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MÚSICA EM CONEXÃO COM A MATEMÁTICA SONIA MARIA PASIANI

MÚSICA EM CONEXÃO COM A MATEMÁTICA · metodologia, da didática e da psicologia. ... Esta afinação tem por base o Lá com 440 vibrações por segundo. A relação entre a Música

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MÚSICA EM CONEXÃO COM A MATEMÁTICA

SONIA MARIA PASIANI

Sonia Maria Pasiani é formada em Educação Artística com habilitação em Música pela FAP e especialista em Musicoterapia pela mesma instituição, é professora da rede estadual de ensino   desde   1987,   tendo   exercido   também   as   funções   de   diretora   substituta,   diretora auxiliar, supervisora, secretária e coordenadora de projetos, tal como Vale Saber.

RESUMO

O propósito deste texto é apresentar em síntese a organização, implementação, e resultados obtidos no projeto elaborado para o Programa de Desenvolvimento em Educação PDE do Estado do Paraná,  “Música em Conexão com Matemática”. O projeto busca aproximar, na prática, conceitos utilizados entre as duas disciplinas, com alunos  de  8ª   série   do  Ensino  Fundamental.  Este  estudo   insere­se  em um enfoque qualitativo  de   tipo  pesquisa­ação,   realizado no Colégio Estadual  Helena Kolody,  município  de  Colombo.  Nesta  perspectiva,  o  objeto  de  estudos  tem por interesse motivar professores de Matemática, de Arte e Música, a desenvolver um trabalho   multidisciplinar,   que   apresente   possíveis   estratégias   no   campo   da metodologia, da didática e da psicologia. Desta forma a busca por uma interação maior   entre   alunos,   professores   e   conteúdos,   sendo   trabalhados   de   forma significativa, viabilizando aos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem maiores possibilidades de correlações entre as diversas áreas de conhecimento. O diagnóstico, verificado a partir da implementação do projeto, possibilita a proposta de algumas reflexões: A importância de uma Equipe Pedagógica (do quadro próprio do magistério QPM) articulada com a equipe diretiva e de fato consciente das ações educativas, a constância do calendário escolar, a quantidade de alunos por turma, a formação do professor na disciplina que atua e os espaços físicos apropriados, são algumas sugestões para a melhoria da qualidade de um fazer pedagógico PALAVRAS   CHAVES:   Ensino   de   Música.   Ensino   de   Matemática.   Ensino Fundamental 

RESUMEN

 El   objetivo  de  este   trabajo  es  presentar  en  síntesis   la  organización,   implementación  y resultados obtenidos en el proyecto “Música en Conexión con las Matemáticas”, elaborado para el Programa de Desarrollo en Educación ­ PDE del Estado de Paraná.  El  proyecto busca aproximar, en la práctica, conceptos utilizados entre las dos disciplinas, con alumnos del   segundo   año   de   educación   secundaria.   Este   estudio   se   encuadra   en   un   enfoque cualitativo del tipo investigación – acción, realizado en la “Escola Estadual Helena Kolody”, en el municipio de Colombo. Bajo esta perspectiva, el objeto de estudio pretende motivar a los profesores de Matemáticas, así como a los de Arte y Música, a desarrollar un trabajo multidisciplinar,  que presente posibles  estrategias en el  campo de  la  metodología,  de  la didáctica y de la psicología. De esta manera, la búsqueda de una interacción mayor entre alumnos,   profesores   y   contenidos   ­trabajados   de   manera   significativa­   aportará   a   los involucrados en los procesos de enseñanza y aprendizaje más posibilidades de correlación entre   las   muchas   áreas   del   conocimiento.   El   diagnóstico,   verificado   a   partir   de   la implementación   del   proyecto,   posibilita   algunas   reflexiones.   También   propone   algunas 

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sugerencias para mejorar la calidad de la labor pedagógica, tales como: la importancia de un Equipo  Pedagógico   (del   cuadro  propio  del  magisterio   ­  QPM)  articulado  con  un  equipo directivo y efectivamente consciente de las acciones educativas, la constancia del calendario escolar, la cantidad de alumnos por grupos, la formación de los docentes en la disciplina en que actúa y los espacios físicos apropiados.

PALABRAS   CLAVE:   Enseñanza   de   Música.   Enseñanza   de   Matemáticas.   Enseñanza Secundaria.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................4

2. DESENVOLVIMENTO......................................................................................9

2.1.  Plano e Ação.................................................................................................9

2.2. Trabalhando com Sons...............................................................................10

2.3. O Corpo como Instrumento Percussivo....................................................15

2.4. Construção do Monocórdio........................................................................18

2.5. Fichas............................................................................................................21 

          2.5.1. FICHA 1..................................................................................................21

    2.5.2.  FICHA 2.................................................................................................23

    2.5.3.  FICHA 3.................................................................................................24

    2.5.4.  FICHA 4.................................................................................................26

    2.5.5.  FICHA 5.................................................................................................26

3.  CONCLUSÃO..................................................................................................28

REFERÊNCIAS....................................................................................................30

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“Pontuar   música   na   educação   é   assinalar   a   necessidade   de   sua prática nas escolas, auxiliar o educando a concretizar sentimentos em formas   expressivas   favorecer   a   interpretação   de   sua   posição   no mundo, possibilitar a compreensão de suas vivências, conferir sentido e   significado   à   sua   condição   de   indivíduo   e   cidadão.   Como   toda comunicação   envolve   conflito,   poder,   ideologia   e   negociação,   o educando   precisa   aprender   a   lidar   com   esses   valores   com competência e autonomia, e aí  emerge a potencialidade da música como agente  mediador,   auxiliando­o  na  construção  de  um  diálogo com a realidade” 

Maria de Lourdes Sekeff

INTRODUÇÃO

As  instituições de ensino, de uma forma geral,  privilegiam sobremaneira o 

conhecimento na área das ciências humanas com ênfase na disciplina de Língua 

Portuguesa   e,   na   área   das   exatas,   o   foco   de   atenção   é   direcionado   para 

Matemática. Um espaço de discussões vivenciado pelos docentes se refere a como 

fazer   um   trabalho   multidisciplinar.   Se   isso   comumente   ocorre   nas   áreas   de 

conhecimento   consideradas   afins,   multiplicam­se  as   dificuldades   de   propor 

conexões entre  o ensino da Música e outro campo do saber.  Diante disso,  este 

trabalho pretende fazer um relato da investigação e da possibilidade de construção 

de   um   plano   de   trabalho   docente   que   inclua   a   interface   musical   nos   diversos 

currículos,   e   que   considere   a   função   poética   presente   nas   estruturas   rítmicas, 

melódicas e harmônicas, bem como sua repercussão nos processos cognitivos. Se 

levarmos   em   conta   que   Português,   Matemática   entre   outras   disciplinas   são 

trabalhadas  por  meio  dos   diversos   códigos   lingüísticos  que   compõem  o   acervo 

científico­cultural   de   quaisquer   povos,   temos   que   propor   a   implementação   da 

lei.nº11.769 de 18 de agosto de 2009, que propõe a inclusão do ensino de Música 

na grade curricular. Com isso, não podemos negligenciar o fato de que a Música 

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também é linguagem (não verbal), o que significa dizer que ela constitui condição de 

conhecimento   e   ordenação   do   pensamento,   atende   a   diferentes   aspectos   do 

desenvolvimento (físico, mental, social,  emocional, espiritual),   fazendo com que a 

vinculação da Música à perspectiva de outros conteúdos disciplinares se transforme 

em agente facilitador e integrador do processo educacional.

Para dar ênfase á necessidade da implementação desta política educacional, 

urge partir do pressuposto de que a Música, desde os tempos mais remotos, por 

meio de sua matéria prima (os sons), estabelece ligações dos seres vivos com as 

forças  da  natureza,  das   interações  que  ocorrem nos  diversos  ecossistemas,  do 

humano com o  divino.  O  ritmo,  um de seus elementos,   rege nossas vidas  pela 

respiração, batimentos cardíacos; rege a natureza com os movimentos de rotação e 

translação,  as  estações  do  ano.   (As  estações  do  ano  acontecem por   causa  da 

inclinação da terra em relação ao sol, no movimento de translação que dura um ano) 

Segundo Lima (1950 p.31) “a palavra ritmo encerra, talvez, a mais importante das 

leis universais, definindo tudo que se relaciona com a ordem e a simetria no tempo e 

no espaço. Na Música,  em particular,  é  o  principio  que preside à  organização e 

distribuição dos valores positivos e negativos das figuras musicais.”

Valores   positivos   e   negativos   correspondem   a   dois   estados   que   se 

complementam, assim como o pensamento e a ação, o dia e a noite. Um não existe 

sem o outro, tal qual o som e o silêncio na música, que juntos criam uma infinidade 

de combinações, compondo ritmos tão diversos demonstrado pelo grande colorido 

das raízes culturais.

Som e silêncio não se opõem na Música. Ao contrário, ambos são elementos 

constituintes do som (numa escala local) e da própria música (numa escala global) e 

estão sempre dialogando. Num mundo onde há cada vez menor espaço, ou tempo 

para o silêncio, considerar esta articulação torna­se uma necessidade crucial para 

se fazer, pensar e ouvir música.

O  universo  é   constituído  por  percepções  sinestésicas  que  se  apresentam 

quando determinadas situações nos  leva a outra, como ouvir  uma música e nos 

remeter para outro tempo ou outro lugar. Estas percepções podem influenciar nosso 

humor  e  comportamento.  A  Música  é   uma   linguagem que   fala  diretamente  aos 

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sentidos, por essa razão está intimamente ligada à percepção. Mas não é qualquer 

percepção   que   a   música   demanda.   Trata­se   de   uma   percepção   elaborada   e 

complexa, envolvendo uma enorme gama de recursos cognitivos. Para Fregtman 

(1986 p. 28) “dependemos do ritmo para pensar, sentir, movimentar­nos ou atuar de 

maneira eficaz e fluida, assim como para perceber adequadamente os estímulos 

exteriores e reagir frente a eles.”

Pode­se perceber pelas citações acima, que o ritmo pode ser medido 

por valores e sentido pela intuição, pode ser concreto e abstrato, fortalecendo desta 

maneira as relações entre os opostos defendidos por Machado(1995) nos estudos 

sobre   Inteligências   Múltiplas,   quando   relacionam   aos   pares   a   Línguistica   com 

Lógico­Matemática,   Corporal­Cinestésica   com   Espacial,   Intrapessoal   com 

Interpessoal e a Musical com a Pictórica, proporcionar relações diversas entre esses 

campos nos dá a idéia de ampliar nossa percepção e cognição.

. A educação deve responder às necessidades gerais, visando a construção 

de indivíduos íntegros, cujas competências organizam­se e articulam­se de forma 

harmoniosa,   favorecendo   a   capacidade   de   associar   o   aprendido   nos   bancos 

escolares às múltiplas situações da vida que contracenam no dia­a­dia.

Despertando para o significado e a importância do pensamento analógico na 

dinâmica de ensino/aprendizagem e, de forma mais ampla, no contexto educacional, 

procurou­se relevar até o momento a relação matemática/música por suas distintas 

qualidades.  O  potencial   conector   entre   âmbitos  afetivos  e   cognitivos  estabelece 

relação entre cenários pertinentes aos universos referidos. Nessas circunstâncias e 

sob uma ótica didático­pedagógica, tal forma de associação de idéias, favorece a 

emancipação de significados de caráter principalmente cognitivo a significados com 

identidade afetivo/cognitivo. 

Valorizando   o   organismo   coletivo   como   catalisador   da   emergência   de 

analogias mais eficazes no processo de aprendizagem, o presente trabalho chama a 

atenção para a apropriação, por parte dos alunos, de esquemas e trajetórias comuns 

entre   conceitos,   teorias   e   áreas.   Busca­se   o   reconhecimento   de   procedimentos 

semelhantes   de   criação  como   de   resolução   de   problemas   a   fim   de   organizar 

processos   cognitivos   futuros.   Mostrando­se   como   “atalhos”   no   acesso   aos 

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conhecimentos de hábitos de inspeção a esquemas dessa natureza, favorecendo a 

fluência de pensamento.

Porém, a música não se constitui somente de ritmo e, ao aprofundarmos as 

leituras, percebemos que ao falar estamos usando sons que se articulam,” subindo e 

descendo” , produzindo sons agudos e graves respectivamente, transformando­se 

em melodias (este falar organizado com o ritmo adquire força nos raps atuais).

Pode­se   fazer   um   paralelo   da   Música   com   a   Matemática   ao   serem 

observados   os   números   de   freqüências   por   segundo  onde   os   sons   podem   ser 

calculados.   Esta  diferença  nas   freqüências,  mais   rápidas   produzindo   sons  mais 

agudos e mais lentas produzindo os sons graves, gera a afinação mais comum dos 

instrumentos,   também  chamado   de”   temperamento   igual”,   que   segundo   Caznok 

(2003 p. 126) “ é um sistema físico­matemático que uniformiza a afinação dos sons 

de forma que cada um tenha uma medida exata. Em uma oitava, os doze semitons 

têm a mesma medida.” Esta afinação tem por base o Lá  com 440 vibrações por 

segundo.

A relação entre a Música e a Matemática pode ser verificada desde a Grécia 

antiga, por volta do sec. VI a.c com um eminente filósofo chamado Pitágoras, que 

desenvolveu trabalhos de pesquisa nas áreas de filosofia e matemática. Para ele 

tudo se constituía em números, que toda música pode ser reduzida a números e 

relações matemáticas,  e  que o universo e  todos os seus  fenômenos podem ser 

explicados na razão dos números e relações matemáticas encontradas na música. 

Estes  estudos   foram  reexaminados  em  outros  momentos  da  história   por   outros 

filósofos   e   cientistas,   trazendo   grandes   confirmações   científicas   para   o   mundo 

moderno. Pitágoras e seus discípulos tinham a música em grande consideração. 

O interesse de Pitágoras pela música segundo Rutherford(1984 )

“é comparado apenas a seu fascínio pelos números, seria de esperar que os pitagóricos tentassem combinar os dois.E, de fato, Pitágoras foi aclamado descobridor do fato de que a corda lá, da 

lira de sete cordas, tinha de ter a metade do comprimento da corda sol, uma proporção de 2:1, para produzir  uma oitava completa, enquanto as cordas intermediárias relacionavam­se umas com as outras nas proporções de 3:2, 4:3,   e   assim   por   diante.   Isso   significa   que   todas   derivavam   das   séries numéricas 1,2,3,4,etc., chegando até dez, número que Pitágoras considerava dotado de atributos especiais”.(RUTHERFORD,1984, p.58)

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Esta alta consideração pela música permanece em nossos dias. Podemos 

citar autores como: l Wisnik, Schaffer e   Abdouner que continuam desenvolvendo 

estudos sobre esta relação fantástica entre sons e números.

Tanto o pensamento musical como o matemático tem em comum a busca por 

padrões  e   regularidades.  Na   música,   a   regularidade   se  apresenta   no   ritmo,   na 

harmonia,  ou na  estrutura de  compassos.  A matemática  busca as  regularidades 

numéricas (pares, ímpares, progressões aritméticas e geométricas), as proporções 

geométricas   constantes   (PI,   razão   áurea),   entre   outros.   Ambas   as   linguagens 

utilizam   símbolos   e   convenções   próprios.   A   própria   notação   musical   tem   uma 

estrutura lógico­matemática por base.

A   organização   das   escalas   musicais   ocorreu   de   diversas   maneiras   em 

diferentes  povos  e  épocas,  porém com alguns aspectos  em comum.  Os  gregos 

desenvolveram os tetracordes (quatro notas, distribuídas em tom, tom e semitom) e 

depois   escalas   com   sete   tons.   Filósofos   como   Pitágoras   e   seus   seguidores 

dedicaram­se   à  construção   de   escalas   desenvolvendo   diferentes   critérios   de 

afinidade.  Por  exemplo,  valorizando os  intervalos de quintas perfeitas  (fração da 

corda correspondente a 2/3)

O fato de a escala pitagórica ser composta por sete notas, o mesmo número 

de  planetas   da  astronomia   antiga   (Lua,  Sol,  Vênus,  Mercúrio,  Marte,   Júpiter,   e 

Saturno), sugeria fortemente uma analogia entre a música e o sistema planetário. 

Imaginava­se que a distância entre os planetas deveria obedecer às mesmas razões 

entre números inteiro da escala musical. Esta “música cósmica” para Pitágoras seria 

produzida pelos planetas ao se moverem através do céu. Assim, a harmonia que 

regia os intervalos fundamentais da música seria a mesma que regia o movimento 

dos planetas.

Corroborando   a   idéia   de   medidas   Pitágoras   criou   o   monocórdio,   um 

instrumento  composto  por  uma única  corda  estendida  entre  dois  cavaletes   fixos 

sobre uma prancha ou mesa, possuindo ainda um cavalete móvel colocado sob a 

corda para dividi­la em duas seções. Concordando com princípios de sua própria 

escola, Pitágoras buscava relações de comprimentos ­ razões de números inteiros ­ 

que produzissem determinados números inteiros.

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A partir do experimento mencionado, Pitágoras estabeleceu relações entre a 

matemática   e   a   música   associando   respectivamente,   os  intervalos   musicais 

referentes   às   consonâncias   perfeitas   ­   oitava   quinta,   e   quarta   ­,   as   relações 

simples1/2, 2/3, 3/4. Estas seqüências correspondem às frações de uma corda que 

fornecem as notas mais agudas dos intervalos referidos, quando se produz a nota 

mais grave pela corda inteira.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Plano e Ação

Quando   se  une  a   teoria  à   prática  no  envolvimento  de  alunos,   vindos  de 

classes sociais diversas, e o corpo docente com a estrutura das escolas estaduais, é 

necessário estimular a emergência de distintas capacidades intelectuais, abrir canais 

adequados às manifestações das aptidões matemático musicais e oferecer solo fértil 

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no   aspecto   cognitivo,   afetivo   e   econômico.  Evitar   deficiências   intelectuais   em 

determinadas   competências,   geradas   muitas   vezes   por   falta   de   estímulos   a 

capacidades ocultamente promissoras, requer um amplo e minucioso trabalho de 

preparação do professor, apoio da equipe pedagógica, envolvimento da direção em 

favor da continuidade e do desenvolvimento das estruturas em andamento.  Este 

trabalho (teoria e prática) quando posto em execução mobiliza redes analógicas, 

trazendo para a discussão situações do senso comum, que propulsiona a emersão 

de acontecimentos da rotina do educando, e que muito enriquece as interpretações 

que o conteúdo abordado sugere. 

No entanto a escola não oferece esta continuidade, pelo contrário são tantas 

as circunstâncias de ruptura na rotina educacional que gera um descompasso na 

seqüência lógica. Freqüentemente tem­se que fazer um trabalho de reaquisição da 

linha de raciocínio a cada novo recomeço, gerando desgastes físico e emocional. 

Para exemplificar, neste ano a escola quebrou sua rotina em vários momentos: troca 

na equipe pedagógica, paradas não programadas em seu calendário, utilização da 

escola como alojamento para os jogos interestaduais, paralisação das atividades no 

período mais agudo da Influenza A (H1N1) e outras situações. Ocorreram também 

algumas alterações nos horários de aulas em função de troca de professores, sem o 

devido aviso aos alunos ocasionando falta do material solicitado e necessário para 

que   aquela   aula   mostrasse   de   forma   efetiva   a   teoria   discutida   num   momento 

anterior.  O   cotidiano   é  muito   bem  abordado  quando   considerado  por   Jusamara 

(2000 p.27 e 28) como categoria de descrição e planejamento da aula. Cotidianidade 

serve como categoria de orientação didática para os professores, com ajuda da qual 

eles   podem   transformar   a   sua   aula,   tornando­a   mais   próxima   da   realidade, 

orientadas   nas   necessidades   e   nos   interesses   específicos   dos   alunos   e   ainda 

mais(   2000,   p.29)”Um   dos   elementos   que   dificultam   a   análise   é   justamente   a 

temporalidade do cotidiano, que não é unicamente cíclica”.

2.2. Trabalhando com Sons

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O aluno desenvolve naturalmente uma curiosidade salutar em relação a tudo 

que é   “novo”  a  palavra som está  presente no seu dia  em diversos contextos,  a 

apresentação do conteúdo Música e Matemática, deu­se com o seguinte poema.

SONS

O som do coração é vida;

O som que sai da arma é morte;

O som da chuva fina, acalma;

O som da tempestade, açoita.

O som da emoção que chora;

O som da gargalhada, brinca;

O som da cantoria lírica;

O som da fúria que espanta.

O som que vai,

O som que vem,

O som de quem comenta,

O som que vai,

O som que vem,

O som alimenta.

O som da oração, protege;

O som da violência, agride;

O som despertador, acorda;

O som da implosão, explode.

O som da ovação, consagra;

O som da agonia, marca;

O som que vem do mar, relaxa;

O som de uma cidade, apressa.

O som que vai,

O som que vem,

O som de quem lamenta,

O som que vai,

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O som que vem,

O som de quem arrebenta.

Música e Letra de Helinho Sant’Ana

23/09/2008

As interpretações geradas proporcionaram a comprovação de que o som é 

realmente uma matéria prima e pela acuidade sonora pode­se perceber paisagens 

do cotidiano e relacioná­las com elementos que trazem maior e menor prazer. 

De todas as experiências que nos afetam, o ruído é uma das mais difíceis de 

resistir e evitar. Podemos fechar os olhos, negar­nos a comer algo, mas evitar os 

ruídos nos custará muito trabalho

A percepção é uma dimensão fundamental do conhecimento humano. É por 

meio dela que conhecemos o mundo, seus objetos e fenômenos. Mais do que isso, 

a percepção humana é um processo que traz em si, não apenas as manifestações 

sensoriais, mas também a significação dessas manifestações.

A escuta sonora é um feito extraordinário do ser humano. Somos capazes de 

decodificar sinais sonoros extremamente complexos, dando a eles um significado 

que   nenhuma   outra   espécie   é   capaz   de   dar.   Ouvimos   tons   sucessivos   como 

melodia, tons simultâneos como harmonia, padrões de acentuação e duração, como 

ritmo.  Percebemos com  facilidade mudanças de  intensidade,  dinâmicas,   timbres, 

consonâncias e dissonâncias. 

Exercitar estas constatações permite uma reavaliação e revalorização do seu 

meio (lembrando que esta proposta está voltada para uma clientela de periferia da 

região   norte   de   Curitiba)   cuja   paisagem   sonora   envolve   aspectos   urbanos   com 

pitadas de aspectos rurais.

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Em   seu   livro  Ouvido   Pensante  Schafer(1991)   faz   alusões   a   questões 

pertinentes aos ruídos constantes ao nosso meio, e em como a poluição auditiva 

interfere em nosso metabolismo físico e psíquico. Os alunos quando inquiridos sobre 

o trabalho efetuado, se manifestaram de acordo com esta premissa enumerando os 

diversos  desconfortos  observados  em  função  da  presença  contínua  do  som em 

nossa  sociedade.  Entre  os  mais   citados   foram:  dor  de  cabeça,   irritação,   stress, 

impotência,  ódio.  Houve  também manifestações sobre os efeitos provocados por 

sons suaves produzidos pela natureza como chuva, pássaros, relacionados como 

efeitos de paz tranqüilidade, harmonia e outros. 

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Além dos pontos enumerados acima, o exercício se mostrou importante para 

novos   encaminhamentos   direcionados   a   quesitos   voltados   para   a   relação 

música/matemática quanto ao elemento formal do som “Altura”. (que é a qualidade 

relacionada com a frequência sonora). Dessa forma, podemos classificar a altura de 

um som, dentro de uma escala que varia de grave a agudo. Os termos alto e baixo 

referem­se a  ondas sonoras  de  alta  e  baixa   freqüência   respectivamente,  sendo, 

portanto, equivalentes aos termos agudo (som alto) e grave (som baixo), não sendo 

relacionado com a  intensidade sonora (o volume do som) que pode ser  forte ou 

fraca. Quando o som, citado como estridente rouco (numa linguagem leiga),surgiu, 

promoveu o gancho para o conhecimento matemático de freqüências, ciclos, que dá 

subsídios para definir os sons graves e agudos. Cabe lembrar que a Matemática não 

pretende explicar completamente a Música, nem a Música a. Matemática. Quaisquer 

outras relações estabelecidas entre duas capacidades intelectuais não apresentarão 

tal   objetivo,  até   porque  cada  aptidão  possui  natureza  própria,   impossível  de  se 

determinar   totalmente   a   partir   de   estruturas/dinâmicas   pertinentes   a   outras 

competências. As analogias e relações observadas possuem sempre caráter parcial.

Como   para   fixar   e   assimilar   este   assunto   requer   sensibilidade   auditiva, 

novamente a prática vem auxiliar a teoria. 

Os alunos trouxeram material para confeccionar piões e fazer um experimento 

com os mesmos.  Foram  feitos  em diversos  tamanhos e  formatos com materiais 

reciclados. Foram usadas tampas de latas de molho de tomate, CDs velho, bicos de 

garrafas de água assim como de detergente. Constatou­se que os maiores giram 

mais devagar e produzem sons mais graves e os menores giram mais  rápido e 

produzem sons mais agudos. Ë interessante relatar que no primeiro momento eles 

querem brincar aleatoriamente, isto é muito importante, pois descontrai e promove 

um   clima   de   participação.   Depois   deste   primeiro   momento,   direcionou­se   o 

experimento na questão sonora e quesito velocidade. Propôs­se a descoberta da 

propriedade das Alturas dos sons, girando os piões no chão. Depois por sugestão 

deles, foram agrupados os piões sobre mesa (que por terem cantoneira, manteve os 

piões reunidos), e depois giraram sobre cadeiras plásticas que por terem nervuras, 

também permitiu verificações interessantes do mesmo tema.

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Realmente quando o assunto é  som os alunos trazem muitos comentários 

que   além   de   serem   curiosos,   revelam   particularidades   de   seu   meio   e   de 

conhecimentos que são adquiridos pela observação. Um aluno promoveu um debate 

muito importante com a seguinte expressão,” Professora na favela onde moro, nós 

conseguimos  pelo   som   perceber   quando   uma   “bala”   atinge  um  alvo   humano   e 

quando não, através do som abafado ou estridente” Este assunto foi desenvolvido 

em   termos   acústicos   (tendo     ondas   sonoras   como   sendo   ondas   mecânicas   , 

longitudinais e tridimensionais). As longitudinais são ondas de pressão, e caminham 

no meio de propagação, utilizando­se de sucessivas compressões e rarefações das 

partículas do meio. A compressão acontece quando a partícula empurra a que lhe 

segue imediatamente, e a rarefação é causada pelo vazio deixado pelas partículas 

que   se  afastaram  daquela   região.   As   compressões   e   rarefações   referem­se   às 

pressões máximas e mínimas da propagação sonora, respectivamente. Em função 

da complexidade do assunto foi utilizado um vídeo “Arte e Matemática”  (Programa 

nº  2  TV Cultura)  que   trabalha  o   tema de   forma bastante  acessível  no  nível  de 

desenvolvimento   que   os   alunos   se   encontram,   e   também   humano   visto   ser   a 

realidade   de   muitos   alunos   da  escola.   Em  outros   momentos   de   discussão   nas 

diversas turmas este mesmo assunto ocorreu  em conseqüência do local de risco 

que os alunos estão inseridos.

Embora possuam características semelhantes, música e matemática habitam 

mundos diferentes e demandam tipos de conhecimentos distintos. A música é uma 

linguagem que demanda mais percepção imediata do conhecimento, por meio dos 

sentidos, embora também seja objeto de reflexão e do pensamento. A matemática 

por sua vez, exige mais do pensamento lógico, racional, mas não pode abrir mão de 

recursos que vão além da razão, como a intuição, a percepção e a criatividade.

Ao   aproximar   esses   dois   conhecimentos,   com   suas   semelhanças   e 

diferenças, amplia­se a rede de significações dos alunos.

Assim  tanto  o  conhecimento  matemático  como o  musical  se   tornam mais 

significativos à medida que estas relações se constituem e se ampliam.

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2.3. O Corpo como Instrumento Percussivo

Muitos são os sons produzidos pelo, e no nosso corpo. Sons presente no intestino, 

estômago,   coração,   para   citar   alguns.   Vivemos   com   eles.   Porém   nos 

surpreendemos,   com   a   variedade   e   quantidade   de   sons,   ritmos,   melodias, 

harmonias e timbres que são obtidos ao se combinar os sons provenientes do corpo, 

tais como palmas, estalos, batidas com os pés, vocais percussivos e outros. Temos, 

na atualidade, alguns grupos que se tornaram conhecidos e famosos por usarem 

estes recursos. Granja Campos (2006 p. 116) discorre que “Cada pessoa possui um 

corpo   diferente,   um   tamanho   de   mão,   um   timbre   de   voz,   uma   facilidade   para 

produzir  determinado  tipo de  som.  Por  essa  razão,  os  sons produzidos  também 

serão diferentes. Na prática coletiva, o som de cada pessoa interage com os sons 

das outras, numa colaboração mútua para se chegar à harmonia, no sentido amplo 

da palavra”. Que recurso fantástico temos a nosso dispor em qualquer momento, em 

qualquer lugar para enfatizar o conteúdo de música. O ritmo, tanto o intuitivo quanto 

o elaborado, tem relações claras com As questões numéricas, pois o tempo se mede 

pelos números, e o ritmo é  a divisão do tempo. A Música dá  o prazer que o ser 

humano experimenta  na  contagem,  sem estar   ciente  de  que  está   contando.  Os 

alunos tiveram a oportunidade de se divertir e constatar este fenômeno, e por mais 

que a atividade tenha que ser teorizada, exemplificada, e exibida em vídeo, quando 

colocada em prática o efeito sonoro é  muito bom, pois existe um encadeamento 

natural que o coletivo se encarrega de padronizar e fixar na pulsação.

 Apesar do desenvolvimento obtido na construção do ritmo corporal, percebe­

se que um espaço físico adequado se faz necessário na elaboração de propostas 

que envolvem o ritmo e conseqüentemente a música com todos os seus elementos. 

A descontração, ao mesmo tempo em que é um elemento propulsor de criatividade e 

inserção   dos   mais   retraídos   ao   grupo,   facilita   maior   visualização,   mobiliza 

reconhecimentos sonoros, propicia novas interpretações, possibilitando a solução de 

problemas   propostos.   No   entanto   compromete   o   andamento   regular   das   salas 

vizinhas, pois é claro que o nível de decibéis triplica ou mesmo quadruplica numa 

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situação   onde   a   acústica   não   é   a   adequada,   gerando   dificuldades   de 

reconhecimento   para   os   outros   professores   de   que   se   trata   de   uma   atividade 

organizada.

Depois  de  vivenciar  o  corpo como meio  sonoro,   relacionar  e  assimilar  as 

figuras rítmicas como uma linguagem simbológica, dando sentido ao conteúdo em 

exposição. Granja Campos (2006 p.56) escreve que “A música, por exemplo, é um 

tipo   de   linguagem   com   signos   próprios,   cujo   entendimento   não   passa 

necessariamente   pelo   crivo   verbal.   A   semiótica   peirceana   permite   analisar   de 

maneira   profunda   a   relação   existente   entre   percepção   e   cognição   a   partir   de 

qualquer   linguagem,  inclusive a musical”.  Nesta parte  do  trabalho é   interessante 

relatar  a   relação  numérica  com as   figuras.  De  acordo   com a   interpretação  dos 

alunos a semibreve é um zero, a mínima o zero com 1 perna, a semínima o zero 

com 1 perna e uma haste, e assim por diante, os valores ficam claros pois um é 

sempre a metade do outro, porém  na hora da montagem do compasso fica visível a 

dificuldade matemática da divisão. Entretanto numa sala de aula onde coexistem 

aptidões matemáticas,   lingüísticas,  musicais,  biológicas,  as  lacunas deveriam ser 

naturalmente preenchidas.

Tudo que é  novidade atrai  sobremaneira o adolescente. Atividades  lúdicas 

são sempre  muito  bem aceitas  e  bem vindas.  Neste  caso aprender  não é  uma 

obrigação é uma diversão. Contextualizando, o jogar propicia competições, estimula 

a  atenção,   desenvolve  a  observação,  principalmente  num  jogo  musical,   onde  a 

audição é o sentido que está sendo priorizado. Atividades lúdicas coletivas, que se 

utilizam de material concreto, promovem segurança gradativa para memorização de 

elementos   da   teoria   musical.   Facilmente   assimilado   com   a   utilização   de   jogos 

pedagógicos, o lúdico atende aos pré requisitos para o desenvolvimento de diversos 

conteúdos.   Respeitando­se   as   etapas   do   desenvolvimento   cognitivo   da   criança, 

atinge­se o objetivo do processo ensino­aprendizagem. Nesta abordagem, os alunos 

vão construindo, passo a passo, a representação mental e abstrata dos elementos 

da linguagem musical. Complementando e enriquecendo sua cultura, ampliando as 

atividades sensoriais necessárias à compreensão estrutural e a exploração musical 

expressiva.  Este  processo   leva  ao  abandono  do  mero   treinamento  auditivo  e  a 

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repetição técnica prejudiciais ao elemento propulsor e criador da composição. Para 

Haynes   (citado   por   GUIA   e   FRANÇA,   2005,   p.19)   “No   curso   do   seu 

desenvolvimento, a criança experimenta diferentes formas de jogo. Ainda no estágio 

sensório­motor, ela se engaja no jogo de exercício ou jogo do domínio. Neste, ela 

começa ganhar controle sobre o meio ambiente à  medida que passa a controlar 

suas próprias ações”.

O exercício do bingo musical,  aplicado neste projeto, por  tratar apenas da 

percepção de sons graves e agudos,  sugere a existência de duas  linhas para a 

escrita  destes  sons.  Acrescentando­se  mais   três   linhas  entre  estas  duas   leva  à 

notação musical com cinco linhas, o “Pentagrama” que mostra a trajetória das notas 

intermediárias a elas,   fazendo um recorte  para a Matemática no sistema ordinal 

Mono, Bi, Tri, Tetra e Penta. 

Promover a assimilação do elemento musical no que se refere à  altura do 

som,   utilizando   instrumentos   de   percussão   variados,   desperta   o   interesse   e   a 

curiosidade.   As   maracas   mexicanas,   o   agogô,   os   apitos   de   pássaros   e  outros, 

possuem timbres peculiares. Quando da execução do bingo o primeiro passo foi 

despertar a sensibilização para verificação dos timbres, características percussivas, 

formatos,   que   pudessem   dar   a   eles   várias   possibilidades   de   perceber   os   sons 

graves e agudos. A atividade foi de grande sucesso, em vários sentidos. O jogo não 

foi   competitivo,   no   sentido   de   ter   um   ganhador.   As   cartelas   apesar   de   serem 

diferentes na ordem das seqüências davam a todos as mesmas possibilidades de 

percepção auditiva. Em algumas turmas o percentual de acertos foi pela maioria, em 

outras não. O exercício  foi  refeito com a utilização de  instrumento de melodia, a 

flauta. Esta variação no exercício levou a discussão sobre a constância dos sons e a 

necessidade das pausas (silêncios) para termos qualidade e percepção dos sons à 

nossa volta,  constatando conteúdos abordados por Schaffer em seu  livro  Ouvido 

Pensante quando se refere à “poluição sonora”

Este exercício,  por  tratar  apenas da percepção de sons graves e agudos, 

sugere a existência de duas linhas para a escrita destes sons. Acrescentando­se 

mais   três   linhas   entre   estas   duas   leva   à   notação   musical   com   cinco   linhas,   o 

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“Pentagrama” que mostra a trajetória das notas intermediárias a elas fazendo um 

recorte para a Matemática no sistema ordinal Mono, Bi, Tri, Tetra e Penta. 

 O pentagrama juntamente com outros símbolos determina as notas musicais, 

e é neste momento que surge a necessidade do experimento da divisão da corda 

efetuado  por  Pitágoras  com seu  monocórdio  para  o  desenvolvimento  da  escala 

musical.

2.4.  Construção do Monocórdio

Ter em mãos um instrumento de corda, e perceber as possibilidades sonoras, 

transforma o ouvinte passivo em ativo. Em geral, a música parece se manifestar 

principalmente em dois âmbitos principais: o da fruição e o do conhecimento. No 

âmbito da fruição, a música é  uma expressão livre e criativa do ser humano. No 

outro, a música é um conhecimento estruturado passível de análise e reflexão.

Enquanto   linguagem   musical,   a   música   se   caracteriza   por   um   constante 

diálogo entre ordem e desordem. A ordem se manifesta na percepção de um som 

como uma nota afinada (freqüências estáveis), ou na manutenção de uma métrica 

constante   na   maior   parte   das   músicas.   Esta   oposição   é   importante   para   que 

possamos reconhecer e identificar padrões sonoros existentes em nossa memória e, 

assim,   atribuir   significado   aos   sons.   Entretanto   se   a   música   fosse   só   ordem, 

ficaríamos  entediados  e  desatentos.  Precisamos  da  desordem,  do   repentino,  de 

alguma coisa que estimule nossa acuidade sonora e acione uma escuta musical 

atenta. Essa articulação entre ordem e desordem reflete a relação entre som e ruído 

na constituição da música.

Mesmo que o professor  não seja  um músico,  é  possível  utilizar  a  música 

enquanto objeto de conhecimento para estudar conceitos matemáticos e físicos. No 

ensino de frações e proporções, por exemplo, pode­se estabelecer o vínculo com as 

notas, os intervalos e as escalas musicais. O estudo das funções periódicas pode 

ser relacionado com as características de um som afinado, envolvendo uma rica 

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articulação entre o conceito matemático/físico com a percepção sonora (a escuta de 

um   som   com   o   dobro   da   freqüência,   ou   com   o   dobro   da   amplitude   etc.).   A 

construção de  instrumentos musicais  pode servir  de exemplo para o estudo das 

proporções e médias em Matemática ou para o estudo das ondas em física.

O monocórdio é um instrumento de fácil confecção, e oferece a possibilidade 

de verificação de afinação (natural), tendo como base o conhecimento das frações. 

O sistema harmônico utilizado por Pitágoras na construção de seu monocórdio foi a 

fração 2/3 que produz o intervalo de 5ª, e a fração 3/4 que produz o intervalo de 4ª. 

O  instrumento  da  atualidade escolhido  e  que  tem as mesmas características  do 

confeccionado por Pitágoras, foi o Marimbau. Instrumento de uma só corda utilizado 

por percussionistas brasileiros, que remete ao Berimbau, diferenciando por ser um 

instrumento que se apóia na mesa e não no corpo.

 Os alunos levaram o material solicitado para a sala de aula, e num sistema 

cooperativo construíram os instrumentos. A intenção inicial era um instrumento por 

aluno, entretanto, adaptações são necessárias face ao aparecimento de situações 

inusitadas.  Ao final  da aula,  não tinham sido  feitas as divisões matemáticas que 

deixaria   o   Marimbáu   pronto   para   as   verificações   sonoras,   ficando   então   este 

conteúdo   sob   a   responsabilidade   do   professor   de   Matemática.   Esta   relação  na 

parceria foi importante, primeiro que o conteúdo foi trabalhado pelo especialista da 

área, e essa parceria tornou visível a relação entre as disciplinas.

  Bons   resultados  nem sempre  dependem de  boas   intenções.  Neste  caso 

dependia de um lugar para acondicionar os instrumentos,  já  que o conteúdo não 

tinha se esgotado.

 As escolas de uma maneira geral não se preocupam com o espaço físico da 

sala de aula. Grande parte delas possui espaços compostos apenas por carteiras, 

lousa e cortinas. Ou seja, um ambiente que pouco estimula os adolescentes de hoje 

que   recebem   tanta   informação   pelos   mais   variados   meios   de   comunicação.   A 

inovadora proposta de sala de aula ambiente é rejeitada pela escola, pois esta não é 

favorável à  circulação de alunos de uma sala para a outra em face a corredores 

estreitos , e escadas que dificultam o trânsito , principalmente pela clientela que tem 

de 11 anos à  17 anos no diurno,  e  na  troca  se  empurram,  às vezes causando 

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acidentes.   As   salas­ambiente   são   interessantes   e   funcionam   bem,   quando 

implementadas corretamente, pois oferecem mais recursos e estímulos aos alunos. 

Numa sala­ambiente de Arte, por exemplo, podemos ter: tanque com torneira, 

tintas, materiais diversos para gravura, instrumentos musicais, livros paradidáticos, 

dvd com filmes temáticos, revistas, entre outros recursos. As mesas podem ficar 

dispostas de forma a facilitar o trabalho em equipe, e não em fileiras, como numa 

sala tradicional. A quantidade de alunos por sala de aula também é um problema.Em 

função da demanda, no diurno,  a média é de  40  indo até mesmo a 50 alunos por 

sala,  sem contar com o  fator da“Inclusão”.  Nestes casos, a qualidade do ensino 

diminui   muito,   pois   o   professor   não   pode   oferecer   um   atendimento   mais 

individualizado, buscando sanar as dificuldades de aprendizado, ressaltando que o 

excesso de alunos por sala é um dos fatores geradores de indisciplina.

O   fechamento   do   Projeto,   foi   bastante   prejudicado   em   função   de   uma 

previsão de tempo que se alterou, quantidade de alunos e falta da sala ambiente . 

Para o sucesso na aplicação do projeto alguns itens eram imprescindíveis:

•material suficiente para todos os alunos;

•espaço para o acondicionamento dos instrumentos;

•manutenção do horário escolar;

•sala adequada para o experimento;

•quantidade de alunos compatível a um único aplicador;

O atingimento dos itens acima não foi completo.Em decorrência o projeto teve 

que ser modificado e readequado.Instrumentos foram alocados entre salas e entre 

alunos.   O   marimbau   importante   para   a   composição   e   execução   de   seqüencias 

ritmicos  melódicas  e  o  bingo  musical   fundamental   para  dar  aos  alunos   suporte 

teórico   na   criação   e   entendimento   de   seqüencia,   aconteceu   de   forma   parcial, 

ocasionando perda na qualidade do projeto. A falta de material foi compensada pelo 

empréstimo   dos   instrumentos,  este   processo   deu   resultados   em   parte   pois   os 

instrumentos   se   quebraram   e   novamente   o   processo   foi   interrompido   para 

reconstruí­los.  Por duas aulas, eles se permitiram manusear, descobrir os sons do 

instrumento,   e   criar   pequenas   seqüências   sonoras,   alternando   o   tempo   com 

silêncios, um aluno ajudando o outro. No final destas duas aulas eles foram capazes 

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de reproduzir com vozes os sons criados no instrumento, juntar várias seqüências 

numa mesma composição e observar o pulso existente dentro do ritmo trabalhado. 

Algumas dificuldades para executar o trabalho final de composição foram apontadas 

pelos   alunos   exigindo   uma   maior   atenção   do   professor   na   memorização   e 

manutenção do ritmo das seqüências. 

Todo   desenvolvimento   deste   trabalho,   foi   transposto   para   um   grupo   de 

professores de trabalho em rede de EAD (Ensino a Distância) que executaram com 

seus alunos os exercícios propostos. 

2.5. Fichas

A seguir, fichas apresentando esses resultados:

2.5.1.  FICHA 1

Ensino Fundamental.

Série aplicada: 7ª A

Número de alunos: 31 ALUNOS

Turno: VESPERTINO

Local de aplicação (sala de aula, pátio, etc.): SALA DE AULA

Tempo de aplicação: 50 MINUTOS

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Detalhes   de   como   foi   aplicada   a   atividade:  os   alunos   confeccionaram   três 

monocórdios como atividade extraclasse. Na aula trabalhou­se as Qualidades do 

Som: altura, intensidade, duração e timbre. A turma foi dividida em três grupos cada 

um   com   um   monocórdio.   Deslizando   um   cavalete   no   instrumento   percebia­se 

claramente as mudanças dos sons graves e agudos (altura), beliscando as cordas 

com mais força conseguiram perceber os sons fortes e fracos (intensidade), do lado 

onde ficava o menor pedaço da corda obtinha­se um som rápido e do lado contrário 

a vibração era mais longa (duração), como os monocórdios foram construídos com 

cordas  de  violão,   (naylon  e  aço)  e  outro  com  linha  de  pesca  percebia­se   sons 

diferentes (timbre).

Resultados   obtidos:  os   alunos   ficaram   eufóricos   com   a   atividade   diferente   e 

participaram com muita curiosidade e interesse pelos instrumentos. Aqueles que já 

tinham noção de música conseguiram, deslizando o cavalete, fracionar o instrumento 

e obter notas musicais. O resultado foi excelente, pois em seguida eles fizeram uma 

avaliação escrita que incluía esse tema e a maioria obteve um ótimo desempenho.

Questionamento dos alunos: a princípio questionaram o que seria um monocórdio 

e as instruções de como confeccioná­lo. Depois o questionamento foi como utilizar o 

instrumento. No uso do monocórdio orientado pela professora foi  muito  fácil  eles 

perceberem as características de cada qualidade do som. 

Comentários / sugestões:  foi gratificante essa experiência pois além de trabalhar 

concretamente os conteúdos, ainda causou satisfação sentir a felicidade expressada 

pelos   alunos  durante   a   aula   e   principalmente   o   resultado   da   avaliação.  Seria 

interessante que os professores se unissem nestas atividades diferenciadas, pois 

acredito que isto beneficiaria a educação,tornando as aulas mais dinámicas.   

2.5.2.  FICHA 2

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Educação Fundamental 

Nível de Ensino: Educação Precoce

Série aplicada: Educação Fundamental (alunos de 10 à 14 anos)

Número de alunos: 7 alunos

Turno: Vespertino

Local de aplicação (sala de aula, pátio, etc.): Sala de Música

Tempo de aplicação: Duas aulas de 50’ cada

Detalhes de como foi aplicada a atividade: Como esta turma já havia trabalhado 

com grafia musical, primeiramente apresentei as cartelas com os gráficos (eu utilizo 

estas cartelas nas aulas com os alunos de Piano por isso a variedade é grande) 

além   de   explorar   cada   cartela   utilizando   os   instrumentos   os   alunos   também 

utilizaram a voz para reproduzir cada gráfico.

Dividimos a sala  em dois  grupos e cada grupo criou  uma melodia utilizando os 

gráficos em uma determinada seqüência com instrumentos e a voz.

Sugeri então sonorizarmos uma canção que estamos cantando que se chama “A 

melhor oração é Amar” utilizando os mesmos instrumentos e alguns gráficos, ficou 

muito interessante o resultado final.

Também  levei  as  caixinhas  de  música  para  que eles  pudessem conhecer  como 

funciona este mecanismo e como é produzido o som e as alturas de cada melodia. 

Resultados   obtidos:  Os   alunos   gostam   muito   de   tocar,   de   fazer   música.   O 

interessante destas atividades é que o professor engloba diversos conteúdos, como 

por exemplo: a percepção, os parâmetros do som (altura,  intensidade, duração e 

timbre), além de ouvir (a performance de outros grupos), tocar e cantar, improvisar...

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Como os alunos são de uma escola especial, não aconteceu um aprofundamento 

maior de alguns conteúdos do projeto em questão em ambas as atividades, a grafia 

musical e a caixinha de música. Porém os resultados foram satisfatórios.

Questionamento dos alunos: A curiosidade dos alunos em tirar diferentes sons do 

mesmo   instrumento   é   interessante.   Os   instrumentos   melódicos   por   exemplo:   o 

teclado, oferece alturas diversas onde os alunos acompanham visualmente enquanto 

tocam. Já  os  instrumentos de percussão na maioria das vezes produzem apenas 

uma altura definida, precisamos de 3 chocalhos um grave, um médio e um agudo 

para fazer este efeito, os demais parâmetros são facilmente explorados. 

Surgiu esta pergunta dos alunos: Professora como eu faço o som grave no 

ganzá?  Aproveitei então para mostrar a todos os jogos de chocalhos (feitos com 

sucatas mesmo) para que formassem o grave, médio e agudo de cada trio, eles 

conseguiram sem maiores dificuldades 

Comentários   /   sugestões:  Acredito   que   todas   as   atividades   sugeridas   pela 

professora   podem   ser   aplicadas   à   minha   clientela   da   APAE,   claro   que   será 

necessário fazer algumas intervenções e mudanças necessárias. O projeto está rico 

e terá muito êxito na aplicação e no resultado final.

2.5.3.  FICHA 3

Nível de Ensino: Ensino fundamental séries finais

Série aplicada: 5ª série

Número de alunos: 29

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Turno: Vespertino

Local de aplicação (sala de aula, pátio, etc.): sala de aula

Tempo de aplicação: 3 aulas

Detalhes de como foi aplicada a atividade:  como havia trabalhado  linha e sua 

expressividade, aproveitei e fiz a implementação da MÚSICA EM CONEXÃO COM A 

MATEMÁTICA. Levei vários tipos de ritmos. Os alunos ouviram, e alguns assistiram 

na TV,  já  que eram conseguidos a partir  do corpo,  ou por  objetos do cotidiano. 

Depois de ouvirem atentamente, em duplas, começaram a desenvolver a partitura do 

ritmo que mais gostaram Foram criando mais e  mais.  Deixaram­se envolver  e o 

resultado foi fantástico. Infelizmente não registrei com fotos nem vídeo.

Resultados obtidos:  maravilhosos,  já  que surgiram partituras riquíssimas, e sem 

contar que até hoje alguns vem me mostrar o que fizeram em casa, porque ficam 

criando   os   ritmos   a   partir   da   partitura,   usando   os   diferentes   tipos   de   linhas. 

Questionamento   dos   alunos:   no   início,   quando   comecei   falar   de   partitura,   eles 

perguntaram muito se as partituras que as orquestras tocavam eram assim, por isso 

levei vários tipos de partituras para que pudessem ter contato e expliquei como cada 

uma é feita. Ex: orquestra, coral, banda, etc.

Comentários   /   sugestões:  Achei   muito   legal   seu   material,   infelizmente   este 

bimestre foi muito curtinho, mas quero continuar trabalhando com meus alunos este 

projeto da MÚSICA EM CONEXÃO COM A MATEMÁTICA. Parabéns seu trabalho é 

esplêndido e muito atrativo já que os alunos mostram interesse e ficam encantados 

com os resultados obtidos. 

2.5.4.  FICHA  4

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Nível de Ensino: Fundamental

Série   aplicada:  quinta,   sexta,   sétima   e   oitava   séries.(Alunos   portadores   de 

necessidades especiais)

Número de alunos: 5

Turno: matutino

Local de aplicação (sala de aula, pátio, etc.):sala de aula

Tempo de aplicação: 4 aulas de 50 minutos

Detalhes   de   como   foi   aplicada   a   atividade:  trabalhei   com   um   professor   de 

música,ele adorou as atividades.

Resultados obtidos: alunos mais atentos e mais descontraídos no aprender.

Questionamento dos alunos: a curiosidade com as figuras, e para que elas iriam 

servir.

Comentários / sugestões: trabalhar com  professores de outras disciplinas.

2.5.5. FICHA 5   

Nível de Ensino: Fundamental

Série aplicada: 2ª

Número de alunos: 15

Turno: diurno

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Local de aplicação (sala de aula, pátio, etc.): Sala de aula e pátio

Tempo de aplicação: 4 horas

Detalhes  de como  foi  aplicada a  atividade:  os  alunos   trouxeram materiais  de 

sucata, como garrafa de vidro e de plástico, caixa de papelão, tambores com água e 

sem água. A atividade consistiu  em bater com as baquetas de bambu para perceber 

o som de cada material, a altura, a duração, o timbre, o ritmo de cada material.

Resultados obtidos:  os alunos diferenciaram e classificaram os sons durante as 

atividades,   desenvolveram   a   acuidade   acústica.   Colocados   em   contato   com   o 

sistema de produção de sons, facilmente o compreenderam.

  Questionamento dos alunos:  qual o som quando se   bate em uma garrafa de 

vidro e de plástico? E se alguém bater mais forte? Qual deles produz um melhor 

som? O que acontece se isso for feito dentro de uma caixa de papelão? Por que 

alguns materiais produzem sons mais finos e outros mais grossos, (grave e agudo)?

Comentários / sugestões: desde que nascem, as crianças entram em contato com 

um universo sonoro desordenado. No dia­a­dia, é difícil perceber as singularidades 

dos sons que nos rodeiam – na escola, na rua ou em casa­. Por isso, o ensino da 

música deve começar com a valorização e a conscientização da audição. O objetivo 

do   trabalho   foi   promover  o  conhecimento  dos   conteúdos  musicais,   como  altura, 

duração,   intensidade,   ritmo   e   assim   garantir   que   os   alunos   sejam   capazes   de 

diferenciar os sons e entender que o timbre é a característica que personaliza cada 

um deles. Como sugestão, tive várias delas, principalmente citadas pelas colegas de 

trabalho,   como   por   exemplo:   Que   os   alunos   confeccionassem   seus   próprios 

instrumentos. 

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi dito anteriormente a Música com a Matemática coexistem desde os 

primórdios da Filosofia, Granja Campos (2006 ) diz que

“Gradualmente com a especialização das áreas do conhecimento em disciplinas, a Música foi se distanciando da Matemática até o ponto de muita gente achar no mínimo exótica essa aproximação. Howard Gardner,   com   seu   trabalho   sobre   as   inteligências   múltiplas, aproximou de novo esses dois conceitos, embora com a ressalva de que   a   inteligência   matemática   não   implica   necessariamente   o desenvolvimento   da   inteligência   musical   ou   vice­versa”(GRANJA CAMPOS,2006,p.98)

A   proposta   e   o   desenvolvimento   deste   trabalho   tiveram   o   intuito   de 

reaproximar estas duas disciplinas. Muito ainda se pode fazer para estreitar esta 

relação.

Seria uma utopia pensar que não existem dificuldades, que todos os alunos 

estão sendo envolvidos neste ambiente embebido do social, do cultural, do histórico, 

do ideológico. Os resultados mostram que os professores, a equipe pedagógica, a 

equipe diretiva, envolvida neste projeto buscam desenvolver um trabalho sério e de 

qualidade, mas que ainda há muitas dificuldades para atuar nesta perspectiva. Pois 

as escolas ainda trabalham de maneira incipiente com abordagem interdisciplinar

 Reconhecer e validar esta proposta como possuidora de fundamentos que a 

legitimem como a melhor opção pedagógica para a escola, não a torna mais fácil em 

sua execução.  Os  trabalhos desenvolvidos na escola dependem de uma política 

educacional.

  A   educação   depende   da   política   tanto   quanto   a   política   depende   da 

educação. As políticas educativas de qualificação, relação orçamentária, enfim, de 

estrutura e funcionamento do sistema educativo, a sustentam e a direcionam.

Na mesma medida, toda política para se concretizar depende, por exemplo, 

de   estratégias   de   implementação   das   propostas,   diretrizes,   e   do   processo   de 

formação continuada de toda equipe pedagógica, administrativa e dos professores 

que a tornam concreta ou não

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Desde o começo do PDE em 2007 o Estado tem desenvolvido estratégias 

para transpor barreiras de capacitação para os professores. Um recurso que passou 

a ser utilizado foi o curso em Ead (Educação a Distância). O Grupo de Trabalho em 

Rede(GTR)   de   2008   possibilitou   um   intercâmbio   de   informações   entre   diversos 

professores   da   rede   pública   do   estado   do   Paraná,   contribuindo   com   uma 

diversificação de atividades e metodologias, na superação de algumas dificuldades 

relacionadas   à   busca   de   informações   e   materiais   para   trabalhar   o   assunto   em 

questão.

A experiência de voltar  a estudar,  pesquisar,  analisar a própria  prática de 

ensino, refletir sobre a mesma, enquanto profissional engajada, preocupada com a 

aprendizagem dos alunos, foi muito válida. Todo este percurso, desde o início do 

PDE/2008 ­ dos Cursos, Encontros, Seminários, Simpósios, elaboração do Plano de 

Trabalho,   do   Material   Didático,   da   Implementação   da   Proposta   na   Escola,   à 

elaboração deste Trabalho final altera toda uma rotina, cujo final é muito prazeroso.

A   avaliação   deste   trabalho   apóia­se   na   análise   das   ações   de   todos   os 

envolvidos,   principalmente   dos   alunos   que   são   parte   essencial   neste   processo. 

Concluiu­se, como ponto positivo, uma mudança de postura nos alunos em relação 

a sala de aula e a escola. Uma maior reflexão decorreu e novas atitudes surgiram. 

Esta mudança fez com que alguns alunos cobrassem dos próprios colegas atitudes 

de silêncio e participação no ambiente de trabalho.

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REFERÊNCIAS

ABDOUNUR, J. Oscar. Matemática e Música São Paulo: Escrituras, 1999.

CAZNOK, Y. B. Música: Entre o audível e o visível – São Paulo: Editora UNESP, 

2003

FREGTMAN, C. D. O Tao da Música – Copyright 1986

GRANJA,   C,   S.   Carlos.  Musicalizando   a   escola:   música,   conhecimento   e 

educação São Paulo: Escrituras, 2006

GUIA, Rosa Lúcia dos Mares e FRANÇA, Cecília Cavalieri.  Jogos Pedagógicos 

Para Educação Musical. Belo Horizonte: Editora UFMG.

LIMA, F. de A. Elementos Fundamentais da Música – Rio de Janeiro 1950

RUTHERFORD, W. Pitágoras – Editora Mercuryo 1991

SCHAFER, Murray. O Ouvido Pensante. São Paulo: Editora UNESP, 1991

SOUZA , Jusamara. Música, Cotidiano e Educação. Porto Alegre: Editora UFRGS, 

2000 

 

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