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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS CURITIBA – SEDE CENTRAL
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL
CURSO DE TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO
DANIELE TEM PASS
MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: uma animação em motion graphics
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CURITIBA
2017
DANIELE TEM PASS
MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: uma animação em motion graphics
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial — DADIN — da Universidade Tecnológica Federal do Paraná — UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elisangela Lobo Schirigatti
CURITIBA
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 043
MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: UMA ANIMAÇÃO EM MOTIONGRAPHICS
por
Daniele Tem Pass – 1438921
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 29 de novembro de 2017 comorequisito parcial para a obtenção do título de TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO,do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico, do Departamento Acadêmicode Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A aluna foiarguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que apósdeliberação, consideraram o trabalho aprovado.
Banca Examinadora: Profa. Ana Cristina Munaro (MSc.)AvaliadoraDADIN – UTFPR
Profa. Elisa Peres Maranho (MSc.)ConvidadaDADIN – UTFPR
Profa. Elisangela Lobo Schirigatti (Dra.)OrientadoraDADIN – UTFPR
Prof. André de Souza Lucca (Dr.)Professor Responsável pelo TCC DADIN – UTFPR
“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁPR
Ministério da EducaçãoUniversidade Tecnológica Federal do ParanáCâmpus CuritibaDiretoria de Graduação e Educação ProfissionalDepartamento Acadêmico de Desenho Industrial
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à minha orientadora, professora Dr.ª Elisangela
Lobo Schirigatti, pelo acompanhamento e assistência na execução deste
trabalho.
Estendo meus agradecimentos às professoras Msc. Elisa Peres
Maranho, Msc. Ana Cristina Munaro e Dr.ª Luciana Martha Silveira pelas
observações e recomendações feitas visando o aperfeiçoamento do projeto; ao
professor Dr. José Marconi Bezerra de Souza pela contribuição com a pesquisa;
e à professora Dr.ª Sílvia Amélia Bim pela colaboração em nome no projeto
Emíli@s.
Também não posso deixar de agradecer a todos os professores e
colegas que contribuíram com a minha formação acadêmica, assim como a
todos os familiares e amigos que me apoiaram ao longo da minha trajetória
acadêmica e receberam este projeto com entusiasmo.
Por último, meus mais sinceros agradecimentos a todas as mulheres que
não se deixam abater pelos obstáculos e dedicam suas vidas à produção de
conhecimento e ao avanço da ciência e tecnologia. Vocês são uma inspiração
para todos nós.
RESUMO
TEM PASS, Daniele. Mulheres na ciência e tecnologia: uma animação em motion graphics. 2017. 182f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –
Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Curitiba, 2017.
Considerando a baixa representatividade histórica de mulheres na ciência e
tecnologia, este trabalho se propôs a desenvolver uma animação em motion
graphics que apresentasse mulheres de relevância no desenvolvimento
científico e tecnológico mundial, juntamente de seus maiores feitos, de modo a
incentivar meninas e mulheres a buscarem carreiras na área. Foram
selecionadas 16 cientistas de diferentes áreas, e, a partir de pesquisas sobre
elas, elaborou-se um roteiro que deu origem à animação. Seguindo a
metodologia de design thinking, após estudos de cor e forma, criou-se
representações gráficas em estilo flat de cada cientista, que foram animadas
digitalmente de acordo com os princípios básicos de animação. O vídeo
produzido foi, então, disponibilizado na internet e avaliado pelo público, sendo
julgado bem-sucedido em sua proposta.
Palavras-chave: Ciência e tecnologia (C&T). Mulheres cientistas. Animação 2D.
Motion graphics. Design thinking.
ABSTRACT
TEM PASS, Daniele. Women in science and technology: an animation in motion graphics. 2017. 182f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –
Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Curitiba, 2017.
Given the low historical representation of women in science and technology, this
paper aimed to develop an animation in motion graphics that presented women
of relevance in the world scientific and technological development, along their
greatest achievements, in order to encourage girls and women to pursue careers
in the area. Sixteen scientists from different fields were selected, and, from
research on them, a script was conceived, which later originated the animation.
Following the design thinking methodology, after color and form studies, graphic
representations of each researched scientist were created in the flat style, which
were digitally animated according to the basic principles of animation. The video
produced was then made available on the internet and evaluated by the public,
being deemed successful in its proposal.
Keywords: Science, technology, engineering and mathematics (STEM). Women
scientists. 2D animation. Motion graphics. Design thinking.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Character sheet por Glen Keane para os estúdios Walt Disney...... 27
Figura 2 – Mapa do índice de mulheres pesquisadoras no mundo .................. 36
Figura 3 – Mapa do índice de mulheres pesquisadoras no mundo, com
destaque para a Europa ................................................................................... 37
Figura 4 – Ilustração de aluno da UTFPR retratando Ada Lovelace ................ 42
Figura 5 – Ilustração de aluno da UTFPR retratando Mae Jemison ................. 43
Figura 6 – Cartazes do projeto Beyond Curie .................................................. 45
Figura 7 – Páginas ilustradas do livro As cientistas ......................................... 45
Figura 8 – Cartas do jogo STEM: Epic Heroes, com destaque para ilustração
representando Chien-Shiung Wu ..................................................................... 46
Figura 9 – Imagens do filme Opus IV de Walter Ruttmann .............................. 64
Figura 10 – Imagens do filme Spook Sport de Mary Ellen Bute e Norman
McLaren ........................................................................................................... 65
Figura 11 – Imagens da sequência-título de Saul Bass para o filme Anatomia
de um Crime ..................................................................................................... 66
Figura 12 – 12 princípios básicos de animação ............................................... 67
Figura 13 – Movimento de quicar de uma bola, que se alonga nos instantes
mais rápidos e se achata quando em contato com uma superfície sólida ....... 67
Figura 14 – Personagem indicando por meio do corpo que vai andar para a
frente ................................................................................................................ 68
Figura 15 – Barba e flacidez no rosto do personagem executam o movimento
atrasados em relação ao resto da cabeça........................................................ 69
Figura 16 – Trajetória circular da mão torna o movimento mais orgânico ........ 70
Figura 17 – Pose "estática" (esquerda) comparada a uma pose mais dinâmica
(direita) ............................................................................................................. 71
Figura 18 – Imagens do vídeo Travel in Time .................................................. 75
Figura 19 – Imagens do vídeo DARAK............................................................. 76
Figura 20 – Imagens do vídeo Nelson Mandela Tribute ................................... 77
Figura 21 – Imagens do vídeo Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean
Floor ................................................................................................................. 77
Figura 22 – Imagens do vídeo It’s a kind of magic ........................................... 78
Figura 23 – Imagens do vídeo The Origin of Dogs ........................................... 79
Figura 24 – Imagens do vídeo Baggiorno Felice .............................................. 80
Figura 25 – Imagens do vídeo Dr. Vox ............................................................. 80
Figura 26 – Imagens do vídeo Kangaroo Court ................................................ 81
Figura 27 – Imagens do vídeo Health Systems Leapfrogging in Emerging
Economies ........................................................................................................ 82
Figura 28 – Esboços iniciais de personagens .................................................. 84
Figura 29 – Exploração de alternativas para personagens .............................. 85
Figura 30 – Explorações com vetorização de personagens ............................. 86
Figura 31 – Exemplo de paleta de cores composta por tons quentes e vivos .. 87
Figura 32 – Trecho do storyboard .................................................................... 92
Figura 33 – Rascunho e versão vetorizada final de astronauta........................ 93
Figura 34 – Geração de alternativas para personagens .................................. 94
Figura 35 – Geração de alternativas para personagens e objetos ................... 95
Figura 36 – Cena com calça e fio sendo esticados .......................................... 96
Figura 37 – Destaque para o movimento de antecipação no braço de Grace
Hopper.............................................................................................................. 96
Figura 38 – Cena com uma lâmpada centralizada e explosão gráfica a
destacando ....................................................................................................... 97
Figura 39 – Telas em que o balão, ao crescer, extrapola de tamanho e oscila
até se estabelecer em seu tamanho normal ..................................................... 98
Figura 40 – Telas mostrando Mae Jemison criança e um astronauta .............. 99
Figura 41 - Computador sendo montado .......................................................... 99
Figura 42 – Tela com borrão de movimento aplicado..................................... 100
Figura 43 – Pontos e alças do caminho de vetor ........................................... 100
Figura 44 – Cena no storyboard versus animada ........................................... 101
Figura 45 – Transição de cenas com ônibus espacial .................................... 101
Figura 46 – Transição entre McClintock e Franklin ........................................ 102
Figura 47 – Explorações de cores .................................................................. 103
Figura 48 – Prototipação de cores na animação ............................................ 104
Figura 49 – Tela com Cecilia Payne e céu estrelado ao fundo ...................... 105
Figura 50 – Testes com diferentes fontes usando o nome de Chien-Shiung Wu
....................................................................................................................... 106
Figura 51 – Testes com diferentes fontes usando o nome de Marie Curie .... 106
Figura 52 – Aplicações das fontes Gotham Black (à esquerda) e Museo Sans
900 (à direita) ................................................................................................. 107
Figura 53 – Exemplo de character sheet com Chien-Shiung Wu ................... 109
Figura 54 – Personagens extras: mulher adulta, criança e adolescente ........ 109
Figura 55 – Paletas de cores para pele .......................................................... 110
Figura 56 – Paleta de cores principal ............................................................. 111
Figura 57 – Grace Hopper com código binário ............................................... 113
Figura 58 – Miniatura do vídeo ....................................................................... 115
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Número de matrículas em cursos de graduação presenciais no ano
de 2016 ............................................................................................................ 35
Tabela 2 – Número de alunos que concluíram cursos de graduação presenciais
em 2016 ........................................................................................................... 35
Tabela 3 – Número de bolsas-ano por grande área segundo o sexo do bolsista
(2001 e 2004) ................................................................................................... 39
Tabela 4 – Exemplo de aplicação de tipos diferentes em um pangrama ......... 88
Tabela 5 – Tipografia escolhida ..................................................................... 113
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Nota média atribuída a cada tópico pelos participantes da pesquisa
em uma escala de 1 a 5 ................................................................................... 29
Gráfico 2 – Número de participantes que afirma já ter ouvido falar de cada
cientista ............................................................................................................ 30
Gráfico 3 – Proporção de pesquisadores por área de estudo no Brasil (%) ..... 38
Gráfico 4 – Porcentagem de mulheres por área de estudo nos EUA ............... 40
Gráfico 5 – Proporção de crianças e adolescentes que acessaram a internet
nos últimos três meses (2015) ......................................................................... 73
Gráfico 6 – Proporção de crianças e adolescentes, por frequência de uso da
internet (2012 – 2015) ...................................................................................... 73
Gráfico 7 – Avaliação pelos espectadores em uma escala de 1 a 5 sobre cada
quesito, por gênero ........................................................................................ 117
Gráfico 8 – Avaliação pelas espectadoras mulheres em uma escala de 1 a 5
sobre cada quesito, por faixa etária ............................................................... 118
LISTA DE SIGLAS
ABI Anita Borg Institute
C&T Ciência e Tecnologia
CGI.br Comitê Gestor da Internet no Brasil
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DADIN Departamento Acadêmico de Desenho Industrial
DAINF Departamento Acadêmico de Informática
DIRCOM Diretoria de Gestão da Comunicação
EUA Estados Unidos da América
GDI Girl Develop It
GeTec Núcleo de Gênero e Tecnologia
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
NASA Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço
NCWIT National Center for Women & Information Technology
OECD Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PISA Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
SAGA STEM and Gender Advancement
SBC Sociedade Brasileira de Computação
SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
SPM Secretaria de Políticas para as Mulheres
STEM Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática
TIC Tecnologia de Informação e Comunicação
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura
USP Universidade de São Paulo
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
WIT Women in Information Technology
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15 1.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................... 16 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 16 1.3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 17 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................. 18 2 METODOLOGIA .......................................................................................... 20 2.1 PROCESSO DE DESIGN .......................................................................... 20 2.1.1 Definição ................................................................................................ 20 2.1.2 Pesquisa ................................................................................................ 21 2.1.3 Concepção ............................................................................................. 21 2.1.4 Prototipação ........................................................................................... 25 2.1.5 Seleção .................................................................................................. 25 2.1.6 Implementação ...................................................................................... 27 2.1.7 Aprendizado ........................................................................................... 28 3 PESQUISA DE DEFINIÇÃO ........................................................................ 29 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 32 4.1 A PRESENÇA DE MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA ................ 32 4.1.1 O acesso das mulheres à educação superior na história ...................... 32 4.1.1.1 No mundo ............................................................................................ 32 4.1.1.2 No Brasil .............................................................................................. 34 4.1.2 A presença de mulheres no ensino superior atualmente ....................... 35 4.2 INICIATIVAS PARA MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA ............. 40 4.3 CIENTISTAS DE DESTAQUE ................................................................... 47 4.3.1 Genética e desenvolvimento .................................................................. 47 4.3.1.1 Nettie Stevens (1861 – 1912) .............................................................. 47 4.3.1.2 Barbara McClintock (1902 – 1992) ...................................................... 48 4.3.1.3 Rosalind Franklin (1920 – 1958) .......................................................... 49 4.3.2 Física e química ..................................................................................... 50 4.3.2.1 Marie Skłodowska Curie (1867 – 1934) ............................................... 50 4.3.2.2 Lise Meitner (1878 – 1968) .................................................................. 52 4.3.2.3 Chien-Shiung Wu (1912 – 1997) ......................................................... 54 4.3.2.4 Stephanie Kwolek (1923 – 2014) ......................................................... 55 4.3.3 Terra e estrelas ...................................................................................... 55 4.3.3.1 Annie Jump Cannon (1863 – 1941) ..................................................... 55 4.3.3.2 Inge Lehmann (1888 – 1993)............................................................... 56 4.3.3.3 Cecilia Payne-Gaposchkin (1900 – 1979) ........................................... 57 4.3.3.4 Marie Tharp (1920 – 2006) .................................................................. 57 4.3.3.5 Vera Rubin (1928 – 2016).................................................................... 58 4.3.3.6 Mae Jemison (1956 –) ......................................................................... 59 4.3.4 Matemática e tecnologia ........................................................................ 60 4.3.4.1 Ada Lovelace (1815 – 1852) ................................................................ 60 4.3.4.2 Grace Murray Hopper (1906 – 1992) ................................................... 61 4.3.4.3 Hedy Lamarr (1914 – 2000) ................................................................. 61 4.4 MOTION DESIGN ...................................................................................... 62 4.4.1 História da animação e do motion design .............................................. 62
4.4.2 Princípios básicos de animação ............................................................ 66 5 CONCEPÇÃO .............................................................................................. 72 5.1 PÚBLICO-ALVO......................................................................................... 72 5.2 MÍDIA ......................................................................................................... 72 5.3 ANÁLISE DE SIMILARES .......................................................................... 74 5.4 ESTILO VISUAL ........................................................................................ 83 5.4.1 Cores ..................................................................................................... 86 5.4.2 Tipografia ............................................................................................... 87 5.5 ROTEIRO ................................................................................................... 89 5.5.1 Story line ................................................................................................ 90 5.5.2 Sinopse .................................................................................................. 90 5.5.3 Roteiro literário ...................................................................................... 90 5.6 STORYBOARD .......................................................................................... 91 6 PROTOTIPAÇÃO ........................................................................................ 93 6.1 CORES .................................................................................................... 102 6.2 TIPOGRAFIA ........................................................................................... 105 6.3 NARRAÇÃO ............................................................................................. 107 7 SELEÇÃO .................................................................................................. 108 7.1 PERSONAGENS ..................................................................................... 108 7.2 CORES .................................................................................................... 110 7.3 TIPOGRAFIA ........................................................................................... 111 7.4 SONORIZAÇÃO....................................................................................... 113 7.5 LEGENDAGEM ........................................................................................ 114 7.6 MINIATURA ............................................................................................. 114 8 IMPLEMENTAÇÃO ................................................................................... 116 9 APRENDIZADO ......................................................................................... 117 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 122 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 125 APÊNDICE A – Questionário: Mulheres na ciência e tecnologia ............. 133 APÊNDICE B – Resultados do questionário “Mulheres na ciência e tecnologia” .................................................................................................... 137 APÊNDICE C – Explorações de tipografia .................................................. 143 APÊNDICE D – Sinopse ............................................................................... 146 APÊNDICE E – Rascunho inicial de texto para roteiro .............................. 147 APÊNDICE F – Roteiro literário ................................................................... 151 APÊNDICE G – Storyboard .......................................................................... 160 APÊNDICE H – Character sheets de personagens .................................... 166 APÊNDICE I – Questionário de avaliação final .......................................... 171 APÊNDICE J – Resultados do questionário de avaliação final ................ 173 ANEXO A – Galeria de fotos das cientistas pesquisadas ....................... 176
15
1 INTRODUÇÃO
Por que mulheres são tão pouco representadas na ciência e tecnologia?
Nas aulas de física e química da escola, ouve-se falar das leis de Newton, as
leis de Kepler, o modelo atômico de Rutherford-Bohr, a teoria da relatividade de
Einstein, as invenções de Thomas Edison e Nikola Tesla, a cadeia de DNA de
Watson e Crick, e tantos outros cientistas ligados a importantes avanços da
ciência e tecnologia (C&T). Em sua enorme maioria, homens. Uma rápida
pesquisa no Google com o termo “greatest scientists” (“maiores cientistas”) abre
uma lista feita pelo próprio buscador com 51 nomes, na qual as únicas mulheres
citadas são Marie Curie e Rosalind Franklin1.
Como a pesquisa de constatação parte deste projeto (capítulo 3) irá
mostrar, as pessoas, em geral, estão muito mais familiarizadas com exemplos
de cientistas homens do que cientistas mulheres, e acreditam que há pouca
divulgação por parte de instituições de ensino a respeito de cientistas mulheres
e suas descobertas.
Afinal, existem outras mulheres além de Curie e Franklin que foram
fundamentais para o progresso científico tanto quanto os homens? Elas podem
não ser mencionadas, mas existem. Christiane Nusslein-Volhard, Emmy
Noether, Barbara McClintock e Chien-Shiung Wu são algumas das mulheres que
receberam o prêmio Nobel em diferentes áreas da ciência (MCGRAYNE, 2006),
mas cujos nomes são pouquíssimo conhecidos apesar de suas significativas
contribuições.
O Nobel é talvez o mais importante prêmio da ciência, sendo conferido
anualmente para descobertas em física, química e fisiologia ou medicina, além
de paz, literatura e economia (MCGRAYNE, 2006). De 1901 a 2016, o prêmio
Nobel em física foi concedido 110 vezes a 203 laureados diferentes. Destes,
apenas dois são mulheres. O prêmio Nobel em química foi conferido a 174
pessoas diferentes em 108 vezes. Apenas quatro dessas pessoas são mulheres.
Nas 107 vezes em que o Nobel de fisiologia ou medicina foi entregue, ele
contemplou 12 mulheres entre 211 laureados (NOBEL MEDIA AB, 2017). Ou
1 Pesquisa realizada em 29 de março de 2016 no site www.google.com.br.
16
seja, de um total de 588 vencedores distintos do prêmio nas áreas científicas,
apenas 17 foram mulheres2, representado menos de 3% do total de laureados
em mais de um século de existência do prêmio.
No entanto, nem todas as mulheres cientistas obtiveram justo
reconhecimento pela importância de suas descobertas. Se até mesmo as
vencedoras de grandes prêmios são pouco conhecidas, as que permaneceram
às margens da ciência são ainda menos celebradas historicamente em relação
aos seus colegas homens. Mas como das 17 cientistas que receberam o Nobel
em ciências, sete só o fizeram a partir do século 21, vê-se que o panorama da
inclusão e reconhecimento das mulheres na ciência ainda pode ser mudado.
1.1 OBJETIVO GERAL
Desenvolver uma animação em motion graphics para divulgação online
que apresente mulheres de relevância no desenvolvimento científico e
tecnológico mundial, juntamente de seus maiores feitos, de modo a incentivar
meninas e mulheres a buscarem carreiras na área.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar e pesquisar mulheres que historicamente contribuíram
significativamente para a ciência e tecnologia, isolando seus feitos mais
importantes para serem apresentados
• Criar representações gráficas para cada cientista seguindo um estilo
visual voltado para um público-alvo de meninas adolescentes e mulheres
• Produzir e disponibilizar uma animação em software específico a partir de
uma narrativa que una todas as cientistas pesquisadas
2 O Nobel foi concedido a mulheres na ciência 18 vezes, porém, como Marie Curie o recebeu duas vezes, totalizam-se 17 mulheres diferentes.
17
1.3 JUSTIFICATIVA
O problema da falta de representatividade é que, além de não destacar
a importância de mulheres na história, ela pode afastar novas gerações de
mulheres da ciência, aumentando ainda mais a discrepância entre os gêneros.
Embora 7 a cada 10 meninas tenham interesse por ciência
(MICROSOFT, 2015), dados do Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (PISA) mostram que apenas 14% das mulheres que entraram na
universidade pela primeira vez em 2012 escolheram cursos relacionados a
ciência (incluindo engenharias, indústria e construção), contra 39% dos homens
(OECD, 2015).
Em relatório de 2015, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) ainda aponta que, embora as
mulheres correspondam a 53% dos bacharéis e mestres, à medida que a
importância dos cargos aumenta, sua representatividade diminui, sendo elas
43% dos doutores, e apenas 28% dos pesquisadores no mundo (UNESCO,
2015).
A pesquisa de constatação deste trabalho também mostra que as
pessoas em geral — em especial as do gênero feminino —, em vista de seu
pouco conhecimento sobre cientistas mulheres e da pouca divulgação sobre as
mesmas por parte de instituições de ensino, afirmam ter grande interesse em
aprender mais sobre cientistas mulheres e suas descobertas; interesse maior,
inclusive, que o interesse que apresentam sobre ciência e tecnologia em si. (Ver
capítulo 3.)
Vê-se, portanto, a necessidade de uma maior divulgação das
contribuições femininas para a ciência e tecnologia como forma de incentivo à
inclusão e reconhecimento de mais mulheres na ciência. Um vídeo curto e
didático que estivesse de fácil acesso na internet ajudaria a expor os trabalhos
dessas mulheres cientistas e incentivar a inserção (e permanência) de meninas
e mulheres na ciência.
Embora seja possível abrir uma discussão acerca dos motivos pelos
quais as mulheres são pouco representadas em C&T, além de relatar em
18
maiores detalhes as desigualdades sofridas por elas (ver Handelsman et al
[2005]), este trabalho tem como foco apenas apresentar os grandes feitos destas
cientistas de modo a despertar o interesse em ciência e tecnologia em seu
público-alvo. Essa discussão, embora relevante, não será abordada neste
trabalho para que se evite fuga ao objetivo e tema principais.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho foi dividido em diferentes capítulos com base nas etapas
de um projeto de design propostas por Ambrose e Harris (2010).
O primeiro capítulo apresenta o problema da pouca visibilidade histórica
de mulheres na ciência, utilizando informações estatísticas para justificar a
necessidade deste projeto, e discorre sobre seus objetivos almejados.
O segundo capítulo aborda as metodologias de pesquisa e de design
utilizadas para o desenvolvimento de todo o projeto.
O terceiro capítulo contém a análise dos dados da pesquisa de definição
do problema.
No quarto capítulo, há um aprofundamento no contexto histórico que
explica um pouco das dificuldades das mulheres de adentrarem a carreira
científica, e mostra como esse panorama encontra-se atualmente e o que está
sendo feito para aumentar a presença de mulheres em ciência e tecnologia.
Também são apresentadas 16 cientistas mulheres de diferentes áreas do
conhecimento e as contribuições que elas tiveram para o desenvolvimento
científico e tecnológico mundial. Por fim, é apresentada a origem histórica da
animação e do motion design, assim como são explicados os 12 princípios
básicos da animação.
O quinto capítulo trata da escolha do público-alvo e da mídia para qual
será produzido este projeto. Nele é realizada a análise de similares de vídeos
que utilizam motion graphics como solução de design. Na sequência, define-se
o estilo visual do projeto com geração das primeiras alternativas, e são
elaborados o roteiro e o storyboard que darão origem à animação final.
19
O sexto capítulo inicia a produção da animação, explicando os processos
aplicados. As alternativas criadas no capítulo anterior são expandidas e
testadas.
No sétimo capítulo são feitas as escolhas finais, assim como há a adição
de últimos detalhes, de modo que todo o projeto gráfico seja refinado e finalizado.
O oitavo capítulo discorre sobre a implementação do produto final.
O nono capítulo refere-se ao processo de avaliação do projeto.
No décimo capítulo, são, então, apresentadas as considerações finais
sobre o trabalho, concluindo-o.
20
2 METODOLOGIA
Este trabalho segue a metodologia proposta por Gil (2002) para a
estruturação de projetos de pesquisa científica, assim como a metodologia de
Ambrose e Harris (2010) para o desenvolvimento de projetos gráficos, com
inclusão de processos indicados por Krasner (2008) para produção de um projeto
audiovisual com animação em motion graphics especificamente.
2.1 PROCESSO DE DESIGN
Ambrose e Harris (2010) propõem sete etapas para o processo de
design: definição, pesquisa, concepção, prototipação, seleção, implementação e
aprendizado. Estas etapas foram seguidas para o desenvolvimento da animação
e serão melhor detalhadas nos tópicos a seguir.
2.1.1 Definição
A primeira etapa, definição, consistiu em determinar qual era o problema
que necessitava ser resolvido com o projeto de design. Neste trabalho, ela está
contida no capítulo de introdução, reunindo dados sobre o problema,
determinando objetivos a serem alcançados e justificando a necessidade do
desenvolvimento do projeto.
Além disso, para a definição do problema, buscou-se o apoio de uma
pesquisa de constatação por método de observação direta extensiva
(MARCONI; LAKATOS, 2003). Partindo de Gil (2002), o método de coleta de
dados escolhido foi a elaboração de um questionário com perguntas
relacionadas ao tema do projeto, a fim de quantificar o conhecimento do público
em relação ao tema abordado e validar ou não a execução do projeto. As
21
perguntas utilizadas nesta pesquisa são fechadas de múltipla escolha, sendo
algumas de mostruário e outras de avaliação em escala, e perguntas de fato e
intenção, a fim de facilitar a tabulação de dados (GIL, 2002).
Entre outras recomendações, estabeleceu-se que as perguntas do
questionário não deveriam induzir a uma resposta específica, assim como o
questionário deveria ser iniciado pelas perguntas mais simples e concluído pelas
mais complexas (GIL, 2002). O questionário foi aplicado de forma aberta e
online, e análise de seus resultados também contribuiu para a formulação da
etapa de definição e justificativa do projeto.
2.1.2 Pesquisa
Na segunda etapa, pesquisa, foram coletadas as informações
necessárias para o desenvolvimento do projeto. Esta etapa equivale ao capítulo
de fundamentação teórica, e, para tal, este trabalho se baseou principalmente
nas obras de McGrayne (2006) e Swaby (2015) sobre cientistas mulheres
distintas, assim como reuniu dados de instituições como o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), e instituições de
ensino superior sobre a presença de mulheres na ciência. A obra de Krasner
(2008) foi usada como referência para pesquisa em história da animação 2D e
do motion design. Já os 12 princípios básicos de animação foram retirados da
obra de Thomas e Johnston (1995).
2.1.3 Concepção
A terceira etapa, concepção, fundamentou-se no aproveitamento das
informações apuradas anteriormente para formulação de possíveis soluções.
22
Este é considerado um estágio de experimentação, e foi a partir dele que o estilo
visual que veio a ser adotado começou a ser definido, atendo-se ao público-alvo
estabelecido na introdução. Nesta fase foram geradas alternativas por meio de
métodos de brainstorming e esboços. Também foram feitas as primeiras
vetorizações experimentais em softwares específicos, como o Adobe Illustrator.
Os autores Ambrose e Harris (2010) recomendam o uso de referências
e inspirações como obtenção de fundamentos para geração de ideias. As
inspirações podem provir de movimentos artísticos ou tendências culturais de
uma época ou grupo social. Fuentes (2001) indica a análise de concorrentes ou
similares, observando-se quais elementos são usados e como eles são
apresentados, por meio de cor, forma, movimento, composição e o contexto em
que estão inseridos.
Cor é um dos aspectos mais importantes a ser levado em conta em um
projeto gráfico, uma vez que é um dos elementos mais imediatamente
identificados em uma imagem ou produto. Antes mesmo de uma imagem ser
compreendida ou um texto ser interpretado, a cor já transmite mensagens e
evoca reações de um observador. É por isso, também, que a escolha das cores
deve ser feita com cautela e consideração (SWANN, 1993).
De acordo com Swann (1993), as cores podem ser interpretadas a partir
de três parâmetros básicos que devem ser levados em consideração na hora de
escolher uma paleta para um projeto gráfico: psicologia, simbologia e cultura.
A psicologia da cor caracteriza-se pela influência que uma cor pode
exercer sobre o ânimo de uma pessoa. O vermelho pode abrir o apetite,
enquanto o azul sugere frio, por exemplo. As conotações simbólicas partem de
atribuições como: vermelho e sangue, e azul e água. Essas conotações também
podem se derivar em associações mais complexas, como azul que remete a
água, que então remete a frescor ou limpeza. Já os significados culturais
dependem de recortes de tempo e lugar em uma sociedade. Por exemplo: morte
é amplamente associada ao preto, mas em alguns países do oriente, essa
associação cabe ao branco (SWANN, 1993).
Outro aspecto visual rapidamente identificável é a tipografia. Para
Bringhurst (2005, p. 23), “a tipografia existe para honrar seu conteúdo” e,
portanto, ao aplicar tipografia a um projeto, um designer deve ter conhecimento
prévio de seu conteúdo textual. De mesma forma, para eleger uma fonte ou
23
família tipográfica, deve-se levar em consideração o contexto histórico e cultural
em que esta fonte ou família está inserida.
Assim, foram realizadas aplicações e comparações para identificar qual
tipografia poderia ilustrar da melhor forma o caráter do texto, adequando-se à
tarefa e ao assunto em que está sendo incorporada. Também foram verificadas
a relação entre a tipografia e os outros elementos visuais que a acompanham,
buscando harmonizar textos, imagens e hierarquias (BRINGHURST, 2005).
Kotler e Armstrong (2007) defendem que o desenvolvimento de uma
comunicação efetiva se inicia com a ideia clara de um público-alvo. Essa decisão
“afetará em muito as decisões do comunicador sobre o que será dito, como será
dito, quando será dito, onde será dito e quem dirá” (KOTLER; ARMSTRONG,
2007, p. 362). Por isso, depois de definido o público-alvo, foi decidido qual seria
a resposta desejada, para, a partir dela, elaborar-se uma mensagem eficaz. “O
ideal é que a mensagem atraia a atenção, mantenha o interesse, desperte o
desejo, e induza à ação” (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 363).
Os autores alegam que a mensagem pode ter um apelo racional,
pertinente aos interesses do público; emocional, que busca despertar
sentimentos específicos; ou moral, que recorre a temas relacionados à
percepção certo e errado, como igualdade de gênero (KOTLER; ARMSTRONG,
2007). O presente trabalho, embora tenha certo apelo moral ao ser interpretado
sob a ótica de gênero, em última instância busca uma resposta emocional por
parte do espectador (tal resposta será discutida na elaboração do roteiro).
A estrutura da mensagem se dá em três maneiras: apresentando uma
conclusão ou deixando a resposta aberta para o público; determinando se os
argumentos mais fortes aparecerão no início ou no fim da mensagem; e
escolhendo entre expor argumentos uni ou bilaterais (KOTLER; ARMSTRONG,
2007).
Partindo da definição do público-alvo, um roteiro foi desenvolvido
segundo as recomendações de Rodrigues (2007). Para este autor, o processo
de elaboração do roteiro para um projeto audiovisual fundamenta-se na criação
de uma story line, uma sinopse, um argumento, um roteiro literário e um roteiro
técnico, respectivamente descritos abaixo: Story line – Ideia sucinta do roteiro, com cerca de cinco linhas. Sinopse – É uma breve ideia geral da história e de seus personagens, normalmente não ultrapassando uma ou duas páginas.
24
Argumento – É o conjunto de ideias que formarão o roteiro. Com as ações definidas em sequências, com as locações, personagens e situações dramáticas com pouca narração e sem os diálogos. Normalmente entre 45 e 65 páginas. Roteiro literário – Finalizado com as descrições necessárias e os diálogos. Este roteiro, sem indicações de planos, servirá como base para o orçamento inicial e os projetos de captação. Tem normalmente entre 90 e 120 páginas. Roteiro técnico – Roteiro decupado pelo diretor com indicações de planos, movimentos de câmera, e que servirá para o 1º assistente de direção fazer a análise técnica, o diretor de produção o orçamento final. Será o guia de trabalho da equipe técnica. (RODRIGUES, 2007, p. 52).
O autor ainda indica a formatação que um roteiro deve seguir para
manter-se uma padronização, como uso da fonte Courier New tamanho 12, papel
tamanho A4, distâncias de margens e alinhamentos de textos (RODRIGUES,
2007, p. 53).
Comparato (2000) defende que um roteiro deve conter três aspectos
fundamentais: logos, pathos e ethos. Logos é a organização da mensagem e
estrutura; pathos é o apelo emocional que provoca empatia no espectador; e
ethos é a mensagem por traz do roteiro, a intenção do significado final, a moral.
De forma similar, Gancho (2002) divide o cerne do roteiro em três partes:
tema, assunto e mensagem; com tema sendo a ideia central da história
(normalmente um substantivo abstrato); assunto, como o tema é desenvolvido
na história (normalmente um substantivo concreto); e mensagem, a conclusão
obtida da história, equivalente ao ethos de Comparato (2000).
A estrutura de um roteiro pode ser dividida em quatro partes: introdução,
onde são apresentados os fatos iniciais; complicação, na qual se desenvolve o
conflito; clímax, o momento culminante da história e referência para as outras
partes; e conclusão, o desfecho dos conflitos (GANCHO, 2002).
Uma vez elaborado o roteiro, criou-se o storyboard. Segundo Whitaker e
Halas (2009), o storyboard serve como “planta” para o desenvolvimento de um
projeto audiovisual. Para os autores, ele deve transmitir o fluxo da narrativa e
explorar as possibilidades visuais. Foi por meio dele que se pôde ter as primeiras
impressões visuais do que veio a ser desenvolvido, servindo como guia para o
planejamento restante do projeto.
Como o storyboard é apenas um guia, seus desenhos desenvolvidos
neste trabalho tiveram abordagem simples, uma vez que o refinamento, quando
não há necessidade de se apresentar o storyboard a um cliente ou outros
terceiros, se deu no desenvolvimento do produto final.
25
Neste estágio também pode-se criar um animatics, que é um storyboard
animado acompanhado de trilha sonora. Reconhece-se aqui que o animatics
permite uma melhor visualização de como será o produto final antes de ele ser
produzido (KRASNER, 2008), porém o animatics não foi realizado no trabalho
em questão devido a restrições de recursos e tempo. Contudo, a não realização
do mesmo não interferiu nos resultados finais, visto que as fases intermediárias
de aprovação estiveram restritas apenas entre autora e orientadora, sendo que
as mesmas foram realizadas com base no storyboard.
2.1.4 Prototipação
A quarta etapa da metodologia de Ambrose e Harris (2010) é a de
prototipação. Nela, as soluções em potencial mais promissoras criadas na etapa
anterior foram expandidas e exploradas. Assim, certos aspectos puderam ser
melhor testados para comparação na etapa de seleção. Criou-se protótipos para
“testar os aspectos visuais do design apresentando-os da maneira como eles
seriam produzidos” (AMBROSE; HARRIS, 2010, p. 22).
Foi nesta etapa que as personagens criadas começaram a ser animadas
segundo Krasner (2008), utilizando-se softwares de animação como o Adobe
After Effects, além de serem testados movimentos de câmera.
Paralelamente à animação, também se executaram a narração em voice
over a partir do roteiro, captando-se a voz por meio de microfone e processando
em software de áudio, como o Adobe Audition.
2.1.5 Seleção
A quinta etapa é de seleção, em que uma das alternativas criadas na
etapa de concepção e aperfeiçoada na etapa de prototipação foi escolhida. Os
fatores decisivos para a triagem de alternativas foram a adequação à resolução
26
do problema de design definido na primeira etapa e limitações em custo e tempo
de execução.
Seguindo a metodologia de Krasner (2008), nesta etapa todo o visual e
estilo de animação foram estabelecidos e aplicados na execução de todo o
produto. O visual de cada personagem da animação foi definido por meio de
character sheets, que apresentam o personagem desenhado sob os ângulos que
serão necessários para a animação, a fim de se padronizar sua aparência e
manter proporções consistentes (FREEMAN, 2017).
Kurtti (2010) também apresenta exemplos de character sheets usados
para o filme Enrolados dos estúdios Walt Disney. A Figura 1 mostra um desenho
da personagem Rapunzel feita por Glen Keane, um dos principais animadores
da Disney. Neste character sheet, Keane indica quais são elementos visuais
mais importantes da personagem, abordagem semelhante à adotada neste
trabalho (conforme Apêndice H). Deste modo, animadores diferentes podem
trabalhar numa única personagem sem perder a essência dela.
Na seleção também foram adicionados os detalhes finais como trilha
sonora, obtida em sites de músicas gratuitas como Bensound3 e a biblioteca de
áudio do YouTube4, e legendas. Também foi criada uma miniatura para o vídeo,
uma imagem estática que serve como capa para seu conteúdo nas plataformas
de vídeo online.
3 Disponível em: <https://www.bensound.com/>. 4 Disponível em: <https://www.youtube.com/audiolibrary/music>.
27
Figura 1 – Character sheet por Glen Keane para os estúdios Walt Disney Fonte: Kurtti (2010)
2.1.6 Implementação
A sexta etapa, implementação, foi a entrega do produto final. No caso de
uma animação digital, envolveu renderização do arquivo de vídeo e os meios de
hospedagem online e disponibilização do material em sites como YouTube,
Facebook e Vimeo. Nesta etapa também foi feita a revisão final, em que foi
verificado se a funcionalidade, desempenho e aparência do produto estavam
operando conforme esperado (AMBROSE; HARRIS, 2010).
28
2.1.7 Aprendizado
A sétima e última etapa é a de aprendizado. Nela, obteve-se feedback
do projeto executado e identificou-se o que deu certo e o que poderia ser
melhorado, observando como o produto foi recebido pelo público-alvo e o quão
benéficos seus efeitos foram. Este retorno permite um aperfeiçoamento de
projetos futuros ou ainda do mesmo projeto, caso este seja refeito (AMBROSE;
HARRIS, 2010).
Ambrose e Harris (2010), contudo, recomendam que a fase de
aprendizado seja aplicada em todas as sete etapas, pois cada passo do projeto
de design apresenta oportunidades de se aprender como o que foi realizado.
No caso deste trabalho, o processo de aprendizado ocorreu ao longo de
todo o processo de desenvolvimento do projeto, tanto por meio de análise da
própria autora quanto pelo acompanhamento da orientadora.
Na finalização do projeto, foi realizada uma avaliação por outros
professores da área, assim como por parte do público mediante aplicação de
questionário. O desenvolvimento do questionário de avaliação seguiu a mesma
metodologia explicada por Gil (2002) na etapa de definição.
29
3 PESQUISA DE DEFINIÇÃO
A pesquisa de definição deste trabalho buscou analisar a percepção que
as pessoas têm quanto a gênero e ciência e tecnologia, de modo a fortalecer a
justificativa e a fundamentação teórica.
Para isso, o questionário contido no Apêndice A foi disponibilizado online
por cinco dias. Foi coletado um total de 310 respostas, contabilizadas no
Apêndice B. Destas respostas, 80,3% vieram de mulheres, tendo os
participantes uma média de 23 anos de idade.
Como mostra o Gráfico 1, quando perguntados sobre o interesse em
ciência e tecnologia, em uma escala de 1 a 5, a nota média dada pelos
participantes foi de 3,72. É relevante notar, no entanto, que o interesse dos
participantes em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas descobertas se
mostrou maior que a nota do interesse em C&T em si, principalmente entre as
mulheres. Elas, mesmo declarando ter em média menos interesse em C&T do
que homens, demonstraram-se aproximadamente seis vezes mais interessadas
do que eles em aprender mais sobre cientistas mulheres, quando comparando-
se com interesse em C&T para cada gênero.
Gráfico 1 – Nota média atribuída a cada tópico pelos participantes da pesquisa em uma escala de 1 a 5 Fonte: Autoria própria com base nos dados de pesquisa
3,63 3,78
2,02
4,364,07
3,64
2,15
4,19
3,72 3,76
2,05
4,33
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Interesse em ciência etecnologia
Conhecimento arespeito de cientistas
homens
Conhecimento arespeito de cientistas
mulheres
Interesse em aprendermais sobre cientistas
mulheres e suasdescobertas
Mulheres Homens Ambos os gêneros
30
De modo geral, os participantes de ambos os gêneros afirmaram saber
mais sobre cientistas homens (3,76) do que cientistas mulheres (2,05). Essa
diferença pode ser observada com mais clareza no Gráfico 2, quando os
participantes tiveram que assinalar quais cientistas eles já haviam ouvido falar
sobre. Dos 310 participantes, quase todos já ouviram falar de cientistas como
Einstein, Galileu e Newton (307). Nenhum dos participantes alegou nunca ter
ouvido falar de nenhum dos cientistas homens listados.
Gráfico 2 – Número de participantes que afirma já ter ouvido falar de cada cientista Fonte: Autoria própria com base nos dados de pesquisa
90101111151516171821222223
566162
202
051
85167
175176
190192
205210
223239242
298307307307
0 50 100 150 200 250 300 350
Nenhuma das mulheres listadasCecilia Payne-Gaposchkin
Nettie StevensLise Meitner
Stephanie KwolekMae Jemison
Barbara McClintockAnnie Jump Cannon
Vera RubinChien-Shiung Wu
Inge LehmannHedy LamarrMarie Tharp
Ada LovelaceGrace Hopper
Rosalind FranklinMarie Curie
Nenhum dos homens listadosEnrico FermiMax Planck
Michael FaradayGregor Mendel
Johannes KeplerNiels Bohr
Nikola TeslaAlexander Graham Bell
Ernest RutherfordLouis Pasteur
Antoine LavoisierNicolau Copérnico
Charles DarwinIsaac NewtonGalileu GalileiAlbert Einstein
31
Em contrapartida, poucas cientistas mulheres eram conhecidas pelos
participantes. Marie Curie (202) se mostrou a única exceção, embora ainda tenha
ficado atrás de nove dos 16 cientistas homens. Todas as outras cientistas
mulheres obtiveram uma pontuação média de 25,3, contra 210,9 entre os
cientistas homens.
Ainda que, entre as mulheres, Ada Lovelace, Grace Hopper e Rosalind
Franklin (56, 61 e 62, respectivamente) tenham se destacado, o índice mais alto
entre elas depois de Curie é o de pessoas que afirmaram não conhecer nenhuma
das cientistas listadas, totalizando 90, e contrastando claramente com a
pesquisa a respeito de cientistas homens.
Os participantes apontaram haver pouca divulgação da atuação de
mulheres na ciência e tecnologia por parte de instituições de ensino, atribuindo
uma média de 1,6 ao serem perguntados sobre como viam essa divulgação,
sendo (1) nenhuma ou quase nenhuma divulgação, e (5) muita divulgação. Por
fim, eles indicaram mídias audiovisuais como os materiais mais eficazes para
divulgação do trabalho realizado por cientistas mulheres, com documentários e
filmes (269 e 246, respectivamente) liderando a lista.
32
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1 A PRESENÇA DE MULHERES NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
4.1.1 O acesso das mulheres à educação superior na história
Embora existam casos de pesquisadores que tenham contribuído para o
desenvolvimento científico sem educação formal, em geral o conhecimento
científico está atrelado a uma formação acadêmica. Considerada a primeira
universidade do mundo, a antiga Nalanda foi criada no século 5 (NALANDA
UNIVERSITY, 2016), porém o acesso ao ensino superior permaneceu fora do
alcance da maioria das mulheres por mais centenas de anos.
4.1.1.1 No mundo
Fundada em 1636, a Universidade de Harvard, vista como uma das
melhores do mundo (QS RANKINGS, 2016), primeiramente se destinava à
educação de clérigos. Até o século 18, sua filosofia de educação já tinha se
transformado para “os filhos da elite mercante”. Em todos esses anos, somente
homens eram aceitos na universidade, e as primeiras mulheres a contestarem a
exclusão do gênero feminino foram professoras de ensino básico de classe
média que buscavam maior instrução no campo das ciências (WALSH, 2012).
Elizabeth Cary Agassiz, viúva do cientista Louis Agassiz de Harvard,
fundou a Associação de Educação de Mulheres de Boston (Women’s Education
Association of Boston) em 1872, buscando a admissão de mulheres em Harvard.
O grupo, não surpreendentemente, encontrou resistência por parte da
universidade, sendo informadas que “não deveriam perturbar o sistema vigente
de educação que é resultado da experiência e sabedoria do passado”, como
33
aponta a historiadora Helen Lefkowitz Horowitz a partir de registros da
Associação (WALSH, 2012). Igualmente, o presidente de Harvard na época,
Charles William Eliot, declarou ao assumir o posto em 1869 que “policiar
centenas de jovens homens e mulheres em idade de casar seria impossível”,
além de expressar dúvidas quanto ao que chamava de “capacidades mentais
naturais” das mulheres (FAUST, 2004).
A Associação de Educação de Mulheres de Boston buscou como
solução criar uma instituição própria, “anexada” a Harvard: a Radcliffe College,
inaugurada em 1879. Subjugada a Harvard, a Radcliffe College ensinava
mulheres, mas a barreira de gênero ainda se perpetuava. Com a pressão
feminina, a Faculdade de Pós-Graduação em Pedagogia foi a primeira a aceitar
mulheres, em 1920. A Faculdade de Medicina fez o mesmo em 1945, e foi só
em 1950 que a Faculdade de Direito abriu as portas para o gênero feminino,
ainda que mulheres cobrassem sua admissão desde 1871. Em 1977, ainda havia
uma taxa de quatro alunos homens para uma mulher em Harvard, e foi apenas
em 1999 que a universidade oficialmente incorporou a Radcliffe College para si
(WALSH, 2012).
Similarmente, outras importantes universidades demoraram a abrir seus
cursos para mulheres. Fundada em 1746, a universidade Princeton o fez em
1969 (SNOWDEN, 2004), e a Universidade Columbia, existindo desde 1754,
passou a aceitar mulheres de forma geral somente em 1983 (BOSS-BICAK,
2009), às vésperas do século 21.
Quando se considera que a primeira universidade foi fundada há mais
de um milênio, e que mulheres só passaram a ser aceitas em grande escala em
universidades há menos de um século, vê-se a real dimensão da disparidade de
gênero no acesso à educação superior.
Muitas vezes, porém, mulheres conseguiam acesso a universidades de
maneira informal. Em seu livro Headstrong: 52 Women Who Changed Science
— and the World (Headstrong: 52 Mulheres que Mudaram a Ciência — e o
Mundo, em tradução livre) a autora Rachel Swaby (2015) apresenta algumas das
dificuldades encontradas por mulheres cientistas no acesso à educação superior
e a materiais e ferramentas, bem como na publicação de seus trabalhos.
Segundo Swaby (2015), não só as mulheres encontraram dificuldades
com a barreira de gênero imposta pelas universidades, mas também mesmo
34
quando o ensino passou a ser misto, muitos superiores criavam desculpas para
não as aceitar como alunas, docentes ou pesquisadoras. Além de serem
constantemente menosprezadas e ridicularizadas por colegas homens, diversas
foram as cientistas apresentadas por Swaby (2015) em Headstrong e McGrayne
(2006) em Nobel Prize Women in Science (Mulheres que ganharam o Prêmio
Nobel em Ciências) que tiveram acesso negado a laboratórios e equipamentos
devido ao seu gênero, ou que foram relegadas ao papel assistentes, tendo que
realizar trabalhos menores em laboratórios, apesar de seus conhecimentos e
habilidades estarem muito acima das tarefas que lhes eram incumbidas. Elas
também tiveram benefícios cortados, eram excluídas de departamentos e grupos
de pesquisadores homens, não eram contratadas para trabalhar em tempo
integral, recebiam salários abaixo da média, ou eram obrigadas a trabalhar de
graça se quisessem se envolver em alguma pesquisa. E, mesmo quando
ultrapassavam todas essas adversidades, ainda frequentemente tinham seus
trabalhos duvidados por colegas homens, quando não os créditos de suas
descobertas roubados por eles.
4.1.1.2 No Brasil
Em 19 de abril de 1879, o então imperador brasileiro Dom Pedro II
aprovou uma lei garantindo o acesso feminino ao ensino superior partindo do
precedente de Maria Augusta Generosa Estrela, que recebera uma bolsa do
imperador para estudar medicina em Nova York, e viu-se impedida de exercer a
profissão ao retornar ao Brasil (BLAY; CONCEIÇÃO, 1991).
Ainda segundo as pesquisas de Blay e Conceição (1991), a primeira
mulher a se formar em medicina dentro do Brasil foi Rita Lobato Velho Lopes,
em 1887, pela Faculdade de Medicina da Bahia. A primeira graduada em direito
da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) (que então ainda
não era universidade) se formou em 1902, sendo que a segunda viria a se formar
apenas em 1911. Na USP, as primeiras mulheres se formaram em medicina em
1918, e a primeira engenheira foi diplomada pela Escola Politécnica em 1928.
35
No entanto, mesmo com a abertura das universidades às mulheres, é
interessante notar o caráter da lei sancionada por Dom Pedro II, que dentre
outras coisas, determinava que a inscrição em cursos de obstetrícia exigia idade
mínima de 18 anos para homens, e mínima de 18 e máxima de 30 anos para
mulheres, além de determinar lugares separados para indivíduos do sexo
feminino nas salas de aula (BRASIL, 1879).
Com esse atraso histórico do acesso de mulheres ao ensino superior em
relação aos homens, forma-se um longo caminho a ser percorrido para alcançar
a igualdade de gênero na ciência e tecnologia.
4.1.2 A presença de mulheres no ensino superior atualmente
Partindo de dados mais atuais, vê-se que, no Brasil, as mulheres já
conquistaram seu espaço nas universidades. Embora a porcentagem de homens
e mulheres varie de acordo com o curso, em termos gerais, elas já
representavam 55,6% dos alunos matriculados em cursos de graduação
presenciais em 2016 (Tabela 1). Quando analisado o percentual de alunos
concluintes (Tabela 2), esse índice sobe para 59,9% (INEP, 2017).
Matrículas
Mulheres Homens Total
3.641.263 (55,6%) 2.913.020 (44,4%) 6.554.283 Tabela 1 – Número de matrículas em cursos de graduação presenciais no ano de 2016 Fonte: adaptado de Inep (2017)
Concluintes
Mulheres Homens Total 562.063 (59,9%) 376.669 (40,1%) 938.732
Tabela 2 – Número de alunos que concluíram cursos de graduação presenciais em 2016 Fonte: adaptado de Inep (2017)
As Figura 2 e Figura 3 mostram que, embora o número de pesquisadoras
mulheres no mundo seja baixo, nos Brasil os índices se aproximam mais da
36
igualdade, com as mulheres constituindo 49% do número de pesquisadores no
país entre os anos de 2011 e 2015, um aumento de 11% se comparado ao
período entre 1996 e 2000 (ELSEVIER, 2017).
Figura 2 – Mapa do índice de mulheres pesquisadoras no mundo5 Fonte: UNESCO (2015)
No entanto, mesmo com estes indicadores positivos, a igualdade de
gênero ainda se mostra longe de abranger todos os setores da educação e
desenvolvimento científico e tecnológico. O chamado glass ceiling (“teto de
vidro”, em inglês), a barreira intangível que impede mulheres e minorias de
avançarem na carreira (MERRIAM-WEBSTER, 2015), parece permanecer
intacto, pois mesmo as alunas sendo maioria nas universidades brasileiras,
apenas 13,8% de reitores e vice-reitores de universidades públicas no Brasil
eram mulheres em 2010. Comparativamente, nos Estados Unidos, 23% dos
presidentes de universidades eram mulheres em 2006, e 17% na África do Sul
em 2011 (ABREU, 2012).
5 A legenda para as cores do mapa encontra-se na Figura 3.
37
Figura 3 – Mapa do índice de mulheres pesquisadoras no mundo, com destaque para a Europa Fonte: UNESCO (2015)
Cientistas mulheres agraciadas com o prêmio Para Mulheres na Ciência
de 2017 (ver capítulo 4.2) contam que, ainda que mulheres produzam quase a
metade dos artigos científicos publicados no Brasil, os quadros de funcionários
de centros de pesquisa e instituições de ensino superior ainda apresentam uma
proporção de mulheres muito pequena, assim como são poucas as mulheres em
posições de liderança (ARAÚJO, 2017).
Igualmente, ainda há áreas de conhecimento em que a disparidade entre
os gêneros se mantém. Dados do Gráfico 3 e do número de bolsas fornecidas
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na
Tabela 3 mostram que, dentro do setor de ciência e tecnologia, embora mulheres
sejam a maioria nas áreas de ciências biológicas e saúde, ainda são pouco
representadas nas ciências exatas e da terra, engenharias e computação
(CNPQ, 2014). Estes dados, no entanto, também mostram um aumento da
presença feminina em todas as áreas de C&T entre os anos de 2001 e 2014,
com destaque para engenharias e computação, período em que a diferença no
número de homens e mulheres diminuiu 11%.
38
Gráfico 3 – Proporção de pesquisadores por área de estudo no Brasil (%) Fonte: adaptado de Elsevier (2017)
24
10
3
12
2
2
3
4
2
4
5
1
4
3
2
1
1
2
3
1
2
1
1
0
3
0
2
17
8
7
11
5
5
3
4
4
5
3
3
3
2
3
1
2
1
1
2
2
1
1
1
3
1
2
Medicina
Bioquímica, Genética e Biologia Molecular
Engenharia
Ciência Agriculturais e Biológicas
Física e Astronomia
Ciência da Computação
Ciências Sociais
Química
Ciências Materiais
Ciência Ambiental
Imunologia e Microbiologia
Matemática
Farmacologia, Toxicologia e Farmácia
Neurociência
Engenharia Química
Artes e Humanas
Ciências Planetárias e da Terra
Psicologia
Enfermagem
Energia
Profissões da Saúde
Multidisciplinário
Negócios, Administração e Contabilidade
Economia, Econométrica e Finanças
Veterinária
Ciências da Decisão
Odontologia
0 5 10 15 20 25 30Homens Mulheres
39
Grande área Mulheres Homens Total
2001 2014 2001 2014 2001 2014
Biológicas 4.206
(58%)
8.024
(61%)
3.031
(42%)
5.104
(39%) 7.237 13.128
Saúde 2.942
(63%)
6.716
(67%)
1.697
(37%)
3.271
(33%) 4.639 9.987
Exatas/da
Terra
2.686
(33%)
7.722
(35%)
5.559
(67%)
14.387
(65%) 8.245 22.109
Engenharias e
Computação
1.873
(28%)
7.583
(39%)
4.855
(72%)
12.104
(61%) 6.728 19.687
Tabela 3 – Número de bolsas-ano por grande área segundo o sexo do bolsista (2001 e 2004) Fonte: adaptado de CNPq (2014)
É interessante notar que, no entanto, computação nem sempre foi uma
área dominada massivamente por homens. O Gráfico 4 ilustra que, na década
de 1980, as mulheres representaram quase 40% das estudantes de ciência da
computação nos Estados Unidos. Nomes como os de Ada Lovelace e Grace
Hopper têm grande importância histórica na área, como mostra o capítulo 4.3 —
fatos que indicam que não é falta de capacidade das mulheres que as afastam
do desenvolvimento tecnológico.
Campanhas movidas por universidades têm buscado reverter a queda
entre os anos de 1985 e 2010 observada no Gráfico 4, incentivando o despertar
do interesse por computação em meninas e mulheres. A Universidade Berkeley
passou de 12% de diplomas de computação conferidos a mulheres em 2009
para 21% em 2013. Similarmente, a Universidade Stanford passou de 12,5% em
2008 para 21% em 2013 (BROWN, 2014).
Essas tendências, assim como as vistas nos dados das bolsas do CNPq,
mostram que as mulheres não só podem, como estão gradativamente
conquistando espaço em áreas de estudo tradicionalmente consideradas
masculinas. De mesma forma, políticas de inclusão e divulgação ajudam a
aumentar o número de mulheres onde elas são pouco representadas.
40
Gráfico 4 – Porcentagem de mulheres por área de estudo nos EUA Fonte: NPR (2014)
Rafaela Ferreira, uma das cientistas premiadas com o Para Mulheres na
Ciência 2017, defende: Precisamos de mais divulgação científica, encorajar as jovens a trabalhar com ciência. O aumento da participação feminina na ciência tende a servir como exemplo. [Precisamos] encorajar cada vez mais mulheres a seguir esta carreira. (FERREIRA apud ARAÚJO, 2017).
4.2 INICIATIVAS PARA MULHERES NA CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
De modo a atrair um maior número de mulheres para carreiras científicas
e tecnológicas e diminuir a diferença de gênero nessas áreas, diversas
instituições vêm fazendo campanhas e criando programas que buscam
promover cientistas mulheres e seus trabalhos, assim como despertar o
interesse de meninas por ciência e tecnologia desde cedo.
No ramo de tecnologia, grandes empresas como Microsoft e Google
possuem programas direcionados exclusivamente para mulheres. DigiGirlz é um
41
projeto da Microsoft YouthSpark voltado para meninas do ensino fundamental e
médio aprenderem mais sobre carreiras na tecnologia, no qual, entre outras
coisas, elas podem participar de workshops de computação (MICROSOFT,
2017).
Já Women Techmakers é uma iniciativa do Google para apoio e
empoderamento de mulheres na indústria tecnológica, promovendo eventos
sobre o tema e reunindo comunidades de mulheres que atuam na área. Alguns
de seus parceiros globais incluem Women Who Code, Girl Develop It (GDI), Anita
Borg Institute (ABI) e National Center for Women & Information Technology
(NCWIT): organizações dedicadas à inclusão e apoio de mulheres na tecnologia
(GOOGLE, 2017).
De mesma forma, instituições brasileiras têm iniciativas semelhantes.
Emíli@s: Armação em Bits é um projeto de extensão do Departamento
Acadêmico de Informática (DAINF) do campus Curitiba da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), cujo objetivo é realizar ações para aumentar a representatividade das mulheres na área da Computação, despertando o interesse de futuras estudantes e mantendo a motivação daquelas já inseridas nos cursos de Engenharia de Computação e Sistemas de Informação. (EMÍLI@S – ARMAÇÃO EM BITS, 2017).
Em comemoração ao Dia de Ada Lovelace (ver capítulo 4.3.4.1) de 2017,
o grupo Emíli@s, em parceria com o professor Dr. José Marconi Bezerra de
Souza do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial (DADIN) da UTFPR,
realizou uma exposição com pinturas de alunos feitas na disciplina de Ilustração.
Em uma primeira instância, foram criadas ilustrações apenas de Ada Lovelace
(Figura 4), porém os alunos também ilustraram outras cientistas posteriormente
(Figura 5). A exposição buscava sensibilizar o público para a questão de gênero
em C&T, e estuda-se a possibilidade de expandir o projeto futuramente.6
6 Informações fornecidas pelo Prof. Dr. Marconi em 23 de outubro de 2017.
42
Figura 4 – Ilustração de aluno da UTFPR retratando Ada Lovelace Fonte: Pepinelli (2017)
O projeto Emíli@s também é citado na 6ª edição da revista Tecnológica
da UTFPR, que ainda destaca a atuação do Núcleo de Gênero e Tecnologia
(GeTec) da universidade na formação de docentes, e na produção e divulgação
científica sobre gênero, ciência e tecnologia por meio de publicações como os
Cadernos de Gênero e Tecnologia (DIRCOM, 2017).
A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) criou o programa Meninas
Digitais a partir de debates no Women in Information Technology (WIT), evento
do Congresso da SBC que discute questões de gênero na área de Tecnologia
de Informação. O Meninas Digitais busca atrair alunas dos ensinos fundamental
e médio para carreiras nas áreas de tecnologia por meio de projetos nas
instituições parceiras (MENINAS DIGITAIS, 2017).
43
Figura 5 – Ilustração de aluno da UTFPR retratando Mae Jemison Fonte: da Silva (2017)
Igualmente, o Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS) criou o programa Meninas na Ciência, visando atrair meninas para as carreiras de ciência e tecnologia (C&T) e estimular mulheres que já escolheram estas carreiras a persistirem e se tornarem agentes no desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. (MENINAS NA CIÊNCIA, 2017).
Além disso, o projeto busca eliminar estereótipos de gênero por meio da
sensibilização das comunidades acadêmica e carentes sobre o papel da mulher
na sociedade, formando alunos em cursos de ciência e tecnologia, promovendo
cursos, oficinas e debates sobre questões de gênero em escolas públicas, e
criando filmes para divulgar mulheres em C&T (MENINAS NA CIÊNCIA, 2017).
Para Mulheres na Ciência é uma iniciativa da empresa L’Oréal, em
parceria com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciências, de incentivo,
apoio e reconhecimento a cientistas mulheres. O programa tem como objetivo a
“transformação do panorama da ciência, favorecendo o equilíbrio dos gêneros
no cenário brasileiro e global, incentivando a entrada de mulheres no universo
científico” (L'ORÉAL BRASIL, 2015), e premia pesquisadoras brasileiras de
diversas áreas, contemplando-as com bolsas-auxílio para serem investidas em
suas pesquisas (L'ORÉAL BRASIL, 2015).
As vencedoras da edição de 2017 do Para Mulheres na Ciência alegam
que a visibilidade às cientistas gerada pelo prêmio ajuda a população a entender
que tipo de pesquisa científica de ponta está sendo desenvolvida no Brasil. Esse
44
prêmio também possui uma versão internacional, For Women in Science, que já
contemplou duas cientistas que vieram a receber o prêmio Nobel: Ada Yonath e
Elizabeth Blackburn (LEONARDI, 2017).
Além do programa Para Mulheres na Ciência, a Fundação L’Oréal lançou
o portal DiscovHER, feito por mulheres e dedicado à divulgação de informações
sobre ciência e mulheres no meio científico (L'ORÉAL, 2014). Outro portal que
busca enaltecer o papel de mulheres cientistas e destacar suas conquistas é o
Ciência & Mulher, mantido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC) (CIÊNCIA & MULHER, 2016).
A UNESCO possui o projeto SAGA (STEM7 and Gender Advancement),
que busca diminuir a disparidade de gênero e melhorar as condições das
mulheres em C&T por meio de análises estatísticas e implementação de políticas
que visem igualdade de gênero (UNESCO, 2017).
A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e o Ministério da
Ciência e Tecnologia criaram o programa Mulher e Ciência em parceria com
instituições como o CNPq e o Ministério da Educação (SANTOS, 2013). O
programa visa “estimular a participação das mulheres no mundo científico e nas
carreiras acadêmicas” (SPM, 2012), fazendo-o por meio de editais de fomento a
pesquisas de gênero, eventos nacionais com a comunidade científica voltados
ao debate sobre mulheres na ciência e tecnologia, e o Prêmio Construindo a
Igualdade de Gênero, concurso nacional de redações, artigos científicos e
projetos pedagógicos sobre gênero (SPM, 2012).
Não só iniciativas partidas de grandes instituições são criadas para
incentivar a inclusão de mulheres na ciência e tecnologia, como também
mulheres individualmente buscam atrair outras mulheres para a área. Nesse
quesito, o design se mostra como uma importante ferramenta para campanhas
de divulgação de mulheres na ciência. Beyond Curie (Figura 6) é um projeto da
designer Amanda Phingbodhipakkiya que conta com uma série de cartazes
ilustrando mulheres de destaque na ciência, tecnologia, engenharia e
matemática (PHINGBODHIPAKKIYA, 2017).
7 STEM é a sigla inglesa para science, technology, engeneering and mathematics, ou ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Ao longo deste trabalho será usado o equivalente do português brasileiro C&T (ciência e tecnologia) para englobar tais áreas.
45
Figura 6 – Cartazes do projeto Beyond Curie Fonte: Phingbodhipakkiya (2017)
Em trabalho similar ao de Swaby (2015) e McGrayne (2006), a designer
Rachel Ignotofsky publicou As cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo
(Figura 7), um livro voltado para o público infanto-juvenil que contém ilustrações
de mulheres cientistas e descrições de seus feitos, além de apresentar
estatísticas sobre mulheres em C&T e explicar termos científicos de forma
simples, buscando inspirar meninas a se tornarem cientistas (IGNOTOFSKY,
2017).
Figura 7 – Páginas ilustradas do livro As cientistas Fonte: Ignotofsky (2017)
46
No cinema também há ações para a divulgação da contribuição feminina
na ciência. Estrelas além do tempo (2016) é um filme baseado no livro homônimo
de Margot Lee Shetterly que retrata a história de Katherine Jonson, Dorothy
Vaughan e Mary Jackson, mulheres negras trabalhando na NASA durante a
corrida espacial. O filme mostra a grande importância destas mulheres para
lançar astronautas ao espaço e as dificuldades que elas tiveram que enfrentar
por conta de seu gênero e raça, e se mostrou um sucesso de bilheteria
(REUTERS, 2017).
Contudo, a fim de se destacar a presença e importância de mulheres em
C&T, não é necessário apresentá-las à parte de homens. STEM: Epic Heroes é
um projeto de financiamento coletivo de um jogo de cartas cujo tema central é
ciência. O jogo busca representar cientistas como heróis, e oferece ilustrações
de cientistas de ambos os gêneros (HOLOGRIN STUDIOS, 2017). Na Figura 8
é possível ver 29 cartas do jogo: 12 das quais destacam mulheres, e 17, homens.
Figura 8 – Cartas do jogo STEM: Epic Heroes, com destaque para ilustração representando Chien-Shiung Wu Fonte: Hologrin Studios (2017); Bond e Poliakova (2017)
47
Esses exemplos são apenas alguns dentre tantos coletivos,
organizações não-governamentais, empresas, indivíduos e grupos em geral que
buscam atrair mais mulheres para a ciência e tecnologia e enaltecer as que já
estão na área, tentando, assim, reverter o quadro de desigualdade de gênero
em C&T.
4.3 CIENTISTAS DE DESTAQUE
Como pode-se perceber nos exemplos individuais das cientistas que
serão apresentados a seguir a partir das obras de Swaby (2015) e McGrayne
(2006), e assim como já discutido anteriormente, várias cientistas foram
injustiçadas por colegas, superiores, ou mesmo por instituições acadêmicas,
portanto nem todas receberam o reconhecimento devido pelas suas
contribuições de forma oficial. Logo, o critério adotado para a escolha das
cientistas a serem apresentadas no projeto final é de mulheres que conquistaram
o prêmio Nobel ou alcançaram feitos notáveis dentro do campo científico e
tecnológico. Elas estão organizadas por campo de atuação e subsequentemente
por data de nascimento, em classificação adaptada do modelo utilizado por
Swaby (2015). Fotos das cientistas também podem ser encontradas no Anexo
A.
4.3.1 Genética e desenvolvimento
4.3.1.1 Nettie Stevens (1861 – 1912)
Genética, Estados Unidos.
Até o começo do século 20, acreditava-se que o sexo de um bebê era
determinado pelas condições do ambiente. Fatores como a nutrição da mãe ou
48
temperatura seriam decisivos para a criança nascer menina ou menino. Essa
crença, conta Swaby (2015), fazia com que o filósofo grego Aristóteles
recomendasse que casais tivessem relações sexuais durante o verão para gerar
um herdeiro homem, pois o calor da estação garantiria que a “frigidez natural” da
mulher fosse vencida.
Foi Nettie Stevens que fez essas crenças milenares caírem por terra em
1905. Retirando gônadas de bichos-de-farinha (larvas do besouro da espécie
Tenebrio molitor) e preparando-as em lâminas de microscópio da forma correta,
Stevens podia observar fileiras de cromossomos do bicho-da-farinha. Ela logo
percebeu um padrão: as células reprodutoras masculinas podiam ter
cromossomos X ou Y, enquanto as células femininas possuíam apenas
cromossomos X. Assim, ela concluiu que eram os cromossomos que
determinavam o sexo de um bebê em sua concepção, não um fator externo
(SWABY, 2015).
No entanto, ainda demorariam alguns anos para os outros cientistas da
época aceitarem a pesquisa de Stevens. Ela acabou morrendo de câncer de
mama sem receber o reconhecimento de seu trabalho, muitas vezes creditado
erroneamente ao geneticista Thomas Morgan — que pesquisou o papel dos
cromossomos na hereditariedade —, ainda que, quando Stevens publicou sua
descoberta, o próprio Morgan tenha também inicialmente preferido a teoria de
que fatores externos determinam o sexo de um bebê (SWABY, 2015).
4.3.1.2 Barbara McClintock (1902 – 1992)
Genética, Estados Unidos.
Quando Barbara McClintock iniciou sua pós-graduação em 1923, muitos
biólogos ainda não aceitavam a genética mendeliana. Sabia-se que os
cromossomos carregam informações hereditárias e que cada espécie tem um
determinado número de cromossomos, porém a descoberta de que o DNA é a
base da genética ainda demoraria a acontecer (MCGRAYNE, 2006).
Trabalhando com plantas de milho (Zea mays), McClintock descobriu
que os genes podem mudar de lugar no cromossomo e “ligar” e “desligar”,
49
fenômeno nomeado de transposição genética. Este fenômeno também influencia
mutações genéticas, e explica a grande variabilidade genética dos organismos,
tendo importante papel na evolução das espécies e na engenharia genética
atual, e ainda estando relacionado a problemas congênitos, resistência a
antibióticos e até a incidência de câncer (MCGRAYNE, 2006).
McClintock recebeu o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1983 por sua
descoberta, e, junto com Gregor Mendel e Thomas Morgan, é um dos maiores
nomes da genética, tendo seu trabalho sido referido pelo comitê do Nobel como
“uma das duas grandes descobertas dos nossos tempos em genética”, a outra
sendo a estrutura do DNA (MCGRAYNE, 2006).
4.3.1.3 Rosalind Franklin (1920 – 1958)
Bioquímica, Reino Unido.
Rosalind Franklin foi pioneira nos estudos sobre a estrutura do DNA nos
anos 50. Tirando radiografias de moléculas de DNA em condições de menor e
maior umidade, ela descobriu duas formas da molécula, o que a levou a concluir
que os açúcares-fosfato estão localizados do lado de fora da molécula, próximo
à água, e as bases nitrogenadas ficam alinhadas do lado de dentro da cadeia de
fosfatos (MCGRAYNE, 2006).
Para entender a molécula por completo, ela ainda tinha que descobrir
que as cadeias de fosfatos se organizavam de forma helicoidal, orientadas em
direções opostas, e que as bases guanina, citosina, timina e adenina se
agrupavam em pares específicos. Uma das fotografias tiradas por Franklin
apontava para o formato helicoidal da molécula, porém ela ainda precisava de
provas mais sólidas para ter certeza de sua descoberta (MCGRAYNE, 2006).
Antes que ela conseguisse decifrar a estrutura do DNA por completo, no
entanto, a fotografia que havia tirado da molécula de DNA (considerada a
imagem de melhor qualidade até então) e um relatório que ela havia escrito
descrevendo os resultados recentes de sua pesquisa foram repassados, sem
seu conhecimento, para James Watson e Francis Crick, o que possibilitou que a
50
dupla corrigisse erros que estava cometendo em sua própria pesquisa e a
alavancasse à frente da pesquisa de Franklin (MCGRAYNE, 2006).
Colegas e amigos de Franklin dizem que ela estava no caminho certo
para decifrar a estrutura do DNA por conta própria. Porém, antes que isso
pudesse acontecer, Watson e Crick publicaram seus resultados e, juntamente
de Maurice Wilkins (colega de Franklin que mostrou a fotografia do DNA tirada
por ela para Watson), receberam o Nobel de medicina pela descoberta em 1962,
quatro anos após a morte de Franklin, sem creditá-la pelas informações crucias
que obtiveram de sua pesquisa. Como o Nobel não é concedido postumamente,
ela nunca recebeu o reconhecimento devido pelo seu trabalho (MCGRAYNE,
2006).
Franklin ainda trabalhou com RNA de vírus, descobrindo como proteínas
e ácidos nucleicos atuam na transmissão de informação genética (SWABY,
2015) e fez importantes descobertas a respeito da estrutura de moléculas de
carvão e grafite (MCGRAYNE, 2006).
4.3.2 Física e química
4.3.2.1 Marie Skłodowska Curie (1867 – 1934)
Física e química, Polônia.
Marya Skłodowska Curie é mais conhecida pelo seu nome francês, Marie
Curie. No começo do século 20, cientistas acreditavam que não havia mais muito
o que se descobrir sobre o universo físico. Um físico alemão disse que “não há
mais nada para se fazer na física além de melhores medições” (MCGRAYNE,
2006). Curie iria mudar isso.
Em 1896, Henri Becquerel observou pela primeira vez a radioatividade
— termo que viria a ser cunhado mais tarde por Curie — em urânio. Ela ocorre
quando o núcleo pesado e instável de um átomo se parte e elimina o excesso de
energia por meio de prótons e nêutrons (as chamadas partículas alfa), elétrons
51
super-rápidos ou raios gama de energia pura. O urânio também deixa o ar ao
seu redor eletrizado, fenômeno chamado de ionização. Curie percebeu que esse
fenômeno poderia indicar radioatividade em outros elementos químicos, e
pesquisando-os ela descobriu que o tório também é radioativo (MCGRAYNE,
2006).
Medindo a corrente elétrica produzida por compostos de tório e urânio,
Curie descobriu que a força da radiação dependia apenas da quantidade de tório
ou urânio nos compostos, e não de como os átomos estavam organizados na
molécula — o que normalmente determina fatores como cor, dureza ou
solubilidade de um composto. Logo, ela concluiu que a radiação vinha do átomo
em si (MCGRAYNE, 2006).
Curie começou a estudar minérios de urânio e tório e descobriu que
alguns eram muito mais radioativos do que se esperaria da quantidade de urânio
e tório que eles continham. Ela teorizou que os minérios deveriam conter outro
elemento mais radioativo. Assim, junto com seu marido Pierre Curie, Marie
descobriu o polônio e o rádio8 em 1898 (MCGRAYNE, 2006).
Além dos novos elementos, ela abriu um novo campo da física: pois a
radioatividade viria a ser a principal ferramenta para entender o interior de um
átomo. Os físicos da época, até então, haviam assumido que átomos eram
sólidos, indivisíveis, estáveis e imutáveis, mas o rádio era prova de que havia
algo a mais acontecendo no átomo que fazia com que ele emitisse luz e calor
por anos a fio (MCGRAYNE, 2006).
Becquerel e Pierre Curie foram nomeados ao Nobel de física de 1903
por suas pesquisas com radioatividade. Marie não teria ganhado o prêmio se
Pierre não tivesse insistido que ela recebesse o devido crédito pelo seu trabalho.
Depois da morte de Pierre em 1906, Marie ainda viria a ser premiada com o
Nobel de química de 1911 pelas descobertas do rádio e polônio. Por 61 anos ela
foi a única pessoa a ter dois prêmios Nobel (MCGRAYNE, 2006), sendo até hoje
a única com dois prêmios de ciências distintas (HISTORY, [s.d.]). Sua filha Irène,
seguindo o legado dos pais, também viria a receber em 1935 um Nobel em
química junto de seu marido Frédéric Joliot pela descoberta da radiação artificial.
8 O polônio é 400 vezes mais radioativo que o urânio. O rádio, um milhão (MCGRAYNE, 2006).
52
O laboratório precário dos Curie e a falta de conhecimento sobre os
efeitos da radiação sobre o corpo humano fizeram com que o casal sofresse de
diversos problemas de saúde causados pela exposição a radiação; e embora a
descoberta do rádio tenha simbolizado uma esperança no tratamento de
pacientes com câncer, Marie Curie morreu de leucemia em 1934 (MCGRAYNE,
2006).
4.3.2.2 Lise Meitner (1878 – 1968)
Física, Áustria.
Lise Meitner começou a estudar radioatividade inspirada pelas
descobertas do casal Curie, e se firmou como grande nome da física, sendo
chamada por Albert Einstein de “nossa Madame Curie”. Morando na Alemanha,
polo de desenvolvimento científico da época, Meitner iniciou o que seria uma
longa parceria com o químico Otto Hahn. Com a ajuda de Hahn, ela descobriu o
protactínio, um elemento radioativo que decai para o actínio (MCGRAYNE,
2006).
Em 1934, no auge de sua carreira, conta McGrayne (2006), Meitner
iniciou o maior experimento de sua vida, competindo contra nomes como Enrico
Fermi, Ernest Rutherford e Irène Joliot-Curie. Fermi estava bombardeando
elementos pesados com nêutrons, esperando que o núcleo do átomo
absorvesse um nêutron e, assim, se tornasse um elemento mais pesado. Ele
esperava alcançar isso especialmente com o urânio, o elemento natural mais
pesado, a fim de criar um elemento artificial que fosse ainda mais pesado. Fermi
acreditou ter encontrado novos elementos transurânicos, provocando o início de
uma corrida entre físicos e químicos pela descoberta de novos elementos.
Meitner, que havia passado alguns anos sem trabalhar com Hahn,
chamou-o para participar de seus experimentos, pois precisava de um químico
experiente que pudesse identificar elementos superpesados. Para auxiliá-lo na
identificação, por sua vez, Hahn chamou o químico Fritz Strassmann. O que nem
ela, nem Fermi, Rutherford ou Joliot-Curie perceberam até então, bombardeando
53
átomos de urânio com nêutrons, era que eles não estavam criando elementos
transurânicos, mas sim a fissão do átomo de urânio (MCGRAYNE, 2006).
Enquanto isso, a perseguição aos judeus na Alemanha nazista
aumentava, e Meitner, de origem judia, eventualmente se viu forçada a fugir para
a Suécia. Em Estocolmo, contudo, Meitner estava longe da pesquisa que iniciara
e não tinha os equipamentos de que precisava. Ela passou a depender das
correspondências que trocava com Hahn (MCGRAYNE, 2006).
Verificando os produtos das colisões de urânio e nêutrons, Hahn
identificou átomos de bário, que têm aproximadamente metade do tamanho de
átomos de urânio (bário possui 56 prótons, e urânio, 92). Como urânio não podia
decair para bário, Hahn escreveu para Meitner pedindo uma explicação
(MCGRAYNE, 2006).
Na ocasião, Frisch, sobrinho de Meitner e físico, estava visitando-a na
Suécia. Juntos, os dois ponderaram sobre os dados enviados por Hahn. O átomo
de urânio podia se dividir em bário (56) e crípton (36), ou rubídio (37) e césio
(55), ou outros pares de elementos de tamanho médio que somassem os 92
prótons do urânio. Essa variedade de elementos era o que os cientistas
acreditavam ser os novos elementos transurânicos (MCGRAYNE, 2006).
Meitner explicou que este fenômeno se tratava da fissão nuclear e ainda
concluiu que a fissão do núcleo de urânio gera 200.000.000 elétrons-volt:
ineditamente, um experimento estava gerando mais energia do que consumindo.
Hahn e Strassmann publicaram as descobertas, e apenas Hahn recebeu
o Nobel de química em 1944, embora seja consenso entre físicos que Meitner
também o merecesse, uma vez que foi ela quem tenha iniciado o experimento e,
com Frisch, explicado o processo (MCGRAYNE, 2006).
E embora o nome de Meitner tenha sido constantemente apagado da
descoberta da fissão nuclear, em 1992 físicos descobriram um novo elemento
sintético criado a partir da fusão de bismuto e ferro, que batizaram de meitnério
em homenagem a Meitner e seu trabalho fundamental na compreensão da fissão
(MCGRAYNE, 2006).
54
4.3.2.3 Chien-Shiung Wu (1912 – 1997)
Física, China.
O pai de Chien-Shiung Wu defendia a igualdade de gênero e desde cedo
incentivou a filha — cujo nome significa “corajosa heroína” em chinês — a buscar
uma boa educação. Tendo recebido sua educação básica na China, Wu se
mudou para os Estados Unidos para buscar melhores condições de pesquisa em
física (MCGRAYNE, 2006).
Extremamente metódica, como conta McGrayne (2006), Wu acreditava
que, para um experimento ser aceito pela comunidade científica, não bastava
provar que ele estava certo, mas também demonstrar onde os experimentos que
diziam o contrário haviam errado. Rapidamente ela se tornou grande especialista
no campo da física nuclear e radioatividade, chegando a trabalhar no Projeto
Manhattan.
Wu provou a Teoria de Fermi sobre decaimento beta. No decaimento
beta, um nêutron do núcleo do átomo se parte formando um próton, um elétron
e um neutrino. O elétron e o neutrino são “ejetados” do núcleo, tornando o átomo
mais estável. Fermi propusera que essa ejeção ocorreria em altas velocidades
em sua maioria, porém experimentos científicos observavam o contrário. Wu
descobriu que estes cientistas estavam usando materiais radioativos de
espessuras irregulares, e quando ela usou um material fino e homogêneo,
provou que Fermi estava certo (MCGRAYNE, 2006).
Outro feito de Wu foi refutar um princípio físico. O princípio de
conservação de paridade determina que a forma simétrica de uma partícula
deveria ter o mesmo comportamento que sua contraparte. Contudo, Wu provou
experimentalmente que os káons (um tipo de partículas subatômicas) fogem a
essa regra. Wu, entretanto, nunca recebeu o Nobel pela condução do
experimento; este foi dado apenas a Tsung Dao Lee e Chen Ning Yang, os
cientistas que propuseram que káons eram exceções à lei da conservação de
paridade (MCGRAYNE, 2006).
55
4.3.2.4 Stephanie Kwolek (1923 – 2014)
Química, Estados Unidos.
Quando nova, Stephanie Kwolek amava tecidos e costurar, por isso
pensou em se tornar estilista de moda. Porém, cultivando amor também pela
ciência, ela se formou em química. Trabalhando na empresa DuPont, Kwolek
coincidentemente pesquisava materiais para criar novos tipos de tecidos. A
DuPont já havia sido responsável pela invenção do nylon, e encarregou Kwolek
de criar um material mais leve e mais forte que substituísse o aço usado na
estrutura de pneus (SWABY, 2015).
Em 1964, misturando alguns polímeros, Stephanie Kwolek criou o
Kevlar, mais leve e cinco vezes mais forte que o aço. Por causa de suas
propriedades físicas, o Kevlar é usado em inúmeros objetos — alguns exemplos
figuram desde luvas de forno até aparelhos celulares, coletes à prova de balas
e trajes espaciais. Além do Kevlar, Kwolek ainda contribuiu para a criação da
Lycra e do Spandex (elastano), presentes em grande parte das roupas atuais
(SWABY, 2015).
4.3.3 Terra e estrelas
4.3.3.1 Annie Jump Cannon (1863 – 1941)
Astronomia, Estados Unidos.
Filha de uma astrônoma amadora, Annie Jump Cannon gostava de
observar estrelas desde criança. Durante toda sua vida, ela classificou 50 vezes
mais estrelas que as aproximadamente oito mil que se pode observar a olho nu
pontilhando o céu noturno, tornando-se a maior “colecionadora” de estrelas que
já viveu — tanto entre mulheres quanto homens (SWABY, 2015).
56
Cannon trabalhou analisando fotografias de estrelas, classificando-as a
partir de seu espectro eletromagnético. Fazendo a luz de uma estrela atravessar
um prisma, onde se dividia em suas cores constituintes, ela podia descobrir
indícios de sua temperatura e composição. Embora ela não tenha criado a
análise espectral, o sistema de classificação de estrelas que Cannon
desenvolveu se tornou padrão mundial, sendo usado até hoje em uma forma
mais refinada e fazendo com que o nome de Annie Jump Cannon9 seja um dos
mais importantes da astronomia (SWABY, 2015).
4.3.3.2 Inge Lehmann (1888 – 1993)
Sismologia, Dinamarca.
Embora a Dinamarca não seja referência em estudos sismológicos —
pois a atividade sísmica no país é mínima —, foi ali que Inge Lehmann se tornou
uma das mais respeitadas especialistas da área.
Graças à invenção do sismógrafo em 1880, cientistas podiam coletar
informações de atividades sísmicas do outro lado do planeta. Se o interior da
terra fosse homogêneo, as ondas sísmicas de um terremoto iriam se irradiar em
todas as direções da crosta terrestre de forma consistente. A razão de isso não
acontecer é que o núcleo líquido da Terra as desvia (SWABY, 2015).
Estudando os dados de terremotos do mundo inteiro coletados por
sismógrafos, Lehmann percebeu que eles divergiam do que era esperado com
a presença do núcleo líquido. Alguns terremotos geravam ondas onde não
deveriam, ou as ondas não eram registradas onde se esperava, ou então vinham
com ângulos inesperados. Meticulosa com seu trabalho, Lehmann chegou à
conclusão que as leituras dos sismógrafos não eram aberrações, mas sim que
apontavam que a Terra possuía um núcleo interno, sólido, além do núcleo já
descoberto (SWABY, 2015).
9 Curiosamente, Cannon também era surda (ENCYCLOPEDIA.COM, 2004).
57
4.3.3.3 Cecilia Payne-Gaposchkin (1900 – 1979)
Astronomia, Reino Unido.
Analisando o espectro das estrelas assim como Annie Jump Cannon
(capítulo 4.3.3.1), e comparando com o espectro de elementos químicos em
laboratório, cientistas acreditavam que as estrelas tinham basicamente a mesma
composição da Terra, com predominância de elementos mais pesados como
cálcio e ferro (AMERICAN MUSEUM OF NATURAL HISTORY, 2000).
Cecilia Payne sabia que os padrões no espectro de um átomo eram
determinados pela configuração de seus elétrons, e que a altas temperaturas
átomos podiam perder elétrons, tornando-se íons. Ela mostrou que a variação
dos espectros estelares se dava principalmente pelos diferentes estados de
ionização dos átomos e, consequentemente, diferentes temperaturas da
superfície das estrelas; e não diferentes quantidades de elementos (AMERICAN
MUSEUM OF NATURAL HISTORY, 2000).
Payne descobriu que o Sol e as outras estrelas do universo são
compostos quase que inteiramente de hidrogênio e hélio, os dois elementos mais
leves da tabela periódica. Os elementos mais pesados correspondiam por
menos de 2% da massa das estrelas. Payne, assim, desvendava a composição
da maior parte do universo visível (AMERICAN MUSEUM OF NATURAL
HISTORY, 2000).
4.3.3.4 Marie Tharp (1920 – 2006)
Cartografia, Estados Unidos.
O solo marítimo permaneceu um mistério por muito tempo, e por volta
de 1910, a ideia de que os continentes já estiveram unidos em um único
supercontinente (hoje conhecido como Pangeia), como proposto por Alfred
Wegener, foi rapidamente desacreditada pela comunidade científica
(BLAKEMORE, 2016). Porém, não pela geóloga Marie Tharp. Em 1952, ela
58
levantou a hipótese de Wegener para seu colega Bruce Heezen, que a
desdenhou como “conversa de menina”.
Por ser mulher, Tharp não podia participar das expedições marítimas
que coletavam dados topográficos do fundo do mar por meio de um sonar.
Portanto, ela analisava as informações coletadas por Heezen em terra. O
mapeamento feito por Tharp do solo marítimo revelou que, ao invés de plano e
homogêneo como acreditava-se ser até em então, o fundo do mar possuía
diversas montanhas e vales (SWABY, 2015). Uma dessas formações geológicas
mapeadas por Tharp foi a Dorsal Mesoatlântica, uma cadeia de montanhas
submarinas formada a partir da separação dos continentes (BLAKEMORE,
2016).
Paralelamente, Heezen estava mapeando a localização de epicentros
de terremotos. Quando esses dados foram comparados com os acidentes
geográficos mapeados por Tharp, a dupla percebeu que ambos aconteciam nas
mesmas áreas. Provava-se, assim, a existência de placas tectônicas e a teoria
da deriva continental, embora Heezen ainda fosse demorar mais dois anos para
se convencer (SWABY, 2015).
Assim como Heezen, muitos ainda permaneciam céticos em relação à
teoria. Uma dessas pessoas era o famoso oceanógrafo Jacques Cousteau, que
em 1959 realizou uma expedição para filmar o fundo do mar que revelou
exatamente o que Tharp mapeara. Em sua parceria com Heezen, Tharp quebrou
paradigmas da geofísica e mapeou todo o solo marítimo do mundo (SWABY,
2015).
4.3.3.5 Vera Rubin (1928 – 2016)
Astronomia, Estados Unidos.
Junto com seu colega Kent Ford na década de 1970, Rubin estava
mapeando a distribuição de massa em galáxias espirais medindo a velocidade
com qual essas galáxias rotacionavam. Seguindo as leis propostas por Newton
e Einstein, quanto mais rápido as estrelas giram, mais gravidade (e portanto,
massa) é necessária para mantê-las em órbita. Em suas observações, Rubin e
59
Ford esperavam encontrar a maior parte da massa onde havia maior
concentração de luz estrelar: no centro das galáxias. Logo, as estrelas mais
afastadas do centro girariam com velocidade menor ao redor do mesmo
(OVERBYE, 2016).
O que eles observaram, no entanto, foi que a velocidade longe do centro
não diminuía, o que, segundo Newton e Einstein, deveria significar que havia
matéria não-visível ali. Assim, Rubin provou a existência da matéria escura, 90%
da composição de uma galáxia espiral. Vera Rubin foi cogitada várias vezes para
ser nomeada ao Prêmio Nobel, porém nunca o recebeu (OVERBYE, 2016).
4.3.3.6 Mae Jemison (1956 –)
Medicina e engenharia, Estados Unidos.
Em uma época em que astronautas eram homens e brancos, Mae
Jemison buscou inspiração além da vida real para se tornar a primeira mulher
negra a ir para o espaço. Vivendo sua infância nos Estados Unidos dos anos
1960, Jemison gostava de estudar estrelas, plantas e formigas. Ela também
acompanhava a série de televisão Star Trek, onde via a personagem Uhura,
vivida pela atriz Nichelle Nichols — mulher e negra como Jemison —
desempenhando importantes papéis de comando na nave USS Enterprise
(KATZ, 1996).
Engenheira, médica, e até mesmo dançarina, Jemison participou da
missão espacial Endeavour da NASA em 1992 e assim marcou para sempre seu
nome na história como primeira astronauta mulher e negra. Depois de se
aposentar como astronauta, ela ainda continuou trabalhando para melhorar as
condições de vida de países em desenvolvimento por meio da democratização
da tecnologia (KATZ, 1996).
60
4.3.4 Matemática e tecnologia
4.3.4.1 Ada Lovelace (1815 – 1852)
Matemática, Reino Unido.
Filha do famoso poeta inglês Lord Byron, Ada Augusta Byron, Condessa
de Lovelace, teve uma criação rígida por sua mãe, que a direcionou desde cedo
para as áreas do conhecimento mais matemáticas a fim de que a filha não se
tornasse uma poetisa como o pai (SWABY, 2015).
Como consequência da educação que Lovelace recebeu, em 1833 ela
conheceu o matemático Charles Babbage e sua Máquina Analítica, que prometia
ser uma calculadora revolucionária, precursora dos computadores modernos.
Em 1842, um artigo sobre a Máquina Analítica de Babbage foi publicado em
francês, e Lovelace o traduziu para o inglês, acrescentando anotações próprias
e explicando o potencial da máquina além das possibilidades imaginadas por
Babbage (SWABY, 2015).
Segundo ela, a máquina poderia armazenar informações e programas
que pudessem processá-las — instruções feitas sob medida aos interesses de
seu dono. Ela também previu que a máquina poderia ir além da análise de
números: como sendo capaz de compor peças musicais complexas (SWABY,
2015).
Em suas anotações, Lovelace ainda descreveu como um algoritmo
poderia devolver uma sequência de números racionais conhecida como
Números de Bernoulli, o que viria a ser conhecido como o primeiro programa de
computador do mundo, consequentemente tornando Lovelace a primeira
programadora (SWABY, 2015).
A linguagem de programação Ada foi batizada em homenagem a ela, e
o Dia de Ada Lovelace é uma celebração às mulheres na ciência, tecnologia,
engenharia e matemática e suas conquistas (SWABY, 2015).
61
4.3.4.2 Grace Murray Hopper (1906 – 1992)
Ciência da computação, Estados Unidos.
O termo “bug” (“inseto”, em inglês), hoje amplamente usado na
computação para se referir a uma falha em um software, foi criado quando Grace
Hopper encontrou uma mariposa presa no computador Mark II enquanto ela
trabalhava na marinha americana (SWABY, 2015).
Antes do Mark II e seu bug, no entanto, Hopper trabalhou no Mark I.
Cabia a ela a tarefa de programar o computador de 5 toneladas, e as sequências
de instruções apresentadas no manual de 561 páginas que ela escreveu são
alguns dos primeiros exemplos de programas de computadores digitais. Anos
depois, também ajudou na criação de padrões para linguagens de programação
que estão presentes nos computadores modernos (SWABY, 2015).
Durante o tempo em que esteve afastada da marinha, Hopper criou o
primeiro compilador, um tradutor de linguagem binária. Assim, programadores
podiam usar poucas letras ao invés de longas sequências de 1 e 0. Além do
compilador, ela também ajudou a criar a linguagem de programação COBOL
(Common Business Oriented Language, ou Linguagem Orientada para Negócios
Comuns), que ainda hoje é utilizada por várias organizações (SWABY, 2015).
Hopper era conhecida pela expressão “é mais fácil pedir perdão do que
permissão” e era contra o pensamento de que algo que sempre foi feito de um
jeito deva continuar sendo feito assim. Sua personalidade inovadora fez com que
ela se tornasse um dos maiores nomes da computação junto com Charles
Babbage e Ada Lovelace (SWABY, 2015).
4.3.4.3 Hedy Lamarr (1914 – 2000)
Tecnologia, Áustria.
Hedwig Eva Maria Kiesler alcançou a fama com outro nome: Hedy
Lamarr. Não só uma grande inventora, ela também foi uma das maiores estrelas
de Hollywood do século 20.
62
Durante o tempo em que esteve casada com o vendedor de armamentos
Friedrich Mandl, Lamarr obteve inteligência militar dos encontros que o marido
tinha com diplomatas, políticos, generais e até Benito Mussolini. Segundo Swaby
(2015), insatisfeita com as inclinações nazifascistas de Mandl, Lamarr o deixou
e foi aos Estados Unidos, onde em Hollywood alcançou a fama internacional
como atriz, sendo conhecida como “a mulher mais bonita do mundo”.
Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, os torpedos americanos
tinham uma taxa de falha de 60%, e Lamarr queria encontrar alguma forma de
ajudar as forças aliadas. Necessitava-se de uma maneira de se comunicar com
os torpedos para guiá-los melhor, porém o rádio podia facilmente sofrer
interferência de tropas inimigas. Junto com o amigo e compositor George Antheil,
Lamarr se inspirou em uma melodia sendo tocada simultaneamente em escalas
diferentes no piano por duas pessoas para criar sua invenção (SWABY, 2015).
A tecnologia de frequência variável patenteada por ela acabou sendo
engavetada pela marinha americana devido à dificuldade de implantação, porém
foi resgatada anos depois e possibilitou o desenvolvimento de diversas
tecnologias de comunicação sem fio usadas atualmente como o Bluetooth, Wi-
Fi e GPS (SWABY, 2015).
4.4 MOTION DESIGN
4.4.1 História da animação e do motion design
Motion design é a forma abreviada de “motion graphic design”, e
caracteriza-se pelo design que sai de sua forma estática por meio da animação
de formas gráficas (What is Motion Design?, 2011). Segundo Krasner (2008), a
sugestão de movimento nas artes gráficas está presente desde os tempos pré-
históricos, quando alguns animais eram desenhados com várias pernas para
transmitir a impressão de movimento.
63
Graças ao fenômeno da persistência visual, o cérebro humano é capaz
de interpretar uma rápida sucessão de imagens estáticas diferentes como uma
única imagem. Este fenômeno inspirou a invenção de diversos dispositivos no
século 19 que exibiam uma sequência de imagens que criasse a ilusão de uma
imagem em movimento — marcando os primórdios da animação gráfica —,
como o taumatrópio, o fenacistoscópio, o zootrópio e o praxinoscópio
(KRASNER, 2008).
No entanto, estes dispositivos eram limitados ao número de imagens que
podiam exibir em uma única sequência (o zootrópio e o praxinoscópio, por
exemplo, exibiam sequências de aproximadamente 15 imagens). Foi com a
invenção do cinematógrafo pelos irmãos Louis e Auguste Lumière e da fita de
filme que sequências mais longas puderam ser criadas. Assim, além da filmagem
de pessoas e ambientes, também se começou a desenvolver desenhos
animados. Um dos primeiros personagens foi o Gato Félix, criado por Pat
Sullivan e animado por Otto Mesmer. Subsequentemente, a animação em
células transparentes permitiu a sobreposição de diferentes imagens e expansão
das possibilidades de efeitos visuais (KRASNER, 2008).
No século 20, os avanços tecnológicos e mudanças socioeconômicas
pós-Primeira Guerra Mundial influenciaram a rejeição de artistas à
representação clássica, dando início a uma onda de abstração nas artes
plásticas em movimentos como o Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo
e Modernismo. Como demonstrado pelas Figura 9 e Figura 10, artistas destes
movimentos fizeram experimentações com cinema, explorando interações entre
formas geométricas, espaços positivos e negativos, e cores, utilizando técnicas
como objetos sobrepostos para criar formas a partir de suas silhuetas, ou
pintando e arranhando diretamente sobre o filme (KRASNER, 2008).
64
Figura 9 – Imagens do filme Opus IV de Walter Ruttmann Fonte: Opus IV (1925)
Além das animações experimentais, o motion design também se derivou
do design de títulos de filmes, que, por sua vez, tem suas origens no cinema
mudo. Textos brancos sobre fundos pretos eram usados para fornecer
informações como nome do filme, diálogos e créditos, podendo ser estilizados
de acordo com o gênero do filme (fontes grosseiras para filmes de terror e fontes
caligráficas para romances, por exemplo) (KRASNER, 2008).
65
Figura 10 – Imagens do filme Spook Sport de Mary Ellen Bute e Norman McLaren Fonte: Spook Sport (1939)
Com o tempo — principalmente após a implementação de som aos
filmes —, o design de títulos foi evoluindo para narrativas próprias complexas. O
designer Saul Bass (Figura 11) se tornou um dos maiores nomes na área, com
seus títulos animados sendo considerados “minifilmes” por si só (KRASNER,
2008). Como disse Walter Murch: A sequência-título de um filme é como a moldura ao redor de uma pintura; ela deve realçar e comentar o que está “dentro”, alertando e sensibilizando o espectador aos tons emotivos, às ideias da história e ao estilo visual que será encontrado na obra em si. (MURCH apud KRASNER, 2008, p. 21).
Segundo conta Krasner (2008), os avanços nas tecnologias digitais a
partir da década de 1960 permitiram a maior complexidade de efeitos visuais
criados em computador, e o motion design começou a ser empregado com mais
frequência na televisão para animação de logotipos, vinhetas, comerciais e
aberturas de programas, estabelecendo-se como importante pilar da identidade
visual de uma marca. A presença do motion design ainda se estendeu para
videoclipes de músicas, sites da internet, aplicativos e painéis informativos,
66
popularizada de forma que atualmente pode ser notada na maioria das mídias
digitais.
Figura 11 – Imagens da sequência-título de Saul Bass para o filme Anatomia de um Crime Fonte: Anatomia de um Crime (1959)
Porém, como explica Lucena Júnior (2011), a universalização de
softwares de animação digital, embora tornem a técnica mais fácil e acessível,
não deve se desvencilhar dos preceitos artísticos básicos já firmados por
animadores tradicionais.
4.4.2 Princípios básicos de animação
Referência em animação, os estúdios Walt Disney estabeleceram ao
longo do tempo algumas noções de animação que acabaram se tornando
fundamentais para a prática, pois conferem mais naturalidade e dinamismo a
personagens e objetos animados. Os 12 princípios básicos da animação
(resumidos na Figura 12) são: comprimir e esticar, antecipação, encenação,
ação direta e pose a pose, continuidade e sobreposição da ação, aceleração e
67
desaceleração, arcos, ação secundária, temporização, exagero, desenho
volumétrico, e apelo (THOMAS; JOHNSTON, 1995).
Figura 12 – 12 princípios básicos de animação Fonte: adaptado de Lodigiani (2014)
Comprimir e esticar é o princípio que confere sensação de volume e
flexibilidade a um objeto por meio de sua deformação (Figura 13).
Figura 13 – Movimento de quicar de uma bola, que se alonga nos instantes mais rápidos e se achata quando em contato com uma superfície sólida Fonte: Thomas e Johnston (1995)
68
Antecipação é o preceder de uma ação com um movimento que permita
à audiência prever o que acontecerá em seguida, evitando confusões sobre que
tipo de gesto foi executado (Figura 14).
Figura 14 – Personagem indicando por meio do corpo que vai andar para a frente Fonte: Thomas e Johnston (1995)
Encenação é a apresentação de uma ideia se forma que ela esteja clara
para a audiência (THOMAS; JOHNSTON, 1995).
Ação direta e pose a pose são denominações que definem duas
abordagens diferentes à animação. Ação direta se refere à animação que se
inicia a partir de um primeiro desenho e se desenvolve de forma livre, permitindo
maior criatividade e espontaneidade para o animador. Porém, a falta de
planejamento dos movimentos e do objetivo almejado pode fazer com que o
animador se perca na cena. Na animação pose a pose, o animador desenha
quadros-chave, e então completa os quadros intermediários com transições
entre as poses dos personagens e objetos. Este método possibilita um melhor
planejamento da animação e maior agilidade na sua execução; no entanto, pode
fazer com que a animação se torne rígida demais. Combinando ambos os
procedimentos, pode-se extrair o melhor de cada um e suprimir, assim, suas
deficiências individuais (THOMAS; JOHNSTON, 1995).
Continuidade e sobreposição da ação caracterizam técnicas em que se
evita que um personagem ou objeto permaneça estático na cena. Usa-se a
inércia para conferir sensação de massa a um objeto, fazendo com que partes
subjacentes de um corpo principal sigam o seu movimento e o continuem depois
de o mesmo ter parado, por exemplo. O corpo não se move todo de uma vez, e
69
algumas partes podem ser mais pesadas ou soltas que outras, alterando a
inércia total do conjunto (Figura 15). Quando uma ação principal é terminada,
também pode-se continuá-la por meio de movimentos menores, tornando a nova
pose criada uma extensão ou exageração da primeira (THOMAS; JOHNSTON,
1995).
Figura 15 – Barba e flacidez no rosto do personagem executam o movimento atrasados em relação ao resto da cabeça Fonte: Thomas e Johnston (1995)
Aceleração e desaceleração (também representadas na Figura 13) são
um artifício que faz com que a velocidade de um objeto se altere ao longo da
trajetória do movimento que ele está realizando, adquirindo um aspecto mais
natural. Desenhos mais próximos representam movimentos mais lentos, e
desenhos mais afastados representam movimentos mais rápidos, enquanto
desenhos espaçados de forma homogênea fazem com que o movimento
assuma um aspecto mecânico (THOMAS; JOHNSTON, 1995).
Arcos sugere um movimento que emule os movimentos encontrados na
natureza, de círculos e parábolas, para conferir um aspecto mais orgânico e
fluído à animação (Figura 16).
70
Figura 16 – Trajetória circular da mão torna o movimento mais orgânico Fonte: Thomas e Johnston (1995)
Ação secundária é a adição de uma ação suplementar e
necessariamente subordinada à ação principal a fim de enfatizá-la e, deste
modo, enriquecer a cena (THOMAS; JOHNSTON, 1995).
Temporização refere-se a como a variação nos desenhos serve para
indicar velocidade. Em uma animação a 24 quadros por segundo, por exemplo,
pode-se usar 12 desenhos diferentes repetidos duas vezes cada caso não
houver grande variação de poses. Mais desenhos permitem mais detalhes, e
menos desenhos tornam a ação mais clara e direta (THOMAS; JOHNSTON,
1995).
Exagero busca os extremos de uma ação ou emoção representada,
criando uma caricatura a partir da realidade. Um personagem feliz, por exemplo,
deve ser retratado extremamente feliz; um personagem preocupado, muito mais
preocupado (THOMAS; JOHNSTON, 1995).
Desenho volumétrico é o princípio de que os animadores devem ter bom
domínio de desenho de representação para poderem desenhar personagens
mais simples. A partir da compreensão de forma, volume e peso, os animadores
podem criar poses mais interessantes, evitando repetições e simetrias que tiram
o dinamismo de uma pose (Figura 17).
71
Figura 17 – Pose "estática" (esquerda) comparada a uma pose mais dinâmica (direita) Fonte: Thomas e Johnston (1995)
O último dos 12 princípios, apelo, denota um desenho capaz de cativar
o espectador; é o “carisma” da forma e do movimento (THOMAS; JOHNSTON,
1995). Este, junto com os outros princípios, permite que neste projeto seja
desenvolvida uma animação mais cativante para o espectador.
72
5 CONCEPÇÃO
5.1 PÚBLICO-ALVO
Kotler e Armstrong (2007) apontam que a abordagem do público-alvo
deve levar em conta fatores socioculturais, pessoais e psicológicos, como
gênero, idade, escolaridade, classe social, personalidade, crenças e atitudes.
Seguindo esses critérios, pode-se delimitar o público-alvo deste projeto como
meninas adolescentes até mulheres jovens (embora possa abranger mulheres
de todas as idades), que não necessariamente possuam conhecimento em
ciência. Busca-se, por essa definição, atrair mais mulheres para a ciência ou,
pelo menos, despertar nelas um interesse maior pela área.
Consequentemente, a linguagem deve ser simples e direcionada a
leigos. Os aspectos visuais (como cor) também devem potencializar ao máximo
a eficácia em capturar o interesse do público, por isso serão abordados com
maior profundidade mais adiante.
5.2 MÍDIA
Dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil de 2015 do Comitê Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br) sobre o uso da internet por crianças e adolescentes
no Brasil mostram que 81% das meninas entre 9 e 17 anos são usuárias de
internet (Gráfico 5), com o índice aumentando quanto maior a escolaridade dos
pais, idade e classe social (CGI.BR, 2016).
73
Gráfico 5 – Proporção de crianças e adolescentes que acessaram a internet nos últimos três meses (2015) Fonte: CGI.br (2016)
Destas crianças e adolescentes que fazem uso da internet, verifica-se
um aumento substancial na frequência de uso nos últimos anos. O Gráfico 6
mostra que, em 2012, 47% das crianças e adolescentes usavam a internet todos
os dias ou quase todos os dias. Este número saltou para 84% em apenas três
anos.
Gráfico 6 – Proporção de crianças e adolescentes, por frequência de uso da internet (2012 – 2015) Fonte: CGI.br (2016)
74
O relatório ainda aponta que 84% das meninas usaram a internet para
fazer trabalhos da escola, 80% usaram redes sociais, 67% pesquisaram coisas
por curiosidade ou vontade própria, 58% assistiram a vídeos, programas, filmes
ou séries online e 57% compartilharam um texto, imagem ou vídeo (CGI.BR,
2016).
Esses números só tendem a aumentar, visto o crescimento apontado no
Gráfico 6. De mesma forma, o tempo que o brasileiro médio passou assistindo a
vídeos na internet em 2016 totalizou 39 horas semanais, o dobro do observado
em 2014 (GOOGLE, 2017).
Portanto, considerando todos os dados apresentados, o vídeo online
mostra-se como boa escolha de mídia para publicação do produto final deste
projeto.
5.3 ANÁLISE DE SIMILARES
Para que seja possível definir o estilo visual a ser adotado neste projeto,
buscou-se a análise de similares de outros vídeos que se utilizam de motion
design. Assim como a animação deste projeto destina-se a publicação em
plataformas online, os vídeos adotados para a análise foram todos retirados da
internet. Foram analisados vídeos de estilos gráficos diferentes para que fosse
possível explorar variadas possibilidades que inspirassem a subsequente
geração de alternativas, com exemplos que utilizam fotografias, ilustrações,
objetos digitais em 3D e design flat, para, por consequência, decidir-se por dar
continuidade ao estilo flat10.
Esta análise, portanto, inicia-se com os exemplos mais diferentes da
estética que será usada neste projeto e é finalizada com os exemplos que mais
se aproximam do estilo visual final. Os vídeos selecionados foram retirados do
site Vimeo11, dentre os destaques curados pelo site na categoria de motion
design.
10 Tal decisão será explicada em maiores detalhes no capítulo 5.4, referente ao estilo visual. 11 Disponível em: <https://vimeo.com/>
75
O vídeo Travel in Time (2015), assim como exemplificado na Figura 18,
usa o motion design na animação de fotografias, que são recortadas de seus
originais e juntas em uma nova composição para ganharem novo sentido e “vida”
por meio da animação. Essas fotografias recebem um tratamento para ficarem
com o visual antigo, como dessaturação e adição de ruído, sendo a cor mais
proeminente o vermelho. Além disso, o uso de imagens em sequência cria um
efeito de stop motion.
Figura 18 – Imagens do vídeo Travel in Time Fonte: Travel in Time (2015)
O vídeo também usa de algumas ilustrações antigas e recursos que
imitam ilustração, “desenhando” ou apagando as fotografias, assim como
borrões de tinta que se espalham na tela e tipografia sobre as imagens. Todos
esses elementos se situam em diferentes planos para criar uma noção de
profundidade e adicionar mais dinamismo ao vídeo.
No vídeo DARAK (2016), também são usadas fotografias animadas.
Como mostra a Figura 19, os flamingos, a balança e o ventilador são fotografias,
mas recebem movimento digitalmente (flamingos mexendo o corpo, balança
pendendo para um lado ou o outro e ventilador girando as pás).
76
Figura 19 – Imagens do vídeo DARAK Fonte: DARAK (2016)
Além das fotografias, estão inclusos no vídeo objetos 3D, tipografia por
meio de motion design e outros grafismos digitais, como linhas indicando vento
saindo do ventilador. Os elementos estão concentrados no centro do vídeo, com
simetria sendo frequentemente usada, sobre um fundo de cor sólida e levemente
dessaturada.
Outro vídeo que alia fotografias a motion design é Nelson Mandela
Tribute (2016). Assim como DARAK (2016), as fotografias utilizadas também são
recortadas e animadas, o fundo é de cor sólida com grande área de respiro, há
o uso de grafismos interagindo com as fotografias, e centralização do objeto
principal (Figura 20). Este, ao contrário dos exemplos anteriores, segue uma
narrativa falada, mesclando as palavras faladas aos elementos visuais para
ilustrar o discurso de Nelson Mandela.
Também seguindo uma narração pode-se tomar de exemplo o vídeo
Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor (2016). Este vídeo, que
apresenta um pouco da vida e da carreira da cartógrafa Marie Tharp (ver capítulo
4.3.3.4), inclusive é um exemplo do objetivo que se pretende alcançar com este
trabalho, ainda que de forma mais resumida para ser possível abordar um
número maior de cientistas.
77
Figura 20 – Imagens do vídeo Nelson Mandela Tribute Fonte: Nelson Mandela Tribute (2016)
Marie Tharp (2016) segue um estilo de animação mais tradicional, com
desenhos feitos em um traço que imita giz. Como mostra a Figura 21, a paleta
de cores é reduzida, sendo usado um tom de ocre para o fundo e azul marinho
para os desenhos. Ocasionalmente é usado vermelho ou um azul celeste para
dar destaque a determinadas partes do desenho.
Figura 21 – Imagens do vídeo Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor Fonte: Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor (2016)
A leve variação entre cada desenho que compõe os quadros do vídeo
também acrescenta um movimento extra, fazendo com que mesmo na ausência
78
de movimento dos personagens e cenários a imagem não permaneça estática,
mantendo-se interessante ao espectador durante toda a duração do vídeo.
O vídeo It’s a kind of magic (2013) é parte de uma campanha publicitária
para a empresa Adsy, e usa motion design para imitar um visual mais tradicional
de animação (Figura 22). Esse visual é reproduzido por meio das texturas que
simulam mídia seca em papel, assim como o efeito de bordas “tremidas”
semelhante ao vídeo Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor
(2016).
Figura 22 – Imagens do vídeo It’s a kind of magic Fonte: It’s a kind of magic (2013)
Os desenhos seguem um estilo mais geométrico e flat, sem contornos e
denotando maior simplicidade visual. Há limitação da paleta de cores para tons
de verde, amarelo e rosa. Também pode-se perceber o uso frequente de
hexágonos, criando uma identidade visual bem definida para a campanha da
marca.
Como pode-se observar na Figura 23, o vídeo The Origin of Dogs (2016)
também opta por um design mais flat e simplificado. Ao contrário de It’s a kind of
magic (2013), no entanto, este usa texturas lisas e contornos bem definidos. A
paleta de cores é composta por cores neutras e quentes, contando
principalmente com tons de marrom, laranja e rosa. Este também é um vídeo
79
que segue uma narração, ilustrando na tela a fala do narrador sobre a origem
dos cachorros.
Figura 23 – Imagens do vídeo The Origin of Dogs Fonte: The Origin of Dogs (2016)
Baggiorno Felice (2016) é parte de uma campanha beneficente da
pizzaria Baggio. É um vídeo publicitário curto que, assim como The Origin of
Dogs (2016) opta pelo design flat, e assim como Nelson Mandela Tribute (2016),
usa fundos de cor sólida (Figura 24).
Este vídeo, no entanto, ao contrário dos últimos apresentados, foca mais
no texto que está sendo exibido na tela do que em figuras, sendo as únicas uma
pizza em forma de coração, enfatizando o caráter beneficente da campanha, e
o logotipo da pizzaria. O texto utiliza diversos recursos de motion graphics para
ser revelado na tela, com movimentos sofrendo aceleração e desaceleração.
Formas geométricas retangulares também compõem o conjunto, tendo seu
formato alterado e servindo de destaque para o texto, assim como transição
entre uma tela e outra. A paleta de cores é composta basicamente por azul,
vermelho, verde, laranja e branco.
80
Figura 24 – Imagens do vídeo Baggiorno Felice Fonte: Baggiorno Felice (2016)
Outra campanha publicitária de motion design com design flat é o vídeo
para a empresa Doutor Vox (Dr. Vox, 2016). A Figura 25 ilustra a predominância
das cores verde, vermelho e amarelo na paleta, acompanhadas de tons de cinza,
preto e branco.
Figura 25 – Imagens do vídeo Dr. Vox Fonte: Dr. Vox (2016)
81
Este vídeo também usa a estética flat, mas ao mesmo tempo usa objetos
3D — estes, minimalistas. O motion design é empregado para demonstrar os
recursos do aplicativo que o vídeo apresenta, e mantém os elementos da tela
em constante movimento, evitando tédio no espectador.
Kangaroo Court (2014) é um vídeo para a música de 2013 de mesmo
nome da banda Capital Cities. Este vídeo usa predominantemente um fundo
escuro, fazendo contraste com as variadas cores saturadas e neon das formas
geométricas que são exibidas com a música. Em certos momentos, o quadro
assume um fundo colorido dependendo do momento da música, como ilustra a
Figura 26. Assim como outros exemplos apresentados, a estética de design é
flat.
Figura 26 – Imagens do vídeo Kangaroo Court Fonte: Kangaroo Court (2014)
Todo o movimento do vídeo acontece de forma rápida para seguir o ritmo
da música, e mesmo a tipografia, que acompanha a letra cantada, não
permanece estática: mudando de cor, tamanho, posição ou até mesmo
capitalização para se manter dinâmica.
Por último, Health Systems Leapfrogging in Emerging Economies (2016)
é um vídeo feito para o Fórum Econômico Mundial. Novamente as ilustrações,
que podem ser observadas na Figura 27, são feitas em estilo flat. Como esse é
82
um vídeo narrado, os elementos se movem mais lentamente, assim como em
The Origin of Dogs (2016), se comparado à velocidade das imagens de
Kangaroo Court (2014).
Figura 27 – Imagens do vídeo Health Systems Leapfrogging in Emerging Economies Fonte: Health Systems Leapfrogging in Emerging Economies (2016)
O vídeo trata de saúde, e por isso traz cores associadas ao tema em sua
paleta, como verde e azul — ambas em tons pastéis, indicando suavidade. O
resto da paleta é composta pelos tons quentes e neutros das suas
complementares. Por fim, quando os personagens não estão inseridos em um
cenário, pode-se perceber o uso de formas geométricas retangulares e circulares
para integrar os elementos à narrativa do vídeo e manter a coesão do todo.
O que se pode perceber a partir da análise de todos esses vídeos é que
muitos possuem vários elementos em comum, como: design flat, com ilustrações
minimalistas e sem contornos; ou então, quando há fotografias, elas são
animadas; motion design aplicado à tipografia, tornando o texto um elemento
“vivo” do vídeo também; fundo de cor sólida, buscando destacar os elementos
principais; paleta de cores limitada para manter uma unidade visual; e a
permanência de um movimento constante dos elementos da tela para manter o
dinamismo e evitar o desinteresse do espectador. Em vista disso, essas
propriedades também serão aplicadas no vídeo deste projeto.
83
Além disso, nenhum dos vídeos ultrapassa a marca dos cinco minutos
de duração, sendo o mais longo Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean
Floor (2016) de duração de quatro minutos e 32 segundos. Todos os vídeos
analisados têm uma média de um minuto e 49 segundos de duração, média
aproximada que será igualmente adotada para este projeto.
Os aspectos visuais derivados do resultado da análise de similares serão
posteriormente discutidos no capítulo 5.4.
5.4 ESTILO VISUAL
Com base na análise de similares, determinou-se que este projeto
seguiria uma estética flat como a dos exemplos The Origin of Dogs (2016) e
Health Systems Leapfrogging in Emerging Economies (2016). Esta estética
apresenta uma simplificação de formas, atendo-se apenas aos elementos
visuais essenciais. O flat propicia maior clareza de contornos, cores e tipografia,
permitindo destacar partes específicas de um conjunto com maior facilidade, e,
assim, demonstrando ser um estilo pertinente ao caráter informativo deste
projeto, bem como ao público-alvo jovem. Este também é um estilo de animação
que pode ser facilmente desenvolvido no Adobe After Effects, software adotado
para a execução deste trabalho.
A partir dessa definição, portanto, iniciou-se a geração de esboços com
mesa digitalizadora no Adobe Photoshop para escolha do estilo visual. A Figura
28 mostra as alternativas criadas para estabelecer-se a forma básica das
personagens. Seguindo a estética flat, optou-se pela simplificação dos
elementos.
Ilustrado na citada Figura 28, o desenho 1 mostra uma opção de uma
cabeça oval com nariz triangular, enquanto o desenho 2 opta por um nariz
redondo e cabeça mais circular. No desenho 3 experimentou-se um formato
quadrado para a cabeça, e, no 5, um formato oval com queixo mais pontudo. O
desenho 4 buscou um meio termo entre os outros estilos, apresentando uma
84
cabeça de formato predominantemente quadrado, porém com um queixo mais
triangular.
Figura 28 – Esboços iniciais de personagens Fonte: Autoria própria
De acordo com os princípios de Loomis (1956), em todas as opções de
cabeça foram usadas as mesmas proporções para distribuir os elementos no
rosto. Todos os elementos se situam na metade inferior do rosto, estando os
olhos alinhados ao topo desta. Dividindo esta seção em mais duas metades, o
nariz e as orelhas encontram-se alinhados pela base com a primeira metade,
enquanto a boca situa-se no meio da segunda.
Dos desenhos da Figura 28, a opção 4 foi eleita como a melhor por trazer
mais harmonia entre os elementos da face e estar mais próxima ao realismo, ao
mesmo tempo que ainda se mantém fiel ao estilo flat. A partir dela, foi explorada
uma alternativa com nariz circular como ilustrado pelo desenho 4.2, porém
decidiu-se por manter o nariz triangular, visto ser o formato que mais se aproxima
85
do nariz humano real. Em seguida, foram desenhadas as vistas em três quartos
e perfil, como indicados pelos desenhos 4A e 4B, respectivamente.
A opção 4 levou à exploração de mais alternativas que podem ser vistas
na Figura 29. Loomis (1956) defende não seguir as proporções básicas de faces
tão meticulosamente, de modo a criar maior variedade de opções e tipos de
personagens. Portanto, nesta etapa, experimentou-se com a alteração de
proporções como largura e altura da cabeça, assim como o posicionamento de
olhos, nariz e boca no rosto. Desta forma, as personagens desenvolvidas
posteriormente podem ter variações de feições baseadas nas cientistas que
representam, ainda mantendo unidade no estilo visual.
Figura 29 – Exploração de alternativas para personagens Fonte: Autoria própria
A Figura 30 ilustra algumas variações que foram criadas a partir do
mesmo design básico estabelecido anteriormente, com os corpos das
personagens sendo criados a partir de formas geométricas simples, seguindo o
estilo flat. Estes desenhos não representam nenhuma personagem em
específico (com exceção da versão infantil de Mae Jemison); apenas indicam
algumas possibilidades que podem ser alcançadas com leves alterações.
86
Figura 30 – Explorações com vetorização de personagens Fonte: Autoria própria
Nestas experimentações também foi decido o formato dos braços das
personagens. As duas personagens no centro da Figura 30 (1 e 2) mostram duas
opções: um braço reto com uma articulação no ombro, uma no cotovelo e outra
no pulso; e um braço curvo com apenas uma articulação no ombro e outra no
pulso. Na primeira opção, braço e antebraço se mantém estáticos e apenas
giram no eixo de suas articulações. Na segunda, por ausência de articulação no
cotovelo, o braço inteiro é flexível, assumindo uma forma curva quando dobrado.
Esta segunda opção foi escolhida por deixar o conjunto da personagem
mais orgânico e harmonioso, permitindo movimentos menos mecânicos na
posterior animação, dados os princípios de animação descritos no capítulo 4.4.2.
5.4.1 Cores
Levando em consideração o público-alvo de meninas e mulheres jovens,
determina-se que a paleta de cores deste projeto será composta principalmente
por tons vivos de vermelho, cor-de-rosa, laranja e amarelo, como exemplificado
na Figura 31. Para melhor contraste e hierarquização, também é possível buscar
cores auxiliares nas complementares da paleta principal e em tons neutros.
87
Figura 31 – Exemplo de paleta de cores composta por tons quentes e vivos Fonte: Autoria própria
Essa escolha é baseada no fato de o vermelho ser considerado uma cor
chamativa, que denota força, emoção, calor, motivação e intensidade. Os
atributos do vermelho também estão presentes em certo grau no cor-de-rosa —
esta cor que, por sua vez, é mais tradicionalmente associada ao feminino e à
juventude. O amarelo é uma cor altamente vibrante, por isso é associado a
luminosidade, energia e alegria. Também compartilha algumas de suas
características com o laranja, que alude a calor e vitalidade, e se mostra uma cor
atraente para jovens (SWANN, 1993).
Paletas de cores vivas “sugerem animação, felicidade, dinamismo e
espontaneidade” (SWANN, 1993, p. 85), adequando-se a públicos jovens. Todo
o conjunto de cores apresentado se prova apropriado a instigar no público
feminino jovem o interesse por ciência e, possivelmente, o anseio em seguir uma
carreira científica.
5.4.2 Tipografia
Uma vez que este projeto se dirige a um público jovem e será
disponibilizado em plataforma digital, optou-se pelo uso de tipos grotescos, cujo
visual limpo e simples sugere modernidade e espontaneidade, e adapta-se bem
à exibição em telas. Também conhecidos como tipos lineais ou bastão, os tipos
grotescos não possuem serifas ou os detalhes decorativos dos tipos romanos
(AMBROSE; HARRIS, 2011).
A ausência de serifas pode dificultar a legibilidade de um texto longo. Por
isso, neste projeto os tipos grotescos são usados apenas em títulos e trechos
curtos de texto.
88
No Apêndice C estão contidas explorações de diferentes alternativas
para tipografia. Buscou-se variações leves e pesadas de uma mesma família
tipográfica, aplicadas em letras minúsculas e maiúsculas na frase “The quick
brown fox jumps over the lazy dog”. Esta frase, em inglês, é um pangrama, uma
frase que utiliza todas as letras de um alfabeto, e por isso se mostra ideal para
aplicação e teste de tipos em um contexto real.
Dentre as opções exploradas, os tipos Museo Sans, Avenir Next LT Pro,
Brandon Grotesque, Futura LT, Gotham e Intro — em suas versões em
maiúsculas mais pesadas, como black e bold — se destacaram por seu formato
mais geométrico e “presença” mais marcante devido ao peso do tipo e altura
homogênea das maiúsculas (Tabela 4).
Tipo Exemplo de aplicação
Museo Sans 900 THE QUICK BROWN FOX JUMPS
OVER THE LAZY DOG.
Avenir Next LT Pro Bold THE QUICK BROWN FOX JUMPS
OVER THE LAZY DOG.
Brandon Grotesque Black THE QUICK BROWN FOX JUMPS
OVER THE LAZY DOG.
Futura LT Bold THE QUICK BROWN FOX
JUMPS OVER THE LAZY DOG.
Gotham Black THE QUICK BROWN FOX
JUMPS OVER THE LAZY DOG.
Intro Bold THE QUICK BROWN FOX JUMPS
OVER THE LAZY DOG. Tabela 4 – Exemplo de aplicação de tipos diferentes em um pangrama Fonte: Autoria própria
89
Testes com esses tipos serão aprofundados na etapa posterior de
prototipação, para o tipo final ser escolhido na etapa de seleção, de acordo com
a metodologia deste projeto.
5.5 ROTEIRO
O roteiro deste projeto tem sua estruturação nas cientistas apresentadas
do capítulo 4.3, e segue um formato de narrativa similar a alguns dos exemplos
expostos no capítulo 5.3, como Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean
Floor (2016), The Origin of Dogs (2016) e Health Systems Leapfrogging in
Emerging Economies (2016), voltando-se para o público-alvo de meninas e
mulheres entre 14 e 20 anos, aproximadamente, assim como explicado no
capítulo 5.1.
Por limitações de tempo e pelo tamanho reduzido deste projeto,
comparado a um longa-metragem, optou-se pela não-execução de um
argumento e roteiro técnico, apenas de story line, sinopse e roteiro literário. De
mesma forma, assim como explicado na introdução deste trabalho, não será feita
uma problematização sobre a pouca visibilidade de mulheres na ciência, apenas
uma apresentação dos exemplos de cientistas mulheres, a fim de despertar o
interesse de meninas por ciência e inspirá-las.
De acordo com Gancho (2002), o roteiro buscou como tema central
“inspirações”, trazendo no assunto o exemplo de Mae Jemison, que se inspirou
na personagem fictícia Uhura para se tornar astronauta, e apresentando várias
outras cientistas que, como mensagem final, possam servir de inspiração para
outras meninas e mulheres.
A escolha deste tema está diretamente relacionada à qualidade do apelo
da mensagem explicado por Kotler e Armstrong (2007), uma vez que o tema
“inspirações” busca despertar uma reposta sentimental no público-alvo ao fazer
meninas e mulheres se inspirarem com os exemplos de cientistas mulheres.
90
5.5.1 Story line
Neste projeto, a story line ficou definida como: “Inspiração para meninas
e mulheres a partir de exemplos diversos de mulheres que fizeram grandes
contribuições históricas na ciência e tecnologia por meio de suas pesquisas,
invenções e descobertas”.
5.5.2 Sinopse
Para a elaboração da sinopse, os feitos de maior destaque das cientistas
pesquisadas foram resumidos em uma estrutura de parágrafos curtos, como
tópicos, para maior clareza. Esta sinopse pode ser encontrada no Apêndice D.
5.5.3 Roteiro literário
Ao desenvolver o roteiro desta animação segundo a metodologia de
Rodrigues (2007), buscou-se resumir as informações pesquisadas sobre as
mulheres no capítulo 4.3 de forma que todas as cientistas pudessem ser
mencionadas e o vídeo não se alongasse excessivamente e, por consequência,
cansasse o espectador.
Como observado na análise de similares, o vídeo mais longo possuía
duração de quatro minutos e 32 segundos, tendo todos os vídeos uma média
inferior a dois minutos. Buscou-se, portanto, escrever um roteiro que não
deixasse a narração exceder cinco minutos.
Um primeiro rascunho de um texto base para o roteiro foi escrito
(Apêndice E). Este rascunho, porém, se mostrou longo demais, excedendo sete
minutos de duração em uma gravação teste. Por isso, optou-se por escrever um
novo roteiro, mais curto, limitando-se apenas a destacar os feitos mais
91
importantes de cada cientista e, consequentemente, necessitando sacrificar
maiores detalhes sobre suas vidas e experimentos. O novo roteiro, cuja narração
ficou acima de quatro minutos em nova gravação teste, pode ser visto no
Apêndice F.
Pelos fundamentos de Comparato (2000), o logos está presente na
estruturação formal indicada por Rodrigues (2007) e na sequência de cientistas
listadas de acordo com suas respectivas áreas de atuação, de forma que o
roteiro possa transitar de uma para outra da forma mais natural possível; pathos
é o apelo emocional referente à representatividade de mulheres na ciência,
principalmente ao atingir o público-alvo feminino; e ethos refere-se à implicação
social da mensagem que, ao fim, busca inspirar a espectadora.
A introdução do roteiro mostra como ter uma inspiração foi importante
para Mae Jemison, e como é fácil pensar em exemplos de cientistas homens. A
complicação, portanto, abre o questionamento sobre a expressão de cientistas
mulheres, enquanto o clímax culmina na série de grandes cientistas
apresentadas ao espectador. Por fim, a conclusão mostra que existem muitas
mulheres cientistas que uma espectadora pode tomar como inspiração.
Quanto à estrutura da mensagem proposta por Kotler e Armstrong
(2007), o argumento central (unilateral) vai se fortalecendo a cada exemplo de
cientista apresentado, culminando na conclusão de que o público-alvo deve ir
atrás de seus sonhos, em vez de deixar a resposta em aberto.
É a partir deste roteiro que se desenvolve o storyboard.
5.6 STORYBOARD
Para este trabalho, a criação do storyboard baseia-se numa adaptação
dos vários exemplos apresentados por Whitaker e Halas (2009). Como ilustrado
pela Figura 32, cada quadro, numerado em sequência, reúne cenas-chave do
projeto com sua respectiva parte da narração retirada do roteiro e breve
descrição da ação que deve representar. Os desenhos criados foram simples,
92
buscando primariamente visualizar a disposição de personagens e objetos em
cena.
Figura 32 – Trecho do storyboard Fonte: Autoria própria
O storyboard completo que foi concebido para o projeto pode ser
encontrado no Apêndice G. Ele foi usado como referência ao longo de todo o
desenvolvimento da animação.
93
6 PROTOTIPAÇÃO
O desenvolvimento da animação para este projeto iniciou-se com a
criação dos rascunhos dos personagens apresentados no storyboard contido no
Apêndice G. Em seguida, esses rascunhos foram vetorizados no Adobe
Illustrator para sua versão final, assim como mostra a Figura 33.
Figura 33 – Rascunho e versão vetorizada final de astronauta Fonte: Autoria própria
Para a criação das personagens, os desenhos foram baseados nas fotos
das cientistas que estão reunidas no Anexo A. Desse modo, por meio de
observação, pôde-se traduzir as principais características físicas dessas
mulheres para o estilo flat. A idade em que elas foram representadas dependeu
de quando foi o auge de suas carreiras ou das imagens disponíveis para
referência.
A Figura 34 e a Figura 35 mostram uma parte das alternativas
exploradas de algumas personagens e objetos. Para as personagens, foram
feitas variações de cabelo, formato do rosto, e roupas, além de testes com cores
para melhor representar as cientistas escolhidas. Como pode-se perceber, a
construção básica dos corpos e objetos parte de formas geométricas simples,
seguindo o minimalismo flat.
94
Figura 34 – Geração de alternativas para personagens Fonte: Autoria própria
95
Figura 35 – Geração de alternativas para personagens e objetos Fonte: Autoria própria
A composição gerada para criação da animação ficou especificada com
as dimensões de 1920 pixels de largura por 1080 pixels de altura, padrão para
telas widescreen de alta qualidade com proporção de 16:9. A taxa de quadros,
seguindo o mesmo padrão HDTV, foi de 29,97 quadros por segundo.
Importados para o software de animação (Adobe After Effects), os
vetores puderam então ser animados. Por se tratar de um projeto de motion
graphics, feito inteiramente por computação e não com desenhos tradicionais, a
96
animação toda foi feita segundo o princípio de animação de pose a pose. Por
meio dele, é possível determinar dois ou mais estados-chave de um objeto, e o
software gera os quadros intermediários automaticamente, alterando
propriedades como posição, tamanho, forma e opacidade num processo
chamado de interpolação (KRASNER, 2008). Este processo determina
automaticamente a temporização das ações, que, por sua vez, pode ser refinada
separadamente.
Outros princípios de animação também foram empregados. O princípio
de comprimir e esticar pode ser percebido na Figura 36 pela calça de elastano
esticando-se, a fim de indicar elasticidade, assim como o fio nas mãos de
Stephanie Kwolek, que se estreita ao ser alongado.
Figura 36 – Cena com calça e fio sendo esticados Fonte: Autoria própria
O princípio de antecipação foi aplicado em movimentos como o de
braços e cabeça. Quando uma personagem erguia o braço, por exemplo, ele
primeiro invertia sua trajetória levemente antes de executar o movimento
principal (Figura 37). Esse princípio confere mais naturalidade ao movimento
como um todo.
Figura 37 – Destaque para o movimento de antecipação no braço de Grace Hopper Fonte: Autoria própria
97
Cabeça e braços também são os principais elementos que utilizam o
princípio do movimento em arcos, com a cabeça, ao inclinar-se lateralmente,
descrevendo arcos a partir do eixo na base do crânio, e braços girando a partir
do ombro.
A encenação está presente em diversas instâncias considerando que
toda a animação foi pensada em apresentar ideias, objetos e personagens de
forma clara. A execução de silhuetas definidas para as personagens e
apresentação de elementos isolados e centralizados, bem como a ausência de
cenários e elementos que visualmente poluam a imagem contribuem para uma
boa encenação. A Figura 38, por exemplo, apresenta o elemento isolado e
centralizado, e, a fim de aprimorar a encenação, conta também com uma
explosão gráfica que parte do objeto, chamando ainda mais atenção para ele.
Figura 38 – Cena com uma lâmpada centralizada e explosão gráfica a destacando Fonte: Autoria própria
Os princípios de continuidade e sobreposição da ação se fazem
presentes mais notadamente nas transições de cenas, quando uma personagem
entra no quadro. Uma vez que assume sua posição, ela “balança” um pouco
antes de parar completamente, num efeito elástico. O mesmo acontece com
objetos que crescem a partir de um ponto: eles extrapolam de tamanho e têm
uma leve oscilação do mesmo, durante um tempo, até se estabilizarem por
completo (Figura 39).
98
Figura 39 – Telas em que o balão, ao crescer, extrapola de tamanho e oscila até se estabelecer em seu tamanho normal Fonte: Autoria própria
Foram nessas instâncias que também se aplicou o princípio do exagero,
fazendo com que algumas oscilações de tamanho tivessem uma amplitude
hiperbólica. Esse princípio, no entanto, não foi usado nos gestos e expressões
das personagens para não entrar em conflito com o estilo minimalista e flat. Por
essa mesma razão, o princípio de desenho volumétrico também foi limitado,
sendo empregado apenas na criação das personagens — uma vez que contradiz
diretamente o conceito flat12.
Aceleração e desaceleração foram aplicadas a praticamente todos os
movimentos executados na animação, alguns sendo mais ou menos dramáticos
que outros. Isso porque esse princípio confere naturalidade e dinamismo à ação
por levar em consideração a inércia e forças necessárias para fazer um corpo se
mover ou parar o deslocamento, eliminando a impressão mecânica que um
movimento homogêneo causa, principalmente nos que são executados por
pessoas.
Ação secundária pode ser vista em pequenos gestos, como da primeira
cena do vídeo em que, à medida que Mae Jemison vai ficando triste, não só sua
boca perde o sorriso e se inverte, como também ela inclina a cabeça e encolhe
os braços, refletindo a insegurança e desânimo sentidos pela personagem
(Figura 40).
12 O termo flat significa plano, achatado em inglês.
99
Figura 40 – Telas mostrando Mae Jemison criança e um astronauta Fonte: Autoria própria
Por fim, buscou-se conferir apelo ao conjunto da animação por meio do
sorriso das personagens, a escolha das cores ou a harmonia dos movimentos.
Mesmo os objetos inanimados receberam tratamento cuidadoso para entrarem
em cena de forma interessante, como ilustra a Figura 41.
Figura 41 - Computador sendo montado Fonte: Autoria própria
Outros efeitos adicionados incluem motion blur, ou borrão de movimento
— efeito que simula o borrão causado por um objeto em movimento capturado
por uma câmera cujo tempo de exposição não é curto suficiente para registrar a
cena congelada (Figura 42). Esse efeito faz com que a animação digital se
aproxime mais da realidade, e reproduz movimentos rápidos com maior
naturalidade.
100
Figura 42 – Tela com borrão de movimento aplicado Fonte: Autoria própria
Enquanto a animação da maioria dos elementos baseou-se apenas na
alteração das propriedades de posição, tamanho, rotação etc., os braços das
personagens foram animados de forma ligeiramente diferente. Por eles serem
constituídos por caminhos de vetor ao invés de formas, além da rotação ao redor
do eixo no ombro, eles também foram animados alterando-se as posições e
alças dos pontos (Figura 43), método também empregado para animar bocas,
como no caso de Mae Jemison na Figura 40.
Figura 43 – Pontos e alças do caminho de vetor Fonte: Autoria própria
As mangas das blusas das personagens foram feitas adicionando mais
traços ao caminho de vetor do braço, variando cor, espessura e comprimento, e
subordinando seu movimento ao traço do braço.
Usando o storyboard como base para o desenvolvimento da animação,
algumas cenas acabaram sendo alteradas de seu original, como mostra a Figura
44. Essas alterações se deram para que os elementos da cena fossem
101
organizados de maneira mais harmoniosa e as transições ocorressem mais
fluidamente.
Figura 44 – Cena no storyboard versus animada Fonte: Autoria própria
Da mesma forma, cenas e elementos que não estavam previstos no
storyboard foram incorporados à animação para melhor andamento desta. A
Figura 45 mostra um ônibus espacial atravessando a tela que foi usado como
transição entre duas cenas pré-existentes. A já citada Figura 41 também ilustra
outro exemplo de elemento que foi adicionado na etapa de protipação.
Figura 45 – Transição de cenas com ônibus espacial Fonte: Autoria própria
Buscou-se padronizar a entrada e saída das cientistas em cena. Assim,
cada vez que uma nova cientista era apresentada pelo roteiro, ela entrava por
baixo do enquadramento, como se tivesse sido “empurrada” para cima, e era
substituída pela cena seguinte por meio de corte direto.
Cada cientista possuía uma cor diferente ao fundo, com exceção apenas
das retratadas em frente ao céu estrelado, e de Mae Jemison, que teve duas
102
cores para marcar a divisão entre dois períodos de sua vida. As personagens
que compartilhavam o cenário de alguma forma também eram substituídas
sendo “empurradas” para fora, como mostra a Figura 46, em que Barbara
McClintock “empurra” Rosalind Franklin para fora da imagem e a molécula de
DNA é deslocada para o lado.
Figura 46 – Transição entre McClintock e Franklin Fonte: Autoria própria
A Figura 45 também mostra uma transição da cor de fundo por fusão,
em que uma cor gradualmente dá lugar à outra. Esse recurso foi usado quando
existe uma transição de personagens ou objetos, porém não de contexto.
6.1 CORES
Mais experimentações foram feitas depois de se determinar no capítulo
5.4.1 que a paleta de cores seria composta primariamente por cor-de-rosa,
vermelho, laranja e amarelo. A Figura 47 mostra algumas variações de cor
sondadas; ela também inclui tons neutros e tons de roxo, azul e verde usados
de forma complementar.
103
Figura 47 – Explorações de cores Fonte: Autoria própria
Diferentes cores foram aplicadas na animação, ao longo de seu
desenvolvimento, a fim de se testar como elas interagiriam umas com as outras
e poder, a partir daí, delimitar alguns tons para a paleta principal. A Figura 48
mostra alguns dos testes realizados com personagens, fundos e objetos
realizados com cores reproduzidas na Figura 47.
104
Figura 48 – Prototipação de cores na animação Fonte: Autoria própria
Durante esse processo de prototipação, surgiu a necessidade de
incorporar mais uma cor à primeira paleta inicialmente sugerida, uma vez que
algumas personagens aparecem à frente de um fundo estrelado, que não seria
adequadamente representado por cor-de-rosa, vermelho, laranja ou amarelo.
Por isso, como mostra a Figura 49, o roxo foi adicionado à paleta. Essa cor,
segundo Pedrosa (2014, p. 127), simboliza “a lucidez, a ação refletida, o
equilíbrio entre a terra e o céu, os sentidos e o espíritos, a paixão e a inteligência,
105
o amor e a sabedoria”, e reflete o aspecto mental relacionado ao conhecimento
científico e aprendizagem. O roxo também é complementar ao amarelo e
análogo ao cor-de-rosa ou magenta.
Figura 49 – Tela com Cecilia Payne e céu estrelado ao fundo Fonte: Autoria própria
6.2 TIPOGRAFIA
As opções tipográficas abordadas no capítulo 5.4.2 foram prototipadas
para escolha da família tipográfica que seria aplicada no projeto inteiro. Como
mostrado pela Figura 40, uma das ideias experimentadas para o fundo da
imagem seria a exibição do nome da cientista apresentada em destaque. Esse
cenário, ilustrado na Figura 50, foi testado com cada uma das opções pré-
selecionadas de fontes. Na fileira superior foram usadas, em sequência, as
fontes Museo Sans 900, Avenir Next LT Pro Bold, Brandon Grotesque Black; e
na fileira inferior, Futura LT Bold, Gotham Black, Intro Bold.
A partir desta aplicação foi possível visualizar melhor a fonte aplicada
em contexto real para, então, chegar à fonte final por eliminação. Neste estágio,
Intro Bold foi eliminada por causa das serifas nas letras I maiúsculas, que
destoam do resto das letras que não possuem serifas. Os M, como mostra a
Figura 51, foram decisivos para eliminar mais três fontes: Avenir Next LT Pro
Bold, pois o vértice central toca a linha de base, conferindo um aspecto mais
pesado à letra, e Brandon Grotesque Black e Futura LT Bold devido ao ângulo
mais aberto da letra se comparado às outras fontes analisadas, que rompia com
106
o visual mais “blocado” do texto, cujo espaço entrelinhas foi eliminado para que
as palavras das linhas superior e inferior se tocassem, ao distribuir-se um nome
por linha. Brandon Grotesque Black e Intro Bold também apresentam vértices
agudos, como pode-se notar nas letras N e W representadas na Figura 50, e M,
na Figura 51, destoando do resto do conjunto visual.
Figura 50 – Testes com diferentes fontes usando o nome de Chien-Shiung Wu Fonte: Autoria própria
A Figura 52 mostra uma comparação entre as fontes Gotham Black e
Museo Sans 900. Em última análise, optou-se pela família tipográfica Museo
Sans para aplicação neste projeto por possuir um aspecto mais leve e estar
disponível gratuitamente. O formato do cedilha da Gotham Black, bem como sua
aparência mais “achatada”, contribuíram para sua eliminação por serem muito
“duros”, o contrário que a mensagem da animação deseja passar.
Figura 51 – Testes com diferentes fontes usando o nome de Marie Curie Fonte: Autoria própria
107
Figura 52 – Aplicações das fontes Gotham Black (à esquerda) e Museo Sans 900 (à direita) Fonte: Autoria própria
6.3 NARRAÇÃO
Como voz para narração do roteiro da animação, procurou-se empregar
uma voz feminina jovem, para que pudesse haver identificação por parte do
público-alvo, também feminino e jovem. Devido a limitações de recursos, a voz
usada foi a desta autora.
A captação de áudio para narração da animação foi feita por meio de um
microfone Headset Gamer Dazz Viper 2.0 com auxílio do software Adobe
Audition. O texto foi lido em volta alta a partir do roteiro, com cada parágrafo
sendo repetido duas vezes para que aquele com a melhor qualidade de leitura
fosse escolhido no processo de edição. Tomou-se cuidado para enunciar cada
palavra com clareza e evitar que a respiração provocasse ruído na fala.
Uma vez concluída a gravação, o arquivo de áudio foi processado no
Audition. Na primeira etapa da pós-produção, foram montadas as falas na
sequência correta, excluindo pausas desnecessárias e ruídos de respiração.
Numa segunda etapa, o áudio pôde ser processado com a ferramenta redução
de ruído do software, selecionando uma amostra do arquivo em que o único som
é o ruído de fundo, para, a partir dela, o algoritmo do Audition remover o ruído
de toda a sequência de áudio.
108
7 SELEÇÃO
Uma vez testadas todas as variáveis e opções possíveis de serem
aplicadas no produto final, iniciou-se o processo de seleção para geração do
produto final. O design final das personagens foi decidido e as animações foram
padronizadas.
7.1 PERSONAGENS
A partir das opções criadas na etapa de concepção e expandidas e
testadas na prototipação, foi possível determinar o design final de cada
personagem da animação. Dentre as várias alternativas exploradas, como
demonstrado pelas Figura 34 e Figura 35, o design final foi eleito a partir do que
mais se assemelhava à cientista real. Para essa escolha, foram levados em
consideração vestimenta, formato do rosto, e penteado e cor de cabelo.
Como é possível ver no exemplo da Figura 53, character sheets foram
elaborados mostrando as personagens finais por inteiro e destacando as
principais características físicas de cada uma. Devido ao aparecimento breve de
cada cientista na animação, os character sheets retratam apenas as vistas
exibidas na animação; no caso da Figura 53, a frontal e traseira.
Os character sheets de todas as personagens estão reunidos no
Apêndice H.
Além das cientistas, foram criadas mais três personagens extras. Essas
personagens, ilustradas na Figura 54, têm como intuito gerar um sentimento de
proximidade na espectadora pertencente ao público-alvo ao receber a
mensagem final do vídeo. Por essa razão, determinou-se que essas três
personagens representariam três idades diferentes (jovem adulta, criança e
adolescente) próximas ao público-alvo, e os três maiores grupos étnicos do
Brasil em números: pretos ou pardos, brancos e amarelos (IBGE, 2011).
109
Figura 53 – Exemplo de character sheet com Chien-Shiung Wu Fonte: Autoria própria
Essas personagens, por meio de sua caracterização, buscam transmitir
três conceitos distintos, porém interligados: a criança representa a inocência, os
sonhos e o potencial de alcançar estes sonhos; a menina adolescente representa
a força de vontade de transformar os sonhos em realidade; e a mulher adulta
carrega um caderno, representando a concretização dos sonhos por meio do
estudo.
Figura 54 – Personagens extras: mulher adulta, criança e adolescente Fonte: Autoria própria
110
7.2 CORES
A Figura 55 mostra as cores que foram padronizadas para o design das
personagens. Foram feitas duas paletas: uma para as personagens de pele clara
e outra para as de pele escura. Elas mostram as diferentes cores que são usadas
para compor os diferentes elementos do corpo de cada personagem.
Figura 55 – Paletas de cores para pele Fonte: Autoria própria
As cores usadas nas orelhas (5) e pescoço (3 e 4), por exemplo, são
levemente mais escuras que a do rosto (6) para conferir uma sensação de
profundidade dentro do estilo flat. “Pescoço B” (4), na imagem, refere-se ao
pescoço visto de perfil ou exibindo decote: nesses casos a cor é mais clara pois
não precisa transmitir a mesma ideia de sombra que o pescoço visto de frente
sob a sombra do queixo (pescoço A [3]). A cor usada nas bochechas (1) é a
mesma cor da boca (2), porém com opacidade de 20% sobreposta à pele.
Os estudos de cores realizados nas etapas de concepção e prototipação
também levaram à delimitação de uma paleta básica representada na Figura 56.
111
Essas cores são um pouco mais neutras que as inicialmente apresentadas na
Figura 31 pois, como são usadas principalmente nos fundos, cores mais
vibrantes cobrindo uma grande área relativa ficariam muito agressivas aos olhos,
principalmente exibidas em uma tela. Além disso, o efeito de ilusão cromática
explicado por Barros (2011) faz com que as cores da Figura 56, sobre fundo
branco, pareçam mais escuras do que realmente são.
Figura 56 – Paleta de cores principal Fonte: Autoria própria
O efeito de ilusão cromática foi levado em consideração na hora de testar
e escolher as cores na animação, pois a percepção do matiz também se altera
dependo das cores adjacentes (BARROS, 2011).
A paleta final possui cores quentes que, segundo Whelan (1997, p. 16),
são reconfortantes, espontâneas e receptivas. O autor também defende que o
vermelho é a mais “poderosa” das cores, e as cores que estiverem combinadas
a ele transmitem uma mensagem de vitalidade e chamam a atenção. O cor-de-
rosa também empresta um pouco do caráter energético do vermelho, enquanto
uma paleta que também combine laranja é jovem, divertida e amigável. O
amarelo — que nesta paleta é alaranjado — traz o sentimento de movimento, e
o roxo, o sentimento de algo mágico (WHELAN, 1997).
Esta paleta principal busca, portanto, passar ao seu público-alvo a ideia
de energia, de convidar meninas e mulheres à “magia” da ciência.
7.3 TIPOGRAFIA
Ainda que diferentes opções tipográficas tenham sido extensivamente
testadas, no fim, decidiu-se contra usar os nomes como cenário. A justificativa
se dá porque letras iguais logo acima ou abaixo uma da outra criam desarmonia
112
visual, como é possível ver nas letras H, I e N da Figura 50 ou R, I e E da Figura
51 — porém principalmente na I. De mesma forma, um nome com mais de três
palavras, como o de Chien-Shiung Wu, não harmoniza bem como nomes de
duas palavras apenas.
E assim como o nome de Mae Jemison alcança as extremidades
esquerda e direta do quadro (Figura 40), o nome de Marie Curie (Figura 51),
sendo mais curto, resulta em um respiro maior e, consequentemente, em um
desequilíbrio visual por estar posicionado no canto superior esquerdo. Embora
outras posições tenham sido testadas para sanar esse problema, nenhuma se
mostrou melhor. Igualmente, ainda que fosse possível aumentar o tamanho da
fonte para compensar o comprimento da palavra, tal ação faria o nome de Curie
ficar muito maior que o de Jemison ou outra cientista com nome mais longo
(como Inge Lehmann ou Barbara McClintock), possivelmente criando uma
hierarquização indesejada.
Por último, a presença do nome ao fundo gerava poluição visual que
competia visualmente com a cientista retratada, portanto sua remoção favorece
uma melhor clareza visual e objetividade comunicativa.
A tipografia acabou sendo usada apenas para elementos pontuais, como
a abreviação dos elementos químicos e os créditos finais. Para tal, usou-se a
família tipográfica Museo Sans (Tabela 5), um conjunto de tipos sem serifas que
refletem modernidade e possuem um leve aspecto informal para dialogar bem
com o público-alvo.
Tipo Aplicação
Museo Sans 300 ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679
Museo Sans 500 ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679
Museo Sans 700 ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679
Museo Sans 900 ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
113
Tipo Aplicação
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679
OCR A Extended ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz012345679
Tabela 5 – Tipografia escolhida Fonte: Autoria própria
A esse grupo foi adicionada a fonte OCR A Extended para aparecer uma
única vez, quando código binário é exibido na animação (Figura 57). Essa fonte
foi escolhida por ser uma fonte monoespaçada que remete a displays digitais
antigos, característica que a família Museo Sans não possui.
Figura 57 – Grace Hopper com código binário Fonte: Autoria própria
7.4 SONORIZAÇÃO
A trilha musical adicionada ao vídeo, complementar à narração, foi
selecionada levando em consideração o tema do roteiro: inspiração. Por isso,
buscou-se uma música alegre e inspiradora. Várias músicas foram pesquisadas,
e, após testadas juntamente à animação, foi possível eleger uma que refletisse
o sentimento desejado do vídeo.
“Ukulele”, de Bensound (2017), é uma música leve e alegre que utiliza
instrumentos como ukulele, bateria, cordas em pizzicato e dedos estalando. Por
ter uma duração menor que a animação, foi editada no Adobe Audition, software
114
que, por meio de um algoritmo, é capaz de identificar padrões na música e repetir
certos trechos, e pôde, assim, estender a faixa de áudio para a duração
desejada.
Incorporada ao vídeo, o volume da faixa da música foi reduzido para
- 15dB de modo a não competir com a voz da narração e, assim, servir apenas
como acompanhamento.
É possível ver que a animação também foi adaptada à trilha sonora no
final do vídeo, em que os créditos mudam de tela em sincronia com as batidas
da música, a fim de criar unidade entre imagem e som.
7.5 LEGENDAGEM
Pensando na acessibilidade de deficientes auditivos, assim como no fato
de 85% dos vídeos do Facebook serem assistidos sem áudio (PATEL, 2016),
legendas foram incorporadas ao vídeo final. Essas legendas estão no formato
closed captions, que permite que sejam ligadas ou desligadas à vontade pelo
espectador.
O texto das legendas foi retirado diretamente do roteiro, e as falas foram
organizadas por meio do software Adobe Premiere Pro, para então ser possível
gerar um arquivo de texto separado, contendo as legendas, que pode ser
reproduzido juntamente do vídeo. Além das legendas em português, também
foram feitas legendas em inglês para aumentar o alcance do vídeo.
7.6 MINIATURA
A miniatura feita para o projeto (Figura 58) apresenta Nettie Stevens em
destaque por ela estar acompanhada de um microscópio e frascos com produtos
químicos, que ilustram bem o conteúdo científico que será apresentado ao
espectador. Incluiu-se o título à imagem, sobre um fundo de cor amarelo-
115
alaranjada, que, como discutido anteriormente, é uma cor energética e atraente
para jovens.
Figura 58 – Miniatura do vídeo Fonte: Autoria própria
116
8 IMPLEMENTAÇÃO
A implementação do produto final consistiu na renderização da
animação em formato MP4, um formato leve, porém de boa qualidade, adequado
para carregamento na internet. Sua duração foi de quatro minutos e 30
segundos. O vídeo foi disponibilizado na internet por meio de grandes
plataformas como YouTube13, Facebook14 e Vimeo15.
13 Disponível em <https://youtu.be/TWYoIBy37sI>. 14 Disponível em <https://www.facebook.com/danitempass/videos/10155184759523613/>. 15 Disponível em < https://vimeo.com/242168729>.
117
9 APRENDIZADO
O processo de aprendizado deste projeto verificou critérios de avaliação
como a satisfação do espectador com o vídeo, o quanto de seu interesse o vídeo
prendeu, a clareza da mensagem transmitida, e a relevância das informações
apresentadas, além de perguntar ao entrevistado sobre os pontos positivos e
negativos do vídeo e possíveis considerações adicionais. É importante frisar que,
embora o público-alvo seja feminino, também foram coletadas respostas de
homens por uma questão de comparativo entre gênero.
Com base nisso, seguindo a metodologia de Gil (2002), foi elaborado o
questionário do Apêndice I, que ficou aberto na internet por três dias e coletou
um total de 359 respostas (disponíveis no Apêndice J) de pessoas que assistiram
ao vídeo. Mulheres corresponderam a 86,6% dos respondentes do questionário,
e 90,8% deles afirmaram possuir ensino superior incompleto, completo ou pós-
graduação.
O Gráfico 7 mostra que a recepção do vídeo foi muito positiva entre os
espectadores, principalmente o público-alvo feminino, com os índices mantendo-
se acima de 4 para todos os quesitos avaliados. A satisfação do espectador com
o vídeo obteve uma média próxima ao máximo de 5.
Gráfico 7 – Avaliação pelos espectadores em uma escala de 1 a 5 sobre cada quesito, por gênero Fonte: Autoria própria com base nos dados de pesquisa
4,94,7 4,8
4,4
4,84,84,5
4,7
4,2
4,84,84,6
4,8
4,4
4,8
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Satisfação doespectador
Eficácia emprender o
interesse doespectador
Clareza damensagem
Quantidade deinformações novas
apresentadas
Importância paraatrair o interesse
de meninas emulheres para
C&TMulheres Homens Ambos os gêneros
118
Igualmente, os entrevistados disseram acreditar que o vídeo é de grande
importância para atrair o interesse de meninas e mulheres para ciência e
tecnologia. De modo geral, eles avaliaram a mensagem do vídeo como clara,
apresentando um bom número de informações novas e mostrando-se eficaz em
prender seu interesse.
A Gráfico 8 decompõe esses resultados por faixa etária entre as
mulheres, mostrando que o público mais jovem, alvo do projeto, recebeu o vídeo
de forma levemente mais positiva.
Gráfico 8 – Avaliação pelas espectadoras mulheres em uma escala de 1 a 5 sobre cada quesito, por faixa etária Fonte: Autoria própria com base nos dados de pesquisa
As respostas às questões dissertativas, embora difíceis de serem
tabuladas, revelaram certos padrões ao serem analisadas. Entre os pontos
positivos mais frequentemente citados nelas, os entrevistados destacaram a
importância da escolha do tema para a representatividade e empoderamento da
mulher. Vários também mencionaram a grande quantidade e variedade de
exemplos de cientistas e novas informações que não conheciam (corroborando
os dados analisados no capítulo 3), e expressaram surpresa e contentamento
por ser um número maior do que esperavam.
Muitas mulheres afirmaram ser da área de ciência e tecnologia, dizendo
estarem contentes com o conteúdo do vídeo e salientando sua importância.
4,94,7
4,9
4,5
4,94,94,6
4,9
4,4
4,84,94,7 4,7
4,54,74,8
4,54,8
4,54,84,8 4,7 4,8
4,44,7
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Satisfação daespectadora
Eficácia emprender o
interesse daespectadora
Clareza damensagem
Quantidade deinformações novas
apresentadas
Importância paraatrair o interesse
de meninas emulheres para
C&T
15 a 18 anos 19 a 22 anos 23 a 26 anos 27 a 30 anos 31 anos ou mais
119
Algumas também mencionaram que este tipo de iniciativa as ajuda a se sentirem
validadas diante das desigualdades enfrentadas e de cenários desanimadores,
e mesmo as mulheres que atuam em outras áreas disseram se identificar
pessoalmente com o tema. Homens também expressaram apoio a uma maior
representatividade de mulheres em C&T e iniciativa do projeto.
Quanto à estrutura da mensagem, os entrevistados, de forma geral, a
descreveram como “clara e direta”, utilizando linguagem simples e acessível para
os mais variados grupos, apesar do volume de informação. Eles ainda afirmaram
que o vídeo passa sua mensagem “de maneira didática e lúdica”, sendo,
portanto, “atraente para crianças também, porém sem menosprezar adultos”.
Vários entrevistados citaram “leveza e simplicidade”, aliados à
objetividade, como fatores que valorizaram a mensagem. Eles também
afirmaram terem gostado da construção do roteiro, da ordenação das cientistas
e da integração e transição das ideias, o que contribuiu para a evolução do
argumento. Uma das entrevistadas escreveu: A construção da narrativa a partir da astronauta foi linda e essencial para deixar claro a real intenção ao produzir o vídeo. O qual não teve a finalidade de apenas divulgar parte da história da ciência, mas sim como podemos ser inspiradas e inspirar através delas.
Referente ao aspecto gráfico do vídeo, muitos entrevistados destacaram
a animação, as ilustrações e o estilo flat como pontos positivos. O estilo flat foi
ressaltado por deixar as informações mais claras. Citou-se também que o fato
de o vídeo ter sido desenvolvido por meio de motion graphics com cores vivas
tornou-o mais atrativo em meio a um feed de rede social do que se tivesse sido
feito com fotografias, por exemplo.
A animação foi elogiada por ser “dinâmica e fluída”. Os entrevistados
também alegaram gostar da escolha de cores vivas aliadas ao estilo dos
desenhos, que muitos descreveram como “agradáveis” e “fofos”, bem como da
maneira com que a imagem acompanha a narração, ilustrando o que está sendo
dito e contribuindo para o entendimento claro da mensagem, tornando não só a
linguagem verbal acessível, mas a visual também.
Uma das entrevistadas afirmou que sua filha de 3 anos, apesar de
compreensão limitada devido à idade, pediu para ver o vídeo várias vezes, e a
mãe se disse feliz em ver o interesse da filha pelo tema desde cedo.
120
Mencionou-se positivamente, ainda, o ritmo animado da música de fundo
e o fato de não só imagem e narração estarem conectados, mas imagem e
música também, bem como o acompanhamento de legendas para facilitar a
compreensão e promover acessibilidade.
Algumas pessoas declararam terem gostado da narração, porém este foi
o ponto mais citado quando os entrevistados foram perguntados sobre o que
menos gostaram no vídeo. Muitos entrevistados afirmaram que algumas
palavras não foram pronunciadas de forma muito clara, e que seria melhor que
a narração fosse menos rápida e tivesse mais pausas, pois também são muitas
informações apresentadas.
Também foi dito que a locução poderia ser mais expressiva, pois às
vezes tornava a narração monótona e muito linear, e alguns entrevistados
reclamaram do sotaque presente na voz da narradora. A trilha sonora recebeu
algumas críticas negativas por ter sido considerada repetitiva e um tanto
distrativa, dividindo opiniões.
De forma geral, o áudio foi a parte do vídeo que mais recebeu ressalvas.
Além da clareza e qualidade dele, sugeriu-se aumentar o volume da voz da
narração.
Outro ponto bastante comentado foi a sugestão de indicação do nome
da cientista na imagem para melhor retenção por parte do espectador. Sugeriu-
se também indicar o período de tempo em que as cientistas citadas viveram.
Algumas pessoas afirmaram que o que menos gostaram no vídeo foi ele
ser muito longo por conter muita informação. Em contrapartida, outras disseram
exatamente o contrário: afirmaram que o vídeo foi muito curto e poderia ter
apresentado ainda mais exemplos de mulheres. Foram feitas sugestões para
adicionar mais mulheres de áreas tecnológicas, mulheres negras, mulheres
brasileiras e exemplos de cientistas da atualidade. Algumas pessoas também
sugeriram a criação de vídeos semelhantes que abordem mulheres de outras
áreas além da ciência e tecnologia, como arte e design, por exemplo.
Mesmo a pergunta do questionário sobre o que o espectador menos
gostou no vídeo tenha sido obrigatória, a fim de se buscar uma avaliação o mais
crítica possível, muitos entrevistados afirmaram não ter nada de que eles não
tenham gostado.
121
As mulheres, em especial, receberam o vídeo com muito entusiasmo
devido ao tema. No Facebook, até o fechamento deste trabalho em 13 de
dezembro de 2017, a postagem havia atingido 8,5 mil visualizações e 168
compartilhamentos organicamente, e várias pessoas marcaram amigos (em
especial amigas mulheres) para assistirem ao vídeo também.
A professora Dr.ª Sílvia Amélia Bim, coordenadora do projeto Emíli@s,
elogiou o projeto e ofereceu-se para divulgar o vídeo nas páginas do Emíli@s e
do projeto Meninas Digitais. Outras páginas de grupos ligados à mulher na
ciência e tecnologia também compartilharam a postagem. Várias pessoas
comentaram que mostraram ou iriam mostrar o vídeo para filhas, sobrinhas,
amigas ou alunas, ressaltando o caráter inspirador dele.
Além do questionário direcionado ao público geral, também se buscou a
opinião técnica de professores do departamento de design da UTFPR sobre o
vídeo. A professora Msc. Elisa Peres Maranho sugeriu ênfase nos planos, com
inserção de nomes das cientistas e palavras-chave sobre suas contribuições,
assim como adição de sinais sonoros.
Novamente sendo reforçada a necessidade apontada pelos resultados
do questionário, a professora Msc. Ana Cristina Munaro também recomendou a
adição dos nomes das cientistas, e apontou os mesmos problemas de áudio: a
narração poderia ser menos linear e enfatizar mais certas frases, além de estar
muito rápida em alguns momentos, dificultando o entendimento.
E embora o público tenha respondido à cor de forma positiva no
questionário, a professora Dr.ª Luciana Martha Silveira arguiu que as cores
poderiam ser melhor organizadas para reforçar a comunicação da animação por
meio de Esquemas de Combinações de Cores (SILVEIRA, 2015).
122
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância do incentivo à ciência desde a infância pode ser notada
em vários exemplos das cientistas e inventoras abordadas neste trabalho. O pai
de Chien-Shiung Wu abriu uma escola para meninas e sempre incentivou a filha
a buscar uma boa educação. A própria Wu disse que, se não fosse pelo incentivo
do pai, ela estaria lecionando no ensino básico (MCGRAYNE, 2006). Hedy
Lamarr ouvia o pai explicar o funcionamento de máquinas como bondes e
prensas móveis; a mãe de Ada Lovelace direcionou a filha aos estudos
matemáticos em uma época que isso era incomum para mulheres; Marie Tharp
acompanhava o pai quando ele ia a campo analisar o solo para mapeamento; a
mãe de Annie Jump Cannon era uma astrônoma amadora; a mãe de Grace
Hopper adorava matemática, e ela e o pai incentivavam a filha a seguir esse
caminho (SWABY, 2015). Todas essas mulheres que foram introduzidas à
ciência desde novas viriam a alcançar grandes feitos.
Na animação produzida para este trabalho, foram apresentadas de
forma resumida algumas dentre as inúmeras cientistas que contribuíram para o
desenvolvimento científico e tecnológico mundial. Como o processo de avaliação
demonstrou, o vídeo foi muito bem recebido pelo público, cumprindo seu
propósito.
A maior dificuldade encontrada, e certamente apontada pelos
respondentes do questionário de avaliação, foi a sonorização, por não pertencer
à área de design. Em uma possível reformulação do projeto, a participação de
um profissional de áudio e locutor profissional seria ideal.
Outro fator para se alterar no projeto seria a adição do nome das
cientistas à imagem, ao invés de deixá-los apenas nas legendas da narração.
Embora essa possibilidade tenha sido estudada, como mostrou o capítulo 6.2, a
decisão final contra ela mostrou-se malsucedida. Em vista disso, seria
aconselhável refazer esse estudo pensando em outras possibilidades que não
tenham sido consideradas.
Como na animação desenvolvida falou-se sobre cada cientista de forma
breve (uma vez que o enfoque era em apresentar vários exemplos e não
123
discorrer profundamente sobre cada um para que o vídeo não ficasse longo
demais), seria interessante que, em possíveis projetos futuros, fossem criados
vídeos individuais para cada cientista a fim de se aprofundar mais em suas vidas,
carreiras e campos de estudo, a exemplo do vídeo sobre Marie Tharp abordado
na análise de similares (Marie Tharp: Revealing the Secrets of the Ocean Floor,
2016).
Igualmente, este projeto poderia se expandir para a criação de uma
página na internet à qual o vídeo direcionasse o espectador. Nessa página ele
poderia, então, encontrar mais informações sobre cada cientista abordada no
vídeo, e até sobre outras que não foram citadas.
Ao longo do desenvolvimento da pesquisa foi possível observar que,
assim como no meio científico, de forma geral, os nomes masculinos são mais
visibilizados, quando se foca apenas nas cientistas mulheres a
representatividade de pessoas brancas é muito maior se comparada à de outras
etnias. Além disso, as cientistas se reduzem majoritariamente aos Estados
Unidos e países da Europa.
Essa discrepância foi notada durante a pesquisa e também apontada
pelo público durante o processo de avaliação. Seria interessante, portanto, a
criação de projetos equivalentes que foquem em feitos de cientistas de outras
minorias, de modo a exaltar os feitos de outros grupos pouco representados.
A aplicação da metodologia de design thinking de Ambrose e Harris
(2010), integrada à metodologia de animação em motion graphics de Krasner
(2008), se mostrou fundamental para o desenvolvimento deste projeto, assim
como a adoção dos princípios básicos de animação (THOMAS; JOHNSTON,
1995) possibilitou a criação de uma animação fluida e cativante. Os professores
que colaboraram com a execução do projeto também foram essenciais para sua
avaliação e aprimoramento.
Por último, foi de grande importância pesquisar as iniciativas que estão
sendo tomadas para atrair mais mulheres para a ciência e tecnologia e constatar
que há muita dedicação, por várias partes diferentes, para se acabar com a
desigualdade de gênero em C&T. Muitas dessas iniciativas são projetos de
design que, juntamente a este projeto, demonstram que o design se configura
como importante ferramenta para o aumento da visibilidade de mulheres um uma
área em que elas são pouco reconhecidas.
124
O produto final deste trabalho, ao ser avaliado, demonstrou cumprir com
sucesso os objetivos técnicos a que se propôs, apesar de pontos em que pode
ser melhorado. Por ser de linguagem acessível, ele pode ser usado em salas de
aula, assim como por grupos que trabalhem com a questão de gênero e projetos
de incentivo à atração e inclusão de meninas e mulheres na ciência e tecnologia.
Espera-se, deste modo, que este projeto ajude na inclusão de mulheres
na ciência e tecnologia e incentive mais meninas e mulheres a seguirem essas
carreiras.
125
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131
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THE Origin of Dogs. Direção: Jackie Lay. Produção: Raymond Schillinger. [S.l.]: The Atlantic. 2016.
THOMAS, F.; JOHNSTON, O. The Illusion of Life. 1ª. ed. Nova York: Disney Hyperion, 1995.
TRAVEL In Time. Direção: Igor Gritsik e Alexander Lyubimov. Produção: Igor Gritsik. [S.l.]: [s.n.]. 2015.
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WHITAKER, H.; HALAS, J. Timing for animation. 2ª. ed. Oxford: Focal Press, 2009.
133
APÊNDICE A – Questionário: Mulheres na ciência e tecnologia
* Obrigatória
1. Qual seu gênero? *
( ) Feminino
( ) Masculino
( ) Outro/Prefiro não informar
2. Quantos anos você tem? *
_____________________________________________________________
3. Qual é a sua escolaridade? *
( ) Sem escolaridade
( ) Ensino fundamental incompleto ou cursando
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto ou cursando
( ) Ensino médio completo
( ) Ensino superior incompleto ou cursando
( ) Ensino superior completo
( ) Pós-graduação
4. Você pretende cursar o ensino superior?
( ) Sim
( ) Não
( ) Já cursei/Estou cursando
( ) Não sei
5. Qual é o curso de graduação que você pretende fazer (ou que fez)?
_____________________________________________________________
6. Qual é seu interesse em ciência e tecnologia? * Como você classificaria seu interesse em ciência e tecnologia sendo (1) nenhum pouco
interessado e (5) muito interessado?
134
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não sou nenhum pouco interessado em ciência e tecnologia
(5) Sou muito interessado em ciência e tecnologia
7. Como você vê o seu conhecimento a respeito de cientistas homens? * Como você classificaria seu conhecimento de cientistas homens em uma escala de 1 a 5, sendo
(1) pouco conhecimento e (5) muito conhecimento?
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não conheço nenhum ou quase nenhum exemplo de cientista homem
(5) Conheço vários exemplos de cientistas homens
8. Como você vê o seu conhecimento a respeito de cientistas mulheres? * Como você classificaria seu conhecimento de cientistas mulheres em uma escala de 1 a 5, sendo
(1) pouco conhecimento e (5) muito conhecimento?
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não conheço nenhum ou quase nenhum exemplo de cientista mulher
(5) Conheço vários exemplos de cientistas mulheres
9. Assinale abaixo os cientistas sobre os quais você já ouviu falar: *
( ) Albert Einstein
( ) Alexander Graham Bell
( ) Antoine Lavoisier
( ) Charles Darwin
( ) Enrico Fermi
( ) Ernest Rutherford
( ) Galileu Galilei
( ) Gregor Mendel
( ) Isaac Newton
( ) Johannes Kepler
( ) Louis Pasteur
( ) Max Planck
( ) Michael Faraday
( ) Nicolau Copérnico
( ) Niels Bohr
( ) Nikola Tesla
135
( ) Nunca ouvi falar de nenhum dos cientistas listados
10. Assinale abaixo as cientistas sobre as quais você já ouviu falar: *
( ) Ada Lovelace
( ) Annie Jump Cannon
( ) Barbara McClintock
( ) Cecilia Payne-Gaposchkin
( ) Chien-Shiung Wu
( ) Grace Hopper
( ) Hedy Lamarr
( ) Inge Lehmann
( ) Lise Meitner
( ) Mae Jemison
( ) Marie Curie
( ) Marie Tharp
( ) Nettie Stevens
( ) Rosalind Franklin
( ) Stephanie Kwolek
( ) Vera Rubin
( ) Nunca ouvi falar de nenhuma das cientistas listadas
11. Como você vê a divulgação da atuação de mulheres na ciência e tecnologia
por parte de instituições de ensino? * Como você classificaria a divulgação da atuação de mulheres na ciência e tecnologia por parte
de instituições de ensino em uma escala de 1 a 5, sendo (1) nenhuma ou quase nenhuma
divulgação e (5) muita divulgação?
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não há nenhuma ou quase nenhuma divulgação da atuação de mulheres na ciência e
tecnologia (5) Há muita divulgação da atuação de mulheres na ciência e tecnologia
12. Qual o seu interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas
descobertas? * Como você classificaria seu interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas
descobertas em uma escala de 1 a 5, sendo (1) nenhum interesse e (5) muito interesse?
136
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não tenho nenhum interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas descobertas
(5) Tenho muito interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas descobertas
13. Na sua opinião, que tipo de material seria eficaz para divulgar o trabalho
realizado por cientistas mulheres? * Assinale até 5 opções.
( ) Cartazes
( ) Documentários
( ) Filmes
( ) Fotografias
( ) Livros
( ) Revistas
( ) Sites
( ) Vídeos animados
( ) Outro
( ) Nenhum
137
APÊNDICE B – Resultados do questionário “Mulheres na ciência e tecnologia”
Número total de respostas: 310
1. Qual seu gênero?
Gênero Frequência
Feminino 249
Masculino 59
Outro/Prefiro não informar 2
2. Quantos anos você tem?
Faixa etária Frequência
14 a 18 anos 50
19 a 22 anos 125
23 a 26 anos 86
27 a 30 anos 29
31 anos ou mais 20
3. Qual é a sua escolaridade?
Escolaridade Frequência
Sem escolaridade 0
Ensino fundamental incompleto ou cursando 2
Ensino fundamental completo 0
Ensino médio incompleto ou cursando 20
Ensino médio completo 19
Ensino superior incompleto ou cursando 179
Ensino superior completo 57
Pós-graduação 33
4. Você pretende cursar o ensino superior?
138
Pretensão Frequência
Sim 45
Não 2
Já cursei/Estou cursando 258
Não sei 5
5. Qual é o curso de graduação que você pretende fazer (ou que fez)?
Curso Frequência
Design 41
Design gráfico 34
Psicologia 21
Direito 20
Engenharia ambiental 14
Administração 12
Medicina 11
Jornalismo 10
Arquitetura e urbanismo 9
Artes visuais 7
Pedagogia 7
Publicidade e propaganda 7
Relações internacionais 7
Ciências biológicas 6
Enfermagem 6
Engenharia de produção 6
Comunicação social 5
Letras 5
Relações públicas 5
Ciências contábeis 4
Engenharia civil 4
Biomedicina 3
Ciência da computação 3
Design de interiores 3
Economia 3
139
Curso Frequência
Engenharia de bioprocessos e biotecnologia 3
Engenharia química 3
Física 3
Análise e desenvolvimento de sistemas 2
Artes cênicas 2
Biblioteconomia 2
Design de moda 2
Engenharia elétrica 2
Engenharia mecânica 2
Estética 2
Gastronomia 2
Geografia 2
História 2
Logística aeroportuária 2
Odontologia 2
Química 2
Outros16 25
6. Qual é seu interesse em ciência e tecnologia?
Nível de interesse Frequência
1 17
2 22
3 91
4 80
5 100
7. Como você vê o seu conhecimento a respeito de cientistas homens?
16 Outros inclui cursos de graduação que foram citados apenas uma vez nas respostas do questionário. São eles: astronomia, ciências sociais, cinema, comunicação organizacional, conservação e restauro de bens culturais, educação, engenharia de materiais, engenharia de recursos hídricos e do meio ambiente, engenharia eletrônica, engenharia florestal, estatística, fisioterapia, gestão de projetos em engenharia, gestão financeira, jogos digitais, medicina veterinária, nutrição, produção audiovisual, produção cultural, radiologia, serviço social, sistemas de informação, tecnologia em produção multimídia, turismo.
140
Nível de conhecimento Frequência
1 14
2 39
3 67
4 76
5 114
8. Como você vê o seu conhecimento a respeito de cientistas mulheres?
Nível de conhecimento Frequência
1 115
2 108
3 54
4 21
5 12
9. Assinale abaixo os cientistas sobre os quais você já ouviu falar:
Cientista Frequência
Albert Einstein 307
Galileu Galilei 307
Isaac Newton 307
Charles Darwin 298
Nicolau Copérnico 242
Antoine Lavoisier 239
Louis Pasteur 223
Ernest Rutherford 210
Alexander Graham Bell 205
Nikola Tesla 192
Niels Bohr 190
Johannes Kepler 176
Gregor Mendel 175
Michael Faraday 167
Max Planck 85
Enrico Fermi 51
141
Cientista Frequência
Nenhum dos homens listados 0
10. Assinale abaixo as cientistas sobre as quais você já ouviu falar:
Cientista Frequência
Marie Curie 202
Rosalind Franklin 62
Grace Hopper 61
Ada Lovelace 56
Marie Tharp 23
Hedy Lamarr 22
Inge Lehmann 22
Chien-Shiung Wu 21
Vera Rubin 18
Annie Jump Cannon 17
Barbara McClintock 16
Mae Jemison 15
Stephanie Kwolek 15
Lise Meitner 11
Nettie Stevens 11
Cecilia Payne-Gaposchkin 10
Nenhuma das mulheres listadas 90
11. Como você vê a divulgação da atuação de mulheres na ciência e tecnologia
por parte de instituições de ensino?
Nível de divulgação Frequência
1 199
2 88
3 19
4 2
5 2
142
12. Qual o seu interesse em aprender mais sobre cientistas mulheres e suas
descobertas?
Nível de interesse Frequência
1 4
2 13
3 44
4 64
5 185
13. Na sua opinião, que tipo de material seria eficaz para divulgar o trabalho
realizado por cientistas mulheres?
Material Frequência
Documentários 269
Filmes 246
Livros 205
Sites 200
Revistas 175
Vídeos animados 146
Fotografias 131
Cartazes 84
Outro 24
Nenhum 0
143
APÊNDICE C – Explorações de tipografia
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Myriad Pro Regular
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Myriad Pro Bold
The quick brown fox jumps over the lazy dog.
THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Museo Sans 300
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Museo Sans 900
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Centrale Sans Regular
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Centrale Sans Bold
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Avenir LT 45 Book
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Avenir Next LT Pro Bold
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Brandon Grotesque Light
144
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Brandon Grotesque Black
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Century Gothic Regular
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Century Gothic Bold
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Fira Sans OT Light
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Fira Sans OT Bold
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Futura LT Light
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Futura LT Bold
The quick brown fox jumps over the lazy dog.
THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Gadugi Regular
The quick brown fox jumps over the lazy dog.
THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Gadugi Bold
The quick brown fox jumps over the lazy dog.
145
THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Gill Sans MT Regular
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Gill Sans MT Bold
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Gotham Light
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Gotham Black
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Intro Light
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Intro Bold
The quick brown fox jumps over the lazy dog.
THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Lato Light
The quick brown fox jumps over the lazy dog. THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG. Lato Bold
146
APÊNDICE D – Sinopse
Cientistas que fizeram grandes contribuições para a ciência.
Mae Jemison: primeira astronauta mulher negra, inspirou-se na
personagem Uhura.
Marie Curie: estudos em radioatividade; descoberta do polônio e rádio;
sua filha Irène Joliot-Curie também descobriu a radioatividade artificial.
Lise Meitner: descoberta do protactínio; iniciou o experimento e explicou
a fissão nuclear.
Chien-Shiung Wu: provou exceção ao princípio de conservação de
paridade.
Cecilia Payne-Gaposchkin: descobriu do que as estrelas são feitas, e,
portanto, a maior parte do universo visível.
Annie Jump Cannon: maior “colecionadora” de estrelas que já viveu;
desenvolveu sistema de classificação de estrelas usado até hoje.
Vera Rubin: provou a existência de matéria escura.
Marie Tharp: mapeou o solo marítimo e descobriu a Dorsal
Mesoatlântica, provando a teoria da deriva continental e a existência das placas
tectônicas.
Inge Lehmann: descobriu o núcleo interno da Terra.
Nettie Stevens: descobriu que células reprodutoras masculinas têm
cromossomos X ou Y e femininas apenas X, e são esses cromossomos que
determinam sexo do bebê.
Barbara McClintock: descobriu a transposição genética: genes podem
mudar de lugar no cromossomo e “ligar” e “desligar”.
Rosalind Franklin: participação na descoberta da estrutura do DNA.
Stephanie Kwolek: inventou o Kevlar e contribuiu para invenção do Lycra
e elastano.
Ada Lovelace: primeiro programa de computador da história.
Grace Hopper: primeiro compilador da história.
Hedy Lamarr: atriz que inventou a tecnologia de frequência variável
(usada em tecnologias sem fio como Bluetooth, Wi-Fi e GPS).
147
APÊNDICE E – Rascunho inicial de texto para roteiro
Quando Mae Jemison era criança, astronautas eram homens e brancos.
Parecia improvável que uma menina negra como ela um dia teria a chance de ir
para o espaço também. Mas ver a personagem Uhura na série de televisão Star
Trek deu a Jemison a inspiração que ela precisava para marcar seu nome na
história com a primeira mulher negra a ir ao espaço.
Inspirações são importantes. Quando se fala de ciência, todos
conhecemos grandes nomes como Albert Einstein, Isaac Newton, Charles
Darwin ou tantos outros… mas quantas mulheres cientistas inspiradoras
conhecemos?
Marie Curie é provavelmente o nome mais lembrado. Se hoje
conhecemos a palavra radioatividade, é porque ela foi cunhada por Curie, que
pesquisou extensivamente esse fenômeno e descobriu que a radioatividade
vinha dos átomos em si, e não de como estavam organizados. Curie descobriu
que, além do urânio, o tório também é radioativo, e, junto com o marido Pierre,
descobriu dois novos elementos radioativos: o polônio e o rádio. Por 61 anos ela
foi a única pessoa a ter dois prêmios Nobel, sendo até hoje a única com dois
prêmios de ciências distintas. Anos depois, sua filha Irène também viria a ganhar
um Nobel pela descoberta da radioatividade artificial.
Quem também descobriu um elemento químico radioativo foi Lise
Meitner: junto de seu colega Otto Hahn, ela descobriu o protactínio. Outra
descoberta sua seria a fissão nuclear. Vários cientistas da época, como Meitner
e Hahn, estavam bombardeando átomos de urânio com nêutrons. Meitner
percebeu que esse experimento resultava em elementos que tinham
aproximadamente metade do tamanho de um átomo de urânio, e assim explicou
a fissão nuclear. O elemento meitnério da tabela periódica foi batizado em
homenagem a ela.
Se Marie Curie e Lise Meitner explicaram fenômenos físicos, Chien-
Shiung Wu veio derrubar uma das leis da física. Nada mais apropriado para a
cientista cujo nome significa “corajosa heroína” em chinês. O princípio de
conservação de paridade determina que moléculas, átomos e núcleos deveriam
148
comportar-se de forma simétrica, mas Wu conduziu um experimento que provou
que esse princípio poderia ter exceções.
Dos átomos às estrelas, estas mulheres não viam limites. Cecilia Payne
descobriu do que é feito a maior parte do universo visível quando descobriu que
o Sol e as outras estrelas são compostos quase que inteiramente de hidrogênio
e hélio, os dois elementos mais leves da tabela periódica, contradizendo a crença
de que o Sol tinha composição semelhante à da Terra.
Das aproximadamente oito mil estrelas que se pode observar a olho nu
pontilhando o céu noturno, Annie Jump Cannon classificou 50 vezes mais esse
número, tornando-se a maior “colecionadora” de estrelas que já viveu. Ela
também desenvolveu um sistema de classificação de estrelas que se tornou
padrão mundial, sendo usado até hoje em uma forma mais refinada.
Vera Rubin provou a existência da matéria escura observando que a
velocidade com que as estrelas giram ao redor do centro de uma galáxia não
diminuía quando elas estavam mais afastadas do centro, o que deveria
acontecer se não houvesse matéria escura ali.
Não só o universo, mas a Terra também tinha seus grandes mistérios.
Por muito tempo acreditou-se que o solo marítimo era plano, e a ideia do
supercontinente Pangeia não era muito popular entre os cientistas. Mas não para
Marie Tharp. Com dados obtidos a partir de um sonar, esta cartógrafa mapeou
o fundo do mar e descobriu diversas montanhas e vales submarinos, como a
Dorsal Mesoatlântica. Ela também percebeu que as localizações dessas
formações geológicas coincidiam com as de terremotos, provando, assim, a
existência de placas tectônicas e a teoria da deriva continental.
Indo ainda mais fundo que o fundo do mar, a sismóloga Inge Lehmann
estudou o interior da Terra. Com a Terra possuindo crosta, manto e um núcleo
líquido, podia-se prever em que partes do planeta um terremoto geraria ondas.
Mas alguns terremotos geravam ondas onde não deveriam, ou as ondas não
eram registradas onde se esperava, então Lehmann concluiu que a Terra deveria
possuir um núcleo interno sólido.
Além do interior da Terra, cientistas também estudaram o interior de nós.
Por muito tempo acreditou-se que o sexo de um bebê era determinado por
fatores externos, como a temperatura do ambiente ou a alimentação da mãe.
Porém Nettie Stevens descobriu que as células reprodutoras masculinas podiam
149
ter cromossomos X ou Y, enquanto as células femininas possuíam apenas
cromossomos X. Assim, ela concluiu que eram os cromossomos que
determinavam o sexo de um bebê em sua concepção.
Estudando milho, Barbara McClintock descobriu que os genes podem
mudar de lugar no cromossomo e “ligar” e “desligar”, fenômeno nomeado de
transposição genética, que também influencia mutações genéticas, e explica a
grande variabilidade genética dos organismos, tendo importante papel na
evolução das espécies.
Sabendo que, no DNA, os açúcares-fosfato estão localizados do lado de
fora da molécula, próximo à água, e as bases nitrogenadas ficam alinhadas do
lado de dentro da cadeia de fosfatos, Rosalind Franklin tinha apenas que
descobrir que as cadeias de fosfatos se organizavam de forma helicoidal. Ela
havia tirado fotos que já apontavam para esse formato, porém sua pesquisa foi
repassada para James Watson e Francis Crick sem seu conhecimento e assim
eles decifraram a estrutura do DNA antes dela.
Você já se perguntou do que são feitos coletes à prova de balas? De
Kevlar, material mais leve e cinco vezes mais forte que o aço, inventado por
Stephanie Kwolek, e usado também desde em luvas de forno até aparelhos
celulares e trajes espaciais. Kwolek ainda contribuiu para a criação da Lycra e
do elastano, presentes em grande parte das roupas atuais.
Mulheres também foram responsáveis por grandes avanços da
tecnologia. Ada Lovelace escreveu anotações sobre a Máquina Analítica de
Charles Babbage, precursora dos computadores modernos, explicando que a
máquina poderia armazenar informações e programas que pudessem processá-
las. Lovelace também descreveu como um algoritmo poderia devolver uma
sequência de números conhecida como Números de Bernoulli, o que viria a ser
conhecido como o primeiro programa de computador do mundo, tornando
Lovelace a primeira programadora.
Outra mulher pioneira na computação foi Grace Hopper, que popularizou
o termo bug quando encontrou uma mariposa presa no computador Mark II
enquanto ela trabalhava na marinha americana. Ela ajudou na criação de
padrões para linguagens de programação que estão presentes nos
computadores modernos e criou o primeiro compilador, um tradutor de
150
linguagem binária, que transforma sequências de 1 e 0 em uma linguagem
melhor compreensível para humanos.
Mas algumas mulheres não se contentavam em ser apenas em ser
grandes pioneiras. Hedy Lamarr não só inventou a tecnologia de frequência
variável — que possibilitou o desenvolvimento de diversas tecnologias de
comunicação sem fio usadas atualmente como o Bluetooth, Wi-Fi e GPS —
como também alcançou fama mundial como uma das maiores estrelas de
Hollywood do século 20, sendo conhecida como “a mulher mais bonita do
mundo”.
Estas mulheres provam que não há limites para uma cientista. Das
células do corpo humano aos computadores, de um minúsculo átomo aos confins
do universo: elas venceram preconceitos e fizeram grandes descobertas, se
tornando pioneiras em seus campos e mostrando que ciência também é coisa
de mulher.
151
APÊNDICE F – Roteiro literário
MAE JEMISON aparece como uma criança. Um astronauta flutua
para perto dela.
NARRADOR
(V.O.)
Quando Mae Jemison era criança,
parecia improvável que ela um dia
teria a chance de se tornar
astronauta quando todos eram homens
brancos.
Uma televisão mostra a personagem Uhura.
NARRADOR
(V.O.)
Mas ver a personagem Uhura na série
de televisão Star Trek deu a
Jemison a inspiração de que ela
precisava
Jemison, adulta, aparece usando roupa de astronauta.
NARRADOR (CONT.)
(V.O.)
para marcar seu nome na história
como a primeira mulher negra a ir
para o espaço.
O texto “INSPIRAÇÕES” aparece na tela. Depois surgem os
cientistas Albert Einstein, Isaac Newton e Charles Darwin
lado a lado.
NARRADOR
152
(V.O.)
Inspirações são importantes. Quando
se fala de ciência, todos
conhecemos grandes nomes como
Albert Einstein, Isaac Newton,
Charles Darwin ou tantos outros…
Os três cientistas são substituídos pela silhueta de uma
mulher com um ponto de interrogação em sua frente.
NARRADOR (CONT.)
(V.O.)
mas quantas mulheres cientistas
inspiradoras conhecemos?
MARIE CURIE segura um tubo de ensaio com um elemento
radioativo dentro.
NARRADOR
(V.O.)
Marie Curie talvez seja o nome mais
lembrado. Ela fez tantas
descobertas sobre a radioatividade
que o próprio termo
“radioatividade” foi cunhado por
ela,
Os elementos polônio e rádio aparecem na cena.
NARRADOR (CONT.)
(V.O.)
além de descobrir dois novos
elementos da tabela periódica: o
polônio e o rádio.
153
Mas existem outras grandes
cientistas além de Curie.
LISE MEITNER observa um experimento. Ao seu lado, aparece o
elemento protactínio.
NARRADOR
(V.O.)
Quem também descobriu um novo
elemento foi Lise Meitner: o
protactínio.
O protactínio é substituído por um nêutron dividindo um
átomo em dois.
NARRADOR (CONT.)
(V.O.)
Ela ainda descobriu a fissão
nuclear quando percebeu que átomos
de urânio se dividiam em outros
átomos ao serem bombardeados com
nêutrons.
CHIEN-SHIUNG WU aparece na tela. Ela observa o experimento
do princípio de conservação de paridade.
NARRADOR
(V.O.)
As cientistas não pararam por aí.
Chien-Shiung Wu, cujo nome
significa “corajosa heroína”,
refutou um princípio físico quando
provou que o princípio de
conservação de paridade, que
determina que partículas simétricas
154
devem se comportar da mesma
maneira, não se aplica a todas as
partículas.
VERA RUBIN observa estrelas girando ao redor de uma
galáxia.
NARRADOR
(V.O.)
Já Vera Rubin confirmou a
existência de matéria escura
observando a velocidade com que as
estrelas giram ao redor do centro
de uma galáxia.
CECILIA PAYNE aparece rodeada de estrelas. O Sol aparece ao
lado dela com sua composição química.
NARRADOR
(V.O.)
O universo também foi objeto de
estudo de Cecilia Payne, que
descobriu que o Sol e as estrelas
são compostos principalmente por
hidrogênio e hélio, ao invés de ter
a mesma composição da Terra como se
acreditava na época.
ANNIE JUMP CANNON observa a imensidão do céu estrelado. A
câmera se aproxima dela e estrelas classificadas são
exibidas atrás de Cannon.
NARRADOR
(V.O.)
155
E das aproximadamente oito mil
estrelas que se pode observar a
olho nu no céu noturno, Annie Jump
Cannon classificou 50 vezes mais
esse número, tornando-se a maior
“colecionadora” de estrelas que já
viveu.
MARIE THARP desenha um mapa em sua mesa. Montanhas e vales
crescem ao seu lado. A cena muda para os continentes se
separando na deriva continental.
NARRADOR
(V.O.)
Vindo do céu para a Terra, numa
época em que se acreditava que o
fundo do mar era plano e homogêneo,
Marie Tharp mapeou o solo marítimo
e descobriu diversas montanhas e
vales submarinos, provando a
existência de placas tectônicas e a
teoria da deriva continental.
INGE LEHMANN aparece ao lado de um planeta Terra que é
“aberto” para revelar suas camadas internas, com destaque
para o núcleo interno.
NARRADOR
(V.O.)
Indo ainda mais fundo que o fundo
do mar, a sismóloga Inge Lehmann
estudou o interior da Terra, e
descobriu que além da crosta, manto
e núcleo líquido, a Terra possuía
também um núcleo interno sólido.
156
Molécula de DNA aparece na tela.
Mulheres também fizeram grandes
descobertas no nível microscópico
do corpo humano.
ROSALIND FRANKLIN observa a estrutura do DNA.
NARRADOR
(V.O.)
Rosalind Franklin tirou fotografias
do DNA que a permitiram ver que a
molécula tinha uma estrutura de
dupla-hélice.
BARBARA McCLINTOCK substitui Franklin observando
transposição genética no DNA.
NARRADOR
(V.O.)
Barbara McClintock descobriu a
transposição genética, capacidade
dos genes de mudarem de lugar no
cromossomo e “ligar” e “desligar”,
um fenômeno ligado a mutações
genéticas e com importante papel na
evolução das espécies.
NETTIE STEVENS observa células em um microscópio. Ao lado
dela aparecem células com cromossomos X e Y, que determinam
sexo feminino ou masculino. Fatores como temperatura e
alimentação aparecem e são eliminados.
NARRADOR
(V.O.)
157
Nettie Stevens descobriu que são os
cromossomos X e Y que determinam o
sexo de um bebê na hora da
concepção, e não a temperatura do
ambiente, a alimentação da mãe ou
outros fatores externos como se
acreditou por muito tempo.
STEPHANIE KWOLEK faz um fio de Kevlar. Em seguida, aparecem
objetos criados com Kevlar.
NARRADOR
(V.O.)
Mulheres ainda criaram novas
tecnologias!
Stephanie Kwolek contribuiu para o
desenvolvimento do elastano,
presente em muitas das nossas
roupas, e inventou o Kevlar, um
material mais leve e cinco vezes
mais forte que o aço, que é usado
desde em luvas de forno e coletes à
prova de balas, até aparelhos
celulares e trajes espaciais.
ADA LOVELACE aparece ao lado de algoritmos do primeiro
programa de computador do mundo.
NARRADOR
(V.O.)
A computação também só é o que é
hoje graças a grandes mulheres. Ada
Lovelace tornou-se a primeira
programadora do mundo ao escrever o
primeiro programa de computador
158
para a Máquina Analítica,
precursora dos computadores
modernos.
GRACE HOPPER retira uma mariposa de um computador.
NARRADOR
(V.O.)
Grace Hopper popularizou o termo
bug na computação por causa de uma
mariposa presa em um computador.
Ao lado, sequência binária é traduzida.
NARRADOR (CONT.)
(V.O.)
Ela também criou o primeiro
compilador, um tradutor que
transforma sequências binárias em
uma linguagem mais compreensível
para humanos.
HEDY LAMARR é iluminada por holofotes em um palco.
NARRADOR
(V.O.)
E Hedy Lamarr não só alcançou fama
mundial como uma das maiores
estrelas de Hollywood do século 20,
Em seguida, ela observa a frequência variável que criou, e
acima desta, surgem elementos de comunicação sem fio.
NARRADOR (CONT.)
(V.O.)
159
como também inventou a tecnologia
de frequência variável — que
possibilitou o desenvolvimento de
diversos tipos de comunicação sem
fio usados atualmente, como o
Bluetooth, Wi-Fi e GPS.
Todas as cientistas aparecem lado a lado.
NARRADOR
(V.O.)
Estas mulheres são apenas alguns
exemplos dentre tantos outros que
provam que não há limites para uma
cientista. Do interior das células
do corpo humano aos computadores,
de um minúsculo átomo aos confins
do universo: elas venceram
barreiras e fizeram grandes
descobertas, tornando-se pioneiras
em seus campos e mostrando que
ciência também é coisa de mulher.
Meninas e mulheres comuns aparecem na tela sorrindo.
NARRADOR
(V.O.)
Hoje, elas são inspiração para você
também alcançar seus sonhos.
160
APÊNDICE G – Storyboard
161
162
163
164
165
166
APÊNDICE H – Character sheets de personagens
167
168
169
170
171
APÊNDICE I – Questionário de avaliação final
* Obrigatória
1. Qual seu gênero? *
( ) Feminino
( ) Masculino
( ) Outro/Prefiro não informar
2. Quantos anos você tem? *
_____________________________________________________________
3. Qual é a sua escolaridade? *
( ) Sem escolaridade
( ) Ensino fundamental incompleto ou cursando
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto ou cursando
( ) Ensino médio completo
( ) Ensino superior incompleto ou cursando
( ) Ensino superior completo
( ) Pós-graduação
4. Qual o seu nível de satisfação com esse vídeo? *
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Não gostei nenhum pouco
(5) Gostei muito
5. Quanto o vídeo prendeu seu interesse? *
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) O vídeo não prendeu nada ou quase nada do meu interesse
(5) O vídeo prendeu muito do meu interesse
6. Como você avalia a clareza da mensagem do vídeo? *
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )
172 (1) A mensagem não foi nem um pouco clara
(5) A mensagem foi muito clara
7. Quantas informações novas esse vídeo apresentou a você? *
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Nenhuma ou quase nenhuma informação nova
(5) Muitas informações novas
8. Qual é a importância que você dá a esse vídeo para atrair o interesse de
meninas e mulheres jovens para a ciência e tecnologia? *
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) (1) Pouca ou quase nenhuma importância
(5) Muita importância
9. Do que você mais gostou nesse vídeo? *
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
10. Do que você menos gostou nesse vídeo? *
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
11. Comentários e observações adicionais:
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
173
APÊNDICE J – Resultados do questionário de avaliação final
Número total de respostas: 359
1. Qual seu gênero?
Gênero Frequência
Feminino 311
Masculino 47
Outro/Prefiro não informar 1
2. Quantos anos você tem?
Faixa etária Frequência
15 a 18 anos 44
19 a 22 anos 88
23 a 26 anos 98
27 a 30 anos 33
31 anos ou mais 96
3. Qual é a sua escolaridade?
Escolaridade Frequência
Sem escolaridade 0
Ensino fundamental incompleto ou cursando 2
Ensino fundamental completo 0
Ensino médio incompleto ou cursando 23
Ensino médio completo 8
Ensino superior incompleto ou cursando 155
Ensino superior completo 71
Pós-graduação 100
4. Qual o seu nível de satisfação com esse vídeo?
Nível de satisfação Frequência
1 1
174
Nível de satisfação Frequência
2 0
3 4
4 42
5 312
5. Quanto o vídeo prendeu seu interesse?
Nível de interesse Frequência
1 1
2 2
3 13
4 93
5 250
6. Como você avalia a clareza da mensagem do vídeo?
Nível de clareza Frequência
1 1
2 1
3 2
4 59
5 296
7. Quantas informações novas esse vídeo apresentou a você?
Nível de novidade Frequência
1 4
2 12
3 34
4 95
5 214
8. Qual é a importância que você dá a esse vídeo para atrair o interesse de
meninas e mulheres jovens para a ciência e tecnologia?
175
Nível de importância Frequência
1 1
2 1
3 8
4 63
5 286
176
ANEXO A – Galeria de fotos das cientistas pesquisadas
177
178
179
180
181
182