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Muito Além da Previdência: A economia nos primeiros nove meses de governo Uma economia indiscutivelmente melhor Em apenas nove meses, o governo promoveu diversas reformas estruturais em duas frentes principais: aumento da produtividade e reequilíbrio fiscal; O PIB do setor privado tem mostrado significativa recuperação, alcançando um crescimento de 1,7% no segundo trimestre com relação ao mesmo período do ano anterior; O emprego tem apresentado substancial retomada, com um crescimento nas ad- missões em cerca de 5% nos últimos 12 meses (maior valor desde 2012); Resultado primário estrutural em queda e déficit primário abaixo de R$ 100 bi- lhões em 2019 – melhor resultado desde 2015; A economia alcançou a menor taxa de juros real da sua história de forma susten- tável (taxa de juros estrutural em queda); O risco-país apresentou trajetória descendente (atingindo valores próximos à época do investment grade); Inflação consistentemente abaixo da meta e com perspectiva descendente;

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Muito Além da Previdência: A economia nos primeiros nove meses de governo

Uma economia indiscutivelmente melhor

• Em apenas nove meses, o governo promoveu diversas reformas estruturais em duas frentes principais: aumento da produtividade e reequilíbrio fiscal;

• O PIB do setor privado tem mostrado significativa recuperação, alcançando um

crescimento de 1,7% no segundo trimestre com relação ao mesmo período do ano anterior;

• O emprego tem apresentado substancial retomada, com um crescimento nas ad-

missões em cerca de 5% nos últimos 12 meses (maior valor desde 2012);

• Resultado primário estrutural em queda e déficit primário abaixo de R$ 100 bi-lhões em 2019 – melhor resultado desde 2015;

• A economia alcançou a menor taxa de juros real da sua história de forma susten-

tável (taxa de juros estrutural em queda);

• O risco-país apresentou trajetória descendente (atingindo valores próximos à época do investment grade);

• Inflação consistentemente abaixo da meta e com perspectiva descendente;

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Muito Além da Previdência: A economia nos primeiros nove meses de governo 1. Introdução Ao final de 2018, o PIB per capita brasileiro encontrava-se 2,3% abaixo do nível observado no início da década. O investimento agregado na economia foi 16,2% menor, em termos reais, do que o valor de 2010 e a taxa de desemprego anual havia atingido 12,3%, mais de 4 p.p. acima do patamar de 2010. O péssimo desempenho econômico ao longo da década vinha refletindo erros sérios de polí-tica econômica, que deprimiram a produtividade e provocaram instabilidade macroeconômica, baixo nível de investimentos, mau uso de recursos públicos e pouco incentivo à inovação. O quadro se-guinte ilustra a pronunciada e persistente queda da produtividade nos últimos anos. Produtividade Total dos Fatores (2011=1)

Fonte: Penn World Table Retomar o crescimento sustentado é a meta O Governo tem buscado reduzir as fragilidades estruturais advindas dos anos anteriores e retomar o crescimento sustentado da economia brasileira por meio de um conjunto amplo e coordenado de reformas e medidas de política econômica voltadas para garantir a estabilidade macroeconômica, melhorar a alocação e o uso dos recursos públicos e incentivar o aumento dos investimentos, da produtividade e do emprego no País. Os desafios são imensos, de modo que levará algum tempo para retirar os entraves que há décadas foram se acumulando em nossa estrutura econômica e que impedem maior crescimento. Muito já foi feito nesses primeiros meses de governo, permitindo que se olhe com otimismo as perspectivas econômicas para os próximos anos. Os desafios Dois desafios se impunham ao Governo no início de 2019. O primeiro era retomar trajetória sustentável para as finanças públicas, principal condição necessá-ria para a estabilidade macroeconômica e para o crescimento. A deterioração do resultado primário

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e o forte aumento da dívida pública ao longo da década trouxeram incerteza quanto à sustentabili-dade das contas públicas. As taxas de juros e os prêmios de risco foram pressionados, reduzindo a confiança dos empresários e das famílias, retraindo o investimento e diminuindo o consumo e o emprego. O segundo era aumentar a eficiência econômica e a produtividade, por meio da eliminação de dis-torções de cunho legal ou institucional que provocam má alocação dos recursos na economia e afetam negativamente o funcionamento dos mercados. 2. Medidas para o ajuste fiscal A busca pelo reequilíbrio fiscal passa necessariamente pelo maior controle das despesas, cujo forte crescimento é a principal causa da deterioração das contas públicas. O País tem carga tributária elevada em comparação com nações de nível de desenvolvimento semelhante, de modo que o ajuste fiscal deve continuar priorizando a redução de despesas. A regra do teto de gastos tem cum-prido papel importante no atingimento desse objetivo. No entanto, uma vez que as despesas discri-cionárias têm sido cada vez mais comprimidas, é primordial adotar medidas para conter a elevação das despesas obrigatórias, que vêm apresentando crescimento incompatível com a sustentabili-dade fiscal. O resultado primário do setor público como um todo passou de superávits da ordem de 3% do PIB até 2008 para seguidos déficits a partir de 2014. Consequentemente, a dívida bruta do Governo Geral aumentou mais de 20 pontos percentuais (p.p.) do PIB em poucos anos, atingindo 77,2% do PIB ao final de 2018. É preciso acelerar o ritmo do ajuste fiscal Para recolocar a dívida pública em uma trajetória sustentável, é preciso acelerar o ajuste das des-pesas. Há pouco espaço para um ajuste baseado no aumento de impostos. Com efeito, a carga tributária brasileira, de 32,4% do PIB, já é muito superior à média da América Latina e Caribe (22,8%) e encontra-se próxima da média dos países da OCDE (34,2%), que possuem renda per capita bem maior do que a brasileira. Assim, o reequilíbrio fiscal deve basear-se na contenção de despesas. O crescimento dos gastos públicos não é fenômeno recente no Brasil, mas um problema crônico, agravado ano a ano pelo excesso de vinculações e indexações. E pela criação contínua de novas despesas. Entre 1997 e 2018, enquanto o PIB brasileiro cresceu 2,2% ao ano em média, a despesa primária total do Governo Central, deflacionada pelo IPCA, avançou a uma taxa de 5,1% ao ano. Consequentemente, a despesa primária aumentou como proporção do PIB em 5,7 pontos percen-tuais, passando de 14% para 19,7%. O teto é fundamental, mas não basta O teto de gastos, instituído em 2016 pela Emenda Constitucional nº 95, é instrumento essencial para a estratégia de ajuste fiscal, pois disciplina a expansão das despesas primárias e induz à canalização dos recursos públicos para os programas com maior retorno para a sociedade. No entanto, até o momento, o controle dos gastos tem afetado principalmente as despesas discricio-nárias, que representam uma parcela pequena do orçamento, na qual são contabilizados os inves-timentos federais e o custeio necessário para o funcionamento dos ministérios. O gráfico abaixo

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mostra que as despesas discricionárias têm diminuído fortemente em termos reais, enquanto as despesas obrigatórias continuam a crescer. Despesas do Governo Central, R$ bilhões de agosto/2019 (acumulado 12 meses)

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. * Desconsidera capitalização da Petrobrás realizada em setembro de 2010. As despesas obrigatórias estão engolindo o orçamento Dentre as despesas obrigatórias, os itens que mais têm contribuído para elevar o déficit público são os gastos com benefícios previdenciários, com pessoal ativo e encargos sociais. Entre 2010 e 2020, os gastos com pessoal e encargos sociais terão aumentado quase 20% em termos reais (de R$282,3 bilhões para R$336,6 bilhões, a valores de julho/2019), enquanto os gastos com benefícios previdenciários serão acrescidos em cerca de 60% (de R$ 427,1 bilhões para R$ 682,7 bilhões). Nesse mesmo período, o valor real das despesas discricionárias terá caído quase 60%, passando de R$214,6 bilhões para R$89,3 bilhões. A forte compressão das despesas discricionárias tem pre-judicado o funcionamento da máquina pública e a gestão de programas importantes para a socie-dade. Não há dúvida de que a única alternativa para se atingir a sustentabilidade fiscal sem aumen-tar a já elevada carga tributária é a contenção do crescimento das despesas obrigatórias. Despesas Primárias Federais, R$ bilhões de julho/2019 – 2010 a 2020

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Previdência: a reforma mais urgente O primeiro passo para redução estrutural das despesas foi dado nos meses iniciais do novo go-verno, com a redução de 21 mil cargos, funções e gratificações do Executivo Federal. O exemplo de ajuste começou de dentro para fora. E já nos primeiros dias, o Governo passou a se dedicar à aprovação da medida mais importante para o ajuste das despesas obrigatórias: a reforma do sis-tema previdenciário. Em razão da rápida transição demográfica por que passa o País – o Brasil está envelhecendo rapidamente - e das distorções dos atuais regimes de previdência pública e privada – que induzem à aposentadoria precoce e transferem benefícios excessivos e insustentáveis, prin-cipalmente para os indivíduos de mais alta renda –, a previdência tende a gerar déficits crescentes, pressionando cada vez mais as contas públicas e levando a dívida pública a uma trajetória insus-tentável. Gasto do Setor Público com Previdência Social (%PIB)

Fonte: RTN agosto 2019 A nova previdência é mais justiça social A iminente aprovação do projeto de reforma da previdência enviado pelo Governo ao Congresso Na-cional – tentada, sem sucesso, por governos passados - é, portanto, uma grande conquista. Cabe ressaltar que essa é a maior reforma estrutural da história da previdência. A aprovação da Nova Pre-vidência permitirá aumentar as idades de concessão de aposentadorias e reequilibrar a relação entre os montantes de contribuições e benefícios. Além de avançar na direção de um sistema sustentável em termos atuariais, a reforma diminuirá privilégios e tornará o sistema mais justo. As possibilidades de acumulação de pensões e benefícios serão reduzidas, ao passo que as alíquotas de contribuição diminuirão para os trabalhadores de renda mais baixa e aumentarão para aqueles com rendimentos mais elevados. Além disso, ao reduzir o ritmo de crescimento dos gastos com benefícios previdenci-ários, a reforma propiciará espaço para a manutenção ou expansão de políticas públicas essenciais, em particular nas áreas de saúde, educação, segurança e transportes.

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Combatendo as fraudes previdenciárias

A Nova Previdência é composta, além da PEC 06/2019, de um conjunto de proposições legislativas e de medidas de melhoria da gestão previdenciária. A Lei n° 13.846/2019, derivada da Medida Provisória n° 871/2019, uma das primeiras medidas deste Governo, objetiva melhorar a qualidade do gasto previdenciário, agilizar o atendimento do cidadão e eliminar fraudes na Previdência. As ações já implementadas permitiram o cancelamento de cerca de 254 mil benefícios com indícios de irregularidade, o que representa economia anualizada em torno de R$ 4,3 bilhões.

A título de exemplo, foram identificados casos de servidores públicos municipais que recebiam Be-nefício de Prestação Continuada (BPC) ou aposentadorias por invalidez no RGPS e famílias tendo acesso a auxílio-reclusão referente a segurados que estavam em regime semiaberto. A estimativa para 2020 é de economia de R$ 20 bilhões com essas ações.

No dia 10 de outubro, foi publicado o Decreto nº 10.047/2019, que fortalece a governança do Ca-dastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) e define diretrizes para o funcionamento do Obser-vatório de Previdência e Informações do CNIS. O CNIS é um banco de dados administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sob orientação da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, que contém todos os vínculos trabalhistas e previdenciários do trabalhador e no qual é possível encontrar várias informações, como o nome do empregador, o período trabalhado e a remuneração recebida, além das contribuições realizadas. Já o Observatório da Previdência é um novo programa vinculado à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia que tem entre seus objetivos a promoção de pesquisas acadêmicas na área previdenciária, com base no CNIS, o fortalecimento e aperfeiçoamento de políticas públicas e a prevenção de irregularidades e combate a fraudes

Melhor gestão e menor judicialização

Em ações de melhoria de gestão, o tempo médio que o segurado espera para a realização de perícia médica na Previdência foi reduzido de 63 dias, em 2015, para 15, em agosto de 2019. A transformação digital e inovações na gestão do INSS possibilitaram um grande aumento de produ-tividade que possibilitou, mesmo com um grande número de aposentadoria de servidores, o aumen-to no número de requerimentos decididos, de 597 mil em janeiro, para 932 mil em agosto de 2019. A produtividade por servidor subiu 86%.

Outra linha de ação que já apresenta resultados importantes é a redução da judicialização. Atual-mente, cerca de 17% dos benefícios previdenciários são concedidos pela Justiça, levando a maior demora no recebimento pelo cidadão e elevado custo administrativo. A Estratégia Nacional Inte-grada para a Desjudicialização da Previdência Social, pactuada entre o Governo Federal, o Conse-lho Nacional de Justiça e o Conselho da Justiça Federal, juntamente com a sanção da Lei nº 13.876, de 20 de setembro de 2019, que limita a competência delegada da justiça estadual para temas previdenciários às varas a mais de 70 km de distância da sede mais próxima da Justiça Federal, deverá propiciar enorme agilidade para o segurado e grande redução de gastos públicos.

Governo digital e compras públicas: maior transparência e eficiência

Para além da reforma da previdência, diversas medidas têm sido tomadas visando ampliar a trans-parência das ações governamentais e a eficiência na provisão de bens e serviços públicos. Vale destacar, inicialmente, o amplo processo de transformação digital dos serviços públicos, com os objetivos de facilitar, simplificar e ampliar o acesso da população a esses serviços. Ao longo de

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2019, já foram transformados mais de 400 serviços, abarcando 24 diferentes órgãos públicos e gerando economias substanciais de tempo e de recursos para a sociedade e para o Governo. De acordo com estimativa da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, a transformação digital realizada em 2019 deverá atender cerca de 17 milhões de demandas por ano, gerando economia anual de R$ 351 milhões para o Governo Federal e de R$ 1,29 bilhões para a sociedade em geral. Dentre os serviços digitalizados, pode-se citar 74 serviços de atendimento à população pelo INSS, atendendo cerca de 11 milhões de demandas e gerando economia total de R$ 750 milhões por ano (sendo R$ 140 milhões para o Governo e R$ 610 milhões para a sociedade).

O Decreto nº 10.035, de 1º de outubro de 2019, estabeleceu a Plataforma +Brasil como sistema integrado e único para as diversas modalidades de transferências de recursos da União a estados e municípios, permitindo a otimização e a padronização de processos. A Plataforma +Brasil permi-tirá a análise das prestações de contas, a rastreabilidade dos recursos, a redução dos custos de controle, maior governança na execução de políticas públicas, o monitoramento digital de políticas públicas e maior integridade e transparência das informações. Até 2022, a plataforma deverá reunir dados de 29 modalidades de transferências da União, totalizando cerca de R$ 380 bilhões.

No que se refere às compras públicas, o novo decreto do Pregão Eletrônico (Decreto nº 10.024, de 20 de setembro de 2019) aprimora regras sobre disputa e envio de lances; estabelece a obrigatori-edade do uso do pregão eletrônico para serviços comuns de engenharia e para estados e municí-pios que recebam recursos por meio das transferências voluntárias da União; e amplia a adoção do sistema de cotação eletrônica para todos os casos de dispensa, previstos no art. 24 da Lei nº 8.666/1993, com vantagem especial em dispensas emergenciais, locação de imóveis e compras de medicamentos. As novas regras incorporam as melhores práticas na área, a fim de potencializar os ganhos dessa modalidade, que representa mais de 99% das licitações realizadas pelo Governo Federal. Dentre os resultados esperados, cabe destacar a maior celeridade e desburocratização no procedimento licitatório, com economia de tempo e de recursos públicos; o aumento do número de participantes nas licitações e o desestímulo a conluios, com consequente melhor preço; e a maior transparência dos gastos públicos.

Gestão estratégica e governança no Ministério da Economia

No âmbito do Ministério da Economia, o Programa de Integração, Governança e Estratégia do Mi-nistério da Economia (Integra) apresenta-se como novo arranjo de melhoria da gestão estratégica e da governança corporativa, visando a geração de resultados para a sociedade. O Programa visa promover a integração da gestão, por meio de estruturas, ritos e relações de governança que pro-piciem uma ação efetivamente alinhada entre estratégias, processos e projetos corporativos.

As frentes de atuação do Integra são: (i) planejamento estratégico institucional, alinhado ao plane-jamento governamental (PPA 2020-2023); (ii) Escritório de Processos; (iii) Escritório de Projetos & Inovação; (iv) suporte aos mecanismos de Governança Corporativa. O Programa tem se consoli-dado e vem contribuindo para transformar estruturas burocráticas e hierarquizadas em organiza-ções flexíveis e empreendedoras, com foco na importância do planejamento e da boa governança como ferramentas essenciais de sustentação para a tomada de decisões.

O projeto de lei do Plano Plurianual (PPA) 2020-2023, enviado ao Congresso em agosto, já reflete os avanços na governança e gestão estratégica no âmbito do Ministério. O novo PPA apresenta três inovações fundamentais: (i) simplificação legal, pois explicita apenas o previsto na Constituição Federal, e metodológica, pois considera apenas um objetivo, uma meta e um indicador para cada um dos 66 programas finalísticos; (ii) realismo fiscal, com definição dos investimentos prioritários e

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previsão de que nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano ou sem lei que autorize a inclusão; (iii) alinhamento com os planejamentos estratégicos dos ministérios e integração com a avaliação de políticas públicas. Por meio dessas inovações, busca-se recuperar o papel do planejamento das ações públicas com foco nos resultados para a sociedade.

Pacto federativo com responsabilidade fiscal O Governo tem avançado na direção de um novo pacto federativo entre União, estados e municí-pios, buscando equilibrar a distribuição de recursos e responsabilidades entre os vários entes da Federação. É essencial criar um arcabouço propício ao equilíbrio fiscal dos entes subnacio-nais. Apesar dos avanços trazidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2001, muitos estados e municípios não têm conseguido conter gastos e obter equilíbrio fiscal. Continuam recorrendo à União em busca de auxílio financeiro. Assim como no caso da União, o reequilíbrio fiscal dos entes subnacionais passa principalmente pela adoção de medidas estruturais que contenham o cresci-mento das despesas correntes, destacando-se os gastos com pessoal ativo e inativo. É crucial avançar na reforma dos regimes próprios de previdência social e na implementação de medidas de contenção dos gastos com pessoal ativo, no âmbito de todas as esferas federativas, além de medi-das voltadas para a geração de receitas e racionalização de gastos, como a eliminação de incenti-vos tributários e a privatização de empresas públicas. Os benefícios desse conjunto de medidas não serão imediatos. No curto prazo, muitos estados e municípios continuarão a enfrentar sérias dificuldades para fechar suas contas, o que poderia colo-car em risco a provisão de serviços públicos essenciais à população. Logo, é necessário encontrar mecanismos de apoio aos estados durante o período de transição para o reequilíbrio fiscal. Para tanto, o Governo enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Complementar 149/2019, que for-maliza o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF). O PEF tem por objetivo apoiar os estados no curto prazo e prover incentivos ao reequilíbrio fiscal no médio prazo. O Plano estabelece um conjunto de metas e compromissos entre a União e os entes subnacionais, permitindo à União conceder garantias para operações de crédito, condicionadas à promoção de ajuste fiscal estrutural que permita a recuperação da capacidade de pagamento dos entes no prazo de 4 anos. Se as metas pactuadas de ajuste não forem cumpridas, os entes subnacionais perdem direito aos bene-fícios. Assim, diferentemente de medidas anteriores, o PEF busca gerar incentivos efetivos para o ajuste fiscal dos entes subnacionais, combinando o auxílio financeiro de curto prazo ao reequilíbrio das contas públicas no médio prazo. Nova etapa para os bancos públicos De forma semelhante, as instituições bancárias oficiais iniciaram a paulatina redução do capital nelas investido pelo Governo Federal, tiveram sua governança alterada, de modo a que passem a adotar as boas práticas do mercado privado e a dedicar maior esforço ao atendimento da população de mais baixa renda. Os chamados Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD) – empréstimos sem prazo para pagamento – foram fartamente usados por governos anteriores para reforçar o capital e ampliar a capacidade de empréstimo dos bancos públicos: R$ 37,2 bilhões desses débitos são da Caixa Econômica Federal (Caixa), R$ 36 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 8,1 bilhões do Banco do Brasil (BB), R$ 1 bilhão do Banco do Nordeste (BNB) e R$ 1 bilhão do Banco da Amazônia (BASA). A Caixa já efetuou o pagamento de R$ 3 bilhões neste ano e recentemente obteve autorização do Conselho de Administração para restituir outros R$ 7,35 bilhões ao Tesouro.

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O BNDES tem vultosas obrigações com o Governo Federal, resultantes dos empréstimos que tota-lizaram mais R$ 500 bilhões no período 2008 a 2014, dos quais ainda restam aproximadamente R$ 270 bilhões a serem devolvidos. A devolução antecipada desses recursos integra a estratégia fe-deral de redução da dívida pública. O Banco efetuou o pagamento de R$ 38 bilhões no primeiro semestre do ano e anunciou como meta remeter outros R$ 86 bilhões ainda em 2019. Todos os empréstimos federais ao BNDES deverão ser devolvidos ao Tesouro até o fim de 2022, e, no de-correr dos próximos anos, o Banco deverá reduzir sua carteira de participações, por meio da venda de ativos do BNDESPAR. A mudança na escala e forma de atuação do Banco é compatível com a orientação de promover o desenvolvimento por meio da correção das falhas do mercado de crédito privado. Dentro da estratégia de alienar ativos não estratégicos para a atuação estatal, destaca-se a venda de ações ordinárias do IRB Brasil Resseguros pertencentes à União, realizada em julho. Por fim, o Ministério da Economia recentemente solicitou aos bancos públicos a antecipação na distribuição de dividendos referentes ao primeiro semestre de 2019, o que reforça a ideia de que as entidades irão contribuir com o esforço de melhoria fiscal. Melhorando o resultado primário Como consequência das medidas de controle e racionalização das contas públicas, espera-se que o déficit primário do Governo Central siga trajetória gradual de queda e convirja para a susten-tabilidade fiscal nos próximos anos. O gráfico abaixo mostra a evolução do resultado primário do Governo Central desde 2010 e as projeções até 2022 publicadas no PLDO 2020. Cabe ressaltar que, nessas projeções, não foram considerados os recursos arrecadados recentemente na 16ª Ro-dada de Licitações de blocos de exploração de petróleo e gás do pós-sal (R$ 8,9 bilhões) e os recursos potenciais a serem auferidos nas licitações do pré-sal e no leilão da Cessão Onerosa, previstos para este ano ainda. A entrada desses recursos permitirá acelerar significativamente a convergência rumo a uma trajetória fiscal sustentável. Em outras palavras, o déficit primário desse ano e dos próximos será significativamente revisto para baixo após o cômputo dessas receitas. O próprio mercado já prevê um déficit primário inferior a R$ 100 bilhões esse ano (de acordo com os dados do PRISMA/SPE). Se adicionarmos a isso a parcela da União na cessão onerosa, podemos vislumbrar um cenário fiscal bem mais otimista para o final do ano. Prova inquestionável do enorme esforço fiscal que tem sido feito por esse Governo.

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Resultado Primário do Governo Central (% PIB)

Fonte: De 2010 a 2018, RTN. Para 2019, Relatório de Avaliação do 4º bimestre. Para 2020, PLOA 2020. Para 2021 e 2022, PLDO 2020.

Melhora da Situação Fiscal Estrutural

Evidentemente, é importante distinguir as melhoras no resultado primário advindas de eventos ou receitas não recorrentes – como as obtidas nos leilões de petróleo e gás – daquelas decorrentes de mudanças estruturais no comportamento das receitas e despesas públicas. Apesar de ambas as me-lhoras contribuírem para a redução da dívida pública, as estruturais são um indicativo mais sólido da sustentabilidade fiscal no médio prazo.

O resultado primário estrutural estimado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia – dado pelo resultado primário livre de efeitos cíclicos e outros fatores transitórios (não recorrentes), como receitas extraordinárias de concessões e privatizações – confirma a magnitude do esforço fiscal que o Governo Federal tem empreendido. A variação positiva de 0,16 ponto per-centual do PIB no resultado primário estrutural nos primeiros 6 meses do ano é um indicativo im-portante do compromisso do Governo com a agenda de ajuste fiscal estrutural. E a velocidade dessa melhora nas contas públicas irá aumentar à medida que sejam aprovadas medidas que promovam a desindexação e a desvinculação do orçamento, que permitirão conter o crescimento das despesas obrigatórias. Novamente, devemos frisar que nesses cálculos não foram considerados os recursos arrecadados recentemente na 16ª Rodada de Licitações de blocos de exploração de petróleo e gás do pós-sal (R$ 8,9 bilhões) e os recursos potenciais a serem auferidos nas licitações do pré-sal e no leilão da Cessão Onerosa, previstos para este ano ainda.

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Resultado primário estrutural do Governo Central acumulado em 4 trimestres (% do PIB) — 2017:T2 a 2019:T2

2017:2 2017:4 2018:2 2018:4 2019:2 Resultado primário -2,80 -1,80 -1,38 -1,70 -1,60 Componente cíclico -1,37 -1,11 -0,98 -0,77 -0,65 Não recorrente 0,50 0,94 1,09 0,50 0,32 Resultado fiscal estrutural -1,94 -1,63 -1,50 -1,43 -1,28

Fonte: Secretaria de Política Econômica

3. Medidas para elevar a produtividade da economia

As medidas voltadas para o aumento da eficiência econômica e da produtividade desdobram-se nas seguintes áreas: (i) privatizações de empresas estatais e concessões de serviços de infraestrutura; (ii) abertura da economia à entrada de bens, serviços e capitas estrangeiros; (iii) reformas no mercado de trabalho; (iv) redução de distorções no mercado de crédito; (v) melhoria no ambiente de negócios.

Uma economia rumo ao liberalismo

Quanto às privatizações e concessões, já ocorreram avanços significativos ao longo de 2019. Essas operações atingiram, neste ano, o valor total de R$ 73,4 bilhões, sendo R$ 46,7 bilhões referentes a desestatizações, R$ 19 bilhões relativos a desinvestimentos e R$ 7,7 bilhões decorrentes de conces-sões. Mais do que contribuírem para o ajuste das contas públicas, essas iniciativas visam principal-mente a melhorar a alocação de recursos na economia, abrindo espaço ao capital privado em áreas cruciais para o desenvolvimento econômico – em particular, nas áreas de energia, logística, teleco-municações, transportes, saneamento e habitação popular. No setor de transportes, por exemplo, foram realizadas 23 concessões de aeroportos, de terminais portuários e de trecho da Ferrovia Norte-Sul.

No setor de energia, há uma agenda de abertura de mercado, ampliação da concorrência e moder-nização da regulação, com potencial de atrair investidores e reduzir seu preço, com impacto positivo sobre a atividade econômica. Trata-se do “choque de energia barata”, que somente é possível devido à conclusão do acordo da cessão onerosa entre a União e a Petrobrás para exploração de petróleo em áreas do pré-sal – cujas negociações estavam travadas desde 2014 – viabilizando o leilão de seus excedentes. Estes, em conjunto com os demais leilões de óleo e gás, permitirão ao Brasil experimen-tar um choque positivo de oferta nos próximos anos.

Energia barata para uma economia competitiva

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O êxito no leilão dos excedentes da cessão onerosa colocará o Brasil entre os cinco maiores produ-tores globais de óleo e gás, com a perspectiva de a produção dobrar na próxima década. Além dos impactos sobre a arrecadação (somente o bônus de assinatura do leilão dos excedentes da cessão onerosa proporcionará até R$ 106 bilhões), com destinação de parcela desses recursos para os entes subnacionais, muito vem sendo feito para que o aludido choque de oferta se traduza em ganhos de produtividade para nossa economia. Exemplo disso é a iniciativa do Novo Mercado de Gás (NMG), que cria a possibilidade de monetização do gás natural.

Trata-se de uma reforma no setor de gás que permite que cada agente encontre um ambiente re-gulatório que lhe permita processar o gás, injetá-lo nas malhas de transporte e comercializá-lo livre-mente, com distribuidoras e consumidores, promovendo, assim, maior concorrência e eficiência. Nesse ambiente dinâmico e moderno, espera-se a redução de preço do gás natural, fundamental para a produção industrial e a geração de energia elétrica. Na esteira do NMG, um dos destaques foi a venda da empresa de gasodutos TAG pela Petrobrás por R$ 33 bilhões.

Vale mencionar o acelerado desinvestimento que vem sendo realizado pela Petrobras desde a posse do governo Bolsonaro. Além da já referida alienação da TAG, 64 campos de petróleo foram vendidos; 8 outras empresas subsidiárias foram privatizadas, entre elas a gigante BR Distribuidora; a tristemente célebre refinaria de Pasadena foi vendida; um injustificável contrato de patrocínio da Petrobrás à equipe McLaren de Fórmula 1 – no valor de 163 milhões de libras esterlinas - foi encerrado. E, muito importante por seu impacto no mercado de combustíveis, foi definida, por meio de Termo de Ajusta-mento de Conduta firmado com o CADE, a venda de 8 refinarias da empresa para agentes privados. Essa venda, que representará a alienação de metade da capacidade de refino do Brasil, deverá ser feita de acordo com condições definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Essas con-dições buscam ampliar a concorrência, ao exigir que as refinarias potencialmente concorrentes sejam vendidas para grupos econômicos distintos e que a venda seja feita com toda a infraestrutura neces-sária ao acesso e à retirada, de modo a efetivamente permitir que os novos agentes concorram com o incumbente pelo mercado de derivados do petróleo, como gasolina, diesel e GLP.

O novo foco da Petrobras em exploração e produção (E&P) é parte da estratégia de aumentar de forma acelerada a extração de petróleo no País. Nessa direção, a empresa acaba de bater seu recorde de produção, tendo atingido 3 milhões de barris diários de óleo e gás-equivalente no mês de agosto.

Com relação ao Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), em agosto de 2019, o CNPE decidiu revogar a política de diferenciação de preços. Tratava-se de política ineficaz, ineficiente e pouco transparente, que impedia a atração de novos investimentos ao País e a ampliação da concorrência por importa-ção. Como consequência, o preço do GLP no País encontra-se em patamares muito superiores aos internacionais. Com essa medida do CNPE, espera-se a ampliação de oferta de GLP, que, juntamente com a maior oferta decorrente do NMG e da venda das refinarias da Petrobras, contribuirá para reduzir o preço desse energético, que tenderá a acompanhar os preços do mercado internacional.

Abertura da economia e competitividade

Muito se avançou também na abertura da economia brasileira aos serviços e capitais do resto do mundo. Em primeiro lugar, destaca-se a conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia, que criará

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uma área de livre comércio representando cerca de 1/4 do PIB mundial. Ao facilitar o acesso a bens e insumos externos e a especialização de cada país do bloco nas atividades em que apresentem vantagens comparativas, o bloco propiciará o aumento da produção e do consumo, fornecendo importantes ganhos de bem-estar. Além disso, a maior competição externa incentivará a busca por eficiência pelos produtores domésticos, estimulando o aumento da produtividade. Outros acordos importantes fechados ao longo deste ano foram os acordos de livre comércio no setor automotivo com México e Argentina, que também permitirão ganhos substanciais ao País.

No setor financeiro, o Decreto nº 10.029/2019 concedeu ao Banco Central do Brasil a competência para autorizar a instalação, no País, de novas agências de instituições financeiras domiciliadas no ex-terior, bem como o aumento do percentual de participação, no capital de instituições financeiras com sede no País, de pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior. Anteriormente, essas autorizações dependiam de decretos do Presidente da República. A nova norma harmoniza o processo de autorização de instituições financeiras nacionais e estrangeiras, o que irá facilitar a entrada de capital estrangeiro no setor financeiro doméstico, aumentando a oferta de serviços à população e às empresas, ampliando a competição e estimulando a busca por maior eficiência no setor.

Com o foco na maior competitividade e aumento do bem-estar dos consumidores brasileiros, a Lei nº 13.842/2019 foi aprovada em meados deste ano pelo Congresso Nacional e retirou a obrigatori-edade da participação de capital nacional nas companhias aéreas. A medida estimulará a competiti-vidade no setor, possibilitando que empresas com 100% de capital estrangeiro passem a atuar no País.

Mercado de trabalho flexível e dinâmico

No que diz respeito ao mercado de trabalho, o Ministério da Economia deu início a amplo processo de atualização e modernização das Normas Regulamentadoras (NRs) de Segurança e Saúde no Tra-balho e de consolidação e simplificação de decretos trabalhistas. O objetivo é garantir a saúde e a segurança do trabalhador por meio de regras mais simples, claras e racionais, que não onerem des-necessariamente as empresas com a imposição de requisitos que pouco contribuem para esta fina-lidade. Algumas das normas regulamentadoras já revistas foram a NR-1, NR-2, NR-3, NR-12, NR-24 e NR-28. Essa revisão deve reduzir custos das empresas, incentivando-as a ampliar a produção e o emprego. O processo recebe o acompanhamento da Fundacentro, fundação pública vinculada ao Ministério da Economia com a missão institucional de promover a pesquisa aplicada na área de saúde e segurança do trabalho. Importante que a desburocratização e simplificação seja acompa-nhada da adequada proteção dos trabalhadores.

No caso da NR-1, por exemplo, sua nova redação promove duas mudanças: (i) dispensa as microem-presas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) de graus de risco 1 e 2 (isto é, atividades de risco muito baixo ou baixo), que não possuem riscos químicos, físicos ou biológicos, de elaborar os Pro-gramas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); (ii) permite que os treinamentos em saúde e segurança do trabalho realizados pelo traba-lhador em uma empresa possam ser convalidados ou complementados por outra. No caso da NR-

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12, a nova redação busca simplificar e alinhar aos padrões internacionais as medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores na instalação, operação e manutenção de máquinas e equipamentos. De acordo com estimativas da SPE, apenas a revisão dessas duas normas poderá gerar redução de custos para as empresas de até R$68 bilhões em 10 anos.

A NR-3, que trata do embargo e da interdição de projetos, obras e estabelecimentos, passou a es-pecificar requisitos técnicos, com base em matrizes de risco. A NR-24, que define condições de higi-ene e conforto, acabou com a obrigatoriedade do uso de lâmpadas incandescentes ou de que as janelas em alojamentos fossem de madeira ou de ferro, além de modificar parâmetros para que a vistoria de um único banheiro não possa resultar na aplicação de mais de 40 multas. A NR-28 reduziu de 6,8 mil para 4 mil as possibilidades de multas em todo o setor produtivo. Tópicos que tratavam do mesmo assunto foram unificados, sem prejuízo aos trabalhadores ou à ação da auditoria fiscal.

Em 24 de setembro foi lançada a Carteira de Trabalho Digital, que substitui a tradicional Carteira de Trabalho e Previdência Social física. A nova carteira digital reduz burocracia e custos. Agora basta apresentar o número do CPF para ser contratado. Não é mais necessário apresentar o documento em papel para que o empregador faça o registro de forma digital. Em apenas 16 dias, desde sua instituição no dia 24 de setembro até o dia 9 de outubro, o aplicativo da Carteira já alcançou mais de 1,1 milhão de acessos. A inovação foi prevista na Lei da Liberdade Econômica (Lei nº 13.874/2019) e disciplinada pela Portaria nº 1.065/2019, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Mi-nistério da Economia.

No que tange às medidas de melhoria no ambiente de negócios, destaca-se a aprovação da Medida Provisória nº 881/2019, a chamada “MP da Liberdade Econômica”, convertida na Lei nº 13.874/2019. Essa Lei visa a moderar a intervenção do Estado no ambiente empresarial, garantir contratos privados e o funcionamento do livre mercado, eliminar etapas burocráticas injustificáveis, diminuir os entraves da legislação ao empreendedorismo, facilitar a abertura de empresas e estimular a produtividade. A medida também flexibiliza algumas regras trabalhistas e elimina alvarás de funcionamento a peque-nas e médias empresas que apresentem atividades de baixo risco.

Um novo e melhor FGTS para o trabalhador

Outra medida de impacto significativo no mercado de trabalho foi o lançamento do Novo FGTS. Essa é a maior reforma estrutural da história do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e apre-senta claras vantagens para o trabalhador. O objetivo principal da medida é facilitar o acesso do trabalhador ao saldo da sua conta no Fundo, possibilitando a retirada periódica de parcela de seus recursos. O chamado “saque aniversário” deve produzir efeito semelhante ao de uma desoneração do fator trabalho, contribuindo para resolver um importante problema de má alocação de recursos na economia. De fato, ao aumentar o retorno do trabalho formal, espera-se que a medida reduza a informalidade e a rotatividade – o que, por sua vez, resulta em aumento da produtividade do trabalho.

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Além do Saque Aniversário, o Novo FGTS permitiu outra modalidade de saque - Saque Imediato -, que possibilitou aos trabalhadores retirarem até R$ 500,00 por conta (ativa ou inativa), até março de 2020. Espera-se que sejam liberados R$ 28 bilhões, em 2019, e R$ 12 bilhões, em 2020. Esses saques correspondem a 0,58% do PIB e a 18,6% da renda habitual média das pessoas ocupadas no início de 2019. Devem beneficiar 96 milhões de trabalhadores, correspondentes a 46,3% da população brasi-leira. Estimativa da SPE indica que o impacto mais significativo ocorrerá no aumento da renda habi-tual média nas regiões Norte e Nordeste.

FGTS - Efeitos do saque imediato

% saque/renda % saque/pib pc Norte 20,1% 1,60%

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O Novo FGTS passou também a distribuir 100% de seus resultados aos trabalhadores. Permitiu ainda que os trabalhadores usem os seus recebíveis futuros do saque aniversário como garantias para obtenção de crédito barato. Por serem garantia sólida, com baixo risco, esses crédito abrem nova modalidade de crédito, em que o trabalhador terá acesso a empréstimos com juros muito inferiores aos atualmente disponíveis no mercado. O Novo FGTS, desse modo, corrige graves distorções tanto no mercado de trabalho como no mercado de crédito.

Redução do Contencioso Tributário

A MP do Contribuinte Legal estimulará a regularização de dívidas junto à União para as pessoas físicas e jurídicas que, por alguma situação circunstancial, não tiveram condições financeiras de hon-rar suas obrigações tributárias e precisam, comprovadamente, de uma alternativa de negociação que seja boa, tanto para elas, como para a administração pública.

Ou seja, a medida traz uma importante mudança na relação entre o contribuinte devedor e a Admi-nistração Tributária, uma vez que prioriza a busca de soluções negociadas entre as partes e, com isso, a redução de litígios. A negociação será pautada pela real necessidade do devedor, pela avali-ação individual da sua capacidade de pagamento e observará as demais condições e limites previstos no texto legal. Cabe ressaltar que o instituto da “Transação Tributária” já estava previsto no Código Tributário Nacional e por mais de 50 anos esperava por regulamentação.

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Concorrência para expandir e baratear o crédito

O crédito, aliás, mereceu especial atenção do Governo em seus primeiros meses. A agenda do Go-verno se concentrou no aumento da concorrência, redução de assimetrias de informação, fortaleci-mento de garantias e desburocratização. Entre outras medidas, destacam-se a reforma da legislação do cadastro positivo, a ampliação da utilização do IPCA no crédito imobiliário, a nova sistemática de registro dos recebíveis do cartão de crédito e o aprimoramento das debêntures de infraestrutura.

A nova lei do cadastro positivo remove a necessidade de o cliente aderir ao cadastro – agora ele entra automaticamente no sistema e, se quiser, pode pedir para sair do cadastro. Com isso, a abran-gência do cadastro aumentará, difundindo seus benefícios para a quase totalidade dos tomadores de crédito pessoa física. O novo mecanismo induzirá à redução do spread bancário, tanto por me-lhorar o conjunto de informações disponíveis sobre os tomadores de crédito, quanto por aumentar a concorrência na oferta de crédito, ao eliminar a vantagem informacional dos grandes bancos. A inclusão de informações de prestadores de serviços continuados, como telefonia e luz, outra novi-dade, irá promover a inclusão financeira de parte da população que hoje não tem acesso ao mercado de crédito formal, mas paga em dia suas contas.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) também promoveu importantes inovações na regulação do sistema financeiro nesse ano. Removeu restrições à utilização do IPCA como indexador de créditos imobiliários, o que possibilita a venda desses créditos no mercado de capitais (a chamada securiti-zação), ampliando a oferta de financiamento de mercado para o setor. Definiu ainda nova sistemática de registro dos recebíveis de cartão de crédito. Antes, todas as vendas feitas ficavam como garantia de crédito; agora, o lojista pode limitar a garantia ao valor emprestado pela instituição financeira. Ele poderá, agora, buscar empréstimos alternativos em várias instituições financeiras. Isso aumenta a concorrência na oferta de crédito lastreado por esses recebíveis.

O CMN também aprimorou a regulamentação das debêntures de infraestrutura, ao normatizar a liquidação antecipada, que permite a liberação de ativos dados em garantia pelas empresas emisso-ras, os quais, por sua vez, poderão ser utilizados para o financiamento de novos investimentos. Por fim, o CMN tomou diversas medidas para desburocratizar a regulação do sistema financeiro em várias instâncias, como, por exemplo, na concessão de crédito imobiliário, na abertura de contas, na contratação de serviços de computação em nuvem, na convergência de normas contábeis aos pa-drões internacionais e na captação via letra financeira.

Outro problema premente do crédito no Brasil é o seu direcionamento. De todo o crédito concedido atualmente no País, 47% é direcionado, ou seja, tem destinação previamente determinada a juros geral-mente tabelados. Esse fato gera restrição de oferta de crédito para aqueles setores que não contam com direcionamento. Com isso, os juros pagos, no chamado crédito livre, onde os setores que não têm acesso a recursos direcionados se financiam, são bem superiores ao que poderiam ser.

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Crédito do Sistema Financeiro Nacional - Livre e Direcionado (% do Total)

Fonte: BCB

Crédito agrícola de cara nova

Outro marco destes primeiros meses de governo, foi a publicação da Medida Provisória nº 897, de 01/10/2019 (MP do Agro), que vem dotar o setor produtivo rural de instrumentos de mercado para que, paulatinamente, possa reduzir a dependência da agropecuária ao crédito regulado. Com o setor, cada vez mais, financiando-se por operações de mercado, as subvenções restantes poderão ser mais bem focalizadas. Esse cenário só foi possível pela continuidade da queda da inflação e dos juros, decorrente da correta gestão macroeconômica.

A MP do Agro contém sete ações específicas, divididas em três grupos. Integram o primeiro grupo as medidas voltadas para o estímulo à redução das taxas de juros por meio da ampliação e da melhoria das garantias ofe-recidas em operações de crédito rural. As medidas específicas desse grupo são a criação do Fundo de Aval Fraterno (FAF), a constituição do regime de afetação do imóvel rural e a instituição da Cédula Imobiliária Rural (CIR).

O segundo grupo de medidas visa a expandir o financiamento do agronegócio com recursos livres, por meio do mercado de capitais. Nesse grupo estão medidas que aprimoram a Cédula de Produto Rural (CPR), os títulos do agronegócio (CDA-WA, CDCA, LCA e CRA) e outros títulos bancários (CCI, LCI, CCR, NPR).

O terceiro grupo de medidas busca melhorar a alocação e a concorrência no mercado de crédito rural. As medidas que o integram são a extensão da equalização de taxas de juros para todos os agentes financeiros que operam o crédito rural e a possibilidade de subvenção econômica para construção de armazéns por empresas cerealistas. Além da MP do Agro, duas outras medidas importantes foram implementadas para reduzir o risco fiscal emanado do setor rural. A primeira foi a facilitação da aquisição de opções de venda por parte dos produtores rurais, de modo a reduzir a flutuação da subvenção paga pelo Tesouro por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM); a segunda, a dotação de R$ 1 bilhão para o Programa de

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Crédito Livre Crédito Direcionado

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Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural. A ampliação da abrangência do Seguro Rural, espera-se, irá minorar a necessidade de recursos voltados para renegociação de dívidas.

Modernizando o mercado de câmbio

O Governo enviou ao Congresso outra medida importante na melhoria do ambiente de negócios: o Projeto de Lei nº 5.387/2019, que irá modernizar, simplificar e trazer mais eficiência ao mercado de câmbio brasileiro e facilitar o livre movimento internacional de capitais. A legislação vigente, criada em ambiente de severas restrições no balanço de pagamentos, é rígida, burocrática e obsoleta, im-pondo custos desnecessários às operações cambiais e ao fluxo de capitais. O PL consolida a legisla-ção, atualmente dispersa em mais de 40 instrumentos legais, e institui marco legal moderno e ali-nhado aos melhores padrões internacionais. Com isso, o comércio exterior será facilitado e o País se tornará mais atrativo ao investimento estrangeiro.

Uma rota liberal para o avanço do crédito

Em resumo, todas ações deste Governo vão decididamente na direção de uma economia liberal e têm por objetivos dar espaço à livre iniciativa, garantir maior liberdade ao empreendedorismo, me-lhorar a alocação dos recursos e aumentar a produtividade. Os erros passados e seus efeitos, embora colossais, vão ficando para trás, junto com a crença dos que os originaram: a fantasia de que um Estado dirigista, burocrático e intervencionista seja capaz de impulsionar a economia rumo ao de-senvolvimento.

Um sinal importante dessa postura veio em maio deste ano: o saldo de crédito concedido por insti-tuições financeiras privadas, nacionais e de capital estrangeiro, finalmente superou o das instituições financeiras públicas, revertendo o quadro observado desde junho de 2013.

Créditos do SFN - Por Emprestador (% do PIB)

Fonte: BCB. *agosto de 2019

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Bancos Públicos Bancos Privados Nacionais Bancos Estrangeiros

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Além disso, o valor desembolsado pelas instituições financeiras para as famílias e empresas é o maior desde dezembro de 2014, alcançando quase 94% do saldo de toda a economia, restando apenas 6% do crédito para o setor público.

Cai o risco e melhoram as perspectivas

Outra comprovação da consistente melhora macroeconômica e das perspectivas para a economia brasileira é a consistente redução do risco-país. Em setembro, o Credit Default Swap (CDS) foi redu-zido para o menor valor desde maio de 2013, período em que o Brasil tinha grau de investimento e detinha as melhores classificações de risco por agências de rating de sua história. A melhora das perspectivas quanto à solvência da dívida brasileira resulta da consolidação fiscal em curso, da raci-onalização dos gastos públicos e das propostas de reforma do Estado apresentadas na seção 2. Há muito a ser feito, mas os indicadores de risco já mostram que o País está no caminho correto.

Risco País CDS 5 anos (p.b.)

Fonte: Bloomberg

A menor alocação dos recursos da economia para o setor público - pela diminuição da participação do Governo na demanda agregada ou pela redução do espaço dos bancos públicos no crédito total - possibilitou a redução consistente da inflação e a queda da taxa de juros. Projeta-se que, pelo terceiro ano consecutivo, a inflação ao consumidor em 2019 ficará abaixo do centro da meta, algo inédito desde a implementação do sistema de metas.

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Menos juros e menos inflação

A consolidação fiscal e a inflação ancorada permitiram ao Banco Central trazer a taxa de juros básica (Selic) para o menor valor histórico, atualmente em 5,5% (e com várias instituições prevendo redução nesse valor, tanto nesse, como no próximo ano). A queda da taxa de juros não se restringe somente à Selic. A redução é significativa em toda a estrutura a termo da taxa de juros, diminuindo o custo da dívida pública. Abriu-se, assim, espaço para reduções consistentes da meta de inflação, que po-derá convergir para patamares semelhantes aos dos pares internacionais. Na última reunião do Con-selho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação em 2022 foi estabelecida em 3,50%, mantendo-se a tendência de queda que se iniciou neste ano.

Juros estruturais baixos e Inflação sob Controle

Por décadas, os juros no Brasil se mantiveram elevados, muito acima dos vigentes em países de mesmo estágio de desenvolvimento. No atual Governo, os juros estão no nível mais baixo da história recente, convergindo para os padrões internacionais. Trata-se de uma importante vitória, resultante do acerto da política econômica adotada.

Importante nesse movimento não é apenas a redução em si, mas a forma como foi alcançada. Esse resultado foi uma queda estrutural. Em especial, três políticas contribuem para essa trajetória de queda: i) o controle sistêmico das despesas públicas, que garante um cenário de equilíbrio fiscal de longo prazo; ii) a redução substancial do direcionamento de crédito, melhorando as condições do mercado de crédito livre; e iii) a redução da meta de inflação, conjugada à credibilidade da política monetária.

Para avaliar a sustentabilidade da queda dos juros, pode-se considerar a evolução da taxa de longo prazo em comparação à inflação implícita. Na figura, observa-se uma queda substancial da taxa de juros longa, alcançando o mínimo histórico. Além disso, observa-se de forma concomitante a queda da inflação esperada, o que indica a sustentabilidade da queda dos juros. No período de 2011 a 2013, tentou-se reduzir os juros na marra, não levando em conta os fundamentos da economia. Conforme se observa no gráfico, a inflação esperada não acompanhou o movimento de queda dos juros e essa se tornou insustentável. No atual Governo, diferentemente, a redução dos juros reais é resultado de políticas monetárias e fiscais estruturais, sendo, portanto, sustentável.

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Quais as consequências esperadas dessa redução sustentável dos juros para a economia? A primeira é a expansão do volume de crédito, que ocorrerá à medida que juros baixos se mantenham no tempo. O maior volume de crédito, ofertado com menores taxas, impulsionará o investimento e o crescimento.

A segunda é a instauração de um ambiente muito mais previsível, o que possibilitará o planejamento de longo prazo. Isso é especialmente importante para os investimentos em setores sensíveis ao alon-gamento da dívida, como o de infraestrutura.

A terceira é a diminuição do custo de carregamento da dívida pública e, consequentemente, a pos-sibilidade de reduzi-la mais rapidamente. Dívida menor como proporção do PIB é condição essencial para a retomada vigorosa da economia brasileira. E a própria redução da dívida permite que os juros se mantenham em níveis mais baixos, com redução do risco-país.

Esses resultados virtuosos na inflação e nos juros são resultado direto da política econômica adotada pelo Governo nesses primeiros meses. O País está definitivamente conquistando um ambiente favo-rável à retomada do crescimento. É preciso perseverar no mesmo rumo e continuar promovendo as reformas essenciais para a retomada vigorosa das taxas de crescimento na economia brasileira.

Resultados concretos de uma política econômica liberal

Os bons frutos da política econômica liberal não se manifestam somente nos indicadores de médio prazo: redução da meta de inflação, queda dos juros futuros e menor nível de risco-país. Eles podem ser observados também nos indicadores conjunturais. A concessão do crédito livre para as famílias cresceu 13,9% em termos reais, em relação ao acumulado até agosto de 2018. A expansão do crédito para as famílias é a maior desde o início da série, em 2011.

O emprego formal também voltou a crescer. Segundo os dados do CAGED, foram criados 530 mil novos postos de trabalho nos últimos 12 meses, o melhor resultado para o mês de agosto desde

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Taxa de juros real e inflação esperada - 10 anosInflação esperada Juros reais

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2014. A melhora no emprego e no crédito reflete-se na melhor percepção das famílias em relação à economia. Os indicadores de confiança das famílias mostram elevação substancial, quando com-parados com o passado recente.

É fato que ainda há muito a ser feito. O emprego precisa crescer mais, assim como o crescimento da atividade tem de acelerar. Entretanto, o processo de correção dos erros passados, dada sua magni-tude, é penoso. As reformas em curso irão melhorar a economia, mas em um ritmo moderado, neste início de retomada. O crescimento sustentado advirá de audácia nas reformas e paciência na obten-ção de seus resultados. Não se deve cair na sedução de arroubos expansionistas, quando a economia apenas vai deixando a UTI.

Crescimento Econômico do Setor Privado e Efeito crowding in

Embora a taxa de crescimento do PIB apresente uma retomada relativamente lenta, em torno de 1%, é importante destacar que a força motriz do crescimento já está mudando e que o crescimento do setor privado é bem mais robusto.

Nesse sentido, ao decompor o PIB entre setor público e setor privado (pela ótica da demanda1), o setor privado apresentou crescimento de 1,69% no segundo trimestre de 2019 com relação ao mesmo trimestre do ano anterior, enquanto que o setor público apresentou crescimento negativo (-1,56%), conforme vemos na Figura abaixo.

Crescimento Interanual (setor público vs privado - pela ótica da demanda)

1 Para a construção das séries consideramos o PIB do governo dado pelos gastos do governo mais investimento pú-blico. PIB do setor privado é dado pelo PIB da economia menos o PIB do governo.

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Fonte: IBGE e STN. Cálculos da SPE.

Dessa forma, a diferença entre as taxas de crescimento dos setores privado e público foi de 3,25%, enquanto que historicamente, com uma série desde 1997 tal diferença foi em média 0,66%. Em ou-tras palavras estamos observando um descolamento do desenvolvimento do setor privado com re-lação ao setor público. À medida que se observa esforços para reduzir o tamanho do setor público o setor privado vai tomando seu lugar e a economia de mercado passa a ser protagonista do cres-cimento ao invés das expansões periódicas de gasto público, que se mostraram insustentáveis.

Uma outra forma de ilustrar tal diferença é a inversão da correlação entre os PIBs dos setores privado e público. Enquanto que entre 1997 e 2016 havia uma correlação positiva entre o PIB do setor pri-vado com o PIB do setor público de seis meses antes (+0,33), tal correlação passou a ser negativa (-0,72) a partir de 2017. Tal fato indica que enquanto no período anterior as expansões da economia eram promovidas por expansões fiscais, que se mostravam temporárias e insustentáveis, como que vôos de galinha, a economia atual apresenta um novo paradigma, onde as reduções do setor público é que geram expansões no setor privado, configurando-se um efeito crowding in.

O efeito crowding in significa que os investimentos privados passam a substituir os investimentos públicos na economia. Tal efeito ocorre não apenas porque o setor público está sob contenção, mas especialmente porque as condições econômicas para o desenvolvimento do setor privado mostram-se favoráveis, com taxas de juros menores, menor direcionamento de crédito, melhor eficiência na alocação de recursos, maior previsibilidade das condições macroeconômicas a partir de uma inflação mais baixa e um melhor ambiente de negócios.

A questão mais importante desse movimento é a qualidade do crescimento que se está alcançando, pois não é artificial. Pelo contrário, o crescimento dirigido pelo setor privado é caracterizado pelo empreendedorismo que busca os maiores retornos reduzindo naturalmente a má alocação no uso dos recursos da economia, que leva a uma maior produtividade. Assim, a continuidade desse pro-cesso levará a economia a um crescimento maior e mais sustentável nos próximos anos, garantindo uma condição de vida melhor e mais segura para a população brasileira.

4. Conclusão A Nota Informativa “Muito Além da Previdência: A economia nos primeiros nove meses de governo” apresentou os importantes avanços do Governo Federal neste ano. É fato que há muito ainda a ser feito. É preciso continuar combatendo os desajustes fiscais dos últimos anos, que culminaram na delicada situação das contas públicas que vivemos hoje. É imprescindível promover a reforma admi-nistrativa, que, entre outros objetivos, deverá corrigir os salários iniciais do servidor público - muito elevados em relação aos praticados pelo mercado - e ajustar outros benefícios desproporcionais em relação aos recebidos pelos demais trabalhadores do setor privado. Outra providência inadiável é a

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revisão dos gastos obrigatórios, que corresponde a praticamente todo o gasto federal. É essencial reduzir despesas e melhorar a alocação dos recursos públicos para investimentos e outros gastos que resultem em maior benefício para a população.

Para o aumento da produtividade da economia, três áreas devem ser objeto de reformas. A primeira, a reforma tributária, deve caminhar na direção de reduzir a complexidade do sistema tributário e diminuir as distorções que provoca na economia, sendo a principal a redução da produtividade por má alocação. A segunda é acelerar a redução da intromissão estatal na economia, diminuindo a participação do capital governamental em empresas com baixa produtividade, cuja concessão ou privatização resultará em maior benefício para os brasileiros. Nesse sentido, as concessões e parce-rias com o setor privado devem ser incentivadas. A terceira é expandir a abertura comercial já em marcha, a partir da negociação de acordos comerciais que tragam benefícios para os consumidores, seja pela redução de tarifas, seja pela redução de limites à importação.

Infelizmente, apesar da evidente recuperação nos indicadores, o povo brasileiro ainda sente os efei-tos da maior crise econômica da história do País: elevado desemprego e queda do poder de compra. Os erros de políticas econômicas de 2006-2016 – que apostaram no intervencionismo e no direcio-namento dos recursos para setores e empresas, ignorando a melhor alocação do dinheiro público e o crescimento da produtividade – culminaram na maior e mais longa recessão brasileira. Por isso, faz-se necessária a implementação de medidas que corrijam os erros do passado para a retomada da confiança no País. E paciência para não cair na tentação de voltar aos perigosos anabolizantes econômicos que só fariam a economia retroceder.

A agenda reformista não deve ser encarada como a bandeira de um governo, de uma determinada classe social ou até como favorecimento de uma região do País. As reformas econômicas beneficia-rão a todos, principalmente os mais pobres. É uma falácia acreditar que as políticas realizadas nos últimos anos, baseadas na demanda e depauperando as contas públicas, ajudaram os mais pobres a se livrar do desemprego crônico. Isso fica evidente quando comparamos a taxa de desemprego de 14,6% da região Nordeste, que apresenta elevada pobreza, com a média nacional em 12,0% (dados da PNAD trimestral de junho de 2019).

O Governo, em poucos meses, implementou diversas medidas econômicas estruturais bem-sucedi-das. Apenas para citar algumas delas (outras foram encaminhadas ao Congresso Nacional, tal como o PL Cambial e o novo marco regulatório no setor de saneamento, mas não estão citadas aqui):

1. Nova Previdência (maior reforma estrutural da história da previdência); 2. Privatizações de empresas estatais e concessões de serviços de infraestrutura; 3. Revisão do contrato de cessão onerosa (que estava com as negociações travadas

desde 2014, e possibilita o maior leilão de petróleo do mundo); 4. Maior abertura da economia à entrada de bens, serviços e capitas estrangeiros; 5. Modernização das Normas Regulamentadoras (NRs) de Segurança e Saúde no Tra-

balho; 6. Novo FGTS (maior reforma estrutural da história do FGTS);

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7. Novo cadastro positivo e outras medidas para ampliar o acesso ao crédito e reduzir a taxa de juros ao tomador e fomentar inovações financeiras;

8. Redução tanto do crédito público como de seu direcionamento 9. Melhoria no ambiente de negócios; 10. MP do Agro; 11. Criação do 13º salário do Bolsa Família; 12. Choque de Energia Barata com Novo Mercado de Gás; 13. Redução dos custos de observância e medidas para o desenvolvimento do mercado

de capitais (MP das Publicações, eliminação do boletim de subscrição, Resolução CMN Pré-pagamento debêntures, CRA em dólar)

14. Maior flexibilidade e redução dos custos no crédito imobiliário (redução do custo de avaliação do imóvel e opção IPCA);

15. Desenvolvimento do Seguro Rural com alocação orçamentária recorde de 1 bilhão de reais;

16. Introdução efetiva das opções de venda de produtos agrícolas no âmbito da Política de Preços Mínimos;

17. MP do Contribuinte Legal (que regulamenta o instituto da Transação Tributária);

Poucos governos fizeram tanto, mesmo após anos seguidos no poder. O que se está realizando é uma mudança estrutural e vários resultados econômicos já são observados, como as taxas de juros reais nos níveis mais baixos da história; inflação baixa e sem perspectiva de aumento; redução dos índices de risco-país para níveis similares ao período de investment-grade, com queda do CDS em mais de 40% nos últimos 12 meses; e criação de empregos com crescimento de admissões em cerca de 5% nos últimos 12 meses, algo que não se via desde 2012.

Os modelos que estimam os efeitos de médio prazo das reformas (reforma da previdência, tributária, flexibilização dos saques do FGTS, reforma administrativa, abertura comercial, privatizações e con-cessões) apontam que elas terão resultados relevantes para o crescimento do PIB na próxima década, começando em 2020. Esses resultados sugerem que, se todas as reformas acima fossem implemen-tadas até o final deste ano, o crescimento da atividade em 2020 aceleraria de forma sustentável para 3,5%. Já para 2021 e 2022, o impacto das reformas se amplificaria e o investimento aumentaria, fazendo com que o PIB crescesse a mais de 4%. A melhora no PIB per capita resultante das reformas será relevante, com efeitos maiores para a população de baixa renda. O efeito positivo das reformas corrigirá a má alocação dos recursos na economia brasileira (principal responsável pela redução de 5% do PIB per capita no período de 2011-2018).

Uma agenda econômica que não prioriza as reformas, segundo os modelos da SPE, resultaria em crescimento pífio nos próximos anos. Segundo as projeções, sem as reformas, o crescimento susten-tável do PIB se manteria em torno de 1,0% a 1,5% nos próximos três anos, o que seria insuficiente para reduzir de maneira consistente o desemprego e elevar a renda dos brasileiros.

Em resumo, em nove meses de governo, resultados estruturais concretos foram obtidos na econo-mia. Entre outros avanços, podemos citar: expressivo ajuste nas contas públicas (refletidos principal-mente na redução do déficit primário estrutural); queda consistente da inflação e da taxa de juros

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estrutural; redução do tamanho dos bancos públicos e do crédito direcionado; redução do risco-país (medido pelo CDS); queda da taxa de desemprego; aumento de parcerias econômicas e da inserção internacional da economia brasileira; consistente programa de privatizações e concessões; desburo-cratização e melhora do ambiente de negócios; melhorias na transparência, gestão e governança do setor público; modernização da legislação trabalhista; novo mercado de gás com redução de custos para produção no setor privado; aumento da renda dos mais pobres; fortalecimento das garantias, aumento da competição no mercado de crédito e fomento às inovações financeiras; redução dos custos de observância e desenvolvimento do mercado de capitais; e dinamização do crédito imobi-liário. Além do desenvolvimento dos instrumentos privados no crédito rural, aumento na abrangên-cia do seguro agropecuário com dotação orçamentária recorde, e redução do risco da variação dos preços agrícolas para os produtores e para o Governo por meio da instrumentalização das opções de venda. Esses resultados por si só nos deixam confiantes de que o crescimento do PIB em 2020 irá surpreender positivamente. Contudo, para evitar voos de galinha, é preciso não esmorecer no es-forço de aprovação das reformas.