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8/8/2019 Mulher No Desporto
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INTRODUÇÃO
A participação da mulher no desporto não pode ser dissociada dos papéisque lhe têm sido destinados na sociedade ao longo dos tempos.
Durante o século passado, as mulheres do mundo ocidental conquistaram,no plano da igualdade, muitos direitos na sociedade, que até então lhesestavam vedados, o que sem dúvida lhes terá aberto um pouco mais as“portas” ao mundo do desporto.
Porém, infelizmente, ainda, existem muitas dificuldades que as mulherestêm de ultrapassar, nomeadamente, conseguirem conciliar a vidadesportiva e a doméstica, a discriminação que sofrem no acesso à altacompetição, e até a sua difícil integração em actividades desportivasconsideradas como masculinas nas aulas de Educação Física.
Apesar dos progressos alcançados nesta área pelas mulheres, ainda, nosdias de hoje, quando se fala sobre “Desporto”, a ideia generalizada que lheestá associada é a de ser uma actividade tradicionalmente masculina, comopor exemplo o futebol. O que reflecte bem a visão (mentalidade) que anossa sociedade possui acerca da relação entre a mulher e o desporto.
Este trabalho tem assim o objectivo de dar a conhecer a situação actual dasmulheres na prática desportiva, assim como sensibilizar para as questõesde igualdade ainda pendentes, não do ponto de vista legal, mas na suaaplicação no contexto real.
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1.AS MULHERES E O DESPORTO, ONTEM
Desde os tempos mais antigos que a mulher pratica actividade física, comonos mostram textos e gravuras do Antigo Egipto e da Antiguidade Clássica,embora não pudessem participar em competições, sendo excepção a cidadede Esparta.
Ao contrário de Atenas, que durante os Jogos Olímpicos as mulheres nãopoderiam participar nem ser espectadoras de tal evento, porque os jogos
eram dedicados ao deus Zeus, sendo uma área sagrada para os homens.Nas competições realizadas foram da área sagrada, as mulheres erampermitidas, realizando-se festivais femininos nos quais os homens erambanidos, é disso exemplo a cidade de Esparta que dava oportunidade àsmulheres de participarem em competições específicas como a corridafeminina, durante a festa em homenagem à deusa do casamento, Hera.
Durante a Idade Média as mulheres da nobreza praticavam actividades
como a pesca e dança, enquanto as mulheres do povo jogavam jogospopulares. Porém, não podiam participar em torneios.
Mais tarde, no séc. XVIII, surgem os primeiros registos de participação demulheres em competições desportivas nos países anglo-saxónicos. Os JogosIngleses envolviam algumas competições de carácter feminino, tais como otiro ao arco.
Apesar de no século XIX ter surgido o conceito de “exercício físico” asociedade considerava ridícula a mulher que praticasse desporto, devido aofalso conceito de feminilidade, que atribuía à mulher apenas capacidadepara actividades relacionadas com a graciosidade, beleza, velocidade eforça geral.
Além do factor “ mentalidade social”, era apontado um outro factor quelimitava as opções das mulheres quanto à prática desportiva - os trajes queelas eram obrigadas a usar.
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É de referir os “petticoats” (seis saias sobrepostas) dificultavam os seusmovimentos e impediam que o organismo se refrescasse de forma eficaz,fazendo com que o corpo da mulher durante a prática desportiva atingissetemperaturas extremamente elevadas, devido à difícil evaporação do suor.
Além dessa vestimenta, era quase obrigatório o uso de espartilhos pelasmulheres, por questões de moda e aparência, de modo a que tivessem umabela “cintura de vespa”, muito valorizada na época. O problema é que osespartilhos foram responsáveis por deformações musculares e ósseas(sobretudo em jovens vaidosas), assim como dificultavam os movimentosrespiratórios.
No final do séc. XIX, as primeiras competições de ténis e a evolução
verificada no vestuário desportivo, criado para o efeito, permitiram, adiversas mulheres, de classe média e elevada, praticar “cricket”, tiro aoarco e andebol. Embora a iniciação desportiva tivesse lugar nas escolas declasse média, onde as meninas tinham acesso à prática de diferentesactividades físicas, a crença de que competições femininas fora das escolaseram indignas e prejudiciais, fez com que houvesse muito pouca adesão àprática feminina desportiva.
2. AS MULHERES E O DESPORTO, HOJE
Actualmente ainda existe muita discriminação em relação à prática femininano desporto, verificando-se nos mais distintos níveis desportivos e faixas
etárias.
Durante a infância, nos intervalos ou recreios nota-se uma grandedivergência em termos de actividades e brincadeiras adoptadas por cadaum dos sexos: os rapazes optam preferencialmente pelo futebol ou corridas,enquanto as raparigas preferem brincar ao “faz de conta” e com bonecas.Contudo, quando alguma rapariga decide ir brincar com os rapazes, elesnormalmente impedem-nas, dizendo que “meninas não podem brincar”.
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Mais tarde, nas aulas tradicionais de Educação Física do ensino básico esecundário, não se presta muita atenção ao facto das turmas seremconstituídas quer por rapazes, quer por raparigas. Isso traz algumasconsequências, uma vez que o modo como cada sexo encara as actividades
propostas é diferente.
Em regra, as raparigas aceitam mais facilmente realizar actividades de quegostam menos, ao invés dos rapazes, que oferecem certa resistência emrealizá-las, caso entendam “não serem actividade de homem”. Nesse vastoleque de actividades, destacam-se a dança, a ginástica acrobática e apatinagem.
Outro ponto a salientar é que essas actividades nem sempre constam noprograma, e caso constem, muitas delas são apenas de carácter facultativo.
Embora sejam uma escassa minoria, as mulheres que prosseguem a suavida desportiva e que chegam aos níveis de alta competição, sofrem ouestão em grande risco de sofrer discriminação durante a sua jornada. Eisalguns exemplos dessa discriminação sexista:
• As praticantes ou atletas muitas vezes recebem troféusou prémiosdiferentes e de menor valor que rapazes ou homens.
• As equipas femininas não costumam ter acesso às melhoresinstalaçõesdesportivas, e normalmente treinam em horários tardios.
• Muitas das mulheres treinadoras não recebem igual salário ao dos
homens, mesmo executando as mesmas funções.
• As mulheres árbitras ou juízas usufruem de menor oportunidadedo que os homens de modo a progredirem nas suas carreiras.
• Em má situação económica os clubes começam por acabarprimeiro com as equipas femininas.
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• A maior parte das federações extingue a representação nacionalfeminina de determinada modalidade se ela não conseguir osobjectivos inicialmente propostos.
• São raros os clubes ou federações que incluem mulheres na suadirecção.
• Os subsídios financeiros atribuídos pelos governos e autarquiascostumam favorecer apenas o sector masculino.
• O desporto feminino é pouco noticiado, sendo-o apenas quando éganha alguma medalha, tornando-se a atleta um ícone nacional,até o seu feito ter sido esquecido.
A par da discriminação de comportamentos existem diferenças relacionadascom as características do género dos desportivas que vão continuar amarcar diferenças e são essencialmente físicas, o que inviabiliza acompetição entre seres do mesmo género e determina a prática de certasmodalidades por cada um dos sexos. Nesse sentido veja-se o seguintequadro:
Factor Diferença Consequência
Centro degravidade
6% Mais baixo na mulher Maior estabilidade eequilíbrio na mulher
Peso gordo(normal)
Entre 5% e 10% maiselevado na mulher
Dificulta a práticadesportista, aumentando
a fadiga e reduzindo amotricidade na mulher
Pélvis Mais ampla na mulher Menor eficiênciamecânica na mulher
Coração
Proporcionalmente maispequeno na mulher. F.C.
basal maior na mulher
Menos gasto cardíaco,menor rendimento
cardiovascular
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diferença s de 8-10 bpm.
Hemoglobina 15% Menos na mulher Menor quantidade deeritrócitos, por isso
menor capacidade detransporte de oxigénio
sanguíneo
Testosterona 10-20 Vezes menos namulher
Menor capacidade dehipertrofia muscular e
força na mulher
Mobilidadearticular
10% Maior na mulher Maior flexibilidade emobilidade articular na
mulher
Aprendizagemmotora
Maior habilidade deaprendizagem motora
Maior coordenação demovimentos.
Velocidade dereacção
Igual em ambos osgéneros
Não existe
Velocidade detranslação
Menor na mulher, pormenos força e eficiência
mecânica.
Reacções similares, masmaior explosão nos
homens.
3. AS MULHERES E O DESPORTO, NO NOSSOPAÍS
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Nas aulas tradicionais de Educação Física nas escolas poucas são as vezesque se dão atenção às diferenças de sexo numa turma, sendo normalmenteaplicado um modelo de aula masculino e tecnicista, mais difícil de seguirpelo sexo feminino.
Na sociedade portuguesa, a palavra desporto leva-nos normalmente apensar no desporto tradicionalmente masculino, como é o caso do futebol.O sector masculino é ainda o dominante na maioria das modalidades,embora o número de praticantes femininas tenha crescido em algumasdelas.
O voleibol é a modalidade com mais participação feminina e a que maiscresceu nos últimos anos, sendo o número de atletas femininas e
masculinos bastante próximo.
A dança continua a ser a única modalidade com um sector feminino maiordo que o masculino, apesar de o número de mulheres a praticarem-na terdiminuído.
A nível nacional, são poucos os clubes de futebol que contam com umasecção feminina, mas nas mulheres que praticam desporto, nota-se umadedicação maior do que a dos homens, possivelmente por se encontrarem
em minoria, mas apesar disso os comentários depreciativos às atletasfemininas ainda se continuam a fazer sentir.
Mas apesar de todas as dificuldades sentidas pelas atletas e de umadiscriminação quase absoluta por parte do sector masculino, algumas fazemgrandes sacrifícios para poderem praticar a sua modalidade.
4.Conclusão
Para se ser atleta de alta competição independentemente da modalidadeescolhida ou para a qual tem apetência, é ainda necessário, em Portugal,conciliar com a vida familiar, bem como os diversos papéis que é chamadaa desempenhar.
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Por isso, hoje a relação da mulher com o desporto passa na maioria doscasos por sentir a necessidade de conciliar a harmonia física e um bomestado de saúde com o estilo de vida contemporânea, o desporto faz, destaforma, parte da vida de grande parte das mulheres.
Podemos, afirmar que existe hoje em dia uma relação essencial entre odesporto e a saúde e é sob essa égide que a mulher cada vez mais oprática, de uma forma lúdica e não competitiva.