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Ano III nº15 Junho/Julho 2008 Lixo e renda Página 8 Fuxicos e agulhas Página 4 Reciclando garrafa pet Página 17 Entrevista com Rachel Trajber Página 14 Mulheres na reciclagem e o problema do lixo

Mulheres na reciclagem e o problema do lixo

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Page 1: Mulheres na reciclagem e o problema do lixo

Ano III nº15 Junho/Julho 2008

Lixo e rendaPágina 8

Fuxicos e agulhas

Página 4

Reciclando garrafa pet

Página 17

Entrevista com Rachel TrajberPágina 14

Mulheres na reciclagem e o problema do lixo

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2 REVISTA DO INSTITUTO 3CONSULADO DA MULHER

Paulo Dalfovo, coordenador de programas sociais do Consulado de Joinville

Fabiano de Castilho, coordenador de programas sociais do Consulado de Rio Claro

E D I T O R I A L E D I T O R I A L

A mulher e o aquecimento global

Economia solidária e sustentável

De tempos em tempos, apa-rece na televisão, nos jornais, nas conversas entre amigos(as) um novo tema. As pessoas costu-mam dizer que são “ondas”. E a “onda” da vez é o aquecimento global.

Todos(as) estão preocupa-dos(as) com o aquecimento da Terra, com o desmatamento, com a poluição, ou seja, com a destruição do meio ambiente.

E, mais uma vez, a mulher vem nos dar uma lição de valores. Dos valores do cuidado, da cidadania, do respeito e da responsabilida-de, pois antes mesmo de esse tema estar na “crista da onda”, ou seja, no topo das discussões, ela já tinha essa preocupação.

A maioria dos grupos de pes-soas que hoje vivem ou sobrevi-vem do material reciclado são formados por mulheres.

A mulher vem, através do tra-balho com a reciclagem, colocar a sua criatividade para buscar renda para a família.

Muitas pessoas, quando vêem alguém trabalhar com a recicla-gem, não conseguem enxergar que por trás desse trabalho exis-te algo além da necessidade da “pura sobrevivência”.

Cooperativas, associações de produtoras(es), grupos de prestação de serviços, redes de comércio estão aí para mostrar que “economia soli-dária” existe para proporcio-nar trabalho, geração de ren-da e qualidade de vida.

Essas e outras iniciativas mostram o verdadeiro signifi-cado das palavras: economia passa pelo cuidado da casa. Compartilhar expectativas, conhecimentos, administra-ção, trabalho e renda. Tudo isso para que possamos cui-dar da casa. Mas como assim “cuidar da casa”? Afinal, que casa é essa? Não é só nossa moradia, mas também nos-sa comunidade, nosso corpo, nossos relacionamentos, nos-so território, nosso planeta, nossa vida. Tudo isso faz par-te da grande casa em que vi-vemos, cujo cuidado depende do que fizermos.

Esse “cuidar” passa pelos nossos comportamentos e ati-tudes éticas hoje, pensando no seu desenvolvimento saudável ao longo do tempo, alcançando as futuras gerações. Isso é o que chamamos de sustentabilidade.

Existe também o cuidado com o meio ambiente e a res-ponsabilidade de deixar um fu-turo para seus(suas) filhos(as) e para as próximas gerações.

Mesmo que as mulheres possam ser excluídas do mer-cado de trabalho formal, em razão de suas responsabilida-des com seus(suas) filhos(as) e família, que muitas vezes às impedem de ter outra ativida-de, elas ainda assim inserem sua criatividade em tudo o que fazem. Transformam o lixo em luxo, buscando outras formas de geração de renda e sobre-vivência.

Trabalhar, produzir e con-sumir só passa a ter sentido se escolhemos materiais e produ-tos adquiridos corretamente, sem agredir o meio ambiente, reutilizando, reaproveitando e reciclando o máximo possí-vel. Trabalhar e gerar riquezas de forma solidária e sustentá-vel. Nossa casa agradece ati-tudes desse tipo. Nossos(as) filhos(as) e netos(as) estão atentos(as)!

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4 REVISTA DO INSTITUTO 5CONSULADO DA MULHER

Tudo começou em um grupo de clube de mães, que se articula-ram e iniciaram suas atividades no espaço da Casa Brasil (projeto do governo federal em parceria com o Consulado da Mulher, que ofe-rece cursos para a comunidade de Joinville, em Santa Catarina).

Hoje, o grupo Fuxicos e Agu-lhas produz suas peças artesa-nais na residência de uma das integrantes do grupo. E gera renda com esses produtos em feiras e eventos.

“Temos como ponto forte o artesanato em fuxico”, comenta Isabel Aparecida de Souza, 47 anos, sobre a especialidade do grupo.

“Não imaginávamos que pedacinhos de reta-lhos pudessem nos trazer tanta realização. Além de

Fuxicos e AgulhasNo artesanato e na renda

M I R E - S E N O E X E M P L O

ser muito bom criar, montar, inventar, comercializamos esses produtos”, explica a artesã.

Para continuar com o suces-so do empreendimento, Isabel destaca o aprendizado de novas técnicas. “Somos apoiadas pelo Consulado da Mulher, e sempre participamos de oficinas para trocar experiências”, revela.

Da esquerda para a direita: Mariléia Willemann, Saska Kopmann, Karyne Johann e Isabel Aparecida de Souza.

M U L H E R , H O M E M

O meio ambiente começa em casa

Você já percebeu que mui-tas espécies do nosso planeta se dividem entre masculino e feminino? Cada uma delas tem suas características, mas a espé-cie humana é a única que ainda constrói relações sociais e de poder com base nessa simples diferença física.

Quem nunca ouviu expres-sões de que a tarefa das mu-lheres é cuidar dos(as) filhos(as) enquanto os homens devem trabalhar fora de casa?

É preciso entender que fa-zemos parte do meio ambien-te que nos cerca, assim como todos os outros seres vivos que

povoam o planeta. Dessa for-ma, é nosso papel, não importa o sexo, idade ou etnia, educar as futuras gerações para a pre-servação da natureza e cons-trução de uma sociedade mais justa para mulheres e homens.

Portanto, comece essa re-flexão no seu lar e na sua co-munidade que, afinal, também fazem parte do meio ambiente. Incentive propostas de recicla-gem do lixo, compartilhe as ta-refas domésticas entre homens e mulheres e repasse todos esses conhecimentos para as crianças, que um dia cuidarão também de nosso planeta.

Para fazer encomendas ou conhecer o trabalho do grupo Fuxicos e Agulhas mande um e-mail para

[email protected] ou ligue para (47) 3426-7966

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6 REVISTA DO INSTITUTO 7CONSULADO DA MULHER

Q U E N T I N H A S D O C O N S U L A D O

Joinville (SC)

Manaus (AM) Rio Claro (SP)

São Paulo (SP)

Novo Espaço Solidário

Foi inaugurado em maio, o Espaço Solidário III, localizado no Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos de Joinville.

No espaço, são comercializa-dos produtos alimentícios pro-duzidos pela empreendedora Carmelita Krause da Rosa, partici-pante do Consulado da Mulher.

Anote o endereço: Rua Tijucas, 370 - bairro América, próximo ao Centreventos Cau Hansen, em Joinville, SC.

Feira de EcoSolQuem passar pela alameda de

serviços do supermercado BIG de Joinville, às quartas-feiras, pode-rá conferir uma feira de produtos solidários preparada pelos empre-endimentos do Fórum Regional de Economia Solidária do norte catarinense.

A feira acontece semanalmen-te das 8h às 20h e conta com a par-ticipação de empreendedores(as) apoiados(as) pelo Consulado da Mulher.

Consulado na roça

No dia 19 de julho, quinta-feira, acontece a festa julina da unidade de Manaus da Whirlpool. Toda a renda arrecadada durante o evento, que inclui quadrilha e escolha da rainha caipira da comunidade, será revertida em recursos paras as oficinas do Consulado em Manaus.

Seja um(a) voluntário(a) de

artesanatoEstá interessado(a) em atuar

como voluntário(a) em Manaus? O Consulado já está promoven-do a formação de voluntários(as) multiplicadores de conhecimen-to em diversas áreas de artesa-nato. Para participar, ligue para (92) 3651-1556.

Consulado nos bairros

O Consulado de Rio Claro fará, no mês de junho, oficinas no CRAS Bandeirantes, com atividades de geração de renda destinadas às mulheres de diversos bairros da periferia de Rio Claro. Para participar, entre em contato com o Consulado pelo fone (19) 3532-4446.

Festa julina

Prepare o chapéu de palha e o vestido xadrez! O Arraial do Consulado de Rio Claro acontece no dia 8 de julho, com comidas típicas, pesca, bingo de produtos solidários e muita música e dança! A festa será na Usina do Trabalho, na Av. Visconde de Rio Claro, 150, em Rio Claro, SP.

Maria Maria em São Paulo

Durante os meses de junho e julho, o Consulado planeja ações para incentivar a prática voluntária entre os(as) colaboradores(as) da Whirlpool das unidades de São Paulo: Compra Certa e Centro Administrativo.

Chamada de “Maria Maria”, a sensibilização já acontece nas unidades de Rio Claro, Joinville e Manaus. O objetivo é mostrar que o Consulado concretiza seus objetivos com a participação do voluntariado profissional, em um processo de crescimento humano em que todos(as) são beneficiados(as).

Nos encontros, as(os) coorde- nadoras(es) e educadoras(es) apresentarão as atividades do Consulado na capital paulista (que incluem oficinas, apoio e assessorias aos grupos de mulheres identificados pelo processo de mapeamento da cidade) para as(os) futuras(os) voluntárias(os), que podem então escolher sua área de interesse para atuar.

Q U E N T I N H A S D O C O N S U L A D O

Page 5: Mulheres na reciclagem e o problema do lixo

9CONSULADO DA MULHER

E U P O S S O

Lixo: uma alternativa

para a geração de renda

Desde 2005, a Fênix Ágape faz a coleta do lixo nas ruas paulistanas, e o transforma em renda para seus(suas) participantes. Mas, para chegar lá, Francisca explica que não basta von-tade.

“Em tudo na vida é necessário buscar qualificação e conhecimen-to”, ensina. “Muitos(as) começam na reciclagem por necessidade, mas para montar seu próprio negócio é preciso força de vontade e informação.”

Para Francisca, o trabalho de reci-clagem vai além da geração de renda. “Se tivéssemos pensado em reciclar antes não tínhamos tantos córregos tão poluídos ou tantos problemas com o lixo”, diz.

Cerca de 240 mil tone-ladas de lixo por dia. É essa a conta de todos os resíduos produzidos no Brasil, entre garrafas, vidro, papel, alumínio e lixo orgânico.

O que para a maioria das pessoas é um grande problema, para outras é uma enorme oportu-nidade. “Alguns(mas) chamam de lixo. Nós, catadores(as), considera-mos tudo isso uma fonte de renda inesgotável.”Francisca Cosma Rabelo, integrante da cooperativa de reciclagem Fênix Ágape, de São Paulo, SP.

E U P O S S O

Francisca Cosma Rabelo, no destaque e na foto de cima, mostrando alguns dos equipamentos da cooperativa utilizados na reciclagem do lixo. Na foto de baixo, ao lado esquerdo, os integrantes da Fênix Ágape, que transformam os resíduos da cidade em renda todos os dias.

Decupagem, papel machê, bonequinhas de pano, fuxicos, patchwork, artigos

em bambu e muito mais!

Av. Visconde de Rio Claro 150, Vila Aparecida - Rio Claro - SP (19) 3525-6189 - De segunda a sexta-feira das 9h às 18h e aos

sábados das 9h às 12h

Artesanato

Problemas que, caso nada seja feito, poderão afetar as futuras gerações. “Sempre co-mento com as crianças que ou-vimos falar muito dos fósseis de dinossauros. Se não começar-

mos a repensar essa situação, quando morrermos nossa única lembrança na Terra serão restos de plástico, garrafas e outros ti-pos de lixo.”

8 REVISTA DO INSTITUTO

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P A R A T R A B A L H A R E R E N D E RP A R A T R A B A L H A R E R E N D E R

O começo, entretanto, não foi fácil. Fundada em 1984, a Amarn só conseguiu seu registro em car-tório em 1987. Mesmo assim, a organização persistiu em seus ob-jetivos e obteve algumas impor-tantes conquistas, como a partici-pação na criação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e na elaboração dos direitos indíge-nas consagra-dos na Consti-tuição de 1988, debate em que a A m a r n f o i uma das vozes ouvidas.

Hoje, a Amarn continua abrin-do espaços para a defesa e emancipação das mu-lheres indígenas na sociedade e no governo. Além disso, entre as principais atividades do gru-po está o artesanato indígena, a principal fonte de renda das mu-lheres associadas.

Para contar mais sobre a Amarn, a integrante do grupo Jucimeire Trindade Serra conver-sou com a revista do Consulado da Mulher.

Confira agora a entrevista:

Revista do Consulado: O que as mulheres da Amarn esperam do Consulado?

Jucimeire: Nós temos muita expectativa em relação ao Con-sulado e esperamos participar de todas as atividades como oficinas e feiras, pois queremos contar muitas histórias de felicidade.

Revista do Consulado: Como divulgam o trabalho de vocês?

Jucimeire: Hoje vendemos os nossos pro-dutos nos pon-tos de vendas que temos es-palhados na ci-

dade de Manaus: um na Central de Artesanato Branco e Silva, na praça Tenreiro Aranha, e outro na própria Amarn, mas a divulga-ção dos pontos e a falta de re-cursos para etiquetas, panfletos, cartões, outdoors, catálogos e site deixam a desejar.

Para essa divulgação, contamos com a ajuda de parceiros como o Consulado da Mulher, que cede alguns espaços para a gente.

Revista do Consulado: Quais os planos da Amarn agora?

Jucimeire: Nesses 24 anos, o plano da Amarn para o futuro é o foco no povo do Alto Rio Negro. Nós já somos referência para os povos indígenas, mas não aco-lhemos somente os(as) indígenas do Alto Rio Negro, mas também os ticunas, saterês, mundurucus e todos os po-vos que estão aqui na cidade e conhecem a Amarn.

Planejamos reivindicar es-colas indíge-nas ampliadas para nossos(as) filhos(as) estu-darem. Hoje possuímos apenas um espaço onde eles(as) estudam a revita-lização da língua materna para não perderem a identidade cul-tural de nosso povo. Também buscamos atendimento de saúde diferenciado para nós indígenas; essa é uma luta constante com os(as) nossos(as) governantes.

Revista do Consulado: Como vocês mantêm o negócio de artesanato?

Jucimeire: A matéria-prima é comprada através dos(as) financiadores(as) dos projetos. Depois, a Amarn entrega esse material para as artesãs, que pro-duzem os artesanatos e depois da venda dividem tudo da seguinte forma: 50% para a artesã que confeccionou o produto e 50% para a Amarn, que utiliza esse

dinheiro para a manutenção do espaço da associação.

Revista do Consulado: Quais são as h i s t ó r i a s d e fe l i c idade da Amarn?

Jucimeire: A aquisição do

espaço onde funciona a associa-ção e a participação na formula-ção dos direitos indígenas consa-grados na Constituição de 1988 são algumas.

Temos também a felicidade de ter conseguido essa parceria com o Consulado e pelo pouco tempo, nós já conseguimos bas-tante. Tivemos as oficinas sobre empreendedorismo e continua-mos participando das atividades.

Amarn: 24 anos indígenas

dedicados às mulheres de Manausfoi criada em 1984 com o incentivo da antropóloga a discriminação sofrida pelas mulheres indígenas.

A Associação das Mulheres Indígenas do Rio Negro (Amarn) Janet Chernela, que se sensibilizou com a situação carente e

CONSULADO DA MULHER

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12 REVISTA DO INSTITUTO 13CONSULADO DA MULHER

Voluntários(as) do Consulado de todo o Brasil comentam as experiências e as recompensas por suas atividades.

Realização e felicidade

“Sou muito feliz por poder transmitir às outras pessoas o pouco que sei. Pelo Consulado da Mulher conheci pessoas ma-ravilhosas que fazem com que me realize. Sinto-me feliz e va-lorizada com o trabalho volun-tário que faço.”

Silmara Rocha, 42 anos, voluntária do Consulado de Joinville.

Doar dedicação e receber em dobro

“Ser voluntária no Consu-lado é, na verdade, uma satis-fação pessoal. Porque todas as vezes em que participei como voluntária, trouxe muito mais do que levei. Aprendi muito mais do que ensinei. Colaborar com o Consulado e ainda poder levar para casa deliciosos abra-ços, sorrisos e muito aprendiza-do? Só posso dizer uma coisa: quem sai ganhando sou eu.”

Carolina Neotti, colaboradora da Whirlpool e voluntária do Consulado de São Paulo.

O agradecimento é o sorriso

“Ser voluntário(a) é ter a sa-tisfação de ajudar o próximo, não esperando reconhecimen-to, mas recebendo sorrisos em forma de agradecimento. A atividade voluntária nos traz a oportunidade de trocar conhe-cimento de forma alegre e des-contraída, dando-nos a certeza de ótimas mudanças em nossa vida.”

Azamor Tiago, operador de produção e voluntário do Consulado de Manaus.

Orientação e aprendizado juntos

“Comecei no Consulado como participante das oficinas de artesanato. Quando vi que minha formação em direito poderia ajudar outras pessoas, comecei a atuar como volun-tária de orientação jurídica. É um trabalho que exige poucos minutos, mas faz uma grande diferença na vida das(os) par-ticipantes, que não têm meios para procurar orientação com um(a) advogado(a) particular.”

Marilice Pereira, 49 anos, advogada e voluntária do Consulado de Rio Claro.

Trabalho que em sorrisos

se transforma e felicidade

E X P R E S S Ã O D E C I D A D A N I A E X P R E S S Ã O D E C I D A D A N I A

Page 8: Mulheres na reciclagem e o problema do lixo

P Á G I N A S C O L O R I D A S P Á G I N A S C O L O R I D A S

15CONSULADO DA MULHER14 REVISTA DO INSTITUTO

Rachel falou com a revis-ta do Consulado da Mulher e propôs reflexões sobre o trata-mento dado ao lixo em nossa sociedade e a participação das mulheres em atividades rela-cionadas à reciclagem. Para ela, a maioria feminina nesses empreendimentos não é algo positivo. Descubra o porquê na entrevista de Rachel Trajber.

Revista do Consulado: Notamos uma grande parti-cipação das mulheres em ati-vidades ligadas à reciclagem. Qual sua opinião sobre isso?

Rachel: Acho essa questão de reciclagem para geração de renda muito complexa. Nós vi-vemos em uma sociedade de consumo e desperdício muito grandes. A tendência da socie-dade é deslocar para a periferia

das cidades tudo o que é consi-derado lixo, seja ele material ou humano.

Revista do Consulado: Pode explicar melhor isso?

Rachel: Como as mulheres recebem os menores salários na nossa sociedade, acabam tendo de gerar renda para si e para suas famílias a partir do descarte, das sobras de nossa sociedade. Não é um nenhum mérito para as mulheres serem maioria nas atividades que se aproveitam do lixo.

Revista do Consulado: Qual então a verdadeira impor-tância de reciclarmos o lixo?

Rachel: É preciso tomar cui-dado. A reciclagem cria a falsa idéia de um consumo cons-ciente. Não dá para pensar que

Repensar a produção e o consumo de nossa sociedade. A frase resume uma das opiniões de Rachel Trajber,

coordenadora geral de Educação Ambiental da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do Ministério da Educação

(MEC), cargo que ela ocupa desde 2004.

Mulheres na reciclagem e o

problema do lixo

“Não é nenhum

mérito para as mulheres

serem maioria nas atividades

que se aproveitam

do lixo”

nossa sociedade pode manter esse ritmo de consumo e que “tudo bem, as sobras vão ser reaproveitadas pela re-ciclagem”. Precisamos repensar a produção de lixo em nossa sociedade.

Revista do Consu-lado: E como podemos fazer isso?

Rachel: Nas escolas onde atuamos, aplica-mos o conceito dos cin-co “Rs’. Primeiro, Re-fletir sobre nosso modo de vida e como utilizamos os recursos naturais e humanos

nos produtos que fabricamos, consumimos e jogamos fora. Depois, é preciso Recusar pro-

dutos ou serviços que não respeitem esse processo de produção e consumo consciente e Reduzir a quantida-de do que consumi-mos. Por fim, temos de aprender a Reutilizar antes de descartarmos nossos produtos e só então Reciclar nossos resíduos. Só aí o pro-cesso de reciclagem

seria mais racional e feito de forma mais digna.

Rachel Trajber, coordenadora geral de Educação Ambiental da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do Ministério da Educação (MEC).

Page 9: Mulheres na reciclagem e o problema do lixo

16 REVISTA DO INSTITUTO 17CONSULADO DA MULHER

P R A T I Q U E A I D É I A D A

Regina Lubrani Amato

cole

cion

e es

ta id

éia

Apaixonada pelas artes manuais, Regina Amato sem-pre dedicou seu tempo livre ao aprendizado e à confecção de peças artesanais.

“Com esse trabalho, latas e garrafas se transformam em objetos úteis, além de ge-rarem renda e diminuírem a poluição no meio ambiente”, comenta Regina.

Materiais• Um círculo de tecido com 25 cm de diâmetro• Um círculo de tecido com 20 cm de diâmetro• Três círculos de tecido com 8 cm de diâmetro

Cadeirinha porta-celular de garrafa pet

H A H A H A

Regina Lubrani Amato, 53 anos,

voluntária do Consulado.

Bolsas, peças íntimas, vestidos de noiva, trajes sociais e profissionais, reparos em roupas e confecções em geral.

Rua 5 de setembro, 612A – Japiim I – Manaus/AM Fone: (92) 3611-3109. De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos

sábados, das 9h às 17h.

Cooperativa das Mulheres Costureiras do Japiim

• Um botão• Uma garrafa PET• Um punhado de fibra silico-nada (para o enchimento do fuxico)• 30 cm de viés (para cobrir as bordas da garrafa)• Cola branca

Dicas

• Para os fuxicos, reaproveite pedaços de tecidos de roupas ou panos velhos.

• Participe das oficinas de pre-cificação do Consulado da Mu-lher e aprenda a calcular os gastos com materiais e mão-de-obra, além do preço para a venda.

Page 10: Mulheres na reciclagem e o problema do lixo

REVISTA DO INSTITUTO

P a r t i c i p e c o m c o m e n t á r i o s e a n ú n c i o sComente a(s) matéria(s) e/ou a revista. Se você é um(a) participante do Instituto e também quer falar sobre seus produtos ou serviços, envie-nos seu anúncio. Ele será avaliado dentro da filosofia do Consulado para divulgação.

As cartas ou e-mails devem ser enviados com nome completo, RG, endereço e tele-fone. A revista se reserva o direito de, sem alterar o conteúdo, resumir e adaptar os textos publicados. As correspondências devem ser endereçadas à seção Cartas, na Rua Olímpia Semeraro, 675, Jardim Santa Emília, CEP: 04183-901, aos cuidados da Comunicação do Consulado da Mulher, pelo e-mail [email protected], ou entregues diretamente na recepção das unidades do Instituto em Rio Claro (SP), Joinville (SC) e Manaus (AM).

C A R T A D E L E I T O R ( A )

Em minha opinião, a revista é muito importante, porque traz es-clarecimentos sobre a mulher e seu trabalho. Mostra que toda mulher tem a capacidade de ter o seu pró-prio negócio, seu desenvolvimento pessoal e profissional. E o desejo de ampliar cada vez mais seus conhe-cimentos no mercado de trabalho. Rejane Vanessa Guimarães da Silveira,

31 anos, participante do Consulado de Joinville

Acho que a revista mostra que nada impede as mulheres de rea-lizarem seus sonhos. São histórias de mulheres corajosas, mulheres de muita fibra, e que dedicam seu tempo e se doam nesse maravilho-so trabalho voluntário.

Maria Salete Nielsen, 47 anos, participante do Consulado de Joinville

Falar da revista do Consulado da Mulher é falar de exemplos e transformação. É uma revista en-cantadora, que nos traz o talento e a perseverança das participantes. Uma das minhas seções preferidas é ‘Eu Posso’, pois nela podemos encontrar verdadeiras lições de vida.

Adriana Bindá, voluntária do Consulado da Mulher de Manaus

Aprendi a fazer as caixinhas com decupagem no Consulado an-tes do Natal e as vendi muito bem! Nas revistas, mesmo com alguma dificuldade de leitura, vejo que dá para a gente ganhar dinheiro aprendendo uma novidade.

Marilena Bezerra Soares, participante do Consulado de Rio Claro

A revista é muito boa! Ela traz muitos assuntos interessantes, como as histórias de vida, os so-nhos das pessoas e o que elas que-rem passar como estímulo para quem lê.

Janaína Demarchi, 30 anos, participante do Consulado de Rio Claro

P R A T I Q U E A I D É I A D A

6. Prender os braços e o centro do encosto da cadeira com um fuxico simples e um botão.

5. Fazer três fuxicos simples com 8 cm de diâmetro para os acabamentos;

4. Rechear com fibra siliconada;

3. Fazer um fuxico com 24 cm de diâmetro, para o assento, e um outro com 20 cm de diâmetro, para o encosto;

2. Colar viés com cola branca ao redor do molde recortado;

1 . L a v a r a g a r r a f a p e t e recortar com tesoura ou estilete, seguindo o molde (disponível no Consulado da Mulher, pelo telefone 47 3443-3773);

Passo-a-passo

cole

cion

e es

ta id

éia

Regina Lubrani AmatoCadeirinha

porta celular de garrafa pet

19CONSULADO DA MULHER18

Colecione esta idéia!

Page 11: Mulheres na reciclagem e o problema do lixo

Ano IV Nº 15 Junho/Julho 2008

A Revista do Consulado da Mulher é uma publicação bimestral do Instituto do Consulado da Mulher.

Coordenação da Publicação Bruno Galhardi e Inês Meneguelli.

Conselho Editorial Célia Regina Lara, Christiano Basile, Dayla C. Souza,

Guilherme Diefenthaeler, Iara Honorato, Juliana Souza, Leda Böger, Lenira Vicari, Mônica Souza,

Paula Watson, Renata Watson e Sandra Pólo.

Fotos Marcelo Caetano (Joinville - SC); Gilberto Júnior (Rio Claro - SP); Alexandra Ebert (Manaus - AM).

Páginas coloridas: divulgação/SECAD.

Textos Iara Honorato e Lenira Vicari - Educadoras sociais

Juliana Duraes - Voluntária de SP Mônica Souza - Estagiária

Projeto Gráfico, diagramação e ilustrações Traço Comunicação (www.watsons.com.br)

Tiragem 6.000 exemplares

Instituto Consulado da Mulher Núcleo São Paulo SP: (11) 3566-1665 • Unidade Rio Claro SP: (19) 3532-4446

• Unidade Joinville SC: (47) 3433-3773 • Unidade Manaus AM: (92) 3651-1556

www.consuladodamulher.org.br

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