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Neo-institucionalismo: Organização da informação e do Conhecimento Regulatório João Alberto Lima – [email protected] Faculdade de Direito Universidade de Brasília – 11/08/2017 8º Ciclo de Palestras sobre Direito Setorial e Regulatório

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Neo-institucionalismo: Organização da informação e do Conhecimento Regulatório

João Alberto Lima – [email protected] de Direito

Universidade de Brasília – 11/08/2017

8º Ciclo de Palestras sobre Direito Setorial e Regulatório

Tópicos

▪ Organização da Informação e do Conhecimento Regulatório

▪ Consolidação de Normas Jurídicas

▪ Casos: Brasil e EUA

▪ Abordagem Neo-institucionalista (Direito)

▪ Principais Representantes

▪ Teoria Geral dos Fatos Institucionais

▪ John Searle – Filosofia da Linguagem

▪ Hohfeld – Teoria dos Conceitos Jurídicos Fundamentais

▪ Teoria das Oposições (lógica) e Lógica Deôntica

▪ Considerações Finais

Organização da Informação e do Conhecimento Regulatório

▪ Consolidação de Normas Jurídicas

▪ Sistematização de normas

▪ Simplificação do Ordenamento Jurídico pela revogação das normas consolidadassem modificação da regra jurídica vigente

▪ Não se confunde com

▪ Compilação (norma atualizada)

▪ Matéria-prima da consolidação

▪ Codificação

▪ Normalmente precedida de uma consolidação

▪ Constituição de 1988, Art. 59, § único

▪ “Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis”

Normas

consolidadasNorma

consolidadora

consolidação

Revogação por

consolidação

Lei Complementar nº 95/1998

▪ Lei Complementar nº 95/1998 (Alterada pela Lei Complementar nº 107/2001)

▪ Capítulo III Da Consolidação das Leis e outros Atos Normativos

▪ Seção I – Da Consolidação das Leis

▪ Art. 13. As leis federais serão reunidas em codificações e consolidações, integradas por volumes contendo matérias conexas ou afins, constituindo em seu todo a Consolidação da Legislação Federal.

▪ § 1º A consolidação consistirá na integração de todas as leis pertinentes a determinada matéria num único diploma legal, revogando-se formalmente as leis incorporadas à consolidação, sem modificação do alcance nem interrupção da força normativa dos dispositivos consolidados.

▪ ...

▪ Seção II – Da Consolidação de Outros Atos Normativos

▪ Art. 16 Os órgãos diretamente subordinados à Presidência da República e os Ministérios, assim como as entidades da administração indireta, adotarão, em prazo estabelecido em decreto, as providências necessárias para, observado, no que couber, o procedimento a que se refere o art. 14, ser efetuada a triagem, o exame e a consolidação dos decretos de conteúdo normativo e geral e demais atos normativos inferiores em vigor, vinculados às respectivas áreas de competência, remetendo os textos consolidados à Presidência da República, que os examinará e reunirá em coletâneas, para posterior publicação.

EUA (common law)

▪ United States Code (US Code)

▪ 1926 – primeira versão oficial, 50 títulos, único volume

▪ Novas edições a cada 6 anos (normalmente) – 14 edições

▪ Processo Legislativo

▪ Qualquer lei avulsa (slip-law) não poderá ser publicada sem a prévia menção a que parte do Código será fundida

▪ Integração contínua

▪ Atualmente – 52 títulos (+ 2 novos propostos)

▪ Code of Federal Regulations (CFR)

▪ 1937 – primeira edição, 50 títulos

▪ Revisão anual (Títulos 1-16, 1/Janeiro; 17-27, 1/Abril, 28-41, 1/Julho, 42-50, 1/Outubro)

LEGAL

infraLEGAL

Crescimento do US Code

Número de Palavras por Título

Fonte:

William P. Li (2016)

Language Technologies for

Understanding Law, Politics,

and Public Policy

Consolidação e Sistematização de Normas

▪ Onde está a “Consolidação das Legislação Federal”?

▪ Quais são as dificuldades do processo de consolidação?

▪ Quem deve realizar a consolidação?

▪ Podemos vislumbrar uma consolidação no nível regulatório?

▪ A abordagem neo-institucionalista pode auxiliar neste processo?

NeoInstitucionalismo

Positivismo

Bentham (1748-1832), John Austin (1790-1859)

Kelsen (1881-1973), Hart (1907-1992), J.Raz (1939-)

Novo Institucionalismo

Neil MacCormick (1941-2009)

Ota Weinberger (1919-2009)

1986 – An Institutional Theory of Law

Dick Ruiter (1943-)

La Torre (1954-)

Institucionalismo Clássico

M. Hauriou (1856-1929)

G. Renard (1876-1943)

Santi Romano (1875-1947)

W. C. Sforza (1886-1965)

C. Schmitt(1888-1985)

Filosofia Analítica / Filosofia da Linguagem

Adolf Reinach (1883-1917)

Gertrude Anscombe (1919-2001)

J. Langshaw Austin (1911-1960) [ How to do things with words 1962]

John Searle (1932-) [Speech Acts 1969][Construction... 1995] [Making... 2009]

1986

Neil MacCormick (1941-2009)

Reino Unido

Ota Weinberger (1919-2009)

Áustria

2007

1991

John Searle

1969 1995 2009

Teoria dos Atos de Fala Teoria Geral dos Fatos Institucionais

A linguagem é a mais fundamental das instituições

Searle (1995, p. 62)

Linguagem

Imposição de função em entidades físicas brutas

▪ Certo “som” ou “marcas no papel”

▪ conta como palavras ou sentenças

▪ Certo tipos de enunciado

▪ conta como ato de fala

Searle (2009, p. 228)

Teoria dos Atos de Fala

Tipos de Fatos F. Brutos, F. Sociais e F. Institucionais

▪ Fatos Brutos

▪ Independem da concordância humana

▪ Fatos Sociais

▪ Interação de mais de dois seres com intencionalidade coletiva

▪ Fatos Institucionais

▪ Fatos Sociais que dependem da concordância humana

▪ Ex: Dinheiro, Propriedade Privada, Estado,Casamento, Filas Gerenciadas

Searle (1995, p. 1)

Searle (1995, p. 121)

Intencionalidade Coletiva

Orquestra: intencionalidade Coletiva

Cada músico: intencionalidade individual (derivada da intencionalidade coletiva)

Searle (1995, p. 23)

Atribuição de Função

▪ A atribuição de função aos fenômenos e objetos é característica da intencionalidade do sujeito > relativo ao observador

▪ Tipos

▪ Funções agentiva

▪ Depende do uso que o agente faz do objeto

▪ Inclui: representar, significar, simbolizar

▪ Funções não agentivas

▪ Ocorrem naturalmente

▪ Ex: a função do coração é bombear sangue

Searle (1995, p. 14, 23)

Juicy Salif (Alessi)

Função AgentivaSubtipos

▪ Função Agentiva Causal

▪ Relacionada à estrutura física intrínseca

▪ Ex: Chave de Fenda, Banheira

▪ Função de Estado (= Fato Institucional)

▪ Quando a coletividade impõe uma função a um fenômeno

▪ Ex: Dinheiro, Contrato

Searle (1995, p. 121)

Teoria dos Atos de Fala (dos Atos Linguísticos)

▪ O que podemos realizar com a linguagem?

▪ “How to do Things with Words” (Austin, 1962)

▪ O ato ilocucionário

▪ é a unidade mínima e completa da comunicação linguística humana (SEARLE, 1999, p. 136).

▪ Possui uma força ilocucionária F e um conteúdo proposicional p, representado na forma F(p). (SEARLE, 1969, p. 31)

Direção de ajuste (palavra <> mundo)

▪ Correspondência no propósito ilocucionário em relação ao conteúdo proposicional e ao mundo.

▪ Palavra > Mundo

▪ Intenção de descrever o mundo

▪ Mundo > Palavra

▪ Intenção de modificar o mundo

▪ Nulo

▪ Indiferente em relação ao mundo

Bla, bla, bla

Exemplo – Direção de Ajuste

Intenção da esposa: modificar o mundo (a despensa) pela palavra (a lista).

Anscombe(1997 apud SEARLE 2002, p. 5-6)

Exemplo – Direção de Ajuste

Intenção do detetive: descrever o mundo (os itens comprados) pela palavra (a lista).

Anscombe(1997 apud SEARLE 2002, p. 5-6)

Exemplo – Direção de Ajuste

Lista da Esposa Lista do Detetive

Anscombe(1997 apud SEARLE 2002, p. 5-6)

Exemplo – Direção de Ajuste

Lista do Detetive

(versão errada)

Lista do Detetive

(versão correta)

Anscombe(1997 apud SEARLE 2002, p. 5-6)

Searle (1985, p. 1-29)

Ato Ilocucionário & Verbo(não tem relação de determinação)

▪ Diretivas

▪ posso insistir em irmos ao cinema

▪ posso sugerir irmos ao cinema

▪ Assertiva

▪ posso insistir que a resposta se encontra na p. 16

▪ posso sugerir que a resposta se encontra na p. 16

Marcam a intensidade do propósito ilocucionário grau de (ex: insistir, sugerir)

Podem ainda marcar o estilo ou modo de realização (ex: anunciar, insinuar, confidenciar)

Searle (2002, p. 43)

Declarações

Cunha (1990, p. 74)

Declarações

Processo de Habilitação

Pessoa Habilitada

Cunha (1990, p. 74)

Declarações

Casamento [ Objeto Social ]

Marido | Esposa | Regime x | etc

Altera a Realidade

Cunha (1990, p. 74)

Imposição de funções de estado

aos protagonistas

Indicadores de Estado

▪ Carteira de Motorista

▪ Passaporte

▪ Certidão de Casamento

▪ Assinatura em um Documento

▪ Aliança

▪ Fardamento do Policial

▪ Crachá de Servidor

Searle (1995, p. 119)

Instituição, Fato Institucional e Instância da Instituição

▪ Instituição (Tipo/Molde)

▪ É um sistema de regras constitutivas que cria todas as possibilidade dos fatos institucionais

▪ Fatos Institucionais

▪ Existem dentro dos sistemas de regras constitutivas

▪ Criados por Declarações (bem sucedidas)

Searle (2009, p. 10)

Instituição (instituída)

Mais de um propósito ilocucionário

▪ Texto promulgado de uma lei

▪ Declarativo

▪ Diretivo

▪ “O senhor está pisando no meu pé”

▪ Assertivo

▪ Diretivo (implícito)

Searle (1985, p. xi)Searle (2002, p. 44)

Instituição (N. MacCormick)

▪ Regras Institucionais

▪ Institutivas

▪ Consequenciais

▪ Terminativas

▪ Alerta:

▪ Instituição não é um sistema de regras (cf. Searle), mas um conceito jurídico (que possui um sistema de regras associado).

▪ Conceito jurídico que é regulado por conjuntos de regras institutivas, consequenciaise terminativas, cujas instâncias existem em um período de tempo, desde a ocorrência de um ato ou evento institutivo até a ocorrência de uma ato ou evento terminativo.

MacCormick (1986, p. 51,52,53)

Neil MacCormick

▪ Duplo poder sistematizador das instituições

▪ “Permite quebrar corpus complexos de leis em conjuntos mais simples de regras inter-relacionadas;

▪ Permite tratar grandes corpus de leis de uma forma organizada e generalizada”

MacCormick (1986, p. 53)

Neil MacCormick (1941-2009)

Reino Unido

Ota Weinberger (1919-2009)

Áustria

Dick Ruiter (1943-)

Holanda

1993

John Searle (1932-)

EUA

2004

Dick Ruiter

▪ “Ainda temos a impressão de que a Teoria dos Atos de Fala oferece mais do que já foi apropriado pela Teoria do Direito”

▪ “Isso é provavelmente devido à relutânciageral de parte dos acadêmicos do Direito em se aprofundar em análises técnicas envolvendo a Teoria dos Atos de Fala”.

Ruiter (1993, p. 37)

ACTS-IN-THE-LAWTipos

▪ Declarative Acts-in-the-law

▪ Hortatory Acts-in-the-law

▪ Imperative Acts-in-the-law

▪ Purposive Acts-in-the-law

▪ Comissive Acts-in-the-law

▪ Assertive Acts-in-the-law

▪ Expressive Acts-in-the-law

Ruiter (1993, p. 90)

Pessoas & Objetos5 tipos de situações factuais

(1) Uma pessoa tem uma certa característica

(2) Um objeto tem uma certa característica

(3) Duas pessoas têm uma certa relação

(4) Uma pessoa e um objeto tem uma certa relação

(5) Dois objetos têm uma certa relação

Altura: 1,78 cm

Material : mármore

proximidade

(física)

Proprietário

Classificação das Instituições(forma de)

▪ Característica de uma pessoa – Legal Quality

▪ Ex: menoridade civil, pessoa com deficiência

▪ Característica de um objeto – Legal Status

▪ Ex: via pública, hospital filantrópico, Dia Nacional de Combate à Obesidade (11/10)

▪ Relação entre duas pessoas – Personal Legal Relations

▪ Ex: casamento civil, emprego

▪ Relação entre uma pessoa e um objeto – Objective Legal Relation

▪ Ex: propriedade

▪ Relação entre dois ou mais objetos – Legal Configuration

▪ Ex: Servidão de Passagem, Declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN)

Ruiter (2004, p. 211)

Tópicos

▪ Organização da Informação e do Conhecimento Regulatório

▪ Consolidação de Normas Jurídicas

▪ Casos: Brasil e EUA

▪ Abordagem Neo-institucionalista (Direito)

▪ Principais Representantes

▪ Teoria Geral dos Fatos Institucionais

▪ John Searle – Filosofia da Linguagem

▪ Hohfeld – Teoria dos Conceitos Jurídicos Fundamentais

▪ Teoria das Oposições (Lógica)

▪ Considerações Finais

Relações IntersubjetivasTeoria dos Conceitos Jurídicos Fundamentais

▪ Wesley Newcomb Hohfeld ( 1879 – 1818 )

▪ “Some Fundamental Legal Conceptions as Applied in Judicial Reasoning” (1913)

▪ “Fundamental Legal Conceptions as applied in Judicial Reasoning” (1917).

▪ Traduzido para Espanhol (1969), Italiano (1969) e Português (2008)

▪ Utilizada não apenas com interesse histórico

▪ R. Alexy – Teoria dos Direitos Fundamentais

▪ “a moderna discussão sobre as relações jurídicas foi fortemente estimulada e influenciada pelo trabalho de Wesley Newcomb Hohfeld”. (Alexy, 2008, p. 209)

W. N. Hohfeld vs Albert Kocourek

Sobrecarga semântica do termo “direito”

▪ Falsa suposição de que todas as relações jurídicas podem ser reduzidas a “direitos” (rights) e “deveres” (duties).

▪ Relações jurídicas mais complexas exigem outros conceitos.

▪ Exemplos (adaptado de Tucak, 2012, p.256) :

▪ toda pessoa tem direito de fazer um testamento;

▪ uma parte no contrato tem direito de requerer a execução do contrato pela outra parte;

▪ um proprietário tem direito a não ser desapropriado sem o devido processo legal;

▪ todo cidadão tem direito de praticar a sua religião.

Regras de conduta Regras de competência

Estado de coisas já estabelecido Estado de coisas atual ou futuro

Versão original

Pretensão – Dever[ norma de conduta ]

Dever

A B

Pretensão

Relação Jurídica Fundamental

Receber R$ 100,00 Pagar R$ 100,00

Privilégio (de não) – Não Direito[ norma de conduta ]

Privilégio (de não)

A B

Não Direito

Relação Jurídica Fundamental

Priviilégio de não

gerar provas contra

si mesmo

Não Direito de

“forçar” a geração

de provas

Poder – Sujeição[ norma de competência ]

Poder

A B

Sujeição

Relação Jurídica Fundamental

Poder de condução

coercitiva do PolicialSujeição a ser

conduzido

coerctivamente

Imunidade – Não Poder[ norma de competência ]

Imunidade

A B

Não Poder

Relação Jurídica Fundamental

Imunidade Diplomática

do Embaixador em

relação à X

Nõa poder

em relação à X

Utilizando os conceitos de Hohfeld...

▪ Exemplo

▪ toda pessoa tem o poder de fazer um testamento;

▪ uma parte no contrato tem a pretensão de requerer a execução do contrato pela outra parte;

▪ um proprietário tem a imunidade à desapropriação sem o devido processo legal;

▪ todo cidadão tem a liberdade de praticar a sua religião.

Qual a relação dos conceitos de Hohfeld com os da Lógica Deôntica (G. Wright, 1951)?

▪ Genaro Carrió (1922-1997):

▪ Robert Alexy (2008, p. 208)

▪ Os conceitos de Hohfeld conferem um caráter relacional, fundamental para teoria dos direitos subjetivos

▪ RabG (Relação R, titular a, destinatário b, objeto G)

Expressões A: Lógica Deôntica (obrigatório, permitido, proibido)

Expressões B: Conceitos Jurídicos Fundamentais de Hohfeld

Expressões C: Situações específicas que se ocupam as disciplinas dogmática do Direito

(hipoteca, avalista, obrigação solidária, legítima defesa, etc.)

Roberty Alexy, p. 209

“a moderna discussão sobre as relações jurídicas foi fortemente estimulada e influenciada pelo trabalho de Wesley Newcomb Hohfeld”

Teoria das Oposições

▪Qual a diferença entre contrário,

contraditório,subcontrário?

Latim: oppositio

derivado de “ob-positivo”, significando: a “posição (positio) de algo em frente (ob) de alguma outra coisa”

Grego: αυτικειμευoυ

derivado de “αυτι-κειμευoυ”, significando: “estar (κεισθαι) um de frente (αυτι) para o outro”

(MORETTI, 2009, p. 21)

Posição

Relação

Teoria das Oposições (Lógica)

Aristóteles Boethius

ca 505

Robert Blanché

1953

Quadrado das

Oposições

Triângulo das

Contrariedades

Hexágono

das Oposições

Contraditório

Contrário

Subcontrário

Subalternativo

Vasiliev

1910

Quadrado dos Quantificadores

Relação Contraditória = não podem ter o mesmo valor de verdade, ie, não podem ser ambas verdadeiras nem falsas

Relação Contrária = podem ser ambas falsas (mas não verdadeiras)

Relação Subcontrária = podem ser ambas verdadeiras (mas não falsas)

Subalternação = implicação lógica (por isso as setas)

affirmo nego

Lógica Alética Lógica Deôntica

Segundo Halpin (2003, p. 41), o Quadrado das Oposições tem sido utilizado

como uma ferramenta analítica na construção do entendimento do Direito.Obs1: Autores substituíram “Privelege” por “Liberty” (Hohfeld igualava esses conceitos). [aqui não]

Obs2: Autores mostraram que o termo correto é “Privilege not” ao invés de apenas “Privilege”. [aqui sim]

Obs3: Autores ligados a tradição civil law, substituíram “Power” por “Compentece”. [aqui não]

Conceitos Jurídicos Fundamentais de Hohfeldno Quadrado Aristotélico

Triângulo das ContrariedadesQuantificadores e Lógica Deôntica

Hexágono das Oposições

▪ Relação contraditória

▪ Em vermelho

▪ Ambas não podem ser verdadeiras nem falsas

▪ Relação contrária

▪ Em azul

▪ Podem ser ambas falsas, mas não verdadeiras

▪ Relação subcontrária

▪ Em verde

▪ Podem ser ambas verdadeiras, mas não falsas

▪ Implicação / Subalternação

▪ Setas em preto

▪ Ex: Algo “>” implica “≠” e “≥”

Simetrias

Hexágono = 3 Quadrados + 2 Triângulos

= +

Conceitos Jurídicos FundamentaisQuais conceitos transformam os quadrados em hexágonos?

Conceitos Jurídicos FundamentaisNormas de Conduta

Conceito de “Liberdade Jurídica” (Alexy2008)

▪ Liberdade Jurídica

▪ tem, obrigatoriamente, como objeto, uma alternativa de ação, como no caso da “liberdade de expressão de opinião” que pode ser expressa como:

▪ “É (juridicamente) permitido que a expresse sua opinião, e é (juridicamente) permitido que a deixe de expressar sua opinião”.

▪ Do ponto de vista relacional, a posição de “Liberdade” de a gera duas implicações para b:

▪ 1. um “no right (não direito)” de exigir de a a realização da ação objeto da liberdade; e

▪ 2. um “duty (dever)” de não obstaculizar a na realização da ação objeto da liberdade.

Outros autores

▪ Singer (1982, p. 999) na análise da contribuição de John Stuart Mill (1806-1873) ao utilitarismo na obra “On Liberty” (MILL, 1869):

▪ “Since liberty is part of one’s condition of well-being, and liberties encompass merely self-regarding acts, it is natural under the utilitarian theory to assume that liberties should be accompanied by duties on others not to interfere with the permitted acts.”

▪ Fiorito e Vatiero (2011, p. 13):

▪ “people have liberties, and liberties are not themselves privileges: the liberty to do this or that includes privileges of doing it, and claims to non interference with doing it.”.

▪ O’Reilly (1995, p. 290) :

▪ “A full liberty to is composed of two half-liberties, the liberty to and the liberty not to”.

Liberdade e não Liberdade (Alexy)

▪ “Um sujeito de direito a não é juridicamente livre, no que diz respeito a uma determinada

ação, se a abstenção (O¬G) ou a realização dessa ação lhe é juridicamente obrigatória”.

Liberdade – { Dever , Não-Direito }[ norma de conduta ]

Dever

A B

Liberdade

Relação Jurídica Fundamental

Liberdade de Expressão

Dever de não impedir

Não-Direito

Não direito de exigir

B

Conceitos Jurídicos FundamentaisNormas de Competência

Poder vs Competência

▪ A doutrina não distingue de forma precisa a delimitação dos conceitos Power (Poder) e Competence (Competência) (HAGE, 2015, p. 1), sendo comum encontrarmos o uso intercambiável desses termos ou a preferência por um deles, de acordo com a tradição jurídica de origem do autor.

▪ Alexy

▪ Poder > aponta para algo fático

▪ Lars Lindahl (2012, p. 194), o termo power é preferido pelos autores anglo-saxões (Betham, Hohfeld, Hart e outros), enquanto autores escandinavos, como Von Wright e Alf Ross, preferem o termo competence.

Harmonização dos conceitos Poder e Competência - Exemplo

▪ Vamos supor que uma entidade pública tenha Competence (Competência) para arrecadar impostos de uma base de contribuintes.

▪ Após a promulgação de uma nova norma que confere Immunity (Imunidade) a uma parcela dessa base, pode-se afirmar que o “Power” (Poder) dessa entidade diminuiu, mesmo sem a alteração na sua competência.

▪ Imunidade não se confunde com “norma negativa de competência” (Alexy) que é aquela que introduz exceções às cláusulas de competência.

Poder– { Sujeição, Não-Competência }[ norma de competência ]

Sujeição

A B

Poder

Relação Jurídica Fundamental

Poder de aplicar

uma multaSujeição à aplicação

da multa

Não Competência

Não competência para

impedir

B

Alexy e Teoria Institucional do Direito

▪ “Ações que constituem o exercício de uma competência são ações institucionais”.

▪ Necessárias regras constitutivas (Searle)

▪ Exemplo de ação que altera as posições jurídicas mas que não são regras de competência (Alexy, 2008, p. 238):

▪ Quando a realiza um ato delituoso contra b, tanto a posição de a quanto a de b são modificadas. A partir desse momento, a está obrigado, em face de b, a compensá-lo pelos danos, e b tem, também a partir daquele momento, um direito correspondente contra a. No entanto, a realização do ato delituoso não é considerada como um exercício de uma competência.

Considerações Finais

▪ “Legal relations are the units of legal reasoning” Kocourek (1928)

▪ As relações estão para os advogados assim com os átomos estão para os químicos. (Kocourek)

Considerações Finais (Hexágono de Hohfeld)Resumo

▪ Harmonizar a contribuição original de Hohfeld com os conceitosLiberty (Liberdade) e non Liberty (não Liberdade);

▪ Mostrar a inadequação da substituição do termo Privilege (Privilégio) por Liberdade;

▪ Harmonizar a contribuição original de Hohfeld com os conceitos Competence(Competência) e non Competence (não Competência); e

▪ Reposicionar o conceito Power (Poder), e, por consequência o conceito Liability(Sujeição), numa posição derivada de duas outras.

Considerações Finais

▪ Instituições

▪ (sistemas de regras que criam padrões de comportamento: fatos institucionais)

▪ Permitem lidar com a complexidade e grandes quantidades de normas

▪ Poder sistematizador

▪ Norma Jurídica

▪ Ato de Fala Diretivo e Declaratório

▪ Força Ilocucionária: preâmbulo

▪ Conteúdo proposicional: Articulação (disposições normativas)

▪ Disposições Normativas

▪ Atos de Fala – com força e conteúdo proposicional próprios

Referências▪ MACCORMICK, N.; WEINBERGER, O. An institutional theory of law. Dordrecht: Springer Science & Business Media, 1986.

v. 3.

▪ RUITER, D. Institutional Legal facts. Dordrecht: Springer Science & Business Media, 1993. v. 18.

▪ SEARLE, J. R. Speech acts: An essay in the philosophy of language. Cambridge: Cambridge University Press, 1969. v. 626

▪ SEARLE, J. R. Expression and meaning: Studies in the theory of speech acts. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.

▪ SEARLE, J. R. The construction of social reality. New York: Free Press, 1995.

▪ SEARLE, J. R. Mind, language and society: Philosophy in the real world. New York: Basic Books, 1999.

▪ SEARLE, J. R. Expressão e significado: estudos da teoria dos atos da fala. Tradução: de Camargo, Ana Cecília G.A; Garcia, Ana Luiza Marcondes. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

▪ SEARLE, J. R. What is an institution. Journal of institutional economics, Cambridge Univ Press, v. 1, n. 1, p. 1–22, 2005.

▪ SEARLE, J. R. Making the social world: The structure of human civilization. New York: Oxford University Press, 2009.

▪ SEARLE, J. R. Are there social objects? In: Perspectives on Social Ontology and Social Cognition. Dordrecht: Springer, 2014. p. 17–26.