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Rolimã no meio do ‘quilombo’ Na rua. Campeonato de carrinhos quer trazer de volta uma antiga tradição dos tempos de infância Ideia surgiu por acaso e se transformou em evento que promete muita alegria ¬ DANIEL OTTONI ¬ Resgatar a tradição de brincadeiras com carrinho de rolimã é apenas o pre- texto de uma turma que de- fende a ocupação do espa- ço urbano em Belo Hori- zonte para praticas esporti- vas. Pensando na maior integração entre pessoas de uma mesma comunida- de, cerca de 20 amigos se juntaram para realizar o Primeiro Mundialito de Ro- limã do Abacate, nome da- do ao evento que acontece no próximo sábado, na rua Magi Salomon, 215, no bairro Salgado Filho, re- gião Oeste da capital. “Tudo aconteceu de- pois que eu e um amigo que mora comigo vimos um garoto descendo nossa rua em cima de um carri- nho. Na hora assustei, pois não via uma cena daquelas há um bom tempo. Tive- mos a ideia de fazer um campeonato informal, que tomou proporções muito maiores do que eu imagina- va”, recorda o publicitário Diego Dantas, 26. O nome de ‘mundialito’ faz parte da informalidade do evento, que visa aproxi- mar vizinhos e pessoas que moram na mesma região. “Essa coisa de brincar na rua, por exemplo, é algo que se perdeu com o pas- sar do tempo. As coisas ho- je estão muito virtuais e a socialização entre as pes- soas ficou muito limitada. Um evento como esse pode diminuir essa distância que foi criada”, comenta Diego, que brincou bastante de roli- mã durante sua infância no Conjunto Califórnia. No entanto, a parte vir- tual também é defendida. Afinal, foi através dela que a divulgação aconteceu e con- tou com a confirmação de vários interessados. “Conse- guimos dar um toque de mo- dernidade”, brinca Diego. As ladeiras de Poços de Caldas também foram palco de muitas brincadeiras de outro organizador do Mun- dialito, o empresário Victor Diniz. “O bacana é sair um pouco dos inúmeros even- tos de rua que acontecem na região Centro-Sul, que concentram boa parte des- ses acontecimentos em espa- ços públicos. Muita gente vai ter a oportunidade de co- nhecer uma outra área da ci- dade, que abraçou a ideia por meio do apoio, por exemplo, do Centro Cultura Salgado Filho”, relata. Para a realização do cam- peonato, os organizadores entraram em contato com a regional Oeste para a inter- dição da rua. Banheiros quí- micos, limpeza da rua no fi- nal do dia e isenção de uma taxa de R$ 140 também fo- ram pedidos à prefeitura. “O grande diferencial desse Mundialito de Rolimã é a união desses vários produtores fazendo algo fora do eixo Centro-Sul de BH, que mostra uma quantidade desequilibrada de eventos se comparada com outras regiões.” Victor Diniz EMPRESÁRIO E UM DOS ORGANIZADORES DO EVENTO “Trata-se de um grande brincadeira, sem fins lucrativos. Muita gente comprou a ideia e está ajudando muito na organização e divulgação. Queremos trazer de volta essa coisa da brincadeira de rua, que ficou meio perdida no tempo.” Diego Dantas PUBLICITÁRIO E UM DOS ORGANIZADORES DO EVENTO Trecho. Ao todo, o percurso terá 400m a serem percorridos pelos participantes. Categorias. Enquanto alguns competidores serão avaliados de acordo com a sua posição (quem chegar primeiro), outros podem obter destaque por meio de descidas criativas, onde as manobras farão a diferença para quem se destacar. Para evitar acidentes, a organização aconselha que os participantes levem capacetes de proteção. Estética. Dentro das duas categorias, uma terceira está embutida. “O carrinho mais criativo e estiloso, e a descida mais engraçada também vão ser premiados”, comenta o organizador Diego Dantas. A premiação ainda será definida durante a semana. Nome Local. O “Quilombo do Abacate” nada mais é do que a casa onde Diego e dois amigos moram. Por ter um abacateiro no terreno e contar com três negros na residência, surgiu o criativo nome do palco do evento. Novo espaço Democrático 7 A pequena arena que fi- ca embaixo do viaduto Santa Tereza, no centro de Be- lo Horizonte, foi o espaço es- colhido pelos organizadores do Primeiro Mundialito de Ro- limã do Abacate para realizar, na tarde de anteontem, uma oficina para ensinar as pes- soas a montarem carrinhos de rolimã. “Depois que cria- mos o Mundialito, percebe- mos que algumas pessoas têm dificuldade em montar o carrinho d rolimã. Criamos a oficina, de última hora, para ensinar esse pessoal”, contou Diego Dante. Ao contrário do que mui- tos pensam, a brincadeira não é apenas para os meninos. Sem nenhuma frescura, a mu- lherada marcou presença no evento e colocou a mão na massa para confeccionar os carrinhos. “Pela primeira vez, aos 31 anos, estou mon- tando o meu primeiro carri- nho de rolimã”, disse a desig- ner Maria Leite. Ela, junta- mente com outras duas ami- gas, formam uma das equi- pes que irá disputar o Mun- dialito no próximo sábado. “Vou me arrebentar inteira, mas vou competir”, garantiu Maria. Bastante empolgada com a oficina, a estudante Lunia Costa, 25,também montou um carrinho e afir- mou: “Se chegar material, vou montar outro carrinho”. (Renato Lombardi) Aprenda a fazer seu carrinho no portal O TEMPO Online (www.otempo.com.br) Detalhes ¬ A colaboração de vários en- volvidos está sendo essencial para a produção do Primeiro Mundialito de Rolimã do Aba- cate. Ao todo, 20 pessoas se uniram, desempenhando dife- rentes funções para que o evento agregue o maior núme- ro possível de participantes e presentes. “Cada um faz o que está ao seu alcance. Temos um amigo que vai colocar um som no dia. As meninas de um coleti- vo vão ficar por conta da ce- nografia, que terá materiais reciclados e reutilizáveis. Te- mos também um pessoal que está responsável pela divul- gação nas redes sociais e pe- la alimentação da fanpage, meio de contato com quem quer obter informações”, dis- se Diego Dantas. Para essa turma, mais do que nunca, a união faz a força. (DO) Descontração. Para a turma adepta do rolimã no Salgado Filho, ganhar ou perder a competição de sábado é o que menos importa Oficina JOÃO MIRANDA Aprendendo a fazer seu próprio carrinho Mão na massa. Organizadores do Mundialito ensinaram as pessoas a construírem seus carrinhos Colaboração coletiva é a marca na organização do evento LEO FONTES 22 e . O TEMPO Belo Horizonte SEGUNDA-FEIRA, 22 DE OUTUBRO DE 2012 Especial |

Mundialito de carrinhos de rolimã

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Matéria sobre resgate da tradicional brincadeira de criança. Grupo de amigos se reúne para fazer campeonato de carrinho de rolimã.

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Page 1: Mundialito de carrinhos de rolimã

Rolimã no meio do ‘quilombo’Na rua. Campeonato de carrinhos quer trazer de volta uma antiga tradição dos tempos de infância

Ideia surgiupor acaso e setransformou emevento que prometemuita alegria

¬ DANIEL OTTONI

¬Resgatar a tradição debrincadeiras com carrinhode rolimã é apenas o pre-texto de uma turma que de-fende a ocupação do espa-ço urbano em Belo Hori-zonte para praticas esporti-vas. Pensando na maiorintegração entre pessoasde uma mesma comunida-de, cerca de 20 amigos sejuntaram para realizar oPrimeiro Mundialito de Ro-limã do Abacate, nome da-do ao evento que aconteceno próximo sábado, na ruaMagi Salomon, 215, nobairro Salgado Filho, re-gião Oeste da capital.

“Tudo aconteceu de-pois que eu e um amigoque mora comigo vimosum garoto descendo nossarua em cima de um carri-nho. Na hora assustei, poisnão via uma cena daquelashá um bom tempo. Tive-mos a ideia de fazer umcampeonato informal, quetomou proporções muitomaiores do que eu imagina-va”, recorda o publicitárioDiego Dantas, 26.

O nome de ‘mundialito’faz parte da informalidadedo evento, que visa aproxi-mar vizinhos e pessoas quemoram na mesma região.“Essa coisa de brincar narua, por exemplo, é algoque se perdeu com o pas-sar do tempo. As coisas ho-je estão muito virtuais e asocialização entre as pes-soas ficou muito limitada.

Um evento como esse podediminuir essa distância quefoi criada”, comenta Diego,que brincou bastante de roli-mã durante sua infância noConjunto Califórnia.

No entanto, a parte vir-tual também é defendida.Afinal, foi através dela que adivulgação aconteceu e con-tou com a confirmação devários interessados. “Conse-guimos dar um toque de mo-dernidade”, brinca Diego.

As ladeiras de Poços deCaldas também foram palcode muitas brincadeiras deoutro organizador do Mun-dialito, o empresário VictorDiniz. “O bacana é sair umpouco dos inúmeros even-tos de rua que acontecemna região Centro-Sul, queconcentram boa parte des-ses acontecimentos em espa-ços públicos. Muita gentevai ter a oportunidade de co-nhecer uma outra área da ci-dade, que abraçou a ideiapor meio do apoio, porexemplo, do Centro CulturaSalgado Filho”, relata.

Para a realização do cam-peonato, os organizadoresentraram em contato com aregional Oeste para a inter-dição da rua. Banheiros quí-micos, limpeza da rua no fi-nal do dia e isenção de umataxa de R$ 140 também fo-ram pedidos à prefeitura.

“O grande diferencialdesse Mundialito deRolimã é a união dessesvários produtoresfazendo algo fora doeixo Centro-Sul de BH,que mostra umaquantidadedesequilibrada deeventos se comparadacom outras regiões.”

Victor DinizEMPRESÁRIO E UM DOSORGANIZADORES DO EVENTO

“Trata-se de um grandebrincadeira, sem finslucrativos. Muita gentecomprou a ideia e estáajudando muito naorganização edivulgação. Queremostrazer de volta essacoisa da brincadeira derua, que ficou meioperdida no tempo.”

Diego DantasPUBLICITÁRIO E UM DOSORGANIZADORES DO EVENTO

Trecho. Ao todo, o percursoterá 400m a serempercorridos pelosparticipantes.

Categorias. Enquantoalguns competidores serãoavaliados de acordo com asua posição (quem chegarprimeiro), outros podemobter destaque por meio dedescidas criativas, onde asmanobras farão a diferençapara quem se destacar.Para evitar acidentes, aorganização aconselha queos participantes levemcapacetes de proteção.

Estética. Dentro das duascategorias, uma terceiraestá embutida. “O carrinhomais criativo e estiloso, e adescida mais engraçadatambém vão serpremiados”, comenta oorganizador Diego Dantas.A premiação ainda serádefinida durante a semana.

NomeLocal. O “Quilombo doAbacate” nada mais é doque a casa onde Diego edois amigos moram. Porter um abacateiro noterreno e contar com trêsnegros na residência,surgiu o criativo nomedo palco do evento.

Novo espaço Democrático

7A pequena arena que fi-ca embaixo do viaduto

SantaTereza,nocentrodeBe-lo Horizonte, foi o espaço es-colhido pelos organizadoresdoPrimeiroMundialitodeRo-limãdo Abacate pararealizar,na tarde de anteontem, umaoficina para ensinar as pes-soas a montarem carrinhosde rolimã. “Depois que cria-mos o Mundialito, percebe-mos que algumas pessoastêm dificuldade em montar ocarrinho d rolimã. Criamos aoficina, de última hora, paraensinar esse pessoal”, contouDiego Dante.

Ao contrário do que mui-tos pensam, a brincadeira nãoé apenas para os meninos.Semnenhumafrescura,amu-lherada marcou presença noevento e colocou a mão na

massa para confeccionar oscarrinhos. “Pela primeiravez, aos 31 anos, estou mon-tando o meu primeiro carri-nhoderolimã”,disseadesig-ner Maria Leite. Ela, junta-mente com outras duas ami-gas, formam uma das equi-pes que irá disputar o Mun-dialito no próximo sábado.“Vou me arrebentar inteira,mas vou competir”, garantiuMaria.

Bastante empolgadacom a oficina, a estudanteLunia Costa, 25,tambémmontou um carrinho e afir-mou: “Se chegar material,vou montar outro carrinho”.(Renato Lombardi)

Aprenda a fazer seu carrinhono portal O TEMPO Online(www.otempo.com.br)

Detalhes

¬ Acolaboraçãodeváriosen-volvidos está sendo essencialpara a produção do PrimeiroMundialito de Rolimã do Aba-cate. Ao todo, 20 pessoas seuniram, desempenhando dife-rentes funções para que oeventoagregue o maiornúme-ro possível de participantes epresentes.

“Cada um faz o que está aoseu alcance. Temos um amigoque vai colocar um som no

dia.Asmeninasde umcoleti-vo vão ficar por conta da ce-nografia, que terá materiaisrecicladosereutilizáveis.Te-mos também um pessoal queestá responsável pela divul-gação nas redes sociais e pe-la alimentação da fanpage,meio de contato com quemquerobter informações”,dis-se Diego Dantas. Para essaturma, mais do que nunca, aunião faz a força. (DO)

Descontração. Para a turma adepta do rolimã no Salgado Filho, ganhar ou perder a competição de sábado é o que menos importa

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JOÃO MIRANDA

Aprendendo a fazerseu próprio carrinho

Mão na massa. Organizadores do Mundialito ensinaram as pessoas a construírem seus carrinhos

Colaboraçãocoletivaéamarcanaorganizaçãodoevento

LEO FONTES

22 e. O TEMPO Belo HorizonteSEGUNDA-FEIRA, 22 DE OUTUBRO DE 2012 Especial|