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Home Care Brasil l SETEMBRO l OUTUBRO 2007 5 Fotos: Divulgação Nead e Abemid, juntos, debatem sobre ações futuras Entrevista Entrevista ROBERTO SACRAMENTO Empresário do setor da Saúde, Roberto França Sacramento, segundo ele, “estou presidente” do Núcleo Nacional das Empresas de Assistência Domiciliar (NEAD), eleito para o biênio 2007/2009. Engenheiro civil, com pós-graduação em planejamento de saúde e hospitalar, pela The Polytechnic of North London – Inglaterra. Teve o primeiro contato com o home care, na década de 80, nos Estados Unidos, onde trabalhou durante vários anos. No começo da década de 90, em face da situação hospitalar brasileira, com uma falta de leitos aguda, e muitos outros problemas na área da Saúde, Sacramento disse “pensei, comecei a refletir sobre a possibilidade de adaptar para a realidade brasileira, parte do que eu tinha aprendido nos Estados Unidos”, e abriu uma das primeiras empresas de home care do País. Hoje tem duas empresas, a Campinas Home Care e a Goiânia Home Care. Durante a realização do VIII Simpósio Brasileiro de Assistência Domiciliar (SIBRAD), a Revista Home Care Brasil (RHCB) ouviu Roberto Sacramento. ROBERTO MARTINS ALBUQUERQUE A entrevista conta com a participação do Dr. Roberto Martins Albuquerque, presidente da Associa- ção Brasileira de Medicina Domiciliar (Abemid/RJ) e presidente da MedLar, a convite da RHCB.

Nead e Abemid, juntos, debatem sobre ações futuras · mos o que é o serviço de Atenção Domiciliar nesse ... dinâmico, muito mais complexo que padronização. É uma palavra

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Nead e Abemid, juntos, debatem sobre ações futuras

EntrevistaEntrevista

RobeRto SacRamentoEmpresário do setor da Saúde, Roberto França Sacramento, segundo ele, “estou presidente” do Núcleo Nacional das Empresas de Assistência Domiciliar (NEAD), eleito para o biênio

2007/2009. Engenheiro civil, com pós-graduação em planejamento de saúde e hospitalar, pela The Polytechnic of North London – Inglaterra. Teve o primeiro contato com o home care, na década de 80, nos Estados Unidos, onde trabalhou durante vários anos. No começo da década de 90, em face da situação hospitalar brasileira, com uma falta de leitos aguda, e muitos outros

problemas na área da Saúde, Sacramento disse “pensei, comecei a refletir sobre a possibilidade de adaptar para a realidade brasileira, parte do que eu tinha aprendido nos Estados Unidos”, e abriu uma das primeiras empresas de home care do País. Hoje tem duas empresas, a Campinas Home Care e a Goiânia Home Care. Durante a realização do VIII Simpósio Brasileiro de Assistência

Domiciliar (SIBRAD), a Revista Home Care Brasil (RHCB) ouviu Roberto Sacramento. RobeRto maRtinS albuqueRqueA entrevista conta com a participação do Dr. Roberto Martins Albuquerque, presidente da Associa-ção Brasileira de Medicina Domiciliar (Abemid/RJ) e presidente da MedLar, a convite da RHCB.

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RHCB – Com a eleição da nova gestão (2007/2009), quais as ações fundamentais estruturadas pela Entidade?Roberto França Sacramento (RFS) – Eu acho que antes de qualquer coisa, o Nead tem como função básica divulgar e aprimorar o conceito de Atenção Domiciliar no Brasil. Para esse aprimoramento faltam algumas coisas básicas. Se um provedor, um plano de saúde conversar com uma, duas empresas, de cidades diferentes, existe uma possibilidade muito grande de usando o mesmo termo – Atendimento Domiciliar, - as duas empresas estarem falando de coisas diferentes, o que torna muito difícil a análise de uma proposta efetiva. Pode-se pensar que, escolhen-do a empresa com menor preço, que está recebendo um produto, mas não está, porque as duas estariam apresentando coisas diferentes do conceito. Então, acho que uma das coisas primordiais a serem feitas no próximo biênio é desenvolvermos um glossário de termos básicos. Nosso objetivo será alcançado, tendo sucesso nessa empreitada, se divulgarmos isso para todos os planos de saúde a que temos acesso, para que eles saibam que, pelo menos, os associados do Nead estarão usando uma mesma terminologia. Essa é uma das ações. Outra é crescer. Crescer em número de associados, principalmente porque a realidade brasileira é muito diferente de lugar para lugar. Uma empresa da cidade de São Paulo é total-mente diferente de uma do interior do Estado de São Paulo. Quanto mais se falarmos de outra cidade do Brasil. Então, temos que crescer para que possamos desenvolver uma linguagem comum, para entender-mos o que é o serviço de Atenção Domiciliar nesse Brasil todo. Características regionais são importantes e tem que ser respeitadas, a prática da medicina é diferente no Brasil, a prática da medicina na cidade de São Paulo é diferente da prática da medicina da cidade de Campinas que está a 70 km de distância. Imagine, então, se falarmos, por exemplo, de Manaus que está a 4.000km.

RHCB – Neste caso, seria uma padronização?RFS – Não digo padronização, porque não existe padronização em saúde, é um glossário. Falarmos a mesma língua. Diferenças na área da saúde existem, e tem que ser respeitadas. Por exemplo, uma diária hospitalar é uma diária hospitalar em qualquer lugar do Brasil, isso já é cultural. Quando a gente fala de uma diária de Atenção Domiciliar, não é necessa-riamente a mesma coisa. Então, temos que falar a mesma coisa. Eu não gosto da palavra padronização em Saúde, não faz sentido. Saúde é algo muito mais dinâmico, muito mais complexo que padronização. É uma palavra perigosa.

RHCB – Na sua visão o que o Nead vem fazendo/contribuindo para o setor?RFS – Em primeiro lugar, e aí vale contar um pouqui-nho a história do Nead. É um fórum de conversa, é um fórum de troca de experiências. O Nead começou em 1999/2000, quando nós proprietários de algumas empresas de Atenção Domiciliar na cidade de São Paulo, principalmente, começamos a nos reunir infor-malmente, num almoço, num jantar, trocando idéias, falando sobre os diferentes convênios, as dificuldades que tínhamos. Isso foi crescendo, chegou uma hora que naturalmente achamos que deveríamos forma-lizar esses nossos encontros, daí o início do Nead. Os seis sócios fundadores do Nead são empresas

paulistas. Crescemos e, hoje, estamos presentes em vários estados. Somos 19 empresas, 26 empresas se contarmos matrizes e filiais, representando os estados de São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Pará. Não sei se estou esquecendo mais alguma, mas já temos uma boa representatividade. Precisamos continuar crescendo. Eu acho que só a união fará com que esse setor realmente cresça, porque há muita coisa a ser feita. Quinze anos na área de saúde é nada. Nós só existimos há 15 anos.

RHCB – O que precisa ser feito para melhorar o setor?RFS – Precisamos amadurecer. Amadurecer, eu falo em todos os sentidos, as empresas de Atenção Domiciliar, os Planos de Saúde, as entidades go-vernamentais. Apesar de existirmos a 15 anos, faz um ano e meio que saiu a primeira regulamentação, a RDC 11 da Anvisa, que foi muito bem-vinda, por-que ela foi muito discutida. É uma regulamentação extremamente lógica, vai sofrer mudanças ao longo do tempo, porque, como eu disse, o setor de Saúde é dinâmico. Esse amadurecimento passa por todos os setores, por todos os “players”, pelos prestadores de serviços, fornecedores de mão de obra, a própria mão de obra, o relacionamento com os planos de saúde. Todo mundo precisa amadurecer. Precisa

entender muito bem, quando eu falo, por exemplo, nas pessoas que trabalham neste setor. Hoje, que as faculdades de enfermagem começam colocar alguma coisa no seu currículo relativo à Assistência Domiciliar. A parte técnica do profissional de saúde é condição “sine quae non”. Só que, um ótimo profis-sional no hospital, não é necessariamente um ótimo profissional em casa, porque existem outros fatores envolvidos, como o fator humano. Quando a gente vai para a casa de um paciente, em primeiro lugar a gente tem que respeitar toda a dinâmica da casa desse paciente. Não é só a parte técnica. A gente tem que pensar que, por exemplo, se o paciente não quer tomar banho às 07h32, ele pode tomar banho, na casa dele, a hora que ele quiser, e temos que nos adequar a isso. Isso não é mais aquela enfermagem rígida do ambiente hospitalar de antigamente, mas o profissional de saúde precisa entender isso. O lado humano se torna extremamente importante. Os planos de saúde também precisam melhor entender o que fazemos para que possam elencar corretamente os pacientes que podem e devem ser tratados sob a ótica da Assistência Domiciliar. Esses são exemplos de coisas que têm que ser feitas no processo natural de amadurecimento do setor. Temos muita coisa a fazer. Eu acho que talvez daqui a 10 anos, estejamos um pouquinho melhor, mas não estaremos na posição ideal ainda.

RHCB – O que a Abemid vem fazendo para contribuir para o setor?

RMA – Eu acho que o objetivo principal de uma associação que congrega as empresas prestadoras de serviço, é fundamentalmente a divulgação do con-ceito. É um conceito novo. É um conceito que precisa ser discutido, precisa ser avaliado. Então eu acho que a principal função é efetivamente a divulgação do conceito, a discussão das vantagens, desvanta-gens, problemas e tudo isso para gente em conjunto com as empresas prestadoras de serviços e com as empresas que pagam por esse serviço, reconstruir um modelo que seja vantajoso para ambos. Eu acho que é essa a função primordial da Abemid. Outras funções existem, é obvio. O aprimoramento técnico da equipe que trabalha neste setor, é uma coisa que nós estamos fazendo, o Nead está fazendo, vamos fazer conjuntamente, isso é uma outra preocupação, enfim, acho que a preocupação principal é solidificar o conceito.

RHCB – Qual a opinião da Abemid de se criar um glossário para maior entendimento do conceito de Assistência Domiciliar?RMA – O que nós estamos fazendo, e ainda, em comum acordo com o Nead, é de alguma forma tentar padronizar conceitos, terminologias, para que o setor, de uma maneira geral, utilize os mesmos conceitos. Quer disser, da forma que eu encaro uma modalidade de atenção, seja igual a que todos

os integrantes do sistema analisem. É fundamental criar conceitos únicos, conceitos universais em nível de Brasil. É fundamental que eu diga uma coisa e o sistema entenda a mesma coisa. Nós temos visto que algumas instituições têm incluído termos, terminologias e conceitos que, eventualmente, não são o que nós comungamos. Cabe, às associações definir efetivamente o que é maçã, o que é pêra e o que é laranja.

RHCB – Vocês convidariam para essa discussão as operadoras?RFS – Com certeza, só traria vantagens. Todos nós temos que entender o conceito, precisamos entender as palavras. Todos.RMA – É fundamental. As operadoras precisam saber que se eles estão comprando laranja, que a laranja significa isso. Para nós é fundamental. Isso é um projeto a quatro mãos, que a gente vai, com certeza, no início de 2008 ter consolidado.

RHCB – Abemid em junho passado promoveu o I Workshop sobre tratamento de feridas. A Associação tem intenção de promover mais eventos como esse e qual a programação?RMA – A idéia é fazer pelo menos dois eventos ao ano. Estamos nos preparando para o próximo, que será em outubro de 2007, no Hospital Business no Rio de Janeiro, focado em Atenção Domiciliar. Então, a idéia é realmente começarmos a difundir conceitos, ques-tões técnicas relacionadas à conceitos. Nós fomos

“Temos que crescer para que possamos desen-volver uma linguagem comum, para entender-mos o que é o serviço de Atenção Domiciliar nesse Brasil todo”, afirma Sacramento.

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“Temos a firme convicção de que a Assis-tência Domiciliar é uma peça fundamental

no sistema de Saúde, seja ele do Sistema de Saúde Suplementar, seja de Saúde Públi-

ca.”, afirma Dr. Albuquerque.

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convidados pelos organizadores da feira e faremos um seminário envolvendo a Internação Domiciliar.

RHCB – O Nead realizou seu I Simpósio sobre as-pectos éticos e legais na Assistência Domiciliar. Qual o objetivo deste simpósio?RFS – Este simpósio teve como objetivo provocar um pouco as diferentes audiências, e quando eu falo de diferentes audiências não estou falando só das audiências diretamente ligadas ao serviço, mas audiências também indiretamente ligadas. O convite ao Desembargador José Carlos Maldonado de Carvalho, representando o Tribunal de Justiça para discutir o setor como um todo, o que acontece nas várias esferas, um entendimento amplo. Pretendemos fazer outros eventos, talvez mais um este ano, com certeza, e dois ou três em 2008, mas sempre com temas relevantes para o setor como um todo. Since-ramente espero que possamos fazer algum evento maior, um evento conjunto das duas associações, e isto só vai trazer benefícios a todos, com mais temas gerais para o setor.

RHCB – No Sibrad, foram discutidas as ações limina-res por falta de informação das prestadoras com as empresas de assistência domiciliar. O que o Nead e a Abemid pretendem fazer para mudar essa falta de informação do e sobre o poder judiciário.

RFS – Com certeza, eu acho que aprendemos muito com a palestra do Desembargador José Carlos Mal-donado de Carvalho. Ficou muito claro que algumas ações devem ser feitas rapidamente, uma delas, e tanto Abemid como Nead, isso é supra entidades, temos que fazer, um trabalho junto às escolas de ma-gistratura para transmitir aos atuais juízes aos futuros juízes aos advogados o que fazemos, de uma forma clara, para que eles, ao julgarem uma liminar, tenham conhecimento um pouco mais profundo do que eles estão julgando. Essa é uma das ações que temos que fazer urgentemente. Outra coisa que ficou muito clara na palestra do Desembargador, foi que precisamos informar. Informar não é só verbalmante, é informar, é documentar, é colocar por escrito, é entregar tudo o que fazemos, é informar ao paciente, informar aos seus familiares, informar ao plano de saúde, informar aos diferentes prestadores de serviços na cadeia das atividades que englobam a Atenção Domiciliar, informar. Eu acho que isso também faz parte daquele processo de amadurecimento, quando tudo que é novo, você fica no ar, fica no limbo, o que é isso? Então temos a função de ensinar. RMA – A coisa mais importante que devemos fazer, repetindo, juntamente Abemid/Nead, é efetivamente, promover um aumento de informações, aumento de conhecimento que hoje os magistrados, juízes, têm sobre o conceito. Hoje, a questão jurídica é extre-mamente importante em nossa atividade. Temos percebido, e isso é fato, de questões como liminares,

decisões judiciais são extremamente relevantes no dia-a- dia da nossa operação. Então, é importante que quem julgue, quem decida, quem participe neste processo, entenda perfeitamente o que nós fazemos, o que nós pretendemos fazer, quais são os nossos objetivos, o que a gente busca alcançar atendendo um doente em casa. E essa palestra foi extremamente importante para perceber, pelo menos, de uma parte do judiciário, de uma figura do judiciário, a preocupação com essas questões. É nossa idéia, e já discutimos isso com o Nead, participarmos pró--ativamente de seminários, discussões científicas, com a escola da magistratura, no sentido de informar e formar conhecimento sobre o que é a atividade de medicina domiciliar, internação domiciliar, critérios etc. Provavelmente, em 2008, estaremos participando de atividades em conjunto, a princípio no Rio de Janeiro e eventualmente em São Paulo, no sentindo de informar e formar os magistrados sobre o que nós fazemos. O alcance do que objetivamente buscamos fazer. Para nós é fundamental.RFS – Uma outra coisa ficou muito clara a partir do simpósio, com a participação de diferentes Conse-lhos Regionais, foi a situação díspar dos diferentes Conselhos, alguns entendem e se preocupam com esse novo serviço na área de Saúde. Outros têm um conhecimento muito limitado, não se preocuparam ainda, talvez não tenham se conscientizado da

importância de cada profissional dentro do serviço como um todo. Isso ficou muito claro. Tem Conselho que está preocupado em fazer alguma coisa e tem Conselho que está começando a discutir agora, e por isso foi muito importante o simpósio. Na hora em que conseguimos colocar na mesa todos os Conselhos, eles discutiram o que estavam fazendo. Foi uma ma-neira de eles sentirem que todos devem se aproximar e sentar para começar a discutir. O Nead colocou a disposição a sua sede, para que eles se sintam em campo neutro, para conversar sobre o setor, e espero que essas discussões realmente continuem e se aprofundem.

RHCB – O Conselho Regional de Medicina do Esta-do do Rio de Janeiro (Cremerj) criou um Grupo de Trabalho sobre Atendimento Domiciliar para discutir junto aos médicos do Rio de Janeiro a Assistência Domiciliar. Dê sua opinião. RMA – O Cremerj criou uma Câmara Técnica voltada para a discussão da Assistência Domiciliar, quer dizer isso é fundamental. É fundamental que as associações e entidades de classes busquem (isso vale para o Conselho do Cremerj, para o Coren do Rio de Janeiro, para o Crefito, enfim, vale para que todos), discutir todos os aspectos relacionados à Atenção Domiciliar, para que todas essas entidades e associações em conjunto definam padrões, enfim, definam comportamentos iguais no sentido de incen-tivar a questão da Atenção Domiciliar. É intenção, a

Abemid está participando nessa Câmara Técnica do Cremerj, com representação do Dr. Josier, e a idéia é realmente que a gente busque discutir todos os aspectos relacionados a Atenção Domiciliar. Acho que isso é mais um avanço, gostaríamos que Coren, Crefito e todas as entidades de especialidades envol-vidas na Atenção Domiciliar busquem essa discussão.

RHCB – O Nead realizou o 1º Censo e iniciou o 2º (que ainda) não foi finalizado. Quais são as dificul-dades para a coleta de informações do segmento?RFS – São dificuldades absolutamente normais na cultura brasileira. Qualquer pesquisa no Brasil é extremamente difícil de ser concluída. O brasileiro, de uma forma geral, tem medo de divulgar números, como se esses números fossem necessariamente objeto do mau uso. No nosso caso específico, isso só traz prejuízos, porque torna mais difícil divulgarmos o que está realmente acontecendo no setor. Se você me perguntar, vou dar um exemplo, quantas empresas existem no Brasil no serviço de Atendimento Domiciliar, não sei! Posso dizer que tem 200, o Albuquerque pode falar que tem 300, mais não existe uma estatística válida, se a gente quiser saber quantas mil pessoas trabalham neste setor, não temos um número. No primeiro censo, 110 diferentes empresas se registram para responder a pesquisa, mas só 40 responderam e, assim mesmo, muitas respostas não eram válidas, coerentes. Neste segundo censo, já temos 50 e poucas empresas que responderam, mas de forma incompleta. Então aqui vai um apelo, – e de novo não tem nada haver com a associação A ou B ou C,– o que precisamos é ter números reais sobre o setor. Só assim poderemos chegar a um Plano de Saúde a um Conselho Regional e discutir com base e realidade, não temos essa rea-lidade. É um esforço, estamos no segundo. Ano que vem, espero que a Abemid faça e, que os membros do Nead, com certeza, participem desse censo. Mas, isso é um processo, também de educação.

RHCB – A Abemid comunga desta idéia?RMA – Em relação à questão dos indicadores, nós en-tendemos que é fundamental para o desenvolvimento do setor a geração de informações sobre o setor. Informações as mais diversas possíveis. Informações cadastrais, técnicas, econômico-financeiras etc. Nós entendemos que o setor só poderá se desenvolver adequadamente se nós conseguirmos efetivamente uma fotografia correta do setor. A Abemid está empenhada nesse assunto e estamos contratando uma empresa que irá desenvolver a metodologia e as ferramentas necessárias. Para nós hoje, dentro da Abemid essa é uma questão fundamental e que será fundamental para o planejamento estratégico das nossas empresas e todos os parceiros envolvidos no segmento.O ambiente em que hoje estamos discutindo é ex-tremamente importante para nós. Ver, por exemplo, um hospital como o Albert Einstein preocupado com essa questão da Atenção Domiciliar. O nosso objetivo é efetivamente construir um modelo que seja adequado para todos os participantes. Nós te-mos firme convicção de que nós constituímos uma modalidade de atenção extremamente importante no setor que precisa ainda ter alguns ajustes, mas a gente acredita que cada ano está se construindo um ano melhor em relação ao passado.