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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº 1152 Outubro/2013 Mulheres produzindo em harmonia com a natureza na comunidade Veremos Ararendá Grupo de mulheres artesãs da comunidada Veremos A mandala em circulos O sertão dos Inhamuns é marcado por histórias de lutas e resistência. Homens e mulheres buscam acima de tudo tirar da terra o sustento de suas famílias de forma digna e com respeito à natureza. Essas famílias sempre viveram da agricultura, com a produção de feijão, milho e mandioca, além do cultivo de hortaliças para o consumo produzidas nos quintais de suas casas. Na comunidade de Veremos distante 03 (três) Km de Ararendá, Ceará, vive um grupo de mulheres que iniciou sua organização no início em novembro de 2005. Formado por Maria de Fátima; Maria do Socorro; Rosangela Portela, Creuza Gomes e Francisco Candido (esposo de uma das mulheres), que tem uma história de luta, perseverança, força de vontade e de sonhos. Atualmente a mandala esta subdivida em seis círculos de oito canteiros, o grupo cultiva: banana, macaxeira, batata-doce, melancia, abóbora, maxixe, acerola, mamão, pimentão, tomate, alface, coentro, cebolinha, pimenta de cheiro, quiabo e berinjela. Produzem também plantas medicinais muito utilizadas na prevenção das doenças mais comuns na comunidade. Com o trabalho da mandala esse grupo mostrou o que parece ser impossível aos olhos de muitos, torna-se possível no semiárido: Produzir com pouca água e sem agrotoxicos produtos naturais saudáveis e rentáveis. O grupo faz parte da Associação Beneficente Cultural e Desenvolvimento de Veremos (ABCV), fundada em 2005. Em 2011 elaboraram um projeto e estabeleceram um convênio com o Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria de Desenvolvimento Agrário - SDA e EMATERCE, com o objetivo de implantar projetos de práticas agrícolas de Convivência com o Semiárido. O projeto foi chamado de Hortas Mandala, que são canteiros de formas circulares onde é utilizado adubação orgânica de compostagem ou esterco das próprias propriedades, cobertura morta com palhas e plantio consorciado entre espécies companheiras, contribuem para o controle biológico entre diferentes espécies.

Mulheres produzindo em harmonia com a natureza na comunidade Veremos

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Page 1: Mulheres produzindo em harmonia com a natureza na comunidade Veremos

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº 1152

Outubro/2013

Mulheres produzindo em harmonia com a natureza na comunidade Veremos

Ararendá

Grupo de mulheres artesãs da comunidada Veremos

A mandala em circulos

O sertão dos Inhamuns é marcado por histórias de lutas e resistência. Homens e mulheres buscam acima de tudo tirar da terra o sustento de suas famílias de forma digna e com respeito à natureza. Essas famílias sempre viveram da agricultura, com a produção de feijão, milho e mandioca, além do cultivo de hortaliças para o consumo produzidas nos quintais de suas casas. Na comunidade de Veremos distante 03 (três) Km de Ararendá, Ceará, vive um grupo de mulheres que iniciou sua organização no início em novembro de 2005. Formado por Maria de Fátima; Maria do Socorro; Rosangela Portela, Creuza Gomes e Francisco Candido (esposo de uma das mulheres), que tem uma história de luta, perseverança, força de vontade e de sonhos.

Atualmente a mandala esta subdivida em seis círculos de oito canteiros, o grupo cultiva: banana, macaxeira, batata-doce, melancia, abóbora, maxixe, acerola, mamão, pimentão, tomate, alface, coentro, cebolinha, pimenta de cheiro, quiabo e berinjela. Produzem também plantas medicinais muito utilizadas na prevenção das doenças mais comuns na comunidade. Com o trabalho da mandala esse grupo mostrou o que parece ser impossível aos olhos de muitos, torna-se possível no semiárido: Produzir com pouca água e sem agrotoxicos produtos naturais saudáveis e rentáveis.

O grupo faz parte da Associação Beneficente Cultural e Desenvolvimento de Veremos (ABCV), fundada em 2005. Em 2011 elaboraram um projeto e estabeleceram um convênio com o Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria de Desenvolvimento Agrário - SDA e EMATERCE, com o objetivo de implantar projetos de práticas agrícolas de Convivência com o Semiárido. O projeto foi chamado de Hortas Mandala, que são canteiros de formas circulares onde é utilizado adubação orgânica de compostagem ou esterco das próprias propriedades, cobertura morta com palhas e plantio consorciado entre espécies companheiras, contribuem para o controle biológico entre diferentes espécies.

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Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará

Realização Patrocínio

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No ano de 2010, o grupo também passou a produzir bolos de macaxeira, e firmaram um contrato num valor de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com as escolas do município de Ararendá através do Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE, o grupo de mulheres assumiu também um compromisso de entregar dois mil kg de bolo de milho e mil e oitocentos mói de cheiro verde, até o dia 31 de dezembro de 2013. Mesmo com a escassez de chuvas e a grande dificuldade de água para a produção o grupo já conseguiu entregar 90% dos produtos contratados, e a expectativa é que ate o final do contrato seja concluído tudo.

Um dos benefícios que o projeto trouxe para a comunidade foi o fortalecimento da pecuária, principalmente na criação de patos e peixes que complementam a alimentação dessas famílias e assim vão alternando a forma de geração de renda. Até hoje a experiência continua dando certo, a comercialização e a produção e aumentam a cada dia que se passa. Os produtos são vendidos para as famílias e nas escolas da própria comunidade.

Dentre umas das habilidades da cultura local faz desenvolver, destaca-se o artesanato. As mesmas mãos que trabalham na mandala, são também as que produzem o crochê com linha grossa, uma marca que se diferencia dos demais que produzem com linha fina, alem da produção de jogos de banheiro, tapetes, bolsas, caminhos de mesa dentre outros. Parte da produção artesanal vai para o Centro de Artesanato do Ceará - CEART em Fortaleza.

Quando entrevistadas, Maria de Fátima, coordenadora do grupo, enfatiza os muitos benefícios que o trabalho tem-lhes possibilitado, como por exemplo: ter uma renda extra, produtos de boa qualidade nas suas mesas e nas mesas daqueles e daquelas que consomem os seus produtos, a acessibilidade do trabalho a todas as mulheres que assumem com muita garra, embora conte com a participação de um homem, são elas que vão as feiras e articulam todo o processo desde a compras dos insumos até a comercialização para o PNAE, enfim organizam e planejam todo o trabalho. Ao serem indagadas sobre os desafios enfrentados, Maria de Fátima destaca a dificuldade encontrada no inicio da fundação do grupo e principalmente sobre os longos períodos de seca, que a cada dia que passa a água tem ficado pouca fazendo assim com que o trabalho exija muita mão de obra, necessitando de acompanhamento técnico. Afirma: “a expectativa é que chova logo para manter o nível de água na mandala e continuar produzindo as frutas e verduras”.

Determinação, garra, coragem e a esperança estão presentes no dia a dia do grupo que busca superar todas essas dificuldades com o trabalho, organização e a união de todos e todas na comunidade.

Criação de patos e peixes

Rosangela e Fátima mostrando as peças.