enquanto os povos antigos conceberam osom como elemento sensitivo o Cristianismo o empregou como elementopelo qual a alma comovida se expressa em belas formas sonoras Maisadiante veremos que outras funccedilotildees sociais satildeo atribuiacutedas ao Canto Gregoriano

Natildeo soacute no cantochatildeo medieval contudo encontramos na terceira idade o forteentrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo Na Renascenccedila os movimentos da Reformae da Contra-Reforma buscaram na muacutesica meio de expressar a emoccedilagraveo da feacute

Posteriormente no periacuteodo Barroco Bach e Haendel sagraveo exemplos aindana terceira iacutedade da expressatildeo dessa emoccedilatildeo atraveacutes da muacutesica

Cabe contudo observar que desde a Renascenccedila processa-se uma mudanccedilana relaccedilatildeo muacutesica-religiacuteatildeo (jaacute referida anteriormente) pois a partir desse periacuteodobusca-se transmitir ideacuteias e ensinamentos atraveacutes da muacutesica aleacutem de expressarpuramente a emoccedilatildeo

A produccedilatildeo de muacutesica religiosa declina acentuadamente apoacutes o Barrocomas pode-se ainda registrar nos uacuteltimos tempos da 3a idade _ seacuteculos XVIII eXIX - a muacutesica como expressatildeo do sentimento e da emoccedilatildeo da feacute

Aleacutem da muacutesica religiosa outros exemplos da muacutesica como expressatildeo deemoccedilotildees podem ser apontados na terceira idade

Schunnann (1989) referindo-se ao estabelecimento do sistema tonal noseacuteculo XVIII menciona a teoria dos afetos segundo a qual a muacutesica vieraestabelecer-se como a linguagem mais adequada sempre que se tratava deexpressar ou provocar certos sentimentos emoccedilotildees e paixotildees ou seja osaetos humanos (p 120)

Lenaerts citado por Schurmann (1989) oferece-nos ao referir-se agrave origem daoacutepera outro exemplo no acircmbito da expressatildeo de emoccedilotildees no contexto da 3a idade

Por volta de 1580 formava-se em Florenccedila ( ) um ciacuterculo de saacutebios eartistas ( a Camerata) que na sua aspiraccedilatildeo de dar nova vida agrave trageacutedia antiga

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m novas fonnas musicais que estivessem mais aptas a reproduzirprocurava 121)

music~~e=e as(~~i~)e~~~~~~~~sr~~~recircnci~ agrave funccedilatildeo de expressatildeo emocioalr am d d fins do seacuteculo XVI se havwmOs compositores de ma ngazs e b I

d t middot bres o de sim o lsmos d~ o cromatismo o uso e 1m Preocupado em intro Udr d mo a obra dos grandes pintores I es tatildeo ramatlcos coe outros meiOS a gumas vez _ ra servir veiculos de emoccedilotildeesmaneiristas - EI Greco CaravagglO fa ~ C

violentas e sugbest~esi~toacute~~c R~~~~~~o levou agrave exaltaccedilatildeo do subjetivismoA exacer accedilao o eu d b objetivar emd L uchter (1946) os compositores desse peno o usca~

Segun o e d d Animo e sentimentos subJetlvos ou sejasons determinados esta os e a seus sentimentos e emoccedilotildees O

t s dos sons de suas mUSIcas expressar a rave - ma das fonnas mais significativasliedsegundo o autor e por esse motIVO udesse periacuteodo (p149)

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

d d papeacuteis de criador (compositor) eA separaccedilatildeo cada vez maIS mtI a os ui abordadocontemplador eacute uma das caracteriacutesticas mais expreSSIvas do penodo aq

mo 3 idade da muacutesica fi fi dco d decircncia da arte musical ocidental nessa fase Ja OI re en a

A crescente m ep~n A se ara agraveo da musica4ordfLfu_~e~ anterIonnente assmalada por WIOra p S____ lt0 1aqUI --- I nas pe o prazer lt agraveo de salas de concerto - onde ta vez ape cotIdIanas levou a crIaccedil ---- _- taccedilotildees musicais A sUIte

~steacutetico a comunidaeeacutede

uv~~e~n~~ecs~ss~~~os desse fe1ocircmeno pO~smstrumentaLparr~~__ ada por contempladores que naoextraiacuteda de peccedilas de danccedila passa a ser apreCI

d apenas ouvem e apreciam fi -danccedilam _ I d Idade Media anterior ao processo acima re en o

A produccedilao mUSIca a r esteacutetico A execuccedilatildeo de motetos nonagraveo parece contudo despIda do pr~z~ m bom exemplo fi do contexto hturgICO parece ser umtenor das IgrejaS ora dO d ifestaccedilatildeo do prazer esteacutetico

R a uma outra eVI enCIa a manNa enascenccedil _ ecircnero olicoral no interior das igrejas Natildeo

poderia ser apont~da na reahz~ccedil~odo ~ a ambientaccedilatildeo religiosa que pareciam serera o simples ensmamento e IglOSO o feitos musicais ateacute da exploraccedilatildeobuscadas com tais reahzaccediloes que extraIpm e

acuacutestica do espaccedilo profundo dos temPfulos~~~ fi bull cia que Abraham (1986) fazP oder ser incluiacuteda nesta nccedilao a re erend~e~e ~ M enzio Ao contraacuterio dos fnadrigaistas manluanos efeacuterrarenses

aos ma ngms e A ar o razer dos executantes mesmos natildeo paraMarenzio compos sobretudo para p ( ) ( 266)auditoacuterios cortesatildeos que escutaram inteacutelpretes bnlhantes p

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A oacutepera cujo aflorar se daacute no Barroco e que eacute explorada em toda a fasefinal da terceira idade da muacutesica tambeacutem pode ser apontada como um exemplonessa fase de manifestaccedilatildeo do prazer esteacutetico Ao pretender associar artesdiversas como muacutesica poesia cenografia danccedila a oacutepera parece realmente buscara mobilizaccedilatildeo do prazer esteacutetico atraveacutes de diversos elementos O proacuteprio papelsocial desempenhado pela oacutepera nos seacuteculos XVIII e XIX alcanccedilando grandepopularidade parece enfatizar esse aspecto

Funccedilatildeo de Divertimento

A terceira funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a de divertimento e o uacuteltimoexemplo apontado - a oacutepera - parece ter desempenhado esse papel com intensidadenos seacuteculos XVIII e XIX

Mas natildeo se restringe agrave oacutepera a funccedilatildeo de divertimento na terceira idadeEmbora natildeo tenha deixado deixado registros (partituras) sabe-se que a muacutesica dedanccedila foi praticada durante todo esse periacuteodo inclusive na Idade Meacutedia ecertamente ela se liga agrave funccedilatildeo de divertimento

As referecircncias agrave pratica da muacutesica nas cortes desde o periacuteodo medievaltambeacutem apontam para a funccedilatildeo de divertimento Tal seria o caso provavelmenteda muacutesica trovadoresca Guillernr lduque de Aquitacircnia era mesmo umtrova por e quando regressou da primeira cruzada em 11 Oacute2 se deleitou ementreter as audiecircncias nobres com chansons de geste relatos humoriacutesticosde suas desventuras militares (Abraham 1986 p 98)

Representaccedilotildees religiosas como os autos sacramentais medievais emboracom a funccedilatildeo de transmitir ensinamentos tambeacutem serviram agrave diversatildeo do povo

Schurmann (1989) referindo-se ao que denomina atos de musicar fazuma referecircncia que tambeacutem serve de exemplo agrave funccedilatildeo de entretenimento

Note-se ( ) que ainda no seacuteculo XIX um compositor comoBeethoven quando produzia as suas sinfonias aleacutem de preocupar-secom a sua apresentaccedilatildeo puacuteblica em concerto tratava de providenciar aediccedilagraveo de versotildees silllpl~ficadas a serem utilizadas no acircmbito de uma praacuteticaamadoristica muito difundida 10 meio da proacutepria burguesia consumidora(p 178)

Menuhin (1981) tambeacutem aborda essa divulgaccedilatildeo ligeira da muacutesica eruditacom funccedilatildeo de entretenimento

Agora [seacuteculo XIX as melodias de oacutepera as uacuteltimas marchas e valsascompostas para bandas de jardim e tocadas de ouvido por dois ou trecircsmuacutesicos eram encontradas em todos os lugares Tanto Schubert comoBeethoven tinham escrito esse tipo de muacutesica ( ) li medida em que o apetite

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pela muacutesica crescia muitos compositores escreviam melodias popularesexpressamente para entretenimento leve () (p 172)

Abraham (1986) tambeacutem cita a funccedilatildeo de entretenimento da muacutesica nascortes renascentistas nas quais um grupo de muacutesicos florentinos mesclou madrigaiscom uma classe nova de monodia em outro modo de cantar distinto do corrente(p204)

Os exemplos acima referidos aos quais se poderiam acrescentar outros ilustramsem duacutevida a ocorrecircncia da funccedilatildeo de divertimento na terceira idade da muacutesica

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A respeito da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo da muacutesica cabe citar Schurmann (1989)referindo-se agrave estruturaccedilatildeo do sistema tonal Schurmann considera que o sistematonal cujo predomiacutenio ocorre nos uacuteltimos tempos da 3a idade presta-se por excelecircnciaagrave caracterizaccedilatildeo de uma linguagem musical servindo portanto agrave comunicaccedilatildeo

Outras referecircncias podem ser acrescentadas agrave funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo damuacutesica na terceira idade

A praacutetica de dramatizaccedilotildees religiosas calcadas no canto gregorianoprovavelmente visavam a comunicar ao povo o ensinamento cristatildeo

A intenccedilatildeo de atrair mais o povo pra essas representaccedilotildees levou auma seacuterie de licenccedilas danccedilas orquestrinhas rudimentares substituiccedilatildeo dolatim pelos dialetos substituiccedilatildeo do Gregoriano pela muacutesica popularridicularizaccedilatildeo do diabo e dos maus e consequumlente predominacircncia doelemento coacutemico (Maacuterio de Andrade 1980 p42)

A muacutesica protestante conforme proposta de Lutero eacute um outro exemplopertinente agrave funccedilatildeo comunicadora da muacutesica utilizada no culto com vistas agravetransmissatildeo do ensinamento religioso - na interpretaccedilatildeo didaacutetica do verbosagrado que por meio de textos explicativos e da muacutesica eacute projetado agraveeslera espiritual do povo (Leuchter 1946 p99)

Cabe observar contudo que nos dois exemplos acima a comunicaccedilatildeo eacuteefetivada atraveacutes da muacutesica mas apoiada em textos que veiculam a mensagem(contudo Merriam assinala que muacutesica e texto se influenciam mutuamente)

A muacutesica trovadoresca ao relatar os grandes feitos das Cruzadas ou louvara mulher amada atraveacutes de textos conjugados a muacutesicas monoacutedicas certamentepode ser apontada como utilizaccedilatildeo da muacutesica com funccedilatildeo comunicadora

A canccedilatildeo francesa e o madrigal italiano ambos renascentistas e ambosmuito pictoacutericos no que se refere a buscar expressar musicalmente o conteuacutedodo texto em que se baseiam podem tambeacutem ser cogitados como exemplos dafunccedilatildeo comunicadora (Abraham 1986 p267)

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A oacutepera a partir do Barroco tambeacutem parece desempenhar a funccedilagraveo decomunicaccedilatildeo embora caiba lembrar que natildeo soacute atraveacutes da pura expressatildeo musicalmas do relato (texto) Este eacute tambeacutem o caso das cantatas e oratoacuterios que buscavamexpressar atraveacutes da muacutesica e do texto o Verbo Divino

Outros exemplos como o lied romacircntico se prestam a ilustrar a funccedilatildeode comunicaccedilatildeo da muacutesica na terceira idade Pode-se abstrair aqui a questatildeo dedefinir se a muacutesica eacute ou natildeo linguagem - a comunicaccedilatildeo (de ideacuteias sentimentosemoccedilotildees) eacute que foi aqui considerada

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

A quinta funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a de representaccedilatildeo simboacutelica (segundoo autor representaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias comportamentos)

O canto gregoriano poderia ser bom exemplo inicialLeuchter (1946) referindo-se aos primeiros tempos da polifonia (estruturada

sobre o cantus firmus gregoriano) refere-se a esse cantus firmus comosiacutembolo musical do dogma religioso (p38)

Schurmann (1989) no capiacutetulo denominado A Monodia refere-se aocanto gregoriano como instrumento de dominaccedilatildeo cultural como um siacutembolo daestrutura do poder medieval calcado na Igreja

Mario de Andrade (1980) refere-se ao cantochagraveo afirmando que elerepresenta musicalmente a essecircncia ideal e mais intima da religiatildeo catoacutelica o que parece permitir sua inclusatildeo na funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica (p44)

Um outro exemplo de representaccedilatildeo simboacutelica poderia ser tomado agrave polifoniagoacutetica A esse respeito Leuchter (1946) afirma O conjunto da muacutesica goacuteticareflete fielmente a estrutura social dessa eacutepoca a qual por sua vez resultacomo uma consequumlecircncia da concepccedilatildeo hieraacuterquica do universo quecaracteriza a ideologia do goacutetico (p42)

Leuchter considera assim o cone goacutetico como o siacutembolo de organizaccedilatildeosocial em classes estritamente separadas vigente agrave eacutepoca

Um outro exemplo de representaccedilatildeo simboacutelica na Idade Meacutedia nos eacutefornecido por Raynor (1981) jaacute citado anteriormente quando o autor referindoshyse agraves classes meacutedias entatildeo emergentes afirma que elas passaram a reivindicarque a muacutesica acrescentasse gloacuterias simboacutelicas e concretas aos seus feitos(p69)

Schurmann (1989) no capiacutetulo dedicado ac(Slst~ma-tonal considera queesse sistema ~onsumaria uma linguagem musica( enireoiifr~s motivos porrepresentar em s~aseStrutuias--~Sicals~-aestrutura social da eacutepoca - ou seja doperiacuteodo iluminista

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Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

A sexta funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica shyconsiderada passiacutevel de questionamento pelo proacuteprio autor

A danccedila eacute registraacutevel em toda a terceira idade da muacutesica e pelo menosnesse aspecto a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica poderia ser identificada

A partir do periodo barroco desenvolveu-se contudo a estilizaccedilatildeo de danccedilasque passaram a ser apreciadas por um puacuteblico e natildeo destinadas a danccedilar excluindoportanto nesse acircmbito a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica enquanto movimento

O estado de tranquumlilidade fiacutesica o estado contemplativo proporcionado pelocantochatildeo seria o exemplo contraacuterio ao acima descrito pois enquanto a danccedilaimpulsiona a partir do ritmo meacutetrico o movimento do corpo o cantochatildeo pelaadoccedilatildeo de um ritmo natildeo meacutetrico equivalente a uma pulsaccedilatildeo induziria a um estadode tranqiiilidade propiacutecio agrave introspecccedilatildeo Eacute que a gregoriano natildeo foi feitopara a gente escutar mas para a gente se deixar escutar Ele provocainsensivelmente o estado de religiosidade (Andrade 1980 p44)

No final da terceira idade a transposiccedilatildeo gradativa da muacutesica religiosa paraas salas de concerto refletiu uma mudanccedila pois ao inveacutes de buscar-se um estadode contemplaccedilatildeo coletivo passou-se a enfatizar as caracteriacutesticas da muacutesica em si

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

O principal exemplo a ser invocado quanto a esta funccedilatildeo parece ser amuacutesica religiosa cuja produccedilatildeo eacute bastante farta na 3 idade da muacutesicaprincipalmente ateacute o Barroco

Parece prender-se neste caso mais agrave letra a funccedilatildeo aqui consideradapois atraveacutes dela veicularam -se as mensagens os ensinamentos tanto da igrejacatoacutelica quanto da protestante

A saacutetira parece ser tambeacutem uma forma de impor conformidade a normassociais Nesse sentido talvez os principais exemplos na terceira idade sejamencontrados entre as canccedilotildees trovadorescas alguns madrigais e no gecircnero operistico

O sucesso da oacutepera coacutemica residia antes de tudo nos argumentosinspirados no mundo atual fazendo possivel assim ao espectador interessarshyse diretamente na accedilatildeo Aleacutem disso esta devia ser conduzida com o maacuteximorealismo jaacute que sua candente atualidade excluia toda classe de alusatildeoalegoacuterica tal como ocorria na oacutepera do seacuteculo XVIII (Leuchter 1946 p136)

A criacutetica de costumes ou a saacutetira poliacutetica estariam entre os objetivos daoacutepera cacircmica que nesse sentido pode ser vista como desempenhando a funccedilatildeo deimpor conformidade a normas sociais

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das Instituiccedilotildees Sociais e dosRituais Religiosos

Todos os exemplos aqui descritos de utilizaccedilatildeo de muacutesica religiosa querna Igreja Catoacutelica ou na Protestante na 33

bull idade da muacutesica satildeo pertinentes agravefunccedilatildeo de validaccedilatildeo dos rituais religiosos Vale assinalar mais uma vez que aproduccedilatildeo de muacutesica religiosa declina a partir do Barroco cabe observar tambeacutem

que a partir do Classicismo a muacutesica religiosa tem (talvez mais proeminentemente)a funccedilatildeo de concerto

A validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais pode ser feita segundo Merriam atraveacutesde canccedilotildees que enfatizam o que eacute conveniente e o que natildeo eacute conveniente nasociedade assim como dizem agraves pessoas o que se deve e como se deve fazerNesse sentido e vaacutelido apresentar o exemplo das chansons de geste medievaistais como satildeo abordadas por Abraham (1986)

De modo incidental Johannes de Grocheo menciona que as chansonsde geste deveriam ser cantadas para os anciatildeos para os trabalhadores epara os cidadatildeos correntes quando descansam de suas tarefas de modoque ao ouvir as miseacuterias e calamidades de outros elevem com maior energiaas suas proacuteprias e voltem ao trabalho com mais empenho (p98)

Outro exemplo apresentado pelo mesmo autor parece aplicar-se a estafunccedilatildeo refere-se ao aparecimento de um tipo de canccedilatildeo cortesatilde - a Spruchalematilde - cujo conteuacutedo era poliacutetico ou moral (pl 02)

Um outro exemplo ainda no acircmbito da funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildeessociais e dos rituais religiosos pode ser obtido em Abraham (1986) referente aosmotetos do seacuteculo XlV O autor refere-se a esses motetos atribuindo-lhes funccedilotildeespoliacuteticas e cerimoniais

Frequumlentemente compunham-se motetos para acontecimentosdo estado conservam-se composiccedilotildees deste tipo que celebravam a todos osreis franceses do seacuteculo XiV os papas os bispos e os nobres recebiam honrassimilares aleacutem disso possuiacutemos um magniacutefico exemplo inglecircs de motetoisorriacutetimico cerimonial ( ) talvez para celebrar uma reuniatildeo no dia de SatildeoJorge () em WindsOl no ano 1358 ou no 1374 ( p 125)

O mesmo autor refere-se ao madrigal num sentido passiacutevel de ser incluidona funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildees sociais e rituais religiosos ao mencionar apublicaccedilatildeo de madrigais para as cerimocircnias ( p 203)

Abraham (1986) referindo-se agrave canccedilatildeo francesa renascentista possibilitashynos uma outra inclusatildeo na funccedilatildeo de validaccedilatildeo ao referir-se agrave canccedilatildeo La guerrede Janequim que celebra a vitoacuteria obtida por Francisco I em Marignandem i5i5 (p216)

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Outro exemplo da funccedilatildeo de validaccedilatildeo ainda na Renascenccedila pode serapontado no mesmo autor

(i a muacutesica religiosa em Veneza em especial em Satildeo Marcos muitofrequumlentemente foi muacutesica para os acontecimentos do estado e Andrea Gabrieliem grande medida foi um compositor oficial Escreveu muacutesica para visitasreais para as festividades de carnaval ( ) e sua muacutesica de igreja foiplanejada com interesse especial em um som esplecircndido e de efeito muitomais do que aparece em suas composiccedilotildees profanas (p249)

As diversas oacuteperas compostas no seacuteculo XVII (Monteverdi Cavalieri Peri ) para celebraccedilatildeo de matrimocircnios aristocraacuteticos constituem um outro exemplo queaparece em diversos autores e pode ser situado no contexto de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais (Abraham 1986 p270-273) Da mesma forma cantatas eserenadas foram compostas no seacuteculo XVIII para o mesmo fim (Abraham p385)

Abraham ao abordar a muacutesica francesa para oacutergatildeo (seacuteculos XVII-XVIII)refere-se a Nicolas de Grigny cujo uacutenico livro para oacutergatildeo data de 1699 e cont~muma missa para oacutergatildeo e os hinos das principais festas do ano - hinos esses quepodem exemplificar a funccedilatildeo de validaccedilatildeo

De certa fonna as obras musicais dedicadas a reis ou a nobres em geralsatildeo tambeacutem um exemplo passiacutevel de ser incluiacutedo nesta categoria E satildeo muitas asobras assim dedicadas Citando apenas dois exemplos podemos apontar Carl PhilippEmmanuel Bach que no seacuteculo XVIII publicou Sei Sonate per cembalo dedicadasao rei da Pruacutessia e as valsas de Chopin no seacuteculo XIX todas dedicadas a membrosda nobreza

A produccedilatildeo de hinos nacionais marcadamente no seacuteculo XIX eacute citada porMenuhin (1981) e se insere sem duacutevida no contexto da funccedilatildeo de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais (p180) Na mesma trajetoacuteria de sentimento nacionalista inc1uemshyse as oacuteperas patrioacuteticas histoacutericas das quais Abraham (1986) oferece exemplo(p596)

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Cabe afinnar mais uma vez a importacircncia da muacutesica cristatilde na terceiraidade da muacutesica embora cabendo ressaltar que ela sofre transformaccedilotildees em suaforma e conteuacutedo ao longo desse periacuteodo

Ela desempenha aparentemente de forma indubitaacutevel um papel importantequanto agrave nona funccedilatildeo social a de continuidade e estabilidade da cultura E talpapel poderia ser melhor especificado sob diversos aspectos

Um desses aspectos ainda nos primeiros tempos da terceira idade cabe aocantochatildeo Fruto do amaacutelgama de origens diversas - inc1usive da muacutesica grega -_ ~ _A bull

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1

ele garante uma certa sobrevivecircncia da muacutesica da civilizaccedilatildeo greco-romana Apresenccedila desse canto em busca de uma uniformidade da liturgia nas mais diversasparoacutequias (ainda que sujeita a possiacuteveis interferecircncias locais) eacute um fator deestabilidade e de continuidade cultural

De certa forma o cantochatildeo estaacute por traacutes de toda muacutesica culta medieval oque reforccedila a afirmativa anterior Os exemplos jaacute apresentados anteriormenteneste capiacutetulo referentes ao cantochatildeo ilustram fartamente o que vai aqui descrito

A relaccedilatildeo com a muacutesica popular que a partir provavelmente do seacuteculo Xa muacutesica cristatilde passou a manter dela se nutrindo e a ela fornecendo elementos(tambeacutem jaacute abordada anteriormente) eacute outro aspecto pertinente ao exame destafunccedilatildeo

A presenccedila da muacutesica popular e folcloacuterica inclusive a muacutesica de danccedila namuacutesica erudita (secular ou religiosa) ao longo de toda a baixa Idade Meacutedia e noperiacuteodo que se estende ateacute o seacuteculo XIX eacute tambeacutem fator de continuidade - econsequumlentemente estabilidade - cultural Haacute diversos exemplos jaacute citadosanteriormente desde a muacutesica trovadoresca agraves sinfonias claacutessicas e romacircnticasque ilustram o fato aqui descrito

Outros exemplos (jaacute apresentados no decorrer deste capiacutetulo) podem apontarpara a ocorrecircncia da funccedilatildeo aqui abordada na terceira idade da muacutesica As lendas emitos tomados como temas de oacuteperas as canccedilotildees populares e as poesias interligadasno lied os temas musicais populares ouvidos em oacuteperas missas concertos sinfoniasetc satildeo alguns dos fatos que atestam a sobrevivecircncia de elementos culturaisatraveacutes da muacutesica ou seja da nona funccedilatildeo social descrita por Merriam

De certa forma os exemplos apresentados em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo de imporconformidade a normas sociais e agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais edos rituais religiosos tambeacutem se aplicam agrave funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para acontinuidade e estabilidade da cultura

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

Certamente que esta funccedilatildeo eacute muito mais fortemente observaacutevel emsociedades de estrutura menos complexa contudo ela parece tambeacutem serassinalaacutevel no contexto da terceira idade da muacutesica

De certa forma todas as funccedilotildees aqui tratadas no periacuteodo em questatildeocontribuem direta ou indiretamente para a integraccedilatildeo da sociedade

A expressatildeo emocional- individual ou coletiva - assim como o prazer esteacuteticoou o divertimento contribuiriam para o equiliacutebrio e a integraccedilatildeo da sociedade Osdiversos exemplos apontados quando do exame dessas funccedilotildees podem para aquiser transpostos

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A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo tambeacutem entrelaccedila-se agrave de integraccedilatildeo dasociedade e a ilustraccedilatildeo apresentada anteriormente quanto agrave funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo na muacutesica da terceira idade pode igualmente ser transposta para oacircmbito da deacutecima funccedilatildeo

A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica ao unir os indiviacuteduos em tomo de umamesma simbologia tambeacutem contribui para a integraccedilatildeo social e jaacute foi exemplificadaanteriormente

A funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica embora questionada pelo proacuteprio Merriam podetambeacutem ser cogitada aqui Os exemplos apresentados no acircmbito da anaacutelise dafunccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica parecem contribuir para o congraccedilamento dos indiviacuteduosquer atraveacutes da movimentaccedilatildeo da danccedila quer atraveacutes da integraccedilatildeo coletiva emtomo da inspiraccedilatildeo tranquumlila do canto gregoriano

A funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais bem como a devalidaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos parecem claramente ligadasagrave questatildeo da integraccedilatildeo social cabendo retomar os exemplos jaacute apresentados

Finalmente a nona funccedilatildeo a de contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidadeda cultura tambeacutem natildeo parece passiveI de questionamento quantoagrave forte relaccedilatildeoque apresenta com a funccedilatildeo de integraccedilatildeo social e sua revisatildeo aqui eacute absolutamentepertinente

Haacute grande fartura de exemplos encontrados na literatura revista que apontampara a ocorrecircncia na terceira idade da muacutesica dos dez tipos de funccedilotildees descritospor Merriam

Apesar das referecircncias agrave perda gradativa da participaccedilatildeo cotidiana damuacutesica nesse periacuteodo ou mesmo agrave destinaccedilatildeo tambeacutem gradativa da muacutesicaculta a ouvintes conhecedores (Fischer sd p220) a muacutesica da terceiraidade eacute plena de funccedilotildees sociais desempenhando um papel significativo nocontexto desse periacuteodo Cabe mais uma vez registrar que apesar do divoacutercioaparente entre a muacutesica culta e a popular dessa fase as pontes entre elas natildeoforam cortadas e isso talvez explique ao menos em parte a riqueza de f~nccedilotilde~ssociais da muacutesica da terceira idade

I bull ~

I Quarta Idade da Muacutesica)

A quarta idade da muacutesica eacute definida por Wiora como a idade de teacutecnica e dacivilizaccedilatildeo industrial mundial

Wiora assinala inicialmente a permanecircncia de tendecircncias anteriores namuacutesica do seacuteculo XX quer na continuaccedilatildeo do concerto puacuteblico e na ecircnfase naperfeiccedilatildeo teacutecnica e na integraccedilatildeo quer na praacutetica musical de grupos neo-

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Aula
Nota
2709 Bella e Migueacute

romacircnticos ou mesmo de Schotildeenb~aelaboraccedilatildeo musical partiu aindasegundo o mesmo autor da desintegraccedilatildeo de elementos propostos por Wagner

Leuchter (1947) analisando a passagem da muacutesica do seacuteculo XIX para oseacuteculo XX afirma

O problema que se colocou agrave muacutesica do incipiente seacuteculo XX consistiu( ) em encontrar a soluccedilatildeo do antagonismo que na arte neo-romagraventica aparece entre sua essecircncia realista e sua aparecircncia romacircntica Quando em1866 morre Liszt uacuteltimo dos grandes expoentes da muacutesica imperialistacomeccedila a manifestar-se uma reaccedilatildeo contra o espirito dessa arte reaccedilatildeo quese concretizou em vaacuterias correntes de distinta indole Mas por mais opostasque pareccedilam as duas tendecircncias fundamentais de fins do seacuteculo XIXNaturalismo e Impressionismo surgiram sem duacutevida de um mesmo impulso a oposiccedilatildeo ao antagonismo neo-romacircntico (p169)

Wiora afirma tambeacutem que o seacuteculo XX representa uma ruptura de primeiragrandeza na histoacuteria do mundo o iniacutecio de uma nova era na histoacuteria da humanidade

Hamoncourt (1988) aborda a modificaccedilatildeo radical de significaccedilatildeo da muacutesicanos uacuteltimos dois seacuteculos deixando de ser o centro de nossas vidas (parte essencialdelas) deixando de ser a linguagem viva do indiziacutevel que soacute os seuscontemporacircneos podem entender tomando-se no seacuteculo XX um Ornamento (p13)

Leuchter (1947) afirma que a tendecircncia da muacutesica do seacuteculo XX a umanova objetividade leva agrave busca de eE1ina~9 de todo tipo de impulsosextramusicais e se opotildee tanto agrave muacutesicaclaacutessica quantoarotildemacircnuumlcatildee agraveneoshyrorrIacuteacircnUumlca~-Conduztambeacutem agrave conquista de novos meios de realizaccedilatildeo (p170)

Outra tendecircncia que Leuchter assinala na muacutesica da quarta idade eacute a deum liYr~desenvolvimentodas forccedilas motoras da muacutesica quer extraiacutedas deprograma~il1decircpendentesate certo ponto dam~nt~-~datildelmahumanas queremanadas da muacutesica popular (em especial de seus ritmos) quer completamenteindependentes recebendo seus impulsos exclusivamente de si mesmas (p173shy75) A concepccedilatildeo motora segundo Leuchter leva a muacutesica agrave desintegraccedilatildeocompleta das leis construtivas do seacuteculo XIX e conduz a um processo de objetivaccedilatildeorestituindo-lhe sua autonomia e abrindo novos horizontes agrave produccedilatildeo musical

Wiora considera que a quarta idade apresenta as seguintes caracteriacutesticas1) difusatildeo da muacutesica ocidental sobre o globo e formaccedilatildeo de uma cultura musicalglobal 2) um duplo processo de popularizaccedilatildeo e de despopularizaccedilatildeo da muacutesica3) retomada de toda muacutesica anterior e paralelamente exclusatildeo do passado musicalna composiccedilatildeo 4) conquista de novos territoacuterios musicais e retraimento ateacute oslimites da muacutesica 5) tecnizaccedilatildeo e artificializaccedilatildeo 6) organizaccedilatildeo industrializaccedilatildeoe ideologizaccedilatildeo da vida musical 7) desumanizaccedilatildeo e regeneraccedilatildeo Essascaracteriacutesticas seratildeo comentadas nos paraacutegrafos que se seguem

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Wiora considera ainda que a muacutesica ocidental formou-se no Sul e no Oesteda Europa de onde difundiu-se pouco a pouco sobre a terra toda a partir defatores como a colonizaccedilatildeo da Ameacuterica e de outras terras a atuaccedilatildeo demissionaacuterios as escolas o comeacutercio o raacutedio etc

Dessa expansatildeo decorreram segundo o autor dois processos 1) a muacutesicados compositores ocidentais foi introduzida e se adaptou gradativamente a novosgecircneros de vida 2) os muacutesicos locais comeccedilaram a compor sobre modeloseuropeus formando tendecircncias nacionais a partir do amaacutelgama da tradiccedilatildeo localcom esses modelos - no caso da Ameacuterica tal amaacutelgama reuniu traccedilos europeusindiacutegenas e negros sendo que alguns dos gecircneros daiacute decorrentes como oJaizxma muacutesica de filmes de Hollywood difundiu-se sobre o mundo todo

A costumeira oposiccedilatildeo que frequumlentemente se faz entre muacutesica europeacuteiae muacutesica da Ameacuterica qualificada em comum de muacutesica ociental e muacutesica dascivilizaccedilotildees primitivas ou ocidentais natildeo corresponde segundo Wiora agrave realidadeem funccedilatildeo de novas relaccedilotildees que se estendem a todo o planeta

Assim ainda segundo o mesmo autor apesar do enfraquecimento dastendecircncias musicais tradicionais locais elas natildeo foram inteiramente anuladas esegundo ele subsistem em certos momentos seja no timbre da voz seja emcaracteriacutestics riacutetmicas etc

Assim em um disco Indiacutegenas do Meacutexico tocam peccedilas do estiacuteloeuropeu mas seu temperamento proacuteprio aflora nos ritmos de seus tamboresUma peccedila lembra uma cadecircncia da eacutepoca dos claacutessicos vienenses massegundo seu proacuteprio costume eacute repetida muitas vezes como uma foacutermulameloacutedica de um canto primitivo (Wiora 1961 p 162)

Wiora assinala tambeacutem entre as altas civilizaccedilotildees orientais a introduccedilatildeo damuacutesica europeacuteia seja em concertos ou programas radiofocircnicos organizados comona Europa seja no repertoacuterio Por outro lado os modos europeus do folcloredo exotismo e do impressionismo prepararam misturas de estilos que continuamhoje nos compositores orientais ( p 163)

Um outro exemplo de mistura citado pelo autor eacute o jazz que para ele soacutepocircde atingir uma irradiaccedilatildeo mundial em decorrecircncia de ser uma mistura de hannoniaeuropeacuteia e de ritmos e expressotildees negros - de certa forma o jazz combinouelementos da primeira e da quarta idade ( p 164) O jazz ainda segundoWiora representa junto a outros eventos um movimento de reaccedilatildeo contra aexpansatildeo europeacuteia - embora a propagaccedilatildeo de muacutesica no mundo continue ase fazer partindo de raiacutezes europeacuteias (p 165)

O progresso da circulaccedilatildeo mundial dos meios de comunicaccedilatildeo como oraacutedio alargaram os horizontes musicais e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo de umpuacuteblico mundial Tambeacutem a difusatildeo das obras musicais em partituras e discos

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atraveacutes de concertos e do raacutedio levaram ao surgimento de uma literatura musicalmundial contribuindo para a difusatildeo e a uniformizaccedilatildeo da muacutesica no mundo

() os tempos modernos favorecem a uniformizaccedilatildeo sob muitosaspectos a normatizaccedilatildeo e a padronizaccedilatildeo do diapasatildeo da teacutecnica e daterminologia a supremacia das canccedilotildees populares repetitivas e dosinstrumentos populares em todas as regiotildees de outro lado a unidade deestilo das composiccedilotildees dodecafocircnicas ou seriais difundidas por toda partesem que se possa distinguir de que regiatildeo elas provecircm (Wiora 1961 p 166)

r----- -ParaIacuteelamente a essa unifoririacuteizaccedilatildeo contudo como jaacute foi referido anteriormente o autor enfatiza que a nova idade mundial favorece as misturas e os sincretismos (p 166)

No que se refere a popularizaccedilatildeo e despopularizaccedilatildeo da muacutesica Wioraassinala a ocorrecircncia de uma democratizaccedilatildeo da vida musi~~l a partir da eacutepoca darevoluccedilatildeo francesa ultrapassando os limites dos auditoacuterios burgueses - fatorescomo a radiodifusatildeo a realizaccedilatildeo de concertos populares a reduccedilatildeo da jornada detrabalho entre outros explicariam essa popularizaccedilatildeo bem como o surgimento denovas categorias de ouvintes (como o ouvinte anocircnimo e solitaacuterio de apresentaccedilotildeesradiofocircnicas escolhidas ou o colecionador apaixonado de bons discos)

Contudo Wiora assinala que todo este processo de popularizaccedilatildeo tem porcontrapartida a extinccedilatildeo das tradiccedilotildees populares autecircnticas (p 172) Paralelamentea esse processo de popularizaccedilatildeo crescente Wiora identifica um movimentodiametralmente oposto que ele identifica como um esforccedilo de eS2t~rismo

A muacutesica de vanguarda se distancia P~-~~~spr~middotnciacuteiosatonais

atemaacuteticos anedoacuteticos para fora do alcance do grande puacuteblico e da maiorparte dos amadores( ) Essa muacutesica natildeo pode atingir a popularidade

j primeiramente por sua extrema artificialidade e em seguida por sua oposiccedilatildeoacentuada agraves massas ao clichecirc e agrave exploraccedilatildeo comercial (p 173)

( Wiora considera que um processo engendra o outro ou seja a popularizaccedilatildeoI suscita a despopularizaccedilatildeo e vice-versa sendo que a segunda paradoxalmenteinatildeo eacute possiacutevel sem a sustentaccedilatildeo financeira do grande puacuteblico

Adorno citado por Wiora afirma assinalando o distanciamento da muacutesicaerudita do seacuteculo XX Desde a Flauta Maacutegica a muacutesica seacuteria e a muacutesicaligeira natildeo coincidiram mais Toda arte agradaacutevel e ligeira tornou-seilusoacuteria e enganosa (p 174) f [ S

Leuchter (1946) analisando a muacutesica da quarta idade considera que oExpressionismo manifesto nas obras dodecafocircnicas de Schotildeenberg e Webernleva a uma renuacutencia a toda missatildeo social da arte (p 186) ou seja corrobora oargumento d~ despop~Iarlzaccedilatilde-oconsidernI-do que a esfera de accedilatildeo da obra ficareduzida a um miacutenimo - o ciacuterculo dos entendidos (p187)

I76

o autor considera que o dodecafonismo eacute um indiacutecio de um incipienteprocesso de objetivaccedilatildeo mesmo que as formas levem ainda um conteuacutedosubjetivo E considera ainda que a composiccedilatildeo serial ao derivar todos osfenocircmenos musicais de um uacutenico ponto central- a seacuterie tal como o cantus firmusda Idade Meacutedia aponta para um retorno da muacutesica a sua mais ancestral finalidade- ser siacutembolo do processo de criaccedilatildeo transcendental (p 190)

Tambeacutem Raynor ( 1981) nos oferece um exenplo bastante interessante noque concerne ao distanciamento do puacuteblico pela muacutesica do seacuteculo XX Soacute comSchoenberg vamos encontrar um compositor de vulto rejeitando o auditoacuteriocomo uma necessidade mais ou menos desagradaacutevel ( p 18)

Raynor transcreve trecho de carta de Schotildeenberg que bem exemplificaesse distanciamento

Mantenho tambeacutem a opinatildeo de que uma obra natildeo tem de viver isto eacute -ser executada a todo custo isto eacute se tiver de perder partes dela mesmo quefeias ou falhas mas que nasceram com ela

A segunda questatildeo eacute a da consideraccedilatildeo pelo ouvinte como ele tem pormim Tudo o que sei eacute que ele existe e na medida em que natildeo eacute indispensaacutevel pormotivos acpsticos (visto quea muacutesica natildeo soa bem numa sala vazia) ele eacute apenasum estorvoi ibid)

Raynor afirma que Schotildeenberg perdera a esperanccedila de estabelecercomunicaccedilatildeo com o puacuteblico ao contraacuterio de Beethoven que parece tercompreendido que levaria tempo para que o gosto popular assimilasse seus uacuteltimosquartetos mas pressupunha que eles existissem para serem ouvidos ( )

Harnoncourt (1988) acrescenta-nos uma afirmativa interessante a respeitodo isolamento da muacutesica culta no seacuteculo XX assinalando que a muacutesica hoje natildeosatisfaz nem ao muacutesico nem ao puacuteblico gerando assim um vazio que buscamospreencher segundo ele com a muacutesica histoacuterica ( p 18)

Outro aspecto dual da muacutesica da quarta idade tambeacutem abordado por Wioraeacute o da retomada da muacutesica an~~iltgt paralelam~nt~ordfs~ccedilJlliatildeodo ~ssado nacomposiccedilatildeo Ou seja com o abandono da muacutesica de tradiccedilatildeo oral do folclore dascanccedilotildees populares desaparecem as variaccedilotildees improvisadas mas reproduzem-sepeccedilas fixadas para sempre sobre partituras ou sobre discos (Wiora 1961p175)

A desapariccedilatildeo da tradiccedilatildeo corresponde contudo a multiplicaccedilatildeo de olharesconscientes em direccedilatildeo ao passado a historizaccedilatildeo do passado do qual noacutespodemos somente guardar uma imagem mas que natildeo eacute mais um elemento danossa vida (Wittram citado por Wiora 1961p175)

O desenvolvimento da musicologia e da mentalidade historicista na muacutesicaeacute segundo Wiora uma das caracteriacutesticas da muacutesica da quarta idade - recolhem-

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se e editam-se manuscritos de todos os seacuteculos cantos populares de todos os

paiacuteses ressuscitam-se instrumentos do mundo todo () (Wiora 1961 p 176)Outros exemplos desse processo segundoWiora satildeo a busca e a divulgaccedilatildeo

de cartas de muacutesicos visando a ressuscitar a vida e o conhecimento dos grandesmestres a busca de reconstituiccedilatildeo de textos musicais segundo o original exatosegundo a concepccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo exatas segundo a autenticidade da obra(p 176)

Tambeacutem a pesquisa folcloacuterica se expande e compositores como Janacekou Bartok satildeo segundo o autor aleacutem de compositores exploradores a serviccedilo daciecircncia histoacuterica (pI77)

A difusatildeo mundial da muacutesica antiga se expande tambeacutem na quarta idade eKutz citado por Wiora refere-se a crianccedilas negras da Aacutefrica do Sul cantandovelhos madrigais ingleses e agrave difusatildeo do cravo (ressuscitado na Europa haacute cercade trinta anos) no Cairo na Batavia em Singapura Shangai Tokio O raacutedio e odisco contribuem para isso e desenvolve-se a construccedilatildeo modema de instrumentosantigos o traccedilo dominante consiste em qar agrave muacutesica antiga novas concepccedilotildees

f de exist~n~ja (p 177)O desenvolvimento da consciecircncia histoacuterica musical leva a que os

compositores do seacuteculo XX conheccedilam mais obras do passado do que oscompositores dos seacuteculos anteriores E aproveitam muitos deles caracteriacutesticasdessasobras para por renovaccedilatildeo e acumulaccedilatildeo chegarem a novos resultadosWiora identifica trecircs formas principais de aproveitamento I) de estilos passadosda muacutesica ocidental (Idade Meacutedia Renascenccedila Barroco e Classicismo) 2) deestilos de povos ocidentais e orientais das tradiccedilotildees escrita e oral 3) de estilosarcaicos renovados (como certas foacutermulas de recitativos)

Fischer (sd) aborda o reaproveitamento no seacuteculo XX da muacutesica dopassado como um risco de levar agrave imitaccedilatildeo crassa pois considera que a muacutesicamodema se alimenta de um conteuacutedo perdido de formas cuja significaccedilatildeo evigor natildeo existem mais (p 223)

Paralelamente a esse processo de renovaccedilatildeo da heranccedila musical do passadoWiora assinala a ocorrecircncia de um movimento contraacuterio uma forte exigecircncia deromper totalmente com o passado ~

Embora todos os antigos mestreos Josquin os Bach os Beethovencombinassem tendecircncias conservadoras e progressistas e mesmo atemporaisou transhistoacutericas hoje se estabelece como norma um progressismo elementoparcial ateacute entatildeo e se pretende compor excluindo o passado (p 181)

Apesar dessa tendecircncia de exigir a ruptura com todo acervo tradicionalmuitos compositores como Hindemith ao envelhecerem se tomaram maisconservadores voltando-se para o passado musical

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Outro duplo aspecto enfocado por Wiora na anaacutelise da quarta idade da muacutesicadiz respeito agrave conquista de terras novas - ou seja de novas mateacuterias primaspara a composiccedilatildeo - paralelamente ao retraimento ateacute os limites da muacutesica

No acircmbito das novas conquistas encontram-se segundo o mesmo autornovas escalas e estruturas (como as atonais ou dodecafocircnicas) novas concepccedilotildeesriacutetmicas (como os ritmos assimeacutetricos) novas abordagens harmocircnicas tiacutembricasnovos dinamismos e agoacutegicas

Os limites fisicos - da voz humana ou da matildeo do instrumentista - satildeoultrapassados pela teacutecnica nas composiccedilotildees vanguardistas e segundo Freyer citadopor Wiora (p 186)corre-se o risco de que o livre emprego de todo o arsenal de meios teacutecnicos tornese um fim em si mesmo

A liberdade total que pareceria advir douacuteso ilimitado de teacutecnicas ilimitadaseacute contudo ilusoacuteria de vez que novas regras (ainda que totalmente libertas dasregras do passado) satildeo estabelecidas

No que concerne ao retraimento ateacute os limites da muacutesica Wiora consideraque a muacutesica da quarta idade perdeu a participaccedilatildeo em relaccedilotildees gerais como oserviccedilo divino a paacutetria o estilo de vida e paralelamente desapareceram aspropriedades correspondentes como a ambientaccedilatildeo a eacutetica a perspectiva

Stravinsky citado por Wiora afirma Eu considero que a muacutesica porsua natureza eacute incapaz de exprimir qualquer coisa que seja sentimentoatitude estado psicoloacutegico fenocircmeno natural natildeo importa qual (p 8)

Wiora afirma que aleacutem dos aspectos relacionados por Stravinsky a muacutesicado seacuteculo XX foi tambeacutem despojada de sua trama estrutural operando-se uma reduccedilatildeoateacute os limites a partir dos quais natildeo haacute propriamente muacutesica (p 188)

A realizaccedilatildeo progressiva de possibilidades preacute-existentes a rartir das quaisa muacutesica eacute criada natildeo eacute infinita segundo o mesmo autor mas se prende a limitesdeterminados pela natureza das coisas Segundo o autor eacute caracteriacutestica doseacuteculo XX iniacutecio da quarta idade da muacutesica que a maior parte dos movimentosvanguardistas opere nas zonas de fronteira da muacutesica ou passe para os domiacuteniosvizinhos como o da linguagem e o do ruido

Wiora toma como conceito de muacutesica o que a define como a arte dossons e a partir dessa definiccedilatildeo faz duas consideraccedilotildees relativas agrave muacutesica doseacuteculo XX 1) como arte ela eacute feita a partir de sua natureza de conte~dos

intrinsecamente musicais ou transmusicais sensiacuteveis e inteligiacuteveis 2) a mUacuteSIca eumjogo com sons niacutetidos e determinados sendo possiacutevel a intervenccedilatildeo de ruiacutedoseventuais como acessoacuterio

Quanto ao primeiro aspecto o autor considera que a percepccedilatildeo dos elementos(como o sujeito em uma fuga) eacute essencial para que natildeo nos aproximemos doslimites da arte Mas nos aproximamos do limite da arte se os conhecedores

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eles mesmos natildeo perceberem suficientemente uma seacuterie de sons e suastransformaccedilotildees e se eles natildeo podem fazer uma ideacuteia ( da seacuterie e derivados)se natildeo analisarem a partitura (Wiora 1961 p 190)

rWiora afinna que ao adotar estruturas de difiacutecil percepccedilatildeo a muacutesica se

dessensibiliza e perde seu caraacuteter de espiritualidade - toma-se muacutesica de papelafasta-se do puacuteblico

- O segundo aspecto abordado por Wiora remete ao uso de outros materiaissonoros que natildeo os sons de altura definida Ele considera que os ruiacutedos eventuaissatildeo aceitaacuteveis que se satildeo numerosos a obra natildeo eacute senatildeo parcialmente musical ese eles dominam natildeo se trata de muacutesica no sentido proacuteprio do tenno

A partir das consideraccedilotildees acima o autor considera que a arte ruidosa - conto-a muacutesica concreta ou a eletrocircnica ultrapassa as fronteiras da arte musical el~~ deveria chamar-se muacutesica) embora constitua uma evidente tendecircncia do seacuteculo atual

Ocircutro aspecto da muacutesica da quarta idade abordado por Wiora eacute o datecnicizaccedilatildeo e da artificializaccedilatildeo

Wiora assinala que a muacutesica estaacute tecnicizada na atualidade sob um duploasectecto primeiramente porque se tem aplicado agrave muacutesica lt) espiacute~ito teacutecni~o ~os

) engenheiros segundo em funccedilatildeo da transmissatildeo ou da reproduccedilao eletrotecmcac _ de sons (discos raacutedio composiccedilatildeo eletrocircnica)

O autor afinna que ateacute mesmo a muacutesica executada por meios tradicionaisestaacute influenciada por esse espiacuterito tecnicista que i1_spiordf_~u~er~~~55~lisIJl~_~~_s_

solistas e das orquestras levando a Ull realismoinexp~~~ioem que amuacute~icac ltflui automaticamente como um motor ~ -_ ~-

Oespirit~te~-Icrsta kvatildetambeacutem segundo Wiora a um construtivismo na muacutesica atual sendo que certos artifiacutecios jaacute empregados na Idade Meacutedia como o

de inversatildeo de motivos satildeo retomados hoje em dia como nas teacutecnicas dodecafocircnicas(_ de composiccedilatildeo que conduzem agrave construccedilatildeo total lt

r A construccedilatildeo segundo o autor toma-se um fim em si e nessa perspectiva toma-se indiferente que os ouvintes natildeo a possam perceber

As descobertas e1etro-acuacutesticas satildeo ainda segundo Wiora fator de diferenccedila fundamental entre a quarta idade da muacutesica e as anteriores Alguns aspectos~

principais referentes a essas descobertas satildeo assinalados por Wiora 1) asgravaccedilotildees pennitem faacutecil acesso agrave muacutesica ~_ordm-_~forccedilQ de~~~c_utaacute-Ia aleacutemdisso as interpretaccedilotildees de muacutesicos famosos satildeo amplamente divulgadas econservam-se para a posteridade 2) as gravaccedilotildees o raacutedio e a televisatildeo suprimema barreira do espaccedilo e transportam as obras-primas ateacute mesmo a recantos onde oshomens jamais pisaram numa sala de concerto familiarizam-se assiIl1z~ordmD ti1-ordmres

-artificiais e natildeo com os verdadeiros 3) os novos instrumentos eletrocircnicos se~ssemelham~mpatilderte aos tratildediCiotildeiiatildeis e buscam reproduzir os sons de maneira

econocircmica mas modificam os timbres e a maneira de produzir muacutesica 4) osaparelhos eletrocircnicos para medir registrar reproduzir ou produzir sons modificamo domiacutenio da musicologia teoacuterica e praacutetica gerando instituiccedilotildees para estudoexperimental das novas possibilidades de conhecimento e praacutetica 5) a modificaccedilatildeodos sons as misturas as recriaccedilotildees surgem como novos dados de fonna que oselementos musicais natildeo satildeo mais tomados agrave natureza mas criados artificialmente6) a busca do novo absoluto do inusitado atraveacutes de recursos e1etrocircnicos sugerepossibilidades infinitas mas cria dependecircncias a recursos materiais

Wiora aborda ainda a questatildeo da organizaccedilatildeo da industrializaccedilatildeo e daideologizaccedilatildeo da vida musical que segundo ele leva agrave fonnaacuteccedilatildeo de uma trama deaparelhos de maacutequinas de empregados de funcionaacuterios de ideologias de direitosde autores etc interferindo na Musa da Muacutesica e frequumlentemente a oprimindo(Wiora 1961 p 199)

A quantidade crescente de organizaccedilotildees instituiccedilotildees congressos e festivaiseacute segundo Wiora fator de diferenciaccedilatildeo na muacutesica da nova idade para asprecedentes

O papel da induacutestria modema funcionando tambeacutem como estruturasecundaacuteria na vida musical contemporacircnea eacute enfatizada pelo autor que assinalaa importacircncia dos processos de massificaccedilatildeo atraveacutes da propaganda assim comoda literatura de programa da criacutetica e outros

Outras caracteriacutesticas contraditoacuterias da muacutesica contemporacircnea abordadaspor Wiora satildeo a desumanizaccedilatildeo e a regeneraccedilatildeo do aspecto humano na muacutesica

A desumanizaccedilatildeo eacute considerada pelo autor evidente a partir de vaacuteriosaspectos 1) substituiccedilatildeo de inteacuterpretes por aparelhos o que se reflete inclusiveno decliacutenio do uso da voz humana no cultivo de uma atitude passiva (como a quese tem ao apertar o botatildeo de um raacutedio para ouvir muacutesica pronta ao inveacutes de porexemplo cantar em casa) 2) desaparecimento de relaccedilotildees humanas como entre() muacutesico e o ouvinte em razatildeo do intennediaacuterio mecacircnico entre o compositor e omU1do ambiente etc

Pela teeacutenicizaccedilatildeo a maior parte das possibilidades que oferecia amuacutesica lIa vida desapareceu Na usina natildeo pode se elevar nenhum canto detrabalho IS grandes vilas industriais natildeo se pode formar nenhum canto detrabalho na ftrandes vilas industriais natildeo se pode formar nenhum ambientemusical comgt foi o caso de Nuremberg e Veneza ratilde sino da igreja foi osiacutembolo de nosL1 antiga cultura o da civilizaccedilatildeo uumliacutedustrial eacute a sirene dausina (Wiora 196 p 204)

Paralelamenttltt esse pr~cesso de desumanizaccedilatildeo da muacutesica da quartaidade Wiora identificum processo de restauraccedilatildeo das caracteristicas humanasna muacutesica (p 205) Os e~ldos de psicologia e de sociologia recentes aplicados agrave

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muacutesica tecircm contribuiacutedo para esse resgate dos valores humanos e para a constituiccedilatildeode uma nova base da teoria e da educaccedilatildeo musicais

[Apesar da evidente tendecircncia massificadora da nova idade os apelos aosretornos e a humanizaccedilatildeo da muacutesica se desenvolvem e agem conjuntamente comas forccedilas de desumanizaccedilatildeo e de tecnicizaccedilatilde~Algunsexemplos seriam o despertarde atividades musicais a partir dos jardins de inffincia o desenvolvimento do jazzo reverso agrave tendecircncia construtivista em composiccedilotildees onde se deixe uma grandeliberdade ao executante

Concluindo seu exame da quarta idade Wiora considera que a tendecircncia abuscar ilimitadamente o novo na muacutesica eacute utoacutepica pois I1atildeo haacute terras novas aconquistar1ndefinidamente Para ele a expansatildeo musical tem limites definido-~eashy

ultrapassagem desses limites pode conduzir aos domiacutenios vizinhos ao ruiacutedoA baixa representatividade nos concertos das obras vanguardistas seria

para o autor reflexo de seu isolamento Wiora apresenta argumentos como osde Honnegger (p 207) que considera que a muacutesica estaacute decadente e em processode desaparecimento e os de Juumlnger (p 208) que ao considerar a ocorrecircncia deuma fase transhistoacuterica abre horizontes diferentes para a histoacuteria da muacutesica

Harnoncourt (1988) registra a importante mudanccedila que a muacutesica sofre nonosso seacuteculo e observa que a compreensatildeo da muacutesica ateacute o seacuteculo XIX faziaparte da cultura geral e que hoje paradoxalmente ouvimos muito mais muacutesica queantes mas ela frequumlentemente tomou-se um simples ornamento ou uma formade ~nrig-t~~eLQlH~-spordfnordfL9~ilecircciocrialtiop~Jl~lidatildeo (p 13)

O mesmo autor observa contudo que podemocircs observar que a muacutesica atualestaacute dividida em muacutesica folcloacuterica muacutesica popular e muacutesica seacuteria e que dentrodesses grupos encontram-se ainda parcelas da unidade entre muacutesica e vida masque a unidade como um todo se perdeu Para ele na muacutesica folcloacuterica pode-seainda descobrir certa unidade e na muacutesica popular encontram-se ainda vestiacutegiosda antiga funccedilatildeo da muacutesica mas questiona o papel social da muacutesica seacuteria(Harnoncourt 1988 p 25)

Analisando a crise da muacutesica seacuteria o autor considera que ela eacute reflexo cit criseespiritual e intelectual do nosso tempo pois a muacutesica para ele eacute um espelhodcpresente

A muacutesica moderna cultivada por importantes e ilustro) muacutesicosdesde seacuteculos existe apenas para um diminuto ciacuterculo de intressados queviaja e eacute sempre o mesmo em toda parte Natildeo Odigo de manra iroacutenica maseacute que sinto realmente isso como o sintoma de um colapsoue natildeo eacute simplesde ser entendido e explicado Pois quando a muacutesica se spura de seu puacuteblicoisto natildeo eacute culpa nem da muacutesica nem do puacuteblico (HarJncourt 1988 p25)

Embora o autor natildeo se refira nesse momento agrave muacute~a popular como tambeacutemrefletindo a crise de nosso tempoela sem duacutevida - ainl que de maneira diferente

82 I

sofre consequumlecircncias desse processo Ado tambeacute~ a questatildeo da muacutesica popul~r em ~~ cltad nas paacuteginas seguintes abordaculturais do seacuteculo Xx rtlculaccedilao com as caracteriacutesticas soacutecio-

Harnoncourt (p27-28) assinala tambeacute sena contemporacircnea lev m que o dIstancIamento da m

ou ao culto da muacutesica d USlcacompreender verdadeiramente essa m o passado soacute que natildeo podemos

t USlca Ja que I fi ~ ou ras epocas Ou seja podem e a 01 lelta para pessoas d os aproXImar-nos d e

e emoclOnms mas perdemos seu conteuacuted e seus componentes esteacuteticos

Adorno (I 975) tambeacutem analisa a sit o ~ no s~culo Xx Considera que na atualid~~~aoh~amUSIca no contexto do OcidentemusIca ao qual corresponde um ~um processo de fetichizaccedilatildeo da

E a regressao da audi ~ntre as causas de ft tichi7 accedilatildeo da ccedilao

comportamento valorativo em con~s mUSIca Adorno cita a mudanccedila deq I equencla das influecirc d

ua o cnteno de julgamento eacute o fato de a ~ nClaS o mercado a partir doe gostar de um disco de sucesso eacute q canccedilao de sucesso ser conhecida de todos

Adorno observa ainda qu uase o me~m~ que reconhececirc-lo (p 173)d e a mUSIca II

estma-se ao descarte raacutepido e p gelra e toda a muacutesica de consumoP roporclOna entret

orem apenas para ao mesmo t emmento atrativo e pra7 erp empo recusar os vai ~

ara o autor contudo ao inveacutesd ores que concede (p174)~escartavel contribui para o emudecimnentretenImento legiacutetimo essa muacutesicahnguagem como meio de expressatildeo e im to d~ homens levando agrave morte a

A consequumlecircncia desse pro possIbJlItando a comunicaccedilatildeode fal I cesso segundo Adorno ~ ar rea mente tambeacutem ningueacutem eacute ca az e que se ningueacutem eacute capaz

nao dar atenccedilatildeo ao que ouvem dura t p de OUVIr - as pessoas aprenderam aco d n e mesmo opraacute dnVertl o em consumidor passivo d _ pno ato e ouvir O ouvintemomentos isolados de prazer send per e a noccedilao do todo e usufrui apenas d~funccedilatildeo criacutetica (p176) o que esses momentos parciais jaacute natildeo exerdem

A negaccedilatildeo dos valores dos sentidos na o bull

transformou-se segundo Ad mUSIca ascetlCa do seacuteculo XXA art l orno em caracteriacutestica e b d

e 1ge1ra e agradaacutevel serla ape an eIra da arte avanccediladad d nas um suc d

ver a elro prazer dos sentidos e aneo superficial ilusoacuterio do

_A nOVa etapa da con~ciecircncia m ngaccedilao e rejeiccedilatildeo do prazer no pr uSlcal das massas se define pelatao diferente das canccedilotildees de opno prazer ( ) A muacutesica de ScoenbergCOIl1 elas natildeo eacute degustada nagrave~upc~seos apdresenta em todo caso uma analogi~

Ad er esfrutada (Add middot orno Identifica tambeacutem a Ccedil d ~ orno 1975 pI77)

Iverso f prolun a clsao emnunca ralmiddotIPos de muacutes~ca pois segundo ele desde FlauntaOMss~ t~mpo entre os- s se conseguIu re ------- aalca de Mo rtsena h 000 o ynlr mUSIca sena e muacutesic I----_-__~ z~

degJe uma caracteriacutestica de todos o f d a Ig~I~~ A banahdade contudos IpOS e mUSIca e as leis de mercado

83 (

r

afetariamlgualmente a muacutesica seacuteria e a muacutesica ligeira A partir daiacute a apreciaccedilatildeoda muacutesica seria substituiacuteda pelo culto aos fetiches (Adorno 1975 p 178)

r- Adorno assinala os princip-ais fetIchesmiddotquepatildessam assim a dominar a muacutesicao princiacutepio do estrelato (que afeta todos os ramos de alto virtuosi~mo teacutecnicosobretudo o da voiIiumagravena os grandes mestres os best sellers os mstrumentosmusicais de marca consagrada etc) a caracteriacutestica de l1ercadltgtria que eacute atribuiacuteda

I agrave proacutepria muacutesica e a todo um mercado de consumo em torno dela necessaacuterioI para que se possa ouvir muacutesica _ ~ O autor considera que o processo atual de etlChIZaccedilao da mUSIca lIgado atroca de valores autecircnticos de significaccedilatildeo por valores de mercado envolve amanipulaccedilatildeo comercial tanto da muacutesica claacutessica quanto da muacutesica ligeiraeliminando qualquer distinccedilatildeo legiacutetima entre as duas banalizando a ambas

A atual utilizaccedilatildeo da muacutesica com funccedilatildeo propagandiacutestica eacute tambeacutem assinaladapelo autor como decorrecircncia do processo de transformaccedilatildeo de muacutesica emmercadoria e do seu consequumlente despojamento de valores intriacutensecos

Adorno identifica a partir da anaacutelise dos aspectos acima mencionados amodificaccedilatildeo da funccedilatildeo da muacutesica em nossa sociedade atingindo os proacuteprios

fundamentos da relaccedilatildeo entre arte e sociedadeA praacutetica de arranjos de muacutesicas claacutessicas buscando tornaacute-la facilmente

assimilaacutevel eacute um processo de degradaccedilatildeo segundo o autor que suprime agrave muacutesicasuas caracteriacutesticas originais (e contextuais) Contrariamente Schurmann que seraacutecitado a seguir considera que a praacutetica amadoriacutestica de versotildees simplificadas eacutefavorecedora de maior envolvimento com o puacuteblico e de comunicabilidade

Segundo Adorno a praacutetica dos arranjos toma emprestada a exigecircnciade niacutevel e qualidade dos bens da cultura poreacutem transforma-os em objetos deentretenimento do tipo das muacutesicas de sucesso (p185)

A verdadeira muacutesica estaria assim num processo de desaparecimentocrescente ateacute mesmo porque segundo ele o processo de fetichizaccedilatildeo invadeateacute mesmo a muacutesica supostamente seacuteria que mobiliza o paacutethos da distacircncia

contra o entretenimento elevado (p185)r A barbaacuterie da perfeiccedilatildeo associada agrave necessidade de uma disciplina absolutamente feacuterrea gera um novo fetiche - o aparato como tal a interpretaccedilatildeoi perfeita e sem defeito que conserva a obra agraves custas do preccedilo de sua coisificaccedilatildeo

definitiva (Adorno 1975 pl86)~ O autor associa o domiacutenio dos novos maestros - tambeacutem de caraacuteter fetichista - aopoderio de um governante totalitaacuterio e situa-o tambeacutem no acircmbito do culto ao aparato~ A degradaccedilatildeo da muacutesica contudo segundo sua avaliaccedilatildeo soacute se tomou

possiacutevel porque o puacuteblico natildeo lhe opocircs resistecircncia forccedilando as barreiras que lhe

satildeo impostas pelo mercado

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Ao processo de fetichizaccedilatildeo acima descrito sucintamente correspondeum pr~cesso de regressatildeo da audiccedilatildeo pois segundo Adorno a audiccedilatildeo modernaregredIU e permaneceu num estado infantil

O primitivismo de tal audiccedilatildeo natildeo eacute segundo Adorno caracteriacutestico dos natildeodesenvolvidos e sim dos que foram privados violentamente da sua liberdade Aregress~o se~u~~o ele eacute tatildeo gritante que constata-se ateacute mesmo uma regressatildeoquanto a possIbIhdade de uma outra muacutesica oposta a essa atual muacutesica de massasdeixando morrer a possibilidade de algo melhor

Apesar dos modos de ouvir tiacutepicos das massas atuais natildeo serem consideradosa~solutamente novos por Adorno eles tecircm em comum o fato de que nada do queatmge o OUVIdo foge do esquema de apropriaccedilatildeo de valores

Adorno relaciona a audiccedilatildeo regressiva agrave produccedilatildeo atraveacutes do mecanismode dlfu~atildeo o que se~ndo ele acontece precisamente atraveacutes da propaganda levando~~ ouvmtes e consumIdores a um processo de identificaccedilatildeo com o produto que lhese Imposto fazendo-os necessitar e exigir exatamente tal produto O sentimento deimpot~ncia diante de talmecanismo opressor furtivamente toma conta do puacuteblicoque nao consegue subtraIr-se agrave produccedilatildeo monopolista e sucumbe dominado

Novos modos de comportamento perceptivo satildeo entatildeo desenvolvidos e adesconcentraccedilatilde ~ o meio atraveacutes do qual segundo Adorno se prepaa oesquecer e omiddot rapdo recordar da muacutesica de massas (p 190)

A ipercepccedilatildeo de filmes ou muacutesicas em estado de distraccedilatildeo - ou dedesconcentraccedilatildeo - eacute assinalada pelo autor91e considera a partir de talcomportamento Impossiacutevel a apreensatildeo da totalidadeecircie tais obras

Do processo de desconcentraccedilatildeo e de incapacidade de apreender atotahdade decorre um desvio da atenccedilatildeo de tal forma que desse processo deframentaccedilatildeo d~ percepccedilatildeo (audiccedilatildeo atomiacutestica) se inaugura um deslocamentodo I~~eresse mUSIcal para determinados atrativos particulares como determinadashabIhdades acrobaacuteticas instrumentais ou diversos coloridos instrumentais

A passividade dos ouvintes e outra consequumlecircncia segundo Adorno doprocesso de regressatildeo auditiva Esses ouvintes satildeo classificados pelo autor ementu~lastas (que escrevem cartas de estiacutemulo agraves estaccedilotildees de raacutedio e agraves orquestrass~rvmdo com seu entusiasmo de propaganda da mercadoria que consomem)d~hge~tes (que se retiram do movimento e se ocupam com a muacutesica na pazSilenCiOsa de seus quartos) entendidos (que em toda parte se sentem atilde vontadee tecircm capacidade para tudo inclusive tocar jazz mecanicamente para os outrosdanccedila - rem ou sao pentos em audIccedilatildeo capazes de identificar cada banda e seaprofundar na histoacuteria do jazz como se fosse a histoacuteria sagrada) Os ouvintes regressivos segundo o autor tecircm em comum a perda daindiVidualidade e a alienaccedilatildeo expressa pela despolitizaccedilatildeo que lhes permlte serem

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escravos dos ditames do sistemaA aparecircncia ilusoacuteria corresponde ao falso encantamento oferecido pela

atual muacutesica de massas destinada a ser objeto de consumo e por isso mesmodesprovida segundo o autor de caracteriacutesticas efetivamente artiacutesticas Aleacutem domais essa muacutesica eacute tambeacutem desprovida de inovaccedilotildees teacutecnicas segundo Adornoela se limita a copiar o que a muacutesica seacuteria realizou em Brahms ou Wagner tirando-lhe contudo a autenticidade e o vigor ~ r I _

A muacutesica nova e radical que tem como seusaraut~representa segundo Adorno uma tentativa de resistecircncia consciente agraveexpenenciada audiccedilatildeo regressiva O individualismo atribuido a esses autores com caratermuitas vezes pejorativo representa contudo a possibilidade de salvaccedilatildeo poissomente individuos satildeo capazes de reagir agrave forccedila massificadora

Outro autor que se deteacutem em examinar a situaccedilatildeo da muacutesica na quartaidade eacute Ernst Schurmann (1989)

Schurmann assinala o final do seacuteculo XIX como o momento em que asmanifestaccedilotildees musicais assumem definitivamente a forma de produccedilatildeo econsumo de uma mercadoria chamada arte servindo de alimento ideoloacutegicoindispensaacutevel agrave burguesia Os muacutesicos produtores desta arte - os compositores- ficaram incumbidos de fornecer obras sempre novas e mais convincentes noacircmbito do universo ideoloacutegico musical (p 173)

Em funccedilatildeo da divisatildeo social do trabalho segundo o autor estes compositorespassaram a ter a incumbecircncia apenas de produzir os projetos de tais obras Aexecuccedilatildeo passou agrave responsabilidade de outros muacutesicos especializados narealizaccedilatildeo propriamente sonora das mesmas (p 173)

Schurmann assinala ainda o alto grau de perfeiccedilatildeo e detalhamento da grafiamusical de forma a permitir interpretaccedilotildees exatas Inteacuterpretes e compositores queobtenham ecircxito passam segundo o autor a ser consideradas gecircnios e seutrabalho desenvolve-se de forma inteiramente individual natildeo restando mais nadada praduccedilatildeo coletiva que havia caracterizado eacutepocas mais remotas

A passagem para o seacuteculo XX eacute registrada por Schurmann como uma eacutepocade crise em que o sistema tonal passa a ser questionado surgindo direcionamentosnovos e contraditoacuterios entre si como reaccedilatildeo agrave linguagem musical baseada no sistematonal e agrave alienaccedilatildeo implicada no universo ilusoacuterio por ela criado

r- Entre os novos direcionamentos surgidos o autor assinala aquele aberto porSchotildeenberg que segundo ele visava a abrir novas perspectivas que garan tissemo continuismo da supremacia musical natildeo apenas da cultura burguesa mas

_especificamente da cultura germacircnica (p175f Schurmann considera contrariamente agrave visatildeo hegemocircnica de Schotildeenberg

que essa supressatildeo de hierarquia corresponde aos ideais democraacuteticos da eacutepoca

e que(lS estruturas dodecafocircnicas passaram a realizar no universo do espaccedilomeacutelico uma perfeita liberdade e igualdade que na realidade poliacutetica natildeopassava de mera utopia (p176)

O autor considera natural por isso que a burguesia natildeo tenha aceito essamuacutesica tendo em vista a natural aversatildeo desta classe social aos movimentos poliacuteticosde esquerda (tal como ocorreu com as pinturas cubista e abstracionista)

A inaceitaccedilatildeo pelo puacuteblico das produccedilotildees musicais baseadas no sistemamusical dodecafocircnico ou decorrentes do mesmo e a diminuiccedilatildeo de produccedilatildeo denovas obras tonais levou ao culto do passado dos grandes mestres e agrave crescente

- importacircncia do inteacuterprete em detrimento do compositorOutras decorrecircncias desse processo seriam segundo Schurmann a

supervalorizaccedilatildeo das execuccedilotildees das obras-primas realizadas profissionalmente soba forma de espetaacuteculos ou concertos e o abandono dos atos de musicar (praacuteticaamadoristica de versotildees simplificadas de obras musicais que ainda no iniacutecio doseacuteculo XIX Beethoven providenciava para suas obras) tornando a muacutesica denosso seacuteculo em objeto de consumo passivo O autor assinala a acentuaccedilatildeo desseprocesso em consequecircncia do desenvolvimento das teacutecnicas envolvidas nasgravaccedilotildees fonograacuteficas no raacutedio e na televisatildeo

Schurmann considera contudo que as manifestaccedilotildees acima descritas satildeosintomas de crise cultural e decadecircncia embora talvez seja mais apropriado segundoele delinear uma crise cultural burguesa ao inveacutes de uma crise geral

Na aacuterea rural sobretudo Schurmann identifica um menor acesso aoexerciacutecio da dominaccedilatildeo cultural e uma notaacutevel fidelidade agraves tradiccedilotildees Asmanifestaccedilotildees musicais envolvidas em festas folcloacutericas (como a Festa do Divinoou a Festa dos Santos Reis) se caracterizariam segundo ele pelo seu valor deutilidade como meio necessaacuterio agrave efetivaccedilatildeo de certas relaccedilotildees sociais

Natildeo haacute duacutevida de que as estruturas musicais que nessasmanifestaccedilotildees se associam ora a praacuteticas rituais ora a atividades de trabalhoe ora ao contar de estoacuterias embora praticadas em atendimento anecessidades inteiramente autoacutectones natildeo poderiam ficar totalmente isentasdas influecircncias exercidas pelos princiacutepios que vigoram na muacutesica daburguesia urbana Verifica-se neste sentido que as classes populares ruraispassaram a reproduzir agrave sua maneira as formaccedilotildees tonais da culturadominante (Schurmann 1989 p 179)

A simplificaccedilatildeo harmocircnica extrema dessas manifestaccedilotildees musicais seriareflexo da desvinculaccedilatildeo da linguagem de um universo ilusoacuterio de denotaccedilotildees deforma que os acordes perderiam (total ou parcialmente) a funccedilatildeo linguumliacutestica

Essa aplicaccedilatildeo simplificada do sistema tonal verifica-se tambeacutem segundoSchurmann no acircmbito das manifestaccedilotildees musicais proacuteprias agrave cultura urbana

popularesca como eacute o caso no Brasil da modinha do lundu do tango brasileirodo choro e de vaacuterias manifestaccedilotildees vinculadas ao carnaval

O autor assinala ainda que embora a muacutesica caipira e a muacutesica urbanapopularesca adotem procedimentos musicais semelhantes (como a simplificaccedilatildeoda harmonia tonal) a primeira devido agraves suas caracteriacutesticas de produccedilatildeo e deapropriaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo se esgota na qualidade de valor de usoenquanto a segunda absorvida pelo sistema de mercado capitalista qualifica-sepor seu valor de troca (p 180)

Schurmann observa que a muacutesica urbana popularesca como mercadoria eacuteconsumida natildeo soacute por um puacuteblico de elite numericamente reduzidQl mas por grandesmassas da populaccedilatildeo urbana sujeitas a um processo de monopoacutelio na produccedilatildeo edistribuiccedilatildeo de tal mercadoria pelas grandes empresas que controlam esses meios

r A cultura de massa decorrente desse processo sujeita aos ditames dainduacutestria cultural desenvolve desmedidamente a tendecircncia de apenas~onsumir em detrimento de um autecircntico ato de mur (p 181)

A massificaccedilatildeo atraveacutes da muacutesica revela-se segundo o mesmo autor comoum poderoso instrumento da dominaccedilatildeo cultural refreando o desenvolvimentonatural da cultura popular impedindo que esta adquira a potencialidade de contribuirefetivamente para a emancipaccedilatildeo das classes populares

Outro fato importante assinalado por Schurmann eacute o processo de exploraccedilatildeocultural ligado ao fato de a induacutestria cultural para poder produzir os seusprodutos de faacutecil acesso agraves massas populares tem necessariamente de lanccedilarmatildeo do manancial da cultura popular (p 181) A proacutepria pesquisa sobre ofolclore segundo ele se coloca atraveacutes das instituiccedilotildees que as desenvolvem naposiccedilatildeo de oferecer agraves classes dominantes produtos culturais autenticamentepopulares que possam ser devidamente manipulados pela induacutestria cultural

Schurmann adota o termo muacutesica de consumo para designar a totalidadedos produtos musicais que as mass miacutedia veiculam para o consumo demassa incluindo portanto aquela produccedilatildeo que habitualmente eacute chamadade muacutesica popular (p 182) O autor registra seu repuacutedio aos termos muacutesicapopular e muacutesica folcloacuterica o primeiro por camuflar o processo de dominaccedilatildeocultural inerente a tal tipo de produccedilatildeo (Schurmann considera-o adequado a designarmanifestaccedilotildees musicais autecircnticas das classes populares como a muacutesica caipira)o segundo por estar o termo muacutesica folcloacuterica demasiadamente ligado ao processode exploraccedilatildeo cultural

A capacidade de absorver as mais diversas manifestaccedilotildees musicais eacute umacaracteriacutestica importante da induacutestria cultural assinalada por Schurmann Entreos exemplos dessa absorccedilatildeo citados pelo autor podemos mencionar 1) areproduccedilatildeo dos temas mais conhecidos da claacutessica muacutesica tonal burguesa

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destinando-se a um consumo que apela apenas para a fruiccedilatildeo epideacutermica(p 183) 2) manipulaccedilatildeo de teacutecnicas desenvolvidas pela vanguarda musicalburguesa mediante a utilizaccedilatildeo e o abuso de meios eletrocircnicos lembrando asexperiecircncias de muacutesica concreta da deacutecada de 40 - tudo isso tratado de forma aproporcionar um consumo faacutecil isento de qualquer exigecircncia de participaccedilatildeointerpretativa por parte do ouvinte 3) a absorccedilatildeo na muacutesica de consumo de certaspraacuteticas originalmente surgidas agrave margem da induacutestria cultural (como eacute o caso dosatos de musicar praticados por alguns intelectuais que levaram agrave elaboraccedilatildeo detrajetoacuterias musicais depois cooptadas com o nome de ltbossa nova)

O consumo de muacutesica segundo Schurmann tende a processar-se emregime de tempo integral como se qualquer instante em que natildeo estivessepresente esse consumo representasse um tempo perdido ( p184) O homemmassificado sem nenhum outro objetivo que o de consumir adquiriu um horror aosilecircncio e busca preencher esse vazio com os produtos que a induacutestria cultural lheoferece

Finalmente Schurmann registra que a partir da pressatildeo cada vez maior dainduacutestria cultural a cultura de massa assume a funccedilatildeo de dominaccedilatildeo culturallevando agrave marginalizaccedilatildeo a antiga cultura dominante

A busca de novas perspectivas deve partir da procura de reconduzir aosautecircnticos atos de musicar que segundo o autoraniacutevel decomunicaccedilatildeo socialpodem ser produzidos com a mesma facilidade que os atos de fala e quepossibilitaratildeo agrave muacutesica tomar a adquirir a capacidade de efetivamente contribuirpossivelmente sob a forma de uma nova linguagem musical para a qualidade devida social (p186)

Passando ao exame das funccedilotildees sociais da muacutesica na quarta idade agrave luz dacategorizaccedilatildeo de Merriam fazem-se necessaacuterias algumas consideraccedilotildees preliminares

Inicialmente cabe assinalar que a quarta idade da muacutesica conteacutem algumascaracteristicas que lhe satildeo absolutamente exclusivas ou seja que natildeo se encontramnas trecircs idades anteriores A esse respeito jaacute foi citada a posiccedilatildeo de diversos autoresassinalando uma mudanccedila de funccedilatildeo da muacutesica no contexto do seacuteculo XX

Eacute preciso tambeacutem ressaltar a forte e niacutetida separaccedilatildeo que na quarta idadeafasta os diversos tipos de muacutesica Adotaremos aqui a nomenclatura utilizada porHamoncourt (1988) e jaacute citada anteriormente - Iluacutesica popular referente agravequelamuacutesica criada por autor conhecido predominantemente numa linguagem natildeo eruditae Com frequumlecircncia dependente dos meios de comunicaccedilatildeo de massa para suadifusatildeo musica folcloacuterica referente agrave muacutesica oralmente transmitida cuja autoriaeacute desconhecida e muacute~i~~seacuteria designando a muacutesica derivada da tradiccedilatildeo cultaeuropeacuteia Sentimos necessidade de acrescentar a categoria Iluacutesica de massastomando a denominaccedilatildeo emprestada a Adorno por considerarmos imprescindiacutevel

89r

diferenccedilar a muacutesica decorrente da accedilatildeo da induacutestria cultural daquela muacutesica popularautecircntica ainda que esta uacuteltima seja cada vez mais rara Consideramos incluiacutedana categoria muacutesica de massas aquela m~sica denominada por Adorno demuacutesica ligeira por ser tambeacutem ela fruto da manipulaccedilatildeo da induacutestria cultural

Certamente que essa compartimentaccedilatildeo da muacutesica eacute discutiacute~el e abrangemuitas imprecisotildees e alguns argumentos jaacute foram apresentados anteriorynentenesse sentidOtilde-Contudo sua utilizaccedilatildeo aqui com essa ressalva se faz uacutetil ao

desenvolvimento e ordenaccedilatildeo do assunto Eacute preciso ainda esclarecer que seraacute dada ecircnfase agrave muacutesica seria natildeo por

ser a mais importantei mas pelas caracteristicas deste trabalho Um detalhamentodas funccedilotildees da musica folcloacuterica da popular ou da muacutesica de massas seria temapara um outro trabalho exigindo aprofundamento em literatura especiacutefica - oque reflete uma compartimentaccedilatildeo da proacutepria bibliografia

Seratildeo portanto apesar da importacircncia dessas outras categorias de muacutesicaabordadas apenas de passagem em suas caracteristicas e em seus exemplosmais evidentes sem que essa centralizaccedilatildeo na muacutesica seacuteria implique em qualquerjuizo de valor o _o -o ---

Harnoncourt (1988) levanta a perguntaI por que haacute atualmente de um lado uma muacutesica popular que

I desempenha na vida cultural um papel tatildeo importante mas nenhuma uacutesical seacuteria contemporacircnea de outro representando algum papel (p25)

- Essa pergunta aqui repetida serve para demonstrar que natildeo se pretendeatribuir valor apenas agrave muacutesica seacuteria mas enfocaacute-la prioritariamente em funccedilatildeo da

necessidade de delimitar a pesquisa

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Harnoncourt (1988) natildeo se refere diretamente agrave expressatildeo emocional masindiretamente abordando a relaccedilatildeo muacutesica e vida e enfocando o desempenho deum papel significativo pela muacutesica na vida cultural o autor sugere que estafunccedilatildeo - a de expressatildeo emocional - estaria mais presente na muacutesica popular e na

folcloacuterica sobretudo na primeiraSegundo Harnoncourt (1988) na muacutesica popular encontram-se vaacuterios

aspectos da antiga compreensatildeo musical tais como a unidade canto-poesia (quefoi tatildeo importante nos primoacuterdios da muacutesica) a unidade ouvinte-artista e a unidademuacutesica-tempo - a muacutesica popular nunca tem mais de uns cinco ou dez anosportanto eacute parte integrante do presente ( ) a muacutesica popular eacute atualmente

uma parte essencial da vida (p25)

A muacutesica seacuteria ao contraacuterio segundo o autor natildeo desempenha papel algumna vida atual tendo inclusive se afastado do puacuteblico - que em resposta buscoua muacutesica de outros tempos (cabe observar contudo que a concepccedilatildeo de revivera muacutesica histoacuterica eacute recente emergindo a partir do seacuteculo passado) Na anaacutelise deHarnoncourt a funccedilatildeo de expressatildeo emocional parece ausente na muacutesica seacuteriado seacuteculo xx

Esta eacute tambeacutem a posiccedilatildeo de Leuchter (1946) que no capiacutetulo denominadoA reaccedilatildeo contra a concepccedilatildeo romacircntica considera a muacutesica do movimentoanti-romacircntico do seacuteculo xx - a nova objetividade - como oposiccedilatildeo aosubjetivismo romacircntico resultando na eliminaccedilatildeo de toda classe de impulsoextramusical quer seja idealista sentimental ou realista (p169)

Tambeacuteem Abraham (1986) tratando do serialismo total tendecircncia que sealinha entre as vanguardistas exclui a funccedilatildeo de expressatildeo emocional bem comoa de comunicaccedilatildeo que seraacute tratada adiante considerando-o como puroconstrutivismo sem a menor consideraccedilatildeo com o ouvinte (p841) A mesmaconsideraccedilatildeo seria aplicaacutevel segundo o autor ao dodecafonismo ao serialismoem geral e a outras tendecircncias contemporacircneas

Adorno (1975) considera que todaa muacutesica ligeira e de cOIsumo (aqui incluiacutedasna categoria muacutesica de massas) estatildeo destituiacutedas da possibilidade de servir comoentretenimento contribuindo para o emudecimento dos homens para a morte dalinguagem como expressatildeo para a incapacidade de comunicaccedilatildeo (p 174) Oprazer que essa muacutesica pode propiciar eacute segundo o autor superficial e negadordos verdadetros valores Tal muacutesica atraveacutes da anaacutelise de Adorno aparece-nosisenta de uma legiacutetima funccedilatildeo de expressatildeo emocional

A muacutesica nova e radical (muacutesica seacuteria vanguardista) eacute apontada por Adornocomo a forma por excelecircncia de expressatildeo emocional na muacutesica do seacuteculo xxO autor considera que a aversatildeo e o medo que elas despertam natildeo eacute fruto de suaincompreensibilidade mas exatamente do fato de serem demasiadamente bemcompreendidas~

As manifestaccedilotildees musicais rurais populares ou folcloacutericas no Brasilaparecem segundo Schurmann (1989) como um outro exemplo de expressatildeo deemoccedilotildees uma vez que tal muacutesica interrelaciona atividades de subsistecircncia econcepccedilotildees religiosas vigentes As manifestaccedilotildees musicais daiacute derivadas associamshyse segundo o autor ora a praacuteticas rituais ora a atividades de trabalho ora aocontar de estoacuterias ( como os cantadores nordestinos) A expressatildeo emocional dopovo encontraria vazatildeo atraveacutes dessas praacuteticas musicais O autor observa aindaque as manifestaccedilotildees musicais rurais enquadradas pela induacutestria cultural sofremdeformaccedilotildees que descaracterizam seu sentido original

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Aula
Nota
0410 Manu e Dimas (5 primeiras)

Wiora (1961) conforme jaacute referido considera a restriccedilatildeo de funccedilotildees damuacutesica na quarta idade (o que inclui a funccedilatildeo de expressatildeo emocional talvez amais primitiva de todas) pois segundo ele a muacutesica do seacuteculo XX perdeu aparticipaccedilatildeo em relaccedilotildees gerais como O serviccedilo divino a paacutetria o estilo etc

- A citaccedilatildeo de Stravinsky por Wiora tambeacutem jaacute referida parece reforccedilar aexclusatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emocional na muacutesica da quarta idade quando ocompositor afirma que a muacutesica e incapaz por sua natureza de exprimir qualquercoisa que seja inclusive sentimento

Eacute ainda Wiora quem exclui a muacutesica de vanguarda no seacuteculo XX dafunccedilatildeo de expressatildeo emocional quando afirma que ao adotar estrutu~a~de ificilpercepccedilotildees essa muacutesica se dessensibiliza perde seu caraacuteter de esp1Tltuahdad~

torna-se muacutesica de papel afastada do puacuteblico O construtivismo e as demaIsteacutecnicas dessa muacutesica tambeacutem seriam segundo o autor fatores que levariam agraveartificializaccedilatildeo e agrave inexpressividade da muacutesica

Menuhin (1961) transcreve um diaacutelogo com Aaron Copland que reforccedila aquestatildeo da incompreensibilidade da muacutesica seacuteria de vanguarda o queprovavelmente compromete a funccedilatildeo de expressatildeo emOCIOnal Menuhm nessediaacutelogo declara que nagraveo consegue captar inteiramente certos trabalhoscontemporacircneos mesmo apoacutes escutaacute-los duas ou trecircs vezes (p260) Coplandafirma o mesmo

Tambeacutem ao considerara muacutesica eletrotildenica Menuhin exclui a funccedilatildeo de expressatildeoemocional considerando-a incapaz de transmitirum impulso vibrante (p268)

As tendecircncias massificadoras na muacutesica da quarta idade satildeo para Wiora(1961) fatores de exclusatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emocional na muacutesicacontemporacircnea Em contrapartida as composiccedilotildees em que se deixa uma gr~nde

liberdade ao inteacuterprete tal como a muacutesica aleatoacuteria seriam para o autor tentatIvasde resgatar os valores humanos (entre os quais se inclui a emoccedilatildeo I~giacutetima)

No capiacutetulo em que trata do Conteuacutedo e Forma na arte FIscher (sd)dedica uma parte agrave muacutesica Em sua abordagem ele considera que o conteuacutedo e aforma musicais satildeo diretamente ligados ao momento histoacuterico que os circundasendo que conteuacutedo e forma em muacutesica para Fischer se acham tatildeoreciprocamente interpenetrados que dificilmente podem ser separados (p22)Nesse sentido sendo conteuacutedo e forma social e historicamente vinculados podenamosentender que a muacutesica - mesmo a muacutesica seacuteria de vanguarda distante do puacuteblico- expressaria os anseios anguacutestias emoccedilotildees enfim os sentimentos de sua eacutepoca

Fischer considera contudo que a muacutesica contemporacircnea passa por umprocesso de excessiva valorizaccedilatildeo da forma sendo um dos aspectos dessaformalizaccedilatildeo a remoccedilatildeo forccedilada de todo calor e sentimento ( ) a frieza e ointelectualismo pseudo-religioso de certa muacutesica moderna seu retorno

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artifiCiai a elementos sacros profundamente incompatiacuteveis com o conteuacutedode nossa eacutepoca satildeo sintomas de extrema alienaccedilatildeo (p224)

Para Fischer a muacutesica moderna em geral nada tem a ver com a expressatildeodos sentimentos e se limita a um puro jogo formal

Beltrando-Patier (1982) contudo apresenta uma referecircncia a Jolivet quecontradiz a opiniatildeo de Fischer Em Jolivet tudo soa de maneira encantatoacuteriacomo uma imensa prece pagatilde um tanto selvagem um tanto liacuterica (p60S) Esegue citando palavras do proacuteprio Joivet Eu estou cada vez mais persuadido() que a missatildeo da muacutesica eacute humana e religiosa (no sentido de religare) Eacute precisd efetivamente religar o homem ao cosmos (p60S) ~

A muacutesica para cinema que Menuhin (1981) aprecia no uacuteltimo capiacutetulo deseu livro parece poder ser incluiacuteda no acircmbito da expressatildeo emocional Aelaboraccedilatildeo do desenho animado Fantasia por Stokovsky e Walt Disney seiaexemplo de uma das obras-primas do gecircnero (p2S1)

Cabe ainda uma referecircncia agrave produccedilatildeo de muacutesica de inspiraccedilatildeo religiosaproduccedilatildeo essa restrita na quarta idade sobretudo se comparada agrave de eacutepocaspassadas - como o periacuteodo medieval ou a Renascenccedila por exemplo Eacute interessanteregistrar aqui embora possa ser questionaacutevel enquanto funccedilatildeo de expressatildeoemocional o comentaacuterio de Abraham (1986) agrave Sinfonia dos Salmos deStravinsky que o autor considera como uma das mais impressionantes provas dareligiosidade do compositor conseguindo um efeito de hipnose miacutestica incomparaacutevel(p818)

Se pode ser discutiacutevel o efeito de hipnose miacutestica como expressatildeoemocional do puacuteblico o exemplo parece apontar indiscutivelmente para a expressatildeoemocional do compositor imbuiacutedo de religiosidade E talvez essa seja a principalcaracteriacutestica da muacutesica religiosa do seacuteculo XX composta para ser espetaacuteculode concerto e natildeo para despertar sentimentos religiosos no puacuteblico ou canalizarsua expressatildeo servindo para veicular a emoccedilatildeo religiosa de quem a compocircs

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

A muacutesica seacuteria composta no seacuteculo XX como jaacute tem sido assinaladoaqui em consideraccedilotildees anteriores encontra-se afastada do puacuteblico e no entenderde autores como Harnoncourt Fischer ou Wiora ela eacessiacutevel apenas a umpequeno grupo de conhecedores experientes A apreciaccedilatildeo esteacutetica dessa m~sicanova natildeo eacute faacutecil nem oacutebvia de vez que suas estruturas satildeo de dificil percepccedilatildeo

A esse respeito eacute interessante citar a observaccedilatildeo que Abraham (1986) fazagrave muacutesica eletrotildenica em especial agrave de Stockhausen Eacute duvidoso que um ouvidohumano possa captar as sutiezas riacutetmico-meacutetricas do iniacutecio do Klaverstuumlck

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Ocorreu-me que talvez uma das razotildees por que natildeo gostamos decertas muacutesicas ou de certa arte moderna eacute precisamente o fato de algumasvezes natildeo gostarmos de noacutes mesmos ou do mundo que nos cerca ou denossa sociedade ( middotr-E o mais longo periacuteodo que conhecemos em que amuacutesica considerada impor~ante por alguns foi rejeitada por tantos (p247)

As palavras de Menuhm parecem apontar para a exclusatildeo do prazer esteacuteticopor parte do puacuteblico da muacutesica seacuteria do seacuteculo XX

Adorno (1975) considera que a muacutesica ligeira e a de consumo (muacutesica demassas) proporcionam entretenimento atrativo e prazer mas as considerafundadas em falsos valores conforme jaacute foi exposto anteriormente Ele natildeoexclui dess~~categorias o prazer esteacutetico apen~acha enganoso em virtudeda trocadeval~ porVatildefores provenientes da induacutestria cultural

Na consideraccedilatildeo do autor a muacutesica de Schotildeenberg natildeo pode ser degustada- o que parece excluir dessa muacutesica (e do dodecafonismo em geral e suasvariantes) a funccedilatildeo de prazer esteacutetico A muacutesica seacuteria de vanguarda na abordagemde Adorno tomou-se independente do consumo abrindo matildeo de adotar foacutermulasbanais que a tomariam vendaacutevel agradaacutevel e consequumlentemente alienante edestruidora do individualismo que ela ainda defende

Schurmann (1989) situa a muacutesica serial que inclui a dodecafocircnica e amusica eletrocircnica (ambas incluiacutedas aqui na categoria muacutesica seacuteria) comoamplos espaccedilos para experimentaccedilatildeo musical no contexto da crise cultural doseacuteculo XX Considera tambeacutem que ambas ao romperem radicalmente com otonalismo divorciaram-se do puacuteblico o que exclui a funccedilatildeo de prazer esteacutetico e dealimento ideoloacutegico pois essas correntes natildeo representariam como o tonalismoa ideologia burguesa e o conjunto de relaccedilotildees sociais a ela rel~cionados

Passando ao exame de outra categoria musical segundo anaacutelise dechurmann a mUacutesica caipira se esgota na sua qualidade de valor de uso o

que a~ece exclUI-la da funccedilatildeode prazer esteacutetico Vale lembrar que a muacutesiacutecaCaIpIra a que o autor se refere lllsere-se aqui na categoria muacutesica popular

~churmann enfoca tambeacutem agrave muacutesica popularesca urbana que ele considera~bsorvId~ pelo sistema de mercado capitalista sujeita aos processos de compra e

enda destlnando-se a um consumo nagraveo produtivo e qualijlcando-seportanto sobretudo por seu valor de troca (p 180) Essa muacutesica popularescaurbana a que o autor se refere vincula-se agrave categoria de muacutesica de massas eparece poder ser excluiacuteda da funccedilatildeo de prazer esteacutetico em virtude de relacion~rshyse ~~enas a valores de mercado Esse seria o caso tambeacutem segundo Schurmannda bossa nova b que em ora ongInana de um grupo de Intelectuais da classemedIa canoca que pmtlcavam autentlcos atos de musicar (p184) foi cooptadapela cultura de m d assa que a enommou da forma aCIma refenda

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II Se o prazer esteacutetico relaciona-se em certa medida com a possibilidade deapreender estruturas ele certamente estaria nesse caso comprometido

Wiora (1961) em citaccedilatildeo apresentada anteriormente refere-se ao fato deque mesmo os conhecedores natildeo percebem suficientemente uma seacuterie dodecafotildenicaA apreciaccedilatildeo esteacutetica ficaria provavelmente sacrificada pela ininteligibilidade doselementos na maioria das obras seacuterias contemporacircneas

Eacute preciso contudo ressaltar que tais obras aparecem em caraacuteterabsolutamente minoritaacuterio nos programas de concerto que de qualquer maneiradestinam-se a um puacuteblico muito restrito Os muacutesicos de nossa eacutepoca ao contraacuteriodos muacutesicos de eacutepocas passadas tocam muacutesica de eacutepocas anteriores agrave sua shyenquanto estes uacuteltimos soacute tocavam obras de seus contemporacircneos

Harnoncourt ( 1988 p 27) considera que a consequumlecircncia da dissociaccedilatildeoentre a muacutesica de concerto executada atualmente e a eacutepoca em que vivemos eacuteque chegamos apenas aos componentes esteacuteticos ou emocionais dessas obras do

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passado mas perdemos seu conteuacutedo ou seja as compreendemos realmenteAssim nos deparamos segundo ele no contexto da quarta idade da muacutesica

com uma situaccedilatildeo ineacutedita na histoacuteria da muacutesica As obras seacuterias de nossotempo satildeo de dificil acesso (ou mesmo inacessiacuteveis) do ponto de vista esteacuteticoem virtude de terem rompido com toda a tradiccedilatildeo do passado e desenvolvidonovas estruturas de dificil percepccedilatildeo ou seja prazer esteacutetcCcedilgt que_els_ltl~veIj111

proporcionar vecirc-se sacrificado por sua incompreensLb~de Por outro lado opuacuteblico volta-se para a muacutesica seacuteria do passado cujas e~turas lhe satildeo maisinteligiacuteveis - usufrui delas o prazer esteacutetico mas natildeo atinge seu conteuacutedo cujosignificado pertence a outra eacutepoca

- Leuchter (1946) ~n~li~andoamuacutesica do seacuteculo XX tambeacutem considera quea muacutesica do Expressionismo particularmente representada pelo dodecafonismoresulta dificilmente acessiacutevel Embora o autor considere que em espiacuteritoessa muacutesica tenha identidades com o Romantismo (como pela valorizaccedilatildeo maacuteximada subjetividade ou pela adoccedilatildeo da microforma) ao romper com o tonalismoela renuncia agrave comunicabilidade com o puacuteblico e a toda missatildeo social ficandorestrita a um ciacuterculo de entendidos (p187)

Ao assinalar a inacessibilidade da muacutesica expressionista e sua perda decontato com o puacuteblico Leuchter a exclui (exceto talvez para os poucosentendidos) da funccedilatildeo de prazer esteacutetico Raynor (1981) em referecircncias jaacuteapresentadas neste capiacutetulo reforccedila esse posicionamento o mesmo podendo serdito em relaccedilatildeo a Fischer (sd )

Menuhin (1981) ao abordar as novas correntes musicais do nosso seacuteculofaz algumas afirmativas que oportunamente devem ser citadas quando se enfocaa funccedilatildeo de prazer esteacutetico

Ponto de vista diferente relativo agrave bossa-nova eacute expresso por Joatildeo Gilbertocitado por Brito (1986)

Acho que os cantores devem sentir a muacutesica como esteacutetica senti-la emtermos de poesia e naturalidade Quem canta deveria ser como quem reza oessencial eacute a sensibilidade Muacutesica eacute som E som eacute voz instrumento O cantorteraacute por isso necessidade de saber quando e como deveraacute alongar uma agudoum grave de modo a transmitir com peifeiccedilatildeo a mensagem emocional (p 32)

As observaccedilotildees acima parecem sugerir a funccedilatildeo de expressatildeo emocionale possivelmente a de prazer esteacutetico

Funccedilatildeo de Divertimento

A apreciaccedilatildeo anterior relativa acirc funccedilatildeo de prazer esteacutetico talvez lancealgumas luzes preliminares sobre a questatildeo

A muacutesica seacuteria do seacuteculo XX considerada por todos os autores revistoscomo distante do puacuteblico (exceto de uns poucq~ iniciados) isolada vecirc-se restritaou mesmo isenta de proporcionar prazer esteacutetico e consequentemente algumdivertimento que daiacute pudesse ser decorrente A muacutesica seacuteria dos seacuteculosanteriores notadamente dos seacuteculos XVIII e XIX eacute executada com frequumlecircncianas salas de concerto servindo agrave funccedilatildeo de prazer esteacutetico e possivelmente agrave dedivertimento Mesmo assim para um puacuteblico restrito - mais ou menos restritoconforme a condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica e cultural da sociedade ~considerada

Cabe contudo ressaltar que em ambos os casos (muacutesica seacuteria do seacuteculoXX ou de seacuteculos anteriores) as funccedilotildees de prazer esteacutetico e entretenimento natildeosatildeo necessariamente associadas

A funccedilatildeo de divertimento estaria mais ligada ao acircmbito da muacutesica folcloacutericada muacutesica popular e da muacutesica de massas ainda que de formas diferenciadas

No caso da musica folcloacuterica conforme assinala Schurmann (1989) emcitaccedilatildeo jaacute apresentada ela se acha associada ao cotidiano dos indiviacuteduosrelacionando atividades de subsistecircncia concepccedilotildees religiosas e misticas A danccedila eacutecomwnente associada agraves manifestaccedilotildees musicais folcloacutericas o que permite mesmosem wn maior aprofundamento da questatildeo associaacute-la agrave funccedilatildeo de divertimento

A muacutesica popular cujo protoacutetipo segundo Schurmann seria a muacutesica caipirapode tambeacutem ser relacionada agrave funccedilatildeo de divertimento embora o autor natildeoestabeleccedila tal correlaccedilatildeo Waldenyr Caldas (1987) estabelece claramente a funccedilatildeode divertimento para a muacutesica caipira (p15)

Quanto agrave muacutesica de massas embora se possa agrave primeira vista relacionaacute-laagrave funccedilatildeo de divertimento - danccedila grandes shows com intensa participaccedilatildeopopular veiculaccedilatildeo maciccedila pelos meios de comunicaccedilatildeo etc - eacute preciso ressaltar

96

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a apreciaccedilatildeo que autores como Adorno e Schurmann apresentam ao divertimentoque ela proporcionar Ambos consideram a muacutesica de massas como forma dealienaccedilatildeo de dominaccedilatildeo e de exploraccedilatildeo cultural Adorno (1975) conforme jaacute foimencionado anteriormente considera que o prazer que essa muacutesica proporcionaeacute ilusoacuterio de vez que fundado em valores apenas de consumo (o que Schurmann[1989J corrobora) prestando-se agrave eliminaccedilatildeo do individuo de sua capacidadecriacutetica de sua percepccedilatildeo da totalidade que o cerca

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

No contexto do seacuteculo XX a comunicaccedilatildeo da muacutesica seacuteria composta nesteseacuteculo vecirc-se bastante restrita fato que jaacute foi explanado em momentos anterioresneste capitulo A ruptura radical com a linguagem anterior do tona1ismo 1evoushya a uma incomunicabilidade com a maioria absoluta da populaccedilatildeo excetotalvez com alguns experts A muacutesica seacuteria dos seacuteculos anteriores realizadacom frequumlecircncia nas salas de concerto atuais tambeacutem eacute de alcance e decomunicaccedilatildeo restritos

Cabe lembrar a observaccedilatildeo que Fischer (sd) faz a esse respeitoquando observa que o virtuosismo que a muacutesica desenvolveu ao afastar-se segundoele da religiatildeo tornou-a exclusiva de um nuacutemero reduzido de ouvintes refinadose que muitas obras importantes de Bach Mozart Beethoven ou Brahms jamai~foram efetivamente populares (p221)

Fischer observa que o formalismo excessivo domina a muacutesica seacuteriacontemporacircnea e que mesmo buscando captar a muacutesica do cosmos a linguagemd~s estrelas dos cristais ou ~os aacutetomose eleacutetrons essa ~uacutesica~bandonao caraacuteterh~o ( ) com expressao de sentlmentos sensaccediloes e Ideias (p 224)

A comunicaccedilatildeo de conteuacutedos histoacuterico-sociais atraveacutes da muacutesica (tal comona Heroacuteica de Beethoven um momento revolucionaacuterio eacute express8raquo vecirc-se limitadona possibilidade de chegar ao puacuteblico uma vez que dificilmente ele assimila a~uacutesi~ s~ria de n~sso tempo E hoje segundo Fischer (sd) quando ouvimos aHerol~~ usufrulmos apenas o nivel esteacutetico pois o conteuacutedo por ser de outra~pocaJa natildeo chega a noacutes Contudo cabe lembrar segundo o autor que mesmoa s~a epoca essa obra de Beethoven escapou agrave compreensatildeo de uma audiecircnciamaIs ampla

Abraham (1986) refere-se agrave muacutesica de vanguarda e agrave incomunicabilidadeao enfocar as muacutes 1 t

Icas e e romca e concreta conSIderadas por ele como desproVIdasde slgmficado (p813)

M Devem-se ressaltar tentativas no seacuteculo XX como a Elegia Violeta paraonsenhor Rom d J

ero e orge Antunes (que busca homenagear o Monsenhor

Sinado em El Salvador) ou a Cantata ao trigeacutesimo aniversaacuterio da morte deassa Lecircnin de Hanns Eisler que Fischer cita (p 213) Outras ha entre as mUSIcas

as referindo-se diretamente a fatos marcantes da histoacuteria do nosso seacuteculo~n mas em todas elas a incomunicabilidade de sua mensagem segundo dIversosautores eacute fator comum

Wiora (1961) refere-se agrave despopularizaccedilatildeo da muacutesica na quarta idade Leuchter(1946) agrave renuacutencia de toda funccedilatildeo social da muacutesica do s~culo ~ ~arnoncourt (1988)afirma que a muacutesica seacuteria de hoje natildeo satisfaz e por ISSO o pubhco se volta p~a amuacutesica histoacuterica A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo acha-se seriamente comprometidasegundo autores aqui referidos na muacutesica seacuteria do seacuteculo XX A

Berio (1981) considera que natildeo existe hoje um contrato socIal u~alllme ehomogecircneo como por exemplo na eacutepoca barroca ou entreo~ Banda-Lllld~emBokassa e que por isso haacute tantos modos de entender mUSIca quantos sao osindiviacuteduos que a ela se dedicam (p9) A

Parece que para o autor a inexiacutestecircncia de um contrato social unalll~e

subjacente agrave muacutesica seacuteria do seacuteculo XX leva a que essa muacutesi~a seja apre~ndI~a

de infinitas maneiras quer seja compreendida ou natildeo Ou seja a comulllcaccedilaonatildeo estaria excluiacuteda mas diversificada

Berio considera que cada um a seu modo todos compreendem a muacutesicaseja ela qual for - o que inclui a muacutesica serial considerada incompreensiacutevel pormuitos (p 14)

Adorno (1975) considera que a rejeiccedilatildeo agrave muacutesica de vanguarda deve-se aofato de ela ser bem compreendida demais Ao expressar o drama de nossa eacutepocaela assustaria Neste caso a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo estaria presente ao contraacuteriodo que Wiora considera quando a denomina muacutesica de papel por estar afastadado puacuteblico

Nas muacutesicas folcloacutericas populares e de massas a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeose faz mais presente ainda que em gradaccedilotildees diversas

A comunicaccedilatildeo de conteuacutedos afetivos sociais religiosos etc pode serconsiderada presente em todas elas sobretudo veiculado pelas letras queapresentam Contudo cabe retomar aqui as consideraccedilotildees de Adorno agrave induacutestriacultural e agrave regressatildeo da audiccedilatildeo

Um exemplo interessante de ser analisado parece ser o que Medaglia (1968)nos oferece quando se refere ao caraacuteter coloquial da narrativa musical na bossashynova (p63) que parece evidentemente apontar para a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Sem duacutevida todos os comentaacuterios anteriormente apresentados agrave muacutesicade massas voltam a ser vaacutelidos neste momento - ela comunica ainda quevalores ditados pela induacutestria cultural ainda que ao preccedilo da alienaccedilatildeo e dafragmentaccedilatildeo do indiviacuteduo

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Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

No acircmbito da muacutesica seacuteria na quarta idade da muacutesica diversos autoresaqui citados assinalam uma mudanccedila de significaccedilatildeo uma perda na participaccedilatildeoem relaccedilotildees gerais e cotidianas o proacuteprio conteuacutedo da muacutesica contemporacircneaeacute muitas vezes discutiacutevel como se depreende das palavras de Berio (I 98 1)referindo-se agrave muacutesica eletrocircnica

() muitos muacutesicos dentre os mais conscientes deram-se conta logoque era tatildeo faacutecil quanto supeacuterfluo produzir sons novos que natildeo fossem oproduto de um pensamento musical assim como hoje eacute faacutecil desenvolver emelhorar as tecnologias da muacutesica eletrocircnica quando elas satildeo desprovidasde profundas e reais razotildees musicais ( p 109)

O risco de que a criatividade cientifica substitua a criatividade musical eacuteassinalado por Berio no que concerne agrave muacutesica eletrocircnica e evidentemente cabea partir daiacute questionar o conteuacutedo musical e o simbolismo dessa muacutesica

A expansatildeo dos limites da muacutesica com a inclusatildeo de novas estruturas enovos materiais sonoros jaacute assinalada aqui anteriormente

hatraveacutes das palavras

de Wiora (1961) natildeo parece corresponder a um aprofundamento de seu conteuacutedode seu significado de seu simbolismo - a muacutesica segundo ele teria recuado ateacuteos limites aleacutem dos quais natildeo haacute propriamente muacutesica ( p 188)

O artificialismo e o tecnicismo o excessivo formalismo a presenccedila detendecircncias eminentemente construtivistas e estruturalistas seriam segundo autorescomo Wiora(1 9oacutel) Abraham (1986) ou Fischer (sd) fatores de esvaziamento damuacutesica contemporacircnea - o que parece comprometer a funccedilatildeo de representaccedilatildeosimboacutelica

As r~s e as transmissotilde~s at~aveacute~ ~e raacutedio e televisatildeo acrescentariamtamb~m a questatildeo de representaccedilao sImbohca o fato da muacutesica transpor asbarreIras do espaccedilo e ser veiculada a pessoas que nem sempre podem assimilaacuteshyla tota~mente A esse respeito cabe ressaltar a intensa participaccedilatildeo quer emgr~va~oesquer em transmissotildees diversas da muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriorescUJ~ SImbolismo natildeo chega ateacute noacutes por natildeo pertencer a nossa eacutepoca a nossarealIdade social

Diversos argumentos a esse respeito jaacute foram apresentados em paacuteginasantenores referindo tu - dI

-se a SI accedilao as sa as de concerto cUJos programas satildeopnontanamen~ede eacutepocas passadas cujo simbolismo natildeo podemos apreender

A teclllcIzaccedilatildeo a desumanizaccedilatildeo satildeo caracteriacutesticas da muacutesicacfudegntmpOracircnea assinaladas por Wiora (I 961 )que sem duacutevida comprometem a

nccedilao de representaccedil- b I E _ ao SIm o Ica m cItaccedilao Ja apresentada o autor menciona

101

retomo artificial a elementos sacros incompatiacuteveis com o conteuacutedo de nossaeacutepoca (p224)

Outro acircngulo da muacutesica da quarta idade a ser enfocado eacute aquele assinaladopor Schurmann( 1989) referindo-se ao aparecimento do dodecafonismo no iniacuteciodo nosso seacuteculo Assim como o autor associa o afloramento do sistema tonal noseacuteculo XVIIl agrave emergecircncia do capitalismo industrial (cujas bases gradativamenteforam lanccediladas na eacutepoca iluminista) ele relaciona o dodecafonismo aos ideaisdemocraacuteticos do iniacutecio do seacuteculo XX Para S~hurmann as estruturasdodecafocircnicas ao pretenderem a rem~ de toda hierarquia propostas pelotonalismo realizariam no universo meacutelico uma perfeita liberdade e igualdadeque na realidade politica ainda natildeo passava de utopia (Schurmann1989 p 176)

A correlaccedilatildeo apontada por Schurmann entre o sistema dodecafocircnico e aideologia critica de natureza democraacutetica proacutexima agravequela preconizadapelos teoacutericos marxistas (p 176) permite identificar na muacutesica dodecafocircnica afunccedilatilde~ de represe~t~ccedilatildeosimboacutelicaexplicando segundo o autor o repuacutedio do puacuteblicoburgues a essa mUSIca Identificada por esse puacuteblico com os movimentos poliacuteticosde esquerda

De certa forma Berio (1981) parece atribuir a toda muacutesica a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica

Na o~ra musical existe sempre uma zona de irrealidade que soacute podes~r apreendida atraveacutes da mediaccedilatildeo de obras assimiladas e experiecircnciasVlvdas com as quais natildeo precisamos necessariamente identificar-nos masque apreendemos e observamos () porque acreditamos que sobre elas mais~ue s~bre outras estaacute colada a histoacuteria e mais livremente somos levados amvesflr nelas talvez a parte melhor e natildeo revelada de noacutes proacuteprios e maisabertalente o nosso inconsciente musical (p 6)

~ ainda Berio quem referindo-se agrave muacutesica eletrocircnica coloca como umdo~ ~alOres problemas musicais do nosso tempo a distacircncia entre as dimensotildeesacustlcas e ~o~ceiacutetual da muacutesica Tal problema parece comprometer no caso damuslc~~e~ron~caas fu~ccedil~es de representaccedilatildeo simboacutelica e de comunicaccedilatildeo (p3 3)

~mblto das musIcas populares e folcloacutericas a funccedilatildeo aqui consideradapa~e~e mais eVIdente sobretudo entre as uacuteltimas que vecircm associadas a temaacuteticasrelIgIOsas ou cotid A t mnas s mUSIcas populares sobretudo atraveacutes de suas letrasenam tambem essa funccedilatildeo

d Quanto agrave muacutesica de massas poder-se-ia caracterizar a ocorrecircncia da funccedilatildeoe representaccedilatildeo b T

(1975) Sl~ o Ica embora fundada segundo Schurmann (1989) e Adornoem valores Ilusoacuteri I d

cultural os ou seja va ores e troca mampulados pela induacutestria

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a ausecircncia de cantos de trabalho nas usinas e a substituiccedilatildeo do sino da igreja quefoi segundo ele siacutembolo de nossa antiga cultura pela sirene das faacutebricas

Harnoncourt (1988) tambeacutem reforccedila a argumentaccedilatildeo em torno doesvaziamento da muacutesica atualmente ao assinalar que ela passa a ter em nossasvidas uma funccedilatildeo meramente decorativa o que segundo ele natildeo seria um problemaexclusivo da muacutesica seacuteria em virtude da accedilatildeo da induacutestria cultural sobre a muacutesicacomo um todo

A unidade entre muacutesica e vida estaria para Harnoncourt ainda presente(embora comprometida) nas muacutesicas populares e folcloacutericas mas inexistente namuacutesica seacuteria A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica tambeacutem nas palavras doautor pode ser depreeendida como ausente na muacutesica seacuteria da quarta idade

O processo de fetichizaccedilatildeo da muacutesica em nosso seacuteculo assinalado porAdorno (1975) relaciona-se ao esvaziamento da funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelicada muacutesica seacuteria realizada em salas de concerto ou difundida atraveacutes de gravaccedilotildeesOs valores de mercado a valorizaccedilatildeo de estrelas (sejam maestros ou inteacuterpretes)seriam indiacutecios para ele da troca dos valores autecircnticos por aqueles ditados pelainduacutestria cultural

Contudo Adorno identifica a muacutesica de vanguarda como um foco deresistecircncia agrave massificaccedilatildeo e ao consideraacute-Ia inaceita em virtude de representar ohorror de nossa eacutepoca ele parece conferir agrave muacutesica dodecafocircnica a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica

Menuhin (1981) apresenta um exemplo que merece ser citado no acircmbito dafunccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica na muacutesica de nosso seacuteculo

Na Alemanha na deacutecada de 20 especialmente o estado de espiacuteritoera quase de histeria um espiacuterito amargo mordaz composto de desiluccedilatildeo enostalgia que a muacutesica de Kurt Weill capta com perfeiccedilatildeo () As partiturasde Weill contecircm algo do espiacuterito caccediloiacutesta da Repuacuteblica de Weimar entre asguerras ( ) ( p248)

As consideraccedilotildees do autor sobre a muacutesica de Kurt Weill parecem indicarque a muacutesica desse compositor simbolizaria o contexto poliacutetico-social ou pelomenos o estado psicoloacutegico das pessoas no periacuteodo intermediaacuterio agraves duas grandesguerras

Ainda na esfera da funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica vale lembrar que amuacutesica sacra de periacuteodos anteriores deteve fortemente essa caracteristica Fischer(sd) assinala a gradativa mudanccedila dessa muacutesica e sua trajetoacuteria rumo agraves salas deconcerto nos periacuteodos barroco claacutessico e romacircntico A muacutesica do seacuteculo XX natildeoresgatou ao que parece o forte componente simboacutelico dessa muacutesica religiosa deoutras eacutepocas A produccedilatildeo de tal muacutesica eacute escassa na atualidade e Fischer assinalanela caracteriacutesticas de frieza e intelectualismo pseudo-religioso bem como um

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A apropriaccedilatildeo pela muacutesica de massas de temas estruturas praacuteticasteacutecnicas das muacutesicas populares folcloacutericas e seacuterias conduzem segundo Schurrnann(1989) a uma fruiccedilatildeo apenas epideacutermica despida de significado verdadeiromarginalizando a antiga cultura dominante (p183-184) Contudo apesar de ilusoacuteriaa representaccedilatildeo simboacutelica parece presente tambeacutem na muacutesica de massas

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

No contexto da musica seacuteria na quarta idade natildeo se encontraram referecircnciasque permitam assinalar a ocorrecircncia niacutetida desta funccedilatildeo embora se possaargument~toda e qualquer muacutesica provoca sempre alguma reaccedilatildeo fisicaainda quea niacutevel bioloacutegico

No acircmoiacuteto dos concertos a reaccedilatildeo fisica soacute eacute cogitaacutevel ao niacutevel da reaccedilatildeoemocional (o que envolve sem duacutevida o aspecto fisico) ainda que culturalmentecondicionada conforme jaacute foi comentado anteriormente A produccedilatildeo de muacutesicareligiosa no seacuteculo XX prioritariamente dirigida (ainda que escassa) agraves salas deconcerto tambeacutem se situa neste exemplo

A utilizaccedilatildeo de hinos e marchas de caraacuteter ciacutevico pode ser assinalada nahistoacuteria do seacuteculo XX muitas vezes com a finalidade de conduzir o comportamentoda multidatildeo

Contudo eacute no acircmbito das muacutesicas populares folcloacutericas e de consumo quefrequumlentemente vecircm associadas agrave danccedila que a reaccedilatildeo fisica se faz mais evidente

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

Alguns exemplos citados aqui no acircmbito da muacutesica seacuteria como a Elegia Violetapara Monsenhor Romero de Jorge Antunes que eacute uma homenagem ao Monsenhorum protesto pelo seu assassinato e uma exaltaccedilatildeo agrave justiccedila poderiam talvez serrelacionados como exercendo a funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais Aestruturaccedilatildeo da muacutesica aqui citada acessiacutevel apenas a uma minoriaabsoluta de expertstoma bastante restrito o acircmbito do exerciacutecio dessa funccedilatildeo Eacute o mesmo caso de obrascomo Treno para as viacutetimas de Hiroshima de Penderecki ou O canto suspenso deNono (composto sobre cartas de membros da Resistecircncia europeacuteia condenados agrave morte(Abraham 1986p844) ou ainda Yo lo vi de De Pablo tratando dos desastres daguerra (Beltrando-Patier 1982 p6uuml2) etc

Entre as muacutesicas folcloacutericas populares e de consumo na maioria das vezesassociadas a letras a-imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais eacute mais evidenteA saacutetira poliacutetica ou aos costumes eacute um exemplo que pode facilmente ser localizado

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no exame das letras de canccedilotildees diversas As canccedilotildees de protesto tambeacutem satildeofrequumlentes e referecircncias a elas podem ser encontradas por exemplo em Campos(1968) no contexto da bossa-nova (p 49)

Menuhin (1981) apresenta exemplos de hinos e canccedilotildees populares que podemser enquadrados na funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais WeshaIl overcome cantado por milhares de homens e mulheres brancos e negroscom a mesma mensagem de dignidade que ouvimos na voz sonora do Dr MartinLuther King e Blowin in the wind escrito e cantado por Bob Dylan um gritode consciecircncia em uma eacutepoca de profundas discussotildees quanto agraves metas nacionaise sociais envolvendo a guerra do Vietnatilde (p29uuml-291 )

Waldenyr Caldas (1987) no capiacutetulo denominado O tempo de Alvarenga eRanchinho assinala o importante papel dessa dupla no contexto da muacutesica sertanejae a iinportacircncia da saacutetira poliacutetica por eles realizada principalmente dirigida agraveditadura de Getuacutelio

A ditadura de Getuacutelio Vargas governava o paiacutes ( ) Alvarenga eRanchinho resolveram contestaacute-la denunciacuteaacute-la atraveacutes do desafio e doponteio da viola Sempre que podiam ridicularizavam publicamente a figurado ditador gauacutecho Alvarenga lider da dupla aleacutem de politizado eirreverente era extremamente radical Natildeo deixava jamais passar em brancouma atitude uma medida autoritaacuteriacutea de Vargas Satiriacutezava na mesma hora edepois incluiacutea em seu repertoacuterio Por causa diacutesso a dupla foi vaacuterias vezeslevada agrave prisatildeo mas tambeacutem agraves paradas de sucesso (p46)

E preciso contudo ressaltar que as letras das canccedilotildees sobretudo dasmuacutesicas de massas - nem sempre estatildeo voltadas para impor conformidade anormas sociais Pelo contraacuterio muitas delas visam a escandalizar ou a rompercom padrotildees sociais (possibilidade descrita por Merriam) aos quais natildeo buscam~onformar-se e sim romper embora tal ruptura natildeo signifique ruptura doSIstema A induacutestria cultural manipula tais tendecircncias (assim como nas novelasde televisatildeo) procurando atingir um puacuteblico vulneraacutevel a essas influecircncias

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Prov~velmente no contexto da quarta idade a muacutesica folcloacuterica seja a quemelhor realIza essa funccedilatildeo Schurmann (1989) em citaccedilotildees jaacute apresentadas assinalaesse fato

Waldenyr Caldas (1987) referindo-se agraves origens da musica caipira cuja ligaccedilatildeoe mtensa Com o folclore I I assma a sua ImportancIa SOCIa atraves de vaacuterias funccedilotildees

103

Aula
Nota
1110 Eduardo A e Eacuteber (5 uacuteltimas funccedilotildees)

A importacircncia dessa mUSIca poreacutem eacute muito maior do que possaparecer Ateacute poque ela nunca aparece apenas enquanto muacutesica Aleacutem daevidente funccedilacirco luacutedica de lazer deve-se ainda destacar seu papel na produccedilatildeoeconoacutemica atraveacutes do mutiratildeo no ritual religiosa das festas tradicionaisda Igreja e principalmente como elemento agregador da proacutepriacomunidade mantendo-a coesa atraveacutes da praacutetica e da preservaccedilatildeo dosseus valores culturais (p IS)

A funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos parecetransparecer na referecircncia agrave muacutesica caipira acima apresentada

No contexto da muacutesica seacuteria no seacuteculo XX a funccedilatildeo aqui considerada natildeopode ser assinalada com clareza atraveacutes dos exemplos e anaacutelises constantes da

bibliografia consultadaAparecem referecircncias agrave utilizaccedilatildeo de hinos e canccedilotildees inclusive com a funccedilatildeo

de conduzir o comportamento das multidotildees que indiretamente poderiam contribuirpara a validaccedilatildeo de instituiccedilotildees sociais e religiosas As obras sacras compostasna atualidade parecem mais destinadas a um papel de concerto que agrave funccedilatildeo aqui

consideradaBeltrando-Patier (1982) faz uma referecircncia que permite remeter agrave funccedilatildeo

de validaccedilatildeoNa Espanha adotou-se a doutrina dodecafoacutenica para se destacar da

esteacutetica governamental sob a ditadura do General Franco Em 1939 realmentea muacutesica espanhola () perde seu dinamismo proacuteprio A desorientaccedilatildeo anterioragrave guerra conduz a uma arte quase reacionagraveria frequumlentemente calcada deforma inconsciente sobre a poliacutetica da regiatildeo (p601)

Pode-se questionar se essa arte reacionaacuteria seria uma forma ainda queinconsciente de validar o regime poliacutetico da ditadura de Franco

Tambeacutem no que diz respeito agrave muacutesica de consumo - muacutesica de massas - ficadificil ou mesmo impossiacutevel identificar essa funccedilatildeo sobretudo se adotarmos oponto de vista de Adorno (1975) que considera que essa muacutesica promove asubstituiccedilatildeo de valores verdadeiros por valores apenas de mercado Mas a muacutesicade massas natildeo estaria validando o sistema capitalista e suas instituiccedilotildees justamente

por preconizar os valores de mercado

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

A grande ruptura produzida pela muacutesica seacuteria assinalada por Wiora (1961)como um dos marcos da quarta idade natildeo parece permitir sua inclusatildeo na

104

bull6-4l--shybullbullbullbull-shybullbulle---bull-bull--~shy~ ~

-shy~shyte

contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura O distanciamentocrescente do puacuteblico a adoccedilatildeo de estruturas de dificil acesso a restriccedilatildeo gradativade papeacuteis sociais que a muacutesica seacuteria possa desempenhar (conforme vemtransparecendo na revisatildeo aqui realizada) parecem excluir a muacutesica seacuteria do

exerciacutecio dessa funccedilatildeoCabe lembrar poreacutem a intensa veiculaccedilatildeo nas salas de concerto e nas

gravaccedilotildees da muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriores Ao ser mantida viva essamuacutesica contribui de alguma forma para a continuidade e estabilidade da

culturaOs exemplos jaacute apresentados anteriormente relativos agrave muacutesica popular e agrave

muacutesica folcloacuteria apontam para a inclusatildeo dessas muacutesicas na funccedilatildeo aquiconsiderada sobretudo no que se refere agrave uacuteltima

Quanto agrave muacutesica de massas cujo objetivo eacute promover valores de mercadopode parecer duvidoso inclui-Ia na funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a continuidade eestabilidade da cultura mesmo quando ela aparentemente pareccedila fazecirc-lo Podeshyse contudo considerar que a manutenccedilatildeo do status quo do mundo capitalista (ede sua cultura mesmo que de valores ilusoacuterios) eacute garantida no seacuteculo XX pelainduacutestria cultural e pela muacutesica de massas

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

A muacutesica seacuteria do seacuteculo XX - a muacutesica de papel no dizer de Wiora(1961) - natildeo parece ter condiccedilotildees de desempenhar a funccedilatildeo integradora numsentido mais amplo porque acha-se voltada para um restrito puacuteblico de iniciados

A muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriores veiculada atualmente em concertospuacuteblicos multas vezes ao ar livre e destinados a atingir o povo em geral poderiatalvez em alguma medida sugerir a presenccedila dessa funccedilatildeo apesar das observaccedilotildeesjaacute apresentadas anterionnente referentes agrave perda do conteuacutedo das muacutesicas deoutras eacutepocas quando realizadas fora de seu momento histoacuterico-social Sua inclusatildeonessa categoria - integraccedilatildeo da sociedade - se legitima parece registraacutevel apenasem caraacuteter superficial

A muacutesica popular a muacutesica folcloacuterica e a muacutesica dc consumo realizamain~a que em graus diferentes a funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeo daSOCIedade

Os exemplos jaacute apresentados parecem ilustrar com clareza a presenccediladessa funccedilatildeo nas muacutesicas acima referidas

Vale ressaltar mais uma vez o caraacuteter ilusoacuterio e alienante da muacutesica demassas confonne assinala Adorno~A integraccedilatildeo de indiviacuteduos em tomo de valores

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induzidos pela induacutestria cultural eacute certamente ilusoacuteria segundo ele visando agravemassificaccedilatildeo dos indiviacuteduos e agrave sua submissatildeo aos ditames do mercado)

A integraccedilatildeo de grandes multidotildees de indiviacuteduos em espetaacuteculos de rock(fenocircmeno musical incluiacutedo aqui na categoria muacutesica de massas) eacute enfocadapor Menuhin (1981)

Parte do atrativo do roeI( and rol estaacute em seu senso de participaccedilatildeocoletiva Os jovens como sempre necessitam da seguranccedila que lhes daacute apresenccedila de seus semelhantes ( ) acima de tudo em espetaacuteculos puacuteblicosonde a histeria da adulaccedilatildeo jagravez parte de seu modo de expressatildeo ( ) Amultidatildeo de fatildes em um concerto de rock eacute uma proclamaccedilatildeo evidente deidentidade coletiva (p 279)

O caraacuteter ilusoacuterio segundo Adorno (1975) dessa integraccedilatildeo decorre dainduccedilatildeo de falsos valores que o autor assinala em sua anaacutelise da muacutesica demassas

Menuhin (1981) reforccedila esse aspecto de diluiccedilatildeo das identidades dedestruiccedilatildeo da individualidade atraveacutes dos grandes espetaacuteculos puacuteblicos de muacutesiacutecade massas Referindo---se aos Rolling Stones ele menciona uma parede de somque visa a entorpecer todos os sentidos conscientes natildeo deixando outraescolha para a pessoa senatildeo a de se render e participar A histeria geradapor esses espetaacuteculos eacute assinalada por Menuhin que considera que a muacutesica dosRolling Stones parece mais eliminaccedilatildeo de estruturas jagravezendo tudo voltar aobarro cru (p 28) A alienaccedilatildeo e a histeria coletivas assinaladas pelo autor satildeoaspectos da muacutesica de massas que no acircmbito da integraccedilatildeo social natildeo podemdeixar de ser assinalados

Algumas consideraccedilotildees finais no que concerne agraves funccedilotildees sociais da muacutesicadevem aqui ser incluiacutedas

Primeiramente eacute preciso registrar que natildeo houve qualquer pretensatildeo deestabeleceu roacutetulos ou categorias estanques mas apenas de tentar ordenar einterpreta~ o vasto material colhido de forma a viabilizar sua utilizaccedilatildeo no acircmbitodesta pesquisa

Em segundo lugar cabe lembrar que o proacuteprio Merriam assume duacutevidashesitaccedilotildees e necessidades de aprofundamento em relaccedilatildeo a diversos aspectospertinentes agraves funccedilotildees sociais da muacutesica e agrave categorizaccedilatildeo que ele propotildee o quereforccedila a necessidade de que nem~lassificaccedilatildeoque ele apresenta nem a apreciaccedilatildeohistoacuterica dessas funccedilotildees aqui realizada sejam encaradas de forma riacutegida oudefinitiva

Finalmente faz-se necessaacuterio assinalar que sobretudo no contexto da quartaidade eacute preciso um aprofundamento da questatildeo Eacute preciso ter em mente que ao

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shy-bull-----e-bull----bull---_-bullbullbullbullbullbullbull~

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analisarmos um contexto histoacuterico que estamos vivenciando nossas possibilidadesde clareza satildeo provavelmente menores do que ao enfocar periacuteodos anteriores

Por outro lado natildeo podemos de todo evitar que o olhar do seacuteculo XXesteja presente na anaacutehse de periacuteodos histoacutericos anteriores - o que seria minimizaacutevelem certa medida com a an~lise e tratados e de textos diversos das eacutepoca~enfocadas mas essa tarefa nao fOI assumIda no contexto deste trabalho

Aleacutem disso evidencia-se que as peculiaridades da muacutesica do seacuteculo XXe~ige~ u~ estudo especiacute~co das funccedilotildees sociais da muacutesica As proacutepriasdlvergencas entre os tratadIstas e filoacutesofos de nossa eacutepoca apontam no sentidodesse estudo

~m que categoria por ~xe~pl~ deve-se situar o exemplo abaixo queMenuhm (1981) apresenta relatIvo a musIca do compositor norte-americano JohnCage

() Cage fez uma apresentaccedilatildeo em Cambridge Massachusetts deum evento que chamou de Harvard Square Colocou um piano em uma ilhapaa pedestres ~o centro da praccedila e logo se formou uma multidatildeo CageaClOn~u um cronometro jechou o piano e cruzou as matildeos A multidatildeo esperouDep0ls de um certo tempo determinado pela consulta ao I Ching ( ) eleabnu a tampa do teclado e ficou de peacute O puacuteblico aplaudiu enquanto Cagese curvava agradecendo E o que foi apresentado Nada mais que o ambientede som do tracircnsito de Harvard Square conversas casuais passos e outrosruldos (p269)

Natilde~ cabe soacute a duacutevida quanto agrave categoria em que esse exemplo se inseremas tambem a pergunta levantada pelo proacuteprio Menuhin A muacutesica eacute som ou natildeosom (p270)

J 1 de Mora~s (1989) apresenta uma das possiacuteveis respostas a essapergunta quando conSIdera que o silecircncio na muacutesica do ocidente passou a assumirum papel estrutural tomado em peacute de igualdade com o som (p81) Moraes acrescenta ainda que John Cage concluiu que o silecircncio tambeacuteme mUSIca tendo i I d nc USlve construI o sobre ele boa parte de sua poeacuteticaconSIderando-o um novo 1 d d f - fi pOl a or em ormaccediloes gerador de novos e insuspeitadosslgm Icados

Um~ outra consideraccedilatildeo interessante sobre o papel do silecircncio na mUSIcacontemporanea pode t d d C ser re Ira o e ampos (1968) quando assinala que a pausaou seja o sI1enc T d d 10 e Utl Iza o na bossa-nova como um elemento estrutural comosen o um a~~ecto do som som-zero (p22)

A analIse do pap I d I um t b Ih e o SI enclO na muacutesica do seacuteculo XX certamente merecera a o a parte

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Outro exemplo que suscita a duacutevida sobre o que eacute a muacutesica e sobre ascategorias passiacuteveis de serem estabelecidas para as funccedilotildees sociais da muacutesica eacuteapresentado por Moraes (1989) Hoje em um universo visto natildeo mais comoalgo fechado ou imoacutevel nas relativizado e ~m expansatildeo COIIO o propostopela jisica moderna natildeo existe razatildeo para aceitar a proacutepria muacutesica comoum processo ( plO)

O autor segue apresentando um exemplo de muacutesica do compositor norteshyamericano La Monte Young (1935) denominada Composiccedilagraveo 1960 n 5 quedeve ser construiacuteda aleatoriamente seguindo-se o movimento de uma borboleta(pIO)

Outras questotildees podem ainda ser levantadas Onde por exemploincluiriacuteamos a muacutesica estocaacutestica ou seja aquela baseada em caacutelculos dasprobabilidades A que funccedilagraveo corresponde a muacutesica utilizada para preencher osvazios do silecircncio que muitos homens do seacuteculo XX natildeo podem suportar Quepapel desempenham os novos materiais sonoros na muacutesica contemporacircnea

Os COlpOS sonoros natildeo rendem de forma alguma o que se esperadeles O microjagravene capta o que haacute de mais imprevisivel Muitas vezes perdeshyse e recomeccedila-se ateacute que se obtenha um objeto sonoro interessante ( ) Umachapa de jagravelha metaacutelica um abajur um ventilador desviados de sua utilizaccedilatildeonormal datildeo resultados sonoros insuspeitados (Ferrari citado por Barraud 1975p152)

Outras funccedilotildees aleacutem das categorizadas por Merriam parecem ser sugeridaspela observaccedilatildeo dos exemplos analisados ou mesmo pelos autores revistos comoeacute o caso de Adorno (1975) ao assinalar a muacutesica como ruiacutedo de fundo paranossas atividades cotidianas ou de Berio (1981) quando preconiza uma funccedilatildeoconsolatoacuteria para a muacutesica considerando que ela pode tomar-se siacutembolo deuma possibilidade de leitura consolatoacuteria e ateacute utoacutepica do mundo (pI9)

A funccedilatildeo consolatoacuteria da muacutesica a que Berio se refere tem correspondentena categorizaccedilaacuteo de Merriam Que outras funccedilotildees fora da perspectiva funcionalistade Merriam poderiam ser identificadas Conscientizaccedilatildeo Transformaccedilatildeoindividual ou social Representaccedilatildeo de conflitos sociais Alienaccedilatildeo

Cabe ainda citar Berio (1981) contrapondo sua palavra a todos osargumentos levantados aqui agrave incompreensibilidade da muacutesica seacuteria de vanguardaNatildeo creio em quem diz natildeo entendo esta muacutesica quer me explicarSignifica que ele nagraveo entende a si mesmo e natildeo sabe o lugar que ocupa nomundo e nem suspeita que a muacutesica eacute tambeacutem um produto da vida coleliva(pII )

E cabe tambeacutem assinalar que embora predominem opiniotildees restritivas agravemuacutesica seacuteria contemporacircnea na bibliografia consultada esse natildeo foi o criteacuterio de

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sua seleccedilatildeo e sim a sua respeitabilidade (e de suas fi t ) O on es que se parece

eVIdenCIar e um notono desconforto dos tratadista t s con emporaneos dIante

dessa mUSica ou mesmo a Incompreensatildeo dela - o que tt fi d I cons I UI enomeno dIgnoe ana Ise

A revisatildeo e as sistematizaccedilotildees apresentadas neste ca t I -( _pI U o nao pretendeme nao podem naturalmente) esgotar o tema abordado AI d

d I - em ISSO e precISoconsl erar as Imltaccediloes merentes a qualquer estudo d t- d b

e ao gran e a rangenCIaCntudo o matenal aqUI apresentado parece suficiente para ab

Pe s e t d - d h nr umar p c Iva e revlsao a Istona da muacutesica (e em esp I I d _ cCla e c aro as funccediloesque a musIca desempenhou e desempenha) bem como I fu d

I coocar n amentospre Immares a uma discussatildeo mais profunda sobre o

ensmo supenor de musIcacentrada em seu conteudo- a musICa - a partir d t d fu _

a o Ica c suas nccediloes socIaIs

IW

CAPIacuteTULO III

ENSINO DE GRADUACcedilAtildeO E FUNCcedilAtildeOSOCIAL DA MUacuteSICA

o objetivo deste capiacutetulo eacute trazer para o acircmbito do ensino d~ grad~a~atilde emmuacutesica o cnfoque da funccedilatildeo social da muacutesica cuja retrospectiva hlstonca eclassificaccedilatildeo foi feita no capitulo anterior a partir da revisatildeo da literaturaespecializada

A bibliografia consultada menciona em diversas passagens a neceSSidadede revisatildeo dos cursos de muacutesica

Harnoncourt (1988) situa na Revoluccedilatildeo Francesa uma importantemodificaccedilatildeo na relaccedilatildeo mestre-aprendiz que passou no acircmbito do ensino damuacutesica a ser substituiacuteda por uma instituiccedilatildeo - o Conservatoacuterio

Poder-se-ia qualificar o sistema deste conservatoacuterio de educaccedilatildeopolitico-musical A Revoluccedilatildeo Francesa tinha quase todos os muacutesicos d~ ~eu

lado e logo se percebeu que com a ajuda da arte em espeCial da musica() se poderia influtenciar as pessoas Naturalmente q~e o a~~ovelt~m~nto

politico da arte para clara ou imperceptivelmente d~utrnar o clda~ao o~

o suacutedito jaacute vem de longa data apenas isto ainda nao tznha Sido aplicado amuacutesica de forma tatildeo sistemaacutetica (p29)

Segundo Hamoncourt o meacutetodo do conservatoacuterio francecircs buscava mte~ara muacutesica ao processo poliacutetico geral atraveacutes de minuciosa uniformizaccedilaacuteo dos estilosmusicais

() princiacutepio teoacuterico era o seguinte a muacutesica deve ser suficientementesimples para que possa ser por todos compreendida ( contudo a pa~vra

compreender perde aqui o seu sentid~ proacuteprio) ele deve t~~ar e~~lta

adormecer seja a pessoa culta ou nao ela deve ser uma Izngua qutodos entendam sem precisar aprendecirc-Ia (Harnoncourt 1988 p29)

O novo ideal de egaliteacute (igualdade) subsidiava essa diretriz aplicada agrave mUacuteSicapreconizando-a como muacutesica para todos contrariamente agrave tendecircncia elitizantedo periacuteodo anterior

Os mais importantes professores de muacutesica da Franccedilaprecisavam consignar as novas ideacuteias num sistema riacutegido Tecnicamentetratava-se de substituir a retoacuterica pela pintura Foi assim que se desenvolveuo sostenu(fto a grande linha o legato moderno ( ) Essa revoluccedilatildeo naeducaccedilatildeo musical foi de tal forma radicalmente levada adiante que em

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algumas deacutecaacutedas por toda a Europa os muacutesicos passaram a ser formadospelo sistema de conservatoacuterio

Poreacutem o que parece mais grotesco eacute que ainda hoje tenhamos essesistema como a base da educaccedilatildeo musical Tudo o que era anteriormenteimportante foi dissolvido (Hamoncourt 1 988 p 30)

HamOD(Ourt prossegue no desenvolvimento da questatildeo afirmando que aeducaccedilatildeo musical atual continua aplicando aparentemente sem qualquer reflexatildeoprinciacutepios teoacutericos que haacute cento e oitenta anos faziam sentido mas que natildeo satildeomais compreendidos hoje em dia

O autor condena a formaccedilatildeo demasiadamente centrada na teacutecnica e enfatizagravea necessidade de atraveacutes de outros estudos e leituras ampliar a compreensatildeo damuacutesica de suas diversas linguagens e estilos - soacute assim natildeo se estariam formandoapenas acrobatas cuja preparaccedilatildeo essencial reside na teacutecnica SegundoHamoncourt essa maior compreensatildeo da muacutesica terminaria tendo reflexos nosprogr~mas ~e cnce~o levando os ouvintes tambeacutem eles a uma nova formaccedilatildeoque nao aceltana maiS uma praacutetica musical embrutecedora calcada na monotoniados programas ___

Como consequumlecircncia I~ica a separaccedilatildeo entre muacutesica popular e muacutesicasena aSSim como entre a mUSlca e seu tempo desapareceraacute e a vida cultural iraacuteencontrar novamente sua unidade (( r r (I

~~te deve~ia ser o objetivo da educ~ccedilatildeo musical em nosso tempo Jaacute que haacutem~tIt~llccediloes destmadas a este fim deveria ser mais faacutecil mudar e influenciar seusobjetlvos dando-lhes um conteuacutedo novo

Do mesmo modo que a Revoluccedilatildeo Francesa conseguiu com o Seuprograma ~e consenatoacuterio u~a mudanccedila rqdicpLnqYiJz~I a eacutepocaatual tamem podena conse~Ul-lo desde eacute claro que estejamos convencidosda neceSSidade destas mudanccedilas (Hamoncourt 1988 p33)

As oservaccedil~~ de Ha~oncourt permitem assinalar um aspecto importanten~ atual ensmo de mus~ca - a utilIzaccedilatildeo de modelos teacutecnicos e teoacutericos cujo significadonao pertence a nossa epoca Esse fato relaciona-se agrave crise que a muacutesica atravessaem nosso seculo crise es d t I

sa Ja escn a no capltu o antenol e que se situapredommantemente segundo os autores consultados no acircmbito ampcultura burguesa

Schurmann (1989) eacute um dos autores que assinala a crise musicalcontemporacircnea diant d d ~

e a esatlvaccedilao da linguagem musical burguesaprecomzando a urgente t d d d re orna a os atos de mUSicar e uma revisatildeo completar o p~peI da musica na educaccedilatildeo e na sociedade A muacutesica entatildeo a partir dessa

devlsao resgatando seu papel eminentemente criador deixaria de seru~amercadoriae consumo consumd

de c - I a por massa amorfa e readqulflna sua qualidade de modoomullIcaccedilao totalm td en e msen o no cotIdiano de uma nova comunidade social

III

Aula
Nota
1810 Zeacute Guerreiro e Samuel

Tambeacutem as palavras de Schurmann permitem assinalar outro importanteaspecto relativo ao atual ensino de muacutesica - a necessidade de resgatar a funccedilatildeqcomunicadora da muacutesica bem como seup~pel eminentemente_~~i(lQ2rde forma-aestabelecer sua possibilidade de atuar no cotidiano social

Embora abordando diferentemente a questatildeo da educaccedilatildeo musical tantoHarnoncourt quanto Schurmann levantam temas que apontam em direccedilatildeo da relaccedilatildeoentre funccedilatildeo social da muacutesica e ensino de muacutesica

Fischer (sd)ecircoutro autor que registra a crise no mundo burguecircs da cisatildeoentre muacutesica erudita afastada do povo e musica popular de diversatildeo compequeno valor em geral O autor afirma que um dos objetivos da educaccedilatildeosistemaacutetica eacute exatamente ampliar essa cisatildeo (p22 1)

A afirmativa de Fischer tambeacutem pode ser direcionada para uma reflexatildeosobre a funccedilatildeo social da muacutesica e do ensino sistemaacutetico de muacutesica no dizer doautor empenhado em enfatizar a separaccedilatildeo entre muacutesica erudita e popular EmboraFischer natildeo aprofunde a questatildeo cabe buscar responder qual a funccedilatildeo social doensino calcado nessa separaccedilatildeo e por que isso acontece

A preocupaccedilatildeo com o ensino de muacutesica no Brasil reflete-se em diversoseventos nacionais realizados nos uacuteltimos anos com a finalidade de discutir o tema eapresentar propostas para superar a reconhecida crise no setor Nessa linha podemoscitar o I Encontro Nacional de Educaccedilatildeo Musical promovido no Rio de Janeiro em1972 pelo Conservatoacuterio Brasileiro de Muacutesica o Seminaacuterio sobre o Ensino dasArtes e suas Estrateacutegias realizado em Ouro Preto em 1981 pela CAPES o IIEncontro Nacional de Pesquisa em Muacutesica promovido pela UFMG em 1985 emSatildeo Joatildeo Dei-Rei (que embora natildeo direcionado especificamente para o ensino demuacutesica tambeacutem apresentou contribuiccedilotildees nesse sentido) o V Encontro Nacionalde Educaccedilatildeo Musical realizado em 1986 no Rio de Janeiro pelo ConservatoacuterioBrasileiro de Muacutesica o II Simpoacutesio sobre a Problemaacutetica da Pesquisa e do EnsinoMusical no Brasil (SINAPEMj realizado em 1987 em Joatildeo Pessoa promovido pelaSeSu CAPES CNPq e UFPb o II Congresso Internacional de Muacutesica realizadoem 1987 no Rio de Janeiro pela EMIUFRJ entre outros

Koellreutter (1985) em trabalho apresentado no II Encontro Nacional dePesquisa em Muacutesica (Satildeo Joatildeo Dei-Rei) assinala a crise do ensino de muacutesica noBrasil e tal como Harnoncourt remete agrave heranccedila dos conservatoacuterios europeus

Acontece que os nossos estabelecimentos de ensino musical ainda seorientam pelas normas e pelos criteacuterios em que estavam baseados os

programas e curriacuteculos dos conservatoacuterios europeus do seacuteculo passado revelando-se instituiccedilotildees alheias agrave realidade musical brasileira na segundametade do seacuteculo XX e servindo dessa maneira a interesses que natildeo podemser os interesses culturais de nosso paiacutes (p192)

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Em acircmbito interno a Escola de Muacutesica da UFRJ realizou no periacuteodo de1986 a 1989 jornadas destinadas agrave revisatildeo de seus curriacuteculos com a participaccedilatildeoplena de professores e alunos Desses encontros resultou um documentopreliminar compilando todas as propostas apresentadas Contudo a partir de 1989o processo foi interrompido e o documento baacutesico natildeo chegou a ser analisado pelacomunidade Nesse documento transparece uma~preocupaccedilatildeocom a significaccedilatildeosocial expressa numa busca de maior inserccedilatildeo com o mercado de trabalho Contudoos cursos de graduaccedilatildeo e seu conteuacutedo tradicional natildeo foram revistos a partir deuma nova oacutetica que rompesse com a tradiccedilatildeo e a ineacutercia

Revendo os relatoacuterios dos eventos citados nos paraacutegrafos anterioresobserva-se que haacute reconhecidamente uma insatisfaccedilatildeo geral com o atual ensinode muacutesica no paiacutes O II Encontro Nacional da ABEMUS (Associaccedilatildeo Brasileirade Escolas de Muacutesica) realizado em 1990 na Escola de Muacutesica da UFRJevidenciou esse fato Contudo as propostas de reformulaccedilatildeo nunca chegaram ~ser aprofundadas e geralmente natildeo representam reestruturaccedilotildees significativasque impliquem num redirecionamento filosoacutefico do ensino de muacutesica

Co~tudo ~Igumas teses e artigos assinalam questotildees fundamentais paraessa revlsao filosofica e consequumlentemente metodoloacutegica e de conteuacutedo dos cursosde muacutesica sem que poreacutem em qualquer momento se tenha encontrado umaanaacutelis~ do tema a partir da funccedilatildeo social da muacutesica Algumas abordagens seaproxImam da questatildeo da funccedilatildeo social mas em nenhuma delas constitui o eixofundamental da forma como aqui se processa

Buscando contribuir para o avanccedilo da anaacutelise da problemaacutetica do ensinode graduaccedilatildeo em muacutesica no Brasil o mesmo foi analisado a partir desse eixo _

(atilde1Unccedilatildeo social da muacutesica Os exemplos foram tomados agrave Escola de Muacutesica da( UFRJ natildeo ~or se~ a uacuten~ca detentora de tais problemas mas pelas razotildees que ses~gue~ 1) e a maIs antIga do Brasil e ateacute certo ponto forneceu modelos que se I

dlfu~dlra~ por todo o pais 2) eacute o universo mais proacuteximo desteacute pesquisadoi~porle Ivenc~adocomo aluno e ~tualmente como integrante de seu corpo doc~nte

) e posslvel supor que mUltas das observaccedilotildees e conclusotildees baseadas naobseraccedilatildeo da EMUFRJ possam na maioria das vezes ser aplicaacuteveis ao restodo paIs

Para tal exemplificaccedilatildeo anexou-se a este trabalho parte de um cataacutelogopu~hcado em 1981 pela Direccedilatildeo da Escola de Muacutesica da UFRJ A parte dessecatalogo transforrn d ( Ad a a em anexo Anexo 1) e a que se refere agrave Estrutura

HCbal~ml~a da EMUFRJ vigente ateacute hoje contendo I) Relaccedilatildeo dos Cursos ea I Itaccediloes 2) C I UITICU o por HabIlItaccedilatildeo e 3) Ementas

d fu sslm questionou-se o ens ino de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir do enfoquea nccedilao SOCIal da m

USlca e para melhor ordenaccedilatildeo do estudo foram retomadas

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Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Retomou-se inicialmente a funccedilatildeo da expressatildeo emocional Certamentee~ta funccedilatildeo natildeo estaacute inteiramente ausente nos cursos de graduaccedilatildeo mas semdUVIda podemos IdentIficaacute-Ia como atrofiada Por que As raiacutezes baacutesicas estariamnaquel~s caracteriacutesticas jaacute assinaladas o ensino estaacute calcado em ecircnfase nosprocedIme t t

n ~s ecmcos o repertono trabalhado por ser prioritariamente de eacutepocaspassa~as nao corres~onde a conteuacutedos atuais e soacute pode ser apreendidoparcm mente os procedImentos criativos satildeo minimizados ou ausentes nos referidoscursos de vez que privl d ~

d ~ I egmm a repra uccedilao calcada na leitura musical ao inveacutes dapro uccedilao (teonca ou praacutetica)

p f ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos aleacutem de observada e vivenciadaessoa mente pelo autor desta pesquisa eacute assinalada por diversos autores

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repertoacuterio sendo que conforme jaacute assinalado anteriormente esse repertoacuterieacute prioritariamente o dos seacuteculos XVIII e XIX o

A ecircnfase nos mecanismos reprodutoacuterios conduz a uma quinta observaccedilatildeoque eacute a da ecircnfase dada agrave muacutesica escrita nos cursos de graduaccedilatildeo com um~consequumlente supervalorizaccedilatildeo dos mecanismos de leitura

Finalmente uma sexta observaccedilatildeo diz respeito agrave apresentaccedilatildeo do conteuacutedoem disciplinas sequumlenciais de conteuacutedo crescente dispostas atraveacutes dos periodosnuma perspectiva linear-evolucionista (vide Anexo I) o que eacute observaacutevel tambeacutemno r~pertoacuterio ~u~ical d~s instru~entos (vide Anexo 2) Cabe ao aluno apenassegUIr essa traJetona pre-determmada e ao professor ministrar conhecimentospreacute-determinados tambeacutem nessa sequumlecircncia

A pa~ir dessas observa~otildees iniciais procurou-se identificar entre as funccedilotildeessocIaIs assmaladas por Memam aquelas que seriam atendidas pelo ensino degraduaccedilatildeo em muacutesica tal como ele hoje eacute estruturado As categorias de Merriamforam tomadas como instrumento auxiliar nessa tarefa natildeo com a finalidade deesgotar nessa anaacutelise a questatildeo do conteuacutedo dos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica

A proposta aqui tal como no capiacutetulo anterior eacute de proceder a uma anaacutelisefunc~onal (e natildeo funcionalista) na forma como Demo (1989p28) assinala a anaacutelisefunCIonai visa a investigar funccedilotildees de algo na sociedade sem reduzi-lo aeste aspecto o que jaacute seria funcionalismo Ou seja a investigaccedilatildeo sobre asfunccedilotildees sociais da muacutesica trabalhada nos cursos de graduaccedilatildeo natildeo constitui nestetrabalo um fim em si uma tentativa de reduzir toda a questatildeo a essa persp~ctiva

rCnstttUI antes um meio para que se busque lanccedilar luzes sebre a problemaacutetica de ItaIS ursos e para ~u~ se possa ousar o esboccedilo de outras perspectivas que natildeo

estarao confinadas a ottca funcionalista

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as funccedilotildees sociais da muacutesica identificadas por Merriam buscando assinalaacute-las noniacutevel de ensino aqui delimitado a partir da anaacutelise de seu conteuacutedo

Cabem poreacutem algumas observaccedilotildees introdutoacuterias cuja finalidade eacute delinearalgumas caracteriacutesticas gerais do ensino superior de muacutesica primeiramente oensino de graduaccedilatildeo em muacutesica no Brasil tem historicamente se baseado noensino de musica seacuteria evidenciando-se inclusive entre seus professores fortepreconceito contra os demais tipos de muacutesica por eles consideradosfrequumlentemente de naturez~ inferi00 bsra-s portanto que o universo musicaldo ensino de graduaccedilatildeo e o da musIca sena havendo apenas pequenas eisoladas referecircncias agraves muacutesicas popular e folcloacuterica que praticamente natildeofazem parte da vivecircncia musical do aluno no decorrer de sua formaccedilatildeo

Uma segunda observaccedilatildeo preliminar igualmente importante eacute a de que talcomo nas salas de concerto o repertoacuterio musical trabalhado nas escolas de muacutesicaeacute prioritariamente (poder-se-ia ateacute dizer que quase exclusivamente o da musicaseacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX assim como o conteuacutedo enfocado eacuteprioritariamente centrado naqueles seacuteculos A problemaacutetica relativa a essefenocircmeno ineacutedito na histoacuteria da muacutesica jaacute foi abordada no capiacutetulo anterior cabendoaqui transportaacute-lo para o acircmbito do ensino de graduaccedilatildeo Para exemplificar asobservaccedilotildees relativas ao repertoacuterio anexou-se coacutepia do repertoacuterio de piano doCurso de Graduaccedilatildeo da Escola de Muacutesica da UFRJ (Anexo 2) O exame desserepertoacuterio comprova as observaccedilotildees feitas e foi escolhido como exemplo por doismotivos 1) o curso de piano eacute o que conta com maior nuacutemero de alunos 2) aindaque com variaccedilotildees quanto agrave proporccedilatildeo de autores contemporacircneos e autores dosseacuteculos XVIII e XIX os repertoacuterios dos demais instrumentos refletem as mesmascaracteriacutesticas gerais do de piano

Uma terceira observaccedilatildeo diz respeito agrave ecircnfase dada nos cursos de graduaccedilatildeoaos procedimentos teacutecnicos o que eacute assinalado por diversos autores (Koellreuter1985 Harnoncourt 1988 Jardim 1988 entre outros)

A teacutecnica eacute ferramenta da arte serve a ela viabiliza sua expressatildeo - masnatildeo eacute um fim em s~ nem pode ser exacerbada em detrimento de praacuteticas criativasreflexivas interpretativas Schaeffer (1966) alerta para o fato de que a teacutecnica eacuteuma maacutegica sobre a qual repousa toda a realizaccedilatildeo musical mas que natildeo podejamais ser transformada em um fim Eacute contudo numa situaccedilatildeo de ecircnfase que osprocedimentos teacutecnicos aparecem nesses cursos

Uma quarta observaccedilatildeo relativa aos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica dizrespeito agrave minimizaccedilatildeo dos procedimentos criativos o que corresponde a umaatrofia dos mecanismos de produccedilatildeo musical e a uma ecircnfase nos de reE9E1ltordf-Ccedill

Prati~~~~~tecirc--iiatildeo se cria livremente nesses cursos seja saber musicalseja musicoloacutegico As atividades privilegiadas satildeo aquelas de ~eproduccedilatildeo ~~

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de um significado soci~I Quer~e~o~n~-se conteuacutedo ou significado quando proveacutemde outro contexto ou epoca nao e inteiramente acessiacutevel a noacutes _e eacute nesse sentidoque eacute qu~stionado o predomiacutenio de obras (e de conteuacutedos) de outras eacutepocas

E mt~ressante a respeito da relaccedilatildeo entre funccedilatildeo de expressatildeo emocional erepertono ItarM~IT1am~ 164 p12) quando ele assinala a existecircncia de emoccedilotildeese expressoes oCldentals decorrentes de atitudes e valores adquiridoscuItural~enteOu seja a patlr de modelos esteacuteticos condiciona-se a expressatildeo ea emoccedilao das pessoas realIzando uma espeacutecie de treinamento social O t

I ~ au orre ata expenencIas em que a muacutesica ocidental propicia a estimular detenninadasemoccedilotildees nada despertou em indiviacuteduos de outras culturas

-o As~im a centra~izaccedilatildeo do universo musical dos cursos de graduaccedilatildeo nos modelos -de umpenodo de~e~llladoconduz a um condicionamento de expressatildeo e de emoccedilatildeo

e restnnge a POSSIbilidade de expressatildeo emocional a partir de outros paracircmetrosSe o~ ~ursos de grad~accedilatildeo em muacutesica privilegiam quase que exclusivamente

sse repertoflo ~Ies esvaziam a praacutetica musical dos alunos do conteuacutedo de nOSsae~ocae consequ~ntemente restringem a possibilidade de uma expressatildeo emocionalnao alienada SOCIalmente O saber musical da quarta Idade da m middotmiddotmiddot------1middot

- uSlca e margmanos cursos ~e graduaccedilao cUJa enfase se daacute em obras dos seacuteculos anteriores queapenas p~rcIa~mente pennitem a realizaccedilatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emoci~nal que se da aSSim em bases sociais alienantes f

eacute o ~ ~ut~o atilde~gulo pertnete ao afuni~amento da funccedilatildeo de expressatildeo emocionalda mmllluzaccedilao ou ausenCIa de procedImentos criativos decorrentes do privileacutegio

dado nesses cursos aos procedimentos reprodutores

A questatildeo de certa fonna jaacute foi enfocada nos paraacutegrafos anteriores mascab~ ressaltar novamente a ecircnfase que as escolas de muacutesica concedem agrave muacutesicaescnta e agrave Sua reproduccedilatildeo com a agravante de que o repertoacuterio reproduzidopertence quase emsua totalidade aos seacuteculos anteriores Aleacutem do fato de que osproce~sos reprodutivos natildeo pennitem o exerciacutecio pleno da funccedilatildeo de _emocIOnal h expressaoO ~ a que se regIstrar tambeacutem que a mera reproduccedilatildeo exclui a produccedilatildeoCu seja n~o se produz muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo (agrave exceccedilatildeo dos cursos d~

Jomposlccedilao) - ap~nas se reproduz e isso limita as possibilidades de realizarp enamente a funccedilao de expressatildeo emocionaL

~ respeito ~o aspecto criaccedilatildeo eacute interessante fazer algumas observaccedilotildees

F h (artista ena se expressa atraveacutes de fonnas Conteuacutedo e forma segundoISC er sd p 15) -

dialeacutetica O sao conexos e zntlmamen~e ligados em interaccedilatildeo for mes~~ a~tor ainda afinna que arte eacute~doaccedilatildeo de forma e ue

ma e a experzen~Q social solidificada (p175-176) qOra o ato de cnar press - b I

Read (1958) - Upoe o esta e eClmento de fonnas que segundo sao essenCiaiS para a apreensatildeo dos significados da arte pelo homem

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Hamoncourt (1988) no iniacutecio deste capiacutetulo jaacute foi citado mencionando aexcessiva ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos na fonnaccedilatildeo musical sistemaacutetica

Jardim (1988) tambeacutem identifica esse problema relacionando-o inclusive agraveecircnfase nos procedimentos reprodutores nas escolas de muacutesica bem como agravehipertrofia da escrita e da leitura musicais Ou seja~o considerarem_some~te amusica escrita as escolas trabalham apenas com processos de reproduccedilao musical

i que para isso necessitam de um adestramento teacutecnico ~ seja fisic no acircmbito d~s

movimentos do muacutesico seja mental em tennos de dommar a escnta para atravesde uma leitura aacutegil melhor reproduzir o que se lhe apresentaj O autor assinalaum afunilamento do conceito de muacutesica a partir desse processo Pode-se semduacutevida complementar afinnando que haacute tambeacutem um afunilamento da funccedilatildeo deexpressatildeo emocional

Oliveira (1991) ao analisar o curriacuteculo de Trompa vigente na Escola deMuacutesica da UFRJ assinala tambeacutem a ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos emdetrimento de procedimentos criativos ou reflexivos A observaccedilatildeo do autoraleacutem de poder ser aplicaacutevel agrave maioria dos cursos de muacutesica serve de reforccedilo agraveafinnativa aqui apresentada de que a funccedilatildeo de expressatildeo emocional eacute minimizadanesses cursos

KoeIlreutter (1985) tambeacutem faz referecircncia agrave ecircnfase nos procedimentosteacutecnicos - habilidades instrumentais - relacionando-a agrave concepccedilatildeo global do ensinoministrado pelas escolas de muacutesica

Em sua maioria as escolas de muacutesica natildeo passam de pretensasfaacutebricas de inteacuterpretes para as promoccedilotildees musicais da elite burguesa o quesignifica em termos de ensino musical especializaccedilatildeo unitateralaperfeiccediloamento exclusivo das habilidades instrumentais e preparaccedilatildeo deum tipo de musicista que vecirc seu ideal na apresentaccedilatildeo de um repertoacuterio inuacutemeras vezes repetido de valores assim chamados eternos estabelecidose apreciados pela elite (p142)

A outra questatildeo levantada pertinente ao afunilamento da funccedilatildeo deexpressatildeo emocional diz respeito ao repertoacuterio que confonne afirmativa anterioreacute centrado nos seacuteculos XVIII e XIX o que pode facilmente ser comprovado peloexame dos programas dos diferentes cursos (vide Anexos 1 e 2)

Ora no capiacutetulo anterior foram apresentadas anaacutelises de diversos autoressobre o predomiacutenio absoluto desses repertoacuterios nas salas de concerto A questatildeoem parte pode ser situada no fato de que o conteuacutedo que essas muacutesicas veiculamnatildeo eacute o de nossa eacutepoca e que na verdade jaacute natildeo podemos apreendecirc-locomplctamente Cabe observar que conteuacutedo e significado em muacutesica satildeoconceitos proacuteximos ou igualaacuteveis se for considerado que conteuacutedo eacute temaimpregnado das vinculaccedilotildees sociais em que se insere ou seja eacute tema impregnado

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determinado periacuteodo histoacuterico Pretender universalizar os padrotildees de uma culturae de uma eacutepoca eacute empobrecimento esteacutetico e nesse sentido o ensino uni-direcionalpara uma esteacutetica impede a elaboraccedilatildeo de novos valores

Ora esteacutetica natildeo eacute conceito redutiacutevel a um uacutenico enfoque e certamenteao direcionar a formaccedilatildeo do aluno para modelos ideais do periacuteodo citado perdeshy

I se a possibilidade infinita e dinacircmica da vivecircncia esteacutetica em Sua plena con~epccedilatildeoTomando oRead (1981 p169) as categorias de inteligecircncia cartesiana

(fundada no raciociacutenio) e inteligecircncia esteacutetica (fundada nos sentidos) a experiecircnciaesteacutetica ligada a esta uacuteltima categoria implicaria na apreensatildeo do mundo atraveacutesdos sentidos o que ocorre por excelecircncia atraveacutes da atividade artiacutestica(contrariamente segundo o autor a inteligecircncia cartesiana trataria da estruturaccedilatildeodo pensamento racional e ideal)

A apreensatildeo do mundo atraveacutes da vivecircncia prioritaacuteria de modelos artisticosde eacutepocas passadas resultaria num afunilamento da experiecircncia esteacutetica fundadadessa maneira numa perspectiva univoca (os modelos da eacutepoca enfocada)privando~a da nqueza da experiecircncia muacuteltipla

Restringe-se pois a possibilidade do prazer esteacutetico ao reduzir-se o universomUSicaI do aluno Restringe-se assim o exerciacutecio dessa funccedilatildeo

Mas e preciso ~inda considerar tal como Merriam o fez a funccedilatildeo do prazerestetIco segundo dOIS pont~s de vista o do criador e o do contemplador Eacresce~tar tal cmo ZamacOls (1986) um terceiro o do inteacuterprete Ja f~1 aS~I~alada anteriormente a ecircnfase que os cursos de graduaccedilatildeoIm~n~cmas pratIcas reprodutivas em detrimento das produtivas Ora se o alunose 1lmlta a reproduzir ele deixa de exercitar degprazer esteacutetico em sua modalidademaIS plena ou seja aquela inerente ao ato de criar jaacute analisado anteriormenteObserva-se a partir dessa constataccedilatildeo que esse prazer se vecirc restrito nos cursosdegrd - I

a uaccedilao aque e atlllglvel pelo inteacuterprete ao executar (reproduzir recriar)~bras compostas por outros muacutesicos na maioria dos casos tambeacutem de outrasepocas

Considerando outro acircngulo do prazer esteacutetico - o do contemplador eacute precisosituar o aluno de dua f 1) I

I - s ormas e e mesmo o aluno como contemplador- 2) aTe accedilao do ~Iu~o co~ as pessoas que contemplam suas realizaccedilotildees musicai~r ~ pnmel~a Situaccedilatildeo e~middota do aluno ele mesmo como contemplador cuialormaccedilao de ~

vena apnmorar-se no decorrer do curso Contudo a concepccedilatildeo deestetIca que o curso Ih t e ransmIte e Ulllvoca ou seja proveacutem dos modelos de um

UTIlCO penado da h t d P I IS OTIa a musica e portanto absolutamente restritiva Ao senvar o a uno de P - lVenCIas estetlcas vanadas e da compreensatildeo de que esteacutetica

ressupoe POSSlblhdad fi Praze L cs m mltas sem duacutevida restringe-se sua percepccedilatildeo e seu

r Imita-se assim d a um umverso Immuto a funccedilatildeo do prazer esteacutetico

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Eacute preciso pois estabelecer uma distinccedilatildeo entre o ato de criar muacutesica e o derecriar (reproduzir interpretar) No primeiro haacute a liberdade plena da proposiccedilatildeode forma e conteuacutedo (inseparaacuteveis segundo Fischer e socialmente condicionados)No segundo parte~se de formas preacute-determinadas que o inteacuterprete ao reconstruishylas apresenta aos espectadores que procederatildeo a uma segunda instacircncia recriadoraao apreendecirc-las e interpretaacute-las

Justifica-se assim o ponto de vista aqui assumido de que ao enfatizarem osprocessos reprodutoacuterios os cursos de graduaccedilatildeo restringem a funccedilatildeo de expressatildeoemocional ao situaacute-la prioritariamente no acircmbito da recriaccedilatildeo

Eacute preciso ainda registrar que a muacutesica dos seacuteculos XVIII e XIX cuja baseeacute o sistema tonal se for considerada uma linguagem (haacute sem duacutevida divergecircnciassobre a questatildeo) natildeo o eacute de nossa eacutepoca Portanto se adotarmos a premissa deque a muacutesica euma linguagem precisamos consideraacute-Ia em termos dinacircmicos eatuais e natildeo como produto acabado e estaacutetico o que ocorre quando cristalizamosos procedimentos musicais na praacutetica reprodutora da muacutesica de outras eacutepocas

Perde-se pois a experiecircncia do processamento dinacircmico da elaboraccedilatildeopermanente da linguagem e certamente isso tem reflexos no acircmbito da expressatildeoemocional

A exclusatildeo das muacutesicas populares e folcloacutericas da vivecircncia musical doscursos de graduaccedilatildeo reduz a possibilidade de realizaccedilatildeo da funccedilatildeo de expressatildeoemocional mais presente no contexto dessas manifestaccedilotildees que no da muacutesicaseacuteria (vide abordagens de diversos autores apresentadas no capitulo anterior)

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Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

Outra funccedilatildeo a ser considerada nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica eacute a doprazer esteacutetico

O prazer esteacutetico nesses cursos e direcionado ou seja os modelos esteacuteticosconsiderados ideais satildeo aqueles do periacuteodo barroco-classicismo-romantismo (videanexos)

Tal fato pode ser evidenciado nagraveo soacute pelo repertoacuterio prioritariamente calcadoem muacutesicas desse periacuteodo mas por conteuacutedos e praacuteticas de certas disciplinascomo Harmonia c Morfologia (vide ementa no Anexo I) que tecircm tradicionalmentese nutrido das normas e princiacutepios dos seacuteculos XVlII e XIX

As concepccedilotildees de harmonia e forma do periacuteodo barroco-classicismoshyromantismo refletem os padrotildees esteacuteticos daquela eacutepoca espelham a sociedadeem que se estruturaram que natildeo eacute a de hoje Aprisionar os conceitos de harmoniae forma agraves praacuteticas desse periacuteodo eacute aprisionaacute-los no tempo e no espaccedilo - eacute tirarshylhes a vida jaacute que a arte eacute sempre produto de uma cultura determinada e de um

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derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia Concessotildees satildeo feitas ao que seriam os antecedentesdessa muacutesica (Histoacuteria da Muacutesica I) e pequenas referecircncias satildeo feitas aos seusconsequumlentes - muacutesica brasileira e muacutesica na Ameacuterica Latina satildeo apenaspequenos toacutepicos isolados na ementa de Histoacuteria da Muacutesica IV Passa-se assimao aluno a falsa ideacuteia de que a histoacuteria da muacutesica da humanidade eacute a histoacuteriadamuacutesica seacuteria europeacuteia

Wisnik (1989) contrapotildee-se a esse enfoque propondo em O som e osentido uma histoacuteria das muacutesicas Seeger citado por Dufrenne (1982 v2 p148)tambeacutem critica o ensino de muacutesica centrado nos modelos esteacuteticos europeus

Quanto mais cedo os historiadores da muacutesica ocidental seguindo o exemplode quase todas as categorias de historiadores ocidentais abandonarem oeur~jcentrismo e comeccedilarem a estudar as muacutesicas natildeo ocidentais ( assimcomo as suas prpri~smuacutesicas popularese folcloacutericas que constituem doravAgrave1tedados etnomuslcologlcos) e quanto mais cedo os etnologistas da muacutesica (quedeveratildeo ser na medida do possiacutevei natildeo soacute antropologistas mas ainda musicoacutelogose compreender os natildeo ocidentais) se lanccedilarem na etnomusicologia da muacutesicaocidental considerada como um todo - isto eacute englobando tanto a muacutesica eruditacomo as obras populares e folcloacutericas - melhor seraacute para todos

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Funccedilatildeo de Divertimento

A terceira funccedilatildeo identificada por Merriam eacute a de divertimento e cabeaqui buscar responder em que medida ela pode ser associada agraves atividades ~usicai~dos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica bem como agrave formaccedilatildeo musical por elesdesenvolvida

Comojaacute foi enfaticamente exposto em paraacutegrafos anteriores a realizaccedilatildeo musicalnas escolas de muacutesica dedica-se prioritariamente agrave reproduccedilatildeo de obras do periacuteodobarroco-claacutessico-romacircntico As muacutesicas desse periodo - muacutesicas seacuterias - destinamshyse no contexto da quarta idade a um tipo extremamente especial de divertimento ousejao deu~ puacuteblico de experts que frequumlentam as salas de concerto para usufruirde taiS mUSIcas o que talvez possa ser considerado como diversagraveo

A reduccedilatildeo do universo de experiecircncias musicais na formaccedilagraveo do aluno levaa que ele se relacione apenas com essa modalidade fugaz de diversatildeo que segundoAd

orno Ja CItado antenormente representana um processo ilusoacuterio e alienantede v~z que revestido de todas as concepccedilotildees fetichizantes que envolvem a muacutesicano seculo XX

~leacutem disso a exclusatildeo de outras categorias de muacutesica a popular e afolclonc r

fa e Imllla as pOSSIbilidades de dIVersatildeo inerentes a elas Cabe aliaacutes

azer duasbbserv - I accediloes a esse respeIto pnmeIramente a de que na revisatildeo de

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A presente questatildeo - formaccedilatildeo musical do aluno a partir de modelos tomadosa uma esteacutetica especiacutefica - po de ser bem ilustrada pela disciplina PercepccedilatildeoMusical (vide ementas no Anexo 1) A percepccedilatildeo dos alunos eacute trabalhada a partirde estruturas tonais que correspondem aos modelos esteacuteticos do periodo priorizadopelo curso Resulta desse fato uma limitaccedilatildeo da percepccedilatildeo musical dos alunosmodelada e condicionada a partir de paracircmetros uacutenicos o que tecircm reflexos restritivosna percepccedilatildeo de outras estruturas e modelos e conseqiientemente na apreensatildeoesteacutetica a partir de outros paracircmetros

A outra situaccedilatildeo a ser considerada eacute a da relaccedilatildeo do aluno no exerciacutecio desua atividade musical com o puacuteblico que contempla suas realizaccedilotildees Ora se apraacutetica musical nas escolas de musica eacute reprodutora e natildeo eminentemente criadorase adota prioritariamente modelos alienados de nossa eacutepoca a muacutesica que daiacute provemoferece tambeacutem aos contempladores possibilidades de prazer esteacutetico restritas

Pode-se considerar que os iniciados usufruem plenamente dessasrealizaccedilotildees musicais mas cabe questionar o produto musical dirigido a tatildeo poucosAcaso o resto da sociedade natildeo eacute dotado de sensibilidade musical de sensibilidadeesteacutetica Seratildeo as manifestaccedilotildees musicais populares e folcloacutericas desprovidasda vertente esteacutetica

Duas perguntas que Blacking (1980) formula encaixam-se nesta linha dequestionamento

O desenvolvimento cultural representa um progresso real dasensibilidade humana e da capacidade teacutecnica ou eacute sobretudo- umdivertimento para uso das elites e uma arma de eacuteSploraccedilatildeo de classes Eacutepreciso que a maioria seja declarada natildeo musical para que uma pequenaelite possa se considerar mais musical ( p12 )

Sem pretender esgotar aqui esses questionamentos cabe citar o mesmoautor quando ele nega valor agrave distinccedilatildeo entre muacutesica claacutessica e muacutesica folcloacutericareduzindo tais denominaccedilotildees a simples etiquetas e quando ele afirma que todamuacutesica eacute popular no sentido de que ela pressupotildee um contrato social Blackingassinala tambeacutem a atitude dos estabelecimentos de ensino musical cujo universomusical eacute centrado na musica claacutessica europeacuteia Ele classifica esse ensino comoelitista fruto da mentalidade capitalista

As afirmativas de Blacking referidas no paraacutegrafo anterior servem dereforccedilo agrave reflexatildeo dirigida ao universo esteacutetico oferecido ao aluno dos cursos degraduaccedilatildeo em muacutesica que aleIacutei1 de representar uma limitaccedilatildeo das possibilidadesesteacuteticas da formaccedilatildeo desse aluno eacute fruto de uma ideologia que busca valorizaros modelos advindos da cultura burguesa europeacuteia em detrimento dos demais

A ementa da disciplina Histoacuteria da Muacutesica (vide Anexo 1) tambeacutem ilustraesse enfoque esteacutetico uniacutevoco na medida em que aborda apenas a muacutesica seacuteria

O autor prossegue afirmando que nossos conceitos empiacutericos podemgrosso modo ser divididos em duas classes - teoacuterica ou praacutetica - conforme o~interesses a que se aplicam Nada disso poreacutem se aplica agrave arte nela por traacutesda existecircncia da natureza das propriedades empiacutericas das coisasdescobrimos de suacutebito as formas (p267) Essas formas natildeo satildeo simplesduplicata do real mas uma direccedilatildeo especial uma nova orientaccedilatildeo de nossospensamentos de nossa imaginaccedilatildeo de nossos sentimentos

A questatildeo da representaccedilatildeo tal como Cassirer a coloca sc daacute por meio deformas cuja funccedilatildeo erevelar uma dimensatildeo do conhecimento que natildeo eacute aconceituaI e natildeo a simples apresentaccedilatildeo ou reproduccedilatildeo da realidade

Considerar arte ou muacutesica - como linguagem eacute questatildeo polecircmica Haacutea~ueles co~o Duarte (~953 I81) que natildeo as consideram como linguagem pornao transmItIrcm conceItos Ha aqueles como Jardim (1988) quc as consideramlinguagem por articl larem sentidos e transmiti-los o que se daacute atraveacutes das formas

Se f~r considera(iJ que a muacutesica eacute linguagem por transmitir alguma coisasejam sentImentos emoccedilotildees sejam sentidos novamente a questatildeo de os cursosde muacutesca Iidarem quase exclusivamente com modelos de uma determinada eacutepoca(que nao e a nossa) compromete o exerciacutecio dcssa funccedilatildeo pois os sentidos ouemoccedilotildees ou significados proviriam estritamente dessas obras tomadas comomodelos limitando a percepccedilatildeo e a compreensatildeo de outros possiacuteveis sentidosemoccedilotildees ou significados

A concep~atildeo de linguagem natildeo pode ser estaacutetica desprovida da renovaccedilatildeoconstante e at~ahzan~e ~ssima cristalizaccedilatildeo e a priorizaccedilatildeo de modelos implican~na ~retensaode cnsta~Izar a Imguagem musical desprovendo-a de seu potencialdmamIc~ de sua rec~Iaao permanente de sua atualizaccedilatildeo Ora tal praacutetica resultasem dUVIda numa lImItaccedilatildeo das possibilidades da muacutesica ser vivenciada comoImguage~o que resulta numa atrofia da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

A enfase nos ~~ocedimentos teacutecnicos a ecircnfase nos aspectos visuais dam~sIca com a consequente supervalorizaccedilatildeo da escrita e da leitura musicais satildeopratIcas que por si soacute restringem a funccedilatildeo comunicadora da musica Mas satildeoab~~lutamente necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo musical na qual se alicerccedila o ensino damusIca

E a reprodu ~ ~das ativi ccedil~o como c~lase dos cursos de graduaccedilatildeo significa restriccedilatildeo

dades cnatIvas que senam as comunicadoras por excelecircncia O ato decnar arte pode ser I d

fi d ~e aCIOna o ao ato de comUOlcar por pressupor que algueacutem iraacute~iu ~Ir o ~ue fOi concebido A reproduccedilatildeo portanto ao limitar o potencial de

_accedill~dadeg restnngeas possibilidades da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo na medida em quenao I comaartIculaccedil- d d

ao c scntI os atraves da proposiccedilatildeo de formas expressivasmas com a recnaccedil- _ ao e mterpretaccedilao de formas preacute-estabelecidas

literatura realizada a funccedilatildeo de divertimento encontra-se muito mais claramenteassociada agraves manifestaccedilotildees populares e folcloacutericas que agraves de muacutesica seacuteriaem segundo lugar a de que apesar das fortes restriccedilotildees agrave classificaccedilatildeo da muacutesicanessas categorias eacute impossiacutevel em se tratando de ensino de muacutesica tal como eleestaacute estruturado e concebido deixar de consideraacute-Ias pois elas se acham impliacutecitasao sistema educacional que no dizer de Fischer empenha-se em acentuar essadiferenciaccedilatildeo

Divertimento puro ou associada a outros eventos como a danccedila a muacutesicapopular e folcloacuterica eacute a que lida efetivamente com essa funccedilatildeo E o ensino demuacutesica ao limitar a vivecircncia musical agrave muacutesica seacuteria parece tambeacutem restringi-Iaem seu acircmbito

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo eacute outra que Merriam considera entre as funccedilotildeessociais da muacutesica

A anaacutelise dessa funccedilatildeo no que tange aos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesicapode ter iniacutecio mais uma vez com a questatildeo dos modelos dos seacuteculos XVIII eXIX que satildeo priorizados em seu ensino Ora a priorizaccedilatildeo por si jaacute indica umaatribuiccedilatildeo de valor maior a esses modelos e a uma pretensatildeo de transformaacute-losem detentores fdaf~erdadeno sentido de conf~midade com uma regra ou conceitoaparentemente uacutenico

Ocorre que a concepccedilatildeo de verdade transmitida como fenocircmeno estaacutetico ecristalizado independente dc eacutepoca ou contexto exclui a possibilidadeextremamente rica em arte de se descobrir as verdades infinitas existentes nosinfinitos modelos que a humanidade tem produzido ie~tring~e assim apossibilidade de comunicaccedilatildeo num sentido mais amplo que eacute aquela que amuacutesica como qualquer outra obra de arte possibilita quando transcendendo eacutepocae espaccedilo eacute apreendida ou compreendida por algueacutem

Outra forma de considerar aqui a questatildeo da comunicaccedilatildeo eacute considerar amuacutesica uma linguagem Apesar da divergecircncia a respeito do assunto pode-selidar com a questatildeo aceitando ser a muacutesica uma linguagem ainda que natildeotransmita conceitos e ainda que natildeo lide necessariamente com representaccedilotildeesA esse respeito eacute interessante citar Cassirer

Nem linguagem nem arte nos proporcionam uma simples imitaccedilatildeodas coisas ou de accedilotildees ambas satildeo representaccedilotildees Mas uma representaccedilatildeono meio de formas sensoacuterias difere amplamente de uma representaccedilatildeo ve1alou conceituai ( 1977 p 266 )

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125

pouco espaccedilo dedicam a esse repertoacuterio eles restringem o acesso do alunado agravevivecircncia e agrave compreensatildeo do simbolismo que essa muacutesica carrega

Ainda segundo Adorno a muacutesica de vanguarda representa um foco verdadeirode resistecircncia aos ditames da induacutestria cultural Ao minimizaacute-Ia os cursos degraduaccedilatildeo retiram de seu contexto a possibilidade de questionar a accedilatildeo da induacutestriacultural Ao contraacuterio corroboram-na pois tal como a industria fonograacutefica ouas transmissotildees radiofoacutenicas privilegiam o repertoacuterio de muacutesica seacuteria aceitopela burguesia ou seja o dos seacuteculos XVIII e XIX

Ao enfatizarem tambeacutem a reproduccedilatildeo desse repertoacuterio de outras eacutepocasrestringindo as atividades criadoras os cursos de graduaccedilatildeo deixam de pennitique produzindo muacutesica os alunos exerccedilam no ato de criar a funccedilatildeo de representare transmitir simbolicamente os conteuacutedos de nossa eacutepoca

A esse respeito eacute interessante citar Koellreutter( I990) quando ao analisara educaccedilatildeo musical no terceiro mundo ele questiona a centralizaccedilatildeo do conteuacutedonaquele de seacuteculos anteriores

Eacute preciso compreender que o conceito de cultura - em um mundo deinteg~accedilatildeo como o nosso - natildeo pode ser o conceito criado pela burguesiado seculo XIX Orgacircnica e dinamicamente a cultura acha-se associada agravehistoacuteria da sociedade da qual natildeo pode ser isolada( p 2)

Outro aspecto a ser considerado tno~--q~-tangeagrave funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica eacute o processo de feUumlchi~que envolve a muacutesicae n~ssa eacutepoca conform assinalad9 por Adorno (975) ~ntre os fetichesIdentIficados por ele estao os mterpretes e maestros valorizados comoestrelas Os cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica satildeo direcioria~fsshypriori~ariamente agrave formaccedilatildeo de virtuoses solistas e nesse sentido ele~contnbuem para a formaccedilatildeo dessas estrelas (fetiches) que longe deressaltare~osaspectossimboacutelicos da muacutes~a que realizam voltam-se para aaut~-valon~aao com VIstas ao estrelato1 Denm~erspectiva a funccedilatildeosocI~IdamUSIca realizada perde espaccedilo para o estrelismo social esvaziandoa mUSIca de seus significados simboacutelicos i

~ repertoacuterio dos seacuteculos XVIII e XIXjaacute consagrado pela burguesia eacute oque maIS serve aos propoacutesitos do estrelato O acervo musical do seacuteculo XX eacuterechaccedil~~o por esse puacuteblico que em essecircncia eacute o puacuteblico-alvo dos concertos econsequentemente o da formaccedilatildeo dos alunos de muacutesica

No entender de Schurmann (1989) conforme jaacute foi descrito no capituloantenor o SIstema ton I b d a que e a ase o repertono dos seculos antenores eacuteaceito pela burguesia O por representar o UnIverso de relaccediloes SOCIaIS por ela admiacutetido

mverso ou sela d ~ a maceItaccedilao a mUSIca do seculo XX em especial da

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Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

124

Outra funccedilatildeo social da muacutesica a ser considerada a partir da categorizaccedilatildeode M~iam (1964) eacute a de representaccedilatildeo simboacutelica Para ele quase natildeo haacuteduacutevida de que a muacutesica funciona em todas as sociedades como umarepresentaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos( p 223)

No captulo anterior buscou-se identificar essa funccedilatildeo no contexto musicaldo seacuteculo XX cabendo aqui trazecirc- la para o acircmbito do ensino de graduaccedilatildeo

Jaacute foi considerado anteriormente que os cursos de graduaccedilatildeo tal como assalas de concerto priorizam a muacutesica de seacuteculos anteriores cujo conteuacutedo esimbolismo por natildeo pertencerem a nosso contexto poliacutetico-social satildeo inacessiacuteveisa noacutes Diversos autores fundamentaram esse posicionamento cabendo aquiressaltar que a ecircnfase em muacutesica de outras eacutepocas compromete a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica na vivecircncia musical dos alunos de graduaccedilatildeo

Representaccedilatildeo simboacutelica natildeo implica em reproduccedilatildeo da realidade emduplicaccedilatildeo desta

Fischer (sd) considera que apesar da tendecircncia de se procurar esgotar aanaacutelise do significado da muacutesica na forma reforccedilando-lhe o caraacuteter abstrato oconteuacutedo inseparaacutevel da forma determinando-a ou condicionando-a muitas vezesecorrespondente a uma situaccedilatildeo social dada e nesse sentido representa-asimbolicamente

A muacutesica dita de vanguarda seria segundo autores como Adorno (1975) aque representaria verdadeiramente a nossa eacutepoca inclusive em seus aspel tosnegativos - o que explicaria sua inaceitaccedilatildeo Como os cursos uccedil graduayatildeo

Aleacutem disso cabe perguntar com quem se pretende estabelecer comunicaccedilatildeoquando se trabalha quase exclusivamente com os modelos musicais dos seacuteculosanteriores A resposta seria novamente com o grupo de experts gruporestrito que por isso mesmo representa possibilidades restritas de comunicaccedilatildeo

E que conteuacutedos seriam comunicados por tal praacutetica musical O conteuacutedode seacuteculos passados que jaacute natildeo podemos apreender completamente E o ciacuterculovicioso se forma enquanto a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo se estreita

r Certamente cabe perguntar a esta altura por que o ensino de muacutesica e as

li salas de concerto insistem em dar preferecircncia agrave muacutesica do passado A muacutesica de

nosso seacuteculo natildeo e habitada pelo belo no seu sentido mais amplo Natildeo cumpre sua missatildeo artiacutestica

Essa eacute sem duacutevida uma questatildeo que deveraacute ser fruto de reflexotildeesposteriores

Outra funccedilagraveo a ser considerada a partir da categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a dereaccedilatildeo tIsica que comojaacute foi dito anteriormente o autor menciona com certa cautela

Foi feita referecircncia no capiacutetulo anterior agrave passagem das suItes da categoriade danccedilas danccediladas para danccedilas estilizadas que satildeo para serem apreciadas emsalaacutes de concerto por um puacuteblico sentado isento de reaccedilatildeo fisica Isso ocorreubasicamente no periacuteodo barroco e a partir daiacute observamos uma trajetoacuteria damuacutesica seacuteria nutrindo-se de elementos inclusive riacutetmicos da muacutesica popularmas destinando-se agrave apreciaccedilatildeo passiva

Eacute claro que essa passiviacutedade natildeo eacute total como o proacuteprio Merriam assinalapois pelo menos a niacutevel bioloacutegico quer queiramos quer natildeo haacute reaccedilatildeo fisica agravemuacutesica que nos atinja Contudo natildeo eacute proposta da musica seacuteria estimular amovimentaccedilatildeo de vez que ela se destina a ser espetaacuteculo observaacutevel

Quanto agraves emoccedilotildees que essa muacutesica produz que tem sem duacutevida umavertente de reaccedilatildeo fiacutesica cabe retomar a argumentaccedilatildeo apresentadaanteriormente referente a um adestramento social nesse sentido Assim osegmento da sociedade que receber tal condicionamento em sua formaccedilatildeo apresentaessa reaccedilatildeo fisico-emociona1 Aqueles que natildeo a receberam natildeo teratildeo nada em sidespertado por tais muacutesicas que em uacuteltima instacircncia destinam-se apenas aosiniciados

A transformaccedilatildeo em espetaacuteculo observaacutevel foi tambeacutem a trajetoacuteria damuacutesica sacra uma das vertentes da muacutesica seacuteria Ela deixou do barroco paracaacute de ser veiacuteculo de uma emoccedilagraveo religiosa de uma atitude de ecircxtase contemplativo(que eacute tambeacutem uma forma de reaccedilatildeo fisica) para destinar-se agraves salas de concerto

A muacutesica para baleacute embora pressuponha danccedilarinos que iratildeo interpretaacute-laeacute tambeacutem muacutesica de palco que o puacuteblico aprecia sentado A muacutesica seacuteria dosuacuteltimos seacuteculos lida claramente com a separaccedilatildeo compositor- iacutenteacuterprete- puacuteblicoeste uacuteltimo sempre fisicamente passivo no que concerne agrave movimentaccedilatildeo E oscursos de graduaccedilatildeo em muacutesica refletem essa postura pois soacute lidam com a muacutesiacutecaseria Natildeo valorizam o movimento exceto como teacutecnica necessaacuteria agrave execuccedilatildeomusical no instrumento

A ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos jaacute foi assinalada anteriormente Maso movimento direcionado pela teacutecnica pela necessidade de servir a uma realizaccedilatildeocorreta natildeo daacute conta da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica em seu sentido pleno Eacute movimentocontido orientado direcionado para fins especiacuteficos

As muacutesicas populares e folcloacutericas lidam muito diretamente com adimensatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica pois na maioria das situaccedilotildees pressupotildeem um puacuteblico

dodecafocircnica decorreria do fato de essa muacutesica simbolizar um outro universo derelaccedilotildees sociais que natildeo conta com a aprovaccedilatildeo dessa classe social

Certamente natildeo se pode acusar a burguesia de conscientemente aceitar ourechaccedilar determinados tipos de muacutesica ou sistemas musicais O que ocorre eacute quetais atitudes satildeo inculcadas informalmente de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo atraveacutes doacervo de valores dessa classe social sendo que o ensino formal representa um

reforccedilo a esses posicionamentos r Assim ao enfatizar o repertoacuterio do periacuteodo barroco-etasslclsmo-romantlsmo

os cursos de graduaccedilatildeo continuam trabalhando com a simbolizaccedilatildeo de relaccedilotildeessociais correspondentes ao periacuteodo aacuteureo do sistema tonal e alijam os sistemasque poderiam simbolizar as relaccedilotildees sociais de nossa eacutepoca

A exclusatildeo das muacutesicas populares e folcloacutericas da vivecircncia musicaldos alunos de graduaccedilatildeo muacutesicas essas que no exame da literatura pertinentepareceram mais expressivas no que concerne agrave funccedilatildeo de representaccedilatildeosimboacutelica limita a possibilidade de ser essa funccedilatildeo privilegiada atraveacutes desses

cursosHarnoncourt em citaccedilatildeo anterior assinala que a muacutesica passa a ter em

nossas vidas atualmente uma funccedilatildeo decorativa o que segundo o autor natildeo seriaum problema exclusivo da muacutesica seacuteria mas atingiria a todas as modalidades demuacutesica em decorrecircncia da accedilatildeo da induacutestria cultural Autores como Fischer eAbraham tambeacutem jaacute citados anteriormente consideram que a muacutesica seacuteria doseacuteculo XX enveredou por caminhos como o excessivo formalismo ou oconstrutivismo como um fim em si que esvaziam essa muacutesica de seu conteuacutedo

As afirmativas acima apontam para uma crise cultural e conseqijentementemusical em nossos dias Os cursos de graduaccedilatildeo tais como as salas de concertotentam passar ao largo dessa crise refugiando-se no repertoacuterio de outras eacutepocas

Natildeo seria papel da Universidade propiciar ao aluno vivecircncia de todas aSmodalidades de muacutesica e refletir sobre a crise Negar a muacutesica de vanguarda oua muacutesica folcloacuterica e a popular buscando o abrigo aparentemente seguro de muacutesicasde eacutepocas anteriores jaacute consagradas nagraveo eacute negar aos alunos a possibilidade deentender essa crise e contribuir para a busca de novoS caminhos Essa eacute maisuma questatildeo a ser retomada ao final deste trabalho

Finalmente cabe observar que ao lidar com um sistema de representaccedilotildeessimboacutelicas sem questionaacute-lo sem confrontaacute-lo com outros os cursos de graduaccedilatildeocontribuem para a transmissatildeo e para a perpetuaccedilatildeo desses ~ ibuindoassim para a alienaccedilatildeo do indiviacuteduo Omite-se assim a Universida_de seupapel de formaccedilagraveo global do individuo de contribuir para sua inserccedilatildeo~~nsclent~

na sociedade que o cerca

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Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

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participante Contudo como tais muacutesicas praticamente natildeo satildeo vivenciadas nounivers8 musical dos cursos de graduaccedilatildeo exclui-se essa dimensatildeo dos referidos

cursosA simples observaccedilatildeo de qualquer curriacuteculo de graduaccedilatildeo em muacutesica

evidencia a inexistecircncia de disciplinas - ou de espaccedilos menos formais - que lidemcom o movimento como funccedilatildeo social ou mesmo como expressatildeo individual enatildeo apenas como teacutecnica

E assim como o aluno e trabalhado dentro dessa perspectiva ele tambeacutemeacute preparado para lidar com um puacuteblico imoacutevel que aplaudiraacute suas execuccedilotildees apoacutesapreciaacute-las impassiacutevel A funccedilatildeo de reaccedilatildeo tisica eacute categoria praticamente ausentenos cursos de graduaccedilatildeo

Outro aspecto a ser enfocado no que concerne agrave reaccedilatildeo tisica eacute a percepccedilatildeomusical Percepccedilatildeo - musical ou natildeo-natildeo eacute fenocircmeno exclusivamente tisico devez que pressupotildee seleccedilatildeo ordenaccedilatildeo compreensatildeo dos elementos percebidosOs cursos de graduaccedilatildeo via de regra lidam com a percepccedilatildeo como fenocircmenoestaacutetico ou seja busca-se apurar a audiccedilatildeo a partir de exerciacutecios e de modelostradicionalmente tomados ao sistema tonal o que pode ser observado na ementada disciplina Percepccedilatildeo Musical (Anexo I) Ainda quando satildeo apresentados outrostipos de modelos a serem percebidos o centro do processo ou mesmo o seuponto de partida eacute o tonalismo A audiccedilatildeo aprimora-se direcionada e enclausurashyse nesse direcionamento O ouvido adestra-se aos sons intervalos e harmoniasdo tonalismo e condicionado dessa forma perde a acuidade para outros tipos deelementos Esse processo embora contendo duas vertentes - a tisica e acultural - natildeo pode deixar de ser incluiacutedo aqui pois a percepccedilatildeo musical eacuteessencial agrave formaccedilatildeo do muacutesico

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

A funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais eacute a que se segue nacategorizaccedilatildeo de Merriam sendo considerada por ele uma das mais importantesde vez que orienta os membros da sociedade sobre o que eacute correto ou natildeoorientando-lhes o comportamento

Mais uma vez no acircmbito desta funccedilatildeo a seleccedilatildeo do repertoacuterio pelos cursosde graduaccedilatildeo eacute elemento decisivo Jaacute foi suficientemente assinalado que esserepertoacuterio prioriza as obras seacuterias dos seacuteculos XVIII e XX Ora mesmo seconsiderarmos que a muacutesica seacuteria natildeo tem enfatizado a funccedilatildeo aqui consideradaeacute preciso mais uma vez ressaltar que a imposiccedilatildeo de normas dos seacuteculos anterioresnatildeo teria significado nos dias atuais

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No capiacutetulo anterior foram citadas obras seacuterias do seacuteculo XX cujo conteuacutedopoliacutetico ou de protesto permite incluiacute-las nesta funccedilatildeo Ou seja a muacutesica seacuteriade vanguarda natildeo exclui totalmente essa funccedilatildeo embora natildeo a priorize mascomo essa muacutesica conta com espaccedilos miacutenimos nos cursos de graduaccedilatildeo afunccedilatildeo se vecirc atrofiada

As muacutesicas populares e folcloacutericas tecircm sido no nosso seacuteculo o espaccedilomais feacutertil para a funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais No cap[tuloanterior foram mencionados exemplos - como a saacutetira poliacutetica presente agrave muacutesicasertaneja - que ilustram a afirmativa anterior

Contudo como os cursos de graduaccedilatildeo natildeo abrem espaccedilo a essasmanifestaccedilotildees musicais eles reduzem a um miacutenimo a possibilidade de manifestaccedilatildeoda funccedilatildeo aqui considerada em seu universo musical

Ateacute mesmo a ruptura com as normas vigentes ou seja o contraacuterio daimposiccedilatildeo de conformidade agraves normas sociais se vecirc alijado desse universo Amuacutesica seacuteria vivenciada no contexto desses cursos eacute a de outras eacutepocas e afunccedilatildeo de ruptura tal como de imposiccedilaacuteo de conformidade a normas sociaispressupotildee inserccedilatildeo do universo musical com o contexto social contemporacircneo oque natildeo ocorre nos cursos de graduaccedilatildeo em virtude do tipo de repertoacuterio reproduzido

Cabe ainda lembrar - pois jaacute foi mencionado anteriormente - a ecircnfasedos cursos de graduaccedilatildeo nos processos reprodutores e a minimizaccedilatildeo de atividadescriadoras Se houvesse produccedilatildeo criaccedilatildeo musical intensa nesses cursos - e natildeoreproduccedilatildeo prioritariamente como ocorre - os alunos ao criarem muacutesica poderiamdar vazatildeo agrave funccedilatildeo aqui abordada Haveria possibilidade de contestarem ouapoiarem atraveacutes de seus atos de criaccedilatildeo musical as normas sociais vigentesMas a criaccedilatildeo musical eacute praticamente ausente nesses cursos cuja ecircnfase e aformaccedilatildeo de inteacuterpretes (reprodutores) e assim mais uma funccedilatildeo social se esvaide seu contexto

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Outra funccedilatildeo a ser tratada a partir da categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a devalIdaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos que mais uma vez noc~piacutetulo anterior evidenciou-se como de dificil identificaccedilatildeo na muacutesica seacuteria doseculo XX e mais presente nas muacutesicas populares e folcloacutericas

Contudo se considerarmos que a muacutesica seacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX~ue pr~domina no repertoacuterio dos cursos de graduaccedilatildeo simboliza o universoIdeologlco e consequumlentemenre de relaccedilotildees sociais do periodo barroco-classicismo

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-romantismo podemos refletir sobre as consequumlecircncias da fixaccedilagraveo e da valorizaccedilatildeodesses modelos A transmissatildeo de valores inclusive esteacuteticos da burguesia cujaascensatildeo se deu naquele periacuteodo seria talvez uma forma de validar as instituiccedilotildeessociais tais como satildeo aprovadas (conscientemente ou natildeo) pela classe burguesaA valorizaccedilatildeo e a permanecircncia desse repertoacuterio poderiam ser interpretadas comomecanismos de inculcaccedilatildeo ideoloacutegica e a partir daiacute como mecanismos de validaccedilatildeode instituiccedilotildees sociais

Schurmann em citaccedilotildees anteriores considera que a inaceitaccedilatildeo dododecafonismo pela burguesia decorre do fato de natildeo se basear no universo derelaccedilotildees sociais e poliacuteticas do periacuteodo de ascensatildeo dessa classe O dodecafonismoao contraacuterio ao remover qualquer princiacutepio hieraacuterquico entre os sons que organizasimbolizaria ideais que a burguesia rechaccedila ou seja de igualdade entre todoseliminando os princiacutepios de contradiccedilatildeo necessaacuterios agrave sustentaccedilatildeo das relaccedilotildees deproduccedilatildeo que deram prosperidade agrave burguesia

Ora ao rechaccedilarem ou minimizarem o espaccedilo concedido agraves teacutecnicascontemporacircneas de composiccedilatildeo que de diferentes maneiras negam o tonalismoos cursos de graduaccedilatildeo corroboram a rejeiccedilatildeo da burguesia a essas teacutecnicas e agravesesteacuteticas que elas representam assim como aos sistemas de relaccedilotildees sociais queelas possivelmente simbolizem como no caso do dodecafonismo segundointerpretaccedilatildeo de Schurmann

A reproduccedilatildeo musical de repertoacuterios de outras eacutepocas teria assim um sentidode tentativa de conservaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e econocircmicas daqueles periacuteodosSeria sobretudo reproduccedilatildeo ideoloacutegica e natildeo apenas reproduccedilatildeo de obrasco~sagrada

i No que tange validaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas torna-se ainda mais dificilidentificar essa funccedilatildeo A muacutesica religiosa jaacute foi dito anteriormente passou nosseacuteculos XVIII e XIX do ritual e do templo para o teatro segundo vaacuterios autoresassinalaram (vide capitulo anterior) No seacuteculo XX tambeacutem como jaacute foi dito amuacutesica seacuteria se manteve afastada de uma funccedilatildeo ritual passando a umaabordagem mais coacutesmica A funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas noque diz respeito agrave muacutesica seacuteria parece seriamente comprometida no contextodos uacuteltimos seacuteculos da terceira idade da muacutesica assim como na quarta idadeConsequumlentemente parece ausente dos cursos de graduaccedilatildeo

As muacutesicas folcloacutericas foram identificadas atraveacutes de autores revistoscomo claramente ligadas a essa funccedilatildeo Sua praacutetica eacute quase ausente nos cursosde graduaccedilatildeo - a disciplina Folclore Musical Nacional na Escola de Muacutesica daUFRJ eacute dada em apenas dois semestres eacute optativa para quase todos os cursos etem um enfoque mais musicoloacutegico que de vivecircncia musical A funccedilatildeo de validaccedilatildeo

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Tal como na funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais aausecircncia ou a minimiaccedilatildeo de praacuteticas criativas restriacutenge ou elimina a possibilidade J ao criarem muacutesicacos alunos exercitarem essa funccedilatildeo Como por outro lado aformaccedilatildeo desses alunos tem como alicerce principal os princiacutepios normas econcepccedilotildees esteacuteticas da muacutesica seacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX natildeo bastariapropor-lhes que criassem muacutesica pois sua formaccedilatildeo condicionada por aquelesmodelos provavelmente natildeo levaria agrave expressatildeo da funccedilatildeo de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais e religiosas de nossa eacutepoca

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

A penuacuteltima funccedilatildeo identificada por Merriam (1964) eacute a de contribuiccedilatildeopara a continuidade e estabilidade da cultura O autor afirma que - Se amuacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer esteacutetico diverte comunicaprovoca reaccedilatildeo fiacutesiacuteca impotildees conformidade a normas sociais e validainstituiccedilotildees religiosas eacute claro que ela contribui para a continuidade eestabilidade da cultura (p225)

Contudo cabe perguntar se a muacutesica seacuteria tem realmente exercidotod~s essas funccedil~es anteriores Pelo que vimos ateacute aqui elas aparecemfragIlmente exercIdas ou talvez ateacute ausentes do contexto da muacutesica seacuteriaCitaccedilotilde~s anteriores de diversos autores apontam para uma mudanccedila de funccedilatilde~da mUacuteSIca seacuteria em nosso seacuteculo ou mesmo para um esvaziamento de funccedilotildees~a uma crise sem duacutevida nesse acircmbito e ela jaacute apareceu nas abordagens dedIversos autores

corre que os cursos de graduaccedilatildeo como jaacute foi visto lidam quaseexclUSIvamente com a muacutesica seacuteria e assim como as funccedilotildees anterioresapareceram comprometidas tambeacutem a de contribuiccedilatildeo para a continuidade dacultura pareceu fragilizada

Num certo sentido poreacutem os cursos de graduaccedilatildeo contribuem atraveacutes desuas praacuteticas musicais para o exerciacutecio da funccedilatildeo aqui considerada Ao ~nfatizarema re~ro~uccedilatildeo de obras do final da terceira idade da muacutesica contribuem para acontInUlade de padrotildees e valores da cultura burguesa assegurando de certa formasua contmuidade

As teacutecnicas e esteacuteticas musicais contemporacircneas natildeo representam buscade continuidade cultural buscam antes romper com as bases anteriores talvez

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da fonna mais draacutestica jaacute observaacutevel na histoacuteria da muacutesica Como os cursos degraduaccedilatildeo pouco espaccedilo conferem a elas natildeo se ameaccedila o status quo da muacutesicatonal no acircmbito desses cursos

As muacutesicas populares e folcloacutericas tecircm assimilado caracteriacutesticas damuacutesica seacuteria e tecircm muitas vezes sido cooptadas pela induacutestria cultural Elasnatildeo buscaram rupturas tatildeo draacutesticas com a bagagem musiacutecal anterior pois elasvivem muito mais que a muacutesica seacuteria a relaccedilatildeo com a sociedade ou acomunidade Sua exclusatildeo dos repertoacuterios de graduaccedilatildeo restringe a possibilidadede que os alunos atraveacutes da vivecircncia dessas muacutesicas exercitem a funccedilatildeo aquiconsiderada

As letras dessas muacutesicas que por si soacute constituem acervo suficiente paraum estudo de sua funccedilatildeo social e poliacutetica tambeacutem deixa de ser considerada nessescursos o que exclui uma importante vertente de inserccedilatildeo dos alunos na sociedadecontemporacircnea

Por outro lado a ecircnfase da fonnaccedilatildeo do alunado estaacute na reproduccedilatildeo demuacutesicas compostas antes deles Eles contribuem para a reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeodesse repertoacuterio e dos valores que ele carrega mas deixam de exercer igualpapel com relaccedilatildeo ao repertoacuterio de muacutesica seacuteria contemporacircnea Se a sociedadenatildeo assimila ou aceita bem essas obras e se a Universidade natildeo as preservamesmo questionando-as que seraacute delas no futuro

De qualquer fonna os auditoacuterios para a muacutesica seacuteria sobretudo acontemporacircnea satildeo restritos representam uma parcela miacutenima da populaccedilatildeo Quepapel portanto os cursos de graduaccedilatildeo vecircm desempenhando(no que tange)agravecontinuidade e estabilidade da cultura atual i

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Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

Finalmente Merriam identifica a funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeoda sociedade ou seja aquela que a muacutesica exerce quando promove um ponto deuniatildeo em tomo do qual os membros de uma sociedade se congregam

Conveacutem considerar mais uma vez que a fonnaccedilatildeo do aluno de graduaccedilatildeoem muacutesica se destina prioritariamente a tomaacute-lo um virtuose solista que executaraacutequase sempre obras de seacuteculos anteriores da categoria muacutesica seacuteria

O grau de possibilidade de promover integraccedilatildeo social a partir dos repertoacuteriose situaccedilotildees de concerto para as quais o aluno eacute preparado eacute bastante restrito Osmotivos jaacute foram apresentados mas cabe mencionaacute-los mais uma vez I) osconcertos atingem apenas uma diminuta parcela da sociedade 2) os concertosnatildeo lidam com a possibilidade de mobilizar efetivamente a plateacuteia seja provocando

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nesse puacuteblico a reaccedilatildeo fiacutesica seja mobilizando-o psicoloacutegica ou afetivamente (essesespetaacuteculos enfatizam a separaccedilatildeo compositor-inteacuterprete-ouvinte e contam comuma contemplaccedilatildeo mais ou menos passiva por parte do puacuteblico) 3) o repertoacuterioprioritariamente de seacuteculos anteriores lida com simbolismos e valores que natildeo satildeoos de nossa eacutepoca tendo portanto reduzido seu potencial de envolvimento dopuacuteblico a que se destina e consequumlentemente de promover um efetivocongraccedilamento entre as pessoas

A partir das afinnativas do paraacutegrafo anterior que parecem jaacute ter sidosufiacutecientemente explanadas ao longo deste capiacutetulo parece evidente que a fonnaccedilatildeomusical do aluno de graduaccedilatildeo bem como as realizaccedilotildees musicais de que participapouca possibilidade tecircm de promover a integraccedilatildeo social

A exclusatildeo de praacuteticas ligadas agrave muacutesica popular ou agrave folcloacuterica tambeacutemjaacute amplamente referida eacute mais uma vez fator de minimizaccedilatildeo da funccedilatildeo socialaqui considerada Essas categorias de muacutesica atuam mais em tennos de integraccedilatildeosocial pois suas letras veiculam conteuacutedos do contexto atual trabalhando portantocom simbolismos e valores de nossa eacutepoca e de nosso povo e suas estruturasmusicais satildeo mais familiares e apreensiacuteveis pelo ouvinte Aleacutem disso envolvemapelos riacutetmicos mais incisivos por pressuporem a participaccedilatildeo fiacutesica do puacuteblico

Eacute claro que as observaccedilotildees de Adorno (1975) sobre a interferecircncia dainduacutestria cultural sobre a muacutesica popular natildeo devem ser esquecidas aqui Ainterferecircncia dessa induacutestria na anaacutelise do autor promove a inculcaccedilatildeo de falsosvalores que apenas servem aos propoacutesitos do capitalismo Contudo mesmo quandocentradas em falsos valores essas manifestaccedilotildees musicais promovem a integraccedilatildeodos indiviacuteduos mobilizando-os fiacutesica e psicologicamente

Quando os cursos de graduaccedilatildeo excluem essas praacuteticas de seu contextodeixam inclusive de promover uma avaliaccedilatildeo criacutetica dessas muacutesicas e deixam decontribuir para o surgimento de outras fonnas de integraccedilatildeo alicerccediladas em valoresverdadeiros neutralizando a penetra~atildeo daqueles inculcados pela induacutestriacultural Natildeo seria esse um dos papeacuteis a ser desempenhado pela Universidade

Conclusotildees

O painel traccedilado neste capiacutetulo da situaccedilatildeo dos cursos de graduaccedilatildeo emmuacutesica relativamente agraves funccedilotildees sociais da muacutesica mereceu ainda algunsdesdobramentos

Primeiramente relacionou-se a anaacutelise aqui desenvolvida sobre as funccedilotildeessO~la~s da muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica aos curriacuteculos que satildeo aobJetIvaccedilatildeo da proposta desses cursos Buscou-se contudo natildeo restringir aabordagem nesta etapa conclusiva agrave oacutetica da anaacutelise funcional e sim colhidos os

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Aula
Nota
2510 Ana C e Paulo H

subsiacutedios dessa anaacutelise alargar o horizonte retomando os pressupostos assumidosno primeiro capitulo referentes a arte muacutesica e educaccedilatildeo todos eles voltadospara uma perspectiva de transformaccedilatildeo social

A conjugaccedilatildeo da anaacutelise funcional com outra abordagem metodoloacutegicashyneste caso a dialeacutetica que subsidia os pressupostos apresentados - encontrarespaldo em Florestan Fernandes (1970 p199) que referindo-se ao funcionalismoafirma que os conhecimentos empiacutericos fornecidos por esse meacutetodo satildeoiacutegualmente uacuteteis e potencialmente exploraacuteveis sob quaisquer ideologias

Tambeacutem Politzer (1986) ao analisar o meacutetodo dialeacutetico admite a possibilidadede que se procedam preliminarmente a outras formas de anaacutelise inclusive quantitativasque forneccedilam subsiacutedios para um melhor conhecimento do objeto de estudo Mas quetais anaacutelises natildeo constituam o fim de um raciociacutenio e sim o estabelecimento deconhecimento preliminar sobre o qual se aplicaraacute outro meacutetodo de anaacutelise

Demo (1990) no capiacutetulo denominado Elementos da MetodologiaDialeacutetica tambeacutem apresenta afirmativa que respalda a convivecircncia metodoloacutegica

[ A metodologia dialeacutetica] natildeo combate as posturas das ciecircncias naturaise exatas desde que natildeo sejam concebidas como regra uacutenica Aproveita-sedelas no que for possiacutevel e recomendaacutevel como eacute o caso da experimentaccedilatildeoda quantificaccedilatildeo da observaccedilatildeo do teste empiacuterico etc ( p 99)

Assim a etapa conclusiva deste trabalho nutrida pelas informaccedilotildees obtidasda anaacutelise funcional procurou visualizar os cursos de graduaccedilatildeo pela oacutetica de umaconcepccedilatildeo dialeacutetica de arte de muacutesica e de educaccedilatildeor Da anaacutelise anteriormente desenvolvida de base funcional evidenciou-se

( que os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica natildeo tecircm como caracteriacutestica predominantegt sua inserccedilatildeo na realidade social brasileira ou seja natildeo satildeo determinados

culturalmente por essa realidade nem satildeo historicamente situados nela em suacontemporaneidade

Bosi (1987) no capiacutetulo intitulado Cultura Brasileira afirma que unidadee uniformidade cultural parecem ser caracteriacutesticas inexistentes em sociedadesmodernas sobretudo em sociedades de classes Ele delineia quatro faixas culturaisno contexto da sociedade brasileira cultura erudita cultura popular cultura criill~a

individualizada e cultura ~etpassa~ Essas faixas embora niacutetidas tecircm segundoo autor inter-relaccedilotildees que ele assinala em termos de algumas combinaccedilotildees deaspectos entre os subconjuntos culturais identificados

Bosi aleacutem de afirmar que natildeo se pode falar em cultura brasileira masem culturas brasileiras relaciona esse contexto cultural agrave educaccedilatildeo Umafilosofia da educaccedilatildeo brasileira natildeo deveria ser elaborada abstratamente fora deuma praacutetica de cultura brasileira e de uma criacutetica da cultura contemporacircnea(p 173)

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A evidente desconexatildeo dos curriacuteculos de graduaccedilatildeo com a sociedadebrasileira em seus aspectos culturais histoacutericos e sobretudo em suascaracteriacutesticas contemporacircneas conduz agrave observaccedilatildeo de que eles natildeo se baseiamtal como Bosi preconiza em uma praacutetica de cultura brasileira nem em um~criacutetica da cultura contemporacircnea seja ela brasileira seja ela tomada em cortemais amplo como cultura ocidental

Os curriacuteculos cujo eixo se localiza nos seacuteculos XVIII e XIX natildeo podemter a questatildeo da contemporaneidade como prioridade Decorre daiacute seremdestituiacutedos de possibilidade de accedilatildeo poliacutetica no sentido de natildeo servirem de elementocriacutetico nem de elemento propulsor de transformaccedilatildeo social de vez que natildeopropiciam a elaboraccedilatildeo de um saber que explicite a concepccedilatildeo de mundo atualmenteexistente ou proponha uma nova concepccedilatildeo

Mas seratildeo verdadeiramente isentos politicamente esses curriacuteculos Ouainda e possiacutevelhaver educaccedilatildeo neutra A resposta a ambas as perguntas ecertamente negatva 0 aparente isenccedilatildeo poliacutetica de curriacuteculos que lidam comvalores unIversaIs - no caso a muacutesica erudiacuteta europeacuteia dos seacuteculos XVIII eXIX - eacute enganosagrave Como jaacute foi visto anteriormente os valores que o repertoacuteriodessa eacutepoca transmite vem impregnados da ideologia burguesa dos simbolismossociais aceitos por essa classe no contexto e na eacutepoca de sua ascensatildeo

Ou seja os curriacuteculos satildeo aparentemente neutros nos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica por priorizarem modelos e valores de outra eacutepoca deixando de promovera reflexatildeo criacutetica propulsora de transformaccedilotildees centrada na sociedade brasileiracontemporacircnea com todo seu pluralismo cultural Natildeo satildeo portanto curriacuteculosvoltados para a transformaccedilatildeo social a partr d~ uma elaboraccedilatildeo criacutetica ou teoacutericaque subsidie a accedilatildeo poliacutetica ( r( ) I )

Outro aspecto a ser considerado eacute o fato de que esses curriacuteculos natildeoconstltue~elemento-chavepara apropriaccedilatildeo do saber pelos alunos nem lidamcom a musica como um saber como uma forma de conhecin1enQ que segundoautor~s como Read (1981 1982) ou Cassirer (1977) toda arte representa Aocontrano os curriacuteculos veiculam prioritariamente um tipo de muacutesica instituiacutedo poreles co b ~o o sa er pnvando os alunos da reflexatildeo criacutetica e da praacutetica criativa deelaboraccedilao do saber musical ou mesmo musicoloacutegico

A esse respeito eacute iacutenteressante citar Durmeval Trigueiro Mendes (1987p6-6~) quando ele estabelece duas concepccedilotildees antagoacutenicas do saber - o saberslstemlCo e o sabe d I

I r Ia etlco o pnmelro empenhado na empiria como saber

exp lcatlvo de uma fiun Id d Clona I a e e o segundo radical axioloacutegicotransformador

t t Idd() ambos os saberes - o ~i~tecircmic~-~ o dialeacuteticy satildeo saberes dao a I a e Mas enquanto o b d I I ---~sa er la etlco ana isa criticando a totalidade

135

137

mesquinho e integrando os valores alienigenas que tambeacutem satildeo parte daheranccedila do homem (p4)

Ao eximir-se de enfatizar a contemporaneidade o ensino de graduaccedilatildeo demuacutesica natildeo contribui para que o aluno extraia estiacutemulos da realidade social por elevivida deixando de contribuir para sua compreensatildeo questionamento ereformulaccedilatildeo

A dimensatildeo de conservaccedilatildeo de cultura deve pois ser mantida mas natildeo aopreccedilo de minimizar a renovaccedilatildeo cultural que deveria ter na Universidade um espaccediloprivilegiado Segundo Bithencourt (1962) conservar cultura eacute reiterar os valorescontidos na tradiccedilatildeo e renovaacute-la eacute inventar objetos valiosos ou revelar valoresnovos - e eacute aiacute que falham os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica na tarefa criadorae reveladora pois como jaacute vimos anteriormente sua ecircnfase situa-se na reproduccedilatildeo

r Questionar os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir da funccedilatildeo social da lmuacutesica eacute em certa medida questionar o papel social desses curriacuteculos e desses cursos J

Se a funccedilatildeo social da arte e prioritariamente no dizer de Fischer (sd)tomar o homem capaz de conhecer e mudar o mundo eacute evidente que os cursossuperiores de muacutesica natildeo estatildeo viabilizando esse processo

Ao contraacuterio a busca das funccedilotildees sociais contempladas pelos cursos degraduaccedilatildeo a partir das funccedilotildees identificadas por Merriam deixou-nos de matildeosvazias As funccedilotildees sociais exercidas por esses curriacuteculos cujos conteuacutedos satildeodescontextualizados alienantes satildeo extremamente restritas e conservadoras natildeoapresentando resultado significativo nem mesmo quando submetidos a anaacuteliseatraveacutes de um instrumental funcionalista de inspiraccedilatildeo conservadora

Enquanto a moderna pedagogia aponta para a transformaccedilatildeo social essescurriacuteculos prendem-se agrave conservaccedilatildeo e agrave reproduccedilatildeo esvaziam o conteuacutedo damuacutesica como forma de saber priorizando procedimentos teacutecnicos que natildeo podemrealizar nenhum valor social

Valorizando uma definiccedilatildeo nova clara e convincente dos objetivos daeducaccedilatildeo musical Koellreutter (1990) reforccedila as afirmativas aqui apresentadas

Esta mudanccedila do conteuacutedo dos programas de educaccedilatildeo ensino emun~ ~undo de integraccedilatildeo teraacute que tender essencialmente ao questionamentocntlco do sistema existente - e natildeo agrave sua reproduccedilatildeo - ao despertar 1 aodesenvolvimento da criatividade agrave conscientizaccedilatildeo das descobertas cientiacuteficase d~s en~menos sociais que marcam nossa eacutepoca e natildeo agrave adaptaccedilatildeo e agraveasslmllaccedilao das coisas do passado (p5)

A diversidade e riqueza do contexto cultural brasileiro natildeo labrangida peloscumculos de graduaccedilatildeo pretensamente neutros impedindo que se defina a partirdeles a cultura a que se destinam

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middot I d f I I d d ij==e por ISSO e suscetlve e reJaze- a O outro se msta a entro a totalidade Jue ele procura recuperar contra eventuais desgarramentos das partes ~--ifIt

Ou seja os cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica lidam com o saber sistecircmico ~lif---it

r~la~inado auma realidade que natildeo eacute a brasileira e natildeo trabalham com o saber l____dIalehco cnhco e transfo~a~or de uma da~a socIedade em que se insere -

A postura de transmIssao de conhecImentos pretensamente universais vaacutelidos para q~lquer indiviacuteduo em qualquer parte do mundo (ou seja dissociados de uma localIzaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo) levam natildeo soacute a uma situaccedilatildeo de aparente neutralidade poliacutetica mas tambeacutem do ponto de vista do conhecimento agrave ~padronizaccedilatildeo do pensamento impedindo que os alunos elaborem sua visatildeo de -mundo a partir da realidade concreta onde vivem Natilde~ se preten~e com essas observaccedilotildees negar o papel que tambeacutem cabe ~

a UmversIdade que e o de preservaccedilatildeo de cultura (Ccedilertamente nada teriacuteamos a ganhar enterrando as obras artiacutesticas de outras eacutepocas pois isso tambeacutem seria ~negar ao aluno o acesso ao conjunto das conquistas armazenadas pelo homem em 6-L I

sua trajetoacuteria histoacutericagravej Mas ocorre que essa trajetoacuteria natildeo parou em tempos ~~

anteriores ao nosso ela continua em sua dinacircmica incessante que eacute inerente agrave condiccedilatildeo do homem como ser criador

Natildeo se pretende tambeacutem ignorar uma certa transcendecircncia de tempo e - clugar inerente agrave arte No dizer de Fischer (sd) haacute na arte alguma coisa que __expressa uma verdade permanente o que nos possibilita em pleno seacuteculo XX --comovermo-nos com pinturas preacute-histoacutericas das cavernas ou com antiquumliacutessimascanccedilotildees bull

Natildeo se trata pois de negar o valor artiacutestico das obras musicais dos periacuteodos (barroco claacutessico ou romacircntico ou de quaisquer outros ou pretender excluiacute-las da (v~vecircn~ia mus~c~l dos cursos de graduaccedilatildeo Trata-se antes de natildeo imobilizar a (hIstona da mUSIca mas de preservar seu contiacutenuo movimento de dar conta dastendecircncias conflitantes que carrega em seu bojo (

Podemos colocar a questatildeo da seguinte maneira toda arte eacute (condicionada pelo seu tempo e representa a humanidade em consonacircncia te-com as ideacuteias e aspiraccedilotildees as necessidades e esperanccedilas de uma situaccedilatildeohistoacuterica particular Mas ao mesmo tempo a arte supera essa limitaccedilatildeo e e-de dentro do momento histoacuterico cria tambeacutem um momento de humanidade ~t-que promete constacircncia no desenvolvimento (Fischer sd pl) (

~oellreutter(1990) tambeacutem assinala a necessidade de no ensino de muacutesica (Iser culh~ado de forma relevante o acervo contemporacircneo nacional ou internacional

E indispensaacutevel que nas culturas do Terceiro Mundo o artista cultive ~os valores culturais de seu povo que os selecione sob o ponto de vista de (ttsua validade universal excluindo no entanto o nacionalismo estreito e lfr

ctt ~

A respeito da relaccedilatildeo cultura-educaccedilatildeo eacute importante citar um pensadorbrasileiro que frequumlentemente enfatizou essa relaccedilatildeo ligando-a agrave dimensatildeo poliacuteticae agrave accedilatildeo transformadora

A cultura eacute essencialmente dialeacutetica Informa-a uma dupla intensatildeo shya de descobrir e a de transformar a de refletir fatos e projetar utopias a deser ao mesmo tempo reflexa e tensional A cultura eacute tambeacutem fato poliacuteticoSupotildee opccedilotildees atitudes posiccedilotildees O ato de pensar eacute ateacute certo ponto um atode vontade politica para ver eacute preciso querer ver e acreditar no proacutepriopoder de ver Ver eacute um ato em larga margem instituidor da realidade (Mendes1987p70)

Apoacutes apreciar a trajetoacuteria histoacuterica--da muacutesica e as funccedilotildees sociais por elaexercidas nessa trajetoacuteria resta-nos concluir que a praacutetica das escolas de muacutesicaeacute descontextualizada e alienante centrada em teacutecnicas e esteacuteticas obsoletasdeixando de realizar a maior parte das funccedilotildees sociais da muacutesica identificadas porMerriam ou de apresentar outras funccedilotildees Reduzem assim o universo musicalbem como seu potencial criador e de transformaccedilatildeo social Excluem a reflexatildeocriacutetica e a concepccedilatildeo de muacutesica como saber deixando de processar valores atuaisseja para preservaacute-los seja para transmudaacute-Ios

r Perde-se assim a dimensatildeo mais rica que o exerciacutecio da arte possibilita arealizaccedilatildeo plena do homem como ser criador e como ser social agente detransformaccedilatildeo e portador de rumos para uma sociedade mais aprimora~ta __

Cabe finalmente indagar sobre o papel dos professores universitaacuterios demuacutesica nesse processo Culpados ou cuacutemplices

Para lhes fazer justiccedila eacute preciso que se diga - nem culpados nem cuacutemplicespois eles mesmos satildeo produto desse sistema que conta com um forte potencial deauto-reproduccedilatildeo

Stein (1980) analisando o papel dos professores no processo educacionalidentifica uma dupla accedilatildeo do professorado em relaccedilatildeo agrave conservaccedilatildeo e agrave mudanccedilasocial Primeiramente reproduzindo e perpetuando formas de comportamentoconjunto de valores que interessam agrave sociedade tal qual eacute dando-lhe coesatildeo epermanecircncia por outro lado possibilitando a critica do atual sistema e a suasuperaccedilatildeo estimulando a atitude criativa a inteligecircncia e a inovaccedilatildeo de expressotildees

e valoresNa medida em que os profissionais da educaccedilatildeo se identificam com

a ideologia burguesa tornam-se veiculos e agentes de conservaccedilatildeo e dereproduccedilatildeo das atuais relaccedilotildees sociais Na medida em que se assumem comomembros de uma vanguarda cultural e deixam-se atingir pela ideolqgjg

popular identificando-se com os interesses de mudanccedila das cldssesdominadas podem passar a colaboradores da transformaccedilatildeo (p27)

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E eacute dessa dupla forma que agem os professores dos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica Haacute os que envolvidos pelo processo (que eacute o mesmo que os formou)funcionam como agentes reprodutores Haacute os que tendo acesso a possibilidadesde crUacuteica e de reelaboraccedilatildeo do conhecimento e da praacutetica assimilados procuramfuncionar como agentes de transformaccedilatildeo

Eacute bastante oportuno a esse respeito transcrever uma passagem de Althussercitada por Saviani (1988)I ~ccedilotilde-desculpaaos professores que em condiccedilotildees terriacuteveis tentam sevoltar contra a ideologia contra o sistema e contra as praacuteticas em ~ue este osencerra As armas que podem encontrar na histoacuteria e no saber que ensinamEm certa medida satildeo heroacuteis Mas natildeo satildeo raros e quantos ( a maioria) natildeo tecircmsequer um vislumbre de duacutevida quanto ao trabalho que o sistema ( que osultrapassa e esmaga) os obriga a fazer pior dedicam-se inteiramente e em toda aconsciecircncia agrave realizaccedilatildeo desse trabalho (os famosos meacutetodos novos) Tecircm tatildeopoucas duacutevidas que contribuem ateacute pelo seu devotamento a manter e a alimentara representaccedilatildeo ideoloacutegica da Escola (00) ( p 35)

As palavras de Althusser permitem pelo menos duas constataccedilotildeesimportantes a primeira eacute a de que haacute professores empenhados na luta aacuterdua depromover a transformaccedilatildeo a segunda e a de que o problema natildeo eacute especiacutefico doensino de muacutesica nem da sociedade brasileira o que pode tambeacutem ser evidenciadopelas citaccedilotildees de Hamoncourt no iniacutecio deste capitulo

Com a consciecircncia de que tal como Saviani (1988) afirma a interaccedilatildeoentre educaccedilatildeo e sociedade eacute dialeacutetica e que a educaccedilatildeo embora determinada~ocialmentenatildeo deixa de influenciar o elemento determinante ou seja a sociedadee I~portante admitir que a educaccedilatildeo pode ser um instrumento de transformaccedilatildeosocIal desde que articulada com a sociedade em que se insere pois ao reproduzirmesmo que por negaccedilatildeo seus conflitos sociais tambeacutem carrega em seu bojo ogerme da mudanccedila

O que se pretende com este trabalho eacute um despertar para o fato de que oscursos de g d - dra uaccedilao em mUSIca Ispotildeem de duas ricas ferramentas para umtrabalho de efetiva relevacircncia social a arte e a educaccedilatildeo E abrir um debate pelaverte~te da funccedilatildeo social da muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica eacute buscarcontrIbUIr para uma ~ t fi - o bull-- _ __ ele Iva sIgm Icaccedilao socIal e cammhar para uma sociedademaIS aprImorada

d Imiddot Eacute n~ssa direccedilatildeo que aponta o quarto e uacuteltimo capitulo ou seja na busca de

e mear dIretnzes par b d -d

a uma nova a or agem do ensmo superIor de muacutesica a partire uma concepccedilatildeo d It d d -

Ia e Ica e e ucaccedilao procurando dar a esse ensino umaperspectIva de significaccedilatildeo social

139

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conflito social 2) totalidade dialeacutetica 3) condiccedilotildees objetivas e subjetivas 4) unidadedos contraacuterios 5) teoria e praacutetica

No verbete dedicado ao Marxismo Mora (1975) apresenta trecircs leis dialeacuteticascomo principais 1) lei da transformaccedilatildeo da quantidade em qualidade 2) lei daunidade e do conflito dos opostos 3) lei da negaccedilatildeo da negaccedilatildeo

Politzer (1986) apresenta a dialeacutetica fundamentada nas seguintes leis 1)mudanccedila dialeacutetica 2) accedilatildeo reciacuteproca 3) contradiccedilatildeo 4) transformaccedilatildeo daquantidade em qualidade ou lei do progresso por saltos

Cury (1983) apresenta as seguintes categorias dialeacuteticas como categoriasdialetizadas que se medeiam mutuamente 1) contradiccedilatildeo 2) totalidade 3)mediaccedilatildeo 4) reproduccedilatildeo 5) hegemonia O autor considera com base em Gramsci(1978) a concepccedilatildeo dessas categoriasno interior de uma teoria geral da realidadeexpressa na filosofia da praacutexis

Gadotti (1990) apresenta como princiacutepios gerais oucaracteriacutesticas da dialeacutetica 1) princiacutepio de totalidade 2) princiacutepio dj

movimento 3) princiacutepio da mudanccedila qualitativa 4) princiacutepio da contradiccedilatildeo J Todas essas categorias leis ou princiacutepios se correspondem e a variaccedilatildeo na

maneira de apresentaacute-los natildeo implica em divergecircncia quanto agrave essecircncia daconcepccedilatildeo dialeacutetica Neste quarto captulo utilizou-se a nomenclatura de Gadotti shy(1990) sem que nisso incidisse qualquer criteacuterio valorativo sobre outras abordagenspassando-se a apresentar resumidamente a descriccedilatildeo dos princiacutepios ou categoriasdialeacuteticas segundo este autor -

O primeiro princiacutepio o d~taiacuteidade~ refere-se ao ~elacionamentoreciacutepr()coque envolve todos os objetos e fenocircmenos atraveacutes do qual o meacutetodo dialeacuteticobusca entendecirc-los numa totalidade concreta A tenlativa de isolar fatos oufenocircmenos para compreendecirc-los natildeo estaacute contemplada pela abordiuacute~_eIiialaleacutetlcashy

pois segundo sua oacutetica tal isolamento levaria agrave privaccedilatildeo de sentido de exPik~ccedilmiddotatilde~

de conteuacutedo Seria imobilizaccedilatildeo artificial contraacuteria ao pressuposto baacutesico da dialeacuteticade que o sentido das coisas natildeo estaacute na consideraccedilatildeo de sua individualidade masna sua totalidade

O segundo princiacutepio o de~~v~oacute relaciona-se diretamente agrave concepccedilatildeode transformaccedilatildeo pois a partir dele a dialeacutetica considera todas as coisas em seudevir Ou seja natureza e sociedade satildeo entidades sempre inacabadas e em contiacutenuatransformaccedilatildeo - o movimento eacute uma qualidade inerente a todas as coisas

O principio do movimento chamado por Engels de Lei da Negaccedilatildeo procura dar conta da realidade a partir do conflito incessante entre afirmaccedilotildees(teses) e negaccedilotildees (antiacuteteses) estas necessariamente engendradas pelas primeirase da super~ccedilatildeo de ambas em uma siacutentese que na verdade constitui uma novatese e assIm sucessivamente

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NOVAS PERSPECTIVAS PARA O ENSINODE GRADUACcedilAtildeO EM MUacuteSICA

A proposta deste capiacutetulo eacute apresentar diretrizes para um redirecionamentodo ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir da anaacutelise de seu conteuacutedo e de umaconcepccedilatildeo dialeacutetica da educaccedilatildeo coerentemente com os pressupostos apresentadosno primeiro capiacutetulo

A dialeacutetica tem suas origens mais recentes em Hegel com uma concepccedilatildeoidealista e em Marx e Engels com uma concepccedilatildeo materialista

Segundo Abbagnano (1970 p255) a dialeacutetica se formulou no Idealismoromacircntico e em particular em Hegel como siacutentese dos opostos Para Hegel adialeacutetica eacute a proacutepria natureza do pensamento e consiste ldeg) na colocaccedilatildeo de umconceito abstrato e limitado 2deg) no suprimir-se desse conceito como algo de finitoe na passagem para o contraacuterio dele 3deg) na siacutentese das duas determinaccedilotildees precedentessiacutentese que conserva o que haacute de afirmativo na sua soluccedilatildeo e na sua passagem

Marx e Engels ainda segundo Abbagnano (1970 p256) utilizaram a noccedilatildeode dialeacutetica no mesmo sentido que Hegel lhe atribuiacutera mas sem o significadoidealista que recebera do sistema de Hegel Marx preconizava a necessidade defazer passar a dialeacutetica da abstraccedilatildeo agrave realidade do mundo fechado daconsciecircncia ao mundo aberto da natureza e da histoacuteria

Segundo Politzer (1986 p124) Marx e Engels disciacutepulos materialistas deHegel transferiram para a realidade material a causa inicial do movimento dopensamento definido por Hegel e chamaram-no tal como este de dialeacutetico apesarde terem transformado suas bases

A dialeacutetica tem sido abordada de diversas maneiras (Gentile CroceFeuerbach etc) o que gera divergecircncias conceituais Mora (1975 p447) arespeito dessas variaccedilotildees assinala

Natildeo se pode afirmar com efeito se a dialeacutetica eacute um nome para a filosofiageral que inclui a loacutegica formal como uma de suas partes ou se eacute um reflexo darealidade ou se eacute simplesmente um meacutetodo para a compreensatildeo desta

Demo (1989) ao analisar a metodologia dialeacutetica assinala que na praacuteticaencontramos natildeo soacute dialeacuteticas diferentes divergentes mas ateacute mesmocontraditoacuterias como em qualquer campo metodoloacutegico (p88) deixando claroque natildeo existe a dialeacutetica como abordagem uacutenica O autor se propotildee a argumentara favor da dialeacutetica histoacuterico-estrutural por lhe parecer a mais consentacircnea com arealidade histoacuterica e apresenta as seguintes categorias baacutesicas 1) pressuposto do

CAPIacuteTULO IV

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Aula
Nota
0111 Saimonton Jefferson e FLaacutevia

o terceiro princiacutepio o da tiacute1Gd~~iit~tT~ relaciona-se tambeacutem agraveconcepccedilatildeo de transformaccedilatildeo e logicamente agrave de movimento partindo daconsideraccedilatildeo de que essa mudanccedila qualitativa decorre do acuacutemul0 de elementosquantitativos que num dado momento produzem o qualtativamerIacutetenovocirc~

transformaccedilatildeo das coisas natildeo se realiza num processo circular de eterna repeticcedilatildeodo velho mas numa espiral ascendente em que cada retomo se daacute a um outro plano

A esse respeito e interessante citar Politzer (1986 pl42)A histoacuteria mostra que o tempo natildeo passa sem deixar marca Passa mas

os desenvolvimentos que ocorrem natildeo satildeo os mesmos O mundo a natureza asociedade constituem um desenvolvimento que eacute histoacuterico e em linguagemfilosoacutefica se chama em espiral

O quarto princiacutepio o dareacuteont~~ tambeacutem intrinsecamente ligado aosprinciacutepios anteriores refere-se agravetransformaccedilatildeo como decorrente de forccedilas opostase complementares que coexistem no proacuteprio interior dos fatos e fenocircmenos-Essasforccedilas tendem simultaneamente agrave unidade e agrave oposiccedilatildeo (contradiccedilatildeo) rrIacuteotilde~imentoesse (unidade e luta) que eacute universal ou seja inerente a todas as coisas materiaise espirituais

Os elementos coexistem numa realidade estruturada um natildeo podendoexistir sem o outro [ 1 (A existecircncia dos contraacuterios natildeo eacute um absurdoloacutegico ela se funda no rea1j (Gadotti 1990 p26)

Esses princiacutepios descritos resumidamente aqui a partir de Gadotti estatildeosubjacentes aos pressupostos apresentados no primeiro capiacutetulo

As concepccedilotildees de arte e muacutesica expressas nesses pressupostos trazemno bojo tais princiacutepios na medida em que esses fenocircmenos natildeo satildeo concebidosestaticamente ou isoladamente mas num conjunto de muacuteltiplas relaccedilotildees dinacircmicasno interior da sociedade e considerados numa perspectiva de transformaccedilatildeo social

r- No que concerne agrave educaccedilatildeo tambeacutem os pressupostos assumidostransparecem numa abordagem dialeacutetica riagrave medida em que consideram educaccedilatildeoarticulada com o contexto histoacuterico-concreto ou seja como elemento (determinadoe determinante) de um processo de relaccedilotildees sociais muacuteltiplas potencialmenteimportante no processo de transformaccedilatildeo do homem e da sociedade

A busca de diretrizes gerais para o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesicaembasadas em uma concepccedilatildeo dialeacutetica de arte de muacutesica e de educaccedilatildeo foiprecedida de uma anaacutelise das funccedilotildees sociais da muacutesica numa perspectiva histoacutericae no contexto dos cursos de graduaccedilatildeo

Favoreceu-se com essa anaacutelise uma aproximaccedilatildeo do fenocircmeno musicalpela oacutetica de suas funccedilotildees sociais e uma caracterizaccedilatildeo do ensino superior demuacutesica a partir de seu conteuacutedo tendo consistido essa primeira etapa numa coletapreliminar de subsiacutedios para o delineamento de novos rumos

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Natildeo foi proposta intencional deste trabalho apresentar um novo curriacuteculopois tal tarefa cabe agraves comunidades interessadas - professores e alunos deinstituiccedilotildees de ensino superior de muacutesica de forma a refletir efetivamente ascaracteriacutesticas soacutecio-culturais e a garantir no processo educacional a presenccedilaviva e atuante dos elementos envolvidos O que se pretendeu foi apresentardiretrizes gerais para nortearem abordagens segundo novas bases dos curriacuteculosde muacutesica a partir de uma revisatildeo de seu conteuacutedo Nesse sentido foi consideradauma tarefa pertinente a este trabalho e como tal foi assumida em seus objetivos

Assim com base nos pressupostos estabelecidos inicialmente nos subsiacutedioscolhidos com a anaacutelise das funccedilotildees sociais da muacutesica e sobretudo a partir deuma concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeo estabeleceram-se sete diretrizes filosoacuteficasconsideradas fundamentais para que se possa pensar em novas bases o conteuacutedodos curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica Essas diretrizes natildeo se pretenderamisoladas nem excludentes elas se interpenetram e interagem representando umamovimentaccedilatildeo contiacutenua movimentaccedilatildeo essa alimentada pela sociedade em que seinserem a qual por sua vez passa a ser nutriacuteda com o produto artiacutestico e reflexivode um ensino de muacutesica formulado em bases dialeacuteticas

Essas sete diretrizes ou princiacutepios estabelecidos a partir de uma aplicaccedilatildeodos princiacutepios da dialeacutetica ao ensino de muacutesica satildeo sem qualquer pretensatildeohieraacuterquica ou sequumlencial os seguintes 1) historicidade 2) criaccedilatildeo de~

conhecimento 3) preservaccedilatildeo de conhecimentos 4) reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeoteoacuterica 5) praacutetica atual 6) implicaccedilatildeo poliacutetica 7) expressatildeo esteacutetica -f

Cabe agora explicitar esses princiacutepios O primeiro deles relaciona-se agravehistoricidade aqui entendida como a implicaccedilatildeo histoacuterica (a proacutepria dinacircmica entrepresente passado e futuro) dos fatos e fenocircmenos considerados neste momentoos fatos e fenocircmenos musicais O princiacutepio de historicidade busca dar conta da~relaccedilotildees sociais presentes e passadas que impregnam a muacutesica e das interferecircnciasfu~r~s jaacute contidas no presente numa aJordagem que envolva dinamicamente asmultIpIas relaccedilotildees i~erentes a~nocircmeno musical

O compromIsso com a historicidade impede o exerciacutecio de uma arteaparentemente destituiacuteda de marcos temporais e espaciais ou seja alienadaImpede tambeacutem a cristalizaccedilatildeo temporal e espacial do conteuacutedo dos cursos degraduaccedilatildeo pois historicidade eacute compromisso com o passado com o presente ecom o futuro Natildeo necessariamente o presente atingido atraveacutes do passadomas o presente contido no passado e no futuro de vez que a sociedade apresentashyse permanentemente inacabada em contiacutenua transformaccedilatildeo trazendo em seu bojoas contradiccedilotildees qu - _ e gerarao novos processos (e novas contradlccediloes)

Hlstonclzaccedilatildeo co mo pnnclplO e Importante para que se preserve acompreensatildeo da p d ropna mamlca da hlstona mas tambem para que natildeo se

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I Iacute4L t

~

universalize um momento histoacuterico pretendendo tomaacute-lo um modelo e sobretudo ~ O ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica como nuacutecleo gerador de conhecimentor para que o homem se conscientize de seu papel como efetivo agente da histoacuteria ~ musical e musicoloacutegico como espaccedilo criacutetico privilegiado passaria a contribuir para compreendendo os processos histoacutericos como fruto da intervenccedilatildeo humana ~ a criaccedilatildeo de um conhecimento inovador feacutertil embasado num contexto histoacuterico-l Fazer e pensar muacutesica a partir do princiacutepio de historicidade eacute sobretudo social concreto inserido numa totalidade de relaccedilotildees dinacircmicas e muacuteltiplas avesso

dar conta da muacutesica hoje mas natildeo soacute da musica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo a conteuacutedos cristalizados e imobilizados no tempo e no espaccedilo Se como Gramscieuropeacuteia pois a histoacuteria contemporacircnea abriga muacuteltiplas concepccedilotildees de muacutesica ~ (1988) aponta uma das funccedilotildees da Universidade eacute a formaccedilatildeo de intelectuais(como foi visto no segundo capiacutetulo) concepccedilotildees essas contraditoacuterias e bull WJ_ (embora natildeo soacute a ela atribua essa tarefa) cabendo a esses intelectuais uma accedilatildeocoexistentes que natildeo podem a partir de tal princiacutepio ser excluiacutedas Mas eacute tambeacutem ~ organizadora na sociedade o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica concebido nas basesdar conta da muacutesica do passado natildeo como paracircmetro ideal para opensllr~o fa~~ li bullbullbull aqui propostas compromissado com a criaccedilatildeo de conhecimento estaria cumprindomuacutesica mas como elemento significativo de uma histoacuteiiaquacuteenatildeo se quer apag~~ - esse sentido sua funccedilatildeo social _-- _

mas compreender e apreender bull bull ~w O terceiro princiacutepio diz respeito agrave preservaccedilatildeo de conhecime~o que natildeof Criar uma nova cultura natildeo significa apenas fazer individualmente ~ significa imobilismo ou cristalizaccedilatildeo Preservar conhecimento significaass~

descobertas originais significa tambeacutem e sobretudo difundir criticamente ~ o acesso ao acervo cultural da humanidade revisitado a partir de reflexotildees criacuteticasverdades jaacute descobertas socializaacute-las por assim dizer transformaacute-las sempre renovadas dando conta da dinacircmica desse conhecimento num processo

portanto em base de accedilotildees vitais em elemento de coordenaccedilatildeo e de ordem de recriaccedilatildeo permanente

i intelectual e moral (Gramsci 199)f 13 ~ Segundo este princiacutepio a reproduccedilatildeo de repertoacuterios de eacutepocas passadas1 O segundo princiacutepio refere-se agrave criaccedilatildeo de conheciment este concebido como i- teria um lugar redimensionado deixando de figurar esse repertoacuterio como fixaccedilatildeo

v em permanente transformaccedilatildeo processado continuamente em movimento permanente -) de modelos ideais mas como um redescobrir permanente dos~ f A ~mobilizaccedilatildeo artificial dos conteuacutedos e do c()~J1~~i~~1]todeixaria de ter de outros momentos histoacutericos Mas tal reproduccedilatildeo natildeo tomaria o espaccedilo gagraverantido-

lugar a partir deste princiacutepio que levaria agrave buscade produzir permanentemente __ por este princiacutepio de preservaccedilatildeo das obras do presente de reproduzi-las deno acircmbito dos cursos de graduaccedilatildeo muacutesica e reflexatildeo sobre muacutesica contrariamente _ analisaacute-las criticamente dando conta tambeacutem de que elas abrigam duacutevidas ~

r agrave adoccedilatildeo de conteuacutedos apresentad~s ~ogmaticament~cmo ideais A ~ialeacutetica- contradiccedilotildees estruturais e esteacuteticas e de que elas tambeacutem contecircm um princiacutepio de opotildee-se necessariamente ao dogmatismo ao reduclOlllsmo portanto e sempre movimento apontado para o futurol aberta inacabada superando-se constantemente (Gadotti 1990 p38) Preservar conhecimento natildeo significa tambeacutem preservar um tipo privilegiado

Criar conhecimento permanentemente natildeo significa excluir ou desprezar de conhecimento mas garantir espaccedilos para todos os tipos de conhecimento _doos conhecimentos e conteuacutedos do passado mas significa natildeo parar neles O propoacutesito popu~ar ao erudito do folcloacuterico agrave cultura de massa - pois eles estatildeo presentesmaior da Universidade estaria entatildeo contemplado e a criaccedilatildeo - tarefa maior do conflltantes e contraditoacuterios entre si no contexto social do seacuteculo XXJSomenteartista - estaria exercida de forma prioritaacuteria ~razendopara a Universidade essa multiplicidade de facetas da muacutesica d quarta

Reproduzir muacutesica - do presente ou do passado - seria tarefa coadjuvante I~ade vlde segundo capiacutetulo) analisando-os criticamente reprocessando-osnatildeo meta principaL pennitindo que o exerciacutecio pleno da faculdade de criar gerasse vlv~nclando-os o ensino superior poderaacute dar cabo de seu compromisso com aartistas plenamente realizados socIedade que eacute aleacutem de criar conhecimento preservaacute-lo

A reflexatildeo o conhecimento musicoloacutegico tambeacutem estariam contemplados Segundo essa oacutetica conteuacutedos como os princiacutepios teoacuteriacutecos e esteacuteticos daNatildeo necessariamente a reproduccedilatildeo de reflexotildees ou de conhecimentos gerados hannonia ~laacute~sca podem e devem ser preservados pois representam um momentopor outros muitas vezes de qualidade discutiacutevel mas a reflexatildeo proacutepria elaborada nco na traJe~ona europeacuteia dos seacuteculos XVII a XIX que gera desdobramentos ateacuteno proacuteprio contexto do curso embora nutrida por reflexotildees ou conhecimentos os dias atualS Mas natildeo se permitiria apresentaacute-los sob o nome de Harmoniaanteriores Natildeo se preconiza aqui a pretensatildeo de criar sempre o novo pois o ~ com se fosse a uacutenica possibilidade de harmonizar sons ou como se fosse u~

b t b a-o prototIpo a ser copiado e etem dO ldconheCImento antenor e a ase necessana para que se avance mas am em n Iza o mesmo raCIOcmIO e va I o para o estudo dah I tmiddot foona que natildeo poderia se de M- I bse preconiza a estagnaccedilatildeo no con eClmento pronto o que e Immana a ms ancla j~ bull nommar orlO ogla a rangendo apenas o estudo

criadom 144 iiacute das fonnas clasSlcas (com algumas cocssotildecs ao barroco ou ao romantismo)

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mas compreendendo fo~omoas infinitas possibilidades que o artista tem parai estruturar os significados eacutesentidos que quer transmitir - ---------~

Preservar conhecimento eacute debruccedilar-se sobre os conteuacutedos e repertoacuterios dopassado e do presente preservando a historicidade e a dinacircmica que eles carregamreconhecendo seus referenciais espaciais temporais culturais de modo a poder

~analisaacute-los criticamente e gerar novos conteuacutedos e~pertoacuterios enriquecidos~ O quarto ~rinciacutepio diz respeito ~otildeCrtica e agrave ~l~boraccedilatildeo t~oacuteric~e

certamente esta entrelaccedilado aos antenores pOIS hlstoncldade cnaccedilatildeo epreservaccedilatildeo de conhecimento soacute se processam alicerccedilados na anaacutelise criacuteticapropiacutecia agrave elaboraccedilatildeo e agrave reelaboraccedilatildeo teoacuterica

Reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterIacuteca satildeo procedimentos inseparaacuteveis da praacutetica pois~aJraacuteti~parte o cont_~~meE~a ela retomYlUma movimentaccedilatildeo dialeacutetica

Natildeo se trata pms~stir apenas em disciplinas teoacutericas pois segundo o temorde muitos muacutesicos (alunos e professores) roubam tempo agrave praacutetica instrumentalque segundo eles eacute soacute o que importa Na verdade a elaboraccedilatildeo e a reelaboraccedilatildeoteoacutericas estatildeo ausentes nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica cujas disciplinas tidascomo teoacutericas apenas descrevem descontextualizadamente partes do fenocircmenomusical a partir da oacutetica da muacutesica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia sem quetal oacutetica seja explicitada ou seja com perda da perspectiva totalizante

r Natildeo deve se configurar pois nos cursos de graduaccedilaacuteo uma dissociaccedilatildeo ou uma incompatibilidade entre teoria e praacutetica musical Na verdade satildeo elementos

integrantes de um mesmo moacutevimentoacute devendo como tal ser compreendidos e integrados natildeo soacute entre si mas ao conjunto derelaccedilotildees sociais agraves quais se vinculam

Reflexatildeo criacutetica pressupotildee o~u~jlt]-1_~~ de limites de verdades devalores imutaacuteveis de preconceitos de visotildees de mundo uniacutevocas e impulsionapara a recolocaccedilatildeo de limites para a r~valorizaccedilatildeo de fato~ccedilJenocirc~enos para a~einterp-retatildeccedil_atildeo desses fatos e fenocircmenos para a t~ansfol1a~~o--middot-lmpede avinculaccedilatildeo da teoria a praacuteticas sociais que natildeo sejam a de seu tempo promove aconscientizaccedilatildeo lo

Reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterica pennanentes como princiacutepio implicamem conceber o conhecimento praacutetico ou teoacuterico como transitoacuterio comopermanentemente inacabado passiacutevel de recriaccedilatildeo permanente

Numa tal perspectiva natildeo haveria espaccedilo para dogmas para cristalizaccedilatildeode modelos teoacutericos e esteacuteticos para uma praacutetica que natildeo remeta criticamente agraveteoria nem a uma teoria que natildeo se alimente permanentemente da praacutetica

( Os conhecimentos musicai~~os do presente teriam aiacute seuespaccedilo garantido permitindo quGtos e fetiches ~o presente ou do passado

revistos criticamente analisados reinterpretados revalorizados conduzissem a novasconcepccedilotildees de saber

~

As contradiccedilotildees entre cultura burguesa e cultura popular assim comooutras contradiccedilotildees inerentes agraves classes sociais natildeo seriam evitadas a partir desteprinciacutepio mas seriam ~irnel1tordmpara a reflexatildeo criacutetica e para a produccedilatildeo permanentede saber a partir da elaboraccedilatildeo e da reelaboraccedilatildeo teoacutericas dando conta assim deuma articulaccedilatildeo verdadeira da Universidade com a sociedade em que se insere

A educaccedilatildeo executaria um jogo duplo forneceria modelos e as armascriacuteticas desses modelos realizaria uma siacutentese um equiliacutebrio entre aestabilidade e a evoluccedilatildeo entre a ordem e a desordem a reproduccedilatildeo e acriaccedilatildeo a seguranccedila e a inovaccedilatildeo a autoridade e a liacuteberdade ( Gadotti1990 pl 07)

Se uma das funccedilotildees baacutesicas da Universidade eacute o papel criacutetico ele estariaentatildeo contemplado permitindo natildeo soacute a reproduccedilatildeo da cultura da qual eacute frutomas tambeacutem a criaccedilatildeo de cultura ou de contra-cultura

Somente assumindo o conflito a relaccedilatildeo dialeacutetica entre o velho e o novoentre a reproduccedilatildeo e a transformaccedilatildeo a ljniversidade pode dar conta de seu papelna sociedade - e o ensino superior de musica natildeo eacute uma exceccedilatildeo a esse caso

O quinto princiacutepio diz respeito agrave praacutetica atuaIfpraacutetica entendida aqui nosentido de accedilatildeo Na anaacutelise do princiacutepio anterior ficou claro que praacutetica e teoriasatildeo inseparaacuteveis interpenetrando-se e modificando-se permanentemente e nessesentido se a reflexatildeo criacutetica e a elaboraccedilatildeo teoacuterica satildeo imprescindiacuteveis a praacuteticatambem o eacute - trata-se de natildeo dicotomizar um ato que envolve os doissentidos (Gadotti 1990 p94)

Mas cabem algumas observaccedilotildees complementares e a primeira delas dizrespeito agrave praacutetica musical no seacuteculo XX que como foi visto no segundo capiacutetulodesenvolve-se segundo diversas concepccedilotildees que contemplam desde a muacutesicafolcloacuterica carregada de simbolismos e tradiccedilatildeo agrave muacutesica de massas direcionadapelo e para o mercado desde a muacutesica seacuteria de seacuteculos passados agrave muacutesicaseacuteria do nosso tempo

Compromisso com a praacutetica musical atual eacute compromisso com todas asmodalidades musicais que se rneSUacuteeacutelm-na contemporantuacutetordfae-reaiacutel~ndoos ~

conflitos e contradiccedilotildees sociais que ess~~ -m-uacutesic~s representam E nes-sesentlduumla muacutesica seacuteria dos seacuteculos anteriores tem seu espaccedilo garantido desde que aconsciecircncia histoacuterica do homem voltou seus olhos para a muacutesica do passado ebuscou reaprendecirc-Ia Mas natildeo eacute sobretudo tomaacute-Ia o centro do processo deensino em detrimento das outras concepccedilotildees de muacutesica principalmente as quesatildeo produzidas no contexto de nossa eacutepoca

Conteuacutedos repertoacuterios teacutecnicas adestramentos todos estariamcom~rometidoscom a praacutetica atual e teriam que abrigar sua multiplicidade demamfestaccedilotildees musicais - e refletir sobre elas

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como Histoacuteria da Muacutesica Harmonia e Morfologia ou Esteacutetica teriam apartir dessa abordagem uma dimensatildeo poliacutetica como conteuacutedos inseridos ~oscontextos humanos que lhes datildeo sentido propiciadores de um aprofundamentoqualitativo do conhecimento

Outra observaccedilatildeo de Gadotti (1988) eacute oportuna de ser tomada nestemomento

r A escola natildeo eacute a alavanca da transformaccedilatildeo social mas essa~ transformaccedilatildeo natildeo se faraacute sem ela natildeo se efetivaraacute sem ela (p73)

Segundo essa perspectiva o ensino (inclusive o ensino superior de muacutesica)tem um papel social a desempenhar atraveacutes da politizaccedilatildeo de seu conteuacutedo poisnatildeo se pode pensar transformaccedilatildeo sem esclarecimento sem lucidez eesclarecimento e lucidez soacute podem advir de conteuacutedos aprofundados e trabalhadosnuma abordagem totalizante - ou seja da politizaccedilatildeo dos conteuacutedos visando agraveparticipaccedilatildeo agrave autonomia agrave transformaccedilatildeo do individuo e da sociedade

Compromisso politico aparece pois associado a accedilatildeo transformadora dandoconta assim de um dos comprometimentos de uma educaccedilatildeo dialeacutetica

Gramsci (1990) leva mais longe a possibilidade de se pensar numa educaccedilatildeotransformadora (poliacutetica)quando afirma que o melhoramento eacutetico natildeo eacutepuramente individual pois ele soacute se realiza em uma atividade para o exterior numaatividade transformadora das relaccedilotildees externas

Das palavras de Gramsci eacute possivel partir para uma reflexatildeo sobre o~me~horamento eacutetico individual a partir de conteuacutedos politizados (aprofundadoscontextualizados criticados) Mas o melhoramento eacutetico segundo o autor natildeose e~gotaria na instacircncia individual pois sua realizaccedilatildeo plena soacute se daria numaatlvldade exterior ou seja do fortalecimento interior adviria uma transformaccedilatildeo domundo exterior

A ~imen~~o poliacutetica da arte tomada em si tambeacutem estaria presente nessaImplIcaccedilao polItIca ao permitir uma realizaccedilatildeo plena na atividade artistica noscursos de gra~uaccedilatildeo em muacutesica Segundo Fischer (sd) a arte tem sempre umpouco de magIa que lhe eacute essencial mas a arte eacute necessaacuteria para que o homem setorne capaz de conhecer e mudar o mundo Eacute verdade que a funccedilatildeo essencialda m~te pa~a uma classe destinada a transformar o mundo natildeo eacute a de fazermaglC~e slm a d~ esclarecer e incitar agrave accedilatildeo () (p20)

~mpreconIzar a eliminaccedilatildeo do elemento maacutegico sem o qual para o autora arte nao e arte F h 1 ~

ISC er assma a uma funccedilao socIal - poliacutetica - na arte voltadapara a transformaccedilao

O ensino de graduaccedil~ ad d ao em musIca tena aSSIm um duplo potencial poliacutetico

vm o de duas verte t profundidad b n es - u~a a da polItIzaccedilatildeo do conteuacutedo trabalhado em

e na USca da totalIdade de suas relaccedilotildees outra a da missatildeo poliacutetica e

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transfonnadora da proacutepria arte quando produzida de fonna consciente e profundadando conta da totalidade do proacuteprio artista

( ) quer embalando quer despertando jogando com sombras outrazendo luzes a arte jamais eacute uma mera descriccedilatildeo cliacutenica do real Sua funccedilatildeoconcerne sempre ao homem total capacita-o a incorporar a si aquilo que elfshynatildeo eacute mas tem possibilidade de ser (Fischer sd p19)-- O seacutetimo princiacutepio diz respeito expressatildeo esteacutetica agrave dimensatildeo sensiacutevel enatildeo poderia estar ausente em nenhum eacuteurso sobretudo nos que lidam diacuteretamentecom arte

A inteligecircncia esteacutetica jaacute descrita anterionnente segundo Read (1981p169) realiza-se na experiacuteecircncia sensiacutevel e eacute inerente a toda experiecircncia artiacutesticapossibilitando o desenvolviacutemento pleno do homem

O ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica deveria privilegiar o espaccedilo da experiecircnciacuteaesteacutetica mas natildeo ao preccedilo de atrelaacute-la a uma uacutenica concepccedilatildeo de esteacutetica (comofoi visto no capiacutetulo anterior) ou de reduzir a experiecircncia esteacutetica agrave instacircnciarecriadora (reproduccedilatildeo)

Se arte eacute conheciacutemento e se arte decorre da experiecircnciacutea esteacutetica natildeo sepode pensar em ensino superior de muacutesica sem assumir compromisso com aexpressatildeo esteacuteticalMas eacute preciso consiacutederar que esteacutetica pressupotildee escolha e

I

escolha pressupotildee valores e valores soacute existem em interaccedilatildeo com a cultura ouseja com a sociedade] Dar conta da dimensatildeo esteacutetica eacute dar conta das relaccedilotildeessociais em que as concepccedilotildees esteacuteticas se inserem eacute dar conta do dinamismo

_dessas_~ordm-~cepccedilotildees na totalidade de que fazem parte ---------------Conceber atilde dimensatildeo esteacutetica nos cursos de graduaccedilatildeo exclui a possibilidadede conteuacutedos e repertoacuterios descontextualizados pois a manifestaccedilatildeo esteacuteticajamais ocorre isenta de viacutenculos temporais ou espaciaiacutes Compromisso com a esteacuteticae compromisso com as relaccedilotildees sociais em sua totalidade com o movimento dessasrelaccedilotildees e com o movimento e com a transfonnaccedilatildeo das proacuteprias concepccedilotildeesesteacuteticas decorrentes das contradiccedilotildees inerentes aos contextos em que se inserem

Retomando mais uma vez as categorias de Read (1981) - inteligecircnciacartesiana e inteligecircncia sensiacutevel - jaacute descritas anteriormente cabe assinalar que oprinciacutepio relativo agrave esteacutetica aliado aos princiacutepios anteriores (sobretudo os relativosagrave produccedilatildeo de conhecimento e agrave reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterica) asseguraa participaccedilatildeo equilibrada das duas fonnas de inteligecircncia nos cursos de graduaccedilatildeo

Iem muacutesica [O homem total buscado por uma educaccedilatildeo de inspiraccedilatildeo dialeacutetiacutecae natildeo o homem fragmentado ( apenas racional ou apenas sensiacutevel) seria cultivadol

Aliaacutes o proacuteprio Read alerta para a distorccedilatildeo de se pretender privilegiaruma dessas dimensotildees - a racional ou a esteacutetica pois na verdade elas secomplementam se interpenetram se movem em interaccedilatildeo Read demonstra que

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a instacircnciacutea racional decorre da iacutenstacircncia sensiacutevel e a instacircncia sensiacutevel se estruturaconceitualmente na raciacuteonal

Assiacutem o conhecimento decorrente da arte e da ciecircncia nos cursos degraduaccedilatildeo em muacutesica seria a garantia dessa ciacutercularidade entre as duasinteligecircncias definidas segundo Read

A consideraccedilatildeo da arte como conhecimento encontra respaldo em diversas rautores como Read (passim) Fischer (sd) ou Cassirer (1977) E o compromisso com a expressatildeo esteacutetica seria a garantia nos cursos de mlIacutesica de que natildeo -~

apenas o conhecimento racional estaria privilegiadoA proacutepria arte pode ser descrita como conhecimento soacute que eacute de

uma espeacutecie peculiar especifica ( ) Como arte e ciecircncia se movem emplanos inteiramente diversos natildeo podem contradizer-se nem estorvar-se Ainterpretaccedilatildeo conceptual da ciecircncia natildeo impossibilita a interpretaccedilatildeo intuitivada arte () A arte por outro lado nos ensina a visualizar e natildeo apenas aconceptualizar as coisas (Cassirer 1977 p268-269)

De certa fonna o compromisso com a dimensatildeo esteacutetica seria o aacutepice doprocesso segundo uma concepccedilaacuteo dialeacutetica dos cursos superiores de muacutesica Aoabranger as esferas racional e esteacutetica do homem privilegiar-se-ia o homem totalque eacute sobretudo o homem artista Natildeo o artista alienado mas o artistaconscientizado de todas as relaccedilotildees sociais histoacutericas poliacuteticas que envolvem suaaccedilatildeo artiacutestica e sua arte

O conhecimento musical e musicoloacutegico soacute pode advir de um curriacuteculo queprivilegie as duas inteligecircncias aqui consideradas como partes inseparaacuteveis dotodo dialeacutetico que eacute o proacuteprio homem tambeacutem ele pennanentemente inacabadopermanentemente em transformaccedilatildeo - o homem eacute um processo segundoGramsci(1990) e como tal uma educaccedilatildeo dialeacutetica deve consideraacute-lo para que elese tome efetivamente um homem _ - --- ------ - --

A partir dessas consideraccedilotildees procurou-se elaborar um esboccedilo de propostapara o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica natildeo em tennos de tentar definir gradeCUITlcular (que aliaacutes natildeo consta dos objetivos deste trabalho) mas em tennos desugerir as articulaccedilotildees baacutesicas para a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo cuja base sejauma proposta dialeacutetica da educaccedilatildeo e cujo conteuacutedo seja a muacutesica entendida defonna muacuteltipla e abrangente dando conta de toda e qualquer modalidade de muacutesicae das relaccedilotildees sociais a elas pertinentes

A reisatildeo da funccedilatildeo social da muacutesica em uma perspectiva histoacuterica visou au~aaproxlmaccedilatildeo da dimensatildeo social da muacutesica que se demonstrou esvaziada naanalIse do conteuacutedo dos curriacuteculos de graduaccedilatildeo A apresentaccedilatildeo de diretrizespara a elaboraccedilatildeo de novas propostas de ensino de graduaccedilatildeo derivadas dos

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diferentes maneiras Pode-se dizer em tese que cada presente tem o seupassado A praacutetica da divergecircncia deveria deixar o educando diante dealternativas divergentes natildeo apenas em questotildees fundamentais como asideologias as filosofias etc mas em questotildees menos complicadas como asteacutecnicas as metodologias as profissotildees etc

Procurando especificar um pouco mais essa articulaccedilatildeo baacutesica que aqui sepretende propor cabe sugerir essas aacutereas de estudo embora sua definiccedilatildeo numaproposta estruturada deva advir de uacutem debatepartiapativo envolvendo prof~ssorese al~os Numa pretensatildeo portanto apenas de sugestatildeo essas aacutereas poderiamserI) e~~dos musicl~gicos )estruturaccedilatildeo da linguagem musical 3))praacuteticamUSIcal 4) estudos socIo-filosoficos (I) A propna nomenclatura das aacutereas aquipropostas natildeo eacute definitiva e tambeacutem deveria ser fruto de debates para melhordenominaacute-las e delimitaacute-las

1 bull A primeira aacuterea a de estudos musicoloacutegicos abrangeria estudos centrados namuacutesi~a escrita ou oral presente ou passada pertinente a qualquer gecircnero ou estilobuscando abarcara totalidade e o movimento do universo musical em sua historicidade

A constataccedilagraveo de Ruiz (1989 p 8) de que o homem faz muacutesica dequalquer eacutepoca e lugar de qualquer tipo e funccedilatildeo contemporaneamente reforccedila a posiccedilatildeo assumida no paraacutegrafo anterior de buscar dar conta da totalidadeplural e dinacircmica do universo musical bem como a constataccedilatildeo feita no terceirocapiacutetulo de que eacute necessaacuterio que o ensino superior de muacutesica remeta agravecontemporaneidade em suas muacuteltiplas facetas

Os estudos etnomusicoloacutegicos assim como a musicologia histoacuterica estariamincluiacutedos nesta aacuterea buscando simultaneamente cortes transversais e longitudinaisdo fenocircmeno musical no tempo e no espaccedilo dando agrave muacutesica uma abordagem natildeomais ~niacutevoca mas abrangente totalizante evitando o estreitamento do proacuteprioconceIto de muacutesica

As funccedilotildees sociais - as propostas por Merriam ou outras - estariamcontempladas por esses estudos que bus cariam inclusive visualizar a muacutesica emsuas inserccedilotildees espaciais e temporais com suas representaccedilotildees simbolismosexpressotildees interpretadas a partir de uma conexatildeo com o contexto histoacuterico-concretoem que ~s (muacuteltiplas manifestaccedilotildees musicais ocorrem r ~~A ~gunda ar~a denominada aqui provisoriamente de praacutetiacuteeacuteamuumlSiCafmcUacute1 a o f~ze mUSIcal propriamente dito a realizaccedilatildeo musical em si quer emfonna de cnaccedilao quer de interpretaccedilatildeo (as duas modalidades se interpenetrando

III Uma quinta aacuterea - h ------ - J que nao c egou a ser mdUda no texto ongmal da tese foi a deeducaccedilatildeo

( ) muslcayaqui entendid d d d d a como to a atlvI ade que envolva o ensino de muacutesica em qualquer nivel

es e a muslcarzaragraveo t d d gt a e a pe agogla os lIstrumenlos em nrvel superior

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princiacutepios baacutesicos de uma educaccedilatildeo dialeacutetica requer contudo um ensino vinculadosocialmente com conteuacutedos politizados com perspectivas transformadoras

Assim buscou-se sugerir esse conjunto de articulaccedilotildees baacutesicas queoriginariam um curriacuteculo de inspiraccedilatildeo dialeacutetica cujo conteuacutedo desse conta deinserccedilotildees dinacircmicas funccedilotildees e perspectivas sociais

Os curriacuteculos atuais dos quais se tomou como exemplo o da Escola deMuacutesica da UFRJ satildeo geralmente concebidos de maneira linear sequumlencialcronoloacutegica (vide terceiro capiacutetulo) refletindo uma postura evolucionista e aleacutemde evolucionista restritiva pois comojaacute se demonstrou anteriormente essa evoluccedilatildeosoacute atende agrave muacutesica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia desconsiderando atotalidade do universo musical

Uma nova proposta teria que romper com esses encaminhamentos baacutesicospara atender aos princiacutepios dialeacutetiacutecos expostos anteriormente e para trabalhar umconteuacutedo de efetiva significaccedilatildeo social

Essa nova proposta para romptr com a perspectiacuteva linear - evolucionista acimareferida necessitaria primordialmente-acircboliro sequumlenciamento obrigatoacuterio e a cronologiana apresentaccedilatildeo dos repertoacuterios e conteuacutedos ateacute porqu~ aquisiccedilatildeo de conhecimentos ) Ipelo homem natildeo se daacute necessariamente de forma crescente sequumlencial e linearembora se processe a partir de viacutenculos com conhecimentos anteriores]

A ruptura com essa perspectiacuteva poderia se dar pela definiccedilatildeo de aacutereasbaacutesicas de estudo abandonando-se a concepccedilatildeo de elenco de disciplinas previamentedispostas de maneira sequumlencial atraveacutes dos diversos periacuteodos do curso A partirda adoccedilatildeo dessas aacutereas baacutesicas de estudo caberia ao aluno escolher o seu trajetonatildeo mais em termos de selecionar disciplinas ou de cumprir disciplinas obrigatoacuteriasmas em termos de escolher toacutepicos de estudo em cada uma dessas aacutereas emquantidade a ser definida previamente numa proposta jaacute estruturada de curriacuteculo

Esses toacutepicos de estudo - temas - que integrariam cada aacuterea baacutesica deestudo seriam diversificados e abrangentes e adviriam de temas preacute-definidos edos temas de pesquisa desenvolvidos pelo corpo docente e como tal natildeo teriamqualquer pretensatildeo sequumlencial cronoloacutegica ou de conteuacutedo crescente e dada asua riqueza envolveriam todas as modalidades de muacutesica (ou pelo menospotencialmente o fariam deixando assim de restringir o proacuteprio conceito demuacutesica)

Gadotti (1988 p70) abordando a pedagogia da divergecircncia apresentaconsideraccedilotildees que podem ser aqui citadas como reforccedilo agrave questatildeo da pluralidadetemaacutetica oferecida agrave livre escolha do aluno

A pedagogia da divergecircncia significa colocar diante do educando ediscutir com ele os vaacuterios caminhos as vaacuterias possibilidades que a soluccedilatildeode uma quest~o pode tomar ( ) A histoacuteria pode ser escrita de muitas e

155

A proacutepria polifonia deixaria de ter o atual tratamento restrito agrave polifoniatonal e abarcaria todas as modalidades possiacuteveis (da modal agrave dodecafocircnica) noacircmbito das combinaccedilotildees sonoras

f A quarta aacuterea a de estudos soacutecio-filosoacuteficos viria a fecundar oucomplementar as anteriores e poderia buscar inclusive articulaccedilotildees com outrasunidades da Universidade

Nesta aacuterea poderiam estar estudos como antropologia filosofia sociologiametodologia cientiacutefica psicologia ou outros considerados pertinentes acomplementar enriquecer ou embasar a formaccedilatildeo do aluno buscando inclusivefavorecer a articulaccedilatildeo do saber musical ou musicoloacutegico com outras aacutereas deconhecimento Tatildeo importante quanto as

aacutereas precedentes esta propiciaria ao aluno conteuacutedos que atraveacutes desiacutenteses realizadas por ele mesmo soacute viriam a acrescentar densidade ao seufazer musical e agrave sua reflexatildeo aplicada agrave muacutesica ~

Natildeo se buscaria pois a formaccedilatildeo de um muacutesico apenas adestradotecnicamente ao seu instrumento mas um muacutesico conscientizado das articulaccedilotildeesque envolvem sua atuaccedilatildeo e seu produto artiacutestico E sobretudo formar-se-iammuacutesicos instrumentalizados teoricamente para tal conscientizaccedilatildeo e capazes devisualizar o universo de conhecimentos musicais como parte integrante do universode conhecimentos humanos Eacute preciso ainda ressaltar o papel do professor nessanova perspectiva de ensino pois cabe a ele um papel extremamente criativo nesseprocesso Mas natildeo apenas criativo pois a riqueza do conteuacutedo oferecido aos alunosdependeria em grande medida do desenvolvimento das pesquisas docentes aliadaagrave praacutetica artiacutestica bem como de sua atuaccedilatildeo como consultor orientador ou assessorteacutecnico do alunado

t pedagogia da divergecircncia referida em paacuteginas anteriores a partir deGadttI (1988) ao oferecer ao aluno a possibilidade de construccedilatildeo do proacuteprioc~m~~ho natildeo preconiza a omissatildeo do professor Cabe a ele em grande parte avIaIIzaccedilatildeo do processo primeiramente preacute-definindo juntamente com o alunadoas areas de estudo as sub-aacutereas (se necessaacuterio) os temas os toacutepicos de estudoetc ~m segundo lugar sendo ele mesmo um agente criador do conhecimento(musIcal ~u musicoloacutegico) a partir de suas pesquisas e um agente de transmissatildeode conhecImentos jaacute estabelecidos (ainda que com a visatildeo criacutetica da provisoriedadedesses conhecimento ) t I s em ercelro ugar atuando como consultor e onentadorpermanente ~o processo de construccedilatildeo da trajetoacuteria do aluno

G A respeIto da funccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo ao aluno eacute oportuno citar

ramsCI (1989 p124-125)

J a aprendizagem ocorre notadamente graccedilas a um esforccediloespontaneo e autocircno d d mo o lscente no qual o professor exerce apenas uma

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fshyI--~~~~t--til-bull -4middot -bull c~middot -shybullbull--bullt-e-shyshyshyshyshyttshye154

de forma natildeo excludente) A composiccedilatildeo musical e a praacutetica interpretativa estariamaqui abrangidas e igualmente contempladas

Ainda nesta aacuterea a apresentaccedilatildeo seria temaacutetica abandonando-se assim aslistagens sequumlenciais de repertoacuterios ou de conteuacutedos e teacutecnicas a serem praticados

Ao inveacutes de apresentar obras de autores determinados os professores apartir de seus estudos e pesquisas proporiam temas para serem vivenciadosmusicalmente Procurando exemplificar para mai~r clareza se um protildefes~d~

canto propotildee como temaacutetica de estudo Os intervalos de quinta ele pode trabalhar- conforme o seu interesse e o do aluno - desde a escala pentatonal chinesa agraveocorrecircncia de quintas na muacutesica contemporacircnea se a temaacutetica for A voz e oaleatoacuterio poderiam ser incluiacutedos desde improvisos vocais como o fazem os Pigmeusou cantores de jazz agrave muacutesica de Luciano Berio ou mesmo ao Canto GregorianoSe um professor de piano quiser trabalhar o mesmo tema o da aleatoriedade elepode contar com obras de compositores atuais que buscam resgatar um papel maisativo para o inteacuterprete ou com obras do periodo Barroco que em seus baixos contiacutenuoscontavam com a aleatoriedade da interpretaccedilatildeo no momento de sua realizaccedilatildeo oucom os improvisos desenvolvidos pelo jazz pianiacutestico

rA abordagem temaacutetica aplicada agrave vivecircncia musical daria conta do popularao erudito do folclore agrave muacutesica de massa visando atraveacutes da multiplicidade deexperiecircncias esteacuteticas agrave totalidade do conceito de muacutesica em sua dinacircmica e emsuas formas contraditoacuterias e na geraccedilatildeo permanente de novas formas o que soacuteviria a enriquecer a formaccedilatildeo do muacutesico compositor e inteacuterprete (caberia inclusiveo questionamento de tal separaccedilatildeo)

J A ~tOacuteelr~ acircr~a tambeacutem proVisoriamente denominada aqui como a deestrutur~ccedilagraveordm_ltlalinguagemmusical abarcaria os mais diversos elementos comoforma textura combinaccedilotildees sonoras (que se interligam certamente agrave textura)estruturaccedilatildeo do espaccedilo meacutelico estruturaccedilatildeo riacutetmica (e sua dinacircmica) sistemasmusicais idiomas musicais etc

Esta aacuterea seria talvez o espaccedilo por excelecircncia da integraccedilatildeo da teoria agravepraacutetica atraveacutes do vivenciamento de todos os elementos possiacuteveis constitutivos dodiscurso musical da anaacutelise desses elementos da comparaccedilatildeo da critica da criaccedilatildeo

A percepccedilatildeo musical natildeo mais trabalhada como disciplina (mas talvezcomo sub-aacuterea) se enriqueceria nesse processo buscando apreender formasestruturas sistemas articulaccedilotildees as mais variadas (atraveacutes de propostas temaacuteticas)deixando de ser percepccedilatildeo-adestramento de alguns modelos direcionadores Omesmo ocorreria com o estudo da morfologia musical da harmonia (incluiacuteda noacircmbito de combinaccedilotildees sonoras tal como a poli fonia ou outras) e o espectromusical oferecido ao aluno sofreria um alargamento mais uma vez abrangendo atotalidade das manifestaccedilotildees musicais

157

r

mesma sociedade Revisto esse ensino a partir de uma concepccedilatildeo dialeacuteticacomo aqui se pretendeu resgata-se essa relaccedilatildeo com a sociedade como u~

todo e resgata-se o papel criacutetico e criador da Universidade - criador de culturade muacutesica em sua plena acepccedilatildeo de saber musical e musicoloacutegico de homen~

tomados homens de homens que se percebem eles mesmos tal como sua artecomo processos permanentes

Resgata-se tambeacutem o papel do professor conferindo-lhe um papel de gestorde um processo efetivamente criativo e produtivo em que ele mesmo eacute elementocriador e produtor em transformaccedilaacuteo permanente Criador e produtor sobretudode muacutesica e de reflexatildeo musicoloacutegica e natildeo de alunos apenas reprodutores d~

obras e de conhecimentos que lhes satildeo simplesmente transmitidos sem que seexija deles nenhuma accedilatildeo construtiva artistica ou teoacuterica ou mesmo criacutetica

Resgata-se ainda um ensino de efetiva implicaccedilatildeo poliacutetica abandonandoshyse conteuacutedos pretensamente neutros que apenas ocultam os conflitos sociais erefletem uma perspectiva uniacutevoca A fecundidade teoacuterica e artiacuteStIca residejustamente emabrangecircncia das situaccedilotildees contraditoacuterias criticando-as refletindosobre elas reprocessando-as criativamente na elaboraccedilatildeo de novos conhecimentos

Da revelaccedilatildeo de contradiccedilotildees impulsiona-se assim a criaccedilatildeo de saber al consciecircncia poliacutetica e a accedilatildeo transformadora contribuindo para a formaccedilatildeo dosalunos num sentIdo pleno como homens agentes de sua histoacuteria

r E resgata-se sobretudo a proacutepria funccedilatildeo social da muacutesica que como toda~0nn~ de arte tem pap~is sociais a cumprir contribuindo para o desenvolvimento

~ 1 mdIvIdual em sua totalIdade e para uma accedilatildeo social efetivamente significativaSe conforme Demo (1987) afirma ciecircncia eacute uma utopia na medida em que

busca se~pre a verd~de interminavelmente e se a arte segundo Fischer (sd)tem tambem como mIssatildeo a criaccedilatildeo de utopias mostrando o mundo como passiveIde ser mudado e ajudando a mudaacute-lo a Universidade ao abrigar cursos superiorescomo o de muacutesica nos quais a praacutetica investigatoacuteria e a artiacutestica devem caminhar~ado a Ia~o tem un significativo papel social a desempenhar _ quer na busca~nt~~mavel da verdade na projeccedilagraveo de utopias na busca do aperfeiccediloamentoIndIVIduaI e social

O curriacuteculo fruto entatildeo de uma concepccedilagraveo dialeacutetica seria o caminho paraque o homem - um process h

o - se tome ornem e lortalecIdo por esse movimentose tome um agente efeti d h ~

vo a Istona contnbumdo para a transformaccedilatildeo social

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156

funccedilatildeo de guia amigaacutevel como ocorre ou deveria ocorrer na universidadeDescobrir por si mesmo uma verdade sem sugestotildees e ajudas exteriores eacutecriaccedilatildeo ( mesmo que a verdade seja velha) e demonstra a posse do meacutetodoindica que de qualquer modo entrou-se na fase da maturidade intelectualna qualEuode descobrir verdades novas

( Gra~scvaponta como funccedilatildeo orgacircnica do professor o aconselhamento afacilitaccedilatildeo de pesquisas discentes a aceleraccedilatildeo da formaccedilatildeo cientifica do alunoo estimulo para que este faccedila suas primeiras publicaccedilotildees o propiciamento de contatodo aluno com outros especialistas Aleacutem disso atribui ao professor a importantetarefa de transmissatildeo da bagagem acumulada agravequal remeteraacute avaliaccedilotildees criticasanaacutelises esteacuteticas ou filosoacuteficas ~~

O paraacutegrafo que se segue tomado acircGadotti N990 p74) reforccedila o papel doprofessor nos termos aqui propostos ou seja numa posiccedilatildeo diretiva que natildeoexclui a iniciativa do aluno mas convive com ela guiando-a e incentivando-a

r-- A educaccedilatildeo eacute um processo contraditoacuterio ( unidade e oposiccedilatildeo) umatotalidade de accedilatildeo e reflexatildeo eliminando a autoridade caiacutemos noespontaneiacutesmo libertaacuterio onde natildeo se daacute educaccedilatildeo eliminando a liberdadecaiacutemos no autoritarismo onde tambeacutem natildeo existe educaccedilatildeo mas domesticaccedilatildeoou puro adestramento O ato educativo realiza-se nessa tensatildeo dialeacutetica entreliberdade e necessidade

Ao privilegiar o conteuacutedo o ensino em bases dialeacuteticas atribui ao professoruma responsabilidade consideraacutevel pois eacute atraveacutes do conteuacutedo que se daraacute arenovaccedilatildeo da consciecircncia do aluno e cabe ao professor estabelecer a relaccedilatildeoentre esse saber e a praacutetica do alunado Essa relaccedilatildeo se processa com umaparticipaccedilatildeo de ambas as partes o professor assumindo uma tarefa diretivaorganizadora de modo ajunto com o aluno realizar a elaboraccedilatildeo e reelaboraccedilatildeodo saber a ruptura com o velho a construccedilatildeo do novo (o novo natildeo entendidonecessariamente como o ineacutedito ou original~~o sentido da escoberta ou dareelaboraccedilatildeo)

O ensino superior de muacutesica nas bases aqui propostas contando com umaatuaccedilatildeo critica e criativa de professores e alunos viabilizaria entatildeo o que Gadotti(1988 p121) assinala

A relaccedilatildeo universidade-sociedade eacute dialeacutetica a universidade criacultura para uma sociedade mas ela eacute tambeacutem fruto reflexo de certascondiccedilotildees culturais que permitem o seu surgimento

O atual ensino de muacutesica que se revelou desvinculado de significaccedilotildeessociais e descontextualizado na anaacutelise realizada no terceiro capitulo eacute apenasfruto de uma diminuta parcela da sociedade cujos modelos cultu~ai~1usca~~Plt2~JZir

e eternizar mas natildeo se propotildee como Gadotti assinala a criar cultura para essa

CAPIacuteTULO V

CONCLUSAtildeO

Este trabalho teve sua origem em uma preocupaccedilatildeo com a muacutesica nocontexto do seacuteculo XX e seu ensino no acircmbito universitaacuterio Impossiacutevel dizer qualdessas preocupaccedilotildees surgiu primeiro elas se interpenetraram e caminharamjuntas e isso explica a dupla dimensatildeo desta pesquisa

Na verdade essas duas preocupaccedilotildees tiveram origem nas salas de aula daEscola de Muacutesica da UFRJ na reflexatildeo conjunta com professores e alunos deonde emergiram as pe[gUntas que antecederam a este trabalho Com que conc~pccedilatildeo

de muacutesica trabalham os cursos superiores de muacutesica Qual a funccedilatildeo socml damuacutesica ensinada nesses cursos

Os objetivos desta pesquisa decorreram assim de um conflito surgido nasclasses de Histoacuteria da Muacutesica onde se procurou abrir um debate sobre a muacutesicaem uma perspectiva histoacuterica em suas relaccedilotildees com a sociedade E agrave medida emque esse debate se aprofundava cresciam as inquietaccedilotildees sobre as relaccedilotildees doproacuteprio curso de graduaccedilatildeo com a sociedade sobre as funccedilotildees sociais do conteuacutedodesses cursos

A primeira parte deste trabalho deu forma aos levantamentos bibliograacuteficosrealizados sobre as funccedilotildees sociais da muacutesica a partir da periodizaccedilatildeo da histoacuteriada muacutesica elaborada por Walter Wiora e da categorizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais damuacutesica proposta por Allan Merriam Evidenciou-se nessa etapa uma trajetoacuteriada muacutesica rica de significados sociais e um contexto musical contemporacircneoestremamente diversificado e conflituoso refletindo as proacuteprias caracteriacutesticassociais econocircmicas culturais do seacuteculo XX

Diante desse painel tomaram-se mais evidentes as preocupaccedilotildees relativasaos cursos de graduaccedilatildeo que analisados pela oacutetica das funccedilotildees sociais da muacutesicaneles trabalhada apresentaram-se dissociados da problemaacutetica atual operandocom um conteuacutedo de funccedilotildees sociais restritas O proacuteprio papel da Universidadetema atual de debates internos e externos ao meio acadecircmico aflorou de formapreocupante

A partir daiacute do proacuteprio quadro evidenciado quanto agrave situaccedilatildeo do ensmosuperior de muacutesica na restrita significaccedilatildeo social de seu conteuacutedo tomou-sepremente o delineamento de novos rumos E foi na concepccedilatildeo dialeacutetica aplicadaagrave educaccedilatildeo que se pareceu encontrar uma contrapartida para o problema namedida em que conceber dialeticamente o ensino implica em consideraacute-lonecessariamente voltado para um homem concreto articulado com um contexto

158

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social especifico Ocorreu entatildeo uma convergecircncia com os pressupostosassumidos preliminarmente ou seja de que arte muacutesica e educaccedilatildeo satildeoinstrumentos possiacuteveis de transformaccedilatildeo individual e social

A dimensatildeo poliacutetica entatildeo evidente eacute relativamente rara nos debates sobremuacutesica ou sobre o ensino superior de muacutesica pois muitos lidam com arte em gerale muacutesica como elementos politicamente neutros ou mesmo isentos de implicaccedilotildeesdessa ordem

Este trabalho inverteu em Sua fase final essa colocaccedilatildeo de aparente I

neutralidade em que os cursos de muacutesica frequumlentemente se colocam Pretendeu- se ao contraacuterio visualizar um ensino de muacutesica politicamente concebido articuladocom o contexto social atual da cultura brasileira ou das culturas brasileiras nodizer de Bosi (1987) lidando com uma concepccedilatildeo totalizante de muacutesica e dehomem e voltado para o aperfeiccediloamento individual e social

Foi assim a partir de uma inspiraccedilatildeo tomada aos princiacutepios do meacutetododialeacutetico que surgiram as diretrizes filosoacuteficas propostas no final do trabalhoBuscou-se com essas diretrizes apontar para um quadro utoacutepico hoje mas atingiacutevelno futuro de um CUrso superior de muacutesica em novas bases privilegiando a accedilatildeo(criadora poliacutetica artiacutestica social) a reflexatildeo (fundamentada e inovadora) aproduccedilatildeo (de saber musical e musicoloacutegico) a totalidade do homem e de sua arte

Natildeo se considerou cabiacutevel a proposiccedilatildeo de novo curriacuteculo mas pareceunecessaacuterio exemplificar a operacionalizaccedilatildeo das diretrizes propostas e para issoas possiacuteveis articulaccedilotildees baacutesicas do conteuacutedo de um curriacuteculo concebido em base~dialeacuteti~as foram apresentadas Seria incoerente com a proacutepria postura filosoacuteficaass~mlda neste trabalho ir aleacutem disso pois a convicccedilatildeo de quea participaccedilatildeoconJunta de professores e alunos eacute que deve dar cabo de tal tarefa eacute a quecoerentemente com os princiacutepios e pressupostos apresentados foi adotada

P~ojetou-se assim um curso de graduaccedilatildeo em muacutesica em que a produccedilatildeode musIca e ~e reflexatildeo sobre muacutesica eacute o cerne do processo enraizado nacontemporaneidade musical com suas muacuteltiplas facetas Propocircs-se para issouma accedilatildeo partici f Ccedil

pa Iva elctlvamente cnadora de professores e alunos rccusando-se o papel meramente reprodutor E sobretudo trabalhou-sc com uma concepccedilatildeode arte e de ~uacutesica efetivamente vinculada agrave sociedade da qual eacute determinanteem certa medIda embo t b I d ra am em seja por e a determinada e dotada portanto

e uma vertente poliacutetica e transformadora Sem duacutevida d

as Iretnzes aquI apresentadas satildeo passiacuteveis dequestIonamentos mas ~ I ISSO nao minimIza a pretensatildeo de oferecer aos professorese a unos de cursos supe

um d - nores uma proposta baslca Inovadora para fundamentara ISCUssao que des rt pe e esses cursos da inerCIa e da repeticcedilatildeo

159

Aula
Nota
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161

BIBLIOGRAFIAtshyt-

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160

Essa proposta sobretudo natildeo eacute ocasional superficial ou de fundamentosrecentes Eacute o fruto de uma reflexatildeo que nasceu no proacuteprio exercicio do magisteacuteriosuperior de muacutesica dos debates participativos nas proacuteprias aulas em seminaacuterioscongressos reuniotildees para refonna de curriacuteculos em conversas infonnais cheiasde idealismo e aleacutem disso subsidiada por leituras consistentes e persistentespois frequumlentemente a bibliografia sobre muacutesica eacute teoricamente escassa tambeacutemela impregnada de concepccedilotildees fragmentaacuterias de muacutesica muitas vezes restritaapenas a descrever fatos ou a repetir infonnaccedilotildeesEacutessa deficiecircncia bibliograacuteficaimpele frequumlentemente a que se busquem fundamentos teoacutericos em outras aacutereaso que representa um ~sforccedilo adicional ao transportaacute-los para o ~mbito da muacutesica]

Os novos cursos de muacutesica concebidos nas bases aqUI propostas talvezpudessem suprir ateacute mesmo essa lacuna passando a produzir aleacutem de muacutesicareflexatildeo musicoloacutegica gerando bibliografia mais rica para novos estudos epreenchendo com isso um espaccedilo que efetivamente cabe agrave Universidade

A proposta maior deste trabalho - fornecer subsiacutedios para revisatildeo doscursos superiores de muacutesica~ foi plenamente atingida Falta empreender o debatee ter coragem para as modificaccedilotildees Teraacute entatildeo compensado o esforccediloempreendido na busca de um novo caminho

163

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~ ~ ~ ~ f-shyCshyC-shy~

teshytshyI~tetbullttshytshyeshyshyshyshyshye

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Problemaacutetica da Pesquisa e do Ensino Musical no Brasil (2abull Fase) Joatildeo

Pessoa 6 a IOde julho de 1987 Joatildeo Pessoa Universidade Federal da Paraiacuteba MEC CNPq

3 ESTRUTURA ACADEcircMICA DA ESCOLA DE MUacuteSICA DA UFRJ

31 Cursos e Habilitaccedilotildees

ANEXO I

--_-----167

PRELIMINAR - Iniciaccedilatildeo MusicalTEacuteCNICO - Formaccedilatildeo profissional a niacutevel de 2deg grau fornecendo Diploma registrado no Ministeacuteriacuteode Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)GRADUACcedilAacuteO - Licenciatura em Educaccedilatildeo Artiacutestica Instrumento Piano Violino Viola ViolonceloContrabaixo Viacuteolatildeo Oboeacute Flauta Fagote Clarineta Trompa Trompete Trombone Oacutergatildeo Harpae Percussatildeo Composiccedilatildeo Canto Regecircncia (Com exceccedilatildeo do primeiro que soacute haacute para Licenciaturaos demais atendem ao Bacharelato e Licenciatura)POacuteS-GRADUACAtildeO - Mestrado nas seguintes aacutereas Piano Oacutergatildeo Canto Instrumentos de Arco eCordas Dedilhadas (Harpa) Instrumentos de Percussatildeo e ComposiccedilatildeoAdmissatildeoPRELIMINAR - Natildeo se exige da crianccedila conhecimentos musicais O teste de seleccedilatildeo vocacional medea percepccedilatildeo auditiva para som e ritmoTEacuteCNICO - O Concurso de habilitaccedilatildeo poderaacute ser prestado para os periacuteodos iacutempares do Ciclo Baacutesicoe para o primeiro periacuteodo do Ciclo Profissiacuteonal Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provasa) Percepccedilatildeo musical e conhecimentos teoacutericosb) Execuccedilatildeo instrumentalGRADUACcedilAtildeO - Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provasa) Percepccedilatildeo musical e conhecimentos teoacutericosb) Harmoniac) Execuccedilatildeo Instrumental

POacuteS-GRADUACAtildeO - Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provas (todas as aacutereas deconcentraccedilatildeo)a) Execuccedilatildeo instrumentalb) Anaacutelise

c) Capacidade de leitura em Iingua estrangeira inglecircs alematildeo francecircs ou italiano agrave escolha do candidatod)Entrevista

A aacuterea de Canto tem aleacutem dessas uma prova de acompanhamento ao piano de peccedila para Canto agraveescolha do candidato a aacuterea de Composiccedilatildeo deveraacute se submeter agraves seguintes provasa) Composiccedilatildeo (Fuga Tema e Variaccedilotildees)

Apreciaccedilatildeo de obras do candidatoPercepccedilatildeo Musical

b) Anaacutelise

c) Capa~idade de leitura em liacutengua estrangeira inglecircs alematildeo francecircs ou italiano agrave escolha docandIdato

d) Entrevista

a) Fundamentaccedilatildeo Legal do Curso

~A criaccedilatildeo da ~niversidade do Rio de Janeiro natildeo modificou o ensino ministrado pois a universidadedGO ponto de vIsta legal era um conjunto de Faculdades reunidas O Dr Getuacutelio Vargas Chefe do

ovemo Provisoacuterio e I dfi de 19 r soveumo I Icara situaccedilatildeo promulgando o Decretonordm 19852 de II deabril

31 que congregava vaacuterias Faculdades inclusive o entagraveo Instituto Nacional de Muacutesica na

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166

Squeff Enio e Wisnik Joseacute Miguel _Muacutesica o nacional e o popular na culturabrasileira Satildeo Paulo Brasiliense 1982

Tinhoratildeo Jose Ramos Pequena histoacuteria da muacutesica popular Satildeo Paulo Ciacuterculo doLivro [sd]

Velho Gilberto (Org) Arte e sociedade Rio de Janeiro Zahar Editores 1977Vicuna Maria Ester Grebe Reflexiones sobre la vinculacioacuten y reciprocidades

entre la etnomusicologiacutea y la musicologiacutea histoacuterica Revista Musical Chilena1989 ln 26-32

Waisman Leonardo 1989 ln 15-25 Musicologias Revista Musical Chilena1989 ln 15-25

Weber Max Los fundamentos racionales y socioloacutegicos de la musica ln Economiay sociedad 7a

bull ed Meacutexico Fondo de Cultura Economica 1984 Conceitos baacutesicos de sociologia Satildeo Paulo Moraes 1987----

Webem Anton O caminho para a muacutesica nova Satildeo Paulo Novas Metas 1984uWiora Walter _Les quatre acircges de la musique Paris Petite_ Bibliotheque Payot

1961Wisnik Jose Miguel O coro dos contraacuterios A muacutesica em tomo da Semana de 22

Satildeo Paulo Duas Cidades Secretaria de Cultura Ciecircncia e Tecnologia 1977 O som e o sentido Satildeo Paulo Companhia das Letras Ciacuterculo do Livro----

1989Zamacois Joaquim Temas de esteacutetica ~historia de la musica Barcelona

Editorial Labor 1986

Universidade do Rio de Janeiro Em 1937 a Lei 452 transformou a Universidade do Rio de Janeiro emUniversidade do Brasil e mudou o nome de Instituto Nacional de Muacutesica para Escola Nacional deMuacutesica Em 1961 com a mudanccedila da Capital Federal para Brasilia a Universidade do Brasil passoua ser designada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Escola Nacional de Muacutesica ficousendo chamada Escola de Muacutesica da Universidade Federal do Rio de Janeiro com base no DecretoshyLei nordm 53 de 18 de novembro de 1966

--- b) Da ProfissatildeoOs Cursos de Licenciatura estatildeo preparando professores para o ensino de ldeg e 2deg graus cujomercado de trabalho eacute bastante satisfatoacuterio O Curso de Graduaccedilatildeo forma profissionais habilitados aintegrar as orquestras das grandes cidades cujos quadros estatildeo sempre se renovando O Curso dePoacutes-Graduaccedilatildeo objetiva a formaccedilatildeo de professores de alta qualificaccedilatildeo profissional pesquisadores econcertistas que teratildeo condiccedilotildees de competir mesmo no exterior

32 - Curriacuteculo por Habiacutelitaccedilatildeo

Os Curriculos minimos dos Cursos Superiores de muacutesica compreendem as seguintes mateacuteriasMateacuterias Comuns a todos os Cursos - Esteacutetica Histoacuteria das Artes e Estudo dos Problemas BrasileirosMateacuterias Especificas dos Cursos - Curso de Instrumento Instrumento e Muacutesica de Cacircmera Curso deCanto Fisiologia da Voz Canto e Canto Coral Composiccedilatildeo e Regecircncia Harmonia SuperiorContraponto e Fuga Prosoacutedia Musical Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo Composiccedilatildeo (para oCompositor) e Regecircncia (para o Regente)

a)CEG06

CURSO PIANO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO ldeg - Creacuteditos 12MUPIOI - Piano IMUC 101 - Harmonia e Morfologia IMUMIOI - Transp e Acompanhamento ao Piano IFCS III - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integrada agrave Muacutesica

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2 - Creacuteditos IIMUP 102 - Piano IIMUC 102 - Harmonia e Morfologia IMUM I02- Transposiccedilatildeo e Acompanhamento ao piano IIMUT 192 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3deg - Creacuteditos IIMUP 20 I - Piano IIIMUC 20l - Harmonia e Morfologia III

168

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MUM 201 - Transp e Acompanhamento ao Piano IIIMUT 331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos IIMUP202 - Piano IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUM202 - Transp e Acompanhamento ao Piano IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 10MUP301- Piano VMUC301- Hannonia e Morfologia VM UT431- Histoacuteria da Muacutesica III

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos lOMUP302 - Piano VIMUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IV

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos lOMUP-40 1- Piano VIIMUC541 Esteacutetica Musical IMUM III - Muacutesica de Cagravemera I

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Sordm - Creacuteditos 10MUP402 - Piano VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUM 112 - Muacutesica de Cagravemera II

CONCLUSAO DO CURSO 100 CREDIlOS 85 BRIGATOacuteRIOSe 15 COMPLEMENTARES

CURSO OacuteRGAtildeO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEOUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO I - Creacuteditos IIMUPIII - Oacutergatildeo IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IFCSIII - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERIacuteO~O DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm _Creacuteditos lOMUPI12 - Orgatildeo II

MUTl 02 - Harmonia e Morfologia II

169

MUT 192 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3~ - Creacuteditos 10MUP211 - Oacutergatildeo IIIMUC201 - Hannoniacutea e Morfologia IIIMUT331 - Hiacutestoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4~ - Creacuteditos 10

MUP2J2 - Oacutergatildeo IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5~ - Creacuteditos 12MUP311 - Oacutergatildeo VMUC301 - Harmonia e Morfologia VMUT431 - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUC371 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo I

6 - PERIOacuteDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6~ - Creacuteditos 12MUP312 - Oacutergatildeo VIMUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo II

7 - PERIOacuteDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7~ - Creacuteditos 10MUP411 - Oacutergatildeo VIIMUC541- Esteacutetica Musical IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8~ - Creacuteditos 10MUP412 - Oacutergatildeo VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

CONCLUSAtildeO DO CURSO 100 CREacuteDITOS 85 OBRIGATOacuteRIOS E 15COMPLEMENTARES

CURSO COilPOSICcedilO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEacuteNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO I~ - Creacuteditos 8MUC 101 - Harmonia e Morfologia IMUTI21 - lIistoacuteria das Artes Integr a Muacutesica[FC II S - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva I

170

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FCSIII - Estudo de Problemas Brasileiros IMUPI21 - Piano B I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 7MUC I02 - Hannonia e Morfologia IIEFCI25 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IIMUT 192 - Estudo de Problemas Brasileiros IIIIUP 122 - Piano B II

3 - PERiacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 32bull - Creacuteditos 9MUC20 I - Hannonia e Morfologia IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica IMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUP221 - Piano B III

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 42 - Creacuteditos 10MUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Hist6ria da Muacutesica IIMUTI62 - Folclore Nacional Musical IIMUP222 - Piano B IVMUC III - Prosoacutedia Musical

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 15MUC30 I - Hannonia e Morfologia VM UT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUP32 I - Piano B VMUC351 - Contraponto I

MUC321 - Hannonia Superior I

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos ISMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUP322 - Piano B VIMUC352 - Contraponto IIMUC322 - Hannonia Superior II

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 72 _ Creacuteditos 14MUP421 - Piano B VII

MUC541 - Eseacutetica Musical I

MUC683 - Oficina de Composiccedilatildeo I

MUC371 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IMUC461 - Fuga I

8 - PERIacuteOODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 82bull _ Creacuteditos 14MUP422 - Piano B VIII

MUC542 - Esteacutetiea Musical II

MUC684 - Oficina de Composiccedilatildeo II

171

MUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IIMUC462 - Fuga II

9 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 9ordm - Creacuteditos 8MUC481 - Composiccedilatildeo IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

lO - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 10ordm - Creacuteditos 8MUC482 = Composiccedilatildeo IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

II - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO II ordm - Creacuteditos 6MUC581 - Composiccedilatildeo III

12 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 12ordm - Creacuteditos 6MUC582 - Composiccedilatildeo IV

13 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 13ordm - Creacuteditos 6MUC681 - Composiccedilatildeo V

14 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 14ordm - Creacuteditos 6MUC682 - Composiccedilatildeo VI

CONCLUSAtildeO DO CURSO 136 CREacuteDITOS 132 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

CURSO INSTRUMENTO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 14 - Instrumento IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IMUM 15 I - Praacutetica de Orq uestra IFCS III - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERCODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento IIMUC 102 - Harmonia a Morfologia 11MUM 152 - Praacutetica de Orquestra IIMUTl92 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva 11

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 13

172

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- Instrumento IIIMUC201 - Hannonia e Morfologia IIIMUM251 - Praacutetica de Orquestra IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUM252 - Praacutetica de Orquestra IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VMUC30 I - Harmonia e Morfologia VM UT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUM351 - Praacutetica de Orquestra V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUM352 - Pratica de Orquestra VI

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIIMUC541 - Esteacutetica Musical IMUMIII - Muacutesica de Cacircmera IMUM451 - Pratica de Orquestra VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUMI 12 - Muacutesica de Cacircmera IIMUM452 - Praacutetica de Orquestra VIII

CONCLUSAtildeO DO CURSO 109 CREacuteDITOS 105 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

Compreendendo Instrumentos de Cordas - Violino Viola Violoncelo e Contrabaixo HarpaInstrumentos de Sopro - Flauta Oboeacute Clarineta Fagote Trompa Trompete e Trombone

CURSO CANTOCURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIAS

SEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 15MUVIOI - Canto I

173

MUCIOI - Hannonia e Morfologia IMUVlll- Dicccedilatildeo IFCSI I I - Estudo dos Problemas Brasileiros IEFCI 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTI21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave MuacutesicaMUT 171 - Fisiologia do Voz IMUPI21 - Piano B I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 14MUV 102 - CantoMUCI02 - Hannonia e MorfologiaMUVI 12 - DicccedilatildeoMUTI 92 - Estudo de Problemas BrasileirosEFCI25 - Educaccedilatildeo Fiacutesica DesportivaMUTI72 - Fisiologia da VozMUPI22 - Piano B II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 13MUV201 - Canto IIIMUC20 I - Hannonia e Morfologia IIIM UT33l - Histoacuteria da MuacutesicaMUV2l I - Dicccedilatildeo IIIMUP22l - Piano B II1

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 13MUV202 - Canto IVMUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da MuacutesicaMUV2l2 bull Dicccedilatildeo IVMUP222 - Piano B IV

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARlDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 14MUV30 I - Canto VMUC30l - Hannonia e Morfologia VMUM141 - Canto Coral IM UT431 - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUV 121- Declamaccedilatildeo Liacuterica IMUP321 - Piano B V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 14MUV302 - Canto VIMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUMI42 - Canto Coral IIMUT432 - Hist6ria da Muacutesica IVMUV122 - Declamaccedilatildeo LiacutericaMUP322 - Piano B VI

174

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7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos I I

MUV401 - Canto VIIMUC54l - Esteacutetica Musical IMUV22 I - Declamaccedilatildeo Liacuterica II IMUP421 - Piano B VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos II

MUV402 - Canto VIIIMUC542 - Esteacutetica MusicalMUV222 - Declamaccedilatildeo Liacuterica IVMUP422 - Piano B VIII

CONCLUSAtildeO DO CURSO 109 CREacuteDITOS 105 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

CURSO REGEcircNCIA

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 10MUC10l - Hannonia e Morfologia IMUTI2l - Histoacuteria das Artes Integr agrave MuacutesicaFCS I I I - Estudo de Problemas Brasileiros IEFCI 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUPI2l - Piano B IMUT 10 I - Percepccedilatildeo Musical I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 9MUC 102 - Hannonia e Morfologia IIMUT I92 - Estudo de Problemas Brasileiros IIEFC125 - Educaccedilatildeo Fiacutesica DesportivaMUPI22 - Piano B IIMUTI 02 - Percepccedilatildeo Musical II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos IIMUC201 - Harmonia e Morfologia IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica IMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUP221 - Piano BillMUT201 - Percepccedilatildeo Musical II1

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 12MUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica IIMUTI62 - Folclore Nacional MusicalMUCI I I - Prosoacutedia Musical

175

MUP222 - Piano B IVMUT202 - Percepccedilatildeo Musical IV

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 15MUC301 - Hannonia e Morfologia VMUT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUC32 I - Harmonia Superior IMUC35 I - Contraponto IMUP32 I - Piano B V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 15MUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUC322 - Hannonia Superior IIMUC352 - Contraponto IIMUP322 - Piano B VI

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos I IMUC541 - Esteacutetica Musical IMUC37 I - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IMUC461 - Fuga IMUP42 I - Piano B VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos I IMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IIMUC462 - Fuga IIMUP422 - Piano B VIII

9 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 9ordm - Creacuteditos 8MUM42 I - Regecircncia IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

10 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 10ordm - Creacuteditos 8MUM422 - Regecircncia IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

11 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO II ordm - Creacuteditos 6MUM52 I - Regecircncia III

12 - PERIacuteOODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 12ordm - CREacuteDITOS 6MUM522 - Regecircncia IV

13 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 13ordm - CREacuteDITOS 6MUM62 I - Regecircncia V

14 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 14ordm - CREacuteDITOS 6

176

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MUM622 - Regecircncia VI

CONCLUSAtildeO DO CURSO 142 CREacuteDITOS 134 OBRIGATOacuteRIOS e 8COMPLEMENTARES

CURSO VIOLAtildeO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 13MUAI03 - Violatildeo IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IMUT IOI - Percepccedilatildeo Musical IFCS II I - Estudo de Problemas Brasileiros IEFC I 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 12MUA 104 - Violatildeo IIMUC I02 - Harmonia e Morfologia IIMUT I02 - Percepccedilatildeo Musical IIMUTl92 - Estudo de Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 12MUA203 - Violatildeo IIIMUC201 - Harmonia e Morfologia IIIMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4 - Creacuteditos 12MUA204 - ViolatildeolVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUTl62 - Folclore Nacional Musical IIMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creditos 12MUA303 - Violatildeo VMUC301 - Hannonia e Morfologia VMUT431 - Histoacuteria da Muacutesica lIacuteIMUT511 - Muacutesica Brasileira I

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm _ Creacuteditos 12MUA304 - Violatildeo VIMUacuteC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUT52 I - Muacutesica Brasileira II

177

179

DEPARTAMENTO 01

E00567 - Praacutetica de Ensino de Flauta IE00568 - Praacutetica de Ensino de Flauta IIE00569 - Praacutetica de Ensino de Fagote IE00570 - Praacutetica de Ensino de Fagote IIE0057 I - Praacutetica de Ensino de Clarineta IE00572 - Pratica de Ensino de Clarineta IIE00583 - Praacutetica de Ensino de Trompa IE00584 - Praacutetica de Ensino de Trompa IIE00585 - Praacutetica de Ensino de Trompete IE00586 - Praacutetica de Ensino de Trompete IIE00587 - Praacutetica de Ensino de Trombone IE00588 - Praacutetica de Ensino de Trombone IIE00589 - Praacutetica de Ensino de Oacutergatildeo IE00590 - Praacutetica de Ensino de Oacutergatildeo IIE00591 - Praacutetica de Ensino de Harpa IE00592 - Praacutetica de Ensino de Harpa IIE00593 - Praacutetica de Ensino de Composiccedilatildeo IE00594 - Praacutetica de Ensino de Composiccedilatildeo IIE00595 - Praacutetica de Ensino de Canto IE00596 - Praacutetica de Ensino de Canto IIE00587 - Praacutetica de Ensino de Regecircncia IE00598 - Praacutetica de Ensino de Regecircncia II

OacuteRGAtildeO I - O Oacutergatildeo sua disposiccedilatildeo geral Posiccedilatildeo individual do organista ao instrumento Haacutebito deleitura em trecircs ou mais pautar Sinais convencionais para a pedaleira Teacutecnica das matildeos e dos peacutes Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAtildeOIl- Oposiccedilatildeo cntre sons ligados e reparados A teacutecnica da pcdaleira aplicaccedilatildeo da ponta e docalcarhar incluindo a substituiccedilatildeo muda c sonora dos peacutes Estudo dirigido Repertoacuterio obriget6rioORGAO III - Da teacutecnica da pedaleira cruzamcnto e altemacircncia dos peacutes escalas maiores e mcnoresligadas e destacadas com aplicaccedilatildeo de ponta e do calcanhar Registros e acessoacuterios mecacircnicos Estudo~relirrinardos jogos Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioORGAO IV - De teacutecnica da pedaleira intervalos de segundas menores resvalando com a ponta do peacute(striciamento) Arpejos na pedaleira Movimentos em intervalos diversos e em ritmos diferentes dos~eacutes uridos aos manuais Jogos de Fundo Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioORG~ V - Da teacutecnica da pedaleira Pedais duplos triplos e quaacutedruplos Escolha dos Registros eacessonos mecacircnicos Estudo dos Jogos de Mutaccedilatildeo e de Palheta nos diferentes autores para oacutergatildeoEstudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterio

a)CEG03

33 - Ementas das Disciplinas

b) Disciplinas CompIementararesTodo Curso aleacutem das Disciplinas Obrigatoacuterias condiciona o aluno agrave realizaccedilatildeo de duas DisciplinasComplementares que variam de Curso para Curso e cuja relaccedilatildeo pode ser encontrada naUnidade

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EOS533 - Fundamentos Socioloacutegicos da EducaccedilatildeoEOH543 - Fundamentos Fisioloacutegicos EducaccedilatildeoEOA563 - Estrutura e Funcionamento do Ensino Iordm grauEOA564 - Estrutura e Funcionamento do Ensino 2ordm grauEOP526 - Psicologia da Educaccedilatildeo IEOP527 - Psicologia da Educaccedilatildeo IIE00573 - Didaacutetica IE00574 - Didaacutetica II

Dependendo da Licenciatura que o aluno esteja cursando deveraacute se inscrever para a praacutetica deensino especifica nas Disciplinas abaixo relacionadasE00515 - Praacutetica de Ensino de Muacutesica IE005 16 - Praacutetica de Ensino de Muacutesica IIE00551 - Praacutetica de Ensino de Iniciaccedilatildeo Musical IE00552 - Praacutetica de Ensino de Iniciaccedilatildeo Musical IIE00599 - Praacutetica de Ensino de Percussatildeo IE00600 - Praacutetica de Ensino de Percussatildeo IIE00553 - Praacutetica de Ensino Musical Especial IE00554 - Praacutetica de Ensino Musical Especial IIE00555 - Praacutetica de Ensino de Piano IE00556 - Praacutetica de Ensino de Piano IIE00557 - Praacutetica de Ensino de Violino IE00558 - Praacutetica de Ensino de Violino IIE00559 - Praacutetica de Ensino de Viola IE00560 - Praacutetica de Ensino de Viola IIE0056 I - Praacutetica de Ensino de Violoncelo IE00562 - Praacutetica de Ensino de Violoncelo IIE00563 - Praacutetica de Ensino de Contrabaixo IE00564 - Praacutetica de Ensino de Contrabaixo IIE00565 - Praacutetica de Ensino de Oboeacute IE00566 - Praacutetica de Ensino de Oboeacute II

PLANO CURRICULAR DA FORMACcedilAtildeO PEDAGOacuteGICAPARA O ALUNO DE LICENCIATURA

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - CREacuteDITOS lOMUA404 - Violatildeo VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUM2I2 - Muacutesica de Cacircmera IICONCLUSAO DO CURSO 105 CREacuteDITOS 93 OBRIGATOacuteRIOS e 12COMPLEMENTARES

7 - PERiacuteoDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - CREacuteDITOS 10MUA403 - Violatildeo VIIMUC54I - Esteacutetica Musical IMUM I I I - Muacutesica de Cacircmera I

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OacuteRGAtildeO VI - Da teacutecnica da pedaleira o trinado na pedaleira Tipos de oacutergatildeos Utilizaccedilatildeo de todos osJogos Combinaccedilotildees Livres Fixas e Ajustaacuteveis Diferentes eacutepocas do Oacutergatildeo Harmonizaccedilatildeo de umBaixo Dado Coral Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAtildeO VII - Da teacutecnica da pedaleira Escalas em oitavas Recursos dos diversos oacutergatildeos eletrocircnicosTodos os Jogos do Oacutergatildeo Caixas expressivas e registros acessoacuterios mecacircnicos Obras organiacutesticasseus autores Harmonizaccedilatildeo de um Baixo Dado em forma de Coral Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAO VIll - Da teacutecnica da pedaleira Mecanismo transcendente da pedaleira O Oacutergatildeo comoinstrumento solista e como acompanhante Estilo e interpretaccedilatildeo Virtuosismo Improvisaccedilatildeo sobreum tema dado Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterio Pesquisa artiacutesticaPIANO I - Diagnoacutestico e correccedilatildeo de falhas da teacutecnica pianiacutestica Desenvolvimento dos elementosbaacutesicos na execuccedilatildeo polifocircnica Fundamentos histoacutericos e esteacuteticos da muacutesica - o ritmo das danccedilas SuiteFrancesa Conhecimento e interpretaccedilatildeo de obras do repertoacuterio internaciacuteonal os claacutessicos e romacircnticosPIANO II - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos pianisticos baacutesicos exerciacutecios e estudos apropriadosDesenvolvimento em nivel superiacuteor da habilidade poilifocircnica Preluacutedio e Fuga a duas vozesAs grandes formas sonata claacutessica - conhecimentos formais como apoio da interpretaccedilatildeo Muacutesicabrasileira com caracteristicas nacionalistas ritmo e melodiaPIANO III - Ampliaccedilatildeo e aprofundamento dos elementos teacutecnicos pianiacutesticos com vistas aovirtuosismo estudos e repertoacuterio apropriado A muacutesica polifocircnica a duas e trecircs vozes a FugaAs tocatas de J S Bach aplicaccedilatildeo dos conhecimentos polifocircnicos Obras representativas do repertoacuteriointernacional- Escolas nacionalistas e suas caracteristicasPIANO IV - Os Estudos de Chopin teacutecnica avanccedilada aplicada As Fugas a trecircs ou mais vozes oconhecimento formal como apoio da interpretaccedilatildeo As grandes formas a Sonata claacutessica os concertospreacute-claacutessicos e claacutessicos para piano e orquestra Muacutesica brasileira de caracteriacutesticas folcloacuterica e popularPIANO V - O virtuosismo e os grandes estudos romacircnticos Aprofundamento dos elementos daexecuccedilatildeo polifocircnica e as Fugas de J S Bach Articulaccedilatildeo fraseado e dinacircmica das partesProsseguimento das estudas das Suites de danccedilas A Partita As principais correntes da muacutesicamodema internacional conhecimento e interpretaccedilatildeo de obras representativasPIANO VI - Os estudos de compositores brasileiros - teacutecnica e esteacutetica inerentes A Fuga a cinco vozesde J S Bach A Sonata romacircntica e suas inovaccedilotildees formais ampliaccedilatildeo de conhecimentos teacutecnicosesteacuteticos e interpretaccedilatildeo Muacutesica brasileira Suite Sonatinas Sonatas e outras grandes formasPIANO VII- Estudos modernos novas caracteriacutesticas teacutecnica e esteacutetica A execuccedilatildeo de obra polifocircnicado repertoacuterio pianiacutestico Suites e danccedilas - a Suite Inglesa - aplicaccedilatildeo dos conhecimentos polifocircnicosteacutecnicos esteacuteticos e formais em sua totalidade Muacutesica contemporacircnea e sua grafia conhccimento einterpretaccedilatildeo de obras do repertoacuterio internacionalPIANO VIll - Grandes estudos de concertos em todos os estilos A pcsquisa na interpretaccedilatildeopolifocircnica das obras do repertoacuterio A muacutesica contcmporacircnea c as novas grafias conhecimento einterpretaccedilatildeo do repertoacuterio nacional As grandes formas sonata moderna concerto para piano eorquestra romacircntico ou moderno

Disciplinas Complementares B

OacuteRGAtildeO B I - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeo individual ao instrumentoPratica da leitura em trecircs pautas Os sinais convencionais da pedaleira Estudos baacutesicossobre o toque organistico

OacuteRGAtildeO B II - Sons ligados e destacados das matildeos A teacutecnica elementar da pedaleira Noccedilotildees sobreregistros e jogos

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OacuteRGAtildeO B III - Estudos elementares do cruzamento e alternacircncia dos peacutes Escalas maiores ligadasexecutadas na pedaleira Iniciaccedilatildeo ao estudo dos registros e acessoacuterios mecacircnicos Estudos da dinacircmica

nas peccedilas do repertoacuterioOacuteRGAtildeO B IV - Execuccedilatildeo dos intervalos na pedaleira A simultaneidade na execuccedilatildeo de ritmosdiferentes nas matildeos e nos peacutes Estudos elementares dos jogos de fundo Noccedilotildees baacutesicas de

acompanhamentoOacuteRGatildeO B V - Pedais duplos e sua aplicaccedilatildeo A praacutetica dos registros e acess6rios mecacircnicos Estudoelementar dos jogos de mutaccedilatildeo Estudo dos diferentes autores para oacutergatildeo O fraseado na interpretaccedilatildeo

de pequenas peccedilasOacuteRGAO B VI - Noccedilotildees de pedais duplos e triplos e sua aplicaccedilatildeo Noccedilotildees baacutesicas de registraccedilatildeoEstudo elementar dos jogos de palheta Tipos diversos de oacutergatildeo e principais construtores e cultoresHarmonizaccedilatildeo de Baixos Dados cifradosPIANO B I - O piano e ruas caracteriacutesticas Adaptaccedilatildeo individual ao instrumento Teacutecnica dos cincodedos objetivando o desenvolvimento das respectivas articulaccedilotildees e flexibilidade muscular Execuccedilatildeode estudos eou peccedilas do programaPIANO B II - Conhecimento da terminologia e sinais graacuteficos utilizados na muacutesica para pianoImportacircncia e desenvolvimento da passagem do polegar exerciacutecios especiacuteficos Dedilhadosfundamentais - escalas e arpejos Exerciacutecios objetivando a independecircncia das matildeos Noccedilotildees sobre oemprego dos pedais Executar estudos e peccedilas do repertoacuterioPIANO Bill - Variaccedilotildees ritmicas com vistas agrave aquisiccedilatildeo de um maior senso meacutetrico O toque legatoNoccedilotildees e importacircncia do fraseado musical Emprego dos pedais e consequumlente independecircncia demovimentos Introduccedilatildeo agrave polifonia exerciacutecios especiacuteficos Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas doprogramaPIANO B IV - Exerciacutecios de acordes visando a um maior fortalecimento de arcada da matildeo Fundamentoshistoacutericos e esteacuteticos da muacutesica Dinacircmica Agoacutegica Aplicaccedilatildeo desses elementos empeccedilas eouestudos constantes do programaPIANO B V - Os diversos tipos de toque Aplicaccedilatildeo das diferentes modalidades de pedalConhecimento e interpretaccedilatildeo de muacutesica brasileira de caraacuteter folcloacuterico e popular Pesquisa da qualidadedo som o cantabile Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VI - Desenvolvimento dos elementos baacutesicos na execuccedilatildeo polifocircnica a duas vozes Ampliaccedilatildeodos elementos interpretativos estilo Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VII - Noccedilotildees sobre notas duplas dedilhado Conhecimento e interpretaccedilatildeo da muacutesicamodema internacional Desenvolvimento dos estudos teacutecnicos jaacute realizados Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VIlI - Ampliaccedilatildeo dos elementos teacutecnicos pianiacutesticos Exerciacutecios de velocidade As invenccedilotildeesa duas vozcs Introduccedilatildeo agrave poli fonia a trecircs partes Excrcicios especificos A Sonataclassica - execuccedilatildeode um movimento Execuccedilatildeo de estudos cou peccedilas constantes do programa

DEPARTAMENTO 02

HARMONIA E MORFOLOGIA I - Hannonia a 4 partes As cadecircncias e as marchas hannocircnicas Osacordes dissonantes naturais e suas resoluccedilotildees A cifragem do Baixo Dado Anaacutelise de trechos harmonizadosHARMONIA E MORFOLOGIA II - A modulaccedilatildeo aos tons vizinhos Os acordes de 7ordf dissonanteartificial e suas resoluccedilotildees Notas meloacutedicas As marchas modulantes O discurso musical seuparalelismo com o literaacuterio As pequenas formas binaacuterias e ternaacuteriasHARMONIA E MORFOLOGIA III - Canto Dado unitocircnico e modulante Notas meloacutedicas Osretardos nos acordes de 3 4 e 5 sons Os vaacuterios tipos de imitaccedilatildeo As alteraccedilotildees natildeo artificiais nos

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acordes de 3 e 4 sons Invenccedilotildees a duas c trecircs vozes de J S Bach A Suite de fonna claacutessica e suascaracteriacutesticas fonnaisHARMONIA E MORFOLOG IA IV - Alteraccedilotildees artificiais nos acordes de 3 4 e 5 sons A modulaccedilatildeoa tons afastados e seus diversos tipos O pedal e seus tipos Anaacutelise dos Preluacutedios e Fugas de J S BachHARMONIA E MORFOLOG IA V - O Canto e Baixo Alternados A variaccedilatildeo Organizaccedilatildeo fonnaldos movimentos da Sonata Claacutessica Hannonia Instrumental Introduccedilatildeo agrave sonata de Haydn e MozartHARMONIA E MORFOLOGIA VI - A Hannonia Instrumental A Orquestra Os valores esteacuteticosda expressatildeo instrumental Organizaccedilatildeo fonnal dos movimentos da Sonata Claacutessica Sonata deBeethoven A Sonata ciclicaPROSOacuteDIA MUSICAL - Combinaccedilatildeo das formas e siacutelabas poeacuteticas com os sons musicaisDesenvolvimento progressivo das etapas quanto as dificuldades Estudos sobre a conservaccedilatildeo dos acentostoacutenicos relacionada com os acentos meacutetricos e expressivos do texto Estudo sobre repeticcedilotildees adequadasHARMONIA SUPERIOR I - A realizaccedilatildeo de Cantos e Baixos cifrados de J S Bach Alteraccedilotildees nosdiversos processos de modulaccedilatildeo por enannonia A hannonia com emprego de acordes de 7a 9a I lae 13a em todos os graus da escalaHARMONIA SUPERIOR II - Peccedilas de autores consagrados cuja melodia eacute aproveitada emhannonizaccedilotildees para instrumentos de corda sopro e cantoCONTRAPONTO I - Contraponto caracteriacutestica e objetivos de seu estudo As diversas espeacutecies decontraponto Contraponto simples a duas trecircs e quatro partes na Ia 2a 3a e 4a espeacutecies Contrapontomisto e floridoCONTRAPONTO II - Imitaccedilotildees Contraponto florido a 5 6 7 c 8 partes Duplo Coro Contrapontoinvertiacutevel a 8a Noccedilotildees gerais sobre Contraponto invertivel a intervalo maior que uma oitava Noccedilotildeesgerais de Contraponto triplo e quaacutedruploFUGA I - Fuga acadecircmica escolar vocal Sujeito Resposta real Contrasujeito Exposiccedilatildeo e contrashyexposiccedilatildeo Desenvolvimento Divertimento Slrelto Pedal Exame c criacutetiacuteca de Fugas de diverosos autoresFUGA II - Praacutetica de Fuga Tonal (vocal e instrumental) Fuga cromaacutetica A Fuga na composiccedilatildeo polifocircnicaINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACcedilAtildeO I - Conhecimento dos instrumentos da OrquestraSinfoacutenica e da Banda e seu relacionamento global em funccedilatildeo da partituraINSTRUMENTACcedilAtildeO E OROUESTRACcedilAtildeO II - Estudo aprofundado dos 3 naipes da OrquestraSinfocircniacuteca e da Percussatildeo com seus problemas especiacuteticos e no que se relaciona com o trabalho orquestralINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACAtildeO III - Os planos orquestrais e afmidades de timbresequiliacutebrio e contraste A voz humana e sua integraccedilatildeo na orquestraINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACcedilAtildeO IV - Muacutesica polifocircnica Destaque meloacutedico com ousem fundo hannocircnico Coro instrumentos raros ou natildeo habituais seu tratamento na orquestraccedilatildeoESTEacuteTICA I - Principais correntes esteacutetico-musicais Caracteristicas esteacuteticas do Barroco do Classicismodo Romantismo do Expressionismo O plano formal do Concerto da Sintonia e da AberturaESTEacuteTICA II - As caracteriacutesticas esteacuteticas da musica intermediaacuteria e da muacutesica dramaacutetica A musicabrasileira - anaacutelise de obras As musicas concreta elctroacutenica aleatoacuteria e outras concepccedilotildees esteacuteticasda musica atualOFICINA DE COMPOSiCcedilAtildeO I (Requisito Curricular Suplementar - RCS) - Pesquisa c praacuteticacomposicional com os elementos fundamentais da muacutesica Introduccedilatildeo agrave improvisaccedilatildeo instrumental evocal individual e coletiva O desenvolvimento da ideacuteia musical Novas perspectivas da grafia musicalOFICINA DE COMPOSICcedilAtildeO II (Requisito Curricular Suplemcntar - RCS) -Improvisaccedilatildeo vocal einstrumental individual e coletiva Aplicaccedilatildeo da grafia atual nos exercicios de criatividade Praacutetica depequenas formas e composiccedilotildees livresCOMPOSICcedilAtildeO I - Estudo teoacuterico e praacutetico da Melodia Linguagem musical do barroco ao classicismoPequenas fonnas Suite Perspcctivas da muacutesica livre

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COMPOSiCcedilAtildeO II - Estudo teoacuterico e praacutetico da Melodia acompanhada Linguagem musical doromantismo pratica politonal introduccedilatildeo ao serialismo dodecafonismoCOMPOSICcedilAO III - Estudo teoacuterico e praacutetico da linguagem musical impressionista muacutesica para trecircsquatro ou cinco instrumentos Da sonata ao quinteto Muacutesica de Cacircmera em geral Reduccedilatildeo departituras orquestraisCOMPOSICcedilAO IV - Abertura Sinfonia Grafia musical contemporacircnea - Reduccedilatildeo de partiturasCOMPOSICcedilAO V - Poema Sinfocircnico Aproveitamento do Folclore Muacutesica Nacional Muacutesica IncidentalCOMPOSICAO VI - Cantata Oratoacuterio Bailado Oacutepera

DEPARTAMENTO 03

VIOLINO I - Desenvolvimento da teacutecnica geral da matildeo esquerda e do estudo dos golpes de arcofundamentais derivados e mistos Processos para o aperfeiccediloamento do vibrato Estudos e peccedilasConcertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLINO II - Estudo da teacutecnica geral do arco e da matildeo esquerda Coloridos agoacutegicos e dinacircmicosDedilhados teacutecnicos e artiacutesticos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autores brasileiros e estrangeiacuterosPraacutetica de execuccedilatildeo com acompanhamento de piano Concerto ou sonatas de autores claacutessicosVIOLINO III - A pratica dos vaacuterios golpes de arco Cordas duplas em geral Trinados simples eduplos Sons hannocircnicos simples e duplos As transcriccedilotildees para violino das sonatas de J S BachEstudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLINO IV - Desenvolvimento da praacutetica dos vaacuterios golpes de arco e da pratica da matildeo esquerdaEfeitos de sonoridade Sons hannocircnicos simples e duplos Interpretaccedilatildeo e anaacutelise de peccedilas de autoresbrasileiros e estrangeiros Concertos e sonatas de autores claacutessicos e romacircnticosVIOLINO V - Pratica de ornamentos Teacutecnica do Pizzicato em geral Portamentos PolifoniaConcertas e Sonatas de autores claacutessicos romacircnticos e contemporacircneos Estudos e peccedilasVIOLINO VI - Golpes de arco transcendentais Praacutetica de escalas exoacuteticas e cromaacuteticas Estudobaacutesico da dinacircmica Interpretaccedilatildeo e anaacutelise de estudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autoresromacircnticos e contemporacircneosVIOLINO VII - Teacutecnica transcendental do arco e da matildeo esquerda Os estilos conhecimentos e suaaplicaccedilatildeo na interpretaccedilatildeo Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas de autores nacionais e estrangeirosConcertos e Sonatas de autores romacircnticos e contemporacircneosVIOLINO VIII - Das principais escolas de violino e seus mais importantes representantes Histoacuteriado violino seus construtores e principais cultores Praacutetica soliacutestica e em conjuntoVIOLA I - Desenvolvimento da teacutecnica geral da matildeo esquerda e do estudo dos golpes de arcofundamentais derivados e mistos Processos para o aperfeiccediloamento do vibra to Estudos e peccedilasConcertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLA 11- Estlido da teacutecnica geral do arco e da matildeo esquerda Coloridos agoacutegicos e dinacircmicasDedIlhados teacutecnicos e artisticos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autores brasileiros e estrangeirosPraacutetica de execuccedilatildeo com acompanhamento de piano Concertos e Sonata de autores claacutessicosVIOLA III - A praacutetica dos vaacuterios golpes de arco Cordas duplas em geral Trinados simples e duplosSons hannocircnicos simples e duplos As transcriccedilotildees para viola das sonatas de 1 S Bach Estudos epeccedilas Concertos e Sonatas de autores claacutessicosVICgtLA IV - Desenvolvimento da praacutetica dos vaacuterios golpes de arco e da praacutetica da matildeo esquerdaEfeItos de sonoridade Sons hannocircnicos simples e duplos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autoresbraSIleIros e estrangeiros Concertas e Sonatas de autores claacutessicos e romacircnticosVIOLA V - Praacutetica de ornamentos Teacutecnica do Pizzicato em geral Portamentos Polifonia Concertose Sonatas de autore I s c asslcos romantlcos e contemporaneos Estudos e peccedilas

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VIOLA VI - Golpes de arco transcendentais Estudo baacutesico da dinacircmica Interpretaccedilatildeo e anaacutelise deestudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autores romacircnticos e contempor~neos VIOLA VII - Teacutecnica transcendental de arco e da matildeo esquerda Os estIlos conhecImentos e suaaplicaccedilatildeo na interpretaccedilatildeo Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas de autoras nacionais e estrangeirosConcertas e Sonatas de autores romacircnticos e contemporacircneosVIOLA VIII - Das principais escolas de viola e seus mais importantes representantes Histoacuteria daviola seus construtores e principais cultores Praacutetica solistica e em conjunto VIOLONCELO I -Independecircncia das matildeos na teacutecnica do arco e da matildeo esquerda estudos espeClficosTrinados simples e duplos Cordas duplas Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas do repertoacuterio em solo oucom acompanhamento de piano VIOLONCELO II - Estudo da teacutecnica geral da matildeo esquerda Praacutetica intensiva de leItura a pnmelravista Cordas duplas e estudos especiacuteficos Praacutetica dos golpes de arco destacado ligado martelado eseu emprego em arcadas mistas Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas do repertoacuterio VIOLONCELO III - Estudo do trinado e do vibrato Pesquisa sonora estudos especlficos Estudodos hannocircnicos no braccedilo do violoncelo Desenvolvimento do estudo de golpe de arco saltado e seusderivados Estudos e peccedilas do repertoacuterioVIOLONCELO IV - Estudo especifico do Demancheacute leveza velocidade e precisatildeo Estudo doPizzicato em ambas as matildeos Estudos e peccedilas do repertoacuterio anaacutelise e interpretaccedilatildeoVIOLONCELO V - Estudo detalhado das escalas maiores e menores cromaacuteticas e por tons inteirosExerciacutecios para o deslocamento do polegar esquerdo sobre as cordas a partir da 7a posiccedilatildeo Coloridodinacircmico Posiccedilotildees fixas e encadeadas Estudos e peccedilas do repertoacuterio VIOLONCELO VI - Estudo das extensotildees irregulares Estudo detalhado dos arpeJos em geralEstudo do Spicato Dos vaacuterios modos de utilizaccedilatildeo do arco na modificaccedilatildeo de timbres Escalas comhannocircnicos naturais e artificiais Estudos e peccedilas do repert6rioVIOLONCELO VII- Sistematizaccedilatildeo do estudo O Gettato definiccedilatildeo e estudo Da inflexatildeo expressivaFraseado Estudo e peccedilas do repertoacuterioVIOLONCELO VIII - Dos acentos meacutetrico ritmico e expressivo O dedilhado e seu emprego em funccedilatildeoda esteacutetica musical O rubato Interpretaccedilatildeo a expressatildeo musical e o estilo Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO I - Teacutecnica da matildeo esquerda e do arco estudos especiacuteficos Produccedilatildeo do somafinaccedilatildeo Posiccedilotildees fixas e alternadas O destacado e seus derivados Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO II - Teacutecnica aplicada As diferentes arcadas ligada destacada e mIsta O golpemartelado e seus derivados Posiccedilotildees fixas e encadeadas Coordenaccedilatildeo dos movimentos Estudos epeccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO III - O golpe saltitado e seus derivados Vibrato processo de estudo e seudesenvolvimento Efeitos sonoros Colorido dinacircmico Sons hannocircnicos Ritmo e pronunciaccedilatildeo doarco Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO IV - Prosoacutedia superior do arco Pesquisas do dedilhado Portamcnto dos sonsTrinados Ornamentos Mecanismo especiacutefico do instrumento A teacutecnica do Pizzicato coma matildeodireita c alternado Cordas duplas c acordes Praacutetica solistaCONTRABAIXO V - Dedilhados especificos das cordas duplas nas escalas diatocircnicas cromaacuteticas chexatocircnicas Cordas duplas alternadas Teoria dos movimentos relacionados com a teacutecnica geral docontrabaixo e sua aplicaccedilatildeo Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO VI - Teacutecnica da matildeo esquerda Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos estudos e peccedilas dorepertoacuterio Estudos avanccedilados da teacutecnica contrabaixista Os diversos estilos e gecircneros musicais Ateacutecnica e a expresso

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CONTRABAIXO VII - As escolas do Contrabaixo e seus principais representantes A importacircnciado contrabaixo na orquestra Histoacuteria do contrabaixo seus construtores e principais cultores Praacuteticasoliacutestica e em conjuntoCONTRABAIXO VIII - Memorizaccedilatildeo Repertoacuterios claacutessico romacircntico e contemporacircneo Prosoacutediatranscendental do arco Praacutetica solistica e execuccedilatildeo comentada Execuccedilatildeo em conjuntoHARPA I - Anaacutelise da posiccedilatildeo harpistica das diferentes articulaccedilotildees dos dedos da importacircncia doulso e do braccedilo Teacutecnica das escalas arpejos e glissando Estudos e peccedilas do repertoacuterio~ARPA II - Estudos de escalas e arpejos Pedais diagrama e aplicaccedilatildeo Dos sons hannocircnicos Ateacutecnica e a sonoridade Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA III - Fraseado Da expressatildeo Da execuccedilatildeo legato e stacatto Da articulaccedilatildeo e independecircnciados dedos Polirritmia Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA IV - O cruzamento das matildeos na execuccedilatildeo Trinado e trecircmulo Escalas em matildeos alternadasdiatocircnicas e com notas enarmonizadas A importacircncia da enarmonia na harpa Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA V - Hannocircnicos simples nas duas matildeos Hannocircnicos duplos a triplos com a matildeo esquerdaTeoria dos dedilhados e sua aplicaccedilatildeo praacutetica Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA VI - Efeitos especiais da harpa com som de timpanos e glissando com a unha grafia espacialTeacutecnica transcendental dos arpejos e intervalos Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA VII - Da teacutecnica de execuccedilatildeo da harpa em conjunto Sintese do estudo da posiccedilatildeo individualdo instrumento Anaacutelise e estudo do fraseado de peccedilas do repertoacuterioHARPA VIII - Interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos diferentes estilos musicais claacutessico romacircntico modernoe contemporacircneo Repertoacuterio harpistico e peccedilas pianisticas de compositores brasileiros e estrangeirosadaptados para a harpa Duos trios e quartetosVIOLAtildeO I - Introduccedilatildeo e conhecimento dos princiacutepios baacutesicos da teacutecnica posiccedilatildeo do instrumentistaIniciaccedilatildeo ao estudo do repertoacuterio do alauacutede e vilhuela como precurssores do violatildeoVIOLAtildeO II - Desenvolvimento das matildeos direita e esquerda independecircncia de suar pulsaccedilotildees Estudodo repertoacuterio didaacutetico de transcriccedilotildees de alauacutede e vilhuelaVIOLAtildeO III - Problemas relativos agrave leitura e agrave capacidade de concentraccedilatildeo Desenvolvimento dorepertoacuterio e interpretaccedilatildeo das primeiras suites barrocas para alauacutede vilhuela ou violino Praacutetica demuacutesica de cacircmera em duos com voz ou flautaVIOLAtildeO IV - Teacutecnica da digitaccedilatildeo e sua pratica em funccedilatildeo do estilo Elementos de teacutecnica superiorcom aprendizado das obras dos grandes virtuoses e das transcriccedilotildees das obras de piano Praacutetica demuacutesica de cacircmera com instrumentos de corda

VIOLAtildeO V - Conhecimento da evoluccedilatildeo histoacuterica da teacutecnica violonistica Interpretaccedilatildeo da obra de JS Bach escrita originalmente para violoncelo e alauacutedeVIOLAtildeO VI - Conhecimento da grafia simbologia e efeitos sonoros da muacutesica contemporacircnea ecompreendo do seu desempenho teacutecnico Estudos de alta virtuosidadeVIOLAO VI I - Desenvolvimento da teacutecnica objetivando a ampliaccedilatildeo do volume sonoro do instrumentoo violatildeo como instrumento solista de orquestra Conhecimento completo da obra de Villa-Lobos e dosdiferentes estilos de muacutesica contemporacircnea Repertoacuterio para recitaisVIOLAtildeO VIII - Desenvolvimento da teacutecnica necessaacuteria agrave resoluccedilatildeo dos problemas relativos agrave reaccedilacircoacuacutestica em salas de concerto e estuacutedios de gravaccedilatildeo A utilizaccedilatildeo do violatildeo na muacutesica contemporacircneaCapacidade para revisatildeo de obras modernas

Disciplinas Complementares B

INSTRUMENTO B ARCO I (VIOLINO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeoindividual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio com acompanhamentode piano

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INSTRUMENTO B ARCO II (CONTRABAIXO) - Do arco divisatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealternadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (CONTRABAIXO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacadomartelado saltado e suas combinaccedilotildees Igualdade riacutetmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem decordas em sons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (CONTRABAIXO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibradosons harmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e quatro sons Trinado Pizzicato PortamentoINSTRUMENTO B ARCO V (CONTRABAIXO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notasduplas Pronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudose peccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (CONTRABAIXO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principaissolos do repertoacuterio sinfoacutenico e operiacutestico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e ConjuntosINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS I (HARPA) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeogeral A posiccedilatildeo individual ao instrumento Articulaccedilatildeo dos dedos exerciacutecios especiacuteficos Escala deDoacute Maior glissando do polegar e do quarto dedo Realizaccedilatildeo de arpejos com trecircs dedosINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS II (HARPA) - Realizaccedilatildeo de arpejos com trecircs equatro dedos com matildeos alternadas A execuccedilatildeo de terccedilas sextas oitavas e graus conjuntosexerciacutecios especiacuteficos A pratica dos pedais nas escalas e arpejos em diversos tonsINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS III (HARPA) - A problemaacutetica da afinaccedilatildeo Execuccedilatildeode acordes e arpejos de trecircs e quatro sons de legato e staccatto Efeitos sonoros peculiares Noccedilotildeesgerais a respeito da histoacuteria da harpa Estudos e peccedilas do repertoacuterioINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS IV (HARPA) - Novas teacutecnicas para obtenccedilatildeo deefeitos sonoros Intervalos As diversas maneiras de execuccedilatildeo de glissando simples e duplo e dotrinado simples

INSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS V (HARPA) - O fraseado Efeitos especiais daexecuccedilatildeo harpiacutestica A afinaccedilatildeo para orquestra A execuccedilatildeo de acordes e arpejos de 7aINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS VI (HARPA) - A teacutecnica aplicada em estudos epeccedilas Efeitos especiais de execuccedilatildeo na harpa A execuccedilatildeo dos arpejos e acordes em suas diversasmodalidades Os principais solos do repertoacuterio sinfoacutenico e operiacutesticoINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS I (VIOLAtildeO) - Rudimentos de teacutecnica Conhecimentoda posiccedilatildeo das matildeos e aprendizado das notas Estudos elementaresI~ST~UMENTO B CORDAS DEDILHADAS II (VIOLAtildeO) - Escala de uma oitava e arpejosSImplIficados pequenas melodias brasileiras

INSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS III (VIOLAtildeO) - Escala de duas oitavas LigadosAcordes Encadeamento de acordes Estudos simples (formando som)INSRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS IV (VIOLAtildeO) - Independecircncia do polegar da matildeodIreita Arpeio I d - s e esca as e tres oItavas Pequenas peccedilas da Renascenccedila Noccedilotildees de acompanhamentode musica brasileira

IN~TRUME~Tltgt ~ CORDAS DEDILHADAS V (VIOLAtildeO) - Teacutecnica de independecircncia das matildeos eagIl](ladedamao dIreIta Noccedilotildees do repertoacuterio modemo Pequenas peccedilas de autores nacionais e internacionaisINSTRUMENTO B CORDAS DEDI - _ LHADAS VI (VIOLAOI - Introduccedilao a problematlca detran~cnccediloes ConhecImento da histoacuteria do violatildeo atraveacutes do repertoacuterio Peccedilas barrocas originalmenteescntas para alauacutede e vilhuela Estudos

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INSTRUMENTO B ARCO II (VIOLINO) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealtemadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (VIOLINO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacado marteladosaltado e suas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem de cordas emsons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLINO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibrado sonsharmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e de quatro sons Trinados Pizzicato PortamentosINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLINO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notas duplasPronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudos epeccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLINO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principais solos dorepertoacuterio sinfotildenico e operistico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I(VIOLA) -Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeo individualao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO II (VIOLA) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealternadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (VIOLA) - Estudo dos golpes de arco ligado martelado saltado esuas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem de cordas em sons ligadose sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLA) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibrado sonsharmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e quatro sons TrinadosINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLA) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notas duplasPronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudos epeccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLA) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principais solos dorepertoacuterio sinfoacutenico e operiacutestico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I (VIOLONCELO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral Aposiccedilatildeo individual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio comacompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO II (VIOLONCELO) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeosobre as cordas Articulaccedilatildeo e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixase altemadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO BARCO 111 (VIOLONCELO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacadomartelado saltado e suas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem decordas em sons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLONCELO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico Som vibradosons harmoacutenicos em geral Cordasduplas Acordes de trecircs e de quatro sons Trinados Pizzicato PortamentoINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLONCELO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notasduplas Pronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacuteniacuteca e cromaacutetica Estudose peccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLONCELO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principaissolos do repertoacuterio sinfoacutenico e operistico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I (CONTRABAIXO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geralA posiccedilatildeo individual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio comacompanhamento de piano

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DEPARTAMENTO OS

seitas afro-brasileiras A muacutesica folcloacuterica em festas do catolieismo popular A muacutesica folcloacuterica napoesia popular do Brasil em diferentes aacutereas culturaisFOLCLORE NACIONAL MUSICAL II - Etnomusicologia Processos de aculturaccedilatildeo Muacutesicafolcloacuterica no Brasil Autos populares no Brasil Folclore na muacutesica artistica brasileiraESTUDO DE PROBLEMAS BRASILEIROS I - Panorama geral da realidade brasileira ProblemasMorfoloacutegicos (estruturas econocircmicas) Anaacutelise do sistema econocircmico brasileiro Problemas doDesenvolvimento Econocircmico

ESTUDO DE PROBLEMAS BRASILEIROS II - Problemas soacuteciomiddoteconocircmicos Problemas politicosSeguranccedila NaCIOnal Recursos energeacuteticos do Brasil Educaccedilatildeo

CANTO I - A respiraccedilatildeo no ato vocal Treinamento da respiraccedilatildeo completa Correccedilatildeo dos defeitosrespiratoacuterios Impostaccedilatildeo da voz cantada Classificaccedilatildeo da voz Diagnoacutestico dos defeitos da vozcantada Teacutecnica reeducativa Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programaCANTO II - Exerciacutecios respiratoacuterios destinados a desenvolver o focirclego pelo emprego de frasescantadas progressivamente mais longas Impostaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo ligada em vaacuterios desenhos meloacutedicosem vaacuterios tons dentro da tessitura do aluno Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programa CANTO III - A~erfelccedilo~mento da manobra respiratoacuteria Exerciacutecios de impostaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo emdiferentes vogaIs VocalIzaccedilatildeo destacada em vaacuterios desenhos meloacutedicos em vaacuterios tons dentro datessitura Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programa adotado AudiccedilotildeesCANTO IV - Educaccedilatildeo respiratoacuteria e vocal do aluno Verificaccedilatildeo perioacutedica do trabalho por meio degravaccedilocirces Exerciacutecios de extensatildeo e agilidade Articulaccedilatildeo e pronuacutencia em vaacuterios idiomas na vozcantada Repertoacuterio de acordo com o programa adotado Canccedilotildees folcloacutericas AudiccedilotildeesCANTO V - ~ultivo da voz em amplitude maleabilidade projeccedilatildeo Ornamentos interpretaccedilatildeosegundo os estIlos Repertoacuterios cameristico e operistico Estilos claacutessico moderno e nacionalCANTO VI - T~c~ica vocal desenvolvida Canto de Cacircmera e Canto de Oacutepera Estilo InterpretaccedilatildeoCAr-TO VII - Anas de cantatas e oratoacuterios com instrumento obrigado - violino violoncelo flautaClarmeta oboeacute etc Anaacutelise e preparo de programas de recital~ANTO VIII - A muacutesica contemporacircnea as novas grafias e pesquisa dos repertoacuterios nacional emtern~cIOnal Caracteristicas do cantor camerista e do cantor de OacuteperaOlCCcedilAO 1- Linguumlistica geral Elementos foneacuteticos e semacircnticos em portuguecircs e italiano Classificaccedilatildeodos fonemas em portuguecircs francecircs italiano e espanhol Declamaccedilatildeo de poesias teatralizadas comcena e contracena em portuguecircs e espanhol

DlCCcedilAO II - Defeitos de articulaccedilacirco Exerciacutecios de reeducaccedilatildeo respiratoacuteria e vocal RegionalismoMetaplasm Va~o~izaccedilatildeo da expressatildeo oral e corporal Regras baacutesicas da elocuccedilatildeo aplicadas agravesrepres~ntaccediloes centcas Declamaccedilatildeo dc pocsias com cena e contracena em italiano c francesDlC~AO III - Classificaccedilatildeo dos fonemas alematildees e ingleses A pronuacutencia padratildeo do canto eruditonos dlferen~es Id~omas A psicologia das emoccedilotildees analisadas e aplicadas como forma de expressatildeo nasmterprtaccediloes cemcas Preparaccedilatildeo do repertoacuterio vocal em vaacuterios idiomasDI~CcedilAOI~ ~ Fundamentos histoacutericas e esteacuteticos de Dicccedilatildeo O teatro na Greacutecia e a oratoacuteria doslatmos Hlstona da teoria do - It Ifi s generos I eranos exemp I Icada com leitura expressIva de fragmentosextraldos das obras rnals representativas_Preparaccedilatildeo do repertoacuterio ecleacuteticoDECLAMACcedilAO LlRICA I A H G I - - Istona era e a Importancla de seu conhecimento para o estudoteatral Smopse histoacuteri d Ti U d ca o eatro mversal Teatro c1asSlCO greco-romano O renascimento Origens

a opera e suas modalidades O t I ges o e a mlmlca A pantomIma As expressotildees fisionocircmicasmprovlsaccedilao e sua teacutecnica

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DEPARTAMENTO 04

ACUacuteSTICA E BIOLOGIA APLICADAS Agrave MUacuteSICA I - Acuacutestica Musical Som Vibraccedilotildees sonorasFrequumlecircncia (altura) intensidade timbre Batimentos (vibrato) Ressonacircncia reverberaccedilatildeo (construccedilatildeode instrumentos musicais e acuacutestica das salas) Cordas sonoras tubos sonoros (instrumentos decorda e sopro) Interferecircncia dos sons Caracteridicas acuacutesticas dos instrumentos musicais EcoACUacuteSTICA E BIOLOGIA APLICADAS A MUacuteSICA II - Anatomo-fisiologia dos muacutesculosesqueleacuteticos Coordenaccedilatildeo motora neuro-muscular A fisiologia muscular e as teacutecnicas instrumentaisAparelhos respiratoacuterio fonador e auditivo Sistema neuro-muscular O som vocal A respiraccedilacirconormal e a respiraccedilatildeo na fonaccedilatildeo AudiccedilatildeoFISIOLOGIA DA VOZ 1- Acuacutestica Musical Som Vibraccedilotildees sonoras Frequumlecircncia (altura) intensidadetimbre Batimentos (vibrato) Ressonacircncia reverberaccedilatildeo (construccedilatildeo de instrumentosmusicais e acuacutestica das salas) Cordas sonoras tubos sonoros (instrumentos de corda e de sopro)Interferecircncia dos sons Caracteriacutesticas acuacutesticas dos instrumentos musicais EcoFISIOLOGIA DA VOZ II - Noccedilotildees gerais sobre a voz humana A voz laringea O laringe os labiosvocais Evoluccedilatildeo da voz atraveacutes da idade Hormocircnio e as caracteristicas vocais masculinas e femininasAparelho respiratoacuterio A respiraccedilatildeo normal e no Canto Respiraccedilatildeo e teacutecnicas vocaisPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL I - Exerciacutecios para memorizaccedilatildeo do LA3 Exerciacutecios ritmicos e meloacutedicosClassificaccedilatildeo auditiva de intervalos harmocircnicos e de acordes de 3 sons no estado fundamentalPercepccedilatildeo auditiva de cadecircncias harmocircnicas PesquisasPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL 11- Exercicios riacutetmicos meloacutedicos e harmocircnicos Exercicios de improvisaccedilatildeoClassificaccedilatildeo auditiva de acordes de trecircs quatro e cinco sons no estado fundamental Percepccedilatildeoauditiva de cadecircncias harmoacutenicas Pesquisas sobre assuntos do programaPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL 111- Exerciacutecios para desenvolvimento da percepccedilatildeo interior Classificaccedilatildeoauditiva dos acordes no estado fundamental e inversotildees Percepccedilatildeo auditiva das resoluccedilotildees naturaisdos acordes dissonantes PesquisaPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL IV - Percepccedilatildeo auditiva de acordes alterados e de qualquer alteraccedilatildeoharmOcircnica Percepccedilatildeo auditiva das resoluccedilotildees excepcionais dos acordes dissonantes Percepccedilatildeo auditivarepresentaccedilatildeo graacutefica e execuccedilatildeo vocal de corais a 4 vozes PesquisaHISTOacuteRIA DAS ARTES INTEGR A MUacuteSICA - Introduccedilatildeo agraves diferentes correntes das artes visuaisdesde a preacute-histoacuteria ateacute os nossos dias relacionando-as com a linguagem musical dos periodoscorrespondentes bem como a estrutura social e o pensamento filosoacutefico de cada eacutepoca e de cada povoHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA I - Origem da Muacutesica Muacutesica nos povos primitivos e nas antigascivilizaccedilotildees orientais Muacutesica grega romana bizantina primitiva igreja cristatilde Primoacuterdios da polifoniaTrovadores Notaccedilatildeo musical Instrumentos musicais na Idade MeacutediaHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA II - Desenvolvimento da polifonia Fundaccedilatildeo da oacutepera MontcverdiOacutepera italiana nos seacuteculos XVII e XVIII Oacutepcra alematilde francesa inglesa Muacutesica instrumental nosseacuteculos XVI e XVII Teorias de Zarlino e Rameau 1 S Bach e HaendelHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA III - Muacutesica instrumental inicio do seacuteculo XVIII Origcns da sonata c dasinfonia Classicismo Haydn Mozart Beethoven Romantismo Weber Schubert SchumannMendelssohn Poema Sinfocircnico Oacutepera italiana francesa alematilde do seacuteculo XIX Wagner Neoshyclassicismo Poacutes-romantismoHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA IV - Escolas nacionais russa escandinava tcheca espanhola Apogeu daescola francesa Faureacute Debussy e muacutesica contemporacircnea Escola francesa apoacutes Debussy Muacutesica germacircnicarussa italiana inglesa no seacuteculo XX Muacutesica nas Ameacutericas Muacutesica no Brasil Atualidade musicalFOLCLORE NACIONAL MUSICAL I - A muacutesica folcloacuterica no contexto soacutecio-cultural do BrasilMuacutesica canto danccedila nos rituais dos indiacutegenas brasileiros Importacircncia da muacutesica canto danccedila nas

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FLAUTA VIII - Leitura de peccedilas de vanguarda Noccedilotildees sobre problemas teacutecnicos e mecacircnicos da flautamanutenccedilatildeo e reparos Audiccedilatildeo de discos como fonte de apreciaccedilatildeo das vaacuterias escolas de flautaOBOEacute I - Introduccedilatildeo agrave alta teacutecnica e interpretaccedilatildeo Divisatildeo do instrumento Posiccedilatildeo do instrumentocom correccedilatildeo Embocadura Exame meticuloso da propriedade de tipo de instrumento e palhetas a eleapropriadas Leitura agrave primeira vistaOBOEacute II - Execuccedilatildeo do Corninglecircs Anaacutelise e interpretaccedilatildeo Respiraccedilatildeo normal e artiacutestica Emissatildeodo som Estudo de peccedilas com outros instrumentosOBOEacute III - Aperfeiccediloamento da confecccedilatildeo de palhetas para Oboeacute Analise e interpretaccedilatildeo de peccedilascom acompanhamento de piano Aperfeiccediloamento do mecanismo e da sonoridade Dedilhados Leiturae transporte a primeira vistaOBOEacute IV - Exerciacutecios de mecanismos com vistas agrave sonoridade colorido homogeneidade dos sons eregistros Sons ligados e destacados Peccedilas com acompanhamento de piano Execuccedilatildeo de peccedilas agraveprimeira vistaOBOEacute V - Aperfeiccediloamento da Alta Teacutecnica Elementos fundamentais de anaacutelise para apreciaccedilatildeo eexecuccedilatildeo das peccedilas em estudo Conservaccedilatildeo do instrumentoOBOEacute VI - Peccedilas com acompanhamento de piano Dificuldades riacutetmicas Estudo de peccedilas comoutros instrumentos Liccedilotildees praacuteticas para a confecccedilatildeo de palhetas para o Corninglecircs Palheta suaconstruccedilatildeo e tecircmperaOBOEacute VI I - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Interpretaccedilatildeo e anaacutelisede peccedilas com acompanhamento de piano Escalas em diversos tons e articulaccedilotildees variadas Estudosmeloacutedicos nos diferentes registrosOBOEacute VIII - Leitura a primeira vista de trechos mais dificultados e com ritmos alternados TransportesAnaacutelise interpretaccedilatildeo de peccedilas com acompanhamento de piano Peccedilas com outros instrumentosCLARINETA I - Embocadura evoluccedilatildeo histoacuterica e praacutetica detalhada escolha e adaptaccedilatildeo da palhetana boquilha do instrumento Execuccedilatildeo de duos Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas comacompanhamento de piano Leitura a primeira vistaCLARINETA II - Aspectos das diferentes formas de emissatildeo no instrumento dinacircmica e suaimportacircncia em relaccedilatildeo agrave embocadura Mecanismo como base teacutecnica para o equiliacutebrio da interpretaccedilatildeoEstudos e peccedilas com acompanhamento de piano Leitura a primeira vistaCLARINEIA III - Preferecircncia entre dedilhado real e seu correspondente nas passagens dificeisdurante a execuccedilatildeo do instrumento Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas com acompanh lmento de pianoLeitura agrave priacutemeira vista com transporteCLARINETA IV - Detalhes sobre a respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artiacutestica iniacutecio e terminaccedilatildeo fraseoloacutegicaemprego de diferentes articulaccedilotildees no mesmo trecho como estudo de mecanismo Execuccedilatildeo de peccedilascom acompanhamento de piano

CLARINETA V ~ Teacutecnica dc cmbocadura para o equilibrio de afinaccedilotildees Frascologia musical c seusdiferentes aspectos de interpretaccedilatildeo Execuccedilatildeo de estudos Peccedilas caracteristicas c Sonatas comacompanhamento de piano Debatcs sobre Teacutecnica e InterpretaccedilatildeoCLARINETA VI - Variantes de sonoridade para diversos coloridos no decorrer da execuccedilatildeo Teacutecnicasde tubos suas dificuldades c maneiras de facilitaacute-Ias Importacircncia dos arpejos como mecanismo ouacompanhamento Execuccedilatildeo de estudos Sonatas e Concertos com acompanhamento de pianoCLARINETA VII - Detalhes sobre as ligaduras ascendentes e descendentes intensidade do somdIlata - dccedilao expressIva a nota sustentada Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas com acompanhamento de pianoCL~RINETA VIII - Noccedilotildees histoacutericas sobre o desenvolvimento da c1arineta e seus congecircneresEfeitos de glissandos e f I t d h - d ru a os emprego e sons armomcos para faCIlItar a execuccedilao Sons eefeito nos dIferentes instrumentos da famiacutelia sons de eco defeitos de falsos crescendos Execuccedilatildeode estudos e peccedilas com acompanhamento de piano

DECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA II - Idade Meacutedia (sacras representaccedilotildees) Os cenaacuterios na Idade MeacutediaDas oacuteperas e seus autores Periodos claacutessico romacircntico moderno e contemporacircneo Fases dasexpressotildees e expansotildees dos sentimentos Nomenclatura teatral Caracterizaccedilatildeo Histoacuteria dos costumesInovaccedilotildees ceacutenicasDECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA III - Atributos necessaacuterios a um ator Origem das maacutescaras A religiatildeo noteatro Piccini Lulli Gluck Wagner Stanislawsky Shakespeare Figurinos Eletricidade Comeacutediadeli Arte Termos teatrais Anchieta e seus autos A Real Academia da Oacutepera Nacional A arte cecircnicaDECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA IV - Recitativo e suas modalidades Retotono Efeitos onomatopdicosTravesti Decors Dicccedilatildeo Cenas e contracenas Raccedilas Mis-en-sceacutenes As diversas escolasoperlsticas Interpretaccedilatildeo Estilo de peccedila e dos personagens

Disciplinas Complementares B

CANTO B I - Noccedilotildees baacutesicas sobre respiraccedilatildeo e fonaccedilatildeo Exerciacutecios objetivando a coordenaccedilatildeo darespiraccedilatildeo com a emissagraveo sonora Impostaccedilatildeo eclassificaccedilatildeo da voz Vocalises Peccedilas de autores brasileirosCANTO B II - A importacircncia da respiraccedilatildeo no canto e no fraseado musical O agente modificador dossons a ressonacircncia e articulaccedilatildeo Exerciacutecios de emissatildeo da voz sobre vogais ou siacutelabas intervalos earpejos Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeirosCANTO B III - Exerciacutecios e estudos com diferentes vogais visando ao domiacutenio completo do aparelho vocale o melhor aproveitamento da ressonacircncia Vocalises e peccedilas de diversos autores brasileiros e estrangeirosCANTO B IV - Exerciacutecios e estudos para o emprego dos diferentes graus de intensidade Sonssustentados e destacados Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeirosCANTO B V - Iniacutecio da aprendizagem de ornamentos grupetos mordentes appoggiaturas e trinadosExerciacutecios especiais Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeiros Duetos e tercetosCANTO B VI - Articulaccedilatildeo e pronuacutencia na palavra cantada Exerciacutecios e estudos para articulaccedilatildeo epronuacutencia dos fonemas nacionais e estrangeiros Pausas riacutetmicas expressivas Vocalises e peccedilasdiversas de autores brasileiros e estrangeiros em solo ou conjunto

DEPARTAMENTO 06

FLAUTA I - Praacuteticade exerciacutecios eembocadtrra noccedilotildees de respiraccedilatildeo fisioloacutegica e sua importacircncia na sonorishydade o vibrato execuccedilatildeode duas trios e quartetos execuccedilatildeode estudosepeccedilas comacompanhamento de pianoFLAUTA 11- A embocadura e as diferentes formas de emissatildeo do som respiraccedilatildeo diafragmaacutetica e suaimportacircncia em relaccedilatildeo acirc sonoridade O mecanismo como base teacutecnica Estudos e peccedilas comacompanhamento de piano duos trios quartetos leitura a primeira vistaFLAUTA III - A afinaccedilatildeo e os meios de facilitar a execuccedilatildeo e interpretar estudos e peccedilas comacompanhamento de piano duos trios e quartetos leitura agrave primeira vista certas passagensimpraticaacuteveis com o dedilhado realFLAUTA IV - Da sonoridade colorido homogeneidade dos sons e registros do instrumento teacutecnicade trilos e execuccedilatildeo de estudos e peccedilas do repertoacuterio com acompanhamento de pianoFLAUTA V - Elementos fundamentais de anaacutelise morfoloacutegica para apreciaccedilatildeo das peccedilas em estudo(estilo gecircnero e forma) Os problemas da execuccedilatildeo da muacutesica contemporacircnea Execuccedilatildeo de estudos epeccedilas com acompanhamento de piano duos trios e quartetosFLAUTA VI - Elementos fundamentais de anaacutelise morfoloacutegica (estilo geacutenero e forma)Execuccedilatildeo deestudos e peccedilas com acompanhamento de piano O repertoacuterio de muacutesica contemporacircnea para flautaFLAUTA VII - A Flauta origem e evoluccedilatildeo A Familia das Flautas e seus diferentes tipos deembocadura Sons harmocircnicos glissando flatterzung sons muacuteltiplos e outros efeitos caracteriacutesticose seu emprego na muacutesica contemporacircnea

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FAGOTE I - Introduccedilatildeo a Alta Teacutecnica e Interpretaccedilatildeo Leitura a primeira vista e transporteEmissatildeo do som Posiccedilatildeo correta do instrumento Divisatildeo do instrumentoFAGOTE II - Respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artistica Estudos e peccedilas com outros instrumentos Leitura agraveprimeira vista e transporteFAGOTE III - Ampliaccedilatildeo do estudo da clave de Doacute na 4a linha para desenvolvimento da regiatildeoaguda Aperfeiccediloamento de palhetas para Fagote Estudo de ConcertoFAGOTE IV - Iniciaccedilatildeo ao estudo de Contra-Fagote balanceadas suas diferenccedilas do InstrumentoshyTipo e distinccedilatildeo de peculiaridades Analise e InterpretaccedilatildeoFAGOTE V - Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas com acompanhamento de piano Peculiaridades eTeacutecnica de Alternaccedilatildeo Liccedilotildees praacuteticas para a confecccedilatildeo de palhetas de Contra-Fagote Execuccedilatildeo daContra-FagoteFAGOTE VI - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Histoacuteria dosInstrumentos afins Alternaccedilatildeo de registro Estudos meloacutedicos nos diferentes registrosFAGOTE VII - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Interpretaccedilatildeo eAnaacutelise de peccedilas com acompanhamento de piano e peccedilas com outros instrumentos Teacutecnica detransporte no Contra-FagoteFAGOTE VIII - Anaacutelise e Interpretaccedilatildeo dos Concertos de Mozart Weber e de peccedilas para Fegotesolo com acompanhamento de piano ou outros instrumentos Correlaccedilatildeo do manuseio e estudo dosdcmais membros da Familia Instrumental Consideraccedilotildees gerais sobre o Instrumento e seu usoTROMPA I - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos baacutesicos Desenvolvimento da teacutecnica da emissatildeo dossons com diferentes articulaccedilotildees Duos e trios de dificuldade meacutediaTROMPA II - As sete posiccedilotildees e a seacuterie harmoacutenica Staccattos e suas modalidades Exerciacutecio detransposiccedilatildeo de dificuldade meacutedia Estudos c peccedilasTROMPA III - Afinaccedilatildeo e seus problemas Desenvolvimento da pratica de transposiccedilatildeo O trinadoe suas dificuldades Estudos e peccedilasTROMPA IV - Os ornamentos e sua execuccedilatildeo A teacutecnica de arpejos Peccedilas com acompanhamento de pianoTROMPA V - Escalas cromaacuteticas exerciacutecios com articulaccedilatildeo variada A trompa e seus efeitossonoros estudo praacutetico Estudos e peccedilasTROMPA VI- Teacutecnica avanccedilada dos arpejos das escalas cromaacuteticas com articulaccedilotildees variadas e detrinado Sons boucheacutes (exerciacutecios praacuteticos) Estudos e peccedilasTROMPA VIl- A trompa dupla Faacute c Si bemol Fraseado e seus problemas de execuccedilatildeo Execuccedilatildeo deconcertos sonatas trios e quartetosTROMPA VIII - Glissando estudo dc teacutecnica adequada Anaacutelise de problemas teacutecnicos e musicais nainterpretaccedilatildeo de concertos e sonatas e ura execuccedilatildeo Duos trios c quartetos Peccedilas comacompanhamento de pianoTROMPETE I - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos baacutesicos Estudos de flcxibilidadc Execuccedilatildeo decstudos e pcccedilas com acompanhamcnto dc pianoTROMPETE II - Desenvolvimento da teacutecnica de staccattosmiddot Aspcctos das diferentes fonnas deemissatildeo no instrumento A adcquaccedilatildeo muscular no apcrfciccediloamento da embocadura Praacutetica doinstrumento Muacutesica dc conjuntoTROMPETE III - Estudo baacutesica da dinacircmica Exccuccedilatildeo de peccedilas do repcrtoacuterio sinfoacutenico Duos e triosTROMPETE IV - Estudos para o completo dominio do andamento na execuccedilatildeo Da resoluccedilatildeo dasmais complcxas estruturas ritmicas Estudo de transposiccedilatildeo Estudos c peccedilasTROMPETE V - Da origem c evoluccedilatildeo do trompete Estudo das sete posiccedilotildees Rcpertoacuterio de orquestraTROMPETE VI - O trompete os diversos tipos montagem manutenccedilatildeo e funcionamento Estudoda extensatildeo normal Sons sub-graves e agudosTROMPETE VII - O emprego dos diversos tipo de surdina Problemas da afinaccedilatildeo Emprego doTrompete na muacutesica erudita de cacircmera e na popular Peccedilas do repertoacuterio

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TROMPETE VIII - O conhecimento dos estilos Estudos avanccedilados da fraseologia na execuccedilatildeo Oinstrumentista de orquest-a e o solista Peccedilas do repertoacuterio Alta InterpretadoTROMBONE 1- Embocadura e seu desenvolvimento respiraccedilatildeo em geral postura do instrumentistamanejo do Trombone Tenor e Trombone BaixoTROMBONE II - Estudos de articulaccedilatildeo diferente em tons faacuteceis Estudos e duos Pequenos exerciacuteciossobre o trinadoTROMBONE ]lJ - Exerciacutecios de sons filados e ligaduras em todos os seus aspectos natural relativoagrave seacuterie harmoacutenica e artificialTROMBONE IV - Exerciacutecios de trinados estudos em diversos estilos transcritos para tromboneexerciacutecios sobre ligadura em geral arpejos e articulaccedilotildees diversasTROMBONE V - Exercicios de glissando ornamentos em geral escalas maiores e menores emtodos os tons exerciacutecios de escalas em terccedilas tons maiores e menores peccedilas com acompanhamentode piano arpejos

TROMBONE VI - O Trombone e seu sistema de funcionamento em bases cientificas frulato e uraaplicaccedilatildeo emprego da surdina e seus efeitos Estudos caracteristicos e peccedilas de concerto comacompanhamento de piano

TROMBONE VII - Estudos variados com aplicaccedilatildeo da teacutecnica de staccatto exerciacutecios de sonsfundamentais aplicados cm obras orquestrais exerciacutecios de escalas cromaacuteticas com articulaccedilatildeo variadacom observaccedilatildeo de precisatildeo riacutetmica e igualdade de emissatildeo

TROMBONE VIII - Realizar a leitura de diversas peccedilas de concerto com vistas ao domiacutenio dorepertoacuterio especiacutefico do instrumento

Disciplinas Complementares B

INSTRUMENTO B SOPRO I (FLAUTA) - Postura do instrumentista Emissatildeo do som na FlautaTransversal Noccedilotildees de respiraccedilatildeo Exerciacutecios sobre graus conjuntos e di~juntos

INSTRUMENTO B SOPRO II (FLAUTA) - Exerciacutecios respiratoacuterios Exerciacutecios sobre o IegatoPequenos duos Escalas com articulaccedilotildees distintas

INST~~MENT ~ SOPRO III (FLAUTA) - Estudos meloacutedicos em tons faacuteceis Introduccedilatildeo aosexercICIOS de mela dificuldade com diversas articulaccedilotildees

INSTRUMENTO B SOPRO IV (FLAUTA) - Introduccedilatildeo ao estudo das escalas mtnores e ao estudodos trinados Exerciacutecios e estudos de meia di ficuldade

INSTRUMENTO B SOPRO V (FLAUTA) - Introduccedilatildeo ao estudo dos vaacuterios tipos de ornamentos combase nos estudos de trinados Estudos e peccedilas do repertoacuterio de meia dificuldade em solo ou em conjuntoINSTRUMENTO ~ SOPRO VI (FLAUTA) - Estudo de pequenas peccedilas faacuteceis com acompanhamentode plano Duos tnos e quartetos faacuteceis

INSTRUMENTO B SOPRO I (OBOEacute) - A importacircncia da posiccedilatildeo correta ao instrumcnto formaccedilatildeoda embocadura Respiraccedilatildeo Mecanismo

INSTRUMENTO B SOPRO II (OBOEacute) - Estudo de notas brancas com dinacircmica apurada Noccedilotildeespara a conservaccedilatildeo praacutetica do instrumentoINSTRUMENTO B SOPRO III (OBOE) R - fid - esplraccedilao artlstlca e ISlOloglca Embocadura e seuesenvolvlmento Escalas em diversos tons

INSTRUMENTO B SOPRO IV (OBOE ) - _ E d - Noccediloes sobre a fabncaccedilao da palheta emIssatildeo do som

stu os e exerCICIOS de faacutecil execuccedilatildeo em solo ou em duoINSTRUMENTO B SOPRO V (OB )

OE - Escalas dlatomcas em todos os tons Passagens em tonsmaIOres e menores com d I -INSTRUM Iversas artlcu accediloes Estudos e peccedilas faacuteceis em rolo ou em conjunto

ENTO B SOPRO VI (OBOE) - E _ bull scalas mterrompldas com dIversas artlculaccediloes (dlatomcase cromatlcas) Apuro do d dlh d fi _

e I a o e Irmeza de cmlssao Execuccedilatildeo de peccedilas faacuteceis com piano

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INSTRUMENTO B SOPRO I (CLARlNETA) - Apresentaccedilatildeo da Clarineta posiccedilatildeo corretaEmbocadura e sua evoluccedilatildeo histoacuterica Dedilhados nos diferentes registros do instrumento Escolha eadaptaccedilatildeo da palhetaINSTRUMENTO B SOPRO II (CLARINETA) - Emissatildeo do som A embocadura e a dinacircmicaMecanismo elementar Execuccedilatildeo de duosINSTRUMENTO B SOPRO 1lI (CLARINETA) - Posiccedilotildees cromaacuteticas nos registros graves meacutediosagudos e superagudos Notas destacadas Praacutetica de leitura agrave primeira vistaINSTRUMENTO B SOPRO IV (CLARINETA) - Sons ligados Introduccedilatildeo ao estudo da dinacircmica nainterpretaccedilatildeo Praacutetica da respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artistica Execuccedilatildeo de pequenos duosINSTRUMENTO B SOPRO V (CLARINETA) - A problemaacutetica da respiraccedilatildeo na execuccedilatildeoDiferentes combinaccedilotildees de articulaccedilotildees destacados e suas variantes EstudosINSTRUMENTO B SOPRO VI (CLARINETA) - Histoacuterico do instrumento Desenvolvimento doestudo da respiraccedilatildeo e dos sons destacados Articulaccedilotildees variadas no mesmo trecho Estudos e peccedilasINSTRUMENTO B SOPRO I (FAGOTE) - A posiccedilatildeo individual ao instrumento Formaccedilatildeo daembocadura Mecanismo RespiraccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO II (FAGOTE) - Embocadura e seu desenvolvimento Estudosprogressivos Escalas variadas para o estudo das diferentes articulaccedilotildeesINSTRUMENTO B SOPRO III (FAGOTE) - Respiraccedilatildeo sobre o ponto de vista artiacutestico e fisioloacutegicoEmissatildeo Estudos e exerciacutecios especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO IV (FAGOTE) - Noccedilotildees sobre a fabricaccedilatildeo da palheta Escalas diatoacutenicasExerciacutecios e estudos de faacutecil execuccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO V (FAGOTE)- Ampliaccedilatildeo do estudo de notas brancas Com dinacircmicaapurada Emissatildeo do som (exerciacutecios especiais)INSTRUMENTO B SOPRO VI (FAGOTE) - Histoacuterico do Fagote Exerciacutecios praacuteticos para aconservaccedilatildeo material do instrumento Estudos progressivos com vistas agrave execuccedilatildeo de peccedilas faacuteceiscom acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMPA) - Posiccedilatildeo correta ao instrumento Maneira de embocarEmissatildeo do som Sons Fileacutes - Sons ligados e exerciacutecios sobre os mesmos Exerciacutecios para trompaINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMPA) - Continuaccedilatildeo dos exerciacutecios para Trompa LisaDedilhado da Trompa em Faacute Exerciacutecios de intervalos com articulaccedilotildees diversasINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMPA) - Exerciacutecios de escalas maiores e menores comarticulaccedilotildees diferentes Seacuterie Harmoacutenica e suas sete posiccedilotildees Estudos e exerciacutecios especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMPA) - Escalas diatocircnicas maiores e menores Estudos de staccattoe suas modalidades Exerciacutecios de Transposiccedilatildeo de dificuldade meacutedia Exerciacutecios e estudos especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO V (TROMPA) - Exerciacutecios de Transposiccedilatildeo progressivamente maisdi ficeis Escalas e arpejos com articulaccedilotildees variadas Staccatto simples nas escalas diatoacutenicas DuosINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMPA) - Escalas diatoacutenicas e cromaacuteticas com articulaccedilotildeesvariadas Afinaccedilatildeo Estudos faacuteceis e progressivos Exerciacutecios de transposiccedilatildeo com emprego da Trompasimples em Faacute Duos Efeitos obtidos na Trompa em FaacuteINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMPETE) - Postura do instrumentista Respiraccedilatildeo Emissatildeo dosom Seacuterie Harmoacutenica da Iordf posiccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMPETE) - Praacutetica de exerciacutecios respiratoacuterios Exerciacuteciosbaseados na Seacuterie Harmoacutenica da segunda posiccedilatildeo dinacircmica Escalas diatoacutenicas maiores em seminimasINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 3ordf posiccedilatildeo Escalas diatoacutenicasem colcheias Exerciacutecios sobre dinacircmicas e intervalos nas regiotildees grave media e agudaINSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 4ordf posiccedilatildeo Exerciacutecios sobrearticulaccedilatildeo e ataque do som Estudos sobre ligaduras Escalas diatoacutenicas em colcheiasEstudos e peccedilas especiacuteficas

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INSTRUMENTO B SOPRO V (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 5ordf posiccedilatildeo Estudos e mecanismocom articulaccedilatildeo variada Estudos e peccedilas do repertoacuterio em solo e em conjuntoINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 6ordf posiccedilatildeo Escalas diatocircnicasmaiores e menores em andamento raacutepido Estudos sobre Staccaltos Estudos e peccedilas do repertoacuterioem solo ou em conjuntoINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMBONE) - Exposiccedilatildeo geral sobre o instrumento e postura doinstrumentista Respiraccedilatildeo com vistas agrave formaccedilatildeo da embocaduraINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMBONE) - Afinaccedilatildeo Exerciacutecios preparatoacuterios das trecircs primeirasposiccedilotildeesINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMBONE) - Seacuterie Harmoacutenica da primeira agrave quarta posiccedilatildeoabrangendo os seis primeiros sons Exerciacutecios preparatoacuterios (faacuteceis)INSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMBONE) - Extensatildeo e registro do instrumento Estudos eexerciacutecios preparatoacuterios das 7 posiccedilotildees do instrumentoINSTRUMENTO B SOPRO V (TROMBONE) - Aplicaccedilatildeo e correccedilatildeo dos intervalas formadospelos harmoacutenicos - 3 5 e 7 Exerciacutecios preliminares de escalas maiores e intervalos diversosINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMBONE) - Exercicios preliminares sobre o Staccattosimples e pronuacutencias diferentes Exerciacutecios progressivos de escalas maiores e menores na extensatildeonormal do instrumento

DEPARTAMENTO 07

CAN~OCORAL I - Gecircneros estilos e fonnas corais cantochatildeo moteto missa cantata paixotildees eorat6nos Execuccedilatildeo de trechos corais

CANTO CORAL II - A emissatildeo de sons sustentados ligados destacados filados e a meia vozExecuccedilatildeo de obras do periodo barroco claacutessico e moderno

CANTO CORAL III - Afinaccedilatildeo em conjunto e fusatildeo das vozes Execuccedilatildeo de trechos corais doperiacuteodo claacutessico e moderno obedecida a ordem progressiva das dificuldadesCA1TO CORAL IV - Interpretaccedilatildeo com observaccedilatildeo sobre gecircnero estilos e formas corais dopendo moderno e contemporacircneo

PRATIC~ DE ORQUEST~ I - Afinaccedilatildeo instrumento adotado para orientaacute-la gesticulaccedilatildeo normale convnclOnal compassos Simples compostos alternados mistos Aplicaccedilatildeo dos assuntos estudadosexecuccedilao de ob b I PRAacute ras arrocas e c aSSlcas renomadas Aos pIanistas reduccedilatildeo ao piano das obras programadas

TICA ~E OROUESTRA II - Responsabilidade e funccedilatildeo do spalla solistas e primeiraspartes Os dlferent E Ib d _ es naipes qUi I no e sonondade e uniformidade das arcadas e da respiraccedilatildeoExecuccedila de obras b I arrocas e c aSSlcas precedida de preleccedilotildees Reduccedilatildeo para pianistasPRATICA DE ORQUESTRA III - O

- - Dlvlsao da orquestra em cordas madeiras metais e percussatildeorgamzaccedilao da banda em relaccedilatildeo a t E d

R d- orques ra xerClCIO e obras romacircnticas precedidas de preleccedilotildees

e uccedilao para plamstasPRATICA DE ORQUESTRA IV D - Dem t

- - Istmccedilao entre as orquestras de camera IInca e de concertoons raccediloes nos conJ u tmiddot

Exec - d b n os orquestrais dos assuntos abordados ateacute o terceiro periacuteodouccedilao e o ras modernas d d

PRAacuteTICA DE ORO e as emals epocas Reduccedilatildeo para os pianistasUESTRA V - P t dium mesmo ermu a e ugar no conjunto orquestral entre os executantes de

grupo para adaptaccedilatildeo em nova bId d d versa de Iordm v I o s responsa I I a es e VIOlino de fila para spalia e vice- 10 mo para 2- e Vlce-ver d I

obras orquestra d sa e so Ista para segunda parte e Vlce-versa etc Execuccedilatildeo de IS o repertono mdlcado

PRATICA DE OROUESTRA VI _An execuccedilatildeo de obras d alise resumida da partitura orquestral programada para ensaio

o repertono mdlcado T menor abaixo ou acima d ransporte a pnmelra vista de segunda de terceira maior ou

o tom ongma de trecho de obra sinfoacutenica do repertoacuterio

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PROGRAMA DOS ESTUDOS

ESTUDOS

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BEETHOVEN - ConcertosBARTOK - ConcertosBRITTEN - Diacuteversiacuteons para matildeo esquerdaBRAHMS - Concertos

LISZT - 6 Estudos de ConcertoMESSIAEN - EstudosMOSCHELES - Estudos op 70MOSZKOWSKY - Estudos op 72MOSZKOWSKY - 4 Grandes Estudos da Escola

das notas dobradasPAGANINI - LISZT - EstudosPHILIPP - EstudosPROKOFIEFF - 4 Estudos op 2RACHMANINOFF - Estudos op 33 e op 39RUBINSTEIN - Estudos op 23SAlNT-SAEacuteNS - EstudosSCHUMANN - Estudos op 3 e opIOSCRIABIN - EstudosSOUZA LIMA - Trecircs pequenos EstudosSTRAVINSKI - Quatro Estudos op7SZYMANOWSKY - Estudos

CONCERTOS E PECcedilAS PARA PIANO E ORQUESTRA

BACH J S - ConcertosBACH J CHRISTIAN - ConcertosBALAKIREW - ConcertosBORTKIEWICZ - Concertos op 58

ALKAN - 12 estudos op 39BARBOZA (CACILDA B) - Estudos

BrasileirosBARTOK (B) - 3 Estudos op18BORTKIEWICZ - Estudos op 15 e 29BRAHMS - EstudosCHOPIN - Estudos op 10 e 25DEBUSSY - EstudosDOHNANY - 6 Estudos de Concerto op 28FREY (EMIL) - Estudos do Suplemento O

Estudo consciente do piacuteanoFRlEDMAN (I) - EstudosGUARNIERI (C) - EstudosKULLAK - Escola das 8 duplas (2 VoI)LACERDA (O) - Oito EstudosLIAPOUNOW - Estudos op IILISZT - Estudos Transcendentais

CURSO DE GRADUACcedilAtildeO

ANEXO II

MOSlCA DE CAtildeMERA IV - Equilibrio dinacircmico e riacutetmico do conjunto cameriacutertico A meacutetrica e asmanifestaccedilotildees agoacutegicas Os diferentes timbres dos instrumentos de arco no conjunto cameriacutestico e ainterpretaccedilatildeo da obra de cacircmera

MATEacuteRIA OBRIGATOacuteRIA

I - No IQ periacuteodo seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de uma peccedila de Autor Estrangeiro Doiacutes EstudosUm Preluacutedio e Fuga de Bach2 - Nos periodos I III V VII seraacute obriacutegatoacuteria a apresentaccedilatildeo respectivamente de uma SuiacuteteFrancesa Tocata Partiacuteta Suiacutete Inglesa de J S Bach3 - No 2Q periacuteodo seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de uma peccedila de Autor Brasileiro Dois Estudos deChopin Um preluacutedio e Fuga de Bach uma Sonata4 - Nos periacuteodos II IV VI VIII e X seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de Um Concerto para piano eorquestra ou com acompanhamento de 2Q piano

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196

PRAacuteTICA DE ORQUESTRAVII- Os gestos relativos agrave dinacircmica e agrave agoacutegica praticados pelo regente gestoriacutetmico eexpressivo execuccedilatildeo de trechos de oacutepera (cena liacuterica) com a participaccedilatildeo de solistas cantores e corosPRATICA DE ORQUESTRA VIII - Execuccedilatildeo de obras orquestrais destinadas a um instrumentosolista (piano violino violoncelo etc) participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeo puacuteblica da Disciplina Praacuteticade Orquestra como atividade curricularREGEcircNCIA I - A Regecircncia o uso da batuta e seus inconvenientes movimentos (membros e toacuterax)partindo da posiccedilatildeo fundamental esquemas de gesticulaccedilatildeo relaxamento muscular Compassos simplescomposto alternado e misto preleccedilotildees e debates Exerciacutecios com acompanhamento de pianoREGEcircNCIA II - Gestos preventivos e anacruse descriccedilatildeo graacutefica dos gestos Exemplos dasoperaccedilotildees de divisatildeo e subdivisatildeo omissatildeo de gestos classificaccedilatildeo dos mesmos terminologia usualAmplificaccedilatildeo em conjuntos orquestraisREGEcircNCIA III - Particularidades dos gestos essenciais secundaacuterios normais dinacircmica e agoacutegicapausas andamentos metroacutenomo leitura e transporte Aplicaccedilatildeo em conjuntos Orquestrais da mateacuteriadada tendo por base obras barrocas e claacutessicasREGENCIA IV - Tempos fortes e fracos contratempo valores negativos gestos emitidos sentidosvisual e auditivo direccedilatildeo do som Aplicaccedilatildeo em conjuntos orquestrais da mateacuteria dada tendo por baseobras claacutessicas reduccedilotildees ao pianoREGEcircNCIA V - Conhecimento da partitura forma gecircnero estilo orquestraccedilatildeo memorizaccedilatildeotonalidades principais simbolos meacutetricos entradas e saldas de instrumentos Aplicaccedilatildeo em conjuntosorquestrais da mateacuteria dada tendo por base obras romacircnticas e modernasREGEcircNCIA VI - Esquema riacutetmico da partitura anaacutelise critica de obras processos de automatizaccedilatildeodos gestos atraveacutes de esquemas ritmicos preacute-estabelecidos a orquestra e o solista Execuccedilatildeo emgrande orquestra de obras modernas e contemporacircneasTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO I - Testes de aptidatildeo e exerciciacuteospreparatoacuterios para a leitura agrave primeira vista transposiccedilatildeo e acompanhamento ao piano Estudo dosproblemas gerais da transposiccedilatildeo (regras praacuteticas utilizaccedilatildeo de claves e outros processos didaacuteticos)Definiccedilatildeo e consideraccedilatildeo sobre a arte de acompanharTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO II - Transposiccedilatildeo sobre trechospoli foacutenicos a duas partes com apresentaccedilatildeo perioacutedica de testes Execuccedilatildeo de acompanhamento devocalises (ciclo tonal) Ensaio de peccedilas com solistas cantores e instrumentistas Estudo dos problemasriacutetmicos e sonoros no acompanhamento Conhecimento dos textos literaacuterios musicadosTRANSPOSICAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO III - Transposiccedilatildeo de trechos dos doisestilos polifocircnico e harmoacutenico Acompanhamento de peccedilas incluindo concertos obras do gecircnerolirico Lied e congecircneres Acompanhamento transportado Demonstraccedilatildeo da transposiccedilatildeo a todos osintervalos Histoacuterico do acompanhamento Particularidades interpretativas dos estilos claacutessicoromacircntico e contemporacircneoTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO IV - Transposiccedilatildeo (exerciacutecios progressivos)Conhecimento do repertoacuterio tradicional de obras para acompanhamento Scleccedilatildeo de peccedilas para examefinal e ensaios de conjunto Problemas de adaptaccedilatildeo no acompanhamento de solistas principiantes evirtuoses Aquisiccedilatildeo do tirociacutenio e senso artistico-profissional do acompanhadorMUacuteSICA DE CAtildeMERA 1- Muacutesica de Cacircmera definiccedilatildeo PraacuteticJ dos seguintes conjuntos cameristicode arco de sopro transposiacutetores ou natildeo com ou sem a participaccedilatildeo do piano Estudoem conjunto de exerciacutecios teacutecnicos escalas arpejos vibrado e demais elementos da teacutecnica cameriacutesticaMUacuteSICA DE CAtildeMERA II - Disposiccedilatildeo das diferentes conjuntos cameriacutesticos de arco sopro epercussatildeo Execuccedilatildeo de exerciacutecios teacutecnicos em conjuntos Adaptaccedilatildeo do executante ao gecircnero camerlsticoMUacuteSICA DE CAtildeMERA III- Comunicaccedilatildeo e afinidade entre os componentes do conjunto cameriacutesticoIgualdade de importacircncia de todos os executantes na realizaccedilatildeo da obra de cacircmera Anaacutelise da partiturae sua compreendo auditiva

AUTORES BRASILEIROS

CONCERTOS E PECcedilAS PARA PIANO E ORQUESTRA

CICLO BAacuteSICO

TAVARES (HEKEL) - ConcertoVILLA-LOBOS - Concerto

CHOPIN - Notumos op IS ns I e 2 op 55 n 2CHOPIN - Polonaises op 26 nso I e 2 op 40

ns I e 2CHOPIN - Polonaise poacutestuma em Sol Sustenido

MenorCHOPIN - PolonaisesPoacutestumasop 71nsI2e3CHOPIN - Mazurcas op 7 n3 op 17 N 4

op 24 n 4 op 30 n3 op 33 n2 op 41 n4 op 50 nS1 e 2 op 63 n I

CLEMENTI - Suites do Gradus ad PamassumCOPLAND - Four Piano BluesCZERNY - Toccata op 92DEBUSSY - Childrens ComerDEBUSSY - Jardins Sous la PluieDEBUSSY - Homage a HaydnDEBUSSY - La Soireacute dans GreacutenadeDEBUSSY - DanseDEBUSSY - Preluacutedios - Voiles

- Seacutereacutenade Interrompue- La Catheacutedrale Engloutie- Mistrels

DEBUSSY - BaladaDOHNANY - CaprichosFAUREacute - ImprovisosFAUREacute - Romances Sem PalavrasFALLA - Danccedila Ritual do FogoFRANCcedilAIX (JEAN) - Portraits de Jeunes FilIesFRANCK (C) - Preluacutedio - Fuga e VariaccedilatildeoGERSHWIN - PreluacutediosGLUCK (C H) - Ballet des Ombres heureusesGRANADOS - Allegro de ConcertoGRANADOS - cuentos para la juventudGRANADOS - Rapsoacutedia AragonezaGRANADOS - Valsas PoeacuteticasGRIEG - Notumos (exceto op 54 n 4)GRIEG - Romance op ISGRIEG - Folhas daacutelbum op 28GRIEG - Melodias norueguesas op 66HAENDEL - Suites (I Q e 2ordm vols)

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PERiacuteODOS I II III IV

REPUBLICANO (A) - ConcertosSANTORO (C) - Concertino

PECcedilASALBENIZ - EvocacionALBENIZ- AragonALBENIZ - EI PoloALBENIZ - EI PuertoDALBERT - Sonata op 10ARENSKY - Basso obstinatoARENSKY - Trois esquisses op 24BACH (J S) -Cravo bem temperadoBACH (1 S) - Suiacutetes FrancesasBACH (J S) - TocatasBACH (1 S) - CoraisBACH (J S) - CantatasBACH (J S)- SAINT-SAENS - Abertura da

28ordf CantataBACH (Ph Eo) - SonatasBARTOK (BELA) - Mikrokosmos (VI vol)BARTOK (BELA) - SonatinaBARTOK (BELA) - Bagatelas op6BRATOK (BELA)- Elegias op 8BEETHOVEN - Bagatelas op 119BEETHOVEN - Rondoacute op 51 n 2BEETHOVEN - 24 Variaccedilotildees em Reacute MBEETHOVEN - Sonatas op 2 ns 2 e 3 op 7

op 13 op 22 op 27 ns I e 2 e op 54BEETHOVEN - 6 Variaccedilotildees op 34BEETHOVEN - Rondoacute op 129BRAHMS - Romance opo 118BRAHMS - Danccedilas HuacutengarasBRAHMS - Rapsoacutedia op 119BRAHMS - CaprichosCHABRIER - 10 Peccedilas pitorescasCHOPIN - Improviso op 29 n ICHOPIN - Fantasia - Improviso op 66CHOPIN - Rondoacute op I

CHOIN - Variaccedilotildees sobre aacuteria alematilde (O pequenoSUISSO)

CHOPIN - Preluacutedios (poacutestumos) op 45CHOPIN - Valsas op 34 n 3 op 70 n ICHOPIN - Valsa Poacutestuma em Mi m

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GUARNIERI (C) - ConcertinoGUARNIERI (C) - SerestaGUERRA PEIXE - ConcertinoJABOR (NAJLA) - Concerto em Laacute MaiorMAUL (O) - ConcertoMIGNONE (F) - Iordf e 2ordf Fantasias BrasileirasOCTAVIANO (J) - ConcertoOSWALD (H) - Tema com VariaccedilotildeesOSWALD (H) - Concerto op 10RAYMUNDO (O) - Concerto

MARTINU - ConcertosMARTINU - ConcertinoMENOTTI - ConcertoPADEREWSKY - ConcertoPFITZNER - ConcertoPROKOFIEFF - ConcertosRACHMANINOFF - ConcertosRACHMANINOFF - Rapsoacutedia sobre um tema

dePaganiniRAVEL - Concertos em Sol MaiorRAVEL - Concerto para matildeo esquerdaRIMSKY-KORSAKOW - Concerto op 30RIMSKY-KORSAKOW - Seis FugasRIMSKY-KORSAKOW - Seis Variaccedilotildees sobre

o tema de Bach op 50RUBINSTEIN (A) - ConcertosSAINT-SAENS - ConcertosSHOSTAKOVICH - ConcertosSCHUMANN - Concerto op 54SCHUMANN - Allegro de Concerto com

Introduccedilatildeo op 14SCHUMANN - Introduccedilatildeo e Allegro

appassionato op 92SCRIABINE - ConcertoSTRAUSS - BurlescaSTRAWINSKI - CaprichoSZYMANOWSKI - Sinfonia ConcertanteSZYMANOWSKI - ConcertoTSCHAIKOWSKY -ConcertosVIVALDI- Concerto em Reacute MenorWEBER - Konzertstuch

198

ANES (CARLOS) - Fantasia SinfocircnicaANES (CARLOS) - ConcertoALMEIDA (CARLOS) - Introduccedilatildeo agrave Danccedila

BrasileiraFERNANDEZ (L) - ConcertoGNATALLI (R) - ConcertosGNATALLI (R) - BrasilianaGUARNIERI (C) - ConcertosGUARNIERI (C) - Variaccedilotildees sobre tema

Nordestino

CHOPIN - ConcertosCHOPIN - Grande Fantasia op3CHOPIN - Cracoviac op 14CHOPIN - Adante Splanato e Grande Polonaise

brilhanteDlTTERSDORF - ConcertosDVORAK - ConcertoFALLA - Noites nos Jardins de EspanhaFAuREacute - BalladaFRANK (CEacuteSAR) - Variaccedilotildees SinfocircnicasFRANCcedilAIX (J) - Concerto - ConcertinoGERSHWIN - Concerto em FaacuteGERSHWIN - Rhapsody in BlueGLAZOUNOW - Concerto op 92GRIEG - Concerto op16HAYDN - ConcertosHINDEMITH (P) - tema com Variaccedilotildees (Os 4

temperamentos)KABALEWKY - Concerto op 23KHACHATURIAN - ConcertoKODALY - Danccedilas de Galanta e de MorascekLIAPOWNOW - Concerto op 4 e op 23LISZT - ConcertosLISZT - Danccedila macabraLISZT- Rapsoacutedia Huacutengara n 2LISZT - Rapsoacutedia EspanholaMAC-DOWELL - Concertos op 15 e op 23MAX-REGER - Concertos op 114MENDELSSOHN - ConcertosMENDELSSOHN - Capricho brilhanteMOSKOWSKY - Concerto op 59MOZART - Concertos

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS

PERIacuteODOS I II III IV

HAYDN - Andante com VariaccedilotildeesHAYDN - Sonatas ns 16912131516 e 18IBERT (1) - Les rencontresDINDY (V) - Tableaux des voyages op 33KABALEWKSY - Preluacutedio op 38KABALEWKSY - Variaccedilotildees op 40KABALEWKSY - Sonatina op 13KARGANOFf - Miniaturas op 10KARGANOFF - Pres dun rousseau op 27KODALY - Danccedilas de GalanteKODALY - Danccedilas mourescasLlAPONOW (S) - HumoresqueLlAPONOW (S) - Six morceaux facilesLIAPONOW (S) - Chant de Noel op 41 nAL1SZT - 3 noturnosLlSZT - Valsa ImprovisoL1SZT - Capella de Guilherme TellL1SZT - Au lac de WallensteinLISZT - Valleacutes dObermanLISZT - Le mal du paysL1SZT - SposalizzioLISZT - rapsoacutedias huacutengaras ns I 4 6 8 e IILISZT - Cacircnticos de AmorLISZT - Soireacutees de ViennaMAC-DOWEL - Polonaise op 46 n 12MAC-DOWEL - Danccedila das BruxasMAC-DOWEL - Danccedila das SombrasMAC-DOWEL - Lieders op 58 e op 60MARTINI - PreluacutediosMARTINI - Esquisses de DansesMARTINI - RitournellesMARTINU - PolcasMENDELSSOHN - Fantasia op 16 n IMENDELSSOHN - PrestoMENDELSSOHN - Scherzo op 16 n2MENDELSSOHN - Sobre as asas de um sonhoMENDELSSOHN - Rondoacute caprichoso op 14MARCELLO (8) - Tocata cm Sol mMOMPOU - Canccedilotildees e Danccedilas (de I a lO)MOMPOU - SousbourbisMOSKOWSKY - Valsa op 34 n1MOSKOWSKY - LajongleuseMOUSSORGSKY - IntermezzoMOZART - Variaccedilotildees K 353 K 354 K 455 K

500 K 613MOZART - Fantasia e Fuga K 394MOZART - Sonatas K 279 K 281 K 309 K

332 e K 570

MOZART - Adaacutegio em Si mNIN (1) - Danccedila IbeacutericaNIN (1) - Danccedila MurcianaPOULENC - PrestoPOULENC - Suite FrancesaPROKOFIEFF - 10 Peccedilas op 12PROKOFIEFF -2 Sanatinas op 54 ns I e 2PROKOFIEFF -Marcha (Amor das 3 laranjas)PROKOFlEFF - Visotildees fugitivas op 22PROKOFlEFF - 4 peccedilas op 32RACHMANINOFf - 6 Momentos Musicais

op16RACHMANINOFf - Preluacutedios op 23 ns 4 5

e 6 op 32 ns 5 e 12RAVEL - Minueto sob o nome de HaydnRAVEL -PreluacutedioRAVEL -Preluacutedio Fuga Forlane e Rigaudon

(Tombeau de Couperin)REGER (MAX) - Sonatinas op 89REGER (MAX) - Silhouettes op 53REGER (MAX) - 10 Peccedilas op 44RIMSKY-KORSAKOFf - NoturnoRIMSKY-KORSAKOFF - AlIegroRUBINSTEIN - Sonatas op 12 n I op 20 n

2 op 41 n 3SAINT-SAENS - 6 Fugas op 161SCARLATTI - Sanas n 7 (Sol M) n 8 (Sol m)

n 13 (Reacute m) n 15 (Laacute m) n 21 (Sol M)SCHOENBERG - 3 Peccedilas op IISCHOENBERG - 6 Peccedilas op 19SCHOENBERG - 5 Peccedilas op 23SCHOSTAKOVICH - 3 Danccedilas fantaacutesticasSCHOSTAKOVICH - 8 Preluacutedios op 2SCHOSTAKOVICH - Danccedila da Idade de ouro

op 22SCHUBERT - Improvisos op 90SCHUBERT - 3 Peccedilas para Piano (Mi b menor-

Mi b M - Doacute M)SCRIABIN - PreluacutediosSCRIAEIN - ImprovisoSCHUMANN - Peccedilas- Fantasias op 12 ns 2

5e7SCHUMANN - Cenas Infantis op 15SCHUMANN - Variaccedilotildees op I (sobre o nome

de Abegg)SCHUMANN - Schrezo Giga Romances e

Fuguetas op 32

200

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SCHUMANN - Improvisos sobre o tema deClara Wieck op 5

SCHUMANN - Noveletes op 21 (exceto as den 7 e 8)

SCHUMANN - Cenas da Floresta op 82SCHUMANN - Blumenstuumlk op 19SCHUMANN - LISZT - A ma fianceacuteeSEVERAC - CerdanaSEVERAC - En LanguedocSMETANA - Danccedilas TchecasSMETANA - ValsasSMETANA - PolcasSZIMANOWSKI - Polca da BoeacutemiaSZIMANOWSKI - Mazurcas op 50 e 62

PECcedilASALENCAR PINTO (A) - NotumoALlMONDA (H) - Estudos em terccedilas n 3ALMEIDA (CARLOS) - lordf SerestaALMEIDA (CARLOS) - CarioquinhaALMEIDA (CARLOS) - Miniaturas n 3ALMEIDA (CARLOS) - Ritmos Cariocas (2~

Seacuterie)ANES (CARLOS) - RiachoANES (CARLOS) - A rendilheiraANES (CARLOS) - O ventoANES (CARLOS) - CurrupioANES (CARLOS) - Templo ChinecircsANES (CARLOS) - HomenagensANES (CARLOS) - PreluacutediosANES (CARLOS) - Pinoacutechio

BARROSO NETTO - Danse des fantochesBARROSO NETTO - Feux folletsBARROSO NETTO - Em caminhoBARROSO NETTO - RedemoinhoBARROSO NETTO - ScherzettoBARROSO NETTO - Galhofeiro

BELLlNGHAUSEN (O T) - A japonezinhaalegre

BILHAR(BRANCA) - Samba SertanejoBRANDAO (1 VIEIRA) - Preluacutedios ns I e 4CAMPOS (1 ARAUacuteJO) bull Estado dal~aCAMPos (1 ARAUacuteJO) - Poema da Saudade

201

SZIMANOWSKI - Fantasia op 14SZIMANOWSKI - Sonata RomacircnticaTURINA - Cuentos de Espaiia op 20TSCHAIKOWSKY - Valsas - Scherzo op 7

op59

TSCHAIKOWSKY - Impromptu em Laacute b MUGARTE - De mi tierraUGARTE - Voces deI pajonalUGARTE - Crepuacutesculo camperoUGARTE - Carnaval provincianoVIANNA DA MOTTA - Vito op IIWEBER - Polaca brilhante op 72WEBER - Presto em Doacute Maior

WILLIAMS (ALBERTO) - En la sierra op 32

CAMPOS (1 ARAUacuteJO) - Estudo em Forma deToada

CANTUacute (A) - Iordf Rapsoacutedia BrasileiraCARVALHO (D) - Paacutessaro TristeCASTRO (A) - Estudo op 23COSME (L) - Saci-perecircreFAGNANI (O) - Preluacutedio n 4

FAGNANI (O) - Valsa Romacircntica (Seresteira)FERNANDEZ (L) - Idilio op IS n2FERNANDEZ (L) - AngelusFERNANDEZ (L) - La brasilianaFERNANDEZ (L) - Preluacutedios do Crepuacutesculo

ns 2 e 4

FERNANDEZ (L) - 2~ Suite BrasileiraFERNANDEZ (L) - PirilamposFlUZA (V) - Suiacutete romacircnticaFIUZA (V) - DivertimentoFIUZA (V) - DivagaccedilotildeesFIUZA (V) - Preluacutedio e FugaFRANCcedilA (L) - SombrasGNATALLl (R) - ValsasGNATALLl (R) - TocataGALLET (L) - SertanejaGOacuteES (C F) BarcarolaGOacuteES (C F) - TarantelaGUARNIERI (C) - Canccedilatildeo SertanejaGUARNIERI (C) - Toada Triste

CICLO PROFISSIONAL

PERIacuteODOS V VI VII VII IX X

VILLA-LOBOS - Agrave procura de uma Agulha(Ciranda n 13)

VILLA-LOBOS - A ca~lOa virou (Ciranda n 14)VILLA-LOBOS - Aria n III (Bachianas

Brasileiras nA)

VILLA-LOBOS - Miudinho n IV (BachianasBrasileiras n 4)

VILLA-LOBOS - As trecircs MariasVILLA-LOBOS - Saudades das Selvas Brasileiras

ns 12 e 3VILLA-LOBOS - Choros n 2VILLA-LOBOS - Idiacutelio na Rede (Suiacutete Floral

op 97 n I)

VILLA-LOBOS - Uma camponesa cantadeira(Suiacutete Floral op 97 n 2)

VILLA-LOBOS - O gato e o ratoVILLA-LOBOS - Moreninha (Prole do bebecirc n2)VILLA-LOBOS - Mulatinha (Prole do bebecirc n 4)VILLA-LOBOS - Negrinha (Prole do bebecirc n 5)VILLA-LOBOS -O polichinelo (Prole do bebecirc n 7)VlLLA-LOBOS - Valsa Mistica

BACH -Capricho em Si b M (Sobre a despedidade seu dileto irmatildeo)

BACH - fantasia cromaacutetica e fugaBACH - Preluacutedios e Fugas em Mi e Mi b MBACH - Grande Fantasia e Fuga em Laacute mBACH - Variaccedilotildees GoldbergBACH-BOSKOFF - Tocata em Reacute MBACH-BOSKOFF - Preluacutedio em Sol MBACH-BOSKOFF - Concerto em Doacute M para oacutergatildeoBACH-BUSONI - Preluacutedios e Fugas para Oacutergatildeo

em Reacute MeMi bMBACH-BUSONl- Preluacutedio Fuga e Allegro em

MibMBACH-BUSONI - 9 Preluacutedios Corais para Oacutergatildeo

transcritos para pianoBACH-BUSONI-FantasiaAdaacutegio e Fuga em Doacute mBACH-BUSONI - Chaconne

203

SIQUEIRA (JOSEacute) - Iordf ValsaSOUZA (F GURGULINO) - Capricho

BrasileiroSOUZA LIMA (1) - PreluacutedioSOUZA LIMA (1) - Iordf ValsaSOUZA LIMA (1) - Maria n 4 (Peccedilas

Romacircnticas)SOUZA LIMA (1) - Serenidade n 7 (Peccedilas

Romacircnticas)SOUZA LIMA (1) - Arabesco n 8 (Peccedilas

Romacircnticas)VIANA (FRUTUOSO) - Danccedila de NegrosVIANA (FRUTUOSO) - Berceuse do SabiaacuteVILLA-LOBOS - Vamos Atraacutes da Serra Calunga

(Cirandinha n 8)VILLA-LOBOS - Senhora D Sancha (Ciranda n 3)VILLA-LOBOS - O cravo brigou com a rosa

(Ciranda n 4)VILLA-LOBOS - Nesta rua Nesta rua (Crianda

n II)

PECcedilASALBENIZ - RondefiaALBENIZ - LavapieacutesALBENIZ - TrianaALBENIZ - NavarraALBENIZ - EritafiaALBENIZ - AlmerlaALBENIZ - AzulejosALBENIZ - MaacutelagaALBENlZ - Fecircte de Dieu agrave SevilhaALBENIZ - lerezALBENlZ - El AlbaicinBACH - Cravo bem temperadoBACH - PartitasBACH - Suiacutetes inglesasBACH - CoraisBACH - SonatasBACH - Concerto Italiano

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NAZARETH (E) - Brejeiro (Tango)NAZARETH (E) - Ameno Resedaacute (Tango)NAZARETH (E) - Bambino (Tango)NEPOMUCENO (A) - Cloches de NoelNEPOMUCENO (A) - NoturnoNEPOMUCENO (A) - Noturno para matildeo

esquerdaNOBRE (MARLOS) - Iordm Ciclo NordestinoNOBRE (MARLOS) - NazarethianaOCTAVIANO (1) - Allegro molto agitatoOCTAVIANO (1) - EstudosOLIVEIRA (BABI) - Tu doce poemaOLIVEIRA (BABI) - Caboclo amazonenseOSWALD (H) - Duas Valsas-Capricho op IIOSWALD (H) - Polonaise op 34OSWALD (H) - Tarantela op 14 n3OSWALD (H) - Sur la plageOSWALD (H) - Romance op 7 n2OSWALD (H) - SerenatelaOSWALD (H) - En nacelleOSWALD (H) - II neigeOSWALD (H) - valsa-improviso op 12 n 2PEIXE (GUERRA) - Sonatinas ns I e 2PEIXE (GUERRA) - Suites ns 2 e 3PEREIRA DA SILVA (ANNA C) - Estudos em

Sol Maior e Doacute MaiorPINTO (O) - Cenas Infantis (completo)PRIOLLI (MARIA LUISA) - PapillonsPRIOLLI (MARIA LUISA) - ArabescoPRIOLLI (MARIA LUISA) - Fuga e PostluacutedioPRIOLLI FONSECA (MARISA) - Suite

Brasileira Moda - Caixinha de Muacutesica shyEmbolada

QUEIROZ (B) - Tema variadoRAMOS (MIRIAM) - Cinco peccedilas brasileiras

sobre temas folcloacutericosREBELLO (A) - Visatildeo Gudi (Ponteio n 3)REBELLO (A) - Curupira (Ponteio n 5)REBELLO (A) - Velha EstampaREBELLO (A) - Choro em oitavasREIS (HILDA) - Valsa n 3SANTORO (C) - Estudo n 2SANTORO (C) - FrevoSANTORO (C) - Paulistanas ns 4 e 7SIQUEIRA (1 BAPTISTA) - CarapiaacuteSIQUEIRA (1 BAPTISTA) - Suiacutete dos BemoacuteisSIQUEIRA (JOSEacute) - Chorinho

202

GUARNIERI (C) - SonatinasGUARNIERI (C) - Ponteios ns 2 3 5 II 12

1718202425272829313334353641 e 50

lABOR (NA1LA) - longo1ABOR (NA1LA) - Somente Saudade (Vaisan 5)lABOR (NA1LA) - Noturno n 2KORENCHENDLER (HD) - Sonatina op loKRIEGER (E) - SonatinaLACERDA (O) - Suite n ILACERDA (O) - Brasilianas ns 2 5 7LACERDA (O) - Cromos (4ordm caderno)LEAL (DULCE S R) - Preluacutedio e TocattaLEVY (A) - Allegro apassionatoLEVY (A) - Improviso-CaprichoLEVY (A) - SchumanianaLEVY (A) - 4ordf Valsa Lenta op 32LYRA (DIVA) - Estudos ns 2 3 e 7LYRA(D1VA)-ReflexosMAUL (O) - Valsas Poeacuteticas ns I e 2MAUL (O) - Xocirc PassarinhoMAUL (O) - Tema e VariaccedilotildeesMAUL (O) - Suite (Preluacutedio Toada e Polca)MAUL (O) - RomanceMAUL (O) - Cantilena das aacuteguasMAUL (O) - PaisagemMIGNONE (F) - Valsa em Sol MaiorMIGNONE (F) - QuebradinhoMIGNONE (F) - O velho o menino e o burroMIGNONE (F) - Cinco peccedilas para pianoMIGNONE(F)- Valsas de Esquinans 89 10e IIMIGNONE (F) - CongadaMIGNONE (F) - Doccedilura de manhatildezinha frescaMIGNONE (F) - Preluacutedios ns 2 3 4 e 5MIGNONE (F) - LunduacuteMIGUEZ (L) - Noturnos op 10 op 20 n IMIGUEZ (L) - Bavardage op 24 n 4 (Cenas

Iacutentimas)MOURA (A M PORTO) - SonataNATTHO HENN - Paacuteginas do SulNATTHO HENN - A carretaNAZARETH (E) - Improviso (Estudo de

Concerto)NAZARETH (E) - Pierrot (Choro)NAZARETH (E) - Odeon (Tango)NAZARETH (E) - Apanhei-te cavaquinhoNAZARETH (E) - Escovado (Tango)

INFANTE (MANUEL) - GitaneriasDINDY (VINDENT) - Sonata op 63JARVACH (Ph) - Sonatina op 18JOLIVET (A) - Cinq danses rituellesKABALEWSKY - SonatasKABALEWSKY - Tema e Variaccedilotildees op 29KHATCHATURIAN - TocataLIAPOUNOW - Preluacutedio e Fuga op 58LIAPOUNOW - Mazurcas op 19 e 21LIAPOUNOW - Sonata op 27LISZT - Sonetos de PetrarcaLISZT - Au bord dune sourceLISZT - Rapsoacutedias Huacutengaras ns 2 9 lO 12

13 14 e 15 (Rackoczy Marsch)LISZT - Rapsoacutedia EspanholaLISZT - Tarantela Veneza e NaacutepolesLISZT - Variaccedilotildees sobre um tema de BachLISZT - SonataLISZT - Fantasia e Fuga sobre o nome de BachLISZT - Danccedila da MorteLISZT - Mefisto-ValsaLISZT - Scherzo e MarchaLISZT - Le rossignolLISZT - Lesjeux deau agrave la ville dEsteLISZT - OrageLISZT - FuneraisLISZT - S Francisco de Assis pregando aos

paacutessarosLISZT - S Francisco de Paula caminhando sobre

as ondasLISZT - PolonaisesLISZT - BaladasLISZT - Apres une lecture de DanteMAC-DOWELL - SonatasMARTIN (B) - Preluacutedio em forma de EstudoMEDTNER - Balada op 27MENDELSSOHN - Moto perpeacutetuo op 119MENDELSSOHN - caprichos op 33MENDELSSOHN - Andante com variaccedilotildees op 82MENDELSSOHN - Fantasia op 28MENDELSSOHN - 6 Preluacutedios e Fugas op 35MENDELSSOHN - Preluacutedio e Fuga em Mi

menorMENDELSSOHN - Variaccedilotildees SeacuteriasMENDELSSOHN - Sonho de uma noite de veratildeoMESSIAEN (O) - PreluacutediosMESSIAEN (O) - Fantasia Burlesca

205

_La terasse des audiences du clair de luneDEBUSSY - MasquesDEBUSSY - Suite Bergamasque Preacutelude -

Meacutenuet - Clair de Line - PassepiedDEBUSSY - PagodesDOHNANY - Variaccedilotildees e Fuga op 4DOHNANY - RapsoacutediasDUCASSE (ROGER) - Estudo em Sol MDUKAS (PAUL) - Sonata em mi b mFAUREacute - Tema e Variaccedilotildees op 73FAUREacute - BarcarolasFAUREacute - NoturnosFAUREacute - Valsas-Caprichos op 30 op 38 op

59op62FAUREacute - Balada op 19FAUREacute - 8 Peccedilas brevesFRANCK (C) - Preluacutedio Aacuteria e FugaFRANCK (C) - Preluacutedio Coral e FugaFRANCK (C) - 3 Grandes CoraisFAIRCHILD (BLAIR) - Le bateauFALLA (M) - 4 Peccedilas Espanholas - Aragoneza

Cubana Montanhesa e AndaluzaFALLA (M) - Fantasia IbeacutericaFALLA (M) - Fantasia PoeacuteticaFALLA (M) - Danccedila do TerrorFRESCOBALDI-RESPIGHI - Tocata e Fuga em

LaacuteMGINASTERA (ALBRETO) - SonataGLAZOUNNOW - Suite para piano op 2GLAZOUNNOW - Sonata op 129GODOWSKY - SonataGRANADOS - GoyescasGRETCHANINOFF - Sonata op 75GRETCHANINOFF - Romance e Variaccedilotildees op 51GRIEG - Sonata op 7GRIEG - Baladas op 9 e op 24GRIEG - Valsas-Caprichos op 37GRIEG - Danccedilas Ruacutesticas norueguesas op 72HAAS (J) - Sonatas op 6 ns I e 2HAYDN - Sonatas ns 19 e 20HENDRIKS - Fantoches

HINDEMITH - Peccedilas para piano op 37 e 37 bisHINDEMITH - SonatasHINDEMITII - Ludus TonalisINFANTE (MANUEL) - Sevillanas

(Impressions de retes agrave Seville)INFANTE (MANUEL) - EI Vile (versatildeo A)

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CHOPIN - BaladasCHOPIN - BarcarolaCHOPIN - Fantasia op 49CHOPIN - Allegro de ConcertoCHOPIN - Rondoacutes op I op 5 e op 16CHOPIN - Variaccedilotildees op 12CHOPIN - BerceuseCHOPIN - BoleroCHOPIN - TarantelaCHOPIN - Valsas op 18 op 34 n I e op 42CHOPIN - 24 Preluacutedios op 28CHOPIN - Noturnos op 9 n3 op 27 ns I e 2

op 32 n 2 op 37 n 2 op 48 ns I e 2 Op62 ns I e 2

CHOPIN - Polonaises op 44 op 53 op 61CHOPIN - Mazurcas op 30 n 4 op 33 n 4

op 41 n I op 50 n 3 op 56 ns I e 3 op59 n 3 op 68 ns I e 2

CHOPIN - Andante Splanato e Grande PolonaiseBrilhante

CHOPIN - Polonaise-Fantasia op 61CLEMENTI - Sonatas op 40 ns 2 e 3DEBUSSY - LIsle joyeyseDEBUSSY - Suite pour le piano Preluacutedio

Sarabanda e TocataDEBUSSY - Imagens (1 Caderno) - Reflets

dans Ieau- Hommage agrave Rameau- MouvementDEBUSSY - Imagens (2 Caderno) - Cloches agrave

travers les feuilles- Et la lune descend sur le temple qui fut- Poissons dorDEBUSSY - Preluacutedios - Le vent dans la pleine- Ce qua vu le vent dOuest- La danse de puck- Brouillards- Les feacutees sont dexquises danseuses- Ondine- Les tieces ai temes- Feux dartifice- Les Sons et les parfums tornent dans lair du

soir- Les collines dAnacapri- Feuilles mortes- La puerta dei vino- General Lavine

204

BACH-BUSONI - Tocata e Fuga em Reacute m paraOacutergatildeo

BACH-BUSONI - Tocata Intermezzo e Fugapara Oacutergatildeo em Doacute M

BACH-LISZT - 6 Preluacutedios e FugasBACH-LISZT - Fantasia e Fuga em Sol mBACH-LISZT - Preluacutedio e fuga para OacutergatildeoBACH-SILOTTI - Preluacutedio em Sol m para OacutergatildeoBACH-STRADALL - Concerto para OacutergatildeoBACH-TAUSIG - Tocata e Fuga em Reacute m para

OacutergatildeoBACH (w F) - Fantasia e Fuga em Laacute mBALAKlREW - ScherzosBALAKIREW - IslameyBARBER (SAMUEL) - SonataBARTOK (BELA) - SonataBARTOK (BELA) - Allegro BaacuterbaroBARTOK (BELA) - Suiacutete op 14 (completo)BARTOK (BELA) - Improvisaccedilotildees op 20

(completo)BARTOK (BELA) - Danccedilas RomenasBARTOK (BELA) - Danccedilas BuacutelgarasBEETHOVEN - 32 Variaccedilotildees em Doacute mBEETHOVEN - 33 Variaccedilotildees sobre tema de DiabelliBEETHOVEN - Variaccedilotildees sobre tema da HeroacuteicaBEETHOVEN - Sonatas op 26 op 28 op 31

ns 12 e 3 op 53 op 57 op 81 op 101 op106 op 109 op 110 e op III

BEETHOVEN - 12 Variaccedilotildees em Laacute M (DasWaldmachen)

BERG (ALBAN) - Sonata n IBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema huacutengaroBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema originalBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema de SchumannBRAHMS - Variaccedilotildees e Fuga sobre um tema de

HaendelBRAHMS - Variaccedilotildees e Fuga sobre um tema de

PaganiniBRAHMS - Duas Rapsoacutedias op 79BRAHMS - 4 Baladas op 10BRAHMS - Scherzo op 4BRAHMS - Balada op 118BRAHMS - SonatasCASTELNOUVO (TEDESCO) - SonataCHOPIN - Improvisos op 36 e op 51CHOPIN - SonatasCHOPIN - Scherzos

SMETANA - BagatelasSTRAWINSKY - PetruskaSTRAWINSKY - Capricho op 7 n 1SZYMANOWSKY - SonatasSZYMANOWSKY - Variaccedilotildees sobre tema polacoSZYMANOWSKY - Preluacutedio e FugaTHEVENET (JEAN) - Eacutetude Frantasie pourpianoTSCHAIKOWSKY - Improviso - CaprichoTSCHAIKOWSKY - Sonata op 37TURlNA - Silhuetas op 70TURINA - Minerias op 21 e op 56WAGNER-LISZT - cavalgada das WalkiacuteriasWAGNER-LISZT - Morte de Isolda

BARROZO NETTO - Rapsoacutedia GuerreiraBARROZO NEITO - Variaccedilotildees sobre um tema

originalBARROZO NEITO - Movimento perpeacutetuoBRANDAtildeO (1 Y) - Preluacutedio n 5BRANDAtildeO (1 V) - Estudos ns I e 3BRANDAtildeO (J Y) - ChorinhoCAMEU (H) - Estudo op 19 n ICAMEU (H) - YaraCAMEU (H) - Saci-PererecircCAMEU (H) - BoitataacuteCAMEU (H) - Duas SonatinasCAMINHA (A) - Preluacutedio da Suiacutete n ICAMPOS (JOAQUINA ARAUacuteJO) - Tema com

Variaccedilotildees e CoralCANTUacute (A) - leux deauCHAVES (P) - Preluacutedio e Fuga em Reacute menorCHAVES (P) - Preluacutedio e Fuga em Doacute menorCUNHA (ITIBEREcirc) - Estudo em Doacute MaiorFERNANDEZ (L) - Estudo do crepuacutesculo n 5FERNANDEZ (L) - Preluacutedio FantaacutesticoFERNANDEZ (L) - 3ordf Suiacutete Brasileira (Toada-

Seresta - longo)

FERNANDEZ (L) - 3 Estudos em fonna deSonatina

FERNANDEZ (L) - Valsa suburbanaFERNANDEZ (L) - Sonata Breve

SCRlABIN - SonatasSCRlABIN - Sonata Fantasia op 19SCRlABIN - Allegro Appasionato op 4SCRlABIN - Poema traacutegico op 34SCRlABIN - Poema Noturno op 6 ISCRlABIN - Notumos op 5SCRlABIN - Preluacutedio para a matildeo esquerda op 9SCRlABIN - Noturno para a matildeo esquerda op 9SCRlABIN - Poemas ops 32 4 I e 63SCRlABIN - Vers la flammeSCRlABIN - Poema satacircnico op 36SEacuteVEacuteRAC (DEODAT) - IntennezzoSEacuteVEacuteRAC (DEODAT) - Conte agrave laacute veilIeacuteeSMETANA - Sonata em um movimentoWAGNER-LISZT - Encantamento do fogoWEBER - Grande Polonaise op 21WEBER - Sonatas op 24 op 39 op 49 e op 70WEBERN (ANTON) - Variaccedilotildees op 27

AUTORES BRASILEIROS

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX XPECcedilASALENCAR PINTO (A) - Suite Sul-Americana

(sobre temas populares)ALIMONDA (H) - Duas SonatinasALMEIDA (CARLOS) - 4ordf SerestaANES (CARLOS) - Variaccedilotildees sobre um tema

em tempo de MinuetoANES (CARLOS) - PirilamposANES (CARLOS) - Fonte luminosaANES (CARLOS) - Marcha liliputianaANES (CARLOS) - FiligranasANES (CARLOS) - BorboletasANES (CARLOS) - MiragensANES (CARLOS) - TocataANES (CARLOS) - Quietude op 45ANES (CARLOS) - Gorgeios op 63ANES (CARLOS) - Moto perpeacutetuoANES (CARLOS) - Um passeio na neveANES (CARLOS) - A procelaacuteriaBARROZO NEITO - ChoroBARROZO NEITo - Alegria de viverBARROZO NEITO - TarantelaBARROZO NEITO - CoriscosBARROZO NEITO - Estudo de Concerto

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RAVEL - Miroirs n 4 - Alborada dei GraciosoRAVEL - Miroirs n 5 - La valeacutee des cIochesRAVEL - Jeux deauRAVEL - Valses Nobles et sentimentalesREGER (MAX) - Variaccedilotildees e Fugas sobre um

tema de BachREGER (MAX) - 6 Intennezzos op 45REGER (MAX) - 6 Preluacutedios e FugasREGER (MAX) - Aquarelas op 25REGER (MAX) - 6 Peccedilas op 24RINSKY-KORSAKOFF - Variaccedilotildees sobre um

tema russoRINSKY-KORSAKOFF - 6 FugasRlNSKY-KORSAKOFF - 6 variaccedilotildees sobre um

tema de BachRUBINSTEIN - Sonatas op 100SAINT-SAENS - Air de Ballet dAIcesteSAINT-SAEN S - Danccedila MacabraSAINT-SAENS - Capricho sobre a Aacuteria

dAIcesteSAINT-SAENS - Estudo em fonna de ValsaSAINT-SAENS - tema Variado op 97SAINT-SAENS - Suiacutete op 90SCARLATTI (DOMEacuteNICO) - LONGO (A) shy

Sonatasn 9 emLaacute Maior n 14em Reacute Maiorn 18 em Reacute Maior e n 20 em Sol Maior

SCHOENBERG - Suite op 25SCHOSTAKOVICH - Preluacutedios e FugasSCHOSTAKOVICH - Marcha SarcaacutesticaSCHOSTAKOVICH - SonataSCHUBERT - Fantasia op 15SCHUBERT - SonatasSCHUBERT - Tausig - Marcha MilitarSCHUMANN - PapilIonsSCHUMANN - AlIegro n 8SCHUMANN - Visotildees notumas op 23SCHUMANN - 3 Peccedilas Fantasias op IIISCHUMANN - Tocata op 7SCHUMANN - Fantasia op 17SCHUMANN - Kreisleriana op 16SCHUMANN - Estudos Sinfoacutenicos op 13SCHUMANN - Carnaval de Viena op 26SCHUMANN - Humoresque op 20SCHUMANN - Danccedilas de Davidsbuumlndler op 6SCHUMANN - Novelete op 2 I n 8SCHUMANN - SonatasSCHUMANN - Carnaval op 9

206

MILHAUD (O) - Saudades do Brasil (lordf e 2ordfseacuteries)

MITROUPOLOS - ScherzoMITROUPOLOS - Fecircte cretoiseMITROUPOLOS - Passacaglia e FugaMITROUPOLOS - SonataMOSZKOWSKY - Tarantela (em Sol bemol M)MOSZKOWSKY - Capricho espanhol op 37MOSZKOWSKY - Les vaguesMOUSSORGSKY - Quadros de uma exposiccedilatildeoMOZART - Sonatas K 310 K 331 K 457 e K 576MOZART - Fantasias K 396 e K 475MOZART - Variaccedilotildees K 573 spbre um tema de

DuportPADEREWSKY - No deserto op 15 (Tocata)PADEREWSKY - O canto do viajante op 5POLLINI - Tocata op 31POULENC - Movimentos perpeacutetuosPOULENC - NotumosPOULENC - TocataPOULENC - Intennezzo em Laacute b MaiorPOULENC - ImpromptusPOULENC - NovellettesPROKOFIEFF - SonatasPROKOFIEFF - Marcha Triunfal op 67PROKOFIEFF - 4 Peccedilas op 4PROKOFIEFF - Tocata op IIPROKOFIEFF - Sarcasmo op 17RACHMANINOFF - Preluacutedios op 32 exceto

os de ns 5 e 12RACHMANINOFF - Preluacutedios op 23 exceto

os de ns 4 5 e 6RACHMANINOFF - Variaccedilotildees sobre um tema

de Corelli op 42RACHMANINOFF - Variaccedilotildees sobre um tema

de Chopin op 22RACHMANINOFF-KREISLER - LiebesfreudRACHMANINOFF-KREISLER - LiebesleidRAVEL - Tocata (Tombeau de Couperin)RAVEL - SonatinaRAVEL -Gaspard de la nuitRAVEL - Ondine

- Le gibet- Scarbo

RAVEL - Miroirs n I - NoctuellesRAVEL - Miroirs n 2 - Oiseaux tristesRAVEL - Miroirs n 3 - Une barque sur lOceacutean

SOUZA LIMA - 2ordf Valsa BrasileiraSOUZA LIMA -Notumo n 1 (Peccedilas Romacircnticas)SOUZA LIMA - Capricho n 2 (Peccedilas

Romacircnticas)

SOUZA LIMA - Estudo Fantasia n 6 (PeccedilasRomacircnticas)

SOUZA LIMA - Danza - Impressotildees de ValecircnciaTACUCHIAN (R) - Sonatas ns I e 2VIANNA (FRUTUOSO) - Toada n 2VIANNA (FRUTUOSO) - Corta-jacaVIANNA (FRUTUOSO) - 7 MiniaturasVILLA-LOBOS - Num berccedilo encantado (Simples

coletacircnea n 2)VILLA-LOBOS - Rodante (Simples coletacircnean 3)VILLA-LOBOS - Alegria na hortaVILLA-LOBOS - Suiacutete FloralVILLA-LOBOS Farrapos (Danccedilas

caracteristicas africanas n 1)VILLA-LOBOS - Kankukus (Danccedilas

caracteriacutesticas africanas n 2)VILLA-LOBOS Kankikis (Danccedilas

caracteriacutesticas africanas n 3)VILLA-LOBOS - Caboclinha (Prole do bebecircn 3)VILLA-LOBOS - Bruxa (Prole do bebecirc n 8)VILLA-LOBOS - Ciclo Brasileiro Plantio do

caboclo - Impressotildees seresteiras - Festa nosertatildeo - Danccedila do iacutendio branco (Peccedilas isoladas)

VILLA-LOBOS - Alma Brasileira (Choros n 5)VILLA-LOBOS - Xocirc xocirc passarinho (Cirandan 7)VILLA-LOBOS - Fui no tororoacute (Ciranda n 9)VILLA-LOBOS-Olhaopassarinho(Cirandan 12)VILLA-LOBOS - Que lindos olhos (Ciranda n 15)VILLA-LOBOS - Coacute-coacute-coacute (Ciranda n 16)VILLA-LOBOS - Valsa da dorVILLA-LOBOS - Valsa-Scherzo op 17VILLA-LOBOS - A fiandeiraVILLA-LOBOS - Rude poema

BACH (1 S) - Coral- O Salvador dos Pagatildeos seaproxima (Transcriccedilatildeo de Pierre Luboshutz)

BACH (1 S) - Coral - Regozijai-vos Cristatildeosamados (Transcriccedilatildeo de Siacutelvio Scionti)

2W

PECcedilAS

BACH (J S) - Recitativo e Aacuteria (Transcriccedilatildeo deVictor Babin)

BACH-MEDNIKOFF F Sol menor - uga para Orgatildeo em

REPERTOacuteRIO A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS I II III IV

OSWALD (H) - 3 EstudosOSWALD (H) - variaccedilotildees sobre um tema de

Barrozo NettoOSWALD (H) - Improviso op 19OSWALD (H) - Estudo PoacutestumoOSWALD (H) - Paacuteginas daacutelbum ns 4 e 6OSWALD (H) - ScherzoOSWALD (H) - ln hamacOSWALD (H) - Noturnos op 6 ns I e 2OSWALD (H) - 7 Miniaturas op 16 (completo)OSWALD (H) - Chauve-Sourris op 36 n 3PEIXE (GUERRA) - Sonata n 2PEREIRA DA SILVA (ANNA C) - Estudo em

Laacute bMaiorPRADO (ALMEIDA) - 8 Variaccedilotildees (sobre um

tema do Rio Grande do Norte)PRADO (ALMEIDA) - Recitativo e FugaPRADO (ALMEIDA) - TocattaPRIOLLI (MARIA LUISA) - Estudo em Doacute MaiorPRIOLLI (MARIA LUISA) - Sonata - Fantasia

op 21PUMAR (L MARIA) - Estudos ns I e 2REBELLO (A) - TarumatildeREBELLO (A) - Caboclo Imaginando (ponteio n I)REBELLO (A) - Ajuricaba (Ponteio n I)REBELLO (A) - Valsa GauacutechaREBELLO (A) - Taxaua (Ponteio n 2)REIS (HILDA) - Expressotildees CariocasSANTORO (C) - TocataSANTORO (C) - Paulistanas n 7SANTORO (C) - Danccedilas BrasileirasSANTORO (C) - SonatasSCLIAR (ESTHER) - SonataSIQUElRA (1 BATISTA) - SonatasSIQUElRA (1 BATISTA) - Fantasia de ConcertoSIQUElRA (J BATISTA) - Suiacutete dos sustenidosSIQUElRA (10SEacute) - Toada

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MIGNONE (F) - Bacanal dos ElfosMIGNONE (F) - Crianccedilas brincandoMIGNONE (F) - Noites em GranadinaMIGNONE (F) - 6 Estudos transcendentaisMIGNONE (F) - 6 PreluacutediosMIGNONE (F) - SonataMIGNONE (F) - TangoMIGNONE (F) - CateretecircMIGNONE (F) - MarvadinhoMIGNONE (F) - CucumbizinhoMIGNONE (F) - EI retablo dei AlcazarMIGNONE (F) - MaxixeMIGNONE (F) - Danccedila do BotocudoMIGNONE (F) - Lendas sertanejas ns 1345 e 6MIGNONE (F) - Valsa de Esquina n 12MIGUEZ (L) - Schrezetto op 20 n3MIGUEZ (L) - Allegro appassionatoNATHO (HENN) - Procissatildeo de Nossa Senhora

dos NavegantesNATHO (HENN) - Ymembuiacute (Bailado)NAZARETH (E) - Gauacutecho - TangoNAZARETH (E) - BatuqueNAZARETH (E) - Carioca - ChoroNAZARETH (E) - Sarambeque - ChoroNAZARETH (E) - LabirintoNAZARETH (E) - Cavaquinho porque chorasNAZARETH (E) - Duvidoso - TangoNAZARETH (E) - Nenecirc - TangoNAZARETH (E) - Fon-FonNEPOMUCENO (A) - Suiacutete Antiga op 11

(completa)NEPOMUCENO (A) - BrasileiraNEPOMUCENO (A) - BatuqueNEPOMUCENO (A) - Tema e Variaccedilotildees em Laacute

menorNEPOMUCENO (A) - Tema e Variaccedilotildees sobre

um tema originalNOBRE (MARLOS) - 3ordm Ciclo Nordestino op 22NOBRE (MARLOS) - Tocatina Ponteio e Final

op12NOBRE (MARLOS) - 16 Variaccedilotildees sobre um

tema de Frutuoso Vianna op 8NOBRE (MARLOS) - Tema e Variaccedilotildees op 7NUNES (JOAtildeO) - Les hermonies de la CatheacutedraleNUNES (JOAtildeO) -Ia vie des abeillesOCTAVIANO (J)- Variaccedilotildees sobre um tema deBarrozo NettoOCTAVIANO (1) - Cenas brasileiras

208

FERNANDEZ (L) - Tema com variaccedilotildeesFERNANDEZ (L) - BatuqueFIUZA (V) - VariaccedilotildeesFIUZA (V) - Sonata em Reacute menorFROacuteES (D) - E o mar respondeu agrave selvaGARRlTANO (A) - Coral com 4 VariaccedilotildeesGARRlTANO (A) - PampaGARRlTANO (A) - Preluacutedio e Fuga em Faacute MaiorGNATTALI (R) - Rapsoacutedia BrasileiraGNATTALI -(R) - SuiacutetesGOacuteES (C F) - BaladaGOacuteES (C F) - Estudo de ConcertoGUARNIERI (C) - Ponteios ns 21 23 26 30

323740424344454748 e 49GUARNIERI (C) - TocataGUARNIERI (C) - Choro torturadoGUARNIERI (C) - LunduacuteGUARNIERI (C) - Danccedila negraGUARNIERI (C) - Danccedila brasileiraGUARNIERI (C) - Danccedila selvagemGUARNIERI (C) - ToadaGUARNIERI (C) - SonataITIBEREcirc (BASIacuteLIO) - SertanejaITIBEREcirc (BASIacuteLIO) - Estudo n IITmEREcirc (BASIacuteLIO) - Estudo de Concerto op 33lABOR (NAlLA) - Estudo transcendental n IlABOR (NAJLA) - Suiacutete O cabritinho e a flauta

-Loucurade Polichinelo - Pandemotildenio (completa)lABOR (NAlLA) - Preluacutedio SinfocircnicolABOR (NAlLA) - Histoacuteria de amor em 4

tempos (completa)KORENCHENDLER(H D) - Preluacutedio Tocata

e Fugaop 26LACERDA (O) - Cromos (3ordm Caderno)LACERDA (O) - Brasiliana n 6LACERDA (O) - Variaccedilotildees sobre Mulher

BrasileiraLEVY (A) - Variaccedilotildees sobre um tema brasileiroLEVY (A) - SambaLEVY (A) - Rapsoacutedias brasileiras ns I e 2LYRA (DIVA) - Danccedila do IacutendioLYRA (DIVA) - Estudos ns 4 5 e 6MAUL (O) - TriacutepticoMAUL (O) - TocataMAUL (O) - Festa no ArraialMAUL (O) - BaiatildeoMAUL (O) - Estudos op 21MAUL (O) - Lenda do velho moinho

REPERTOacuteRIO A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS I II III IV

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX X

MIGNONE (E) - Congada

SAINT-SAENS - Scherzo op 87SAINT-SAENS - Variaccedilotildees sobre um te ma de

BeethovenSAINT-SAENS - Marche HeroiqueSCHUMANN - Andante e Variaccedilotildees op 46SCHUMANN - Seis Estudos Canoacutenicos op 56

(Transcriccedilatildeo de Debussy)STRAVINSKY - Trecircs movimentos de

PetruchkaTHOMEacute (FRANCIS) - Marche Croate

NAZARETH (E) - Labirinto (Transcriccedilatildeo deCladyr de Campos)

SCHUBERT - 6 Marchas fuacutenebres op 55(volume II)

SCHUBERT - 6 Polonaises op 61 (volume II)SCHUBERT - Divertimentos op 63 (volume II)SCHUBERT - Marcha Heroacuteica op 66 (volume II)SCHUBERT - 4 Polonaises op 75 (volume II)SCHUBERT - Variaccedilotildees op 82 (volume II)SCHUBERT - Andantino op 84 (volume II)SCHUBERT - Rondoacute (volume II)SCHUMANN - Cenas Infantis (Transcriccedilatildeo de

Kirchner)

211

PERIacuteODOS I II III IV

REPERTOacuteRIO PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PERIacuteODOS I II III IV

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS - A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX X

AUTORES BRASILEIROS - PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PECcedilAS

LACERDA (OSVALDO) - Brasiliana n 4

MOUSSORGSKY - Quadros de uma Exposiccedilatildeo(Transcriccedilatildeo de Cladyr de Campos)

MOZART - Sonata e Fuga K 448 e K 426MOZART - Adaacutegio e Fuga ln C minorPROKOFIEFF - Preluacutedio op 12 n 7

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolliacute)RACHMANINOFF - Rapsoacutedia sobre um tema

de Paganini op 43 (Transcriccedilatildeo de Cecily

Lambert)RACHMANINOFF - Suiacutetes op 5 e op 17

PECcedilASALMEIDA (CARLOS) - Quarta SerestaJABOR (NAJLA) - Pandemoacutenio

PECcedilASBRAHMS - Liebeslieder Waltzes op 52 (a)BRAHMS - Neue Liebeslieder Waltzer op 65 (a)BRAHMS - 21 Danccedilas huacutengarasMOZART - Sonatas K 381 K 358 K 497 e K 521MOZART - Fantasias K 594 e K 608MOZART - Variaccedilotildees K 50 IMOZARTmiddot Fuga K 401RAVEL - Ma mere IOyeSATIE (ERIK) - Muacutesica para piano a 4 matildeos shy

La belle excentrique (Fantasie serieuse)

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CHOPIN - Estudos op 10 n 5 e op 25 n 9(Transcriccedilatildeo de Gui Maier)

DVORAK - Danccedila eslava n 9 (Transcriccedilatildeo deG Graetzer)

KREISLER (FRITZ) - Capricho VienenseLISZT - Recircve damour (Transcriccedilatildeo de E Guenther)MENDELSSOHN - Nas asas da canccedilatildeo

(Transcriccedilatildeo de R Gruen)

NAZARETH (E) - Apanhei-te cavaquinho(Transcriccedilatildeo de Cladyr de Campos)

NAZARETH (E) - Ameno Resedaacute (Transcriccedilatildeode Cladyr de Campos)

PINTO (OCTAacuteVIO) - Cenas InfantisREBELLO (A) - Tarumatilde (Transcriccedilatildeo de Aureacutelio

Silveira)REBELLO (A) - Curupira (Transcriccedilatildeo de

Cladyr de Campos)REBELLO (A) - Choro em oitavas (Transcriccedilatildeo

de Maria Castilho)

FRANCK (CEacuteSAR) - Preluacutedio Fuga e VariaccedilatildeoKRIESLER (FRITZ) - Liecesfreud (Transcriccedilatildeo

de Gui Maier)LECUONA (E) - CoacuterdobaLlADOV (A) - Boite agrave Musique op 32

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolli)MOSZKOWSKY - Danccedila Espanhola op 12

(Transcriccedilatildeo de B Wolft)PROKOFIEFF - Preluacutedio op 12 n 7

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolli)RAVEL - Pavane (Transcriccedilatildeo de Castelnuovo

Tedesco)STRUSS (RICHARD) - Seacutereacutenade (Transcriccedilatildeo

de Abram Chassiacutens)TSCHAIKOWSKY - Quatro Valsas (Transcriccedilatildeo

de Viacutestor Babin)

210

BACH (J S) - Duas Fugas (em Reacute menor)BACH (J S) - Coral- As ovelhas podem pastar

tranquumlilamente (Transcriccedilatildeo de Mary Howe)BACH (J S) - Coral- Jesus alegria dos homens

(Transcriccedilatildeo de Victor Babin)BACH-FRIEDMAN - Sonata em Faacute MaiorBRAHMS - Valsas op 39CHAMBRIER - Trecircs Valsas RomacircnticasCHOPIN - Preluacutedios ns 6 e 7 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)CHOPIN - Estudo op 25 n 2 (Transcriccedilatildeo de

C Dougherty)CRAMER-ARTHUR NAPOLEAtildeO - EstudosDEBUSSY - Danccedilas Sacras e ProfanasFALLA (MANUEL) - EI amor brujo

(Transcriccedilatildeo de C Dougherty)

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS - A DOIS PIANOS

PECcedilASARENSKY - Suiacutete op 15BARTOK - Sete peccedilas do MicrocosmosBRAHMS - Sonata op 34CHOPIN - Estudo op 10 n 2 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)CHOPIN - Estudo op 25 n 6 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)

PECcedilAS

ALENCAR PINTO (A) - Quebra o cocomenina (Transcriccedilatildeo de Radameacutes Gnattali)

ALMEIDA (CARLOS) - Carioquinha(Miniatura n 4) Original

ALMEIDA (CARLOS) - BrincandoALMEIDA (CARLOS) - Iordf SerestaNAZARETH (E) - Brejeiro (Transcriccedilatildeo de E

Mignone)NAZARETH (E) - Odeon (Transcriccedilatildeo de

Cladyr de Campos)

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212

REPERTOacuteRIO PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PERiacuteoDOS V VI VII VIII IX X

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SCHUBERT - Rondoacute op 138SCHUBERT - Grande Duo op 140SCHUBERT - Allegro op 144SCHUBERT - Fuga op 152SCHUBERT - Ouverture (volume IV)SCHUBERT - SonataSCHUBERT - Vier LanderSCHUBERT - Kinder March

PECcedilASBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema de

Schumann op 23MENDELSSOHN - Allegro brilhante op 92MENDELSSOHN - Andante e Variaccedilotildees op 83POULENC - SonataSCHUBERT - Fantasia op 103 (volume III)SCHUBERT -Grande Rondoacute op 107 (volume III)SCHUBERT - Duas Marchas op 121 (volume III)

Nota - Em qualquer periacuteodo podem ser apresentadas peccedilas para 2 pianos ou para piano a quatromagraveos de acordo com o constante do Programa do Curso de Graduaccedilatildeo

Page 3: MÚSICA E SOCIEDADE

RESUMO

A preocupaccedilatildeo baacutesica deste trabalho foi a relaccedilatildeo muacutesicasociedade e suasimplicaccedilotildees no ensino superior de muacutesica a partir do evidenciamento dainsatisfaccedilatildeo de muitos professores e alunos patenteada na praacutetica universitaacuteria enos inuacutemeros congressos e eventos que tecircm discutido esse ensino

Buscou-se assim caracterizar a atual situaccedilatildeo dos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica atraveacutes da anaacutelise de seu conteuacutedo - a muacutesica - e propor a partir dessaanaacutelise novas diretrizes para esses cursos

A primeira etapa deste trabalho consistiu numa revisatildeo das funccedilotildees sociaisda muacutesica numa perspectiva histoacuterica tomando-se como base a categorizaccedilatildeodessas funccedilotildees elaborada por ABan Merriam (1964) Com fundamento nessessubsidios e utilizando a mesma categorizaccedilatildeo partiu-se para uma anaacutelise doconteuacutedo dos cursos superiores de muacutesica de forma a caracterizar a atual situaccedilatildeodesse niacutevel de ensino

A segunda etapa consistiu na proposiccedilatildeo de novas diretrizes para o ensinode graduaccedilatildeo em muacutesica fundamentadas em uma concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeoe da apresentaccedilatildeo a tiacutetulo de sugestatildeo das articulaccedilotildees baacutesicas para o conteuacutedode novos curriacuteculos a partir das diretrizes propostas

A convicccedilatildeo de que a arte em geral a muacutesica e a educaccedilatildeo satildeo instrumentospossiacuteveis para a transformaccedilatildeo individual e social permeou todo este trabalho

Justifica-se assim a opccedilatildeo por uma abordagem dialeacutetica para o ensinosuperior de musica por ser essa abordagem um meio efetivo de articular o conteuacutedodesses cursos agrave sociedade em que se inserem com vistas ao desenvolvimentopleno da muacutesica e do proacuteprio homem e ao aperfeiccediloamento individual e social

ABSTRACT

The basic concem of this study was the relation musicsociety and itsimplications on the teaching ofmusic in the university in view ofthe dissatisfactionof many teachers and students made evident in the academic practice and inmany congresses and events that have been discussing that teaching

Therefore a characterization of the current situation of graduation coursesin music was attempted through an analysis ofits content-music - and supportedby this analysis new directions to the courses were proposed

A review ofthe social functions ofmusic in a historical perspective was thefirst stage of this study based on the categorization ofthose functions as e1aboratedby ABan Merriam (1964) From this fundament and utilizing Merriams

8

categoriz~ton a content analysis of music graduation courses was made thuscharactenzmg ItS current situation

ln the second stage new directions for the graduation teaching of musicwere proposed based on a dialectical conception of education and the b I aSlcartlcu atIons ofnew curr~c~la s contents were suggested This study was throughoutpe~eat~d by the canvlchonthat art in general and music and education arePsslblemstruments for individual and social transfonnation Thus the option for adlalectIcalapproach t~ the teaching ofmusic in the university is justified for thisan~roa~h IS ~n effechve means to articulate the content of those courses to thesoclety m whlch they are inserted aiming the full development of music and ofman Itself and the individual and social improvement

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CAPIacuteTULO I

CONSIDERACcedilOtildeES PRELIMINARES

A muacutesica vive no seacuteculo XX nas sociedades ocidentais uma situaccedilatildeo ineacuteditaem sua histoacuteria Contraditoriamente numa eacutepoca em que os recursos tecnoloacutegicosse multiplicam e em que o acesso a ela se tomou bastante faacutecil a muacutesica pareceesvaziada de seus significados e papeacuteis mais expressivos

A revoluccedilatildeo industrial estendeu seus efeitos agrave cultura em geral econseqUentemente agrave muacutesica O consumismo que hoje caracteriza nossa sociedadetambeacutem atingiu o acircmbito musical E a posiccedilatildeo dos indiviacuteduos em relaccedilatildeo agrave muacutesicaeacute frequentemente de absoluta passividade segundo os ditames de uma induacutestriaespecializada (AdornO 1975 1986 Candeacute 1981)

Diferindo das sociedades menos complexas que a nossa ondefreqUumlentemente natildeo haacute distinccedilatildeo entre autor puacuteblico e obra sendo os assistentesquase todos participantes (Candeacute 1981) nossa sociedade prouz umaseparaccedilatildeo entre muacutesicos ativos e assistentes entre executantes CrIadores e

ouvintesA transformaccedilatildeo no seacuteculo XX da muacutesica em bem de consumo

(Adorno 1975) criou diferenciaccedilotildees intensas entre o puacuteblico elitizou a chamadamusica cultae intensificou a passividade e a massificaccedilatildeo dos ouvintes Contudoconvivem com essa muacutesica culta (tambeacutem diversificada) r~ outrasmodalidades de muacutesica da folcloacuterica agrave muacutesica de consumo numa pluralidade desituaccedilotildees divergentes A multiplicidade de situaccedilotildees da proacutepria musica cultapode ser ilustrada pelo trecho que se segue

O espaccedilo da modernidade eacute caracterizado simultaneamente pelariqueza e pela diversidade da atividade musical Os grandes centros culturaisde entatildeo propiciaram o surgimento de um nuacutemero enorme de esteacuteticasdiferentes e com frequumlecircncia divergentes criando uma agitaccedilatildeo de ideacuteiassem paralelo na Histoacuteria da Muacutesica Pois contrariamente a outros momentosda Histoacuteria a modernidade definiu-se natildeo como um periacuteodo de um estilogeral caracteriacutestico de uma eacutepoca mas como de vaacuterios estilos e em algumasde suas instacircncias o de vaacuterias linguagens (Moraes 1983 p12)

A diversidade de estilos assinalada por Moraes eacute sem duacutevida umacaracteriacutestica de nossa eacutepoca Embora seja possiacutevel questionar em que medidateria havido homogeneidade em termos de estilo geral em eacutepocas passadasda Histoacuteria no presente momento e a heterogeneidade musical do seacuteculo XX semduacutevida indiscutiacutevel que cabe destacar

10

Diante de um quadro tatildeo heterogecircDeo Adorno citado por Candeacute (1981pj3)~distingue em nossa sociedade oito tipos de comportamento musical que podemresumidamente ser assim descritos I) o ouvinte ideal a quem nada escapa e aquem o compositor considera como o uacutenico que pode compreendecirc-lo perfeitamentegraccedilas a uma audiccedilatildeo totalmente adequada e a uma escuta estrutural 2) o bom ouvinte aquele que tambeacutem escuta algo mais que fenocircmenos sonorossucessivos compreendendo perfeitamente o sentido da muacutesica embora de formapouco consciente por natildeo ser um teacutecnico 3) o consumidor de cultura tipoespecificamente burguecircs que tende hoje a substituir o bom ouvinte 4) o ouvinteemocional ao qual a muacutesica serve essencialmente para liberar os instintoshabitualmente rejeitados ou reprimidos pelas normas sociais 5) o ouvinte rancorosoque faz do tabu imposto ao sentimento a norma de seu comportamento musicalsendo superficialmente natildeo-conformista refugia-se no passado que ele imaginamais puro 6) o expert em jazz que natildeo eacute necessariamente um teacutecnico maseacute sempre um especialista 7) o ouvinte de mu~icade fundo totalmente submissoagrave pressatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo de massa 8) o a-musical indiferente ouhostil que eacute aquele a quem a muacutesica etotalmente inuacutetil ou incocircmoda

Eacute interessante complementar a categorizaccedilatildeo acima referida com ainterpretaccedilatildeo que Adorno apresenta da situaccedilatildeo da cultura e em especial da artena sociedade capitalista contemporacircnea A expressatildeo induacutestria cultural introduzida por Adorno e Horkheimer em 1947 procura delinear o resultado dapressatildeo exercida pela estrutura capitalista sobre as mais diversas manifestaccedilotildeesculturais da qual resulta uma cultura (e consequumlentemente uma arte)descaracterizada de suas dimensotildees criativas esteacuteticas ou poliacuteticas O resultadodessa induacutestria cultural eacute um conjunto de setores regido pelo ritmo do accedilo pelanecessidade prioritaacuteria de obter lucros - A verdade de que natildeo passam de umnegoacutecio eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo quepropositalmente produzem(Adorno e Horkheimer 1986 p114) A relaccedilatildeomuacutesica e sociedade pode ainda ser ilustrada com a categorizaccedilatildeo proposta porCandeacute (1981 p~36) classificando os diversos tipos de muacutesica em funccedilatildeo dascondiccedilotildees socioloacutegicas em que satildeo produzidas apresentando-as em pares de opostosI) muacutesica espontacircnea e muacutesica composta - a primeira criada a partir dereminiscecircncias de um sistema musical transmitido por tradiccedilatildeo oral sendo umacriaccedilatildeo popular para uso popular em que criador e consumidor se confundemquase contraposta agrave muacutesica espontacircnea mas com uma certa margem deespontaneidade estaria a muacutesica composta escrita 2) muacutesica culta seleta e muacutesicapopular - a primeira eacute produzida em princiacutepio por uma minoria culturalmente seletae seu grau de dificuldade cria tambeacutem uma seleccedilatildeo entre seus ouvintes a segundaao contraacuterio surge tanto das camadas populares e por elas eacute consumida quanto

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pode ser produzida industrialmente pela classe dirigente segundo criteacuteriospuramente comerciais 3) muacutesica claacutessica e muacutesica de variedades - a primeirareuacutene toda a muacutesica culta ocidental a muacutesica de variedades abrange numericamentetoda muacutesica modema de diversatildeo de escrita muito simples e estereotipada ambasas categorias (claacutessica e de variedades) satildeo mais comerciais que musicais e estatildeoligadas ao desenvolvimento do disco e da radiodifusatildeo O proacuteprio Candeacute consideraessa categorizaccedilatildeo insatisfatoacuteria propiciando apenas que se distingam aindaque de maneira imprecisa diversas maneiras de produzir muacutesica

A complexidade da situaccedilatildeo da muacutesica ocidental no contexto contemporacircneosuscita questionamentos referentes ao ensino da muacutesica o que certamente incluio ensino de niacutevel superior Que ensino musical deve ser ministrado e que muacutesicadeve ele ter como objeto E para quecirc Qual a funccedilatildeo dessa muacutesica na sociedadeem que esse ensino se insere Edino Krieger em introduccedilatildeo ao livro de Martins(1985 p8) reflete sobre a educaccedilatildeo musical

() se tivermos presente a profunda crise por que passa o espiacuteritohumano em nossos tempos () se pensarmos na passividade provocadanas pessoas pela miacutediarelegando o fazer musical para um segundo planose nos chocarmos com-o ranccedilo que caracteriza muitas das autodenominadasescolas de muacutesica admiraremos sem esforccedilo o trabalho respeitaacutevel realizadopor gente ainda idealista - gente que quixotescamente acredita napossibilidade de recuperar ou conquistar () o fazer musical que acreditanesse fazer como tendo um sentido para o ser humano bem mais profundodo que se costuma pensar

A questatildeo da formaccedilatildeo do muacutesico e do papel na sociedade desse muacutesico e damuacutesica que ele realiza aiacute estaacute presente assim como a questatildeo do fazer musical Martins(1985 p15) reflete sobre a importacircncia desses aspectos no acircmbito do ensino de muacutesica

Eacute muito importante levar o aluno agrave consciecircncia de seu papel enquantoagente cultural o que implica na dever de conhecer a accedilatildeo da mudanccedila e dapermanecircncia em seus sentidos histoacutericos evolucionaacuterios

Eacute muito importante que o aluno perceba e compreenda a accedilatildeo denovas forccedilas na sua proacutepria geraccedilatildeo como elas se relacionam influenciandoo periodo em que vive Deve tornar-se criticamente consciente da excelecircnciaou pobreza da muacutesica que executa situando-a no contexto de seu tempo

Diante do complexo mosaico representado pela situaccedilatildeo da muacutesica nasociedade ocidental contemporacircnea o ponto de partida para este trabalho foi apreocupaccedilatildeo com o ensino de musica nesse contexto Mais particularmente como ensino d~ Traduaccedilatildeo em mU-ica E mais especialmente ainda com a muacutesica

que se ensina nos cursos de graduaccedilatildeo

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Na verdade os simpoacutesios encontros e congressos que vecircm se realizandopara debater o ensino de muacutesica ( refletindo a inquietaccedilatildeo de muitos professorese alunos) tecircm questionado basicamente o ensino e natildeo a muacutesica que se ensina eeste foi o ponto de referecircncia para o desenvolvimento desta pesquisa

A proposta baacutesica do presente trabalho eacute deslocar o debate sobre o ensinode muacutesica do acircmbito dos meacutetodos e teacutecnicas ou das grades curriculares doscreacuteditos e da obrigatoriedade de disciplinas (ou mesmo da inclusatildeo de novasdisciplinas) para o conteuacutedo que eacute trabalhado ou seja a muacutesica que eacute ensinada

Pode-se de certa forma atribuir a uma heranccedila do liberalismo no acircmbitoda educaccedilatildeo a ecircnfase nos meacutetodos de ensino e na obtenccedilatildeo de conhecimentosatraveacutes de tais meacutetodos Autores como Libacircneo (1986) e Saviani (1988) dedicaramshyse jaacute a essa questatildeo criticando a ecircnfase nos meacutetodos em detrimento dos conteuacutedosBuscou-se aqui intencionalmente romper com essa abordagem e enfocar oconteuacutedo - a muacutesica- por considerar-se que eacute aiacute no conteuacutedo que se encontra omaterial essencial para questionar o ensino de graduaccedilatildeo

Para isso alguns pressupostos foram estabelecidos O primeirofundamentado em Herbert Read (1982) eacute o de que arte e sociedade satildeo conceitosinseparaacuteveis o que leva agrave afirmaccedilatildeo de que muacutesica e sociedade tambeacutem o satildeoComplementarmente assumiu-se a concepccedilatildeo tambeacutem de Read de que asociedade como entidade orgagravenica viaacutevel eacute de certo modo dependente da artecomo forccedila aglutinadora e energizante Ou seja natildeo soacute se considerou muacutesica esociedade como conceitos inseparaacuteveis mas tambeacutem que a sociedade em certosentido depende da muacutesica que exerce inquestionavelmente funccedilatildeu funccedilotildeesde natureza social

Acreditou-se tal como Read que e impossiacutevel conceber em qualquer periacuteododa histoacuteria uma sociedade sem arte ou uma arte sem significaccedilatildeo - pelo menossegundo esse autor ateacute chegarmos agrave eacutepoca modema onde a significaccedilatildeo e afunccedilatildeo social da arte parecem sofrer uma alteraccedilatildeo de trajetoacuteria

Buscou-se sobretudo pensar a muacutesica natildeo como uma abstraccedilatildeo (no sentidode objeto de estudo isolado de relaccedilotildees) ou como um produto acabado mas comoum elemento determinado socialmente e determinante da sociedade na qual estaacuteinserido num processo de constante interaccedilatildeo dialeacutetica e recriaccedilatildeo permanente

O segundo pressuposto assumido foi o de que arte tal como Cassirer (1977)e Read (1981 1982) consideram eacute conhecimento embora de uma espeacutecie peculiare especiacutefica e portanto diferente do conhecimento cientiacutefico nem superior neminferior a ele entretanto Considerou-se com fundamento em Cassirer que a artepotildee ordem na apreensatildeo das aparecircncias visiacuteveis tangiacuteveis e audiacuteveis constituindosegundo o autor uma interpretaccedilatildeo intuitiva do mundo diferemente dainterpretaccedilatildeo conceptual da ciecircncia Essas consideraccedilotildees permitem logicamente

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transposiccedilotildees agrave muacutesica que portanto foi tratada ao longo deste trabalho comouma forma de conhecimento embora peculiar e especiacutefico

Um terceiro pressuposto foi tambeacutem adotado a partir de fundamentostomados a Fischer (sd) e Read (1982) a missatildeo social da arte eacute ajudar acompreender e a transformar o homem e o mundo o que a toma inseparaacutevel deuma concepccedilatildeo poliacutetica aqui entendida como accedilatildeo transformadora Muacutesicaportanto foi tratada no decorrer desta pesquisa como dotada de uma di~ensatildeo

poliacutetica como instrumento potencial de transformaccedilatildeo do hm~me da socleda~ena medida em que como as demais formas de arte ela contnbUI para a elaboraccedilaode um saber criacutetico conscientizador propulsor da accedilatildeo social assim como para um

aperfeiccediloamento eacutetico individualA esse respeito e interessante citar Gramsci (1991)Transformar o mundo exterior as relaccedilotildees gerais significa fortalecer

a si mesmo Eacute uma ilusatildeo supor que o melhoramento eacutetico seja puramenteindividual a siacutentese dos elementos constitutivos da individualidade eacuteindividual mas ela natildeo se realiza e desenvolve sem uma atividade para oexterior atividade transformadora das relaccedilotildees externas ( ) Por isso eacutepossiacutevel dizer que o que o homem eacute essencialmente poliacutetico jaacute que a atividadepara transformar e dirigir conscientemente os homens realiza a suahumanidade sua natureza humana ( p 47-48)

A partir desses pressupostos a questatildeo da funccedilatildeo social da muacutesica adquiriuespecial relevacircncia a ponto de constituir o cerne deste trabalho cujos objetivospodem ser assim enunciados I) caracterizar o conteuacutedo dos cursos ~e gradu~ccedil~o

a partir da identificaccedilatildeo das funccedilotildees sociais desse conteuacutedo ou seja da musicatrabalhada nesses cursos 2) propor diretrizes para revisatildeo do conteuacutedo dos cursosde graduaccedilatildeo em muacutesica com vistas a uma efetiva significaccedilatildeo social

Para a consecuccedilatildeo desses objetivos foi feita numa primeira instacircncia umapesquisa de natureza descritiva voltada para a caracterizaccedilatildeo dos curso~ degraduaccedilatildeo em muacutesica a partir de suas funccedilotildees sociais Buscaram-se para ISSOfundamentos musicoloacutegicos e socioloacutegicos de modo a obter embasamento paranuma segunda instacircncia elaborar proposta de novos rumos para esses cursos a

partir de uma perspectiva dialeacutetica No que concerne agrave educaccedilatildeo que eacute sem duacutevida um dos elementos essenCiaIS

deste trabalho de vez que se objetivou questionar o ensino em niacutevel superior demuacutesica bem como propor para ele novas diretrizes dois pressupostos foram tambeacutemestabelecidos a partir de contribuiccedilatildeo tomada a Saviani (1988) e a Durmeval

Trigueiro Mendes (198519861987) O primeiro eacute que a educaccedilatildeo assim como a arte interage com a SOCIedade

e eacute por esta determinada numa primeira instacircncia mas tambeacutem nela influindo ou

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seja a educaccedilatildeo se relaciona dialeticamente com a sociedade como elementodeterminado e influenciando por sua vez o determinante

O segundo pressuposto tem iacutentima relaccedilatildeo com o primeiro educaccedilatildeo eacuteinstrumento poliacutetico e embora determinado pela sociedade potencialmente eacuteimportante instrumento no processo de transformaccedilatildeo do homem e da sociedadeOu seja natildeo se considerou a educaccedilatildeo como elemento autoacutenomo da sociedade(mais uma vez cabe o paralelo com a arte e consequentemente com a muacutesica)nem como dependente absoluto das condiccedilotildees sociais vigentes Emborareconhecendo sua condiccedilatildeo de elemento determinado socialmente num primeiromomento enfatizou-se seu potencial como subsdio agrave accedilatildeo transformadora econsequentemente como forccedila poliacutetica

A dimensatildeo filosoacutefica estaacute indiretamente presente sobretudo subjacente agravesconcepccedilotildees de arte de muacutesica e de educaccedilatildeo adotadas Natildeo seraacute poreacutem elaboradono contexto desta pesquisa um pensar de caracteristicas filosoacuteficas apesar dossubsiacutedios colhidos nesse campo do saber

Cabe ainda explicitar que trecircs concepccedilotildees de educaccedilatildeo foram consideradascomo baacutesicas a de Read (1982) que considera a educaccedilatildeo como o cultivo demodos de expressatildeo a de Bittencourt (1962) que considera a educaccedilatildeo comorealizaccedilatildeo de valores e a concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeo tal como Saviani (1988)a descreve voltada para o homem concreto ou seja o homem como siacutentese doconjunto das relaccedilotildees sociais muacuteltiplas e dinacircmicas que o determinam Estauacuteltima concepccedilatildeo enfatiza um aspecto que embora indiretamente presente nasduas outras nesta assume posiccedilatildeo proeminente exigecircncia de articulaccedilatildeo com ocontexto histoacuteriacuteco-concreto

Assim das consideraccedilotildees ateacute aqui apresentadas ressalta a importacircncianesta pesquisa das abordagens fundamentadas nos aspectos sociais tanto no queconcerne ao ensino superior de muacutesica quanto agrave proacutepria muacutesica

No que tange agrave educaccedilatildeo os subsiacutedios foram fartos de vez que haacute umaampla bibliografia dedicada a analisar a educaccedilatildeo a partir de suas relaccedilotildees com asociedade Alguns desses autores e algumas de suas obras podem como exemplosaqui serem citados Durkheim (1967) Bourdieu e Passeron (1975) Freire (1977)Bourdieu (1982) Cunha (1985) Mendes (1985 1986 1987) Saviani (1987 1988)Resumidamente pode-se situar Durkheim como tendo pensado a educaccedilatildeo comoadaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave heterogeneidade do contexto social a partir de uma posturade homogeneidade ideoloacutegica Bourdieu e Passeron ainda numa abordagem sinteacuteticapodem ser situados visualizando a educaccedilatildeo como reprodutora das relaccedilotildees sociaisenfatizando-a como aparelho ideoloacutegico do Estado Cunha Mendes e Saviani alinhamshyse numa postura de abordagem dialeacutetica do homem e de seu mundo histoacutericoshysocial concebendo o fenocircmeno educativo em unidade diaIeacutetica com essa totalidade

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social Estas satildeo apenas algumas abordagens aqui tomadas como exemplo ilustrandoa multiplicidade de estudos dedicados agrave relaccedilatildeo homem-sociedade

A funccedilatildeo social da muacutesica poreacutem natildeo tem sido suficientemente exploradaEstudos haacute sem duacutevida e decerto subsidiaram este trabalho mas natildeo pareceramsuficientes ao que se desejava atingir Fischer (sd) Weber (1984) e Adorno(1975) satildeo alguns dos autores que buscaram relacionar muacutesica e sociedade ereferecircncias a suas abordagens apareceratildeo ao longo deste trabalho

Surgiu assim a necessidade de verificar ao longo da histoacuteria da civilizaccedilatildeoocidental como se desenvolveu a muacutesica do ponto de vista de suas funccedilotildees sociais

Para tal tarefa pareceu uacutetil empregar a classificaccedilatildeo que Alan Merriam(1964) elaborou para as funccedilotildees sociais da muacutesica a partir do estudo comparativode diversas sociedades E a seguir buscar essas funccedilotildees ao longo da histoacuteria damuacutesica traccedilando um painel desse desenvolvimento que permitisse uma melhorcompreensatildeo da trajetoacuteria da muacutesica no Ocidente no que concerne agraves funccedilotildeessociais que ela vem desempenhando Sobretudo buscando compreender a situaccedilatildeoda muacutesica no contexto do seacuteculo XX como integrante de um processo cujas raiacutezesse encontram em periacuteodos anteriores e cujas projeccedilotildees para o futuro certamentejaacute se encontram aiacute semeadas A compreensatildeo do seacuteculo atual segundo esseenfoque pareceu essencial agrave anaacutelise do ensino superior de muacutesica em nossa eacutepoca

Obviamente esse painel natildeo se pretendeu completo acabado ou imune aretoques e revisotildees Aliaacutes por si soacute ele poderia ser tema de uma pesquisamusicoloacutegica Mas objetivo aqui era utilizaacute-lo como fundamento musicoloacutegicopara uma anaacutelise do ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica E nesse sentido preferiu-setrabalhaacute-lo aqui ainda que com as restriccedilotildees feitas para tentar melhor entender oque acontece com a muacutesica hoje e com o ensino de muacutesica

Para melhor ordenaccedilatildeo do assunto tomou-se a Walter Wiora (1961) aclassificaccedilatildeo em periacuteodos da histoacuteria da muacutesica ocidental dividida pelo autor emquatro idades Essa classificaccedilatildeo pareceu particularmente uacutetil por apresentar umcorte da histoacuteria da muacutesica no Ocidente mais propiacutecio agrave compreensatildeo de seusprocessos Aliaacutes na bibliografia consultada foi a uacutenica periodizaccedilatildeo encontradaque diferiu da tradicional (preacute-histoacuteria antiguumlidade oriental antiguumlidade claacutessicaidade meacutedia idade modema idade contemporacircnea) A classificaccedilatildeo de Wioraem termos de muacutesica ocidental (aqui entendida como aquela derivada da tradiccedilatildeoculta europeacuteia) expressa com maior clareza as etapas de sua trajetoacuteria aoclassificaacute-la em quatro idades ao inveacutes dos periacuteodos antes referidos de vez queessas idades satildeo propostas a partir de uma anaacutelise centrada na histoacuteria da proacutepriamuacutesica E sobretudo pareceu bastante significativa para uma melhor compreensatildeoda atual situaccedilatildeo da muacutesica pois afinal eacute a ela que se pretende remeter a anaacutelisedo ensino superior de muacutesica em nossos dias

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Esta etapa do estudo - a revisatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica na histoacuteriada muacutesica ocidental- eacute apresentada no segundo capiacutetulo deste trabalho constituindoum referencial para a caracterizaccedilatildeo feita do atual ensino de graduaccedilatildeo emmuacutesica apresentada no terceiro capitulo

Essa caracterizaccedilatildeo decorreu da identificaccedilatildeo no conteuacutedo dos cursos degraduaccedilatildeo das funccedilotildees sociais por ele contempladas atraveacutes de seu conteuacutedotomando-se como referencial a categorizaccedilatildeo apresentada por Merriam e o painelelaborado anteriormente relativo agrave trajetoacuteria das funccedilotildees sociais da muacutesica noOcidente A partir dessa identificaccedilatildeoJhegou-se no terceiro capiacutetulo agravecaracterizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais exercidas pela mtfsica trabalhada nos cursosde graduaccedilatildeo em muacutesica

A categorizaccedilatildeo de Merriam (1964) utilizada para o painel dodesenvolvimento da muacutesica no Ocidente e para a caracterizaccedilatildeo das funccedilotildeessociais do conteuacutedo dos cursos de graduaccedilatildeo eacute um instrumental funcionalista enesses termos seraacute apreciado no segundo capitulo Sua utilizaccedilatildeo aqui contudonatildeo significou uma restriccedilatildeo deste trabalho agrave oacutetica funcionalista e sim um meiopara atraveacutes dessa anaacutelise preliminar colher subsiacutedios para as etapas finais deinspiraccedilatildeo dialeacutetica Tal procedimento metodoloacutegico encontra respaldo em autorescomo Fernandes (1970) Politzer(7986) e Demo (1990) e seraacute explicitado tambeacutemno terceiro capiacutetulo

Para o trabalho de descriccedilatildeo do ensino superior de muacutesica considerou-seque apesar de pequenas variaccedilotildees e de esforccedilos isolados de alguns professoreso ensino superior de muacutesica tem genericamente caracteriacutesticas semelhantes emtodo o Brasil Os debates sobre o ensino de muacutesica em simpoacutesios congressos eencontros ressaltam essa situaccedilatildeo permitindo tomaacute-la como evidente dispensandoassim comprovaccedilotildees desse fato

~ Os exemplos necessaacuterios agrave caracterizaccedilatildeo do ensino superior de muacutesicaelaborada nesta pesquisa foram tomados aos curriacuteculos e programas da Escola deMusica da U~l Partiu-se da suposiccedilagraveo de que as observaccedilotildees e conclusotildeesneles baseadas poderiam ser na maioria das vezes razoavelmente aplicaacuteveis atodo o paiacutes de vez que essa Escola por ser a mais antiga do Brasil tem fornecidoCom razoaacutevel freqiiecircncia modelos que se tecircm difundido nacionalmente (ressalvadasas variantes acima mencionadas) Considerando o fato de que o propoacutesito dapesquisa nagraveo era anaacutelise de curriacuteculos nem apresentaccedilatildeo de novas propostas decurriacuteculo esse procedimento pareceu aceitaacutevel pois o que se pretendeu na verdadefoi estabelecer um novo questionamento centrado no objeto dos cursos em questatildeo--a muacutesica - a partir de suas funccedilotildees sociais (e natildeo a partir da grade curriculardos meacutetodos de ensino ou das teacutecnicas de adestramento e preparaccedilatildeo dos muacutesicos)de modo a poder esboccedilar diretrizes para novas propostas de inspiraccedilatildeoamp~

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Destina-se este capiacutetulo a rever na literatura especializada as funccedilotildees sociaisque a muacutesica historicamente tem desempenhado O conceito de funccedilatildeo socialda muacutesica adotado neste trabalho eacute o mesmo que Merriam (t964) considera aobuscar a partir dos diversos usos da muacutesica chegar a suas funccedilotildees ou sejaao que a muacutesica~ sociedade humana O autor estabelece assim uma claradiferenccedila entre ~~relativoagrave situaccedilatildeo na qual a muacutesica eacute empregada na accedilatildeohumana - e funccedilatildeo - referente agraves razotildees do uso ou emprego da muacutesica eaos propoacutesitos mais amplos a que esse emprego serve

A fim de ordenar o material recolhido consideraram-se duas classificaccedilotildees- uma relativa agraves grandes fases em que genericamente se pode organizar ahistoacuteria da muacutesica ocidental e outra relativa agrave categorizaccedilatildeo das diversas funccedilotildeessociais passiacuteveis de serem exercidas pela muacutesica r-----

A primeira classificaccedilatildeo acima referida eacute a que Walter Wioraacute apresentaem seu livro Les quatre acircges de la musique (1961) Nessa obra Wiora distinguequatro grandes fases na evoluccedilatildeo da muacutesica ocidental a saber

I) 1 idade - a preacute-histoacuteria e seus prolongamentos entre os povos primitivose na muacutesica popular arcaica de civilizaccedilotildees posteriores

2) 2abull idade - desenvolvimento da muacutesica entre as altas culturas antigas

(Mesopotacircmia Egito Oriente antiguumlidade greco-romana)3) 3a

bull idade - surgimento da muacutesica ocidental ou seja a arte musicalocidental a partir da Alta Idade Meacutedia

4) 4 idade - a idade da teacutecnica e da induacutestria localizada pelo autor noseacuteculo XX

A periodizaccedilatildeo proposta por Wiora conformejaacute referido no primeiro capiacutetuloexpressa com maior clareza que as tradicionalmente adotada~asetapas da trajetoacuteriada musica ocidental aqui entendida como a muacutesica culta derivada da tradiccedilatildeoeuropeacuteia (tambeacutem chamada de muacutesica erudita ou musica seacuteria) Essa periodizaccedilatildeomostrou-se especialmente adequada a este trabalho por possibilitar marcos maissignificativos para a contemporacircnea - na classificaccedilatildeo de Wiora pertencente agraveqUarta idade da muacutesica- cuja compreensatildeo articulada com os fatos e fenocircmenosanteriores da histoacuteria eacute fundamental para este trabalho

Apesar do meacuterito de ser uma periodizaccedilagraveo centrada na trajetoacuteria da proacutepria

mUSIca buscando dar conta de suas peculIandades cabe ressaltar que ela e fundadanuma oacutetica europeacuteia o que contudo nagraveo comprometeu sua utilizaccedilatildeo neste trabalho

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atildeo do ensino de muacutesica pela oacutetica dasChegou-se asSIm a cara~telzaccedil e e o conteuacutedo desses cursos

d la propna mUSIca qufunccedilotildees SOCIaiS exerCI as pe flexa-o sobre os curriculos de

d t b lho remete a uma reA etapa fmal este ra a m E busca propor novas

- d Scursos a que pertence muacutesica que satildeo a obJettvaccedilao o rtlr de uma concepccedilatildeo dialeacutetiea da

erior de mUSIca a padlretnzes para o ensmo sup ~ dade socialmente construiacuteda (quartoeducaccedilatildeo visualizando o CUITlculo como a IVI

capiacutetulo) bases deste trabalho foi a crenccedila no papel da arte da muacutesicaComo uma das d d mais aprimorada sem contudo

- I b accedilatildeo de uma socle a e e da educaccedilao na e a or _ d lmente determinados pela propna

peacuteIS sao pnmor la desconhecer que taIs pa obJetivando contribuir para que

d envolver esta pesqUisasociedade buscou-se es d b ndo agrave Universidade a abertura da

I namente exerCI o ca e esse papel possa ser P e d sica voltado para uma efetlvaquestatildeo e a busca de um ensmo supenor e mu

significaccedilatildeo social

CAPIacuteTULO II

FUNCcedilOtildeES SOCIAIS DA MUacuteSICA-UMA PERSPECTIVA HISTOacuteRICA

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As~ccedilotildees sociaTsaatildem~~ foram classificadas segundo a categorizaccedilagraveopropost~porAllanMerriam (1964) da qualresultam dez categorias principais asaber I)funccedilatildeo da expressatildeo emocional 2) funccedilatildeo do prazer esteacutetico 3) funccedilagraveode divertimento 4-)funccedilatildeo deccedilomunicaccedilatildeo 5)funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica6)funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica 7)funccedilatildeo de impor conformidade agraves norm~ sociais8)fmccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais r~ligiosos9) funccedilatildeo decontribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura 10) funccedilatildeo de contribuiccedilatildeopara a integraccedilatildeo da sociedade I i

Merriam considera muacutesica coacute~o comportamento humano e parte funcional da cultura humana sendo parte integrante de sua totalidade e refletindo aorganizaccedilatildeo da sociedade em que se insere Embora considere que o som musicale o resultado de processos de comportamento humano que satildeo modelados porvalores atitudes e crenccedilas das pessoas de uma cultura particular Merriam buscouatraveacutes da comparaccedilatildeo de diversas sociedades chegar a funccedilotildees sociais da muacutesicapor ele consideradas como universais culturais ou seja encontraacuteveis em todasas culturas

Cabe ainda ressaltar que essas categorias natildeo satildeo exc1udentes (ou sejaum mesmo evento musical pode desempenhar duas ou mais funccedilotildees) e que elastem intensidades diferentes nas diversas sociedades e em momentos histoacutericosdistintos

O autor natildeo considera essas dez categorias como definitivas admitindo queelas possam vir a ser condensadas ou expandidas embora afirme que elas resumemo papel da muacutesica na cultura favorecendo estudos voltados para a compreensatildeoda complexidade do comportamento humano no contexto social e cultural

Merriam reconhece portanto indecisotildees e necessidades de aprofundamentoacerca de diversas categorias A descriccedilatildeo que apresenta delas passa a ser expostade ma~ira resumida

I) Funccedilatildeo de expressatildeo emocional refere-se ao papel da muacutesica comoveiculo para a expressatildeo de ideacuteias e emoccedilotildees natildeo reveladas no discursocomum Seriam expressotildees emocionais extravasaacuteveis atraveacutes da muacutesica aliberaccedilatildeo de ideacuteias e pensamentos natildeo mencionaacuteveis de outro modo oextravasamento de uma grande variedade de emoccedilotildees em correlaccedilatildeo com amuacutesica realizada o desabafo de conflitos sociais e talvez sua resoluccedilatildeo aexplosatildeo da criatividade em si mesma a expressatildeo das hostilidades de umgrupo etc

Alguns exemplos que Merriam apresenta e que se encaixam todos noSgrupos acima mencionados satildeo evocaccedilatildeo de estados de tranquumlilidade nostalgiasentimento relaccedilotildees grupais sentimento religioso solidariedade partidaacuteria epatriotismo liberaccedilatildeo emocional individual (sobretudo ligada ao processo criativo

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em si mesmo) e coletiva excitaccedilatildeo sexual exaltaccedilatildeo do ego (em demonstraccedilatildeode virtuosismo ou em cantos de gloacuteria) estiacutemulo expressatildeo e divisatildeo de emoccedilatildeodiminuiccedilatildeo de frustraccedilotildees (atraveacutes do desabafo) conduzindo ao ajuste ou agrave mudanccedilasocial e em ambos os casos agrave reduccedilatildeo do desequiliacutebrio social e agrave integraccedilatildeo dasocie~e etc

2) Funccedilatildeo de prazer esteacutetico - refere-se agrave esteacutetica tanto do ponto de vistado criador quanto do contemplador Merriam considera que muacutesica e esteacuteticaestatildeo claramente associadas na cultura ocidental assim como em diversas culturasorientais Ele assinala contudo que essa associaccedilatildeo e discutiacutevel nas culturasaacutegrafas sendo tambeacutem problemaacutetico definir exatamente o que eacute uma esteacuteticabem cOffto estabelecer se ela eacute um conceito de cultura

3) Funccedilatildeo de divertimento - segundo Merriam a muacutesica exerce umafunccedilatildeode diversatildeo em todas as sociedades Ele ressalta contudo que deve ser feita umadistinccedilatildeo entre diversatildeo pura (que seria uma caracteriacutestica particular da muacutesicana sociedade ocidental) e diversatildeo combinada com outras funccedilotildees (que seriapreval~ccedilente nas sociedades aacutegrafas)

4) Funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo - refere-se segundo o autor ao fato de que a muacutesicacomunica alguma coisa natildeo estejamos certos quanto ao Qecirc como e para quem

A muacutesica natildeo eacute uma linguagem universal mas sim eacute formada deacordo com a cultura da qual eacute parte () Ela transmite emoccedilatildeo ou algosimilar a emoccedilagraveo para aqueles que compreendem seu idioma O fato de quea muacutesica eacute compartilhada como uma atividade humana por todos os povospode significar que ela comunica uma determinada compreensatildeo simplesmentepor sua existecircncia (Merriam 1964 p223)

Merriam afirma que o som musical natildeo pode ser produzido senatildeo de pessoaspara outras pessoas e embora se possa separar conceitualmente esses dois aspectosum natildeo eacute realmente completo sem o outro o que pressupotildee a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

O autor considera que num niacutevel simples pode-se dizer talvez que a muacutesicacomunica em uma dada comunidade embora se compreenda pouco como essacomunicaccedilatildeo se processa O mais oacutebvio possivelmente eacute que a comunicaccedilatildeo eacuteefctuada atraveacutes da investidura da muacutesica com significados simboacutelicos que satildeotacitamente aceitos pela comunidade

5) Funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica - Merriam assinala que quase natildeo haacuteduacutevida de que a muacutesica funciona em todas as sociedades como uma representaccedilatildeosimboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos

Simbolismo em muacutesica pode ser considerado nestes quatro niacuteveissignificaccedilagraveo ou simbolizaccedilatildeo existente nos textos de canccedilotildees representaccedilatildeosimboacutelica de significados afetivos ou culturais representaccedilatildeo de outroscomportamentos e valores culturais simbolismo profundo de princiacutepios

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universais Eacute evidente que a abordagem que visualiza muacutesica essencialmentecomo simboacutelica de outras coisas e processos eacute proveitosa e pressiona tambeacutema uma espeacutecie de estudo que objetiva compreender a muacutesica natildeo simplesmentecomo uma constelaccedilatildeo de sons mas como comportamento humano (Merriam1964 p258)

Merriam afinnal ainda que muacutesica eacute simboacutelica de muitas maneiras ereflete a_organizaccedilatildeo da sociedade

6) Funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica - Merriam considera discutiacutevel a inclusatildeo destacategoria entre funccedilotildees sociaisu

No entanto o fato de que a muacutesica provoca reaccedilatildeo fisica eacute claramentenotado pelo seu uso na sociedade humana embora as reaccedilotildees possam sermotivadas por convenccedilotildees culturais ( p 224)

Eacute o caso segundo o autor de emoccedilotildees despertadas por detenninadasmuacutesicas ocidentais (emoccedilotildees envolvem sem duacutevida reaccedilatildeo fiacutesica) e que nadaestimulam em indiviacuteduos de outras culturas que natildeo receberam detenninadotreinamento cultural para terem tais emoccedilotildees

Alguns exemplos que ele cita no acircmbito da reaccedilatildeo fiacutesica satildeo a possessatildeo(sem a qual satildeo considerados fmstrados detenninados rituais religiosos) excitaccedilatildeoe canalizaccedilatildeo de comportamento da multidatildeo encorajamento de reaccedilotildees fiacutesicasdo guerreiro e do caccedilador estiacutemulo agrave reaccedilatildeo da danccedila

Merriam considera que a questatildeo relativa a se a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesicaeacute principalmente uma reaccedilatildeo bioloacutegica provavelmente esuperada pelo fato de queela eacute funnada culturalmente

7) Funccedilatildeo de impor conformidade a nonnas sociais - Merriam exemplificaesta funccedilatildeo com canccedilotildees que chamam a atenccedilatildeo para comportamentosconvenientes ou natildeo (canccedilotildees de protesto) e canccedilotildees que instruem os jovensmembros da comunidade sobre os comportamentos proacuteprios e improacutepriacuteos (canccedilotildeesusadas em cerimocircnias de iniciaccedilatildeo) canccedilotildees cujos textos refletem mecanismospsicoloacutegicos individuais e coletivos e atitudes e valores prevalecentes na culturaassim como transmitem mitos lendas e histoacuteria

Merriam considera que a muacutesica e a linguagem exercem influecircncias muacutetuassendo que os textos das canccedilotildees constituem um suporte para uma linguagempennissiva

8) Funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos shyMerriam considera que haacute pouca infonnaccedilatildeo para se saber ateacute onde a muacutesicarealmente valida instituiccedilotildees sociais e rituais religiosos devendo esta funccedilatildeo sermelhor estudada

Apresenta contudo alguns exemplos cabiacuteveis de serem aqui relatadospreservaccedilatildeo da ordem e coordenaccedilatildeo de siacutembolos cerimoniais atraveacutes de canccedilotildees

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(Reichard 1950) transmissatildeo de potecircncia maacutegica atraveacutes de encantamentos pormeio de canccedilotildees (Burrows 1933) desgaste de um conflito ou frustraccedilatildeo de longoprazo atraveacutes de canccedilotildees com versos estabilizadores que sugerem uma soluccedilatildeopennitida segundo os costumes (Freeman 1957) validaccedilatildeo de sistemas religiososcomo no folclore atraveacutes da recitaccedilatildeo do mito e da lenda em canccedilotildees assim comoatrav~muacutesica que expresse preceitos religiosos

9) flunccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura shypara Merriam esta funccedilatildeo seria uma decorrecircncia ou talvez um somatoacuterio dasfunccedilotildees anteriores pois

se a muacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer esteacutetico divertecomunica provoca reaccedilatildeo fisica impotildees conformidade agraves normas sociais evalida instituiccedilotildees sociais e religiosas eacute claro que ela contribui para acontinuidade e estabilidade da cultura (Merriam 1964 p225)

Alguns exemplos seriam a muacutesica como veiacuteculo de histoacuteria mito e lendaapontando para a continuidade da cultura a muacutesica atraveacutes da transmissatildeo deeducaccedilatildeo contribuindo para o controle de membros desviantes da sociedade epara o sublinhamento do que eacute certo o que contribui para a estabilidade da culturaparticipaccedilatildeo da muacutesica na enculturaccedilatildeo de indiviacuteduos instruindo-os sobre o seuambiente natural e sua utilizaccedilatildeo transmitindo a visatildeo de mundo do grupofuncionando como emblema da condiccedilotildees de membro do grupo etc

Merriam considera que o som musical eacute o resultado de processos decomportamento humano que satildeo modelados por valores atitudes e crenccedilas daspessoas de uma cultura particular contribuindo assim para a continuidade eestabilidade dessa cultura

(10 Funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeo da sociedade - Eacute claro que promovendo um ponto de uniatildeo em torno do qual os

membros de uma sociedade se congregam a muacutesica realmente realiza a funccedilatildeode integrar a sociedade (Merriam 1964 p226)

Alguns exemplos que Merriam apresenta satildeo execuccedilotildees da muacutesica de umgmpo contribuindo para a satisfaccedilatildeo de participar de algo familiar e para acerteza de tomar parte de um grupo que compartilha os mesmos valores os mesmosmodos de vida e as mesmas fonnas de arte (Nketia 1958) canccedilotildees de protestosocial permitindo ao indiviacuteduo desabafar e ajustar-se agraves condiccedilotildees ou promovendoa mudanccedila atraveacutes da mobilizaccedilatildeo do sentimento do grupo (Freeman 1957) danccedilascom canccedilotildees de acompanhamento contribuindo em virtude do ritmo e da melodiapara a cooperaccedilatildeo hannoniosa entre os indiviacuteduos para o agir em unidade para ocompartilhamento de um sentimento de prazer (Radcliffe-Brown 1948)

O autor considera ainda que a muacutesica constitui um ponto de uniatildeo emtomo do qual os membros da sociedade se reuacutenem para se dedicarem a atividades

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r

que requerem cooperaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo do grupo e que embora nem toda muacutesicaseja executada assim haacute em toda sociedade ocasiotildees marcadas pela reuniatildeo daspessoas lembrando-lhes sua unidade

A categorizaccedilatildeo de Merriam como todo instrumento de anaacutelise eacute passiacutevelde limitaccedilotildees como possiacuteveis distorccedilotildees da realidade ou natildeo dar conta da totalidadedo objeto de estudo entre outros Aliaacutes a proacutepria concepccedilatildeo de funccedilatildeo social damuacutesica da forma como Merriam realiza traduz uma abordagem funcionalistaque como tal visualiza a sociedade como fenocircmeno organizacional resultante dainteraccedilatildeo de partes concatenadas o que~ certamente discutiacutevel

As criacuteticas feitas ao funcionalismo de um modo geral se aplicam agravecategorizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica proposta pelo autor

Algumas dessas principais criticas satildeo a seguir apresentadasPrimeiramente o funcionalismo trabalha com uma abordagem sistecircmica

enfatizando a retroalimentaccedilatildeo entre as partes mantenedora do dinamismo derecomposiccedilatildeo de seu equiliacutebrio e ambiecircncia (Demo 1987 pl 09 Kaplan 1975 p90)

Demo (1987 pll0) e Kaplan (1975 p90) assinalam tambeacutem que ofuncionalismo acentua a face consensual e harmoniosa da sociedade voltadapara a coesatildeo social Natildeo trabalha pois com a perspectiva de superaccedilatildeo do sistemabuscando apenas a mudanccedila dentro do sistema (ou seja ressaltando a dinacircmicade manutenccedilatildeo do sistema)

Procurando dar conta da dimensatildeo conflituosa o funcionalismo parte muitasvezes para a concepccedilatildeo de disfunccedilatildeo (Kaplan 1975 p90) O que corrobora asafirmativas anteriores de que o funcionalismo soacute daacute conta da concepccedilatildeo demudanccedila dentro do sistema e natildeo da perspectiva de mudanccedila estrutural

Aleacutem disso segundo Kaplan (1975 p96) o funcionalismo se depara comlimitaccedilotildees loacutegicas sempre que busca teorizar sobre origem ou persistecircncia decertas estruturas e segundo Firth (1955) citado por Kaplan (1975 p98) a anaacutelisefuncional apresenta dificuldade do ponto de vista do observador de ter acesso agravesfunccedilotildees em situaccedilotildees empiricas

Apesardessas limitaccedilotildees a anaacutelise funcional tem seus meacuteritos sobretudo quandose compreende que ela natildeo eacute um fim em si nem pode dar conta de todos os aspectosdo objeto estudado - aliaacutes nenhum meacutetodo cientiacutefico consegue realizar tal proeza

A abertura de perspectiva para a anaacutelise de funccedilotildees sociais certamenteaclara certos aspectos do intrincado complexo de relaccedilotildees sociais emboracertamente natildeo o esgote

Segundo Kaplan (1975 plOl) talvez o maior sucesso da antropologiafuncionaltenha sido apontar as consequumlecircncias natildeo planejadas dos atos culturais(funccedilotildees latentes ou simplesmente funccedilotildees segundo Merriacuteam em contraposiccedilatildeoa usos)

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Aleacutem disso Florestan Fernandes (1970) assinala queuma valorizaccedilatildeo construtiva do uso cientiacutefico do funcionalismo natildeo

impede a adesatildeo de socioacutelogos de vez que os conhecimentos empiacutericos eteoacutericos fornecidos por esse meacutetodo satildeo igualmente uacuteteis e potencialmenteexploraacuteveis sob quaisquer ideologias (pl09)

As afirmativas acima apresentadas relativas aos aspectos positivos da anaacutelisefuncional justificam a escolha do instrumento de Merriacuteam neste trabalho sobretudoporque sendo as funccedilotildees sociais um aspecto ainda pouco estudado da muacutesica foi auacutenica categorizaccedilatildeo encontrada na bibliografia consultada Aleacutem disso ela pareceurealmente uacutetil desde que natildeo transformada em fim para fornecer uma aproximaccedilatildeodo objeto de estudo em questatildeo - a muacutesica numa perspectiva histoacuterica numa primeirainstacircncia e no ensino superior de muacutesica num segundo momento

Certamente as categorias em si tambeacutem podem ser alvo de muitas questotildeesA funccedilatildeo de expressatildeo emocional eacute individual ou social Representaccedilatildeosimboacutelica e comunicaccedilatildeo devem ser categorias separadas Divertimento erealmente atribuiccedilatildeo da arte (haacute autores que a negam em absoluto) Essascategorias satildeo realmente aplicaacuteveis a qualquer cultura em qualquer tempo

Natildeo se pretendeu aqui analisar essas questotildees (e outras pertinentes) emseparado Elas seratildeo na medida do possiacutevel discutidas no decorrer do trabalho quandode sua aplicaccedilatildeo agrave muacutesica ocidental em sua trajetoacuteria e ao ensino superior de muacutesica

Cabe sobretudo enfatizar que a utilizaccedilatildeo dessa categorizaccedilatildeo visouprincipalmente a permitir uma aproximaccedilatildeo do objeto de estudo - a muacutesica - e agravecoleta de subsiacutedios para anaacutelises posteriores fundadas em outras perspectivasmetodoloacutegicas __t~ _

Primeira Idade da_~)A primeira idade da muacutesica segundo a classificaccedilatildeo de Wiora nagraveo nos

legou documentos escritos -literaacuterios ou musicais~ o que limita nosso conhecimentoJ

desse periacuteodoOs documentos baacutesicos dessa fase preacute-histoacuterica sagraveo instrumentos musicais

esculturas e pinturas atraveacutes dos quais podem ser levantadas hipoacuteteses que buscamreconstruir os acontecimentos musicais do periacuteodo Tambeacutem tecircm sido uacuteteis asobservaccedilotildees desenvolvidas em comunidades contemporacircneas aacutegrafas que nospermitem a partir de comparaccedilotildees chegar a algumas conclusotildees importantes sobrea preacute-histoacuteria musical da humanidade

Wiora (1961 p 13) assinala trecircs tipos baacutesicos de fontes utilizaacuteveis na pesquisasobre os primoacuterdios da muacutesica os achados arqueoloacutegicos os vestiacutegios atuaisencontraacuteveis entre os povos primitivos e os mitos

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Merriam (1964) por exemplo assinala que a muacutesica eacute um aspectocotidiano e presente em todos os momentos em sociedades aacutegrafas Istoparece ser uma observaccedilatildeo efetivamente generalizaacutevel agrave preacute-histoacuteria dahumanidade pois nesse sentido convergem todas as evidecircncias apontadasunanimemente pelos autores consultados

Wiora (1961) afirma que as origens da muacutesica remontam a mais de 30000anos tendo a muacutesica sido associada agraves danccedilas cultuais que segundo o autorprovavelmente precederam as artes plaacutesticas

Entre as atividades musicais do periacuteodo Paleoliacutetico anteriores a 10000 acna Europa Wiora cita as danccedilas cultuais - danccedilas miacutemiacutecas com maacutescaras deanimais que aparecem em diversas representaccedilotildees em paredes de grutas Arepresentaccedilatildeo miacutemica associada agrave danccedila eacute segundo o autor muito anteriacuteor agrave suarepresentaccedilatildeo plaacutestica no periacuteodo Paleoliacutetico

Wiora menciona a possibilidade dos feiticeiros desse periacuteodo terem utilizado o poder religioso e encantador da voz

A anaacutelise de mitos atuais entre Pigmeus por exemplo permite segundo oautor identificar algumas representaccedilotildees plaacutesticas do Paleoliacutetico como miacuteticassendo a elas associadas elementos musicais o que leva inuacutemeros estudiosos dapreacute-histoacuteria a considerar que a muacutesica desempenhava nesse periacuteodo um grandepapel na vida cultual

Wiora assinala que o jogo maacutegico e a realidade natildeo estavam claramentediferenciadas e que os instrumentos musicais se mesclavam agraves funccedilotildees miacuteticasdas atividades cultuais de que participavam

Muitos instrumentos deviam servir natildeo somente atilde produccedilatildeo de ruiacutedose de sons mas tambeacutem a outros fins como eacute ainda o caso dos australianosque entrechocam seus bumerangues durante suas danccedilas noturnas e batemsobre suas lanccedilas

Talvez os dardos lanccedilados tivessem um emprego similar nos tempos preacuteshyhistoacutericos diversos exemplares encontrados satildeo tatildeo fraacutegeis e tatildeo ricamentedecorados que parecem ter sido instrumentos rituais e nagraveo annas

Da mesma forma os bastotildees ditos de comando satildeo sobretudo emrazatildeo de sua ornamentaccedilatildeo artiacutestica objetos rituais e natildeo de uso corrente (Wiora 1961 p 20)

O arco preacute-histoacuterico cujo emprego se deu na caccedila e na muacutesica eacute apontadopor Wiora como exemplo de relaccedilatildeo com antigos mitos Apesar da importacircnciados instrumentos musicais e de sua relaccedilatildeo com os cultos Wiora assinala a prioridadeda voz e da escuta o que pode talvez ser comprovado a partir da inexistecircncia deinstrumentos entre alguns povos primitivos Voz ou instrumento o autor destaca

contudo que todos os povos cantam com intervalos diferenciados e quea definiccedilatildeodesses sons por cada povo eacute muito antiga jaacute existindo provavelmenteI10 ~(lleoliacutetico

Baseados sobre essas relaccedilotildees [intervalares ] compreensiacuteveis semteoilanotaccedilatildeo ou instrumentos os sistemas bitocircnico tritocircnico tetratocircnico e pentatocircnicose fonnaram provavelmente jaacute no Paleoliacutetico (p 24)

As relaccedilotildees intervalares e os tipos meloacutedicos delas decorrentes eramsegundo Wiora respeitadas como costumes Os povos primitivos ainda segundo oautor conheciam a tonalidade e as funccedilotildees tonais (ambos os tennos tomados numsentido mais amplo) assim como as fonnas elementares de polifonia

No periacuteodo Neoliacutetico a muacutesica adquiriu um novo sentido e novasformas (p 28) Surgiram os primeiros costumes campestres associados aoscantos e desde entatildeo a existecircncia humana ganhou uma estrutura modelada pelociclo das estaccedilotildees segundo o ano agriacutecola

As danccedilas cultuais como as danccedilas mortuaacuterias destinadas a evocar afertilidade satildeo nesse periacuteodo importantes atividades associadas agrave muacutesica

Wiora base~~do-se e~ Schneider ~ssinala que uma grande ~osinstrumentos de musIca pnmItlvos era estreItamente aparentada aos(ClfiiiiacuteSzllOs eservia antes de tudo agraves manifestaccedilotildees maacutegicas e sonoras da vontade de accedilatildeoSignos traccedilados sobre instrumentos e ateacute mesmo muitos utensiacutelios eramsimultaneamente ornamentos e siacutembolos

Outro fato d01lteacuteocircIacuteiacuteti~0 mencionado por Wiora satildeo as construccedilotildeesmegaliacuteticas destinadas ao culto dos ancestrais e onde se processavam danccedilascultuais e cerimoniais A disposiccedilatildeo de pedras em ciacuterculo nessas construccedilotildeesteria segundo o autor relaccedilatildeo com a posiccedilatildeo dos astros pennitindo supor a ligaccedilatildeoda muacutesica com especulaccedilotildees sobre o cosmos

Ainda no periacuteodo Neoliacutetico Wiora aponta a celebraccedilatildeo cantada dos heroacuteis eoutros gecircneros de cantos eacutepicos Desses cantos heroacuteicos primitivos derivariamposteriormente epopeacuteias escritas como a Iliacuteada

Instrumentos musicais a partir da descoberta do uso de metais passaram aser com eles confeccionados adquirindo uma nova caracteriacutestica comosiacutembolos do poder e da habilidade artiacutestica ( p 33) Muda a sonoridade e aclareza do som a cujo brilho correspondiam segundo Wiora a roupagem e oequipamento do guerreiro assim como o ritmo e o melodismo da muacutesica

Cantos heroacuteicos casamentos banquetes lamentos fuacutenebres eram assimacompanhados Instrumentos metaacutelicos de sopro eram utilizados para afugentar operigo ou o mal para chamar a comunidade para o culto ou estimular guerreirospara o combate O poder maacutegico da muacutesica era entatildeo grandemente consideradotal como atestam reminiscecircncias em antigos contos e lendas

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Wiora assinala a importacircncia da muacutesica em comunidades primitivas preshyhistoacutericas ou atuais A muacutesica original estava ligada agrave vida da comunidadenatildeo__ordf_Jf1ll__ gr1JP() e~JfEifi~qmen(~flJysecticJ mas a ambientaccedilatildeo geral porexemplo de toda uma aldeia (p 37)

A importacircncia da execuccedilatildeo da muacutesica a partir dos tipos e modelos meloacutedicose das maneiras de cantar levava a que a comunidade controlasse tais execuccedilotildeesmantendo-as dentro de certos limites jaacute que da muacutesica dependia sua sorte Issopermitiu que tais modelos e praacuteticas pudessem ser longamente conservados

A muacutesica tomava parte bem mais que posteriormente nas realidadesprimordiais da existecircncia Segundo Herder ela envolvia os objetos reais osatos os acontecimentos todo um mundo animado Ela participava dos trabalhosda guerra da cura dos julgamentos - do que se fazia diretamente durante aexecuccedilatildeo desses atos ou durante sua preparaccedilatildeo e seus acompanhamentosrituais por exemplo o encantamento da caccedila (Wiora 1961 p 39)

Wiora observa que a essecircncia da muacutesica favoreceu seu uso para efeitosmaacutegicos os quais envolviam entre outros aspectos o encantamento esteacutetico

A eficaacutecia psiacutequica eacute tambeacutem ressaltada pelo autor como sendo celebradadesde os mitos da antiguumlidade Relaciona-se a esse aspecto o estado de ecircxtaseobtido com auxiacutelio da muacutesica em rituais de magia

A muacutesica era tambeacutem utilizada segundo Wiora para atingir o domiacutenio psiacutequicoe corporal bem como para movimentar as forccedilas fundamentais do mundo Serviatambeacutem agrave nec~ssidade de aJienaccedilatildeo de se transformar em qualquer demoacuteniode se evadir de se transportar luis estranhos reinos imaginaacuterios do mundodas almas (p 40)

Ao lado da muacutesica maacutegica e religiosa Wiora assinala a existecircncia entre ospovos primitivos de uma muacutesica profana e alegre como ainda hoje pode serobservada entre Esquimoacutes ou Piacutegmeus

Referindo-se aos primoacuterdios da muacutesica Candeacute (1981) afirmaNas origens a muacutesica natildeo era senatildeo uma atividade muscular (membros)

laringe) adaptada agraves condiccedilotildees da luta pela vida De diversas maneirasseu desenvolvimento seguiu o das sociedades humanas Durante muito tempose manteve como uma prolongaccedilatildeo um suporte uma exaltaccedilatildeo da accedilatildeoUnida agrave magia a religiatildeo agrave eacutetica agrave terapecircutica agrave politica ao jogo aoprazer tambeacutem constitui um dos aspectos fundamentais das antigascivilizaccedilotildees Sua transmissatildeo estaraacute assegurada de geraccedilatildeo em geraccedilatildeopela imitaccedilatildeo logo pelo ensino sistemaacutetico (p 17)

E Candeacute assinala em outra passagem o caraacuteter imitativo da muacutesicatransmitida tal como a pantomima por tradiccedilatildeo oral As regras fundamentais queregiam a muacutesica da 1 idade eram profundamente assimiladas pelo grupo que

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sobre elas criava e improvisava tal como ateacutehoje se observa em sociedades aacutegrafasA notaccedilatildeo musical nada tem a ver com essa realizaccedilatildeo musical calcada em foacutermulastradicionais sobre as quais se desenvolve a muacutesicafNas sociedades primitivasa muacutesica eacute um ato comunitaacuterio Natildeo haacute puacuteblico natildeo haacute autor natildeo haacute obraos assistentes satildeo quase todos participantes (p29)J

Dentro de regras precisas o grupo exercita a variaccedilatildeo musical As regras4ainda segundo Candeacute relacionam~~se agraves circunstacircncias da vida social quecondicionam por exemplo a seleccedilatildeo de instrumentos o modo de execuccedilatildeo aadoccedilatildeo de ritmos caracteriacutesticos

Eacute preciso ainda referir ao que Candeacute apresenta quanto ao periacuteodo neoliacuteticopertencente tambeacutem agrave 1 idade

A associaccedilatildeo da voz ao gesto do canto aos instrumentos e oestabelecimento de sistemas transmissiacuteveis permitiram agrave expressatildeo sonoraperder seu caraacuteter individual e exercer uma forccedila de enfeiticcedilamento favoraacutevelaos rituais ou agraves atividades coletivas (p 50)-- -

O caraacuteter coletivista e o entrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo e a magiaeacute uma conclusatildeo tambeacutem unacircnime dos diversos autores consultados quanto a esseperiacuteodo

Schurmann (1989) situa a origem de manifestaccedilotildees classificaacuteveis comomusicais no periacuteodo plistocecircnico anterior ao paleoliacutetico e classifica comoessencialmente comunicativas as primeiras manifestaccedilotildees Posteriormente aleacutemda funccedilatildeo comunicativa passariam a funcionar como instrumentos detrabalhos maacutegicos mais diretamente inscritos portanto na categoria dasforccedilas produtivas (p 19)

Nettl citado por Schurmann (1989) destaca entre as funccedilotildees da muacutesicaprimitiva a religiosa e a maacutegica esta uacuteltima mais antiga que a primeira assim comonas manifestaccedilotildees pictoacutericas desse periacuteodo Tal como em relaccedilatildeo agrave pintura eacutepossiacutevel formular a hipoacutetese de que a muacutesica tenha sido tatildeo naturalista quantoaquela e que com uma determinada manifestaccedilatildeo sonora imitando porexemplo o relinchar de um cavalo selvagem o homem julgasse apossar-senelO apenas do relinchar mas tambeacutem do proacuteprio cavalo (p 20)

Schumann acrescenta para o periacuteodo neoliacutetico o surgimento de um caraacutetereminentemente simboacutelico para a arte diferentemente do periacuteodo anterior em quepredominava o caraacuteter de representaccedilatildeo ou de reproduccedilatildeo isto eacute abandonashyse o naturalismo acima referido do periacuteodo paleoliacutetico

O animismo eacute assinalado por Schurmann (1985 p25) como uma novaconquista da fase da barbaacuterie contraacuteria agrave concepccedilatildeo anterior proacutepria do estadoselvagem quando o homem se julgava capaz de atuar por meios maacutegicosdiretamente sobre a natureza Na praacutetica animista as magiacuteas da fase anterior (do

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estado selvagem) foram sendo substituiacutedas por sortileacutegios e conjuraccedilotildees atraveacutesdos quais o homem buscava seduzir os espiacuteritos para que o ajudassem solucionandoproblemas surgidos no trabalho e contribuindo para a progressiva conquista dedomiacutenio sobre a natureza

( ) era importante o papel desempenhado pelas praacuteticas musicaisagraves quais se atribuiam grandes poderes relevantes sobretudo em se tratandotanto de convocar os espiritos como de assegurar as condiccedilotildees necessaacuteriaspara a preservaccedilatildeo das estruturas sociais (Schurmann 1989 p 26)

Segundo Schurmann devem ter sido muitas as manifestaccedilotildees musicais dabarbaacuterie ligadas a rituais de conjuraccedilatildeo de espiacuteritos e segundo ele praacuteticascomunicativas desta muacutesica ritual soacute podem ser inseridas na categoria decomunicaccedilatildeo social na medida em que se admita que os seres espirituais aos quaiselas de dirigiam fossem considerados membros efetivos da comunidade social

Schurmann nega agrave muacutesica da barbaacuterie a caracterizaccedilatildeo de linguagem musicaluma vez que os elementos musicais envolvidos carecem inteiramente dequalquer articulaccedilatildeo agrave semelhanccedila dos atos elocutoacuterios (p 27) Assinalacontudo que nessa fase talvez tenham existido textos cantados ou declamadossob a forma de melodias cantadas desempenhando papel importante na praacutetica decontar estoacuterias atraveacutes das quais se mantinham vivos os valores eacuteticosindispensaacuteveis para a estrutura social

Nettl citado por Schurmannobserva que na grande maioria das tribos primitivas ainda existentes

o contador de estoacuterias intercala canccedilotildees na sua narrativa e os ouvintespassam a cantar junto com ele Este haacutebito leva frequumlentemente a um tipo demanifestaccedilatildeo musical qualificaacutevel conuxecircal1oresponsorial por meio doqual se acaba por garantir a participaccedilatildeo ativa de todos os membros dacomunidade (Schurmann p 27)

O mesmo autor ainda citado por Schurmann assinala o desenvolvimento decantos ou poetas-muacutesicos ambulantes (bardos escaldos e rapsodos) que louvavamem suas declamaccedilotildees musicais a memoacuteria de deuses e heroacuteis narrando feitosnotaacuteveis e exaltando a bravura a lealdade o espirito aventureiro e a coragemdando origem a uma grande variedade de mitos e lendas e tambeacutem a poemaseacutepicos posteriores como a Odisseacuteia

Schurmann assinala tambeacutem a evoluccedilatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica nafase da barbaacuterie perdendo sua vinculaccedilatildeo imediata com as forccedilas produtivas eaproximando-se gradativamente de outra categoria de relaccedilotildees sociais quefrequumlentementejaacute natildeo faziam parte das relaccedilotildees de produccedilatildeo A proacutepria narraccedilatildeode estoacuterias aliaacutes jaacute natildeo se destinava ao trabalho necessaacuterio agrave produccedilatildeo de meiosde subsistecircncia O mesmo se aplica a diversas outras atividades como as de caraacuteter

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luacutedico que frequumlentemente envolviam procedimentos musicais e quedesempenhavam papel social natildeo ligado agrave produccedilatildeo mas agrave integraccedilatildeo social e aotreinamento de habilidades de observaccedilatildeo e domiacutenio do meio ambiente

Embora o autor consiacutedere que natildeo se encontra na barbaacuterie qualquermanifestaccedilatildeo que possa ser identificada como linguagem musical ele nega queessa muacutesica fosse apenas incipiente fruto de uma espontaneidade ingecircnua

Muito pelo contraacuterio as pesquisas etnomusicoloacutegicas mais aprofundadasem abordando por exemplo as praacuteticas musicais na cultura indigena brasileiramostram que elas obedecem agrave uma organizaccedilatildeo surpreendentemente complexabaseada em tradiccedilotildees seculares dando a entender que absolutamente natildeo seriapossivel explicaacute-Ias no acircmbito teoacuterico de uma suposta imaturidade cultural (Schurmann p29)

Schurmann assinala tambeacutem que a cultura indiacutegena desenvolveu umaconsciecircncia dos atos de ouvir e de ver relacionando-os aos atos de entender econhecer o que evidenciaria que

as praacuteticas musicais nunca poderiam reduzir-se a meras manifestaccedilotildeesespontacircneas mas teriam que seguir por um complexo caminho onde seviabilizasse o ato de comunicar socialmente a compreensatildeo de toda umaideologia que se encontra na base da estrutura gentilica (Schurmann p 30)

Sobre a muacutesica da 1a Idade Menuhin afirma que a muacutesica eacute a nossamais antiga forma de expressatildeo mais antiga do que a linguagem ou qualquer outraforma de arte comeccedilando com a voz e com a nossa necessidade preponderantede nos darmos aos outros Referindo-se ainda agrave preacute-histoacuteria da humanidadeMenuhin relaciona caccedila e muacutesica Do ritual da caccedila surgia a muacutesica o arcopodia produzir uma vibraccedilatildeo meliflua Um ponto de vista amplamente ~

defendido eacute de que o arco e flecha satildeo ancestrais do violino (p5)Um exemplo de associaccedilatildeo entre caccedila muacutesica e ritual aparece na referecircncia

que Abraham (1986 p17) faz a um desenho gravado em uma gruta magdaleniensedatado de 13500 Ac que apresenta uma tlgura metade bisatildeo metade homem queJode ser interpretada como um caccedilador disfarccedilado parecendo tomar parte em ummiddot1ma Sobre ele haacute um arco desenhado e os musicoacutelogos divergem sobre se seriauma f1auta ou um arco musical associando esse instrumento a rituais de magia

A muacutesica eacute para Menuhin relacionada a rituais desde os seus primoacuterdios shynascimento morte colheita etc Posterionnente com o desenvolvimento gradativoda agricultura e da construccedilatildeo de abrigo a muacutesica passou a associar-se ao trabalho

Outra referecircncia importante que o autor faz eacute a associaccedilatildeo entre canto efala durante muito tempo na preacute-histoacuteria da humanidade Menuhin observa queem certas partes do mundo onde subsistem linguagens antigas (China Vietnatildealgumas partes da Aacutefrica) a inflexatildeo da fala e a da muacutesica permanecem

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inseparaacuteveis embora natildeo idecircnticas Apesar poreacutem da intriacutenseca relaccedilatildeo dasduas em tempos remotos Menuhin assinala que haacute provas antropoloacutegicas de queo canto surgiu antes da fala

A especializaccedilatildeo de tarefas eacute tambeacutem aludida por Menuhin que tambeacutemrefere-se a uma especializaccedilatildeo do muacutesico Em muitas sociedades todosparticipavam da muacutesica e nesses grupos o muacutesico semi-profissional erararo Gradualmente o muacutesico passou a ser valorizado e recebeuresponsabilidades cada vez maiores porque ele era capaz de arrebatar aspessoas (p 8)

A elaboraccedilatildeo de instrumentos musicais eacute tambeacutem situada por Menuhin napreacute-histoacuteria sendo que os vestiacutegios mais antigos foram encontrados na Sibeacuteria edatam de cerca de trinta e cinco mil anos atraacutes Esses instrumentos os mais antigosateacute entatildeo encontrados indicam a existecircncia de um aprimorado sistema dededilhar e por extensatildeo de uma escala musical - indicam pois a existecircnciade melodias primitivas muito antes da uacuteltima grande Era Glacial (Menuhinp8)

As flautas remontam segundo Menuhin agrave Idade da Pedra - sejam de argilamoldada e submetida agrave queima seja de ossos de galhos de casca de aacutervore debambu etc A flauta de Patilde por exemplo parece remontar ao final da Idade daPedra e eacute encontrada ainda hoje em diversos povos

Ressaltando mais uma vez a importacircncia da observaccedilatildeo dos fatos musicaisem sociedades contemporacircneas de contextos soacutecio-econacircmicos diversos do mundodito civilizado cabe citar JJ de Moraes (1983)

Mas voltemos aos Suiaacute O que eles fazem em termos musicais hojenatildeo eacute arcaico natural ou simples Como nos ensinou o etnomusicoacutelogoAnthony Seeger pensamos erradamente que sua muacutesica eacute primitiva imitaccedilatildeodireta dos sons da natureza e pobre do ponto de vista de sua organizaccedilatildeo apenas porque natildeo a compreendemos ( p85)

Citando ainda Seeger JJ de Moraes prossegueA muacutesica tem enorme importacircncia na vida tradicional das sociedades

indiacutegenas ( ) Para essas sociedades a muacutesica eacute parte fundamental da vidanatildeo simplesmente uma de suas opccedilotildees O que noacutes relegamos a um segundoplano como optativo ou lazer ocupa um lugar mais central na percepccedilatildeodos gupos formador da experiecircncia social parte integral das atividades desubsistecircncia garantia da continuidade social e cosmoloacutegica ( p 86)

Moraes enfatiza ainda com relaccedilatildeo ao exemplo referido a importacircncia queadquirem as significaccedilotildees especiais do canto seja ele gritado ou sussurrado a importacircnciada voz um de seus uacutenicos instrumentos e do chocalho este gerador da pulsaccedilatildeo quese cola agravecadecircncia dos textos cantados a importacircncia dos timbres muito mais importantespara esses povos que aquilo que chamamos de afinaccedilatildeo a importacircncia do ritmo

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Esses e muitos outros exemplos que nos satildeo oferecidos pela etnomusicologiaconstituem junto com os achados arqueoloacutegicos o material baacutesico para a reflexatildeosobre a musica da 1 idade

A explanaccedilatildeo ateacute aqui desenvolvida baseada em exemplos relativos agrave Iidade da muacutesica extraiacutedos da literatura especializada merece aqui uma ordenaccedilatildeoconforme foi proposta no iniacutecio deste capiacutetulo com base na categorizaccedilatildeoestabelecida por Merriam para as funccedilotildees sociais da muacutesica A quais das categoriasde Merriam os autores se referem ainda que indiretamente quando remetem agraveI idade da muacutesica

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

As referecircncias aqui apresentadas agrave muacutesica da I idade parecem deixarclaro a evidclIcia desta funccedilatildeo - a de expressatildeo emocional embora Candeacute citadoao iniacutecio deste capiacutetulo afirme Nas origens a muacutesica natildeo era senatildeo umaatividade muscular ( ) adaptada agraves condiccedilotildees de luta pela vida (p17)

Schurmann (1989) poreacutem tambeacutem citado anteriormente classifica comoessencialmente comunicativas as primeiras manifestaccedilotildees musicais o que divergedo ponto de vista apresentado por Candeacute

Menuhin (1981) refere-se agrave existecircncia de instrumentos musicais comotambores e flautas muito antes da uacuteltima Era Glacial e admite a possibilidade deespeculaccedilotildees sobre rituais sacros e profanos A utilizaccedilatildeo de muacutesica em rituaisparece sugerir a funccedilatildeo de expressatildeo emocional

Embora sobre a origem da muacutesica haja divergecircncias quanto agrave ocorrecircncia dafunccedilatildeo de expressatildeo emocional todos os autores apontam para ela no decorrer daI idade bastando a tiacutetulo de exemplo citar Menuhin (1981) quando afirma quea muacutesica ea nossa mais antiga forma expressatildeo () comeccedilando com a voze com a nossa necessidade preponderante de nos darmos aos outros ( pl)

Merriam apresenta ao analisar a funccedilatildeo de expressatildeo emocional diversosexemplos entre grupos indiacutegenas e outros atuais em que seria pertinente assinalaresta funccedilatildeo Eacute o caso dos iacutendios Flathead que o autor cita que manteacutem tradiccedilotildeesde canccedilotildees e danccedilas cuja ocasiatildeo real de suas execuccedilotildees haacute muito jaacute natildeo existeA muacutesica e a danccedila serviriam nesse caso segundo Merriam como expressatildeode liberaccedilatildeo emocional da cultura essencialmente hostil que cerca esses iacutendiospermitindo-lhes extravasar assim a hostilidade que sentem

Wiora (1961) refere-se agrave expressatildeo emocional ao abordar as origens damuacutesica

As especulaccedilotildees sobre a origem da muacutesica guardam seu valor natildeotanto como conhecimentos mas como estimulantes para a pesquisa O

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-

grito a expressatildeo de um sentimento a linguagem o apelo foram certamentefatores tanto quanto o instinto sexual o gosto pelo jogo e outros impulsos (p12)

As referecircncias de Wiora agraves ligaccedilotildees da muacutesica com a danccedila e os cultoscom a magia e com a dominaccedilatildeo psicoloacutegica parecem tambeacutem permitir relacionara muacutesica da I a idade agrave funccedilatildeo de expressatildeo emocional A proacutepria diferenciaccedilatildeoque Wiora apresenta na muacutesica dos primitivos entre muacutesica sacra e muacutesica profanae alegre pode servir como evidecircncia da presenccedila da funccedilatildeo aqui considerada

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

A questatildeo da esteacutetica presente ou natildeo na muacutesica da Ia idade natildeo eacuteexplicitada pelos autores consultados e considerada discutiacutevel por Merriam (1964)nas culturas aacutegrafas Apenas Wiora (1961) faz uma referencia mais di reta aomencionar entre os papeacuteis que a muacutesica desempenha no Neoliacutetico o encantamentoesteacutetico embora natildeo o esclareccedila mais detalhadamente (p30)

A seleccedilatildeo dos sons que constituem o universo musical de cada comunidadepode pressupor as influecircncias ambientais mas pode tambeacutem apontar na direccedilatildeode uma escolha derivada do gosto ou do prazer esteacutetico

Parece prudente deixar em aberto a questatildeo da funccedilatildeo do prazer esteacuteticona primeira idade da muacutesica mas natildeo parece pertinente excluiacute-Ia

Funccedilatildeo de Divertimento

o caraacuteter luacutedico da muacutesica na 1 idade eacute referido por Schurmann (1989)fazendo o autor referecircncia agrave associaccedilatildeo a outras finalidades Note-se aindaque na barbaacuterie a muacutesica quase nunca se apresenta como uma atividadeexclusivamente musical mas apenas como um dos ingredientes de modos decomunicaccedilatildeo mais complexos (p 28)

Ainda quanto ao aspecto luacutedico o mesmo autor afinna que 170 caso dasnarrativas o que se qualifica como linguumlistico natildeo eacute a muacutesica mas o textoverbal enquanto no caso dos jogos a muacutesica apenas participava de umdeterminado modo de comunicaccedilatildeo luacutedico (p29)

Assim Schurmann (1989) refere-se ao caraacuteter luacutedico - que pode serrelacionado agrave funccedilatildeo de entretenimento - como funccedilatildeo combinada coincidindocom a abordagem de Merriam jaacute referida que distingue divertimento puro(caracteriacutestica particular da sociedade ocidental) e diversatildeo combinada com outrasfunccedilotildees prevalecente nas sociedades aacutegrafas

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Candeacute (1981) e Menuhin (1981) natildeo fazem referecircncia especiacutefica agrave funccedilatildeode entretenimento na Ia idade

Blacking (1980) apresenta o exemplo a seguir Eu observei um processosimilar em Zacircmbia em 1961 Entre os Nsengas da regiatildeo de Petauke os

jovens meninos tocam pequenas kalimba mbiras para se distrair quandoeles estagraveo soacutes caminhando ou sentados (p20)

O grupo observado por Blacking assim como o exemplo acima descritopermite que se levante a hipoacutetese de praacuteticas semelhantes na la idade da muacutesicapermitindo que se admita a possibilidade do uso da muacutesica com funccedilatildeo deentretenimento puro em determinadas circunstacircncias

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

Certamente haacute uma grande polecircmica entre os autores no que se refere aopapel de comunicaccedilatildeo da muacutesica Simplificadamente podemos dizer que haacute osque consideram que a muacutesica eacute uma linguagem embora comunique emoccedilotildees enatildeo conceitos e haacute os que consideram que a muacutesica natildeo eacute linguagem uma vez quenatildeo transmite significados conceituais

Procurando deixar de lado neste momento a divergecircncia sobre se muacutesica eacuteou natildeo linguagem poderiacuteamos admitir simplesmente tal como Merriam fez queela comunica alguma coisa talvez emoccedilotildees ou sentimentOSE nesse sentido afunccedilatildeo de comunicaccedilatildeo poderia ser considerada presente na I a idade da muacutesica

Exemplos nesse sentido podem ser encontrados em diversos autoresMonod citado por Candeacute (1981) refere-se ao Paleoliacutetico afirmando A

muacutesica nasceu quando combinaccedilotildees criadoras associaccedilotildees novas realizadasno indiviacuteduo puderam transmitidas a outros deixar de morrer nele (p46) A referecircncia ao transmitir a outros indiviacuteduos permite correlaccedilatildeo coma funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Tambeacutem Menuhin (1981) refere-se agrave comunicaccedilatildeo entre os povos igwiquando afimm que a muacutesica une a famiacutelia e a tribo (p 4) O mesmo autorreferindo-se agrave gradativa valorizaccedilatildeo do muacutesico em comunidades preacute-histoacutericasmenciona que esse muacutesico era capaz de arrebatar as pessoas o que pressupotildeeuma accedilatildeo comunicativa (p 8)

Blacking (1980) descrevendo os estudos que desenvolveu sobre a muacutesicados Vendas na Aacutefrica refere-se implicitamente agrave funccedilatildeo comunicativa ao afirmarOs Vendas me ensinaram que a muacutesica natildeo pode jamais ser uma coisa emsi e que toda muacutesica eacute muacutesica popular no sentido de que a muacutesica nagraveopode ser transmitida ou ter significado sem que haja associaccedilotildees entre os

fndividuoslt (p8)middot -(

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Ao referir-se agrave transmissatildeo de significados (sejam eles quais forem) e aassociaccedilotildees entre indiviacuteduos Blacking permite pressupor a muacutesica atuando como

linguagem e exercendo a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

Candeacute (1981) talvez nos ofereccedila um exemplo desta funccedilatildeo quandoapresentando etapas hipoteacuteticas que representem oS primeiros estaacutegios de evoluccedilatildeoda muacutesica afirma ao descrever a 43

bull etapa Fabricaccedilatildeo de objetos sonorosmelhor diferenciados mas eficazes capazes de expressatildeo artiacutestica e de imitaccedilatildeode roiacutedos da Natureza Esta imitaccedilatildeo pode ter um caraacuteter maacutegico (p 48)

Embora o autor natildeo elabore uma anaacutelise mais detalhada do exemplo acimaeacute cabiacutevel a interpretaccedilatildeo de que a imitaccedilatildeo de ruiacutedos da Natureza possivelment~com caraacuteter maacutegico tenha a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica tal como fOI

identificada por MerriamWiora (1961) tambeacutem apresenta referecircncia agrave muacutesica preacute-histoacuterica no acircmbito

da representaccedilatildeo simboacutelica Eles danccedilam vestidos de maacutescaras de animaisdesenham sobre as paredes rochosas ou em tambores chamacircnicos imagensde encantamento atiram o arco sobre elas segundo o rito e dirigemcerimocircnias cultuais como a de iniciaccedilatildeo (p17)

A muacutesica associada a esses rituais como os de iniciaccedilatildeo parece ter nasdescriccedilotildees de Wiora relacatildeo com a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica A mesmainterpretaccedilatildeo eacute passivei analisando o texto do autor de ser aplicada aos instrumentosmusicais da preacute-histoacuteria como o arco musical que aparece em inscriccedilatildeo rupestre

tocado por um feiticeiro (p20)Tambeacutem Schurmann (1989) em exemplo anteriormente apresentado refere-

se agrave imitaccedilatildeo do relincho do cavalo no contexto de uma manifestaccedilatildeo sonora qualificaacutevelde musical tendo a funccedilatildeo de possibilitar ao homem apossar-se do proacuteprio cavalo Ecabiacutevel tambeacutem aqui interpretar a imitaccedilatildeo do relincho como a sua manifestaccedilatildeosimboacutelica e como tal admiti-la pertinente agrave funccedilatildeo social em questatildeo

O exemplo acima refere-se ao periacuteodo que Schurmann (1989) caracterizacomo estado selvagem o mais antigo da histoacuteria do homem Para o autor eacute noperiacuteodo seguinte o da barbaacuterie que o caraacuteter simboacutelico iraacute efetivamente se

instalar natildeo soacute na muacutesica mas na arte em geral

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

Alguns exemplos citados por Merriam parecem apontar para a funccedilatildeo dereaccedilatildeo fisica na 1a idade da muacutesica como a possessatildeo desencadeada pelo menos

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em parte pela muacutesica funcionando numa situaccedilatildeo total Sem a possessatildeo certoscerimoniais religiosos em certas culturas satildeo considerados frustrados

Wiora tambeacutem faz referecircncia ao estado extaacutetico obtido atraveacutes da muacutesicao que permite citaacute-lo no contexto da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica

Outro exemplo citado por Merriam eacute o da muacutesica excitando e canalizando ocomportamento de uma multidatildeo Outros exemplos ainda seriam o deencorajamento de re_accedilotildees fisicas do guerreiro ou do caccedilador ou ainda o de estiacutemuloagrave reaccedilatildeo fisica dad~

Embora Merriam reconheccedila que esta categoria conteacutem principalmente umcomponente bioloacutegico ele considera que tal componente eacute superado pelo fato deque a reaccedilatildeo bioloacutegica eacute condicionada culturalmente

Menuhin (1981) referindo-se agrave gradativa responsabilidade que o muacutesicopassa a receber em eacutepocas remotas oferece-nos um exemplo pertinente agrave funccedilatildeode reaccedilatildeo fisica Com seu auxiacutelio [do muacutesico] a muacutesica lhes deu forccedila devontade e coragem para fazer guerra defender a propriedade expressaralegria ou lamentar suas perdas (p 8)

Tambeacutem Candeacute referindo-se a uma origem comum do canto da danccedila e dafala (que soacute se iriam diferenccedilar nitidamente a partir de 9 000 ac no periacuteodoNeoliacutetico) permite-nos identificar a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica no que diz respeito agravedanccedila

Wiora (1961) ao referir-se agrave muacutesica utilizada como estimulo para osguerreiros ao combater pode ser citado aqui no que se refere agrave funccedilatildeo da reaccedilatildeofiacutesica embora se possa questionar sobre ateacute que ponto a incitaccedilatildeo ao combate eacutefiacutesica ou psicoloacutegica (o que pode ser solucionado retomando-se a consideraccedilatildeoanterior de Merrian sobre o condic~ento cultural agraves reaccedilotildees bioloacutegicas)

A participaccedilatildeo da muacutesica na cura conforme citaccedilatildeo jaacute apresentada de Wioratambeacutem pode ser cogitada no acircmbito da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

B1acking (1980) apresenta-nos um outro exemplo A muacutesica Venda eacutefundada natildeo sobre a melodia mas sobre uma agitaccedilatildeo riacutetmica do corpointeiro do qual o canto natildeo eacute senatildeo uma extensatildeo particulaJ (p36)

A referencia acima agrave musica dos Vendas povo africano que nos podeservir de base para reflex()~s sobre a 13

bull idade da muacutesica aponta para uma muacutesicaque se manifesta no corpo inieiro evidenciando assim a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisicaque buscamos exemplificar

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

As referecircncias de Wiora (1961) agraves cerimocircnias de iniciaccedilatildeo e a outros rituaisno periodo Neoliacutetico nos quais a muacutesica desempenha papel essencial parecem

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permitir a identificaccedilatildeo na primeira idade da muacutesica da funccedilatildeo de impor

conformidade a normas sociaisTambeacutem os cantos heroacuteicos primitivosjaacute referidos anteriormente com base

no mesmo autor podem ser interpretados como exemplos da funccedilatildeo aquiconsiderada O mesmo se aplica aos cantos de louvor sobre eventos aos quaisa muacutesica estaria mesclada por exemplo um casamento franco um banqueteentre os hunos um lamento fuacutenebre entre os godos (p34)

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Reichard citado por Merriam (1964) apresenta um exemplo desta funccedilatildeo

ao referir-se aos Navaho a primeira funccedilatildeo da canccedilatildeo eacute preservar a ordemcoordenar os siacutembolos cerimoniais (p2 2 4 ) Burrows tambeacutem citadopor Merriam comenta que uma das funccedilotildees das canccedilotildees entre os Tuametos eacutetransmitir potecircncia maacutegica atraveacutes dos encantamentos (p224) Essesexemplos parecem permitir transposiccedilotildees agrave primeira idade da muacutesica e agrave validaccedilatildeo

de instituiccedilotildees e rituaisos sistemas religiosos satildeo validados como no folclore atraveacutes da

recitaccedilatildeo do mito e da lenda em canccedilotildees assim como atraveacutes da muacutesica queexpresse preceitos religiosos As instituiccedilotildees sociais satildeo validadas atraveacutes decanccedilotildees que enfatizam o que eacute conveniente e o que natildeo eacute conveniente nasociedade assim como as que dizem agraves pessoas o que se deve fazer e como se

deve fazer (Merriam 1964 p224)Menuhin (1981) apresenta-nos uma outra referecircncia agrave relaccedilatildeo entre a muacutesica

e as instituiccedilotildees sociais nos primoacuterdios da evoluccedilatildeo musical Cada ritual de queparticipamos requer sua proacutepria muacutesica nascimento casamento mortesemeadura colheita ( ) Sem duacutevida nossa primeira muacutesica dedicava-se agrave

consagraccedilatildeo de tais eventos (p5)Alguns exemplos apresentados por Wiorajaacute citados anteriormente como a

participaccedilatildeo da muacutesica em rituais de casamento satildeo passiacuteveis de inclusatildeo na

funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Seeger citado por Morais (1983) em exemplo jaacute citado paacuteginas atraacutes

refere-se ao abordar a muacutesica indiacutegena ao papel que ela desempenha como

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gar~nt~a da conti~uidade sociale cosmoloacutegica (p 86) o que permitereferencIa a esta funccedilao na pnmeIra Idade da muacutesica

Wiora (1961) a_o mencio~ar o controle da comunidade sobre a preservaccedilatildeodas normas de execuccedilao da mUSIca uma vez que de tais cuidados dependia a sortedo grupo ~ar~ce tambeacutem oferecer-nos exemplo pertinente agrave funccedilatildeo de contribuirpara a contmUIdade e estabilidade da cultura

~participaccedilatildeoda muacutesi~aem antigos mitos e lendas transmitidos por tradiccedilatildeooral e Ja apresentados antenormente segundo Wiora tambeacutem se relacionariam agravefunccedilatildeo aqui considerada O mesmo pode ser dito em relaccedilatildeo agrave muacutesica utilizadanos rituais de iniciaccedilatildeo jaacute referidos pelo mesmo autor

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

_ Nketia c~ta~9~or Merriam (1964) entre diversos exemplos referentes agravefunccedilao~e contnbUIccedilao para a mtegraccedilatildeo da sociedade relata o seguiacutente

Pa~a os Yoruba em Accra as execuccedilotildees da muacutesica Yoruba ( ) trazemtanto a satisfaccedilatildeo de participar de algo familiar quanto a certeza de se tomarp~rte de um grupo que compartilha os mesmos valores os mesmos modos deVIda um grupo que manteacutem as mesmas formas de arte A muacutesica assim trazuma renovaccedilatildeo da solidariedade tribal ( p226)

O~tro exemplo interessante quanto agrave integraccedilatildeo social nos apresentadopor Memam (1964)

As observaccedilotildees de Freeman (1957) a respeito das canccedilotildees folcloacutericas~av~lanas sugerem que as canccedilotildees de protesto social podem permitir aol~dllduo desbafar e assim ajustar-se agraves condiccedilotildees sociais tais como elassao ou elas podem alcanccedilar uma mudanccedila social atraveacutes da mobilizaccedilatildeodo sentlme~to do grupo Nos dois casos estes versos funcionam para reduziro desequllzbrlO soczal e para integrar a sociedade ( p 226)

Aos dOIS exemplos acima transcritos Merriam acrescenta outrosdecorre~t~s da obs~rvaccedilatildeo de sociedades contemporacircneals que por sua~caract~nstlcaspermItem levantar hipoacuteteses e generalizaccedilotildees relativas agrave muacutesicada 1 Idade

s Candeacute (1981 ) a~r~senta tambeacutem uma referecircncia a respeito da integraccedilatildeo daoCI~dadeatraes da mUSIca quando analIsa a evoluccedilatildeo histoacuterica dos comportamentosm~sI~~IS coletlvos afirmando que a muacutesica eacute um ato comunitaacuterio nas sociedadespnmItIvas natildeo haendo separaccedilatildeo entre autor puacuteblico e obra (p29)

h Em Menu~m (1981) ~ma referecircncia ao papel do muacutesico em periacuteodos preacuteshyIstoncos tambem remete a mtegraccedilatildeo social

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Gradualmente o musICO passou a ser valorizado e recebeuresponsabilidades cada vez maiores porque ele era capaz de arrebatar aspessoas falando por elas como em conjunto elas falavam com ele Com seuauxiacutelio a muacutesica lhes deu forccedila de vontade e coragem para fazer guerradefender a propriedade expressar alegria ou lamentar suas perdas (p8)

Blacking (1980) tambeacutem apresenta uma observaccedilatildeo pertinente agrave integraccedilatildeosocial quando em citaccedilatildeo apresentada anteriormente afirma que toda muacutesica eacutepopular ou seja soacute pode ser transmitida e compreendida se houver associaccedilotildees

entre os indiviacuteduos (p18)Referindo-se aos Vendas Blacking (1980) tambeacutem afirma Vivendo

com os Vendas comecei a compreender ateacute que ponto a muacutesica pode tornarshyse parte integrante do desenvolvimento do espiacuterito do corpo e de relaccedilotildees

sociais harmoniosas ( p9)Os exemplos acima obtidos de Blacking referem-se a sociedades

contemporacircneas cujas estruturas soacutecio-econoacutemicas e culturais parecem permitir

transposiccedilotildees agrave 1a idade da muacutesicaResumindo o levantamento feito das funccedilotildees sociais da muacutesica na 1a idade

segundo classificaccedilotildees de Merriam e Wiora cumpre assinalar que as dez funccedilotildeesda categorizaccedilatildeo puderam ser identificadas nos exemplos contidos na literaturarevista apesar das limitaccedilotildees ao conhecimento dessa fase permitindo supor umintenso papel social desempenhado pela tpuacutesica nQs_primoacuterdios de sua histoacuteria

_____ ~_~ __--_ ~_ _-1 ~t ~~lt--~ _

I~Se~unda Idad~d~~~~~~JPassando a examinar a 2a bull idade da muacutesica segundo Wiora aquela que se

situa no contexto das antigas civilizaccedilotildees (Mesopotacircmia Egito Greacutecia OrienteAntiguumlidade Greco-Romana) observamos que a aproximaccedilatildeo no tempo traz maioresfacilidades ao exame deste periacuteodo tendo em vista que eacute nele que a escrita comeccedilaa desabrochar o que nos permite acesso a textos (inclusive tratados teoacutericosmusicais em alguns casos como China e Greacutecia) que nos possibilitam uma

compreensatildeo um pouco mais claraMenuhin (1981) referindo-se a essa fase afirmaDe acordo com descobertas recentes no Oriente Proacuteximo os primeiros

siacutembolos da palavra escrita comeccedilaram a aparecer haacute mais ou menos dez milanos principalmente para facilitar o comeacutercio A escrita ajudou a separar amuacutesica da fala As palavras escritas na argila ou no papiro podiam transmitirrapidamente mensagens simples ao passo que a muacutesica estava vinculada agrave

expressatildeo de sentimentos complexos (p6)

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Wiora estabelece para a segunda idade uma divisatildeo em trecircs periacuteodos oprimeiro envolvendo as altas culturas arcaicas o segundo comeccedilando com onascimento da teoria musical e com uma concepccedilatildeo filosoacutefica da muacutesica naGreacutecia e na China o terceiro compreendendo a sobrevivecircncia da Antiguumlidade noOriente e o desenvolvimento posterior da muacutesica nas culturas superiacuteores dessaparte do mundo

1) O primeiro desses periacuteodos assinala segundo Wiora (1961) umamodificaccedilatildeo importante em relaccedilatildeo agrave priacutemeira fase a cultura estava centrada noculto e eacute assim que a muacutesica assume suas novas funccedilotildees A civilizaccedilatildeo sumerianaestava concentrada sobre a religiatildeo mais que nenhuma outra posteriormentee a muacutesica desempenhava um tal papel na vida religiosa que se estima combase nas fontes disponiveis que a muacutesica profana natildeo existia (p44)

Menuhin (1981) afirma que a muacutesica associava-se aos misteacuteriossagrados uma coisa dando status agrave outra( e que alguns dos instrumentosdessa eacutepoca subsistiram apenas porque foram enterrados com outros pertencesno tuacutemulo dos governantes onde podiam ajudar a abrir o caminho para oceacuteu ( plS)

Wiora (1961) refere-se a numerosas esculturas sumerianas reunidas porAndreacute Parrot que atestam a religiosidade daquela civilizaccedilatildeo agrave qual estava associadaessa forma primordial de uma muacutesica eclesiaacutestica que lhe dava seu sentido e seucaraacuteter O mesmo autor acredita que bases sumerianas subsistam nas Igrejasmiddotcristatildes e em algumas outras - Uma relaccedilatildeo profunda ntre a construccedilatildeo dos templos e a muacutesica dos templose assI~alada por Wiora (1961) no periacuteodo sumeriano sobrevivendo em templospostenores Aleacutem disso ele menciona uma forte relaccedilatildeo entre os hinos e preces cantadose um determinado instrumento e um estilo musical correspondente A muacutesicaparticipavadas procissotildees do culto aos mortos dos acontecimentos especiais como por exemplodos ritos de proteccedilatildeo contra os maus efeitos de um eclipse lunar (p46)

Menuhin (1981) referindo-se aos instrumentos musicais assinala esserela~lOnamento dos instrumentos propriedades maacutegicas na segunda idade damUSIca e assinala tambeacutem que a partir da eacutepoca do Impeacuterio Romano houveuma tendecircncia gradativa a despojaacute-los dessas funccedilotildees (plS)

Haacute exemplos entre os sumerianos de muacutesica natildeo cultual que segundoWlOra satildeo atestados por ilustraccedilotildees posteriores uma entre elas representaum combate de boxe acompanhado de tambores e cimbalos (p47)

Representaccedilotildees de animais muacutesicos tambeacutem satildeo apontados por Wiora napnrneIra metade do terceiro milecircnio - os temas poderiam ser tomados a mitos ou arelatos conhecidos (essa tradiccedilatildeo deixou heranccedilas na Europa) Os instrumentosmesoptacircmicos tambeacutem foram transmitidos em sua maioria agrave Europa atraveacutesda Antlguumlidade mediterracircnea

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Aula
Nota
1309 Gabi

Alem da relaccedilatildeo assinalada anteriormente entre instrumentos hinos oupreces e estilos musicais Wiora menciona relaccedilatildeo entre gecircneros poeacuteticos doculto sumeriano e instrumentos Eacute provavelmente um dos progressos dasprimeiras civilizaccedilotildees superiores que o canto seja adaptado a uminstrumento e que este uacuteltimo se junte agrave voz ( p 48)

Sumerianos e egiacutepcios ainda segundo Wiora foram os primeiros adesen~olver uma profissatildeo musical organizada e representada em imagens de tiposoriginais de muacutesicos~ Os muacutesicos por sua participaccedilatildeo nos cultos tinham statusequivalente aos pad~es e muacutesicos e muacutesicas eram enterrados em tumbas reais

Menuhin (1981) referindo-se ao Egito e agrave Ameacuterica acrescenta que a muacutesicaera usada em louvor aos liacutederes remontando a essa eacutepoca a realizaccedilatildeo deprocissotildees reais com instrumentos musicais Aleacutem disso o autor refere-setambeacutem agrave associaccedilatildeo da muacutesica ao trabalho

Os Assiacuterios que dominaram a Mesopotacircmia entre 1250 e 612aproximadamente tiveram segundo Wiora uma civilizaccedilatildeo calcada na sumerianaembora mais secularizada (p50)

Candeacute (1981) referindo-se aos sumerianos assinala a referecircncia em textosdo 2deg milecircnio Ac a ladainhas cantadas e referindo-se aos assiacuterios afirma quea funccedilatildeo social da muacutesica se fez entre eles cada vez mais importante sendosiacutembolo de poder de respeito de vitoacuteria Honra-se aos muacutesicos mais que aossaacutebios imediatamente depois dos reis e dos deuses e nas matanccedilas que seseguem agraves conquistas os assirios perdoam sempre aos muacutesicos ( ) (p57)

A muacutesica do Egito antigo eacute tambeacutem segundo Wiora bastante semelhante agravesumeriana inclusive no que se refere ao aspecto cultural

Candeacute (1981) referindo-se ao Impeacuterio Antigo no Egito afirma ( ) umrelevo mural nos mostra cantores um harpista um tocador de flauta largaque evocam uma muacutesica doce e refinada com funccedilatildeo mais domeacutestica quereligiosa (p59)

Quanto ao Novo Impeacuterio (1554 a 1080 ac) Candeacute refere-se a umamuacutesica mais viva e forte com funccedilatildeo ritual religiosa e militar

Os egiacutepcios tambeacutem segundo algumas teorias praticaram a muacutesicamundana de maneira viva e dinacircmica Mas toda a ecircnfase estava na muacutesica decunho religioso

Wiora cita tambeacutem a muacutesica como regalo auditivo fazendo parteintegrante nos banquetes como atestam inscriccedilotildees e representaccedilotildees Siacutembolo deprazer e de boa vida o banquete eacute oferecido aos mortos em seguida agrave mortebanquetes acompanhados de muacutesica satildeo representados nos tuacutemulos (p53)

Tambeacutem como acompanhamento ao trabalho a muacutesica eacute citada por Wioraentre os egiacutepcios seja atraveacutes de canto de instrumentos de ruiacutedos riacutetmicos

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Eacute contudo na muacutesica da corte ainda segundo o mesmo autor que amuacutesica e o muacutesico tecircm maior prestiacutegio Ateacute mesmo no que se refere agraverepresentaccedilatildeo dos sons com as matildeos - a quironomia - os egiacutepcios se referem a elaaludindo natildeo aos cantos comuns dos lavradores ou negros mas somente aocanto aristocraacutetico que eacute ao mesmo tempo ullla arte de dirigir e umanotaccedilagraveo por gestos (p56)

Candeacute (1981) contudo refere-se a uma possiacutevel situaccedilatildeo subalterna entreos muacutesicos egiacutepcios Os textos raramente o mencionam e a iconografiacostuma representaacute-los enrodilhados diante de seus amos ou vestidos comoos escravos (p 61)

E Wiora acrescenta outras informaccedilotildees sobre a muacutesica dessa fase Aolado do serviccedilo divino e da muacutesica da Corte conservavam-se foacutermulasencantatoacuterias de exorciSIllO de muacutesica maacutegica e terapecircutica (p62)

Entre os egiacutepcios assim como entre os sumerianos Wiora menciona aocolTecircncia de representaccedilotildees de animais muacutesicos cuja significaccedilatildeo eacute controversa

mas sem nenhuma duacutevida elas tecircm por base velhas histoacuterias muitoconhecidas tendo dado lugar tambeacutem a representaccedilotildees mimicas nessesanimais muacutesicos de antigas culturas superiores sobreviviam motivos derivadosde ritos e de jogos mascarados da era preacute-histoacuterica (p62)

Sumerianos e egipcios segundo o mesmo autor tambeacutem utilizaram a muacutesicaem eventos como festejos da fecundidade da natureza tal como na preacute-histoacuteriadiferindo desta fase por uma maior independecircncia da natureza (compare-se porexemplo caverna e templo)

A inexistecircncia de notaccedilatildeo musical nas altas culturas parece certa poissomente mais tarde entre Feniacutecios e Gregos encontram-se os primeiros vestiacutegiosde notaccedilatildeo passando-se a objetivar os sons por notas (Wiora 1961 p65) Passospara essa objetivaccedilatildeo segundo Wiora satildeo sem duacutevida a praacutetica da quironomiano Eg~to ao transpor os sons para gestos das matildeos e braccedilos e a possiacutevel praacuteticada antIga Mesopotacircmia de designar os sons por siacutelabas

Wiora tambeacutem registra o emprego de relaccedilotildees numeacutericas - talvez extrashymusicais cosmoloacutegicas - na muacutesica das altas culturas Exemplos como amctrificaccedilatildeo de cantos de encantaccedilatildeo sumerianos ou a contagem de intervalosmusicais c de acordes podem ser apontados segundo ele

2) O segundo periodo da segunda idade da muacutesica segundo Wiora comeccedilaCOI~ o nascimento da teoria musical e de uma concepccedilagraveo filosoacutefica da muacutesica na-IChIna e na Greacutecia J

Poucos fragmentos musicais restaram da Antiguumlidade Greco-Romana epouco nos permitem conhecer da muacutesica desse periacuteodo Contudo assinala Wiora

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a arte musical era uma parte essencial da vida cultural grega constata-sepelo alto apreccedilo de que ela desfrutava em relaccedilatildeo agraves outras artes (p72)

Candeacute (1981) referindo-se agrave civilizaccedilatildeo greco-latina afirmaFoi na Greacutecia onde pela primeira vez a~onsciecircncia musical

apareceram a ambiccedilatildeo de criar e o gosto de escutar Durante mileacutenios amuacutesica viveu a eficaacutecia religiosa maacutegica terapecircutica militar se dirigia aosdeuses e aos reis aos poderes visiacuteveis e invisiacuteveis Entre os gregos se converteem arte em uma maneira de ser e de pensar revela sua beleza ao primeiro

puacuteblico socialmente consciente (p68)Ser mousikos significava para os gregos ser muacutesico e ser culto e se

considerava como mais digno do que dedicar-se agraves artes plaacutesticas Menuhin(1981 p 35 ) referindo-se a essa alta estima que a Greacutecia atribuiacutea agrave muacutesicaafirma que o proacuteprio termo para designar um homem educado e distinto queria

dizer homem musicalWiora assinala que os gregos fundaram as primeiras bases do conhecimento

obrigatoacuterio e geral da muacutesica pela linguagem e pela escrita sua teoria e suafilosofia _ A arte dos sons eacute universalmente conhecida pelo nome gregomuacutesica ( p 72) Cabe contudo relativizar a afirmativa do autor pois sabe-sehoje que haacute sociedades que natildeo tecircm uma palavra especiacutefica para designar um

evento puramente musical tal como noacutes o fazemosSegundo Wiora (1961) a palavra muacutesica teve sua origem na religiatildeo grega

sendo a uacutenica arte cujo nome deriva de uma divindade Os mitos ligam as divindadesagrave muacutesica a sua--manifestaccedilotildees seus instrumentos seus modos etc

Menuhin ( 1981) afirma que para os gregos a muacutesica era interligadacom a ideacuteia das nove Musas fontes de inspiraccedilatildeo para todas as artes (p37)Ainda agrave mesma paacutegina o autor assinala que a proacutepria palavra muacutesica vem dagrega Ilusiki significando todas as artes das nove musas

Candeacute (1981) aponta para o fato de que sendo a muacutesica derivada do ensinodas Musas requer uma instruccedilatildeo que natildeo pode ser puramente esteacutetica seconverte em disciplina escolQ em objeto de maestria da medida de valores

eacuteticos eacute uma sabedoria ( p 72)Wiora (1961) aponta tambeacutem para os diversos efeitos do canto entre os gregos

O canto culivava aos gregos nos festins nos sacrificios nos jogos puacuteblicosnos campos de batalha e nos alegres banquetes O canto os acompanhava aoreino dos mortos e adoccedilava os terrores dos Infernos (p 72)

Menuhin (1981) referindo-se a danccedilas que ainda hoje sobrevivem na Greacuteciaafirma que em muitas vilas o terreiro de debulhar o aloni eacute o uacutenico lugar grande e planopara a danccedila comunal e sugere que essas danccedilas atuais derivam de danccedilas comunaiscom dois mil anos de idade ou mais que eram associadas agrave pratica da debulha

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Outro aspe~to que ~iora ressalta na muacutesica grega eacute a eacutetica musical que se~tremeav~ a motIvos mltlcos e filosoacuteficos Platatildeo procurava conservar o sensoetIc da mUSIca e renovaacute-lo rejeitava com base nesse senso eacutetico o que fossenocIvo para o homem e para a moralidade da sociedade

Cand~ (1981) afirma que para os pitagoacutericos a muacutesica eacute umarepresentaccedilao da harmonia universal sendo seu conhecimento necessaacuterio

porque _~~uc~ a ~lma (p 18) Candeacute f~z ta~beacutem referecircncia agraves propriedades queos gregos atnbUla~ a ~uslca - edUCaCIOnaIS morais e politi_cas bem como aos pengos de seu usomdevIdo-

M~uhin (198 i)-~fi-~a que a perfeiccedilatildeo da Cidade-Estado seguiu de matildeosd~d~s ~om uma educaccedilatilde~ musical dirigida considerada essencial para um povodlsclplznado O papel prinCIpal da muacutesica na Greacutecia era formar o caraacuteter

C_ande (198 ~) tambeacutem faz referecircncia ao papel da muacutesica na educaccedilatildeo e naf~rmaccedil~o ~o c~rater bem como na distraccedilatildeo do povo e na celebraccedilatildeo deCIrcunstanCIaS t~lstes ou alegre~

Damon cItado por Cande lt21981) abordando aspectos tambem focalizadospor Platatildeo e Aristoacuteteles afirma que

A arte eacute imitaccedilatildeo e a alma imita por sua vez os simulacros da arteMas na muacute~ica os modelos natildeo satildeo objetos mas ideacuteias accedilotildees e a ordemdas cOIsas E passivei pois imitar tanto o bem como o mal eacute um perigo parao Estado que deve cuidar da qualidade da educaccedilatildeo( p 75)

Schurmann (1989) aborda a situaccedilatildeo cultural da Greacutecia enfatizando tratarshyse de ul ~istema que se assenta num tipo inteiramente novo de relaccedilotildees deproduccedilao p34) Segundo o autor a consolidaccedilatildeo dessas novas relaccedilotildees jaacute natildeocorrespondIa aos mtere~ses de toda a comunidade e a garantia dos privileacutegios daclasse dmmante passana a depender da seguranccedila civil que soacute o Estado poderiaproporcIOnar

~ntre os meios de que o Estado lanccedilaria matildeo estariam a repressatildeo e apersuasao esta de ordem ideoloacutegica envolvendo a dominaccedilatildeo cultural que atingiriaa arte em geral e a muacutesica

Assinl se explica o fato de que o inicio da civilizaccedilatildeo europeacuteia a~artll- ~as CIdades-Estado da Antiguumlidade Grega a cultura oficial do estadoera ~lgl~a~lente regulamentada e imposta a todos os cidadatildeos ficando todatendencla 1I10vadora () sujeita a uma severa marginalizaccedilatildeo (Schurmann1989 p35) ~

Schurmann assinala acisatildeo ocorrida nesse periacuteodo entre classe dominanteacutee c~asses populares agraves quais correspondiam culturas diferentes e muacutesicas diferentesA etIca musical grega refletia diretamente a necessidade de predomiacutenio da primeirasobre as demais

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Wiora (1961) identifica entre os gregos a origem da Musicologia e daocorrecircncia pela primeira vez na evoluccedilatildeo da muacutesica de textos que tratamespecificamente de sua teoria O aspecto matemaacutetico deste conhecimento(teoacuterico) foi traccedilado pelos Pitagoacutericos e tem suas raiacutezes na antiga miacutesticapitagoacuterica dos nuacutemeros ( ) Pitaacutegoras havia ele mesmo se apoiada nas

tradiccedilotildees mesopotacircmicas e egipcias (p 77) A~pectos musicais matemaacuteticos e miacutesticos se interligavam e a fraternidade

religios~ fundad~por Piacutetaacutegoras buscava atingir segundo Wiora a purificaccedilatildeo daalma pela via monaacutestica e pela muacutesica esperando escapar ao ciclo de migraccedilatildeo daalma pela iniciaccedilatildeo aos misteacuterios dos nuacutemeros eternos e da harmonia coacutesmica

Candeacute (1981) apresenta referecircncias agrave concepccedilatildeo pitagoacuterica de boa muacutesicacom base em relaccedilotildees matemaacuteticas O mesmo autor afirma que Aristoacutetelesacrescenta agraves especificaccedilotildees eacuteticas da muacutesica ( que por sua vez relacionam-se aconcepccedilotildees matemaacuteticas) a doutrina da Katharsis Trata-se de um meacutetodopsicoteraacutepico por analogia em que a muacutesica excita na alma enfermasentimentos violentos que provocam uma espeacutecie de crise que favorecem oretorno ao estado normal (Aristoacuteteles Poliacutetica VIII 7)

Wiora (1961) menciona o nascimento da notaccedilatildeo musical entre os gregos ea relaciona ao espiacuterito objetivo reforccedilado por eles no conjunto da cultura musical

Apesar do surgimento da notaccedilatildeo e da ritmografia serem frequumlentementecitadas como mateacuterias de exame os gregos mantiveram segundo Wiora umaseparaccedilatildeo entre teoria e notaccedilatildeo - os escritos teoacutericos natildeo continham exemplosmusicais Tambeacutem a tradiccedilatildeo da transmissatildeo oral da muacutesica natildeo foi abandonadapor eles em consequumlecircncia do desenvolvimento da notaccedilatildeo fato que tambeacutem eacute

assinalado por Menuhim (1981)( Depois de absorvida pelo impeacuterio romano a muacutesica grega daacute origem segundo

Wiora (1961) a uma nova cultura musical aparecendo em teatros circosdistraccedilotildees e danccedilas - a esta passagem da muacutesica agraves massas correspondiaum gecircnero de muacutesica que se distanciava das massas (p86)

As elites _classes superiores e grupos esoteacutericos -fecharam-se segundo omesmo autor em si mesmas e dedicaram-se a praacuteticas musicais saudosistas

fantaacutesticas idiacutelicas ou de especulaccedilatildeo metamusicalA tendecircncia a opor a muacutesica racional e divina agrave popular agravequela que

deleita a massa vulgar eacute contudo segundo Wiora uma experiecircncia de acircmbitorestrito O autor cita depoimentos da eacutepoca que repudiam a muacutesica enquantodisciplina matemaacutetica Contudo pela influecircncia histoacuterica que essa muacutesica exerceuposteriormente ela se toma muito importante atraveacutes de seus escritos pois a

muacutesica viva se perdeu

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Menuhin (1981) assinala que quando Roma derrotou a Greacutecia copiou-lhe am~s~ca J~ntam~nte com a arquitetura e a escultura mas que a importacircncia damUSica ~l1111nUIU muit~ porque Roma orientava-se para a palavra a lei e aespada (p40) DepOIs da queda da civilizaccedilatildeo romana uma nova forccedila culturalcomeccedilou a emergir no Ocidente -a Igreja Cristatilde

o~traveacutes dos romanos que dominaram os gregos a muacutesica grega veio aconst~tUlr a base da muacutesica cristatilde primitiva associada a praacuteticas musicais e religiosasdos Judeus que por sua vez herdaram caracteriacutesticas d0s diversos lugares queatravessaram e ocuparam em sua conturbada histoacuteria

Candeacute (1981) referindo-se agrave civilizaccedilatildeo Greco-Romana afirma A partirda conquista Romana e sobretudo desde o advento do Cristianismo a muacutesicajaacute natildeo se destina ao povo a natildeo ser para sua edificaccedilatildeo ou sauacuted Duranteseacuteculos a muacutesica saacutebia seraacute patrimocircnio-aflreja e dos po_deres (p22)

O mesmo autor afirma que na obra da maior parte dos autores a muacutesicaaparece como elemento de luxo ou recreaccedilatildeo entre os romanos natildeo estando realmenteintegrada agrave c~ltura sendo ~ue a profissatildeo de muacutesico natildeo tem nenhum prestiacutegio

o Cande (1981) assmala uma gradativa separaccedilatildeo entre muacutesicos ativos eassIstentes executan~e~ - criadores e ouvintes no periacuteodo que abrange a maiorparte das grandes cIvlhzaccedilotildees da antiguumlidade e os primeiros seacuteculos da EraCrist~ em~oraa m~sica permaneccedila nesse periacuteodo sempre como uma manifestaccedilatildeocoletlva i N penodo de decadecircncia da civilizaccedilatildeo grega essa tendecircncia deseparaccedilatildeo eacute mtensa e a muacutesica se converte em arte de especialistas I

Candeacute considera tambeacutem que a especializaccedilatildeo favoreceu atildedecadecircnciada muacutesica nesse periacuteodo e citando Wiora refere-se agrave existecircncia entre os romanosde uma ~~sica faacutecil para uso do povo - havia nessa fase uma niacutetida separaccedilatilde~entre mUSIca popular e muacutesica culta

o 3) O terceiro periacuteodo da segunda idade da muacutesica corresponde segundoWIOra (1961) agrave sobrevivecircncia da Antiguumlidade no Oriente e o desenvolvimentopos~eri~r da muacutesica nas culturas orientais superiores Segundo o autor em todas~sc1V1h~accedile~~rientais distinguem-se quatro fases sucessivas 1a) derivaccedilatildeo daslalzes pre~hIstoncas (por exemplo a heranccedila megaliacutetica na China) 2a

) modificaccedilatildeodessas raIzes pelas culturas arcaicas superiores formadas por volta de 3000aoC 3) influecircncias (sobre o Oriente) da Antiguumlidade grega e do Cristianismo4) desenvolv~mento proacutep~io ~e cada uma das civilizaccedilotildees orientais sobre a triacuteplic~~eranccedila descnta nas 3 pnmeIras fases com intenso relacionamento muacutetuo eInfluecircncias reciacuteprocas

Apesar de em linhas gerais a muacutesica oriental apresentar caracteriacutesticasunIformes Wiora enfatiza a existecircncia de diversidades ( ) do ponto de vistaSocioloacutegico as diversas especulaccedilotildees ou interpretaccedilotildees simboacutelicas natildeo

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refletem absolutamente a concepccedilatildeo musical de conjunto de um povo mascorresponde a uma elite intelectual ou a uma classe particular (p 104)

Wiora assinala aleacutem das diversidades de concepccedilotildees o sentIdo vanadoque o termo muacutesica tinha na Iacutendia na China tal ~omo na Greacutecia - na antiga

literatura ele compreendia tambeacutem a danccedila a poesIaietcO autor ilustra essas diversidades com exemplos variados como o da relaccedilatildeo

entre muacutesica e determinismo astroloacutegico e cosmoloacutegico sem nenhuma duacutevidaa euforia que a muacutesica proporciona repousa em grande pa~te na nossaprofunda dependecircncia dos periodos e ritmos do mundo extenor e de seus

movimentos automaacuteticos (p1 04)Candeacute (1981) faz referecircncia referindo-se agraves Antigas Civilizaccedilotildees Orientais

agrave crenccedila metafisica na correspondecircncia da muacutesica com a ordem do mundo e ao

caraacuteter maacutegico do somMenuhin (1981) referindo-se agrave antiga China afirma que os instrumentos que

produziam muacutesica sob a conduccedilatildeo humana eram considerados como um elocom o divino e o eterno Afirma ainda que tais objetos tinham que ser preservadosprincipalmente peIa importacircncia que se dava ao culto do ancestral poi(possldr uminstrumento verdadeiramente antigo era como possuir um pedaccedilo da alma d-um antepassado tocando com outros dedos onde os dele havi~m tocado (p 1SU

Outros exemplos de Wiora reportam agraves concepccedilotildees ligadas ao aspecto

dinacircmico e irracional da m~~ica~o mundo Assim na metafiacutesisa-Wpdu a muacutesica eacute~ com a forccedila ongmal Impessoal denommada porltSC~~R-~n~somo

vontadebase comum de toda germinaccedilatildeo de todo poder de todo deseJo OBhrama dos Vedas tambeacutem se relaciona a essa forccedila fundamental e sempre

atuante significando originalmente canto foacutermula cantada verboWiora e Candeacute referem-se tambeacutem agrave concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica que se

desenvolveu sobretudo na antiga Chiacutena A esse respeito Tchocian- Tseacute citado

por Wiora se pergunta o que eacute uma alma nobre Eacute aquela que se conforma aos princiacutepios da hlllllanzdade realzzando

boas accedilotildees que segue as regras da justiccedila respeita os bons haacutebitos na su~conduta exprime pela muacutesica o sentido de harmonia e consequumlentemente e

bom e compadecido ( p lOS)Menuhin (1981) a respeito da concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica afirma Tanto a

Greacutecia como a China equiparavam muacutesica com moralidade es~a er~ um ~imb~lopara o bem do homem Confuacuteciacuteo por volta do ano 500 AC disse O cmmiddotater e aespinha dorsal da cultura humana A muacutesica eacute o floresciacutemento d~ caraacutete~ (p ~ O~)

Ainda a esse respeito Menuhin afirma que para os chmeses a musicaera uma ferramenta para governar os coraccedilotildees das pessoas e que diziameles se houvesse muacutesica no lar haveria afeiccedilatildeo entre pai e filho e se houvesse

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muacutesica e~ puacuteblico haveria harmonia entre as pessoas Le Ly Kim poetachmes do VII seculo ac citado por Menuhin escreveu A virtude eacute nossaflor predileta A muacutesica eacute o perfume dessa flor

Referindo-se aos judeus Candeacute (1981) relaciona menccedilotildees biacuteblicas agrave muacutesicaentre eles aparecendo entre as referidas citaccedilotildees o registro de funccedilotildees rituais emilitares da muacutesica assim como de efeitos terapecircuticos

Contudo em Isaiacuteas Esequiel e Job Candeacute aponta referecircncias negativas agravemuacutesica relacionando-a ao mal e agrave depravaccedilatildeo

Menuhin (1981) acrescenta a essas informaccedilotildees a referecircncia agrave praacutetica decontar histoacuterias utilizando muacutesica o que ajudava a manter viva a memoacuteria de umacivilizaccedilatildeo Antigas tradiccedilotildees musicais atuais sobreviventes no Oriente Proacuteximoainda preservam histoacuterias semelhantes agraves do rei Gilgamesh um semideus cantadoem poemas desde tempos antigos

Candeacute (1981) referindo-se agrave muacutesica da Antiguumlidade que abarcaria a 2 idadecomo um todo apresenta exemplos que associam segundo ele muacutesica a sabedoria Omesmo autor referindo-se agraves antigas civilizaccedilotildees orientais afinna que todas fazem evidentea importacircncia das funccedilotildees rituais maacutegicas terapecircuticas e inclusive poliacuteticas da muacutesica(pS2) Ele assinala tambeacutem que as regras musicais fundamentam-se em misteriosascorrespondecircncias e natildeo estatildeo relacionadas com o gosto sendo imutaacuteveis essenciaisgarantidas de paz e prosperidade impotildeem o dever moral de respeitaacute-las (pS2)

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Constata-se atraveacutes de diversos autores a ocorrecircncia desta funccedilagraveo AgravegUIsa de exemplo pode ser citado Menuhin (1981) quando assinala a separaccedilatildeoda fala e da muacutesica a partir do advento da escrita a primeira destinando- seatraveacutes da escrita agrave transmissatildeo de mensagens simples e a muacutesica destinando-s~agrave expressatildeo de sentimentos complexos Outros exemplos poderiam ser obtidosentre os gregos atraveacutes da eacutetica e da Katharsis esta preconizada por Aristoacuteteles

Todos os autores apontam unanimemente para a teoria da eacutetica musicalentre os gregos e certamente essa teoria pressupotildee a funccedilatildeo da expressatilde~emocional que contudo deveria ser dirigida e canalizada para o alcance dedeterminados objetivos Tambeacutem os chineses valorizaram essa concepccedilagraveo

Da mesma forma a concepccedilatildeo aristoteacutelica da Katharsis pressupotildee aexpressatildeo emocional atraveacutes da muacutesica desencadeando uma espeacutecie dedescompressatildeo de movimento fora de si ( emoccedilatildeo) (Candeacute 1981 p 7S)

A utilizaccedilatildeo terapecircutica da muacutesica a que muitos autores fazem referecircnciana 2 idade da muacutesica entre diversos povos tambeacutem reportaria agrave incitaccedilatildeo daexpressatildeo emocional visando a extravasaacute-la e a obter beneficios terapecircuticos

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Aula
Nota
Vitor F (1309)

~

_ mocional eacute interessante citar SantoAinda ~ respeIto da expres~~uacute~timostem~osda segunda idade da muacutesica

Agostmho cUjas palavras remontam aacutevel inclino-me a aprovar o costume( ) sem proferir sentenccedila Irrevog d t demasiado elos deleites do OUVI o o espm o

de cantar na igreja para que p d Q d s vezes a muacutesica me sensibilizabull r t s da pteda e uan oa

fraco se eleve ate aos aJe o dor ue equei Neste caso por castigomais do que as letras confesso com qd P to (1973 p220)

Emiddot ue esta o me encon f bull

preferiria natildeo ouvir cantar IS em q

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

_ or Merriam a do prazer esteacutetico pareceA segunda funccedilao IdentIfica~ P mplos fartos a esse respeito nos

bastante evidente na 2a bull idade da mUSIca e os exe

diversos autors ~onsultado~(1981) a uma muacutesica doce e refinada com funccedilatildeoA reer~ncIa de C~n~e 59 ermite pressupor a funccedilatildeo do ~razer

mais domestica que reltglOsa (p ) p bt domeacutestico atraveacutes da mUSIca Oesteacutetico quando o deleite era buscado no alO I 0

t d como prazer estetIcodeleite pode ser mterpre a o ~ sIca como regalo auditivo entre

W (1961) ao relenr-seamuTambem IOra d funccedila-o do prazer esteacutetico lar a ocorrencIa a

os egIpclOS permIte assma b exemplo dessa funccedilatildeo na 2abull Idade

Menuhin (1981) oferece-nos talO ~~ umd

nava a vida religiosa esteacuteticad fi ue a musica oml

entre os gregos quan o a Irma q ~ domiacutenio da vida esteacutetica o autor ifi ( 35) Ao relenr-se aomoral e Clentl Ica p d

f atildeo aqui consIdera aparece repo~ar-se a unccedil _ d muacutesica e ao gosto de escutar entre

Cande (1981) refere-se a ambIccedilao e Ancn~r dade ter atingido uma consciecircncia beacute f t de esse povo na tIgUI O

osgregos e tam 10 ao a o b 1 um puacuteblico socialmente conscIentemusical - a muacutesica revelando sua e eza af d Candeacute em duas modalidadesprazer esteacutetico pode ser identifica~o nas re~~~sosedistingue (p68)_o prazer de criar e ode escutar ta como t -o anterior de Santo Agostinho

- rt o relembrar aqUI CI accedila Tambem e opo un t r agrave funccedilatildeo de prazer estetIco

relativa aos deleites do ouvido o que permIte reme e

Funccedilatildeo de Divertimento

r Merriam eacute a de divertimento e segundoA terceira funccedilatildeo IdentIficada po

t das as sociedades o autor aparece em o d C deacute (1981) quando menCIOna a

Tal funccedilatildeo aparece exemplIfica a p~~ t an_ do povo segundo referecircnciasutilizaccedilatildeo da muacutesica entre os Gregos para IS raccedilao

na Iliacuteada e na Odisseacuteia

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Wiora (1961) tambeacutem se refere agrave muacutesica utilizada para a distraccedilatildeo dasmassas na Roma antiga assim como Candeacute (1981) cita a muacutesica como elementode luxo e recreaccedilatildeo entre os romanos

A muacutesica acompanhada de danccedila como aparece fartamente representadana iconografia desse periodo parece remeter tambeacutem agrave funccedilatildeo de divertimento

O uso domeacutestico da muacutesica citado por Candeacute (1981 ) embora pareccedila remeteragrave funccedilatildeo de prazer esteacutetico pode tambeacutem reportar agrave funccedilatildeo de divertimentoTambeacutem o papel de regalo auditivo entre os gregos referido por Wiora (1961)pode remeter agraves duas funccedilotildees acima mencionadas

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A quarta funccedilatildeo assinalada por Merriam eacute a de comunicaccedilatildeo e ao referir-se agraveseparaccedilatildeo da muacutesica e da fala Menuhin (1981) menciona a expressatildeo (e implicitamentea transmissatildeo de sentimentos complexos o que corresponderia a esta funccedilatildeo)

Tambeacutem ao referir-se aos sumerianos citando a possibilidade de a muacutesicaabrir o caminho para o ceacuteu Menuhin (1981) permite pressupor a funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo - a muacutesica estabelecendo o elo com as divindades Tambeacutem aoparticipar do culto dos mortos entre esses povos eacute possiacutevel que a muacutesica servissede elemento de comunicaccedilatildeo entre aqueles e os vivos (Wiora 1961 p46)

Damon citado por Candeacute (1981) ao afirmar que a muacutesica imita ideacuteiasaccedilotildees e a ordem das coisas podendo induzir o bem e o mal tambeacutem parece permitira identificaccedilatildeo da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo na muacutesica da antiga Greacutecia na medidaem que comunicaria tais conteuacutedos a partir de sua representaccedilatildeo simboacutelica

Schurmann (1989) ao identificar a muacutesica na Greacutecia como elemento depersuasatildeo ideoloacutegica visando agrave manutenccedilatildeo do predomiacutenio da classe dominantepossibilita remeter agrave funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo da muacutesica

A proacutepria identificaccedilatildeo que Candeacute faz da muacutesica na 2a bull idade comopredominantemente coletiva pode conter uma referecircncia impliacutecita agrave funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo - o envolvimento coletivo pressuporia a comunicaccedilatildeo entre oselementos da comunidade Cabe contudo lembrar que o proacuteprio Merriam consideraque essa funccedilatildeo precisa ser melhor estudada

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica eacute a quinta relacionada por MerriamqUe considera quase fora de duacutevida sua ocorrecircncia em todas as sociedades comoUma representaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos

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Um exemplo por excelecircncia seria a concepccedilatildeo grega de imitaccedilatildeo segundo aqual a arte _e em especial a muacutesica - imitam modelos No caso da muacutesica os modelosseriam ideacuteias accedilotildees e a ordem das coisas imitados ou simbolizados atraveacutes dela

A China antiga parece oferecer tambeacutem exemplos pertinentes agrave funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica A correspondecircncia que os antigos chineses estabeleciamentre as notas musicais e elementos da natureza estaccedilotildees do ano classes sociaisdivindade~etcpennite atribuir agrave sua muacutesica a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelicaA referida correspondecircncia eacute assinalada por inuacutemeros autores e fartamenteexemplificada na literatura especializada A simbologia da muacutesica chinesa estaacuteintimamente ligada agrave eacutetica musical talvez com mais intensidade que na antiga

GreacuteciaOutros exemplos pertinentes agrave funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica todos

eles _jaacute apontados anterionnente neste capiacutetulo remetem agraves relaccedilotildees numeacutericassubjacentes agrave musica interligando-a a fatos de ordem metafiacutesica ou miacutestica agravespropriedades maacutegicas dos instrumentos agraves relaccedilotildees entre muacutesica e mitologia Asrepresentaccedilotildees de animais muacutesicos tambeacutem parecem remeter agrave funccedilatildeo lqui

considerada

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

A sexta funccedilatildeo na categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a de reaccedilatildeo fisica eentre os exemplos apontados por ele estatildeo a possessatildeo pelo menos em parteprovocada pela muacutesica em muitos rituais e o excitamento e a canalizaiacuteatildeo ao

comportamento da multidatildeoTambeacutem quanto a esta funccedilatildeo os exemplos parecem fartos na 2

abull idade da

muacutesica A referencia que Wiora (1961) faz ao registro entre os sumerianos de

combate de boxe acompanhado de tambores e ciacutembalos parece ilustrar esta funccedilatildeoa de reaccedilatildeo fisica uma vez que tais instrumentos muito provavelmente estariam

incitando o ritmo da lutaAs citaccedilotildees que aparecem em inuacutemeros autores ao acompanhamento musical

ao trabalho na 2 idade da muacutesica tambeacutem serviriam de ilustraccedilatildeo a esta funccedilatildeoMenuhin (1981) por exemplo referindo-se ao Egito menciona a associaccedilatildeo damuacutesica ao trabalho (p5) Wiora (1961) tambeacutem faz referecircncia ao acompanhamentomusical ao trabalho entre os egiacutepcios seja na forma de canto de muacutesica

instrumental ou de ruiacutedos riacutetmicosTomada no que concerne agrave provocaccedilatildeo do estado de ecircxtase a funccedilatildeo de

reaccedilatildeo fisica tambeacutem parece evidente na 2 idade da muacutesica Wiora (1961) emexemplo anterionnente apresentado refere-se agrave muacutesica de cunho religioso no Egito

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antigo ~finnando que tal como o efeito divinizante do incenso a muacutesicapreenchl~ os lugares deum fluido sagrado nos cerimoniais religiosos (p52)

WlOra (196~) amda com relaccedilatildeo agrave antiga muacutesica egiacutepcia refere-se afonnulas encantaton~s e d~ exorci~mo de muacutesica maacutegica e terapecircutica queprovavelmente assocIavam mfluencIas psicoloacutegicas e fiacutesicas

As funccedilotildeesterapecircuticas e militares citadas tambeacutem por diversas autoresque aborda~ a 2 Idade da muacutesica exemplificam a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica Candeacute( 198) ~s~mala a o~orrecircnci~ dessas funccedilotildees entre os Gregos ao mencionar afunccedilao mIlItar da musIca eglpCIa O mesmo autor referir-se agrave doutrina da Katharsissegundo Aristoacuteteles ta~beacutem permite cogitar-se da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica (enaturalmente por aSSOCIaccedilatildeo psicoloacutegica) A ass~iaccedilatilde da ~uacutesica agrave danccedila encontraacutevel em todos os povos e em todas asIdades da mU~lca - Incluslve na 2 Idade - eacute outro exemplo da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

Tambem WlOra (1 ~~ 1) ao mencionar euforia que a muacutesica proporcionaassocIando-a entre as CIVIlIzaccedilotildees orientais aos processos perioacutedicos e ritmadosdo mundo exterior pode ser citado para ilustrar a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

As referecirc~ci~s biacuteblicas agrave muacutesica tambeacutem incluem menccedilatildeo agraves funccedilotildeesmllIt~res e terapeutlcas entre os antigos hebreus e tambeacutem podem ser tomadaspara Ilustrar a funccedilatildeo aqui analisada (Candeacute 1981 p65) As concepccedilotildees eacuteticas da muacutesica notadamente na China e na Greacutecia na 2a

bull

Idade da muacutesica agraves quais encontram-se referecircncias fartas em toda a bibli~grafia~onsult~da tambeacutem se relacionam agrave funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica ao pressuporeml~terferencIa no compo~amento humano - a docilidade ou o iacutempeto guerreironao pare~em ser exclusIvamente atitudes psicoloacutegicas sem correspondecircncia noplano fiacuteSICO

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

A seacutetima funccedilatildeo considerada por Merriam a de impor conformidade agravesnormas sociais tambeacutem parece ser de faacutecil identifiacutecaccedilatildeo na 2a

idade da muacutesicaToda a concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica bastante presente na 2 idade da muacutesica

mormente na China e na Greacutecia se presta a exemplificar a ocorrecircncia desta funccedilatildeo Schurmann (1989) refenndo-se aos primoacuterdios da sociedade gentiacutelica (que

se msere na 2abull idade da muacutesica) afirma que passou-se a exigir agrave muacutesica uma

funccedil~ 1 d dc ~o ~mcu a a a natureza o Estado ou seja uma funccedilatildeo especiacutefica queontnbUIsse para aformaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da estrutura de classes (p34)

n A Hauser CItado por Schurmann (1989) afirma que Oliacutempia era o locall~IS Importante de propaganda na Greacutecia o local onde se formava a opiniatildeo

publica do paiacutes e a consciecircncia da unidade nacional da aristocracia (p36)

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z

Entre os chineses os princiacutepios de estabilidade do Estado associados agrave musica

satildeo citados por diversos autores podendo ser tambeacutem incluiacutedos no acirc~bit ~esta funccedilatildeoReferindo-se aos gregos mais especificamente aos pltagoncos Cande

(1981) tambeacutem apresenta exemplo pertinente a esta funccedilatildeo quando ~~a quepara eles a muacutesica era essencial no caminho da sabedoria e da ClenCla mastambeacutem era necessaacuteria ao povo e aos escravos por educar-lhes a alma e o

sentimento garantindo a estabilidade e a prosperidade do ~~tado (p18) _As inuacutemeras referecircncias agraves concepccedilotildees eacuteticas da mUSica segundo Platao e

Aristoacuteteles fartamente encontraacuteveis na bibliografiaconsultada tambeacutem apontam na direccedilatildeoda imposiccedilatildeo de conformidade agraves normas sociais - Nada ~ pode mudar ~os modos damuacutesica sem comover a estabilidade do Estado (Platatildeo Citado por Cande 1981 p17)

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

A presenccedila da muacutesica na 2 idade em rituais religiosos e em grande n~merode festejos e comemoraccedilotildees eacute intensa e inuacutemeros dos exemplos aqUI citadosanteriormente neste capitulo exemplificam tal participaccedilatildeo cabendo cogitar sobre

a funccedilatildeo de validaccedilatildeo de tais eventosAs honras conferidas aos muacutesicos entre os assiacuterios e a utilizaccedilatildeo entre eles

da muacutesica como siacutembolo de poder de respeito e de vitoacuteria referidos anteriormente

segundo Candeacute (1981 p57) parecem pertinentes agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo O mesmo autor refere-se tambeacutem com base em documentos do lmpeno

Meacutedio no Egito agrave muacutesica com funccedilatildeo ritual religiosa e militar o que tambeacutem

permite citaacute-lo quanto a esta funccedilatildeo (p59) Entre os hebreus Candeacute (1981 p65) faz referecircncia baseada na BlblIa a

promulgaccedilatildeo da lei no Sinai ao som do schophar assim como a danccedilas ~reacuteshynupciais e agrave marcha de sacerdotes (ao som tambeacutem do schophar) na conquista

de Jericoacute Esses exemplos parecem cabiacuteveis agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo Os hinos gregos (a Apolo ao Sol etc) dos quais alguns fragmentos escrItos

foram encontrados e que satildeo referidos por diversos autores tambeacutem podem ser

interpretados como pertinentes agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Segundo Merriam se a muacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer

esteacutetico diverte comunica provoca reaccedilatildeo fisica impotildee conformidade as normas

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sociais e valida instituiccedilotildees sociais e religiosas eacute claro que ela contrib UI para a

contmUldade e estabilidade da cultura Assim sendo como todas as fu - fi nccediloesantenores Ja ora~ demonstradas como pertinentes agrave 2 idade da muacutesica estanona funccedilatildeo estana consequumlentemente jaacute exemplificada

Cabe contudo ressaltar alguns exemplos como a praacutetica de contar histoacuteriasutilizando muacutesica que segundo Menuhin (1981) contribuiria para manter viva ~memoacuteria de uma civilizaccedilatildeo Os poemas cantados relatando lendas e mitos satildeocitados por diversos autores como o proacuteprio Menuhin ao abordarem o periodoaqui enfocado

Um outro exemplo interessante de ser relembrado eacute a concepccedilatildeo eacutetica damuacutesica q~e entre outros aspectos buscava a estabilidade poliacutetica e social o quepode bem Ilustrar a funccedilatildeo de contribuir para a continuidade e estabilidade da culturaExemplos a esse respeito jaacute foram apresentados anteriormente neste capiacutetulo

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

A deacutecima funccedilatildeo social da muacutesica segundo Merriam eacute a de contribuiccedilatildeopara a integraccedilatildeo da sociedade Tambeacutem neste caso a exemplificaccedilatildeo jaacuteapresentada pertinente agrave 2 idade da muacutesica parece ser suficiente para ilustrar aocorrecircncia desta funccedilatildeo no periodo aqui considerado A muacutesica em louvor doslideres ou heroacuteis a muacutesica associada agrave danccedila aos rituais ou ao trabalho ouuniformizando coletivarnente o sentimento de feacute exemplos jaacute citados podem servirde exemplos da funccedilatildeo de integraccedilatildeo social

Concluindo a revisatildeo de funccedilotildees sociais da muacutesica segundo classificaccedilatildeode Merriam no periacuteodo que Wiora denomina 2 idade vale registrar que as dezfunccedilotildees descritas por Merriam parecem encontrar farta exemplificaccedilatildeo na literaturaexaminada o que certamente eacute um ponp inte~nte para reflexotildees posteriores

~-- ( -------------

Terceira Idade da Muacutesica

Passando ao exame da 3 idade da muacutesica segundo Wiora cabeInICialmente situaacute-Ia segundo o autor a partir da Alta Idade Meacutedia distinguindoshyse pela poli fonia pela harmonia pelas grandes formas tais como a sinfonia eoutras caracteriacutesticas desconhecidas anteriormente

A terceira idade tal como Wiora a delimita corresponde agrave fase que muitosautores caracterizam como de definiccedilatildeo de uma muacutesica ocidental culta

Leuchter (1946) no capiacutetulo denominado O nascimento da muacutesica cultano ocidente afirma

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Aula
Nota
2009 Milena e Mariana

~

As caracteriacutesticas tanto espirituais como teacutecnicas da muacutesica orientaltambeacutem o satildeo da primitiva muacutesica cristatilde Natildeo se havia constituiacutedo contudouma muacutesica artiacutestica de essecircncia ocidental por haver achado o Ocidente suaexpressatildeo musical nas melodias populares

Coexistiram pois nos primeiros seacuteculos do Cristatildeos duas corre~tes

independentes a da muacutesica artiacutestica como a e~lesiaacutestica e a de c~rater

popular Ao se confundirem ambas nascera uma mUSIca ~rtlstlca

genuinamente ocidental e natildeo antes de haver transcorrzdo dez seculos dehistoacuteria cristatilde (p16)

O surgimento pois de uma muacutesica ocidental tiacutepica e seu des~brocha~ ~m

diversas formas gecircneros teacutecnicas e estilos eacute o que caracteriza a partIr da anahsede Leuchter a fase descrita por Wiora (1961) como a 3a

idade da muacutesica--- 0 que se entende por muacutesica ocidental natildeo eacute toda a muacutesica da Europa

desde a pre-histoacuteria ateacute nossos dias eacute uma encadeamento que aflora sob osCaroliacutengeos e se prolonga ateacute a eacutepoca contemporacircnea Desenvolvida pelospovos latinos e germacircnicos ela se estendeu sobre a E~ropa e sobre a ~erra

inteira Ela natildeo representa ( ) um tipo de cultura musIcal () mas ela e um --------Gecircnero em si bem particular( p29)

Wiora assinala tambeacutem a importacircncia da terceira idade da muacutesIca napreparaccedilagraveo da quarta idade a atuaI

r- O mesmo autor enfatiza amda a peculIandade da musIca ocIdental demonstraacutevel segundo ele pelo desenvolvimento da composiccedilatildeo escrita e pelo fato de sua teoria

musical ser a base de todo ensino musical nos cinco continentes (p130)- A importante relaccedilatildeo entre a Igreja a muacutesica ocidental (e sua notaccedilatildeo) e oensino eacute ilustrada por Raynor (1981) no capiacutetulo denominado A Igreja MedievalAleacutem de citar diversas escolas de canto ligadas a mosteiros e igrejas (tais como aSchola Cantorum em Roma ou a Thomasschule em Leipzig) o autor enfatiza aimportacircncia do aprendizado da muacutesica anotada para que se tentasse uniformiz~r oscantos na Igreja As escolas de canto ex istiam segundo Raynor para preparar memnosem muacutesica antes de examinar ateacute que ponto e de que modo dar-lhes educaccedilatildeo geral

Desse modo em fins do seacuteculo X o preparo musical de meninosconvertera-se numa necessidade lituacutergica e as escolas de canto tornaramshyse uma forma de educaccedilatildeo que era em geral o primeiro passo para o eventualpreparo ao sacerdoacutecio (p31)

Aleacutem da importacircncia da Igreja no periacuteodo histoacuterico aqui conSIderado WlOra(1961) enfatiza a presenccedila de muacuteltiplas influecircncias na formaccedilatildeo da muacutesicaocidental

Pela afirmaccedilatildeo de sua independecircncia contra as invasotildees dos Hunose dos Arabes pela crenccedila da Igreja Catoacutelica e pelo impeacuterio de Carlos

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magno a comunidade ocidental desenvolveu uma muacutesica particular noseu estilo e sua cultura Esta muacutesica tem sem duacutevida raiacutezes nas velhastradiccedilotildees da Europa ocidental e sobretudo nas altas culturas da aacutereamediterracircnea mas ela afirmou pouco a pouco traccedilos que a distinguem detoda outra muacutesica do mundo (p 13 I)

Entre as peculiaridades da muacutesica ~cidentacirciacute-Wioraassinala o empregoda polifonia e da harmonia loacutegica a estruturaccedilatildeo arquitetocircnica (como na fuga ouna sinfonia) a representaccedilatildeo intencional de ideacuteias nas composiccedilotildees autoacutenomasa racionalizaccedilatildeo em ritmos medidos anotados e no emprego da doutrina de tonalidades

e da hannonia -

Sob o impeacuterio da razatildeo a muacutesica tornou-se segundo Wiora uma entidadeobjetiva e uma ciecircncia musical

Segundo o mesmo autor a compreensatildeo da muacutesica ocidental natildeo podeser alcanccedilada unicamente pela compreensatildeo da sequumlecircncia de mudanccedilas de estilo- e sim pelo estudo das correntes e etapas de sua ccedilvoluccedilatildeo (evoluccedilatildeo aquiempr~~ada nagraveo no~sentido bioloacutegico nem como aperfeiccediloamento mas comoprocesso~) I

Assim a evoluccedilatildeo da muacutesica ocidental na 3a bull Idade processouuml-se segundoWiora suplantando ou incorporando os elementos antigos que assim subsistiramao lado dos novos Amda segundo o mesmo autor ta eliminaccedilatildeo completa dopassado natildeo se produziu jamais antes das tendecircncias radicais do seacuteculoXY (p134)

Assim- Wiora enfatiza a permanecircncia e o processo de caracteriacutesticasproacuteprias na muacutesica ocidental

O desenvolvimento da muacutesica ocidental se fez durante um grandelapso de tempo sem influecircncias essenciais do exterior Ele se produziu porrenovaccedilotildees internas tomando melodias e tipos geneacutericos de Sua proacutepriasubstacircncia o canto popular as tradiccedilotildees dos jograis e outros domiacutenios damuacutesica llsual (p135)

Leuchter (1946) referindo-se aos autos sacramentais medievais daacute-nos umexemplo da conjugaccedilatildeo da muacutesica religiosa com a popular na 3 Idade da muacutesica

Estes minuacutesculos autos sacramentais se desenrolavam diante do altare antes de dar comeccedilo agrave missa Reservada originariamente sua execuccedilatildeoao clero o povo natildeo tardou em contribuir com sua proacutepria muacutesica dandodeste modo impulsos agrave arte dramaacutetica (p26)

Leuchter aponta para o crescimento da influecircncia culminando nos autoscligiosos do incipiente Renascimento Assim como a muacutesica religiosa sofreuInfiltraccedilotildees populares o processo inverso tambeacutem ocorreu e Leuchter daacute comoexemplos a canccedilagraveo popular religiosa e a arte cavalheiresca ( p 27) -

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o autor assinala a manifestaccedilatildeo de cantos gregorianos e de danccedilas decaraacuteter popular na muacutesica trovadoresca (arte cavalheiresca) e registra Ui muacutesicasubstituiccedilatildeo do cavalheirismo pela jovem burguesia florescente tatildeo logo terminaramas Cruzadas

A importacircncia do surgimento e do desenvolvimento da notaccedilatildeo musical naterceira idade da muacutesica - possibilitando a obra musical acabada - eacute evidenciadapor Wiora cabendo a esse respeito algumas consideraccedilotildees pois esse fato temrepercussotildees significativas no fenocircmeno musical do Ocidente e no papel social damuacutesica

Eacute interessante assinalar que toda a histoacuteria da muacutesica anterior agrave IdadeMeacutedia eacute de uma muacutesica natildeo escrita O surgimento da notaccedilatildeo levou inicialmenteagrave escrita apenas dos cantos lituacutergicos difundindo-se pouco a pouco e abrangendooutros gecircneros ateacute que no seacuteculo XIX pas sou- se a fixar por escrito tambeacutemos cantos populares e a muacutesica de divertirri~nto (Wiora 1961 p136) Cabecontudo lembrar que a maioria dos instrumentistas medievais tocou sem notaccedilatildeodurante toda a Idade Meacutedia

Raynor (1981) referindo-se agrave muacutesica medieval e agrave importacircncia naquelecontexto da Igreja e da notaccedilatildeo musical afirma que

A muacutesica como elemento do culto ocupando lugar indispensaacutevel noritual tem que cantada corretamente ( ) Por essa razatildeo a muacutesica tinha deser ensinada e era preciso memorizar as suas formas corretas meacutetodos denotaccedilatildeo tiveram de ser inventados e apelleiccediloados para ajudar na memoacuteriados muacutesicos de modo que a histoacuteria da evoluccedilatildeo da notaccedilatildeo ocidental eacute ahistoacuteria dos esforccedilos dos musicalistas eclesiaacutesticos no sentido de asseguraro rigor do ritual (p26)

Os esforccedilos da Igreja Medieval segundo o autor para tentar impor umnovo modo de vida levaram ao banimento dos instrumentos musicais durante muitotempo sendo readmitidos praticamente a partir do seacuteculo XII A Igreja aleacutemde hostil a todos os instrumentos por lembrarem praacuteticas pagatildes procuravadestruir toda a geraccedilatildeo de artistas ambulantes que divertiam o puacuteblico assimcomo buscou impedir a muacutesica e a danccedila seculares

Apesar do repuacutedio dalgreja agraves praacuteticas seculares elas floresceram e noseacuteculo XIV Guillaume de Machaut foi por assim dizer o primeiro compositorcom a incumbecircncia de estar sempre agrave disposiccedilatildeo e escrever qualquer muacutesicareligiosa ou secular exigida para todas as ocasiotildees (Raynor 1981 p43)Segundo Raynor Machaut trabalhava para patrotildees aristocratas e natildeo era umespecialista mas compositor de muacutesica secular e religiosa de vaacuterios estilos I J

Fora do acircmbito da muacutesica religiosa as manifestaccedilotildees musicaistagravembeacutemprosperavam embora os registros sobre elas sejam praticamente inexistentes

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uma vez que tais muacutesicas natildeo foram anotadas e registradas como a Igreja fez comas suas

Raynor refere-se agraves guildas medievais e agrave criaccedilatildeo das capelas das guildasna Inglaterra onde os serviccedilos eram cantados tendendo portanto a aumentar aspossibilidades de empregos para muacutesicos e talvez permitindo a introduccedilatildeo de umestilo de muacutesica religiosa mais livre do que seria normal em igrejas paroquiaisou catedrais (p51) oU seja mais vulneraacutevel agraves influecircncias da muacutesica secular

Uma alternativa segundo o autor _ao serviccedilo do muacutesico agrave Igreja eacute o empregopalaciano de natureza mais ambulante e gradativamente difundido a partir doseacuteculo XlV

Os jograis e menestreacuteis muacutesicos ambulantes eram talvez segundo Raynoros menos eficientes pois o emprego numa casa aristocraacutetica era garantia de ummeio de vida Esses muacutesicos ambulantes natildeo gozavam de prestiacutegio sociai e era~mais ou menos mal vistos pelas autoridades religiosas embora haja registros deque em certos locais os comediantes em viagem ganhassem muito dinheiro comapresentaccedilotildees em mosteiros

A partir do seacuteculo XIV abriram-se novas e amplas possibilidades de empregoaos muacutesicos ambulantes como vigilantes municipais e muacutesicos cerimoniais Comovigilantes eles eram incumbidos de por meio de seus instrumentos dar aviso dequalquer perigo iminente (Raynor 1981 p59)

Trovadores trovistas e Minnesingers eram ao contraacuterio dos jograis emenestreacuteis geralmente de origem aristocraacutetica embora isso natildeo fosse um preacuteshyrequisito obrigatoacuterio Muitas vezes faziam coletacircneas de suas composiccedilotildees e outrascanccedilotildees por eles cantadas de forma que muitas delas chegaram ateacute noacutes (o que decerto modo eacute uma exceccedilatildeo em se tratando de muacutesica secular)

A importacircncia da muacutesica secular cresce gradativamente agrave medida em quea Idade Meacutedia avanccedila em direccedilatildeo ao Renascimento O decliacutenio do feudalismo eo crescimento das cidades trouxe segundo Raynor (1981) um estiacutemulo agrave muacutesicarevolucionaacuteria do seio da igreja Criou tambeacutem um modo de vida do qual amuacutesica tinha de exprimir a dignidade e enaltecer as cerimocircnias (p69) Asclasses meacutedias que entatildeo emergiam passaram a reivindicar segundo o autorque J muacutesica acrescentasse gloacuterias simboacutelicas e concretas aos seus feitos tal como a nobreza utilizava trompas e tambores para saudaacute-la

A muacutesica aleacutem da funccedilatildeo de lazer que desempenhava tanto para a nobrezaqUanto para a nova classe meacutedia que comeccedila a se formar tem outros papeacuteis segundoRaynor como o de utilidade ciacutevica a cargo dos membros das guildas dos vigias

O autor faz referecircncia a que os muacutesicos citadinos eram frequumlentementehaacutebeis executantes versados em vaacuterios instrumentos e aptos a atender a todasas funccedilotildees ciacutevicas e acompanhamento musical de serviccedilos religiosos

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- - I

() o muacutecos dtadinos eram menestreacutei ajutado agrave vida na cidade permaneciam separadas A precisatildeo radativa - -que acharam uma possibilidade de se estabelecer no centro urbanos ma ~orrespondeu segundo o mesmo auto~ que a ~otaccedilao musical alcanccedilousem terem emprego na resideacutencio de algum adlOcrataj Veio a ser funccedilatildeo mteacuteltpretes a uma mvoluccedilao da lIberdade criativa dos

deles a muacutesica para toda a cidade ao mesmo tempo que encarregados da Do ponto de vista da composiccedilatildeo em si Wi vigilatildencia ( ) adolaram o padratildeo da organzaccedilotildees de oficio e reuniam- a escnta musical no ocidente tendeu a ser ora enfatIZa aspectos m1portantesse em guildas de muacutesicos (Raynor 1981 p 70) eacute um desenho da composiccedilatildeo enqua t umylano OtICO perceptiacutevel pela visatildeo -

R I d

f t noasantlgasnotaccedilo-elt aynor re ata as Isputas que com requencJa ocomam en re os muslCOS a pOSIccedilatildeo dos dedos sobre s I erms representavamum Instrumento ou a m d

amadores ou semi-profissionais que natildeo eram membros das guiIdas e que cobravam ocidental em linhas representa - anelra e executaacute-lo a notaccedilatildeo

fi

rt t 1 a composlccedilao em si e o t dprcccedilos mcnores que os o IClalS c os musocoS pWISSIOn3lS pc encen es aque as corresponde ao primado da parttu ermo essa evoluccedilatildeor A I ra e a representa - borganizaccedilotildees Spartituras que se impotildeem d fi t ccedilao o ~etlva da obra de arte f d emI lVamente ao final d I

E interessante ainda assinalar a observaccedilatildeo que o autor az e que os o esforccedilo de concretizaccedilatildeo das obras o secu o XVI representandomeacutetodos de instruccedilatildeo utilizados pelas guildas eram extremamente convencionais (p de vaacuterias vozes mUSIcaIS passam a pennitir a leitura simultacircnea

76) Curioso tambeacutem eacute o relato que Raynor faz descrevendo uma peccedila cocircmica em A consequumlecircncia imediata segundo Wque muacutesicos comuns e profissionais discutem os primeiros acusando os segundos perda quase total do papel prod~ti d IOra da obra musical escrita estaacute na

d

b fi t t I d t vo o executante em fa d e so sa erem tocar com uma partItura na ren e enquan o e es po em ocar executante tomaHe um inteacute t vor o composItor - o

1

d d 1 d I d ( 79) rpre e passando a execut qua quer corsa e OUVI o tatildeo ogo guar cm a me o 13 na memona p esta escnto sem introduzir modificaccedilotildees ar estnlamente o que

Ao final da Idade Meacutedia e inicio da Renascenccedila a muacutesica segundo Raynor Dessa definiccedilatildeo precisa da m eacute considerada um ofiacutecio altamente qualificado uma disciplina intelectual estrita prescriccedilatildeo cada vez mais detalh d duslcda pelo composItor decorreu uma

I

f bullr t ( It a a e ca a um dos aspe t d b e va IOsa que 0JereclQ as suas propnas recompensas a quem enJren asse a uras tImbres intensidades ritmo dd c os a o ra mUSIcaI ( 90) v I sme I os etc) Como con sea rIgores p oca e mstrumental di ferenccedilaram-se cada sequenc os estHos

O advento da imprensa interferiu fortemente no processo de difusatildeo musical aSSIm como os diversos estilos e ecircneros vez mais mtulamente a parti daicntrc o puacuteblico em outras regiotildees e em outras eacutepocas Iniciou-se com a imprcssatildeo precIsas ( muacutesica de conjunto e o u tdqulT1ra~ ambem definiccedilotildees maisde obras a formaccedilatildeo dc uma literatura musical e possibilitou-se agrave muacutesica ter etc) q estra compoSlccediloes para piano ou oacutegatildeo

durabilidade _quando ateacute a Idade Media lal caracteriacutestica inexistia Leucbter (1946) assinaIa o seacutecuI~ Leuchlelt analisa o crescimento do papel da obra impressa principalmente do concerto E tambeacutem como a com~ a epoca por exeeleacutencia

apoacutes a Rcvoluccedilatildeo Francesa uma uacutenica pessoa do artista e d~~- e~q~~se desmtegra a antiga uniatildeo em

O arlista pasleriar agrave Revolaccedilatildeo Francesa se emancipa das restriccedilotildee em duas at ividades di stintas a do eacute~~OI~o=~ea umdade da arte musical middot1

imposta pelas circunlatildencias locai graccedila aacute organizaccedilotildees editoriai Natildeo descrito por Leuchter estaacute i~tima tliY o executante O processoujeita mai a condiccediloacutees de execuccedilatildeo preacute_estabelecida as obra se escrita musical caacute conc - en e ~g~do a crescente especializaccedilatildeo daconvertem _ pelo menos no que se refere a ua concepccedilatildeo exterior _ em am 139) epccedilao aI qulIetomca da muacutesica ( Wiora I961 p

produto da libeacuterrima vontade do artista (p 118) Essa concepccedilatildeo arquitet d d I XVII d I b omca a musIca seg d WA superaccedilatildeo gradatiV

a segundo o autor ao longo o secu o OS e a oraccedilatildeo de fonoas artistica t un o rora possibilitou a d b d O d s aIS como a da sonata e da f E I

recursos dlspomvels levou a concepccedilotildees ca a vez maiS su ~etIvas a mUSIca a mo lficaccedilotildees na relaccedilatildeo d uga evou tambeacutem _ 1 d d a musIca com a religiatildeo O fu - crcsclmento da conccpccedilao dramallca c sub]eta da musica cevoU am a segun o exerCIda por caracteristicas d u seJa a nccedilao religiosa I d h a musIca em SI modIfica dLeuchtcr o timbrc a posiccedilatildeo eqUIValente ao ntmo a me o la e a armoma ou seja com o desenvolvimento de um -se no ecorrer da 3idadeI 124) d a musIca que passa a tra f d a uma concepccedilatildeo pictoacuterica do som musIca (p eVI entemente natildeo soacute de natu e I nsml Ir I elas ideacuteias essas

d d I d W (1961) r za re IglOsaUm outw aspecto da terceIra I a e da mUSIca assma a o por lora Leuchter (1946) assinala u

refere-se ateoria musical que na Idade Meacutedia passoU a determinar () 1) o estudo da evoluccedilatilde J e desenvolvimento da notaccedilatildeo mus1caI enquanto na Antiga Greacutecia a teoria e a notaccedilatildeo bull exan~ da produccedilatildeo musical o ~ m~slca na Ocidente deve iniciar-se por umI na przmelra Idade Meacutedia originada na ideacuteia cultural

ro 61

e mtlmamente ligada aos oficios religiosos ao ponto de os conceitos muacutesicae muacutesica eclesiaacutestica resultarem sinoacutenimos para o historiador (p 12)

O autor registra ainda o repuacutedio da igreja pela muacutesica profana que deixoupor isso raros registros Ao ser anotada a muacutesica ainda segundo o mesmo autorperdeu seu caraacuteter esoteacuterico convertendo-se em arte executaacutevel por todos osque soubessem interpretar os signos de notaccedilatildeo (p 13)

Outra faceta interessante da relaccedilatildeo muacutesica-religiatildeo citada por Leuchter(1946) no capiacutetulo dedicado agrave muacutesica protestante refere-se ao papel da muacutesica noProtestantismo em cujo acircmbito ela deveria servir ao fim de educar e melhorar opovo (Leuchter p 101)

Wiora assinala outras mudanccedilas de caraacuteter na muacutesica da 3~f idadedecorrentes de sua concepccedilatildeo arquitetocircnica acabada burilada

Na transformaccedilatildeo das danccedilas danccediladas em suites artiacutesticas se revelao desenvolvimento moderno da muacutesica em arte independente Enquanto elaperdia diversos liames diretos com a muacutesica cotidiana assim como seu lugarde disciplina erudita entre as artes liberais a muacutesica entrou no domiacutenio

-1 J das Belas-Artes e tornou-se um mundo em si com uma esteacutetica autoacutenoma(W 1961 41 ( f ( lora p I ) _ ___ J _ eacute

A independecircncia crescente da arte musical ocidental eacute traccedilo ~arc~nte nodesenvolvimento da 3a idade embora Wiora assinale a coexistecircncia dessaautonomia tiacutepica das obras de arte com ligaccedilotildees com as tradiccedilotildees religiosas shycomo nos oratoacuterios de Haendel ou nas muacutesicas de Beethoven

Desenvolveu-se assim nesse periacuteodo uma vida musical independente de i funccedilotildees cotidianas com suas proacuteprias organizaccedilotildees salas de concerto comunidades~ de ouvintes literatura e esteacutetica proacuteprias

-

Um bom exemplo da mudanccedila de funccedilotildees da muacutesica na 331 idade nos

oferece Leuchter (1946) ao analisar o advento da oacutepera no seacuteculo XVIIAteacute este momento a oacutepera havia formado parte das cerimoacutenias oficiais

das cortes Executava-se ante um puacuteblico de suma culturaEm tVecircneza a oacutepera se fez puacuteblica Em 1637 se inaugurou nesta o

primeiro cenaacuterio operistico acessiacutevel a todos os que pagavam entrada ( )a mudanccedila que se realiza com relaccedilatildeo ~ suafunccedilatildeo social influiu decisivamentesobre a concepccedilatildeo deste geacutenero musical ( p 83)

Um outro aspecto importante analisado por Leuchter (1946) diz respeitoagrave pltsiccedilatildeo do muacutesico que se altera do periacuteodo Barroco quando todos erameriipreg~m-rrl-itos deveres e poucos direitos ao periacuteodo seguinfe noseacuteculo XVIII quando Beethoven foi o primeiro que deve somente agrave suh artea posiccedilatildeo que ocupa Tal garantia ficou estabelecida ao criar-se um sistemaeditorial organizado que natildeo surgiu senatildeo no uacuteltimo terccedilo do rculoXVIlI (p116)

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Eacute preciso ainda assinalar no contexto da terceira idade da muacutesica como ofaz Wiora o afloramento de estilos pessoais da ocorrecircncia de grandes mestres e

de estilos nacionaisWiora considera a fase que se desenrola a partir do seacuteculo XV como um

periacuteodo de preparaccedilatildeo para a quarta idade da muacutesica sobretudo o seacuteculo XIX queo autor considera o aacutepice desse processo transitoacuterio

O seacuteculo XIX e em especial o Romantismo representa o ponto de transiccedilatildeopor excelecircncia da 33 bull agrave 43

bull idade da muacutesica Leuchter (1946) analisando o

Romantismo afirmae-_ Durante -ffr seacuteculo XIX se desenvolve a ultIma fase do processo de

humanizaccedilatildeo total() O indiviacuteduo se apresenta como uma entidade uacutenicadesligada tanto do mundo fenomenal como do transcendental O processo

analiacutetico atingiu o ponto culminanteA humanizaccedilatildeo total se evidencia em muacutesica na progressiva

desintegraccedilatildeo dos uacuteltimos el_~f~ ~iejyordmJ que operam ainda no seacuteculoXVIII vale dizer a harmonia e alarma (p 148)

Leuchter conside~ a passagem do Classicismo ao Romantismo no seacuteculoXIX como um processo de destronamento da ratio em favor do dominio absolutoda fantasia ou seja como uma trajetoacuteria em direccedilatildeo ao individualismo e aosubjetivismo O abandono da concepccedilagraveo romacircntica se daraacute no final do s~cu~o XIXcom o Realismo representando o fiel reflexo da vontade eXpanSIOnista do

imperialismo moderno (p 160)A expansatildeo da cultura ocidental logo apoacutes o iniacutecio de sua definiccedilagraveo em

direccedilatildeo agrave Europa oriental registrada por Wiora que tambeacutem assinala a expansatildeodessa cultura agrave Terra inteira a partir do iniacutecio dos tempos modernos

Missionaacuterios colonos muacutesicos ambulantes divulgaram o coralgregoriano e a muacutesica popular as Cortes enviaram os virtuoses e ascompanhias de oacuteperas seguiram-se focos de arte musical ocidental nomundo oriental Por outro lado as fontes proacuteprias de produtividade emcada paiacutes toniaram as formas e os estilos do ocidente (Wiora 1961

p147) Um exemplo significativo apresentado pelo autor eacute a difusatildeo da pohfoma

ocidental a partir do seacuteculo XVII nos cantos da Igreja russa bem como a adoccedilatildeopela Ruacutessia do sistema de notaccedilatildeo linear do Ocidente

Os estilos nacionais decorrentes do amaacutelgama das formas e estruturasocidentais agraves tradiccedilotildees nacionais na verdade retomaram antigos tesouros comuns segundo Wiora O mesmo autor considera que por uma seacuterie derenasci~entosos tempos modernos trouxeram ao mundo a consciecircncia da ev~luccedilatildeohistoacuterica e abriram o caminho para reunir todo o passado musical da humamdade

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Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

A funccedilatildeo de expressatildeo emocional- proporcionando veiacuteculo para a expressatildeode ideacuteias e emoccedilotildees natildeo reveladas no discurso comum - transparece na terceiraiacutedade da muacutesica principalmente no forte entrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo

Raynor (1981) em citaccedilatildeo aqui apresentada anteriomente afirma que qualquerhistoacuteria de muacutesica medieval deve comeccedilar pelo estudo da Igreja natildeo soacute pelos registrosque ela deixou mas pelo importante papel desempenhado no culto pela muacutesica

O cantochatildeo visava segundo Maacuterio de Andrade (1980) a ser elementouacutetil de purificaccedilatildeo e elevaccedilatildeo abandonando a antiga riacutetmica grega e dandopreponderacircncia agrave melodia a muacutesica se sutiliza e vai deixar gradativamentede ser sensaccedilatildeo para se tornar sentimental (p 34) Eacute ainda Mariacuteo de Andradeque citando Otto Keller afirma que enquanto os povos antigos conceberam osom como elemento sensitivo o Cristianismo o empregou como elementopelo qual a alma comovida se expressa em belas formas sonoras Maisadiante veremos que outras funccedilotildees sociais satildeo atribuiacutedas ao Canto Gregoriano

Natildeo soacute no cantochatildeo medieval contudo encontramos na terceira idade o forteentrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo Na Renascenccedila os movimentos da Reformae da Contra-Reforma buscaram na muacutesica meio de expressar a emoccedilagraveo da feacute

Posteriormente no periacuteodo Barroco Bach e Haendel sagraveo exemplos aindana terceira iacutedade da expressatildeo dessa emoccedilatildeo atraveacutes da muacutesica

Cabe contudo observar que desde a Renascenccedila processa-se uma mudanccedilana relaccedilatildeo muacutesica-religiacuteatildeo (jaacute referida anteriormente) pois a partir desse periacuteodobusca-se transmitir ideacuteias e ensinamentos atraveacutes da muacutesica aleacutem de expressarpuramente a emoccedilatildeo

A produccedilatildeo de muacutesica religiosa declina acentuadamente apoacutes o Barrocomas pode-se ainda registrar nos uacuteltimos tempos da 3a idade _ seacuteculos XVIII eXIX - a muacutesica como expressatildeo do sentimento e da emoccedilatildeo da feacute

Aleacutem da muacutesica religiosa outros exemplos da muacutesica como expressatildeo deemoccedilotildees podem ser apontados na terceira idade

Schunnann (1989) referindo-se ao estabelecimento do sistema tonal noseacuteculo XVIII menciona a teoria dos afetos segundo a qual a muacutesica vieraestabelecer-se como a linguagem mais adequada sempre que se tratava deexpressar ou provocar certos sentimentos emoccedilotildees e paixotildees ou seja osaetos humanos (p 120)

Lenaerts citado por Schurmann (1989) oferece-nos ao referir-se agrave origem daoacutepera outro exemplo no acircmbito da expressatildeo de emoccedilotildees no contexto da 3a idade

Por volta de 1580 formava-se em Florenccedila ( ) um ciacuterculo de saacutebios eartistas ( a Camerata) que na sua aspiraccedilatildeo de dar nova vida agrave trageacutedia antiga

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m novas fonnas musicais que estivessem mais aptas a reproduzirprocurava 121)

music~~e=e as(~~i~)e~~~~~~~~sr~~~recircnci~ agrave funccedilatildeo de expressatildeo emocioalr am d d fins do seacuteculo XVI se havwmOs compositores de ma ngazs e b I

d t middot bres o de sim o lsmos d~ o cromatismo o uso e 1m Preocupado em intro Udr d mo a obra dos grandes pintores I es tatildeo ramatlcos coe outros meiOS a gumas vez _ ra servir veiculos de emoccedilotildeesmaneiristas - EI Greco CaravagglO fa ~ C

violentas e sugbest~esi~toacute~~c R~~~~~~o levou agrave exaltaccedilatildeo do subjetivismoA exacer accedilao o eu d b objetivar emd L uchter (1946) os compositores desse peno o usca~

Segun o e d d Animo e sentimentos subJetlvos ou sejasons determinados esta os e a seus sentimentos e emoccedilotildees O

t s dos sons de suas mUSIcas expressar a rave - ma das fonnas mais significativasliedsegundo o autor e por esse motIVO udesse periacuteodo (p149)

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

d d papeacuteis de criador (compositor) eA separaccedilatildeo cada vez maIS mtI a os ui abordadocontemplador eacute uma das caracteriacutesticas mais expreSSIvas do penodo aq

mo 3 idade da muacutesica fi fi dco d decircncia da arte musical ocidental nessa fase Ja OI re en a

A crescente m ep~n A se ara agraveo da musica4ordfLfu_~e~ anterIonnente assmalada por WIOra p S____ lt0 1aqUI --- I nas pe o prazer lt agraveo de salas de concerto - onde ta vez ape cotIdIanas levou a crIaccedil ---- _- taccedilotildees musicais A sUIte

~steacutetico a comunidaeeacutede

uv~~e~n~~ecs~ss~~~os desse fe1ocircmeno pO~smstrumentaLparr~~__ ada por contempladores que naoextraiacuteda de peccedilas de danccedila passa a ser apreCI

d apenas ouvem e apreciam fi -danccedilam _ I d Idade Media anterior ao processo acima re en o

A produccedilao mUSIca a r esteacutetico A execuccedilatildeo de motetos nonagraveo parece contudo despIda do pr~z~ m bom exemplo fi do contexto hturgICO parece ser umtenor das IgrejaS ora dO d ifestaccedilatildeo do prazer esteacutetico

R a uma outra eVI enCIa a manNa enascenccedil _ ecircnero olicoral no interior das igrejas Natildeo

poderia ser apont~da na reahz~ccedil~odo ~ a ambientaccedilatildeo religiosa que pareciam serera o simples ensmamento e IglOSO o feitos musicais ateacute da exploraccedilatildeobuscadas com tais reahzaccediloes que extraIpm e

acuacutestica do espaccedilo profundo dos temPfulos~~~ fi bull cia que Abraham (1986) fazP oder ser incluiacuteda nesta nccedilao a re erend~e~e ~ M enzio Ao contraacuterio dos fnadrigaistas manluanos efeacuterrarenses

aos ma ngms e A ar o razer dos executantes mesmos natildeo paraMarenzio compos sobretudo para p ( ) ( 266)auditoacuterios cortesatildeos que escutaram inteacutelpretes bnlhantes p

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A oacutepera cujo aflorar se daacute no Barroco e que eacute explorada em toda a fasefinal da terceira idade da muacutesica tambeacutem pode ser apontada como um exemplonessa fase de manifestaccedilatildeo do prazer esteacutetico Ao pretender associar artesdiversas como muacutesica poesia cenografia danccedila a oacutepera parece realmente buscara mobilizaccedilatildeo do prazer esteacutetico atraveacutes de diversos elementos O proacuteprio papelsocial desempenhado pela oacutepera nos seacuteculos XVIII e XIX alcanccedilando grandepopularidade parece enfatizar esse aspecto

Funccedilatildeo de Divertimento

A terceira funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a de divertimento e o uacuteltimoexemplo apontado - a oacutepera - parece ter desempenhado esse papel com intensidadenos seacuteculos XVIII e XIX

Mas natildeo se restringe agrave oacutepera a funccedilatildeo de divertimento na terceira idadeEmbora natildeo tenha deixado deixado registros (partituras) sabe-se que a muacutesica dedanccedila foi praticada durante todo esse periacuteodo inclusive na Idade Meacutedia ecertamente ela se liga agrave funccedilatildeo de divertimento

As referecircncias agrave pratica da muacutesica nas cortes desde o periacuteodo medievaltambeacutem apontam para a funccedilatildeo de divertimento Tal seria o caso provavelmenteda muacutesica trovadoresca Guillernr lduque de Aquitacircnia era mesmo umtrova por e quando regressou da primeira cruzada em 11 Oacute2 se deleitou ementreter as audiecircncias nobres com chansons de geste relatos humoriacutesticosde suas desventuras militares (Abraham 1986 p 98)

Representaccedilotildees religiosas como os autos sacramentais medievais emboracom a funccedilatildeo de transmitir ensinamentos tambeacutem serviram agrave diversatildeo do povo

Schurmann (1989) referindo-se ao que denomina atos de musicar fazuma referecircncia que tambeacutem serve de exemplo agrave funccedilatildeo de entretenimento

Note-se ( ) que ainda no seacuteculo XIX um compositor comoBeethoven quando produzia as suas sinfonias aleacutem de preocupar-secom a sua apresentaccedilatildeo puacuteblica em concerto tratava de providenciar aediccedilagraveo de versotildees silllpl~ficadas a serem utilizadas no acircmbito de uma praacuteticaamadoristica muito difundida 10 meio da proacutepria burguesia consumidora(p 178)

Menuhin (1981) tambeacutem aborda essa divulgaccedilatildeo ligeira da muacutesica eruditacom funccedilatildeo de entretenimento

Agora [seacuteculo XIX as melodias de oacutepera as uacuteltimas marchas e valsascompostas para bandas de jardim e tocadas de ouvido por dois ou trecircsmuacutesicos eram encontradas em todos os lugares Tanto Schubert comoBeethoven tinham escrito esse tipo de muacutesica ( ) li medida em que o apetite

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pela muacutesica crescia muitos compositores escreviam melodias popularesexpressamente para entretenimento leve () (p 172)

Abraham (1986) tambeacutem cita a funccedilatildeo de entretenimento da muacutesica nascortes renascentistas nas quais um grupo de muacutesicos florentinos mesclou madrigaiscom uma classe nova de monodia em outro modo de cantar distinto do corrente(p204)

Os exemplos acima referidos aos quais se poderiam acrescentar outros ilustramsem duacutevida a ocorrecircncia da funccedilatildeo de divertimento na terceira idade da muacutesica

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A respeito da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo da muacutesica cabe citar Schurmann (1989)referindo-se agrave estruturaccedilatildeo do sistema tonal Schurmann considera que o sistematonal cujo predomiacutenio ocorre nos uacuteltimos tempos da 3a idade presta-se por excelecircnciaagrave caracterizaccedilatildeo de uma linguagem musical servindo portanto agrave comunicaccedilatildeo

Outras referecircncias podem ser acrescentadas agrave funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo damuacutesica na terceira idade

A praacutetica de dramatizaccedilotildees religiosas calcadas no canto gregorianoprovavelmente visavam a comunicar ao povo o ensinamento cristatildeo

A intenccedilatildeo de atrair mais o povo pra essas representaccedilotildees levou auma seacuterie de licenccedilas danccedilas orquestrinhas rudimentares substituiccedilatildeo dolatim pelos dialetos substituiccedilatildeo do Gregoriano pela muacutesica popularridicularizaccedilatildeo do diabo e dos maus e consequumlente predominacircncia doelemento coacutemico (Maacuterio de Andrade 1980 p42)

A muacutesica protestante conforme proposta de Lutero eacute um outro exemplopertinente agrave funccedilatildeo comunicadora da muacutesica utilizada no culto com vistas agravetransmissatildeo do ensinamento religioso - na interpretaccedilatildeo didaacutetica do verbosagrado que por meio de textos explicativos e da muacutesica eacute projetado agraveeslera espiritual do povo (Leuchter 1946 p99)

Cabe observar contudo que nos dois exemplos acima a comunicaccedilatildeo eacuteefetivada atraveacutes da muacutesica mas apoiada em textos que veiculam a mensagem(contudo Merriam assinala que muacutesica e texto se influenciam mutuamente)

A muacutesica trovadoresca ao relatar os grandes feitos das Cruzadas ou louvara mulher amada atraveacutes de textos conjugados a muacutesicas monoacutedicas certamentepode ser apontada como utilizaccedilatildeo da muacutesica com funccedilatildeo comunicadora

A canccedilatildeo francesa e o madrigal italiano ambos renascentistas e ambosmuito pictoacutericos no que se refere a buscar expressar musicalmente o conteuacutedodo texto em que se baseiam podem tambeacutem ser cogitados como exemplos dafunccedilatildeo comunicadora (Abraham 1986 p267)

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A oacutepera a partir do Barroco tambeacutem parece desempenhar a funccedilagraveo decomunicaccedilatildeo embora caiba lembrar que natildeo soacute atraveacutes da pura expressatildeo musicalmas do relato (texto) Este eacute tambeacutem o caso das cantatas e oratoacuterios que buscavamexpressar atraveacutes da muacutesica e do texto o Verbo Divino

Outros exemplos como o lied romacircntico se prestam a ilustrar a funccedilatildeode comunicaccedilatildeo da muacutesica na terceira idade Pode-se abstrair aqui a questatildeo dedefinir se a muacutesica eacute ou natildeo linguagem - a comunicaccedilatildeo (de ideacuteias sentimentosemoccedilotildees) eacute que foi aqui considerada

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

A quinta funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a de representaccedilatildeo simboacutelica (segundoo autor representaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias comportamentos)

O canto gregoriano poderia ser bom exemplo inicialLeuchter (1946) referindo-se aos primeiros tempos da polifonia (estruturada

sobre o cantus firmus gregoriano) refere-se a esse cantus firmus comosiacutembolo musical do dogma religioso (p38)

Schurmann (1989) no capiacutetulo denominado A Monodia refere-se aocanto gregoriano como instrumento de dominaccedilatildeo cultural como um siacutembolo daestrutura do poder medieval calcado na Igreja

Mario de Andrade (1980) refere-se ao cantochagraveo afirmando que elerepresenta musicalmente a essecircncia ideal e mais intima da religiatildeo catoacutelica o que parece permitir sua inclusatildeo na funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica (p44)

Um outro exemplo de representaccedilatildeo simboacutelica poderia ser tomado agrave polifoniagoacutetica A esse respeito Leuchter (1946) afirma O conjunto da muacutesica goacuteticareflete fielmente a estrutura social dessa eacutepoca a qual por sua vez resultacomo uma consequumlecircncia da concepccedilatildeo hieraacuterquica do universo quecaracteriza a ideologia do goacutetico (p42)

Leuchter considera assim o cone goacutetico como o siacutembolo de organizaccedilatildeosocial em classes estritamente separadas vigente agrave eacutepoca

Um outro exemplo de representaccedilatildeo simboacutelica na Idade Meacutedia nos eacutefornecido por Raynor (1981) jaacute citado anteriormente quando o autor referindoshyse agraves classes meacutedias entatildeo emergentes afirma que elas passaram a reivindicarque a muacutesica acrescentasse gloacuterias simboacutelicas e concretas aos seus feitos(p69)

Schurmann (1989) no capiacutetulo dedicado ac(Slst~ma-tonal considera queesse sistema ~onsumaria uma linguagem musica( enireoiifr~s motivos porrepresentar em s~aseStrutuias--~Sicals~-aestrutura social da eacutepoca - ou seja doperiacuteodo iluminista

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Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

A sexta funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica shyconsiderada passiacutevel de questionamento pelo proacuteprio autor

A danccedila eacute registraacutevel em toda a terceira idade da muacutesica e pelo menosnesse aspecto a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica poderia ser identificada

A partir do periodo barroco desenvolveu-se contudo a estilizaccedilatildeo de danccedilasque passaram a ser apreciadas por um puacuteblico e natildeo destinadas a danccedilar excluindoportanto nesse acircmbito a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica enquanto movimento

O estado de tranquumlilidade fiacutesica o estado contemplativo proporcionado pelocantochatildeo seria o exemplo contraacuterio ao acima descrito pois enquanto a danccedilaimpulsiona a partir do ritmo meacutetrico o movimento do corpo o cantochatildeo pelaadoccedilatildeo de um ritmo natildeo meacutetrico equivalente a uma pulsaccedilatildeo induziria a um estadode tranqiiilidade propiacutecio agrave introspecccedilatildeo Eacute que a gregoriano natildeo foi feitopara a gente escutar mas para a gente se deixar escutar Ele provocainsensivelmente o estado de religiosidade (Andrade 1980 p44)

No final da terceira idade a transposiccedilatildeo gradativa da muacutesica religiosa paraas salas de concerto refletiu uma mudanccedila pois ao inveacutes de buscar-se um estadode contemplaccedilatildeo coletivo passou-se a enfatizar as caracteriacutesticas da muacutesica em si

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

O principal exemplo a ser invocado quanto a esta funccedilatildeo parece ser amuacutesica religiosa cuja produccedilatildeo eacute bastante farta na 3 idade da muacutesicaprincipalmente ateacute o Barroco

Parece prender-se neste caso mais agrave letra a funccedilatildeo aqui consideradapois atraveacutes dela veicularam -se as mensagens os ensinamentos tanto da igrejacatoacutelica quanto da protestante

A saacutetira parece ser tambeacutem uma forma de impor conformidade a normassociais Nesse sentido talvez os principais exemplos na terceira idade sejamencontrados entre as canccedilotildees trovadorescas alguns madrigais e no gecircnero operistico

O sucesso da oacutepera coacutemica residia antes de tudo nos argumentosinspirados no mundo atual fazendo possivel assim ao espectador interessarshyse diretamente na accedilatildeo Aleacutem disso esta devia ser conduzida com o maacuteximorealismo jaacute que sua candente atualidade excluia toda classe de alusatildeoalegoacuterica tal como ocorria na oacutepera do seacuteculo XVIII (Leuchter 1946 p136)

A criacutetica de costumes ou a saacutetira poliacutetica estariam entre os objetivos daoacutepera cacircmica que nesse sentido pode ser vista como desempenhando a funccedilatildeo deimpor conformidade a normas sociais

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das Instituiccedilotildees Sociais e dosRituais Religiosos

Todos os exemplos aqui descritos de utilizaccedilatildeo de muacutesica religiosa querna Igreja Catoacutelica ou na Protestante na 33

bull idade da muacutesica satildeo pertinentes agravefunccedilatildeo de validaccedilatildeo dos rituais religiosos Vale assinalar mais uma vez que aproduccedilatildeo de muacutesica religiosa declina a partir do Barroco cabe observar tambeacutem

que a partir do Classicismo a muacutesica religiosa tem (talvez mais proeminentemente)a funccedilatildeo de concerto

A validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais pode ser feita segundo Merriam atraveacutesde canccedilotildees que enfatizam o que eacute conveniente e o que natildeo eacute conveniente nasociedade assim como dizem agraves pessoas o que se deve e como se deve fazerNesse sentido e vaacutelido apresentar o exemplo das chansons de geste medievaistais como satildeo abordadas por Abraham (1986)

De modo incidental Johannes de Grocheo menciona que as chansonsde geste deveriam ser cantadas para os anciatildeos para os trabalhadores epara os cidadatildeos correntes quando descansam de suas tarefas de modoque ao ouvir as miseacuterias e calamidades de outros elevem com maior energiaas suas proacuteprias e voltem ao trabalho com mais empenho (p98)

Outro exemplo apresentado pelo mesmo autor parece aplicar-se a estafunccedilatildeo refere-se ao aparecimento de um tipo de canccedilatildeo cortesatilde - a Spruchalematilde - cujo conteuacutedo era poliacutetico ou moral (pl 02)

Um outro exemplo ainda no acircmbito da funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildeessociais e dos rituais religiosos pode ser obtido em Abraham (1986) referente aosmotetos do seacuteculo XlV O autor refere-se a esses motetos atribuindo-lhes funccedilotildeespoliacuteticas e cerimoniais

Frequumlentemente compunham-se motetos para acontecimentosdo estado conservam-se composiccedilotildees deste tipo que celebravam a todos osreis franceses do seacuteculo XiV os papas os bispos e os nobres recebiam honrassimilares aleacutem disso possuiacutemos um magniacutefico exemplo inglecircs de motetoisorriacutetimico cerimonial ( ) talvez para celebrar uma reuniatildeo no dia de SatildeoJorge () em WindsOl no ano 1358 ou no 1374 ( p 125)

O mesmo autor refere-se ao madrigal num sentido passiacutevel de ser incluidona funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildees sociais e rituais religiosos ao mencionar apublicaccedilatildeo de madrigais para as cerimocircnias ( p 203)

Abraham (1986) referindo-se agrave canccedilatildeo francesa renascentista possibilitashynos uma outra inclusatildeo na funccedilatildeo de validaccedilatildeo ao referir-se agrave canccedilatildeo La guerrede Janequim que celebra a vitoacuteria obtida por Francisco I em Marignandem i5i5 (p216)

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Outro exemplo da funccedilatildeo de validaccedilatildeo ainda na Renascenccedila pode serapontado no mesmo autor

(i a muacutesica religiosa em Veneza em especial em Satildeo Marcos muitofrequumlentemente foi muacutesica para os acontecimentos do estado e Andrea Gabrieliem grande medida foi um compositor oficial Escreveu muacutesica para visitasreais para as festividades de carnaval ( ) e sua muacutesica de igreja foiplanejada com interesse especial em um som esplecircndido e de efeito muitomais do que aparece em suas composiccedilotildees profanas (p249)

As diversas oacuteperas compostas no seacuteculo XVII (Monteverdi Cavalieri Peri ) para celebraccedilatildeo de matrimocircnios aristocraacuteticos constituem um outro exemplo queaparece em diversos autores e pode ser situado no contexto de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais (Abraham 1986 p270-273) Da mesma forma cantatas eserenadas foram compostas no seacuteculo XVIII para o mesmo fim (Abraham p385)

Abraham ao abordar a muacutesica francesa para oacutergatildeo (seacuteculos XVII-XVIII)refere-se a Nicolas de Grigny cujo uacutenico livro para oacutergatildeo data de 1699 e cont~muma missa para oacutergatildeo e os hinos das principais festas do ano - hinos esses quepodem exemplificar a funccedilatildeo de validaccedilatildeo

De certa fonna as obras musicais dedicadas a reis ou a nobres em geralsatildeo tambeacutem um exemplo passiacutevel de ser incluiacutedo nesta categoria E satildeo muitas asobras assim dedicadas Citando apenas dois exemplos podemos apontar Carl PhilippEmmanuel Bach que no seacuteculo XVIII publicou Sei Sonate per cembalo dedicadasao rei da Pruacutessia e as valsas de Chopin no seacuteculo XIX todas dedicadas a membrosda nobreza

A produccedilatildeo de hinos nacionais marcadamente no seacuteculo XIX eacute citada porMenuhin (1981) e se insere sem duacutevida no contexto da funccedilatildeo de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais (p180) Na mesma trajetoacuteria de sentimento nacionalista inc1uemshyse as oacuteperas patrioacuteticas histoacutericas das quais Abraham (1986) oferece exemplo(p596)

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Cabe afinnar mais uma vez a importacircncia da muacutesica cristatilde na terceiraidade da muacutesica embora cabendo ressaltar que ela sofre transformaccedilotildees em suaforma e conteuacutedo ao longo desse periacuteodo

Ela desempenha aparentemente de forma indubitaacutevel um papel importantequanto agrave nona funccedilatildeo social a de continuidade e estabilidade da cultura E talpapel poderia ser melhor especificado sob diversos aspectos

Um desses aspectos ainda nos primeiros tempos da terceira idade cabe aocantochatildeo Fruto do amaacutelgama de origens diversas - inc1usive da muacutesica grega -_ ~ _A bull

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1

ele garante uma certa sobrevivecircncia da muacutesica da civilizaccedilatildeo greco-romana Apresenccedila desse canto em busca de uma uniformidade da liturgia nas mais diversasparoacutequias (ainda que sujeita a possiacuteveis interferecircncias locais) eacute um fator deestabilidade e de continuidade cultural

De certa forma o cantochatildeo estaacute por traacutes de toda muacutesica culta medieval oque reforccedila a afirmativa anterior Os exemplos jaacute apresentados anteriormenteneste capiacutetulo referentes ao cantochatildeo ilustram fartamente o que vai aqui descrito

A relaccedilatildeo com a muacutesica popular que a partir provavelmente do seacuteculo Xa muacutesica cristatilde passou a manter dela se nutrindo e a ela fornecendo elementos(tambeacutem jaacute abordada anteriormente) eacute outro aspecto pertinente ao exame destafunccedilatildeo

A presenccedila da muacutesica popular e folcloacuterica inclusive a muacutesica de danccedila namuacutesica erudita (secular ou religiosa) ao longo de toda a baixa Idade Meacutedia e noperiacuteodo que se estende ateacute o seacuteculo XIX eacute tambeacutem fator de continuidade - econsequumlentemente estabilidade - cultural Haacute diversos exemplos jaacute citadosanteriormente desde a muacutesica trovadoresca agraves sinfonias claacutessicas e romacircnticasque ilustram o fato aqui descrito

Outros exemplos (jaacute apresentados no decorrer deste capiacutetulo) podem apontarpara a ocorrecircncia da funccedilatildeo aqui abordada na terceira idade da muacutesica As lendas emitos tomados como temas de oacuteperas as canccedilotildees populares e as poesias interligadasno lied os temas musicais populares ouvidos em oacuteperas missas concertos sinfoniasetc satildeo alguns dos fatos que atestam a sobrevivecircncia de elementos culturaisatraveacutes da muacutesica ou seja da nona funccedilatildeo social descrita por Merriam

De certa forma os exemplos apresentados em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo de imporconformidade a normas sociais e agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais edos rituais religiosos tambeacutem se aplicam agrave funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para acontinuidade e estabilidade da cultura

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

Certamente que esta funccedilatildeo eacute muito mais fortemente observaacutevel emsociedades de estrutura menos complexa contudo ela parece tambeacutem serassinalaacutevel no contexto da terceira idade da muacutesica

De certa forma todas as funccedilotildees aqui tratadas no periacuteodo em questatildeocontribuem direta ou indiretamente para a integraccedilatildeo da sociedade

A expressatildeo emocional- individual ou coletiva - assim como o prazer esteacuteticoou o divertimento contribuiriam para o equiliacutebrio e a integraccedilatildeo da sociedade Osdiversos exemplos apontados quando do exame dessas funccedilotildees podem para aquiser transpostos

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A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo tambeacutem entrelaccedila-se agrave de integraccedilatildeo dasociedade e a ilustraccedilatildeo apresentada anteriormente quanto agrave funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo na muacutesica da terceira idade pode igualmente ser transposta para oacircmbito da deacutecima funccedilatildeo

A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica ao unir os indiviacuteduos em tomo de umamesma simbologia tambeacutem contribui para a integraccedilatildeo social e jaacute foi exemplificadaanteriormente

A funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica embora questionada pelo proacuteprio Merriam podetambeacutem ser cogitada aqui Os exemplos apresentados no acircmbito da anaacutelise dafunccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica parecem contribuir para o congraccedilamento dos indiviacuteduosquer atraveacutes da movimentaccedilatildeo da danccedila quer atraveacutes da integraccedilatildeo coletiva emtomo da inspiraccedilatildeo tranquumlila do canto gregoriano

A funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais bem como a devalidaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos parecem claramente ligadasagrave questatildeo da integraccedilatildeo social cabendo retomar os exemplos jaacute apresentados

Finalmente a nona funccedilatildeo a de contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidadeda cultura tambeacutem natildeo parece passiveI de questionamento quantoagrave forte relaccedilatildeoque apresenta com a funccedilatildeo de integraccedilatildeo social e sua revisatildeo aqui eacute absolutamentepertinente

Haacute grande fartura de exemplos encontrados na literatura revista que apontampara a ocorrecircncia na terceira idade da muacutesica dos dez tipos de funccedilotildees descritospor Merriam

Apesar das referecircncias agrave perda gradativa da participaccedilatildeo cotidiana damuacutesica nesse periacuteodo ou mesmo agrave destinaccedilatildeo tambeacutem gradativa da muacutesicaculta a ouvintes conhecedores (Fischer sd p220) a muacutesica da terceiraidade eacute plena de funccedilotildees sociais desempenhando um papel significativo nocontexto desse periacuteodo Cabe mais uma vez registrar que apesar do divoacutercioaparente entre a muacutesica culta e a popular dessa fase as pontes entre elas natildeoforam cortadas e isso talvez explique ao menos em parte a riqueza de f~nccedilotilde~ssociais da muacutesica da terceira idade

I bull ~

I Quarta Idade da Muacutesica)

A quarta idade da muacutesica eacute definida por Wiora como a idade de teacutecnica e dacivilizaccedilatildeo industrial mundial

Wiora assinala inicialmente a permanecircncia de tendecircncias anteriores namuacutesica do seacuteculo XX quer na continuaccedilatildeo do concerto puacuteblico e na ecircnfase naperfeiccedilatildeo teacutecnica e na integraccedilatildeo quer na praacutetica musical de grupos neo-

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Aula
Nota
2709 Bella e Migueacute

romacircnticos ou mesmo de Schotildeenb~aelaboraccedilatildeo musical partiu aindasegundo o mesmo autor da desintegraccedilatildeo de elementos propostos por Wagner

Leuchter (1947) analisando a passagem da muacutesica do seacuteculo XIX para oseacuteculo XX afirma

O problema que se colocou agrave muacutesica do incipiente seacuteculo XX consistiu( ) em encontrar a soluccedilatildeo do antagonismo que na arte neo-romagraventica aparece entre sua essecircncia realista e sua aparecircncia romacircntica Quando em1866 morre Liszt uacuteltimo dos grandes expoentes da muacutesica imperialistacomeccedila a manifestar-se uma reaccedilatildeo contra o espirito dessa arte reaccedilatildeo quese concretizou em vaacuterias correntes de distinta indole Mas por mais opostasque pareccedilam as duas tendecircncias fundamentais de fins do seacuteculo XIXNaturalismo e Impressionismo surgiram sem duacutevida de um mesmo impulso a oposiccedilatildeo ao antagonismo neo-romacircntico (p169)

Wiora afirma tambeacutem que o seacuteculo XX representa uma ruptura de primeiragrandeza na histoacuteria do mundo o iniacutecio de uma nova era na histoacuteria da humanidade

Hamoncourt (1988) aborda a modificaccedilatildeo radical de significaccedilatildeo da muacutesicanos uacuteltimos dois seacuteculos deixando de ser o centro de nossas vidas (parte essencialdelas) deixando de ser a linguagem viva do indiziacutevel que soacute os seuscontemporacircneos podem entender tomando-se no seacuteculo XX um Ornamento (p13)

Leuchter (1947) afirma que a tendecircncia da muacutesica do seacuteculo XX a umanova objetividade leva agrave busca de eE1ina~9 de todo tipo de impulsosextramusicais e se opotildee tanto agrave muacutesicaclaacutessica quantoarotildemacircnuumlcatildee agraveneoshyrorrIacuteacircnUumlca~-Conduztambeacutem agrave conquista de novos meios de realizaccedilatildeo (p170)

Outra tendecircncia que Leuchter assinala na muacutesica da quarta idade eacute a deum liYr~desenvolvimentodas forccedilas motoras da muacutesica quer extraiacutedas deprograma~il1decircpendentesate certo ponto dam~nt~-~datildelmahumanas queremanadas da muacutesica popular (em especial de seus ritmos) quer completamenteindependentes recebendo seus impulsos exclusivamente de si mesmas (p173shy75) A concepccedilatildeo motora segundo Leuchter leva a muacutesica agrave desintegraccedilatildeocompleta das leis construtivas do seacuteculo XIX e conduz a um processo de objetivaccedilatildeorestituindo-lhe sua autonomia e abrindo novos horizontes agrave produccedilatildeo musical

Wiora considera que a quarta idade apresenta as seguintes caracteriacutesticas1) difusatildeo da muacutesica ocidental sobre o globo e formaccedilatildeo de uma cultura musicalglobal 2) um duplo processo de popularizaccedilatildeo e de despopularizaccedilatildeo da muacutesica3) retomada de toda muacutesica anterior e paralelamente exclusatildeo do passado musicalna composiccedilatildeo 4) conquista de novos territoacuterios musicais e retraimento ateacute oslimites da muacutesica 5) tecnizaccedilatildeo e artificializaccedilatildeo 6) organizaccedilatildeo industrializaccedilatildeoe ideologizaccedilatildeo da vida musical 7) desumanizaccedilatildeo e regeneraccedilatildeo Essascaracteriacutesticas seratildeo comentadas nos paraacutegrafos que se seguem

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Wiora considera ainda que a muacutesica ocidental formou-se no Sul e no Oesteda Europa de onde difundiu-se pouco a pouco sobre a terra toda a partir defatores como a colonizaccedilatildeo da Ameacuterica e de outras terras a atuaccedilatildeo demissionaacuterios as escolas o comeacutercio o raacutedio etc

Dessa expansatildeo decorreram segundo o autor dois processos 1) a muacutesicados compositores ocidentais foi introduzida e se adaptou gradativamente a novosgecircneros de vida 2) os muacutesicos locais comeccedilaram a compor sobre modeloseuropeus formando tendecircncias nacionais a partir do amaacutelgama da tradiccedilatildeo localcom esses modelos - no caso da Ameacuterica tal amaacutelgama reuniu traccedilos europeusindiacutegenas e negros sendo que alguns dos gecircneros daiacute decorrentes como oJaizxma muacutesica de filmes de Hollywood difundiu-se sobre o mundo todo

A costumeira oposiccedilatildeo que frequumlentemente se faz entre muacutesica europeacuteiae muacutesica da Ameacuterica qualificada em comum de muacutesica ociental e muacutesica dascivilizaccedilotildees primitivas ou ocidentais natildeo corresponde segundo Wiora agrave realidadeem funccedilatildeo de novas relaccedilotildees que se estendem a todo o planeta

Assim ainda segundo o mesmo autor apesar do enfraquecimento dastendecircncias musicais tradicionais locais elas natildeo foram inteiramente anuladas esegundo ele subsistem em certos momentos seja no timbre da voz seja emcaracteriacutestics riacutetmicas etc

Assim em um disco Indiacutegenas do Meacutexico tocam peccedilas do estiacuteloeuropeu mas seu temperamento proacuteprio aflora nos ritmos de seus tamboresUma peccedila lembra uma cadecircncia da eacutepoca dos claacutessicos vienenses massegundo seu proacuteprio costume eacute repetida muitas vezes como uma foacutermulameloacutedica de um canto primitivo (Wiora 1961 p 162)

Wiora assinala tambeacutem entre as altas civilizaccedilotildees orientais a introduccedilatildeo damuacutesica europeacuteia seja em concertos ou programas radiofocircnicos organizados comona Europa seja no repertoacuterio Por outro lado os modos europeus do folcloredo exotismo e do impressionismo prepararam misturas de estilos que continuamhoje nos compositores orientais ( p 163)

Um outro exemplo de mistura citado pelo autor eacute o jazz que para ele soacutepocircde atingir uma irradiaccedilatildeo mundial em decorrecircncia de ser uma mistura de hannoniaeuropeacuteia e de ritmos e expressotildees negros - de certa forma o jazz combinouelementos da primeira e da quarta idade ( p 164) O jazz ainda segundoWiora representa junto a outros eventos um movimento de reaccedilatildeo contra aexpansatildeo europeacuteia - embora a propagaccedilatildeo de muacutesica no mundo continue ase fazer partindo de raiacutezes europeacuteias (p 165)

O progresso da circulaccedilatildeo mundial dos meios de comunicaccedilatildeo como oraacutedio alargaram os horizontes musicais e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo de umpuacuteblico mundial Tambeacutem a difusatildeo das obras musicais em partituras e discos

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atraveacutes de concertos e do raacutedio levaram ao surgimento de uma literatura musicalmundial contribuindo para a difusatildeo e a uniformizaccedilatildeo da muacutesica no mundo

() os tempos modernos favorecem a uniformizaccedilatildeo sob muitosaspectos a normatizaccedilatildeo e a padronizaccedilatildeo do diapasatildeo da teacutecnica e daterminologia a supremacia das canccedilotildees populares repetitivas e dosinstrumentos populares em todas as regiotildees de outro lado a unidade deestilo das composiccedilotildees dodecafocircnicas ou seriais difundidas por toda partesem que se possa distinguir de que regiatildeo elas provecircm (Wiora 1961 p 166)

r----- -ParaIacuteelamente a essa unifoririacuteizaccedilatildeo contudo como jaacute foi referido anteriormente o autor enfatiza que a nova idade mundial favorece as misturas e os sincretismos (p 166)

No que se refere a popularizaccedilatildeo e despopularizaccedilatildeo da muacutesica Wioraassinala a ocorrecircncia de uma democratizaccedilatildeo da vida musi~~l a partir da eacutepoca darevoluccedilatildeo francesa ultrapassando os limites dos auditoacuterios burgueses - fatorescomo a radiodifusatildeo a realizaccedilatildeo de concertos populares a reduccedilatildeo da jornada detrabalho entre outros explicariam essa popularizaccedilatildeo bem como o surgimento denovas categorias de ouvintes (como o ouvinte anocircnimo e solitaacuterio de apresentaccedilotildeesradiofocircnicas escolhidas ou o colecionador apaixonado de bons discos)

Contudo Wiora assinala que todo este processo de popularizaccedilatildeo tem porcontrapartida a extinccedilatildeo das tradiccedilotildees populares autecircnticas (p 172) Paralelamentea esse processo de popularizaccedilatildeo crescente Wiora identifica um movimentodiametralmente oposto que ele identifica como um esforccedilo de eS2t~rismo

A muacutesica de vanguarda se distancia P~-~~~spr~middotnciacuteiosatonais

atemaacuteticos anedoacuteticos para fora do alcance do grande puacuteblico e da maiorparte dos amadores( ) Essa muacutesica natildeo pode atingir a popularidade

j primeiramente por sua extrema artificialidade e em seguida por sua oposiccedilatildeoacentuada agraves massas ao clichecirc e agrave exploraccedilatildeo comercial (p 173)

( Wiora considera que um processo engendra o outro ou seja a popularizaccedilatildeoI suscita a despopularizaccedilatildeo e vice-versa sendo que a segunda paradoxalmenteinatildeo eacute possiacutevel sem a sustentaccedilatildeo financeira do grande puacuteblico

Adorno citado por Wiora afirma assinalando o distanciamento da muacutesicaerudita do seacuteculo XX Desde a Flauta Maacutegica a muacutesica seacuteria e a muacutesicaligeira natildeo coincidiram mais Toda arte agradaacutevel e ligeira tornou-seilusoacuteria e enganosa (p 174) f [ S

Leuchter (1946) analisando a muacutesica da quarta idade considera que oExpressionismo manifesto nas obras dodecafocircnicas de Schotildeenberg e Webernleva a uma renuacutencia a toda missatildeo social da arte (p 186) ou seja corrobora oargumento d~ despop~Iarlzaccedilatilde-oconsidernI-do que a esfera de accedilatildeo da obra ficareduzida a um miacutenimo - o ciacuterculo dos entendidos (p187)

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o autor considera que o dodecafonismo eacute um indiacutecio de um incipienteprocesso de objetivaccedilatildeo mesmo que as formas levem ainda um conteuacutedosubjetivo E considera ainda que a composiccedilatildeo serial ao derivar todos osfenocircmenos musicais de um uacutenico ponto central- a seacuterie tal como o cantus firmusda Idade Meacutedia aponta para um retorno da muacutesica a sua mais ancestral finalidade- ser siacutembolo do processo de criaccedilatildeo transcendental (p 190)

Tambeacutem Raynor ( 1981) nos oferece um exenplo bastante interessante noque concerne ao distanciamento do puacuteblico pela muacutesica do seacuteculo XX Soacute comSchoenberg vamos encontrar um compositor de vulto rejeitando o auditoacuteriocomo uma necessidade mais ou menos desagradaacutevel ( p 18)

Raynor transcreve trecho de carta de Schotildeenberg que bem exemplificaesse distanciamento

Mantenho tambeacutem a opinatildeo de que uma obra natildeo tem de viver isto eacute -ser executada a todo custo isto eacute se tiver de perder partes dela mesmo quefeias ou falhas mas que nasceram com ela

A segunda questatildeo eacute a da consideraccedilatildeo pelo ouvinte como ele tem pormim Tudo o que sei eacute que ele existe e na medida em que natildeo eacute indispensaacutevel pormotivos acpsticos (visto quea muacutesica natildeo soa bem numa sala vazia) ele eacute apenasum estorvoi ibid)

Raynor afirma que Schotildeenberg perdera a esperanccedila de estabelecercomunicaccedilatildeo com o puacuteblico ao contraacuterio de Beethoven que parece tercompreendido que levaria tempo para que o gosto popular assimilasse seus uacuteltimosquartetos mas pressupunha que eles existissem para serem ouvidos ( )

Harnoncourt (1988) acrescenta-nos uma afirmativa interessante a respeitodo isolamento da muacutesica culta no seacuteculo XX assinalando que a muacutesica hoje natildeosatisfaz nem ao muacutesico nem ao puacuteblico gerando assim um vazio que buscamospreencher segundo ele com a muacutesica histoacuterica ( p 18)

Outro aspecto dual da muacutesica da quarta idade tambeacutem abordado por Wioraeacute o da retomada da muacutesica an~~iltgt paralelam~nt~ordfs~ccedilJlliatildeodo ~ssado nacomposiccedilatildeo Ou seja com o abandono da muacutesica de tradiccedilatildeo oral do folclore dascanccedilotildees populares desaparecem as variaccedilotildees improvisadas mas reproduzem-sepeccedilas fixadas para sempre sobre partituras ou sobre discos (Wiora 1961p175)

A desapariccedilatildeo da tradiccedilatildeo corresponde contudo a multiplicaccedilatildeo de olharesconscientes em direccedilatildeo ao passado a historizaccedilatildeo do passado do qual noacutespodemos somente guardar uma imagem mas que natildeo eacute mais um elemento danossa vida (Wittram citado por Wiora 1961p175)

O desenvolvimento da musicologia e da mentalidade historicista na muacutesicaeacute segundo Wiora uma das caracteriacutesticas da muacutesica da quarta idade - recolhem-

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se e editam-se manuscritos de todos os seacuteculos cantos populares de todos os

paiacuteses ressuscitam-se instrumentos do mundo todo () (Wiora 1961 p 176)Outros exemplos desse processo segundoWiora satildeo a busca e a divulgaccedilatildeo

de cartas de muacutesicos visando a ressuscitar a vida e o conhecimento dos grandesmestres a busca de reconstituiccedilatildeo de textos musicais segundo o original exatosegundo a concepccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo exatas segundo a autenticidade da obra(p 176)

Tambeacutem a pesquisa folcloacuterica se expande e compositores como Janacekou Bartok satildeo segundo o autor aleacutem de compositores exploradores a serviccedilo daciecircncia histoacuterica (pI77)

A difusatildeo mundial da muacutesica antiga se expande tambeacutem na quarta idade eKutz citado por Wiora refere-se a crianccedilas negras da Aacutefrica do Sul cantandovelhos madrigais ingleses e agrave difusatildeo do cravo (ressuscitado na Europa haacute cercade trinta anos) no Cairo na Batavia em Singapura Shangai Tokio O raacutedio e odisco contribuem para isso e desenvolve-se a construccedilatildeo modema de instrumentosantigos o traccedilo dominante consiste em qar agrave muacutesica antiga novas concepccedilotildees

f de exist~n~ja (p 177)O desenvolvimento da consciecircncia histoacuterica musical leva a que os

compositores do seacuteculo XX conheccedilam mais obras do passado do que oscompositores dos seacuteculos anteriores E aproveitam muitos deles caracteriacutesticasdessasobras para por renovaccedilatildeo e acumulaccedilatildeo chegarem a novos resultadosWiora identifica trecircs formas principais de aproveitamento I) de estilos passadosda muacutesica ocidental (Idade Meacutedia Renascenccedila Barroco e Classicismo) 2) deestilos de povos ocidentais e orientais das tradiccedilotildees escrita e oral 3) de estilosarcaicos renovados (como certas foacutermulas de recitativos)

Fischer (sd) aborda o reaproveitamento no seacuteculo XX da muacutesica dopassado como um risco de levar agrave imitaccedilatildeo crassa pois considera que a muacutesicamodema se alimenta de um conteuacutedo perdido de formas cuja significaccedilatildeo evigor natildeo existem mais (p 223)

Paralelamente a esse processo de renovaccedilatildeo da heranccedila musical do passadoWiora assinala a ocorrecircncia de um movimento contraacuterio uma forte exigecircncia deromper totalmente com o passado ~

Embora todos os antigos mestreos Josquin os Bach os Beethovencombinassem tendecircncias conservadoras e progressistas e mesmo atemporaisou transhistoacutericas hoje se estabelece como norma um progressismo elementoparcial ateacute entatildeo e se pretende compor excluindo o passado (p 181)

Apesar dessa tendecircncia de exigir a ruptura com todo acervo tradicionalmuitos compositores como Hindemith ao envelhecerem se tomaram maisconservadores voltando-se para o passado musical

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Outro duplo aspecto enfocado por Wiora na anaacutelise da quarta idade da muacutesicadiz respeito agrave conquista de terras novas - ou seja de novas mateacuterias primaspara a composiccedilatildeo - paralelamente ao retraimento ateacute os limites da muacutesica

No acircmbito das novas conquistas encontram-se segundo o mesmo autornovas escalas e estruturas (como as atonais ou dodecafocircnicas) novas concepccedilotildeesriacutetmicas (como os ritmos assimeacutetricos) novas abordagens harmocircnicas tiacutembricasnovos dinamismos e agoacutegicas

Os limites fisicos - da voz humana ou da matildeo do instrumentista - satildeoultrapassados pela teacutecnica nas composiccedilotildees vanguardistas e segundo Freyer citadopor Wiora (p 186)corre-se o risco de que o livre emprego de todo o arsenal de meios teacutecnicos tornese um fim em si mesmo

A liberdade total que pareceria advir douacuteso ilimitado de teacutecnicas ilimitadaseacute contudo ilusoacuteria de vez que novas regras (ainda que totalmente libertas dasregras do passado) satildeo estabelecidas

No que concerne ao retraimento ateacute os limites da muacutesica Wiora consideraque a muacutesica da quarta idade perdeu a participaccedilatildeo em relaccedilotildees gerais como oserviccedilo divino a paacutetria o estilo de vida e paralelamente desapareceram aspropriedades correspondentes como a ambientaccedilatildeo a eacutetica a perspectiva

Stravinsky citado por Wiora afirma Eu considero que a muacutesica porsua natureza eacute incapaz de exprimir qualquer coisa que seja sentimentoatitude estado psicoloacutegico fenocircmeno natural natildeo importa qual (p 8)

Wiora afirma que aleacutem dos aspectos relacionados por Stravinsky a muacutesicado seacuteculo XX foi tambeacutem despojada de sua trama estrutural operando-se uma reduccedilatildeoateacute os limites a partir dos quais natildeo haacute propriamente muacutesica (p 188)

A realizaccedilatildeo progressiva de possibilidades preacute-existentes a rartir das quaisa muacutesica eacute criada natildeo eacute infinita segundo o mesmo autor mas se prende a limitesdeterminados pela natureza das coisas Segundo o autor eacute caracteriacutestica doseacuteculo XX iniacutecio da quarta idade da muacutesica que a maior parte dos movimentosvanguardistas opere nas zonas de fronteira da muacutesica ou passe para os domiacuteniosvizinhos como o da linguagem e o do ruido

Wiora toma como conceito de muacutesica o que a define como a arte dossons e a partir dessa definiccedilatildeo faz duas consideraccedilotildees relativas agrave muacutesica doseacuteculo XX 1) como arte ela eacute feita a partir de sua natureza de conte~dos

intrinsecamente musicais ou transmusicais sensiacuteveis e inteligiacuteveis 2) a mUacuteSIca eumjogo com sons niacutetidos e determinados sendo possiacutevel a intervenccedilatildeo de ruiacutedoseventuais como acessoacuterio

Quanto ao primeiro aspecto o autor considera que a percepccedilatildeo dos elementos(como o sujeito em uma fuga) eacute essencial para que natildeo nos aproximemos doslimites da arte Mas nos aproximamos do limite da arte se os conhecedores

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eles mesmos natildeo perceberem suficientemente uma seacuterie de sons e suastransformaccedilotildees e se eles natildeo podem fazer uma ideacuteia ( da seacuterie e derivados)se natildeo analisarem a partitura (Wiora 1961 p 190)

rWiora afinna que ao adotar estruturas de difiacutecil percepccedilatildeo a muacutesica se

dessensibiliza e perde seu caraacuteter de espiritualidade - toma-se muacutesica de papelafasta-se do puacuteblico

- O segundo aspecto abordado por Wiora remete ao uso de outros materiaissonoros que natildeo os sons de altura definida Ele considera que os ruiacutedos eventuaissatildeo aceitaacuteveis que se satildeo numerosos a obra natildeo eacute senatildeo parcialmente musical ese eles dominam natildeo se trata de muacutesica no sentido proacuteprio do tenno

A partir das consideraccedilotildees acima o autor considera que a arte ruidosa - conto-a muacutesica concreta ou a eletrocircnica ultrapassa as fronteiras da arte musical el~~ deveria chamar-se muacutesica) embora constitua uma evidente tendecircncia do seacuteculo atual

Ocircutro aspecto da muacutesica da quarta idade abordado por Wiora eacute o datecnicizaccedilatildeo e da artificializaccedilatildeo

Wiora assinala que a muacutesica estaacute tecnicizada na atualidade sob um duploasectecto primeiramente porque se tem aplicado agrave muacutesica lt) espiacute~ito teacutecni~o ~os

) engenheiros segundo em funccedilatildeo da transmissatildeo ou da reproduccedilao eletrotecmcac _ de sons (discos raacutedio composiccedilatildeo eletrocircnica)

O autor afinna que ateacute mesmo a muacutesica executada por meios tradicionaisestaacute influenciada por esse espiacuterito tecnicista que i1_spiordf_~u~er~~~55~lisIJl~_~~_s_

solistas e das orquestras levando a Ull realismoinexp~~~ioem que amuacute~icac ltflui automaticamente como um motor ~ -_ ~-

Oespirit~te~-Icrsta kvatildetambeacutem segundo Wiora a um construtivismo na muacutesica atual sendo que certos artifiacutecios jaacute empregados na Idade Meacutedia como o

de inversatildeo de motivos satildeo retomados hoje em dia como nas teacutecnicas dodecafocircnicas(_ de composiccedilatildeo que conduzem agrave construccedilatildeo total lt

r A construccedilatildeo segundo o autor toma-se um fim em si e nessa perspectiva toma-se indiferente que os ouvintes natildeo a possam perceber

As descobertas e1etro-acuacutesticas satildeo ainda segundo Wiora fator de diferenccedila fundamental entre a quarta idade da muacutesica e as anteriores Alguns aspectos~

principais referentes a essas descobertas satildeo assinalados por Wiora 1) asgravaccedilotildees pennitem faacutecil acesso agrave muacutesica ~_ordm-_~forccedilQ de~~~c_utaacute-Ia aleacutemdisso as interpretaccedilotildees de muacutesicos famosos satildeo amplamente divulgadas econservam-se para a posteridade 2) as gravaccedilotildees o raacutedio e a televisatildeo suprimema barreira do espaccedilo e transportam as obras-primas ateacute mesmo a recantos onde oshomens jamais pisaram numa sala de concerto familiarizam-se assiIl1z~ordmD ti1-ordmres

-artificiais e natildeo com os verdadeiros 3) os novos instrumentos eletrocircnicos se~ssemelham~mpatilderte aos tratildediCiotildeiiatildeis e buscam reproduzir os sons de maneira

econocircmica mas modificam os timbres e a maneira de produzir muacutesica 4) osaparelhos eletrocircnicos para medir registrar reproduzir ou produzir sons modificamo domiacutenio da musicologia teoacuterica e praacutetica gerando instituiccedilotildees para estudoexperimental das novas possibilidades de conhecimento e praacutetica 5) a modificaccedilatildeodos sons as misturas as recriaccedilotildees surgem como novos dados de fonna que oselementos musicais natildeo satildeo mais tomados agrave natureza mas criados artificialmente6) a busca do novo absoluto do inusitado atraveacutes de recursos e1etrocircnicos sugerepossibilidades infinitas mas cria dependecircncias a recursos materiais

Wiora aborda ainda a questatildeo da organizaccedilatildeo da industrializaccedilatildeo e daideologizaccedilatildeo da vida musical que segundo ele leva agrave fonnaacuteccedilatildeo de uma trama deaparelhos de maacutequinas de empregados de funcionaacuterios de ideologias de direitosde autores etc interferindo na Musa da Muacutesica e frequumlentemente a oprimindo(Wiora 1961 p 199)

A quantidade crescente de organizaccedilotildees instituiccedilotildees congressos e festivaiseacute segundo Wiora fator de diferenciaccedilatildeo na muacutesica da nova idade para asprecedentes

O papel da induacutestria modema funcionando tambeacutem como estruturasecundaacuteria na vida musical contemporacircnea eacute enfatizada pelo autor que assinalaa importacircncia dos processos de massificaccedilatildeo atraveacutes da propaganda assim comoda literatura de programa da criacutetica e outros

Outras caracteriacutesticas contraditoacuterias da muacutesica contemporacircnea abordadaspor Wiora satildeo a desumanizaccedilatildeo e a regeneraccedilatildeo do aspecto humano na muacutesica

A desumanizaccedilatildeo eacute considerada pelo autor evidente a partir de vaacuteriosaspectos 1) substituiccedilatildeo de inteacuterpretes por aparelhos o que se reflete inclusiveno decliacutenio do uso da voz humana no cultivo de uma atitude passiva (como a quese tem ao apertar o botatildeo de um raacutedio para ouvir muacutesica pronta ao inveacutes de porexemplo cantar em casa) 2) desaparecimento de relaccedilotildees humanas como entre() muacutesico e o ouvinte em razatildeo do intennediaacuterio mecacircnico entre o compositor e omU1do ambiente etc

Pela teeacutenicizaccedilatildeo a maior parte das possibilidades que oferecia amuacutesica lIa vida desapareceu Na usina natildeo pode se elevar nenhum canto detrabalho IS grandes vilas industriais natildeo se pode formar nenhum canto detrabalho na ftrandes vilas industriais natildeo se pode formar nenhum ambientemusical comgt foi o caso de Nuremberg e Veneza ratilde sino da igreja foi osiacutembolo de nosL1 antiga cultura o da civilizaccedilatildeo uumliacutedustrial eacute a sirene dausina (Wiora 196 p 204)

Paralelamenttltt esse pr~cesso de desumanizaccedilatildeo da muacutesica da quartaidade Wiora identificum processo de restauraccedilatildeo das caracteristicas humanasna muacutesica (p 205) Os e~ldos de psicologia e de sociologia recentes aplicados agrave

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muacutesica tecircm contribuiacutedo para esse resgate dos valores humanos e para a constituiccedilatildeode uma nova base da teoria e da educaccedilatildeo musicais

[Apesar da evidente tendecircncia massificadora da nova idade os apelos aosretornos e a humanizaccedilatildeo da muacutesica se desenvolvem e agem conjuntamente comas forccedilas de desumanizaccedilatildeo e de tecnicizaccedilatilde~Algunsexemplos seriam o despertarde atividades musicais a partir dos jardins de inffincia o desenvolvimento do jazzo reverso agrave tendecircncia construtivista em composiccedilotildees onde se deixe uma grandeliberdade ao executante

Concluindo seu exame da quarta idade Wiora considera que a tendecircncia abuscar ilimitadamente o novo na muacutesica eacute utoacutepica pois I1atildeo haacute terras novas aconquistar1ndefinidamente Para ele a expansatildeo musical tem limites definido-~eashy

ultrapassagem desses limites pode conduzir aos domiacutenios vizinhos ao ruiacutedoA baixa representatividade nos concertos das obras vanguardistas seria

para o autor reflexo de seu isolamento Wiora apresenta argumentos como osde Honnegger (p 207) que considera que a muacutesica estaacute decadente e em processode desaparecimento e os de Juumlnger (p 208) que ao considerar a ocorrecircncia deuma fase transhistoacuterica abre horizontes diferentes para a histoacuteria da muacutesica

Harnoncourt (1988) registra a importante mudanccedila que a muacutesica sofre nonosso seacuteculo e observa que a compreensatildeo da muacutesica ateacute o seacuteculo XIX faziaparte da cultura geral e que hoje paradoxalmente ouvimos muito mais muacutesica queantes mas ela frequumlentemente tomou-se um simples ornamento ou uma formade ~nrig-t~~eLQlH~-spordfnordfL9~ilecircciocrialtiop~Jl~lidatildeo (p 13)

O mesmo autor observa contudo que podemocircs observar que a muacutesica atualestaacute dividida em muacutesica folcloacuterica muacutesica popular e muacutesica seacuteria e que dentrodesses grupos encontram-se ainda parcelas da unidade entre muacutesica e vida masque a unidade como um todo se perdeu Para ele na muacutesica folcloacuterica pode-seainda descobrir certa unidade e na muacutesica popular encontram-se ainda vestiacutegiosda antiga funccedilatildeo da muacutesica mas questiona o papel social da muacutesica seacuteria(Harnoncourt 1988 p 25)

Analisando a crise da muacutesica seacuteria o autor considera que ela eacute reflexo cit criseespiritual e intelectual do nosso tempo pois a muacutesica para ele eacute um espelhodcpresente

A muacutesica moderna cultivada por importantes e ilustro) muacutesicosdesde seacuteculos existe apenas para um diminuto ciacuterculo de intressados queviaja e eacute sempre o mesmo em toda parte Natildeo Odigo de manra iroacutenica maseacute que sinto realmente isso como o sintoma de um colapsoue natildeo eacute simplesde ser entendido e explicado Pois quando a muacutesica se spura de seu puacuteblicoisto natildeo eacute culpa nem da muacutesica nem do puacuteblico (HarJncourt 1988 p25)

Embora o autor natildeo se refira nesse momento agrave muacute~a popular como tambeacutemrefletindo a crise de nosso tempoela sem duacutevida - ainl que de maneira diferente

82 I

sofre consequumlecircncias desse processo Ado tambeacute~ a questatildeo da muacutesica popul~r em ~~ cltad nas paacuteginas seguintes abordaculturais do seacuteculo Xx rtlculaccedilao com as caracteriacutesticas soacutecio-

Harnoncourt (p27-28) assinala tambeacute sena contemporacircnea lev m que o dIstancIamento da m

ou ao culto da muacutesica d USlcacompreender verdadeiramente essa m o passado soacute que natildeo podemos

t USlca Ja que I fi ~ ou ras epocas Ou seja podem e a 01 lelta para pessoas d os aproXImar-nos d e

e emoclOnms mas perdemos seu conteuacuted e seus componentes esteacuteticos

Adorno (I 975) tambeacutem analisa a sit o ~ no s~culo Xx Considera que na atualid~~~aoh~amUSIca no contexto do OcidentemusIca ao qual corresponde um ~um processo de fetichizaccedilatildeo da

E a regressao da audi ~ntre as causas de ft tichi7 accedilatildeo da ccedilao

comportamento valorativo em con~s mUSIca Adorno cita a mudanccedila deq I equencla das influecirc d

ua o cnteno de julgamento eacute o fato de a ~ nClaS o mercado a partir doe gostar de um disco de sucesso eacute q canccedilao de sucesso ser conhecida de todos

Adorno observa ainda qu uase o me~m~ que reconhececirc-lo (p 173)d e a mUSIca II

estma-se ao descarte raacutepido e p gelra e toda a muacutesica de consumoP roporclOna entret

orem apenas para ao mesmo t emmento atrativo e pra7 erp empo recusar os vai ~

ara o autor contudo ao inveacutesd ores que concede (p174)~escartavel contribui para o emudecimnentretenImento legiacutetimo essa muacutesicahnguagem como meio de expressatildeo e im to d~ homens levando agrave morte a

A consequumlecircncia desse pro possIbJlItando a comunicaccedilatildeode fal I cesso segundo Adorno ~ ar rea mente tambeacutem ningueacutem eacute ca az e que se ningueacutem eacute capaz

nao dar atenccedilatildeo ao que ouvem dura t p de OUVIr - as pessoas aprenderam aco d n e mesmo opraacute dnVertl o em consumidor passivo d _ pno ato e ouvir O ouvintemomentos isolados de prazer send per e a noccedilao do todo e usufrui apenas d~funccedilatildeo criacutetica (p176) o que esses momentos parciais jaacute natildeo exerdem

A negaccedilatildeo dos valores dos sentidos na o bull

transformou-se segundo Ad mUSIca ascetlCa do seacuteculo XXA art l orno em caracteriacutestica e b d

e 1ge1ra e agradaacutevel serla ape an eIra da arte avanccediladad d nas um suc d

ver a elro prazer dos sentidos e aneo superficial ilusoacuterio do

_A nOVa etapa da con~ciecircncia m ngaccedilao e rejeiccedilatildeo do prazer no pr uSlcal das massas se define pelatao diferente das canccedilotildees de opno prazer ( ) A muacutesica de ScoenbergCOIl1 elas natildeo eacute degustada nagrave~upc~seos apdresenta em todo caso uma analogi~

Ad er esfrutada (Add middot orno Identifica tambeacutem a Ccedil d ~ orno 1975 pI77)

Iverso f prolun a clsao emnunca ralmiddotIPos de muacutes~ca pois segundo ele desde FlauntaOMss~ t~mpo entre os- s se conseguIu re ------- aalca de Mo rtsena h 000 o ynlr mUSIca sena e muacutesic I----_-__~ z~

degJe uma caracteriacutestica de todos o f d a Ig~I~~ A banahdade contudos IpOS e mUSIca e as leis de mercado

83 (

r

afetariamlgualmente a muacutesica seacuteria e a muacutesica ligeira A partir daiacute a apreciaccedilatildeoda muacutesica seria substituiacuteda pelo culto aos fetiches (Adorno 1975 p 178)

r- Adorno assinala os princip-ais fetIchesmiddotquepatildessam assim a dominar a muacutesicao princiacutepio do estrelato (que afeta todos os ramos de alto virtuosi~mo teacutecnicosobretudo o da voiIiumagravena os grandes mestres os best sellers os mstrumentosmusicais de marca consagrada etc) a caracteriacutestica de l1ercadltgtria que eacute atribuiacuteda

I agrave proacutepria muacutesica e a todo um mercado de consumo em torno dela necessaacuterioI para que se possa ouvir muacutesica _ ~ O autor considera que o processo atual de etlChIZaccedilao da mUSIca lIgado atroca de valores autecircnticos de significaccedilatildeo por valores de mercado envolve amanipulaccedilatildeo comercial tanto da muacutesica claacutessica quanto da muacutesica ligeiraeliminando qualquer distinccedilatildeo legiacutetima entre as duas banalizando a ambas

A atual utilizaccedilatildeo da muacutesica com funccedilatildeo propagandiacutestica eacute tambeacutem assinaladapelo autor como decorrecircncia do processo de transformaccedilatildeo de muacutesica emmercadoria e do seu consequumlente despojamento de valores intriacutensecos

Adorno identifica a partir da anaacutelise dos aspectos acima mencionados amodificaccedilatildeo da funccedilatildeo da muacutesica em nossa sociedade atingindo os proacuteprios

fundamentos da relaccedilatildeo entre arte e sociedadeA praacutetica de arranjos de muacutesicas claacutessicas buscando tornaacute-la facilmente

assimilaacutevel eacute um processo de degradaccedilatildeo segundo o autor que suprime agrave muacutesicasuas caracteriacutesticas originais (e contextuais) Contrariamente Schurmann que seraacutecitado a seguir considera que a praacutetica amadoriacutestica de versotildees simplificadas eacutefavorecedora de maior envolvimento com o puacuteblico e de comunicabilidade

Segundo Adorno a praacutetica dos arranjos toma emprestada a exigecircnciade niacutevel e qualidade dos bens da cultura poreacutem transforma-os em objetos deentretenimento do tipo das muacutesicas de sucesso (p185)

A verdadeira muacutesica estaria assim num processo de desaparecimentocrescente ateacute mesmo porque segundo ele o processo de fetichizaccedilatildeo invadeateacute mesmo a muacutesica supostamente seacuteria que mobiliza o paacutethos da distacircncia

contra o entretenimento elevado (p185)r A barbaacuterie da perfeiccedilatildeo associada agrave necessidade de uma disciplina absolutamente feacuterrea gera um novo fetiche - o aparato como tal a interpretaccedilatildeoi perfeita e sem defeito que conserva a obra agraves custas do preccedilo de sua coisificaccedilatildeo

definitiva (Adorno 1975 pl86)~ O autor associa o domiacutenio dos novos maestros - tambeacutem de caraacuteter fetichista - aopoderio de um governante totalitaacuterio e situa-o tambeacutem no acircmbito do culto ao aparato~ A degradaccedilatildeo da muacutesica contudo segundo sua avaliaccedilatildeo soacute se tomou

possiacutevel porque o puacuteblico natildeo lhe opocircs resistecircncia forccedilando as barreiras que lhe

satildeo impostas pelo mercado

84

Ao processo de fetichizaccedilatildeo acima descrito sucintamente correspondeum pr~cesso de regressatildeo da audiccedilatildeo pois segundo Adorno a audiccedilatildeo modernaregredIU e permaneceu num estado infantil

O primitivismo de tal audiccedilatildeo natildeo eacute segundo Adorno caracteriacutestico dos natildeodesenvolvidos e sim dos que foram privados violentamente da sua liberdade Aregress~o se~u~~o ele eacute tatildeo gritante que constata-se ateacute mesmo uma regressatildeoquanto a possIbIhdade de uma outra muacutesica oposta a essa atual muacutesica de massasdeixando morrer a possibilidade de algo melhor

Apesar dos modos de ouvir tiacutepicos das massas atuais natildeo serem consideradosa~solutamente novos por Adorno eles tecircm em comum o fato de que nada do queatmge o OUVIdo foge do esquema de apropriaccedilatildeo de valores

Adorno relaciona a audiccedilatildeo regressiva agrave produccedilatildeo atraveacutes do mecanismode dlfu~atildeo o que se~ndo ele acontece precisamente atraveacutes da propaganda levando~~ ouvmtes e consumIdores a um processo de identificaccedilatildeo com o produto que lhese Imposto fazendo-os necessitar e exigir exatamente tal produto O sentimento deimpot~ncia diante de talmecanismo opressor furtivamente toma conta do puacuteblicoque nao consegue subtraIr-se agrave produccedilatildeo monopolista e sucumbe dominado

Novos modos de comportamento perceptivo satildeo entatildeo desenvolvidos e adesconcentraccedilatilde ~ o meio atraveacutes do qual segundo Adorno se prepaa oesquecer e omiddot rapdo recordar da muacutesica de massas (p 190)

A ipercepccedilatildeo de filmes ou muacutesicas em estado de distraccedilatildeo - ou dedesconcentraccedilatildeo - eacute assinalada pelo autor91e considera a partir de talcomportamento Impossiacutevel a apreensatildeo da totalidadeecircie tais obras

Do processo de desconcentraccedilatildeo e de incapacidade de apreender atotahdade decorre um desvio da atenccedilatildeo de tal forma que desse processo deframentaccedilatildeo d~ percepccedilatildeo (audiccedilatildeo atomiacutestica) se inaugura um deslocamentodo I~~eresse mUSIcal para determinados atrativos particulares como determinadashabIhdades acrobaacuteticas instrumentais ou diversos coloridos instrumentais

A passividade dos ouvintes e outra consequumlecircncia segundo Adorno doprocesso de regressatildeo auditiva Esses ouvintes satildeo classificados pelo autor ementu~lastas (que escrevem cartas de estiacutemulo agraves estaccedilotildees de raacutedio e agraves orquestrass~rvmdo com seu entusiasmo de propaganda da mercadoria que consomem)d~hge~tes (que se retiram do movimento e se ocupam com a muacutesica na pazSilenCiOsa de seus quartos) entendidos (que em toda parte se sentem atilde vontadee tecircm capacidade para tudo inclusive tocar jazz mecanicamente para os outrosdanccedila - rem ou sao pentos em audIccedilatildeo capazes de identificar cada banda e seaprofundar na histoacuteria do jazz como se fosse a histoacuteria sagrada) Os ouvintes regressivos segundo o autor tecircm em comum a perda daindiVidualidade e a alienaccedilatildeo expressa pela despolitizaccedilatildeo que lhes permlte serem

85

escravos dos ditames do sistemaA aparecircncia ilusoacuteria corresponde ao falso encantamento oferecido pela

atual muacutesica de massas destinada a ser objeto de consumo e por isso mesmodesprovida segundo o autor de caracteriacutesticas efetivamente artiacutesticas Aleacutem domais essa muacutesica eacute tambeacutem desprovida de inovaccedilotildees teacutecnicas segundo Adornoela se limita a copiar o que a muacutesica seacuteria realizou em Brahms ou Wagner tirando-lhe contudo a autenticidade e o vigor ~ r I _

A muacutesica nova e radical que tem como seusaraut~representa segundo Adorno uma tentativa de resistecircncia consciente agraveexpenenciada audiccedilatildeo regressiva O individualismo atribuido a esses autores com caratermuitas vezes pejorativo representa contudo a possibilidade de salvaccedilatildeo poissomente individuos satildeo capazes de reagir agrave forccedila massificadora

Outro autor que se deteacutem em examinar a situaccedilatildeo da muacutesica na quartaidade eacute Ernst Schurmann (1989)

Schurmann assinala o final do seacuteculo XIX como o momento em que asmanifestaccedilotildees musicais assumem definitivamente a forma de produccedilatildeo econsumo de uma mercadoria chamada arte servindo de alimento ideoloacutegicoindispensaacutevel agrave burguesia Os muacutesicos produtores desta arte - os compositores- ficaram incumbidos de fornecer obras sempre novas e mais convincentes noacircmbito do universo ideoloacutegico musical (p 173)

Em funccedilatildeo da divisatildeo social do trabalho segundo o autor estes compositorespassaram a ter a incumbecircncia apenas de produzir os projetos de tais obras Aexecuccedilatildeo passou agrave responsabilidade de outros muacutesicos especializados narealizaccedilatildeo propriamente sonora das mesmas (p 173)

Schurmann assinala ainda o alto grau de perfeiccedilatildeo e detalhamento da grafiamusical de forma a permitir interpretaccedilotildees exatas Inteacuterpretes e compositores queobtenham ecircxito passam segundo o autor a ser consideradas gecircnios e seutrabalho desenvolve-se de forma inteiramente individual natildeo restando mais nadada praduccedilatildeo coletiva que havia caracterizado eacutepocas mais remotas

A passagem para o seacuteculo XX eacute registrada por Schurmann como uma eacutepocade crise em que o sistema tonal passa a ser questionado surgindo direcionamentosnovos e contraditoacuterios entre si como reaccedilatildeo agrave linguagem musical baseada no sistematonal e agrave alienaccedilatildeo implicada no universo ilusoacuterio por ela criado

r- Entre os novos direcionamentos surgidos o autor assinala aquele aberto porSchotildeenberg que segundo ele visava a abrir novas perspectivas que garan tissemo continuismo da supremacia musical natildeo apenas da cultura burguesa mas

_especificamente da cultura germacircnica (p175f Schurmann considera contrariamente agrave visatildeo hegemocircnica de Schotildeenberg

que essa supressatildeo de hierarquia corresponde aos ideais democraacuteticos da eacutepoca

e que(lS estruturas dodecafocircnicas passaram a realizar no universo do espaccedilomeacutelico uma perfeita liberdade e igualdade que na realidade poliacutetica natildeopassava de mera utopia (p176)

O autor considera natural por isso que a burguesia natildeo tenha aceito essamuacutesica tendo em vista a natural aversatildeo desta classe social aos movimentos poliacuteticosde esquerda (tal como ocorreu com as pinturas cubista e abstracionista)

A inaceitaccedilatildeo pelo puacuteblico das produccedilotildees musicais baseadas no sistemamusical dodecafocircnico ou decorrentes do mesmo e a diminuiccedilatildeo de produccedilatildeo denovas obras tonais levou ao culto do passado dos grandes mestres e agrave crescente

- importacircncia do inteacuterprete em detrimento do compositorOutras decorrecircncias desse processo seriam segundo Schurmann a

supervalorizaccedilatildeo das execuccedilotildees das obras-primas realizadas profissionalmente soba forma de espetaacuteculos ou concertos e o abandono dos atos de musicar (praacuteticaamadoristica de versotildees simplificadas de obras musicais que ainda no iniacutecio doseacuteculo XIX Beethoven providenciava para suas obras) tornando a muacutesica denosso seacuteculo em objeto de consumo passivo O autor assinala a acentuaccedilatildeo desseprocesso em consequecircncia do desenvolvimento das teacutecnicas envolvidas nasgravaccedilotildees fonograacuteficas no raacutedio e na televisatildeo

Schurmann considera contudo que as manifestaccedilotildees acima descritas satildeosintomas de crise cultural e decadecircncia embora talvez seja mais apropriado segundoele delinear uma crise cultural burguesa ao inveacutes de uma crise geral

Na aacuterea rural sobretudo Schurmann identifica um menor acesso aoexerciacutecio da dominaccedilatildeo cultural e uma notaacutevel fidelidade agraves tradiccedilotildees Asmanifestaccedilotildees musicais envolvidas em festas folcloacutericas (como a Festa do Divinoou a Festa dos Santos Reis) se caracterizariam segundo ele pelo seu valor deutilidade como meio necessaacuterio agrave efetivaccedilatildeo de certas relaccedilotildees sociais

Natildeo haacute duacutevida de que as estruturas musicais que nessasmanifestaccedilotildees se associam ora a praacuteticas rituais ora a atividades de trabalhoe ora ao contar de estoacuterias embora praticadas em atendimento anecessidades inteiramente autoacutectones natildeo poderiam ficar totalmente isentasdas influecircncias exercidas pelos princiacutepios que vigoram na muacutesica daburguesia urbana Verifica-se neste sentido que as classes populares ruraispassaram a reproduzir agrave sua maneira as formaccedilotildees tonais da culturadominante (Schurmann 1989 p 179)

A simplificaccedilatildeo harmocircnica extrema dessas manifestaccedilotildees musicais seriareflexo da desvinculaccedilatildeo da linguagem de um universo ilusoacuterio de denotaccedilotildees deforma que os acordes perderiam (total ou parcialmente) a funccedilatildeo linguumliacutestica

Essa aplicaccedilatildeo simplificada do sistema tonal verifica-se tambeacutem segundoSchurmann no acircmbito das manifestaccedilotildees musicais proacuteprias agrave cultura urbana

popularesca como eacute o caso no Brasil da modinha do lundu do tango brasileirodo choro e de vaacuterias manifestaccedilotildees vinculadas ao carnaval

O autor assinala ainda que embora a muacutesica caipira e a muacutesica urbanapopularesca adotem procedimentos musicais semelhantes (como a simplificaccedilatildeoda harmonia tonal) a primeira devido agraves suas caracteriacutesticas de produccedilatildeo e deapropriaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo se esgota na qualidade de valor de usoenquanto a segunda absorvida pelo sistema de mercado capitalista qualifica-sepor seu valor de troca (p 180)

Schurmann observa que a muacutesica urbana popularesca como mercadoria eacuteconsumida natildeo soacute por um puacuteblico de elite numericamente reduzidQl mas por grandesmassas da populaccedilatildeo urbana sujeitas a um processo de monopoacutelio na produccedilatildeo edistribuiccedilatildeo de tal mercadoria pelas grandes empresas que controlam esses meios

r A cultura de massa decorrente desse processo sujeita aos ditames dainduacutestria cultural desenvolve desmedidamente a tendecircncia de apenas~onsumir em detrimento de um autecircntico ato de mur (p 181)

A massificaccedilatildeo atraveacutes da muacutesica revela-se segundo o mesmo autor comoum poderoso instrumento da dominaccedilatildeo cultural refreando o desenvolvimentonatural da cultura popular impedindo que esta adquira a potencialidade de contribuirefetivamente para a emancipaccedilatildeo das classes populares

Outro fato importante assinalado por Schurmann eacute o processo de exploraccedilatildeocultural ligado ao fato de a induacutestria cultural para poder produzir os seusprodutos de faacutecil acesso agraves massas populares tem necessariamente de lanccedilarmatildeo do manancial da cultura popular (p 181) A proacutepria pesquisa sobre ofolclore segundo ele se coloca atraveacutes das instituiccedilotildees que as desenvolvem naposiccedilatildeo de oferecer agraves classes dominantes produtos culturais autenticamentepopulares que possam ser devidamente manipulados pela induacutestria cultural

Schurmann adota o termo muacutesica de consumo para designar a totalidadedos produtos musicais que as mass miacutedia veiculam para o consumo demassa incluindo portanto aquela produccedilatildeo que habitualmente eacute chamadade muacutesica popular (p 182) O autor registra seu repuacutedio aos termos muacutesicapopular e muacutesica folcloacuterica o primeiro por camuflar o processo de dominaccedilatildeocultural inerente a tal tipo de produccedilatildeo (Schurmann considera-o adequado a designarmanifestaccedilotildees musicais autecircnticas das classes populares como a muacutesica caipira)o segundo por estar o termo muacutesica folcloacuterica demasiadamente ligado ao processode exploraccedilatildeo cultural

A capacidade de absorver as mais diversas manifestaccedilotildees musicais eacute umacaracteriacutestica importante da induacutestria cultural assinalada por Schurmann Entreos exemplos dessa absorccedilatildeo citados pelo autor podemos mencionar 1) areproduccedilatildeo dos temas mais conhecidos da claacutessica muacutesica tonal burguesa

88

destinando-se a um consumo que apela apenas para a fruiccedilatildeo epideacutermica(p 183) 2) manipulaccedilatildeo de teacutecnicas desenvolvidas pela vanguarda musicalburguesa mediante a utilizaccedilatildeo e o abuso de meios eletrocircnicos lembrando asexperiecircncias de muacutesica concreta da deacutecada de 40 - tudo isso tratado de forma aproporcionar um consumo faacutecil isento de qualquer exigecircncia de participaccedilatildeointerpretativa por parte do ouvinte 3) a absorccedilatildeo na muacutesica de consumo de certaspraacuteticas originalmente surgidas agrave margem da induacutestria cultural (como eacute o caso dosatos de musicar praticados por alguns intelectuais que levaram agrave elaboraccedilatildeo detrajetoacuterias musicais depois cooptadas com o nome de ltbossa nova)

O consumo de muacutesica segundo Schurmann tende a processar-se emregime de tempo integral como se qualquer instante em que natildeo estivessepresente esse consumo representasse um tempo perdido ( p184) O homemmassificado sem nenhum outro objetivo que o de consumir adquiriu um horror aosilecircncio e busca preencher esse vazio com os produtos que a induacutestria cultural lheoferece

Finalmente Schurmann registra que a partir da pressatildeo cada vez maior dainduacutestria cultural a cultura de massa assume a funccedilatildeo de dominaccedilatildeo culturallevando agrave marginalizaccedilatildeo a antiga cultura dominante

A busca de novas perspectivas deve partir da procura de reconduzir aosautecircnticos atos de musicar que segundo o autoraniacutevel decomunicaccedilatildeo socialpodem ser produzidos com a mesma facilidade que os atos de fala e quepossibilitaratildeo agrave muacutesica tomar a adquirir a capacidade de efetivamente contribuirpossivelmente sob a forma de uma nova linguagem musical para a qualidade devida social (p186)

Passando ao exame das funccedilotildees sociais da muacutesica na quarta idade agrave luz dacategorizaccedilatildeo de Merriam fazem-se necessaacuterias algumas consideraccedilotildees preliminares

Inicialmente cabe assinalar que a quarta idade da muacutesica conteacutem algumascaracteristicas que lhe satildeo absolutamente exclusivas ou seja que natildeo se encontramnas trecircs idades anteriores A esse respeito jaacute foi citada a posiccedilatildeo de diversos autoresassinalando uma mudanccedila de funccedilatildeo da muacutesica no contexto do seacuteculo XX

Eacute preciso tambeacutem ressaltar a forte e niacutetida separaccedilatildeo que na quarta idadeafasta os diversos tipos de muacutesica Adotaremos aqui a nomenclatura utilizada porHamoncourt (1988) e jaacute citada anteriormente - Iluacutesica popular referente agravequelamuacutesica criada por autor conhecido predominantemente numa linguagem natildeo eruditae Com frequumlecircncia dependente dos meios de comunicaccedilatildeo de massa para suadifusatildeo musica folcloacuterica referente agrave muacutesica oralmente transmitida cuja autoriaeacute desconhecida e muacute~i~~seacuteria designando a muacutesica derivada da tradiccedilatildeo cultaeuropeacuteia Sentimos necessidade de acrescentar a categoria Iluacutesica de massastomando a denominaccedilatildeo emprestada a Adorno por considerarmos imprescindiacutevel

89r

diferenccedilar a muacutesica decorrente da accedilatildeo da induacutestria cultural daquela muacutesica popularautecircntica ainda que esta uacuteltima seja cada vez mais rara Consideramos incluiacutedana categoria muacutesica de massas aquela m~sica denominada por Adorno demuacutesica ligeira por ser tambeacutem ela fruto da manipulaccedilatildeo da induacutestria cultural

Certamente que essa compartimentaccedilatildeo da muacutesica eacute discutiacute~el e abrangemuitas imprecisotildees e alguns argumentos jaacute foram apresentados anteriorynentenesse sentidOtilde-Contudo sua utilizaccedilatildeo aqui com essa ressalva se faz uacutetil ao

desenvolvimento e ordenaccedilatildeo do assunto Eacute preciso ainda esclarecer que seraacute dada ecircnfase agrave muacutesica seria natildeo por

ser a mais importantei mas pelas caracteristicas deste trabalho Um detalhamentodas funccedilotildees da musica folcloacuterica da popular ou da muacutesica de massas seria temapara um outro trabalho exigindo aprofundamento em literatura especiacutefica - oque reflete uma compartimentaccedilatildeo da proacutepria bibliografia

Seratildeo portanto apesar da importacircncia dessas outras categorias de muacutesicaabordadas apenas de passagem em suas caracteristicas e em seus exemplosmais evidentes sem que essa centralizaccedilatildeo na muacutesica seacuteria implique em qualquerjuizo de valor o _o -o ---

Harnoncourt (1988) levanta a perguntaI por que haacute atualmente de um lado uma muacutesica popular que

I desempenha na vida cultural um papel tatildeo importante mas nenhuma uacutesical seacuteria contemporacircnea de outro representando algum papel (p25)

- Essa pergunta aqui repetida serve para demonstrar que natildeo se pretendeatribuir valor apenas agrave muacutesica seacuteria mas enfocaacute-la prioritariamente em funccedilatildeo da

necessidade de delimitar a pesquisa

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Harnoncourt (1988) natildeo se refere diretamente agrave expressatildeo emocional masindiretamente abordando a relaccedilatildeo muacutesica e vida e enfocando o desempenho deum papel significativo pela muacutesica na vida cultural o autor sugere que estafunccedilatildeo - a de expressatildeo emocional - estaria mais presente na muacutesica popular e na

folcloacuterica sobretudo na primeiraSegundo Harnoncourt (1988) na muacutesica popular encontram-se vaacuterios

aspectos da antiga compreensatildeo musical tais como a unidade canto-poesia (quefoi tatildeo importante nos primoacuterdios da muacutesica) a unidade ouvinte-artista e a unidademuacutesica-tempo - a muacutesica popular nunca tem mais de uns cinco ou dez anosportanto eacute parte integrante do presente ( ) a muacutesica popular eacute atualmente

uma parte essencial da vida (p25)

A muacutesica seacuteria ao contraacuterio segundo o autor natildeo desempenha papel algumna vida atual tendo inclusive se afastado do puacuteblico - que em resposta buscoua muacutesica de outros tempos (cabe observar contudo que a concepccedilatildeo de revivera muacutesica histoacuterica eacute recente emergindo a partir do seacuteculo passado) Na anaacutelise deHarnoncourt a funccedilatildeo de expressatildeo emocional parece ausente na muacutesica seacuteriado seacuteculo xx

Esta eacute tambeacutem a posiccedilatildeo de Leuchter (1946) que no capiacutetulo denominadoA reaccedilatildeo contra a concepccedilatildeo romacircntica considera a muacutesica do movimentoanti-romacircntico do seacuteculo xx - a nova objetividade - como oposiccedilatildeo aosubjetivismo romacircntico resultando na eliminaccedilatildeo de toda classe de impulsoextramusical quer seja idealista sentimental ou realista (p169)

Tambeacuteem Abraham (1986) tratando do serialismo total tendecircncia que sealinha entre as vanguardistas exclui a funccedilatildeo de expressatildeo emocional bem comoa de comunicaccedilatildeo que seraacute tratada adiante considerando-o como puroconstrutivismo sem a menor consideraccedilatildeo com o ouvinte (p841) A mesmaconsideraccedilatildeo seria aplicaacutevel segundo o autor ao dodecafonismo ao serialismoem geral e a outras tendecircncias contemporacircneas

Adorno (1975) considera que todaa muacutesica ligeira e de cOIsumo (aqui incluiacutedasna categoria muacutesica de massas) estatildeo destituiacutedas da possibilidade de servir comoentretenimento contribuindo para o emudecimento dos homens para a morte dalinguagem como expressatildeo para a incapacidade de comunicaccedilatildeo (p 174) Oprazer que essa muacutesica pode propiciar eacute segundo o autor superficial e negadordos verdadetros valores Tal muacutesica atraveacutes da anaacutelise de Adorno aparece-nosisenta de uma legiacutetima funccedilatildeo de expressatildeo emocional

A muacutesica nova e radical (muacutesica seacuteria vanguardista) eacute apontada por Adornocomo a forma por excelecircncia de expressatildeo emocional na muacutesica do seacuteculo xxO autor considera que a aversatildeo e o medo que elas despertam natildeo eacute fruto de suaincompreensibilidade mas exatamente do fato de serem demasiadamente bemcompreendidas~

As manifestaccedilotildees musicais rurais populares ou folcloacutericas no Brasilaparecem segundo Schurmann (1989) como um outro exemplo de expressatildeo deemoccedilotildees uma vez que tal muacutesica interrelaciona atividades de subsistecircncia econcepccedilotildees religiosas vigentes As manifestaccedilotildees musicais daiacute derivadas associamshyse segundo o autor ora a praacuteticas rituais ora a atividades de trabalho ora aocontar de estoacuterias ( como os cantadores nordestinos) A expressatildeo emocional dopovo encontraria vazatildeo atraveacutes dessas praacuteticas musicais O autor observa aindaque as manifestaccedilotildees musicais rurais enquadradas pela induacutestria cultural sofremdeformaccedilotildees que descaracterizam seu sentido original

91

Aula
Nota
0410 Manu e Dimas (5 primeiras)

Wiora (1961) conforme jaacute referido considera a restriccedilatildeo de funccedilotildees damuacutesica na quarta idade (o que inclui a funccedilatildeo de expressatildeo emocional talvez amais primitiva de todas) pois segundo ele a muacutesica do seacuteculo XX perdeu aparticipaccedilatildeo em relaccedilotildees gerais como O serviccedilo divino a paacutetria o estilo etc

- A citaccedilatildeo de Stravinsky por Wiora tambeacutem jaacute referida parece reforccedilar aexclusatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emocional na muacutesica da quarta idade quando ocompositor afirma que a muacutesica e incapaz por sua natureza de exprimir qualquercoisa que seja inclusive sentimento

Eacute ainda Wiora quem exclui a muacutesica de vanguarda no seacuteculo XX dafunccedilatildeo de expressatildeo emocional quando afirma que ao adotar estrutu~a~de ificilpercepccedilotildees essa muacutesica se dessensibiliza perde seu caraacuteter de esp1Tltuahdad~

torna-se muacutesica de papel afastada do puacuteblico O construtivismo e as demaIsteacutecnicas dessa muacutesica tambeacutem seriam segundo o autor fatores que levariam agraveartificializaccedilatildeo e agrave inexpressividade da muacutesica

Menuhin (1961) transcreve um diaacutelogo com Aaron Copland que reforccedila aquestatildeo da incompreensibilidade da muacutesica seacuteria de vanguarda o queprovavelmente compromete a funccedilatildeo de expressatildeo emOCIOnal Menuhm nessediaacutelogo declara que nagraveo consegue captar inteiramente certos trabalhoscontemporacircneos mesmo apoacutes escutaacute-los duas ou trecircs vezes (p260) Coplandafirma o mesmo

Tambeacutem ao considerara muacutesica eletrotildenica Menuhin exclui a funccedilatildeo de expressatildeoemocional considerando-a incapaz de transmitirum impulso vibrante (p268)

As tendecircncias massificadoras na muacutesica da quarta idade satildeo para Wiora(1961) fatores de exclusatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emocional na muacutesicacontemporacircnea Em contrapartida as composiccedilotildees em que se deixa uma gr~nde

liberdade ao inteacuterprete tal como a muacutesica aleatoacuteria seriam para o autor tentatIvasde resgatar os valores humanos (entre os quais se inclui a emoccedilatildeo I~giacutetima)

No capiacutetulo em que trata do Conteuacutedo e Forma na arte FIscher (sd)dedica uma parte agrave muacutesica Em sua abordagem ele considera que o conteuacutedo e aforma musicais satildeo diretamente ligados ao momento histoacuterico que os circundasendo que conteuacutedo e forma em muacutesica para Fischer se acham tatildeoreciprocamente interpenetrados que dificilmente podem ser separados (p22)Nesse sentido sendo conteuacutedo e forma social e historicamente vinculados podenamosentender que a muacutesica - mesmo a muacutesica seacuteria de vanguarda distante do puacuteblico- expressaria os anseios anguacutestias emoccedilotildees enfim os sentimentos de sua eacutepoca

Fischer considera contudo que a muacutesica contemporacircnea passa por umprocesso de excessiva valorizaccedilatildeo da forma sendo um dos aspectos dessaformalizaccedilatildeo a remoccedilatildeo forccedilada de todo calor e sentimento ( ) a frieza e ointelectualismo pseudo-religioso de certa muacutesica moderna seu retorno

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artifiCiai a elementos sacros profundamente incompatiacuteveis com o conteuacutedode nossa eacutepoca satildeo sintomas de extrema alienaccedilatildeo (p224)

Para Fischer a muacutesica moderna em geral nada tem a ver com a expressatildeodos sentimentos e se limita a um puro jogo formal

Beltrando-Patier (1982) contudo apresenta uma referecircncia a Jolivet quecontradiz a opiniatildeo de Fischer Em Jolivet tudo soa de maneira encantatoacuteriacomo uma imensa prece pagatilde um tanto selvagem um tanto liacuterica (p60S) Esegue citando palavras do proacuteprio Joivet Eu estou cada vez mais persuadido() que a missatildeo da muacutesica eacute humana e religiosa (no sentido de religare) Eacute precisd efetivamente religar o homem ao cosmos (p60S) ~

A muacutesica para cinema que Menuhin (1981) aprecia no uacuteltimo capiacutetulo deseu livro parece poder ser incluiacuteda no acircmbito da expressatildeo emocional Aelaboraccedilatildeo do desenho animado Fantasia por Stokovsky e Walt Disney seiaexemplo de uma das obras-primas do gecircnero (p2S1)

Cabe ainda uma referecircncia agrave produccedilatildeo de muacutesica de inspiraccedilatildeo religiosaproduccedilatildeo essa restrita na quarta idade sobretudo se comparada agrave de eacutepocaspassadas - como o periacuteodo medieval ou a Renascenccedila por exemplo Eacute interessanteregistrar aqui embora possa ser questionaacutevel enquanto funccedilatildeo de expressatildeoemocional o comentaacuterio de Abraham (1986) agrave Sinfonia dos Salmos deStravinsky que o autor considera como uma das mais impressionantes provas dareligiosidade do compositor conseguindo um efeito de hipnose miacutestica incomparaacutevel(p818)

Se pode ser discutiacutevel o efeito de hipnose miacutestica como expressatildeoemocional do puacuteblico o exemplo parece apontar indiscutivelmente para a expressatildeoemocional do compositor imbuiacutedo de religiosidade E talvez essa seja a principalcaracteriacutestica da muacutesica religiosa do seacuteculo XX composta para ser espetaacuteculode concerto e natildeo para despertar sentimentos religiosos no puacuteblico ou canalizarsua expressatildeo servindo para veicular a emoccedilatildeo religiosa de quem a compocircs

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

A muacutesica seacuteria composta no seacuteculo XX como jaacute tem sido assinaladoaqui em consideraccedilotildees anteriores encontra-se afastada do puacuteblico e no entenderde autores como Harnoncourt Fischer ou Wiora ela eacessiacutevel apenas a umpequeno grupo de conhecedores experientes A apreciaccedilatildeo esteacutetica dessa m~sicanova natildeo eacute faacutecil nem oacutebvia de vez que suas estruturas satildeo de dificil percepccedilatildeo

A esse respeito eacute interessante citar a observaccedilatildeo que Abraham (1986) fazagrave muacutesica eletrotildenica em especial agrave de Stockhausen Eacute duvidoso que um ouvidohumano possa captar as sutiezas riacutetmico-meacutetricas do iniacutecio do Klaverstuumlck

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Ocorreu-me que talvez uma das razotildees por que natildeo gostamos decertas muacutesicas ou de certa arte moderna eacute precisamente o fato de algumasvezes natildeo gostarmos de noacutes mesmos ou do mundo que nos cerca ou denossa sociedade ( middotr-E o mais longo periacuteodo que conhecemos em que amuacutesica considerada impor~ante por alguns foi rejeitada por tantos (p247)

As palavras de Menuhm parecem apontar para a exclusatildeo do prazer esteacuteticopor parte do puacuteblico da muacutesica seacuteria do seacuteculo XX

Adorno (1975) considera que a muacutesica ligeira e a de consumo (muacutesica demassas) proporcionam entretenimento atrativo e prazer mas as considerafundadas em falsos valores conforme jaacute foi exposto anteriormente Ele natildeoexclui dess~~categorias o prazer esteacutetico apen~acha enganoso em virtudeda trocadeval~ porVatildefores provenientes da induacutestria cultural

Na consideraccedilatildeo do autor a muacutesica de Schotildeenberg natildeo pode ser degustada- o que parece excluir dessa muacutesica (e do dodecafonismo em geral e suasvariantes) a funccedilatildeo de prazer esteacutetico A muacutesica seacuteria de vanguarda na abordagemde Adorno tomou-se independente do consumo abrindo matildeo de adotar foacutermulasbanais que a tomariam vendaacutevel agradaacutevel e consequumlentemente alienante edestruidora do individualismo que ela ainda defende

Schurmann (1989) situa a muacutesica serial que inclui a dodecafocircnica e amusica eletrocircnica (ambas incluiacutedas aqui na categoria muacutesica seacuteria) comoamplos espaccedilos para experimentaccedilatildeo musical no contexto da crise cultural doseacuteculo XX Considera tambeacutem que ambas ao romperem radicalmente com otonalismo divorciaram-se do puacuteblico o que exclui a funccedilatildeo de prazer esteacutetico e dealimento ideoloacutegico pois essas correntes natildeo representariam como o tonalismoa ideologia burguesa e o conjunto de relaccedilotildees sociais a ela rel~cionados

Passando ao exame de outra categoria musical segundo anaacutelise dechurmann a mUacutesica caipira se esgota na sua qualidade de valor de uso o

que a~ece exclUI-la da funccedilatildeode prazer esteacutetico Vale lembrar que a muacutesiacutecaCaIpIra a que o autor se refere lllsere-se aqui na categoria muacutesica popular

~churmann enfoca tambeacutem agrave muacutesica popularesca urbana que ele considera~bsorvId~ pelo sistema de mercado capitalista sujeita aos processos de compra e

enda destlnando-se a um consumo nagraveo produtivo e qualijlcando-seportanto sobretudo por seu valor de troca (p 180) Essa muacutesica popularescaurbana a que o autor se refere vincula-se agrave categoria de muacutesica de massas eparece poder ser excluiacuteda da funccedilatildeo de prazer esteacutetico em virtude de relacion~rshyse ~~enas a valores de mercado Esse seria o caso tambeacutem segundo Schurmannda bossa nova b que em ora ongInana de um grupo de Intelectuais da classemedIa canoca que pmtlcavam autentlcos atos de musicar (p184) foi cooptadapela cultura de m d assa que a enommou da forma aCIma refenda

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II Se o prazer esteacutetico relaciona-se em certa medida com a possibilidade deapreender estruturas ele certamente estaria nesse caso comprometido

Wiora (1961) em citaccedilatildeo apresentada anteriormente refere-se ao fato deque mesmo os conhecedores natildeo percebem suficientemente uma seacuterie dodecafotildenicaA apreciaccedilatildeo esteacutetica ficaria provavelmente sacrificada pela ininteligibilidade doselementos na maioria das obras seacuterias contemporacircneas

Eacute preciso contudo ressaltar que tais obras aparecem em caraacuteterabsolutamente minoritaacuterio nos programas de concerto que de qualquer maneiradestinam-se a um puacuteblico muito restrito Os muacutesicos de nossa eacutepoca ao contraacuteriodos muacutesicos de eacutepocas passadas tocam muacutesica de eacutepocas anteriores agrave sua shyenquanto estes uacuteltimos soacute tocavam obras de seus contemporacircneos

Harnoncourt ( 1988 p 27) considera que a consequumlecircncia da dissociaccedilatildeoentre a muacutesica de concerto executada atualmente e a eacutepoca em que vivemos eacuteque chegamos apenas aos componentes esteacuteticos ou emocionais dessas obras do

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passado mas perdemos seu conteuacutedo ou seja as compreendemos realmenteAssim nos deparamos segundo ele no contexto da quarta idade da muacutesica

com uma situaccedilatildeo ineacutedita na histoacuteria da muacutesica As obras seacuterias de nossotempo satildeo de dificil acesso (ou mesmo inacessiacuteveis) do ponto de vista esteacuteticoem virtude de terem rompido com toda a tradiccedilatildeo do passado e desenvolvidonovas estruturas de dificil percepccedilatildeo ou seja prazer esteacutetcCcedilgt que_els_ltl~veIj111

proporcionar vecirc-se sacrificado por sua incompreensLb~de Por outro lado opuacuteblico volta-se para a muacutesica seacuteria do passado cujas e~turas lhe satildeo maisinteligiacuteveis - usufrui delas o prazer esteacutetico mas natildeo atinge seu conteuacutedo cujosignificado pertence a outra eacutepoca

- Leuchter (1946) ~n~li~andoamuacutesica do seacuteculo XX tambeacutem considera quea muacutesica do Expressionismo particularmente representada pelo dodecafonismoresulta dificilmente acessiacutevel Embora o autor considere que em espiacuteritoessa muacutesica tenha identidades com o Romantismo (como pela valorizaccedilatildeo maacuteximada subjetividade ou pela adoccedilatildeo da microforma) ao romper com o tonalismoela renuncia agrave comunicabilidade com o puacuteblico e a toda missatildeo social ficandorestrita a um ciacuterculo de entendidos (p187)

Ao assinalar a inacessibilidade da muacutesica expressionista e sua perda decontato com o puacuteblico Leuchter a exclui (exceto talvez para os poucosentendidos) da funccedilatildeo de prazer esteacutetico Raynor (1981) em referecircncias jaacuteapresentadas neste capiacutetulo reforccedila esse posicionamento o mesmo podendo serdito em relaccedilatildeo a Fischer (sd )

Menuhin (1981) ao abordar as novas correntes musicais do nosso seacuteculofaz algumas afirmativas que oportunamente devem ser citadas quando se enfocaa funccedilatildeo de prazer esteacutetico

Ponto de vista diferente relativo agrave bossa-nova eacute expresso por Joatildeo Gilbertocitado por Brito (1986)

Acho que os cantores devem sentir a muacutesica como esteacutetica senti-la emtermos de poesia e naturalidade Quem canta deveria ser como quem reza oessencial eacute a sensibilidade Muacutesica eacute som E som eacute voz instrumento O cantorteraacute por isso necessidade de saber quando e como deveraacute alongar uma agudoum grave de modo a transmitir com peifeiccedilatildeo a mensagem emocional (p 32)

As observaccedilotildees acima parecem sugerir a funccedilatildeo de expressatildeo emocionale possivelmente a de prazer esteacutetico

Funccedilatildeo de Divertimento

A apreciaccedilatildeo anterior relativa acirc funccedilatildeo de prazer esteacutetico talvez lancealgumas luzes preliminares sobre a questatildeo

A muacutesica seacuteria do seacuteculo XX considerada por todos os autores revistoscomo distante do puacuteblico (exceto de uns poucq~ iniciados) isolada vecirc-se restritaou mesmo isenta de proporcionar prazer esteacutetico e consequentemente algumdivertimento que daiacute pudesse ser decorrente A muacutesica seacuteria dos seacuteculosanteriores notadamente dos seacuteculos XVIII e XIX eacute executada com frequumlecircncianas salas de concerto servindo agrave funccedilatildeo de prazer esteacutetico e possivelmente agrave dedivertimento Mesmo assim para um puacuteblico restrito - mais ou menos restritoconforme a condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica e cultural da sociedade ~considerada

Cabe contudo ressaltar que em ambos os casos (muacutesica seacuteria do seacuteculoXX ou de seacuteculos anteriores) as funccedilotildees de prazer esteacutetico e entretenimento natildeosatildeo necessariamente associadas

A funccedilatildeo de divertimento estaria mais ligada ao acircmbito da muacutesica folcloacutericada muacutesica popular e da muacutesica de massas ainda que de formas diferenciadas

No caso da musica folcloacuterica conforme assinala Schurmann (1989) emcitaccedilatildeo jaacute apresentada ela se acha associada ao cotidiano dos indiviacuteduosrelacionando atividades de subsistecircncia concepccedilotildees religiosas e misticas A danccedila eacutecomwnente associada agraves manifestaccedilotildees musicais folcloacutericas o que permite mesmosem wn maior aprofundamento da questatildeo associaacute-la agrave funccedilatildeo de divertimento

A muacutesica popular cujo protoacutetipo segundo Schurmann seria a muacutesica caipirapode tambeacutem ser relacionada agrave funccedilatildeo de divertimento embora o autor natildeoestabeleccedila tal correlaccedilatildeo Waldenyr Caldas (1987) estabelece claramente a funccedilatildeode divertimento para a muacutesica caipira (p15)

Quanto agrave muacutesica de massas embora se possa agrave primeira vista relacionaacute-laagrave funccedilatildeo de divertimento - danccedila grandes shows com intensa participaccedilatildeopopular veiculaccedilatildeo maciccedila pelos meios de comunicaccedilatildeo etc - eacute preciso ressaltar

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a apreciaccedilatildeo que autores como Adorno e Schurmann apresentam ao divertimentoque ela proporcionar Ambos consideram a muacutesica de massas como forma dealienaccedilatildeo de dominaccedilatildeo e de exploraccedilatildeo cultural Adorno (1975) conforme jaacute foimencionado anteriormente considera que o prazer que essa muacutesica proporcionaeacute ilusoacuterio de vez que fundado em valores apenas de consumo (o que Schurmann[1989J corrobora) prestando-se agrave eliminaccedilatildeo do individuo de sua capacidadecriacutetica de sua percepccedilatildeo da totalidade que o cerca

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

No contexto do seacuteculo XX a comunicaccedilatildeo da muacutesica seacuteria composta nesteseacuteculo vecirc-se bastante restrita fato que jaacute foi explanado em momentos anterioresneste capitulo A ruptura radical com a linguagem anterior do tona1ismo 1evoushya a uma incomunicabilidade com a maioria absoluta da populaccedilatildeo excetotalvez com alguns experts A muacutesica seacuteria dos seacuteculos anteriores realizadacom frequumlecircncia nas salas de concerto atuais tambeacutem eacute de alcance e decomunicaccedilatildeo restritos

Cabe lembrar a observaccedilatildeo que Fischer (sd) faz a esse respeitoquando observa que o virtuosismo que a muacutesica desenvolveu ao afastar-se segundoele da religiatildeo tornou-a exclusiva de um nuacutemero reduzido de ouvintes refinadose que muitas obras importantes de Bach Mozart Beethoven ou Brahms jamai~foram efetivamente populares (p221)

Fischer observa que o formalismo excessivo domina a muacutesica seacuteriacontemporacircnea e que mesmo buscando captar a muacutesica do cosmos a linguagemd~s estrelas dos cristais ou ~os aacutetomose eleacutetrons essa ~uacutesica~bandonao caraacuteterh~o ( ) com expressao de sentlmentos sensaccediloes e Ideias (p 224)

A comunicaccedilatildeo de conteuacutedos histoacuterico-sociais atraveacutes da muacutesica (tal comona Heroacuteica de Beethoven um momento revolucionaacuterio eacute express8raquo vecirc-se limitadona possibilidade de chegar ao puacuteblico uma vez que dificilmente ele assimila a~uacutesi~ s~ria de n~sso tempo E hoje segundo Fischer (sd) quando ouvimos aHerol~~ usufrulmos apenas o nivel esteacutetico pois o conteuacutedo por ser de outra~pocaJa natildeo chega a noacutes Contudo cabe lembrar segundo o autor que mesmoa s~a epoca essa obra de Beethoven escapou agrave compreensatildeo de uma audiecircnciamaIs ampla

Abraham (1986) refere-se agrave muacutesica de vanguarda e agrave incomunicabilidadeao enfocar as muacutes 1 t

Icas e e romca e concreta conSIderadas por ele como desproVIdasde slgmficado (p813)

M Devem-se ressaltar tentativas no seacuteculo XX como a Elegia Violeta paraonsenhor Rom d J

ero e orge Antunes (que busca homenagear o Monsenhor

Sinado em El Salvador) ou a Cantata ao trigeacutesimo aniversaacuterio da morte deassa Lecircnin de Hanns Eisler que Fischer cita (p 213) Outras ha entre as mUSIcas

as referindo-se diretamente a fatos marcantes da histoacuteria do nosso seacuteculo~n mas em todas elas a incomunicabilidade de sua mensagem segundo dIversosautores eacute fator comum

Wiora (1961) refere-se agrave despopularizaccedilatildeo da muacutesica na quarta idade Leuchter(1946) agrave renuacutencia de toda funccedilatildeo social da muacutesica do s~culo ~ ~arnoncourt (1988)afirma que a muacutesica seacuteria de hoje natildeo satisfaz e por ISSO o pubhco se volta p~a amuacutesica histoacuterica A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo acha-se seriamente comprometidasegundo autores aqui referidos na muacutesica seacuteria do seacuteculo XX A

Berio (1981) considera que natildeo existe hoje um contrato socIal u~alllme ehomogecircneo como por exemplo na eacutepoca barroca ou entreo~ Banda-Lllld~emBokassa e que por isso haacute tantos modos de entender mUSIca quantos sao osindiviacuteduos que a ela se dedicam (p9) A

Parece que para o autor a inexiacutestecircncia de um contrato social unalll~e

subjacente agrave muacutesica seacuteria do seacuteculo XX leva a que essa muacutesi~a seja apre~ndI~a

de infinitas maneiras quer seja compreendida ou natildeo Ou seja a comulllcaccedilaonatildeo estaria excluiacuteda mas diversificada

Berio considera que cada um a seu modo todos compreendem a muacutesicaseja ela qual for - o que inclui a muacutesica serial considerada incompreensiacutevel pormuitos (p 14)

Adorno (1975) considera que a rejeiccedilatildeo agrave muacutesica de vanguarda deve-se aofato de ela ser bem compreendida demais Ao expressar o drama de nossa eacutepocaela assustaria Neste caso a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo estaria presente ao contraacuteriodo que Wiora considera quando a denomina muacutesica de papel por estar afastadado puacuteblico

Nas muacutesicas folcloacutericas populares e de massas a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeose faz mais presente ainda que em gradaccedilotildees diversas

A comunicaccedilatildeo de conteuacutedos afetivos sociais religiosos etc pode serconsiderada presente em todas elas sobretudo veiculado pelas letras queapresentam Contudo cabe retomar aqui as consideraccedilotildees de Adorno agrave induacutestriacultural e agrave regressatildeo da audiccedilatildeo

Um exemplo interessante de ser analisado parece ser o que Medaglia (1968)nos oferece quando se refere ao caraacuteter coloquial da narrativa musical na bossashynova (p63) que parece evidentemente apontar para a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Sem duacutevida todos os comentaacuterios anteriormente apresentados agrave muacutesicade massas voltam a ser vaacutelidos neste momento - ela comunica ainda quevalores ditados pela induacutestria cultural ainda que ao preccedilo da alienaccedilatildeo e dafragmentaccedilatildeo do indiviacuteduo

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Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

No acircmbito da muacutesica seacuteria na quarta idade da muacutesica diversos autoresaqui citados assinalam uma mudanccedila de significaccedilatildeo uma perda na participaccedilatildeoem relaccedilotildees gerais e cotidianas o proacuteprio conteuacutedo da muacutesica contemporacircneaeacute muitas vezes discutiacutevel como se depreende das palavras de Berio (I 98 1)referindo-se agrave muacutesica eletrocircnica

() muitos muacutesicos dentre os mais conscientes deram-se conta logoque era tatildeo faacutecil quanto supeacuterfluo produzir sons novos que natildeo fossem oproduto de um pensamento musical assim como hoje eacute faacutecil desenvolver emelhorar as tecnologias da muacutesica eletrocircnica quando elas satildeo desprovidasde profundas e reais razotildees musicais ( p 109)

O risco de que a criatividade cientifica substitua a criatividade musical eacuteassinalado por Berio no que concerne agrave muacutesica eletrocircnica e evidentemente cabea partir daiacute questionar o conteuacutedo musical e o simbolismo dessa muacutesica

A expansatildeo dos limites da muacutesica com a inclusatildeo de novas estruturas enovos materiais sonoros jaacute assinalada aqui anteriormente

hatraveacutes das palavras

de Wiora (1961) natildeo parece corresponder a um aprofundamento de seu conteuacutedode seu significado de seu simbolismo - a muacutesica segundo ele teria recuado ateacuteos limites aleacutem dos quais natildeo haacute propriamente muacutesica ( p 188)

O artificialismo e o tecnicismo o excessivo formalismo a presenccedila detendecircncias eminentemente construtivistas e estruturalistas seriam segundo autorescomo Wiora(1 9oacutel) Abraham (1986) ou Fischer (sd) fatores de esvaziamento damuacutesica contemporacircnea - o que parece comprometer a funccedilatildeo de representaccedilatildeosimboacutelica

As r~s e as transmissotilde~s at~aveacute~ ~e raacutedio e televisatildeo acrescentariamtamb~m a questatildeo de representaccedilao sImbohca o fato da muacutesica transpor asbarreIras do espaccedilo e ser veiculada a pessoas que nem sempre podem assimilaacuteshyla tota~mente A esse respeito cabe ressaltar a intensa participaccedilatildeo quer emgr~va~oesquer em transmissotildees diversas da muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriorescUJ~ SImbolismo natildeo chega ateacute noacutes por natildeo pertencer a nossa eacutepoca a nossarealIdade social

Diversos argumentos a esse respeito jaacute foram apresentados em paacuteginasantenores referindo tu - dI

-se a SI accedilao as sa as de concerto cUJos programas satildeopnontanamen~ede eacutepocas passadas cujo simbolismo natildeo podemos apreender

A teclllcIzaccedilatildeo a desumanizaccedilatildeo satildeo caracteriacutesticas da muacutesicacfudegntmpOracircnea assinaladas por Wiora (I 961 )que sem duacutevida comprometem a

nccedilao de representaccedil- b I E _ ao SIm o Ica m cItaccedilao Ja apresentada o autor menciona

101

retomo artificial a elementos sacros incompatiacuteveis com o conteuacutedo de nossaeacutepoca (p224)

Outro acircngulo da muacutesica da quarta idade a ser enfocado eacute aquele assinaladopor Schurmann( 1989) referindo-se ao aparecimento do dodecafonismo no iniacuteciodo nosso seacuteculo Assim como o autor associa o afloramento do sistema tonal noseacuteculo XVIIl agrave emergecircncia do capitalismo industrial (cujas bases gradativamenteforam lanccediladas na eacutepoca iluminista) ele relaciona o dodecafonismo aos ideaisdemocraacuteticos do iniacutecio do seacuteculo XX Para S~hurmann as estruturasdodecafocircnicas ao pretenderem a rem~ de toda hierarquia propostas pelotonalismo realizariam no universo meacutelico uma perfeita liberdade e igualdadeque na realidade politica ainda natildeo passava de utopia (Schurmann1989 p 176)

A correlaccedilatildeo apontada por Schurmann entre o sistema dodecafocircnico e aideologia critica de natureza democraacutetica proacutexima agravequela preconizadapelos teoacutericos marxistas (p 176) permite identificar na muacutesica dodecafocircnica afunccedilatilde~ de represe~t~ccedilatildeosimboacutelicaexplicando segundo o autor o repuacutedio do puacuteblicoburgues a essa mUSIca Identificada por esse puacuteblico com os movimentos poliacuteticosde esquerda

De certa forma Berio (1981) parece atribuir a toda muacutesica a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica

Na o~ra musical existe sempre uma zona de irrealidade que soacute podes~r apreendida atraveacutes da mediaccedilatildeo de obras assimiladas e experiecircnciasVlvdas com as quais natildeo precisamos necessariamente identificar-nos masque apreendemos e observamos () porque acreditamos que sobre elas mais~ue s~bre outras estaacute colada a histoacuteria e mais livremente somos levados amvesflr nelas talvez a parte melhor e natildeo revelada de noacutes proacuteprios e maisabertalente o nosso inconsciente musical (p 6)

~ ainda Berio quem referindo-se agrave muacutesica eletrocircnica coloca como umdo~ ~alOres problemas musicais do nosso tempo a distacircncia entre as dimensotildeesacustlcas e ~o~ceiacutetual da muacutesica Tal problema parece comprometer no caso damuslc~~e~ron~caas fu~ccedil~es de representaccedilatildeo simboacutelica e de comunicaccedilatildeo (p3 3)

~mblto das musIcas populares e folcloacutericas a funccedilatildeo aqui consideradapa~e~e mais eVIdente sobretudo entre as uacuteltimas que vecircm associadas a temaacuteticasrelIgIOsas ou cotid A t mnas s mUSIcas populares sobretudo atraveacutes de suas letrasenam tambem essa funccedilatildeo

d Quanto agrave muacutesica de massas poder-se-ia caracterizar a ocorrecircncia da funccedilatildeoe representaccedilatildeo b T

(1975) Sl~ o Ica embora fundada segundo Schurmann (1989) e Adornoem valores Ilusoacuteri I d

cultural os ou seja va ores e troca mampulados pela induacutestria

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a ausecircncia de cantos de trabalho nas usinas e a substituiccedilatildeo do sino da igreja quefoi segundo ele siacutembolo de nossa antiga cultura pela sirene das faacutebricas

Harnoncourt (1988) tambeacutem reforccedila a argumentaccedilatildeo em torno doesvaziamento da muacutesica atualmente ao assinalar que ela passa a ter em nossasvidas uma funccedilatildeo meramente decorativa o que segundo ele natildeo seria um problemaexclusivo da muacutesica seacuteria em virtude da accedilatildeo da induacutestria cultural sobre a muacutesicacomo um todo

A unidade entre muacutesica e vida estaria para Harnoncourt ainda presente(embora comprometida) nas muacutesicas populares e folcloacutericas mas inexistente namuacutesica seacuteria A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica tambeacutem nas palavras doautor pode ser depreeendida como ausente na muacutesica seacuteria da quarta idade

O processo de fetichizaccedilatildeo da muacutesica em nosso seacuteculo assinalado porAdorno (1975) relaciona-se ao esvaziamento da funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelicada muacutesica seacuteria realizada em salas de concerto ou difundida atraveacutes de gravaccedilotildeesOs valores de mercado a valorizaccedilatildeo de estrelas (sejam maestros ou inteacuterpretes)seriam indiacutecios para ele da troca dos valores autecircnticos por aqueles ditados pelainduacutestria cultural

Contudo Adorno identifica a muacutesica de vanguarda como um foco deresistecircncia agrave massificaccedilatildeo e ao consideraacute-Ia inaceita em virtude de representar ohorror de nossa eacutepoca ele parece conferir agrave muacutesica dodecafocircnica a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica

Menuhin (1981) apresenta um exemplo que merece ser citado no acircmbito dafunccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica na muacutesica de nosso seacuteculo

Na Alemanha na deacutecada de 20 especialmente o estado de espiacuteritoera quase de histeria um espiacuterito amargo mordaz composto de desiluccedilatildeo enostalgia que a muacutesica de Kurt Weill capta com perfeiccedilatildeo () As partiturasde Weill contecircm algo do espiacuterito caccediloiacutesta da Repuacuteblica de Weimar entre asguerras ( ) ( p248)

As consideraccedilotildees do autor sobre a muacutesica de Kurt Weill parecem indicarque a muacutesica desse compositor simbolizaria o contexto poliacutetico-social ou pelomenos o estado psicoloacutegico das pessoas no periacuteodo intermediaacuterio agraves duas grandesguerras

Ainda na esfera da funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica vale lembrar que amuacutesica sacra de periacuteodos anteriores deteve fortemente essa caracteristica Fischer(sd) assinala a gradativa mudanccedila dessa muacutesica e sua trajetoacuteria rumo agraves salas deconcerto nos periacuteodos barroco claacutessico e romacircntico A muacutesica do seacuteculo XX natildeoresgatou ao que parece o forte componente simboacutelico dessa muacutesica religiosa deoutras eacutepocas A produccedilatildeo de tal muacutesica eacute escassa na atualidade e Fischer assinalanela caracteriacutesticas de frieza e intelectualismo pseudo-religioso bem como um

100

A apropriaccedilatildeo pela muacutesica de massas de temas estruturas praacuteticasteacutecnicas das muacutesicas populares folcloacutericas e seacuterias conduzem segundo Schurrnann(1989) a uma fruiccedilatildeo apenas epideacutermica despida de significado verdadeiromarginalizando a antiga cultura dominante (p183-184) Contudo apesar de ilusoacuteriaa representaccedilatildeo simboacutelica parece presente tambeacutem na muacutesica de massas

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

No contexto da musica seacuteria na quarta idade natildeo se encontraram referecircnciasque permitam assinalar a ocorrecircncia niacutetida desta funccedilatildeo embora se possaargument~toda e qualquer muacutesica provoca sempre alguma reaccedilatildeo fisicaainda quea niacutevel bioloacutegico

No acircmoiacuteto dos concertos a reaccedilatildeo fisica soacute eacute cogitaacutevel ao niacutevel da reaccedilatildeoemocional (o que envolve sem duacutevida o aspecto fisico) ainda que culturalmentecondicionada conforme jaacute foi comentado anteriormente A produccedilatildeo de muacutesicareligiosa no seacuteculo XX prioritariamente dirigida (ainda que escassa) agraves salas deconcerto tambeacutem se situa neste exemplo

A utilizaccedilatildeo de hinos e marchas de caraacuteter ciacutevico pode ser assinalada nahistoacuteria do seacuteculo XX muitas vezes com a finalidade de conduzir o comportamentoda multidatildeo

Contudo eacute no acircmbito das muacutesicas populares folcloacutericas e de consumo quefrequumlentemente vecircm associadas agrave danccedila que a reaccedilatildeo fisica se faz mais evidente

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

Alguns exemplos citados aqui no acircmbito da muacutesica seacuteria como a Elegia Violetapara Monsenhor Romero de Jorge Antunes que eacute uma homenagem ao Monsenhorum protesto pelo seu assassinato e uma exaltaccedilatildeo agrave justiccedila poderiam talvez serrelacionados como exercendo a funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais Aestruturaccedilatildeo da muacutesica aqui citada acessiacutevel apenas a uma minoriaabsoluta de expertstoma bastante restrito o acircmbito do exerciacutecio dessa funccedilatildeo Eacute o mesmo caso de obrascomo Treno para as viacutetimas de Hiroshima de Penderecki ou O canto suspenso deNono (composto sobre cartas de membros da Resistecircncia europeacuteia condenados agrave morte(Abraham 1986p844) ou ainda Yo lo vi de De Pablo tratando dos desastres daguerra (Beltrando-Patier 1982 p6uuml2) etc

Entre as muacutesicas folcloacutericas populares e de consumo na maioria das vezesassociadas a letras a-imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais eacute mais evidenteA saacutetira poliacutetica ou aos costumes eacute um exemplo que pode facilmente ser localizado

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no exame das letras de canccedilotildees diversas As canccedilotildees de protesto tambeacutem satildeofrequumlentes e referecircncias a elas podem ser encontradas por exemplo em Campos(1968) no contexto da bossa-nova (p 49)

Menuhin (1981) apresenta exemplos de hinos e canccedilotildees populares que podemser enquadrados na funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais WeshaIl overcome cantado por milhares de homens e mulheres brancos e negroscom a mesma mensagem de dignidade que ouvimos na voz sonora do Dr MartinLuther King e Blowin in the wind escrito e cantado por Bob Dylan um gritode consciecircncia em uma eacutepoca de profundas discussotildees quanto agraves metas nacionaise sociais envolvendo a guerra do Vietnatilde (p29uuml-291 )

Waldenyr Caldas (1987) no capiacutetulo denominado O tempo de Alvarenga eRanchinho assinala o importante papel dessa dupla no contexto da muacutesica sertanejae a iinportacircncia da saacutetira poliacutetica por eles realizada principalmente dirigida agraveditadura de Getuacutelio

A ditadura de Getuacutelio Vargas governava o paiacutes ( ) Alvarenga eRanchinho resolveram contestaacute-la denunciacuteaacute-la atraveacutes do desafio e doponteio da viola Sempre que podiam ridicularizavam publicamente a figurado ditador gauacutecho Alvarenga lider da dupla aleacutem de politizado eirreverente era extremamente radical Natildeo deixava jamais passar em brancouma atitude uma medida autoritaacuteriacutea de Vargas Satiriacutezava na mesma hora edepois incluiacutea em seu repertoacuterio Por causa diacutesso a dupla foi vaacuterias vezeslevada agrave prisatildeo mas tambeacutem agraves paradas de sucesso (p46)

E preciso contudo ressaltar que as letras das canccedilotildees sobretudo dasmuacutesicas de massas - nem sempre estatildeo voltadas para impor conformidade anormas sociais Pelo contraacuterio muitas delas visam a escandalizar ou a rompercom padrotildees sociais (possibilidade descrita por Merriam) aos quais natildeo buscam~onformar-se e sim romper embora tal ruptura natildeo signifique ruptura doSIstema A induacutestria cultural manipula tais tendecircncias (assim como nas novelasde televisatildeo) procurando atingir um puacuteblico vulneraacutevel a essas influecircncias

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Prov~velmente no contexto da quarta idade a muacutesica folcloacuterica seja a quemelhor realIza essa funccedilatildeo Schurmann (1989) em citaccedilotildees jaacute apresentadas assinalaesse fato

Waldenyr Caldas (1987) referindo-se agraves origens da musica caipira cuja ligaccedilatildeoe mtensa Com o folclore I I assma a sua ImportancIa SOCIa atraves de vaacuterias funccedilotildees

103

Aula
Nota
1110 Eduardo A e Eacuteber (5 uacuteltimas funccedilotildees)

A importacircncia dessa mUSIca poreacutem eacute muito maior do que possaparecer Ateacute poque ela nunca aparece apenas enquanto muacutesica Aleacutem daevidente funccedilacirco luacutedica de lazer deve-se ainda destacar seu papel na produccedilatildeoeconoacutemica atraveacutes do mutiratildeo no ritual religiosa das festas tradicionaisda Igreja e principalmente como elemento agregador da proacutepriacomunidade mantendo-a coesa atraveacutes da praacutetica e da preservaccedilatildeo dosseus valores culturais (p IS)

A funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos parecetransparecer na referecircncia agrave muacutesica caipira acima apresentada

No contexto da muacutesica seacuteria no seacuteculo XX a funccedilatildeo aqui considerada natildeopode ser assinalada com clareza atraveacutes dos exemplos e anaacutelises constantes da

bibliografia consultadaAparecem referecircncias agrave utilizaccedilatildeo de hinos e canccedilotildees inclusive com a funccedilatildeo

de conduzir o comportamento das multidotildees que indiretamente poderiam contribuirpara a validaccedilatildeo de instituiccedilotildees sociais e religiosas As obras sacras compostasna atualidade parecem mais destinadas a um papel de concerto que agrave funccedilatildeo aqui

consideradaBeltrando-Patier (1982) faz uma referecircncia que permite remeter agrave funccedilatildeo

de validaccedilatildeoNa Espanha adotou-se a doutrina dodecafoacutenica para se destacar da

esteacutetica governamental sob a ditadura do General Franco Em 1939 realmentea muacutesica espanhola () perde seu dinamismo proacuteprio A desorientaccedilatildeo anterioragrave guerra conduz a uma arte quase reacionagraveria frequumlentemente calcada deforma inconsciente sobre a poliacutetica da regiatildeo (p601)

Pode-se questionar se essa arte reacionaacuteria seria uma forma ainda queinconsciente de validar o regime poliacutetico da ditadura de Franco

Tambeacutem no que diz respeito agrave muacutesica de consumo - muacutesica de massas - ficadificil ou mesmo impossiacutevel identificar essa funccedilatildeo sobretudo se adotarmos oponto de vista de Adorno (1975) que considera que essa muacutesica promove asubstituiccedilatildeo de valores verdadeiros por valores apenas de mercado Mas a muacutesicade massas natildeo estaria validando o sistema capitalista e suas instituiccedilotildees justamente

por preconizar os valores de mercado

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

A grande ruptura produzida pela muacutesica seacuteria assinalada por Wiora (1961)como um dos marcos da quarta idade natildeo parece permitir sua inclusatildeo na

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bull6-4l--shybullbullbullbull-shybullbulle---bull-bull--~shy~ ~

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contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura O distanciamentocrescente do puacuteblico a adoccedilatildeo de estruturas de dificil acesso a restriccedilatildeo gradativade papeacuteis sociais que a muacutesica seacuteria possa desempenhar (conforme vemtransparecendo na revisatildeo aqui realizada) parecem excluir a muacutesica seacuteria do

exerciacutecio dessa funccedilatildeoCabe lembrar poreacutem a intensa veiculaccedilatildeo nas salas de concerto e nas

gravaccedilotildees da muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriores Ao ser mantida viva essamuacutesica contribui de alguma forma para a continuidade e estabilidade da

culturaOs exemplos jaacute apresentados anteriormente relativos agrave muacutesica popular e agrave

muacutesica folcloacuteria apontam para a inclusatildeo dessas muacutesicas na funccedilatildeo aquiconsiderada sobretudo no que se refere agrave uacuteltima

Quanto agrave muacutesica de massas cujo objetivo eacute promover valores de mercadopode parecer duvidoso inclui-Ia na funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a continuidade eestabilidade da cultura mesmo quando ela aparentemente pareccedila fazecirc-lo Podeshyse contudo considerar que a manutenccedilatildeo do status quo do mundo capitalista (ede sua cultura mesmo que de valores ilusoacuterios) eacute garantida no seacuteculo XX pelainduacutestria cultural e pela muacutesica de massas

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

A muacutesica seacuteria do seacuteculo XX - a muacutesica de papel no dizer de Wiora(1961) - natildeo parece ter condiccedilotildees de desempenhar a funccedilatildeo integradora numsentido mais amplo porque acha-se voltada para um restrito puacuteblico de iniciados

A muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriores veiculada atualmente em concertospuacuteblicos multas vezes ao ar livre e destinados a atingir o povo em geral poderiatalvez em alguma medida sugerir a presenccedila dessa funccedilatildeo apesar das observaccedilotildeesjaacute apresentadas anterionnente referentes agrave perda do conteuacutedo das muacutesicas deoutras eacutepocas quando realizadas fora de seu momento histoacuterico-social Sua inclusatildeonessa categoria - integraccedilatildeo da sociedade - se legitima parece registraacutevel apenasem caraacuteter superficial

A muacutesica popular a muacutesica folcloacuterica e a muacutesica dc consumo realizamain~a que em graus diferentes a funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeo daSOCIedade

Os exemplos jaacute apresentados parecem ilustrar com clareza a presenccediladessa funccedilatildeo nas muacutesicas acima referidas

Vale ressaltar mais uma vez o caraacuteter ilusoacuterio e alienante da muacutesica demassas confonne assinala Adorno~A integraccedilatildeo de indiviacuteduos em tomo de valores

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induzidos pela induacutestria cultural eacute certamente ilusoacuteria segundo ele visando agravemassificaccedilatildeo dos indiviacuteduos e agrave sua submissatildeo aos ditames do mercado)

A integraccedilatildeo de grandes multidotildees de indiviacuteduos em espetaacuteculos de rock(fenocircmeno musical incluiacutedo aqui na categoria muacutesica de massas) eacute enfocadapor Menuhin (1981)

Parte do atrativo do roeI( and rol estaacute em seu senso de participaccedilatildeocoletiva Os jovens como sempre necessitam da seguranccedila que lhes daacute apresenccedila de seus semelhantes ( ) acima de tudo em espetaacuteculos puacuteblicosonde a histeria da adulaccedilatildeo jagravez parte de seu modo de expressatildeo ( ) Amultidatildeo de fatildes em um concerto de rock eacute uma proclamaccedilatildeo evidente deidentidade coletiva (p 279)

O caraacuteter ilusoacuterio segundo Adorno (1975) dessa integraccedilatildeo decorre dainduccedilatildeo de falsos valores que o autor assinala em sua anaacutelise da muacutesica demassas

Menuhin (1981) reforccedila esse aspecto de diluiccedilatildeo das identidades dedestruiccedilatildeo da individualidade atraveacutes dos grandes espetaacuteculos puacuteblicos de muacutesiacutecade massas Referindo---se aos Rolling Stones ele menciona uma parede de somque visa a entorpecer todos os sentidos conscientes natildeo deixando outraescolha para a pessoa senatildeo a de se render e participar A histeria geradapor esses espetaacuteculos eacute assinalada por Menuhin que considera que a muacutesica dosRolling Stones parece mais eliminaccedilatildeo de estruturas jagravezendo tudo voltar aobarro cru (p 28) A alienaccedilatildeo e a histeria coletivas assinaladas pelo autor satildeoaspectos da muacutesica de massas que no acircmbito da integraccedilatildeo social natildeo podemdeixar de ser assinalados

Algumas consideraccedilotildees finais no que concerne agraves funccedilotildees sociais da muacutesicadevem aqui ser incluiacutedas

Primeiramente eacute preciso registrar que natildeo houve qualquer pretensatildeo deestabeleceu roacutetulos ou categorias estanques mas apenas de tentar ordenar einterpreta~ o vasto material colhido de forma a viabilizar sua utilizaccedilatildeo no acircmbitodesta pesquisa

Em segundo lugar cabe lembrar que o proacuteprio Merriam assume duacutevidashesitaccedilotildees e necessidades de aprofundamento em relaccedilatildeo a diversos aspectospertinentes agraves funccedilotildees sociais da muacutesica e agrave categorizaccedilatildeo que ele propotildee o quereforccedila a necessidade de que nem~lassificaccedilatildeoque ele apresenta nem a apreciaccedilatildeohistoacuterica dessas funccedilotildees aqui realizada sejam encaradas de forma riacutegida oudefinitiva

Finalmente faz-se necessaacuterio assinalar que sobretudo no contexto da quartaidade eacute preciso um aprofundamento da questatildeo Eacute preciso ter em mente que ao

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analisarmos um contexto histoacuterico que estamos vivenciando nossas possibilidadesde clareza satildeo provavelmente menores do que ao enfocar periacuteodos anteriores

Por outro lado natildeo podemos de todo evitar que o olhar do seacuteculo XXesteja presente na anaacutehse de periacuteodos histoacutericos anteriores - o que seria minimizaacutevelem certa medida com a an~lise e tratados e de textos diversos das eacutepoca~enfocadas mas essa tarefa nao fOI assumIda no contexto deste trabalho

Aleacutem disso evidencia-se que as peculiaridades da muacutesica do seacuteculo XXe~ige~ u~ estudo especiacute~co das funccedilotildees sociais da muacutesica As proacutepriasdlvergencas entre os tratadIstas e filoacutesofos de nossa eacutepoca apontam no sentidodesse estudo

~m que categoria por ~xe~pl~ deve-se situar o exemplo abaixo queMenuhm (1981) apresenta relatIvo a musIca do compositor norte-americano JohnCage

() Cage fez uma apresentaccedilatildeo em Cambridge Massachusetts deum evento que chamou de Harvard Square Colocou um piano em uma ilhapaa pedestres ~o centro da praccedila e logo se formou uma multidatildeo CageaClOn~u um cronometro jechou o piano e cruzou as matildeos A multidatildeo esperouDep0ls de um certo tempo determinado pela consulta ao I Ching ( ) eleabnu a tampa do teclado e ficou de peacute O puacuteblico aplaudiu enquanto Cagese curvava agradecendo E o que foi apresentado Nada mais que o ambientede som do tracircnsito de Harvard Square conversas casuais passos e outrosruldos (p269)

Natilde~ cabe soacute a duacutevida quanto agrave categoria em que esse exemplo se inseremas tambem a pergunta levantada pelo proacuteprio Menuhin A muacutesica eacute som ou natildeosom (p270)

J 1 de Mora~s (1989) apresenta uma das possiacuteveis respostas a essapergunta quando conSIdera que o silecircncio na muacutesica do ocidente passou a assumirum papel estrutural tomado em peacute de igualdade com o som (p81) Moraes acrescenta ainda que John Cage concluiu que o silecircncio tambeacuteme mUSIca tendo i I d nc USlve construI o sobre ele boa parte de sua poeacuteticaconSIderando-o um novo 1 d d f - fi pOl a or em ormaccediloes gerador de novos e insuspeitadosslgm Icados

Um~ outra consideraccedilatildeo interessante sobre o papel do silecircncio na mUSIcacontemporanea pode t d d C ser re Ira o e ampos (1968) quando assinala que a pausaou seja o sI1enc T d d 10 e Utl Iza o na bossa-nova como um elemento estrutural comosen o um a~~ecto do som som-zero (p22)

A analIse do pap I d I um t b Ih e o SI enclO na muacutesica do seacuteculo XX certamente merecera a o a parte

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Outro exemplo que suscita a duacutevida sobre o que eacute a muacutesica e sobre ascategorias passiacuteveis de serem estabelecidas para as funccedilotildees sociais da muacutesica eacuteapresentado por Moraes (1989) Hoje em um universo visto natildeo mais comoalgo fechado ou imoacutevel nas relativizado e ~m expansatildeo COIIO o propostopela jisica moderna natildeo existe razatildeo para aceitar a proacutepria muacutesica comoum processo ( plO)

O autor segue apresentando um exemplo de muacutesica do compositor norteshyamericano La Monte Young (1935) denominada Composiccedilagraveo 1960 n 5 quedeve ser construiacuteda aleatoriamente seguindo-se o movimento de uma borboleta(pIO)

Outras questotildees podem ainda ser levantadas Onde por exemploincluiriacuteamos a muacutesica estocaacutestica ou seja aquela baseada em caacutelculos dasprobabilidades A que funccedilagraveo corresponde a muacutesica utilizada para preencher osvazios do silecircncio que muitos homens do seacuteculo XX natildeo podem suportar Quepapel desempenham os novos materiais sonoros na muacutesica contemporacircnea

Os COlpOS sonoros natildeo rendem de forma alguma o que se esperadeles O microjagravene capta o que haacute de mais imprevisivel Muitas vezes perdeshyse e recomeccedila-se ateacute que se obtenha um objeto sonoro interessante ( ) Umachapa de jagravelha metaacutelica um abajur um ventilador desviados de sua utilizaccedilatildeonormal datildeo resultados sonoros insuspeitados (Ferrari citado por Barraud 1975p152)

Outras funccedilotildees aleacutem das categorizadas por Merriam parecem ser sugeridaspela observaccedilatildeo dos exemplos analisados ou mesmo pelos autores revistos comoeacute o caso de Adorno (1975) ao assinalar a muacutesica como ruiacutedo de fundo paranossas atividades cotidianas ou de Berio (1981) quando preconiza uma funccedilatildeoconsolatoacuteria para a muacutesica considerando que ela pode tomar-se siacutembolo deuma possibilidade de leitura consolatoacuteria e ateacute utoacutepica do mundo (pI9)

A funccedilatildeo consolatoacuteria da muacutesica a que Berio se refere tem correspondentena categorizaccedilaacuteo de Merriam Que outras funccedilotildees fora da perspectiva funcionalistade Merriam poderiam ser identificadas Conscientizaccedilatildeo Transformaccedilatildeoindividual ou social Representaccedilatildeo de conflitos sociais Alienaccedilatildeo

Cabe ainda citar Berio (1981) contrapondo sua palavra a todos osargumentos levantados aqui agrave incompreensibilidade da muacutesica seacuteria de vanguardaNatildeo creio em quem diz natildeo entendo esta muacutesica quer me explicarSignifica que ele nagraveo entende a si mesmo e natildeo sabe o lugar que ocupa nomundo e nem suspeita que a muacutesica eacute tambeacutem um produto da vida coleliva(pII )

E cabe tambeacutem assinalar que embora predominem opiniotildees restritivas agravemuacutesica seacuteria contemporacircnea na bibliografia consultada esse natildeo foi o criteacuterio de

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sua seleccedilatildeo e sim a sua respeitabilidade (e de suas fi t ) O on es que se parece

eVIdenCIar e um notono desconforto dos tratadista t s con emporaneos dIante

dessa mUSica ou mesmo a Incompreensatildeo dela - o que tt fi d I cons I UI enomeno dIgnoe ana Ise

A revisatildeo e as sistematizaccedilotildees apresentadas neste ca t I -( _pI U o nao pretendeme nao podem naturalmente) esgotar o tema abordado AI d

d I - em ISSO e precISoconsl erar as Imltaccediloes merentes a qualquer estudo d t- d b

e ao gran e a rangenCIaCntudo o matenal aqUI apresentado parece suficiente para ab

Pe s e t d - d h nr umar p c Iva e revlsao a Istona da muacutesica (e em esp I I d _ cCla e c aro as funccediloesque a musIca desempenhou e desempenha) bem como I fu d

I coocar n amentospre Immares a uma discussatildeo mais profunda sobre o

ensmo supenor de musIcacentrada em seu conteudo- a musICa - a partir d t d fu _

a o Ica c suas nccediloes socIaIs

IW

CAPIacuteTULO III

ENSINO DE GRADUACcedilAtildeO E FUNCcedilAtildeOSOCIAL DA MUacuteSICA

o objetivo deste capiacutetulo eacute trazer para o acircmbito do ensino d~ grad~a~atilde emmuacutesica o cnfoque da funccedilatildeo social da muacutesica cuja retrospectiva hlstonca eclassificaccedilatildeo foi feita no capitulo anterior a partir da revisatildeo da literaturaespecializada

A bibliografia consultada menciona em diversas passagens a neceSSidadede revisatildeo dos cursos de muacutesica

Harnoncourt (1988) situa na Revoluccedilatildeo Francesa uma importantemodificaccedilatildeo na relaccedilatildeo mestre-aprendiz que passou no acircmbito do ensino damuacutesica a ser substituiacuteda por uma instituiccedilatildeo - o Conservatoacuterio

Poder-se-ia qualificar o sistema deste conservatoacuterio de educaccedilatildeopolitico-musical A Revoluccedilatildeo Francesa tinha quase todos os muacutesicos d~ ~eu

lado e logo se percebeu que com a ajuda da arte em espeCial da musica() se poderia influtenciar as pessoas Naturalmente q~e o a~~ovelt~m~nto

politico da arte para clara ou imperceptivelmente d~utrnar o clda~ao o~

o suacutedito jaacute vem de longa data apenas isto ainda nao tznha Sido aplicado amuacutesica de forma tatildeo sistemaacutetica (p29)

Segundo Hamoncourt o meacutetodo do conservatoacuterio francecircs buscava mte~ara muacutesica ao processo poliacutetico geral atraveacutes de minuciosa uniformizaccedilaacuteo dos estilosmusicais

() princiacutepio teoacuterico era o seguinte a muacutesica deve ser suficientementesimples para que possa ser por todos compreendida ( contudo a pa~vra

compreender perde aqui o seu sentid~ proacuteprio) ele deve t~~ar e~~lta

adormecer seja a pessoa culta ou nao ela deve ser uma Izngua qutodos entendam sem precisar aprendecirc-Ia (Harnoncourt 1988 p29)

O novo ideal de egaliteacute (igualdade) subsidiava essa diretriz aplicada agrave mUacuteSicapreconizando-a como muacutesica para todos contrariamente agrave tendecircncia elitizantedo periacuteodo anterior

Os mais importantes professores de muacutesica da Franccedilaprecisavam consignar as novas ideacuteias num sistema riacutegido Tecnicamentetratava-se de substituir a retoacuterica pela pintura Foi assim que se desenvolveuo sostenu(fto a grande linha o legato moderno ( ) Essa revoluccedilatildeo naeducaccedilatildeo musical foi de tal forma radicalmente levada adiante que em

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algumas deacutecaacutedas por toda a Europa os muacutesicos passaram a ser formadospelo sistema de conservatoacuterio

Poreacutem o que parece mais grotesco eacute que ainda hoje tenhamos essesistema como a base da educaccedilatildeo musical Tudo o que era anteriormenteimportante foi dissolvido (Hamoncourt 1 988 p 30)

HamOD(Ourt prossegue no desenvolvimento da questatildeo afirmando que aeducaccedilatildeo musical atual continua aplicando aparentemente sem qualquer reflexatildeoprinciacutepios teoacutericos que haacute cento e oitenta anos faziam sentido mas que natildeo satildeomais compreendidos hoje em dia

O autor condena a formaccedilatildeo demasiadamente centrada na teacutecnica e enfatizagravea necessidade de atraveacutes de outros estudos e leituras ampliar a compreensatildeo damuacutesica de suas diversas linguagens e estilos - soacute assim natildeo se estariam formandoapenas acrobatas cuja preparaccedilatildeo essencial reside na teacutecnica SegundoHamoncourt essa maior compreensatildeo da muacutesica terminaria tendo reflexos nosprogr~mas ~e cnce~o levando os ouvintes tambeacutem eles a uma nova formaccedilatildeoque nao aceltana maiS uma praacutetica musical embrutecedora calcada na monotoniados programas ___

Como consequumlecircncia I~ica a separaccedilatildeo entre muacutesica popular e muacutesicasena aSSim como entre a mUSlca e seu tempo desapareceraacute e a vida cultural iraacuteencontrar novamente sua unidade (( r r (I

~~te deve~ia ser o objetivo da educ~ccedilatildeo musical em nosso tempo Jaacute que haacutem~tIt~llccediloes destmadas a este fim deveria ser mais faacutecil mudar e influenciar seusobjetlvos dando-lhes um conteuacutedo novo

Do mesmo modo que a Revoluccedilatildeo Francesa conseguiu com o Seuprograma ~e consenatoacuterio u~a mudanccedila rqdicpLnqYiJz~I a eacutepocaatual tamem podena conse~Ul-lo desde eacute claro que estejamos convencidosda neceSSidade destas mudanccedilas (Hamoncourt 1988 p33)

As oservaccedil~~ de Ha~oncourt permitem assinalar um aspecto importanten~ atual ensmo de mus~ca - a utilIzaccedilatildeo de modelos teacutecnicos e teoacutericos cujo significadonao pertence a nossa epoca Esse fato relaciona-se agrave crise que a muacutesica atravessaem nosso seculo crise es d t I

sa Ja escn a no capltu o antenol e que se situapredommantemente segundo os autores consultados no acircmbito ampcultura burguesa

Schurmann (1989) eacute um dos autores que assinala a crise musicalcontemporacircnea diant d d ~

e a esatlvaccedilao da linguagem musical burguesaprecomzando a urgente t d d d re orna a os atos de mUSicar e uma revisatildeo completar o p~peI da musica na educaccedilatildeo e na sociedade A muacutesica entatildeo a partir dessa

devlsao resgatando seu papel eminentemente criador deixaria de seru~amercadoriae consumo consumd

de c - I a por massa amorfa e readqulflna sua qualidade de modoomullIcaccedilao totalm td en e msen o no cotIdiano de uma nova comunidade social

III

Aula
Nota
1810 Zeacute Guerreiro e Samuel

Tambeacutem as palavras de Schurmann permitem assinalar outro importanteaspecto relativo ao atual ensino de muacutesica - a necessidade de resgatar a funccedilatildeqcomunicadora da muacutesica bem como seup~pel eminentemente_~~i(lQ2rde forma-aestabelecer sua possibilidade de atuar no cotidiano social

Embora abordando diferentemente a questatildeo da educaccedilatildeo musical tantoHarnoncourt quanto Schurmann levantam temas que apontam em direccedilatildeo da relaccedilatildeoentre funccedilatildeo social da muacutesica e ensino de muacutesica

Fischer (sd)ecircoutro autor que registra a crise no mundo burguecircs da cisatildeoentre muacutesica erudita afastada do povo e musica popular de diversatildeo compequeno valor em geral O autor afirma que um dos objetivos da educaccedilatildeosistemaacutetica eacute exatamente ampliar essa cisatildeo (p22 1)

A afirmativa de Fischer tambeacutem pode ser direcionada para uma reflexatildeosobre a funccedilatildeo social da muacutesica e do ensino sistemaacutetico de muacutesica no dizer doautor empenhado em enfatizar a separaccedilatildeo entre muacutesica erudita e popular EmboraFischer natildeo aprofunde a questatildeo cabe buscar responder qual a funccedilatildeo social doensino calcado nessa separaccedilatildeo e por que isso acontece

A preocupaccedilatildeo com o ensino de muacutesica no Brasil reflete-se em diversoseventos nacionais realizados nos uacuteltimos anos com a finalidade de discutir o tema eapresentar propostas para superar a reconhecida crise no setor Nessa linha podemoscitar o I Encontro Nacional de Educaccedilatildeo Musical promovido no Rio de Janeiro em1972 pelo Conservatoacuterio Brasileiro de Muacutesica o Seminaacuterio sobre o Ensino dasArtes e suas Estrateacutegias realizado em Ouro Preto em 1981 pela CAPES o IIEncontro Nacional de Pesquisa em Muacutesica promovido pela UFMG em 1985 emSatildeo Joatildeo Dei-Rei (que embora natildeo direcionado especificamente para o ensino demuacutesica tambeacutem apresentou contribuiccedilotildees nesse sentido) o V Encontro Nacionalde Educaccedilatildeo Musical realizado em 1986 no Rio de Janeiro pelo ConservatoacuterioBrasileiro de Muacutesica o II Simpoacutesio sobre a Problemaacutetica da Pesquisa e do EnsinoMusical no Brasil (SINAPEMj realizado em 1987 em Joatildeo Pessoa promovido pelaSeSu CAPES CNPq e UFPb o II Congresso Internacional de Muacutesica realizadoem 1987 no Rio de Janeiro pela EMIUFRJ entre outros

Koellreutter (1985) em trabalho apresentado no II Encontro Nacional dePesquisa em Muacutesica (Satildeo Joatildeo Dei-Rei) assinala a crise do ensino de muacutesica noBrasil e tal como Harnoncourt remete agrave heranccedila dos conservatoacuterios europeus

Acontece que os nossos estabelecimentos de ensino musical ainda seorientam pelas normas e pelos criteacuterios em que estavam baseados os

programas e curriacuteculos dos conservatoacuterios europeus do seacuteculo passado revelando-se instituiccedilotildees alheias agrave realidade musical brasileira na segundametade do seacuteculo XX e servindo dessa maneira a interesses que natildeo podemser os interesses culturais de nosso paiacutes (p192)

112

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Em acircmbito interno a Escola de Muacutesica da UFRJ realizou no periacuteodo de1986 a 1989 jornadas destinadas agrave revisatildeo de seus curriacuteculos com a participaccedilatildeoplena de professores e alunos Desses encontros resultou um documentopreliminar compilando todas as propostas apresentadas Contudo a partir de 1989o processo foi interrompido e o documento baacutesico natildeo chegou a ser analisado pelacomunidade Nesse documento transparece uma~preocupaccedilatildeocom a significaccedilatildeosocial expressa numa busca de maior inserccedilatildeo com o mercado de trabalho Contudoos cursos de graduaccedilatildeo e seu conteuacutedo tradicional natildeo foram revistos a partir deuma nova oacutetica que rompesse com a tradiccedilatildeo e a ineacutercia

Revendo os relatoacuterios dos eventos citados nos paraacutegrafos anterioresobserva-se que haacute reconhecidamente uma insatisfaccedilatildeo geral com o atual ensinode muacutesica no paiacutes O II Encontro Nacional da ABEMUS (Associaccedilatildeo Brasileirade Escolas de Muacutesica) realizado em 1990 na Escola de Muacutesica da UFRJevidenciou esse fato Contudo as propostas de reformulaccedilatildeo nunca chegaram ~ser aprofundadas e geralmente natildeo representam reestruturaccedilotildees significativasque impliquem num redirecionamento filosoacutefico do ensino de muacutesica

Co~tudo ~Igumas teses e artigos assinalam questotildees fundamentais paraessa revlsao filosofica e consequumlentemente metodoloacutegica e de conteuacutedo dos cursosde muacutesica sem que poreacutem em qualquer momento se tenha encontrado umaanaacutelis~ do tema a partir da funccedilatildeo social da muacutesica Algumas abordagens seaproxImam da questatildeo da funccedilatildeo social mas em nenhuma delas constitui o eixofundamental da forma como aqui se processa

Buscando contribuir para o avanccedilo da anaacutelise da problemaacutetica do ensinode graduaccedilatildeo em muacutesica no Brasil o mesmo foi analisado a partir desse eixo _

(atilde1Unccedilatildeo social da muacutesica Os exemplos foram tomados agrave Escola de Muacutesica da( UFRJ natildeo ~or se~ a uacuten~ca detentora de tais problemas mas pelas razotildees que ses~gue~ 1) e a maIs antIga do Brasil e ateacute certo ponto forneceu modelos que se I

dlfu~dlra~ por todo o pais 2) eacute o universo mais proacuteximo desteacute pesquisadoi~porle Ivenc~adocomo aluno e ~tualmente como integrante de seu corpo doc~nte

) e posslvel supor que mUltas das observaccedilotildees e conclusotildees baseadas naobseraccedilatildeo da EMUFRJ possam na maioria das vezes ser aplicaacuteveis ao restodo paIs

Para tal exemplificaccedilatildeo anexou-se a este trabalho parte de um cataacutelogopu~hcado em 1981 pela Direccedilatildeo da Escola de Muacutesica da UFRJ A parte dessecatalogo transforrn d ( Ad a a em anexo Anexo 1) e a que se refere agrave Estrutura

HCbal~ml~a da EMUFRJ vigente ateacute hoje contendo I) Relaccedilatildeo dos Cursos ea I Itaccediloes 2) C I UITICU o por HabIlItaccedilatildeo e 3) Ementas

d fu sslm questionou-se o ens ino de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir do enfoquea nccedilao SOCIal da m

USlca e para melhor ordenaccedilatildeo do estudo foram retomadas

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Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Retomou-se inicialmente a funccedilatildeo da expressatildeo emocional Certamentee~ta funccedilatildeo natildeo estaacute inteiramente ausente nos cursos de graduaccedilatildeo mas semdUVIda podemos IdentIficaacute-Ia como atrofiada Por que As raiacutezes baacutesicas estariamnaquel~s caracteriacutesticas jaacute assinaladas o ensino estaacute calcado em ecircnfase nosprocedIme t t

n ~s ecmcos o repertono trabalhado por ser prioritariamente de eacutepocaspassa~as nao corres~onde a conteuacutedos atuais e soacute pode ser apreendidoparcm mente os procedImentos criativos satildeo minimizados ou ausentes nos referidoscursos de vez que privl d ~

d ~ I egmm a repra uccedilao calcada na leitura musical ao inveacutes dapro uccedilao (teonca ou praacutetica)

p f ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos aleacutem de observada e vivenciadaessoa mente pelo autor desta pesquisa eacute assinalada por diversos autores

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repertoacuterio sendo que conforme jaacute assinalado anteriormente esse repertoacuterieacute prioritariamente o dos seacuteculos XVIII e XIX o

A ecircnfase nos mecanismos reprodutoacuterios conduz a uma quinta observaccedilatildeoque eacute a da ecircnfase dada agrave muacutesica escrita nos cursos de graduaccedilatildeo com um~consequumlente supervalorizaccedilatildeo dos mecanismos de leitura

Finalmente uma sexta observaccedilatildeo diz respeito agrave apresentaccedilatildeo do conteuacutedoem disciplinas sequumlenciais de conteuacutedo crescente dispostas atraveacutes dos periodosnuma perspectiva linear-evolucionista (vide Anexo I) o que eacute observaacutevel tambeacutemno r~pertoacuterio ~u~ical d~s instru~entos (vide Anexo 2) Cabe ao aluno apenassegUIr essa traJetona pre-determmada e ao professor ministrar conhecimentospreacute-determinados tambeacutem nessa sequumlecircncia

A pa~ir dessas observa~otildees iniciais procurou-se identificar entre as funccedilotildeessocIaIs assmaladas por Memam aquelas que seriam atendidas pelo ensino degraduaccedilatildeo em muacutesica tal como ele hoje eacute estruturado As categorias de Merriamforam tomadas como instrumento auxiliar nessa tarefa natildeo com a finalidade deesgotar nessa anaacutelise a questatildeo do conteuacutedo dos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica

A proposta aqui tal como no capiacutetulo anterior eacute de proceder a uma anaacutelisefunc~onal (e natildeo funcionalista) na forma como Demo (1989p28) assinala a anaacutelisefunCIonai visa a investigar funccedilotildees de algo na sociedade sem reduzi-lo aeste aspecto o que jaacute seria funcionalismo Ou seja a investigaccedilatildeo sobre asfunccedilotildees sociais da muacutesica trabalhada nos cursos de graduaccedilatildeo natildeo constitui nestetrabalo um fim em si uma tentativa de reduzir toda a questatildeo a essa persp~ctiva

rCnstttUI antes um meio para que se busque lanccedilar luzes sebre a problemaacutetica de ItaIS ursos e para ~u~ se possa ousar o esboccedilo de outras perspectivas que natildeo

estarao confinadas a ottca funcionalista

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as funccedilotildees sociais da muacutesica identificadas por Merriam buscando assinalaacute-las noniacutevel de ensino aqui delimitado a partir da anaacutelise de seu conteuacutedo

Cabem poreacutem algumas observaccedilotildees introdutoacuterias cuja finalidade eacute delinearalgumas caracteriacutesticas gerais do ensino superior de muacutesica primeiramente oensino de graduaccedilatildeo em muacutesica no Brasil tem historicamente se baseado noensino de musica seacuteria evidenciando-se inclusive entre seus professores fortepreconceito contra os demais tipos de muacutesica por eles consideradosfrequumlentemente de naturez~ inferi00 bsra-s portanto que o universo musicaldo ensino de graduaccedilatildeo e o da musIca sena havendo apenas pequenas eisoladas referecircncias agraves muacutesicas popular e folcloacuterica que praticamente natildeofazem parte da vivecircncia musical do aluno no decorrer de sua formaccedilatildeo

Uma segunda observaccedilatildeo preliminar igualmente importante eacute a de que talcomo nas salas de concerto o repertoacuterio musical trabalhado nas escolas de muacutesicaeacute prioritariamente (poder-se-ia ateacute dizer que quase exclusivamente o da musicaseacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX assim como o conteuacutedo enfocado eacuteprioritariamente centrado naqueles seacuteculos A problemaacutetica relativa a essefenocircmeno ineacutedito na histoacuteria da muacutesica jaacute foi abordada no capiacutetulo anterior cabendoaqui transportaacute-lo para o acircmbito do ensino de graduaccedilatildeo Para exemplificar asobservaccedilotildees relativas ao repertoacuterio anexou-se coacutepia do repertoacuterio de piano doCurso de Graduaccedilatildeo da Escola de Muacutesica da UFRJ (Anexo 2) O exame desserepertoacuterio comprova as observaccedilotildees feitas e foi escolhido como exemplo por doismotivos 1) o curso de piano eacute o que conta com maior nuacutemero de alunos 2) aindaque com variaccedilotildees quanto agrave proporccedilatildeo de autores contemporacircneos e autores dosseacuteculos XVIII e XIX os repertoacuterios dos demais instrumentos refletem as mesmascaracteriacutesticas gerais do de piano

Uma terceira observaccedilatildeo diz respeito agrave ecircnfase dada nos cursos de graduaccedilatildeoaos procedimentos teacutecnicos o que eacute assinalado por diversos autores (Koellreuter1985 Harnoncourt 1988 Jardim 1988 entre outros)

A teacutecnica eacute ferramenta da arte serve a ela viabiliza sua expressatildeo - masnatildeo eacute um fim em s~ nem pode ser exacerbada em detrimento de praacuteticas criativasreflexivas interpretativas Schaeffer (1966) alerta para o fato de que a teacutecnica eacuteuma maacutegica sobre a qual repousa toda a realizaccedilatildeo musical mas que natildeo podejamais ser transformada em um fim Eacute contudo numa situaccedilatildeo de ecircnfase que osprocedimentos teacutecnicos aparecem nesses cursos

Uma quarta observaccedilatildeo relativa aos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica dizrespeito agrave minimizaccedilatildeo dos procedimentos criativos o que corresponde a umaatrofia dos mecanismos de produccedilatildeo musical e a uma ecircnfase nos de reE9E1ltordf-Ccedill

Prati~~~~~tecirc--iiatildeo se cria livremente nesses cursos seja saber musicalseja musicoloacutegico As atividades privilegiadas satildeo aquelas de ~eproduccedilatildeo ~~

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de um significado soci~I Quer~e~o~n~-se conteuacutedo ou significado quando proveacutemde outro contexto ou epoca nao e inteiramente acessiacutevel a noacutes _e eacute nesse sentidoque eacute qu~stionado o predomiacutenio de obras (e de conteuacutedos) de outras eacutepocas

E mt~ressante a respeito da relaccedilatildeo entre funccedilatildeo de expressatildeo emocional erepertono ItarM~IT1am~ 164 p12) quando ele assinala a existecircncia de emoccedilotildeese expressoes oCldentals decorrentes de atitudes e valores adquiridoscuItural~enteOu seja a patlr de modelos esteacuteticos condiciona-se a expressatildeo ea emoccedilao das pessoas realIzando uma espeacutecie de treinamento social O t

I ~ au orre ata expenencIas em que a muacutesica ocidental propicia a estimular detenninadasemoccedilotildees nada despertou em indiviacuteduos de outras culturas

-o As~im a centra~izaccedilatildeo do universo musical dos cursos de graduaccedilatildeo nos modelos -de umpenodo de~e~llladoconduz a um condicionamento de expressatildeo e de emoccedilatildeo

e restnnge a POSSIbilidade de expressatildeo emocional a partir de outros paracircmetrosSe o~ ~ursos de grad~accedilatildeo em muacutesica privilegiam quase que exclusivamente

sse repertoflo ~Ies esvaziam a praacutetica musical dos alunos do conteuacutedo de nOSsae~ocae consequ~ntemente restringem a possibilidade de uma expressatildeo emocionalnao alienada SOCIalmente O saber musical da quarta Idade da m middotmiddotmiddot------1middot

- uSlca e margmanos cursos ~e graduaccedilao cUJa enfase se daacute em obras dos seacuteculos anteriores queapenas p~rcIa~mente pennitem a realizaccedilatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emoci~nal que se da aSSim em bases sociais alienantes f

eacute o ~ ~ut~o atilde~gulo pertnete ao afuni~amento da funccedilatildeo de expressatildeo emocionalda mmllluzaccedilao ou ausenCIa de procedImentos criativos decorrentes do privileacutegio

dado nesses cursos aos procedimentos reprodutores

A questatildeo de certa fonna jaacute foi enfocada nos paraacutegrafos anteriores mascab~ ressaltar novamente a ecircnfase que as escolas de muacutesica concedem agrave muacutesicaescnta e agrave Sua reproduccedilatildeo com a agravante de que o repertoacuterio reproduzidopertence quase emsua totalidade aos seacuteculos anteriores Aleacutem do fato de que osproce~sos reprodutivos natildeo pennitem o exerciacutecio pleno da funccedilatildeo de _emocIOnal h expressaoO ~ a que se regIstrar tambeacutem que a mera reproduccedilatildeo exclui a produccedilatildeoCu seja n~o se produz muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo (agrave exceccedilatildeo dos cursos d~

Jomposlccedilao) - ap~nas se reproduz e isso limita as possibilidades de realizarp enamente a funccedilao de expressatildeo emocionaL

~ respeito ~o aspecto criaccedilatildeo eacute interessante fazer algumas observaccedilotildees

F h (artista ena se expressa atraveacutes de fonnas Conteuacutedo e forma segundoISC er sd p 15) -

dialeacutetica O sao conexos e zntlmamen~e ligados em interaccedilatildeo for mes~~ a~tor ainda afinna que arte eacute~doaccedilatildeo de forma e ue

ma e a experzen~Q social solidificada (p175-176) qOra o ato de cnar press - b I

Read (1958) - Upoe o esta e eClmento de fonnas que segundo sao essenCiaiS para a apreensatildeo dos significados da arte pelo homem

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Hamoncourt (1988) no iniacutecio deste capiacutetulo jaacute foi citado mencionando aexcessiva ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos na fonnaccedilatildeo musical sistemaacutetica

Jardim (1988) tambeacutem identifica esse problema relacionando-o inclusive agraveecircnfase nos procedimentos reprodutores nas escolas de muacutesica bem como agravehipertrofia da escrita e da leitura musicais Ou seja~o considerarem_some~te amusica escrita as escolas trabalham apenas com processos de reproduccedilao musical

i que para isso necessitam de um adestramento teacutecnico ~ seja fisic no acircmbito d~s

movimentos do muacutesico seja mental em tennos de dommar a escnta para atravesde uma leitura aacutegil melhor reproduzir o que se lhe apresentaj O autor assinalaum afunilamento do conceito de muacutesica a partir desse processo Pode-se semduacutevida complementar afinnando que haacute tambeacutem um afunilamento da funccedilatildeo deexpressatildeo emocional

Oliveira (1991) ao analisar o curriacuteculo de Trompa vigente na Escola deMuacutesica da UFRJ assinala tambeacutem a ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos emdetrimento de procedimentos criativos ou reflexivos A observaccedilatildeo do autoraleacutem de poder ser aplicaacutevel agrave maioria dos cursos de muacutesica serve de reforccedilo agraveafinnativa aqui apresentada de que a funccedilatildeo de expressatildeo emocional eacute minimizadanesses cursos

KoeIlreutter (1985) tambeacutem faz referecircncia agrave ecircnfase nos procedimentosteacutecnicos - habilidades instrumentais - relacionando-a agrave concepccedilatildeo global do ensinoministrado pelas escolas de muacutesica

Em sua maioria as escolas de muacutesica natildeo passam de pretensasfaacutebricas de inteacuterpretes para as promoccedilotildees musicais da elite burguesa o quesignifica em termos de ensino musical especializaccedilatildeo unitateralaperfeiccediloamento exclusivo das habilidades instrumentais e preparaccedilatildeo deum tipo de musicista que vecirc seu ideal na apresentaccedilatildeo de um repertoacuterio inuacutemeras vezes repetido de valores assim chamados eternos estabelecidose apreciados pela elite (p142)

A outra questatildeo levantada pertinente ao afunilamento da funccedilatildeo deexpressatildeo emocional diz respeito ao repertoacuterio que confonne afirmativa anterioreacute centrado nos seacuteculos XVIII e XIX o que pode facilmente ser comprovado peloexame dos programas dos diferentes cursos (vide Anexos 1 e 2)

Ora no capiacutetulo anterior foram apresentadas anaacutelises de diversos autoressobre o predomiacutenio absoluto desses repertoacuterios nas salas de concerto A questatildeoem parte pode ser situada no fato de que o conteuacutedo que essas muacutesicas veiculamnatildeo eacute o de nossa eacutepoca e que na verdade jaacute natildeo podemos apreendecirc-locomplctamente Cabe observar que conteuacutedo e significado em muacutesica satildeoconceitos proacuteximos ou igualaacuteveis se for considerado que conteuacutedo eacute temaimpregnado das vinculaccedilotildees sociais em que se insere ou seja eacute tema impregnado

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determinado periacuteodo histoacuterico Pretender universalizar os padrotildees de uma culturae de uma eacutepoca eacute empobrecimento esteacutetico e nesse sentido o ensino uni-direcionalpara uma esteacutetica impede a elaboraccedilatildeo de novos valores

Ora esteacutetica natildeo eacute conceito redutiacutevel a um uacutenico enfoque e certamenteao direcionar a formaccedilatildeo do aluno para modelos ideais do periacuteodo citado perdeshy

I se a possibilidade infinita e dinacircmica da vivecircncia esteacutetica em Sua plena con~epccedilatildeoTomando oRead (1981 p169) as categorias de inteligecircncia cartesiana

(fundada no raciociacutenio) e inteligecircncia esteacutetica (fundada nos sentidos) a experiecircnciaesteacutetica ligada a esta uacuteltima categoria implicaria na apreensatildeo do mundo atraveacutesdos sentidos o que ocorre por excelecircncia atraveacutes da atividade artiacutestica(contrariamente segundo o autor a inteligecircncia cartesiana trataria da estruturaccedilatildeodo pensamento racional e ideal)

A apreensatildeo do mundo atraveacutes da vivecircncia prioritaacuteria de modelos artisticosde eacutepocas passadas resultaria num afunilamento da experiecircncia esteacutetica fundadadessa maneira numa perspectiva univoca (os modelos da eacutepoca enfocada)privando~a da nqueza da experiecircncia muacuteltipla

Restringe-se pois a possibilidade do prazer esteacutetico ao reduzir-se o universomUSicaI do aluno Restringe-se assim o exerciacutecio dessa funccedilatildeo

Mas e preciso ~inda considerar tal como Merriam o fez a funccedilatildeo do prazerestetIco segundo dOIS pont~s de vista o do criador e o do contemplador Eacresce~tar tal cmo ZamacOls (1986) um terceiro o do inteacuterprete Ja f~1 aS~I~alada anteriormente a ecircnfase que os cursos de graduaccedilatildeoIm~n~cmas pratIcas reprodutivas em detrimento das produtivas Ora se o alunose 1lmlta a reproduzir ele deixa de exercitar degprazer esteacutetico em sua modalidademaIS plena ou seja aquela inerente ao ato de criar jaacute analisado anteriormenteObserva-se a partir dessa constataccedilatildeo que esse prazer se vecirc restrito nos cursosdegrd - I

a uaccedilao aque e atlllglvel pelo inteacuterprete ao executar (reproduzir recriar)~bras compostas por outros muacutesicos na maioria dos casos tambeacutem de outrasepocas

Considerando outro acircngulo do prazer esteacutetico - o do contemplador eacute precisosituar o aluno de dua f 1) I

I - s ormas e e mesmo o aluno como contemplador- 2) aTe accedilao do ~Iu~o co~ as pessoas que contemplam suas realizaccedilotildees musicai~r ~ pnmel~a Situaccedilatildeo e~middota do aluno ele mesmo como contemplador cuialormaccedilao de ~

vena apnmorar-se no decorrer do curso Contudo a concepccedilatildeo deestetIca que o curso Ih t e ransmIte e Ulllvoca ou seja proveacutem dos modelos de um

UTIlCO penado da h t d P I IS OTIa a musica e portanto absolutamente restritiva Ao senvar o a uno de P - lVenCIas estetlcas vanadas e da compreensatildeo de que esteacutetica

ressupoe POSSlblhdad fi Praze L cs m mltas sem duacutevida restringe-se sua percepccedilatildeo e seu

r Imita-se assim d a um umverso Immuto a funccedilatildeo do prazer esteacutetico

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Eacute preciso pois estabelecer uma distinccedilatildeo entre o ato de criar muacutesica e o derecriar (reproduzir interpretar) No primeiro haacute a liberdade plena da proposiccedilatildeode forma e conteuacutedo (inseparaacuteveis segundo Fischer e socialmente condicionados)No segundo parte~se de formas preacute-determinadas que o inteacuterprete ao reconstruishylas apresenta aos espectadores que procederatildeo a uma segunda instacircncia recriadoraao apreendecirc-las e interpretaacute-las

Justifica-se assim o ponto de vista aqui assumido de que ao enfatizarem osprocessos reprodutoacuterios os cursos de graduaccedilatildeo restringem a funccedilatildeo de expressatildeoemocional ao situaacute-la prioritariamente no acircmbito da recriaccedilatildeo

Eacute preciso ainda registrar que a muacutesica dos seacuteculos XVIII e XIX cuja baseeacute o sistema tonal se for considerada uma linguagem (haacute sem duacutevida divergecircnciassobre a questatildeo) natildeo o eacute de nossa eacutepoca Portanto se adotarmos a premissa deque a muacutesica euma linguagem precisamos consideraacute-Ia em termos dinacircmicos eatuais e natildeo como produto acabado e estaacutetico o que ocorre quando cristalizamosos procedimentos musicais na praacutetica reprodutora da muacutesica de outras eacutepocas

Perde-se pois a experiecircncia do processamento dinacircmico da elaboraccedilatildeopermanente da linguagem e certamente isso tem reflexos no acircmbito da expressatildeoemocional

A exclusatildeo das muacutesicas populares e folcloacutericas da vivecircncia musical doscursos de graduaccedilatildeo reduz a possibilidade de realizaccedilatildeo da funccedilatildeo de expressatildeoemocional mais presente no contexto dessas manifestaccedilotildees que no da muacutesicaseacuteria (vide abordagens de diversos autores apresentadas no capitulo anterior)

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Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

Outra funccedilatildeo a ser considerada nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica eacute a doprazer esteacutetico

O prazer esteacutetico nesses cursos e direcionado ou seja os modelos esteacuteticosconsiderados ideais satildeo aqueles do periacuteodo barroco-classicismo-romantismo (videanexos)

Tal fato pode ser evidenciado nagraveo soacute pelo repertoacuterio prioritariamente calcadoem muacutesicas desse periacuteodo mas por conteuacutedos e praacuteticas de certas disciplinascomo Harmonia c Morfologia (vide ementa no Anexo I) que tecircm tradicionalmentese nutrido das normas e princiacutepios dos seacuteculos XVlII e XIX

As concepccedilotildees de harmonia e forma do periacuteodo barroco-classicismoshyromantismo refletem os padrotildees esteacuteticos daquela eacutepoca espelham a sociedadeem que se estruturaram que natildeo eacute a de hoje Aprisionar os conceitos de harmoniae forma agraves praacuteticas desse periacuteodo eacute aprisionaacute-los no tempo e no espaccedilo - eacute tirarshylhes a vida jaacute que a arte eacute sempre produto de uma cultura determinada e de um

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derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia Concessotildees satildeo feitas ao que seriam os antecedentesdessa muacutesica (Histoacuteria da Muacutesica I) e pequenas referecircncias satildeo feitas aos seusconsequumlentes - muacutesica brasileira e muacutesica na Ameacuterica Latina satildeo apenaspequenos toacutepicos isolados na ementa de Histoacuteria da Muacutesica IV Passa-se assimao aluno a falsa ideacuteia de que a histoacuteria da muacutesica da humanidade eacute a histoacuteriadamuacutesica seacuteria europeacuteia

Wisnik (1989) contrapotildee-se a esse enfoque propondo em O som e osentido uma histoacuteria das muacutesicas Seeger citado por Dufrenne (1982 v2 p148)tambeacutem critica o ensino de muacutesica centrado nos modelos esteacuteticos europeus

Quanto mais cedo os historiadores da muacutesica ocidental seguindo o exemplode quase todas as categorias de historiadores ocidentais abandonarem oeur~jcentrismo e comeccedilarem a estudar as muacutesicas natildeo ocidentais ( assimcomo as suas prpri~smuacutesicas popularese folcloacutericas que constituem doravAgrave1tedados etnomuslcologlcos) e quanto mais cedo os etnologistas da muacutesica (quedeveratildeo ser na medida do possiacutevei natildeo soacute antropologistas mas ainda musicoacutelogose compreender os natildeo ocidentais) se lanccedilarem na etnomusicologia da muacutesicaocidental considerada como um todo - isto eacute englobando tanto a muacutesica eruditacomo as obras populares e folcloacutericas - melhor seraacute para todos

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Funccedilatildeo de Divertimento

A terceira funccedilatildeo identificada por Merriam eacute a de divertimento e cabeaqui buscar responder em que medida ela pode ser associada agraves atividades ~usicai~dos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica bem como agrave formaccedilatildeo musical por elesdesenvolvida

Comojaacute foi enfaticamente exposto em paraacutegrafos anteriores a realizaccedilatildeo musicalnas escolas de muacutesica dedica-se prioritariamente agrave reproduccedilatildeo de obras do periacuteodobarroco-claacutessico-romacircntico As muacutesicas desse periodo - muacutesicas seacuterias - destinamshyse no contexto da quarta idade a um tipo extremamente especial de divertimento ousejao deu~ puacuteblico de experts que frequumlentam as salas de concerto para usufruirde taiS mUSIcas o que talvez possa ser considerado como diversagraveo

A reduccedilatildeo do universo de experiecircncias musicais na formaccedilagraveo do aluno levaa que ele se relacione apenas com essa modalidade fugaz de diversatildeo que segundoAd

orno Ja CItado antenormente representana um processo ilusoacuterio e alienantede v~z que revestido de todas as concepccedilotildees fetichizantes que envolvem a muacutesicano seculo XX

~leacutem disso a exclusatildeo de outras categorias de muacutesica a popular e afolclonc r

fa e Imllla as pOSSIbilidades de dIVersatildeo inerentes a elas Cabe aliaacutes

azer duasbbserv - I accediloes a esse respeIto pnmeIramente a de que na revisatildeo de

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A presente questatildeo - formaccedilatildeo musical do aluno a partir de modelos tomadosa uma esteacutetica especiacutefica - po de ser bem ilustrada pela disciplina PercepccedilatildeoMusical (vide ementas no Anexo 1) A percepccedilatildeo dos alunos eacute trabalhada a partirde estruturas tonais que correspondem aos modelos esteacuteticos do periodo priorizadopelo curso Resulta desse fato uma limitaccedilatildeo da percepccedilatildeo musical dos alunosmodelada e condicionada a partir de paracircmetros uacutenicos o que tecircm reflexos restritivosna percepccedilatildeo de outras estruturas e modelos e conseqiientemente na apreensatildeoesteacutetica a partir de outros paracircmetros

A outra situaccedilatildeo a ser considerada eacute a da relaccedilatildeo do aluno no exerciacutecio desua atividade musical com o puacuteblico que contempla suas realizaccedilotildees Ora se apraacutetica musical nas escolas de musica eacute reprodutora e natildeo eminentemente criadorase adota prioritariamente modelos alienados de nossa eacutepoca a muacutesica que daiacute provemoferece tambeacutem aos contempladores possibilidades de prazer esteacutetico restritas

Pode-se considerar que os iniciados usufruem plenamente dessasrealizaccedilotildees musicais mas cabe questionar o produto musical dirigido a tatildeo poucosAcaso o resto da sociedade natildeo eacute dotado de sensibilidade musical de sensibilidadeesteacutetica Seratildeo as manifestaccedilotildees musicais populares e folcloacutericas desprovidasda vertente esteacutetica

Duas perguntas que Blacking (1980) formula encaixam-se nesta linha dequestionamento

O desenvolvimento cultural representa um progresso real dasensibilidade humana e da capacidade teacutecnica ou eacute sobretudo- umdivertimento para uso das elites e uma arma de eacuteSploraccedilatildeo de classes Eacutepreciso que a maioria seja declarada natildeo musical para que uma pequenaelite possa se considerar mais musical ( p12 )

Sem pretender esgotar aqui esses questionamentos cabe citar o mesmoautor quando ele nega valor agrave distinccedilatildeo entre muacutesica claacutessica e muacutesica folcloacutericareduzindo tais denominaccedilotildees a simples etiquetas e quando ele afirma que todamuacutesica eacute popular no sentido de que ela pressupotildee um contrato social Blackingassinala tambeacutem a atitude dos estabelecimentos de ensino musical cujo universomusical eacute centrado na musica claacutessica europeacuteia Ele classifica esse ensino comoelitista fruto da mentalidade capitalista

As afirmativas de Blacking referidas no paraacutegrafo anterior servem dereforccedilo agrave reflexatildeo dirigida ao universo esteacutetico oferecido ao aluno dos cursos degraduaccedilatildeo em muacutesica que aleIacutei1 de representar uma limitaccedilatildeo das possibilidadesesteacuteticas da formaccedilatildeo desse aluno eacute fruto de uma ideologia que busca valorizaros modelos advindos da cultura burguesa europeacuteia em detrimento dos demais

A ementa da disciplina Histoacuteria da Muacutesica (vide Anexo 1) tambeacutem ilustraesse enfoque esteacutetico uniacutevoco na medida em que aborda apenas a muacutesica seacuteria

O autor prossegue afirmando que nossos conceitos empiacutericos podemgrosso modo ser divididos em duas classes - teoacuterica ou praacutetica - conforme o~interesses a que se aplicam Nada disso poreacutem se aplica agrave arte nela por traacutesda existecircncia da natureza das propriedades empiacutericas das coisasdescobrimos de suacutebito as formas (p267) Essas formas natildeo satildeo simplesduplicata do real mas uma direccedilatildeo especial uma nova orientaccedilatildeo de nossospensamentos de nossa imaginaccedilatildeo de nossos sentimentos

A questatildeo da representaccedilatildeo tal como Cassirer a coloca sc daacute por meio deformas cuja funccedilatildeo erevelar uma dimensatildeo do conhecimento que natildeo eacute aconceituaI e natildeo a simples apresentaccedilatildeo ou reproduccedilatildeo da realidade

Considerar arte ou muacutesica - como linguagem eacute questatildeo polecircmica Haacutea~ueles co~o Duarte (~953 I81) que natildeo as consideram como linguagem pornao transmItIrcm conceItos Ha aqueles como Jardim (1988) quc as consideramlinguagem por articl larem sentidos e transmiti-los o que se daacute atraveacutes das formas

Se f~r considera(iJ que a muacutesica eacute linguagem por transmitir alguma coisasejam sentImentos emoccedilotildees sejam sentidos novamente a questatildeo de os cursosde muacutesca Iidarem quase exclusivamente com modelos de uma determinada eacutepoca(que nao e a nossa) compromete o exerciacutecio dcssa funccedilatildeo pois os sentidos ouemoccedilotildees ou significados proviriam estritamente dessas obras tomadas comomodelos limitando a percepccedilatildeo e a compreensatildeo de outros possiacuteveis sentidosemoccedilotildees ou significados

A concep~atildeo de linguagem natildeo pode ser estaacutetica desprovida da renovaccedilatildeoconstante e at~ahzan~e ~ssima cristalizaccedilatildeo e a priorizaccedilatildeo de modelos implican~na ~retensaode cnsta~Izar a Imguagem musical desprovendo-a de seu potencialdmamIc~ de sua rec~Iaao permanente de sua atualizaccedilatildeo Ora tal praacutetica resultasem dUVIda numa lImItaccedilatildeo das possibilidades da muacutesica ser vivenciada comoImguage~o que resulta numa atrofia da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

A enfase nos ~~ocedimentos teacutecnicos a ecircnfase nos aspectos visuais dam~sIca com a consequente supervalorizaccedilatildeo da escrita e da leitura musicais satildeopratIcas que por si soacute restringem a funccedilatildeo comunicadora da musica Mas satildeoab~~lutamente necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo musical na qual se alicerccedila o ensino damusIca

E a reprodu ~ ~das ativi ccedil~o como c~lase dos cursos de graduaccedilatildeo significa restriccedilatildeo

dades cnatIvas que senam as comunicadoras por excelecircncia O ato decnar arte pode ser I d

fi d ~e aCIOna o ao ato de comUOlcar por pressupor que algueacutem iraacute~iu ~Ir o ~ue fOi concebido A reproduccedilatildeo portanto ao limitar o potencial de

_accedill~dadeg restnngeas possibilidades da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo na medida em quenao I comaartIculaccedil- d d

ao c scntI os atraves da proposiccedilatildeo de formas expressivasmas com a recnaccedil- _ ao e mterpretaccedilao de formas preacute-estabelecidas

literatura realizada a funccedilatildeo de divertimento encontra-se muito mais claramenteassociada agraves manifestaccedilotildees populares e folcloacutericas que agraves de muacutesica seacuteriaem segundo lugar a de que apesar das fortes restriccedilotildees agrave classificaccedilatildeo da muacutesicanessas categorias eacute impossiacutevel em se tratando de ensino de muacutesica tal como eleestaacute estruturado e concebido deixar de consideraacute-Ias pois elas se acham impliacutecitasao sistema educacional que no dizer de Fischer empenha-se em acentuar essadiferenciaccedilatildeo

Divertimento puro ou associada a outros eventos como a danccedila a muacutesicapopular e folcloacuterica eacute a que lida efetivamente com essa funccedilatildeo E o ensino demuacutesica ao limitar a vivecircncia musical agrave muacutesica seacuteria parece tambeacutem restringi-Iaem seu acircmbito

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo eacute outra que Merriam considera entre as funccedilotildeessociais da muacutesica

A anaacutelise dessa funccedilatildeo no que tange aos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesicapode ter iniacutecio mais uma vez com a questatildeo dos modelos dos seacuteculos XVIII eXIX que satildeo priorizados em seu ensino Ora a priorizaccedilatildeo por si jaacute indica umaatribuiccedilatildeo de valor maior a esses modelos e a uma pretensatildeo de transformaacute-losem detentores fdaf~erdadeno sentido de conf~midade com uma regra ou conceitoaparentemente uacutenico

Ocorre que a concepccedilatildeo de verdade transmitida como fenocircmeno estaacutetico ecristalizado independente dc eacutepoca ou contexto exclui a possibilidadeextremamente rica em arte de se descobrir as verdades infinitas existentes nosinfinitos modelos que a humanidade tem produzido ie~tring~e assim apossibilidade de comunicaccedilatildeo num sentido mais amplo que eacute aquela que amuacutesica como qualquer outra obra de arte possibilita quando transcendendo eacutepocae espaccedilo eacute apreendida ou compreendida por algueacutem

Outra forma de considerar aqui a questatildeo da comunicaccedilatildeo eacute considerar amuacutesica uma linguagem Apesar da divergecircncia a respeito do assunto pode-selidar com a questatildeo aceitando ser a muacutesica uma linguagem ainda que natildeotransmita conceitos e ainda que natildeo lide necessariamente com representaccedilotildeesA esse respeito eacute interessante citar Cassirer

Nem linguagem nem arte nos proporcionam uma simples imitaccedilatildeodas coisas ou de accedilotildees ambas satildeo representaccedilotildees Mas uma representaccedilatildeono meio de formas sensoacuterias difere amplamente de uma representaccedilatildeo ve1alou conceituai ( 1977 p 266 )

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pouco espaccedilo dedicam a esse repertoacuterio eles restringem o acesso do alunado agravevivecircncia e agrave compreensatildeo do simbolismo que essa muacutesica carrega

Ainda segundo Adorno a muacutesica de vanguarda representa um foco verdadeirode resistecircncia aos ditames da induacutestria cultural Ao minimizaacute-Ia os cursos degraduaccedilatildeo retiram de seu contexto a possibilidade de questionar a accedilatildeo da induacutestriacultural Ao contraacuterio corroboram-na pois tal como a industria fonograacutefica ouas transmissotildees radiofoacutenicas privilegiam o repertoacuterio de muacutesica seacuteria aceitopela burguesia ou seja o dos seacuteculos XVIII e XIX

Ao enfatizarem tambeacutem a reproduccedilatildeo desse repertoacuterio de outras eacutepocasrestringindo as atividades criadoras os cursos de graduaccedilatildeo deixam de pennitique produzindo muacutesica os alunos exerccedilam no ato de criar a funccedilatildeo de representare transmitir simbolicamente os conteuacutedos de nossa eacutepoca

A esse respeito eacute interessante citar Koellreutter( I990) quando ao analisara educaccedilatildeo musical no terceiro mundo ele questiona a centralizaccedilatildeo do conteuacutedonaquele de seacuteculos anteriores

Eacute preciso compreender que o conceito de cultura - em um mundo deinteg~accedilatildeo como o nosso - natildeo pode ser o conceito criado pela burguesiado seculo XIX Orgacircnica e dinamicamente a cultura acha-se associada agravehistoacuteria da sociedade da qual natildeo pode ser isolada( p 2)

Outro aspecto a ser considerado tno~--q~-tangeagrave funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica eacute o processo de feUumlchi~que envolve a muacutesicae n~ssa eacutepoca conform assinalad9 por Adorno (975) ~ntre os fetichesIdentIficados por ele estao os mterpretes e maestros valorizados comoestrelas Os cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica satildeo direcioria~fsshypriori~ariamente agrave formaccedilatildeo de virtuoses solistas e nesse sentido ele~contnbuem para a formaccedilatildeo dessas estrelas (fetiches) que longe deressaltare~osaspectossimboacutelicos da muacutes~a que realizam voltam-se para aaut~-valon~aao com VIstas ao estrelato1 Denm~erspectiva a funccedilatildeosocI~IdamUSIca realizada perde espaccedilo para o estrelismo social esvaziandoa mUSIca de seus significados simboacutelicos i

~ repertoacuterio dos seacuteculos XVIII e XIXjaacute consagrado pela burguesia eacute oque maIS serve aos propoacutesitos do estrelato O acervo musical do seacuteculo XX eacuterechaccedil~~o por esse puacuteblico que em essecircncia eacute o puacuteblico-alvo dos concertos econsequentemente o da formaccedilatildeo dos alunos de muacutesica

No entender de Schurmann (1989) conforme jaacute foi descrito no capituloantenor o SIstema ton I b d a que e a ase o repertono dos seculos antenores eacuteaceito pela burguesia O por representar o UnIverso de relaccediloes SOCIaIS por ela admiacutetido

mverso ou sela d ~ a maceItaccedilao a mUSIca do seculo XX em especial da

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Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

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Outra funccedilatildeo social da muacutesica a ser considerada a partir da categorizaccedilatildeode M~iam (1964) eacute a de representaccedilatildeo simboacutelica Para ele quase natildeo haacuteduacutevida de que a muacutesica funciona em todas as sociedades como umarepresentaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos( p 223)

No captulo anterior buscou-se identificar essa funccedilatildeo no contexto musicaldo seacuteculo XX cabendo aqui trazecirc- la para o acircmbito do ensino de graduaccedilatildeo

Jaacute foi considerado anteriormente que os cursos de graduaccedilatildeo tal como assalas de concerto priorizam a muacutesica de seacuteculos anteriores cujo conteuacutedo esimbolismo por natildeo pertencerem a nosso contexto poliacutetico-social satildeo inacessiacuteveisa noacutes Diversos autores fundamentaram esse posicionamento cabendo aquiressaltar que a ecircnfase em muacutesica de outras eacutepocas compromete a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica na vivecircncia musical dos alunos de graduaccedilatildeo

Representaccedilatildeo simboacutelica natildeo implica em reproduccedilatildeo da realidade emduplicaccedilatildeo desta

Fischer (sd) considera que apesar da tendecircncia de se procurar esgotar aanaacutelise do significado da muacutesica na forma reforccedilando-lhe o caraacuteter abstrato oconteuacutedo inseparaacutevel da forma determinando-a ou condicionando-a muitas vezesecorrespondente a uma situaccedilatildeo social dada e nesse sentido representa-asimbolicamente

A muacutesica dita de vanguarda seria segundo autores como Adorno (1975) aque representaria verdadeiramente a nossa eacutepoca inclusive em seus aspel tosnegativos - o que explicaria sua inaceitaccedilatildeo Como os cursos uccedil graduayatildeo

Aleacutem disso cabe perguntar com quem se pretende estabelecer comunicaccedilatildeoquando se trabalha quase exclusivamente com os modelos musicais dos seacuteculosanteriores A resposta seria novamente com o grupo de experts gruporestrito que por isso mesmo representa possibilidades restritas de comunicaccedilatildeo

E que conteuacutedos seriam comunicados por tal praacutetica musical O conteuacutedode seacuteculos passados que jaacute natildeo podemos apreender completamente E o ciacuterculovicioso se forma enquanto a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo se estreita

r Certamente cabe perguntar a esta altura por que o ensino de muacutesica e as

li salas de concerto insistem em dar preferecircncia agrave muacutesica do passado A muacutesica de

nosso seacuteculo natildeo e habitada pelo belo no seu sentido mais amplo Natildeo cumpre sua missatildeo artiacutestica

Essa eacute sem duacutevida uma questatildeo que deveraacute ser fruto de reflexotildeesposteriores

Outra funccedilagraveo a ser considerada a partir da categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a dereaccedilatildeo tIsica que comojaacute foi dito anteriormente o autor menciona com certa cautela

Foi feita referecircncia no capiacutetulo anterior agrave passagem das suItes da categoriade danccedilas danccediladas para danccedilas estilizadas que satildeo para serem apreciadas emsalaacutes de concerto por um puacuteblico sentado isento de reaccedilatildeo fisica Isso ocorreubasicamente no periacuteodo barroco e a partir daiacute observamos uma trajetoacuteria damuacutesica seacuteria nutrindo-se de elementos inclusive riacutetmicos da muacutesica popularmas destinando-se agrave apreciaccedilatildeo passiva

Eacute claro que essa passiviacutedade natildeo eacute total como o proacuteprio Merriam assinalapois pelo menos a niacutevel bioloacutegico quer queiramos quer natildeo haacute reaccedilatildeo fisica agravemuacutesica que nos atinja Contudo natildeo eacute proposta da musica seacuteria estimular amovimentaccedilatildeo de vez que ela se destina a ser espetaacuteculo observaacutevel

Quanto agraves emoccedilotildees que essa muacutesica produz que tem sem duacutevida umavertente de reaccedilatildeo fiacutesica cabe retomar a argumentaccedilatildeo apresentadaanteriormente referente a um adestramento social nesse sentido Assim osegmento da sociedade que receber tal condicionamento em sua formaccedilatildeo apresentaessa reaccedilatildeo fisico-emociona1 Aqueles que natildeo a receberam natildeo teratildeo nada em sidespertado por tais muacutesicas que em uacuteltima instacircncia destinam-se apenas aosiniciados

A transformaccedilatildeo em espetaacuteculo observaacutevel foi tambeacutem a trajetoacuteria damuacutesica sacra uma das vertentes da muacutesica seacuteria Ela deixou do barroco paracaacute de ser veiacuteculo de uma emoccedilagraveo religiosa de uma atitude de ecircxtase contemplativo(que eacute tambeacutem uma forma de reaccedilatildeo fisica) para destinar-se agraves salas de concerto

A muacutesica para baleacute embora pressuponha danccedilarinos que iratildeo interpretaacute-laeacute tambeacutem muacutesica de palco que o puacuteblico aprecia sentado A muacutesica seacuteria dosuacuteltimos seacuteculos lida claramente com a separaccedilatildeo compositor- iacutenteacuterprete- puacuteblicoeste uacuteltimo sempre fisicamente passivo no que concerne agrave movimentaccedilatildeo E oscursos de graduaccedilatildeo em muacutesica refletem essa postura pois soacute lidam com a muacutesiacutecaseria Natildeo valorizam o movimento exceto como teacutecnica necessaacuteria agrave execuccedilatildeomusical no instrumento

A ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos jaacute foi assinalada anteriormente Maso movimento direcionado pela teacutecnica pela necessidade de servir a uma realizaccedilatildeocorreta natildeo daacute conta da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica em seu sentido pleno Eacute movimentocontido orientado direcionado para fins especiacuteficos

As muacutesicas populares e folcloacutericas lidam muito diretamente com adimensatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica pois na maioria das situaccedilotildees pressupotildeem um puacuteblico

dodecafocircnica decorreria do fato de essa muacutesica simbolizar um outro universo derelaccedilotildees sociais que natildeo conta com a aprovaccedilatildeo dessa classe social

Certamente natildeo se pode acusar a burguesia de conscientemente aceitar ourechaccedilar determinados tipos de muacutesica ou sistemas musicais O que ocorre eacute quetais atitudes satildeo inculcadas informalmente de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo atraveacutes doacervo de valores dessa classe social sendo que o ensino formal representa um

reforccedilo a esses posicionamentos r Assim ao enfatizar o repertoacuterio do periacuteodo barroco-etasslclsmo-romantlsmo

os cursos de graduaccedilatildeo continuam trabalhando com a simbolizaccedilatildeo de relaccedilotildeessociais correspondentes ao periacuteodo aacuteureo do sistema tonal e alijam os sistemasque poderiam simbolizar as relaccedilotildees sociais de nossa eacutepoca

A exclusatildeo das muacutesicas populares e folcloacutericas da vivecircncia musicaldos alunos de graduaccedilatildeo muacutesicas essas que no exame da literatura pertinentepareceram mais expressivas no que concerne agrave funccedilatildeo de representaccedilatildeosimboacutelica limita a possibilidade de ser essa funccedilatildeo privilegiada atraveacutes desses

cursosHarnoncourt em citaccedilatildeo anterior assinala que a muacutesica passa a ter em

nossas vidas atualmente uma funccedilatildeo decorativa o que segundo o autor natildeo seriaum problema exclusivo da muacutesica seacuteria mas atingiria a todas as modalidades demuacutesica em decorrecircncia da accedilatildeo da induacutestria cultural Autores como Fischer eAbraham tambeacutem jaacute citados anteriormente consideram que a muacutesica seacuteria doseacuteculo XX enveredou por caminhos como o excessivo formalismo ou oconstrutivismo como um fim em si que esvaziam essa muacutesica de seu conteuacutedo

As afirmativas acima apontam para uma crise cultural e conseqijentementemusical em nossos dias Os cursos de graduaccedilatildeo tais como as salas de concertotentam passar ao largo dessa crise refugiando-se no repertoacuterio de outras eacutepocas

Natildeo seria papel da Universidade propiciar ao aluno vivecircncia de todas aSmodalidades de muacutesica e refletir sobre a crise Negar a muacutesica de vanguarda oua muacutesica folcloacuterica e a popular buscando o abrigo aparentemente seguro de muacutesicasde eacutepocas anteriores jaacute consagradas nagraveo eacute negar aos alunos a possibilidade deentender essa crise e contribuir para a busca de novoS caminhos Essa eacute maisuma questatildeo a ser retomada ao final deste trabalho

Finalmente cabe observar que ao lidar com um sistema de representaccedilotildeessimboacutelicas sem questionaacute-lo sem confrontaacute-lo com outros os cursos de graduaccedilatildeocontribuem para a transmissatildeo e para a perpetuaccedilatildeo desses ~ ibuindoassim para a alienaccedilatildeo do indiviacuteduo Omite-se assim a Universida_de seupapel de formaccedilagraveo global do individuo de contribuir para sua inserccedilatildeo~~nsclent~

na sociedade que o cerca

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Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

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participante Contudo como tais muacutesicas praticamente natildeo satildeo vivenciadas nounivers8 musical dos cursos de graduaccedilatildeo exclui-se essa dimensatildeo dos referidos

cursosA simples observaccedilatildeo de qualquer curriacuteculo de graduaccedilatildeo em muacutesica

evidencia a inexistecircncia de disciplinas - ou de espaccedilos menos formais - que lidemcom o movimento como funccedilatildeo social ou mesmo como expressatildeo individual enatildeo apenas como teacutecnica

E assim como o aluno e trabalhado dentro dessa perspectiva ele tambeacutemeacute preparado para lidar com um puacuteblico imoacutevel que aplaudiraacute suas execuccedilotildees apoacutesapreciaacute-las impassiacutevel A funccedilatildeo de reaccedilatildeo tisica eacute categoria praticamente ausentenos cursos de graduaccedilatildeo

Outro aspecto a ser enfocado no que concerne agrave reaccedilatildeo tisica eacute a percepccedilatildeomusical Percepccedilatildeo - musical ou natildeo-natildeo eacute fenocircmeno exclusivamente tisico devez que pressupotildee seleccedilatildeo ordenaccedilatildeo compreensatildeo dos elementos percebidosOs cursos de graduaccedilatildeo via de regra lidam com a percepccedilatildeo como fenocircmenoestaacutetico ou seja busca-se apurar a audiccedilatildeo a partir de exerciacutecios e de modelostradicionalmente tomados ao sistema tonal o que pode ser observado na ementada disciplina Percepccedilatildeo Musical (Anexo I) Ainda quando satildeo apresentados outrostipos de modelos a serem percebidos o centro do processo ou mesmo o seuponto de partida eacute o tonalismo A audiccedilatildeo aprimora-se direcionada e enclausurashyse nesse direcionamento O ouvido adestra-se aos sons intervalos e harmoniasdo tonalismo e condicionado dessa forma perde a acuidade para outros tipos deelementos Esse processo embora contendo duas vertentes - a tisica e acultural - natildeo pode deixar de ser incluiacutedo aqui pois a percepccedilatildeo musical eacuteessencial agrave formaccedilatildeo do muacutesico

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

A funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais eacute a que se segue nacategorizaccedilatildeo de Merriam sendo considerada por ele uma das mais importantesde vez que orienta os membros da sociedade sobre o que eacute correto ou natildeoorientando-lhes o comportamento

Mais uma vez no acircmbito desta funccedilatildeo a seleccedilatildeo do repertoacuterio pelos cursosde graduaccedilatildeo eacute elemento decisivo Jaacute foi suficientemente assinalado que esserepertoacuterio prioriza as obras seacuterias dos seacuteculos XVIII e XX Ora mesmo seconsiderarmos que a muacutesica seacuteria natildeo tem enfatizado a funccedilatildeo aqui consideradaeacute preciso mais uma vez ressaltar que a imposiccedilatildeo de normas dos seacuteculos anterioresnatildeo teria significado nos dias atuais

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No capiacutetulo anterior foram citadas obras seacuterias do seacuteculo XX cujo conteuacutedopoliacutetico ou de protesto permite incluiacute-las nesta funccedilatildeo Ou seja a muacutesica seacuteriade vanguarda natildeo exclui totalmente essa funccedilatildeo embora natildeo a priorize mascomo essa muacutesica conta com espaccedilos miacutenimos nos cursos de graduaccedilatildeo afunccedilatildeo se vecirc atrofiada

As muacutesicas populares e folcloacutericas tecircm sido no nosso seacuteculo o espaccedilomais feacutertil para a funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais No cap[tuloanterior foram mencionados exemplos - como a saacutetira poliacutetica presente agrave muacutesicasertaneja - que ilustram a afirmativa anterior

Contudo como os cursos de graduaccedilatildeo natildeo abrem espaccedilo a essasmanifestaccedilotildees musicais eles reduzem a um miacutenimo a possibilidade de manifestaccedilatildeoda funccedilatildeo aqui considerada em seu universo musical

Ateacute mesmo a ruptura com as normas vigentes ou seja o contraacuterio daimposiccedilatildeo de conformidade agraves normas sociais se vecirc alijado desse universo Amuacutesica seacuteria vivenciada no contexto desses cursos eacute a de outras eacutepocas e afunccedilatildeo de ruptura tal como de imposiccedilaacuteo de conformidade a normas sociaispressupotildee inserccedilatildeo do universo musical com o contexto social contemporacircneo oque natildeo ocorre nos cursos de graduaccedilatildeo em virtude do tipo de repertoacuterio reproduzido

Cabe ainda lembrar - pois jaacute foi mencionado anteriormente - a ecircnfasedos cursos de graduaccedilatildeo nos processos reprodutores e a minimizaccedilatildeo de atividadescriadoras Se houvesse produccedilatildeo criaccedilatildeo musical intensa nesses cursos - e natildeoreproduccedilatildeo prioritariamente como ocorre - os alunos ao criarem muacutesica poderiamdar vazatildeo agrave funccedilatildeo aqui abordada Haveria possibilidade de contestarem ouapoiarem atraveacutes de seus atos de criaccedilatildeo musical as normas sociais vigentesMas a criaccedilatildeo musical eacute praticamente ausente nesses cursos cuja ecircnfase e aformaccedilatildeo de inteacuterpretes (reprodutores) e assim mais uma funccedilatildeo social se esvaide seu contexto

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Outra funccedilatildeo a ser tratada a partir da categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a devalIdaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos que mais uma vez noc~piacutetulo anterior evidenciou-se como de dificil identificaccedilatildeo na muacutesica seacuteria doseculo XX e mais presente nas muacutesicas populares e folcloacutericas

Contudo se considerarmos que a muacutesica seacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX~ue pr~domina no repertoacuterio dos cursos de graduaccedilatildeo simboliza o universoIdeologlco e consequumlentemenre de relaccedilotildees sociais do periodo barroco-classicismo

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-romantismo podemos refletir sobre as consequumlecircncias da fixaccedilagraveo e da valorizaccedilatildeodesses modelos A transmissatildeo de valores inclusive esteacuteticos da burguesia cujaascensatildeo se deu naquele periacuteodo seria talvez uma forma de validar as instituiccedilotildeessociais tais como satildeo aprovadas (conscientemente ou natildeo) pela classe burguesaA valorizaccedilatildeo e a permanecircncia desse repertoacuterio poderiam ser interpretadas comomecanismos de inculcaccedilatildeo ideoloacutegica e a partir daiacute como mecanismos de validaccedilatildeode instituiccedilotildees sociais

Schurmann em citaccedilotildees anteriores considera que a inaceitaccedilatildeo dododecafonismo pela burguesia decorre do fato de natildeo se basear no universo derelaccedilotildees sociais e poliacuteticas do periacuteodo de ascensatildeo dessa classe O dodecafonismoao contraacuterio ao remover qualquer princiacutepio hieraacuterquico entre os sons que organizasimbolizaria ideais que a burguesia rechaccedila ou seja de igualdade entre todoseliminando os princiacutepios de contradiccedilatildeo necessaacuterios agrave sustentaccedilatildeo das relaccedilotildees deproduccedilatildeo que deram prosperidade agrave burguesia

Ora ao rechaccedilarem ou minimizarem o espaccedilo concedido agraves teacutecnicascontemporacircneas de composiccedilatildeo que de diferentes maneiras negam o tonalismoos cursos de graduaccedilatildeo corroboram a rejeiccedilatildeo da burguesia a essas teacutecnicas e agravesesteacuteticas que elas representam assim como aos sistemas de relaccedilotildees sociais queelas possivelmente simbolizem como no caso do dodecafonismo segundointerpretaccedilatildeo de Schurmann

A reproduccedilatildeo musical de repertoacuterios de outras eacutepocas teria assim um sentidode tentativa de conservaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e econocircmicas daqueles periacuteodosSeria sobretudo reproduccedilatildeo ideoloacutegica e natildeo apenas reproduccedilatildeo de obrasco~sagrada

i No que tange validaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas torna-se ainda mais dificilidentificar essa funccedilatildeo A muacutesica religiosa jaacute foi dito anteriormente passou nosseacuteculos XVIII e XIX do ritual e do templo para o teatro segundo vaacuterios autoresassinalaram (vide capitulo anterior) No seacuteculo XX tambeacutem como jaacute foi dito amuacutesica seacuteria se manteve afastada de uma funccedilatildeo ritual passando a umaabordagem mais coacutesmica A funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas noque diz respeito agrave muacutesica seacuteria parece seriamente comprometida no contextodos uacuteltimos seacuteculos da terceira idade da muacutesica assim como na quarta idadeConsequumlentemente parece ausente dos cursos de graduaccedilatildeo

As muacutesicas folcloacutericas foram identificadas atraveacutes de autores revistoscomo claramente ligadas a essa funccedilatildeo Sua praacutetica eacute quase ausente nos cursosde graduaccedilatildeo - a disciplina Folclore Musical Nacional na Escola de Muacutesica daUFRJ eacute dada em apenas dois semestres eacute optativa para quase todos os cursos etem um enfoque mais musicoloacutegico que de vivecircncia musical A funccedilatildeo de validaccedilatildeo

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de instituiccedilotildees sociais e religiosas vecirc-se mais uma vez restrita ou ausente nessescursos

Tal como na funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais aausecircncia ou a minimiaccedilatildeo de praacuteticas criativas restriacutenge ou elimina a possibilidade J ao criarem muacutesicacos alunos exercitarem essa funccedilatildeo Como por outro lado aformaccedilatildeo desses alunos tem como alicerce principal os princiacutepios normas econcepccedilotildees esteacuteticas da muacutesica seacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX natildeo bastariapropor-lhes que criassem muacutesica pois sua formaccedilatildeo condicionada por aquelesmodelos provavelmente natildeo levaria agrave expressatildeo da funccedilatildeo de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais e religiosas de nossa eacutepoca

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

A penuacuteltima funccedilatildeo identificada por Merriam (1964) eacute a de contribuiccedilatildeopara a continuidade e estabilidade da cultura O autor afirma que - Se amuacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer esteacutetico diverte comunicaprovoca reaccedilatildeo fiacutesiacuteca impotildees conformidade a normas sociais e validainstituiccedilotildees religiosas eacute claro que ela contribui para a continuidade eestabilidade da cultura (p225)

Contudo cabe perguntar se a muacutesica seacuteria tem realmente exercidotod~s essas funccedil~es anteriores Pelo que vimos ateacute aqui elas aparecemfragIlmente exercIdas ou talvez ateacute ausentes do contexto da muacutesica seacuteriaCitaccedilotilde~s anteriores de diversos autores apontam para uma mudanccedila de funccedilatilde~da mUacuteSIca seacuteria em nosso seacuteculo ou mesmo para um esvaziamento de funccedilotildees~a uma crise sem duacutevida nesse acircmbito e ela jaacute apareceu nas abordagens dedIversos autores

corre que os cursos de graduaccedilatildeo como jaacute foi visto lidam quaseexclUSIvamente com a muacutesica seacuteria e assim como as funccedilotildees anterioresapareceram comprometidas tambeacutem a de contribuiccedilatildeo para a continuidade dacultura pareceu fragilizada

Num certo sentido poreacutem os cursos de graduaccedilatildeo contribuem atraveacutes desuas praacuteticas musicais para o exerciacutecio da funccedilatildeo aqui considerada Ao ~nfatizarema re~ro~uccedilatildeo de obras do final da terceira idade da muacutesica contribuem para acontInUlade de padrotildees e valores da cultura burguesa assegurando de certa formasua contmuidade

As teacutecnicas e esteacuteticas musicais contemporacircneas natildeo representam buscade continuidade cultural buscam antes romper com as bases anteriores talvez

J3]

da fonna mais draacutestica jaacute observaacutevel na histoacuteria da muacutesica Como os cursos degraduaccedilatildeo pouco espaccedilo conferem a elas natildeo se ameaccedila o status quo da muacutesicatonal no acircmbito desses cursos

As muacutesicas populares e folcloacutericas tecircm assimilado caracteriacutesticas damuacutesica seacuteria e tecircm muitas vezes sido cooptadas pela induacutestria cultural Elasnatildeo buscaram rupturas tatildeo draacutesticas com a bagagem musiacutecal anterior pois elasvivem muito mais que a muacutesica seacuteria a relaccedilatildeo com a sociedade ou acomunidade Sua exclusatildeo dos repertoacuterios de graduaccedilatildeo restringe a possibilidadede que os alunos atraveacutes da vivecircncia dessas muacutesicas exercitem a funccedilatildeo aquiconsiderada

As letras dessas muacutesicas que por si soacute constituem acervo suficiente paraum estudo de sua funccedilatildeo social e poliacutetica tambeacutem deixa de ser considerada nessescursos o que exclui uma importante vertente de inserccedilatildeo dos alunos na sociedadecontemporacircnea

Por outro lado a ecircnfase da fonnaccedilatildeo do alunado estaacute na reproduccedilatildeo demuacutesicas compostas antes deles Eles contribuem para a reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeodesse repertoacuterio e dos valores que ele carrega mas deixam de exercer igualpapel com relaccedilatildeo ao repertoacuterio de muacutesica seacuteria contemporacircnea Se a sociedadenatildeo assimila ou aceita bem essas obras e se a Universidade natildeo as preservamesmo questionando-as que seraacute delas no futuro

De qualquer fonna os auditoacuterios para a muacutesica seacuteria sobretudo acontemporacircnea satildeo restritos representam uma parcela miacutenima da populaccedilatildeo Quepapel portanto os cursos de graduaccedilatildeo vecircm desempenhando(no que tange)agravecontinuidade e estabilidade da cultura atual i

J-1

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

Finalmente Merriam identifica a funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeoda sociedade ou seja aquela que a muacutesica exerce quando promove um ponto deuniatildeo em tomo do qual os membros de uma sociedade se congregam

Conveacutem considerar mais uma vez que a fonnaccedilatildeo do aluno de graduaccedilatildeoem muacutesica se destina prioritariamente a tomaacute-lo um virtuose solista que executaraacutequase sempre obras de seacuteculos anteriores da categoria muacutesica seacuteria

O grau de possibilidade de promover integraccedilatildeo social a partir dos repertoacuteriose situaccedilotildees de concerto para as quais o aluno eacute preparado eacute bastante restrito Osmotivos jaacute foram apresentados mas cabe mencionaacute-los mais uma vez I) osconcertos atingem apenas uma diminuta parcela da sociedade 2) os concertosnatildeo lidam com a possibilidade de mobilizar efetivamente a plateacuteia seja provocando

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nesse puacuteblico a reaccedilatildeo fiacutesica seja mobilizando-o psicoloacutegica ou afetivamente (essesespetaacuteculos enfatizam a separaccedilatildeo compositor-inteacuterprete-ouvinte e contam comuma contemplaccedilatildeo mais ou menos passiva por parte do puacuteblico) 3) o repertoacuterioprioritariamente de seacuteculos anteriores lida com simbolismos e valores que natildeo satildeoos de nossa eacutepoca tendo portanto reduzido seu potencial de envolvimento dopuacuteblico a que se destina e consequumlentemente de promover um efetivocongraccedilamento entre as pessoas

A partir das afinnativas do paraacutegrafo anterior que parecem jaacute ter sidosufiacutecientemente explanadas ao longo deste capiacutetulo parece evidente que a fonnaccedilatildeomusical do aluno de graduaccedilatildeo bem como as realizaccedilotildees musicais de que participapouca possibilidade tecircm de promover a integraccedilatildeo social

A exclusatildeo de praacuteticas ligadas agrave muacutesica popular ou agrave folcloacuterica tambeacutemjaacute amplamente referida eacute mais uma vez fator de minimizaccedilatildeo da funccedilatildeo socialaqui considerada Essas categorias de muacutesica atuam mais em tennos de integraccedilatildeosocial pois suas letras veiculam conteuacutedos do contexto atual trabalhando portantocom simbolismos e valores de nossa eacutepoca e de nosso povo e suas estruturasmusicais satildeo mais familiares e apreensiacuteveis pelo ouvinte Aleacutem disso envolvemapelos riacutetmicos mais incisivos por pressuporem a participaccedilatildeo fiacutesica do puacuteblico

Eacute claro que as observaccedilotildees de Adorno (1975) sobre a interferecircncia dainduacutestria cultural sobre a muacutesica popular natildeo devem ser esquecidas aqui Ainterferecircncia dessa induacutestria na anaacutelise do autor promove a inculcaccedilatildeo de falsosvalores que apenas servem aos propoacutesitos do capitalismo Contudo mesmo quandocentradas em falsos valores essas manifestaccedilotildees musicais promovem a integraccedilatildeodos indiviacuteduos mobilizando-os fiacutesica e psicologicamente

Quando os cursos de graduaccedilatildeo excluem essas praacuteticas de seu contextodeixam inclusive de promover uma avaliaccedilatildeo criacutetica dessas muacutesicas e deixam decontribuir para o surgimento de outras fonnas de integraccedilatildeo alicerccediladas em valoresverdadeiros neutralizando a penetra~atildeo daqueles inculcados pela induacutestriacultural Natildeo seria esse um dos papeacuteis a ser desempenhado pela Universidade

Conclusotildees

O painel traccedilado neste capiacutetulo da situaccedilatildeo dos cursos de graduaccedilatildeo emmuacutesica relativamente agraves funccedilotildees sociais da muacutesica mereceu ainda algunsdesdobramentos

Primeiramente relacionou-se a anaacutelise aqui desenvolvida sobre as funccedilotildeessO~la~s da muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica aos curriacuteculos que satildeo aobJetIvaccedilatildeo da proposta desses cursos Buscou-se contudo natildeo restringir aabordagem nesta etapa conclusiva agrave oacutetica da anaacutelise funcional e sim colhidos os

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Aula
Nota
2510 Ana C e Paulo H

subsiacutedios dessa anaacutelise alargar o horizonte retomando os pressupostos assumidosno primeiro capitulo referentes a arte muacutesica e educaccedilatildeo todos eles voltadospara uma perspectiva de transformaccedilatildeo social

A conjugaccedilatildeo da anaacutelise funcional com outra abordagem metodoloacutegicashyneste caso a dialeacutetica que subsidia os pressupostos apresentados - encontrarespaldo em Florestan Fernandes (1970 p199) que referindo-se ao funcionalismoafirma que os conhecimentos empiacutericos fornecidos por esse meacutetodo satildeoiacutegualmente uacuteteis e potencialmente exploraacuteveis sob quaisquer ideologias

Tambeacutem Politzer (1986) ao analisar o meacutetodo dialeacutetico admite a possibilidadede que se procedam preliminarmente a outras formas de anaacutelise inclusive quantitativasque forneccedilam subsiacutedios para um melhor conhecimento do objeto de estudo Mas quetais anaacutelises natildeo constituam o fim de um raciociacutenio e sim o estabelecimento deconhecimento preliminar sobre o qual se aplicaraacute outro meacutetodo de anaacutelise

Demo (1990) no capiacutetulo denominado Elementos da MetodologiaDialeacutetica tambeacutem apresenta afirmativa que respalda a convivecircncia metodoloacutegica

[ A metodologia dialeacutetica] natildeo combate as posturas das ciecircncias naturaise exatas desde que natildeo sejam concebidas como regra uacutenica Aproveita-sedelas no que for possiacutevel e recomendaacutevel como eacute o caso da experimentaccedilatildeoda quantificaccedilatildeo da observaccedilatildeo do teste empiacuterico etc ( p 99)

Assim a etapa conclusiva deste trabalho nutrida pelas informaccedilotildees obtidasda anaacutelise funcional procurou visualizar os cursos de graduaccedilatildeo pela oacutetica de umaconcepccedilatildeo dialeacutetica de arte de muacutesica e de educaccedilatildeor Da anaacutelise anteriormente desenvolvida de base funcional evidenciou-se

( que os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica natildeo tecircm como caracteriacutestica predominantegt sua inserccedilatildeo na realidade social brasileira ou seja natildeo satildeo determinados

culturalmente por essa realidade nem satildeo historicamente situados nela em suacontemporaneidade

Bosi (1987) no capiacutetulo intitulado Cultura Brasileira afirma que unidadee uniformidade cultural parecem ser caracteriacutesticas inexistentes em sociedadesmodernas sobretudo em sociedades de classes Ele delineia quatro faixas culturaisno contexto da sociedade brasileira cultura erudita cultura popular cultura criill~a

individualizada e cultura ~etpassa~ Essas faixas embora niacutetidas tecircm segundoo autor inter-relaccedilotildees que ele assinala em termos de algumas combinaccedilotildees deaspectos entre os subconjuntos culturais identificados

Bosi aleacutem de afirmar que natildeo se pode falar em cultura brasileira masem culturas brasileiras relaciona esse contexto cultural agrave educaccedilatildeo Umafilosofia da educaccedilatildeo brasileira natildeo deveria ser elaborada abstratamente fora deuma praacutetica de cultura brasileira e de uma criacutetica da cultura contemporacircnea(p 173)

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A evidente desconexatildeo dos curriacuteculos de graduaccedilatildeo com a sociedadebrasileira em seus aspectos culturais histoacutericos e sobretudo em suascaracteriacutesticas contemporacircneas conduz agrave observaccedilatildeo de que eles natildeo se baseiamtal como Bosi preconiza em uma praacutetica de cultura brasileira nem em um~criacutetica da cultura contemporacircnea seja ela brasileira seja ela tomada em cortemais amplo como cultura ocidental

Os curriacuteculos cujo eixo se localiza nos seacuteculos XVIII e XIX natildeo podemter a questatildeo da contemporaneidade como prioridade Decorre daiacute seremdestituiacutedos de possibilidade de accedilatildeo poliacutetica no sentido de natildeo servirem de elementocriacutetico nem de elemento propulsor de transformaccedilatildeo social de vez que natildeopropiciam a elaboraccedilatildeo de um saber que explicite a concepccedilatildeo de mundo atualmenteexistente ou proponha uma nova concepccedilatildeo

Mas seratildeo verdadeiramente isentos politicamente esses curriacuteculos Ouainda e possiacutevelhaver educaccedilatildeo neutra A resposta a ambas as perguntas ecertamente negatva 0 aparente isenccedilatildeo poliacutetica de curriacuteculos que lidam comvalores unIversaIs - no caso a muacutesica erudiacuteta europeacuteia dos seacuteculos XVIII eXIX - eacute enganosagrave Como jaacute foi visto anteriormente os valores que o repertoacuteriodessa eacutepoca transmite vem impregnados da ideologia burguesa dos simbolismossociais aceitos por essa classe no contexto e na eacutepoca de sua ascensatildeo

Ou seja os curriacuteculos satildeo aparentemente neutros nos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica por priorizarem modelos e valores de outra eacutepoca deixando de promovera reflexatildeo criacutetica propulsora de transformaccedilotildees centrada na sociedade brasileiracontemporacircnea com todo seu pluralismo cultural Natildeo satildeo portanto curriacuteculosvoltados para a transformaccedilatildeo social a partr d~ uma elaboraccedilatildeo criacutetica ou teoacutericaque subsidie a accedilatildeo poliacutetica ( r( ) I )

Outro aspecto a ser considerado eacute o fato de que esses curriacuteculos natildeoconstltue~elemento-chavepara apropriaccedilatildeo do saber pelos alunos nem lidamcom a musica como um saber como uma forma de conhecin1enQ que segundoautor~s como Read (1981 1982) ou Cassirer (1977) toda arte representa Aocontrano os curriacuteculos veiculam prioritariamente um tipo de muacutesica instituiacutedo poreles co b ~o o sa er pnvando os alunos da reflexatildeo criacutetica e da praacutetica criativa deelaboraccedilao do saber musical ou mesmo musicoloacutegico

A esse respeito eacute iacutenteressante citar Durmeval Trigueiro Mendes (1987p6-6~) quando ele estabelece duas concepccedilotildees antagoacutenicas do saber - o saberslstemlCo e o sabe d I

I r Ia etlco o pnmelro empenhado na empiria como saber

exp lcatlvo de uma fiun Id d Clona I a e e o segundo radical axioloacutegicotransformador

t t Idd() ambos os saberes - o ~i~tecircmic~-~ o dialeacuteticy satildeo saberes dao a I a e Mas enquanto o b d I I ---~sa er la etlco ana isa criticando a totalidade

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mesquinho e integrando os valores alienigenas que tambeacutem satildeo parte daheranccedila do homem (p4)

Ao eximir-se de enfatizar a contemporaneidade o ensino de graduaccedilatildeo demuacutesica natildeo contribui para que o aluno extraia estiacutemulos da realidade social por elevivida deixando de contribuir para sua compreensatildeo questionamento ereformulaccedilatildeo

A dimensatildeo de conservaccedilatildeo de cultura deve pois ser mantida mas natildeo aopreccedilo de minimizar a renovaccedilatildeo cultural que deveria ter na Universidade um espaccediloprivilegiado Segundo Bithencourt (1962) conservar cultura eacute reiterar os valorescontidos na tradiccedilatildeo e renovaacute-la eacute inventar objetos valiosos ou revelar valoresnovos - e eacute aiacute que falham os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica na tarefa criadorae reveladora pois como jaacute vimos anteriormente sua ecircnfase situa-se na reproduccedilatildeo

r Questionar os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir da funccedilatildeo social da lmuacutesica eacute em certa medida questionar o papel social desses curriacuteculos e desses cursos J

Se a funccedilatildeo social da arte e prioritariamente no dizer de Fischer (sd)tomar o homem capaz de conhecer e mudar o mundo eacute evidente que os cursossuperiores de muacutesica natildeo estatildeo viabilizando esse processo

Ao contraacuterio a busca das funccedilotildees sociais contempladas pelos cursos degraduaccedilatildeo a partir das funccedilotildees identificadas por Merriam deixou-nos de matildeosvazias As funccedilotildees sociais exercidas por esses curriacuteculos cujos conteuacutedos satildeodescontextualizados alienantes satildeo extremamente restritas e conservadoras natildeoapresentando resultado significativo nem mesmo quando submetidos a anaacuteliseatraveacutes de um instrumental funcionalista de inspiraccedilatildeo conservadora

Enquanto a moderna pedagogia aponta para a transformaccedilatildeo social essescurriacuteculos prendem-se agrave conservaccedilatildeo e agrave reproduccedilatildeo esvaziam o conteuacutedo damuacutesica como forma de saber priorizando procedimentos teacutecnicos que natildeo podemrealizar nenhum valor social

Valorizando uma definiccedilatildeo nova clara e convincente dos objetivos daeducaccedilatildeo musical Koellreutter (1990) reforccedila as afirmativas aqui apresentadas

Esta mudanccedila do conteuacutedo dos programas de educaccedilatildeo ensino emun~ ~undo de integraccedilatildeo teraacute que tender essencialmente ao questionamentocntlco do sistema existente - e natildeo agrave sua reproduccedilatildeo - ao despertar 1 aodesenvolvimento da criatividade agrave conscientizaccedilatildeo das descobertas cientiacuteficase d~s en~menos sociais que marcam nossa eacutepoca e natildeo agrave adaptaccedilatildeo e agraveasslmllaccedilao das coisas do passado (p5)

A diversidade e riqueza do contexto cultural brasileiro natildeo labrangida peloscumculos de graduaccedilatildeo pretensamente neutros impedindo que se defina a partirdeles a cultura a que se destinam

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middot I d f I I d d ij==e por ISSO e suscetlve e reJaze- a O outro se msta a entro a totalidade Jue ele procura recuperar contra eventuais desgarramentos das partes ~--ifIt

Ou seja os cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica lidam com o saber sistecircmico ~lif---it

r~la~inado auma realidade que natildeo eacute a brasileira e natildeo trabalham com o saber l____dIalehco cnhco e transfo~a~or de uma da~a socIedade em que se insere -

A postura de transmIssao de conhecImentos pretensamente universais vaacutelidos para q~lquer indiviacuteduo em qualquer parte do mundo (ou seja dissociados de uma localIzaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo) levam natildeo soacute a uma situaccedilatildeo de aparente neutralidade poliacutetica mas tambeacutem do ponto de vista do conhecimento agrave ~padronizaccedilatildeo do pensamento impedindo que os alunos elaborem sua visatildeo de -mundo a partir da realidade concreta onde vivem Natilde~ se preten~e com essas observaccedilotildees negar o papel que tambeacutem cabe ~

a UmversIdade que e o de preservaccedilatildeo de cultura (Ccedilertamente nada teriacuteamos a ganhar enterrando as obras artiacutesticas de outras eacutepocas pois isso tambeacutem seria ~negar ao aluno o acesso ao conjunto das conquistas armazenadas pelo homem em 6-L I

sua trajetoacuteria histoacutericagravej Mas ocorre que essa trajetoacuteria natildeo parou em tempos ~~

anteriores ao nosso ela continua em sua dinacircmica incessante que eacute inerente agrave condiccedilatildeo do homem como ser criador

Natildeo se pretende tambeacutem ignorar uma certa transcendecircncia de tempo e - clugar inerente agrave arte No dizer de Fischer (sd) haacute na arte alguma coisa que __expressa uma verdade permanente o que nos possibilita em pleno seacuteculo XX --comovermo-nos com pinturas preacute-histoacutericas das cavernas ou com antiquumliacutessimascanccedilotildees bull

Natildeo se trata pois de negar o valor artiacutestico das obras musicais dos periacuteodos (barroco claacutessico ou romacircntico ou de quaisquer outros ou pretender excluiacute-las da (v~vecircn~ia mus~c~l dos cursos de graduaccedilatildeo Trata-se antes de natildeo imobilizar a (hIstona da mUSIca mas de preservar seu contiacutenuo movimento de dar conta dastendecircncias conflitantes que carrega em seu bojo (

Podemos colocar a questatildeo da seguinte maneira toda arte eacute (condicionada pelo seu tempo e representa a humanidade em consonacircncia te-com as ideacuteias e aspiraccedilotildees as necessidades e esperanccedilas de uma situaccedilatildeohistoacuterica particular Mas ao mesmo tempo a arte supera essa limitaccedilatildeo e e-de dentro do momento histoacuterico cria tambeacutem um momento de humanidade ~t-que promete constacircncia no desenvolvimento (Fischer sd pl) (

~oellreutter(1990) tambeacutem assinala a necessidade de no ensino de muacutesica (Iser culh~ado de forma relevante o acervo contemporacircneo nacional ou internacional

E indispensaacutevel que nas culturas do Terceiro Mundo o artista cultive ~os valores culturais de seu povo que os selecione sob o ponto de vista de (ttsua validade universal excluindo no entanto o nacionalismo estreito e lfr

ctt ~

A respeito da relaccedilatildeo cultura-educaccedilatildeo eacute importante citar um pensadorbrasileiro que frequumlentemente enfatizou essa relaccedilatildeo ligando-a agrave dimensatildeo poliacuteticae agrave accedilatildeo transformadora

A cultura eacute essencialmente dialeacutetica Informa-a uma dupla intensatildeo shya de descobrir e a de transformar a de refletir fatos e projetar utopias a deser ao mesmo tempo reflexa e tensional A cultura eacute tambeacutem fato poliacuteticoSupotildee opccedilotildees atitudes posiccedilotildees O ato de pensar eacute ateacute certo ponto um atode vontade politica para ver eacute preciso querer ver e acreditar no proacutepriopoder de ver Ver eacute um ato em larga margem instituidor da realidade (Mendes1987p70)

Apoacutes apreciar a trajetoacuteria histoacuterica--da muacutesica e as funccedilotildees sociais por elaexercidas nessa trajetoacuteria resta-nos concluir que a praacutetica das escolas de muacutesicaeacute descontextualizada e alienante centrada em teacutecnicas e esteacuteticas obsoletasdeixando de realizar a maior parte das funccedilotildees sociais da muacutesica identificadas porMerriam ou de apresentar outras funccedilotildees Reduzem assim o universo musicalbem como seu potencial criador e de transformaccedilatildeo social Excluem a reflexatildeocriacutetica e a concepccedilatildeo de muacutesica como saber deixando de processar valores atuaisseja para preservaacute-los seja para transmudaacute-Ios

r Perde-se assim a dimensatildeo mais rica que o exerciacutecio da arte possibilita arealizaccedilatildeo plena do homem como ser criador e como ser social agente detransformaccedilatildeo e portador de rumos para uma sociedade mais aprimora~ta __

Cabe finalmente indagar sobre o papel dos professores universitaacuterios demuacutesica nesse processo Culpados ou cuacutemplices

Para lhes fazer justiccedila eacute preciso que se diga - nem culpados nem cuacutemplicespois eles mesmos satildeo produto desse sistema que conta com um forte potencial deauto-reproduccedilatildeo

Stein (1980) analisando o papel dos professores no processo educacionalidentifica uma dupla accedilatildeo do professorado em relaccedilatildeo agrave conservaccedilatildeo e agrave mudanccedilasocial Primeiramente reproduzindo e perpetuando formas de comportamentoconjunto de valores que interessam agrave sociedade tal qual eacute dando-lhe coesatildeo epermanecircncia por outro lado possibilitando a critica do atual sistema e a suasuperaccedilatildeo estimulando a atitude criativa a inteligecircncia e a inovaccedilatildeo de expressotildees

e valoresNa medida em que os profissionais da educaccedilatildeo se identificam com

a ideologia burguesa tornam-se veiculos e agentes de conservaccedilatildeo e dereproduccedilatildeo das atuais relaccedilotildees sociais Na medida em que se assumem comomembros de uma vanguarda cultural e deixam-se atingir pela ideolqgjg

popular identificando-se com os interesses de mudanccedila das cldssesdominadas podem passar a colaboradores da transformaccedilatildeo (p27)

138

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E eacute dessa dupla forma que agem os professores dos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica Haacute os que envolvidos pelo processo (que eacute o mesmo que os formou)funcionam como agentes reprodutores Haacute os que tendo acesso a possibilidadesde crUacuteica e de reelaboraccedilatildeo do conhecimento e da praacutetica assimilados procuramfuncionar como agentes de transformaccedilatildeo

Eacute bastante oportuno a esse respeito transcrever uma passagem de Althussercitada por Saviani (1988)I ~ccedilotilde-desculpaaos professores que em condiccedilotildees terriacuteveis tentam sevoltar contra a ideologia contra o sistema e contra as praacuteticas em ~ue este osencerra As armas que podem encontrar na histoacuteria e no saber que ensinamEm certa medida satildeo heroacuteis Mas natildeo satildeo raros e quantos ( a maioria) natildeo tecircmsequer um vislumbre de duacutevida quanto ao trabalho que o sistema ( que osultrapassa e esmaga) os obriga a fazer pior dedicam-se inteiramente e em toda aconsciecircncia agrave realizaccedilatildeo desse trabalho (os famosos meacutetodos novos) Tecircm tatildeopoucas duacutevidas que contribuem ateacute pelo seu devotamento a manter e a alimentara representaccedilatildeo ideoloacutegica da Escola (00) ( p 35)

As palavras de Althusser permitem pelo menos duas constataccedilotildeesimportantes a primeira eacute a de que haacute professores empenhados na luta aacuterdua depromover a transformaccedilatildeo a segunda e a de que o problema natildeo eacute especiacutefico doensino de muacutesica nem da sociedade brasileira o que pode tambeacutem ser evidenciadopelas citaccedilotildees de Hamoncourt no iniacutecio deste capitulo

Com a consciecircncia de que tal como Saviani (1988) afirma a interaccedilatildeoentre educaccedilatildeo e sociedade eacute dialeacutetica e que a educaccedilatildeo embora determinada~ocialmentenatildeo deixa de influenciar o elemento determinante ou seja a sociedadee I~portante admitir que a educaccedilatildeo pode ser um instrumento de transformaccedilatildeosocIal desde que articulada com a sociedade em que se insere pois ao reproduzirmesmo que por negaccedilatildeo seus conflitos sociais tambeacutem carrega em seu bojo ogerme da mudanccedila

O que se pretende com este trabalho eacute um despertar para o fato de que oscursos de g d - dra uaccedilao em mUSIca Ispotildeem de duas ricas ferramentas para umtrabalho de efetiva relevacircncia social a arte e a educaccedilatildeo E abrir um debate pelaverte~te da funccedilatildeo social da muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica eacute buscarcontrIbUIr para uma ~ t fi - o bull-- _ __ ele Iva sIgm Icaccedilao socIal e cammhar para uma sociedademaIS aprImorada

d Imiddot Eacute n~ssa direccedilatildeo que aponta o quarto e uacuteltimo capitulo ou seja na busca de

e mear dIretnzes par b d -d

a uma nova a or agem do ensmo superIor de muacutesica a partire uma concepccedilatildeo d It d d -

Ia e Ica e e ucaccedilao procurando dar a esse ensino umaperspectIva de significaccedilatildeo social

139

141

conflito social 2) totalidade dialeacutetica 3) condiccedilotildees objetivas e subjetivas 4) unidadedos contraacuterios 5) teoria e praacutetica

No verbete dedicado ao Marxismo Mora (1975) apresenta trecircs leis dialeacuteticascomo principais 1) lei da transformaccedilatildeo da quantidade em qualidade 2) lei daunidade e do conflito dos opostos 3) lei da negaccedilatildeo da negaccedilatildeo

Politzer (1986) apresenta a dialeacutetica fundamentada nas seguintes leis 1)mudanccedila dialeacutetica 2) accedilatildeo reciacuteproca 3) contradiccedilatildeo 4) transformaccedilatildeo daquantidade em qualidade ou lei do progresso por saltos

Cury (1983) apresenta as seguintes categorias dialeacuteticas como categoriasdialetizadas que se medeiam mutuamente 1) contradiccedilatildeo 2) totalidade 3)mediaccedilatildeo 4) reproduccedilatildeo 5) hegemonia O autor considera com base em Gramsci(1978) a concepccedilatildeo dessas categoriasno interior de uma teoria geral da realidadeexpressa na filosofia da praacutexis

Gadotti (1990) apresenta como princiacutepios gerais oucaracteriacutesticas da dialeacutetica 1) princiacutepio de totalidade 2) princiacutepio dj

movimento 3) princiacutepio da mudanccedila qualitativa 4) princiacutepio da contradiccedilatildeo J Todas essas categorias leis ou princiacutepios se correspondem e a variaccedilatildeo na

maneira de apresentaacute-los natildeo implica em divergecircncia quanto agrave essecircncia daconcepccedilatildeo dialeacutetica Neste quarto captulo utilizou-se a nomenclatura de Gadotti shy(1990) sem que nisso incidisse qualquer criteacuterio valorativo sobre outras abordagenspassando-se a apresentar resumidamente a descriccedilatildeo dos princiacutepios ou categoriasdialeacuteticas segundo este autor -

O primeiro princiacutepio o d~taiacuteidade~ refere-se ao ~elacionamentoreciacutepr()coque envolve todos os objetos e fenocircmenos atraveacutes do qual o meacutetodo dialeacuteticobusca entendecirc-los numa totalidade concreta A tenlativa de isolar fatos oufenocircmenos para compreendecirc-los natildeo estaacute contemplada pela abordiuacute~_eIiialaleacutetlcashy

pois segundo sua oacutetica tal isolamento levaria agrave privaccedilatildeo de sentido de exPik~ccedilmiddotatilde~

de conteuacutedo Seria imobilizaccedilatildeo artificial contraacuteria ao pressuposto baacutesico da dialeacuteticade que o sentido das coisas natildeo estaacute na consideraccedilatildeo de sua individualidade masna sua totalidade

O segundo princiacutepio o de~~v~oacute relaciona-se diretamente agrave concepccedilatildeode transformaccedilatildeo pois a partir dele a dialeacutetica considera todas as coisas em seudevir Ou seja natureza e sociedade satildeo entidades sempre inacabadas e em contiacutenuatransformaccedilatildeo - o movimento eacute uma qualidade inerente a todas as coisas

O principio do movimento chamado por Engels de Lei da Negaccedilatildeo procura dar conta da realidade a partir do conflito incessante entre afirmaccedilotildees(teses) e negaccedilotildees (antiacuteteses) estas necessariamente engendradas pelas primeirase da super~ccedilatildeo de ambas em uma siacutentese que na verdade constitui uma novatese e assIm sucessivamente

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NOVAS PERSPECTIVAS PARA O ENSINODE GRADUACcedilAtildeO EM MUacuteSICA

A proposta deste capiacutetulo eacute apresentar diretrizes para um redirecionamentodo ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir da anaacutelise de seu conteuacutedo e de umaconcepccedilatildeo dialeacutetica da educaccedilatildeo coerentemente com os pressupostos apresentadosno primeiro capiacutetulo

A dialeacutetica tem suas origens mais recentes em Hegel com uma concepccedilatildeoidealista e em Marx e Engels com uma concepccedilatildeo materialista

Segundo Abbagnano (1970 p255) a dialeacutetica se formulou no Idealismoromacircntico e em particular em Hegel como siacutentese dos opostos Para Hegel adialeacutetica eacute a proacutepria natureza do pensamento e consiste ldeg) na colocaccedilatildeo de umconceito abstrato e limitado 2deg) no suprimir-se desse conceito como algo de finitoe na passagem para o contraacuterio dele 3deg) na siacutentese das duas determinaccedilotildees precedentessiacutentese que conserva o que haacute de afirmativo na sua soluccedilatildeo e na sua passagem

Marx e Engels ainda segundo Abbagnano (1970 p256) utilizaram a noccedilatildeode dialeacutetica no mesmo sentido que Hegel lhe atribuiacutera mas sem o significadoidealista que recebera do sistema de Hegel Marx preconizava a necessidade defazer passar a dialeacutetica da abstraccedilatildeo agrave realidade do mundo fechado daconsciecircncia ao mundo aberto da natureza e da histoacuteria

Segundo Politzer (1986 p124) Marx e Engels disciacutepulos materialistas deHegel transferiram para a realidade material a causa inicial do movimento dopensamento definido por Hegel e chamaram-no tal como este de dialeacutetico apesarde terem transformado suas bases

A dialeacutetica tem sido abordada de diversas maneiras (Gentile CroceFeuerbach etc) o que gera divergecircncias conceituais Mora (1975 p447) arespeito dessas variaccedilotildees assinala

Natildeo se pode afirmar com efeito se a dialeacutetica eacute um nome para a filosofiageral que inclui a loacutegica formal como uma de suas partes ou se eacute um reflexo darealidade ou se eacute simplesmente um meacutetodo para a compreensatildeo desta

Demo (1989) ao analisar a metodologia dialeacutetica assinala que na praacuteticaencontramos natildeo soacute dialeacuteticas diferentes divergentes mas ateacute mesmocontraditoacuterias como em qualquer campo metodoloacutegico (p88) deixando claroque natildeo existe a dialeacutetica como abordagem uacutenica O autor se propotildee a argumentara favor da dialeacutetica histoacuterico-estrutural por lhe parecer a mais consentacircnea com arealidade histoacuterica e apresenta as seguintes categorias baacutesicas 1) pressuposto do

CAPIacuteTULO IV

140

Aula
Nota
0111 Saimonton Jefferson e FLaacutevia

o terceiro princiacutepio o da tiacute1Gd~~iit~tT~ relaciona-se tambeacutem agraveconcepccedilatildeo de transformaccedilatildeo e logicamente agrave de movimento partindo daconsideraccedilatildeo de que essa mudanccedila qualitativa decorre do acuacutemul0 de elementosquantitativos que num dado momento produzem o qualtativamerIacutetenovocirc~

transformaccedilatildeo das coisas natildeo se realiza num processo circular de eterna repeticcedilatildeodo velho mas numa espiral ascendente em que cada retomo se daacute a um outro plano

A esse respeito e interessante citar Politzer (1986 pl42)A histoacuteria mostra que o tempo natildeo passa sem deixar marca Passa mas

os desenvolvimentos que ocorrem natildeo satildeo os mesmos O mundo a natureza asociedade constituem um desenvolvimento que eacute histoacuterico e em linguagemfilosoacutefica se chama em espiral

O quarto princiacutepio o dareacuteont~~ tambeacutem intrinsecamente ligado aosprinciacutepios anteriores refere-se agravetransformaccedilatildeo como decorrente de forccedilas opostase complementares que coexistem no proacuteprio interior dos fatos e fenocircmenos-Essasforccedilas tendem simultaneamente agrave unidade e agrave oposiccedilatildeo (contradiccedilatildeo) rrIacuteotilde~imentoesse (unidade e luta) que eacute universal ou seja inerente a todas as coisas materiaise espirituais

Os elementos coexistem numa realidade estruturada um natildeo podendoexistir sem o outro [ 1 (A existecircncia dos contraacuterios natildeo eacute um absurdoloacutegico ela se funda no rea1j (Gadotti 1990 p26)

Esses princiacutepios descritos resumidamente aqui a partir de Gadotti estatildeosubjacentes aos pressupostos apresentados no primeiro capiacutetulo

As concepccedilotildees de arte e muacutesica expressas nesses pressupostos trazemno bojo tais princiacutepios na medida em que esses fenocircmenos natildeo satildeo concebidosestaticamente ou isoladamente mas num conjunto de muacuteltiplas relaccedilotildees dinacircmicasno interior da sociedade e considerados numa perspectiva de transformaccedilatildeo social

r- No que concerne agrave educaccedilatildeo tambeacutem os pressupostos assumidostransparecem numa abordagem dialeacutetica riagrave medida em que consideram educaccedilatildeoarticulada com o contexto histoacuterico-concreto ou seja como elemento (determinadoe determinante) de um processo de relaccedilotildees sociais muacuteltiplas potencialmenteimportante no processo de transformaccedilatildeo do homem e da sociedade

A busca de diretrizes gerais para o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesicaembasadas em uma concepccedilatildeo dialeacutetica de arte de muacutesica e de educaccedilatildeo foiprecedida de uma anaacutelise das funccedilotildees sociais da muacutesica numa perspectiva histoacutericae no contexto dos cursos de graduaccedilatildeo

Favoreceu-se com essa anaacutelise uma aproximaccedilatildeo do fenocircmeno musicalpela oacutetica de suas funccedilotildees sociais e uma caracterizaccedilatildeo do ensino superior demuacutesica a partir de seu conteuacutedo tendo consistido essa primeira etapa numa coletapreliminar de subsiacutedios para o delineamento de novos rumos

142

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Natildeo foi proposta intencional deste trabalho apresentar um novo curriacuteculopois tal tarefa cabe agraves comunidades interessadas - professores e alunos deinstituiccedilotildees de ensino superior de muacutesica de forma a refletir efetivamente ascaracteriacutesticas soacutecio-culturais e a garantir no processo educacional a presenccedilaviva e atuante dos elementos envolvidos O que se pretendeu foi apresentardiretrizes gerais para nortearem abordagens segundo novas bases dos curriacuteculosde muacutesica a partir de uma revisatildeo de seu conteuacutedo Nesse sentido foi consideradauma tarefa pertinente a este trabalho e como tal foi assumida em seus objetivos

Assim com base nos pressupostos estabelecidos inicialmente nos subsiacutedioscolhidos com a anaacutelise das funccedilotildees sociais da muacutesica e sobretudo a partir deuma concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeo estabeleceram-se sete diretrizes filosoacuteficasconsideradas fundamentais para que se possa pensar em novas bases o conteuacutedodos curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica Essas diretrizes natildeo se pretenderamisoladas nem excludentes elas se interpenetram e interagem representando umamovimentaccedilatildeo contiacutenua movimentaccedilatildeo essa alimentada pela sociedade em que seinserem a qual por sua vez passa a ser nutriacuteda com o produto artiacutestico e reflexivode um ensino de muacutesica formulado em bases dialeacuteticas

Essas sete diretrizes ou princiacutepios estabelecidos a partir de uma aplicaccedilatildeodos princiacutepios da dialeacutetica ao ensino de muacutesica satildeo sem qualquer pretensatildeohieraacuterquica ou sequumlencial os seguintes 1) historicidade 2) criaccedilatildeo de~

conhecimento 3) preservaccedilatildeo de conhecimentos 4) reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeoteoacuterica 5) praacutetica atual 6) implicaccedilatildeo poliacutetica 7) expressatildeo esteacutetica -f

Cabe agora explicitar esses princiacutepios O primeiro deles relaciona-se agravehistoricidade aqui entendida como a implicaccedilatildeo histoacuterica (a proacutepria dinacircmica entrepresente passado e futuro) dos fatos e fenocircmenos considerados neste momentoos fatos e fenocircmenos musicais O princiacutepio de historicidade busca dar conta da~relaccedilotildees sociais presentes e passadas que impregnam a muacutesica e das interferecircnciasfu~r~s jaacute contidas no presente numa aJordagem que envolva dinamicamente asmultIpIas relaccedilotildees i~erentes a~nocircmeno musical

O compromIsso com a historicidade impede o exerciacutecio de uma arteaparentemente destituiacuteda de marcos temporais e espaciais ou seja alienadaImpede tambeacutem a cristalizaccedilatildeo temporal e espacial do conteuacutedo dos cursos degraduaccedilatildeo pois historicidade eacute compromisso com o passado com o presente ecom o futuro Natildeo necessariamente o presente atingido atraveacutes do passadomas o presente contido no passado e no futuro de vez que a sociedade apresentashyse permanentemente inacabada em contiacutenua transformaccedilatildeo trazendo em seu bojoas contradiccedilotildees qu - _ e gerarao novos processos (e novas contradlccediloes)

Hlstonclzaccedilatildeo co mo pnnclplO e Importante para que se preserve acompreensatildeo da p d ropna mamlca da hlstona mas tambem para que natildeo se

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universalize um momento histoacuterico pretendendo tomaacute-lo um modelo e sobretudo ~ O ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica como nuacutecleo gerador de conhecimentor para que o homem se conscientize de seu papel como efetivo agente da histoacuteria ~ musical e musicoloacutegico como espaccedilo criacutetico privilegiado passaria a contribuir para compreendendo os processos histoacutericos como fruto da intervenccedilatildeo humana ~ a criaccedilatildeo de um conhecimento inovador feacutertil embasado num contexto histoacuterico-l Fazer e pensar muacutesica a partir do princiacutepio de historicidade eacute sobretudo social concreto inserido numa totalidade de relaccedilotildees dinacircmicas e muacuteltiplas avesso

dar conta da muacutesica hoje mas natildeo soacute da musica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo a conteuacutedos cristalizados e imobilizados no tempo e no espaccedilo Se como Gramscieuropeacuteia pois a histoacuteria contemporacircnea abriga muacuteltiplas concepccedilotildees de muacutesica ~ (1988) aponta uma das funccedilotildees da Universidade eacute a formaccedilatildeo de intelectuais(como foi visto no segundo capiacutetulo) concepccedilotildees essas contraditoacuterias e bull WJ_ (embora natildeo soacute a ela atribua essa tarefa) cabendo a esses intelectuais uma accedilatildeocoexistentes que natildeo podem a partir de tal princiacutepio ser excluiacutedas Mas eacute tambeacutem ~ organizadora na sociedade o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica concebido nas basesdar conta da muacutesica do passado natildeo como paracircmetro ideal para opensllr~o fa~~ li bullbullbull aqui propostas compromissado com a criaccedilatildeo de conhecimento estaria cumprindomuacutesica mas como elemento significativo de uma histoacuteiiaquacuteenatildeo se quer apag~~ - esse sentido sua funccedilatildeo social _-- _

mas compreender e apreender bull bull ~w O terceiro princiacutepio diz respeito agrave preservaccedilatildeo de conhecime~o que natildeof Criar uma nova cultura natildeo significa apenas fazer individualmente ~ significa imobilismo ou cristalizaccedilatildeo Preservar conhecimento significaass~

descobertas originais significa tambeacutem e sobretudo difundir criticamente ~ o acesso ao acervo cultural da humanidade revisitado a partir de reflexotildees criacuteticasverdades jaacute descobertas socializaacute-las por assim dizer transformaacute-las sempre renovadas dando conta da dinacircmica desse conhecimento num processo

portanto em base de accedilotildees vitais em elemento de coordenaccedilatildeo e de ordem de recriaccedilatildeo permanente

i intelectual e moral (Gramsci 199)f 13 ~ Segundo este princiacutepio a reproduccedilatildeo de repertoacuterios de eacutepocas passadas1 O segundo princiacutepio refere-se agrave criaccedilatildeo de conheciment este concebido como i- teria um lugar redimensionado deixando de figurar esse repertoacuterio como fixaccedilatildeo

v em permanente transformaccedilatildeo processado continuamente em movimento permanente -) de modelos ideais mas como um redescobrir permanente dos~ f A ~mobilizaccedilatildeo artificial dos conteuacutedos e do c()~J1~~i~~1]todeixaria de ter de outros momentos histoacutericos Mas tal reproduccedilatildeo natildeo tomaria o espaccedilo gagraverantido-

lugar a partir deste princiacutepio que levaria agrave buscade produzir permanentemente __ por este princiacutepio de preservaccedilatildeo das obras do presente de reproduzi-las deno acircmbito dos cursos de graduaccedilatildeo muacutesica e reflexatildeo sobre muacutesica contrariamente _ analisaacute-las criticamente dando conta tambeacutem de que elas abrigam duacutevidas ~

r agrave adoccedilatildeo de conteuacutedos apresentad~s ~ogmaticament~cmo ideais A ~ialeacutetica- contradiccedilotildees estruturais e esteacuteticas e de que elas tambeacutem contecircm um princiacutepio de opotildee-se necessariamente ao dogmatismo ao reduclOlllsmo portanto e sempre movimento apontado para o futurol aberta inacabada superando-se constantemente (Gadotti 1990 p38) Preservar conhecimento natildeo significa tambeacutem preservar um tipo privilegiado

Criar conhecimento permanentemente natildeo significa excluir ou desprezar de conhecimento mas garantir espaccedilos para todos os tipos de conhecimento _doos conhecimentos e conteuacutedos do passado mas significa natildeo parar neles O propoacutesito popu~ar ao erudito do folcloacuterico agrave cultura de massa - pois eles estatildeo presentesmaior da Universidade estaria entatildeo contemplado e a criaccedilatildeo - tarefa maior do conflltantes e contraditoacuterios entre si no contexto social do seacuteculo XXJSomenteartista - estaria exercida de forma prioritaacuteria ~razendopara a Universidade essa multiplicidade de facetas da muacutesica d quarta

Reproduzir muacutesica - do presente ou do passado - seria tarefa coadjuvante I~ade vlde segundo capiacutetulo) analisando-os criticamente reprocessando-osnatildeo meta principaL pennitindo que o exerciacutecio pleno da faculdade de criar gerasse vlv~nclando-os o ensino superior poderaacute dar cabo de seu compromisso com aartistas plenamente realizados socIedade que eacute aleacutem de criar conhecimento preservaacute-lo

A reflexatildeo o conhecimento musicoloacutegico tambeacutem estariam contemplados Segundo essa oacutetica conteuacutedos como os princiacutepios teoacuteriacutecos e esteacuteticos daNatildeo necessariamente a reproduccedilatildeo de reflexotildees ou de conhecimentos gerados hannonia ~laacute~sca podem e devem ser preservados pois representam um momentopor outros muitas vezes de qualidade discutiacutevel mas a reflexatildeo proacutepria elaborada nco na traJe~ona europeacuteia dos seacuteculos XVII a XIX que gera desdobramentos ateacuteno proacuteprio contexto do curso embora nutrida por reflexotildees ou conhecimentos os dias atualS Mas natildeo se permitiria apresentaacute-los sob o nome de Harmoniaanteriores Natildeo se preconiza aqui a pretensatildeo de criar sempre o novo pois o ~ com se fosse a uacutenica possibilidade de harmonizar sons ou como se fosse u~

b t b a-o prototIpo a ser copiado e etem dO ldconheCImento antenor e a ase necessana para que se avance mas am em n Iza o mesmo raCIOcmIO e va I o para o estudo dah I tmiddot foona que natildeo poderia se de M- I bse preconiza a estagnaccedilatildeo no con eClmento pronto o que e Immana a ms ancla j~ bull nommar orlO ogla a rangendo apenas o estudo

criadom 144 iiacute das fonnas clasSlcas (com algumas cocssotildecs ao barroco ou ao romantismo)

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mas compreendendo fo~omoas infinitas possibilidades que o artista tem parai estruturar os significados eacutesentidos que quer transmitir - ---------~

Preservar conhecimento eacute debruccedilar-se sobre os conteuacutedos e repertoacuterios dopassado e do presente preservando a historicidade e a dinacircmica que eles carregamreconhecendo seus referenciais espaciais temporais culturais de modo a poder

~analisaacute-los criticamente e gerar novos conteuacutedos e~pertoacuterios enriquecidos~ O quarto ~rinciacutepio diz respeito ~otildeCrtica e agrave ~l~boraccedilatildeo t~oacuteric~e

certamente esta entrelaccedilado aos antenores pOIS hlstoncldade cnaccedilatildeo epreservaccedilatildeo de conhecimento soacute se processam alicerccedilados na anaacutelise criacuteticapropiacutecia agrave elaboraccedilatildeo e agrave reelaboraccedilatildeo teoacuterica

Reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterIacuteca satildeo procedimentos inseparaacuteveis da praacutetica pois~aJraacuteti~parte o cont_~~meE~a ela retomYlUma movimentaccedilatildeo dialeacutetica

Natildeo se trata pms~stir apenas em disciplinas teoacutericas pois segundo o temorde muitos muacutesicos (alunos e professores) roubam tempo agrave praacutetica instrumentalque segundo eles eacute soacute o que importa Na verdade a elaboraccedilatildeo e a reelaboraccedilatildeoteoacutericas estatildeo ausentes nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica cujas disciplinas tidascomo teoacutericas apenas descrevem descontextualizadamente partes do fenocircmenomusical a partir da oacutetica da muacutesica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia sem quetal oacutetica seja explicitada ou seja com perda da perspectiva totalizante

r Natildeo deve se configurar pois nos cursos de graduaccedilaacuteo uma dissociaccedilatildeo ou uma incompatibilidade entre teoria e praacutetica musical Na verdade satildeo elementos

integrantes de um mesmo moacutevimentoacute devendo como tal ser compreendidos e integrados natildeo soacute entre si mas ao conjunto derelaccedilotildees sociais agraves quais se vinculam

Reflexatildeo criacutetica pressupotildee o~u~jlt]-1_~~ de limites de verdades devalores imutaacuteveis de preconceitos de visotildees de mundo uniacutevocas e impulsionapara a recolocaccedilatildeo de limites para a r~valorizaccedilatildeo de fato~ccedilJenocirc~enos para a~einterp-retatildeccedil_atildeo desses fatos e fenocircmenos para a t~ansfol1a~~o--middot-lmpede avinculaccedilatildeo da teoria a praacuteticas sociais que natildeo sejam a de seu tempo promove aconscientizaccedilatildeo lo

Reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterica pennanentes como princiacutepio implicamem conceber o conhecimento praacutetico ou teoacuterico como transitoacuterio comopermanentemente inacabado passiacutevel de recriaccedilatildeo permanente

Numa tal perspectiva natildeo haveria espaccedilo para dogmas para cristalizaccedilatildeode modelos teoacutericos e esteacuteticos para uma praacutetica que natildeo remeta criticamente agraveteoria nem a uma teoria que natildeo se alimente permanentemente da praacutetica

( Os conhecimentos musicai~~os do presente teriam aiacute seuespaccedilo garantido permitindo quGtos e fetiches ~o presente ou do passado

revistos criticamente analisados reinterpretados revalorizados conduzissem a novasconcepccedilotildees de saber

~

As contradiccedilotildees entre cultura burguesa e cultura popular assim comooutras contradiccedilotildees inerentes agraves classes sociais natildeo seriam evitadas a partir desteprinciacutepio mas seriam ~irnel1tordmpara a reflexatildeo criacutetica e para a produccedilatildeo permanentede saber a partir da elaboraccedilatildeo e da reelaboraccedilatildeo teoacutericas dando conta assim deuma articulaccedilatildeo verdadeira da Universidade com a sociedade em que se insere

A educaccedilatildeo executaria um jogo duplo forneceria modelos e as armascriacuteticas desses modelos realizaria uma siacutentese um equiliacutebrio entre aestabilidade e a evoluccedilatildeo entre a ordem e a desordem a reproduccedilatildeo e acriaccedilatildeo a seguranccedila e a inovaccedilatildeo a autoridade e a liacuteberdade ( Gadotti1990 pl 07)

Se uma das funccedilotildees baacutesicas da Universidade eacute o papel criacutetico ele estariaentatildeo contemplado permitindo natildeo soacute a reproduccedilatildeo da cultura da qual eacute frutomas tambeacutem a criaccedilatildeo de cultura ou de contra-cultura

Somente assumindo o conflito a relaccedilatildeo dialeacutetica entre o velho e o novoentre a reproduccedilatildeo e a transformaccedilatildeo a ljniversidade pode dar conta de seu papelna sociedade - e o ensino superior de musica natildeo eacute uma exceccedilatildeo a esse caso

O quinto princiacutepio diz respeito agrave praacutetica atuaIfpraacutetica entendida aqui nosentido de accedilatildeo Na anaacutelise do princiacutepio anterior ficou claro que praacutetica e teoriasatildeo inseparaacuteveis interpenetrando-se e modificando-se permanentemente e nessesentido se a reflexatildeo criacutetica e a elaboraccedilatildeo teoacuterica satildeo imprescindiacuteveis a praacuteticatambem o eacute - trata-se de natildeo dicotomizar um ato que envolve os doissentidos (Gadotti 1990 p94)

Mas cabem algumas observaccedilotildees complementares e a primeira delas dizrespeito agrave praacutetica musical no seacuteculo XX que como foi visto no segundo capiacutetulodesenvolve-se segundo diversas concepccedilotildees que contemplam desde a muacutesicafolcloacuterica carregada de simbolismos e tradiccedilatildeo agrave muacutesica de massas direcionadapelo e para o mercado desde a muacutesica seacuteria de seacuteculos passados agrave muacutesicaseacuteria do nosso tempo

Compromisso com a praacutetica musical atual eacute compromisso com todas asmodalidades musicais que se rneSUacuteeacutelm-na contemporantuacutetordfae-reaiacutel~ndoos ~

conflitos e contradiccedilotildees sociais que ess~~ -m-uacutesic~s representam E nes-sesentlduumla muacutesica seacuteria dos seacuteculos anteriores tem seu espaccedilo garantido desde que aconsciecircncia histoacuterica do homem voltou seus olhos para a muacutesica do passado ebuscou reaprendecirc-Ia Mas natildeo eacute sobretudo tomaacute-Ia o centro do processo deensino em detrimento das outras concepccedilotildees de muacutesica principalmente as quesatildeo produzidas no contexto de nossa eacutepoca

Conteuacutedos repertoacuterios teacutecnicas adestramentos todos estariamcom~rometidoscom a praacutetica atual e teriam que abrigar sua multiplicidade demamfestaccedilotildees musicais - e refletir sobre elas

147

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como Histoacuteria da Muacutesica Harmonia e Morfologia ou Esteacutetica teriam apartir dessa abordagem uma dimensatildeo poliacutetica como conteuacutedos inseridos ~oscontextos humanos que lhes datildeo sentido propiciadores de um aprofundamentoqualitativo do conhecimento

Outra observaccedilatildeo de Gadotti (1988) eacute oportuna de ser tomada nestemomento

r A escola natildeo eacute a alavanca da transformaccedilatildeo social mas essa~ transformaccedilatildeo natildeo se faraacute sem ela natildeo se efetivaraacute sem ela (p73)

Segundo essa perspectiva o ensino (inclusive o ensino superior de muacutesica)tem um papel social a desempenhar atraveacutes da politizaccedilatildeo de seu conteuacutedo poisnatildeo se pode pensar transformaccedilatildeo sem esclarecimento sem lucidez eesclarecimento e lucidez soacute podem advir de conteuacutedos aprofundados e trabalhadosnuma abordagem totalizante - ou seja da politizaccedilatildeo dos conteuacutedos visando agraveparticipaccedilatildeo agrave autonomia agrave transformaccedilatildeo do individuo e da sociedade

Compromisso politico aparece pois associado a accedilatildeo transformadora dandoconta assim de um dos comprometimentos de uma educaccedilatildeo dialeacutetica

Gramsci (1990) leva mais longe a possibilidade de se pensar numa educaccedilatildeotransformadora (poliacutetica)quando afirma que o melhoramento eacutetico natildeo eacutepuramente individual pois ele soacute se realiza em uma atividade para o exterior numaatividade transformadora das relaccedilotildees externas

Das palavras de Gramsci eacute possivel partir para uma reflexatildeo sobre o~me~horamento eacutetico individual a partir de conteuacutedos politizados (aprofundadoscontextualizados criticados) Mas o melhoramento eacutetico segundo o autor natildeose e~gotaria na instacircncia individual pois sua realizaccedilatildeo plena soacute se daria numaatlvldade exterior ou seja do fortalecimento interior adviria uma transformaccedilatildeo domundo exterior

A ~imen~~o poliacutetica da arte tomada em si tambeacutem estaria presente nessaImplIcaccedilao polItIca ao permitir uma realizaccedilatildeo plena na atividade artistica noscursos de gra~uaccedilatildeo em muacutesica Segundo Fischer (sd) a arte tem sempre umpouco de magIa que lhe eacute essencial mas a arte eacute necessaacuteria para que o homem setorne capaz de conhecer e mudar o mundo Eacute verdade que a funccedilatildeo essencialda m~te pa~a uma classe destinada a transformar o mundo natildeo eacute a de fazermaglC~e slm a d~ esclarecer e incitar agrave accedilatildeo () (p20)

~mpreconIzar a eliminaccedilatildeo do elemento maacutegico sem o qual para o autora arte nao e arte F h 1 ~

ISC er assma a uma funccedilao socIal - poliacutetica - na arte voltadapara a transformaccedilao

O ensino de graduaccedil~ ad d ao em musIca tena aSSIm um duplo potencial poliacutetico

vm o de duas verte t profundidad b n es - u~a a da polItIzaccedilatildeo do conteuacutedo trabalhado em

e na USca da totalIdade de suas relaccedilotildees outra a da missatildeo poliacutetica e

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transfonnadora da proacutepria arte quando produzida de fonna consciente e profundadando conta da totalidade do proacuteprio artista

( ) quer embalando quer despertando jogando com sombras outrazendo luzes a arte jamais eacute uma mera descriccedilatildeo cliacutenica do real Sua funccedilatildeoconcerne sempre ao homem total capacita-o a incorporar a si aquilo que elfshynatildeo eacute mas tem possibilidade de ser (Fischer sd p19)-- O seacutetimo princiacutepio diz respeito expressatildeo esteacutetica agrave dimensatildeo sensiacutevel enatildeo poderia estar ausente em nenhum eacuteurso sobretudo nos que lidam diacuteretamentecom arte

A inteligecircncia esteacutetica jaacute descrita anterionnente segundo Read (1981p169) realiza-se na experiacuteecircncia sensiacutevel e eacute inerente a toda experiecircncia artiacutesticapossibilitando o desenvolviacutemento pleno do homem

O ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica deveria privilegiar o espaccedilo da experiecircnciacuteaesteacutetica mas natildeo ao preccedilo de atrelaacute-la a uma uacutenica concepccedilatildeo de esteacutetica (comofoi visto no capiacutetulo anterior) ou de reduzir a experiecircncia esteacutetica agrave instacircnciarecriadora (reproduccedilatildeo)

Se arte eacute conheciacutemento e se arte decorre da experiecircnciacutea esteacutetica natildeo sepode pensar em ensino superior de muacutesica sem assumir compromisso com aexpressatildeo esteacuteticalMas eacute preciso consiacutederar que esteacutetica pressupotildee escolha e

I

escolha pressupotildee valores e valores soacute existem em interaccedilatildeo com a cultura ouseja com a sociedade] Dar conta da dimensatildeo esteacutetica eacute dar conta das relaccedilotildeessociais em que as concepccedilotildees esteacuteticas se inserem eacute dar conta do dinamismo

_dessas_~ordm-~cepccedilotildees na totalidade de que fazem parte ---------------Conceber atilde dimensatildeo esteacutetica nos cursos de graduaccedilatildeo exclui a possibilidadede conteuacutedos e repertoacuterios descontextualizados pois a manifestaccedilatildeo esteacuteticajamais ocorre isenta de viacutenculos temporais ou espaciaiacutes Compromisso com a esteacuteticae compromisso com as relaccedilotildees sociais em sua totalidade com o movimento dessasrelaccedilotildees e com o movimento e com a transfonnaccedilatildeo das proacuteprias concepccedilotildeesesteacuteticas decorrentes das contradiccedilotildees inerentes aos contextos em que se inserem

Retomando mais uma vez as categorias de Read (1981) - inteligecircnciacartesiana e inteligecircncia sensiacutevel - jaacute descritas anteriormente cabe assinalar que oprinciacutepio relativo agrave esteacutetica aliado aos princiacutepios anteriores (sobretudo os relativosagrave produccedilatildeo de conhecimento e agrave reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterica) asseguraa participaccedilatildeo equilibrada das duas fonnas de inteligecircncia nos cursos de graduaccedilatildeo

Iem muacutesica [O homem total buscado por uma educaccedilatildeo de inspiraccedilatildeo dialeacutetiacutecae natildeo o homem fragmentado ( apenas racional ou apenas sensiacutevel) seria cultivadol

Aliaacutes o proacuteprio Read alerta para a distorccedilatildeo de se pretender privilegiaruma dessas dimensotildees - a racional ou a esteacutetica pois na verdade elas secomplementam se interpenetram se movem em interaccedilatildeo Read demonstra que

150

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a instacircnciacutea racional decorre da iacutenstacircncia sensiacutevel e a instacircncia sensiacutevel se estruturaconceitualmente na raciacuteonal

Assiacutem o conhecimento decorrente da arte e da ciecircncia nos cursos degraduaccedilatildeo em muacutesica seria a garantia dessa ciacutercularidade entre as duasinteligecircncias definidas segundo Read

A consideraccedilatildeo da arte como conhecimento encontra respaldo em diversas rautores como Read (passim) Fischer (sd) ou Cassirer (1977) E o compromisso com a expressatildeo esteacutetica seria a garantia nos cursos de mlIacutesica de que natildeo -~

apenas o conhecimento racional estaria privilegiadoA proacutepria arte pode ser descrita como conhecimento soacute que eacute de

uma espeacutecie peculiar especifica ( ) Como arte e ciecircncia se movem emplanos inteiramente diversos natildeo podem contradizer-se nem estorvar-se Ainterpretaccedilatildeo conceptual da ciecircncia natildeo impossibilita a interpretaccedilatildeo intuitivada arte () A arte por outro lado nos ensina a visualizar e natildeo apenas aconceptualizar as coisas (Cassirer 1977 p268-269)

De certa fonna o compromisso com a dimensatildeo esteacutetica seria o aacutepice doprocesso segundo uma concepccedilaacuteo dialeacutetica dos cursos superiores de muacutesica Aoabranger as esferas racional e esteacutetica do homem privilegiar-se-ia o homem totalque eacute sobretudo o homem artista Natildeo o artista alienado mas o artistaconscientizado de todas as relaccedilotildees sociais histoacutericas poliacuteticas que envolvem suaaccedilatildeo artiacutestica e sua arte

O conhecimento musical e musicoloacutegico soacute pode advir de um curriacuteculo queprivilegie as duas inteligecircncias aqui consideradas como partes inseparaacuteveis dotodo dialeacutetico que eacute o proacuteprio homem tambeacutem ele pennanentemente inacabadopermanentemente em transformaccedilatildeo - o homem eacute um processo segundoGramsci(1990) e como tal uma educaccedilatildeo dialeacutetica deve consideraacute-lo para que elese tome efetivamente um homem _ - --- ------ - --

A partir dessas consideraccedilotildees procurou-se elaborar um esboccedilo de propostapara o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica natildeo em tennos de tentar definir gradeCUITlcular (que aliaacutes natildeo consta dos objetivos deste trabalho) mas em tennos desugerir as articulaccedilotildees baacutesicas para a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo cuja base sejauma proposta dialeacutetica da educaccedilatildeo e cujo conteuacutedo seja a muacutesica entendida defonna muacuteltipla e abrangente dando conta de toda e qualquer modalidade de muacutesicae das relaccedilotildees sociais a elas pertinentes

A reisatildeo da funccedilatildeo social da muacutesica em uma perspectiva histoacuterica visou au~aaproxlmaccedilatildeo da dimensatildeo social da muacutesica que se demonstrou esvaziada naanalIse do conteuacutedo dos curriacuteculos de graduaccedilatildeo A apresentaccedilatildeo de diretrizespara a elaboraccedilatildeo de novas propostas de ensino de graduaccedilatildeo derivadas dos

151

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diferentes maneiras Pode-se dizer em tese que cada presente tem o seupassado A praacutetica da divergecircncia deveria deixar o educando diante dealternativas divergentes natildeo apenas em questotildees fundamentais como asideologias as filosofias etc mas em questotildees menos complicadas como asteacutecnicas as metodologias as profissotildees etc

Procurando especificar um pouco mais essa articulaccedilatildeo baacutesica que aqui sepretende propor cabe sugerir essas aacutereas de estudo embora sua definiccedilatildeo numaproposta estruturada deva advir de uacutem debatepartiapativo envolvendo prof~ssorese al~os Numa pretensatildeo portanto apenas de sugestatildeo essas aacutereas poderiamserI) e~~dos musicl~gicos )estruturaccedilatildeo da linguagem musical 3))praacuteticamUSIcal 4) estudos socIo-filosoficos (I) A propna nomenclatura das aacutereas aquipropostas natildeo eacute definitiva e tambeacutem deveria ser fruto de debates para melhordenominaacute-las e delimitaacute-las

1 bull A primeira aacuterea a de estudos musicoloacutegicos abrangeria estudos centrados namuacutesi~a escrita ou oral presente ou passada pertinente a qualquer gecircnero ou estilobuscando abarcara totalidade e o movimento do universo musical em sua historicidade

A constataccedilagraveo de Ruiz (1989 p 8) de que o homem faz muacutesica dequalquer eacutepoca e lugar de qualquer tipo e funccedilatildeo contemporaneamente reforccedila a posiccedilatildeo assumida no paraacutegrafo anterior de buscar dar conta da totalidadeplural e dinacircmica do universo musical bem como a constataccedilatildeo feita no terceirocapiacutetulo de que eacute necessaacuterio que o ensino superior de muacutesica remeta agravecontemporaneidade em suas muacuteltiplas facetas

Os estudos etnomusicoloacutegicos assim como a musicologia histoacuterica estariamincluiacutedos nesta aacuterea buscando simultaneamente cortes transversais e longitudinaisdo fenocircmeno musical no tempo e no espaccedilo dando agrave muacutesica uma abordagem natildeomais ~niacutevoca mas abrangente totalizante evitando o estreitamento do proacuteprioconceIto de muacutesica

As funccedilotildees sociais - as propostas por Merriam ou outras - estariamcontempladas por esses estudos que bus cariam inclusive visualizar a muacutesica emsuas inserccedilotildees espaciais e temporais com suas representaccedilotildees simbolismosexpressotildees interpretadas a partir de uma conexatildeo com o contexto histoacuterico-concretoem que ~s (muacuteltiplas manifestaccedilotildees musicais ocorrem r ~~A ~gunda ar~a denominada aqui provisoriamente de praacutetiacuteeacuteamuumlSiCafmcUacute1 a o f~ze mUSIcal propriamente dito a realizaccedilatildeo musical em si quer emfonna de cnaccedilao quer de interpretaccedilatildeo (as duas modalidades se interpenetrando

III Uma quinta aacuterea - h ------ - J que nao c egou a ser mdUda no texto ongmal da tese foi a deeducaccedilatildeo

( ) muslcayaqui entendid d d d d a como to a atlvI ade que envolva o ensino de muacutesica em qualquer nivel

es e a muslcarzaragraveo t d d gt a e a pe agogla os lIstrumenlos em nrvel superior

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princiacutepios baacutesicos de uma educaccedilatildeo dialeacutetica requer contudo um ensino vinculadosocialmente com conteuacutedos politizados com perspectivas transformadoras

Assim buscou-se sugerir esse conjunto de articulaccedilotildees baacutesicas queoriginariam um curriacuteculo de inspiraccedilatildeo dialeacutetica cujo conteuacutedo desse conta deinserccedilotildees dinacircmicas funccedilotildees e perspectivas sociais

Os curriacuteculos atuais dos quais se tomou como exemplo o da Escola deMuacutesica da UFRJ satildeo geralmente concebidos de maneira linear sequumlencialcronoloacutegica (vide terceiro capiacutetulo) refletindo uma postura evolucionista e aleacutemde evolucionista restritiva pois comojaacute se demonstrou anteriormente essa evoluccedilatildeosoacute atende agrave muacutesica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia desconsiderando atotalidade do universo musical

Uma nova proposta teria que romper com esses encaminhamentos baacutesicospara atender aos princiacutepios dialeacutetiacutecos expostos anteriormente e para trabalhar umconteuacutedo de efetiva significaccedilatildeo social

Essa nova proposta para romptr com a perspectiacuteva linear - evolucionista acimareferida necessitaria primordialmente-acircboliro sequumlenciamento obrigatoacuterio e a cronologiana apresentaccedilatildeo dos repertoacuterios e conteuacutedos ateacute porqu~ aquisiccedilatildeo de conhecimentos ) Ipelo homem natildeo se daacute necessariamente de forma crescente sequumlencial e linearembora se processe a partir de viacutenculos com conhecimentos anteriores]

A ruptura com essa perspectiacuteva poderia se dar pela definiccedilatildeo de aacutereasbaacutesicas de estudo abandonando-se a concepccedilatildeo de elenco de disciplinas previamentedispostas de maneira sequumlencial atraveacutes dos diversos periacuteodos do curso A partirda adoccedilatildeo dessas aacutereas baacutesicas de estudo caberia ao aluno escolher o seu trajetonatildeo mais em termos de selecionar disciplinas ou de cumprir disciplinas obrigatoacuteriasmas em termos de escolher toacutepicos de estudo em cada uma dessas aacutereas emquantidade a ser definida previamente numa proposta jaacute estruturada de curriacuteculo

Esses toacutepicos de estudo - temas - que integrariam cada aacuterea baacutesica deestudo seriam diversificados e abrangentes e adviriam de temas preacute-definidos edos temas de pesquisa desenvolvidos pelo corpo docente e como tal natildeo teriamqualquer pretensatildeo sequumlencial cronoloacutegica ou de conteuacutedo crescente e dada asua riqueza envolveriam todas as modalidades de muacutesica (ou pelo menospotencialmente o fariam deixando assim de restringir o proacuteprio conceito demuacutesica)

Gadotti (1988 p70) abordando a pedagogia da divergecircncia apresentaconsideraccedilotildees que podem ser aqui citadas como reforccedilo agrave questatildeo da pluralidadetemaacutetica oferecida agrave livre escolha do aluno

A pedagogia da divergecircncia significa colocar diante do educando ediscutir com ele os vaacuterios caminhos as vaacuterias possibilidades que a soluccedilatildeode uma quest~o pode tomar ( ) A histoacuteria pode ser escrita de muitas e

155

A proacutepria polifonia deixaria de ter o atual tratamento restrito agrave polifoniatonal e abarcaria todas as modalidades possiacuteveis (da modal agrave dodecafocircnica) noacircmbito das combinaccedilotildees sonoras

f A quarta aacuterea a de estudos soacutecio-filosoacuteficos viria a fecundar oucomplementar as anteriores e poderia buscar inclusive articulaccedilotildees com outrasunidades da Universidade

Nesta aacuterea poderiam estar estudos como antropologia filosofia sociologiametodologia cientiacutefica psicologia ou outros considerados pertinentes acomplementar enriquecer ou embasar a formaccedilatildeo do aluno buscando inclusivefavorecer a articulaccedilatildeo do saber musical ou musicoloacutegico com outras aacutereas deconhecimento Tatildeo importante quanto as

aacutereas precedentes esta propiciaria ao aluno conteuacutedos que atraveacutes desiacutenteses realizadas por ele mesmo soacute viriam a acrescentar densidade ao seufazer musical e agrave sua reflexatildeo aplicada agrave muacutesica ~

Natildeo se buscaria pois a formaccedilatildeo de um muacutesico apenas adestradotecnicamente ao seu instrumento mas um muacutesico conscientizado das articulaccedilotildeesque envolvem sua atuaccedilatildeo e seu produto artiacutestico E sobretudo formar-se-iammuacutesicos instrumentalizados teoricamente para tal conscientizaccedilatildeo e capazes devisualizar o universo de conhecimentos musicais como parte integrante do universode conhecimentos humanos Eacute preciso ainda ressaltar o papel do professor nessanova perspectiva de ensino pois cabe a ele um papel extremamente criativo nesseprocesso Mas natildeo apenas criativo pois a riqueza do conteuacutedo oferecido aos alunosdependeria em grande medida do desenvolvimento das pesquisas docentes aliadaagrave praacutetica artiacutestica bem como de sua atuaccedilatildeo como consultor orientador ou assessorteacutecnico do alunado

t pedagogia da divergecircncia referida em paacuteginas anteriores a partir deGadttI (1988) ao oferecer ao aluno a possibilidade de construccedilatildeo do proacuteprioc~m~~ho natildeo preconiza a omissatildeo do professor Cabe a ele em grande parte avIaIIzaccedilatildeo do processo primeiramente preacute-definindo juntamente com o alunadoas areas de estudo as sub-aacutereas (se necessaacuterio) os temas os toacutepicos de estudoetc ~m segundo lugar sendo ele mesmo um agente criador do conhecimento(musIcal ~u musicoloacutegico) a partir de suas pesquisas e um agente de transmissatildeode conhecImentos jaacute estabelecidos (ainda que com a visatildeo criacutetica da provisoriedadedesses conhecimento ) t I s em ercelro ugar atuando como consultor e onentadorpermanente ~o processo de construccedilatildeo da trajetoacuteria do aluno

G A respeIto da funccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo ao aluno eacute oportuno citar

ramsCI (1989 p124-125)

J a aprendizagem ocorre notadamente graccedilas a um esforccediloespontaneo e autocircno d d mo o lscente no qual o professor exerce apenas uma

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de forma natildeo excludente) A composiccedilatildeo musical e a praacutetica interpretativa estariamaqui abrangidas e igualmente contempladas

Ainda nesta aacuterea a apresentaccedilatildeo seria temaacutetica abandonando-se assim aslistagens sequumlenciais de repertoacuterios ou de conteuacutedos e teacutecnicas a serem praticados

Ao inveacutes de apresentar obras de autores determinados os professores apartir de seus estudos e pesquisas proporiam temas para serem vivenciadosmusicalmente Procurando exemplificar para mai~r clareza se um protildefes~d~

canto propotildee como temaacutetica de estudo Os intervalos de quinta ele pode trabalhar- conforme o seu interesse e o do aluno - desde a escala pentatonal chinesa agraveocorrecircncia de quintas na muacutesica contemporacircnea se a temaacutetica for A voz e oaleatoacuterio poderiam ser incluiacutedos desde improvisos vocais como o fazem os Pigmeusou cantores de jazz agrave muacutesica de Luciano Berio ou mesmo ao Canto GregorianoSe um professor de piano quiser trabalhar o mesmo tema o da aleatoriedade elepode contar com obras de compositores atuais que buscam resgatar um papel maisativo para o inteacuterprete ou com obras do periodo Barroco que em seus baixos contiacutenuoscontavam com a aleatoriedade da interpretaccedilatildeo no momento de sua realizaccedilatildeo oucom os improvisos desenvolvidos pelo jazz pianiacutestico

rA abordagem temaacutetica aplicada agrave vivecircncia musical daria conta do popularao erudito do folclore agrave muacutesica de massa visando atraveacutes da multiplicidade deexperiecircncias esteacuteticas agrave totalidade do conceito de muacutesica em sua dinacircmica e emsuas formas contraditoacuterias e na geraccedilatildeo permanente de novas formas o que soacuteviria a enriquecer a formaccedilatildeo do muacutesico compositor e inteacuterprete (caberia inclusiveo questionamento de tal separaccedilatildeo)

J A ~tOacuteelr~ acircr~a tambeacutem proVisoriamente denominada aqui como a deestrutur~ccedilagraveordm_ltlalinguagemmusical abarcaria os mais diversos elementos comoforma textura combinaccedilotildees sonoras (que se interligam certamente agrave textura)estruturaccedilatildeo do espaccedilo meacutelico estruturaccedilatildeo riacutetmica (e sua dinacircmica) sistemasmusicais idiomas musicais etc

Esta aacuterea seria talvez o espaccedilo por excelecircncia da integraccedilatildeo da teoria agravepraacutetica atraveacutes do vivenciamento de todos os elementos possiacuteveis constitutivos dodiscurso musical da anaacutelise desses elementos da comparaccedilatildeo da critica da criaccedilatildeo

A percepccedilatildeo musical natildeo mais trabalhada como disciplina (mas talvezcomo sub-aacuterea) se enriqueceria nesse processo buscando apreender formasestruturas sistemas articulaccedilotildees as mais variadas (atraveacutes de propostas temaacuteticas)deixando de ser percepccedilatildeo-adestramento de alguns modelos direcionadores Omesmo ocorreria com o estudo da morfologia musical da harmonia (incluiacuteda noacircmbito de combinaccedilotildees sonoras tal como a poli fonia ou outras) e o espectromusical oferecido ao aluno sofreria um alargamento mais uma vez abrangendo atotalidade das manifestaccedilotildees musicais

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r

mesma sociedade Revisto esse ensino a partir de uma concepccedilatildeo dialeacuteticacomo aqui se pretendeu resgata-se essa relaccedilatildeo com a sociedade como u~

todo e resgata-se o papel criacutetico e criador da Universidade - criador de culturade muacutesica em sua plena acepccedilatildeo de saber musical e musicoloacutegico de homen~

tomados homens de homens que se percebem eles mesmos tal como sua artecomo processos permanentes

Resgata-se tambeacutem o papel do professor conferindo-lhe um papel de gestorde um processo efetivamente criativo e produtivo em que ele mesmo eacute elementocriador e produtor em transformaccedilaacuteo permanente Criador e produtor sobretudode muacutesica e de reflexatildeo musicoloacutegica e natildeo de alunos apenas reprodutores d~

obras e de conhecimentos que lhes satildeo simplesmente transmitidos sem que seexija deles nenhuma accedilatildeo construtiva artistica ou teoacuterica ou mesmo criacutetica

Resgata-se ainda um ensino de efetiva implicaccedilatildeo poliacutetica abandonandoshyse conteuacutedos pretensamente neutros que apenas ocultam os conflitos sociais erefletem uma perspectiva uniacutevoca A fecundidade teoacuterica e artiacuteStIca residejustamente emabrangecircncia das situaccedilotildees contraditoacuterias criticando-as refletindosobre elas reprocessando-as criativamente na elaboraccedilatildeo de novos conhecimentos

Da revelaccedilatildeo de contradiccedilotildees impulsiona-se assim a criaccedilatildeo de saber al consciecircncia poliacutetica e a accedilatildeo transformadora contribuindo para a formaccedilatildeo dosalunos num sentIdo pleno como homens agentes de sua histoacuteria

r E resgata-se sobretudo a proacutepria funccedilatildeo social da muacutesica que como toda~0nn~ de arte tem pap~is sociais a cumprir contribuindo para o desenvolvimento

~ 1 mdIvIdual em sua totalIdade e para uma accedilatildeo social efetivamente significativaSe conforme Demo (1987) afirma ciecircncia eacute uma utopia na medida em que

busca se~pre a verd~de interminavelmente e se a arte segundo Fischer (sd)tem tambem como mIssatildeo a criaccedilatildeo de utopias mostrando o mundo como passiveIde ser mudado e ajudando a mudaacute-lo a Universidade ao abrigar cursos superiorescomo o de muacutesica nos quais a praacutetica investigatoacuteria e a artiacutestica devem caminhar~ado a Ia~o tem un significativo papel social a desempenhar _ quer na busca~nt~~mavel da verdade na projeccedilagraveo de utopias na busca do aperfeiccediloamentoIndIVIduaI e social

O curriacuteculo fruto entatildeo de uma concepccedilagraveo dialeacutetica seria o caminho paraque o homem - um process h

o - se tome ornem e lortalecIdo por esse movimentose tome um agente efeti d h ~

vo a Istona contnbumdo para a transformaccedilatildeo social

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funccedilatildeo de guia amigaacutevel como ocorre ou deveria ocorrer na universidadeDescobrir por si mesmo uma verdade sem sugestotildees e ajudas exteriores eacutecriaccedilatildeo ( mesmo que a verdade seja velha) e demonstra a posse do meacutetodoindica que de qualquer modo entrou-se na fase da maturidade intelectualna qualEuode descobrir verdades novas

( Gra~scvaponta como funccedilatildeo orgacircnica do professor o aconselhamento afacilitaccedilatildeo de pesquisas discentes a aceleraccedilatildeo da formaccedilatildeo cientifica do alunoo estimulo para que este faccedila suas primeiras publicaccedilotildees o propiciamento de contatodo aluno com outros especialistas Aleacutem disso atribui ao professor a importantetarefa de transmissatildeo da bagagem acumulada agravequal remeteraacute avaliaccedilotildees criticasanaacutelises esteacuteticas ou filosoacuteficas ~~

O paraacutegrafo que se segue tomado acircGadotti N990 p74) reforccedila o papel doprofessor nos termos aqui propostos ou seja numa posiccedilatildeo diretiva que natildeoexclui a iniciativa do aluno mas convive com ela guiando-a e incentivando-a

r-- A educaccedilatildeo eacute um processo contraditoacuterio ( unidade e oposiccedilatildeo) umatotalidade de accedilatildeo e reflexatildeo eliminando a autoridade caiacutemos noespontaneiacutesmo libertaacuterio onde natildeo se daacute educaccedilatildeo eliminando a liberdadecaiacutemos no autoritarismo onde tambeacutem natildeo existe educaccedilatildeo mas domesticaccedilatildeoou puro adestramento O ato educativo realiza-se nessa tensatildeo dialeacutetica entreliberdade e necessidade

Ao privilegiar o conteuacutedo o ensino em bases dialeacuteticas atribui ao professoruma responsabilidade consideraacutevel pois eacute atraveacutes do conteuacutedo que se daraacute arenovaccedilatildeo da consciecircncia do aluno e cabe ao professor estabelecer a relaccedilatildeoentre esse saber e a praacutetica do alunado Essa relaccedilatildeo se processa com umaparticipaccedilatildeo de ambas as partes o professor assumindo uma tarefa diretivaorganizadora de modo ajunto com o aluno realizar a elaboraccedilatildeo e reelaboraccedilatildeodo saber a ruptura com o velho a construccedilatildeo do novo (o novo natildeo entendidonecessariamente como o ineacutedito ou original~~o sentido da escoberta ou dareelaboraccedilatildeo)

O ensino superior de muacutesica nas bases aqui propostas contando com umaatuaccedilatildeo critica e criativa de professores e alunos viabilizaria entatildeo o que Gadotti(1988 p121) assinala

A relaccedilatildeo universidade-sociedade eacute dialeacutetica a universidade criacultura para uma sociedade mas ela eacute tambeacutem fruto reflexo de certascondiccedilotildees culturais que permitem o seu surgimento

O atual ensino de muacutesica que se revelou desvinculado de significaccedilotildeessociais e descontextualizado na anaacutelise realizada no terceiro capitulo eacute apenasfruto de uma diminuta parcela da sociedade cujos modelos cultu~ai~1usca~~Plt2~JZir

e eternizar mas natildeo se propotildee como Gadotti assinala a criar cultura para essa

CAPIacuteTULO V

CONCLUSAtildeO

Este trabalho teve sua origem em uma preocupaccedilatildeo com a muacutesica nocontexto do seacuteculo XX e seu ensino no acircmbito universitaacuterio Impossiacutevel dizer qualdessas preocupaccedilotildees surgiu primeiro elas se interpenetraram e caminharamjuntas e isso explica a dupla dimensatildeo desta pesquisa

Na verdade essas duas preocupaccedilotildees tiveram origem nas salas de aula daEscola de Muacutesica da UFRJ na reflexatildeo conjunta com professores e alunos deonde emergiram as pe[gUntas que antecederam a este trabalho Com que conc~pccedilatildeo

de muacutesica trabalham os cursos superiores de muacutesica Qual a funccedilatildeo socml damuacutesica ensinada nesses cursos

Os objetivos desta pesquisa decorreram assim de um conflito surgido nasclasses de Histoacuteria da Muacutesica onde se procurou abrir um debate sobre a muacutesicaem uma perspectiva histoacuterica em suas relaccedilotildees com a sociedade E agrave medida emque esse debate se aprofundava cresciam as inquietaccedilotildees sobre as relaccedilotildees doproacuteprio curso de graduaccedilatildeo com a sociedade sobre as funccedilotildees sociais do conteuacutedodesses cursos

A primeira parte deste trabalho deu forma aos levantamentos bibliograacuteficosrealizados sobre as funccedilotildees sociais da muacutesica a partir da periodizaccedilatildeo da histoacuteriada muacutesica elaborada por Walter Wiora e da categorizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais damuacutesica proposta por Allan Merriam Evidenciou-se nessa etapa uma trajetoacuteriada muacutesica rica de significados sociais e um contexto musical contemporacircneoestremamente diversificado e conflituoso refletindo as proacuteprias caracteriacutesticassociais econocircmicas culturais do seacuteculo XX

Diante desse painel tomaram-se mais evidentes as preocupaccedilotildees relativasaos cursos de graduaccedilatildeo que analisados pela oacutetica das funccedilotildees sociais da muacutesicaneles trabalhada apresentaram-se dissociados da problemaacutetica atual operandocom um conteuacutedo de funccedilotildees sociais restritas O proacuteprio papel da Universidadetema atual de debates internos e externos ao meio acadecircmico aflorou de formapreocupante

A partir daiacute do proacuteprio quadro evidenciado quanto agrave situaccedilatildeo do ensmosuperior de muacutesica na restrita significaccedilatildeo social de seu conteuacutedo tomou-sepremente o delineamento de novos rumos E foi na concepccedilatildeo dialeacutetica aplicadaagrave educaccedilatildeo que se pareceu encontrar uma contrapartida para o problema namedida em que conceber dialeticamente o ensino implica em consideraacute-lonecessariamente voltado para um homem concreto articulado com um contexto

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social especifico Ocorreu entatildeo uma convergecircncia com os pressupostosassumidos preliminarmente ou seja de que arte muacutesica e educaccedilatildeo satildeoinstrumentos possiacuteveis de transformaccedilatildeo individual e social

A dimensatildeo poliacutetica entatildeo evidente eacute relativamente rara nos debates sobremuacutesica ou sobre o ensino superior de muacutesica pois muitos lidam com arte em gerale muacutesica como elementos politicamente neutros ou mesmo isentos de implicaccedilotildeesdessa ordem

Este trabalho inverteu em Sua fase final essa colocaccedilatildeo de aparente I

neutralidade em que os cursos de muacutesica frequumlentemente se colocam Pretendeu- se ao contraacuterio visualizar um ensino de muacutesica politicamente concebido articuladocom o contexto social atual da cultura brasileira ou das culturas brasileiras nodizer de Bosi (1987) lidando com uma concepccedilatildeo totalizante de muacutesica e dehomem e voltado para o aperfeiccediloamento individual e social

Foi assim a partir de uma inspiraccedilatildeo tomada aos princiacutepios do meacutetododialeacutetico que surgiram as diretrizes filosoacuteficas propostas no final do trabalhoBuscou-se com essas diretrizes apontar para um quadro utoacutepico hoje mas atingiacutevelno futuro de um CUrso superior de muacutesica em novas bases privilegiando a accedilatildeo(criadora poliacutetica artiacutestica social) a reflexatildeo (fundamentada e inovadora) aproduccedilatildeo (de saber musical e musicoloacutegico) a totalidade do homem e de sua arte

Natildeo se considerou cabiacutevel a proposiccedilatildeo de novo curriacuteculo mas pareceunecessaacuterio exemplificar a operacionalizaccedilatildeo das diretrizes propostas e para issoas possiacuteveis articulaccedilotildees baacutesicas do conteuacutedo de um curriacuteculo concebido em base~dialeacuteti~as foram apresentadas Seria incoerente com a proacutepria postura filosoacuteficaass~mlda neste trabalho ir aleacutem disso pois a convicccedilatildeo de quea participaccedilatildeoconJunta de professores e alunos eacute que deve dar cabo de tal tarefa eacute a quecoerentemente com os princiacutepios e pressupostos apresentados foi adotada

P~ojetou-se assim um curso de graduaccedilatildeo em muacutesica em que a produccedilatildeode musIca e ~e reflexatildeo sobre muacutesica eacute o cerne do processo enraizado nacontemporaneidade musical com suas muacuteltiplas facetas Propocircs-se para issouma accedilatildeo partici f Ccedil

pa Iva elctlvamente cnadora de professores e alunos rccusando-se o papel meramente reprodutor E sobretudo trabalhou-sc com uma concepccedilatildeode arte e de ~uacutesica efetivamente vinculada agrave sociedade da qual eacute determinanteem certa medIda embo t b I d ra am em seja por e a determinada e dotada portanto

e uma vertente poliacutetica e transformadora Sem duacutevida d

as Iretnzes aquI apresentadas satildeo passiacuteveis dequestIonamentos mas ~ I ISSO nao minimIza a pretensatildeo de oferecer aos professorese a unos de cursos supe

um d - nores uma proposta baslca Inovadora para fundamentara ISCUssao que des rt pe e esses cursos da inerCIa e da repeticcedilatildeo

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Aula
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BIBLIOGRAFIAtshyt-

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Essa proposta sobretudo natildeo eacute ocasional superficial ou de fundamentosrecentes Eacute o fruto de uma reflexatildeo que nasceu no proacuteprio exercicio do magisteacuteriosuperior de muacutesica dos debates participativos nas proacuteprias aulas em seminaacuterioscongressos reuniotildees para refonna de curriacuteculos em conversas infonnais cheiasde idealismo e aleacutem disso subsidiada por leituras consistentes e persistentespois frequumlentemente a bibliografia sobre muacutesica eacute teoricamente escassa tambeacutemela impregnada de concepccedilotildees fragmentaacuterias de muacutesica muitas vezes restritaapenas a descrever fatos ou a repetir infonnaccedilotildeesEacutessa deficiecircncia bibliograacuteficaimpele frequumlentemente a que se busquem fundamentos teoacutericos em outras aacutereaso que representa um ~sforccedilo adicional ao transportaacute-los para o ~mbito da muacutesica]

Os novos cursos de muacutesica concebidos nas bases aqUI propostas talvezpudessem suprir ateacute mesmo essa lacuna passando a produzir aleacutem de muacutesicareflexatildeo musicoloacutegica gerando bibliografia mais rica para novos estudos epreenchendo com isso um espaccedilo que efetivamente cabe agrave Universidade

A proposta maior deste trabalho - fornecer subsiacutedios para revisatildeo doscursos superiores de muacutesica~ foi plenamente atingida Falta empreender o debatee ter coragem para as modificaccedilotildees Teraacute entatildeo compensado o esforccediloempreendido na busca de um novo caminho

163

Durkheim Emile Educaccedilatildeo e sociologia Satildeo Paulo Melhoramentos 1967Fernandes Florestan Fundamentos empiacutericos da explicaccedilatildeo socioloacutegica Satildeo

Paulo Nacional 1970___o Elementos de sociologia teoacuterica Satildeo Paulo Nacional EDUSP 1978Fischer Ernst A necessidade da arte Satildeo Paulo Ciacuterculo do Livro [sd]Freire Paulo Educaccedilatildeo como praacutetica da liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra

1967___o Accedilatildeo cultural para a liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1977Gadotti Moacir _Educaccedilatildeo e poder Introduccedilatildeo agrave pedagogia do conflito Satildeo

Paulo Cortez 1988___o Concepccedilatildeo dialeacutetica da educaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1990Gramsci Antonio Concepcatildeo dialeacutetica da histoacuteria Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo

Brasileira 1991 Os intelectuais e a organizaccedilatildeo da cultura Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo

Brasileira 1989Hadjinieolau Nicos Histoacuteria da arte e movimentos sociais Lisboa Ediccedilotildees 70

1989Hanslick Eduard Do belo musical Campinas Unicamp 1989

bull Harnoncourt Nikolaus _O discurso dos sons Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 1988

~ Jardim Antonio A produccedilatildeo musical e o ensino da muacutesica (Dissertaccedilatildeo deMestrado) Rio de Janeiro Conservatoacuterio Brasileiro de Muacutesica 1988

Kaplan David e Mannero Robert A Teoria da cultura Rio de Janeiro ZaharEditores 1975

Kerman Joseph Musicologia Satildeo Paulo Livaria Martins Fontes Editora 1987Koellreutter Hans J O Centro de Pesquisa de Muacutesica Contemporacircnea da UFMG

Trabalho apresentado no II Encontro Nacional de Pesquisa em Muacutesica SatildeoJoatildeo Dei-Rei 1985

____o Educaccedilatildeo musical no Terceiro Mundo funccedilatildeo problemas epossibilidades Cadernos de Estudo - Educaccedilatildeo Musical 1990 n1

Kohan Pablo Comentarios sobre la unificacioacuten teoacuterica de la musicologiacutea seguacutenlas propuestas de 1rma Ruiz e Leonardo Waisman Revista Musical Chilena1989 17233- 40

jLeatildeo Emmanuel Carneiro Aprendendo a pensar Petroacutepolis Vozes 1977Leuchter Erwin La h t di fl IS ona e a mUSIca como re eJo de la evolucIOn cultural

Buenos AIres Ricordi 1946

Libacircne~ Jose Carlos Democratizaccedilatildeo da escola puacuteblica - A pedagogia criacuteticoshySOCIal dos conteuacutedos Satildeo Paulo Loyola 1986

--

ebulle--=-shyamp-amp-ampshybulltbullbull-bullbullbullshyshybull

Bourdieu Pierre e Passeron J-c A reproduccedilatildeo Rio de Janeiro Francisco Alves1975

Bourdieu Pierre Economia das trocas simboacutelicas Satildeo Paulo Perspectiva 1982Bollnow O F Pedagogia e filosofia da existecircncia Petroacutepolis Vozes 1971Boulez Pierre A muacutesica hoje Satildeo Paulo Perspectiva 1981Brandatildeo Carlos Rodrigues A educaccedilatildeo como cultura Satildeo Paulo Brasiliense

1985Britto Brasil Rocha Bossa Nova ln Augusto de Campos (Org) Balanccedilo da

bossa Satildeo Paulo Perspectiva 1968Brindle R Smith La nova musica Barcelona Antoni Bosch Editor 1979Caldas Waldenyr Cultura Satildeo Paulo Global 1986___o O que eacute muacutesica sertaneja Satildeo Paulo Brasiliense 1987Campos Augusto de Boa palavra sobre a muacutesica popular ln Augusto de Campos

(Org) Balanccedilo da bossa Satildeo Paulo Perspectiva 1968Da Jovem Guarda a Joatildeo Gilberto ln Augusto de Campos (Org)

Balanccedilo da bossa Satildeo Paulo Perspectiva 1968Candeacute Roland de Historia universal de la musica Madri Aguillar 1981Cassirer Ernst Antropologia filosoacutefica Satildeo Paulo Mestre Jou 1977Cunha Luiz Antonio A universidade criacutetica Rio de Janeiro Francisco Alves

1985___o Educaccedilatildeo e desenvolvimento social no Brasil Rio de Janeiro Francisco

Alves 1985Cury Carlos Alberto Jamil Ideologia e educaccedilatildeo brasileira Catoacutelicos e liberais

Satildeo Paulo Cortez e Moraes 1978___o Educaccedilatildeo e contradiccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1987Demo Pedro Sociologia Uma introduccedilatildeo criacutetica Satildeo Paulo Atlas 1987

Avaliaccedilatildeo qualitativa Satildeo Paulo Cortez 1988___o Metodologia cientiacutefica em ciecircncias sociais Satildeo Paulo Atlas 1989___o Introduccedilatildeo agrave metodologia da ciecircncia Satildeo Paulo Atlas 1990Domingues Joseacute Luiz Interesses humanos e paradigmas curriculares Revista

Brasileira deEstudos Pedagoacutegicos 198667 (156) 351-366

Duarte Jr Joatildeo Francisco Por que arte-educaccedilatildeo Campinas Papirus Livrariae Editora1953

Duarte Jr Joatildeo Francisco Fundamentos esteacuteticos da educaccedilatildeo Satildeo Paulo CortezUniversidade Federal de Uberlacircndia 1981

Dufrenne Mikel A esteacutetica e as ciecircncias da arte v 1 e 2 Lisboa Bertrand1982

162

165

___ Muacutesica como discurso potencialmente poliacutetico Trabalho apresentadono I Simpoacutesio Brasileiro de Muacutesica Bahia (UFBa) 1991

Oliveira Carlos Gomes de O ensino de trompa na Escola de Muacutesica da UFRJ(Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Rio de Janeiro Conservatoacuterio Brasileiro de Muacutesica1991

Plazaola Juan Introduccioacuten a la esteacutetica Madrid Biblioteca de Autores Cristianos1973

Politzer Georges Principios Elementares de Filosofia Satildeo Paulo Moraes 1986Raynor Henry Histoacuteria social da muacutesica Rio de Janeiro Zahar Editores 1981Read Herbert Arte y sociedad Buenos Aires G Kregt 1951___ O sentido da arte Satildeo Paulo IBRASA 1978

___ A educaccedilatildeo pela arte Satildeo Paulo Livraria Martins Fontes Ed 1982--_ As origens da forma na arte Rio de Janeiro Zahar Editores 1981___ Arte e alienaccedilatildeo Rio de Janeiro Zahar Editores 1983 Reis Sandra Loureiro de Freitas (Org e Coord) Anais do II Encontro Nacional

de Pesquisa em Muacutesica Joatildeo Dei-Rei Minas Gerais 4 a 8 de dezembro de1985 Belo Horizonte Imprensa Universitaacuteria (UFMG) 1987

Ruiz Irma Hacia la unificacioacuten teoacuterica de la musicologia histoacuterica y laetnomusicologia Revista Musical Chilena 1989 172 7-14

Saviani Dermeval Educaccedilatildeo Do senso comum agrave consciecircncia filosoacutefica SatildeoPaulo Cortez 1984

--- Ensino Puacuteblico e Algumas Falas Sobre a Universidade Satildeo PauloCortez 1986

--- Tendecircncias ~ correntes da educaccedilatildeo brasileira ln Durmeval Trigueiro~e~~es (Org) _FIlosofia da educaccedilatildeo brasileira 3abull ed Rio de JaneIroCIVIlIzaccedilatildeo Brasileira 1987

--_ Escola ~ democracia Satildeo Paulo Cortez 1988 Schaeffer Pierre Traiteacute des objets musicaux Paris Seuil 1966

-_o Schurmann Ernst E A I - --_ mUSIca como mguagem Sao Paulo BrasIlIense 1989Seeger Charles The music as a function in a context of functions Yearbook

Inter-Anerican Institute for Musical Research 1966 2 1-42Silva Bene~lto (Coordenaccedilatildeo geral) Dicionaacuterio de ciecircncias sociais Rio de Janeiro

Fundaccedilao Getuacutelio Vargas 1986Stefani Gino bo 19 87 Para t d S - en en er a mUSIca RIO de Janeiro Globo 1987

tem Suzana Albarnoz O d d d P se uca ores - agentes da reproduccedilatildeo social ln Correio

o ovQ RIO Grande do Sul 1980

St k Por uma educaccedilatildeo libertadora Petroacutepolis Vozes 1982rapvms y ~gor e Craft Robert Conversas com Igm Str~vinsky Satildeo Paulo

erspect1va 1984

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1M

Lyotard Jean Franccedilois O poacutes-moderno Rio de Janeiro Joseacute Olympio 1970Mannheim Karl Ideologia e utopia Rio de Janeiro Zahar Editores 1976Martins Raimundo Educaccedilatildeo musical conceitos e preconceitos Rio de Janeiro

Funarte 1985___oA educaccedilatildeo musical como conhecimento refletindo esteacuteticas Trabalho

apresentado no I Simpoacutesio Brasileiro de Muacutesica Bahia (UFBa) 1991Marx Karl Manuscritos econocircmico-filosoacuteficos (Terceiro manuscrito) ln Os

Pensadores Satildeo Paulo Abril Cultural 1978__---o Teses contra Feuerbach ln_Os Pensadores Satildeo Paulo Abril Cultural

1978Medaglia Juacutelio Balanccedilo da bossa nova ln ln Augusto de Campos (Org)

Balanccedilo da bossa Satildeo Paulo Perspectiva 1968Mendes Durmeval Trigueiro Subsidios para a concepccedilatildeo do educador Rio de

Janeiro IESAE 1986 (mimeo)___o Anotaccedilotildees sobre o pensamento educacional no Brasil Revista Brasileira

de Estudos Pedagoacutegicos 1987 160 (68) 481-491___o Existe uma poliacutetica da educaccedilatildeo brasileira ln Durmeval Trigueiro

Mendes (Org) 3abull ed Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 1987

___ Filosofia poliacutetica da educaccedilatildeo brasileira Rio de Janeiro FundaccedilatildeoUniversitaacuteria Joseacute Bonifaacutecio 1990

Menuhin Yehudi e DavisC W A muacutesica do homem Satildeo Paulo Livraria MartinsFontes Ed 1981

Merino Luis Hacia la convergencia de la musicologia histoacuterica y la etnomusicologiacuteadesde una perspectiva de la historia Revista Musical Chilena 1989 172 41shy45

J~ IMerriam Allan O The anthropology_of musico USA North- west UniversityPress 1964

Meyer Leonard B Emotion and meaning in musico Chicago The University ofChicago Press 1956

Mora Joseacute Ferrater Diccionario de filosofia v I e I1Buenos Aires Sudamericana1975

Moraes J Jota de Muacutesica da modernidade Satildeo Paulo Brasiliense 19830 queeacute muacutesica Satildeo Paulo Brasiliense 1989

Nattiez Jean-Jacques et alii Semiologia da muacutesica Lisboa Vega [sd]Nogueira Ilza Maria Costa (Org) Anais ordmordm- Simpoacutesio Nacional sobre a

Problemaacutetica da Pesquisa e do Ensino Musical no Brasil (2abull Fase) Joatildeo

Pessoa 6 a IOde julho de 1987 Joatildeo Pessoa Universidade Federal da Paraiacuteba MEC CNPq

3 ESTRUTURA ACADEcircMICA DA ESCOLA DE MUacuteSICA DA UFRJ

31 Cursos e Habilitaccedilotildees

ANEXO I

--_-----167

PRELIMINAR - Iniciaccedilatildeo MusicalTEacuteCNICO - Formaccedilatildeo profissional a niacutevel de 2deg grau fornecendo Diploma registrado no Ministeacuteriacuteode Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)GRADUACcedilAacuteO - Licenciatura em Educaccedilatildeo Artiacutestica Instrumento Piano Violino Viola ViolonceloContrabaixo Viacuteolatildeo Oboeacute Flauta Fagote Clarineta Trompa Trompete Trombone Oacutergatildeo Harpae Percussatildeo Composiccedilatildeo Canto Regecircncia (Com exceccedilatildeo do primeiro que soacute haacute para Licenciaturaos demais atendem ao Bacharelato e Licenciatura)POacuteS-GRADUACAtildeO - Mestrado nas seguintes aacutereas Piano Oacutergatildeo Canto Instrumentos de Arco eCordas Dedilhadas (Harpa) Instrumentos de Percussatildeo e ComposiccedilatildeoAdmissatildeoPRELIMINAR - Natildeo se exige da crianccedila conhecimentos musicais O teste de seleccedilatildeo vocacional medea percepccedilatildeo auditiva para som e ritmoTEacuteCNICO - O Concurso de habilitaccedilatildeo poderaacute ser prestado para os periacuteodos iacutempares do Ciclo Baacutesicoe para o primeiro periacuteodo do Ciclo Profissiacuteonal Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provasa) Percepccedilatildeo musical e conhecimentos teoacutericosb) Execuccedilatildeo instrumentalGRADUACcedilAtildeO - Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provasa) Percepccedilatildeo musical e conhecimentos teoacutericosb) Harmoniac) Execuccedilatildeo Instrumental

POacuteS-GRADUACAtildeO - Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provas (todas as aacutereas deconcentraccedilatildeo)a) Execuccedilatildeo instrumentalb) Anaacutelise

c) Capacidade de leitura em Iingua estrangeira inglecircs alematildeo francecircs ou italiano agrave escolha do candidatod)Entrevista

A aacuterea de Canto tem aleacutem dessas uma prova de acompanhamento ao piano de peccedila para Canto agraveescolha do candidato a aacuterea de Composiccedilatildeo deveraacute se submeter agraves seguintes provasa) Composiccedilatildeo (Fuga Tema e Variaccedilotildees)

Apreciaccedilatildeo de obras do candidatoPercepccedilatildeo Musical

b) Anaacutelise

c) Capa~idade de leitura em liacutengua estrangeira inglecircs alematildeo francecircs ou italiano agrave escolha docandIdato

d) Entrevista

a) Fundamentaccedilatildeo Legal do Curso

~A criaccedilatildeo da ~niversidade do Rio de Janeiro natildeo modificou o ensino ministrado pois a universidadedGO ponto de vIsta legal era um conjunto de Faculdades reunidas O Dr Getuacutelio Vargas Chefe do

ovemo Provisoacuterio e I dfi de 19 r soveumo I Icara situaccedilatildeo promulgando o Decretonordm 19852 de II deabril

31 que congregava vaacuterias Faculdades inclusive o entagraveo Instituto Nacional de Muacutesica na

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166

Squeff Enio e Wisnik Joseacute Miguel _Muacutesica o nacional e o popular na culturabrasileira Satildeo Paulo Brasiliense 1982

Tinhoratildeo Jose Ramos Pequena histoacuteria da muacutesica popular Satildeo Paulo Ciacuterculo doLivro [sd]

Velho Gilberto (Org) Arte e sociedade Rio de Janeiro Zahar Editores 1977Vicuna Maria Ester Grebe Reflexiones sobre la vinculacioacuten y reciprocidades

entre la etnomusicologiacutea y la musicologiacutea histoacuterica Revista Musical Chilena1989 ln 26-32

Waisman Leonardo 1989 ln 15-25 Musicologias Revista Musical Chilena1989 ln 15-25

Weber Max Los fundamentos racionales y socioloacutegicos de la musica ln Economiay sociedad 7a

bull ed Meacutexico Fondo de Cultura Economica 1984 Conceitos baacutesicos de sociologia Satildeo Paulo Moraes 1987----

Webem Anton O caminho para a muacutesica nova Satildeo Paulo Novas Metas 1984uWiora Walter _Les quatre acircges de la musique Paris Petite_ Bibliotheque Payot

1961Wisnik Jose Miguel O coro dos contraacuterios A muacutesica em tomo da Semana de 22

Satildeo Paulo Duas Cidades Secretaria de Cultura Ciecircncia e Tecnologia 1977 O som e o sentido Satildeo Paulo Companhia das Letras Ciacuterculo do Livro----

1989Zamacois Joaquim Temas de esteacutetica ~historia de la musica Barcelona

Editorial Labor 1986

Universidade do Rio de Janeiro Em 1937 a Lei 452 transformou a Universidade do Rio de Janeiro emUniversidade do Brasil e mudou o nome de Instituto Nacional de Muacutesica para Escola Nacional deMuacutesica Em 1961 com a mudanccedila da Capital Federal para Brasilia a Universidade do Brasil passoua ser designada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Escola Nacional de Muacutesica ficousendo chamada Escola de Muacutesica da Universidade Federal do Rio de Janeiro com base no DecretoshyLei nordm 53 de 18 de novembro de 1966

--- b) Da ProfissatildeoOs Cursos de Licenciatura estatildeo preparando professores para o ensino de ldeg e 2deg graus cujomercado de trabalho eacute bastante satisfatoacuterio O Curso de Graduaccedilatildeo forma profissionais habilitados aintegrar as orquestras das grandes cidades cujos quadros estatildeo sempre se renovando O Curso dePoacutes-Graduaccedilatildeo objetiva a formaccedilatildeo de professores de alta qualificaccedilatildeo profissional pesquisadores econcertistas que teratildeo condiccedilotildees de competir mesmo no exterior

32 - Curriacuteculo por Habiacutelitaccedilatildeo

Os Curriculos minimos dos Cursos Superiores de muacutesica compreendem as seguintes mateacuteriasMateacuterias Comuns a todos os Cursos - Esteacutetica Histoacuteria das Artes e Estudo dos Problemas BrasileirosMateacuterias Especificas dos Cursos - Curso de Instrumento Instrumento e Muacutesica de Cacircmera Curso deCanto Fisiologia da Voz Canto e Canto Coral Composiccedilatildeo e Regecircncia Harmonia SuperiorContraponto e Fuga Prosoacutedia Musical Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo Composiccedilatildeo (para oCompositor) e Regecircncia (para o Regente)

a)CEG06

CURSO PIANO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO ldeg - Creacuteditos 12MUPIOI - Piano IMUC 101 - Harmonia e Morfologia IMUMIOI - Transp e Acompanhamento ao Piano IFCS III - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integrada agrave Muacutesica

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2 - Creacuteditos IIMUP 102 - Piano IIMUC 102 - Harmonia e Morfologia IMUM I02- Transposiccedilatildeo e Acompanhamento ao piano IIMUT 192 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3deg - Creacuteditos IIMUP 20 I - Piano IIIMUC 20l - Harmonia e Morfologia III

168

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MUM 201 - Transp e Acompanhamento ao Piano IIIMUT 331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos IIMUP202 - Piano IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUM202 - Transp e Acompanhamento ao Piano IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 10MUP301- Piano VMUC301- Hannonia e Morfologia VM UT431- Histoacuteria da Muacutesica III

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos lOMUP302 - Piano VIMUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IV

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos lOMUP-40 1- Piano VIIMUC541 Esteacutetica Musical IMUM III - Muacutesica de Cagravemera I

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Sordm - Creacuteditos 10MUP402 - Piano VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUM 112 - Muacutesica de Cagravemera II

CONCLUSAO DO CURSO 100 CREDIlOS 85 BRIGATOacuteRIOSe 15 COMPLEMENTARES

CURSO OacuteRGAtildeO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEOUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO I - Creacuteditos IIMUPIII - Oacutergatildeo IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IFCSIII - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERIacuteO~O DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm _Creacuteditos lOMUPI12 - Orgatildeo II

MUTl 02 - Harmonia e Morfologia II

169

MUT 192 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3~ - Creacuteditos 10MUP211 - Oacutergatildeo IIIMUC201 - Hannoniacutea e Morfologia IIIMUT331 - Hiacutestoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4~ - Creacuteditos 10

MUP2J2 - Oacutergatildeo IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5~ - Creacuteditos 12MUP311 - Oacutergatildeo VMUC301 - Harmonia e Morfologia VMUT431 - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUC371 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo I

6 - PERIOacuteDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6~ - Creacuteditos 12MUP312 - Oacutergatildeo VIMUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo II

7 - PERIOacuteDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7~ - Creacuteditos 10MUP411 - Oacutergatildeo VIIMUC541- Esteacutetica Musical IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8~ - Creacuteditos 10MUP412 - Oacutergatildeo VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

CONCLUSAtildeO DO CURSO 100 CREacuteDITOS 85 OBRIGATOacuteRIOS E 15COMPLEMENTARES

CURSO COilPOSICcedilO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEacuteNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO I~ - Creacuteditos 8MUC 101 - Harmonia e Morfologia IMUTI21 - lIistoacuteria das Artes Integr a Muacutesica[FC II S - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva I

170

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FCSIII - Estudo de Problemas Brasileiros IMUPI21 - Piano B I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 7MUC I02 - Hannonia e Morfologia IIEFCI25 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IIMUT 192 - Estudo de Problemas Brasileiros IIIIUP 122 - Piano B II

3 - PERiacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 32bull - Creacuteditos 9MUC20 I - Hannonia e Morfologia IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica IMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUP221 - Piano B III

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 42 - Creacuteditos 10MUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Hist6ria da Muacutesica IIMUTI62 - Folclore Nacional Musical IIMUP222 - Piano B IVMUC III - Prosoacutedia Musical

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 15MUC30 I - Hannonia e Morfologia VM UT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUP32 I - Piano B VMUC351 - Contraponto I

MUC321 - Hannonia Superior I

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos ISMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUP322 - Piano B VIMUC352 - Contraponto IIMUC322 - Hannonia Superior II

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 72 _ Creacuteditos 14MUP421 - Piano B VII

MUC541 - Eseacutetica Musical I

MUC683 - Oficina de Composiccedilatildeo I

MUC371 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IMUC461 - Fuga I

8 - PERIacuteOODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 82bull _ Creacuteditos 14MUP422 - Piano B VIII

MUC542 - Esteacutetiea Musical II

MUC684 - Oficina de Composiccedilatildeo II

171

MUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IIMUC462 - Fuga II

9 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 9ordm - Creacuteditos 8MUC481 - Composiccedilatildeo IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

lO - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 10ordm - Creacuteditos 8MUC482 = Composiccedilatildeo IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

II - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO II ordm - Creacuteditos 6MUC581 - Composiccedilatildeo III

12 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 12ordm - Creacuteditos 6MUC582 - Composiccedilatildeo IV

13 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 13ordm - Creacuteditos 6MUC681 - Composiccedilatildeo V

14 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 14ordm - Creacuteditos 6MUC682 - Composiccedilatildeo VI

CONCLUSAtildeO DO CURSO 136 CREacuteDITOS 132 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

CURSO INSTRUMENTO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 14 - Instrumento IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IMUM 15 I - Praacutetica de Orq uestra IFCS III - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERCODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento IIMUC 102 - Harmonia a Morfologia 11MUM 152 - Praacutetica de Orquestra IIMUTl92 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva 11

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 13

172

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- Instrumento IIIMUC201 - Hannonia e Morfologia IIIMUM251 - Praacutetica de Orquestra IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUM252 - Praacutetica de Orquestra IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VMUC30 I - Harmonia e Morfologia VM UT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUM351 - Praacutetica de Orquestra V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUM352 - Pratica de Orquestra VI

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIIMUC541 - Esteacutetica Musical IMUMIII - Muacutesica de Cacircmera IMUM451 - Pratica de Orquestra VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUMI 12 - Muacutesica de Cacircmera IIMUM452 - Praacutetica de Orquestra VIII

CONCLUSAtildeO DO CURSO 109 CREacuteDITOS 105 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

Compreendendo Instrumentos de Cordas - Violino Viola Violoncelo e Contrabaixo HarpaInstrumentos de Sopro - Flauta Oboeacute Clarineta Fagote Trompa Trompete e Trombone

CURSO CANTOCURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIAS

SEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 15MUVIOI - Canto I

173

MUCIOI - Hannonia e Morfologia IMUVlll- Dicccedilatildeo IFCSI I I - Estudo dos Problemas Brasileiros IEFCI 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTI21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave MuacutesicaMUT 171 - Fisiologia do Voz IMUPI21 - Piano B I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 14MUV 102 - CantoMUCI02 - Hannonia e MorfologiaMUVI 12 - DicccedilatildeoMUTI 92 - Estudo de Problemas BrasileirosEFCI25 - Educaccedilatildeo Fiacutesica DesportivaMUTI72 - Fisiologia da VozMUPI22 - Piano B II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 13MUV201 - Canto IIIMUC20 I - Hannonia e Morfologia IIIM UT33l - Histoacuteria da MuacutesicaMUV2l I - Dicccedilatildeo IIIMUP22l - Piano B II1

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 13MUV202 - Canto IVMUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da MuacutesicaMUV2l2 bull Dicccedilatildeo IVMUP222 - Piano B IV

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARlDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 14MUV30 I - Canto VMUC30l - Hannonia e Morfologia VMUM141 - Canto Coral IM UT431 - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUV 121- Declamaccedilatildeo Liacuterica IMUP321 - Piano B V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 14MUV302 - Canto VIMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUMI42 - Canto Coral IIMUT432 - Hist6ria da Muacutesica IVMUV122 - Declamaccedilatildeo LiacutericaMUP322 - Piano B VI

174

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7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos I I

MUV401 - Canto VIIMUC54l - Esteacutetica Musical IMUV22 I - Declamaccedilatildeo Liacuterica II IMUP421 - Piano B VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos II

MUV402 - Canto VIIIMUC542 - Esteacutetica MusicalMUV222 - Declamaccedilatildeo Liacuterica IVMUP422 - Piano B VIII

CONCLUSAtildeO DO CURSO 109 CREacuteDITOS 105 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

CURSO REGEcircNCIA

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 10MUC10l - Hannonia e Morfologia IMUTI2l - Histoacuteria das Artes Integr agrave MuacutesicaFCS I I I - Estudo de Problemas Brasileiros IEFCI 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUPI2l - Piano B IMUT 10 I - Percepccedilatildeo Musical I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 9MUC 102 - Hannonia e Morfologia IIMUT I92 - Estudo de Problemas Brasileiros IIEFC125 - Educaccedilatildeo Fiacutesica DesportivaMUPI22 - Piano B IIMUTI 02 - Percepccedilatildeo Musical II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos IIMUC201 - Harmonia e Morfologia IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica IMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUP221 - Piano BillMUT201 - Percepccedilatildeo Musical II1

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 12MUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica IIMUTI62 - Folclore Nacional MusicalMUCI I I - Prosoacutedia Musical

175

MUP222 - Piano B IVMUT202 - Percepccedilatildeo Musical IV

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 15MUC301 - Hannonia e Morfologia VMUT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUC32 I - Harmonia Superior IMUC35 I - Contraponto IMUP32 I - Piano B V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 15MUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUC322 - Hannonia Superior IIMUC352 - Contraponto IIMUP322 - Piano B VI

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos I IMUC541 - Esteacutetica Musical IMUC37 I - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IMUC461 - Fuga IMUP42 I - Piano B VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos I IMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IIMUC462 - Fuga IIMUP422 - Piano B VIII

9 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 9ordm - Creacuteditos 8MUM42 I - Regecircncia IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

10 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 10ordm - Creacuteditos 8MUM422 - Regecircncia IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

11 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO II ordm - Creacuteditos 6MUM52 I - Regecircncia III

12 - PERIacuteOODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 12ordm - CREacuteDITOS 6MUM522 - Regecircncia IV

13 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 13ordm - CREacuteDITOS 6MUM62 I - Regecircncia V

14 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 14ordm - CREacuteDITOS 6

176

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MUM622 - Regecircncia VI

CONCLUSAtildeO DO CURSO 142 CREacuteDITOS 134 OBRIGATOacuteRIOS e 8COMPLEMENTARES

CURSO VIOLAtildeO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 13MUAI03 - Violatildeo IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IMUT IOI - Percepccedilatildeo Musical IFCS II I - Estudo de Problemas Brasileiros IEFC I 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 12MUA 104 - Violatildeo IIMUC I02 - Harmonia e Morfologia IIMUT I02 - Percepccedilatildeo Musical IIMUTl92 - Estudo de Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 12MUA203 - Violatildeo IIIMUC201 - Harmonia e Morfologia IIIMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4 - Creacuteditos 12MUA204 - ViolatildeolVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUTl62 - Folclore Nacional Musical IIMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creditos 12MUA303 - Violatildeo VMUC301 - Hannonia e Morfologia VMUT431 - Histoacuteria da Muacutesica lIacuteIMUT511 - Muacutesica Brasileira I

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm _ Creacuteditos 12MUA304 - Violatildeo VIMUacuteC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUT52 I - Muacutesica Brasileira II

177

179

DEPARTAMENTO 01

E00567 - Praacutetica de Ensino de Flauta IE00568 - Praacutetica de Ensino de Flauta IIE00569 - Praacutetica de Ensino de Fagote IE00570 - Praacutetica de Ensino de Fagote IIE0057 I - Praacutetica de Ensino de Clarineta IE00572 - Pratica de Ensino de Clarineta IIE00583 - Praacutetica de Ensino de Trompa IE00584 - Praacutetica de Ensino de Trompa IIE00585 - Praacutetica de Ensino de Trompete IE00586 - Praacutetica de Ensino de Trompete IIE00587 - Praacutetica de Ensino de Trombone IE00588 - Praacutetica de Ensino de Trombone IIE00589 - Praacutetica de Ensino de Oacutergatildeo IE00590 - Praacutetica de Ensino de Oacutergatildeo IIE00591 - Praacutetica de Ensino de Harpa IE00592 - Praacutetica de Ensino de Harpa IIE00593 - Praacutetica de Ensino de Composiccedilatildeo IE00594 - Praacutetica de Ensino de Composiccedilatildeo IIE00595 - Praacutetica de Ensino de Canto IE00596 - Praacutetica de Ensino de Canto IIE00587 - Praacutetica de Ensino de Regecircncia IE00598 - Praacutetica de Ensino de Regecircncia II

OacuteRGAtildeO I - O Oacutergatildeo sua disposiccedilatildeo geral Posiccedilatildeo individual do organista ao instrumento Haacutebito deleitura em trecircs ou mais pautar Sinais convencionais para a pedaleira Teacutecnica das matildeos e dos peacutes Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAtildeOIl- Oposiccedilatildeo cntre sons ligados e reparados A teacutecnica da pcdaleira aplicaccedilatildeo da ponta e docalcarhar incluindo a substituiccedilatildeo muda c sonora dos peacutes Estudo dirigido Repertoacuterio obriget6rioORGAO III - Da teacutecnica da pedaleira cruzamcnto e altemacircncia dos peacutes escalas maiores e mcnoresligadas e destacadas com aplicaccedilatildeo de ponta e do calcanhar Registros e acessoacuterios mecacircnicos Estudo~relirrinardos jogos Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioORGAO IV - De teacutecnica da pedaleira intervalos de segundas menores resvalando com a ponta do peacute(striciamento) Arpejos na pedaleira Movimentos em intervalos diversos e em ritmos diferentes dos~eacutes uridos aos manuais Jogos de Fundo Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioORG~ V - Da teacutecnica da pedaleira Pedais duplos triplos e quaacutedruplos Escolha dos Registros eacessonos mecacircnicos Estudo dos Jogos de Mutaccedilatildeo e de Palheta nos diferentes autores para oacutergatildeoEstudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterio

a)CEG03

33 - Ementas das Disciplinas

b) Disciplinas CompIementararesTodo Curso aleacutem das Disciplinas Obrigatoacuterias condiciona o aluno agrave realizaccedilatildeo de duas DisciplinasComplementares que variam de Curso para Curso e cuja relaccedilatildeo pode ser encontrada naUnidade

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( I iI1i (ICfi

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EOS533 - Fundamentos Socioloacutegicos da EducaccedilatildeoEOH543 - Fundamentos Fisioloacutegicos EducaccedilatildeoEOA563 - Estrutura e Funcionamento do Ensino Iordm grauEOA564 - Estrutura e Funcionamento do Ensino 2ordm grauEOP526 - Psicologia da Educaccedilatildeo IEOP527 - Psicologia da Educaccedilatildeo IIE00573 - Didaacutetica IE00574 - Didaacutetica II

Dependendo da Licenciatura que o aluno esteja cursando deveraacute se inscrever para a praacutetica deensino especifica nas Disciplinas abaixo relacionadasE00515 - Praacutetica de Ensino de Muacutesica IE005 16 - Praacutetica de Ensino de Muacutesica IIE00551 - Praacutetica de Ensino de Iniciaccedilatildeo Musical IE00552 - Praacutetica de Ensino de Iniciaccedilatildeo Musical IIE00599 - Praacutetica de Ensino de Percussatildeo IE00600 - Praacutetica de Ensino de Percussatildeo IIE00553 - Praacutetica de Ensino Musical Especial IE00554 - Praacutetica de Ensino Musical Especial IIE00555 - Praacutetica de Ensino de Piano IE00556 - Praacutetica de Ensino de Piano IIE00557 - Praacutetica de Ensino de Violino IE00558 - Praacutetica de Ensino de Violino IIE00559 - Praacutetica de Ensino de Viola IE00560 - Praacutetica de Ensino de Viola IIE0056 I - Praacutetica de Ensino de Violoncelo IE00562 - Praacutetica de Ensino de Violoncelo IIE00563 - Praacutetica de Ensino de Contrabaixo IE00564 - Praacutetica de Ensino de Contrabaixo IIE00565 - Praacutetica de Ensino de Oboeacute IE00566 - Praacutetica de Ensino de Oboeacute II

PLANO CURRICULAR DA FORMACcedilAtildeO PEDAGOacuteGICAPARA O ALUNO DE LICENCIATURA

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - CREacuteDITOS lOMUA404 - Violatildeo VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUM2I2 - Muacutesica de Cacircmera IICONCLUSAO DO CURSO 105 CREacuteDITOS 93 OBRIGATOacuteRIOS e 12COMPLEMENTARES

7 - PERiacuteoDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - CREacuteDITOS 10MUA403 - Violatildeo VIIMUC54I - Esteacutetica Musical IMUM I I I - Muacutesica de Cacircmera I

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OacuteRGAtildeO VI - Da teacutecnica da pedaleira o trinado na pedaleira Tipos de oacutergatildeos Utilizaccedilatildeo de todos osJogos Combinaccedilotildees Livres Fixas e Ajustaacuteveis Diferentes eacutepocas do Oacutergatildeo Harmonizaccedilatildeo de umBaixo Dado Coral Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAtildeO VII - Da teacutecnica da pedaleira Escalas em oitavas Recursos dos diversos oacutergatildeos eletrocircnicosTodos os Jogos do Oacutergatildeo Caixas expressivas e registros acessoacuterios mecacircnicos Obras organiacutesticasseus autores Harmonizaccedilatildeo de um Baixo Dado em forma de Coral Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAO VIll - Da teacutecnica da pedaleira Mecanismo transcendente da pedaleira O Oacutergatildeo comoinstrumento solista e como acompanhante Estilo e interpretaccedilatildeo Virtuosismo Improvisaccedilatildeo sobreum tema dado Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterio Pesquisa artiacutesticaPIANO I - Diagnoacutestico e correccedilatildeo de falhas da teacutecnica pianiacutestica Desenvolvimento dos elementosbaacutesicos na execuccedilatildeo polifocircnica Fundamentos histoacutericos e esteacuteticos da muacutesica - o ritmo das danccedilas SuiteFrancesa Conhecimento e interpretaccedilatildeo de obras do repertoacuterio internaciacuteonal os claacutessicos e romacircnticosPIANO II - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos pianisticos baacutesicos exerciacutecios e estudos apropriadosDesenvolvimento em nivel superiacuteor da habilidade poilifocircnica Preluacutedio e Fuga a duas vozesAs grandes formas sonata claacutessica - conhecimentos formais como apoio da interpretaccedilatildeo Muacutesicabrasileira com caracteristicas nacionalistas ritmo e melodiaPIANO III - Ampliaccedilatildeo e aprofundamento dos elementos teacutecnicos pianiacutesticos com vistas aovirtuosismo estudos e repertoacuterio apropriado A muacutesica polifocircnica a duas e trecircs vozes a FugaAs tocatas de J S Bach aplicaccedilatildeo dos conhecimentos polifocircnicos Obras representativas do repertoacuteriointernacional- Escolas nacionalistas e suas caracteristicasPIANO IV - Os Estudos de Chopin teacutecnica avanccedilada aplicada As Fugas a trecircs ou mais vozes oconhecimento formal como apoio da interpretaccedilatildeo As grandes formas a Sonata claacutessica os concertospreacute-claacutessicos e claacutessicos para piano e orquestra Muacutesica brasileira de caracteriacutesticas folcloacuterica e popularPIANO V - O virtuosismo e os grandes estudos romacircnticos Aprofundamento dos elementos daexecuccedilatildeo polifocircnica e as Fugas de J S Bach Articulaccedilatildeo fraseado e dinacircmica das partesProsseguimento das estudas das Suites de danccedilas A Partita As principais correntes da muacutesicamodema internacional conhecimento e interpretaccedilatildeo de obras representativasPIANO VI - Os estudos de compositores brasileiros - teacutecnica e esteacutetica inerentes A Fuga a cinco vozesde J S Bach A Sonata romacircntica e suas inovaccedilotildees formais ampliaccedilatildeo de conhecimentos teacutecnicosesteacuteticos e interpretaccedilatildeo Muacutesica brasileira Suite Sonatinas Sonatas e outras grandes formasPIANO VII- Estudos modernos novas caracteriacutesticas teacutecnica e esteacutetica A execuccedilatildeo de obra polifocircnicado repertoacuterio pianiacutestico Suites e danccedilas - a Suite Inglesa - aplicaccedilatildeo dos conhecimentos polifocircnicosteacutecnicos esteacuteticos e formais em sua totalidade Muacutesica contemporacircnea e sua grafia conhccimento einterpretaccedilatildeo de obras do repertoacuterio internacionalPIANO VIll - Grandes estudos de concertos em todos os estilos A pcsquisa na interpretaccedilatildeopolifocircnica das obras do repertoacuterio A muacutesica contcmporacircnea c as novas grafias conhecimento einterpretaccedilatildeo do repertoacuterio nacional As grandes formas sonata moderna concerto para piano eorquestra romacircntico ou moderno

Disciplinas Complementares B

OacuteRGAtildeO B I - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeo individual ao instrumentoPratica da leitura em trecircs pautas Os sinais convencionais da pedaleira Estudos baacutesicossobre o toque organistico

OacuteRGAtildeO B II - Sons ligados e destacados das matildeos A teacutecnica elementar da pedaleira Noccedilotildees sobreregistros e jogos

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OacuteRGAtildeO B III - Estudos elementares do cruzamento e alternacircncia dos peacutes Escalas maiores ligadasexecutadas na pedaleira Iniciaccedilatildeo ao estudo dos registros e acessoacuterios mecacircnicos Estudos da dinacircmica

nas peccedilas do repertoacuterioOacuteRGAtildeO B IV - Execuccedilatildeo dos intervalos na pedaleira A simultaneidade na execuccedilatildeo de ritmosdiferentes nas matildeos e nos peacutes Estudos elementares dos jogos de fundo Noccedilotildees baacutesicas de

acompanhamentoOacuteRGatildeO B V - Pedais duplos e sua aplicaccedilatildeo A praacutetica dos registros e acess6rios mecacircnicos Estudoelementar dos jogos de mutaccedilatildeo Estudo dos diferentes autores para oacutergatildeo O fraseado na interpretaccedilatildeo

de pequenas peccedilasOacuteRGAO B VI - Noccedilotildees de pedais duplos e triplos e sua aplicaccedilatildeo Noccedilotildees baacutesicas de registraccedilatildeoEstudo elementar dos jogos de palheta Tipos diversos de oacutergatildeo e principais construtores e cultoresHarmonizaccedilatildeo de Baixos Dados cifradosPIANO B I - O piano e ruas caracteriacutesticas Adaptaccedilatildeo individual ao instrumento Teacutecnica dos cincodedos objetivando o desenvolvimento das respectivas articulaccedilotildees e flexibilidade muscular Execuccedilatildeode estudos eou peccedilas do programaPIANO B II - Conhecimento da terminologia e sinais graacuteficos utilizados na muacutesica para pianoImportacircncia e desenvolvimento da passagem do polegar exerciacutecios especiacuteficos Dedilhadosfundamentais - escalas e arpejos Exerciacutecios objetivando a independecircncia das matildeos Noccedilotildees sobre oemprego dos pedais Executar estudos e peccedilas do repertoacuterioPIANO Bill - Variaccedilotildees ritmicas com vistas agrave aquisiccedilatildeo de um maior senso meacutetrico O toque legatoNoccedilotildees e importacircncia do fraseado musical Emprego dos pedais e consequumlente independecircncia demovimentos Introduccedilatildeo agrave polifonia exerciacutecios especiacuteficos Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas doprogramaPIANO B IV - Exerciacutecios de acordes visando a um maior fortalecimento de arcada da matildeo Fundamentoshistoacutericos e esteacuteticos da muacutesica Dinacircmica Agoacutegica Aplicaccedilatildeo desses elementos empeccedilas eouestudos constantes do programaPIANO B V - Os diversos tipos de toque Aplicaccedilatildeo das diferentes modalidades de pedalConhecimento e interpretaccedilatildeo de muacutesica brasileira de caraacuteter folcloacuterico e popular Pesquisa da qualidadedo som o cantabile Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VI - Desenvolvimento dos elementos baacutesicos na execuccedilatildeo polifocircnica a duas vozes Ampliaccedilatildeodos elementos interpretativos estilo Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VII - Noccedilotildees sobre notas duplas dedilhado Conhecimento e interpretaccedilatildeo da muacutesicamodema internacional Desenvolvimento dos estudos teacutecnicos jaacute realizados Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VIlI - Ampliaccedilatildeo dos elementos teacutecnicos pianiacutesticos Exerciacutecios de velocidade As invenccedilotildeesa duas vozcs Introduccedilatildeo agrave poli fonia a trecircs partes Excrcicios especificos A Sonataclassica - execuccedilatildeode um movimento Execuccedilatildeo de estudos cou peccedilas constantes do programa

DEPARTAMENTO 02

HARMONIA E MORFOLOGIA I - Hannonia a 4 partes As cadecircncias e as marchas hannocircnicas Osacordes dissonantes naturais e suas resoluccedilotildees A cifragem do Baixo Dado Anaacutelise de trechos harmonizadosHARMONIA E MORFOLOGIA II - A modulaccedilatildeo aos tons vizinhos Os acordes de 7ordf dissonanteartificial e suas resoluccedilotildees Notas meloacutedicas As marchas modulantes O discurso musical seuparalelismo com o literaacuterio As pequenas formas binaacuterias e ternaacuteriasHARMONIA E MORFOLOGIA III - Canto Dado unitocircnico e modulante Notas meloacutedicas Osretardos nos acordes de 3 4 e 5 sons Os vaacuterios tipos de imitaccedilatildeo As alteraccedilotildees natildeo artificiais nos

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acordes de 3 e 4 sons Invenccedilotildees a duas c trecircs vozes de J S Bach A Suite de fonna claacutessica e suascaracteriacutesticas fonnaisHARMONIA E MORFOLOG IA IV - Alteraccedilotildees artificiais nos acordes de 3 4 e 5 sons A modulaccedilatildeoa tons afastados e seus diversos tipos O pedal e seus tipos Anaacutelise dos Preluacutedios e Fugas de J S BachHARMONIA E MORFOLOG IA V - O Canto e Baixo Alternados A variaccedilatildeo Organizaccedilatildeo fonnaldos movimentos da Sonata Claacutessica Hannonia Instrumental Introduccedilatildeo agrave sonata de Haydn e MozartHARMONIA E MORFOLOGIA VI - A Hannonia Instrumental A Orquestra Os valores esteacuteticosda expressatildeo instrumental Organizaccedilatildeo fonnal dos movimentos da Sonata Claacutessica Sonata deBeethoven A Sonata ciclicaPROSOacuteDIA MUSICAL - Combinaccedilatildeo das formas e siacutelabas poeacuteticas com os sons musicaisDesenvolvimento progressivo das etapas quanto as dificuldades Estudos sobre a conservaccedilatildeo dos acentostoacutenicos relacionada com os acentos meacutetricos e expressivos do texto Estudo sobre repeticcedilotildees adequadasHARMONIA SUPERIOR I - A realizaccedilatildeo de Cantos e Baixos cifrados de J S Bach Alteraccedilotildees nosdiversos processos de modulaccedilatildeo por enannonia A hannonia com emprego de acordes de 7a 9a I lae 13a em todos os graus da escalaHARMONIA SUPERIOR II - Peccedilas de autores consagrados cuja melodia eacute aproveitada emhannonizaccedilotildees para instrumentos de corda sopro e cantoCONTRAPONTO I - Contraponto caracteriacutestica e objetivos de seu estudo As diversas espeacutecies decontraponto Contraponto simples a duas trecircs e quatro partes na Ia 2a 3a e 4a espeacutecies Contrapontomisto e floridoCONTRAPONTO II - Imitaccedilotildees Contraponto florido a 5 6 7 c 8 partes Duplo Coro Contrapontoinvertiacutevel a 8a Noccedilotildees gerais sobre Contraponto invertivel a intervalo maior que uma oitava Noccedilotildeesgerais de Contraponto triplo e quaacutedruploFUGA I - Fuga acadecircmica escolar vocal Sujeito Resposta real Contrasujeito Exposiccedilatildeo e contrashyexposiccedilatildeo Desenvolvimento Divertimento Slrelto Pedal Exame c criacutetiacuteca de Fugas de diverosos autoresFUGA II - Praacutetica de Fuga Tonal (vocal e instrumental) Fuga cromaacutetica A Fuga na composiccedilatildeo polifocircnicaINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACcedilAtildeO I - Conhecimento dos instrumentos da OrquestraSinfoacutenica e da Banda e seu relacionamento global em funccedilatildeo da partituraINSTRUMENTACcedilAtildeO E OROUESTRACcedilAtildeO II - Estudo aprofundado dos 3 naipes da OrquestraSinfocircniacuteca e da Percussatildeo com seus problemas especiacuteticos e no que se relaciona com o trabalho orquestralINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACAtildeO III - Os planos orquestrais e afmidades de timbresequiliacutebrio e contraste A voz humana e sua integraccedilatildeo na orquestraINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACcedilAtildeO IV - Muacutesica polifocircnica Destaque meloacutedico com ousem fundo hannocircnico Coro instrumentos raros ou natildeo habituais seu tratamento na orquestraccedilatildeoESTEacuteTICA I - Principais correntes esteacutetico-musicais Caracteristicas esteacuteticas do Barroco do Classicismodo Romantismo do Expressionismo O plano formal do Concerto da Sintonia e da AberturaESTEacuteTICA II - As caracteriacutesticas esteacuteticas da musica intermediaacuteria e da muacutesica dramaacutetica A musicabrasileira - anaacutelise de obras As musicas concreta elctroacutenica aleatoacuteria e outras concepccedilotildees esteacuteticasda musica atualOFICINA DE COMPOSiCcedilAtildeO I (Requisito Curricular Suplementar - RCS) - Pesquisa c praacuteticacomposicional com os elementos fundamentais da muacutesica Introduccedilatildeo agrave improvisaccedilatildeo instrumental evocal individual e coletiva O desenvolvimento da ideacuteia musical Novas perspectivas da grafia musicalOFICINA DE COMPOSICcedilAtildeO II (Requisito Curricular Suplemcntar - RCS) -Improvisaccedilatildeo vocal einstrumental individual e coletiva Aplicaccedilatildeo da grafia atual nos exercicios de criatividade Praacutetica depequenas formas e composiccedilotildees livresCOMPOSICcedilAtildeO I - Estudo teoacuterico e praacutetico da Melodia Linguagem musical do barroco ao classicismoPequenas fonnas Suite Perspcctivas da muacutesica livre

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COMPOSiCcedilAtildeO II - Estudo teoacuterico e praacutetico da Melodia acompanhada Linguagem musical doromantismo pratica politonal introduccedilatildeo ao serialismo dodecafonismoCOMPOSICcedilAO III - Estudo teoacuterico e praacutetico da linguagem musical impressionista muacutesica para trecircsquatro ou cinco instrumentos Da sonata ao quinteto Muacutesica de Cacircmera em geral Reduccedilatildeo departituras orquestraisCOMPOSICcedilAO IV - Abertura Sinfonia Grafia musical contemporacircnea - Reduccedilatildeo de partiturasCOMPOSICcedilAO V - Poema Sinfocircnico Aproveitamento do Folclore Muacutesica Nacional Muacutesica IncidentalCOMPOSICAO VI - Cantata Oratoacuterio Bailado Oacutepera

DEPARTAMENTO 03

VIOLINO I - Desenvolvimento da teacutecnica geral da matildeo esquerda e do estudo dos golpes de arcofundamentais derivados e mistos Processos para o aperfeiccediloamento do vibrato Estudos e peccedilasConcertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLINO II - Estudo da teacutecnica geral do arco e da matildeo esquerda Coloridos agoacutegicos e dinacircmicosDedilhados teacutecnicos e artiacutesticos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autores brasileiros e estrangeiacuterosPraacutetica de execuccedilatildeo com acompanhamento de piano Concerto ou sonatas de autores claacutessicosVIOLINO III - A pratica dos vaacuterios golpes de arco Cordas duplas em geral Trinados simples eduplos Sons hannocircnicos simples e duplos As transcriccedilotildees para violino das sonatas de J S BachEstudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLINO IV - Desenvolvimento da praacutetica dos vaacuterios golpes de arco e da pratica da matildeo esquerdaEfeitos de sonoridade Sons hannocircnicos simples e duplos Interpretaccedilatildeo e anaacutelise de peccedilas de autoresbrasileiros e estrangeiros Concertos e sonatas de autores claacutessicos e romacircnticosVIOLINO V - Pratica de ornamentos Teacutecnica do Pizzicato em geral Portamentos PolifoniaConcertas e Sonatas de autores claacutessicos romacircnticos e contemporacircneos Estudos e peccedilasVIOLINO VI - Golpes de arco transcendentais Praacutetica de escalas exoacuteticas e cromaacuteticas Estudobaacutesico da dinacircmica Interpretaccedilatildeo e anaacutelise de estudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autoresromacircnticos e contemporacircneosVIOLINO VII - Teacutecnica transcendental do arco e da matildeo esquerda Os estilos conhecimentos e suaaplicaccedilatildeo na interpretaccedilatildeo Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas de autores nacionais e estrangeirosConcertos e Sonatas de autores romacircnticos e contemporacircneosVIOLINO VIII - Das principais escolas de violino e seus mais importantes representantes Histoacuteriado violino seus construtores e principais cultores Praacutetica soliacutestica e em conjuntoVIOLA I - Desenvolvimento da teacutecnica geral da matildeo esquerda e do estudo dos golpes de arcofundamentais derivados e mistos Processos para o aperfeiccediloamento do vibra to Estudos e peccedilasConcertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLA 11- Estlido da teacutecnica geral do arco e da matildeo esquerda Coloridos agoacutegicos e dinacircmicasDedIlhados teacutecnicos e artisticos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autores brasileiros e estrangeirosPraacutetica de execuccedilatildeo com acompanhamento de piano Concertos e Sonata de autores claacutessicosVIOLA III - A praacutetica dos vaacuterios golpes de arco Cordas duplas em geral Trinados simples e duplosSons hannocircnicos simples e duplos As transcriccedilotildees para viola das sonatas de 1 S Bach Estudos epeccedilas Concertos e Sonatas de autores claacutessicosVICgtLA IV - Desenvolvimento da praacutetica dos vaacuterios golpes de arco e da praacutetica da matildeo esquerdaEfeItos de sonoridade Sons hannocircnicos simples e duplos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autoresbraSIleIros e estrangeiros Concertas e Sonatas de autores claacutessicos e romacircnticosVIOLA V - Praacutetica de ornamentos Teacutecnica do Pizzicato em geral Portamentos Polifonia Concertose Sonatas de autore I s c asslcos romantlcos e contemporaneos Estudos e peccedilas

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VIOLA VI - Golpes de arco transcendentais Estudo baacutesico da dinacircmica Interpretaccedilatildeo e anaacutelise deestudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autores romacircnticos e contempor~neos VIOLA VII - Teacutecnica transcendental de arco e da matildeo esquerda Os estIlos conhecImentos e suaaplicaccedilatildeo na interpretaccedilatildeo Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas de autoras nacionais e estrangeirosConcertas e Sonatas de autores romacircnticos e contemporacircneosVIOLA VIII - Das principais escolas de viola e seus mais importantes representantes Histoacuteria daviola seus construtores e principais cultores Praacutetica solistica e em conjunto VIOLONCELO I -Independecircncia das matildeos na teacutecnica do arco e da matildeo esquerda estudos espeClficosTrinados simples e duplos Cordas duplas Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas do repertoacuterio em solo oucom acompanhamento de piano VIOLONCELO II - Estudo da teacutecnica geral da matildeo esquerda Praacutetica intensiva de leItura a pnmelravista Cordas duplas e estudos especiacuteficos Praacutetica dos golpes de arco destacado ligado martelado eseu emprego em arcadas mistas Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas do repertoacuterio VIOLONCELO III - Estudo do trinado e do vibrato Pesquisa sonora estudos especlficos Estudodos hannocircnicos no braccedilo do violoncelo Desenvolvimento do estudo de golpe de arco saltado e seusderivados Estudos e peccedilas do repertoacuterioVIOLONCELO IV - Estudo especifico do Demancheacute leveza velocidade e precisatildeo Estudo doPizzicato em ambas as matildeos Estudos e peccedilas do repertoacuterio anaacutelise e interpretaccedilatildeoVIOLONCELO V - Estudo detalhado das escalas maiores e menores cromaacuteticas e por tons inteirosExerciacutecios para o deslocamento do polegar esquerdo sobre as cordas a partir da 7a posiccedilatildeo Coloridodinacircmico Posiccedilotildees fixas e encadeadas Estudos e peccedilas do repertoacuterio VIOLONCELO VI - Estudo das extensotildees irregulares Estudo detalhado dos arpeJos em geralEstudo do Spicato Dos vaacuterios modos de utilizaccedilatildeo do arco na modificaccedilatildeo de timbres Escalas comhannocircnicos naturais e artificiais Estudos e peccedilas do repert6rioVIOLONCELO VII- Sistematizaccedilatildeo do estudo O Gettato definiccedilatildeo e estudo Da inflexatildeo expressivaFraseado Estudo e peccedilas do repertoacuterioVIOLONCELO VIII - Dos acentos meacutetrico ritmico e expressivo O dedilhado e seu emprego em funccedilatildeoda esteacutetica musical O rubato Interpretaccedilatildeo a expressatildeo musical e o estilo Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO I - Teacutecnica da matildeo esquerda e do arco estudos especiacuteficos Produccedilatildeo do somafinaccedilatildeo Posiccedilotildees fixas e alternadas O destacado e seus derivados Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO II - Teacutecnica aplicada As diferentes arcadas ligada destacada e mIsta O golpemartelado e seus derivados Posiccedilotildees fixas e encadeadas Coordenaccedilatildeo dos movimentos Estudos epeccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO III - O golpe saltitado e seus derivados Vibrato processo de estudo e seudesenvolvimento Efeitos sonoros Colorido dinacircmico Sons hannocircnicos Ritmo e pronunciaccedilatildeo doarco Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO IV - Prosoacutedia superior do arco Pesquisas do dedilhado Portamcnto dos sonsTrinados Ornamentos Mecanismo especiacutefico do instrumento A teacutecnica do Pizzicato coma matildeodireita c alternado Cordas duplas c acordes Praacutetica solistaCONTRABAIXO V - Dedilhados especificos das cordas duplas nas escalas diatocircnicas cromaacuteticas chexatocircnicas Cordas duplas alternadas Teoria dos movimentos relacionados com a teacutecnica geral docontrabaixo e sua aplicaccedilatildeo Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO VI - Teacutecnica da matildeo esquerda Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos estudos e peccedilas dorepertoacuterio Estudos avanccedilados da teacutecnica contrabaixista Os diversos estilos e gecircneros musicais Ateacutecnica e a expresso

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CONTRABAIXO VII - As escolas do Contrabaixo e seus principais representantes A importacircnciado contrabaixo na orquestra Histoacuteria do contrabaixo seus construtores e principais cultores Praacuteticasoliacutestica e em conjuntoCONTRABAIXO VIII - Memorizaccedilatildeo Repertoacuterios claacutessico romacircntico e contemporacircneo Prosoacutediatranscendental do arco Praacutetica solistica e execuccedilatildeo comentada Execuccedilatildeo em conjuntoHARPA I - Anaacutelise da posiccedilatildeo harpistica das diferentes articulaccedilotildees dos dedos da importacircncia doulso e do braccedilo Teacutecnica das escalas arpejos e glissando Estudos e peccedilas do repertoacuterio~ARPA II - Estudos de escalas e arpejos Pedais diagrama e aplicaccedilatildeo Dos sons hannocircnicos Ateacutecnica e a sonoridade Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA III - Fraseado Da expressatildeo Da execuccedilatildeo legato e stacatto Da articulaccedilatildeo e independecircnciados dedos Polirritmia Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA IV - O cruzamento das matildeos na execuccedilatildeo Trinado e trecircmulo Escalas em matildeos alternadasdiatocircnicas e com notas enarmonizadas A importacircncia da enarmonia na harpa Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA V - Hannocircnicos simples nas duas matildeos Hannocircnicos duplos a triplos com a matildeo esquerdaTeoria dos dedilhados e sua aplicaccedilatildeo praacutetica Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA VI - Efeitos especiais da harpa com som de timpanos e glissando com a unha grafia espacialTeacutecnica transcendental dos arpejos e intervalos Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA VII - Da teacutecnica de execuccedilatildeo da harpa em conjunto Sintese do estudo da posiccedilatildeo individualdo instrumento Anaacutelise e estudo do fraseado de peccedilas do repertoacuterioHARPA VIII - Interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos diferentes estilos musicais claacutessico romacircntico modernoe contemporacircneo Repertoacuterio harpistico e peccedilas pianisticas de compositores brasileiros e estrangeirosadaptados para a harpa Duos trios e quartetosVIOLAtildeO I - Introduccedilatildeo e conhecimento dos princiacutepios baacutesicos da teacutecnica posiccedilatildeo do instrumentistaIniciaccedilatildeo ao estudo do repertoacuterio do alauacutede e vilhuela como precurssores do violatildeoVIOLAtildeO II - Desenvolvimento das matildeos direita e esquerda independecircncia de suar pulsaccedilotildees Estudodo repertoacuterio didaacutetico de transcriccedilotildees de alauacutede e vilhuelaVIOLAtildeO III - Problemas relativos agrave leitura e agrave capacidade de concentraccedilatildeo Desenvolvimento dorepertoacuterio e interpretaccedilatildeo das primeiras suites barrocas para alauacutede vilhuela ou violino Praacutetica demuacutesica de cacircmera em duos com voz ou flautaVIOLAtildeO IV - Teacutecnica da digitaccedilatildeo e sua pratica em funccedilatildeo do estilo Elementos de teacutecnica superiorcom aprendizado das obras dos grandes virtuoses e das transcriccedilotildees das obras de piano Praacutetica demuacutesica de cacircmera com instrumentos de corda

VIOLAtildeO V - Conhecimento da evoluccedilatildeo histoacuterica da teacutecnica violonistica Interpretaccedilatildeo da obra de JS Bach escrita originalmente para violoncelo e alauacutedeVIOLAtildeO VI - Conhecimento da grafia simbologia e efeitos sonoros da muacutesica contemporacircnea ecompreendo do seu desempenho teacutecnico Estudos de alta virtuosidadeVIOLAO VI I - Desenvolvimento da teacutecnica objetivando a ampliaccedilatildeo do volume sonoro do instrumentoo violatildeo como instrumento solista de orquestra Conhecimento completo da obra de Villa-Lobos e dosdiferentes estilos de muacutesica contemporacircnea Repertoacuterio para recitaisVIOLAtildeO VIII - Desenvolvimento da teacutecnica necessaacuteria agrave resoluccedilatildeo dos problemas relativos agrave reaccedilacircoacuacutestica em salas de concerto e estuacutedios de gravaccedilatildeo A utilizaccedilatildeo do violatildeo na muacutesica contemporacircneaCapacidade para revisatildeo de obras modernas

Disciplinas Complementares B

INSTRUMENTO B ARCO I (VIOLINO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeoindividual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio com acompanhamentode piano

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INSTRUMENTO B ARCO II (CONTRABAIXO) - Do arco divisatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealternadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (CONTRABAIXO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacadomartelado saltado e suas combinaccedilotildees Igualdade riacutetmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem decordas em sons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (CONTRABAIXO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibradosons harmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e quatro sons Trinado Pizzicato PortamentoINSTRUMENTO B ARCO V (CONTRABAIXO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notasduplas Pronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudose peccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (CONTRABAIXO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principaissolos do repertoacuterio sinfoacutenico e operiacutestico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e ConjuntosINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS I (HARPA) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeogeral A posiccedilatildeo individual ao instrumento Articulaccedilatildeo dos dedos exerciacutecios especiacuteficos Escala deDoacute Maior glissando do polegar e do quarto dedo Realizaccedilatildeo de arpejos com trecircs dedosINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS II (HARPA) - Realizaccedilatildeo de arpejos com trecircs equatro dedos com matildeos alternadas A execuccedilatildeo de terccedilas sextas oitavas e graus conjuntosexerciacutecios especiacuteficos A pratica dos pedais nas escalas e arpejos em diversos tonsINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS III (HARPA) - A problemaacutetica da afinaccedilatildeo Execuccedilatildeode acordes e arpejos de trecircs e quatro sons de legato e staccatto Efeitos sonoros peculiares Noccedilotildeesgerais a respeito da histoacuteria da harpa Estudos e peccedilas do repertoacuterioINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS IV (HARPA) - Novas teacutecnicas para obtenccedilatildeo deefeitos sonoros Intervalos As diversas maneiras de execuccedilatildeo de glissando simples e duplo e dotrinado simples

INSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS V (HARPA) - O fraseado Efeitos especiais daexecuccedilatildeo harpiacutestica A afinaccedilatildeo para orquestra A execuccedilatildeo de acordes e arpejos de 7aINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS VI (HARPA) - A teacutecnica aplicada em estudos epeccedilas Efeitos especiais de execuccedilatildeo na harpa A execuccedilatildeo dos arpejos e acordes em suas diversasmodalidades Os principais solos do repertoacuterio sinfoacutenico e operiacutesticoINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS I (VIOLAtildeO) - Rudimentos de teacutecnica Conhecimentoda posiccedilatildeo das matildeos e aprendizado das notas Estudos elementaresI~ST~UMENTO B CORDAS DEDILHADAS II (VIOLAtildeO) - Escala de uma oitava e arpejosSImplIficados pequenas melodias brasileiras

INSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS III (VIOLAtildeO) - Escala de duas oitavas LigadosAcordes Encadeamento de acordes Estudos simples (formando som)INSRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS IV (VIOLAtildeO) - Independecircncia do polegar da matildeodIreita Arpeio I d - s e esca as e tres oItavas Pequenas peccedilas da Renascenccedila Noccedilotildees de acompanhamentode musica brasileira

IN~TRUME~Tltgt ~ CORDAS DEDILHADAS V (VIOLAtildeO) - Teacutecnica de independecircncia das matildeos eagIl](ladedamao dIreIta Noccedilotildees do repertoacuterio modemo Pequenas peccedilas de autores nacionais e internacionaisINSTRUMENTO B CORDAS DEDI - _ LHADAS VI (VIOLAOI - Introduccedilao a problematlca detran~cnccediloes ConhecImento da histoacuteria do violatildeo atraveacutes do repertoacuterio Peccedilas barrocas originalmenteescntas para alauacutede e vilhuela Estudos

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INSTRUMENTO B ARCO II (VIOLINO) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealtemadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (VIOLINO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacado marteladosaltado e suas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem de cordas emsons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLINO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibrado sonsharmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e de quatro sons Trinados Pizzicato PortamentosINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLINO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notas duplasPronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudos epeccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLINO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principais solos dorepertoacuterio sinfotildenico e operistico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I(VIOLA) -Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeo individualao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO II (VIOLA) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealternadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (VIOLA) - Estudo dos golpes de arco ligado martelado saltado esuas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem de cordas em sons ligadose sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLA) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibrado sonsharmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e quatro sons TrinadosINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLA) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notas duplasPronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudos epeccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLA) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principais solos dorepertoacuterio sinfoacutenico e operiacutestico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I (VIOLONCELO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral Aposiccedilatildeo individual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio comacompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO II (VIOLONCELO) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeosobre as cordas Articulaccedilatildeo e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixase altemadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO BARCO 111 (VIOLONCELO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacadomartelado saltado e suas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem decordas em sons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLONCELO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico Som vibradosons harmoacutenicos em geral Cordasduplas Acordes de trecircs e de quatro sons Trinados Pizzicato PortamentoINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLONCELO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notasduplas Pronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacuteniacuteca e cromaacutetica Estudose peccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLONCELO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principaissolos do repertoacuterio sinfoacutenico e operistico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I (CONTRABAIXO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geralA posiccedilatildeo individual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio comacompanhamento de piano

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DEPARTAMENTO OS

seitas afro-brasileiras A muacutesica folcloacuterica em festas do catolieismo popular A muacutesica folcloacuterica napoesia popular do Brasil em diferentes aacutereas culturaisFOLCLORE NACIONAL MUSICAL II - Etnomusicologia Processos de aculturaccedilatildeo Muacutesicafolcloacuterica no Brasil Autos populares no Brasil Folclore na muacutesica artistica brasileiraESTUDO DE PROBLEMAS BRASILEIROS I - Panorama geral da realidade brasileira ProblemasMorfoloacutegicos (estruturas econocircmicas) Anaacutelise do sistema econocircmico brasileiro Problemas doDesenvolvimento Econocircmico

ESTUDO DE PROBLEMAS BRASILEIROS II - Problemas soacuteciomiddoteconocircmicos Problemas politicosSeguranccedila NaCIOnal Recursos energeacuteticos do Brasil Educaccedilatildeo

CANTO I - A respiraccedilatildeo no ato vocal Treinamento da respiraccedilatildeo completa Correccedilatildeo dos defeitosrespiratoacuterios Impostaccedilatildeo da voz cantada Classificaccedilatildeo da voz Diagnoacutestico dos defeitos da vozcantada Teacutecnica reeducativa Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programaCANTO II - Exerciacutecios respiratoacuterios destinados a desenvolver o focirclego pelo emprego de frasescantadas progressivamente mais longas Impostaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo ligada em vaacuterios desenhos meloacutedicosem vaacuterios tons dentro da tessitura do aluno Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programa CANTO III - A~erfelccedilo~mento da manobra respiratoacuteria Exerciacutecios de impostaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo emdiferentes vogaIs VocalIzaccedilatildeo destacada em vaacuterios desenhos meloacutedicos em vaacuterios tons dentro datessitura Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programa adotado AudiccedilotildeesCANTO IV - Educaccedilatildeo respiratoacuteria e vocal do aluno Verificaccedilatildeo perioacutedica do trabalho por meio degravaccedilocirces Exerciacutecios de extensatildeo e agilidade Articulaccedilatildeo e pronuacutencia em vaacuterios idiomas na vozcantada Repertoacuterio de acordo com o programa adotado Canccedilotildees folcloacutericas AudiccedilotildeesCANTO V - ~ultivo da voz em amplitude maleabilidade projeccedilatildeo Ornamentos interpretaccedilatildeosegundo os estIlos Repertoacuterios cameristico e operistico Estilos claacutessico moderno e nacionalCANTO VI - T~c~ica vocal desenvolvida Canto de Cacircmera e Canto de Oacutepera Estilo InterpretaccedilatildeoCAr-TO VII - Anas de cantatas e oratoacuterios com instrumento obrigado - violino violoncelo flautaClarmeta oboeacute etc Anaacutelise e preparo de programas de recital~ANTO VIII - A muacutesica contemporacircnea as novas grafias e pesquisa dos repertoacuterios nacional emtern~cIOnal Caracteristicas do cantor camerista e do cantor de OacuteperaOlCCcedilAO 1- Linguumlistica geral Elementos foneacuteticos e semacircnticos em portuguecircs e italiano Classificaccedilatildeodos fonemas em portuguecircs francecircs italiano e espanhol Declamaccedilatildeo de poesias teatralizadas comcena e contracena em portuguecircs e espanhol

DlCCcedilAO II - Defeitos de articulaccedilacirco Exerciacutecios de reeducaccedilatildeo respiratoacuteria e vocal RegionalismoMetaplasm Va~o~izaccedilatildeo da expressatildeo oral e corporal Regras baacutesicas da elocuccedilatildeo aplicadas agravesrepres~ntaccediloes centcas Declamaccedilatildeo dc pocsias com cena e contracena em italiano c francesDlC~AO III - Classificaccedilatildeo dos fonemas alematildees e ingleses A pronuacutencia padratildeo do canto eruditonos dlferen~es Id~omas A psicologia das emoccedilotildees analisadas e aplicadas como forma de expressatildeo nasmterprtaccediloes cemcas Preparaccedilatildeo do repertoacuterio vocal em vaacuterios idiomasDI~CcedilAOI~ ~ Fundamentos histoacutericas e esteacuteticos de Dicccedilatildeo O teatro na Greacutecia e a oratoacuteria doslatmos Hlstona da teoria do - It Ifi s generos I eranos exemp I Icada com leitura expressIva de fragmentosextraldos das obras rnals representativas_Preparaccedilatildeo do repertoacuterio ecleacuteticoDECLAMACcedilAO LlRICA I A H G I - - Istona era e a Importancla de seu conhecimento para o estudoteatral Smopse histoacuteri d Ti U d ca o eatro mversal Teatro c1asSlCO greco-romano O renascimento Origens

a opera e suas modalidades O t I ges o e a mlmlca A pantomIma As expressotildees fisionocircmicasmprovlsaccedilao e sua teacutecnica

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DEPARTAMENTO 04

ACUacuteSTICA E BIOLOGIA APLICADAS Agrave MUacuteSICA I - Acuacutestica Musical Som Vibraccedilotildees sonorasFrequumlecircncia (altura) intensidade timbre Batimentos (vibrato) Ressonacircncia reverberaccedilatildeo (construccedilatildeode instrumentos musicais e acuacutestica das salas) Cordas sonoras tubos sonoros (instrumentos decorda e sopro) Interferecircncia dos sons Caracteridicas acuacutesticas dos instrumentos musicais EcoACUacuteSTICA E BIOLOGIA APLICADAS A MUacuteSICA II - Anatomo-fisiologia dos muacutesculosesqueleacuteticos Coordenaccedilatildeo motora neuro-muscular A fisiologia muscular e as teacutecnicas instrumentaisAparelhos respiratoacuterio fonador e auditivo Sistema neuro-muscular O som vocal A respiraccedilacirconormal e a respiraccedilatildeo na fonaccedilatildeo AudiccedilatildeoFISIOLOGIA DA VOZ 1- Acuacutestica Musical Som Vibraccedilotildees sonoras Frequumlecircncia (altura) intensidadetimbre Batimentos (vibrato) Ressonacircncia reverberaccedilatildeo (construccedilatildeo de instrumentosmusicais e acuacutestica das salas) Cordas sonoras tubos sonoros (instrumentos de corda e de sopro)Interferecircncia dos sons Caracteriacutesticas acuacutesticas dos instrumentos musicais EcoFISIOLOGIA DA VOZ II - Noccedilotildees gerais sobre a voz humana A voz laringea O laringe os labiosvocais Evoluccedilatildeo da voz atraveacutes da idade Hormocircnio e as caracteristicas vocais masculinas e femininasAparelho respiratoacuterio A respiraccedilatildeo normal e no Canto Respiraccedilatildeo e teacutecnicas vocaisPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL I - Exerciacutecios para memorizaccedilatildeo do LA3 Exerciacutecios ritmicos e meloacutedicosClassificaccedilatildeo auditiva de intervalos harmocircnicos e de acordes de 3 sons no estado fundamentalPercepccedilatildeo auditiva de cadecircncias harmocircnicas PesquisasPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL 11- Exercicios riacutetmicos meloacutedicos e harmocircnicos Exercicios de improvisaccedilatildeoClassificaccedilatildeo auditiva de acordes de trecircs quatro e cinco sons no estado fundamental Percepccedilatildeoauditiva de cadecircncias harmoacutenicas Pesquisas sobre assuntos do programaPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL 111- Exerciacutecios para desenvolvimento da percepccedilatildeo interior Classificaccedilatildeoauditiva dos acordes no estado fundamental e inversotildees Percepccedilatildeo auditiva das resoluccedilotildees naturaisdos acordes dissonantes PesquisaPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL IV - Percepccedilatildeo auditiva de acordes alterados e de qualquer alteraccedilatildeoharmOcircnica Percepccedilatildeo auditiva das resoluccedilotildees excepcionais dos acordes dissonantes Percepccedilatildeo auditivarepresentaccedilatildeo graacutefica e execuccedilatildeo vocal de corais a 4 vozes PesquisaHISTOacuteRIA DAS ARTES INTEGR A MUacuteSICA - Introduccedilatildeo agraves diferentes correntes das artes visuaisdesde a preacute-histoacuteria ateacute os nossos dias relacionando-as com a linguagem musical dos periodoscorrespondentes bem como a estrutura social e o pensamento filosoacutefico de cada eacutepoca e de cada povoHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA I - Origem da Muacutesica Muacutesica nos povos primitivos e nas antigascivilizaccedilotildees orientais Muacutesica grega romana bizantina primitiva igreja cristatilde Primoacuterdios da polifoniaTrovadores Notaccedilatildeo musical Instrumentos musicais na Idade MeacutediaHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA II - Desenvolvimento da polifonia Fundaccedilatildeo da oacutepera MontcverdiOacutepera italiana nos seacuteculos XVII e XVIII Oacutepcra alematilde francesa inglesa Muacutesica instrumental nosseacuteculos XVI e XVII Teorias de Zarlino e Rameau 1 S Bach e HaendelHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA III - Muacutesica instrumental inicio do seacuteculo XVIII Origcns da sonata c dasinfonia Classicismo Haydn Mozart Beethoven Romantismo Weber Schubert SchumannMendelssohn Poema Sinfocircnico Oacutepera italiana francesa alematilde do seacuteculo XIX Wagner Neoshyclassicismo Poacutes-romantismoHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA IV - Escolas nacionais russa escandinava tcheca espanhola Apogeu daescola francesa Faureacute Debussy e muacutesica contemporacircnea Escola francesa apoacutes Debussy Muacutesica germacircnicarussa italiana inglesa no seacuteculo XX Muacutesica nas Ameacutericas Muacutesica no Brasil Atualidade musicalFOLCLORE NACIONAL MUSICAL I - A muacutesica folcloacuterica no contexto soacutecio-cultural do BrasilMuacutesica canto danccedila nos rituais dos indiacutegenas brasileiros Importacircncia da muacutesica canto danccedila nas

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FLAUTA VIII - Leitura de peccedilas de vanguarda Noccedilotildees sobre problemas teacutecnicos e mecacircnicos da flautamanutenccedilatildeo e reparos Audiccedilatildeo de discos como fonte de apreciaccedilatildeo das vaacuterias escolas de flautaOBOEacute I - Introduccedilatildeo agrave alta teacutecnica e interpretaccedilatildeo Divisatildeo do instrumento Posiccedilatildeo do instrumentocom correccedilatildeo Embocadura Exame meticuloso da propriedade de tipo de instrumento e palhetas a eleapropriadas Leitura agrave primeira vistaOBOEacute II - Execuccedilatildeo do Corninglecircs Anaacutelise e interpretaccedilatildeo Respiraccedilatildeo normal e artiacutestica Emissatildeodo som Estudo de peccedilas com outros instrumentosOBOEacute III - Aperfeiccediloamento da confecccedilatildeo de palhetas para Oboeacute Analise e interpretaccedilatildeo de peccedilascom acompanhamento de piano Aperfeiccediloamento do mecanismo e da sonoridade Dedilhados Leiturae transporte a primeira vistaOBOEacute IV - Exerciacutecios de mecanismos com vistas agrave sonoridade colorido homogeneidade dos sons eregistros Sons ligados e destacados Peccedilas com acompanhamento de piano Execuccedilatildeo de peccedilas agraveprimeira vistaOBOEacute V - Aperfeiccediloamento da Alta Teacutecnica Elementos fundamentais de anaacutelise para apreciaccedilatildeo eexecuccedilatildeo das peccedilas em estudo Conservaccedilatildeo do instrumentoOBOEacute VI - Peccedilas com acompanhamento de piano Dificuldades riacutetmicas Estudo de peccedilas comoutros instrumentos Liccedilotildees praacuteticas para a confecccedilatildeo de palhetas para o Corninglecircs Palheta suaconstruccedilatildeo e tecircmperaOBOEacute VI I - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Interpretaccedilatildeo e anaacutelisede peccedilas com acompanhamento de piano Escalas em diversos tons e articulaccedilotildees variadas Estudosmeloacutedicos nos diferentes registrosOBOEacute VIII - Leitura a primeira vista de trechos mais dificultados e com ritmos alternados TransportesAnaacutelise interpretaccedilatildeo de peccedilas com acompanhamento de piano Peccedilas com outros instrumentosCLARINETA I - Embocadura evoluccedilatildeo histoacuterica e praacutetica detalhada escolha e adaptaccedilatildeo da palhetana boquilha do instrumento Execuccedilatildeo de duos Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas comacompanhamento de piano Leitura a primeira vistaCLARINETA II - Aspectos das diferentes formas de emissatildeo no instrumento dinacircmica e suaimportacircncia em relaccedilatildeo agrave embocadura Mecanismo como base teacutecnica para o equiliacutebrio da interpretaccedilatildeoEstudos e peccedilas com acompanhamento de piano Leitura a primeira vistaCLARINEIA III - Preferecircncia entre dedilhado real e seu correspondente nas passagens dificeisdurante a execuccedilatildeo do instrumento Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas com acompanh lmento de pianoLeitura agrave priacutemeira vista com transporteCLARINETA IV - Detalhes sobre a respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artiacutestica iniacutecio e terminaccedilatildeo fraseoloacutegicaemprego de diferentes articulaccedilotildees no mesmo trecho como estudo de mecanismo Execuccedilatildeo de peccedilascom acompanhamento de piano

CLARINETA V ~ Teacutecnica dc cmbocadura para o equilibrio de afinaccedilotildees Frascologia musical c seusdiferentes aspectos de interpretaccedilatildeo Execuccedilatildeo de estudos Peccedilas caracteristicas c Sonatas comacompanhamento de piano Debatcs sobre Teacutecnica e InterpretaccedilatildeoCLARINETA VI - Variantes de sonoridade para diversos coloridos no decorrer da execuccedilatildeo Teacutecnicasde tubos suas dificuldades c maneiras de facilitaacute-Ias Importacircncia dos arpejos como mecanismo ouacompanhamento Execuccedilatildeo de estudos Sonatas e Concertos com acompanhamento de pianoCLARINETA VII - Detalhes sobre as ligaduras ascendentes e descendentes intensidade do somdIlata - dccedilao expressIva a nota sustentada Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas com acompanhamento de pianoCL~RINETA VIII - Noccedilotildees histoacutericas sobre o desenvolvimento da c1arineta e seus congecircneresEfeitos de glissandos e f I t d h - d ru a os emprego e sons armomcos para faCIlItar a execuccedilao Sons eefeito nos dIferentes instrumentos da famiacutelia sons de eco defeitos de falsos crescendos Execuccedilatildeode estudos e peccedilas com acompanhamento de piano

DECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA II - Idade Meacutedia (sacras representaccedilotildees) Os cenaacuterios na Idade MeacutediaDas oacuteperas e seus autores Periodos claacutessico romacircntico moderno e contemporacircneo Fases dasexpressotildees e expansotildees dos sentimentos Nomenclatura teatral Caracterizaccedilatildeo Histoacuteria dos costumesInovaccedilotildees ceacutenicasDECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA III - Atributos necessaacuterios a um ator Origem das maacutescaras A religiatildeo noteatro Piccini Lulli Gluck Wagner Stanislawsky Shakespeare Figurinos Eletricidade Comeacutediadeli Arte Termos teatrais Anchieta e seus autos A Real Academia da Oacutepera Nacional A arte cecircnicaDECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA IV - Recitativo e suas modalidades Retotono Efeitos onomatopdicosTravesti Decors Dicccedilatildeo Cenas e contracenas Raccedilas Mis-en-sceacutenes As diversas escolasoperlsticas Interpretaccedilatildeo Estilo de peccedila e dos personagens

Disciplinas Complementares B

CANTO B I - Noccedilotildees baacutesicas sobre respiraccedilatildeo e fonaccedilatildeo Exerciacutecios objetivando a coordenaccedilatildeo darespiraccedilatildeo com a emissagraveo sonora Impostaccedilatildeo eclassificaccedilatildeo da voz Vocalises Peccedilas de autores brasileirosCANTO B II - A importacircncia da respiraccedilatildeo no canto e no fraseado musical O agente modificador dossons a ressonacircncia e articulaccedilatildeo Exerciacutecios de emissatildeo da voz sobre vogais ou siacutelabas intervalos earpejos Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeirosCANTO B III - Exerciacutecios e estudos com diferentes vogais visando ao domiacutenio completo do aparelho vocale o melhor aproveitamento da ressonacircncia Vocalises e peccedilas de diversos autores brasileiros e estrangeirosCANTO B IV - Exerciacutecios e estudos para o emprego dos diferentes graus de intensidade Sonssustentados e destacados Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeirosCANTO B V - Iniacutecio da aprendizagem de ornamentos grupetos mordentes appoggiaturas e trinadosExerciacutecios especiais Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeiros Duetos e tercetosCANTO B VI - Articulaccedilatildeo e pronuacutencia na palavra cantada Exerciacutecios e estudos para articulaccedilatildeo epronuacutencia dos fonemas nacionais e estrangeiros Pausas riacutetmicas expressivas Vocalises e peccedilasdiversas de autores brasileiros e estrangeiros em solo ou conjunto

DEPARTAMENTO 06

FLAUTA I - Praacuteticade exerciacutecios eembocadtrra noccedilotildees de respiraccedilatildeo fisioloacutegica e sua importacircncia na sonorishydade o vibrato execuccedilatildeode duas trios e quartetos execuccedilatildeode estudosepeccedilas comacompanhamento de pianoFLAUTA 11- A embocadura e as diferentes formas de emissatildeo do som respiraccedilatildeo diafragmaacutetica e suaimportacircncia em relaccedilatildeo acirc sonoridade O mecanismo como base teacutecnica Estudos e peccedilas comacompanhamento de piano duos trios quartetos leitura a primeira vistaFLAUTA III - A afinaccedilatildeo e os meios de facilitar a execuccedilatildeo e interpretar estudos e peccedilas comacompanhamento de piano duos trios e quartetos leitura agrave primeira vista certas passagensimpraticaacuteveis com o dedilhado realFLAUTA IV - Da sonoridade colorido homogeneidade dos sons e registros do instrumento teacutecnicade trilos e execuccedilatildeo de estudos e peccedilas do repertoacuterio com acompanhamento de pianoFLAUTA V - Elementos fundamentais de anaacutelise morfoloacutegica para apreciaccedilatildeo das peccedilas em estudo(estilo gecircnero e forma) Os problemas da execuccedilatildeo da muacutesica contemporacircnea Execuccedilatildeo de estudos epeccedilas com acompanhamento de piano duos trios e quartetosFLAUTA VI - Elementos fundamentais de anaacutelise morfoloacutegica (estilo geacutenero e forma)Execuccedilatildeo deestudos e peccedilas com acompanhamento de piano O repertoacuterio de muacutesica contemporacircnea para flautaFLAUTA VII - A Flauta origem e evoluccedilatildeo A Familia das Flautas e seus diferentes tipos deembocadura Sons harmocircnicos glissando flatterzung sons muacuteltiplos e outros efeitos caracteriacutesticose seu emprego na muacutesica contemporacircnea

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bullbulltttbullbullbull------IacuteIioJIIbullbull ~

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FAGOTE I - Introduccedilatildeo a Alta Teacutecnica e Interpretaccedilatildeo Leitura a primeira vista e transporteEmissatildeo do som Posiccedilatildeo correta do instrumento Divisatildeo do instrumentoFAGOTE II - Respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artistica Estudos e peccedilas com outros instrumentos Leitura agraveprimeira vista e transporteFAGOTE III - Ampliaccedilatildeo do estudo da clave de Doacute na 4a linha para desenvolvimento da regiatildeoaguda Aperfeiccediloamento de palhetas para Fagote Estudo de ConcertoFAGOTE IV - Iniciaccedilatildeo ao estudo de Contra-Fagote balanceadas suas diferenccedilas do InstrumentoshyTipo e distinccedilatildeo de peculiaridades Analise e InterpretaccedilatildeoFAGOTE V - Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas com acompanhamento de piano Peculiaridades eTeacutecnica de Alternaccedilatildeo Liccedilotildees praacuteticas para a confecccedilatildeo de palhetas de Contra-Fagote Execuccedilatildeo daContra-FagoteFAGOTE VI - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Histoacuteria dosInstrumentos afins Alternaccedilatildeo de registro Estudos meloacutedicos nos diferentes registrosFAGOTE VII - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Interpretaccedilatildeo eAnaacutelise de peccedilas com acompanhamento de piano e peccedilas com outros instrumentos Teacutecnica detransporte no Contra-FagoteFAGOTE VIII - Anaacutelise e Interpretaccedilatildeo dos Concertos de Mozart Weber e de peccedilas para Fegotesolo com acompanhamento de piano ou outros instrumentos Correlaccedilatildeo do manuseio e estudo dosdcmais membros da Familia Instrumental Consideraccedilotildees gerais sobre o Instrumento e seu usoTROMPA I - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos baacutesicos Desenvolvimento da teacutecnica da emissatildeo dossons com diferentes articulaccedilotildees Duos e trios de dificuldade meacutediaTROMPA II - As sete posiccedilotildees e a seacuterie harmoacutenica Staccattos e suas modalidades Exerciacutecio detransposiccedilatildeo de dificuldade meacutedia Estudos c peccedilasTROMPA III - Afinaccedilatildeo e seus problemas Desenvolvimento da pratica de transposiccedilatildeo O trinadoe suas dificuldades Estudos e peccedilasTROMPA IV - Os ornamentos e sua execuccedilatildeo A teacutecnica de arpejos Peccedilas com acompanhamento de pianoTROMPA V - Escalas cromaacuteticas exerciacutecios com articulaccedilatildeo variada A trompa e seus efeitossonoros estudo praacutetico Estudos e peccedilasTROMPA VI- Teacutecnica avanccedilada dos arpejos das escalas cromaacuteticas com articulaccedilotildees variadas e detrinado Sons boucheacutes (exerciacutecios praacuteticos) Estudos e peccedilasTROMPA VIl- A trompa dupla Faacute c Si bemol Fraseado e seus problemas de execuccedilatildeo Execuccedilatildeo deconcertos sonatas trios e quartetosTROMPA VIII - Glissando estudo dc teacutecnica adequada Anaacutelise de problemas teacutecnicos e musicais nainterpretaccedilatildeo de concertos e sonatas e ura execuccedilatildeo Duos trios c quartetos Peccedilas comacompanhamento de pianoTROMPETE I - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos baacutesicos Estudos de flcxibilidadc Execuccedilatildeo decstudos e pcccedilas com acompanhamcnto dc pianoTROMPETE II - Desenvolvimento da teacutecnica de staccattosmiddot Aspcctos das diferentes fonnas deemissatildeo no instrumento A adcquaccedilatildeo muscular no apcrfciccediloamento da embocadura Praacutetica doinstrumento Muacutesica dc conjuntoTROMPETE III - Estudo baacutesica da dinacircmica Exccuccedilatildeo de peccedilas do repcrtoacuterio sinfoacutenico Duos e triosTROMPETE IV - Estudos para o completo dominio do andamento na execuccedilatildeo Da resoluccedilatildeo dasmais complcxas estruturas ritmicas Estudo de transposiccedilatildeo Estudos c peccedilasTROMPETE V - Da origem c evoluccedilatildeo do trompete Estudo das sete posiccedilotildees Rcpertoacuterio de orquestraTROMPETE VI - O trompete os diversos tipos montagem manutenccedilatildeo e funcionamento Estudoda extensatildeo normal Sons sub-graves e agudosTROMPETE VII - O emprego dos diversos tipo de surdina Problemas da afinaccedilatildeo Emprego doTrompete na muacutesica erudita de cacircmera e na popular Peccedilas do repertoacuterio

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TROMPETE VIII - O conhecimento dos estilos Estudos avanccedilados da fraseologia na execuccedilatildeo Oinstrumentista de orquest-a e o solista Peccedilas do repertoacuterio Alta InterpretadoTROMBONE 1- Embocadura e seu desenvolvimento respiraccedilatildeo em geral postura do instrumentistamanejo do Trombone Tenor e Trombone BaixoTROMBONE II - Estudos de articulaccedilatildeo diferente em tons faacuteceis Estudos e duos Pequenos exerciacuteciossobre o trinadoTROMBONE ]lJ - Exerciacutecios de sons filados e ligaduras em todos os seus aspectos natural relativoagrave seacuterie harmoacutenica e artificialTROMBONE IV - Exerciacutecios de trinados estudos em diversos estilos transcritos para tromboneexerciacutecios sobre ligadura em geral arpejos e articulaccedilotildees diversasTROMBONE V - Exercicios de glissando ornamentos em geral escalas maiores e menores emtodos os tons exerciacutecios de escalas em terccedilas tons maiores e menores peccedilas com acompanhamentode piano arpejos

TROMBONE VI - O Trombone e seu sistema de funcionamento em bases cientificas frulato e uraaplicaccedilatildeo emprego da surdina e seus efeitos Estudos caracteristicos e peccedilas de concerto comacompanhamento de piano

TROMBONE VII - Estudos variados com aplicaccedilatildeo da teacutecnica de staccatto exerciacutecios de sonsfundamentais aplicados cm obras orquestrais exerciacutecios de escalas cromaacuteticas com articulaccedilatildeo variadacom observaccedilatildeo de precisatildeo riacutetmica e igualdade de emissatildeo

TROMBONE VIII - Realizar a leitura de diversas peccedilas de concerto com vistas ao domiacutenio dorepertoacuterio especiacutefico do instrumento

Disciplinas Complementares B

INSTRUMENTO B SOPRO I (FLAUTA) - Postura do instrumentista Emissatildeo do som na FlautaTransversal Noccedilotildees de respiraccedilatildeo Exerciacutecios sobre graus conjuntos e di~juntos

INSTRUMENTO B SOPRO II (FLAUTA) - Exerciacutecios respiratoacuterios Exerciacutecios sobre o IegatoPequenos duos Escalas com articulaccedilotildees distintas

INST~~MENT ~ SOPRO III (FLAUTA) - Estudos meloacutedicos em tons faacuteceis Introduccedilatildeo aosexercICIOS de mela dificuldade com diversas articulaccedilotildees

INSTRUMENTO B SOPRO IV (FLAUTA) - Introduccedilatildeo ao estudo das escalas mtnores e ao estudodos trinados Exerciacutecios e estudos de meia di ficuldade

INSTRUMENTO B SOPRO V (FLAUTA) - Introduccedilatildeo ao estudo dos vaacuterios tipos de ornamentos combase nos estudos de trinados Estudos e peccedilas do repertoacuterio de meia dificuldade em solo ou em conjuntoINSTRUMENTO ~ SOPRO VI (FLAUTA) - Estudo de pequenas peccedilas faacuteceis com acompanhamentode plano Duos tnos e quartetos faacuteceis

INSTRUMENTO B SOPRO I (OBOEacute) - A importacircncia da posiccedilatildeo correta ao instrumcnto formaccedilatildeoda embocadura Respiraccedilatildeo Mecanismo

INSTRUMENTO B SOPRO II (OBOEacute) - Estudo de notas brancas com dinacircmica apurada Noccedilotildeespara a conservaccedilatildeo praacutetica do instrumentoINSTRUMENTO B SOPRO III (OBOE) R - fid - esplraccedilao artlstlca e ISlOloglca Embocadura e seuesenvolvlmento Escalas em diversos tons

INSTRUMENTO B SOPRO IV (OBOE ) - _ E d - Noccediloes sobre a fabncaccedilao da palheta emIssatildeo do som

stu os e exerCICIOS de faacutecil execuccedilatildeo em solo ou em duoINSTRUMENTO B SOPRO V (OB )

OE - Escalas dlatomcas em todos os tons Passagens em tonsmaIOres e menores com d I -INSTRUM Iversas artlcu accediloes Estudos e peccedilas faacuteceis em rolo ou em conjunto

ENTO B SOPRO VI (OBOE) - E _ bull scalas mterrompldas com dIversas artlculaccediloes (dlatomcase cromatlcas) Apuro do d dlh d fi _

e I a o e Irmeza de cmlssao Execuccedilatildeo de peccedilas faacuteceis com piano

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INSTRUMENTO B SOPRO I (CLARlNETA) - Apresentaccedilatildeo da Clarineta posiccedilatildeo corretaEmbocadura e sua evoluccedilatildeo histoacuterica Dedilhados nos diferentes registros do instrumento Escolha eadaptaccedilatildeo da palhetaINSTRUMENTO B SOPRO II (CLARINETA) - Emissatildeo do som A embocadura e a dinacircmicaMecanismo elementar Execuccedilatildeo de duosINSTRUMENTO B SOPRO 1lI (CLARINETA) - Posiccedilotildees cromaacuteticas nos registros graves meacutediosagudos e superagudos Notas destacadas Praacutetica de leitura agrave primeira vistaINSTRUMENTO B SOPRO IV (CLARINETA) - Sons ligados Introduccedilatildeo ao estudo da dinacircmica nainterpretaccedilatildeo Praacutetica da respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artistica Execuccedilatildeo de pequenos duosINSTRUMENTO B SOPRO V (CLARINETA) - A problemaacutetica da respiraccedilatildeo na execuccedilatildeoDiferentes combinaccedilotildees de articulaccedilotildees destacados e suas variantes EstudosINSTRUMENTO B SOPRO VI (CLARINETA) - Histoacuterico do instrumento Desenvolvimento doestudo da respiraccedilatildeo e dos sons destacados Articulaccedilotildees variadas no mesmo trecho Estudos e peccedilasINSTRUMENTO B SOPRO I (FAGOTE) - A posiccedilatildeo individual ao instrumento Formaccedilatildeo daembocadura Mecanismo RespiraccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO II (FAGOTE) - Embocadura e seu desenvolvimento Estudosprogressivos Escalas variadas para o estudo das diferentes articulaccedilotildeesINSTRUMENTO B SOPRO III (FAGOTE) - Respiraccedilatildeo sobre o ponto de vista artiacutestico e fisioloacutegicoEmissatildeo Estudos e exerciacutecios especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO IV (FAGOTE) - Noccedilotildees sobre a fabricaccedilatildeo da palheta Escalas diatoacutenicasExerciacutecios e estudos de faacutecil execuccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO V (FAGOTE)- Ampliaccedilatildeo do estudo de notas brancas Com dinacircmicaapurada Emissatildeo do som (exerciacutecios especiais)INSTRUMENTO B SOPRO VI (FAGOTE) - Histoacuterico do Fagote Exerciacutecios praacuteticos para aconservaccedilatildeo material do instrumento Estudos progressivos com vistas agrave execuccedilatildeo de peccedilas faacuteceiscom acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMPA) - Posiccedilatildeo correta ao instrumento Maneira de embocarEmissatildeo do som Sons Fileacutes - Sons ligados e exerciacutecios sobre os mesmos Exerciacutecios para trompaINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMPA) - Continuaccedilatildeo dos exerciacutecios para Trompa LisaDedilhado da Trompa em Faacute Exerciacutecios de intervalos com articulaccedilotildees diversasINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMPA) - Exerciacutecios de escalas maiores e menores comarticulaccedilotildees diferentes Seacuterie Harmoacutenica e suas sete posiccedilotildees Estudos e exerciacutecios especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMPA) - Escalas diatocircnicas maiores e menores Estudos de staccattoe suas modalidades Exerciacutecios de Transposiccedilatildeo de dificuldade meacutedia Exerciacutecios e estudos especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO V (TROMPA) - Exerciacutecios de Transposiccedilatildeo progressivamente maisdi ficeis Escalas e arpejos com articulaccedilotildees variadas Staccatto simples nas escalas diatoacutenicas DuosINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMPA) - Escalas diatoacutenicas e cromaacuteticas com articulaccedilotildeesvariadas Afinaccedilatildeo Estudos faacuteceis e progressivos Exerciacutecios de transposiccedilatildeo com emprego da Trompasimples em Faacute Duos Efeitos obtidos na Trompa em FaacuteINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMPETE) - Postura do instrumentista Respiraccedilatildeo Emissatildeo dosom Seacuterie Harmoacutenica da Iordf posiccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMPETE) - Praacutetica de exerciacutecios respiratoacuterios Exerciacuteciosbaseados na Seacuterie Harmoacutenica da segunda posiccedilatildeo dinacircmica Escalas diatoacutenicas maiores em seminimasINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 3ordf posiccedilatildeo Escalas diatoacutenicasem colcheias Exerciacutecios sobre dinacircmicas e intervalos nas regiotildees grave media e agudaINSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 4ordf posiccedilatildeo Exerciacutecios sobrearticulaccedilatildeo e ataque do som Estudos sobre ligaduras Escalas diatoacutenicas em colcheiasEstudos e peccedilas especiacuteficas

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tCtttCshyCbull I(

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INSTRUMENTO B SOPRO V (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 5ordf posiccedilatildeo Estudos e mecanismocom articulaccedilatildeo variada Estudos e peccedilas do repertoacuterio em solo e em conjuntoINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 6ordf posiccedilatildeo Escalas diatocircnicasmaiores e menores em andamento raacutepido Estudos sobre Staccaltos Estudos e peccedilas do repertoacuterioem solo ou em conjuntoINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMBONE) - Exposiccedilatildeo geral sobre o instrumento e postura doinstrumentista Respiraccedilatildeo com vistas agrave formaccedilatildeo da embocaduraINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMBONE) - Afinaccedilatildeo Exerciacutecios preparatoacuterios das trecircs primeirasposiccedilotildeesINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMBONE) - Seacuterie Harmoacutenica da primeira agrave quarta posiccedilatildeoabrangendo os seis primeiros sons Exerciacutecios preparatoacuterios (faacuteceis)INSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMBONE) - Extensatildeo e registro do instrumento Estudos eexerciacutecios preparatoacuterios das 7 posiccedilotildees do instrumentoINSTRUMENTO B SOPRO V (TROMBONE) - Aplicaccedilatildeo e correccedilatildeo dos intervalas formadospelos harmoacutenicos - 3 5 e 7 Exerciacutecios preliminares de escalas maiores e intervalos diversosINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMBONE) - Exercicios preliminares sobre o Staccattosimples e pronuacutencias diferentes Exerciacutecios progressivos de escalas maiores e menores na extensatildeonormal do instrumento

DEPARTAMENTO 07

CAN~OCORAL I - Gecircneros estilos e fonnas corais cantochatildeo moteto missa cantata paixotildees eorat6nos Execuccedilatildeo de trechos corais

CANTO CORAL II - A emissatildeo de sons sustentados ligados destacados filados e a meia vozExecuccedilatildeo de obras do periodo barroco claacutessico e moderno

CANTO CORAL III - Afinaccedilatildeo em conjunto e fusatildeo das vozes Execuccedilatildeo de trechos corais doperiacuteodo claacutessico e moderno obedecida a ordem progressiva das dificuldadesCA1TO CORAL IV - Interpretaccedilatildeo com observaccedilatildeo sobre gecircnero estilos e formas corais dopendo moderno e contemporacircneo

PRATIC~ DE ORQUEST~ I - Afinaccedilatildeo instrumento adotado para orientaacute-la gesticulaccedilatildeo normale convnclOnal compassos Simples compostos alternados mistos Aplicaccedilatildeo dos assuntos estudadosexecuccedilao de ob b I PRAacute ras arrocas e c aSSlcas renomadas Aos pIanistas reduccedilatildeo ao piano das obras programadas

TICA ~E OROUESTRA II - Responsabilidade e funccedilatildeo do spalla solistas e primeiraspartes Os dlferent E Ib d _ es naipes qUi I no e sonondade e uniformidade das arcadas e da respiraccedilatildeoExecuccedila de obras b I arrocas e c aSSlcas precedida de preleccedilotildees Reduccedilatildeo para pianistasPRATICA DE ORQUESTRA III - O

- - Dlvlsao da orquestra em cordas madeiras metais e percussatildeorgamzaccedilao da banda em relaccedilatildeo a t E d

R d- orques ra xerClCIO e obras romacircnticas precedidas de preleccedilotildees

e uccedilao para plamstasPRATICA DE ORQUESTRA IV D - Dem t

- - Istmccedilao entre as orquestras de camera IInca e de concertoons raccediloes nos conJ u tmiddot

Exec - d b n os orquestrais dos assuntos abordados ateacute o terceiro periacuteodouccedilao e o ras modernas d d

PRAacuteTICA DE ORO e as emals epocas Reduccedilatildeo para os pianistasUESTRA V - P t dium mesmo ermu a e ugar no conjunto orquestral entre os executantes de

grupo para adaptaccedilatildeo em nova bId d d versa de Iordm v I o s responsa I I a es e VIOlino de fila para spalia e vice- 10 mo para 2- e Vlce-ver d I

obras orquestra d sa e so Ista para segunda parte e Vlce-versa etc Execuccedilatildeo de IS o repertono mdlcado

PRATICA DE OROUESTRA VI _An execuccedilatildeo de obras d alise resumida da partitura orquestral programada para ensaio

o repertono mdlcado T menor abaixo ou acima d ransporte a pnmelra vista de segunda de terceira maior ou

o tom ongma de trecho de obra sinfoacutenica do repertoacuterio

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PROGRAMA DOS ESTUDOS

ESTUDOS

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BEETHOVEN - ConcertosBARTOK - ConcertosBRITTEN - Diacuteversiacuteons para matildeo esquerdaBRAHMS - Concertos

LISZT - 6 Estudos de ConcertoMESSIAEN - EstudosMOSCHELES - Estudos op 70MOSZKOWSKY - Estudos op 72MOSZKOWSKY - 4 Grandes Estudos da Escola

das notas dobradasPAGANINI - LISZT - EstudosPHILIPP - EstudosPROKOFIEFF - 4 Estudos op 2RACHMANINOFF - Estudos op 33 e op 39RUBINSTEIN - Estudos op 23SAlNT-SAEacuteNS - EstudosSCHUMANN - Estudos op 3 e opIOSCRIABIN - EstudosSOUZA LIMA - Trecircs pequenos EstudosSTRAVINSKI - Quatro Estudos op7SZYMANOWSKY - Estudos

CONCERTOS E PECcedilAS PARA PIANO E ORQUESTRA

BACH J S - ConcertosBACH J CHRISTIAN - ConcertosBALAKIREW - ConcertosBORTKIEWICZ - Concertos op 58

ALKAN - 12 estudos op 39BARBOZA (CACILDA B) - Estudos

BrasileirosBARTOK (B) - 3 Estudos op18BORTKIEWICZ - Estudos op 15 e 29BRAHMS - EstudosCHOPIN - Estudos op 10 e 25DEBUSSY - EstudosDOHNANY - 6 Estudos de Concerto op 28FREY (EMIL) - Estudos do Suplemento O

Estudo consciente do piacuteanoFRlEDMAN (I) - EstudosGUARNIERI (C) - EstudosKULLAK - Escola das 8 duplas (2 VoI)LACERDA (O) - Oito EstudosLIAPOUNOW - Estudos op IILISZT - Estudos Transcendentais

CURSO DE GRADUACcedilAtildeO

ANEXO II

MOSlCA DE CAtildeMERA IV - Equilibrio dinacircmico e riacutetmico do conjunto cameriacutertico A meacutetrica e asmanifestaccedilotildees agoacutegicas Os diferentes timbres dos instrumentos de arco no conjunto cameriacutestico e ainterpretaccedilatildeo da obra de cacircmera

MATEacuteRIA OBRIGATOacuteRIA

I - No IQ periacuteodo seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de uma peccedila de Autor Estrangeiro Doiacutes EstudosUm Preluacutedio e Fuga de Bach2 - Nos periodos I III V VII seraacute obriacutegatoacuteria a apresentaccedilatildeo respectivamente de uma SuiacuteteFrancesa Tocata Partiacuteta Suiacutete Inglesa de J S Bach3 - No 2Q periacuteodo seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de uma peccedila de Autor Brasileiro Dois Estudos deChopin Um preluacutedio e Fuga de Bach uma Sonata4 - Nos periacuteodos II IV VI VIII e X seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de Um Concerto para piano eorquestra ou com acompanhamento de 2Q piano

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196

PRAacuteTICA DE ORQUESTRAVII- Os gestos relativos agrave dinacircmica e agrave agoacutegica praticados pelo regente gestoriacutetmico eexpressivo execuccedilatildeo de trechos de oacutepera (cena liacuterica) com a participaccedilatildeo de solistas cantores e corosPRATICA DE ORQUESTRA VIII - Execuccedilatildeo de obras orquestrais destinadas a um instrumentosolista (piano violino violoncelo etc) participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeo puacuteblica da Disciplina Praacuteticade Orquestra como atividade curricularREGEcircNCIA I - A Regecircncia o uso da batuta e seus inconvenientes movimentos (membros e toacuterax)partindo da posiccedilatildeo fundamental esquemas de gesticulaccedilatildeo relaxamento muscular Compassos simplescomposto alternado e misto preleccedilotildees e debates Exerciacutecios com acompanhamento de pianoREGEcircNCIA II - Gestos preventivos e anacruse descriccedilatildeo graacutefica dos gestos Exemplos dasoperaccedilotildees de divisatildeo e subdivisatildeo omissatildeo de gestos classificaccedilatildeo dos mesmos terminologia usualAmplificaccedilatildeo em conjuntos orquestraisREGEcircNCIA III - Particularidades dos gestos essenciais secundaacuterios normais dinacircmica e agoacutegicapausas andamentos metroacutenomo leitura e transporte Aplicaccedilatildeo em conjuntos Orquestrais da mateacuteriadada tendo por base obras barrocas e claacutessicasREGENCIA IV - Tempos fortes e fracos contratempo valores negativos gestos emitidos sentidosvisual e auditivo direccedilatildeo do som Aplicaccedilatildeo em conjuntos orquestrais da mateacuteria dada tendo por baseobras claacutessicas reduccedilotildees ao pianoREGEcircNCIA V - Conhecimento da partitura forma gecircnero estilo orquestraccedilatildeo memorizaccedilatildeotonalidades principais simbolos meacutetricos entradas e saldas de instrumentos Aplicaccedilatildeo em conjuntosorquestrais da mateacuteria dada tendo por base obras romacircnticas e modernasREGEcircNCIA VI - Esquema riacutetmico da partitura anaacutelise critica de obras processos de automatizaccedilatildeodos gestos atraveacutes de esquemas ritmicos preacute-estabelecidos a orquestra e o solista Execuccedilatildeo emgrande orquestra de obras modernas e contemporacircneasTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO I - Testes de aptidatildeo e exerciciacuteospreparatoacuterios para a leitura agrave primeira vista transposiccedilatildeo e acompanhamento ao piano Estudo dosproblemas gerais da transposiccedilatildeo (regras praacuteticas utilizaccedilatildeo de claves e outros processos didaacuteticos)Definiccedilatildeo e consideraccedilatildeo sobre a arte de acompanharTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO II - Transposiccedilatildeo sobre trechospoli foacutenicos a duas partes com apresentaccedilatildeo perioacutedica de testes Execuccedilatildeo de acompanhamento devocalises (ciclo tonal) Ensaio de peccedilas com solistas cantores e instrumentistas Estudo dos problemasriacutetmicos e sonoros no acompanhamento Conhecimento dos textos literaacuterios musicadosTRANSPOSICAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO III - Transposiccedilatildeo de trechos dos doisestilos polifocircnico e harmoacutenico Acompanhamento de peccedilas incluindo concertos obras do gecircnerolirico Lied e congecircneres Acompanhamento transportado Demonstraccedilatildeo da transposiccedilatildeo a todos osintervalos Histoacuterico do acompanhamento Particularidades interpretativas dos estilos claacutessicoromacircntico e contemporacircneoTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO IV - Transposiccedilatildeo (exerciacutecios progressivos)Conhecimento do repertoacuterio tradicional de obras para acompanhamento Scleccedilatildeo de peccedilas para examefinal e ensaios de conjunto Problemas de adaptaccedilatildeo no acompanhamento de solistas principiantes evirtuoses Aquisiccedilatildeo do tirociacutenio e senso artistico-profissional do acompanhadorMUacuteSICA DE CAtildeMERA 1- Muacutesica de Cacircmera definiccedilatildeo PraacuteticJ dos seguintes conjuntos cameristicode arco de sopro transposiacutetores ou natildeo com ou sem a participaccedilatildeo do piano Estudoem conjunto de exerciacutecios teacutecnicos escalas arpejos vibrado e demais elementos da teacutecnica cameriacutesticaMUacuteSICA DE CAtildeMERA II - Disposiccedilatildeo das diferentes conjuntos cameriacutesticos de arco sopro epercussatildeo Execuccedilatildeo de exerciacutecios teacutecnicos em conjuntos Adaptaccedilatildeo do executante ao gecircnero camerlsticoMUacuteSICA DE CAtildeMERA III- Comunicaccedilatildeo e afinidade entre os componentes do conjunto cameriacutesticoIgualdade de importacircncia de todos os executantes na realizaccedilatildeo da obra de cacircmera Anaacutelise da partiturae sua compreendo auditiva

AUTORES BRASILEIROS

CONCERTOS E PECcedilAS PARA PIANO E ORQUESTRA

CICLO BAacuteSICO

TAVARES (HEKEL) - ConcertoVILLA-LOBOS - Concerto

CHOPIN - Notumos op IS ns I e 2 op 55 n 2CHOPIN - Polonaises op 26 nso I e 2 op 40

ns I e 2CHOPIN - Polonaise poacutestuma em Sol Sustenido

MenorCHOPIN - PolonaisesPoacutestumasop 71nsI2e3CHOPIN - Mazurcas op 7 n3 op 17 N 4

op 24 n 4 op 30 n3 op 33 n2 op 41 n4 op 50 nS1 e 2 op 63 n I

CLEMENTI - Suites do Gradus ad PamassumCOPLAND - Four Piano BluesCZERNY - Toccata op 92DEBUSSY - Childrens ComerDEBUSSY - Jardins Sous la PluieDEBUSSY - Homage a HaydnDEBUSSY - La Soireacute dans GreacutenadeDEBUSSY - DanseDEBUSSY - Preluacutedios - Voiles

- Seacutereacutenade Interrompue- La Catheacutedrale Engloutie- Mistrels

DEBUSSY - BaladaDOHNANY - CaprichosFAUREacute - ImprovisosFAUREacute - Romances Sem PalavrasFALLA - Danccedila Ritual do FogoFRANCcedilAIX (JEAN) - Portraits de Jeunes FilIesFRANCK (C) - Preluacutedio - Fuga e VariaccedilatildeoGERSHWIN - PreluacutediosGLUCK (C H) - Ballet des Ombres heureusesGRANADOS - Allegro de ConcertoGRANADOS - cuentos para la juventudGRANADOS - Rapsoacutedia AragonezaGRANADOS - Valsas PoeacuteticasGRIEG - Notumos (exceto op 54 n 4)GRIEG - Romance op ISGRIEG - Folhas daacutelbum op 28GRIEG - Melodias norueguesas op 66HAENDEL - Suites (I Q e 2ordm vols)

199

PERiacuteODOS I II III IV

REPUBLICANO (A) - ConcertosSANTORO (C) - Concertino

PECcedilASALBENIZ - EvocacionALBENIZ- AragonALBENIZ - EI PoloALBENIZ - EI PuertoDALBERT - Sonata op 10ARENSKY - Basso obstinatoARENSKY - Trois esquisses op 24BACH (J S) -Cravo bem temperadoBACH (1 S) - Suiacutetes FrancesasBACH (J S) - TocatasBACH (1 S) - CoraisBACH (J S) - CantatasBACH (J S)- SAINT-SAENS - Abertura da

28ordf CantataBACH (Ph Eo) - SonatasBARTOK (BELA) - Mikrokosmos (VI vol)BARTOK (BELA) - SonatinaBARTOK (BELA) - Bagatelas op6BRATOK (BELA)- Elegias op 8BEETHOVEN - Bagatelas op 119BEETHOVEN - Rondoacute op 51 n 2BEETHOVEN - 24 Variaccedilotildees em Reacute MBEETHOVEN - Sonatas op 2 ns 2 e 3 op 7

op 13 op 22 op 27 ns I e 2 e op 54BEETHOVEN - 6 Variaccedilotildees op 34BEETHOVEN - Rondoacute op 129BRAHMS - Romance opo 118BRAHMS - Danccedilas HuacutengarasBRAHMS - Rapsoacutedia op 119BRAHMS - CaprichosCHABRIER - 10 Peccedilas pitorescasCHOPIN - Improviso op 29 n ICHOPIN - Fantasia - Improviso op 66CHOPIN - Rondoacute op I

CHOIN - Variaccedilotildees sobre aacuteria alematilde (O pequenoSUISSO)

CHOPIN - Preluacutedios (poacutestumos) op 45CHOPIN - Valsas op 34 n 3 op 70 n ICHOPIN - Valsa Poacutestuma em Mi m

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GUARNIERI (C) - ConcertinoGUARNIERI (C) - SerestaGUERRA PEIXE - ConcertinoJABOR (NAJLA) - Concerto em Laacute MaiorMAUL (O) - ConcertoMIGNONE (F) - Iordf e 2ordf Fantasias BrasileirasOCTAVIANO (J) - ConcertoOSWALD (H) - Tema com VariaccedilotildeesOSWALD (H) - Concerto op 10RAYMUNDO (O) - Concerto

MARTINU - ConcertosMARTINU - ConcertinoMENOTTI - ConcertoPADEREWSKY - ConcertoPFITZNER - ConcertoPROKOFIEFF - ConcertosRACHMANINOFF - ConcertosRACHMANINOFF - Rapsoacutedia sobre um tema

dePaganiniRAVEL - Concertos em Sol MaiorRAVEL - Concerto para matildeo esquerdaRIMSKY-KORSAKOW - Concerto op 30RIMSKY-KORSAKOW - Seis FugasRIMSKY-KORSAKOW - Seis Variaccedilotildees sobre

o tema de Bach op 50RUBINSTEIN (A) - ConcertosSAINT-SAENS - ConcertosSHOSTAKOVICH - ConcertosSCHUMANN - Concerto op 54SCHUMANN - Allegro de Concerto com

Introduccedilatildeo op 14SCHUMANN - Introduccedilatildeo e Allegro

appassionato op 92SCRIABINE - ConcertoSTRAUSS - BurlescaSTRAWINSKI - CaprichoSZYMANOWSKI - Sinfonia ConcertanteSZYMANOWSKI - ConcertoTSCHAIKOWSKY -ConcertosVIVALDI- Concerto em Reacute MenorWEBER - Konzertstuch

198

ANES (CARLOS) - Fantasia SinfocircnicaANES (CARLOS) - ConcertoALMEIDA (CARLOS) - Introduccedilatildeo agrave Danccedila

BrasileiraFERNANDEZ (L) - ConcertoGNATALLI (R) - ConcertosGNATALLI (R) - BrasilianaGUARNIERI (C) - ConcertosGUARNIERI (C) - Variaccedilotildees sobre tema

Nordestino

CHOPIN - ConcertosCHOPIN - Grande Fantasia op3CHOPIN - Cracoviac op 14CHOPIN - Adante Splanato e Grande Polonaise

brilhanteDlTTERSDORF - ConcertosDVORAK - ConcertoFALLA - Noites nos Jardins de EspanhaFAuREacute - BalladaFRANK (CEacuteSAR) - Variaccedilotildees SinfocircnicasFRANCcedilAIX (J) - Concerto - ConcertinoGERSHWIN - Concerto em FaacuteGERSHWIN - Rhapsody in BlueGLAZOUNOW - Concerto op 92GRIEG - Concerto op16HAYDN - ConcertosHINDEMITH (P) - tema com Variaccedilotildees (Os 4

temperamentos)KABALEWKY - Concerto op 23KHACHATURIAN - ConcertoKODALY - Danccedilas de Galanta e de MorascekLIAPOWNOW - Concerto op 4 e op 23LISZT - ConcertosLISZT - Danccedila macabraLISZT- Rapsoacutedia Huacutengara n 2LISZT - Rapsoacutedia EspanholaMAC-DOWELL - Concertos op 15 e op 23MAX-REGER - Concertos op 114MENDELSSOHN - ConcertosMENDELSSOHN - Capricho brilhanteMOSKOWSKY - Concerto op 59MOZART - Concertos

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS

PERIacuteODOS I II III IV

HAYDN - Andante com VariaccedilotildeesHAYDN - Sonatas ns 16912131516 e 18IBERT (1) - Les rencontresDINDY (V) - Tableaux des voyages op 33KABALEWKSY - Preluacutedio op 38KABALEWKSY - Variaccedilotildees op 40KABALEWKSY - Sonatina op 13KARGANOFf - Miniaturas op 10KARGANOFF - Pres dun rousseau op 27KODALY - Danccedilas de GalanteKODALY - Danccedilas mourescasLlAPONOW (S) - HumoresqueLlAPONOW (S) - Six morceaux facilesLIAPONOW (S) - Chant de Noel op 41 nAL1SZT - 3 noturnosLlSZT - Valsa ImprovisoL1SZT - Capella de Guilherme TellL1SZT - Au lac de WallensteinLISZT - Valleacutes dObermanLISZT - Le mal du paysL1SZT - SposalizzioLISZT - rapsoacutedias huacutengaras ns I 4 6 8 e IILISZT - Cacircnticos de AmorLISZT - Soireacutees de ViennaMAC-DOWEL - Polonaise op 46 n 12MAC-DOWEL - Danccedila das BruxasMAC-DOWEL - Danccedila das SombrasMAC-DOWEL - Lieders op 58 e op 60MARTINI - PreluacutediosMARTINI - Esquisses de DansesMARTINI - RitournellesMARTINU - PolcasMENDELSSOHN - Fantasia op 16 n IMENDELSSOHN - PrestoMENDELSSOHN - Scherzo op 16 n2MENDELSSOHN - Sobre as asas de um sonhoMENDELSSOHN - Rondoacute caprichoso op 14MARCELLO (8) - Tocata cm Sol mMOMPOU - Canccedilotildees e Danccedilas (de I a lO)MOMPOU - SousbourbisMOSKOWSKY - Valsa op 34 n1MOSKOWSKY - LajongleuseMOUSSORGSKY - IntermezzoMOZART - Variaccedilotildees K 353 K 354 K 455 K

500 K 613MOZART - Fantasia e Fuga K 394MOZART - Sonatas K 279 K 281 K 309 K

332 e K 570

MOZART - Adaacutegio em Si mNIN (1) - Danccedila IbeacutericaNIN (1) - Danccedila MurcianaPOULENC - PrestoPOULENC - Suite FrancesaPROKOFIEFF - 10 Peccedilas op 12PROKOFIEFF -2 Sanatinas op 54 ns I e 2PROKOFIEFF -Marcha (Amor das 3 laranjas)PROKOFlEFF - Visotildees fugitivas op 22PROKOFlEFF - 4 peccedilas op 32RACHMANINOFf - 6 Momentos Musicais

op16RACHMANINOFf - Preluacutedios op 23 ns 4 5

e 6 op 32 ns 5 e 12RAVEL - Minueto sob o nome de HaydnRAVEL -PreluacutedioRAVEL -Preluacutedio Fuga Forlane e Rigaudon

(Tombeau de Couperin)REGER (MAX) - Sonatinas op 89REGER (MAX) - Silhouettes op 53REGER (MAX) - 10 Peccedilas op 44RIMSKY-KORSAKOFf - NoturnoRIMSKY-KORSAKOFF - AlIegroRUBINSTEIN - Sonatas op 12 n I op 20 n

2 op 41 n 3SAINT-SAENS - 6 Fugas op 161SCARLATTI - Sanas n 7 (Sol M) n 8 (Sol m)

n 13 (Reacute m) n 15 (Laacute m) n 21 (Sol M)SCHOENBERG - 3 Peccedilas op IISCHOENBERG - 6 Peccedilas op 19SCHOENBERG - 5 Peccedilas op 23SCHOSTAKOVICH - 3 Danccedilas fantaacutesticasSCHOSTAKOVICH - 8 Preluacutedios op 2SCHOSTAKOVICH - Danccedila da Idade de ouro

op 22SCHUBERT - Improvisos op 90SCHUBERT - 3 Peccedilas para Piano (Mi b menor-

Mi b M - Doacute M)SCRIABIN - PreluacutediosSCRIAEIN - ImprovisoSCHUMANN - Peccedilas- Fantasias op 12 ns 2

5e7SCHUMANN - Cenas Infantis op 15SCHUMANN - Variaccedilotildees op I (sobre o nome

de Abegg)SCHUMANN - Schrezo Giga Romances e

Fuguetas op 32

200

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SCHUMANN - Improvisos sobre o tema deClara Wieck op 5

SCHUMANN - Noveletes op 21 (exceto as den 7 e 8)

SCHUMANN - Cenas da Floresta op 82SCHUMANN - Blumenstuumlk op 19SCHUMANN - LISZT - A ma fianceacuteeSEVERAC - CerdanaSEVERAC - En LanguedocSMETANA - Danccedilas TchecasSMETANA - ValsasSMETANA - PolcasSZIMANOWSKI - Polca da BoeacutemiaSZIMANOWSKI - Mazurcas op 50 e 62

PECcedilASALENCAR PINTO (A) - NotumoALlMONDA (H) - Estudos em terccedilas n 3ALMEIDA (CARLOS) - lordf SerestaALMEIDA (CARLOS) - CarioquinhaALMEIDA (CARLOS) - Miniaturas n 3ALMEIDA (CARLOS) - Ritmos Cariocas (2~

Seacuterie)ANES (CARLOS) - RiachoANES (CARLOS) - A rendilheiraANES (CARLOS) - O ventoANES (CARLOS) - CurrupioANES (CARLOS) - Templo ChinecircsANES (CARLOS) - HomenagensANES (CARLOS) - PreluacutediosANES (CARLOS) - Pinoacutechio

BARROSO NETTO - Danse des fantochesBARROSO NETTO - Feux folletsBARROSO NETTO - Em caminhoBARROSO NETTO - RedemoinhoBARROSO NETTO - ScherzettoBARROSO NETTO - Galhofeiro

BELLlNGHAUSEN (O T) - A japonezinhaalegre

BILHAR(BRANCA) - Samba SertanejoBRANDAO (1 VIEIRA) - Preluacutedios ns I e 4CAMPOS (1 ARAUacuteJO) bull Estado dal~aCAMPos (1 ARAUacuteJO) - Poema da Saudade

201

SZIMANOWSKI - Fantasia op 14SZIMANOWSKI - Sonata RomacircnticaTURINA - Cuentos de Espaiia op 20TSCHAIKOWSKY - Valsas - Scherzo op 7

op59

TSCHAIKOWSKY - Impromptu em Laacute b MUGARTE - De mi tierraUGARTE - Voces deI pajonalUGARTE - Crepuacutesculo camperoUGARTE - Carnaval provincianoVIANNA DA MOTTA - Vito op IIWEBER - Polaca brilhante op 72WEBER - Presto em Doacute Maior

WILLIAMS (ALBERTO) - En la sierra op 32

CAMPOS (1 ARAUacuteJO) - Estudo em Forma deToada

CANTUacute (A) - Iordf Rapsoacutedia BrasileiraCARVALHO (D) - Paacutessaro TristeCASTRO (A) - Estudo op 23COSME (L) - Saci-perecircreFAGNANI (O) - Preluacutedio n 4

FAGNANI (O) - Valsa Romacircntica (Seresteira)FERNANDEZ (L) - Idilio op IS n2FERNANDEZ (L) - AngelusFERNANDEZ (L) - La brasilianaFERNANDEZ (L) - Preluacutedios do Crepuacutesculo

ns 2 e 4

FERNANDEZ (L) - 2~ Suite BrasileiraFERNANDEZ (L) - PirilamposFlUZA (V) - Suiacutete romacircnticaFIUZA (V) - DivertimentoFIUZA (V) - DivagaccedilotildeesFIUZA (V) - Preluacutedio e FugaFRANCcedilA (L) - SombrasGNATALLl (R) - ValsasGNATALLl (R) - TocataGALLET (L) - SertanejaGOacuteES (C F) BarcarolaGOacuteES (C F) - TarantelaGUARNIERI (C) - Canccedilatildeo SertanejaGUARNIERI (C) - Toada Triste

CICLO PROFISSIONAL

PERIacuteODOS V VI VII VII IX X

VILLA-LOBOS - Agrave procura de uma Agulha(Ciranda n 13)

VILLA-LOBOS - A ca~lOa virou (Ciranda n 14)VILLA-LOBOS - Aria n III (Bachianas

Brasileiras nA)

VILLA-LOBOS - Miudinho n IV (BachianasBrasileiras n 4)

VILLA-LOBOS - As trecircs MariasVILLA-LOBOS - Saudades das Selvas Brasileiras

ns 12 e 3VILLA-LOBOS - Choros n 2VILLA-LOBOS - Idiacutelio na Rede (Suiacutete Floral

op 97 n I)

VILLA-LOBOS - Uma camponesa cantadeira(Suiacutete Floral op 97 n 2)

VILLA-LOBOS - O gato e o ratoVILLA-LOBOS - Moreninha (Prole do bebecirc n2)VILLA-LOBOS - Mulatinha (Prole do bebecirc n 4)VILLA-LOBOS - Negrinha (Prole do bebecirc n 5)VILLA-LOBOS -O polichinelo (Prole do bebecirc n 7)VlLLA-LOBOS - Valsa Mistica

BACH -Capricho em Si b M (Sobre a despedidade seu dileto irmatildeo)

BACH - fantasia cromaacutetica e fugaBACH - Preluacutedios e Fugas em Mi e Mi b MBACH - Grande Fantasia e Fuga em Laacute mBACH - Variaccedilotildees GoldbergBACH-BOSKOFF - Tocata em Reacute MBACH-BOSKOFF - Preluacutedio em Sol MBACH-BOSKOFF - Concerto em Doacute M para oacutergatildeoBACH-BUSONI - Preluacutedios e Fugas para Oacutergatildeo

em Reacute MeMi bMBACH-BUSONl- Preluacutedio Fuga e Allegro em

MibMBACH-BUSONI - 9 Preluacutedios Corais para Oacutergatildeo

transcritos para pianoBACH-BUSONI-FantasiaAdaacutegio e Fuga em Doacute mBACH-BUSONI - Chaconne

203

SIQUEIRA (JOSEacute) - Iordf ValsaSOUZA (F GURGULINO) - Capricho

BrasileiroSOUZA LIMA (1) - PreluacutedioSOUZA LIMA (1) - Iordf ValsaSOUZA LIMA (1) - Maria n 4 (Peccedilas

Romacircnticas)SOUZA LIMA (1) - Serenidade n 7 (Peccedilas

Romacircnticas)SOUZA LIMA (1) - Arabesco n 8 (Peccedilas

Romacircnticas)VIANA (FRUTUOSO) - Danccedila de NegrosVIANA (FRUTUOSO) - Berceuse do SabiaacuteVILLA-LOBOS - Vamos Atraacutes da Serra Calunga

(Cirandinha n 8)VILLA-LOBOS - Senhora D Sancha (Ciranda n 3)VILLA-LOBOS - O cravo brigou com a rosa

(Ciranda n 4)VILLA-LOBOS - Nesta rua Nesta rua (Crianda

n II)

PECcedilASALBENIZ - RondefiaALBENIZ - LavapieacutesALBENIZ - TrianaALBENIZ - NavarraALBENIZ - EritafiaALBENIZ - AlmerlaALBENIZ - AzulejosALBENIZ - MaacutelagaALBENlZ - Fecircte de Dieu agrave SevilhaALBENIZ - lerezALBENlZ - El AlbaicinBACH - Cravo bem temperadoBACH - PartitasBACH - Suiacutetes inglesasBACH - CoraisBACH - SonatasBACH - Concerto Italiano

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NAZARETH (E) - Brejeiro (Tango)NAZARETH (E) - Ameno Resedaacute (Tango)NAZARETH (E) - Bambino (Tango)NEPOMUCENO (A) - Cloches de NoelNEPOMUCENO (A) - NoturnoNEPOMUCENO (A) - Noturno para matildeo

esquerdaNOBRE (MARLOS) - Iordm Ciclo NordestinoNOBRE (MARLOS) - NazarethianaOCTAVIANO (1) - Allegro molto agitatoOCTAVIANO (1) - EstudosOLIVEIRA (BABI) - Tu doce poemaOLIVEIRA (BABI) - Caboclo amazonenseOSWALD (H) - Duas Valsas-Capricho op IIOSWALD (H) - Polonaise op 34OSWALD (H) - Tarantela op 14 n3OSWALD (H) - Sur la plageOSWALD (H) - Romance op 7 n2OSWALD (H) - SerenatelaOSWALD (H) - En nacelleOSWALD (H) - II neigeOSWALD (H) - valsa-improviso op 12 n 2PEIXE (GUERRA) - Sonatinas ns I e 2PEIXE (GUERRA) - Suites ns 2 e 3PEREIRA DA SILVA (ANNA C) - Estudos em

Sol Maior e Doacute MaiorPINTO (O) - Cenas Infantis (completo)PRIOLLI (MARIA LUISA) - PapillonsPRIOLLI (MARIA LUISA) - ArabescoPRIOLLI (MARIA LUISA) - Fuga e PostluacutedioPRIOLLI FONSECA (MARISA) - Suite

Brasileira Moda - Caixinha de Muacutesica shyEmbolada

QUEIROZ (B) - Tema variadoRAMOS (MIRIAM) - Cinco peccedilas brasileiras

sobre temas folcloacutericosREBELLO (A) - Visatildeo Gudi (Ponteio n 3)REBELLO (A) - Curupira (Ponteio n 5)REBELLO (A) - Velha EstampaREBELLO (A) - Choro em oitavasREIS (HILDA) - Valsa n 3SANTORO (C) - Estudo n 2SANTORO (C) - FrevoSANTORO (C) - Paulistanas ns 4 e 7SIQUEIRA (1 BAPTISTA) - CarapiaacuteSIQUEIRA (1 BAPTISTA) - Suiacutete dos BemoacuteisSIQUEIRA (JOSEacute) - Chorinho

202

GUARNIERI (C) - SonatinasGUARNIERI (C) - Ponteios ns 2 3 5 II 12

1718202425272829313334353641 e 50

lABOR (NA1LA) - longo1ABOR (NA1LA) - Somente Saudade (Vaisan 5)lABOR (NA1LA) - Noturno n 2KORENCHENDLER (HD) - Sonatina op loKRIEGER (E) - SonatinaLACERDA (O) - Suite n ILACERDA (O) - Brasilianas ns 2 5 7LACERDA (O) - Cromos (4ordm caderno)LEAL (DULCE S R) - Preluacutedio e TocattaLEVY (A) - Allegro apassionatoLEVY (A) - Improviso-CaprichoLEVY (A) - SchumanianaLEVY (A) - 4ordf Valsa Lenta op 32LYRA (DIVA) - Estudos ns 2 3 e 7LYRA(D1VA)-ReflexosMAUL (O) - Valsas Poeacuteticas ns I e 2MAUL (O) - Xocirc PassarinhoMAUL (O) - Tema e VariaccedilotildeesMAUL (O) - Suite (Preluacutedio Toada e Polca)MAUL (O) - RomanceMAUL (O) - Cantilena das aacuteguasMAUL (O) - PaisagemMIGNONE (F) - Valsa em Sol MaiorMIGNONE (F) - QuebradinhoMIGNONE (F) - O velho o menino e o burroMIGNONE (F) - Cinco peccedilas para pianoMIGNONE(F)- Valsas de Esquinans 89 10e IIMIGNONE (F) - CongadaMIGNONE (F) - Doccedilura de manhatildezinha frescaMIGNONE (F) - Preluacutedios ns 2 3 4 e 5MIGNONE (F) - LunduacuteMIGUEZ (L) - Noturnos op 10 op 20 n IMIGUEZ (L) - Bavardage op 24 n 4 (Cenas

Iacutentimas)MOURA (A M PORTO) - SonataNATTHO HENN - Paacuteginas do SulNATTHO HENN - A carretaNAZARETH (E) - Improviso (Estudo de

Concerto)NAZARETH (E) - Pierrot (Choro)NAZARETH (E) - Odeon (Tango)NAZARETH (E) - Apanhei-te cavaquinhoNAZARETH (E) - Escovado (Tango)

INFANTE (MANUEL) - GitaneriasDINDY (VINDENT) - Sonata op 63JARVACH (Ph) - Sonatina op 18JOLIVET (A) - Cinq danses rituellesKABALEWSKY - SonatasKABALEWSKY - Tema e Variaccedilotildees op 29KHATCHATURIAN - TocataLIAPOUNOW - Preluacutedio e Fuga op 58LIAPOUNOW - Mazurcas op 19 e 21LIAPOUNOW - Sonata op 27LISZT - Sonetos de PetrarcaLISZT - Au bord dune sourceLISZT - Rapsoacutedias Huacutengaras ns 2 9 lO 12

13 14 e 15 (Rackoczy Marsch)LISZT - Rapsoacutedia EspanholaLISZT - Tarantela Veneza e NaacutepolesLISZT - Variaccedilotildees sobre um tema de BachLISZT - SonataLISZT - Fantasia e Fuga sobre o nome de BachLISZT - Danccedila da MorteLISZT - Mefisto-ValsaLISZT - Scherzo e MarchaLISZT - Le rossignolLISZT - Lesjeux deau agrave la ville dEsteLISZT - OrageLISZT - FuneraisLISZT - S Francisco de Assis pregando aos

paacutessarosLISZT - S Francisco de Paula caminhando sobre

as ondasLISZT - PolonaisesLISZT - BaladasLISZT - Apres une lecture de DanteMAC-DOWELL - SonatasMARTIN (B) - Preluacutedio em forma de EstudoMEDTNER - Balada op 27MENDELSSOHN - Moto perpeacutetuo op 119MENDELSSOHN - caprichos op 33MENDELSSOHN - Andante com variaccedilotildees op 82MENDELSSOHN - Fantasia op 28MENDELSSOHN - 6 Preluacutedios e Fugas op 35MENDELSSOHN - Preluacutedio e Fuga em Mi

menorMENDELSSOHN - Variaccedilotildees SeacuteriasMENDELSSOHN - Sonho de uma noite de veratildeoMESSIAEN (O) - PreluacutediosMESSIAEN (O) - Fantasia Burlesca

205

_La terasse des audiences du clair de luneDEBUSSY - MasquesDEBUSSY - Suite Bergamasque Preacutelude -

Meacutenuet - Clair de Line - PassepiedDEBUSSY - PagodesDOHNANY - Variaccedilotildees e Fuga op 4DOHNANY - RapsoacutediasDUCASSE (ROGER) - Estudo em Sol MDUKAS (PAUL) - Sonata em mi b mFAUREacute - Tema e Variaccedilotildees op 73FAUREacute - BarcarolasFAUREacute - NoturnosFAUREacute - Valsas-Caprichos op 30 op 38 op

59op62FAUREacute - Balada op 19FAUREacute - 8 Peccedilas brevesFRANCK (C) - Preluacutedio Aacuteria e FugaFRANCK (C) - Preluacutedio Coral e FugaFRANCK (C) - 3 Grandes CoraisFAIRCHILD (BLAIR) - Le bateauFALLA (M) - 4 Peccedilas Espanholas - Aragoneza

Cubana Montanhesa e AndaluzaFALLA (M) - Fantasia IbeacutericaFALLA (M) - Fantasia PoeacuteticaFALLA (M) - Danccedila do TerrorFRESCOBALDI-RESPIGHI - Tocata e Fuga em

LaacuteMGINASTERA (ALBRETO) - SonataGLAZOUNNOW - Suite para piano op 2GLAZOUNNOW - Sonata op 129GODOWSKY - SonataGRANADOS - GoyescasGRETCHANINOFF - Sonata op 75GRETCHANINOFF - Romance e Variaccedilotildees op 51GRIEG - Sonata op 7GRIEG - Baladas op 9 e op 24GRIEG - Valsas-Caprichos op 37GRIEG - Danccedilas Ruacutesticas norueguesas op 72HAAS (J) - Sonatas op 6 ns I e 2HAYDN - Sonatas ns 19 e 20HENDRIKS - Fantoches

HINDEMITH - Peccedilas para piano op 37 e 37 bisHINDEMITH - SonatasHINDEMITII - Ludus TonalisINFANTE (MANUEL) - Sevillanas

(Impressions de retes agrave Seville)INFANTE (MANUEL) - EI Vile (versatildeo A)

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CHOPIN - BaladasCHOPIN - BarcarolaCHOPIN - Fantasia op 49CHOPIN - Allegro de ConcertoCHOPIN - Rondoacutes op I op 5 e op 16CHOPIN - Variaccedilotildees op 12CHOPIN - BerceuseCHOPIN - BoleroCHOPIN - TarantelaCHOPIN - Valsas op 18 op 34 n I e op 42CHOPIN - 24 Preluacutedios op 28CHOPIN - Noturnos op 9 n3 op 27 ns I e 2

op 32 n 2 op 37 n 2 op 48 ns I e 2 Op62 ns I e 2

CHOPIN - Polonaises op 44 op 53 op 61CHOPIN - Mazurcas op 30 n 4 op 33 n 4

op 41 n I op 50 n 3 op 56 ns I e 3 op59 n 3 op 68 ns I e 2

CHOPIN - Andante Splanato e Grande PolonaiseBrilhante

CHOPIN - Polonaise-Fantasia op 61CLEMENTI - Sonatas op 40 ns 2 e 3DEBUSSY - LIsle joyeyseDEBUSSY - Suite pour le piano Preluacutedio

Sarabanda e TocataDEBUSSY - Imagens (1 Caderno) - Reflets

dans Ieau- Hommage agrave Rameau- MouvementDEBUSSY - Imagens (2 Caderno) - Cloches agrave

travers les feuilles- Et la lune descend sur le temple qui fut- Poissons dorDEBUSSY - Preluacutedios - Le vent dans la pleine- Ce qua vu le vent dOuest- La danse de puck- Brouillards- Les feacutees sont dexquises danseuses- Ondine- Les tieces ai temes- Feux dartifice- Les Sons et les parfums tornent dans lair du

soir- Les collines dAnacapri- Feuilles mortes- La puerta dei vino- General Lavine

204

BACH-BUSONI - Tocata e Fuga em Reacute m paraOacutergatildeo

BACH-BUSONI - Tocata Intermezzo e Fugapara Oacutergatildeo em Doacute M

BACH-LISZT - 6 Preluacutedios e FugasBACH-LISZT - Fantasia e Fuga em Sol mBACH-LISZT - Preluacutedio e fuga para OacutergatildeoBACH-SILOTTI - Preluacutedio em Sol m para OacutergatildeoBACH-STRADALL - Concerto para OacutergatildeoBACH-TAUSIG - Tocata e Fuga em Reacute m para

OacutergatildeoBACH (w F) - Fantasia e Fuga em Laacute mBALAKlREW - ScherzosBALAKIREW - IslameyBARBER (SAMUEL) - SonataBARTOK (BELA) - SonataBARTOK (BELA) - Allegro BaacuterbaroBARTOK (BELA) - Suiacutete op 14 (completo)BARTOK (BELA) - Improvisaccedilotildees op 20

(completo)BARTOK (BELA) - Danccedilas RomenasBARTOK (BELA) - Danccedilas BuacutelgarasBEETHOVEN - 32 Variaccedilotildees em Doacute mBEETHOVEN - 33 Variaccedilotildees sobre tema de DiabelliBEETHOVEN - Variaccedilotildees sobre tema da HeroacuteicaBEETHOVEN - Sonatas op 26 op 28 op 31

ns 12 e 3 op 53 op 57 op 81 op 101 op106 op 109 op 110 e op III

BEETHOVEN - 12 Variaccedilotildees em Laacute M (DasWaldmachen)

BERG (ALBAN) - Sonata n IBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema huacutengaroBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema originalBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema de SchumannBRAHMS - Variaccedilotildees e Fuga sobre um tema de

HaendelBRAHMS - Variaccedilotildees e Fuga sobre um tema de

PaganiniBRAHMS - Duas Rapsoacutedias op 79BRAHMS - 4 Baladas op 10BRAHMS - Scherzo op 4BRAHMS - Balada op 118BRAHMS - SonatasCASTELNOUVO (TEDESCO) - SonataCHOPIN - Improvisos op 36 e op 51CHOPIN - SonatasCHOPIN - Scherzos

SMETANA - BagatelasSTRAWINSKY - PetruskaSTRAWINSKY - Capricho op 7 n 1SZYMANOWSKY - SonatasSZYMANOWSKY - Variaccedilotildees sobre tema polacoSZYMANOWSKY - Preluacutedio e FugaTHEVENET (JEAN) - Eacutetude Frantasie pourpianoTSCHAIKOWSKY - Improviso - CaprichoTSCHAIKOWSKY - Sonata op 37TURlNA - Silhuetas op 70TURINA - Minerias op 21 e op 56WAGNER-LISZT - cavalgada das WalkiacuteriasWAGNER-LISZT - Morte de Isolda

BARROZO NETTO - Rapsoacutedia GuerreiraBARROZO NEITO - Variaccedilotildees sobre um tema

originalBARROZO NEITO - Movimento perpeacutetuoBRANDAtildeO (1 Y) - Preluacutedio n 5BRANDAtildeO (1 V) - Estudos ns I e 3BRANDAtildeO (J Y) - ChorinhoCAMEU (H) - Estudo op 19 n ICAMEU (H) - YaraCAMEU (H) - Saci-PererecircCAMEU (H) - BoitataacuteCAMEU (H) - Duas SonatinasCAMINHA (A) - Preluacutedio da Suiacutete n ICAMPOS (JOAQUINA ARAUacuteJO) - Tema com

Variaccedilotildees e CoralCANTUacute (A) - leux deauCHAVES (P) - Preluacutedio e Fuga em Reacute menorCHAVES (P) - Preluacutedio e Fuga em Doacute menorCUNHA (ITIBEREcirc) - Estudo em Doacute MaiorFERNANDEZ (L) - Estudo do crepuacutesculo n 5FERNANDEZ (L) - Preluacutedio FantaacutesticoFERNANDEZ (L) - 3ordf Suiacutete Brasileira (Toada-

Seresta - longo)

FERNANDEZ (L) - 3 Estudos em fonna deSonatina

FERNANDEZ (L) - Valsa suburbanaFERNANDEZ (L) - Sonata Breve

SCRlABIN - SonatasSCRlABIN - Sonata Fantasia op 19SCRlABIN - Allegro Appasionato op 4SCRlABIN - Poema traacutegico op 34SCRlABIN - Poema Noturno op 6 ISCRlABIN - Notumos op 5SCRlABIN - Preluacutedio para a matildeo esquerda op 9SCRlABIN - Noturno para a matildeo esquerda op 9SCRlABIN - Poemas ops 32 4 I e 63SCRlABIN - Vers la flammeSCRlABIN - Poema satacircnico op 36SEacuteVEacuteRAC (DEODAT) - IntennezzoSEacuteVEacuteRAC (DEODAT) - Conte agrave laacute veilIeacuteeSMETANA - Sonata em um movimentoWAGNER-LISZT - Encantamento do fogoWEBER - Grande Polonaise op 21WEBER - Sonatas op 24 op 39 op 49 e op 70WEBERN (ANTON) - Variaccedilotildees op 27

AUTORES BRASILEIROS

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX XPECcedilASALENCAR PINTO (A) - Suite Sul-Americana

(sobre temas populares)ALIMONDA (H) - Duas SonatinasALMEIDA (CARLOS) - 4ordf SerestaANES (CARLOS) - Variaccedilotildees sobre um tema

em tempo de MinuetoANES (CARLOS) - PirilamposANES (CARLOS) - Fonte luminosaANES (CARLOS) - Marcha liliputianaANES (CARLOS) - FiligranasANES (CARLOS) - BorboletasANES (CARLOS) - MiragensANES (CARLOS) - TocataANES (CARLOS) - Quietude op 45ANES (CARLOS) - Gorgeios op 63ANES (CARLOS) - Moto perpeacutetuoANES (CARLOS) - Um passeio na neveANES (CARLOS) - A procelaacuteriaBARROZO NEITO - ChoroBARROZO NEITo - Alegria de viverBARROZO NEITO - TarantelaBARROZO NEITO - CoriscosBARROZO NEITO - Estudo de Concerto

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RAVEL - Miroirs n 4 - Alborada dei GraciosoRAVEL - Miroirs n 5 - La valeacutee des cIochesRAVEL - Jeux deauRAVEL - Valses Nobles et sentimentalesREGER (MAX) - Variaccedilotildees e Fugas sobre um

tema de BachREGER (MAX) - 6 Intennezzos op 45REGER (MAX) - 6 Preluacutedios e FugasREGER (MAX) - Aquarelas op 25REGER (MAX) - 6 Peccedilas op 24RINSKY-KORSAKOFF - Variaccedilotildees sobre um

tema russoRINSKY-KORSAKOFF - 6 FugasRlNSKY-KORSAKOFF - 6 variaccedilotildees sobre um

tema de BachRUBINSTEIN - Sonatas op 100SAINT-SAENS - Air de Ballet dAIcesteSAINT-SAEN S - Danccedila MacabraSAINT-SAENS - Capricho sobre a Aacuteria

dAIcesteSAINT-SAENS - Estudo em fonna de ValsaSAINT-SAENS - tema Variado op 97SAINT-SAENS - Suiacutete op 90SCARLATTI (DOMEacuteNICO) - LONGO (A) shy

Sonatasn 9 emLaacute Maior n 14em Reacute Maiorn 18 em Reacute Maior e n 20 em Sol Maior

SCHOENBERG - Suite op 25SCHOSTAKOVICH - Preluacutedios e FugasSCHOSTAKOVICH - Marcha SarcaacutesticaSCHOSTAKOVICH - SonataSCHUBERT - Fantasia op 15SCHUBERT - SonatasSCHUBERT - Tausig - Marcha MilitarSCHUMANN - PapilIonsSCHUMANN - AlIegro n 8SCHUMANN - Visotildees notumas op 23SCHUMANN - 3 Peccedilas Fantasias op IIISCHUMANN - Tocata op 7SCHUMANN - Fantasia op 17SCHUMANN - Kreisleriana op 16SCHUMANN - Estudos Sinfoacutenicos op 13SCHUMANN - Carnaval de Viena op 26SCHUMANN - Humoresque op 20SCHUMANN - Danccedilas de Davidsbuumlndler op 6SCHUMANN - Novelete op 2 I n 8SCHUMANN - SonatasSCHUMANN - Carnaval op 9

206

MILHAUD (O) - Saudades do Brasil (lordf e 2ordfseacuteries)

MITROUPOLOS - ScherzoMITROUPOLOS - Fecircte cretoiseMITROUPOLOS - Passacaglia e FugaMITROUPOLOS - SonataMOSZKOWSKY - Tarantela (em Sol bemol M)MOSZKOWSKY - Capricho espanhol op 37MOSZKOWSKY - Les vaguesMOUSSORGSKY - Quadros de uma exposiccedilatildeoMOZART - Sonatas K 310 K 331 K 457 e K 576MOZART - Fantasias K 396 e K 475MOZART - Variaccedilotildees K 573 spbre um tema de

DuportPADEREWSKY - No deserto op 15 (Tocata)PADEREWSKY - O canto do viajante op 5POLLINI - Tocata op 31POULENC - Movimentos perpeacutetuosPOULENC - NotumosPOULENC - TocataPOULENC - Intennezzo em Laacute b MaiorPOULENC - ImpromptusPOULENC - NovellettesPROKOFIEFF - SonatasPROKOFIEFF - Marcha Triunfal op 67PROKOFIEFF - 4 Peccedilas op 4PROKOFIEFF - Tocata op IIPROKOFIEFF - Sarcasmo op 17RACHMANINOFF - Preluacutedios op 32 exceto

os de ns 5 e 12RACHMANINOFF - Preluacutedios op 23 exceto

os de ns 4 5 e 6RACHMANINOFF - Variaccedilotildees sobre um tema

de Corelli op 42RACHMANINOFF - Variaccedilotildees sobre um tema

de Chopin op 22RACHMANINOFF-KREISLER - LiebesfreudRACHMANINOFF-KREISLER - LiebesleidRAVEL - Tocata (Tombeau de Couperin)RAVEL - SonatinaRAVEL -Gaspard de la nuitRAVEL - Ondine

- Le gibet- Scarbo

RAVEL - Miroirs n I - NoctuellesRAVEL - Miroirs n 2 - Oiseaux tristesRAVEL - Miroirs n 3 - Une barque sur lOceacutean

SOUZA LIMA - 2ordf Valsa BrasileiraSOUZA LIMA -Notumo n 1 (Peccedilas Romacircnticas)SOUZA LIMA - Capricho n 2 (Peccedilas

Romacircnticas)

SOUZA LIMA - Estudo Fantasia n 6 (PeccedilasRomacircnticas)

SOUZA LIMA - Danza - Impressotildees de ValecircnciaTACUCHIAN (R) - Sonatas ns I e 2VIANNA (FRUTUOSO) - Toada n 2VIANNA (FRUTUOSO) - Corta-jacaVIANNA (FRUTUOSO) - 7 MiniaturasVILLA-LOBOS - Num berccedilo encantado (Simples

coletacircnea n 2)VILLA-LOBOS - Rodante (Simples coletacircnean 3)VILLA-LOBOS - Alegria na hortaVILLA-LOBOS - Suiacutete FloralVILLA-LOBOS Farrapos (Danccedilas

caracteristicas africanas n 1)VILLA-LOBOS - Kankukus (Danccedilas

caracteriacutesticas africanas n 2)VILLA-LOBOS Kankikis (Danccedilas

caracteriacutesticas africanas n 3)VILLA-LOBOS - Caboclinha (Prole do bebecircn 3)VILLA-LOBOS - Bruxa (Prole do bebecirc n 8)VILLA-LOBOS - Ciclo Brasileiro Plantio do

caboclo - Impressotildees seresteiras - Festa nosertatildeo - Danccedila do iacutendio branco (Peccedilas isoladas)

VILLA-LOBOS - Alma Brasileira (Choros n 5)VILLA-LOBOS - Xocirc xocirc passarinho (Cirandan 7)VILLA-LOBOS - Fui no tororoacute (Ciranda n 9)VILLA-LOBOS-Olhaopassarinho(Cirandan 12)VILLA-LOBOS - Que lindos olhos (Ciranda n 15)VILLA-LOBOS - Coacute-coacute-coacute (Ciranda n 16)VILLA-LOBOS - Valsa da dorVILLA-LOBOS - Valsa-Scherzo op 17VILLA-LOBOS - A fiandeiraVILLA-LOBOS - Rude poema

BACH (1 S) - Coral- O Salvador dos Pagatildeos seaproxima (Transcriccedilatildeo de Pierre Luboshutz)

BACH (1 S) - Coral - Regozijai-vos Cristatildeosamados (Transcriccedilatildeo de Siacutelvio Scionti)

2W

PECcedilAS

BACH (J S) - Recitativo e Aacuteria (Transcriccedilatildeo deVictor Babin)

BACH-MEDNIKOFF F Sol menor - uga para Orgatildeo em

REPERTOacuteRIO A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS I II III IV

OSWALD (H) - 3 EstudosOSWALD (H) - variaccedilotildees sobre um tema de

Barrozo NettoOSWALD (H) - Improviso op 19OSWALD (H) - Estudo PoacutestumoOSWALD (H) - Paacuteginas daacutelbum ns 4 e 6OSWALD (H) - ScherzoOSWALD (H) - ln hamacOSWALD (H) - Noturnos op 6 ns I e 2OSWALD (H) - 7 Miniaturas op 16 (completo)OSWALD (H) - Chauve-Sourris op 36 n 3PEIXE (GUERRA) - Sonata n 2PEREIRA DA SILVA (ANNA C) - Estudo em

Laacute bMaiorPRADO (ALMEIDA) - 8 Variaccedilotildees (sobre um

tema do Rio Grande do Norte)PRADO (ALMEIDA) - Recitativo e FugaPRADO (ALMEIDA) - TocattaPRIOLLI (MARIA LUISA) - Estudo em Doacute MaiorPRIOLLI (MARIA LUISA) - Sonata - Fantasia

op 21PUMAR (L MARIA) - Estudos ns I e 2REBELLO (A) - TarumatildeREBELLO (A) - Caboclo Imaginando (ponteio n I)REBELLO (A) - Ajuricaba (Ponteio n I)REBELLO (A) - Valsa GauacutechaREBELLO (A) - Taxaua (Ponteio n 2)REIS (HILDA) - Expressotildees CariocasSANTORO (C) - TocataSANTORO (C) - Paulistanas n 7SANTORO (C) - Danccedilas BrasileirasSANTORO (C) - SonatasSCLIAR (ESTHER) - SonataSIQUElRA (1 BATISTA) - SonatasSIQUElRA (1 BATISTA) - Fantasia de ConcertoSIQUElRA (J BATISTA) - Suiacutete dos sustenidosSIQUElRA (10SEacute) - Toada

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MIGNONE (F) - Bacanal dos ElfosMIGNONE (F) - Crianccedilas brincandoMIGNONE (F) - Noites em GranadinaMIGNONE (F) - 6 Estudos transcendentaisMIGNONE (F) - 6 PreluacutediosMIGNONE (F) - SonataMIGNONE (F) - TangoMIGNONE (F) - CateretecircMIGNONE (F) - MarvadinhoMIGNONE (F) - CucumbizinhoMIGNONE (F) - EI retablo dei AlcazarMIGNONE (F) - MaxixeMIGNONE (F) - Danccedila do BotocudoMIGNONE (F) - Lendas sertanejas ns 1345 e 6MIGNONE (F) - Valsa de Esquina n 12MIGUEZ (L) - Schrezetto op 20 n3MIGUEZ (L) - Allegro appassionatoNATHO (HENN) - Procissatildeo de Nossa Senhora

dos NavegantesNATHO (HENN) - Ymembuiacute (Bailado)NAZARETH (E) - Gauacutecho - TangoNAZARETH (E) - BatuqueNAZARETH (E) - Carioca - ChoroNAZARETH (E) - Sarambeque - ChoroNAZARETH (E) - LabirintoNAZARETH (E) - Cavaquinho porque chorasNAZARETH (E) - Duvidoso - TangoNAZARETH (E) - Nenecirc - TangoNAZARETH (E) - Fon-FonNEPOMUCENO (A) - Suiacutete Antiga op 11

(completa)NEPOMUCENO (A) - BrasileiraNEPOMUCENO (A) - BatuqueNEPOMUCENO (A) - Tema e Variaccedilotildees em Laacute

menorNEPOMUCENO (A) - Tema e Variaccedilotildees sobre

um tema originalNOBRE (MARLOS) - 3ordm Ciclo Nordestino op 22NOBRE (MARLOS) - Tocatina Ponteio e Final

op12NOBRE (MARLOS) - 16 Variaccedilotildees sobre um

tema de Frutuoso Vianna op 8NOBRE (MARLOS) - Tema e Variaccedilotildees op 7NUNES (JOAtildeO) - Les hermonies de la CatheacutedraleNUNES (JOAtildeO) -Ia vie des abeillesOCTAVIANO (J)- Variaccedilotildees sobre um tema deBarrozo NettoOCTAVIANO (1) - Cenas brasileiras

208

FERNANDEZ (L) - Tema com variaccedilotildeesFERNANDEZ (L) - BatuqueFIUZA (V) - VariaccedilotildeesFIUZA (V) - Sonata em Reacute menorFROacuteES (D) - E o mar respondeu agrave selvaGARRlTANO (A) - Coral com 4 VariaccedilotildeesGARRlTANO (A) - PampaGARRlTANO (A) - Preluacutedio e Fuga em Faacute MaiorGNATTALI (R) - Rapsoacutedia BrasileiraGNATTALI -(R) - SuiacutetesGOacuteES (C F) - BaladaGOacuteES (C F) - Estudo de ConcertoGUARNIERI (C) - Ponteios ns 21 23 26 30

323740424344454748 e 49GUARNIERI (C) - TocataGUARNIERI (C) - Choro torturadoGUARNIERI (C) - LunduacuteGUARNIERI (C) - Danccedila negraGUARNIERI (C) - Danccedila brasileiraGUARNIERI (C) - Danccedila selvagemGUARNIERI (C) - ToadaGUARNIERI (C) - SonataITIBEREcirc (BASIacuteLIO) - SertanejaITIBEREcirc (BASIacuteLIO) - Estudo n IITmEREcirc (BASIacuteLIO) - Estudo de Concerto op 33lABOR (NAlLA) - Estudo transcendental n IlABOR (NAJLA) - Suiacutete O cabritinho e a flauta

-Loucurade Polichinelo - Pandemotildenio (completa)lABOR (NAlLA) - Preluacutedio SinfocircnicolABOR (NAlLA) - Histoacuteria de amor em 4

tempos (completa)KORENCHENDLER(H D) - Preluacutedio Tocata

e Fugaop 26LACERDA (O) - Cromos (3ordm Caderno)LACERDA (O) - Brasiliana n 6LACERDA (O) - Variaccedilotildees sobre Mulher

BrasileiraLEVY (A) - Variaccedilotildees sobre um tema brasileiroLEVY (A) - SambaLEVY (A) - Rapsoacutedias brasileiras ns I e 2LYRA (DIVA) - Danccedila do IacutendioLYRA (DIVA) - Estudos ns 4 5 e 6MAUL (O) - TriacutepticoMAUL (O) - TocataMAUL (O) - Festa no ArraialMAUL (O) - BaiatildeoMAUL (O) - Estudos op 21MAUL (O) - Lenda do velho moinho

REPERTOacuteRIO A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS I II III IV

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX X

MIGNONE (E) - Congada

SAINT-SAENS - Scherzo op 87SAINT-SAENS - Variaccedilotildees sobre um te ma de

BeethovenSAINT-SAENS - Marche HeroiqueSCHUMANN - Andante e Variaccedilotildees op 46SCHUMANN - Seis Estudos Canoacutenicos op 56

(Transcriccedilatildeo de Debussy)STRAVINSKY - Trecircs movimentos de

PetruchkaTHOMEacute (FRANCIS) - Marche Croate

NAZARETH (E) - Labirinto (Transcriccedilatildeo deCladyr de Campos)

SCHUBERT - 6 Marchas fuacutenebres op 55(volume II)

SCHUBERT - 6 Polonaises op 61 (volume II)SCHUBERT - Divertimentos op 63 (volume II)SCHUBERT - Marcha Heroacuteica op 66 (volume II)SCHUBERT - 4 Polonaises op 75 (volume II)SCHUBERT - Variaccedilotildees op 82 (volume II)SCHUBERT - Andantino op 84 (volume II)SCHUBERT - Rondoacute (volume II)SCHUMANN - Cenas Infantis (Transcriccedilatildeo de

Kirchner)

211

PERIacuteODOS I II III IV

REPERTOacuteRIO PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PERIacuteODOS I II III IV

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS - A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX X

AUTORES BRASILEIROS - PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PECcedilAS

LACERDA (OSVALDO) - Brasiliana n 4

MOUSSORGSKY - Quadros de uma Exposiccedilatildeo(Transcriccedilatildeo de Cladyr de Campos)

MOZART - Sonata e Fuga K 448 e K 426MOZART - Adaacutegio e Fuga ln C minorPROKOFIEFF - Preluacutedio op 12 n 7

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolliacute)RACHMANINOFF - Rapsoacutedia sobre um tema

de Paganini op 43 (Transcriccedilatildeo de Cecily

Lambert)RACHMANINOFF - Suiacutetes op 5 e op 17

PECcedilASALMEIDA (CARLOS) - Quarta SerestaJABOR (NAJLA) - Pandemoacutenio

PECcedilASBRAHMS - Liebeslieder Waltzes op 52 (a)BRAHMS - Neue Liebeslieder Waltzer op 65 (a)BRAHMS - 21 Danccedilas huacutengarasMOZART - Sonatas K 381 K 358 K 497 e K 521MOZART - Fantasias K 594 e K 608MOZART - Variaccedilotildees K 50 IMOZARTmiddot Fuga K 401RAVEL - Ma mere IOyeSATIE (ERIK) - Muacutesica para piano a 4 matildeos shy

La belle excentrique (Fantasie serieuse)

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CHOPIN - Estudos op 10 n 5 e op 25 n 9(Transcriccedilatildeo de Gui Maier)

DVORAK - Danccedila eslava n 9 (Transcriccedilatildeo deG Graetzer)

KREISLER (FRITZ) - Capricho VienenseLISZT - Recircve damour (Transcriccedilatildeo de E Guenther)MENDELSSOHN - Nas asas da canccedilatildeo

(Transcriccedilatildeo de R Gruen)

NAZARETH (E) - Apanhei-te cavaquinho(Transcriccedilatildeo de Cladyr de Campos)

NAZARETH (E) - Ameno Resedaacute (Transcriccedilatildeode Cladyr de Campos)

PINTO (OCTAacuteVIO) - Cenas InfantisREBELLO (A) - Tarumatilde (Transcriccedilatildeo de Aureacutelio

Silveira)REBELLO (A) - Curupira (Transcriccedilatildeo de

Cladyr de Campos)REBELLO (A) - Choro em oitavas (Transcriccedilatildeo

de Maria Castilho)

FRANCK (CEacuteSAR) - Preluacutedio Fuga e VariaccedilatildeoKRIESLER (FRITZ) - Liecesfreud (Transcriccedilatildeo

de Gui Maier)LECUONA (E) - CoacuterdobaLlADOV (A) - Boite agrave Musique op 32

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolli)MOSZKOWSKY - Danccedila Espanhola op 12

(Transcriccedilatildeo de B Wolft)PROKOFIEFF - Preluacutedio op 12 n 7

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolli)RAVEL - Pavane (Transcriccedilatildeo de Castelnuovo

Tedesco)STRUSS (RICHARD) - Seacutereacutenade (Transcriccedilatildeo

de Abram Chassiacutens)TSCHAIKOWSKY - Quatro Valsas (Transcriccedilatildeo

de Viacutestor Babin)

210

BACH (J S) - Duas Fugas (em Reacute menor)BACH (J S) - Coral- As ovelhas podem pastar

tranquumlilamente (Transcriccedilatildeo de Mary Howe)BACH (J S) - Coral- Jesus alegria dos homens

(Transcriccedilatildeo de Victor Babin)BACH-FRIEDMAN - Sonata em Faacute MaiorBRAHMS - Valsas op 39CHAMBRIER - Trecircs Valsas RomacircnticasCHOPIN - Preluacutedios ns 6 e 7 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)CHOPIN - Estudo op 25 n 2 (Transcriccedilatildeo de

C Dougherty)CRAMER-ARTHUR NAPOLEAtildeO - EstudosDEBUSSY - Danccedilas Sacras e ProfanasFALLA (MANUEL) - EI amor brujo

(Transcriccedilatildeo de C Dougherty)

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS - A DOIS PIANOS

PECcedilASARENSKY - Suiacutete op 15BARTOK - Sete peccedilas do MicrocosmosBRAHMS - Sonata op 34CHOPIN - Estudo op 10 n 2 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)CHOPIN - Estudo op 25 n 6 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)

PECcedilAS

ALENCAR PINTO (A) - Quebra o cocomenina (Transcriccedilatildeo de Radameacutes Gnattali)

ALMEIDA (CARLOS) - Carioquinha(Miniatura n 4) Original

ALMEIDA (CARLOS) - BrincandoALMEIDA (CARLOS) - Iordf SerestaNAZARETH (E) - Brejeiro (Transcriccedilatildeo de E

Mignone)NAZARETH (E) - Odeon (Transcriccedilatildeo de

Cladyr de Campos)

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212

REPERTOacuteRIO PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PERiacuteoDOS V VI VII VIII IX X

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SCHUBERT - Rondoacute op 138SCHUBERT - Grande Duo op 140SCHUBERT - Allegro op 144SCHUBERT - Fuga op 152SCHUBERT - Ouverture (volume IV)SCHUBERT - SonataSCHUBERT - Vier LanderSCHUBERT - Kinder March

PECcedilASBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema de

Schumann op 23MENDELSSOHN - Allegro brilhante op 92MENDELSSOHN - Andante e Variaccedilotildees op 83POULENC - SonataSCHUBERT - Fantasia op 103 (volume III)SCHUBERT -Grande Rondoacute op 107 (volume III)SCHUBERT - Duas Marchas op 121 (volume III)

Nota - Em qualquer periacuteodo podem ser apresentadas peccedilas para 2 pianos ou para piano a quatromagraveos de acordo com o constante do Programa do Curso de Graduaccedilatildeo

Page 4: MÚSICA E SOCIEDADE

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CAPIacuteTULO I

CONSIDERACcedilOtildeES PRELIMINARES

A muacutesica vive no seacuteculo XX nas sociedades ocidentais uma situaccedilatildeo ineacuteditaem sua histoacuteria Contraditoriamente numa eacutepoca em que os recursos tecnoloacutegicosse multiplicam e em que o acesso a ela se tomou bastante faacutecil a muacutesica pareceesvaziada de seus significados e papeacuteis mais expressivos

A revoluccedilatildeo industrial estendeu seus efeitos agrave cultura em geral econseqUentemente agrave muacutesica O consumismo que hoje caracteriza nossa sociedadetambeacutem atingiu o acircmbito musical E a posiccedilatildeo dos indiviacuteduos em relaccedilatildeo agrave muacutesicaeacute frequentemente de absoluta passividade segundo os ditames de uma induacutestriaespecializada (AdornO 1975 1986 Candeacute 1981)

Diferindo das sociedades menos complexas que a nossa ondefreqUumlentemente natildeo haacute distinccedilatildeo entre autor puacuteblico e obra sendo os assistentesquase todos participantes (Candeacute 1981) nossa sociedade prouz umaseparaccedilatildeo entre muacutesicos ativos e assistentes entre executantes CrIadores e

ouvintesA transformaccedilatildeo no seacuteculo XX da muacutesica em bem de consumo

(Adorno 1975) criou diferenciaccedilotildees intensas entre o puacuteblico elitizou a chamadamusica cultae intensificou a passividade e a massificaccedilatildeo dos ouvintes Contudoconvivem com essa muacutesica culta (tambeacutem diversificada) r~ outrasmodalidades de muacutesica da folcloacuterica agrave muacutesica de consumo numa pluralidade desituaccedilotildees divergentes A multiplicidade de situaccedilotildees da proacutepria musica cultapode ser ilustrada pelo trecho que se segue

O espaccedilo da modernidade eacute caracterizado simultaneamente pelariqueza e pela diversidade da atividade musical Os grandes centros culturaisde entatildeo propiciaram o surgimento de um nuacutemero enorme de esteacuteticasdiferentes e com frequumlecircncia divergentes criando uma agitaccedilatildeo de ideacuteiassem paralelo na Histoacuteria da Muacutesica Pois contrariamente a outros momentosda Histoacuteria a modernidade definiu-se natildeo como um periacuteodo de um estilogeral caracteriacutestico de uma eacutepoca mas como de vaacuterios estilos e em algumasde suas instacircncias o de vaacuterias linguagens (Moraes 1983 p12)

A diversidade de estilos assinalada por Moraes eacute sem duacutevida umacaracteriacutestica de nossa eacutepoca Embora seja possiacutevel questionar em que medidateria havido homogeneidade em termos de estilo geral em eacutepocas passadasda Histoacuteria no presente momento e a heterogeneidade musical do seacuteculo XX semduacutevida indiscutiacutevel que cabe destacar

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Diante de um quadro tatildeo heterogecircDeo Adorno citado por Candeacute (1981pj3)~distingue em nossa sociedade oito tipos de comportamento musical que podemresumidamente ser assim descritos I) o ouvinte ideal a quem nada escapa e aquem o compositor considera como o uacutenico que pode compreendecirc-lo perfeitamentegraccedilas a uma audiccedilatildeo totalmente adequada e a uma escuta estrutural 2) o bom ouvinte aquele que tambeacutem escuta algo mais que fenocircmenos sonorossucessivos compreendendo perfeitamente o sentido da muacutesica embora de formapouco consciente por natildeo ser um teacutecnico 3) o consumidor de cultura tipoespecificamente burguecircs que tende hoje a substituir o bom ouvinte 4) o ouvinteemocional ao qual a muacutesica serve essencialmente para liberar os instintoshabitualmente rejeitados ou reprimidos pelas normas sociais 5) o ouvinte rancorosoque faz do tabu imposto ao sentimento a norma de seu comportamento musicalsendo superficialmente natildeo-conformista refugia-se no passado que ele imaginamais puro 6) o expert em jazz que natildeo eacute necessariamente um teacutecnico maseacute sempre um especialista 7) o ouvinte de mu~icade fundo totalmente submissoagrave pressatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo de massa 8) o a-musical indiferente ouhostil que eacute aquele a quem a muacutesica etotalmente inuacutetil ou incocircmoda

Eacute interessante complementar a categorizaccedilatildeo acima referida com ainterpretaccedilatildeo que Adorno apresenta da situaccedilatildeo da cultura e em especial da artena sociedade capitalista contemporacircnea A expressatildeo induacutestria cultural introduzida por Adorno e Horkheimer em 1947 procura delinear o resultado dapressatildeo exercida pela estrutura capitalista sobre as mais diversas manifestaccedilotildeesculturais da qual resulta uma cultura (e consequumlentemente uma arte)descaracterizada de suas dimensotildees criativas esteacuteticas ou poliacuteticas O resultadodessa induacutestria cultural eacute um conjunto de setores regido pelo ritmo do accedilo pelanecessidade prioritaacuteria de obter lucros - A verdade de que natildeo passam de umnegoacutecio eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo quepropositalmente produzem(Adorno e Horkheimer 1986 p114) A relaccedilatildeomuacutesica e sociedade pode ainda ser ilustrada com a categorizaccedilatildeo proposta porCandeacute (1981 p~36) classificando os diversos tipos de muacutesica em funccedilatildeo dascondiccedilotildees socioloacutegicas em que satildeo produzidas apresentando-as em pares de opostosI) muacutesica espontacircnea e muacutesica composta - a primeira criada a partir dereminiscecircncias de um sistema musical transmitido por tradiccedilatildeo oral sendo umacriaccedilatildeo popular para uso popular em que criador e consumidor se confundemquase contraposta agrave muacutesica espontacircnea mas com uma certa margem deespontaneidade estaria a muacutesica composta escrita 2) muacutesica culta seleta e muacutesicapopular - a primeira eacute produzida em princiacutepio por uma minoria culturalmente seletae seu grau de dificuldade cria tambeacutem uma seleccedilatildeo entre seus ouvintes a segundaao contraacuterio surge tanto das camadas populares e por elas eacute consumida quanto

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pode ser produzida industrialmente pela classe dirigente segundo criteacuteriospuramente comerciais 3) muacutesica claacutessica e muacutesica de variedades - a primeirareuacutene toda a muacutesica culta ocidental a muacutesica de variedades abrange numericamentetoda muacutesica modema de diversatildeo de escrita muito simples e estereotipada ambasas categorias (claacutessica e de variedades) satildeo mais comerciais que musicais e estatildeoligadas ao desenvolvimento do disco e da radiodifusatildeo O proacuteprio Candeacute consideraessa categorizaccedilatildeo insatisfatoacuteria propiciando apenas que se distingam aindaque de maneira imprecisa diversas maneiras de produzir muacutesica

A complexidade da situaccedilatildeo da muacutesica ocidental no contexto contemporacircneosuscita questionamentos referentes ao ensino da muacutesica o que certamente incluio ensino de niacutevel superior Que ensino musical deve ser ministrado e que muacutesicadeve ele ter como objeto E para quecirc Qual a funccedilatildeo dessa muacutesica na sociedadeem que esse ensino se insere Edino Krieger em introduccedilatildeo ao livro de Martins(1985 p8) reflete sobre a educaccedilatildeo musical

() se tivermos presente a profunda crise por que passa o espiacuteritohumano em nossos tempos () se pensarmos na passividade provocadanas pessoas pela miacutediarelegando o fazer musical para um segundo planose nos chocarmos com-o ranccedilo que caracteriza muitas das autodenominadasescolas de muacutesica admiraremos sem esforccedilo o trabalho respeitaacutevel realizadopor gente ainda idealista - gente que quixotescamente acredita napossibilidade de recuperar ou conquistar () o fazer musical que acreditanesse fazer como tendo um sentido para o ser humano bem mais profundodo que se costuma pensar

A questatildeo da formaccedilatildeo do muacutesico e do papel na sociedade desse muacutesico e damuacutesica que ele realiza aiacute estaacute presente assim como a questatildeo do fazer musical Martins(1985 p15) reflete sobre a importacircncia desses aspectos no acircmbito do ensino de muacutesica

Eacute muito importante levar o aluno agrave consciecircncia de seu papel enquantoagente cultural o que implica na dever de conhecer a accedilatildeo da mudanccedila e dapermanecircncia em seus sentidos histoacutericos evolucionaacuterios

Eacute muito importante que o aluno perceba e compreenda a accedilatildeo denovas forccedilas na sua proacutepria geraccedilatildeo como elas se relacionam influenciandoo periodo em que vive Deve tornar-se criticamente consciente da excelecircnciaou pobreza da muacutesica que executa situando-a no contexto de seu tempo

Diante do complexo mosaico representado pela situaccedilatildeo da muacutesica nasociedade ocidental contemporacircnea o ponto de partida para este trabalho foi apreocupaccedilatildeo com o ensino de musica nesse contexto Mais particularmente como ensino d~ Traduaccedilatildeo em mU-ica E mais especialmente ainda com a muacutesica

que se ensina nos cursos de graduaccedilatildeo

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Na verdade os simpoacutesios encontros e congressos que vecircm se realizandopara debater o ensino de muacutesica ( refletindo a inquietaccedilatildeo de muitos professorese alunos) tecircm questionado basicamente o ensino e natildeo a muacutesica que se ensina eeste foi o ponto de referecircncia para o desenvolvimento desta pesquisa

A proposta baacutesica do presente trabalho eacute deslocar o debate sobre o ensinode muacutesica do acircmbito dos meacutetodos e teacutecnicas ou das grades curriculares doscreacuteditos e da obrigatoriedade de disciplinas (ou mesmo da inclusatildeo de novasdisciplinas) para o conteuacutedo que eacute trabalhado ou seja a muacutesica que eacute ensinada

Pode-se de certa forma atribuir a uma heranccedila do liberalismo no acircmbitoda educaccedilatildeo a ecircnfase nos meacutetodos de ensino e na obtenccedilatildeo de conhecimentosatraveacutes de tais meacutetodos Autores como Libacircneo (1986) e Saviani (1988) dedicaramshyse jaacute a essa questatildeo criticando a ecircnfase nos meacutetodos em detrimento dos conteuacutedosBuscou-se aqui intencionalmente romper com essa abordagem e enfocar oconteuacutedo - a muacutesica- por considerar-se que eacute aiacute no conteuacutedo que se encontra omaterial essencial para questionar o ensino de graduaccedilatildeo

Para isso alguns pressupostos foram estabelecidos O primeirofundamentado em Herbert Read (1982) eacute o de que arte e sociedade satildeo conceitosinseparaacuteveis o que leva agrave afirmaccedilatildeo de que muacutesica e sociedade tambeacutem o satildeoComplementarmente assumiu-se a concepccedilatildeo tambeacutem de Read de que asociedade como entidade orgagravenica viaacutevel eacute de certo modo dependente da artecomo forccedila aglutinadora e energizante Ou seja natildeo soacute se considerou muacutesica esociedade como conceitos inseparaacuteveis mas tambeacutem que a sociedade em certosentido depende da muacutesica que exerce inquestionavelmente funccedilatildeu funccedilotildeesde natureza social

Acreditou-se tal como Read que e impossiacutevel conceber em qualquer periacuteododa histoacuteria uma sociedade sem arte ou uma arte sem significaccedilatildeo - pelo menossegundo esse autor ateacute chegarmos agrave eacutepoca modema onde a significaccedilatildeo e afunccedilatildeo social da arte parecem sofrer uma alteraccedilatildeo de trajetoacuteria

Buscou-se sobretudo pensar a muacutesica natildeo como uma abstraccedilatildeo (no sentidode objeto de estudo isolado de relaccedilotildees) ou como um produto acabado mas comoum elemento determinado socialmente e determinante da sociedade na qual estaacuteinserido num processo de constante interaccedilatildeo dialeacutetica e recriaccedilatildeo permanente

O segundo pressuposto assumido foi o de que arte tal como Cassirer (1977)e Read (1981 1982) consideram eacute conhecimento embora de uma espeacutecie peculiare especiacutefica e portanto diferente do conhecimento cientiacutefico nem superior neminferior a ele entretanto Considerou-se com fundamento em Cassirer que a artepotildee ordem na apreensatildeo das aparecircncias visiacuteveis tangiacuteveis e audiacuteveis constituindosegundo o autor uma interpretaccedilatildeo intuitiva do mundo diferemente dainterpretaccedilatildeo conceptual da ciecircncia Essas consideraccedilotildees permitem logicamente

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transposiccedilotildees agrave muacutesica que portanto foi tratada ao longo deste trabalho comouma forma de conhecimento embora peculiar e especiacutefico

Um terceiro pressuposto foi tambeacutem adotado a partir de fundamentostomados a Fischer (sd) e Read (1982) a missatildeo social da arte eacute ajudar acompreender e a transformar o homem e o mundo o que a toma inseparaacutevel deuma concepccedilatildeo poliacutetica aqui entendida como accedilatildeo transformadora Muacutesicaportanto foi tratada no decorrer desta pesquisa como dotada de uma di~ensatildeo

poliacutetica como instrumento potencial de transformaccedilatildeo do hm~me da socleda~ena medida em que como as demais formas de arte ela contnbUI para a elaboraccedilaode um saber criacutetico conscientizador propulsor da accedilatildeo social assim como para um

aperfeiccediloamento eacutetico individualA esse respeito e interessante citar Gramsci (1991)Transformar o mundo exterior as relaccedilotildees gerais significa fortalecer

a si mesmo Eacute uma ilusatildeo supor que o melhoramento eacutetico seja puramenteindividual a siacutentese dos elementos constitutivos da individualidade eacuteindividual mas ela natildeo se realiza e desenvolve sem uma atividade para oexterior atividade transformadora das relaccedilotildees externas ( ) Por isso eacutepossiacutevel dizer que o que o homem eacute essencialmente poliacutetico jaacute que a atividadepara transformar e dirigir conscientemente os homens realiza a suahumanidade sua natureza humana ( p 47-48)

A partir desses pressupostos a questatildeo da funccedilatildeo social da muacutesica adquiriuespecial relevacircncia a ponto de constituir o cerne deste trabalho cujos objetivospodem ser assim enunciados I) caracterizar o conteuacutedo dos cursos ~e gradu~ccedil~o

a partir da identificaccedilatildeo das funccedilotildees sociais desse conteuacutedo ou seja da musicatrabalhada nesses cursos 2) propor diretrizes para revisatildeo do conteuacutedo dos cursosde graduaccedilatildeo em muacutesica com vistas a uma efetiva significaccedilatildeo social

Para a consecuccedilatildeo desses objetivos foi feita numa primeira instacircncia umapesquisa de natureza descritiva voltada para a caracterizaccedilatildeo dos curso~ degraduaccedilatildeo em muacutesica a partir de suas funccedilotildees sociais Buscaram-se para ISSOfundamentos musicoloacutegicos e socioloacutegicos de modo a obter embasamento paranuma segunda instacircncia elaborar proposta de novos rumos para esses cursos a

partir de uma perspectiva dialeacutetica No que concerne agrave educaccedilatildeo que eacute sem duacutevida um dos elementos essenCiaIS

deste trabalho de vez que se objetivou questionar o ensino em niacutevel superior demuacutesica bem como propor para ele novas diretrizes dois pressupostos foram tambeacutemestabelecidos a partir de contribuiccedilatildeo tomada a Saviani (1988) e a Durmeval

Trigueiro Mendes (198519861987) O primeiro eacute que a educaccedilatildeo assim como a arte interage com a SOCIedade

e eacute por esta determinada numa primeira instacircncia mas tambeacutem nela influindo ou

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seja a educaccedilatildeo se relaciona dialeticamente com a sociedade como elementodeterminado e influenciando por sua vez o determinante

O segundo pressuposto tem iacutentima relaccedilatildeo com o primeiro educaccedilatildeo eacuteinstrumento poliacutetico e embora determinado pela sociedade potencialmente eacuteimportante instrumento no processo de transformaccedilatildeo do homem e da sociedadeOu seja natildeo se considerou a educaccedilatildeo como elemento autoacutenomo da sociedade(mais uma vez cabe o paralelo com a arte e consequentemente com a muacutesica)nem como dependente absoluto das condiccedilotildees sociais vigentes Emborareconhecendo sua condiccedilatildeo de elemento determinado socialmente num primeiromomento enfatizou-se seu potencial como subsdio agrave accedilatildeo transformadora econsequentemente como forccedila poliacutetica

A dimensatildeo filosoacutefica estaacute indiretamente presente sobretudo subjacente agravesconcepccedilotildees de arte de muacutesica e de educaccedilatildeo adotadas Natildeo seraacute poreacutem elaboradono contexto desta pesquisa um pensar de caracteristicas filosoacuteficas apesar dossubsiacutedios colhidos nesse campo do saber

Cabe ainda explicitar que trecircs concepccedilotildees de educaccedilatildeo foram consideradascomo baacutesicas a de Read (1982) que considera a educaccedilatildeo como o cultivo demodos de expressatildeo a de Bittencourt (1962) que considera a educaccedilatildeo comorealizaccedilatildeo de valores e a concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeo tal como Saviani (1988)a descreve voltada para o homem concreto ou seja o homem como siacutentese doconjunto das relaccedilotildees sociais muacuteltiplas e dinacircmicas que o determinam Estauacuteltima concepccedilatildeo enfatiza um aspecto que embora indiretamente presente nasduas outras nesta assume posiccedilatildeo proeminente exigecircncia de articulaccedilatildeo com ocontexto histoacuteriacuteco-concreto

Assim das consideraccedilotildees ateacute aqui apresentadas ressalta a importacircncianesta pesquisa das abordagens fundamentadas nos aspectos sociais tanto no queconcerne ao ensino superior de muacutesica quanto agrave proacutepria muacutesica

No que tange agrave educaccedilatildeo os subsiacutedios foram fartos de vez que haacute umaampla bibliografia dedicada a analisar a educaccedilatildeo a partir de suas relaccedilotildees com asociedade Alguns desses autores e algumas de suas obras podem como exemplosaqui serem citados Durkheim (1967) Bourdieu e Passeron (1975) Freire (1977)Bourdieu (1982) Cunha (1985) Mendes (1985 1986 1987) Saviani (1987 1988)Resumidamente pode-se situar Durkheim como tendo pensado a educaccedilatildeo comoadaptaccedilatildeo do indiviacuteduo agrave heterogeneidade do contexto social a partir de uma posturade homogeneidade ideoloacutegica Bourdieu e Passeron ainda numa abordagem sinteacuteticapodem ser situados visualizando a educaccedilatildeo como reprodutora das relaccedilotildees sociaisenfatizando-a como aparelho ideoloacutegico do Estado Cunha Mendes e Saviani alinhamshyse numa postura de abordagem dialeacutetica do homem e de seu mundo histoacutericoshysocial concebendo o fenocircmeno educativo em unidade diaIeacutetica com essa totalidade

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social Estas satildeo apenas algumas abordagens aqui tomadas como exemplo ilustrandoa multiplicidade de estudos dedicados agrave relaccedilatildeo homem-sociedade

A funccedilatildeo social da muacutesica poreacutem natildeo tem sido suficientemente exploradaEstudos haacute sem duacutevida e decerto subsidiaram este trabalho mas natildeo pareceramsuficientes ao que se desejava atingir Fischer (sd) Weber (1984) e Adorno(1975) satildeo alguns dos autores que buscaram relacionar muacutesica e sociedade ereferecircncias a suas abordagens apareceratildeo ao longo deste trabalho

Surgiu assim a necessidade de verificar ao longo da histoacuteria da civilizaccedilatildeoocidental como se desenvolveu a muacutesica do ponto de vista de suas funccedilotildees sociais

Para tal tarefa pareceu uacutetil empregar a classificaccedilatildeo que Alan Merriam(1964) elaborou para as funccedilotildees sociais da muacutesica a partir do estudo comparativode diversas sociedades E a seguir buscar essas funccedilotildees ao longo da histoacuteria damuacutesica traccedilando um painel desse desenvolvimento que permitisse uma melhorcompreensatildeo da trajetoacuteria da muacutesica no Ocidente no que concerne agraves funccedilotildeessociais que ela vem desempenhando Sobretudo buscando compreender a situaccedilatildeoda muacutesica no contexto do seacuteculo XX como integrante de um processo cujas raiacutezesse encontram em periacuteodos anteriores e cujas projeccedilotildees para o futuro certamentejaacute se encontram aiacute semeadas A compreensatildeo do seacuteculo atual segundo esseenfoque pareceu essencial agrave anaacutelise do ensino superior de muacutesica em nossa eacutepoca

Obviamente esse painel natildeo se pretendeu completo acabado ou imune aretoques e revisotildees Aliaacutes por si soacute ele poderia ser tema de uma pesquisamusicoloacutegica Mas objetivo aqui era utilizaacute-lo como fundamento musicoloacutegicopara uma anaacutelise do ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica E nesse sentido preferiu-setrabalhaacute-lo aqui ainda que com as restriccedilotildees feitas para tentar melhor entender oque acontece com a muacutesica hoje e com o ensino de muacutesica

Para melhor ordenaccedilatildeo do assunto tomou-se a Walter Wiora (1961) aclassificaccedilatildeo em periacuteodos da histoacuteria da muacutesica ocidental dividida pelo autor emquatro idades Essa classificaccedilatildeo pareceu particularmente uacutetil por apresentar umcorte da histoacuteria da muacutesica no Ocidente mais propiacutecio agrave compreensatildeo de seusprocessos Aliaacutes na bibliografia consultada foi a uacutenica periodizaccedilatildeo encontradaque diferiu da tradicional (preacute-histoacuteria antiguumlidade oriental antiguumlidade claacutessicaidade meacutedia idade modema idade contemporacircnea) A classificaccedilatildeo de Wioraem termos de muacutesica ocidental (aqui entendida como aquela derivada da tradiccedilatildeoculta europeacuteia) expressa com maior clareza as etapas de sua trajetoacuteria aoclassificaacute-la em quatro idades ao inveacutes dos periacuteodos antes referidos de vez queessas idades satildeo propostas a partir de uma anaacutelise centrada na histoacuteria da proacutepriamuacutesica E sobretudo pareceu bastante significativa para uma melhor compreensatildeoda atual situaccedilatildeo da muacutesica pois afinal eacute a ela que se pretende remeter a anaacutelisedo ensino superior de muacutesica em nossos dias

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Esta etapa do estudo - a revisatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica na histoacuteriada muacutesica ocidental- eacute apresentada no segundo capiacutetulo deste trabalho constituindoum referencial para a caracterizaccedilatildeo feita do atual ensino de graduaccedilatildeo emmuacutesica apresentada no terceiro capitulo

Essa caracterizaccedilatildeo decorreu da identificaccedilatildeo no conteuacutedo dos cursos degraduaccedilatildeo das funccedilotildees sociais por ele contempladas atraveacutes de seu conteuacutedotomando-se como referencial a categorizaccedilatildeo apresentada por Merriam e o painelelaborado anteriormente relativo agrave trajetoacuteria das funccedilotildees sociais da muacutesica noOcidente A partir dessa identificaccedilatildeoJhegou-se no terceiro capiacutetulo agravecaracterizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais exercidas pela mtfsica trabalhada nos cursosde graduaccedilatildeo em muacutesica

A categorizaccedilatildeo de Merriam (1964) utilizada para o painel dodesenvolvimento da muacutesica no Ocidente e para a caracterizaccedilatildeo das funccedilotildeessociais do conteuacutedo dos cursos de graduaccedilatildeo eacute um instrumental funcionalista enesses termos seraacute apreciado no segundo capitulo Sua utilizaccedilatildeo aqui contudonatildeo significou uma restriccedilatildeo deste trabalho agrave oacutetica funcionalista e sim um meiopara atraveacutes dessa anaacutelise preliminar colher subsiacutedios para as etapas finais deinspiraccedilatildeo dialeacutetica Tal procedimento metodoloacutegico encontra respaldo em autorescomo Fernandes (1970) Politzer(7986) e Demo (1990) e seraacute explicitado tambeacutemno terceiro capiacutetulo

Para o trabalho de descriccedilatildeo do ensino superior de muacutesica considerou-seque apesar de pequenas variaccedilotildees e de esforccedilos isolados de alguns professoreso ensino superior de muacutesica tem genericamente caracteriacutesticas semelhantes emtodo o Brasil Os debates sobre o ensino de muacutesica em simpoacutesios congressos eencontros ressaltam essa situaccedilatildeo permitindo tomaacute-la como evidente dispensandoassim comprovaccedilotildees desse fato

~ Os exemplos necessaacuterios agrave caracterizaccedilatildeo do ensino superior de muacutesicaelaborada nesta pesquisa foram tomados aos curriacuteculos e programas da Escola deMusica da U~l Partiu-se da suposiccedilagraveo de que as observaccedilotildees e conclusotildeesneles baseadas poderiam ser na maioria das vezes razoavelmente aplicaacuteveis atodo o paiacutes de vez que essa Escola por ser a mais antiga do Brasil tem fornecidoCom razoaacutevel freqiiecircncia modelos que se tecircm difundido nacionalmente (ressalvadasas variantes acima mencionadas) Considerando o fato de que o propoacutesito dapesquisa nagraveo era anaacutelise de curriacuteculos nem apresentaccedilatildeo de novas propostas decurriacuteculo esse procedimento pareceu aceitaacutevel pois o que se pretendeu na verdadefoi estabelecer um novo questionamento centrado no objeto dos cursos em questatildeo--a muacutesica - a partir de suas funccedilotildees sociais (e natildeo a partir da grade curriculardos meacutetodos de ensino ou das teacutecnicas de adestramento e preparaccedilatildeo dos muacutesicos)de modo a poder esboccedilar diretrizes para novas propostas de inspiraccedilatildeoamp~

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Destina-se este capiacutetulo a rever na literatura especializada as funccedilotildees sociaisque a muacutesica historicamente tem desempenhado O conceito de funccedilatildeo socialda muacutesica adotado neste trabalho eacute o mesmo que Merriam (t964) considera aobuscar a partir dos diversos usos da muacutesica chegar a suas funccedilotildees ou sejaao que a muacutesica~ sociedade humana O autor estabelece assim uma claradiferenccedila entre ~~relativoagrave situaccedilatildeo na qual a muacutesica eacute empregada na accedilatildeohumana - e funccedilatildeo - referente agraves razotildees do uso ou emprego da muacutesica eaos propoacutesitos mais amplos a que esse emprego serve

A fim de ordenar o material recolhido consideraram-se duas classificaccedilotildees- uma relativa agraves grandes fases em que genericamente se pode organizar ahistoacuteria da muacutesica ocidental e outra relativa agrave categorizaccedilatildeo das diversas funccedilotildeessociais passiacuteveis de serem exercidas pela muacutesica r-----

A primeira classificaccedilatildeo acima referida eacute a que Walter Wioraacute apresentaem seu livro Les quatre acircges de la musique (1961) Nessa obra Wiora distinguequatro grandes fases na evoluccedilatildeo da muacutesica ocidental a saber

I) 1 idade - a preacute-histoacuteria e seus prolongamentos entre os povos primitivose na muacutesica popular arcaica de civilizaccedilotildees posteriores

2) 2abull idade - desenvolvimento da muacutesica entre as altas culturas antigas

(Mesopotacircmia Egito Oriente antiguumlidade greco-romana)3) 3a

bull idade - surgimento da muacutesica ocidental ou seja a arte musicalocidental a partir da Alta Idade Meacutedia

4) 4 idade - a idade da teacutecnica e da induacutestria localizada pelo autor noseacuteculo XX

A periodizaccedilatildeo proposta por Wiora conformejaacute referido no primeiro capiacutetuloexpressa com maior clareza que as tradicionalmente adotada~asetapas da trajetoacuteriada musica ocidental aqui entendida como a muacutesica culta derivada da tradiccedilatildeoeuropeacuteia (tambeacutem chamada de muacutesica erudita ou musica seacuteria) Essa periodizaccedilatildeomostrou-se especialmente adequada a este trabalho por possibilitar marcos maissignificativos para a contemporacircnea - na classificaccedilatildeo de Wiora pertencente agraveqUarta idade da muacutesica- cuja compreensatildeo articulada com os fatos e fenocircmenosanteriores da histoacuteria eacute fundamental para este trabalho

Apesar do meacuterito de ser uma periodizaccedilagraveo centrada na trajetoacuteria da proacutepria

mUSIca buscando dar conta de suas peculIandades cabe ressaltar que ela e fundadanuma oacutetica europeacuteia o que contudo nagraveo comprometeu sua utilizaccedilatildeo neste trabalho

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atildeo do ensino de muacutesica pela oacutetica dasChegou-se asSIm a cara~telzaccedil e e o conteuacutedo desses cursos

d la propna mUSIca qufunccedilotildees SOCIaiS exerCI as pe flexa-o sobre os curriculos de

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- d Scursos a que pertence muacutesica que satildeo a obJettvaccedilao o rtlr de uma concepccedilatildeo dialeacutetiea da

erior de mUSIca a padlretnzes para o ensmo sup ~ dade socialmente construiacuteda (quartoeducaccedilatildeo visualizando o CUITlculo como a IVI

capiacutetulo) bases deste trabalho foi a crenccedila no papel da arte da muacutesicaComo uma das d d mais aprimorada sem contudo

- I b accedilatildeo de uma socle a e e da educaccedilao na e a or _ d lmente determinados pela propna

peacuteIS sao pnmor la desconhecer que taIs pa obJetivando contribuir para que

d envolver esta pesqUisasociedade buscou-se es d b ndo agrave Universidade a abertura da

I namente exerCI o ca e esse papel possa ser P e d sica voltado para uma efetlvaquestatildeo e a busca de um ensmo supenor e mu

significaccedilatildeo social

CAPIacuteTULO II

FUNCcedilOtildeES SOCIAIS DA MUacuteSICA-UMA PERSPECTIVA HISTOacuteRICA

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As~ccedilotildees sociaTsaatildem~~ foram classificadas segundo a categorizaccedilagraveopropost~porAllanMerriam (1964) da qualresultam dez categorias principais asaber I)funccedilatildeo da expressatildeo emocional 2) funccedilatildeo do prazer esteacutetico 3) funccedilagraveode divertimento 4-)funccedilatildeo deccedilomunicaccedilatildeo 5)funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica6)funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica 7)funccedilatildeo de impor conformidade agraves norm~ sociais8)fmccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais r~ligiosos9) funccedilatildeo decontribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura 10) funccedilatildeo de contribuiccedilatildeopara a integraccedilatildeo da sociedade I i

Merriam considera muacutesica coacute~o comportamento humano e parte funcional da cultura humana sendo parte integrante de sua totalidade e refletindo aorganizaccedilatildeo da sociedade em que se insere Embora considere que o som musicale o resultado de processos de comportamento humano que satildeo modelados porvalores atitudes e crenccedilas das pessoas de uma cultura particular Merriam buscouatraveacutes da comparaccedilatildeo de diversas sociedades chegar a funccedilotildees sociais da muacutesicapor ele consideradas como universais culturais ou seja encontraacuteveis em todasas culturas

Cabe ainda ressaltar que essas categorias natildeo satildeo exc1udentes (ou sejaum mesmo evento musical pode desempenhar duas ou mais funccedilotildees) e que elastem intensidades diferentes nas diversas sociedades e em momentos histoacutericosdistintos

O autor natildeo considera essas dez categorias como definitivas admitindo queelas possam vir a ser condensadas ou expandidas embora afirme que elas resumemo papel da muacutesica na cultura favorecendo estudos voltados para a compreensatildeoda complexidade do comportamento humano no contexto social e cultural

Merriam reconhece portanto indecisotildees e necessidades de aprofundamentoacerca de diversas categorias A descriccedilatildeo que apresenta delas passa a ser expostade ma~ira resumida

I) Funccedilatildeo de expressatildeo emocional refere-se ao papel da muacutesica comoveiculo para a expressatildeo de ideacuteias e emoccedilotildees natildeo reveladas no discursocomum Seriam expressotildees emocionais extravasaacuteveis atraveacutes da muacutesica aliberaccedilatildeo de ideacuteias e pensamentos natildeo mencionaacuteveis de outro modo oextravasamento de uma grande variedade de emoccedilotildees em correlaccedilatildeo com amuacutesica realizada o desabafo de conflitos sociais e talvez sua resoluccedilatildeo aexplosatildeo da criatividade em si mesma a expressatildeo das hostilidades de umgrupo etc

Alguns exemplos que Merriam apresenta e que se encaixam todos noSgrupos acima mencionados satildeo evocaccedilatildeo de estados de tranquumlilidade nostalgiasentimento relaccedilotildees grupais sentimento religioso solidariedade partidaacuteria epatriotismo liberaccedilatildeo emocional individual (sobretudo ligada ao processo criativo

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em si mesmo) e coletiva excitaccedilatildeo sexual exaltaccedilatildeo do ego (em demonstraccedilatildeode virtuosismo ou em cantos de gloacuteria) estiacutemulo expressatildeo e divisatildeo de emoccedilatildeodiminuiccedilatildeo de frustraccedilotildees (atraveacutes do desabafo) conduzindo ao ajuste ou agrave mudanccedilasocial e em ambos os casos agrave reduccedilatildeo do desequiliacutebrio social e agrave integraccedilatildeo dasocie~e etc

2) Funccedilatildeo de prazer esteacutetico - refere-se agrave esteacutetica tanto do ponto de vistado criador quanto do contemplador Merriam considera que muacutesica e esteacuteticaestatildeo claramente associadas na cultura ocidental assim como em diversas culturasorientais Ele assinala contudo que essa associaccedilatildeo e discutiacutevel nas culturasaacutegrafas sendo tambeacutem problemaacutetico definir exatamente o que eacute uma esteacuteticabem cOffto estabelecer se ela eacute um conceito de cultura

3) Funccedilatildeo de divertimento - segundo Merriam a muacutesica exerce umafunccedilatildeode diversatildeo em todas as sociedades Ele ressalta contudo que deve ser feita umadistinccedilatildeo entre diversatildeo pura (que seria uma caracteriacutestica particular da muacutesicana sociedade ocidental) e diversatildeo combinada com outras funccedilotildees (que seriapreval~ccedilente nas sociedades aacutegrafas)

4) Funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo - refere-se segundo o autor ao fato de que a muacutesicacomunica alguma coisa natildeo estejamos certos quanto ao Qecirc como e para quem

A muacutesica natildeo eacute uma linguagem universal mas sim eacute formada deacordo com a cultura da qual eacute parte () Ela transmite emoccedilatildeo ou algosimilar a emoccedilagraveo para aqueles que compreendem seu idioma O fato de quea muacutesica eacute compartilhada como uma atividade humana por todos os povospode significar que ela comunica uma determinada compreensatildeo simplesmentepor sua existecircncia (Merriam 1964 p223)

Merriam afirma que o som musical natildeo pode ser produzido senatildeo de pessoaspara outras pessoas e embora se possa separar conceitualmente esses dois aspectosum natildeo eacute realmente completo sem o outro o que pressupotildee a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

O autor considera que num niacutevel simples pode-se dizer talvez que a muacutesicacomunica em uma dada comunidade embora se compreenda pouco como essacomunicaccedilatildeo se processa O mais oacutebvio possivelmente eacute que a comunicaccedilatildeo eacuteefctuada atraveacutes da investidura da muacutesica com significados simboacutelicos que satildeotacitamente aceitos pela comunidade

5) Funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica - Merriam assinala que quase natildeo haacuteduacutevida de que a muacutesica funciona em todas as sociedades como uma representaccedilatildeosimboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos

Simbolismo em muacutesica pode ser considerado nestes quatro niacuteveissignificaccedilagraveo ou simbolizaccedilatildeo existente nos textos de canccedilotildees representaccedilatildeosimboacutelica de significados afetivos ou culturais representaccedilatildeo de outroscomportamentos e valores culturais simbolismo profundo de princiacutepios

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universais Eacute evidente que a abordagem que visualiza muacutesica essencialmentecomo simboacutelica de outras coisas e processos eacute proveitosa e pressiona tambeacutema uma espeacutecie de estudo que objetiva compreender a muacutesica natildeo simplesmentecomo uma constelaccedilatildeo de sons mas como comportamento humano (Merriam1964 p258)

Merriam afinnal ainda que muacutesica eacute simboacutelica de muitas maneiras ereflete a_organizaccedilatildeo da sociedade

6) Funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica - Merriam considera discutiacutevel a inclusatildeo destacategoria entre funccedilotildees sociaisu

No entanto o fato de que a muacutesica provoca reaccedilatildeo fisica eacute claramentenotado pelo seu uso na sociedade humana embora as reaccedilotildees possam sermotivadas por convenccedilotildees culturais ( p 224)

Eacute o caso segundo o autor de emoccedilotildees despertadas por detenninadasmuacutesicas ocidentais (emoccedilotildees envolvem sem duacutevida reaccedilatildeo fiacutesica) e que nadaestimulam em indiviacuteduos de outras culturas que natildeo receberam detenninadotreinamento cultural para terem tais emoccedilotildees

Alguns exemplos que ele cita no acircmbito da reaccedilatildeo fiacutesica satildeo a possessatildeo(sem a qual satildeo considerados fmstrados detenninados rituais religiosos) excitaccedilatildeoe canalizaccedilatildeo de comportamento da multidatildeo encorajamento de reaccedilotildees fiacutesicasdo guerreiro e do caccedilador estiacutemulo agrave reaccedilatildeo da danccedila

Merriam considera que a questatildeo relativa a se a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesicaeacute principalmente uma reaccedilatildeo bioloacutegica provavelmente esuperada pelo fato de queela eacute funnada culturalmente

7) Funccedilatildeo de impor conformidade a nonnas sociais - Merriam exemplificaesta funccedilatildeo com canccedilotildees que chamam a atenccedilatildeo para comportamentosconvenientes ou natildeo (canccedilotildees de protesto) e canccedilotildees que instruem os jovensmembros da comunidade sobre os comportamentos proacuteprios e improacutepriacuteos (canccedilotildeesusadas em cerimocircnias de iniciaccedilatildeo) canccedilotildees cujos textos refletem mecanismospsicoloacutegicos individuais e coletivos e atitudes e valores prevalecentes na culturaassim como transmitem mitos lendas e histoacuteria

Merriam considera que a muacutesica e a linguagem exercem influecircncias muacutetuassendo que os textos das canccedilotildees constituem um suporte para uma linguagempennissiva

8) Funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos shyMerriam considera que haacute pouca infonnaccedilatildeo para se saber ateacute onde a muacutesicarealmente valida instituiccedilotildees sociais e rituais religiosos devendo esta funccedilatildeo sermelhor estudada

Apresenta contudo alguns exemplos cabiacuteveis de serem aqui relatadospreservaccedilatildeo da ordem e coordenaccedilatildeo de siacutembolos cerimoniais atraveacutes de canccedilotildees

22 1

(Reichard 1950) transmissatildeo de potecircncia maacutegica atraveacutes de encantamentos pormeio de canccedilotildees (Burrows 1933) desgaste de um conflito ou frustraccedilatildeo de longoprazo atraveacutes de canccedilotildees com versos estabilizadores que sugerem uma soluccedilatildeopennitida segundo os costumes (Freeman 1957) validaccedilatildeo de sistemas religiososcomo no folclore atraveacutes da recitaccedilatildeo do mito e da lenda em canccedilotildees assim comoatrav~muacutesica que expresse preceitos religiosos

9) flunccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura shypara Merriam esta funccedilatildeo seria uma decorrecircncia ou talvez um somatoacuterio dasfunccedilotildees anteriores pois

se a muacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer esteacutetico divertecomunica provoca reaccedilatildeo fisica impotildees conformidade agraves normas sociais evalida instituiccedilotildees sociais e religiosas eacute claro que ela contribui para acontinuidade e estabilidade da cultura (Merriam 1964 p225)

Alguns exemplos seriam a muacutesica como veiacuteculo de histoacuteria mito e lendaapontando para a continuidade da cultura a muacutesica atraveacutes da transmissatildeo deeducaccedilatildeo contribuindo para o controle de membros desviantes da sociedade epara o sublinhamento do que eacute certo o que contribui para a estabilidade da culturaparticipaccedilatildeo da muacutesica na enculturaccedilatildeo de indiviacuteduos instruindo-os sobre o seuambiente natural e sua utilizaccedilatildeo transmitindo a visatildeo de mundo do grupofuncionando como emblema da condiccedilotildees de membro do grupo etc

Merriam considera que o som musical eacute o resultado de processos decomportamento humano que satildeo modelados por valores atitudes e crenccedilas daspessoas de uma cultura particular contribuindo assim para a continuidade eestabilidade dessa cultura

(10 Funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeo da sociedade - Eacute claro que promovendo um ponto de uniatildeo em torno do qual os

membros de uma sociedade se congregam a muacutesica realmente realiza a funccedilatildeode integrar a sociedade (Merriam 1964 p226)

Alguns exemplos que Merriam apresenta satildeo execuccedilotildees da muacutesica de umgmpo contribuindo para a satisfaccedilatildeo de participar de algo familiar e para acerteza de tomar parte de um grupo que compartilha os mesmos valores os mesmosmodos de vida e as mesmas fonnas de arte (Nketia 1958) canccedilotildees de protestosocial permitindo ao indiviacuteduo desabafar e ajustar-se agraves condiccedilotildees ou promovendoa mudanccedila atraveacutes da mobilizaccedilatildeo do sentimento do grupo (Freeman 1957) danccedilascom canccedilotildees de acompanhamento contribuindo em virtude do ritmo e da melodiapara a cooperaccedilatildeo hannoniosa entre os indiviacuteduos para o agir em unidade para ocompartilhamento de um sentimento de prazer (Radcliffe-Brown 1948)

O autor considera ainda que a muacutesica constitui um ponto de uniatildeo emtomo do qual os membros da sociedade se reuacutenem para se dedicarem a atividades

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que requerem cooperaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo do grupo e que embora nem toda muacutesicaseja executada assim haacute em toda sociedade ocasiotildees marcadas pela reuniatildeo daspessoas lembrando-lhes sua unidade

A categorizaccedilatildeo de Merriam como todo instrumento de anaacutelise eacute passiacutevelde limitaccedilotildees como possiacuteveis distorccedilotildees da realidade ou natildeo dar conta da totalidadedo objeto de estudo entre outros Aliaacutes a proacutepria concepccedilatildeo de funccedilatildeo social damuacutesica da forma como Merriam realiza traduz uma abordagem funcionalistaque como tal visualiza a sociedade como fenocircmeno organizacional resultante dainteraccedilatildeo de partes concatenadas o que~ certamente discutiacutevel

As criacuteticas feitas ao funcionalismo de um modo geral se aplicam agravecategorizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica proposta pelo autor

Algumas dessas principais criticas satildeo a seguir apresentadasPrimeiramente o funcionalismo trabalha com uma abordagem sistecircmica

enfatizando a retroalimentaccedilatildeo entre as partes mantenedora do dinamismo derecomposiccedilatildeo de seu equiliacutebrio e ambiecircncia (Demo 1987 pl 09 Kaplan 1975 p90)

Demo (1987 pll0) e Kaplan (1975 p90) assinalam tambeacutem que ofuncionalismo acentua a face consensual e harmoniosa da sociedade voltadapara a coesatildeo social Natildeo trabalha pois com a perspectiva de superaccedilatildeo do sistemabuscando apenas a mudanccedila dentro do sistema (ou seja ressaltando a dinacircmicade manutenccedilatildeo do sistema)

Procurando dar conta da dimensatildeo conflituosa o funcionalismo parte muitasvezes para a concepccedilatildeo de disfunccedilatildeo (Kaplan 1975 p90) O que corrobora asafirmativas anteriores de que o funcionalismo soacute daacute conta da concepccedilatildeo demudanccedila dentro do sistema e natildeo da perspectiva de mudanccedila estrutural

Aleacutem disso segundo Kaplan (1975 p96) o funcionalismo se depara comlimitaccedilotildees loacutegicas sempre que busca teorizar sobre origem ou persistecircncia decertas estruturas e segundo Firth (1955) citado por Kaplan (1975 p98) a anaacutelisefuncional apresenta dificuldade do ponto de vista do observador de ter acesso agravesfunccedilotildees em situaccedilotildees empiricas

Apesardessas limitaccedilotildees a anaacutelise funcional tem seus meacuteritos sobretudo quandose compreende que ela natildeo eacute um fim em si nem pode dar conta de todos os aspectosdo objeto estudado - aliaacutes nenhum meacutetodo cientiacutefico consegue realizar tal proeza

A abertura de perspectiva para a anaacutelise de funccedilotildees sociais certamenteaclara certos aspectos do intrincado complexo de relaccedilotildees sociais emboracertamente natildeo o esgote

Segundo Kaplan (1975 plOl) talvez o maior sucesso da antropologiafuncionaltenha sido apontar as consequumlecircncias natildeo planejadas dos atos culturais(funccedilotildees latentes ou simplesmente funccedilotildees segundo Merriacuteam em contraposiccedilatildeoa usos)

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Aleacutem disso Florestan Fernandes (1970) assinala queuma valorizaccedilatildeo construtiva do uso cientiacutefico do funcionalismo natildeo

impede a adesatildeo de socioacutelogos de vez que os conhecimentos empiacutericos eteoacutericos fornecidos por esse meacutetodo satildeo igualmente uacuteteis e potencialmenteexploraacuteveis sob quaisquer ideologias (pl09)

As afirmativas acima apresentadas relativas aos aspectos positivos da anaacutelisefuncional justificam a escolha do instrumento de Merriacuteam neste trabalho sobretudoporque sendo as funccedilotildees sociais um aspecto ainda pouco estudado da muacutesica foi auacutenica categorizaccedilatildeo encontrada na bibliografia consultada Aleacutem disso ela pareceurealmente uacutetil desde que natildeo transformada em fim para fornecer uma aproximaccedilatildeodo objeto de estudo em questatildeo - a muacutesica numa perspectiva histoacuterica numa primeirainstacircncia e no ensino superior de muacutesica num segundo momento

Certamente as categorias em si tambeacutem podem ser alvo de muitas questotildeesA funccedilatildeo de expressatildeo emocional eacute individual ou social Representaccedilatildeosimboacutelica e comunicaccedilatildeo devem ser categorias separadas Divertimento erealmente atribuiccedilatildeo da arte (haacute autores que a negam em absoluto) Essascategorias satildeo realmente aplicaacuteveis a qualquer cultura em qualquer tempo

Natildeo se pretendeu aqui analisar essas questotildees (e outras pertinentes) emseparado Elas seratildeo na medida do possiacutevel discutidas no decorrer do trabalho quandode sua aplicaccedilatildeo agrave muacutesica ocidental em sua trajetoacuteria e ao ensino superior de muacutesica

Cabe sobretudo enfatizar que a utilizaccedilatildeo dessa categorizaccedilatildeo visouprincipalmente a permitir uma aproximaccedilatildeo do objeto de estudo - a muacutesica - e agravecoleta de subsiacutedios para anaacutelises posteriores fundadas em outras perspectivasmetodoloacutegicas __t~ _

Primeira Idade da_~)A primeira idade da muacutesica segundo a classificaccedilatildeo de Wiora nagraveo nos

legou documentos escritos -literaacuterios ou musicais~ o que limita nosso conhecimentoJ

desse periacuteodoOs documentos baacutesicos dessa fase preacute-histoacuterica sagraveo instrumentos musicais

esculturas e pinturas atraveacutes dos quais podem ser levantadas hipoacuteteses que buscamreconstruir os acontecimentos musicais do periacuteodo Tambeacutem tecircm sido uacuteteis asobservaccedilotildees desenvolvidas em comunidades contemporacircneas aacutegrafas que nospermitem a partir de comparaccedilotildees chegar a algumas conclusotildees importantes sobrea preacute-histoacuteria musical da humanidade

Wiora (1961 p 13) assinala trecircs tipos baacutesicos de fontes utilizaacuteveis na pesquisasobre os primoacuterdios da muacutesica os achados arqueoloacutegicos os vestiacutegios atuaisencontraacuteveis entre os povos primitivos e os mitos

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Merriam (1964) por exemplo assinala que a muacutesica eacute um aspectocotidiano e presente em todos os momentos em sociedades aacutegrafas Istoparece ser uma observaccedilatildeo efetivamente generalizaacutevel agrave preacute-histoacuteria dahumanidade pois nesse sentido convergem todas as evidecircncias apontadasunanimemente pelos autores consultados

Wiora (1961) afirma que as origens da muacutesica remontam a mais de 30000anos tendo a muacutesica sido associada agraves danccedilas cultuais que segundo o autorprovavelmente precederam as artes plaacutesticas

Entre as atividades musicais do periacuteodo Paleoliacutetico anteriores a 10000 acna Europa Wiora cita as danccedilas cultuais - danccedilas miacutemiacutecas com maacutescaras deanimais que aparecem em diversas representaccedilotildees em paredes de grutas Arepresentaccedilatildeo miacutemica associada agrave danccedila eacute segundo o autor muito anteriacuteor agrave suarepresentaccedilatildeo plaacutestica no periacuteodo Paleoliacutetico

Wiora menciona a possibilidade dos feiticeiros desse periacuteodo terem utilizado o poder religioso e encantador da voz

A anaacutelise de mitos atuais entre Pigmeus por exemplo permite segundo oautor identificar algumas representaccedilotildees plaacutesticas do Paleoliacutetico como miacuteticassendo a elas associadas elementos musicais o que leva inuacutemeros estudiosos dapreacute-histoacuteria a considerar que a muacutesica desempenhava nesse periacuteodo um grandepapel na vida cultual

Wiora assinala que o jogo maacutegico e a realidade natildeo estavam claramentediferenciadas e que os instrumentos musicais se mesclavam agraves funccedilotildees miacuteticasdas atividades cultuais de que participavam

Muitos instrumentos deviam servir natildeo somente atilde produccedilatildeo de ruiacutedose de sons mas tambeacutem a outros fins como eacute ainda o caso dos australianosque entrechocam seus bumerangues durante suas danccedilas noturnas e batemsobre suas lanccedilas

Talvez os dardos lanccedilados tivessem um emprego similar nos tempos preacuteshyhistoacutericos diversos exemplares encontrados satildeo tatildeo fraacutegeis e tatildeo ricamentedecorados que parecem ter sido instrumentos rituais e nagraveo annas

Da mesma forma os bastotildees ditos de comando satildeo sobretudo emrazatildeo de sua ornamentaccedilatildeo artiacutestica objetos rituais e natildeo de uso corrente (Wiora 1961 p 20)

O arco preacute-histoacuterico cujo emprego se deu na caccedila e na muacutesica eacute apontadopor Wiora como exemplo de relaccedilatildeo com antigos mitos Apesar da importacircnciados instrumentos musicais e de sua relaccedilatildeo com os cultos Wiora assinala a prioridadeda voz e da escuta o que pode talvez ser comprovado a partir da inexistecircncia deinstrumentos entre alguns povos primitivos Voz ou instrumento o autor destaca

contudo que todos os povos cantam com intervalos diferenciados e quea definiccedilatildeodesses sons por cada povo eacute muito antiga jaacute existindo provavelmenteI10 ~(lleoliacutetico

Baseados sobre essas relaccedilotildees [intervalares ] compreensiacuteveis semteoilanotaccedilatildeo ou instrumentos os sistemas bitocircnico tritocircnico tetratocircnico e pentatocircnicose fonnaram provavelmente jaacute no Paleoliacutetico (p 24)

As relaccedilotildees intervalares e os tipos meloacutedicos delas decorrentes eramsegundo Wiora respeitadas como costumes Os povos primitivos ainda segundo oautor conheciam a tonalidade e as funccedilotildees tonais (ambos os tennos tomados numsentido mais amplo) assim como as fonnas elementares de polifonia

No periacuteodo Neoliacutetico a muacutesica adquiriu um novo sentido e novasformas (p 28) Surgiram os primeiros costumes campestres associados aoscantos e desde entatildeo a existecircncia humana ganhou uma estrutura modelada pelociclo das estaccedilotildees segundo o ano agriacutecola

As danccedilas cultuais como as danccedilas mortuaacuterias destinadas a evocar afertilidade satildeo nesse periacuteodo importantes atividades associadas agrave muacutesica

Wiora base~~do-se e~ Schneider ~ssinala que uma grande ~osinstrumentos de musIca pnmItlvos era estreItamente aparentada aos(ClfiiiiacuteSzllOs eservia antes de tudo agraves manifestaccedilotildees maacutegicas e sonoras da vontade de accedilatildeoSignos traccedilados sobre instrumentos e ateacute mesmo muitos utensiacutelios eramsimultaneamente ornamentos e siacutembolos

Outro fato d01lteacuteocircIacuteiacuteti~0 mencionado por Wiora satildeo as construccedilotildeesmegaliacuteticas destinadas ao culto dos ancestrais e onde se processavam danccedilascultuais e cerimoniais A disposiccedilatildeo de pedras em ciacuterculo nessas construccedilotildeesteria segundo o autor relaccedilatildeo com a posiccedilatildeo dos astros pennitindo supor a ligaccedilatildeoda muacutesica com especulaccedilotildees sobre o cosmos

Ainda no periacuteodo Neoliacutetico Wiora aponta a celebraccedilatildeo cantada dos heroacuteis eoutros gecircneros de cantos eacutepicos Desses cantos heroacuteicos primitivos derivariamposteriormente epopeacuteias escritas como a Iliacuteada

Instrumentos musicais a partir da descoberta do uso de metais passaram aser com eles confeccionados adquirindo uma nova caracteriacutestica comosiacutembolos do poder e da habilidade artiacutestica ( p 33) Muda a sonoridade e aclareza do som a cujo brilho correspondiam segundo Wiora a roupagem e oequipamento do guerreiro assim como o ritmo e o melodismo da muacutesica

Cantos heroacuteicos casamentos banquetes lamentos fuacutenebres eram assimacompanhados Instrumentos metaacutelicos de sopro eram utilizados para afugentar operigo ou o mal para chamar a comunidade para o culto ou estimular guerreirospara o combate O poder maacutegico da muacutesica era entatildeo grandemente consideradotal como atestam reminiscecircncias em antigos contos e lendas

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Wiora assinala a importacircncia da muacutesica em comunidades primitivas preshyhistoacutericas ou atuais A muacutesica original estava ligada agrave vida da comunidadenatildeo__ordf_Jf1ll__ gr1JP() e~JfEifi~qmen(~flJysecticJ mas a ambientaccedilatildeo geral porexemplo de toda uma aldeia (p 37)

A importacircncia da execuccedilatildeo da muacutesica a partir dos tipos e modelos meloacutedicose das maneiras de cantar levava a que a comunidade controlasse tais execuccedilotildeesmantendo-as dentro de certos limites jaacute que da muacutesica dependia sua sorte Issopermitiu que tais modelos e praacuteticas pudessem ser longamente conservados

A muacutesica tomava parte bem mais que posteriormente nas realidadesprimordiais da existecircncia Segundo Herder ela envolvia os objetos reais osatos os acontecimentos todo um mundo animado Ela participava dos trabalhosda guerra da cura dos julgamentos - do que se fazia diretamente durante aexecuccedilatildeo desses atos ou durante sua preparaccedilatildeo e seus acompanhamentosrituais por exemplo o encantamento da caccedila (Wiora 1961 p 39)

Wiora observa que a essecircncia da muacutesica favoreceu seu uso para efeitosmaacutegicos os quais envolviam entre outros aspectos o encantamento esteacutetico

A eficaacutecia psiacutequica eacute tambeacutem ressaltada pelo autor como sendo celebradadesde os mitos da antiguumlidade Relaciona-se a esse aspecto o estado de ecircxtaseobtido com auxiacutelio da muacutesica em rituais de magia

A muacutesica era tambeacutem utilizada segundo Wiora para atingir o domiacutenio psiacutequicoe corporal bem como para movimentar as forccedilas fundamentais do mundo Serviatambeacutem agrave nec~ssidade de aJienaccedilatildeo de se transformar em qualquer demoacuteniode se evadir de se transportar luis estranhos reinos imaginaacuterios do mundodas almas (p 40)

Ao lado da muacutesica maacutegica e religiosa Wiora assinala a existecircncia entre ospovos primitivos de uma muacutesica profana e alegre como ainda hoje pode serobservada entre Esquimoacutes ou Piacutegmeus

Referindo-se aos primoacuterdios da muacutesica Candeacute (1981) afirmaNas origens a muacutesica natildeo era senatildeo uma atividade muscular (membros)

laringe) adaptada agraves condiccedilotildees da luta pela vida De diversas maneirasseu desenvolvimento seguiu o das sociedades humanas Durante muito tempose manteve como uma prolongaccedilatildeo um suporte uma exaltaccedilatildeo da accedilatildeoUnida agrave magia a religiatildeo agrave eacutetica agrave terapecircutica agrave politica ao jogo aoprazer tambeacutem constitui um dos aspectos fundamentais das antigascivilizaccedilotildees Sua transmissatildeo estaraacute assegurada de geraccedilatildeo em geraccedilatildeopela imitaccedilatildeo logo pelo ensino sistemaacutetico (p 17)

E Candeacute assinala em outra passagem o caraacuteter imitativo da muacutesicatransmitida tal como a pantomima por tradiccedilatildeo oral As regras fundamentais queregiam a muacutesica da 1 idade eram profundamente assimiladas pelo grupo que

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sobre elas criava e improvisava tal como ateacutehoje se observa em sociedades aacutegrafasA notaccedilatildeo musical nada tem a ver com essa realizaccedilatildeo musical calcada em foacutermulastradicionais sobre as quais se desenvolve a muacutesicafNas sociedades primitivasa muacutesica eacute um ato comunitaacuterio Natildeo haacute puacuteblico natildeo haacute autor natildeo haacute obraos assistentes satildeo quase todos participantes (p29)J

Dentro de regras precisas o grupo exercita a variaccedilatildeo musical As regras4ainda segundo Candeacute relacionam~~se agraves circunstacircncias da vida social quecondicionam por exemplo a seleccedilatildeo de instrumentos o modo de execuccedilatildeo aadoccedilatildeo de ritmos caracteriacutesticos

Eacute preciso ainda referir ao que Candeacute apresenta quanto ao periacuteodo neoliacuteticopertencente tambeacutem agrave 1 idade

A associaccedilatildeo da voz ao gesto do canto aos instrumentos e oestabelecimento de sistemas transmissiacuteveis permitiram agrave expressatildeo sonoraperder seu caraacuteter individual e exercer uma forccedila de enfeiticcedilamento favoraacutevelaos rituais ou agraves atividades coletivas (p 50)-- -

O caraacuteter coletivista e o entrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo e a magiaeacute uma conclusatildeo tambeacutem unacircnime dos diversos autores consultados quanto a esseperiacuteodo

Schurmann (1989) situa a origem de manifestaccedilotildees classificaacuteveis comomusicais no periacuteodo plistocecircnico anterior ao paleoliacutetico e classifica comoessencialmente comunicativas as primeiras manifestaccedilotildees Posteriormente aleacutemda funccedilatildeo comunicativa passariam a funcionar como instrumentos detrabalhos maacutegicos mais diretamente inscritos portanto na categoria dasforccedilas produtivas (p 19)

Nettl citado por Schurmann (1989) destaca entre as funccedilotildees da muacutesicaprimitiva a religiosa e a maacutegica esta uacuteltima mais antiga que a primeira assim comonas manifestaccedilotildees pictoacutericas desse periacuteodo Tal como em relaccedilatildeo agrave pintura eacutepossiacutevel formular a hipoacutetese de que a muacutesica tenha sido tatildeo naturalista quantoaquela e que com uma determinada manifestaccedilatildeo sonora imitando porexemplo o relinchar de um cavalo selvagem o homem julgasse apossar-senelO apenas do relinchar mas tambeacutem do proacuteprio cavalo (p 20)

Schumann acrescenta para o periacuteodo neoliacutetico o surgimento de um caraacutetereminentemente simboacutelico para a arte diferentemente do periacuteodo anterior em quepredominava o caraacuteter de representaccedilatildeo ou de reproduccedilatildeo isto eacute abandonashyse o naturalismo acima referido do periacuteodo paleoliacutetico

O animismo eacute assinalado por Schurmann (1985 p25) como uma novaconquista da fase da barbaacuterie contraacuteria agrave concepccedilatildeo anterior proacutepria do estadoselvagem quando o homem se julgava capaz de atuar por meios maacutegicosdiretamente sobre a natureza Na praacutetica animista as magiacuteas da fase anterior (do

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estado selvagem) foram sendo substituiacutedas por sortileacutegios e conjuraccedilotildees atraveacutesdos quais o homem buscava seduzir os espiacuteritos para que o ajudassem solucionandoproblemas surgidos no trabalho e contribuindo para a progressiva conquista dedomiacutenio sobre a natureza

( ) era importante o papel desempenhado pelas praacuteticas musicaisagraves quais se atribuiam grandes poderes relevantes sobretudo em se tratandotanto de convocar os espiritos como de assegurar as condiccedilotildees necessaacuteriaspara a preservaccedilatildeo das estruturas sociais (Schurmann 1989 p 26)

Segundo Schurmann devem ter sido muitas as manifestaccedilotildees musicais dabarbaacuterie ligadas a rituais de conjuraccedilatildeo de espiacuteritos e segundo ele praacuteticascomunicativas desta muacutesica ritual soacute podem ser inseridas na categoria decomunicaccedilatildeo social na medida em que se admita que os seres espirituais aos quaiselas de dirigiam fossem considerados membros efetivos da comunidade social

Schurmann nega agrave muacutesica da barbaacuterie a caracterizaccedilatildeo de linguagem musicaluma vez que os elementos musicais envolvidos carecem inteiramente dequalquer articulaccedilatildeo agrave semelhanccedila dos atos elocutoacuterios (p 27) Assinalacontudo que nessa fase talvez tenham existido textos cantados ou declamadossob a forma de melodias cantadas desempenhando papel importante na praacutetica decontar estoacuterias atraveacutes das quais se mantinham vivos os valores eacuteticosindispensaacuteveis para a estrutura social

Nettl citado por Schurmannobserva que na grande maioria das tribos primitivas ainda existentes

o contador de estoacuterias intercala canccedilotildees na sua narrativa e os ouvintespassam a cantar junto com ele Este haacutebito leva frequumlentemente a um tipo demanifestaccedilatildeo musical qualificaacutevel conuxecircal1oresponsorial por meio doqual se acaba por garantir a participaccedilatildeo ativa de todos os membros dacomunidade (Schurmann p 27)

O mesmo autor ainda citado por Schurmann assinala o desenvolvimento decantos ou poetas-muacutesicos ambulantes (bardos escaldos e rapsodos) que louvavamem suas declamaccedilotildees musicais a memoacuteria de deuses e heroacuteis narrando feitosnotaacuteveis e exaltando a bravura a lealdade o espirito aventureiro e a coragemdando origem a uma grande variedade de mitos e lendas e tambeacutem a poemaseacutepicos posteriores como a Odisseacuteia

Schurmann assinala tambeacutem a evoluccedilatildeo das funccedilotildees sociais da muacutesica nafase da barbaacuterie perdendo sua vinculaccedilatildeo imediata com as forccedilas produtivas eaproximando-se gradativamente de outra categoria de relaccedilotildees sociais quefrequumlentementejaacute natildeo faziam parte das relaccedilotildees de produccedilatildeo A proacutepria narraccedilatildeode estoacuterias aliaacutes jaacute natildeo se destinava ao trabalho necessaacuterio agrave produccedilatildeo de meiosde subsistecircncia O mesmo se aplica a diversas outras atividades como as de caraacuteter

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luacutedico que frequumlentemente envolviam procedimentos musicais e quedesempenhavam papel social natildeo ligado agrave produccedilatildeo mas agrave integraccedilatildeo social e aotreinamento de habilidades de observaccedilatildeo e domiacutenio do meio ambiente

Embora o autor consiacutedere que natildeo se encontra na barbaacuterie qualquermanifestaccedilatildeo que possa ser identificada como linguagem musical ele nega queessa muacutesica fosse apenas incipiente fruto de uma espontaneidade ingecircnua

Muito pelo contraacuterio as pesquisas etnomusicoloacutegicas mais aprofundadasem abordando por exemplo as praacuteticas musicais na cultura indigena brasileiramostram que elas obedecem agrave uma organizaccedilatildeo surpreendentemente complexabaseada em tradiccedilotildees seculares dando a entender que absolutamente natildeo seriapossivel explicaacute-Ias no acircmbito teoacuterico de uma suposta imaturidade cultural (Schurmann p29)

Schurmann assinala tambeacutem que a cultura indiacutegena desenvolveu umaconsciecircncia dos atos de ouvir e de ver relacionando-os aos atos de entender econhecer o que evidenciaria que

as praacuteticas musicais nunca poderiam reduzir-se a meras manifestaccedilotildeesespontacircneas mas teriam que seguir por um complexo caminho onde seviabilizasse o ato de comunicar socialmente a compreensatildeo de toda umaideologia que se encontra na base da estrutura gentilica (Schurmann p 30)

Sobre a muacutesica da 1a Idade Menuhin afirma que a muacutesica eacute a nossamais antiga forma de expressatildeo mais antiga do que a linguagem ou qualquer outraforma de arte comeccedilando com a voz e com a nossa necessidade preponderantede nos darmos aos outros Referindo-se ainda agrave preacute-histoacuteria da humanidadeMenuhin relaciona caccedila e muacutesica Do ritual da caccedila surgia a muacutesica o arcopodia produzir uma vibraccedilatildeo meliflua Um ponto de vista amplamente ~

defendido eacute de que o arco e flecha satildeo ancestrais do violino (p5)Um exemplo de associaccedilatildeo entre caccedila muacutesica e ritual aparece na referecircncia

que Abraham (1986 p17) faz a um desenho gravado em uma gruta magdaleniensedatado de 13500 Ac que apresenta uma tlgura metade bisatildeo metade homem queJode ser interpretada como um caccedilador disfarccedilado parecendo tomar parte em ummiddot1ma Sobre ele haacute um arco desenhado e os musicoacutelogos divergem sobre se seriauma f1auta ou um arco musical associando esse instrumento a rituais de magia

A muacutesica eacute para Menuhin relacionada a rituais desde os seus primoacuterdios shynascimento morte colheita etc Posterionnente com o desenvolvimento gradativoda agricultura e da construccedilatildeo de abrigo a muacutesica passou a associar-se ao trabalho

Outra referecircncia importante que o autor faz eacute a associaccedilatildeo entre canto efala durante muito tempo na preacute-histoacuteria da humanidade Menuhin observa queem certas partes do mundo onde subsistem linguagens antigas (China Vietnatildealgumas partes da Aacutefrica) a inflexatildeo da fala e a da muacutesica permanecem

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inseparaacuteveis embora natildeo idecircnticas Apesar poreacutem da intriacutenseca relaccedilatildeo dasduas em tempos remotos Menuhin assinala que haacute provas antropoloacutegicas de queo canto surgiu antes da fala

A especializaccedilatildeo de tarefas eacute tambeacutem aludida por Menuhin que tambeacutemrefere-se a uma especializaccedilatildeo do muacutesico Em muitas sociedades todosparticipavam da muacutesica e nesses grupos o muacutesico semi-profissional erararo Gradualmente o muacutesico passou a ser valorizado e recebeuresponsabilidades cada vez maiores porque ele era capaz de arrebatar aspessoas (p 8)

A elaboraccedilatildeo de instrumentos musicais eacute tambeacutem situada por Menuhin napreacute-histoacuteria sendo que os vestiacutegios mais antigos foram encontrados na Sibeacuteria edatam de cerca de trinta e cinco mil anos atraacutes Esses instrumentos os mais antigosateacute entatildeo encontrados indicam a existecircncia de um aprimorado sistema dededilhar e por extensatildeo de uma escala musical - indicam pois a existecircnciade melodias primitivas muito antes da uacuteltima grande Era Glacial (Menuhinp8)

As flautas remontam segundo Menuhin agrave Idade da Pedra - sejam de argilamoldada e submetida agrave queima seja de ossos de galhos de casca de aacutervore debambu etc A flauta de Patilde por exemplo parece remontar ao final da Idade daPedra e eacute encontrada ainda hoje em diversos povos

Ressaltando mais uma vez a importacircncia da observaccedilatildeo dos fatos musicaisem sociedades contemporacircneas de contextos soacutecio-econacircmicos diversos do mundodito civilizado cabe citar JJ de Moraes (1983)

Mas voltemos aos Suiaacute O que eles fazem em termos musicais hojenatildeo eacute arcaico natural ou simples Como nos ensinou o etnomusicoacutelogoAnthony Seeger pensamos erradamente que sua muacutesica eacute primitiva imitaccedilatildeodireta dos sons da natureza e pobre do ponto de vista de sua organizaccedilatildeo apenas porque natildeo a compreendemos ( p85)

Citando ainda Seeger JJ de Moraes prossegueA muacutesica tem enorme importacircncia na vida tradicional das sociedades

indiacutegenas ( ) Para essas sociedades a muacutesica eacute parte fundamental da vidanatildeo simplesmente uma de suas opccedilotildees O que noacutes relegamos a um segundoplano como optativo ou lazer ocupa um lugar mais central na percepccedilatildeodos gupos formador da experiecircncia social parte integral das atividades desubsistecircncia garantia da continuidade social e cosmoloacutegica ( p 86)

Moraes enfatiza ainda com relaccedilatildeo ao exemplo referido a importacircncia queadquirem as significaccedilotildees especiais do canto seja ele gritado ou sussurrado a importacircnciada voz um de seus uacutenicos instrumentos e do chocalho este gerador da pulsaccedilatildeo quese cola agravecadecircncia dos textos cantados a importacircncia dos timbres muito mais importantespara esses povos que aquilo que chamamos de afinaccedilatildeo a importacircncia do ritmo

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Esses e muitos outros exemplos que nos satildeo oferecidos pela etnomusicologiaconstituem junto com os achados arqueoloacutegicos o material baacutesico para a reflexatildeosobre a musica da 1 idade

A explanaccedilatildeo ateacute aqui desenvolvida baseada em exemplos relativos agrave Iidade da muacutesica extraiacutedos da literatura especializada merece aqui uma ordenaccedilatildeoconforme foi proposta no iniacutecio deste capiacutetulo com base na categorizaccedilatildeoestabelecida por Merriam para as funccedilotildees sociais da muacutesica A quais das categoriasde Merriam os autores se referem ainda que indiretamente quando remetem agraveI idade da muacutesica

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

As referecircncias aqui apresentadas agrave muacutesica da I idade parecem deixarclaro a evidclIcia desta funccedilatildeo - a de expressatildeo emocional embora Candeacute citadoao iniacutecio deste capiacutetulo afirme Nas origens a muacutesica natildeo era senatildeo umaatividade muscular ( ) adaptada agraves condiccedilotildees de luta pela vida (p17)

Schurmann (1989) poreacutem tambeacutem citado anteriormente classifica comoessencialmente comunicativas as primeiras manifestaccedilotildees musicais o que divergedo ponto de vista apresentado por Candeacute

Menuhin (1981) refere-se agrave existecircncia de instrumentos musicais comotambores e flautas muito antes da uacuteltima Era Glacial e admite a possibilidade deespeculaccedilotildees sobre rituais sacros e profanos A utilizaccedilatildeo de muacutesica em rituaisparece sugerir a funccedilatildeo de expressatildeo emocional

Embora sobre a origem da muacutesica haja divergecircncias quanto agrave ocorrecircncia dafunccedilatildeo de expressatildeo emocional todos os autores apontam para ela no decorrer daI idade bastando a tiacutetulo de exemplo citar Menuhin (1981) quando afirma quea muacutesica ea nossa mais antiga forma expressatildeo () comeccedilando com a voze com a nossa necessidade preponderante de nos darmos aos outros ( pl)

Merriam apresenta ao analisar a funccedilatildeo de expressatildeo emocional diversosexemplos entre grupos indiacutegenas e outros atuais em que seria pertinente assinalaresta funccedilatildeo Eacute o caso dos iacutendios Flathead que o autor cita que manteacutem tradiccedilotildeesde canccedilotildees e danccedilas cuja ocasiatildeo real de suas execuccedilotildees haacute muito jaacute natildeo existeA muacutesica e a danccedila serviriam nesse caso segundo Merriam como expressatildeode liberaccedilatildeo emocional da cultura essencialmente hostil que cerca esses iacutendiospermitindo-lhes extravasar assim a hostilidade que sentem

Wiora (1961) refere-se agrave expressatildeo emocional ao abordar as origens damuacutesica

As especulaccedilotildees sobre a origem da muacutesica guardam seu valor natildeotanto como conhecimentos mas como estimulantes para a pesquisa O

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-

grito a expressatildeo de um sentimento a linguagem o apelo foram certamentefatores tanto quanto o instinto sexual o gosto pelo jogo e outros impulsos (p12)

As referecircncias de Wiora agraves ligaccedilotildees da muacutesica com a danccedila e os cultoscom a magia e com a dominaccedilatildeo psicoloacutegica parecem tambeacutem permitir relacionara muacutesica da I a idade agrave funccedilatildeo de expressatildeo emocional A proacutepria diferenciaccedilatildeoque Wiora apresenta na muacutesica dos primitivos entre muacutesica sacra e muacutesica profanae alegre pode servir como evidecircncia da presenccedila da funccedilatildeo aqui considerada

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

A questatildeo da esteacutetica presente ou natildeo na muacutesica da Ia idade natildeo eacuteexplicitada pelos autores consultados e considerada discutiacutevel por Merriam (1964)nas culturas aacutegrafas Apenas Wiora (1961) faz uma referencia mais di reta aomencionar entre os papeacuteis que a muacutesica desempenha no Neoliacutetico o encantamentoesteacutetico embora natildeo o esclareccedila mais detalhadamente (p30)

A seleccedilatildeo dos sons que constituem o universo musical de cada comunidadepode pressupor as influecircncias ambientais mas pode tambeacutem apontar na direccedilatildeode uma escolha derivada do gosto ou do prazer esteacutetico

Parece prudente deixar em aberto a questatildeo da funccedilatildeo do prazer esteacuteticona primeira idade da muacutesica mas natildeo parece pertinente excluiacute-Ia

Funccedilatildeo de Divertimento

o caraacuteter luacutedico da muacutesica na 1 idade eacute referido por Schurmann (1989)fazendo o autor referecircncia agrave associaccedilatildeo a outras finalidades Note-se aindaque na barbaacuterie a muacutesica quase nunca se apresenta como uma atividadeexclusivamente musical mas apenas como um dos ingredientes de modos decomunicaccedilatildeo mais complexos (p 28)

Ainda quanto ao aspecto luacutedico o mesmo autor afinna que 170 caso dasnarrativas o que se qualifica como linguumlistico natildeo eacute a muacutesica mas o textoverbal enquanto no caso dos jogos a muacutesica apenas participava de umdeterminado modo de comunicaccedilatildeo luacutedico (p29)

Assim Schurmann (1989) refere-se ao caraacuteter luacutedico - que pode serrelacionado agrave funccedilatildeo de entretenimento - como funccedilatildeo combinada coincidindocom a abordagem de Merriam jaacute referida que distingue divertimento puro(caracteriacutestica particular da sociedade ocidental) e diversatildeo combinada com outrasfunccedilotildees prevalecente nas sociedades aacutegrafas

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Candeacute (1981) e Menuhin (1981) natildeo fazem referecircncia especiacutefica agrave funccedilatildeode entretenimento na Ia idade

Blacking (1980) apresenta o exemplo a seguir Eu observei um processosimilar em Zacircmbia em 1961 Entre os Nsengas da regiatildeo de Petauke os

jovens meninos tocam pequenas kalimba mbiras para se distrair quandoeles estagraveo soacutes caminhando ou sentados (p20)

O grupo observado por Blacking assim como o exemplo acima descritopermite que se levante a hipoacutetese de praacuteticas semelhantes na la idade da muacutesicapermitindo que se admita a possibilidade do uso da muacutesica com funccedilatildeo deentretenimento puro em determinadas circunstacircncias

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

Certamente haacute uma grande polecircmica entre os autores no que se refere aopapel de comunicaccedilatildeo da muacutesica Simplificadamente podemos dizer que haacute osque consideram que a muacutesica eacute uma linguagem embora comunique emoccedilotildees enatildeo conceitos e haacute os que consideram que a muacutesica natildeo eacute linguagem uma vez quenatildeo transmite significados conceituais

Procurando deixar de lado neste momento a divergecircncia sobre se muacutesica eacuteou natildeo linguagem poderiacuteamos admitir simplesmente tal como Merriam fez queela comunica alguma coisa talvez emoccedilotildees ou sentimentOSE nesse sentido afunccedilatildeo de comunicaccedilatildeo poderia ser considerada presente na I a idade da muacutesica

Exemplos nesse sentido podem ser encontrados em diversos autoresMonod citado por Candeacute (1981) refere-se ao Paleoliacutetico afirmando A

muacutesica nasceu quando combinaccedilotildees criadoras associaccedilotildees novas realizadasno indiviacuteduo puderam transmitidas a outros deixar de morrer nele (p46) A referecircncia ao transmitir a outros indiviacuteduos permite correlaccedilatildeo coma funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Tambeacutem Menuhin (1981) refere-se agrave comunicaccedilatildeo entre os povos igwiquando afimm que a muacutesica une a famiacutelia e a tribo (p 4) O mesmo autorreferindo-se agrave gradativa valorizaccedilatildeo do muacutesico em comunidades preacute-histoacutericasmenciona que esse muacutesico era capaz de arrebatar as pessoas o que pressupotildeeuma accedilatildeo comunicativa (p 8)

Blacking (1980) descrevendo os estudos que desenvolveu sobre a muacutesicados Vendas na Aacutefrica refere-se implicitamente agrave funccedilatildeo comunicativa ao afirmarOs Vendas me ensinaram que a muacutesica natildeo pode jamais ser uma coisa emsi e que toda muacutesica eacute muacutesica popular no sentido de que a muacutesica nagraveopode ser transmitida ou ter significado sem que haja associaccedilotildees entre os

fndividuoslt (p8)middot -(

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Ao referir-se agrave transmissatildeo de significados (sejam eles quais forem) e aassociaccedilotildees entre indiviacuteduos Blacking permite pressupor a muacutesica atuando como

linguagem e exercendo a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

Candeacute (1981) talvez nos ofereccedila um exemplo desta funccedilatildeo quandoapresentando etapas hipoteacuteticas que representem oS primeiros estaacutegios de evoluccedilatildeoda muacutesica afirma ao descrever a 43

bull etapa Fabricaccedilatildeo de objetos sonorosmelhor diferenciados mas eficazes capazes de expressatildeo artiacutestica e de imitaccedilatildeode roiacutedos da Natureza Esta imitaccedilatildeo pode ter um caraacuteter maacutegico (p 48)

Embora o autor natildeo elabore uma anaacutelise mais detalhada do exemplo acimaeacute cabiacutevel a interpretaccedilatildeo de que a imitaccedilatildeo de ruiacutedos da Natureza possivelment~com caraacuteter maacutegico tenha a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica tal como fOI

identificada por MerriamWiora (1961) tambeacutem apresenta referecircncia agrave muacutesica preacute-histoacuterica no acircmbito

da representaccedilatildeo simboacutelica Eles danccedilam vestidos de maacutescaras de animaisdesenham sobre as paredes rochosas ou em tambores chamacircnicos imagensde encantamento atiram o arco sobre elas segundo o rito e dirigemcerimocircnias cultuais como a de iniciaccedilatildeo (p17)

A muacutesica associada a esses rituais como os de iniciaccedilatildeo parece ter nasdescriccedilotildees de Wiora relacatildeo com a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica A mesmainterpretaccedilatildeo eacute passivei analisando o texto do autor de ser aplicada aos instrumentosmusicais da preacute-histoacuteria como o arco musical que aparece em inscriccedilatildeo rupestre

tocado por um feiticeiro (p20)Tambeacutem Schurmann (1989) em exemplo anteriormente apresentado refere-

se agrave imitaccedilatildeo do relincho do cavalo no contexto de uma manifestaccedilatildeo sonora qualificaacutevelde musical tendo a funccedilatildeo de possibilitar ao homem apossar-se do proacuteprio cavalo Ecabiacutevel tambeacutem aqui interpretar a imitaccedilatildeo do relincho como a sua manifestaccedilatildeosimboacutelica e como tal admiti-la pertinente agrave funccedilatildeo social em questatildeo

O exemplo acima refere-se ao periacuteodo que Schurmann (1989) caracterizacomo estado selvagem o mais antigo da histoacuteria do homem Para o autor eacute noperiacuteodo seguinte o da barbaacuterie que o caraacuteter simboacutelico iraacute efetivamente se

instalar natildeo soacute na muacutesica mas na arte em geral

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

Alguns exemplos citados por Merriam parecem apontar para a funccedilatildeo dereaccedilatildeo fisica na 1a idade da muacutesica como a possessatildeo desencadeada pelo menos

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em parte pela muacutesica funcionando numa situaccedilatildeo total Sem a possessatildeo certoscerimoniais religiosos em certas culturas satildeo considerados frustrados

Wiora tambeacutem faz referecircncia ao estado extaacutetico obtido atraveacutes da muacutesicao que permite citaacute-lo no contexto da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica

Outro exemplo citado por Merriam eacute o da muacutesica excitando e canalizando ocomportamento de uma multidatildeo Outros exemplos ainda seriam o deencorajamento de re_accedilotildees fisicas do guerreiro ou do caccedilador ou ainda o de estiacutemuloagrave reaccedilatildeo fisica dad~

Embora Merriam reconheccedila que esta categoria conteacutem principalmente umcomponente bioloacutegico ele considera que tal componente eacute superado pelo fato deque a reaccedilatildeo bioloacutegica eacute condicionada culturalmente

Menuhin (1981) referindo-se agrave gradativa responsabilidade que o muacutesicopassa a receber em eacutepocas remotas oferece-nos um exemplo pertinente agrave funccedilatildeode reaccedilatildeo fisica Com seu auxiacutelio [do muacutesico] a muacutesica lhes deu forccedila devontade e coragem para fazer guerra defender a propriedade expressaralegria ou lamentar suas perdas (p 8)

Tambeacutem Candeacute referindo-se a uma origem comum do canto da danccedila e dafala (que soacute se iriam diferenccedilar nitidamente a partir de 9 000 ac no periacuteodoNeoliacutetico) permite-nos identificar a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica no que diz respeito agravedanccedila

Wiora (1961) ao referir-se agrave muacutesica utilizada como estimulo para osguerreiros ao combater pode ser citado aqui no que se refere agrave funccedilatildeo da reaccedilatildeofiacutesica embora se possa questionar sobre ateacute que ponto a incitaccedilatildeo ao combate eacutefiacutesica ou psicoloacutegica (o que pode ser solucionado retomando-se a consideraccedilatildeoanterior de Merrian sobre o condic~ento cultural agraves reaccedilotildees bioloacutegicas)

A participaccedilatildeo da muacutesica na cura conforme citaccedilatildeo jaacute apresentada de Wioratambeacutem pode ser cogitada no acircmbito da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

B1acking (1980) apresenta-nos um outro exemplo A muacutesica Venda eacutefundada natildeo sobre a melodia mas sobre uma agitaccedilatildeo riacutetmica do corpointeiro do qual o canto natildeo eacute senatildeo uma extensatildeo particulaJ (p36)

A referencia acima agrave musica dos Vendas povo africano que nos podeservir de base para reflex()~s sobre a 13

bull idade da muacutesica aponta para uma muacutesicaque se manifesta no corpo inieiro evidenciando assim a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisicaque buscamos exemplificar

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

As referecircncias de Wiora (1961) agraves cerimocircnias de iniciaccedilatildeo e a outros rituaisno periodo Neoliacutetico nos quais a muacutesica desempenha papel essencial parecem

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permitir a identificaccedilatildeo na primeira idade da muacutesica da funccedilatildeo de impor

conformidade a normas sociaisTambeacutem os cantos heroacuteicos primitivosjaacute referidos anteriormente com base

no mesmo autor podem ser interpretados como exemplos da funccedilatildeo aquiconsiderada O mesmo se aplica aos cantos de louvor sobre eventos aos quaisa muacutesica estaria mesclada por exemplo um casamento franco um banqueteentre os hunos um lamento fuacutenebre entre os godos (p34)

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Reichard citado por Merriam (1964) apresenta um exemplo desta funccedilatildeo

ao referir-se aos Navaho a primeira funccedilatildeo da canccedilatildeo eacute preservar a ordemcoordenar os siacutembolos cerimoniais (p2 2 4 ) Burrows tambeacutem citadopor Merriam comenta que uma das funccedilotildees das canccedilotildees entre os Tuametos eacutetransmitir potecircncia maacutegica atraveacutes dos encantamentos (p224) Essesexemplos parecem permitir transposiccedilotildees agrave primeira idade da muacutesica e agrave validaccedilatildeo

de instituiccedilotildees e rituaisos sistemas religiosos satildeo validados como no folclore atraveacutes da

recitaccedilatildeo do mito e da lenda em canccedilotildees assim como atraveacutes da muacutesica queexpresse preceitos religiosos As instituiccedilotildees sociais satildeo validadas atraveacutes decanccedilotildees que enfatizam o que eacute conveniente e o que natildeo eacute conveniente nasociedade assim como as que dizem agraves pessoas o que se deve fazer e como se

deve fazer (Merriam 1964 p224)Menuhin (1981) apresenta-nos uma outra referecircncia agrave relaccedilatildeo entre a muacutesica

e as instituiccedilotildees sociais nos primoacuterdios da evoluccedilatildeo musical Cada ritual de queparticipamos requer sua proacutepria muacutesica nascimento casamento mortesemeadura colheita ( ) Sem duacutevida nossa primeira muacutesica dedicava-se agrave

consagraccedilatildeo de tais eventos (p5)Alguns exemplos apresentados por Wiorajaacute citados anteriormente como a

participaccedilatildeo da muacutesica em rituais de casamento satildeo passiacuteveis de inclusatildeo na

funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Seeger citado por Morais (1983) em exemplo jaacute citado paacuteginas atraacutes

refere-se ao abordar a muacutesica indiacutegena ao papel que ela desempenha como

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gar~nt~a da conti~uidade sociale cosmoloacutegica (p 86) o que permitereferencIa a esta funccedilao na pnmeIra Idade da muacutesica

Wiora (1961) a_o mencio~ar o controle da comunidade sobre a preservaccedilatildeodas normas de execuccedilao da mUSIca uma vez que de tais cuidados dependia a sortedo grupo ~ar~ce tambeacutem oferecer-nos exemplo pertinente agrave funccedilatildeo de contribuirpara a contmUIdade e estabilidade da cultura

~participaccedilatildeoda muacutesi~aem antigos mitos e lendas transmitidos por tradiccedilatildeooral e Ja apresentados antenormente segundo Wiora tambeacutem se relacionariam agravefunccedilatildeo aqui considerada O mesmo pode ser dito em relaccedilatildeo agrave muacutesica utilizadanos rituais de iniciaccedilatildeo jaacute referidos pelo mesmo autor

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

_ Nketia c~ta~9~or Merriam (1964) entre diversos exemplos referentes agravefunccedilao~e contnbUIccedilao para a mtegraccedilatildeo da sociedade relata o seguiacutente

Pa~a os Yoruba em Accra as execuccedilotildees da muacutesica Yoruba ( ) trazemtanto a satisfaccedilatildeo de participar de algo familiar quanto a certeza de se tomarp~rte de um grupo que compartilha os mesmos valores os mesmos modos deVIda um grupo que manteacutem as mesmas formas de arte A muacutesica assim trazuma renovaccedilatildeo da solidariedade tribal ( p226)

O~tro exemplo interessante quanto agrave integraccedilatildeo social nos apresentadopor Memam (1964)

As observaccedilotildees de Freeman (1957) a respeito das canccedilotildees folcloacutericas~av~lanas sugerem que as canccedilotildees de protesto social podem permitir aol~dllduo desbafar e assim ajustar-se agraves condiccedilotildees sociais tais como elassao ou elas podem alcanccedilar uma mudanccedila social atraveacutes da mobilizaccedilatildeodo sentlme~to do grupo Nos dois casos estes versos funcionam para reduziro desequllzbrlO soczal e para integrar a sociedade ( p 226)

Aos dOIS exemplos acima transcritos Merriam acrescenta outrosdecorre~t~s da obs~rvaccedilatildeo de sociedades contemporacircneals que por sua~caract~nstlcaspermItem levantar hipoacuteteses e generalizaccedilotildees relativas agrave muacutesicada 1 Idade

s Candeacute (1981 ) a~r~senta tambeacutem uma referecircncia a respeito da integraccedilatildeo daoCI~dadeatraes da mUSIca quando analIsa a evoluccedilatildeo histoacuterica dos comportamentosm~sI~~IS coletlvos afirmando que a muacutesica eacute um ato comunitaacuterio nas sociedadespnmItIvas natildeo haendo separaccedilatildeo entre autor puacuteblico e obra (p29)

h Em Menu~m (1981) ~ma referecircncia ao papel do muacutesico em periacuteodos preacuteshyIstoncos tambem remete a mtegraccedilatildeo social

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Gradualmente o musICO passou a ser valorizado e recebeuresponsabilidades cada vez maiores porque ele era capaz de arrebatar aspessoas falando por elas como em conjunto elas falavam com ele Com seuauxiacutelio a muacutesica lhes deu forccedila de vontade e coragem para fazer guerradefender a propriedade expressar alegria ou lamentar suas perdas (p8)

Blacking (1980) tambeacutem apresenta uma observaccedilatildeo pertinente agrave integraccedilatildeosocial quando em citaccedilatildeo apresentada anteriormente afirma que toda muacutesica eacutepopular ou seja soacute pode ser transmitida e compreendida se houver associaccedilotildees

entre os indiviacuteduos (p18)Referindo-se aos Vendas Blacking (1980) tambeacutem afirma Vivendo

com os Vendas comecei a compreender ateacute que ponto a muacutesica pode tornarshyse parte integrante do desenvolvimento do espiacuterito do corpo e de relaccedilotildees

sociais harmoniosas ( p9)Os exemplos acima obtidos de Blacking referem-se a sociedades

contemporacircneas cujas estruturas soacutecio-econoacutemicas e culturais parecem permitir

transposiccedilotildees agrave 1a idade da muacutesicaResumindo o levantamento feito das funccedilotildees sociais da muacutesica na 1a idade

segundo classificaccedilotildees de Merriam e Wiora cumpre assinalar que as dez funccedilotildeesda categorizaccedilatildeo puderam ser identificadas nos exemplos contidos na literaturarevista apesar das limitaccedilotildees ao conhecimento dessa fase permitindo supor umintenso papel social desempenhado pela tpuacutesica nQs_primoacuterdios de sua histoacuteria

_____ ~_~ __--_ ~_ _-1 ~t ~~lt--~ _

I~Se~unda Idad~d~~~~~~JPassando a examinar a 2a bull idade da muacutesica segundo Wiora aquela que se

situa no contexto das antigas civilizaccedilotildees (Mesopotacircmia Egito Greacutecia OrienteAntiguumlidade Greco-Romana) observamos que a aproximaccedilatildeo no tempo traz maioresfacilidades ao exame deste periacuteodo tendo em vista que eacute nele que a escrita comeccedilaa desabrochar o que nos permite acesso a textos (inclusive tratados teoacutericosmusicais em alguns casos como China e Greacutecia) que nos possibilitam uma

compreensatildeo um pouco mais claraMenuhin (1981) referindo-se a essa fase afirmaDe acordo com descobertas recentes no Oriente Proacuteximo os primeiros

siacutembolos da palavra escrita comeccedilaram a aparecer haacute mais ou menos dez milanos principalmente para facilitar o comeacutercio A escrita ajudou a separar amuacutesica da fala As palavras escritas na argila ou no papiro podiam transmitirrapidamente mensagens simples ao passo que a muacutesica estava vinculada agrave

expressatildeo de sentimentos complexos (p6)

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Wiora estabelece para a segunda idade uma divisatildeo em trecircs periacuteodos oprimeiro envolvendo as altas culturas arcaicas o segundo comeccedilando com onascimento da teoria musical e com uma concepccedilatildeo filosoacutefica da muacutesica naGreacutecia e na China o terceiro compreendendo a sobrevivecircncia da Antiguumlidade noOriente e o desenvolvimento posterior da muacutesica nas culturas superiacuteores dessaparte do mundo

1) O primeiro desses periacuteodos assinala segundo Wiora (1961) umamodificaccedilatildeo importante em relaccedilatildeo agrave priacutemeira fase a cultura estava centrada noculto e eacute assim que a muacutesica assume suas novas funccedilotildees A civilizaccedilatildeo sumerianaestava concentrada sobre a religiatildeo mais que nenhuma outra posteriormentee a muacutesica desempenhava um tal papel na vida religiosa que se estima combase nas fontes disponiveis que a muacutesica profana natildeo existia (p44)

Menuhin (1981) afirma que a muacutesica associava-se aos misteacuteriossagrados uma coisa dando status agrave outra( e que alguns dos instrumentosdessa eacutepoca subsistiram apenas porque foram enterrados com outros pertencesno tuacutemulo dos governantes onde podiam ajudar a abrir o caminho para oceacuteu ( plS)

Wiora (1961) refere-se a numerosas esculturas sumerianas reunidas porAndreacute Parrot que atestam a religiosidade daquela civilizaccedilatildeo agrave qual estava associadaessa forma primordial de uma muacutesica eclesiaacutestica que lhe dava seu sentido e seucaraacuteter O mesmo autor acredita que bases sumerianas subsistam nas Igrejasmiddotcristatildes e em algumas outras - Uma relaccedilatildeo profunda ntre a construccedilatildeo dos templos e a muacutesica dos templose assI~alada por Wiora (1961) no periacuteodo sumeriano sobrevivendo em templospostenores Aleacutem disso ele menciona uma forte relaccedilatildeo entre os hinos e preces cantadose um determinado instrumento e um estilo musical correspondente A muacutesicaparticipavadas procissotildees do culto aos mortos dos acontecimentos especiais como por exemplodos ritos de proteccedilatildeo contra os maus efeitos de um eclipse lunar (p46)

Menuhin (1981) referindo-se aos instrumentos musicais assinala esserela~lOnamento dos instrumentos propriedades maacutegicas na segunda idade damUSIca e assinala tambeacutem que a partir da eacutepoca do Impeacuterio Romano houveuma tendecircncia gradativa a despojaacute-los dessas funccedilotildees (plS)

Haacute exemplos entre os sumerianos de muacutesica natildeo cultual que segundoWlOra satildeo atestados por ilustraccedilotildees posteriores uma entre elas representaum combate de boxe acompanhado de tambores e cimbalos (p47)

Representaccedilotildees de animais muacutesicos tambeacutem satildeo apontados por Wiora napnrneIra metade do terceiro milecircnio - os temas poderiam ser tomados a mitos ou arelatos conhecidos (essa tradiccedilatildeo deixou heranccedilas na Europa) Os instrumentosmesoptacircmicos tambeacutem foram transmitidos em sua maioria agrave Europa atraveacutesda Antlguumlidade mediterracircnea

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Aula
Nota
1309 Gabi

Alem da relaccedilatildeo assinalada anteriormente entre instrumentos hinos oupreces e estilos musicais Wiora menciona relaccedilatildeo entre gecircneros poeacuteticos doculto sumeriano e instrumentos Eacute provavelmente um dos progressos dasprimeiras civilizaccedilotildees superiores que o canto seja adaptado a uminstrumento e que este uacuteltimo se junte agrave voz ( p 48)

Sumerianos e egiacutepcios ainda segundo Wiora foram os primeiros adesen~olver uma profissatildeo musical organizada e representada em imagens de tiposoriginais de muacutesicos~ Os muacutesicos por sua participaccedilatildeo nos cultos tinham statusequivalente aos pad~es e muacutesicos e muacutesicas eram enterrados em tumbas reais

Menuhin (1981) referindo-se ao Egito e agrave Ameacuterica acrescenta que a muacutesicaera usada em louvor aos liacutederes remontando a essa eacutepoca a realizaccedilatildeo deprocissotildees reais com instrumentos musicais Aleacutem disso o autor refere-setambeacutem agrave associaccedilatildeo da muacutesica ao trabalho

Os Assiacuterios que dominaram a Mesopotacircmia entre 1250 e 612aproximadamente tiveram segundo Wiora uma civilizaccedilatildeo calcada na sumerianaembora mais secularizada (p50)

Candeacute (1981) referindo-se aos sumerianos assinala a referecircncia em textosdo 2deg milecircnio Ac a ladainhas cantadas e referindo-se aos assiacuterios afirma quea funccedilatildeo social da muacutesica se fez entre eles cada vez mais importante sendosiacutembolo de poder de respeito de vitoacuteria Honra-se aos muacutesicos mais que aossaacutebios imediatamente depois dos reis e dos deuses e nas matanccedilas que seseguem agraves conquistas os assirios perdoam sempre aos muacutesicos ( ) (p57)

A muacutesica do Egito antigo eacute tambeacutem segundo Wiora bastante semelhante agravesumeriana inclusive no que se refere ao aspecto cultural

Candeacute (1981) referindo-se ao Impeacuterio Antigo no Egito afirma ( ) umrelevo mural nos mostra cantores um harpista um tocador de flauta largaque evocam uma muacutesica doce e refinada com funccedilatildeo mais domeacutestica quereligiosa (p59)

Quanto ao Novo Impeacuterio (1554 a 1080 ac) Candeacute refere-se a umamuacutesica mais viva e forte com funccedilatildeo ritual religiosa e militar

Os egiacutepcios tambeacutem segundo algumas teorias praticaram a muacutesicamundana de maneira viva e dinacircmica Mas toda a ecircnfase estava na muacutesica decunho religioso

Wiora cita tambeacutem a muacutesica como regalo auditivo fazendo parteintegrante nos banquetes como atestam inscriccedilotildees e representaccedilotildees Siacutembolo deprazer e de boa vida o banquete eacute oferecido aos mortos em seguida agrave mortebanquetes acompanhados de muacutesica satildeo representados nos tuacutemulos (p53)

Tambeacutem como acompanhamento ao trabalho a muacutesica eacute citada por Wioraentre os egiacutepcios seja atraveacutes de canto de instrumentos de ruiacutedos riacutetmicos

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Eacute contudo na muacutesica da corte ainda segundo o mesmo autor que amuacutesica e o muacutesico tecircm maior prestiacutegio Ateacute mesmo no que se refere agraverepresentaccedilatildeo dos sons com as matildeos - a quironomia - os egiacutepcios se referem a elaaludindo natildeo aos cantos comuns dos lavradores ou negros mas somente aocanto aristocraacutetico que eacute ao mesmo tempo ullla arte de dirigir e umanotaccedilagraveo por gestos (p56)

Candeacute (1981) contudo refere-se a uma possiacutevel situaccedilatildeo subalterna entreos muacutesicos egiacutepcios Os textos raramente o mencionam e a iconografiacostuma representaacute-los enrodilhados diante de seus amos ou vestidos comoos escravos (p 61)

E Wiora acrescenta outras informaccedilotildees sobre a muacutesica dessa fase Aolado do serviccedilo divino e da muacutesica da Corte conservavam-se foacutermulasencantatoacuterias de exorciSIllO de muacutesica maacutegica e terapecircutica (p62)

Entre os egiacutepcios assim como entre os sumerianos Wiora menciona aocolTecircncia de representaccedilotildees de animais muacutesicos cuja significaccedilatildeo eacute controversa

mas sem nenhuma duacutevida elas tecircm por base velhas histoacuterias muitoconhecidas tendo dado lugar tambeacutem a representaccedilotildees mimicas nessesanimais muacutesicos de antigas culturas superiores sobreviviam motivos derivadosde ritos e de jogos mascarados da era preacute-histoacuterica (p62)

Sumerianos e egipcios segundo o mesmo autor tambeacutem utilizaram a muacutesicaem eventos como festejos da fecundidade da natureza tal como na preacute-histoacuteriadiferindo desta fase por uma maior independecircncia da natureza (compare-se porexemplo caverna e templo)

A inexistecircncia de notaccedilatildeo musical nas altas culturas parece certa poissomente mais tarde entre Feniacutecios e Gregos encontram-se os primeiros vestiacutegiosde notaccedilatildeo passando-se a objetivar os sons por notas (Wiora 1961 p65) Passospara essa objetivaccedilatildeo segundo Wiora satildeo sem duacutevida a praacutetica da quironomiano Eg~to ao transpor os sons para gestos das matildeos e braccedilos e a possiacutevel praacuteticada antIga Mesopotacircmia de designar os sons por siacutelabas

Wiora tambeacutem registra o emprego de relaccedilotildees numeacutericas - talvez extrashymusicais cosmoloacutegicas - na muacutesica das altas culturas Exemplos como amctrificaccedilatildeo de cantos de encantaccedilatildeo sumerianos ou a contagem de intervalosmusicais c de acordes podem ser apontados segundo ele

2) O segundo periodo da segunda idade da muacutesica segundo Wiora comeccedilaCOI~ o nascimento da teoria musical e de uma concepccedilagraveo filosoacutefica da muacutesica na-IChIna e na Greacutecia J

Poucos fragmentos musicais restaram da Antiguumlidade Greco-Romana epouco nos permitem conhecer da muacutesica desse periacuteodo Contudo assinala Wiora

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a arte musical era uma parte essencial da vida cultural grega constata-sepelo alto apreccedilo de que ela desfrutava em relaccedilatildeo agraves outras artes (p72)

Candeacute (1981) referindo-se agrave civilizaccedilatildeo greco-latina afirmaFoi na Greacutecia onde pela primeira vez a~onsciecircncia musical

apareceram a ambiccedilatildeo de criar e o gosto de escutar Durante mileacutenios amuacutesica viveu a eficaacutecia religiosa maacutegica terapecircutica militar se dirigia aosdeuses e aos reis aos poderes visiacuteveis e invisiacuteveis Entre os gregos se converteem arte em uma maneira de ser e de pensar revela sua beleza ao primeiro

puacuteblico socialmente consciente (p68)Ser mousikos significava para os gregos ser muacutesico e ser culto e se

considerava como mais digno do que dedicar-se agraves artes plaacutesticas Menuhin(1981 p 35 ) referindo-se a essa alta estima que a Greacutecia atribuiacutea agrave muacutesicaafirma que o proacuteprio termo para designar um homem educado e distinto queria

dizer homem musicalWiora assinala que os gregos fundaram as primeiras bases do conhecimento

obrigatoacuterio e geral da muacutesica pela linguagem e pela escrita sua teoria e suafilosofia _ A arte dos sons eacute universalmente conhecida pelo nome gregomuacutesica ( p 72) Cabe contudo relativizar a afirmativa do autor pois sabe-sehoje que haacute sociedades que natildeo tecircm uma palavra especiacutefica para designar um

evento puramente musical tal como noacutes o fazemosSegundo Wiora (1961) a palavra muacutesica teve sua origem na religiatildeo grega

sendo a uacutenica arte cujo nome deriva de uma divindade Os mitos ligam as divindadesagrave muacutesica a sua--manifestaccedilotildees seus instrumentos seus modos etc

Menuhin ( 1981) afirma que para os gregos a muacutesica era interligadacom a ideacuteia das nove Musas fontes de inspiraccedilatildeo para todas as artes (p37)Ainda agrave mesma paacutegina o autor assinala que a proacutepria palavra muacutesica vem dagrega Ilusiki significando todas as artes das nove musas

Candeacute (1981) aponta para o fato de que sendo a muacutesica derivada do ensinodas Musas requer uma instruccedilatildeo que natildeo pode ser puramente esteacutetica seconverte em disciplina escolQ em objeto de maestria da medida de valores

eacuteticos eacute uma sabedoria ( p 72)Wiora (1961) aponta tambeacutem para os diversos efeitos do canto entre os gregos

O canto culivava aos gregos nos festins nos sacrificios nos jogos puacuteblicosnos campos de batalha e nos alegres banquetes O canto os acompanhava aoreino dos mortos e adoccedilava os terrores dos Infernos (p 72)

Menuhin (1981) referindo-se a danccedilas que ainda hoje sobrevivem na Greacuteciaafirma que em muitas vilas o terreiro de debulhar o aloni eacute o uacutenico lugar grande e planopara a danccedila comunal e sugere que essas danccedilas atuais derivam de danccedilas comunaiscom dois mil anos de idade ou mais que eram associadas agrave pratica da debulha

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Outro aspe~to que ~iora ressalta na muacutesica grega eacute a eacutetica musical que se~tremeav~ a motIvos mltlcos e filosoacuteficos Platatildeo procurava conservar o sensoetIc da mUSIca e renovaacute-lo rejeitava com base nesse senso eacutetico o que fossenocIvo para o homem e para a moralidade da sociedade

Cand~ (1981) afirma que para os pitagoacutericos a muacutesica eacute umarepresentaccedilao da harmonia universal sendo seu conhecimento necessaacuterio

porque _~~uc~ a ~lma (p 18) Candeacute f~z ta~beacutem referecircncia agraves propriedades queos gregos atnbUla~ a ~uslca - edUCaCIOnaIS morais e politi_cas bem como aos pengos de seu usomdevIdo-

M~uhin (198 i)-~fi-~a que a perfeiccedilatildeo da Cidade-Estado seguiu de matildeosd~d~s ~om uma educaccedilatilde~ musical dirigida considerada essencial para um povodlsclplznado O papel prinCIpal da muacutesica na Greacutecia era formar o caraacuteter

C_ande (198 ~) tambeacutem faz referecircncia ao papel da muacutesica na educaccedilatildeo e naf~rmaccedil~o ~o c~rater bem como na distraccedilatildeo do povo e na celebraccedilatildeo deCIrcunstanCIaS t~lstes ou alegre~

Damon cItado por Cande lt21981) abordando aspectos tambem focalizadospor Platatildeo e Aristoacuteteles afirma que

A arte eacute imitaccedilatildeo e a alma imita por sua vez os simulacros da arteMas na muacute~ica os modelos natildeo satildeo objetos mas ideacuteias accedilotildees e a ordemdas cOIsas E passivei pois imitar tanto o bem como o mal eacute um perigo parao Estado que deve cuidar da qualidade da educaccedilatildeo( p 75)

Schurmann (1989) aborda a situaccedilatildeo cultural da Greacutecia enfatizando tratarshyse de ul ~istema que se assenta num tipo inteiramente novo de relaccedilotildees deproduccedilao p34) Segundo o autor a consolidaccedilatildeo dessas novas relaccedilotildees jaacute natildeocorrespondIa aos mtere~ses de toda a comunidade e a garantia dos privileacutegios daclasse dmmante passana a depender da seguranccedila civil que soacute o Estado poderiaproporcIOnar

~ntre os meios de que o Estado lanccedilaria matildeo estariam a repressatildeo e apersuasao esta de ordem ideoloacutegica envolvendo a dominaccedilatildeo cultural que atingiriaa arte em geral e a muacutesica

Assinl se explica o fato de que o inicio da civilizaccedilatildeo europeacuteia a~artll- ~as CIdades-Estado da Antiguumlidade Grega a cultura oficial do estadoera ~lgl~a~lente regulamentada e imposta a todos os cidadatildeos ficando todatendencla 1I10vadora () sujeita a uma severa marginalizaccedilatildeo (Schurmann1989 p35) ~

Schurmann assinala acisatildeo ocorrida nesse periacuteodo entre classe dominanteacutee c~asses populares agraves quais correspondiam culturas diferentes e muacutesicas diferentesA etIca musical grega refletia diretamente a necessidade de predomiacutenio da primeirasobre as demais

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Wiora (1961) identifica entre os gregos a origem da Musicologia e daocorrecircncia pela primeira vez na evoluccedilatildeo da muacutesica de textos que tratamespecificamente de sua teoria O aspecto matemaacutetico deste conhecimento(teoacuterico) foi traccedilado pelos Pitagoacutericos e tem suas raiacutezes na antiga miacutesticapitagoacuterica dos nuacutemeros ( ) Pitaacutegoras havia ele mesmo se apoiada nas

tradiccedilotildees mesopotacircmicas e egipcias (p 77) A~pectos musicais matemaacuteticos e miacutesticos se interligavam e a fraternidade

religios~ fundad~por Piacutetaacutegoras buscava atingir segundo Wiora a purificaccedilatildeo daalma pela via monaacutestica e pela muacutesica esperando escapar ao ciclo de migraccedilatildeo daalma pela iniciaccedilatildeo aos misteacuterios dos nuacutemeros eternos e da harmonia coacutesmica

Candeacute (1981) apresenta referecircncias agrave concepccedilatildeo pitagoacuterica de boa muacutesicacom base em relaccedilotildees matemaacuteticas O mesmo autor afirma que Aristoacutetelesacrescenta agraves especificaccedilotildees eacuteticas da muacutesica ( que por sua vez relacionam-se aconcepccedilotildees matemaacuteticas) a doutrina da Katharsis Trata-se de um meacutetodopsicoteraacutepico por analogia em que a muacutesica excita na alma enfermasentimentos violentos que provocam uma espeacutecie de crise que favorecem oretorno ao estado normal (Aristoacuteteles Poliacutetica VIII 7)

Wiora (1961) menciona o nascimento da notaccedilatildeo musical entre os gregos ea relaciona ao espiacuterito objetivo reforccedilado por eles no conjunto da cultura musical

Apesar do surgimento da notaccedilatildeo e da ritmografia serem frequumlentementecitadas como mateacuterias de exame os gregos mantiveram segundo Wiora umaseparaccedilatildeo entre teoria e notaccedilatildeo - os escritos teoacutericos natildeo continham exemplosmusicais Tambeacutem a tradiccedilatildeo da transmissatildeo oral da muacutesica natildeo foi abandonadapor eles em consequumlecircncia do desenvolvimento da notaccedilatildeo fato que tambeacutem eacute

assinalado por Menuhim (1981)( Depois de absorvida pelo impeacuterio romano a muacutesica grega daacute origem segundo

Wiora (1961) a uma nova cultura musical aparecendo em teatros circosdistraccedilotildees e danccedilas - a esta passagem da muacutesica agraves massas correspondiaum gecircnero de muacutesica que se distanciava das massas (p86)

As elites _classes superiores e grupos esoteacutericos -fecharam-se segundo omesmo autor em si mesmas e dedicaram-se a praacuteticas musicais saudosistas

fantaacutesticas idiacutelicas ou de especulaccedilatildeo metamusicalA tendecircncia a opor a muacutesica racional e divina agrave popular agravequela que

deleita a massa vulgar eacute contudo segundo Wiora uma experiecircncia de acircmbitorestrito O autor cita depoimentos da eacutepoca que repudiam a muacutesica enquantodisciplina matemaacutetica Contudo pela influecircncia histoacuterica que essa muacutesica exerceuposteriormente ela se toma muito importante atraveacutes de seus escritos pois a

muacutesica viva se perdeu

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Menuhin (1981) assinala que quando Roma derrotou a Greacutecia copiou-lhe am~s~ca J~ntam~nte com a arquitetura e a escultura mas que a importacircncia damUSica ~l1111nUIU muit~ porque Roma orientava-se para a palavra a lei e aespada (p40) DepOIs da queda da civilizaccedilatildeo romana uma nova forccedila culturalcomeccedilou a emergir no Ocidente -a Igreja Cristatilde

o~traveacutes dos romanos que dominaram os gregos a muacutesica grega veio aconst~tUlr a base da muacutesica cristatilde primitiva associada a praacuteticas musicais e religiosasdos Judeus que por sua vez herdaram caracteriacutesticas d0s diversos lugares queatravessaram e ocuparam em sua conturbada histoacuteria

Candeacute (1981) referindo-se agrave civilizaccedilatildeo Greco-Romana afirma A partirda conquista Romana e sobretudo desde o advento do Cristianismo a muacutesicajaacute natildeo se destina ao povo a natildeo ser para sua edificaccedilatildeo ou sauacuted Duranteseacuteculos a muacutesica saacutebia seraacute patrimocircnio-aflreja e dos po_deres (p22)

O mesmo autor afirma que na obra da maior parte dos autores a muacutesicaaparece como elemento de luxo ou recreaccedilatildeo entre os romanos natildeo estando realmenteintegrada agrave c~ltura sendo ~ue a profissatildeo de muacutesico natildeo tem nenhum prestiacutegio

o Cande (1981) assmala uma gradativa separaccedilatildeo entre muacutesicos ativos eassIstentes executan~e~ - criadores e ouvintes no periacuteodo que abrange a maiorparte das grandes cIvlhzaccedilotildees da antiguumlidade e os primeiros seacuteculos da EraCrist~ em~oraa m~sica permaneccedila nesse periacuteodo sempre como uma manifestaccedilatildeocoletlva i N penodo de decadecircncia da civilizaccedilatildeo grega essa tendecircncia deseparaccedilatildeo eacute mtensa e a muacutesica se converte em arte de especialistas I

Candeacute considera tambeacutem que a especializaccedilatildeo favoreceu atildedecadecircnciada muacutesica nesse periacuteodo e citando Wiora refere-se agrave existecircncia entre os romanosde uma ~~sica faacutecil para uso do povo - havia nessa fase uma niacutetida separaccedilatilde~entre mUSIca popular e muacutesica culta

o 3) O terceiro periacuteodo da segunda idade da muacutesica corresponde segundoWIOra (1961) agrave sobrevivecircncia da Antiguumlidade no Oriente e o desenvolvimentopos~eri~r da muacutesica nas culturas orientais superiores Segundo o autor em todas~sc1V1h~accedile~~rientais distinguem-se quatro fases sucessivas 1a) derivaccedilatildeo daslalzes pre~hIstoncas (por exemplo a heranccedila megaliacutetica na China) 2a

) modificaccedilatildeodessas raIzes pelas culturas arcaicas superiores formadas por volta de 3000aoC 3) influecircncias (sobre o Oriente) da Antiguumlidade grega e do Cristianismo4) desenvolv~mento proacutep~io ~e cada uma das civilizaccedilotildees orientais sobre a triacuteplic~~eranccedila descnta nas 3 pnmeIras fases com intenso relacionamento muacutetuo eInfluecircncias reciacuteprocas

Apesar de em linhas gerais a muacutesica oriental apresentar caracteriacutesticasunIformes Wiora enfatiza a existecircncia de diversidades ( ) do ponto de vistaSocioloacutegico as diversas especulaccedilotildees ou interpretaccedilotildees simboacutelicas natildeo

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refletem absolutamente a concepccedilatildeo musical de conjunto de um povo mascorresponde a uma elite intelectual ou a uma classe particular (p 104)

Wiora assinala aleacutem das diversidades de concepccedilotildees o sentIdo vanadoque o termo muacutesica tinha na Iacutendia na China tal ~omo na Greacutecia - na antiga

literatura ele compreendia tambeacutem a danccedila a poesIaietcO autor ilustra essas diversidades com exemplos variados como o da relaccedilatildeo

entre muacutesica e determinismo astroloacutegico e cosmoloacutegico sem nenhuma duacutevidaa euforia que a muacutesica proporciona repousa em grande pa~te na nossaprofunda dependecircncia dos periodos e ritmos do mundo extenor e de seus

movimentos automaacuteticos (p1 04)Candeacute (1981) faz referecircncia referindo-se agraves Antigas Civilizaccedilotildees Orientais

agrave crenccedila metafisica na correspondecircncia da muacutesica com a ordem do mundo e ao

caraacuteter maacutegico do somMenuhin (1981) referindo-se agrave antiga China afirma que os instrumentos que

produziam muacutesica sob a conduccedilatildeo humana eram considerados como um elocom o divino e o eterno Afirma ainda que tais objetos tinham que ser preservadosprincipalmente peIa importacircncia que se dava ao culto do ancestral poi(possldr uminstrumento verdadeiramente antigo era como possuir um pedaccedilo da alma d-um antepassado tocando com outros dedos onde os dele havi~m tocado (p 1SU

Outros exemplos de Wiora reportam agraves concepccedilotildees ligadas ao aspecto

dinacircmico e irracional da m~~ica~o mundo Assim na metafiacutesisa-Wpdu a muacutesica eacute~ com a forccedila ongmal Impessoal denommada porltSC~~R-~n~somo

vontadebase comum de toda germinaccedilatildeo de todo poder de todo deseJo OBhrama dos Vedas tambeacutem se relaciona a essa forccedila fundamental e sempre

atuante significando originalmente canto foacutermula cantada verboWiora e Candeacute referem-se tambeacutem agrave concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica que se

desenvolveu sobretudo na antiga Chiacutena A esse respeito Tchocian- Tseacute citado

por Wiora se pergunta o que eacute uma alma nobre Eacute aquela que se conforma aos princiacutepios da hlllllanzdade realzzando

boas accedilotildees que segue as regras da justiccedila respeita os bons haacutebitos na su~conduta exprime pela muacutesica o sentido de harmonia e consequumlentemente e

bom e compadecido ( p lOS)Menuhin (1981) a respeito da concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica afirma Tanto a

Greacutecia como a China equiparavam muacutesica com moralidade es~a er~ um ~imb~lopara o bem do homem Confuacuteciacuteo por volta do ano 500 AC disse O cmmiddotater e aespinha dorsal da cultura humana A muacutesica eacute o floresciacutemento d~ caraacutete~ (p ~ O~)

Ainda a esse respeito Menuhin afirma que para os chmeses a musicaera uma ferramenta para governar os coraccedilotildees das pessoas e que diziameles se houvesse muacutesica no lar haveria afeiccedilatildeo entre pai e filho e se houvesse

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muacutesica e~ puacuteblico haveria harmonia entre as pessoas Le Ly Kim poetachmes do VII seculo ac citado por Menuhin escreveu A virtude eacute nossaflor predileta A muacutesica eacute o perfume dessa flor

Referindo-se aos judeus Candeacute (1981) relaciona menccedilotildees biacuteblicas agrave muacutesicaentre eles aparecendo entre as referidas citaccedilotildees o registro de funccedilotildees rituais emilitares da muacutesica assim como de efeitos terapecircuticos

Contudo em Isaiacuteas Esequiel e Job Candeacute aponta referecircncias negativas agravemuacutesica relacionando-a ao mal e agrave depravaccedilatildeo

Menuhin (1981) acrescenta a essas informaccedilotildees a referecircncia agrave praacutetica decontar histoacuterias utilizando muacutesica o que ajudava a manter viva a memoacuteria de umacivilizaccedilatildeo Antigas tradiccedilotildees musicais atuais sobreviventes no Oriente Proacuteximoainda preservam histoacuterias semelhantes agraves do rei Gilgamesh um semideus cantadoem poemas desde tempos antigos

Candeacute (1981) referindo-se agrave muacutesica da Antiguumlidade que abarcaria a 2 idadecomo um todo apresenta exemplos que associam segundo ele muacutesica a sabedoria Omesmo autor referindo-se agraves antigas civilizaccedilotildees orientais afinna que todas fazem evidentea importacircncia das funccedilotildees rituais maacutegicas terapecircuticas e inclusive poliacuteticas da muacutesica(pS2) Ele assinala tambeacutem que as regras musicais fundamentam-se em misteriosascorrespondecircncias e natildeo estatildeo relacionadas com o gosto sendo imutaacuteveis essenciaisgarantidas de paz e prosperidade impotildeem o dever moral de respeitaacute-las (pS2)

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Constata-se atraveacutes de diversos autores a ocorrecircncia desta funccedilagraveo AgravegUIsa de exemplo pode ser citado Menuhin (1981) quando assinala a separaccedilatildeoda fala e da muacutesica a partir do advento da escrita a primeira destinando- seatraveacutes da escrita agrave transmissatildeo de mensagens simples e a muacutesica destinando-s~agrave expressatildeo de sentimentos complexos Outros exemplos poderiam ser obtidosentre os gregos atraveacutes da eacutetica e da Katharsis esta preconizada por Aristoacuteteles

Todos os autores apontam unanimemente para a teoria da eacutetica musicalentre os gregos e certamente essa teoria pressupotildee a funccedilatildeo da expressatilde~emocional que contudo deveria ser dirigida e canalizada para o alcance dedeterminados objetivos Tambeacutem os chineses valorizaram essa concepccedilagraveo

Da mesma forma a concepccedilatildeo aristoteacutelica da Katharsis pressupotildee aexpressatildeo emocional atraveacutes da muacutesica desencadeando uma espeacutecie dedescompressatildeo de movimento fora de si ( emoccedilatildeo) (Candeacute 1981 p 7S)

A utilizaccedilatildeo terapecircutica da muacutesica a que muitos autores fazem referecircnciana 2 idade da muacutesica entre diversos povos tambeacutem reportaria agrave incitaccedilatildeo daexpressatildeo emocional visando a extravasaacute-la e a obter beneficios terapecircuticos

49

Aula
Nota
Vitor F (1309)

~

_ mocional eacute interessante citar SantoAinda ~ respeIto da expres~~uacute~timostem~osda segunda idade da muacutesica

Agostmho cUjas palavras remontam aacutevel inclino-me a aprovar o costume( ) sem proferir sentenccedila Irrevog d t demasiado elos deleites do OUVI o o espm o

de cantar na igreja para que p d Q d s vezes a muacutesica me sensibilizabull r t s da pteda e uan oa

fraco se eleve ate aos aJe o dor ue equei Neste caso por castigomais do que as letras confesso com qd P to (1973 p220)

Emiddot ue esta o me encon f bull

preferiria natildeo ouvir cantar IS em q

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

_ or Merriam a do prazer esteacutetico pareceA segunda funccedilao IdentIfica~ P mplos fartos a esse respeito nos

bastante evidente na 2a bull idade da mUSIca e os exe

diversos autors ~onsultado~(1981) a uma muacutesica doce e refinada com funccedilatildeoA reer~ncIa de C~n~e 59 ermite pressupor a funccedilatildeo do ~razer

mais domestica que reltglOsa (p ) p bt domeacutestico atraveacutes da mUSIca Oesteacutetico quando o deleite era buscado no alO I 0

t d como prazer estetIcodeleite pode ser mterpre a o ~ sIca como regalo auditivo entre

W (1961) ao relenr-seamuTambem IOra d funccedila-o do prazer esteacutetico lar a ocorrencIa a

os egIpclOS permIte assma b exemplo dessa funccedilatildeo na 2abull Idade

Menuhin (1981) oferece-nos talO ~~ umd

nava a vida religiosa esteacuteticad fi ue a musica oml

entre os gregos quan o a Irma q ~ domiacutenio da vida esteacutetica o autor ifi ( 35) Ao relenr-se aomoral e Clentl Ica p d

f atildeo aqui consIdera aparece repo~ar-se a unccedil _ d muacutesica e ao gosto de escutar entre

Cande (1981) refere-se a ambIccedilao e Ancn~r dade ter atingido uma consciecircncia beacute f t de esse povo na tIgUI O

osgregos e tam 10 ao a o b 1 um puacuteblico socialmente conscIentemusical - a muacutesica revelando sua e eza af d Candeacute em duas modalidadesprazer esteacutetico pode ser identifica~o nas re~~~sosedistingue (p68)_o prazer de criar e ode escutar ta como t -o anterior de Santo Agostinho

- rt o relembrar aqUI CI accedila Tambem e opo un t r agrave funccedilatildeo de prazer estetIco

relativa aos deleites do ouvido o que permIte reme e

Funccedilatildeo de Divertimento

r Merriam eacute a de divertimento e segundoA terceira funccedilatildeo IdentIficada po

t das as sociedades o autor aparece em o d C deacute (1981) quando menCIOna a

Tal funccedilatildeo aparece exemplIfica a p~~ t an_ do povo segundo referecircnciasutilizaccedilatildeo da muacutesica entre os Gregos para IS raccedilao

na Iliacuteada e na Odisseacuteia

50

Wiora (1961) tambeacutem se refere agrave muacutesica utilizada para a distraccedilatildeo dasmassas na Roma antiga assim como Candeacute (1981) cita a muacutesica como elementode luxo e recreaccedilatildeo entre os romanos

A muacutesica acompanhada de danccedila como aparece fartamente representadana iconografia desse periodo parece remeter tambeacutem agrave funccedilatildeo de divertimento

O uso domeacutestico da muacutesica citado por Candeacute (1981 ) embora pareccedila remeteragrave funccedilatildeo de prazer esteacutetico pode tambeacutem reportar agrave funccedilatildeo de divertimentoTambeacutem o papel de regalo auditivo entre os gregos referido por Wiora (1961)pode remeter agraves duas funccedilotildees acima mencionadas

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A quarta funccedilatildeo assinalada por Merriam eacute a de comunicaccedilatildeo e ao referir-se agraveseparaccedilatildeo da muacutesica e da fala Menuhin (1981) menciona a expressatildeo (e implicitamentea transmissatildeo de sentimentos complexos o que corresponderia a esta funccedilatildeo)

Tambeacutem ao referir-se aos sumerianos citando a possibilidade de a muacutesicaabrir o caminho para o ceacuteu Menuhin (1981) permite pressupor a funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo - a muacutesica estabelecendo o elo com as divindades Tambeacutem aoparticipar do culto dos mortos entre esses povos eacute possiacutevel que a muacutesica servissede elemento de comunicaccedilatildeo entre aqueles e os vivos (Wiora 1961 p46)

Damon citado por Candeacute (1981) ao afirmar que a muacutesica imita ideacuteiasaccedilotildees e a ordem das coisas podendo induzir o bem e o mal tambeacutem parece permitira identificaccedilatildeo da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo na muacutesica da antiga Greacutecia na medidaem que comunicaria tais conteuacutedos a partir de sua representaccedilatildeo simboacutelica

Schurmann (1989) ao identificar a muacutesica na Greacutecia como elemento depersuasatildeo ideoloacutegica visando agrave manutenccedilatildeo do predomiacutenio da classe dominantepossibilita remeter agrave funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo da muacutesica

A proacutepria identificaccedilatildeo que Candeacute faz da muacutesica na 2a bull idade comopredominantemente coletiva pode conter uma referecircncia impliacutecita agrave funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo - o envolvimento coletivo pressuporia a comunicaccedilatildeo entre oselementos da comunidade Cabe contudo lembrar que o proacuteprio Merriam consideraque essa funccedilatildeo precisa ser melhor estudada

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica eacute a quinta relacionada por MerriamqUe considera quase fora de duacutevida sua ocorrecircncia em todas as sociedades comoUma representaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos

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Um exemplo por excelecircncia seria a concepccedilatildeo grega de imitaccedilatildeo segundo aqual a arte _e em especial a muacutesica - imitam modelos No caso da muacutesica os modelosseriam ideacuteias accedilotildees e a ordem das coisas imitados ou simbolizados atraveacutes dela

A China antiga parece oferecer tambeacutem exemplos pertinentes agrave funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica A correspondecircncia que os antigos chineses estabeleciamentre as notas musicais e elementos da natureza estaccedilotildees do ano classes sociaisdivindade~etcpennite atribuir agrave sua muacutesica a funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelicaA referida correspondecircncia eacute assinalada por inuacutemeros autores e fartamenteexemplificada na literatura especializada A simbologia da muacutesica chinesa estaacuteintimamente ligada agrave eacutetica musical talvez com mais intensidade que na antiga

GreacuteciaOutros exemplos pertinentes agrave funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica todos

eles _jaacute apontados anterionnente neste capiacutetulo remetem agraves relaccedilotildees numeacutericassubjacentes agrave musica interligando-a a fatos de ordem metafiacutesica ou miacutestica agravespropriedades maacutegicas dos instrumentos agraves relaccedilotildees entre muacutesica e mitologia Asrepresentaccedilotildees de animais muacutesicos tambeacutem parecem remeter agrave funccedilatildeo lqui

considerada

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

A sexta funccedilatildeo na categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a de reaccedilatildeo fisica eentre os exemplos apontados por ele estatildeo a possessatildeo pelo menos em parteprovocada pela muacutesica em muitos rituais e o excitamento e a canalizaiacuteatildeo ao

comportamento da multidatildeoTambeacutem quanto a esta funccedilatildeo os exemplos parecem fartos na 2

abull idade da

muacutesica A referencia que Wiora (1961) faz ao registro entre os sumerianos de

combate de boxe acompanhado de tambores e ciacutembalos parece ilustrar esta funccedilatildeoa de reaccedilatildeo fisica uma vez que tais instrumentos muito provavelmente estariam

incitando o ritmo da lutaAs citaccedilotildees que aparecem em inuacutemeros autores ao acompanhamento musical

ao trabalho na 2 idade da muacutesica tambeacutem serviriam de ilustraccedilatildeo a esta funccedilatildeoMenuhin (1981) por exemplo referindo-se ao Egito menciona a associaccedilatildeo damuacutesica ao trabalho (p5) Wiora (1961) tambeacutem faz referecircncia ao acompanhamentomusical ao trabalho entre os egiacutepcios seja na forma de canto de muacutesica

instrumental ou de ruiacutedos riacutetmicosTomada no que concerne agrave provocaccedilatildeo do estado de ecircxtase a funccedilatildeo de

reaccedilatildeo fisica tambeacutem parece evidente na 2 idade da muacutesica Wiora (1961) emexemplo anterionnente apresentado refere-se agrave muacutesica de cunho religioso no Egito

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antigo ~finnando que tal como o efeito divinizante do incenso a muacutesicapreenchl~ os lugares deum fluido sagrado nos cerimoniais religiosos (p52)

WlOra (196~) amda com relaccedilatildeo agrave antiga muacutesica egiacutepcia refere-se afonnulas encantaton~s e d~ exorci~mo de muacutesica maacutegica e terapecircutica queprovavelmente assocIavam mfluencIas psicoloacutegicas e fiacutesicas

As funccedilotildeesterapecircuticas e militares citadas tambeacutem por diversas autoresque aborda~ a 2 Idade da muacutesica exemplificam a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica Candeacute( 198) ~s~mala a o~orrecircnci~ dessas funccedilotildees entre os Gregos ao mencionar afunccedilao mIlItar da musIca eglpCIa O mesmo autor referir-se agrave doutrina da Katharsissegundo Aristoacuteteles ta~beacutem permite cogitar-se da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica (enaturalmente por aSSOCIaccedilatildeo psicoloacutegica) A ass~iaccedilatilde da ~uacutesica agrave danccedila encontraacutevel em todos os povos e em todas asIdades da mU~lca - Incluslve na 2 Idade - eacute outro exemplo da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

Tambem WlOra (1 ~~ 1) ao mencionar euforia que a muacutesica proporcionaassocIando-a entre as CIVIlIzaccedilotildees orientais aos processos perioacutedicos e ritmadosdo mundo exterior pode ser citado para ilustrar a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica

As referecirc~ci~s biacuteblicas agrave muacutesica tambeacutem incluem menccedilatildeo agraves funccedilotildeesmllIt~res e terapeutlcas entre os antigos hebreus e tambeacutem podem ser tomadaspara Ilustrar a funccedilatildeo aqui analisada (Candeacute 1981 p65) As concepccedilotildees eacuteticas da muacutesica notadamente na China e na Greacutecia na 2a

bull

Idade da muacutesica agraves quais encontram-se referecircncias fartas em toda a bibli~grafia~onsult~da tambeacutem se relacionam agrave funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica ao pressuporeml~terferencIa no compo~amento humano - a docilidade ou o iacutempeto guerreironao pare~em ser exclusIvamente atitudes psicoloacutegicas sem correspondecircncia noplano fiacuteSICO

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

A seacutetima funccedilatildeo considerada por Merriam a de impor conformidade agravesnormas sociais tambeacutem parece ser de faacutecil identifiacutecaccedilatildeo na 2a

idade da muacutesicaToda a concepccedilatildeo eacutetica da muacutesica bastante presente na 2 idade da muacutesica

mormente na China e na Greacutecia se presta a exemplificar a ocorrecircncia desta funccedilatildeo Schurmann (1989) refenndo-se aos primoacuterdios da sociedade gentiacutelica (que

se msere na 2abull idade da muacutesica) afirma que passou-se a exigir agrave muacutesica uma

funccedil~ 1 d dc ~o ~mcu a a a natureza o Estado ou seja uma funccedilatildeo especiacutefica queontnbUIsse para aformaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo da estrutura de classes (p34)

n A Hauser CItado por Schurmann (1989) afirma que Oliacutempia era o locall~IS Importante de propaganda na Greacutecia o local onde se formava a opiniatildeo

publica do paiacutes e a consciecircncia da unidade nacional da aristocracia (p36)

53

z

Entre os chineses os princiacutepios de estabilidade do Estado associados agrave musica

satildeo citados por diversos autores podendo ser tambeacutem incluiacutedos no acirc~bit ~esta funccedilatildeoReferindo-se aos gregos mais especificamente aos pltagoncos Cande

(1981) tambeacutem apresenta exemplo pertinente a esta funccedilatildeo quando ~~a quepara eles a muacutesica era essencial no caminho da sabedoria e da ClenCla mastambeacutem era necessaacuteria ao povo e aos escravos por educar-lhes a alma e o

sentimento garantindo a estabilidade e a prosperidade do ~~tado (p18) _As inuacutemeras referecircncias agraves concepccedilotildees eacuteticas da mUSica segundo Platao e

Aristoacuteteles fartamente encontraacuteveis na bibliografiaconsultada tambeacutem apontam na direccedilatildeoda imposiccedilatildeo de conformidade agraves normas sociais - Nada ~ pode mudar ~os modos damuacutesica sem comover a estabilidade do Estado (Platatildeo Citado por Cande 1981 p17)

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

A presenccedila da muacutesica na 2 idade em rituais religiosos e em grande n~merode festejos e comemoraccedilotildees eacute intensa e inuacutemeros dos exemplos aqUI citadosanteriormente neste capitulo exemplificam tal participaccedilatildeo cabendo cogitar sobre

a funccedilatildeo de validaccedilatildeo de tais eventosAs honras conferidas aos muacutesicos entre os assiacuterios e a utilizaccedilatildeo entre eles

da muacutesica como siacutembolo de poder de respeito e de vitoacuteria referidos anteriormente

segundo Candeacute (1981 p57) parecem pertinentes agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo O mesmo autor refere-se tambeacutem com base em documentos do lmpeno

Meacutedio no Egito agrave muacutesica com funccedilatildeo ritual religiosa e militar o que tambeacutem

permite citaacute-lo quanto a esta funccedilatildeo (p59) Entre os hebreus Candeacute (1981 p65) faz referecircncia baseada na BlblIa a

promulgaccedilatildeo da lei no Sinai ao som do schophar assim como a danccedilas ~reacuteshynupciais e agrave marcha de sacerdotes (ao som tambeacutem do schophar) na conquista

de Jericoacute Esses exemplos parecem cabiacuteveis agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo Os hinos gregos (a Apolo ao Sol etc) dos quais alguns fragmentos escrItos

foram encontrados e que satildeo referidos por diversos autores tambeacutem podem ser

interpretados como pertinentes agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Segundo Merriam se a muacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer

esteacutetico diverte comunica provoca reaccedilatildeo fisica impotildee conformidade as normas

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sociais e valida instituiccedilotildees sociais e religiosas eacute claro que ela contrib UI para a

contmUldade e estabilidade da cultura Assim sendo como todas as fu - fi nccediloesantenores Ja ora~ demonstradas como pertinentes agrave 2 idade da muacutesica estanona funccedilatildeo estana consequumlentemente jaacute exemplificada

Cabe contudo ressaltar alguns exemplos como a praacutetica de contar histoacuteriasutilizando muacutesica que segundo Menuhin (1981) contribuiria para manter viva ~memoacuteria de uma civilizaccedilatildeo Os poemas cantados relatando lendas e mitos satildeocitados por diversos autores como o proacuteprio Menuhin ao abordarem o periodoaqui enfocado

Um outro exemplo interessante de ser relembrado eacute a concepccedilatildeo eacutetica damuacutesica q~e entre outros aspectos buscava a estabilidade poliacutetica e social o quepode bem Ilustrar a funccedilatildeo de contribuir para a continuidade e estabilidade da culturaExemplos a esse respeito jaacute foram apresentados anteriormente neste capiacutetulo

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

A deacutecima funccedilatildeo social da muacutesica segundo Merriam eacute a de contribuiccedilatildeopara a integraccedilatildeo da sociedade Tambeacutem neste caso a exemplificaccedilatildeo jaacuteapresentada pertinente agrave 2 idade da muacutesica parece ser suficiente para ilustrar aocorrecircncia desta funccedilatildeo no periodo aqui considerado A muacutesica em louvor doslideres ou heroacuteis a muacutesica associada agrave danccedila aos rituais ou ao trabalho ouuniformizando coletivarnente o sentimento de feacute exemplos jaacute citados podem servirde exemplos da funccedilatildeo de integraccedilatildeo social

Concluindo a revisatildeo de funccedilotildees sociais da muacutesica segundo classificaccedilatildeode Merriam no periacuteodo que Wiora denomina 2 idade vale registrar que as dezfunccedilotildees descritas por Merriam parecem encontrar farta exemplificaccedilatildeo na literaturaexaminada o que certamente eacute um ponp inte~nte para reflexotildees posteriores

~-- ( -------------

Terceira Idade da Muacutesica

Passando ao exame da 3 idade da muacutesica segundo Wiora cabeInICialmente situaacute-Ia segundo o autor a partir da Alta Idade Meacutedia distinguindoshyse pela poli fonia pela harmonia pelas grandes formas tais como a sinfonia eoutras caracteriacutesticas desconhecidas anteriormente

A terceira idade tal como Wiora a delimita corresponde agrave fase que muitosautores caracterizam como de definiccedilatildeo de uma muacutesica ocidental culta

Leuchter (1946) no capiacutetulo denominado O nascimento da muacutesica cultano ocidente afirma

55

Aula
Nota
2009 Milena e Mariana

~

As caracteriacutesticas tanto espirituais como teacutecnicas da muacutesica orientaltambeacutem o satildeo da primitiva muacutesica cristatilde Natildeo se havia constituiacutedo contudouma muacutesica artiacutestica de essecircncia ocidental por haver achado o Ocidente suaexpressatildeo musical nas melodias populares

Coexistiram pois nos primeiros seacuteculos do Cristatildeos duas corre~tes

independentes a da muacutesica artiacutestica como a e~lesiaacutestica e a de c~rater

popular Ao se confundirem ambas nascera uma mUSIca ~rtlstlca

genuinamente ocidental e natildeo antes de haver transcorrzdo dez seculos dehistoacuteria cristatilde (p16)

O surgimento pois de uma muacutesica ocidental tiacutepica e seu des~brocha~ ~m

diversas formas gecircneros teacutecnicas e estilos eacute o que caracteriza a partIr da anahsede Leuchter a fase descrita por Wiora (1961) como a 3a

idade da muacutesica--- 0 que se entende por muacutesica ocidental natildeo eacute toda a muacutesica da Europa

desde a pre-histoacuteria ateacute nossos dias eacute uma encadeamento que aflora sob osCaroliacutengeos e se prolonga ateacute a eacutepoca contemporacircnea Desenvolvida pelospovos latinos e germacircnicos ela se estendeu sobre a E~ropa e sobre a ~erra

inteira Ela natildeo representa ( ) um tipo de cultura musIcal () mas ela e um --------Gecircnero em si bem particular( p29)

Wiora assinala tambeacutem a importacircncia da terceira idade da muacutesIca napreparaccedilagraveo da quarta idade a atuaI

r- O mesmo autor enfatiza amda a peculIandade da musIca ocIdental demonstraacutevel segundo ele pelo desenvolvimento da composiccedilatildeo escrita e pelo fato de sua teoria

musical ser a base de todo ensino musical nos cinco continentes (p130)- A importante relaccedilatildeo entre a Igreja a muacutesica ocidental (e sua notaccedilatildeo) e oensino eacute ilustrada por Raynor (1981) no capiacutetulo denominado A Igreja MedievalAleacutem de citar diversas escolas de canto ligadas a mosteiros e igrejas (tais como aSchola Cantorum em Roma ou a Thomasschule em Leipzig) o autor enfatiza aimportacircncia do aprendizado da muacutesica anotada para que se tentasse uniformiz~r oscantos na Igreja As escolas de canto ex istiam segundo Raynor para preparar memnosem muacutesica antes de examinar ateacute que ponto e de que modo dar-lhes educaccedilatildeo geral

Desse modo em fins do seacuteculo X o preparo musical de meninosconvertera-se numa necessidade lituacutergica e as escolas de canto tornaramshyse uma forma de educaccedilatildeo que era em geral o primeiro passo para o eventualpreparo ao sacerdoacutecio (p31)

Aleacutem da importacircncia da Igreja no periacuteodo histoacuterico aqui conSIderado WlOra(1961) enfatiza a presenccedila de muacuteltiplas influecircncias na formaccedilatildeo da muacutesicaocidental

Pela afirmaccedilatildeo de sua independecircncia contra as invasotildees dos Hunose dos Arabes pela crenccedila da Igreja Catoacutelica e pelo impeacuterio de Carlos

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magno a comunidade ocidental desenvolveu uma muacutesica particular noseu estilo e sua cultura Esta muacutesica tem sem duacutevida raiacutezes nas velhastradiccedilotildees da Europa ocidental e sobretudo nas altas culturas da aacutereamediterracircnea mas ela afirmou pouco a pouco traccedilos que a distinguem detoda outra muacutesica do mundo (p 13 I)

Entre as peculiaridades da muacutesica ~cidentacirciacute-Wioraassinala o empregoda polifonia e da harmonia loacutegica a estruturaccedilatildeo arquitetocircnica (como na fuga ouna sinfonia) a representaccedilatildeo intencional de ideacuteias nas composiccedilotildees autoacutenomasa racionalizaccedilatildeo em ritmos medidos anotados e no emprego da doutrina de tonalidades

e da hannonia -

Sob o impeacuterio da razatildeo a muacutesica tornou-se segundo Wiora uma entidadeobjetiva e uma ciecircncia musical

Segundo o mesmo autor a compreensatildeo da muacutesica ocidental natildeo podeser alcanccedilada unicamente pela compreensatildeo da sequumlecircncia de mudanccedilas de estilo- e sim pelo estudo das correntes e etapas de sua ccedilvoluccedilatildeo (evoluccedilatildeo aquiempr~~ada nagraveo no~sentido bioloacutegico nem como aperfeiccediloamento mas comoprocesso~) I

Assim a evoluccedilatildeo da muacutesica ocidental na 3a bull Idade processouuml-se segundoWiora suplantando ou incorporando os elementos antigos que assim subsistiramao lado dos novos Amda segundo o mesmo autor ta eliminaccedilatildeo completa dopassado natildeo se produziu jamais antes das tendecircncias radicais do seacuteculoXY (p134)

Assim- Wiora enfatiza a permanecircncia e o processo de caracteriacutesticasproacuteprias na muacutesica ocidental

O desenvolvimento da muacutesica ocidental se fez durante um grandelapso de tempo sem influecircncias essenciais do exterior Ele se produziu porrenovaccedilotildees internas tomando melodias e tipos geneacutericos de Sua proacutepriasubstacircncia o canto popular as tradiccedilotildees dos jograis e outros domiacutenios damuacutesica llsual (p135)

Leuchter (1946) referindo-se aos autos sacramentais medievais daacute-nos umexemplo da conjugaccedilatildeo da muacutesica religiosa com a popular na 3 Idade da muacutesica

Estes minuacutesculos autos sacramentais se desenrolavam diante do altare antes de dar comeccedilo agrave missa Reservada originariamente sua execuccedilatildeoao clero o povo natildeo tardou em contribuir com sua proacutepria muacutesica dandodeste modo impulsos agrave arte dramaacutetica (p26)

Leuchter aponta para o crescimento da influecircncia culminando nos autoscligiosos do incipiente Renascimento Assim como a muacutesica religiosa sofreuInfiltraccedilotildees populares o processo inverso tambeacutem ocorreu e Leuchter daacute comoexemplos a canccedilagraveo popular religiosa e a arte cavalheiresca ( p 27) -

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o autor assinala a manifestaccedilatildeo de cantos gregorianos e de danccedilas decaraacuteter popular na muacutesica trovadoresca (arte cavalheiresca) e registra Ui muacutesicasubstituiccedilatildeo do cavalheirismo pela jovem burguesia florescente tatildeo logo terminaramas Cruzadas

A importacircncia do surgimento e do desenvolvimento da notaccedilatildeo musical naterceira idade da muacutesica - possibilitando a obra musical acabada - eacute evidenciadapor Wiora cabendo a esse respeito algumas consideraccedilotildees pois esse fato temrepercussotildees significativas no fenocircmeno musical do Ocidente e no papel social damuacutesica

Eacute interessante assinalar que toda a histoacuteria da muacutesica anterior agrave IdadeMeacutedia eacute de uma muacutesica natildeo escrita O surgimento da notaccedilatildeo levou inicialmenteagrave escrita apenas dos cantos lituacutergicos difundindo-se pouco a pouco e abrangendooutros gecircneros ateacute que no seacuteculo XIX pas sou- se a fixar por escrito tambeacutemos cantos populares e a muacutesica de divertirri~nto (Wiora 1961 p136) Cabecontudo lembrar que a maioria dos instrumentistas medievais tocou sem notaccedilatildeodurante toda a Idade Meacutedia

Raynor (1981) referindo-se agrave muacutesica medieval e agrave importacircncia naquelecontexto da Igreja e da notaccedilatildeo musical afirma que

A muacutesica como elemento do culto ocupando lugar indispensaacutevel noritual tem que cantada corretamente ( ) Por essa razatildeo a muacutesica tinha deser ensinada e era preciso memorizar as suas formas corretas meacutetodos denotaccedilatildeo tiveram de ser inventados e apelleiccediloados para ajudar na memoacuteriados muacutesicos de modo que a histoacuteria da evoluccedilatildeo da notaccedilatildeo ocidental eacute ahistoacuteria dos esforccedilos dos musicalistas eclesiaacutesticos no sentido de asseguraro rigor do ritual (p26)

Os esforccedilos da Igreja Medieval segundo o autor para tentar impor umnovo modo de vida levaram ao banimento dos instrumentos musicais durante muitotempo sendo readmitidos praticamente a partir do seacuteculo XII A Igreja aleacutemde hostil a todos os instrumentos por lembrarem praacuteticas pagatildes procuravadestruir toda a geraccedilatildeo de artistas ambulantes que divertiam o puacuteblico assimcomo buscou impedir a muacutesica e a danccedila seculares

Apesar do repuacutedio dalgreja agraves praacuteticas seculares elas floresceram e noseacuteculo XIV Guillaume de Machaut foi por assim dizer o primeiro compositorcom a incumbecircncia de estar sempre agrave disposiccedilatildeo e escrever qualquer muacutesicareligiosa ou secular exigida para todas as ocasiotildees (Raynor 1981 p43)Segundo Raynor Machaut trabalhava para patrotildees aristocratas e natildeo era umespecialista mas compositor de muacutesica secular e religiosa de vaacuterios estilos I J

Fora do acircmbito da muacutesica religiosa as manifestaccedilotildees musicaistagravembeacutemprosperavam embora os registros sobre elas sejam praticamente inexistentes

58

uma vez que tais muacutesicas natildeo foram anotadas e registradas como a Igreja fez comas suas

Raynor refere-se agraves guildas medievais e agrave criaccedilatildeo das capelas das guildasna Inglaterra onde os serviccedilos eram cantados tendendo portanto a aumentar aspossibilidades de empregos para muacutesicos e talvez permitindo a introduccedilatildeo de umestilo de muacutesica religiosa mais livre do que seria normal em igrejas paroquiaisou catedrais (p51) oU seja mais vulneraacutevel agraves influecircncias da muacutesica secular

Uma alternativa segundo o autor _ao serviccedilo do muacutesico agrave Igreja eacute o empregopalaciano de natureza mais ambulante e gradativamente difundido a partir doseacuteculo XlV

Os jograis e menestreacuteis muacutesicos ambulantes eram talvez segundo Raynoros menos eficientes pois o emprego numa casa aristocraacutetica era garantia de ummeio de vida Esses muacutesicos ambulantes natildeo gozavam de prestiacutegio sociai e era~mais ou menos mal vistos pelas autoridades religiosas embora haja registros deque em certos locais os comediantes em viagem ganhassem muito dinheiro comapresentaccedilotildees em mosteiros

A partir do seacuteculo XIV abriram-se novas e amplas possibilidades de empregoaos muacutesicos ambulantes como vigilantes municipais e muacutesicos cerimoniais Comovigilantes eles eram incumbidos de por meio de seus instrumentos dar aviso dequalquer perigo iminente (Raynor 1981 p59)

Trovadores trovistas e Minnesingers eram ao contraacuterio dos jograis emenestreacuteis geralmente de origem aristocraacutetica embora isso natildeo fosse um preacuteshyrequisito obrigatoacuterio Muitas vezes faziam coletacircneas de suas composiccedilotildees e outrascanccedilotildees por eles cantadas de forma que muitas delas chegaram ateacute noacutes (o que decerto modo eacute uma exceccedilatildeo em se tratando de muacutesica secular)

A importacircncia da muacutesica secular cresce gradativamente agrave medida em quea Idade Meacutedia avanccedila em direccedilatildeo ao Renascimento O decliacutenio do feudalismo eo crescimento das cidades trouxe segundo Raynor (1981) um estiacutemulo agrave muacutesicarevolucionaacuteria do seio da igreja Criou tambeacutem um modo de vida do qual amuacutesica tinha de exprimir a dignidade e enaltecer as cerimocircnias (p69) Asclasses meacutedias que entatildeo emergiam passaram a reivindicar segundo o autorque J muacutesica acrescentasse gloacuterias simboacutelicas e concretas aos seus feitos tal como a nobreza utilizava trompas e tambores para saudaacute-la

A muacutesica aleacutem da funccedilatildeo de lazer que desempenhava tanto para a nobrezaqUanto para a nova classe meacutedia que comeccedila a se formar tem outros papeacuteis segundoRaynor como o de utilidade ciacutevica a cargo dos membros das guildas dos vigias

O autor faz referecircncia a que os muacutesicos citadinos eram frequumlentementehaacutebeis executantes versados em vaacuterios instrumentos e aptos a atender a todasas funccedilotildees ciacutevicas e acompanhamento musical de serviccedilos religiosos

59

- - I

() o muacutecos dtadinos eram menestreacutei ajutado agrave vida na cidade permaneciam separadas A precisatildeo radativa - -que acharam uma possibilidade de se estabelecer no centro urbanos ma ~orrespondeu segundo o mesmo auto~ que a ~otaccedilao musical alcanccedilousem terem emprego na resideacutencio de algum adlOcrataj Veio a ser funccedilatildeo mteacuteltpretes a uma mvoluccedilao da lIberdade criativa dos

deles a muacutesica para toda a cidade ao mesmo tempo que encarregados da Do ponto de vista da composiccedilatildeo em si Wi vigilatildencia ( ) adolaram o padratildeo da organzaccedilotildees de oficio e reuniam- a escnta musical no ocidente tendeu a ser ora enfatIZa aspectos m1portantesse em guildas de muacutesicos (Raynor 1981 p 70) eacute um desenho da composiccedilatildeo enqua t umylano OtICO perceptiacutevel pela visatildeo -

R I d

f t noasantlgasnotaccedilo-elt aynor re ata as Isputas que com requencJa ocomam en re os muslCOS a pOSIccedilatildeo dos dedos sobre s I erms representavamum Instrumento ou a m d

amadores ou semi-profissionais que natildeo eram membros das guiIdas e que cobravam ocidental em linhas representa - anelra e executaacute-lo a notaccedilatildeo

fi

rt t 1 a composlccedilao em si e o t dprcccedilos mcnores que os o IClalS c os musocoS pWISSIOn3lS pc encen es aque as corresponde ao primado da parttu ermo essa evoluccedilatildeor A I ra e a representa - borganizaccedilotildees Spartituras que se impotildeem d fi t ccedilao o ~etlva da obra de arte f d emI lVamente ao final d I

E interessante ainda assinalar a observaccedilatildeo que o autor az e que os o esforccedilo de concretizaccedilatildeo das obras o secu o XVI representandomeacutetodos de instruccedilatildeo utilizados pelas guildas eram extremamente convencionais (p de vaacuterias vozes mUSIcaIS passam a pennitir a leitura simultacircnea

76) Curioso tambeacutem eacute o relato que Raynor faz descrevendo uma peccedila cocircmica em A consequumlecircncia imediata segundo Wque muacutesicos comuns e profissionais discutem os primeiros acusando os segundos perda quase total do papel prod~ti d IOra da obra musical escrita estaacute na

d

b fi t t I d t vo o executante em fa d e so sa erem tocar com uma partItura na ren e enquan o e es po em ocar executante tomaHe um inteacute t vor o composItor - o

1

d d 1 d I d ( 79) rpre e passando a execut qua quer corsa e OUVI o tatildeo ogo guar cm a me o 13 na memona p esta escnto sem introduzir modificaccedilotildees ar estnlamente o que

Ao final da Idade Meacutedia e inicio da Renascenccedila a muacutesica segundo Raynor Dessa definiccedilatildeo precisa da m eacute considerada um ofiacutecio altamente qualificado uma disciplina intelectual estrita prescriccedilatildeo cada vez mais detalh d duslcda pelo composItor decorreu uma

I

f bullr t ( It a a e ca a um dos aspe t d b e va IOsa que 0JereclQ as suas propnas recompensas a quem enJren asse a uras tImbres intensidades ritmo dd c os a o ra mUSIcaI ( 90) v I sme I os etc) Como con sea rIgores p oca e mstrumental di ferenccedilaram-se cada sequenc os estHos

O advento da imprensa interferiu fortemente no processo de difusatildeo musical aSSIm como os diversos estilos e ecircneros vez mais mtulamente a parti daicntrc o puacuteblico em outras regiotildees e em outras eacutepocas Iniciou-se com a imprcssatildeo precIsas ( muacutesica de conjunto e o u tdqulT1ra~ ambem definiccedilotildees maisde obras a formaccedilatildeo dc uma literatura musical e possibilitou-se agrave muacutesica ter etc) q estra compoSlccediloes para piano ou oacutegatildeo

durabilidade _quando ateacute a Idade Media lal caracteriacutestica inexistia Leucbter (1946) assinaIa o seacutecuI~ Leuchlelt analisa o crescimento do papel da obra impressa principalmente do concerto E tambeacutem como a com~ a epoca por exeeleacutencia

apoacutes a Rcvoluccedilatildeo Francesa uma uacutenica pessoa do artista e d~~- e~q~~se desmtegra a antiga uniatildeo em

O arlista pasleriar agrave Revolaccedilatildeo Francesa se emancipa das restriccedilotildee em duas at ividades di stintas a do eacute~~OI~o=~ea umdade da arte musical middot1

imposta pelas circunlatildencias locai graccedila aacute organizaccedilotildees editoriai Natildeo descrito por Leuchter estaacute i~tima tliY o executante O processoujeita mai a condiccediloacutees de execuccedilatildeo preacute_estabelecida as obra se escrita musical caacute conc - en e ~g~do a crescente especializaccedilatildeo daconvertem _ pelo menos no que se refere a ua concepccedilatildeo exterior _ em am 139) epccedilao aI qulIetomca da muacutesica ( Wiora I961 p

produto da libeacuterrima vontade do artista (p 118) Essa concepccedilatildeo arquitet d d I XVII d I b omca a musIca seg d WA superaccedilatildeo gradatiV

a segundo o autor ao longo o secu o OS e a oraccedilatildeo de fonoas artistica t un o rora possibilitou a d b d O d s aIS como a da sonata e da f E I

recursos dlspomvels levou a concepccedilotildees ca a vez maiS su ~etIvas a mUSIca a mo lficaccedilotildees na relaccedilatildeo d uga evou tambeacutem _ 1 d d a musIca com a religiatildeo O fu - crcsclmento da conccpccedilao dramallca c sub]eta da musica cevoU am a segun o exerCIda por caracteristicas d u seJa a nccedilao religiosa I d h a musIca em SI modIfica dLeuchtcr o timbrc a posiccedilatildeo eqUIValente ao ntmo a me o la e a armoma ou seja com o desenvolvimento de um -se no ecorrer da 3idadeI 124) d a musIca que passa a tra f d a uma concepccedilatildeo pictoacuterica do som musIca (p eVI entemente natildeo soacute de natu e I nsml Ir I elas ideacuteias essas

d d I d W (1961) r za re IglOsaUm outw aspecto da terceIra I a e da mUSIca assma a o por lora Leuchter (1946) assinala u

refere-se ateoria musical que na Idade Meacutedia passoU a determinar () 1) o estudo da evoluccedilatilde J e desenvolvimento da notaccedilatildeo mus1caI enquanto na Antiga Greacutecia a teoria e a notaccedilatildeo bull exan~ da produccedilatildeo musical o ~ m~slca na Ocidente deve iniciar-se por umI na przmelra Idade Meacutedia originada na ideacuteia cultural

ro 61

e mtlmamente ligada aos oficios religiosos ao ponto de os conceitos muacutesicae muacutesica eclesiaacutestica resultarem sinoacutenimos para o historiador (p 12)

O autor registra ainda o repuacutedio da igreja pela muacutesica profana que deixoupor isso raros registros Ao ser anotada a muacutesica ainda segundo o mesmo autorperdeu seu caraacuteter esoteacuterico convertendo-se em arte executaacutevel por todos osque soubessem interpretar os signos de notaccedilatildeo (p 13)

Outra faceta interessante da relaccedilatildeo muacutesica-religiatildeo citada por Leuchter(1946) no capiacutetulo dedicado agrave muacutesica protestante refere-se ao papel da muacutesica noProtestantismo em cujo acircmbito ela deveria servir ao fim de educar e melhorar opovo (Leuchter p 101)

Wiora assinala outras mudanccedilas de caraacuteter na muacutesica da 3~f idadedecorrentes de sua concepccedilatildeo arquitetocircnica acabada burilada

Na transformaccedilatildeo das danccedilas danccediladas em suites artiacutesticas se revelao desenvolvimento moderno da muacutesica em arte independente Enquanto elaperdia diversos liames diretos com a muacutesica cotidiana assim como seu lugarde disciplina erudita entre as artes liberais a muacutesica entrou no domiacutenio

-1 J das Belas-Artes e tornou-se um mundo em si com uma esteacutetica autoacutenoma(W 1961 41 ( f ( lora p I ) _ ___ J _ eacute

A independecircncia crescente da arte musical ocidental eacute traccedilo ~arc~nte nodesenvolvimento da 3a idade embora Wiora assinale a coexistecircncia dessaautonomia tiacutepica das obras de arte com ligaccedilotildees com as tradiccedilotildees religiosas shycomo nos oratoacuterios de Haendel ou nas muacutesicas de Beethoven

Desenvolveu-se assim nesse periacuteodo uma vida musical independente de i funccedilotildees cotidianas com suas proacuteprias organizaccedilotildees salas de concerto comunidades~ de ouvintes literatura e esteacutetica proacuteprias

-

Um bom exemplo da mudanccedila de funccedilotildees da muacutesica na 331 idade nos

oferece Leuchter (1946) ao analisar o advento da oacutepera no seacuteculo XVIIAteacute este momento a oacutepera havia formado parte das cerimoacutenias oficiais

das cortes Executava-se ante um puacuteblico de suma culturaEm tVecircneza a oacutepera se fez puacuteblica Em 1637 se inaugurou nesta o

primeiro cenaacuterio operistico acessiacutevel a todos os que pagavam entrada ( )a mudanccedila que se realiza com relaccedilatildeo ~ suafunccedilatildeo social influiu decisivamentesobre a concepccedilatildeo deste geacutenero musical ( p 83)

Um outro aspecto importante analisado por Leuchter (1946) diz respeitoagrave pltsiccedilatildeo do muacutesico que se altera do periacuteodo Barroco quando todos erameriipreg~m-rrl-itos deveres e poucos direitos ao periacuteodo seguinfe noseacuteculo XVIII quando Beethoven foi o primeiro que deve somente agrave suh artea posiccedilatildeo que ocupa Tal garantia ficou estabelecida ao criar-se um sistemaeditorial organizado que natildeo surgiu senatildeo no uacuteltimo terccedilo do rculoXVIlI (p116)

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Eacute preciso ainda assinalar no contexto da terceira idade da muacutesica como ofaz Wiora o afloramento de estilos pessoais da ocorrecircncia de grandes mestres e

de estilos nacionaisWiora considera a fase que se desenrola a partir do seacuteculo XV como um

periacuteodo de preparaccedilatildeo para a quarta idade da muacutesica sobretudo o seacuteculo XIX queo autor considera o aacutepice desse processo transitoacuterio

O seacuteculo XIX e em especial o Romantismo representa o ponto de transiccedilatildeopor excelecircncia da 33 bull agrave 43

bull idade da muacutesica Leuchter (1946) analisando o

Romantismo afirmae-_ Durante -ffr seacuteculo XIX se desenvolve a ultIma fase do processo de

humanizaccedilatildeo total() O indiviacuteduo se apresenta como uma entidade uacutenicadesligada tanto do mundo fenomenal como do transcendental O processo

analiacutetico atingiu o ponto culminanteA humanizaccedilatildeo total se evidencia em muacutesica na progressiva

desintegraccedilatildeo dos uacuteltimos el_~f~ ~iejyordmJ que operam ainda no seacuteculoXVIII vale dizer a harmonia e alarma (p 148)

Leuchter conside~ a passagem do Classicismo ao Romantismo no seacuteculoXIX como um processo de destronamento da ratio em favor do dominio absolutoda fantasia ou seja como uma trajetoacuteria em direccedilatildeo ao individualismo e aosubjetivismo O abandono da concepccedilagraveo romacircntica se daraacute no final do s~cu~o XIXcom o Realismo representando o fiel reflexo da vontade eXpanSIOnista do

imperialismo moderno (p 160)A expansatildeo da cultura ocidental logo apoacutes o iniacutecio de sua definiccedilagraveo em

direccedilatildeo agrave Europa oriental registrada por Wiora que tambeacutem assinala a expansatildeodessa cultura agrave Terra inteira a partir do iniacutecio dos tempos modernos

Missionaacuterios colonos muacutesicos ambulantes divulgaram o coralgregoriano e a muacutesica popular as Cortes enviaram os virtuoses e ascompanhias de oacuteperas seguiram-se focos de arte musical ocidental nomundo oriental Por outro lado as fontes proacuteprias de produtividade emcada paiacutes toniaram as formas e os estilos do ocidente (Wiora 1961

p147) Um exemplo significativo apresentado pelo autor eacute a difusatildeo da pohfoma

ocidental a partir do seacuteculo XVII nos cantos da Igreja russa bem como a adoccedilatildeopela Ruacutessia do sistema de notaccedilatildeo linear do Ocidente

Os estilos nacionais decorrentes do amaacutelgama das formas e estruturasocidentais agraves tradiccedilotildees nacionais na verdade retomaram antigos tesouros comuns segundo Wiora O mesmo autor considera que por uma seacuterie derenasci~entosos tempos modernos trouxeram ao mundo a consciecircncia da ev~luccedilatildeohistoacuterica e abriram o caminho para reunir todo o passado musical da humamdade

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Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

A funccedilatildeo de expressatildeo emocional- proporcionando veiacuteculo para a expressatildeode ideacuteias e emoccedilotildees natildeo reveladas no discurso comum - transparece na terceiraiacutedade da muacutesica principalmente no forte entrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo

Raynor (1981) em citaccedilatildeo aqui apresentada anteriomente afirma que qualquerhistoacuteria de muacutesica medieval deve comeccedilar pelo estudo da Igreja natildeo soacute pelos registrosque ela deixou mas pelo importante papel desempenhado no culto pela muacutesica

O cantochatildeo visava segundo Maacuterio de Andrade (1980) a ser elementouacutetil de purificaccedilatildeo e elevaccedilatildeo abandonando a antiga riacutetmica grega e dandopreponderacircncia agrave melodia a muacutesica se sutiliza e vai deixar gradativamentede ser sensaccedilatildeo para se tornar sentimental (p 34) Eacute ainda Mariacuteo de Andradeque citando Otto Keller afirma que enquanto os povos antigos conceberam osom como elemento sensitivo o Cristianismo o empregou como elementopelo qual a alma comovida se expressa em belas formas sonoras Maisadiante veremos que outras funccedilotildees sociais satildeo atribuiacutedas ao Canto Gregoriano

Natildeo soacute no cantochatildeo medieval contudo encontramos na terceira idade o forteentrelaccedilamento da muacutesica com a religiatildeo Na Renascenccedila os movimentos da Reformae da Contra-Reforma buscaram na muacutesica meio de expressar a emoccedilagraveo da feacute

Posteriormente no periacuteodo Barroco Bach e Haendel sagraveo exemplos aindana terceira iacutedade da expressatildeo dessa emoccedilatildeo atraveacutes da muacutesica

Cabe contudo observar que desde a Renascenccedila processa-se uma mudanccedilana relaccedilatildeo muacutesica-religiacuteatildeo (jaacute referida anteriormente) pois a partir desse periacuteodobusca-se transmitir ideacuteias e ensinamentos atraveacutes da muacutesica aleacutem de expressarpuramente a emoccedilatildeo

A produccedilatildeo de muacutesica religiosa declina acentuadamente apoacutes o Barrocomas pode-se ainda registrar nos uacuteltimos tempos da 3a idade _ seacuteculos XVIII eXIX - a muacutesica como expressatildeo do sentimento e da emoccedilatildeo da feacute

Aleacutem da muacutesica religiosa outros exemplos da muacutesica como expressatildeo deemoccedilotildees podem ser apontados na terceira idade

Schunnann (1989) referindo-se ao estabelecimento do sistema tonal noseacuteculo XVIII menciona a teoria dos afetos segundo a qual a muacutesica vieraestabelecer-se como a linguagem mais adequada sempre que se tratava deexpressar ou provocar certos sentimentos emoccedilotildees e paixotildees ou seja osaetos humanos (p 120)

Lenaerts citado por Schurmann (1989) oferece-nos ao referir-se agrave origem daoacutepera outro exemplo no acircmbito da expressatildeo de emoccedilotildees no contexto da 3a idade

Por volta de 1580 formava-se em Florenccedila ( ) um ciacuterculo de saacutebios eartistas ( a Camerata) que na sua aspiraccedilatildeo de dar nova vida agrave trageacutedia antiga

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m novas fonnas musicais que estivessem mais aptas a reproduzirprocurava 121)

music~~e=e as(~~i~)e~~~~~~~~sr~~~recircnci~ agrave funccedilatildeo de expressatildeo emocioalr am d d fins do seacuteculo XVI se havwmOs compositores de ma ngazs e b I

d t middot bres o de sim o lsmos d~ o cromatismo o uso e 1m Preocupado em intro Udr d mo a obra dos grandes pintores I es tatildeo ramatlcos coe outros meiOS a gumas vez _ ra servir veiculos de emoccedilotildeesmaneiristas - EI Greco CaravagglO fa ~ C

violentas e sugbest~esi~toacute~~c R~~~~~~o levou agrave exaltaccedilatildeo do subjetivismoA exacer accedilao o eu d b objetivar emd L uchter (1946) os compositores desse peno o usca~

Segun o e d d Animo e sentimentos subJetlvos ou sejasons determinados esta os e a seus sentimentos e emoccedilotildees O

t s dos sons de suas mUSIcas expressar a rave - ma das fonnas mais significativasliedsegundo o autor e por esse motIVO udesse periacuteodo (p149)

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

d d papeacuteis de criador (compositor) eA separaccedilatildeo cada vez maIS mtI a os ui abordadocontemplador eacute uma das caracteriacutesticas mais expreSSIvas do penodo aq

mo 3 idade da muacutesica fi fi dco d decircncia da arte musical ocidental nessa fase Ja OI re en a

A crescente m ep~n A se ara agraveo da musica4ordfLfu_~e~ anterIonnente assmalada por WIOra p S____ lt0 1aqUI --- I nas pe o prazer lt agraveo de salas de concerto - onde ta vez ape cotIdIanas levou a crIaccedil ---- _- taccedilotildees musicais A sUIte

~steacutetico a comunidaeeacutede

uv~~e~n~~ecs~ss~~~os desse fe1ocircmeno pO~smstrumentaLparr~~__ ada por contempladores que naoextraiacuteda de peccedilas de danccedila passa a ser apreCI

d apenas ouvem e apreciam fi -danccedilam _ I d Idade Media anterior ao processo acima re en o

A produccedilao mUSIca a r esteacutetico A execuccedilatildeo de motetos nonagraveo parece contudo despIda do pr~z~ m bom exemplo fi do contexto hturgICO parece ser umtenor das IgrejaS ora dO d ifestaccedilatildeo do prazer esteacutetico

R a uma outra eVI enCIa a manNa enascenccedil _ ecircnero olicoral no interior das igrejas Natildeo

poderia ser apont~da na reahz~ccedil~odo ~ a ambientaccedilatildeo religiosa que pareciam serera o simples ensmamento e IglOSO o feitos musicais ateacute da exploraccedilatildeobuscadas com tais reahzaccediloes que extraIpm e

acuacutestica do espaccedilo profundo dos temPfulos~~~ fi bull cia que Abraham (1986) fazP oder ser incluiacuteda nesta nccedilao a re erend~e~e ~ M enzio Ao contraacuterio dos fnadrigaistas manluanos efeacuterrarenses

aos ma ngms e A ar o razer dos executantes mesmos natildeo paraMarenzio compos sobretudo para p ( ) ( 266)auditoacuterios cortesatildeos que escutaram inteacutelpretes bnlhantes p

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A oacutepera cujo aflorar se daacute no Barroco e que eacute explorada em toda a fasefinal da terceira idade da muacutesica tambeacutem pode ser apontada como um exemplonessa fase de manifestaccedilatildeo do prazer esteacutetico Ao pretender associar artesdiversas como muacutesica poesia cenografia danccedila a oacutepera parece realmente buscara mobilizaccedilatildeo do prazer esteacutetico atraveacutes de diversos elementos O proacuteprio papelsocial desempenhado pela oacutepera nos seacuteculos XVIII e XIX alcanccedilando grandepopularidade parece enfatizar esse aspecto

Funccedilatildeo de Divertimento

A terceira funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a de divertimento e o uacuteltimoexemplo apontado - a oacutepera - parece ter desempenhado esse papel com intensidadenos seacuteculos XVIII e XIX

Mas natildeo se restringe agrave oacutepera a funccedilatildeo de divertimento na terceira idadeEmbora natildeo tenha deixado deixado registros (partituras) sabe-se que a muacutesica dedanccedila foi praticada durante todo esse periacuteodo inclusive na Idade Meacutedia ecertamente ela se liga agrave funccedilatildeo de divertimento

As referecircncias agrave pratica da muacutesica nas cortes desde o periacuteodo medievaltambeacutem apontam para a funccedilatildeo de divertimento Tal seria o caso provavelmenteda muacutesica trovadoresca Guillernr lduque de Aquitacircnia era mesmo umtrova por e quando regressou da primeira cruzada em 11 Oacute2 se deleitou ementreter as audiecircncias nobres com chansons de geste relatos humoriacutesticosde suas desventuras militares (Abraham 1986 p 98)

Representaccedilotildees religiosas como os autos sacramentais medievais emboracom a funccedilatildeo de transmitir ensinamentos tambeacutem serviram agrave diversatildeo do povo

Schurmann (1989) referindo-se ao que denomina atos de musicar fazuma referecircncia que tambeacutem serve de exemplo agrave funccedilatildeo de entretenimento

Note-se ( ) que ainda no seacuteculo XIX um compositor comoBeethoven quando produzia as suas sinfonias aleacutem de preocupar-secom a sua apresentaccedilatildeo puacuteblica em concerto tratava de providenciar aediccedilagraveo de versotildees silllpl~ficadas a serem utilizadas no acircmbito de uma praacuteticaamadoristica muito difundida 10 meio da proacutepria burguesia consumidora(p 178)

Menuhin (1981) tambeacutem aborda essa divulgaccedilatildeo ligeira da muacutesica eruditacom funccedilatildeo de entretenimento

Agora [seacuteculo XIX as melodias de oacutepera as uacuteltimas marchas e valsascompostas para bandas de jardim e tocadas de ouvido por dois ou trecircsmuacutesicos eram encontradas em todos os lugares Tanto Schubert comoBeethoven tinham escrito esse tipo de muacutesica ( ) li medida em que o apetite

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pela muacutesica crescia muitos compositores escreviam melodias popularesexpressamente para entretenimento leve () (p 172)

Abraham (1986) tambeacutem cita a funccedilatildeo de entretenimento da muacutesica nascortes renascentistas nas quais um grupo de muacutesicos florentinos mesclou madrigaiscom uma classe nova de monodia em outro modo de cantar distinto do corrente(p204)

Os exemplos acima referidos aos quais se poderiam acrescentar outros ilustramsem duacutevida a ocorrecircncia da funccedilatildeo de divertimento na terceira idade da muacutesica

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A respeito da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo da muacutesica cabe citar Schurmann (1989)referindo-se agrave estruturaccedilatildeo do sistema tonal Schurmann considera que o sistematonal cujo predomiacutenio ocorre nos uacuteltimos tempos da 3a idade presta-se por excelecircnciaagrave caracterizaccedilatildeo de uma linguagem musical servindo portanto agrave comunicaccedilatildeo

Outras referecircncias podem ser acrescentadas agrave funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo damuacutesica na terceira idade

A praacutetica de dramatizaccedilotildees religiosas calcadas no canto gregorianoprovavelmente visavam a comunicar ao povo o ensinamento cristatildeo

A intenccedilatildeo de atrair mais o povo pra essas representaccedilotildees levou auma seacuterie de licenccedilas danccedilas orquestrinhas rudimentares substituiccedilatildeo dolatim pelos dialetos substituiccedilatildeo do Gregoriano pela muacutesica popularridicularizaccedilatildeo do diabo e dos maus e consequumlente predominacircncia doelemento coacutemico (Maacuterio de Andrade 1980 p42)

A muacutesica protestante conforme proposta de Lutero eacute um outro exemplopertinente agrave funccedilatildeo comunicadora da muacutesica utilizada no culto com vistas agravetransmissatildeo do ensinamento religioso - na interpretaccedilatildeo didaacutetica do verbosagrado que por meio de textos explicativos e da muacutesica eacute projetado agraveeslera espiritual do povo (Leuchter 1946 p99)

Cabe observar contudo que nos dois exemplos acima a comunicaccedilatildeo eacuteefetivada atraveacutes da muacutesica mas apoiada em textos que veiculam a mensagem(contudo Merriam assinala que muacutesica e texto se influenciam mutuamente)

A muacutesica trovadoresca ao relatar os grandes feitos das Cruzadas ou louvara mulher amada atraveacutes de textos conjugados a muacutesicas monoacutedicas certamentepode ser apontada como utilizaccedilatildeo da muacutesica com funccedilatildeo comunicadora

A canccedilatildeo francesa e o madrigal italiano ambos renascentistas e ambosmuito pictoacutericos no que se refere a buscar expressar musicalmente o conteuacutedodo texto em que se baseiam podem tambeacutem ser cogitados como exemplos dafunccedilatildeo comunicadora (Abraham 1986 p267)

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A oacutepera a partir do Barroco tambeacutem parece desempenhar a funccedilagraveo decomunicaccedilatildeo embora caiba lembrar que natildeo soacute atraveacutes da pura expressatildeo musicalmas do relato (texto) Este eacute tambeacutem o caso das cantatas e oratoacuterios que buscavamexpressar atraveacutes da muacutesica e do texto o Verbo Divino

Outros exemplos como o lied romacircntico se prestam a ilustrar a funccedilatildeode comunicaccedilatildeo da muacutesica na terceira idade Pode-se abstrair aqui a questatildeo dedefinir se a muacutesica eacute ou natildeo linguagem - a comunicaccedilatildeo (de ideacuteias sentimentosemoccedilotildees) eacute que foi aqui considerada

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

A quinta funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a de representaccedilatildeo simboacutelica (segundoo autor representaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias comportamentos)

O canto gregoriano poderia ser bom exemplo inicialLeuchter (1946) referindo-se aos primeiros tempos da polifonia (estruturada

sobre o cantus firmus gregoriano) refere-se a esse cantus firmus comosiacutembolo musical do dogma religioso (p38)

Schurmann (1989) no capiacutetulo denominado A Monodia refere-se aocanto gregoriano como instrumento de dominaccedilatildeo cultural como um siacutembolo daestrutura do poder medieval calcado na Igreja

Mario de Andrade (1980) refere-se ao cantochagraveo afirmando que elerepresenta musicalmente a essecircncia ideal e mais intima da religiatildeo catoacutelica o que parece permitir sua inclusatildeo na funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica (p44)

Um outro exemplo de representaccedilatildeo simboacutelica poderia ser tomado agrave polifoniagoacutetica A esse respeito Leuchter (1946) afirma O conjunto da muacutesica goacuteticareflete fielmente a estrutura social dessa eacutepoca a qual por sua vez resultacomo uma consequumlecircncia da concepccedilatildeo hieraacuterquica do universo quecaracteriza a ideologia do goacutetico (p42)

Leuchter considera assim o cone goacutetico como o siacutembolo de organizaccedilatildeosocial em classes estritamente separadas vigente agrave eacutepoca

Um outro exemplo de representaccedilatildeo simboacutelica na Idade Meacutedia nos eacutefornecido por Raynor (1981) jaacute citado anteriormente quando o autor referindoshyse agraves classes meacutedias entatildeo emergentes afirma que elas passaram a reivindicarque a muacutesica acrescentasse gloacuterias simboacutelicas e concretas aos seus feitos(p69)

Schurmann (1989) no capiacutetulo dedicado ac(Slst~ma-tonal considera queesse sistema ~onsumaria uma linguagem musica( enireoiifr~s motivos porrepresentar em s~aseStrutuias--~Sicals~-aestrutura social da eacutepoca - ou seja doperiacuteodo iluminista

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Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

A sexta funccedilatildeo descrita por Merriam eacute a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica shyconsiderada passiacutevel de questionamento pelo proacuteprio autor

A danccedila eacute registraacutevel em toda a terceira idade da muacutesica e pelo menosnesse aspecto a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica poderia ser identificada

A partir do periodo barroco desenvolveu-se contudo a estilizaccedilatildeo de danccedilasque passaram a ser apreciadas por um puacuteblico e natildeo destinadas a danccedilar excluindoportanto nesse acircmbito a funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica enquanto movimento

O estado de tranquumlilidade fiacutesica o estado contemplativo proporcionado pelocantochatildeo seria o exemplo contraacuterio ao acima descrito pois enquanto a danccedilaimpulsiona a partir do ritmo meacutetrico o movimento do corpo o cantochatildeo pelaadoccedilatildeo de um ritmo natildeo meacutetrico equivalente a uma pulsaccedilatildeo induziria a um estadode tranqiiilidade propiacutecio agrave introspecccedilatildeo Eacute que a gregoriano natildeo foi feitopara a gente escutar mas para a gente se deixar escutar Ele provocainsensivelmente o estado de religiosidade (Andrade 1980 p44)

No final da terceira idade a transposiccedilatildeo gradativa da muacutesica religiosa paraas salas de concerto refletiu uma mudanccedila pois ao inveacutes de buscar-se um estadode contemplaccedilatildeo coletivo passou-se a enfatizar as caracteriacutesticas da muacutesica em si

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

O principal exemplo a ser invocado quanto a esta funccedilatildeo parece ser amuacutesica religiosa cuja produccedilatildeo eacute bastante farta na 3 idade da muacutesicaprincipalmente ateacute o Barroco

Parece prender-se neste caso mais agrave letra a funccedilatildeo aqui consideradapois atraveacutes dela veicularam -se as mensagens os ensinamentos tanto da igrejacatoacutelica quanto da protestante

A saacutetira parece ser tambeacutem uma forma de impor conformidade a normassociais Nesse sentido talvez os principais exemplos na terceira idade sejamencontrados entre as canccedilotildees trovadorescas alguns madrigais e no gecircnero operistico

O sucesso da oacutepera coacutemica residia antes de tudo nos argumentosinspirados no mundo atual fazendo possivel assim ao espectador interessarshyse diretamente na accedilatildeo Aleacutem disso esta devia ser conduzida com o maacuteximorealismo jaacute que sua candente atualidade excluia toda classe de alusatildeoalegoacuterica tal como ocorria na oacutepera do seacuteculo XVIII (Leuchter 1946 p136)

A criacutetica de costumes ou a saacutetira poliacutetica estariam entre os objetivos daoacutepera cacircmica que nesse sentido pode ser vista como desempenhando a funccedilatildeo deimpor conformidade a normas sociais

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das Instituiccedilotildees Sociais e dosRituais Religiosos

Todos os exemplos aqui descritos de utilizaccedilatildeo de muacutesica religiosa querna Igreja Catoacutelica ou na Protestante na 33

bull idade da muacutesica satildeo pertinentes agravefunccedilatildeo de validaccedilatildeo dos rituais religiosos Vale assinalar mais uma vez que aproduccedilatildeo de muacutesica religiosa declina a partir do Barroco cabe observar tambeacutem

que a partir do Classicismo a muacutesica religiosa tem (talvez mais proeminentemente)a funccedilatildeo de concerto

A validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais pode ser feita segundo Merriam atraveacutesde canccedilotildees que enfatizam o que eacute conveniente e o que natildeo eacute conveniente nasociedade assim como dizem agraves pessoas o que se deve e como se deve fazerNesse sentido e vaacutelido apresentar o exemplo das chansons de geste medievaistais como satildeo abordadas por Abraham (1986)

De modo incidental Johannes de Grocheo menciona que as chansonsde geste deveriam ser cantadas para os anciatildeos para os trabalhadores epara os cidadatildeos correntes quando descansam de suas tarefas de modoque ao ouvir as miseacuterias e calamidades de outros elevem com maior energiaas suas proacuteprias e voltem ao trabalho com mais empenho (p98)

Outro exemplo apresentado pelo mesmo autor parece aplicar-se a estafunccedilatildeo refere-se ao aparecimento de um tipo de canccedilatildeo cortesatilde - a Spruchalematilde - cujo conteuacutedo era poliacutetico ou moral (pl 02)

Um outro exemplo ainda no acircmbito da funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildeessociais e dos rituais religiosos pode ser obtido em Abraham (1986) referente aosmotetos do seacuteculo XlV O autor refere-se a esses motetos atribuindo-lhes funccedilotildeespoliacuteticas e cerimoniais

Frequumlentemente compunham-se motetos para acontecimentosdo estado conservam-se composiccedilotildees deste tipo que celebravam a todos osreis franceses do seacuteculo XiV os papas os bispos e os nobres recebiam honrassimilares aleacutem disso possuiacutemos um magniacutefico exemplo inglecircs de motetoisorriacutetimico cerimonial ( ) talvez para celebrar uma reuniatildeo no dia de SatildeoJorge () em WindsOl no ano 1358 ou no 1374 ( p 125)

O mesmo autor refere-se ao madrigal num sentido passiacutevel de ser incluidona funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildees sociais e rituais religiosos ao mencionar apublicaccedilatildeo de madrigais para as cerimocircnias ( p 203)

Abraham (1986) referindo-se agrave canccedilatildeo francesa renascentista possibilitashynos uma outra inclusatildeo na funccedilatildeo de validaccedilatildeo ao referir-se agrave canccedilatildeo La guerrede Janequim que celebra a vitoacuteria obtida por Francisco I em Marignandem i5i5 (p216)

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Outro exemplo da funccedilatildeo de validaccedilatildeo ainda na Renascenccedila pode serapontado no mesmo autor

(i a muacutesica religiosa em Veneza em especial em Satildeo Marcos muitofrequumlentemente foi muacutesica para os acontecimentos do estado e Andrea Gabrieliem grande medida foi um compositor oficial Escreveu muacutesica para visitasreais para as festividades de carnaval ( ) e sua muacutesica de igreja foiplanejada com interesse especial em um som esplecircndido e de efeito muitomais do que aparece em suas composiccedilotildees profanas (p249)

As diversas oacuteperas compostas no seacuteculo XVII (Monteverdi Cavalieri Peri ) para celebraccedilatildeo de matrimocircnios aristocraacuteticos constituem um outro exemplo queaparece em diversos autores e pode ser situado no contexto de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais (Abraham 1986 p270-273) Da mesma forma cantatas eserenadas foram compostas no seacuteculo XVIII para o mesmo fim (Abraham p385)

Abraham ao abordar a muacutesica francesa para oacutergatildeo (seacuteculos XVII-XVIII)refere-se a Nicolas de Grigny cujo uacutenico livro para oacutergatildeo data de 1699 e cont~muma missa para oacutergatildeo e os hinos das principais festas do ano - hinos esses quepodem exemplificar a funccedilatildeo de validaccedilatildeo

De certa fonna as obras musicais dedicadas a reis ou a nobres em geralsatildeo tambeacutem um exemplo passiacutevel de ser incluiacutedo nesta categoria E satildeo muitas asobras assim dedicadas Citando apenas dois exemplos podemos apontar Carl PhilippEmmanuel Bach que no seacuteculo XVIII publicou Sei Sonate per cembalo dedicadasao rei da Pruacutessia e as valsas de Chopin no seacuteculo XIX todas dedicadas a membrosda nobreza

A produccedilatildeo de hinos nacionais marcadamente no seacuteculo XIX eacute citada porMenuhin (1981) e se insere sem duacutevida no contexto da funccedilatildeo de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais (p180) Na mesma trajetoacuteria de sentimento nacionalista inc1uemshyse as oacuteperas patrioacuteticas histoacutericas das quais Abraham (1986) oferece exemplo(p596)

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

Cabe afinnar mais uma vez a importacircncia da muacutesica cristatilde na terceiraidade da muacutesica embora cabendo ressaltar que ela sofre transformaccedilotildees em suaforma e conteuacutedo ao longo desse periacuteodo

Ela desempenha aparentemente de forma indubitaacutevel um papel importantequanto agrave nona funccedilatildeo social a de continuidade e estabilidade da cultura E talpapel poderia ser melhor especificado sob diversos aspectos

Um desses aspectos ainda nos primeiros tempos da terceira idade cabe aocantochatildeo Fruto do amaacutelgama de origens diversas - inc1usive da muacutesica grega -_ ~ _A bull

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1

ele garante uma certa sobrevivecircncia da muacutesica da civilizaccedilatildeo greco-romana Apresenccedila desse canto em busca de uma uniformidade da liturgia nas mais diversasparoacutequias (ainda que sujeita a possiacuteveis interferecircncias locais) eacute um fator deestabilidade e de continuidade cultural

De certa forma o cantochatildeo estaacute por traacutes de toda muacutesica culta medieval oque reforccedila a afirmativa anterior Os exemplos jaacute apresentados anteriormenteneste capiacutetulo referentes ao cantochatildeo ilustram fartamente o que vai aqui descrito

A relaccedilatildeo com a muacutesica popular que a partir provavelmente do seacuteculo Xa muacutesica cristatilde passou a manter dela se nutrindo e a ela fornecendo elementos(tambeacutem jaacute abordada anteriormente) eacute outro aspecto pertinente ao exame destafunccedilatildeo

A presenccedila da muacutesica popular e folcloacuterica inclusive a muacutesica de danccedila namuacutesica erudita (secular ou religiosa) ao longo de toda a baixa Idade Meacutedia e noperiacuteodo que se estende ateacute o seacuteculo XIX eacute tambeacutem fator de continuidade - econsequumlentemente estabilidade - cultural Haacute diversos exemplos jaacute citadosanteriormente desde a muacutesica trovadoresca agraves sinfonias claacutessicas e romacircnticasque ilustram o fato aqui descrito

Outros exemplos (jaacute apresentados no decorrer deste capiacutetulo) podem apontarpara a ocorrecircncia da funccedilatildeo aqui abordada na terceira idade da muacutesica As lendas emitos tomados como temas de oacuteperas as canccedilotildees populares e as poesias interligadasno lied os temas musicais populares ouvidos em oacuteperas missas concertos sinfoniasetc satildeo alguns dos fatos que atestam a sobrevivecircncia de elementos culturaisatraveacutes da muacutesica ou seja da nona funccedilatildeo social descrita por Merriam

De certa forma os exemplos apresentados em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo de imporconformidade a normas sociais e agrave funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais edos rituais religiosos tambeacutem se aplicam agrave funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para acontinuidade e estabilidade da cultura

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

Certamente que esta funccedilatildeo eacute muito mais fortemente observaacutevel emsociedades de estrutura menos complexa contudo ela parece tambeacutem serassinalaacutevel no contexto da terceira idade da muacutesica

De certa forma todas as funccedilotildees aqui tratadas no periacuteodo em questatildeocontribuem direta ou indiretamente para a integraccedilatildeo da sociedade

A expressatildeo emocional- individual ou coletiva - assim como o prazer esteacuteticoou o divertimento contribuiriam para o equiliacutebrio e a integraccedilatildeo da sociedade Osdiversos exemplos apontados quando do exame dessas funccedilotildees podem para aquiser transpostos

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A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo tambeacutem entrelaccedila-se agrave de integraccedilatildeo dasociedade e a ilustraccedilatildeo apresentada anteriormente quanto agrave funccedilatildeo decomunicaccedilatildeo na muacutesica da terceira idade pode igualmente ser transposta para oacircmbito da deacutecima funccedilatildeo

A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica ao unir os indiviacuteduos em tomo de umamesma simbologia tambeacutem contribui para a integraccedilatildeo social e jaacute foi exemplificadaanteriormente

A funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica embora questionada pelo proacuteprio Merriam podetambeacutem ser cogitada aqui Os exemplos apresentados no acircmbito da anaacutelise dafunccedilatildeo de reaccedilatildeo fisica parecem contribuir para o congraccedilamento dos indiviacuteduosquer atraveacutes da movimentaccedilatildeo da danccedila quer atraveacutes da integraccedilatildeo coletiva emtomo da inspiraccedilatildeo tranquumlila do canto gregoriano

A funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais bem como a devalidaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos parecem claramente ligadasagrave questatildeo da integraccedilatildeo social cabendo retomar os exemplos jaacute apresentados

Finalmente a nona funccedilatildeo a de contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidadeda cultura tambeacutem natildeo parece passiveI de questionamento quantoagrave forte relaccedilatildeoque apresenta com a funccedilatildeo de integraccedilatildeo social e sua revisatildeo aqui eacute absolutamentepertinente

Haacute grande fartura de exemplos encontrados na literatura revista que apontampara a ocorrecircncia na terceira idade da muacutesica dos dez tipos de funccedilotildees descritospor Merriam

Apesar das referecircncias agrave perda gradativa da participaccedilatildeo cotidiana damuacutesica nesse periacuteodo ou mesmo agrave destinaccedilatildeo tambeacutem gradativa da muacutesicaculta a ouvintes conhecedores (Fischer sd p220) a muacutesica da terceiraidade eacute plena de funccedilotildees sociais desempenhando um papel significativo nocontexto desse periacuteodo Cabe mais uma vez registrar que apesar do divoacutercioaparente entre a muacutesica culta e a popular dessa fase as pontes entre elas natildeoforam cortadas e isso talvez explique ao menos em parte a riqueza de f~nccedilotilde~ssociais da muacutesica da terceira idade

I bull ~

I Quarta Idade da Muacutesica)

A quarta idade da muacutesica eacute definida por Wiora como a idade de teacutecnica e dacivilizaccedilatildeo industrial mundial

Wiora assinala inicialmente a permanecircncia de tendecircncias anteriores namuacutesica do seacuteculo XX quer na continuaccedilatildeo do concerto puacuteblico e na ecircnfase naperfeiccedilatildeo teacutecnica e na integraccedilatildeo quer na praacutetica musical de grupos neo-

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Aula
Nota
2709 Bella e Migueacute

romacircnticos ou mesmo de Schotildeenb~aelaboraccedilatildeo musical partiu aindasegundo o mesmo autor da desintegraccedilatildeo de elementos propostos por Wagner

Leuchter (1947) analisando a passagem da muacutesica do seacuteculo XIX para oseacuteculo XX afirma

O problema que se colocou agrave muacutesica do incipiente seacuteculo XX consistiu( ) em encontrar a soluccedilatildeo do antagonismo que na arte neo-romagraventica aparece entre sua essecircncia realista e sua aparecircncia romacircntica Quando em1866 morre Liszt uacuteltimo dos grandes expoentes da muacutesica imperialistacomeccedila a manifestar-se uma reaccedilatildeo contra o espirito dessa arte reaccedilatildeo quese concretizou em vaacuterias correntes de distinta indole Mas por mais opostasque pareccedilam as duas tendecircncias fundamentais de fins do seacuteculo XIXNaturalismo e Impressionismo surgiram sem duacutevida de um mesmo impulso a oposiccedilatildeo ao antagonismo neo-romacircntico (p169)

Wiora afirma tambeacutem que o seacuteculo XX representa uma ruptura de primeiragrandeza na histoacuteria do mundo o iniacutecio de uma nova era na histoacuteria da humanidade

Hamoncourt (1988) aborda a modificaccedilatildeo radical de significaccedilatildeo da muacutesicanos uacuteltimos dois seacuteculos deixando de ser o centro de nossas vidas (parte essencialdelas) deixando de ser a linguagem viva do indiziacutevel que soacute os seuscontemporacircneos podem entender tomando-se no seacuteculo XX um Ornamento (p13)

Leuchter (1947) afirma que a tendecircncia da muacutesica do seacuteculo XX a umanova objetividade leva agrave busca de eE1ina~9 de todo tipo de impulsosextramusicais e se opotildee tanto agrave muacutesicaclaacutessica quantoarotildemacircnuumlcatildee agraveneoshyrorrIacuteacircnUumlca~-Conduztambeacutem agrave conquista de novos meios de realizaccedilatildeo (p170)

Outra tendecircncia que Leuchter assinala na muacutesica da quarta idade eacute a deum liYr~desenvolvimentodas forccedilas motoras da muacutesica quer extraiacutedas deprograma~il1decircpendentesate certo ponto dam~nt~-~datildelmahumanas queremanadas da muacutesica popular (em especial de seus ritmos) quer completamenteindependentes recebendo seus impulsos exclusivamente de si mesmas (p173shy75) A concepccedilatildeo motora segundo Leuchter leva a muacutesica agrave desintegraccedilatildeocompleta das leis construtivas do seacuteculo XIX e conduz a um processo de objetivaccedilatildeorestituindo-lhe sua autonomia e abrindo novos horizontes agrave produccedilatildeo musical

Wiora considera que a quarta idade apresenta as seguintes caracteriacutesticas1) difusatildeo da muacutesica ocidental sobre o globo e formaccedilatildeo de uma cultura musicalglobal 2) um duplo processo de popularizaccedilatildeo e de despopularizaccedilatildeo da muacutesica3) retomada de toda muacutesica anterior e paralelamente exclusatildeo do passado musicalna composiccedilatildeo 4) conquista de novos territoacuterios musicais e retraimento ateacute oslimites da muacutesica 5) tecnizaccedilatildeo e artificializaccedilatildeo 6) organizaccedilatildeo industrializaccedilatildeoe ideologizaccedilatildeo da vida musical 7) desumanizaccedilatildeo e regeneraccedilatildeo Essascaracteriacutesticas seratildeo comentadas nos paraacutegrafos que se seguem

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Wiora considera ainda que a muacutesica ocidental formou-se no Sul e no Oesteda Europa de onde difundiu-se pouco a pouco sobre a terra toda a partir defatores como a colonizaccedilatildeo da Ameacuterica e de outras terras a atuaccedilatildeo demissionaacuterios as escolas o comeacutercio o raacutedio etc

Dessa expansatildeo decorreram segundo o autor dois processos 1) a muacutesicados compositores ocidentais foi introduzida e se adaptou gradativamente a novosgecircneros de vida 2) os muacutesicos locais comeccedilaram a compor sobre modeloseuropeus formando tendecircncias nacionais a partir do amaacutelgama da tradiccedilatildeo localcom esses modelos - no caso da Ameacuterica tal amaacutelgama reuniu traccedilos europeusindiacutegenas e negros sendo que alguns dos gecircneros daiacute decorrentes como oJaizxma muacutesica de filmes de Hollywood difundiu-se sobre o mundo todo

A costumeira oposiccedilatildeo que frequumlentemente se faz entre muacutesica europeacuteiae muacutesica da Ameacuterica qualificada em comum de muacutesica ociental e muacutesica dascivilizaccedilotildees primitivas ou ocidentais natildeo corresponde segundo Wiora agrave realidadeem funccedilatildeo de novas relaccedilotildees que se estendem a todo o planeta

Assim ainda segundo o mesmo autor apesar do enfraquecimento dastendecircncias musicais tradicionais locais elas natildeo foram inteiramente anuladas esegundo ele subsistem em certos momentos seja no timbre da voz seja emcaracteriacutestics riacutetmicas etc

Assim em um disco Indiacutegenas do Meacutexico tocam peccedilas do estiacuteloeuropeu mas seu temperamento proacuteprio aflora nos ritmos de seus tamboresUma peccedila lembra uma cadecircncia da eacutepoca dos claacutessicos vienenses massegundo seu proacuteprio costume eacute repetida muitas vezes como uma foacutermulameloacutedica de um canto primitivo (Wiora 1961 p 162)

Wiora assinala tambeacutem entre as altas civilizaccedilotildees orientais a introduccedilatildeo damuacutesica europeacuteia seja em concertos ou programas radiofocircnicos organizados comona Europa seja no repertoacuterio Por outro lado os modos europeus do folcloredo exotismo e do impressionismo prepararam misturas de estilos que continuamhoje nos compositores orientais ( p 163)

Um outro exemplo de mistura citado pelo autor eacute o jazz que para ele soacutepocircde atingir uma irradiaccedilatildeo mundial em decorrecircncia de ser uma mistura de hannoniaeuropeacuteia e de ritmos e expressotildees negros - de certa forma o jazz combinouelementos da primeira e da quarta idade ( p 164) O jazz ainda segundoWiora representa junto a outros eventos um movimento de reaccedilatildeo contra aexpansatildeo europeacuteia - embora a propagaccedilatildeo de muacutesica no mundo continue ase fazer partindo de raiacutezes europeacuteias (p 165)

O progresso da circulaccedilatildeo mundial dos meios de comunicaccedilatildeo como oraacutedio alargaram os horizontes musicais e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo de umpuacuteblico mundial Tambeacutem a difusatildeo das obras musicais em partituras e discos

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atraveacutes de concertos e do raacutedio levaram ao surgimento de uma literatura musicalmundial contribuindo para a difusatildeo e a uniformizaccedilatildeo da muacutesica no mundo

() os tempos modernos favorecem a uniformizaccedilatildeo sob muitosaspectos a normatizaccedilatildeo e a padronizaccedilatildeo do diapasatildeo da teacutecnica e daterminologia a supremacia das canccedilotildees populares repetitivas e dosinstrumentos populares em todas as regiotildees de outro lado a unidade deestilo das composiccedilotildees dodecafocircnicas ou seriais difundidas por toda partesem que se possa distinguir de que regiatildeo elas provecircm (Wiora 1961 p 166)

r----- -ParaIacuteelamente a essa unifoririacuteizaccedilatildeo contudo como jaacute foi referido anteriormente o autor enfatiza que a nova idade mundial favorece as misturas e os sincretismos (p 166)

No que se refere a popularizaccedilatildeo e despopularizaccedilatildeo da muacutesica Wioraassinala a ocorrecircncia de uma democratizaccedilatildeo da vida musi~~l a partir da eacutepoca darevoluccedilatildeo francesa ultrapassando os limites dos auditoacuterios burgueses - fatorescomo a radiodifusatildeo a realizaccedilatildeo de concertos populares a reduccedilatildeo da jornada detrabalho entre outros explicariam essa popularizaccedilatildeo bem como o surgimento denovas categorias de ouvintes (como o ouvinte anocircnimo e solitaacuterio de apresentaccedilotildeesradiofocircnicas escolhidas ou o colecionador apaixonado de bons discos)

Contudo Wiora assinala que todo este processo de popularizaccedilatildeo tem porcontrapartida a extinccedilatildeo das tradiccedilotildees populares autecircnticas (p 172) Paralelamentea esse processo de popularizaccedilatildeo crescente Wiora identifica um movimentodiametralmente oposto que ele identifica como um esforccedilo de eS2t~rismo

A muacutesica de vanguarda se distancia P~-~~~spr~middotnciacuteiosatonais

atemaacuteticos anedoacuteticos para fora do alcance do grande puacuteblico e da maiorparte dos amadores( ) Essa muacutesica natildeo pode atingir a popularidade

j primeiramente por sua extrema artificialidade e em seguida por sua oposiccedilatildeoacentuada agraves massas ao clichecirc e agrave exploraccedilatildeo comercial (p 173)

( Wiora considera que um processo engendra o outro ou seja a popularizaccedilatildeoI suscita a despopularizaccedilatildeo e vice-versa sendo que a segunda paradoxalmenteinatildeo eacute possiacutevel sem a sustentaccedilatildeo financeira do grande puacuteblico

Adorno citado por Wiora afirma assinalando o distanciamento da muacutesicaerudita do seacuteculo XX Desde a Flauta Maacutegica a muacutesica seacuteria e a muacutesicaligeira natildeo coincidiram mais Toda arte agradaacutevel e ligeira tornou-seilusoacuteria e enganosa (p 174) f [ S

Leuchter (1946) analisando a muacutesica da quarta idade considera que oExpressionismo manifesto nas obras dodecafocircnicas de Schotildeenberg e Webernleva a uma renuacutencia a toda missatildeo social da arte (p 186) ou seja corrobora oargumento d~ despop~Iarlzaccedilatilde-oconsidernI-do que a esfera de accedilatildeo da obra ficareduzida a um miacutenimo - o ciacuterculo dos entendidos (p187)

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o autor considera que o dodecafonismo eacute um indiacutecio de um incipienteprocesso de objetivaccedilatildeo mesmo que as formas levem ainda um conteuacutedosubjetivo E considera ainda que a composiccedilatildeo serial ao derivar todos osfenocircmenos musicais de um uacutenico ponto central- a seacuterie tal como o cantus firmusda Idade Meacutedia aponta para um retorno da muacutesica a sua mais ancestral finalidade- ser siacutembolo do processo de criaccedilatildeo transcendental (p 190)

Tambeacutem Raynor ( 1981) nos oferece um exenplo bastante interessante noque concerne ao distanciamento do puacuteblico pela muacutesica do seacuteculo XX Soacute comSchoenberg vamos encontrar um compositor de vulto rejeitando o auditoacuteriocomo uma necessidade mais ou menos desagradaacutevel ( p 18)

Raynor transcreve trecho de carta de Schotildeenberg que bem exemplificaesse distanciamento

Mantenho tambeacutem a opinatildeo de que uma obra natildeo tem de viver isto eacute -ser executada a todo custo isto eacute se tiver de perder partes dela mesmo quefeias ou falhas mas que nasceram com ela

A segunda questatildeo eacute a da consideraccedilatildeo pelo ouvinte como ele tem pormim Tudo o que sei eacute que ele existe e na medida em que natildeo eacute indispensaacutevel pormotivos acpsticos (visto quea muacutesica natildeo soa bem numa sala vazia) ele eacute apenasum estorvoi ibid)

Raynor afirma que Schotildeenberg perdera a esperanccedila de estabelecercomunicaccedilatildeo com o puacuteblico ao contraacuterio de Beethoven que parece tercompreendido que levaria tempo para que o gosto popular assimilasse seus uacuteltimosquartetos mas pressupunha que eles existissem para serem ouvidos ( )

Harnoncourt (1988) acrescenta-nos uma afirmativa interessante a respeitodo isolamento da muacutesica culta no seacuteculo XX assinalando que a muacutesica hoje natildeosatisfaz nem ao muacutesico nem ao puacuteblico gerando assim um vazio que buscamospreencher segundo ele com a muacutesica histoacuterica ( p 18)

Outro aspecto dual da muacutesica da quarta idade tambeacutem abordado por Wioraeacute o da retomada da muacutesica an~~iltgt paralelam~nt~ordfs~ccedilJlliatildeodo ~ssado nacomposiccedilatildeo Ou seja com o abandono da muacutesica de tradiccedilatildeo oral do folclore dascanccedilotildees populares desaparecem as variaccedilotildees improvisadas mas reproduzem-sepeccedilas fixadas para sempre sobre partituras ou sobre discos (Wiora 1961p175)

A desapariccedilatildeo da tradiccedilatildeo corresponde contudo a multiplicaccedilatildeo de olharesconscientes em direccedilatildeo ao passado a historizaccedilatildeo do passado do qual noacutespodemos somente guardar uma imagem mas que natildeo eacute mais um elemento danossa vida (Wittram citado por Wiora 1961p175)

O desenvolvimento da musicologia e da mentalidade historicista na muacutesicaeacute segundo Wiora uma das caracteriacutesticas da muacutesica da quarta idade - recolhem-

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se e editam-se manuscritos de todos os seacuteculos cantos populares de todos os

paiacuteses ressuscitam-se instrumentos do mundo todo () (Wiora 1961 p 176)Outros exemplos desse processo segundoWiora satildeo a busca e a divulgaccedilatildeo

de cartas de muacutesicos visando a ressuscitar a vida e o conhecimento dos grandesmestres a busca de reconstituiccedilatildeo de textos musicais segundo o original exatosegundo a concepccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo exatas segundo a autenticidade da obra(p 176)

Tambeacutem a pesquisa folcloacuterica se expande e compositores como Janacekou Bartok satildeo segundo o autor aleacutem de compositores exploradores a serviccedilo daciecircncia histoacuterica (pI77)

A difusatildeo mundial da muacutesica antiga se expande tambeacutem na quarta idade eKutz citado por Wiora refere-se a crianccedilas negras da Aacutefrica do Sul cantandovelhos madrigais ingleses e agrave difusatildeo do cravo (ressuscitado na Europa haacute cercade trinta anos) no Cairo na Batavia em Singapura Shangai Tokio O raacutedio e odisco contribuem para isso e desenvolve-se a construccedilatildeo modema de instrumentosantigos o traccedilo dominante consiste em qar agrave muacutesica antiga novas concepccedilotildees

f de exist~n~ja (p 177)O desenvolvimento da consciecircncia histoacuterica musical leva a que os

compositores do seacuteculo XX conheccedilam mais obras do passado do que oscompositores dos seacuteculos anteriores E aproveitam muitos deles caracteriacutesticasdessasobras para por renovaccedilatildeo e acumulaccedilatildeo chegarem a novos resultadosWiora identifica trecircs formas principais de aproveitamento I) de estilos passadosda muacutesica ocidental (Idade Meacutedia Renascenccedila Barroco e Classicismo) 2) deestilos de povos ocidentais e orientais das tradiccedilotildees escrita e oral 3) de estilosarcaicos renovados (como certas foacutermulas de recitativos)

Fischer (sd) aborda o reaproveitamento no seacuteculo XX da muacutesica dopassado como um risco de levar agrave imitaccedilatildeo crassa pois considera que a muacutesicamodema se alimenta de um conteuacutedo perdido de formas cuja significaccedilatildeo evigor natildeo existem mais (p 223)

Paralelamente a esse processo de renovaccedilatildeo da heranccedila musical do passadoWiora assinala a ocorrecircncia de um movimento contraacuterio uma forte exigecircncia deromper totalmente com o passado ~

Embora todos os antigos mestreos Josquin os Bach os Beethovencombinassem tendecircncias conservadoras e progressistas e mesmo atemporaisou transhistoacutericas hoje se estabelece como norma um progressismo elementoparcial ateacute entatildeo e se pretende compor excluindo o passado (p 181)

Apesar dessa tendecircncia de exigir a ruptura com todo acervo tradicionalmuitos compositores como Hindemith ao envelhecerem se tomaram maisconservadores voltando-se para o passado musical

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Outro duplo aspecto enfocado por Wiora na anaacutelise da quarta idade da muacutesicadiz respeito agrave conquista de terras novas - ou seja de novas mateacuterias primaspara a composiccedilatildeo - paralelamente ao retraimento ateacute os limites da muacutesica

No acircmbito das novas conquistas encontram-se segundo o mesmo autornovas escalas e estruturas (como as atonais ou dodecafocircnicas) novas concepccedilotildeesriacutetmicas (como os ritmos assimeacutetricos) novas abordagens harmocircnicas tiacutembricasnovos dinamismos e agoacutegicas

Os limites fisicos - da voz humana ou da matildeo do instrumentista - satildeoultrapassados pela teacutecnica nas composiccedilotildees vanguardistas e segundo Freyer citadopor Wiora (p 186)corre-se o risco de que o livre emprego de todo o arsenal de meios teacutecnicos tornese um fim em si mesmo

A liberdade total que pareceria advir douacuteso ilimitado de teacutecnicas ilimitadaseacute contudo ilusoacuteria de vez que novas regras (ainda que totalmente libertas dasregras do passado) satildeo estabelecidas

No que concerne ao retraimento ateacute os limites da muacutesica Wiora consideraque a muacutesica da quarta idade perdeu a participaccedilatildeo em relaccedilotildees gerais como oserviccedilo divino a paacutetria o estilo de vida e paralelamente desapareceram aspropriedades correspondentes como a ambientaccedilatildeo a eacutetica a perspectiva

Stravinsky citado por Wiora afirma Eu considero que a muacutesica porsua natureza eacute incapaz de exprimir qualquer coisa que seja sentimentoatitude estado psicoloacutegico fenocircmeno natural natildeo importa qual (p 8)

Wiora afirma que aleacutem dos aspectos relacionados por Stravinsky a muacutesicado seacuteculo XX foi tambeacutem despojada de sua trama estrutural operando-se uma reduccedilatildeoateacute os limites a partir dos quais natildeo haacute propriamente muacutesica (p 188)

A realizaccedilatildeo progressiva de possibilidades preacute-existentes a rartir das quaisa muacutesica eacute criada natildeo eacute infinita segundo o mesmo autor mas se prende a limitesdeterminados pela natureza das coisas Segundo o autor eacute caracteriacutestica doseacuteculo XX iniacutecio da quarta idade da muacutesica que a maior parte dos movimentosvanguardistas opere nas zonas de fronteira da muacutesica ou passe para os domiacuteniosvizinhos como o da linguagem e o do ruido

Wiora toma como conceito de muacutesica o que a define como a arte dossons e a partir dessa definiccedilatildeo faz duas consideraccedilotildees relativas agrave muacutesica doseacuteculo XX 1) como arte ela eacute feita a partir de sua natureza de conte~dos

intrinsecamente musicais ou transmusicais sensiacuteveis e inteligiacuteveis 2) a mUacuteSIca eumjogo com sons niacutetidos e determinados sendo possiacutevel a intervenccedilatildeo de ruiacutedoseventuais como acessoacuterio

Quanto ao primeiro aspecto o autor considera que a percepccedilatildeo dos elementos(como o sujeito em uma fuga) eacute essencial para que natildeo nos aproximemos doslimites da arte Mas nos aproximamos do limite da arte se os conhecedores

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eles mesmos natildeo perceberem suficientemente uma seacuterie de sons e suastransformaccedilotildees e se eles natildeo podem fazer uma ideacuteia ( da seacuterie e derivados)se natildeo analisarem a partitura (Wiora 1961 p 190)

rWiora afinna que ao adotar estruturas de difiacutecil percepccedilatildeo a muacutesica se

dessensibiliza e perde seu caraacuteter de espiritualidade - toma-se muacutesica de papelafasta-se do puacuteblico

- O segundo aspecto abordado por Wiora remete ao uso de outros materiaissonoros que natildeo os sons de altura definida Ele considera que os ruiacutedos eventuaissatildeo aceitaacuteveis que se satildeo numerosos a obra natildeo eacute senatildeo parcialmente musical ese eles dominam natildeo se trata de muacutesica no sentido proacuteprio do tenno

A partir das consideraccedilotildees acima o autor considera que a arte ruidosa - conto-a muacutesica concreta ou a eletrocircnica ultrapassa as fronteiras da arte musical el~~ deveria chamar-se muacutesica) embora constitua uma evidente tendecircncia do seacuteculo atual

Ocircutro aspecto da muacutesica da quarta idade abordado por Wiora eacute o datecnicizaccedilatildeo e da artificializaccedilatildeo

Wiora assinala que a muacutesica estaacute tecnicizada na atualidade sob um duploasectecto primeiramente porque se tem aplicado agrave muacutesica lt) espiacute~ito teacutecni~o ~os

) engenheiros segundo em funccedilatildeo da transmissatildeo ou da reproduccedilao eletrotecmcac _ de sons (discos raacutedio composiccedilatildeo eletrocircnica)

O autor afinna que ateacute mesmo a muacutesica executada por meios tradicionaisestaacute influenciada por esse espiacuterito tecnicista que i1_spiordf_~u~er~~~55~lisIJl~_~~_s_

solistas e das orquestras levando a Ull realismoinexp~~~ioem que amuacute~icac ltflui automaticamente como um motor ~ -_ ~-

Oespirit~te~-Icrsta kvatildetambeacutem segundo Wiora a um construtivismo na muacutesica atual sendo que certos artifiacutecios jaacute empregados na Idade Meacutedia como o

de inversatildeo de motivos satildeo retomados hoje em dia como nas teacutecnicas dodecafocircnicas(_ de composiccedilatildeo que conduzem agrave construccedilatildeo total lt

r A construccedilatildeo segundo o autor toma-se um fim em si e nessa perspectiva toma-se indiferente que os ouvintes natildeo a possam perceber

As descobertas e1etro-acuacutesticas satildeo ainda segundo Wiora fator de diferenccedila fundamental entre a quarta idade da muacutesica e as anteriores Alguns aspectos~

principais referentes a essas descobertas satildeo assinalados por Wiora 1) asgravaccedilotildees pennitem faacutecil acesso agrave muacutesica ~_ordm-_~forccedilQ de~~~c_utaacute-Ia aleacutemdisso as interpretaccedilotildees de muacutesicos famosos satildeo amplamente divulgadas econservam-se para a posteridade 2) as gravaccedilotildees o raacutedio e a televisatildeo suprimema barreira do espaccedilo e transportam as obras-primas ateacute mesmo a recantos onde oshomens jamais pisaram numa sala de concerto familiarizam-se assiIl1z~ordmD ti1-ordmres

-artificiais e natildeo com os verdadeiros 3) os novos instrumentos eletrocircnicos se~ssemelham~mpatilderte aos tratildediCiotildeiiatildeis e buscam reproduzir os sons de maneira

econocircmica mas modificam os timbres e a maneira de produzir muacutesica 4) osaparelhos eletrocircnicos para medir registrar reproduzir ou produzir sons modificamo domiacutenio da musicologia teoacuterica e praacutetica gerando instituiccedilotildees para estudoexperimental das novas possibilidades de conhecimento e praacutetica 5) a modificaccedilatildeodos sons as misturas as recriaccedilotildees surgem como novos dados de fonna que oselementos musicais natildeo satildeo mais tomados agrave natureza mas criados artificialmente6) a busca do novo absoluto do inusitado atraveacutes de recursos e1etrocircnicos sugerepossibilidades infinitas mas cria dependecircncias a recursos materiais

Wiora aborda ainda a questatildeo da organizaccedilatildeo da industrializaccedilatildeo e daideologizaccedilatildeo da vida musical que segundo ele leva agrave fonnaacuteccedilatildeo de uma trama deaparelhos de maacutequinas de empregados de funcionaacuterios de ideologias de direitosde autores etc interferindo na Musa da Muacutesica e frequumlentemente a oprimindo(Wiora 1961 p 199)

A quantidade crescente de organizaccedilotildees instituiccedilotildees congressos e festivaiseacute segundo Wiora fator de diferenciaccedilatildeo na muacutesica da nova idade para asprecedentes

O papel da induacutestria modema funcionando tambeacutem como estruturasecundaacuteria na vida musical contemporacircnea eacute enfatizada pelo autor que assinalaa importacircncia dos processos de massificaccedilatildeo atraveacutes da propaganda assim comoda literatura de programa da criacutetica e outros

Outras caracteriacutesticas contraditoacuterias da muacutesica contemporacircnea abordadaspor Wiora satildeo a desumanizaccedilatildeo e a regeneraccedilatildeo do aspecto humano na muacutesica

A desumanizaccedilatildeo eacute considerada pelo autor evidente a partir de vaacuteriosaspectos 1) substituiccedilatildeo de inteacuterpretes por aparelhos o que se reflete inclusiveno decliacutenio do uso da voz humana no cultivo de uma atitude passiva (como a quese tem ao apertar o botatildeo de um raacutedio para ouvir muacutesica pronta ao inveacutes de porexemplo cantar em casa) 2) desaparecimento de relaccedilotildees humanas como entre() muacutesico e o ouvinte em razatildeo do intennediaacuterio mecacircnico entre o compositor e omU1do ambiente etc

Pela teeacutenicizaccedilatildeo a maior parte das possibilidades que oferecia amuacutesica lIa vida desapareceu Na usina natildeo pode se elevar nenhum canto detrabalho IS grandes vilas industriais natildeo se pode formar nenhum canto detrabalho na ftrandes vilas industriais natildeo se pode formar nenhum ambientemusical comgt foi o caso de Nuremberg e Veneza ratilde sino da igreja foi osiacutembolo de nosL1 antiga cultura o da civilizaccedilatildeo uumliacutedustrial eacute a sirene dausina (Wiora 196 p 204)

Paralelamenttltt esse pr~cesso de desumanizaccedilatildeo da muacutesica da quartaidade Wiora identificum processo de restauraccedilatildeo das caracteristicas humanasna muacutesica (p 205) Os e~ldos de psicologia e de sociologia recentes aplicados agrave

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muacutesica tecircm contribuiacutedo para esse resgate dos valores humanos e para a constituiccedilatildeode uma nova base da teoria e da educaccedilatildeo musicais

[Apesar da evidente tendecircncia massificadora da nova idade os apelos aosretornos e a humanizaccedilatildeo da muacutesica se desenvolvem e agem conjuntamente comas forccedilas de desumanizaccedilatildeo e de tecnicizaccedilatilde~Algunsexemplos seriam o despertarde atividades musicais a partir dos jardins de inffincia o desenvolvimento do jazzo reverso agrave tendecircncia construtivista em composiccedilotildees onde se deixe uma grandeliberdade ao executante

Concluindo seu exame da quarta idade Wiora considera que a tendecircncia abuscar ilimitadamente o novo na muacutesica eacute utoacutepica pois I1atildeo haacute terras novas aconquistar1ndefinidamente Para ele a expansatildeo musical tem limites definido-~eashy

ultrapassagem desses limites pode conduzir aos domiacutenios vizinhos ao ruiacutedoA baixa representatividade nos concertos das obras vanguardistas seria

para o autor reflexo de seu isolamento Wiora apresenta argumentos como osde Honnegger (p 207) que considera que a muacutesica estaacute decadente e em processode desaparecimento e os de Juumlnger (p 208) que ao considerar a ocorrecircncia deuma fase transhistoacuterica abre horizontes diferentes para a histoacuteria da muacutesica

Harnoncourt (1988) registra a importante mudanccedila que a muacutesica sofre nonosso seacuteculo e observa que a compreensatildeo da muacutesica ateacute o seacuteculo XIX faziaparte da cultura geral e que hoje paradoxalmente ouvimos muito mais muacutesica queantes mas ela frequumlentemente tomou-se um simples ornamento ou uma formade ~nrig-t~~eLQlH~-spordfnordfL9~ilecircciocrialtiop~Jl~lidatildeo (p 13)

O mesmo autor observa contudo que podemocircs observar que a muacutesica atualestaacute dividida em muacutesica folcloacuterica muacutesica popular e muacutesica seacuteria e que dentrodesses grupos encontram-se ainda parcelas da unidade entre muacutesica e vida masque a unidade como um todo se perdeu Para ele na muacutesica folcloacuterica pode-seainda descobrir certa unidade e na muacutesica popular encontram-se ainda vestiacutegiosda antiga funccedilatildeo da muacutesica mas questiona o papel social da muacutesica seacuteria(Harnoncourt 1988 p 25)

Analisando a crise da muacutesica seacuteria o autor considera que ela eacute reflexo cit criseespiritual e intelectual do nosso tempo pois a muacutesica para ele eacute um espelhodcpresente

A muacutesica moderna cultivada por importantes e ilustro) muacutesicosdesde seacuteculos existe apenas para um diminuto ciacuterculo de intressados queviaja e eacute sempre o mesmo em toda parte Natildeo Odigo de manra iroacutenica maseacute que sinto realmente isso como o sintoma de um colapsoue natildeo eacute simplesde ser entendido e explicado Pois quando a muacutesica se spura de seu puacuteblicoisto natildeo eacute culpa nem da muacutesica nem do puacuteblico (HarJncourt 1988 p25)

Embora o autor natildeo se refira nesse momento agrave muacute~a popular como tambeacutemrefletindo a crise de nosso tempoela sem duacutevida - ainl que de maneira diferente

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sofre consequumlecircncias desse processo Ado tambeacute~ a questatildeo da muacutesica popul~r em ~~ cltad nas paacuteginas seguintes abordaculturais do seacuteculo Xx rtlculaccedilao com as caracteriacutesticas soacutecio-

Harnoncourt (p27-28) assinala tambeacute sena contemporacircnea lev m que o dIstancIamento da m

ou ao culto da muacutesica d USlcacompreender verdadeiramente essa m o passado soacute que natildeo podemos

t USlca Ja que I fi ~ ou ras epocas Ou seja podem e a 01 lelta para pessoas d os aproXImar-nos d e

e emoclOnms mas perdemos seu conteuacuted e seus componentes esteacuteticos

Adorno (I 975) tambeacutem analisa a sit o ~ no s~culo Xx Considera que na atualid~~~aoh~amUSIca no contexto do OcidentemusIca ao qual corresponde um ~um processo de fetichizaccedilatildeo da

E a regressao da audi ~ntre as causas de ft tichi7 accedilatildeo da ccedilao

comportamento valorativo em con~s mUSIca Adorno cita a mudanccedila deq I equencla das influecirc d

ua o cnteno de julgamento eacute o fato de a ~ nClaS o mercado a partir doe gostar de um disco de sucesso eacute q canccedilao de sucesso ser conhecida de todos

Adorno observa ainda qu uase o me~m~ que reconhececirc-lo (p 173)d e a mUSIca II

estma-se ao descarte raacutepido e p gelra e toda a muacutesica de consumoP roporclOna entret

orem apenas para ao mesmo t emmento atrativo e pra7 erp empo recusar os vai ~

ara o autor contudo ao inveacutesd ores que concede (p174)~escartavel contribui para o emudecimnentretenImento legiacutetimo essa muacutesicahnguagem como meio de expressatildeo e im to d~ homens levando agrave morte a

A consequumlecircncia desse pro possIbJlItando a comunicaccedilatildeode fal I cesso segundo Adorno ~ ar rea mente tambeacutem ningueacutem eacute ca az e que se ningueacutem eacute capaz

nao dar atenccedilatildeo ao que ouvem dura t p de OUVIr - as pessoas aprenderam aco d n e mesmo opraacute dnVertl o em consumidor passivo d _ pno ato e ouvir O ouvintemomentos isolados de prazer send per e a noccedilao do todo e usufrui apenas d~funccedilatildeo criacutetica (p176) o que esses momentos parciais jaacute natildeo exerdem

A negaccedilatildeo dos valores dos sentidos na o bull

transformou-se segundo Ad mUSIca ascetlCa do seacuteculo XXA art l orno em caracteriacutestica e b d

e 1ge1ra e agradaacutevel serla ape an eIra da arte avanccediladad d nas um suc d

ver a elro prazer dos sentidos e aneo superficial ilusoacuterio do

_A nOVa etapa da con~ciecircncia m ngaccedilao e rejeiccedilatildeo do prazer no pr uSlcal das massas se define pelatao diferente das canccedilotildees de opno prazer ( ) A muacutesica de ScoenbergCOIl1 elas natildeo eacute degustada nagrave~upc~seos apdresenta em todo caso uma analogi~

Ad er esfrutada (Add middot orno Identifica tambeacutem a Ccedil d ~ orno 1975 pI77)

Iverso f prolun a clsao emnunca ralmiddotIPos de muacutes~ca pois segundo ele desde FlauntaOMss~ t~mpo entre os- s se conseguIu re ------- aalca de Mo rtsena h 000 o ynlr mUSIca sena e muacutesic I----_-__~ z~

degJe uma caracteriacutestica de todos o f d a Ig~I~~ A banahdade contudos IpOS e mUSIca e as leis de mercado

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r

afetariamlgualmente a muacutesica seacuteria e a muacutesica ligeira A partir daiacute a apreciaccedilatildeoda muacutesica seria substituiacuteda pelo culto aos fetiches (Adorno 1975 p 178)

r- Adorno assinala os princip-ais fetIchesmiddotquepatildessam assim a dominar a muacutesicao princiacutepio do estrelato (que afeta todos os ramos de alto virtuosi~mo teacutecnicosobretudo o da voiIiumagravena os grandes mestres os best sellers os mstrumentosmusicais de marca consagrada etc) a caracteriacutestica de l1ercadltgtria que eacute atribuiacuteda

I agrave proacutepria muacutesica e a todo um mercado de consumo em torno dela necessaacuterioI para que se possa ouvir muacutesica _ ~ O autor considera que o processo atual de etlChIZaccedilao da mUSIca lIgado atroca de valores autecircnticos de significaccedilatildeo por valores de mercado envolve amanipulaccedilatildeo comercial tanto da muacutesica claacutessica quanto da muacutesica ligeiraeliminando qualquer distinccedilatildeo legiacutetima entre as duas banalizando a ambas

A atual utilizaccedilatildeo da muacutesica com funccedilatildeo propagandiacutestica eacute tambeacutem assinaladapelo autor como decorrecircncia do processo de transformaccedilatildeo de muacutesica emmercadoria e do seu consequumlente despojamento de valores intriacutensecos

Adorno identifica a partir da anaacutelise dos aspectos acima mencionados amodificaccedilatildeo da funccedilatildeo da muacutesica em nossa sociedade atingindo os proacuteprios

fundamentos da relaccedilatildeo entre arte e sociedadeA praacutetica de arranjos de muacutesicas claacutessicas buscando tornaacute-la facilmente

assimilaacutevel eacute um processo de degradaccedilatildeo segundo o autor que suprime agrave muacutesicasuas caracteriacutesticas originais (e contextuais) Contrariamente Schurmann que seraacutecitado a seguir considera que a praacutetica amadoriacutestica de versotildees simplificadas eacutefavorecedora de maior envolvimento com o puacuteblico e de comunicabilidade

Segundo Adorno a praacutetica dos arranjos toma emprestada a exigecircnciade niacutevel e qualidade dos bens da cultura poreacutem transforma-os em objetos deentretenimento do tipo das muacutesicas de sucesso (p185)

A verdadeira muacutesica estaria assim num processo de desaparecimentocrescente ateacute mesmo porque segundo ele o processo de fetichizaccedilatildeo invadeateacute mesmo a muacutesica supostamente seacuteria que mobiliza o paacutethos da distacircncia

contra o entretenimento elevado (p185)r A barbaacuterie da perfeiccedilatildeo associada agrave necessidade de uma disciplina absolutamente feacuterrea gera um novo fetiche - o aparato como tal a interpretaccedilatildeoi perfeita e sem defeito que conserva a obra agraves custas do preccedilo de sua coisificaccedilatildeo

definitiva (Adorno 1975 pl86)~ O autor associa o domiacutenio dos novos maestros - tambeacutem de caraacuteter fetichista - aopoderio de um governante totalitaacuterio e situa-o tambeacutem no acircmbito do culto ao aparato~ A degradaccedilatildeo da muacutesica contudo segundo sua avaliaccedilatildeo soacute se tomou

possiacutevel porque o puacuteblico natildeo lhe opocircs resistecircncia forccedilando as barreiras que lhe

satildeo impostas pelo mercado

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Ao processo de fetichizaccedilatildeo acima descrito sucintamente correspondeum pr~cesso de regressatildeo da audiccedilatildeo pois segundo Adorno a audiccedilatildeo modernaregredIU e permaneceu num estado infantil

O primitivismo de tal audiccedilatildeo natildeo eacute segundo Adorno caracteriacutestico dos natildeodesenvolvidos e sim dos que foram privados violentamente da sua liberdade Aregress~o se~u~~o ele eacute tatildeo gritante que constata-se ateacute mesmo uma regressatildeoquanto a possIbIhdade de uma outra muacutesica oposta a essa atual muacutesica de massasdeixando morrer a possibilidade de algo melhor

Apesar dos modos de ouvir tiacutepicos das massas atuais natildeo serem consideradosa~solutamente novos por Adorno eles tecircm em comum o fato de que nada do queatmge o OUVIdo foge do esquema de apropriaccedilatildeo de valores

Adorno relaciona a audiccedilatildeo regressiva agrave produccedilatildeo atraveacutes do mecanismode dlfu~atildeo o que se~ndo ele acontece precisamente atraveacutes da propaganda levando~~ ouvmtes e consumIdores a um processo de identificaccedilatildeo com o produto que lhese Imposto fazendo-os necessitar e exigir exatamente tal produto O sentimento deimpot~ncia diante de talmecanismo opressor furtivamente toma conta do puacuteblicoque nao consegue subtraIr-se agrave produccedilatildeo monopolista e sucumbe dominado

Novos modos de comportamento perceptivo satildeo entatildeo desenvolvidos e adesconcentraccedilatilde ~ o meio atraveacutes do qual segundo Adorno se prepaa oesquecer e omiddot rapdo recordar da muacutesica de massas (p 190)

A ipercepccedilatildeo de filmes ou muacutesicas em estado de distraccedilatildeo - ou dedesconcentraccedilatildeo - eacute assinalada pelo autor91e considera a partir de talcomportamento Impossiacutevel a apreensatildeo da totalidadeecircie tais obras

Do processo de desconcentraccedilatildeo e de incapacidade de apreender atotahdade decorre um desvio da atenccedilatildeo de tal forma que desse processo deframentaccedilatildeo d~ percepccedilatildeo (audiccedilatildeo atomiacutestica) se inaugura um deslocamentodo I~~eresse mUSIcal para determinados atrativos particulares como determinadashabIhdades acrobaacuteticas instrumentais ou diversos coloridos instrumentais

A passividade dos ouvintes e outra consequumlecircncia segundo Adorno doprocesso de regressatildeo auditiva Esses ouvintes satildeo classificados pelo autor ementu~lastas (que escrevem cartas de estiacutemulo agraves estaccedilotildees de raacutedio e agraves orquestrass~rvmdo com seu entusiasmo de propaganda da mercadoria que consomem)d~hge~tes (que se retiram do movimento e se ocupam com a muacutesica na pazSilenCiOsa de seus quartos) entendidos (que em toda parte se sentem atilde vontadee tecircm capacidade para tudo inclusive tocar jazz mecanicamente para os outrosdanccedila - rem ou sao pentos em audIccedilatildeo capazes de identificar cada banda e seaprofundar na histoacuteria do jazz como se fosse a histoacuteria sagrada) Os ouvintes regressivos segundo o autor tecircm em comum a perda daindiVidualidade e a alienaccedilatildeo expressa pela despolitizaccedilatildeo que lhes permlte serem

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escravos dos ditames do sistemaA aparecircncia ilusoacuteria corresponde ao falso encantamento oferecido pela

atual muacutesica de massas destinada a ser objeto de consumo e por isso mesmodesprovida segundo o autor de caracteriacutesticas efetivamente artiacutesticas Aleacutem domais essa muacutesica eacute tambeacutem desprovida de inovaccedilotildees teacutecnicas segundo Adornoela se limita a copiar o que a muacutesica seacuteria realizou em Brahms ou Wagner tirando-lhe contudo a autenticidade e o vigor ~ r I _

A muacutesica nova e radical que tem como seusaraut~representa segundo Adorno uma tentativa de resistecircncia consciente agraveexpenenciada audiccedilatildeo regressiva O individualismo atribuido a esses autores com caratermuitas vezes pejorativo representa contudo a possibilidade de salvaccedilatildeo poissomente individuos satildeo capazes de reagir agrave forccedila massificadora

Outro autor que se deteacutem em examinar a situaccedilatildeo da muacutesica na quartaidade eacute Ernst Schurmann (1989)

Schurmann assinala o final do seacuteculo XIX como o momento em que asmanifestaccedilotildees musicais assumem definitivamente a forma de produccedilatildeo econsumo de uma mercadoria chamada arte servindo de alimento ideoloacutegicoindispensaacutevel agrave burguesia Os muacutesicos produtores desta arte - os compositores- ficaram incumbidos de fornecer obras sempre novas e mais convincentes noacircmbito do universo ideoloacutegico musical (p 173)

Em funccedilatildeo da divisatildeo social do trabalho segundo o autor estes compositorespassaram a ter a incumbecircncia apenas de produzir os projetos de tais obras Aexecuccedilatildeo passou agrave responsabilidade de outros muacutesicos especializados narealizaccedilatildeo propriamente sonora das mesmas (p 173)

Schurmann assinala ainda o alto grau de perfeiccedilatildeo e detalhamento da grafiamusical de forma a permitir interpretaccedilotildees exatas Inteacuterpretes e compositores queobtenham ecircxito passam segundo o autor a ser consideradas gecircnios e seutrabalho desenvolve-se de forma inteiramente individual natildeo restando mais nadada praduccedilatildeo coletiva que havia caracterizado eacutepocas mais remotas

A passagem para o seacuteculo XX eacute registrada por Schurmann como uma eacutepocade crise em que o sistema tonal passa a ser questionado surgindo direcionamentosnovos e contraditoacuterios entre si como reaccedilatildeo agrave linguagem musical baseada no sistematonal e agrave alienaccedilatildeo implicada no universo ilusoacuterio por ela criado

r- Entre os novos direcionamentos surgidos o autor assinala aquele aberto porSchotildeenberg que segundo ele visava a abrir novas perspectivas que garan tissemo continuismo da supremacia musical natildeo apenas da cultura burguesa mas

_especificamente da cultura germacircnica (p175f Schurmann considera contrariamente agrave visatildeo hegemocircnica de Schotildeenberg

que essa supressatildeo de hierarquia corresponde aos ideais democraacuteticos da eacutepoca

e que(lS estruturas dodecafocircnicas passaram a realizar no universo do espaccedilomeacutelico uma perfeita liberdade e igualdade que na realidade poliacutetica natildeopassava de mera utopia (p176)

O autor considera natural por isso que a burguesia natildeo tenha aceito essamuacutesica tendo em vista a natural aversatildeo desta classe social aos movimentos poliacuteticosde esquerda (tal como ocorreu com as pinturas cubista e abstracionista)

A inaceitaccedilatildeo pelo puacuteblico das produccedilotildees musicais baseadas no sistemamusical dodecafocircnico ou decorrentes do mesmo e a diminuiccedilatildeo de produccedilatildeo denovas obras tonais levou ao culto do passado dos grandes mestres e agrave crescente

- importacircncia do inteacuterprete em detrimento do compositorOutras decorrecircncias desse processo seriam segundo Schurmann a

supervalorizaccedilatildeo das execuccedilotildees das obras-primas realizadas profissionalmente soba forma de espetaacuteculos ou concertos e o abandono dos atos de musicar (praacuteticaamadoristica de versotildees simplificadas de obras musicais que ainda no iniacutecio doseacuteculo XIX Beethoven providenciava para suas obras) tornando a muacutesica denosso seacuteculo em objeto de consumo passivo O autor assinala a acentuaccedilatildeo desseprocesso em consequecircncia do desenvolvimento das teacutecnicas envolvidas nasgravaccedilotildees fonograacuteficas no raacutedio e na televisatildeo

Schurmann considera contudo que as manifestaccedilotildees acima descritas satildeosintomas de crise cultural e decadecircncia embora talvez seja mais apropriado segundoele delinear uma crise cultural burguesa ao inveacutes de uma crise geral

Na aacuterea rural sobretudo Schurmann identifica um menor acesso aoexerciacutecio da dominaccedilatildeo cultural e uma notaacutevel fidelidade agraves tradiccedilotildees Asmanifestaccedilotildees musicais envolvidas em festas folcloacutericas (como a Festa do Divinoou a Festa dos Santos Reis) se caracterizariam segundo ele pelo seu valor deutilidade como meio necessaacuterio agrave efetivaccedilatildeo de certas relaccedilotildees sociais

Natildeo haacute duacutevida de que as estruturas musicais que nessasmanifestaccedilotildees se associam ora a praacuteticas rituais ora a atividades de trabalhoe ora ao contar de estoacuterias embora praticadas em atendimento anecessidades inteiramente autoacutectones natildeo poderiam ficar totalmente isentasdas influecircncias exercidas pelos princiacutepios que vigoram na muacutesica daburguesia urbana Verifica-se neste sentido que as classes populares ruraispassaram a reproduzir agrave sua maneira as formaccedilotildees tonais da culturadominante (Schurmann 1989 p 179)

A simplificaccedilatildeo harmocircnica extrema dessas manifestaccedilotildees musicais seriareflexo da desvinculaccedilatildeo da linguagem de um universo ilusoacuterio de denotaccedilotildees deforma que os acordes perderiam (total ou parcialmente) a funccedilatildeo linguumliacutestica

Essa aplicaccedilatildeo simplificada do sistema tonal verifica-se tambeacutem segundoSchurmann no acircmbito das manifestaccedilotildees musicais proacuteprias agrave cultura urbana

popularesca como eacute o caso no Brasil da modinha do lundu do tango brasileirodo choro e de vaacuterias manifestaccedilotildees vinculadas ao carnaval

O autor assinala ainda que embora a muacutesica caipira e a muacutesica urbanapopularesca adotem procedimentos musicais semelhantes (como a simplificaccedilatildeoda harmonia tonal) a primeira devido agraves suas caracteriacutesticas de produccedilatildeo e deapropriaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo se esgota na qualidade de valor de usoenquanto a segunda absorvida pelo sistema de mercado capitalista qualifica-sepor seu valor de troca (p 180)

Schurmann observa que a muacutesica urbana popularesca como mercadoria eacuteconsumida natildeo soacute por um puacuteblico de elite numericamente reduzidQl mas por grandesmassas da populaccedilatildeo urbana sujeitas a um processo de monopoacutelio na produccedilatildeo edistribuiccedilatildeo de tal mercadoria pelas grandes empresas que controlam esses meios

r A cultura de massa decorrente desse processo sujeita aos ditames dainduacutestria cultural desenvolve desmedidamente a tendecircncia de apenas~onsumir em detrimento de um autecircntico ato de mur (p 181)

A massificaccedilatildeo atraveacutes da muacutesica revela-se segundo o mesmo autor comoum poderoso instrumento da dominaccedilatildeo cultural refreando o desenvolvimentonatural da cultura popular impedindo que esta adquira a potencialidade de contribuirefetivamente para a emancipaccedilatildeo das classes populares

Outro fato importante assinalado por Schurmann eacute o processo de exploraccedilatildeocultural ligado ao fato de a induacutestria cultural para poder produzir os seusprodutos de faacutecil acesso agraves massas populares tem necessariamente de lanccedilarmatildeo do manancial da cultura popular (p 181) A proacutepria pesquisa sobre ofolclore segundo ele se coloca atraveacutes das instituiccedilotildees que as desenvolvem naposiccedilatildeo de oferecer agraves classes dominantes produtos culturais autenticamentepopulares que possam ser devidamente manipulados pela induacutestria cultural

Schurmann adota o termo muacutesica de consumo para designar a totalidadedos produtos musicais que as mass miacutedia veiculam para o consumo demassa incluindo portanto aquela produccedilatildeo que habitualmente eacute chamadade muacutesica popular (p 182) O autor registra seu repuacutedio aos termos muacutesicapopular e muacutesica folcloacuterica o primeiro por camuflar o processo de dominaccedilatildeocultural inerente a tal tipo de produccedilatildeo (Schurmann considera-o adequado a designarmanifestaccedilotildees musicais autecircnticas das classes populares como a muacutesica caipira)o segundo por estar o termo muacutesica folcloacuterica demasiadamente ligado ao processode exploraccedilatildeo cultural

A capacidade de absorver as mais diversas manifestaccedilotildees musicais eacute umacaracteriacutestica importante da induacutestria cultural assinalada por Schurmann Entreos exemplos dessa absorccedilatildeo citados pelo autor podemos mencionar 1) areproduccedilatildeo dos temas mais conhecidos da claacutessica muacutesica tonal burguesa

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destinando-se a um consumo que apela apenas para a fruiccedilatildeo epideacutermica(p 183) 2) manipulaccedilatildeo de teacutecnicas desenvolvidas pela vanguarda musicalburguesa mediante a utilizaccedilatildeo e o abuso de meios eletrocircnicos lembrando asexperiecircncias de muacutesica concreta da deacutecada de 40 - tudo isso tratado de forma aproporcionar um consumo faacutecil isento de qualquer exigecircncia de participaccedilatildeointerpretativa por parte do ouvinte 3) a absorccedilatildeo na muacutesica de consumo de certaspraacuteticas originalmente surgidas agrave margem da induacutestria cultural (como eacute o caso dosatos de musicar praticados por alguns intelectuais que levaram agrave elaboraccedilatildeo detrajetoacuterias musicais depois cooptadas com o nome de ltbossa nova)

O consumo de muacutesica segundo Schurmann tende a processar-se emregime de tempo integral como se qualquer instante em que natildeo estivessepresente esse consumo representasse um tempo perdido ( p184) O homemmassificado sem nenhum outro objetivo que o de consumir adquiriu um horror aosilecircncio e busca preencher esse vazio com os produtos que a induacutestria cultural lheoferece

Finalmente Schurmann registra que a partir da pressatildeo cada vez maior dainduacutestria cultural a cultura de massa assume a funccedilatildeo de dominaccedilatildeo culturallevando agrave marginalizaccedilatildeo a antiga cultura dominante

A busca de novas perspectivas deve partir da procura de reconduzir aosautecircnticos atos de musicar que segundo o autoraniacutevel decomunicaccedilatildeo socialpodem ser produzidos com a mesma facilidade que os atos de fala e quepossibilitaratildeo agrave muacutesica tomar a adquirir a capacidade de efetivamente contribuirpossivelmente sob a forma de uma nova linguagem musical para a qualidade devida social (p186)

Passando ao exame das funccedilotildees sociais da muacutesica na quarta idade agrave luz dacategorizaccedilatildeo de Merriam fazem-se necessaacuterias algumas consideraccedilotildees preliminares

Inicialmente cabe assinalar que a quarta idade da muacutesica conteacutem algumascaracteristicas que lhe satildeo absolutamente exclusivas ou seja que natildeo se encontramnas trecircs idades anteriores A esse respeito jaacute foi citada a posiccedilatildeo de diversos autoresassinalando uma mudanccedila de funccedilatildeo da muacutesica no contexto do seacuteculo XX

Eacute preciso tambeacutem ressaltar a forte e niacutetida separaccedilatildeo que na quarta idadeafasta os diversos tipos de muacutesica Adotaremos aqui a nomenclatura utilizada porHamoncourt (1988) e jaacute citada anteriormente - Iluacutesica popular referente agravequelamuacutesica criada por autor conhecido predominantemente numa linguagem natildeo eruditae Com frequumlecircncia dependente dos meios de comunicaccedilatildeo de massa para suadifusatildeo musica folcloacuterica referente agrave muacutesica oralmente transmitida cuja autoriaeacute desconhecida e muacute~i~~seacuteria designando a muacutesica derivada da tradiccedilatildeo cultaeuropeacuteia Sentimos necessidade de acrescentar a categoria Iluacutesica de massastomando a denominaccedilatildeo emprestada a Adorno por considerarmos imprescindiacutevel

89r

diferenccedilar a muacutesica decorrente da accedilatildeo da induacutestria cultural daquela muacutesica popularautecircntica ainda que esta uacuteltima seja cada vez mais rara Consideramos incluiacutedana categoria muacutesica de massas aquela m~sica denominada por Adorno demuacutesica ligeira por ser tambeacutem ela fruto da manipulaccedilatildeo da induacutestria cultural

Certamente que essa compartimentaccedilatildeo da muacutesica eacute discutiacute~el e abrangemuitas imprecisotildees e alguns argumentos jaacute foram apresentados anteriorynentenesse sentidOtilde-Contudo sua utilizaccedilatildeo aqui com essa ressalva se faz uacutetil ao

desenvolvimento e ordenaccedilatildeo do assunto Eacute preciso ainda esclarecer que seraacute dada ecircnfase agrave muacutesica seria natildeo por

ser a mais importantei mas pelas caracteristicas deste trabalho Um detalhamentodas funccedilotildees da musica folcloacuterica da popular ou da muacutesica de massas seria temapara um outro trabalho exigindo aprofundamento em literatura especiacutefica - oque reflete uma compartimentaccedilatildeo da proacutepria bibliografia

Seratildeo portanto apesar da importacircncia dessas outras categorias de muacutesicaabordadas apenas de passagem em suas caracteristicas e em seus exemplosmais evidentes sem que essa centralizaccedilatildeo na muacutesica seacuteria implique em qualquerjuizo de valor o _o -o ---

Harnoncourt (1988) levanta a perguntaI por que haacute atualmente de um lado uma muacutesica popular que

I desempenha na vida cultural um papel tatildeo importante mas nenhuma uacutesical seacuteria contemporacircnea de outro representando algum papel (p25)

- Essa pergunta aqui repetida serve para demonstrar que natildeo se pretendeatribuir valor apenas agrave muacutesica seacuteria mas enfocaacute-la prioritariamente em funccedilatildeo da

necessidade de delimitar a pesquisa

Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Harnoncourt (1988) natildeo se refere diretamente agrave expressatildeo emocional masindiretamente abordando a relaccedilatildeo muacutesica e vida e enfocando o desempenho deum papel significativo pela muacutesica na vida cultural o autor sugere que estafunccedilatildeo - a de expressatildeo emocional - estaria mais presente na muacutesica popular e na

folcloacuterica sobretudo na primeiraSegundo Harnoncourt (1988) na muacutesica popular encontram-se vaacuterios

aspectos da antiga compreensatildeo musical tais como a unidade canto-poesia (quefoi tatildeo importante nos primoacuterdios da muacutesica) a unidade ouvinte-artista e a unidademuacutesica-tempo - a muacutesica popular nunca tem mais de uns cinco ou dez anosportanto eacute parte integrante do presente ( ) a muacutesica popular eacute atualmente

uma parte essencial da vida (p25)

A muacutesica seacuteria ao contraacuterio segundo o autor natildeo desempenha papel algumna vida atual tendo inclusive se afastado do puacuteblico - que em resposta buscoua muacutesica de outros tempos (cabe observar contudo que a concepccedilatildeo de revivera muacutesica histoacuterica eacute recente emergindo a partir do seacuteculo passado) Na anaacutelise deHarnoncourt a funccedilatildeo de expressatildeo emocional parece ausente na muacutesica seacuteriado seacuteculo xx

Esta eacute tambeacutem a posiccedilatildeo de Leuchter (1946) que no capiacutetulo denominadoA reaccedilatildeo contra a concepccedilatildeo romacircntica considera a muacutesica do movimentoanti-romacircntico do seacuteculo xx - a nova objetividade - como oposiccedilatildeo aosubjetivismo romacircntico resultando na eliminaccedilatildeo de toda classe de impulsoextramusical quer seja idealista sentimental ou realista (p169)

Tambeacuteem Abraham (1986) tratando do serialismo total tendecircncia que sealinha entre as vanguardistas exclui a funccedilatildeo de expressatildeo emocional bem comoa de comunicaccedilatildeo que seraacute tratada adiante considerando-o como puroconstrutivismo sem a menor consideraccedilatildeo com o ouvinte (p841) A mesmaconsideraccedilatildeo seria aplicaacutevel segundo o autor ao dodecafonismo ao serialismoem geral e a outras tendecircncias contemporacircneas

Adorno (1975) considera que todaa muacutesica ligeira e de cOIsumo (aqui incluiacutedasna categoria muacutesica de massas) estatildeo destituiacutedas da possibilidade de servir comoentretenimento contribuindo para o emudecimento dos homens para a morte dalinguagem como expressatildeo para a incapacidade de comunicaccedilatildeo (p 174) Oprazer que essa muacutesica pode propiciar eacute segundo o autor superficial e negadordos verdadetros valores Tal muacutesica atraveacutes da anaacutelise de Adorno aparece-nosisenta de uma legiacutetima funccedilatildeo de expressatildeo emocional

A muacutesica nova e radical (muacutesica seacuteria vanguardista) eacute apontada por Adornocomo a forma por excelecircncia de expressatildeo emocional na muacutesica do seacuteculo xxO autor considera que a aversatildeo e o medo que elas despertam natildeo eacute fruto de suaincompreensibilidade mas exatamente do fato de serem demasiadamente bemcompreendidas~

As manifestaccedilotildees musicais rurais populares ou folcloacutericas no Brasilaparecem segundo Schurmann (1989) como um outro exemplo de expressatildeo deemoccedilotildees uma vez que tal muacutesica interrelaciona atividades de subsistecircncia econcepccedilotildees religiosas vigentes As manifestaccedilotildees musicais daiacute derivadas associamshyse segundo o autor ora a praacuteticas rituais ora a atividades de trabalho ora aocontar de estoacuterias ( como os cantadores nordestinos) A expressatildeo emocional dopovo encontraria vazatildeo atraveacutes dessas praacuteticas musicais O autor observa aindaque as manifestaccedilotildees musicais rurais enquadradas pela induacutestria cultural sofremdeformaccedilotildees que descaracterizam seu sentido original

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Aula
Nota
0410 Manu e Dimas (5 primeiras)

Wiora (1961) conforme jaacute referido considera a restriccedilatildeo de funccedilotildees damuacutesica na quarta idade (o que inclui a funccedilatildeo de expressatildeo emocional talvez amais primitiva de todas) pois segundo ele a muacutesica do seacuteculo XX perdeu aparticipaccedilatildeo em relaccedilotildees gerais como O serviccedilo divino a paacutetria o estilo etc

- A citaccedilatildeo de Stravinsky por Wiora tambeacutem jaacute referida parece reforccedilar aexclusatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emocional na muacutesica da quarta idade quando ocompositor afirma que a muacutesica e incapaz por sua natureza de exprimir qualquercoisa que seja inclusive sentimento

Eacute ainda Wiora quem exclui a muacutesica de vanguarda no seacuteculo XX dafunccedilatildeo de expressatildeo emocional quando afirma que ao adotar estrutu~a~de ificilpercepccedilotildees essa muacutesica se dessensibiliza perde seu caraacuteter de esp1Tltuahdad~

torna-se muacutesica de papel afastada do puacuteblico O construtivismo e as demaIsteacutecnicas dessa muacutesica tambeacutem seriam segundo o autor fatores que levariam agraveartificializaccedilatildeo e agrave inexpressividade da muacutesica

Menuhin (1961) transcreve um diaacutelogo com Aaron Copland que reforccedila aquestatildeo da incompreensibilidade da muacutesica seacuteria de vanguarda o queprovavelmente compromete a funccedilatildeo de expressatildeo emOCIOnal Menuhm nessediaacutelogo declara que nagraveo consegue captar inteiramente certos trabalhoscontemporacircneos mesmo apoacutes escutaacute-los duas ou trecircs vezes (p260) Coplandafirma o mesmo

Tambeacutem ao considerara muacutesica eletrotildenica Menuhin exclui a funccedilatildeo de expressatildeoemocional considerando-a incapaz de transmitirum impulso vibrante (p268)

As tendecircncias massificadoras na muacutesica da quarta idade satildeo para Wiora(1961) fatores de exclusatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emocional na muacutesicacontemporacircnea Em contrapartida as composiccedilotildees em que se deixa uma gr~nde

liberdade ao inteacuterprete tal como a muacutesica aleatoacuteria seriam para o autor tentatIvasde resgatar os valores humanos (entre os quais se inclui a emoccedilatildeo I~giacutetima)

No capiacutetulo em que trata do Conteuacutedo e Forma na arte FIscher (sd)dedica uma parte agrave muacutesica Em sua abordagem ele considera que o conteuacutedo e aforma musicais satildeo diretamente ligados ao momento histoacuterico que os circundasendo que conteuacutedo e forma em muacutesica para Fischer se acham tatildeoreciprocamente interpenetrados que dificilmente podem ser separados (p22)Nesse sentido sendo conteuacutedo e forma social e historicamente vinculados podenamosentender que a muacutesica - mesmo a muacutesica seacuteria de vanguarda distante do puacuteblico- expressaria os anseios anguacutestias emoccedilotildees enfim os sentimentos de sua eacutepoca

Fischer considera contudo que a muacutesica contemporacircnea passa por umprocesso de excessiva valorizaccedilatildeo da forma sendo um dos aspectos dessaformalizaccedilatildeo a remoccedilatildeo forccedilada de todo calor e sentimento ( ) a frieza e ointelectualismo pseudo-religioso de certa muacutesica moderna seu retorno

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artifiCiai a elementos sacros profundamente incompatiacuteveis com o conteuacutedode nossa eacutepoca satildeo sintomas de extrema alienaccedilatildeo (p224)

Para Fischer a muacutesica moderna em geral nada tem a ver com a expressatildeodos sentimentos e se limita a um puro jogo formal

Beltrando-Patier (1982) contudo apresenta uma referecircncia a Jolivet quecontradiz a opiniatildeo de Fischer Em Jolivet tudo soa de maneira encantatoacuteriacomo uma imensa prece pagatilde um tanto selvagem um tanto liacuterica (p60S) Esegue citando palavras do proacuteprio Joivet Eu estou cada vez mais persuadido() que a missatildeo da muacutesica eacute humana e religiosa (no sentido de religare) Eacute precisd efetivamente religar o homem ao cosmos (p60S) ~

A muacutesica para cinema que Menuhin (1981) aprecia no uacuteltimo capiacutetulo deseu livro parece poder ser incluiacuteda no acircmbito da expressatildeo emocional Aelaboraccedilatildeo do desenho animado Fantasia por Stokovsky e Walt Disney seiaexemplo de uma das obras-primas do gecircnero (p2S1)

Cabe ainda uma referecircncia agrave produccedilatildeo de muacutesica de inspiraccedilatildeo religiosaproduccedilatildeo essa restrita na quarta idade sobretudo se comparada agrave de eacutepocaspassadas - como o periacuteodo medieval ou a Renascenccedila por exemplo Eacute interessanteregistrar aqui embora possa ser questionaacutevel enquanto funccedilatildeo de expressatildeoemocional o comentaacuterio de Abraham (1986) agrave Sinfonia dos Salmos deStravinsky que o autor considera como uma das mais impressionantes provas dareligiosidade do compositor conseguindo um efeito de hipnose miacutestica incomparaacutevel(p818)

Se pode ser discutiacutevel o efeito de hipnose miacutestica como expressatildeoemocional do puacuteblico o exemplo parece apontar indiscutivelmente para a expressatildeoemocional do compositor imbuiacutedo de religiosidade E talvez essa seja a principalcaracteriacutestica da muacutesica religiosa do seacuteculo XX composta para ser espetaacuteculode concerto e natildeo para despertar sentimentos religiosos no puacuteblico ou canalizarsua expressatildeo servindo para veicular a emoccedilatildeo religiosa de quem a compocircs

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

A muacutesica seacuteria composta no seacuteculo XX como jaacute tem sido assinaladoaqui em consideraccedilotildees anteriores encontra-se afastada do puacuteblico e no entenderde autores como Harnoncourt Fischer ou Wiora ela eacessiacutevel apenas a umpequeno grupo de conhecedores experientes A apreciaccedilatildeo esteacutetica dessa m~sicanova natildeo eacute faacutecil nem oacutebvia de vez que suas estruturas satildeo de dificil percepccedilatildeo

A esse respeito eacute interessante citar a observaccedilatildeo que Abraham (1986) fazagrave muacutesica eletrotildenica em especial agrave de Stockhausen Eacute duvidoso que um ouvidohumano possa captar as sutiezas riacutetmico-meacutetricas do iniacutecio do Klaverstuumlck

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Ocorreu-me que talvez uma das razotildees por que natildeo gostamos decertas muacutesicas ou de certa arte moderna eacute precisamente o fato de algumasvezes natildeo gostarmos de noacutes mesmos ou do mundo que nos cerca ou denossa sociedade ( middotr-E o mais longo periacuteodo que conhecemos em que amuacutesica considerada impor~ante por alguns foi rejeitada por tantos (p247)

As palavras de Menuhm parecem apontar para a exclusatildeo do prazer esteacuteticopor parte do puacuteblico da muacutesica seacuteria do seacuteculo XX

Adorno (1975) considera que a muacutesica ligeira e a de consumo (muacutesica demassas) proporcionam entretenimento atrativo e prazer mas as considerafundadas em falsos valores conforme jaacute foi exposto anteriormente Ele natildeoexclui dess~~categorias o prazer esteacutetico apen~acha enganoso em virtudeda trocadeval~ porVatildefores provenientes da induacutestria cultural

Na consideraccedilatildeo do autor a muacutesica de Schotildeenberg natildeo pode ser degustada- o que parece excluir dessa muacutesica (e do dodecafonismo em geral e suasvariantes) a funccedilatildeo de prazer esteacutetico A muacutesica seacuteria de vanguarda na abordagemde Adorno tomou-se independente do consumo abrindo matildeo de adotar foacutermulasbanais que a tomariam vendaacutevel agradaacutevel e consequumlentemente alienante edestruidora do individualismo que ela ainda defende

Schurmann (1989) situa a muacutesica serial que inclui a dodecafocircnica e amusica eletrocircnica (ambas incluiacutedas aqui na categoria muacutesica seacuteria) comoamplos espaccedilos para experimentaccedilatildeo musical no contexto da crise cultural doseacuteculo XX Considera tambeacutem que ambas ao romperem radicalmente com otonalismo divorciaram-se do puacuteblico o que exclui a funccedilatildeo de prazer esteacutetico e dealimento ideoloacutegico pois essas correntes natildeo representariam como o tonalismoa ideologia burguesa e o conjunto de relaccedilotildees sociais a ela rel~cionados

Passando ao exame de outra categoria musical segundo anaacutelise dechurmann a mUacutesica caipira se esgota na sua qualidade de valor de uso o

que a~ece exclUI-la da funccedilatildeode prazer esteacutetico Vale lembrar que a muacutesiacutecaCaIpIra a que o autor se refere lllsere-se aqui na categoria muacutesica popular

~churmann enfoca tambeacutem agrave muacutesica popularesca urbana que ele considera~bsorvId~ pelo sistema de mercado capitalista sujeita aos processos de compra e

enda destlnando-se a um consumo nagraveo produtivo e qualijlcando-seportanto sobretudo por seu valor de troca (p 180) Essa muacutesica popularescaurbana a que o autor se refere vincula-se agrave categoria de muacutesica de massas eparece poder ser excluiacuteda da funccedilatildeo de prazer esteacutetico em virtude de relacion~rshyse ~~enas a valores de mercado Esse seria o caso tambeacutem segundo Schurmannda bossa nova b que em ora ongInana de um grupo de Intelectuais da classemedIa canoca que pmtlcavam autentlcos atos de musicar (p184) foi cooptadapela cultura de m d assa que a enommou da forma aCIma refenda

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II Se o prazer esteacutetico relaciona-se em certa medida com a possibilidade deapreender estruturas ele certamente estaria nesse caso comprometido

Wiora (1961) em citaccedilatildeo apresentada anteriormente refere-se ao fato deque mesmo os conhecedores natildeo percebem suficientemente uma seacuterie dodecafotildenicaA apreciaccedilatildeo esteacutetica ficaria provavelmente sacrificada pela ininteligibilidade doselementos na maioria das obras seacuterias contemporacircneas

Eacute preciso contudo ressaltar que tais obras aparecem em caraacuteterabsolutamente minoritaacuterio nos programas de concerto que de qualquer maneiradestinam-se a um puacuteblico muito restrito Os muacutesicos de nossa eacutepoca ao contraacuteriodos muacutesicos de eacutepocas passadas tocam muacutesica de eacutepocas anteriores agrave sua shyenquanto estes uacuteltimos soacute tocavam obras de seus contemporacircneos

Harnoncourt ( 1988 p 27) considera que a consequumlecircncia da dissociaccedilatildeoentre a muacutesica de concerto executada atualmente e a eacutepoca em que vivemos eacuteque chegamos apenas aos componentes esteacuteticos ou emocionais dessas obras do

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passado mas perdemos seu conteuacutedo ou seja as compreendemos realmenteAssim nos deparamos segundo ele no contexto da quarta idade da muacutesica

com uma situaccedilatildeo ineacutedita na histoacuteria da muacutesica As obras seacuterias de nossotempo satildeo de dificil acesso (ou mesmo inacessiacuteveis) do ponto de vista esteacuteticoem virtude de terem rompido com toda a tradiccedilatildeo do passado e desenvolvidonovas estruturas de dificil percepccedilatildeo ou seja prazer esteacutetcCcedilgt que_els_ltl~veIj111

proporcionar vecirc-se sacrificado por sua incompreensLb~de Por outro lado opuacuteblico volta-se para a muacutesica seacuteria do passado cujas e~turas lhe satildeo maisinteligiacuteveis - usufrui delas o prazer esteacutetico mas natildeo atinge seu conteuacutedo cujosignificado pertence a outra eacutepoca

- Leuchter (1946) ~n~li~andoamuacutesica do seacuteculo XX tambeacutem considera quea muacutesica do Expressionismo particularmente representada pelo dodecafonismoresulta dificilmente acessiacutevel Embora o autor considere que em espiacuteritoessa muacutesica tenha identidades com o Romantismo (como pela valorizaccedilatildeo maacuteximada subjetividade ou pela adoccedilatildeo da microforma) ao romper com o tonalismoela renuncia agrave comunicabilidade com o puacuteblico e a toda missatildeo social ficandorestrita a um ciacuterculo de entendidos (p187)

Ao assinalar a inacessibilidade da muacutesica expressionista e sua perda decontato com o puacuteblico Leuchter a exclui (exceto talvez para os poucosentendidos) da funccedilatildeo de prazer esteacutetico Raynor (1981) em referecircncias jaacuteapresentadas neste capiacutetulo reforccedila esse posicionamento o mesmo podendo serdito em relaccedilatildeo a Fischer (sd )

Menuhin (1981) ao abordar as novas correntes musicais do nosso seacuteculofaz algumas afirmativas que oportunamente devem ser citadas quando se enfocaa funccedilatildeo de prazer esteacutetico

Ponto de vista diferente relativo agrave bossa-nova eacute expresso por Joatildeo Gilbertocitado por Brito (1986)

Acho que os cantores devem sentir a muacutesica como esteacutetica senti-la emtermos de poesia e naturalidade Quem canta deveria ser como quem reza oessencial eacute a sensibilidade Muacutesica eacute som E som eacute voz instrumento O cantorteraacute por isso necessidade de saber quando e como deveraacute alongar uma agudoum grave de modo a transmitir com peifeiccedilatildeo a mensagem emocional (p 32)

As observaccedilotildees acima parecem sugerir a funccedilatildeo de expressatildeo emocionale possivelmente a de prazer esteacutetico

Funccedilatildeo de Divertimento

A apreciaccedilatildeo anterior relativa acirc funccedilatildeo de prazer esteacutetico talvez lancealgumas luzes preliminares sobre a questatildeo

A muacutesica seacuteria do seacuteculo XX considerada por todos os autores revistoscomo distante do puacuteblico (exceto de uns poucq~ iniciados) isolada vecirc-se restritaou mesmo isenta de proporcionar prazer esteacutetico e consequentemente algumdivertimento que daiacute pudesse ser decorrente A muacutesica seacuteria dos seacuteculosanteriores notadamente dos seacuteculos XVIII e XIX eacute executada com frequumlecircncianas salas de concerto servindo agrave funccedilatildeo de prazer esteacutetico e possivelmente agrave dedivertimento Mesmo assim para um puacuteblico restrito - mais ou menos restritoconforme a condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica e cultural da sociedade ~considerada

Cabe contudo ressaltar que em ambos os casos (muacutesica seacuteria do seacuteculoXX ou de seacuteculos anteriores) as funccedilotildees de prazer esteacutetico e entretenimento natildeosatildeo necessariamente associadas

A funccedilatildeo de divertimento estaria mais ligada ao acircmbito da muacutesica folcloacutericada muacutesica popular e da muacutesica de massas ainda que de formas diferenciadas

No caso da musica folcloacuterica conforme assinala Schurmann (1989) emcitaccedilatildeo jaacute apresentada ela se acha associada ao cotidiano dos indiviacuteduosrelacionando atividades de subsistecircncia concepccedilotildees religiosas e misticas A danccedila eacutecomwnente associada agraves manifestaccedilotildees musicais folcloacutericas o que permite mesmosem wn maior aprofundamento da questatildeo associaacute-la agrave funccedilatildeo de divertimento

A muacutesica popular cujo protoacutetipo segundo Schurmann seria a muacutesica caipirapode tambeacutem ser relacionada agrave funccedilatildeo de divertimento embora o autor natildeoestabeleccedila tal correlaccedilatildeo Waldenyr Caldas (1987) estabelece claramente a funccedilatildeode divertimento para a muacutesica caipira (p15)

Quanto agrave muacutesica de massas embora se possa agrave primeira vista relacionaacute-laagrave funccedilatildeo de divertimento - danccedila grandes shows com intensa participaccedilatildeopopular veiculaccedilatildeo maciccedila pelos meios de comunicaccedilatildeo etc - eacute preciso ressaltar

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a apreciaccedilatildeo que autores como Adorno e Schurmann apresentam ao divertimentoque ela proporcionar Ambos consideram a muacutesica de massas como forma dealienaccedilatildeo de dominaccedilatildeo e de exploraccedilatildeo cultural Adorno (1975) conforme jaacute foimencionado anteriormente considera que o prazer que essa muacutesica proporcionaeacute ilusoacuterio de vez que fundado em valores apenas de consumo (o que Schurmann[1989J corrobora) prestando-se agrave eliminaccedilatildeo do individuo de sua capacidadecriacutetica de sua percepccedilatildeo da totalidade que o cerca

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

No contexto do seacuteculo XX a comunicaccedilatildeo da muacutesica seacuteria composta nesteseacuteculo vecirc-se bastante restrita fato que jaacute foi explanado em momentos anterioresneste capitulo A ruptura radical com a linguagem anterior do tona1ismo 1evoushya a uma incomunicabilidade com a maioria absoluta da populaccedilatildeo excetotalvez com alguns experts A muacutesica seacuteria dos seacuteculos anteriores realizadacom frequumlecircncia nas salas de concerto atuais tambeacutem eacute de alcance e decomunicaccedilatildeo restritos

Cabe lembrar a observaccedilatildeo que Fischer (sd) faz a esse respeitoquando observa que o virtuosismo que a muacutesica desenvolveu ao afastar-se segundoele da religiatildeo tornou-a exclusiva de um nuacutemero reduzido de ouvintes refinadose que muitas obras importantes de Bach Mozart Beethoven ou Brahms jamai~foram efetivamente populares (p221)

Fischer observa que o formalismo excessivo domina a muacutesica seacuteriacontemporacircnea e que mesmo buscando captar a muacutesica do cosmos a linguagemd~s estrelas dos cristais ou ~os aacutetomose eleacutetrons essa ~uacutesica~bandonao caraacuteterh~o ( ) com expressao de sentlmentos sensaccediloes e Ideias (p 224)

A comunicaccedilatildeo de conteuacutedos histoacuterico-sociais atraveacutes da muacutesica (tal comona Heroacuteica de Beethoven um momento revolucionaacuterio eacute express8raquo vecirc-se limitadona possibilidade de chegar ao puacuteblico uma vez que dificilmente ele assimila a~uacutesi~ s~ria de n~sso tempo E hoje segundo Fischer (sd) quando ouvimos aHerol~~ usufrulmos apenas o nivel esteacutetico pois o conteuacutedo por ser de outra~pocaJa natildeo chega a noacutes Contudo cabe lembrar segundo o autor que mesmoa s~a epoca essa obra de Beethoven escapou agrave compreensatildeo de uma audiecircnciamaIs ampla

Abraham (1986) refere-se agrave muacutesica de vanguarda e agrave incomunicabilidadeao enfocar as muacutes 1 t

Icas e e romca e concreta conSIderadas por ele como desproVIdasde slgmficado (p813)

M Devem-se ressaltar tentativas no seacuteculo XX como a Elegia Violeta paraonsenhor Rom d J

ero e orge Antunes (que busca homenagear o Monsenhor

Sinado em El Salvador) ou a Cantata ao trigeacutesimo aniversaacuterio da morte deassa Lecircnin de Hanns Eisler que Fischer cita (p 213) Outras ha entre as mUSIcas

as referindo-se diretamente a fatos marcantes da histoacuteria do nosso seacuteculo~n mas em todas elas a incomunicabilidade de sua mensagem segundo dIversosautores eacute fator comum

Wiora (1961) refere-se agrave despopularizaccedilatildeo da muacutesica na quarta idade Leuchter(1946) agrave renuacutencia de toda funccedilatildeo social da muacutesica do s~culo ~ ~arnoncourt (1988)afirma que a muacutesica seacuteria de hoje natildeo satisfaz e por ISSO o pubhco se volta p~a amuacutesica histoacuterica A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo acha-se seriamente comprometidasegundo autores aqui referidos na muacutesica seacuteria do seacuteculo XX A

Berio (1981) considera que natildeo existe hoje um contrato socIal u~alllme ehomogecircneo como por exemplo na eacutepoca barroca ou entreo~ Banda-Lllld~emBokassa e que por isso haacute tantos modos de entender mUSIca quantos sao osindiviacuteduos que a ela se dedicam (p9) A

Parece que para o autor a inexiacutestecircncia de um contrato social unalll~e

subjacente agrave muacutesica seacuteria do seacuteculo XX leva a que essa muacutesi~a seja apre~ndI~a

de infinitas maneiras quer seja compreendida ou natildeo Ou seja a comulllcaccedilaonatildeo estaria excluiacuteda mas diversificada

Berio considera que cada um a seu modo todos compreendem a muacutesicaseja ela qual for - o que inclui a muacutesica serial considerada incompreensiacutevel pormuitos (p 14)

Adorno (1975) considera que a rejeiccedilatildeo agrave muacutesica de vanguarda deve-se aofato de ela ser bem compreendida demais Ao expressar o drama de nossa eacutepocaela assustaria Neste caso a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo estaria presente ao contraacuteriodo que Wiora considera quando a denomina muacutesica de papel por estar afastadado puacuteblico

Nas muacutesicas folcloacutericas populares e de massas a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeose faz mais presente ainda que em gradaccedilotildees diversas

A comunicaccedilatildeo de conteuacutedos afetivos sociais religiosos etc pode serconsiderada presente em todas elas sobretudo veiculado pelas letras queapresentam Contudo cabe retomar aqui as consideraccedilotildees de Adorno agrave induacutestriacultural e agrave regressatildeo da audiccedilatildeo

Um exemplo interessante de ser analisado parece ser o que Medaglia (1968)nos oferece quando se refere ao caraacuteter coloquial da narrativa musical na bossashynova (p63) que parece evidentemente apontar para a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

Sem duacutevida todos os comentaacuterios anteriormente apresentados agrave muacutesicade massas voltam a ser vaacutelidos neste momento - ela comunica ainda quevalores ditados pela induacutestria cultural ainda que ao preccedilo da alienaccedilatildeo e dafragmentaccedilatildeo do indiviacuteduo

98

Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

No acircmbito da muacutesica seacuteria na quarta idade da muacutesica diversos autoresaqui citados assinalam uma mudanccedila de significaccedilatildeo uma perda na participaccedilatildeoem relaccedilotildees gerais e cotidianas o proacuteprio conteuacutedo da muacutesica contemporacircneaeacute muitas vezes discutiacutevel como se depreende das palavras de Berio (I 98 1)referindo-se agrave muacutesica eletrocircnica

() muitos muacutesicos dentre os mais conscientes deram-se conta logoque era tatildeo faacutecil quanto supeacuterfluo produzir sons novos que natildeo fossem oproduto de um pensamento musical assim como hoje eacute faacutecil desenvolver emelhorar as tecnologias da muacutesica eletrocircnica quando elas satildeo desprovidasde profundas e reais razotildees musicais ( p 109)

O risco de que a criatividade cientifica substitua a criatividade musical eacuteassinalado por Berio no que concerne agrave muacutesica eletrocircnica e evidentemente cabea partir daiacute questionar o conteuacutedo musical e o simbolismo dessa muacutesica

A expansatildeo dos limites da muacutesica com a inclusatildeo de novas estruturas enovos materiais sonoros jaacute assinalada aqui anteriormente

hatraveacutes das palavras

de Wiora (1961) natildeo parece corresponder a um aprofundamento de seu conteuacutedode seu significado de seu simbolismo - a muacutesica segundo ele teria recuado ateacuteos limites aleacutem dos quais natildeo haacute propriamente muacutesica ( p 188)

O artificialismo e o tecnicismo o excessivo formalismo a presenccedila detendecircncias eminentemente construtivistas e estruturalistas seriam segundo autorescomo Wiora(1 9oacutel) Abraham (1986) ou Fischer (sd) fatores de esvaziamento damuacutesica contemporacircnea - o que parece comprometer a funccedilatildeo de representaccedilatildeosimboacutelica

As r~s e as transmissotilde~s at~aveacute~ ~e raacutedio e televisatildeo acrescentariamtamb~m a questatildeo de representaccedilao sImbohca o fato da muacutesica transpor asbarreIras do espaccedilo e ser veiculada a pessoas que nem sempre podem assimilaacuteshyla tota~mente A esse respeito cabe ressaltar a intensa participaccedilatildeo quer emgr~va~oesquer em transmissotildees diversas da muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriorescUJ~ SImbolismo natildeo chega ateacute noacutes por natildeo pertencer a nossa eacutepoca a nossarealIdade social

Diversos argumentos a esse respeito jaacute foram apresentados em paacuteginasantenores referindo tu - dI

-se a SI accedilao as sa as de concerto cUJos programas satildeopnontanamen~ede eacutepocas passadas cujo simbolismo natildeo podemos apreender

A teclllcIzaccedilatildeo a desumanizaccedilatildeo satildeo caracteriacutesticas da muacutesicacfudegntmpOracircnea assinaladas por Wiora (I 961 )que sem duacutevida comprometem a

nccedilao de representaccedil- b I E _ ao SIm o Ica m cItaccedilao Ja apresentada o autor menciona

101

retomo artificial a elementos sacros incompatiacuteveis com o conteuacutedo de nossaeacutepoca (p224)

Outro acircngulo da muacutesica da quarta idade a ser enfocado eacute aquele assinaladopor Schurmann( 1989) referindo-se ao aparecimento do dodecafonismo no iniacuteciodo nosso seacuteculo Assim como o autor associa o afloramento do sistema tonal noseacuteculo XVIIl agrave emergecircncia do capitalismo industrial (cujas bases gradativamenteforam lanccediladas na eacutepoca iluminista) ele relaciona o dodecafonismo aos ideaisdemocraacuteticos do iniacutecio do seacuteculo XX Para S~hurmann as estruturasdodecafocircnicas ao pretenderem a rem~ de toda hierarquia propostas pelotonalismo realizariam no universo meacutelico uma perfeita liberdade e igualdadeque na realidade politica ainda natildeo passava de utopia (Schurmann1989 p 176)

A correlaccedilatildeo apontada por Schurmann entre o sistema dodecafocircnico e aideologia critica de natureza democraacutetica proacutexima agravequela preconizadapelos teoacutericos marxistas (p 176) permite identificar na muacutesica dodecafocircnica afunccedilatilde~ de represe~t~ccedilatildeosimboacutelicaexplicando segundo o autor o repuacutedio do puacuteblicoburgues a essa mUSIca Identificada por esse puacuteblico com os movimentos poliacuteticosde esquerda

De certa forma Berio (1981) parece atribuir a toda muacutesica a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica

Na o~ra musical existe sempre uma zona de irrealidade que soacute podes~r apreendida atraveacutes da mediaccedilatildeo de obras assimiladas e experiecircnciasVlvdas com as quais natildeo precisamos necessariamente identificar-nos masque apreendemos e observamos () porque acreditamos que sobre elas mais~ue s~bre outras estaacute colada a histoacuteria e mais livremente somos levados amvesflr nelas talvez a parte melhor e natildeo revelada de noacutes proacuteprios e maisabertalente o nosso inconsciente musical (p 6)

~ ainda Berio quem referindo-se agrave muacutesica eletrocircnica coloca como umdo~ ~alOres problemas musicais do nosso tempo a distacircncia entre as dimensotildeesacustlcas e ~o~ceiacutetual da muacutesica Tal problema parece comprometer no caso damuslc~~e~ron~caas fu~ccedil~es de representaccedilatildeo simboacutelica e de comunicaccedilatildeo (p3 3)

~mblto das musIcas populares e folcloacutericas a funccedilatildeo aqui consideradapa~e~e mais eVIdente sobretudo entre as uacuteltimas que vecircm associadas a temaacuteticasrelIgIOsas ou cotid A t mnas s mUSIcas populares sobretudo atraveacutes de suas letrasenam tambem essa funccedilatildeo

d Quanto agrave muacutesica de massas poder-se-ia caracterizar a ocorrecircncia da funccedilatildeoe representaccedilatildeo b T

(1975) Sl~ o Ica embora fundada segundo Schurmann (1989) e Adornoem valores Ilusoacuteri I d

cultural os ou seja va ores e troca mampulados pela induacutestria

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a ausecircncia de cantos de trabalho nas usinas e a substituiccedilatildeo do sino da igreja quefoi segundo ele siacutembolo de nossa antiga cultura pela sirene das faacutebricas

Harnoncourt (1988) tambeacutem reforccedila a argumentaccedilatildeo em torno doesvaziamento da muacutesica atualmente ao assinalar que ela passa a ter em nossasvidas uma funccedilatildeo meramente decorativa o que segundo ele natildeo seria um problemaexclusivo da muacutesica seacuteria em virtude da accedilatildeo da induacutestria cultural sobre a muacutesicacomo um todo

A unidade entre muacutesica e vida estaria para Harnoncourt ainda presente(embora comprometida) nas muacutesicas populares e folcloacutericas mas inexistente namuacutesica seacuteria A funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica tambeacutem nas palavras doautor pode ser depreeendida como ausente na muacutesica seacuteria da quarta idade

O processo de fetichizaccedilatildeo da muacutesica em nosso seacuteculo assinalado porAdorno (1975) relaciona-se ao esvaziamento da funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelicada muacutesica seacuteria realizada em salas de concerto ou difundida atraveacutes de gravaccedilotildeesOs valores de mercado a valorizaccedilatildeo de estrelas (sejam maestros ou inteacuterpretes)seriam indiacutecios para ele da troca dos valores autecircnticos por aqueles ditados pelainduacutestria cultural

Contudo Adorno identifica a muacutesica de vanguarda como um foco deresistecircncia agrave massificaccedilatildeo e ao consideraacute-Ia inaceita em virtude de representar ohorror de nossa eacutepoca ele parece conferir agrave muacutesica dodecafocircnica a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica

Menuhin (1981) apresenta um exemplo que merece ser citado no acircmbito dafunccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica na muacutesica de nosso seacuteculo

Na Alemanha na deacutecada de 20 especialmente o estado de espiacuteritoera quase de histeria um espiacuterito amargo mordaz composto de desiluccedilatildeo enostalgia que a muacutesica de Kurt Weill capta com perfeiccedilatildeo () As partiturasde Weill contecircm algo do espiacuterito caccediloiacutesta da Repuacuteblica de Weimar entre asguerras ( ) ( p248)

As consideraccedilotildees do autor sobre a muacutesica de Kurt Weill parecem indicarque a muacutesica desse compositor simbolizaria o contexto poliacutetico-social ou pelomenos o estado psicoloacutegico das pessoas no periacuteodo intermediaacuterio agraves duas grandesguerras

Ainda na esfera da funccedilatildeo de representaccedilatildeo simboacutelica vale lembrar que amuacutesica sacra de periacuteodos anteriores deteve fortemente essa caracteristica Fischer(sd) assinala a gradativa mudanccedila dessa muacutesica e sua trajetoacuteria rumo agraves salas deconcerto nos periacuteodos barroco claacutessico e romacircntico A muacutesica do seacuteculo XX natildeoresgatou ao que parece o forte componente simboacutelico dessa muacutesica religiosa deoutras eacutepocas A produccedilatildeo de tal muacutesica eacute escassa na atualidade e Fischer assinalanela caracteriacutesticas de frieza e intelectualismo pseudo-religioso bem como um

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A apropriaccedilatildeo pela muacutesica de massas de temas estruturas praacuteticasteacutecnicas das muacutesicas populares folcloacutericas e seacuterias conduzem segundo Schurrnann(1989) a uma fruiccedilatildeo apenas epideacutermica despida de significado verdadeiromarginalizando a antiga cultura dominante (p183-184) Contudo apesar de ilusoacuteriaa representaccedilatildeo simboacutelica parece presente tambeacutem na muacutesica de massas

Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

No contexto da musica seacuteria na quarta idade natildeo se encontraram referecircnciasque permitam assinalar a ocorrecircncia niacutetida desta funccedilatildeo embora se possaargument~toda e qualquer muacutesica provoca sempre alguma reaccedilatildeo fisicaainda quea niacutevel bioloacutegico

No acircmoiacuteto dos concertos a reaccedilatildeo fisica soacute eacute cogitaacutevel ao niacutevel da reaccedilatildeoemocional (o que envolve sem duacutevida o aspecto fisico) ainda que culturalmentecondicionada conforme jaacute foi comentado anteriormente A produccedilatildeo de muacutesicareligiosa no seacuteculo XX prioritariamente dirigida (ainda que escassa) agraves salas deconcerto tambeacutem se situa neste exemplo

A utilizaccedilatildeo de hinos e marchas de caraacuteter ciacutevico pode ser assinalada nahistoacuteria do seacuteculo XX muitas vezes com a finalidade de conduzir o comportamentoda multidatildeo

Contudo eacute no acircmbito das muacutesicas populares folcloacutericas e de consumo quefrequumlentemente vecircm associadas agrave danccedila que a reaccedilatildeo fisica se faz mais evidente

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

Alguns exemplos citados aqui no acircmbito da muacutesica seacuteria como a Elegia Violetapara Monsenhor Romero de Jorge Antunes que eacute uma homenagem ao Monsenhorum protesto pelo seu assassinato e uma exaltaccedilatildeo agrave justiccedila poderiam talvez serrelacionados como exercendo a funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais Aestruturaccedilatildeo da muacutesica aqui citada acessiacutevel apenas a uma minoriaabsoluta de expertstoma bastante restrito o acircmbito do exerciacutecio dessa funccedilatildeo Eacute o mesmo caso de obrascomo Treno para as viacutetimas de Hiroshima de Penderecki ou O canto suspenso deNono (composto sobre cartas de membros da Resistecircncia europeacuteia condenados agrave morte(Abraham 1986p844) ou ainda Yo lo vi de De Pablo tratando dos desastres daguerra (Beltrando-Patier 1982 p6uuml2) etc

Entre as muacutesicas folcloacutericas populares e de consumo na maioria das vezesassociadas a letras a-imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais eacute mais evidenteA saacutetira poliacutetica ou aos costumes eacute um exemplo que pode facilmente ser localizado

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no exame das letras de canccedilotildees diversas As canccedilotildees de protesto tambeacutem satildeofrequumlentes e referecircncias a elas podem ser encontradas por exemplo em Campos(1968) no contexto da bossa-nova (p 49)

Menuhin (1981) apresenta exemplos de hinos e canccedilotildees populares que podemser enquadrados na funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais WeshaIl overcome cantado por milhares de homens e mulheres brancos e negroscom a mesma mensagem de dignidade que ouvimos na voz sonora do Dr MartinLuther King e Blowin in the wind escrito e cantado por Bob Dylan um gritode consciecircncia em uma eacutepoca de profundas discussotildees quanto agraves metas nacionaise sociais envolvendo a guerra do Vietnatilde (p29uuml-291 )

Waldenyr Caldas (1987) no capiacutetulo denominado O tempo de Alvarenga eRanchinho assinala o importante papel dessa dupla no contexto da muacutesica sertanejae a iinportacircncia da saacutetira poliacutetica por eles realizada principalmente dirigida agraveditadura de Getuacutelio

A ditadura de Getuacutelio Vargas governava o paiacutes ( ) Alvarenga eRanchinho resolveram contestaacute-la denunciacuteaacute-la atraveacutes do desafio e doponteio da viola Sempre que podiam ridicularizavam publicamente a figurado ditador gauacutecho Alvarenga lider da dupla aleacutem de politizado eirreverente era extremamente radical Natildeo deixava jamais passar em brancouma atitude uma medida autoritaacuteriacutea de Vargas Satiriacutezava na mesma hora edepois incluiacutea em seu repertoacuterio Por causa diacutesso a dupla foi vaacuterias vezeslevada agrave prisatildeo mas tambeacutem agraves paradas de sucesso (p46)

E preciso contudo ressaltar que as letras das canccedilotildees sobretudo dasmuacutesicas de massas - nem sempre estatildeo voltadas para impor conformidade anormas sociais Pelo contraacuterio muitas delas visam a escandalizar ou a rompercom padrotildees sociais (possibilidade descrita por Merriam) aos quais natildeo buscam~onformar-se e sim romper embora tal ruptura natildeo signifique ruptura doSIstema A induacutestria cultural manipula tais tendecircncias (assim como nas novelasde televisatildeo) procurando atingir um puacuteblico vulneraacutevel a essas influecircncias

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Prov~velmente no contexto da quarta idade a muacutesica folcloacuterica seja a quemelhor realIza essa funccedilatildeo Schurmann (1989) em citaccedilotildees jaacute apresentadas assinalaesse fato

Waldenyr Caldas (1987) referindo-se agraves origens da musica caipira cuja ligaccedilatildeoe mtensa Com o folclore I I assma a sua ImportancIa SOCIa atraves de vaacuterias funccedilotildees

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Aula
Nota
1110 Eduardo A e Eacuteber (5 uacuteltimas funccedilotildees)

A importacircncia dessa mUSIca poreacutem eacute muito maior do que possaparecer Ateacute poque ela nunca aparece apenas enquanto muacutesica Aleacutem daevidente funccedilacirco luacutedica de lazer deve-se ainda destacar seu papel na produccedilatildeoeconoacutemica atraveacutes do mutiratildeo no ritual religiosa das festas tradicionaisda Igreja e principalmente como elemento agregador da proacutepriacomunidade mantendo-a coesa atraveacutes da praacutetica e da preservaccedilatildeo dosseus valores culturais (p IS)

A funccedilatildeo de validaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos parecetransparecer na referecircncia agrave muacutesica caipira acima apresentada

No contexto da muacutesica seacuteria no seacuteculo XX a funccedilatildeo aqui considerada natildeopode ser assinalada com clareza atraveacutes dos exemplos e anaacutelises constantes da

bibliografia consultadaAparecem referecircncias agrave utilizaccedilatildeo de hinos e canccedilotildees inclusive com a funccedilatildeo

de conduzir o comportamento das multidotildees que indiretamente poderiam contribuirpara a validaccedilatildeo de instituiccedilotildees sociais e religiosas As obras sacras compostasna atualidade parecem mais destinadas a um papel de concerto que agrave funccedilatildeo aqui

consideradaBeltrando-Patier (1982) faz uma referecircncia que permite remeter agrave funccedilatildeo

de validaccedilatildeoNa Espanha adotou-se a doutrina dodecafoacutenica para se destacar da

esteacutetica governamental sob a ditadura do General Franco Em 1939 realmentea muacutesica espanhola () perde seu dinamismo proacuteprio A desorientaccedilatildeo anterioragrave guerra conduz a uma arte quase reacionagraveria frequumlentemente calcada deforma inconsciente sobre a poliacutetica da regiatildeo (p601)

Pode-se questionar se essa arte reacionaacuteria seria uma forma ainda queinconsciente de validar o regime poliacutetico da ditadura de Franco

Tambeacutem no que diz respeito agrave muacutesica de consumo - muacutesica de massas - ficadificil ou mesmo impossiacutevel identificar essa funccedilatildeo sobretudo se adotarmos oponto de vista de Adorno (1975) que considera que essa muacutesica promove asubstituiccedilatildeo de valores verdadeiros por valores apenas de mercado Mas a muacutesicade massas natildeo estaria validando o sistema capitalista e suas instituiccedilotildees justamente

por preconizar os valores de mercado

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

A grande ruptura produzida pela muacutesica seacuteria assinalada por Wiora (1961)como um dos marcos da quarta idade natildeo parece permitir sua inclusatildeo na

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contribuiccedilatildeo para a continuidade e estabilidade da cultura O distanciamentocrescente do puacuteblico a adoccedilatildeo de estruturas de dificil acesso a restriccedilatildeo gradativade papeacuteis sociais que a muacutesica seacuteria possa desempenhar (conforme vemtransparecendo na revisatildeo aqui realizada) parecem excluir a muacutesica seacuteria do

exerciacutecio dessa funccedilatildeoCabe lembrar poreacutem a intensa veiculaccedilatildeo nas salas de concerto e nas

gravaccedilotildees da muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriores Ao ser mantida viva essamuacutesica contribui de alguma forma para a continuidade e estabilidade da

culturaOs exemplos jaacute apresentados anteriormente relativos agrave muacutesica popular e agrave

muacutesica folcloacuteria apontam para a inclusatildeo dessas muacutesicas na funccedilatildeo aquiconsiderada sobretudo no que se refere agrave uacuteltima

Quanto agrave muacutesica de massas cujo objetivo eacute promover valores de mercadopode parecer duvidoso inclui-Ia na funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a continuidade eestabilidade da cultura mesmo quando ela aparentemente pareccedila fazecirc-lo Podeshyse contudo considerar que a manutenccedilatildeo do status quo do mundo capitalista (ede sua cultura mesmo que de valores ilusoacuterios) eacute garantida no seacuteculo XX pelainduacutestria cultural e pela muacutesica de massas

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

A muacutesica seacuteria do seacuteculo XX - a muacutesica de papel no dizer de Wiora(1961) - natildeo parece ter condiccedilotildees de desempenhar a funccedilatildeo integradora numsentido mais amplo porque acha-se voltada para um restrito puacuteblico de iniciados

A muacutesica seacuteria de seacuteculos anteriores veiculada atualmente em concertospuacuteblicos multas vezes ao ar livre e destinados a atingir o povo em geral poderiatalvez em alguma medida sugerir a presenccedila dessa funccedilatildeo apesar das observaccedilotildeesjaacute apresentadas anterionnente referentes agrave perda do conteuacutedo das muacutesicas deoutras eacutepocas quando realizadas fora de seu momento histoacuterico-social Sua inclusatildeonessa categoria - integraccedilatildeo da sociedade - se legitima parece registraacutevel apenasem caraacuteter superficial

A muacutesica popular a muacutesica folcloacuterica e a muacutesica dc consumo realizamain~a que em graus diferentes a funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeo daSOCIedade

Os exemplos jaacute apresentados parecem ilustrar com clareza a presenccediladessa funccedilatildeo nas muacutesicas acima referidas

Vale ressaltar mais uma vez o caraacuteter ilusoacuterio e alienante da muacutesica demassas confonne assinala Adorno~A integraccedilatildeo de indiviacuteduos em tomo de valores

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induzidos pela induacutestria cultural eacute certamente ilusoacuteria segundo ele visando agravemassificaccedilatildeo dos indiviacuteduos e agrave sua submissatildeo aos ditames do mercado)

A integraccedilatildeo de grandes multidotildees de indiviacuteduos em espetaacuteculos de rock(fenocircmeno musical incluiacutedo aqui na categoria muacutesica de massas) eacute enfocadapor Menuhin (1981)

Parte do atrativo do roeI( and rol estaacute em seu senso de participaccedilatildeocoletiva Os jovens como sempre necessitam da seguranccedila que lhes daacute apresenccedila de seus semelhantes ( ) acima de tudo em espetaacuteculos puacuteblicosonde a histeria da adulaccedilatildeo jagravez parte de seu modo de expressatildeo ( ) Amultidatildeo de fatildes em um concerto de rock eacute uma proclamaccedilatildeo evidente deidentidade coletiva (p 279)

O caraacuteter ilusoacuterio segundo Adorno (1975) dessa integraccedilatildeo decorre dainduccedilatildeo de falsos valores que o autor assinala em sua anaacutelise da muacutesica demassas

Menuhin (1981) reforccedila esse aspecto de diluiccedilatildeo das identidades dedestruiccedilatildeo da individualidade atraveacutes dos grandes espetaacuteculos puacuteblicos de muacutesiacutecade massas Referindo---se aos Rolling Stones ele menciona uma parede de somque visa a entorpecer todos os sentidos conscientes natildeo deixando outraescolha para a pessoa senatildeo a de se render e participar A histeria geradapor esses espetaacuteculos eacute assinalada por Menuhin que considera que a muacutesica dosRolling Stones parece mais eliminaccedilatildeo de estruturas jagravezendo tudo voltar aobarro cru (p 28) A alienaccedilatildeo e a histeria coletivas assinaladas pelo autor satildeoaspectos da muacutesica de massas que no acircmbito da integraccedilatildeo social natildeo podemdeixar de ser assinalados

Algumas consideraccedilotildees finais no que concerne agraves funccedilotildees sociais da muacutesicadevem aqui ser incluiacutedas

Primeiramente eacute preciso registrar que natildeo houve qualquer pretensatildeo deestabeleceu roacutetulos ou categorias estanques mas apenas de tentar ordenar einterpreta~ o vasto material colhido de forma a viabilizar sua utilizaccedilatildeo no acircmbitodesta pesquisa

Em segundo lugar cabe lembrar que o proacuteprio Merriam assume duacutevidashesitaccedilotildees e necessidades de aprofundamento em relaccedilatildeo a diversos aspectospertinentes agraves funccedilotildees sociais da muacutesica e agrave categorizaccedilatildeo que ele propotildee o quereforccedila a necessidade de que nem~lassificaccedilatildeoque ele apresenta nem a apreciaccedilatildeohistoacuterica dessas funccedilotildees aqui realizada sejam encaradas de forma riacutegida oudefinitiva

Finalmente faz-se necessaacuterio assinalar que sobretudo no contexto da quartaidade eacute preciso um aprofundamento da questatildeo Eacute preciso ter em mente que ao

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analisarmos um contexto histoacuterico que estamos vivenciando nossas possibilidadesde clareza satildeo provavelmente menores do que ao enfocar periacuteodos anteriores

Por outro lado natildeo podemos de todo evitar que o olhar do seacuteculo XXesteja presente na anaacutehse de periacuteodos histoacutericos anteriores - o que seria minimizaacutevelem certa medida com a an~lise e tratados e de textos diversos das eacutepoca~enfocadas mas essa tarefa nao fOI assumIda no contexto deste trabalho

Aleacutem disso evidencia-se que as peculiaridades da muacutesica do seacuteculo XXe~ige~ u~ estudo especiacute~co das funccedilotildees sociais da muacutesica As proacutepriasdlvergencas entre os tratadIstas e filoacutesofos de nossa eacutepoca apontam no sentidodesse estudo

~m que categoria por ~xe~pl~ deve-se situar o exemplo abaixo queMenuhm (1981) apresenta relatIvo a musIca do compositor norte-americano JohnCage

() Cage fez uma apresentaccedilatildeo em Cambridge Massachusetts deum evento que chamou de Harvard Square Colocou um piano em uma ilhapaa pedestres ~o centro da praccedila e logo se formou uma multidatildeo CageaClOn~u um cronometro jechou o piano e cruzou as matildeos A multidatildeo esperouDep0ls de um certo tempo determinado pela consulta ao I Ching ( ) eleabnu a tampa do teclado e ficou de peacute O puacuteblico aplaudiu enquanto Cagese curvava agradecendo E o que foi apresentado Nada mais que o ambientede som do tracircnsito de Harvard Square conversas casuais passos e outrosruldos (p269)

Natilde~ cabe soacute a duacutevida quanto agrave categoria em que esse exemplo se inseremas tambem a pergunta levantada pelo proacuteprio Menuhin A muacutesica eacute som ou natildeosom (p270)

J 1 de Mora~s (1989) apresenta uma das possiacuteveis respostas a essapergunta quando conSIdera que o silecircncio na muacutesica do ocidente passou a assumirum papel estrutural tomado em peacute de igualdade com o som (p81) Moraes acrescenta ainda que John Cage concluiu que o silecircncio tambeacuteme mUSIca tendo i I d nc USlve construI o sobre ele boa parte de sua poeacuteticaconSIderando-o um novo 1 d d f - fi pOl a or em ormaccediloes gerador de novos e insuspeitadosslgm Icados

Um~ outra consideraccedilatildeo interessante sobre o papel do silecircncio na mUSIcacontemporanea pode t d d C ser re Ira o e ampos (1968) quando assinala que a pausaou seja o sI1enc T d d 10 e Utl Iza o na bossa-nova como um elemento estrutural comosen o um a~~ecto do som som-zero (p22)

A analIse do pap I d I um t b Ih e o SI enclO na muacutesica do seacuteculo XX certamente merecera a o a parte

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Outro exemplo que suscita a duacutevida sobre o que eacute a muacutesica e sobre ascategorias passiacuteveis de serem estabelecidas para as funccedilotildees sociais da muacutesica eacuteapresentado por Moraes (1989) Hoje em um universo visto natildeo mais comoalgo fechado ou imoacutevel nas relativizado e ~m expansatildeo COIIO o propostopela jisica moderna natildeo existe razatildeo para aceitar a proacutepria muacutesica comoum processo ( plO)

O autor segue apresentando um exemplo de muacutesica do compositor norteshyamericano La Monte Young (1935) denominada Composiccedilagraveo 1960 n 5 quedeve ser construiacuteda aleatoriamente seguindo-se o movimento de uma borboleta(pIO)

Outras questotildees podem ainda ser levantadas Onde por exemploincluiriacuteamos a muacutesica estocaacutestica ou seja aquela baseada em caacutelculos dasprobabilidades A que funccedilagraveo corresponde a muacutesica utilizada para preencher osvazios do silecircncio que muitos homens do seacuteculo XX natildeo podem suportar Quepapel desempenham os novos materiais sonoros na muacutesica contemporacircnea

Os COlpOS sonoros natildeo rendem de forma alguma o que se esperadeles O microjagravene capta o que haacute de mais imprevisivel Muitas vezes perdeshyse e recomeccedila-se ateacute que se obtenha um objeto sonoro interessante ( ) Umachapa de jagravelha metaacutelica um abajur um ventilador desviados de sua utilizaccedilatildeonormal datildeo resultados sonoros insuspeitados (Ferrari citado por Barraud 1975p152)

Outras funccedilotildees aleacutem das categorizadas por Merriam parecem ser sugeridaspela observaccedilatildeo dos exemplos analisados ou mesmo pelos autores revistos comoeacute o caso de Adorno (1975) ao assinalar a muacutesica como ruiacutedo de fundo paranossas atividades cotidianas ou de Berio (1981) quando preconiza uma funccedilatildeoconsolatoacuteria para a muacutesica considerando que ela pode tomar-se siacutembolo deuma possibilidade de leitura consolatoacuteria e ateacute utoacutepica do mundo (pI9)

A funccedilatildeo consolatoacuteria da muacutesica a que Berio se refere tem correspondentena categorizaccedilaacuteo de Merriam Que outras funccedilotildees fora da perspectiva funcionalistade Merriam poderiam ser identificadas Conscientizaccedilatildeo Transformaccedilatildeoindividual ou social Representaccedilatildeo de conflitos sociais Alienaccedilatildeo

Cabe ainda citar Berio (1981) contrapondo sua palavra a todos osargumentos levantados aqui agrave incompreensibilidade da muacutesica seacuteria de vanguardaNatildeo creio em quem diz natildeo entendo esta muacutesica quer me explicarSignifica que ele nagraveo entende a si mesmo e natildeo sabe o lugar que ocupa nomundo e nem suspeita que a muacutesica eacute tambeacutem um produto da vida coleliva(pII )

E cabe tambeacutem assinalar que embora predominem opiniotildees restritivas agravemuacutesica seacuteria contemporacircnea na bibliografia consultada esse natildeo foi o criteacuterio de

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sua seleccedilatildeo e sim a sua respeitabilidade (e de suas fi t ) O on es que se parece

eVIdenCIar e um notono desconforto dos tratadista t s con emporaneos dIante

dessa mUSica ou mesmo a Incompreensatildeo dela - o que tt fi d I cons I UI enomeno dIgnoe ana Ise

A revisatildeo e as sistematizaccedilotildees apresentadas neste ca t I -( _pI U o nao pretendeme nao podem naturalmente) esgotar o tema abordado AI d

d I - em ISSO e precISoconsl erar as Imltaccediloes merentes a qualquer estudo d t- d b

e ao gran e a rangenCIaCntudo o matenal aqUI apresentado parece suficiente para ab

Pe s e t d - d h nr umar p c Iva e revlsao a Istona da muacutesica (e em esp I I d _ cCla e c aro as funccediloesque a musIca desempenhou e desempenha) bem como I fu d

I coocar n amentospre Immares a uma discussatildeo mais profunda sobre o

ensmo supenor de musIcacentrada em seu conteudo- a musICa - a partir d t d fu _

a o Ica c suas nccediloes socIaIs

IW

CAPIacuteTULO III

ENSINO DE GRADUACcedilAtildeO E FUNCcedilAtildeOSOCIAL DA MUacuteSICA

o objetivo deste capiacutetulo eacute trazer para o acircmbito do ensino d~ grad~a~atilde emmuacutesica o cnfoque da funccedilatildeo social da muacutesica cuja retrospectiva hlstonca eclassificaccedilatildeo foi feita no capitulo anterior a partir da revisatildeo da literaturaespecializada

A bibliografia consultada menciona em diversas passagens a neceSSidadede revisatildeo dos cursos de muacutesica

Harnoncourt (1988) situa na Revoluccedilatildeo Francesa uma importantemodificaccedilatildeo na relaccedilatildeo mestre-aprendiz que passou no acircmbito do ensino damuacutesica a ser substituiacuteda por uma instituiccedilatildeo - o Conservatoacuterio

Poder-se-ia qualificar o sistema deste conservatoacuterio de educaccedilatildeopolitico-musical A Revoluccedilatildeo Francesa tinha quase todos os muacutesicos d~ ~eu

lado e logo se percebeu que com a ajuda da arte em espeCial da musica() se poderia influtenciar as pessoas Naturalmente q~e o a~~ovelt~m~nto

politico da arte para clara ou imperceptivelmente d~utrnar o clda~ao o~

o suacutedito jaacute vem de longa data apenas isto ainda nao tznha Sido aplicado amuacutesica de forma tatildeo sistemaacutetica (p29)

Segundo Hamoncourt o meacutetodo do conservatoacuterio francecircs buscava mte~ara muacutesica ao processo poliacutetico geral atraveacutes de minuciosa uniformizaccedilaacuteo dos estilosmusicais

() princiacutepio teoacuterico era o seguinte a muacutesica deve ser suficientementesimples para que possa ser por todos compreendida ( contudo a pa~vra

compreender perde aqui o seu sentid~ proacuteprio) ele deve t~~ar e~~lta

adormecer seja a pessoa culta ou nao ela deve ser uma Izngua qutodos entendam sem precisar aprendecirc-Ia (Harnoncourt 1988 p29)

O novo ideal de egaliteacute (igualdade) subsidiava essa diretriz aplicada agrave mUacuteSicapreconizando-a como muacutesica para todos contrariamente agrave tendecircncia elitizantedo periacuteodo anterior

Os mais importantes professores de muacutesica da Franccedilaprecisavam consignar as novas ideacuteias num sistema riacutegido Tecnicamentetratava-se de substituir a retoacuterica pela pintura Foi assim que se desenvolveuo sostenu(fto a grande linha o legato moderno ( ) Essa revoluccedilatildeo naeducaccedilatildeo musical foi de tal forma radicalmente levada adiante que em

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algumas deacutecaacutedas por toda a Europa os muacutesicos passaram a ser formadospelo sistema de conservatoacuterio

Poreacutem o que parece mais grotesco eacute que ainda hoje tenhamos essesistema como a base da educaccedilatildeo musical Tudo o que era anteriormenteimportante foi dissolvido (Hamoncourt 1 988 p 30)

HamOD(Ourt prossegue no desenvolvimento da questatildeo afirmando que aeducaccedilatildeo musical atual continua aplicando aparentemente sem qualquer reflexatildeoprinciacutepios teoacutericos que haacute cento e oitenta anos faziam sentido mas que natildeo satildeomais compreendidos hoje em dia

O autor condena a formaccedilatildeo demasiadamente centrada na teacutecnica e enfatizagravea necessidade de atraveacutes de outros estudos e leituras ampliar a compreensatildeo damuacutesica de suas diversas linguagens e estilos - soacute assim natildeo se estariam formandoapenas acrobatas cuja preparaccedilatildeo essencial reside na teacutecnica SegundoHamoncourt essa maior compreensatildeo da muacutesica terminaria tendo reflexos nosprogr~mas ~e cnce~o levando os ouvintes tambeacutem eles a uma nova formaccedilatildeoque nao aceltana maiS uma praacutetica musical embrutecedora calcada na monotoniados programas ___

Como consequumlecircncia I~ica a separaccedilatildeo entre muacutesica popular e muacutesicasena aSSim como entre a mUSlca e seu tempo desapareceraacute e a vida cultural iraacuteencontrar novamente sua unidade (( r r (I

~~te deve~ia ser o objetivo da educ~ccedilatildeo musical em nosso tempo Jaacute que haacutem~tIt~llccediloes destmadas a este fim deveria ser mais faacutecil mudar e influenciar seusobjetlvos dando-lhes um conteuacutedo novo

Do mesmo modo que a Revoluccedilatildeo Francesa conseguiu com o Seuprograma ~e consenatoacuterio u~a mudanccedila rqdicpLnqYiJz~I a eacutepocaatual tamem podena conse~Ul-lo desde eacute claro que estejamos convencidosda neceSSidade destas mudanccedilas (Hamoncourt 1988 p33)

As oservaccedil~~ de Ha~oncourt permitem assinalar um aspecto importanten~ atual ensmo de mus~ca - a utilIzaccedilatildeo de modelos teacutecnicos e teoacutericos cujo significadonao pertence a nossa epoca Esse fato relaciona-se agrave crise que a muacutesica atravessaem nosso seculo crise es d t I

sa Ja escn a no capltu o antenol e que se situapredommantemente segundo os autores consultados no acircmbito ampcultura burguesa

Schurmann (1989) eacute um dos autores que assinala a crise musicalcontemporacircnea diant d d ~

e a esatlvaccedilao da linguagem musical burguesaprecomzando a urgente t d d d re orna a os atos de mUSicar e uma revisatildeo completar o p~peI da musica na educaccedilatildeo e na sociedade A muacutesica entatildeo a partir dessa

devlsao resgatando seu papel eminentemente criador deixaria de seru~amercadoriae consumo consumd

de c - I a por massa amorfa e readqulflna sua qualidade de modoomullIcaccedilao totalm td en e msen o no cotIdiano de uma nova comunidade social

III

Aula
Nota
1810 Zeacute Guerreiro e Samuel

Tambeacutem as palavras de Schurmann permitem assinalar outro importanteaspecto relativo ao atual ensino de muacutesica - a necessidade de resgatar a funccedilatildeqcomunicadora da muacutesica bem como seup~pel eminentemente_~~i(lQ2rde forma-aestabelecer sua possibilidade de atuar no cotidiano social

Embora abordando diferentemente a questatildeo da educaccedilatildeo musical tantoHarnoncourt quanto Schurmann levantam temas que apontam em direccedilatildeo da relaccedilatildeoentre funccedilatildeo social da muacutesica e ensino de muacutesica

Fischer (sd)ecircoutro autor que registra a crise no mundo burguecircs da cisatildeoentre muacutesica erudita afastada do povo e musica popular de diversatildeo compequeno valor em geral O autor afirma que um dos objetivos da educaccedilatildeosistemaacutetica eacute exatamente ampliar essa cisatildeo (p22 1)

A afirmativa de Fischer tambeacutem pode ser direcionada para uma reflexatildeosobre a funccedilatildeo social da muacutesica e do ensino sistemaacutetico de muacutesica no dizer doautor empenhado em enfatizar a separaccedilatildeo entre muacutesica erudita e popular EmboraFischer natildeo aprofunde a questatildeo cabe buscar responder qual a funccedilatildeo social doensino calcado nessa separaccedilatildeo e por que isso acontece

A preocupaccedilatildeo com o ensino de muacutesica no Brasil reflete-se em diversoseventos nacionais realizados nos uacuteltimos anos com a finalidade de discutir o tema eapresentar propostas para superar a reconhecida crise no setor Nessa linha podemoscitar o I Encontro Nacional de Educaccedilatildeo Musical promovido no Rio de Janeiro em1972 pelo Conservatoacuterio Brasileiro de Muacutesica o Seminaacuterio sobre o Ensino dasArtes e suas Estrateacutegias realizado em Ouro Preto em 1981 pela CAPES o IIEncontro Nacional de Pesquisa em Muacutesica promovido pela UFMG em 1985 emSatildeo Joatildeo Dei-Rei (que embora natildeo direcionado especificamente para o ensino demuacutesica tambeacutem apresentou contribuiccedilotildees nesse sentido) o V Encontro Nacionalde Educaccedilatildeo Musical realizado em 1986 no Rio de Janeiro pelo ConservatoacuterioBrasileiro de Muacutesica o II Simpoacutesio sobre a Problemaacutetica da Pesquisa e do EnsinoMusical no Brasil (SINAPEMj realizado em 1987 em Joatildeo Pessoa promovido pelaSeSu CAPES CNPq e UFPb o II Congresso Internacional de Muacutesica realizadoem 1987 no Rio de Janeiro pela EMIUFRJ entre outros

Koellreutter (1985) em trabalho apresentado no II Encontro Nacional dePesquisa em Muacutesica (Satildeo Joatildeo Dei-Rei) assinala a crise do ensino de muacutesica noBrasil e tal como Harnoncourt remete agrave heranccedila dos conservatoacuterios europeus

Acontece que os nossos estabelecimentos de ensino musical ainda seorientam pelas normas e pelos criteacuterios em que estavam baseados os

programas e curriacuteculos dos conservatoacuterios europeus do seacuteculo passado revelando-se instituiccedilotildees alheias agrave realidade musical brasileira na segundametade do seacuteculo XX e servindo dessa maneira a interesses que natildeo podemser os interesses culturais de nosso paiacutes (p192)

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Em acircmbito interno a Escola de Muacutesica da UFRJ realizou no periacuteodo de1986 a 1989 jornadas destinadas agrave revisatildeo de seus curriacuteculos com a participaccedilatildeoplena de professores e alunos Desses encontros resultou um documentopreliminar compilando todas as propostas apresentadas Contudo a partir de 1989o processo foi interrompido e o documento baacutesico natildeo chegou a ser analisado pelacomunidade Nesse documento transparece uma~preocupaccedilatildeocom a significaccedilatildeosocial expressa numa busca de maior inserccedilatildeo com o mercado de trabalho Contudoos cursos de graduaccedilatildeo e seu conteuacutedo tradicional natildeo foram revistos a partir deuma nova oacutetica que rompesse com a tradiccedilatildeo e a ineacutercia

Revendo os relatoacuterios dos eventos citados nos paraacutegrafos anterioresobserva-se que haacute reconhecidamente uma insatisfaccedilatildeo geral com o atual ensinode muacutesica no paiacutes O II Encontro Nacional da ABEMUS (Associaccedilatildeo Brasileirade Escolas de Muacutesica) realizado em 1990 na Escola de Muacutesica da UFRJevidenciou esse fato Contudo as propostas de reformulaccedilatildeo nunca chegaram ~ser aprofundadas e geralmente natildeo representam reestruturaccedilotildees significativasque impliquem num redirecionamento filosoacutefico do ensino de muacutesica

Co~tudo ~Igumas teses e artigos assinalam questotildees fundamentais paraessa revlsao filosofica e consequumlentemente metodoloacutegica e de conteuacutedo dos cursosde muacutesica sem que poreacutem em qualquer momento se tenha encontrado umaanaacutelis~ do tema a partir da funccedilatildeo social da muacutesica Algumas abordagens seaproxImam da questatildeo da funccedilatildeo social mas em nenhuma delas constitui o eixofundamental da forma como aqui se processa

Buscando contribuir para o avanccedilo da anaacutelise da problemaacutetica do ensinode graduaccedilatildeo em muacutesica no Brasil o mesmo foi analisado a partir desse eixo _

(atilde1Unccedilatildeo social da muacutesica Os exemplos foram tomados agrave Escola de Muacutesica da( UFRJ natildeo ~or se~ a uacuten~ca detentora de tais problemas mas pelas razotildees que ses~gue~ 1) e a maIs antIga do Brasil e ateacute certo ponto forneceu modelos que se I

dlfu~dlra~ por todo o pais 2) eacute o universo mais proacuteximo desteacute pesquisadoi~porle Ivenc~adocomo aluno e ~tualmente como integrante de seu corpo doc~nte

) e posslvel supor que mUltas das observaccedilotildees e conclusotildees baseadas naobseraccedilatildeo da EMUFRJ possam na maioria das vezes ser aplicaacuteveis ao restodo paIs

Para tal exemplificaccedilatildeo anexou-se a este trabalho parte de um cataacutelogopu~hcado em 1981 pela Direccedilatildeo da Escola de Muacutesica da UFRJ A parte dessecatalogo transforrn d ( Ad a a em anexo Anexo 1) e a que se refere agrave Estrutura

HCbal~ml~a da EMUFRJ vigente ateacute hoje contendo I) Relaccedilatildeo dos Cursos ea I Itaccediloes 2) C I UITICU o por HabIlItaccedilatildeo e 3) Ementas

d fu sslm questionou-se o ens ino de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir do enfoquea nccedilao SOCIal da m

USlca e para melhor ordenaccedilatildeo do estudo foram retomadas

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Funccedilatildeo de Expressatildeo Emocional

Retomou-se inicialmente a funccedilatildeo da expressatildeo emocional Certamentee~ta funccedilatildeo natildeo estaacute inteiramente ausente nos cursos de graduaccedilatildeo mas semdUVIda podemos IdentIficaacute-Ia como atrofiada Por que As raiacutezes baacutesicas estariamnaquel~s caracteriacutesticas jaacute assinaladas o ensino estaacute calcado em ecircnfase nosprocedIme t t

n ~s ecmcos o repertono trabalhado por ser prioritariamente de eacutepocaspassa~as nao corres~onde a conteuacutedos atuais e soacute pode ser apreendidoparcm mente os procedImentos criativos satildeo minimizados ou ausentes nos referidoscursos de vez que privl d ~

d ~ I egmm a repra uccedilao calcada na leitura musical ao inveacutes dapro uccedilao (teonca ou praacutetica)

p f ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos aleacutem de observada e vivenciadaessoa mente pelo autor desta pesquisa eacute assinalada por diversos autores

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repertoacuterio sendo que conforme jaacute assinalado anteriormente esse repertoacuterieacute prioritariamente o dos seacuteculos XVIII e XIX o

A ecircnfase nos mecanismos reprodutoacuterios conduz a uma quinta observaccedilatildeoque eacute a da ecircnfase dada agrave muacutesica escrita nos cursos de graduaccedilatildeo com um~consequumlente supervalorizaccedilatildeo dos mecanismos de leitura

Finalmente uma sexta observaccedilatildeo diz respeito agrave apresentaccedilatildeo do conteuacutedoem disciplinas sequumlenciais de conteuacutedo crescente dispostas atraveacutes dos periodosnuma perspectiva linear-evolucionista (vide Anexo I) o que eacute observaacutevel tambeacutemno r~pertoacuterio ~u~ical d~s instru~entos (vide Anexo 2) Cabe ao aluno apenassegUIr essa traJetona pre-determmada e ao professor ministrar conhecimentospreacute-determinados tambeacutem nessa sequumlecircncia

A pa~ir dessas observa~otildees iniciais procurou-se identificar entre as funccedilotildeessocIaIs assmaladas por Memam aquelas que seriam atendidas pelo ensino degraduaccedilatildeo em muacutesica tal como ele hoje eacute estruturado As categorias de Merriamforam tomadas como instrumento auxiliar nessa tarefa natildeo com a finalidade deesgotar nessa anaacutelise a questatildeo do conteuacutedo dos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica

A proposta aqui tal como no capiacutetulo anterior eacute de proceder a uma anaacutelisefunc~onal (e natildeo funcionalista) na forma como Demo (1989p28) assinala a anaacutelisefunCIonai visa a investigar funccedilotildees de algo na sociedade sem reduzi-lo aeste aspecto o que jaacute seria funcionalismo Ou seja a investigaccedilatildeo sobre asfunccedilotildees sociais da muacutesica trabalhada nos cursos de graduaccedilatildeo natildeo constitui nestetrabalo um fim em si uma tentativa de reduzir toda a questatildeo a essa persp~ctiva

rCnstttUI antes um meio para que se busque lanccedilar luzes sebre a problemaacutetica de ItaIS ursos e para ~u~ se possa ousar o esboccedilo de outras perspectivas que natildeo

estarao confinadas a ottca funcionalista

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as funccedilotildees sociais da muacutesica identificadas por Merriam buscando assinalaacute-las noniacutevel de ensino aqui delimitado a partir da anaacutelise de seu conteuacutedo

Cabem poreacutem algumas observaccedilotildees introdutoacuterias cuja finalidade eacute delinearalgumas caracteriacutesticas gerais do ensino superior de muacutesica primeiramente oensino de graduaccedilatildeo em muacutesica no Brasil tem historicamente se baseado noensino de musica seacuteria evidenciando-se inclusive entre seus professores fortepreconceito contra os demais tipos de muacutesica por eles consideradosfrequumlentemente de naturez~ inferi00 bsra-s portanto que o universo musicaldo ensino de graduaccedilatildeo e o da musIca sena havendo apenas pequenas eisoladas referecircncias agraves muacutesicas popular e folcloacuterica que praticamente natildeofazem parte da vivecircncia musical do aluno no decorrer de sua formaccedilatildeo

Uma segunda observaccedilatildeo preliminar igualmente importante eacute a de que talcomo nas salas de concerto o repertoacuterio musical trabalhado nas escolas de muacutesicaeacute prioritariamente (poder-se-ia ateacute dizer que quase exclusivamente o da musicaseacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX assim como o conteuacutedo enfocado eacuteprioritariamente centrado naqueles seacuteculos A problemaacutetica relativa a essefenocircmeno ineacutedito na histoacuteria da muacutesica jaacute foi abordada no capiacutetulo anterior cabendoaqui transportaacute-lo para o acircmbito do ensino de graduaccedilatildeo Para exemplificar asobservaccedilotildees relativas ao repertoacuterio anexou-se coacutepia do repertoacuterio de piano doCurso de Graduaccedilatildeo da Escola de Muacutesica da UFRJ (Anexo 2) O exame desserepertoacuterio comprova as observaccedilotildees feitas e foi escolhido como exemplo por doismotivos 1) o curso de piano eacute o que conta com maior nuacutemero de alunos 2) aindaque com variaccedilotildees quanto agrave proporccedilatildeo de autores contemporacircneos e autores dosseacuteculos XVIII e XIX os repertoacuterios dos demais instrumentos refletem as mesmascaracteriacutesticas gerais do de piano

Uma terceira observaccedilatildeo diz respeito agrave ecircnfase dada nos cursos de graduaccedilatildeoaos procedimentos teacutecnicos o que eacute assinalado por diversos autores (Koellreuter1985 Harnoncourt 1988 Jardim 1988 entre outros)

A teacutecnica eacute ferramenta da arte serve a ela viabiliza sua expressatildeo - masnatildeo eacute um fim em s~ nem pode ser exacerbada em detrimento de praacuteticas criativasreflexivas interpretativas Schaeffer (1966) alerta para o fato de que a teacutecnica eacuteuma maacutegica sobre a qual repousa toda a realizaccedilatildeo musical mas que natildeo podejamais ser transformada em um fim Eacute contudo numa situaccedilatildeo de ecircnfase que osprocedimentos teacutecnicos aparecem nesses cursos

Uma quarta observaccedilatildeo relativa aos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica dizrespeito agrave minimizaccedilatildeo dos procedimentos criativos o que corresponde a umaatrofia dos mecanismos de produccedilatildeo musical e a uma ecircnfase nos de reE9E1ltordf-Ccedill

Prati~~~~~tecirc--iiatildeo se cria livremente nesses cursos seja saber musicalseja musicoloacutegico As atividades privilegiadas satildeo aquelas de ~eproduccedilatildeo ~~

114

de um significado soci~I Quer~e~o~n~-se conteuacutedo ou significado quando proveacutemde outro contexto ou epoca nao e inteiramente acessiacutevel a noacutes _e eacute nesse sentidoque eacute qu~stionado o predomiacutenio de obras (e de conteuacutedos) de outras eacutepocas

E mt~ressante a respeito da relaccedilatildeo entre funccedilatildeo de expressatildeo emocional erepertono ItarM~IT1am~ 164 p12) quando ele assinala a existecircncia de emoccedilotildeese expressoes oCldentals decorrentes de atitudes e valores adquiridoscuItural~enteOu seja a patlr de modelos esteacuteticos condiciona-se a expressatildeo ea emoccedilao das pessoas realIzando uma espeacutecie de treinamento social O t

I ~ au orre ata expenencIas em que a muacutesica ocidental propicia a estimular detenninadasemoccedilotildees nada despertou em indiviacuteduos de outras culturas

-o As~im a centra~izaccedilatildeo do universo musical dos cursos de graduaccedilatildeo nos modelos -de umpenodo de~e~llladoconduz a um condicionamento de expressatildeo e de emoccedilatildeo

e restnnge a POSSIbilidade de expressatildeo emocional a partir de outros paracircmetrosSe o~ ~ursos de grad~accedilatildeo em muacutesica privilegiam quase que exclusivamente

sse repertoflo ~Ies esvaziam a praacutetica musical dos alunos do conteuacutedo de nOSsae~ocae consequ~ntemente restringem a possibilidade de uma expressatildeo emocionalnao alienada SOCIalmente O saber musical da quarta Idade da m middotmiddotmiddot------1middot

- uSlca e margmanos cursos ~e graduaccedilao cUJa enfase se daacute em obras dos seacuteculos anteriores queapenas p~rcIa~mente pennitem a realizaccedilatildeo da funccedilatildeo de expressatildeo emoci~nal que se da aSSim em bases sociais alienantes f

eacute o ~ ~ut~o atilde~gulo pertnete ao afuni~amento da funccedilatildeo de expressatildeo emocionalda mmllluzaccedilao ou ausenCIa de procedImentos criativos decorrentes do privileacutegio

dado nesses cursos aos procedimentos reprodutores

A questatildeo de certa fonna jaacute foi enfocada nos paraacutegrafos anteriores mascab~ ressaltar novamente a ecircnfase que as escolas de muacutesica concedem agrave muacutesicaescnta e agrave Sua reproduccedilatildeo com a agravante de que o repertoacuterio reproduzidopertence quase emsua totalidade aos seacuteculos anteriores Aleacutem do fato de que osproce~sos reprodutivos natildeo pennitem o exerciacutecio pleno da funccedilatildeo de _emocIOnal h expressaoO ~ a que se regIstrar tambeacutem que a mera reproduccedilatildeo exclui a produccedilatildeoCu seja n~o se produz muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo (agrave exceccedilatildeo dos cursos d~

Jomposlccedilao) - ap~nas se reproduz e isso limita as possibilidades de realizarp enamente a funccedilao de expressatildeo emocionaL

~ respeito ~o aspecto criaccedilatildeo eacute interessante fazer algumas observaccedilotildees

F h (artista ena se expressa atraveacutes de fonnas Conteuacutedo e forma segundoISC er sd p 15) -

dialeacutetica O sao conexos e zntlmamen~e ligados em interaccedilatildeo for mes~~ a~tor ainda afinna que arte eacute~doaccedilatildeo de forma e ue

ma e a experzen~Q social solidificada (p175-176) qOra o ato de cnar press - b I

Read (1958) - Upoe o esta e eClmento de fonnas que segundo sao essenCiaiS para a apreensatildeo dos significados da arte pelo homem

117

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Hamoncourt (1988) no iniacutecio deste capiacutetulo jaacute foi citado mencionando aexcessiva ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos na fonnaccedilatildeo musical sistemaacutetica

Jardim (1988) tambeacutem identifica esse problema relacionando-o inclusive agraveecircnfase nos procedimentos reprodutores nas escolas de muacutesica bem como agravehipertrofia da escrita e da leitura musicais Ou seja~o considerarem_some~te amusica escrita as escolas trabalham apenas com processos de reproduccedilao musical

i que para isso necessitam de um adestramento teacutecnico ~ seja fisic no acircmbito d~s

movimentos do muacutesico seja mental em tennos de dommar a escnta para atravesde uma leitura aacutegil melhor reproduzir o que se lhe apresentaj O autor assinalaum afunilamento do conceito de muacutesica a partir desse processo Pode-se semduacutevida complementar afinnando que haacute tambeacutem um afunilamento da funccedilatildeo deexpressatildeo emocional

Oliveira (1991) ao analisar o curriacuteculo de Trompa vigente na Escola deMuacutesica da UFRJ assinala tambeacutem a ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos emdetrimento de procedimentos criativos ou reflexivos A observaccedilatildeo do autoraleacutem de poder ser aplicaacutevel agrave maioria dos cursos de muacutesica serve de reforccedilo agraveafinnativa aqui apresentada de que a funccedilatildeo de expressatildeo emocional eacute minimizadanesses cursos

KoeIlreutter (1985) tambeacutem faz referecircncia agrave ecircnfase nos procedimentosteacutecnicos - habilidades instrumentais - relacionando-a agrave concepccedilatildeo global do ensinoministrado pelas escolas de muacutesica

Em sua maioria as escolas de muacutesica natildeo passam de pretensasfaacutebricas de inteacuterpretes para as promoccedilotildees musicais da elite burguesa o quesignifica em termos de ensino musical especializaccedilatildeo unitateralaperfeiccediloamento exclusivo das habilidades instrumentais e preparaccedilatildeo deum tipo de musicista que vecirc seu ideal na apresentaccedilatildeo de um repertoacuterio inuacutemeras vezes repetido de valores assim chamados eternos estabelecidose apreciados pela elite (p142)

A outra questatildeo levantada pertinente ao afunilamento da funccedilatildeo deexpressatildeo emocional diz respeito ao repertoacuterio que confonne afirmativa anterioreacute centrado nos seacuteculos XVIII e XIX o que pode facilmente ser comprovado peloexame dos programas dos diferentes cursos (vide Anexos 1 e 2)

Ora no capiacutetulo anterior foram apresentadas anaacutelises de diversos autoressobre o predomiacutenio absoluto desses repertoacuterios nas salas de concerto A questatildeoem parte pode ser situada no fato de que o conteuacutedo que essas muacutesicas veiculamnatildeo eacute o de nossa eacutepoca e que na verdade jaacute natildeo podemos apreendecirc-locomplctamente Cabe observar que conteuacutedo e significado em muacutesica satildeoconceitos proacuteximos ou igualaacuteveis se for considerado que conteuacutedo eacute temaimpregnado das vinculaccedilotildees sociais em que se insere ou seja eacute tema impregnado

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119

determinado periacuteodo histoacuterico Pretender universalizar os padrotildees de uma culturae de uma eacutepoca eacute empobrecimento esteacutetico e nesse sentido o ensino uni-direcionalpara uma esteacutetica impede a elaboraccedilatildeo de novos valores

Ora esteacutetica natildeo eacute conceito redutiacutevel a um uacutenico enfoque e certamenteao direcionar a formaccedilatildeo do aluno para modelos ideais do periacuteodo citado perdeshy

I se a possibilidade infinita e dinacircmica da vivecircncia esteacutetica em Sua plena con~epccedilatildeoTomando oRead (1981 p169) as categorias de inteligecircncia cartesiana

(fundada no raciociacutenio) e inteligecircncia esteacutetica (fundada nos sentidos) a experiecircnciaesteacutetica ligada a esta uacuteltima categoria implicaria na apreensatildeo do mundo atraveacutesdos sentidos o que ocorre por excelecircncia atraveacutes da atividade artiacutestica(contrariamente segundo o autor a inteligecircncia cartesiana trataria da estruturaccedilatildeodo pensamento racional e ideal)

A apreensatildeo do mundo atraveacutes da vivecircncia prioritaacuteria de modelos artisticosde eacutepocas passadas resultaria num afunilamento da experiecircncia esteacutetica fundadadessa maneira numa perspectiva univoca (os modelos da eacutepoca enfocada)privando~a da nqueza da experiecircncia muacuteltipla

Restringe-se pois a possibilidade do prazer esteacutetico ao reduzir-se o universomUSicaI do aluno Restringe-se assim o exerciacutecio dessa funccedilatildeo

Mas e preciso ~inda considerar tal como Merriam o fez a funccedilatildeo do prazerestetIco segundo dOIS pont~s de vista o do criador e o do contemplador Eacresce~tar tal cmo ZamacOls (1986) um terceiro o do inteacuterprete Ja f~1 aS~I~alada anteriormente a ecircnfase que os cursos de graduaccedilatildeoIm~n~cmas pratIcas reprodutivas em detrimento das produtivas Ora se o alunose 1lmlta a reproduzir ele deixa de exercitar degprazer esteacutetico em sua modalidademaIS plena ou seja aquela inerente ao ato de criar jaacute analisado anteriormenteObserva-se a partir dessa constataccedilatildeo que esse prazer se vecirc restrito nos cursosdegrd - I

a uaccedilao aque e atlllglvel pelo inteacuterprete ao executar (reproduzir recriar)~bras compostas por outros muacutesicos na maioria dos casos tambeacutem de outrasepocas

Considerando outro acircngulo do prazer esteacutetico - o do contemplador eacute precisosituar o aluno de dua f 1) I

I - s ormas e e mesmo o aluno como contemplador- 2) aTe accedilao do ~Iu~o co~ as pessoas que contemplam suas realizaccedilotildees musicai~r ~ pnmel~a Situaccedilatildeo e~middota do aluno ele mesmo como contemplador cuialormaccedilao de ~

vena apnmorar-se no decorrer do curso Contudo a concepccedilatildeo deestetIca que o curso Ih t e ransmIte e Ulllvoca ou seja proveacutem dos modelos de um

UTIlCO penado da h t d P I IS OTIa a musica e portanto absolutamente restritiva Ao senvar o a uno de P - lVenCIas estetlcas vanadas e da compreensatildeo de que esteacutetica

ressupoe POSSlblhdad fi Praze L cs m mltas sem duacutevida restringe-se sua percepccedilatildeo e seu

r Imita-se assim d a um umverso Immuto a funccedilatildeo do prazer esteacutetico

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Eacute preciso pois estabelecer uma distinccedilatildeo entre o ato de criar muacutesica e o derecriar (reproduzir interpretar) No primeiro haacute a liberdade plena da proposiccedilatildeode forma e conteuacutedo (inseparaacuteveis segundo Fischer e socialmente condicionados)No segundo parte~se de formas preacute-determinadas que o inteacuterprete ao reconstruishylas apresenta aos espectadores que procederatildeo a uma segunda instacircncia recriadoraao apreendecirc-las e interpretaacute-las

Justifica-se assim o ponto de vista aqui assumido de que ao enfatizarem osprocessos reprodutoacuterios os cursos de graduaccedilatildeo restringem a funccedilatildeo de expressatildeoemocional ao situaacute-la prioritariamente no acircmbito da recriaccedilatildeo

Eacute preciso ainda registrar que a muacutesica dos seacuteculos XVIII e XIX cuja baseeacute o sistema tonal se for considerada uma linguagem (haacute sem duacutevida divergecircnciassobre a questatildeo) natildeo o eacute de nossa eacutepoca Portanto se adotarmos a premissa deque a muacutesica euma linguagem precisamos consideraacute-Ia em termos dinacircmicos eatuais e natildeo como produto acabado e estaacutetico o que ocorre quando cristalizamosos procedimentos musicais na praacutetica reprodutora da muacutesica de outras eacutepocas

Perde-se pois a experiecircncia do processamento dinacircmico da elaboraccedilatildeopermanente da linguagem e certamente isso tem reflexos no acircmbito da expressatildeoemocional

A exclusatildeo das muacutesicas populares e folcloacutericas da vivecircncia musical doscursos de graduaccedilatildeo reduz a possibilidade de realizaccedilatildeo da funccedilatildeo de expressatildeoemocional mais presente no contexto dessas manifestaccedilotildees que no da muacutesicaseacuteria (vide abordagens de diversos autores apresentadas no capitulo anterior)

118

Funccedilatildeo de Prazer Esteacutetico

Outra funccedilatildeo a ser considerada nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica eacute a doprazer esteacutetico

O prazer esteacutetico nesses cursos e direcionado ou seja os modelos esteacuteticosconsiderados ideais satildeo aqueles do periacuteodo barroco-classicismo-romantismo (videanexos)

Tal fato pode ser evidenciado nagraveo soacute pelo repertoacuterio prioritariamente calcadoem muacutesicas desse periacuteodo mas por conteuacutedos e praacuteticas de certas disciplinascomo Harmonia c Morfologia (vide ementa no Anexo I) que tecircm tradicionalmentese nutrido das normas e princiacutepios dos seacuteculos XVlII e XIX

As concepccedilotildees de harmonia e forma do periacuteodo barroco-classicismoshyromantismo refletem os padrotildees esteacuteticos daquela eacutepoca espelham a sociedadeem que se estruturaram que natildeo eacute a de hoje Aprisionar os conceitos de harmoniae forma agraves praacuteticas desse periacuteodo eacute aprisionaacute-los no tempo e no espaccedilo - eacute tirarshylhes a vida jaacute que a arte eacute sempre produto de uma cultura determinada e de um

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derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia Concessotildees satildeo feitas ao que seriam os antecedentesdessa muacutesica (Histoacuteria da Muacutesica I) e pequenas referecircncias satildeo feitas aos seusconsequumlentes - muacutesica brasileira e muacutesica na Ameacuterica Latina satildeo apenaspequenos toacutepicos isolados na ementa de Histoacuteria da Muacutesica IV Passa-se assimao aluno a falsa ideacuteia de que a histoacuteria da muacutesica da humanidade eacute a histoacuteriadamuacutesica seacuteria europeacuteia

Wisnik (1989) contrapotildee-se a esse enfoque propondo em O som e osentido uma histoacuteria das muacutesicas Seeger citado por Dufrenne (1982 v2 p148)tambeacutem critica o ensino de muacutesica centrado nos modelos esteacuteticos europeus

Quanto mais cedo os historiadores da muacutesica ocidental seguindo o exemplode quase todas as categorias de historiadores ocidentais abandonarem oeur~jcentrismo e comeccedilarem a estudar as muacutesicas natildeo ocidentais ( assimcomo as suas prpri~smuacutesicas popularese folcloacutericas que constituem doravAgrave1tedados etnomuslcologlcos) e quanto mais cedo os etnologistas da muacutesica (quedeveratildeo ser na medida do possiacutevei natildeo soacute antropologistas mas ainda musicoacutelogose compreender os natildeo ocidentais) se lanccedilarem na etnomusicologia da muacutesicaocidental considerada como um todo - isto eacute englobando tanto a muacutesica eruditacomo as obras populares e folcloacutericas - melhor seraacute para todos

121

Funccedilatildeo de Divertimento

A terceira funccedilatildeo identificada por Merriam eacute a de divertimento e cabeaqui buscar responder em que medida ela pode ser associada agraves atividades ~usicai~dos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica bem como agrave formaccedilatildeo musical por elesdesenvolvida

Comojaacute foi enfaticamente exposto em paraacutegrafos anteriores a realizaccedilatildeo musicalnas escolas de muacutesica dedica-se prioritariamente agrave reproduccedilatildeo de obras do periacuteodobarroco-claacutessico-romacircntico As muacutesicas desse periodo - muacutesicas seacuterias - destinamshyse no contexto da quarta idade a um tipo extremamente especial de divertimento ousejao deu~ puacuteblico de experts que frequumlentam as salas de concerto para usufruirde taiS mUSIcas o que talvez possa ser considerado como diversagraveo

A reduccedilatildeo do universo de experiecircncias musicais na formaccedilagraveo do aluno levaa que ele se relacione apenas com essa modalidade fugaz de diversatildeo que segundoAd

orno Ja CItado antenormente representana um processo ilusoacuterio e alienantede v~z que revestido de todas as concepccedilotildees fetichizantes que envolvem a muacutesicano seculo XX

~leacutem disso a exclusatildeo de outras categorias de muacutesica a popular e afolclonc r

fa e Imllla as pOSSIbilidades de dIVersatildeo inerentes a elas Cabe aliaacutes

azer duasbbserv - I accediloes a esse respeIto pnmeIramente a de que na revisatildeo de

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A presente questatildeo - formaccedilatildeo musical do aluno a partir de modelos tomadosa uma esteacutetica especiacutefica - po de ser bem ilustrada pela disciplina PercepccedilatildeoMusical (vide ementas no Anexo 1) A percepccedilatildeo dos alunos eacute trabalhada a partirde estruturas tonais que correspondem aos modelos esteacuteticos do periodo priorizadopelo curso Resulta desse fato uma limitaccedilatildeo da percepccedilatildeo musical dos alunosmodelada e condicionada a partir de paracircmetros uacutenicos o que tecircm reflexos restritivosna percepccedilatildeo de outras estruturas e modelos e conseqiientemente na apreensatildeoesteacutetica a partir de outros paracircmetros

A outra situaccedilatildeo a ser considerada eacute a da relaccedilatildeo do aluno no exerciacutecio desua atividade musical com o puacuteblico que contempla suas realizaccedilotildees Ora se apraacutetica musical nas escolas de musica eacute reprodutora e natildeo eminentemente criadorase adota prioritariamente modelos alienados de nossa eacutepoca a muacutesica que daiacute provemoferece tambeacutem aos contempladores possibilidades de prazer esteacutetico restritas

Pode-se considerar que os iniciados usufruem plenamente dessasrealizaccedilotildees musicais mas cabe questionar o produto musical dirigido a tatildeo poucosAcaso o resto da sociedade natildeo eacute dotado de sensibilidade musical de sensibilidadeesteacutetica Seratildeo as manifestaccedilotildees musicais populares e folcloacutericas desprovidasda vertente esteacutetica

Duas perguntas que Blacking (1980) formula encaixam-se nesta linha dequestionamento

O desenvolvimento cultural representa um progresso real dasensibilidade humana e da capacidade teacutecnica ou eacute sobretudo- umdivertimento para uso das elites e uma arma de eacuteSploraccedilatildeo de classes Eacutepreciso que a maioria seja declarada natildeo musical para que uma pequenaelite possa se considerar mais musical ( p12 )

Sem pretender esgotar aqui esses questionamentos cabe citar o mesmoautor quando ele nega valor agrave distinccedilatildeo entre muacutesica claacutessica e muacutesica folcloacutericareduzindo tais denominaccedilotildees a simples etiquetas e quando ele afirma que todamuacutesica eacute popular no sentido de que ela pressupotildee um contrato social Blackingassinala tambeacutem a atitude dos estabelecimentos de ensino musical cujo universomusical eacute centrado na musica claacutessica europeacuteia Ele classifica esse ensino comoelitista fruto da mentalidade capitalista

As afirmativas de Blacking referidas no paraacutegrafo anterior servem dereforccedilo agrave reflexatildeo dirigida ao universo esteacutetico oferecido ao aluno dos cursos degraduaccedilatildeo em muacutesica que aleIacutei1 de representar uma limitaccedilatildeo das possibilidadesesteacuteticas da formaccedilatildeo desse aluno eacute fruto de uma ideologia que busca valorizaros modelos advindos da cultura burguesa europeacuteia em detrimento dos demais

A ementa da disciplina Histoacuteria da Muacutesica (vide Anexo 1) tambeacutem ilustraesse enfoque esteacutetico uniacutevoco na medida em que aborda apenas a muacutesica seacuteria

O autor prossegue afirmando que nossos conceitos empiacutericos podemgrosso modo ser divididos em duas classes - teoacuterica ou praacutetica - conforme o~interesses a que se aplicam Nada disso poreacutem se aplica agrave arte nela por traacutesda existecircncia da natureza das propriedades empiacutericas das coisasdescobrimos de suacutebito as formas (p267) Essas formas natildeo satildeo simplesduplicata do real mas uma direccedilatildeo especial uma nova orientaccedilatildeo de nossospensamentos de nossa imaginaccedilatildeo de nossos sentimentos

A questatildeo da representaccedilatildeo tal como Cassirer a coloca sc daacute por meio deformas cuja funccedilatildeo erevelar uma dimensatildeo do conhecimento que natildeo eacute aconceituaI e natildeo a simples apresentaccedilatildeo ou reproduccedilatildeo da realidade

Considerar arte ou muacutesica - como linguagem eacute questatildeo polecircmica Haacutea~ueles co~o Duarte (~953 I81) que natildeo as consideram como linguagem pornao transmItIrcm conceItos Ha aqueles como Jardim (1988) quc as consideramlinguagem por articl larem sentidos e transmiti-los o que se daacute atraveacutes das formas

Se f~r considera(iJ que a muacutesica eacute linguagem por transmitir alguma coisasejam sentImentos emoccedilotildees sejam sentidos novamente a questatildeo de os cursosde muacutesca Iidarem quase exclusivamente com modelos de uma determinada eacutepoca(que nao e a nossa) compromete o exerciacutecio dcssa funccedilatildeo pois os sentidos ouemoccedilotildees ou significados proviriam estritamente dessas obras tomadas comomodelos limitando a percepccedilatildeo e a compreensatildeo de outros possiacuteveis sentidosemoccedilotildees ou significados

A concep~atildeo de linguagem natildeo pode ser estaacutetica desprovida da renovaccedilatildeoconstante e at~ahzan~e ~ssima cristalizaccedilatildeo e a priorizaccedilatildeo de modelos implican~na ~retensaode cnsta~Izar a Imguagem musical desprovendo-a de seu potencialdmamIc~ de sua rec~Iaao permanente de sua atualizaccedilatildeo Ora tal praacutetica resultasem dUVIda numa lImItaccedilatildeo das possibilidades da muacutesica ser vivenciada comoImguage~o que resulta numa atrofia da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo

A enfase nos ~~ocedimentos teacutecnicos a ecircnfase nos aspectos visuais dam~sIca com a consequente supervalorizaccedilatildeo da escrita e da leitura musicais satildeopratIcas que por si soacute restringem a funccedilatildeo comunicadora da musica Mas satildeoab~~lutamente necessaacuterias agrave reproduccedilatildeo musical na qual se alicerccedila o ensino damusIca

E a reprodu ~ ~das ativi ccedil~o como c~lase dos cursos de graduaccedilatildeo significa restriccedilatildeo

dades cnatIvas que senam as comunicadoras por excelecircncia O ato decnar arte pode ser I d

fi d ~e aCIOna o ao ato de comUOlcar por pressupor que algueacutem iraacute~iu ~Ir o ~ue fOi concebido A reproduccedilatildeo portanto ao limitar o potencial de

_accedill~dadeg restnngeas possibilidades da funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo na medida em quenao I comaartIculaccedil- d d

ao c scntI os atraves da proposiccedilatildeo de formas expressivasmas com a recnaccedil- _ ao e mterpretaccedilao de formas preacute-estabelecidas

literatura realizada a funccedilatildeo de divertimento encontra-se muito mais claramenteassociada agraves manifestaccedilotildees populares e folcloacutericas que agraves de muacutesica seacuteriaem segundo lugar a de que apesar das fortes restriccedilotildees agrave classificaccedilatildeo da muacutesicanessas categorias eacute impossiacutevel em se tratando de ensino de muacutesica tal como eleestaacute estruturado e concebido deixar de consideraacute-Ias pois elas se acham impliacutecitasao sistema educacional que no dizer de Fischer empenha-se em acentuar essadiferenciaccedilatildeo

Divertimento puro ou associada a outros eventos como a danccedila a muacutesicapopular e folcloacuterica eacute a que lida efetivamente com essa funccedilatildeo E o ensino demuacutesica ao limitar a vivecircncia musical agrave muacutesica seacuteria parece tambeacutem restringi-Iaem seu acircmbito

Funccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo

A funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo eacute outra que Merriam considera entre as funccedilotildeessociais da muacutesica

A anaacutelise dessa funccedilatildeo no que tange aos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesicapode ter iniacutecio mais uma vez com a questatildeo dos modelos dos seacuteculos XVIII eXIX que satildeo priorizados em seu ensino Ora a priorizaccedilatildeo por si jaacute indica umaatribuiccedilatildeo de valor maior a esses modelos e a uma pretensatildeo de transformaacute-losem detentores fdaf~erdadeno sentido de conf~midade com uma regra ou conceitoaparentemente uacutenico

Ocorre que a concepccedilatildeo de verdade transmitida como fenocircmeno estaacutetico ecristalizado independente dc eacutepoca ou contexto exclui a possibilidadeextremamente rica em arte de se descobrir as verdades infinitas existentes nosinfinitos modelos que a humanidade tem produzido ie~tring~e assim apossibilidade de comunicaccedilatildeo num sentido mais amplo que eacute aquela que amuacutesica como qualquer outra obra de arte possibilita quando transcendendo eacutepocae espaccedilo eacute apreendida ou compreendida por algueacutem

Outra forma de considerar aqui a questatildeo da comunicaccedilatildeo eacute considerar amuacutesica uma linguagem Apesar da divergecircncia a respeito do assunto pode-selidar com a questatildeo aceitando ser a muacutesica uma linguagem ainda que natildeotransmita conceitos e ainda que natildeo lide necessariamente com representaccedilotildeesA esse respeito eacute interessante citar Cassirer

Nem linguagem nem arte nos proporcionam uma simples imitaccedilatildeodas coisas ou de accedilotildees ambas satildeo representaccedilotildees Mas uma representaccedilatildeono meio de formas sensoacuterias difere amplamente de uma representaccedilatildeo ve1alou conceituai ( 1977 p 266 )

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pouco espaccedilo dedicam a esse repertoacuterio eles restringem o acesso do alunado agravevivecircncia e agrave compreensatildeo do simbolismo que essa muacutesica carrega

Ainda segundo Adorno a muacutesica de vanguarda representa um foco verdadeirode resistecircncia aos ditames da induacutestria cultural Ao minimizaacute-Ia os cursos degraduaccedilatildeo retiram de seu contexto a possibilidade de questionar a accedilatildeo da induacutestriacultural Ao contraacuterio corroboram-na pois tal como a industria fonograacutefica ouas transmissotildees radiofoacutenicas privilegiam o repertoacuterio de muacutesica seacuteria aceitopela burguesia ou seja o dos seacuteculos XVIII e XIX

Ao enfatizarem tambeacutem a reproduccedilatildeo desse repertoacuterio de outras eacutepocasrestringindo as atividades criadoras os cursos de graduaccedilatildeo deixam de pennitique produzindo muacutesica os alunos exerccedilam no ato de criar a funccedilatildeo de representare transmitir simbolicamente os conteuacutedos de nossa eacutepoca

A esse respeito eacute interessante citar Koellreutter( I990) quando ao analisara educaccedilatildeo musical no terceiro mundo ele questiona a centralizaccedilatildeo do conteuacutedonaquele de seacuteculos anteriores

Eacute preciso compreender que o conceito de cultura - em um mundo deinteg~accedilatildeo como o nosso - natildeo pode ser o conceito criado pela burguesiado seculo XIX Orgacircnica e dinamicamente a cultura acha-se associada agravehistoacuteria da sociedade da qual natildeo pode ser isolada( p 2)

Outro aspecto a ser considerado tno~--q~-tangeagrave funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica eacute o processo de feUumlchi~que envolve a muacutesicae n~ssa eacutepoca conform assinalad9 por Adorno (975) ~ntre os fetichesIdentIficados por ele estao os mterpretes e maestros valorizados comoestrelas Os cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica satildeo direcioria~fsshypriori~ariamente agrave formaccedilatildeo de virtuoses solistas e nesse sentido ele~contnbuem para a formaccedilatildeo dessas estrelas (fetiches) que longe deressaltare~osaspectossimboacutelicos da muacutes~a que realizam voltam-se para aaut~-valon~aao com VIstas ao estrelato1 Denm~erspectiva a funccedilatildeosocI~IdamUSIca realizada perde espaccedilo para o estrelismo social esvaziandoa mUSIca de seus significados simboacutelicos i

~ repertoacuterio dos seacuteculos XVIII e XIXjaacute consagrado pela burguesia eacute oque maIS serve aos propoacutesitos do estrelato O acervo musical do seacuteculo XX eacuterechaccedil~~o por esse puacuteblico que em essecircncia eacute o puacuteblico-alvo dos concertos econsequentemente o da formaccedilatildeo dos alunos de muacutesica

No entender de Schurmann (1989) conforme jaacute foi descrito no capituloantenor o SIstema ton I b d a que e a ase o repertono dos seculos antenores eacuteaceito pela burguesia O por representar o UnIverso de relaccediloes SOCIaIS por ela admiacutetido

mverso ou sela d ~ a maceItaccedilao a mUSIca do seculo XX em especial da

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Funccedilatildeo de Representaccedilatildeo Simboacutelica

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Outra funccedilatildeo social da muacutesica a ser considerada a partir da categorizaccedilatildeode M~iam (1964) eacute a de representaccedilatildeo simboacutelica Para ele quase natildeo haacuteduacutevida de que a muacutesica funciona em todas as sociedades como umarepresentaccedilatildeo simboacutelica de outras coisas ideacuteias e comportamentos( p 223)

No captulo anterior buscou-se identificar essa funccedilatildeo no contexto musicaldo seacuteculo XX cabendo aqui trazecirc- la para o acircmbito do ensino de graduaccedilatildeo

Jaacute foi considerado anteriormente que os cursos de graduaccedilatildeo tal como assalas de concerto priorizam a muacutesica de seacuteculos anteriores cujo conteuacutedo esimbolismo por natildeo pertencerem a nosso contexto poliacutetico-social satildeo inacessiacuteveisa noacutes Diversos autores fundamentaram esse posicionamento cabendo aquiressaltar que a ecircnfase em muacutesica de outras eacutepocas compromete a funccedilatildeo derepresentaccedilatildeo simboacutelica na vivecircncia musical dos alunos de graduaccedilatildeo

Representaccedilatildeo simboacutelica natildeo implica em reproduccedilatildeo da realidade emduplicaccedilatildeo desta

Fischer (sd) considera que apesar da tendecircncia de se procurar esgotar aanaacutelise do significado da muacutesica na forma reforccedilando-lhe o caraacuteter abstrato oconteuacutedo inseparaacutevel da forma determinando-a ou condicionando-a muitas vezesecorrespondente a uma situaccedilatildeo social dada e nesse sentido representa-asimbolicamente

A muacutesica dita de vanguarda seria segundo autores como Adorno (1975) aque representaria verdadeiramente a nossa eacutepoca inclusive em seus aspel tosnegativos - o que explicaria sua inaceitaccedilatildeo Como os cursos uccedil graduayatildeo

Aleacutem disso cabe perguntar com quem se pretende estabelecer comunicaccedilatildeoquando se trabalha quase exclusivamente com os modelos musicais dos seacuteculosanteriores A resposta seria novamente com o grupo de experts gruporestrito que por isso mesmo representa possibilidades restritas de comunicaccedilatildeo

E que conteuacutedos seriam comunicados por tal praacutetica musical O conteuacutedode seacuteculos passados que jaacute natildeo podemos apreender completamente E o ciacuterculovicioso se forma enquanto a funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo se estreita

r Certamente cabe perguntar a esta altura por que o ensino de muacutesica e as

li salas de concerto insistem em dar preferecircncia agrave muacutesica do passado A muacutesica de

nosso seacuteculo natildeo e habitada pelo belo no seu sentido mais amplo Natildeo cumpre sua missatildeo artiacutestica

Essa eacute sem duacutevida uma questatildeo que deveraacute ser fruto de reflexotildeesposteriores

Outra funccedilagraveo a ser considerada a partir da categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a dereaccedilatildeo tIsica que comojaacute foi dito anteriormente o autor menciona com certa cautela

Foi feita referecircncia no capiacutetulo anterior agrave passagem das suItes da categoriade danccedilas danccediladas para danccedilas estilizadas que satildeo para serem apreciadas emsalaacutes de concerto por um puacuteblico sentado isento de reaccedilatildeo fisica Isso ocorreubasicamente no periacuteodo barroco e a partir daiacute observamos uma trajetoacuteria damuacutesica seacuteria nutrindo-se de elementos inclusive riacutetmicos da muacutesica popularmas destinando-se agrave apreciaccedilatildeo passiva

Eacute claro que essa passiviacutedade natildeo eacute total como o proacuteprio Merriam assinalapois pelo menos a niacutevel bioloacutegico quer queiramos quer natildeo haacute reaccedilatildeo fisica agravemuacutesica que nos atinja Contudo natildeo eacute proposta da musica seacuteria estimular amovimentaccedilatildeo de vez que ela se destina a ser espetaacuteculo observaacutevel

Quanto agraves emoccedilotildees que essa muacutesica produz que tem sem duacutevida umavertente de reaccedilatildeo fiacutesica cabe retomar a argumentaccedilatildeo apresentadaanteriormente referente a um adestramento social nesse sentido Assim osegmento da sociedade que receber tal condicionamento em sua formaccedilatildeo apresentaessa reaccedilatildeo fisico-emociona1 Aqueles que natildeo a receberam natildeo teratildeo nada em sidespertado por tais muacutesicas que em uacuteltima instacircncia destinam-se apenas aosiniciados

A transformaccedilatildeo em espetaacuteculo observaacutevel foi tambeacutem a trajetoacuteria damuacutesica sacra uma das vertentes da muacutesica seacuteria Ela deixou do barroco paracaacute de ser veiacuteculo de uma emoccedilagraveo religiosa de uma atitude de ecircxtase contemplativo(que eacute tambeacutem uma forma de reaccedilatildeo fisica) para destinar-se agraves salas de concerto

A muacutesica para baleacute embora pressuponha danccedilarinos que iratildeo interpretaacute-laeacute tambeacutem muacutesica de palco que o puacuteblico aprecia sentado A muacutesica seacuteria dosuacuteltimos seacuteculos lida claramente com a separaccedilatildeo compositor- iacutenteacuterprete- puacuteblicoeste uacuteltimo sempre fisicamente passivo no que concerne agrave movimentaccedilatildeo E oscursos de graduaccedilatildeo em muacutesica refletem essa postura pois soacute lidam com a muacutesiacutecaseria Natildeo valorizam o movimento exceto como teacutecnica necessaacuteria agrave execuccedilatildeomusical no instrumento

A ecircnfase nos procedimentos teacutecnicos jaacute foi assinalada anteriormente Maso movimento direcionado pela teacutecnica pela necessidade de servir a uma realizaccedilatildeocorreta natildeo daacute conta da funccedilatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica em seu sentido pleno Eacute movimentocontido orientado direcionado para fins especiacuteficos

As muacutesicas populares e folcloacutericas lidam muito diretamente com adimensatildeo de reaccedilatildeo fiacutesica pois na maioria das situaccedilotildees pressupotildeem um puacuteblico

dodecafocircnica decorreria do fato de essa muacutesica simbolizar um outro universo derelaccedilotildees sociais que natildeo conta com a aprovaccedilatildeo dessa classe social

Certamente natildeo se pode acusar a burguesia de conscientemente aceitar ourechaccedilar determinados tipos de muacutesica ou sistemas musicais O que ocorre eacute quetais atitudes satildeo inculcadas informalmente de geraccedilatildeo para geraccedilatildeo atraveacutes doacervo de valores dessa classe social sendo que o ensino formal representa um

reforccedilo a esses posicionamentos r Assim ao enfatizar o repertoacuterio do periacuteodo barroco-etasslclsmo-romantlsmo

os cursos de graduaccedilatildeo continuam trabalhando com a simbolizaccedilatildeo de relaccedilotildeessociais correspondentes ao periacuteodo aacuteureo do sistema tonal e alijam os sistemasque poderiam simbolizar as relaccedilotildees sociais de nossa eacutepoca

A exclusatildeo das muacutesicas populares e folcloacutericas da vivecircncia musicaldos alunos de graduaccedilatildeo muacutesicas essas que no exame da literatura pertinentepareceram mais expressivas no que concerne agrave funccedilatildeo de representaccedilatildeosimboacutelica limita a possibilidade de ser essa funccedilatildeo privilegiada atraveacutes desses

cursosHarnoncourt em citaccedilatildeo anterior assinala que a muacutesica passa a ter em

nossas vidas atualmente uma funccedilatildeo decorativa o que segundo o autor natildeo seriaum problema exclusivo da muacutesica seacuteria mas atingiria a todas as modalidades demuacutesica em decorrecircncia da accedilatildeo da induacutestria cultural Autores como Fischer eAbraham tambeacutem jaacute citados anteriormente consideram que a muacutesica seacuteria doseacuteculo XX enveredou por caminhos como o excessivo formalismo ou oconstrutivismo como um fim em si que esvaziam essa muacutesica de seu conteuacutedo

As afirmativas acima apontam para uma crise cultural e conseqijentementemusical em nossos dias Os cursos de graduaccedilatildeo tais como as salas de concertotentam passar ao largo dessa crise refugiando-se no repertoacuterio de outras eacutepocas

Natildeo seria papel da Universidade propiciar ao aluno vivecircncia de todas aSmodalidades de muacutesica e refletir sobre a crise Negar a muacutesica de vanguarda oua muacutesica folcloacuterica e a popular buscando o abrigo aparentemente seguro de muacutesicasde eacutepocas anteriores jaacute consagradas nagraveo eacute negar aos alunos a possibilidade deentender essa crise e contribuir para a busca de novoS caminhos Essa eacute maisuma questatildeo a ser retomada ao final deste trabalho

Finalmente cabe observar que ao lidar com um sistema de representaccedilotildeessimboacutelicas sem questionaacute-lo sem confrontaacute-lo com outros os cursos de graduaccedilatildeocontribuem para a transmissatildeo e para a perpetuaccedilatildeo desses ~ ibuindoassim para a alienaccedilatildeo do indiviacuteduo Omite-se assim a Universida_de seupapel de formaccedilagraveo global do individuo de contribuir para sua inserccedilatildeo~~nsclent~

na sociedade que o cerca

126

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Funccedilatildeo de Reaccedilatildeo Fiacutesica

127

participante Contudo como tais muacutesicas praticamente natildeo satildeo vivenciadas nounivers8 musical dos cursos de graduaccedilatildeo exclui-se essa dimensatildeo dos referidos

cursosA simples observaccedilatildeo de qualquer curriacuteculo de graduaccedilatildeo em muacutesica

evidencia a inexistecircncia de disciplinas - ou de espaccedilos menos formais - que lidemcom o movimento como funccedilatildeo social ou mesmo como expressatildeo individual enatildeo apenas como teacutecnica

E assim como o aluno e trabalhado dentro dessa perspectiva ele tambeacutemeacute preparado para lidar com um puacuteblico imoacutevel que aplaudiraacute suas execuccedilotildees apoacutesapreciaacute-las impassiacutevel A funccedilatildeo de reaccedilatildeo tisica eacute categoria praticamente ausentenos cursos de graduaccedilatildeo

Outro aspecto a ser enfocado no que concerne agrave reaccedilatildeo tisica eacute a percepccedilatildeomusical Percepccedilatildeo - musical ou natildeo-natildeo eacute fenocircmeno exclusivamente tisico devez que pressupotildee seleccedilatildeo ordenaccedilatildeo compreensatildeo dos elementos percebidosOs cursos de graduaccedilatildeo via de regra lidam com a percepccedilatildeo como fenocircmenoestaacutetico ou seja busca-se apurar a audiccedilatildeo a partir de exerciacutecios e de modelostradicionalmente tomados ao sistema tonal o que pode ser observado na ementada disciplina Percepccedilatildeo Musical (Anexo I) Ainda quando satildeo apresentados outrostipos de modelos a serem percebidos o centro do processo ou mesmo o seuponto de partida eacute o tonalismo A audiccedilatildeo aprimora-se direcionada e enclausurashyse nesse direcionamento O ouvido adestra-se aos sons intervalos e harmoniasdo tonalismo e condicionado dessa forma perde a acuidade para outros tipos deelementos Esse processo embora contendo duas vertentes - a tisica e acultural - natildeo pode deixar de ser incluiacutedo aqui pois a percepccedilatildeo musical eacuteessencial agrave formaccedilatildeo do muacutesico

Funccedilatildeo de Impor Conformidade a Normas Sociais

A funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais eacute a que se segue nacategorizaccedilatildeo de Merriam sendo considerada por ele uma das mais importantesde vez que orienta os membros da sociedade sobre o que eacute correto ou natildeoorientando-lhes o comportamento

Mais uma vez no acircmbito desta funccedilatildeo a seleccedilatildeo do repertoacuterio pelos cursosde graduaccedilatildeo eacute elemento decisivo Jaacute foi suficientemente assinalado que esserepertoacuterio prioriza as obras seacuterias dos seacuteculos XVIII e XX Ora mesmo seconsiderarmos que a muacutesica seacuteria natildeo tem enfatizado a funccedilatildeo aqui consideradaeacute preciso mais uma vez ressaltar que a imposiccedilatildeo de normas dos seacuteculos anterioresnatildeo teria significado nos dias atuais

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No capiacutetulo anterior foram citadas obras seacuterias do seacuteculo XX cujo conteuacutedopoliacutetico ou de protesto permite incluiacute-las nesta funccedilatildeo Ou seja a muacutesica seacuteriade vanguarda natildeo exclui totalmente essa funccedilatildeo embora natildeo a priorize mascomo essa muacutesica conta com espaccedilos miacutenimos nos cursos de graduaccedilatildeo afunccedilatildeo se vecirc atrofiada

As muacutesicas populares e folcloacutericas tecircm sido no nosso seacuteculo o espaccedilomais feacutertil para a funccedilatildeo de impor conformidade a normas sociais No cap[tuloanterior foram mencionados exemplos - como a saacutetira poliacutetica presente agrave muacutesicasertaneja - que ilustram a afirmativa anterior

Contudo como os cursos de graduaccedilatildeo natildeo abrem espaccedilo a essasmanifestaccedilotildees musicais eles reduzem a um miacutenimo a possibilidade de manifestaccedilatildeoda funccedilatildeo aqui considerada em seu universo musical

Ateacute mesmo a ruptura com as normas vigentes ou seja o contraacuterio daimposiccedilatildeo de conformidade agraves normas sociais se vecirc alijado desse universo Amuacutesica seacuteria vivenciada no contexto desses cursos eacute a de outras eacutepocas e afunccedilatildeo de ruptura tal como de imposiccedilaacuteo de conformidade a normas sociaispressupotildee inserccedilatildeo do universo musical com o contexto social contemporacircneo oque natildeo ocorre nos cursos de graduaccedilatildeo em virtude do tipo de repertoacuterio reproduzido

Cabe ainda lembrar - pois jaacute foi mencionado anteriormente - a ecircnfasedos cursos de graduaccedilatildeo nos processos reprodutores e a minimizaccedilatildeo de atividadescriadoras Se houvesse produccedilatildeo criaccedilatildeo musical intensa nesses cursos - e natildeoreproduccedilatildeo prioritariamente como ocorre - os alunos ao criarem muacutesica poderiamdar vazatildeo agrave funccedilatildeo aqui abordada Haveria possibilidade de contestarem ouapoiarem atraveacutes de seus atos de criaccedilatildeo musical as normas sociais vigentesMas a criaccedilatildeo musical eacute praticamente ausente nesses cursos cuja ecircnfase e aformaccedilatildeo de inteacuterpretes (reprodutores) e assim mais uma funccedilatildeo social se esvaide seu contexto

Funccedilatildeo de Validaccedilatildeo das InstituiccedilotildeesSociais e dos Rituais Religiosos

Outra funccedilatildeo a ser tratada a partir da categorizaccedilatildeo de Merriam eacute a devalIdaccedilatildeo das instituiccedilotildees sociais e dos rituais religiosos que mais uma vez noc~piacutetulo anterior evidenciou-se como de dificil identificaccedilatildeo na muacutesica seacuteria doseculo XX e mais presente nas muacutesicas populares e folcloacutericas

Contudo se considerarmos que a muacutesica seacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX~ue pr~domina no repertoacuterio dos cursos de graduaccedilatildeo simboliza o universoIdeologlco e consequumlentemenre de relaccedilotildees sociais do periodo barroco-classicismo

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-romantismo podemos refletir sobre as consequumlecircncias da fixaccedilagraveo e da valorizaccedilatildeodesses modelos A transmissatildeo de valores inclusive esteacuteticos da burguesia cujaascensatildeo se deu naquele periacuteodo seria talvez uma forma de validar as instituiccedilotildeessociais tais como satildeo aprovadas (conscientemente ou natildeo) pela classe burguesaA valorizaccedilatildeo e a permanecircncia desse repertoacuterio poderiam ser interpretadas comomecanismos de inculcaccedilatildeo ideoloacutegica e a partir daiacute como mecanismos de validaccedilatildeode instituiccedilotildees sociais

Schurmann em citaccedilotildees anteriores considera que a inaceitaccedilatildeo dododecafonismo pela burguesia decorre do fato de natildeo se basear no universo derelaccedilotildees sociais e poliacuteticas do periacuteodo de ascensatildeo dessa classe O dodecafonismoao contraacuterio ao remover qualquer princiacutepio hieraacuterquico entre os sons que organizasimbolizaria ideais que a burguesia rechaccedila ou seja de igualdade entre todoseliminando os princiacutepios de contradiccedilatildeo necessaacuterios agrave sustentaccedilatildeo das relaccedilotildees deproduccedilatildeo que deram prosperidade agrave burguesia

Ora ao rechaccedilarem ou minimizarem o espaccedilo concedido agraves teacutecnicascontemporacircneas de composiccedilatildeo que de diferentes maneiras negam o tonalismoos cursos de graduaccedilatildeo corroboram a rejeiccedilatildeo da burguesia a essas teacutecnicas e agravesesteacuteticas que elas representam assim como aos sistemas de relaccedilotildees sociais queelas possivelmente simbolizem como no caso do dodecafonismo segundointerpretaccedilatildeo de Schurmann

A reproduccedilatildeo musical de repertoacuterios de outras eacutepocas teria assim um sentidode tentativa de conservaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais e econocircmicas daqueles periacuteodosSeria sobretudo reproduccedilatildeo ideoloacutegica e natildeo apenas reproduccedilatildeo de obrasco~sagrada

i No que tange validaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas torna-se ainda mais dificilidentificar essa funccedilatildeo A muacutesica religiosa jaacute foi dito anteriormente passou nosseacuteculos XVIII e XIX do ritual e do templo para o teatro segundo vaacuterios autoresassinalaram (vide capitulo anterior) No seacuteculo XX tambeacutem como jaacute foi dito amuacutesica seacuteria se manteve afastada de uma funccedilatildeo ritual passando a umaabordagem mais coacutesmica A funccedilatildeo de validaccedilatildeo de instituiccedilotildees religiosas noque diz respeito agrave muacutesica seacuteria parece seriamente comprometida no contextodos uacuteltimos seacuteculos da terceira idade da muacutesica assim como na quarta idadeConsequumlentemente parece ausente dos cursos de graduaccedilatildeo

As muacutesicas folcloacutericas foram identificadas atraveacutes de autores revistoscomo claramente ligadas a essa funccedilatildeo Sua praacutetica eacute quase ausente nos cursosde graduaccedilatildeo - a disciplina Folclore Musical Nacional na Escola de Muacutesica daUFRJ eacute dada em apenas dois semestres eacute optativa para quase todos os cursos etem um enfoque mais musicoloacutegico que de vivecircncia musical A funccedilatildeo de validaccedilatildeo

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Tal como na funccedilatildeo de imposiccedilatildeo de conformidade a normas sociais aausecircncia ou a minimiaccedilatildeo de praacuteticas criativas restriacutenge ou elimina a possibilidade J ao criarem muacutesicacos alunos exercitarem essa funccedilatildeo Como por outro lado aformaccedilatildeo desses alunos tem como alicerce principal os princiacutepios normas econcepccedilotildees esteacuteticas da muacutesica seacuteria dos seacuteculos XVIII e XIX natildeo bastariapropor-lhes que criassem muacutesica pois sua formaccedilatildeo condicionada por aquelesmodelos provavelmente natildeo levaria agrave expressatildeo da funccedilatildeo de validaccedilatildeo deinstituiccedilotildees sociais e religiosas de nossa eacutepoca

Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para aContinuidade e Estabilidade da Cultura

A penuacuteltima funccedilatildeo identificada por Merriam (1964) eacute a de contribuiccedilatildeopara a continuidade e estabilidade da cultura O autor afirma que - Se amuacutesica permite expressatildeo emocional daacute prazer esteacutetico diverte comunicaprovoca reaccedilatildeo fiacutesiacuteca impotildees conformidade a normas sociais e validainstituiccedilotildees religiosas eacute claro que ela contribui para a continuidade eestabilidade da cultura (p225)

Contudo cabe perguntar se a muacutesica seacuteria tem realmente exercidotod~s essas funccedil~es anteriores Pelo que vimos ateacute aqui elas aparecemfragIlmente exercIdas ou talvez ateacute ausentes do contexto da muacutesica seacuteriaCitaccedilotilde~s anteriores de diversos autores apontam para uma mudanccedila de funccedilatilde~da mUacuteSIca seacuteria em nosso seacuteculo ou mesmo para um esvaziamento de funccedilotildees~a uma crise sem duacutevida nesse acircmbito e ela jaacute apareceu nas abordagens dedIversos autores

corre que os cursos de graduaccedilatildeo como jaacute foi visto lidam quaseexclUSIvamente com a muacutesica seacuteria e assim como as funccedilotildees anterioresapareceram comprometidas tambeacutem a de contribuiccedilatildeo para a continuidade dacultura pareceu fragilizada

Num certo sentido poreacutem os cursos de graduaccedilatildeo contribuem atraveacutes desuas praacuteticas musicais para o exerciacutecio da funccedilatildeo aqui considerada Ao ~nfatizarema re~ro~uccedilatildeo de obras do final da terceira idade da muacutesica contribuem para acontInUlade de padrotildees e valores da cultura burguesa assegurando de certa formasua contmuidade

As teacutecnicas e esteacuteticas musicais contemporacircneas natildeo representam buscade continuidade cultural buscam antes romper com as bases anteriores talvez

J3]

da fonna mais draacutestica jaacute observaacutevel na histoacuteria da muacutesica Como os cursos degraduaccedilatildeo pouco espaccedilo conferem a elas natildeo se ameaccedila o status quo da muacutesicatonal no acircmbito desses cursos

As muacutesicas populares e folcloacutericas tecircm assimilado caracteriacutesticas damuacutesica seacuteria e tecircm muitas vezes sido cooptadas pela induacutestria cultural Elasnatildeo buscaram rupturas tatildeo draacutesticas com a bagagem musiacutecal anterior pois elasvivem muito mais que a muacutesica seacuteria a relaccedilatildeo com a sociedade ou acomunidade Sua exclusatildeo dos repertoacuterios de graduaccedilatildeo restringe a possibilidadede que os alunos atraveacutes da vivecircncia dessas muacutesicas exercitem a funccedilatildeo aquiconsiderada

As letras dessas muacutesicas que por si soacute constituem acervo suficiente paraum estudo de sua funccedilatildeo social e poliacutetica tambeacutem deixa de ser considerada nessescursos o que exclui uma importante vertente de inserccedilatildeo dos alunos na sociedadecontemporacircnea

Por outro lado a ecircnfase da fonnaccedilatildeo do alunado estaacute na reproduccedilatildeo demuacutesicas compostas antes deles Eles contribuem para a reproduccedilatildeo e manutenccedilatildeodesse repertoacuterio e dos valores que ele carrega mas deixam de exercer igualpapel com relaccedilatildeo ao repertoacuterio de muacutesica seacuteria contemporacircnea Se a sociedadenatildeo assimila ou aceita bem essas obras e se a Universidade natildeo as preservamesmo questionando-as que seraacute delas no futuro

De qualquer fonna os auditoacuterios para a muacutesica seacuteria sobretudo acontemporacircnea satildeo restritos representam uma parcela miacutenima da populaccedilatildeo Quepapel portanto os cursos de graduaccedilatildeo vecircm desempenhando(no que tange)agravecontinuidade e estabilidade da cultura atual i

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Funccedilatildeo de Contribuiccedilatildeo para a Integraccedilatildeo da Sociedade

Finalmente Merriam identifica a funccedilatildeo de contribuiccedilatildeo para a integraccedilatildeoda sociedade ou seja aquela que a muacutesica exerce quando promove um ponto deuniatildeo em tomo do qual os membros de uma sociedade se congregam

Conveacutem considerar mais uma vez que a fonnaccedilatildeo do aluno de graduaccedilatildeoem muacutesica se destina prioritariamente a tomaacute-lo um virtuose solista que executaraacutequase sempre obras de seacuteculos anteriores da categoria muacutesica seacuteria

O grau de possibilidade de promover integraccedilatildeo social a partir dos repertoacuteriose situaccedilotildees de concerto para as quais o aluno eacute preparado eacute bastante restrito Osmotivos jaacute foram apresentados mas cabe mencionaacute-los mais uma vez I) osconcertos atingem apenas uma diminuta parcela da sociedade 2) os concertosnatildeo lidam com a possibilidade de mobilizar efetivamente a plateacuteia seja provocando

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nesse puacuteblico a reaccedilatildeo fiacutesica seja mobilizando-o psicoloacutegica ou afetivamente (essesespetaacuteculos enfatizam a separaccedilatildeo compositor-inteacuterprete-ouvinte e contam comuma contemplaccedilatildeo mais ou menos passiva por parte do puacuteblico) 3) o repertoacuterioprioritariamente de seacuteculos anteriores lida com simbolismos e valores que natildeo satildeoos de nossa eacutepoca tendo portanto reduzido seu potencial de envolvimento dopuacuteblico a que se destina e consequumlentemente de promover um efetivocongraccedilamento entre as pessoas

A partir das afinnativas do paraacutegrafo anterior que parecem jaacute ter sidosufiacutecientemente explanadas ao longo deste capiacutetulo parece evidente que a fonnaccedilatildeomusical do aluno de graduaccedilatildeo bem como as realizaccedilotildees musicais de que participapouca possibilidade tecircm de promover a integraccedilatildeo social

A exclusatildeo de praacuteticas ligadas agrave muacutesica popular ou agrave folcloacuterica tambeacutemjaacute amplamente referida eacute mais uma vez fator de minimizaccedilatildeo da funccedilatildeo socialaqui considerada Essas categorias de muacutesica atuam mais em tennos de integraccedilatildeosocial pois suas letras veiculam conteuacutedos do contexto atual trabalhando portantocom simbolismos e valores de nossa eacutepoca e de nosso povo e suas estruturasmusicais satildeo mais familiares e apreensiacuteveis pelo ouvinte Aleacutem disso envolvemapelos riacutetmicos mais incisivos por pressuporem a participaccedilatildeo fiacutesica do puacuteblico

Eacute claro que as observaccedilotildees de Adorno (1975) sobre a interferecircncia dainduacutestria cultural sobre a muacutesica popular natildeo devem ser esquecidas aqui Ainterferecircncia dessa induacutestria na anaacutelise do autor promove a inculcaccedilatildeo de falsosvalores que apenas servem aos propoacutesitos do capitalismo Contudo mesmo quandocentradas em falsos valores essas manifestaccedilotildees musicais promovem a integraccedilatildeodos indiviacuteduos mobilizando-os fiacutesica e psicologicamente

Quando os cursos de graduaccedilatildeo excluem essas praacuteticas de seu contextodeixam inclusive de promover uma avaliaccedilatildeo criacutetica dessas muacutesicas e deixam decontribuir para o surgimento de outras fonnas de integraccedilatildeo alicerccediladas em valoresverdadeiros neutralizando a penetra~atildeo daqueles inculcados pela induacutestriacultural Natildeo seria esse um dos papeacuteis a ser desempenhado pela Universidade

Conclusotildees

O painel traccedilado neste capiacutetulo da situaccedilatildeo dos cursos de graduaccedilatildeo emmuacutesica relativamente agraves funccedilotildees sociais da muacutesica mereceu ainda algunsdesdobramentos

Primeiramente relacionou-se a anaacutelise aqui desenvolvida sobre as funccedilotildeessO~la~s da muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica aos curriacuteculos que satildeo aobJetIvaccedilatildeo da proposta desses cursos Buscou-se contudo natildeo restringir aabordagem nesta etapa conclusiva agrave oacutetica da anaacutelise funcional e sim colhidos os

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Aula
Nota
2510 Ana C e Paulo H

subsiacutedios dessa anaacutelise alargar o horizonte retomando os pressupostos assumidosno primeiro capitulo referentes a arte muacutesica e educaccedilatildeo todos eles voltadospara uma perspectiva de transformaccedilatildeo social

A conjugaccedilatildeo da anaacutelise funcional com outra abordagem metodoloacutegicashyneste caso a dialeacutetica que subsidia os pressupostos apresentados - encontrarespaldo em Florestan Fernandes (1970 p199) que referindo-se ao funcionalismoafirma que os conhecimentos empiacutericos fornecidos por esse meacutetodo satildeoiacutegualmente uacuteteis e potencialmente exploraacuteveis sob quaisquer ideologias

Tambeacutem Politzer (1986) ao analisar o meacutetodo dialeacutetico admite a possibilidadede que se procedam preliminarmente a outras formas de anaacutelise inclusive quantitativasque forneccedilam subsiacutedios para um melhor conhecimento do objeto de estudo Mas quetais anaacutelises natildeo constituam o fim de um raciociacutenio e sim o estabelecimento deconhecimento preliminar sobre o qual se aplicaraacute outro meacutetodo de anaacutelise

Demo (1990) no capiacutetulo denominado Elementos da MetodologiaDialeacutetica tambeacutem apresenta afirmativa que respalda a convivecircncia metodoloacutegica

[ A metodologia dialeacutetica] natildeo combate as posturas das ciecircncias naturaise exatas desde que natildeo sejam concebidas como regra uacutenica Aproveita-sedelas no que for possiacutevel e recomendaacutevel como eacute o caso da experimentaccedilatildeoda quantificaccedilatildeo da observaccedilatildeo do teste empiacuterico etc ( p 99)

Assim a etapa conclusiva deste trabalho nutrida pelas informaccedilotildees obtidasda anaacutelise funcional procurou visualizar os cursos de graduaccedilatildeo pela oacutetica de umaconcepccedilatildeo dialeacutetica de arte de muacutesica e de educaccedilatildeor Da anaacutelise anteriormente desenvolvida de base funcional evidenciou-se

( que os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica natildeo tecircm como caracteriacutestica predominantegt sua inserccedilatildeo na realidade social brasileira ou seja natildeo satildeo determinados

culturalmente por essa realidade nem satildeo historicamente situados nela em suacontemporaneidade

Bosi (1987) no capiacutetulo intitulado Cultura Brasileira afirma que unidadee uniformidade cultural parecem ser caracteriacutesticas inexistentes em sociedadesmodernas sobretudo em sociedades de classes Ele delineia quatro faixas culturaisno contexto da sociedade brasileira cultura erudita cultura popular cultura criill~a

individualizada e cultura ~etpassa~ Essas faixas embora niacutetidas tecircm segundoo autor inter-relaccedilotildees que ele assinala em termos de algumas combinaccedilotildees deaspectos entre os subconjuntos culturais identificados

Bosi aleacutem de afirmar que natildeo se pode falar em cultura brasileira masem culturas brasileiras relaciona esse contexto cultural agrave educaccedilatildeo Umafilosofia da educaccedilatildeo brasileira natildeo deveria ser elaborada abstratamente fora deuma praacutetica de cultura brasileira e de uma criacutetica da cultura contemporacircnea(p 173)

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A evidente desconexatildeo dos curriacuteculos de graduaccedilatildeo com a sociedadebrasileira em seus aspectos culturais histoacutericos e sobretudo em suascaracteriacutesticas contemporacircneas conduz agrave observaccedilatildeo de que eles natildeo se baseiamtal como Bosi preconiza em uma praacutetica de cultura brasileira nem em um~criacutetica da cultura contemporacircnea seja ela brasileira seja ela tomada em cortemais amplo como cultura ocidental

Os curriacuteculos cujo eixo se localiza nos seacuteculos XVIII e XIX natildeo podemter a questatildeo da contemporaneidade como prioridade Decorre daiacute seremdestituiacutedos de possibilidade de accedilatildeo poliacutetica no sentido de natildeo servirem de elementocriacutetico nem de elemento propulsor de transformaccedilatildeo social de vez que natildeopropiciam a elaboraccedilatildeo de um saber que explicite a concepccedilatildeo de mundo atualmenteexistente ou proponha uma nova concepccedilatildeo

Mas seratildeo verdadeiramente isentos politicamente esses curriacuteculos Ouainda e possiacutevelhaver educaccedilatildeo neutra A resposta a ambas as perguntas ecertamente negatva 0 aparente isenccedilatildeo poliacutetica de curriacuteculos que lidam comvalores unIversaIs - no caso a muacutesica erudiacuteta europeacuteia dos seacuteculos XVIII eXIX - eacute enganosagrave Como jaacute foi visto anteriormente os valores que o repertoacuteriodessa eacutepoca transmite vem impregnados da ideologia burguesa dos simbolismossociais aceitos por essa classe no contexto e na eacutepoca de sua ascensatildeo

Ou seja os curriacuteculos satildeo aparentemente neutros nos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica por priorizarem modelos e valores de outra eacutepoca deixando de promovera reflexatildeo criacutetica propulsora de transformaccedilotildees centrada na sociedade brasileiracontemporacircnea com todo seu pluralismo cultural Natildeo satildeo portanto curriacuteculosvoltados para a transformaccedilatildeo social a partr d~ uma elaboraccedilatildeo criacutetica ou teoacutericaque subsidie a accedilatildeo poliacutetica ( r( ) I )

Outro aspecto a ser considerado eacute o fato de que esses curriacuteculos natildeoconstltue~elemento-chavepara apropriaccedilatildeo do saber pelos alunos nem lidamcom a musica como um saber como uma forma de conhecin1enQ que segundoautor~s como Read (1981 1982) ou Cassirer (1977) toda arte representa Aocontrano os curriacuteculos veiculam prioritariamente um tipo de muacutesica instituiacutedo poreles co b ~o o sa er pnvando os alunos da reflexatildeo criacutetica e da praacutetica criativa deelaboraccedilao do saber musical ou mesmo musicoloacutegico

A esse respeito eacute iacutenteressante citar Durmeval Trigueiro Mendes (1987p6-6~) quando ele estabelece duas concepccedilotildees antagoacutenicas do saber - o saberslstemlCo e o sabe d I

I r Ia etlco o pnmelro empenhado na empiria como saber

exp lcatlvo de uma fiun Id d Clona I a e e o segundo radical axioloacutegicotransformador

t t Idd() ambos os saberes - o ~i~tecircmic~-~ o dialeacuteticy satildeo saberes dao a I a e Mas enquanto o b d I I ---~sa er la etlco ana isa criticando a totalidade

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mesquinho e integrando os valores alienigenas que tambeacutem satildeo parte daheranccedila do homem (p4)

Ao eximir-se de enfatizar a contemporaneidade o ensino de graduaccedilatildeo demuacutesica natildeo contribui para que o aluno extraia estiacutemulos da realidade social por elevivida deixando de contribuir para sua compreensatildeo questionamento ereformulaccedilatildeo

A dimensatildeo de conservaccedilatildeo de cultura deve pois ser mantida mas natildeo aopreccedilo de minimizar a renovaccedilatildeo cultural que deveria ter na Universidade um espaccediloprivilegiado Segundo Bithencourt (1962) conservar cultura eacute reiterar os valorescontidos na tradiccedilatildeo e renovaacute-la eacute inventar objetos valiosos ou revelar valoresnovos - e eacute aiacute que falham os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica na tarefa criadorae reveladora pois como jaacute vimos anteriormente sua ecircnfase situa-se na reproduccedilatildeo

r Questionar os curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir da funccedilatildeo social da lmuacutesica eacute em certa medida questionar o papel social desses curriacuteculos e desses cursos J

Se a funccedilatildeo social da arte e prioritariamente no dizer de Fischer (sd)tomar o homem capaz de conhecer e mudar o mundo eacute evidente que os cursossuperiores de muacutesica natildeo estatildeo viabilizando esse processo

Ao contraacuterio a busca das funccedilotildees sociais contempladas pelos cursos degraduaccedilatildeo a partir das funccedilotildees identificadas por Merriam deixou-nos de matildeosvazias As funccedilotildees sociais exercidas por esses curriacuteculos cujos conteuacutedos satildeodescontextualizados alienantes satildeo extremamente restritas e conservadoras natildeoapresentando resultado significativo nem mesmo quando submetidos a anaacuteliseatraveacutes de um instrumental funcionalista de inspiraccedilatildeo conservadora

Enquanto a moderna pedagogia aponta para a transformaccedilatildeo social essescurriacuteculos prendem-se agrave conservaccedilatildeo e agrave reproduccedilatildeo esvaziam o conteuacutedo damuacutesica como forma de saber priorizando procedimentos teacutecnicos que natildeo podemrealizar nenhum valor social

Valorizando uma definiccedilatildeo nova clara e convincente dos objetivos daeducaccedilatildeo musical Koellreutter (1990) reforccedila as afirmativas aqui apresentadas

Esta mudanccedila do conteuacutedo dos programas de educaccedilatildeo ensino emun~ ~undo de integraccedilatildeo teraacute que tender essencialmente ao questionamentocntlco do sistema existente - e natildeo agrave sua reproduccedilatildeo - ao despertar 1 aodesenvolvimento da criatividade agrave conscientizaccedilatildeo das descobertas cientiacuteficase d~s en~menos sociais que marcam nossa eacutepoca e natildeo agrave adaptaccedilatildeo e agraveasslmllaccedilao das coisas do passado (p5)

A diversidade e riqueza do contexto cultural brasileiro natildeo labrangida peloscumculos de graduaccedilatildeo pretensamente neutros impedindo que se defina a partirdeles a cultura a que se destinam

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middot I d f I I d d ij==e por ISSO e suscetlve e reJaze- a O outro se msta a entro a totalidade Jue ele procura recuperar contra eventuais desgarramentos das partes ~--ifIt

Ou seja os cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica lidam com o saber sistecircmico ~lif---it

r~la~inado auma realidade que natildeo eacute a brasileira e natildeo trabalham com o saber l____dIalehco cnhco e transfo~a~or de uma da~a socIedade em que se insere -

A postura de transmIssao de conhecImentos pretensamente universais vaacutelidos para q~lquer indiviacuteduo em qualquer parte do mundo (ou seja dissociados de uma localIzaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo) levam natildeo soacute a uma situaccedilatildeo de aparente neutralidade poliacutetica mas tambeacutem do ponto de vista do conhecimento agrave ~padronizaccedilatildeo do pensamento impedindo que os alunos elaborem sua visatildeo de -mundo a partir da realidade concreta onde vivem Natilde~ se preten~e com essas observaccedilotildees negar o papel que tambeacutem cabe ~

a UmversIdade que e o de preservaccedilatildeo de cultura (Ccedilertamente nada teriacuteamos a ganhar enterrando as obras artiacutesticas de outras eacutepocas pois isso tambeacutem seria ~negar ao aluno o acesso ao conjunto das conquistas armazenadas pelo homem em 6-L I

sua trajetoacuteria histoacutericagravej Mas ocorre que essa trajetoacuteria natildeo parou em tempos ~~

anteriores ao nosso ela continua em sua dinacircmica incessante que eacute inerente agrave condiccedilatildeo do homem como ser criador

Natildeo se pretende tambeacutem ignorar uma certa transcendecircncia de tempo e - clugar inerente agrave arte No dizer de Fischer (sd) haacute na arte alguma coisa que __expressa uma verdade permanente o que nos possibilita em pleno seacuteculo XX --comovermo-nos com pinturas preacute-histoacutericas das cavernas ou com antiquumliacutessimascanccedilotildees bull

Natildeo se trata pois de negar o valor artiacutestico das obras musicais dos periacuteodos (barroco claacutessico ou romacircntico ou de quaisquer outros ou pretender excluiacute-las da (v~vecircn~ia mus~c~l dos cursos de graduaccedilatildeo Trata-se antes de natildeo imobilizar a (hIstona da mUSIca mas de preservar seu contiacutenuo movimento de dar conta dastendecircncias conflitantes que carrega em seu bojo (

Podemos colocar a questatildeo da seguinte maneira toda arte eacute (condicionada pelo seu tempo e representa a humanidade em consonacircncia te-com as ideacuteias e aspiraccedilotildees as necessidades e esperanccedilas de uma situaccedilatildeohistoacuterica particular Mas ao mesmo tempo a arte supera essa limitaccedilatildeo e e-de dentro do momento histoacuterico cria tambeacutem um momento de humanidade ~t-que promete constacircncia no desenvolvimento (Fischer sd pl) (

~oellreutter(1990) tambeacutem assinala a necessidade de no ensino de muacutesica (Iser culh~ado de forma relevante o acervo contemporacircneo nacional ou internacional

E indispensaacutevel que nas culturas do Terceiro Mundo o artista cultive ~os valores culturais de seu povo que os selecione sob o ponto de vista de (ttsua validade universal excluindo no entanto o nacionalismo estreito e lfr

ctt ~

A respeito da relaccedilatildeo cultura-educaccedilatildeo eacute importante citar um pensadorbrasileiro que frequumlentemente enfatizou essa relaccedilatildeo ligando-a agrave dimensatildeo poliacuteticae agrave accedilatildeo transformadora

A cultura eacute essencialmente dialeacutetica Informa-a uma dupla intensatildeo shya de descobrir e a de transformar a de refletir fatos e projetar utopias a deser ao mesmo tempo reflexa e tensional A cultura eacute tambeacutem fato poliacuteticoSupotildee opccedilotildees atitudes posiccedilotildees O ato de pensar eacute ateacute certo ponto um atode vontade politica para ver eacute preciso querer ver e acreditar no proacutepriopoder de ver Ver eacute um ato em larga margem instituidor da realidade (Mendes1987p70)

Apoacutes apreciar a trajetoacuteria histoacuterica--da muacutesica e as funccedilotildees sociais por elaexercidas nessa trajetoacuteria resta-nos concluir que a praacutetica das escolas de muacutesicaeacute descontextualizada e alienante centrada em teacutecnicas e esteacuteticas obsoletasdeixando de realizar a maior parte das funccedilotildees sociais da muacutesica identificadas porMerriam ou de apresentar outras funccedilotildees Reduzem assim o universo musicalbem como seu potencial criador e de transformaccedilatildeo social Excluem a reflexatildeocriacutetica e a concepccedilatildeo de muacutesica como saber deixando de processar valores atuaisseja para preservaacute-los seja para transmudaacute-Ios

r Perde-se assim a dimensatildeo mais rica que o exerciacutecio da arte possibilita arealizaccedilatildeo plena do homem como ser criador e como ser social agente detransformaccedilatildeo e portador de rumos para uma sociedade mais aprimora~ta __

Cabe finalmente indagar sobre o papel dos professores universitaacuterios demuacutesica nesse processo Culpados ou cuacutemplices

Para lhes fazer justiccedila eacute preciso que se diga - nem culpados nem cuacutemplicespois eles mesmos satildeo produto desse sistema que conta com um forte potencial deauto-reproduccedilatildeo

Stein (1980) analisando o papel dos professores no processo educacionalidentifica uma dupla accedilatildeo do professorado em relaccedilatildeo agrave conservaccedilatildeo e agrave mudanccedilasocial Primeiramente reproduzindo e perpetuando formas de comportamentoconjunto de valores que interessam agrave sociedade tal qual eacute dando-lhe coesatildeo epermanecircncia por outro lado possibilitando a critica do atual sistema e a suasuperaccedilatildeo estimulando a atitude criativa a inteligecircncia e a inovaccedilatildeo de expressotildees

e valoresNa medida em que os profissionais da educaccedilatildeo se identificam com

a ideologia burguesa tornam-se veiculos e agentes de conservaccedilatildeo e dereproduccedilatildeo das atuais relaccedilotildees sociais Na medida em que se assumem comomembros de uma vanguarda cultural e deixam-se atingir pela ideolqgjg

popular identificando-se com os interesses de mudanccedila das cldssesdominadas podem passar a colaboradores da transformaccedilatildeo (p27)

138

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E eacute dessa dupla forma que agem os professores dos cursos de graduaccedilatildeoem muacutesica Haacute os que envolvidos pelo processo (que eacute o mesmo que os formou)funcionam como agentes reprodutores Haacute os que tendo acesso a possibilidadesde crUacuteica e de reelaboraccedilatildeo do conhecimento e da praacutetica assimilados procuramfuncionar como agentes de transformaccedilatildeo

Eacute bastante oportuno a esse respeito transcrever uma passagem de Althussercitada por Saviani (1988)I ~ccedilotilde-desculpaaos professores que em condiccedilotildees terriacuteveis tentam sevoltar contra a ideologia contra o sistema e contra as praacuteticas em ~ue este osencerra As armas que podem encontrar na histoacuteria e no saber que ensinamEm certa medida satildeo heroacuteis Mas natildeo satildeo raros e quantos ( a maioria) natildeo tecircmsequer um vislumbre de duacutevida quanto ao trabalho que o sistema ( que osultrapassa e esmaga) os obriga a fazer pior dedicam-se inteiramente e em toda aconsciecircncia agrave realizaccedilatildeo desse trabalho (os famosos meacutetodos novos) Tecircm tatildeopoucas duacutevidas que contribuem ateacute pelo seu devotamento a manter e a alimentara representaccedilatildeo ideoloacutegica da Escola (00) ( p 35)

As palavras de Althusser permitem pelo menos duas constataccedilotildeesimportantes a primeira eacute a de que haacute professores empenhados na luta aacuterdua depromover a transformaccedilatildeo a segunda e a de que o problema natildeo eacute especiacutefico doensino de muacutesica nem da sociedade brasileira o que pode tambeacutem ser evidenciadopelas citaccedilotildees de Hamoncourt no iniacutecio deste capitulo

Com a consciecircncia de que tal como Saviani (1988) afirma a interaccedilatildeoentre educaccedilatildeo e sociedade eacute dialeacutetica e que a educaccedilatildeo embora determinada~ocialmentenatildeo deixa de influenciar o elemento determinante ou seja a sociedadee I~portante admitir que a educaccedilatildeo pode ser um instrumento de transformaccedilatildeosocIal desde que articulada com a sociedade em que se insere pois ao reproduzirmesmo que por negaccedilatildeo seus conflitos sociais tambeacutem carrega em seu bojo ogerme da mudanccedila

O que se pretende com este trabalho eacute um despertar para o fato de que oscursos de g d - dra uaccedilao em mUSIca Ispotildeem de duas ricas ferramentas para umtrabalho de efetiva relevacircncia social a arte e a educaccedilatildeo E abrir um debate pelaverte~te da funccedilatildeo social da muacutesica nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica eacute buscarcontrIbUIr para uma ~ t fi - o bull-- _ __ ele Iva sIgm Icaccedilao socIal e cammhar para uma sociedademaIS aprImorada

d Imiddot Eacute n~ssa direccedilatildeo que aponta o quarto e uacuteltimo capitulo ou seja na busca de

e mear dIretnzes par b d -d

a uma nova a or agem do ensmo superIor de muacutesica a partire uma concepccedilatildeo d It d d -

Ia e Ica e e ucaccedilao procurando dar a esse ensino umaperspectIva de significaccedilatildeo social

139

141

conflito social 2) totalidade dialeacutetica 3) condiccedilotildees objetivas e subjetivas 4) unidadedos contraacuterios 5) teoria e praacutetica

No verbete dedicado ao Marxismo Mora (1975) apresenta trecircs leis dialeacuteticascomo principais 1) lei da transformaccedilatildeo da quantidade em qualidade 2) lei daunidade e do conflito dos opostos 3) lei da negaccedilatildeo da negaccedilatildeo

Politzer (1986) apresenta a dialeacutetica fundamentada nas seguintes leis 1)mudanccedila dialeacutetica 2) accedilatildeo reciacuteproca 3) contradiccedilatildeo 4) transformaccedilatildeo daquantidade em qualidade ou lei do progresso por saltos

Cury (1983) apresenta as seguintes categorias dialeacuteticas como categoriasdialetizadas que se medeiam mutuamente 1) contradiccedilatildeo 2) totalidade 3)mediaccedilatildeo 4) reproduccedilatildeo 5) hegemonia O autor considera com base em Gramsci(1978) a concepccedilatildeo dessas categoriasno interior de uma teoria geral da realidadeexpressa na filosofia da praacutexis

Gadotti (1990) apresenta como princiacutepios gerais oucaracteriacutesticas da dialeacutetica 1) princiacutepio de totalidade 2) princiacutepio dj

movimento 3) princiacutepio da mudanccedila qualitativa 4) princiacutepio da contradiccedilatildeo J Todas essas categorias leis ou princiacutepios se correspondem e a variaccedilatildeo na

maneira de apresentaacute-los natildeo implica em divergecircncia quanto agrave essecircncia daconcepccedilatildeo dialeacutetica Neste quarto captulo utilizou-se a nomenclatura de Gadotti shy(1990) sem que nisso incidisse qualquer criteacuterio valorativo sobre outras abordagenspassando-se a apresentar resumidamente a descriccedilatildeo dos princiacutepios ou categoriasdialeacuteticas segundo este autor -

O primeiro princiacutepio o d~taiacuteidade~ refere-se ao ~elacionamentoreciacutepr()coque envolve todos os objetos e fenocircmenos atraveacutes do qual o meacutetodo dialeacuteticobusca entendecirc-los numa totalidade concreta A tenlativa de isolar fatos oufenocircmenos para compreendecirc-los natildeo estaacute contemplada pela abordiuacute~_eIiialaleacutetlcashy

pois segundo sua oacutetica tal isolamento levaria agrave privaccedilatildeo de sentido de exPik~ccedilmiddotatilde~

de conteuacutedo Seria imobilizaccedilatildeo artificial contraacuteria ao pressuposto baacutesico da dialeacuteticade que o sentido das coisas natildeo estaacute na consideraccedilatildeo de sua individualidade masna sua totalidade

O segundo princiacutepio o de~~v~oacute relaciona-se diretamente agrave concepccedilatildeode transformaccedilatildeo pois a partir dele a dialeacutetica considera todas as coisas em seudevir Ou seja natureza e sociedade satildeo entidades sempre inacabadas e em contiacutenuatransformaccedilatildeo - o movimento eacute uma qualidade inerente a todas as coisas

O principio do movimento chamado por Engels de Lei da Negaccedilatildeo procura dar conta da realidade a partir do conflito incessante entre afirmaccedilotildees(teses) e negaccedilotildees (antiacuteteses) estas necessariamente engendradas pelas primeirase da super~ccedilatildeo de ambas em uma siacutentese que na verdade constitui uma novatese e assIm sucessivamente

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NOVAS PERSPECTIVAS PARA O ENSINODE GRADUACcedilAtildeO EM MUacuteSICA

A proposta deste capiacutetulo eacute apresentar diretrizes para um redirecionamentodo ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica a partir da anaacutelise de seu conteuacutedo e de umaconcepccedilatildeo dialeacutetica da educaccedilatildeo coerentemente com os pressupostos apresentadosno primeiro capiacutetulo

A dialeacutetica tem suas origens mais recentes em Hegel com uma concepccedilatildeoidealista e em Marx e Engels com uma concepccedilatildeo materialista

Segundo Abbagnano (1970 p255) a dialeacutetica se formulou no Idealismoromacircntico e em particular em Hegel como siacutentese dos opostos Para Hegel adialeacutetica eacute a proacutepria natureza do pensamento e consiste ldeg) na colocaccedilatildeo de umconceito abstrato e limitado 2deg) no suprimir-se desse conceito como algo de finitoe na passagem para o contraacuterio dele 3deg) na siacutentese das duas determinaccedilotildees precedentessiacutentese que conserva o que haacute de afirmativo na sua soluccedilatildeo e na sua passagem

Marx e Engels ainda segundo Abbagnano (1970 p256) utilizaram a noccedilatildeode dialeacutetica no mesmo sentido que Hegel lhe atribuiacutera mas sem o significadoidealista que recebera do sistema de Hegel Marx preconizava a necessidade defazer passar a dialeacutetica da abstraccedilatildeo agrave realidade do mundo fechado daconsciecircncia ao mundo aberto da natureza e da histoacuteria

Segundo Politzer (1986 p124) Marx e Engels disciacutepulos materialistas deHegel transferiram para a realidade material a causa inicial do movimento dopensamento definido por Hegel e chamaram-no tal como este de dialeacutetico apesarde terem transformado suas bases

A dialeacutetica tem sido abordada de diversas maneiras (Gentile CroceFeuerbach etc) o que gera divergecircncias conceituais Mora (1975 p447) arespeito dessas variaccedilotildees assinala

Natildeo se pode afirmar com efeito se a dialeacutetica eacute um nome para a filosofiageral que inclui a loacutegica formal como uma de suas partes ou se eacute um reflexo darealidade ou se eacute simplesmente um meacutetodo para a compreensatildeo desta

Demo (1989) ao analisar a metodologia dialeacutetica assinala que na praacuteticaencontramos natildeo soacute dialeacuteticas diferentes divergentes mas ateacute mesmocontraditoacuterias como em qualquer campo metodoloacutegico (p88) deixando claroque natildeo existe a dialeacutetica como abordagem uacutenica O autor se propotildee a argumentara favor da dialeacutetica histoacuterico-estrutural por lhe parecer a mais consentacircnea com arealidade histoacuterica e apresenta as seguintes categorias baacutesicas 1) pressuposto do

CAPIacuteTULO IV

140

Aula
Nota
0111 Saimonton Jefferson e FLaacutevia

o terceiro princiacutepio o da tiacute1Gd~~iit~tT~ relaciona-se tambeacutem agraveconcepccedilatildeo de transformaccedilatildeo e logicamente agrave de movimento partindo daconsideraccedilatildeo de que essa mudanccedila qualitativa decorre do acuacutemul0 de elementosquantitativos que num dado momento produzem o qualtativamerIacutetenovocirc~

transformaccedilatildeo das coisas natildeo se realiza num processo circular de eterna repeticcedilatildeodo velho mas numa espiral ascendente em que cada retomo se daacute a um outro plano

A esse respeito e interessante citar Politzer (1986 pl42)A histoacuteria mostra que o tempo natildeo passa sem deixar marca Passa mas

os desenvolvimentos que ocorrem natildeo satildeo os mesmos O mundo a natureza asociedade constituem um desenvolvimento que eacute histoacuterico e em linguagemfilosoacutefica se chama em espiral

O quarto princiacutepio o dareacuteont~~ tambeacutem intrinsecamente ligado aosprinciacutepios anteriores refere-se agravetransformaccedilatildeo como decorrente de forccedilas opostase complementares que coexistem no proacuteprio interior dos fatos e fenocircmenos-Essasforccedilas tendem simultaneamente agrave unidade e agrave oposiccedilatildeo (contradiccedilatildeo) rrIacuteotilde~imentoesse (unidade e luta) que eacute universal ou seja inerente a todas as coisas materiaise espirituais

Os elementos coexistem numa realidade estruturada um natildeo podendoexistir sem o outro [ 1 (A existecircncia dos contraacuterios natildeo eacute um absurdoloacutegico ela se funda no rea1j (Gadotti 1990 p26)

Esses princiacutepios descritos resumidamente aqui a partir de Gadotti estatildeosubjacentes aos pressupostos apresentados no primeiro capiacutetulo

As concepccedilotildees de arte e muacutesica expressas nesses pressupostos trazemno bojo tais princiacutepios na medida em que esses fenocircmenos natildeo satildeo concebidosestaticamente ou isoladamente mas num conjunto de muacuteltiplas relaccedilotildees dinacircmicasno interior da sociedade e considerados numa perspectiva de transformaccedilatildeo social

r- No que concerne agrave educaccedilatildeo tambeacutem os pressupostos assumidostransparecem numa abordagem dialeacutetica riagrave medida em que consideram educaccedilatildeoarticulada com o contexto histoacuterico-concreto ou seja como elemento (determinadoe determinante) de um processo de relaccedilotildees sociais muacuteltiplas potencialmenteimportante no processo de transformaccedilatildeo do homem e da sociedade

A busca de diretrizes gerais para o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesicaembasadas em uma concepccedilatildeo dialeacutetica de arte de muacutesica e de educaccedilatildeo foiprecedida de uma anaacutelise das funccedilotildees sociais da muacutesica numa perspectiva histoacutericae no contexto dos cursos de graduaccedilatildeo

Favoreceu-se com essa anaacutelise uma aproximaccedilatildeo do fenocircmeno musicalpela oacutetica de suas funccedilotildees sociais e uma caracterizaccedilatildeo do ensino superior demuacutesica a partir de seu conteuacutedo tendo consistido essa primeira etapa numa coletapreliminar de subsiacutedios para o delineamento de novos rumos

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Natildeo foi proposta intencional deste trabalho apresentar um novo curriacuteculopois tal tarefa cabe agraves comunidades interessadas - professores e alunos deinstituiccedilotildees de ensino superior de muacutesica de forma a refletir efetivamente ascaracteriacutesticas soacutecio-culturais e a garantir no processo educacional a presenccedilaviva e atuante dos elementos envolvidos O que se pretendeu foi apresentardiretrizes gerais para nortearem abordagens segundo novas bases dos curriacuteculosde muacutesica a partir de uma revisatildeo de seu conteuacutedo Nesse sentido foi consideradauma tarefa pertinente a este trabalho e como tal foi assumida em seus objetivos

Assim com base nos pressupostos estabelecidos inicialmente nos subsiacutedioscolhidos com a anaacutelise das funccedilotildees sociais da muacutesica e sobretudo a partir deuma concepccedilatildeo dialeacutetica de educaccedilatildeo estabeleceram-se sete diretrizes filosoacuteficasconsideradas fundamentais para que se possa pensar em novas bases o conteuacutedodos curriacuteculos de graduaccedilatildeo em muacutesica Essas diretrizes natildeo se pretenderamisoladas nem excludentes elas se interpenetram e interagem representando umamovimentaccedilatildeo contiacutenua movimentaccedilatildeo essa alimentada pela sociedade em que seinserem a qual por sua vez passa a ser nutriacuteda com o produto artiacutestico e reflexivode um ensino de muacutesica formulado em bases dialeacuteticas

Essas sete diretrizes ou princiacutepios estabelecidos a partir de uma aplicaccedilatildeodos princiacutepios da dialeacutetica ao ensino de muacutesica satildeo sem qualquer pretensatildeohieraacuterquica ou sequumlencial os seguintes 1) historicidade 2) criaccedilatildeo de~

conhecimento 3) preservaccedilatildeo de conhecimentos 4) reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeoteoacuterica 5) praacutetica atual 6) implicaccedilatildeo poliacutetica 7) expressatildeo esteacutetica -f

Cabe agora explicitar esses princiacutepios O primeiro deles relaciona-se agravehistoricidade aqui entendida como a implicaccedilatildeo histoacuterica (a proacutepria dinacircmica entrepresente passado e futuro) dos fatos e fenocircmenos considerados neste momentoos fatos e fenocircmenos musicais O princiacutepio de historicidade busca dar conta da~relaccedilotildees sociais presentes e passadas que impregnam a muacutesica e das interferecircnciasfu~r~s jaacute contidas no presente numa aJordagem que envolva dinamicamente asmultIpIas relaccedilotildees i~erentes a~nocircmeno musical

O compromIsso com a historicidade impede o exerciacutecio de uma arteaparentemente destituiacuteda de marcos temporais e espaciais ou seja alienadaImpede tambeacutem a cristalizaccedilatildeo temporal e espacial do conteuacutedo dos cursos degraduaccedilatildeo pois historicidade eacute compromisso com o passado com o presente ecom o futuro Natildeo necessariamente o presente atingido atraveacutes do passadomas o presente contido no passado e no futuro de vez que a sociedade apresentashyse permanentemente inacabada em contiacutenua transformaccedilatildeo trazendo em seu bojoas contradiccedilotildees qu - _ e gerarao novos processos (e novas contradlccediloes)

Hlstonclzaccedilatildeo co mo pnnclplO e Importante para que se preserve acompreensatildeo da p d ropna mamlca da hlstona mas tambem para que natildeo se

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universalize um momento histoacuterico pretendendo tomaacute-lo um modelo e sobretudo ~ O ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica como nuacutecleo gerador de conhecimentor para que o homem se conscientize de seu papel como efetivo agente da histoacuteria ~ musical e musicoloacutegico como espaccedilo criacutetico privilegiado passaria a contribuir para compreendendo os processos histoacutericos como fruto da intervenccedilatildeo humana ~ a criaccedilatildeo de um conhecimento inovador feacutertil embasado num contexto histoacuterico-l Fazer e pensar muacutesica a partir do princiacutepio de historicidade eacute sobretudo social concreto inserido numa totalidade de relaccedilotildees dinacircmicas e muacuteltiplas avesso

dar conta da muacutesica hoje mas natildeo soacute da musica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo a conteuacutedos cristalizados e imobilizados no tempo e no espaccedilo Se como Gramscieuropeacuteia pois a histoacuteria contemporacircnea abriga muacuteltiplas concepccedilotildees de muacutesica ~ (1988) aponta uma das funccedilotildees da Universidade eacute a formaccedilatildeo de intelectuais(como foi visto no segundo capiacutetulo) concepccedilotildees essas contraditoacuterias e bull WJ_ (embora natildeo soacute a ela atribua essa tarefa) cabendo a esses intelectuais uma accedilatildeocoexistentes que natildeo podem a partir de tal princiacutepio ser excluiacutedas Mas eacute tambeacutem ~ organizadora na sociedade o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica concebido nas basesdar conta da muacutesica do passado natildeo como paracircmetro ideal para opensllr~o fa~~ li bullbullbull aqui propostas compromissado com a criaccedilatildeo de conhecimento estaria cumprindomuacutesica mas como elemento significativo de uma histoacuteiiaquacuteenatildeo se quer apag~~ - esse sentido sua funccedilatildeo social _-- _

mas compreender e apreender bull bull ~w O terceiro princiacutepio diz respeito agrave preservaccedilatildeo de conhecime~o que natildeof Criar uma nova cultura natildeo significa apenas fazer individualmente ~ significa imobilismo ou cristalizaccedilatildeo Preservar conhecimento significaass~

descobertas originais significa tambeacutem e sobretudo difundir criticamente ~ o acesso ao acervo cultural da humanidade revisitado a partir de reflexotildees criacuteticasverdades jaacute descobertas socializaacute-las por assim dizer transformaacute-las sempre renovadas dando conta da dinacircmica desse conhecimento num processo

portanto em base de accedilotildees vitais em elemento de coordenaccedilatildeo e de ordem de recriaccedilatildeo permanente

i intelectual e moral (Gramsci 199)f 13 ~ Segundo este princiacutepio a reproduccedilatildeo de repertoacuterios de eacutepocas passadas1 O segundo princiacutepio refere-se agrave criaccedilatildeo de conheciment este concebido como i- teria um lugar redimensionado deixando de figurar esse repertoacuterio como fixaccedilatildeo

v em permanente transformaccedilatildeo processado continuamente em movimento permanente -) de modelos ideais mas como um redescobrir permanente dos~ f A ~mobilizaccedilatildeo artificial dos conteuacutedos e do c()~J1~~i~~1]todeixaria de ter de outros momentos histoacutericos Mas tal reproduccedilatildeo natildeo tomaria o espaccedilo gagraverantido-

lugar a partir deste princiacutepio que levaria agrave buscade produzir permanentemente __ por este princiacutepio de preservaccedilatildeo das obras do presente de reproduzi-las deno acircmbito dos cursos de graduaccedilatildeo muacutesica e reflexatildeo sobre muacutesica contrariamente _ analisaacute-las criticamente dando conta tambeacutem de que elas abrigam duacutevidas ~

r agrave adoccedilatildeo de conteuacutedos apresentad~s ~ogmaticament~cmo ideais A ~ialeacutetica- contradiccedilotildees estruturais e esteacuteticas e de que elas tambeacutem contecircm um princiacutepio de opotildee-se necessariamente ao dogmatismo ao reduclOlllsmo portanto e sempre movimento apontado para o futurol aberta inacabada superando-se constantemente (Gadotti 1990 p38) Preservar conhecimento natildeo significa tambeacutem preservar um tipo privilegiado

Criar conhecimento permanentemente natildeo significa excluir ou desprezar de conhecimento mas garantir espaccedilos para todos os tipos de conhecimento _doos conhecimentos e conteuacutedos do passado mas significa natildeo parar neles O propoacutesito popu~ar ao erudito do folcloacuterico agrave cultura de massa - pois eles estatildeo presentesmaior da Universidade estaria entatildeo contemplado e a criaccedilatildeo - tarefa maior do conflltantes e contraditoacuterios entre si no contexto social do seacuteculo XXJSomenteartista - estaria exercida de forma prioritaacuteria ~razendopara a Universidade essa multiplicidade de facetas da muacutesica d quarta

Reproduzir muacutesica - do presente ou do passado - seria tarefa coadjuvante I~ade vlde segundo capiacutetulo) analisando-os criticamente reprocessando-osnatildeo meta principaL pennitindo que o exerciacutecio pleno da faculdade de criar gerasse vlv~nclando-os o ensino superior poderaacute dar cabo de seu compromisso com aartistas plenamente realizados socIedade que eacute aleacutem de criar conhecimento preservaacute-lo

A reflexatildeo o conhecimento musicoloacutegico tambeacutem estariam contemplados Segundo essa oacutetica conteuacutedos como os princiacutepios teoacuteriacutecos e esteacuteticos daNatildeo necessariamente a reproduccedilatildeo de reflexotildees ou de conhecimentos gerados hannonia ~laacute~sca podem e devem ser preservados pois representam um momentopor outros muitas vezes de qualidade discutiacutevel mas a reflexatildeo proacutepria elaborada nco na traJe~ona europeacuteia dos seacuteculos XVII a XIX que gera desdobramentos ateacuteno proacuteprio contexto do curso embora nutrida por reflexotildees ou conhecimentos os dias atualS Mas natildeo se permitiria apresentaacute-los sob o nome de Harmoniaanteriores Natildeo se preconiza aqui a pretensatildeo de criar sempre o novo pois o ~ com se fosse a uacutenica possibilidade de harmonizar sons ou como se fosse u~

b t b a-o prototIpo a ser copiado e etem dO ldconheCImento antenor e a ase necessana para que se avance mas am em n Iza o mesmo raCIOcmIO e va I o para o estudo dah I tmiddot foona que natildeo poderia se de M- I bse preconiza a estagnaccedilatildeo no con eClmento pronto o que e Immana a ms ancla j~ bull nommar orlO ogla a rangendo apenas o estudo

criadom 144 iiacute das fonnas clasSlcas (com algumas cocssotildecs ao barroco ou ao romantismo)

146

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mas compreendendo fo~omoas infinitas possibilidades que o artista tem parai estruturar os significados eacutesentidos que quer transmitir - ---------~

Preservar conhecimento eacute debruccedilar-se sobre os conteuacutedos e repertoacuterios dopassado e do presente preservando a historicidade e a dinacircmica que eles carregamreconhecendo seus referenciais espaciais temporais culturais de modo a poder

~analisaacute-los criticamente e gerar novos conteuacutedos e~pertoacuterios enriquecidos~ O quarto ~rinciacutepio diz respeito ~otildeCrtica e agrave ~l~boraccedilatildeo t~oacuteric~e

certamente esta entrelaccedilado aos antenores pOIS hlstoncldade cnaccedilatildeo epreservaccedilatildeo de conhecimento soacute se processam alicerccedilados na anaacutelise criacuteticapropiacutecia agrave elaboraccedilatildeo e agrave reelaboraccedilatildeo teoacuterica

Reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterIacuteca satildeo procedimentos inseparaacuteveis da praacutetica pois~aJraacuteti~parte o cont_~~meE~a ela retomYlUma movimentaccedilatildeo dialeacutetica

Natildeo se trata pms~stir apenas em disciplinas teoacutericas pois segundo o temorde muitos muacutesicos (alunos e professores) roubam tempo agrave praacutetica instrumentalque segundo eles eacute soacute o que importa Na verdade a elaboraccedilatildeo e a reelaboraccedilatildeoteoacutericas estatildeo ausentes nos cursos de graduaccedilatildeo em muacutesica cujas disciplinas tidascomo teoacutericas apenas descrevem descontextualizadamente partes do fenocircmenomusical a partir da oacutetica da muacutesica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia sem quetal oacutetica seja explicitada ou seja com perda da perspectiva totalizante

r Natildeo deve se configurar pois nos cursos de graduaccedilaacuteo uma dissociaccedilatildeo ou uma incompatibilidade entre teoria e praacutetica musical Na verdade satildeo elementos

integrantes de um mesmo moacutevimentoacute devendo como tal ser compreendidos e integrados natildeo soacute entre si mas ao conjunto derelaccedilotildees sociais agraves quais se vinculam

Reflexatildeo criacutetica pressupotildee o~u~jlt]-1_~~ de limites de verdades devalores imutaacuteveis de preconceitos de visotildees de mundo uniacutevocas e impulsionapara a recolocaccedilatildeo de limites para a r~valorizaccedilatildeo de fato~ccedilJenocirc~enos para a~einterp-retatildeccedil_atildeo desses fatos e fenocircmenos para a t~ansfol1a~~o--middot-lmpede avinculaccedilatildeo da teoria a praacuteticas sociais que natildeo sejam a de seu tempo promove aconscientizaccedilatildeo lo

Reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterica pennanentes como princiacutepio implicamem conceber o conhecimento praacutetico ou teoacuterico como transitoacuterio comopermanentemente inacabado passiacutevel de recriaccedilatildeo permanente

Numa tal perspectiva natildeo haveria espaccedilo para dogmas para cristalizaccedilatildeode modelos teoacutericos e esteacuteticos para uma praacutetica que natildeo remeta criticamente agraveteoria nem a uma teoria que natildeo se alimente permanentemente da praacutetica

( Os conhecimentos musicai~~os do presente teriam aiacute seuespaccedilo garantido permitindo quGtos e fetiches ~o presente ou do passado

revistos criticamente analisados reinterpretados revalorizados conduzissem a novasconcepccedilotildees de saber

~

As contradiccedilotildees entre cultura burguesa e cultura popular assim comooutras contradiccedilotildees inerentes agraves classes sociais natildeo seriam evitadas a partir desteprinciacutepio mas seriam ~irnel1tordmpara a reflexatildeo criacutetica e para a produccedilatildeo permanentede saber a partir da elaboraccedilatildeo e da reelaboraccedilatildeo teoacutericas dando conta assim deuma articulaccedilatildeo verdadeira da Universidade com a sociedade em que se insere

A educaccedilatildeo executaria um jogo duplo forneceria modelos e as armascriacuteticas desses modelos realizaria uma siacutentese um equiliacutebrio entre aestabilidade e a evoluccedilatildeo entre a ordem e a desordem a reproduccedilatildeo e acriaccedilatildeo a seguranccedila e a inovaccedilatildeo a autoridade e a liacuteberdade ( Gadotti1990 pl 07)

Se uma das funccedilotildees baacutesicas da Universidade eacute o papel criacutetico ele estariaentatildeo contemplado permitindo natildeo soacute a reproduccedilatildeo da cultura da qual eacute frutomas tambeacutem a criaccedilatildeo de cultura ou de contra-cultura

Somente assumindo o conflito a relaccedilatildeo dialeacutetica entre o velho e o novoentre a reproduccedilatildeo e a transformaccedilatildeo a ljniversidade pode dar conta de seu papelna sociedade - e o ensino superior de musica natildeo eacute uma exceccedilatildeo a esse caso

O quinto princiacutepio diz respeito agrave praacutetica atuaIfpraacutetica entendida aqui nosentido de accedilatildeo Na anaacutelise do princiacutepio anterior ficou claro que praacutetica e teoriasatildeo inseparaacuteveis interpenetrando-se e modificando-se permanentemente e nessesentido se a reflexatildeo criacutetica e a elaboraccedilatildeo teoacuterica satildeo imprescindiacuteveis a praacuteticatambem o eacute - trata-se de natildeo dicotomizar um ato que envolve os doissentidos (Gadotti 1990 p94)

Mas cabem algumas observaccedilotildees complementares e a primeira delas dizrespeito agrave praacutetica musical no seacuteculo XX que como foi visto no segundo capiacutetulodesenvolve-se segundo diversas concepccedilotildees que contemplam desde a muacutesicafolcloacuterica carregada de simbolismos e tradiccedilatildeo agrave muacutesica de massas direcionadapelo e para o mercado desde a muacutesica seacuteria de seacuteculos passados agrave muacutesicaseacuteria do nosso tempo

Compromisso com a praacutetica musical atual eacute compromisso com todas asmodalidades musicais que se rneSUacuteeacutelm-na contemporantuacutetordfae-reaiacutel~ndoos ~

conflitos e contradiccedilotildees sociais que ess~~ -m-uacutesic~s representam E nes-sesentlduumla muacutesica seacuteria dos seacuteculos anteriores tem seu espaccedilo garantido desde que aconsciecircncia histoacuterica do homem voltou seus olhos para a muacutesica do passado ebuscou reaprendecirc-Ia Mas natildeo eacute sobretudo tomaacute-Ia o centro do processo deensino em detrimento das outras concepccedilotildees de muacutesica principalmente as quesatildeo produzidas no contexto de nossa eacutepoca

Conteuacutedos repertoacuterios teacutecnicas adestramentos todos estariamcom~rometidoscom a praacutetica atual e teriam que abrigar sua multiplicidade demamfestaccedilotildees musicais - e refletir sobre elas

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como Histoacuteria da Muacutesica Harmonia e Morfologia ou Esteacutetica teriam apartir dessa abordagem uma dimensatildeo poliacutetica como conteuacutedos inseridos ~oscontextos humanos que lhes datildeo sentido propiciadores de um aprofundamentoqualitativo do conhecimento

Outra observaccedilatildeo de Gadotti (1988) eacute oportuna de ser tomada nestemomento

r A escola natildeo eacute a alavanca da transformaccedilatildeo social mas essa~ transformaccedilatildeo natildeo se faraacute sem ela natildeo se efetivaraacute sem ela (p73)

Segundo essa perspectiva o ensino (inclusive o ensino superior de muacutesica)tem um papel social a desempenhar atraveacutes da politizaccedilatildeo de seu conteuacutedo poisnatildeo se pode pensar transformaccedilatildeo sem esclarecimento sem lucidez eesclarecimento e lucidez soacute podem advir de conteuacutedos aprofundados e trabalhadosnuma abordagem totalizante - ou seja da politizaccedilatildeo dos conteuacutedos visando agraveparticipaccedilatildeo agrave autonomia agrave transformaccedilatildeo do individuo e da sociedade

Compromisso politico aparece pois associado a accedilatildeo transformadora dandoconta assim de um dos comprometimentos de uma educaccedilatildeo dialeacutetica

Gramsci (1990) leva mais longe a possibilidade de se pensar numa educaccedilatildeotransformadora (poliacutetica)quando afirma que o melhoramento eacutetico natildeo eacutepuramente individual pois ele soacute se realiza em uma atividade para o exterior numaatividade transformadora das relaccedilotildees externas

Das palavras de Gramsci eacute possivel partir para uma reflexatildeo sobre o~me~horamento eacutetico individual a partir de conteuacutedos politizados (aprofundadoscontextualizados criticados) Mas o melhoramento eacutetico segundo o autor natildeose e~gotaria na instacircncia individual pois sua realizaccedilatildeo plena soacute se daria numaatlvldade exterior ou seja do fortalecimento interior adviria uma transformaccedilatildeo domundo exterior

A ~imen~~o poliacutetica da arte tomada em si tambeacutem estaria presente nessaImplIcaccedilao polItIca ao permitir uma realizaccedilatildeo plena na atividade artistica noscursos de gra~uaccedilatildeo em muacutesica Segundo Fischer (sd) a arte tem sempre umpouco de magIa que lhe eacute essencial mas a arte eacute necessaacuteria para que o homem setorne capaz de conhecer e mudar o mundo Eacute verdade que a funccedilatildeo essencialda m~te pa~a uma classe destinada a transformar o mundo natildeo eacute a de fazermaglC~e slm a d~ esclarecer e incitar agrave accedilatildeo () (p20)

~mpreconIzar a eliminaccedilatildeo do elemento maacutegico sem o qual para o autora arte nao e arte F h 1 ~

ISC er assma a uma funccedilao socIal - poliacutetica - na arte voltadapara a transformaccedilao

O ensino de graduaccedil~ ad d ao em musIca tena aSSIm um duplo potencial poliacutetico

vm o de duas verte t profundidad b n es - u~a a da polItIzaccedilatildeo do conteuacutedo trabalhado em

e na USca da totalIdade de suas relaccedilotildees outra a da missatildeo poliacutetica e

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transfonnadora da proacutepria arte quando produzida de fonna consciente e profundadando conta da totalidade do proacuteprio artista

( ) quer embalando quer despertando jogando com sombras outrazendo luzes a arte jamais eacute uma mera descriccedilatildeo cliacutenica do real Sua funccedilatildeoconcerne sempre ao homem total capacita-o a incorporar a si aquilo que elfshynatildeo eacute mas tem possibilidade de ser (Fischer sd p19)-- O seacutetimo princiacutepio diz respeito expressatildeo esteacutetica agrave dimensatildeo sensiacutevel enatildeo poderia estar ausente em nenhum eacuteurso sobretudo nos que lidam diacuteretamentecom arte

A inteligecircncia esteacutetica jaacute descrita anterionnente segundo Read (1981p169) realiza-se na experiacuteecircncia sensiacutevel e eacute inerente a toda experiecircncia artiacutesticapossibilitando o desenvolviacutemento pleno do homem

O ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica deveria privilegiar o espaccedilo da experiecircnciacuteaesteacutetica mas natildeo ao preccedilo de atrelaacute-la a uma uacutenica concepccedilatildeo de esteacutetica (comofoi visto no capiacutetulo anterior) ou de reduzir a experiecircncia esteacutetica agrave instacircnciarecriadora (reproduccedilatildeo)

Se arte eacute conheciacutemento e se arte decorre da experiecircnciacutea esteacutetica natildeo sepode pensar em ensino superior de muacutesica sem assumir compromisso com aexpressatildeo esteacuteticalMas eacute preciso consiacutederar que esteacutetica pressupotildee escolha e

I

escolha pressupotildee valores e valores soacute existem em interaccedilatildeo com a cultura ouseja com a sociedade] Dar conta da dimensatildeo esteacutetica eacute dar conta das relaccedilotildeessociais em que as concepccedilotildees esteacuteticas se inserem eacute dar conta do dinamismo

_dessas_~ordm-~cepccedilotildees na totalidade de que fazem parte ---------------Conceber atilde dimensatildeo esteacutetica nos cursos de graduaccedilatildeo exclui a possibilidadede conteuacutedos e repertoacuterios descontextualizados pois a manifestaccedilatildeo esteacuteticajamais ocorre isenta de viacutenculos temporais ou espaciaiacutes Compromisso com a esteacuteticae compromisso com as relaccedilotildees sociais em sua totalidade com o movimento dessasrelaccedilotildees e com o movimento e com a transfonnaccedilatildeo das proacuteprias concepccedilotildeesesteacuteticas decorrentes das contradiccedilotildees inerentes aos contextos em que se inserem

Retomando mais uma vez as categorias de Read (1981) - inteligecircnciacartesiana e inteligecircncia sensiacutevel - jaacute descritas anteriormente cabe assinalar que oprinciacutepio relativo agrave esteacutetica aliado aos princiacutepios anteriores (sobretudo os relativosagrave produccedilatildeo de conhecimento e agrave reflexatildeo criacutetica e elaboraccedilatildeo teoacuterica) asseguraa participaccedilatildeo equilibrada das duas fonnas de inteligecircncia nos cursos de graduaccedilatildeo

Iem muacutesica [O homem total buscado por uma educaccedilatildeo de inspiraccedilatildeo dialeacutetiacutecae natildeo o homem fragmentado ( apenas racional ou apenas sensiacutevel) seria cultivadol

Aliaacutes o proacuteprio Read alerta para a distorccedilatildeo de se pretender privilegiaruma dessas dimensotildees - a racional ou a esteacutetica pois na verdade elas secomplementam se interpenetram se movem em interaccedilatildeo Read demonstra que

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a instacircnciacutea racional decorre da iacutenstacircncia sensiacutevel e a instacircncia sensiacutevel se estruturaconceitualmente na raciacuteonal

Assiacutem o conhecimento decorrente da arte e da ciecircncia nos cursos degraduaccedilatildeo em muacutesica seria a garantia dessa ciacutercularidade entre as duasinteligecircncias definidas segundo Read

A consideraccedilatildeo da arte como conhecimento encontra respaldo em diversas rautores como Read (passim) Fischer (sd) ou Cassirer (1977) E o compromisso com a expressatildeo esteacutetica seria a garantia nos cursos de mlIacutesica de que natildeo -~

apenas o conhecimento racional estaria privilegiadoA proacutepria arte pode ser descrita como conhecimento soacute que eacute de

uma espeacutecie peculiar especifica ( ) Como arte e ciecircncia se movem emplanos inteiramente diversos natildeo podem contradizer-se nem estorvar-se Ainterpretaccedilatildeo conceptual da ciecircncia natildeo impossibilita a interpretaccedilatildeo intuitivada arte () A arte por outro lado nos ensina a visualizar e natildeo apenas aconceptualizar as coisas (Cassirer 1977 p268-269)

De certa fonna o compromisso com a dimensatildeo esteacutetica seria o aacutepice doprocesso segundo uma concepccedilaacuteo dialeacutetica dos cursos superiores de muacutesica Aoabranger as esferas racional e esteacutetica do homem privilegiar-se-ia o homem totalque eacute sobretudo o homem artista Natildeo o artista alienado mas o artistaconscientizado de todas as relaccedilotildees sociais histoacutericas poliacuteticas que envolvem suaaccedilatildeo artiacutestica e sua arte

O conhecimento musical e musicoloacutegico soacute pode advir de um curriacuteculo queprivilegie as duas inteligecircncias aqui consideradas como partes inseparaacuteveis dotodo dialeacutetico que eacute o proacuteprio homem tambeacutem ele pennanentemente inacabadopermanentemente em transformaccedilatildeo - o homem eacute um processo segundoGramsci(1990) e como tal uma educaccedilatildeo dialeacutetica deve consideraacute-lo para que elese tome efetivamente um homem _ - --- ------ - --

A partir dessas consideraccedilotildees procurou-se elaborar um esboccedilo de propostapara o ensino de graduaccedilatildeo em muacutesica natildeo em tennos de tentar definir gradeCUITlcular (que aliaacutes natildeo consta dos objetivos deste trabalho) mas em tennos desugerir as articulaccedilotildees baacutesicas para a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo cuja base sejauma proposta dialeacutetica da educaccedilatildeo e cujo conteuacutedo seja a muacutesica entendida defonna muacuteltipla e abrangente dando conta de toda e qualquer modalidade de muacutesicae das relaccedilotildees sociais a elas pertinentes

A reisatildeo da funccedilatildeo social da muacutesica em uma perspectiva histoacuterica visou au~aaproxlmaccedilatildeo da dimensatildeo social da muacutesica que se demonstrou esvaziada naanalIse do conteuacutedo dos curriacuteculos de graduaccedilatildeo A apresentaccedilatildeo de diretrizespara a elaboraccedilatildeo de novas propostas de ensino de graduaccedilatildeo derivadas dos

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diferentes maneiras Pode-se dizer em tese que cada presente tem o seupassado A praacutetica da divergecircncia deveria deixar o educando diante dealternativas divergentes natildeo apenas em questotildees fundamentais como asideologias as filosofias etc mas em questotildees menos complicadas como asteacutecnicas as metodologias as profissotildees etc

Procurando especificar um pouco mais essa articulaccedilatildeo baacutesica que aqui sepretende propor cabe sugerir essas aacutereas de estudo embora sua definiccedilatildeo numaproposta estruturada deva advir de uacutem debatepartiapativo envolvendo prof~ssorese al~os Numa pretensatildeo portanto apenas de sugestatildeo essas aacutereas poderiamserI) e~~dos musicl~gicos )estruturaccedilatildeo da linguagem musical 3))praacuteticamUSIcal 4) estudos socIo-filosoficos (I) A propna nomenclatura das aacutereas aquipropostas natildeo eacute definitiva e tambeacutem deveria ser fruto de debates para melhordenominaacute-las e delimitaacute-las

1 bull A primeira aacuterea a de estudos musicoloacutegicos abrangeria estudos centrados namuacutesi~a escrita ou oral presente ou passada pertinente a qualquer gecircnero ou estilobuscando abarcara totalidade e o movimento do universo musical em sua historicidade

A constataccedilagraveo de Ruiz (1989 p 8) de que o homem faz muacutesica dequalquer eacutepoca e lugar de qualquer tipo e funccedilatildeo contemporaneamente reforccedila a posiccedilatildeo assumida no paraacutegrafo anterior de buscar dar conta da totalidadeplural e dinacircmica do universo musical bem como a constataccedilatildeo feita no terceirocapiacutetulo de que eacute necessaacuterio que o ensino superior de muacutesica remeta agravecontemporaneidade em suas muacuteltiplas facetas

Os estudos etnomusicoloacutegicos assim como a musicologia histoacuterica estariamincluiacutedos nesta aacuterea buscando simultaneamente cortes transversais e longitudinaisdo fenocircmeno musical no tempo e no espaccedilo dando agrave muacutesica uma abordagem natildeomais ~niacutevoca mas abrangente totalizante evitando o estreitamento do proacuteprioconceIto de muacutesica

As funccedilotildees sociais - as propostas por Merriam ou outras - estariamcontempladas por esses estudos que bus cariam inclusive visualizar a muacutesica emsuas inserccedilotildees espaciais e temporais com suas representaccedilotildees simbolismosexpressotildees interpretadas a partir de uma conexatildeo com o contexto histoacuterico-concretoem que ~s (muacuteltiplas manifestaccedilotildees musicais ocorrem r ~~A ~gunda ar~a denominada aqui provisoriamente de praacutetiacuteeacuteamuumlSiCafmcUacute1 a o f~ze mUSIcal propriamente dito a realizaccedilatildeo musical em si quer emfonna de cnaccedilao quer de interpretaccedilatildeo (as duas modalidades se interpenetrando

III Uma quinta aacuterea - h ------ - J que nao c egou a ser mdUda no texto ongmal da tese foi a deeducaccedilatildeo

( ) muslcayaqui entendid d d d d a como to a atlvI ade que envolva o ensino de muacutesica em qualquer nivel

es e a muslcarzaragraveo t d d gt a e a pe agogla os lIstrumenlos em nrvel superior

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princiacutepios baacutesicos de uma educaccedilatildeo dialeacutetica requer contudo um ensino vinculadosocialmente com conteuacutedos politizados com perspectivas transformadoras

Assim buscou-se sugerir esse conjunto de articulaccedilotildees baacutesicas queoriginariam um curriacuteculo de inspiraccedilatildeo dialeacutetica cujo conteuacutedo desse conta deinserccedilotildees dinacircmicas funccedilotildees e perspectivas sociais

Os curriacuteculos atuais dos quais se tomou como exemplo o da Escola deMuacutesica da UFRJ satildeo geralmente concebidos de maneira linear sequumlencialcronoloacutegica (vide terceiro capiacutetulo) refletindo uma postura evolucionista e aleacutemde evolucionista restritiva pois comojaacute se demonstrou anteriormente essa evoluccedilatildeosoacute atende agrave muacutesica seacuteria derivada da tradiccedilatildeo europeacuteia desconsiderando atotalidade do universo musical

Uma nova proposta teria que romper com esses encaminhamentos baacutesicospara atender aos princiacutepios dialeacutetiacutecos expostos anteriormente e para trabalhar umconteuacutedo de efetiva significaccedilatildeo social

Essa nova proposta para romptr com a perspectiacuteva linear - evolucionista acimareferida necessitaria primordialmente-acircboliro sequumlenciamento obrigatoacuterio e a cronologiana apresentaccedilatildeo dos repertoacuterios e conteuacutedos ateacute porqu~ aquisiccedilatildeo de conhecimentos ) Ipelo homem natildeo se daacute necessariamente de forma crescente sequumlencial e linearembora se processe a partir de viacutenculos com conhecimentos anteriores]

A ruptura com essa perspectiacuteva poderia se dar pela definiccedilatildeo de aacutereasbaacutesicas de estudo abandonando-se a concepccedilatildeo de elenco de disciplinas previamentedispostas de maneira sequumlencial atraveacutes dos diversos periacuteodos do curso A partirda adoccedilatildeo dessas aacutereas baacutesicas de estudo caberia ao aluno escolher o seu trajetonatildeo mais em termos de selecionar disciplinas ou de cumprir disciplinas obrigatoacuteriasmas em termos de escolher toacutepicos de estudo em cada uma dessas aacutereas emquantidade a ser definida previamente numa proposta jaacute estruturada de curriacuteculo

Esses toacutepicos de estudo - temas - que integrariam cada aacuterea baacutesica deestudo seriam diversificados e abrangentes e adviriam de temas preacute-definidos edos temas de pesquisa desenvolvidos pelo corpo docente e como tal natildeo teriamqualquer pretensatildeo sequumlencial cronoloacutegica ou de conteuacutedo crescente e dada asua riqueza envolveriam todas as modalidades de muacutesica (ou pelo menospotencialmente o fariam deixando assim de restringir o proacuteprio conceito demuacutesica)

Gadotti (1988 p70) abordando a pedagogia da divergecircncia apresentaconsideraccedilotildees que podem ser aqui citadas como reforccedilo agrave questatildeo da pluralidadetemaacutetica oferecida agrave livre escolha do aluno

A pedagogia da divergecircncia significa colocar diante do educando ediscutir com ele os vaacuterios caminhos as vaacuterias possibilidades que a soluccedilatildeode uma quest~o pode tomar ( ) A histoacuteria pode ser escrita de muitas e

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A proacutepria polifonia deixaria de ter o atual tratamento restrito agrave polifoniatonal e abarcaria todas as modalidades possiacuteveis (da modal agrave dodecafocircnica) noacircmbito das combinaccedilotildees sonoras

f A quarta aacuterea a de estudos soacutecio-filosoacuteficos viria a fecundar oucomplementar as anteriores e poderia buscar inclusive articulaccedilotildees com outrasunidades da Universidade

Nesta aacuterea poderiam estar estudos como antropologia filosofia sociologiametodologia cientiacutefica psicologia ou outros considerados pertinentes acomplementar enriquecer ou embasar a formaccedilatildeo do aluno buscando inclusivefavorecer a articulaccedilatildeo do saber musical ou musicoloacutegico com outras aacutereas deconhecimento Tatildeo importante quanto as

aacutereas precedentes esta propiciaria ao aluno conteuacutedos que atraveacutes desiacutenteses realizadas por ele mesmo soacute viriam a acrescentar densidade ao seufazer musical e agrave sua reflexatildeo aplicada agrave muacutesica ~

Natildeo se buscaria pois a formaccedilatildeo de um muacutesico apenas adestradotecnicamente ao seu instrumento mas um muacutesico conscientizado das articulaccedilotildeesque envolvem sua atuaccedilatildeo e seu produto artiacutestico E sobretudo formar-se-iammuacutesicos instrumentalizados teoricamente para tal conscientizaccedilatildeo e capazes devisualizar o universo de conhecimentos musicais como parte integrante do universode conhecimentos humanos Eacute preciso ainda ressaltar o papel do professor nessanova perspectiva de ensino pois cabe a ele um papel extremamente criativo nesseprocesso Mas natildeo apenas criativo pois a riqueza do conteuacutedo oferecido aos alunosdependeria em grande medida do desenvolvimento das pesquisas docentes aliadaagrave praacutetica artiacutestica bem como de sua atuaccedilatildeo como consultor orientador ou assessorteacutecnico do alunado

t pedagogia da divergecircncia referida em paacuteginas anteriores a partir deGadttI (1988) ao oferecer ao aluno a possibilidade de construccedilatildeo do proacuteprioc~m~~ho natildeo preconiza a omissatildeo do professor Cabe a ele em grande parte avIaIIzaccedilatildeo do processo primeiramente preacute-definindo juntamente com o alunadoas areas de estudo as sub-aacutereas (se necessaacuterio) os temas os toacutepicos de estudoetc ~m segundo lugar sendo ele mesmo um agente criador do conhecimento(musIcal ~u musicoloacutegico) a partir de suas pesquisas e um agente de transmissatildeode conhecImentos jaacute estabelecidos (ainda que com a visatildeo criacutetica da provisoriedadedesses conhecimento ) t I s em ercelro ugar atuando como consultor e onentadorpermanente ~o processo de construccedilatildeo da trajetoacuteria do aluno

G A respeIto da funccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo ao aluno eacute oportuno citar

ramsCI (1989 p124-125)

J a aprendizagem ocorre notadamente graccedilas a um esforccediloespontaneo e autocircno d d mo o lscente no qual o professor exerce apenas uma

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de forma natildeo excludente) A composiccedilatildeo musical e a praacutetica interpretativa estariamaqui abrangidas e igualmente contempladas

Ainda nesta aacuterea a apresentaccedilatildeo seria temaacutetica abandonando-se assim aslistagens sequumlenciais de repertoacuterios ou de conteuacutedos e teacutecnicas a serem praticados

Ao inveacutes de apresentar obras de autores determinados os professores apartir de seus estudos e pesquisas proporiam temas para serem vivenciadosmusicalmente Procurando exemplificar para mai~r clareza se um protildefes~d~

canto propotildee como temaacutetica de estudo Os intervalos de quinta ele pode trabalhar- conforme o seu interesse e o do aluno - desde a escala pentatonal chinesa agraveocorrecircncia de quintas na muacutesica contemporacircnea se a temaacutetica for A voz e oaleatoacuterio poderiam ser incluiacutedos desde improvisos vocais como o fazem os Pigmeusou cantores de jazz agrave muacutesica de Luciano Berio ou mesmo ao Canto GregorianoSe um professor de piano quiser trabalhar o mesmo tema o da aleatoriedade elepode contar com obras de compositores atuais que buscam resgatar um papel maisativo para o inteacuterprete ou com obras do periodo Barroco que em seus baixos contiacutenuoscontavam com a aleatoriedade da interpretaccedilatildeo no momento de sua realizaccedilatildeo oucom os improvisos desenvolvidos pelo jazz pianiacutestico

rA abordagem temaacutetica aplicada agrave vivecircncia musical daria conta do popularao erudito do folclore agrave muacutesica de massa visando atraveacutes da multiplicidade deexperiecircncias esteacuteticas agrave totalidade do conceito de muacutesica em sua dinacircmica e emsuas formas contraditoacuterias e na geraccedilatildeo permanente de novas formas o que soacuteviria a enriquecer a formaccedilatildeo do muacutesico compositor e inteacuterprete (caberia inclusiveo questionamento de tal separaccedilatildeo)

J A ~tOacuteelr~ acircr~a tambeacutem proVisoriamente denominada aqui como a deestrutur~ccedilagraveordm_ltlalinguagemmusical abarcaria os mais diversos elementos comoforma textura combinaccedilotildees sonoras (que se interligam certamente agrave textura)estruturaccedilatildeo do espaccedilo meacutelico estruturaccedilatildeo riacutetmica (e sua dinacircmica) sistemasmusicais idiomas musicais etc

Esta aacuterea seria talvez o espaccedilo por excelecircncia da integraccedilatildeo da teoria agravepraacutetica atraveacutes do vivenciamento de todos os elementos possiacuteveis constitutivos dodiscurso musical da anaacutelise desses elementos da comparaccedilatildeo da critica da criaccedilatildeo

A percepccedilatildeo musical natildeo mais trabalhada como disciplina (mas talvezcomo sub-aacuterea) se enriqueceria nesse processo buscando apreender formasestruturas sistemas articulaccedilotildees as mais variadas (atraveacutes de propostas temaacuteticas)deixando de ser percepccedilatildeo-adestramento de alguns modelos direcionadores Omesmo ocorreria com o estudo da morfologia musical da harmonia (incluiacuteda noacircmbito de combinaccedilotildees sonoras tal como a poli fonia ou outras) e o espectromusical oferecido ao aluno sofreria um alargamento mais uma vez abrangendo atotalidade das manifestaccedilotildees musicais

157

r

mesma sociedade Revisto esse ensino a partir de uma concepccedilatildeo dialeacuteticacomo aqui se pretendeu resgata-se essa relaccedilatildeo com a sociedade como u~

todo e resgata-se o papel criacutetico e criador da Universidade - criador de culturade muacutesica em sua plena acepccedilatildeo de saber musical e musicoloacutegico de homen~

tomados homens de homens que se percebem eles mesmos tal como sua artecomo processos permanentes

Resgata-se tambeacutem o papel do professor conferindo-lhe um papel de gestorde um processo efetivamente criativo e produtivo em que ele mesmo eacute elementocriador e produtor em transformaccedilaacuteo permanente Criador e produtor sobretudode muacutesica e de reflexatildeo musicoloacutegica e natildeo de alunos apenas reprodutores d~

obras e de conhecimentos que lhes satildeo simplesmente transmitidos sem que seexija deles nenhuma accedilatildeo construtiva artistica ou teoacuterica ou mesmo criacutetica

Resgata-se ainda um ensino de efetiva implicaccedilatildeo poliacutetica abandonandoshyse conteuacutedos pretensamente neutros que apenas ocultam os conflitos sociais erefletem uma perspectiva uniacutevoca A fecundidade teoacuterica e artiacuteStIca residejustamente emabrangecircncia das situaccedilotildees contraditoacuterias criticando-as refletindosobre elas reprocessando-as criativamente na elaboraccedilatildeo de novos conhecimentos

Da revelaccedilatildeo de contradiccedilotildees impulsiona-se assim a criaccedilatildeo de saber al consciecircncia poliacutetica e a accedilatildeo transformadora contribuindo para a formaccedilatildeo dosalunos num sentIdo pleno como homens agentes de sua histoacuteria

r E resgata-se sobretudo a proacutepria funccedilatildeo social da muacutesica que como toda~0nn~ de arte tem pap~is sociais a cumprir contribuindo para o desenvolvimento

~ 1 mdIvIdual em sua totalIdade e para uma accedilatildeo social efetivamente significativaSe conforme Demo (1987) afirma ciecircncia eacute uma utopia na medida em que

busca se~pre a verd~de interminavelmente e se a arte segundo Fischer (sd)tem tambem como mIssatildeo a criaccedilatildeo de utopias mostrando o mundo como passiveIde ser mudado e ajudando a mudaacute-lo a Universidade ao abrigar cursos superiorescomo o de muacutesica nos quais a praacutetica investigatoacuteria e a artiacutestica devem caminhar~ado a Ia~o tem un significativo papel social a desempenhar _ quer na busca~nt~~mavel da verdade na projeccedilagraveo de utopias na busca do aperfeiccediloamentoIndIVIduaI e social

O curriacuteculo fruto entatildeo de uma concepccedilagraveo dialeacutetica seria o caminho paraque o homem - um process h

o - se tome ornem e lortalecIdo por esse movimentose tome um agente efeti d h ~

vo a Istona contnbumdo para a transformaccedilatildeo social

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156

funccedilatildeo de guia amigaacutevel como ocorre ou deveria ocorrer na universidadeDescobrir por si mesmo uma verdade sem sugestotildees e ajudas exteriores eacutecriaccedilatildeo ( mesmo que a verdade seja velha) e demonstra a posse do meacutetodoindica que de qualquer modo entrou-se na fase da maturidade intelectualna qualEuode descobrir verdades novas

( Gra~scvaponta como funccedilatildeo orgacircnica do professor o aconselhamento afacilitaccedilatildeo de pesquisas discentes a aceleraccedilatildeo da formaccedilatildeo cientifica do alunoo estimulo para que este faccedila suas primeiras publicaccedilotildees o propiciamento de contatodo aluno com outros especialistas Aleacutem disso atribui ao professor a importantetarefa de transmissatildeo da bagagem acumulada agravequal remeteraacute avaliaccedilotildees criticasanaacutelises esteacuteticas ou filosoacuteficas ~~

O paraacutegrafo que se segue tomado acircGadotti N990 p74) reforccedila o papel doprofessor nos termos aqui propostos ou seja numa posiccedilatildeo diretiva que natildeoexclui a iniciativa do aluno mas convive com ela guiando-a e incentivando-a

r-- A educaccedilatildeo eacute um processo contraditoacuterio ( unidade e oposiccedilatildeo) umatotalidade de accedilatildeo e reflexatildeo eliminando a autoridade caiacutemos noespontaneiacutesmo libertaacuterio onde natildeo se daacute educaccedilatildeo eliminando a liberdadecaiacutemos no autoritarismo onde tambeacutem natildeo existe educaccedilatildeo mas domesticaccedilatildeoou puro adestramento O ato educativo realiza-se nessa tensatildeo dialeacutetica entreliberdade e necessidade

Ao privilegiar o conteuacutedo o ensino em bases dialeacuteticas atribui ao professoruma responsabilidade consideraacutevel pois eacute atraveacutes do conteuacutedo que se daraacute arenovaccedilatildeo da consciecircncia do aluno e cabe ao professor estabelecer a relaccedilatildeoentre esse saber e a praacutetica do alunado Essa relaccedilatildeo se processa com umaparticipaccedilatildeo de ambas as partes o professor assumindo uma tarefa diretivaorganizadora de modo ajunto com o aluno realizar a elaboraccedilatildeo e reelaboraccedilatildeodo saber a ruptura com o velho a construccedilatildeo do novo (o novo natildeo entendidonecessariamente como o ineacutedito ou original~~o sentido da escoberta ou dareelaboraccedilatildeo)

O ensino superior de muacutesica nas bases aqui propostas contando com umaatuaccedilatildeo critica e criativa de professores e alunos viabilizaria entatildeo o que Gadotti(1988 p121) assinala

A relaccedilatildeo universidade-sociedade eacute dialeacutetica a universidade criacultura para uma sociedade mas ela eacute tambeacutem fruto reflexo de certascondiccedilotildees culturais que permitem o seu surgimento

O atual ensino de muacutesica que se revelou desvinculado de significaccedilotildeessociais e descontextualizado na anaacutelise realizada no terceiro capitulo eacute apenasfruto de uma diminuta parcela da sociedade cujos modelos cultu~ai~1usca~~Plt2~JZir

e eternizar mas natildeo se propotildee como Gadotti assinala a criar cultura para essa

CAPIacuteTULO V

CONCLUSAtildeO

Este trabalho teve sua origem em uma preocupaccedilatildeo com a muacutesica nocontexto do seacuteculo XX e seu ensino no acircmbito universitaacuterio Impossiacutevel dizer qualdessas preocupaccedilotildees surgiu primeiro elas se interpenetraram e caminharamjuntas e isso explica a dupla dimensatildeo desta pesquisa

Na verdade essas duas preocupaccedilotildees tiveram origem nas salas de aula daEscola de Muacutesica da UFRJ na reflexatildeo conjunta com professores e alunos deonde emergiram as pe[gUntas que antecederam a este trabalho Com que conc~pccedilatildeo

de muacutesica trabalham os cursos superiores de muacutesica Qual a funccedilatildeo socml damuacutesica ensinada nesses cursos

Os objetivos desta pesquisa decorreram assim de um conflito surgido nasclasses de Histoacuteria da Muacutesica onde se procurou abrir um debate sobre a muacutesicaem uma perspectiva histoacuterica em suas relaccedilotildees com a sociedade E agrave medida emque esse debate se aprofundava cresciam as inquietaccedilotildees sobre as relaccedilotildees doproacuteprio curso de graduaccedilatildeo com a sociedade sobre as funccedilotildees sociais do conteuacutedodesses cursos

A primeira parte deste trabalho deu forma aos levantamentos bibliograacuteficosrealizados sobre as funccedilotildees sociais da muacutesica a partir da periodizaccedilatildeo da histoacuteriada muacutesica elaborada por Walter Wiora e da categorizaccedilatildeo das funccedilotildees sociais damuacutesica proposta por Allan Merriam Evidenciou-se nessa etapa uma trajetoacuteriada muacutesica rica de significados sociais e um contexto musical contemporacircneoestremamente diversificado e conflituoso refletindo as proacuteprias caracteriacutesticassociais econocircmicas culturais do seacuteculo XX

Diante desse painel tomaram-se mais evidentes as preocupaccedilotildees relativasaos cursos de graduaccedilatildeo que analisados pela oacutetica das funccedilotildees sociais da muacutesicaneles trabalhada apresentaram-se dissociados da problemaacutetica atual operandocom um conteuacutedo de funccedilotildees sociais restritas O proacuteprio papel da Universidadetema atual de debates internos e externos ao meio acadecircmico aflorou de formapreocupante

A partir daiacute do proacuteprio quadro evidenciado quanto agrave situaccedilatildeo do ensmosuperior de muacutesica na restrita significaccedilatildeo social de seu conteuacutedo tomou-sepremente o delineamento de novos rumos E foi na concepccedilatildeo dialeacutetica aplicadaagrave educaccedilatildeo que se pareceu encontrar uma contrapartida para o problema namedida em que conceber dialeticamente o ensino implica em consideraacute-lonecessariamente voltado para um homem concreto articulado com um contexto

158

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social especifico Ocorreu entatildeo uma convergecircncia com os pressupostosassumidos preliminarmente ou seja de que arte muacutesica e educaccedilatildeo satildeoinstrumentos possiacuteveis de transformaccedilatildeo individual e social

A dimensatildeo poliacutetica entatildeo evidente eacute relativamente rara nos debates sobremuacutesica ou sobre o ensino superior de muacutesica pois muitos lidam com arte em gerale muacutesica como elementos politicamente neutros ou mesmo isentos de implicaccedilotildeesdessa ordem

Este trabalho inverteu em Sua fase final essa colocaccedilatildeo de aparente I

neutralidade em que os cursos de muacutesica frequumlentemente se colocam Pretendeu- se ao contraacuterio visualizar um ensino de muacutesica politicamente concebido articuladocom o contexto social atual da cultura brasileira ou das culturas brasileiras nodizer de Bosi (1987) lidando com uma concepccedilatildeo totalizante de muacutesica e dehomem e voltado para o aperfeiccediloamento individual e social

Foi assim a partir de uma inspiraccedilatildeo tomada aos princiacutepios do meacutetododialeacutetico que surgiram as diretrizes filosoacuteficas propostas no final do trabalhoBuscou-se com essas diretrizes apontar para um quadro utoacutepico hoje mas atingiacutevelno futuro de um CUrso superior de muacutesica em novas bases privilegiando a accedilatildeo(criadora poliacutetica artiacutestica social) a reflexatildeo (fundamentada e inovadora) aproduccedilatildeo (de saber musical e musicoloacutegico) a totalidade do homem e de sua arte

Natildeo se considerou cabiacutevel a proposiccedilatildeo de novo curriacuteculo mas pareceunecessaacuterio exemplificar a operacionalizaccedilatildeo das diretrizes propostas e para issoas possiacuteveis articulaccedilotildees baacutesicas do conteuacutedo de um curriacuteculo concebido em base~dialeacuteti~as foram apresentadas Seria incoerente com a proacutepria postura filosoacuteficaass~mlda neste trabalho ir aleacutem disso pois a convicccedilatildeo de quea participaccedilatildeoconJunta de professores e alunos eacute que deve dar cabo de tal tarefa eacute a quecoerentemente com os princiacutepios e pressupostos apresentados foi adotada

P~ojetou-se assim um curso de graduaccedilatildeo em muacutesica em que a produccedilatildeode musIca e ~e reflexatildeo sobre muacutesica eacute o cerne do processo enraizado nacontemporaneidade musical com suas muacuteltiplas facetas Propocircs-se para issouma accedilatildeo partici f Ccedil

pa Iva elctlvamente cnadora de professores e alunos rccusando-se o papel meramente reprodutor E sobretudo trabalhou-sc com uma concepccedilatildeode arte e de ~uacutesica efetivamente vinculada agrave sociedade da qual eacute determinanteem certa medIda embo t b I d ra am em seja por e a determinada e dotada portanto

e uma vertente poliacutetica e transformadora Sem duacutevida d

as Iretnzes aquI apresentadas satildeo passiacuteveis dequestIonamentos mas ~ I ISSO nao minimIza a pretensatildeo de oferecer aos professorese a unos de cursos supe

um d - nores uma proposta baslca Inovadora para fundamentara ISCUssao que des rt pe e esses cursos da inerCIa e da repeticcedilatildeo

159

Aula
Nota
0811 Maycon

Abbagnano Nicola Dicionaacuterio de filosofia Satildeo Paulo Mestre Jou 1970Abraham Gerald Historia Universal de la Musica Madri Taurus Ediciones

1986Adorno Theodor Reflexions en vue dune sociologie de la musique Musique en

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XLVIII Satildeo Paulo Abril 1975Adorno Theodore Horkheimer Max Dialeacutetica do esclarecimento Rio de Janeiro

Jorge Zahar Editores 1986

Adorno Theodor Filosofia da nova muacutesica Satildeo Paulo Perspectiva 1989Agostinho (Santo) Confissotildees ln Os Pensadores V VI Satildeo Paulo Abril Cultural

1973

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1973

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1975

Becker Howard A Uma teoria da accedilatildeo coletiva Rio de Janeiro Zahar Editores1977

Benjamin Walter A obra de arte na eacutepoca de suas teacutecnicas de reproduccedilatildeo ln OsPensadores V XLVIII Satildeo Paulo Abril 1975

Berio Luciano Entrevista sobre a muacutesica contemporacircnea Rio de JaneiroCivilizaccedilatildeo Brasileira 1981

B~ltrando-Patier Marie-Claire Histoire de la musique Franccedila Bordas 1985Blttencourt Raul A educaccedilatildeo do ponto de vista axioloacutegico Satildeo Paulo Universidade

Feeral de-Satildeo Carlos Centro de Educaccedilatildeo e Ciecircncias Humanas 1962 (mimeo)Blackmg John Lh d omme pro ucteur de mUSIque Muslque_en Jeu_=-

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161

BIBLIOGRAFIAtshyt-

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160

Essa proposta sobretudo natildeo eacute ocasional superficial ou de fundamentosrecentes Eacute o fruto de uma reflexatildeo que nasceu no proacuteprio exercicio do magisteacuteriosuperior de muacutesica dos debates participativos nas proacuteprias aulas em seminaacuterioscongressos reuniotildees para refonna de curriacuteculos em conversas infonnais cheiasde idealismo e aleacutem disso subsidiada por leituras consistentes e persistentespois frequumlentemente a bibliografia sobre muacutesica eacute teoricamente escassa tambeacutemela impregnada de concepccedilotildees fragmentaacuterias de muacutesica muitas vezes restritaapenas a descrever fatos ou a repetir infonnaccedilotildeesEacutessa deficiecircncia bibliograacuteficaimpele frequumlentemente a que se busquem fundamentos teoacutericos em outras aacutereaso que representa um ~sforccedilo adicional ao transportaacute-los para o ~mbito da muacutesica]

Os novos cursos de muacutesica concebidos nas bases aqUI propostas talvezpudessem suprir ateacute mesmo essa lacuna passando a produzir aleacutem de muacutesicareflexatildeo musicoloacutegica gerando bibliografia mais rica para novos estudos epreenchendo com isso um espaccedilo que efetivamente cabe agrave Universidade

A proposta maior deste trabalho - fornecer subsiacutedios para revisatildeo doscursos superiores de muacutesica~ foi plenamente atingida Falta empreender o debatee ter coragem para as modificaccedilotildees Teraacute entatildeo compensado o esforccediloempreendido na busca de um novo caminho

163

Durkheim Emile Educaccedilatildeo e sociologia Satildeo Paulo Melhoramentos 1967Fernandes Florestan Fundamentos empiacutericos da explicaccedilatildeo socioloacutegica Satildeo

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1967___o Accedilatildeo cultural para a liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1977Gadotti Moacir _Educaccedilatildeo e poder Introduccedilatildeo agrave pedagogia do conflito Satildeo

Paulo Cortez 1988___o Concepccedilatildeo dialeacutetica da educaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1990Gramsci Antonio Concepcatildeo dialeacutetica da histoacuteria Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo

Brasileira 1991 Os intelectuais e a organizaccedilatildeo da cultura Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo

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bull Harnoncourt Nikolaus _O discurso dos sons Rio de Janeiro Jorge Zahar Ed 1988

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Kaplan David e Mannero Robert A Teoria da cultura Rio de Janeiro ZaharEditores 1975

Kerman Joseph Musicologia Satildeo Paulo Livaria Martins Fontes Editora 1987Koellreutter Hans J O Centro de Pesquisa de Muacutesica Contemporacircnea da UFMG

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Buenos AIres Ricordi 1946

Libacircne~ Jose Carlos Democratizaccedilatildeo da escola puacuteblica - A pedagogia criacuteticoshySOCIal dos conteuacutedos Satildeo Paulo Loyola 1986

--

ebulle--=-shyamp-amp-ampshybulltbullbull-bullbullbullshyshybull

Bourdieu Pierre e Passeron J-c A reproduccedilatildeo Rio de Janeiro Francisco Alves1975

Bourdieu Pierre Economia das trocas simboacutelicas Satildeo Paulo Perspectiva 1982Bollnow O F Pedagogia e filosofia da existecircncia Petroacutepolis Vozes 1971Boulez Pierre A muacutesica hoje Satildeo Paulo Perspectiva 1981Brandatildeo Carlos Rodrigues A educaccedilatildeo como cultura Satildeo Paulo Brasiliense

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(Org) Balanccedilo da bossa Satildeo Paulo Perspectiva 1968Da Jovem Guarda a Joatildeo Gilberto ln Augusto de Campos (Org)

Balanccedilo da bossa Satildeo Paulo Perspectiva 1968Candeacute Roland de Historia universal de la musica Madri Aguillar 1981Cassirer Ernst Antropologia filosoacutefica Satildeo Paulo Mestre Jou 1977Cunha Luiz Antonio A universidade criacutetica Rio de Janeiro Francisco Alves

1985___o Educaccedilatildeo e desenvolvimento social no Brasil Rio de Janeiro Francisco

Alves 1985Cury Carlos Alberto Jamil Ideologia e educaccedilatildeo brasileira Catoacutelicos e liberais

Satildeo Paulo Cortez e Moraes 1978___o Educaccedilatildeo e contradiccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1987Demo Pedro Sociologia Uma introduccedilatildeo criacutetica Satildeo Paulo Atlas 1987

Avaliaccedilatildeo qualitativa Satildeo Paulo Cortez 1988___o Metodologia cientiacutefica em ciecircncias sociais Satildeo Paulo Atlas 1989___o Introduccedilatildeo agrave metodologia da ciecircncia Satildeo Paulo Atlas 1990Domingues Joseacute Luiz Interesses humanos e paradigmas curriculares Revista

Brasileira deEstudos Pedagoacutegicos 198667 (156) 351-366

Duarte Jr Joatildeo Francisco Por que arte-educaccedilatildeo Campinas Papirus Livrariae Editora1953

Duarte Jr Joatildeo Francisco Fundamentos esteacuteticos da educaccedilatildeo Satildeo Paulo CortezUniversidade Federal de Uberlacircndia 1981

Dufrenne Mikel A esteacutetica e as ciecircncias da arte v 1 e 2 Lisboa Bertrand1982

162

165

___ Muacutesica como discurso potencialmente poliacutetico Trabalho apresentadono I Simpoacutesio Brasileiro de Muacutesica Bahia (UFBa) 1991

Oliveira Carlos Gomes de O ensino de trompa na Escola de Muacutesica da UFRJ(Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Rio de Janeiro Conservatoacuterio Brasileiro de Muacutesica1991

Plazaola Juan Introduccioacuten a la esteacutetica Madrid Biblioteca de Autores Cristianos1973

Politzer Georges Principios Elementares de Filosofia Satildeo Paulo Moraes 1986Raynor Henry Histoacuteria social da muacutesica Rio de Janeiro Zahar Editores 1981Read Herbert Arte y sociedad Buenos Aires G Kregt 1951___ O sentido da arte Satildeo Paulo IBRASA 1978

___ A educaccedilatildeo pela arte Satildeo Paulo Livraria Martins Fontes Ed 1982--_ As origens da forma na arte Rio de Janeiro Zahar Editores 1981___ Arte e alienaccedilatildeo Rio de Janeiro Zahar Editores 1983 Reis Sandra Loureiro de Freitas (Org e Coord) Anais do II Encontro Nacional

de Pesquisa em Muacutesica Joatildeo Dei-Rei Minas Gerais 4 a 8 de dezembro de1985 Belo Horizonte Imprensa Universitaacuteria (UFMG) 1987

Ruiz Irma Hacia la unificacioacuten teoacuterica de la musicologia histoacuterica y laetnomusicologia Revista Musical Chilena 1989 172 7-14

Saviani Dermeval Educaccedilatildeo Do senso comum agrave consciecircncia filosoacutefica SatildeoPaulo Cortez 1984

--- Ensino Puacuteblico e Algumas Falas Sobre a Universidade Satildeo PauloCortez 1986

--- Tendecircncias ~ correntes da educaccedilatildeo brasileira ln Durmeval Trigueiro~e~~es (Org) _FIlosofia da educaccedilatildeo brasileira 3abull ed Rio de JaneIroCIVIlIzaccedilatildeo Brasileira 1987

--_ Escola ~ democracia Satildeo Paulo Cortez 1988 Schaeffer Pierre Traiteacute des objets musicaux Paris Seuil 1966

-_o Schurmann Ernst E A I - --_ mUSIca como mguagem Sao Paulo BrasIlIense 1989Seeger Charles The music as a function in a context of functions Yearbook

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Fundaccedilao Getuacutelio Vargas 1986Stefani Gino bo 19 87 Para t d S - en en er a mUSIca RIO de Janeiro Globo 1987

tem Suzana Albarnoz O d d d P se uca ores - agentes da reproduccedilatildeo social ln Correio

o ovQ RIO Grande do Sul 1980

St k Por uma educaccedilatildeo libertadora Petroacutepolis Vozes 1982rapvms y ~gor e Craft Robert Conversas com Igm Str~vinsky Satildeo Paulo

erspect1va 1984

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1M

Lyotard Jean Franccedilois O poacutes-moderno Rio de Janeiro Joseacute Olympio 1970Mannheim Karl Ideologia e utopia Rio de Janeiro Zahar Editores 1976Martins Raimundo Educaccedilatildeo musical conceitos e preconceitos Rio de Janeiro

Funarte 1985___oA educaccedilatildeo musical como conhecimento refletindo esteacuteticas Trabalho

apresentado no I Simpoacutesio Brasileiro de Muacutesica Bahia (UFBa) 1991Marx Karl Manuscritos econocircmico-filosoacuteficos (Terceiro manuscrito) ln Os

Pensadores Satildeo Paulo Abril Cultural 1978__---o Teses contra Feuerbach ln_Os Pensadores Satildeo Paulo Abril Cultural

1978Medaglia Juacutelio Balanccedilo da bossa nova ln ln Augusto de Campos (Org)

Balanccedilo da bossa Satildeo Paulo Perspectiva 1968Mendes Durmeval Trigueiro Subsidios para a concepccedilatildeo do educador Rio de

Janeiro IESAE 1986 (mimeo)___o Anotaccedilotildees sobre o pensamento educacional no Brasil Revista Brasileira

de Estudos Pedagoacutegicos 1987 160 (68) 481-491___o Existe uma poliacutetica da educaccedilatildeo brasileira ln Durmeval Trigueiro

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Mora Joseacute Ferrater Diccionario de filosofia v I e I1Buenos Aires Sudamericana1975

Moraes J Jota de Muacutesica da modernidade Satildeo Paulo Brasiliense 19830 queeacute muacutesica Satildeo Paulo Brasiliense 1989

Nattiez Jean-Jacques et alii Semiologia da muacutesica Lisboa Vega [sd]Nogueira Ilza Maria Costa (Org) Anais ordmordm- Simpoacutesio Nacional sobre a

Problemaacutetica da Pesquisa e do Ensino Musical no Brasil (2abull Fase) Joatildeo

Pessoa 6 a IOde julho de 1987 Joatildeo Pessoa Universidade Federal da Paraiacuteba MEC CNPq

3 ESTRUTURA ACADEcircMICA DA ESCOLA DE MUacuteSICA DA UFRJ

31 Cursos e Habilitaccedilotildees

ANEXO I

--_-----167

PRELIMINAR - Iniciaccedilatildeo MusicalTEacuteCNICO - Formaccedilatildeo profissional a niacutevel de 2deg grau fornecendo Diploma registrado no Ministeacuteriacuteode Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)GRADUACcedilAacuteO - Licenciatura em Educaccedilatildeo Artiacutestica Instrumento Piano Violino Viola ViolonceloContrabaixo Viacuteolatildeo Oboeacute Flauta Fagote Clarineta Trompa Trompete Trombone Oacutergatildeo Harpae Percussatildeo Composiccedilatildeo Canto Regecircncia (Com exceccedilatildeo do primeiro que soacute haacute para Licenciaturaos demais atendem ao Bacharelato e Licenciatura)POacuteS-GRADUACAtildeO - Mestrado nas seguintes aacutereas Piano Oacutergatildeo Canto Instrumentos de Arco eCordas Dedilhadas (Harpa) Instrumentos de Percussatildeo e ComposiccedilatildeoAdmissatildeoPRELIMINAR - Natildeo se exige da crianccedila conhecimentos musicais O teste de seleccedilatildeo vocacional medea percepccedilatildeo auditiva para som e ritmoTEacuteCNICO - O Concurso de habilitaccedilatildeo poderaacute ser prestado para os periacuteodos iacutempares do Ciclo Baacutesicoe para o primeiro periacuteodo do Ciclo Profissiacuteonal Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provasa) Percepccedilatildeo musical e conhecimentos teoacutericosb) Execuccedilatildeo instrumentalGRADUACcedilAtildeO - Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provasa) Percepccedilatildeo musical e conhecimentos teoacutericosb) Harmoniac) Execuccedilatildeo Instrumental

POacuteS-GRADUACAtildeO - Os candidatos seratildeo submetidos agraves seguintes provas (todas as aacutereas deconcentraccedilatildeo)a) Execuccedilatildeo instrumentalb) Anaacutelise

c) Capacidade de leitura em Iingua estrangeira inglecircs alematildeo francecircs ou italiano agrave escolha do candidatod)Entrevista

A aacuterea de Canto tem aleacutem dessas uma prova de acompanhamento ao piano de peccedila para Canto agraveescolha do candidato a aacuterea de Composiccedilatildeo deveraacute se submeter agraves seguintes provasa) Composiccedilatildeo (Fuga Tema e Variaccedilotildees)

Apreciaccedilatildeo de obras do candidatoPercepccedilatildeo Musical

b) Anaacutelise

c) Capa~idade de leitura em liacutengua estrangeira inglecircs alematildeo francecircs ou italiano agrave escolha docandIdato

d) Entrevista

a) Fundamentaccedilatildeo Legal do Curso

~A criaccedilatildeo da ~niversidade do Rio de Janeiro natildeo modificou o ensino ministrado pois a universidadedGO ponto de vIsta legal era um conjunto de Faculdades reunidas O Dr Getuacutelio Vargas Chefe do

ovemo Provisoacuterio e I dfi de 19 r soveumo I Icara situaccedilatildeo promulgando o Decretonordm 19852 de II deabril

31 que congregava vaacuterias Faculdades inclusive o entagraveo Instituto Nacional de Muacutesica na

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166

Squeff Enio e Wisnik Joseacute Miguel _Muacutesica o nacional e o popular na culturabrasileira Satildeo Paulo Brasiliense 1982

Tinhoratildeo Jose Ramos Pequena histoacuteria da muacutesica popular Satildeo Paulo Ciacuterculo doLivro [sd]

Velho Gilberto (Org) Arte e sociedade Rio de Janeiro Zahar Editores 1977Vicuna Maria Ester Grebe Reflexiones sobre la vinculacioacuten y reciprocidades

entre la etnomusicologiacutea y la musicologiacutea histoacuterica Revista Musical Chilena1989 ln 26-32

Waisman Leonardo 1989 ln 15-25 Musicologias Revista Musical Chilena1989 ln 15-25

Weber Max Los fundamentos racionales y socioloacutegicos de la musica ln Economiay sociedad 7a

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1961Wisnik Jose Miguel O coro dos contraacuterios A muacutesica em tomo da Semana de 22

Satildeo Paulo Duas Cidades Secretaria de Cultura Ciecircncia e Tecnologia 1977 O som e o sentido Satildeo Paulo Companhia das Letras Ciacuterculo do Livro----

1989Zamacois Joaquim Temas de esteacutetica ~historia de la musica Barcelona

Editorial Labor 1986

Universidade do Rio de Janeiro Em 1937 a Lei 452 transformou a Universidade do Rio de Janeiro emUniversidade do Brasil e mudou o nome de Instituto Nacional de Muacutesica para Escola Nacional deMuacutesica Em 1961 com a mudanccedila da Capital Federal para Brasilia a Universidade do Brasil passoua ser designada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Escola Nacional de Muacutesica ficousendo chamada Escola de Muacutesica da Universidade Federal do Rio de Janeiro com base no DecretoshyLei nordm 53 de 18 de novembro de 1966

--- b) Da ProfissatildeoOs Cursos de Licenciatura estatildeo preparando professores para o ensino de ldeg e 2deg graus cujomercado de trabalho eacute bastante satisfatoacuterio O Curso de Graduaccedilatildeo forma profissionais habilitados aintegrar as orquestras das grandes cidades cujos quadros estatildeo sempre se renovando O Curso dePoacutes-Graduaccedilatildeo objetiva a formaccedilatildeo de professores de alta qualificaccedilatildeo profissional pesquisadores econcertistas que teratildeo condiccedilotildees de competir mesmo no exterior

32 - Curriacuteculo por Habiacutelitaccedilatildeo

Os Curriculos minimos dos Cursos Superiores de muacutesica compreendem as seguintes mateacuteriasMateacuterias Comuns a todos os Cursos - Esteacutetica Histoacuteria das Artes e Estudo dos Problemas BrasileirosMateacuterias Especificas dos Cursos - Curso de Instrumento Instrumento e Muacutesica de Cacircmera Curso deCanto Fisiologia da Voz Canto e Canto Coral Composiccedilatildeo e Regecircncia Harmonia SuperiorContraponto e Fuga Prosoacutedia Musical Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo Composiccedilatildeo (para oCompositor) e Regecircncia (para o Regente)

a)CEG06

CURSO PIANO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO ldeg - Creacuteditos 12MUPIOI - Piano IMUC 101 - Harmonia e Morfologia IMUMIOI - Transp e Acompanhamento ao Piano IFCS III - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integrada agrave Muacutesica

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2 - Creacuteditos IIMUP 102 - Piano IIMUC 102 - Harmonia e Morfologia IMUM I02- Transposiccedilatildeo e Acompanhamento ao piano IIMUT 192 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3deg - Creacuteditos IIMUP 20 I - Piano IIIMUC 20l - Harmonia e Morfologia III

168

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MUM 201 - Transp e Acompanhamento ao Piano IIIMUT 331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos IIMUP202 - Piano IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUM202 - Transp e Acompanhamento ao Piano IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 10MUP301- Piano VMUC301- Hannonia e Morfologia VM UT431- Histoacuteria da Muacutesica III

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos lOMUP302 - Piano VIMUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IV

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos lOMUP-40 1- Piano VIIMUC541 Esteacutetica Musical IMUM III - Muacutesica de Cagravemera I

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Sordm - Creacuteditos 10MUP402 - Piano VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUM 112 - Muacutesica de Cagravemera II

CONCLUSAO DO CURSO 100 CREDIlOS 85 BRIGATOacuteRIOSe 15 COMPLEMENTARES

CURSO OacuteRGAtildeO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEOUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO I - Creacuteditos IIMUPIII - Oacutergatildeo IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IFCSIII - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERIacuteO~O DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm _Creacuteditos lOMUPI12 - Orgatildeo II

MUTl 02 - Harmonia e Morfologia II

169

MUT 192 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3~ - Creacuteditos 10MUP211 - Oacutergatildeo IIIMUC201 - Hannoniacutea e Morfologia IIIMUT331 - Hiacutestoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4~ - Creacuteditos 10

MUP2J2 - Oacutergatildeo IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5~ - Creacuteditos 12MUP311 - Oacutergatildeo VMUC301 - Harmonia e Morfologia VMUT431 - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUC371 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo I

6 - PERIOacuteDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6~ - Creacuteditos 12MUP312 - Oacutergatildeo VIMUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo II

7 - PERIOacuteDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7~ - Creacuteditos 10MUP411 - Oacutergatildeo VIIMUC541- Esteacutetica Musical IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8~ - Creacuteditos 10MUP412 - Oacutergatildeo VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

CONCLUSAtildeO DO CURSO 100 CREacuteDITOS 85 OBRIGATOacuteRIOS E 15COMPLEMENTARES

CURSO COilPOSICcedilO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEacuteNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO I~ - Creacuteditos 8MUC 101 - Harmonia e Morfologia IMUTI21 - lIistoacuteria das Artes Integr a Muacutesica[FC II S - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva I

170

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FCSIII - Estudo de Problemas Brasileiros IMUPI21 - Piano B I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 7MUC I02 - Hannonia e Morfologia IIEFCI25 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IIMUT 192 - Estudo de Problemas Brasileiros IIIIUP 122 - Piano B II

3 - PERiacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 32bull - Creacuteditos 9MUC20 I - Hannonia e Morfologia IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica IMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUP221 - Piano B III

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 42 - Creacuteditos 10MUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Hist6ria da Muacutesica IIMUTI62 - Folclore Nacional Musical IIMUP222 - Piano B IVMUC III - Prosoacutedia Musical

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 15MUC30 I - Hannonia e Morfologia VM UT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUP32 I - Piano B VMUC351 - Contraponto I

MUC321 - Hannonia Superior I

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos ISMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUP322 - Piano B VIMUC352 - Contraponto IIMUC322 - Hannonia Superior II

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 72 _ Creacuteditos 14MUP421 - Piano B VII

MUC541 - Eseacutetica Musical I

MUC683 - Oficina de Composiccedilatildeo I

MUC371 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IMUC461 - Fuga I

8 - PERIacuteOODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 82bull _ Creacuteditos 14MUP422 - Piano B VIII

MUC542 - Esteacutetiea Musical II

MUC684 - Oficina de Composiccedilatildeo II

171

MUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IIMUC462 - Fuga II

9 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 9ordm - Creacuteditos 8MUC481 - Composiccedilatildeo IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

lO - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 10ordm - Creacuteditos 8MUC482 = Composiccedilatildeo IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

II - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO II ordm - Creacuteditos 6MUC581 - Composiccedilatildeo III

12 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 12ordm - Creacuteditos 6MUC582 - Composiccedilatildeo IV

13 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 13ordm - Creacuteditos 6MUC681 - Composiccedilatildeo V

14 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 14ordm - Creacuteditos 6MUC682 - Composiccedilatildeo VI

CONCLUSAtildeO DO CURSO 136 CREacuteDITOS 132 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

CURSO INSTRUMENTO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 14 - Instrumento IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IMUM 15 I - Praacutetica de Orq uestra IFCS III - Problemas Brasileiros IEFC 115 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERCODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento IIMUC 102 - Harmonia a Morfologia 11MUM 152 - Praacutetica de Orquestra IIMUTl92 - Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva 11

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 13

172

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- Instrumento IIIMUC201 - Hannonia e Morfologia IIIMUM251 - Praacutetica de Orquestra IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento IVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUM252 - Praacutetica de Orquestra IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VMUC30 I - Harmonia e Morfologia VM UT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUM351 - Praacutetica de Orquestra V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUM352 - Pratica de Orquestra VI

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIIMUC541 - Esteacutetica Musical IMUMIII - Muacutesica de Cacircmera IMUM451 - Pratica de Orquestra VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos 13 - Instrumento VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUMI 12 - Muacutesica de Cacircmera IIMUM452 - Praacutetica de Orquestra VIII

CONCLUSAtildeO DO CURSO 109 CREacuteDITOS 105 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

Compreendendo Instrumentos de Cordas - Violino Viola Violoncelo e Contrabaixo HarpaInstrumentos de Sopro - Flauta Oboeacute Clarineta Fagote Trompa Trompete e Trombone

CURSO CANTOCURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIAS

SEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 15MUVIOI - Canto I

173

MUCIOI - Hannonia e Morfologia IMUVlll- Dicccedilatildeo IFCSI I I - Estudo dos Problemas Brasileiros IEFCI 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTI21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave MuacutesicaMUT 171 - Fisiologia do Voz IMUPI21 - Piano B I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 14MUV 102 - CantoMUCI02 - Hannonia e MorfologiaMUVI 12 - DicccedilatildeoMUTI 92 - Estudo de Problemas BrasileirosEFCI25 - Educaccedilatildeo Fiacutesica DesportivaMUTI72 - Fisiologia da VozMUPI22 - Piano B II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 13MUV201 - Canto IIIMUC20 I - Hannonia e Morfologia IIIM UT33l - Histoacuteria da MuacutesicaMUV2l I - Dicccedilatildeo IIIMUP22l - Piano B II1

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 13MUV202 - Canto IVMUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da MuacutesicaMUV2l2 bull Dicccedilatildeo IVMUP222 - Piano B IV

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARlDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 14MUV30 I - Canto VMUC30l - Hannonia e Morfologia VMUM141 - Canto Coral IM UT431 - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUV 121- Declamaccedilatildeo Liacuterica IMUP321 - Piano B V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 14MUV302 - Canto VIMUC302 - Hannonia e Morfologia VIMUMI42 - Canto Coral IIMUT432 - Hist6ria da Muacutesica IVMUV122 - Declamaccedilatildeo LiacutericaMUP322 - Piano B VI

174

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7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos I I

MUV401 - Canto VIIMUC54l - Esteacutetica Musical IMUV22 I - Declamaccedilatildeo Liacuterica II IMUP421 - Piano B VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos II

MUV402 - Canto VIIIMUC542 - Esteacutetica MusicalMUV222 - Declamaccedilatildeo Liacuterica IVMUP422 - Piano B VIII

CONCLUSAtildeO DO CURSO 109 CREacuteDITOS 105 OBRIGATOacuteRIOS e 4COMPLEMENTARES

CURSO REGEcircNCIA

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 10MUC10l - Hannonia e Morfologia IMUTI2l - Histoacuteria das Artes Integr agrave MuacutesicaFCS I I I - Estudo de Problemas Brasileiros IEFCI 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUPI2l - Piano B IMUT 10 I - Percepccedilatildeo Musical I

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 9MUC 102 - Hannonia e Morfologia IIMUT I92 - Estudo de Problemas Brasileiros IIEFC125 - Educaccedilatildeo Fiacutesica DesportivaMUPI22 - Piano B IIMUTI 02 - Percepccedilatildeo Musical II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos IIMUC201 - Harmonia e Morfologia IIIMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica IMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUP221 - Piano BillMUT201 - Percepccedilatildeo Musical II1

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4ordm - Creacuteditos 12MUC202 - Hannonia e Morfologia IVMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica IIMUTI62 - Folclore Nacional MusicalMUCI I I - Prosoacutedia Musical

175

MUP222 - Piano B IVMUT202 - Percepccedilatildeo Musical IV

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creacuteditos 15MUC301 - Hannonia e Morfologia VMUT43 I - Histoacuteria da Muacutesica IIIMUC32 I - Harmonia Superior IMUC35 I - Contraponto IMUP32 I - Piano B V

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm - Creacuteditos 15MUC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUC322 - Hannonia Superior IIMUC352 - Contraponto IIMUP322 - Piano B VI

7 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - Creacuteditos I IMUC541 - Esteacutetica Musical IMUC37 I - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IMUC461 - Fuga IMUP42 I - Piano B VII

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - Creacuteditos I IMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUC372 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IIMUC462 - Fuga IIMUP422 - Piano B VIII

9 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 9ordm - Creacuteditos 8MUM42 I - Regecircncia IMUC471 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo III

10 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 10ordm - Creacuteditos 8MUM422 - Regecircncia IIMUC472 - Instrumentaccedilatildeo e Orquestraccedilatildeo IV

11 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO II ordm - Creacuteditos 6MUM52 I - Regecircncia III

12 - PERIacuteOODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 12ordm - CREacuteDITOS 6MUM522 - Regecircncia IV

13 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 13ordm - CREacuteDITOS 6MUM62 I - Regecircncia V

14 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 14ordm - CREacuteDITOS 6

176

-I(i(~(1((f((Ishy(fshy(f--(fshyifshy

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MUM622 - Regecircncia VI

CONCLUSAtildeO DO CURSO 142 CREacuteDITOS 134 OBRIGATOacuteRIOS e 8COMPLEMENTARES

CURSO VIOLAtildeO

CURRIacuteCULO PLENO DO CURSO - DISCIPLINAS OBRIGATOacuteRIASSEQUumlEcircNCIA CURRICULAR RECOMENDADA

I - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO Iordm - Creacuteditos 13MUAI03 - Violatildeo IMUCIOI - Harmonia e Morfologia IMUT IOI - Percepccedilatildeo Musical IFCS II I - Estudo de Problemas Brasileiros IEFC I 15 - Educaccedilatildeo Fiacutesica Desportiva IMUTl21 - Histoacuteria das Artes Integr agrave Muacutesica

2 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 2ordm - Creacuteditos 12MUA 104 - Violatildeo IIMUC I02 - Harmonia e Morfologia IIMUT I02 - Percepccedilatildeo Musical IIMUTl92 - Estudo de Problemas Brasileiros IIEFC 125 - Educaccedilatildeo Fisica Desportiva II

3 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 3ordm - Creacuteditos 12MUA203 - Violatildeo IIIMUC201 - Harmonia e Morfologia IIIMUTI61 - Folclore Nacional Musical IMUT331 - Histoacuteria da Muacutesica I

4 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 4 - Creacuteditos 12MUA204 - ViolatildeolVMUC202 - Harmonia e Morfologia IVMUTl62 - Folclore Nacional Musical IIMUT332 - Histoacuteria da Muacutesica II

5 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 5ordm - Creditos 12MUA303 - Violatildeo VMUC301 - Hannonia e Morfologia VMUT431 - Histoacuteria da Muacutesica lIacuteIMUT511 - Muacutesica Brasileira I

6 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 6ordm _ Creacuteditos 12MUA304 - Violatildeo VIMUacuteC302 - Harmonia e Morfologia VIMUT432 - Histoacuteria da Muacutesica IVMUT52 I - Muacutesica Brasileira II

177

179

DEPARTAMENTO 01

E00567 - Praacutetica de Ensino de Flauta IE00568 - Praacutetica de Ensino de Flauta IIE00569 - Praacutetica de Ensino de Fagote IE00570 - Praacutetica de Ensino de Fagote IIE0057 I - Praacutetica de Ensino de Clarineta IE00572 - Pratica de Ensino de Clarineta IIE00583 - Praacutetica de Ensino de Trompa IE00584 - Praacutetica de Ensino de Trompa IIE00585 - Praacutetica de Ensino de Trompete IE00586 - Praacutetica de Ensino de Trompete IIE00587 - Praacutetica de Ensino de Trombone IE00588 - Praacutetica de Ensino de Trombone IIE00589 - Praacutetica de Ensino de Oacutergatildeo IE00590 - Praacutetica de Ensino de Oacutergatildeo IIE00591 - Praacutetica de Ensino de Harpa IE00592 - Praacutetica de Ensino de Harpa IIE00593 - Praacutetica de Ensino de Composiccedilatildeo IE00594 - Praacutetica de Ensino de Composiccedilatildeo IIE00595 - Praacutetica de Ensino de Canto IE00596 - Praacutetica de Ensino de Canto IIE00587 - Praacutetica de Ensino de Regecircncia IE00598 - Praacutetica de Ensino de Regecircncia II

OacuteRGAtildeO I - O Oacutergatildeo sua disposiccedilatildeo geral Posiccedilatildeo individual do organista ao instrumento Haacutebito deleitura em trecircs ou mais pautar Sinais convencionais para a pedaleira Teacutecnica das matildeos e dos peacutes Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAtildeOIl- Oposiccedilatildeo cntre sons ligados e reparados A teacutecnica da pcdaleira aplicaccedilatildeo da ponta e docalcarhar incluindo a substituiccedilatildeo muda c sonora dos peacutes Estudo dirigido Repertoacuterio obriget6rioORGAO III - Da teacutecnica da pedaleira cruzamcnto e altemacircncia dos peacutes escalas maiores e mcnoresligadas e destacadas com aplicaccedilatildeo de ponta e do calcanhar Registros e acessoacuterios mecacircnicos Estudo~relirrinardos jogos Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioORGAO IV - De teacutecnica da pedaleira intervalos de segundas menores resvalando com a ponta do peacute(striciamento) Arpejos na pedaleira Movimentos em intervalos diversos e em ritmos diferentes dos~eacutes uridos aos manuais Jogos de Fundo Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioORG~ V - Da teacutecnica da pedaleira Pedais duplos triplos e quaacutedruplos Escolha dos Registros eacessonos mecacircnicos Estudo dos Jogos de Mutaccedilatildeo e de Palheta nos diferentes autores para oacutergatildeoEstudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterio

a)CEG03

33 - Ementas das Disciplinas

b) Disciplinas CompIementararesTodo Curso aleacutem das Disciplinas Obrigatoacuterias condiciona o aluno agrave realizaccedilatildeo de duas DisciplinasComplementares que variam de Curso para Curso e cuja relaccedilatildeo pode ser encontrada naUnidade

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EOS533 - Fundamentos Socioloacutegicos da EducaccedilatildeoEOH543 - Fundamentos Fisioloacutegicos EducaccedilatildeoEOA563 - Estrutura e Funcionamento do Ensino Iordm grauEOA564 - Estrutura e Funcionamento do Ensino 2ordm grauEOP526 - Psicologia da Educaccedilatildeo IEOP527 - Psicologia da Educaccedilatildeo IIE00573 - Didaacutetica IE00574 - Didaacutetica II

Dependendo da Licenciatura que o aluno esteja cursando deveraacute se inscrever para a praacutetica deensino especifica nas Disciplinas abaixo relacionadasE00515 - Praacutetica de Ensino de Muacutesica IE005 16 - Praacutetica de Ensino de Muacutesica IIE00551 - Praacutetica de Ensino de Iniciaccedilatildeo Musical IE00552 - Praacutetica de Ensino de Iniciaccedilatildeo Musical IIE00599 - Praacutetica de Ensino de Percussatildeo IE00600 - Praacutetica de Ensino de Percussatildeo IIE00553 - Praacutetica de Ensino Musical Especial IE00554 - Praacutetica de Ensino Musical Especial IIE00555 - Praacutetica de Ensino de Piano IE00556 - Praacutetica de Ensino de Piano IIE00557 - Praacutetica de Ensino de Violino IE00558 - Praacutetica de Ensino de Violino IIE00559 - Praacutetica de Ensino de Viola IE00560 - Praacutetica de Ensino de Viola IIE0056 I - Praacutetica de Ensino de Violoncelo IE00562 - Praacutetica de Ensino de Violoncelo IIE00563 - Praacutetica de Ensino de Contrabaixo IE00564 - Praacutetica de Ensino de Contrabaixo IIE00565 - Praacutetica de Ensino de Oboeacute IE00566 - Praacutetica de Ensino de Oboeacute II

PLANO CURRICULAR DA FORMACcedilAtildeO PEDAGOacuteGICAPARA O ALUNO DE LICENCIATURA

8 - PERIacuteODO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 8ordm - CREacuteDITOS lOMUA404 - Violatildeo VIIIMUC542 - Esteacutetica Musical IIMUM2I2 - Muacutesica de Cacircmera IICONCLUSAO DO CURSO 105 CREacuteDITOS 93 OBRIGATOacuteRIOS e 12COMPLEMENTARES

7 - PERiacuteoDO DE ESCOLARIDADE RECOMENDADO 7ordm - CREacuteDITOS 10MUA403 - Violatildeo VIIMUC54I - Esteacutetica Musical IMUM I I I - Muacutesica de Cacircmera I

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OacuteRGAtildeO VI - Da teacutecnica da pedaleira o trinado na pedaleira Tipos de oacutergatildeos Utilizaccedilatildeo de todos osJogos Combinaccedilotildees Livres Fixas e Ajustaacuteveis Diferentes eacutepocas do Oacutergatildeo Harmonizaccedilatildeo de umBaixo Dado Coral Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAtildeO VII - Da teacutecnica da pedaleira Escalas em oitavas Recursos dos diversos oacutergatildeos eletrocircnicosTodos os Jogos do Oacutergatildeo Caixas expressivas e registros acessoacuterios mecacircnicos Obras organiacutesticasseus autores Harmonizaccedilatildeo de um Baixo Dado em forma de Coral Repertoacuterio obrigatoacuterioOacuteRGAO VIll - Da teacutecnica da pedaleira Mecanismo transcendente da pedaleira O Oacutergatildeo comoinstrumento solista e como acompanhante Estilo e interpretaccedilatildeo Virtuosismo Improvisaccedilatildeo sobreum tema dado Estudo dirigido Repertoacuterio obrigatoacuterio Pesquisa artiacutesticaPIANO I - Diagnoacutestico e correccedilatildeo de falhas da teacutecnica pianiacutestica Desenvolvimento dos elementosbaacutesicos na execuccedilatildeo polifocircnica Fundamentos histoacutericos e esteacuteticos da muacutesica - o ritmo das danccedilas SuiteFrancesa Conhecimento e interpretaccedilatildeo de obras do repertoacuterio internaciacuteonal os claacutessicos e romacircnticosPIANO II - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos pianisticos baacutesicos exerciacutecios e estudos apropriadosDesenvolvimento em nivel superiacuteor da habilidade poilifocircnica Preluacutedio e Fuga a duas vozesAs grandes formas sonata claacutessica - conhecimentos formais como apoio da interpretaccedilatildeo Muacutesicabrasileira com caracteristicas nacionalistas ritmo e melodiaPIANO III - Ampliaccedilatildeo e aprofundamento dos elementos teacutecnicos pianiacutesticos com vistas aovirtuosismo estudos e repertoacuterio apropriado A muacutesica polifocircnica a duas e trecircs vozes a FugaAs tocatas de J S Bach aplicaccedilatildeo dos conhecimentos polifocircnicos Obras representativas do repertoacuteriointernacional- Escolas nacionalistas e suas caracteristicasPIANO IV - Os Estudos de Chopin teacutecnica avanccedilada aplicada As Fugas a trecircs ou mais vozes oconhecimento formal como apoio da interpretaccedilatildeo As grandes formas a Sonata claacutessica os concertospreacute-claacutessicos e claacutessicos para piano e orquestra Muacutesica brasileira de caracteriacutesticas folcloacuterica e popularPIANO V - O virtuosismo e os grandes estudos romacircnticos Aprofundamento dos elementos daexecuccedilatildeo polifocircnica e as Fugas de J S Bach Articulaccedilatildeo fraseado e dinacircmica das partesProsseguimento das estudas das Suites de danccedilas A Partita As principais correntes da muacutesicamodema internacional conhecimento e interpretaccedilatildeo de obras representativasPIANO VI - Os estudos de compositores brasileiros - teacutecnica e esteacutetica inerentes A Fuga a cinco vozesde J S Bach A Sonata romacircntica e suas inovaccedilotildees formais ampliaccedilatildeo de conhecimentos teacutecnicosesteacuteticos e interpretaccedilatildeo Muacutesica brasileira Suite Sonatinas Sonatas e outras grandes formasPIANO VII- Estudos modernos novas caracteriacutesticas teacutecnica e esteacutetica A execuccedilatildeo de obra polifocircnicado repertoacuterio pianiacutestico Suites e danccedilas - a Suite Inglesa - aplicaccedilatildeo dos conhecimentos polifocircnicosteacutecnicos esteacuteticos e formais em sua totalidade Muacutesica contemporacircnea e sua grafia conhccimento einterpretaccedilatildeo de obras do repertoacuterio internacionalPIANO VIll - Grandes estudos de concertos em todos os estilos A pcsquisa na interpretaccedilatildeopolifocircnica das obras do repertoacuterio A muacutesica contcmporacircnea c as novas grafias conhecimento einterpretaccedilatildeo do repertoacuterio nacional As grandes formas sonata moderna concerto para piano eorquestra romacircntico ou moderno

Disciplinas Complementares B

OacuteRGAtildeO B I - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeo individual ao instrumentoPratica da leitura em trecircs pautas Os sinais convencionais da pedaleira Estudos baacutesicossobre o toque organistico

OacuteRGAtildeO B II - Sons ligados e destacados das matildeos A teacutecnica elementar da pedaleira Noccedilotildees sobreregistros e jogos

180

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OacuteRGAtildeO B III - Estudos elementares do cruzamento e alternacircncia dos peacutes Escalas maiores ligadasexecutadas na pedaleira Iniciaccedilatildeo ao estudo dos registros e acessoacuterios mecacircnicos Estudos da dinacircmica

nas peccedilas do repertoacuterioOacuteRGAtildeO B IV - Execuccedilatildeo dos intervalos na pedaleira A simultaneidade na execuccedilatildeo de ritmosdiferentes nas matildeos e nos peacutes Estudos elementares dos jogos de fundo Noccedilotildees baacutesicas de

acompanhamentoOacuteRGatildeO B V - Pedais duplos e sua aplicaccedilatildeo A praacutetica dos registros e acess6rios mecacircnicos Estudoelementar dos jogos de mutaccedilatildeo Estudo dos diferentes autores para oacutergatildeo O fraseado na interpretaccedilatildeo

de pequenas peccedilasOacuteRGAO B VI - Noccedilotildees de pedais duplos e triplos e sua aplicaccedilatildeo Noccedilotildees baacutesicas de registraccedilatildeoEstudo elementar dos jogos de palheta Tipos diversos de oacutergatildeo e principais construtores e cultoresHarmonizaccedilatildeo de Baixos Dados cifradosPIANO B I - O piano e ruas caracteriacutesticas Adaptaccedilatildeo individual ao instrumento Teacutecnica dos cincodedos objetivando o desenvolvimento das respectivas articulaccedilotildees e flexibilidade muscular Execuccedilatildeode estudos eou peccedilas do programaPIANO B II - Conhecimento da terminologia e sinais graacuteficos utilizados na muacutesica para pianoImportacircncia e desenvolvimento da passagem do polegar exerciacutecios especiacuteficos Dedilhadosfundamentais - escalas e arpejos Exerciacutecios objetivando a independecircncia das matildeos Noccedilotildees sobre oemprego dos pedais Executar estudos e peccedilas do repertoacuterioPIANO Bill - Variaccedilotildees ritmicas com vistas agrave aquisiccedilatildeo de um maior senso meacutetrico O toque legatoNoccedilotildees e importacircncia do fraseado musical Emprego dos pedais e consequumlente independecircncia demovimentos Introduccedilatildeo agrave polifonia exerciacutecios especiacuteficos Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas doprogramaPIANO B IV - Exerciacutecios de acordes visando a um maior fortalecimento de arcada da matildeo Fundamentoshistoacutericos e esteacuteticos da muacutesica Dinacircmica Agoacutegica Aplicaccedilatildeo desses elementos empeccedilas eouestudos constantes do programaPIANO B V - Os diversos tipos de toque Aplicaccedilatildeo das diferentes modalidades de pedalConhecimento e interpretaccedilatildeo de muacutesica brasileira de caraacuteter folcloacuterico e popular Pesquisa da qualidadedo som o cantabile Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VI - Desenvolvimento dos elementos baacutesicos na execuccedilatildeo polifocircnica a duas vozes Ampliaccedilatildeodos elementos interpretativos estilo Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VII - Noccedilotildees sobre notas duplas dedilhado Conhecimento e interpretaccedilatildeo da muacutesicamodema internacional Desenvolvimento dos estudos teacutecnicos jaacute realizados Execuccedilatildeo de estudos eou peccedilas constantes do programaPIANO B VIlI - Ampliaccedilatildeo dos elementos teacutecnicos pianiacutesticos Exerciacutecios de velocidade As invenccedilotildeesa duas vozcs Introduccedilatildeo agrave poli fonia a trecircs partes Excrcicios especificos A Sonataclassica - execuccedilatildeode um movimento Execuccedilatildeo de estudos cou peccedilas constantes do programa

DEPARTAMENTO 02

HARMONIA E MORFOLOGIA I - Hannonia a 4 partes As cadecircncias e as marchas hannocircnicas Osacordes dissonantes naturais e suas resoluccedilotildees A cifragem do Baixo Dado Anaacutelise de trechos harmonizadosHARMONIA E MORFOLOGIA II - A modulaccedilatildeo aos tons vizinhos Os acordes de 7ordf dissonanteartificial e suas resoluccedilotildees Notas meloacutedicas As marchas modulantes O discurso musical seuparalelismo com o literaacuterio As pequenas formas binaacuterias e ternaacuteriasHARMONIA E MORFOLOGIA III - Canto Dado unitocircnico e modulante Notas meloacutedicas Osretardos nos acordes de 3 4 e 5 sons Os vaacuterios tipos de imitaccedilatildeo As alteraccedilotildees natildeo artificiais nos

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acordes de 3 e 4 sons Invenccedilotildees a duas c trecircs vozes de J S Bach A Suite de fonna claacutessica e suascaracteriacutesticas fonnaisHARMONIA E MORFOLOG IA IV - Alteraccedilotildees artificiais nos acordes de 3 4 e 5 sons A modulaccedilatildeoa tons afastados e seus diversos tipos O pedal e seus tipos Anaacutelise dos Preluacutedios e Fugas de J S BachHARMONIA E MORFOLOG IA V - O Canto e Baixo Alternados A variaccedilatildeo Organizaccedilatildeo fonnaldos movimentos da Sonata Claacutessica Hannonia Instrumental Introduccedilatildeo agrave sonata de Haydn e MozartHARMONIA E MORFOLOGIA VI - A Hannonia Instrumental A Orquestra Os valores esteacuteticosda expressatildeo instrumental Organizaccedilatildeo fonnal dos movimentos da Sonata Claacutessica Sonata deBeethoven A Sonata ciclicaPROSOacuteDIA MUSICAL - Combinaccedilatildeo das formas e siacutelabas poeacuteticas com os sons musicaisDesenvolvimento progressivo das etapas quanto as dificuldades Estudos sobre a conservaccedilatildeo dos acentostoacutenicos relacionada com os acentos meacutetricos e expressivos do texto Estudo sobre repeticcedilotildees adequadasHARMONIA SUPERIOR I - A realizaccedilatildeo de Cantos e Baixos cifrados de J S Bach Alteraccedilotildees nosdiversos processos de modulaccedilatildeo por enannonia A hannonia com emprego de acordes de 7a 9a I lae 13a em todos os graus da escalaHARMONIA SUPERIOR II - Peccedilas de autores consagrados cuja melodia eacute aproveitada emhannonizaccedilotildees para instrumentos de corda sopro e cantoCONTRAPONTO I - Contraponto caracteriacutestica e objetivos de seu estudo As diversas espeacutecies decontraponto Contraponto simples a duas trecircs e quatro partes na Ia 2a 3a e 4a espeacutecies Contrapontomisto e floridoCONTRAPONTO II - Imitaccedilotildees Contraponto florido a 5 6 7 c 8 partes Duplo Coro Contrapontoinvertiacutevel a 8a Noccedilotildees gerais sobre Contraponto invertivel a intervalo maior que uma oitava Noccedilotildeesgerais de Contraponto triplo e quaacutedruploFUGA I - Fuga acadecircmica escolar vocal Sujeito Resposta real Contrasujeito Exposiccedilatildeo e contrashyexposiccedilatildeo Desenvolvimento Divertimento Slrelto Pedal Exame c criacutetiacuteca de Fugas de diverosos autoresFUGA II - Praacutetica de Fuga Tonal (vocal e instrumental) Fuga cromaacutetica A Fuga na composiccedilatildeo polifocircnicaINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACcedilAtildeO I - Conhecimento dos instrumentos da OrquestraSinfoacutenica e da Banda e seu relacionamento global em funccedilatildeo da partituraINSTRUMENTACcedilAtildeO E OROUESTRACcedilAtildeO II - Estudo aprofundado dos 3 naipes da OrquestraSinfocircniacuteca e da Percussatildeo com seus problemas especiacuteticos e no que se relaciona com o trabalho orquestralINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACAtildeO III - Os planos orquestrais e afmidades de timbresequiliacutebrio e contraste A voz humana e sua integraccedilatildeo na orquestraINSTRUMENTACcedilAtildeO E ORQUESTRACcedilAtildeO IV - Muacutesica polifocircnica Destaque meloacutedico com ousem fundo hannocircnico Coro instrumentos raros ou natildeo habituais seu tratamento na orquestraccedilatildeoESTEacuteTICA I - Principais correntes esteacutetico-musicais Caracteristicas esteacuteticas do Barroco do Classicismodo Romantismo do Expressionismo O plano formal do Concerto da Sintonia e da AberturaESTEacuteTICA II - As caracteriacutesticas esteacuteticas da musica intermediaacuteria e da muacutesica dramaacutetica A musicabrasileira - anaacutelise de obras As musicas concreta elctroacutenica aleatoacuteria e outras concepccedilotildees esteacuteticasda musica atualOFICINA DE COMPOSiCcedilAtildeO I (Requisito Curricular Suplementar - RCS) - Pesquisa c praacuteticacomposicional com os elementos fundamentais da muacutesica Introduccedilatildeo agrave improvisaccedilatildeo instrumental evocal individual e coletiva O desenvolvimento da ideacuteia musical Novas perspectivas da grafia musicalOFICINA DE COMPOSICcedilAtildeO II (Requisito Curricular Suplemcntar - RCS) -Improvisaccedilatildeo vocal einstrumental individual e coletiva Aplicaccedilatildeo da grafia atual nos exercicios de criatividade Praacutetica depequenas formas e composiccedilotildees livresCOMPOSICcedilAtildeO I - Estudo teoacuterico e praacutetico da Melodia Linguagem musical do barroco ao classicismoPequenas fonnas Suite Perspcctivas da muacutesica livre

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COMPOSiCcedilAtildeO II - Estudo teoacuterico e praacutetico da Melodia acompanhada Linguagem musical doromantismo pratica politonal introduccedilatildeo ao serialismo dodecafonismoCOMPOSICcedilAO III - Estudo teoacuterico e praacutetico da linguagem musical impressionista muacutesica para trecircsquatro ou cinco instrumentos Da sonata ao quinteto Muacutesica de Cacircmera em geral Reduccedilatildeo departituras orquestraisCOMPOSICcedilAO IV - Abertura Sinfonia Grafia musical contemporacircnea - Reduccedilatildeo de partiturasCOMPOSICcedilAO V - Poema Sinfocircnico Aproveitamento do Folclore Muacutesica Nacional Muacutesica IncidentalCOMPOSICAO VI - Cantata Oratoacuterio Bailado Oacutepera

DEPARTAMENTO 03

VIOLINO I - Desenvolvimento da teacutecnica geral da matildeo esquerda e do estudo dos golpes de arcofundamentais derivados e mistos Processos para o aperfeiccediloamento do vibrato Estudos e peccedilasConcertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLINO II - Estudo da teacutecnica geral do arco e da matildeo esquerda Coloridos agoacutegicos e dinacircmicosDedilhados teacutecnicos e artiacutesticos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autores brasileiros e estrangeiacuterosPraacutetica de execuccedilatildeo com acompanhamento de piano Concerto ou sonatas de autores claacutessicosVIOLINO III - A pratica dos vaacuterios golpes de arco Cordas duplas em geral Trinados simples eduplos Sons hannocircnicos simples e duplos As transcriccedilotildees para violino das sonatas de J S BachEstudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLINO IV - Desenvolvimento da praacutetica dos vaacuterios golpes de arco e da pratica da matildeo esquerdaEfeitos de sonoridade Sons hannocircnicos simples e duplos Interpretaccedilatildeo e anaacutelise de peccedilas de autoresbrasileiros e estrangeiros Concertos e sonatas de autores claacutessicos e romacircnticosVIOLINO V - Pratica de ornamentos Teacutecnica do Pizzicato em geral Portamentos PolifoniaConcertas e Sonatas de autores claacutessicos romacircnticos e contemporacircneos Estudos e peccedilasVIOLINO VI - Golpes de arco transcendentais Praacutetica de escalas exoacuteticas e cromaacuteticas Estudobaacutesico da dinacircmica Interpretaccedilatildeo e anaacutelise de estudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autoresromacircnticos e contemporacircneosVIOLINO VII - Teacutecnica transcendental do arco e da matildeo esquerda Os estilos conhecimentos e suaaplicaccedilatildeo na interpretaccedilatildeo Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas de autores nacionais e estrangeirosConcertos e Sonatas de autores romacircnticos e contemporacircneosVIOLINO VIII - Das principais escolas de violino e seus mais importantes representantes Histoacuteriado violino seus construtores e principais cultores Praacutetica soliacutestica e em conjuntoVIOLA I - Desenvolvimento da teacutecnica geral da matildeo esquerda e do estudo dos golpes de arcofundamentais derivados e mistos Processos para o aperfeiccediloamento do vibra to Estudos e peccedilasConcertos e Sonatas de autores claacutessicosVIOLA 11- Estlido da teacutecnica geral do arco e da matildeo esquerda Coloridos agoacutegicos e dinacircmicasDedIlhados teacutecnicos e artisticos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autores brasileiros e estrangeirosPraacutetica de execuccedilatildeo com acompanhamento de piano Concertos e Sonata de autores claacutessicosVIOLA III - A praacutetica dos vaacuterios golpes de arco Cordas duplas em geral Trinados simples e duplosSons hannocircnicos simples e duplos As transcriccedilotildees para viola das sonatas de 1 S Bach Estudos epeccedilas Concertos e Sonatas de autores claacutessicosVICgtLA IV - Desenvolvimento da praacutetica dos vaacuterios golpes de arco e da praacutetica da matildeo esquerdaEfeItos de sonoridade Sons hannocircnicos simples e duplos Interpretaccedilatildeo e analise de peccedilas de autoresbraSIleIros e estrangeiros Concertas e Sonatas de autores claacutessicos e romacircnticosVIOLA V - Praacutetica de ornamentos Teacutecnica do Pizzicato em geral Portamentos Polifonia Concertose Sonatas de autore I s c asslcos romantlcos e contemporaneos Estudos e peccedilas

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VIOLA VI - Golpes de arco transcendentais Estudo baacutesico da dinacircmica Interpretaccedilatildeo e anaacutelise deestudos e peccedilas Concertos e Sonatas de autores romacircnticos e contempor~neos VIOLA VII - Teacutecnica transcendental de arco e da matildeo esquerda Os estIlos conhecImentos e suaaplicaccedilatildeo na interpretaccedilatildeo Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas de autoras nacionais e estrangeirosConcertas e Sonatas de autores romacircnticos e contemporacircneosVIOLA VIII - Das principais escolas de viola e seus mais importantes representantes Histoacuteria daviola seus construtores e principais cultores Praacutetica solistica e em conjunto VIOLONCELO I -Independecircncia das matildeos na teacutecnica do arco e da matildeo esquerda estudos espeClficosTrinados simples e duplos Cordas duplas Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas do repertoacuterio em solo oucom acompanhamento de piano VIOLONCELO II - Estudo da teacutecnica geral da matildeo esquerda Praacutetica intensiva de leItura a pnmelravista Cordas duplas e estudos especiacuteficos Praacutetica dos golpes de arco destacado ligado martelado eseu emprego em arcadas mistas Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas do repertoacuterio VIOLONCELO III - Estudo do trinado e do vibrato Pesquisa sonora estudos especlficos Estudodos hannocircnicos no braccedilo do violoncelo Desenvolvimento do estudo de golpe de arco saltado e seusderivados Estudos e peccedilas do repertoacuterioVIOLONCELO IV - Estudo especifico do Demancheacute leveza velocidade e precisatildeo Estudo doPizzicato em ambas as matildeos Estudos e peccedilas do repertoacuterio anaacutelise e interpretaccedilatildeoVIOLONCELO V - Estudo detalhado das escalas maiores e menores cromaacuteticas e por tons inteirosExerciacutecios para o deslocamento do polegar esquerdo sobre as cordas a partir da 7a posiccedilatildeo Coloridodinacircmico Posiccedilotildees fixas e encadeadas Estudos e peccedilas do repertoacuterio VIOLONCELO VI - Estudo das extensotildees irregulares Estudo detalhado dos arpeJos em geralEstudo do Spicato Dos vaacuterios modos de utilizaccedilatildeo do arco na modificaccedilatildeo de timbres Escalas comhannocircnicos naturais e artificiais Estudos e peccedilas do repert6rioVIOLONCELO VII- Sistematizaccedilatildeo do estudo O Gettato definiccedilatildeo e estudo Da inflexatildeo expressivaFraseado Estudo e peccedilas do repertoacuterioVIOLONCELO VIII - Dos acentos meacutetrico ritmico e expressivo O dedilhado e seu emprego em funccedilatildeoda esteacutetica musical O rubato Interpretaccedilatildeo a expressatildeo musical e o estilo Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO I - Teacutecnica da matildeo esquerda e do arco estudos especiacuteficos Produccedilatildeo do somafinaccedilatildeo Posiccedilotildees fixas e alternadas O destacado e seus derivados Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO II - Teacutecnica aplicada As diferentes arcadas ligada destacada e mIsta O golpemartelado e seus derivados Posiccedilotildees fixas e encadeadas Coordenaccedilatildeo dos movimentos Estudos epeccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO III - O golpe saltitado e seus derivados Vibrato processo de estudo e seudesenvolvimento Efeitos sonoros Colorido dinacircmico Sons hannocircnicos Ritmo e pronunciaccedilatildeo doarco Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO IV - Prosoacutedia superior do arco Pesquisas do dedilhado Portamcnto dos sonsTrinados Ornamentos Mecanismo especiacutefico do instrumento A teacutecnica do Pizzicato coma matildeodireita c alternado Cordas duplas c acordes Praacutetica solistaCONTRABAIXO V - Dedilhados especificos das cordas duplas nas escalas diatocircnicas cromaacuteticas chexatocircnicas Cordas duplas alternadas Teoria dos movimentos relacionados com a teacutecnica geral docontrabaixo e sua aplicaccedilatildeo Estudos e peccedilas do repertoacuterioCONTRABAIXO VI - Teacutecnica da matildeo esquerda Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos estudos e peccedilas dorepertoacuterio Estudos avanccedilados da teacutecnica contrabaixista Os diversos estilos e gecircneros musicais Ateacutecnica e a expresso

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CONTRABAIXO VII - As escolas do Contrabaixo e seus principais representantes A importacircnciado contrabaixo na orquestra Histoacuteria do contrabaixo seus construtores e principais cultores Praacuteticasoliacutestica e em conjuntoCONTRABAIXO VIII - Memorizaccedilatildeo Repertoacuterios claacutessico romacircntico e contemporacircneo Prosoacutediatranscendental do arco Praacutetica solistica e execuccedilatildeo comentada Execuccedilatildeo em conjuntoHARPA I - Anaacutelise da posiccedilatildeo harpistica das diferentes articulaccedilotildees dos dedos da importacircncia doulso e do braccedilo Teacutecnica das escalas arpejos e glissando Estudos e peccedilas do repertoacuterio~ARPA II - Estudos de escalas e arpejos Pedais diagrama e aplicaccedilatildeo Dos sons hannocircnicos Ateacutecnica e a sonoridade Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA III - Fraseado Da expressatildeo Da execuccedilatildeo legato e stacatto Da articulaccedilatildeo e independecircnciados dedos Polirritmia Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA IV - O cruzamento das matildeos na execuccedilatildeo Trinado e trecircmulo Escalas em matildeos alternadasdiatocircnicas e com notas enarmonizadas A importacircncia da enarmonia na harpa Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA V - Hannocircnicos simples nas duas matildeos Hannocircnicos duplos a triplos com a matildeo esquerdaTeoria dos dedilhados e sua aplicaccedilatildeo praacutetica Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA VI - Efeitos especiais da harpa com som de timpanos e glissando com a unha grafia espacialTeacutecnica transcendental dos arpejos e intervalos Estudos e peccedilas do repertoacuterioHARPA VII - Da teacutecnica de execuccedilatildeo da harpa em conjunto Sintese do estudo da posiccedilatildeo individualdo instrumento Anaacutelise e estudo do fraseado de peccedilas do repertoacuterioHARPA VIII - Interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos diferentes estilos musicais claacutessico romacircntico modernoe contemporacircneo Repertoacuterio harpistico e peccedilas pianisticas de compositores brasileiros e estrangeirosadaptados para a harpa Duos trios e quartetosVIOLAtildeO I - Introduccedilatildeo e conhecimento dos princiacutepios baacutesicos da teacutecnica posiccedilatildeo do instrumentistaIniciaccedilatildeo ao estudo do repertoacuterio do alauacutede e vilhuela como precurssores do violatildeoVIOLAtildeO II - Desenvolvimento das matildeos direita e esquerda independecircncia de suar pulsaccedilotildees Estudodo repertoacuterio didaacutetico de transcriccedilotildees de alauacutede e vilhuelaVIOLAtildeO III - Problemas relativos agrave leitura e agrave capacidade de concentraccedilatildeo Desenvolvimento dorepertoacuterio e interpretaccedilatildeo das primeiras suites barrocas para alauacutede vilhuela ou violino Praacutetica demuacutesica de cacircmera em duos com voz ou flautaVIOLAtildeO IV - Teacutecnica da digitaccedilatildeo e sua pratica em funccedilatildeo do estilo Elementos de teacutecnica superiorcom aprendizado das obras dos grandes virtuoses e das transcriccedilotildees das obras de piano Praacutetica demuacutesica de cacircmera com instrumentos de corda

VIOLAtildeO V - Conhecimento da evoluccedilatildeo histoacuterica da teacutecnica violonistica Interpretaccedilatildeo da obra de JS Bach escrita originalmente para violoncelo e alauacutedeVIOLAtildeO VI - Conhecimento da grafia simbologia e efeitos sonoros da muacutesica contemporacircnea ecompreendo do seu desempenho teacutecnico Estudos de alta virtuosidadeVIOLAO VI I - Desenvolvimento da teacutecnica objetivando a ampliaccedilatildeo do volume sonoro do instrumentoo violatildeo como instrumento solista de orquestra Conhecimento completo da obra de Villa-Lobos e dosdiferentes estilos de muacutesica contemporacircnea Repertoacuterio para recitaisVIOLAtildeO VIII - Desenvolvimento da teacutecnica necessaacuteria agrave resoluccedilatildeo dos problemas relativos agrave reaccedilacircoacuacutestica em salas de concerto e estuacutedios de gravaccedilatildeo A utilizaccedilatildeo do violatildeo na muacutesica contemporacircneaCapacidade para revisatildeo de obras modernas

Disciplinas Complementares B

INSTRUMENTO B ARCO I (VIOLINO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeoindividual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio com acompanhamentode piano

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INSTRUMENTO B ARCO II (CONTRABAIXO) - Do arco divisatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealternadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (CONTRABAIXO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacadomartelado saltado e suas combinaccedilotildees Igualdade riacutetmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem decordas em sons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (CONTRABAIXO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibradosons harmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e quatro sons Trinado Pizzicato PortamentoINSTRUMENTO B ARCO V (CONTRABAIXO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notasduplas Pronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudose peccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (CONTRABAIXO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principaissolos do repertoacuterio sinfoacutenico e operiacutestico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e ConjuntosINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS I (HARPA) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeogeral A posiccedilatildeo individual ao instrumento Articulaccedilatildeo dos dedos exerciacutecios especiacuteficos Escala deDoacute Maior glissando do polegar e do quarto dedo Realizaccedilatildeo de arpejos com trecircs dedosINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS II (HARPA) - Realizaccedilatildeo de arpejos com trecircs equatro dedos com matildeos alternadas A execuccedilatildeo de terccedilas sextas oitavas e graus conjuntosexerciacutecios especiacuteficos A pratica dos pedais nas escalas e arpejos em diversos tonsINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS III (HARPA) - A problemaacutetica da afinaccedilatildeo Execuccedilatildeode acordes e arpejos de trecircs e quatro sons de legato e staccatto Efeitos sonoros peculiares Noccedilotildeesgerais a respeito da histoacuteria da harpa Estudos e peccedilas do repertoacuterioINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS IV (HARPA) - Novas teacutecnicas para obtenccedilatildeo deefeitos sonoros Intervalos As diversas maneiras de execuccedilatildeo de glissando simples e duplo e dotrinado simples

INSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS V (HARPA) - O fraseado Efeitos especiais daexecuccedilatildeo harpiacutestica A afinaccedilatildeo para orquestra A execuccedilatildeo de acordes e arpejos de 7aINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS VI (HARPA) - A teacutecnica aplicada em estudos epeccedilas Efeitos especiais de execuccedilatildeo na harpa A execuccedilatildeo dos arpejos e acordes em suas diversasmodalidades Os principais solos do repertoacuterio sinfoacutenico e operiacutesticoINSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS I (VIOLAtildeO) - Rudimentos de teacutecnica Conhecimentoda posiccedilatildeo das matildeos e aprendizado das notas Estudos elementaresI~ST~UMENTO B CORDAS DEDILHADAS II (VIOLAtildeO) - Escala de uma oitava e arpejosSImplIficados pequenas melodias brasileiras

INSTRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS III (VIOLAtildeO) - Escala de duas oitavas LigadosAcordes Encadeamento de acordes Estudos simples (formando som)INSRUMENTO B CORDAS DEDILHADAS IV (VIOLAtildeO) - Independecircncia do polegar da matildeodIreita Arpeio I d - s e esca as e tres oItavas Pequenas peccedilas da Renascenccedila Noccedilotildees de acompanhamentode musica brasileira

IN~TRUME~Tltgt ~ CORDAS DEDILHADAS V (VIOLAtildeO) - Teacutecnica de independecircncia das matildeos eagIl](ladedamao dIreIta Noccedilotildees do repertoacuterio modemo Pequenas peccedilas de autores nacionais e internacionaisINSTRUMENTO B CORDAS DEDI - _ LHADAS VI (VIOLAOI - Introduccedilao a problematlca detran~cnccediloes ConhecImento da histoacuteria do violatildeo atraveacutes do repertoacuterio Peccedilas barrocas originalmenteescntas para alauacutede e vilhuela Estudos

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INSTRUMENTO B ARCO II (VIOLINO) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealtemadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (VIOLINO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacado marteladosaltado e suas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem de cordas emsons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLINO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibrado sonsharmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e de quatro sons Trinados Pizzicato PortamentosINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLINO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notas duplasPronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudos epeccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLINO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principais solos dorepertoacuterio sinfotildenico e operistico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I(VIOLA) -Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral A posiccedilatildeo individualao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO II (VIOLA) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeo sobre ascordas Articulaccedilotildees e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixas ealternadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO B ARCO III (VIOLA) - Estudo dos golpes de arco ligado martelado saltado esuas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem de cordas em sons ligadose sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLA) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico som vibrado sonsharmoacutenicos em geral Cordas duplas Acordes de trecircs e quatro sons TrinadosINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLA) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notas duplasPronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacutenica e cromaacutetica Estudos epeccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLA) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principais solos dorepertoacuterio sinfoacutenico e operiacutestico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I (VIOLONCELO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geral Aposiccedilatildeo individual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio comacompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO II (VIOLONCELO) - Do arco divisatildeo posiccedilatildeo e mudanccedila de direccedilatildeosobre as cordas Articulaccedilatildeo e movimentos relacionados com a teacutecnica da matildeo esquerda posiccedilotildees fixase altemadas Mecanismo coordenaccedilatildeo de movimentos Estudos baacutesicos e peccedilas elementares do repertoacuterioINSTRUMENTO BARCO 111 (VIOLONCELO) - Estudo dos golpes de arco ligado destacadomartelado saltado e suas combinaccedilotildees Igualdade ritmica dos dedos da matildeo esquerda Passagem decordas em sons ligados e sons articulados Estudos progressivosINSTRUMENTO B ARCO IV (VIOLONCELO) - Efeitos sonoros colorido dinacircmico Som vibradosons harmoacutenicos em geral Cordasduplas Acordes de trecircs e de quatro sons Trinados Pizzicato PortamentoINSTRUMENTO B ARCO V (VIOLONCELO) - A utilizaccedilatildeo do dedilhado na execuccedilatildeo de notasduplas Pronuacutencia e prosoacutedia do arco O fraseado Teacutecnicas diatoacutenica hexatoacuteniacuteca e cromaacutetica Estudose peccedilas com acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B ARCO VI (VIOLONCELO) - A teacutecnica aplicada Estudos e peccedilas Principaissolos do repertoacuterio sinfoacutenico e operistico Peccedilas com acompanhamento de piano Duos e conjuntosINSTRUMENTO B ARCO I (CONTRABAIXO) - Noccedilotildees sobre o instrumento disposiccedilatildeo geralA posiccedilatildeo individual ao instrumento Estudos Mecanismos especiais Peccedilas do repertoacuterio comacompanhamento de piano

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DEPARTAMENTO OS

seitas afro-brasileiras A muacutesica folcloacuterica em festas do catolieismo popular A muacutesica folcloacuterica napoesia popular do Brasil em diferentes aacutereas culturaisFOLCLORE NACIONAL MUSICAL II - Etnomusicologia Processos de aculturaccedilatildeo Muacutesicafolcloacuterica no Brasil Autos populares no Brasil Folclore na muacutesica artistica brasileiraESTUDO DE PROBLEMAS BRASILEIROS I - Panorama geral da realidade brasileira ProblemasMorfoloacutegicos (estruturas econocircmicas) Anaacutelise do sistema econocircmico brasileiro Problemas doDesenvolvimento Econocircmico

ESTUDO DE PROBLEMAS BRASILEIROS II - Problemas soacuteciomiddoteconocircmicos Problemas politicosSeguranccedila NaCIOnal Recursos energeacuteticos do Brasil Educaccedilatildeo

CANTO I - A respiraccedilatildeo no ato vocal Treinamento da respiraccedilatildeo completa Correccedilatildeo dos defeitosrespiratoacuterios Impostaccedilatildeo da voz cantada Classificaccedilatildeo da voz Diagnoacutestico dos defeitos da vozcantada Teacutecnica reeducativa Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programaCANTO II - Exerciacutecios respiratoacuterios destinados a desenvolver o focirclego pelo emprego de frasescantadas progressivamente mais longas Impostaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo ligada em vaacuterios desenhos meloacutedicosem vaacuterios tons dentro da tessitura do aluno Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programa CANTO III - A~erfelccedilo~mento da manobra respiratoacuteria Exerciacutecios de impostaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo emdiferentes vogaIs VocalIzaccedilatildeo destacada em vaacuterios desenhos meloacutedicos em vaacuterios tons dentro datessitura Vocalises Repertoacuterio de acordo com o programa adotado AudiccedilotildeesCANTO IV - Educaccedilatildeo respiratoacuteria e vocal do aluno Verificaccedilatildeo perioacutedica do trabalho por meio degravaccedilocirces Exerciacutecios de extensatildeo e agilidade Articulaccedilatildeo e pronuacutencia em vaacuterios idiomas na vozcantada Repertoacuterio de acordo com o programa adotado Canccedilotildees folcloacutericas AudiccedilotildeesCANTO V - ~ultivo da voz em amplitude maleabilidade projeccedilatildeo Ornamentos interpretaccedilatildeosegundo os estIlos Repertoacuterios cameristico e operistico Estilos claacutessico moderno e nacionalCANTO VI - T~c~ica vocal desenvolvida Canto de Cacircmera e Canto de Oacutepera Estilo InterpretaccedilatildeoCAr-TO VII - Anas de cantatas e oratoacuterios com instrumento obrigado - violino violoncelo flautaClarmeta oboeacute etc Anaacutelise e preparo de programas de recital~ANTO VIII - A muacutesica contemporacircnea as novas grafias e pesquisa dos repertoacuterios nacional emtern~cIOnal Caracteristicas do cantor camerista e do cantor de OacuteperaOlCCcedilAO 1- Linguumlistica geral Elementos foneacuteticos e semacircnticos em portuguecircs e italiano Classificaccedilatildeodos fonemas em portuguecircs francecircs italiano e espanhol Declamaccedilatildeo de poesias teatralizadas comcena e contracena em portuguecircs e espanhol

DlCCcedilAO II - Defeitos de articulaccedilacirco Exerciacutecios de reeducaccedilatildeo respiratoacuteria e vocal RegionalismoMetaplasm Va~o~izaccedilatildeo da expressatildeo oral e corporal Regras baacutesicas da elocuccedilatildeo aplicadas agravesrepres~ntaccediloes centcas Declamaccedilatildeo dc pocsias com cena e contracena em italiano c francesDlC~AO III - Classificaccedilatildeo dos fonemas alematildees e ingleses A pronuacutencia padratildeo do canto eruditonos dlferen~es Id~omas A psicologia das emoccedilotildees analisadas e aplicadas como forma de expressatildeo nasmterprtaccediloes cemcas Preparaccedilatildeo do repertoacuterio vocal em vaacuterios idiomasDI~CcedilAOI~ ~ Fundamentos histoacutericas e esteacuteticos de Dicccedilatildeo O teatro na Greacutecia e a oratoacuteria doslatmos Hlstona da teoria do - It Ifi s generos I eranos exemp I Icada com leitura expressIva de fragmentosextraldos das obras rnals representativas_Preparaccedilatildeo do repertoacuterio ecleacuteticoDECLAMACcedilAO LlRICA I A H G I - - Istona era e a Importancla de seu conhecimento para o estudoteatral Smopse histoacuteri d Ti U d ca o eatro mversal Teatro c1asSlCO greco-romano O renascimento Origens

a opera e suas modalidades O t I ges o e a mlmlca A pantomIma As expressotildees fisionocircmicasmprovlsaccedilao e sua teacutecnica

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DEPARTAMENTO 04

ACUacuteSTICA E BIOLOGIA APLICADAS Agrave MUacuteSICA I - Acuacutestica Musical Som Vibraccedilotildees sonorasFrequumlecircncia (altura) intensidade timbre Batimentos (vibrato) Ressonacircncia reverberaccedilatildeo (construccedilatildeode instrumentos musicais e acuacutestica das salas) Cordas sonoras tubos sonoros (instrumentos decorda e sopro) Interferecircncia dos sons Caracteridicas acuacutesticas dos instrumentos musicais EcoACUacuteSTICA E BIOLOGIA APLICADAS A MUacuteSICA II - Anatomo-fisiologia dos muacutesculosesqueleacuteticos Coordenaccedilatildeo motora neuro-muscular A fisiologia muscular e as teacutecnicas instrumentaisAparelhos respiratoacuterio fonador e auditivo Sistema neuro-muscular O som vocal A respiraccedilacirconormal e a respiraccedilatildeo na fonaccedilatildeo AudiccedilatildeoFISIOLOGIA DA VOZ 1- Acuacutestica Musical Som Vibraccedilotildees sonoras Frequumlecircncia (altura) intensidadetimbre Batimentos (vibrato) Ressonacircncia reverberaccedilatildeo (construccedilatildeo de instrumentosmusicais e acuacutestica das salas) Cordas sonoras tubos sonoros (instrumentos de corda e de sopro)Interferecircncia dos sons Caracteriacutesticas acuacutesticas dos instrumentos musicais EcoFISIOLOGIA DA VOZ II - Noccedilotildees gerais sobre a voz humana A voz laringea O laringe os labiosvocais Evoluccedilatildeo da voz atraveacutes da idade Hormocircnio e as caracteristicas vocais masculinas e femininasAparelho respiratoacuterio A respiraccedilatildeo normal e no Canto Respiraccedilatildeo e teacutecnicas vocaisPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL I - Exerciacutecios para memorizaccedilatildeo do LA3 Exerciacutecios ritmicos e meloacutedicosClassificaccedilatildeo auditiva de intervalos harmocircnicos e de acordes de 3 sons no estado fundamentalPercepccedilatildeo auditiva de cadecircncias harmocircnicas PesquisasPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL 11- Exercicios riacutetmicos meloacutedicos e harmocircnicos Exercicios de improvisaccedilatildeoClassificaccedilatildeo auditiva de acordes de trecircs quatro e cinco sons no estado fundamental Percepccedilatildeoauditiva de cadecircncias harmoacutenicas Pesquisas sobre assuntos do programaPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL 111- Exerciacutecios para desenvolvimento da percepccedilatildeo interior Classificaccedilatildeoauditiva dos acordes no estado fundamental e inversotildees Percepccedilatildeo auditiva das resoluccedilotildees naturaisdos acordes dissonantes PesquisaPERCEPCcedilAtildeO MUSICAL IV - Percepccedilatildeo auditiva de acordes alterados e de qualquer alteraccedilatildeoharmOcircnica Percepccedilatildeo auditiva das resoluccedilotildees excepcionais dos acordes dissonantes Percepccedilatildeo auditivarepresentaccedilatildeo graacutefica e execuccedilatildeo vocal de corais a 4 vozes PesquisaHISTOacuteRIA DAS ARTES INTEGR A MUacuteSICA - Introduccedilatildeo agraves diferentes correntes das artes visuaisdesde a preacute-histoacuteria ateacute os nossos dias relacionando-as com a linguagem musical dos periodoscorrespondentes bem como a estrutura social e o pensamento filosoacutefico de cada eacutepoca e de cada povoHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA I - Origem da Muacutesica Muacutesica nos povos primitivos e nas antigascivilizaccedilotildees orientais Muacutesica grega romana bizantina primitiva igreja cristatilde Primoacuterdios da polifoniaTrovadores Notaccedilatildeo musical Instrumentos musicais na Idade MeacutediaHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA II - Desenvolvimento da polifonia Fundaccedilatildeo da oacutepera MontcverdiOacutepera italiana nos seacuteculos XVII e XVIII Oacutepcra alematilde francesa inglesa Muacutesica instrumental nosseacuteculos XVI e XVII Teorias de Zarlino e Rameau 1 S Bach e HaendelHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA III - Muacutesica instrumental inicio do seacuteculo XVIII Origcns da sonata c dasinfonia Classicismo Haydn Mozart Beethoven Romantismo Weber Schubert SchumannMendelssohn Poema Sinfocircnico Oacutepera italiana francesa alematilde do seacuteculo XIX Wagner Neoshyclassicismo Poacutes-romantismoHISTOacuteRIA DA MUacuteSICA IV - Escolas nacionais russa escandinava tcheca espanhola Apogeu daescola francesa Faureacute Debussy e muacutesica contemporacircnea Escola francesa apoacutes Debussy Muacutesica germacircnicarussa italiana inglesa no seacuteculo XX Muacutesica nas Ameacutericas Muacutesica no Brasil Atualidade musicalFOLCLORE NACIONAL MUSICAL I - A muacutesica folcloacuterica no contexto soacutecio-cultural do BrasilMuacutesica canto danccedila nos rituais dos indiacutegenas brasileiros Importacircncia da muacutesica canto danccedila nas

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FLAUTA VIII - Leitura de peccedilas de vanguarda Noccedilotildees sobre problemas teacutecnicos e mecacircnicos da flautamanutenccedilatildeo e reparos Audiccedilatildeo de discos como fonte de apreciaccedilatildeo das vaacuterias escolas de flautaOBOEacute I - Introduccedilatildeo agrave alta teacutecnica e interpretaccedilatildeo Divisatildeo do instrumento Posiccedilatildeo do instrumentocom correccedilatildeo Embocadura Exame meticuloso da propriedade de tipo de instrumento e palhetas a eleapropriadas Leitura agrave primeira vistaOBOEacute II - Execuccedilatildeo do Corninglecircs Anaacutelise e interpretaccedilatildeo Respiraccedilatildeo normal e artiacutestica Emissatildeodo som Estudo de peccedilas com outros instrumentosOBOEacute III - Aperfeiccediloamento da confecccedilatildeo de palhetas para Oboeacute Analise e interpretaccedilatildeo de peccedilascom acompanhamento de piano Aperfeiccediloamento do mecanismo e da sonoridade Dedilhados Leiturae transporte a primeira vistaOBOEacute IV - Exerciacutecios de mecanismos com vistas agrave sonoridade colorido homogeneidade dos sons eregistros Sons ligados e destacados Peccedilas com acompanhamento de piano Execuccedilatildeo de peccedilas agraveprimeira vistaOBOEacute V - Aperfeiccediloamento da Alta Teacutecnica Elementos fundamentais de anaacutelise para apreciaccedilatildeo eexecuccedilatildeo das peccedilas em estudo Conservaccedilatildeo do instrumentoOBOEacute VI - Peccedilas com acompanhamento de piano Dificuldades riacutetmicas Estudo de peccedilas comoutros instrumentos Liccedilotildees praacuteticas para a confecccedilatildeo de palhetas para o Corninglecircs Palheta suaconstruccedilatildeo e tecircmperaOBOEacute VI I - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Interpretaccedilatildeo e anaacutelisede peccedilas com acompanhamento de piano Escalas em diversos tons e articulaccedilotildees variadas Estudosmeloacutedicos nos diferentes registrosOBOEacute VIII - Leitura a primeira vista de trechos mais dificultados e com ritmos alternados TransportesAnaacutelise interpretaccedilatildeo de peccedilas com acompanhamento de piano Peccedilas com outros instrumentosCLARINETA I - Embocadura evoluccedilatildeo histoacuterica e praacutetica detalhada escolha e adaptaccedilatildeo da palhetana boquilha do instrumento Execuccedilatildeo de duos Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas comacompanhamento de piano Leitura a primeira vistaCLARINETA II - Aspectos das diferentes formas de emissatildeo no instrumento dinacircmica e suaimportacircncia em relaccedilatildeo agrave embocadura Mecanismo como base teacutecnica para o equiliacutebrio da interpretaccedilatildeoEstudos e peccedilas com acompanhamento de piano Leitura a primeira vistaCLARINEIA III - Preferecircncia entre dedilhado real e seu correspondente nas passagens dificeisdurante a execuccedilatildeo do instrumento Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas com acompanh lmento de pianoLeitura agrave priacutemeira vista com transporteCLARINETA IV - Detalhes sobre a respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artiacutestica iniacutecio e terminaccedilatildeo fraseoloacutegicaemprego de diferentes articulaccedilotildees no mesmo trecho como estudo de mecanismo Execuccedilatildeo de peccedilascom acompanhamento de piano

CLARINETA V ~ Teacutecnica dc cmbocadura para o equilibrio de afinaccedilotildees Frascologia musical c seusdiferentes aspectos de interpretaccedilatildeo Execuccedilatildeo de estudos Peccedilas caracteristicas c Sonatas comacompanhamento de piano Debatcs sobre Teacutecnica e InterpretaccedilatildeoCLARINETA VI - Variantes de sonoridade para diversos coloridos no decorrer da execuccedilatildeo Teacutecnicasde tubos suas dificuldades c maneiras de facilitaacute-Ias Importacircncia dos arpejos como mecanismo ouacompanhamento Execuccedilatildeo de estudos Sonatas e Concertos com acompanhamento de pianoCLARINETA VII - Detalhes sobre as ligaduras ascendentes e descendentes intensidade do somdIlata - dccedilao expressIva a nota sustentada Execuccedilatildeo de estudos e peccedilas com acompanhamento de pianoCL~RINETA VIII - Noccedilotildees histoacutericas sobre o desenvolvimento da c1arineta e seus congecircneresEfeitos de glissandos e f I t d h - d ru a os emprego e sons armomcos para faCIlItar a execuccedilao Sons eefeito nos dIferentes instrumentos da famiacutelia sons de eco defeitos de falsos crescendos Execuccedilatildeode estudos e peccedilas com acompanhamento de piano

DECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA II - Idade Meacutedia (sacras representaccedilotildees) Os cenaacuterios na Idade MeacutediaDas oacuteperas e seus autores Periodos claacutessico romacircntico moderno e contemporacircneo Fases dasexpressotildees e expansotildees dos sentimentos Nomenclatura teatral Caracterizaccedilatildeo Histoacuteria dos costumesInovaccedilotildees ceacutenicasDECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA III - Atributos necessaacuterios a um ator Origem das maacutescaras A religiatildeo noteatro Piccini Lulli Gluck Wagner Stanislawsky Shakespeare Figurinos Eletricidade Comeacutediadeli Arte Termos teatrais Anchieta e seus autos A Real Academia da Oacutepera Nacional A arte cecircnicaDECLAMACcedilAtildeO LIacuteRICA IV - Recitativo e suas modalidades Retotono Efeitos onomatopdicosTravesti Decors Dicccedilatildeo Cenas e contracenas Raccedilas Mis-en-sceacutenes As diversas escolasoperlsticas Interpretaccedilatildeo Estilo de peccedila e dos personagens

Disciplinas Complementares B

CANTO B I - Noccedilotildees baacutesicas sobre respiraccedilatildeo e fonaccedilatildeo Exerciacutecios objetivando a coordenaccedilatildeo darespiraccedilatildeo com a emissagraveo sonora Impostaccedilatildeo eclassificaccedilatildeo da voz Vocalises Peccedilas de autores brasileirosCANTO B II - A importacircncia da respiraccedilatildeo no canto e no fraseado musical O agente modificador dossons a ressonacircncia e articulaccedilatildeo Exerciacutecios de emissatildeo da voz sobre vogais ou siacutelabas intervalos earpejos Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeirosCANTO B III - Exerciacutecios e estudos com diferentes vogais visando ao domiacutenio completo do aparelho vocale o melhor aproveitamento da ressonacircncia Vocalises e peccedilas de diversos autores brasileiros e estrangeirosCANTO B IV - Exerciacutecios e estudos para o emprego dos diferentes graus de intensidade Sonssustentados e destacados Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeirosCANTO B V - Iniacutecio da aprendizagem de ornamentos grupetos mordentes appoggiaturas e trinadosExerciacutecios especiais Vocalises e peccedilas diversas de autores brasileiros e estrangeiros Duetos e tercetosCANTO B VI - Articulaccedilatildeo e pronuacutencia na palavra cantada Exerciacutecios e estudos para articulaccedilatildeo epronuacutencia dos fonemas nacionais e estrangeiros Pausas riacutetmicas expressivas Vocalises e peccedilasdiversas de autores brasileiros e estrangeiros em solo ou conjunto

DEPARTAMENTO 06

FLAUTA I - Praacuteticade exerciacutecios eembocadtrra noccedilotildees de respiraccedilatildeo fisioloacutegica e sua importacircncia na sonorishydade o vibrato execuccedilatildeode duas trios e quartetos execuccedilatildeode estudosepeccedilas comacompanhamento de pianoFLAUTA 11- A embocadura e as diferentes formas de emissatildeo do som respiraccedilatildeo diafragmaacutetica e suaimportacircncia em relaccedilatildeo acirc sonoridade O mecanismo como base teacutecnica Estudos e peccedilas comacompanhamento de piano duos trios quartetos leitura a primeira vistaFLAUTA III - A afinaccedilatildeo e os meios de facilitar a execuccedilatildeo e interpretar estudos e peccedilas comacompanhamento de piano duos trios e quartetos leitura agrave primeira vista certas passagensimpraticaacuteveis com o dedilhado realFLAUTA IV - Da sonoridade colorido homogeneidade dos sons e registros do instrumento teacutecnicade trilos e execuccedilatildeo de estudos e peccedilas do repertoacuterio com acompanhamento de pianoFLAUTA V - Elementos fundamentais de anaacutelise morfoloacutegica para apreciaccedilatildeo das peccedilas em estudo(estilo gecircnero e forma) Os problemas da execuccedilatildeo da muacutesica contemporacircnea Execuccedilatildeo de estudos epeccedilas com acompanhamento de piano duos trios e quartetosFLAUTA VI - Elementos fundamentais de anaacutelise morfoloacutegica (estilo geacutenero e forma)Execuccedilatildeo deestudos e peccedilas com acompanhamento de piano O repertoacuterio de muacutesica contemporacircnea para flautaFLAUTA VII - A Flauta origem e evoluccedilatildeo A Familia das Flautas e seus diferentes tipos deembocadura Sons harmocircnicos glissando flatterzung sons muacuteltiplos e outros efeitos caracteriacutesticose seu emprego na muacutesica contemporacircnea

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FAGOTE I - Introduccedilatildeo a Alta Teacutecnica e Interpretaccedilatildeo Leitura a primeira vista e transporteEmissatildeo do som Posiccedilatildeo correta do instrumento Divisatildeo do instrumentoFAGOTE II - Respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artistica Estudos e peccedilas com outros instrumentos Leitura agraveprimeira vista e transporteFAGOTE III - Ampliaccedilatildeo do estudo da clave de Doacute na 4a linha para desenvolvimento da regiatildeoaguda Aperfeiccediloamento de palhetas para Fagote Estudo de ConcertoFAGOTE IV - Iniciaccedilatildeo ao estudo de Contra-Fagote balanceadas suas diferenccedilas do InstrumentoshyTipo e distinccedilatildeo de peculiaridades Analise e InterpretaccedilatildeoFAGOTE V - Anaacutelise e interpretaccedilatildeo de peccedilas com acompanhamento de piano Peculiaridades eTeacutecnica de Alternaccedilatildeo Liccedilotildees praacuteticas para a confecccedilatildeo de palhetas de Contra-Fagote Execuccedilatildeo daContra-FagoteFAGOTE VI - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Histoacuteria dosInstrumentos afins Alternaccedilatildeo de registro Estudos meloacutedicos nos diferentes registrosFAGOTE VII - Aperfeiccediloamento de Altos Estudos com articulaccedilotildees diversas Interpretaccedilatildeo eAnaacutelise de peccedilas com acompanhamento de piano e peccedilas com outros instrumentos Teacutecnica detransporte no Contra-FagoteFAGOTE VIII - Anaacutelise e Interpretaccedilatildeo dos Concertos de Mozart Weber e de peccedilas para Fegotesolo com acompanhamento de piano ou outros instrumentos Correlaccedilatildeo do manuseio e estudo dosdcmais membros da Familia Instrumental Consideraccedilotildees gerais sobre o Instrumento e seu usoTROMPA I - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos baacutesicos Desenvolvimento da teacutecnica da emissatildeo dossons com diferentes articulaccedilotildees Duos e trios de dificuldade meacutediaTROMPA II - As sete posiccedilotildees e a seacuterie harmoacutenica Staccattos e suas modalidades Exerciacutecio detransposiccedilatildeo de dificuldade meacutedia Estudos c peccedilasTROMPA III - Afinaccedilatildeo e seus problemas Desenvolvimento da pratica de transposiccedilatildeo O trinadoe suas dificuldades Estudos e peccedilasTROMPA IV - Os ornamentos e sua execuccedilatildeo A teacutecnica de arpejos Peccedilas com acompanhamento de pianoTROMPA V - Escalas cromaacuteticas exerciacutecios com articulaccedilatildeo variada A trompa e seus efeitossonoros estudo praacutetico Estudos e peccedilasTROMPA VI- Teacutecnica avanccedilada dos arpejos das escalas cromaacuteticas com articulaccedilotildees variadas e detrinado Sons boucheacutes (exerciacutecios praacuteticos) Estudos e peccedilasTROMPA VIl- A trompa dupla Faacute c Si bemol Fraseado e seus problemas de execuccedilatildeo Execuccedilatildeo deconcertos sonatas trios e quartetosTROMPA VIII - Glissando estudo dc teacutecnica adequada Anaacutelise de problemas teacutecnicos e musicais nainterpretaccedilatildeo de concertos e sonatas e ura execuccedilatildeo Duos trios c quartetos Peccedilas comacompanhamento de pianoTROMPETE I - Revisatildeo dos problemas teacutecnicos baacutesicos Estudos de flcxibilidadc Execuccedilatildeo decstudos e pcccedilas com acompanhamcnto dc pianoTROMPETE II - Desenvolvimento da teacutecnica de staccattosmiddot Aspcctos das diferentes fonnas deemissatildeo no instrumento A adcquaccedilatildeo muscular no apcrfciccediloamento da embocadura Praacutetica doinstrumento Muacutesica dc conjuntoTROMPETE III - Estudo baacutesica da dinacircmica Exccuccedilatildeo de peccedilas do repcrtoacuterio sinfoacutenico Duos e triosTROMPETE IV - Estudos para o completo dominio do andamento na execuccedilatildeo Da resoluccedilatildeo dasmais complcxas estruturas ritmicas Estudo de transposiccedilatildeo Estudos c peccedilasTROMPETE V - Da origem c evoluccedilatildeo do trompete Estudo das sete posiccedilotildees Rcpertoacuterio de orquestraTROMPETE VI - O trompete os diversos tipos montagem manutenccedilatildeo e funcionamento Estudoda extensatildeo normal Sons sub-graves e agudosTROMPETE VII - O emprego dos diversos tipo de surdina Problemas da afinaccedilatildeo Emprego doTrompete na muacutesica erudita de cacircmera e na popular Peccedilas do repertoacuterio

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TROMPETE VIII - O conhecimento dos estilos Estudos avanccedilados da fraseologia na execuccedilatildeo Oinstrumentista de orquest-a e o solista Peccedilas do repertoacuterio Alta InterpretadoTROMBONE 1- Embocadura e seu desenvolvimento respiraccedilatildeo em geral postura do instrumentistamanejo do Trombone Tenor e Trombone BaixoTROMBONE II - Estudos de articulaccedilatildeo diferente em tons faacuteceis Estudos e duos Pequenos exerciacuteciossobre o trinadoTROMBONE ]lJ - Exerciacutecios de sons filados e ligaduras em todos os seus aspectos natural relativoagrave seacuterie harmoacutenica e artificialTROMBONE IV - Exerciacutecios de trinados estudos em diversos estilos transcritos para tromboneexerciacutecios sobre ligadura em geral arpejos e articulaccedilotildees diversasTROMBONE V - Exercicios de glissando ornamentos em geral escalas maiores e menores emtodos os tons exerciacutecios de escalas em terccedilas tons maiores e menores peccedilas com acompanhamentode piano arpejos

TROMBONE VI - O Trombone e seu sistema de funcionamento em bases cientificas frulato e uraaplicaccedilatildeo emprego da surdina e seus efeitos Estudos caracteristicos e peccedilas de concerto comacompanhamento de piano

TROMBONE VII - Estudos variados com aplicaccedilatildeo da teacutecnica de staccatto exerciacutecios de sonsfundamentais aplicados cm obras orquestrais exerciacutecios de escalas cromaacuteticas com articulaccedilatildeo variadacom observaccedilatildeo de precisatildeo riacutetmica e igualdade de emissatildeo

TROMBONE VIII - Realizar a leitura de diversas peccedilas de concerto com vistas ao domiacutenio dorepertoacuterio especiacutefico do instrumento

Disciplinas Complementares B

INSTRUMENTO B SOPRO I (FLAUTA) - Postura do instrumentista Emissatildeo do som na FlautaTransversal Noccedilotildees de respiraccedilatildeo Exerciacutecios sobre graus conjuntos e di~juntos

INSTRUMENTO B SOPRO II (FLAUTA) - Exerciacutecios respiratoacuterios Exerciacutecios sobre o IegatoPequenos duos Escalas com articulaccedilotildees distintas

INST~~MENT ~ SOPRO III (FLAUTA) - Estudos meloacutedicos em tons faacuteceis Introduccedilatildeo aosexercICIOS de mela dificuldade com diversas articulaccedilotildees

INSTRUMENTO B SOPRO IV (FLAUTA) - Introduccedilatildeo ao estudo das escalas mtnores e ao estudodos trinados Exerciacutecios e estudos de meia di ficuldade

INSTRUMENTO B SOPRO V (FLAUTA) - Introduccedilatildeo ao estudo dos vaacuterios tipos de ornamentos combase nos estudos de trinados Estudos e peccedilas do repertoacuterio de meia dificuldade em solo ou em conjuntoINSTRUMENTO ~ SOPRO VI (FLAUTA) - Estudo de pequenas peccedilas faacuteceis com acompanhamentode plano Duos tnos e quartetos faacuteceis

INSTRUMENTO B SOPRO I (OBOEacute) - A importacircncia da posiccedilatildeo correta ao instrumcnto formaccedilatildeoda embocadura Respiraccedilatildeo Mecanismo

INSTRUMENTO B SOPRO II (OBOEacute) - Estudo de notas brancas com dinacircmica apurada Noccedilotildeespara a conservaccedilatildeo praacutetica do instrumentoINSTRUMENTO B SOPRO III (OBOE) R - fid - esplraccedilao artlstlca e ISlOloglca Embocadura e seuesenvolvlmento Escalas em diversos tons

INSTRUMENTO B SOPRO IV (OBOE ) - _ E d - Noccediloes sobre a fabncaccedilao da palheta emIssatildeo do som

stu os e exerCICIOS de faacutecil execuccedilatildeo em solo ou em duoINSTRUMENTO B SOPRO V (OB )

OE - Escalas dlatomcas em todos os tons Passagens em tonsmaIOres e menores com d I -INSTRUM Iversas artlcu accediloes Estudos e peccedilas faacuteceis em rolo ou em conjunto

ENTO B SOPRO VI (OBOE) - E _ bull scalas mterrompldas com dIversas artlculaccediloes (dlatomcase cromatlcas) Apuro do d dlh d fi _

e I a o e Irmeza de cmlssao Execuccedilatildeo de peccedilas faacuteceis com piano

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INSTRUMENTO B SOPRO I (CLARlNETA) - Apresentaccedilatildeo da Clarineta posiccedilatildeo corretaEmbocadura e sua evoluccedilatildeo histoacuterica Dedilhados nos diferentes registros do instrumento Escolha eadaptaccedilatildeo da palhetaINSTRUMENTO B SOPRO II (CLARINETA) - Emissatildeo do som A embocadura e a dinacircmicaMecanismo elementar Execuccedilatildeo de duosINSTRUMENTO B SOPRO 1lI (CLARINETA) - Posiccedilotildees cromaacuteticas nos registros graves meacutediosagudos e superagudos Notas destacadas Praacutetica de leitura agrave primeira vistaINSTRUMENTO B SOPRO IV (CLARINETA) - Sons ligados Introduccedilatildeo ao estudo da dinacircmica nainterpretaccedilatildeo Praacutetica da respiraccedilatildeo fisioloacutegica e artistica Execuccedilatildeo de pequenos duosINSTRUMENTO B SOPRO V (CLARINETA) - A problemaacutetica da respiraccedilatildeo na execuccedilatildeoDiferentes combinaccedilotildees de articulaccedilotildees destacados e suas variantes EstudosINSTRUMENTO B SOPRO VI (CLARINETA) - Histoacuterico do instrumento Desenvolvimento doestudo da respiraccedilatildeo e dos sons destacados Articulaccedilotildees variadas no mesmo trecho Estudos e peccedilasINSTRUMENTO B SOPRO I (FAGOTE) - A posiccedilatildeo individual ao instrumento Formaccedilatildeo daembocadura Mecanismo RespiraccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO II (FAGOTE) - Embocadura e seu desenvolvimento Estudosprogressivos Escalas variadas para o estudo das diferentes articulaccedilotildeesINSTRUMENTO B SOPRO III (FAGOTE) - Respiraccedilatildeo sobre o ponto de vista artiacutestico e fisioloacutegicoEmissatildeo Estudos e exerciacutecios especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO IV (FAGOTE) - Noccedilotildees sobre a fabricaccedilatildeo da palheta Escalas diatoacutenicasExerciacutecios e estudos de faacutecil execuccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO V (FAGOTE)- Ampliaccedilatildeo do estudo de notas brancas Com dinacircmicaapurada Emissatildeo do som (exerciacutecios especiais)INSTRUMENTO B SOPRO VI (FAGOTE) - Histoacuterico do Fagote Exerciacutecios praacuteticos para aconservaccedilatildeo material do instrumento Estudos progressivos com vistas agrave execuccedilatildeo de peccedilas faacuteceiscom acompanhamento de pianoINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMPA) - Posiccedilatildeo correta ao instrumento Maneira de embocarEmissatildeo do som Sons Fileacutes - Sons ligados e exerciacutecios sobre os mesmos Exerciacutecios para trompaINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMPA) - Continuaccedilatildeo dos exerciacutecios para Trompa LisaDedilhado da Trompa em Faacute Exerciacutecios de intervalos com articulaccedilotildees diversasINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMPA) - Exerciacutecios de escalas maiores e menores comarticulaccedilotildees diferentes Seacuterie Harmoacutenica e suas sete posiccedilotildees Estudos e exerciacutecios especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMPA) - Escalas diatocircnicas maiores e menores Estudos de staccattoe suas modalidades Exerciacutecios de Transposiccedilatildeo de dificuldade meacutedia Exerciacutecios e estudos especiacuteficosINSTRUMENTO B SOPRO V (TROMPA) - Exerciacutecios de Transposiccedilatildeo progressivamente maisdi ficeis Escalas e arpejos com articulaccedilotildees variadas Staccatto simples nas escalas diatoacutenicas DuosINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMPA) - Escalas diatoacutenicas e cromaacuteticas com articulaccedilotildeesvariadas Afinaccedilatildeo Estudos faacuteceis e progressivos Exerciacutecios de transposiccedilatildeo com emprego da Trompasimples em Faacute Duos Efeitos obtidos na Trompa em FaacuteINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMPETE) - Postura do instrumentista Respiraccedilatildeo Emissatildeo dosom Seacuterie Harmoacutenica da Iordf posiccedilatildeoINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMPETE) - Praacutetica de exerciacutecios respiratoacuterios Exerciacuteciosbaseados na Seacuterie Harmoacutenica da segunda posiccedilatildeo dinacircmica Escalas diatoacutenicas maiores em seminimasINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 3ordf posiccedilatildeo Escalas diatoacutenicasem colcheias Exerciacutecios sobre dinacircmicas e intervalos nas regiotildees grave media e agudaINSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 4ordf posiccedilatildeo Exerciacutecios sobrearticulaccedilatildeo e ataque do som Estudos sobre ligaduras Escalas diatoacutenicas em colcheiasEstudos e peccedilas especiacuteficas

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INSTRUMENTO B SOPRO V (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 5ordf posiccedilatildeo Estudos e mecanismocom articulaccedilatildeo variada Estudos e peccedilas do repertoacuterio em solo e em conjuntoINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMPETE) - Seacuterie Harmoacutenica da 6ordf posiccedilatildeo Escalas diatocircnicasmaiores e menores em andamento raacutepido Estudos sobre Staccaltos Estudos e peccedilas do repertoacuterioem solo ou em conjuntoINSTRUMENTO B SOPRO I (TROMBONE) - Exposiccedilatildeo geral sobre o instrumento e postura doinstrumentista Respiraccedilatildeo com vistas agrave formaccedilatildeo da embocaduraINSTRUMENTO B SOPRO II (TROMBONE) - Afinaccedilatildeo Exerciacutecios preparatoacuterios das trecircs primeirasposiccedilotildeesINSTRUMENTO B SOPRO III (TROMBONE) - Seacuterie Harmoacutenica da primeira agrave quarta posiccedilatildeoabrangendo os seis primeiros sons Exerciacutecios preparatoacuterios (faacuteceis)INSTRUMENTO B SOPRO IV (TROMBONE) - Extensatildeo e registro do instrumento Estudos eexerciacutecios preparatoacuterios das 7 posiccedilotildees do instrumentoINSTRUMENTO B SOPRO V (TROMBONE) - Aplicaccedilatildeo e correccedilatildeo dos intervalas formadospelos harmoacutenicos - 3 5 e 7 Exerciacutecios preliminares de escalas maiores e intervalos diversosINSTRUMENTO B SOPRO VI (TROMBONE) - Exercicios preliminares sobre o Staccattosimples e pronuacutencias diferentes Exerciacutecios progressivos de escalas maiores e menores na extensatildeonormal do instrumento

DEPARTAMENTO 07

CAN~OCORAL I - Gecircneros estilos e fonnas corais cantochatildeo moteto missa cantata paixotildees eorat6nos Execuccedilatildeo de trechos corais

CANTO CORAL II - A emissatildeo de sons sustentados ligados destacados filados e a meia vozExecuccedilatildeo de obras do periodo barroco claacutessico e moderno

CANTO CORAL III - Afinaccedilatildeo em conjunto e fusatildeo das vozes Execuccedilatildeo de trechos corais doperiacuteodo claacutessico e moderno obedecida a ordem progressiva das dificuldadesCA1TO CORAL IV - Interpretaccedilatildeo com observaccedilatildeo sobre gecircnero estilos e formas corais dopendo moderno e contemporacircneo

PRATIC~ DE ORQUEST~ I - Afinaccedilatildeo instrumento adotado para orientaacute-la gesticulaccedilatildeo normale convnclOnal compassos Simples compostos alternados mistos Aplicaccedilatildeo dos assuntos estudadosexecuccedilao de ob b I PRAacute ras arrocas e c aSSlcas renomadas Aos pIanistas reduccedilatildeo ao piano das obras programadas

TICA ~E OROUESTRA II - Responsabilidade e funccedilatildeo do spalla solistas e primeiraspartes Os dlferent E Ib d _ es naipes qUi I no e sonondade e uniformidade das arcadas e da respiraccedilatildeoExecuccedila de obras b I arrocas e c aSSlcas precedida de preleccedilotildees Reduccedilatildeo para pianistasPRATICA DE ORQUESTRA III - O

- - Dlvlsao da orquestra em cordas madeiras metais e percussatildeorgamzaccedilao da banda em relaccedilatildeo a t E d

R d- orques ra xerClCIO e obras romacircnticas precedidas de preleccedilotildees

e uccedilao para plamstasPRATICA DE ORQUESTRA IV D - Dem t

- - Istmccedilao entre as orquestras de camera IInca e de concertoons raccediloes nos conJ u tmiddot

Exec - d b n os orquestrais dos assuntos abordados ateacute o terceiro periacuteodouccedilao e o ras modernas d d

PRAacuteTICA DE ORO e as emals epocas Reduccedilatildeo para os pianistasUESTRA V - P t dium mesmo ermu a e ugar no conjunto orquestral entre os executantes de

grupo para adaptaccedilatildeo em nova bId d d versa de Iordm v I o s responsa I I a es e VIOlino de fila para spalia e vice- 10 mo para 2- e Vlce-ver d I

obras orquestra d sa e so Ista para segunda parte e Vlce-versa etc Execuccedilatildeo de IS o repertono mdlcado

PRATICA DE OROUESTRA VI _An execuccedilatildeo de obras d alise resumida da partitura orquestral programada para ensaio

o repertono mdlcado T menor abaixo ou acima d ransporte a pnmelra vista de segunda de terceira maior ou

o tom ongma de trecho de obra sinfoacutenica do repertoacuterio

195

PROGRAMA DOS ESTUDOS

ESTUDOS

197

BEETHOVEN - ConcertosBARTOK - ConcertosBRITTEN - Diacuteversiacuteons para matildeo esquerdaBRAHMS - Concertos

LISZT - 6 Estudos de ConcertoMESSIAEN - EstudosMOSCHELES - Estudos op 70MOSZKOWSKY - Estudos op 72MOSZKOWSKY - 4 Grandes Estudos da Escola

das notas dobradasPAGANINI - LISZT - EstudosPHILIPP - EstudosPROKOFIEFF - 4 Estudos op 2RACHMANINOFF - Estudos op 33 e op 39RUBINSTEIN - Estudos op 23SAlNT-SAEacuteNS - EstudosSCHUMANN - Estudos op 3 e opIOSCRIABIN - EstudosSOUZA LIMA - Trecircs pequenos EstudosSTRAVINSKI - Quatro Estudos op7SZYMANOWSKY - Estudos

CONCERTOS E PECcedilAS PARA PIANO E ORQUESTRA

BACH J S - ConcertosBACH J CHRISTIAN - ConcertosBALAKIREW - ConcertosBORTKIEWICZ - Concertos op 58

ALKAN - 12 estudos op 39BARBOZA (CACILDA B) - Estudos

BrasileirosBARTOK (B) - 3 Estudos op18BORTKIEWICZ - Estudos op 15 e 29BRAHMS - EstudosCHOPIN - Estudos op 10 e 25DEBUSSY - EstudosDOHNANY - 6 Estudos de Concerto op 28FREY (EMIL) - Estudos do Suplemento O

Estudo consciente do piacuteanoFRlEDMAN (I) - EstudosGUARNIERI (C) - EstudosKULLAK - Escola das 8 duplas (2 VoI)LACERDA (O) - Oito EstudosLIAPOUNOW - Estudos op IILISZT - Estudos Transcendentais

CURSO DE GRADUACcedilAtildeO

ANEXO II

MOSlCA DE CAtildeMERA IV - Equilibrio dinacircmico e riacutetmico do conjunto cameriacutertico A meacutetrica e asmanifestaccedilotildees agoacutegicas Os diferentes timbres dos instrumentos de arco no conjunto cameriacutestico e ainterpretaccedilatildeo da obra de cacircmera

MATEacuteRIA OBRIGATOacuteRIA

I - No IQ periacuteodo seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de uma peccedila de Autor Estrangeiro Doiacutes EstudosUm Preluacutedio e Fuga de Bach2 - Nos periodos I III V VII seraacute obriacutegatoacuteria a apresentaccedilatildeo respectivamente de uma SuiacuteteFrancesa Tocata Partiacuteta Suiacutete Inglesa de J S Bach3 - No 2Q periacuteodo seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de uma peccedila de Autor Brasileiro Dois Estudos deChopin Um preluacutedio e Fuga de Bach uma Sonata4 - Nos periacuteodos II IV VI VIII e X seraacute obrigatoacuteria a apresentaccedilatildeo de Um Concerto para piano eorquestra ou com acompanhamento de 2Q piano

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196

PRAacuteTICA DE ORQUESTRAVII- Os gestos relativos agrave dinacircmica e agrave agoacutegica praticados pelo regente gestoriacutetmico eexpressivo execuccedilatildeo de trechos de oacutepera (cena liacuterica) com a participaccedilatildeo de solistas cantores e corosPRATICA DE ORQUESTRA VIII - Execuccedilatildeo de obras orquestrais destinadas a um instrumentosolista (piano violino violoncelo etc) participaccedilatildeo na apresentaccedilatildeo puacuteblica da Disciplina Praacuteticade Orquestra como atividade curricularREGEcircNCIA I - A Regecircncia o uso da batuta e seus inconvenientes movimentos (membros e toacuterax)partindo da posiccedilatildeo fundamental esquemas de gesticulaccedilatildeo relaxamento muscular Compassos simplescomposto alternado e misto preleccedilotildees e debates Exerciacutecios com acompanhamento de pianoREGEcircNCIA II - Gestos preventivos e anacruse descriccedilatildeo graacutefica dos gestos Exemplos dasoperaccedilotildees de divisatildeo e subdivisatildeo omissatildeo de gestos classificaccedilatildeo dos mesmos terminologia usualAmplificaccedilatildeo em conjuntos orquestraisREGEcircNCIA III - Particularidades dos gestos essenciais secundaacuterios normais dinacircmica e agoacutegicapausas andamentos metroacutenomo leitura e transporte Aplicaccedilatildeo em conjuntos Orquestrais da mateacuteriadada tendo por base obras barrocas e claacutessicasREGENCIA IV - Tempos fortes e fracos contratempo valores negativos gestos emitidos sentidosvisual e auditivo direccedilatildeo do som Aplicaccedilatildeo em conjuntos orquestrais da mateacuteria dada tendo por baseobras claacutessicas reduccedilotildees ao pianoREGEcircNCIA V - Conhecimento da partitura forma gecircnero estilo orquestraccedilatildeo memorizaccedilatildeotonalidades principais simbolos meacutetricos entradas e saldas de instrumentos Aplicaccedilatildeo em conjuntosorquestrais da mateacuteria dada tendo por base obras romacircnticas e modernasREGEcircNCIA VI - Esquema riacutetmico da partitura anaacutelise critica de obras processos de automatizaccedilatildeodos gestos atraveacutes de esquemas ritmicos preacute-estabelecidos a orquestra e o solista Execuccedilatildeo emgrande orquestra de obras modernas e contemporacircneasTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO I - Testes de aptidatildeo e exerciciacuteospreparatoacuterios para a leitura agrave primeira vista transposiccedilatildeo e acompanhamento ao piano Estudo dosproblemas gerais da transposiccedilatildeo (regras praacuteticas utilizaccedilatildeo de claves e outros processos didaacuteticos)Definiccedilatildeo e consideraccedilatildeo sobre a arte de acompanharTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO II - Transposiccedilatildeo sobre trechospoli foacutenicos a duas partes com apresentaccedilatildeo perioacutedica de testes Execuccedilatildeo de acompanhamento devocalises (ciclo tonal) Ensaio de peccedilas com solistas cantores e instrumentistas Estudo dos problemasriacutetmicos e sonoros no acompanhamento Conhecimento dos textos literaacuterios musicadosTRANSPOSICAtildeO E ACOMPANHAMENTO AO PIANO III - Transposiccedilatildeo de trechos dos doisestilos polifocircnico e harmoacutenico Acompanhamento de peccedilas incluindo concertos obras do gecircnerolirico Lied e congecircneres Acompanhamento transportado Demonstraccedilatildeo da transposiccedilatildeo a todos osintervalos Histoacuterico do acompanhamento Particularidades interpretativas dos estilos claacutessicoromacircntico e contemporacircneoTRANSPOSiCcedilAtildeO E ACOMPANHAMENTO IV - Transposiccedilatildeo (exerciacutecios progressivos)Conhecimento do repertoacuterio tradicional de obras para acompanhamento Scleccedilatildeo de peccedilas para examefinal e ensaios de conjunto Problemas de adaptaccedilatildeo no acompanhamento de solistas principiantes evirtuoses Aquisiccedilatildeo do tirociacutenio e senso artistico-profissional do acompanhadorMUacuteSICA DE CAtildeMERA 1- Muacutesica de Cacircmera definiccedilatildeo PraacuteticJ dos seguintes conjuntos cameristicode arco de sopro transposiacutetores ou natildeo com ou sem a participaccedilatildeo do piano Estudoem conjunto de exerciacutecios teacutecnicos escalas arpejos vibrado e demais elementos da teacutecnica cameriacutesticaMUacuteSICA DE CAtildeMERA II - Disposiccedilatildeo das diferentes conjuntos cameriacutesticos de arco sopro epercussatildeo Execuccedilatildeo de exerciacutecios teacutecnicos em conjuntos Adaptaccedilatildeo do executante ao gecircnero camerlsticoMUacuteSICA DE CAtildeMERA III- Comunicaccedilatildeo e afinidade entre os componentes do conjunto cameriacutesticoIgualdade de importacircncia de todos os executantes na realizaccedilatildeo da obra de cacircmera Anaacutelise da partiturae sua compreendo auditiva

AUTORES BRASILEIROS

CONCERTOS E PECcedilAS PARA PIANO E ORQUESTRA

CICLO BAacuteSICO

TAVARES (HEKEL) - ConcertoVILLA-LOBOS - Concerto

CHOPIN - Notumos op IS ns I e 2 op 55 n 2CHOPIN - Polonaises op 26 nso I e 2 op 40

ns I e 2CHOPIN - Polonaise poacutestuma em Sol Sustenido

MenorCHOPIN - PolonaisesPoacutestumasop 71nsI2e3CHOPIN - Mazurcas op 7 n3 op 17 N 4

op 24 n 4 op 30 n3 op 33 n2 op 41 n4 op 50 nS1 e 2 op 63 n I

CLEMENTI - Suites do Gradus ad PamassumCOPLAND - Four Piano BluesCZERNY - Toccata op 92DEBUSSY - Childrens ComerDEBUSSY - Jardins Sous la PluieDEBUSSY - Homage a HaydnDEBUSSY - La Soireacute dans GreacutenadeDEBUSSY - DanseDEBUSSY - Preluacutedios - Voiles

- Seacutereacutenade Interrompue- La Catheacutedrale Engloutie- Mistrels

DEBUSSY - BaladaDOHNANY - CaprichosFAUREacute - ImprovisosFAUREacute - Romances Sem PalavrasFALLA - Danccedila Ritual do FogoFRANCcedilAIX (JEAN) - Portraits de Jeunes FilIesFRANCK (C) - Preluacutedio - Fuga e VariaccedilatildeoGERSHWIN - PreluacutediosGLUCK (C H) - Ballet des Ombres heureusesGRANADOS - Allegro de ConcertoGRANADOS - cuentos para la juventudGRANADOS - Rapsoacutedia AragonezaGRANADOS - Valsas PoeacuteticasGRIEG - Notumos (exceto op 54 n 4)GRIEG - Romance op ISGRIEG - Folhas daacutelbum op 28GRIEG - Melodias norueguesas op 66HAENDEL - Suites (I Q e 2ordm vols)

199

PERiacuteODOS I II III IV

REPUBLICANO (A) - ConcertosSANTORO (C) - Concertino

PECcedilASALBENIZ - EvocacionALBENIZ- AragonALBENIZ - EI PoloALBENIZ - EI PuertoDALBERT - Sonata op 10ARENSKY - Basso obstinatoARENSKY - Trois esquisses op 24BACH (J S) -Cravo bem temperadoBACH (1 S) - Suiacutetes FrancesasBACH (J S) - TocatasBACH (1 S) - CoraisBACH (J S) - CantatasBACH (J S)- SAINT-SAENS - Abertura da

28ordf CantataBACH (Ph Eo) - SonatasBARTOK (BELA) - Mikrokosmos (VI vol)BARTOK (BELA) - SonatinaBARTOK (BELA) - Bagatelas op6BRATOK (BELA)- Elegias op 8BEETHOVEN - Bagatelas op 119BEETHOVEN - Rondoacute op 51 n 2BEETHOVEN - 24 Variaccedilotildees em Reacute MBEETHOVEN - Sonatas op 2 ns 2 e 3 op 7

op 13 op 22 op 27 ns I e 2 e op 54BEETHOVEN - 6 Variaccedilotildees op 34BEETHOVEN - Rondoacute op 129BRAHMS - Romance opo 118BRAHMS - Danccedilas HuacutengarasBRAHMS - Rapsoacutedia op 119BRAHMS - CaprichosCHABRIER - 10 Peccedilas pitorescasCHOPIN - Improviso op 29 n ICHOPIN - Fantasia - Improviso op 66CHOPIN - Rondoacute op I

CHOIN - Variaccedilotildees sobre aacuteria alematilde (O pequenoSUISSO)

CHOPIN - Preluacutedios (poacutestumos) op 45CHOPIN - Valsas op 34 n 3 op 70 n ICHOPIN - Valsa Poacutestuma em Mi m

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GUARNIERI (C) - ConcertinoGUARNIERI (C) - SerestaGUERRA PEIXE - ConcertinoJABOR (NAJLA) - Concerto em Laacute MaiorMAUL (O) - ConcertoMIGNONE (F) - Iordf e 2ordf Fantasias BrasileirasOCTAVIANO (J) - ConcertoOSWALD (H) - Tema com VariaccedilotildeesOSWALD (H) - Concerto op 10RAYMUNDO (O) - Concerto

MARTINU - ConcertosMARTINU - ConcertinoMENOTTI - ConcertoPADEREWSKY - ConcertoPFITZNER - ConcertoPROKOFIEFF - ConcertosRACHMANINOFF - ConcertosRACHMANINOFF - Rapsoacutedia sobre um tema

dePaganiniRAVEL - Concertos em Sol MaiorRAVEL - Concerto para matildeo esquerdaRIMSKY-KORSAKOW - Concerto op 30RIMSKY-KORSAKOW - Seis FugasRIMSKY-KORSAKOW - Seis Variaccedilotildees sobre

o tema de Bach op 50RUBINSTEIN (A) - ConcertosSAINT-SAENS - ConcertosSHOSTAKOVICH - ConcertosSCHUMANN - Concerto op 54SCHUMANN - Allegro de Concerto com

Introduccedilatildeo op 14SCHUMANN - Introduccedilatildeo e Allegro

appassionato op 92SCRIABINE - ConcertoSTRAUSS - BurlescaSTRAWINSKI - CaprichoSZYMANOWSKI - Sinfonia ConcertanteSZYMANOWSKI - ConcertoTSCHAIKOWSKY -ConcertosVIVALDI- Concerto em Reacute MenorWEBER - Konzertstuch

198

ANES (CARLOS) - Fantasia SinfocircnicaANES (CARLOS) - ConcertoALMEIDA (CARLOS) - Introduccedilatildeo agrave Danccedila

BrasileiraFERNANDEZ (L) - ConcertoGNATALLI (R) - ConcertosGNATALLI (R) - BrasilianaGUARNIERI (C) - ConcertosGUARNIERI (C) - Variaccedilotildees sobre tema

Nordestino

CHOPIN - ConcertosCHOPIN - Grande Fantasia op3CHOPIN - Cracoviac op 14CHOPIN - Adante Splanato e Grande Polonaise

brilhanteDlTTERSDORF - ConcertosDVORAK - ConcertoFALLA - Noites nos Jardins de EspanhaFAuREacute - BalladaFRANK (CEacuteSAR) - Variaccedilotildees SinfocircnicasFRANCcedilAIX (J) - Concerto - ConcertinoGERSHWIN - Concerto em FaacuteGERSHWIN - Rhapsody in BlueGLAZOUNOW - Concerto op 92GRIEG - Concerto op16HAYDN - ConcertosHINDEMITH (P) - tema com Variaccedilotildees (Os 4

temperamentos)KABALEWKY - Concerto op 23KHACHATURIAN - ConcertoKODALY - Danccedilas de Galanta e de MorascekLIAPOWNOW - Concerto op 4 e op 23LISZT - ConcertosLISZT - Danccedila macabraLISZT- Rapsoacutedia Huacutengara n 2LISZT - Rapsoacutedia EspanholaMAC-DOWELL - Concertos op 15 e op 23MAX-REGER - Concertos op 114MENDELSSOHN - ConcertosMENDELSSOHN - Capricho brilhanteMOSKOWSKY - Concerto op 59MOZART - Concertos

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS

PERIacuteODOS I II III IV

HAYDN - Andante com VariaccedilotildeesHAYDN - Sonatas ns 16912131516 e 18IBERT (1) - Les rencontresDINDY (V) - Tableaux des voyages op 33KABALEWKSY - Preluacutedio op 38KABALEWKSY - Variaccedilotildees op 40KABALEWKSY - Sonatina op 13KARGANOFf - Miniaturas op 10KARGANOFF - Pres dun rousseau op 27KODALY - Danccedilas de GalanteKODALY - Danccedilas mourescasLlAPONOW (S) - HumoresqueLlAPONOW (S) - Six morceaux facilesLIAPONOW (S) - Chant de Noel op 41 nAL1SZT - 3 noturnosLlSZT - Valsa ImprovisoL1SZT - Capella de Guilherme TellL1SZT - Au lac de WallensteinLISZT - Valleacutes dObermanLISZT - Le mal du paysL1SZT - SposalizzioLISZT - rapsoacutedias huacutengaras ns I 4 6 8 e IILISZT - Cacircnticos de AmorLISZT - Soireacutees de ViennaMAC-DOWEL - Polonaise op 46 n 12MAC-DOWEL - Danccedila das BruxasMAC-DOWEL - Danccedila das SombrasMAC-DOWEL - Lieders op 58 e op 60MARTINI - PreluacutediosMARTINI - Esquisses de DansesMARTINI - RitournellesMARTINU - PolcasMENDELSSOHN - Fantasia op 16 n IMENDELSSOHN - PrestoMENDELSSOHN - Scherzo op 16 n2MENDELSSOHN - Sobre as asas de um sonhoMENDELSSOHN - Rondoacute caprichoso op 14MARCELLO (8) - Tocata cm Sol mMOMPOU - Canccedilotildees e Danccedilas (de I a lO)MOMPOU - SousbourbisMOSKOWSKY - Valsa op 34 n1MOSKOWSKY - LajongleuseMOUSSORGSKY - IntermezzoMOZART - Variaccedilotildees K 353 K 354 K 455 K

500 K 613MOZART - Fantasia e Fuga K 394MOZART - Sonatas K 279 K 281 K 309 K

332 e K 570

MOZART - Adaacutegio em Si mNIN (1) - Danccedila IbeacutericaNIN (1) - Danccedila MurcianaPOULENC - PrestoPOULENC - Suite FrancesaPROKOFIEFF - 10 Peccedilas op 12PROKOFIEFF -2 Sanatinas op 54 ns I e 2PROKOFIEFF -Marcha (Amor das 3 laranjas)PROKOFlEFF - Visotildees fugitivas op 22PROKOFlEFF - 4 peccedilas op 32RACHMANINOFf - 6 Momentos Musicais

op16RACHMANINOFf - Preluacutedios op 23 ns 4 5

e 6 op 32 ns 5 e 12RAVEL - Minueto sob o nome de HaydnRAVEL -PreluacutedioRAVEL -Preluacutedio Fuga Forlane e Rigaudon

(Tombeau de Couperin)REGER (MAX) - Sonatinas op 89REGER (MAX) - Silhouettes op 53REGER (MAX) - 10 Peccedilas op 44RIMSKY-KORSAKOFf - NoturnoRIMSKY-KORSAKOFF - AlIegroRUBINSTEIN - Sonatas op 12 n I op 20 n

2 op 41 n 3SAINT-SAENS - 6 Fugas op 161SCARLATTI - Sanas n 7 (Sol M) n 8 (Sol m)

n 13 (Reacute m) n 15 (Laacute m) n 21 (Sol M)SCHOENBERG - 3 Peccedilas op IISCHOENBERG - 6 Peccedilas op 19SCHOENBERG - 5 Peccedilas op 23SCHOSTAKOVICH - 3 Danccedilas fantaacutesticasSCHOSTAKOVICH - 8 Preluacutedios op 2SCHOSTAKOVICH - Danccedila da Idade de ouro

op 22SCHUBERT - Improvisos op 90SCHUBERT - 3 Peccedilas para Piano (Mi b menor-

Mi b M - Doacute M)SCRIABIN - PreluacutediosSCRIAEIN - ImprovisoSCHUMANN - Peccedilas- Fantasias op 12 ns 2

5e7SCHUMANN - Cenas Infantis op 15SCHUMANN - Variaccedilotildees op I (sobre o nome

de Abegg)SCHUMANN - Schrezo Giga Romances e

Fuguetas op 32

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SCHUMANN - Improvisos sobre o tema deClara Wieck op 5

SCHUMANN - Noveletes op 21 (exceto as den 7 e 8)

SCHUMANN - Cenas da Floresta op 82SCHUMANN - Blumenstuumlk op 19SCHUMANN - LISZT - A ma fianceacuteeSEVERAC - CerdanaSEVERAC - En LanguedocSMETANA - Danccedilas TchecasSMETANA - ValsasSMETANA - PolcasSZIMANOWSKI - Polca da BoeacutemiaSZIMANOWSKI - Mazurcas op 50 e 62

PECcedilASALENCAR PINTO (A) - NotumoALlMONDA (H) - Estudos em terccedilas n 3ALMEIDA (CARLOS) - lordf SerestaALMEIDA (CARLOS) - CarioquinhaALMEIDA (CARLOS) - Miniaturas n 3ALMEIDA (CARLOS) - Ritmos Cariocas (2~

Seacuterie)ANES (CARLOS) - RiachoANES (CARLOS) - A rendilheiraANES (CARLOS) - O ventoANES (CARLOS) - CurrupioANES (CARLOS) - Templo ChinecircsANES (CARLOS) - HomenagensANES (CARLOS) - PreluacutediosANES (CARLOS) - Pinoacutechio

BARROSO NETTO - Danse des fantochesBARROSO NETTO - Feux folletsBARROSO NETTO - Em caminhoBARROSO NETTO - RedemoinhoBARROSO NETTO - ScherzettoBARROSO NETTO - Galhofeiro

BELLlNGHAUSEN (O T) - A japonezinhaalegre

BILHAR(BRANCA) - Samba SertanejoBRANDAO (1 VIEIRA) - Preluacutedios ns I e 4CAMPOS (1 ARAUacuteJO) bull Estado dal~aCAMPos (1 ARAUacuteJO) - Poema da Saudade

201

SZIMANOWSKI - Fantasia op 14SZIMANOWSKI - Sonata RomacircnticaTURINA - Cuentos de Espaiia op 20TSCHAIKOWSKY - Valsas - Scherzo op 7

op59

TSCHAIKOWSKY - Impromptu em Laacute b MUGARTE - De mi tierraUGARTE - Voces deI pajonalUGARTE - Crepuacutesculo camperoUGARTE - Carnaval provincianoVIANNA DA MOTTA - Vito op IIWEBER - Polaca brilhante op 72WEBER - Presto em Doacute Maior

WILLIAMS (ALBERTO) - En la sierra op 32

CAMPOS (1 ARAUacuteJO) - Estudo em Forma deToada

CANTUacute (A) - Iordf Rapsoacutedia BrasileiraCARVALHO (D) - Paacutessaro TristeCASTRO (A) - Estudo op 23COSME (L) - Saci-perecircreFAGNANI (O) - Preluacutedio n 4

FAGNANI (O) - Valsa Romacircntica (Seresteira)FERNANDEZ (L) - Idilio op IS n2FERNANDEZ (L) - AngelusFERNANDEZ (L) - La brasilianaFERNANDEZ (L) - Preluacutedios do Crepuacutesculo

ns 2 e 4

FERNANDEZ (L) - 2~ Suite BrasileiraFERNANDEZ (L) - PirilamposFlUZA (V) - Suiacutete romacircnticaFIUZA (V) - DivertimentoFIUZA (V) - DivagaccedilotildeesFIUZA (V) - Preluacutedio e FugaFRANCcedilA (L) - SombrasGNATALLl (R) - ValsasGNATALLl (R) - TocataGALLET (L) - SertanejaGOacuteES (C F) BarcarolaGOacuteES (C F) - TarantelaGUARNIERI (C) - Canccedilatildeo SertanejaGUARNIERI (C) - Toada Triste

CICLO PROFISSIONAL

PERIacuteODOS V VI VII VII IX X

VILLA-LOBOS - Agrave procura de uma Agulha(Ciranda n 13)

VILLA-LOBOS - A ca~lOa virou (Ciranda n 14)VILLA-LOBOS - Aria n III (Bachianas

Brasileiras nA)

VILLA-LOBOS - Miudinho n IV (BachianasBrasileiras n 4)

VILLA-LOBOS - As trecircs MariasVILLA-LOBOS - Saudades das Selvas Brasileiras

ns 12 e 3VILLA-LOBOS - Choros n 2VILLA-LOBOS - Idiacutelio na Rede (Suiacutete Floral

op 97 n I)

VILLA-LOBOS - Uma camponesa cantadeira(Suiacutete Floral op 97 n 2)

VILLA-LOBOS - O gato e o ratoVILLA-LOBOS - Moreninha (Prole do bebecirc n2)VILLA-LOBOS - Mulatinha (Prole do bebecirc n 4)VILLA-LOBOS - Negrinha (Prole do bebecirc n 5)VILLA-LOBOS -O polichinelo (Prole do bebecirc n 7)VlLLA-LOBOS - Valsa Mistica

BACH -Capricho em Si b M (Sobre a despedidade seu dileto irmatildeo)

BACH - fantasia cromaacutetica e fugaBACH - Preluacutedios e Fugas em Mi e Mi b MBACH - Grande Fantasia e Fuga em Laacute mBACH - Variaccedilotildees GoldbergBACH-BOSKOFF - Tocata em Reacute MBACH-BOSKOFF - Preluacutedio em Sol MBACH-BOSKOFF - Concerto em Doacute M para oacutergatildeoBACH-BUSONI - Preluacutedios e Fugas para Oacutergatildeo

em Reacute MeMi bMBACH-BUSONl- Preluacutedio Fuga e Allegro em

MibMBACH-BUSONI - 9 Preluacutedios Corais para Oacutergatildeo

transcritos para pianoBACH-BUSONI-FantasiaAdaacutegio e Fuga em Doacute mBACH-BUSONI - Chaconne

203

SIQUEIRA (JOSEacute) - Iordf ValsaSOUZA (F GURGULINO) - Capricho

BrasileiroSOUZA LIMA (1) - PreluacutedioSOUZA LIMA (1) - Iordf ValsaSOUZA LIMA (1) - Maria n 4 (Peccedilas

Romacircnticas)SOUZA LIMA (1) - Serenidade n 7 (Peccedilas

Romacircnticas)SOUZA LIMA (1) - Arabesco n 8 (Peccedilas

Romacircnticas)VIANA (FRUTUOSO) - Danccedila de NegrosVIANA (FRUTUOSO) - Berceuse do SabiaacuteVILLA-LOBOS - Vamos Atraacutes da Serra Calunga

(Cirandinha n 8)VILLA-LOBOS - Senhora D Sancha (Ciranda n 3)VILLA-LOBOS - O cravo brigou com a rosa

(Ciranda n 4)VILLA-LOBOS - Nesta rua Nesta rua (Crianda

n II)

PECcedilASALBENIZ - RondefiaALBENIZ - LavapieacutesALBENIZ - TrianaALBENIZ - NavarraALBENIZ - EritafiaALBENIZ - AlmerlaALBENIZ - AzulejosALBENIZ - MaacutelagaALBENlZ - Fecircte de Dieu agrave SevilhaALBENIZ - lerezALBENlZ - El AlbaicinBACH - Cravo bem temperadoBACH - PartitasBACH - Suiacutetes inglesasBACH - CoraisBACH - SonatasBACH - Concerto Italiano

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NAZARETH (E) - Brejeiro (Tango)NAZARETH (E) - Ameno Resedaacute (Tango)NAZARETH (E) - Bambino (Tango)NEPOMUCENO (A) - Cloches de NoelNEPOMUCENO (A) - NoturnoNEPOMUCENO (A) - Noturno para matildeo

esquerdaNOBRE (MARLOS) - Iordm Ciclo NordestinoNOBRE (MARLOS) - NazarethianaOCTAVIANO (1) - Allegro molto agitatoOCTAVIANO (1) - EstudosOLIVEIRA (BABI) - Tu doce poemaOLIVEIRA (BABI) - Caboclo amazonenseOSWALD (H) - Duas Valsas-Capricho op IIOSWALD (H) - Polonaise op 34OSWALD (H) - Tarantela op 14 n3OSWALD (H) - Sur la plageOSWALD (H) - Romance op 7 n2OSWALD (H) - SerenatelaOSWALD (H) - En nacelleOSWALD (H) - II neigeOSWALD (H) - valsa-improviso op 12 n 2PEIXE (GUERRA) - Sonatinas ns I e 2PEIXE (GUERRA) - Suites ns 2 e 3PEREIRA DA SILVA (ANNA C) - Estudos em

Sol Maior e Doacute MaiorPINTO (O) - Cenas Infantis (completo)PRIOLLI (MARIA LUISA) - PapillonsPRIOLLI (MARIA LUISA) - ArabescoPRIOLLI (MARIA LUISA) - Fuga e PostluacutedioPRIOLLI FONSECA (MARISA) - Suite

Brasileira Moda - Caixinha de Muacutesica shyEmbolada

QUEIROZ (B) - Tema variadoRAMOS (MIRIAM) - Cinco peccedilas brasileiras

sobre temas folcloacutericosREBELLO (A) - Visatildeo Gudi (Ponteio n 3)REBELLO (A) - Curupira (Ponteio n 5)REBELLO (A) - Velha EstampaREBELLO (A) - Choro em oitavasREIS (HILDA) - Valsa n 3SANTORO (C) - Estudo n 2SANTORO (C) - FrevoSANTORO (C) - Paulistanas ns 4 e 7SIQUEIRA (1 BAPTISTA) - CarapiaacuteSIQUEIRA (1 BAPTISTA) - Suiacutete dos BemoacuteisSIQUEIRA (JOSEacute) - Chorinho

202

GUARNIERI (C) - SonatinasGUARNIERI (C) - Ponteios ns 2 3 5 II 12

1718202425272829313334353641 e 50

lABOR (NA1LA) - longo1ABOR (NA1LA) - Somente Saudade (Vaisan 5)lABOR (NA1LA) - Noturno n 2KORENCHENDLER (HD) - Sonatina op loKRIEGER (E) - SonatinaLACERDA (O) - Suite n ILACERDA (O) - Brasilianas ns 2 5 7LACERDA (O) - Cromos (4ordm caderno)LEAL (DULCE S R) - Preluacutedio e TocattaLEVY (A) - Allegro apassionatoLEVY (A) - Improviso-CaprichoLEVY (A) - SchumanianaLEVY (A) - 4ordf Valsa Lenta op 32LYRA (DIVA) - Estudos ns 2 3 e 7LYRA(D1VA)-ReflexosMAUL (O) - Valsas Poeacuteticas ns I e 2MAUL (O) - Xocirc PassarinhoMAUL (O) - Tema e VariaccedilotildeesMAUL (O) - Suite (Preluacutedio Toada e Polca)MAUL (O) - RomanceMAUL (O) - Cantilena das aacuteguasMAUL (O) - PaisagemMIGNONE (F) - Valsa em Sol MaiorMIGNONE (F) - QuebradinhoMIGNONE (F) - O velho o menino e o burroMIGNONE (F) - Cinco peccedilas para pianoMIGNONE(F)- Valsas de Esquinans 89 10e IIMIGNONE (F) - CongadaMIGNONE (F) - Doccedilura de manhatildezinha frescaMIGNONE (F) - Preluacutedios ns 2 3 4 e 5MIGNONE (F) - LunduacuteMIGUEZ (L) - Noturnos op 10 op 20 n IMIGUEZ (L) - Bavardage op 24 n 4 (Cenas

Iacutentimas)MOURA (A M PORTO) - SonataNATTHO HENN - Paacuteginas do SulNATTHO HENN - A carretaNAZARETH (E) - Improviso (Estudo de

Concerto)NAZARETH (E) - Pierrot (Choro)NAZARETH (E) - Odeon (Tango)NAZARETH (E) - Apanhei-te cavaquinhoNAZARETH (E) - Escovado (Tango)

INFANTE (MANUEL) - GitaneriasDINDY (VINDENT) - Sonata op 63JARVACH (Ph) - Sonatina op 18JOLIVET (A) - Cinq danses rituellesKABALEWSKY - SonatasKABALEWSKY - Tema e Variaccedilotildees op 29KHATCHATURIAN - TocataLIAPOUNOW - Preluacutedio e Fuga op 58LIAPOUNOW - Mazurcas op 19 e 21LIAPOUNOW - Sonata op 27LISZT - Sonetos de PetrarcaLISZT - Au bord dune sourceLISZT - Rapsoacutedias Huacutengaras ns 2 9 lO 12

13 14 e 15 (Rackoczy Marsch)LISZT - Rapsoacutedia EspanholaLISZT - Tarantela Veneza e NaacutepolesLISZT - Variaccedilotildees sobre um tema de BachLISZT - SonataLISZT - Fantasia e Fuga sobre o nome de BachLISZT - Danccedila da MorteLISZT - Mefisto-ValsaLISZT - Scherzo e MarchaLISZT - Le rossignolLISZT - Lesjeux deau agrave la ville dEsteLISZT - OrageLISZT - FuneraisLISZT - S Francisco de Assis pregando aos

paacutessarosLISZT - S Francisco de Paula caminhando sobre

as ondasLISZT - PolonaisesLISZT - BaladasLISZT - Apres une lecture de DanteMAC-DOWELL - SonatasMARTIN (B) - Preluacutedio em forma de EstudoMEDTNER - Balada op 27MENDELSSOHN - Moto perpeacutetuo op 119MENDELSSOHN - caprichos op 33MENDELSSOHN - Andante com variaccedilotildees op 82MENDELSSOHN - Fantasia op 28MENDELSSOHN - 6 Preluacutedios e Fugas op 35MENDELSSOHN - Preluacutedio e Fuga em Mi

menorMENDELSSOHN - Variaccedilotildees SeacuteriasMENDELSSOHN - Sonho de uma noite de veratildeoMESSIAEN (O) - PreluacutediosMESSIAEN (O) - Fantasia Burlesca

205

_La terasse des audiences du clair de luneDEBUSSY - MasquesDEBUSSY - Suite Bergamasque Preacutelude -

Meacutenuet - Clair de Line - PassepiedDEBUSSY - PagodesDOHNANY - Variaccedilotildees e Fuga op 4DOHNANY - RapsoacutediasDUCASSE (ROGER) - Estudo em Sol MDUKAS (PAUL) - Sonata em mi b mFAUREacute - Tema e Variaccedilotildees op 73FAUREacute - BarcarolasFAUREacute - NoturnosFAUREacute - Valsas-Caprichos op 30 op 38 op

59op62FAUREacute - Balada op 19FAUREacute - 8 Peccedilas brevesFRANCK (C) - Preluacutedio Aacuteria e FugaFRANCK (C) - Preluacutedio Coral e FugaFRANCK (C) - 3 Grandes CoraisFAIRCHILD (BLAIR) - Le bateauFALLA (M) - 4 Peccedilas Espanholas - Aragoneza

Cubana Montanhesa e AndaluzaFALLA (M) - Fantasia IbeacutericaFALLA (M) - Fantasia PoeacuteticaFALLA (M) - Danccedila do TerrorFRESCOBALDI-RESPIGHI - Tocata e Fuga em

LaacuteMGINASTERA (ALBRETO) - SonataGLAZOUNNOW - Suite para piano op 2GLAZOUNNOW - Sonata op 129GODOWSKY - SonataGRANADOS - GoyescasGRETCHANINOFF - Sonata op 75GRETCHANINOFF - Romance e Variaccedilotildees op 51GRIEG - Sonata op 7GRIEG - Baladas op 9 e op 24GRIEG - Valsas-Caprichos op 37GRIEG - Danccedilas Ruacutesticas norueguesas op 72HAAS (J) - Sonatas op 6 ns I e 2HAYDN - Sonatas ns 19 e 20HENDRIKS - Fantoches

HINDEMITH - Peccedilas para piano op 37 e 37 bisHINDEMITH - SonatasHINDEMITII - Ludus TonalisINFANTE (MANUEL) - Sevillanas

(Impressions de retes agrave Seville)INFANTE (MANUEL) - EI Vile (versatildeo A)

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CHOPIN - BaladasCHOPIN - BarcarolaCHOPIN - Fantasia op 49CHOPIN - Allegro de ConcertoCHOPIN - Rondoacutes op I op 5 e op 16CHOPIN - Variaccedilotildees op 12CHOPIN - BerceuseCHOPIN - BoleroCHOPIN - TarantelaCHOPIN - Valsas op 18 op 34 n I e op 42CHOPIN - 24 Preluacutedios op 28CHOPIN - Noturnos op 9 n3 op 27 ns I e 2

op 32 n 2 op 37 n 2 op 48 ns I e 2 Op62 ns I e 2

CHOPIN - Polonaises op 44 op 53 op 61CHOPIN - Mazurcas op 30 n 4 op 33 n 4

op 41 n I op 50 n 3 op 56 ns I e 3 op59 n 3 op 68 ns I e 2

CHOPIN - Andante Splanato e Grande PolonaiseBrilhante

CHOPIN - Polonaise-Fantasia op 61CLEMENTI - Sonatas op 40 ns 2 e 3DEBUSSY - LIsle joyeyseDEBUSSY - Suite pour le piano Preluacutedio

Sarabanda e TocataDEBUSSY - Imagens (1 Caderno) - Reflets

dans Ieau- Hommage agrave Rameau- MouvementDEBUSSY - Imagens (2 Caderno) - Cloches agrave

travers les feuilles- Et la lune descend sur le temple qui fut- Poissons dorDEBUSSY - Preluacutedios - Le vent dans la pleine- Ce qua vu le vent dOuest- La danse de puck- Brouillards- Les feacutees sont dexquises danseuses- Ondine- Les tieces ai temes- Feux dartifice- Les Sons et les parfums tornent dans lair du

soir- Les collines dAnacapri- Feuilles mortes- La puerta dei vino- General Lavine

204

BACH-BUSONI - Tocata e Fuga em Reacute m paraOacutergatildeo

BACH-BUSONI - Tocata Intermezzo e Fugapara Oacutergatildeo em Doacute M

BACH-LISZT - 6 Preluacutedios e FugasBACH-LISZT - Fantasia e Fuga em Sol mBACH-LISZT - Preluacutedio e fuga para OacutergatildeoBACH-SILOTTI - Preluacutedio em Sol m para OacutergatildeoBACH-STRADALL - Concerto para OacutergatildeoBACH-TAUSIG - Tocata e Fuga em Reacute m para

OacutergatildeoBACH (w F) - Fantasia e Fuga em Laacute mBALAKlREW - ScherzosBALAKIREW - IslameyBARBER (SAMUEL) - SonataBARTOK (BELA) - SonataBARTOK (BELA) - Allegro BaacuterbaroBARTOK (BELA) - Suiacutete op 14 (completo)BARTOK (BELA) - Improvisaccedilotildees op 20

(completo)BARTOK (BELA) - Danccedilas RomenasBARTOK (BELA) - Danccedilas BuacutelgarasBEETHOVEN - 32 Variaccedilotildees em Doacute mBEETHOVEN - 33 Variaccedilotildees sobre tema de DiabelliBEETHOVEN - Variaccedilotildees sobre tema da HeroacuteicaBEETHOVEN - Sonatas op 26 op 28 op 31

ns 12 e 3 op 53 op 57 op 81 op 101 op106 op 109 op 110 e op III

BEETHOVEN - 12 Variaccedilotildees em Laacute M (DasWaldmachen)

BERG (ALBAN) - Sonata n IBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema huacutengaroBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema originalBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema de SchumannBRAHMS - Variaccedilotildees e Fuga sobre um tema de

HaendelBRAHMS - Variaccedilotildees e Fuga sobre um tema de

PaganiniBRAHMS - Duas Rapsoacutedias op 79BRAHMS - 4 Baladas op 10BRAHMS - Scherzo op 4BRAHMS - Balada op 118BRAHMS - SonatasCASTELNOUVO (TEDESCO) - SonataCHOPIN - Improvisos op 36 e op 51CHOPIN - SonatasCHOPIN - Scherzos

SMETANA - BagatelasSTRAWINSKY - PetruskaSTRAWINSKY - Capricho op 7 n 1SZYMANOWSKY - SonatasSZYMANOWSKY - Variaccedilotildees sobre tema polacoSZYMANOWSKY - Preluacutedio e FugaTHEVENET (JEAN) - Eacutetude Frantasie pourpianoTSCHAIKOWSKY - Improviso - CaprichoTSCHAIKOWSKY - Sonata op 37TURlNA - Silhuetas op 70TURINA - Minerias op 21 e op 56WAGNER-LISZT - cavalgada das WalkiacuteriasWAGNER-LISZT - Morte de Isolda

BARROZO NETTO - Rapsoacutedia GuerreiraBARROZO NEITO - Variaccedilotildees sobre um tema

originalBARROZO NEITO - Movimento perpeacutetuoBRANDAtildeO (1 Y) - Preluacutedio n 5BRANDAtildeO (1 V) - Estudos ns I e 3BRANDAtildeO (J Y) - ChorinhoCAMEU (H) - Estudo op 19 n ICAMEU (H) - YaraCAMEU (H) - Saci-PererecircCAMEU (H) - BoitataacuteCAMEU (H) - Duas SonatinasCAMINHA (A) - Preluacutedio da Suiacutete n ICAMPOS (JOAQUINA ARAUacuteJO) - Tema com

Variaccedilotildees e CoralCANTUacute (A) - leux deauCHAVES (P) - Preluacutedio e Fuga em Reacute menorCHAVES (P) - Preluacutedio e Fuga em Doacute menorCUNHA (ITIBEREcirc) - Estudo em Doacute MaiorFERNANDEZ (L) - Estudo do crepuacutesculo n 5FERNANDEZ (L) - Preluacutedio FantaacutesticoFERNANDEZ (L) - 3ordf Suiacutete Brasileira (Toada-

Seresta - longo)

FERNANDEZ (L) - 3 Estudos em fonna deSonatina

FERNANDEZ (L) - Valsa suburbanaFERNANDEZ (L) - Sonata Breve

SCRlABIN - SonatasSCRlABIN - Sonata Fantasia op 19SCRlABIN - Allegro Appasionato op 4SCRlABIN - Poema traacutegico op 34SCRlABIN - Poema Noturno op 6 ISCRlABIN - Notumos op 5SCRlABIN - Preluacutedio para a matildeo esquerda op 9SCRlABIN - Noturno para a matildeo esquerda op 9SCRlABIN - Poemas ops 32 4 I e 63SCRlABIN - Vers la flammeSCRlABIN - Poema satacircnico op 36SEacuteVEacuteRAC (DEODAT) - IntennezzoSEacuteVEacuteRAC (DEODAT) - Conte agrave laacute veilIeacuteeSMETANA - Sonata em um movimentoWAGNER-LISZT - Encantamento do fogoWEBER - Grande Polonaise op 21WEBER - Sonatas op 24 op 39 op 49 e op 70WEBERN (ANTON) - Variaccedilotildees op 27

AUTORES BRASILEIROS

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX XPECcedilASALENCAR PINTO (A) - Suite Sul-Americana

(sobre temas populares)ALIMONDA (H) - Duas SonatinasALMEIDA (CARLOS) - 4ordf SerestaANES (CARLOS) - Variaccedilotildees sobre um tema

em tempo de MinuetoANES (CARLOS) - PirilamposANES (CARLOS) - Fonte luminosaANES (CARLOS) - Marcha liliputianaANES (CARLOS) - FiligranasANES (CARLOS) - BorboletasANES (CARLOS) - MiragensANES (CARLOS) - TocataANES (CARLOS) - Quietude op 45ANES (CARLOS) - Gorgeios op 63ANES (CARLOS) - Moto perpeacutetuoANES (CARLOS) - Um passeio na neveANES (CARLOS) - A procelaacuteriaBARROZO NEITO - ChoroBARROZO NEITo - Alegria de viverBARROZO NEITO - TarantelaBARROZO NEITO - CoriscosBARROZO NEITO - Estudo de Concerto

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RAVEL - Miroirs n 4 - Alborada dei GraciosoRAVEL - Miroirs n 5 - La valeacutee des cIochesRAVEL - Jeux deauRAVEL - Valses Nobles et sentimentalesREGER (MAX) - Variaccedilotildees e Fugas sobre um

tema de BachREGER (MAX) - 6 Intennezzos op 45REGER (MAX) - 6 Preluacutedios e FugasREGER (MAX) - Aquarelas op 25REGER (MAX) - 6 Peccedilas op 24RINSKY-KORSAKOFF - Variaccedilotildees sobre um

tema russoRINSKY-KORSAKOFF - 6 FugasRlNSKY-KORSAKOFF - 6 variaccedilotildees sobre um

tema de BachRUBINSTEIN - Sonatas op 100SAINT-SAENS - Air de Ballet dAIcesteSAINT-SAEN S - Danccedila MacabraSAINT-SAENS - Capricho sobre a Aacuteria

dAIcesteSAINT-SAENS - Estudo em fonna de ValsaSAINT-SAENS - tema Variado op 97SAINT-SAENS - Suiacutete op 90SCARLATTI (DOMEacuteNICO) - LONGO (A) shy

Sonatasn 9 emLaacute Maior n 14em Reacute Maiorn 18 em Reacute Maior e n 20 em Sol Maior

SCHOENBERG - Suite op 25SCHOSTAKOVICH - Preluacutedios e FugasSCHOSTAKOVICH - Marcha SarcaacutesticaSCHOSTAKOVICH - SonataSCHUBERT - Fantasia op 15SCHUBERT - SonatasSCHUBERT - Tausig - Marcha MilitarSCHUMANN - PapilIonsSCHUMANN - AlIegro n 8SCHUMANN - Visotildees notumas op 23SCHUMANN - 3 Peccedilas Fantasias op IIISCHUMANN - Tocata op 7SCHUMANN - Fantasia op 17SCHUMANN - Kreisleriana op 16SCHUMANN - Estudos Sinfoacutenicos op 13SCHUMANN - Carnaval de Viena op 26SCHUMANN - Humoresque op 20SCHUMANN - Danccedilas de Davidsbuumlndler op 6SCHUMANN - Novelete op 2 I n 8SCHUMANN - SonatasSCHUMANN - Carnaval op 9

206

MILHAUD (O) - Saudades do Brasil (lordf e 2ordfseacuteries)

MITROUPOLOS - ScherzoMITROUPOLOS - Fecircte cretoiseMITROUPOLOS - Passacaglia e FugaMITROUPOLOS - SonataMOSZKOWSKY - Tarantela (em Sol bemol M)MOSZKOWSKY - Capricho espanhol op 37MOSZKOWSKY - Les vaguesMOUSSORGSKY - Quadros de uma exposiccedilatildeoMOZART - Sonatas K 310 K 331 K 457 e K 576MOZART - Fantasias K 396 e K 475MOZART - Variaccedilotildees K 573 spbre um tema de

DuportPADEREWSKY - No deserto op 15 (Tocata)PADEREWSKY - O canto do viajante op 5POLLINI - Tocata op 31POULENC - Movimentos perpeacutetuosPOULENC - NotumosPOULENC - TocataPOULENC - Intennezzo em Laacute b MaiorPOULENC - ImpromptusPOULENC - NovellettesPROKOFIEFF - SonatasPROKOFIEFF - Marcha Triunfal op 67PROKOFIEFF - 4 Peccedilas op 4PROKOFIEFF - Tocata op IIPROKOFIEFF - Sarcasmo op 17RACHMANINOFF - Preluacutedios op 32 exceto

os de ns 5 e 12RACHMANINOFF - Preluacutedios op 23 exceto

os de ns 4 5 e 6RACHMANINOFF - Variaccedilotildees sobre um tema

de Corelli op 42RACHMANINOFF - Variaccedilotildees sobre um tema

de Chopin op 22RACHMANINOFF-KREISLER - LiebesfreudRACHMANINOFF-KREISLER - LiebesleidRAVEL - Tocata (Tombeau de Couperin)RAVEL - SonatinaRAVEL -Gaspard de la nuitRAVEL - Ondine

- Le gibet- Scarbo

RAVEL - Miroirs n I - NoctuellesRAVEL - Miroirs n 2 - Oiseaux tristesRAVEL - Miroirs n 3 - Une barque sur lOceacutean

SOUZA LIMA - 2ordf Valsa BrasileiraSOUZA LIMA -Notumo n 1 (Peccedilas Romacircnticas)SOUZA LIMA - Capricho n 2 (Peccedilas

Romacircnticas)

SOUZA LIMA - Estudo Fantasia n 6 (PeccedilasRomacircnticas)

SOUZA LIMA - Danza - Impressotildees de ValecircnciaTACUCHIAN (R) - Sonatas ns I e 2VIANNA (FRUTUOSO) - Toada n 2VIANNA (FRUTUOSO) - Corta-jacaVIANNA (FRUTUOSO) - 7 MiniaturasVILLA-LOBOS - Num berccedilo encantado (Simples

coletacircnea n 2)VILLA-LOBOS - Rodante (Simples coletacircnean 3)VILLA-LOBOS - Alegria na hortaVILLA-LOBOS - Suiacutete FloralVILLA-LOBOS Farrapos (Danccedilas

caracteristicas africanas n 1)VILLA-LOBOS - Kankukus (Danccedilas

caracteriacutesticas africanas n 2)VILLA-LOBOS Kankikis (Danccedilas

caracteriacutesticas africanas n 3)VILLA-LOBOS - Caboclinha (Prole do bebecircn 3)VILLA-LOBOS - Bruxa (Prole do bebecirc n 8)VILLA-LOBOS - Ciclo Brasileiro Plantio do

caboclo - Impressotildees seresteiras - Festa nosertatildeo - Danccedila do iacutendio branco (Peccedilas isoladas)

VILLA-LOBOS - Alma Brasileira (Choros n 5)VILLA-LOBOS - Xocirc xocirc passarinho (Cirandan 7)VILLA-LOBOS - Fui no tororoacute (Ciranda n 9)VILLA-LOBOS-Olhaopassarinho(Cirandan 12)VILLA-LOBOS - Que lindos olhos (Ciranda n 15)VILLA-LOBOS - Coacute-coacute-coacute (Ciranda n 16)VILLA-LOBOS - Valsa da dorVILLA-LOBOS - Valsa-Scherzo op 17VILLA-LOBOS - A fiandeiraVILLA-LOBOS - Rude poema

BACH (1 S) - Coral- O Salvador dos Pagatildeos seaproxima (Transcriccedilatildeo de Pierre Luboshutz)

BACH (1 S) - Coral - Regozijai-vos Cristatildeosamados (Transcriccedilatildeo de Siacutelvio Scionti)

2W

PECcedilAS

BACH (J S) - Recitativo e Aacuteria (Transcriccedilatildeo deVictor Babin)

BACH-MEDNIKOFF F Sol menor - uga para Orgatildeo em

REPERTOacuteRIO A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS I II III IV

OSWALD (H) - 3 EstudosOSWALD (H) - variaccedilotildees sobre um tema de

Barrozo NettoOSWALD (H) - Improviso op 19OSWALD (H) - Estudo PoacutestumoOSWALD (H) - Paacuteginas daacutelbum ns 4 e 6OSWALD (H) - ScherzoOSWALD (H) - ln hamacOSWALD (H) - Noturnos op 6 ns I e 2OSWALD (H) - 7 Miniaturas op 16 (completo)OSWALD (H) - Chauve-Sourris op 36 n 3PEIXE (GUERRA) - Sonata n 2PEREIRA DA SILVA (ANNA C) - Estudo em

Laacute bMaiorPRADO (ALMEIDA) - 8 Variaccedilotildees (sobre um

tema do Rio Grande do Norte)PRADO (ALMEIDA) - Recitativo e FugaPRADO (ALMEIDA) - TocattaPRIOLLI (MARIA LUISA) - Estudo em Doacute MaiorPRIOLLI (MARIA LUISA) - Sonata - Fantasia

op 21PUMAR (L MARIA) - Estudos ns I e 2REBELLO (A) - TarumatildeREBELLO (A) - Caboclo Imaginando (ponteio n I)REBELLO (A) - Ajuricaba (Ponteio n I)REBELLO (A) - Valsa GauacutechaREBELLO (A) - Taxaua (Ponteio n 2)REIS (HILDA) - Expressotildees CariocasSANTORO (C) - TocataSANTORO (C) - Paulistanas n 7SANTORO (C) - Danccedilas BrasileirasSANTORO (C) - SonatasSCLIAR (ESTHER) - SonataSIQUElRA (1 BATISTA) - SonatasSIQUElRA (1 BATISTA) - Fantasia de ConcertoSIQUElRA (J BATISTA) - Suiacutete dos sustenidosSIQUElRA (10SEacute) - Toada

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MIGNONE (F) - Bacanal dos ElfosMIGNONE (F) - Crianccedilas brincandoMIGNONE (F) - Noites em GranadinaMIGNONE (F) - 6 Estudos transcendentaisMIGNONE (F) - 6 PreluacutediosMIGNONE (F) - SonataMIGNONE (F) - TangoMIGNONE (F) - CateretecircMIGNONE (F) - MarvadinhoMIGNONE (F) - CucumbizinhoMIGNONE (F) - EI retablo dei AlcazarMIGNONE (F) - MaxixeMIGNONE (F) - Danccedila do BotocudoMIGNONE (F) - Lendas sertanejas ns 1345 e 6MIGNONE (F) - Valsa de Esquina n 12MIGUEZ (L) - Schrezetto op 20 n3MIGUEZ (L) - Allegro appassionatoNATHO (HENN) - Procissatildeo de Nossa Senhora

dos NavegantesNATHO (HENN) - Ymembuiacute (Bailado)NAZARETH (E) - Gauacutecho - TangoNAZARETH (E) - BatuqueNAZARETH (E) - Carioca - ChoroNAZARETH (E) - Sarambeque - ChoroNAZARETH (E) - LabirintoNAZARETH (E) - Cavaquinho porque chorasNAZARETH (E) - Duvidoso - TangoNAZARETH (E) - Nenecirc - TangoNAZARETH (E) - Fon-FonNEPOMUCENO (A) - Suiacutete Antiga op 11

(completa)NEPOMUCENO (A) - BrasileiraNEPOMUCENO (A) - BatuqueNEPOMUCENO (A) - Tema e Variaccedilotildees em Laacute

menorNEPOMUCENO (A) - Tema e Variaccedilotildees sobre

um tema originalNOBRE (MARLOS) - 3ordm Ciclo Nordestino op 22NOBRE (MARLOS) - Tocatina Ponteio e Final

op12NOBRE (MARLOS) - 16 Variaccedilotildees sobre um

tema de Frutuoso Vianna op 8NOBRE (MARLOS) - Tema e Variaccedilotildees op 7NUNES (JOAtildeO) - Les hermonies de la CatheacutedraleNUNES (JOAtildeO) -Ia vie des abeillesOCTAVIANO (J)- Variaccedilotildees sobre um tema deBarrozo NettoOCTAVIANO (1) - Cenas brasileiras

208

FERNANDEZ (L) - Tema com variaccedilotildeesFERNANDEZ (L) - BatuqueFIUZA (V) - VariaccedilotildeesFIUZA (V) - Sonata em Reacute menorFROacuteES (D) - E o mar respondeu agrave selvaGARRlTANO (A) - Coral com 4 VariaccedilotildeesGARRlTANO (A) - PampaGARRlTANO (A) - Preluacutedio e Fuga em Faacute MaiorGNATTALI (R) - Rapsoacutedia BrasileiraGNATTALI -(R) - SuiacutetesGOacuteES (C F) - BaladaGOacuteES (C F) - Estudo de ConcertoGUARNIERI (C) - Ponteios ns 21 23 26 30

323740424344454748 e 49GUARNIERI (C) - TocataGUARNIERI (C) - Choro torturadoGUARNIERI (C) - LunduacuteGUARNIERI (C) - Danccedila negraGUARNIERI (C) - Danccedila brasileiraGUARNIERI (C) - Danccedila selvagemGUARNIERI (C) - ToadaGUARNIERI (C) - SonataITIBEREcirc (BASIacuteLIO) - SertanejaITIBEREcirc (BASIacuteLIO) - Estudo n IITmEREcirc (BASIacuteLIO) - Estudo de Concerto op 33lABOR (NAlLA) - Estudo transcendental n IlABOR (NAJLA) - Suiacutete O cabritinho e a flauta

-Loucurade Polichinelo - Pandemotildenio (completa)lABOR (NAlLA) - Preluacutedio SinfocircnicolABOR (NAlLA) - Histoacuteria de amor em 4

tempos (completa)KORENCHENDLER(H D) - Preluacutedio Tocata

e Fugaop 26LACERDA (O) - Cromos (3ordm Caderno)LACERDA (O) - Brasiliana n 6LACERDA (O) - Variaccedilotildees sobre Mulher

BrasileiraLEVY (A) - Variaccedilotildees sobre um tema brasileiroLEVY (A) - SambaLEVY (A) - Rapsoacutedias brasileiras ns I e 2LYRA (DIVA) - Danccedila do IacutendioLYRA (DIVA) - Estudos ns 4 5 e 6MAUL (O) - TriacutepticoMAUL (O) - TocataMAUL (O) - Festa no ArraialMAUL (O) - BaiatildeoMAUL (O) - Estudos op 21MAUL (O) - Lenda do velho moinho

REPERTOacuteRIO A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS I II III IV

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX X

MIGNONE (E) - Congada

SAINT-SAENS - Scherzo op 87SAINT-SAENS - Variaccedilotildees sobre um te ma de

BeethovenSAINT-SAENS - Marche HeroiqueSCHUMANN - Andante e Variaccedilotildees op 46SCHUMANN - Seis Estudos Canoacutenicos op 56

(Transcriccedilatildeo de Debussy)STRAVINSKY - Trecircs movimentos de

PetruchkaTHOMEacute (FRANCIS) - Marche Croate

NAZARETH (E) - Labirinto (Transcriccedilatildeo deCladyr de Campos)

SCHUBERT - 6 Marchas fuacutenebres op 55(volume II)

SCHUBERT - 6 Polonaises op 61 (volume II)SCHUBERT - Divertimentos op 63 (volume II)SCHUBERT - Marcha Heroacuteica op 66 (volume II)SCHUBERT - 4 Polonaises op 75 (volume II)SCHUBERT - Variaccedilotildees op 82 (volume II)SCHUBERT - Andantino op 84 (volume II)SCHUBERT - Rondoacute (volume II)SCHUMANN - Cenas Infantis (Transcriccedilatildeo de

Kirchner)

211

PERIacuteODOS I II III IV

REPERTOacuteRIO PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PERIacuteODOS I II III IV

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS - A DOIS PIANOS

PERIacuteODOS V VI VII VIII IX X

AUTORES BRASILEIROS - PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PECcedilAS

LACERDA (OSVALDO) - Brasiliana n 4

MOUSSORGSKY - Quadros de uma Exposiccedilatildeo(Transcriccedilatildeo de Cladyr de Campos)

MOZART - Sonata e Fuga K 448 e K 426MOZART - Adaacutegio e Fuga ln C minorPROKOFIEFF - Preluacutedio op 12 n 7

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolliacute)RACHMANINOFF - Rapsoacutedia sobre um tema

de Paganini op 43 (Transcriccedilatildeo de Cecily

Lambert)RACHMANINOFF - Suiacutetes op 5 e op 17

PECcedilASALMEIDA (CARLOS) - Quarta SerestaJABOR (NAJLA) - Pandemoacutenio

PECcedilASBRAHMS - Liebeslieder Waltzes op 52 (a)BRAHMS - Neue Liebeslieder Waltzer op 65 (a)BRAHMS - 21 Danccedilas huacutengarasMOZART - Sonatas K 381 K 358 K 497 e K 521MOZART - Fantasias K 594 e K 608MOZART - Variaccedilotildees K 50 IMOZARTmiddot Fuga K 401RAVEL - Ma mere IOyeSATIE (ERIK) - Muacutesica para piano a 4 matildeos shy

La belle excentrique (Fantasie serieuse)

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CHOPIN - Estudos op 10 n 5 e op 25 n 9(Transcriccedilatildeo de Gui Maier)

DVORAK - Danccedila eslava n 9 (Transcriccedilatildeo deG Graetzer)

KREISLER (FRITZ) - Capricho VienenseLISZT - Recircve damour (Transcriccedilatildeo de E Guenther)MENDELSSOHN - Nas asas da canccedilatildeo

(Transcriccedilatildeo de R Gruen)

NAZARETH (E) - Apanhei-te cavaquinho(Transcriccedilatildeo de Cladyr de Campos)

NAZARETH (E) - Ameno Resedaacute (Transcriccedilatildeode Cladyr de Campos)

PINTO (OCTAacuteVIO) - Cenas InfantisREBELLO (A) - Tarumatilde (Transcriccedilatildeo de Aureacutelio

Silveira)REBELLO (A) - Curupira (Transcriccedilatildeo de

Cladyr de Campos)REBELLO (A) - Choro em oitavas (Transcriccedilatildeo

de Maria Castilho)

FRANCK (CEacuteSAR) - Preluacutedio Fuga e VariaccedilatildeoKRIESLER (FRITZ) - Liecesfreud (Transcriccedilatildeo

de Gui Maier)LECUONA (E) - CoacuterdobaLlADOV (A) - Boite agrave Musique op 32

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolli)MOSZKOWSKY - Danccedila Espanhola op 12

(Transcriccedilatildeo de B Wolft)PROKOFIEFF - Preluacutedio op 12 n 7

(Transcriccedilatildeo de Maria Luiacutesa Priolli)RAVEL - Pavane (Transcriccedilatildeo de Castelnuovo

Tedesco)STRUSS (RICHARD) - Seacutereacutenade (Transcriccedilatildeo

de Abram Chassiacutens)TSCHAIKOWSKY - Quatro Valsas (Transcriccedilatildeo

de Viacutestor Babin)

210

BACH (J S) - Duas Fugas (em Reacute menor)BACH (J S) - Coral- As ovelhas podem pastar

tranquumlilamente (Transcriccedilatildeo de Mary Howe)BACH (J S) - Coral- Jesus alegria dos homens

(Transcriccedilatildeo de Victor Babin)BACH-FRIEDMAN - Sonata em Faacute MaiorBRAHMS - Valsas op 39CHAMBRIER - Trecircs Valsas RomacircnticasCHOPIN - Preluacutedios ns 6 e 7 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)CHOPIN - Estudo op 25 n 2 (Transcriccedilatildeo de

C Dougherty)CRAMER-ARTHUR NAPOLEAtildeO - EstudosDEBUSSY - Danccedilas Sacras e ProfanasFALLA (MANUEL) - EI amor brujo

(Transcriccedilatildeo de C Dougherty)

PECcedilAS DE AUTORES BRASILEIROS - A DOIS PIANOS

PECcedilASARENSKY - Suiacutete op 15BARTOK - Sete peccedilas do MicrocosmosBRAHMS - Sonata op 34CHOPIN - Estudo op 10 n 2 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)CHOPIN - Estudo op 25 n 6 (Transcriccedilatildeo de

Maria Luiacutesa Priolli)

PECcedilAS

ALENCAR PINTO (A) - Quebra o cocomenina (Transcriccedilatildeo de Radameacutes Gnattali)

ALMEIDA (CARLOS) - Carioquinha(Miniatura n 4) Original

ALMEIDA (CARLOS) - BrincandoALMEIDA (CARLOS) - Iordf SerestaNAZARETH (E) - Brejeiro (Transcriccedilatildeo de E

Mignone)NAZARETH (E) - Odeon (Transcriccedilatildeo de

Cladyr de Campos)

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212

REPERTOacuteRIO PARA PIANO A QUATRO MAtildeOS

PERiacuteoDOS V VI VII VIII IX X

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SCHUBERT - Rondoacute op 138SCHUBERT - Grande Duo op 140SCHUBERT - Allegro op 144SCHUBERT - Fuga op 152SCHUBERT - Ouverture (volume IV)SCHUBERT - SonataSCHUBERT - Vier LanderSCHUBERT - Kinder March

PECcedilASBRAHMS - Variaccedilotildees sobre um tema de

Schumann op 23MENDELSSOHN - Allegro brilhante op 92MENDELSSOHN - Andante e Variaccedilotildees op 83POULENC - SonataSCHUBERT - Fantasia op 103 (volume III)SCHUBERT -Grande Rondoacute op 107 (volume III)SCHUBERT - Duas Marchas op 121 (volume III)

Nota - Em qualquer periacuteodo podem ser apresentadas peccedilas para 2 pianos ou para piano a quatromagraveos de acordo com o constante do Programa do Curso de Graduaccedilatildeo

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