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FACULDADE SERRA DA MESA INSTITUTO QUALITY DE PÓS-GRADUAÇÃO RHEVYSSON MARTINS DE OLIVEIRA BRITO A VIABILIDADE DE REALIZAÇÃO DE REPOSIÇÃO VOLÊMICA POR SOCORRISTAS DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR GOIANÉSIA - GOIÁS 2009

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FACULDADE SERRA DA MESA

INSTITUTO QUALITY DE PÓS-GRADUAÇÃO

RHEVYSSON MARTINS DE OLIVEIRA BRITO

A VIABILIDADE DE REALIZAÇÃO DE REPOSIÇÃO VOLÊMICA

POR SOCORRISTAS DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

GOIANÉSIA - GOIÁS 2009

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RHEVYSSON MARTINS DE OLIVEIRA BRITO

A VIABILIDADE DE REALIZAÇÃO DE REPOSIÇÃO VOLÊMICA

POR SOCORRISTAS DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Socorros de Urgência do Instituto Quality de Pós-Graduação e da Faculdade Serra da Mesa, como requisito para obtenção do título de Especialista em Socorros de Urgência. Sob a orientação do Profº. Harisson de Abreu Pancieri

GOIANÉSIA - GOIÁS 2009

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RHEVYSSON MARTINS DE OLIVEIRA BRITO

A VIABILIDADE DE REALIZAÇÃO DE REPOSIÇÃO VOLÊMICA

POR SOCORRISTAS DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

Artigo Científico defendido e aprovado em _____ de ______________de 2009,

pela Banca Examinadora constituída pelos professores.

Professor Harisson Abreu Pancieri

Professor Convidado

Professor Msc. Edilene Trigueiro Mendonça

GOIANÉSIA - GOIÁS 2009

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A VIABILIDADE DE REALIZAÇÃO DE REPOSIÇÃO VOLÊMICA

POR SOCORRISTAS DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

RESUMO

Trata-se de estudo do tipo bibliográfico que objetivou verificar a viabilidade de militares do Corpo de Bombeiros realizarem reposição volêmica em vítimas advindas de trauma e/ou em estado de choque hipovolêmico. Os dados revelaram que legalmente não existe possibilidade, entretanto, observando a missão da Instituição que é de vidas salvar, considerando que os Bombeiros foram pioneiros nos trabalhos pré-hospitalares no país, e ainda que possuem conhecimentos mínimos para tal, se treinados devidamente, os militares Bombeiros poderão executar manobras de reposição de volume sob regulação médica.

Palavras chaves: Central de Regulação Médica de Urgências, Atendimento Pré Hospitalar, Corpo de Bombeiros Militar, Reposição de Volume

THE VOLEMIC REPLACEMENT VIABILITY MADE BY EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS ON MILITARY FIRE DEPARTMENT ABSTRACT This is a bibliographical study aimed to verify the feasibility of Military Firefighters to perform volemic replacement on victims of trauma and/or hypovolemic shock. The data recealed that there is not legal possibility, however noting that life saving is the institution’s mission, and considering the Firemen were pioneers of pre-hospitalar work in the country, and still have minimal knowledge to do so, if trained properly, the Military may perform replacement maneuvers of volume, under medic regulation. Keywords: Medic Urgency Central Regulation, Pre-hospitalar Service Military Firefighters, Volume Replacenment

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A VIABILIDADE DE REALIZAÇÃO DE REPOSIÇÃO VOLÊMICA

POR SOCORRISTAS DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

RHEVYSSON Martins de O. Brito

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se hoje que a área de Urgência e Emergência constitui um importante

componente de assistência à saúde. O crescimento da demanda de serviço nesta área nos

últimos anos tem contribuído decisivamente para a sobrecarga dos serviços de Urgência

e Emergência disponibilizados para o atendimento da população devido ao aumento do

número de acidentes, da violência urbana e a insuficiente estruturação da rede

assistencial.

Na atualidade existem várias ações já desenvolvidas pelo Ministério da Saúde,

em parceria com as Secretarias de Saúde dos Municípios no sentido de implantar um

processo de melhoria do atendimento às Urgências e Emergências no País. Entretanto,

quando se fala de Brasil leva-se em consideração a grande extensão territorial, que

impõe distâncias significativas entre municípios de pequeno e médio porte e seus

respectivos municípios de referência, para a atenção hospitalar especializada e de alta

complexidade. Portanto, são necessários serviços intermediários, capazes de garantir

uma cadeia de reanimação e estabilização, além de referência adequada para os

pacientes graves; e uma cadeia de cuidados imediatos com capacidade de solução para

pacientes agudos não-graves; leva-se em consideração a dificuldade de implantar

políticas sérias e resolutivas; considera-se ainda a dificuldade da estruturação dos

Estados que são incapazes de atender toda a demanda. E por fim, temos o aumento

desordenado da população causando vários problemas sociais.

Considerando a Urgência e Emergência, quando falamos em salvar vidas, uma

grande gama de profissionais se interagem. Há várias profissões que, no intuito de

preservar o bem maior – a vida – se especializam e se capacitam nas suas áreas de

atuação, para lidar com os possíveis transtornos, mas mesmo assim há a inadequação

das leis e legislações o que torna, às vezes, morosos o trabalho preventivo, o pré-

hospitalar e até mesmo o intra-hospitalar.

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Na atividade pré-hospitalar dentre vários profissionais que compõe as equipes de

atendimento, encontram-se os Bombeiros que vêm se capacitando para atender aos mais

diversos quadros de emergência. Esses profissionais na ânsia de salvar vidas fomentam

o aperfeiçoamento de seu trabalho na busca de excelência nos serviços. Faça-se saber

que além de uma “simples” missão constitucional – salvar vidas e bens –, esse é um

serviço de dedicação; de busca de perfeição para que se possa cada dia salvar ou

melhorar ao máximo a sobrevida das vítimas.

E, ainda, trabalhando a idéia que a intervenção do Corpo de Bombeiros no

processo recuperativo das vítimas se dá em um período mínimo, porém, determinante

à vida (localização da vítima; tratamento pré-hospitalar; encaminhamento a atendimento

médico); e por estarem envolvidos nessa área de atendimento pré-hospitalar fazendo

resgate diuturnamente, os Bombeiros se deparam com várias situações que

necessitariam de intervenções mais específicas. Não somente para salvar as possíveis

vidas, mas como para diminuir o tempo que as vítimas passarão no hospital devido a um

atendimento de maior qualidade no pré-hospitalar, diminuir o tempo de recuperação e

diminuir a taxa de mortalidade.

Desta forma, verificou-se a necessidade de buscar através de estudos o

questionamento da reposição volêmica por parte dos integrantes do Corpo de

Bombeiros Militar em vítimas, principalmente, advindas de traumas e/ou dos crescentes

acidentes de trânsito que ocorrem no país. Onde esses profissionais, trabalhando com

soluções isotônicas e sob orientações do médico regulador possam, nos primeiros

instantes do atendimento, trazer uma maior chance de sobrevida as vítimas que o

necessitarem.

A abordagem feita considerou o trabalho desenvolvido pelos Bombeiros do

Resgate na fase de atendimento pré-hospitalar. O trabalho buscou questionar a

necessidade de militares do Corpo de Bombeiros em realizar manobras invasivas

repondo volume em vítimas que o necessitem ou que estejam em estado de Choque.

Para tanto foram observadas normas, Leis, Decretos, Literaturas Específicas entre

outros, que de modo geral, trazem bibliograficamente a importância do assunto.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Uma visão Ética

Jean Bernard, hematologista, presidente da Academia de Ciências e também do

comitê nacional consultivo de ética para as ciências da vida e da saúde, da França,

afirma que:

[...] a pessoa é uma individualidade biológica, um ser de

relações psicossociais, o indivíduo para os juristas. Contudo, ela

transcende essas definições analíticas. Ela aparece com um

valor. (...) Nos problemas éticos decorrentes dos processos das

pesquisas biológicas e médicas devem ser respeitados todos os

homens e o homem todo [...]. (Jean Bernard, 1994 apud

COSTA, 1998, p.39)

O ser humano na apreciação desse eminente cientista merece respeito. Este é um

tema relevante na história do pensamento ético. No século XVIII, Immanuel Kant (1965

apud COSTA, 1998, p.39), destacado filósofo da moral fez uma afirmação parecida “os

seres racionais são chamados de pessoas porque sua natureza os diferencia como fins

em si mesmo quer dizer, como algo que não pode ser usado somente como meio e,

portanto, limita nesse sentido todo capricho e é um objeto de respeito”.

Dentro desse contexto de valorização do ser humano encontra-se a ética da

saúde. O surgimento das éticas aplicadas, a exemplo da ética da saúde, responde a uma

dupla necessidade: de um lado, tenta-se diminuir a distância que se abriu entre ética e

conhecimento; de outro, procura-se instrumentos para recolocar questões pertinentes à

relação entre ciência e valor, relação esgarçada por conta de conjunturas históricas,

sobretudo contemporâneas, que contribuíram para o aparecimento de dúvidas profundas

a cerca dos significados e alcance do progresso científico. Mesclado a isso encontramos

impasses a cerca do campo jurídico, que é um espaço propício a discutir e rediscutir as

ações não somente jurídicas das leis vigentes, mas as ações práticas, vivenciadas no

cotidiano de determinados grupos sociais. Entretanto, quando se fala em vidas, vidas

humanas, essa visão jurídica se torna míope e a ética, a moral e todos os campos

epistemológicos entram em cena.

Já nos primórdios da civilização do pensamento ocidental há sinais desse

interesse pelo valor do ser humano e pelo respeito a ele devido. No Corpus

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Hippocraticum (1984, p.298) – denominação dada ao conjunto dos escritos da tradição

hipocrática é manifestado o interesse por não lesar ou danificar as pessoas, de forma

geral, e as pessoas enfermas, de modo particular. Não causar prejuízo ou dano foi a

primeira grande norma da conduta eticamente correta dos profissionais de medicina e do

cuidado da saúde.

O interesse em conhecer o que é bom, o bem, e os seus opostos, o que é mau e o

mal, como os princípios e argumentos que os fundamentam, é o conteúdo geral da ética

teórica. Já o estudo que se ocupa das ações das pessoas, se o seu agir pode ser

qualificado como de bom ou de mau, é o conteúdo da ética prática. As teorias éticas ou

as escolas éticas que apresentam a suas doutrinas como uma série de normas para agir

bem ou de modo correto são chamadas de éticas normativas. Esse conjunto de estudo

vem a somar aos mais diversos estudos científicos desenvolvidos na área da saúde que

necessita, não somente de desenvolvimento jurídico, prático ou normativo, mas

também, de desenvolvimento ético-moral.

Na discussão ética dos problemas relacionados à saúde, se leva ainda em

consideração que no dia-a-dia, muitos profissionais, incluídos os do cuidado à saúde,

pautam o seu agir profissional por normas ou regras provenientes dos chamados códigos

deontológicos de uma determinada profissão ou, também, embora não seja melhor

denominação, códigos de ética ou códigos de ética profissional.

Assim um conflito ético-moral sobre o exercício da profissão, realizado apenas

no âmbito jurídico ou somente no plano deontológico não resolveria os problemas que

enfrentamos na área médica, principalmente quando se fala em emergência, onde o

pronto atendimento deve ser aplicado de forma rápida, segura e com competência.

Sabe-se que devido aos avanços da tecnologia nos mais diversos campos, fazem-

se necessária a discussão sobre a conveniência, uso adequado, riscos e ameaças da

mesma para a humanidade, tanto de forma geral como para o indivíduo em particular.

Hans Jonas (1995 apud COSTA, 1998, p.40) situa muito bem esse problema ao afirmar

que estamos precisando de um tratado tecnológico-ético (tractatus technologico-

ethicus) para nossa civilização. Os princípios da ética sobre a conduta boa ou má, certa

ou errada, justa ou injusta aplicam-se, na época atual, a problemas novos decorrentes do

progresso tecnológico e da nova sensibilidade ética da civilização e cultura

contemporânea. Assim, por exemplo, podemos nos perguntar: qual seria a viabilidade

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de um Bombeiro, bem treinado e capacitado, fazer reposição volêmica no pré-hospitalar

caso se verifique a necessidade agindo sob a orientação médica? Essa e outras perguntas

se encaixam dentro da ética aplicada que tem uma pluralidade de formas, que não

fogem no final das discussões de dois princípios básicos: Princípio da Beneficência e do

Princípio da Não-Maleficência.

O Princípio da Beneficência tem como regra norteadora da prática médica,

odontológica, psicológica, e da enfermagem, e entre outras, o bem do paciente, o seu

bem estar e os seus interesses, de acordo com os critérios do bem fornecidos pela

medicina, odontologia, psicologia e enfermagem. Fundamenta-se nesse princípio a

imagem que perdurou do médico ao longo da história, e que está fundada na tradição

hipocrática já aludida: “usarei o tratamento para o bem dos enfermos segundo minha

capacidade e juízo, mas nunca para fazer o mal e a injustiça”. (Epícuro, 1974, p.143

apud COSTA, 1998, p. 42- 47).

Segundo Frankena (1969 apud COSTA, 1998, p.47) o Princípio da Beneficência

não causa danos, previne danos e retira os danos ocasionados. Beauchamp e Childress

adotam os elementos de Frankena e os reclassificam na forma a seguir: Não-

Maleficência ou a obrigação de não causar danos, beneficência a obrigação de prevenir

danos, retirar danos e promover bens. As exigências mais comuns das leis não

consistem na prestação de serviços se não em restrições, expressas geralmente de forma

negativa, por exemplo, não roubar. No mais das vezes, o Princípio de Não-Maleficência

envolve abstenção, enquanto o Princípio da Beneficência requer ação. O Princípio da

Não-Maleficência é devido a todas as pessoas, enquanto que Princípio da Beneficência,

na prática é menos abrangente.

Assim, fica um grande e pretensioso impasse onde agir pode se tornar perigoso

tanto quanto abster-se, porque a não execução de procedimentos simples e básicos pode

transformar quadros estáveis em quadro totalmente instáveis o que pode ocasionar a

morte de uma vítima. A exemplo de uma vítima de ferimento de arma de fogo, onde há

grande perca de volume sanguíneo; existe grande distância entre a vítima e o hospital e

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curta distância entre os Bombeiros. Os Bombeiros, legalmente, não podem realizar

manobras invasivas (reposição de volume) independentemente de orientação médica,

entretanto se o fizerem, tal procedimento, poderá determinar ou auxiliar na sobrevida do

paciente, inclusive, dependendo da situação, pode determinar resultados de vida ou

morte àquela pessoa. Bem e mal; vida e morte; ética e legislação; o que se joga...? O

que se quer...? Definições de pontos de vista interferem no resultado final deste simples

exemplo.

2.2 Legislações sobre o APH – Atendimento Pré-Hospitalar

O atendimento pré-hospitalar é uma área de atuação médica que vem recebendo

atenção diferenciada em nosso meio. Fundamenta-se, primeiramente, por proporcionar a

detecção rápida de situações de risco à vida ou função, a intervenção precoce iniciada a

partir do local de ocorrência e o encaminhamento direto ao serviço especializado de

saúde. Esta atuação pode diminuir significativamente as seqüelas e mortes resultantes

dos agravos.

O Brasil passou por um processo de “transição nosológica”. Na transição de

décadas, dos anos 80 para os anos 90, o país, até então, das verminoses, iniciou-se em

um perfil semelhante ao de países desenvolvidos com o crescimento acentuado de

mortalidade por moléstias cardiovasculares, câncer e o trauma. De lá para cá, existe uma

busca em atenção ao atendimento Urgente e Emergencial, principalmente os advindos

de traumas que têm sua expressão nos acidentes de trânsito.

O Programa de Enfrentamento às Emergências e Trauma de 1990, lançado pelo

Ministério da Saúde, previa 04(quatro) fases para diminuir os problemas advindos do

trauma, sendo elas a fase de Prevenção, Atendimento Pré-Hospitalar, Atendimento

Intra-Hospitalar e a Fase última de Reabilitação.

A prevalência do trauma está em franca expansão e tudo faz

prever que ele será um dos grandes problemas de saúde pública

do próximo milênio; o trauma é a terceira causa global de

mortalidade; o trauma é a primeira causa de mortalidade na

faixa etária de 05 a 40 anos; o trauma é responsável por cerca de

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50% das mortes na faixa etária de 01 a 15 anos; morrem de

acidentes automobilísticos mais de 30.000 brasileiros por ano;

os acidentes de trânsito são responsáveis por apenas um terço

das mortes por traumas. Os dois terços restantes são resultados

de numerosas outras causas, com destaque para as violências

interpessoais; o trauma consome mais anos de vida que as

moléstias cardiovasculares e o câncer; os acidentes de trânsito

custam aos cofres públicos aproximadamente 1,5 bilhões de

dólares por ano, incluindo cerca de 200 milhões na assistência

às vítimas, 400 milhões em danos materiais e 800 milhões em

perda de produção. (Programa de Enfrentamento à Emergência e

Trauma, 1990, p. 05 e 06).

Assim, pensando nesse quadro de acidentes onde o trauma é o fator que

desencadeia os vários tipos de ocorrência na área pré-hospitalar, busca-se,

incessantemente, aperfeiçoar as leis vigentes.

O trauma é a principal causa de morte na faixa etária de 1 a 44

anos. Entre os adolescentes, 80% das mortes são decorrentes de

trauma. Sessenta por cento das mortes na infância são

secundárias a trauma. Por ano, morrem, em decorrência ao de

trauma, três vezes mais americanos do que morreram na guerra

do Vietnã. A cada dez anos, morrem mais pessoas por trauma do

que morreram em todos os conflitos militares americanos juntos.

Além disso, a cada ano, 11 milhões de pessoas ficam com

incapacitação temporária e 450.000 com incapacitação

permanente. Só na faixa etária acima dos 50 anos é que o câncer

e as doenças cardiovasculares começam a competir com o

trauma como causas de morte. (PHTLS, 2003, p.02)

Logo em seguida outros Programas surgiram para reforçar o que já havia

de legislação a exemplo do Programa de Enfrentamento ao Trauma e a Violência

InterPessoal. Devido as necessidade de acertar arestas foi lançado o Código de Trânsito

Brasileiro que reforçou as bases da saúde contra os acidentes traumáticos. Em

consonância com o que já existia o Conselho Federal de Medicina estabeleceu algumas

resoluções (Resolução Nº 1.529/2008 revogada pela Resolução N º 1.671/2003). E nos

últimos dez anos, o Ministério da Saúde lançou uma série de Portarias regulando os

serviços através do Sistema Único de Saúde: Portaria Nº 737 de 16 de maio de 2001,

Portaria Nº 1.828 de 02 de setembro de 2004, Portaria Nº 2.420 de 09 de novembro de

2004, Portaria Nº 1.863 de 29 de setembro de 2004, Portaria Nº 1.864 de 29 de

setembro de 2004, Portaria Nº 2.072 de 30 de outubro de 2003, Portaria Nº 2.048 de 05

de novembro de 2002 e Portaria Nº 2.657 de 16 de dezembro de 2004.

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De todos estes o documento central é a Portaria Nº 2.048 de 05 de novembro de

2002 que transcorre sobre o atendimento pré-hospitalar considerando como nível pré-

hospitalar móvel na área de urgência, o atendimento que procura chegar precocemente à

vítima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica,

traumática, inclusive as psiquiátricas), que possa levar a sofrimento, seqüelas ou mesmo

à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a

um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde.

Considerando que um adequado funcionamento do atendimento

pré-hospitalar trará diminuição dos riscos em todos os agravos

de urgência/emergência e o interesse público na minimização

das seqüelas em vítimas de traumas, com conseqüente redução

dos custos hospitalares. (Resolução CFM 1.671, 2003)

A mesma Portaria regula que os atendimentos pré-hospitalares móveis devem

contar com profissionais oriundos da área da saúde (médicos, enfermeiros, técnicos em

enfermagem, etc.) e não oriundos da área de saúde (policiais militares, bombeiros

militares, etc.). Em particular, existe uma tendência a desconsiderar os Bombeiros como

elemento integrante da área de saúde, a Portaria não autoriza que os mesmo possam

realizar manobras invasivas ficando os Bombeiros restritos as manobras de suporte

básico à vida. Já os profissionais da área de saúde, além dos médicos e enfermeiros, os

técnicos em enfermagem, por exemplo, estão autorizados a realizar manobras

conservadoras, além de estarem habilitados a realização de procedimentos a eles

delegados.

Essa é uma visão fiscalizadora e zelosa que, além do Ministério da Saúde,

envolve também o Conselho Federal de Medicina como mostra a Resolução 1.671 de

julho de 2003 “[...] competência dos bombeiros [...] utilizar instrumentos de

monitorização não-invasiva conforme protocolo local autorizado [...]”. O Conselho

também faz registro sobre os profissionais da enfermagem:

[...] Profissionais habilitados para o atendimento pré-hospitalar e

credenciados para integrar a guarnição de ambulâncias do

serviço de atendimento pré-hospitalar. Além da intervenção

conservadora, são habilitados a realizar procedimentos, sob

prescrição médica, na vítima do trauma e de outras emergências

médicas [...] (Resolução CFM .1671, 2003)

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Apesar destas restrições para com os Bombeiros, os conselhos Regionais de

Medicina podem editar resoluções no âmbito de sua competência, assim em 1993, o

CREMESP – Conselho Regional de Medicina de São Paulo – editou a Recomendação

CREMESO Nº. 01/93, vazada nos seguintes termos:

Que os profissionais habilitados e credenciados pela Divisão de

Ensino do Corpo de Bombeiros no Curso Técnico em

Emergências Médicas nível intermediário, poderão executar os

procedimentos de: infusão venosa, emprego de Pharingo-

Trachaeal Lúmen Airway”(PTL) e desfibrilação automática, sob

estrita supervisão médica, somente nos locais das ocorrências, e

quando em serviço nas Unidades de Resgate do Corpo de

Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. (Conselho

Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina, 2000, p. 93-

95)

Tal Recomendação foi baseada no fato de funcionar, em São Paulo, o serviço de

atendimento pré-hospitalar com participação do Corpo de Bombeiros (formado por

pessoal treinado pelos protocolos norte americano de suporte básico da vida e contando

com a coordenação médica nos locais de ocorrências mais graves). Posteriormente, no

entanto, o CREMESP verificou o equívoco cometido face às diferenças existentes entre

a legislação norte-americana e a brasileira, no que diz respeito á habilitação profissional.

Uma dessas enormes diferenças se relaciona à existência do denominado Paramedic

(Paramédico) nos Estados Unidos, profissão inexistente no Brasil, e expressão não

conhecida pelo Conselho Nacional de Saúde, que desde 1993 “recomenda a eliminação

do termo e sua substituição por Profissional da Saúde” (Resolução CNS Nº 44/93 –

apud Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina, 2000, p. 93-95).

Já no Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro existe um trabalho diferente

no que tange ao APH (Atendimento Pré-Hospitalar). Quase todos os profissionais

envolvidos no atendimento ao paciente são oriundos da área da saúde: médicos,

enfermeiros, farmacêuticos e técnicos de enfermagem. Todas as equipes profissionais,

antes de serem incorporados ao serviço, são treinadas pelo Centro de Educação

Profissional em Atendimento Pré-hospitalar (CEPAP), em instalações modernas e

empregando manequins de simulação de última geração e técnicas baseadas em

protocolos de atendimento voltados para emergências pré-hospitalares em nível de

suporte básico e avançado de vida. Assim, eles, além de Bombeiros, são profissionais de

saúde podendo, por exemplo, fazer trabalhos não conservadores, como reposição

volêmica. A mesma lei que proíbe os Bombeiros de fazer manobras invasivas, regula e

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autoriza esse e outros tipos de manobras por parte dos profissionais de saúde.

Procedimento semelhante acontece no SAMU – Sistema de Atendimento Móvel a

Urgências – que contrata somente profissionais de saúde para trabalhar no APH ficando

somente os motoristas das viaturas como socorristas: “ ... socorristas são profissionais

não médicos habilitados para prestar atendimento de urgência-emergência em nível pré-

hospitalar, sob supervisão e coordenação médica.” ( Resolução CFM Nº 1.529, 1998)

Em suma, há documentos/legislações que identificam, ainda, que o socorro às

vítimas em via pública e no domicílio do paciente é um ato médico: “É importante frisar

e definir que o sistema de atendimento pré-hospitalar é um serviço médico. Assim, sua

coordenação, regulação e supervisão direta e a distância deve ser efetuada unicamente

por médico.” (Resolução CFM Nº 1.671, 2003). Portanto, sua coordenação e supervisão

deverão ser, exclusivamente, realizadas por médico, seja com presença no local do

evento ou supervisionando, em central de comunicação (médico regulador), sua

execução por outros profissionais habilitados para tal fim.

Médicos Reguladores: médicos que, com base nas informações

colhidas dos usuários, quando estes acionam a central de

regulação, são os responsáveis pelo gerenciamento, definição e

operacionalização dos meios disponíveis e necessários para

responder a tais solicitações, utilizando-se de protocolos

técnicos e da faculdade de arbitrar sobre os equipamentos de

saúde do sistema necessários ao adequado atendimento do

paciente. (Portaria 2.048/GM, 2002)

Considerando que os procedimentos delegados a profissionais

não-médicos podem ser estabelecidos pelo médico regulador

através de protocolos específicos, cabendo ao médico

responsável técnico da instituição a supervisão de todas as

atividades do serviço. (Resolução CFM 1.671, 2003)

E a supervisão médica vai além da presença física em muitos casos. Isso é

possível, porque, hoje, se reconhece a telemedicina e seus benefícios.

[...] Considerando que a telemedicina deve contribuir para

favorecer a relação individual médico-paciente; [...] Definir a

telemedicina como o exercício da Medicina através da utilização

de metodologias interativas de comunicação audio-visual e de

dados, com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em

Saúde. (Resolução do CFM Nº 1.643, 2002)

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A competência técnica do profissional médico é a de julgar e decidir

sobre a gravidade de um caso que lhe está sendo comunicado por rádio ou telefone,

enviar os recursos necessários ao atendimento (com ou sem a presença do médico na

ocorrência). Igualmente, os protocolos de intervenção médica pré-hospitalar são

concebidos e pactuados, garantindo perfeito entendimento entre o médico regulador e o

intervencionista quanto aos elementos de decisão e intervenção: “[...] garantindo

objetividade nas comunicações e precisão nos encaminhamentos decorrentes, sendo o

monitoramento das missões dever do médico regulador [...]” (Resolução CFM Nº1.671,

2003).

Assim, observa-se que os termos das leis abrem e fecham brechas que poderiam

ser discutidos pelos profissionais referidos. Mesmo sendo definida, ela deixa margem

para que possamos refletir sobre os paradigmas que nos assolam a cerca do atendimento

pré-hospitalar.

2.3 O Trauma na Emergência

O Trauma é definido como uma lesão corporal causada pela exposição aguda a

uma forma de energia. Pode-se definir politraumatizado, segundo Apostila de

Emergências Médicas do SIATE-GO (2002, p.06) “[...] como o indivíduo vítima de

traumatismo de média e grande intensidade que atinja no mínimo dois compartimentos

corporais representados por crânio, tórax, abdome, coluna vertebral e extremidades”.

A oportunidade que o socorrista tem de prestar serviços a seu semelhante é

muito maior no trauma do que em qualquer outro tipo de atendimento. Não só o número

de doentes traumatizados é maior do que o de outras populações de doentes, mas

também a chance de sobrevida do doente traumatizado que teve atendimento inicial

adequado é maior do que a de qualquer outro doente. O socorrista pode aumentar a

expectativa de vida do doente traumatizado, não somente pelo ganho de anos

produtivos, mas por oportunizar ao Sistema de Saúde a recuperação mais eficiente

àquela vítima. Assim, a influência do socorrista sobre o doente traumatizado é maior do

que sobre qualquer outro doente.

Para se ter uma noção dos problemas advindos do trauma as literaturas trazem

exemplos a estes citados:

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Só nos Estados Unidos ocorrem 60 milhões de traumas por ano.

Metade, 30 milhões de pessoas, necessita de atendimento

médico urgente e 9 milhões têm algum grau de incapacitação.

Trezentas mil pessoas ficam com incapacitação permanente e

8,7 milhões têm incapacitação temporária [...] o custo

astronômico: de 40% dos gastos dos Estados Unidos com saúde,

mais de 100 bilhões de dólares, destinam-se ao tratamento

destes doentes traumatizados. Além disso, outros 300 bilhões

são perdidos em salários, custos administrativos de seguros,

danos materiais e custos empresariais [...] ( PHTLS, 2003, p.02-

05)

No Brasil, em conseqüência do aumento do número de veículos,

má conservação da malha rodoviária e preparo inadequado de

motoristas, tem havido aumento tanto do número de acidentes

quanto da gravidade das lesões produzidas por eles. Apesar da

falta de dados globais, os acidentes de trânsito produzem 50.000

óbitos e 300.000 lesões definitivas por ano. Na região

Metropolitana de Goiânia, que conta hoje com mais de

1.500.000 habitantes, existem 500.000 carros e 170.000 motos.

A estatística média de atendimentos em 2001 do Grupo de

resgate Pré-Hospitalar do Corpo de Bombeiros/SIATE foi de

1.130 pacientes/mês. (Apostila de Emergências Médicas do

SIATE-GO, 2002, p. 06-08)

As mortes devido ao trauma têm uma distribuição trimodal, com cada pico

correspondendo a um tipo de intervenção que seria mais efetiva em reduzir a

mortalidade. O primeiro pico, as mortes imediatas, representa os pacientes que morrem

antes de chegar ao hospital. As lesões acometendo estas mortes incluem os grandes

traumas cranianos e lacerações cardíacas ou de grandes vasos. Poucos destes pacientes

teriam qualquer chance de vida, mesmo com acesso imediato ao hospital. A prevenção

permanece a maior estratégia para reduzir estas mortes.

O segundo grande pico, as mortes precoces, são aquelas que ocorrem nas

primeiras horas após o trauma. Elas são devidas, principalmente, à insuficiência

respiratória, e às hemorragias internas e são quase todas tratáveis. Entretanto, os casos

graves necessitam de centros de trauma de fácil acesso e disponibilidade de especialistas

e de centro cirúrgico nas 24 horas do dia. Essas primeiras horas após o trauma são

chamadas de Horas de Ouro do trauma, porque conforme a Apostila de Emergências

Médicas do SIATE-GO (2002, p.06) “o prognóstico definitivo do paciente

politraumatizado depende, fundamentalmente, da eficiência com que suas lesões são

abordadas e tratadas neste período”.

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O terceiro pico, as mortes tardias, consiste dos pacientes que morrem após dias

ou semanas do trauma. A grande maioria se deve a infecções e a disfunção de múltiplos

órgãos e sistemas. O atendimento adequado na unidade de terapia intensiva é importante

para reduzir essas mortes. O tratamento do politraumatizado grave exige a rápida

identificação das lesões e a instituição de medidas terapêuticas para controlar as

condições que ameaçam a vida.

Assim, a abordagem de vítimas de trauma deve ser diferenciada, pois a vítima

pode não parecer gravemente lesada. Pode haver pouca evidência externa de lesão, de

maneira que, assim como descreve a Apostila de Emergências Médicas do SIATE-GO

(2002, p.08), “se o mecanismo de trauma tiver sido suficiente para produzir lesões

graves, toda vítima deve ser manipulada como se um trauma grave tivesse ocorrido”. E

como procedimento essa mesma literatura diz:

Tão logo medidas de avaliação primária, ABCDE, tenham sido

tomadas, o paciente deve ser transportado segura e rapidamente

ao hospital. A ênfase do atendimento pré-hospitalar deve ser:

permeabilizar vias aéreas e ventilar o paciente, imobilizar a

coluna cervical, obter acesso venoso e transportá-lo até o

hospital mais próximo com condições para oferecer atendimento

hospitalar adequado para as necessidades de cada vítima em

particular. (Apostila de Emergências Médicas do SIATE-GO,

2002, p.08)

A maioria dos casos de êxito letal precoce em pacientes traumatizados decorre

de insuficiência respiratória aguda ou choque. Aqui, especificamente, iremos

observar o estado de choque porque, como traz Apostila de Emergências Médicas do

SIATE-GO (2002, p.012), “algum grau de choque sempre está presente nos pacientes

politraumatizados”. Somado a isso, se sabe que o estado de choque é uma premissa para

a reposição volêmica como mostra JÚNIOR e FANTONI:

Reposição de líquido nos espaços intravascular e intersticial é

meta prioritária no tratamento do choque causado por

hemorragia, desidratação grave, queimaduras, cirurgia, sepse, e

uma grande variedade de traumatismos. (JÚNIOR e FANTONI,

1999, p. 126-138 )

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2.3.1 O Estado de Choque

A palavra choque foi utilizada pela primeira vez, na literatura médica, em 1731

pelo cirurgião francês Henry François Le Dran quando publicou suas experiências

obtidas a partir das observações sobre ferimentos no campo de batalha.

A palavra choque deriva do francês choc: parada e scoc:

sacudida. É um distúrbio caracterizado pelo insuficiente

suprimento sangüíneo para os tecidos e células do corpo. Pode -

se dizer que é a perfusão e oxigenação inadequada dos órgãos e

tecidos. (KOSSHIMA, 2003)

Cem anos mais tarde, Thomas Latta utilizou solução salina para tratamento do

choque hipovolêmico devido à cólera. A partir desse período, os estudiosos do assunto

passaram a conceituar choque segundo o modelo científico mais desenvolvido na época.

Assim, Claude Bernard costumava conceituar choque por um modelo fisiológico

envolvendo o sistema nervoso, assunto de maior interesse naquele período.

Em 1872, Samuel Gross descrevia choque como desequilíbrio da maquinaria da

vida. John Collins Warren definia como pausa no processo da vida. Em 1889, George

Crile, após estudos experimentais, definiu a importância da pressão venosa e a falência

do retorno venoso como fenômeno central no desenvolvimento do choque.

As primeiras observações clínicas de choque surgiram durante a Primeira Guerra

Mundial, quando Cannon e Bayliss levaram um grupo de fisiologistas para o

atendimento de feridos no campo de batalha.

Mais recentemente, diversos estudiosos passaram a identificar situações que se

tornavam difíceis de serem incluídas em um só conceito. A partir daí, diversas

definições surgiram, focalizando um ou outro aspecto da síndrome. Dessa forma, Mac

Lean em 1972 definiu choque focalizando o fluxo sangüíneo para órgãos vitais. Parrillo,

em 1994 chama a atenção para a característica de redução generalizada da

disponibilidade de Oxigênio para os tecidos.

As literaturas atuais também trazem conceitos didáticos a cerca do que seria o

estado de choque: “[...] choque é uma anormalidade do sistema circulatório, que resulta

em perfusão orgânica e oxigenação tecidual inadequada [...]” explica o ATLS –

Advanced Trauma Life Support – (1995, p. 77).

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O choque pode ser classificado segundo diversos critérios. O critério etiológico

procura enfatizar a causa desencadeante do choque, assim encontramos os termos

choque hemorrágico, traumático, anafilático e neurogênico. O critério clínico enfatiza a

forma de apresentação, assim temos o choque hipotensivo, choque normotensivo,

choque frio, choque quente etc. O critério mais comumente utilizado nos dias de hoje

procura enfatizar o aspecto hemodinâmico subjacente, assim temos: choque

hipovolêmico, choque cardiogênico, choque obstrutivo e choque distributivo.

No choque hipovolêmico, a utilização do substrato energético está

comprometida devido à hipoperfusão tecidual, conseqüente à redução do volume

circulante. No choque cardiogênico, o oxigênio não é utilizado adequadamente devido à

falência da contração ventricular, o qual gera pressão insuficiente para perfusão

tecidual. No choque obstrutivo, a perfusão é comprometida por obstáculo mecânico ao

fluxo sangüíneo gerado pela concentração ventricular, ou por restrição à diástole. O

choque distributivo pode se apresentar de duas formas hemodinâmicas: com baixa

resistência vascular sistêmica (fase inicial do choque séptico, choque anafilático etc.) ou

com alta resistência vascular sistêmica (fase tardia do choque séptico). Em todas as

formas, a utilização do substrato energético está comprometida por alterações da

microcirculação ou do metabolismo celular modificado por diferentes mediadores.

[...] Em seguida, dá-se prioridade à letra “C” que corresponde à

manutenção da circulação. A hipovolemia grave está presente

na grande maioria com causas clínicas e cirúrgicas de choque

circulatório e em até um terço dos pacientes com infarto agudo

do miocárdio e hipoperfusão. Conseqüentemente, a rápida

infusão de líquidos é necessária para expandir o volume

intravascular e restaurar o retorno venoso. A terapia com

líquidos está em relação direta com os parâmetros específicos do

desempenho circulatório restaurado, como a freqüência

cardíaca, pressão arterial, pressão venosa, central (PVC), débito

cardíaco (DC), diurese e depuração do lactato arterial. (MARSON, 1998, p.373)

O modelo fisiopatológico adotado, para explicar a evolução do processo de

choque, considera que todas as formas de choque apresentam uma resposta semelhante

quanto ao fluxo sangüíneo que se torna reduzido. A redução do volume circulante

efetivo pode ser devido à redução do volume circulante, à falência miocárdica ou ao

aumento das necessidades metabólicas. A resposta inicial do organismo é redistribui o

fluxo de sangue para órgãos essenciais como o cérebro e o coração, em detrimento de

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outros como o fígado, os rins, o intestino etc. o que pode tecer um quadro clínico

generalizado de disfunção de sistemas e órgãos.

O tratamento do paciente em estado de choque pode ser dividido em: medidas

gerais, medidas específicas, observação contínua e medidas de apoio. As medidas gerais

procuram garantir uma respiração adequada com suplementação de oxigênio,

estabelecimento de um acesso vascular para infusão de líquidos e um controle rigoroso

de entrada e saída de líquidos.

Quanto à taxa de sobrevida, verificaram 100% de sobrevida nos animais

tratados com a solução hipertônica, enquanto que aqueles tratados com soro

fisiológico vieram a óbito nas primeiras 6,5 horas após o período de

sangramento. (Junior e Fantoni, 1999)

As medidas específicas são dirigidas para os diferentes tipos de choque

(hipovolêmico, cardiogênico, obstrutivo ou distributivo). A observação contínua

envolve uma monitorização hemodinâmica invasiva e controle clínico-laboratorial dos

sistemas orgânicos envolvidos. As medidas de apoio são as que demonstram ser

benéficas no tratamento do choque. A reposição de volume e o uso de drogas vasoativas

devem se basear nos dados encontrados a partir da monitorização hemodinâmica.

Soluções hipertônicas têm sido utilizadas no tratamento do choque

hipovolêmico, desde o início do século. Relatou-se o aumento da sobrevida

em pacientes com cólera submetidos a tratamento com solução hipertônica de

cioreto de sódio a 1,5%. (Junior e Fantoni, 1999 apud Shertel e Tobias, 1992)

A mais importante medida de apoio no tratamento do choque consiste na rápida

e adequada reposição de líquido como mostra o ATLS (1995, p. 25 e 85) “Como

mínimo, devem ser inseridos dois cateteres venosos de grosso calibre “ [...] o volume

líquido inicial é administrado tão rapidamente quanto possível. A dose habitual é de um

a dois litros em adultos e de 20 ml/kg em crianças [...]”. A hipovolemia está, em geral,

associada a todos os tipos de choque e sua persistência constitui o fator perpetuador da

hipoperfusão tecidual. O primeiro princípio de reposição volêmica consiste em fornecer,

com segurança, o líquido que o paciente perdeu.

Os efeitos de uma solução hipertônica de cloreto de sódio e

lactato em pacientes na vigência de choque hipovolêmico

resultante de queimaduras, demonstrando que o tratamento com

a solução hipertônica foi efetivo e seguro. (Junior e Fantoni,

1999 apud Mofano e Col, 1973)

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O paciente que não se apresenta anêmico poderá receber soluções de cristalóides

(soro fisiológico, Ringer etc.) ou coloidais (expansores plasmáticos de diferentes

composições). Conforme o ATLS (1995, p. 85) “a solução de Ringer lactato é a escolha

inicial. A solução salina fisiológica é a segunda escolha para a reposição de volume em

politraumatizado”.

Ainda fazendo considerações a cerca da reposição volêmica temos:

Há dois motivos para se obter acesso venoso em qualquer

doente na fase pré-hospitalar: reposição volêmica e

administração de drogas. O terceiro, um motivo intra-hospitalar,

é monitorizar as funções cardíacas. O acesso pode ser obtido por

punção venosa periférica ou central ou por punção intra-óssea

[...] O local ideal para o aceso venoso num doente traumatizado

são os acessos periféricos de grosso calibre (preferencialmente 2

acesso).”(PHTLS, 2003, p.184-18

Dentro da necessidade de estudar a reposição volêmica vários estudos vêm

comprovando, ao longo dos anos, a necessidade de se repor o volume o quanto antes

possível em vítimas traumatizadas/chocadas:

Pequenos volumes de cloreto de sódio hipertônico (NACI a

7,5%), restauram a pressão arterial, o débito cardíaco e o fluxo

regional, quando injetados em animais em choque hemorrágico

grave. Em estudos clínicos de hipotensão pós-traumática, foram

também observados benefícios com o uso de soluções salinas

hipertônicas, principalmente para vitimas de trauma

necessitando de cirurgia e nos portadores de trauma craniano e

com hipotensão sistêmica. (SILVA, 2003)

[...] ainda neste estudo os autores verificaram que a

administração da solução de cloreto de sódio a 3% durante a

fase de transporte de pacientes vítimas de traumatismo,

apresentando hipotensão, normalizou a pressão arterial, pH e o

débito cardíaco. (Junior e Fantoni, 1999)

Na literatura há vários estudos sobre as diversas soluções para

reposição volêmica. Entretanto, nos serviços de urgência e

emergência a solução habitualmente utilizada na prática clínica

é o RL (Ringer Lactato), motivo pelo qual foi padronizada a

utilização dessa solução no protocolo. (HIRANO, 2003)

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3 ANÁLISE DO EXPOSTO

Preservar e manter a vida de uma pessoa até que esta receba assistência

hospitalar. Em poucas palavras, esta pode ser uma definição do que são primeiros

socorros. No entanto, não são poucas as situações em que estes podem ser prestados e

os socorristas devem estar cientes que sua ação deve ser precisa, rápida e tranqüila.

Então, é indispensável ao socorrista um aprendizado teórico e prático, além da

experiência diária, que possa permitir-lhe prestar os primeiros socorros de maneira

segura e correta.

O atendimento pré-hospitalar vem sofrendo transformações ao longo dos

tempos. Na medida em que as tecnologias vão se aperfeiçoando, conforme se percebe a

necessidade, cada vez maior, de implementar técnicas mais eficientes e especializadas,

estudos são feitos e refeitos para trazer uma melhoria do sistema.

Entretanto, no âmbito do atendimento pré-hospitalar, por profissionais não

médicos, esse aperfeiçoamento fica inviabilizado, pois segundo as legislações

específicas, não há a possibilidade de o socorrista realizar atos de competência da área

da saúde, mas há a necessidade em alguns casos de reposição volêmica. Visto que o

Médico Regulador das Emergências, nem o Médico Socorrista não conseguem estar

presentes em todas as ocorrências. Justifica-se a necessidade de se buscar alternativas

viáveis para a preservação da vida do paciente visto que esta é o bem maior.

O que se percebe é que as vidas das vítimas poderiam estar sendo poupadas e a

morbidade diminuída, se houvesse a reposição volêmica precoce, mediante a orientação

médica, pois existe uma alta incidência de vítimas advindas do trauma que, em algum

nível, estão em estado de choque.

Assim, em uma atmosfera favorável, onde já fornecendo treinamento aos

socorristas do Resgate do Corpo de Bombeiros Militar e orientado pelo médico

regulador, esses militares poderiam puncionar uma veia e aplicar solução indicada pelo

médico. Isso iria contribuir para o CBMGO de duas formas, primeiro porque o serviço

estaria sendo especializado mostrando que há interesse em buscar excelência nos

serviços; segundo porque, cada vez mais, estaríamos aproximando do objetivo dos

Bombeiros que é salvar vidas.

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Quando se fala em salvar vidas uma série de análises devem ser feitas para que o

melhor possa ser feito às vítimas:

Os serviços de Urgências e Emergências de todo o país encontram-se

constantemente congestionado. Um trabalho bem desenvolvido ou adiantado pelo

atendimento pré-hospitalar agilizaria o próprio trabalho intra-hospitalar melhorando a

qualidade do atendimento, diminuindo o período que a vítima se encontraria no

hospital, com conseqüente diminuição de gastos públicos e com aumento de sobrevida.

Quando se fala de Brasil tem que levar em consideração que existe uma grande

extensão territorial, que impõe distâncias significativas entre local do acidente e hospital

de referência, o que de certa forma, dificulta uma cadeia de reanimação e estabilização e

referência adequada para os pacientes graves; e uma cadeia de cuidados imediatos e

resolutivos para pacientes agudos e agudos não graves.

Observa-se ainda a idéia de que a intervenção dos Bombeiros/Socorristas no

processo recuperativo das vítimas se dá em um período mínimo e determinante à vida

de forma que a experiência aliada a técnicas eficientes possa restaurar o quadro de

sobrevida que aumentará.

Eticamente não se pode esquecer que a vida não deve ser utilizada como meio

do processo, e sim como objeto que se visa salvar. O campo de atuação dos

profissionais se torna restrito levando em consideração somente a visão jurídica, que é

míope perante a Ética e todos os campos Epistemológicos. Uma primeira manifestação

a cerca do assunto mostra o interesse por não lesar ou danificar as pessoas, de forma

geral, e as pessoas enfermas, de modo particular. Outro aspecto é observado dentro dos

planos deontológicos, cujos problemas não se resolvem em totalidade quando se fala em

área médica, principalmente porque na área de emergência, onde o pronto atendimento

deve ser aplicado de forma rápida. Fica explícito, eticamente falando, que a base dos

princípios éticos da medicina está em torno do Princípio da Beneficência e da Não-

Maleficência. O primeiro resume em agir conhecendo o que se faz e o segundo em

abster-se, devido ao despreparo, para não prejudicar.

Um outro foco de considerações pode-se estender aos históricos do trabalho do

atendimento pré-hospitalar. Ele vai, simplesmente, mostrar que houve evoluções nos

trabalhos desenvolvidos por representantes do atendimento pré-hospitalar. Entretanto, o

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mais interessante que observar a evolução é se atentar à existência de duas escolas de

atendimento pré-hospitalar: uma preconizando o atendimento in loco levando toda a

assistência ao local do acidentado (Européia) e outra a norte-americana que visa o

rápido atendimento – transporte rápido de vítimas. Assim, o misto, juntar o que há de

melhor entre os procedimentos citados, dessas duas escolas traria o que há de “mais

perfeito” no atendimento pré-hospitalar.

Dentro das legislações há pontos fundamentais relacionados ao atendimento pré-

hospitalar. Os documentos transcorrem sobre o atendimento pré-hospitalar considerando

como nível pré-hospitalar móvel na área de urgência, o atendimento que procura chegar

precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde; mostrando que existem

equipes da área de saúde e profissionais que não são da área da saúde. As leis trazem,

para um mesmo ocorrido (acidente), responsabilidades diferentes às equipes que

prestam socorro. Os Bombeiros, por exemplo, estão proibidos de fazer qualquer

manobra invasiva. Já as equipes de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos em

enfermagem, etc.) têm ampla atuação, conforme responsabilidade de cada um.

A análise realizada tende a mostrar que existe a dificuldade legal de Bombeiros

fazerem reposição volêmica. Fato esse indiscutível, pois a portaria que trata do assunto

é precisa e clara. Temos que levar em consideração, é claro, os aspectos legais e

formais, mas observa-se que nestas últimas legislações não houve pesquisa para

conhecer melhor o trabalho prestado pelos Bombeiros, pois no início dos trabalhos Pré-

Hospitalares no país, quase que, exclusivamente, os Bombeiros realizavam trabalhos

pré-hospitalares. Estes profissionais que se aperfeiçoam, têm em sua formação horas em

Primeiros Socorros, saem da formação e se especializam tendo mais muitas horas em

Primeiros Socorros, e especificamente em situações adversas, não podem puncionar

uma veia e repor volume orientado por médicos reguladores. O paralelo permitido se

faz, pois muitos técnicos de enfermagem, que são autorizados pelas normas a tomarem

atitudes invasivas, nem sempre são capazes de fazê-lo, principalmente se o colocarmos

em uma situação adversas, o que aos Bombeiros é uma rotina.

Ressalta-se também que, conforme o Consenso Brasileiro de Monitorização e

Suporte Hemodinâmico prescrito na Revista Brasileira de Terapia Intensiva ( 2006

Vol.18 , p 162) “a restauração da volemia deve ser obtida o mais precoce possível e

parece que o tempo influencia mais do que o tipo de solução cristalóide ou colóide

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administrado” e além disso, na mesma revista “ considera que há baixos custos e poucos

efeitos colaterais diretos de aplicação de soluções cristalóides...”. Resume-se que não há

muito problemas em administrar estes repositores de volume e que em termos de custos

são baixos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho do socorrista é relevante visto que, com o uso adequado e eficiente de

seus conhecimentos no local de um acidente, ele é capaz de salvar vidas e impedir ou

aliviar o sofrimento. Esse é o único e exclusivo objetivo do trabalho que busca

aperfeiçoar e melhorar as técnicas de conhecimento dos Bombeiros/Socorritas para que

esses homens possam estar administrando cuidados básicos e determinantes à vida.

Como existe uma necessidade de maior atuação quando se consideram vítimas

traumatizadas; sabendo que os Bombeiros não podem, legalmente, agir invasivamente

nas vítimas, mesmo que essas o necessitem; sabendo que o CBMGO é uma instituição

legalmente responsável por assistir vítimas de diversos acidentes; sabendo ainda que

existe, por parte dos Bombeiros, um grande domínio dos conhecimentos a respeito do

Choque; expondo ainda uma impressão subjetiva de profissionais da saúde que

explicam que os Bombeiros têm capacidade de repassar as informações dos estados das

vítimas, chega-se na viabilidade desses Bombeiros/Socorristas fazerem manobras

invasivas desde que sejam treinados para isso. Assim, poderão se especializar e dar um

melhor tratamento Pré-Hospitalar às vítimas que atendem.

De forma geral então deve-se:

1º - Adequar a legislação atual para que os Militares do Corpo de Bombeiros

possam, legalmente, ter amparo; ( opção a médio/longo prazo)

2º - Quando da realização de Concursos, incluir nas fileiras da Instituição

pessoas com formação na Área de Saúde; (opção a médio/longo prazo)

3º - Sem adequar a legislação pertinente, pode-se, fazendo comparações entre as

grades curriculares – Curso Técnico de Enfermagem x Cursos Militares –, fazer

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adequação á grade de Disciplina dos Militares no Curso de Formação e/ou Curso de

Especialização; (opção a curto prazo)

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