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09/11/2015 | Músi ca Impressi oni sta Parte 1 http://radioibiza.com.br /bl og/pr a-ouvir/musica-impressionista-par t- 1/ 1/3 ÚLTIMAS NOTÍCIAS O soul pop e sexy de Nao DA GRINGA  A cantora britânic a Nao ficou conhecida por aqui, após participar do álbum Caracal, do duo Disclosure, na faixa Ego – uma das favoritas por aqui. Para ficar de olho: Rafael Stefanini DO BRASIL  A primeira vez que o uvimos o nome do cantor Rafael Stefanini, mais conhecido pelo seu sobrenome, foi quando ele abriu o show da dinamarquesa MØ, em São Paulo, ainda esse ano. Música Impressionista Parte 1 PRA OUVIR · 09 DE NOVEMBRO, 2015 Sempre imaginei desde pequeno, um mundo onde artistas expusessem suas ideias e conceitos de uma forma mais abstrata que concreta; mais indireta que direta – ou seja, mais conceitual que popular, cujo observador teria que “absorver”, processar e digerir, frente a forma simples de “ver e gozar”. Conforme fui crescendo, percebi que esse mundo existia: chamava-se Impressionismo, e era mais concreto do que eu imaginava, conhecendo Monet, Renoir, Degas, entre outros. Mas o que é o Impressionismo? Sendo movimento ou não, um grupo de pintores resolveu enfatizar mais a técnica do que a legenda, desconstruindo a ideia formal de retratar o real. Com movimentos, pinceladas, contrastes de luz, sombra e uso voraz das cores no plano complementar, a imagem formava um “puzzle” ótico, mas que em algum ângulo, o observador “percebia” a imagem integral. Ou seja, quando tiramos uma foto desfocada, percebemos o que tem nela, muito melhor de longe que de perto; e quanto mais longe, mais percebemos o que está na foto desfocado, e quanto mais de perto ela se desconstrói. Quando criança, a grande diversão era “apertar” os olhos vendo obras de Monet (Ponte Japonesa, Catedral de Ruão), Renoir (Duas Irmães, Proximo ao Lago) e Degas (Aula de Dança). Este conceito-efeito foi também atribuído a música. Debussy e Ravel foram os primeiros “alvos”, porque extendiam seus acordes, diminuíam o tempo das composições e principalmente, usavam os próprios instrumentos para fazerem efeitos simulando pássaros e água. Porém na música, essa relação de “impressão” é mais complexa. A maioria dos compositores chamados impressionistas, utilizavam os acordes e dissonâncias, principalmente para sugerir uma atmosfera, que fosse romântica, dramática, medrosa, calorenta que sentisse frio ao mesmo tempo. Mal sabe Beethoven que se tornaria bem mais tarde um “impressionista”, com a abertura de sua Quinta Sinfonia, para sugerir mistério e suspense. Será que estava sendo criada a trilha sonora? Pergunte então a Lars Von Trier, o porquê do uso abusivo do prelúdio de Tristão e Isolda de Wagner , em Melancolia. Depressão, orgulho, melancolia e grandiosidade permeiam uma trama que simplesmente narra destruição. Para continuarmos, acho melhor mencionarmos um pouco de música programática, precursora da  

Música Impressionista Parte 1

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7/24/2019 Música Impressionista Parte 1

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ÚLTIMAS NOTÍCIAS

O soul pop e sexy de Nao

DA GRINGA 

 A cantora britânica Nao ficou 

conhecida por aqui, após 

participar do álbum Caracal, do 

duo Disclosure, na faixa Ego – 

uma das favoritas por aqui.

Para ficar de olho: Rafael

Stefanini

DO BRASIL

 A primeira vez que ouvimos o 

nome do cantor Rafael 

Stefanini, mais conhecido pelo 

seu sobrenome, foi quando ele 

abriu o show da dinamarquesa 

MØ, em São Paulo, ainda esse ano.

Música Impressionista Parte 1

PRA OUVIR · 09 DE NOVEMBRO, 2015

Sempre imaginei desde pequeno, um mundo onde artistas expusessem suas ideias e conceitos de

uma forma mais abstrata que concreta; mais indireta que direta – ou seja, mais conceitual que

popular, cujo observador teria que “absorver”, processar e digerir, frente a forma simples de “ver e

gozar”.

Conforme fui crescendo, percebi que esse mundo existia: chamava-se Impressionismo, e era mais

concreto do que eu imaginava, conhecendo Monet, Renoir, Degas, entre outros.

Mas o que é o Impressionismo? Sendo movimento ou não, um grupo de pintores resolveu enfatizar 

mais a técnica do que a legenda, desconstruindo a ideia formal de retratar o real. Com movimentos,

pinceladas, contrastes de luz, sombra e uso voraz das cores no plano complementar, a imagem

formava um “puzzle” ótico, mas que em algum ângulo, o observador “percebia” a imagem integral.

Ou seja, quando tiramos uma foto desfocada, percebemos o que tem nela, muito melhor de longe

que de perto; e quanto mais longe, mais percebemos o que está na foto desfocado, e quanto mais

de perto ela se desconstrói.

Quando criança, a grande diversão era “apertar” os olhos vendo obras de Monet (Ponte Japonesa,

Catedral de Ruão), Renoir (Duas Irmães, Proximo ao Lago) e Degas (Aula de Dança).

Este conceito-efeito foi também atribuído a música. Debussy e Ravel foram os primeiros “alvos”,

porque extendiam seus acordes, diminuíam o tempo das composições e principalmente, usavam os

próprios instrumentos para fazerem efeitos simulando pássaros e água.

Porém na música, essa relação de “impressão” é mais complexa. A maioria dos compositores

chamados impressionistas, utilizavam os acordes e dissonâncias, principalmente para sugerir uma

atmosfera, que fosse romântica, dramática, medrosa, calorenta que sentisse frio ao mesmo tempo.

Mal sabe Beethoven que se tornaria bem mais tarde um “impressionista”, com a abertura de sua

Quinta Sinfonia, para sugerir mistério e suspense.

Será que estava sendo criada a trilha sonora? Pergunte então a Lars Von Trier, o porquê do uso

abusivo do prelúdio de Tristão e Isolda de Wagner , em Melancolia. Depressão, orgulho, melancolia e

grandiosidade permeiam uma trama que simplesmente narra destruição.

Para continuarmos, acho melhor mencionarmos um pouco de música programática, precursora da

 

7/24/2019 Música Impressionista Parte 1

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Coletânea mais famosa dos

Beatles ganha versão de luxo

QUASE ONTEM

No próximo dia 6, a famosa 

coletânea dos mega hits dos Beatles, 1 (2000), será relançada 

em uma versão de luxo, para a 

felicidade de todos os fãs, que 

vão enlouquecer com tudo o 

que ela traz.

Jó éjszakát = boa noite

PRA VIAJAR

Chico Buarque escreveu em seu 

livro (Budapeste, 2003) que o 

húngaro é “a única língua do 

mundo que, segundo as más 

línguas, o diabo respeita”. Sem 

conseguir entender ou 

pronunciar uma palavra, eu não 

poderia concordar mais.

 colaborador , Criação, Fc Nond, identidade musica, Impressionismo, Jornal Online Radio Ibiza, musicbranding, Radio Ibiza, Radio ibiza Online

música Impressionista, vigente no século XIX, mas que na verdade já seria a própria Impressionista

rolando como conceito aberto.

 As Quatro Estações de Vivaldi é uma das peças programáticas mais famosas, que tenta retratar 

ventos gelados, insetos, camponeses dançando, tudo separado pelas estações do ano. Beethoven

também fez programática, – ele mesmo afirma que sua Pastoral é mais sentimento paisagistico que

música- assim como Wagner (considerado “multimídia”). Mas vale lembrar que programática é só

conceito para musica instrumental.

Conforme fui crescendo, ouvindo e absorvendo meus discos, detectei mais pontos impressionistas

em tudo que ouvia: a evolução fusion e o funk de Miles-um bom exemplo do expressionismo- sãograndes exemplos. Já na musica eletrônica, de 80 para 90, percebi que a facilidade de simular ou

“representar” situações acústicas, com noises, timbres e samples, já era um universo real e

concreto.

 A era digital deixava cada vez mais evidente as possibilidades infinitas dessas representações

impressionistas e os músicos produtores, famintos pelo “novo”, traziam o que se chamava de

“experimentalismo”, definitivamente para a apreciação pública.

 A minha conclusão até então seria duas posições distintas desta chamada Musica Impressionista. A 

primeira uma representação e simulação de sons reais, como vento, chuva, insetos, através da

distorção e acordes mistos (As Quatro Estações, por exemplo). A segunda, uma harmonização

enfática, dramática, afastada da noção ocidental, mas estruturada em escalas maiores, dissonantes,

etéreas como a musica oriental, puxando para o imaginário, lúdico, triste ou alegre -peças que já

tinham seus nomes apropriados, como Sinfonia Pastoral, prelúdio a tarde de um fauno, Bolero de

Ravel ).

Ou seja, música programática e música impressionista são partes de um universo ainda maior de

tentar que as harmonias cheguem não só aos ouvidos, mas também na alma.

QUEM ESCREVE?

Fc Nond

Fc Nond é arquiteto, produtor musical, gerente do núcleo de hotelaria,arquitetura e malls da Radio Ibiza, assim como pesquisador e amante de

 jazz.

J O R N A L N Ó S P R A O U V I R P R A P E N S A R P R A C O M E R P R A V E S T I R C O L U N A S P R A C U R T I

Queen - You are my bestfriend

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