11

Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,
Page 2: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

2 3

Música e PalavrasObras da Coleção de Serralves

A exposição “Música e Palavras: Obras da Coleção de Serralves” apresenta trabalhos que testemunham o interesse de artistas visuais nas últimas cinco décadas pelos universos da música, do som, da palavra dita. A aproximação a estes mundos serviu-lhes para saírem do contexto estrito da história das artes visuais e de produzirem obras que se inspiram na vitalidade da música, nomeadamente na música rock. Evidência desta relação entre música e artes visuais são as capas de discos de vinil também apresentadas nesta exposição. Criadas por artistas visuais, foram responsáveis pela circulação massiva de imagens produzidas por nomes tão famosos como Andy Warhol, Robert Rauschenberg, Barbara Kruger, Keith Haring ou Mike Kelley.

As experiências dos artistas com a matéria sonora vieram também enfatizar a sua natureza escultórica e a capacidade para modificar a nossa perceção do espaço. Exemplos paradigmáticos são os trabalhos de Luisa Cunha e Ricardo Jacinto. Luisa Cunha (Lisboa, 1949) é uma artista que trabalha com texto e voz. Os seus trabalhos revelam a adoção da linguagem como material escul-tórico, mais concretamente do som como forma de trabalhar o espaço para além das restrições do visual. Nos seus objetos, assim como nas suas instalações sonoras, existe sempre um reconhe-cimento da implicação do corpo, da nossa relação física com a linguagem. Words for Gardens (2006–07) propõe aos espectadores que olhem para uma paisagem real enquanto ouvem um texto gravado em que a voz da artista descreve o crescimento da relva e a possibilidades da sua captação através do desenho. A maneira como o som altera a forma como percecionamos a relva lá fora vem revelar o poder da palavra dita no nosso entendimento do espaço.

Ricardo Jacinto (Lisboa, 1975), formado em arquitetura, é um artista visual e músico. Os seus trabalhos, que revelam frequente-mente um grande interesse pelo som, recorrem a objetos funcionais e quotidianos. Em Locator (2008), Jacinto cria uma grande escultura a partir de uma mangueira de alumínio com 340 metros. Como acontece muitas vezes no trabalho deste artista, o público tem aqui um papel predominante, já que o propósito dos muitos metros daquele canal é servirem a propagação de som: todas as palavras emitidas por determinado espectador devem ser escutadas, com um tempo de atraso de um segundo, por um interlocutor situado no extremo da mangueira. Além de sublinhar a natureza escultórica do som, esta escultura, ativada pela audiência, impõe a galeria como um território performativo.

Rui ToscanoLight Corner, 2006

Page 3: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

4 5

Outros artistas, mais do que no som e na palavra dita concentram-se diretamente na música — casos de Rui Toscano, Dara Birnbaum, Tone Scientists, Luís Paulo Costa e João Paulo Feliciano. Rui Toscano (Lisboa, 1970) enfatiza com Light Corner (2006) a filiação dos seus trabalhos na história da arte, nomeada-mente no minimalismo. De facto, esta peça de canto assemelha-se formalmente a experiências escultóricas dos anos 1960 acusadas retrospetivamente de negligenciarem a relação da arte com o quoti-diano, com a vida lá fora. Toscano combina muito inteligentemente este pretenso formalismo e ensimesmamento com a cultura popular. As suas esculturas sonoras são compostas por rádio-gravadores portáteis (os “tijolos”, boomblasters dos anos 1980), objeto omnipresente nos videoclips de bandas de hip-hop, símbolo das subculturas de rua.

Dara Birnbaum (Nova Iorque, 1946) surge no contexto artístico nova-iorquino nos anos 1970 e é automaticamente aclamada pela maneira como desconstrói criticamente formas paradigmáticas da cultura popular, nomeadamente da televisão. A sua prática materializa-se frequentemente em vídeos que se apropriam direta-mente da imagética audiovisual, replicando a estética e a ideologia propagadas pelos meios de comunicação de massas. Estas obras são caracterizadas pela interrupção do fluxo de imagens através da sua repetição e da inserção de texto e de música. New Music Shorts (1981) é um exemplo da forma como Birnbaum utiliza a música para revelar energia, intensidades e estados alterados de consciência recalcados na cultura de massas.

Os portugueses Tone Scientists integram “Música e Palavras” com One Chord (2001). Coletivo de artistas formado em 1996 por Rui Toscano, Rui Valério (Lisboa, 1969) e Carlos Roque (Lisboa, 1969), a sua prática transpõe para a arte imagética associada a bandas de música rock, nomeadamente os videoclips. One Chord, uma tripla projeção que apresenta os três artistas a tocar baixo, guitarra e bateria, respetivamente, aproxima-se simultaneamente, em termos iconográficos, dos jogos de computador (graças aos efeitos de animação das imagens, em que se destacam a levitação e rotação dos corpos dos intérpretes) e dos vídeos realizados para promover determinado êxito em canais televisivos de música.

Luís Paulo Costa (Abrantes, 1968) apresenta em Drums (2007) o símbolo máximo do ruído associado à música rock: a bateria. Não estamos, no entanto, perante um instrumento musical que possa ser tocado, produzir som. Embora este trabalho se assemelhe à primeira vista a um readymade, na verdade o artista pintou minuciosamente sobre o objeto cada um dos seus detalhes cromáticos. Sobre o instrumento musical Luís Paulo Costa aplicou uma fina camada de

Dara BirnbaumNew Music Shorts, 1981

Page 4: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

6 7

tinta que o transforma numa réplica exata do original escondido ao mesmo tempo que lhe retira qualquer funcionalidade. Conclusão: apesar da associação visual entre este objeto e insuportáveis decibéis ser quase imediata, esta bateria pintada transforma-se, no seu perpétuo mutismo, na imagem do mais absoluto silêncio.

No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse-quência direta, como veremos, da era digital. A digitalização alterou radicalmente a forma como produzimos, distribuímos e ouvimos música. Atualmente, a música — exatamente como as artes visuais — é crescentemente experienciada através de uma mediação tecnológica, frequentemente de má qualidade. A nostalgia pelo contacto direto, pela experiência real, talvez explique porque estão as artes performativas (performance, dança, conferências- -performance, leituras e outras práticas ligadas às chamadas artes do tempo) a conquistar um espaço inédito no discurso da arte e um novo protagonismo nas programações e coleções dos museus de arte contemporânea.

João Paulo Feliciano (Caldas da Rainha, 1963) é um artista conhecido pelas suas relações com a música: apresentou em museus e galerias de arte instrumentos de produção de música, produziu esculturas que replicam palcos, apropriou-se de capas de discos de vinil, fez uma capa para um disco inexistente (Cover Without a Record, 2008). Crash Music (1991) é uma performance criada pelo artista numa época em que os discos de vinil começavam a ser considerados obsoletos e a ser substituídos pelos CD, e a tornarem-se objetos simultaneamente colecionados por alguns melómanos e vendidos ao desbarato, nomeadamente em feiras dedicadas ao comércio de objetos em segunda mão. Feliciano emprega estes objetos para transpor para o contexto da arte a energia da música rock, bem visível por exemplo na imagem recorrente do guitarrista ou do baixista a destruir em palco o seu instrumento. Na sua perfor-mance são discos de vinil a ser vigorosamente arremessados contra uma parede. Os despojos deste trabalho — um cemitério de pedaços de discos presos na parede e espalhados pelo chão — permanecem no espaço de exposição durante o período em que ela está patente ao público. São testemunho da vitalidade que as artes visuais pedem de empréstimo ao mundo da música popular. Segundo Feliciano, “Crash Music é uma peça sobre misturar culturas apenas pela diversão”. “Música e Palavras” é uma exposição sobre misturar culturas, também pela diversão.

Ricardo Nicolau, Adjunto da Diretora do Museu de Arte Contemporânea de Serralves

Tone ScientistsOne Chord, 2001

Page 5: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

8

Diana Ross, Andy WarholSilk Electric, 1982

Patti Smith, Robert MapplethorpeHorses, 1975

Malcolm McLaren, Keith Haring, World's Famous Supreme Team, The Scratchin', 1984

Sun Ra, Paul Frick, Al Hicks, Bert GlassbergThe Heliocentric Worlds of Sun Ra II, 1966

Page 6: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

10 11

Vasco AraújoHipólito, 2003Vídeo transferido para DVD, cor, som, 14’03’’. Ed. 4/5.Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2004

Dara BirnbaumNew Music Shorts, 1981Vídeo, cor, som, 4:3, PAL, 6’16’’Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2010

Luís Paulo CostaDrums, 2007Bateria pintada, sensor de movimento, som.Dimensões variáveis.Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2008

Luís Paulo CostaIn a Silent Way, 2007Tinta acrílica sobre fio elétrico, colunas. 37 x 400 x 19 cm.Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2009

Luisa CunhaWords for Gardens, 2006–07Auscultadores, leitor de CD, voz gravada (5’42’’, loop).Dimensões variáveis.Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2009

João Paulo FelicianoCrash Music, 199150 LPs atirados contra a parede.Dimensões variáveis.Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2009

Dan GrahamPast Future Split Attention, 1972Vídeo, p/b, som, 4:3, PAL, 17’03’’.Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 1999

Ricardo JacintoLocator, 2008Tubo multicamada de PVC e alumínio, latão.Dimensões variáveis.Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2009

Tony Oursler em colaboração com Sonic YouthTunic (Song for Karen), 1990Vídeo, cor, som, 6’17’’.Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2011

Tone ScientistsOne Chord, 2001Instalação, 3 vídeos (DVD PAL), cor, som, 15’ (cada). Ed. única.Col. Banco Privado Português, S.A. — em liquidação, em depósito na Fundação de Serralves — Museu de Arte contemporânea, Porto. Depósito em 2002

Rui ToscanoLight Corner, 20069 rádio-gravadores portáteis, som. 209 x 185 x 188 cm.Col. Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2008

Pedro TudelaA idade do cacifo, 1997Cacifo em alumínio e som.160 x 34,5 x 40 cm.Col. Banco Privado Português, S.A. — em liquidação, em depósito na Fundação de Serralves — Museu de Arte contemporânea, Porto. Depósito em 1999

Page 7: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

12 13

Laurie Anderson, Robert MapplethorpeStrange Angels, 1989Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Bobby O, Roy LichtensteinI Cry For You, 1983Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Consolidated, Barbara Kruger, Kris Sherburne, William J. DicksonBusiness of Punishment, 1994Disco de vinil (2 vinis) + capa (impressão sobre cartão) (3 elementos).Capa: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Brian Eno, David Byrne, Peter SavilleMy Life in the Bush of Ghosts, 1981Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Philip Glass, Sol LeWittMusic in Twelve Parts. Parts 1 & 2, 1976Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Heróis do Mar, Paulo Nozolino, José Júlio BarrosAmor, 19822 Discos de vinil + 2 capas (impressão sobre cartão). (4 elementos: 2 em cada exemplar). Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Júlio Pereira, Alberto Lopes, Henrique CayatteMiradouro, 1987Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) + 1 livrete + 1 poster (4 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

António Pinho Vargas, Jorge MartinsOs jogos do mundo, 1989Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Rammellzee, K-Rob, Jean-Michel BasquiatBeat Bop, [1983]Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) + poster (3 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Edvard Lieber, Willem de KooningMusic to Paintings, 1983Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Malcolm McLaren, Keith Haring, World's Famous Supreme Team, The Scratchin', 1984Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

New Order, Peter SavilleBlue Monday, 1983Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) + capa interior (3 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Page 8: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

14 15

The Offs, Jean-Michel BasquiatFirst Record, 1984Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

The Rolling Stones, Robert Frank, John Van Hamersveld; Norman SeeffExile On Main Str., 1972Disco de vinil (2 vinis) + capa (impressão sobre cartão) + capa interior (2 capas) (5 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

The Rolling Stones, Andy WarholSticky Fingers, 1971Disco de vinil + capa interior + capa (impressão sobre cartão) (3 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Rip Rig + Panic, Jean Cocteau, Jill MumfordYou're My Kind Of Climate, 1982Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Diana Ross, Andy WarholSilk Electric, 1982Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Patti Smith, Robert MapplethorpeHorses, 1975Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Sonic Youth, Kevin Reagan, Raymond Pettibon, Michael LavineGoo, 1990Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) + capa interior (3 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Sonic Youth, João Paulo FelicianoBlastic Scene, 1995CD + folheto + capa (plástico) (3 elementos).Capa CD: 12,4 x 14,2 x 1 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

David Stewart, Damien Hirst, Mike ParsonsHeart of Stone. (The ‘Sure is Pure’ Remixes), 1994Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Sun Ra, Paul Frick, Al Hicks, Bert GlassbergThe Heliocentric Worlds of Sun Ra II, 1966Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa do disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Sylvester, Keith HaringSomeone Like You, 1986Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Talking Heads, Robert RauschenbergSpeaking in Tongues, 1983Disco de vinil + 3 folhas de acetato + capa (plástico colorido) (5 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Page 9: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

16 17

Music and WordsWorks from the Serralves Collection

‘Music and Words: Works from the Serralves Collection’ presents works that testify to the interest that visual artists have shown over the past five decades in the worlds of music, sound and the spoken word. Drawing closer to these worlds has helped artists to move beyond the strict framework of art history and produce works that draw on the vitality of music, in particular of rock. One clear example of the close relationship between rock music and the visual arts are the vinyl album covers presented in this exhibition. These covers were responsible for the mass circulation of images produced by renowned artists such as Andy Warhol, Robert Rauschenberg, Barbara Kruger, Keith Haring and Mike Kelley.

Visual artists’ experiences with sound have also emphasised its sculptural nature and its ability to modify our perception of space. The works of Luisa Cunha and Ricardo Jacinto are exemplary. Luisa Cunha (Lisbon, 1949) uses language as a sculptural material, in particular sound as a means of working with space beyond purely visual constraints. In her objects and sound installations there is always recognition of the implication of the body, i.e. of our physical relationship with language. Words for Gardens (2006–07) incites spectators to look at a real landscape while listening to a recorded text, in which the artist’s voice describes the growth of the grass and the possi-bilities of capturing this growth process through drawing. Sound changes the way we perceive the grass outside, revealing the power of the spoken word in our understanding of space.

Ricardo Jacinto (Lisbon, 1975) trained as an architect and is a musician and a visual artist. His works often reveal a major interest in sound and use pre-existing functional, everyday items. In Locator (2008), Jacinto creates a large-scale sculpture using a 340-metre aluminium hose. As with other works by the artist, the audience plays a dominant role. The purpose is to propagate sound through one end of the hose. Each word spoken

by a specific spectator should be heard, with a one-second delay, by an interlocu-tor located at the other end of the hose. Besides emphasizing the sculptural nature of sound, this sculpture, activated by speaking, hearing, and listening, defines the sculptural experience as performative.

Other artists represented in the exhibition such as Rui Toscano, Dara Birnbaum, Tone Scientists, Luís Paulo Costa and João Paulo Feliciano, have focused directly on music, rather than sound and the spoken word. Light Corner (2006) by Rui Toscano (Lisbon, 1970) emphasizes Toscano’s indebtedness to art history, in particular to the tradition of minimalism. This work, designed to be placed in the corner of a room, formally resembles the sculptural experiments of the 1960s and combines formalism with popular culture. Toscano’s sound sculp-tures consist of portable radio recorders (the ‘bricks’ or boom blasters of the 1980s) found throughout the music videos of hip-hop bands as a symbol of street subcultures.

Dara Birnbaum (New York, 1946) appeared on the New York artistic scene in the 1970s and attracted attention for her critical deconstruction of paradigmatic forms of popular culture, in particular television. Birnbaum’s works often appro-priate audio-visual imagery, replicating the aesthetics and ideology propagated by the mass media. These works are char-acterised by an interruption in the flow of images through repetition and insertion of text and music. New Music Shorts (1981) is an example of how Birnbaum uses music to reveal energy, intensity and altered states of consciousness that are normally repressed in mass culture.

Tone Scientists is a artists’ collective formed in 1996 by Rui Toscano, Rui Valério (Lisbon, 1969) and Carlos Roque (Lisbon, 1969). The group’s practice involves the transportation of the imagery associated with rock music, including video clips, into art. One Chord (2001) is a triple projection that shows the three artists playing bass guitar, acoustic guitar and drums, respectively, and which simul-taneously approaches, in iconographic terms, computer games, animation effects and videos made to promote a hit song in music television channels.

The Velvet Underground, Christa Päffgen, Nico, Andy Warhol, Acy Lehman, Paul Morrissey, Billy Linich, Nat FinkelsteinThe Velvet Underground & Nico, 19682 discos de vinil + 2 capas interiores + 2 capas (impressão sobre cartão) (6 elementos: 3 em cada exemplar).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Thick Pigeon, Lawrence WeinerThick Pigeon — Too Crazy Cowboys, 1984Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Rafael Toral, Heitor Alvelos, Jon WozencroftViolence of Discovery and Calm of Acceptance, 2001Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Rafael Toral, Daniel Malhão, Helder Luís, Mário FelicianoSpace, 2007Disco de vinil (2 vinis) + capa (impressão sobre cartão) (3 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Vários; Keith Haring; George DelmericoA Diamond Hidden in the Mouth of a Corpse, 1985Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Mason Williams, Ed RuschaMusic, 1969Disco de vinil + capa (impressão sobre cartão) (2 elementos).Capa disco: 31,5 x 31,2 cm.Coleção particular em depósito na Biblioteca da Fundação de Serralves

Page 10: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

18 19

Luís Paulo Costa (Abrantes, 1968) presents in Drums (2007) the supreme symbol of noise associated with rock music: the drum kit. We are not however faced by a musical instrument that can be played, in order to produce sound. Although at first sight this work resembles a readymade object, the artist in fact painstakingly painted each of the chromatic details onto the drum kit. Costa applied a thin layer of paint onto the musical instrument transform-ing it into an exact replica of the hidden original object, while removing any func-tionality. Despite the fact that the visual association between this object and noise is almost immediate, this painted drum kit becomes, in its perpetual silence, an image of absolute silence.

At the other extreme of this silence, the inauguration of ‘Music and Words’ includes a noisy performance, which is a direct result of the digital age. Digitalisation has radically changed the way we produce, distribute and listen to music. At present, music, very much like the visual arts, is increasingly experienced through the use of technology. The nostalgia for direct contact, through real experience, perhaps explains why the performing arts (performance, dance, performance-lectures, readings and other practices related to the so-called temporal arts) are gaining unprecedented space in the discourse of art and a new role in the programmes and collections of contemporary art museums.

João Paulo Feliciano (Caldas da Rainha, 1963) is renowned for his relation-ship with music: he has presented music instruments in museums and art galleries, produced sculptures that replicate stages, appropriated vinyl album covers, and made an album cover for a non-existent record (Cover Without a Record, 2008). Crash Music (1991) is a performance created by Feliciano at a time when vinyl records were starting to be considered obsolete and were being replaced by CDs. They simultaneously became collec-tor’s objects for some music lovers while also being sold off cheaply, especially in second-hand fairs. Feliciano uses these objects to transpose into the world of art the energy of rock music, which is visible in the recurring image of a guitarist or

bassist destroying instruments on stage. In Feliciano’s performance vinyl records are forcefully thrown by the artist against a wall and the leftovers of the work — a graveyard of fragments of records embedded into the wall and scattered across the floor — remain in the space during the period of the exhibition. They provide a testimony to the vitality that the visual arts borrow from the world of popular music. According to Feliciano, ‘Crash Music is a play about mixing cultures solely for fun’. Similarly, ‘Music and Words’ is an exhibition about mixing cultures, also for fun.

Ricardo Nicolau, Deputy to the Director of the Serralves Museum of Contemporary Art

Luís Paulo CostaDrums, 2007

Page 11: Música e Palavras - Serralves · No extremo oposto deste silêncio, “Música e Palavras” integra na sua inauguração uma performance ruidosa, Crash Music, conse- quência direta,

ExposiçãoConceção do programa de itinerâncias: Marta Moreira de Almeida e Ricardo NicolauCuradoria: Marta Moreira de Almeida e Ricardo Nicolau Organização: Fundação de Serralves —Museu de Arte Contemporânea, Porto

PublicaçãoTexto: Ricardo Nicolau Conceção gráfica: Maria João Macedo Coordenação: Maria Burmester Tradução: Martin Dale Créditos fotográficos: Filipe Braga, © Fundação de Serralves, Porto; Lina Bitkeviciute (p. 6). Impressão: Empresa Diário do Porto

Apoio institucional

Fundação de Serralves Rua D. João de Castro, 210, 4150–417 Porto

www.serralves.pt [email protected] Informações: 808 200 543

Galeria Municipal de Arte de BarcelosPraceta Francisco Sá Carneiro4750–297 BarcelosTelf: 253 809 695Email: [email protected]

Horário da exposição:Seg–Dom: 09h30–12h30; 14h00–18h00

Ler/Read

Greil Marcus, Lipstick Traces: A Secret History of the Twentieth Century, Cambridge, MA: Harvard University Press, 1989. Douglas Kahn e Gregory Whitehead (eds), Wireless Imagination — Sound, Radio, and the Avant-garde, Cambridge, MA: The MIT Press, 1994.Nick Hornby, High Fidelity, Nova Iorque: Riverhead Books, 1995. Allen S. Weiss, Phantasmatic Radio, Durham, NC: Duke University Press, 1995. Allen S. Weiss, Breathless: Sound Recording, Disembodiment and the Transformation of Lyrical Nostalgia, Middletown, CT: Wesleyan University Press, 2002. Guy Schraenen (ed.), Vinyl Records & Covers by Artists, cat. exp., Barcelona: Museu d'Art Contemporani de Barcelona, 2005. João Paulo Feliciano, The Possibility of Everything, cat. exp., Lisboa: Culturgest, 2006. Vários Autores, Caminos: Arte Contemporáneo Portugués. Colección Caixa Geral de Depósitos. Adquisiciones 2005/2006, Lisboa: Culturgest, 2006. Luisa Cunha, cat. exp., Porto: Fundação de Serralves, 2007. Dara Birnbaum, The Dark Matter of Media Light, cat. exp., Porto: Fundação de Serralves, Nova Iorque: Prestel/Delmonico Books, 2010.

Ver/See

Andy Warhol, The Velvet Underground and Nico: A Symphony of Sound, 1966 Jean-Luc Godard, Sympathy for the Devil, 1968Michelangelo Antonioni, Zabriskie Point, 1970 Nicolas Roeg, Performance, 1970 Nicolas Roeg, The Man Who Fell to Earth, 1976 Todd Haynes, Velvet Goldmine, 1998 Stephen Frears, High Fidelity, 2000Michael Winterbottom, 24 Hour Party People, 2002 Anton Corbijn, Control, 2007

Ouvir/Listen

Jean Dubuffet, Musique Brut, 1961Nico and The Velvet Underground, The Velvet Underground & Nico, 1967 The Beatles, Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band, 1967The Beatles, White Album, 1968The Rolling Stones, Sympathy for the Devil, 1968The Rolling Stones, Sticky Fingers, 1971 Patti Smith, Horses, 1975 Philip Glass, Music in Twelve Parts, 1976 New Order, Power, Corruption and Lies, 1983Talking Heads, Speaking in Tongues, 1983Sonic Youth, Daydream Nation, 1988 Sonic Youth, Dirty, 1992 Sonic Youth, Sonic Nurse, 2004