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Dobradinha FCC – Natureza Jurídica do TributoGeorge Firmino 09/07/2012
Olá, amigos do Estratégia!Neste artigo comentarei duas questões da FCC sobre um tema muito exigido nosconcursos da área fiscal: a natureza jurídica específica do tributo.
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Questão 01 – (FCC) Procurador do Estado – SE/2005
A natureza jurídica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendoa) relevantes para qualificála apenas a denominação e demais características formais adotadas pelaleib) relevante para qualificála apenas a destinação legal do produto da arrecadaçãoc) relevantes para qualificála apenas a denominação e demais características formais adotadas pelalei e a destinação legal do produto da arrecadaçãod) relevante para qualificála apenas a correta destinação do valor arrecadadoe) irrelevantes para qualificála a denominação e demais características formais adotadas pela lei e adestinação legal do produto da arrecadação
Comentários
Essa questão costuma aparecer em quase todas as provas da área fiscal.Tratase do art. 4º do CTN que faz menção à natureza jurídica do tributo.
De acordo com a teoria pentapartida, são cinco as espécies tributárias: impostos, taxas, contribuiçõesde melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições sociais. Mas como identificar em que espéciese enquadra um determinado tributo?
É verdade que a própria lei que institui o tributo já lhe dá um nome: imposto sobre serviços de qualquernatureza, taxa de coleta de lixo, etc. Entretanto, embora a lei dê um nome ao tributo, não podemosgarantir que o que a lei chamou de taxa, por exemplo, é realmente uma taxa. Isso porque o CTNestabelece em seu art. 4º:“Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectivaobrigação, sendo irrelevantes para qualificála:I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei.II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.”
Observamos, portanto, que, embora a lei dê um nome de taxa a um tributo que está sendo criado, épelo fato gerador que o identificamos. Fato gerador é o evento previsto na lei instituidora do tributoque, uma vez ocorrendo no caso em concreto, gera para o contribuinte o dever de pagar. Tomemoscomo exemplo uma lei que institui uma taxa de vigilância sanitária. Na lei está previsto que o fatogerador é a fiscalização da equipe de vigilância sanitária, após o requerimento do contribuinte,solicitando uma vistoria, visando à emissão do alvará de funcionamento da empresa. Acontecendo nomundo real a vistoria no estabelecimento do contribuinte, teremos então por ocorrido o fato gerador dotributo.
Conforme exposto acima, o CTN define que é pelo fato gerador que se determina a natureza jurídicado tributo, não importando o nome que a lei lhe conferiu, nem a destinação do produto da arrecadaçãodeste tributo. Assim, o que a lei chamou de taxa pode ser, na verdade, um imposto disfarçado, casoseu fato gerador seja típico de imposto.
ATENÇÃO!!!!!!!
Essa é a regra geral, definida no art. 4º do CTN, que vale, sem ressalvas, para os impostos, as taxas econtribuições de melhoria. Esses tributos têm fatos geradores bem característicos.Não obstante, parcela dadoutrina defende que as contribuições sociais e os empréstimos compulsórios podem apresentar fatosgeradores que, muitas vezes, se assemelham aos de impostos.Por conseguinte, ficaria difícil determinálos apenas pela análise do fato gerador. Por isso, a própriaCF/88 elegeu a destinação legal do produto da arrecadação destas espécies como elementodiferenciador.
Resumindo: para os impostos, taxas e contribuições de melhoria, vale todo o art. 4º do CTN. Já paraas contribuições sociais e os empréstimos compulsórios, deve haver uma análise, também, dadestinação da arrecadação.
A partir desses preceitos, algumas bancas evoluíram e passaram a cobrar essa interpretação emquestões de prova. Em provas de concursos públicos, esse tema pode ser abordado de três formas:
=> Exigindo a literalidade do art. 4º do CTN. Essa tem sido a forma cobrada pela ESAF em todas as suasprovas, onde a resposta é: a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador, nãoimportando a denominação, as formalidades ou o destino da arrecadação.=> Em outras questões, exigeseque o candidato analise a situação e conclua que a natureza jurídica do tributo é determinadamediante um confronto entre o fato gerador e a base de cálculo. Isso se deve ao fato de a base decálculo representar o aspecto que dimensiona o fato gerador, ou seja, o quantifica, o representa emtermos numéricos e, por isso, deve guardar relação com este.
=> Numa última hipótese, pode ser cobrada a interpretação de que para as contribuições sociais e osempréstimos compulsórios, fazse necessária, também, a verificação da destinação legal daarrecadação como elemento diferenciador.
Sempre que nos depararmos com questões que abordam esse assunto, devemos analisar, além do enunciado,as alternativas.
O objetivo é verificar se está sendo cobrada a literalidade do art. 4º do CTN ou interpretação diversa.Nessa questão, observamos que o enunciado não faz menção a nenhuma espécie de tributo, sendotranscrição do caput do art. 4º do CTN. Ademais, nas alternativas, a banca utilizou os incisos do mesmoartigo, fazendo certo trocadilho com as palavras.Resultado da análise: a banca exige o conhecimento daliteralidade do art. 4º do CTN. Por isso, devemos marcar que a natureza jurídica específica do tributo édeterminada pelo fato gerador, sendo irrelevantes para qualificála a denominação e demaiscaracterísticas formais adotadas pela lei, bem como a destinação legal do produto da sua arrecadação.Alternativa correta:E.
Questão 02 – (FCC) Auditor de Contas Públicas TCE – PB/2006
À luz da Constituição Federal vigente, a destinação do produto da arrecadação do tributo é:a) irrelevante em qualquer hipóteseb) relevante, em se tratando de taxa de segurança públicac) relevante, em se tratando de empréstimo compulsóriod) relevante, em se tratando de impostoe) irrelevante, em se tratando de contribuição confederativa
Comentários
Selecionei estas questões em sequência para consolidar o que tratamos acima: quando nosdepararmos com questão que aborde esse assunto (natureza jurídica do tributo), fazse necessária aanálise do enunciado e das alternativas.
Observe, colega concurseiro, que as questões foram elaboradas pela mesma banca (FCC) e comapenas um ano de intervalo entre elas. No entanto, apresentaram posicionamentos distintos. Logo,não podemos definir que tal banca apresenta determinado posicionamento sobre este tema comoverdade universal. Devemos, sim, analisar o enunciado e as alternativas. Vejamos:
Analisando o enunciado, constatamos que ele não faz referência ao CTN, e sim à CF/88, questionandoapenas sobre o destino da arrecadação. Indo para as alternativas, podemos ver que elas citam váriasespécies de tributos, sem citar todos os elementos contidos no art. 4º do CTN (denominação e demaiscaracterísticas formais). Isso leva à conclusão de que, pelo regramento constitucional, os empréstimoscompulsórios e contribuições sociais diferenciam dos impostos não apenas pelo fato gerador, mas pelodestino da arrecadação. Alternativa correta: C.
Vale lembrar, caro aluno, que devemos estar atentos. Não podemos nos precipitar em questões desseassunto. As bancas têm evoluído e adotado entendimentos diversos.
Uma questão que ilustra de forma perfeita esta interpretação que vem sendo adotada foi elaboradapelo CESPE, no concurso para Juiz Federal TRF/5, em 2006:
“Consoante o CTN, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador darespectiva obrigação, sendo irrelevantes, para qualificála, tanto a denominação e demaiscaracterísticas formais adotadas pela lei quanto a destinação legal do produto da arrecadação.Todavia, com o advento da Constituição de 1988, os empréstimos compulsórios e ascontribuições sociais assumiram o status de espécies tributárias. Algumas dessas exações,todavia, têm fato gerador idêntico ao dos impostos, o que torna inaplicável a citada regra doCTN.” ITEM CORRETO