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FICHA TÉCNICA facebook.com/manuscritoeditora © 2017 Direitos reservados para Letras & Diálogos, uma empresa Editorial Presença, Estrada das Palmeiras, 59 Queluz de Baixo 2730-132 Barcarena Título original: Comer sem birras Autora: Filipa Sommerfeldt Fernandes Copyright © Filipa Sommerfeldt Fernandes, 2017 Copyright © Letras & Diálogos, 2017 Revisão: Caligrama Produção Editorial/Editorial Presença Capa: Catarina Sequeira Gaeiras/Editorial Presença Fotografia da capa: © Daniela Sousa Fotografia da autora: © Micaela Neto Imagens contracapa: Shutterstock Paginação: A. Sena Impressão e acabamento: Multitipo - Artes Gráficas, Lda. ISBN: 978-989-8818-84-3 Depósito legal n.º 421 640/17 1.ª edição, Lisboa, março, 2017

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FICHA TÉCNICA

facebook.com/manuscritoeditora

© 2017Direitos reservados para Letras & Diálogos,

uma empresa Editorial Presença,Estrada das Palmeiras, 59

Queluz de Baixo2730-132 Barcarena

Título original: Comer sem birrasAutora: Filipa Sommerfeldt Fernandes

Copyright © Filipa Sommerfeldt Fernandes, 2017Copyright © Letras & Diálogos, 2017

Revisão: Caligrama Produção Editorial/Editorial PresençaCapa: Catarina Sequeira Gaeiras/Editorial Presença

Fotografia da capa: © Daniela SousaFotografia da autora: © Micaela Neto

Imagens contracapa: ShutterstockPaginação: A. Sena

Impressão e acabamento: Multitipo - Artes Gráficas, Lda.

ISBN: 978-989-8818-84-3Depósito legal n.º 421 640/17

1.ª edição, Lisboa, março, 2017

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ÍNDICE

PREFÁCIO ..................................................................... 11

INTRODUÇÃO ................................................................ 15

1. O MEU FILHO NÃO COME! (NÃO COME MESMO?!) .......... 25

2. O NOSSO PAPEL NA ALIMENTAÇÃO DOS FILHOS ......... 47

3. OS PRINCIPAIS PROBLEMAS NA ALIMENTAÇÃO

À MEDIDA QUE AS CRIANÇAS CRESCEM .................... 81

4. ANTES DE INICIAR O PLANO (AS REGRAS DE OURO

QUE PREPARAM UMA BOA BOCA) .................................... 107

5. O PLANO .................................................................... 127

6. AS DICAS (MAIS UMA AJUDA PARA IMPLEMENTAR

O NOVO PLANO) .......................................................... 159

7. AS BOAS MANEIRAS À MESA (CRIANÇAS PEQUENAS

E BOAS MANEIRAS SERÃO ANTÓNIMOS?) ......................... 171

CONCLUSÃO ................................................................. 191

BIBLIOGRAFIA ............................................................... 195

AGRADECIMENTOS ....................................................... 198

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PREFÁCIO

A alimentação é provavelmente o tema que mais preocupação

causa aos pais, particularmente nos primeiros meses de vida.

Em todas as espécies animais o instinto dos progenitores faz com

que estes alimentem as suas crias enquanto elas não são autóno-

mas para o fazer por si, e isso passa-se também, como é óbvio, na

espécie humana. Mas o ser humano não age apenas por instinto e

a alimentação é uma área que espelha bem essa diferença relativa-

mente às outras espécies. A diversidade de alimentos que temos dis-

poníveis obriga-nos a ter de fazer escolhas constantemente e essa

tarefa nem sempre é fácil.

O sabor é um dos aspetos centrais nessas escolhas, mas a ali-

mentação não depende só do sabor do que se come. Comer é sabor,

mas é também cor, textura e comportamento/socialização. E se,

em relação ao primeiro, são muitos os textos sobre o assunto, já

em relação aos restantes a informação não é assim tão grande. No

entanto, se a alimentação depende destes fatores, faz sentido que

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sejam todos «treinados» desde os primeiros meses de vida, pois só

assim é possível criar bons hábitos alimentares.

Atualmente existem imensos livros, blogues e sites com sugestões

de receitas para bebés e crianças. Muitos deles com imensa quali-

dade e criatividade e que permitem desenvolver quase todos os prin-

cipais sentidos da criança (visão, olfato, paladar e tato). Contudo, em

relação ao aspeto comportamental das crianças durante a refeição

existe muito menos informação, até porque é algo mais subjetivo e

que está em permanente mudança, fruto das alterações dos estilos

de vida, dos horários laborais cada vez mais complicados e da pre-

sença constante das novas tecnologias, por exemplo.

Foi por isso que fiquei muito entusiasmado quando, em conversa

com a Filipa, soube que estaria a escrever um livro (este livro!) sobre

esse assunto. E mais entusiasmado fiquei quando o li e percebi que

realmente é possível colocar por palavras o bom senso que deve

imperar em relação às escolhas que fazemos para as nossas crianças.

A alimentação não deve ser encarada de ânimo leve, pois é uma das

principais responsáveis pelo nosso estado de saúde (ou falta dela),

e a forma como nos relacionamos com os alimentos nos primeiros

tempos de vida pode marcar para sempre essa relação no futuro.

Um livro escrito por uma mãe para as outras mães tem tudo para

ser uma receita feliz, pois permite vivenciar todos os problemas e obs-

táculos de uma forma genuína e sentida. E é mesmo essa a sensa-

ção que temos ao ler as inúmeras dicas e conselhos que surgem um

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pouco por todo o texto. Não há dúvida de que o comportamento se

treina, não no sentido negativo e «robotizado» da palavra, mas sim

no sentido positivo. Treina-se porque é possível perceber que os ali-

mentos saudáveis não têm de ser desagradáveis. Treina-se porque

é possível perceber que os alimentos menos saudáveis não são nem

podem ser recompensas. Treina-se porque é possível ajustar a rela-

ção que as crianças e os adultos têm com alguns alimentos. Treina-

-se porque é possível perceber que as refeições são momentos de

partilha e socialização. Treina-se porque todas as novidades preci-

sam de ser experimentadas de forma regular e consistente para se

tornarem bons hábitos.

Ser mãe e pai é mesmo isso, um desafio constante e um cami-

nho que se faz de escolhas. Nem sempre se escolhe as opções mais

corretas mas quase sempre há solução para as corrigir e isso é algo

que tem de estar presente permanentemente. É isso que este livro

faz, indica um caminho para que se consiga superar uma das maio-

res dificuldades que alguns pais sentem: querer que os seus filhos

comam bem e que façam boas escolhas alimentares. Leia e desfrute!

Hugo Rodrigues (pediatra)

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INTRODUÇÃO

Todos os pais enfrentam desafios. Não sei se há quem passe pela

experiência da parentalidade sem ter de travar algumas batalhas.

Para uns, a batalha terrível é a do sono, para outros é a frustra-

ção do desfralde. Para muitos, os conflitos na hora das refeições...

O meu nome é Filipa e sou mãe. E também enfrento as minhas

batalhas. Durante muitos anos fui jornalista até que o nascimento do

meu primeiro filho veio revolucionar a minha vida. A todos os níveis.

E se passei a ter nos meus braços uma nova forma de amor – incon-

dicional, incomensurável, desmedido –, deparei -me também com as

dificuldades que muitas mães encontram pelo caminho. Na altura,

a principal foi o sono. Foi por isso que, ao procurar ajuda, e ao não

conseguir encontrá -la de forma eficaz, decidi estudar o tema. Com

o que aprendi, consegui que o meu filho passasse a descansar e a

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dormir bem. E a partir daí, de forma natural, acabei por deixar o jor-

nalismo para trás e dediquei -me profissionalmente ao sono infantil.

Ao longo dos últimos anos, contactei com milhares de famílias –

em consultas, workshops, palestras –, com profissionais de saúde e

educadores. E foram muitas destas pessoas com quem me fui cru-

zando pelo caminho que, depois de resolvidos os problemas de sono

das suas crianças, me foram perguntando como melhorar ou alterar

os hábitos alimentares dos seus filhos. Quando o sono estava resol-

vido, a pergunta seguinte era frequentemente: «E já agora, Filipa,

o que faço em relação à alimentação? O meu filho não come...»

Quando comecei a falar com mães e pais sobre alimentação nas

minhas consultas, dei -me conta da semelhança entre os temas.

Semelhantes nos nossos medos e na ansiedade que nos provo-

cam. Semelhantes na reação dos nossos filhos e no nosso compor-

tamento. No final, quando resolvemos esta questão, descobrimos

que aquilo que tinha chegado a assumir a forma de verdadeira

batalha – diária, difícil e que reduzia significativamente o tempo de

qualidade com os miúdos – mais não era do que a falta de uma

aprendizagem.

Por isso, espero que este livro ofereça à sua família uma nova

visão sobre a alimentação e que vos ajude a transformarem a hora

das refeições numa experiência positiva. Ninguém é perfeito, todos

enfrentamos as nossas lutas, e o que pretendo é que, no final do

último capítulo, a alimentação já não seja uma das suas batalhas.

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Este livro não pretende aconselhar sobre o que as crianças têm

de comer. Não é um livro de nutrição, nem dietética, nem para

que as crianças comam mais. Não falo de calorias, de necessi-

dades energéticas ou de peso adequado. Não falo sobre percen-

tis, nem de tabelas de crescimento. Não pretendo explicar para

que servem e o que são os diferentes nutrientes. Isto porque não

sou nutricionista.

Aqui escreve -se sobre como ensinar os nossos filhos a comer.

Não é um livro sobre O QUE comer, mas COMO comer.

Fiz um curso sobre nutrição nos primeiros anos de vida para con-

seguir dar resposta às Mães que me pediam ajuda nesta área. Nessa

formação, abordei questões como segurança alimentar, intolerâncias

e alergias alimentares, mas para esses temas sugiro que procure a

ajuda de um bom nutricionista e de um pediatra.

Porque não quis deixar as famílias sem resposta, dediquei -me

acima de tudo a entender os hábitos que promovem uma alimentação

mais saudável e quais as estratégias que promovem boas práticas à

mesa de forma a que as nossas crianças possam aprender a comer

e a fazer as escolhas adequadas.

Provavelmente neste momento pergunta -se, meio incrédula (ao vir-

-lhe à memória aqueles momentos frustrantes em que o seu filho vira

o prato da comida ou simplesmente abana a cabeça com a boca cer-

rada): «Será possível ensinar o meu filho a comer bem?» A minha res-

posta é... sim! Em alguns casos, demora tempo. Noutros nem por isso.

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Mas com consistência e muita paciência é, obviamente, possível.

Para que a criança aprenda com facilidade, é muito importante que

os pais estejam convencidos disso.

A verdade é que ter fome é uma coisa e comer bem e no momento

adequado é outra. Tal como dormir, a fome é algo natural, é uma

necessidade fisiológica (sim, mesmo para aqueles pequeninos que

parecem correr, saltar e não parar quietos durante todo o dia apenas

com um iogurte ou uma fatia de pão na barriga).

Já saber comer bem e de tudo é um hábito que há que inculcar

e aprender. E, sim, aprende -se. E ensina -se.

Por vezes, é preciso repensar as nossas próprias crenças e passar

a olhar para os nossos filhos como pequenas pessoas e não como

extensões nossas e isso inclui os nossos objetivos em relação aos

seus hábitos alimentares.

Embora nem sempre se esteja completamente de acordo com o

que os miúdos devem comer – há diferentes correntes, diferentes

nutricionistas, diferenças culturais –, há algo com que todos concor-

damos: as crianças precisam de alimentos frescos, de fruta e vege-

tais, proteína de qualidade e cereais integrais em conjunto com uma

boa fonte de cálcio.

Além disso, a maioria dos pais quer (ou idealiza!) que os filhos

conheçam a diferença entre fome física e fome emocional para

que, no futuro, consigam parar antes de devorar o pacote inteiro

de bolachas.

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Há quem queira que os filhos comam legumes e fruta. Há quem

queira que os filhos passem a comer sem precisarem de ver 32 vídeos

no tablet ou lambuzar os telefones dos pais enquanto passam músicas

dos Caricas. Há quem queira que o filho simplesmente coma mais.

Há ainda quem pretenda que os filhos gostem de experimentar todo

o tipo de alimentos para que se possam juntar a eles em aventuras

gastronómicas. Bom, se calhar, estou a exagerar um pouco e talvez

a maioria das mães e dos pais queira apenas que os filhos comam o

que têm no prato sem barafustar todos os dias.

Se, antes de sermos mães, achamos que alimentar um filho é tarefa

fácil, depois de termos filhos ficamos muitas vezes chocadas com o

difícil que é alimentar as crianças e como o jantar se pode transfor-

mar num cenário de guerra, com pais a implorar aos filhos para que

comam e com filhos a fazer birras e a rejeitar todas as suas tentativas.

Ninguém quer que as refeições se tornem um momento de stresse.

Todos queremos aproveitar o tempo que temos com os nossos filhos

da melhor forma, porque passar uma hora a obrigá -los a comer três

garfadas não é o que idealizamos para brincadeira de final de dia.

Por isso, as mães que me procuram acabam muitas vezes por ceder

e oferecer aquilo que sabem que os filhos comem sem fazer guerra.

Os dias passam, as semanas e os meses também e, em pouco tempo,

perde -se completamente o controlo do que os miúdos comem.

Mas a nossa responsabilidade enquanto pais é (ou deveria ser)

providenciar uma variedade de alimentos saudáveis que incluam os

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vários grupos alimentares e limitar o consumo de doces, refrigerantes

e comida rica em gordura. É também parte do nosso trabalho come-

çar a ensinar boas escolhas aos pequenos para que, quando não esti-

vermos por perto – por exemplo, quando eles estiverem na escola

(sim, porque nós não estamos sempre de olho!) –, tenham uma

base que os possa guiar nas suas escolhas. E acredite que isso

acontece! Quando as crianças se habituam a determinados tipos

de alimentos, continuam a optar por eles mesmo que não esteja-

mos presentes. Podem fazer umas malandrices e comer três bri-

gadeiros de seguida, mas, regra geral, acabam por optar pelo que

lhes é familiar.

É igualmente importante ensinar -lhes a ter uma relação saudável

com a comida. Enquanto mãe/pai, vai querer que o seu filho aprecie

as refeições e aprenda a comer as quantidades adequadas de comida

de que o seu corpinho precisa e não que ele coma como resposta a

sinais exteriores como emoções, ambiente e contexto ou mera pro-

ximidade com a comida.

Por isso, a primeira coisa a fazer é perceber o que quer mudar

e porquê. Para que tudo se altere, é essencial entender porque

sente que este é um problema. É algo que sente que está mesmo

a afetar o desenvolvimento e o crescimento do seu filhote? É uma

batalha que sente que vale mesmo a pena travar? Se for para aju-

dar o seu pequenino a comer fruta e vegetais, acredito que sim,

que vale a pena. Porque são grupos de alimentos importantes para

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a saúde. Mas se for para que ele coma algo específico, como pes-

cada ou banana, será que não se trata apenas de um gosto pessoal?

Assim sendo, antes de decidir que o seu filho tem um «problema»

com a comida, pense primeiro se de facto a forma como o seu filho

come é algo que pode comprometer o seu crescimento e desenvol-

vimento e se afeta a paz e a harmonia em casa. Esqueça o que as

pessoas à sua volta lhe dizem e preocupe -se apenas com as situa-

ções que são para si um verdadeiro obstáculo à harmonia familiar.

Não levante questões dentro da sua ordem só porque alguém de fora

veio questionar. No meu ponto de vista, raramente há apenas uma

resposta certa e, por vezes, são várias as estradas que nos podem

levar à direção que escolhemos. Leia, consulte, pergunte tudo o que

sente que é necessário, mas adeque tudo o que aprende às suas

próprias convicções e à sua perspetiva de educação e parentalidade.

Porque, no final, somos nós que temos a responsabilidade de edu-

car os nossos filhos.

Se depois de se questionar continuar a sentir que a forma como

o seu filho se alimenta transtorna a vida familiar, então acredito que

este livro é para si. E por ser um livro – e não uma consulta particular

– pode não cobrir todas os problemas de todas as crianças pois

elas são mesmo únicas e respondem de diferentes formas às nos-

sas tentativas. Mas acredite que vou tentar apresentar -lhe estra-

tégias que dão resposta aos principais problemas de alimentação

com que se depara em casa.

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A verdade é que as crianças desenvolvem vários hábitos de

alimentação desde muito cedo. E alguns deles são bastante subtis.

Tão subtis que só mais tarde – quando já estamos metidos na «guerra

da comida» – nos apercebemos deles.

Quando o seu filho insiste em comer apenas pão com man-

teiga, bolachas tostadas ou esparguete... acredite que isso é um

hábito. Quando frequentemente salta as refeições principais e vai

pedinchando snacks ao longo do dia, isso é também um hábito.

Da mesma forma que é um hábito quando lhe diz que não gosta

antes sequer de provar. «E qual é o problema?», perguntariam algu-

mas pessoas.

O problema é que carregamos os nossos hábitos até bastante

tarde nas nossas vidas. É certo que muitos de nós fomos verda-

deiros piscos enquanto crianças (eu!) e quando crescemos nos tor-

námos comilões de tudo (eu!), mas uma dieta repetitiva e restrita a

certos alimentos «aceitáveis» por muitos anos pode comprometer o

nosso desenvolvimento. Além de tornar a nossa vida num inferno à

hora das refeições.

Comer deve ser uma experiência positiva. A comida não deveria

provocar ansiedade, stresse ou preocupação. E é isso que vejo que

acaba por acontecer em muitas casas. O momento da refeição traz

consigo ansiedade, minutos intermináveis à mesa, birras, pratos vira-

dos e muitos, muitos «nãos». As refeições devem fornecer energia,

saúde, mas também satisfação emocional para todos. É nisso que

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este livro pretende ajudar. A transformar o momento da refeição em

algo descomplicado e até feliz.

Está, por isso, na hora de perceber quem manda na barriguinha do

pequeno da casa. E não, não é a mãe nem o pai. É mesmo o seu filho.

(O QUÊ?!)

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