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MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO Rev. Giovani Bianchini

MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO

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Page 1: MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO

MÉTODOS DE

ESTUDO BÍBLICO

Rev. Giovani Bianchini

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AULA 1 Antes de aprendemos qualquer método de estudar a Bíblia, nós precisamos aprender alguns conceitos básicos sobre ela. Então vamos lá.

- Por que a Bíblia foi escrita? A Bíblia foi escrita basicamente com três propósitos:

1) Ensinar quem Deus é A Bíblia foi escrita para revelar o caráter de Deus, ou seja, os seus atributos, suas virtudes, suas qualidades. Em outras palavras, a Bíblia foi escrita para nos mostrar quem Deus é. Jesus é a revelação máxima de Deus (Jo 1.14).

2) Mostrar o caminho da salvação A Bíblia aponta para a única maneira de irmos para o céu, ou seja, a única maneira de ganharmos a vida eterna com Deus. Jesus é a própria salvação de Deus (At 4.16; Jo 14.6).

3) Transformar a nossa vida

A Bíblia é um meio que Deus usa para moldar o nosso caráter. Ela é um manual de orientação e transformação. Em outras palavras, a Bíblia tem o objetivo de nos tornar semelhantes a Jesus. Jesus é o modelo da nossa transformação (1Jo 3.2).

- Qual o tema principal da Bíblia? - Qual é o assunto central da Bíblia? O assunto central da Bíblia é Jesus Cristo. A Bíblia é cristocêntrica, ou seja, do começo ao fim ela aponta para Jesus. De Gênesis a Apocalipse ela nos ensina algo sobre Jesus. O próprio Jesus afirmou várias vezes que Ele próprio é o tema central da Bíblia (Jo 5.39, 46; Mt 5.17; Lc 24.27; Jo 1.45; Hb 10.7). O Antigo Testamento gira em torno da promessa da vinda de Jesus Cristo. O Novo Testamento é o cumprimento desta promessa. Veja a tabela abaixo:

Antigo

Testamento

Pentateuco ➔ Históricos ➔

Poéticos ➔ Profecias ➔

Fundamentos da chegada de Cristo Preparação para a chegada de Cristo Anseio pela chegada de Cristo Certeza da chegada de Cristo

Novo

Testamento

Evangelhos ➔ Histórico ➔

Cartas ➔ Apocalipse ➔

Manifestação de Cristo Propagação de Cristo Interpretação e aplicação de Cristo Consumação de Cristo

- Qual é a linha mestra da Bíblia (Promessa e Aliança) Este tema da promessa está intimamente ligado ao conceito de aliança, ou seja, Deus só faz promessas1 porque Ele só se relaciona consigo mesmo e com a sua criação por meio de alianças (pactos2). Deus não se relaciona com Ele mesmo e nem com aquilo que Ele criou se não for através de pactos.

1 Promessa é um compromisso (voto, obrigação) de se fazer alguma coisa. 2 Pacto é um acordo feito entre duas partes. Neste acordo há juramentos, votos, estipulações e sanções de ambas as partes. Nós podemos dizer que um pacto (aliança) é um compromisso de uma pessoa com outra – um laço inviolável, inquebrável e eterno.

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A própria Bíblia é uma prova disso. Ela está estruturada sobre três alianças (pactos):

a) Pacto da Redenção b) Pacto das Obras c) Pacto da Graça

Vamos ver rapidamente cada uma delas:

a) Pacto da Redenção O pacto da redenção foi a aliança que Deus fez consigo mesmo (a trindade) antes da fundação do mundo – na eternidade passada. Neste pacto, o Deus trino assume o compromisso com o plano da salvação e define os papéis de cada pessoa da trindade neste plano – O Pai envia o Filho e o Espírito Santo. O Filho se encarna e executa o plano morrendo por nós. O Espírito Santo ressuscita o Filho e aplica em nós a obra da salvação (regeneração, santificação, dons e fortalecimento espiritual) (1Pe 19, 20; Gl 4.4; Jo1.1, 14; 1Co 15.3; Rm 8.11; Jo 3.5, 6; 6.63; 16.13; 2Ts 2.13).

b) Pacto das Obras O pacto das obras foi a aliança que Deus fez com o ser humano antes da queda. Neste pacto, Deus prometeu dar vida eterna a Adão e a toda a sua posteridade, sob a condição de obediência perfeita e pessoal (Gn 2.15-17)3.

c) Pacto da Graça O pacto da graça foi a aliança que Deus fez com o ser humano depois da queda. Neste pacto, Deus oferece aos pecadores a salvação, exigindo deles a fé no Salvador (que virá da semente da mulher) (Gn 3.15; Os 6.7). É importante entendermos de que o pacto da graça não invalida o pacto das obras e nem pode ser separado dele, pois, a nossa salvação é realizada, em última instância, pelo cumprimento do pacto das obras, ou seja, o segundo Adão (Jesus Cristo), pela sua perfeita e pessoal obediência, cumpriu as exigências do pacto das obras. Jesus fez por nós o que nós não somos capazes de fazer por nós mesmos. A salvação é pela fé – a fé de que Jesus Cristo cumpriu perfeitamente o pacto das obras. O Pacto da graça se tornou necessário porque o ser humano se tornou incapaz de praticar obras adequadas para merecer a salvação – obediência perfeita e pessoal a Deus (pacto das obras).

Ampliações do Pacto da Graça Os detalhes do pacto da graça, que foi anunciado em Gênesis 3.15, vão sendo ampliados de acordo com as alianças que Deus vai fazendo com Noé, Abraão, Moisés e Davi, tendo, por fim, o seu cumprimento pleno em Jesus Cristo (a semente da mulher).

3 O termo “aliança” ou “pacto” não aparecem em Gênesis 1 a 3, mas o seu conceito e a sua essência estão lá – há um pacto de vida e morte. Além disso, fica claro que Deus só relaciona com a sua criação por meio de alianças (Jr 33.20, 25).

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Aliança com Noé (aliança da preservação) – Gn 6.18; 9.8-11 – Deus promete preservar a humanidade (a semente da mulher) para poder cumprir o propósito de redimir o seu povo. Aliança com Abraão4 (aliança da promessa) – Gn 12.3; 15.18; 17.2-8 – Deus promete que aquela semente da mulher viria da etnia de Abraão e que ela se tornaria um grande povo, herdaria a terra e Deus seria o Deus de toda a sua descendência5. Aliança com Moisés (aliança da lei) – Êx 24.8; Dt 29. 1, 10-13 – Deus estabelece o padrão de conduta e relacionamento6 que Ele espera do seu povo (os descendentes de Abraão) e promete ser o Deus deste povo e que este povo pertenceria a Ele7.

Aliança com Davi (aliança do reino) – 2Sm 7; Sl 89.3 – Deus promete que aquela semente da mulher teria descendência real e que o seu reinado nunca mais teria fim.

De modo geral, nós podemos dizer que a Bíblia como um todo, pode ser vista como uma história de Deus fazendo alianças e o homem respondendo a estas alianças.

Pentateuco ➔ Históricos ➔

Poéticos ➔ Proféticos ➔

Mostra o que Deus espera do povo da aliança (Lei). Indicam a resposta dada pelo povo da aliança. Contém o louvor que deve estar nos lábios do povo da aliança. Apresentam o juízo que vem contra o povo da aliança quando eles quebram a aliança, mas, promete renovação se houver arrependimento.

Aliança com Jesus (aliança da consumação) – Mt 1.21; 5.17; Hb 8.6-12; 12.24 – Em Jesus Cristo as alianças com Abraão, Moisés e Davi tem o seu cumprimento combinada na nova aliança. Pela nova aliança, Deus cumprirá todas as promessas das alianças anteriormente estabelecidas com o seu povo (Jr 31-31-33; Ez 37.24-28; Mt 26.27, 28; 1Co 11.25). A nova aliança é a última aliança.

4 As alianças feitas com Isaque e Jacó são apenas confirmações da aliança feita com Abraão (Gn 26.2-4; 28.13, 14). 5 Vale lembrar de que Deus diz que todas as famílias da terra seriam abençoadas no descendente de Abraão (Gn 12.3; 22.15-18). 6 Os mandamentos (a lei); 7 Êx 6.7; 19.5;

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AULA 2

Três conceitos importantes sobre a Bíblia Há três conceitos importantes ligados à Bíblia: Revelação, Inspiração e Iluminação. - O que é revelação? Revelação é ato de Deus através do qual ele se dá a conhecer ao ser-humano. Deus se revelou através da Criação (revelação geral), através da Bíblia (revelação especial) e através de Jesus (revelação pessoal) (Sl 19.1; Rm 1.20; At 14.17; Rm 15.4; 2Tm 3.15; Jo 1.18; Jo 14.8,9; Hb 1.1, 2).

- O que é Inspiração? Inspiração é o ato através do qual o Espírito Santo de Deus capacitou homens a registrarem a Sua revelação. A inspiração é uma prova de que a Bíblia não contém erros, pois, Deus não pode inspirar o erro. Ela é inerrante (2Tm 3.16, 17; 1Co 2.12, 13; 2Pe 1.20, 21; Nm 23.19). - O que é iluminação? Iluminação é o ato de Deus através do qual o Espírito Santo de Deus capacita os seres-humanos a entenderem e aceitarem o conteúdo salvífico da Bíblia (Jo 14.26; 16.13, 14; Lc 24.45; Sl 119.18).

[VÍDEO]: – Obra do E.S. na interpretação Bíblica – Augustus Nicodemus

Método Dedutivo e Indutivo Todo e qualquer estudo que fazemos necessita o uso do raciocínio, ou seja, mecanismos da razão que servem para analisar, refletir, entender e chegar a conclusão do assunto estudado. Dentro da área do raciocínio existe basicamente dois mecanismos que usamos para compreender as coisas: o Método Indutivo e/ou o Método Dedutivo. Na área da lógica estes dois métodos pertencem às classes fundamentais de argumentos. Vamos entender cada um deles:

Método Dedutivo – é a modalidade de raciocínio que, a partir de fatos gerais, chega à conclusão de um fato particular. A estrutura básica do método dedutivo é o silogismo, ou seja, onde duas premissas verdadeiras gerais levam a uma conclusão verdadeira específica. Por exemplos: Premissa 1: Todo homem é mortal (Caso geral verdadeiro)

Premissa 2: Sócrates é homem (Caso geral verdadeiro) Conclusão: Logo, Sócrates é mortal (Caso particular verdadeiro)

Método Indutivo – é o raciocínio que, após considerar um número suficiente de casos particulares, conclui uma verdade geral. Este método usa como base a observação. Por exemplo:

O Método Dedutivo começa a partir do todo para chegar às

partes.

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Particular 1: Todo cão é mortal

Particular 2: Todo gato é mortal

Particular 3: Todo peixe é mortal

Particular 4: Todo pássaro é mortal

Conclusão: Logo, todo animal é mortal

Outro exemplo:

Particular 1: O ferro conduz eletricidade (o ferro é metal)

Particular 2: O ouro conduz eletricidade (o ouro é metal)

Particular 3: O cobre conduz eletricidade (o cobre é metal)

Conclusão: Logo, os metais conduzem eletricidade.

- Que método que utilizaremos? Em nosso curso utilizaremos os dois métodos de raciocínio lógico. Incialmente nós usaremos o Método Indutivo, ou seja, nós começaremos das partes para chegarmos às conclusões gerais. No estudo indutivo da Bíblia começamos observando suas declarações, seu contexto, seus elementos gramaticais e etc e fazendo perguntas ao texto sem usarmos nenhuma ferramenta de apoio. Só usamos a observação. Depois usaremos o Método Dedutível, ou seja, partiremos das conclusões para darmos apoio às partes. No estudo dedutivo da Bíblia nós analisaremos comentários, livros, dicionários e outras fontes de informações sobre a Bíblia, mas somente depois de termos feito um exame minucioso do texto através do método indutivo.

O Método Indutivo começa a partir das partes para chegar

ao todo.

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AULA 3

Três Passos-chaves no Estudo Bíblico No que diz respeito ao estudo bíblico, existem três passos fundamentais para compreendermos o texto estudado. São eles: Observação, Interpretação e Aplicação.

Observação Na observação nós usamos o método indutivo de raciocínio. Neste ponto, nós perguntamos: - O que vejo? – Aqui não usamos nenhuma ferramenta de apoio. Interpretação Na interpretação nós usamos o método dedutivo de raciocínio. Neste ponto, nós perguntamos: - O que isto significa? – Aqui usamos várias ferramentas de apoio. Aplicação Na aplicação nós usamos alguns princípios básicos para tornar prática a lição do texto bíblilco. Neste ponto, nós perguntamos: - Como isso funciona pra mim? – aqui podemos ou não usar ferramentas de apoio.

OBSERVAÇÃO Observar é a habilidade de ver (examinar) uma coisa e perceber todos os detalhes possíveis existentes nela.

“Para sermos bons estudantes da Bíblia, nós devemos ser bons observadores!” Neste passo, nós assumimos o papel de detetive bíblico observando todos os detalhes possíveis do texto estudado procurando pistas. Nenhum detalhe é trivial. [EXERCÍCIO 1]: Vamos exercitar um pouco a nossa capacidade de observação: Quantos quadrados você vê abaixo:

- O que vejo?

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Resposta do Exercício 1: Há 30 quadrados 16 quadrados que são 1x1 9 quadrados que são 2x2 4 quadrados que são 3x3 1 quadrado que é 4x4 [EXERCÍCIO 2]: Observe o Controle-Remoto abaixo e anote a maior quantidade de detalhes que você conseguir. Dicas: quantidade de botões, cor, formato, fabricante, etc.

PARA PENSAR: - O que faz uma pessoa ser melhor estudante da Bíblia do que outra? Simplesmente a capacidade de observar o texto mais do que a outra pessoa.

A habilidade de observar é um processo que pode ser desenvolvido e nos capacitará a compreender melhor o texto Bíblico. Não há mágica e nem atalhos. Há apenas a prática de aprender a observar.

Ver e Observar Muitas pessoas veem, mas não observam. A diferença entre as duas atitudes é a atenção que se dá para elas. Ver é olharmos algo sem atentarmos para os detalhes, minúcias e pormenores do que estamos vendo. Mas observar exige atenção, foco, paciência e concentração naquilo que estamos olhando. Sherlock Holmes dizia que a diferença entre ele e as outras pessoas é que ele sabia observar as coisas, enquanto as outras pessoas sabiam apenas olhar. Ele observava, o outros apenas viam.

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Dicas para se tornar um bom observador Para nos ajudar na tarefa de nos tornar bons observadores iremos aprender algumas dicas: a) Perguntas para fazer ao texto b) Estratégias para ler melhor o texto c) Elementos gramaticais presentes no texto d) Cinco coisas para se procurar no texto

a) Perguntas para fazer ao texto Todo bom estudante da Bíblia é um bom “perguntador”. Quando bombardeamos o texto bíblico com as perguntas certas, muitas informações saltam aos nossos olhos e passamos a compreender melhor a passagem lida. Segue abaixo seis perguntas fundamentais para fazermos ao texto estudo:

Perguntas para fazer ao texto

Quem? Quem são as pessoas no texto? Quem está falando e quem são os ouvintes? Quem são os personagens envolvidos?

O quê? O que está acontecendo no texto? Quais são os eventos? Em que ordem ocorrem? O que acontece com os personagens?

Onde? Onde a narrativa está acontecendo? Onde estão as pessoas na história? De onde estão vindo? Para onde vão? Onde está o escritor? Onde estavam os leitores originais do texto?

Quando? Quando os eventos do texto aconteceram? Quando o escritor estava escrevendo?

Por quê? Por que o autor está escrevendo? Por que isso foi incluído? Por que isso foi colocado aqui? Por que vem depois daquilo? Por que precede aquilo? Por que esta pessoa diz isso? Por que aquela pessoa não diz nada?

Como? Como se realizaram as coisas? Com que eficiência? Com que rapidez? Por meio de qual método? Como foi o resultado?

Alguém disse: “O melhor mestre de todas as habilidades é o treino”. Então vamos treinar. [EXERCÍCIO 3]: Observe o texto bíblico de Mateus 12.9-14 e responda as perguntas da observação. Não se preocupe com a interpretação e nem com a aplicação – agora é hora de só observar e fazer as perguntas ao texto.

Quem? ____________________________________________________________

____________________________________________________________

O que? ____________________________________________________________

____________________________________________________________

Onde? ____________________________________________________________

____________________________________________________________

Quando? ____________________________________________________________

____________________________________________________________

Por quê? ____________________________________________________________

____________________________________________________________

Como? ____________________________________________________________

____________________________________________________________

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AULA 4 b) Estratégias para ler melhor o texto Outra dica para nos tornamos bons observadores é aprendermos a ler. Alguém disse que “Se você não entende o que lê, então, não está lendo, mas está perdendo tempo”. Se quisermos compreender o texto bíblico nós precisamos ser bons leitores. Segue abaixo cinco dicas para extrairmos uma melhor leitura do texto bíblico:

Leia com atenção – A atenção é fundamental quando lemos uma passagem bíblica. Precisamos nos desligar das coisas à nossa volta e nos concentrar exclusivamente no texto que estamos lendo. Aplique a mesma disciplina mental que aplicaria a qualquer assunto pelo qual tem interesse vital e esteja atento a cada detalhe. Tudo o que está escrito ali tem importância. Leia repetidamente – Quando lemos uma passagem bíblica repetidas vezes, nós veremos coisas que não vimos e nem percebemos antes na primeira leitura. Procure ler um texto pelo menos umas oito ou dez vezes no mínimo. Primeiro leia o texto de uma só vez, assim ajudará a compreender o quando geral do que está sendo lido, depois leia versículo por versículo usando outras traduções, isso evitará de colocar a sua mente no piloto automático. Leia pacientemente – Não leia a Bíblia com pressa. Tenha paciência. Leia com cadência e sem afobação. Quando mergulhar na Palavra, relaxe e aproveite a experiência. A verdade de Deus está lá, e você a encontrará se tão-somente der tempo a si mesmo. Não se apresse! A pressa é inimiga da perfeição e da compreensão também. Leia imaginativamente – Estimule a imaginação quando estiver lendo a Bíblia. Crie imagens em sua mente do cenário, dos personagens, dos fatos, etc. Lembre-se de que guardamos mais imagens em nossa mente do que texto. Por isso use a imaginação. Não invente, apenas imagine! Leia com oração – Devemos orar antes, durante e depois da leitura da Bíblia. Não leia apenas, mas medite naquilo que está sendo lido. Quando oramos enquanto lemos as Escrituras, ensinamentos maravilhosos saltam aos nossos olhos e preenchem a nossa mente.

c) Elementos gramaticais presentes no texto Além de lermos estrategicamente um texto, nós também precisamos focar nos elementos gramaticais presentes neste texto. É importante frisar que os autores bíblicos procuraram comunicar o que pensam através de gramática cuidadosamente selecionada. Segue abaixo alguns aspectos gramaticais que devem ser observados e analisados:

Verbos – Os verbos são palavras de ação que nos dizem quem está fazendo o quê no texto e quando (tempo) está fazendo. No caso da língua hebraica e grega, os verbos expressam mais a qualidade da ação do que propriamente o tempo da ação. Por exemplo, o verbo “imolar” de Gênesis 22.10, não se pode detectar na tradução em português, mas um comentário dirá que este verbo aqui indica um ato completo, como se Abraão realmente tivesse imolado seu filho Isaque, ou seja, em sua mente, a ação foi plenamente cumprida; Abraão obedeceu a Deus ao máximo. Sujeito e Objeto – O sujeito é quem pratica a ação; e o objeto é quem (o que) sobre a ação. Identificar estes dois elementos nos ajuda a compreender melhor o ensinamento bíblico. Veja Filipenses 2.13. Note que “Deus” é o sujeito da ação e

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“vós” é o objeto. Sendo assim, fica claro que Paulo está atribuindo a Deus o crédito da nossa santificação. Até nisso somos ajudados por Deus. Apesar da santificação ser um trabalho de cooperação com o Espírito Santo, ainda assim, necessitamos da graça de Deus para realiza-la. Adjetivos e Advérbios – Eles são qualificadores. Eles ampliam o significado das palavras dando mais ênfase a elas. Os adjetivos qualificam os substantivos e os advérbios qualificam os verbos. Olhe João 17.3. Observe que os adjetivos “único” e “verdadeiro” estão qualificando o substantivo “Deus”, ou seja, eles estão comunicando que não existe outro Deus e que este Deus não é falso. Agora veja Lucas 4.36. Note que o advérbio “grandemente” está qualificando o verbo “ficaram admirados”, ou seja, ele está enfatizando a intensidade da admiração de todos que foi muito grande. Preposições – As preposições são pequenas palavras que estabelecem uma relação8 entre dois ou mais termos de uma frase e/ou nos dizem onde uma ação está acontecendo. Veja Romanos 6.23. A preposição “em” está dizendo onde (em que lugar) a vida eterna pode ser adquirida – somente em Cristo. Veja as principais preposições:

a até de entre perante sob

ante com desde para por sobre

após contra em per sem trás

Conjunções – As conjunções são palavras que servem para ligar (conectar) palavras, orações ou frases, estabelecendo entre elas uma relação de soma, oposição, alternativa, conclusão, explicação, etc. Veja Salmo 100.5. Note que a conjunção “e” está fazendo a função de soma, ou seja, ela está ligando três qualidades de Deus “bondade”, “misericórdia” e “fidelidade”.

Veja as principais conjunções:

e portanto pois nem

mas contudo porque todavia

porém então também logo

[EXERCÍCIO 5]: Observe o texto bíblico de Salmo 23.1 e identifique todos os elementos gramaticais dele. Aplique também as “Dicas para Ler melhor”. [EXERCÍCIO 6]: Filipenses 1.6, Tiago 1.25 e Salmo 1.1 (Exercício opcional)

8 Pode ser uma relação de companhia (com), lugar (em), direção (para), posse (de), meio (com), oposição (contra), tempo, causa, estado, finalidade e assim por diante.

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AULA 5

d) Cinco coisas a se procurar no texto Depois que aprendemos as dicas para lermos melhor e ficarmos atentos aos elementos gramaticais do texto bíblico, agora é hora de aprendermos a procurar cinco coisas importantes no texto.

1) Coisas que são enfatizadas – Há pelo menos quatro maneiras de um autor bíblico enfatizar um assunto: Espaço utilizado. Quando um assunto é importante o autor bíblico pode dedicar grande porção de espaço das Escrituras para chamar a nossa atenção. Veja Gênesis 12 a 50 (Patriarcas). - Quanto espaço é dedicado a este assunto? Propósito Expresso. Às vezes os autores são objetivos e enfatizam um assunto contando diretamente o que pretendem. Este é o caso de João 20.30, 31. Ordem. Outra forma de enfatizar algo é a ordem em que os autores colocam os elementos gramaticais no texto, a ordem das pessoas, dos eventos, das ideias e assim por diante (Mt 4; Sl 1.1). Movimento do menor para o maior e vice-versa. Sempre que estiver lendo uma narrativa bíblica imagine-a como um filme, onde a câmera alterna de uma visão mais geral para uma visão mais específicas (particular). Por exemplo, da multidão para um único personagem (Mc 10.46-52).

2) Coisas que são repetidas – A repetição é uma poderosa ferramenta de ensino. Sempre que ler um texto bíblico fique atento para as repetições de palavras, orações, expressões, personagens, circunstâncias, etc. Por exemplo, veja quantas vezes aparece a expressão “minhas ovelhas” no texto de Ezequiel 34.6-23 ou o termo “mundo” em 1João 2.15-18). 3) Coisas que são relacionadas – Ao ler uma passagem bíblica procure por coisas que tenham conexão ou interação umas com as outras. Por exemplo, perguntas e respostas, movimento do geral para o específico, causa e efeito, etc. Por exemplo, a sequência de pergunta e resposta em Romanos 8.31-39. Veja a relação que existe entre Gênesis 1.1 e João 1.1. Note a causa e o efeito que existe quando houve perseguição contra a igreja de Jerusalém (At 8.1-4). 4) Coisas que são semelhantes – As semelhanças se destacam; chama a nossa atenção. Quando estiver lendo um texto bíblico procure os termos: tão e como. Elas identificam semelhança (símiles e metáforas) Veja estes dois salmos 131.1 e 46.1. 5) Coisas que são diferentes – Quando ler uma porção das Escrituras procure também por coisas diferentes (contrastes): dia e noite, céu e terra, vida e morte, luz e trevas, etc. Eles expressam uma totalidade. Esteja atento também à palavra: mas (porém), elas indicam que uma mudança de direção está para acontecer. Veja Josué 1.8, Salmo 1.2 e Gn 1.1), todos estes textos apresentam coisas em constraste.

[EXERCÍCIO 7]: Descubra nestes textos uma ou mais coisas importantes que se deve procurar num texto bíblico: Atos 1.8, Salmo 136, Mateus 6.27, Isaías 44.6, 7 e Gálatas 5.22

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AULA 6 - Revisão Revisão da OBSERVAÇÃO. [EXERCÍCIO 8]: Leia o texto de João 3.16 e aplique todas dicas de observação que aprendemos até aqui:

RELEMBRANDO:

a) Perguntas para fazer ao texto

Quem? O quê? Onde? Quando? Por quê? Como?

b) Estratégias para ler melhor o texto

Leia com atenção Leia repetidamente Leia pacientemente Leia imaginativamente Leia com oração

c) Elementos gramaticais presentes no texto

Verbos Sujeito e Objeto Adjetivos e Advérbios Preposições

d) Cinco coisas a se procurar no texto

Coisas que são enfatizadas Coisas que são repetidas Coisas que são relacionadas Coisas que são semelhantes Coisas que são diferentes

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AULA 7

INTERPRETAÇÃO Interpretar é a habilidade de descobrir o sentido ou significado de algo. O próximo passo depois da observação é a interpretação.

A interpretação faz parte da nossa vida. Nós estamos o tempo todo interpretando as coisas como as quais nós temos contato, seja numa conversa com um amigo, seja assistindo o noticiário da TV, seja lendo um email, um jornal, uma carta ou em nosso caso, principalmente, a Bíblia. Seja o que for nós estamos sempre fazendo interpretação para entendermos o sentido ou o significado das coisas. [EXERCÍCIO 9]: Interprete as fotos abaixo. - O que você acha que elas estão comunicando?

- Por que ela está feliz? - Ela é uma viajante?

- Ou ela é uma estudante? - Ela acabou de chegar ao seu destino?

- Ou ela terminou as aulas? - De onde ela veio? - Onde ela chegou?

- Ele está chegando de viagem? - De onde ele veio?

- Ou ele está saindo? - Para onde ele vai?

- Quem ele é? - Ele está esperando alguém?

- Ou ele está atrasado?

Certamente há muitas outras perguntas que nós podemos fazer sobre estas figuras e há muitas outras interpretações que podemos dar a elas. Mas este foi apenas um exercício para mostra que a interpretação faz parte da nossa vida o tempo todo. Agora vamos entender por que existe a necessidade de interpretarmos a Bíblia:

- Por que há necessidade de interpretar a Bíblia? Há pelo menos quatro motivos que produzem a necessidade de interpretarmos a Bíblia.

Distanciamento Temporal – A bíblia é um livro muito antigo. Ela não é como o jornal ou uma revista que foi pulicada ontem ou a semana passada, mas nós estamos tratando de um livro que foi escrito a milhares de anos. E isso traz algumas implicações na hora de fazermos a sua interpretação. Distanciamento cultural – A Bíblia foi escrita numa cultura totalmente diferente da nossa. Ela foi escrita numa cultura oriental com costumes diferentes dos nossos, com

- O que isso significa?

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visão de mundo diferente, com tradições diferentes, com estruturas sociais diferentes, com conhecimento científico e tecnológico diferentes dos nossos, e etc.

Distanciamento linguístico – A Bíblia não foi escrita em português, a Bíblia foi escrita em três línguas mortas, ou seja, três línguas que ninguém fala mais hoje (Hebraico, Aramaico e Grego coinê). Isso cria mais uma dificuldade para interpretarmos a Bíblia porque palavras e expressões mudam de sentido e significado durante o tempo.

Distanciamento autoral – Hoje nós não temos mais como conversar com os autores humanos da Bíblia. Se nós tivermos alguma dúvida sobre alguma passagem bíblica, nós não temos como ligar ou mandar um email para Paulo, Pedro, Moisés, Isaías ou outro autor bíblico. Isso se torna mais uma barreira para interpretarmos a Bíblia. Por exemplo, - O que Pedro quis dizer quando escreveu que Jesus foi pregar aos espíritos em prisão (1Pe 3.19)?

[VÍDEO]: Fator Distanciamento – Augustus Nicodemus A solução é como disse Calvino: Orar & Trabalhar.

Ferramentas que auxiliam a intepretação da Bíblia? Vamos ver algumas ferramentas que nos ajudam a desenvolver o nosso trabalho de interpretação.

Atlas Bíblico – Servem para superar o distanciamento histórico, cultural e geográfico da Bíblia. Eles apresentam uma coleção de mapas que mostram lugares mencionados na Bíblia e trazem algumas informações sobre sua cronologia, história e cultura dos tempos bíblicos. Dicionários Bíblicos – Servem para superar o distanciamento linguístico da Bíblia. Eles explicam a origem, o significado e o uso das palavras bíblicas. É imprescindível ter dicionários teológicos em sua biblioteca particular. Há caso em que 70% do entendimento de um texto bíblico depende de compreendermos a teologia das palavras daquele texto. Manuais Bíblicos – Servem para superar o distanciamento cultural da Bíblia. Eles apresentam informações sobre costumes, hábitos e outras informações úteis como notas arqueológicas, quadros, diagramas, notas de fundo e breves comentários das passagens bíblicas. Comentários Bíblicos – Servem para superar o distanciamento linguístico e cultural da Bíblia. Apresenta notas explicativas de uma determinada passagem bíblica. Apresenta também informações introdutórias de cada livro da Bíblia como autor, data de composição, destinatários, propósito do livro e etc. É importante termos bons comentários bíblicos.

[BIBLIOTECA]: Descer na biblioteca e mostrar as ferramentas acima.

Aparentes Contradições Quando estamos estudando a Bíblia haverá ocasiões em que algumas passagens parecem contradizer com outras. É o que chamamos de aparentes contradições. Elas são aparentes porque a Bíblia não se contradiz em nenhum ensinamento doutrinário. Veja as seguintes passagens:

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Gênesis 6.7 x Números 23.9 (- Deus se arrepende ou não?) Gálatas 2.16 x Tiago 2.21, 24 (- A justificação é pela fé ou é pelas obras?) João 3.16 x 1João 2.15 (- Devemos amar o mundo ou não?) Habacuque 2.5 x 1Timóteo 5.23 (- Vinho é faz bem ou faz mal?)

Muito bem, - Como resolvermos isso? Algo que pode nos ajudar são as regras básicas de interpretação. Vamos vê-las:

Regras básicas de interpretação - O gênero literário é a primeira coisa a descobrir.

Gênero nada mais é do que o tipo (o estilo ou a classificação) de alguma coisa. Por exemplo, os gêneros musicais: Sertanejo, Clássico, Rock, Rap, Pop, Gospel e etc. Outro exemplo, os gêneros cinematográficos: Ação, Drama, Policial, Aventura, Comédia, Ficção, Infantil, e assim por diante. Quando se trata da parte da escrita (literária) nós também temos vários gêneros. Por exemplo, História, Poesia, Romance, Fábula, Biografia, etc. O segredo para interpretarmos corretamente um texto bíblico é descobrirmos primeiro o gênero dele. A Bíblia tem muitos gêneros literários: Parábolas, Poesias, Cartas, Histórias, Genealogias, Profecias, Provérbios e etc. Nós não podemos interpretar uma carta da mesma maneira que interpretamos uma poesia – uma é literal a outra tem sentido figurado. Veja: Salmo 18.6-10 e Pv 22.6. - A Bíblia é a sua melhor intérprete. Esta é a regra de ouro. Quando nós temos dificuldade de entender um texto, nós podemos recorrer a outras passagens que lançam luz sobre aquele texto que nós não conseguimos entender. A Bíblia é a sua melhor intérprete. Uma passagem sempre clareia o entendimento de outra. Por exemplo, João 1.1 fala do Verbo e João 1.14, 17 revela quem é o Verbo.

- Cada texto tem apenas um sentido, mas várias aplicações. As pessoas confundem muito sentido com aplicação. As passagens bíblicas só têm um único sentido, entretanto, elas podem ser aplicadas a diversas situações ou circunstâncias da vida. Por exemplo, o salmo 23.1 “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará”, o sentido desta passagem é um só: Deus cuida de mim como um pastor cuida das suas ovelhas (este é o único sentido deste texto), entretanto, se nós lermos ele quando estivermos doentes é uma aplicação, se nós o lermos quando estivermos passando por problemas financeiros é outra aplicação. O sentido é o mesmo, mas as aplicações podem ser muitas.

- O texto quer dizer o que o seu autor quis dizer. Quando nós lemos um texto Bíblico nós devemos perguntar: - Qual a intenção do autor ao escrever esta passagem? - Ele quis dizer o quê? É importante nós entendermos que a Bíblia não contém mensagens ocultas que precisam ser desvendadas. Não existem códigos secretos por traz das histórias, das palavras e das letras da Bíblia que precisam ser descobertos. Pelo contrário, quando Deus fala conosco, Ele fala de maneira clara e não oculta (não através de numerologia, cabala ou outra coisa qualquer). O texto diz o que o seu autor quis dizer e nada mais. Por exemplo, as medidas da arca, do templo, do tabernáculo, etc... São só medidas. Não existe um significado oculto por trás delas. - Todo texto deve ser entendido à luz do seu contexto. O contexto se refere ao que vem antes e depois de algo. Todo texto deve ser interpretando de acordo com o contexto no qual ele está inserido. Se nós tiramos um texto do seu contexto nós podemos criar um sentido totalmente diferente daquele que foi pretendido pelo autor bíblico. Por exemplo, o texto de Paulo aos filipenses:

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“Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13). O contexto deste texto diz que Paulo enfrentou fome, humilhação, escassez e muitos outros problemas, mas em Jesus ele podia superar tudo isso. Entretanto, nós vemos pessoas usando este texto para dizer que em Jesus nós podemos conseguir tudo (saúde, dinheiro, sucesso, um bom emprego e etc.).

- O AT é interpretado pelo NT. Por último, nós temos que ler o Antigo Testamento sempre à luz do Novo. Se nós não fizermos isso, nós vamos continuar praticando alguns ritos e seguindo algumas leis que já foram cumpridas em Cristo. Por exemplo, os sacrifícios de animais para pagar pecados e sermos aceitos por Deus, a circuncisão como sinal de pertencemos ao povo da aliança, a guarda do sábado e não do domingo como o dia de descanso, e assim por diante.

Sugestões de livros que auxiliam a interpretação Segue abaixo algumas sugestões de livros que podem ajudá-lo na interpretação dos textos bíblicos:

[EXEMPLO]: Usando as ferramentas e as regas que auxiliam na interpretação, vamos interpretar o texto de Tiago 1.1.

“Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na Dispersão, saudações”

Comentários – Lendo a introdução dos comentários sobre a carta de Tiago descobrimos que o principal objetivo desta carta é apresentar as características da vida cristã madura. Nós descobrimos também que os destinatários desta carta estavam enfrentando problemas pessoais e dentro da igreja e que, quase todos estes conflitos, tinham uma única causa – imaturidade espiritual. Em outras palavras, eles estavam vivendo um cristianismo apenas nominal. Existia fé, mas não existiam obras. Existia crença, mas não existia conduta correta. Outra coisa que descobrimos é que o autor da carta é o meio-irmão de Jesus, que se tornou um dos principais líderes da igreja de Jerusalém. Vale lembrar também de que no começo Tiago não cria no Senhor (Jo 7.2-5). Dicionários – Observe que Tiago começa a sua carta se apresentando como “servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo”. De acordo com os dicionários teológicos, a palavra “servo” é a tradução da palavra grega “doulos” que significa escravo. O doulos não tem direito sobre a sua própria vida e está sempre à disposição do seu senhor. Há três características de um servo. Ele está em uma posição de: 1) obediência completa; 2) humildade absoluta; 3) lealdade inabalável.

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Atlas Bíblico e Manual Bíblico – Através do atlas e do manual bíblico, nós descobrimos que Tiago escreveu para os judeus cristãos que viviam fora da palestina. Nós sabemos disso porque a expressão “dose tribos” era uma referência ao povo judeu (à nação judaica) e a palavra “dispersão” era usado para se referir aos judeus que viviam fora de Jerusalém, dispersos (espalhados) por outras cidades do Império Romano (em outras nações). INTERPRETAÇÃO – De acordo com toda a nossa pesquisa, nós podemos dizer que este pequeno versículo apresenta a primeira característica de um cristão maduro, ou seja, o cristão maduro é alguém que é um servo. É aquele que tem a consciência de que está neste mundo para servir e não para ser servido. Aqui nós percebemos também o poder transformador do evangelho. Alguém que não cria em Cristo agora se considera servo d´Ele independente da posição de liderança ou influência que ele ocupa.

Vamos praticar: [EXERCÍCIO 10]: Usando as ferramentas e a regas de interpretação, tente interpretar o texto de Atos 1.8.

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AULA 8

APLICAÇÃO Aplicar significa colocar em prática um ensinamento que aprendemos, relacionando-o com as situações reais da nossa vida. Uma boa aplicação depende de uma boa interpretação.

Se a nossa interpretação for errônea, a nossa aplicação também será errada. Observe a sequência abaixo. Uma boa observação produz uma boa interpretação; e uma boa interpretação resulta numa boa aplicação.

Uma interpretação, mas várias aplicações: Como nós vimos, todo texto bíblico só tem uma interpretação (um único sentido), mas nós podemos aplicá-lo de diversas maneiras e a diversas circunstâncias: Por exemplo, o milagre de Jesus acalmando a tempestade (Mc 4.35-41). O único sentido deste texto (a única interpretação) é revelar a divindade de Jesus. Marcos faz isso mostrando que Jesus tem poder sobre as forças da natureza. Jesus é alguém que tem poder da mesma forma que Deus (Sl 65.5-7; 89.8,9). Então, sendo assim, qual é a resposta à pergunta dos discípulos? - Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? R: Só pode ser Deus. Entretanto, as aplicações deste texto são múltiplas. Por exemplo:

- Jesus permite que enfrentemos tempestades na vida. - Jesus está conosco em meio às tempestades da vida. - Jesus usa as tempestades da vida para revelar a qualidade da fé. - Jesus faz milagres em meio às tempestades da vida. - Jesus usa as tempestades da vida para ensinar algo sobre Ele.

IMPORTANTE: A Bíblia só produz mudanças em nossa vida quando nós colocamos em prática os seus ensinamentos. A Bíblia diz: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tiago 1.22).

Boa Observação

Boa Interpretação

Boa aplicação

- Como isso funciona pra mim?

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Perguntas para auxiliar na aplicação: Segue abaixo algumas perguntas que podem nos auxiliar na aplicação de um texto bíblico:

- Há um exemplo a ser seguido? - Há um mandamento a ser obedecido? - Há um pecado a ser confessado ou evitado? - Há um comportamento a ser transformado? - Há um encorajamento a ser recebido? - Há uma razão para agradecer a Deus? - Há uma promessa a ser reivindicada? - Há algum assunto a ser levado em oração? - Há algum novo aprendizado sobre Deus?

ATENÇÃO: Nunca comece com a aplicação. Lembre-se que todo texto bíblico pertence a um contexto e tem sempre um único sentido. Se começarmos pela aplicação podemos distorcer o significado do texto.

IMPORTANTE: A aplicação não deve focar apenas no “dever” (O que devemos fazer?), mas ela deve focar principalmente no “caráter” (Quem devemos ser?). Lembre-se de que um dos propósitos da Bíblia é nos transformar à imagem de Cristo.

Aplicando o texto no Evangelho A Bíblia nos ensina que é somente a mensagem do evangelho que tem o poder de transformar a nossa vida (Rm 1.16) e que a fé só vem pela pregação sobre Jesus (Rm 10.17). Sendo assim, em todos os nossos estudos e pregações nós devemos fazer uma aplicação cristocêntrica, ou seja, nós devemos aplicar o Evangelho em nossa vida. Segue abaixo algumas dicas:

Criação, Queda e Restauração – Esta tríade é a base da mensagem do Evangelho. A criação se refere ao plano original de Deus. Tudo estava em ordem e harmonia (o ser humano em comunhão com Deus). A queda se refere a desordem que o pecado causou no plano original (o ser humano separado de Deus). E a restauração se refere a solução (a boa notícia) de Deus através de Jesus está restaurando a ordem original (O ser humano reconciliado com Deus através de Jesus). Todo texto bíblico apresenta estes três aspectos, basta apenas encontrá-los.

Arrependimento e Fé – Tanto o início da caminhada da vida cristã como o crescimento nela depende destas duas palavras. Elas são conhecidas como a resposta ao Evangelho (Mc 1.14, 15). No início da caminhada cristã nós nos arrependemos dos nossos pecados e cremos na pessoa e na obra de Jesus. No crescimento da caminha cristã nós continuamos a nos arrepender e crer. O arrependimento neste ponto se refere a deixarmos o pecado (tudo aquilo que não está de acordo com a Palavra de Deus) e a fé se refere a crer que Jesus é melhor do que qualquer coisa que o pecado possa nos oferecer. Todo texto bíblico é um convite para nos arrepender e crermos. Morte e ressurreição – O evangelho fala de morte e ressurreição. A chave para a transformação interior é a aplicação da obra de Cristo em nossa vida, ou seja, a sua morte e ressurreição. A morte se refere a morrermos, dia a dia, para os padrões pecaminosos em nossa vida e a ressurreição se refere a começarmos a viver para Deus e para a vontade d´Ele. A morte e a ressurreição são a base para a nossa justificação e santificação. Olhe com estes óculos para todo texto bíblico.

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AULA 9

MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO Método é um procedimento, técnica ou meio organizado de realizar alguma coisa de acordo com um plano pré-estabelecido.

Há muitos métodos de estudarmos a Bíblia, mas neste curso nós nos concentraremos apenas seis. Eles serão:

1) Método Devocional 2) Método Panorâmico do Livro 3) Método Analítico por Capítulo 4) Método Analítico por Versículo 5) Método Histórico-Cultural 6) Método por Tópico

O método devocional envolve tomar uma passagem da Bíblia, grande ou pequena, e meditar nela com devoção até que o Espírito Santo lhe mostre um meio de aplicar a verdade na sua vida de modo que seja pessoal, prático, possível e mensurável. O método devocional é o método mais prático de um estudo bíblico. Ele nos ensina como aplicar as Escrituras em nossa vida. Veja abaixo as etapas deste método:

Etapas do Método Devocional O método devocional possui quatro etapas simples: Ore, Medite, Aplique e Memorize.

Etapa 1 Ore Ore em busca de compreensões intuitivas sobre como aplicar a passagem bíblica.

Etapa 2 Medite Medite no versículo (ou versículos) que escolheu estudar.

Etapa 3 Aplique Escreva uma aplicação.

Etapa 4 Memorize Memorize um versículo-chave do estudo.

Etapa 1 - Ore

O primeiro passo é pedir a Deus que ajude a aplicar o texto que você está estudando e lhe mostre especificamente o que Ele quer que você faça. Duas coisas básicas que Deus quer que você faça é obedecer à Palavra e compartilha-la com outros.

1. Método Devocional

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Etapa 2 - Medite O segundo passo é a meditação. Meditar não é esvaziar a mente, mas é enchê-la com a Palavra de Deus. Você lê um texto bíblico e pensa nele inúmeras vezes. A meditação é a chave para descobrir como aplicar o texto bíblico em nossa vida.

Etapa 3 - Aplique O terceiro passo é escrever uma aplicação. Escreva uma aplicação das compreensões intuitivas que você teve na meditação. Escrever a aplicação no papel o ajuda a ser específico naquilo que deve praticar. Se você não escrever o que pensou, logo esquecerá. Além disso, se você não consegue por no papel o resultado da sua meditação, significa que não fez a reflexão completa. Etapa 4 - Memorize O quarto passo é a memorização. Para que você continue meditando na passagem que está aplicando, memorize um versículo que seja elemento importantíssimo para aplicação que você escreveu.

ATENÇÃO: Às vezes, Deus vai trabalhar numa área de sua vida durante várias semanas ou até meses. Todos nós sabemos que leva tempo mudar características, hábitos e atitudes de caráter que estão enraizados em nossa vida. Não desanime, isso leva tempo.

NÃO ESQUEÇA: Quando Deus quer formar uma qualidade positiva em sua vida, Ele permite que você passe por situações nas quais você tem a oportunidade de escolher fazer a coisa certa em vez de seguir as inclinações naturais.

[EXEMPLO]: Usando as etapas do método devocional de estudo bíblico e as perguntas que auxiliam a aplicação, vamos praticar este método com o texto de Lucas 12.22-26.

FORMULÁRIO PARA ESTUDO DEVOCIONAL

Data: 20 de janeiro Passagem: Lucas 12.22-26

1. Oração

(assinale depois de ter orado)

2. Meditação

Esta é a minha paráfrase personalizada: Tenho de parar de me preocupar tanto. Deus cuidará de todas as minhas necessidades. Considerando que Deus me deu a vida, como certeza posso confiar que Ele me sustentará. Aprendo com o exemplo dos pássaros, pois eles não se preocupam com o futuro. Mas Deus cuida deles diariamente. E se Deus cuida dos pássaros, claro que ele cuidará de mim. Além do mais, ficar me preocupando nunca faz bem. Nunca muda a situação. Então, por que me preocupar? Qual proveito em me preocupar? Nenhum. Mandamento a obedecer: Não se preocupe (Lc 12.22) Promessa a reivindicar: Deus vai cuidar de mim (Lc 12.24)

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3. Aplicação

Tenho de aplicar esta lição na área financeira familiar. Durante este próximo mês toda vez que meu coração ficar ansioso e/ou o diabo me tentara ficar preocupado com minhas contas, eu resistirei o pensamento citando em voz alta Lucas 12.24.

4. Memorização

“Observam os corvos”: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros, contudo Deus os alimenta. E vocês têm muito mais valor do que as aves (Lc 12.24).

[EXERCÍCIO 11]: Salmo 1.1-6 (Exercício opcional)

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AULA 10

O método sintético implica em estudar um livro da Bíblia como uma unidade de pensamento, valendo-se de uma leitura ininterrupta e repetitiva, visando uma compreensão geral (panorâmica) do tema e da estrutura deste livro. Vamos ver as etapas deste método:

Etapas do Método Sintético O método sintético possui seis etapas simples:

Etapa 1 Leia o livro.

Etapa 2 Tome notas sobe o que você leu.

Etapa 3 Faça um estudo panorâmico do livro.

Etapa 4 Desenhe um quadro horizontal do conteúdo do livro.

Etapa 5 Elabore um esboço experimental do livro.

Etapa 6 Escreva uma aplicação pessoal.

Ferramentas necessárias Este método de estudo da Bíblia é mais produtivo e fácil se usarmos de ferramentas de apoio. As ferramentas que você usará neste método de estudo são: - Bíblia de Estudo - Várias traduções atualizadas - Dicionário bíblico - Enciclopédia bíblica - Manual Bíblico

Etapa 1

Esta etapa é simples e fundamental – Leia o livro da bíblia que você estudar. Siga estas dicas: a) Leia o livro do começo ao fim de uma só vez; b) Leia em uma tradução moderna; c) Leia ignorando as divisões por capítulos; d) Releia repetidas vezes; e) Não consulte comentários ou notas.

Etapa 2

À medida que você for lendo o livro do começo ao fim, escreva suas impressões e os fatos importantes que descobrir. Considere os itens a seguir:

2. Método Panorâmico do Livro

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- Categoria: O livro é uma história? Poesia? Profecia? Uma Carta? - Primeiras impressões: Na sua opinião, qual é o propósito do escritor? - Palavras-chaves: Quais são as palavras importantes que o escritor usa? Que palavra ou palavras ele enfatiza? - Versículo-chave: Que ideias ou expressões se repetem, expondo o pensamento principal do escritor? Qual é a afirmação-chave dele? Qual é o versículo-chave? - Tom emocional: Qual é o estado emocional do escritor? Ele está irritado, triste, feliz, preocupado, empolgado, deprimido, calmo? - Tema principal: Qual é a ênfase principal do livro? - Estrutura do livro: Você identifica no livro alguma divisão de pensamentos que salta aos olhos? - Personagens principais: Quem são as personagens mais importantes do livro? Que pessoas são mais mencionadas e que papeis representam?

Etapa 3

Descubra o cenário histórico-geográfico do livro. Nesta etapa use os materiais de apoio para ajudá-lo caso não consiga identificar através da simples leitura.

Etapa 4

Faça numa folha de papel um painel (quadro horizontal) com o conteúdo do livro e suas principais divisões. Para preparar este quadro é necessário usar uma bíblia com divisões de parágrafos. Procure encaixar o quadro numa única folha de papel, mas se o livro que estiver estudando for muito grande, então procure usar poucas folhas. Siga estas dicas:

- Na folha de papel faça tantas colunas verticais quantas forem os capítulos do livro pesquisado. - Encontre as principais divisões do livro. - Pense num título para cada capítulo.

Etapa 5

Depois de ter resumido o conteúdo do livro num quadro diagramado, você estará pronto para elaborar um esboço experimental e simples no qual mostrará a relação entre os principais pontos do livro.

Etapa 6

Escreva uma aplicação pessoal, prática, mensurável, de alguma manifestação que o Senhor lhe deu durante a sua leitura e pesquisa.

[EXEMPLO]: Usando as etapas do método panorâmico de estudo bíblico vamos praticar este método o livro de Efésios.

FORMULÁRIO PARA ESTUDO PANORÂMICO

1. Livros: Efésios

Tem seis capítulos Lido 5 vezes

2. Notas sobre o livro:

Categoria: Carta do Novo Testamento. Primeiras impressões: É um livro que fortalece a minha fé e me chama à responsabilidade. Excessivamente doutrinário.

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Palavras-chaves: “Em Cristo” e “Caminhar”. Versículo-Chave: Efésios 1.3 e 4.1 Tom emocional: Serenidade, com o propósito de ensinar aos leitores e desfiá-los em suas responsabilidades. Temas principais: O que somos por causa de Jesus Cristo (“em Cristo”) e as nossas responsabilidades pela nossa condição em Cristo. Estrutura: Duas divisões principais separadas pela expressão “por essa razão”. Na primeira parte estão registradas duas orações. Personagens principais: Cristo, Paulo, igreja de Éfeso.

3. Cenário do livro:

Paulo fundou a igreja me Éfeso em sua segunda viagem missionária e lá deixou Áquila e Priscila para acompanhar os novos convertidos. Enquanto residiram em Éfeso, exerceram influência sobre a vida de Apolo. No início de sua terceira viagem missionária, Paulo voltou e ministrou na cidade por longo tempo, durante o qual o Evangelho se espalhou por toda a província da Ásia. Mais tarde, quando foi preso em Roma, Paulo escreveu uma carta para esta igreja. A ocasião foi oportuna para encorajar os efésios na doutrina e na prática. Foi escrita para fortalecer os crentes daquela igreja acerca da opinião que tinham de si mesmos (à luz de outras poderosas influências religiosas que haviam na cidade, isto é, o templo de Ártemis) e acerca do cumprimento de suas responsabilidades como cristãos entre os irmãos. Muitas referências no livro são pertinentes aos leitores da igreja primitiva, porque o cenário é a cidade de Éfeso, sua cultura, governo e história.

4. Quadro horizontal:

Quem são os membros da igreja? (1.1-3.21) O que os membros da igreja devem fazer? (4.1-6-24)

Escolhidos por Deus

(1.1-21)

Salvos por Cristo

(2.1-22)

Capacitados pelo E.S.

(3.1-21)

Responsabilid. Relações Conflitos

1 2 4 4.1-5.21 5.22-6.9 6.10-20

Três doxologias separam a obra da trindade:

Pai (1.4-6) Filho (1.7-12)

E.S (1.13, 14)

A obra de Cristo é vista como obra da

graça recebida pela fé:

Redenção (2.1-10) Reconciliação

(2.11-22)

O ministério do Espírito Santo é unir os crentes

de várias origens em Cristo. Antes

isso era um mistério.

“Por esta razão...”

Devemos caminhar unidos;

(4.1-16) Devemos caminhar com

entendimento; (4.17-32) Devemos

caminhar em santidade; (5.1-14)

Devemos caminhar guiados pelo

E.S. (5.15-21)

Condições Específicas:

Marido e Mulher (5.22-33)

Pais e Filhos (6.1-4) Patrão e

Empregado (6.5-9)

Encontramos dificuldades nas responsabilid. e

relações devido à nossa guerra espiritual, mas

temos a armadura de Deus para nos

proteger. Saudações de

Paulo para a conclusão da carta: Tíquico é

envidado (6.21-24)

Primeira oração de Paulo

(1.15-33)

Segunda oração de Paulo

(3.14-21)

5. Esboço Experimental do livro:

I. Quem são os membros da igreja (1.1-3.21).

A. Eles foram escolhidos por Deus (1.1-23); termina com uma oração.

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B. Eles foram salvos por Cristo (2.1-22). C. Eles são capacitados pelo Espírito Santo (3.1-21); termina com uma oração.

II. O que os membros da igreja devem fazer (4.1-6.24).

A. Suas responsabilidades (4.1-5.21). B. Suas relações em três níveis (5.22-6.9). C. Seu conflito com os poderes satânicos (6.10-20). Observações finais (6.21-24).

6. Aplicação pessoal:

[EXERCÍCIO 12]: 1João (Exercício opcional)

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AULA 11

O método analítico por capítulo implica em alcançar uma compreensão do conteúdo do capítulo, investigando cuidadosamente cada parágrafo de maneira detalhada e sistemática.

Vamos ver as etapas deste método:

Etapas do Método Analítico por Capítulo O método sintético possui seis etapas simples:

Etapa 1 Escreva um resumo do capítulo.

Etapa 2 Relacione suas observações.

Etapa 3 Faça perguntas sobre interpretação.

Etapa 4 Correlacione seu capítulo com outras partes das Escrituras.

Etapa 5 Relacione possíveis aplicações.

Etapa 6 Escreva algumas considerações finais.

Etapa 7 Escreva uma aplicação pessoal.

Etapa 1

Comece esta etapa lendo e relendo o capítulo inúmeras vezes. Tudo o que você tem a fazer aqui é observar o capítulo como um todo. Depois de ter lido várias vezes o capítulo, apresente o conteúdo geral por meio de uma paráfrase simples.

Etapa 2

Esta etapa começa com a análise de versículo por versículo. No início, apenas limite-se a observar. Nesta etapa, você examina em detalhes cada frase e cada palavra, e escreve tudo o que vê. Procure responder a pergunta: - O que isso significa?

Etapa 3 Depois de observar tudo o que puder sobre o texto estudado, você estará pronto para passar a interpretação. Essa etapa implica em fazer perguntas para compreender melhor o texto. Em geral, perguntas interpretativas são: “O que” e “Por que”. Veja alguns exemplos: - Por que o escritor disse isso? - Qual é o sentido de...? - Qual é o significado de...? - Qual é a implicação de...? - Por que isso é importante?

3. Método Analítico por Capítulo

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Etapa 4 Esta etapa é uma busca de referências cruzadas para os versículos do seu capítulo, visando ajudar a esclarecer o texto. Lembre-se de que a Bíblia é a sua melhor intérprete. É a Escritura que melhor explica a Escritura.

Etapa 5

Agora nesta etapa relacione algumas possíveis aplicações. Lembre-se de que a sua meta no estudo da Bíblia não é somente interpretar, mas aplicar. Devido às várias aplicações possíveis que um capítulo pode ter, na etapa 7 você escolherá apenas uma para colocar em prática durante a semana.

Etapa 6

Volte aos resultados das primeiras cinco etapas, repasse-os cuidadosamente e escreva algumas considerações finais sobre o capítulo estudado. Esta etapa é como uma conclusão geral do capítulo.

Etapa 7

Nesta etapa você as aplicações que você relacionou na quinta etapa e escolhe uma para colocá-la em prática durante a próxima semana.

[EXEMPLO]: Usando as etapas do método analítico por Capítulo de estudo bíblico vamos praticar este método no capítulo 1 do livro de Efésios.

FORMULÁRIO PARA ESTUDO ANALÍTICO POR CAPÍTULO

Capítulo: Efésios 1

Tema do Capítulo: “O grande propósito de Deus para nossas vidas”

1. Resumo do Capítulo:

Introdução (1.1, 2)

I. A revelação do propósito de Deus (1.3-14) A. A declaração sumária – o que Deus nos concedeu (1.3) B. A base de nossa salvação (a obra de Deus, o Pai, 1.4-6)

1. Escolhidos para sermos santos e irrepreensíveis (1.4) 2. Adotados como seus filhos (1.5) 3. Graça que nos é dada liberalmente (1.6)

C. Os benefícios de nossa salvação (a obra de Deus, o Filho, 1.7-12) 1. Ele se sacrificou por nós (1.7) 2. Ele nos superabundou em graça (1.8) 3. Ele nos revelou sua vontade (1.9, 10) 4. Ele fez parte de sua herança (1.11, 12)

D. A concessão de nossa salvação (a obra de Deus, o Espírito Santo, 1.13, 14) 1. Ele nos revelou Cristo (1.13) 2. Ele nos selou como filhos de Deus (1.13) 3. Ele garante nossa herança (1.14)

II. A resposta da oração a Deus (1.15-23)

A. O fundamento da oração (1.15-17a) 1. Para os crentes fiéis e amorosos (1.15) 2. Para um Deus fiel e amoroso (1.16-17a)

B. A fórmula da oração (1.17b-20a) 1. Oração por sabedoria (1.17b)

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2. Oração por esclarecimento (1.18a) 3. Oração por conhecimento experimental (1.18b-20a)

C. Final da oração (1.20b-23) 1. Declaração da ressurreição de Cristo (1.20b) 2. Declaração do domínio soberano de Cristo (1.21) 3. Declaração da supremacia de Cristo sobre todas as coisas (1.22) 4. Declaração do senhorio de Cristo sobre a igreja (1.23)

2. Observações

v.3 – Deus me abençoou com TODAS as bênçãos espirituais. v.4 – Deus me escolheu para viver uma vida de santidade. v.5 – Deus me adotou em sua família. v.7 – Através de Cristo fui perdoado. v.9 – Deus nos revelou sua vontade através de Jesus Cristo. v.11 – Tornei-me herdeiro de Deus através de Cristo. v.13 – O Espírito Santo em mim é a garantia de minha salvação e aceitação. v.16 – Paulo ora pelos efésios. v.18 – Paulo ora para que os outros sejam iluminados.

3. Interpretações:

v.3 – Deus tem um grande apreço por mim. v.4 – Tenho que obedecer a Deus e seus mandamento. v.5 – Significa que pertenço a Ele para sempre. v.7 – Cristo é o único que pode perdoar pecados. v.9 – Cristo é a revelação plena de Deus. v.11 – Tenho todos os privilégios por ser herdeiro. v.13 – Significa que sou importante. v.16 – Preciso orar pelos crentes. v.18 – Preciso orar para que outros conheçam a vontade de Deus.

4. Correlações:

v.3 – 1Pedro 1.3; 2Pedro 1.4 v.4 – Romanos 8.29; Êxodo 20.1-17 v.5 – Gálatas 4.5; Filipenses 2.13 v.7 – Marcos 10.45; Romanos 3.25 v.9 – Gálatas 1.15; Efésios 3,9; Hebreus 1.1-2 v.11 – Romanos 8.16, 17; Atos 20.32 v.13 – João 3.33; Efésios 4.30 v.16 – Filipenses 1.3; Romanos 1.8-10 v.18 – Atos 26.18

5. Aplicações:

v.3 – Graças a Deus pelo que Ele fez por mim. v.4 – Tenho que estar certo de que estou vivendo uma vida santa. v.5 – Preciso agir como membro da família de Deus. v.7 – Tenho que agradecer a Deus pelo seu pleno perdão. v.9 – O estudo da Bíblia é essencial se desejo conhecer a vontade de Deus. v.11 – Tenho que agradecer a Deus por esta dádiva. v.13 – Preciso viver a vida sem pecar contra o Espírito Santo que vive em mim. v.16 – Preciso orar por John, Bob e Linda. v.18 – Preciso orar por Antônio e Paula.

6. Conclusão:

Este capítulo mostra o que Deus deu para seu povo – Ele os abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais. O texto prossegue com uma lista de muitas dessas bênçãos na obra

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trinitária de salvação. É o que Deus Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo fizeram por nós. A leitura de uma porção das Escrituras como esta, deveria causar um verdadeiro questionamento de valores porque este é o comentário de Deus sobre o que ele pensa acerca dos que lhe pertencem.

7. Aplicação pessoal:

Preciso desenvolver mais o espírito de oração como Paulo faz aqui. Subjugado pela grandeza da obra que Deus realizou em nosso favor, espontaneamente ele começa a orar. Preciso meditar no que Deus fez por mim e, assim, lhe oferecer uma oração de louvor e adoração. Parra colocar em prática esta aplicação, lerei cinco vezes o primeiro capítulo de Efésios, substituindo os pronomes “eu” e “mim” pelos pronomes do capítulo, e depois gastar tempo em oração sem pedir nada para mim, mas dirigindo todos os meus pedidos a Deus e à sua glória.

[EXERCÍCIO 13]: 1João 1 (Exercício opcional)

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AULA 12

O método analítico de versículo por versículo implica na escolha de uma porção da Escritura e no seu exame detalhado, fazendo perguntas, achando referências cruzadas e parafraseando cada versículo. Então você anota uma aplicação pessoal e possível para cada versículo que estudar. Vamos ver as etapas deste método:

Etapas do Método Analítico O método analítico possui cinco etapas simples:

Etapa 1 Escreva uma paráfrase pessoal.

Etapa 2 Faça uma lista de perguntas, respostas e observações

Etapa 3 Encontre referências cruzadas para cada versículo.

Etapa 4 Anote as descobertas que tiver de cada versículo.

Etapa 5 Escreva uma breve aplicação pessoal para cada versículo.

Etapa 1

Esta etapa é bem simples reescreva o versículo que você está estudando com suas próprias palavras. Mantenha-se fiel ao versículo que estiver parafraseando e tente resumi-lo em vez de ampliá-lo.

Etapa 2 Nesta etapa relacione algumas perguntas sobre o versículo, como por exemplo, palavras, sentenças, pessoas ou doutrinas ali inseridas. Escreva todas as respostas encontradas às perguntas feitas e também quaisquer observações importantes.

Etapa 3 Aqui nós usamos as referências cruzadas da sua Bíblia de estudo ou de sua própria memória. Escreva pelo menos uma referência para o versículo que estiver estudando. Nesta etapa você pode usar uma concordância bíblica para ajudar.

Etapa 4 Agora é hora de anotar as descobertas. Tendo meditado sobre as palavras, expressões e ideias no versículo, anote todas as descobertas que obtiver sobre ele.

Etapa 5 Na última etapa devemos escrever uma breve aplicação pessoal. Para cada versículo estudado procure escrever alguns temas devocionais que ele lhe inspirar. Lembre-se que a aplicação deve ser possível, prática, pessoal e mensurável.

4. Método Analítico por Versículo

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[EXEMPLO]: Usando as etapas do método analítico de estudo bíblico vamos praticar este método com o texto de 1 Timóteo 1.1.

FORMULÁRIO PARA ANÁLISE DE VERSÍCULO POR VERSÍCULO

Versículos Paráfrase Pessoal

Perguntas e Respostas

Referências cruzadas

Descobertas Aplicação Pessoal

1.1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus, nosso salvador e de Cristo Jesus a nossa esperança,

Paulo, enviado como representante de Cristo, por ordem de Deus que nos salvou e de Jesus que é nossa esperança.

P: O que significa o nome Paulo? R: Paulo significa pequeno. P: O que significa a palavra apóstolo? R: O termo grego apóstolo significa “enviado”.

Apóstolo: 2Coríntios 1.1 Gálatas 1.1 Efésios 1.1 Jesus Romanos 15.19

É Deus quem nos chama para o ministério.

Devo começar a me ver no papel de embaixador de Cristo e que me foi confiado a tarefa de proclamar a mensagem sobre Jesus.

[EXERCÍCIO 14]: 1João 1.1-4 (Exercício opcional)

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AULA 13

O método histórico implica no ganho de uma compreensão melhor da mensagem bíblica, pela pesquisa do cenário referente ao texto, à pessoa, ao acontecimento ou ao tópico sob estudo. Demanda conhecimento da geografia, dos fatos históricos, da cultura e do ambiente político, na época em que determinada parte da Bíblia foi escrita. Vamos ver as etapas deste método:

Etapas do Método Histórico O método analítico possui oito etapas simples:

Etapa 1 Escolha o assunto ou livro da Bíblia.

Etapa 2 Relacione as ferramentas de consultas utilizadas.

Etapa 3 Anote as descobertas que obtiver com base na geografia.

Etapa 4 Anote as descobertas que obtiver com base na história.

Etapa 5 Anote as descobertas que obtiver com base na cultura.

Etapa 6 Anote as descobertas que obtiver com base no ambiente político.

Etapa 7 Resuma a pesquisa.

Etapa 8 Escreva uma aplicação pessoal.

Ferramentas necessárias Este método de estudo da Bíblia é totalmente dependente de ferramentas de apoio, portanto, você terá que adquiri-las ou empresta-las numa biblioteca pública. As ferramentas indispensáveis para este método de estudo são: - Atlas Bíblico - Dicionário Bíblico

- Enciclopédia Bíblica Etapa 1

Na primeira etapa escolha o assunto, pessoa, palavra ou livro da Bíblia que deseja estudar, e comece a juntar os materiais de consulta para fazer a pesquisa.

5. Método Histórico-Cultural

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Etapa 2

Nesta etapa relacione todas as ferramentas de consulta que você juntou para fazer este estudo.

Etapa 3

Aqui estudamos o local geográfico onde se desenrola o texto bíblico estudado. Durante este estudo pergunte incessantemente: - Qual a influência da geografia no contexto do meu estudo? Nesta etapa, registre toda a informação importante que obtiver sobre a geografia, para o assunto ou livro sob estudo.

Etapa 4

Aqui estudamos o período histórico onde se desenrola o texto bíblico estudado. Durante este estudo pergunte frequentemente: - Como isto afetou as pessoas envolvidas? - Como isto influenciou a passagem que estou estudando? Fique atento, principalmente, aos fatos que ilustram o controle soberano de Deus sobre o progresso da história. Nesta etapa, relacione todas as descobertas que obtiver sobre a história que envolve o assunto ou livro que você está estudando. É útil também ter conhecimento dos fatos mais importantes da história que estava acontecendo em outras partes do mundo, a fim de obter uma visão panorâmica exata daquilo que Deus estava operando no mundo.

Etapa 5

Aqui estudamos o contexto cultural onde se desenrola o texto estudado. Se você quiser entender o que ocorria nos tempos bíblicos, deverá aprender tudo o que envolvia o estilo de vida dos povos antigos das Escrituras. Eis algumas áreas que você poderia pesquisar enquanto se pergunta: - De que forma todas estas coisas influenciam a mensagem e o povo sobre o qual estou estudando? Tipos de roupas que as pessoas usavam; Profissões e comércio nos tempos bíblicos; Música na Bíblia; Estilos arquitetônicos no Oriente Próximo; Modos e costumes na Escritura; Entretenimento nos tempos antigos; Vida familiar no Oriente Médio; Arte na Bíblia; Idiomas e literatura das nações circunvizinhas; Cerimônias religiosas em Israel e entre os vizinhos pagãos; Falsas religiões naquela região. Armas e ferramentas usadas pelos povos;

Etapa 6 Aqui estudamos o ambiente político onde se desenrola o texto bíblico estudado. É fundamental conhecermos os reis, imperadores, governadores e autoridades que governavam os povos daqueles tempos. Além disso, países como Egito, Filistia, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma desempenharam papeis importantes na Bíblia. Ao estudar o texto bíblico pergunte: - Como eram estas nações? - Como influenciaram Israel ou a igreja do Novo Testamento? Muitas passagens dos profetas só podem ser entendidas à luz do ambiente político da época. Nesta etapa, escreva as descobertas que puder extrair de sua pesquisa sobre as condições políticas do período que você está estudando.

Etapa 7

Neste ponto você deve juntar os dados das etapas três, quatro, cinco e seis e resumir a pesquisa respondendo estas duas perguntas: - Como estas informações sobre os

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cenários das épocas me ajudam a entender melhor o que estou estudando? - Alguns destes fatores tiveram influência no assunto ou livro que estou estudando?

Etapa 8

Embora seja difícil colocar em prática um exemplo pessoal neste tipo de estudo, você deveria conseguir uma aplicação do texto que está estudando. De fato, pesquisar o pano de fundo do tema estudado pode permiti-lo encontrar uma aplicação que você careça hoje, e os detalhes podem lhe ajudar a fazer a aplicação pessoalmente apropriada.

[EXEMPLO]: Usando as etapas do método por tópico de estudo bíblico vamos praticar este método com o tópico O homem fiel (2Tm 2.2).

FORMULÁRIO PARA ESTUDO HISTÓRICO

1. Assunto: Éfeso

2. Ferramentas de consulta utilizadas:

Bíblia de Estudo Almeida Dicionário Ilustrado da Bíblia Manual Bíblico de Halley Novo Testamento: suas origens e análises

3. Cenário Geográfico

A cidade de Éfeso situava-se na costa ocidental da Ásia Menor, na foz do rio Caister, um dos quatro vales principais que se estendem do oriente ao ocidente, terminando no mar Egeu. Situava-se no começo de uma rodovia principal que se dirigia para o Oriente, cruzando a Ásia Menor em direção à Síria, indo depois para a Mesopotâmia, Pérsia e índia. Éfeso era uma grande cidade portuária e tinha, no tempo do apóstolo Paulo, uma população de cerca de 400.000 pessoas. Era a cidade mais importante da província romana na Ásia. Sua localização estratégica transformou-a em um lugar de encontro de rotas comerciais e marítimas naquela parte do mundo, naqueles dias.

4. Cenário Histórico

Éfeso era uma cidade antiga, cujas origens estão perdidas nas névoas da antiguidade. Era conhecida como importante cidade portuária nos dias dos antigos hititas. Em torno de 1080 a.C., foi tomada e colonizada pelos gregos do outro lado do mar Egeu, quando então forma introduzidos o estilo e a influência grega. Cinco séculos mais tarde, foi conquistada pelo legendário rei Creso, que restabeleceu a influência asiática na cidade. Os persas ocuparam Éfeso em 557 a.C. e, por este motivo, dois séculos de conflito se seguiram com os gregos. Alexandre, o Grande, conquistou a cidade em 335 a.C., prevalecendo a influência grega até os tempos romanos. Os romanos tomaram a cidade em 190 a.C., que permaneceu sob seu domínio ou de seus aliados até os dias de Paulo e também depois. Tornou-se a cidade principal da província romana na Ásia, embora Pérgamo ainda permanecesse como capital.

5. Cenário Cultural

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Desde a época em que os gregos conquistaram a cidade, em 1080 a.C., houve conflito cultural entre o estilo de vida asiático e o grego. A religião original incluía a adoração à deusa-mãe, a quem mais tarde os gregos chamaram Ártemis (Diana, para os romanos). Nesta cidade, a deusa primitiva tinha um santuário, e os gregos, mais tarde, construíram um grandioso templo que se tornou conhecido por todo o mundo mediterrâneo. Situada no cruzamento entre a Europa e o Oriente, a cidade tinha um ar cosmopolita, já que pessoas de origens e formações diferentes, particularmente comerciantes e navegantes, se misturavam livremente ali. Tratava-se de uma cidade cosmopolita, grega por excelência em termos culturais, mas com concomitante presença asiática, Tinha todas as comodidades de uma moderna cidade romana – ginásios, estádios, teatros e um mercado central.

6. Cenário Político

Nos dias de Paulo, visto que era uma cidade leal à Roma, Éfeso era governada pelo procônsul romano de Pérgamo. Assim, era-lhe permitido ter seu próprio governo, tendo sido dividida em “tribos” de acordo com a composição étnica da população. Na época de Paulo, havia seis dessas tribos e os representantes de seus grupos elegiam o “clérigo da cidade”, responsável por todas as reuniões públicas. Entre outros funcionários governamentais haviam os asiarcas, funcionários municipais de Roma, e os neócoros, funcionários do templo.

7. Resumo das Descobertas

A cidade de Éfeso era uma cidade importante e, por causa de seu valor estratégico, Paulo e seus colaboradores dirigiram-se para lá em sua segunda viagem missionária. Mais tarde, Paulo ministrou nesta cidade durante algum tempo (na terceira viagem missionária). Por causa de sua população cosmopolita, havia a oportunidade de ministrar a muitos tipos diferentes de pessoas – romanos, gregos e os asiáticos daquela parte da Ásia. Também poderia ter havido um ministério para os viajantes e comerciantes que chegavam por terra e pelo mar. Sua história e geografia tornaram a cidade estratégica para a edificação de igrejas e a consequentes pregação das novas do Evangelho por todo o território ao redor, bem como para muitos outros lugares, mediante o uso de caravanas e embarcações.

8. Aplicação Pessoal

Em dias de explosão demográfica, é minha responsabilidade testemunhar de Jesus Cristo em lugares estratégicos do mundo. Isto significa que preciso descobrir, em minha cidade, onde se localizam as assembleias. Então, deveria planejar ir lá, tanto sozinho como com a minha igreja, para testemunhar da graça de Deus e sua salvação. Falarei com os líderes da minha igreja acerca disso e juntos faremos planos para evangelizar nossa comunidade.

[EXERCÍCIO 15]: Ásia Menor (Exercício opcional)

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AULA 14

O método por tópicos implica em escolher um assunto Bíblico e seguir o seu curso por um único livro, pelo Antigo Testamento ou pelo Novo Testamento, ou ainda, pela Bíblia inteira, a fim de descobrir o que Deus diz sobre este tópico.

Vamos ver as etapas deste método:

Etapas do Método por Tópico O método analítico possui cinco etapas simples:

Etapa 1 Escolha uma lista de todas as palavras relacionadas com o tópico.

Etapa 2 Reúna todas as referências bíblicas sobre o tópico.

Etapa 3 Faça um quadro comparativo de cada referência bíblica separadamente.

Etapa 4 Sintetize o estudo em um esboço daquilo que descobriu sobre aquele tópico.

Etapa 5 Conclua o estudo resumindo e aplicando o tópico estudado.

Ferramentas necessárias Este método de estudo necessita de algumas ferramentas de apoio. As ferramentas indispensáveis para este método de estudo são: - Concordância Exaustiva - Bíblia de Estudo

- Bíblia Tópica Etapa 1

Relacione todas as palavras correlatas, expressões, fatos e tudo o mais que tenha a ver com o tópico escolhido. Se você estiver estudando o tópico “sofrimento”, por exemplo, liste palavras como aflição, dor, tristeza, provação, tribulação e etc.

Etapa 2

Usando as ferramentas de apoio, reúna todos os versículos que encontrar sobre o tópico estudado. Faça uma lista de todos os versículos que de alguma forma se relacionam com o tópico em questão.

Etapa 3

Nesta etapa faça um quadro comparativo de cada referência bíblica encontrada, escrevendo suas observações sobre elas. Liste também as referências cruzadas.

6. Método por Tópico

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Etapa 4 Usando o quadro da etapa 3, faça um esboço do seu estudo separando a lista de referências por categorias principais. Depois organize as divisões dentro de um padrão lógico.

Etapa 5

Na conclusão, resuma suas descobertas em um parágrafo curto e depois escreva uma aplicação prática. Lembre-se de ser pessoal e prático e de escrever uma aplicação possível e mensurável.

[EXEMPLO]: Usando as etapas do método por tópico de estudo bíblico vamos praticar este método com o tópico O homem fiel (2Tm 2.2).

FORMULÁRIO PARA ESTUDO POR TÓPICO

Tópico: O homem fiel (2Tm 2.2)

1. Compile uma lista de palavras:

Fiel

2. Reúna as referências Bíblicas:

Números 12.7 1Samuel 2.35 1Samuel 22.14 Neemias 7.2 Isaías 8.2 Daniel 6.4 Salmos 12.1 Provérbios 20.6 Provérbios 28.20 Mateus 24.25 Lucas 16.10-13

Lucas 19.17 1Coríntios 4.1,2,16,17 1Coríntios 10.13 Efésios 6.21 Colossenses 1.7 Colossenses 4.7,9 1Timóteo 1.12 2Timóteo 2.2 1Pedro 5.12 1João 1.9

3. Faça um quadro comparativo de cada referência Bíblica

Versículos Referências Cruzadas Observações

Número 12.7 - Moisés foi chamado fiel por Deus.

1Samuel 2.35 - Foi profetizado que Samuel seria um homem fiel; homem fiel é obediente a Deus.

1Samuel 22.14 - Davi foi chamado fiel por Aimeleque.

Neemias 7.2 Mateus 24.45 Hanani foi chamado de homem fiel por Neemias; O homem fiel recebe função de liderança.

Neemias 9.7,8 - Abraão foi considerado fiel pelo Senhor.

. .

. .

. .

5. Faça um quadro comparativo de cada referência Bíblica

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I. A fidelidade é uma qualidade divina: a. 1Coríntios 1.9 b. 1Coríntios 10.13 c. 1João 1.9

II. Os homens fiéis são difíceis de encontrar a. Salmo 12.1 b. Provérbios 20.6 c. Filipenses 2.19,20

III. Exemplos Bíblicos de homens fieis a. Abraão – Neemias 9.7,8 b. Moisés – Números 12.7 c. Samuel – 1Samuel 2.35 d. Davi – 1Samuel 22.14 e. Hanani – Neemias 7.2 f. ...

IV. Características do homem fiel a. Ele se importa com os interesses dos outros e não com os seus (Pv 20.6;) b. Ele possui valores corretos. Ele não está ávido por riquezas (Pv 28.20) c. Ele vive um testemunho irrepreensível diante do mundo (Dn 6.4) d. Ele é obediente à vontade de Deus (1Sm 2.35) e. Ele revela sábia mordomia (1Co 4.1,2) f. ...

V. Modos de testar a fidelidade de um homem a. ... b. ... c. ...

VI. Os benefícios de ser um homem fiel a. ... b. ... c. ...

6. Conclusão (Resumo e Aplicação)

Enquanto fazia este estudo sobre o homem fiel, Deus me tocou em relação à necessidade de eu ser mais fiel em duas áreas específicas. Primeiramente, preciso ser mais fiel me minha vida de oração: preciso ser disciplinado e separar um período diário de oração. A outra área em que preciso ser fiel, diz respeito às finanças: Lucas 16.10 me ensinou que se eu não for fiel na administração do meu dinheiro, Deus não me confiará as verdadeiras riquezas espirituais. Aplicação: Passarei 15 minutos toda manhã em oração. Farei uma planilha financeira para controlar melhor minhas despesas, receitas e contribuições.

[EXERCÍCIO 16]: “Verbo da Vida” (1João 1.2) (Exercício opcional)

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Material base deste curso

Livros bases deste curso:

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APENDICE 1

- Podemos acreditar na bíblia? Antes da invenção da imprensa, os documentos antigos eram produzidos e reproduzidos à mão. Desta forma surgem algumas perguntas: - Como podemos ter certeza que o texto bíblico não foi alterado durante o tempo? - Como podemos saber se o texto da nossa Bíblia atual é equivalente ao texto original? Há pelo menos três testes importantes da paleografia9 que são aplicados às copias de documentos antigos para saber o grau de fidelidade dele em relação ao texto original:

1) A quantidade de cópias; 2) A proximidade de tempo das cópias em relação ao texto original; 3) A quantidade de erros entre as cópias;

Vamos ver rapidamente cada um destes testes:

1) A quantidade de cópias Quanto ao Novo Testamento, temos mais de 5000 mil cópias em grego, mais de 10000 em latim e mais de 9300 manuscritos em diversos outros idiomas como siríaco, eslavo, gótico, copta e armênio, totalizando, mais de 24000 cópias ou fragmentos do NT. Quanto ao Antigo Testamento nós temos poucas cópias se comparado ao Novo Testamento. O Antigo Testamento possui, aproximadamente, 1000 manuscritos. Entre eles há várias cópias em hebraico, aramaico, grego, latim, siríaco, entre outros. Ao fazermos uma comparação entre os manuscritos da Bíblia e os manuscritos que existem de outras literaturas, nenhuma outra obra da antiguidade chega perto da soma total dos manuscritos da Bíblia. O rival mais próximo da Bíblia é a famosa Ilíada de Homero com apenas 640 cópias. E ninguém questiona a autenticidade desta obra.

2) A proximidade de tempo das cópias em relação ao texto original Quanto o Novo Testamento, os manuscritos mais antigos datam do início do século II d.C. Quanto o Antigo Testamento, os manuscritos mais antigos datam de 150 a.C a 70 d.C. Estes manuscritos foram encontrados em 1947 próximo ao mar morto, em algumas cavernas de Qunram. Antes desta descoberta, os manuscritos mais antigos que existiam do Antigo Testamento eram de 900 anos d.C. Ao comparamos com outras obras antigas, o rival mais próximo da Bíblia é a História Romana de Livy. O seu manuscrito mais antigo se aproxima de 400 anos da produção do documento original. O manuscrito mais antigo de Homero, a Ilíada, é de 800 anos após a data do original. E são aceitos sem nenhum questionamento.

3) A quantidade de erros entre as cópias Nos milhares de manuscritos que possuímos da Bíblia, estudiosos descobriram que existem cerca de 200.00010 “variantes” neles. Uma variante não significa

9 Paleografia é área da ciência que estuda manuscritos antigos para decifrá-los e provar a sua veracidade. Ela estuda também a origem, a forma e a evolução da escrita. 10 É importante saber que se uma palavra for escrita incorretamente em 2 mil manuscritos, são contabilizadas 2 mil variações.

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necessariamente um erro, mas indica modificações ou nuances no texto. É importante enfatizar que 99% destas variações não comprometem em nada a essência do ensinamento bíblico. Muitas dessas variantes simplesmente envolvem o esquecimento de uma letra em uma palavra; algumas envolvem a inversão de uma palavra com a que a sucede (como “Cristo Jesus” ao invés de “Jesus Cristo”); algumas podem envolver a ausência de uma ou mais palavras insignificantes. Somente cerca de 50 variantes têm algum significado real — e mesmo assim, nenhuma doutrina da fé Cristã ou qualquer ordem moral é afetada por elas.

Então, diante de todas estas informações acima, os especialistas afirmam que o texto bíblico que temos em mãos hoje é quase 100% exato ao texto original11, aquele que saiu do punho do autor bíblico. O Novo Testamento é 99% próximo ao texto original e o Antigo Testamento é 95% próximo ao texto original.

O FATOR DEUS Além destes testes mencionados acima, existe o fator Deus. Se nós cremos que Deus é soberano sobre todas as coisas, ou seja, que nada acontece sem a Sua permissão e conhecimento, então, nós podemos confiar plenamente no texto bíblico que nós temos hoje, pois, certamente, Deus o preservou e não permitiu que ele fosse corrompido ou alterado.

11 Também chamado de Autógrafo.

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APÊNDICE 2

Pressupostos da interpretação Bíblica Para interpretarmos a Bíblia corretamente, nós precisamos nos aproximar dela com alguns pressupostos corretos. Estes pressupostos, nada mais são, do que um conjunto de conceitos teológicos que dão base para interpretarmos corretamente a Bíblia. Eles são os óculos que fazem enxergar o conteúdo da Bíblia de maneira correta. É impossível nós fazermos uma correta interpretação da Bíblia se nós não tivermos estes pressupostos corretos. Há seis pressupostos básicos para interpretarmos a Bíblica corretamente:

A existência de Deus – Isso parece óbvio, mas saber que Deus existe faz toda a diferença quando lemos e interpretamos a Bíblia. - Por quê? Porque uma vez que cremos que Deus existe nós consideramos todos os relatos bíblicos como fatos históricos reais e não como mitos, lendas ou fábulas. Crer na existência de Deus nos faz aceitar os milagres, as profecias ou qualquer outra atividade sobrenatural registrada na Bíblia como verdade.

Revelação Progressiva – Nós precisamos chegar diante da Bíblia sabendo que Deus não disse tudo de uma vez só. Pelo contrário, Ele foi se revelando e de dando a conhecer a Sua vontade progressivamente (aos poucos). Por este motivo, quando nós lemos a Bíblia nós devemos considerar que existe um desenvolvimento dentro dela, mas que, acima de tudo, as suas partes têm uma unidade básica – esta unidade básica é a história da Salvação. História da Redenção – Quando nós vamos ler ou interpretar a Bíblia, nós devemos nos lembrar de que ela é um livro cujo enredo principal é a história da Salvação. Este pressuposto é importante porque ele nos lembra de que a Bíblia tem começo, meio e fim, ou seja, quando nós abrimos a Bíblia em Mateus, por exemplo, nós sabemos que estamos no meio da história; há capítulos que vem antes e tem os capítulos que vem depois. Cristo é o centro das Escrituras – Cristo é tema central das Escrituras. O Antigo Testamento gira em torno da promessa da vinda de Cristo, o Novo Testamento é o cumprimento desta promessa. Tudo na Bíblia aponta para Cristo – os tipos, a figuras, as instituições, os personagens, as histórias, as parábolas, as genealogias e etc. É em Cristo que tudo se converge. Inspiração e Autoridade – Uma vez que a Bíblia é um livro inspirado por Deus, todo o seu conteúdo é autoritativo e infalível, ou seja, tudo o que está registrado na Bíblia tem autoridade sobre a nossa vida e é, ao mesmo tempo, isenta de contradições ou erros doutrinários.

Cânon completo e fechado – O cânon é a coleção dos únicos 66 livros considerados inspirados por Deus que compõe a Bíblia. Este pressuposto é importante porque sabemos que não existe mais nenhum livro, carta ou escrito que foi inspirado por Deus. A Bíblia está completa. Tudo o que Deus quis revelar se encontra registrado nos únicos 66 livros da Bíblia.