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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CURITIBA – SEDE CENTRAL DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL CURSO DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO DANIELE TEM PASS MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: uma animação em motion graphics TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2017

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS CURITIBA – SEDE CENTRAL

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL

CURSO DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO

DANIELE TEM PASS

MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: uma animação em motion graphics

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

2017

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DANIELE TEM PASS

MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: uma animação em motion graphics

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial — DADIN — da Universidade Tecnológica Federal do Paraná — UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elisangela Lobo Schirigatti

CURITIBA

2017

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TERMO DE APROVAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 043

MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: UMA ANIMAÇÃO EM MOTIONGRAPHICS

por

Daniele Tem Pass – 1438921

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 29 de novembro de 2017 comorequisito parcial para a obtenção do título de TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO,do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico, do Departamento Acadêmicode Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A aluna foiarguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que apósdeliberação, consideraram o trabalho aprovado.

Banca Examinadora: Profa. Ana Cristina Munaro (MSc.)AvaliadoraDADIN – UTFPR

Profa. Elisa Peres Maranho (MSc.)ConvidadaDADIN – UTFPR

Profa. Elisangela Lobo Schirigatti (Dra.)OrientadoraDADIN – UTFPR

Prof. André de Souza Lucca (Dr.)Professor Responsável pelo TCC DADIN – UTFPR

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁPR

Ministério da EducaçãoUniversidade Tecnológica Federal do ParanáCâmpus CuritibaDiretoria de Graduação e Educação ProfissionalDepartamento Acadêmico de Desenho Industrial

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha orientadora, professora Dr.ª Elisangela

Lobo Schirigatti, pelo acompanhamento e assistência na execução deste

trabalho.

Estendo meus agradecimentos às professoras Msc. Elisa Peres

Maranho, Msc. Ana Cristina Munaro e Dr.ª Luciana Martha Silveira pelas

observações e recomendações feitas visando o aperfeiçoamento do projeto; ao

professor Dr. José Marconi Bezerra de Souza pela contribuição com a pesquisa;

e à professora Dr.ª Sílvia Amélia Bim pela colaboração em nome no projeto

Emíli@s.

Também não posso deixar de agradecer a todos os professores e

colegas que contribuíram com a minha formação acadêmica, assim como a

todos os familiares e amigos que me apoiaram ao longo da minha trajetória

acadêmica e receberam este projeto com entusiasmo.

Por último, meus mais sinceros agradecimentos a todas as mulheres que

não se deixam abater pelos obstáculos e dedicam suas vidas à produção de

conhecimento e ao avanço da ciência e tecnologia. Vocês são uma inspiração

para todos nós.

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RESUMO

TEM PASS, Daniele. Mulheres na ciência e tecnologia: uma animação em motion graphics. 2017. 182f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –

Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico. Universidade Tecnológica

Federal do Paraná, Curitiba, 2017.

Considerando a baixa representatividade histórica de mulheres na ciência e

tecnologia, este trabalho se propôs a desenvolver uma animação em motion

graphics que apresentasse mulheres de relevância no desenvolvimento

científico e tecnológico mundial, juntamente de seus maiores feitos, de modo a

incentivar meninas e mulheres a buscarem carreiras na área. Foram

selecionadas 16 cientistas de diferentes áreas, e, a partir de pesquisas sobre

elas, elaborou-se um roteiro que deu origem à animação. Seguindo a

metodologia de design thinking, após estudos de cor e forma, criou-se

representações gráficas em estilo flat de cada cientista, que foram animadas

digitalmente de acordo com os princípios básicos de animação. O vídeo

produzido foi, então, disponibilizado na internet e avaliado pelo público, sendo

julgado bem-sucedido em sua proposta.

Palavras-chave: Ciência e tecnologia (C&T). Mulheres cientistas. Animação 2D.

Motion graphics. Design thinking.

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ABSTRACT

TEM PASS, Daniele. Women in science and technology: an animation in motion graphics. 2017. 182f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –

Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico. Universidade Tecnológica

Federal do Paraná, Curitiba, 2017.

Given the low historical representation of women in science and technology, this

paper aimed to develop an animation in motion graphics that presented women

of relevance in the world scientific and technological development, along their

greatest achievements, in order to encourage girls and women to pursue careers

in the area. Sixteen scientists from different fields were selected, and, from

research on them, a script was conceived, which later originated the animation.

Following the design thinking methodology, after color and form studies, graphic

representations of each researched scientist were created in the flat style, which

were digitally animated according to the basic principles of animation. The video

produced was then made available on the internet and evaluated by the public,

being deemed successful in its proposal.

Keywords: Science, technology, engineering and mathematics (STEM). Women

scientists. 2D animation. Motion graphics. Design thinking.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Character sheet por Glen Keane para os estúdios Walt Disney...... 27

Figura 2 – Mapa do índice de mulheres pesquisadoras no mundo .................. 36

Figura 3 – Mapa do índice de mulheres pesquisadoras no mundo, com

destaque para a Europa ................................................................................... 37

Figura 4 – Ilustração de aluno da UTFPR retratando Ada Lovelace ................ 42

Figura 5 – Ilustração de aluno da UTFPR retratando Mae Jemison ................. 43

Figura 6 – Cartazes do projeto Beyond Curie .................................................. 45

Figura 7 – Páginas ilustradas do livro As cientistas ......................................... 45

Figura 8 – Cartas do jogo STEM: Epic Heroes, com destaque para ilustração

representando Chien-Shiung Wu ..................................................................... 46

Figura 9 – Imagens do filme Opus IV de Walter Ruttmann .............................. 64

Figura 10 – Imagens do filme Spook Sport de Mary Ellen Bute e Norman

McLaren ........................................................................................................... 65

Figura 11 – Imagens da sequência-título de Saul Bass para o filme Anatomia

de um Crime ..................................................................................................... 66

Figura 12 – 12 princípios básicos de animação ............................................... 67

Figura 13 – Movimento de quicar de uma bola, que se alonga nos instantes

mais rápidos e se achata quando em contato com uma superfície sólida ....... 67

Figura 14 – Personagem indicando por meio do corpo que vai andar para a

frente ................................................................................................................ 68

Figura 15 – Barba e flacidez no rosto do personagem executam o movimento

atrasados em relação ao resto da cabeça........................................................ 69

Figura 16 – Trajetória circular da mão torna o movimento mais orgânico ........ 70

Figura 17 – Pose "estática" (esquerda) comparada a uma pose mais dinâmica

(direita) ............................................................................................................. 71

Figura 18 – Imagens do vídeo Travel in Time .................................................. 75

Figura 19 – Imagens do vídeo DARAK............................................................. 76

Figura 20 – Imagens do vídeo Nelson Mandela Tribute ................................... 77

Figura 21 – Imagens do vídeo Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean

Floor ................................................................................................................. 77

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Figura 22 – Imagens do vídeo It’s a kind of magic ........................................... 78

Figura 23 – Imagens do vídeo The Origin of Dogs ........................................... 79

Figura 24 – Imagens do vídeo Baggiorno Felice .............................................. 80

Figura 25 – Imagens do vídeo Dr. Vox ............................................................. 80

Figura 26 – Imagens do vídeo Kangaroo Court ................................................ 81

Figura 27 – Imagens do vídeo Health Systems Leapfrogging in Emerging

Economies ........................................................................................................ 82

Figura 28 – Esboços iniciais de personagens .................................................. 84

Figura 29 – Exploração de alternativas para personagens .............................. 85

Figura 30 – Explorações com vetorização de personagens ............................. 86

Figura 31 – Exemplo de paleta de cores composta por tons quentes e vivos .. 87

Figura 32 – Trecho do storyboard .................................................................... 92

Figura 33 – Rascunho e versão vetorizada final de astronauta........................ 93

Figura 34 – Geração de alternativas para personagens .................................. 94

Figura 35 – Geração de alternativas para personagens e objetos ................... 95

Figura 36 – Cena com calça e fio sendo esticados .......................................... 96

Figura 37 – Destaque para o movimento de antecipação no braço de Grace

Hopper.............................................................................................................. 96

Figura 38 – Cena com uma lâmpada centralizada e explosão gráfica a

destacando ....................................................................................................... 97

Figura 39 – Telas em que o balão, ao crescer, extrapola de tamanho e oscila

até se estabelecer em seu tamanho normal ..................................................... 98

Figura 40 – Telas mostrando Mae Jemison criança e um astronauta .............. 99

Figura 41 - Computador sendo montado .......................................................... 99

Figura 42 – Tela com borrão de movimento aplicado..................................... 100

Figura 43 – Pontos e alças do caminho de vetor ........................................... 100

Figura 44 – Cena no storyboard versus animada ........................................... 101

Figura 45 – Transição de cenas com ônibus espacial .................................... 101

Figura 46 – Transição entre McClintock e Franklin ........................................ 102

Figura 47 – Explorações de cores .................................................................. 103

Figura 48 – Prototipação de cores na animação ............................................ 104

Figura 49 – Tela com Cecilia Payne e céu estrelado ao fundo ...................... 105

Figura 50 – Testes com diferentes fontes usando o nome de Chien-Shiung Wu

....................................................................................................................... 106

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Figura 51 – Testes com diferentes fontes usando o nome de Marie Curie .... 106

Figura 52 – Aplicações das fontes Gotham Black (à esquerda) e Museo Sans

900 (à direita) ................................................................................................. 107

Figura 53 – Exemplo de character sheet com Chien-Shiung Wu ................... 109

Figura 54 – Personagens extras: mulher adulta, criança e adolescente ........ 109

Figura 55 – Paletas de cores para pele .......................................................... 110

Figura 56 – Paleta de cores principal ............................................................. 111

Figura 57 – Grace Hopper com código binário ............................................... 113

Figura 58 – Miniatura do vídeo ....................................................................... 115

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de matrículas em cursos de graduação presenciais no ano

de 2016 ............................................................................................................ 35

Tabela 2 – Número de alunos que concluíram cursos de graduação presenciais

em 2016 ........................................................................................................... 35

Tabela 3 – Número de bolsas-ano por grande área segundo o sexo do bolsista

(2001 e 2004) ................................................................................................... 39

Tabela 4 – Exemplo de aplicação de tipos diferentes em um pangrama ......... 88

Tabela 5 – Tipografia escolhida ..................................................................... 113

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Nota média atribuída a cada tópico pelos participantes da pesquisa

em uma escala de 1 a 5 ................................................................................... 29

Gráfico 2 – Número de participantes que afirma já ter ouvido falar de cada

cientista ............................................................................................................ 30

Gráfico 3 – Proporção de pesquisadores por área de estudo no Brasil (%) ..... 38

Gráfico 4 – Porcentagem de mulheres por área de estudo nos EUA ............... 40

Gráfico 5 – Proporção de crianças e adolescentes que acessaram a internet

nos últimos três meses (2015) ......................................................................... 73

Gráfico 6 – Proporção de crianças e adolescentes, por frequência de uso da

internet (2012 – 2015) ...................................................................................... 73

Gráfico 7 – Avaliação pelos espectadores em uma escala de 1 a 5 sobre cada

quesito, por gênero ........................................................................................ 117

Gráfico 8 – Avaliação pelas espectadoras mulheres em uma escala de 1 a 5

sobre cada quesito, por faixa etária ............................................................... 118

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LISTA DE SIGLAS

ABI Anita Borg Institute

C&T Ciência e Tecnologia

CGI.br Comitê Gestor da Internet no Brasil

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DADIN Departamento Acadêmico de Desenho Industrial

DAINF Departamento Acadêmico de Informática

DIRCOM Diretoria de Gestão da Comunicação

EUA Estados Unidos da América

GDI Girl Develop It

GeTec Núcleo de Gênero e Tecnologia

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira

NASA Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço

NCWIT National Center for Women & Information Technology

OECD Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PISA Programa Internacional de Avaliação de Estudantes

SAGA STEM and Gender Advancement

SBC Sociedade Brasileira de Computação

SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

SPM Secretaria de Políticas para as Mulheres

STEM Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática

TIC Tecnologia de Informação e Comunicação

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura

USP Universidade de São Paulo

UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

WIT Women in Information Technology

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15 1.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................... 16 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 16 1.3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 17 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................. 18 2 METODOLOGIA .......................................................................................... 20 2.1 PROCESSO DE DESIGN .......................................................................... 20 2.1.1 Definição ................................................................................................ 20 2.1.2 Pesquisa ................................................................................................ 21 2.1.3 Concepção ............................................................................................. 21 2.1.4 Prototipação ........................................................................................... 25 2.1.5 Seleção .................................................................................................. 25 2.1.6 Implementação ...................................................................................... 27 2.1.7 Aprendizado ........................................................................................... 28 3 PESQUISA DE DEFINIÇÃO ........................................................................ 29 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 32 4.1 A PRESENÇA DE MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA ................ 32 4.1.1 O acesso das mulheres à educação superior na história ...................... 32 4.1.1.1 No mundo ............................................................................................ 32 4.1.1.2 No Brasil .............................................................................................. 34 4.1.2 A presença de mulheres no ensino superior atualmente ....................... 35 4.2 INICIATIVAS PARA MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA ............. 40 4.3 CIENTISTAS DE DESTAQUE ................................................................... 47 4.3.1 Genética e desenvolvimento .................................................................. 47 4.3.1.1 Nettie Stevens (1861 – 1912) .............................................................. 47 4.3.1.2 Barbara McClintock (1902 – 1992) ...................................................... 48 4.3.1.3 Rosalind Franklin (1920 – 1958) .......................................................... 49 4.3.2 Física e química ..................................................................................... 50 4.3.2.1 Marie Skłodowska Curie (1867 – 1934) ............................................... 50 4.3.2.2 Lise Meitner (1878 – 1968) .................................................................. 52 4.3.2.3 Chien-Shiung Wu (1912 – 1997) ......................................................... 54 4.3.2.4 Stephanie Kwolek (1923 – 2014) ......................................................... 55 4.3.3 Terra e estrelas ...................................................................................... 55 4.3.3.1 Annie Jump Cannon (1863 – 1941) ..................................................... 55 4.3.3.2 Inge Lehmann (1888 – 1993)............................................................... 56 4.3.3.3 Cecilia Payne-Gaposchkin (1900 – 1979) ........................................... 57 4.3.3.4 Marie Tharp (1920 – 2006) .................................................................. 57 4.3.3.5 Vera Rubin (1928 – 2016).................................................................... 58 4.3.3.6 Mae Jemison (1956 –) ......................................................................... 59 4.3.4 Matemática e tecnologia ........................................................................ 60 4.3.4.1 Ada Lovelace (1815 – 1852) ................................................................ 60 4.3.4.2 Grace Murray Hopper (1906 – 1992) ................................................... 61 4.3.4.3 Hedy Lamarr (1914 – 2000) ................................................................. 61 4.4 MOTION DESIGN ...................................................................................... 62 4.4.1 História da animação e do motion design .............................................. 62

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4.4.2 Princípios básicos de animação ............................................................ 66 5 CONCEPÇÃO .............................................................................................. 72 5.1 PÚBLICO-ALVO......................................................................................... 72 5.2 MÍDIA ......................................................................................................... 72 5.3 ANÁLISE DE SIMILARES .......................................................................... 74 5.4 ESTILO VISUAL ........................................................................................ 83 5.4.1 Cores ..................................................................................................... 86 5.4.2 Tipografia ............................................................................................... 87 5.5 ROTEIRO ................................................................................................... 89 5.5.1 Story line ................................................................................................ 90 5.5.2 Sinopse .................................................................................................. 90 5.5.3 Roteiro literário ...................................................................................... 90 5.6 STORYBOARD .......................................................................................... 91 6 PROTOTIPAÇÃO ........................................................................................ 93 6.1 CORES .................................................................................................... 102 6.2 TIPOGRAFIA ........................................................................................... 105 6.3 NARRAÇÃO ............................................................................................. 107 7 SELEÇÃO .................................................................................................. 108 7.1 PERSONAGENS ..................................................................................... 108 7.2 CORES .................................................................................................... 110 7.3 TIPOGRAFIA ........................................................................................... 111 7.4 SONORIZAÇÃO....................................................................................... 113 7.5 LEGENDAGEM ........................................................................................ 114 7.6 MINIATURA ............................................................................................. 114 8 IMPLEMENTAÇÃO ................................................................................... 116 9 APRENDIZADO ......................................................................................... 117 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 122 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 125 APÊNDICE A – Questionário: Mulheres na ciência e tecnologia ............. 133 APÊNDICE B – Resultados do questionário “Mulheres na ciência e tecnologia” .................................................................................................... 137 APÊNDICE C – Explorações de tipografia .................................................. 143 APÊNDICE D – Sinopse ............................................................................... 146 APÊNDICE E – Rascunho inicial de texto para roteiro .............................. 147 APÊNDICE F – Roteiro literário ................................................................... 151 APÊNDICE G – Storyboard .......................................................................... 160 APÊNDICE H – Character sheets de personagens .................................... 166 APÊNDICE I – Questionário de avaliação final .......................................... 171 APÊNDICE J – Resultados do questionário de avaliação final ................ 173 ANEXO A – Galeria de fotos das cientistas pesquisadas ....................... 176

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1 INTRODUÇÃO

Por que mulheres são tão pouco representadas na ciência e tecnologia?

Nas aulas de física e química da escola, ouve-se falar das leis de Newton, as

leis de Kepler, o modelo atômico de Rutherford-Bohr, a teoria da relatividade de

Einstein, as invenções de Thomas Edison e Nikola Tesla, a cadeia de DNA de

Watson e Crick, e tantos outros cientistas ligados a importantes avanços da

ciência e tecnologia (C&T). Em sua enorme maioria, homens. Uma rápida

pesquisa no Google com o termo “greatest scientists” (“maiores cientistas”) abre

uma lista feita pelo próprio buscador com 51 nomes, na qual as únicas mulheres

citadas são Marie Curie e Rosalind Franklin1.

Como a pesquisa de constatação parte deste projeto (capítulo 3) irá

mostrar, as pessoas, em geral, estão muito mais familiarizadas com exemplos

de cientistas homens do que cientistas mulheres, e acreditam que há pouca

divulgação por parte de instituições de ensino a respeito de cientistas mulheres

e suas descobertas.

Afinal, existem outras mulheres além de Curie e Franklin que foram

fundamentais para o progresso científico tanto quanto os homens? Elas podem

não ser mencionadas, mas existem. Christiane Nusslein-Volhard, Emmy

Noether, Barbara McClintock e Chien-Shiung Wu são algumas das mulheres que

receberam o prêmio Nobel em diferentes áreas da ciência (MCGRAYNE, 2006),

mas cujos nomes são pouquíssimo conhecidos apesar de suas significativas

contribuições.

O Nobel é talvez o mais importante prêmio da ciência, sendo conferido

anualmente para descobertas em física, química e fisiologia ou medicina, além

de paz, literatura e economia (MCGRAYNE, 2006). De 1901 a 2016, o prêmio

Nobel em física foi concedido 110 vezes a 203 laureados diferentes. Destes,

apenas dois são mulheres. O prêmio Nobel em química foi conferido a 174

pessoas diferentes em 108 vezes. Apenas quatro dessas pessoas são mulheres.

Nas 107 vezes em que o Nobel de fisiologia ou medicina foi entregue, ele

contemplou 12 mulheres entre 211 laureados (NOBEL MEDIA AB, 2017). Ou

1 Pesquisa realizada em 29 de março de 2016 no site www.google.com.br.

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seja, de um total de 588 vencedores distintos do prêmio nas áreas científicas,

apenas 17 foram mulheres2, representado menos de 3% do total de laureados

em mais de um século de existência do prêmio.

No entanto, nem todas as mulheres cientistas obtiveram justo

reconhecimento pela importância de suas descobertas. Se até mesmo as

vencedoras de grandes prêmios são pouco conhecidas, as que permaneceram

às margens da ciência são ainda menos celebradas historicamente em relação

aos seus colegas homens. Mas como das 17 cientistas que receberam o Nobel

em ciências, sete só o fizeram a partir do século 21, vê-se que o panorama da

inclusão e reconhecimento das mulheres na ciência ainda pode ser mudado.

1.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver uma animação em motion graphics para divulgação online

que apresente mulheres de relevância no desenvolvimento científico e

tecnológico mundial, juntamente de seus maiores feitos, de modo a incentivar

meninas e mulheres a buscarem carreiras na área.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar e pesquisar mulheres que historicamente contribuíram

significativamente para a ciência e tecnologia, isolando seus feitos mais

importantes para serem apresentados

• Criar representações gráficas para cada cientista seguindo um estilo

visual voltado para um público-alvo de meninas adolescentes e mulheres

• Produzir e disponibilizar uma animação em software específico a partir de

uma narrativa que una todas as cientistas pesquisadas

2 O Nobel foi concedido a mulheres na ciência 18 vezes, porém, como Marie Curie o recebeu duas vezes, totalizam-se 17 mulheres diferentes.

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1.3 JUSTIFICATIVA

O problema da falta de representatividade é que, além de não destacar

a importância de mulheres na história, ela pode afastar novas gerações de

mulheres da ciência, aumentando ainda mais a discrepância entre os gêneros.

Embora 7 a cada 10 meninas tenham interesse por ciência

(MICROSOFT, 2015), dados do Programa Internacional de Avaliação de

Estudantes (PISA) mostram que apenas 14% das mulheres que entraram na

universidade pela primeira vez em 2012 escolheram cursos relacionados a

ciência (incluindo engenharias, indústria e construção), contra 39% dos homens

(OECD, 2015).

Em relatório de 2015, a Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) ainda aponta que, embora as

mulheres correspondam a 53% dos bacharéis e mestres, à medida que a

importância dos cargos aumenta, sua representatividade diminui, sendo elas

43% dos doutores, e apenas 28% dos pesquisadores no mundo (UNESCO,

2015).

A pesquisa de constatação deste trabalho também mostra que as

pessoas em geral — em especial as do gênero feminino —, em vista de seu

pouco conhecimento sobre cientistas mulheres e da pouca divulgação sobre as

mesmas por parte de instituições de ensino, afirmam ter grande interesse em

aprender mais sobre cientistas mulheres e suas descobertas; interesse maior,

inclusive, que o interesse que apresentam sobre ciência e tecnologia em si. (Ver

capítulo 3.)

Vê-se, portanto, a necessidade de uma maior divulgação das

contribuições femininas para a ciência e tecnologia como forma de incentivo à

inclusão e reconhecimento de mais mulheres na ciência. Um vídeo curto e

didático que estivesse de fácil acesso na internet ajudaria a expor os trabalhos

dessas mulheres cientistas e incentivar a inserção (e permanência) de meninas

e mulheres na ciência.

Embora seja possível abrir uma discussão acerca dos motivos pelos

quais as mulheres são pouco representadas em C&T, além de relatar em

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maiores detalhes as desigualdades sofridas por elas (ver Handelsman et al

[2005]), este trabalho tem como foco apenas apresentar os grandes feitos destas

cientistas de modo a despertar o interesse em ciência e tecnologia em seu

público-alvo. Essa discussão, embora relevante, não será abordada neste

trabalho para que se evite fuga ao objetivo e tema principais.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho foi dividido em diferentes capítulos com base nas etapas

de um projeto de design propostas por Ambrose e Harris (2010).

O primeiro capítulo apresenta o problema da pouca visibilidade histórica

de mulheres na ciência, utilizando informações estatísticas para justificar a

necessidade deste projeto, e discorre sobre seus objetivos almejados.

O segundo capítulo aborda as metodologias de pesquisa e de design

utilizadas para o desenvolvimento de todo o projeto.

O terceiro capítulo contém a análise dos dados da pesquisa de definição

do problema.

No quarto capítulo, há um aprofundamento no contexto histórico que

explica um pouco das dificuldades das mulheres de adentrarem a carreira

científica, e mostra como esse panorama encontra-se atualmente e o que está

sendo feito para aumentar a presença de mulheres em ciência e tecnologia.

Também são apresentadas 16 cientistas mulheres de diferentes áreas do

conhecimento e as contribuições que elas tiveram para o desenvolvimento

científico e tecnológico mundial. Por fim, é apresentada a origem histórica da

animação e do motion design, assim como são explicados os 12 princípios

básicos da animação.

O quinto capítulo trata da escolha do público-alvo e da mídia para qual

será produzido este projeto. Nele é realizada a análise de similares de vídeos

que utilizam motion graphics como solução de design. Na sequência, define-se

o estilo visual do projeto com geração das primeiras alternativas, e são

elaborados o roteiro e o storyboard que darão origem à animação final.

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19

O sexto capítulo inicia a produção da animação, explicando os processos

aplicados. As alternativas criadas no capítulo anterior são expandidas e

testadas.

No sétimo capítulo são feitas as escolhas finais, assim como há a adição

de últimos detalhes, de modo que todo o projeto gráfico seja refinado e finalizado.

O oitavo capítulo discorre sobre a implementação do produto final.

O nono capítulo refere-se ao processo de avaliação do projeto.

No décimo capítulo, são, então, apresentadas as considerações finais

sobre o trabalho, concluindo-o.

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2 METODOLOGIA

Este trabalho segue a metodologia proposta por Gil (2002) para a

estruturação de projetos de pesquisa científica, assim como a metodologia de

Ambrose e Harris (2010) para o desenvolvimento de projetos gráficos, com

inclusão de processos indicados por Krasner (2008) para produção de um projeto

audiovisual com animação em motion graphics especificamente.

2.1 PROCESSO DE DESIGN

Ambrose e Harris (2010) propõem sete etapas para o processo de

design: definição, pesquisa, concepção, prototipação, seleção, implementação e

aprendizado. Estas etapas foram seguidas para o desenvolvimento da animação

e serão melhor detalhadas nos tópicos a seguir.

2.1.1 Definição

A primeira etapa, definição, consistiu em determinar qual era o problema

que necessitava ser resolvido com o projeto de design. Neste trabalho, ela está

contida no capítulo de introdução, reunindo dados sobre o problema,

determinando objetivos a serem alcançados e justificando a necessidade do

desenvolvimento do projeto.

Além disso, para a definição do problema, buscou-se o apoio de uma

pesquisa de constatação por método de observação direta extensiva

(MARCONI; LAKATOS, 2003). Partindo de Gil (2002), o método de coleta de

dados escolhido foi a elaboração de um questionário com perguntas

relacionadas ao tema do projeto, a fim de quantificar o conhecimento do público

em relação ao tema abordado e validar ou não a execução do projeto. As

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perguntas utilizadas nesta pesquisa são fechadas de múltipla escolha, sendo

algumas de mostruário e outras de avaliação em escala, e perguntas de fato e

intenção, a fim de facilitar a tabulação de dados (GIL, 2002).

Entre outras recomendações, estabeleceu-se que as perguntas do

questionário não deveriam induzir a uma resposta específica, assim como o

questionário deveria ser iniciado pelas perguntas mais simples e concluído pelas

mais complexas (GIL, 2002). O questionário foi aplicado de forma aberta e

online, e análise de seus resultados também contribuiu para a formulação da

etapa de definição e justificativa do projeto.

2.1.2 Pesquisa

Na segunda etapa, pesquisa, foram coletadas as informações

necessárias para o desenvolvimento do projeto. Esta etapa equivale ao capítulo

de fundamentação teórica, e, para tal, este trabalho se baseou principalmente

nas obras de McGrayne (2006) e Swaby (2015) sobre cientistas mulheres

distintas, assim como reuniu dados de instituições como o Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Instituto Nacional de Estudos

e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), e instituições de

ensino superior sobre a presença de mulheres na ciência. A obra de Krasner

(2008) foi usada como referência para pesquisa em história da animação 2D e

do motion design. Já os 12 princípios básicos de animação foram retirados da

obra de Thomas e Johnston (1995).

2.1.3 Concepção

A terceira etapa, concepção, fundamentou-se no aproveitamento das

informações apuradas anteriormente para formulação de possíveis soluções.

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Este é considerado um estágio de experimentação, e foi a partir dele que o estilo

visual que veio a ser adotado começou a ser definido, atendo-se ao público-alvo

estabelecido na introdução. Nesta fase foram geradas alternativas por meio de

métodos de brainstorming e esboços. Também foram feitas as primeiras

vetorizações experimentais em softwares específicos, como o Adobe Illustrator.

Os autores Ambrose e Harris (2010) recomendam o uso de referências

e inspirações como obtenção de fundamentos para geração de ideias. As

inspirações podem provir de movimentos artísticos ou tendências culturais de

uma época ou grupo social. Fuentes (2001) indica a análise de concorrentes ou

similares, observando-se quais elementos são usados e como eles são

apresentados, por meio de cor, forma, movimento, composição e o contexto em

que estão inseridos.

Cor é um dos aspectos mais importantes a ser levado em conta em um

projeto gráfico, uma vez que é um dos elementos mais imediatamente

identificados em uma imagem ou produto. Antes mesmo de uma imagem ser

compreendida ou um texto ser interpretado, a cor já transmite mensagens e

evoca reações de um observador. É por isso, também, que a escolha das cores

deve ser feita com cautela e consideração (SWANN, 1993).

De acordo com Swann (1993), as cores podem ser interpretadas a partir

de três parâmetros básicos que devem ser levados em consideração na hora de

escolher uma paleta para um projeto gráfico: psicologia, simbologia e cultura.

A psicologia da cor caracteriza-se pela influência que uma cor pode

exercer sobre o ânimo de uma pessoa. O vermelho pode abrir o apetite,

enquanto o azul sugere frio, por exemplo. As conotações simbólicas partem de

atribuições como: vermelho e sangue, e azul e água. Essas conotações também

podem se derivar em associações mais complexas, como azul que remete a

água, que então remete a frescor ou limpeza. Já os significados culturais

dependem de recortes de tempo e lugar em uma sociedade. Por exemplo: morte

é amplamente associada ao preto, mas em alguns países do oriente, essa

associação cabe ao branco (SWANN, 1993).

Outro aspecto visual rapidamente identificável é a tipografia. Para

Bringhurst (2005, p. 23), “a tipografia existe para honrar seu conteúdo” e,

portanto, ao aplicar tipografia a um projeto, um designer deve ter conhecimento

prévio de seu conteúdo textual. De mesma forma, para eleger uma fonte ou

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família tipográfica, deve-se levar em consideração o contexto histórico e cultural

em que esta fonte ou família está inserida.

Assim, foram realizadas aplicações e comparações para identificar qual

tipografia poderia ilustrar da melhor forma o caráter do texto, adequando-se à

tarefa e ao assunto em que está sendo incorporada. Também foram verificadas

a relação entre a tipografia e os outros elementos visuais que a acompanham,

buscando harmonizar textos, imagens e hierarquias (BRINGHURST, 2005).

Kotler e Armstrong (2007) defendem que o desenvolvimento de uma

comunicação efetiva se inicia com a ideia clara de um público-alvo. Essa decisão

“afetará em muito as decisões do comunicador sobre o que será dito, como será

dito, quando será dito, onde será dito e quem dirá” (KOTLER; ARMSTRONG,

2007, p. 362). Por isso, depois de definido o público-alvo, foi decidido qual seria

a resposta desejada, para, a partir dela, elaborar-se uma mensagem eficaz. “O

ideal é que a mensagem atraia a atenção, mantenha o interesse, desperte o

desejo, e induza à ação” (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 363).

Os autores alegam que a mensagem pode ter um apelo racional,

pertinente aos interesses do público; emocional, que busca despertar

sentimentos específicos; ou moral, que recorre a temas relacionados à

percepção certo e errado, como igualdade de gênero (KOTLER; ARMSTRONG,

2007). O presente trabalho, embora tenha certo apelo moral ao ser interpretado

sob a ótica de gênero, em última instância busca uma resposta emocional por

parte do espectador (tal resposta será discutida na elaboração do roteiro).

A estrutura da mensagem se dá em três maneiras: apresentando uma

conclusão ou deixando a resposta aberta para o público; determinando se os

argumentos mais fortes aparecerão no início ou no fim da mensagem; e

escolhendo entre expor argumentos uni ou bilaterais (KOTLER; ARMSTRONG,

2007).

Partindo da definição do público-alvo, um roteiro foi desenvolvido

segundo as recomendações de Rodrigues (2007). Para este autor, o processo

de elaboração do roteiro para um projeto audiovisual fundamenta-se na criação

de uma story line, uma sinopse, um argumento, um roteiro literário e um roteiro

técnico, respectivamente descritos abaixo: Story line – Ideia sucinta do roteiro, com cerca de cinco linhas. Sinopse – É uma breve ideia geral da história e de seus personagens, normalmente não ultrapassando uma ou duas páginas.

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Argumento – É o conjunto de ideias que formarão o roteiro. Com as ações definidas em sequências, com as locações, personagens e situações dramáticas com pouca narração e sem os diálogos. Normalmente entre 45 e 65 páginas. Roteiro literário – Finalizado com as descrições necessárias e os diálogos. Este roteiro, sem indicações de planos, servirá como base para o orçamento inicial e os projetos de captação. Tem normalmente entre 90 e 120 páginas. Roteiro técnico – Roteiro decupado pelo diretor com indicações de planos, movimentos de câmera, e que servirá para o 1º assistente de direção fazer a análise técnica, o diretor de produção o orçamento final. Será o guia de trabalho da equipe técnica. (RODRIGUES, 2007, p. 52).

O autor ainda indica a formatação que um roteiro deve seguir para

manter-se uma padronização, como uso da fonte Courier New tamanho 12, papel

tamanho A4, distâncias de margens e alinhamentos de textos (RODRIGUES,

2007, p. 53).

Comparato (2000) defende que um roteiro deve conter três aspectos

fundamentais: logos, pathos e ethos. Logos é a organização da mensagem e

estrutura; pathos é o apelo emocional que provoca empatia no espectador; e

ethos é a mensagem por traz do roteiro, a intenção do significado final, a moral.

De forma similar, Gancho (2002) divide o cerne do roteiro em três partes:

tema, assunto e mensagem; com tema sendo a ideia central da história

(normalmente um substantivo abstrato); assunto, como o tema é desenvolvido

na história (normalmente um substantivo concreto); e mensagem, a conclusão

obtida da história, equivalente ao ethos de Comparato (2000).

A estrutura de um roteiro pode ser dividida em quatro partes: introdução,

onde são apresentados os fatos iniciais; complicação, na qual se desenvolve o

conflito; clímax, o momento culminante da história e referência para as outras

partes; e conclusão, o desfecho dos conflitos (GANCHO, 2002).

Uma vez elaborado o roteiro, criou-se o storyboard. Segundo Whitaker e

Halas (2009), o storyboard serve como “planta” para o desenvolvimento de um

projeto audiovisual. Para os autores, ele deve transmitir o fluxo da narrativa e

explorar as possibilidades visuais. Foi por meio dele que se pôde ter as primeiras

impressões visuais do que veio a ser desenvolvido, servindo como guia para o

planejamento restante do projeto.

Como o storyboard é apenas um guia, seus desenhos desenvolvidos

neste trabalho tiveram abordagem simples, uma vez que o refinamento, quando

não há necessidade de se apresentar o storyboard a um cliente ou outros

terceiros, se deu no desenvolvimento do produto final.

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Neste estágio também pode-se criar um animatics, que é um storyboard

animado acompanhado de trilha sonora. Reconhece-se aqui que o animatics

permite uma melhor visualização de como será o produto final antes de ele ser

produzido (KRASNER, 2008), porém o animatics não foi realizado no trabalho

em questão devido a restrições de recursos e tempo. Contudo, a não realização

do mesmo não interferiu nos resultados finais, visto que as fases intermediárias

de aprovação estiveram restritas apenas entre autora e orientadora, sendo que

as mesmas foram realizadas com base no storyboard.

2.1.4 Prototipação

A quarta etapa da metodologia de Ambrose e Harris (2010) é a de

prototipação. Nela, as soluções em potencial mais promissoras criadas na etapa

anterior foram expandidas e exploradas. Assim, certos aspectos puderam ser

melhor testados para comparação na etapa de seleção. Criou-se protótipos para

“testar os aspectos visuais do design apresentando-os da maneira como eles

seriam produzidos” (AMBROSE; HARRIS, 2010, p. 22).

Foi nesta etapa que as personagens criadas começaram a ser animadas

segundo Krasner (2008), utilizando-se softwares de animação como o Adobe

After Effects, além de serem testados movimentos de câmera.

Paralelamente à animação, também se executaram a narração em voice

over a partir do roteiro, captando-se a voz por meio de microfone e processando

em software de áudio, como o Adobe Audition.

2.1.5 Seleção

A quinta etapa é de seleção, em que uma das alternativas criadas na

etapa de concepção e aperfeiçoada na etapa de prototipação foi escolhida. Os

fatores decisivos para a triagem de alternativas foram a adequação à resolução

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do problema de design definido na primeira etapa e limitações em custo e tempo

de execução.

Seguindo a metodologia de Krasner (2008), nesta etapa todo o visual e

estilo de animação foram estabelecidos e aplicados na execução de todo o

produto. O visual de cada personagem da animação foi definido por meio de

character sheets, que apresentam o personagem desenhado sob os ângulos que

serão necessários para a animação, a fim de se padronizar sua aparência e

manter proporções consistentes (FREEMAN, 2017).

Kurtti (2010) também apresenta exemplos de character sheets usados

para o filme Enrolados dos estúdios Walt Disney. A Figura 1 mostra um desenho

da personagem Rapunzel feita por Glen Keane, um dos principais animadores

da Disney. Neste character sheet, Keane indica quais são elementos visuais

mais importantes da personagem, abordagem semelhante à adotada neste

trabalho (conforme Apêndice H). Deste modo, animadores diferentes podem

trabalhar numa única personagem sem perder a essência dela.

Na seleção também foram adicionados os detalhes finais como trilha

sonora, obtida em sites de músicas gratuitas como Bensound3 e a biblioteca de

áudio do YouTube4, e legendas. Também foi criada uma miniatura para o vídeo,

uma imagem estática que serve como capa para seu conteúdo nas plataformas

de vídeo online.

3 Disponível em: <https://www.bensound.com/>. 4 Disponível em: <https://www.youtube.com/audiolibrary/music>.

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Figura 1 – Character sheet por Glen Keane para os estúdios Walt Disney Fonte: Kurtti (2010)

2.1.6 Implementação

A sexta etapa, implementação, foi a entrega do produto final. No caso de

uma animação digital, envolveu renderização do arquivo de vídeo e os meios de

hospedagem online e disponibilização do material em sites como YouTube,

Facebook e Vimeo. Nesta etapa também foi feita a revisão final, em que foi

verificado se a funcionalidade, desempenho e aparência do produto estavam

operando conforme esperado (AMBROSE; HARRIS, 2010).

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2.1.7 Aprendizado

A sétima e última etapa é a de aprendizado. Nela, obteve-se feedback

do projeto executado e identificou-se o que deu certo e o que poderia ser

melhorado, observando como o produto foi recebido pelo público-alvo e o quão

benéficos seus efeitos foram. Este retorno permite um aperfeiçoamento de

projetos futuros ou ainda do mesmo projeto, caso este seja refeito (AMBROSE;

HARRIS, 2010).

Ambrose e Harris (2010), contudo, recomendam que a fase de

aprendizado seja aplicada em todas as sete etapas, pois cada passo do projeto

de design apresenta oportunidades de se aprender como o que foi realizado.

No caso deste trabalho, o processo de aprendizado ocorreu ao longo de

todo o processo de desenvolvimento do projeto, tanto por meio de análise da

própria autora quanto pelo acompanhamento da orientadora.

Na finalização do projeto, foi realizada uma avaliação por outros

professores da área, assim como por parte do público mediante aplicação de

questionário. O desenvolvimento do questionário de avaliação seguiu a mesma

metodologia explicada por Gil (2002) na etapa de definição.

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3 PESQUISA DE DEFINIÇÃO

A pesquisa de definição deste trabalho buscou analisar a percepção que

as pessoas têm quanto a gênero e ciência e tecnologia, de modo a fortalecer a

justificativa e a fundamentação teórica.

Para isso, o questionário contido no Apêndice A foi disponibilizado online

por cinco dias. Foi coletado um total de 310 respostas, contabilizadas no

Apêndice B. Destas respostas, 80,3% vieram de mulheres, tendo os

participantes uma média de 23 anos de idade.

Como mostra o Gráfico 1, quando perguntados sobre o interesse em

ciência e tecnologia, em uma escala de 1 a 5, a nota média dada pelos

participantes foi de 3,72. É relevante notar, no entanto, que o interesse dos

participantes em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas descobertas se

mostrou maior que a nota do interesse em C&T em si, principalmente entre as

mulheres. Elas, mesmo declarando ter em média menos interesse em C&T do

que homens, demonstraram-se aproximadamente seis vezes mais interessadas

do que eles em aprender mais sobre cientistas mulheres, quando comparando-

se com interesse em C&T para cada gênero.

Gráfico 1 – Nota média atribuída a cada tópico pelos participantes da pesquisa em uma escala de 1 a 5 Fonte: Autoria própria com base nos dados de pesquisa

3,63 3,78

2,02

4,364,07

3,64

2,15

4,19

3,72 3,76

2,05

4,33

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

Interesse em ciência etecnologia

Conhecimento arespeito de cientistas

homens

Conhecimento arespeito de cientistas

mulheres

Interesse em aprendermais sobre cientistas

mulheres e suasdescobertas

Mulheres Homens Ambos os gêneros

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De modo geral, os participantes de ambos os gêneros afirmaram saber

mais sobre cientistas homens (3,76) do que cientistas mulheres (2,05). Essa

diferença pode ser observada com mais clareza no Gráfico 2, quando os

participantes tiveram que assinalar quais cientistas eles já haviam ouvido falar

sobre. Dos 310 participantes, quase todos já ouviram falar de cientistas como

Einstein, Galileu e Newton (307). Nenhum dos participantes alegou nunca ter

ouvido falar de nenhum dos cientistas homens listados.

Gráfico 2 – Número de participantes que afirma já ter ouvido falar de cada cientista Fonte: Autoria própria com base nos dados de pesquisa

90101111151516171821222223

566162

202

051

85167

175176

190192

205210

223239242

298307307307

0 50 100 150 200 250 300 350

Nenhuma das mulheres listadasCecilia Payne-Gaposchkin

Nettie StevensLise Meitner

Stephanie KwolekMae Jemison

Barbara McClintockAnnie Jump Cannon

Vera RubinChien-Shiung Wu

Inge LehmannHedy LamarrMarie Tharp

Ada LovelaceGrace Hopper

Rosalind FranklinMarie Curie

Nenhum dos homens listadosEnrico FermiMax Planck

Michael FaradayGregor Mendel

Johannes KeplerNiels Bohr

Nikola TeslaAlexander Graham Bell

Ernest RutherfordLouis Pasteur

Antoine LavoisierNicolau Copérnico

Charles DarwinIsaac NewtonGalileu GalileiAlbert Einstein

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Em contrapartida, poucas cientistas mulheres eram conhecidas pelos

participantes. Marie Curie (202) se mostrou a única exceção, embora ainda tenha

ficado atrás de nove dos 16 cientistas homens. Todas as outras cientistas

mulheres obtiveram uma pontuação média de 25,3, contra 210,9 entre os

cientistas homens.

Ainda que, entre as mulheres, Ada Lovelace, Grace Hopper e Rosalind

Franklin (56, 61 e 62, respectivamente) tenham se destacado, o índice mais alto

entre elas depois de Curie é o de pessoas que afirmaram não conhecer nenhuma

das cientistas listadas, totalizando 90, e contrastando claramente com a

pesquisa a respeito de cientistas homens.

Os participantes apontaram haver pouca divulgação da atuação de

mulheres na ciência e tecnologia por parte de instituições de ensino, atribuindo

uma média de 1,6 ao serem perguntados sobre como viam essa divulgação,

sendo (1) nenhuma ou quase nenhuma divulgação, e (5) muita divulgação. Por

fim, eles indicaram mídias audiovisuais como os materiais mais eficazes para

divulgação do trabalho realizado por cientistas mulheres, com documentários e

filmes (269 e 246, respectivamente) liderando a lista.

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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 A PRESENÇA DE MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

4.1.1 O acesso das mulheres à educação superior na história

Embora existam casos de pesquisadores que tenham contribuído para o

desenvolvimento científico sem educação formal, em geral o conhecimento

científico está atrelado a uma formação acadêmica. Considerada a primeira

universidade do mundo, a antiga Nalanda foi criada no século 5 (NALANDA

UNIVERSITY, 2016), porém o acesso ao ensino superior permaneceu fora do

alcance da maioria das mulheres por mais centenas de anos.

4.1.1.1 No mundo

Fundada em 1636, a Universidade de Harvard, vista como uma das

melhores do mundo (QS RANKINGS, 2016), primeiramente se destinava à

educação de clérigos. Até o século 18, sua filosofia de educação já tinha se

transformado para “os filhos da elite mercante”. Em todos esses anos, somente

homens eram aceitos na universidade, e as primeiras mulheres a contestarem a

exclusão do gênero feminino foram professoras de ensino básico de classe

média que buscavam maior instrução no campo das ciências (WALSH, 2012).

Elizabeth Cary Agassiz, viúva do cientista Louis Agassiz de Harvard,

fundou a Associação de Educação de Mulheres de Boston (Women’s Education

Association of Boston) em 1872, buscando a admissão de mulheres em Harvard.

O grupo, não surpreendentemente, encontrou resistência por parte da

universidade, sendo informadas que “não deveriam perturbar o sistema vigente

de educação que é resultado da experiência e sabedoria do passado”, como

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aponta a historiadora Helen Lefkowitz Horowitz a partir de registros da

Associação (WALSH, 2012). Igualmente, o presidente de Harvard na época,

Charles William Eliot, declarou ao assumir o posto em 1869 que “policiar

centenas de jovens homens e mulheres em idade de casar seria impossível”,

além de expressar dúvidas quanto ao que chamava de “capacidades mentais

naturais” das mulheres (FAUST, 2004).

A Associação de Educação de Mulheres de Boston buscou como

solução criar uma instituição própria, “anexada” a Harvard: a Radcliffe College,

inaugurada em 1879. Subjugada a Harvard, a Radcliffe College ensinava

mulheres, mas a barreira de gênero ainda se perpetuava. Com a pressão

feminina, a Faculdade de Pós-Graduação em Pedagogia foi a primeira a aceitar

mulheres, em 1920. A Faculdade de Medicina fez o mesmo em 1945, e foi só

em 1950 que a Faculdade de Direito abriu as portas para o gênero feminino,

ainda que mulheres cobrassem sua admissão desde 1871. Em 1977, ainda havia

uma taxa de quatro alunos homens para uma mulher em Harvard, e foi apenas

em 1999 que a universidade oficialmente incorporou a Radcliffe College para si

(WALSH, 2012).

Similarmente, outras importantes universidades demoraram a abrir seus

cursos para mulheres. Fundada em 1746, a universidade Princeton o fez em

1969 (SNOWDEN, 2004), e a Universidade Columbia, existindo desde 1754,

passou a aceitar mulheres de forma geral somente em 1983 (BOSS-BICAK,

2009), às vésperas do século 21.

Quando se considera que a primeira universidade foi fundada há mais

de um milênio, e que mulheres só passaram a ser aceitas em grande escala em

universidades há menos de um século, vê-se a real dimensão da disparidade de

gênero no acesso à educação superior.

Muitas vezes, porém, mulheres conseguiam acesso a universidades de

maneira informal. Em seu livro Headstrong: 52 Women Who Changed Science

— and the World (Headstrong: 52 Mulheres que Mudaram a Ciência — e o

Mundo, em tradução livre) a autora Rachel Swaby (2015) apresenta algumas das

dificuldades encontradas por mulheres cientistas no acesso à educação superior

e a materiais e ferramentas, bem como na publicação de seus trabalhos.

Segundo Swaby (2015), não só as mulheres encontraram dificuldades

com a barreira de gênero imposta pelas universidades, mas também mesmo

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quando o ensino passou a ser misto, muitos superiores criavam desculpas para

não as aceitar como alunas, docentes ou pesquisadoras. Além de serem

constantemente menosprezadas e ridicularizadas por colegas homens, diversas

foram as cientistas apresentadas por Swaby (2015) em Headstrong e McGrayne

(2006) em Nobel Prize Women in Science (Mulheres que ganharam o Prêmio

Nobel em Ciências) que tiveram acesso negado a laboratórios e equipamentos

devido ao seu gênero, ou que foram relegadas ao papel assistentes, tendo que

realizar trabalhos menores em laboratórios, apesar de seus conhecimentos e

habilidades estarem muito acima das tarefas que lhes eram incumbidas. Elas

também tiveram benefícios cortados, eram excluídas de departamentos e grupos

de pesquisadores homens, não eram contratadas para trabalhar em tempo

integral, recebiam salários abaixo da média, ou eram obrigadas a trabalhar de

graça se quisessem se envolver em alguma pesquisa. E, mesmo quando

ultrapassavam todas essas adversidades, ainda frequentemente tinham seus

trabalhos duvidados por colegas homens, quando não os créditos de suas

descobertas roubados por eles.

4.1.1.2 No Brasil

Em 19 de abril de 1879, o então imperador brasileiro Dom Pedro II

aprovou uma lei garantindo o acesso feminino ao ensino superior partindo do

precedente de Maria Augusta Generosa Estrela, que recebera uma bolsa do

imperador para estudar medicina em Nova York, e viu-se impedida de exercer a

profissão ao retornar ao Brasil (BLAY; CONCEIÇÃO, 1991).

Ainda segundo as pesquisas de Blay e Conceição (1991), a primeira

mulher a se formar em medicina dentro do Brasil foi Rita Lobato Velho Lopes,

em 1887, pela Faculdade de Medicina da Bahia. A primeira graduada em direito

da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) (que então ainda

não era universidade) se formou em 1902, sendo que a segunda viria a se formar

apenas em 1911. Na USP, as primeiras mulheres se formaram em medicina em

1918, e a primeira engenheira foi diplomada pela Escola Politécnica em 1928.

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No entanto, mesmo com a abertura das universidades às mulheres, é

interessante notar o caráter da lei sancionada por Dom Pedro II, que dentre

outras coisas, determinava que a inscrição em cursos de obstetrícia exigia idade

mínima de 18 anos para homens, e mínima de 18 e máxima de 30 anos para

mulheres, além de determinar lugares separados para indivíduos do sexo

feminino nas salas de aula (BRASIL, 1879).

Com esse atraso histórico do acesso de mulheres ao ensino superior em

relação aos homens, forma-se um longo caminho a ser percorrido para alcançar

a igualdade de gênero na ciência e tecnologia.

4.1.2 A presença de mulheres no ensino superior atualmente

Partindo de dados mais atuais, vê-se que, no Brasil, as mulheres já

conquistaram seu espaço nas universidades. Embora a porcentagem de homens

e mulheres varie de acordo com o curso, em termos gerais, elas já

representavam 55,6% dos alunos matriculados em cursos de graduação

presenciais em 2016 (Tabela 1). Quando analisado o percentual de alunos

concluintes (Tabela 2), esse índice sobe para 59,9% (INEP, 2017).

Matrículas

Mulheres Homens Total

3.641.263 (55,6%) 2.913.020 (44,4%) 6.554.283 Tabela 1 – Número de matrículas em cursos de graduação presenciais no ano de 2016 Fonte: adaptado de Inep (2017)

Concluintes

Mulheres Homens Total 562.063 (59,9%) 376.669 (40,1%) 938.732

Tabela 2 – Número de alunos que concluíram cursos de graduação presenciais em 2016 Fonte: adaptado de Inep (2017)

As Figura 2 e Figura 3 mostram que, embora o número de pesquisadoras

mulheres no mundo seja baixo, nos Brasil os índices se aproximam mais da

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igualdade, com as mulheres constituindo 49% do número de pesquisadores no

país entre os anos de 2011 e 2015, um aumento de 11% se comparado ao

período entre 1996 e 2000 (ELSEVIER, 2017).

Figura 2 – Mapa do índice de mulheres pesquisadoras no mundo5 Fonte: UNESCO (2015)

No entanto, mesmo com estes indicadores positivos, a igualdade de

gênero ainda se mostra longe de abranger todos os setores da educação e

desenvolvimento científico e tecnológico. O chamado glass ceiling (“teto de

vidro”, em inglês), a barreira intangível que impede mulheres e minorias de

avançarem na carreira (MERRIAM-WEBSTER, 2015), parece permanecer

intacto, pois mesmo as alunas sendo maioria nas universidades brasileiras,

apenas 13,8% de reitores e vice-reitores de universidades públicas no Brasil

eram mulheres em 2010. Comparativamente, nos Estados Unidos, 23% dos

presidentes de universidades eram mulheres em 2006, e 17% na África do Sul

em 2011 (ABREU, 2012).

5 A legenda para as cores do mapa encontra-se na Figura 3.

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Figura 3 – Mapa do índice de mulheres pesquisadoras no mundo, com destaque para a Europa Fonte: UNESCO (2015)

Cientistas mulheres agraciadas com o prêmio Para Mulheres na Ciência

de 2017 (ver capítulo 4.2) contam que, ainda que mulheres produzam quase a

metade dos artigos científicos publicados no Brasil, os quadros de funcionários

de centros de pesquisa e instituições de ensino superior ainda apresentam uma

proporção de mulheres muito pequena, assim como são poucas as mulheres em

posições de liderança (ARAÚJO, 2017).

Igualmente, ainda há áreas de conhecimento em que a disparidade entre

os gêneros se mantém. Dados do Gráfico 3 e do número de bolsas fornecidas

pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na

Tabela 3 mostram que, dentro do setor de ciência e tecnologia, embora mulheres

sejam a maioria nas áreas de ciências biológicas e saúde, ainda são pouco

representadas nas ciências exatas e da terra, engenharias e computação

(CNPQ, 2014). Estes dados, no entanto, também mostram um aumento da

presença feminina em todas as áreas de C&T entre os anos de 2001 e 2014,

com destaque para engenharias e computação, período em que a diferença no

número de homens e mulheres diminuiu 11%.

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Gráfico 3 – Proporção de pesquisadores por área de estudo no Brasil (%) Fonte: adaptado de Elsevier (2017)

24

10

3

12

2

2

3

4

2

4

5

1

4

3

2

1

1

2

3

1

2

1

1

0

3

0

2

17

8

7

11

5

5

3

4

4

5

3

3

3

2

3

1

2

1

1

2

2

1

1

1

3

1

2

Medicina

Bioquímica, Genética e Biologia Molecular

Engenharia

Ciência Agriculturais e Biológicas

Física e Astronomia

Ciência da Computação

Ciências Sociais

Química

Ciências Materiais

Ciência Ambiental

Imunologia e Microbiologia

Matemática

Farmacologia, Toxicologia e Farmácia

Neurociência

Engenharia Química

Artes e Humanas

Ciências Planetárias e da Terra

Psicologia

Enfermagem

Energia

Profissões da Saúde

Multidisciplinário

Negócios, Administração e Contabilidade

Economia, Econométrica e Finanças

Veterinária

Ciências da Decisão

Odontologia

0 5 10 15 20 25 30Homens Mulheres

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Grande área Mulheres Homens Total

2001 2014 2001 2014 2001 2014

Biológicas 4.206

(58%)

8.024

(61%)

3.031

(42%)

5.104

(39%) 7.237 13.128

Saúde 2.942

(63%)

6.716

(67%)

1.697

(37%)

3.271

(33%) 4.639 9.987

Exatas/da

Terra

2.686

(33%)

7.722

(35%)

5.559

(67%)

14.387

(65%) 8.245 22.109

Engenharias e

Computação

1.873

(28%)

7.583

(39%)

4.855

(72%)

12.104

(61%) 6.728 19.687

Tabela 3 – Número de bolsas-ano por grande área segundo o sexo do bolsista (2001 e 2004) Fonte: adaptado de CNPq (2014)

É interessante notar que, no entanto, computação nem sempre foi uma

área dominada massivamente por homens. O Gráfico 4 ilustra que, na década

de 1980, as mulheres representaram quase 40% das estudantes de ciência da

computação nos Estados Unidos. Nomes como os de Ada Lovelace e Grace

Hopper têm grande importância histórica na área, como mostra o capítulo 4.3 —

fatos que indicam que não é falta de capacidade das mulheres que as afastam

do desenvolvimento tecnológico.

Campanhas movidas por universidades têm buscado reverter a queda

entre os anos de 1985 e 2010 observada no Gráfico 4, incentivando o despertar

do interesse por computação em meninas e mulheres. A Universidade Berkeley

passou de 12% de diplomas de computação conferidos a mulheres em 2009

para 21% em 2013. Similarmente, a Universidade Stanford passou de 12,5% em

2008 para 21% em 2013 (BROWN, 2014).

Essas tendências, assim como as vistas nos dados das bolsas do CNPq,

mostram que as mulheres não só podem, como estão gradativamente

conquistando espaço em áreas de estudo tradicionalmente consideradas

masculinas. De mesma forma, políticas de inclusão e divulgação ajudam a

aumentar o número de mulheres onde elas são pouco representadas.

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Gráfico 4 – Porcentagem de mulheres por área de estudo nos EUA Fonte: NPR (2014)

Rafaela Ferreira, uma das cientistas premiadas com o Para Mulheres na

Ciência 2017, defende: Precisamos de mais divulgação científica, encorajar as jovens a trabalhar com ciência. O aumento da participação feminina na ciência tende a servir como exemplo. [Precisamos] encorajar cada vez mais mulheres a seguir esta carreira. (FERREIRA apud ARAÚJO, 2017).

4.2 INICIATIVAS PARA MULHERES NA CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

De modo a atrair um maior número de mulheres para carreiras científicas

e tecnológicas e diminuir a diferença de gênero nessas áreas, diversas

instituições vêm fazendo campanhas e criando programas que buscam

promover cientistas mulheres e seus trabalhos, assim como despertar o

interesse de meninas por ciência e tecnologia desde cedo.

No ramo de tecnologia, grandes empresas como Microsoft e Google

possuem programas direcionados exclusivamente para mulheres. DigiGirlz é um

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projeto da Microsoft YouthSpark voltado para meninas do ensino fundamental e

médio aprenderem mais sobre carreiras na tecnologia, no qual, entre outras

coisas, elas podem participar de workshops de computação (MICROSOFT,

2017).

Já Women Techmakers é uma iniciativa do Google para apoio e

empoderamento de mulheres na indústria tecnológica, promovendo eventos

sobre o tema e reunindo comunidades de mulheres que atuam na área. Alguns

de seus parceiros globais incluem Women Who Code, Girl Develop It (GDI), Anita

Borg Institute (ABI) e National Center for Women & Information Technology

(NCWIT): organizações dedicadas à inclusão e apoio de mulheres na tecnologia

(GOOGLE, 2017).

De mesma forma, instituições brasileiras têm iniciativas semelhantes.

Emíli@s: Armação em Bits é um projeto de extensão do Departamento

Acadêmico de Informática (DAINF) do campus Curitiba da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), cujo objetivo é realizar ações para aumentar a representatividade das mulheres na área da Computação, despertando o interesse de futuras estudantes e mantendo a motivação daquelas já inseridas nos cursos de Engenharia de Computação e Sistemas de Informação. (EMÍLI@S – ARMAÇÃO EM BITS, 2017).

Em comemoração ao Dia de Ada Lovelace (ver capítulo 4.3.4.1) de 2017,

o grupo Emíli@s, em parceria com o professor Dr. José Marconi Bezerra de

Souza do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial (DADIN) da UTFPR,

realizou uma exposição com pinturas de alunos feitas na disciplina de Ilustração.

Em uma primeira instância, foram criadas ilustrações apenas de Ada Lovelace

(Figura 4), porém os alunos também ilustraram outras cientistas posteriormente

(Figura 5). A exposição buscava sensibilizar o público para a questão de gênero

em C&T, e estuda-se a possibilidade de expandir o projeto futuramente.6

6 Informações fornecidas pelo Prof. Dr. Marconi em 23 de outubro de 2017.

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Figura 4 – Ilustração de aluno da UTFPR retratando Ada Lovelace Fonte: Pepinelli (2017)

O projeto Emíli@s também é citado na 6ª edição da revista Tecnológica

da UTFPR, que ainda destaca a atuação do Núcleo de Gênero e Tecnologia

(GeTec) da universidade na formação de docentes, e na produção e divulgação

científica sobre gênero, ciência e tecnologia por meio de publicações como os

Cadernos de Gênero e Tecnologia (DIRCOM, 2017).

A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) criou o programa Meninas

Digitais a partir de debates no Women in Information Technology (WIT), evento

do Congresso da SBC que discute questões de gênero na área de Tecnologia

de Informação. O Meninas Digitais busca atrair alunas dos ensinos fundamental

e médio para carreiras nas áreas de tecnologia por meio de projetos nas

instituições parceiras (MENINAS DIGITAIS, 2017).

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Figura 5 – Ilustração de aluno da UTFPR retratando Mae Jemison Fonte: da Silva (2017)

Igualmente, o Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul (UFRGS) criou o programa Meninas na Ciência, visando atrair meninas para as carreiras de ciência e tecnologia (C&T) e estimular mulheres que já escolheram estas carreiras a persistirem e se tornarem agentes no desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. (MENINAS NA CIÊNCIA, 2017).

Além disso, o projeto busca eliminar estereótipos de gênero por meio da

sensibilização das comunidades acadêmica e carentes sobre o papel da mulher

na sociedade, formando alunos em cursos de ciência e tecnologia, promovendo

cursos, oficinas e debates sobre questões de gênero em escolas públicas, e

criando filmes para divulgar mulheres em C&T (MENINAS NA CIÊNCIA, 2017).

Para Mulheres na Ciência é uma iniciativa da empresa L’Oréal, em

parceria com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciências, de incentivo,

apoio e reconhecimento a cientistas mulheres. O programa tem como objetivo a

“transformação do panorama da ciência, favorecendo o equilíbrio dos gêneros

no cenário brasileiro e global, incentivando a entrada de mulheres no universo

científico” (L'ORÉAL BRASIL, 2015), e premia pesquisadoras brasileiras de

diversas áreas, contemplando-as com bolsas-auxílio para serem investidas em

suas pesquisas (L'ORÉAL BRASIL, 2015).

As vencedoras da edição de 2017 do Para Mulheres na Ciência alegam

que a visibilidade às cientistas gerada pelo prêmio ajuda a população a entender

que tipo de pesquisa científica de ponta está sendo desenvolvida no Brasil. Esse

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prêmio também possui uma versão internacional, For Women in Science, que já

contemplou duas cientistas que vieram a receber o prêmio Nobel: Ada Yonath e

Elizabeth Blackburn (LEONARDI, 2017).

Além do programa Para Mulheres na Ciência, a Fundação L’Oréal lançou

o portal DiscovHER, feito por mulheres e dedicado à divulgação de informações

sobre ciência e mulheres no meio científico (L'ORÉAL, 2014). Outro portal que

busca enaltecer o papel de mulheres cientistas e destacar suas conquistas é o

Ciência & Mulher, mantido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da

Ciência (SBPC) (CIÊNCIA & MULHER, 2016).

A UNESCO possui o projeto SAGA (STEM7 and Gender Advancement),

que busca diminuir a disparidade de gênero e melhorar as condições das

mulheres em C&T por meio de análises estatísticas e implementação de políticas

que visem igualdade de gênero (UNESCO, 2017).

A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e o Ministério da

Ciência e Tecnologia criaram o programa Mulher e Ciência em parceria com

instituições como o CNPq e o Ministério da Educação (SANTOS, 2013). O

programa visa “estimular a participação das mulheres no mundo científico e nas

carreiras acadêmicas” (SPM, 2012), fazendo-o por meio de editais de fomento a

pesquisas de gênero, eventos nacionais com a comunidade científica voltados

ao debate sobre mulheres na ciência e tecnologia, e o Prêmio Construindo a

Igualdade de Gênero, concurso nacional de redações, artigos científicos e

projetos pedagógicos sobre gênero (SPM, 2012).

Não só iniciativas partidas de grandes instituições são criadas para

incentivar a inclusão de mulheres na ciência e tecnologia, como também

mulheres individualmente buscam atrair outras mulheres para a área. Nesse

quesito, o design se mostra como uma importante ferramenta para campanhas

de divulgação de mulheres na ciência. Beyond Curie (Figura 6) é um projeto da

designer Amanda Phingbodhipakkiya que conta com uma série de cartazes

ilustrando mulheres de destaque na ciência, tecnologia, engenharia e

matemática (PHINGBODHIPAKKIYA, 2017).

7 STEM é a sigla inglesa para science, technology, engeneering and mathematics, ou ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Ao longo deste trabalho será usado o equivalente do português brasileiro C&T (ciência e tecnologia) para englobar tais áreas.

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Figura 6 – Cartazes do projeto Beyond Curie Fonte: Phingbodhipakkiya (2017)

Em trabalho similar ao de Swaby (2015) e McGrayne (2006), a designer

Rachel Ignotofsky publicou As cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo

(Figura 7), um livro voltado para o público infanto-juvenil que contém ilustrações

de mulheres cientistas e descrições de seus feitos, além de apresentar

estatísticas sobre mulheres em C&T e explicar termos científicos de forma

simples, buscando inspirar meninas a se tornarem cientistas (IGNOTOFSKY,

2017).

Figura 7 – Páginas ilustradas do livro As cientistas Fonte: Ignotofsky (2017)

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No cinema também há ações para a divulgação da contribuição feminina

na ciência. Estrelas além do tempo (2016) é um filme baseado no livro homônimo

de Margot Lee Shetterly que retrata a história de Katherine Jonson, Dorothy

Vaughan e Mary Jackson, mulheres negras trabalhando na NASA durante a

corrida espacial. O filme mostra a grande importância destas mulheres para

lançar astronautas ao espaço e as dificuldades que elas tiveram que enfrentar

por conta de seu gênero e raça, e se mostrou um sucesso de bilheteria

(REUTERS, 2017).

Contudo, a fim de se destacar a presença e importância de mulheres em

C&T, não é necessário apresentá-las à parte de homens. STEM: Epic Heroes é

um projeto de financiamento coletivo de um jogo de cartas cujo tema central é

ciência. O jogo busca representar cientistas como heróis, e oferece ilustrações

de cientistas de ambos os gêneros (HOLOGRIN STUDIOS, 2017). Na Figura 8

é possível ver 29 cartas do jogo: 12 das quais destacam mulheres, e 17, homens.

Figura 8 – Cartas do jogo STEM: Epic Heroes, com destaque para ilustração representando Chien-Shiung Wu Fonte: Hologrin Studios (2017); Bond e Poliakova (2017)

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Esses exemplos são apenas alguns dentre tantos coletivos,

organizações não-governamentais, empresas, indivíduos e grupos em geral que

buscam atrair mais mulheres para a ciência e tecnologia e enaltecer as que já

estão na área, tentando, assim, reverter o quadro de desigualdade de gênero

em C&T.

4.3 CIENTISTAS DE DESTAQUE

Como pode-se perceber nos exemplos individuais das cientistas que

serão apresentados a seguir a partir das obras de Swaby (2015) e McGrayne

(2006), e assim como já discutido anteriormente, várias cientistas foram

injustiçadas por colegas, superiores, ou mesmo por instituições acadêmicas,

portanto nem todas receberam o reconhecimento devido pelas suas

contribuições de forma oficial. Logo, o critério adotado para a escolha das

cientistas a serem apresentadas no projeto final é de mulheres que conquistaram

o prêmio Nobel ou alcançaram feitos notáveis dentro do campo científico e

tecnológico. Elas estão organizadas por campo de atuação e subsequentemente

por data de nascimento, em classificação adaptada do modelo utilizado por

Swaby (2015). Fotos das cientistas também podem ser encontradas no Anexo

A.

4.3.1 Genética e desenvolvimento

4.3.1.1 Nettie Stevens (1861 – 1912)

Genética, Estados Unidos.

Até o começo do século 20, acreditava-se que o sexo de um bebê era

determinado pelas condições do ambiente. Fatores como a nutrição da mãe ou

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temperatura seriam decisivos para a criança nascer menina ou menino. Essa

crença, conta Swaby (2015), fazia com que o filósofo grego Aristóteles

recomendasse que casais tivessem relações sexuais durante o verão para gerar

um herdeiro homem, pois o calor da estação garantiria que a “frigidez natural” da

mulher fosse vencida.

Foi Nettie Stevens que fez essas crenças milenares caírem por terra em

1905. Retirando gônadas de bichos-de-farinha (larvas do besouro da espécie

Tenebrio molitor) e preparando-as em lâminas de microscópio da forma correta,

Stevens podia observar fileiras de cromossomos do bicho-da-farinha. Ela logo

percebeu um padrão: as células reprodutoras masculinas podiam ter

cromossomos X ou Y, enquanto as células femininas possuíam apenas

cromossomos X. Assim, ela concluiu que eram os cromossomos que

determinavam o sexo de um bebê em sua concepção, não um fator externo

(SWABY, 2015).

No entanto, ainda demorariam alguns anos para os outros cientistas da

época aceitarem a pesquisa de Stevens. Ela acabou morrendo de câncer de

mama sem receber o reconhecimento de seu trabalho, muitas vezes creditado

erroneamente ao geneticista Thomas Morgan — que pesquisou o papel dos

cromossomos na hereditariedade —, ainda que, quando Stevens publicou sua

descoberta, o próprio Morgan tenha também inicialmente preferido a teoria de

que fatores externos determinam o sexo de um bebê (SWABY, 2015).

4.3.1.2 Barbara McClintock (1902 – 1992)

Genética, Estados Unidos.

Quando Barbara McClintock iniciou sua pós-graduação em 1923, muitos

biólogos ainda não aceitavam a genética mendeliana. Sabia-se que os

cromossomos carregam informações hereditárias e que cada espécie tem um

determinado número de cromossomos, porém a descoberta de que o DNA é a

base da genética ainda demoraria a acontecer (MCGRAYNE, 2006).

Trabalhando com plantas de milho (Zea mays), McClintock descobriu

que os genes podem mudar de lugar no cromossomo e “ligar” e “desligar”,

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fenômeno nomeado de transposição genética. Este fenômeno também influencia

mutações genéticas, e explica a grande variabilidade genética dos organismos,

tendo importante papel na evolução das espécies e na engenharia genética

atual, e ainda estando relacionado a problemas congênitos, resistência a

antibióticos e até a incidência de câncer (MCGRAYNE, 2006).

McClintock recebeu o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1983 por sua

descoberta, e, junto com Gregor Mendel e Thomas Morgan, é um dos maiores

nomes da genética, tendo seu trabalho sido referido pelo comitê do Nobel como

“uma das duas grandes descobertas dos nossos tempos em genética”, a outra

sendo a estrutura do DNA (MCGRAYNE, 2006).

4.3.1.3 Rosalind Franklin (1920 – 1958)

Bioquímica, Reino Unido.

Rosalind Franklin foi pioneira nos estudos sobre a estrutura do DNA nos

anos 50. Tirando radiografias de moléculas de DNA em condições de menor e

maior umidade, ela descobriu duas formas da molécula, o que a levou a concluir

que os açúcares-fosfato estão localizados do lado de fora da molécula, próximo

à água, e as bases nitrogenadas ficam alinhadas do lado de dentro da cadeia de

fosfatos (MCGRAYNE, 2006).

Para entender a molécula por completo, ela ainda tinha que descobrir

que as cadeias de fosfatos se organizavam de forma helicoidal, orientadas em

direções opostas, e que as bases guanina, citosina, timina e adenina se

agrupavam em pares específicos. Uma das fotografias tiradas por Franklin

apontava para o formato helicoidal da molécula, porém ela ainda precisava de

provas mais sólidas para ter certeza de sua descoberta (MCGRAYNE, 2006).

Antes que ela conseguisse decifrar a estrutura do DNA por completo, no

entanto, a fotografia que havia tirado da molécula de DNA (considerada a

imagem de melhor qualidade até então) e um relatório que ela havia escrito

descrevendo os resultados recentes de sua pesquisa foram repassados, sem

seu conhecimento, para James Watson e Francis Crick, o que possibilitou que a

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dupla corrigisse erros que estava cometendo em sua própria pesquisa e a

alavancasse à frente da pesquisa de Franklin (MCGRAYNE, 2006).

Colegas e amigos de Franklin dizem que ela estava no caminho certo

para decifrar a estrutura do DNA por conta própria. Porém, antes que isso

pudesse acontecer, Watson e Crick publicaram seus resultados e, juntamente

de Maurice Wilkins (colega de Franklin que mostrou a fotografia do DNA tirada

por ela para Watson), receberam o Nobel de medicina pela descoberta em 1962,

quatro anos após a morte de Franklin, sem creditá-la pelas informações crucias

que obtiveram de sua pesquisa. Como o Nobel não é concedido postumamente,

ela nunca recebeu o reconhecimento devido pelo seu trabalho (MCGRAYNE,

2006).

Franklin ainda trabalhou com RNA de vírus, descobrindo como proteínas

e ácidos nucleicos atuam na transmissão de informação genética (SWABY,

2015) e fez importantes descobertas a respeito da estrutura de moléculas de

carvão e grafite (MCGRAYNE, 2006).

4.3.2 Física e química

4.3.2.1 Marie Skłodowska Curie (1867 – 1934)

Física e química, Polônia.

Marya Skłodowska Curie é mais conhecida pelo seu nome francês, Marie

Curie. No começo do século 20, cientistas acreditavam que não havia mais muito

o que se descobrir sobre o universo físico. Um físico alemão disse que “não há

mais nada para se fazer na física além de melhores medições” (MCGRAYNE,

2006). Curie iria mudar isso.

Em 1896, Henri Becquerel observou pela primeira vez a radioatividade

— termo que viria a ser cunhado mais tarde por Curie — em urânio. Ela ocorre

quando o núcleo pesado e instável de um átomo se parte e elimina o excesso de

energia por meio de prótons e nêutrons (as chamadas partículas alfa), elétrons

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super-rápidos ou raios gama de energia pura. O urânio também deixa o ar ao

seu redor eletrizado, fenômeno chamado de ionização. Curie percebeu que esse

fenômeno poderia indicar radioatividade em outros elementos químicos, e

pesquisando-os ela descobriu que o tório também é radioativo (MCGRAYNE,

2006).

Medindo a corrente elétrica produzida por compostos de tório e urânio,

Curie descobriu que a força da radiação dependia apenas da quantidade de tório

ou urânio nos compostos, e não de como os átomos estavam organizados na

molécula — o que normalmente determina fatores como cor, dureza ou

solubilidade de um composto. Logo, ela concluiu que a radiação vinha do átomo

em si (MCGRAYNE, 2006).

Curie começou a estudar minérios de urânio e tório e descobriu que

alguns eram muito mais radioativos do que se esperaria da quantidade de urânio

e tório que eles continham. Ela teorizou que os minérios deveriam conter outro

elemento mais radioativo. Assim, junto com seu marido Pierre Curie, Marie

descobriu o polônio e o rádio8 em 1898 (MCGRAYNE, 2006).

Além dos novos elementos, ela abriu um novo campo da física: pois a

radioatividade viria a ser a principal ferramenta para entender o interior de um

átomo. Os físicos da época, até então, haviam assumido que átomos eram

sólidos, indivisíveis, estáveis e imutáveis, mas o rádio era prova de que havia

algo a mais acontecendo no átomo que fazia com que ele emitisse luz e calor

por anos a fio (MCGRAYNE, 2006).

Becquerel e Pierre Curie foram nomeados ao Nobel de física de 1903

por suas pesquisas com radioatividade. Marie não teria ganhado o prêmio se

Pierre não tivesse insistido que ela recebesse o devido crédito pelo seu trabalho.

Depois da morte de Pierre em 1906, Marie ainda viria a ser premiada com o

Nobel de química de 1911 pelas descobertas do rádio e polônio. Por 61 anos ela

foi a única pessoa a ter dois prêmios Nobel (MCGRAYNE, 2006), sendo até hoje

a única com dois prêmios de ciências distintas (HISTORY, [s.d.]). Sua filha Irène,

seguindo o legado dos pais, também viria a receber em 1935 um Nobel em

química junto de seu marido Frédéric Joliot pela descoberta da radiação artificial.

8 O polônio é 400 vezes mais radioativo que o urânio. O rádio, um milhão (MCGRAYNE, 2006).

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O laboratório precário dos Curie e a falta de conhecimento sobre os

efeitos da radiação sobre o corpo humano fizeram com que o casal sofresse de

diversos problemas de saúde causados pela exposição a radiação; e embora a

descoberta do rádio tenha simbolizado uma esperança no tratamento de

pacientes com câncer, Marie Curie morreu de leucemia em 1934 (MCGRAYNE,

2006).

4.3.2.2 Lise Meitner (1878 – 1968)

Física, Áustria.

Lise Meitner começou a estudar radioatividade inspirada pelas

descobertas do casal Curie, e se firmou como grande nome da física, sendo

chamada por Albert Einstein de “nossa Madame Curie”. Morando na Alemanha,

polo de desenvolvimento científico da época, Meitner iniciou o que seria uma

longa parceria com o químico Otto Hahn. Com a ajuda de Hahn, ela descobriu o

protactínio, um elemento radioativo que decai para o actínio (MCGRAYNE,

2006).

Em 1934, no auge de sua carreira, conta McGrayne (2006), Meitner

iniciou o maior experimento de sua vida, competindo contra nomes como Enrico

Fermi, Ernest Rutherford e Irène Joliot-Curie. Fermi estava bombardeando

elementos pesados com nêutrons, esperando que o núcleo do átomo

absorvesse um nêutron e, assim, se tornasse um elemento mais pesado. Ele

esperava alcançar isso especialmente com o urânio, o elemento natural mais

pesado, a fim de criar um elemento artificial que fosse ainda mais pesado. Fermi

acreditou ter encontrado novos elementos transurânicos, provocando o início de

uma corrida entre físicos e químicos pela descoberta de novos elementos.

Meitner, que havia passado alguns anos sem trabalhar com Hahn,

chamou-o para participar de seus experimentos, pois precisava de um químico

experiente que pudesse identificar elementos superpesados. Para auxiliá-lo na

identificação, por sua vez, Hahn chamou o químico Fritz Strassmann. O que nem

ela, nem Fermi, Rutherford ou Joliot-Curie perceberam até então, bombardeando

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átomos de urânio com nêutrons, era que eles não estavam criando elementos

transurânicos, mas sim a fissão do átomo de urânio (MCGRAYNE, 2006).

Enquanto isso, a perseguição aos judeus na Alemanha nazista

aumentava, e Meitner, de origem judia, eventualmente se viu forçada a fugir para

a Suécia. Em Estocolmo, contudo, Meitner estava longe da pesquisa que iniciara

e não tinha os equipamentos de que precisava. Ela passou a depender das

correspondências que trocava com Hahn (MCGRAYNE, 2006).

Verificando os produtos das colisões de urânio e nêutrons, Hahn

identificou átomos de bário, que têm aproximadamente metade do tamanho de

átomos de urânio (bário possui 56 prótons, e urânio, 92). Como urânio não podia

decair para bário, Hahn escreveu para Meitner pedindo uma explicação

(MCGRAYNE, 2006).

Na ocasião, Frisch, sobrinho de Meitner e físico, estava visitando-a na

Suécia. Juntos, os dois ponderaram sobre os dados enviados por Hahn. O átomo

de urânio podia se dividir em bário (56) e crípton (36), ou rubídio (37) e césio

(55), ou outros pares de elementos de tamanho médio que somassem os 92

prótons do urânio. Essa variedade de elementos era o que os cientistas

acreditavam ser os novos elementos transurânicos (MCGRAYNE, 2006).

Meitner explicou que este fenômeno se tratava da fissão nuclear e ainda

concluiu que a fissão do núcleo de urânio gera 200.000.000 elétrons-volt:

ineditamente, um experimento estava gerando mais energia do que consumindo.

Hahn e Strassmann publicaram as descobertas, e apenas Hahn recebeu

o Nobel de química em 1944, embora seja consenso entre físicos que Meitner

também o merecesse, uma vez que foi ela quem tenha iniciado o experimento e,

com Frisch, explicado o processo (MCGRAYNE, 2006).

E embora o nome de Meitner tenha sido constantemente apagado da

descoberta da fissão nuclear, em 1992 físicos descobriram um novo elemento

sintético criado a partir da fusão de bismuto e ferro, que batizaram de meitnério

em homenagem a Meitner e seu trabalho fundamental na compreensão da fissão

(MCGRAYNE, 2006).

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4.3.2.3 Chien-Shiung Wu (1912 – 1997)

Física, China.

O pai de Chien-Shiung Wu defendia a igualdade de gênero e desde cedo

incentivou a filha — cujo nome significa “corajosa heroína” em chinês — a buscar

uma boa educação. Tendo recebido sua educação básica na China, Wu se

mudou para os Estados Unidos para buscar melhores condições de pesquisa em

física (MCGRAYNE, 2006).

Extremamente metódica, como conta McGrayne (2006), Wu acreditava

que, para um experimento ser aceito pela comunidade científica, não bastava

provar que ele estava certo, mas também demonstrar onde os experimentos que

diziam o contrário haviam errado. Rapidamente ela se tornou grande especialista

no campo da física nuclear e radioatividade, chegando a trabalhar no Projeto

Manhattan.

Wu provou a Teoria de Fermi sobre decaimento beta. No decaimento

beta, um nêutron do núcleo do átomo se parte formando um próton, um elétron

e um neutrino. O elétron e o neutrino são “ejetados” do núcleo, tornando o átomo

mais estável. Fermi propusera que essa ejeção ocorreria em altas velocidades

em sua maioria, porém experimentos científicos observavam o contrário. Wu

descobriu que estes cientistas estavam usando materiais radioativos de

espessuras irregulares, e quando ela usou um material fino e homogêneo,

provou que Fermi estava certo (MCGRAYNE, 2006).

Outro feito de Wu foi refutar um princípio físico. O princípio de

conservação de paridade determina que a forma simétrica de uma partícula

deveria ter o mesmo comportamento que sua contraparte. Contudo, Wu provou

experimentalmente que os káons (um tipo de partículas subatômicas) fogem a

essa regra. Wu, entretanto, nunca recebeu o Nobel pela condução do

experimento; este foi dado apenas a Tsung Dao Lee e Chen Ning Yang, os

cientistas que propuseram que káons eram exceções à lei da conservação de

paridade (MCGRAYNE, 2006).

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4.3.2.4 Stephanie Kwolek (1923 – 2014)

Química, Estados Unidos.

Quando nova, Stephanie Kwolek amava tecidos e costurar, por isso

pensou em se tornar estilista de moda. Porém, cultivando amor também pela

ciência, ela se formou em química. Trabalhando na empresa DuPont, Kwolek

coincidentemente pesquisava materiais para criar novos tipos de tecidos. A

DuPont já havia sido responsável pela invenção do nylon, e encarregou Kwolek

de criar um material mais leve e mais forte que substituísse o aço usado na

estrutura de pneus (SWABY, 2015).

Em 1964, misturando alguns polímeros, Stephanie Kwolek criou o

Kevlar, mais leve e cinco vezes mais forte que o aço. Por causa de suas

propriedades físicas, o Kevlar é usado em inúmeros objetos — alguns exemplos

figuram desde luvas de forno até aparelhos celulares, coletes à prova de balas

e trajes espaciais. Além do Kevlar, Kwolek ainda contribuiu para a criação da

Lycra e do Spandex (elastano), presentes em grande parte das roupas atuais

(SWABY, 2015).

4.3.3 Terra e estrelas

4.3.3.1 Annie Jump Cannon (1863 – 1941)

Astronomia, Estados Unidos.

Filha de uma astrônoma amadora, Annie Jump Cannon gostava de

observar estrelas desde criança. Durante toda sua vida, ela classificou 50 vezes

mais estrelas que as aproximadamente oito mil que se pode observar a olho nu

pontilhando o céu noturno, tornando-se a maior “colecionadora” de estrelas que

já viveu — tanto entre mulheres quanto homens (SWABY, 2015).

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Cannon trabalhou analisando fotografias de estrelas, classificando-as a

partir de seu espectro eletromagnético. Fazendo a luz de uma estrela atravessar

um prisma, onde se dividia em suas cores constituintes, ela podia descobrir

indícios de sua temperatura e composição. Embora ela não tenha criado a

análise espectral, o sistema de classificação de estrelas que Cannon

desenvolveu se tornou padrão mundial, sendo usado até hoje em uma forma

mais refinada e fazendo com que o nome de Annie Jump Cannon9 seja um dos

mais importantes da astronomia (SWABY, 2015).

4.3.3.2 Inge Lehmann (1888 – 1993)

Sismologia, Dinamarca.

Embora a Dinamarca não seja referência em estudos sismológicos —

pois a atividade sísmica no país é mínima —, foi ali que Inge Lehmann se tornou

uma das mais respeitadas especialistas da área.

Graças à invenção do sismógrafo em 1880, cientistas podiam coletar

informações de atividades sísmicas do outro lado do planeta. Se o interior da

terra fosse homogêneo, as ondas sísmicas de um terremoto iriam se irradiar em

todas as direções da crosta terrestre de forma consistente. A razão de isso não

acontecer é que o núcleo líquido da Terra as desvia (SWABY, 2015).

Estudando os dados de terremotos do mundo inteiro coletados por

sismógrafos, Lehmann percebeu que eles divergiam do que era esperado com

a presença do núcleo líquido. Alguns terremotos geravam ondas onde não

deveriam, ou as ondas não eram registradas onde se esperava, ou então vinham

com ângulos inesperados. Meticulosa com seu trabalho, Lehmann chegou à

conclusão que as leituras dos sismógrafos não eram aberrações, mas sim que

apontavam que a Terra possuía um núcleo interno, sólido, além do núcleo já

descoberto (SWABY, 2015).

9 Curiosamente, Cannon também era surda (ENCYCLOPEDIA.COM, 2004).

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4.3.3.3 Cecilia Payne-Gaposchkin (1900 – 1979)

Astronomia, Reino Unido.

Analisando o espectro das estrelas assim como Annie Jump Cannon

(capítulo 4.3.3.1), e comparando com o espectro de elementos químicos em

laboratório, cientistas acreditavam que as estrelas tinham basicamente a mesma

composição da Terra, com predominância de elementos mais pesados como

cálcio e ferro (AMERICAN MUSEUM OF NATURAL HISTORY, 2000).

Cecilia Payne sabia que os padrões no espectro de um átomo eram

determinados pela configuração de seus elétrons, e que a altas temperaturas

átomos podiam perder elétrons, tornando-se íons. Ela mostrou que a variação

dos espectros estelares se dava principalmente pelos diferentes estados de

ionização dos átomos e, consequentemente, diferentes temperaturas da

superfície das estrelas; e não diferentes quantidades de elementos (AMERICAN

MUSEUM OF NATURAL HISTORY, 2000).

Payne descobriu que o Sol e as outras estrelas do universo são

compostos quase que inteiramente de hidrogênio e hélio, os dois elementos mais

leves da tabela periódica. Os elementos mais pesados correspondiam por

menos de 2% da massa das estrelas. Payne, assim, desvendava a composição

da maior parte do universo visível (AMERICAN MUSEUM OF NATURAL

HISTORY, 2000).

4.3.3.4 Marie Tharp (1920 – 2006)

Cartografia, Estados Unidos.

O solo marítimo permaneceu um mistério por muito tempo, e por volta

de 1910, a ideia de que os continentes já estiveram unidos em um único

supercontinente (hoje conhecido como Pangeia), como proposto por Alfred

Wegener, foi rapidamente desacreditada pela comunidade científica

(BLAKEMORE, 2016). Porém, não pela geóloga Marie Tharp. Em 1952, ela

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levantou a hipótese de Wegener para seu colega Bruce Heezen, que a

desdenhou como “conversa de menina”.

Por ser mulher, Tharp não podia participar das expedições marítimas

que coletavam dados topográficos do fundo do mar por meio de um sonar.

Portanto, ela analisava as informações coletadas por Heezen em terra. O

mapeamento feito por Tharp do solo marítimo revelou que, ao invés de plano e

homogêneo como acreditava-se ser até em então, o fundo do mar possuía

diversas montanhas e vales (SWABY, 2015). Uma dessas formações geológicas

mapeadas por Tharp foi a Dorsal Mesoatlântica, uma cadeia de montanhas

submarinas formada a partir da separação dos continentes (BLAKEMORE,

2016).

Paralelamente, Heezen estava mapeando a localização de epicentros

de terremotos. Quando esses dados foram comparados com os acidentes

geográficos mapeados por Tharp, a dupla percebeu que ambos aconteciam nas

mesmas áreas. Provava-se, assim, a existência de placas tectônicas e a teoria

da deriva continental, embora Heezen ainda fosse demorar mais dois anos para

se convencer (SWABY, 2015).

Assim como Heezen, muitos ainda permaneciam céticos em relação à

teoria. Uma dessas pessoas era o famoso oceanógrafo Jacques Cousteau, que

em 1959 realizou uma expedição para filmar o fundo do mar que revelou

exatamente o que Tharp mapeara. Em sua parceria com Heezen, Tharp quebrou

paradigmas da geofísica e mapeou todo o solo marítimo do mundo (SWABY,

2015).

4.3.3.5 Vera Rubin (1928 – 2016)

Astronomia, Estados Unidos.

Junto com seu colega Kent Ford na década de 1970, Rubin estava

mapeando a distribuição de massa em galáxias espirais medindo a velocidade

com qual essas galáxias rotacionavam. Seguindo as leis propostas por Newton

e Einstein, quanto mais rápido as estrelas giram, mais gravidade (e portanto,

massa) é necessária para mantê-las em órbita. Em suas observações, Rubin e

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Ford esperavam encontrar a maior parte da massa onde havia maior

concentração de luz estrelar: no centro das galáxias. Logo, as estrelas mais

afastadas do centro girariam com velocidade menor ao redor do mesmo

(OVERBYE, 2016).

O que eles observaram, no entanto, foi que a velocidade longe do centro

não diminuía, o que, segundo Newton e Einstein, deveria significar que havia

matéria não-visível ali. Assim, Rubin provou a existência da matéria escura, 90%

da composição de uma galáxia espiral. Vera Rubin foi cogitada várias vezes para

ser nomeada ao Prêmio Nobel, porém nunca o recebeu (OVERBYE, 2016).

4.3.3.6 Mae Jemison (1956 –)

Medicina e engenharia, Estados Unidos.

Em uma época em que astronautas eram homens e brancos, Mae

Jemison buscou inspiração além da vida real para se tornar a primeira mulher

negra a ir para o espaço. Vivendo sua infância nos Estados Unidos dos anos

1960, Jemison gostava de estudar estrelas, plantas e formigas. Ela também

acompanhava a série de televisão Star Trek, onde via a personagem Uhura,

vivida pela atriz Nichelle Nichols — mulher e negra como Jemison —

desempenhando importantes papéis de comando na nave USS Enterprise

(KATZ, 1996).

Engenheira, médica, e até mesmo dançarina, Jemison participou da

missão espacial Endeavour da NASA em 1992 e assim marcou para sempre seu

nome na história como primeira astronauta mulher e negra. Depois de se

aposentar como astronauta, ela ainda continuou trabalhando para melhorar as

condições de vida de países em desenvolvimento por meio da democratização

da tecnologia (KATZ, 1996).

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4.3.4 Matemática e tecnologia

4.3.4.1 Ada Lovelace (1815 – 1852)

Matemática, Reino Unido.

Filha do famoso poeta inglês Lord Byron, Ada Augusta Byron, Condessa

de Lovelace, teve uma criação rígida por sua mãe, que a direcionou desde cedo

para as áreas do conhecimento mais matemáticas a fim de que a filha não se

tornasse uma poetisa como o pai (SWABY, 2015).

Como consequência da educação que Lovelace recebeu, em 1833 ela

conheceu o matemático Charles Babbage e sua Máquina Analítica, que prometia

ser uma calculadora revolucionária, precursora dos computadores modernos.

Em 1842, um artigo sobre a Máquina Analítica de Babbage foi publicado em

francês, e Lovelace o traduziu para o inglês, acrescentando anotações próprias

e explicando o potencial da máquina além das possibilidades imaginadas por

Babbage (SWABY, 2015).

Segundo ela, a máquina poderia armazenar informações e programas

que pudessem processá-las — instruções feitas sob medida aos interesses de

seu dono. Ela também previu que a máquina poderia ir além da análise de

números: como sendo capaz de compor peças musicais complexas (SWABY,

2015).

Em suas anotações, Lovelace ainda descreveu como um algoritmo

poderia devolver uma sequência de números racionais conhecida como

Números de Bernoulli, o que viria a ser conhecido como o primeiro programa de

computador do mundo, consequentemente tornando Lovelace a primeira

programadora (SWABY, 2015).

A linguagem de programação Ada foi batizada em homenagem a ela, e

o Dia de Ada Lovelace é uma celebração às mulheres na ciência, tecnologia,

engenharia e matemática e suas conquistas (SWABY, 2015).

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4.3.4.2 Grace Murray Hopper (1906 – 1992)

Ciência da computação, Estados Unidos.

O termo “bug” (“inseto”, em inglês), hoje amplamente usado na

computação para se referir a uma falha em um software, foi criado quando Grace

Hopper encontrou uma mariposa presa no computador Mark II enquanto ela

trabalhava na marinha americana (SWABY, 2015).

Antes do Mark II e seu bug, no entanto, Hopper trabalhou no Mark I.

Cabia a ela a tarefa de programar o computador de 5 toneladas, e as sequências

de instruções apresentadas no manual de 561 páginas que ela escreveu são

alguns dos primeiros exemplos de programas de computadores digitais. Anos

depois, também ajudou na criação de padrões para linguagens de programação

que estão presentes nos computadores modernos (SWABY, 2015).

Durante o tempo em que esteve afastada da marinha, Hopper criou o

primeiro compilador, um tradutor de linguagem binária. Assim, programadores

podiam usar poucas letras ao invés de longas sequências de 1 e 0. Além do

compilador, ela também ajudou a criar a linguagem de programação COBOL

(Common Business Oriented Language, ou Linguagem Orientada para Negócios

Comuns), que ainda hoje é utilizada por várias organizações (SWABY, 2015).

Hopper era conhecida pela expressão “é mais fácil pedir perdão do que

permissão” e era contra o pensamento de que algo que sempre foi feito de um

jeito deva continuar sendo feito assim. Sua personalidade inovadora fez com que

ela se tornasse um dos maiores nomes da computação junto com Charles

Babbage e Ada Lovelace (SWABY, 2015).

4.3.4.3 Hedy Lamarr (1914 – 2000)

Tecnologia, Áustria.

Hedwig Eva Maria Kiesler alcançou a fama com outro nome: Hedy

Lamarr. Não só uma grande inventora, ela também foi uma das maiores estrelas

de Hollywood do século 20.

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Durante o tempo em que esteve casada com o vendedor de armamentos

Friedrich Mandl, Lamarr obteve inteligência militar dos encontros que o marido

tinha com diplomatas, políticos, generais e até Benito Mussolini. Segundo Swaby

(2015), insatisfeita com as inclinações nazifascistas de Mandl, Lamarr o deixou

e foi aos Estados Unidos, onde em Hollywood alcançou a fama internacional

como atriz, sendo conhecida como “a mulher mais bonita do mundo”.

Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, os torpedos americanos

tinham uma taxa de falha de 60%, e Lamarr queria encontrar alguma forma de

ajudar as forças aliadas. Necessitava-se de uma maneira de se comunicar com

os torpedos para guiá-los melhor, porém o rádio podia facilmente sofrer

interferência de tropas inimigas. Junto com o amigo e compositor George Antheil,

Lamarr se inspirou em uma melodia sendo tocada simultaneamente em escalas

diferentes no piano por duas pessoas para criar sua invenção (SWABY, 2015).

A tecnologia de frequência variável patenteada por ela acabou sendo

engavetada pela marinha americana devido à dificuldade de implantação, porém

foi resgatada anos depois e possibilitou o desenvolvimento de diversas

tecnologias de comunicação sem fio usadas atualmente como o Bluetooth, Wi-

Fi e GPS (SWABY, 2015).

4.4 MOTION DESIGN

4.4.1 História da animação e do motion design

Motion design é a forma abreviada de “motion graphic design”, e

caracteriza-se pelo design que sai de sua forma estática por meio da animação

de formas gráficas (What is Motion Design?, 2011). Segundo Krasner (2008), a

sugestão de movimento nas artes gráficas está presente desde os tempos pré-

históricos, quando alguns animais eram desenhados com várias pernas para

transmitir a impressão de movimento.

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Graças ao fenômeno da persistência visual, o cérebro humano é capaz

de interpretar uma rápida sucessão de imagens estáticas diferentes como uma

única imagem. Este fenômeno inspirou a invenção de diversos dispositivos no

século 19 que exibiam uma sequência de imagens que criasse a ilusão de uma

imagem em movimento — marcando os primórdios da animação gráfica —,

como o taumatrópio, o fenacistoscópio, o zootrópio e o praxinoscópio

(KRASNER, 2008).

No entanto, estes dispositivos eram limitados ao número de imagens que

podiam exibir em uma única sequência (o zootrópio e o praxinoscópio, por

exemplo, exibiam sequências de aproximadamente 15 imagens). Foi com a

invenção do cinematógrafo pelos irmãos Louis e Auguste Lumière e da fita de

filme que sequências mais longas puderam ser criadas. Assim, além da filmagem

de pessoas e ambientes, também se começou a desenvolver desenhos

animados. Um dos primeiros personagens foi o Gato Félix, criado por Pat

Sullivan e animado por Otto Mesmer. Subsequentemente, a animação em

células transparentes permitiu a sobreposição de diferentes imagens e expansão

das possibilidades de efeitos visuais (KRASNER, 2008).

No século 20, os avanços tecnológicos e mudanças socioeconômicas

pós-Primeira Guerra Mundial influenciaram a rejeição de artistas à

representação clássica, dando início a uma onda de abstração nas artes

plásticas em movimentos como o Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo

e Modernismo. Como demonstrado pelas Figura 9 e Figura 10, artistas destes

movimentos fizeram experimentações com cinema, explorando interações entre

formas geométricas, espaços positivos e negativos, e cores, utilizando técnicas

como objetos sobrepostos para criar formas a partir de suas silhuetas, ou

pintando e arranhando diretamente sobre o filme (KRASNER, 2008).

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Figura 9 – Imagens do filme Opus IV de Walter Ruttmann Fonte: Opus IV (1925)

Além das animações experimentais, o motion design também se derivou

do design de títulos de filmes, que, por sua vez, tem suas origens no cinema

mudo. Textos brancos sobre fundos pretos eram usados para fornecer

informações como nome do filme, diálogos e créditos, podendo ser estilizados

de acordo com o gênero do filme (fontes grosseiras para filmes de terror e fontes

caligráficas para romances, por exemplo) (KRASNER, 2008).

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Figura 10 – Imagens do filme Spook Sport de Mary Ellen Bute e Norman McLaren Fonte: Spook Sport (1939)

Com o tempo — principalmente após a implementação de som aos

filmes —, o design de títulos foi evoluindo para narrativas próprias complexas. O

designer Saul Bass (Figura 11) se tornou um dos maiores nomes na área, com

seus títulos animados sendo considerados “minifilmes” por si só (KRASNER,

2008). Como disse Walter Murch: A sequência-título de um filme é como a moldura ao redor de uma pintura; ela deve realçar e comentar o que está “dentro”, alertando e sensibilizando o espectador aos tons emotivos, às ideias da história e ao estilo visual que será encontrado na obra em si. (MURCH apud KRASNER, 2008, p. 21).

Segundo conta Krasner (2008), os avanços nas tecnologias digitais a

partir da década de 1960 permitiram a maior complexidade de efeitos visuais

criados em computador, e o motion design começou a ser empregado com mais

frequência na televisão para animação de logotipos, vinhetas, comerciais e

aberturas de programas, estabelecendo-se como importante pilar da identidade

visual de uma marca. A presença do motion design ainda se estendeu para

videoclipes de músicas, sites da internet, aplicativos e painéis informativos,

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popularizada de forma que atualmente pode ser notada na maioria das mídias

digitais.

Figura 11 – Imagens da sequência-título de Saul Bass para o filme Anatomia de um Crime Fonte: Anatomia de um Crime (1959)

Porém, como explica Lucena Júnior (2011), a universalização de

softwares de animação digital, embora tornem a técnica mais fácil e acessível,

não deve se desvencilhar dos preceitos artísticos básicos já firmados por

animadores tradicionais.

4.4.2 Princípios básicos de animação

Referência em animação, os estúdios Walt Disney estabeleceram ao

longo do tempo algumas noções de animação que acabaram se tornando

fundamentais para a prática, pois conferem mais naturalidade e dinamismo a

personagens e objetos animados. Os 12 princípios básicos da animação

(resumidos na Figura 12) são: comprimir e esticar, antecipação, encenação,

ação direta e pose a pose, continuidade e sobreposição da ação, aceleração e

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desaceleração, arcos, ação secundária, temporização, exagero, desenho

volumétrico, e apelo (THOMAS; JOHNSTON, 1995).

Figura 12 – 12 princípios básicos de animação Fonte: adaptado de Lodigiani (2014)

Comprimir e esticar é o princípio que confere sensação de volume e

flexibilidade a um objeto por meio de sua deformação (Figura 13).

Figura 13 – Movimento de quicar de uma bola, que se alonga nos instantes mais rápidos e se achata quando em contato com uma superfície sólida Fonte: Thomas e Johnston (1995)

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Antecipação é o preceder de uma ação com um movimento que permita

à audiência prever o que acontecerá em seguida, evitando confusões sobre que

tipo de gesto foi executado (Figura 14).

Figura 14 – Personagem indicando por meio do corpo que vai andar para a frente Fonte: Thomas e Johnston (1995)

Encenação é a apresentação de uma ideia se forma que ela esteja clara

para a audiência (THOMAS; JOHNSTON, 1995).

Ação direta e pose a pose são denominações que definem duas

abordagens diferentes à animação. Ação direta se refere à animação que se

inicia a partir de um primeiro desenho e se desenvolve de forma livre, permitindo

maior criatividade e espontaneidade para o animador. Porém, a falta de

planejamento dos movimentos e do objetivo almejado pode fazer com que o

animador se perca na cena. Na animação pose a pose, o animador desenha

quadros-chave, e então completa os quadros intermediários com transições

entre as poses dos personagens e objetos. Este método possibilita um melhor

planejamento da animação e maior agilidade na sua execução; no entanto, pode

fazer com que a animação se torne rígida demais. Combinando ambos os

procedimentos, pode-se extrair o melhor de cada um e suprimir, assim, suas

deficiências individuais (THOMAS; JOHNSTON, 1995).

Continuidade e sobreposição da ação caracterizam técnicas em que se

evita que um personagem ou objeto permaneça estático na cena. Usa-se a

inércia para conferir sensação de massa a um objeto, fazendo com que partes

subjacentes de um corpo principal sigam o seu movimento e o continuem depois

de o mesmo ter parado, por exemplo. O corpo não se move todo de uma vez, e

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algumas partes podem ser mais pesadas ou soltas que outras, alterando a

inércia total do conjunto (Figura 15). Quando uma ação principal é terminada,

também pode-se continuá-la por meio de movimentos menores, tornando a nova

pose criada uma extensão ou exageração da primeira (THOMAS; JOHNSTON,

1995).

Figura 15 – Barba e flacidez no rosto do personagem executam o movimento atrasados em relação ao resto da cabeça Fonte: Thomas e Johnston (1995)

Aceleração e desaceleração (também representadas na Figura 13) são

um artifício que faz com que a velocidade de um objeto se altere ao longo da

trajetória do movimento que ele está realizando, adquirindo um aspecto mais

natural. Desenhos mais próximos representam movimentos mais lentos, e

desenhos mais afastados representam movimentos mais rápidos, enquanto

desenhos espaçados de forma homogênea fazem com que o movimento

assuma um aspecto mecânico (THOMAS; JOHNSTON, 1995).

Arcos sugere um movimento que emule os movimentos encontrados na

natureza, de círculos e parábolas, para conferir um aspecto mais orgânico e

fluído à animação (Figura 16).

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Figura 16 – Trajetória circular da mão torna o movimento mais orgânico Fonte: Thomas e Johnston (1995)

Ação secundária é a adição de uma ação suplementar e

necessariamente subordinada à ação principal a fim de enfatizá-la e, deste

modo, enriquecer a cena (THOMAS; JOHNSTON, 1995).

Temporização refere-se a como a variação nos desenhos serve para

indicar velocidade. Em uma animação a 24 quadros por segundo, por exemplo,

pode-se usar 12 desenhos diferentes repetidos duas vezes cada caso não

houver grande variação de poses. Mais desenhos permitem mais detalhes, e

menos desenhos tornam a ação mais clara e direta (THOMAS; JOHNSTON,

1995).

Exagero busca os extremos de uma ação ou emoção representada,

criando uma caricatura a partir da realidade. Um personagem feliz, por exemplo,

deve ser retratado extremamente feliz; um personagem preocupado, muito mais

preocupado (THOMAS; JOHNSTON, 1995).

Desenho volumétrico é o princípio de que os animadores devem ter bom

domínio de desenho de representação para poderem desenhar personagens

mais simples. A partir da compreensão de forma, volume e peso, os animadores

podem criar poses mais interessantes, evitando repetições e simetrias que tiram

o dinamismo de uma pose (Figura 17).

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Figura 17 – Pose "estática" (esquerda) comparada a uma pose mais dinâmica (direita) Fonte: Thomas e Johnston (1995)

O último dos 12 princípios, apelo, denota um desenho capaz de cativar

o espectador; é o “carisma” da forma e do movimento (THOMAS; JOHNSTON,

1995). Este, junto com os outros princípios, permite que neste projeto seja

desenvolvida uma animação mais cativante para o espectador.

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5 CONCEPÇÃO

5.1 PÚBLICO-ALVO

Kotler e Armstrong (2007) apontam que a abordagem do público-alvo

deve levar em conta fatores socioculturais, pessoais e psicológicos, como

gênero, idade, escolaridade, classe social, personalidade, crenças e atitudes.

Seguindo esses critérios, pode-se delimitar o público-alvo deste projeto como

meninas adolescentes até mulheres jovens (embora possa abranger mulheres

de todas as idades), que não necessariamente possuam conhecimento em

ciência. Busca-se, por essa definição, atrair mais mulheres para a ciência ou,

pelo menos, despertar nelas um interesse maior pela área.

Consequentemente, a linguagem deve ser simples e direcionada a

leigos. Os aspectos visuais (como cor) também devem potencializar ao máximo

a eficácia em capturar o interesse do público, por isso serão abordados com

maior profundidade mais adiante.

5.2 MÍDIA

Dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil de 2015 do Comitê Gestor da

Internet no Brasil (CGI.br) sobre o uso da internet por crianças e adolescentes

no Brasil mostram que 81% das meninas entre 9 e 17 anos são usuárias de

internet (Gráfico 5), com o índice aumentando quanto maior a escolaridade dos

pais, idade e classe social (CGI.BR, 2016).

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Gráfico 5 – Proporção de crianças e adolescentes que acessaram a internet nos últimos três meses (2015) Fonte: CGI.br (2016)

Destas crianças e adolescentes que fazem uso da internet, verifica-se

um aumento substancial na frequência de uso nos últimos anos. O Gráfico 6

mostra que, em 2012, 47% das crianças e adolescentes usavam a internet todos

os dias ou quase todos os dias. Este número saltou para 84% em apenas três

anos.

Gráfico 6 – Proporção de crianças e adolescentes, por frequência de uso da internet (2012 – 2015) Fonte: CGI.br (2016)

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O relatório ainda aponta que 84% das meninas usaram a internet para

fazer trabalhos da escola, 80% usaram redes sociais, 67% pesquisaram coisas

por curiosidade ou vontade própria, 58% assistiram a vídeos, programas, filmes

ou séries online e 57% compartilharam um texto, imagem ou vídeo (CGI.BR,

2016).

Esses números só tendem a aumentar, visto o crescimento apontado no

Gráfico 6. De mesma forma, o tempo que o brasileiro médio passou assistindo a

vídeos na internet em 2016 totalizou 39 horas semanais, o dobro do observado

em 2014 (GOOGLE, 2017).

Portanto, considerando todos os dados apresentados, o vídeo online

mostra-se como boa escolha de mídia para publicação do produto final deste

projeto.

5.3 ANÁLISE DE SIMILARES

Para que seja possível definir o estilo visual a ser adotado neste projeto,

buscou-se a análise de similares de outros vídeos que se utilizam de motion

design. Assim como a animação deste projeto destina-se a publicação em

plataformas online, os vídeos adotados para a análise foram todos retirados da

internet. Foram analisados vídeos de estilos gráficos diferentes para que fosse

possível explorar variadas possibilidades que inspirassem a subsequente

geração de alternativas, com exemplos que utilizam fotografias, ilustrações,

objetos digitais em 3D e design flat, para, por consequência, decidir-se por dar

continuidade ao estilo flat10.

Esta análise, portanto, inicia-se com os exemplos mais diferentes da

estética que será usada neste projeto e é finalizada com os exemplos que mais

se aproximam do estilo visual final. Os vídeos selecionados foram retirados do

site Vimeo11, dentre os destaques curados pelo site na categoria de motion

design.

10 Tal decisão será explicada em maiores detalhes no capítulo 5.4, referente ao estilo visual. 11 Disponível em: <https://vimeo.com/>

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O vídeo Travel in Time (2015), assim como exemplificado na Figura 18,

usa o motion design na animação de fotografias, que são recortadas de seus

originais e juntas em uma nova composição para ganharem novo sentido e “vida”

por meio da animação. Essas fotografias recebem um tratamento para ficarem

com o visual antigo, como dessaturação e adição de ruído, sendo a cor mais

proeminente o vermelho. Além disso, o uso de imagens em sequência cria um

efeito de stop motion.

Figura 18 – Imagens do vídeo Travel in Time Fonte: Travel in Time (2015)

O vídeo também usa de algumas ilustrações antigas e recursos que

imitam ilustração, “desenhando” ou apagando as fotografias, assim como

borrões de tinta que se espalham na tela e tipografia sobre as imagens. Todos

esses elementos se situam em diferentes planos para criar uma noção de

profundidade e adicionar mais dinamismo ao vídeo.

No vídeo DARAK (2016), também são usadas fotografias animadas.

Como mostra a Figura 19, os flamingos, a balança e o ventilador são fotografias,

mas recebem movimento digitalmente (flamingos mexendo o corpo, balança

pendendo para um lado ou o outro e ventilador girando as pás).

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Figura 19 – Imagens do vídeo DARAK Fonte: DARAK (2016)

Além das fotografias, estão inclusos no vídeo objetos 3D, tipografia por

meio de motion design e outros grafismos digitais, como linhas indicando vento

saindo do ventilador. Os elementos estão concentrados no centro do vídeo, com

simetria sendo frequentemente usada, sobre um fundo de cor sólida e levemente

dessaturada.

Outro vídeo que alia fotografias a motion design é Nelson Mandela

Tribute (2016). Assim como DARAK (2016), as fotografias utilizadas também são

recortadas e animadas, o fundo é de cor sólida com grande área de respiro, há

o uso de grafismos interagindo com as fotografias, e centralização do objeto

principal (Figura 20). Este, ao contrário dos exemplos anteriores, segue uma

narrativa falada, mesclando as palavras faladas aos elementos visuais para

ilustrar o discurso de Nelson Mandela.

Também seguindo uma narração pode-se tomar de exemplo o vídeo

Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor (2016). Este vídeo, que

apresenta um pouco da vida e da carreira da cartógrafa Marie Tharp (ver capítulo

4.3.3.4), inclusive é um exemplo do objetivo que se pretende alcançar com este

trabalho, ainda que de forma mais resumida para ser possível abordar um

número maior de cientistas.

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Figura 20 – Imagens do vídeo Nelson Mandela Tribute Fonte: Nelson Mandela Tribute (2016)

Marie Tharp (2016) segue um estilo de animação mais tradicional, com

desenhos feitos em um traço que imita giz. Como mostra a Figura 21, a paleta

de cores é reduzida, sendo usado um tom de ocre para o fundo e azul marinho

para os desenhos. Ocasionalmente é usado vermelho ou um azul celeste para

dar destaque a determinadas partes do desenho.

Figura 21 – Imagens do vídeo Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor Fonte: Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor (2016)

A leve variação entre cada desenho que compõe os quadros do vídeo

também acrescenta um movimento extra, fazendo com que mesmo na ausência

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de movimento dos personagens e cenários a imagem não permaneça estática,

mantendo-se interessante ao espectador durante toda a duração do vídeo.

O vídeo It’s a kind of magic (2013) é parte de uma campanha publicitária

para a empresa Adsy, e usa motion design para imitar um visual mais tradicional

de animação (Figura 22). Esse visual é reproduzido por meio das texturas que

simulam mídia seca em papel, assim como o efeito de bordas “tremidas”

semelhante ao vídeo Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor

(2016).

Figura 22 – Imagens do vídeo It’s a kind of magic Fonte: It’s a kind of magic (2013)

Os desenhos seguem um estilo mais geométrico e flat, sem contornos e

denotando maior simplicidade visual. Há limitação da paleta de cores para tons

de verde, amarelo e rosa. Também pode-se perceber o uso frequente de

hexágonos, criando uma identidade visual bem definida para a campanha da

marca.

Como pode-se observar na Figura 23, o vídeo The Origin of Dogs (2016)

também opta por um design mais flat e simplificado. Ao contrário de It’s a kind of

magic (2013), no entanto, este usa texturas lisas e contornos bem definidos. A

paleta de cores é composta por cores neutras e quentes, contando

principalmente com tons de marrom, laranja e rosa. Este também é um vídeo

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que segue uma narração, ilustrando na tela a fala do narrador sobre a origem

dos cachorros.

Figura 23 – Imagens do vídeo The Origin of Dogs Fonte: The Origin of Dogs (2016)

Baggiorno Felice (2016) é parte de uma campanha beneficente da

pizzaria Baggio. É um vídeo publicitário curto que, assim como The Origin of

Dogs (2016) opta pelo design flat, e assim como Nelson Mandela Tribute (2016),

usa fundos de cor sólida (Figura 24).

Este vídeo, no entanto, ao contrário dos últimos apresentados, foca mais

no texto que está sendo exibido na tela do que em figuras, sendo as únicas uma

pizza em forma de coração, enfatizando o caráter beneficente da campanha, e

o logotipo da pizzaria. O texto utiliza diversos recursos de motion graphics para

ser revelado na tela, com movimentos sofrendo aceleração e desaceleração.

Formas geométricas retangulares também compõem o conjunto, tendo seu

formato alterado e servindo de destaque para o texto, assim como transição

entre uma tela e outra. A paleta de cores é composta basicamente por azul,

vermelho, verde, laranja e branco.

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Figura 24 – Imagens do vídeo Baggiorno Felice Fonte: Baggiorno Felice (2016)

Outra campanha publicitária de motion design com design flat é o vídeo

para a empresa Doutor Vox (Dr. Vox, 2016). A Figura 25 ilustra a predominância

das cores verde, vermelho e amarelo na paleta, acompanhadas de tons de cinza,

preto e branco.

Figura 25 – Imagens do vídeo Dr. Vox Fonte: Dr. Vox (2016)

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Este vídeo também usa a estética flat, mas ao mesmo tempo usa objetos

3D — estes, minimalistas. O motion design é empregado para demonstrar os

recursos do aplicativo que o vídeo apresenta, e mantém os elementos da tela

em constante movimento, evitando tédio no espectador.

Kangaroo Court (2014) é um vídeo para a música de 2013 de mesmo

nome da banda Capital Cities. Este vídeo usa predominantemente um fundo

escuro, fazendo contraste com as variadas cores saturadas e neon das formas

geométricas que são exibidas com a música. Em certos momentos, o quadro

assume um fundo colorido dependendo do momento da música, como ilustra a

Figura 26. Assim como outros exemplos apresentados, a estética de design é

flat.

Figura 26 – Imagens do vídeo Kangaroo Court Fonte: Kangaroo Court (2014)

Todo o movimento do vídeo acontece de forma rápida para seguir o ritmo

da música, e mesmo a tipografia, que acompanha a letra cantada, não

permanece estática: mudando de cor, tamanho, posição ou até mesmo

capitalização para se manter dinâmica.

Por último, Health Systems Leapfrogging in Emerging Economies (2016)

é um vídeo feito para o Fórum Econômico Mundial. Novamente as ilustrações,

que podem ser observadas na Figura 27, são feitas em estilo flat. Como esse é

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um vídeo narrado, os elementos se movem mais lentamente, assim como em

The Origin of Dogs (2016), se comparado à velocidade das imagens de

Kangaroo Court (2014).

Figura 27 – Imagens do vídeo Health Systems Leapfrogging in Emerging Economies Fonte: Health Systems Leapfrogging in Emerging Economies (2016)

O vídeo trata de saúde, e por isso traz cores associadas ao tema em sua

paleta, como verde e azul — ambas em tons pastéis, indicando suavidade. O

resto da paleta é composta pelos tons quentes e neutros das suas

complementares. Por fim, quando os personagens não estão inseridos em um

cenário, pode-se perceber o uso de formas geométricas retangulares e circulares

para integrar os elementos à narrativa do vídeo e manter a coesão do todo.

O que se pode perceber a partir da análise de todos esses vídeos é que

muitos possuem vários elementos em comum, como: design flat, com ilustrações

minimalistas e sem contornos; ou então, quando há fotografias, elas são

animadas; motion design aplicado à tipografia, tornando o texto um elemento

“vivo” do vídeo também; fundo de cor sólida, buscando destacar os elementos

principais; paleta de cores limitada para manter uma unidade visual; e a

permanência de um movimento constante dos elementos da tela para manter o

dinamismo e evitar o desinteresse do espectador. Em vista disso, essas

propriedades também serão aplicadas no vídeo deste projeto.

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Além disso, nenhum dos vídeos ultrapassa a marca dos cinco minutos

de duração, sendo o mais longo Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean

Floor (2016) de duração de quatro minutos e 32 segundos. Todos os vídeos

analisados têm uma média de um minuto e 49 segundos de duração, média

aproximada que será igualmente adotada para este projeto.

Os aspectos visuais derivados do resultado da análise de similares serão

posteriormente discutidos no capítulo 5.4.

5.4 ESTILO VISUAL

Com base na análise de similares, determinou-se que este projeto

seguiria uma estética flat como a dos exemplos The Origin of Dogs (2016) e

Health Systems Leapfrogging in Emerging Economies (2016). Esta estética

apresenta uma simplificação de formas, atendo-se apenas aos elementos

visuais essenciais. O flat propicia maior clareza de contornos, cores e tipografia,

permitindo destacar partes específicas de um conjunto com maior facilidade, e,

assim, demonstrando ser um estilo pertinente ao caráter informativo deste

projeto, bem como ao público-alvo jovem. Este também é um estilo de animação

que pode ser facilmente desenvolvido no Adobe After Effects, software adotado

para a execução deste trabalho.

A partir dessa definição, portanto, iniciou-se a geração de esboços com

mesa digitalizadora no Adobe Photoshop para escolha do estilo visual. A Figura

28 mostra as alternativas criadas para estabelecer-se a forma básica das

personagens. Seguindo a estética flat, optou-se pela simplificação dos

elementos.

Ilustrado na citada Figura 28, o desenho 1 mostra uma opção de uma

cabeça oval com nariz triangular, enquanto o desenho 2 opta por um nariz

redondo e cabeça mais circular. No desenho 3 experimentou-se um formato

quadrado para a cabeça, e, no 5, um formato oval com queixo mais pontudo. O

desenho 4 buscou um meio termo entre os outros estilos, apresentando uma

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cabeça de formato predominantemente quadrado, porém com um queixo mais

triangular.

Figura 28 – Esboços iniciais de personagens Fonte: Autoria própria

De acordo com os princípios de Loomis (1956), em todas as opções de

cabeça foram usadas as mesmas proporções para distribuir os elementos no

rosto. Todos os elementos se situam na metade inferior do rosto, estando os

olhos alinhados ao topo desta. Dividindo esta seção em mais duas metades, o

nariz e as orelhas encontram-se alinhados pela base com a primeira metade,

enquanto a boca situa-se no meio da segunda.

Dos desenhos da Figura 28, a opção 4 foi eleita como a melhor por trazer

mais harmonia entre os elementos da face e estar mais próxima ao realismo, ao

mesmo tempo que ainda se mantém fiel ao estilo flat. A partir dela, foi explorada

uma alternativa com nariz circular como ilustrado pelo desenho 4.2, porém

decidiu-se por manter o nariz triangular, visto ser o formato que mais se aproxima

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do nariz humano real. Em seguida, foram desenhadas as vistas em três quartos

e perfil, como indicados pelos desenhos 4A e 4B, respectivamente.

A opção 4 levou à exploração de mais alternativas que podem ser vistas

na Figura 29. Loomis (1956) defende não seguir as proporções básicas de faces

tão meticulosamente, de modo a criar maior variedade de opções e tipos de

personagens. Portanto, nesta etapa, experimentou-se com a alteração de

proporções como largura e altura da cabeça, assim como o posicionamento de

olhos, nariz e boca no rosto. Desta forma, as personagens desenvolvidas

posteriormente podem ter variações de feições baseadas nas cientistas que

representam, ainda mantendo unidade no estilo visual.

Figura 29 – Exploração de alternativas para personagens Fonte: Autoria própria

A Figura 30 ilustra algumas variações que foram criadas a partir do

mesmo design básico estabelecido anteriormente, com os corpos das

personagens sendo criados a partir de formas geométricas simples, seguindo o

estilo flat. Estes desenhos não representam nenhuma personagem em

específico (com exceção da versão infantil de Mae Jemison); apenas indicam

algumas possibilidades que podem ser alcançadas com leves alterações.

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Figura 30 – Explorações com vetorização de personagens Fonte: Autoria própria

Nestas experimentações também foi decido o formato dos braços das

personagens. As duas personagens no centro da Figura 30 (1 e 2) mostram duas

opções: um braço reto com uma articulação no ombro, uma no cotovelo e outra

no pulso; e um braço curvo com apenas uma articulação no ombro e outra no

pulso. Na primeira opção, braço e antebraço se mantém estáticos e apenas

giram no eixo de suas articulações. Na segunda, por ausência de articulação no

cotovelo, o braço inteiro é flexível, assumindo uma forma curva quando dobrado.

Esta segunda opção foi escolhida por deixar o conjunto da personagem

mais orgânico e harmonioso, permitindo movimentos menos mecânicos na

posterior animação, dados os princípios de animação descritos no capítulo 4.4.2.

5.4.1 Cores

Levando em consideração o público-alvo de meninas e mulheres jovens,

determina-se que a paleta de cores deste projeto será composta principalmente

por tons vivos de vermelho, cor-de-rosa, laranja e amarelo, como exemplificado

na Figura 31. Para melhor contraste e hierarquização, também é possível buscar

cores auxiliares nas complementares da paleta principal e em tons neutros.

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Figura 31 – Exemplo de paleta de cores composta por tons quentes e vivos Fonte: Autoria própria

Essa escolha é baseada no fato de o vermelho ser considerado uma cor

chamativa, que denota força, emoção, calor, motivação e intensidade. Os

atributos do vermelho também estão presentes em certo grau no cor-de-rosa —

esta cor que, por sua vez, é mais tradicionalmente associada ao feminino e à

juventude. O amarelo é uma cor altamente vibrante, por isso é associado a

luminosidade, energia e alegria. Também compartilha algumas de suas

características com o laranja, que alude a calor e vitalidade, e se mostra uma cor

atraente para jovens (SWANN, 1993).

Paletas de cores vivas “sugerem animação, felicidade, dinamismo e

espontaneidade” (SWANN, 1993, p. 85), adequando-se a públicos jovens. Todo

o conjunto de cores apresentado se prova apropriado a instigar no público

feminino jovem o interesse por ciência e, possivelmente, o anseio em seguir uma

carreira científica.

5.4.2 Tipografia

Uma vez que este projeto se dirige a um público jovem e será

disponibilizado em plataforma digital, optou-se pelo uso de tipos grotescos, cujo

visual limpo e simples sugere modernidade e espontaneidade, e adapta-se bem

à exibição em telas. Também conhecidos como tipos lineais ou bastão, os tipos

grotescos não possuem serifas ou os detalhes decorativos dos tipos romanos

(AMBROSE; HARRIS, 2011).

A ausência de serifas pode dificultar a legibilidade de um texto longo. Por

isso, neste projeto os tipos grotescos são usados apenas em títulos e trechos

curtos de texto.

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No Apêndice C estão contidas explorações de diferentes alternativas

para tipografia. Buscou-se variações leves e pesadas de uma mesma família

tipográfica, aplicadas em letras minúsculas e maiúsculas na frase “The quick

brown fox jumps over the lazy dog”. Esta frase, em inglês, é um pangrama, uma

frase que utiliza todas as letras de um alfabeto, e por isso se mostra ideal para

aplicação e teste de tipos em um contexto real.

Dentre as opções exploradas, os tipos Museo Sans, Avenir Next LT Pro,

Brandon Grotesque, Futura LT, Gotham e Intro — em suas versões em

maiúsculas mais pesadas, como black e bold — se destacaram por seu formato

mais geométrico e “presença” mais marcante devido ao peso do tipo e altura

homogênea das maiúsculas (Tabela 4).

Tipo Exemplo de aplicação

Museo Sans 900 THE QUICK BROWN FOX JUMPS

OVER THE LAZY DOG.

Avenir Next LT Pro Bold THE QUICK BROWN FOX JUMPS

OVER THE LAZY DOG.

Brandon Grotesque Black THE QUICK BROWN FOX JUMPS

OVER THE LAZY DOG.

Futura LT Bold THE QUICK BROWN FOX

JUMPS OVER THE LAZY DOG.

Gotham Black THE QUICK BROWN FOX

JUMPS OVER THE LAZY DOG.

Intro Bold THE QUICK BROWN FOX JUMPS

OVER THE LAZY DOG. Tabela 4 – Exemplo de aplicação de tipos diferentes em um pangrama Fonte: Autoria própria

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Testes com esses tipos serão aprofundados na etapa posterior de

prototipação, para o tipo final ser escolhido na etapa de seleção, de acordo com

a metodologia deste projeto.

5.5 ROTEIRO

O roteiro deste projeto tem sua estruturação nas cientistas apresentadas

do capítulo 4.3, e segue um formato de narrativa similar a alguns dos exemplos

expostos no capítulo 5.3, como Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean

Floor (2016), The Origin of Dogs (2016) e Health Systems Leapfrogging in

Emerging Economies (2016), voltando-se para o público-alvo de meninas e

mulheres entre 14 e 20 anos, aproximadamente, assim como explicado no

capítulo 5.1.

Por limitações de tempo e pelo tamanho reduzido deste projeto,

comparado a um longa-metragem, optou-se pela não-execução de um

argumento e roteiro técnico, apenas de story line, sinopse e roteiro literário. De

mesma forma, assim como explicado na introdução deste trabalho, não será feita

uma problematização sobre a pouca visibilidade de mulheres na ciência, apenas

uma apresentação dos exemplos de cientistas mulheres, a fim de despertar o

interesse de meninas por ciência e inspirá-las.

De acordo com Gancho (2002), o roteiro buscou como tema central

“inspirações”, trazendo no assunto o exemplo de Mae Jemison, que se inspirou

na personagem fictícia Uhura para se tornar astronauta, e apresentando várias

outras cientistas que, como mensagem final, possam servir de inspiração para

outras meninas e mulheres.

A escolha deste tema está diretamente relacionada à qualidade do apelo

da mensagem explicado por Kotler e Armstrong (2007), uma vez que o tema

“inspirações” busca despertar uma reposta sentimental no público-alvo ao fazer

meninas e mulheres se inspirarem com os exemplos de cientistas mulheres.

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5.5.1 Story line

Neste projeto, a story line ficou definida como: “Inspiração para meninas

e mulheres a partir de exemplos diversos de mulheres que fizeram grandes

contribuições históricas na ciência e tecnologia por meio de suas pesquisas,

invenções e descobertas”.

5.5.2 Sinopse

Para a elaboração da sinopse, os feitos de maior destaque das cientistas

pesquisadas foram resumidos em uma estrutura de parágrafos curtos, como

tópicos, para maior clareza. Esta sinopse pode ser encontrada no Apêndice D.

5.5.3 Roteiro literário

Ao desenvolver o roteiro desta animação segundo a metodologia de

Rodrigues (2007), buscou-se resumir as informações pesquisadas sobre as

mulheres no capítulo 4.3 de forma que todas as cientistas pudessem ser

mencionadas e o vídeo não se alongasse excessivamente e, por consequência,

cansasse o espectador.

Como observado na análise de similares, o vídeo mais longo possuía

duração de quatro minutos e 32 segundos, tendo todos os vídeos uma média

inferior a dois minutos. Buscou-se, portanto, escrever um roteiro que não

deixasse a narração exceder cinco minutos.

Um primeiro rascunho de um texto base para o roteiro foi escrito

(Apêndice E). Este rascunho, porém, se mostrou longo demais, excedendo sete

minutos de duração em uma gravação teste. Por isso, optou-se por escrever um

novo roteiro, mais curto, limitando-se apenas a destacar os feitos mais

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importantes de cada cientista e, consequentemente, necessitando sacrificar

maiores detalhes sobre suas vidas e experimentos. O novo roteiro, cuja narração

ficou acima de quatro minutos em nova gravação teste, pode ser visto no

Apêndice F.

Pelos fundamentos de Comparato (2000), o logos está presente na

estruturação formal indicada por Rodrigues (2007) e na sequência de cientistas

listadas de acordo com suas respectivas áreas de atuação, de forma que o

roteiro possa transitar de uma para outra da forma mais natural possível; pathos

é o apelo emocional referente à representatividade de mulheres na ciência,

principalmente ao atingir o público-alvo feminino; e ethos refere-se à implicação

social da mensagem que, ao fim, busca inspirar a espectadora.

A introdução do roteiro mostra como ter uma inspiração foi importante

para Mae Jemison, e como é fácil pensar em exemplos de cientistas homens. A

complicação, portanto, abre o questionamento sobre a expressão de cientistas

mulheres, enquanto o clímax culmina na série de grandes cientistas

apresentadas ao espectador. Por fim, a conclusão mostra que existem muitas

mulheres cientistas que uma espectadora pode tomar como inspiração.

Quanto à estrutura da mensagem proposta por Kotler e Armstrong

(2007), o argumento central (unilateral) vai se fortalecendo a cada exemplo de

cientista apresentado, culminando na conclusão de que o público-alvo deve ir

atrás de seus sonhos, em vez de deixar a resposta em aberto.

É a partir deste roteiro que se desenvolve o storyboard.

5.6 STORYBOARD

Para este trabalho, a criação do storyboard baseia-se numa adaptação

dos vários exemplos apresentados por Whitaker e Halas (2009). Como ilustrado

pela Figura 32, cada quadro, numerado em sequência, reúne cenas-chave do

projeto com sua respectiva parte da narração retirada do roteiro e breve

descrição da ação que deve representar. Os desenhos criados foram simples,

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buscando primariamente visualizar a disposição de personagens e objetos em

cena.

Figura 32 – Trecho do storyboard Fonte: Autoria própria

O storyboard completo que foi concebido para o projeto pode ser

encontrado no Apêndice G. Ele foi usado como referência ao longo de todo o

desenvolvimento da animação.

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6 PROTOTIPAÇÃO

O desenvolvimento da animação para este projeto iniciou-se com a

criação dos rascunhos dos personagens apresentados no storyboard contido no

Apêndice G. Em seguida, esses rascunhos foram vetorizados no Adobe

Illustrator para sua versão final, assim como mostra a Figura 33.

Figura 33 – Rascunho e versão vetorizada final de astronauta Fonte: Autoria própria

Para a criação das personagens, os desenhos foram baseados nas fotos

das cientistas que estão reunidas no Anexo A. Desse modo, por meio de

observação, pôde-se traduzir as principais características físicas dessas

mulheres para o estilo flat. A idade em que elas foram representadas dependeu

de quando foi o auge de suas carreiras ou das imagens disponíveis para

referência.

A Figura 34 e a Figura 35 mostram uma parte das alternativas

exploradas de algumas personagens e objetos. Para as personagens, foram

feitas variações de cabelo, formato do rosto, e roupas, além de testes com cores

para melhor representar as cientistas escolhidas. Como pode-se perceber, a

construção básica dos corpos e objetos parte de formas geométricas simples,

seguindo o minimalismo flat.

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Figura 34 – Geração de alternativas para personagens Fonte: Autoria própria

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Figura 35 – Geração de alternativas para personagens e objetos Fonte: Autoria própria

A composição gerada para criação da animação ficou especificada com

as dimensões de 1920 pixels de largura por 1080 pixels de altura, padrão para

telas widescreen de alta qualidade com proporção de 16:9. A taxa de quadros,

seguindo o mesmo padrão HDTV, foi de 29,97 quadros por segundo.

Importados para o software de animação (Adobe After Effects), os

vetores puderam então ser animados. Por se tratar de um projeto de motion

graphics, feito inteiramente por computação e não com desenhos tradicionais, a

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animação toda foi feita segundo o princípio de animação de pose a pose. Por

meio dele, é possível determinar dois ou mais estados-chave de um objeto, e o

software gera os quadros intermediários automaticamente, alterando

propriedades como posição, tamanho, forma e opacidade num processo

chamado de interpolação (KRASNER, 2008). Este processo determina

automaticamente a temporização das ações, que, por sua vez, pode ser refinada

separadamente.

Outros princípios de animação também foram empregados. O princípio

de comprimir e esticar pode ser percebido na Figura 36 pela calça de elastano

esticando-se, a fim de indicar elasticidade, assim como o fio nas mãos de

Stephanie Kwolek, que se estreita ao ser alongado.

Figura 36 – Cena com calça e fio sendo esticados Fonte: Autoria própria

O princípio de antecipação foi aplicado em movimentos como o de

braços e cabeça. Quando uma personagem erguia o braço, por exemplo, ele

primeiro invertia sua trajetória levemente antes de executar o movimento

principal (Figura 37). Esse princípio confere mais naturalidade ao movimento

como um todo.

Figura 37 – Destaque para o movimento de antecipação no braço de Grace Hopper Fonte: Autoria própria

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Cabeça e braços também são os principais elementos que utilizam o

princípio do movimento em arcos, com a cabeça, ao inclinar-se lateralmente,

descrevendo arcos a partir do eixo na base do crânio, e braços girando a partir

do ombro.

A encenação está presente em diversas instâncias considerando que

toda a animação foi pensada em apresentar ideias, objetos e personagens de

forma clara. A execução de silhuetas definidas para as personagens e

apresentação de elementos isolados e centralizados, bem como a ausência de

cenários e elementos que visualmente poluam a imagem contribuem para uma

boa encenação. A Figura 38, por exemplo, apresenta o elemento isolado e

centralizado, e, a fim de aprimorar a encenação, conta também com uma

explosão gráfica que parte do objeto, chamando ainda mais atenção para ele.

Figura 38 – Cena com uma lâmpada centralizada e explosão gráfica a destacando Fonte: Autoria própria

Os princípios de continuidade e sobreposição da ação se fazem

presentes mais notadamente nas transições de cenas, quando uma personagem

entra no quadro. Uma vez que assume sua posição, ela “balança” um pouco

antes de parar completamente, num efeito elástico. O mesmo acontece com

objetos que crescem a partir de um ponto: eles extrapolam de tamanho e têm

uma leve oscilação do mesmo, durante um tempo, até se estabilizarem por

completo (Figura 39).

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Figura 39 – Telas em que o balão, ao crescer, extrapola de tamanho e oscila até se estabelecer em seu tamanho normal Fonte: Autoria própria

Foram nessas instâncias que também se aplicou o princípio do exagero,

fazendo com que algumas oscilações de tamanho tivessem uma amplitude

hiperbólica. Esse princípio, no entanto, não foi usado nos gestos e expressões

das personagens para não entrar em conflito com o estilo minimalista e flat. Por

essa mesma razão, o princípio de desenho volumétrico também foi limitado,

sendo empregado apenas na criação das personagens — uma vez que contradiz

diretamente o conceito flat12.

Aceleração e desaceleração foram aplicadas a praticamente todos os

movimentos executados na animação, alguns sendo mais ou menos dramáticos

que outros. Isso porque esse princípio confere naturalidade e dinamismo à ação

por levar em consideração a inércia e forças necessárias para fazer um corpo se

mover ou parar o deslocamento, eliminando a impressão mecânica que um

movimento homogêneo causa, principalmente nos que são executados por

pessoas.

Ação secundária pode ser vista em pequenos gestos, como da primeira

cena do vídeo em que, à medida que Mae Jemison vai ficando triste, não só sua

boca perde o sorriso e se inverte, como também ela inclina a cabeça e encolhe

os braços, refletindo a insegurança e desânimo sentidos pela personagem

(Figura 40).

12 O termo flat significa plano, achatado em inglês.

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Figura 40 – Telas mostrando Mae Jemison criança e um astronauta Fonte: Autoria própria

Por fim, buscou-se conferir apelo ao conjunto da animação por meio do

sorriso das personagens, a escolha das cores ou a harmonia dos movimentos.

Mesmo os objetos inanimados receberam tratamento cuidadoso para entrarem

em cena de forma interessante, como ilustra a Figura 41.

Figura 41 - Computador sendo montado Fonte: Autoria própria

Outros efeitos adicionados incluem motion blur, ou borrão de movimento

— efeito que simula o borrão causado por um objeto em movimento capturado

por uma câmera cujo tempo de exposição não é curto suficiente para registrar a

cena congelada (Figura 42). Esse efeito faz com que a animação digital se

aproxime mais da realidade, e reproduz movimentos rápidos com maior

naturalidade.

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Figura 42 – Tela com borrão de movimento aplicado Fonte: Autoria própria

Enquanto a animação da maioria dos elementos baseou-se apenas na

alteração das propriedades de posição, tamanho, rotação etc., os braços das

personagens foram animados de forma ligeiramente diferente. Por eles serem

constituídos por caminhos de vetor ao invés de formas, além da rotação ao redor

do eixo no ombro, eles também foram animados alterando-se as posições e

alças dos pontos (Figura 43), método também empregado para animar bocas,

como no caso de Mae Jemison na Figura 40.

Figura 43 – Pontos e alças do caminho de vetor Fonte: Autoria própria

As mangas das blusas das personagens foram feitas adicionando mais

traços ao caminho de vetor do braço, variando cor, espessura e comprimento, e

subordinando seu movimento ao traço do braço.

Usando o storyboard como base para o desenvolvimento da animação,

algumas cenas acabaram sendo alteradas de seu original, como mostra a Figura

44. Essas alterações se deram para que os elementos da cena fossem

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organizados de maneira mais harmoniosa e as transições ocorressem mais

fluidamente.

Figura 44 – Cena no storyboard versus animada Fonte: Autoria própria

Da mesma forma, cenas e elementos que não estavam previstos no

storyboard foram incorporados à animação para melhor andamento desta. A

Figura 45 mostra um ônibus espacial atravessando a tela que foi usado como

transição entre duas cenas pré-existentes. A já citada Figura 41 também ilustra

outro exemplo de elemento que foi adicionado na etapa de protipação.

Figura 45 – Transição de cenas com ônibus espacial Fonte: Autoria própria

Buscou-se padronizar a entrada e saída das cientistas em cena. Assim,

cada vez que uma nova cientista era apresentada pelo roteiro, ela entrava por

baixo do enquadramento, como se tivesse sido “empurrada” para cima, e era

substituída pela cena seguinte por meio de corte direto.

Cada cientista possuía uma cor diferente ao fundo, com exceção apenas

das retratadas em frente ao céu estrelado, e de Mae Jemison, que teve duas

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cores para marcar a divisão entre dois períodos de sua vida. As personagens

que compartilhavam o cenário de alguma forma também eram substituídas

sendo “empurradas” para fora, como mostra a Figura 46, em que Barbara

McClintock “empurra” Rosalind Franklin para fora da imagem e a molécula de

DNA é deslocada para o lado.

Figura 46 – Transição entre McClintock e Franklin Fonte: Autoria própria

A Figura 45 também mostra uma transição da cor de fundo por fusão,

em que uma cor gradualmente dá lugar à outra. Esse recurso foi usado quando

existe uma transição de personagens ou objetos, porém não de contexto.

6.1 CORES

Mais experimentações foram feitas depois de se determinar no capítulo

5.4.1 que a paleta de cores seria composta primariamente por cor-de-rosa,

vermelho, laranja e amarelo. A Figura 47 mostra algumas variações de cor

sondadas; ela também inclui tons neutros e tons de roxo, azul e verde usados

de forma complementar.

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Figura 47 – Explorações de cores Fonte: Autoria própria

Diferentes cores foram aplicadas na animação, ao longo de seu

desenvolvimento, a fim de se testar como elas interagiriam umas com as outras

e poder, a partir daí, delimitar alguns tons para a paleta principal. A Figura 48

mostra alguns dos testes realizados com personagens, fundos e objetos

realizados com cores reproduzidas na Figura 47.

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Figura 48 – Prototipação de cores na animação Fonte: Autoria própria

Durante esse processo de prototipação, surgiu a necessidade de

incorporar mais uma cor à primeira paleta inicialmente sugerida, uma vez que

algumas personagens aparecem à frente de um fundo estrelado, que não seria

adequadamente representado por cor-de-rosa, vermelho, laranja ou amarelo.

Por isso, como mostra a Figura 49, o roxo foi adicionado à paleta. Essa cor,

segundo Pedrosa (2014, p. 127), simboliza “a lucidez, a ação refletida, o

equilíbrio entre a terra e o céu, os sentidos e o espíritos, a paixão e a inteligência,

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o amor e a sabedoria”, e reflete o aspecto mental relacionado ao conhecimento

científico e aprendizagem. O roxo também é complementar ao amarelo e

análogo ao cor-de-rosa ou magenta.

Figura 49 – Tela com Cecilia Payne e céu estrelado ao fundo Fonte: Autoria própria

6.2 TIPOGRAFIA

As opções tipográficas abordadas no capítulo 5.4.2 foram prototipadas

para escolha da família tipográfica que seria aplicada no projeto inteiro. Como

mostrado pela Figura 40, uma das ideias experimentadas para o fundo da

imagem seria a exibição do nome da cientista apresentada em destaque. Esse

cenário, ilustrado na Figura 50, foi testado com cada uma das opções pré-

selecionadas de fontes. Na fileira superior foram usadas, em sequência, as

fontes Museo Sans 900, Avenir Next LT Pro Bold, Brandon Grotesque Black; e

na fileira inferior, Futura LT Bold, Gotham Black, Intro Bold.

A partir desta aplicação foi possível visualizar melhor a fonte aplicada

em contexto real para, então, chegar à fonte final por eliminação. Neste estágio,

Intro Bold foi eliminada por causa das serifas nas letras I maiúsculas, que

destoam do resto das letras que não possuem serifas. Os M, como mostra a

Figura 51, foram decisivos para eliminar mais três fontes: Avenir Next LT Pro

Bold, pois o vértice central toca a linha de base, conferindo um aspecto mais

pesado à letra, e Brandon Grotesque Black e Futura LT Bold devido ao ângulo

mais aberto da letra se comparado às outras fontes analisadas, que rompia com

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o visual mais “blocado” do texto, cujo espaço entrelinhas foi eliminado para que

as palavras das linhas superior e inferior se tocassem, ao distribuir-se um nome

por linha. Brandon Grotesque Black e Intro Bold também apresentam vértices

agudos, como pode-se notar nas letras N e W representadas na Figura 50, e M,

na Figura 51, destoando do resto do conjunto visual.

Figura 50 – Testes com diferentes fontes usando o nome de Chien-Shiung Wu Fonte: Autoria própria

A Figura 52 mostra uma comparação entre as fontes Gotham Black e

Museo Sans 900. Em última análise, optou-se pela família tipográfica Museo

Sans para aplicação neste projeto por possuir um aspecto mais leve e estar

disponível gratuitamente. O formato do cedilha da Gotham Black, bem como sua

aparência mais “achatada”, contribuíram para sua eliminação por serem muito

“duros”, o contrário que a mensagem da animação deseja passar.

Figura 51 – Testes com diferentes fontes usando o nome de Marie Curie Fonte: Autoria própria

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Figura 52 – Aplicações das fontes Gotham Black (à esquerda) e Museo Sans 900 (à direita) Fonte: Autoria própria

6.3 NARRAÇÃO

Como voz para narração do roteiro da animação, procurou-se empregar

uma voz feminina jovem, para que pudesse haver identificação por parte do

público-alvo, também feminino e jovem. Devido a limitações de recursos, a voz

usada foi a desta autora.

A captação de áudio para narração da animação foi feita por meio de um

microfone Headset Gamer Dazz Viper 2.0 com auxílio do software Adobe

Audition. O texto foi lido em volta alta a partir do roteiro, com cada parágrafo

sendo repetido duas vezes para que aquele com a melhor qualidade de leitura

fosse escolhido no processo de edição. Tomou-se cuidado para enunciar cada

palavra com clareza e evitar que a respiração provocasse ruído na fala.

Uma vez concluída a gravação, o arquivo de áudio foi processado no

Audition. Na primeira etapa da pós-produção, foram montadas as falas na

sequência correta, excluindo pausas desnecessárias e ruídos de respiração.

Numa segunda etapa, o áudio pôde ser processado com a ferramenta redução

de ruído do software, selecionando uma amostra do arquivo em que o único som

é o ruído de fundo, para, a partir dela, o algoritmo do Audition remover o ruído

de toda a sequência de áudio.

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7 SELEÇÃO

Uma vez testadas todas as variáveis e opções possíveis de serem

aplicadas no produto final, iniciou-se o processo de seleção para geração do

produto final. O design final das personagens foi decidido e as animações foram

padronizadas.

7.1 PERSONAGENS

A partir das opções criadas na etapa de concepção e expandidas e

testadas na prototipação, foi possível determinar o design final de cada

personagem da animação. Dentre as várias alternativas exploradas, como

demonstrado pelas Figura 34 e Figura 35, o design final foi eleito a partir do que

mais se assemelhava à cientista real. Para essa escolha, foram levados em

consideração vestimenta, formato do rosto, e penteado e cor de cabelo.

Como é possível ver no exemplo da Figura 53, character sheets foram

elaborados mostrando as personagens finais por inteiro e destacando as

principais características físicas de cada uma. Devido ao aparecimento breve de

cada cientista na animação, os character sheets retratam apenas as vistas

exibidas na animação; no caso da Figura 53, a frontal e traseira.

Os character sheets de todas as personagens estão reunidos no

Apêndice H.

Além das cientistas, foram criadas mais três personagens extras. Essas

personagens, ilustradas na Figura 54, têm como intuito gerar um sentimento de

proximidade na espectadora pertencente ao público-alvo ao receber a

mensagem final do vídeo. Por essa razão, determinou-se que essas três

personagens representariam três idades diferentes (jovem adulta, criança e

adolescente) próximas ao público-alvo, e os três maiores grupos étnicos do

Brasil em números: pretos ou pardos, brancos e amarelos (IBGE, 2011).

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Figura 53 – Exemplo de character sheet com Chien-Shiung Wu Fonte: Autoria própria

Essas personagens, por meio de sua caracterização, buscam transmitir

três conceitos distintos, porém interligados: a criança representa a inocência, os

sonhos e o potencial de alcançar estes sonhos; a menina adolescente representa

a força de vontade de transformar os sonhos em realidade; e a mulher adulta

carrega um caderno, representando a concretização dos sonhos por meio do

estudo.

Figura 54 – Personagens extras: mulher adulta, criança e adolescente Fonte: Autoria própria

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7.2 CORES

A Figura 55 mostra as cores que foram padronizadas para o design das

personagens. Foram feitas duas paletas: uma para as personagens de pele clara

e outra para as de pele escura. Elas mostram as diferentes cores que são usadas

para compor os diferentes elementos do corpo de cada personagem.

Figura 55 – Paletas de cores para pele Fonte: Autoria própria

As cores usadas nas orelhas (5) e pescoço (3 e 4), por exemplo, são

levemente mais escuras que a do rosto (6) para conferir uma sensação de

profundidade dentro do estilo flat. “Pescoço B” (4), na imagem, refere-se ao

pescoço visto de perfil ou exibindo decote: nesses casos a cor é mais clara pois

não precisa transmitir a mesma ideia de sombra que o pescoço visto de frente

sob a sombra do queixo (pescoço A [3]). A cor usada nas bochechas (1) é a

mesma cor da boca (2), porém com opacidade de 20% sobreposta à pele.

Os estudos de cores realizados nas etapas de concepção e prototipação

também levaram à delimitação de uma paleta básica representada na Figura 56.

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Essas cores são um pouco mais neutras que as inicialmente apresentadas na

Figura 31 pois, como são usadas principalmente nos fundos, cores mais

vibrantes cobrindo uma grande área relativa ficariam muito agressivas aos olhos,

principalmente exibidas em uma tela. Além disso, o efeito de ilusão cromática

explicado por Barros (2011) faz com que as cores da Figura 56, sobre fundo

branco, pareçam mais escuras do que realmente são.

Figura 56 – Paleta de cores principal Fonte: Autoria própria

O efeito de ilusão cromática foi levado em consideração na hora de testar

e escolher as cores na animação, pois a percepção do matiz também se altera

dependo das cores adjacentes (BARROS, 2011).

A paleta final possui cores quentes que, segundo Whelan (1997, p. 16),

são reconfortantes, espontâneas e receptivas. O autor também defende que o

vermelho é a mais “poderosa” das cores, e as cores que estiverem combinadas

a ele transmitem uma mensagem de vitalidade e chamam a atenção. O cor-de-

rosa também empresta um pouco do caráter energético do vermelho, enquanto

uma paleta que também combine laranja é jovem, divertida e amigável. O

amarelo — que nesta paleta é alaranjado — traz o sentimento de movimento, e

o roxo, o sentimento de algo mágico (WHELAN, 1997).

Esta paleta principal busca, portanto, passar ao seu público-alvo a ideia

de energia, de convidar meninas e mulheres à “magia” da ciência.

7.3 TIPOGRAFIA

Ainda que diferentes opções tipográficas tenham sido extensivamente

testadas, no fim, decidiu-se contra usar os nomes como cenário. A justificativa

se dá porque letras iguais logo acima ou abaixo uma da outra criam desarmonia

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visual, como é possível ver nas letras H, I e N da Figura 50 ou R, I e E da Figura

51 — porém principalmente na I. De mesma forma, um nome com mais de três

palavras, como o de Chien-Shiung Wu, não harmoniza bem como nomes de

duas palavras apenas.

E assim como o nome de Mae Jemison alcança as extremidades

esquerda e direta do quadro (Figura 40), o nome de Marie Curie (Figura 51),

sendo mais curto, resulta em um respiro maior e, consequentemente, em um

desequilíbrio visual por estar posicionado no canto superior esquerdo. Embora

outras posições tenham sido testadas para sanar esse problema, nenhuma se

mostrou melhor. Igualmente, ainda que fosse possível aumentar o tamanho da

fonte para compensar o comprimento da palavra, tal ação faria o nome de Curie

ficar muito maior que o de Jemison ou outra cientista com nome mais longo

(como Inge Lehmann ou Barbara McClintock), possivelmente criando uma

hierarquização indesejada.

Por último, a presença do nome ao fundo gerava poluição visual que

competia visualmente com a cientista retratada, portanto sua remoção favorece

uma melhor clareza visual e objetividade comunicativa.

A tipografia acabou sendo usada apenas para elementos pontuais, como

a abreviação dos elementos químicos e os créditos finais. Para tal, usou-se a

família tipográfica Museo Sans (Tabela 5), um conjunto de tipos sem serifas que

refletem modernidade e possuem um leve aspecto informal para dialogar bem

com o público-alvo.

Tipo Aplicação

Museo Sans 300 ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679

Museo Sans 500 ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679

Museo Sans 700 ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679

Museo Sans 900 ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

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113

Tipo Aplicação

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679

OCR A Extended ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679

Tabela 5 – Tipografia escolhida Fonte: Autoria própria

A esse grupo foi adicionada a fonte OCR A Extended para aparecer uma

única vez, quando código binário é exibido na animação (Figura 57). Essa fonte

foi escolhida por ser uma fonte monoespaçada que remete a displays digitais

antigos, característica que a família Museo Sans não possui.

Figura 57 – Grace Hopper com código binário Fonte: Autoria própria

7.4 SONORIZAÇÃO

A trilha musical adicionada ao vídeo, complementar à narração, foi

selecionada levando em consideração o tema do roteiro: inspiração. Por isso,

buscou-se uma música alegre e inspiradora. Várias músicas foram pesquisadas,

e, após testadas juntamente à animação, foi possível eleger uma que refletisse

o sentimento desejado do vídeo.

“Ukulele”, de Bensound (2017), é uma música leve e alegre que utiliza

instrumentos como ukulele, bateria, cordas em pizzicato e dedos estalando. Por

ter uma duração menor que a animação, foi editada no Adobe Audition, software

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que, por meio de um algoritmo, é capaz de identificar padrões na música e repetir

certos trechos, e pôde, assim, estender a faixa de áudio para a duração

desejada.

Incorporada ao vídeo, o volume da faixa da música foi reduzido para

- 15dB de modo a não competir com a voz da narração e, assim, servir apenas

como acompanhamento.

É possível ver que a animação também foi adaptada à trilha sonora no

final do vídeo, em que os créditos mudam de tela em sincronia com as batidas

da música, a fim de criar unidade entre imagem e som.

7.5 LEGENDAGEM

Pensando na acessibilidade de deficientes auditivos, assim como no fato

de 85% dos vídeos do Facebook serem assistidos sem áudio (PATEL, 2016),

legendas foram incorporadas ao vídeo final. Essas legendas estão no formato

closed captions, que permite que sejam ligadas ou desligadas à vontade pelo

espectador.

O texto das legendas foi retirado diretamente do roteiro, e as falas foram

organizadas por meio do software Adobe Premiere Pro, para então ser possível

gerar um arquivo de texto separado, contendo as legendas, que pode ser

reproduzido juntamente do vídeo. Além das legendas em português, também

foram feitas legendas em inglês para aumentar o alcance do vídeo.

7.6 MINIATURA

A miniatura feita para o projeto (Figura 58) apresenta Nettie Stevens em

destaque por ela estar acompanhada de um microscópio e frascos com produtos

químicos, que ilustram bem o conteúdo científico que será apresentado ao

espectador. Incluiu-se o título à imagem, sobre um fundo de cor amarelo-

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alaranjada, que, como discutido anteriormente, é uma cor energética e atraente

para jovens.

Figura 58 – Miniatura do vídeo Fonte: Autoria própria

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8 IMPLEMENTAÇÃO

A implementação do produto final consistiu na renderização da

animação em formato MP4, um formato leve, porém de boa qualidade, adequado

para carregamento na internet. Sua duração foi de quatro minutos e 30

segundos. O vídeo foi disponibilizado na internet por meio de grandes

plataformas como YouTube13, Facebook14 e Vimeo15.

13 Disponível em <https://youtu.be/TWYoIBy37sI>. 14 Disponível em <https://www.facebook.com/danitempass/videos/10155184759523613/>. 15 Disponível em < https://vimeo.com/242168729>.

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9 APRENDIZADO

O processo de aprendizado deste projeto verificou critérios de avaliação

como a satisfação do espectador com o vídeo, o quanto de seu interesse o vídeo

prendeu, a clareza da mensagem transmitida, e a relevância das informações

apresentadas, além de perguntar ao entrevistado sobre os pontos positivos e

negativos do vídeo e possíveis considerações adicionais. É importante frisar que,

embora o público-alvo seja feminino, também foram coletadas respostas de

homens por uma questão de comparativo entre gênero.

Com base nisso, seguindo a metodologia de Gil (2002), foi elaborado o

questionário do Apêndice I, que ficou aberto na internet por três dias e coletou

um total de 359 respostas (disponíveis no Apêndice J) de pessoas que assistiram

ao vídeo. Mulheres corresponderam a 86,6% dos respondentes do questionário,

e 90,8% deles afirmaram possuir ensino superior incompleto, completo ou pós-

graduação.

O Gráfico 7 mostra que a recepção do vídeo foi muito positiva entre os

espectadores, principalmente o público-alvo feminino, com os índices mantendo-

se acima de 4 para todos os quesitos avaliados. A satisfação do espectador com

o vídeo obteve uma média próxima ao máximo de 5.

Gráfico 7 – Avaliação pelos espectadores em uma escala de 1 a 5 sobre cada quesito, por gênero Fonte: Autoria própria com base nos dados de pesquisa

4,94,7 4,8

4,4

4,84,84,5

4,7

4,2

4,84,84,6

4,8

4,4

4,8

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

Satisfação doespectador

Eficácia emprender o

interesse doespectador

Clareza damensagem

Quantidade deinformações novas

apresentadas

Importância paraatrair o interesse

de meninas emulheres para

C&TMulheres Homens Ambos os gêneros

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Igualmente, os entrevistados disseram acreditar que o vídeo é de grande

importância para atrair o interesse de meninas e mulheres para ciência e

tecnologia. De modo geral, eles avaliaram a mensagem do vídeo como clara,

apresentando um bom número de informações novas e mostrando-se eficaz em

prender seu interesse.

A Gráfico 8 decompõe esses resultados por faixa etária entre as

mulheres, mostrando que o público mais jovem, alvo do projeto, recebeu o vídeo

de forma levemente mais positiva.

Gráfico 8 – Avaliação pelas espectadoras mulheres em uma escala de 1 a 5 sobre cada quesito, por faixa etária Fonte: Autoria própria com base nos dados de pesquisa

As respostas às questões dissertativas, embora difíceis de serem

tabuladas, revelaram certos padrões ao serem analisadas. Entre os pontos

positivos mais frequentemente citados nelas, os entrevistados destacaram a

importância da escolha do tema para a representatividade e empoderamento da

mulher. Vários também mencionaram a grande quantidade e variedade de

exemplos de cientistas e novas informações que não conheciam (corroborando

os dados analisados no capítulo 3), e expressaram surpresa e contentamento

por ser um número maior do que esperavam.

Muitas mulheres afirmaram ser da área de ciência e tecnologia, dizendo

estarem contentes com o conteúdo do vídeo e salientando sua importância.

4,94,7

4,9

4,5

4,94,94,6

4,9

4,4

4,84,94,7 4,7

4,54,74,8

4,54,8

4,54,84,8 4,7 4,8

4,44,7

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

Satisfação daespectadora

Eficácia emprender o

interesse daespectadora

Clareza damensagem

Quantidade deinformações novas

apresentadas

Importância paraatrair o interesse

de meninas emulheres para

C&T

15 a 18 anos 19 a 22 anos 23 a 26 anos 27 a 30 anos 31 anos ou mais

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Algumas também mencionaram que este tipo de iniciativa as ajuda a se sentirem

validadas diante das desigualdades enfrentadas e de cenários desanimadores,

e mesmo as mulheres que atuam em outras áreas disseram se identificar

pessoalmente com o tema. Homens também expressaram apoio a uma maior

representatividade de mulheres em C&T e iniciativa do projeto.

Quanto à estrutura da mensagem, os entrevistados, de forma geral, a

descreveram como “clara e direta”, utilizando linguagem simples e acessível para

os mais variados grupos, apesar do volume de informação. Eles ainda afirmaram

que o vídeo passa sua mensagem “de maneira didática e lúdica”, sendo,

portanto, “atraente para crianças também, porém sem menosprezar adultos”.

Vários entrevistados citaram “leveza e simplicidade”, aliados à

objetividade, como fatores que valorizaram a mensagem. Eles também

afirmaram terem gostado da construção do roteiro, da ordenação das cientistas

e da integração e transição das ideias, o que contribuiu para a evolução do

argumento. Uma das entrevistadas escreveu: A construção da narrativa a partir da astronauta foi linda e essencial para deixar claro a real intenção ao produzir o vídeo. O qual não teve a finalidade de apenas divulgar parte da história da ciência, mas sim como podemos ser inspiradas e inspirar através delas.

Referente ao aspecto gráfico do vídeo, muitos entrevistados destacaram

a animação, as ilustrações e o estilo flat como pontos positivos. O estilo flat foi

ressaltado por deixar as informações mais claras. Citou-se também que o fato

de o vídeo ter sido desenvolvido por meio de motion graphics com cores vivas

tornou-o mais atrativo em meio a um feed de rede social do que se tivesse sido

feito com fotografias, por exemplo.

A animação foi elogiada por ser “dinâmica e fluída”. Os entrevistados

também alegaram gostar da escolha de cores vivas aliadas ao estilo dos

desenhos, que muitos descreveram como “agradáveis” e “fofos”, bem como da

maneira com que a imagem acompanha a narração, ilustrando o que está sendo

dito e contribuindo para o entendimento claro da mensagem, tornando não só a

linguagem verbal acessível, mas a visual também.

Uma das entrevistadas afirmou que sua filha de 3 anos, apesar de

compreensão limitada devido à idade, pediu para ver o vídeo várias vezes, e a

mãe se disse feliz em ver o interesse da filha pelo tema desde cedo.

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Mencionou-se positivamente, ainda, o ritmo animado da música de fundo

e o fato de não só imagem e narração estarem conectados, mas imagem e

música também, bem como o acompanhamento de legendas para facilitar a

compreensão e promover acessibilidade.

Algumas pessoas declararam terem gostado da narração, porém este foi

o ponto mais citado quando os entrevistados foram perguntados sobre o que

menos gostaram no vídeo. Muitos entrevistados afirmaram que algumas

palavras não foram pronunciadas de forma muito clara, e que seria melhor que

a narração fosse menos rápida e tivesse mais pausas, pois também são muitas

informações apresentadas.

Também foi dito que a locução poderia ser mais expressiva, pois às

vezes tornava a narração monótona e muito linear, e alguns entrevistados

reclamaram do sotaque presente na voz da narradora. A trilha sonora recebeu

algumas críticas negativas por ter sido considerada repetitiva e um tanto

distrativa, dividindo opiniões.

De forma geral, o áudio foi a parte do vídeo que mais recebeu ressalvas.

Além da clareza e qualidade dele, sugeriu-se aumentar o volume da voz da

narração.

Outro ponto bastante comentado foi a sugestão de indicação do nome

da cientista na imagem para melhor retenção por parte do espectador. Sugeriu-

se também indicar o período de tempo em que as cientistas citadas viveram.

Algumas pessoas afirmaram que o que menos gostaram no vídeo foi ele

ser muito longo por conter muita informação. Em contrapartida, outras disseram

exatamente o contrário: afirmaram que o vídeo foi muito curto e poderia ter

apresentado ainda mais exemplos de mulheres. Foram feitas sugestões para

adicionar mais mulheres de áreas tecnológicas, mulheres negras, mulheres

brasileiras e exemplos de cientistas da atualidade. Algumas pessoas também

sugeriram a criação de vídeos semelhantes que abordem mulheres de outras

áreas além da ciência e tecnologia, como arte e design, por exemplo.

Mesmo a pergunta do questionário sobre o que o espectador menos

gostou no vídeo tenha sido obrigatória, a fim de se buscar uma avaliação o mais

crítica possível, muitos entrevistados afirmaram não ter nada de que eles não

tenham gostado.

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As mulheres, em especial, receberam o vídeo com muito entusiasmo

devido ao tema. No Facebook, até o fechamento deste trabalho em 13 de

dezembro de 2017, a postagem havia atingido 8,5 mil visualizações e 168

compartilhamentos organicamente, e várias pessoas marcaram amigos (em

especial amigas mulheres) para assistirem ao vídeo também.

A professora Dr.ª Sílvia Amélia Bim, coordenadora do projeto Emíli@s,

elogiou o projeto e ofereceu-se para divulgar o vídeo nas páginas do Emíli@s e

do projeto Meninas Digitais. Outras páginas de grupos ligados à mulher na

ciência e tecnologia também compartilharam a postagem. Várias pessoas

comentaram que mostraram ou iriam mostrar o vídeo para filhas, sobrinhas,

amigas ou alunas, ressaltando o caráter inspirador dele.

Além do questionário direcionado ao público geral, também se buscou a

opinião técnica de professores do departamento de design da UTFPR sobre o

vídeo. A professora Msc. Elisa Peres Maranho sugeriu ênfase nos planos, com

inserção de nomes das cientistas e palavras-chave sobre suas contribuições,

assim como adição de sinais sonoros.

Novamente sendo reforçada a necessidade apontada pelos resultados

do questionário, a professora Msc. Ana Cristina Munaro também recomendou a

adição dos nomes das cientistas, e apontou os mesmos problemas de áudio: a

narração poderia ser menos linear e enfatizar mais certas frases, além de estar

muito rápida em alguns momentos, dificultando o entendimento.

E embora o público tenha respondido à cor de forma positiva no

questionário, a professora Dr.ª Luciana Martha Silveira arguiu que as cores

poderiam ser melhor organizadas para reforçar a comunicação da animação por

meio de Esquemas de Combinações de Cores (SILVEIRA, 2015).

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10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância do incentivo à ciência desde a infância pode ser notada

em vários exemplos das cientistas e inventoras abordadas neste trabalho. O pai

de Chien-Shiung Wu abriu uma escola para meninas e sempre incentivou a filha

a buscar uma boa educação. A própria Wu disse que, se não fosse pelo incentivo

do pai, ela estaria lecionando no ensino básico (MCGRAYNE, 2006). Hedy

Lamarr ouvia o pai explicar o funcionamento de máquinas como bondes e

prensas móveis; a mãe de Ada Lovelace direcionou a filha aos estudos

matemáticos em uma época que isso era incomum para mulheres; Marie Tharp

acompanhava o pai quando ele ia a campo analisar o solo para mapeamento; a

mãe de Annie Jump Cannon era uma astrônoma amadora; a mãe de Grace

Hopper adorava matemática, e ela e o pai incentivavam a filha a seguir esse

caminho (SWABY, 2015). Todas essas mulheres que foram introduzidas à

ciência desde novas viriam a alcançar grandes feitos.

Na animação produzida para este trabalho, foram apresentadas de

forma resumida algumas dentre as inúmeras cientistas que contribuíram para o

desenvolvimento científico e tecnológico mundial. Como o processo de avaliação

demonstrou, o vídeo foi muito bem recebido pelo público, cumprindo seu

propósito.

A maior dificuldade encontrada, e certamente apontada pelos

respondentes do questionário de avaliação, foi a sonorização, por não pertencer

à área de design. Em uma possível reformulação do projeto, a participação de

um profissional de áudio e locutor profissional seria ideal.

Outro fator para se alterar no projeto seria a adição do nome das

cientistas à imagem, ao invés de deixá-los apenas nas legendas da narração.

Embora essa possibilidade tenha sido estudada, como mostrou o capítulo 6.2, a

decisão final contra ela mostrou-se malsucedida. Em vista disso, seria

aconselhável refazer esse estudo pensando em outras possibilidades que não

tenham sido consideradas.

Como na animação desenvolvida falou-se sobre cada cientista de forma

breve (uma vez que o enfoque era em apresentar vários exemplos e não

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discorrer profundamente sobre cada um para que o vídeo não ficasse longo

demais), seria interessante que, em possíveis projetos futuros, fossem criados

vídeos individuais para cada cientista a fim de se aprofundar mais em suas vidas,

carreiras e campos de estudo, a exemplo do vídeo sobre Marie Tharp abordado

na análise de similares (Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor,

2016).

Igualmente, este projeto poderia se expandir para a criação de uma

página na internet à qual o vídeo direcionasse o espectador. Nessa página ele

poderia, então, encontrar mais informações sobre cada cientista abordada no

vídeo, e até sobre outras que não foram citadas.

Ao longo do desenvolvimento da pesquisa foi possível observar que,

assim como no meio científico, de forma geral, os nomes masculinos são mais

visibilizados, quando se foca apenas nas cientistas mulheres a

representatividade de pessoas brancas é muito maior se comparada à de outras

etnias. Além disso, as cientistas se reduzem majoritariamente aos Estados

Unidos e países da Europa.

Essa discrepância foi notada durante a pesquisa e também apontada

pelo público durante o processo de avaliação. Seria interessante, portanto, a

criação de projetos equivalentes que foquem em feitos de cientistas de outras

minorias, de modo a exaltar os feitos de outros grupos pouco representados.

A aplicação da metodologia de design thinking de Ambrose e Harris

(2010), integrada à metodologia de animação em motion graphics de Krasner

(2008), se mostrou fundamental para o desenvolvimento deste projeto, assim

como a adoção dos princípios básicos de animação (THOMAS; JOHNSTON,

1995) possibilitou a criação de uma animação fluida e cativante. Os professores

que colaboraram com a execução do projeto também foram essenciais para sua

avaliação e aprimoramento.

Por último, foi de grande importância pesquisar as iniciativas que estão

sendo tomadas para atrair mais mulheres para a ciência e tecnologia e constatar

que há muita dedicação, por várias partes diferentes, para se acabar com a

desigualdade de gênero em C&T. Muitas dessas iniciativas são projetos de

design que, juntamente a este projeto, demonstram que o design se configura

como importante ferramenta para o aumento da visibilidade de mulheres um uma

área em que elas são pouco reconhecidas.

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O produto final deste trabalho, ao ser avaliado, demonstrou cumprir com

sucesso os objetivos técnicos a que se propôs, apesar de pontos em que pode

ser melhorado. Por ser de linguagem acessível, ele pode ser usado em salas de

aula, assim como por grupos que trabalhem com a questão de gênero e projetos

de incentivo à atração e inclusão de meninas e mulheres na ciência e tecnologia.

Espera-se, deste modo, que este projeto ajude na inclusão de mulheres

na ciência e tecnologia e incentive mais meninas e mulheres a seguirem essas

carreiras.

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133

APÊNDICE A – Questionário: Mulheres na ciência e tecnologia

* Obrigatória

1. Qual seu gênero? *

( ) Feminino

( ) Masculino

( ) Outro/Prefiro não informar

2. Quantos anos você tem? *

_____________________________________________________________

3. Qual é a sua escolaridade? *

( ) Sem escolaridade

( ) Ensino fundamental incompleto ou cursando

( ) Ensino fundamental completo

( ) Ensino médio incompleto ou cursando

( ) Ensino médio completo

( ) Ensino superior incompleto ou cursando

( ) Ensino superior completo

( ) Pós-graduação

4. Você pretende cursar o ensino superior?

( ) Sim

( ) Não

( ) Já cursei/Estou cursando

( ) Não sei

5. Qual é o curso de graduação que você pretende fazer (ou que fez)?

_____________________________________________________________

6. Qual é seu interesse em ciência e tecnologia? * Como você classificaria seu interesse em ciência e tecnologia sendo (1) nenhum pouco

interessado e (5) muito interessado?

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134

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não sou nenhum pouco interessado em ciência e tecnologia

(5) Sou muito interessado em ciência e tecnologia

7. Como você vê o seu conhecimento a respeito de cientistas homens? * Como você classificaria seu conhecimento de cientistas homens em uma escala de 1 a 5, sendo

(1) pouco conhecimento e (5) muito conhecimento?

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não conheço nenhum ou quase nenhum exemplo de cientista homem

(5) Conheço vários exemplos de cientistas homens

8. Como você vê o seu conhecimento a respeito de cientistas mulheres? * Como você classificaria seu conhecimento de cientistas mulheres em uma escala de 1 a 5, sendo

(1) pouco conhecimento e (5) muito conhecimento?

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não conheço nenhum ou quase nenhum exemplo de cientista mulher

(5) Conheço vários exemplos de cientistas mulheres

9. Assinale abaixo os cientistas sobre os quais você já ouviu falar: *

( ) Albert Einstein

( ) Alexander Graham Bell

( ) Antoine Lavoisier

( ) Charles Darwin

( ) Enrico Fermi

( ) Ernest Rutherford

( ) Galileu Galilei

( ) Gregor Mendel

( ) Isaac Newton

( ) Johannes Kepler

( ) Louis Pasteur

( ) Max Planck

( ) Michael Faraday

( ) Nicolau Copérnico

( ) Niels Bohr

( ) Nikola Tesla

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135

( ) Nunca ouvi falar de nenhum dos cientistas listados

10. Assinale abaixo as cientistas sobre as quais você já ouviu falar: *

( ) Ada Lovelace

( ) Annie Jump Cannon

( ) Barbara McClintock

( ) Cecilia Payne-Gaposchkin

( ) Chien-Shiung Wu

( ) Grace Hopper

( ) Hedy Lamarr

( ) Inge Lehmann

( ) Lise Meitner

( ) Mae Jemison

( ) Marie Curie

( ) Marie Tharp

( ) Nettie Stevens

( ) Rosalind Franklin

( ) Stephanie Kwolek

( ) Vera Rubin

( ) Nunca ouvi falar de nenhuma das cientistas listadas

11. Como você vê a divulgação da atuação de mulheres na ciência e tecnologia

por parte de instituições de ensino? * Como você classificaria a divulgação da atuação de mulheres na ciência e tecnologia por parte

de instituições de ensino em uma escala de 1 a 5, sendo (1) nenhuma ou quase nenhuma

divulgação e (5) muita divulgação?

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não há nenhuma ou quase nenhuma divulgação da atuação de mulheres na ciência e

tecnologia (5) Há muita divulgação da atuação de mulheres na ciência e tecnologia

12. Qual o seu interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas

descobertas? * Como você classificaria seu interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas

descobertas em uma escala de 1 a 5, sendo (1) nenhum interesse e (5) muito interesse?

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136

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não tenho nenhum interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas descobertas

(5) Tenho muito interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas descobertas

13. Na sua opinião, que tipo de material seria eficaz para divulgar o trabalho

realizado por cientistas mulheres? * Assinale até 5 opções.

( ) Cartazes

( ) Documentários

( ) Filmes

( ) Fotografias

( ) Livros

( ) Revistas

( ) Sites

( ) Vídeos animados

( ) Outro

( ) Nenhum

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APÊNDICE B – Resultados do questionário “Mulheres na ciência e tecnologia”

Número total de respostas: 310

1. Qual seu gênero?

Gênero Frequência

Feminino 249

Masculino 59

Outro/Prefiro não informar 2

2. Quantos anos você tem?

Faixa etária Frequência

14 a 18 anos 50

19 a 22 anos 125

23 a 26 anos 86

27 a 30 anos 29

31 anos ou mais 20

3. Qual é a sua escolaridade?

Escolaridade Frequência

Sem escolaridade 0

Ensino fundamental incompleto ou cursando 2

Ensino fundamental completo 0

Ensino médio incompleto ou cursando 20

Ensino médio completo 19

Ensino superior incompleto ou cursando 179

Ensino superior completo 57

Pós-graduação 33

4. Você pretende cursar o ensino superior?

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Pretensão Frequência

Sim 45

Não 2

Já cursei/Estou cursando 258

Não sei 5

5. Qual é o curso de graduação que você pretende fazer (ou que fez)?

Curso Frequência

Design 41

Design gráfico 34

Psicologia 21

Direito 20

Engenharia ambiental 14

Administração 12

Medicina 11

Jornalismo 10

Arquitetura e urbanismo 9

Artes visuais 7

Pedagogia 7

Publicidade e propaganda 7

Relações internacionais 7

Ciências biológicas 6

Enfermagem 6

Engenharia de produção 6

Comunicação social 5

Letras 5

Relações públicas 5

Ciências contábeis 4

Engenharia civil 4

Biomedicina 3

Ciência da computação 3

Design de interiores 3

Economia 3

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Curso Frequência

Engenharia de bioprocessos e biotecnologia 3

Engenharia química 3

Física 3

Análise e desenvolvimento de sistemas 2

Artes cênicas 2

Biblioteconomia 2

Design de moda 2

Engenharia elétrica 2

Engenharia mecânica 2

Estética 2

Gastronomia 2

Geografia 2

História 2

Logística aeroportuária 2

Odontologia 2

Química 2

Outros16 25

6. Qual é seu interesse em ciência e tecnologia?

Nível de interesse Frequência

1 17

2 22

3 91

4 80

5 100

7. Como você vê o seu conhecimento a respeito de cientistas homens?

16 Outros inclui cursos de graduação que foram citados apenas uma vez nas respostas do questionário. São eles: astronomia, ciências sociais, cinema, comunicação organizacional, conservação e restauro de bens culturais, educação, engenharia de materiais, engenharia de recursos hídricos e do meio ambiente, engenharia eletrônica, engenharia florestal, estatística, fisioterapia, gestão de projetos em engenharia, gestão financeira, jogos digitais, medicina veterinária, nutrição, produção audiovisual, produção cultural, radiologia, serviço social, sistemas de informação, tecnologia em produção multimídia, turismo.

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Nível de conhecimento Frequência

1 14

2 39

3 67

4 76

5 114

8. Como você vê o seu conhecimento a respeito de cientistas mulheres?

Nível de conhecimento Frequência

1 115

2 108

3 54

4 21

5 12

9. Assinale abaixo os cientistas sobre os quais você já ouviu falar:

Cientista Frequência

Albert Einstein 307

Galileu Galilei 307

Isaac Newton 307

Charles Darwin 298

Nicolau Copérnico 242

Antoine Lavoisier 239

Louis Pasteur 223

Ernest Rutherford 210

Alexander Graham Bell 205

Nikola Tesla 192

Niels Bohr 190

Johannes Kepler 176

Gregor Mendel 175

Michael Faraday 167

Max Planck 85

Enrico Fermi 51

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Cientista Frequência

Nenhum dos homens listados 0

10. Assinale abaixo as cientistas sobre as quais você já ouviu falar:

Cientista Frequência

Marie Curie 202

Rosalind Franklin 62

Grace Hopper 61

Ada Lovelace 56

Marie Tharp 23

Hedy Lamarr 22

Inge Lehmann 22

Chien-Shiung Wu 21

Vera Rubin 18

Annie Jump Cannon 17

Barbara McClintock 16

Mae Jemison 15

Stephanie Kwolek 15

Lise Meitner 11

Nettie Stevens 11

Cecilia Payne-Gaposchkin 10

Nenhuma das mulheres listadas 90

11. Como você vê a divulgação da atuação de mulheres na ciência e tecnologia

por parte de instituições de ensino?

Nível de divulgação Frequência

1 199

2 88

3 19

4 2

5 2

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12. Qual o seu interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas

descobertas?

Nível de interesse Frequência

1 4

2 13

3 44

4 64

5 185

13. Na sua opinião, que tipo de material seria eficaz para divulgar o trabalho

realizado por cientistas mulheres?

Material Frequência

Documentários 269

Filmes 246

Livros 205

Sites 200

Revistas 175

Vídeos animados 146

Fotografias 131

Cartazes 84

Outro 24

Nenhum 0

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143

APÊNDICE C – Explorações de tipografia

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APÊNDICE D – Sinopse

Cientistas que fizeram grandes contribuições para a ciência.

Mae Jemison: primeira astronauta mulher negra, inspirou-se na

personagem Uhura.

Marie Curie: estudos em radioatividade; descoberta do polônio e rádio;

sua filha Irène Joliot-Curie também descobriu a radioatividade artificial.

Lise Meitner: descoberta do protactínio; iniciou o experimento e explicou

a fissão nuclear.

Chien-Shiung Wu: provou exceção ao princípio de conservação de

paridade.

Cecilia Payne-Gaposchkin: descobriu do que as estrelas são feitas, e,

portanto, a maior parte do universo visível.

Annie Jump Cannon: maior “colecionadora” de estrelas que já viveu;

desenvolveu sistema de classificação de estrelas usado até hoje.

Vera Rubin: provou a existência de matéria escura.

Marie Tharp: mapeou o solo marítimo e descobriu a Dorsal

Mesoatlântica, provando a teoria da deriva continental e a existência das placas

tectônicas.

Inge Lehmann: descobriu o núcleo interno da Terra.

Nettie Stevens: descobriu que células reprodutoras masculinas têm

cromossomos X ou Y e femininas apenas X, e são esses cromossomos que

determinam sexo do bebê.

Barbara McClintock: descobriu a transposição genética: genes podem

mudar de lugar no cromossomo e “ligar” e “desligar”.

Rosalind Franklin: participação na descoberta da estrutura do DNA.

Stephanie Kwolek: inventou o Kevlar e contribuiu para invenção do Lycra

e elastano.

Ada Lovelace: primeiro programa de computador da história.

Grace Hopper: primeiro compilador da história.

Hedy Lamarr: atriz que inventou a tecnologia de frequência variável

(usada em tecnologias sem fio como Bluetooth, Wi-Fi e GPS).

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APÊNDICE E – Rascunho inicial de texto para roteiro

Quando Mae Jemison era criança, astronautas eram homens e brancos.

Parecia improvável que uma menina negra como ela um dia teria a chance de ir

para o espaço também. Mas ver a personagem Uhura na série de televisão Star

Trek deu a Jemison a inspiração que ela precisava para marcar seu nome na

história com a primeira mulher negra a ir ao espaço.

Inspirações são importantes. Quando se fala de ciência, todos

conhecemos grandes nomes como Albert Einstein, Isaac Newton, Charles

Darwin ou tantos outros… mas quantas mulheres cientistas inspiradoras

conhecemos?

Marie Curie é provavelmente o nome mais lembrado. Se hoje

conhecemos a palavra radioatividade, é porque ela foi cunhada por Curie, que

pesquisou extensivamente esse fenômeno e descobriu que a radioatividade

vinha dos átomos em si, e não de como estavam organizados. Curie descobriu

que, além do urânio, o tório também é radioativo, e, junto com o marido Pierre,

descobriu dois novos elementos radioativos: o polônio e o rádio. Por 61 anos ela

foi a única pessoa a ter dois prêmios Nobel, sendo até hoje a única com dois

prêmios de ciências distintas. Anos depois, sua filha Irène também viria a ganhar

um Nobel pela descoberta da radioatividade artificial.

Quem também descobriu um elemento químico radioativo foi Lise

Meitner: junto de seu colega Otto Hahn, ela descobriu o protactínio. Outra

descoberta sua seria a fissão nuclear. Vários cientistas da época, como Meitner

e Hahn, estavam bombardeando átomos de urânio com nêutrons. Meitner

percebeu que esse experimento resultava em elementos que tinham

aproximadamente metade do tamanho de um átomo de urânio, e assim explicou

a fissão nuclear. O elemento meitnério da tabela periódica foi batizado em

homenagem a ela.

Se Marie Curie e Lise Meitner explicaram fenômenos físicos, Chien-

Shiung Wu veio derrubar uma das leis da física. Nada mais apropriado para a

cientista cujo nome significa “corajosa heroína” em chinês. O princípio de

conservação de paridade determina que moléculas, átomos e núcleos deveriam

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comportar-se de forma simétrica, mas Wu conduziu um experimento que provou

que esse princípio poderia ter exceções.

Dos átomos às estrelas, estas mulheres não viam limites. Cecilia Payne

descobriu do que é feito a maior parte do universo visível quando descobriu que

o Sol e as outras estrelas são compostos quase que inteiramente de hidrogênio

e hélio, os dois elementos mais leves da tabela periódica, contradizendo a crença

de que o Sol tinha composição semelhante à da Terra.

Das aproximadamente oito mil estrelas que se pode observar a olho nu

pontilhando o céu noturno, Annie Jump Cannon classificou 50 vezes mais esse

número, tornando-se a maior “colecionadora” de estrelas que já viveu. Ela

também desenvolveu um sistema de classificação de estrelas que se tornou

padrão mundial, sendo usado até hoje em uma forma mais refinada.

Vera Rubin provou a existência da matéria escura observando que a

velocidade com que as estrelas giram ao redor do centro de uma galáxia não

diminuía quando elas estavam mais afastadas do centro, o que deveria

acontecer se não houvesse matéria escura ali.

Não só o universo, mas a Terra também tinha seus grandes mistérios.

Por muito tempo acreditou-se que o solo marítimo era plano, e a ideia do

supercontinente Pangeia não era muito popular entre os cientistas. Mas não para

Marie Tharp. Com dados obtidos a partir de um sonar, esta cartógrafa mapeou

o fundo do mar e descobriu diversas montanhas e vales submarinos, como a

Dorsal Mesoatlântica. Ela também percebeu que as localizações dessas

formações geológicas coincidiam com as de terremotos, provando, assim, a

existência de placas tectônicas e a teoria da deriva continental.

Indo ainda mais fundo que o fundo do mar, a sismóloga Inge Lehmann

estudou o interior da Terra. Com a Terra possuindo crosta, manto e um núcleo

líquido, podia-se prever em que partes do planeta um terremoto geraria ondas.

Mas alguns terremotos geravam ondas onde não deveriam, ou as ondas não

eram registradas onde se esperava, então Lehmann concluiu que a Terra deveria

possuir um núcleo interno sólido.

Além do interior da Terra, cientistas também estudaram o interior de nós.

Por muito tempo acreditou-se que o sexo de um bebê era determinado por

fatores externos, como a temperatura do ambiente ou a alimentação da mãe.

Porém Nettie Stevens descobriu que as células reprodutoras masculinas podiam

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ter cromossomos X ou Y, enquanto as células femininas possuíam apenas

cromossomos X. Assim, ela concluiu que eram os cromossomos que

determinavam o sexo de um bebê em sua concepção.

Estudando milho, Barbara McClintock descobriu que os genes podem

mudar de lugar no cromossomo e “ligar” e “desligar”, fenômeno nomeado de

transposição genética, que também influencia mutações genéticas, e explica a

grande variabilidade genética dos organismos, tendo importante papel na

evolução das espécies.

Sabendo que, no DNA, os açúcares-fosfato estão localizados do lado de

fora da molécula, próximo à água, e as bases nitrogenadas ficam alinhadas do

lado de dentro da cadeia de fosfatos, Rosalind Franklin tinha apenas que

descobrir que as cadeias de fosfatos se organizavam de forma helicoidal. Ela

havia tirado fotos que já apontavam para esse formato, porém sua pesquisa foi

repassada para James Watson e Francis Crick sem seu conhecimento e assim

eles decifraram a estrutura do DNA antes dela.

Você já se perguntou do que são feitos coletes à prova de balas? De

Kevlar, material mais leve e cinco vezes mais forte que o aço, inventado por

Stephanie Kwolek, e usado também desde em luvas de forno até aparelhos

celulares e trajes espaciais. Kwolek ainda contribuiu para a criação da Lycra e

do elastano, presentes em grande parte das roupas atuais.

Mulheres também foram responsáveis por grandes avanços da

tecnologia. Ada Lovelace escreveu anotações sobre a Máquina Analítica de

Charles Babbage, precursora dos computadores modernos, explicando que a

máquina poderia armazenar informações e programas que pudessem processá-

las. Lovelace também descreveu como um algoritmo poderia devolver uma

sequência de números conhecida como Números de Bernoulli, o que viria a ser

conhecido como o primeiro programa de computador do mundo, tornando

Lovelace a primeira programadora.

Outra mulher pioneira na computação foi Grace Hopper, que popularizou

o termo bug quando encontrou uma mariposa presa no computador Mark II

enquanto ela trabalhava na marinha americana. Ela ajudou na criação de

padrões para linguagens de programação que estão presentes nos

computadores modernos e criou o primeiro compilador, um tradutor de

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linguagem binária, que transforma sequências de 1 e 0 em uma linguagem

melhor compreensível para humanos.

Mas algumas mulheres não se contentavam em ser apenas em ser

grandes pioneiras. Hedy Lamarr não só inventou a tecnologia de frequência

variável — que possibilitou o desenvolvimento de diversas tecnologias de

comunicação sem fio usadas atualmente como o Bluetooth, Wi-Fi e GPS —

como também alcançou fama mundial como uma das maiores estrelas de

Hollywood do século 20, sendo conhecida como “a mulher mais bonita do

mundo”.

Estas mulheres provam que não há limites para uma cientista. Das

células do corpo humano aos computadores, de um minúsculo átomo aos confins

do universo: elas venceram preconceitos e fizeram grandes descobertas, se

tornando pioneiras em seus campos e mostrando que ciência também é coisa

de mulher.

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APÊNDICE F – Roteiro literário

MAE JEMISON aparece como uma criança. Um astronauta flutua

para perto dela.

NARRADOR

(V.O.)

Quando Mae Jemison era criança,

parecia improvável que ela um dia

teria a chance de se tornar

astronauta quando todos eram homens

brancos.

Uma televisão mostra a personagem Uhura.

NARRADOR

(V.O.)

Mas ver a personagem Uhura na série

de televisão Star Trek deu a

Jemison a inspiração de que ela

precisava

Jemison, adulta, aparece usando roupa de astronauta.

NARRADOR (CONT.)

(V.O.)

para marcar seu nome na história

como a primeira mulher negra a ir

para o espaço.

O texto “INSPIRAÇÕES” aparece na tela. Depois surgem os

cientistas Albert Einstein, Isaac Newton e Charles Darwin

lado a lado.

NARRADOR

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(V.O.)

Inspirações são importantes. Quando

se fala de ciência, todos

conhecemos grandes nomes como

Albert Einstein, Isaac Newton,

Charles Darwin ou tantos outros…

Os três cientistas são substituídos pela silhueta de uma

mulher com um ponto de interrogação em sua frente.

NARRADOR (CONT.)

(V.O.)

mas quantas mulheres cientistas

inspiradoras conhecemos?

MARIE CURIE segura um tubo de ensaio com um elemento

radioativo dentro.

NARRADOR

(V.O.)

Marie Curie talvez seja o nome mais

lembrado. Ela fez tantas

descobertas sobre a radioatividade

que o próprio termo

“radioatividade” foi cunhado por

ela,

Os elementos polônio e rádio aparecem na cena.

NARRADOR (CONT.)

(V.O.)

além de descobrir dois novos

elementos da tabela periódica: o

polônio e o rádio.

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Mas existem outras grandes

cientistas além de Curie.

LISE MEITNER observa um experimento. Ao seu lado, aparece o

elemento protactínio.

NARRADOR

(V.O.)

Quem também descobriu um novo

elemento foi Lise Meitner: o

protactínio.

O protactínio é substituído por um nêutron dividindo um

átomo em dois.

NARRADOR (CONT.)

(V.O.)

Ela ainda descobriu a fissão

nuclear quando percebeu que átomos

de urânio se dividiam em outros

átomos ao serem bombardeados com

nêutrons.

CHIEN-SHIUNG WU aparece na tela. Ela observa o experimento

do princípio de conservação de paridade.

NARRADOR

(V.O.)

As cientistas não pararam por aí.

Chien-Shiung Wu, cujo nome

significa “corajosa heroína”,

refutou um princípio físico quando

provou que o princípio de

conservação de paridade, que

determina que partículas simétricas

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devem se comportar da mesma

maneira, não se aplica a todas as

partículas.

VERA RUBIN observa estrelas girando ao redor de uma

galáxia.

NARRADOR

(V.O.)

Já Vera Rubin confirmou a

existência de matéria escura

observando a velocidade com que as

estrelas giram ao redor do centro

de uma galáxia.

CECILIA PAYNE aparece rodeada de estrelas. O Sol aparece ao

lado dela com sua composição química.

NARRADOR

(V.O.)

O universo também foi objeto de

estudo de Cecilia Payne, que

descobriu que o Sol e as estrelas

são compostos principalmente por

hidrogênio e hélio, ao invés de ter

a mesma composição da Terra como se

acreditava na época.

ANNIE JUMP CANNON observa a imensidão do céu estrelado. A

câmera se aproxima dela e estrelas classificadas são

exibidas atrás de Cannon.

NARRADOR

(V.O.)

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E das aproximadamente oito mil

estrelas que se pode observar a

olho nu no céu noturno, Annie Jump

Cannon classificou 50 vezes mais

esse número, tornando-se a maior

“colecionadora” de estrelas que já

viveu.

MARIE THARP desenha um mapa em sua mesa. Montanhas e vales

crescem ao seu lado. A cena muda para os continentes se

separando na deriva continental.

NARRADOR

(V.O.)

Vindo do céu para a Terra, numa

época em que se acreditava que o

fundo do mar era plano e homogêneo,

Marie Tharp mapeou o solo marítimo

e descobriu diversas montanhas e

vales submarinos, provando a

existência de placas tectônicas e a

teoria da deriva continental.

INGE LEHMANN aparece ao lado de um planeta Terra que é

“aberto” para revelar suas camadas internas, com destaque

para o núcleo interno.

NARRADOR

(V.O.)

Indo ainda mais fundo que o fundo

do mar, a sismóloga Inge Lehmann

estudou o interior da Terra, e

descobriu que além da crosta, manto

e núcleo líquido, a Terra possuía

também um núcleo interno sólido.

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Molécula de DNA aparece na tela.

Mulheres também fizeram grandes

descobertas no nível microscópico

do corpo humano.

ROSALIND FRANKLIN observa a estrutura do DNA.

NARRADOR

(V.O.)

Rosalind Franklin tirou fotografias

do DNA que a permitiram ver que a

molécula tinha uma estrutura de

dupla-hélice.

BARBARA McCLINTOCK substitui Franklin observando

transposição genética no DNA.

NARRADOR

(V.O.)

Barbara McClintock descobriu a

transposição genética, capacidade

dos genes de mudarem de lugar no

cromossomo e “ligar” e “desligar”,

um fenômeno ligado a mutações

genéticas e com importante papel na

evolução das espécies.

NETTIE STEVENS observa células em um microscópio. Ao lado

dela aparecem células com cromossomos X e Y, que determinam

sexo feminino ou masculino. Fatores como temperatura e

alimentação aparecem e são eliminados.

NARRADOR

(V.O.)

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Nettie Stevens descobriu que são os

cromossomos X e Y que determinam o

sexo de um bebê na hora da

concepção, e não a temperatura do

ambiente, a alimentação da mãe ou

outros fatores externos como se

acreditou por muito tempo.

STEPHANIE KWOLEK faz um fio de Kevlar. Em seguida, aparecem

objetos criados com Kevlar.

NARRADOR

(V.O.)

Mulheres ainda criaram novas

tecnologias!

Stephanie Kwolek contribuiu para o

desenvolvimento do elastano,

presente em muitas das nossas

roupas, e inventou o Kevlar, um

material mais leve e cinco vezes

mais forte que o aço, que é usado

desde em luvas de forno e coletes à

prova de balas, até aparelhos

celulares e trajes espaciais.

ADA LOVELACE aparece ao lado de algoritmos do primeiro

programa de computador do mundo.

NARRADOR

(V.O.)

A computação também só é o que é

hoje graças a grandes mulheres. Ada

Lovelace tornou-se a primeira

programadora do mundo ao escrever o

primeiro programa de computador

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para a Máquina Analítica,

precursora dos computadores

modernos.

GRACE HOPPER retira uma mariposa de um computador.

NARRADOR

(V.O.)

Grace Hopper popularizou o termo

bug na computação por causa de uma

mariposa presa em um computador.

Ao lado, sequência binária é traduzida.

NARRADOR (CONT.)

(V.O.)

Ela também criou o primeiro

compilador, um tradutor que

transforma sequências binárias em

uma linguagem mais compreensível

para humanos.

HEDY LAMARR é iluminada por holofotes em um palco.

NARRADOR

(V.O.)

E Hedy Lamarr não só alcançou fama

mundial como uma das maiores

estrelas de Hollywood do século 20,

Em seguida, ela observa a frequência variável que criou, e

acima desta, surgem elementos de comunicação sem fio.

NARRADOR (CONT.)

(V.O.)

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como também inventou a tecnologia

de frequência variável — que

possibilitou o desenvolvimento de

diversos tipos de comunicação sem

fio usados atualmente, como o

Bluetooth, Wi-Fi e GPS.

Todas as cientistas aparecem lado a lado.

NARRADOR

(V.O.)

Estas mulheres são apenas alguns

exemplos dentre tantos outros que

provam que não há limites para uma

cientista. Do interior das células

do corpo humano aos computadores,

de um minúsculo átomo aos confins

do universo: elas venceram

barreiras e fizeram grandes

descobertas, tornando-se pioneiras

em seus campos e mostrando que

ciência também é coisa de mulher.

Meninas e mulheres comuns aparecem na tela sorrindo.

NARRADOR

(V.O.)

Hoje, elas são inspiração para você

também alcançar seus sonhos.

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APÊNDICE G – Storyboard

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APÊNDICE H – Character sheets de personagens

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APÊNDICE I – Questionário de avaliação final

* Obrigatória

1. Qual seu gênero? *

( ) Feminino

( ) Masculino

( ) Outro/Prefiro não informar

2. Quantos anos você tem? *

_____________________________________________________________

3. Qual é a sua escolaridade? *

( ) Sem escolaridade

( ) Ensino fundamental incompleto ou cursando

( ) Ensino fundamental completo

( ) Ensino médio incompleto ou cursando

( ) Ensino médio completo

( ) Ensino superior incompleto ou cursando

( ) Ensino superior completo

( ) Pós-graduação

4. Qual o seu nível de satisfação com esse vídeo? *

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não gostei nenhum pouco

(5) Gostei muito

5. Quanto o vídeo prendeu seu interesse? *

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) O vídeo não prendeu nada ou quase nada do meu interesse

(5) O vídeo prendeu muito do meu interesse

6. Como você avalia a clareza da mensagem do vídeo? *

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

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172 (1) A mensagem não foi nem um pouco clara

(5) A mensagem foi muito clara

7. Quantas informações novas esse vídeo apresentou a você? *

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Nenhuma ou quase nenhuma informação nova

(5) Muitas informações novas

8. Qual é a importância que você dá a esse vídeo para atrair o interesse de

meninas e mulheres jovens para a ciência e tecnologia? *

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Pouca ou quase nenhuma importância

(5) Muita importância

9. Do que você mais gostou nesse vídeo? *

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

10. Do que você menos gostou nesse vídeo? *

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

11. Comentários e observações adicionais:

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

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APÊNDICE J – Resultados do questionário de avaliação final

Número total de respostas: 359

1. Qual seu gênero?

Gênero Frequência

Feminino 311

Masculino 47

Outro/Prefiro não informar 1

2. Quantos anos você tem?

Faixa etária Frequência

15 a 18 anos 44

19 a 22 anos 88

23 a 26 anos 98

27 a 30 anos 33

31 anos ou mais 96

3. Qual é a sua escolaridade?

Escolaridade Frequência

Sem escolaridade 0

Ensino fundamental incompleto ou cursando 2

Ensino fundamental completo 0

Ensino médio incompleto ou cursando 23

Ensino médio completo 8

Ensino superior incompleto ou cursando 155

Ensino superior completo 71

Pós-graduação 100

4. Qual o seu nível de satisfação com esse vídeo?

Nível de satisfação Frequência

1 1

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Nível de satisfação Frequência

2 0

3 4

4 42

5 312

5. Quanto o vídeo prendeu seu interesse?

Nível de interesse Frequência

1 1

2 2

3 13

4 93

5 250

6. Como você avalia a clareza da mensagem do vídeo?

Nível de clareza Frequência

1 1

2 1

3 2

4 59

5 296

7. Quantas informações novas esse vídeo apresentou a você?

Nível de novidade Frequência

1 4

2 12

3 34

4 95

5 214

8. Qual é a importância que você dá a esse vídeo para atrair o interesse de

meninas e mulheres jovens para a ciência e tecnologia?

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Nível de importância Frequência

1 1

2 1

3 8

4 63

5 286

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ANEXO A – Galeria de fotos das cientistas pesquisadas

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