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degusta ESTADO DE MINAS D O M I N G O , 2 5 D E M A R Ç O D E 2 0 1 2 EDUARDO AVELAR 2 MUITO prazer Curiosa, destemida e corajosa, jovem administradora mineira corre o mundo em busca dos melhores sabores Carpaccio de vieira em cama de champinhom e salada 12 de vieiras; 400g de champinhom-de-paris fresco; mix de verdes; 2 limões; 50ml de molho pesto; 100ml de creme de leite fresco; 3 limões sicilianos e flor de sal, azeite extravirgem e sal o suficiente. INGREDIENTES MODO DE FAZER Abrir as vieiras de véspera, lavá-las e enrolá-las em plástico-filme, como se fosse uma salsicha, o mais apertadas possivel. Espetar o rolo várias vezes com uma agulha, para tirar o ar preso, e levar ao congelador. No dia seguinte, cortar as fatias do carpaccio. Reservar na geladeira. Tirar os cabinhos dos champinhons. Descascar e cortar em cubinhos. Saltear na frigideira com um fio de azeite e o suco de um limão. Escorrer o líquido e guardar na geladeira apenas o cogumelo. Vinagrete: preparar uma emulsão com duas partes de azeite para uma de suco de limão siciliano e temperar com sal a gosto. Creme azedo: bater o creme de leite fresco até o ponto de chantilly e acrescentar o suco de um limão. Espalhe as fatias de carpaccio sobre uma cama de champinhom salteado e salpique com a flor de sal por cima. Cubra com a salada de folhas verdes, temperada com o vinagrete. Decore o prato com o molho pesto, o creme azedo e raspas de limão. RAFAEL MOTTA/TV ALTEROSA Voo certo até o Sena MIRIAN PINHEIRO Radicada em Paris desde 2010, a mineira Bár- bara Campos é filha de bibliotecária e socióloga chocolateira e de pai economista apaixonado pela cozinha. Talvez daí tenha nascido a paixão pela gastronomia, um encantamento que só fez au- mentar ao longo dos seus 27 anos de vida. Na PUC Minas, se formou em administração, área à qual se dedicou por apenas três anos, enquanto termina- va o curso. Diploma na mão, largou tudo para se matricular num curso rápido de cozinheira no Se- nac. Tempo suficiente para ter a certeza de que a cozinha era o lugar onde queria estar e de onde sai- ria para voar, ganhar o mundo. Não deu outra. Bár- bara bateu as asas. Hoje estuda e trabalha em Pa- ris, mas antes fez alguns voos rasantes por Belo Horizonte e pelo Brasil. Depois do Senac, ela resolveu fazer estágios em BH. Passou pelo Restaurante Sapore d’Italia, do chef Gabriel Carvalho, e pelo Taste Vin, de Ro- drigo Fonseca. Fez aulas também com a mestra Dadette Bahia Mascarenhas. Nos intervalos, dedi- cava-se à produção de chocolates para a empresa da mãe, Vânia Campos. No entanto, antes de se decidir a sair do país achou que seria interessan- te ter uma experiência em São Paulo. Fez estágio na central do bufê do grupo Fasano e no Al Mare, famoso restaurante de frutos do mar localizado no Bairro de Moema. Há exatos dois anos, embar- cou de mala e cuia para Paris. “Cheguei lá com a cara, a bagagem e dois pas- saportes: um brasileiro e outro italiano”, conta ela, que fez dois meses de curso de francês, até conseguir emprego num restaurante para turis- tas. “Foi ótimo, pois aprendi a fazer todos os pra- tos tradicionais franceses”, diz, satisfeita com a experiência. Lá, com frequência trabalhava de 10 a 12 horas por dia. Depois de seis meses nesse rit- mo intenso, com o inverno batendo à porta, vol- tou ao Brasil por alguns meses. Logo, porém, de- cidiu realizar uma nova incursão parisiense. “Fo- ram mais dois meses no Louis XXV, uma brasse- rie/boate com a mais bela varanda dos Champs Elysée. Amei!”, revela. Desde setembro Bárbara é aluna da Escola Superior de Gastronomia Ferrandi, a melhor de Paris, na opinião dos franceses, e já tem motivos para comemorar: um estágio de seis meses no Hôtel de Crillon, um verdadeiro palácio cinco es- trelas que figura no Guia Michelin. “Estou fazen- do dois meses no setor de banquete, depois fica- rei dois na brasserie de luxo L'Obelisque e, em se- guida, será a vez do Restaurante Les Ambassa- deurs, com uma estrela no Michelin,. O chef de lá é Christophe Hache, o estrelado mais jovem da França. A subchef é Amandine Chaignot, que aca- ba de ganhar o terceiro lugar no Bocuse d'Or”, conta, orgulhosa. QUATRO CANTOS O caminho percorrido por Bár- bara lá fora prova que ela fez a escolha certa desde o início. Nem no destino errou, porque é na França que estão as técnicas mais sofisticadas. Técnicas que, diga-se de passagem, são a base de pratica- mente todas as cozinhas. Em Paris, a jovem segue deslumbrada com a alta gastronomia local, assim como com as culinárias marroquina, tailandesa, chinesa e japonesa, que, por ora, são as que mais chamam a sua atenção. “Aqui descobri e continuo descobrindo vários mundos”, comenta, encantada com um recente passeio à Turquia. E não seria es- sa a descoberta essencial de um bom cozinheiro? Dessa temporada na França, Bárbara tem a certe- za de que vai levar, mais do que um diploma, uma sensibilidade gastronômica que nenhuma outra escola poderia lhe proporcionar. Para quando voltar à terra natal, o que planeja para o ano que vem – isso se não resolver passar an- tes pela Espanha e países asiáticos –, já tem muitos planos, como o de abrir o seu próprio restaurante. A julgar pela vontade e a pressa de realizar os so- nhos, quem sabe BH não ganha um novo endereço gastronômico daqui a alguns meses? Enquanto o projeto não se concretiza, os leitores do Degusta ga- nham uma de suas receitas prediletas. MONTAGEM Aluna de uma das melhores escolas francesas de gastronomia, Bárbara Campos estuda para ser chef FOTOS: ARQUIVO PESSOAL Será apenas Frequentemente, sou abordado para opinar sobre algumas polêmicas referentes a novos pratos ou produtos, qualidade de vinhos etc. Dar explicações técnicas quando elas são possíveis é até fácil, mas tratar de gosto individual e subjetivo é bem mais complicado, especialmente se nossas papilas ainda não estão familiarizadas com determinados paladares. Mas logo que uma novidade deixa de sê-la e outros sabores e texturas similares nos são apresentados, as polêmicas diminuem. Quando o ex-presidente Collor abriu as fronteiras para os produtos importados, muita coisa mudou em nossas vidas, especialmente no conhecimento dessas novidades gastronômicas, que somente aqueles que viajavam pelo mundo tinham o privilégio de experimentar: lembro-me bem de quando ainda era jovem e alguns parentes chegavam do exterior com aqueles chicletes malucos e chocolates maravilhosos. Mais tarde, quando a cozinha já havia me conquistado definitivamente, passei a conhecer alguns temperos diferentes e revistas e livros importados que aguçavam cada vez mais a minha curiosidade. Com a abertura, os uísques, vinhos, biscoitos e chocolates uma questão de gosto? antes encontrados somente em free shops deixaram de ser alienígenas e, gradativamente, fomos nos familiarizando com esses sonhos gourmet. Inicialmente, muita coisa de ruim também veio nessa onda, mas o mercado foi peneirando naturalmente: permaneceram as coisas que, além de boa qualidade, agregavam valor cultural e tecnológico, atributos que lhes conferiram credibilidade e aceitação. Paladares e valores assimilados, a indústria nacional tratou de correr a se adequar e se modernizar para atender as novas e exigentes demandas do mercado. Em vários setores, muita coisa mudou. Nossos automóveis evoluíram, assim como as indústrias de vestuário, eletrônicos e tantas outras. No setor de alimentação não foi diferente. Nossos melhores cafés começaram a privilegiar o mercado nacional. Antes, a maioria de nós só conhecia qualidade por meio de cafés importados, ou melhor, produzidos aqui mas industrializados lá fora, que retornavam falando outros idiomas. Nossas massas não usavam grano duro e se resumiam a meia dúzia de tipos conhecidos. Mesmo hortaliças como o tomate tiveram que evoluir, pois nos apaixonamos pelos suculentos italianos e portugueses. As boas frutas eram exportadas, ficando por aqui as sobras refugadas por um mercado internacional mais exigente. Hoje, até magret, foie gras, flor de sal e outras iguarias produzimos com qualidade. Mas, e os vinhos tintos? Voltemos então à discussão do gosto: Itamar preferia os fusquinhas, preferência ufanista, mas dele; Lula escolheu o vinho Romanée Conti, e subjetiva ou tecnicamente sou obrigado a concordar com os argumentos de ambos. Agora, porém, vem a Dilma privilegiar o Miolo. É difícil de entender, pois não se trata apenas de uma discussão organoléptica. A indústria brasileria, que consegue fazer brancos e espumantes de ótima qualidade, abastecendo a maior fatia do mercado consumidor nacional, não consegue produzir tintos pelo menos razoáveis ao nosso paladar. Faz quase 30 anos que o mercado começou a mudar e a se aprimorar. Não terá sido tempo suficiente para a indústria se adequar às exigências dos consumidores e produzir vinhos competitivos tanto no quesito paladar quanto no custo/benefício em relação aos importados? É justa a salvaguarda pleiteada pelo segmento para, em três anos, prorrogáveis por outros três, fazer o dever de casa que já deveria estar pronto? Justa ou não, o fato é que iremos pagar a conta mais uma vez.

Muito prazer

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Coluna Muito Prazer do dia 25 de março de 2012

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degustaE S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 5 D E M A R Ç O D E 2 0 1 2

EDUARDO AVELAR

2

MUITOprazer

Curiosa,destemida ecorajosa,jovemadministradoramineira correo mundoem busca dosmelhoressabores

CCaarrppaacccciioo ddee vviieeiirraa eemm ccaammaa ddee cchhaammppiinnhhoomm ee ssaallaaddaa

12 de vieiras; 400g de champinhom-de-paris fresco; mix de verdes; 2 limões; 50ml de molho pesto; 100ml de creme deleite fresco; 3 limões sicilianos e flor de sal, azeite extravirgem e sal o suficiente.

INGREDIENTES

MODO DE FAZER

Abrir as vieiras de véspera, lavá-las e enrolá-las emplástico-filme, como se fosse uma salsicha, o maisapertadas possivel. Espetar o rolo várias vezes com umaagulha, para tirar o ar preso, e levar ao congelador. No diaseguinte, cortar as fatias do carpaccio. Reservar nageladeira. Tirar os cabinhos dos champinhons. Descascare cortar em cubinhos. Saltear na frigideira com um fio deazeite e o suco de um limão. Escorrer o líquido e guardarna geladeira apenas o cogumelo. Vinagrete: prepararuma emulsão com duas partes de azeite para uma desuco de limão siciliano e temperar com sal a gosto. Cremeazedo: bater o creme de leite fresco até o ponto dechantilly e acrescentar o suco de um limão.

Espalhe as fatias de carpaccio sobre uma cama dechampinhom salteado e salpique com a flor de sal porcima. Cubra com a salada de folhas verdes, temperadacom o vinagrete. Decore o prato com o molho pesto, ocreme azedo e raspas de limão.

RAFAEL MOTTA/TV ALTEROSA

Voo certo até o SenaMIRIAN PINHEIRO

Radicada em Paris desde 2010, a mineira Bár-bara Campos é filha de bibliotecária e sociólogachocolateira e de pai economista apaixonado pelacozinha. Talvez daí tenha nascido a paixão pelagastronomia, um encantamento que só fez au-mentar ao longo dos seus 27 anos de vida. Na PUCMinas, se formou em administração, área à qual sededicou por apenas três anos, enquanto termina-va o curso. Diploma na mão, largou tudo para sematricular num curso rápido de cozinheira no Se-nac. Tempo suficiente para ter a certeza de que acozinha era o lugar onde queria estar e de onde sai-ria para voar, ganhar o mundo. Não deu outra. Bár-bara bateu as asas. Hoje estuda e trabalha em Pa-ris, mas antes fez alguns voos rasantes por BeloHorizonte e pelo Brasil.

Depois do Senac, ela resolveu fazer estágiosem BH. Passou pelo Restaurante Sapore d’Italia,do chef Gabriel Carvalho, e pelo Taste Vin, de Ro-drigo Fonseca. Fez aulas também com a mestraDadette Bahia Mascarenhas. Nos intervalos, dedi-cava-se à produção de chocolates para a empresada mãe, Vânia Campos. No entanto, antes de sedecidir a sair do país achou que seria interessan-te ter uma experiência em São Paulo. Fez estágiona central do bufê do grupo Fasano e no Al Mare,famoso restaurante de frutos do mar localizadono Bairro de Moema. Há exatos dois anos, embar-cou de mala e cuia para Paris.

“Cheguei lá com a cara, a bagagem e dois pas-saportes: um brasileiro e outro italiano”, contaela, que fez dois meses de curso de francês, atéconseguir emprego num restaurante para turis-tas. “Foi ótimo, pois aprendi a fazer todos os pra-tos tradicionais franceses”, diz, satisfeita com aexperiência. Lá, com frequência trabalhava de 10a 12 horas por dia. Depois de seis meses nesse rit-mo intenso, com o inverno batendo à porta, vol-tou ao Brasil por alguns meses. Logo, porém, de-cidiu realizar uma nova incursão parisiense. “Fo-ram mais dois meses no Louis XXV, uma brasse-rie/boate com a mais bela varanda dos ChampsElysée. Amei!”, revela.

Desde setembro Bárbara é aluna da EscolaSuperior de Gastronomia Ferrandi, a melhor deParis, na opinião dos franceses, e já tem motivospara comemorar: um estágio de seis meses noHôtel de Crillon, um verdadeiro palácio cinco es-trelas que figura no Guia Michelin. “Estou fazen-do dois meses no setor de banquete, depois fica-rei dois na brasserie de luxo L'Obelisque e, em se-guida, será a vez do Restaurante Les Ambassa-deurs, com uma estrela no Michelin,. O chef delá é Christophe Hache, o estrelado mais jovem daFrança. A subchef é Amandine Chaignot, que aca-ba de ganhar o terceiro lugar no Bocuse d'Or”,conta, orgulhosa.

QUATRO CANTOS O caminho percorrido por Bár-bara lá fora prova que ela fez a escolha certa desdeo início. Nem no destino errou, porque é na Françaque estão as técnicas mais sofisticadas. Técnicasque, diga-se de passagem, são a base de pratica-mente todas as cozinhas. Em Paris, a jovem seguedeslumbrada com a alta gastronomia local, assimcomo com as culinárias marroquina, tailandesa,chinesa e japonesa, que, por ora, são as que maischamam a sua atenção. “Aqui descobri e continuodescobrindo vários mundos”, comenta, encantadacom um recente passeio à Turquia. E não seria es-sa a descoberta essencial de um bom cozinheiro?Dessa temporada na França, Bárbara tem a certe-za de que vai levar, mais do que um diploma, umasensibilidade gastronômica que nenhuma outraescola poderia lhe proporcionar.

Para quando voltar à terra natal, o que planejapara o ano que vem – isso se não resolver passar an-tes pela Espanha e países asiáticos –, já tem muitosplanos, como o de abrir o seu próprio restaurante.A julgar pela vontade e a pressa de realizar os so-nhos, quem sabe BH não ganha um novo endereçogastronômico daqui a alguns meses? Enquanto oprojeto não se concretiza, os leitores do Degusta ga-nham uma de suas receitas prediletas.

MONTAGEM

Aluna de uma das melhores escolas francesas de gastronomia, Bárbara Campos estuda para ser chef

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Será apenasFrequentemente, sou abordado

paraopinarsobrealgumaspolêmicas referentes a novospratosouprodutos,qualidadedevinhos etc. Dar explicações técnicasquandoelassãopossíveiséatéfácil,mastratardegostoindividualesubjetivo é bem mais complicado,especialmente se nossas papilasaindanãoestãofamiliarizadascom determinados paladares. Maslogo que uma novidade deixa desê-la e outros sabores e texturassimilares nos são apresentados, aspolêmicas diminuem.

Quando o ex-presidente Collorabriuasfronteirasparaosprodutosimportados,muitacoisamudou em nossas vidas,

especialmente no conhecimentodessas novidades gastronômicas,que somente aqueles queviajavam pelo mundo tinham oprivilégio de experimentar:lembro-me bem de quando aindaera jovem e alguns parenteschegavam do exterior comaqueles chicletes malucos echocolates maravilhosos.

Mais tarde, quando a cozinhajá havia me conquistadodefinitivamente, passei aconhecer alguns temperosdiferentes e revistas e livrosimportados que aguçavam cadavez mais a minha curiosidade.Com a abertura, os uísques,vinhos, biscoitos e chocolates

uma questão de gosto?

antes encontrados somente emfree shops deixaram de seralienígenas e, gradativamente,fomos nos familiarizando comesses sonhos gourmet.

Inicialmente, muita coisa deruim também veio nessa onda,mas o mercado foi peneirandonaturalmente: permaneceram ascoisas que, além de boaqualidade, agregavam valorcultural e tecnológico, atributosque lhes conferiramcredibilidade e aceitação.

Paladaresevaloresassimilados,aindústrianacionaltratoudecorreraseadequaresemodernizarparaatenderasnovaseexigentesdemandasdomercado.Emváriossetores, muita coisa mudou.Nossos automóveis evoluíram,assimcomoasindústriasdevestuário, eletrônicos e tantasoutras.Nosetordealimentaçãonão foi diferente. Nossos melhorescaféscomeçaramaprivilegiaromercadonacional.Antes,amaioria

de nós só conhecia qualidade pormeio de cafés importados, oumelhor, produzidos aqui masindustrializadosláfora,queretornavamfalandooutrosidiomas.Nossasmassasnãousavamgranoduroeseresumiamameiadúziadetiposconhecidos.Mesmo hortaliças como o tomatetiveram que evoluir, pois nosapaixonamos pelos suculentositalianos e portugueses. As boasfrutas eram exportadas, ficandopor aqui as sobras refugadas porum mercado internacionalmais exigente.

Hoje,atémagret, foiegras, flordesaleoutrasiguariasproduzimoscom qualidade. Mas, e os vinhostintos? Voltemos então à discussãodogosto:Itamarpreferiaosfusquinhas, preferência ufanista,mas dele; Lula escolheu o vinhoRomanée Conti, e subjetiva outecnicamente sou obrigado aconcordar com os argumentos deambos. Agora, porém, vem a

Dilma privilegiar o Miolo. É difícilde entender, pois não se trataapenas de uma discussãoorganoléptica. A indústriabrasileria, que consegue fazerbrancos e espumantes de ótimaqualidade, abastecendo a maiorfatia do mercado consumidornacional, não consegue produzirtintos pelo menos razoáveis aonosso paladar.

Faz quase 30 anos que omercado começou a mudar e a seaprimorar. Não terá sido temposuficiente para a indústria seadequar às exigências dosconsumidores e produzir vinhoscompetitivos tanto no quesitopaladar quanto nocusto/benefício em relação aosimportados? É justa a salvaguardapleiteada pelo segmento para, emtrês anos, prorrogáveis por outrostrês, fazer o dever de casa que jádeveria estar pronto? Justa ounão, o fato é que iremos pagar aconta mais uma vez.