28

Naturale 22 edição

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Economia criativa, Cidades criativas e outros temas sobre meio ambiente, educação, cultura, turismo e saúde

Citation preview

Page 1: Naturale 22 edição
Page 3: Naturale 22 edição

2 Uma economia criativa brasileira

5 Cidades criativas8 A importância das Leis de Incentivo para a cultura9 Mulheres Bordando Minas10 O Sul de Minas pode ser uma região criativa e atrair turismo com isso? 11 Artesanato organizado em escala industrial12 Campos do Jordão e seu Palácio13 Academia Itajubense de Letras prepara as comemorações de seus 50 anos14 Saudáveis contrapontos15 Os Doutores da Alegria16 Vitaminas curam!

18 Aftas, lesões bucais muito comuns

20 Lar da Providência

22 Laboratórios dentro do computador

23 Porque andar é preciso... Porque pedalar é preciso...

Naturale é uma publicação da DIAGRARTE Editora Ltda-ME

CNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG

Editora: Elaine Cristina Pereira (Mtb 15601/MG)

Colaboradores

Articulistas: Cláudia Sousa Leitão, Conceição Trucon, Dra. Gracia Costa Lopes, José Maurício Carneiro da Silva, Juliana Fedoce Lopes, Léa Duarte Passos Valim Araújo, Marcelo Leal, Maria de Lourdes Maia Gonçalves, Mariana Sayad, Rafael Salomon de Faria, Remy Andrade Filho, Walter Vasconcellos e Wellington Nogueira.

Revisão: Marília Bustamante Abreu Marier

Projeto Gráfico: Elaine Cristina Pereira

Capa: Foto de Cleber Miranda, Peças: Ana Benedicta Siqueira, Gente de Fibra, Paulo César Prince e Vera Lúcia da Silva Ferreira.

Vendas: Diagrarte Editora Ltda-ME

Impressão: Resolução Gráfica

Tiragem: 4.000 exemplares impressos e 10.000 eletrônico

Distribuição Gratuita em mídia impressa e eletrônica

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Direitos reservados. Para reproduzir é necessário citar a fonte.

Venha fazer parte da Naturale, anuncie, envie artigos e fotos.

Faça parte desta corrente pela informação e pelo bem.

Contate-nos: (35) 9982-1806 e-mail: [email protected]

Acesse a versão eletrônica: www.diagrarte.com.br

Impresso no Brasil com papel originado de florestas renováveis e fontes mistas.

expediente

Caro leitorA arte é um dom que faz bem ao coração, alimenta nossa alma

e traz alegria ao nosso dia a dia. Seja através da música, teatro, cine-ma, dança, circo, escultura, pintura, peças de decoração, artesanato, moda, arquitetura, literatura... vivemos envoltos de arte o tempo to-do, e talvez nem nos damos conta, que a maior parte das coisas que vemos nas vitrines e nas ruas são expressões artísticas que fazem parte da chamada "economia criativa".

Hoje, os termos "cidades criativas" e "economia criativa" tem estado bem presente. É gratificante ver que no mundo todo há o estímulo para que soluções criativas sejam colocadas em prática para procurar solucionar velhos problemas da humanidade. Não se trata de reinventar a roda, mas ter um novo olhar sobre as questões que permeiam esta época. Outro ponto importante é a valorização da pessoa enquanto diferencial na criação e reflexo da identidade cultural. A falsa impressão de que a cultura era considerada algo de luxo restrita às grandes cidades tem sido dissolvida pelo despertar da valorização da cultura regional, da identidade de grupos e de etnias. Políticas públicas procuram estimular em cada município, por menor que seja, o reconhecimento e exploração de seu veio cultural e cria-tivo. A globalização tem seu lado positivo, o de apresentar em tempo real expressões artísticas, culturais, patrimônios históricos e arquite-tônicos e nos permitir conhecer diversas culturas. Para estimular o turismo, esta gama de informação é muito importante, pois de modo geral o turista sabe o que procura e vai ao encontro.

Nesta edição, estes temas serão tratados para que nos fami-liarizemos e tenhamos inspiração para colocar nossos projetos em prática, e para tomarmos consciência de que estão disponíveis a to-das as regiões.

Agradeço à Secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura, Cláudia Sousa Leitão, por ter enviado o artigo sobre como está sendo desenvolvida a política de economia criativa no Brasil. E aos demais articulistas por nos mostrar as diversas possibilidades de expressão desta "economia criativa".

Boa leitura.

Elaine Pereira

Naturale22a edição Agosto/Setembro - 2013

ISSN 2237-986X

Apoio para distribuição:

Caro leitor

Page 4: Naturale 22 edição
Page 5: Naturale 22 edição

Um dos sintomas mais claros do esvaziamento das palavras se dá quando elas necessitam de adjetivos que as qualifiquem. Tal qual a palavra “desenvolvimento”, também a expres-são “economia” vem demonstrando uma “anemia de significados” e, por isso, passou a necessitar de adjetivos para reinventá-la. Economia solidária, economia verde, economia azul (pa-ra os que ainda não conhecem esta última, trata-se da economia gerada pelos oceanos!) ou ainda economia criativa são tentativas legítimas de reabilitar ao substantivo “economia” o conteúdo que um dia os gregos lhe deram: “o conjunto de regras para a administração da casa”. E aí, se formos capazes de entender que “nossa casa” é o “nosso planeta”, teremos mesmo, muitas razões para nos preocupar. Im-possível negar que nos afastamos, ao longo do tempo, da dimensão ecoló-gica e humana que a palavra economia um dia já teve. Nessa perspectiva, a economia criativa, mais do que uma novidade, pode ser, sobretudo, uma alternativa real de mudança para um novo modelo de desenvolvimento no novo século.

Nos países ricos, a temática das indústrias criativas vem sendo fes-tejada e acolhida como uma etapa mais sofisticada do sistema capita-

lista. Por isso, não é de se estranhar que nesses países, não se fale muito de economia criativa, mas, sim, de indústrias criativas, aquelas caracteri-zadas pelo valor agregado da cultura e da ciência&tecnologia na produção de seus bens e serviços, assim como pelo copyright, ou seja, pela proteção dos direitos do autor/criador. Essas “indústrias” vêm sendo valorizadas pe-la sua performance econômica, embora não demonstrem capacidade de pro-duzir inclusão social. Mas, os setores chamados “criativos” (audiovisual, li-teratura, música, artes visuais, moda, design, arquitetura, publicidade, entre outros) estão se tornando cada vez mais importantes na constituição do Produto Interno Bruto (PIB) dos paí-ses, crescendo mesmo em situações de crise. E é por essa razão que as indústrias criativas tornaram-se, nas últimas décadas, um eixo estratégico do desenvolvimento de países como a Austrália, China, Estados Unidos e Inglaterra.

No Brasil, foi o Ministério da Cultura a primeira pasta a institucio-nalizar uma Secretaria para fomentar a economia criativa brasileira. Em fun-ção da natureza transdisciplinar da temática, a Secretaria da Economia Criativa vem articulando parcerias com todo o Sistema MinC, ministérios, secretarias estaduais e municipais, instituições internacionais, agências de fomento, Sistema S, terceiro setor, universidades, instituições de pesqui-sa e, evidentemente, o campo criativo, com o objetivo de formular políticas estruturantes para a economia criati-va brasileira. Temos evitado cair nas armadilhas fáceis do modismo, da

superficialidade e do pragmatismo neoliberal que têm envolvido essa te-mática. A primeira tentação poderia ser, por exemplo, a de considerar, no mapeamento desta economia, que “tudo é economia criativa”. E, se assim fosse, “nada seria economia criativa”! Por isso saúdo a parceria que cons-truímos com o IBGE, na definição de indicadores capazes de estabelecer métricas que nos permitirão, a curto prazo, produzir a “Conta Satélite da Cultura” do Brasil. A segunda tenta-ção, fruto do pensamento neoliberal é o de reduzir a “economia criativa” às indústrias culturais e à mera dimen-são mercadológica dos seus bens e serviços. Para essa tarefa, não seria necessária a criação de uma nova Se-cretaria no Ministério!

A nova Secretaria da Economia Criativa vem construindo políticas pú-blicas estruturantes que fortalecerão e darão cada vez maior visibilidade ao grande contingente de profissionais e empreendedores criativos que, formal ou informalmente, movimentam a eco-nomia da cultura no Brasil. O “Criativa Birô” é um desses projetos. A “casa do empreendedor e do gestor cultu-ral/criativo brasileiro” está em fase de implantação em 12 estados, assim como no DF, durante este ano. Nela, artistas, produtores, gestores e de-mais profissionais atuantes no campo cultural, terão a possibilidade de ob-ter informações sobre oportunidades de trabalho, editais de fomento, con-sultoria para formalização, gestão de empreendimentos e de carreira, além da oferta de microcréditos orientados e capacitação para a elaboração de projetos e planos de negócio. O Criati-

3Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 6: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

va Birô do Rio de Janeiro, por exemplo, recebeu o maior investimento (R$ 5 milhões), diferenciando-se dos demais por oferecer serviços de incubação de empreendimentos. Atualmente, 19 empreendimentos estão sendo incu-bados, envolvendo diretamente cerca de 500 profissionais. A previsão de atendimento do Criativa Birô no Rio é de 20 mil profissionais no primeiro ano considerando-se também os outros serviços que ele oferecerá, a partir do segundo semestre de 2013.

O segundo é o apoio ao desenvol-vimento territorial, a partir do fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) Intensivos em Cultura que são aglo-merações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com o foco em um conjunto específico de ati-vidades oriundas dos setores culturais e criativos, que apresentam vínculos produtivos e institucionais. No biênio 2013/2014, a SEC, em parceria com o Ministério de Desenvolvimento In-dústria e Comércio Exterior (MDIC), tem por meta apoiar 27 APLs – um em cada unidade da federação – através da melhoria de sua competitividade nos mercados interno e externo. Os APLs selecionados serão atendidos por meio de um processo de planeja-mento estratégico visando fortalecer suas potencialidades. Espera-se, co-mo impactos desta ação, incrementar em 20% o número de postos de tra-balho; em 30% o número de empresas formalizadas; e em 20% o volume de comercialização de bens e serviços de cada APL atendido. Para tanto, o Mi-nistério da Cultura/SEC investirá em 2013/2014 recursos no valor de R$ 1 milhão.

A institucionalização da eco-nomia criativa no Governo Dilma Rousseff sinaliza a importância cada vez maior do Ministério da Cultura na ampliação e qualificação de um proje-to de desenvolvimento para o Brasil, um projeto que trate a cultura como seu eixo estratégico, que transforme a nossa criatividade em inovação e que abra espaço para que o nosso modelo de “economia criativa” esteja à altura da criatividade brasileira. Essa é, por

sinal, a expectativa de inúmeros países (especialmente os ibero-americanos e os africanos), assim como dos organismos internacionais (como a UNESCO, a UNC-TAD e o PNUD), que convocam o Brasil a exercer um papel de liderança, seja na formulação de políticas para a sustentabilidade do planeta, seja na afirmação do valor da diversidade cultural em nossa democracia, seja, ainda, na construção de uma economia mais justa, humana e inclusiva. Cláudia Sousa Leitão, Secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura.

Secretaria da Economia Criativa lança dois editais

Por Marcelo Leal

O Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria da Economia Criati-va (SEC), lançou dois editais em 31 de julho, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento da Economia Criativa brasileira por meio do apoio financei-ro à qualificação profissional e ao surgimento de novos empreendimentos nos setores criativos. Os dois editais são dirigidos a instituições públicas e privadas sem fins lucrativos. O total de recursos investidos pelo MinC, nos dois editais, é de R$ 6.100.000,00. As inscrições iniciaram no dia do lançamento e ficarão abertas até 13 de setembro de 2013. São eles:

Formação e qualificação em gestão cultural

O Edital de Apoio à Formação Para Profissionais e Empreendedores Cria-tivos é voltado à realização de cursos para formação e qualificação em gestão no setor criativo, elaborados e ministrados por instituições públicas de ensino superior ou privadas sem fins lucrativos que atuam com formação.

Serão selecionados 11 projetos, divididos em três categorias: Gestão de Negócios e Empreendimentos; Gestão e Produção de Eventos; e Gestão de Car-reiras. Os recursos a serem distribuídos nesse edital somam R$ 1.100.000,00.

Podem concorrer entidades que tenham no mínimo três anos de existên-cia e atuação comprovada em pelo menos um dos 15 setores da Economia Criativa previstos pelo edital. Os cursos promovidos pelas instituições sele-cionadas devem oferecer vagas gratuitas, preenchidas por meio de processo seletivo público.

Investimento em incubadoras

Já o Edital de Fomento a Incubadoras de Empreendimentos da Economia Criativa tem a finalidade de fortalecer entidades que atuam com empreen-dimentos criativos e inovadores para que ampliem a oferta de vagas para a incubação. O total investido é de R$ 5.000.000,00. Serão contemplados até 20 projetos e cada projeto contará com o apoio do MinC no valor mínimo de R$ 250.000,00 e máximo de R$ 400.000,00.

O primeiro edital dessa modalidade lançado pelo MinC é dirigido a insti-tuições públicas e privadas sem fins lucrativos que atuam como gestoras de incubadoras há, no mínimo, três anos.

Uma das metas da SEC/MinC é estruturar políticas de fomento a novos empreendimentos criativos. Algumas das poucas incubadoras públicas e priva-das que atuam no setor têm capacidade de investimento limitada. "Queremos estimular as incubadoras que atuam nos setores criativos a ampliar sua capaci-dade", afirma a secretária da Economia Criativa do MinC, Cláudia Leitão.

Marcelo Leal, Assessor de Comunicação Social da SEC/MinC.

4

Page 7: Naturale 22 edição

A ideia de uma economia criativa também tem sido aplicada especifica-mente à economia das cidades, o que levou ao surgimento do conceito de “cidade criativa”. Este descreve um com-plexo urbano em que os vários tipos de atividades culturais constituem um componente integral do funcionamento econômico e social da cidade. Tais cida-des tendem a ser construídas sobre uma sólida infraestrutura social e cultural, a ter concentrações de emprego criati-vo relativamente altas e a ser atrativas ao investimento estrangeiro devido às suas facilidades culturais bem estabe-lecidas. E, em seu importante trabalho sobre o conceito de cidade criativa, Charles Landry argumenta que as cida-des possuem um recurso crucial: suas pessoas. A criatividade está substituin-do o acesso a locais, recursos naturais e mercados como um fator essencial ao dinamismo urbano. Landry aponta que “atualmente, muitas das cidades do mundo enfrentam períodos de transição que são amplamente acarretados pelo vigor da globalização renovada. Essas transições variam de acordo com a re-gião. Em áreas como a Ásia, as cidades estão crescendo, enquanto em outras áreas, como a Europa, as indústrias antigas estão desaparecendo e o valor agregado das cidades é criado menos pelo que é fabricado do que pelo capital intelectual aplicado aos produtos, pro-cessos e serviços”.

Cidades criativas utilizam seu potencial criativo de várias formas. Al-gumas delas funcionam como nós para a geração de experiências culturais

aos habitantes e visitantes, por meio da apresentação de seus ativos patri-moniais culturais ou por meio de suas atividades culturais nas artes cênicas ou visuais. Algumas delas, como Bayreuth, Edimburgo ou Salzburgo, utilizam festi-vais que moldam a identidade de toda a cidade. Outras cidades recorrem a maio-res indústrias culturais e midiáticas a fim de oferecerem emprego e rendas, além de funcionarem como polos para cresci-mento urbano e regional.

Em outros casos, uma função mais generalizada para a cultura na cidade criativa se encontra na capacidade das artes e da cultura de estimular a habi-tabilidade urbana, a coesão social e a identidade cultural. A contribuição do setor criativo para a vitalidade econô-mica das cidades pode ser medida em termos da contribuição direta do setor para rendimento, valor agregado, ren-das e emprego, e ainda mais através dos efeitos indiretos e induzidos causados, por exemplo, pelos gastos dos turistas que visitam a cidade para conhecer as atrações culturais. Além disso, as ci-dades que têm uma vida cultural ativa podem atrair investimento estrangeiro em outras indústrias que estejam pro-curando se estabelecer em centros que proporcionem um ambiente agradável e estimulante aos funcionários.

Tais cidades tendem a ser construídas sobre uma sólida infraestrutura social e cultural,

a terem concentrações de emprego criativo relativamente al-

tas e a serem atrativas ao investimento.

Turismo

O aumento do turismo acontece em todo o mundo, estimula o crescimen-to das indústrias que vendem bens criativos e serviços culturais. No planeta, o turismo é um negócio que totaliza $ 3 bilhões por dia, do qual potencialmente podem usufruir países em todos os níveis de desenvolvimento. Ele é a principal fonte de câmbio estrangeiro para um terço dos países em desenvolvimento e de metade dos países menos desenvolvidos, nos quais ele corresponde a até 40% do PIB. Um setor de turismo nacional vibrante pode servir para diversifi-car a economia e gerar benefícios sociais e ambientais, mas isso não acontece automaticamente. Em muitos países em desenvolvimento que possuem uma considerável indústria do turismo, o turismo de massa em larga escala apresenta uma ameaça crescente à preservação de recursos culturais e ambientais. Políti-cas e ações eficientes devem ser colocadas em vigor para maximizar o impacto benéfico do desenvolvimento do turismo e suas profundas relações com a eco-

5

Cidades criativasCidades criativas

Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 8: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

nomia criativa. Os turistas são os principais consumidores de serviços recreativos e culturais, além de uma variedade de produtos criativos, tais como artesanato e música. Políticas interministeriais harmonizadas são essenciais para a cons-trução de relações que garantam que as indústrias criativas sejam capazes de capturar uma parcela maior de gastos dos turistas. O país deve também possuir uma sólida base de negócios criativos, que seja capaz de fornecer produtos e serviços de boa qualidade e em quantidade suficiente para responder de forma positiva à demanda do setor do turis-mo. O setor cultural contribui com o turismo por meio da demanda por visitas a locais onde se localizam patrimônios culturais, festivais, museus e galerias, além de música, dan-ça, teatro, apresentações de ópera, etc. De forma mais geral, a atmosfera cultural e as tradições de diferentes localidades podem ser uma atração para os turistas, especialmente pa-ra aqueles que são classificados como “turistas culturais”, que são mais exigentes e culturalmente mais conscientes do que aqueles chamados "turistas de massa". No decorrer das últimas décadas, o turismo cultural centrado em áreas patrimoniais tem se tornado uma indústria de crescimento acelerado em muitos países, apoiado, entre outras medi-das, pela Lista do Patrimônio Mundial da Unesco. A lista atualmente inclui 890 propriedades de patrimônio cultural e natural que o Comitê do Patrimônio Mundial considera ter intenso valor universal. Entre eles estão 689 propriedades culturais, 176 propriedades naturais e 25 propriedades mis-tas em 141 estados. Mesmo o turismo religioso e as viagens de romaria são grandes fontes de atividade. Viagens aéreas com desconto em todas as partes do mundo se tornaram uma realidade. Isso aponta para um crescente mercado mundial para produtos de indústrias criativas. Nos últimos anos, contudo, tem havido uma mudança na abordagem do turismo cultural. Temerosa de que as mais belas e im-portantes áreas culturais estejam sendo prejudicadas por multidões de visitantes, a Unesco está insistindo com os go-vernos para que estabeleçam um melhor equilíbrio entre o turismo e a preservação. Organizações internacionais como a Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas e a Unctad têm promovido ativamente uma mudança na atitude dos governos em direção à formulação de políticas para o turismo, focando o conceito de que a política do turismo deve preservar tanto a cultura quanto o meio ambiente, be-neficiando a população local.

Ecoturismo Políticas harmonizadas para reunir os objetivos do

ecoturismo e da economia criativa, promovem a conserva-ção dos recursos ambientais e dos patrimônios culturais e, ao mesmo tempo, promovem atividades culturais e cria-tivas para reviver as comunidades locais, principalmente nas áreas rurais remotas é de suma importância. O eco-turismo envolve viagens ambientalmente responsáveis a áreas naturais relativamente isoladas a fim de apreciar a natureza e a cultura, incluindo culinárias étnicas baseadas nos ingredientes naturais locais. Em 2006, a International Ecotourism Society relatou que o ecoturismo/turismo natural estava crescendo globalmente a uma taxa de 10-12% ao ano, três vezes mais que a indústria de turismo como um todo. O ecoturismo promove a conservação e possibilita um envolvimento socioeconômico ativo das populações locais. Como uma ferramenta de desenvolvimento, ele pode avançar os três objetivos básicos da Convenção de Diversidade Biológica: 1) a conservação da diversidade cultural e biológica; 2) a promoção do uso sustentável da biodiversidade; 3) o compartilhamento justo de benefícios com as comunidades.

A indústria de eco-spa oferece um bom exemplo dos vários benefícios do ecoturismo. Ao longo dos anos, os países em desenvolvimento, como Índia, Sri Lanka, Tailân-dia, Vietnã, Marrocos e Tunísia desenvolveram uma grande experiência na indústria de spa, contando com os conhe-cimentos tradicionais das áreas de medicina, assistência médica e dieta saudável. As políticas se concentraram em relacionar as suas indústrias de spa com a gastrono-mia local. Em 2009, a Spa Industry Association relatou que a indústria cresceu 18% em 2008, aumentando para um valor de $ 12,8 bilhões. A declaração de sustentabilidade da associação adota os três pilares da sustentabilidade: planeta, pessoas e prosperidade, e se compromete em conduzir seus negócios de modo a manter a vida de nosso planeta e, portanto, da humanidade.

Artesanato O mercado global de artesanato está se expandindo e

claramente não é insignificante; as exportações mundiais cresceram 8,7% – de $ 17,5 bilhões para $ 32 bilhões – no período 2002-2008. O artesanato é a indústria criativa mais importante para as receitas de exportação dos países em desenvolvimento e uma indústria importante para os países desenvolvidos também. A Ásia e a Europa são as principais regiões exportadoras de artesanato. A lista dos produtos de artesanato com maior penetração nos mer-cados mundiais inclui tapetes, artigos de festa, produtos de fio e cestarias. Vale ressaltar que entre as dez maiores economias exportadoras, apenas quatro são economias em desenvolvimento. Mundialmente, a China é o maior exportador de produtos artesanais, com uma intensa di-versificação de produtos.

6

Page 9: Naturale 22 edição

líderes em termos de um menor consumo de água e energia. Em parte por causa do poder da mídia, que é outra indústria criativa, os consumidores estão se tornando mais cientes do impacto social e ambiental de suas compras. As empresas estão percebendo que o seu sucesso depende de um comportamento responsável em relação ao meio ambiente e às comunidades. Os governos precisam apoiar os negócios sustentáveis a fim de protegerem o capital natural e cultural do qual suas economias dependem. Atualmente, as agências multilaterais têm realizado um enfoque significativo na promoção de economias verdes e negócios baseados em uma biodiversidade justa. As organiza-ções não governamentais internacionais já se prontificaram a auxiliar os governos e o setor de negócios a alcançarem os obje-tivos de sustentabilidade, biodiversidade, redução da pobreza e segurança global. Boa parte da população mundial depende dos recursos naturais biodiversos para seu sustento. Ao investir em indústrias criativas, os governos podem se movimentar mais ra-pidamente em direção à realização das metas de biodiversidade, sustentabilidade e redução da pobreza. As iniciativas políticas nacionais e internacionais devem garantir o apoio da economia criativa, na qual os talentos culturais, intelectuais e artísticos, em oposição ao uso não sustentável de recursos naturais não renováveis, são os insumos mais valiosos da produção criativa. Deve-se incentivar os criadores de políticas, a comunidade de negócios e a sociedade civil a adotarem medidas que protejam a biodiversidade e desenvolvam um caminho mais criativo e sus-tentável para a recuperação econômica.

Economia criativa e economia verde

A biodiversidade se perde em taxas aceleradas, de-vido ao excesso de exploração dos recursos biológicos, à introdução de espécies exóticas e à transformação dos habitats. Muitas vezes, essa perda desestabiliza e reduz a produtividade dos ecossistemas, enfraquece sua habilidade de servir como uma fonte de produtos e serviços e a sua capacidade de lidar com desastres naturais e com os problemas causados pela degrada-ção ambiental e pelas mudanças climáticas. Assim, manter a biodiversidade é fundamental para o desen-volvimento sustentável de longo prazo. Os países em desenvolvimento que, muitas vezes, são dotados de rica biodiversidade, enfrentam o desafio de conciliar os objetivos de crescimento econômico com a proteção da biodiversidade. O comércio de produtos e serviços gerado pela biodiversidade, incluindo o comércio dos produtos e serviços originais das indústrias criativas, pode ser parte da solução para este problema. Pesqui-sas mostram que o interesse do mercado e a demanda por produtos e serviços biodiversos aumentaram e ofe-recem uma vantagem comparativa aos países com rica biodiversidade. A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a importância da biodiversidade por meio da promoção de ações nos níveis local, regional e internacional. Além disso, o maior interesse no consumismo ético tem feito com que as empresas e consumidores questionem o valor real do que compram e vendem. Os relatórios re-centes sugerem que essa tendência é contínua, mesmo durante os momentos de dificuldades econômicas. Os negócios criativos que conseguem colocar as práticas de negócios sustentáveis no centro do pensamento de seu negócio estarão melhor posicionados para serem bem-sucedidos no longo prazo, o que permite que eles façam contribuições valiosas para os desafios globais apresentados pela pobreza e pela degradação ambien-tal. Nesse contexto, a economia criativa e a economia verde podem reforçar uma à outra, já que elas com-partilham o objetivo de promover um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo. Muitas indústrias criati-vas já estão oferecendo soluções para os problemas ambientais, sociais e econômicos e estão sendo bem sucedidas. Os exemplos incluem a moda sustentável, com joias e acessórios, artesanato e produtos de design interior, bem como setores orientados pela biodiversi-dade, como as indústrias de saúde natural, cosméticos e ecoturismo, que trabalham em harmonia com a na-tureza. Devido ao fato dessas indústrias lucrarem com os recursos naturais saudáveis e com a criatividade baseada na cultura, elas têm o interesse de proteger os conhecimentos tradicionais, sobre ecossistemas e sobre biodiversidade. Finalmente, muitas empresas da indústria criativa, incluindo a indústria digital, são

Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 10: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

Instituições culturais públicasOs governos têm papel im-

portante na economia criativa por sua propriedade e operação de ins- tituições culturais públicas, como galerias de arte, museus e sítios históricos. Eles também são pro- prietários de patrimônio material cultural significativo, tais como edi- fícios históricos públicos e cole- ções de obras de arte, artefatos, etc. Essas responsabilidades cultu- rais do governo deveriam ser vistas como parte integrante da econo- mia criativa, especialmente por causa do papel dessas instituições e atividades que estimulam o turis- mo, promovem a coesão social e fomentam os aspectos benéficos da diversidade cultural. Como tal, o seu capital e as necessidades de despesas correntes devem ser vistos não como itens dispensá- veis dos gastos do governo, mas como contribuição essencial para a vitalidade das indústrias criativas.

Investir no desenvolvimento de infraestrutura e capacitação pa- ra reforçar e promover o empreen- dedorismo criativo e transmitir uma mensagem clara para o setor pri-vado de que a indústria criativa é um grande negócio, é uma das fun-ções dos legisladores. Além disso, a estrutura de regulação deve estar em vigor para adaptar as políticas fiscais, a lei de concorrência e os re- gimes de propriedade intelectual.

Trechos do Relatório de Economia Cria- tiva 2010 — Economia Criativa: Uma Op-ção de Desenvolvimento Viável, das Nações Unidas. Este relatório é fruto de um esforço colaborativo liderado pela Unctad (Confe-rência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) e pela Unidade Especial para Cooperação Sul-Sul do Programa das Na- ções Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

A importância das Leis de Incentivo para a cultura

Por Mariana Sayad

As leis de incentivo à cultura existem no Brasil desde a década de 1990, mas ainda são pouco utilizadas pelos empresários, produtores e artistas por diversos motivos, sendo o principal, o desconhecimento de seus mecanismos e benefícios. Como o próprio nome já diz, estas leis visam incentivar às empresas a patrocinarem projetos culturais, através de isenção fiscal. Há a Lei Federal, conhecida como Lei Rouanet, as Leis Estaduais e em apenas alguns municípios mineiros há a lei muni-cipal de incentivo à cultura.

Lei Rouanet

A Lei n. 8.313/91, de autoria de Paulo Sérgio Rouanet, foi escrita na época do Governo Fernando Collor de Mello. Em resumo, seu primeiro artigo institui o Pro-nac (Programa Nacional de Apoio à Cultura), com o objetivo de facilitar o acesso à cultura, estimular a produção cultural em todas as regiões do Brasil, valorizar as manifestações culturais, proteger as diversidades das expressões culturais de dife-rentes grupos da sociedade, preservar os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural, histórico brasileiro, estimular a produção e difusão dos bens culturais e priorizar o produto cultural originário do país.

As empresas que patrocinarem projetos culturais, previamente aprovados no Ministério da Cultura (MinC), terão o valor investido abatido do Imposto Renda devido. Atenção, apenas empresas tributadas com lucro real podem patrocinar projetos culturais, o que significa apenas 3% do total de empresas em todo o Bra-sil. Este é um grande limitador para as empresas brasileiras, que na grande maioria é tributada sobre o lucro deduzido.

O funcionamento da Lei Rouanet se constitui dos seguintes passos:

1. Proponente cadastra seu projeto no Sistema Salic Web (atualmente, todo o pro-cesso de cadastro de projeto é realizado on-line);2. Depois de analisado e aprovado o projeto, o proponente recebe uma Guia de Mecenato, em que dá o direito de captar recursos para a realização do projeto;3. Com esta guia e o projeto, o proponente procura as empresas;4. Quando uma empresa se interessar, ela patrocina o projeto.

A empresa que patrocinar um projeto cultural incentivado pela Lei Rouanet poderá utilizar até 4% do seu imposto devido. Pessoa física também pode apoiar projetos culturais, com até 6% do seu imposto devido. Além da isenção fiscal, há outra grande vantagem, que é a divulgação da marca junto ao projeto. O ideal ao patrocinar projetos culturais, é que estes dialoguem diretamente com a campanha

8

Page 11: Naturale 22 edição

de marketing e comunicação institucional da empresa, assim, como dizem “é marketing de graça”.

A maior problemática da Lei Rouanet atualmente é a forte centralização na região Sudeste do Brasil. Na área de artes cênicas (nas outras áreas de cultura e arte, o cenário não é muito diferente), em 2010, 70% dos projetos aprovados foram da região Sudeste, seguido da região Sul, com 13,4%, Nor-deste, 8,3%; Centro-oeste, 6,6% e, por último, a Norte com apenas 1,5% dos projetos aprovados pelo MinC. Quando falamos em porcentuais de captação de recursos, mais uma vez as regiões Sul e Sudeste aparecem em destaque, na área de artes cênicas, as duas regiões somam mais de 90% do total de recursos captados.

Para tentar minimizar estas diferenças, a lei já passou por diversas al-terações e adequações. Em seu texto original há três mecanismos de apoio: Mecenato, FNC (Fundo Nacional de Cultura) e o Ficart (Fundos de Inves-timento Cultural e Artístico). Atualmente, apenas o Mecenato funciona. O FNC começou a ser utilizado nos últimos anos, mas de maneira muito tímida ainda. Ele foi pensado para projetos pequenos, que não conseguem captar recursos. A vantagem dele é que o proponente não precisa captar, a verba já sai direto do MinC. Esta foi uma das maneiras encontradas pelo Ministério de descentralizar os patrocínios da região Sudeste do país.

Parcerias para captação de recursos

Muitos produtores e gestores culturais passam por grandes dificuldades na hora de captar recursos para projetos aprovados na Lei Rouanet. A princi-pal reclamação é a falta de acesso às grandes empresas, que muitas vezes já tem projetos pré-selecionados. O que pouca gente sabe é que as empresas de contabilidade podem ser grandes parceiras na hora da captação, por dois principais motivos: o primeiro é que entendem muito sobre a questão fiscal e o segundo é que têm acesso mais fácil às empresas e podem indicar projetos que tenham como contrapartida a isenção fiscal.

Seria mais eficaz ainda esta parceria, se houvesse cursos de capacitação voltados aos contadores sobre leis de incentivo, pois muitos ainda desco-nhecem como “lançar” o patrocínio na declaração do imposto de renda. Em alguns casos, este lançamento pode ser realizado como “despesa operacio-nal”, mas em outros, isso não é possível. Além disso, os profissionais de contabilidade possuem amplos conhecimentos das empresas que realmente podem patrocinar projetos pela Lei Rouanet e também através das Leis Esta-duais de Incentivo Fiscal, que normalmente dão isenção do ICMS devido, o que abrange um número muito maior de empresas disponíveis, mas os valo-res dos projetos devem ser bem menores do que os projetos da Lei Federal.

Concluindo, hoje há uma série de recursos para se realizar um proje-to cultural através de leis de incentivo fiscal. As parcerias representam uma ferramenta indispensável para a captação de recursos e realização de bons projetos culturais. Além disso, é preciso investir em informação e profis-sionalização de produtores e gestores culturais para que o mecanismo de isenção fiscal seja realizado de forma vantajosa para todos.

9

Em Pedralva no Sul de Minas Gerais, muitas mulheres trabalham na panha de café. Para dar oportunidade de trabalho a elas em época fora da colheita, Eliane Mar-ques criou o "Mulheres Bordando Minas". Ela ensinou 25 mulheres dos bairros Ser-tãozinho e Pitangueiras a bordarem.

Com a temática do café, identidade da região, Eliane cria os desenhos que se-rão bordados em peças de decoração e de vestuário (para homens, mulheres e crian-ças), e os envia para estas mulheres que aprenderam a arte do bordado, para que tenham uma fonte de renda no período da entressafra. As mãos ágeis que colhem o café passam a bordar as histórias e a repre-sentação da cultura cafeeira e dão vida a peças originais e exclusivas.

Segundo Eliane, "Mulheres Bordando Minas trouxe a valorização do artesanato, da identidade do município e a certeza de que vale a pena insistir em desenvolver uma atividade para complementar a renda de comunidades rurais".

Elas participaram de desfile de moda em Pedralva e em cidades vizinhas. Mu- lheres Bordando Minas expande seus ho-rizontes levando não apenas o melhor da arte de bordar, mas a cultura da oportuni-dade social.

Mulheres Bordando Minas

Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 12: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

10

O Sul de Minas pode ser uma região criativa e atrair turismo com isso?

Começo respondendo às perguntas acima com um sonoro e otimista SIM. Antes, porém, convém falar sobre o que é uma cidade criativa e economia cria-tiva. São dois termos emergentes, que vem ganhando, a cada dia, mais espaço nas discussões sobre o desenvolvimento das cidades que envolve a cultura, a sus-tentabilidade, o bem-estar das pessoas, a economia. São conceitos que surgem em um mesmo contexto de mudanças mundiais. Os bens e serviços da eco-nomia estão padronizados. Podem ser divididos entre comoditizados e de alto valor agregado. O que diferencia os pro-dutos e serviços da primeira categoria é, basicamente, o preço. Já os de alto valor agregado são identificados, justamente, pelos diferenciais que incorporam.

"A economia criativa não apenas atua nessa busca de valor agregado e diferenciação de produtos e serviços criativos (as chamadas indústrias criati-vas, setores mais criativos da economia), como também estimula a diferenciação de produtos e serviços tradicionais.", ex- plica Ana Carla Fonseca Reis, uma das maiores especialistas no assunto.

Uma cidade criativa é caracteriza- da, portanto, pela abundância de ino-vações em todas as áreas, tais como econômicas, sociais e culturais. Enten-demos inovações como soluções para os problemas e criação de oportunidades. Além da inovação, as cidades criativas têm conexões entre todas as regiões da cidade, entre os diversos grupos sociais, entre o público e o privado, assim por diante. A cidade inovadora, conectada, valoriza seus bens culturais, causa um impacto econômico sobre si mesma e gera ambiente favorável à criatividade.

E relembrando as perguntas aci-ma: os municípios sulmineiros podem ser cidades criativas? Atrairiam olhares e turistas? Claro que sim. Sabemos que o Sul de Minas é a região com maior po-tencial de crescimento econômico do País. Somos a 'bola da vez' porque reu-nimos muitas condições que hoje são valorizadas: boa rede de educação, mão de obra, acessos sendo melhorados,

natureza exuberante, povo hospitaleiro. Aliado a estes valores, nossos cidadãos criativos estão com a faca e o queijo na mão para criar produtos e serviços com alto valor agregado, com ‘peso de ouro'.

Podemos identificar, nas cidades do Sul de Minas, por exemplo, poten-ciais criativos como a tecnologia e o conhecimento no município de Santa Rita do Sapucaí. Nas suas incubadoras de empresas nascem projetos criativos e inovadores, que lançam produtos e serviços novos para solucionar velhos problemas. Identificamos também, a criatividade da produção artesanal do pé-de-moleque de Piranguinho que, nos últimos anos, vem inovando com pro-dutos que atendem à maior exigência do novo consumidor brasileiro. Assim, o que se produz aqui pode agregar va-lor à atividade turística ao incentivar o

visitante a consumir o que chamamos de Produção Associada ao Turismo.

Uma forma de atrair o visitante e apresentar a Produção Associada ao Turismo são os eventos que reúnem as-pectos da identidade local e regional, cujos exemplos saltam aos olhos do tu-rista um pouco mais atento. Em Cristina, o Festival Café com Música é um evento turístico que agregou duas características culturais do Município – os premiados cafés especiais e a centenária banda de concerto; a mesma proposta está ine-rente na Festa do Maior Pé-de-moleque do Mundo, em Piranguinho; no Pedrock em Pedralva; no Arraiá com Arte de Pi-ranguçu, que combina a tradicional festa junina com os indispensáveis cartuchos, pastéis de milho e o artesanato de quali-dade produzido pelos artistas locais; nas Exposições Agropecuárias de Delfim Mo-reira, Marmelópolis e Wenceslau Braz; na riqueza da cultura religiosa dos Santuá-rios de Santa Rita e de Santo Expedito, em Santa Rita do Sapucaí e Conceição das Pedras. Poderíamos elencar outras tantas iniciativas de pura criatividade, encontradas nos nove municípios do Circuito Turístico Caminhos do Sul de Minas. Isso tudo tem cheiro de turismo. Atrai aquele brasileiro curioso que, hoje, com um pouco mais de dinheiro no bol-so, procura não só um lugar bonito para contemplar – o que nós também temos de sobra – mas também interagir com a comunidade e a identidade do lugar, tro-car experiências, conhecer os potenciais e vivenciar o que de interessante, criati-vo e inovador é feito aqui.

Pela Internet, o turista tem acesso a quase todas as cidades, que divulgam e mostram o que têm de bom, pois são infinitas as possibilidades de turismo. E turismo de todos os tipos. O que vai atrair uma pessoa é a singularidade da cidade ou região, fruto da criatividade das pessoas que vivem ali. E já provamos que somos criativos. Minas é rica em ta-lentos e arte. E o Sul de Minas também. Portanto, vamos criar um futuro melhor para nossa região a partir dos talentos e competências de cada um de nós.

Por José Maurício Carneiro da Silva

Foto

: Wal

ter A

lvar

enga

Paul

o C

. Prin

ce

Mar

celo

P. A

zeve

do

Page 13: Naturale 22 edição

Artesanato organizado em escala industrial

Por Remy Andrade Filho

A Vilma Artigos Religiosos é uma empresa familiar criada em 1989, ini-cialmente destinada à fabricação de bijuterias e posteriormente dedicada à fabricação de artigos religiosos, em sua grande maioria, católicos.

A mudança de foco ocorreu pela observação de que existiam, na oca-sião, poucos artigos católicos para utilização no dia a dia das pessoas. Os católicos que desejassem manifes-tar sua crença tinham pouquíssimas opções de peças. Com isto, foi de-senvolvida uma linha específica de bijuterias (pulseiras, colares, brincos, anéis, cordões) e a ela somada a linha tradicional da igreja (medalhas, terços, escapulários). O somatório destes pro-dutos contempla hoje cerca de 600 artigos totalmente fabricados em nos-sa unidade.

Embora enquadrada como indús-tria, a empresa possui o diferencial de utilizar poucas máquinas e muita mão de obra, propiciando mais de 70 em-pregos diretos, sendo na verdade um grande artesanato organizado em es-cala industrial.

A fim de ter atuação mais signi-ficativa em Itajubá e região, em 2012 a empresa elaborou uma linha de brindes empresariais com foco nas pe-quenas empresas.

Atualmente envia seus produtos a

todos os estados do país e exporta pa-ra diversos países, principalmente para a Espanha, Portugal e Estados Unidos. Recentemente participou ativamente da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, licenciando 34 produtos para a comercialização.

Com muito orgulho, a empresa desenvolve trabalho social junto ao presídio de Itajubá propiciando traba-lho a nove detentos com expectativa de expansão para 20 postos até o fim de 2013. A empresa entende que com- pete também à iniciativa privada pro- mover a reinserção dos detentos à so-ciedade.

Foto

s: D

ivul

gaçã

o Vi

lma

Art

igos

Rel

igio

sos

Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 14: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

12

Campos do Jordão e seu Palácio

Campos do Jordão é uma cidade pitoresca sob muitos aspectos, além de ser a cidade mais alta do Brasil e possuir o clima mais severo da região Sudeste, a cidade também abriga a única residência oficial do Governo Paulista fora da Ca-pital (o Palácio Boa Vista foi inaugurado em 21 de julho de 1964, como residência de verão dos governadores do Estado de São Paulo).

No ano de 1938, inspirado pela be- leza do local e, segundo reza a lenda, “temeroso que o estado de Minas solici-tasse à federação a anexação de Campos do Jordão”, o interventor federal Adhe-mar de Barros solicitou ao arquiteto Georg Przyrembel o projeto de uma re-sidência oficial de inverno, inspirado no estilo dos castelos europeus, (o estilo escolhido foi o “Maria Tudor”), tendo co-mo localização o topo de uma montanha chamada “Alto da Boa Vista”, de onde se podia ter uma vista panorâmica de qua-se toda a cidade. Por questões políticas a obra ficou parada por 25 anos e so-mente em 1963, Adhemar de Barros, que retornava como governador do estado a concluiu, inaugurando-a em 1964.

Em 1970, o local tornou-se um mu- seu e foi aberto ao público, pois o Go- vernador Abreu Sodré (1964 a 1969) en- tendia que o uso do Palácio como resi-dência oficial era muito restrito e, sob o comando do Secretário da Fazenda, Luis Arrobas Martins adquiriu peças e obras de arte para decoração, em 1969.

Também em 1970 ocorreu o Primeiro Concerto de Campos do Jordão, baseado no Festival de Mozart, em Salzburg – Áustria, que nos anos seguintes tornou-se o Festival de Inverno de Campos do Jordão. Mesmo com os novos usos, o Palácio nun-ca deixou de ter sua função original de receber os representantes do poder executivo do Estado.

O Palácio da Boa Vista, também conhecido como Palácio do Governo, reúne a maior coleção de arte modernista do Brasil, com obras de grandes nomes como Anita Malfatti, Candido Portinari, Tarsila do Amaral e Victor Brecheret, além de uma coleção de artes sacras, pratarias, louças, tapeçarias e mobiliário dos séculos XVII, XVIII e XIX; possuindo em seu acervo a tela “Operários” (Tarsila do Amaral) considerada pela crí-tica a mais expressiva obra do modernismo brasileiro.

Além do acervo do Palácio, o espaço recebe exposições temporárias que contemplam peças e obras do Acervo Artístico Cultural do Estado, que reúnem as coleções dos Palácios Boa Vista, dos Bandeirantes e do Horto (os dois últimos na capital paulista).

O Palácio Boa Vista conta com 95 mil metros quadrados de jardins que circun-dam a residência que possui uma área construída total de três mil metros quadrados

com seus 105 cômodos em 35 ambientes. Anexa ao Palácio foi construída, em 1989, para a co-

memoração do jubileu de prata de sua fundação, a Capela de São Pedro Apóstolo, sendo um projeto de Paulo Mendes da Rocha, erguida em concreto armado, com um pilar e paredes de vidro e circundada por espelhos d’água, que reúne obras sacras do período colonial, bem como cria-ções contemporâneas.

A visitação conta com monitores que fazem um tour de cerca de uma hora, passando pelos principais cômodos; porém é proibido o uso de máquinas fotográficas e filma-doras durante a visita. A entrada é franca e as visitas devem ser pré-agendadas.

Walter Vasconcellos, Eng. Agrônomo, Secretário Municipal de Agricultura e Recursos Hídricos de Campos do Jordão, Coordena-dor de Parques e Jardins.Operários, Tarcila do Amaral

Por Walter Vasconcellos

Foto

: Kad

u Sc

hiav

o

Page 15: Naturale 22 edição

Academia Itajubense de Letras prepara as comemorações de seus 50 anos

A Academia Itajubense de Letras, fundada em 15 de agosto de 1964, é uma associação sem fins lucrativos e de natureza privada, constituída por 40 cadeiras (patronos), das quais 33 ocupadas por cidadãos que comungam em seus princípios regimentais e lite- rários. A instituição tem por finalidade “o cultivo, a preservação e a divulga- ção do vernáculo e da literatura, em seus aspectos científico, histórico, li-terário e artístico; a participação de iniciativas úteis ao desenvolvimento cultural do Brasil para estimular, criar, instituir, fomentar a união dos escri-tores, o cultivo das letras e a difusão como base de todo empreendimento digno; a promoção, o apoio e o desen- volvimento do companheirismo; o re- conhecimento do mérito e a ética pro-fissional, a melhoria da comunidade pela conduta exemplar, a aproximação dos profissionais ligados à literatura e às artes em geral; o intercâmbio cul-

tural com outras entidades afins no Brasil e no exterior” (artigo IV do Estatuto). A Academia Itajubense de Letras tem como seu patrono o Dr. Wenceslau

Braz Pereira Gomes, como Presidente de Honra o Dr. Gaspar Lisboa e como Pre-sidente Perpétuo o Professor Francisco Júlio dos Santos.

Prepara-se para as comemorações de seu cinquentenário, que ocorrerá em agosto de 2014. Entre as realizações programadas para celebrar esse significati-vo evento está prevista a confecção de um livro comemorativo; a expedição de medalhas de mérito literário para os acadêmicos; concurso literário nacional de poesia, conto e crônica; lançamentos e exposições de livros escritos por seus membros; palestras com escritores convidados; e a criação da Academia Juvenil de Letras, com o objetivo de despertar o talento de jovens escritores.

Maria de Lourdes Maia Gonçalves, professora, escritora e presidente da Academia Itajubense de Letras.

Foto

: Sth

ênio

Cam

pane

lla M

aia

Por Maria de Lourdes Maia Gonçalves

Page 16: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

Saudáveis contrapontosPor Wellington Nogueira

A melhor coisa a respeito deste momento da vida no planeta é a re-volução, em todos os sentidos: nos hábitos, no conhecimento, nas práti-cas, onde nada é o que parece ser e tudo merece ser investigado, visto de perto ou por diferentes ângulos. Por que isso é bom? Primeiro, porque nos tira de uma zona de conforto e de um padrão operacional de relação com a vida calcado no piloto automático: fa-ço porque alguém fez ou me disse que é assim, etc.

Segundo, porque resgata em to-dos nós o maior tesouro da criança que um dia fomos: a curiosidade! Es-te momento, então, por mais confuso que pareça ser, nos coloca num bom caminho, ou melhor, numa jornada saudável. Com a curiosidade aguçada, vamos atrás, pesquisamos, conversa- mos, trocamos ideias, concluímos, agi- mos e, chegamos a maior de todas as recompensas, nos conhecemos me- lhor! Quanto melhor nos conhecer-mos, melhor temos condição de nos cuidarmos; quanto melhor nos cuidar-mos, maiores chances de aprendermos a cuidar de nosso entorno e assim, fa-zemos a revolução mais silenciosa que existe, a da mudança de conduta pela consciência. E de maneira divertida, co- mo brincávamos de caça ao tesouro!

Terceiro: fazer o contraponto com

a vigente cultura imediatista de tercei-rização que nos dá a ilusão de que, com um click, podemos obter o que queremos e precisamos! Por um preço, é claro, e não estamos falando ape-nas de dinheiro, mas do preço mais alto que um ser humano pode pagar: a atrofia dos sentidos que fragmenta, separa e nos leva a buscar soluções fora de nós mesmos, quando tudo principia dentro de nós! Simples as-sim. Aliás, o simples é tão simples que hoje em dia se torna difícil confiar na simplicidade, porque parece que não estamos fazendo nada... Mas nada na cabeça é o que pede a meditação, para que possamos dar espaço ao silêncio e vivenciar o oposto do ritmo atribulado em que vivemos, a serenidade.

Uma coisa puxa a outra e tudo desemboca em saúde, na qualidade de nossa relação com a vida. Já dizia Hi-pócrates, o pai da medicina:

“Um homem sábio deve considerar que a

saúde é a maior de todas as bênçãos humanas e

aprender, por seus próprios meios, como derivar

benefícios de suas doenças.”

Saúde. O que aprendemos a es-se respeito na escola? E em casa? Bernardo Toro, filósofo e educador co-lombiano, ensina que o homem levou aproximadamente 300 anos para cons-truir o aprendizado de lavar as mãos. E questiona: quanto tempo é devota-do nas escolas ao ensino de lavar as mãos? Não poderia ser isso uma disci-plina? Se fosse, teríamos a chance de ver a história da Saúde de uma nação ser reescrita.

Enquanto isso não acontece, por que não reescrever a nossa própria história, a partir de agora, o momen-

to mais propício para isso acontecer? Começando por respirar, o único ato voluntário e involuntário ao mesmo tempo, que nos foi dado de presente, para que pudéssemos tirar proveito dele para estarmos presentes e foca-dos. Na Universidade de Harvard, o professor Tal Ben Shahar ensina aos alunos, em sua disciplina FELICIDADE 101, a diariamente fazer pelo menos TRÊS respirações profundas e expirar o ar lentamente, como forma de RES-SETAR o cérebro.

A partir da hora em que nos dis-ponibilizamos para esta jornada, não será surpresa se, aos poucos, nos pegarmos fazendo mais exercícios físicos, cultivando nossos próprios ali-mentos e, principalmente, devotando tempo para tornar melhor o mundo a nossa volta. Porque a alegria oriunda da conexão ativa com o pulsar da vida é, felizmente, contagiosa. E assim vi-venciamos a empatia, a capacidade de nos colocarmos no sapato do outro e entender seu ponto de vista e a com-paixão, a capacidade de sair de nossa zona de conforto para ajudar alguém. Ah! Isso também já é uma disciplina na Universidade de Stanford, onde foi criado pelo neurocirurgião James Do-ty, o Centro de Estudos de Compaixão e Altruísmo. Porque pesquisas cons-tataram que pessoas que cultivam a compaixão adoecem menos...

Parece loucura? E o que é isso que vivemos hoje? Loucura por loucura, buscar o contraponto e ousar apren-der a cuidar de nós mesmos e do outro é a construção diária de um viver sau-dável. Experimente!

Wellington Nogueira é fundador e coor-denador da ONG Doutores da Alegria (www.doutoresdaalegria.org.br)

Foto

s: L

ucia

na S

erra

14

Page 17: Naturale 22 edição

Os Doutores da AlegriaDoutores da Alegria é uma organização da sociedade

civil sem fins lucrativos que atua junto a crianças hospi-talizadas, seus pais e profissionais da saúde. A essência do trabalho é a utilização, no hospital, da paródia do pa-lhaço que brinca de ser médico, tendo como referência a alegria e o lado saudável dos pacientes e colabora para a transformação do ambiente onde se inserem.

Fundada por Wellington Nogueira em 1991, a ONG está focada em três eixos: a ampliação de seu público; a articulação de políticas públicas nas áreas de cultura e saúde e de grupos e organizações de palhaços que atuam em hospitais; e a formação de artistas capazes de contribuir com outras realidades, tanto de palhaços e profissionais de saúde como de outros segmentos.

Com mais de 900 mil visitas realizadas, unidades em funcionamento em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife e 40 palhaços profissionais (não voluntários) em seu elenco, a ONG tem ampliado seu público contemplando outras faixas etárias em suas ações nos hospitais e levando va-riadas formas de arte aos pacientes por meio de outros projetos, como o Plateias Hospitalares, além de apresen-tar espetáculos e rodas besteirológicas em teatros.

Reconhecida pelo profissionalismo e atuação ino-vadora, articula uma rede de iniciativas semelhantes em todo país, com mais de 630 grupos de palhaços que visi-tam hospitais. É referencial na pesquisa da linguagem do palhaço e na formação de jovens, artistas profissionais e interessados, por meio de sua Escola.

Mantida por doações de pessoas e empresas, a or-ganização possui a certificação de utilidade pública nas esferas federal, estadual e municipal. Recebeu o Prêmio Criança da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, foi incluída três vezes na lista das 100 melhores práticas globais da divisão Habitat da Organização das Nações Unidas. Recebeu o Prêmio Cultura e Saúde, em 2009 e 2010 pelo Programa Cultura Viva, iniciativa dos Minis-térios da Cultura e Saúde. Recentemente, recebeu a certificação do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS.

Sorria!!!Por Conceição Trucon

A Terapia do Riso é uma técnica que possibilita o resga-

te do nosso otimismo, do bom-humor, do estar de bem com

a vida; um estado natural da nossa criança interna, um ser

absolutamente espontâneo e sutil.

Segundo Buda, o sorriso começa na alma e o primei-

ro ponto onde ele toma forma no corpo físico é nos olhos.

Quando o otimismo chega a ser percebido nos olhos, a face

e o corpo começam a irradiar brilho e luz.

O bom astral não é apenas um estado de alma, é tam-

bém uma oportunidade de perceber, sentir e pensar a vida

como ela é. Cada desafio passa a ser percebido como uma

oportunidade para transformar, superar, crescer. Esta é a

grande alquimia da vida: transformar desafios em superação.

Aprender a rir significa aprender a curar-se de todas as

limitações: da falta de confiança, dos medos, da ansiedade,

do estresse, da tristeza, dos estados depressivos e da bai-

xa auto-estima. E sentir-se cada vez mais criativo, valioso e

com força interior, para criar em sua vida o “tudo de bom”.

No ato de rir, são ativadas em nosso cérebro, a produ-

ção e liberação no sangue da substância hormonal chamada

endorfina, que têm o poder de construir uma sensação de

bem estar, otimismo, alegria, euforia e felicidade. Sorria!!!

Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 18: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

As vitaminas são compostos orgânicos, presentes nos alimentos, essenciais para o funcionamento normal do metabolismo, e em caso de falta pode levar a doenças. Não são pro-duzidas pelo organismo, devendo obrigatoriamente serem obtidas na dieta. São encontradas em derivados do leite, folhas verdes, frutas e óleos. Por esse motivo, a ingestão de alimentos ricos nestas substâncias é muito importante para o bom funcionamento de todo o nosso organismo. Manter uma alimentação saudável e balanceada traz benefícios para o organismo que vão além da silhueta bonita. Oferecer ao seu corpo, diariamente, os nutrientes de que ele precisa fortalece as defesas naturais e previne diversas doenças.

A niacina, também conhecida como vitamina B3, vitamina PP ou ácido nicotínico, é uma vitamina hidrossolúvel cujos derivados desempenham importante papel no metabolismo energético celular e na reparação do nosso DNA. Outras funções da niacina incluem remover substâncias químicas tóxicas do corpo e auxiliar a produção de hormônios esteróides pelas glândulas suprarrenais, como os hormônios sexuais e os relacionados ao estresse.

As vitaminas do complexo B são abundantes na natureza, com predominância nas plan-tas. São encontradas principalmente na levedura, no leite e nos ovos, nas frutas secas, nos cereais integrais e em vários legumes, frutas e verduras, como o brócolis, o tomate, a cenoura, o aspargo, o abacate e a batata-doce.

É importante informar que os alimentos cozidos a vapor têm seu valor nutricional reduzi-do, ao contrário dos alimentos crus que mantêm os nutrientes intactos e são completamente absorvidos pelo organismo.

Uma dieta com 51% dos alimentos crus diariamente ajuda na reposição desses nutrientes.A vitamina C é um poderoso antioxidante, sendo usado para transformar os radicais

livres de oxigênio em formas inertes. Favorece a formação dos dentes e ossos; ajuda a resistir às doenças no coração; previne gripes, fraqueza muscular e infecções (este ponto é discutível, havendo estudos que não mostram qualquer efeito de doses aumentadas); ajuda o sistema imunológico e a respiração celular, estimula as glândulas suprarenais e protege os vasos san-guíneos. Ela é importante para o funcionamento adequado das células brancas do sangue. É eficaz contra doenças infecciosas e um importante suplemento no caso de câncer.

As frutas acerola, limão, morango, mamão papaia, goiaba, laranja, possuem grandesquantidades de vitaminas C, bem como as sementes de cacau, estas com poderes antioxi-

dantes protegem a pele, já o chocolate, que é feito da mesma semente, não oferece os mesmos benefícios, pois as vitaminas se perdem durante o preparo.

O estresse do dia a dia faz com que o organismo produza grandes quantidades de adrenalina, que por sua vez diminui significativamente as quantidades de vitamina C, causando desânimo e síndromes depressivas. Estudos recentes

sugerem que ingestões de vitaminas C, acompanhadas sempre de uma dieta saudável e exercícios físicos reduzem esses sintomas depres-

sivos, fazendo com que o nosso corpo reaja produzindo a própria cura, e isso também vale para doenças

cardiovasculares e câncer.Duas porções de castanha-do-pará

diariamente equivalem a um poderoso antidepressivo, conhecido por

PROZAC. O fato de se consumir duas porções por dia de cas- tanhas ser considerada uma

dieta muito calórica, ainda

Vitaminas curam!

Por Rafael Salomon de Faria

Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 19: Naturale 22 edição

sim é melhor do que uma vida aterrorizada pela depressão.

A vitamina E é um dos antioxidantes mais aclamados, pois demonstra ter efeitos contra a deterioração das células e contra o envelhe-cimento. Ela também desempenha um papel na capacidade que o corpo tem de processar a glicose. Normalmente encontrada em multi-vitamínicos e fórmulas antioxidantes, a forma natural é notavelmente a melhor. Encontrada em óleos vegetais como amendoim, soja, palma, mi-lho, cártamo, girassol, etc. e no gérmen de trigo, além das nozes, sementes, grãos inteiros e os vegetais de folhas.

Por meio da destruição das membranas ce-lulares, os radicais livres são responsáveis por uma grande variedade de problemas de saúde. A vitamina E ajuda a defender as membranas celu-lares do corpo contra o estresse oxidativo, para a manutenção de uma boa saúde e de um bom funcionamento do sistema imunológico. Com a idade, este sistema se torna menos eficiente no combate a micróbios e vírus. Parte deste declínio deve-se a baixos níveis de vitamina E na corrente sanguínea. Alguns estudos demonstraram me-lhoras nas respostas imunes em pessoas mais velhas que tomavam suplementos de vitamina E.

Estamos rodeados por alimentos que nos fornecem tudo que precisamos para ter uma vi-da saudável e por um preço ínfimo. Temos que investir mais na nossa alimentação, nossos hábi-tos norteiam o mercado financeiro, se passamos a comer mais alimentos orgânicos, os produtores passarão a produzir cada vez mais esses alimen-tos, é a lei da oferta e da procura. Mudando nossos hábitos, mudaremos nossa Agricultura.

Você é o que você come! Transforme sua vi-da, se exercite, coma corretamente, beba muita água, opte por um estilo de vida saudável.

“Que o alimento seja seu remédio, e que seu remédio seja seu alimento.”

(Hipocrates - Grécia)

Fontes de vitaminasVitamina A: cenoura, pimentão, alface, agrião, abóbo-ra, beterraba, tomate, espinafre, couve, manga, mamão, banana e vegetais de cores vermelha, laranja amarela e verde-escuro.

B1: Levedura, arroz e trigo integral, aveia, batata, ervilha, leguminosas, maçã, pera, ameixa, pêssego, banana, nozes, folhas verdes.

B2: Levedura, trigo integral, soja, vagem, leguminosas, ameixa, pera, folhas verdes.

B5: Levedura, trigo, aveia, arroz integral, batata, ervilha, couve, couve-flor, tomate.

B6: Batata, legumes, melado, trigo integral.

B12: Levedura.

C: Pimentão verde, tomate, espinafre, ervilha, cenoura, bró-colis, limão, laranja, cajá, goiaba, mamão, abacaxi.

D: Cacau.

E: Germes de cereais, óleos vegetais, sementes, nozes, cas-tanha, banana, repolho, espinafre, folhas verde-escuras.

H: Levedura: arroz integral, ervilha, banana, laranja, maçã, nozes.

K: Repolho, espinafre, folhas em geral, vagem, ervilha, ce-noura, óleos vegetais, alfafa.

PP: Levedura, nozes, trigo, aveia, arroz e centeio integral, amendoim, café, chá mate, couve, cenoura, cebola, espi-nafre, tomate, pimentão, vagem, soja, pera, maçã, ameixa, pêssego, limão, leguminosas.

P: Limão, espinafre, páprica, folhas verdes.

Ácido Fólico: Trigo integral, batata, espinafre, ervilha, fei-jão, cenoura, laranja, levedura, vegetais folhosos.

Fonte: www.horti.com.br

17Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 20: Naturale 22 edição

18

AFTAS, lesões bucais muito comunsPela Dra. Gracia Costa Lopes

Naturalejunho/julho - 2013

As aftas são pequenas feridas em forma de úlceras que podem aparecer nas mucosas da boca como bochechas, lábios, língua e raramente na gengi-va. As aftas bucais dificultam a mastigação porque geralmente são dolorosas, brancas ou amarelas com um vermelho brilhante na área circundante. Variam entre 1-2 mm para 1 cm, e podem ocorrer isoladamente ou em grupos.

Duas vezes mais comum em mulheres do que em homens, úlceras aftosas normalmente aparecem entre as idades de 10 a 40 anos. Elas podem ocorrer em qualquer tempo na pele interna da boca e não são lesões contagiosas. Não se sabe ainda o que realmente provoca uma úlcera aftosa.

Podem surgir por diversas cau-sas:

ª Deficiência imunológica (baixa re-sistência);

ª Trauma de procedimentos odon-tológicos, durante a limpeza dos dentes ou acidentalmente ao mor-der a língua ou a bochecha;

ª Alimentação ácida;

ª Resfriados;

ª Deficiência em ferro, ácido fólico ou vitamina B12, menstruação e ou-tras alterações hormonais;

ª Alergia a algum tipo de alimento e alergia ao lauril sulfato de sódio en-contrado em alguns cremes dentais;

ª Reações a medicamentos (anti- inflamatórios ou antibióticos);

ª Podem aparecer também quando uma pessoa está sob estresse físico ou emocional, por exemplo, durante os exames da faculdade.

Primeiro o paciente vai sentir um formigamento ou queimação se-guido de um ponto vermelho com sensação dolorosa. A dor pode continuar por 7-14 dias. Quaisquer

bebidas ácidas ou alimentos (por exemplo refrigerantes e suco de la-ranja, limão) podem aumentar a dor. Em uma ocorrência grave, pode ter febre e nódulos linfáticos.

Na maioria das vezes, o próprio paciente pode diagnosticar e tratar uma úlcera aftosa. Depois de um ou dois dias elas tornam-se evidentes.

Qual é o tratamento para as aftas?

O tratamento pode ser a base de remédios caseiros, mas o paciente terá que procurar um dentista caso a úlcera dure mais de duas semanas ou se repetir mais do que três vezes ao ano.

Uma vez que não sabemos a causa das úlceras aftosas, não exis-tem medicamentos específicos para o tratamento de aftas, existem ape-nas substâncias para combater a dor.

Medicamentos tópicos aplica- dos diretamente sobre a ferida, an-tissépticos bucais e medicamentos

orais podem aliviar a dor ou a inflamação. Evite alimentos ácidos, como fru-tas cítricas ou alimentos picantes que podem agravar a dor.

Se houver alguma deficiência de vitamina (um médico pode orientar so-bre isso), deve-se tomar a suplementação somente prescrita pelo médico.

Escove os dentes suavemente e use uma escova com cerdas macias.Use creme dental e bochechos que não contenham lauril sulfato de só-

dio, por exemplo, pasta dental da marca Biotene ou Closys.Um remédio fácil é a mistura de partes iguais de água e de peróxido de

hidrogênio (água oxigenada), utilizado como antisséptico. Aplique diretamen-te na afta com um cotonete. Em seguida, cubra a ferida com uma pequena quantidade de leite de magnésia, três a quatro vezes por dia, para aliviar a dor e acelerar a cicatrização.

Sempre levando até você notícias relevantes e músicas de qualidade. www.jovemfm.com.br (programação ao vivo pela internet e atualização diária de notícias)

e-mail: [email protected]

A rádio do jeito que você gosta! (35) 3622-464998,7 Mhzininterruptos

no ar

e como sempre

a primeira!

26 anos

Foto

s: w

ww.

ther

abre

ath.

com

/can

ker-

sore

-pic

ture

s.ht

ml

Page 22: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

Lar da ProvidênciaPor Léa Duarte Passos Valim Araújo

A Associação Protetora dos Po-bres, que todos conhecem como LAR DA PROVIDÊNCIA, é uma entidade civil, filantrópica, de direito privado, fundada em 19 de maio de 1934, declarada de Utilidade Pública Municipal pela lei 918 de 27 de agosto de 1971, Federal pelo decreto 88.747 de 26 de setembro de 1983, no Conselho Nacional de Assis-tência Social sob nº 205.874/72 de 08 de fevereiro de 1972, no Departamento de Ação Social da Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social por ato de 16 de novembro de 1983, adequando- se ao Novo Código Civil Brasileiro, lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.

No ano 1920, o prédio para o Asilo Santa Isabel, foi por iniciativa de Dona Maria Carneiro Pereira Gomes, destina-do ao abrigo para educação de meninas, sem meios em suas famílias. Em 1925, residiu o 4º Batalhão de Engenharia e Combate de Itajubá. Em 1939, foi refeito o Estatuto, trabalho dirigido pelo Padre José Wilhing. Em 1942, as Irmãs da Provi-dência de GAP, foram elogiadas por sua caridade e ordem, no trato com os po-bres, e desde então dão uma poderosa ajuda aos internos da instituição.

O Plano de Ação de 2012 visou a Dignidade, o Lazer, o Sucesso e a Lon-gevidade dos nossos idosos. A Equipe Multidisciplinar junto à administração, desenvolveu atividades dando prioridade aos serviços de atenção às necessidades da pessoa idosa, a saúde, o lazer e sua autonomia.

O Projeto para 2013, “+ VITALI- DADE – PRECONCEITO” visa manter o ancionato e a clínica geriátrica, desti- nada a proporcionar assistência biopsi- cossocial à pessoa idosa (alimentação, fisioterapia, atividade sociocultural, mé-dica, recreativa, entre outras); promover ações e prestar serviços de atenção às necessidades da pessoa idosa, promo-vendo + Vitalidade – Preconceito e sua autonomia; desenvolver reuniões sema-nais de equipe, para estudos de caso e

tomada de decisões, enriquecendo o trabalho ininterrupto da entidade, para manter a qualidade de vida dos internos.

Na admissão de novos abrigados existem critérios que são frisados para o bom e contínuo atendimento.

A instituição conta com serviço de Enfermagem 24 horas, para acompanha-mentos básicos e paliativos; cuidadores de idosos com aperfeiçoamento e trei- namento contínuo, parcerias com as fa- culdades, escolas e empresas de Itajubá, com o objetivo de proporcionar as fes- tividades culturais, aniversariantes do mês, dia das mães, dos pais e da paz, festas juninas, páscoa, mês e dia do ido-so, almoço de confraternização, viagens a Aparecida do Norte e Pouso Alegre.

Precisamos mostrar uma situação que estamos passando para poder con-tar com você.

No Lar, precisa-se de muitas fraldas, uma média de 150 por dia. Idosos que lutam para sobreviver com dietas naso- enterais e remédios que não são doados pela cesta básica.

Os idosos em sua maioria em vul-nerabilidade social, cultural e econômica vêm para cá na esperança de terem a saúde restaurada. Porém, não consegui-mos levá-los a atividades que outrora tinham, pois a maioria com doenças car-díacas, respiratórias e dermatológicas e, as próprias doenças do envelhecimento, têm a diminuição de suas habilidades, por mais que façam terapia ocupacional e fisioterapia.

Hoje, o Lar vem pedir sua ajuda para os nossos irmãos. Podemos contar com você?

Precisamos de toda ajuda que ve-nha com alegria e bom coração. Abrace esta causa. Cada real que você doar, bem como materiais, alimentos, roupas, mó-

veis e objetos serão úteis a manutenção do Lar.

Nossas metas sociais são:

ª Atender a faixa etária igual e superior a 60 anos, cujas famílias sejam despro-vidas de condições humanas, sociais, financeiras e materiais;

ª Promover ações preventivas e curativas, abrangendo diversas áreas, entre elas, social, cultural, saúde, ali-mentação, esporte, lazer e educação;

ª Assessorar as famílias dos internos;

ª Fortalecer os vínculos afetivos fami-liares à pessoa idosa;

ª Promover reflexão e debates sobre temas voltados ao envelhecimento;

ª Capacitar os profissionais cuidado-res da pessoa idosa;

ª Promover orientações sobre acesso a direitos como: saúde, socialização e qualidade de vida do idoso;

ª Intervir de maneira multiprofissional para que o resultado seja satisfatório.

Para a estrutura física as metas são:

ª Reformar a lavanderia;

ª Ampliar a área de fisioterapia;

ª Construir mais quartos para atender a demanda;

ª Reformar o telhado;

ª Colocar telas nas janelas e no espaço de manipulação dos alimentos confor-me solicita a ANVISA;

ª Atender as solicitações da Vigilância Sanitária no que diz respeito a Luz e a Campainha de Emergência nos quartos dos idosos.

ª Pintar a parte externa da casa.

ª Ampliar a horta orgânica.

Para que isto se realize, precisamos de sua colaboração!!!

20

Lar da Providênciade de ItajubáRua Abel dos Santos, 162 B. Avenida Itajubá/MG

(35) 3623-1744 / 3623-9186 / 3623-2577e-mail: [email protected]

Venha nos visitar, conhecer nosso trabalho e fazer sua doação!

Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 23: Naturale 22 edição
Page 24: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

22

Laboratórios dentro do computadorPela Dra. Juliana Fedoce Lopes

Simular fenômenos da natureza sempre foi e continua sendo uma prática constante de cientistas das mais diversas áreas do conhecimento. O entendimento de qualquer pro-cesso natural, seja ele físico, químico ou biológico, passa por uma racionalização teórica sobre a observação. Em segui-da tenta-se repetir tal comportamento em escala reduzida, controlando-se ou não as condições, ou seja, simula-se tal fenômeno como ele aconteceria realmente. A forma mais mo-derna de simulação de processos físicos, reações químicas, eventos biológicos, eficiência energética e inúmeras proprie-dades acontece através da utilização de supercomputadores.

A capacidade de processamento e resolução de proble-mas dos supercomputadores atuais permite que através de programas desenvolvidos especificamente para cada tipo de simulação, vários estudos possam ser realizados nos mais diversos ramos da ciência. Recentemente, simulações de bio-logia computacional também foram usadas para desvendar o genoma humano e de inúmeras outras espécies. Desta forma, os cientistas foram capazes de prever a presença (ou a ausên-cia) de genes específicos em gerações ainda não nascidas de pessoas. Este resultado permite que as pessoas saibam, por exemplo, da possibilidade real de sofrerem algum problema genético, tornando possível prevenir doenças graves antes da concepção. Ainda no campo da biologia computacional,

Figura 1. Simulações utilizando o computador. Desvendan-do o código genético. Imagem cortesia de Victor Habbick. Acesso em FreeDigitalPhotos.net

alguns testes in vivo poderiam ser substituídos por simulações in silico, terminologia que remete ao uso do processador do computador para efetuar as operações.

A química computacional é mais uma destas áreas da ciência que se beneficia dos supercomputadores para realizar simulações de reações e processos químicos. Além disso, as simulações permitem os estudos de vários tipos de processos que não seriam totalmente possíveis e economicamente viá-veis em um laboratório convencional de pesquisa. Pode-se, por exemplo, estudar reações em temperaturas altíssimas, pressões insuportáveis, reações explosivas, reações que acontecem no corpo humano, reações com reagentes e pro-dutos tóxicos, entre outros processos sem que medidas de segurança tenham que ser tomadas e com uma alta confiabili-dade dos resultados. Uma das aplicações mais importantes e atuais da Química Computacional é o planejamento racional de fármacos, que tem por objetivo indicar, através de simula-ções computacionais, quais moléculas poderiam ser ativas no tratamento das mais diversas doenças.

A indústria farmacêutica mundial investe muitos recursos financeiros e humanos todos os anos no desenvolvimento de novas formulações terapêuticas e na síntese de novas mo-léculas para o tratamento de diversas doenças. Entretanto, muitas destas empresas têm investido em laboratórios de simulação computacional, pois além de reduzirem sistema-ticamente o custo destas pesquisas, fornecem um conjunto de informações adicionais que permite restringir o campo de ação, direcionando o trabalho experimental, aumentando o sucesso da busca por novos fármacos. Alguns fármacos co-mercializados no mundo todo foram produzidos através de pesquisas de simulação computacional, cujos resultados si-nalizaram o potencial destas moléculas para o tratamento de enfermidades.

O Captropil (Figura 2) é um remédio utilizado no trata-mento da hipertensão arterial e atua no controle da ação de uma enzima chamada ECA (Enzima Conversora de Angio-tensina) que controla o aumento da pressão arterial. Este medicamento foi desenvolvido através de estudos de química

Page 25: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

23

computacional que simularam o efeito de várias moléculas diferentes na ação desta enzima. Os pesquisadores sabiam que uma molécula semelhante, o ácido 2-benzil-succínico e uma molécula formada por dois aminoácidos (Alanina--Prolina), tinham a ação desejada de inibição da enzima, culminando em ação anti-hipertensiva. Desta forma, os pesquisadores investigaram, através de experimentos rea-lizados no computador, de que forma uma série de novas moléculas quimicamente semelhantes às ativas, se com-portariam com a enzima ECA. Depois de várias simulações, chegaram então à fórmula otimizada do Captopril.

Figura 2. Esquema de otimização através de simulações de Química Computacional para obtenção do Captropil. O Ácido 2-benzil-succínico, e o dipeptídeo alanina-prolina, reconheci-damente ativos no controle da hipertensão arterial serviram de início para busca de uma molécula também anti-hipertensiva. Este estudo foi prioritariamente realizado através de simulações de química computacional.

Após estes resultados computacionais, a molécula foi então sintetizada e submetida à testes biológicos até obter a aprovação da agência reguladora americana FDA (Food and Drug Administration) para ser comercializada no tratamento da hipertensão arterial.

No laboratório de química computacional (LaQC) lo-calizado no Centro de Estudos e Inovação em Biomateriais Avançados (CEIMBA) da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), são realizados estudos de química computacional envolvendo mecanismos de ação de fármacos anticancerí-genos e outros processos que envolvem otimização de ação de moléculas de fármacos antidepressivos e anti-hipertensi-vos, com o objetivo de entender como tais moléculas atuam sobre o organismo, quais são as reações químicas que ocor-rem do momento da administração do remédio até atingir seu alvo biológico específico e ter então a ação terapêutica desejada. Assim pretendemos fornecer explicações de como estes processos ocorrem e indicar moléculas alternativas às que já existem com eficácia semelhante ou melhorada para o futuro tratamento de doenças.Dra, Juliana Fedoce Lopes, Professora da UNIFEI e Pesquisadora do CEIMBA. Doutora em Química pela Universidade Federal de Mi-nas Gerais e Pós-Doutora em Química pela Massachusetts Institute of Technology.

Muitos estudos apontam para a necessidade das pessoas praticarem exercícios físicos, não só para manter um corpo esbelto, mas para o equilíbrio físico e mental. Ter uma atividade física não apenas quebra a rotina e o sedentarismo mas proporciona também contato com outras pessoas.

Quando fazemos uma caminhada ou andamos de bicicleta estamos mais atentos ao nosso entorno, nosso olhar e nossos reflexos parecem despertar para o que acontece a nossa volta.

Vivemos num momento em que o paradoxo da atividade física para melhora da saúde incita a todos a praticarem exercícios físicos, a caminharem, pedala-rem... O incrível é que o “corpo cidade” também tem pedido a mesma coisa. Nas grandes e médias cidades, o transporte público sempre viveu em crise. Em geral, vemos um sistema de baixa qualidade que não atende à demanda da população que só cresce, e a insistên-cia para se diminuir o uso de veículos individuais vai por água abaixo, pois as pessoas que possuem re-cursos não deixam de utilizar seus veículos, que lhes dão praticidade, para enfrentar filas intermináveis e superlotação ou o que é igualmente ruim nas cidades de porte médio, a falta de ônibus, linhas reduzidas com intervalos de uma ou até duas horas. O resultado é que nos grandes centros, hoje, carro não significa agilidade, pois com o excesso de veículos, as vias sempre estão congestionadas.

Podemos ousar fazer um paralelo, nosso corpo físico precisa de oxigênio na circulação sanguínea e nossas cidades também necessitam de oxigênio pa-ra poderem liberar suas vias de circulação. Então, a aposta para ambos os casos e que tem sido bastan-te estimulada é o uso de bicicletas, que a depender do percurso, acaba sendo mais rápida que os carros

Porque andar é preciso...

Porque pedalar é preciso...Por Elaine Pereira

ww

w.m

obili

ze.o

rg.b

r

Naturaleagosto/setembro - 2013

Page 26: Naturale 22 edição

Naturaleagosto/setembro - 2013

parados no trânsito e ainda possuem uma grande vantagem, não poluem!

O governo federal criou políticas públicas para estimular a inserção da bicicleta nos atuais sistemas de trans- portes respeitando o conceito de Mo-bilidade Urbana para construção de cidades sustentáveis. “Dentro desta nova ótica, os novos sistemas devem incorporar a construção de ciclo-vias e ciclofaixas, principalmente nas áreas de expansão urbana. Torna-se necessária também na ampliação do provimento de infraestrutura, a inclu- são do moderno conceito de vias ci- cláveis, que são vias de tráfego com- partilhado adaptadas para o uso se-guro da bicicleta. Ao desenvolver o Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta, a Secretaria de Mobilidade Urbana (SeMob) procura estimular os Governos Municipais, Estaduais e do Distrito Federal, a desenvolver e apri-morar ações que favoreçam o uso mais seguro da bicicleta como modo de transporte. A SeMob tem como ob-jetivo, inserir e ampliar o transporte por bicicleta na matriz de deslocamen-tos urbanos; promover sua integração aos sistemas de transportes coletivos, visando reduzir o custo de desloca-mento, principalmente da população de menor renda; estimular os gover-nos municipais a implantar sistemas cicloviários e um conjunto de ações que garantam a segurança de ciclistas nos deslocamentos urbanos; difundir o conceito de mobilidade urbana sus-tentável, estimulando os meios não motorizados de transporte, inserindo- os no desenho urbano”.

Segundo a SeMob, “pode-se afir- mar que a bicicleta é o veículo indivi- dual mais utilizado nos pequenos cen-tros urbanos do país (cidades com menos de 50 mil habitantes), que re-presentam mais de 90% do total das cidades brasileiras, independente da base cultural, clima, nível de renda e escolaridade da população. Entre seus usuários mais frequentes encon-tram-se industriários, comerciários, operários da construção civil, estudan-tes, carteiros e outras categorias de trabalhadores”.

Bem, mas se a bicicleta é um meio de transporte ecologicamente corre-to, que vem ganhando mais adeptos, não podemos nos esquecer que as normas de trânsito devem ser respei-tadas. Na prática é importante pedalar com segurança, respeitando as vias de acesso, as mãos de direção, os pedes-tres e principalmente os carros. Muitos ciclistas são atropeladas diariamente e em muitos casos eles mesmos se colo-cam em situação de risco, não dando tempo para o condutor do veículo evitar o acidente. Utilizar capacete e demais equipamentos de segurança é igualmente importante. É fundamental que a “educação no trânsito” se tor-ne uma disciplina na grade de ensino fundamental, pois a bicicleta é dada à criança como um instrumento lúdico, de diversão, e com o passar do tem-po ela se torna o meio de transporte de milhares de pessoas que deveriam adquirir a mesma postura de um mo-

tociclista ou motorista. Apesar da bicicleta desenvolver uma velocidade menor, ela está sujeita aos mesmos riscos dos demais condutores e deve ser conduzida de maneira responsável. Você sabia que ciclistas também atro-pelam pessoas?

Para contribuirmos com a melho-ra de oxigenação em nossas cidades há outros meios que podemos adotar: para percursos curtos procure ir à pé, quando utilizar o carro verifique quais parentes ou amigos fazem o mesmo percurso e esquematizem para irem juntos, além de racharem as despesas você aproveita este “tempo” no trân-sito de forma interativa, alegre e com menos estresse, isso pode resultar em menos carros nas ruas; e se em sua ci-dade o transporte coletivo lhe atende satisfatoriamente, dê preferência a ele. O poder público precisa fazer a parte dele, mas nós podemos dar uma aju-dinha e criar e propor formas criativas de preservar o ar que respiramos, não podemos esquecer que uma pessoa pode passar em torno de 40 dias sem alimento, 3 sem água, mas apenas 1 a 2 minutos sem oxigênio. Contribuir para a diminuição da poluição significa estar cuidando de sua própria saúde! Pense nisso!

Foto

: Orla

ndo

Moh

alle

m