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Portugal Lei laboral pronta a ser retificada Cultura Biografia de Michel Giacometti Tecnologia As últimas do mundo TEC Edição 3 Janeiro de 2011 Mensal Mundo Contemporâneo Segunda temporada Os campeonatos europeus vistos à lupa Um olhar sob o que de melhor se faz pela europa fora a meio da temporada futebolística. Portugal na corrida da nanotecnologia. Wikileaks, chegou e arrasou. Cinco desnos para 2011.

Mundo Contemporâneo Edição 3

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Edição n.º 3 da Segunda Temporada.

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Page 1: Mundo Contemporâneo Edição 3

Portugal Lei laboral pronta a ser retificada Cultura Biografia de Michel Giacometti Tecnologia As últimas do mundo TEC

Edição 3 Janeiro de 2011 MensalMundo Contemporâneo

Segunda temporada

Os campeonatos europeus vistos à lupa

Um olhar sob o que de melhor se faz pela europa fora a meio da temporada futebolística.

Portugal na corrida da nanotecnologia.

Wikileaks, chegou e arrasou. Cinco destinos para 2011.

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Editorial

O atleta passa o testemunho, o jornalista não pode passá-lo. O jornalista não corre, mas às vezes dá passos de gigante. O jornalista tem mãos pequenas e por vezes tolas. Não saberia como passar o testemunho. O jornalista nem sempre sabe o que escrever.O jornalista não passa o teste-munho, passa o tesouro que lhe parece sempre infinitamente mais valioso: as palavras.Mesmo que nem sempre saiba lidar com elas, mesmo que tenha de lutar para colocá-las da melhor forma no papel. O jor-nalista trabalha com palavras e são das suas palavras que brota a verdade. Porque hoje, ao passarmos este “tesouro” para novas mãos hábeis e repletas de vontade de triunfar somos nós que estamos lá outra vez a aprender, a apren-der com as palavras. Ao longo desta nova etapa tudo o que desejamos é que a vossa caminhada seja pautada pela seriedade, rigor e vontade que nos moveu na criação deste projecto. E porque o Mundo Contem-porâneo, o mundo em que vivemos hoje precisa de ser olhado e visto pelos olhos da crítica todos os dias, não podemos deixar de nos sentir orgulhosos com a vossa ânsia em agarrar este projecto. Porque como vos disse, o jor-nalista não passa o testemunho. Passa a vontade, passa o olhar rigoroso e atento a cada situa-ção do dia-a-dia na certeza de

Quem vê tv… gos-ta do Que está a ver? As noites de domingo deviam ser as mais nobres da televisão portuguesa. Há espetadores que recuperam da ressaca da noite de sábado, há os que temem uma manhã de escola sem terem feito os trabalhos de casa, há as noites de solidão e só o comando da TV oferece o mais parecido com um acon-chego. Embora não confie ao estado a tarefa de me pegar ao colo e me entreter, é de esperar que a RTP preste um serviço público ao nível do seu elevado e exagerado orça-mento de quase 270 milhões de euros. No entanto, as noites de domingo na RTP parecem as matinés de uma associação recreativa… Com o dinheiro que recebem bem podiam ser mais originais, se querem ser amadores ao menos que sejam criativos.

A televisão de um país diz muito sobre um povo e o estado continua a mostrar que estamos tão pobres no espírito como na carteira.

Filipe Miguel D.S. Pardal

estatuto editorialMundo Contemporâneo (MC) é uma revista digital da Licenciatura em Ciên-cias da Comunicação da Universidade do Algarve. Surge no âmbito da discip-lina de História Contemporânea e tem por objetivo oferecer aos alunos uma experiência mais prática em termos jornalísticos.

MC é uma revista multimédia de informação geral e periodicidade mensal, organizada pelas seguintes seções: Portugal, Mundo, Cultura, Desporto, Lazer, Ciência e Tecnologia.

A revista promove o rigor informativo e a distinção clara entre informação e opinião.

*A revista é redigida utilizando o novo acordo ortográfico *

Estamos em plena época natalícia, onde o espírito de festa e de solidariedade deve estar integrado em todos nós. Como tal, em nome de toda a eq-uipa que move este projeto, desejo um bom natal a todos os nossos leitores e uma boa entrada no ano que agora se aproxima, sempre como é óbvio, na companhia da nossa revista. É uma boa altura para um balanço do que foi este trabalho ao longo dos últimos três meses. A evolução foi evidente, e o empenho demonstrado foi também aumentando conforme o sucesso da revista foi sendo reconhecido. Esta terceira edição é então uma prenda no sapatinho de todos os que gostam de nos ler e de ficar informados sobre os contextos que nos rodeiam. Continuem a ver o mundo como ele é… contemporâneo!

Filipe Miguel D.S. Pardal

Feliz Natal aos leitores do muNdo CoNtemporâNeo

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indEx

tema de Capa

Portugal p.4Mundo p.8Cultura p.11Lazer p.19Desporto p.22Ciência e Tecnologia p.28

Mundo Contemporâneo // 3

geral

Cultura

revista muNdo CoNtemporâNeo

portugal

Acabou-se a papa doceAçucar em falta nas grandes superfícies

Greve dos controladores aéreos espanhóis punível até 8 anos de prisão

Tráfico de órgãos humanos conjuntamente com narcotráfico na Guerra do Kosovo

Crise leva donas de casa a criarem Blogues Anti-Crise

p.7

p.29

p.8

p.10

DIRETOR Filipe Pardal ADJUNTO Ana Pereira DIRETOR DE ARTE Ricardo Madeira ADJUNTO Maartje Vens PORTUGAL Jorge Felício, Mª João Parente, Ângela Marques (coordenadora), Andreia Matinhos, Filipe Pardal MUNDO Ana Lourenço, Ana Pereira, Denise Horta, Ana Marques (coordenadora) CULTURA Ana Parra, Milton Lima, Isa Vicente (coordenadora), Luis Timóteo, Tatiana Contreiras, Susana Teixeira, Diogo Leal LAZER Ana Narciso (coordenadora), Raquel Viegas, Cristina Apolónia, Cecilia Palma, Orlandina Guerreiro CIÊNCIA/TECNOLOGIA Ricardo Madeira, Micaela, Sofia Chaveiro, Maartje Vens (coordenadora), Melanie Messias DESPORTO Pedro Nascimento (Coordenador), Fábio Gonçalves, Andreia Ruívo, Liliana Lourencinho, Sandra Canhoto CONTACTO [email protected] RP Maartje Vens, Diogo Leal

Um olhar sob o que de melhor se faz pela europa fora a meio da temporada futebolísti-ca.

p.22

Teatro Lethes : «caiu no seu rio mágico (...)

apagando a lembrança» p.12

Lei laboral pronta a ser retificada

página 4

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Portugal

As negociações prosseguem e as opções mais viáveis vão sendo postas em cima da mesa pelo Governo, no

que diz respeito à modificação do actual Código de Trab-alho.

O ministro da Economia, Vieira da Silva, foi um dos pri-meiros elementos a defender a mudança da Lei Laboral, a pôr em prática em 2011.Também Jean Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, apoiou esta alteração, referindo a importância das reformas estruturais no combate aos problemas que actual-mente assolam Portugal.Por outro lado, com o desenvolvimento das discussões acerca desta matéria, também os partidos de esquerda se foram pronunciando. José Manuel Pureza, deputado do Bloco de Esquerda, acu-sou de inaceitáveis as alterações propostas para o Código de Trabalho, referindo-se às mesmas como um reflexo da cedência à pressão da Comissão Europeia. Apesar disso, a Ministra do Trabalho, Helena André, alega que não existe «qualquer imposição ou condicionalismo externo». Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, referiu-se a esta modificação da Lei Laboral como uma «declaração de Guerra» aos trabalhadores, por via da facilitação dos des-pedimentos para as empresas.

Também a CGTP se pronunciou contra a revisão da Lei Lab-

oral, relacionando a ineficácia desta estratégia com o au-mento da precariedade em Portugal. Mais recentemente, Cavaco Silva também desvalorizou o impacto da reavaliação laboral para a solução dos prob-lemas de Portugal, embora tivesse salientado que só avali-aria mais concretamente as medidas em questão quando estas chegassem a Belém.Ainda assim, o Governo de José Sócrates continua convicto da importância desta revisão da legislação laboral para a redução do défice para 4,6%. A revisão da lei laboral tem sido ainda fortemente apoiada pela Confederação do Comércio e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. A OCDE acrescentou ainda a necessidade de reduções salariais para o reforço do ajustamento económico em Portugal.Neste momento, a principal alteração em discussão trata da redução dos custos das indemnizações para as empresas, através da imposição de limites máximos. Prevê-se ainda que, com a promulgação destas medidas no contexto do Código de Trabalho, será igualmente possível para as empresas recorrerem aos despedimentos alegando «situação de crise empresarial», medida à qual a Espanha (um dos países com a maior taxa de desemprego da UE) já aderiu.Em Portugal, tanto o PSD como os partidos de esquerda continuam a creditar estas medidas como cedências a Brux-elas e ao FM. ■

Lei laboral pronta a ser retificadapor Andreia Matinhos

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Mundo Contemporâneo // 5

Portugal

É uma nova etapa que já se está a consolidar, sem que muita gente se dê conta disso, ou tão sequer daquilo que repre-senta. Estima-se que o mercado global desta nova tecnolo-gia, represente já em 2012 a quantia de $17.2 mil milhões de dólares.Em 2008 eram dados os primeiros passos nesta matéria em Portugal, com a criação do CeNTI - Centro de Nanotecno-logia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, em Vila Nova de Famalicão, e em 2009 com a inauguração do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), na Universidade do Minho em Braga, um projeto conjunto entre Portugal e Espanha. Ambos os projetos visando inovar

em matérias tão diversas como o desenho de sistemas bi-ológicos e fármacos, proteção do meio ambiente, disposi-tivos electrónicos avançados, desenvolvimento energético, como por exemplo o de componentes de alta eficácia para células de combustível, para carros elétricos, ou até mesmo avanços tecnológicos na indústria têxtil. É de salientar ainda que estas duas entidades vêm estreitar os laços entre o mundo académico e o mundo empresarial, diferentes realidades que se podem complementar entre si tornando as empresas portuguesas mais competitivas a nível nacional e internacional.

Portugal na corrida da nanotecnologiapor Jorge Felício

É mais que um simples avanço tecnológico, os cientistas definem-na como uma nova rev-olução industrial, em escala nano.

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Com uma história ainda muito curta, têm sido já muitos os avanços alca-nçados, e coincidindo com a inaugu-ração das suas novas instalações, no dia 16 de dezembro de 2010, o CeNTI, divulgou 10 produtos desenvolvidos em pareceria com 10 empresas e que estão prestes a entrar no mercado, de entre os quais:

Um blusão multifuncional com el-evado isolamento térmico, bandas de aquecimento, monitorização de sinais vitais e sistemas de localização; Luvas tricotadas, revestidas, com ca-pacidade antiderrapante, 7 vezes mais aderentes que as que existem atual-mente no mercado;Uma linha de atoalhados, fáceis de limpar, com capacidade de repelên-cia à sujidade, de forma a minimizar o número de lavagens, a temperatura e

o tempo de cada operação de lavagem. Estas características permitirão reduzir o consumo de eletricidade, água e produtos químicos; Uma peúga lavável, com capacidade de monitorização de parâmetros fi-siológicos, da temperatura do pé ao batimento cardíaco, pedómetro, sen-sor da massa corporal, distância per-corrida, velocidade média, velocidade instantânea e calorias gastas;Ladrilhos multifuncionais que são, também, interruptores de iluminação, libertam aromas e têm capacidade de autolimpeza;Uma série de artigos têxteis que servem para prevenir e controlar doenças de foro imunológico.

Estes são apenas alguns dos produ-tos apresentados, que de certa forma marcam o começo de uma nova etapa

tecnológica no nosso país, que podem até representar uma solução de peso para a crise, por injetarem o dinamis-mo tão necessário na nossa economia. A incorporação de atividades intensi-vas em conhecimento pode contribuir para aproximar Portugal da vanguarda tecnológica se as apostas forem feitas no momento certo. ■

No dia 10 de Dezembro, o Presidente da República con-siderou que os portugueses têm de se sentir "enver-

gonhados" por existirem em Portugal pessoas com fome, um "flagelo" que se tem propagado pelos mais desfavore-cidos.

“Nós temos de nos sentir envergonhados por estarmos no século XXI, Portugal ser uma democracia, ser um país que, apesar de tudo, está num desenvolvimento acima da mé-dia. No entanto, alguns de nós, alguns portugueses sofrem de carência alimentar”, afirmou Cavaco Silva, em declara-ções aos jornalistas no final da apresentação da campanha "Direito à Alimentação", promovida pela AHRESP - Associa-ção da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal.Estas declarações por parte do atual presidente da república fazem-nos pensar um pouco no cinismo que prevalece no

mundo da política. O candidato ás presidenciais que ocupa há cerca de vinte anos funções do mais alto cargo político vem agora falar da fome entre os portugueses como se não tivesse responsabilidade no assunto.A fome em Portugal não é novidade nenhuma, mas se os portugueses deviam sentir “ vergonha” o que deveriam então sentir os ministros e todos os políticos aos quais o estado paga salários milionários? E a grande elite de lob-bies que vive em conluio com o governo? E o que dizer do próprio candidato democrata que é acérrimo defensor e protetor do grande capital e dos exploradores dos trabalha-dores portugueses? O que é realmente necessário é que os portugueses não se sintam “envergonhados” no dia 23 de Janeiro de 2011 quando for altura de votar para a eleição de um novo presi-dente da república. ■

Portugueses têm de se sentir “envergonhados” - Cavaco Silvapor Tatiana Contreiras

Portugal

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Acabou-se a papa docepor Maria João Parente

A rainha Maria Antonieta dos Habsburgos terá dito “Se o povo não tem pão, que coma bolo!”. Ora por estas alturas, esta será uma decisão que terá que, de fato, ser tomada.

Podemos é chegar à conclusão que não comeremos nem pão nem bolo.

Não bastando um (novo) aumento do preço do pão, já em janeiro, devido à escassez de trigo, deparamo-nos agora também com a inexistência de açúcar nas prateleiras dos supermercados. Desde quinta-feira, dia 9 de dezembro, que a venda estava a ser limitada a 2/3 quilos por cliente na maioria dos supermercados, no entanto, o raciona-mento não foi suficiente para evitar o esgotamento do açúcar. Ao que consta, os consumidores ficaram alarmados com as notícias e por isso invadiram as lojas comprando mais do que necessitariam. A Associação Portuguesa das

Empresas de Distribuição afirmara que os consumidores escusavam de se preocupar pois não se previa uma rutura de stock. Porém, a escassez de matéria-prima levou as refinarias em Portugal a parar por completo. Logo nesta altura, em que os portugueses envolvidos pelo espírito natalício, consomem mais açúcar. Há quem se refira à falta de açúcar como uma tentativa de fazer subir o preço. Com o preço aumentado ou com o stock esgotado parece que este Natal o país terá que reduzir nas calorias. ■

Portugal

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Mundo

Greve dos controladores aéreos espanhóis punível até 8 anos de prisãopor Inês Gaio

A polémica greve dos controladores aéreos em Espanha assume con-

tornos insólitos. 24 horas de ausên-cia podem vir a custar anos de prisão aos controladores aéreos. Aproxima-damente 2400 controladores aéreos espanhóis desabafaram o seu descon-tentamento através do abandono das suas funções no dia 4 de dezembro.

Com ou sem razão, facto é que esta greve foi sinónimo de um verdadeiro alvoroço. A paralisação dos aeroportos espanhóis impossibilitou cerca de 600 mil passageiros de viajar naquele dia. Perante esta situação o primeiro min-istro espanhol José Luis Rodriguez Za-patero não hesitou em decretar esta-do de emergência no país. Em virtude desta ordem, o controlo aéreo ficará

sob autoridade do exército durante 15 anos. Tal medida não era posta em prática desde o fim do regime ditato-rial franquista. Zapatero justifica a sua posição afirmando que «Ninguém, in-dividual ou coletivamente, pode fazer o conjunto dos cidadãos refém das suas reivindicações.». Cándido Conde Pum-pido, o procurador geral de Espanha, parece partilhar da mesma opinião ao propor penas estendíveis até oito de anos de prisão para os controladores aéreos. A seu ver a atitude dos grevis-tas é equiparável ao abandono de um hospital por todos os médicos. Para casos como esse a lei prevê «delito de sedição», cuja pena pode abarcar en-tre 3 a 8 anos de prisão. Foram abertos processos contra mais de 400 acusa-dos. A consequente disciplina das

medidas impostas pelo governo con-seguiu repor a normalidade de funcio-namento dos aeroportos espanhóis no fim-de-semana que se seguiu à sexta-feira negra. No entanto, controladores aéreos temem o seu futuro e as com-panhias aéreas afetadas estimam uma perda total de cerca de 80 milhões de euros. Estas são as consequências de um dia sem voos. ■

WikiLeaks, chegou e arrasoupor Ana Marques

Os perigos, ou as mais-valias, da divulgação de docu-mentos classificados como secret ou confidential pelas

embaixadas norte-americanas nos outros países ainda não foram totalmente medidos. A verdade é que nem todos têm a verdadeira noção do quão delicadas são as informações que o site de Julian Assange divulgou. Por muito que alguns considerem que não são informações que possam por vidas em risco, já que nenhum documento top secret foi divul-gado, a verdade é que são realmente muito perigosas as palavras lá escritas.Questões como o facto de o poder político de Moçambique estar intimamente ligado ao narcotráfico, as provas que a polícia inglesa, supostamente, tinha e não divulgou que atribuíam culpas ao casal McCan relativamente ao desapa-recimento da Madeleine, ou ainda a tão controversa autor-ização que o governo português deu à CIA para sobrevoa-rem o espaço aéreo português com presos de Guantanamo podem estar na origem que graves problemas entre gover-nos ou até sociedades.Numa entrevista ao canal norte-americano CNBC, Julian As-sange afirma ser alvo de ataques de bancos mostrando que a sua intenção é continuar a divulgar documentação relativa ao sistema financeiro, atividade normal do site. Diz também que a próxima vaga de revelações de informação de insti-

tuições financeiras será, possivelmente, em janeiro. «Vou continuar o meu trabalho e protestar a minha inocência nesta questão e revelar à medida que recebermos, o que ainda não aconteceu, as provas destas alegações.», disse Assange aos jornalistas à porta de um tribunal inglês.Talvez um novo conceito de guerra mundial esteja a surgir pelo poder da palavra e da informação dita confidencial. Afinal, a questão será até que ponto estas divulgações vão fazer tremer as ligações entre países? ■

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Mundo

No início do mês de dezembro mais de 190 países estiveram reunidos,

numa conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas. Teve como objetivo um acordo para depois de 2012, ano em que termina a vigên-cia do protocolo de Quioto.

O protocolo de Quioto, que entrou em vigor no ano de 2005, visa a redução por parte dos países membros, da emissão de gases do efeito de es-tufa, tendo como finalidade limitar o aquecimento global e evitar alterações climáticas.Segundo alguns a conferência não correspondeu à expetativa. Os países voltaram a ter dificuldade em chegar

a um acordo, ficando a conferên-cia de Cancún aquém do desejável, revelando-se uma frustração. Para o ex-ministro do Ambiente Luís Nobre Guedes, "ainda se está numa fase de ajustamentos globais geopolíticos que não permitiram ir tão longe", mas dentro de dois a cinco anos vai haver condições para "dar esses passos mais decisivos". Frisou que enquanto esse ajustamento não for feito, será difícil exigir-se “dos governos certo tipo de medidas”.Já o especialista em alterações climáti-cas, Filipe Duarte Santos, afirmou que "Copenhaga teve resultados muito limitados, foi em vários aspetos decep-cionante e Cancún não trouxe maior

confiança em conseguir resolver o de-safio". Viriato Soromenho-Marques do Pro-grama Gulbenkian Ambiente, revelou que Cancún “não foi tão mau quanto se poderia antecipar.” O facto de ter havido um passo em direção a um compromisso com a Índia e a China foi positivo, considerando que “chegar a 2011 só com os EUA de fora seria para-doxal”. Certo é que continua a haver uma ne-gociação no âmbito das Nações Unidas. No entanto, a esperança recai agora na Conferência das Partes, a realizar-se na África do Sul, no final de 2011. ■

Cancún: um passo para a concordância?por Denise Horta

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Mundo

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Em Março de 1999 a NATO interveio no Kosovo pois havia sérios indícios de expulsão, massacres violentos e campos de concentração para albaneses.Os guerrilheiros albaneses do exército de libertação inten-sificam as ações contra alguns sérvios e passam a controlar partes da província.Um documento do Conselho da Europa veio agora dizer o que já havia saltado dos bastidores através de Carla del Ponte, ex procuradora do tribunal penal internacional para a ex-Jugoslávia. O texto revela que membros do exército da libertação do Kosovo, o movimento separatista kosovar – al-banês, organizaram uma rede de tráfico de órgãos extraídos dos prisioneiros sérvios em 1999 e 2000. As vítimas eram bem tratadas, recebiam comida e tratamento médico. De seguida eram transportados para centros de detenção da Albânia onde eram mortos com um tiro na cabeça e lhes eram extraídos os órgãos, principalmente os rins.

O documento afirma ainda que Hashim Thaci, recém-eleito Primeiro-ministro do Kosovo independente, era o cabecilha desta rede de tráfico. O documento redigido por Dick Mar-ty, membro do comité sobre direitos humanos e assuntos locais do conselho europeu, contém relatos confidenciais

que detalham como também o tráfico de heroína e de out-ros narcóticos eram controlados de maneira violenta pelo grupo albanês de “tipo mafioso” liderado por Thaci. Escreve ainda como vários centros de detenção do exército de liber-tação do Kosovo e clínicas do norte da Albânia participaram na extração de órgãos de prisioneiros para serem traficados no mercado internacional de transplantes. ■

Tráfico de órgãos humanos conjuntamente com narcotráfico na Guerra do Kosovopor Ana Lourenço

Atualmente, vieram a público algumas notícias sobre o tráfico de órgãos humanos extraí-dos dos prisioneiros sérvios durante a guerra do Kosovo entre o ano de 1999 e 2000.

Foi aprovado o aumento das propinas até 2012, no passado dia 14 de Dezembro, nas universidades britânicas. Este au-mento virá alterar de 3290 libras - cerca de 4000 euros – para as 9000 libras por ano, em alguns casos.

Esta decisão é justificada pelas medidas de austeridade implementadas para fazer face à crise, mas verdade é que em maio, durante a campanha das legislativas, houve o compromisso de as propinas universitárias não serem aumentadas.Toda a situação levou a vários protestos nas ruas londrinas por parte de dezenas de milhares de estudantes e a atos de violência que obrigaram a intervenção policial. Segundo os estudantes «aumentar os custos universitários irá causar fortes divisões sociais.» ■

Estudantes contra o aumento das propinaspor Ana Pereira

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Mundo Contemporâneo // 11

Cultura

Michel Giacometti, o homem que deu voz a um povopor Luís Timóteo

No final dos anos cinquenta, Portugal era um país cinzento, traumatizado e deprimido devido à austera ditadura que se vivia na época. Foi neste ambiente que Michel Giacometti chegou a Portugal em 1959.

Michel Giacometti nasceu em Ajaccio, na ilha da Córsega, em 1929. Foi criado por um tio, que o levou ainda criança para Argel, capital da então colónia francesa, Argélia. Aos dezoito anos, já

em Paris, estudou Arte Dramática e Música, formou-se em Letras e Etno-grafia na Sorbonne, foi dirigente de di-versas publicações culturais e fundou uma companhia de teatro popular. Logo no ano seguinte à sua chegada ao nosso país, o etnomusicólogo fundou os Arquivos Sonoros Portugueses por sua conta e risco, depois de uma ten-tativa falhada de apoios da Fundação Calouste Gulbenkian. Nos trinta anos seguintes percorreu o país, gravando centenas de cantares e músicas tradi-cionais, dando origem ao que é, até hoje, o mais completo levantamento da cultura musical portuguesa. Para além destes registos, reuniu também uma enorme coleção de instrumen-tos tradicionais, fotografias, literatura popular e instrumentos ligados ao trabalho agrícola. Grande parte deste espólio deu origem, em 1987, ao Mu-seu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal. Editou, em colaboração com

Fernando Lopes Graça uma Antologia da Música Regional Portuguesa, em cinco volumes (1963), cujos discos são conhecidos como «Discos de Serrap-ilheira». Em 1981, editou um Cancio-neiro Popular Português. Foi também autor de uma série de documentários televisivos, intitulados «Povo que Can-ta». Uma grande parte do seu espólio musical pertence também ao acervo do Museu Nacional de Arqueologia e Etnografia, encontrando-se ainda por organizar e editar. Na sua última entrevista, Giacometti disse: «Quando morrer, quero ser en-terrado no meio do povo português que tanto amei». Viria a falecer pouco tempo depois, em Faro, a 24 de no-vembro de 1990. O seu pedido foi con-cretizado: está sepultado na pequena localidade de Peroguarda, no Alentejo. ■

Andy Warhol nasceu a seis de Agosto de 1928, em Pitts-burgh, Pensilvânia. Tendo-lhe sido diagnosticada, em tenra idade, uma rara doença neurológica, Warhol encontrou es-cape nas revistas de celebridades e nos livros de banda de-senhada, um imaginário que iria retomar anos mais tarde. Graduado em Design pela Universidade de Carnegie Mel-lon, em 1949, Warhol garantiu trabalhos com a Columbia Records, a Vogue, a Harper’s Bazaar, entre outras, estabel-ecendo-se assim como um aclamado artista gráfico. A sua curiosidade insaciável resultou num enorme corpo de tra-balho que sobretudo contribuiu para o derrubamento de barreiras entre culturas. Na década de 50, Warhol dedicou-se à pintura e ao desen-ho e, em 1952, teve a sua primeira exposição a solo na Hugo Gallery com Fifteen Drawings Based on the Writings of Tru-man Capote. Os turbulentos anos 60 atearam um tempo prolífico na vida e obra de Andy Warhol. Nessa década, estendendo-se aos anos 70, são-nos apresentados alguns

dos seus mais icónicos trabalhos. Com base no emergente movimento da Pop Art, cujos artistas procuravam a esté-tica das massas, Warhol começou a pintar o que podia ser facilmente encontrado, personalidades famosas, objetos produzidos em série... Inevitavelmente se recorda a forma como reinterpretou a imagem de Marilyn Monroe, as cores que deu ao retrato de Elisabeth Taylor ou o destaque que trouxe à sopa de tomate da Campbell’s. Ao abranger uma multiplicidade de expressões criativas de forma tão marcante - pintura, escultura, fotografia, vídeo, performance…- Warhol deu o mote para a prática artísti-ca transdisciplinar e multifacetada. Podemos considerá-lo como uma amálgama de cineasta, pintor, fotógrafo e homem da TV dos anos 80; seja como for, Andy Warhol con-tinua a ser não só um ícone cultural fascinante, mas uma inspiração para as novas gerações de artistas, cineastas, de-signers e inovadores culturais em todo o mundo. ■

Mais de vinte anos após a sua morte, Andrew Warhola, seu verdadeiro nome, continua a ser uma das figuras mais influentes na cultura e arte contemporâneas.

Andy Warhol - “Everyone will be world famous for fifteen minutes”por Susana Teixeira

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12 // Mundo Contemporâneo

Cultura

Situado no coração da Cidade de Faro, mas também no esquecimento de muitos que por ali passam, sem se lembrarem da importância do Teatro que ali existe, o Teatro Lethes.

A palavra Lethes, que denomina o nome do Teatro, significa um mítico rio cujas águas tinham o poder mágico de apagar da lembrança as agruras da vida.

O edifício que hoje se designa por Teatro Lethes começou por ser um colégio de Jesuítas - Colégio de Santiago Maior, fundado pelo então Bispo do Algarve D. Fernando Martins Mascarenhas.Em 1759, confiscados os bens e banida do país e dos domínios ultramarinos a Companhia de Jesus, o Colégio de Santiago Maior encerrou as suas portas. Com a ocupação das tropas napoleónicas comandadas pelo General Junot, as instalações do antigo Colégio foram devassadas e prof-anadas para aí alojarem os seus soldados.Anos mais tarde, em 1843, o Colégio foi rematado em hasta pública pelo Dr. Lazaro Doglioni, médico italiano, de grande sensibilidade artística, que manifestara publicamente a sua intenção de construir em Faro um teatro à semelhança do S. Carlos de Lisboa.

As obras de restauro e adaptação da antiga igreja a teatro prolongaram-se até à primavera de 1845. No lugar do altar-mor ficava a "Sala Verde" do teatro e no coro da Igreja que se situava junto à frontaria, erigiu-se o respetivo palco. A sala do Teatro Lethes possuía apenas a plateia e duas gale-rias de camarotes.

A inauguração do teatro efetuou-se a 4 de abril de 1845, associando-se às comemorações do aniversário da Rainha D. Maria II. Após a morte de Dr. Lázaro Doglioni os seus bens foram legados ao sobrinho Dr. Justino Cúmano, notável clínico, grande benemérito e protetor das artes. A ele se fi-cou a dever a fama que o Teatro Lethes granjeou, não só no Algarve como em todo o país. Na década de 1860, ampliou as capacidades do teatro para 621 espetadores. Estendeu a plateia a 215 espetadores, aumentou de duas para quatro as ordens de camarotes repartidas por 51 compartimentos com seis lugares cada e uma varanda com capacidade para 100 pessoas.

A 11 de setembro de 1898, exibia-se pela primeira vez em Faro o chamado animatógrafo, tendo-se então instalado no Teatro Lethes por ser o mais amplo e distinto espaço cul-tural da cidade.Em 1901 a sala foi encerrada e em 1906 iniciavam-se ob-ras de restauro, sob a orientação de João Coelho Pereira

Matos e do pintor José Filipe Porfírio, concluindo-se os tra-balhos a 21 de abril de 1908. O teatro reabriu, possuindo uma acústica perfeita, confortável plateia, quatro ordens de camarotes, com varandins de ferro forjado, tetos pintados, representando cenas de música e um pano de boca com magnífica paisagem bucólica, tudo da autoria de José Filipe Porfírio. Nos anos de 1990 a 1993, a Delegação Regional da Cultura equipou a sala de espetáculos com um sistema de refrigera-ção e substituiu algum equipamento de palco e procedeu à substituição dos tecidos e alcatifas, bem como ao restauro das madeiras e ferragens.Detetada a necessidade de se proceder a uma consolidação estrutural em abóbadas de cobertura e paredes, no final desse ano, a Delegação Regional decidiu encerrar a sala de espetáculos.

Em março de 1999, iniciaram-se os trabalhos de diagnóstico das patologias do edifício, cujos relatórios especializados possibilitaram a realização das obras de consolidação e restauro, concluídas em maio de 2001.Após conclusão das referidas obras de consolidação e restauro, o Ministério da Cultura, através da sua Delegação Regional do Algarve, celebra com a Câmara Municipal de Faro um protocolo de colaboração pelo qual a autarquia passa a ser responsável pela programação do Teatro Lethes, assumindo todas as despesas daí decorrentes.

História

Teatro Lethes : «caiu no seu rio mágico (…) apagando a lembrança»por Ana Parra e Isa Vicente

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Mundo Contemporâneo // 13

Cultura

Nos dias de hoje, o teatro Lethes não anda longe de ser mais um edifício degradado da cidade de Faro.Também a recolha de informação sobre a situação atual do teatro se tornou uma tarefa bastante difícil, pois aí não se encontra nenhum funcionário a tempo inteiro, para facili-tar o acesso à sala de espetáculos, o que evidencia a difícil situação económica do teatro.Este desleixo verifica-se também na quantidade de espe-táculos que tem em cartaz, e pelo facto de estarmos já a mais do meio do mês de Dezembro, e ainda estar em vigor o cartaz de Novembro.Este edifício perde ainda pela fraca propaganda e falta de

sinalização, que é extremamente pobre. Alguém que não conheça a cidade e que não saiba exatamente onde fica o teatro tem imensa dificuldade em encontrá-lo.A pouca variedade de peças e de espetáculos acontece des-de a abertura do Teatro das Figuras, mais recente e moder-no, que tem jogado ainda mais abaixo o Teatro Lethes. Aliás, a informação da abertura daquele teatro é ainda a última notícia divulgada no site do Teatro Lethes.Esta situação só tende a piorar, o que é pena, porque este edifício faz parte do património histórico e cultural da ci-dade. ■

O declínio dos espetáculos e consequentemente da sala começa em 1920, encerrando-se o teatro em 1925. Em 1951, a família Cúmano vendeu o imóvel à Cruz Vermelha Portuguesa, em cuja posse ainda se mantém.A sala do Teatro Lethes encontra-se cedida por protocolo à Delegação Regional do Algarve do Ministério da Cultura e na Ala Norte, restaurada e adaptada em 1991, funcionam os serviços regionais do Ministério da Cultura.

A Delegação Regional da Cultura cede para o efeito e a tí-tulo gratuito o direito de utilização da sala de espetáculos e respetivos espaços técnicos, bem como o equipamento existente.Em suma, o Teatro Lethes já passou por várias transforma-ções desde o seu início como colégio de jesuítas. Desde as invasões napoleónicas até hoje, o Teatro Lethes também caiu no esquecimento de Portugal, inclusive dos algarvios.

Situação atual

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Cultura

Uma conversa em Beirutepor Diogo Costa Leal

Sylvia Beirute, poetisa, escritora, amante de arte. O seu blogue (www.sylviabei-rute.blogspot.com) é a sua casa muito visitada. Brevemente irá ver editado o seu

primeiro livro, intitulado «Uma Prática para Desconserto». Já conta com a divulga-ção dos seus poemas em diversos países, assim como participação na revista literária Inútil. O Mundo Contemporâneo dá o prazer de a conhecerem mais de perto.

Mundo Contemporâneo: Para quem não conhece bem o blogue «Uma casa em beirute» O que podes dizer a essas pessoas para «apresentar» o blogue?Sylvia Beirute: É a minha casa. O blogue começou por ser um espaço de partilha de poesia inédita. Depois fartei-me de fazer sempre a mesma coisa e comecei a colocar todo o meu pensamento em relação à poesia. E isso pode pas-sar pela apresentação de autores na forma de mini-ensaios ou por algumas traduções que alguns colaboradores (João Muzzi, Pedro calouste, etc) vão mandando. Também partil-ho outros gostos meus como a fotografia, o cinema, a músi-ca, etc. É um espaço humilde e que representa apenas o mundo de uma pessoa. Surpreendo-me com a quantidade de leitores que tem.

M.C: Como nasceu a tua paixão pela poesia, literatura?S.B: A poesia para mim surge como muito mais do que mera literatura. Por vezes a poesia surge até com uma antilitera-tura. Sabes, há pouco lia uma saudável discussão blogueira entre Luís Ene e Paulo Rodrigues Ferreira em que estes tro-cavam argumentos em relação aos rótulos a dar a certos produtos com letras - chamo-o assim à falta de um nome melhor. De facto, eu estou ligeiramente mais próxima de Luís Ene, uma vez que me atrevo sempre a fazer separa-ções, cisões e qualificações. Mas costumo fazê-lo com os meus critérios próprios. Em relação à poesia e à literatura, distingo-os pelo ponto de vista do leitor. O leitor de poesia procura fundamentalmente inspiração, o leitor de literatura procura passar um bom tempo. Respondendo diretamente à tua questão, e de forma bem humorada, escrevo desde que sei escrever. E isto é tão preocupante que já comecei a queimar muitos dos papéis que andam cá por casa perdi-dos. Nem sei bem se é uma paixão. Há dias em que odeio a escrita e tenho vontade de destruir tudo o que escrevi.

«O leitor de poesia procura funda-mentalmente inspiração, o leitor de literatura procura passar um bom tempo»

M.C: Distingues poeta, escritor e artista?S.B: A poesia enquanto espaço inspiracional merece clara-mente ser uma arte autónoma. Nesse sentido o poeta é um artista e não um escritor. Isto para não falar na poesia visual e poesia videovisual em que o mero papel de escritor se anula, não deixando margem para discussão.

M.C: Os teus poemas são publicados em vários espaços e países. Como foi participar na Revista Literária Inútil?S.B: Foi um convite do conselho editorial da mesma e que muito me honrou. Creio que é uma revista que ainda tem margem para crescer e revelar muitos mais nomes. É um conceito interessante o de juntar nomes consagrados a pes-soas que se mostram pela primeira vez. Fiz uma leitura do número da Inútil em que participei (o #2) e que pode ser lido no meu blogue.

M.C: Na tua opinião, a poesia «ensina-se»?S.B: A interpretação da poesia pode ser ensinada. Parece-me que sim. A poesia em si não pode ser ensinada pela simples razão de que o poeta deve ser um ser individual. Se eu ensinasse alguém a escrever poesia, estaria a ensinar al-guém a escrever a minha poesia. Ora, isso não faz o menor sentido. O campo do poético pode ser estimulado, e para isso servem os workshops, que são muito úteis. Mas a re-dação do produto final é muito mais do que isso. É uma experiência pessoal e íntima. É o pleno exercício de uma solidão.

M.C: Os teus poemas são muito imagéticos e geralmente sem rima, não crias «versos paralelos para prender sig-nificados». A rima é essencial na poesia?S.B: Gosto da liberdade. A minha poesia explora-a ao máx-imo com esse lado imagético que fazes, e bem, notar. Mas a minha poesia não é totalmente alheia a uma "ordem". Se analisares bem, no interior de alguns versos há uma escolha cuidada das palavras que se seguem a outras. E costumo ter muita atenção às consoantes, pois elas podem, quanto a mim, destruir um verso. Por outro lado, considero im-portante a não repetição de certos sons de vogais, quando muito próximos uns dos outros. Por isso, e por haver muitos

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Cultura

mais aspetos importantes, creio que a rima não é essencial ao ritmo, e o poema "limpo" pode ser bem mais autêntico. É isso que procuro. Autenticidade, verdade, honestidade. É a transposição da vida em que vivemos para a linguagem monumental do poema.

«Não escrevo poemas bonitos»M.C: Preferes uma escrita individualista à experimental a mais mãos?S.B: Como disse há pouco: porque a poesia, pelo menos para mim, é o pleno exercício da solidão, do íntimo. Nela eu quero sofrer, chorar, ser outra pessoa se me apetecer, ex-plorando todas as minhas nuances. É como se me despisse. E não gosto de o fazer à frente de outros.

M.C: Quais as tuas maiores influências, a todos os níveis?S.B: Estou mais próxima dos poetas e escritores de língua inglesa e língua portuguesa, sobretudo os brasileiros. As minhas influências variam numa base semanal. Por exem-plo no último fim de semana li Philip Larkin, Liu Xiaobo, Ger-trude Stein e Haruki Murakami.

M.C: Fernando Pessoa, Al Berto ou Herberto Helder?S.B.: Herberto Helder. É o melhor poeta de língua portu-guesa vivo.

M.C: Qual o teu maior objetivo em relação à escrita?S.B: Conhecer-me. Apenas isso. Não faço qualquer con-cessão na minha escrita. Ela sou eu. Não escrevo para que alguém goste do que escrevo ou em busca de afirmação pessoal. Não escrevo poemas bonitos. A maioria dos meus poemas é feia, suja, cheia de dedadas. Duvido que um dia alguém me convide para uma antologia poética sobre o amor, por exemplo.

M.C.: Quais são, a teu ver, os melhores poetas de sempre?S.B.: Pergunta difícil. De cabeça lembro-me de Stéphane Mallarmé, Seamus Heaney, Manoel de Barros, António Ra-mos Rosa, Jorge Luis Borges, etc, etc. Ficava aqui todo o dia a dizer-te nomes.

«Herberto Helder é o melhor poeta de língua portuguesa vivo»M.C: Como relacionas a poesia contemporânea com a poe-sia nos seus primórdios?S.B: Essa pergunta é interessante. Precisamente porque há muitos poetas a escrever poesia como antigamente. Essa pergunta deve-lhes ser primeiramente dirigida. O período precedente, quanto a mim, deve ser sempre uma base. É como uma escada. A evolução das coisas faz sempre com

que o céu esteja mais longe. Se se volta ao primeiro degrau, não chegarás nunca ao céu.

M.C: Em alguns dos teus textos no teu blogue, falas na fan-tástica capacidade que a arte dá em «criar mundos». És da opinião que a arte não tem que ser toda autobiográfica?S.B: Deve partir de uma intensa experiência pessoal, o que é diferente. E essa experiência, para ser fantástica e próxima da genialidade, deve ser capaz de se abstrair da sua própria realidade, impor-se pela diferença. E isto não é fácil. Fácil é escrever poemas como se fazia antigamente, como muitos o fazem.

M.C: Herberto Helder numa das entrevistas que teve defin-iu a poesia como algo «irreal mas vivo». O que é para ti a poesia no seu sentido mais lato?S.B: Poesia é precisamente o que faz Herberto Helder. Es-quece todas as convenções, esquece o que está para trás, esquece-se de si no passado. É a escrita que acompanha o homem que quer mudar e que sabe que muda a cada minu-to. É coragem, é emoção, é razão, é transgressão.

M.C: Falando de livros, fala-nos dos melhores livros de sem-pre que tiveste o prazer de ler.S.B: A minha memória não é grande coisa e tenho dificul-dade em reter esse tipo de coisas. Há pouco tempo li "Sempre Vivemos no Castelo", de Shirley Jackson e impres-sionou-me a personagem Merricat, que andou comigo na cabeça durante alguns dias. Li a "Poética", de Aristóteles, e acho fascinante ler livros como o "Diplomacia", de Henry Kissinger. Para ti o que é um bom livro? Um que me traga um novo tipo de linguagem. Gonçalo M. Tavares é o último grande escritor que conheço.

M.C: Sabe-se que está para breve a publicação de um livro teu, para quando?S.B: Não sei datas. O meu editor quer lançá-lo em breve. Chama-se "Uma Prática para Desconserto".

M.C: Escreves imenso sobre a escrita, leitura e muitos au-tores. Alguma razão particular para isso?S.B: É uma forma de sistematizar e organizar o meu pensam-ento. Todos os dias passa-me muita coisa pela cabeça. Creio que escrever é a melhor forma de ter uma ideia presente, para que faça parte de nós, se a considerarmos importante. Escrevo com espontaneidade. Dei um bom intervalo na eti-queta "Série Poetas" do meu blogue e só voltei quando era plenamente justificado. E foi justificado escrever sobre a poesia do novo Nobel da Paz, Liu Xiaobo, porque emocio-nei-me muito ao lê-la. É um grande homem.

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«Enquanto houver pessoas com fome e na rua, creio que a cultura deve ser sacrificada do ponto de vis-ta público»

M.C: Para muita gente, a poesia é vista como o «under-ground» da Literatura. Há pouco conteúdo nas livrarias mais comerciais, vê-se muitas vezes o poeta como alguém «vagabundo». O que pensas sobre isso?S.B: Não perco muito tempo a pensar nesse tipo de coisas. Não creio que haja algum poeta a escrever pelo êxito co-mercial. Alguns fazem-nos porque é "bonito" e porque são pessoas inseguras. Mas os verdadeiros poetas fazem-no porque precisam, independentemente de quem os leia. O facto de vender pouco é uma consequência da dificuldade do género, da pouca acessibilidade. E é isso que o torna também tão especial. Claro que nós gostaríamos de ver poesia nas livrarias perto de nossa casa. Mas adquiri-la num sítio de difícil acesso ou comprá-la diretamente ao autor também tem um certo requinte. Quanto a mim, os críticos de poesia é que não estão todos a fazer o seu papel. Esse é o verdadeiro problema.

M.C: A Internet é um propício palco de exposição ou con-

funde as lacunas com os benefícios entre qualidade e quan-tidade?S.B: É bom haver quantidade, ainda que implique um défice de qualidade. Precisamente porque gostar da arte das le-tras é um processo progressivo. Acho fantástico haver quem escreva poesia de forma muito simples e direta na internet, pois pode ser um isco para os jovens de hoje, para que um dia deem outros passos. De certeza que se lessem um Herberto Helder ou um Samuel Beckett fugiam. Creio que amanhã se fará uma recolha honesta das pedras preciosas que há na internet, e tenho a certeza que muito do que se escreve no universo virtual já supera em termos qualitativos a maior parte das edições em papel.

M.C: Quando o país está mal, corta-se na cultura muitas vezes. Teatros a fechar, poucas condições. Qual a tua análise da cultura do país?S.B: Enquanto houver pessoas com fome e na rua, creio que a cultura deve ser sacrificada do ponto de vista públi-co. Creio que o modelo socioeconómico do nosso país tem que mudar urgentemente e devemos começar a pensar em conjunto. Não me quero meter muito nessas coisas, Mas parece-me que as letras têm sido mais sacrificadas do que o teatro e cinema no que toca a subsídios atribuídos. A ideia deve ser a da autossuficiência e isso começa na edu-cação das gentes. De certeza que o atual regime de educa-ção não favorece essa situação.

LIU XIAOBO NO NIILISMO DO TEMPO(poema enviado pela autora e presente no blogue)

cada vez que amas, morres e começas de novo.e há uma arte no niilismo do tempoque nos ouve; o teu passado ainda crescefora da tua vida.e nós tentamos, liu xiaobo, tentamo-lonas ruas que prendem a respiração do vento,nas catedrais que inimizamcom a sensação íntima de mudar,na translação dos caminhos de uso e ossode declarações que gravitamsobre as fendas do medo costurado.“não tenho inimigos”, dizes;talvez porque todos os dias, e em cadavez que amas, morres com um sonhoe renasces na consanguinidade de umaideia forte, na linguagem de um dom.e tu amas / e tu morres,e tu começarás sempre de novo.

Sylvia BeiruteInédito

imagens e poem

a fornecidos pela entrevistada

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3ª Edição do festival Super Bock em Stockpor Tatiana Contreiras

Depois do sucesso alcançado na edição do ano passado, o festival de conceito peculiar, patrocinado pela conhecida marca de cerveja Super Bock, realizou-se no fim de semana

de três e quatro do passado mês de dezembro, na Avenida da Liberdade em Lisboa.

Tem como palco uma das zonas mais características da cidade de Lisboa, a Avenida da Liberdade, e os artistas atuam em espaços como estações de metro, autocarros ou mesmo gara-gens, o festival Super Bock em Stock foi o último do ano de 2010, e na sua terceira edição já ganhou estatuto de ritual urbano para muitos alfacinhas.O evento mostra-nos um conceito dife-rente do que estamos à espera para um festival de música, em vez de um espaço grande ou de um pavilhão, o público tem que "saltitar" por entre sa-las um pouco fora do comum, ao longo da Avenida, para assistir aos concertos que se realizam quase em simultâneo. Este ano o festival contou com mais de trinta concertos, de artistas nacionais e internacionais com novos e estimu-lantes sons, durante duas noites em mais de nove salas.Na primeira noite, apesar do tempo frio e chuvoso, o público compareceu em peso para o concerto de Tiago Bet-tencourt. O ex vocalista dos Toranja abriu o festival no espaço Bes arte e finança. Um pouco depois, cantou Jorge Palma que em forma de piada

ou por simples coincidência atuou na estação de metro do Marquês de Pom-bal, este concerto ficou pontuado pela fraca visibilidade do palco. Em simultâ-neo os Kumpanhia Algazarra subiam e desciam a Avenida dentro do Voda-fone bus (autocarro onde se realizou o concerto). Seguiram-se artistas como Owen Pallet que atuou no Tivoli com plateia lotada, Zé Godinho e a banda B-Fachada e a cantora Zola Jesus que tocaram no cinema S. Jorge.Já noite dentro, Kele Okereke, o ex vo-calista da conhecida banda Block party atuou no Tivoli, concerto que na opin-ião de alguns dos presentes foi uma das surpresas do festival. Depois, foi a vez da banda Wavves que fechou a pri-meira noite na garagem Vodafone no parque de estacionamento da estação de metro do marquês de Pombal.O dia quatro contou com os nomes mais aguardados do festival, Joelle Monáe e a Banda Linda Martini. No en-tanto, notou-se muita insatisfação por parte do público que apesar de ter ad-quirido bilhete não conseguiu assistir a alguns concertos devido à lotação das salas.

A noite iniciou-se com o concerto de Marcia, na estação de metro do Mar-quês, e Lula Pena no restaurante ter-raço do hotel Tivoli. Pouco depois foi a vez da atuação da filha mais nova do cantor Sting, Coco Sumner, que apre-sentou o seu novo projeto, I blame Coco. A seguir à jovem americana subiu ao palco do bastante cheio caba-ret Maxime, Nuno Prata, que integrava a banda ornatos violeta. De volta ao cinema S. Jorge, estreou-se a banda de José Gonzales, Junip. A revelação norte americana, Joelle Monáe tocou no Tivoli, sendo, sem dúvida, o momen-to alto do festival lisboeta. A fechar a noite, os Linda Martini tocaram na ga-ragem Vodafone no estacionamento do metro do Marquês.Apesar da deficiente acústica de cer-tos espaços e da falta de espaço de algumas salas que deixaram o público descontente com a organização do fes-tival, a terceira edição do Super Bock em Stock contou com bastante adesão, boa música e obviamente bastante cerveja.

Música

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CinemaUnstoppable – Imparável (2010)por Milton Lima

Unstoppable é sem dúvida uma es-pécie de teoria do caos, onde um

evento ou, devo dizer, a má vontade de um maquinista para desempenhar o seu trabalho afecta todos à sua volta (possível destruição de uma cidade). Os heróis são dois homens comuns, cada um com as suas falhas, perten-centes à classe operária. Estes juntam forças, apesar das diferenças, colocan-do as suas vidas em risco. Juntando-se a eles está ainda a empresa ferroviária responsável que não consegue lidar com a situação, dando mais atenção aos dólares e à imagem do que à vida dos inocentes.O estilo frenético e emocional de Tony

Scott (irmão do mais aclamado Ridley Scott) é uma constante nesta película, sendo este um dos melhores filmes (cinco para ser exato) realizado por Tony com Denzel Washington (sendo, na minha opinião, Homem em Fúria o melhor).A qualidade do filme deve-se também ao grande desempenho do ator, assim como de Rosario Dawson e ainda do “novato” Chris Pine. O fator «baseado em fatos reais» (Ohio em 2001) serve como auxiliador, assim como as cenas de humor entre o trio de protagonis-tas, a meio da caça ao comboio, que não deixam ninguém indiferente. Unstoppable peca pelo caráter cliché

de filme para as massas, reunindo grandes emoções e narrativas simples (atrevo-me a dizer básicas). Isto juntan-do-se às cenas muito previsíveis, orça-mento elevado e consequentes efeitos especiais. No entanto, estas caracter-ísticas até têm as suas vantagens, pois o facto de ser dirigido às massas atrai muita audiência às salas de cinema.Em suma, Imparável cumpre todos os seus objetivos: captar muita audiên-cia e lucrar através da ação, emoção, heróis incomuns sob adrenalina, ape-sar das personagens-tipo que acentu-am o cliché.

De: Tony Scott Com: Denzel Washington, Chris Pine, Rosario Dawson

Avaliação: 7/10

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Lazer

Cinco destinos para 2011Se viajar faz parte de um dos objectivos para o novo ano, estes cinco maravilhosos lugares podem ser uma boa opção.

Para quem quer ter umas férias sem sair de Portugal, São Miguel é uma boa opção. É a maior ilha do arquipélago dos Açores com 65 km de compri-mento e 16 km de largura máxi-ma. Uma das maiores atrações deste local é a Lagoa das Sete Cidades. Conta a lenda que uma

princesa se apaixonou por um pastor mas foram proibidos pelo Rei de se verem. Os dois choraram e como a princesa tinha os olhos azuis e o pastor verdes, as suas lágrimas formaram a lagoa azul e a

lagoa verde existentes neste sítio.Outra das muitas atrações são as Furnas onde há muitas caldeiras de água quente e onde se confecciona o famoso e típico “cozido” aproveitando o calor da terra.Esta ilha é considerada por muitos o local mais belo de Portugal e um dos mais belos do mundo. Conserva ainda o seu aspecto natural tendo muitas paisagens virgens propor-cionadas pela sua origem vulcânica. Aqui também ai-nda não existe o chamado “turis-mo de massas”, o que faz desta ilha um destino tranquilo em qualquer época do ano.

São Miguel, AçoresPor Ana Narciso

Amesterdão, HolandaPor Orlandina Guerreiro

Se aprecia o sossego e tem amor à arte, a cidade de Ame-sterdão é um lugar que não pode deixar de visitar. A capital holandesa possui alguns dos melhores museus da Europa: Amsterdams Historich Museum, Ri-jksmuseum, Museum Van Gogh, Stedelijk Museum (que contém obras de célebres ar-tistas como Picasso e Matisse). A “Casa de Anne Frank”, o esconderijo da jovem judia; a Igreja Nova e o Palácio Real são dos locais mais visitados. O “bairro da luz vermelha” repleto de bares e sex-shops é outra das atrações turísticas da cidade. Um passeio de barco pelos canais é uma ótima opção para admirar a arquitetura dos séculos XV a XVIII dos bairros de

Begijnhof ou Jordaan. Em toda a cidade ex-istem pastelarias e restaurantes, que o convidam a fazer uma saborosa refeição: panquecas recheadas de queijo, presunto ou sushi, pastéis de carne, saladas, torta

de maçã. Pode aproveitar ainda para fazer compras nas lo-jas das ruas Nine Streets ou Pieter Cornelis Hooftstraat. A acolhedora cidade de Amesterdão tem tudo para lhe proporcionar uma via-gem inesquecível, com lin-das recordações.

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lazEr

Ilhas GalápagosPor Cristina Apolónia

Uma viagem às Ilhas Galápagos é a experiência de uma vida. Localizada a cerca de 1000km do Equador, fazem parte deste país e têm como língua oficial o Espanhol. Este arquipélago con-siste em 13 grandes il-has, 5 das quais são des-abitadas. As ilhas são ricas em geologia vulcânica, flora e fauna e têm sido ob-jeto de estudo de diver-sos viajantes, cientistas ou meros amantes da natureza.

Os cientistas ainda enfrentam o mistério que é a enorme di-versidade de espécies que se encontram nestas ilhas. Uma das primeiras pessoas a “pôr o pé” neste arquipélago foi o famoso Charles Darwin, em 1845 e ficou fascinado pela sua história natural. Diz-se que a sua estadia de cinco semanas deu um impulso no seu estudo sobre a evolução das espé-cies.Em mais de 450 anos de “história humana” estas ilhas já serviram de portos navais, estações de pesquisa e até de prisões coloniais. Mas hoje em dia, o arquipélago é princi-palmente estudado por biólogos a me-nos que, haja al-guma erupção vul-cânica e nesse caso torna-se um autên-tico observatório para os peritos nes-ta área.As Ilhas Galápagos são abençoadas pelo clima agradável todo o ano, por isso não há uma altura do ano ideal para as visitar.

Bruxelas Por Cecília Palma

Para os apreciadores de uma viagem mais calma e serena, nada melhor do que visitar Bruxelas. A capital da Bélgica tem muito para ver, saci-ando todos os gostos. P o d e m o s começar pela parte monu-mental, esta cidade do norte da Eu-ropa oferece ao turista a oportunidade de visitar alguns monumentos

históricos, entre os quais catedrais, igrejas, palácios, estátuas, galerias, e os mais importantes La Grand Place que na primavera é enfeitada pelos vendedores de flores, Le marché aux fleurs. E o pequeno Manneken-pis, uma das figuras mais emblemáticas da cidade, que existe devido a uma lenda, segundo a qual um senhor que perdeu

na multidão destas ruas o filho único voltou a encontrá-lo, após cinco dias, no mesmo sítio onde a estatua se encontra e na mesma atitude. Cabe-lhe agora a si descobrir o resto dos pormenores desta lenda. Mas não podemos es-quecer que esta cidade é mundialmente con-hecida por ser sede da comissão e do conselho da Comunidade Euro-peia, sendo que tam-bém nos é possível visi-tar o famoso Atomium. Um dos parques a não perder é o Mini Europe, onde estão represen-tados monumentos de muitas cidades do mun-do em ponto pequeno. Por fim, não se esqueça de provar as deliciosas Pralines, Gauffres e Crepes típicas do país.

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LazerTóquio, JapãoPor Raquel Viegas

Tóquio é a capital do Japão e a maior ilha do arquipélago. A sua área metropolitana possui mais de 31,2 milhões de habitantes, o que a torna na maior área urbana do mundo.

Alegar que passear por Tóquio é uma viagem ao futuro não é exagero, a capital abriga tudo o que há de mais moderno no mundo. Um dos prin-cipais pontos turísticos de-sta cidade é a famosa Torre de Tóquio. Foi inspirada na Torre Eiffel, tem 333 metros de altura, e a par-tir dali pode contemplar toda a cidade. Dê também um passeio pelo Rio Sumida, onde viajará num barco quase todo feito em vidro.

Se é fã de tecnologia vá a Akihaba-ra, e com certeza encontrará o que procura. Se quiser aproveitar a noite, passe pelo New York Bar e aprecie a bela vista noturna da cidade ou então vá conhecer o Absolut Icebar Tokyo, feito total-mente em gelo. Por fim, não deixe de provar a gastronomia japonesa, que vai muito para além do sushi ou do tofu.

Conhecer bem a cidade de Tóquio é uma tarefa difícil, tanto pela distância quanto pelos altos custos. Mas vale a pena encarar a multidão e apreciar tudo o que esta bela capital reserva. ■

Mundo Contemporâneoapoia

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dEsPorto

Com a chegada da época natalícia, vem a já habitual paragem de Inverno nos grandes campeonatos europeus de futebol, sendo a Premier League a única exceção. Coincidindo com o meio da temporada, aproveitamos esta altura

para analisar o que se tem passado nos campeonatos português, inglês, espanhol, italiano, alemão e francês.

Os campeonatos europeus vistos à lupapor Fábio Gonçalves, Pedro Nascimento e Fernando Martins

Porto bem encaminhado para a recon-quista

Após perder na época passada, para o Benfica, a hipótese de conquistar o tetra-campeonato, o FC Porto parece bem encaminhado para reconquistar a hegemonia do futebol português.A apenas uma jornada do final da primeira volta, a equipa comandada por André Villas-Boas conquis-tou 38 pontos em 42 possíveis, tendo já oito de avanço sobre o segundo classificado. Para isto muito tem contribuído a dupla de sucesso Hulk-Falcão, que é responsável por mais de metade dos golos que o

Porto apontou.Quanto ao campeão em título, o Sport Lisboa e Ben-fica, vai tentando recuperar o atraso provocado pelo pior início de época da sua história, onde conquistou apenas três pontos nas primeiras quatro jornadas. Apesar disto, esta parece ser a única formação capaz ainda de ameaçar a liderança portista, uma vez que os outros candidatos ao título – Sporting e Sporting de Braga – estão já a uma distância quase irrecuper-ável.Muito interessante parece ser a luta pelo acesso à Liga Europa, onde existem várias equipas a lutar por dois lugares, já que os três primeiros parecem reservados aos chamados três grandes. Nesta luta inserem-se os sempre fortes Vitória de Guimarães, Sporting de Braga e Nacional da Madeira, sendo que as duas grandes surpresas da liga até ao momento, União de Leiria e Beira-Mar, podem ter uma palavra a dizer.Por fim, na sempre complicada disputa pela ma-nutenção, Naval e Portimonense afiguram-se para já como os principais candidatos à despromoção, pois encontram-se a uma distância já considerável da linha de água. No entanto, Vitória de Setúbal, Rio Ave, Paços de Ferreira e Olhanense não se podem descuidar, sob pena de poderem ser surpreendidos.

Manchester Utd lidera quarteto favorito

Os Red Devils passaram o Natal num 1º lugar muito pouco con-fortável, pois apesar da boa ép-oca realizada até agora, Arsenal, Manchester City e Chelsea não estão longe da equipa do portu-guês Nani. Apesar dos incidentes com Wayne Rooney e de alguma irregularidade demonstrada fora

de Old Trafford, a equipa de Sir Alex Ferguson tem sido a mais forte, justificando a posição que ocupa atualmente. Os principais responsáveis por esta liderança são Dimitar Berbatov, melhor marcador da prova com 11 golos, Nani, que se tem assumido como uma das figuras da equipa, e o francês Patrice Evra, que se apre-senta em grande forma nesta 1ª metade de temporada.

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dEsPorto

O Arsenal tem falhado nos grandes jogos e, por isso, apesar do bom futebol praticado, encontra-se a 2 pontos do líder com mais um jogo disputado. Cesc Fàbregas e Andrey Ar-shavin têm levado os Gunners a uma boa época, mas para poderem almejar o título inglês terão que ser mais eficazes nos momentos decisivos. Em igualdade pontual com o Ar-senal situam-se os milionários do Manchester City. Bem re-forçados após o mercado de verão, os Citizens conseguiram aumentar o nível do seu jogo para patamares mais próximos do exigido e encontram-se na luta pelo título. A equipa que tem em Tévez a principal figura já não vence o campeonato desde 1968, e para o conseguir este ano terá de manter um coletivo forte para fazer frente à forte concorrência.No 4º lugar está o atual campeão, Chelsea. Os Blues iniciaram

a defesa do cetro com grande fulgor, mas uma recente onda de maus resultados tirou a equipa do topo e coloca em risco a revalidação do título. É crucial que a equipa capitaneada por John Terry alcance uma estabilidade emocional que lhe permita recuperar o nível exibicional apresentado tanto no ano passado, como nos primeiros meses da presente época. De olho nos lugares cimeiros encontra-se o Tottenham, que apesar de não figurar nos favoritos, pode ter uma palavra a dizer se Gareth Bale e Van der Vaart jogarem o que sabem. Os aflitos Wigan, Wolverhampton e West Ham ocupam o fundo da tabela, numa luta pela manutenção que deve in-cluir ainda Fulham e Birmingham, e que deverá durar até ao último minuto do campeonato.

Mourinho e Ronaldo ou Guardiola e Mes-si?

No país dos campeões da Europa e do Mundo, a liga das principais estrelas continua a ser disputada a dois: Barcelona e Real Madrid.A liga de nuestros hermanos teve o verão mais inter-essante da Europa com a chegada do “Special One”. Mourinho, campeão europeu de clubes, largou Milão para se juntar a Cristiano Ronaldo na tentativa de acabar com a geração do “tiki taka”.Os bi-campeões espanhóis continuam a ser os principais favoritos à conquis-ta do título e a mistura de talento dos três nomeados para melhor jogador do mundo pela FIFA (Xavi, Iniesta e Messi)

aliada à capacidade finalizadora do campeão do mun-do Villa e ao estilo de jogo ofensivo de Guardiola po-dem fazer toda a diferença. Neste campeonato à parte e com 16 jogos já disputa-dos, são dois os pontos que separam os eternos rivais. O Barça segue na frente, muito graças ao clássico que marca a 1ª volta de La Liga, onde 5-0 foram números mais que esclarecedores sobre a superioridade dos catalães. Para os lados da capital, a entrada de Mourinho e as chegadas de Ozil, Carvalho, Di Maria e Khedira, mais a coqueluche Ronaldo, fazem sonhar os adeptos. Os madrilistas, apesar da pesada derrota em Camp Nou, continuam legitimamente a acreditar no título. No campeonato das competições europeias, o Villar-real começa a distanciar-se dos rivais e ocupa o 3º lugar, numa equipa onde Marchena, Capdevilla, Ca-zorla e Senna dão a experiência necessária ao subma-rino amarelo que quer voltar à Liga dos Campeões. Valência, Espanhol de Barcelona e Atlético de Madrid ocupam os outros lugares que dão acesso à Europa, mas têm Athletic de Bilbau e Getafe colados à espera

de um deslize.Levante, Almería, Málaga, Sporting Gi-jón e Zaragoza ocupam os últimos lugar-es da liga, numa luta pela permanência que promete ser renhida até final.

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Um lugar para sete candidatos

Em Itália, o campeonato está ao rubro! Decorridas 17 jornadas, o Milan segue na frente, mas com seis equipas na sua perseguição que mantêm legítimas aspirações de chegar à liderança.Com o antigo técnico do Cagliari – Massimiliano Al-legri – agora ao comando, o Milan chega ao inter-valo da temporada na frente, mas apenas com mais três pontos que os dois segundos classificados. Com uma equipa bastante reforçada, tem sobres-

saído a classe e a eficácia de Zlatan Ibra-himovic, que neste seu re-gresso ao país t r a n s a l p i n o , leva já nove golos apontados que valeram treze pontos à sua formação.Logo atrás aparecem as duas surpresas desta Sé-rie A: o Nápoles, com um tridente ofensivo de luxo composto por Hamsík, Lavezzi e o reforço Cavani; e a Lazio comandada pelo talento de Hernanes. Também na perseguição ao líder aparecem Juven-tus, Roma, Palermo e o ainda campeão, Inter de Milão, que apesar da boa temporada de Samuel Eto’o, tem sido a grande desilusão da época, com o técnico Rafael Benítez a ser extremamente con-testado.Na luta pelas competições da UEFA, para além das equipas já citadas podemos encontrar ainda Sampdória, Chievo, Génova e Udinese, onde milita o goleador do campeonato António Di Natale, que prometem lutar até à derradeira jornada pelos seus objetivos.Quanto à disputa da fuga à despromoção, Cese-na, Lecce, Brescia e Bari serão provavelmente as quatro equipas que irão batalhar por um único lugar acima da linha de água, que lhes permita manter-se entre os grandes do futebol italiano.

Borussia Dortmund domina Bundesliga

Esta equipa, que já foi campeã alemã por 6 vezes, fez uma primeira metade de campeonato acima das espetativas, al-cançando à 17ª jornada uma vantagem de 10 pontos para os dois mais próxi-mos perseguidores, Mainz e Bayer Leverkusen. Para este arranque mui-to contribuíram as prestações de joga-dores como Sahin, Subotic e Barrios, ou as grandes revela-ções da liga: Shinji Kagawa e Mario Götze. Estes dois jovens jogadores, que ainda na época passada eram praticamente desconhecidos, já contribuíram, em conjunto, com 10 golos e 7 assistências.

Quem está a realizar uma fraca temporada é o atual campeão, Bayern de Munique. A equipa bávara, que se en-contra a 14 pontos do líder, pode queixar-se do azar, pois não pôde contar com dois dos seus jogadores mais influen-tes – Ribéry e Robben – durante grande parte do início de época. A equipa do técnico Louis Van Gaal tem alternado

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entre as grandes exibições em casa – onde é a equipa com mais pontos e golos da liga – e as más prestações em terreno alheio – tem somente 2 vitórias em 8 jogos. No en-tanto, com o regresso de Ribéry e com a excelente forma revelada pelo avançado Mario Gomez, que já conta com 12 golos apontados, é de prever que a equipa mais titu-lada da Alemanha recupere na classificação. Há ainda que destacar a época realizada por equipas menos cotadas, como Mainz, Hannover ou Friburgo, pois partiram para a temporada com o objetivo da manutenção, e surgem à 17ª jornada na luta pelos lugares de acesso às competições europeias. Num plano distinto aparecem Estugarda, Coló-nia e Borussia Monchengladbach pois acabam 2010 na

zona de descida. Também Werder Bremen e Wolfsburgo têm desiludido – têm ambos apenas 19 pontos – pois têm plantéis e expetativas nada condizentes com a sua posição atual. No plano individual tem-se distinguido o melhor marcador da prova, Gekas (14 golos), e ainda Arturo Vidal (B. Lerverkusen), Didier Ya Konan (Hannover 96) e Andre Schürrle (Mainz 05), pois têm conduzido as suas equipas ao sucesso.Posto isto, os clubes de Dortmund, Leverkusen e Munique afiguram-se como os principais candidatos ao título, sendo que a vantagem alcançada pelo Borussia se pode revelar decisiva.

Lille e Paris SG são lideres…a 6 pontos do 11º!

Em França o equilíbrio tem sido a nota dominante agora que estamos quase a findar a 1ª volta, pois ape-nas seis pontos separam o 1º classificado do 11º. O Lille, apesar de à 4 jornada apenas contar por em-pates os jogos realizados, chega à reta final do tér-mino da 1ª volta na liderança. A equipa do nordeste de França tem em Moussa Sow o melhor marcador da competição e o senegalês é o principal desequilib-rador dos comandados de Rudi Garcia, que repartem com o Paris SG o comando da liga. A equipa da capi-tal francesa, que tem estado arredada dos primeiros lugares nas últimas épocas, quer voltar a conquistar o Championnat e conta com históricos como Coupet, Makélélé ou Giuly para cumprir os seus objetivos.

Nos lugares que dão acesso às competições europeias encontram-se Rennes – a grande surpresa no topo da classificação – e o super candidato Lyon, que depois de um início catastrófico (5 pontos em 21 possíveis) já se colou ao topo. A equipa dos ex-portistas Cissokho e Lisandro López perdeu a hegemonia dos últimos dez anos, onde ganhou sete títulos, mas continua a ser o principal candidato das casas de apostas. Quanto ao campeão Marselha, ainda está a recuperar da perda de Niang, melhor marcador da época transata, para os turcos do Fenerbahçe. Gignac parece não ter sido a melhor escolha para o lugar do senegalês no Vélodrome, pois um golo em 17 jogos é bastante es-casso para os 15 milhões de euros investidos na sua contratação.Saint-Étienne, Brest, Toulouse, Bordéus, Montpellier e Sochaux espreitam de perto os lugares cimeiros com o objetivo de acabar nos lugares que dão pas-sagem às competições europeias.Nos lugares de descida já se começam a definir lugar-es com Valenciennes, Mónaco, Caen e Lens a disputa-rem a fuga às duas vagas da manutenção, já que o lanterna vermelha desde o início da competição é o Arles-Avignon que parece ter já destinado o regresso à liga secundária. ■

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dEsPorto

No dia 12 de dezembro, Albufeira recebeu o Campeona-to da Europa de Corta Mato SPAR 2010, um espetáculo

desportivo marcante na história do atletismo em Portugal. O evento realiza-se anualmente desde 1994 e o programa da competição totaliza seis provas para três escalões, em ambos os sexos: Seniores, Sub-23 e Juniores.Numa prova onde estiveram pre-sentes 515 atletas de 33 países, o destaque vai, quase por inteiro, para Jéssica Augusto que se sagrou campeã europeia de Corta Mato, tornando-se na primeira portuguesa a conquistar o ouro individual nestes campeonatos, depois de já ter sido segunda classificada em 2008. Tam-bém neste europeu, Dulce Félix e Rui Pinto conseguiram subir ao pódio e conquistaram a medalha de bronze, nas categorias de seniores femininos e juniores masculinos, re-spetivamente. Por fim, destaque ainda para o atleta portu-

guês de ascendência marroquina, Yousef el Kalai, que nos seniores masculinos, alcançou também o terceiro lugar.Para além dos títulos individuais, Portugal brilhou ainda nas provas coletivas, ao revalidar o título europeu de seniores femininos e alcançando ainda a segunda posição nos senio-

res e juniores masculinos. No caso das mulheres, esta conquista rep-resenta o terceiro triunfo consecu-tivo da seleção nacional, depois das vitórias em Bruxelas (2008) e Dublin (2009). Este feito foi alcançado dev-ido ao facto da equipa lusa ter colo-cado cinco atletas nos dez primeiros lugares da classificação, amealhando assim 19 pontos. Para além das já citadas Jéssica Augusto e Dulce Fé-

lix, Marisa Barros terminou a prova na quinta posição, Sara Moreira foi nona e, por fim, Ana Dias alcançou o décimo posto. ■

Campeonato Europeu de Corta Matopor Sandra Canhoto

O Inter de Milão venceu o Mundial de Clubes 2010 ao ter derrotado os congoleses do Tout-Puissant Mazem-

be por 3-0, com golos de Goran Pandev, Samuel Eto’o e Jonathan Biabiany. A final realizou-se no dia 18 de dezem-bro, tendo como palco o estádio Zayed Sports City, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.

Os “nerazzurri”, ao conquistarem a sétima edição do Mun-dial de Clubes, sucedem ao Barcelona (vencedor na época transata) e juntam assim mais um troféu às conquistas de uma época marcada por muitos triunfos. Com a vitória nesta prova, os italianos acabam o ano com chave-de-ouro,

depois de vencerem a Liga dos Campeões, a Liga Italiana, a Taça de Itália e, ainda, a Supertaça Europeia.O jogador do Inter de Milão Samuel Eto’o foi considerado o melhor futebolista da competição, com os outros lugares do pódio a serem ocupados por Dioko Kaluyituka (jogador do TP Mazembe) e D’Alessandro (jogador do Internacional Porto Alegre), 2º e 3º lugares, respetivamente.No jogo em que se discutia o 3º lugar da competição, os brasileiros do Internacional Porto Alegre levaram a melhor e derrotaram os coreanos do Seongnam IC por 4-2, com go-los de Tinga, Alecsandro (2) e D’Alessandro. Na reta final da partida, embora estivessem a perder por 4-0, os coreanos não desistiram e conseguiram ainda reduzir a desvantagem através do bis de Molina, fixando assim o resultado final.É de salientar que o Mundial de Clubes é uma competição em que estão presentes os vencedores das várias confeder-ações mundiais e a equipa campeã do país organizador. Este ano, a prova contou com a presença do Al-Wahda (campeão nacional do país organizador), Inter de Milão (detentor da Liga dos Campeões da Europa), Seongnam Ilhwa Chuma (vitorioso na Liga dos Campeões da Ásia), Tout-Puissant Mazembe (vencedor da Liga dos Campeões da África), In-ternacional Porto Alegre (detentor da Taça dos Libertadores da América), Pachuca (vencedor da Liga dos Campeões da CONCACAF) e, por último, Hekari United (vitorioso na Liga dos Campeões da Oceânia). ■

Inter conquista Mundial de Clubespor Andreia Ruivo

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26 // Mundo Contemporâneo

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Mundial de Natação em Piscina Curtapor Liliana Lourencinho

Realizou-se entre os dias 15 e 19 dezembro no Dubai, Emiratos Árabes Unidos, a 10th FINA World Swimming

Championships (25m) que galardoou o norte-americano Ryan Lochte e a espanhola Mireia Belmonte como mel-hores nadadores da competição.

O campeonato mundial de natação em piscina curta é or-ganizado, desde 1993, de dois em dois anos pela Federação Internacional de Natação e é disputado em piscinas de 25 metros. Neste campeonato são disputadas provas, tanto masculinas como femininas, de estilo livre, peito, costas, mariposa e estilos.

DestaquesA nível internacional, o norte-americano Ryan Lochte foi a estrela deste campeonato ao conquistar seis títulos mundi-ais, um deles coletivo, e dois recordes mundiais nos 200 e 400 metros estilos. Lochte garantiu seis medalhas de ouro e uma de prata e, mais importante ainda, dois recordes do mundo, sendo o único a consegui-lo a título individual na competição deste ano. O norte-americano impôs-se nos 100, 200 e 400 metros estilos, 200 livres e 200 costas, além da estafeta 4x100 estilos, conquistando ainda a prata nos 4x200 livres. Com as medalhas que alcançou, Lochte jun-tou também o seu nome à história, uma vez que foi o pri-meiro nadador a conseguir arrecadar 7 medalhas na mesma edição da competição. Assim, graças aos seus feitos neste mundial, Lochte foi mais uma vez distinguido com o prémio de “Melhor Nadador” da prova, feito que já tinha alcançado nos mundiais de 2006 e 2008.Do lado feminino o destaque vai sem dúvida para Mireia Belmonte. A espanhola venceu 4 medalhas neste campe-onato – ouro nos 200 e 400 metros estilos, nos 200 met-

ros mariposa e ainda prata nos 800 metros livres, acabando estes prémios por lhe valer a entrega do título de “Melhor Nadadora” pela Federação Internacional de Natação (FINA).No total 22 países foram medalhados no Dubai, sendo que no top5 temos os EUA com 25 medalhas (incluindo 12 de ouro), a Rússia com 10 medalhas, Espanha com 8, China com 14 e França com 8.

Portugueses em provaEntre os portugueses presentes na prova há que destacar, nos masculinos, Duarte Mourão, Diogo Carvalho e Nuno Quintanilha, e Sara Oliveira nos femininos. Sara Oliveira terminou na 16ª posição as meias-finais dos 100 metros mariposa, após ter batido o recorde nacional nas eliminatórias. A nadadora portuguesa completou a dis-tância em 58,72 segundos, marca um pouco acima da que havia realizado nas eliminatórias, onde retirou 11 centési-mos de segundo ao anterior máximo nacional, que também lhe pertencia.Quanto a Diogo Carvalho e Duarte Mourão, ambos sentiram a frustração de perder a hipótese de lutar por uma medal-ha. Diogo Carvalho ficou em 11º nos 200 e 400 metros es-tilos, e embora a marca conseguida nos 200 metros tenha sido a sua mais rápida de sempre (1m55,87s) sem os anti-gos fatos de borracha, não foi suficiente para chegar à final como tinha conseguido em 2008. Já Duarte Mourão encer-rou a participação portuguesa nos mundiais de natação em piscina curta, também ele com um 11º lugar mas nos 200 metros mariposa, sendo esta a sua segunda melhor marca pessoal. Além de Duarte Mourão, que ficou a 6 centésimos de disputar a final, nos 200 metros mariposa participou também Nuno Quintanilha, que terminou no 27º lugar. ■

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Atualidade

Decerto não a “pri-meira grande cyber-

guerra”, como alguns o chamam, no entanto o confronto digital acerca da informação espalhada por WikiLeaks tomou propor-ções nunca antes vistas no

que toca ao efeito que o mundo virtual tem na vida real. Este mês tem-se revelado uma altura decisiva para WikiLeaks. Foi após o primeiro encerramento do website este ano que um exército de activistas lutou em sua defesa. Pode ainda não ter começado uma guerra, mas adivin-ham-se muitas batalhas. Há várias teorias em relação aos efei-tos políticos que esta fuga de informa-ções terá. O que de facto tem vindo a gerar controvérsia é a questão se o povo tem ou não direito de saber e até onde vai a liberdade de informação.

Com o fundador Julian Assange preso, vários ativistas sobre o nome de “Anon-ymous” usam software disponível gra-tuitamente para atacar os websites responsáveis pelo encerramento do WikiLeaks. Diz-se que Anonymous tem alguma ligação a 4chan.org, um forum famoso pelas suas mensagens anar-quistas, responsáveis por muitos dos mais populares memes espalhados pela internet, como o Rickrolling e LOL-cats. Os posts de membros do 4chan não-identificados ficam marcados como “Anonymous”, uma das razões para acreditar que esta é a fonte da força coletiva por detrás dos ataques virtuais.Este grupo anónimo já é conhecido por ter tido ação contra inúmeros alvos, in-cluindo os Scientologists e a associação da indústria de gravação da América, porém a defesa do WikiLeaks é a mais notória até hoje.

Anonymous atua através de ataques DDoS (distributed denial of service), que tem como intenção inundar o website-alvo com um enorme mon-tante de tráfego, com o objetivo de o forçar a fechar temporariamente. Isto é um esforço coletivo mas vindo de várias fontes isoladas e como acto in-dividual não é considerado infracção à lei. É difícil saber o que irá acontecer a se-guir pois isto pode facilmente tornar-se numa cyber-guerra como pode já ter atingido o pico do interesse público e ser esquecido com o passar do tem-po. ■

Spheroorbotix.com

Esta esfera criada pela em-presa norte-americana Or-botix pode ser controlada

através de um smartphone e é bem capaz de ser um

protótipo que irá revolucio-nar o mercado de jogos. Através do sistema Blue-

tooth, é possivel usar telefones celulares como

controles capazes de determinar o movimento

de robôs. Deve chegar a Portugal em 2011.

Breathkeybreathkey.com

Agora tiras as dúvidas de-pois de ires beber com os teus amigos. Antes de te

meteres no carro sob a in-fluência de álcool, verifica

a percentagem com este gadget do tamanho de um

porta chaves. A bateria dura vários anos mesmo

se o usares todos os dias. Diz-se que este gadget é

o medidor de álcool mais pequeno do mundo.

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Para os gamers que gostam de jogar em competição, este é o rato ideal. Com uma tecnologia wireless de 2.4GHz que promete apenas ter um atraso de

um milésimo de segundo. A bateria dura até 9 horas

de jogo e com cada compra deste rato dão-te mais uma bateria para poderes jogar sem parar. Foi desenhado

com o factor-comforto em mente, proporcionando

comandos ajustáveis à tua

mão.

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Esta torradeira sem divisões consegue tostar todo o tipo de pão, seja qual for a sua densidade. O pão é posto

directamente na superficie aquecida por uma unidade de 700 watts e tosta ou descon-

gela o pão muito rapidam-ente. Quando não o está a utilizar, pode guardá-lo na

vertical, paupando espaço.

Confrontos digitais com consequências reaispor Maartje Vens

CiênCia E tECnologia

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Mundo Contemporâneo // 29

Ao longo do ano de 2010, com o crescimento das dificuldades que

resultam da crescente crise, várias mulheres criam blogues com o intuito de partilhar formas de poupar e sobre-viver à crise.Com as dificuldades a fazerem-se sentir cada vez mais, estas formas de poupar vão desde sugestões para um melhor controlo do orçamento do-méstico, até à partilha de informações

de preços de gasolina. A ideia para a criação destes blogues surgiu do resultado de uma crescente tempestade de críticas à crise e às dificuldades que dela surgem, na rede social do Facebook. Assim sendo, este grupo de mulheres têm como objetivo a partilha e descoberta de informação que lhes permita poupar e adaptar-se à crise que nos rodeia. Uma das mul-heres ligadas a este tipo de fontes de informação, Rute Carréu, afirma que a necessidade de poupar surge muito antes da criação do seu blog “Tostões cá de casa”. De facto, foi depois do nascimento do seu filho, que se depa-rou com inúmeras dificuldades e uma enorme necessidade de recorrer às poupanças.Outro exemplo é o de Carla Silva, que

criou o blog “calateepoupa.blogspot.com”. Carla, adianta que a insegurança profissional é o motivo da poupança, por outro lado, através do mesmo, Carla afirma que tanto partilha ex-periências como aprende com outras pessoas.São vários os blogs que abordam es-tes temas. Ora, sendo a gasolina um produto com preço instável, é conse-quentemente o tema atualizado. Estas mulheres preferiram parar com as lamentações e passar à ação, aju-dando-se mutuamente através das suas ideias.A junção das novas tecnologias com a experiência adquirida ao longo da vida destas donas de casa trazem ao leitor inúmeras dicas bastante pertinentes nos dias que correm, sendo esse um

Crise leva donas de casa a criarem Blogues Anti-Crisepor Micaela Leal e Sofia Carvalho

CiênCia E tECnologia

TOP 3 jogos flash do mês

És um robot partido e tens de te reparar para fazer a tua mãe feliz. Não a queres desapontar pois não? Faz o que te dizem e sobrevive os perigos que te vão surgindo. Se não acreditas o melhor é experimentar:http://www.newgrounds.com/portal/view/556643K.O.L.M

Género: Aventura

Luta contra robots, extraterrestres e zombies nesta batalha futuristica para salvar o planeta Terra. Ou então, podes juntar-te ao dark side e destruir o planeta. Se não acreditas o melhor é experimentar:http://www.box10.com/raze.html

Se gostas de Street Fighter, vais gostar da versão mini flash do jogo original do Pocket Fight-ers para a playstation.Se não acreditas o melhor é experimentar:http://www.friv.com/index10.html

RazeGénero: Shooter

Pocket FightersGénero: Luta

Abastecer pela fresca. Esta é a melhor altura do dia para abastecer o automóvel. Seja de manhã cedo ou mesmo à noite, ou seja, nos períodos mais frescos do dia. Isto porque a gasolina está mais densa nesta altura e, como a gasolina é paga ao litro, comprará mais por menos.

Carro para tudo. Antes de sair, pense em todos os sítios onde possivelmente terá de se deslocar mais tarde ou nos próximos dias – lavandaria, banco, florista, casa da mãe – faça tudo de uma só vez, seguindo a rota mais direta.

Dicas de Blogues para poupar no combustível

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“Sá Carneiro era mais à es-querda do que eu”

Almeida Santos, presidente do PS

“Acho que o papa só relem-brou o que já consta nos documentos oficiais: que é preciso atuar no concreto, onde, às vezes, o estar calado é pecado”

D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa

“A minha vida afetiva reduz-se a meia hora por semana e não quero mais compromissos”

José Cid, cantor

“É preciso um FMI nas autar-quias”

José Junqueiro, secretário de estado

da administração local

“[no natal], para ninguém me chatear, costumo passar um cheque à minha mulher”

Alberto João Jardim, presidente do governo

regional da Madeira

“Andam à solta em Lisboa uns vam-piros insaciáveis fardados de polícia municipal”

Miguel Sousa Tavares, comentador

“O PSD tem de ter muito juiz-inho e ser humilde”

Marcelo Rebelo de Sousa, comentador

“O cinema é luz e sombra com seres humanos aflitos lá dentro”

João Botelho, cineasta

“Imaginem o que era ter Man-uel Alegre como presidente da

república”

Pedro Passos Coelho, líder do PSD

“Se quiséssemos uma crise teríamos tido outra conduta. O que temos exigido ao governo é que governe”

Miguel Macedo, líder parlamentar do PSD

Diga?!por Luís Timóteo

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Mundo Contemporâneo // 3122 // Mundo Contemporâneo

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Vê o mundo como ele é...

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Contemporâneo.