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Não chore por estar desempregado, crie seu emprego', diz Nobel da Paz ELIANE TRINDADE EDITORA DO EMPREENDEDOR SOCIAL 05/05/2015 02h00 Compartilhar13 milTweetar6114 Mais opções Zerar a pobreza, o desemprego e a emissão de dióxido de carbono até 2030. São as três metas ambiciosas que saem da boca do economista Muhammad Yunus, ao proferir uma palestra para 70 brasileiros na sexta-feira, 1º de maio, em São Paulo. "Para criar a base sólida de um mundo promissor temos que apagar as sequelas do que foi feito de errado até aqui", afirmou o prêmio Nobel da Paz, laureado em 2006 pela criação do "banco dos pobres", que levou o conceito de microcrédito para comunidades miseráveis ao redor do planeta. Marcos Credie/Divulgação

Não Chore Por Estar Desempregado

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No chore por estar desempregado, crie seu emprego', diz Nobel da PazELIANE TRINDADEEDITORA DO EMPREENDEDOR SOCIAL05/05/201502h00Compartilhar13 milTweetar6114

Mais opesZerar a pobreza, o desemprego e a emisso de dixido de carbono at 2030. So as trs metas ambiciosas que saem da boca do economista Muhammad Yunus, ao proferir uma palestra para 70 brasileiros na sexta-feira, 1 de maio, em So Paulo."Para criar a base slida de um mundo promissor temos que apagar as sequelas do que foi feito de errado at aqui", afirmou o prmio Nobel da Paz, laureado em 2006 pela criao do "banco dos pobres", que levou o conceito de microcrdito para comunidades miserveis ao redor do planeta.Marcos Credie/Divulgao

O economista Muhammad Yunus profere palestra sobre empreendedorismo social para brasileiros, em So Paulo

Inscreva-se para oPrmio Empreendedor Sociale para oPrmio Empreendedor Social de Futuro2015.Em visita ao Brasil, o professor lanou a Rede Yunus de Universidade. O objetivo de atrair instituies interessadas em aprofundar sua atuao em negcios sociais.ILHAS ACADMICASYunus desafiou a plateia de acadmicos e de empreendedores sociais que compareceu sede paulista da Fundao Dom Cabral a seguir o seu exemplo. "Eu era professor universitrio em Bangladesh, que tinha um campus bem estruturado e bonito, mas cercado de vilarejos devastados e acometidos de muita pobreza", iniciou ele.Em vez de se isolar no mundo acadmico, Yunus conta que criou o prprio caminho. "Fui visitar os vilarejos. Deixei a perspectiva superficial de um pssaro, que olha tudo de cima, e passei a enxergar a realidade como um animal terrestre, que olha para o outro".E o que viu foi transformador: "Encontrei pessoas que brigavam para no ser engolidas pelos problemas. Ver aquela realidade de perto fez toda a diferena, pois a teoria econmica vazia se no houver prtica".Sua incurso ao mundo real causava estranheza. "Os meus colegas me perguntavam o que eu estava fazendo. Mas minha vida no teria sentido se no tocasse a vida do outro. No me servia uma vida acadmica ilhada".BANCO DOS POBRESYunus relata uma srie de pequenas aes que resultariam no Grameen Bank, o chamado banco dos pobres. Ele percebeu de cara a ao devastadora de agiotas na vida dos miserveis, que no conseguiam pagar os emprstimos. "O dinheiro uma forma de escravido do outro", angustiava-se. "Por que no empresto eu mesmo?".E assim o fez. O primeiro socorro financeiro que deu foi de US$ 27. "Em um lugar to pobre, aquilo causou uma transformao, resolvia problemas imediatos das pessoas". Nascia empiricamente o conceito que lhe daria o Nobel anos depois. "Comecei a ficar sem dinheiro e me perguntava: 'onde posso conseguir mais para emprestar?'".A primeiro porta que bateu foi a da agncia bancria dentro do campus. "Para aquele banco e para os demais, aquelas pessoas no se qualificavam para emprstimos porque no davam garantia de que pagariam o dbito." Foi o que ouviu do gerente, que no tinha autonomia para definir novas regras.Na busca por alternativas, o professor acabou virando banqueiro em 1983. "No sabia como. Muitos me diziam no vai funcionar". Sua persistncia foi compensada com adeso de colegas em outros pases."J provamos que microfinanciamento funciona em qualquer sociedade", diz Yunus. " bom lembrar que metade da populao mundial no tem conta em banco".ALM DO FINANCEIROO professor passou a ver outros problemas nas comunidades carentes, no s os financeiros. Em suas visitas ao mundo real, Yunus relata encontros frequentes com crianas com problemas de viso, a chamada cegueira noturna, causada por deficincia de vitamina A."Os mdicos sabiam da causa, mas no faziam nada. No adiantava falar da importncia de ingerir determinadas alimentos ou suplementos vitamnicos. Elas no tinha acesso. Comecei a levar sementes para que elas plantassem verduras e legumes".Nascia o segundo negcio social de impacto do prmio Nobel da Paz: o banco de sementes. Cada uma vendida a US$ 0,1, um valor simblico. "Nos tornamos o maior vendedor de sementes do Paquisto", completa.Os olhares tortos persistiam. "Se no gera lucro, no um negcio de verdade", diziam. Causava desconforto o fato de um economista fazer algo absurdo do ponto de vista da teoria econmica clssica. "Meu papel era resolver um problema social, no gerar lucro. Ento, pensei: 'Vou fazer entrar nos livros que h outro modelo de negcio, os sociais'."E nadou contra a cartilha do capitalismo e a eterna busca de maximizao de lucros. "Que sentido faz virar um rob, um mero multiplicador de dinheiro? No somos robs, somos seres humanos".MENOS INDIVIDUALISMO a deixa para falar da necessidade de mudar comportamentos e paradigmas. "No podemos ser um punhado de gente vido por dinheiro. No somos unidimensionais nem podemos aceitar esse individualismo", afirma.E prega um novo conceito, o "selfless", um mundo menos egosta e individualista, onde cada um possa enxergar o outro."Quem criou a concentrao de riqueza e a disparidade entre riscos e pobres? As teorias econmicos capitalistas. No pode ser tudo para mim e nada para o outro, nem tudo para o outro e nada para mim. preciso restabelecer uma ordem mais equilibrada", defende Yunus.Na cruzada pelos negcios de interesse social, ele frisa que no se deve demonizar as grande corporaes como "malfeitoras". Ele, por exemplo, atraiu gigantes como a Danone para um grande programa de combate a desnutrio em Bangladesh.Ao concluir a palestra, o professor conclamou os brasileiros a sair de suas zonas de conforto para buscar solues criativas contra a misria e tambm para criar postos de trabalho numa economia em crise."Temos que incentivar os jovens na universidade a serem criativos. esse o caminho para surgimento de empreendedores sociais," diz.Yunus enfatiza ser importante ter em mente no apenas a possibilidade de procurar trabalho, mas a de criar oportunidades de trabalho. "No chore por estar desempregado. Crie seu prprio mundo. Assim chegaremos a zero de desemprego".O Nobel da Paz props ainda um novo captulo na rea de negcios sociais. "Por isso, estamos fazendo um link entre universidades. Temos que levar esses conceitos sala de aula, pois so os jovens que vo promover as mudanas futuras."MobilidadeIrregularidades desestimulam usurios de nibusporAgncia Brasilpublicado10/03/2014 10h03,ltima modificao10/03/2014 10h11Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, usurios esto habituados aos problemas do dia a dia no transporte pblico e no creem que o Poder Pblico possa fiscalizar e punir empresasinShareAgncia Brasil

Usurios do transporte pblico aguardam abertura de estao no Rio aps paneLeia tambmQualidade do transporte pblico alvo de milhares de reclamaesAdvogado do MPL-SP j sofreu agresses e foi intimado a deporQuem pretende parar o Brasil em 2014?MPL: Reflexes sobre o Bilhete MensalAntes do sol nascer, periferia luta por transporte pbliconibus que demoram a passar. E, quando passam, transportam mais passageiros que o limite recomendvel, razo usada como justificativa para que os motoristas no parem nos pontos onde usurios esperam, em alguns casos, por quase uma hora. Ou param, mas apenas para deixar descer alguns passageiros, no permitindo o embarque de mais ningum o que acaba por amenizar o desconforto de quem viaja espremido, de p, em nibus velhos e malcuidados: no raro, quebram no meio do caminho.As reclamaes acima so as de quem usa o transporte pblico, sobretudo nibus. Acabam por desencorajar o uso dos meios coletivos, estimulando quem pode optar por carros que vo congestionar as ruas das cidades brasileiras, gerando impactos para a qualidade de vida e economia. Segundo pesquisadores do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), os usurios j esto habituados aos transtornos. E, por isso, no exigem que o Poder Pblico fiscalize e puna as empresas concessionrias que no oferecem servio de qualidade.Muitas pessoas acham que reclamar no faz sentido. Por isso, o nmero de reclamaes registradas [pelos rgos pblicos de fiscalizao] no do conta da realidade, disse Agncia Brasil Joo Paulo Amaral, coordenador da pesquisa Transporte Pblico, Insatisfao Coletiva, divulgada pelo Idec em setembro de 2013.As manifestaes do ano passado indicam que a populao [percebe] que os problemas no so resolvidos. Da as pessoas terem ido s ruas: para reclamar de forma mais enftica, acrescentou Amaral. Ele considera que os canais criados para receber as queixas e sugestes de usurios do transporte pblico, como as ouvidorias e servios de atendimento das empresas de nibus costumam ser de difcil acesso aos que no tm tempo sobrando e que, na maioria das vezes, no esto aptas a dar uma resposta satisfatria aos reclamantes.Ns mesmos, do Idec, ao fazermos a pesquisa e acionarmos um desses servios na condio de usurios, no recebemos orientaes claras, como, por exemplo, o que fazer para obter as passagens de volta, disse o pesquisador.As consideraes de Amaral fazem eco s queixas de muitos usurios. Em Braslia, por exemplo, a assessora Adriana de Arajo Alves j recorreu ao DFTrans em duas ocasies. Na mais recente, no ltimo dia 24, registrou queixa contra a empresa Riacho Grande. Na vspera, ela j havia telefonado diretamente para a companhia de nibus, se queixando de um motorista que arrancou com o veculo antes que ela tivesse tempo de embarcar.Ele nem bem tinha parado no ponto, ainda estava em movimento, abrindo a porta, quando eu me virei para me despedir de um amigo. O motorista voltou a acelerar e foi embora enquanto meu amigo gritava para ele parar, contou Adriana reportagem. Peguei outro nibus que vinha atrs. A certa altura, os dois nibus ficaram lado a lado e eu perguntei ao motorista, pela janela, porque ele tinha feito aquilo. Ele respondeu de maneira bem m educada que tem horrio a cumprir e que se eu quisesse namorar devia apanhar um txi. Como se estivesse me fazendo um favor, acrescentou a assessora.Em agosto, eu j tinha reclamado ao DFTrans que os motoristas estavam passando direto no mesmo ponto de nibus [localizado em rea nobre de Braslia]. A atendente me garantiu que eu receberia uma resposta pore-mail, mas at hoje nada recebi. Como acabei perdendo o nmero do protocolo, no consigo saber o resultado da primeira queixa, contou a assessora, que no cr em qualquer punio para a companhia de nibus. Ainda assim, decidiu registrar a nova reclamao. o nico meio que tenho para tentar forar uma soluo. Mesmo que no tenha uma resposta, minha reclamao ficar registrada. O DFTrans informou assessora que demoraria no mnimo 15 dias para lhe dar uma resposta. J a Riacho Grande prometeu lhe dar um retorno no mesmo dia (23), mas at hoje no houve contato.O mais emblemtico nisso tudo o fato de o transporte pblico no ser tratado como um servio cuja qualidade o Poder Pblico deve garantir. Em outros setores, como o transporte areo, por exemplo, os consumidores recebem uma resposta. No transporte pblico, porm, falta at estmulo para que os usurios reclamem, concluiu Amaral. Para o pesquisador, os rgos pblicos deveriam usar as reclamaes para melhorar o sistema de transporte pblico e tambm para saber se uma empresa est prestando um bom servio. Obviamente, nenhum governo vai conseguir resolver uma a uma as muitas reclamaes, mas importante que haja um procedimento de cobrana que resulte na melhoria da qualidade do servio prestado, concluiu Amaral.*Publicada originalmente naAgncia Brasilhttp://www.cartacapital.com.br/sociedade/falta-de-respostas-desestimula-usuarios-de-onibus-8299.html