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ESTADO-MAIOR
Memorando nº 3.142/17 – EMBMAssunto: Resgate/Recuperação de vítima em águas poluídas.
Referência: ITO 01/2014, ITO 12/2007, ITO 23/2017, Diretriz Auxiliar de Operações
(DIAO 2015).
Anexo: Estudo teórico sobre riscos biológicos, químicos, físicos e taxa de
sobrevivência em águas poluídas.
AOS COMANDANTES OPERACIONAIS DE BOMBEIROS (1º ao 6º COB)
AO DIRETOR DE APOIO LOGÍSTICO (DAL)
CONSIDERANDO:
- A existência de cursos d‘água poluídos em Minas Gerais com riscos biológicos,
químicos e físicos, sendo tais cursos classificados como águas impróprias pelo
CONAMA;
- O histórico recente de resgates e/ou recuperação de vítimas em águas
poluídas;
- Os conflitos sobre a tomada de decisão a respeito de entrar ou não em águas
poluídas para resgate/recuperação de pessoas que submergiram por períodos
prolongados, tendo em vista a possibilidade de localizar a vítima com vida e
considerando os riscos associados aos militares.
- As informações e estudos acadêmicos sobre possibilidade de sobrevivência de
indivíduos que sofreram submersão por períodos prolongados;
- A necessidade de definir quando a ocorrência se trata de resgate de vítima ou
recuperação de cadáver;
- O devido estabelecimento de procedimentos a serem adotados para
resgate/recuperação de vítimas em águas poluídas;
- A minimização dos riscos e a maximização do potencial de atendimento de
ocorrências desta natureza bem como o estabelecimento de equipamentos obrigatórios
para mergulho autônomo em águas poluídas.
RESOLVO:
1. As ações operacionais de resgate/recuperação de vítimas em águas poluídas serão regidas por este Memorando até a devida inclusão deste tema em Instrução
Técnica Operacional (ITO).
1.1 Considera-se como resgate o termo utilizado para designar a guarnição e a
atividade especializada, oriunda do salvamento, em salvar vidas humanas, garantindo
acesso à vítima e sua retirada do local de risco bem como fornecimento de suporte
básico de vida e demais ações de atendimento pré-hospitalar, de acordo com a
prescrição da Instrução Técnica Operacional 01/atualização 2015.
1.2 Considera-se como recuperação como o ato de retirar corpos (cadáveres e partes
cadavéricas) ou bens materiais de ambiente submerso entre outros locais, de acordo
com a prescrição da Instrução Técnica Operacional 01/atualização 2015.
1.3 Considera-se, a nível deste Memorando e a nível operacional no CBMMG, água poluída como as águas impróprias para balneabilidade, quando no trecho avaliado,
for verificada a ocorrência de critérios estabelecidos pelo CONAMA, dos quais, para o
CBMMG vale destacar:
a. Incidência elevada ou anormal, na região, de enfermidades transmissíveis por via
hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias;
b. Presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários,
óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar
desagradável a recreação;
c. Floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não oferecem
riscos à saúde humana;
d. Outros fatores que contra-indiquem, temporária ou permanentemente, o contato
primário, como por exemplo, derramamento de óleo e extravasamento de esgoto, a
ocorrência de toxicidade, e, no caso de águas doces, a presença de moluscos
transmissores potenciais de esquistossomose e outras doenças de veiculação hídrica.
2. Para o devido conhecimento e controle, os Comandos Operacionais executarão o
levantamento dos cursos de água poluída (imprópria) de suas respectivas áreas de
articulação (conforme conceito e previsão da Resolução CONAMA nº 274, de 29 de
novembro de 2000). Tal informação deverá ser adquirida junto ao órgão ambiental/
concessionária de águas que opera no município em lide com um prazo máximo de 60 dias após a publicação deste Memorando.
3. Com base em pesquisas e dados acadêmico-científicos (vide estudo anexo a este
Memorando) é improvável a sobrevivência/ressucitação de afogados com mais de 30
minutos de submersão em águas com temperatura superior a 6º centígrados.
Considerando os tempos de submersão como também a temperatura média das águas
em Minas Gerais, que é em torno de 23º centígrados, ficam estabelecidas as
seguintes ações e condutas operacionais de resgate/recuperação de vítimas em águas poluídas:
3.1 Condutas a serem adotadas em caso de processo de afogamento presenciado por BM ou testemunha ocular idônea com tempo de submersão em águas poluídas de até 30 minutos - Adotar as condutas a seguir, na ordem:a. Alcançar (esta técnica se caracteriza por alcançar a vítima com um remo, escada,
ganchos ou outros artefatos disponíveis, desde a margem sem que o Bombeiro Militar
tenha contato com a água poluída);
b. Lançar (técnica que compreende arremessar algum dispositivo flutuante, como bóia
circular com corda, saco de arremesso ou lifebelt, desde a margem sem que o
Bombeiro Militar tenha contato com a água poluída) ;
c. Caminhar (tratando-se de locais rasos, consiste em caminhar até a vítima usando
equipamento apropriado (botas impermeáveis, roupão sanitário), sem contato com a
água poluída, e em seguida fazer o resgate da vítima);
d. Remar (utilização de uma embarcação na superfície da água para efetuar o
salvamento caso a correnteza permita ou mesmo a execução de busca de superfície
para tentar localizar o corpo da vítima em uma área maior, sem contato com a água
poluída, e em seguida fazer o resgate da vítima);
e. Nadar/Mergulhar (Devido à possibilidade real de sobrevivência do afogado, não
tendo a roupa seca para mergulho, entrar na água somente se tem a localização exata
ou visualização da vítima e se o ambiente não oferece alto risco como vertedouros de
barragens e represas, barragens de rejeitos e lagoas tóxicas de refinarias,
mineradoras, indústrias ou outro local que ofereça alto risco. Com disponibilidade de
roupa seca o BM deverá utilizá-la).
As condutas descritas acima deverão ser executadas de acordo com a sequência
estipulada. Caso não seja possível ou viável a execução de algumas das ações
(alcançar, lançar, caminhar, remar e nadar/mergulhar), o Bombeiro Militar deverá
cumprir a próxima ação, com total enfoque na segurança.
3.2 Condutas a serem adotadas em caso de afogamentos com mais de 30 minutos de submersão - Adotar as condutas a seguir, na ordem:a. Alcançar (esta técnica se caracteriza por alcançar a vítima com um remo, escada,
ganchos ou outros dispositivos disponíveis, desde a margem sem que o Bombeiro
Militar tenha contato com a água);
b. Lançar (técnica que compreende arremessar algum dispositivo flutuante, como bóia
circular com corda, saco de arremesso ou lifebelt, desde a margem sem que o
Bombeiro Militar tenha contato com a água poluída);
c. Caminhar [tratando-se de locais rasos, consiste em caminhar até a vítima usando
equipamento apropriado (botas impermeáveis, roupão sanitário) e em seguida fazer a
recuperação da vítima];
d. Remar (utilização de uma embarcação na superfície da água para efetuar a
recuperação caso a correnteza permita ou mesmo a execução de busca de superfície
para tentar localizar o corpo da vítima em uma área maior, sem contato com a água
poluída, e em seguida fazer a recuperação da vítima);
e. Nadar/Mergulhar (Somente com roupa de exposição adequada - roupa seca de
mergulho com total proteção ao contato com a água poluída).
As condutas descritas acima deverão ser executadas de acordo com a sequência
estipulada. Caso não seja possível ou viável a execução de algumas das ações
(alcançar, lançar, caminhar, remar e nadar/mergulhar), o Bombeiro Militar deverá
cumprir a próxima ação, com total enfoque na segurança.
3.3 Condutas a serem adotadas em caso de incidentes com veículos submersos em águas poluídas com a possibilidade de formar bolsão de ar dentro do veículo.Considere a possibilidade de encontrar vítimas vivas.
Adotar as condutas a seguir, na ordem:a. Localizar (esta técnica se caracteriza por localizar o veículo e possíveis vítimas,
sem que o Bombeiro Militar tenha contato com a água);
b. Nadar/Mergulhar - Com disponibilidade de roupa seca o BM deverá utilizá-la. Não
tendo a roupa seca para mergulho ou roupão sanitário/ bota impermeável (para locais
rasos), entrar na água somente se tem a localização exata ou visualização do veículo,
desde que haja possibilidade de presença de vítimas em seu interior e se o ambiente
não oferece alto risco como vertedouros de barragens e represas, barragens de rejeitos
e lagoas tóxicas de refinarias, mineradoras, indústrias ou outro local de alta letalidade.
Em caso de não saber a localização exata ou visualização do veículo entrar na água
somente com roupa seca para mergulho ou roupão sanitário/bota impermeável (para
locais rasos).
As condutas descritas acima deverão ser executadas de acordo com a sequência
estipulada. Caso não seja possível ou viável a execução de algumas das ações
(alcançar, lançar, caminhar, remar e nadar/mergulhar), o Bombeiro Militar deverá
cumprir a próxima ação, com total enfoque na segurança.
3.4 Condutas a serem adotadas em caso de afogamento com mais de 1 hora de submersão em águas poluídas.Estes casos serão considerados recuperação de cadáver. As buscas deverão ocorrer
somente com equipamentos apropriados (roupa seca) com total isolamento da água
poluída. Não havendo equipamento de proteção apropriado para atuação em águas
poluídas realizar somente buscas de superfície com embarcação ou outros materiais.
4. A Diretoria de Apoio Logístico (DAL) deverá especificar e licitar o EPI necessário à
atividade de mergulho autônomo em águas poluídas, em específico a roupa seca e
capacete de mergulho com fonia subaquática, EPI este que deverá isolar
completamente o Bombeiro Militar (toda a sua extensão corpórea, inclusive vias aéreas
superiores) do meio líquido poluído.
5. Em todos os casos em que as vítimas sejam resgatadas em até 1h, independente de
método utilizado para retirá-la, deverão ser iniciadas as manobras de RCP, conforme
Protocolo de APH (ITO-023).
6. Além do prescrito neste memorando, durante as atuações mergulho autônomo em
águas poluídas os militares envolvidos deverão considerar o previsto pela Instrução
Técnica Operacional de Operações Submersas (ITO-12).
7. As UEOp deverão manter atualizadas a localização e características das águas
poluídas da sua área de atuação, além de repassar para a tropa as informações de
maneira sistemática.
Publique-se, registra-se e cumpra-se.
Belo Horizonte, 08 de maio de 2017.
(a)Hélder Ângelo e Silva, Coronel BMChefe do Estado-Maior
ESTADO-MAIOR
Anexo único Memorando nº 3.142/17 – EMBM
Estudo teórico sobre riscos biológicos, químicos, físicos e taxa de sobrevivência em águas poluídas.
1. IntroduçãoDentre as varias ocorrências típicas de bombeiros militar atendidas pelo
CBMMG, constatamos os atendimentos de Mergulho Autônomo e Salvamento Aquático
(MASA), que representaram 03% do total de ocorrências referentes ao grupo de Busca
e Salvamento, com 925 atendimentos, de acordo com o Anuário Estatístico do Corpo
de Bombeiros Militar de Minas Gerais de 2016. Dentro desse tipo, encontramos várias
naturezas como, por exemplo:
a. Afogamento em rio / riacho / córrego;
b. Afogamento em lago / lagoa / represa;
c. Busca e resgate de cadáver submerso (exceto afogamento);
d. Outros tipos de salvamento aquático;
e. Busca de equipamentos / bens submersos;
f. Salvamento de pessoa em inundação / alagamento / enxurrada;
g. Princípio de afogamento em rio / riacho / córrego;
h. Outros tipos de mergulho autônomo;
Apesar do número relativamente reduzido em comparação com outros tipos de
salvamento como Salvamento Terrestre, as naturezas relativas à Mergulho Autônomo e
Salvamento Aquático não deixam de ser concretamente relevantes face aos riscos
inerentes da atividade hiperbárica. Tal natureza de ocorrências se faz principalmente
nos períodos de dezembro, janeiro e fevereiro, caracterizados por temperaturas mais
elevadas, o que leva ao aumento de banhistas e das demais atividades aquáticas,
demonstrando que a temperatura é uma variável de influência nas ocorrências de
MASA. Além disso, uma das maiores causas de mortes envolvendo crianças e jovens
no Brasil, independentemente do período do ano, são os afogamentos (Szpilman,
2015). No roll operacional das atividades de mergulho autônomo é comprovado a
existência de situações em que o afogado encontra-se em corpos d’água impróprios
(poluídos), também independentemente do período do ano, quer seja por motivos de
desastres naturais, enchentes, suicídios consumados, ocultação de cadáveres,
acidentes no trabalho e acidentes diversos entre outras possibilidades para existência
de vítimas em águas poluídas.
Apesar de toda preparação das equipes de bombeiros militar, as ações de Mergulho
Autônomo e Salvamento Aquático se tornam peculiares, devido à natureza do “habitat”
da atividade e necessidade de estrutura logística, conhecimento técnico além da
existência de vários riscos ambientais. Dentre os riscos, podemos citar: condições
hiperbáricas, existência de objetos que possam causar lesões, corredeiras, efeitos da
variação de pressão, efeitos da temperatura que pode causar hipotermia,
equipamentos elétricos energizados submersos, deficiência ou ausência de
equipamentos, incapacidade técnica das equipes e especialmente a existência de
águas poluídas.
Não são raros os conflitos sobre a tomada de decisão a respeito da execução do
mergulho autônomo e do salvamento aquático em águas poluídas para resgate ou
recuperação de pessoas que submergiram, considerando os riscos, peculiaridades e
principalmente a possibilidade de localizar a vítima com vida. Diante disso é necessário
um estudo do CBMMG para conceituar os riscos da atividade e dirimir possíveis
dúvidas e orientar a atuação operacional.
2. FinalidadeEstabelecer procedimentos e subsidiar a tomada de decisão e atuação BM nas
operações de resgate/recuperação de vítimas em águas poluídas.
Caracterizar riscos (biológicos, químicos, físicos, logísticos e técnicos)
envolvendo águas poluídas;
Apresentar informações sobre possibilidade de sobrevivência de indivíduos que
sofreram submersão por períodos prolongados;
Apresentar equipamentos de proteção individual específicos para atividades de
salvamento envolvendo águas poluídas.
Ajudar a decidir quando a ocorrência se trata de resgate de vítima ou
recuperação de cadáver;
Estabelecer sequência de procedimentos a serem adotados para regate de
vítimas em águas poluídas;
Minimizar riscos e maximizar o potencial do atendimento de ocorrências desta
natureza.
3. Sobre as Águas Poluídas4.1 Caracterização das águas
As águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade (recreação de
contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias própria e imprópria. As
águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes categorias:
excelente, muito boa e satisfatória, variando de acordo com critérios estabelecidos pela
RESOLUÇÃO nº 274, de 29 de novembro de 2000 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA).
As águas serão consideradas impróprias quando no trecho avaliado, for
verificada a ocorrência de critérios também estabelecidos pelo CONAMA, dos quais,
para o CBMMG vale destacar:
a. Incidência elevada ou anormal, na região, de enfermidades transmissíveis
por via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias;
b. Presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos
sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à
saúde ou tornar desagradável a recreação;
c. Floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não
oferecem riscos à saúde humana;
d. Outros fatores que contra-indiquem, temporária ou permanentemente, o
contato primário, como por exemplo, derramamento de óleo e
extravasamento de esgoto, a ocorrência de toxicidade, e, no caso de águas
doces, a presença de moluscos transmissores potenciais de
esquistossomose e outras doenças de veiculação hídrica.
4.2 Riscos BiológicosAs doenças de veiculação hídrica podem ocorrer pela ingestão ou pelo contato
direto com a pele e mucosas das pessoas envolvidas. Como exemplos de patologias
desta natureza: amebiase, giardíase, criptosporidíase, gastroenterite, febres tifóide e
paratifoide, hepatites virais A e B, cólera, leptospirose, esquistossomose.
A tabela 01 apresenta um resumo das principais doenças de veiculação hídrica,
agente causador e formas de transmissão.
Tabela 01 - Resumo das principais doenças que podem ser transmitidas aos Bombeiros Militares durante trabalhos em águas poluídas: doença, agente causador, sinais e sintomas e formas de transmissão.
DOENÇA AGENTE CAUSADOR SINAIS E SINTOMAS FORMA DE TRANSMISSÃO
TRATAMENTO
Amebíase Entamoeba hystolitica Dores abdominais; febre baixa; ataque de diarréia, seguida de períodos de prisão de ventre; e disenteria aguda. Via Oral
Seguir as orientações do setor de saúde.Giardíase Giardia lamblia Em ambos os casos a infecção pode ser
totalmente assintomática. Outras vezes, provoca irritabilidade, dor abdominal e diarreia intermitente. Em alguns casos, pode estar associada a um quadro de má absorção e desnutrição.
Via Oral
CriptosporidíaseCryptosporidium parvum
GastroenteriteÉ uma infecção do estômago e do intestino produzida principalmente por vírus ou bactérias.
Diarreia, vômitos, febre e desidratação.
Via Oral
Febres Tifoide
É uma doença grave, produzida pela bactéria Salmonella typhi. Evolui, geralmente, num período de quatro semanas. Do momento em que a pessoaadquire a infecção até o aparecimento dos primeiros sintomas decorrem de cinco a 23 dias (período de incubação). A fonte de infecção é o doente, desde o instante em que ingeriu os bacilos até muitos anos depois, já que os bacilos persistem em suas fezes.
Dor de cabeça, mal-estar, fadiga, boca amarga, febre, calafrios, indisposição gástrica, diarreia e aumento do baço. Via Oral
Febres ParatifoideA febre paratifoide é mais rara que a tifoide. Produzida pela Salmonella paratyphi dos tipos “A”, “B” ou “C”, sua fonte de infecção é a mesma da febre tifoide: doentes e portadores.
Náuseas, vômitos, febre, calafrios, cólicas, diarréias e prostração. Via Oral
Hepatite infecciosaA hepatite infecciosa é produzida mais
comumente por dois tipos de vírus: “A” e “B”.
Anictérico: mal-estar, náuseas e urina escura, alguns dias antes da icterícia.Muitas vezes, o paciente é assintomático.Ictérico: ocorrência de náuseas e dor abdominal, aumento do fígado e icterícia. Dura em média duas a três semanas.
Via Oral
Cólera Vibrio cholerae
Diarreia intensa, que começa de repente. As evacuações do doente de cólera são de cor esverdeada com uma espuma branca em cima, sem muco ou sangue. A febre, quando existe, é baixa. Junto com a diarreia, podem aparecer, também, vômitos e cólicas abdominais.A pessoa doente chega a evacuar, desde o início, uma média de um a dois litros por hora. Dessa maneira, a desidratação ocorre rapidamente.
Via Oral
Leptospirose Bactéria helicoidal (espiroqueta) aeróbica obrigatória do gênero Leptospira, do qual se conhecem atualmente 14 espécies patogênicas, sendo a mais importante a L. interrogans.
A leptospirose humana apresenta manifestações clínicas muito variáveis, com diferentes graus de severidade. As manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros clínicos graves associados a manifestações fulminantes. Didaticamente, as apresentações clínicas da leptospirose foram divididas considerando as fases evolutivas da doença: fase precoce (fase leptospirêmica) e fase tardia (fase imune). A fase precoce da doença é caracterizada pela instalação abrupta de febre, comumente acompanhada de cefaleia e mialgia e, frequentemente, não pode ser diferenciada de outras causas de doenças febris agudas. Em aproximadamente 15% dos pacientes, a leptospirose progride para a fase tardia da doença, que é associada com manifestações mais graves e potencialmente letais.
Exposição direta ou indireta à urina de animais infectados. A penetração do microrganismo ocorre através da pele com presença de lesões, da pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas.
Esquistossomose (xistosa)
Schistosoma mansoni (Para que surja a esquistossomose numa localidade, são necessárias várias condições: a primeira é a existência de caramujos que hospedam o Schistosoma mansoni. Nem todos
Na última fase da doença, pode aparecer, em algumas pessoas, a ascite ou barriga d’água.
Contato direto da água com a pele/mucosas
servem para o parasito, só algumas espécies.Esses caramujos vivem em córregos, lagoas, valas de irrigação e canais onde haja segurança e boa alimentação.A temperatura média de muitas regiões do Brasil é favorável à proliferação de caramujos.)
Ascaridíase (lombrigas ou bichas)
Ascaris lumbricoides As pessoas que têm lombrigas ficam frequentemente irritadas, sem apetite e apresentam náuseas, vômitos, diarreia, cólicas e dor abdominal.
Via Oral
Taeníase (solitária) Taenia
A solitária é um verme grande, que pode atingir de três a nove metros de comprimento. Como seu crescimento é constante, precisa de muito alimento para viver, o que enfraquece o paciente. O parasito do porco possui afinidade com o sistema nervoso central. A doença é denominada cisticercose e pode causar dor de cabeça e convulsão.
Via Oral
Oxiuríase Enterobius vermiculares ou Oxiures vermiculares
irritação no ânus e região vizinha produz coceira intensa. Ao se coçar, a pessoa pode se ferir e apresentar infecção local Via Oral
Ancilostomíase (amarelão)
Os sintomas mais comuns apresentados pelos portadores de amarelão são: preguiça para o trabalho e estudos, cansaço, desânimo, prisão de ventre ou crise de diarreia, irritabilidade, mau humor, anemia, palidez, dor de cabeça, tosse, emagrecimento e dores musculares. Pessoas mal alimentadas são as mais prejudicadas pelos vermes.
Via cutânea
Fonte: COPASA (doenças com veiculação hídrica).
4.3 Riscos Químicos (toxinas e metais pesados) Entre as toxinas existentes em águas poluídas é conveniente citar aquelas
produzidas pelas algas cianofíceas ou cianobactérias que proliferam em águas
poluídas com esgoto humano. O contato direto da pele pode resultar na irritação da
pele ou em erupções, inchaço dos lábios, irritação dos olhos e ouvidos, dor de
garganta, inflamações nos seios da face e asma. Beber água com cianobactérias
tóxicas pode provocar náuseas, vômitos, dores abdominais, diarréias, complicações no
fígado e fraqueza muscular. O médico deve ser procurado imediatamente e o fato
comunicado à saúde pública local.
Além disso, o despejo de resíduos químicos, agrotóxicos, metais pesados em
rios e represas causam doenças, nem sempre de fácil identificação, por se
desenvolverem de forma lenta, além de contaminarem peixes e outros animais. Os
metais pesados podem causar doenças relacionadas ao sistema nervoso e sensorial.
Contatos freqüentes e ingestão de águas contendo metais pesados podem fazer com
que esses elementos se acumulem no organismo da pessoa aumentando a
possibilidade de doenças. Em algumas ocasiões, o despejo destas substâncias
químicas no ambiente é de tamanha proporção que ocasiona intoxicações agudas e
danos graves à saúde daqueles que entram em contato.
4.4 Riscos físicosPresença de objetos que podem causar lesões como galhas e rochas. Além
disso, águas com temperaturas muito baixas podem causar hipotermia se os militares
forem expostos as baixas temperaturas por tempos prolongados. A própria correnteza
da água e os efeitos da variação de pressão podem ser um grande risco para os
envolvidos em operações desta natureza.
4.5 Riscos relacionados à logística e técnicaFalta de equipamento adequado para contato com águas poluídas, como a
roupa seca para mergulho e roupão sanitário pode ser considerado um fator de risco. É
considerado como fator de risco a ausência de militares especializados em MASA e
salvamento em corredeiras, enchentes e inundações durante operações envolvendo
águas poluídas.
4.6 Temperatura média das águas superficiais do Estado de Minas GeraisSegundo dados do Instituto Mineiro de Gestão de Águas (IGAN), em 2016 a
temperatura média das águas superficiais do Estado de Minas Gerais foi de
aproximadamente 23.7ºC, sendo a mínima de 12,1ºC e máxima de 34,6ºC. Isso mostra
que os casos de afogamentos atendidos pelo CBMMG, provavelmente ocorrerão em
águas com temperatura superior a 06 ºC.
4. Materiais/Equipamentos específicos para contato com águas poluídas
4.1 Para águas rasasBotas impermeáveis e roupão sanitário com total isolamento de membros inferiores.
4.2 Para águas profundas que necessitem de mergulho autônomo.Roupa seca para mergulho com capacete de mergulho com fonia subaquática,
equipamento este que isola completamente o mergulhador (toda a sua extensão
corpórea, inclusive vias aéreas superiores) do meio externo poluído.
5. Sobre o processo de afogamento e a possibilidade de vida de vítimas submersas por períodos prolongados
5.1 O processo de afogamentoOs afogamentos são uma causa comum de mortes acidentais, especialmente
em crianças. Respostas rápidas de pessoas que estejam próximas ao local e das
equipes de emergência podem fazer a diferença entre a vida e morte. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) relata que cada dia, mais de 40 pessoas perdem a vida por
afogamento. Estima-se 372.000 mortes por ano. A OMS reconhece que o número total
de afogamentos no mundo é muito maior. No Brasil, o número de óbitos por
afogamento supera os 6.000 casos por ano. A cada 84 minutos um brasileiro morre
afogado (SZPILMAN, 2015).
Segundo a Instrução Técnica Operacional nº. 23 do CBMMG, afogamento pode
ser definido como a aspiração de líquido não corporal por submersão ou imersão. A
submersão ocorre quando o rosto está debaixo d'água ou coberto de água. Asfixia e
parada cardíaca ocorrem dentro de um minuto de submersão. Imersão, pelo contrário,
é quando a cabeça permanece acima da água, na maioria dos casos através do apoio
de um colete salva-vidas. Uma interface líquido / ar é formada na entrada da via aérea
da vítima, impedindo a vítima de respirar. A vítima pode viver ou morrer após esse
processo, mas seja qual for o resultado, o processo é considerado um incidente de
afogamento.
Após a submersão, a vítima para de respirar inicialmente por reflexo. Durante
este tempo a vítima freqüentemente engole água. À medida que a ausência de
respiração continua, a hipoxia e a hipercapnia se desenvolvem. Um laringoespasmo
reflexo pode temporariamente impedir a entrada de água nos pulmões. Com o tempo,
os reflexos diminuem e a vítima aspira água. A característica chave na fisiopatologia do
afogamento é que a bradicardia como conseqüência da hipóxia ocorre antes de sofrer
uma parada cardíaca. A correção da hipoxemia pela ressuscitação apenas ventilatória
é crítica e por si só pode levar ao retorno da ventilação ou circulação espontânea.
5.2 Relação da possibilidade de vida com o tempo de submersão e temperatura da água.
Decidir em interromper os esforços de busca sobre uma vítima de afogamento é
notoriamente difícil. Não existe um fator único para decidir sobre parar os processos de
busca e possível ressuscitação. Por outro lado, expor os militares a risco sem que haja
evidência clara de possibilidade de vida da vítima não é viável considerando os riscos
envolvidos e projeção improvável de êxito. Em algumas situações como, por exemplo,
lesões traumáticas maciças, rigor mortis, putrefação, submersão por tempo superior à
01 hora, deixam claras a impossibilidade de se encontrar uma pessoa com vida.
Entretanto, a sobrevivência neurológica intacta tem sido relatada em várias
vítimas submersas por mais de 25 min. Estes raros casos quase invariavelmente
ocorrem em crianças submersas em água gelada, quando a hipotermia de imersão tem
precedido a hipóxia ou em casos de ocupantes de veículos que sobrevivem por maior
tempo devido à formação de um bolsão de ar dentro do veículo (Conselho Europeu de
Ressucitação, Guidelines 2015).
Dois mecanismos primários foram estudados e analisados considerando a
sobrevivência após prolongada imersão:
1) O primeiro é a resposta dos mamíferos ao mergulho, formado por uma tríade
conservadora de oxigênio com base em apnéia, bradicardia e vasoconstrição seletiva,
que é conhecida como sendo mais forte em crianças do que em adultos;
2) O segundo ocorre pelo resfriamento do corpo da vítima após a aspiração de água
muito fria, arrefecimento do coração e sangue na artéria carótida e, portanto, o cérebro.
O tempo de sobrevivência a hipóxia do cérebro é então estendido por hipotermia, com
a atividade cerebral reduzida e, portanto, queda de demanda de oxigênio a níveis
mínimos a uma temperatura cerebral de 22ºC. Os efeitos neuroprotetores da
hipotermia há muito são reconhecidos. Três mecanismos subjacentes são sugeridos
como base da proteção: diminuição do metabolismo; diminuição de edema cerebral; e
a inibição da liberação de glutamato. Em teoria, o resfriamento seletivo do cérebro
pode ocorrer também em adultos, mas o fato de que mais crianças sobrevivem a
períodos mais longos de submersão, sugere que o resfriamento geral do corpo ocorre
mais rapidamente em crianças (e adultos menores) devido à sua compleição física
menor (TIPTON E GOLDEN, 2011).
Um estudo com 160 crianças que se afogaram nos Países Baixos verificou que
os resultados sobre a possibilidade de reanimação eram extremamente pobres se o
afogamento demorasse mais de 30 minutos mesmo se a hipotermia estivesse
presente.
Crianças afogadas em que o retorno espontaneamente da circulação não é
alcançado dentro de 30 minutos mesmo com suporte avançado de vida não
demonstraram um bom resultado. Um bom resultado neurológico é mais provável
quando a circulação espontânea retorna dentro de 30 minutos quando o suporte
avançado de vida se faz presente especialmente quando o afogamento ocorre no
inverno. Estes achados levam a questionar o valor terapêutico da reanimação além da
30 minutos em vítimas afogadas com parada cardíaca e hipotermia (KIEBOOM et al,
2014).
Uma proposta apresentada por Tipton e Golden sugere que dois fatores são de
grande relevância para se estimar a probabilidade de sobrevivência. São eles:
1) Temperatura da água;
2) Tempo de submersão.
Segundo estes autores vítimas que submergiram por mais 30 minutos em águas
com mais de 6°C possuem a possibilidade de reanimação/sobrevivência extremamente
improvável. Por outro lado quando se trata de águas geladas com temperatura inferior
a 6°C a possibilidade de reanimação/sobrevivência se tornará extremamente
improvável a partir de 90 minutos, conforme a figura abaixo.
Fig.1- Relação entre temperatura da água, tempo de submersão e probabilidade de sobrevivência/ressuscitação. Traduzido de TIPTON E GOLDEN, 2011.
6. Sequência de procedimentos para resgate de vítimas em águas poluídas6.1 Condutas a serem adotadas em caso de processo de afogamento presenciado por BM ou testemunha ocular idônea com tempo de submersão em águas poluídas de até 30 minutos - Adotar as condutas a seguir, na ordem:a. Alcançar (esta técnica se caracteriza por alcançar a vítima com um remo, escada,
ganchos ou outros artefatos disponíveis, desde a margem sem que o Bombeiro Militar
tenha contato com a água poluída);
b. Lançar (técnica que compreende arremessar algum dispositivo flutuante, como bóia
circular com corda, saco de arremesso ou lifebelt, desde a margem sem que o
Bombeiro Militar tenha contato com a água poluída) ;
c. Caminhar (tratando-se de locais rasos, consiste em caminhar até a vítima usando
equipamento apropriado (botas impermeáveis, roupão sanitário), sem contato com a
água poluída, e em seguida fazer o resgate da vítima);
d. Remar (utilização de uma embarcação na superfície da água para efetuar o
salvamento caso a correnteza permita ou mesmo a execução de busca de superfície
para tentar localizar o corpo da vítima em uma área maior, sem contato com a água
poluída, e em seguida fazer o resgate da vítima);
e. Nadar/Mergulhar (Devido à possibilidade real de sobrevivência do afogado, não
tendo a roupa seca para mergulho, entrar na água somente se tem a localização exata
ou visualização da vítima e se o ambiente não oferece alto risco como vertedouros de
barragens e represas, barragens de rejeitos e lagoas tóxicas de refinarias,
mineradoras, indústrias ou outro local que ofereça alto risco. Com disponibilidade de
roupa seca o BM deverá utilizá-la.
As condutas descritas acima deverão ser executadas de acordo com a sequência
estipulada. Caso não seja possível ou viável a execução de algumas das ações
(alcançar, lançar, caminhar, remar e nadar/mergulhar), o Bombeiro Militar deverá
cumprir a próxima ação, com total enfoque na segurança.
6.2 Condutas a serem adotadas em caso de afogamentos com mais de 30 minutos de submersão - Adotar as condutas a seguir, na ordem:a. Alcançar (esta técnica se caracteriza por alcançar a vítima com um remo, escada,
ganchos ou outros dispositivos disponíveis, desde a margem sem que o Bombeiro
Militar tenha contato com a água);
b. Lançar (técnica que compreende arremessar algum dispositivo flutuante, como bóia
circular com corda, saco de arremesso ou lifebelt, desde a margem sem que o
Bombeiro Militar tenha contato com a água poluída);
c. Caminhar [tratando-se de locais rasos, consiste em caminhar até a vítima usando
equipamento apropriado (botas impermeáveis, roupão sanitário) e em seguida fazer a
recuperação da vítima];
d. Remar (utilização de uma embarcação na superfície da água para efetuar a
recuperação caso a correnteza permita ou mesmo a execução de busca de superfície
para tentar localizar o corpo da vítima em uma área maior, sem contato com a água
poluída, e em seguida fazer a recuperação da vítima);
e. Nadar/Mergulhar: (Somente com roupa de exposição adequada (roupa seca de
mergulho com total proteção ao contato com a água poluída).
As condutas descritas acima deverão ser executadas de acordo com a sequência
estipulada. Caso não seja possível ou viável a execução de algumas das ações
(alcançar, lançar, caminhar, remar e nadar/mergulhar), o Bombeiro Militar deverá
cumprir a próxima ação, com total enfoque na segurança.
6.3 Condutas a serem adotadas em caso de incidentes com veículos submersos em águas poluídas com a possibilidade de formar bolsão de ar dentro do veículo.Considere a possibilidade de encontrar vítimas vivas.
Adotar as condutas a seguir, na ordem:b. Localizar (esta técnica se caracteriza por localizar o veículo e possíveis vítimas,
sem que o Bombeiro Militar tenha contato com a água);
b. Nadar/Mergulhar - Com disponibilidade de roupa seca o BM deverá utilizá-la. Não
tendo a roupa seca para mergulho ou roupão sanitário/ bota impermeável (para locais
rasos), entrar na água somente se tem a localização exata ou visualização do veículo,
desde que haja possibilidade de presença de vítimas em seu interior e se o ambiente
não oferece alto risco como vertedouros de barragens e represas, barragens de rejeitos
e lagoas tóxicas de refinarias, mineradoras, indústrias ou outro local de alta letalidade.
Em caso de não saber a localização exata ou visualização do veículo entrar na água
somente com roupa seca para mergulho ou roupão sanitário/bota impermeável (para
locais rasos).
As condutas descritas acima deverão ser executadas de acordo com a sequência
estipulada.
6.4 Condutas a serem adotadas em caso de afogamento com mais de 1 hora de submersão em águas poluídas.Estes casos serão considerados recuperação de cadáver. As buscas deverão ocorrer
somente com equipamentos apropriados (roupa seca) com total isolamento da água
poluída. Não havendo equipamento de proteção apropriado para atuação em águas
poluídas realizar somente buscas de superfície com embarcação ou outros materiais.
7. Exemplos de situações que apresentam alto risco de letalidade para os Bombeiros Militares, sendo que a entrada na água deve ser evitada:a. Vertedouros de barragens;
b. Barragens de rejeitos/lagoas tóxicas de refinarias, mineradoras e Indústrias;
c. Salvamento em corredeiras realizada por militares sem curso/treinamento e
materiais específicos para tal atividade;
d. Águas com concentrações de materiais químicos ou biológicos capazes de
causar óbito ou doença grave em militar, sendo esta condição atestada por laudo de
órgãos competentes;
e. Outras situações semelhantes no que se refere à presença de substâncias
biológicas/químicas e ambiente de alta letalidade.
8. Glossário
Águas doces - águas com salinidade igual ou inferior a 0,50%o.
Águas salobras - águas com salinidade compreendida entre 0,50%o e 30%o.
Águas salinas - águas com salinidade igual ou superior a 30%o.
Águas poluídas – águas impróprias conforme critérios estabelecidos pelo CONAMA.
Barragens de rejeito/lagoas tóxicas - para fins deste memorando, serão
considerados os locais de despejo de resíduos de mineração, refinarias e indústrias em
geral que possuem substâncias tóxicas capazes de causar óbito ou lesões graves de
maneira súbita às pessoas que entrarem em contato com a água.
Coliformes fecais (termotolerantes) - bactérias pertencentes ao grupo dos coliformes
totais caracterizadas presentes em fezes humanas e de animais podem, também, ser
encontradas em solos, plantas ou quaisquer efluentes contendo matéria orgânica.
Escherichia coli - bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae. A Escherichia
coli é abundante em fezes humanas e de animais, tendo, somente, sido encontrada em
esgotos, efluentes, águas naturais e solos que tenham recebido contaminação fecal
recente.
Floração - proliferação excessiva de microorganismos aquáticos, principalmente algas,
com predominância de uma espécie, decorrente do aparecimento de condições
ambientais favoráveis, podendo causar mudança na coloração da água e/ou formação
de uma camada espessa na superfície.
Glutamato - é um aminoácido simples que age como principal neurotransmissor
excitatório no Sistema Nervoso Central. Ele desempenha um papel importante na
transmissão rápida (isto é, resposta rápida ao estímulo), cognição, memória,
movimento e sensação.
Hipercapnia - é o aumento do gás carbônico no sangue arterial que pode ser
provocada por uma hipoventilação alveolar (em caso de asfixia, por exemplo). A
hipercapnia pode causar acidificação do sangue, sendo prejudicial ao organismo.
Imersão - quando a cabeça permanece acima da água, na maioria dos casos através
do apoio de um colete salva-vida. Salpicos de água podem entrar nas vias aéreas da
vítima.
Metais pesados - Grupo de elementos situados entre o cobre e o chumbo na tabela
periódica tendo pesos atômicos entre 63,546 e 200,590 e densidade superior a 4,0
g/cm3. São assim qualquer composto de antimônio, arsênio, cádmio, cromo, cobre ,
chumbo, mercúrio, níquel, selênio, telúrio, tálio ou estanho. Recreação de contato primário - quando existir o contato direto do usuário com os
corpos de água como, por exemplo, as atividades de natação, esqui aquático e
mergulho.
Submersão - ocorre quando o rosto está debaixo d'água ou coberto de água.
Testemunha ocular idônea - para fins deste memorando, considera-se a pessoa que
esteja no local do fato e não apresenta sinais de embriaguez, abuso de drogas,
deficiência mental, e que os relatos apresentados a GUBM coincidem com os de outras
pessoas presentes (quando houver) e com o mesmo histórico repassado pelo
COBOM/SOU/SOF ou quando o solicitante é agente de segurança pública em serviço.
Vertedouros - um orifício seguido de um canal (normalmente bastante inclinado) que
possibilita o escoamento do excesso de água de uma barragem até a bacia de
dissipação.
9. Referências Bibliográficas
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000 - Define os Critérios de Balneabilidade em Águas Brasileiras.
COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS - COPASA. Doenças de Veiculação Hídrica. Disponível em: http://www.copasa.com.br/media2/PesquisaEscolar/COPASA_Doen
%C3%A7as.pdf. Acessado em: 10 abr. 2017.
EUROPEAN RESUSCITATION COUNCIL. Guidelines for Resuscitation 2015 Section 4, Cardiac arrest in special circumstances.
KIEBOOM JK, VERKADE HJ, BURGERHOF JG, et al. Outcome after resuscitation beyond 30 minutes in drowned children with cardiac arrest and hypothermia: Dutchnationwide retrospective cohort study. BMJ 2015;350:h418.561.
MINAS GERAIS. Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAN. Dados de Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais de Minas Gerais 2016. Disponível em:
http://portalinfohidro.igam.mg.gov.br/serie-historica/2016/11992
dadosmonitoramentoqualidade2016. Acessado em: 07 abr. 2017.
MINAS GERAIS. Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. Anuário Estatístico - 2016. 291
p. Belo Horizonte: CBMMG, 2017.
MINAS GERAIS. Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. Instrução Técnica Operacional nº 12: Operações Submersas. 36 p. Belo Horizonte: CBMMG, 2007.
MINAS GERAIS. Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. Instrução Técnica Operacional nº 23: Protocolo de Atendimento Pré-Hospitalar. 2 ed. 191 p. Belo Horizonte:
CBMMG, 2017.
PORTUGUAL. Associação de Salvamento Aquático. Algoritmo de Salvamento Aquático, 2015. Disponível em: http://www.asamar.pt/Algoritmo-Afogado.pdf. Acessado em: 10 abr. 2017.
SZPILMAN, David. Manual de Emergências Aquáticas. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira
de Salvamento Aquático, 2015.
TIPTON MJ, GOLDEN FS. A proposed decision-making guide for the search, rescueand resuscitation of submersion (head under) victims based on expert opinion. Resuscitation
2011;82:819–24.
Terceira Seção do Estado-Maior CBMMG