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Todos os direitos reservados ao Master Juris. www.masterjuris.com.br Página1 Curso/Disciplina: Novo CPC Comparado e Comentado Aula: Processamento Extraordinário e Especial. Agravo ao Tribunal Superior. Embargos de Divergência. Professor (a): Rodolfo Hartmann Monitor (a): Felipe Ignacio Loyola Nº da aula 29 PROCESSAMENTO RECURSO EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL. Recursos extraordinário e especial não repetitivos: Ambos devem ser interpostos perante o tribunal de origem cuja decisão se quer recorrer. Observação! Após a aprovação da Lei 13256/16, é da competência do tribunal de origem (TJ ou TRF) a realização da admissibilidade dos recursos (extraordinário ou especial). A parte interessada pode interpor ou extraordinário ou o especial ou, ainda, ambos os recursos simultaneamente perante o tribunal de origem, conforme o caso. Em regra, os recursos extraordinário e especial possuem o efeito devolutivo; todavia, existe a possibilidade de conferi-los o efeito suspensivo. Na vigência do CPC/73 não havia uma visão muito clara de como se obter o efeito suspensivo nesses recursos, assim, o STF, nas súmulas 634 e 635, estabeleceu que, ultrapassada a fase de admissibilidade no tribunal de origem, o interessado poderia ingressar como a ação cautelar inominada no STF ou no STJ, conforme o caso. Em outras palavras, diante do silêncio normativo do CPC/73, a jurisprudência do STF indicava qual o procedimento adequado para se conceder o efeito suspensivo aos recursos. STF - Súmula 634: não compete ao supremo tribunal federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem. STF - súmula 635: cabe ao presidente do tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

Nº da aula 29 PROCESSAMENTO RECURSO ......Este agravo ao tribunal superior (ou agravo nos próprios autos) está disciplinado no art. 1042 do CPC/15 e tem o prazo de 15 dias para

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Curso/Disciplina: Novo CPC Comparado e Comentado

Aula: Processamento Extraordinário e Especial. Agravo ao Tribunal Superior. Embargos de Divergência.

Professor (a): Rodolfo Hartmann

Monitor (a): Felipe Ignacio Loyola

Nº da aula 29

PROCESSAMENTO RECURSO EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL.

Recursos extraordinário e especial não repetitivos:

Ambos devem ser interpostos perante o tribunal de origem cuja decisão se quer recorrer.

Observação! Após a aprovação da Lei 13256/16, é da competência do tribunal de origem (TJ ou TRF)

a realização da admissibilidade dos recursos (extraordinário ou especial).

A parte interessada pode interpor ou extraordinário ou o especial ou, ainda, ambos os recursos

simultaneamente perante o tribunal de origem, conforme o caso.

Em regra, os recursos extraordinário e especial possuem o efeito devolutivo; todavia, existe a

possibilidade de conferi-los o efeito suspensivo.

Na vigência do CPC/73 não havia uma visão muito clara de como se obter o efeito suspensivo nesses

recursos, assim, o STF, nas súmulas 634 e 635, estabeleceu que, ultrapassada a fase de

admissibilidade no tribunal de origem, o interessado poderia ingressar como a ação cautelar

inominada no STF ou no STJ, conforme o caso. Em outras palavras, diante do silêncio normativo do

CPC/73, a jurisprudência do STF indicava qual o procedimento adequado para se conceder o efeito

suspensivo aos recursos.

STF - Súmula 634: não compete ao supremo tribunal federal conceder medida cautelar para

dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de

admissibilidade na origem.

STF - súmula 635: cabe ao presidente do tribunal de origem decidir o pedido de medida

cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

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Observação! O STF e o STJ, eventualmente, não aplicavam as referidas súmulas, até porque, elas

possuem caráter meramente persuasivo.

Como o CPC/15 não faz previsão da ação cautelar autônoma, é possível garantir o efeito suspensivo,

por simples petição, nos termos do § 5º do art. 1029 do CPC/15.

CPC/15. Art. 1029 (...) § 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso

extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão

de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame

prevento para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido

entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim

como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. (Redação dada

pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

Efeito translativo1:

Nada mais é do que um efeito devolutivo na profundidade e restrito à matéria de ordem pública.

“Entende-se por efeito translativo a capacidade que tem o tribunal de avaliar matérias que

não tenham sido objeto do conteúdo do recurso, por se tratar de assunto que se encontra

superior à vontade das partes. Em outras palavras, o efeito translativo independe da

manifestação da parte, eis que a matéria tratada vai além da vontade do particular, por ser

de ordem pública.” (Jusbrasil)

1“O efeito translativo traz a possibilidade de o órgão ad quem conhecer das matérias de ordem pública de ofício, sendo

decorrência direta do princípio do inquisitivo, visto que o Tribunal não depende de provocação das partes para tal

mister.” (Ravi de Medeiros Peixoto)

REsp./R.E.

NÃO TÊM EFEITO SUSPENSIVO AUTOMÁTICO

SÃO INTERPOSTOS NO TRIBUNAL DE ORIGEM

(TJ/TRF)

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Há uma controvérsia doutrinária acerca da aplicação do efeito translativo nos recursos

extraordinário e especial.

1ª corrente (Nelson Nery Jr.): o efeito translativo é incompatível com os recursos extraordinário e

especial. A própria CRFB/88, prevê que o objeto desses recursos é uma “causa que já foi decidida”.

Portanto, os tribunais superiores não podem conhecer de matéria nova pela via dos recursos

extraordinário ou especial. (Minoritária).

2ª corrente (Luiz Guilherme Marinoni, Fredie Didier Jr.): o efeito translativo é compatível, pois a

expressão “causa já decidida” configura um requisito de admissibilidade dos recursos especial e

extraordinário, assim, admitido o recurso, o tribunal é livre para analisa-lo, inclusive quanto à

matéria de ordem pública. (Majoritária).

CF. art. 102 (...) III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única

ou última instância, quando a decisão recorrida:

CF. art. 105 (...) III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última

instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito

Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

Luiz Guilherme Marinoni cita que o efeito translativo é inerente a todos os recursos.

Jurisprudência nos tribunais superiores:

Apesar da divergência doutrinária é muito comum os tribunais superiores não admitirem um

recurso em razão de matéria de ordem pública.

Por exemplo, é comum que o STJ, em sede de recurso especial, não pronuncie a prescrição

(lembrando que a prescrição é matéria de ordem pública que envolve análise de fato), assim,

quando uma prescrição é suscitada, o feito é remetido ao tribunal de origem, que, se for o caso,

pronunciará a prescrição.

STJ - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL EDcl no REsp 1359516 SP

2012/0064312-9 (STJ) Data de publicação: 12/09/2013

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Ementa: embargos de declaração. Alegação de omissão. Questão de ordem pública. Efeito

translativo em recurso especial. Impossibilidade. Prequestionamento de matéria nova.

Inviabilidade. Possibilidade de utilização para correção de erro material e de omissão sobre

o ônus da sucumbência.

1. É assente e remansosa a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que não admite

a incidência de efeito translativo em recurso especial para permitir o conhecimento ex

officio de questão de ordem pública não prequestionada.

Incidente de resolução de demanda repetitiva (IRDR):

O acórdão em IRDR é da competência dos tribunais inferiores e pode desafiar o Resp. e o R.E.

Nas hipóteses de interposição de Resp. ou R.E. para impugnar uma decisão em IRDR, o § 1º do art.

987 do CPC/15 permite, além do efeito suspensivo automático, a presunção de repercussão geral.

CPC/15. Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou

especial, conforme o caso.

§ 1o O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão

constitucional eventualmente discutida.

Importante! A impugnação da decisão em IRDR é um exemplo legal de efeito suspensivo automático

dos recursos extraordinário e especial.

Resumindo: os recursos extraordinário e especial devem ser propostos perante o tribunal de

origem, que vai intimar o recorrido para apresentar as contrarrazões e, após a apresentação das

contrarrazões, fazer o juízo de admissibilidade dos recursos. O interessado tem o prazo de 15 dias

para interpô-los, individual ou simultaneamente.

TRIBUNAIS SUPERIORES.

DEVOLUTIVO

SUSPENSIVO (EVENTUALMENTE)

CPC/15 § 5º ART. 1029

TRANSLATIVO

CORRENTE MINORITÁRIA NÃO ADMITIE

CORRENTE MAJORITÁRIA ADMITE

JURISPRUDÊNCIA NÃO ADMITE

EFEITO DOS RECURSOS

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Inadmissão dos recursos extraordinário e especial:

Nesta situação, há a possibilidade de interposição dos agravos em extraordinário ou em recurso

especial. Este agravo ao tribunal superior (ou agravo nos próprios autos) está disciplinado no art.

1042 do CPC/15 e tem o prazo de 15 dias para a interposição.

CPC/15. Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do

tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando

fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em

julgamento de recursos repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de

origem e independe do pagamento de custas e despesas postais, aplicando-se a ela o

regime de repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à possibilidade de

sobrestamento e do juízo de retratação. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 3o O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no prazo de 15 (quinze)

dias.

§ 4o Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será remetido ao tribunal

superior competente.

§ 5o O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o recurso especial

ou extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação oral, observando-se, ainda, o

disposto no regimento interno do tribunal respectivo.

§ 6o Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário e especial, o

agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido.

§ 7o Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal competente, e,

havendo interposição conjunta, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 8o Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, se for o caso, do

recurso especial, independentemente de pedido, os autos serão remetidos ao Supremo

Tribunal Federal para apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.

Admissibilidade de ambos os recursos:

Imaginando que a parte interpôs simultaneamente os recursos especial e extraordinário e ambos

foram admitidos. Nesta situação, ao art. 1031 do CPC/15 que os autos devem ser encaminhados ao

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STJ, possibilitando ao ministro do STJ aferir se existe alguma prejudicial que entenda ser da

competência do STF, e, nesse caso, sobrestar o REsp. e encaminha-lo para o STF.

Atenção! A decisão do relator no STJ não vincula o STF (hierarquicamente superior) que, por decisão

irrecorrível, pode determinar a devolução dos autos para que o STJ prosseguir no julgamento do

REsp.

CPC/15. Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e

recurso especial, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 1o Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo

Tribunal Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.

§ 2o Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em

decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal

Federal.

§ 3o Na hipótese do § 2o, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível,

rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o

julgamento do recurso especial.

Princípio da primazia da resolução do mérito:

O CPC/15 permite que o relator do recurso extraordinário, caso observe que a violação à Constituição é

reflexa, converta em recurso especial e remeta ao STJ para apreciação, em nome da instrumentalidade do

processo (princípio da resolução do mérito).

CPC/15. Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à

Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação

de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento

como recurso especial.

Atenção! Ocorrendo a hipótese inversa, ou seja, se o relator do recurso especial observar que se trata de

matéria constitucional, ele deverá intimar o recorrente para fazer os devidos ajustes, uma vez que o recurso

extraordinário é regido por formalidade que não são exigidas para o recurso especial, como por exemplo, é

o caso da preliminar de repercussão geral. Cumpridas as formalidades exigidas, poderá remeter o recurso

para a apreciação do STF.

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CPC/15. Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso

especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para

que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a

questão constitucional.

Observação! O parágrafo único do art. 1034 do CPC/15 converteu em lei o que já era um entendimento

jurisprudencial.

CPC/15. Art. 1034 (...) Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso

especial por um fundamento, devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais

fundamentos para a solução do capítulo impugnado.

Atenção! Os recursos extraordinário e especial permitem a sustentação oral.

CPC/15. Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o

presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua

intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze)

minutos para cada um, a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos

termos da parte final do caput do art. 1.021:

III - no recurso especial;

IV - no recurso extraordinário;

À inadmissão dos recursos extraordinário e especial, cabe o agravo do art. 1042 do CPC/15, que permite aos

tribunais superiores o enfrentamento do recurso impugnado. Entretanto, como a sustentação oral nos

recursos especial e extraordinário é um direito (art. 937 III e IV do CPC/15), o enfretamento do mérito só

poderá acontecer se, na sessão de julgamento do agravo, esse direito foi respeitado (§ 5º do art. 1042 do

CPC/15).

CPC/15. Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do

tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando

fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em

julgamento de recursos repetitivos.

CPC/15. Art. 1.042. (...) § 5o O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente

com o recurso especial ou extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação oral,

observando-se, ainda, o disposto no regimento interno do tribunal respectivo.

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Recursos extraordinário e especial em regime repetitivo:

Como vivemos em uma sociedade massificada, é possível que a lesão sofrida por um seja semelhante a

sofrida por outros. Por este motivo, o legislador, do art. 1036 ao art. 1041 do CPC/15, previu as hipóteses de

recurso extraordinário e especial em regime repetitivo. O recurso é repetitivo porque usa de uma mesma

tese jurídica para o julgamento das várias demandas semelhantes.

CPC/15. Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou

especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para

julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no

Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.

Caso os tribunais superiores determinem o processamento de recursos repetitivos, haverá a suspensão de

todas as demandas que versem sobre aquele tema até que criem o precedente (que é vinculante). Isso vale

para os processos que estão nos TJs e para os que estão no primeiro grau de jurisdição.

CPC/15. Art. 1.036. (...) § 1o O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de

tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da

controvérsia, que serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior

Tribunal de Justiça para fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos

os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região,

conforme o caso.

Observação! De acordo como art. 988 IV do CPC/15 caberá reclamação a não aplicação dos precedentes

vinculantes, entretanto, é preciso que todas as instancias ordinárias sejam antes esgotadas (§ 5º II do art.

988 do CPC/15).

CPC/15. Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução

de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência; (Redação dada pela

Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§ 5º É inadmissível a reclamação: (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com

repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos

extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

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Petição de distinção (distinguish):

Caso o objeto do processo sobrestado não seja semelhante ao processo paradigma em julgamento no

tribunal superior, a parte que se sentir prejudicada pode, perante o órgão em que se encontra o processo,

apresentar uma petição de distinção (distinguish). Se o magistrado indeferir a petição de distinção caberá

recurso:

CPC/15. Art. 1037 (...) § 9o Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no

processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte

poderá requerer o prosseguimento do seu processo.

CPC/15. Art. 1037 (...) § 10. O requerimento a que se refere o § 9o será dirigido:

I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau;

II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de origem;

III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso especial ou recurso

extraordinário no tribunal de origem;

IV - ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de recurso extraordinário cujo

processamento houver sido sobrestado.

CPC/15. Art. 1037 (...) § 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o §

9o caberá:

I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau;

II - agravo interno, se a decisão for de relator.

Prazo para julgamento dos recursos afetados pelo STJ ou STF:

PETIÇÃO DE DISTINÇÃO INDEFERIDA

RECURSOS

TRIBUNAL DECISÃO MONOCRÁTICA

AGRAVO INTERNO

JUIZ DE PRIMEIRO GRAU

AGRAVO DE INSTRUMENTO

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CPC/15. Art. 1037 (...) § 4o Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 (um)

ano e terão preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os

pedidos de habeas corpus.

Observação! O prazo de 01 ano para o julgamento desses recursos é impróprio e a sua violação não gera

grandes efeitos práticos.

Desistência unilateral do recorrente:

O CPC/15 permite ao autor, sem a anuência do réu, desistir da ação para não sofrer com a coisa julgada

material, caso o precedente formado seja desfavorável à sua pretensão.

CPC/15. Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma:

§ 1o A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de

proferida a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso

representativo da controvérsia.

§ 2o Se a desistência ocorrer antes de oferecida contestação, a parte ficará isenta do

pagamento de custas e de honorários de sucumbência.

§ 3o A desistência apresentada nos termos do § 1o independe de consentimento do réu,

ainda que apresentada contestação.

AGRAVO AO TRIBUNAL SUPERIOR.

Com previsão no art. 1042 do CPC/15, é usado quando inadmitidos os recursos extraordinário e especial no

tribunal de origem.

CPC/15. Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do

tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando

fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em

julgamento de recursos repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de

origem e independe do pagamento de custas e despesas postais, aplicando-se a ela o

regime de repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à possibilidade de

sobrestamento e do juízo de retratação. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

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§ 3o O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no prazo de 15 (quinze)

dias.

§ 4o Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será remetido ao tribunal

superior competente.

§ 5o O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o recurso especial

ou extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação oral, observando-se, ainda, o

disposto no regimento interno do tribunal respectivo.

§ 6o Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário e especial, o

agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido.

§ 7o Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal competente, e,

havendo interposição conjunta, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 8o Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, se for o caso, do

recurso especial, independentemente de pedido, os autos serão remetidos ao Supremo

Tribunal Federal para apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

É considerado o último (derradeiro) recurso cabível. São usados nos tribunais superiores e em caso de

divergência interna. Por exemplo, no STF, quando duas turmas divergem sobre um mesmo tema, uma dando

provimento e a outra negando, caberá o embargo de divergência ao órgão pleno do superior.

CPC/15. Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:

I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer

outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;

III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer

outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha

conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia;

§ 1o Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de

ações de competência originária.

§ 2o A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode verificar-

se na aplicação do direito material ou do direito processual.

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§ 3o Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma

que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em

mais da metade de seus membros.

Prova da divergência:

O recorrente tem que fazer a prova da divergência por meio do inteiro teor dos acórdãos que considera

divergentes possibilitando o confronto analítico entre eles.

CPC/15. Art. 1.043. (...) § 4o O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou

citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia

eletrônica, onde foi publicado o acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado

disponível na rede mundial de computadores, indicando a respectiva fonte, e mencionará

as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados.

Art. 1.044. No recurso de embargos de divergência, será observado o procedimento

estabelecido no regimento interno do respectivo tribunal superior.

§ 1o A interposição de embargos de divergência no Superior Tribunal de Justiça interrompe

o prazo para interposição de recurso extraordinário por qualquer das partes.

§ 2o Se os embargos de divergência forem desprovidos ou não alterarem a conclusão do

julgamento anterior, o recurso extraordinário interposto pela outra parte antes da

publicação do julgamento dos embargos de divergência será processado e julgado

independentemente de ratificação.