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N9 6 1971 Setembro EDITORIAL - f:le não vem. .. . . . . . . . . . . . . . . p. Carla da Equipe Responsável Internacional . . p. 2 Jesus Cristo, Guia Espiritual dos Jovens . . . . p. 4 Lendo o Pe. Calfarel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6 - Carla a Jean-Pierre . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. B O próximo Sínodo Episcopal . . . . . . . . . . . . . . . . p. 9 - A Família em Foco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 10 Na Semana da Pátria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 12 Um encontro de jovens em Portugal . . . . . . . . p. 13 Retrospectiva histórica das E.N .S. . . . . . . . . . p. 16 Viagem ao Canadá, Estados Uni dos.. . . . . . . . p. 21 Extratos dos bo letins de Setores . . . . . . . . . . . . p. 24 Notícias do Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28 Retiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31 Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . . . p. 32

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N9 6 1971

Setembro

EDITORIAL - f:le não vem. .. . . . . . . . . . . . . . . p.

Carla da Equipe Responsável Internacional . . p. 2

Jesus Cristo, Guia Espiritual dos Jovens . . . . p. 4

Lendo o Pe. Calfarel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6

- Carla a Jean-Pierre . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. B

O próximo Sínodo Episcopal . . . . . . . . . . . . . . . . p. 9

- A Família em Foco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 10

Na Semana da Pátria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 12

Um encontro de jovens em Portugal . . . . . . . . p. 13

Retrospectiva histórica das E.N .S. . . . . . . . . . p. 16

Viagem ao Canadá, Estados Unidos.. . . . . . . . p. 21

Extratos dos boletins de Setores . . . . . . . . . . . . p. 24

Notícias do Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28

Retiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31

Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . . . . p. 32

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Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das Equipes de Nossa Senhora no Brasil.

Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 - Te!. : 80-4850 04530 SAO PAULO, SP

- somente para distribuição interna -

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EDITORIAL

ÊLE NÃO VEM ...

"O homem propõe e Deus dispõe."

Estava programada para êste mês uma Carta Mensal sem Editorial. É que o próprio autor das mensagens qtie habitual­mente abrem o nosso boletim deveria estar entre nós para, de viva voz, nos transmitir os seus pensamentos e as suas orientações.

Em lugar disto, porém, temos a comunicar-lhes uma decep­cionante notícia: o Pe. Caffarel, por determinação médica, viu-se forçado a um longo período de repouso e, porisso, obrigado a cancelar a viagem que vinha preparando há perto de um ano com tanta alegria. Logo a seguir transcrevemos a carta que a pro­pósito recebemos da Equipe Responsável pela direção internacio-nal do Movimento.

A notícia é sem dúvida motivo de tristeza. Pelo cancela­mento da viagem, evidentemente, e também pela causa que a determinou.

A vinda do nosso fundador vinha sendo aguardada com vivo entusiasmo, o que foi fácil verificar por êste Brasil afora, nos numerosos encontros, sessões, dias de estudos em que a viagem do Pe. Caffarel era comentada com alegre expectativa.

Agora êle não vem. Será isto motivo de desapontamento? Sem dúvida, porque esperávamos muito desta visita. De desâ­nimo? Certamente não! Por maior que seja a repercussão que o cancelamento dessa viagem venha a ter na programação dêste fim de ano, na preparação do ano de 1972, é preciso ver o acon­tecimento com o olhar de fé. Não esquecer que "Deus escreve direito por linhas tortas". Podemos lamentar a ausência entre nós do nosso fundador, sentir a falta que nos farão a sua palavra, o seu estímulo, a sua presença - mas podemos contar que, no seu retiro forçado, o Pe. Caffarel terá as equipes do Brasil pre­sentes em seu coração e ter a certeza de que as suas preces irão suprir mais do que nunca a sua ausência.

Esperemos, rezando, que êle se restabeleça prontamente. Pe­çamos ao Senhor que êle possa, mais breve talvez do que pen­samos, trazer-nos mais uma vez a demonstração do carinho todo especial que sempre manifestou pelas equipes do Brasil.

A ECIR

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EQUIPES NOTRE-DAME

Caros amigos,

Eis a íntegra da Carta da Equipe Res­ponsável Internacional recebida por Esther e Marcelo:

Paris, 26 de julho de 1971

Teríamos gostado que a carta de hoje lhes transmitisse os ultimos dados referentes à viagem do Padre Caffarel, viagem que também para nós constituía motivo de grande alegria. No entanto, a notícia que lhes vamos dar é bem desagradável e vai deixá-los muito decepcionados: o Padre Caffarel tem que desistir dessa viagem ao Brasil que êle vinha preparando há um ano com tanto carinho!

Eis o que aconteceu: o Padre Caffarel vinha cansado há três rr~eses , mas contava repousar durante todo o mês de junho; de fato, saiu de férias , por um mês inteiro, mas o cansaço não cedeu; ao voltar, no dia 20 de julho, precisou consultar o seu médico que, após vários exames, prescreveu repouso completo durante, pelo menos, 4 meses: o Padre Caffarel deve cessar tôda e qual­quer atividade até dezembro e cancelar tudo o que êle tem pla­nejado até lá. Vai deixar-nos daqui a alguns dias para internar-se numa clínica de repouso, de onde só voltará em dezembro.

Estamos cônscios de que esta mudança de programa vai co­locá-los numa situação difícil em relação a tôdas as reuniões que vocês tinham programado com êle e das quais vocês tanto espe­ravam para a renovação das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Infelizmente, não temos outro "Padre Caffarel" a propor-lhes, pois não há ninguém que possa falar-lhes com a mesma autori­dade sôbre espiritualidade conjugal e sôbre as Equipes de Nossa Senhora. No entanto, depois de termos pensado bastante, jun­tamente com Mareei e Yvette Delpont, resolvemos fazer-lhes a seguinte proposta:

- a viagem do Padre Caffarel fica recuada até uma data posterior; no entanto, como os médicos não querem por enquanto pronunciar-se, não podemos propor-lhes outra data;

- ou então Michel e Bernadette Foucard irão ao Brasil no lugar do Pe. Caffarel, na data prevista.

É claro que Michel e Bernadette não iriam levar-lhes a mesma coisa que o Pe. Caffarel. Em particular, não poderiam tratar

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dos mesmos assuntos que êle ia abordar nas suas conferências. No entanto, conhecem muito bem o Movimento, têm uma boa experiência em matéria de formação de dirigentes e poderiam também ajudá-los a aprofundar as orientações atuais do Movi-mento.

Se optassem por esta solução - que absolutamente não que­remos impor-lhes - êles poderiam realizar a viagem na época prevista para o Pe. Caffarel, mas seria preciso que êles entras­sem ràpidamente num acôrdo com vocês a respeito dos assuntos sôbre os quais poderiam falar. Quanto às despesas, nós assumi­ríamos as da segunda passagem, ida e volta.

Podemos avaliar a perplexidade que vai causar aí a chegada desta notícia - infelizmente, nada podemos fazer. Também nós estamos um bocado transtornado e precisamos modificar todos os programas previstos para o outono! Os caminhos do Senhor não são sempre os nossos! Poderiam vocês, mesmo assim, res­ponder-nos ràpidamente, eventualmente por telegrama, assim que tiverem tomado uma decisão, pois Michel e Bernadette, se tiverem que ir ao Brasil, precisarão, também êles, mudar os seus planos para agôsto e setembro!

Continuamos em união de oração e amizade com vocês.

Pela Equipe Responsável

(ass.) L. e M. d'AMONVILLE

Respondeu imediatamente a ECIR, dizendo do desapontamento geral ao saber do cancelamento da viagem e principalmente do motivo. Agradeceu a oferta da vinda do casal Foucard no lugar do Pe. Caffarel, optando por es­perar que o mesmo esteja em condições de realizar a viagem programada.

AVISO DA TESOURARIA

Com o adiamento "sine die" da viagem do Côn. Caffarel, fica suspensa a arrecadação das contribuições que vinha sendo efetuada desde ou­tubro do ano passado.

No próximo número, a Carta Mensal publicará uma prestação de contas a respeito.

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A PALAVRA DO PAPA

JESUS CRISTO, GUIA ESPIRITUAL DOS JOVENS

Dirigindo-se especialmente aos jovens, encontrou Paulo VI pa.lavras fortes que também por nós merecem ser meditadas.

Começando por afirmar que "ser cristão não é pouco" e "quer dizer já ter um programa de vida bem exigente, ou seja, crer, agir, esperar e amar", indaga o Santo Padre: "Que tipo de cristão sois vós? Não basta ver como se comportam muitos cristãos. É preciso refletir, cada um por si, sôbre o próprio comportamento.

Há diversos modos do jovem se comportar em relação ao seu caráter de cristão. Um cristão é cristão e sabe que deve viver de um certo modo, com um certo estilo de vida, que o distingue e o qualifica.

Acontece freqüentemente entre nós que ser cristão não signi­fica nada, é zero. Muitas vêzes até, um cristão é uma contradição viva, porque contradiz com a própria maneira de pensar e de viver esta sua magnífica prerrogativa: ser filho de Deus, ser irmão de Cristo, ser como uma lâmpada acesa em que arde o Espírito Santo, a graça, ser membro da Igreja, um homem que sabe como há de viver e para onde vai. O cristão é um homem lógico, coerente, responsável, livre e, ao mesmo tempo, fiel. Não é um homem "zero", indiferente, insignificante, inconsciente e fechado para tudo. Não é verdade?

Há uma categoria de cristãos à qual o Evangelho dá o nome de "caniço", a categoria dos caniços agitados pelo vento (Mt. 11, 7), que se inclinam sob o seu sôpro. São os homens que não têm responsabilidade própria, que não possuem aquela retidão cristã a que nos referimos, que estão dispostos a receber as idéias dos outros, a curvar-se sob o domínio da opinião da moda e do inte­fêsse. São os homens do mêdo, do respeito humano, homens ovelhas.

: Mas chega o mom~nto em que é preciso sermos "pessoa", pu seja, homens que vivem segundo idéias mestras, segund~ idéias-luzes, segundo idéias-fôrças. É preciso sermos homens que fizeram a própria escolha, caminham e vivem segundo ela. É

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esta a verdadeira categoria digna da juventude inteligente e cristã, a vossa, caríssimos filhos e amigos.

Vós, jovens e adolescentes de ambos os sexos, deveis reco­nhecer em Jesus Cristo o verdadeiro Guia espiritual de vossa vida. E nós poderíamos dizer que tle é o líder espiritual de nosso tempo.

Vós, filhos desta nova geração, deveis fazer com que, à vossa volta, o nosso mundo moderno, tão necessitado e merecedor de verdadeira luz, reconheça o seu verdadeiro Cristo, o seu Messias, Jesus! Sois vós, jovens de hoje, que deveis renovar o prodígio messiânico começado pela juventude católica de ontem e de­senvolvê-lo hoje.

Deveis contribuir para que se passe de um cristianismo pas­sivo, feito de costumes, a um cristianismo corajoso e militante; de um cristianismo individualista e desunido a um cristianismo comunitário e associado; de um cristianismo indiferente e insen­sível às necessidades alheias e aos deveres sociais a um cristia­nismo fraternal e dedicado ao bem dos mais fracos e dos mais necessitados.

tdo "Osservatore Romano", 11/ 04/71)

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ESPIRITUALIDADE

LENDO O PADRE CAFFAREL

~le não vem mais . .. As circunstân­cias obrigam-nos a esperar ainda algum tempo para ouvi-lo. V amos contentar­-nos, por enquanto, em ler algumas das suas páginas marcantes.

Os dois livros que comentamos a seguir podem ser encomendados na Se­cretaria.

O AMOR E A GRAÇA {Editôra Flamboyant, 1961)

Só é verdadeiramente grande o homem que, tendo tomado consciência de suas responsabilidades individuais e comunitárias, as assume sem reticência.

"O Amor e a Graça", é um tratado prático de uma espiri­tualidade autênticamente conjugal e vem prestar um inestimável e profundo serviço à legião de casais que, muitas vêzes, na com­plexidade e exigências da vida moderna, não sabem como equi­librar a prática da religião com os deveres de seu estado. Sempre desejosos de viver em plenitude o seu cristianismo, sentem agu­damente o pêso de sua responsabilidade em face do próprio lar e da sociedade, mas não atinam com um molde de espiritualidade que lhes convenha e que lhes norteie as atividades. É princi­palmente a êsses que se dirige Henri Caffarel, oferecendo-lhes os frutos de sua longa experiência.

O antigo preconceito de que a santidade é monopólio dos religiosos e freiras, os quais, para encontrarem essa "pérola rara" abandonam a família, bens e o mundo e vão encerrar-se no silêncio dos claustros, vai-se extinguindo sempre mais em nossos dias, e já se fala do Século XX como sendo o século que abre a era da santidade dos leigos casados.

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A santidade é uma conquista. Na verdade, não é fácil ser santo em pleno mundo. Mas "não ser fácil" não é sinônimo de "ser impossível". Fácil não o é em parte alguma, porque a san­tidade, como já dissemos, é uma verdadeira conquista. No mun­do, na sociedade, na vida familiar, as dificuldades se avolumam; é preciso outro tipo de espiritualidade que a dos religiosos en­clausurados. Essencialmente, porém, a santidade de uns e outros é a mesma: o crescimento na caridade. É o que Henri Caffarel expõe nesta obra magistral, naturalmente com a infinita varie­dade que comporta uma autêntica "espiritualidade conjugal".

CARTAS SôBRE A ORAÇÃO (Editôra Flamboyant, 1962)

Esta obra notável do Padre Caffarel, que condensa 50 cartas escritas a leigos para iniciá-los na oração e guiá-los num caminho difícil e acidentado, vem justamente atender àqueles que pro­curam ansiosamente encontrar alguém que os oriente na solução dos problemas que hoje afligem o mundo todo. Com êsse pro­pósito nada mais edificante do que a leitura dessas cartas breves e concisas, que revelam um grande conhecimento dos homens e das mulheres de hoje e lhes apresenta uma doutrina rica de substância espiritual, numa linguagem viva, colorida, cheia de vibração e estímulo para o coração e para o espírito.

Padre Caffarel se dirige aos adultos, mas os jovens aí en­contrarão não menos interêsse. Escritas para leigos, estas cartas serão lidas com o mesmo proveito por sacerdotes e religiosos.

É inestimável a contribuição que vem trazer com a sua obra a tantas almas desejosas de perfeição, "sequiosas de Deus", con­forme a sua própria expressão, cujo número, graças a Deus, se avoluma sempre mais nesse mundo superficial e materialista em que vivemos.

Eis um livro cujo valor só pode ser devidamente compreen­did0 por aquêle que o ler e o assimilar no silêncio da oração .

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CARTA A JEAN-PIERRE

Meu caro Jean-Pierre

Transcrevemos para vocês um capítulo do livro "Cartas Sôbre a Oração", págs. 177-178:

Que a oração se reduza a uma atividade superficial que não envolva o nosso eu profundo, isso é um perigo permanente, estou de pleno acôrdo. Tem razão de o temer.

Não estou longe de pensar que para alguns a meditação não é mais que o suave ronroncar de um gato, adormecido perto do fogo, enquanto que para outros não passa de uma torrente de palavras vazias de sentido, merecendo êstes últimos a após­trofe de Cristo: "Não é aquêle que diz: Senhor, Senhor, que entrará no Reino dos Céus".

De fato , pode-se falar a Deus sem por isso se empenhar, como se pode entregar a meditações sutis, experimentar grandes emoções espirituais, e não se comprometer do mesmo modo.

Qual é, pois, o ato interior que o fará empenhar, na oração, todo o seu ser profundo, que tomará o seu passado e o seu futuro para entregá-los a Deus, que o levará a dar a sua vida? Uma palavra, um verbo, designa êsse ato: oferecer-se. Sim, orar é antes de tudo oferecer-se a Deus.

Dir-me-á talvez: Por que não falar, antes, de amar? A bem dizer, amar e oferecer-se são duas coisas inseparáveis: a ofe­renda é para o amor o que o fruto é para a árvore. O longo, paciente e secreto labor da árvore durante o interminável in­verno prepara o fruto saboroso que o sol de setembro fará ama­durecer no galho. Assim acontece com a oferenda de si, com êsse fruto de amor pacientemente elaborado no decurso de ora­ções numerosas, o qual, um dia, na meditação, se desprenderá por si mesmo e cairá nas mãos de Deus, estendidas para o colhêr.

São Paulo encontrou uma frase maravilhosamente densa para nos convidar a essa oferenda. Gostaria que a soubesse de cor, que a repetisse com grande atenção, lentamente, no comêço da meditação: "Exorto-vos, irmãos, em nome da misericórdia de Deus, a que ofereçais as vossas pessoas como hóstia viva, santa e agradável a Deus: tal é o culto espiritual que lhe deveis pres­tar" (Rom. 12, 1). Haverá melhor definição da oração?

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A IGREJA PRESENTE

O PRóXIMO SINODO EPISCOPAL

Realizar-se-á em Roma, no período de 30 de setembro a 28 de outubro, a IJ.a Assembléia Ordinária do Sínodo Episcopal, órgão representativo do Episcopado universal, restabelecido em 1965 pelo Papa Paulo VI, pois era o mesmo uma instituição bem antiga da Igreja, muito florescente até a Idade Média.

:ll:ste ano, deverão participar do Sínodo 212 dos 3.000 bispos católicos do mundo, sendo 140 eleitos pelas Conferências episco­pais nacionais e 30 indicados pelo Papa, além de representantes das Igrejas orientais, Ordens religiosas e Sagradas Congregações do Vaticano.

O Brasil será representado neste Sínodo pelos Cardeais D. Vicente Scherer, Arcebispo de Pôrto Alegre, D. Eugênio Salles, Arcebispo do Rio de Janeiro, e pelos Bispos D. Valfredo Tepe, de Ilhéus, e D. Aloísio Lorscheider, Presidente da Conferência N acionai dos Bispos do Brasil.

O Papa Paulo VI indicou para o Sínodo dêste ano o exame da questão "O Sacerdócio Ministerial". O segundo tema a ser tratado, "A Justiça no Mundo", foi escolhido pela Santa Sé de acôrdo com o Episcopado mundial. Os bispos serão também chamados a pronunciar-se sôbre a questão da Lei Fundamental da Igreja.

Tenhamos presente em nossas orações individuais, e prin­cipalmente nas nossas reuniões de equipe, durante os meses de setembro e outubro, essa Assembléia, cujos frutos deverão ser decisivos para o futuro da Igreja e do mundo.

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A FAMILIA EM FOCO

O SC? Encontro Nacional do Movimento Familiar Cristão

Reuniram-se em Pôrto Alegre, de 11 a 16 de julho, cêrca de 200 casais, entre dirigentes e delegados dos M.F.C.s diocesanos, e 70 sacerdotes - vindos de todo o Brasil, inclusive Piauí, Ma­ranhão, Ceará, Mato Grosso, Goiás e Bahia - e até do Amapá, viajando 6.000 kms. de ônibus, ou seja, uma semana para ir e outra para voltar .. .

D. Lucas Moreira Neves, Assistente Latino-Americano do M.F .C. (devolveu agora o cargo de Assistente Nacional, que vinha exercendo há dez anos) , salientou que o propósito principal do Encontro era, "por sugestão dos casais da base, fazer uma revisão em profundidade do Movimento". Diante da crise atual do mundo e da Igreja e dos graves problemas enfrentados pela Fa­mília, "desejávamos, disse D. Lucas, fazer com humildade e co­ragem. uma redefinição do M.F.C., com absoluta fidelidade a seus valôres e suas linhas essenciais, e total despreend.imento daquilo que nêle é acessório e até caduco". ~sse foi, em outras palavras, o Encontro do "aggiornamento" do M.F.C.

Além da como sempre apreciadíssima conferência de D. Lucas, que versou sôbre "O leigo no mundo e na Igreja", foram aborda­dos, entre outros, os seguintes tópicos: "A família no mundo e no Brasil hoje", "M.F .C., movimento evangelizador", "A parti­cipação do M.F.C. na pastoral orgânica". Por ocasião do tema "Entrosamento do M.F.C. com outros organismos interessados na problemática familiar", tomaram a palavra os nossos compa­nheiros Denise e Fernando Gay da Fonseca, responsáveis pelo Setor de Pôrto Alegre das E.N.S., bem como um pastor protes­tante do "Serviço Interconfessional de Aconselhamento" e um representante da Escola de Pais.

Tôdas as palestras foram seguidas de grupos de trabalho, formados por um representante de cada Estado. O trabalho dos grupos, chamados "comunidades", iniciava-se com uma liturgia da palavra e terminava com uma missa, concelebrada na própria sala pelos sacerdotes presentes - menos na quinta-feira, quando houve concelebração geral, com renovação do compromisso ma­trimonial, e na sexta-feira, quando encerrou-se o Encontro com a Missa concelebrada por D. Lucas e todos os Assistentes estaduais.

Digno de nota o apoio espiritual por parte dos casais que não foram a Pôrto Alegre: revezavam-se todos os dias para participar da Eucaristia, unindo-se em oração e pensamento aos seus re­presentantes no Encontro.

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Elegeu-se por ocas1ao do Encontro a nova direção do M.F.C., recaindo a escolha sôbre o casal José e Maria Augusta Silveira, de Pôrto Alegre, para Presidente N acionai. A êles e à nova Equipe Central Nacional, cujo mandato é de três anos, nossos votos de pleno êxito apostólico.

O Encontro foi uma ótima ocasião para entrosamento entre casais do M.F.C. e das Equipes, pois, além da presença, a título de observadores, de Denise e Fernando, vários casais participan­tes foram hospedados por equipistas de Pôrto Alegre. Só po­demos desejar que êsses contatos fraternos sejam os mais fre­qüentes possíveis entre dois Movimentos que trabalham para um mesmo fim, a cristianização da família brasileira.

Curso de Pastoral Familiar em Pôrto Alegre

Quarenta e cinco sacerdotes, provenientes de seis Estados, participaram do Curso de Pastoral Familiar dado no Seminário de Viamão por D. Lucas Moreira Neves. Além dêles, dez can­didatos ao Diaconato, que estavam fazendo o seu 4.0 estágio no Seminário, também tomaram parte no Curso. Os temas, indi­cados pelos próprios sacerdotes, foram: Espiritualidade Conju­gal, Papel do Assistente nos Movimentos Familiares, Linhas da Pastoral Familiar, e O M.F.C., Evangelizador dos Casais.

Formação de Conselheiros Familiares em São Paulo

De 1.0 de setembro a 1.0 de dezembro, realizar-se-á um Curso de Extensão Universitária destinado à formação de Conselheiros Familiares, promovido pelas Faculdades Associadas do Ipiranga e o Instituto Brasileiro da Família.

~ste curso, para o qual é preciso o diploma do curso de teologia, abordará em 80 aulas as seguintes matérias: Teologia da Família, Psicologia da Família, Patologia da Família, Socio­logia da Família, História da Família, Direito da Família, Técnica de Orientação Familiar.

Para os Conselheiros Espirituais que se interessarem: as aulas serão ministradas às 2.•s, 4.•s e 6.•s, das 9hs. às llhs., à Rua Frederico Abranches, 382, Santa Cecília. Maiores informações pelo telefone 221-0543, das 14hs. às 20hs.

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NA SEMANA DA PÁTRIA

O cristão deve ser um homem presente ao mundo. Assim afirma a Constitui­ção sôbre "A Igreja no mundo de hoje", "Gaudium et Spes", da qual, por ocasião da Semana da Pátria, extraímos o se­guinte trecho:

"Os cidadãos cultivem com grandeza de alma e fidelidade o amor à Pátria, mas sem estreiteza de espírito, isto é, de tal maneira que se interessem sempre ao mesmo tempo pelo bem de tôda a humanidade, que abarca raças, povos e nações, unidos por tôda sorte de laços.

Todos os cristãos se tornem cônscios de seu papel próprio especial na comunidade política. Devem distinguir-se pelo exem­plo, porquanto estão obrigados por consciência a desenvolver em si o senso de responsabilidade e do devotamento ao bem comum de tal modo que demonstrem também pelos fatos como harmo­nizar a autoridade com a liberdade, a iniciativa pessoal com a solidariedade e o equilíbrio de todo corpo social, a conveniente unidade com a diversidade proveitosa".

GAUDIUM ET SPES, 75 .

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NOSSOS FILHOS

UM ENCONTRO DE JOVENS EM PORTUGAL

Transcrevemos da última Carta Mensal portuguêsa trechos do artigo intitulado ((Encontros de Jovens".

A idéia andava no pensamento de muitos, desde há tempos. Pais que se interrogavam, conscientes das dificuldades, dia a dia agravadas, para o desempenho do seu munus de educadores; filhos, de espírito crítico atento às deficiências da ajuda (se al­guma ... ) que lhes era proporcionada para a sua conveniente formação espiritual e cristã; Assistentes de Equipas, escutando as confidências e as ansiedades de uns e de outros e sofrendo a sua própria insatisfação. E para os nossos filhos, que oferecem as Equipas? E para nós, que testemunhamos o interêsse dos nossos pais pelas Equipas, que se pensa organizar? E vamos quedar-nos, de braços caídos e de olhos tristes, perante o assalto de tantas fôrças hostis lançadas à conquista da nossa juventude?

E surgiu o plano, tímida experiência inicial, que foi anun­ciado pelas Equipas de Sector de Coimbra, como "Encontro de Juventude, para Jovens dos 12 aos 17 anos", a realizar durante a manhã dum domingo. E porque talvez a breve notícia daquilo que aconteceu possa despertar noutros centros alguma iniciativa valiosa ou a resolução de comunicar aos outros qualquer expe­riência dêste gênero já efectuada, aqui estamos a partilhar con­vosco a Graça que nos foi concedida.

Dias antes da data marcada para o "Encontro" e aproveitan­do a oportunidade de uma Recolecção promovida pela Equipas para uma noite de sábado, foram convidados para uma reunião preparatória cêrca de vinte rapazes e raparigas, de entre os filhos de casais das Equipas, e a êles se pediu o trabalho de programar

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o "Encontro". A sua resposta imediata foi a de generosa cola­boração e interesse e deram conta da tarefa que se lhes confiou, com notável sentido de responsabilidade.

E assentou-se no esquema-base que permitiria aproveitar ao máximo as horas escassas de que se poderia dispor. Entre várias hipóteses de local para o "Encontro", optou-se pelo Salão anexo à Igreja do Carmo, no centro da cidade, pois ali deveria ser celebrada a Missa de encerramento do "Encontro".

E o "Encontro" principiou pela surpresa do elevado número de jovens que acorreram. Cêrca de duzentos e cincoenta rapazes e raparigas entre os 12 e os 17 anos. Tal concorrência não iria permitir um trabalho ordenado; os impressos preparados para o inquérito-relâmpago foram insuficientes; todos os números do programa se precipitariam. . . mas a verdade mais saliente foi a simpatia calorosa, a atmosfera de entusiasmo e de alegria que se respirou logo desde o início do ensaio dos cânticos ao gôsto dos ritmos preferidos pela gente nova. Essa ficaria a nota mais viva do "Encontro".

O tema de reflexão foi exposto numa dezena de minutos, limitando-se a apontar possíveis rumos de procura duma resposta para a vida. Aos mais velhos (6.0 e 7.0 anos) entregou-se a in­terrogação: "Para ti, a Religião é um fardo ou uma asa?" E, aos mais novos (3.0

, 4.0 e 5.0 anos): "Deus ajuda-te ou aborrece-te, na tua vida?".

Organizados ao sabor da ocasião, os Grupos trabalharam em precárias condições de local e de tempo. Grupos de seis a dez elementos que se espalharam por salas e claustros, durante vinte minutos.

O plenário pouco passou de simbólico, pelas mesmas circuns­tâncias de apesar de se ter desistido do momento recreativo. Havia que respeitar a honra anunciada para a Santa Missa. No aproveitamento dos minutos, em contra-relógio, foi afirmado, por aclamação, o valor, a ajuda, a alegria que para a vida traz uma religião autêntica, um cristianismo verdadeiro que é Cristo Res­sucitado, Irmão e Amigo, vivo em cada fiel e a meio de nós. Proclamou-se o alto benefício da idéia do "Encontro" e a neces­sidade de serem promovidas reuniões semelhantes.

Na igreja, para onde nos dirigimos, esperava por nós o Senhor Bispo Auxiliar, D. Alberto Cosme do Amaral, que se prontificara a celebrar a Missa do encerramento. Durante ela um grupo de jovens executou vários cânticos, acompanhando-se à viola, e logo muitos dos presentes, entre os quais se notavam os pais dos

1, jovens que haviam participado do Encontro, reforçaram o coral. A homília, o Senhor Bispo prendeu a atenção daquela buliçosa

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assembléia, falando durante breves minutos da missão da juven­tude que era "hoje, o mundo de amanhã" e que, em Cristo, se realizaria e se tornaria capaz de construir um mundo melhor. A Comunhão foi numerosíssima, participando do Banquete do Senhor a maioria dos pais e dos jovens. A despedida, todos sen­timos que, na verdade, o Senhor nos acompanhava.

Volvidos alguns dias, tornou a reunir-se o Grupo animador, solicitado então para formular uma crítica ao trabalho realizado. Reviram-se as respostas ao inquérito que fôra possível recolher e procedeu-se a uma troca de impressões muito leal e frutuosa, em vista das conclusões a estabelecer. As críticas: Reuniu-se gente demasiada. Idades muito desencontradas.

A idéia do Encontro merece apoio unânime.

Transcrevemos algumas das respostas, omitindo apenas os nomes dos seus autores que, aliás, livremente as assinaram:

"A religião ajuda, temos que ter fé e esperança, mas temos que nos amar uns aos outros". (Rapariga, 12 anos).

"Gostei muito, sobretudo por descobrir que só poderei amar sendo livre". (Rapariga, 13 anos).

"Era formidável que não parasse e houvesse sempre encon­tros dêstes, porque nos ajudam, a meu ver, a entender melhor os meus problemas e os problemas dos outros jovens. Achei bestial". (Rapariga, 12 anos).

"Acho que me ajuda. Pois ajuda-me a fazer homem para ajudar Deus na minha vida". (Rapaz, 12 anos).

"A nossa impressão é que êste encontro vai-nos aprofundar e dar-nos uma base mais sólida sôbre os nossos conhecimentos acêrca do significado da religião". (Um grupo de rapazes, de 15 anos).

Depois de pesadas as críticas, válidas na quase totalidade, apreciaram-se as sugestões, tôdas elas instando pela repetição dos encontros e apontando diversas modalidades.

Concluiu-se pela constituição de dois pequenos Grupos, for­mados por filhos de casais das Equipes ou Movimentos afins que, sem pressas, iriam convidando outros amigos e colegas para par­ticiparem das atividades do Grupo ou lançarem novos grupos. O 1.0 Grupo incluiria rapazes e raparigas do 6.0 e 7.0 anos; o se­gundo os do 3.0 , 4.0 e 5.0 anos ou equivalente ...

E à Mãe da Divina Graça, Nossa Senhora do Lar e Patrona das Equipes, confiam os Responsáveis dos Setores de Coimbra a pequenina semente desta iniciativa de diálogo e irradiação apos­tólica entre os jovens mais diretamente ligados aos casais inte­grados no Movimento.

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RETROSPECTIVA HISTóRICA DAS E.N.S.

Primórdios

Por ocasião da "maioridade" das Equipes no Brasil e para aquê­les que ainda não sabem, publi­camos um pequeno histórico do Movimento.

Em 1938 um grupo de quatro casais franceses procuraram o Pe. Caffarel e, juntos, fundaram as E.N.S.

O primeiro testemunho público das suas atividades foi em 1939 na Revista "La Vie Intelectuelle". Neste mesmo ano, com o advento da guerra, interromperam provisàriamente suas ati­vidades.

As idéías básicas dos equipistas de então eram:

- a Vida Cristã não deve ser separada da Vida Familiar

- a necessidade de uma presença sacerdotal nas reuniões de Equipe.

Durante o triste período da guerra, os equipistas tiveram o ensejo de pôr em prática um princípio que posteriormente seria básico na confecção dos "Estatutos": o do auxílio mútuo.

Com o término da guerra, as E.N.S. reiniciaram as atividades caracterizando-se o período de 1945 a 1947 pelo crescimento ver­tiginoso do número das Equipes (80) e pelo aparecimento dos perigos que ameaçam as equipes: adesões precipitadas, rotina e falta de apostolado.

Daí a necessidade da criação dos "Estatutos", em 1947. As E.N.S. no Mundo

Em 1959 houve a chamada "Maioridade" das E.N.S. Os 21 anos de vida foram comemorados com uma peregrinação a Roma de 1.000 casais vindos de 14 países, que foram recebidos pelo Papa João XXIII. Foi um casal brasileiro que entregou ao Santo Padre o presente das Equipes: dois álbuns contendo as fotogra­fias dos filhos dos equipistas de todo o mundo, acompanhadas de cartas dizendo do desejo dos pais que Deus se dignasse chamar o maior número possível dentre êles para o Seu Serviço.

Em 1961 as E.N.S., atendendo ao apêlo da hierarquia, res­pondem a um inquérito integrado no esquema de Preparação do Concílio Vaticano II.

Em junho de 1965, por ocasião da festa de Pentecostes, 3.500 casais, representando 21 países, dirigem-se a Lourdes em Pere-

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grinação. Alguns dias depois 36 casais delegados reunem-se em Roma para reverem a Mística e os Métodos do Movimento à Luz do Mandamento Nôvo: "Amarmo-nos uns aos outros como Cristo nos amou". Nesta oportunidade, o Papa Paulo VI incentivou-os a estender êste ideal a um número cada vez maior de casais.

Com o encerramento do Concílio Vaticano II, em 1965, os equipistas aderem às três conclusões básicas do Concílio:

- Tomar consciência do mistério da Igreja

- Renovação interior

- Diálogo e irradiação apostólica.

Em maio de 1970 nova Peregrinação a Roma. Dois mil casais, provenientes de vintes países ...

Nesta oportunidade, o Papa Paulo VI pronuncia o Discurso sôbre "Sexualidade, Casamento e Amor", e 6 a 11 de maio, Sessão Internacional em Assis com a participação de 34 casais.

Crescimento das E.N.S.

Em 1959 havia 1.100 Equipes distribuídas em 19 países. O desenvolvimento numérico até 1970 foi o seguinte:

1958 - 1.000 equipes 1962 - 2.000 " 1966 - 3.000 " 1970 - 3.500 "

A distribuição das 3. 500 Equipes, de 1970, era a seguinte:

Europa - 2. 850 equipes Américas - 500 " Africa 80 " Oceania 30 " Asia 10 "

E os países os seguintes: Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, Cameroum, Canadá, Colômbia, Congo, Costa d'Ouro, Espanha, Es­tados Unidos, França, Guadalupe, Guinéia, Ilhas Maurício, In­glaterra, índia, Irlanda, Itália, Japão, Líbano, Luxemburgo, Ma­dagascar, Marrocos, Nigéria, Portugal, Senegal, Suíça, Tahiti, Vietnã.

As E.N.S. no Brasil

1950 - A 13 de maio é fundada a 1.a equipe no Brasil.

1953 - 1.0 número da Carta Mensal (fevereiro).

1954 - É realizado o 1.0 Retiro de Casais.

1955 - Primeiro Encontro de Casais Responsáveis.

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1957 - Primeira visita do Côn. Caffarel. Eram 13 as equi­pes, sendo 8 em São Paulo e uma em cada cidade: Florianópolis, Campinas, Jaú, Curitiba e Pôrto Ale­gre. Nesta oportunidade é criado o 1.0 Setor. Neste ano é lançado o 1.° Círculo Familiar.

1959

1960 (março)

1962

- Participação de 3 casais brasileiros na Peregrina­ção a Roma. Na volta, organiza-se o 1.° Curso de Preparação para o Casamento.

- Funda-se a Região Brasil.

- Volta ao Brasil o Côn. Caffarel. Encontra 167 equipes, 12 vêzes mais que cinco anos antes, divi­didas em 4 Setores (2 em São Paulo, Florianópolis e J aú) e distribuídas pelas seguintes cidades, além de Campinas, Curitiba e Pôrto Alegre: Santos, Ri­beirão Prêto, São Carlos, Rio de Janeiro, Caxias do Sul, São José dos Campos, Bauru, Marília, Gua­xupé, Belo Horizonte, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo, Araçatuba, Limeira, America­na, Taubaté, Jundiaí e Itu. (1) Prega a 1.a Sessão de Formação, em Valinhos, e instala pessoalmente o Setor de Campinas.

1963 - Subdivide-se a Região Brasil em 3 e forma-se a "Equipe de Coordenação Inter-Regional".

1964/5 - Instalação dos Setores de Santos, Ribeirão Prêto, Curitiba e Rio de Janeiro. Inicia-se o Movimento em Petrópolis e Brusque.

1965 - Dois casais brasileiros tomam parte na Peregrina­ção a Lourdes e na Sessão de Roma.

1967 - Um casal do Sul é convidado pelo Centro Diretor a participar da Sessão Internacional de Varese, na Itália.

1968/9 - Fundação do "Grupo de Trabalho sôbre o Concílio e as E.N.S. - GESCENS" e inquérito dirigido a todos os equipistas.

1969 (abril)

- Visita de Jacques e Françoise Laplume, represen­tantes do Centro Diretor. Memorável Assembléia de Responsáveis Regionais, Responsáveis de Setor e de Coordenação. Forma­ção da nova "ECIR". Subdivisão das 3 Regiões existentes em 7.

(1} A ordem é cronológica.

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1970 (maio)

1971

- Primeiro número da "nova" Carta Mensal (março). Participação de 15 casais brasileiros na Peregrina­ção a Roma. O Centro Diretor escolhe o mais nôvo dos casais membros da ECIR para fazer, em nome do Movi­mento, a saudação ao Santo Padre - em francês. Três casais tomam parte na Sessão Internacional de Assis.

- Após 21 anos da criação das E.N.S. no Brasil, a situação é a seguinte, conforme gráficos abaixo:

307 equipes e 45 em formação

10 Regiões

24 Setores

8 Coordenações

abrangendo 66 cidades, distribuídas em 7 Estados.

DISIRIBUIÇAO DAS EQUIPES NO BRASIL

IOIAL = 307

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O MOVIMENTO NO MUNDO

VIAGEM AO CANADA, GUADALUPE E

ESTADOS UNI DOS, MARTINICA

Embora tenha sido realizada em fins do ano passado, reproduzimos aqui o relato da viagem de Bernadette e Michel Foucard, da Equipe Responsável Internacional.

Finalmente, vamos partir. Confiamos, pela última vez, a nossa viagem ao Senhor.

O nosso Boeing 747 leva-nos à nossa primeira etapa: Mon­treal. Sete horas de vôo e eis que já nos encontramos no Canadá, esperando pelas nossas bagagens e, ao mesmo tempo, tentando descobrir, através do espesso vidro da alfândega, o rosto dos ami­gos que nos vieram esperar. Alegria de voltar novamente a nos encontrar, após dezoito meses de separação - a nossa última viagem fôra em maio de 1969. Sete rostos amigos, sete abra­ços - que gostoso!

O Rio dos Prados será o nosso horizonte habitual durante doze dias. Logo na primeira noite, encontro com os Regionais e os responsáveis da Secretaria local. Arrancamos a tôda a ve­locidade. Percorremos todo o Quebec, de noite, de dia, com sol

com neve, sempre recebidos como verdadeiros amigos.

Encontro regional, reuniões com as equipes de Setor, encon­tros com os sacerdotes e os leigos. Por todo lado encontramos o mesmo desejo e a mesma busca do essencial. Não podemos esquecer a fôrça e o entusiasmo com que jovens casais nos dis-

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seram que esperavam do Movimento que fôsse exigente; ficamos impressionados como procuram ver a sua verdadeira feição, como fazem das Equipes a base da sua busca de Deus, para depois atuarem em nível sindical, social, profissional, paroquial etc .. Acusam-nos mesmo, a nós, "velhos caranguejos" (mais de 40 anos), de nem sequer termos mais a coragem de falar de Deus.

Doze dias . .. Quase já sabíamos falar o canadense; quanto ao inglês, ai de nós! Mesmo assim, conseguimos compreender uma mensagem recebida no avião entre Montreal e Nova Iorque: alguém estaria à nossa espera no aeroporto Kennedy. Embora não nos conhecêssemos, os sorrisos, a acolhida fraterna fizeram com que nos sentíssemos velhos amigos.

Eis-nos instalados, alguns quilômetros mais adiante, em casa de um casal que relembrara, com tôda a seriedade, o seu francês para nos poder receber. O disco de Roma abre tôdas as fron­teir as e as recordações da peregrinação surgem em massa. Antes de irmos deitar, os nossos hospedeiros perguntam se queremos rezar com êles. Recitamos então, como nos pedem, os versículos do Magnificat, um por um, repetindo-os êles, lentamente, em francês, antes de, por sua vez, rezarem na própria língua. Não é possível traduzir em simples palavras o que foram aquêles ins­tantes de oração oferecidos por todos os casais do mundo.

Long Island, Brooklyn, Manhattan: reuniões com regionais, responsáveis de setor, Secretaria local, casais equipistas ... pas­samos por todos êsses encontros com o mesmo e profundo inte-rêsse de sempre.

8 de Dezembro. Quinta Avenida. Na Catedral de St. Pa­trick, três casais: um americano, um canadense e um francês reunem-se na Santa Missa por intenção do vigésimo-terceiro ani­versário dos Estatutos. A noite, trabalhamos juntos na tradução dos documentos. Nota-se uma preocupação muito grande em traduzir o mais fielmente possível o pensamento e as orientações do Movimento. A Equipe de trabalho tem bastante dinamismo e otimismo. Sentimos que estamos todos no mesmo barco. Em­bora o campo seja aqui muito vasto, aos operários não falta coragem.

Já estamos familiarizados com o avião, mas os horizontes que vamos descobrindo fazem com que sintamos vontade de co­nhecer cada vez outros mais. A baixa altitude sobrevoamos Gua­dalupe, cercada de jade. Mas aterrisamos primeiro em Fort-de­-France. Depois de um apêrto de mão e de um sorriso cheio de carinho, sentimos que já fomos adotados. Um sol que nos é desconhecido dá côr aos rostos e às flôres. Na varanda, toma­mos o nosso primeiro refrêsco martiniquês e continuamos a abrir os nossos olhos e os nossos corações a tudo o que nos rodeia. Já está estabelecido um plano de visitas; ótimo: basta que nos dei-

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xemos levar pelo programa. Estivemos com os Responsáveis de setor, os Conselheiros espirituais, as Equipes de setor. Num Dia de Estudos, reunem-se os responsáve}s de equipe de Guadalupe e Martinica. Se por vêzes os rostos têm côres diferentes, as preo­cupações são as mesmas: o Reino de Deus, o testemunho que deve ser dado pelo nosso amor e que aqui talvez tenha mais impor­tância que noutros lugares. Também aqui trabalhamos com mui­ta profundidade, partilhando experiências das diversas comuni­dades a que pertencemos, dando graças ao Senhor por nos sen­tirmos tão próximos uns dos outros.

Ainda mais um saltinho e eis-nos em Guadalupe, Pointe-à­-Pitre, Basse-Terre. Temos encontros inesperados: um Assisten­te, com quem deparamos ao virar duma esquina, um equipista que encontramos no meio da estrada quando vinha do seu tra­balho. Mais uma vez todos se esforçam para que fiquemos co­nhecendo o país e as equipes. Contatos particulares, visita ao Bispo - tal como fizéramos, nos dias anteriores, em Montreal e Fort-de-France. Os três, numa convergência significativa, insis­tiram no papel primordial da família dentro da situação atual da Igreja.

Em tôda parte encontramos o mesmo acolhimento, essa busca da verdade, essa sêde de melhor conhecer o Movimento. Passaríamos horas a fio trocando idéias. Juntos, tomamos uma consciência mais aguda do papel que cabe a nós, casados, em tôdas as latitudes. A supranacionalidade . . . Para nós é algo que tivemos a oportunidade de viver!

última reunião, junto das bananeiras e das flôres escarlates. Depois é o embarque para a França. Pareceu-nos que não vol­távamos para casa, mas que continuávamos o nosso circuito de família: foi ela, ou pelo menos parte dela, que veio a Versalhes para o Encontro de Casais de Ligação. Alguns dias depois, fomos à Bélgica. E o circuito continua ..•

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NOTICIAS DOS SETORES

EXTRATOS DOS BOLETINS DE SETORES

"O QUE SÃO AS ENS" - D' "O EQUIPISTA" DE RIBEIRÃO PRtTO

"Um belo dia ouvimos falar das ENS. Por um amigo ou um conhecido ou mesmo um parente. Em quase todos os casos aquêle apêlo não é como outro qualquer. Em geral ficamos re­moendo o convite: indecisos e desejosos ao mesmo tempo. Quase sempre a mulher insiste um pouquinho e o marido de repente se vê no Movimento. Inicia-se então uma experiência de vida completamente diferente. Reuniões movimentadas e cheias de emoções novas. Assuntos palpitantes e que fazem a gente real­mente começar vida nova lá em casa com os filhos ...

É assim caracterizada a primeira fase de nossa vida de equi­pista. Ela é válida e importante para o crescimento posterior do equipista. Mas os dias passam e com êles chega, de mansi­nho, sorrateiramente, uma inquietude: mas por que estou eu nas Equipes de Na. Sra.? ... Quais são, afinal, as suas metas? ... Qual é mesmo seu ideal e vocação?. . . O seu ideal se identifica realmente com o meu ideal?

Aqui vão, queridos amigos, algumas considerações que po­derão ajudá-los a saber o que são as ENS.

Primeiro, o que as ENS não são:

Grupos de psicologia clínica em que os pacientes lá estão para resolver seus problemas de ajustamento a si mesmo e ao mundo .. .

Não são clubinhos fechados em que as pessoas lá vão para bater papo e jantar bem ...

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Não são também "salas de espera" onde passamos uma vida à espera de um clique que nos converterá e nos abrirá as portas do céu.

O que as ENS são: Uma ESCOLA DE SANTIDADE. Elas dão meios para que

o casal cristão procure a cada dia a sua santificação e a de sua família.

As ENS pretendem que por elas os cristãos sejam mais au­tênticos e que levem a outros casais a sua mensagem de amor e de santidade. A equipe quer que sejamos Santos e para ser santo é preciso querer, um querer de "gente grande", que en­frenta dificuldades mas vence. Daí se conclui que estar nas ENS apenas porque é gostosa a amizade que ali reina não é válido. É preciso ter bem claro a meta das ENS: santificar os seus membros para que êles santifiquem o mundo e então, mesmo que surjam obstáculos para a convivência, na caridade êles são vencidos e a equipe avança . .. "

A MENSAGEM DO BOLETIM N.0 3 DE LONDRINA

"Se você não puder ser um pinheiro no tôpo da colina, seja um arbusto no vale - mas seja o melhor arbusto à margem do regato; seja um ramo, se não puder ser uma árvore.

Se não puder ser um ramo, seja um pouco de relva e dê alegria a algum caminho; se não puder ser almíscar, seja então apenas uma tilia, mas a tilia mais viva do lago.

Não podemos ser todos capitães; temos de ser tripulação. Há alguma coisa para todos nós aqui. Há grandes obras e

outras menores a realizar. E é a próxima tarefa que devemos empreender.

Se você não puder ser uma estrada. . . seja apenas uma senda; se não puder ser o sol, seja uma estrêla; não é pelo ta­manho que terá êxito ou fracasso.

Seja o melhor."

POEMA "ENVELHECER A DOIS", DO EQUIPETRóPOLIS

"Comovente e bela a fotografia de um casal de velhos, sen­tado no banco do jardim de sua residência, tirada por acaso num dia qualquer.

A tranquilidade do ambiente, as suaves expressões dos rostos apanhados desprevenidos, transmitem a paz interior que reina em seus corações. Saldo positivo de uma existência de lutas,

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desajustes, inquietações e renúncias. Os dois juntinhas, horas seguidas talvez, dizendo nada, mas tudo dizendo, saboreiam o prazer do dever cumprido e a recompensa do amor cultivado.

Como se ocupassem um lugar de honra, assistem o correr dos dias e dos anos, aceitando com dignidade de santos o pro­gresso na sua total complexidade. Encontraram o denominador comum do bem viver. A vida para êles é o momento - agra­decidos a Deus e a todos.

A brancura de seus cabelos e a delicadeza de seus portes completam a paisagem.

Naquele instante os anjos, por certo, os contemplam por in­termédio dos pássaros e das flôres.

Feliz de quem consegue envelhecer a dois."

A APRESENTAÇÃO DO PRIMEIRO BOLETIM DE GARÇA, QUE LEVARA O NOME DE "MAGNIFICAT"

"Estamos na era das comunicações. Por isso qualquer ins­trumento de comunicação que facilite o diálogo entre as pessoas, organizações ou movimentos deve ser recebido com satisfação.

"Magnificat" quer ser um dêsses instrumentos de comunica­ção, de diálogo. Comunicação entre as Equipes existentes e as que irão surgir no futuro. Entre as Equipes daqui e de outros locais. Entre os casais das Equipes e outros casais que não per­tencem ao Movimento. Comunicação que deve levar a um apro­fundamento do diálogo pela troca de experiências de vida de cada Equipe com as demais.

Feliz também a escolha do nome. O "Magnüicat" é o cântico que brotou dos lábios de Maria e que traduz tão bem sua atitude diante daquilo que ela recebera de Deus. É a sua resposta ao apêlo de Deus. Resposta que se concretiza em três gestos funda­mentais:

Gratidão: "O Senhor realizou em mim coisas maravilho­sas". "Lc. 1, 49. Cada casal das Equipes está bem consciente do que representa para êle o Movimento. E receber implica sempre num compromisso de doação.

Disponibilidade: "Faça-se em mim segundo a tua palavra". "Lc. 1, 38. As Equipes de Nossa Senhora são um Movimento de Igreja e como tal não podem constituir um Movimento em cir­cuito fechado. Devem sempre ter uma porta aberta para fora, para todos os demais Movimentos, para tôdas as preocupações da Igreja.

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Essa disponibilidade se concretiza no Serviço. "Eis aqui a serva do Senhor". "Lc. 1, 38. Que o "Magnificat" seja real­mente um instrumento a serviço das Equipes, de sua união, de maior entrosamento entre os casais que as compõem, para que todos possam estar a serviço da Igreja.

Que êste Boletim possa fomentar entre as Equipes de Garça as mesmas atitudes, as mesmas respostas, os mesmos sentimentos que enchiam o coração de Nossa Senhora e que fizeram brotar de seus lábios êsse cântico admirável que dá o nome a esta pu­blicação.

E que tenha uma vida longa ... "

"APOSTOLADO SEM SACRIFíCIO?" - DO BOLETIM DE MARíLIA

"Hoje em dia tudo é mais fácil. Muitas vêzes, graças à ciência e à técnica, conseguimos vencer a dor e as durezas da vida. E a tentação é grande de pensar que pode existir cristia­nismo sem cruz, apostolado sem sacrifícios. Seria isso possível?

Todavia os planos de Deus na Bíblia são diferentes. Quando Deus chamou Abraão, disse-lhe: Deixa tua terra, tua família, a casa de teu pai e vai. . . Quando Jesus chamou Pedro, André Tiago e João, disse-lhes: Deixem as rêdes, a barca, a pescaria, até o pai. .. E Jesus acrescenta para cada um de nós: Quem quer ser meu discípulo, tome sua cruz e siga-me.

Acontece que muitos equipistas querem fazer algum aposto­lado. Está bem. Mas querem fazê-lo sem sacrifício. É o círculo quadrado. Para qualquer ação apostólica, precisa-se sacrificar alguma coisa: tempo, descanso, visita, dinheiro, ou. . . uma pes­caria, a novela da TV, a festa de um aniversário. Para o apos­tolado, como também para o retiro, devemos arrumar tempo, deixar as crianças com um parente ou amigo, sacrificar uma viagem etc.

Se você quer se dedicar, prepare-se a algum sacrifício. Senão, é melhor não falar mais em apostolado."

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NOTíCIAS DO SUL

CURITIBA

TRANSMISSÃO DE ENCARGOS (DO BOLETIM DA REGIÃO PARANA)

Durante a Santa Missa, na Capela do Asilo São Vicente de Paula, ofício religioso celebrado por D. Pedro Fedalto, Revmo. Arcebispo Metropolitano de Curitiba, co-celebrado pelos Conse­lheiros Espirituais dos Setores "A" e "B" e co-participado pela quase totalidade dos equipistas de Curitiba e da Coordenação Interior, o Casal Responsável da Região Paraná, Lia-José Maria Munhoz da Rocha, transmitiu aquêle encargo ao casal Alice-Luís Pilotto, o qual vinha desempenhando a responsabilidade do Setor "A", transmitida na mesma ocasião ao casal Maria de Lourdes­-Sílvio Carvalho Lima.

A cerimônia constituiu motivo de confraternização entre os equipistas, além de ter sido uma invocação para desenvolvimento e difusão das Equipes entre casais paranaenses.

Durante o sermão, D. Pedro Fedalto fêz, brilhantemente, a apologia da espiritualidade conjugal e familiar, ressaltando tre­chos do discurso de Paulo VI às Equipes de Nossa Senhora, refe­rindo-se, por último, às vocações sacerdotais.

No ofertório, deram-se as transmissões de cargos, tendo o casal Alice-Luís proferido as seguintes palavras: "Graças vos damos, Senhor, por esta bem-aventurança e, submissos à Vossa Onipotência, sob os olhares mediadores da Mãe Santíssima, obe­dientes à Hierarquia, na presença de legítimo representante dos Apóstolos de Cristo, Arcebispo Dom Pedro Fedalto, renovamos nossa fidelidade à Igreja e a nossa lealdade às EQUIPES DE NOSSA SENHORA, aceitando os desígnios de Deus e procurando corresponder à confiança dos homens. Como instrumentos da Vossa vontade, Senhor, atendendo à vocação para a qual fomos chamados, assumimos uma responsabilidade nova, como cristãos e como equipistas: com humildade mas confiantes na misericór-

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dia divina, temerários porém esperançosos na ajuda mútua dos nossos irmãos, comprometemo-nos, como Casal Responsável da Região Paraná a trabalhar para o progresso das E. N. S., pela espiritualidade do nosso Movimento, pela colaboração dos leigos à Igreja, animados pelos exemplos do casal que nos antecedeu, Lia e José Maria, cujas virtudes morais são excelsas e os caris­mas cristãos inegáveis. Que as Graças do Senhor inspirem nos­sas ações, iluminem nossa inteligência, enriqueçam nossa fé, ao colocarmos nossos dons a serviço do Amor. Reconhecemos, con­tudo, nossas fraquezas e nossas limitações, e, por isso, contritos suplicamos: - "Dobrai, Senhor, nosso orgulho, abalai nossa in­diferença e guiai nossos passos. Para êsse favor dos céus, jun­tem, irmãos, as suas orações às nossas preces e, todos como um só, peçamos ao Todo-Poderoso".

Após a Santa Missa, os equipistas reuniram-se num jantar de confraternização, durante o qual equipistas e sacerdotes saudaram Lia e José Maria, ressaltando o trabalho desenvolvido em prol das Equipes de Nossa Senhora desde que o Movimento s~ instalou na Capital paranaense.

As palavras de encerramento foram proferidas pelo Arce­bispo, dizendo D. Pedro da sua satisfação de participar daquela reunião festiva e renovando a sua confiança no apostolado das Equipes de Nossa Senhora.

BRUSQUE

A importância de um bom inicio

Realizou-se em junho em Brusque um curso intensivo de pilotagem, do qual participaram 5 casais de Brusque, 4 de Blu­menau e 2 de Florianópolis. Foram dois dias de intensos estudos e planejamento, findos os quais, temos certeza, os "formandos" sairam preparados para a difícil tarefa de bem pilotar uma equipe.

Trezentos casais atingidos

Nos três primeiros meses dêste ano, foram 300 os casais de noivos que passaram pelos cursos ministrados pelos equipistas em Brusque e seis cidades vizinhas.

Novas equipes em Blumenau

Foram lançadas mais três equipes em Blumenau - fruto do trabalho dos casais integrantes das duas primeiras, formadas em 1969 e 1970.

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PÔRTO ALEGRE

Sessão de formação

De 22 a 25 de julho realizou-se no Colégio das Cônegas de Santo Agostinho em Pôrto Alegre uma Sessão de Formação que reuniu 31 casais - 28 de Pôrto Alegre, 2 de Brusque e 1 de Florianópolis. Grande foi a participação de casais jovens. O en­tusiasmo dos gaúchos pode ser avaliado pelos seguintes testemu­nhos, que parecem ilustrar a palavra de Cristo transmitida por São Mateus, no cap. 10, vers. 37: "Quem ama a seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim ... ":

r

- um equipista que perdeu o pai na quarta-feira participou da Sessão, inclusive da confraternização;

- um membro da Equipe de serviço perdeu a mãe na sexta--feira e no sábado pediu para voltar para o Encontro, pois acha-va-o muito importante ...

- um equipista fêz tôda a Sessão tendo deixado sua espôsa às vésperas de dar à luz; a espôsa, no segundo dia, foi levada ao hospital, mas exigiu que nada se dissesse ao marido, pois não queria que êle deixasse o Encontro ...

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~efíroJ para 19'71

organizados pelo setor de Campinas

1 a 2 de outubro - Pe. João Antônio Busch

12 a 14 de novembro - Pe. Mário Zuchetto

Inscrições com o casal Stella e Carlos Valverde Rodrigues, rua Dr. José Ferreira de Camargo, 364 - Tel.: 9-5307 - CAM­PINAS (SP).

organizados pela Região São Paulo

10 a 12 de setembro, em Barueri Frei Barruel

24 a 26 de setembro, em Valinhos Frei Marcos Mendes de Faria

8 a 10 de outubro, em Barueri

22 a 24 de outubro, em Barueri (sem filhos) Pe. Antônio Aquino

5 a 7 de novembro, em Valinhos Pe. Mário Zuchetto e equipe

19 a 21 de novembro, em Valinhos Frei Marcos Mendes de Faria

26 a 28 de novembro, em Barueri

3 a 5 de dezembro, em V alinhos

Inscrições na Secretaria: Tel.: 80-4850.

organizados pelo setor de Santos

24 a 26 de setembro, em Barueri D. Lucas Moreira Neves

5 a 7 de novembro, em Barueri

Informações com o casal Dacília e Raul Rocha do Amaral, rua Castro Alves, 14 - SANTOS (SP) - Tel.: 4-1325.

organizados pelo setor de São José dos Campos

19 a 21 de novembro, em S. José dos Campos

Informações com o casal Ma. Antonieta e Luiz Gonzaga Rios, rua H-19-A, n.0 101 - C.T.A. - S. JOSÉ DOS CAMPOS (SP) -Tel.: 3212 - r/398.

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ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇAO (11 Cor., 12,7 - 10)

Aquêle que se fizer pequeno como uma criança, será o maior no reino dos Céus .

. . . foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás que me esbofeteou e impediu que eu me orgulhasse. Por três vêzes pedi ao Senhor que o apartasse de mim. Mas tle me disse: "Basta-te a minha graça. porque é na fraqueza que a minha fôrça se revela totalmente". Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a fôrça de Cristo. Alegro-me nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perse­guições, nas angústias por Cristo. Porque, quando me vejo em fraqueza, então é que sou forte.

ORAÇÃO LITORGICA (SI. 138)

Senhor, Tu sondas o meu íntimo, Tu me conheces a fundo. Qualquer coisa que eu faça não te passa despercebida. Penetras as minhas intenções desde a sua raiz. Posso caminhar ou descansar, e Tu já os avaliaste. Todos os meus movimentos te são familiares. Ainda não chegaram as palavras à minha bôca e Tu já as conheces inteiramente.

Tu me envolves de todos os lados, tua mão protetora se estende sôbre mim. Fico maravilhado diante da tua sabedoria, não posso compreendê-la: ela me ultrapassa infinitamente.

Onde me poderei esconder de ti e escapar do alcance do teu olhar? Se subir para o espaço, eu te encontro lá. Se fôr morar em baixo da terra, também aí esbarro contigo. Mesmo que eu vá me esconder lá atrás dos horizontes, será ainda a tua mão que me conduz, e até lá ela me protege.

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EQUIPES NOTRE DAME 49 Rue de la Glaciêre

Paris XIII

EQUIPES DE NOSSA SENHORA Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 - Tel. : 80-4850