34
EDITORIAL 03 INVERSÃO DE VALORES Os Altos Preços do Livro Espírita Ricardo R. Escodelário 04 GESTÃO Administração das Instituições Espíritas - USEERJ 06 CIÊNCIA E ESPIRITISMO O Enigma da Consciência Prof. Dr. Nubor Orlando Facure 08 ACONTECEU COMIGO Sua mãe, já morta, lhe apareceu... - Nizia Landini 11 HAGIOGRAFIA Santa Teresa D’avila - a Mística do Êxtase - Redação 12 CURIOSIDADES BÍBLICAS Desencarnes Curiosos narrados no Antigo Testamento - Julieta Closer 15 FILOSOFIA Orfeu e a Imortalidade da Alma - Redação 16 RESPONSABILIDADE Pregação e Testemunho - Joseana Hypólyto 26 HISTÓRIA Espiritismo - Como Tudo Começou - 2ª parte Sandro Cosso 28 NOSSO DEVER Estudar Kardec - Gustavo Marcondes / Clayton Levi 25 LITERATURA O Livro dos Médiuns - USE/SP 31 JUSTIÇA DIVINA Juízo Final - Benedito Godoy Paiva 32 INFORMAÇÃO O Editor Recomenda - O Editor 35 TRADIÇÃO A Origem do Dia de Finados - Lino Bittencourt Lei de Talião - Pasquale Cipro Neto 34 Edição FidelidadESPÍRITA - NOVEMBRO DE 2002 Nesta Nesta CAPA Conversando sobre a Morte - Therezinha Oliveira 18

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EDITORIAL03

INVERSÃO DE VALORESOs Altos Preços do Livro Espírita Ricardo R. Escodelário

04

GESTÃOAdministração das Instituições Espíritas - USEERJ06

CIÊNCIA E ESPIRITISMOO Enigma da ConsciênciaProf. Dr. Nubor Orlando Facure

08

ACONTECEU COMIGOSua mãe, já morta, lhe apareceu... - Nizia Landini11

HAGIOGRAFIASanta Teresa D’avila - a Mística do Êxtase - Redação12

CURIOSIDADES BÍBLICASDesencarnes Curiosos narrados no AntigoTestamento - Julieta Closer

15

FILOSOFIAOrfeu e a Imortalidade da Alma - Redação16

RESPONSABILIDADEPregação e Testemunho - Joseana Hypólyto26

HISTÓRIAEspiritismo - Como Tudo Começou - 2ª parteSandro Cosso

28

NOSSO DEVEREstudar Kardec - Gustavo Marcondes / Clayton Levi25

LITERATURAO Livro dos Médiuns - USE/SP31

JUSTIÇA DIVINAJuízo Final - Benedito Godoy Paiva32

INFORMAÇÃOO Editor Recomenda - O Editor35

TRADIÇÃOA Origem do Dia de Finados - Lino Bittencourt

Lei de Talião - Pasquale Cipro Neto34

Ed i çãoFidelidadESPÍRITA - NOVEMBRO DE 2002

Nes ta Nes ta

CAPAConversando sobre a Morte - Therezinha Oliveira18

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EditorialEditorialo mês em que as teologias tra-dicionais lembram os mortos e Npor eles choram, os Espíritas re-

cordamos os vivos que deixaram o cor-po e retornaram para a verdadeira vi-da.

A Doutrina Espírita, através de fatos, mostra aos homens toda a rea-lidade existencial da sobrevivência do ser em relação à morte.

Revelado a 18 de abril de 1857, o Espiritismo concita os seres pa-ra a transformação moral bradando: a morte não existe!

Esse fato não é novo! Toda-via, a estrutura doutrinária do Espiri-tismo é toda uma revolução! O clamor da perenidade da alma ecoa pelos cor-redores da história humana desde eras remotas.

Na Magna Grécia, os cultos ór-ficos apregoavam a indestrutibilidade da alma e a reencarnação; Pitágoras fo-ra o seu grande divulgador. Sócrates, o sábio de Atenas, afirmava com natura-lidade ser amparado por um espírito ou gênio protetor (daimon em grego). Pla-tão leva adiante a certeza da vida pós morte, legando aos homens o Fédon, li-vro áureo do imortalismo.

Do Egito à Grécia, dos hiero-fantes aos oráculos, de Orfeu ao após-tolo de Samos, de Sócrates a Platão, a imortalidade da alma foi cantada pelos corifeus da filosofia. E os cânones das verdades espirituais, quais editos do Criador, retumbaram desde as terras do Nilo à Ágora helênica, do Oriente ao Ocidente, despertando os homens.

Do Bhagavad-Gîta ao Mahab-hârata, de Krishna a Buda, das práticas do Diana ao êxtase, ouvia-se a afirma-ção: somos imortais!

Dos druidas aos israelitas, a morte perdia sua foice. Os filhos da Gá-lia confirmavam o progresso espiritual pelas vidas sucessivas, enquanto os des-cendentes de Abraão aceitavam os vati-cínios dos espíritos por meio dos pro-fetas e das manifestações oníricas.

Com o Cristianismo, porém, a relação entre “mortos" e vivos se acen-tuaria. Inúmeras vezes Jesus deu de-monstrações deste intercâmbio que

comprova a imortalidade da essência humana! Afirmou a influência de espí-ritos bons e maus sobre as pessoas quando Pedro declarou “Tu és o Cris-to" (Mt. 16:13/17) e no caso do espírito imundo expulso (Mt. 12:43/45 e Lc. 11:26); conversou com Moisés e Elias materia-lizados (Mt. 17:1/18 e Lc. 9:28/36) e com a legião de espíritos que obsidiava o ga-dareno (Mc. 5:1/20). Anunciou um batis-mo (mergulho) do espírito que se cum-priu no dia de Pentecostes (Atos, 1:4/5 e

2:1/39). O próprio Cristo, o profeta do tú-mulo vazio, ressurgiu em Espírito ven-cendo a finitude do corpo, aparecendo, em vários momentos, aos seus discípu-los (Luc. 24:13/35).

Caberia, porém, a Allan Kar-dec a sistematização e comprovação científica da imortalidade e comunica-bilidade da alma, proclamando ao mun-do o Consolador prometido pelo Mes-tre Nazareno.

Neste mês de novembro, quan-do a saudade daqueles que partiram antes de nós apertar o coração, lembre-mo-nos de que pelo pensamento pode-mos ofertar uma prece de amor elevan-do a eles nossas melhores vibrações. Que os cemitérios não são a sua mora-da, mas, o simples depósito das vestes carnais. Que aqueles a quem amamos permanecem vivos em outra realidade da vida para onde iremos também. To-dos estamos numa jornada evolutiva cujo objetivo é a perfeição!

No dia dos “mortos" louve-mos a vida e atentemos para a conso-ladora mensagem de Jesus: “Ele não é Deus de mortos e sim de vivos, porque para Ele todos vivem" (Lc.20:38).

Com efeito, este segundo nú-

mero da revista FidelidadESPÍRITA, com a matéria de capa, convida você, amigo leitor, para um interessante en-contro, onde estaremos com a querida professora, escritora e oradora Therezi-nha Oliveira, na companhia da lógica e da razão, sob a luz do Espiritismo: Con-versando sobre a morte!

O Editor

Conversando sobre a Morte

Assinaturas

Para o exterior

Correspondência

Internet

AnualNúmero Avulso

Anual

R: Dr. Arnaldo de Carvalho, 555 - apto 51

Bonfim - CEP 13070-090

Campinas - SP - Brasil

Fone/Fax (19) 3233.5596

Fidelidade Espírita é uma publicação

do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”.

CNPJ: 01.990.042/0001-80

Inscr. Estadual: Isento

R$ 45,00R$ 4,50

US$ 35,00

E-mail: [email protected]

Diretor Presidente

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Doutrinário

Equipe Editorial

Adriana PersianiJulieta CloserLino BittencourtPaulo RossiRicardo R. EscodelárioRogério Gonçalves Sandro Cosso

Revisão Ortográfica

Rosemary C. Cabral

Jornalista Responsável

Renata LevantesiMtb 28.765

Diagramação e Ilustrações

Alessandra Persiani

Administração

Rogério GonçalvesViviam B. S. Gonçalves

Capa

Fotolito

Octano Design 19 3294.2565

Rip Editores Gráficos Associados

Apoio Cultural

Braga Produtos AdesivosAlvorada Gráfica & Editora

Impressão

Alvorada Gráfica & Editora 19 3227.3493

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Colocando o Efeito (a assistência),acima da Causa (a mensagem),estaremos desviando a Doutrina

do seu verdadeiro objetivo: atransformação moral do homem.

Colocando o Efeito (a assistência),acima da Causa (a mensagem),estaremos desviando a Doutrina

do seu verdadeiro objetivo: atransformação moral do homem.

do Livro Espírita

Inversão de Valores

FidelidadESPÍRITA Novembro 200204

om 145 anos apenas, o Espiritismo tem avan-Cçado de maneira muito

positiva! Hoje, a mensagem es-pírita é veiculada através de rá-dios, jornais, revistas e televi-são. Entretanto, o maior ins-trumento de divulgação da Doutrina continua sendo o livro!

Observa-se, com grande satisfação, que a cada dia o livro espírita divulga a mensagem con-soladora e, na atualida-de, rompe as fronteiras do nosso movimento atingin-do grande parte da sociedade, levando esclarecimento e con-solo a milhares de pessoas.

Diante disso, nota-se o surgimento de muitas editoras com o objetivo de atender às necessidades editoriais, coo-perando, assim, com a divul-

gação do Espiritismo. Contu-do, muitas casas de editoração que trabalham com a mensa-gem espírita, não estão preo-cupadas com a qualidade dou-trinária das obras que publi-cam em nome do Espiritismo;

não se interessam em orientar corretamente o leitor acerca da doutrina codificada por Allan Kardec e publicam volu-mes cujo conteúdo não condiz com os princípios Espíritas. Infelizmente, parecem estar in-teressadas, apenas, com o exte-rior em excelentes produções

gráficas e artísticas, com belas capas e agradável diagrama-ção objetivando atrair o leitor com o fito meramente comer-cial, almejando exclusivamen-te o lucro!

O propósito de aprimo-rar capas e qualidade do papel dos nossos livros é louvável, mas não po-de estar acima da pró-pria mensagem. Tarefas assim fazem aumentar o preço do livro a fim de honrar as despesas gera-das com a qualidade da

apresentação do volume e, com isso, gera-se um grande problema: A mensagem literá-ria espírita ficará restrita so-mente àqueles que tiverem condições econômicas para “pagá-la". Pensamos nisso por-que estamos em um país onde existem aproximadamente 21

A mensagem literá-ria espírita ficará restrita so-mente àqueles que tiverem condições econômicas para “pagá-la"

“...não leio obras Espíritas porquenão posso pagá-las”

Ricardo Rodrigues EscodelárioCampinas/SP

do Livro EspíritaOs Altos PreçosOs Altos Preços

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FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 05

milhões de pessoas vivendo em situação de miséria e 50 mi-lhões como pobres.

Mesmo que o lucro seja revertido para as obras assis-tenciais, os mei-os não justifi-cam os fins. Invertendo os valores, colo-cando o Efeito (a assistência), acima da Causa (a mensagem) que é o móvel propulsor e mantenedor de to-das as casas que representam o Espiritismo, estaremos des-viando a Doutrina do seu ver-dadeiro objetivo: o da trans-formação moral do homem.

Se não zelarmos pela in-tegridade desses princípios po-deremos ouvir, agora ou no fu-turo: “...não leio obras Espíri-tas porque não posso pagá-las"!

A orientação do Codificador

Allan Kardec interes-sou-se por essa questão e a tra-tou com muita clareza na Re-vista Espírita de dezembro de 1868, item VI:

“Muitas pessoas lamen-tam que as obras fundamen-tais da Doutrina sejam de um preço tão alto para o grande número de leitores e pensam,

Efeito

Causa

“...não leio obras Espíri-tas porque não posso pagá-las"!

com razão, que se fossem fei-tas edições populares a baixo custo, estariam muito espalha-das, com o que ganharia a dou-

trina. Estamos completamente de acordo; esperamos chegar um dia a esse resultado..."

Atualmente, o projeto do Codificador é plenamente viável. Contudo, sabemos que os livros possuem um custo, que existem despesas a saldar (impostos, transportes e ou-tros), mas isso não justifica os abusos que se observa em nos-so movimento com os altos preços de certas obras.

Posicionamento

Até que as editoras e li-vrarias Espíritas se conscienti-zem, algumas alternativas po-derão ser utilizadas a fim de amenizar esse problema:

No Centro Espírita, parte dos descontos obtidos

no comércio dos livros podem ser repassados para o leitor, servindo de estímulo à leitura;

A Casa Espírita deve manter uma biblioteca

aberta ao público;

As editoras devem co-mercializar os livros

com menor percentagem de lu-cro, aumentando, com isso, a venda de exemplares editados, mantendo a qualidade e o de-senvolvimento do setor.

Assim, todos seriam be-neficiados e a Doutrina Espíri-ta ganharia como bem afir-mou Allan Kardec.

É imprescindível medi-tarmos sobre a questão, para que não venhamos prejudicar a Seara Espírita que Deus nos confiou, misturando joio com o trigo, distorcendo a mensa-gem que os arautos do Senhor nos legaram sem cobrarem di-reitos autorais.

A mensagem espírita é, para nós, tão sublime e tão pu-ra que desejamos evitar o co-mércio excessivo da Literatura Espírita.

Se, no mundo moder-no, o comércio é inevitável, atuemos, ao menos, com ética, responsabilidade e fidelidade doutrinária para que o fator econômico não seja um esco-lho na divulgação do Espiritis-mo. 1

23

Revista Brasileira de Ciências Sociais vol. 15 nº 42 - fevereiro/2000.

1

Se, no mundo moderno, o comércioé inevitável, atuemos com ética,responsabilidade e fidelidadedoutrinária para que o fator

econômico não seja um escolhona divulgação do Espiritismo.

Se, no mundo moderno, o comércioé inevitável, atuemos com ética,responsabilidade e fidelidadedoutrinária para que o fator

econômico não seja um escolhona divulgação do Espiritismo.

1

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Instituições EspíritasInstituições Espíritas

Gestão

FidelidadESPÍRITA Novembro 200206

que as instituições espíritas necessitam de recursos econômicos para atender às despesas de implementação e manutenção de suas atividades doutrinárias, assistenciais e administrativas;

que o trato com esses recursos econômico-financeiros reclama adequado plane-jamento e controle eficiente, a fim de se atender aos seus objetivos, bem como às exi-gências e obrigações legais, fiscais e trabalhistas.

Administração das

RECOMENDAÇÕES RELATIVAS AOS RECURSOS FINANCEIROSRECOMENDAÇÕES RELATIVAS AOS RECURSOS FINANCEIROS

ara alguém fazer qualquer coisa de sério, tem que se submeter às necessida-des impostas pelos costumes da época em que vive e essas necessidades são Pmuito diversas das dos tempos da vida patriarcal. O próprio interesse do Espi-

ritismo exige, pois, que se apreciem os meios de ação, para não ser forçoso parar a meio do caminho. Apreciemo-los, portanto, uma vez que estamos num século em que é preciso calcular tudo”.

Allan Kardec - Obras Póstumas - Constituição do Espiritismo - Vias e meios.

Considerando:Considerando:

a)

b)

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FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 07

que as instituições espíritas, na busca dos recursos econô-mico-financeiros de que necessitam, observem os meios ade-quados e coerentes com os princípios doutrinários, preservando,

inclusive, o respeito que a atividade espírita vem conquistando perante a opinião pública;

que a obtenção de auxílios, doações, contribuições e subvenções, inclusive por meio de convênios, seja sempre desvinculada de qualquer compromisso que desfigure o caráter espírita da instituição, ou que impeça o normal desenvolvimen-to de suas atividades doutrinárias e assistenciais, preservando-se, assim, a total in-dependência administrativa da entidade;

que, para a obtenção desses recursos, sejam realizados eventos que propi-ciem aos freqüentadores da instituição oportunidades de trabalho e de confraterni-zação, tais como:

a realização de chás e de almoços beneficentes; a realização de bazares e de feiras comunitários, com venda de trabalhos

manuais, artesanatos, roupas, plantas, flores, livros e outros objetos, não se inclu-indo produtos cujo uso conflita com os princípios morais doutrinários, tais como: cigarros e bebidas alcoólicas;

a elaboração de listas, para angariar donativos, as quais devem ser distri-buídas entre sócios e amigos da instituição;

a realização de atividades artísticas, com a apresentação de arte espiri-tualizada ou com mensagem espírita;

que, em nenhuma circunstância, sejam angariados recursos financeiros nas reuniões de assistência espiritual ou doutrinária, “de vez que tais expedientes po-dem ser tomados à conta de pagamentos por benefício";

que se evite que as atividades destinadas a angariar recursos econômico-financeiros sejam realizadas nos ambientes reservados às atividades mediúnicas ou de aplicação de passes;

que sejam desenvolvidos esforços no sentido de tornar a instituição econo-micamente auto-suficiente, em especial as que tenham caráter assistencial perma-nente, tais como: lares, abrigos, creches, etc;

que os recursos financeiros destinados à manutenção ou desenvolvimento das atividades assistenciais sejam corretamente aplicados segundo a sua destina-ção, controlados e registrados para a adequação de contas aos cooperadores, sejam órgãos públicos ou particulares;

que em todas as atividades relacionadas com a obtenção e controle de re-cursos econômico-financeiros sejam, sempre, observadas as exigências legais mu-nicipais, estaduais e federais.

Fonte: 1) Manual de Administração das Instituições Espíritas - Assuntos Diversos, nº 5 - elaborado e atualizado até 1994 pela União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro - USEERJ, por recomendação do Conselho Federativo Nacional da FEB.

Recomenda-se:Recomenda-se:1)

2)

3)

a)

b)

c)

d)

4)

5)

6)

7)

8)

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Ciência e Espiritismo

FidelidadESPÍRITA Novembro 200208

definição de mente e sua interação com o cé-Arebro são dilemas ain-

da não resolvidos pela Ciência. De qualquer forma, o homem compreende sua mente através das idéias que ela expressa. Pa-ra René Descartes, nós já nas-cemos com um conteúdo de idéias inatas e Leibniz (Gottfri-ed W. Leibniz, 1646-1716) su-gere a existência de mônadas na estruturação da mente. Para outros, o conteúdo mental é produzido pelos estímulos que atravessam os nossos sentidos.

A discussão filosófica interpreta as idéias como sendo todo nosso conteúdo mental. Elas podem ser expressas em di-versas formas de linguagem, se-

René Descartes

idéias inatas Leibniz

mônadas

ja num texto falado ou escrito ou numa composição artística qualquer. Em todas suas mani-festações, o pensamento será sempre o veículo que expressa essas idéias.

Não escapa do raciocí-nio de qualquer um de nós que as idéias podem ter graus de maior ou menor complexidade. Locke (John Locke,1632-1704), por exemplo, considera que as idéias podem ser simples ou complexas e, elas seriam resul-tado das nossas sensações ou das nossas reflexões.

David Hume (1711-1776) diz que o pensar é pensar por meio de imagens, é imagi-nar e, que toda experiência, se-ja na sensação ou na imagina-

Lockeas

idéias podem ser simples ou complexas

David Humeo pensar é pensar

por meio de imagens

ção, é chamada de percepção. Para Hume, as percepções são constituídas de idéias e impres-sões. As impressões podem se originar da experiência senso-rial ou de atividades como a me-mória.

Diz ainda Hume, que a impressão pode não ter a mes-ma nitidez das idéias produzi-das pela experiência sensorial. Ela precede sempre as idéias produzidas pelas sensações e, o que não pode ser imaginado não pode ser experimentado.

Definindo a mente, Hu-me a considera uma espécie de teatro, onde várias percepções fazem a sua apresentação su-cessivamente.

Diz Hume que não te-mos a menor noção do lugar onde essas cenas são represen-

percepçãoHume

idéias impres-sões

Hume

o que não pode ser imaginado não pode ser experimentado

Hu-me uma espécie de teatro

Hume

Prof. Dr.º Nubor Orlando Facure - Campinas/SPExclusivo para FidelidadESPÍRITA.

A construção da mente - uma visão filosófica

O ENIGMA DA CONSCIENCIA^

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FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 09

tadas, nem dos materiais que as compõem. Nossa mente seria apenas uma sucessão de per-cepções. A humanidade seria um acervo ou uma coleção de diferentes percepções que se su-cedem umas às outras, numa ra-pidez inconcebível e se acham num estado de perpétuo fluxo ou movimento.

A noção de Eu, para Hu-me é impossível. É um disfarce para confundir uma sucessão de idéias, com a idéia de identi-dade que formamos de algo que permanece igual durante um período de tempo.

A idéia de que a mente interfere na percepção das coi-sas não é nova. Spinoza (Ba-ruch Spinoza - 1632-1677), considerava que “está na natu-reza da mente perceber as coi-sas sob um certo ponto de vista atemporal". Para Leibniz, é a disposição das mônadas, cada qual com uma disposição dife-rente, que dá a aparência à rea-lidade. Cada objeto consiste de uma colônia de mônadas e o corpo humano tem uma môna-da dominante, privilegiada,

A noção de Eu Hu-me

Spinoza

Leibnizmônadas

uma colônia de mônadas

que mais especificamente se de-nomina Alma humana.

O filósofo inglês, Jonh Locke, no Ensaio sobre o enten-dimento humano (1690), revive a afirmação de Aristóteles, con-siderando a mente como uma folha de papel em branco cujo conteúdo seria preenchido pela experiência. Locke chama esse conteúdo mental, de idéias. As “idéias de sensação", que se-riam originadas da observação do mundo exterior através dos nossos sentidos e as “idéias de reflexão", que surgiriam quan-do a mente observa a si mesma, é quando a mente analisa por si mesma o seu conteúdo. Dizia Locke que tudo o que nós co-nhecemos são idéias, e essas, por sua vez, retratam ou repre-

Jonh Locke

Locke

“idéias de sensação"

“idéias de reflexão" quan-do a mente observa a si mesma

Locke

sentam o mundo.George Berkeley, (1685-

1753) considerava que o existir de alguma coisa é o mesmo que ser percebido. Isso significa di-zer que os objetos que se perce-be estão na própria mente. Nos-sa percepção visual, por exem-plo, não são de coisas externas, mas simplesmente idéias que es-tão na mente. No seu Princípio do conhecimento humano de 1710, Berkeley especifica sua fórmula básica de que “ser é ser percebido". O que na verdade conhecemos e comentamos são conteúdos mentais. Isso fica cla-ro, por exemplo, quando ouvi-mos alguém. O que entende-mos é o “conteúdo mental" do que ele diz, mais do que uma sé-rie de sons verbais isolados uns

George Berkeley

os objetos que se perce-be estão na própria mente

Berkeley“ser é ser

percebido"

O que entende-mos é o “conteúdo mental"

Reprodução

O homemcompreende

sua menteatravés dasidéias que

ela expressa.

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dos outros e depois encadeados como as contas de um colar.

Georg Hegel (1770-1831) partia da história para construir seus princípios da dia-lética. Seu método se aplicava

não só como um instrumento da teoria do conhecimento, mas diretamente como uma des-crição do mundo. Todo passo dialético percorre três etapas. A uma declaração inicial se opõe

Georg Hegel

uma des-crição do mundo

do em 1806. Ele mostra possuir considerável percepção da men-te humana. Na psicologia do de-senvolvimento intelectual, a dialética é, até certo ponto, um método perspicaz de observa-ção e aprendizado. Percebe-se que, com freqüência, a mente progride segundo o padrão dia-lético seguindo a seqüência da tese, da antítese e a conclusão da síntese.

A Filosofia para Hegel é definida como o estudo da sua própria história. Foi a explica-ção detalhada dos aconteci-mentos que fez Hegel publicar a Filosofia da História de onde retirou sua dialética.

Creio eu que os aconte-cimentos e o significado de ca-da evento no decorrer do tem-po, pode nos fazer compreen-der o sentido das coisas. Nesse aspecto, a evolução da mente pode ser revelada numa abor-dagem dialética.

Hegel

Hegel

O articulista é médico, formado pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em Uberaba. Fez especialização em Neurologia e Neurocirurgia no Hos-pital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Lecionou na Faculdade de Medici-na de Campinas UNICAMP - durante 30 anos, onde fez doutorado, livre-docência e tornou-se professor titular. Fundador do Instituto do Cérebro em Campinas, em 1987, tendo ultrapassado a marca de 100.000 pacientes neurológicos registra-dos em sua clínica particular. Além dis-so, é espírita sobejamente conhecido, res-peitado e querido dentro e fora do nosso movimento. Seus artigos guardam, sem-

pre, absoluta FidelidadESPÍRITA.Reprodução

A evolução damente pode serrevelada numa

abordagemdialética.

uma contra declaração e, final-mente, as duas se combinam numa espécie de acordo. Penso eu que o oxigênio é vital para nossa sobrevivência, mas, num incêndio, o oxigênio pode agra-var o fogo e nos comprometer a vida. Concluímos que, con-forme as circunstâncias, o oxi-gênio pode ser indispensável ou perigoso para nossas vidas. No discurso inicial, segundo a dialética de Hegel, podem se opor proposições contraditó-rias, mas a conclusão deve exi-gir um arranjo composto. A contradição pode existir no dis-curso inicial, mas no mundo co-tidiano dos fatos não existe a contradição.

Hegel foi autor do Feno-menologia do Espírito publica-

Hegel

FidelidadESPÍRITA Novembro 200210

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Aconteceu Comigo

o ano de 1932 aconteceu a Revolução Constitucio-Nnalista onde o Estado de

São Paulo esteve bastante envol-vido.

Durante esse período, Cam-pinas, no interior do estado, foi atingida por bombas atiradas por aviões que, por serem pintados de vermelho eram chamados de "Ver-melhinhos".

Nessa época meu pai, Age-nor Landini, trabalhava na C.P.F.L (Companhia Paulista de Força e Luz) localizada na rua Dr. Ricardo, no centro da cidade.

Numa manhã, minha mãe, Clarinda de Carvalho Landini, acordou bastante aflita por causa de um sonho que tivera com sua mãe, minha avó, de nome Rosina Carvalho, que havia falecido pou-cos meses antes.

Nesse sonho, D. Rosina lhe apareceu, em espírito, dizendo que não deixasse meu pai sair pa-ra o trabalho porque havia um grande perigo. Meu pai, entretan-to, foi trabalhar porque pensava que, no dia seguinte, dizer a seu chefe que faltara ao serviço por causa de um sonho da esposa não seria uma justificativa aceitável.

Porém, ao chegar no local de trabalho, logo que se colocou diante de sua bancada, para inici-ar o labor, sentiu um grande mal estar e lembrando-se de imediato das palavras de minha mãe retor-nou à casa.

Passadas algumas horas,

um seu companheiro de trabalho veio à nossa residência para comu-nicar-lhe que o “Vermelhinho” ha-via atirado uma bomba e que esta caíra exatamente sobre a bancada de meu pai. Se ele lá estivesse te-ria morrido.

Os Espíritos amigos, cien-tes dos planos daqueles que atira-ram a bomba, aproveitaram o pe-

ríodo do sono físico de minha mãe e, durante a vivência dela no pla-no espiritual, puderam alertá-la quanto ao perigo que meu pai cor-ria.

É a lembrança da nossa vi-vência durante o nosso sono físi-co.

Como sabemos, o sonho pode ser decorrente de uma gran-de preocupação, de uma enfermi-dade, de um problema físico, o re-sultado daquilo que sobreexcitou nossa mente enquanto no estado de vigília (são os sonhos fisiopsí-quicos). Porém, o Espiritismo nos ensina que, além desses estados,

quando o corpo repousa o espírito se desprende parcialmente do va-so físico podendo se relacionar com os espíritos no plano espiri-tual, nesse caso o sonho será a re-cordação da nossa convivência com espíritos superiores ou inferi-ores, do mundo espiritual, confor-me for nossa conduta moral.

Todavia, a Divina Provi-dência permite que nesses encon-tros, por méritos ou necessidades, recebamos ensinamentos, orienta-ções, avisos ou oportunidades de trabalho. Foi se utilizando dessa possibilidade que os amigos espi-rituais auxiliaram meus pais pro-tegendo-os de um grande perigo.

Lembremo-nos, portanto, de orarmos nos preparando para essas horas de liberdade parcial que gozamos, rogando ao Pai Cria-dor a oportunidade de estarmos na companhia de Espíritos bondo-sos que nos dêem trabalho e ensi-namentos e permita que ao des-pertarmos possamos trazer as lem-branças dessa nossa convivência que certamente nos guiarão nas atividades do nosso dia-a-dia.

“sua mãe, já morta, lhe apareceu dizendo que não deixasse meu pai sair para o

trabalho porque havia um grande perigo”

Nizia Landini - Firenze/Itália

Encaminhe para a redação fatos espíritas como esse, absolutamente verídicos. Envie no-me, telefone e endereço completos, estando dis-ponível para eventual encontro com a reda-ção. Após análise publicaremos seu caso na co-luna: “Aconteceu Comigo”. Ressaltamos, ain-da, que as histórias serão, após doação autoral, de propriedade exclusiva dessa revista.

Nosso endereço: R. Luis Silvério, 120, Vl. Marieta, Campinas/SP, CEP 13043-330.

Nota da redação:O editor garante a veracidade dessa história.

Análise Espírita:Que é o sonho?

Avião modelo Falcon utilizado durante a Revolução de 1932.Foto contida no livro: História Geral da Aeronáutica Brasileira vol. 2,Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.

Avião modelo Falcon utilizado durante a Revolução de 1932.Foto contida no livro: ,Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.

História Geral da Aeronáutica Brasileira vol. 2

FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 11

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Hagiografia

FidelidadESPÍRITA Novembro 200212

orria o ano de 1515, no dia 28 de março, numa Cquarta feira, nasceu Tere-

sa Ahumada, em Ávila na Espa-nha. Sua vida foi marcada por estranhos acontecimentos. Des-de menina, acostumada, pela mãe, na leitura da vida dos már-tires do Cristianismo, teve dese-jo de segui-los. Por isso, na in-genuidade infantil, fugiu com o irmão Rodrigo para ser mar-tirizada na “terra dos mouros", plano esse sustado pelo seu tio

Francisco que os reconduziu à casa paterna.

Os pais de Teresa, Dom Alonso Sanches de Cepeda e Beatriz de Ahumada, tiveram nove filhos, Teresa fora o de nú-mero três. Todavia, após o difi-cílimo parto do nono filho, Bea-triz, a mãe, com apenas trinta anos, morreu! Teresa e os ir-mãos ficaram órfãos.

Dona de uma beleza in-comum, Teresa fora conduzida pelo pai ao convento das agos-

tinianas de Santa Maria da Gra-ça. Com medo de que a filha amada tivesse o mesmo destino da mãe, isto é, o de se casar e morrer na hora do parto, resol-ve, então, enviá-la para o refe-rido convento, para onde todas as moças de boa família se diri-giam a fim de serem educadas e se isolarem das turbulências mundanas, matriculando-a no dia 31 de julho de 1531. Os pri-meiros dias foram de muito so-frimento, mas ao final de uma semana estava mais contente que na casa do pai. No fim de 1532, é obrigada a deixar o con-vento, por causa de uma estra-nha doença, voltando para a ca-sa paterna. Estava, contudo, transformada, todos notavam seus pendores religiosos.

Entretanto, diante do de-sejo de seguir fielmente a vida religiosa, comunica ao pai sua resolução, e este lhe proíbe ter-minantemente: “Depois de mi-nha morte farás o que quere-rás”. Mas Teresa foge para o mosteiro da Encarnação e rece-be aos 21 anos de idade o hábi-to de carmelita.

Em 03 de novembro de

Da Redação

Santa Teresa D'avila - a Mística do ÊxtaseSanta Teresa D'avila - a Mística do Êxtase“Quando entrou no quarto, viu, tomada de espanto,

Teresa sentada calmamente no caixão como se

nada tivesse acontecido. De fato, não estava morta!"

Reprodução

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FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 13

1536, Teresa estava fraca por uma enfermidade desconheci-da, no final de 1537 a doença atingiu o auge e os médicos de-clararam sua morte! Entretan-to, Dom Alonso, que havia leva-do a filha para casa a fim de cui-dar dela, disse: “minha filha não está morta!". As freiras ca-varam a cova no cemitério do convento, os preparativos do velório foram feitos e a priore-sa foi buscar o corpo de Teresa, mas o pai se recusou dizendo mais uma vez: “minha filha não está morta". Na terceira noite em que Teresa permane-cia no ataúde na casa do pai, um dos irmãos, que estava de vigília, adormeceu de madru-gada e pela manhã acordou em desespero, pois que, uma das velas, consumida até o fim, atingiu a mortalha, o fogo se es-palhou sobre o féretro, quase destruindo o corpo de Teresa.

Assim, a madre superio-ra, irritada com a demora de Dom Alonso em lhe devolver a freira morta para ser sepultada no cemitério do convento, re-solveu ter uma conversa defi-nitiva com o fidalgo a fim de le-var o corpo da falecida a qual-quer custo! Quando entrou no quarto, viu, tomada de espanto, Teresa sentada calmamente no ataúde como se nada tivesse acontecido. De fato, não estava morta!

Todavia, retornou ao corpo pior do que antes do ata-que de letargia, pois que sentia dores terríveis permanecendo com paralisia parcial com seve-

ras contrações por cerca de três anos.

Mas a estranha “doen-ça" lhe fazia cair num processo de êxtase e não raro, Teresa flu-tuava, seus músculos ficavam lânguidos, entrava numa espé-cie de transe, tinha visões do mundo espiritual e conversava com o próprio Jesus. Seu espí-rito era arrebatado de tal forma que, às vezes, ficava vários dias nesse estado especial.

Sofreu inúmeros cons-trangimentos, desde a descon-fiança das suas irmãs de con-vento até a Inquisição, que nun-ca conseguiu condená-la gra-ças à veracidade dos êxtases e pela pureza de seu coração.

Fundou quinze mostei-ros que deram origem à Ordem das Carmelitas Descalças. Mul-tiplicando-se pelo mundo, che-gando ao número de oitocentos e trinta conventos.

Nas viagens apostólicas, coisas curiosas aconteceram. Numa ocasião ouviu uma voz que lhe disse: “O adversário faz todos os seus esforços para im-pedir esta fundação. Faze todos os teus, por mim, para que ela se realize". No dia 2 de janeiro de 1582 lança-se na estrada, en-frentando neve e vento. No pri-meiro dia, a tempestade não cessa. Teresa é acometida de pa-ralisia. A chuva gélida os acom-panha até Medina. Em Valla-dolid, dizem-lhe que se detiver ali, nunca mais se levantará. O tempo piora cada vez mais. A chuva desce como um dilúvio. Alguém vem avisar que a en-

chente do rio Arlanzón tornou intransitáveis as estradas entre Palencia e Burgos. Teresa quer dar prosseguimento à viagem. As carroças atolam. Os cami-nhos desaparecem. O Arlanzón divide-se em vários braços que têm de ser atravessados por pontes de madeira, mas naque-le dia tudo era “água".

Uma carroça se afasta. É a da Madre. Ela exclama ale-gremente: “Vou na frente, se eu me afogar voltem à hospeda-gem!” Todos ficam aterroriza-dos. Ela desce à água e fere a perna. Dirigindo-se a Jesus, ex-clama: “Senhor! Depois de tan-tos sofrimentos este vem a ca-lhar". O Senhor lhe aparece e diz: “É assim que trato meus amigos, Teresa". E no seu ex-traordinário bom humor ela res-pondeu: “Ah! Meu Senhor, é por isso que tendes tão poucos amigos". E com esforço íntimo e ajuda espiritual chegou do ou-tro lado da margem.

Depois de uma vida de lutas, viagens apostólicas, do-res físicas, humilhações, retor-nou ao mundo espiritual, em 04 de outubro de 1582.

Escreveu vários livros, atendendo as ordens de seus su-periores. Mais de cinco mil pá-ginas escritas em forma de car-tas, em prosa ou verso. Da sua vasta obra se destacam: O Livro da Vida, Caminho da Perfeição, As fundações, Castelo interior e sua Autobiografia.

Em 1970, foi proclama-da pelo papa Paulo VI como a primeira “Doutora da Igreja".

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Teresa D'avila se consti-tui numa das mais extraordi-nárias médiuns da história da Igreja. Nela podemos reconhe-cer os seguintes fenômenos:

É um estado fisiológico que enseja a perda momentâ-nea de sensibilidade e do movi-mento. Nesse caso, como as fun-ções orgânicas ficam bem redu-zidas, é muito parecido com a morte; mas o letárgico perma-nece ainda vivo, sem contudo, poder expressar qualquer rea-ção física. O estado do corpo impede que o letárgico se comu-nique. Esse estado particular do físico nos dá a prova de que existe no homem alguma coisa além do corpo, pois o corpo não está funcionando mas o es-pírito continua a agir. Conside-remos, contudo, que na letargia o corpo não está morto, pois existem funções que conti-nuam a realizar-se; a vitalida-de se encontra em estado laten-te, mas não se extingue. Quan-do os laços que ligam o espírito ao corpo se desatam totalmen-te, aí está a morte, mas quando alguém aparentemente “morto" retorna à vida é que a morte não estava consumada. (Ver O Livro dos Espíritos itens 422 424)

Foi isso que aconteceu com Teresa. E seu pai, Dom Alonso, certamente sob assis-

tência espiritual, recebeu a ins-piração de que a filha não esta-va morta.

O êxtase é o resultado da emancipação parcial da al-ma (quando o espírito se afasta do corpo, ainda fica a ele liga-do por cordões fluídicos) no mais alto grau que se possa compreender, onde o espírito do estático é mais independen-te e pode penetrar nos mundos superiores e desfrutar da pre-sença de espíritos sublimes. (Ver O Livro dos Espíritos Li-vro II itens 439 - 446).

Aqueles que produzem o movimento dos corpos iner-tes.

Os que produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Há os que podem elevar-se a si mesmos. Mais ou menos raros, segundo o desenvolvimento do fenôme-no; mais raros no último caso. (Ver O Livro dos Médiuns se-gunda parte cap. XVI item 189).

Teresa era também, no campo dos efeitos inteligentes, médium de audição e de vidên-cia. Afirmava conversar com o

próprio Jesus, além de ver e fa-lar com outros religiosos já de-sencarnados.

Entretanto, a beleza da vida de Teresa D'avila não está nos fenômenos e sim na sua au-toridade moral, no seu idealis-mo, na luta contra suas pró-prias tendências inferiores, na paciência devotada aos seus ad-versários, no suportar das alfi-netadas das que lhe eram com-panheiras de mosteiro, nas via-gens apostólicas para fundar os conventos, suportando as in-tempéries, demonstrando uma coragem que poucos homens já demonstraram.

Trouxemos, nesta edi-ção, a figura desta extraordiná-ria mulher, por ser o símbolo da confiança e determinação na vivência do Evangelho, além de ser a prova incontestá-vel da imortalidade da alma e da comunicação com os espíri-tos, precedendo em vários sécu-los, as modernas pesquisas so-bre as experiências fora do cor-po.

Para saber mais, consulte:

1) Elisabeth Reynaud, Teresa de Ávila ou o divino Prazer, Ed. Record. 2001.2) Patricio Sciadini, OCD, Teresa D'avila, Ed. Loyola 1996.3) René Fulop Miller, Os Santos que Abalaram o Mundo, Ed. José Olimpio, 2001.4) João Baptista Lehmann, Na Luz Per-pétua, Vol. II Ed. Lar Católico, 1935.5) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Ed. Feb.6) Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, Ed. Feb.

1) Letargia:

2) Êxtase:

3) Motores:

4) Suspensão:

Análise Espírita

Superioridade Moral

FidelidadESPÍRITA Novembro 200214

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Julieta Closer - Campinas/SP

bsalão, filho do rei Davi, era o homem mais belo de Israel. Perfeito da cabeça aos pés. Possuía far-Ata cabeleira. Ao final de cada ano, cortava-a, porque o cabelo pesava duzentos siclos, aproxima-damente três quilos. Certo dia, quando fugia da guarda, montado num burro, enfiou-se sob a folha-gem espessa de um grande carvalho. Quando o burro se foi, ele ficou preso nos galhos e suspenso entre o céu e a terra. Joab, seu perseguidor, foi até o local e atirou três dardos no coração de Absalão que ain-da estava vivo entre os galhos do carvalho. Os escudeiros de Joab golpearam-no até morrer . II Sm 14, 25-26 e 18, 9-16.

li, sacerdote em Israel, estava assentado na sua cadeira, ansioso por notícias da Arca da Aliança. EQuando soube que a Arca havia sido tomada pelos filisteus, levou um susto tão grande que caiu pa-ra trás, quebrou o pescoço e morreu, porque era idoso e pesado. I Sm 4, 13-18

ansão, personagem conhecido por seu romance de amor com Dalila e por sua enorme força física, Sdesencarnou junto com três mil filisteus ao colocar-se entre as duas colunas centrais do templo do deus Dagon e empurrá-las com todas as suas forças. O edifício desmoronou sobre os príncipes e sobre todo o povo que ali se encontrava e, assim, Sansão, que era prisioneiro daquele povo, destruiu milha-res deles de uma só vez . Jz 16, 23-30.

olias, de Gat, guerreiro filisteu, era um gigante. Sua estatura era de seis côvados e um palmo, apro-Gximadamente três metros e doze centímetros; seu capacete era de bronze e vestia uma couraça de escamas, cujo peso era de cinco mil siclos de bronze, aproximadamente sessenta quilos. Usava pernei-ras e escudo de bronze e a ponta de sua lança pesava aproximadamente nove quilos. Morreu quando Davi (futuro rei de Israel ), jovenzinho ruivo, de bela aparência, o atingiu na fronte com uma pedra ar-remessada por sua funda (estilingue). I Sm 17, 4-7 . 42-49.

Curiosidades Bíblicas

Desencarnes Curiosos narrados no

Antigo Testamentoendo sido reservado, no Calendário, o dia dois de novembro para homena-gear os mortos na carne, mas vivos em Espírito, julgamos oportuno trazer à curiosidade dos nossos leitores, relatos inusitados do desencarne de alguns Tpersonagens do ANTIGO TESTAMENTO.

Conforme observamos, esses personagens não desencarnaram tranqüilamente, mas, todos sem exceção, com seus erros e acertos, e como nós mesmos o faremos, voltaram para o mundo es-piritual, seguindo a linha ascencional do progresso, reencarnando quantas vezes forem necessá-rias para evoluírem até a perfeição.

V o c ê S a b i a . . .V o c ê S a b i a . . .

FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 15

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FidelidadESPÍRITA Novembro 200216

Orfeu e aImortalidade da AlmaOrfeu e aImortalidade da AlmaOrfeu e aImortalidade da AlmaOrfeu e aImortalidade da Alma

Filosofia

morte da esposa, o grande vate resolveu descer às trevas do Ha-des, para trazê-la de volta.

Orfeu, com sua cítara e sua voz divina, encantou de tal forma o mundo subterrâneo que as entidades que sofriam no tártaro tiveram momentos de alívio. Comovidos por tama-nha prova de amor, Plutão (o deus dos infernos) e Prosérpina (sua mulher) concordaram em devolver-lhe a esposa. Im-puseram-lhe, todavia, uma con-dição extremamente difícil: ele seguiria à frente e ela lhe acom-panharia os passos, mas, en-quanto caminhassem pelas tre-vas infernais, ouvisse o que ou-visse, pensasse o que pensasse, Orfeu não poderia olhar para trás, enquanto o casal não transpusesse os limites do impé-rio das sombras. O poeta acei-tou a imposição e estava quase alcançando a luz quando uma

terrível dúvida lhe assaltou o es-pírito: e se não estivesse atrás dele a sua amada? E se os deu-ses do Hades o tivessem enga-nado? Mordido pela impaciên-cia, pela incerteza, pela sauda-de, pela “carência”, o cantor olhou para trás, transgredindo a ordem dos soberanos das tre-vas. Ao voltar-se, viu Eurídice, que se esvaiu para sempre nu-ma sombra, “morrendo pela se-gunda vez...”; ainda tentou re-gressar mas o barqueiro Caron-te não mais permitiu.

De volta à superfície, Orfeu decide contar tudo quan-to havia visto na região do Ha-des fundando uma escola teo-lógica que haveria de influen-ciar Pitágoras, Sócrates e Pla-tão.

A escola dos órficos pre-gava os seguintes princípios: no homem se hospeda um princípio divino, um espíri-

arram os mitólogos que Orfeu, o poeta trácio, Nganhara de Apolo, o

deus das artes, uma lira, trans-formando-a em cítara, alteran-do de sete para nove cordas em homenagem às nove musas; e porque fora abençoado por Ca-líope (a voz bela), a musa da eloqüência, retórica e da poesia épica, ele cantava lindamente e, também, encantava. Quando entoava seu canto era capaz de acalmar as feras mais terríveis, de amansar os homens mais ti-rânicos e até as copas das árvo-res se reclinavam para ouvi-lo.

Todavia, Orfeu se apai-xonou por Eurídice, uma bela ninfa e se casou com ela. Entretanto, um dia o apicultor Aristeu tentou violar a esposa do cantor da Trácia, ao fugir, Eurídice pisou uma serpente, que a picou, causando-lhe a morte. Inconformado com a

a)

Da Redação

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Para saber mais, consulte:

1) Junito Brandão, Mitologia Grega, Vol. II - cap. V. - Ed. Vozes.2) Abril Cultural, Mitologia, Vol. II - pág. 513-528.3) Luiz A. P. Victoria, Dicionário Básico de Mitologia, pág. 111 - Ed. Ediouro.4) Thomas Bulfinch, O Livro de Ouro da Mitologia, cap. XXIV. - Ed. Ediouro.5) Giovanni Reale, História da Filosofia Antiga, vol. I - pág. 18 e 19.6) Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Introd. item 4 - Ed. Feb.

FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 17

to(...); esse espírito não apenas preexiste ao corpo, mas tam-bém não morre com o corpo, es-tando destinado a reencarnar-se em corpos sucessivos, atra-vés de uma série de renasci-mentos(...); com seus ritos e suas prá-ticas, a “vida órfica” é a única em condições de pôr fim ao ci-clo das reencarnações, liber-tando, assim, a alma do corpo; para quem se purificou (os iniciados nos mistérios órfi-cos) há um prêmio no além (da mesma forma que há punição para os não iniciados).

Em algumas tabuinhas órficas encontradas nos sepul-cros de seguidores dessa seita, entre outras, podem-se ler estas palavras, que resumem o nú-cleo central da doutrina: “Ale-gra-te, tu que sofreste a pai-xão: antes, não havias sofrido. De homem, nasceste deus!” .

Orfeu representa um canto sobre a imortalidade, sua tragédia simboliza a inconfor-mação do ser em relação à mor-te e sua luta para compreender o porquê da vida.

Esse mito, evidencia e fundamenta a crença dos gre-gos na imortalidade da alma. Quando Eurídice é picada pela serpente, sua psiquê é levada para o Hades, onde continua vi-va na companhia dos outros

“mortos”. Orfeu, ao se dirigir para as regiões inferiores, com-prova que aqueles que estão vi-vos, os encarnados, podem fa-lar com os chamados “mortos”, os desencarnados. Destarte, sob essa perspectiva, bradar de ma-neira dogmática que a alma é mortal, que a vida acaba com a morte do corpo biológico, sem se colocar à disposição para pesquisar e analisar seriamente as coisas, sem usar o logos (o ra-ciocínio) proposto por Platão, sem voltar-se para si no “co-nheça-te a ti mesmo” é perma-necer no orgulho e na descon-fiança sem jamais ter certeza.

Todavia, mergulhando no mundo e nas tradições helê-nicas, “vendo” com o raciocí-nio, o que se constata é que pa-ra os habitantes das ilhas do Egeu a imortalidade da alma, bem como sua interferência na vida humana e o seu retorno ao corpo físico, faziam parte das tradições mais sagradas dos gre-gos.

O Espiritismo, como Ter-ceira Revelação, através de me-todologia própria, na chamada ciência Espírita, comprova me-diante fatos aquilo que os gre-gos cultivavam em suas tradi-ções. Desdobra, explica e com-pleta esses ensinamentos. Não, o Espiritismo nada copiou das tradições helênicas, mas como a verdade é sempre a verdade, a

Doutrina Espírita vem, agora que a humanidade está mais de-senvolvida, explicar de manei-ra metódica e racional aquilo que estava na conta de “misté-rios”, vem ainda, colocar ao al-cance de todos o que era reser-vado somente para os inicia-dos.

Com efeito, podemos constatar que as idéias de Orfeu influenciaram Pitágoras, Sócrates e Platão e estes dois úl-timos são considerados por Allan Kardec como os precur-sores do Cristianismo e do pró-prio Espiritismo.

Destarte, a filosofia Espí-rita, com as cinco obras básicas que a constituem, nos abre as asas da razão e nos permite vo-ar nos céus da eternidade, ento-ando, junto aos poetas e filóso-fos mais ilustres da antigüida-de, o canto da Imortalidade da Alma!

b)

c)

d)

Análise

O Espiritismo

1

Giovanni REALE, História da Filo-sofia Antiga, vol. I p. 18 e 19.

1

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Capa

FidelidadESPÍRITA Novembro 200218

pos, o fim de tudo.Mesmo entre os espiri-

tualistas, grande parte encara a morte com temor. Crêem em al-go além do corpo mas apenas de modo teórico. Como não se utilizam do intercâmbio medi-único, faltam-lhes a experiên-cia pessoal, as provas quanto à sobrevivência do espírito. Em conseqüência, a morte lhes pa-rece porta de entrada para o desconhecido. E nada mais as-sustador do que aquilo que não se conhece.

A morte é apenas o pro-cesso pelo qual o espírito se des-

ostuma-se simbolizar a morte por um esqueleto Cchacoalhante (o que res-

tara do corpo), armado de foice (com que cortaria o fio da vi-da), portando uma ampulheta (para contar o tempo de vida das criaturas) e vestindo um manto preto (no qual esconde-ria para sempre de nós, a pes-soa que morreu).

Será a morte feia e terrí-vel assim?

Para os materialistas, que somente acreditam na ma-téria, a morte é o fim da vida nos seres, a completa e irresis-tível desorganização dos cor-

liga do corpo que perdeu a vita-lidade e não lhe pode mais ser-vir para a sua manifestação no mundo terreno.

O espírito não morre quando o corpo morre. Não de-pende dele para existir. Antes de encarnar neste mundo, o es-pírito já existia e vai continuar existindo depois que o corpo morrer.

Desligado do corpo que morreu, o espírito continuará a viver, em condições diferentes de manifestação, em outro pla-no de atividades: o mundo espi-ritual, sua pátria de origem.

Para entendermos bem isso, recordemos como é que en-carnamos e desencarnamos.

Morrer é mudar, continuandoem essência o mesmo...

Morrer é mudar, continuandoem essência o mesmo... J

. P. A

ndra

de

Therezinha Oliveira Campinas/SP

O que a Morte parece ser?

O que a Morte realmente é?

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FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 19

A ligação do espírito com a matéria se dá através do perispírito (corpo espiritual) e se faz desde a concepção.

Ligado ao ovo, o peris-pírito vai servir de molde para a formação do corpo material, sendo utilizados nessa forma-ção os elementos hereditários fornecidos pelo pai e pela mãe. As células se multiplicam em obediência às leis da matéria e em conformidade com a in-fluência que o perispírito do re-encarnante exerce.

Quando o corpo apre-senta condições de vida inde-pendente do organismo mater-no, se dá o nascimento físico.

A carga vital que havía-mos haurido ao encarnar, um dia se esgotará, acarretando a morte física. Esse esgotamento ocorre por velhice, por exces-sos e desregramentos ou por-

que uma doença ou acidente da-nifiquem o corpo material de modo irrecuperável.

Morto o corpo, vem o desprendimento perispiritual, que começa a fazer sentir seus efeitos pelas extremidades do organismo. Desatam-se os la-ços fluídicos nos centros de for-ça, sendo o centro cerebral o úl-timo a se desligar.

Às vezes, médiuns vêem o desprendimento dos fluidos perispirituais, que vão forman-do um outro corpo, o fluídico, acima dos agonizantes.

O objetivo do espírito não é permanecer no plano ter-reno. Seu ambiente natural e definitivo é o plano espiritual.

O espírito encarna em mundos corpóreos para cum-prir desígnios divinos. Deus quer que o espírito cumpra uma função na vida universal

e, ao mesmo tempo, vá se de-senvolvendo intelectual e mo-ralmente.

Cada encarnação só de-ve durar o tempo suficiente pa-ra que o espírito cumpra a tare-fa que lhe foi designada e en-frente as provas e expiações que mais sejam necessárias à sua evolução, no momento.

Depois de cada encar-nação, o espírito se desliga da vida terrena e retoma o seu esta-do natural, que é o de espírito li-berto.

No intervalo entre duas encarnações, o espírito vive de modo muito mais amplo do que quando encarnado, porque o corpo lhe limitava um tanto as percepções e atividades espi-rituais.

Então, avalia os resulta-dos da encarnação que findou e prossegue se aperfeiçoando espiritualmente na vida do Além.

Encarnará novamente, quando isso se fizer necessário e oportuno para a continuidade

A Encarnação

A Desencarnação

Por que temos medo de Morrer? Não poderíamos ficar vivendo para sempre na Terra?

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de seu progresso intelecto-moral e ao cumprimento da fun-ção que Deus lhe designar na vi-da universal.

Não mais do que as do-res e dificuldades que muitas vezes experimentamos aqui na Terra. Depende muito de como a pessoa encara os aconteci-mentos e das condições que ela tenha para os solucionar ou su-portar.

É comum o recém-desencarnado sentir, de início, uma certa perturbação.

Deveria e assim aconte-ce com os espíritos mais evolu-ídos. Mas, geralmente, nos prendemos demais às sensa-ções físicas durante a vida do corpo, canalizamos muito as sensações em nossos órgãos dos sentidos. Desencarnados, ainda queremos continuar a ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, sentidos corpóreos que já não temos. Por isso, de início não percebemos bem o novo plano em que passamos a viver. Temos de habituar-nos às percepções perispirituais em vez das percepções dos senti-dos materiais.

FidelidadESPÍRITA Novembro 200220

É uma readaptação ao plano do espírito. Quando nas-cemos na Terra, levamos algum tempo adaptando-nos ao novo corpo. Quando desencarnamos, também precisamos de uma fa-se de readaptação ao plano espi-ritual.

A duração vai depender da evolução do espírito. Para al-guns, breves instantes bastam. Para outros, demora até o equi-valente a muitos dos nossos anos terrenos.

Quem não se preparou para a vida espiritual, sentirá maior dificuldade em se rea-daptar ao novo plano de vida, razão porque, há espíritos que se comunicam dizendo estarem perturbados, desorientados.

Quem se preparou bem, passa rapidamente pela fase e logo se sente readaptado ao pla-no espiritual.

O preparo para a vida es-piritual vem do cultivo de nos-sas faculdades de espírito e da busca do equilíbrio com as leis da vida. Para isso, nada melhor

do que manter a conduta moral cristã.

O processo todo da de-sencarnação e reintegração à vi-da espírita dependerá:

das circunstâncias da morte do corpo:

Nas mortes por velhice, a carga vital foi se esgotando pouco a pouco e, por isso, o des-ligamento tende a ser natural e fácil e o espírito poderá superar logo a fase de perturbação.

Nas mortes por doença prolongada, o processo de des-ligamento é feito pouco a pou-co, com o esgotamento paulati-no da vitalidade orgânica e o es-pírito, vai-se preparando psi-cologicamente para desencar-nação e se ambientando com o mundo que, às vezes até come-ça a entrever, porque suas per-cepções estão transcendendo ao corpo.

Nas mortes violentas (acidentes, desastres, assassi-natos, suicídios, etc), o rompi-mento dos laços que ligam o es-pírito ao corpo é brusco e o espí-rito pode sofrer com isso, e a perturbação tende a ser maior. Em casos excepcionais (como o de alguns suicidas), o espírito poderá sentir-se “preso” ao cor-po que se decompõe, o que lhe causará dolorosas impressões.

das circunstâncias da morte do corpo:

Desencarnar é um processodoloroso?

O que influi no processo deDesencarnação?

Demora muito essa readapta-ção ao Mundo Espiritual? a)

Somente a prática do bem e uma consciência pura

asseguram ao espírito um despertar pacífico e sereno

na pátria espiritual.

Somente a prática do bem e uma consciência pura

asseguram ao espírito um despertar pacífico e sereno

na pátria espiritual.

Por que a perturbação? Não estamos voltando ao nosso verdadeiro mundo? Tudo

deveria ser muito natural!

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do grau de evolução do espí-rito desencarnante:

De modo geral, quanto mais espiritualizado o desen-carnante, mais facilmente con-segue desvencilhar-se do corpo físico já sem vida. Quanto mais material e sensual tiver sido sua existência, mais difícil e de-morado é o desprendimento.

A perturbação natural por se sentir desencarnado é menos dolorosa para o espírito evoluído. Quase que imediata-mente ele reconhece sua situa-ção, porque, de certa forma, já se vinha libertando da matéria antes mesmo de cessar a vida orgânica (vivia mais pelo e pa-ra o espírito). Logo retoma a consciência de si mesmo, per-cebe o ambiente em que se en-contra e vê os espíritos ao seu redor. Para o espírito pouco evoluído, apegado à matéria, sem cultivo das suas faculda-des espirituais, a perturbação é difícil, demorada, sendo acom-panhada de ansiedade, angús-tia e podendo durar dias, meses e até anos.

A bondade divina, que sempre prevê e provê o que pre-cisamos, também não nos falta na desencarnação.

Por toda parte, há Bons Espíritos que, cumprindo os de-sígnios divinos, se dedicam à ta-refa de auxiliar na desencarna-

do grau de evolução do espí-rito desencarnante:

ção os que estão retornando à vida espiritual.

Alguns amigos e fami-liares (desencarnados antes) costumam vir receber e ajudar o desencarnante na sua passa-gem para o outro lado da vida, o que lhe dá muita confiança, calma e, também, alegria pelo reencontro.

Todos receberão essa ajuda, normalmente, se não apresentarem problemas pes-soais e comprometimentos com espíritos inferiores. Em caso contrário, o desencarnante às vezes não percebe nem assimi-la a ajuda ou é privado dessa as-sistência, ficando à mercê de es-píritos inimigos e inferiores, até que os limites da lei divina imponham um basta à ação des-tes e o Espírito rogue e possa re-ceber e perceber a ajuda espiri-tual.

Após desligar-se do cor-po material, o espírito conserva sua individualidade, continua sendo ele mesmo com seus de-feitos e virtudes.

Sua situação, feliz ou não, na vida espírita será con-seqüência da sua existência e de suas obras. Os bons sentem-se felizes e no convívio de ami-gos; os maus sofrem a conse-qüência de seus atos; os media-nos experimentam as situações de seu pouco preparo espiritu-al.

Depois da morte

A ajuda espiritual

b)

O milagre datransformação:de crisálida àborboleta.

Charaxis Jasius, umadas borboletas mais bonitas da Galicia.

Charaxis Jasius, umadas borboletas mais bonitas da Galicia.

Foto contida no livro:Guia das Borboletas da Galiciade José Luís Iglesias e Julio Astor Camino.

FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 21

“Após desligar-se do corpomaterial, o espírito conservasua individualidade”.

“Após desligar-se do corpomaterial, o espírito conservasua individualidade”.

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Revolta, desespero, angústia pela partida do desencarnado podem repercu-tir nele de modo triste, desfa-vorável, deprimente, desani-mador.

É por não entendermos a morte, o seu porquê e os seus efeitos, que agimos assim? Con-vém, então, estudarmos as in-formações espirituais quanto à desencarnação, para sabermos como nos comportar ante esse fato inevitável.

Sentir saudade é natural e, por vezes, não há como evitar o pranto. Mas que não resvalemos para o choro ex-cessivo, exigente e inconfor-mado.

Ante os que nos antece-dem na grande viagem, pode-mos e devemos:

orar por eles, com re-signação e esperança no futuro espiritual;

não guardar demais objetos e coisas da pessoa que desencarnou nem as ficar con-templando e acariciando inde-finidamente;

ocupar-se de seus de-veres e da prática de ações boas, do auxílio ao próximo, em vez de ficar remoendo im-produtivamente sua dor e sau-dade;

procurar fazer o bem que a pessoa desejaria ou deve-ria ter feito quando estava na Terra.

Podemos rogar a Deus que nos conceda essa bênção, essa misericórdia.

Se vierem notícias via mediúnica, analisemos as men-sagens e informações recebi-das. Condizem com a realidade espiritual e a boa orientação cristã? Em caso afirmativo, agradeçamos a Deus o consolo recebido. Não correspondem à identidade do nosso querido de-sencarnado? Com tranqüilida-de, sem revolta nem desanimar na fé, ignoremos a mensagem recebida.

Do ponto de vista espi-ritual, nem sempre é considera-do útil e oportuno que tenha-mos notícias sobre os desen-carnados. Nesse caso, é preciso saber aceitar a ausência de notí-cias, continuando a confiar na sabedoria e amor a Deus por to-dos, seus filhos.

Por vezes, as notícias vêm através de sonhos espe-ciais, porque, ao dormir, nos

Através do perispírito, conserva a aparência da última encarnação, já que assim se mentaliza. Mais tarde, se o pu-der e desejar, a modificará.

Depois da fase de tran-sição, poderá estudar e traba-lhar na vida do Além e prepa-rar-se para nova existência ter-rena a fim de continuar evolu-indo.

O conhecimento espírita nos ajuda muito a entender a questão da desencarnação e po-de fazer que o espírito, ao de-sencarnar, compreenda rapida-mente o que lhe está aconte-cendo e saiba o que deve fazer para se readaptar melhor ao pla-no espiritual.

Mas não nos assegura uma boa situação no Além, se a ela não fizermos jus por nossos pensamentos, sentimentos e atos.

Somente a prática do bem e uma consciência pura as-seguram ao espírito um desper-tar pacífico e sereno na pátria espiritual.

Podem, sim. As atitudes e ações de quem fica, em rela-ção ao desencarnado, influem muito sobre ele.

O conhecimento Espírita garante uma boa situação no Além, ao desencarnarmos?

Os que ficam na Terra não podem ajudar?

FidelidadESPÍRITA Novembro 200222

Podemos ter notícias de quem desencarnou?

O preparo para a vidaespiritual vem do cultivo de

nossas faculdades de espíritoe da busca do equilíbrio com

as leis da vida. Para isso,nada melhor do que manter

a conduta moral cristã.

O preparo para a vidaespiritual vem do cultivo de

nossas faculdades de espíritoe da busca do equilíbrio com

as leis da vida. Para isso,nada melhor do que manter

a conduta moral cristã.

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desdobramos espiritualmente (saímos do corpo), então, pode-mos nos encontrar com os ou-tros espíritos no plano invisí-vel.

Que significado ou va-lor espiritual pode ter a vida de alguém que desencarnou ainda bebê?

Essa curta vida teve tam-bém sua finalidade e proveito, do ponto de vista espiritual. Po-de ter sido, por exemplo:

uma complementação de encarnação anterior não aproveitada integralmente;

uma tentativa de en-carnação que encontrou obstá-culos no organismo materno, nas condições ambientes ou no desajuste perispiritual do pró-prio reencarnante; serviu, en-tão, para alertar quanto às difi-culdades e ensejar melhor pre-paro em nova tentativa de en-carnação;

uma prova para os pais (a fim de darem maior va-lor à função geradora, testemu-nharem humildade/resigna-ção), ou para o reencarnante (a fim de valorizar a reencarna-ção como bênção).

É a mesma que merecia

com a existência anterior ou que já tinha na vida espiritual, porque na curta vida como cri-ança, nada pôde fazer de bom ou de mal que alterasse a evo-lução, que representasse um de-senvolvimento, um progresso.

Mas pode estar melhor na sua conscientização e no seu equilíbrio espiritual e, tam-bém, ter reajustado, no proces-so de ligamento e desligamento com o corpo, algum problema espiritual de que fosse porta-dor.

Uns se apresentam “crescidos” perispiritualmente e até já em forma adulta, pois como espíritos não têm a idade do corpo.

Se desejam se fazer reco-nhecidos pelas pessoas com quem conviveram, podem se apresentar com a forma infan-til que tiveram.

Se vão ter de reencarnar em breve, poderão conservar a forma infantil do seu perispíri-to, que facilitará o processo de nova ligação à matéria.

O corpo é uma veste e um instrumento muito valioso e útil para o espírito, enquanto encarnado. Depois de morto,

Qual é, no plano espiritual, a situação de quem desen-

carnou criança?

Cremação de Cadáveres e Transplante de Órgãos

FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 23

A criança após a morte

A maravilhada metamorfose.

“Desligado do corpo que morreu,o espírito continuará a viver,em condições diferentes demanifestação, em outro planode atividades: o mundo espiritual,sua pátria de origem”.

“Desligado do corpo que morreu,o espírito continuará a viver,em condições diferentes demanifestação, em outro planode atividades: o mundo espiritual,sua pátria de origem”.

Reprodução

Como são vistos os espíritos de quem desencarnou

criança?

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Variados são os costu-mes, idéias e atitudes que a so-ciedade e a religião adotam, an-te os corpos mortos e os espíri-tos que os deixaram.

O espírita respeita tais procedimentos mas nem a to-dos aceita; e, nos que aceita, age sempre em função da reali-dade espiritual e não das apa-rências.

Assim, o espírita:

Nos velórios - não se de-sespera; mantêm-se em atitude respeitosa, pois sabe que o espí-rito desencarnante está em deli-cada fase de desprendimento do corpo e de transformação de sua existência. Não usa velas, coroas, flores, pois o espírito não precisa dessas exteriorida-des; mas procura oferecer o que o desencarnante realmente precisa, que é o respeito à sua memória, orações, pensamen-tos carinhosos em favor de sua paz e amparo no mundo espiri-tual. É fraterno com os familia-res e amigos do desencarnante, ajudando-os no que puder.

Nos sepultamentos - não adota luxo, ostentação, nem se preocupa em erigir tú-mulos; mas lembra sempre com afeto os entes queridos já de-sencarnados e procura honrá-los com atos bons e carinhosos em sua homenagem.

Nos velórios -

Nos sepultamentos -

nas orações - ora sem-pre pelo bem estar e progresso espiritual dos desencarnados mas sabe que não é indispensá-vel ir aos cemitérios para isso, porque as vibrações alcançam o espírito, onde quer que ele es-teja.

nas orações -

Para saber mais, consulte:

1) Allan Kardec - O Céu e o Inferno - cap. II - Ed. Feb.2) Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - itens 68/70 - Ed. Feb.3) Allan Kardec - A Gênese - cap. IX - Ed. Feb.4) Léon Denis - O Além e a Sobrevivên-cia do Ser - Ed. Feb.5) Herculano Pires - Educação para a Morte - Ed. Correio Fraterno do ABC.6) Camille Flammarion - A Morte e seu Mistério - vol. I e II - Ed. Feb.7) Therezinha Oliveira - Curso de Inicia-ção ao Espiritismo - Ed. CEAK.8) Gabriel Delane - A alma é Imortal - Ed. Feb.9) Ernesto Bozzano - Fenômenos Psíqui-cos no Momento da Morte - Ed. Feb.

Therezinha Oliveira é presidente da área doutrinária do Centro Espírita "Allan Kardec" de Campinas/ SP. Com mais de 40 anos de trabalhos no movi-mento espírita. É oradora com mais de 1.500 palestras executadas dentro e fora do país, além de programas de rádio e te-levisão. Escritora de rara sensibilidade, com várias obras publicadas, tornando-se a referência doutrinária em Campinas e Região. Seus artigos guardam, sempre,

absoluta FidelidadESPÍRITA.

1

nenhuma utilidade tem mais pa-ra o espírito que o animou. Po-derá vir a ser cremado ou lhe se-rem retirados órgãos para transplantar em quem os ne-cessite, sem que nada disso tra-ga qualquer prejuízo real para o espírito desencarnado.

Pensam alguns que se o seu corpo for queimado ou lesa-do haverá prejuízo para o seu ressurgimento no mundo espi-ritual. Entretanto, não é com o corpo material que continua a viver além-túmulo nem é ele que irá ressurgir, reaparecer, mas sim o espírito com o seu corpo fluídico (perispírito), que nada tem a ver com o corpo que ficou na Terra.

No caso da cremação, é recomendável um intervalo ra-zoável após a morte (Emma-nuel diz 72 horas), a fim de se ter maior segurança de que o desligamento perispiritual já se completou.

No caso de doação de ór-gãos, basta que as pessoas se acostumem com a idéia de a fa-zerem de boa vontade e este-jam bem esclarecidas a respei-to. Encarnados doam órgãos por amor, para ajudar alguém e não receiam qualquer sofri-mento ou inconveniente que is-so lhes traga. Por que não doar órgãos depois de estar morto o nosso corpo, quando eles já nem nos servem mais e nem so-freremos quando forem retira-dos do corpo que houvermos abandonado?

Comemorações fúnebres

FidelidadESPÍRITA Novembro 200224

“Nascer, morrer, renascerainda e progredir

sempre, tal é a lei”Allan Kardec

“Nascer, morrer, renascerainda e progredir

sempre, tal é a lei”Allan Kardec

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ercebe-se na atualidade, a tendência de determinados grupos espíritas em ado-Ptar certas teorias e práticas incoerentes

com os postulados da Codificação apresentada por Allan Kardec.

Empolgados com as novidades passa-geiras que chamam a atenção, mas não escla-recem ninguém, inúmeros companheiros dei-xam-se levar por modismos de ocasião, preju-dicando a si mesmos e à tarefa do Movimento Espírita.

Relegam a segundo plano o estudo das Obras Básicas do Espiritismo, entregando-se a teorias desprovidas de conteúdo.

Com isso, trocam a estrada pavimenta-da e segura por atalhos incertos que, na maior parte das vezes, conduzem à decepção e ao des-crédito.

Diante disso, impõe-se como necessi-dade inadiável o fortalecimento do estudo dou-trinário nas Casas Espíritas, priorizando as Obras Básicas como alicerce.

Não se trata de exclusivismo alienador.Importa, porém, conhecer em profun-

didade o conteúdo da Doutrina, sobre o qual deverão estar fundamentadas todas as ativida-des de divulgação e estudo.

O Espírita pode e deve abastecer-se de cultura, em todas as áreas de conhecimento, a

fim de tornar-se mais útil nas tarefas a que se encontra ligado.

O estudo dos postulados básicos da Co-dificação, porém, representa dever inquestio-nável para desenvolver a necessária coerência em suas atividades:

- enriquecer-se de conhecimento, sem esquecer Kardec;

- atualizar-se culturalmente, sem per-der de vista Kardec;

- acompanhar e incorporar o progres-so, sem desligar-se de Kardec.

Conscientizemo-nos de que a tarefa de divulgação doutrinária representa enorme res-ponsabilidade perante o público e nós mes-mos, razão pela qual, a valorização das Obras Básicas em nossas atividades constituirá sem-pre o meio mais seguro e eficaz de propagar-mos o Espiritismo, consolando e esclarecendo, conforme as metas estabelecidas pela Codifi-cação.

Nosso dever

Gustavo Marcondes

(Mensagem psicografada pelo médium Clayton Levi em 31/03/02

no Centro Espírita “Allan Kardec”de Campinas/SP)

E S T U D A RE S T U D A R

KARDEC

FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 25

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Responsabilidade

FidelidadESPÍRITA Novembro 200226

uantas lutas e dificul-dades enfrentam os ex-Qpositores espíritas. De fa-

to a Seara é grande e poucos são os trabalhadores. Ocupar a tribuna é algo de muita respon-sabilidade! Divulgar o Espi-ritismo é tarefa que requer conhecimento doutrinário, amor e muita paciência.

Quantas vezes temos encontrado expositores que nos relatam as mais diversas experiências, isto é, doloro-sas experiências por conta da falta de organização do nosso movimento espírita.

Assim, antes de efeti-varmos qualquer evento, é preciso tomar algumas pro-vidências:

1º - verificar a data da palestra e a agenda do expo-sitor;

2º - organizar as idéias sendo breve ao telefone para não ocupar muito tempo dos

confrades que, em geral, têm muitas atividades;

3º - confirmada a pre-sença do expositor, agir com gentileza perguntando a prefe-rência de hospedagem;

4º - caso seja oferecida casa de família, tomar o cuida-do de preservar a intimidade do convidado, evitando constran-gê-lo com o rítimo comum da

casa. Ex. crianças chorando, ca-chorro latindo, visitas a todo momento, peregrinações para conhecer todas as obras assis-tenciais da cidade, etc...;

5º - se for mais conve-niente um hotel, não exage-rar no luxo, nem na simpli-cidade, oferecer condições básicas de higiene e des-canso;

6º - enviar com antece-dência, o valor referente às despesas de viagem de ida para o evento. Imagine um expositor que tenha dez via-gens por mês pelo Brasil, no serviço da Seara, não se pe-ga um ônibus, em média, por menos de R$ 35,00. Ida e volta, no final do mês são R$ 700,00 de despesa

apenas com passagens que nem sempre são reembolsa-das. No final de um ano serão R$ 8.400,00! Evite, ainda, o constrangimento de no final da

Pregação e TestemunhoTestemunhoJoseana Hypólyto - Jundiaí/SP

- Tem dinheiro para o ônibus, meu filho? - Não, mãe! Não tenho!

- Os confrades não enviaram as passagens?! - Não senhora.

- Por que você não disse a eles, meu filho, que não tinha dinheiro?

- Fiquei com vergonha mãe. - Leva então este e, se possível,

traga o troco, é o dinheiro do pão de amanhã. É tudo que temos! Vai, meu

filho, Deus te abençoe.

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FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 27

palestra, na frente de todos, acertar com o expositor as des-pesas de viagem e hospedagem. Dará a impressão de estar sen-do pago pela palestra executa-da. Por isso, acerte tudo com antecedência. O expositor mere-ce esse carinho, às vezes são oi-to, dez, doze horas de viagem para executar a alegria da pre-gação;

7º - Evite deixar o expo-sitor esperando, lembre-se de que ele está fora de casa em ci-dade e ou estado que não co-nhece. E é sempre angustiante estar em local distante, sem co-nhecer ninguém. No caso do ex-positor se locomover de ôni-bus, que os confrades o espe-rem nos terminais rodoviários, é preferível que quem convi-dou espere, por estar em sua própria terra, do que o convi-dado, o que naturalmente é bas-tante deselegante;

8º - não se esqueça, ain-da, da alimentação. Muitos ôni-bus não param na estrada e muitos expositores não têm re-cursos para despesas mínimas. Recordo-me de um compa-nheiro com sérios compromis-sos na Seara, contar que pas-

sando por certas dificuldades e, desejando honrar os compro-missos das exposições, sem ter recursos para viajar, teve de aceitar o concurso dos pais e es-te carinho da mãe:

- Tem dinheiro para o ônibus?

- Não, mãe. Não tenho! - Os confrades não envi-

aram as passagens?!- Não senhora. - Você não disse a eles

que não tinha dinheiro? - Não, mãe! Fiquei com

vergonha.- Leva, então, este e, se

possível, traga o troco, é o di-nheiro do pão de amanhã. É tu-do que temos! Vai, meu filho, Deus te abençoe;

9º - Se o expositor levar um acompanhante, aceitemos de bom grado, pois que Jesus enviou os seus discípulos para a pregação de dois em dois (Luc.10-1). Muitos dissabores acontecem nas viagens, assal-tos, enfermidades, etc. Assim, de dois em dois, se constitui nu-ma equipe mínima de trabalho;

10º - Preparemos bem o evento; se for o caso, façamos campanhas com antecedência

para cumprir as despesas da ta-refa. Cuidemos, ainda, da di-vulgação, é justo que um maior número de pessoas possa apro-veitar a mensagem Espírita.

Lembremo-nos de que divulgar a Doutrina é necessá-rio e importante, o expositor de-ve ser tratado com carinho fra-ternal, como todo ser humano. Se é fato que não deve haver en-deusamento, também, não de-ve faltar a fraternidade que ca-racteriza os seguidores do Cris-to.

Quanto aos expositores, apesar de certas dificuldades, é preciso saber suportar, muitas vezes em silêncio, para não comprometer o serviço na Sea-ra, pensando no público e na honra do uso da palavra para divulgação do Espiritismo. Atendamos, portanto, as or-dens de Jesus: Ide e Pregai, hon-rando a tribuna e o movimento com um trabalho de qualidade e de absoluta Fidelidade Espíri-ta, testemunhando em cada si-tuação a mensagem de Jesus. O resto é com Deus! A cada um se-gundo o seu comportamento (Mat. 16.27).

Ide e Pregai, honrando a tribuna.O resto é com Deus!

A cada um segundo o seu comportamento (Mat. 16.27).

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Apliquei a estaciência o métodoexperimental, nãoaceitando teoriaspreconcebidas

Apliquei a estaciência o métodoexperimental, nãoaceitando teoriaspreconcebidas

História

FidelidadESPÍRITA Novembro 200228

oi em 1854 que ouvi fa-lar pela primeira vez em Fmesas girantes. Encon-

trando-me um dia com o Sr. Fortier, magnetizador que eu conhecia, havia muito, disse-me ele:

- Sabeis que se acaba de descobrir no magnetismo uma singular propriedade? Parece que não somente as pessoas que se magnetizam, mas, tam-bém, as mesas que giram e an-dam à nossa vontade.

- É com efeito, singular, respondi-lhe; mas isso não me parece rigorosamente impossí-vel. O fluido magnético, espé-cie de eletricidade, pode muito bem atuar sobre os corpos iner-tes e fazê-los mover.

As notícias dadas pelos jornais de experiências feitas em Nantes, Marselha e outras cidades, não permitiam duvi-dar da realidade do fenômeno. Tempos depois, tornei a encon-trar Fortier, que me disse:

- Mais extraordinário

do que fazer uma mesa girar e andar é fazê-la falar: pergun-tam e ela responde.

- Isso é outra questão, respondi-lhe. Só acreditarei se vir ou se me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tornar-se sonâmbula. Até en-tão, permita-me que considere isso história fabulosa.

Esse raciocínio era lógi-co. Eu compreendia a possibili-dade do movimento por uma força mecânica, mas ignorava a causa e a lei do fenômeno. Pa-recia-me absurdo atribuir inte-ligência a uma coisa material. Coloquei-me na posição dos in-crédulos dos nossos dias, que negam, porque não podem com-

preender os fatos.Há 50 anos, se tivesse di-

to, pura e simplesmente a al-guém que era possível a trans-missão de um despacho a 500 léguas, e a recepção da respos-ta, dentro de uma hora, obter-se-ia uma gargalhada em troca, aliás bem firmada em razões ci-entíficas, que provavam a im-possibilidade material do fato. Hoje, que a lei da eletricidade é conhecida, ninguém o contes-ta, nem mesmo um campônio. O mesmo acontece aos fenô-menos espíritas.

Para quem não conhece a lei que os rege, parecem so-brenaturais, maravilhosos e, por conseguinte, impossíveis e ridículos. Conhecida, porém, es-sa lei, desaparece o maravilho-so e eles não têm mais nada que repugne a razão, porque se lhe compreende a possibilida-de.

Eu achava-me, pois, di-ante de um fato contrário às leis conhecidas da natureza e re-pugnante à minha razão. Ain-da não tinha visto, nem obser-

Espiritismo Espiritismo - - Como tudo começouComo tudo começou2ª Parte

Sandro Cosso - Campinas/SP

As Mesas Girantes

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FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 29

vado nenhum caso. As expe-riências feitas na presença de pessoas acima de toda a suspei-ção e dignas de maior fé, não me permitiam duvidar do efeito puramente material; mas a idéia de uma mesa falante não podia entrar em meu cérebro.

No ano seguinte, em princípios de 1855, encontrei o Sr. Carlotti, amigo de 25 anos, que, com o entusiasmo, que des-pertam as idéias novas, falou-me dos fenômenos que me preo-cupavam. O Sr. Carlotti era cor-so (da Córsega - ilha francesa do Mediterrâneo) de natureza ardente e enérgica, e eu sempre estimei nele as qualidades, que distinguem uma grande e bela alma, mas desconfiava da sua exaltação. Foi ele quem pri-meiro me falou da comunica-ção dos Espíritos, contando-me tantas coisas surpreendentes, que, longe de me convencerem,

aumentaram as minhas dúvi-das.

- Um dia serás dos nos-sos. Disse-me, e eu respondi-lhe:

- Não digo que não, ve-remos mais tarde.

Algum tempo depois, em maio de 1855, fui à casa da Sr.ª Roger, sonâmbula, em com-panhia de Fortier, seu magneti-zador. Ali encontrei o Sr. Pâtier e a Sr.ª de Plainemaison, que me falaram no mesmo sentido que Carlotti, mas em outro tom.

O Sr. Pâtier era empre-gado público, homem de meia idade, muito instruído, de cará-ter grave, frio e calmo. A sua linguagem comovida, isenta de entusiasmo, produziu-me viva impressão, e, quando me con-vidou para assistir às experiên-cias que se realizavam em casa da Sr.ª Plainemaison, na Rua

Batelière, 18, aceitei o convite com sumo prazer. Emprazamo-nos para terça-feira, às oito ho-ras da noite. Ali, pela primeira vez, fui testemunha do fenô-meno das mesas que giram, sal-tam e correm, e o fui em condi-ções de não poder alimentar dú-vida. Vi, também, alguns en-saios, muito imperfeitos, de es-crita mediúnica em uma ardó-sia, com o auxílio de uma ces-ta.

Longe estava eu de fir-mar minhas idéias mas ali se de-parava um fato, que deveria ter

Foto contida no livro: Espiritismo, a Doutrina e o Movimento,Therezinha Oliveira - Editora CEAK.Foto contida no livro: Espiritismo, a Doutrina e o Movimento,Therezinha Oliveira - Editora CEAK.

Prancheta ou cesta com lápisamarrado (Corbeille toupie),utilizada para a comunicaçãocom os espíritos.

Só acreditareise me provarem quea mesa tem cérebropara pensar, nervospara sentir e quepode tornar-se

sonâmbula

Só acreditareise me provarem quea mesa tem cérebropara pensar, nervospara sentir e quepode tornar-se

sonâmbula

não admitiapor valiosa uma

explicação, senãoquando ela podiaresolver todas as

dificuldadesda questão

não admitiapor valiosa uma

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dificuldadesda questão

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uma causa. Entrevi, oculto, na-quelas futilidades aparentes, e entre aqueles fenômenos, de que se fazia um passatempo, al-go de muito sério, talvez a reve-lação de uma nova lei, que fiz o propósito de descobrir. Bem ce-do tive ocasião de observar mais atentamente do que até então o havia feito.

Em uma das sessões da Srª. Plainemaison, travei rela-ções com a família Baudin, que morava na Rua Rochecourt. O Sr. Baudin convidou-me para as suas sessões semanais, nas quais fui assíduo. As reuniões eram muito numerosas, admi-tindo-se quem quer que o pe-disse, além das pessoas habitu-ais. As duas médiuns eram as

Srtas. Baudin, que escreviam numa pedra, com o auxílio da cesta, chamada toupie (a cesta), descrita em O Livro dos Mé-diuns.

Esse método, que exige o concurso de duas pessoas, ex-

clui toda a possibilidade de par-ticipação das idéias do mé-dium. Por ele vi comunicações seguidas e respostas dadas não só a perguntas que eram pro-postas, como até a mentais, fa-to que denunciava, em toda a evidência, a intervenção de in-teligência estranha.

Os assuntos aí tratados eram geralmente frívolos, ocu-pavam-se principalmente de coisas da vida material, nada verdadeiramente sério, sendo a curiosidade e o passatempo o principal móvel dos assisten-tes. O Espírito que se manifes-tava habitualmente, dava o no-me de Zéfiro, de acordo com seu caráter e com o da reunião; entretanto, era muito bom e ti-nha-se declarado protetor da fa-mília. Se quase sempre fazia rir, sabia, a propósito, dar bons conselhos e manejar, conveni-entemente, o epigrama mordaz e espirituoso.

Em pouco nos relacio-namos e ele deu-me constantes provas de grande simpatia. Não era muito adiantado, porém, mais tarde, assistido por espíri-tos superiores, ajudou-me nos meus primeiros trabalhos. De-pois disse-me que devia reen-carnar, e nunca mais tive notí-cias suas.

Foi ali que fiz meus pri-meiros estudos sérios sobre Espiritismo, não tanto pelas re-velações, como pelas observa-ções. Apliquei a esta ciência o método experimental, não acei-tando teorias preconcebidas, e

observava atentamente, com-parava e deduzia as conse-qüências, dos efeitos procura-va elevar-me às causas, pela de-dução e encadeamento dos fa-tos, não admitindo por valiosa uma explicação, senão quando ela podia resolver todas as difi-culdades da questão. Foi assim que procedi sempre em meus anteriores trabalhos, desde 15 anos.

Compreendi logo a gra-vidade da tarefa que ia empre-ender, e entrevi naqueles fenô-menos a chave do problema, tão obscuro e tão controverti-do, do passado e do futuro da humanidade, cuja solução vivi sempre a procurar; era, enfim, uma revolução completa nas idéias e nas crenças do mundo.

Cumpria-me, pois, pro-ceder com circunspecção e não levianamente, ser positivo e não idealista para não me dei-xar levar pelas ilusões”.

Estudando o Fenômeno

Continua no próximo número.

FidelidadESPÍRITA Novembro 200230

Observavaatentamente,

comparava e deduziaas conseqüências,

dos efeitos procuravaelevar-me às causas,

pela dedução eencadeamento

dos fatos

Observavaatentamente,

comparava e deduziaas conseqüências,

dos efeitos procuravaelevar-me às causas,

pela dedução eencadeamento

dos fatos

Cumpria-meproceder com

circunspecção enão levianamente,ser positivo e nãoidealista para nãome deixar levarpelas ilusões

Cumpria-meproceder com

circunspecção enão levianamente,ser positivo e nãoidealista para nãome deixar levarpelas ilusões

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ste livro reúne o ensino especial dos Espíritos Su-Eperiores sobre a explica-

ção de todos os gêneros de ma-nifestações, os meios de comu-nicação com os espíritos, o de-senvolvimento da Mediunida-de, as dificuldades e os trope-ços que eventualmente possam surgir na prática mediúnica.

Noções preliminares;

Das manifestações espíritas.

Dentre os vários as-suntos que aborda, destacam-se: provas da existência dos Espíritos, o mara-vilhoso e o sobre-natural, modos de se proceder com os materialistas, três classes de es-

píritas, ordem a que de-vem obedecer os estudos espí-ritas, a ação dos espíritos sobre a matéria, manifestações inteli-gentes, as mesas girantes, mani-festações físicas, visuais, bi-corporeidade, psicografia, labo-ratório do mundo invisível, ação curadora, lugares assom-brados (com comentários sobre o exorcismo), tipos de médiuns e sua formação, perda e sus-pensão da Mediunidade, in-convenientes e perigos da Medi-unidade, a influência do meio e da moral do médium nas comu-nicações espíritas, mediunida-de nos animais, obsessão e meios de combatê-la; trata, também, de assuntos referentes

à identidade dos Espíritos, às evocações de personalidades vi-vas, à telegrafia humana, além de vários temas intimamente re-lacionados com o Espiritismo experimental.

Não menos importante são os capítulos dedicados às re-uniões nas sociedades espíritas, ao regulamento oficial da So- ciedade Parisiense de Estudos Espíritas e ao Vocabulário Espí-rita.

Como se observa, O Li-vro dos Médiuns é a obra bási-ca da Ciência Espírita; graças a ele, o Espiritismo firmou-se co-mo Ciência Experimental.

Embora publicado há mais de 100 anos, seu conteú-do é atual; seus ensinamentos permitem ao leitor estabelecer relações evidentes da Ciência Espírita com várias conquistas científicas da atualidade.

Fonte:Transcrito do folheto “Comece pelo co-meço" USE/SP.

Literatura

O Livro dos Médiunspublicado em janeiro de 1861

1- 1-

2-2-

Seu conteúdo éapresentado em 2 partes:Seu conteúdo éapresentado em 2 partes:

“Comece pelo começo” “Comece pelo começo”

FidelidadESPÍRITA Novembro 2002 31

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FidelidadESPÍRITA Novembro 200232

Justiça Divina

-Mulher! Para onde vais?!!!E o que passou-se, então,Ninguém esque-ce mais:

- Eu vou para o inferno, ao lado do meu filho,A repartir comigo a sua desventura!As lágrimas de mãe, as gotas do meu pranto,Acalmarão no averno a sua queimadura.

Eu deixo para ti esse teu paraíso.Essa mansão celeste onde o amor é surdo!Onde se goza a vida a contemplar tormento,Onde a palavra amor represa um absurdo!

Entrega esse teu céu às mães malvadas, vis,Que os filhos já mataram para os não criar,Pois só essas megeras poderão, no céu,Ouvir gritar seus filhos sem se consternar!

Desprezo esse teu céu! O meu amor é grande!Imenso! Assaz sublime! E posso te afirmarQue se não te comove o pranto lá do infernoE os que no averno estão são todos filhos teus,O meu amor excede ao próprio amor de Deus!

E ante o estupefato olhar do Padre Eterno,

A mãe beijou o filho

... E foi para o inferno!"

Juízo FinalBenedito Godoy Paiva

Anuário Espírita de 1981

entado o Padre Eterno em trono reful-gente,S

Olhar severo envia a toda aquela gente!

Enquanto anjos cantam, outros vão levando,Ante a figura austera desse Venerando,As almas que da tumba emigram assustadasVendo o tribunal solene, majestoso,Em que vão ser julgadas.

Dois grupos são formados,Um de cada lado:O da direita, céu; o da esquerda averno.

E Satanás ao canto, o chifre fumegante,Espera impaciente, impávido, arrogante,A "turba" para o inferno.

Aconchegando o filho, a alma bem amada,E que na Terra fora algo desassisada,Uma mulher se chega e a sua prece faz,Rogando ao Padre Eterno poupe do infernoO pobre do rapaz.

Cofia o Padre Eterno a longa barba brancaE, o óculo ajustado à ponta do nariz,O olhar dirige, então, à pobre desgraçadaE compassado diz:

"Os anjos vão levar-te agora ao paraísoE dar-te a recompensa: o teu descanso eterno!Ali desfrutarás felicidades mil,Porém, teu filho mau irá para o inferno.”

Um anjo toma o moço e o leva a Satanás;Porém, a pobre mãe, ao ver partir o filho, Aflita, corre atrás!

E, ao incorporar-se às hostes infernais,Eis grita o Padre eterno, em tom assustador:

Reprodução

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Padre eterno: (Do lat. Pater, “pai”) sm = Deus.

Averno: sm 1. (lat. Avernu) Poét. inferno. adj. 2. V avernal.

Satanás: Adversário.

Desassisada = adj. (Part. de desassisar) 1 Que não tem siso. 2 Desatinado, desvaira-do, louco. Antôn. (acepção 2): prudente.

Cofiar: (fr. coiffer) vtd Afagar, alisar com a mão a barba ou o cabelo.

Hostes = s.f. (lat. hoste) 1 Tropa, exército beligerante, corpo de exército. 2 Bando, chusma, multidão.

Vil - Vis = adj. m+f (lat. vile) 1 De pouco valor; que se compra por baixo preço. 2 Baixo, reles, ordinário. 3 Mesquinho, hu-milde, miserável. 4 Desprezível, abjeto. 5 Infame, torpe. s m+f Pessoa vil, abjeta, despresível.

Padre eterno

Averno

Satanás

Desassisada

Cofiar

Hostes

Vil - Vis

Ver o livro O Céu e o Inferno de Allan Kardec, cap. III e IV. Ed. Feb.

Ver o livro O Céu e o Inferno de Allan Kardec, cap. VII - Código Penal da Vida Futura. Ed. Feb.

Maria Teresa Costa, jornal Correio Popular - Campi-nas/SP - 19/08/1999.

Ver o livro O Céu e o Inferno de Allan Kardec, cap. IX, estudo completo e racional sobre os demônios e sua inexistência enquanto seres à parte da criação.

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E n t e n d e n d o

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GlossárioGlossário

Da Redação

o livro O Céu e o Inferno Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, faz uma aná-Nlise acerca das definições que dão nome

ao livro. Assim, céu e inferno não são locais geo-gráficos e sim estados de consciência.

Dessa forma a lei de causa e efeito, como norma divina para regulamentar as atitudes mo-rais dos seres, nos fará colher, na mesma encar-nação, no mundo espiritual ou em existência fu-tura, as reações boas ou más das nossas ações.

O objetivo da lei não é o de punir, mas o de educar.

O educando, portanto, é convocado, pela lei, a recompor com o bem o mal que tenha feito e a recolher, de maneira natural, a bondade que tenha semeado.

Deus é justo e bom.Se a justiça divina exige a reparação de to-

do mal, a reencarnação, representando a bonda-de de Deus, nos concederá quantas existências corpóreas forem necessárias até atingirmos a per-feição, isto é, o desenvolvimento no mais alto grau de todas as nossas capacidades morais e in-telectuais.

Na atualidade, nem mesmo a Igreja Roma-na adota a idéia de locais inferiores onde o sofri-mento é perene e locais de felicidade eterna, on-de as criaturas passam a eternidade contemplan-do o criador; e até mesmo o demônio, segundo o Papa João Paulo II, já não existe mais. Que pro-gresso!

Tudo isso o Espiritismo vem divulgando à mais de 145 anos.

Na poesia Juízo Final, Benedito Godoy Paiva ilustra, de maneira magistral, o absurdo da idéia de céu e inferno, bem como a existência do diabo, entidade mitológica, diante da justiça e bondade divinas.

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FidelidadESPÍRITA Novembro 200234

Tradição

todos os deuses". O Papa Boni-fácio IV obteve-o, por doação do Imperador Focas e fê-lo puri-ficar, recolhendo a ele os tesou-ros e os despojos mortais das ca-tacumbas dos cristãos e consa-grou-o a Santa Maria dos Már-tires.

Gregório IV, em 835 d.C instituiu, em antítese à “festa de todos os deuses" a “festa de to-dos os Santos", em homenagem aos santos que não tinham culto em dia destacado no calendário, universalizada, depois, para to-do o orbe católico. Mas para que não ficassem esquecidos ante Deus, os fiéis da Igreja e os peca-dores, foi estabelecido que no dia seguinte, 2 de Novembro se

fizessem no templo orações em intenção desses mortos.

Só em 998 d.C, dez sécu-los depois do Cristo, o Abade da ordem dos Beneditinos, em Cluny, instituiu em todos os mosteiros da ordem na França, a comemoração dos “mortos", o dia de “finados", nesse 2 de No-vembro; culto que a Santa Sé aplaudiu e oficializou para todo o Ocidente.

Para saber mais, consulte: 1) O Dois de Novembro - Almerindo Martins de Castro, revista Reformador Novembro de 1990.2) Os mortos vivem - Maria Helena Mar-com, jornal Mundo Espírita, Novembro de 1997.

A Origem do dia de finadosA Origem do dia de finadosPesquisa de Lino Bittencourt

egundo os bons léxicos, Finados quer dizer: aque-Sle que finou, que faleceu,

que acabou, morreu.O “Dia de Finados" não

tem origem em ensinamentos dos Espíritos. Derivou da festa Católica Romana de 1º de No-vembro: “Dia de todos os San-tos".

Quando da destruição dos templos pagãos em Roma, um entre todos foi poupado, por-que constituia obra prima de ar-quitetura e riqueza. Construído por Marcos Agripa, denomina-va-se Panteão e nele, a 1º de No-vembro, era celebrada pelos pa-gãos com excessos, a “festa de

Lei detalião

Pasquale Cipro Neto

alião não se trata do nome de ninguém, mas simplesmente da forma portuguesa de “talionis”, do latim.TTrata-se da família de “talio”, “talionis”, “talis”, “tale”, da

qual provém a nossa palavra “tal”, que tem, entre outros, o signifi-cado de “semelhante”, “igual”, “análogo”, e se usa também nas ex-pressões “tal qual” e “tal e qual”, que indicam idéia de igualdade.

A lei é de “talionis” justamente porque inflige ao criminoso o mesmo mal que praticou. Por falar em talião, é bom lembrar “re-taliar” (que vem do latim “retaliare”) é da mesma família e signifi-ca “tratar segundo a lei de talião”, “revidar com dano igual ao da-no recebido”, “impor a pena de talião”.

Que fique claro, pois: grafa-se “talião”, com minúscula (des-de que não inicie a frase).

Transcrito do jornal:Correio PopularCampinas/2001.

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O Livro dos EspíritosO Livro dos MédiunsO Evangelho Segundo o EspiritismoO Céu e o InfernoA GêneseDe Allan Kardec Editora FEB. Pedidos: Fone: 0(xx) 21-2589.6020

Só se pode compreender bem o Espiritismo conhecendo as obras acima citadas. A ciência, a filosofia e a religião espíritas num Pentateuco valioso e pouco estudado.

Leitura obrigatória para todo aquele que deseja conhecer, de verdade e com profundidade, o Espiritismo.

De Wallace Leal V. Rodrigues. Editora “O Clarim”. 416 páginas. Pedidos Fone: 0(xx) 16-282.1066 / 282.1471

Para aqueles que gostam de saber “como tudo começou” este livro é indicado. Aponta com extraordinária lucidez os desvios do Cristianismo. Demonstra, ainda, como a doutrina simples de Jesus, começou a sofrer deturpações e a servir aos interesses dos imperadores romanos. Fala, com muita propriedade, como foi fundada a Igreja Ca-tólica Romana, além de demonstrar como foram

sendo introduzidos, no Cristianis-mo, o culto às imagens, as roupas especiais, a organização sacerdo-tal, que inicialmente, no colégio apostólico, não existia.

O livro é um primor, rari-dade mesmo! Entretanto, o leitor precisará estar preparado, pois que vai encontrar um estilo elegante e erudito que coroa esta obra. So-mente ela, bastaria para consagrar seu culto e valoroso autor, já desencarnado.

De Camille Flammarion. Editora FEB. 416 páginas. Pedidos Fone: 0(xx) 21-2589.6020

O autor foi contemporâneo de Allan Kardec, astrônomo de renome mundial, con-verteu-se ao Espiritismo, ofertando-lhe extra-ordinária contribuição.

Deus na Natureza é um clássico Espí-rita. Do início ao fim Flammarion aponta de

maneira racional a manifestação divina atra-vés da própria natureza. Todos os seus apon-tamentos trazem bases científicas. O leitor é conduzido para o macro e o microcosmos e en-contra Deus. Caminha pelas várias ciências co-mo: física, química, fisiologia, matemática, as-tronomia, psicologia, etc, e encontra Deus!

Obra extraordinária, que deve e mere-ce ser estudada. Não é um romance, mas é uma explosão de cultura, um mergulho na na-tureza em busca de Deus, uma verdadeira Teo-dicéia. Para os que gostam de leituras filosófi-cas e científicas é Imperdível! Confira!

AS OBRAS BÁSICAS DE ALLAN KARDEC

A ESQUINA DE PEDRA

DEUS NA NATUREZA

O EDITOR RECOMENDARECOMENDA

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