Upload
trinhthien
View
218
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
Avaliação da diversidade genética e da expressão
da adesina NadA de isolados de
Neisseria meningitidis no Brasil.
Implicações na produção de vacinas contra o sorogrupo B.
Sara Ferreira Serrano
Rio de Janeiro
2012
SARA FERREIRA SERRANO
Aluna do Curso de Tecnologia em Biotecnologia
Matrícula 1011320266
Avaliação da diversidade genética e da expressão
da adesina NadA de isolados de
Neisseria meningitidis no Brasil.
Implicações na produção de vacinas contra o sorogrupo B.
Trabalho de Conclusão de Curso, TCC, apresentado
ao Curso de Graduação em Tecnologia em
Biotecnologia, da UEZO como parte dos requisitos para
a obtenção do grau de Tecnólogo em Biotecnologia,
sob a orientação do Professor Ivano de Filippis.
Rio de Janeiro
Dezembro de 2012
ii
Avaliação da diversidade genética e da expressão
da adesina NadA de isolados de
Neisseria meningitidis no Brasil.
Implicações na produção de vacinas contra o sorogrupo B.
Elaborado por Sara Ferreira Serrano
Aluna do Curso de Tecnologia em Biotecnologia
Este trabalho de Graduação foi analisado e aprovado com
Grau________________________________________
Rio de Janeiro,____ de ____________________2012
___________________________________________
Ivano de Filippis, Doutorado
______________________________________________
Daniele Guedes, Doutorado
_______________________________________________
Maria Cristina de Assis, Doutorado
RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL
DEZEMBRO DE 2012
iii
Agradeço a Deus por toda força, inteligência e capacidade de aprender.
A minha Família pelo apoio, carinho, compreensão e incentivo nos momentos de
dificuldade.
Ao meu Orientador Ivano de Filippis, por ter me dado orientações, ensinado bastante, e
ajudado a desenvolver ciência.
Aos Colegas do laboratório pelo companheirismo e amizade.
Aos Professores que passaram por minha vida acadêmica fazendo toda a diferença.
iv
Dedico este Trabalho à Deus, Família, Familiares e
Amigos mais chegados que irmãos.
v
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”
Nelson Mandela
vi
Resumo
A Neisseira meningitidis (Nm) ou meningococo é uma bactéria Gram negativa responsável
pela Doença Meningocócica (DM) em crianças e adultos jovens, podendo causar surtos e
apresentando alta taxa de mortalidade. Existem 5 sorogrupos principais que causam esses
surtos A, B, C, W135 e Y. Para os sorogrupos A, C, W135 e Y existem diversos tipos de
vacinas, no entanto para o sorogrupo B ainda não foi desenvolvida uma vacina eficaz. A
busca de novos alvos vacinais para uma futura vacina contra o sorogrupo B, levou à
descrição de uma proteína presente na membrana externa do meningococo chamada NadA.
A adesina NadA se apresenta muito conservada e com capacidade de induzir a produção de
anticorpos bactericidas. Por estar presente em todos os sorogrupos, pode ser considerada
como um bom alvo para a produção de vacinas contra Nm. O objetivo desse estudo é
avaliar a diversidade genética do gene nadA e analisar a expressão da proteína NadA em
cepas de Neisseira meningitidis B e C isoladas no Brasil, fornecendo subsídios para a
produção de vacinas eficazes contra todos os sorogrupos da N. meningitidis. Nosso
resultados mostram que cepas do cc32 apresentaram o gene nadA conforme já descrito
anteriormente, no entanto detectamos o gene também em uma cepa do clone cc41 o que
nào tinha sido observado até o momento. A presença desse gene em um novo clone
hipervirulento além de ser um dado novo, tem grande importância pois aponta para uma
possível maior eficácia da nova vacina que está sendo introduzida em alguns países.
Palavras- chave:N. meningitidis, meningococo, adesina, doença, vacina
vii
Abstract
Neisseira meningitidis (Nm) is a Gram negative bacterium responsible for Meningococcal
Disease (DM) in children and young adults, and may cause outbreaks with high mortality
rates. There are five major serogroups causing outbreaks A, B, C, W135 and Y. For
serogroups A, C, W135 and Y different types of vaccines are available, however for
serogroup B an effective vaccine is still to be designed. The search for new targets for
future vaccines against serogroup B, led to the description of a protein present in the
meningococcus outer membrane called NadA. NadA is an adhesin and appears to be highly
conserved and able to elicit the production of bactericidal antibodies. Since NadA is
present in all serogroups it can be considered as a good target for the production of
vaccines against Nm. The aim of this study is to assess the genetic diversity and analyze
protein expression of NadA within serogroups B and C Neisseira meningitidis strains
isolated in Brazil, providing subsidies for the production of new effective vaccines against
all serogroups. Our results show that the nadA gene is present among strains belonging to
cc32 as previously described, but in strains of clone cc41 which has not been observed so
far. The presence of nadA a new hypervirulent clone is an important information because it
points to a possible greater efficacy of new vaccines using this protein which are going to
be introduced in some countries.
Keywords: N. meningitidis, meningococcal, adhesin, disease, vaccine
viii
Lista de Figuras
Figura 1. Número de casos de Doença meningocócica........................ 4
Figura 2. Adesina NadA......................................................................... 6
Figura 3. Eletroforese em gel de agarose............................................. 12
ix
Lista de Tabelas
Tabela 1. Características das cepas de N. meningitidis positivas para o gene
nadA......................................................................................................... 11
Listas de Siglas e Abreviaturas
CC Complexo Clonal
DM Doença Meningocócica
EXO/ SAP Exonuclease
fHbp factor H binding protein
Hib Haemophilus influenzae tipo b
NadA Neisserial adhesin A
NHBA Neisserial heparin- binding antigen
SAP Shrimp Alkaline Phosphatase
TSB Tripticase soy broth
OMV Outer membrane vesicle
x
SUMÁRIO
Página
Resumo............................................................................................... vi
Abstract................................................................................................ vii
Lista de Figuras................................................................................... viii
Lista de Tabelas.................................................................................. ix
Lista de Siglas e Abreviaturas............................................................ ix
1.Introdução........................................................................................ 1
1.1 Doença meningocócica................................................................. 1
1.2Transmissão................................................................................... 2
1.3. Sintomas....................................................................................... 2
1.4. Diagnóstico................................................................................... 2
1.5. Tratamento.................................................................................... 3
1.6.Profilaxia ....................................................................................... 3
1.7.Neisseria miningitidis..................................................................... 3
1.8.Sorogrupos...................................................................................... 4
1.9.Epidemiologia................................................................................. 4
1.10Vacinas........................................................................................... 5
1.11.Adesina NadA............................................................................... 6
2.Objetivo geral do Estudo .................................................................. 7
2.1 Justificativa..................................................................................... 7
3.Metodologia....................................................................................... 8
4.Resultados.......................................................................................... 10
xi
5.Discussão............................................................................................ 12
6.Conclusão........................................................................................... 13
7.Pespectivas......................................................................................... 13
8. Referências Bibliográficas................................................................ 14
1
Introdução:
1.1) Doença Meningocócica
A Meningite é uma doença causada por bactérias, vírus, fungos ou
parasitas. Ela tem a capacidade de ocasionar surtos e epidemias, onde crianças e
adultos jovens são a maioria das vítimas (Sacchi CT et al.,2001).
A Doença Meningocócica (DM) é causada pela bactéria Neisseria
meningitidis ou meningococo. Pode se apresentar de duas formas clínicas:
meningite e meningococcemia.
Meningite é a inflamação das meninges, membranas que protegem o
cérebro e a medula espinhal envolvendo o sistema nervoso central. As meninges
são divididas em três partes:
Pia máter: membrana altamente vascularizada que se encontra aderida ao
tecido nervoso, mas não entra em contato com as células ou fibras nervosas.
Aracnóide: membrana não vascularizada, apresenta o espaço
subaracnóide, onde está localizado o líquido do cefalorraquidiano, que protege o
sistema nervoso central contra traumatismos.
Dura máter: membrana mais externa, formada por tecido conjuntivo denso.
Entre ela e a caixa craniana existe o espaço peri-dural, onde são encontradas
estruturas como veias, tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo. Outro espaço
subdural é a parte da dura máter que está em contato com a aracnóide.
Meningococcemia é a infecção generalizada, também chamada de
septicemia. Ela acontece quando o microorganismo entra na corrente sanguínea
(Stephens DS, Greenwood B, Brandtzaeg P.,2007).
Os tipos de Meningites são:
Meningite Viral é a menos grave. Seus sintomas são similares aos da gripe
e resfriados.
Meningite Bacteriana é causada principalemente pela Neisseria
meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e
Haemophilus influenzae (hemófilos), mas também pode ser causada por outras
2
bactérias. A meningite causada pelos três primeiros agentes, é geralmente mais
contagiosa e mais grave (Jodar L et al.,2002).
1.2) Transmissão
O hospedeiro natural do meningococo é o ser humano, e está presente na
orofaringe de 10 a 15% da população (Comanducci et al., 2002). A transmissão
ocorre de uma pessoa para outra pela secreção respiratória (gotículas de saliva,
espirro, tosse). Depois que a bactéria é transmitida, ela fica na orofaringe do
indivíduo receptor por pouco tempo, pois logo a bactéria é destruída pela defesa
do organismo; esse seria o perfil de um portador assintomático. O portador no
entanto pode se tornar infectado quando a bactéria consegue invadir a mucosa
respiratória e alcançar a corrente sanguínea levando ao aparecimento da doença
meningocócica, isso acontece de três a cinco dias após o contágio.
1.3) Sintomas
Os sintomas mais comuns da DM são febre alta, fortes dores de cabeça,
vômitos, mal-estar, rigidez do pescoço, moleza, irritação, fraqueza, coma e
manchas vermelhas na pele (que estão associadas à quantidade de bactérias
presentes no sangue, e a gravidade da doença). O início da doença é repentino
evoluindo muito rápido, podendo levar o paciente ao óbito em 24 a 48 horas
(Stephens DS, Greenwood B, Brandtzaeg P.,2007).
1.4) Diagnóstico
O material de escolha para o diagnóstico da meningite é através da retirada
do líquido cefalorraquidiano por punção lombar, para detectar a possível presença
do patógeno (bactéria ou vírus). Quando a suspeita é de septicemia, o material de
escolha é o sangue por punção venosa (Stephens DS, Greenwood B, Brandtzaeg
P.,2007).
3
1.5) Tratamento
A terapia indicada para combater as meningites bacterianas é através de
antibióticos. Para a meningite meningocócica, os antibióticos de escolha são a
benzilpenicilina ou a ceftriaxona. Após a confirmação de um caso é recomendável
utilizar tratamento profilático com rifampicina nos contatos primários e
secundários do caso índice (Stephens DS, Greenwood B, Brandtzaeg P.,2007).
1.6) Profilaxia
Existem diferentes vacinas disponíveis contra os principais agentes das
meningites bacterianas que já fazem parte do Calendário de vacinação, como a
Meningocócica C conjugada, Hemophilus influenze tipo b (Hib) e a 10-valente
contra o pneumococo (Streptococcus pneumoniae) que devem ser administradas
às crianças nos primeiros meses de vida (Boslego et al.,1995). No entanto não há
vacina eficaz contra o meningococo do sorogrupo B (Secretaria de Vigilância em
Saúde.,2012).
1.7) Neisseria Meningitidis
É uma bactéria Gram- Negativa, pois tem parede celular mais delgada,
membrana externa, membrana plasmática, espaço periplasmático,
lipopolissacarídeos, e proteínas inseridas na membrana externa que podem ser
porinas ou outras proteínas que interagem com o sistema imune do hospedeiro.
Ao microscópio se apresenta em forma de cocos em pares (diplococos). A
bactéria é encontrada apenas em humanos e é classificada em 13 sorogrupos de
acordo com a composição química dos polissacarídeos capsulares (de
Filippis.,2009).
4
1.8) Sorogrupos
Cinco sorogrupos são responsáveis por cerca de 90% dos casos de
doença meningocócica (A, B, C, Y e W-135). O microrganismo pode ainda ser
classificado em sorotipos e subtipos, de acordo com os antígenos proteicos da
membrana externa da bactéria. Para os quatro sorogrupos existem vacinas,
menos para o sorogrupo B (Comanducci et al.,2002).
1.9) Epidemiologia
A doença meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis.
Ela é a principal bactéria causadora de meningite.
As epidemias de meningite meningocócica podem ocorrer por vários
fatores como: aglomeração populacional, tipo de microorganismo envolvido,
localização geográfica e clima. Os casos de epidemia de meningite apresentam-
se com maior ocorrência em indivíduos adultos e adolescentes, quando há
mudança da faixa etária que normalmente acomete crianças menores de cinco
anos, mais especificamente de 0 a 12 meses de idade.
O período onde são notificados mais casos de meningite meningocócica, é
no inverno (Secretaria de Vigilância em Saúde., 2012).
Figura 1. Número de casos de DM - Guia da Vigilância Sanitária, SVS/Ministério da Saúde. (Outubro de
2012).
5
1.10) Vacinas
As primeiras vacinas contra o meningococo foram desenvolvidas por
purificação do polissacarídeo capsular. No entanto, essa estrutura apresenta
baixa imunogenicidade em recém-nascidos e não induz memória imunológica.
Nos últimos 10 anos foram desenvolvidas vacinas polisacarídeas conjugadas a
uma proteína carredora, que induz maior imunogenicidade e memória mostrando-
se extremamente eficaz em crianças, recém-nascidos e adolescentes. Essa
tecnologia foi utilizada para os sorogrupos A,C W135 e Y (Scarselli M et al.,2005).
O polisacarídeo B no entanto não pode ser usado como imunizante pois
apresenta estrutura semelhante às células nervosas humanas, não sendo
imunogênico. Isso causa grande problema no mundo, pois no Brasil a incidência
do surgimento deste sorogrupo vem aumentando. Nos Estados Unidos este
sorogrupo é responsável por aproximadamente 32% dos casos, na Europa de 45
a 80% dos casos e 50% dos casos no restante do mundo, com excessão da
África subsaariana em que o sorogrupo que prevalece é o A, responsável por
90% dos casos (Comanducci et al.,2002 ; de Filippis e Vicente.,2005 ; Bjune et
al.,1991).
Com o objetivo de se encontrar um antígeno imunogênico para proteger
contra o meningococo B, a estratégia adotada foi se desenvolver formulações
contendo proteínas conservadas da membrana externa do meningococo,
presentes em todos os sorogrupos ( Pizza et al.,2000)
Para a busca dessas proteínas, foi desenvolvida uma estratégia alternativa
chamada Reverse Vaccinology ou Vacinologia Reversa ( Rappuoli.,2001).
A Vacinologia Reversa é uma estratégia que utiliza a bioinformática para
detectar possíveis proteínas-alvo a serem utilizadas em vacinas. Algumas dessas
proteínas no entanto apresentam centenas de genótipos diferentes diminuindo
sua eficácia para o controle de surtos causados por mais de um genótipo. Com
isso foi necessário se estudar a variabilidade genética de todos os possíveis alvos
vacinais para se conseguir os mais promissores (Rappuoli.,2000).
6
1.11) Adesina NadA
É uma proteína de membrana externa, descrita pela vacinologia reversa,
que se mostrou muito conservada e capaz de induzir a produção de anticorpos
bactericidas(Granoff et al.,2001;Giuliani et al.,2005). A NadA é uma adesina
ancorada na membrana externa do meningococo com um estrutura em espiral
que se projeta para fora da célula bacteriana e interage com o sistema imune do
hospedeiro (Comanducci et al.,2004).
Está presente em todos os sorogrupos, e é candidata para produção de
vacinas contra Nm. O gene nadA que codifica a síntese da proteína NadA tem
sido pesquisado em cepas clínicas, no entanto ele não foi detectado em alguns
clones hipervirulentos (Comanducci et al.,2002).
Figura 2. Adesina NadA: Ilustração esquemática da possível topologia da NadA e estrutura
terciária. O terminal amino globular (N) e os terminais anfipáticos COOH (C) estão indicados.
As posições dos lipopolissacarídeos (LP), a estrutura em espiral e região ancorada na
membrana são mostradas.
7
2) Objetivo Geral:
Estudar a diversidade genética do gene nada, analisar a expressão da
proteína NadA em cepas de Neisseria meningitidis B isoladas no Brasil, e verificar
a ocorrência do gene nadA por PCR entre isolados de meningococos dos
sorogrupos B de pacientes apresentando doença meningocócica em diferentes
regiões geográficas do Brasil de 2005 a 2007.
2.1) Justificativa:
A Doença meningocócica é uma preocupação mundial, pois não está
restrita ao Brasil, mas ocorre em todo o mundo e apresenta grande potencial
epidêmico.Nos EUA o número de casos do sorogrupo B é de 32%, na Europa de
45 a 80% dos casos são causados pelo sorogrupo B e na África Subsariana 90%
dos casos são causados pelo sorogrupo A.
Estudos recentes mostram que desde 1977, a incidência de casos de
doença meningocócica (DM) causados pela Neisseria meningitidis sorogrupo B,
vem aumentando no Brasil até chegar a representar mais de 70% dos casos em
2005.
De 2005 a 2010 a incidência do sorogrupo C superou o B, mas desde
2011, o sorogrupo B vem apresentando novamente um ligeiro aumento de sua
incidência. É provável que o uso de vacinas conjugadas contra o sorogrupo C
esteja causando a diminuição desse sorogrupo e aumento da ocorrência de cepas
do sorogrupo B que em pouco tempo poderá voltar a ser o de maior incidência.
A DM ocorre com maiores números de casos principalemnte no inverno,
pois nesse período o aglomerado populacional em áreas fechadas é maior, sendo
este um fatores de risco para a doença. A DM acomete todas as faixas etárias,
mas apresenta maior incidência em crianças menores de cinco anos e recém-
nascidos. No entanto durante as epidemias pode ocorrer mudança nas faixas
etárias afetadas, levando ao aumento de casos entre adolescentes e adultos
jovens.
8
3) Metodologia
Obtenção dos isolados e cultivo.
As 31 cepas de Neisseria meningitidis utilizadas foram obtidas da Coleção
de Microrganismos do INCQS/FIOCRUZ onde se encontram liofilizadas em
ampolas. Os liófilos foram reidratados com caldo TSB (Trippticase soy broth) e
semeados em placa de Petri com Ágar Chocolate (base de Agar sangue com 5%
de sangue desfibrinado lisado de coelho a 70ºC). As placas foram incubadas em
atmosfera de 5% de CO2 a 37ºC por 24 horas.
Obtenção do DNA genômico
Após 24horas de incubação parte do crescimento foi utilizado para a
extração e purificação do DNA genômico utilizando o kit Blood e Tissue Kit 250
(Qiagen) de acordo com as instruções do fabricante. A integridade do DNA
extraído foi confirmada por eletroforese em gel de agarose a 0,7% e preservado
em microtubos de 1,5ml a -20ºC para as reações da PCR.
Amplificação do gene nadA
Foram desenhados iniciadores específicos para a amplificação por PCR do
gene nadA. Os iniciadores obtidos foram avaliados “in silico” com o programa
INSILICO (http://insilico.ehu.es/), para confirmação dos fragmentos amplificados e
determinação do tamanho das bandas a serem obtidas para cada gene.
9
Iniciadores utilizados no estudo
NADA- Forward: 5’- TGTAAAACGACGGCCAGTGGCAGAATTGACATC -
3’
NADA- Reverse: 5’- CAGGAAACAGCTATGACCCGTTGTAAGGTTGGA-
3’
Foi necessária a otimização da reação da PCR para determinação da
melhor temperatura de anelamento, para obtenção de banda única com tamanho
compatível com o obtido após amplificação “in silico”.
Condições da PCR
Temper
atura
Tempo
95°C 1’
95°C 1’
52°C 1’
72°C 1’
72°C 10’
4°C infinito
40 ciclos
10
4) Resultados
O número total de amostras analisadas foi de 31 dessas, 6 amostras
positivas para o gene nadA, representando 19,35%.
Tabela 1. Características das cepas de N. meningitidis positivas para o
gene nadA.
*P3738- controle positivo, cepa do Laboratório de Referência de
Microorganismos- FIOCRUZ.
CC- Complexo Clonal
PCR- Reação em Cadeia da Polimerase
A Figura 3, abaixo, apresenta o resultado da PCR para as amostras:
P2845, P2990, P3122 e P3738 que foi usada como controle positivo.
O peso molecular utilizado foi de 100bp DNA Ladder,Invitrogen.
Tamanho esperado para o amplicon é 1.150pb.
11
Os produtos da PCR das 6 cepas que apresentaram amplificação do
fragmento do gene nadA foram purificados utilizando kit PCR Purification da
Qiagen, seguindo o protocolo do fabricante. Porém este método, não resultou em
uma purificação eficiente, pois ainda havia restos de oligonucletídeos e
nucletídeos não incorporados. Assim, realizamos nova purificação com a enzima
SAP (Shrimp Alkaline Phosphatase) e Exonuclease (EXO/ SAP) seguindo o
protocolo do fabricante.
Protocolo da purificação por EXO/SAP
Concentração de reagentes
para uma reação
água para PCR (Milliq) 8,9 μL
SAP 0,5 μL
Exonuclease 0,1 μL
* DNA 8 μL
Está reação foi feita na Cabine de Segurança Biológica. Mas o DNA* foi
adicionado na bancada.
Figura 3 – Eletroforese em gel de agarose dos
produtos da PCR de nadA. 1-P2845; 2-P2990; 3-
P3122; 10- controle positivo: P3738; 11- controle
negativo.
12
A cepa de Neisseria meningitidis P2824 positiva para o gene nadA,
pertence ao complexo clonal cc41/44. Este dado é novo, pois até o momento
somente foram descritas cepas de N. meningitidis pertencentes aos complexos
clonais cc32, cc11 e cc8 contendo o gene nada.( de Filippis et al.,2012).
5) Discussão
Alguns estudos descreveram que os meningococos do sorogrupo B
isolados no Brasil no período de 1997-1998, apresentam maior prevalência de
apenas três subtipos: P1.19,15 (66%), P1.7,1 (11%) e P1.7,16 (4%). A NadA tem
se mostrado presente em 80% das cepas P1.19,15, 40% P1.7,1 e 60% P1.7,16
(Fukasawa et al., 2003). Outros estudos mostram que cepas dos complexos
clonais hipervirulentos cc32, cc11 e cc8 apresentam NadA. Estes cc estão entre
os mais prevalentes em epidemias e surtos em todo o mundo (Oster et al.,2005).
Além dessas vantagens, a NadA se apresenta muito conservada. Por essas
razões, a NadA é uma potencial candidata a ser introduzida em novas vacinas e
está sendo utilizada na vacina de 4 componentes 4CmenB (Jacobsson et al.,
2009). A vacina 4CMenB é composta pelas proteínas fHbp (factor H-binding
protein), NHBA ( Neisserial heparin- binding antigen), NadA (Neisserial adhesin
A) e uma vesícula da membrana externa (OMV - Outer membrane vesicle) obtida
de uma cepa vacinal utilizada para conter um surto na Nova Zelândia em 2000
(Su EL, Snape MD., 2011). Todas essas proteínas tem a vantagem de serem
conservadas e expostas na membrana externa da bactéria conferindo-lhe alta
imunogenicidade. Elas foram selecionadas pelo método de Vacinologia Reversa
(Rappuoli, 2000). Os componentes vacinais para que sejam eficazes devem ser
conservados e imunogênicos (de Filippis, 2009). Nosso resultados comprovaram
o que tem sido descrito, pois o gene nadA foi detectado em cepas do cc32, mas
também no cc41 no qual até agora ainda não tinha sido detectada a presença do
gene nadA. A presença desse gene em um novo clone hipervirulento além de ser
um dado novo, tem grande importância pois aponta para uma possível maior
eficácia da nova vacina que está sendo introduzida em alguns países.
13
6) Conclusão
Foi observada a presença do gene nadA em 6 cepas.
7) Perspectivas
1. Detectar o gene nadA em novas cepas pela PCR.
2. Sequenciamento dos genes nadA amplificados para availação da
diversidade genética dos mesmos e detecção de possíveis novos alelos.
3. Determinação da expressão do gene nadA para se obter a real situação
da presença da proteína NadA na superfície dos meningococos.
14
Referências Bibliográficas
Bjune G, Hoiby EA, Gronnesby JK, Arnesen O, Fredriksen JH, Halstensen A,
Holten E, Lindbak AK, Nokleby H, Rosenqvist E, et al. Effect of outer membrane
vesicle vaccine against group B meningococcal disease in Norway. Lancet.
1991; 338(8775):1093-6.
Boslego J, Garcia J, Cruz C, Zollinger W, Brandt B, Ruiz S, Martinez M, Arthur J,
Underwood P, Silva W, et al. Efficacy, safety, and immunogenicity of a
meningococcal group B (15:P1.3) outer membrane protein vaccine in
Iquique, Chile. Chilean National Committee for Meningococcal Disease. Vaccine.
1995; 13(9):821-9.
Comanducci M, Bambini S, Brunelli B, Adu-Bobie J, Aricò B, Capecchi B, Giuliani
MM, Masignani V, Santini L, Savino S, Granoff DM, Caugant DA, Pizza M,
Rappuoli R, Mora M. NadA, a novel vaccine candidate of Neisseria
meningitidis. J Exp Med. 2002 Jun;195(11):1445-54.
Comanducci M, Bambini S, Caugant DA, Mora M, Brunelli B, Capecchi B, Ciucchi
L, Rappuoli R, Pizza M. NadA diversity and carriage in Neisseria meningitidis.
Infect Immun. 2004 Jul;72(7):4217-23.
de Filippis I, Vicente AC. Multilocus sequence typing and repetitive element-
based polymerase chain reaction analysis of Neisseria meningitidis isolates
in Brazil reveal the emergence of 11 new sequence types genetically related
to the ST-32 and ST-41/44 complexes and high prevalence of strains related
to hypervirulent lineages. Diagn Microbiol Infect Dis. 2005; 53(3):161-7.
de Filippis I. Quest for a broad-range vaccine against Neisseria meningitidis
serogroup B: implications of genetic variations of the surface-exposed
proteins. J Med Microbiol. 2009 Sep;58(Pt 9):1127-32.
15
Fukasawa LO, Gorla MC, Lemos AP, Schenkman RP, Brandileone MC, Fox JW,
Raw I, Frasch CE, Tanizaki MM. Immune response to native NadA from
Neisseria meningitidis and its expression in clinical isolates in Brazil. J Med
Microbiol. 2003; 52(Pt 2):121-5.
Giuliani MM, Santini L, Brunelli B, Biolchi A, Arico B, Di Marcello F, Cartocci E,
Comanducci M, Masignani V, Lozzi L, Savino S, Scarselli M, Rappuoli R, Pizza M.
The region comprising amino acids 100 to 255 of Neisseria meningitidis
lipoprotein GNA 1870 elicits bactericidal antibodies. Infect Immun. 2005;
73(2):1151-60.
Granoff DM, Moe GR, Giuliani MM, Adu-Bobie J, Santini L, Brunelli B, Piccinetti F,
Zuno-Mitchell P, Lee SS, Neri P, Bracci L, Lozzi L, Rappuoli R. A novel mimetic
antigen eliciting protective antibody to Neisseria meningitidis. J Immunol.
2001; 167(11):6487-96.
Jodar L, Feavers IM, Salisbury D, Granoff DM. Development of vaccines
against meningococcal disease. Lancet. 2002; 359(9316):1499-508.
Jacobsson S, Hedberg ST, Mölling P, Unemo M, Comanducci M, Rappuoli R,
Olcén P. Prevalence and sequence variations of the genes encoding the five
antigens included in the novel 5CVMB vaccine covering group B
meningococcal disease.Vaccine. 2009 Mar 4;27(10):1579-84.
Oster P, Lennon D, O'Hallahan J, Mulholland K, Reid S, Martin D. MeNZB: a safe
and highly immunogenic tailor-made vaccine against the New Zealand
Neisseria meningitidis serogroup B disease epidemic strain. Vaccine. 2005;
23(17-18):2191-6.
Pizza M, Scarlato V, Masignani V, Giuliani MM, Arico B, Comanducci M, Jennings
GT, Baldi L, Bartolini E, Capecchi B, Galeotti CL, Luzzi E, Manetti R, Marchetti E,
Mora M, Nuti S, Ratti G, Santini L, Savino S, Scarselli M, Storni E, Zuo P, Broeker
16
M, Hundt E, Knapp B, Blair E, Mason T, Tettelin H, Hood DW, Jeffries AC,
Saunders NJ, Granoff DM, Venter JC, Moxon ER, Grandi G, Rappuoli R.
Identification of vaccine candidates against serogroup B meningococcus by
whole-genome sequencing. Science. 2000; 287(5459):1816-20.
Rappuoli R. Reverse vaccinology, a genome-based approach to vaccine
development. Vaccine. 2001; 19(17-19):2688-91.
Rappuoli R. Reverse vaccinology. Curr Opin Microbiol. 2000 Oct;3(5):445-50.
Sacchi CT, Lemos AP, Popovic T, De Morais JC, Whitney AM, Melles CE, Brondi
LM, Monteiro LM, Paiva MV, Solari CA, Mayer LW. Serosubtypes and PorA
types of Neisseria meningitidis serogroup B isolated in Brazil during 1997--
1998: overview and implications for vaccine development. J Clin Microbiol.
2001; 39(8):2897-903.
Scarselli M, Giuliani MM, Adu-Bobie J, Pizza M, Rappuoli R. The impact of
genomics on vaccine design. Trends Biotechnol. 2005; 23(2):84-91.
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Meningites. Disponível em:
<Brasil>. Acesso em: 11 jul. 2012.
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gve_7ed_web_atual_meningites.pdf
Stephens DS, Greenwood B, Brandtzaeg P. Epidemic meningitis,
meningococcaemia, and Neisseria meningitidis. Lancet. 2007 Jun
30;369(9580):2196-210.
Su EL, Snape MD. A combination recombinant protein and outer membrane
vesicle vaccine against serogroup B meningococcal disease. Expert Rev
Vaccines. 2011 May;10(5):575-88.