100
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS CONTROLES GERENCIAIS E FLEXIBILIDADE: UM ESTUDO QUALITATIVO COM GERENTES DO E-COMMERCE ANDERSON LUIZ BEZERRA CALIXTO São Paulo 2016

New UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/3168/5/ANDERSON... · 2017. 4. 4. · Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto Decano

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CONTROLES GERENCIAIS E FLEXIBILIDADE: UM ESTUDO

QUALITATIVO COM GERENTES DO E-COMMERCE

ANDERSON LUIZ BEZERRA CALIXTO

São Paulo

2016

ANDERSON LUIZ BEZERRA CALIXTO

CONTROLES GERENCIAIS E FLEXIBILIDADE: UM ESTUDO

QUALITATIVO COM GERENTES DO E-COMMERCE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Contábeis da

Universidade Presbiteriana Mackenzie para a

obtenção do título de Mestre em Controladoria

Empresarial.

Orientador: Prof. Dr. José Carlos Tiomatsu Oyadomari

São Paulo

2016

C154c Calixto, Anderson Luiz Bezerra.

Controles gerenciais e flexibilidade: um estudo qualitativo

com gerentes do e-commerce / Anderson Luiz Bezerra

Calixto - 2016.

90 f.: il.; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Controladoria Empresarial)

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2016.

Orientação: Prof. Dr. José Carlos Tiomatsu Oyadomari

Bibliografia: f. 91-95

1. Contabilidade gerencial. 2. E-commerce. 3. E-business.

4. Maketplace. 5. Tomada de decisão. I. Título.

CDD 658.1511

Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto

Decano de Pesquisa e Pós-Graduação

Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Prof. Dr. Adilson Aderito da Silva

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

Prof. Dr. Henrique Formigoni

À Ágata, semente que espero que floresça trazendo a

multiplicação de conhecimentos para esta sociedade em

evolução rápida e constante.

AGRADECIMENTOS

Por acreditar que somos uma colcha de retalhos das pessoas que conhecemos, por agregar

saberes direta ou indiretamente, este trabalho é uma realização de várias contribuições

ideológicas.

Então, primeiramente a Deus por iluminar meus passos em direção à luz, tendo em vista

nascer em um lar humilde e galgar dia a dia uma nova realidade para minha vida.

A minha mãe, Marfiza, pela rígida educação quando a facilidade da Comunidade do

Complexo do Lins no Rio de Janeiro poderia ter me presenteado com uma realidade diferente.

A meu pai, Luiz Edvaldo, por influenciar minha carreira financeira com seus exemplos de

percentual de descontos na área farmacêutica, sendo eu ainda criança.

Desde o meu primeiro professor até o meu orientador mais importante, o Professor Doutor

José Carlos Oyadomari, que, com grande paciência soube me conduzir até este momento.

Aos meus colegas de turma, companheiros de noites mal dormidas e contribuintes de diversos

conhecimentos extraídos de calorosos debates em sala de aula.

A cada funcionário desta universidade onde fiz graduação, pós latu senso e agora, stricto

senso, desde o Reitor até o mais digno auxiliar de limpeza.

Aos meus irmãos, Lucas, Queren Hapuque e Washington, sem eles não teria motivo para ser

melhor a cada dia.

A cada amigo que entendeu o porquê diminui meu convívio social e a cada chefe que

entendeu porque precisei sair mais cedo do trabalho. Em especial o Sr. Célio Pires, por ser de

formação nobre, não só entendia como incentivava.

Finalmente e, em especial, Aline Calixto, amiga com quem casei e com grande perfeição

trouxe ao mundo a pessoa que mais amo, Ágata Calixto - Minha Filha.

Sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho.

(Jorge Paulo Lemann)

RESUMO

A sociedade moderna encontrou uma nova forma de fazer negócio chamada e-commerce.

Com a expansão da internet essa modalidade de compras vem crescendo constantemente e a

forma de gerir este novo canal de vendas é pouco explorada. A maioria dos colaboradores,

que compõem essa nova modalidade de negócio vêm de outros ramos de atividades. A

flexibilidade do comércio eletrônico propicia maior agressividade (tanto no preço, como no

produto e na comunicação ou distribuição). Portanto, o mercado necessita de profissionais

especializados em e-business. Internamente, converter o click de compras de um site em

pedido entregue na casa do cliente exige várias etapas (Ciclo do Pedido), que são bem

diferentes das etapas do varejo físico, e os controles cibernéticos e culturais são uma

adaptação do atacado. O e-commerce é cercado de incertezas estratégicas, que geram

necessidade de destreza para o negócio, que necessita ser controlado de forma diferenciada,

pois exige flexibilidade: de mão de obra, tanto em formação quanto em quantidade e de

capacidade de ocupação de carros de transportes, ou seja, preço dinâmico, competitivo e

online. Como o mercado é concorrente, as lojas (websites) devem ser simples e complexas

simultaneamente, pois, cada cliente deve enxergar um layout diferente. Volta a ideia de

flexibilidade, agora nos produtos apresentados e na comunicação individualizada da 1ª página.

Procurando comparar a literatura com a prática e a viabilizar soluções para esse mercado de

crescimento célere, este trabalho traz ao âmbito acadêmico os gaps que foram identificados

por meio de entrevistas com renomados profissionais das maiores empresas do e-commerce,

de acordo com o e-bit. De natureza exploratória e método qualitativo utilizou-se para a coleta

de dados: entrevistas em profundidade com 8 (oito) profissionais de diferentes áreas. Os

dados coletados sofreram análise de conteúdo pelo software NVIVO. Este trabalho objetivou

investigar a percepção dos profissionais de e-business quanto ao grau de flexibilidade do e-

commerce comparado às suas áreas de ações anteriores; quais são os principais indicadores

utilizados por esses gestores e quais as mudanças de cenário que os fazem flexibilizar suas

decisões. Como principais resultados identificaram-se as incertezas estratégicas que

flexibilizam as decisões, os indicadores usados no e-commerce que balizam suas ações,

metodologia de trabalho, procedimentos (Ciclo do Pedido) e as propostas de melhorias na

prática. Ainda, verificou-se que as empresas são carentes em tecnologia nas informações e nos

processos, faltando: integração das áreas, suporte, indicadores monetários (até para áreas

estratégicas) e metodologia científica para precificar, justificando os prejuízos dos principais

e-commerces do Brasil. Ao final do trabalho ficou evidenciado que existe uma crise de

identidade cultural entre empresa digital e o varejo físico, e que o Sistema de Informação

exige, porém, não é inteiramente funcional. Nas empresas que exercem os controles de

comparação por pares, o sistema de crenças é mais latente. De uma empresa para outra as

informações divergem em diversos aspectos, porém todos convergem na percepção que o

comércio eletrônico é o canal de venda do futuro e que o marketplace é a principal ferramenta

para flexibilizar ainda mais este tipo de organização.

Palavras-chave: Contabilidade Gerencial. E-Commerce. E-Business. Marketplace. Tomada

de Decisão.

ABSTRACT

Our society has found a new way of doing business. It is called e-commerce. With the

expansion of the internet this form of shopping has been growing constantly and ways of

managing this new sales channel is underexplored. Most employees in this new business

model come from different fields of work. The flexibility of e-commerce allows for more

aggressiveness, (in price, product, Communication and on distribution). Bringing about a need

for specialized professionals in e -business. The internal process of turning the buying click

on the website into an order delivered to the door of the buyer requires several steps (the

Order Cycle); all of them quite different from the steps taken in physical retail, and cyber

controls and cultural controls are an adaptation of the wholesale. E-commerce is surrounded

by strategic uncertainties, which generates a demand for dexterity in the business, and this

business has to be controlled in a different way, because it requires flexibility: in labor, both

in training and in quantity and on the capacity of transport, i.e. pricing, competitive and

online. Seeing as the market is competitive, stores should be simple and complex at the same

time, since each client should see a different layout. Again the idea of flexibility, now

referring to products displayed and individualized communication on the first page of the

website. Seeking to compare theory to practice and to find solutions for this fast-growing

market this paper brings to academic the gaps that were identified during interviews with

renowned professionals from the largest e-commerce companies, according to E-bit. The

research was exploratory, using the qualitative method that was as a methodology for data

collection interviews with eight professionals from different companies. The collected data

was processed through content analysis using the NVIVO software. The objective of this

research was to investigate the perception of E-business professionals on the degree of

flexibility of e-commerce compared to their previous experiences and fields; which are the

main indicators used by these managers and which changes in scenario have made them more

flexible in their decisions. The main results identified strategic uncertainties that made

decision-making more flexible, indicators used in e-commerce that guide their actions, work

methodology, procedures (the Order Cycle) and practical proposals for improvement . Still, it

was found that companies are lacking in technology of the information and processes,

integration of areas, support, monetary indexes (even for strategic areas) and scientific

methodology for pricing, justifying the losses of the main e-commerce in Brazil. The research

showed that is a cultural identity crisis between digital companies and the physical retail, and

that there is a System of Information although not fully functional. In business that exerts

peer-monitoring controls, the belief system is more latent. From one company to another the

information differs in several respects, but they all converge when it comes on the perception

that the electronic commerce is the future of sales and that marketplace is the main tool for

further flexibility in this type of organization.

Key words: Managerial Accounting. E-commerce. E-business. Marketplace. Decision

Making.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema Adaptado em Chen (2011) ..................................................................... 20

Figura 2: Evolução de Faturamento do E-commerce ............................................................ 22

Figura 3: Resumo do Profissional de E-commerce ............................................................... 25

Figura 4: Ciclo do Pedido no E-commerce Simplificado ..................................................... 29

Figura 5: Modelo da Pesquisa ............................................................................................... 41

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Ranking dos Maiores E-Commerces do Brasil 23

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Caracterização das Empresas de Atuação ............................................................ 39

Quadro 2: Caracterização dos Entrevistados ........................................................................ 40

Quadro 3: Caracterização das Empresas ............................................................................... 41

Quadro 4: Categorias Resultantes da Análise de Conteúdo .................................................. 44

Quadro 5: Objetivos e Relevâncias Teóricas 1 ..................................................................... 46

Quadro 6: Resumo dos Controles Utilizados nas Empresas Entrevistadas .......................... 47

Quadro 7: Objetivos e Relevâncias Teóricas 2 ..................................................................... 50

Quadro 8: Objetivos e Relevâncias Teóricas 3 ..................................................................... 53

Quadro 9: Uso das Ferramentas Hospedeiras ....................................................................... 54

Quadro 10: Objetivos e Relevâncias Teóricas 4 ................................................................... 58

Quadro 11: Resumo das Estratégias das Empresas Entrevistadas ........................................ 59

Quadro 12: Objetivos e Relevâncias Teóricas 5 ................................................................... 64

Quadro 13: Uso do Data Mining pelas Empresas Entrevistadas .......................................... 65

Quadro 14: Percepção de Flexibilidade das Empresas Entrevistadas ................................... 67

Quadro 15: Objetivos e Relevâncias Teóricas 6 ................................................................... 68

Quadro 16: Objetivos e Relevâncias Teóricas 7 ................................................................... 68

Quadro 17: Ações diante dos tipos de Flexibilidade ............................................................ 70

Quadro 18: Objetivos e Relevâncias Teóricas 8 ................................................................... 72

Quadro 19: Objetivos e Relevâncias Teóricas 9 ................................................................... 80

Quadro 20: Objetivos e Relevâncias Teóricas 10 ................................................................. 80

Quadro 21: Resumo do uso dos Controles Culturais ............................................................ 81

Quadro 22: Objetivos e Relevâncias Teóricas 11 ................................................................. 84

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 17

1.1.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 19

1.1.2 Justificativa e Contribuições ..................................................................................... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 21

2.1 O E-commerce ........................................................................................................ 21

2.2 A Gestão no E-Commerce ...................................................................................... 24 2.3 Conceito de Marketplace ......................................................................................... 26

2.4 Conceito de Data Minig .......................................................................................... 27 2.5 Conceito de Precificação Dinâmica ......................................................................... 27 2.7 A Flexibilidade no E-Commerce ............................................................................. 28

2.7.1 Produto (Product) .................................................................................................. 30 2.7.2 Preço (Price) ........................................................................................................... 30

2.7.3 Comunicação (Promotion) ..................................................................................... 31

2.7.4 Distribuição (Place) ............................................................................................... 32 3. CONTROLES GERENCIAIS ...................................................................................... 33

3.1 Controles Cibernéticos ............................................................................................. 33

3.2 Controles de Remuneração e Recompensa ............................................................ 34 3.3 Controles Culturais e Sistema de Crenças ............................................................. 34

3.4 Sistemas de Restrições .............................................................................................. 35 3.5 Controles de planejamento ...................................................................................... 35

3.6 Administrativos ......................................................................................................... 35 3.7 Incertezas estratégicas .............................................................................................. 36

3.8 Inovação ..................................................................................................................... 36

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 38

4.1 Tipo e Método de Pesquisa ....................................................................................... 38 4.2 População e Amostra ................................................................................................ 38

4.3 Procedimentos de Coleta de Dados ........................................................................ 40 4.4 Procedimentos de Tratamento de Dados ................................................................ 42

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................... 45

5.1 Resultado das Entrevistas ........................................................................................ 45

5.1.1 Categoria CAT-01 – Controles Cibernéticos .................................................. 46

5.1.2 Categoria CAT-02 – Incertezas Estratégicas .................................................. 50 5.1.3 Categoria CAT-03 – Flexibilidade em Mix de Produto ................................ 53 5.1.4 Categoria CAT-04 – Flexibilidade no Preço .................................................. 57

5.1.5 Categoria CAT-05 – Flexibilidade na Comunicação ...................................... 64 5.1.6 Categoria CAT-06 – Flexibilidade na Distribuição ....................................... 67

5.1.7 Categoria CAT-07 – GAPS .............................................................................. 73 5.1.8 Categoria CAT-08 – Controle Culturais ......................................................... 81 5.1.9 Categoria CAT-09 – Sistema de Recompensa e Remuneração ..................... 85

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 91

APÊNDICE A ........................................................................................................................ 96

APÊNDICE B .......................................................................................................................... 99

17

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, os questionamentos relacionados ao e-commerce estão em evidência na

mídia seja ela impressa, áudio visual ou digital, porém, temos poucos estudos acadêmicos

sobre o assunto, principalmente, no que tange a seus indicadores, incertezas estratégicas,

cultura e flexibilidade.

A evolução tecnológica trouxe a globalização e, dentre os vários efeitos gerados

destacam-se: a complexidade dos processos e a velocidade da informação, a pressão por

melhores preços e serviços, consequentemente, a flexibilidade de estruturas, e nessa troca de

cenário nasce o e-commerce. TIGRE (1999) define que os agentes do e-commerce também

necessitam do mapeamento de seus GAPS e qualificação diante das mudanças globais, cada

vez mais incertas.

As incertezas estratégicas crescem com o Mercado globalizado e SIMONS (2000)

conceitua estas como “a imprevisibilidade externa que permite que eventos mudem ou

invalidem as previsões estratégicas”. Acrescentam MERCHANT e VAN DER STEDE (2007)

que as incertezas são maiores quando as mudanças tecnológicas aumentam, e estas incertezas,

por sua vez, exigem muita flexibilidade.

Esta mesma flexibilidade já era apresentada no pós-fordismo, que, em “um modelo

flexível de gestão organizacional, caracterizava-se pela diferenciação integrada da

organização da produção e do trabalho sob trajetória de inovações tecnológicas em direção à

democratização das relações sociais nos sistemas das empresas” (TENÓRIO 2000, p. 163).

Muito estudada no campo da engenharia da produção, como mostram CORRÊA e

SLACK (1994), o termo “flexibilidade”, ligado ao adjetivo, é apontado por SALERNO

(1993) como pouco explorado em seu conceito mais amplo, ou seja, ser a habilidade do

sistema de lidar com as mudanças.

O paradigma da flexibilização organizacional de orientação pós-fordista determina

um novo perfil não só do trabalhador como também do gestor, dos quais TENÓRIO (2002, p.

163) define: "Antes do fordismo, o trabalhador-artífice detinha o controle da concepção, do

processo, dos instrumentos de trabalho e até, em muitos casos, da comercialização”.

Com o fordismo o trabalhador-massa perde esse controle e passa a realizar suas

atribuições conforme planejado pelo quadro técnico da empresa e através de uma supervisão

rigorosa sobre a sua execução. “O trabalhador-massa atua quase como uma extensão da

máquina” (TENÓRIO, 2002).

18

Atualmente, sob a expectativa pós-fordista e distintas condições sociais, tecnológicas

e o upgrade da internet, começam surgir novos consumidores e novos trabalhadores esses

derradeiros, por sua vez precisam se profissionalizar e, de acordo TIGRE (1999), falta

capacitação na área. Informação confirmada pela pesquisa realizada pelo E-BIT (2016). A fim

de que haja sucesso no setor, os profissionais precisam, ao menos, de conhecimentos prévios

do sistema que é integrado e flexível:

A utilização de novas tecnologias em micro informática, especialmente, os sistemas

integrados de gestão, oferecem uma grande possibilidade de incremento da

circulação da informação e pode ampliar o conhecimento e consciência das pessoas

sobre os processos e os negócios empresariais e, por conseguinte, fornecer uma das

condições básicas para efetivar a flexibilização organizacional. (MALAMUT, 2005,

p.14).

Encontramos em FREZATTI et. al. (2010) que o sistema integrado mais utilizado é

o Balanced Scorecard (BSC). Relacionado com o processo de inovação nas organizações o

BSC contribui com a utilidade do molde aos estímulos externos, tensões dinâmicas,

estratégias de inovação e percepção de sucesso da inovação.

Independente da forma de ferramenta utilizada como Sistema de Controle de Gestão

não há como administrar sem controlar, como defende DEMING (1999, p. 47) “Não se

gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se

entende, não há sucesso no que não se gerencia”. Logo, os controles são partes fundamentais

para a gestão dos resultados. Controles estes, que são matéria - prima da Controladoria que “o

gestor do departamento deve gerenciar o sistema de informação para assessorar a tomada de

decisão de forma eficiente” (SHIER 2011, p. 39).

MALMI e BROW (2008) definem esse Sistema em uma nova versão, denominada

por pacote, que é muito diferente dos modelos rígidos apresentados no Fordismo - definido

por TENÓRIO (2000, p. 140) como “um método de organização da produção que visava à

padronização”. Porém, a mesma rigidez apresentada nos modelos de DEMING (1999) e

Professor Falconi (apud CAMPOS, 2004) advogam que os processos devem ser desenhados e

incessantemente repetidos até a perfeição.

Inevitavelmente no e-commerce, apresentam-se evidências suficientes para não

duvidar que os controles sejam imprescindíveis. Este modelo de negócio cercado de

incertezas estratégicas e profissionais com pouca inovação em um Mercado exige muita

velocidade e flexibilidade 24 horas por dia.

19

1.1 Questão de Pesquisa

O presente estudo pretende responder a seguinte pergunta de pesquisa: Como

funcionam os Controles em um ambiente caracterizado por alto grau de Incertezas

Estratégicas e que seja necessário alto grau de Flexibilidade em empresas do setor de e-

commerce?

1.1.1 Objetivo Geral

Investigar como e quais fatores influenciam a tomada de decisões dos profissionais de

e-business sobre o grau de flexibilidade entre o e-commerce e os ramos anteriores. Identificar

os principais indicadores utilizados por gestores frente às mudanças de cenário fazendo-os

flexibilizar suas decisões, a fim de apresentar percepções dos controles cibernéticos, controles

culturais, administrativos, de planejamento e de recompensa/remuneração (Sistema de

Controles Gerenciais de Malmi e Brown (2008)) no modelo altamente dinâmico e versátil do

e-commerce.

1.1.2 Justificativa e Contribuições

A viabilidade e vulnerabilidade do e-commerce e seus desafios diários da gestão

envolvem incertezas nas constantes decisões estratégicas é assunto pouco peculiar no

mestrado. Embora seja rotina frequente de grandes líderes dessas Companhias que ao longo

de suas carreiras, por vezes, se questionam sobre qual modelo de gestão seguir ante tantos

apresentados na literatura.

MALMI e BROWN (2008) ressaltam que os trabalhos sobre os sistemas de controles

gerenciais concentram-se na análise individual, adoção, uso e impacto. Asseguram também

que esses estudos têm abordado controles gerenciais formais e de natureza contábil, havendo

pouca atenção sobre a influência mútua desses com outros tipos de controles, tais como:

administrativos e culturais. Quiçá estudar as relações com a flexibilidade.

Então, na busca de entender como esses executivos tentam solucionar seus problemas

em momentos de pressão e improbabilidades, frente a um cenário que exige tanta

flexibilidade estratégica, a questão que tentaremos responder se o sistema de controle de

20

gestão é um apoio ou, em um momento de incerteza, ele é logo descartado para uma decisão

empírica.

Estudar indicadores no e-commerce é inovador, pois seguindo as justificativas de

CASTRO NETO et. al. (2010), a maior parte dos estudos de e-commerce é direcionada aos

fatores de sucesso em detrimento o insucesso.

A afinidade e identificação do mestrando com os temas e-commerce e controladoria

foi um critério utilizado na escolha desta pesquisa. Porém, não foi o único, pois o assunto

flexibilidade e controles gerenciais também são notoriamente crescentes e devem ser

explorados, sobretudo influenciado pelo renome do orientador na contabilidade gerencial.

A figura 1 apresenta o resumo estrutural deste trabalho para facilitar o entendimento:

Figura 1 – Resumo Estrutural (Fonte: Esquema Adaptado em Chen (2011))

21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para o entendimento desta pesquisa serão apresentados, neste capítulo, os principais

conceitos necessários com o intuito de facilitar o entendimento das percepções dos

profissionais aqui entrevistados.

2.1 O E-commerce

Existe uma limitação na contextualização do presente assunto, que é basicamente a

sua velocidade, pois, ao ler este material, em pesquisas posteriores ao seu ano de publicação,

pode-se chegar à conclusão que as informações estarão defasadas; já que observamos em

trabalhos recentes de 2011, por exemplo, que citavam o Orkut como uma revolucionária

ferramenta de mídia social e falavam das dificuldades da internet discada.

O e-commerce, assim como é chamado este segmento de negócio virtual, é um

modelo de negócio flexível já que até no horário de atendimento possibilita a venda de

produtos 24h por dia e em todos os dias do ano, com rapidez e facilidade. A demanda é

extremamente versátil e com isso torna a gestão mais dificultosa e cercada de incertezas, bem

diferente das previsões da indústria (LEE, 2001).

O termo e-commerce ou e-business representam transações eletrônicas realizadas

pela internet, ou seja, envios de pedidos de compras para fornecedores via troca eletrônica de

dados, suportados pela conectividade e a digitalização (KOTLER, 2000). Como o conceito se

torna muito amplo, devido à compra pela internet abranger outros tipos de transações, como

por exemplo, as bancárias, os conceitos neste trabalho serão limitados ao varejo online.

O comércio eletrônico é, possivelmente, a aplicação mais promissora da tecnologia

da informação testemunhada nos recentes anos. Ele está revolucionando a gestão da cadeia de

suprimentos e tem um enorme potencial para a manufatura, varejo, serviço e operações

(GUNASEKARAN et. al., 2002).

Segundo TIGRE (1999), o comércio eletrônico é visto como uma nova forma de

negociação com capacidade de originar o desenvolvimento econômico, de extinguir barreiras

geográficas ao comércio e de modificar totalmente os negócios. E esse sistema econômico,

devido ao crescimento do poder de compras da classe “C”, vem se consolidando no Brasil.

De acordo com a pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD) do IBGE de

2015, que tem sua metodologia aceita internacionalmente devido as criticidades das

22

pesquisas, 77,7 milhões de pessoas tiveram acesso à internet nos últimos três meses que

antecederam esta pesquisa, representando 46,5% da população total. Quando estratificado por

cada classe de rendimento mensal per capita fica evidente que, quanto maior a classe maior é

o acesso à internet, porém, as classes que mais têm crescido, a cada pesquisa, têm sido as de

baixa renda.

Mesmo que o crescimento seja nas classes menos abastadas, de acordo com o

relatório sobre o comércio eletrônico brasileiro divulgado pelo site E-bit, o ano de 2014

apresentou resultado muito positivo no comércio eletrônico brasileiro, tendo ultrapassado

mais uma vez a expectativa inicial para o faturamento do e-commerce e apontado um

crescimento de 24% em relação ao ano anterior. A receita atingiu a R$ 35,8 bilhões, em

decorrência dos 103,4 milhões de pedidos realizados, sendo 17% maior que 2013.

Figura 2 – Evolução de Faturamento do E-commerce (Fonte: www.ebit.com.br)

Os vinte sites mais acessados no Brasil estão na tabela 1 abaixo, e os entrevistados

representam quatro empresas que juntas detêm sete das marcas listadas.

23

Loja de e-

commerce

Audiência de Clicks

(milhões/mês)Porcentagem no top 20

1º – Netshoes 43 21,1%

2º – Americanas 24,6 12,1%

3º – Walmart 19,9 9,8%

4º – Aliexpress 16,1 7,9%

5º – Submarino 12,3 6,0%

6º – Extra 10 4,9%

7º – Casas Bahia 9,9 4,9%

8º – Magazine Luiza 9,1 4,5%

9º – Dafiti 8 3,9%

10º – Ponto Frio 7,8 3,8%

11º – Saraiva 6,7 3,3%

12º – Shoptime 5,9 2,9%

13º – Ricardo Eletro 5,4 2,7%

14º – eBay 5,2 2,6%

15º – Centauro 5,1 2,5%

16º – Hotel Urbano 3,59 1,8%

17º – Amazon 3,53 1,7%

18º – Kanui 2,7 1,3%

19º – Passarela 2,4 1,2%

20º – Fastshop 2,3 1,1%

Audiência dos 20 maiores varejistas online no Brasil

Tabela 1 – Ranking dos maiores E-commerce do Brasil (Fonte: www.olhardigital.com.br)

Uma coisa que não está em linha com o crescimento é a legislação, pois as políticas

governamentais pouco contemplam esse setor. TIGRE (1999) frisa que, desta forma, alguns

consumidores possuem receio sobre as entregas e esforço necessário para a recuperação de

um produto mal entregue. Como política de controle, a legislação específica para o comércio

eletrônico é recente (Decreto Federal nº 7.962/13), assim o cliente fica temeroso em efetuar

suas compras.

Os consumidores no Brasil apelam para os sites de reclamação, segundo o ranking

publicado pelo maior portal de reclamações de clientes no país, o Reclame Aqui. Das 20

(vinte) empresas mais reclamada, no período entre 24 de outubro de 2014 a 24 de outubro de

2015, 6 (seis) são empresas de comércio eletrônico, representando 30% da lista.

Apesar disso, o Brasil é o único país da América Latina que compõe o ranking dos

10 melhores mercados mundiais do e-commerce e fechou o primeiro semestre de 2014 com

um faturamento de R$ 16,06 bilhões, segundo a E-bit, ultrapassando o mesmo momento em

2013 (quando vendeu R$ 12,74 bilhões), e apresentando um crescimento nominal de 26%.

24

2.2 A Gestão no E-Commerce

Com base nos resultados da quarta edição da Pesquisa Profissional de E-commerce,

uma sociedade entre E-bit e a Universidade Buscapé Company que começou por volta de

junho de 2012, abordaremos aqui como desígnio delinear o perfil do profissional de e-

commerce no Brasil.

O comércio eletrônico necessita de um profissional mais flexível como o próprio

segmento. Esta flexibilidade é apresentada por LEE (2001) ao observar os motivos que

beneficiam o varejo online em relação ao varejo físico demonstrando, assim, uma modalidade

flexível, proporcionando ao consumidor: comprar 24 horas por dia, sete dias por semana,

confrontar preços, trocar conhecimentos com outros consumidores e obter informações sobre

produtos com facilidade e agilidade. A demanda também é extremamente flexível e com isso

torna a gestão mais dificultosa cercada de incertezas, bem diferente de outros ramos como já

foi citado.

Já BENYOUCEF et. al. acreditam que este mesmo profissional deve ser dinâmico,

assim como o e-commerce e afirma que:

O sucesso de uma empresa virtual depende muito da colaboração efetiva de seus

membros em orquestrar seus conhecimentos, habilidades, competências e recursos

básicos, a fim de melhorar as capacidades competitivas e responder melhor às

oportunidades de negócio. (BENYOUCEF et. al., 2010, p. 9).

Estas qualidades foram apontadas na pesquisa do E-bit e Universidade Buscapé

Company, realizada entre três de agosto e dois de setembro sendo coletadas 492 repostas de

profissionais de e-commerce com ajuda da plataforma de internet da E-bit, de alunos da

Universidade Buscapé Company e seguidores do Blog Profissional de e-commerce.

Na figura 3 a seguir, podemos observar o mapeamento do perfil do Gestor de e-

commerce.

25

Figura 3 – Resumo do Profissional de E-commerce (Fonte: www.ebit.com.br)

Como se pode notar depois de apresentada a síntese da pesquisa o profissional de e-

commerce está, em sua maior parte, no Estado de São Paulo; são homens (74%); têm menos

de 35 anos; são graduados ou pós-graduados (72%) e têm renda média de cinco mil reais.

A mesma flexibilidade apresentada na modalidade de negócios online é necessária

em seus profissionais, que, de acordo com a pesquisa é a 3ª habilidade mais necessária para

um profissional de e-commerce. Nesta área há muitos empreendedores, pois, 51% dos

entrevistados se declararam sócio ou proprietário do e-commerce que trabalham, enquanto

admiráveis 40% tem loja online e loja física.

Para KORTMANN et. al. (2014), a capacidade de responder rapidamente às

mudanças no ambiente é praticamente uma exigibilidade estratégica, porém, a flexibilidade

estratégica também está associada com altos custos de investimentos e custos de oportunidade

pertinente poder ter que renunciar a outras oportunidades, como derivando benefícios de

economias de escala ou excelência operacional.

A pesquisa também mostra que as habilidades consideradas mais importantes foram:

“organização e planejamento”, “foco em resultado” e “flexibilidade e inovação”,

respectivamente. O desempenho exigido e encontrado nos candidatos a trabalhar nas

empresas continua em conflito. Embora a diferença tenha suavemente atenuado, 12

26

habilidades ainda apresentaram uma diferença considerável entre o que o gestor busca (45%

necessitaram contratar) e o que o pretendente oferecer.

A formação profissional, na modalidade internet, já era preocupação em 1999 como

aponta Tigre:

Com relação à capacitação dos usuários, o quadro brasileiro também necessita da

qualificação absoluto/relativo feito anteriormente. Embora exista uma massa crítica

de pessoas potencialmente capazes de usar a Internet, uma ampla parcela da

população não adquiriu as habilidades genéricas mínimas necessárias para um

aprendizado contínuo. (TIGRE, 1999, p.66).

A tecnologia em si não muda nada, a menos que as pessoas ao utilizá-la mudem a

maneira de fazer as coisas. Todas as organizações entrevistadas afirmam que "é essencial, em

e-business, ambientes que levem em conta as pessoas, seus relacionamentos, e as modalidades

de organização.” Objetivos de digitalização deveriam ser vistos como um projeto favorável

para os objetivos globais da organização estratégia, não como um projeto de tecnologia

(PHILIPS; WRIGTH, 2007).

2.3 Conceito de Marketplace

O marketplace ou e- marketplace é uma modalidade do e-commerce. O trabalho dele

é facilitar a interação entre os agentes (CHAVEZ; MAES, 1996). O livro Business 2.0 onde

apresenta novos modelos de varejo virtual denomina Marketplace como:

Uma atividade nova que sites com grandes marcas utilizam de sua credibilidade para

intermediar negócios entre empresas menores e o consumidor final. Eles devem

fornecer o mais atraente ambiente para os compradores por agregar no mesmo lugar

uma enorme variedade de produtos. Para isso, os sites fornecedores evoluem em mix

de produto tendo um foco transacional e cobrando uma comissão que cobrar os

custos com o suporte de pré e pós venda. (KALAKOTA; ROBINSON, 2001, p 24).

O marketplace é um tipo de site de e-commerce onde informações sobre o produto

ou serviço são fornecidas por vários terceiros ao passo que, as transações são processadas pelo

operador de mercado. Mercados online são os principais tipos de comércio eletrônico

multicanal (PHILIPS; WRIGTH, 2007).

27

Diferente da venda direta o e-marketplace, no mercado eletrônico, pode agregar

valores mesmo que cobre apenas uma pequena fração pelas transações no mercado (RAVI

KALAKOTA, ROBINSON 2001, p. 25).

De acordo GRAY et. al. (2002), o me-arketplace, como foi chamado, oferece

vantagens nos preços, também produtos e serviços com capacidade flexível de produção, de

trabalho, transporte, e propaganda.

2.4 Conceito de Data Minig

Para HERNA VIKTOR (2000, p. 33), data mining é a mineração de dados, isto é,

processo de análise de dados de diferentes perspectivas que traduz em informação relevante,

dando a possibilidade de processar dezenas de bancos e formar correlações ou padrões.

Embora a mineração de dados seja um termo relativamente antigo, torna-se novo

quando a tecnologia é empregada de forma mais simples em alguns segmentos de vendas, por

exemplo, analisando padrões de compras em supermercado para aproximar produtos

complementares como carne, espeto e Carvão (KALAKOTA; ROBINSON, 2001, p. 14)

A mineração de dados é composta por cinco elementos principais: extrair, armazenar,

fornecer acesso a dados para análises, analisar os dados, assim são apresentados dados de

forma útil. A aplicação do data mining no comércio eletrônico é uma tentativa de formar

padrões que se assemelhem às preferências dos usuários da Internet, identificando

informações tais como: preferência de dia de acesso, hora de acesso, tipos de produtos, time

de futebol, cor preferida, ou seja, preferências em geral (VIKTOR, 2000, p. 56)

2.5 Conceito de Precificação Dinâmica

Criadores da ferramenta no Brasil, o site Precifica, explica que com o crescimento do

uso dos algoritmos no ambiente da web possibilitou-se o crescimento de novas ferramentas

para implementar o comércio eletrônico, tecnicamente são um conjunto de regras e operações

matemáticas cuja principal função é resolver problemáticas de resultado complexo.

O uso do algoritmo no varejo eletrônico serviu como um recurso de alto potencial

para criação de regras, alterações de preço automáticas e inteligentes ainda de acordo seus

criadores. Sendo assim, possibilita as principais empresas formularem suas estratégias de

28

precificação, abandonando a forma manual, parametrizando as regras para permitir que os

preços praticados sejam vantajosos e em alguns momentos possam aumentar o preço se o

mesmo item estiver acabado no concorrente ou o monitoramento da movimentação da

concorrência é acompanhado 24 horas por dia. 1

De acordo TAPU GHOSE (2010) os parâmetros de precificação são definidos e

alinhados com a estratégia de cada companhia. O fornecedor da ferramenta não define o

preço do produto ou serviço, ou seja, a responsabilidade pelo resultado é exclusivo da

companhia que assume o risco de equilibrar os preços, atentando para não assustar os clientes

com elevados custos ou gerando um prejuízo devido uso de margens negativas.

O advento da tecnologia da informação sofisticada ao sistema de preços em tempo

real tem oferecido possibilidade ímpar ao mercado, como por exemplo, as companhias aéreas

que praticam preços dinâmicos para gerir a procura de lugares em aviões (GREY et. al.,

2002).

2.7 A Flexibilidade no E-Commerce

O grau da capacidade de controlar a organização na diversidade de procedimentos e

ambientes é conhecido como flexibilidade organizacional (PALANISAMY, 2005). Esta

flexibilidade pode ser observada nas metas de companhias que sofrem de um ambiente de

incertezas estratégicas, conforme WIDENER (2007). E, na visão de SIMONS (2000)

complementa que as incertezas estratégicas são os eventos externos não previstos e que

podem invalidar as estratégias atuais.

GUNASEKARAN et. al. (2004) defendem que as organizações devem ter sistemas

operacionais com maior grau de flexibilidade devido aos altos níveis de incertezas ambientais.

Para ta,l necessitam de estruturas menos formais, obtendo assim, complexidade

organizacional, melhor controle do sistema gerencial e, até mesmo, melhor gestão de projetos.

A capacidade de ajustar os processos de e-business para as preferências do cliente

(flexibilidade) é necessária para sistemas online. Apesar do interesse em flexibilidade na

literatura acadêmica, não manteve o ritmo como na época da revolução industrial.

Voltando para TENÓRIO (2000), a flexibilidade é uma virtude, seja ela pessoal ou

organizacional. Esta habilidade de modificar o que fazem e como fazem acelerou no pós-

fordismo, com a necessidade de se adaptar as novas tecnologias para alterar o tradicional

29

sistema organizacional de uma empresa. A principal propulsora desta flexibilidade foi à

internet, devido às novas tecnologias de comunicação e informação, implicando em diversas

áreas da sociedade.

CHIAVENATO (2000, p. 453) já apresentava, em suas perspectivas futuras da

Administração, que a era da informação desapegaria da burocracia e promoveria novas

estruturas e modelos de gestão, sendo uma das principais habilidades adaptabilidade para

mudanças cada vez mais rápidas e inesperadas, “[...] principalmente no campo do

conhecimento e da tecnologia, impondo novas e crescentes necessidades que as atuais

organizações não têm condições de atender.”.

Em conformidade OYADOMARI (2008) ainda afirma que:

[...] Em ambientes turbulentos, é mais difícil prever as ações a serem incluídas no

planejamento e orçamento, desse modo, faz-se necessário que a organização

responda, adequadamente, às mudanças, sem que se perca a racionalidade do

processo de controle de recursos. (OYADOMARI, 2008).

Dado que o atual ambiente de negócios permanece em movimento rápido, turbulento,

e, em parte, devido às tendências de mudanças em e-business, à necessidade de flexibilidade

torna-se mais forte. Organizações de todos os tamanhos percebem a carência de estruturas

flexíveis na execução da sua estratégia de internet. A capacidade de recursos de uma

organização, em conjunto com a capacidade para exploração em ambientes incertos,

determina o nível de flexibilidade das empresas (FREDERICKS, 2005).

Neste mercado a competitividade é um problema, no que tange à tecnologia na era da

informação tornam-se mais disponível e acessível aos concorrentes. Organizações comerciais

obrigam a concorrência, maior diversificação de produtos para novos mercados e operação em

múltiplos sectores (PHILIPS; WRIGTH, 2007).

A forma de trabalhar neste ambiente também pode sofrer alterações, pois

CHIAVENATO (2000) embasa que a infraestrutura é o que permite essa possibilidade de

trabalhar de qualquer lugar, ligado em rede, comerciando em uma estrutura ágil e flexível.

Todavia TIGRE (1999) deixa bem claro que é imprescindível reconhecer os problemas que

esse processo provoca para países subdesenvolvidos, por possuírem infraestrutura física e

social precária, essas pessoas têm uma propagação limitada da Internet.

O gerenciamento das expectativas é importante, tão qual a atitude inovadora, o uso e

a vontade de utilizar eficazmente a tecnologia. Sobre isso PHILIPS; WRIGTH (2007)

concordam que o investimento em pessoas combinando com tecnologia deve ser uma

30

prioridade. Agora que a Internet apresenta uma fonte de oportunidades inovadoras, chama a

repensar a difusão de formulação da estratégia tradicional com novas abordagens estão em

voga.

De acordo com PORTER (2001), o maior impacto da internet é a sua capacidade

para reconfigurar modelos tradicionais. O autor ainda afirma que as estratégias de Marketing

podem ser utilizadas num ambiente de e-business. As estratégias podem determinar no

modelo de E-business e atratividade com Flexibilidade no Mix de Produto, Preço,

Comunicação e Distribuição.

Dessa maneira, delimitar-se-á as perguntas de flexibilidade desta pesquisa nos 4 Ps

do Marketing segundo Kotler (2000). Sendo estes: produto (Product), preço (Price),

comunicação (Promotion) e distribuição (Place).

2.7.1 Produto (Product)

De forma esclarecedora o autor afirma que “Um produto é algo que pode ser

oferecido ao mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo. Os produtos

comercializados incluem bens físicos, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares,

propriedades, organizações, informações e ideias” (KOTLER, 2000, p. 308).

O Mix de produto por sua vez, o complementa também chamado de sortimento, é o

conjunto de todos os produtos e itens que um vendedor põe à venda. Assim, o mix de

produtos de uma empresa possui: abrangência (quantas diferentes linhas de produto a empresa

tem); extensão (número total de itens que na empresa tem); profundidade (quantas opções são

oferecidas em cada produto na linha) e consistência específica (quantas funções os produtos

têm em várias linhas de produtos).

2.7.2 Preço (Price)

Quanto ao valor, todas as organizações que visam lucro, e muita das que não visam,

determinam preços de seus produtos ou serviços:

O preço é o elemento do mix de marketing que produz receita; os demais produzem

custos. Ele também é um dos elementos mais flexíveis: pode ser alterado com

rapidez ao contrário das características de produtos e dos compromissos com canais

de distribuição. Ao mesmo tempo a concorrência de preços é o maior problema com

31

o qual as empresas se deparam. (KOTLER, 2000, p.478?).

No e-commerce usa-se a precificação dinâmica, termo amplamente divulgado, para

se referir a flexibilidade de curto prazo dos preços para responder às mudanças e condições de

oferta e demanda. Os preços podem ser com base no mercado como em trocas, leilões, e

leilões reversos. Preços dinâmicos também podem ser postados por vendedores em resposta a

informações em tempo real sobre demanda (GREY et. al., 2002).

Mesmo sendo uma excelente ferramenta, GLOSE (2010) alerta que alguns sites

utilizam essa ferramenta desconsiderando que a decisão de compra baseia-se em outros

atributos, sendo estes: qualidade do produto, prazo de entrega, serviço pós-venda e reputação

do vendedor. A avaliação do comprador desses cinco elementos pode corrigir o preço inicial

através da avaliação de uma rede neural, basta investir em tecnologia.

Sendo assim, fica claro que não basta só precificar, mas outras ações devem ser

tomadas para garantir a vantagem competitiva. Neste meso viés, AGUIAR et. al. (2008)

explanam que num ambiente cercado de incertezas estratégicas e pela alta competitividade

exigem emprego de melhorias em processos e até mesmo melhor relacionamento entre os

integrantes da cadeia de valor, a fim de formular estratégias que garantam uma vantagem

competitiva sustentável.

2.7.3 Comunicação (Promotion)

Dando sequência, o terceiro “P” refere-se à comunicação e é entendida como:

[...] os canais de marketing que são conjuntos de organizações independentes

envolvidas no processo de disponibilização de um produto ou serviço para uso ou

consumo. [...] É um recurso externo muito importante, geralmente são necessários

anos para concluir, e ele não é facilmente modificado. (KOTLER 2000, p. 510).

Porém, de acordo o site Precifica a ferramenta data mining se propõe a flexibilizar a

forma de atingir o cliente com uma assertividade cirúrgica, identificando suas preferências e

direcionando as promoções em inúmeros sites na internet, e-mails e a página do site

hospedeiro personalizada com essas preferências na primeira página do site. Como por

exemplo, propaganda na aba ao lado do e-mail.

32

2.7.4 Distribuição (Place)

Finalizando os 4 “Ps” do Marketing o autor orienta que “os canais de distribuição,

são complexos sistemas comportamentais nos quais pessoas e empresas interagem para

atingirem objetivos individuais, empresariais e do próprio canal” (KOTLER, 2000, p. 359).

Sua flexibilidade advém da necessidade de em fases sazonais aumentar e diminuir quadro de

funcionários, estrutura, volume em carros de distribuição, prazo, turnos e outros recursos

escassos.

O avanço da globalização econômica requer novas tecnologias de comunicações

capazes de mitigar as limitações geográficas, e o foco em reduções de despesas leva à

diminuição dos custos de transações. O e-business tem se mostrado muito eficiente nestes

quesitos. Porém, KORTMANN et. al., (2014) propõem que as capacidades operacionais

exigem traços ambidestros para mediar à relação entre flexibilidade estratégica e eficiência

operacional.

CORRÊA e SLACK (1994) se aplicado de forma globalizada, pode-se acreditar que

o ambiente de manufatura pode ser replicado ao conceito de Operação e Distribuição, sendo

assim, classificando sua flexibilidade em 5 tipos:

- Flexibilidade de novos produtos - Habilidade para introduzir novos produtos;

- Flexibilidade de mix de produtos - Habilidade de “produzir” diferentes tipos de produtos;

- Flexibilidade de volume - Habilidade de alterar produção com eficácia;

- Flexibilidade de entrega - Habilidade de alterar as datas de entregas de forma eficaz;

- Flexibilidade de robustez - Habilidade de atender com insumos de forma eficaz.

33

3. CONTROLES GERENCIAIS

De acordo com ANTHONY (1970, p. 297), o controle gerencial é o "processo pelo

qual os gerentes asseguram que os recursos necessários à organização são obtidos e utilizados,

eficientemente e eficazmente, no comprimento dos objetivos da mesma programação".

SIMONS (2000) completa afirmando que as “rotinas e procedimentos formais,

baseadas em informação são utilizados pela gerência para manter ou alterar padrões de

atividade organizacional”.

MALMI e BROWN (2008) defendem uma tipologia para a conceituação desse

sistema de controle de gestão (SCG) como um pacote. Essa tipologia foi desenvolvida pela

análise e síntese de quase quarenta anos de estudos sobre SCG, os cinco tipos de controle são:

planejamento, cibernético, remuneração/ recompensa, administrativo e cultural.

Embora o conceito de SCG como um pacote tenha pouquíssima pesquisa teórica

empírica de explícito, apesar da existência da ideia na literatura de contabilidade de gestão,

neste trabalho os GAPs serão mapeados tendo este ponto de partida.

A distinção é basicamente entre a tomada de decisões e abordam os controles que os

gestores usam para direcionar o comportamento dos colaboradores.

O pacote de sistema de controle gerencial, de acordo com MALMI e BROWN

(2008), concentra-se em analisar os termos de desenvolvimento, adoção, uso e consequências.

Sua tipologia compreende os sistemas de controle gerenciais como um pacote, com o intuito

de contribuir com os estudos empíricos abordando este assunto.

Os autores ainda relatam que as principais funções são: definir objetivos de áreas

funcionais da organização; definir padrões para a definição de metas, deixando evidente o

nível de esforço esperado e permitir supervisão utilizando o alinhamento entre as áreas

funcionais da organização.

3.1 Controles Cibernéticos

O controle gerencial é um dos diversos tipos de atividades de planejamento e

controle que discorrem em uma empresa. (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2002).

Esses controles se relacionam a controles de medição de desempenho, que comparam

os padrões, evidenciam as variações e suportam as decisões baseadas nessas oscilações.

Orçamentos, controles financeiros, controles não financeiros e controles são as divisões deste

34

controle. Os orçamentos são largamente utilizados nas empresas. Suas principais

características são: representar o plano estratégico, auxiliar no controle das atividades das

diversas áreas das empresas, definir as responsabilidades dos gestores com o desempenho

esperado, garantir comprometimento através de avaliação de desempenho (MALMI e

BROWN, 2008).

3.2 Controles de Remuneração e Recompensa

Os controles de remuneração recompensa são de natureza monetária e não monetária

e tem como objetivo alinhar os indivíduos e grupos aos objetivos empresariais. Mesmo que

sejam atrelados a controles cibernéticos, também podem estar vinculados a outros controles.

Desta forma, o controle de remuneração/ recompensa é uma forma de garantir o alinhamento

entre os indivíduos e o planejamento da organização (MALMI e BROWN, 2008).

OYADOMARI (2008) chamou de competição versus cooperação e relatou que as

ferramentas de incentivo, tais como o bônus, estimula um ambiente de competição

principalmente quando a remuneração variável privilegia os melhores desempenhos.

.

3.3 Controles Culturais e Sistema de Crenças

SIMONS (1995) conceitua o sistema de crença como um conjunto de definições

organizacionais que o alto escalão utiliza para comunicar sistematicamente os valores básicos,

propósitos e a direção da instituição.

Ainda MALMI e BROWN (2008) idealizam os controles culturais como balizadores

do comportamento humano relacionado aos valores, crenças e normas sociais que conduzem

as atividades organizacionais e subdivididas em controles de grupo, controles de valores e

controles de símbolos. Esse sistema visa buscar oportunidades de melhoria pelos indivíduos

gerando inovação e consequentemente vantagem estratégica.

Merchant e Van Der Stede, (2007) entendem que controles culturais levam os

trabalhadores a monitorar uns aos outros e tem característica de permanecer ao longo do

tempo, mesmo com mudança dos objetivos e as estratégias da organização.

O monitoramento pelos pares (VIANA, 2014) ou peer monitoring (LOUGHRY;

TOSI, 2008) pode ser considerado um controle cultural, tendo em vista ser a competitividade

35

incentivada entre os colaboradores de uma organização, gerando resultado através da

concorrência entre os mesmos.

3.4 Sistemas de Restrições

Utilizado para estabelecer limites no comportamento dos indivíduos no ambiente

organizacional. São divididos em três formas: leis da sociedade, sistemas de crenças da

organização e código de comportamento de associações profissionais e setoriais. O sistema de

restrições busca garantir que o planejamento estratégico seja realizado conforme definido,

dentro dos níveis aceitáveis de risco (SIMONS, 1995).

O sistema de restrição auxilia delimitando a estratégia da empresa, contribuindo com

o foco da organização, evitando perdas de tempo com outras oportunidades e ainda servindo

como código de conduta. (OYADOMARI, 2008)

3.5 Controles de planejamento

O planejamento é um formato de controle que defini os objetivos de áreas funcionais da

organização; prove padrões para a definição de metas, deixando claro o nível de esforço

esperado e permiti coordenação mediante o alinhamento entre as áreas funcionais da

organização (MALMI; BROWN).

O planejamento estratégico, geralmente relacionado a um horizonte de médio e longo prazo, e

o planejamento operacional, relacionado a um horizonte de curto prazo, estes compõem este

controle, os quais representam o planejamento de ações e objetivos das organizações.

(MALMI; BROWN, 2008).

Ainda segundo Malmi e Brown (2008), no planejamento estratégico e operacional, os gestores

podem criar projetos e outras iniciativas, que direcionam o que deve ser feito, porém, sem

necessariamente, estabelecer, de forma clara, a conexão com seu impacto financeiro.

3.6 Administrativos

Os controles administrativos estão relacionados à função de organização ao tratarem das

decisões sobre a divisão de autoridade, responsabilidades e recursos necessários para

realização dos objetivos, balizando os comportamentos dos indivíduos das organizações. São

36

compostos por 3 subgrupos: estrutura organizacional, estrutura de governança e políticas e

procedimentos. (MALMI; BROWN, 2008)

MALMI e BROWN (2008) explicam ainda que Os controles administrativos são

procedimentos definidos com uma abordagem burocrática, a fim de especificar os processos e

comportamentos desejados em uma organização (MALMI; BROWN, 2008), constituindo-se

como referências formais para guiar a atuação de seus membros.

3.7 Incertezas estratégicas

Segundo Widener (2007) as incertezas estratégicas constituem mudanças na

dinâmica competitiva ou nas competências internas que os gestores da alta administração

controlam, de forma que o risco trás potencial dano para a organização. Sendo assim, o risco

oferece semelhança com a incerteza, porém, segundo Chenhall (2003), não pode ser

confundida com o risco, porque no risco a atenção é com circunstâncias em que as

probabilidades podem estar ligadas a determinados episódios passíveis de ocorrência,

enquanto que a incerteza determina as ocorrências em que os elementos do ambiente não são

previsíveis (CHENHALL, 2003). Estas incertezas demandam um maior processamento de

informações para estimar a probabilidade de risco e a intensidade de qualquer dano resultante

(Widener, 2007). Dentre as imprevisibilidades possíveis o ambiente externo é uma variável

muito significativa, o aspecto mais pesquisado trata-se da incerteza (CHENHALL, 2003).

3.8 Inovação

A definição da literatura sobre inovação organizacional deixa bem claro que não é só

uma ideia, para OYADOMARI et. al. (2013), “é algo novo, não necessariamente novo

enquanto campo de conhecimento, mas sim sob a perspectiva da organização”, ou seja, uma

inovação, pode ser "uma ideia percebida como novo pelo indivíduo" (ROGERS, 1995). Uma

inovação pode ser uma ideia, prática ou objeto que é percebido como novo por um indivíduo

ou outra unidade de adoção sendo que as características de uma inovação, como percebidos

pelos membros de um sistema social, determinam a sua taxa de adoção.

Essa ideia, explícita ou implícita, especificamente em empresas de e-commerce com

alto grau de dinamismo, deve se transformar em um modelo de partilha de conhecimentos e

ser adotada pelos agentes de solução (BENYOUCEF et. al., 2010)

37

Para TIGRE (2006), “a inovação é vista como arma competitiva que permite ao

empreendedor produzir de forma mais eficiente reduzindo a dependência excessiva sobre a

mão de obra e eliminando concorrentes.”.

"Para as empresas, competitividade significava a capacidade de competir nos

mercados mundiais com uma estratégia global. Para muitos membros do Congresso

competitividade significava que a nação tinha uma balança comercial positiva. Para

alguns economistas, competitividade significava baixos custos unitários do trabalho

ajustados pelas taxas de câmbio" (Porter, 1990)

A vantagem competitiva trazida pela inovação na gestão dos resultados do sistema de

informação deve ser o objetivo do planejamento estratégico promovido pela Controladoria

(SHIER, 2011, p. 52).

De acordo a Teoria da Difusão de Inovações de ROGERS (1995), a difusão é o

processo pelo qual uma inovação é comunicada através de certos canais ao longo do tempo

entre os membros de um sistema social. A difusão é um tipo especial de comunicação que a

propagação de mensagens que são percebidos como novas ideias.

Um estudo realizado com 80 profissionais das áreas de controladoria e finanças

sugere que:

“As inovações de práticas de controle gerencial tem como fundamento a existência

de um ambiente organizacional, onde haja uma forte cultura de inovação, revela, de

certa forma, um grau de dependência das áreas de controladoria em relação ao

ambiente organizacional, em outras palavras, antes de buscar inovações é necessário

constatar se o ambiente organizacional é caracterizado pela cultura da inovação.

(OYADOMRI et. al., 2013).

38

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo será apresentada a maneira que foi utilizada os procedimentos

metodológicos para que se atingisse o resultado da pesquisa, passando necessariamente pelo

objetivo geral deste trabalho.

4.1 Tipo e Método de Pesquisa

Após o problema formulado e seu objetivo especificado foram identificados os

assuntos acadêmicos, os autores do referencial teórico e, assim, desenhadas às questões. Com

o intuito particular de identificar as interações dos indivíduos em determinados tipos de

situações e compreender os significados que os acontecimentos têm para cada um dos

respondentes (RICHARDSON, 1999).

Dessa forma apresentar-se-á asserções que se caracterizam pela interpretação das

interações humanas (BOGDAN & BIKKLEN, 1994).

Com o intuito de proporcionar uma visão geral da percepção dos gerentes de e-

commerce a pesquisa foi categorizada de natureza exploratória, devido ser a mais indicada

quando o assunto tem pouco ou nenhum estudo anterior a seu respeito (BEUREN et. al.,

2003).

4.2 População e Amostra

Como o universo de variáveis pode ser averiguado e é infinito, o tema foi delimitado

para direcionar a área de conhecimento do mestrando e para a amostragem ser por

conveniência, que é quando o pesquisador busca seus respondentes (elementos) por afinidade

e facilidade de acesso acreditando que estes representam sua população (RICHARDSON,

1999). E ainda atender as expectativas do programa da universidade, que por sua vez, é ser

aplicável no meio profissional.

Inicialmente, a lista tinha 30 possíveis respondentes escolhidos por conformidade,

onde o perfil é ser gerente das maiores empresas listadas pelo E-bit e ter nível superior, para

quem foi enviada mensagem massiva por aplicativo de celular, esperando-se um retorno

probabilístico, ou seja, quando o pesquisador não define exatamente qual elemento participará

39

de sua amostragem (BEUREN et. al., 2003). Houve resposta positiva de 16 deles, e

novamente foi delimitada a amostragem, sendo escolhidos: um profissional de uma área

estratégica e outro da área de operações, seguindo a sugestão de MARCONI e LAKATOS

(2002) com o intuito de compensar os erros amostrais e equilibrar a representatividade da

amostra e sua relevância.

Sendo assim, o agendamento das entrevistas presenciais informando o tema da

pesquisa foi realizado com 08 respondentes que representam as áreas de operação e

estratégicas de 4 empresas, dentre as maiores do e-commerce, em audiência de Clicks e

faturamento, listados na Tabela 1.

As empresas selecionadas foram apelidadas como apresentadas no Quadro 1 abaixo

e categorizadas com informações suficientes para demonstrar que os elementos têm ao menos

algo em comum, a fim de serem definidos como população (MARCONI; LAKATOS, 2002),

e, insuficientes para que as empresas e seus profissionais não sejam identificados:

Apelido Fundada Quantidade de Funcionários

A 2006 5001-10.000

B 2011 1001-5.000

C 2011 1001-5000

D 2015 Acima de 10.001

Quadro 1 - Caracterização das Empresas de Atuação (Fonte: o autor)

Usou-se dados de gestores de nível superior das maiores empresas de e-commerce do

Brasil representadas no Quadro 2. Contribui-se para a investigação da flexibilidade em

ambientes de incertezas - seja ela estratégica ou operacional - bem como para a gestão

associada com a produção personalizada e produção em massa, bem como inovação

descontínua e incremental (KORTMANN et. al., 2014) e comparada com os tipos de controle

do SCG.

40

Entrevista Cargo Ocupado na Empresa Graduação Área Tempo na

Organização

A1 Gerente Sênior Engenharia Comercial 5 anos

A2 Gerente Regional Logística Operação 5 anos

B1 Gerente Andministração Price 1 ano

B2 Gerente Geral Logística Operação 1 ano

C1 Gerente Logística e TI Processos 3 anos

C2 Gerente Geral Administração Operação 2 anos

D1 Gerente Sênior Ciências Contábeis Price 3 anos

D2 Gerente Logística Operação 2 anos Quadro 2 - Caracterização dos Entrevistados 2 (Fonte: o autor)

Priorizaram-se os gerentes na amostragem dessas empresas, por acreditar que estes,

têm a capacidade para traduzir a direção estratégica global em objetivos operacionais,

permitindo simultaneamente a flexibilidade para responder às mudanças no seu ambiente

operacional e também níveis gerenciais mais baixos. Inclusive sobre os controles apresentado

por MALMI e BROWN (2008), citado anteriormente.

4.3 Procedimentos de Coleta de Dados

A coleta dos dados ocorreu através de entrevistas semiestruturadas. Segundo

BEUREN et. al., (2003) é a forma de entrevistar valorizando o entrevistado, pois mesmo

existindo um questionário para balizar a coleta dos dados ao mesmo tempo permite que o

respondente fique mais livre para explorar melhor o assunto, logo, agregando mais à pesquisa.

Tendo a amostra já definida, o passo seguinte foi determinar o roteiro das entrevistas.

Então, durante o mês de abril de 2011, os convites começaram a ser enviados.

O entrevistador se deslocou até o local indicado pelos respondentes. Duas entrevistas

foram realizadas via Skype e nenhuma entrevista foi realizada via telefone ou outro canal de

comunicação, as demais foram presenciais.

Os entrevistados foram apelidados, como mostra o Quadro 3 a seguir. Neste há

informações sobre: a data, hora e tempo das entrevistas, assim como o local onde trabalham.

As letras representam as empresas, os números 1 são de áreas estratégicas e os 2 de áreas

operacionais, a junção da letra com o número identifica assim um indivíduo.

41

Entrevista Data e Hora da Entrevista Tempo de Entrevista Local

A1 18/11/2011 18:00 00h 26min 51s São Paulo

A2 22/11/2011 19:30 00h 29min 02s Itapevi

B1 03/11/2011 12:00 00h 22min 43s São Paulo

B2 08/11/2011 18:20 00h 22min 45s Cajamar

C1 08/12/2011 23:20 00h 46min 36s São Paulo

C2 03/11/2011 18:50 00h 25min 08s Jundiaí

D1 06/12/2011 18:00 00h 25min 27s São Paulo

D2 19/11/2011 10:00 00h 28min 13s Rio Claro

Quadro 3 - Caracterização das Empresas (Fonte: o autor)

Tendo como base a literatura pesquisada, criou-se o modelo (ou esquema) para esta

pesquisa, o qual pode ser observado na Figura 5 abaixo:

Figura 5: Modelo da Pesquisa (Fonte: o autor)

Mais enxuta e focada na análise qualitativa, o questionário que vinha sendo

desenhado foi reduzido para perguntas abertas, que foram testadas com um profissional do e-

commerce, conforme RICHARDSON et. al. (2011). Alguns pesquisadores recomendam

realizar o pré-teste do instrumento que será utilizado. Este profissional do e-commerce é de

nível gerencial, depois de testadas as questões, foram adaptadas para serem mais diretas, e só

então, foram realizadas as entrevistas.

42

Todos os respondentes do Quadro 2 receberam o quadro do Apêndice I com os

temas, os autores do referencial teórico e as questões da pesquisa. Todas as entrevistas foram

gravadas e transcritas utilizando o software NVIVO.

Começaram e terminaram no mês de maio de 2011. Para fundamentar os

entrevistados foi explicado o conceito de flexibilidade segundo KOTLER (2000) e Tenório

(2000). O termo de Consentimento Livre e Esclarecido também foi apresentado antes das

entrevistas.

O quadro elaborado, que pode ser consultado no Apêndice I, foi entregue aos

respondentes basicamente com a seguinte estrutura:

a) Questões para mensurar a percepção do grau de flexibilidade do e-commerce e de

outro ramo trabalho;

b) Questões para detectar quais, como e se os indicadores eram utilizados;

c) Questões para identificar se há flexibilidade no e-commerce, balizada pelos 4 “Ps"

do Marketing, segundo KOTLER (2000);

d) Questões para identificar os cinco (5) tipos de controles tipificados por MALMI e

BROWN (2008), sendo eles: Controle de planejamento, cibernético, remuneração/

recompensa, administrativo e cultural.

O intuito das perguntas no roteiro de entrevista foi absorver as informações

necessárias para responder o objetivo geral desta pesquisa.

4.4 Procedimentos de Tratamento de Dados

Começando a análise de conteúdo fez-se necessário diferenciar os elementos básicos

ou até mesmo a identificação de palavras-chave por intermédio do software NVIVO. Iniciou-

se com a contagem das palavras-chave e desprezadas as expressões de vícios de linguagem,

significativas em sua quantidade, tendo em vista a não importância dessas.

43

A aplicação da análise de conteúdo é uma técnica qualitativa que vislumbra uma

análise mais completa das entrevistas pronunciadas pelos atores sociais (BEUREN et. al.,

2003). Sendo assim, foi indicada para aprofundar o assunto escolhido.

De acordo com BARDIN (1997), os elementos intermediários de análise devem ser

identificados para formação das unidades de significado. Estas unidades mais utilizadas

formam o tema, a unidade de registro é a unidade de significado sendo correlacionados ao

seguimento de conteúdo, sendo este, caracterizado como a unidade de base, e

consequentemente, categorizado na contagem sequencial.

Mesmo sabendo que a palavra pode não ter definição única na linguística (BARDIN,

1997), o presente estudo utilizou de palavras-chave para analisar as categorias relevantes

para elucidação da pesquisa, com a utilização do software NVIVO. Foram realizadas as

análises de dados gerando trechos que foram analisados, na maioria pequenos, porém

maiores quando o intuito for conceituar algo e depois relacionados às categorias. Para não

serem tendenciosas, todas as entrevistas foram transcritas na íntegra e repetidamente

analisadas por meio de áudio.

A análise de cada frase (unidade de significado) foi à etapa de maior dispêndio e

dedicação de tempo, atentou-se a duplicidade de significado das palavras e a interpretação da

frase no contexto, assim como recomendam STRAUS e CORBIN (2008).

Na 3ª etapa deste trabalho foram classificados os elementos constitutivos de um

conjunto por diferenciação que posteriormente foram reagrupados segundo seu gênero

(BARDIN, 1997). Nesse processo de categorização, foram classificadas as unidades de

significados em diversas categorias preexistentes com o desígnio de atingir o objetivo geral

deste trabalho (STRAUS; CORBIN, 2008).

Alguns pontos na teoria tiveram que ser revisitados e outros reforçados mediante

esclarecimentos dos respondentes que consolidaram ainda mais o presente trabalho. Dos

temas iniciais estudados como unidades de significados ainda foi acrescentado o subcapitulo

2.9 sobre “Inovação” devido a palavra e seus similares, tais como, inovar, inovação, inove e

inovou terem sido citadas 97 vezes na contagem, representando 0,8% das mais significativas.

Também foram acrescentados no referencial teórico de e-commerce os conceitos de

marketplace, data mining, precificação dinâmica e ciclo do pedido.

Foi extremamente importante esta categorização tendo em vista canalizar as

unidades de significado trabalhando assim com o foco em temas que foram tratados neste

trabalho. As unidades de significado extraída das percepções dos entrevistados foram

44

categorizadas e “planilhadas” com ordem do maior para o menor na sua significância de

aparecimento nas falas dos colaboradores do e-commerce.

Em nenhum momento da análise da formação das categorias conteúdo foi

desprezado o software NVIVO para a interpretação das categorias identificadas (Quadro 4) e

não houve necessidade de criação de novas categorias, tendo em vista, os assuntos novos

serem reforçados no referencial teórico e enquadrados na categoria GAPs.

Segue Quadro 4 com a relação das categorias:

Categoria Descrição

CAT-01 Controles Cibernéticos e de planejamento

CAT-02 Incertezas Estratégicas

CAT-03 Flexibilidade em Mix de Produto

CAT-04 Flexibilidade no Preço

CAT-05 Flexibilidade na Comunicação

CAT-06 Flexibilidade na Distribuição

CAT-07 Inovação

CAT-08 Controles Culturais

CAT-09 Sistema de recompensa e remuneração

Quadro 4 - Categorias Resultantes da Análise de Conteúdo (Fonte: o autor)

45

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 Resultado das Entrevistas

Na 5ª etapa da investigação de conteúdo realizou-se a análise dos resultados, desta

forma pode-se comparar os dados agrupados por categoria com o referencial teórico, foi neste

momento quando identificou-se quais assuntos deveriam ser revisitados ou inclusos neste

trabalho.

As questões relativas ao objetivo proposto nesse trabalho foram alcançadas por meio

de oito entrevistas, com profissionais de nível gerencial do varejo eletrônico, balizado por

trabalhos de OYADOMARI (2008), ALBERTIN (2008), CORRÊA e SLACK (1994), e

MALMI e BROWN (2008). Foram estudados os controles, cibernéticos, remuneração e

recompensa, e culturais de quatro empresas distintas do mesmo ramo, listadas entre as maiores

empresas do Brasil.

As respostas atenderam satisfatoriamente ao objetivo proposto - responder como

funcionam os controles culturais, controles dinâmicos, controles cibernéticos em um ambiente

caracterizado por alto grau de incertezas estratégicas e que seja necessário alto grau de

flexibilidade em empresas do setor de comércio. Para este fim foi explicado o conceito de

flexibilidade de acordo TENÓRIO (2000) em seguida solicitou-se comparar o e-commerce

com outro ramo trabalhado.

Os entrevistados atribuíram nota de 0 (zero) a 10 (dez) para os dois ramos. Ficou claro

que a nota do e-commerce sempre se manteve mais alta. Desse modo, constatou-se que o e-

commerce é um ramo de alta flexibilidade. Depois, se fez necessário identificar se o e-

commerce possuía um alto grau de certezas estratégicas. Sobre isso, alguns entrevistados

enumeraram diversas incertezas suscetíveis, tais como: a instabilidade do site do concorrente, a

fragilidade da saúde financeira dos transportadores, as divergências na legislação fiscal,

imprevisibilidade de demanda, a flexibilidade no tamanho e no peso do mix de produto, causas

naturais, greve dos Correios e etc.

Depois de identificados esses dois pontos - a flexibilidade e as incertezas estratégicas -

só cabia averiguar como funcionavam os sistemas de controles gerenciais. Evidenciou-se que

os controles cibernéticos são extremamente difundidos entre os gestores do e-commerce, mas

que: existem poucos indicadores monetários; os controles de planejamento são flexíveis e

frágeis; o sistema de remuneração e recompensas é atrelado em metas e indicadores, o que

46

promove um percentual subjetivo; e finalmente, os controles culturais, que por ser um ramo

relativamente recente, não apresentou controles enraizados na maioria das empresas.

Das empresas que apresentaram um controle cultural mais forte também expôs que nos

momentos de incertezas estratégicas tem que explicar os motivos dos desvios de metas em

rituais de gestão. Desta forma, ao apresentar os resultados acima expostos, acredita-se ter

composto um material que fomente a contabilidade gerencial e gerando contribuições

relevantes para o ramo do varejo eletrônico e influencie os profissionais a buscar inovação e

principalmente a sua cultura digital.

5.1.1 Categoria CAT-01 – Controles Cibernéticos

A finalidade desta categoria foi identificar se os controles cibernéticos, citados por

MALMI e BROWN (2008) são utilizados pelas empresas de e-commerce. Para tal,

buscaram-se encontrar os controles financeiros, não financeiros e híbridos, presentes nas

palavras dos respondentes de acordo com o Quadro 6:

Tendo em vista o vasto conhecimento das ferramentas de controle não houve

necessidade de explicações e conceitos aos entrevistados, assim, a pergunta foi direta como

descrita no Quadro 5.

Objetivo Referencial Teórico Pergunta

Controles Culturais

Controles Cibernéticos

Controles Dinâmicos e de

Planejamento

Uso diagnóstico

Uso interativo

Artefatos de controle

(Balanced Scorecard,

PDCA,

Rolling Forecasting e etc)

Malmi e Brown

(2008)

Oyadomari (2009)

Ferreira e Otley

(2009)

Simons (1995)

Kaplan & Norton

(1992)

Hansen (2011)

Frezatti et al. (2012)

Vicente Falconi

(2010)

Quais ferramentas de controle você

utiliza no dia a dia?

Quadro 5 – Pergunta sobre controles cibernéticos (Fonte: o autor)

47

OYADOMARI (2008) frisa que a adoção de artefatos muito semelhantes entre as

empresas não poderia trazer desempenho diferenciado e o estudo, da forma como cada

organização usa o sistema de controle gerencial, poderia contribuir para explicar seu

desempenho. Este trabalho não tem este intuito global, porém, observa-se no Quadro 6 que

a empresa D faz uso completo de seus controles sendo a única que apresenta nível de

desempenho positivo em seus resultados (informação não divulgada aqui).

Sistema de Controle Gerencial Categoria Empresa

BSC Híbridos D

Desdobramento do EBITDA Financeiros A, D

Desdobramento do DRE Financeiros A, D

Desdobramento do Orçamento (Budget) Financeiros A, C e D

Ranking Reclame Aqui Não Financeiros A, B, C e D

Controle de Metas Híbridos A, B, C e D

Indicadores logísticos Não Financeiros A, B, C e D

Quadro 6 - Resumo dos Controles utilizados nas Empresas Entrevistadas (Fonte: o autor)

Os controles financeiros, tais como EBITDA e DRE, que se referem a medidas

financeiras foram encontrados, principalmente, nos colaboradores das áreas estratégicas.

[...] a gente tem alguns (indicadores) críticos, o primeiro é Budget, então você se

comprometeu com uma receita, primeira linha de desdobramento da companhia,

todo o planejamento da companhia é feito em cima do budget que você se

comprometeu entregar naquele dia, então é o primeiro item de controle. Aí, a

gente tem outros complementares pra itens de verificação da linha de controle,

mais a gente tem aí, o peso médio tem o ticket médio, pra qual região a gente está

mandando os produtos que os nossos clientes estão mandando, então isso

influência diretamente em nossa receita. Mas, trazer dinheiro não é suficiente,

tem que trazer dinheiro com qualidade, então a gente tem aí em mãos a DRE dos

clientes, então cada cliente é enxergado como, a gente analisa seu EBITDA, sua

lucratividade, e na última linha margem de contribuição. Então o cliente tem que

trazer receita, mas tem que trazer também, ele tem que ser lucrativo na última

linha (A1).

O entrevistado A1 falava sobre cliente de marketplace. Apontado como orçamento, o

budget, também apareceu na declaração de D1 como elemento que faz parte dos controles

financeiros:

48

[...] realizado lá pelo mês de Outubro, é realizada a primeira rodada. São

realizadas algumas rodadas até bater o martelo por volta de Dezembro, Janeiro,

onde, a partir do budget aprovado já começa a rodar e cada área, cada gerência,

gerencia o seu orçamento (D1).

Quando os controles financeiros são apresentados na operação estão geralmente em

formato de média, tornando sua análise mais superficial:

A gente trabalha com o custo. A gente trabalha e acompanha na verdade o nosso

custo frete né! De acordo com a mercadoria, ele ainda é um pouco falho na

verdade, porque quando falo de acordo com a mercadoria, mas ele é de acordo

com a região, né! Mas aí varia um pouquinho, muda bastante, porque uma coisa é

o custo que eu tenho para entrega de um, produto pequeno, outra coisa é um

produto grande, e nesse momento a gente mapeia na verdade o custo de entrega

por região, e divide isso pela quantidade de entrega e não pelo mix de produto

(D2).

Os controles não financeiros foram encontrados, principalmente, nos colaboradores

das áreas operacionais, em sua maioria vinculada a um método de qualidade total e controle

de metas.

[...] as metas como um dos pilares pra sua remuneração variável é feito um

conjunto de fatores onde, a meta formação sucessor, dentre outras coisas, são

considerados pra sua remuneração variável (B2).

Ainda foi identificado, na primeira categoria, que o conceito dos controles pode

divergir muito em seu entendimento por parte dos gestores. Mesmo defendidos por MALMI e

BROWN (2008), que os orçamentos são controles largamente utilizados nas organizações,

pode-se perceber pouca incidência de apontamentos referente ao orçamento de suas áreas. A

mesma coisa percebeu-se para os outros controles financeiros tais como: lucro, Eva, retorno

sobre patrimônio líquido, retorno sobre ativo, dentre outras. O volume de itens citados é

relativamente alto, entretanto superabundam indicadores logísticos.

Sendo o indicador de percepção do cliente o mais citado em todos os níveis alinhado

com a literatura, pois CASTRO NETO et. al. (2010), dizem que:

[...] os negócios eletrônicos têm provocado mudanças profundas nas relações com

os clientes e dentro da própria organização (formas de trabalho), exigindo

49

reestruturação estratégica, reengenharia de processo, estudo constante da cadeia

de valor, realização de parcerias e foco na atitude do cliente. (CASTRO NETO et.

al., 2010).

Esta importância da percepção do cliente é notada na fala de C1:

[...] eu acho que dois indicadores são extremamente importantes, eu citaria esses

dois. Que é os indicadores de venda, então quanto eu estou vendendo por minuto?

Quanto eu estou vendendo por hora, por dia e mês? E outro indicador é

quantidade de reclamações. Sejam elas por minuto, dia, então, porque você pega a

venda que você fez, sua empresa tem que vender, e aí destrinchar esses

indicadores, seriam: estou vendendo?(C1)

Mais além, o indicador de Reclame Aqui, site que enumera os vendedores mais

reclamados pelos clientes insatisfeitos, foi citado como o maior representante da percepção

do cliente e principal balizador das ações:

O indicador que sustenta é o indicador de qualidade no atendimento ao cliente,

reclamações do cliente, que seja via reclame aqui, sejam via outros canais [...].

[...] a primeira pessoa que você deve informar o indicador que você deve olhar é o

comportamento do seu cliente que hoje é quem determina as principais ações dos

players é o que o cliente está achando do nosso atendimento do serviço prestado

pra ele (B2).

[...] tenho algumas ferramentas muito estratégicas e, principalmente, pra eu medir

a satisfação dos nossos clientes. Então ferramentas de mercado que alguns de

vocês podem conhecer, como Reclame aqui, e-bite, que fazem as medições de

todas as lojas virtuais né! Então esses são indicadores bastante importantes e que

nos guiam bastante pra saber assim, como que esse cliente está se comportando

no mercado, como ela está falando da minha companhia no mercado (C1).

Ainda CASTRO NETO et. al. (2010) defendem o reconhecimento das estruturas

organizacionais virtuais e seus estudos constituem um amplo campo de pesquisas para

Teoria Organizacional. Nessa estrutura de operação, como era de se esperar, foram

apresentados diversos indicadores logísticos, conforme relatos a seguir:

[...] a gente controla praticamente tudo. A gente controla as entregas que são

feitas no prazo e as que são feitas fora do prazo, nível de estoque e giro de

estoque, controle de qualidade tratamento reclamações de clientes, tipo de

tratamento que você está dando para essa mercadoria, as negociações com

50

fornecedores, reuniões, nós temos todos esses indicador. Então tem indicador de

gente, giro de estoque, indicador de total de estoque, valor de estoque, total

negociado no mês, por tipo de negociação foi feita, se foi devolução se ela foi

feita pra saldo, se ela foi venda em sites de ponta de estoque; tudo isso é

controlado no meu dia a dia. Além dos indicadores de gente, a gente tem

indicadores de valor financeiro, movimentação no mês, total de valor

movimentado, total em peça movimentado, deixa-me ver aqui, total transportado,

qual o lead time desse transporte, quanto está sendo nosso tempo entra a compra e

a chegada para o cliente, todos esses indicadores nós temos no dia a dia (B2).

Por último, a identificação dos híbridos, esses, compostos por medidas financeiras e

não financeiras exemplificadas aqui pelo Balance Scorecard - ferramenta utilizada apenas

pela empresa D. Esta baixa aderência de implementação das novas técnicas e conceitos de

Contabilidade Gerencial nas empresas brasileiras foi estudado por FREZATTI (2015) e

persiste nas empresas de e-commerce estudadas aqui:

Têm indicadores de verificação, indicadores gerenciais, indicadores financeiros,

gestão de pessoas, é basicamente Balance Scorecard (D1).

Desta forma, percebe-se um amplo uso dos Controles Cibernéticos no e-commerce

em busca de trazer maiores desempenhos alinhados a OYADOMARI (2008) ao justificar

que, o desempenho é busca importante dos gestores de empresas brasileiras de grande porte

e, o estudo do uso dos sistemas de controle gerencial pode contribuir indiretamente com o

desempenho dessas organizações.

5.1.2 Categoria CAT-02 – Incertezas Estratégicas

A pergunta do Quadro 7 foi adaptada para não necessitar de explicações de conceitos.

Objetivo Referencial Teórico Pergunta

Incertezas

estratégicas

Flexibilidade

Tomada de decisão

Widener (2007)

Kortmann et al.

(2014)

Tenório (2000)

Quais mudanças de cenário faz você flexibilizar suas

decisões?

Quadro 7 – Pergunta sobre incertezas estratégicas (Fonte: o autor)

51

A finalidade desta categoria foi identificar de quais flexibilidades no ambiente do e-

commerce podem ser consideradas incertezas estratégicas, conceituada como eventos

externos não previstos que podem modificar as estratégias em vigor (SIMONS, 2000) como

nas percepções a seguir:

[...] o que faz a gente mudar, demanda, então, a gente muda nossa estratégia

através de demanda. Se a gente tem uma demanda alta, a gente tem uma

estratégia, se a gente tem uma demanda média, a gente tem outra estratégia (A2).

Dentro do e-commerce posso citar algumas campanhas, aproveitando muito a

sazonalidade do mercado também, ele te direciona muito com relação a isso.

Campanhas, por exemplo, de natal, dia das mães, dia das crianças seria uma

forma de, de ter uma flexibilização dentro da gestão do negócio (D1).

[...] datas comemorativas, a gente fala de sazonalidade né! E ela interfere muito.

Mesmo a gente se preparando pra ela, a gente sempre se prepara pra 20% (vinte

por cento) a mais a demanda, mas ela nos impacta é, diretamente, porque ela

chega te dar aquele "out line", que a gente fala que a gente saiu da linha, e a gente

tem que explicar porque que eu saí fora da linha se eu programei fazer uma venda

20% (vinte por cento), mas dependendo do que, de 20% (vinte por cento) do que

eu vou apostar no quê? Então isso nos interfere muito, aí mexe com todo o ciclo

do pedido (A2).

Sazonalidade da demanda mesmo não sendo um problema, é uma das forças mais

mencionadas devido à: imprevisibilidade de aceitação das campanhas publicitárias, falha no

site dos concorrentes e etc. Detectou-se que a estrutura interna provém incertezas estratégicas

tão danosas quanto o meio externo.

As principais incertezas pontuadas foram datas comemorativas que obedecem à

sazonalidade, no entanto, atrelados a estes eventos existe a incerteza interna, que por sua vez, é

a dificuldade de planejar com assertividade a demanda, que será executada tanto em

quantidade como em mix de produto.

Mais um assunto frisado é a falta de comunicação interna que geram impactos por

consequência das tomadas de decisões unilaterais.

Sendo a data mais especificada a do Black Friday, que é uma terminologia em

inglês, que significa Sexta Feira Negra. Nos Estados Unidos é 1ª sexta-feira depois do dia de

Ação de Graças, famosa pelos descontos nos preços. Sobre isso, as respostas foram:

52

Black Friday é um aumento avassalador uma concentração de vendas e a gente

flexibiliza prazo, aumenta gente, aumentam preço que se paga pela infraestrutura,

seja ela comprando caminhões, alugando carretas, fazendo carreta estoque móvel

(guardar itens em carretas) (B2).

Principalmente nas datas sazonais exemplo Black Friday. Eh! A gente tem um

planejamento de vendas X e a concorrência o site não cai na madrugada ai sobra

toda aquela venda pra você. Pô! Você vai ter que buscar é mão de obra, buscar

você vai ter que buscar. Isso já aconteceu. Já participei disso, de a concorrência

não conseguir produzir e a gente ter que absorver. Isso é um problema bom

porque você acaba cuidando de uma venda que não conta, e, a mão de obra

primária como te falei é muito fácil de colocar (C2).

[...] começando lá em janeiro que é o “saldão”. Que é pós-natal. Ai você vem

com o dia das mães, você tem dia dos pais, dia das crianças. Agora um fenômeno

que é o Black Friday é assim. É o grande, o grande pico de venda do e-commerce

e depois o natal [...] (C2).

Da mesma forma que o site do concorrente pode não funcionar e alguém ter que

absorver esta demanda, como se observa na percepção de C2 a recíproca também é

verdadeira. A venda pode não vir e os ajustes devem ser realizados no caminho, assim como

nas palavras de C1:

A concorrência pode te surpreender, e aí acho que um dos grandes fatores de

mudanças e de mudanças muito rápidas, é se algum concorrente seu fez alguma

coisa que foi muito legal, que seus clientes estão de olho naquele negócio, com

certeza você vai fazer alguma coisa pra mudar. Eh! Não precisa necessariamente

ser a mesma coisa, mas você tem que fazer algo que surpreenda seus clientes,

tanto quanto seu concorrente, pra que este cliente não acabe comprando do seu

concorrente, ao invés de está consumindo produtos na sua loja (C1).

As condições do transporte mesmo parecendo previsíveis são pontuadas com suma

importância no e-commerce. Corrêa e Slack (1994) citam a flexibilidade de entrega como

importante mecanismo para lidar com as mudanças não planejadas:

[...] mas além da sazonalidade a gente tem a malha logística do Brasil. Nós temos

greve, manifestações, nós temos paralisações em grandes rodovias, a gente tem

chuvas torrenciais, aspectos da natureza, tudo isso flexibiliza nossas decisões,

estão seja em aumento de gente, seja em aumento de capacidade de distribuição

redistribuição de rotas, tudo isso implica na nossa flexibilidade do dia a dia (B2).

53

Outro exemplo é greve dos Correios, muda bastante a nossa vida. A gente tem

uma malha ainda que talvez esteja, hoje, em uma situação não muito competitiva

com as demais empresas ainda é o escape de muito e-commerce. Uma greve dos

Correios muda constantemente, a gente tem que redistribui a malha, isso ou

impacta em prazo, impacta em modificações de atendimento cliente, aumento de

gente no SAC. Certamente a gente vai ter um aumento de demanda (B2).

5.1.3 Categoria CAT-03 – Flexibilidade em Mix de Produto

Nesta categoria apresenta-se conteúdo de flexibilidade propriamente dita, que é

considerada importante, principalmente, em um ambiente de incertezas estratégicas

(SIMONS, 2000). A explicação do conceito de flexibilidade no início da entrevista bastou

para os entrevistados entenderem a pergunta do Quadro 8.

Objetivo Referencial

Teórico Pergunta

Flexibilidade

Estratégia

4Ps (Mix de

Produto)

Flexibilidade

Logística

Tenório (2000)

Patel (2011)

Kortmann et

al.(2014)

Widener (2007)

Porter (1996)

Ching (2008)

Qual a flexibilidade na estratégia no Mix de Produto e

Serviço da Cia? E qual o impacto para Operação?

Quadro 8 – Pergunta sobre mix de produto (Fonte: o autor)

CORRÊA e SLACK (1994) defendem que para aproveitar as oportunidades de

organização tem que adaptar volumes, mix de produtos ou mesmo lançar produtos

inovadores como resposta às mudanças não planejadas, bem como fazer ajustes na estrutura

organizacional. A opção de parte das empresas estudadas foi aumentar o mix de novos

produtos através das ferramentas listadas no Quadro 9 abaixo.

Empresa Uso de Marketplace Uso de fulfilment

A Sim Sim

B Sim Não

C Sim Não

D Não Não

54

Quadro 9 – Comparação de ferramentas (fonte: o autor)

KOTLER (2000, p. 41) que define o composto de marketing como “o conjunto de

ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos no mercado alvo,” e denomina

em os 4Ps, como já apresentados acima, sendo: produto, preço, promoção e praça (ou

ponto de venda), do inglês (product, price, promotion e place). Logo, o objetivo desta

categoria é compreender qual a flexibilidade na estratégia de mix de produto praticado no e-

commerce e nas palavras de B1 e C1 são:

Bom, uma das estratégias que a companhia tem em relação à mix de produtos e

serviços é o marketing place, que consegue parceria com grandes fornecedores,

agregando visibilidade ao negócio da companhia (B1).

O que a gente fez, é a gente já tinha, já tem bastantes produtos disponíveis, mas o

que a gente quis nos últimos meses foi vender produtos de outros, outros players,

de outros parceiros, então vamos dar um exemplo de uma camiseta. Eu tenho

diversas camisetas que foram compradas pela Tommy, que estão no estoque da

Empresa C. Mas aí, eu tenho o “José” que vende uma camiseta muito legal, que

eu não tenho, e que eu não preciso necessariamente comprar dele pra ter em

estoque; então a gente tem feito parcerias, que se chama marketing place no

mercado, e já vem se difundindo muito, as pessoas já tem conhecido, é uma nova

modalidade de venda que te faz crescer seu mix de produto [...] (C1).

O número significativo de novos produtos no site do hospedeiro garantem mais

acessos em busca de novos negócios e a quantidade de itens disponíveis trazem novos

acessos, logo, uma coisa traz a outra. Nesta ótica o marketplace trás flexibilidade positiva,

esta pode ser considerada o que CORRÊA e SLACK (1994) chamaram de flexibilidade de

novos produtos:

[...] tem se tornado os principais negócios da companhia, é o marketplace, a gente

consegue exportar produtos de uma calda extremamente longa para o cliente,

então aumenta a diversidade, nosso portfólio fica, passa de 600.000 (seiscentos

mil) itens, por exemplo, pra milhões de produtos e a gente oferece aí uma solução

para o mercado que é carente de visitação no Site. Então é uma maneira que a

gente encontrou aí de atender o cliente, atender o cliente final e atender quase que

um B2B né! Outros sites que precisam de visitação, que é o que a gente tem aí

hoje (A1).

Mas outro ponto a ser considerado é a flexibilidade do mix que foi planejada e não

55

realizada que causa impactos na operação, esta forma é negativa e trás aumento de custo,

esta por sua vez, pode ser considerada flexibilidade de mix de produto (CORRÊA;

SLACK, 1994).

[...] comecei vender 10 (dez) sofás e, quando o comercial ele aposta a mais nos

itens o que tem de maior, a gente acaba tendo mais esforço de encontrar

contratação de mais mão de obra, isso aí, lá, talvez, na última linha (botton line)

lá, ele pode sair mais caro, e muda toda a cadeia, toda a cadeia do processo do

pedido (A2).

Existe. Dá um exemplo do pessoal no nordeste, ele tem uma tendência, a gente

tem uma tendência, uma divulgação, e aí tem também uma redução no custo frete,

pra produtos refrigeradores menores. É até estranho! Mas refrigeradores que tem

saída maior aqui no sul, por exemplo, como “Side By Side”, no Nordeste não é

tanto, então é lógico, a gente vai focar naquilo que a gente vende mais. Por

exemplo, o apelo pela venda de um Side By Side, por exemplo, no Nordeste, ela é

muito menor do que ela é no Sudeste, até porque a nossa malha logística para o

transporte é melhor do que no Nordeste. Então, tem tanto, nem só a necessidade

do cliente, como talvez por isso a gente também não tenha se especializado nesse

tipo de entrega. Então, por exemplo, aqui no Sudeste, compra-se um refrigerador

um Side By Side e não passa na porta da casa de um cliente, mas a gente tem toda

uma assistência técnica pra olhar e fazer a remoção da porta pra conseguir colocar

o produto pra dentro. No Nordeste, se o cliente resolver comprar um Side By Side

e não couber na porta, a gente vai dar a sugestão de ele colocar uma corda, porque

a gente não tem área (D2).

O marketplace é apontado como um solucionador para flexibilizar a demanda de

novos produtos e ainda em contrapartida diminuir estoque físico.

[...] nada se cria tudo se copia, é quando você olha o mercado internacional, por

exemplo, a Amazon é que trabalha que trabalha com marketplace que é um

grande diferencial, e uma alternativa gigante de você colocar muitos produtos no

site sem ter que ter estoque, sem ter que ter custo, então você cria parceiros e faz

a divulgação no seu site criando uma estratégia de aumento de venda, pra

companhia, então, marketplace é um negócio que veio pra ficar (C2).

[...] eu acho que não vai ter mais estoque centralizado. Esse negócio de

marketplace vem com tudo, e, claro, que em peso que não tem essa intenção, mas

com esse negócio crescendo, crescendo, aquele que ainda não é parceiro de um

marketplace, ele vai querer ser parceiro de marketplace, porque as vendas no

56

varejo físico estão sofrendo as reações do crescimento do virtual. Então esse cara,

que sempre vendeu para o físico, que é o cara que tem loja física, a gente pode

pegar a Centauro como exemplo. O cara é uma potência em shopping, loja física

era o negócio dele. Hoje as lojas virtuais, os parceiros de e-commerce que ele tem

no marketplace, vendem mais do que as lojas físicas, e custam menos. Então eu

entendo que isso é bom pra todo mundo, é bom para o cara que fez o nome dele

como um grande player vamos falar, de um Submarino da vida, porque vai

ganhar as suas devidas comissões, dentro das suas devidas proporções, e isso é

muito bacana, e tem aquele cara que nunca foi visto e que agora ele pode ser visto

com 50.000.000 (cinquenta milhões) de cliques.[...] (C1).

Por outro lado, um ponto negativo é que pode apresentar aumento de estrutura no

atendimento de SAC proporcional ao mau atendimento dos parceiros:

[...] eu vejo impactos na verdade pontos positivos né! Porque quando eu coloco

um produto no marketplace eu acabo enxugando a minha operação, e trazendo

um pouco dessa. Mudando um pouco de lugar, saindo um pouco da parte

operacional, e indo um pouco pra parte do atendimento, então a minha demanda

ela cresce no atendimento, no suporte ao cliente e reduzindo um pouco o quadro

operacional, então esse é o pacto. Agora quando eu vendo mais itens meus que

não estão no marketing place, acaba na... Impactando operação mesmo (D1).

Então, você tem zero de impacto na operação, mas você tem impacto de níveis de

serviços no sac. Operação de sac. Você tem esse impacto por quê? É porque ele é

uma loja que você faz o faturamento, e ele faz toda operação dele. Faturamento de

expedição de entrega quando ele não tem uma boa entrega estoura no seu sac.,

então tem uma demanda maior no sac. por mau atendimento de uma loja que você

coloca é de forma errada ou de forma com pouco acompanhamento (C2).

Outra ferramenta é o fulfilment. Esse termo em inglês remete ao atendimento do

pedido ao cliente, ou seja, todo o conjunto de operações necessárias desde o recebimento do

pedido até sua entrega final. Conceituado pelos entrevistados como:

[...] e existe o fulfilment, que você faz cem por cento desse lojista que você

armazena. Você fatura e entrega. Ai você tem cem por cento da responsabilidade

da informação da venda e do faturamento dessa marca (C2).

A gente, com essa demanda do mercado pelo marketplace, a gente entendeu que

esses clientes não têm a estrutura para operar. Então estrutura é o que a gente tem.

A gente ofereceu uma solução que se chama fulfilment, que é desde a criação do

57

site, a estruturação do marketing, até o atendimento, aí passa por armazenagem.

Então a gente oferece armazenagem, oferece transporte, oferece estúdio pra tirar

foto dos produtos, oferece a própria produção dos produtos, até o atendimento. Na

última linha lá, se algum ponto da cadeia deu errado, a gente tem o atendimento

pra tirar dúvidas, pra responder os problemas dos clientes do nosso cliente [...]

(A1).

São muitos aspectos positivos a favor do marketplace na percepção dos

entrevistados. Os comentários são otimistas quanto à propagação desta ferramenta.

Acredita-se que os intermediários desempenharão papel fundamental no comércio

eletrônico.

[...] acho que o "marketplace” e o "fullfilmet", “veio” assim pra abrir mais o

mercado do e-commerce. A gente não tem fronteiras, eu acho (A2).

É um mercado promissor. Aí, com o marketplace ficou ainda mais fácil. Porque

essas grandes empresas que tem o nome muito forte na internet. Os pequenos

conseguem também entrar, não ter a mesma proporção de venda, mas ter a... Ele

não precisa ter um capital muito alto pra está no e-commerce e para está o produto

da Maria, do João [...] (A2).

Esta categoria apresenta diversos ângulos de percepção. Um deles é a capacidade das

organizações flexibilizarem o seu mix de produtos mediante ferramenta tecnológica que

persegue o cliente em diversos sites. Após ter identificado suas preferências ofertam o item

mais adequado para cada tipo de cliente.

Outro ângulo, não menos importante, é a flexibilidade do mix de produto que é

comprado diariamente, sendo produzido pela operação com volumes cúbicos muito variados.

Consequentemente, o transporte também é impactado por esta flexibilidade. As tabelas de frete

são diferenciadas de acordo com o peso e tamanho, logo a flexibilidade no mix de produto

também pode afetar o resultado financeiro.

5.1.4 Categoria CAT-04 – Flexibilidade no Preço

Não houve necessidade de adaptação da pergunta do Quadro 10, tendo em vista,

ser assunto corriqueiro no e-commerce devido aos prejuízos dos principais players.

58

Objetivo Referencial

Teórico Pergunta

Flexibilidade

Estratégia

4Ps (Preço)

Flexibilidade

Logística

Tenório (2000)

Patel (2011)

Kortmann et

al.(2014)

Widener (2007)

Porter (1996)

Ching (2008)

Qual a flexibilidade na estratégia do preço da Cia? E

qual o impacto para Operação?

Quadro 10 - Objetivos e Relevâncias Teóricas 4 (Fonte: o autor)

A presente categoria visou apresentar a flexibilidade no preço do produto, esta por

sua vez, é elucidada por LEE (2001) como um benefício no e-commerce devido à

possibilidade do consumidor comprar e comparar preços 24 horas por dia, sete dias por

semana, comprovada na resposta a seguir:

[...] o grande diferencial do e-commerce é preço. Se você... é... olhar a internet,

você vai ver que o grande diferencial do e-commerce é preço, então você tem que

estar muito antenado principalmente na concorrência, pra que não haja... é... fazer

uma campanha e o tiro sair pela culatra. Então acho que o e-commerce é muito

dinâmico e hoje é o segmento mais competitivo de mercado, e assim eu venho de

indústria de cerveja, que é um mercado bastante complicado, mas, não se

compara ao "e-commerce” (C2).

Legitimando a opinião de um profissional do comércio virtual, CASTRO NETO et.

al. (2010) apresentam o discurso de um usuário da rede explicando as motivações de

comprar online que diz: “O preço menor é uma vantagem competitiva [...], mais que isso é

um requisito fundamental porque do contrário a opção do mercado tradicional seria opção

mais interessante”.

MACHADO e SOUZA (2006) trataram das limitações das corporações em impor o

preço de venda e questionam: “Quais práticas de contabilidade gerencial estão sendo

adotadas pelas empresas na gestão sistêmica do preço de venda e dos custos demandados

pelas suas operações?” Com as respostas dos participantes não foi possível identificar um

método de precificação científico, entretanto, consegue-se definir claramente as estratégias

de cada uma como demonstrado no Quadro 11.

59

Empresa Uso de Precificação Dinâmica Estratégia de Precificação

A Sim Ganhar participação de Mercado

B Sim Ganhar participação de Mercado

C Não Obter Lucro

D Não Obter Lucro

Quadro 11 – Resumo das estratégias das Empresas Entrevistadas (Fonte: o autor)

KIRCHGEORG et. al. (2010) consideram que ganhar participação de Mercado seria

uma estratégia Top Line e obter lucro uma estratégia Bottom Line. Sendo a top line uma

menção às vendas brutas ou receitas de uma empresa. O nome "top" refere-se ao fato de

que, no resultado da empresa, a primeira linha apresenta as receitas. Isto contrapõe com o

bottom line, que é a linha de fundo da demonstração de resultados da empresa. Mais

especificamente o lucro líquido.

A empresa A é líder e visa ganhar share, há algumas ponderações referentes à

margem de lucro em algumas alocuções. Observe:

Eu poderia dizer assim, que ela (Empresa A) olha muito o concorrente, e algum

momento ela perde margem, mas ela quer share (A2).

[...] é uma prática do mercado. Você olhar precificação pura. Você não olha o

custo global da cadeia. O que acontece, dando exemplo na parte de transporte,

você escolhe um cara pela tabela de frete dele, mas você não sabe qual é o nível

de "performance" dele, de reclamação, o nível de avaria, o preparo que esse cara

tem dentro da operação, pra entregar um produto de qualidade para o cliente. Se

isso tudo não é contabilizado, a chance de a conta ficar muito mais cara, mesmo

tendo frete mais barato do que outros, é gigante [...]. (A1)

A nossa precificação é dinâmica, depende de como está o mercado, depende,

outro número que é enxergado todos os dias é o share, então todos os dias esse

número é visto, quanto a concorrência está vendendo e quanto a gente está

vendendo? (A1)

A Empresa B, por sua vez, visa o share a qualquer custo, muitas vezes abrindo mão

do bottom line:

[...] existe um trabalho de mudança de cultura pra que isso pare de acontecer, mas

ainda existe o fato de rasgar a margem (B2)

60

Sobre isso Oyadomari (2008) destaca:

[...] a importância de comparar os indicadores com os da concorrência, pois não

basta apenas ter um desempenho melhor que o ano anterior ou que o orçado, é

importante que os desempenhos sejam melhores que os da concorrência..

(OYADOMARI, 2008).

Destinada a apresentar a flexibilidade no preço, esta categoria investigou a formação de

custos das empresas entrevistadas, contudo não encontrou nenhum indício de que a formação

de cotação seja um resultado de algum método eficaz de precificação, de acordo com a

literatura.

Averiguou-se, dessa maneira, uma busca incessante de apresentar melhores valores no

mercado, já que, o consumidor tem a capacidade de comparar diversos preços ao mesmo

tempo. Por tanto, fica claro o porquê os maiores e-commerces do Brasil apresentam prejuízos.

Essa comparação é presenciada nas orações dos entrevistados da empresa B que é a

segunda em vendas e acompanha a empresa A:

A gente muda o preço acompanhando a concorrência. Se a concorrência não

muda o preço você não precisa flexibilizar. Mas essa mudança, eu volto a dizer,

nem sempre é saudável, uma vez que existem operações mais maturas (B2).

A estratégia da Companhia hoje é uma estratégia de acompanhar o corrente, não

levando muita consideração a margem. Hoje a Empresa B tem uma grande

preocupação de ser uma empresa competitiva levando em consideração o preço, o

que gera certamente um prejuízo uma vez que as demais empresas estão com uma

operação mais madura e que hoje consegue ter uma flexibilidade de enxugar o

custo menor que a Empresa B. O que faz com que a Empresa B busque essa

competitividade de preço através do aumento de mix como colocar mais parceiros

no marketplace reduziu o valor de frete, reduziu valor, “promocionar” muito mais

produtos não levando em consideração de repente a perda da margem (B2).

Bom, em relação à estratégia de preço, eu estou autorizada a falar. É que a

Empresa B, ela pratica uma precificação dinâmica. O que a Empresa B quer? Ela

quer ganhar share no mercado, então ela busca os preços que os concorrentes

praticam. Traz pra dentro de casa. Faz esses "imputs" manualmente.. Então assim,

a gente tem até uma ferramenta, mas é tudo manual, que busca lá o quanto o

concorrente está praticando. Eu trago pra dentro de casa, faço o imput manual

dentro do site. Com o único objetivo aí é de ganhar share. Mas o ponto negativo

disso é que nem sempre eu estou visando o lucro, então eu poço acabar com a

margem aí da companhia. Visando share eu aumento, baixando o preço em

61

relação aos concorrentes. Eu aumento as vendas, porém essa ferramenta que a

gente utiliza não contempla frete, então assim o resultado ele pode ser muito pior

do que se apresenta, quando a gente joga a conta de frete em cima. Uma das

ferramentas que nos auxiliam quanto a esse processo é a ferramenta da empresa

Precifica. É uma empresa bem comum nesse mercado de e-commerce em relação

a inteligência competitiva, inteligência de mercado. É uma empresa que

disponibiliza aí pra nós toda essa parte de busca em relação aos sites dos

concorrentes, como é que está o prazo, como é que está o preço, como é que está

o frete, então tudo isso nos dá informações pras tomadas de decisões e os imputs

de nossos preços nos nossos sites (B1).

A inteligência competitiva apresentada por B1 é definido por CALOF (2002) como

um processo sistemático proposto a longo prazo no processo de planejamento estratégico das

organizações, para aumentar seu desempenho em competitividade.

A empresa C não tem varejo como origem. Esta visa margem de lucro como defende

ASSEF (1997, p. 15) que cita que “a correta formação de preços de venda é questão

fundamental para a sobrevivência e o crescimento das empresas.” Porém a informação

extraída dos respondentes das empresas A e B é que se preocupam mais com participação de

Mercado do que lucro.

[...] a gente tem uma missão que é a de todos os e-commerce, que é dar o lucro,

né? Então quando tu "fala" assim.. ah... Como eu flexibilizo a estratégia de preço,

antigamente há uns três anos atrás, quando falo antigamente parece muito tempo

né? Mas para o "e-commerce" três anos já é muito tempo. Não pensava muito em

flexibilidade de preço. O problema que a flexibilidade de preço pode trazer pra

sua empresa. Então o que se fazia a esse produto? Está aqui muito tempo o que

vamos fazer? Vende com 40% (quarenta por cento) a menos de margem que está

tudo certo. Você pagou lá R$100,00 (cem reais). Você vende por 60,00 (sessenta)

e "aí" está tudo bem. Não! Não está tudo bem! Isso não é flexibilizar preço.

Então, na minha opinião, pra flexibilizar preço, você tem que comprar melhor.

Você tem que garantir que a sua compra seja a melhor e tenha uma boa estratégia

de compra para que você possa, sim, ter o preço baixo, dentro da sua, dentro dos

seus atributos de margem de lucro. Então eu não sei exatamente como isso

funciona em todos os e-commerce, mas o que a gente tem feito muito,

principalmente na Empresa C, é sempre está atento às margens, pra que a gente

não perca dinheiro[...] (C1).

É... acho tem que ser bastante dinâmica. Você tem que olhar o mercado e isso são

ferramentas que existem na companhia, onde você analisa o mercado e joga com

62

os números, então no celular você consegue ter uma margem maior e baixar o

preço porque pra competir com seu concorrente, e o que eu falei um pouco antes

é pegar um produto pra ser “boi de piranha” pra trazer o cliente pra página, e ai

fica tudo mais fácil, mas é uma coisa muito... Preço é uma coisa muito dinâmica.

Você trabalha preço todos os dias (C2).

Finalmente na empresa D, que tem uma origem mais sólida por emanar do ramo da

indústria, mostra outra fase de maturidade para precificar:

É pesquisa de mercado, a gente avalia em cima do mercado como está sendo

vendido, qual a margem está sendo negociada, isso a gente automaticamente tem,

mas como está sendo vendido em cima da tendência de mercado, se o mercado

está indo mais pra esse produto, menos pra esse (D2).

Na prática, o termo dinâmico aparece diversas vezes nas falas, CASTRO NETO et.

al., (2010) enxergam que o aprimoramento dos meios de pagamentos e outras conectividades

eliminam os limites de tempo e lugar, exigindo maior adaptação dinâmica ao comportamento

dos atores em tempo real. Este dinamismo é presente em diversas áreas do comércio

eletrônico, no entanto o conceito de precificação dinâmica é mais amplo do que o

entendimento da maioria dos entrevistados como visto no referencial teórico.

[...] existe uma equipe de que fica olhando o mercado todos os dias dezesseis

horas por dia. Que olha todos os principais concorrentes então onde eu estou

atacando. Fiz uma boa negociação com uma indústria qualquer, será que meu

concorrente fez melhor que eu? Então é um trabalho dinâmico diário do time de

"price" (C2).

O adjetivo “flexível” proposto ao preço é devido à possibilidade de ser alterado

diversas vezes ao dia, seguindo a política de valores dos concorrentes escolhidos, diferente do

uso da ferramenta de precificação dinâmica, utilizada por poucos, mas é possível interpretar de

forma equivocada em alguma das entrevistas, devido ao termo “dinâmico” ser muito difundido

no meio do comércio eletrônico.

Esta necessidade de reagir ao mercado o tempo todo é explicada por ALVO (2001):

[...] se deve ao atrativo das condições de procura global, escalas diferenciadas de

preços e qualidade, necessidade e procura por informações detalhadas do produto

em tempo real, acompanhamento do ponto de situação da encomenda,

63

disponibilidade de serviço online e a comodidade em relação ao fator tempo.

(ALVO, 2001apud CASTRO NETO et. al., 2010).

Desta forma, fica clara a percepção de que o preço é extremamente dinâmico e como

em todos os aspectos, toda mudança gera seu reflexo: os positivos, em aumento de venda e os

negativos, relacionados aos impactos na operação e até mesmo o prejuízo:

[...] essas mudanças estratégicas que a empresa faz em relação ao preço, ela causa

um grande impacto na operação no sentido de, por exemplo, a gente baixar muito

na semana de móveis. Semana de móveis, eu baixar muito o preço de um sofá,

por exemplo, que tem aí um alto volume, e aplicar frete grátis pra região Norte,

Nordeste, nesse caso eu acabo com a operação em relação a frete, em relação a

prejuízo mesmo pra empresa (B1).

Estamos vendo vários e-commerce fechando. Vários e-commerce quebrando. E

nesse ano agente perde mais um ou dois e-commerce grande. Já tem e-commerce

pendurado em banco. Já tem e-commerce fazendo fusão. Já tem e-commerce

abrindo capital pra arrecadar dinheiro pra colocar em caixa. E então, assim,

quando agente passa a cobrar por um frete, a conta começa a ser mais saudável

por o grande impacto dentro de uma operação de e-commerce hoje é despesa de

frete (C2).

[...] quando a gente fala de preço, a gente fala de aumento, ou aumenta a demanda ou

cai a demanda, então isso muda toda a cadeia da tanto operacional, quanto do

transportador. Porque quando a gente fala: “a demanda vai aumentar” então a gente

“tá” preparado pra mil pedidos dias, e se a gente começa fazer uma demanda... uma

precificação em cima do mercado ou alguma aposta, a gente muda nossa estratégia,

por conta disso (A2).

CORRÊA e SLACK (1994) apontaram necessidades de novas pesquisas que meçam

os diversos tipos de flexibilidade considerando os custos envolvidos. MACHADO e SOUZA

(2006) apresentam que a maioria das empresas precifica sem estudos prévios e “simplesmente

somam custos, imitam os concorrentes ou ainda estabelecem uma margem suportável pelo

mercado.” Desta forma, as empresas citadas aqui não são diferentes. Referente às estratégias

apresentadas, de acordo KIRCHGEORG et. al. (2010), os contrapontos não significam que

uma companhia não possa experimentar tanto o crescimento de top line e bottom line. Apenas

bastaria buscar mais receitas (top line) e reduzir seus custos operacionais (bottom line), algo

que não tem dependência.

64

5.1.5 Categoria CAT-05 – Flexibilidade na Comunicação

Necessitou-se adaptar a pergunta do Quadro 12. A flexibilidade na Comunicação

advém do “P” do Marketing “Promotion” e seus conceitos de canais de divulgações podem

não ser tão entendíveis aos profissionais não vinculados ao Marketing, então se buscou

facilitar o entendimento com palavras do próprio KOTLER (2000) que define a

“Promoção” como a estratégia para ofertar o produto mais adequado ao Cliente.

Objetivo Referencial

Teórico Pergunta

Flexibilidade

Estratégia

4Ps

(Promoção)

Flexibilidade

Logística

Tenório (2000)

Patel (2011)

Kortmann et

al.(2014)

Widener (2007)

Porter (1996)

Ching (2008)

Qual a flexibilidade na estratégia para ofertar o produto

mais adequado ao Cliente? E qual o impacto para

Operação?

Quadro 12 – Pergunta sobre Comunicação (Fonte: o autor)

Nessa categoria o objetivo foi identificar os processos ou as ferramentas que

flexibilizem a comunicação de marketing do produto. Alguns conheciam o processo, mas

não sabiam dizer o nome da ferramenta ou, simplesmente, não estavam autorizados a dizer.

Nota-se aqui:

[...] hoje tem uma ferramenta que ela utiliza muito, que é o cliente entrou muito

no site e clicou num produto, ela já começa a mandar informação via e-mail, via

chat, via SMS, entendeu? Então ela começa, é tipo como se fosse... ela começa a

seguir o cliente no perfil, ou naquilo que ele procura na sua necessidade (A2).

Em relação a estratégia aí de ofertar o produto mais adequado ao cliente, a

Empresa Laranja, ela possui uma ferramenta pra isso, mas fica com a área de

Marketing. Não tenho autorização pra falar qual o nome dessa ferramenta, mas

essa ferramenta basicamente... ela analisa aí o perfil dos clientes, quais os

horários de acesso, se são homens, se são mulheres, se são jovens. É dentro dos

sites da Nova. Quais são os departamentos que as pessoas mais acessam, traçando

aí basicamente o perfil do cliente pra que à empresa possa disponibilizar pra esse

cliente o produto que ele teve o interesse (B1).

65

Com o intuito de observar as formas eficientes de buscar seus clientes esta esfera

aborda a tecnologia como nova. Em análise posterior às entrevistas chegou-se a conclusão

que era a “data mining”. Não foi pontuado nenhum controle cibernético para este tipo de

flexibilidade.

No Quadro 13 apresenta-se um resumo das empresas que utilizam o data mining.

Empresa Uso de data mining para

Marketing

Uso de data mining para inteligência do

negócio

A Sim Não

B Sim Não

C Sim Não

D Não Não

Quadro 13 – Uso do Data Mining pelas Empresas Entrevistadas (Fonte: o autor)

As descrições anteriores de A2 e B1 são referentes à ferramenta data mining,

conceituada no referencial teórico e, de forma alongada, descrita a seguir por C1:

[...] algumas analises que eu já sou muito fã desse negócio, que é você ter um

ambiente de análise, normalmente se chama data mining, que você pode avaliar

quem são seus clientes, quantos anos eles tem em média, de quais as regiões que

eles são, principalmente qual o comportamento desse cliente na internet, o quê

que ele compra fora do seu site, o quê que ele mais pesquisa, então tem algumas

ferramentas no mercado. A Google tem boas ferramentas e muito utilizadas pra

gente conseguir fazer rodar esse data mining, que é fazer todas essas pesquisas,

essas conexões desses clientes. Então você pode usar o universo que você já tem

de venda. Então seu cliente que já comprou com você, você tem o nome dele,

você sabe como começar a identificá-lo na internet, o que você faz? A partir

desses dados desse cliente, você começa a procurar o quê que ele faz fora de seu

site, então quais são seus principais interesses, se ele gosta mais de amarelo, de

vermelho, da pra saber coisas muito legais. E aí você tem outro campo que é

clientes que você gostaria de adquirir, então você vai ao seu, nos produtos dos

seus concorrentes, ou em grandes lojas, e vai consumindo quem são os clientes

desses cara, o quê que eles mais procuram qual a faixa etária dele, e aí uma

grande gama de informações que pega desses clientes, desse grupo de pessoas, e

aí você começa ater algumas respostas....ah... os clientes gostam mais de esportes.

Não! O cliente gosta de comprar camisa polo da Tommy, só na segunda-feira.

Então vamos fazer uma promoção na segunda-feira. Então é um negócio que você

vai se apaixonando, porque você vai descobrindo tantas informações de seus

clientes, e de clientes que você quer ganhar, que você quer trazer pro seu negócio,

66

e aí você começa a traçar estratégia de quais produtos você gostaria de vender,

quais os dias que você tem que ofertar esses produtos, qual é o horário que você

tem que ofertar, se ele tem que está no topo da página, se ele tem que está no fim

da página, se ele tem que está no meio da página. Então você vai descobrindo

informações através desse banco de dados gigantesco, pra você saber como você

tem que se flexibilizar a sua estratégia, e ai sim, esse é um ponto bem

interessante, porque falando de flexibilidade, é que você vai mudando todas as

suas estratégias rapidamente, porque daí vai entendendo. "Pô," esse cara tem esse

comportamento! Entendeu?! Então tenho que fazer essa mudança imediatamente

porque se não em dias o quê que vai acontecer com esse cliente, vai comprar em

outro lugar. Ele já foi procurar seu concorrente. Ele está na internet. Está

procurando coisas ali o tempo todo, então se ele não acha no seu site, ele fecha a

sua página e vai comprar em outro lugar. Então o data mine ele serve pra você

tentar ao máximo cercar esse cara, e ofertar a coisa certa, então porque que agora

você vê lá no... você está navegando num site... aparece um produto que você viu

num site de vendas três dias atrás, então você pesquisa um jogo de panela no site

X, ai o que acontece? Você está vendo outra coisa nada a ver... Uma notícia no

UOL que aparece a panela, porque que ela apareceu lá, então dentro de várias

outras pesquisas, essa analise toda serve justamente pra isso, você fica

bombardeando seu cliente que você quer pegar, com aquele produto. Então você

vai cercando ele por todos os lados, pra que ele compre seu produto ali,

rapidamente né! Então eu acho que esse é um negócio assim, sensacional, os

caras que fizeram isso são muito admirados por mim, por quê. E vai te recheando

isso a cada dia né, cada movimento seu na internet, cada clique que você dá tem

alguém que pode está te avaliando, você pode está dentro desse banco de dados

sendo avaliado entendeu? Parece mágica, você vai clicando e as coisas vão

aparecendo conforme o seu interesse, porque é isso que o data mine ajuda a fazer

também, dentre outras milhares de coisas (C1).

O data minig pode ser utilizado como inteligência ao negócio, sendo assim muito

mais que uma ferramenta de Marketing. CASTRO NETO et. al. (2010) apontam os

investimentos em data mining como vantagens mercadológicas, assim como vislumbra o

entrevistado A1:

[...] o data mining pode colaborar pra gente diversificar o mix da operação, e

não trabalhar não só com um produto muito caro, ou produto muito pesado, faz a

gente ter um mix mais generalizados de produtos e deixar entrega lá no "Last

mile" (Unidade mais próxima do cliente) mais saudável né?!(A1).

67

A flexibilidade na Comunicação não foi apresentada por CORRÊA e SLACK (1994) e

nem TENÓRIO (2000). A base teórica para embasamento desta categoria foi de KOTLER

(2000, p. 510), que defende a flexibilidade dos canais de marketing para uma melhor

disponibilização de um produto e que sua importância é igual ou maior aos esforços internos.

E por o data minig se tratar de uma ferramenta tecnológica acredita-se já ser flexível, devido

CASTRO NETO et. al. (2010) afirmarem que “a tecnologia, seja ela qual for, não é neutra

nem estática porque envolve quebra de paradigmas e mudanças na estrutura organizacional

principalmente no que toca às rotinas e fluxos de informação.”.

5.1.6 Categoria CAT-06 – Flexibilidade na Distribuição

Todos os entrevistados trabalharam em outros ramos e quando questionados sobre o

grau de flexibilidade deram notas aos ramos anteriores e ao e-commerce conforme nota-se

no Quadro 14:

Entrevistado Nota de ramo anterior Nota para o e-commerce

A1 4 8

A2 5 8

B1 2 8

B2 4 8

C1 8 10

C2 6 8

D1 7 9

D2 6 8

Média 5,25 8,375

Quadro 14 – Percepção de Flexibilidade das Empresas Entrevistadas (Fonte: o autor)

O intuito não foi definir o grau de flexibilidade de cada ramo já trabalhado, até

porque o mesmo não é quantitativo, mas mensurar a perspectivas dos entrevistados se, de

um modo geral, o e-commerce é flexível. Pode-se perceber no Quadro 14 que houve

diferença de 60% nas médias das percepções.

A pergunta foi direta e fechada condicionada a uma escala de 0 (zero) a 10 (dez)

como mostra o Quadro 15 abaixo:

68

Objetivo Referencial

Teórico Pergunta

Comparar a percepção

do nível de flexibilidade

do e-commerce com

outros ramos

Tenório

(2000)

Você já trabalhou em outro ramo, fora do e-

commerce?

Se sim, qual o nível de flexibilidade atribuiria ao e-

commerce e ao ramo anterior?

Quadro 15 – Perguntas sobre percepção de flexibilidade (Fonte: o autor)

Esta categoria tratará do “P” mais complexo de acordo Kotler (2000). Muito por

consequência desta capacidade de adaptar volume e ajustes na estrutura organizacional de

acordo CORRÊA e SLACK (1994). A pergunta desta categoria não sofreu adaptações para

entendimento como se observa no Quadro 16 a seguir:

Objetivo Referencial

Teórico Pergunta

Flexibilidade

Estratégia

4Ps (Praça -

Distribuição)

Flexibilidade Logística

Tenório (2000)

Patel (2011)

Kortmann et.

al. (2014)

Widener (2007)

Porter (1996)

Ching (2008)

Como a operação flexibiliza sua estratégia para

atender as demandas da Cia?

Quadro 16- Pergunta sobre distribuição (Fonte: o autor)

Assinalou-se que a flexibilidade na distribuição é existente, tendo em vista que a

sazonalidade e a imprevisibilidade exigem que a operação se flexibilize para atender as

demandas da companhia.

Entendendo que se a área de price mudar o preço de itens grandes impacta,

diretamente, em espaço de CD e de transporte, posto que se a área de marketing fizer uma

promoção, e esta lograr êxito, a operação deverá: contratar mais mão de obra, pagar hora

extra, esticar turnos, ou até alugar novas estruturas e contratar carros para atender esta

demanda. Em entrevista foi declarado até que se houver um problema no site do concorrente

existe um grande impacto na distribuição.

O reflexo da flexibilidade do e-commerce atribuída à Distribuição (logística) está

descrita nas palavras de A2, B1 e B2:

69

Mão de obra flexibiliza, contratação de parceiro flexibiliza espaço, abre espaço.

Porque a gente tem que ter. A gente vai vender. A gente está planejando vender

mais, então eu tenho que preparar o parceiro. Tenho que preparar os CDs, então

geralmente a gente sempre cresce (A2).

[...] pra atender essas demandas, a operação realiza algumas grandes mudanças,

como alteração de layout, mudança de transportador, aumento de quadro,

contratação de terceiros, realoca as equipes de suporte para a operação, pra

garantir que toda aquela demanda extra, seja atendida (B1).

[...] o futuro é o comércio. Vejo o e-commerce como o futuro dos negócios do

nosso país apesar de sofrer com ausência de malha, sofrer com ausência de

estrutura, sofrer com a ausência de atendimentos especializados, eu já vejo o e-

commerce como um negócio aonde certamente vai movimentar. Vai tomar uma

fatia do varejo. O e-commerce certamente vai tomar uma fatia do varejo senão em

alguns casos europeus ele já praticamente acabou com o varejo. O e-commerce,

eu acho que vai demorar mais do que na Europa, mas fatalmente o e-commerce

vai ser um negócio do futuro [...] (B2).

A mesma velocidade de se estruturar precisa ser empregada na desmobilização das

estruturas em simultâneo ao objetivo alcançado tendo em vista diminuir o custo da operação e

manter a vantagem competitiva.

Um tópico frisado de suma importância que, não pode deixar de ser citado, é com

relação à mão de obra predominante na distribuição, descrita diversas vezes como barata e

desqualificada.

A operação, por ser a parte final do Ciclo do Pedido, absorve os impactos da

flexibilidade de outras áreas.

O ciclo do pedido, de acordo a percepção retirada dos entrevistados, pela perspectiva

do cliente, começa no clique de compra e uma ordem é enviada para o site com as

informações do usuário. Sendo a principal ferramenta para a continuidade da compra, os

dados da forma de pagamento escolhida, a análise de crédito do pedido é executada seja ela

em: depósito bancário, boleto bancário, cartões de crédito ou outras formas de pagamento

digital.

Na perspectiva da organização existiu uma: negociação comercial dos produtos,

recepção desses itens para armazenagem, produção fotográfica com descrição dos dados do

item, e, após, fica aguardando a solicitação do cliente.

70

Depois que a análise de crédito é aprovada gera-se uma ordem para o estoque, que

será separada pela equipe de packing (time que separa o item) e direcionada ao picking (time

que embala o item). Esta procederá com manuseio do produto e encaminhará para a

expedição, que por sua vez, direcionará o produto, considerando o peso, dimensões, região de

entrega e outras particularidades, para uma transportadora mais indicada, sempre observando

o custo do frete. Esta sim, geralmente terceirizada, efetuará a entrega do produto. Em caso de

defeito no produto ou outros motivos de desistência pode ser solicitado uma reversa, sendo

entendida como, o retorno do produto para o CD (Centro de Distribuição) de origem e

consequentemente o ressarcimento do valor pago pelo cliente, seja em forma de outro produto

ou outro tipo de restituição monetária.

Na figura 4 abaixo é apresentada uma arte de um ciclo de pedido perfeito

simplificado:

Figura 4: Ciclo do Pedido no E-commerce Simplificado (Fonte: o autor)

As mudanças de: produto, preço, prazo, aumento de venda (demanda ou

promoção), praticamente tudo, impacta na operação denominada por CORRÊA e SLACK

(1994) como Flexibilidade de Robustez, ou seja, habilidade de responder às mudanças não

71

planejadas eficazmente com disponibilidade de recursos e Flexibilidade de Volumes,

habilidade de alterar agregados de produção com eficácia, alinhados aos relatos de B1 e C2:

A mudança de preço dos produtos, forma de pagamento, mudança referente ao

tipo de frete oferecido ao cliente, alteração no prazo de entrega, acho que esses

são os principais (B1).

[...] a operação trabalha muito em cima de prazo e demanda, então é assim pra

você e a mão de obra é uma... eu falo... é um efeito sanfona. Se você precisar

contratar um terceiro, um temporário ou aumenta o seu quadro pra uma semana,

duas semanas, se você precisa colocar mais caminhões na operação, mais

ajudantes, então é assim você tem todo um bolsão de mão de obra ou

equipamentos no mercado pra você crescer a sua operação, em dez, vinte por

cento numa semana. Eu não consigo dobrar uma operação em uma semana, mas

crescer dez, vinte, trinta por cento eu consigo porque a mão de obra primária, ela

existe no mercado hoje com mais facilidade (C2).

[...] em cima de um planejamento de venda companhia, ela constrói o faturamento

o espaço de CD, ah... o abastecimento de CD faturamento e entrega, então... é

assim... é uma engrenagem que ela é abastecida pela área comercial e o restante

da companhia gira em torno das informações da área comercial [...] (C2).

As ações básicas da logística foram identificadas nas entrevistas e compiladas para

atender as diversas flexibilidades apontadas por CORRÊA e SLACK (1994) e apresentadas

no Quadro 17 a seguir:

Tipos Conceito Ação

Flexibilidade

de novos

produtos

Habilidade para introduzir novos produtos Contratar novos Fornecedores

Flexibilidade

de mix de

produtos

Habilidade de “produzir” diferentes tipos

de produtos

Contratar temporariamente espaço, mão de

obra e carros de entregas

Flexibilidade

de volume

Habilidade de “produzir” picos de

demanda

Contratar temporariamente espaço, mão de

obra e carros de entregas

Flexibilidade

de entrega

Habilidade de alterar as datas de entregas

de forma eficaz

Contratar temporariamente mais carros de

entregas

Flexibilidade

de robustez

Habilidade de atender com insumos de

forma eficaz Manter altos estoques de embalagens

Quadro 17 – Ações diante dos tipos de Flexibilidade (Fonte: Adaptado em Corrêa e Slack (1994))

72

Ainda segundo CASTRO NETO et. al. (2010) o impacto da internet e outras

tecnologias trazem uma série de conceitos de produção organizacional, tornando a rede uma

metáfora da complexidade. Segue exemplo de impacto complexo através de promoção de

markething:

Uma simples promoção de um produto, de um item no site, é capaz de fazer a

gente como operação perder todos os indicadores de qualidade e "performance"

(ANM1).

Complexidade que também pode ser vista no exemplo de impacto através da

flexibilidade do mix de produto não planejado:

[...] o mix de produto pode variar bastante, e isso também complica um pouco na

flexibilização. A gente não sabe o exatamente o quê o tipo de produto na verdade

que influenciaria bastante pra gente no tipo de carro que isso vai colocar no

mercado, uma coisa "é" 1.000 (mil) micro-ondas... entregar 1.000 (mil) micro-

ondas dentro de uma carreta, outra coisa é você entregar 1.000 (mil)

refrigeradores que você entrega dentro de 10 (dez). Então isso modifica bastante.

É, hoje o que a gente mais utiliza, é o indicador de performance, porque ele vai

fala pra você se você está entregando no prazo, ou vocês está entregando fora do

prazo, aí você tem uma tomada de decisão. Se você entregando fora do prazo,

você tem que rever todos seus fluxo, seu planejamento, e tomar uma decisão que

você consiga atingir a sua meta final (D2).

TIGRE (1999) deixa bem claro que o comércio eletrônico tem grande potencial para o

futuro, notadamente em produtos e serviços digitalizáveis, contudo é imprescindível

reconhecer os problemas que esse processo provoca para países subdesenvolvidos, que

possuem infraestrutura física e social precária. Essas pessoas têm uma propagação limitada da

Internet, sendo assim, deixam de explorar o potencial dessa globalização e naturalmente

deixam de gerar empregos mais qualificados. Esta necessidade, mesmo que antiga (1999),

quando se trata de internet, se mostra recente na entrevista de C2:

Acho que a gente tem que formar gente boa e trazer para o e-commerce porque é

o futuro do Brasil e principalmente em logística (C2).

73

5.1.7 Categoria CAT-07 – GAPS

Esta categoria apresenta a necessidade de compartilhar conhecimentos entre o ramo

de e-commerce, já que cada um tem um tipo de origem, e uma forma de solucionar seus

desafios diferentes.

A análise de conteúdo trouxe, ao referencial teórico, o acréscimo do conceito de

inovação em virtude do grande número de alocuções sobre o tema realizadas pelos

respondentes.

Simples como mostra o Quadro 18 abaixo, não houve necessidade de explanação

de conceitos graças ao vasto conhecimento dos profissionais entrevistados nos artefatos

Gerenciais.

Objetivo Referencial Teórico Pergunta

Flexibilidade no E-

commerce

Controles Culturais

Controles

Cibernéticos

Malmi e Brown

(2008)

Oyadomari (2009)

Ferreira e Otley

(2009)

Simons (1995)

Quais indicadores você acha que faltam que

poderia aumentar sua flexibilidade diante das

mudanças de cenários?

Quadro 18 – Pergunta sobre GAPs (Fonte: o autor)

Procurou-se entender as necessidades globais e expurgar as necessidades

individuais, conforme exposto por OYADOMARI sintetizando:

O Sistema de Controle Gerencial no processo de Inovação por meio da geração de

informações monetárias e não monetárias sobre produtos e serviços, categorias de

clientes, mercados. Há também a questão comportamental que o modelo de

mensuração utilizado pela organização pode influenciar no processo de inovação.

(OYADOMARI, 2008).

Mostrar-se através da percepção dos gaps que os respondentes entendem que seria

solução para melhorar seus controles de mudanças não planejadas como apresentam

Corrêa e Slack (1994) e dispensa conceituação, testificados pela seguinte explicação:

[...] eu entendo que a gente tem que trabalhar mais esse assunto do e-commerce,

ele é um assunto pouco discutido, a gente vê pouca publicação sobre o tema. É

74

lógico que é um assunto recente assim, da última década praticamente, mas hoje a

gente já tem bastante conteúdo pra falar, sabe?! A gente tem grandes lições

aprendidas, e a gente já está entrando aí eu acho que num primeiro ciclo de

amadurecimento, então, por incrível que pareça, esses pontos eu enxergo muito

em outras empresas de e-commerce É provável que seja uma necessidade de geral

tudo isso [...] (A1).

Pode-se observar neste contexto a carência em tecnologia que os gestores transmitem.

Um ramo que se denomina digital apresenta muitas deficiências seja de inovação, nos

processos ou de tecnologia propriamente dita.

Como a maioria das empresas tem um berço varejista os artifícios são muito parecidos.

Na tentativa de mapear os processos inovadores e as ferramentas tecnológicas o resultado foi

praticamente nulo. O que se obteve foram distintas sugestões de soluções para o meio

profissional. Cada colaborador dividiu suas mazelas e de forma esperançosa repartiu seus

projetos inovadores com uma aparência de ser uma tentativa de perpetuar suas convicções que

neste modelo de varejo físico têm pouca difusão.

CORRÊA e SLACK (1994) chamam as ferramentas desejadas por B1 e C2 de

Mecanismos de controle das mudanças não planejadas que serviriam para reduzir

turbulências na operação e aumentar a velocidade de resposta, exatamente como almejadas:

[...] eu acredito que o e-commerce do futuro trará aí grandes inovações pras

empresas, facilitando ainda mais esse processo de mudança de tomada de decisão,

se tornando cada vez mais flexível, porque o e-commerce ele é isso né? As

informações evoluem muito rápido, então se o e-commerce não acompanhar na

mesma velocidade. Eu acredito muito nas oportunidades que as inovações vão

trazer para o "e-commerce" no futuro (B1).

[...] ferramentas inteligentes competitivas, hoje até a gente tem lá os relatórios

que nos ajudam a ter uma visão em relação ao mercado, em relação aos

concorrentes, mais ainda é de forma muito manual, então se essas ferramentas

fossem um pouco mais dinâmicas e ágeis, a tomada de decisão e as mudanças,

elas aconteceriam mais rápidas (B1).

[...] o Brasil, em minha opinião, é muito carente, não tem uma ferramenta... é...

como eu posso te explicar... uma ferramenta adequada pra isso e as pessoas... o

pouco que temos de ferramentas... as pessoas não usam de forma adequada [...]

(C2).

75

O site referência no fornecimento de informações sobre e-commerce nacional é o E-

bit. Este fez uma entrevista com as habilidades consideradas mais importantes e,

“Organização e Planejamento”, “Foco em resultado” e “Flexibilidade e Inovação” estavam

entre as principais para se trabalhar nesse segmento.

CHIAVENATO (2000, p. 451) já apresentava, em suas perspectivas futuras da

Administração, que a era da informação desapegaria da burocracia e promoveria novas

estruturas e modelos de gestão. Sendo uma das principais habilidades, a adaptabilidade para

mudanças cada vez mais rápidas e inesperadas, “[...] principalmente no campo do

conhecimento e da tecnologia, impondo novas e crescentes necessidades que as atuais

organizações não têm condições de atender.”, logo, algo que ressaltou foi “inovação” como a

habilidade de inovar, seja com tecnologia ou sem ela. Habilidade esta, que, de acordo as

percepções dos profissionais entrevistados, falta.

[...] deveria utilizar tecnologia ao seu favor, então se tem hoje aí redes sociais tem

Whatsapp, nós temos aí Facebook, nós temos snapchat, uma série de tecnologias

que deveriam ser utilizadas. Eu vou dar um exemplo: o SAC hoje precisa ter uma

pessoa pra fazer ligação? Não. Você pode ter uma Ura mais otimizada onde você

programe essas ligações. Você, por ter um disparo de SMS, pode ter um tracking

do pedido feito via Whatsapp. Você pode ter que fornecer o cliente de

informações toda tecnologia para evitar aquele faça o contato e evitar que você

tenha esse custo. Você pode automatizar suas operações de forma tal que elas

estejam preparadas pra demanda, então hoje apesar de, de novo, ser o negócio que

todo mundo diz que é um negócio digital ainda sofre de operações muito manuais

(B2).

Seguindo o mesmo pensamento de KOTLER (2000) o uso da estratégia de Marketing

deve ser algo integrado. Assim a Comunicação, a Promoção, o Preço e a Distribuição trariam

vantagem competitiva para a organização, porém diante dos relatos dos colaboradores do e-

commerce fica claro que existem altos graus de flexibilidade nesses pontos, mas pouca

integração.

[...] a questão de a gente entender o global da cadeia, de fazer as áreas se inteirar

mais, como é tudo muito virtual, talvez a gente não tenha noção assim, muito

forte do todo. Daí acho que é uma carência de todo mundo, mas eu tenho certeza

que a gente vai sanando ao logo do tempo e quanto mais a gente estudar, mais a

gente vai aprofundando e mais soluções a gente vai encontrando (A1).

76

Neste modelo de integração foi apontado pelos entrevistados, como ideal, o

acompanhamento do Ciclo do Pedido, que para CORRÊA e SLACK (1994) o

monitoramento/previsões reduz os níveis de incertezas estratégicas.

A gente tem que ter uma ferramenta, sei lá, hoje uma ferramenta que se fale de

todo o ciclo do pedido e a gente consiga acompanhar, e, até o próprio cliente hoje

ter acompanhamento. Hoje ele recebe SMS, recebe e-mail, que vai chegar à sua

casa, mas eu acho que a tecnologia está tão avançada que... acho que falta ainda

mecanismo na nossa parte (A2).

[...] A gente poderia ter um Tracking né, onde pudesse visualizar todo o

andamento do pedido, desde o momento que o cliente dá o "enter" lá da compra,

autoriza, até a entrega cliente ou a devolução desse produto ou reposição dele de

no estoque. A gente chama isso como processo de cadeia integrada, " supply

chain" integrado, aonde a gente consegue ter essa visibilidade de forma sistêmica

né! Onde tem vários indicadores de.... dessas fases do caminho que o produto

percorre no processo desde de que ele é internalizado, até o a entrega do pedido

sucesso e insucesso a gente controla. Controlaria até o destino final do produto

seja ele uma realocação do estoque, ou seja, a "escrapiando" (Eliminando)

produtos por não ter mais condição de colocar venda (D1).

Eu entendo como um SLA integrado seria de imenso valor. A gente, quando você

pensa em logística e você trabalha com o custo frete unitário, pensando lá na

quantidade de produto, simplesmente em quantidade de produto, sem entender

que o produto é um refrigerador ou é um micro-ondas, talvez... Talvez integrando

as informações eu entenda que pra aquela determinada região o produto que a

gente vai começar a comercializar, que a gente vai trabalhar, a gente vai ter um

apelo um pouco maior, seja um produto um pouco maior; em cima disso

automaticamente eu vou entender que aquele custo frete que eu tinha antes tendo

um apelo por um produto um pouco pequeno, o meu custo médio naquela

oportunidade era bem menor, então se a gente tem essa... se a gente consegue

integrar um pouco mais as informações, ou seja, em cima daquilo que o

marketing pretende vender, então em cima disso eu vou trabalhar meus custos

talvez não me frustre [...] (D2).

Depois a gente quer, está estruturando isso, não tem, mas eu tenho flexibilidade

dentro do e-commerce pra isso, que é montar um cenário totalmente integrador,

que é de identificar esses pedidos, todas essas vendas que eu fiz no site, e

acompanhar todo esse ciclo, até que seja entregue aos nossos clientes. Então sem

olhar, é um conceito novo que a gente quer adotar, que é sem olhar

especificamente pra áreas oportunas, em momentos oportunos do ciclo A gente

77

olhar para o cliente final que está esperando aquele produto ser recebido na sua

casa com toda... com toda a flexibilidade que ele teve, com toda acomodação que

ele teve para comprá-la... aquele produto pela internet. Então mais que você

segregar indicadores é você ter indicador que tenha totalmente o foco no seu

cliente né, então você consegue pontuar suas operações, mas o seu foco a sua

meta é o seu cliente satisfeito (C1).

Até mesmo quando há tecnologia e esta não é empregada de forma mais inovadora, os

respondentes consideram-na um gap o que confirma que tecnologia e inovação são distintas:

A gente tem ferramentas que hoje são abundantemente disponíveis no mercado.

Existe uma inteligência muito forte por trás, uma inteligência de DATA MINING.

Inteligência que de um simples clique no Facebook, no Google, que faz a gente

rastrear esse cliente por toda a internet e entender o que ele está buscando, pra

gente conseguir ofertar isso da maneira mais fácil, via e-mail, via Banner nos

sites que ele vai entrar. E faz a gente inclusive poder fazer uma estratégia de

precificação diferente pra ele (A1).

[...] o data mining pode colaborar pra gente diversificar o mix da operação, e não

trabalhar não só com um produto muito caro, ou produto muito pesado, faz a

gente ter um mix mais generalizados de produtos e deixar entrega lá no "Last

mile" (Unidade mais próxima do cliente) mais saudável né?(A1).

A necessidade apontada por CORRÊA e SLACK (1994) de novas pesquisas que

meçam os diversos tipos de flexibilidade considerando os custos envolvidos é novamente

salientada em forma de controles pelo entrevistado A1:

A gente sente falta, eu acho que todo e-commerce, de indicadores mais globais,

então, por exemplo, a gente sabe que existem departamentos que não são

lucrativos, inclusive o de móveis pode ser um exemplo, O móvel é um produto

que ocupa muito espaço, que é pesado, tem que ter um transporte... uma operação

muito cara. Se a margem dele não estiver adequada em algum momento da venda,

a gente acaba jogando dinheiro fora. A mesma coisa acontece com produtos que

tem uma obsolescência muito alta, então a gente, vê... sei lá... celulares que de

três em três meses tem giro, se agente faz uma compra coloca ali um nível de

estoque muito alto, a tendência desse produto, se a gente não... se a gente acabar

não flexibilizando, aí corre o risco da margem até ficar negativa. A gente vai ter

que escolher em algum momento, trabalha com a margem negativa e tirar esse

produto do estoque ou vou vendendo aos poucos e pagando uma estocagem que

78

também é cara, pra eu não queimar margem, mas aí no fim das contas vai perder

dinheiro [...]. (A1)

CASTRO NETO et. al. (2010) defendem que a prática do comércio eletrônico

contrapõe a Teoria da Simplicidade, com necessidade de alicerçar-se à gestão dos

elementos críticos que o compõe: Administração da cadeia, monitoramento dos custos,

valor da estratégia, análise de novos formatos de trabalho e concepção de valor para o

cliente. Esses elementos bem administrados asseguram a eficiência gerencial e

naturalmente a satisfação dos clientes. Um dos entrevistados tem uma ideia muito clara de

como deveria ser essa integração das áreas. Por se tratar de uma conceituação seu trecho

será delongado. Em seu projeto chama de Supply Chain Integrado:

[...] eu recomendaria, seria trabalhar no e-commerce dentro de uma inteligência

de Supply Chain, como funcionaria isso? Criar uma inteligência e automatização

da cadeia envolvendo abastecimento, oferecendo uma ferramenta pra suportar

tomada de decisão, maximizando e tomando. Tornando as realidades... Tornando-

as potenciais. Sinergias entre as partes da cadeia, que hoje é uma deficiência

muito grande dentro da área do e-commerce. Por exemplo, área de marketing cria

alguma iniciativa de venda, e a operação logística não consegue suportar isso, por

uma falha de comunicação antecipada, um preparo aí antecipadamente dessas

tomadas de decisão, dentro dessa inteligência. Também diferenciar tudo isso, pra

também diferenciar-se da...frente aos concorrentes, e promover mesmo uma

mudança em processos internos externos, no relacionamento entre as partes

da...caberia. Então é criar um programa independente de administração da cadeira

de abastecimento que interagissem de uma forma inteligente sistematizada vários

módulos que compreende hoje o processo administrativo do e-commerce, como

cadastro, agenda de compras, Follow-up de pedidos, agendamento na operação, e

batimento da parte fiscal, esse processo ele se daria em inicialmente em algumas

fases né! Na parte de cadastro realmente teria que fazer uma boa manutenção,

checagem de informação “Clusterização” (aglomeração de dados) e classificação

no sistema de preço, manutenção né...por parte da área comercial. Separação do

que é B2B, B2C ou atacado dependendo das frentes aí de negócio, uma parte de

agenda de compras, onde a emissão dos pedidos, a variável do abastecimento,

promovesse uma simulação de compra no momento de alguma decisão ou

alguma...algum projeto aí de...é de incremento de vendas, tendo dentro dessa

agenda de compra uma previsão de demanda, aí falando um pouquinho mais

Price, previsão de demanda, olhando a elasticidade, disso né... Fixar o valor as

apostas... as apostas, e que essa agenda de compras nos mostrasse diferentes

estratégias pra companhia, além de um ponto bem importante quando se fala de

79

compra da ruptura, um relatório de ruptura mostrando aí todos os itens

departamentos que estão pra entrar em ruptura, pra fazer uma tentativa

antecipada, outra área que estaria integrada na parte de "Follow up" de pedidos

né, aonde tivesse um relatório pra fazer essa cobrança de pedidos junto aos

fornecedores, uma análise econômica financeira, uma priorização de recebimento,

então com a interação da previsão da demanda, junto com alguma ferramenta

CRM, envio automático de e-mails, e uma Extranet pra fornecedores, eu acho que

teria essa visão... Que os fornecedores via Extranet, da nossa, do nosso

acompanhamento dos pedidos, do recebimento dos pedidos. Outra caixinha que

estaria interagindo aí com essa inteligência" Supply Chain", é o agendamento nos

CDs né! Com a operação logística, então teria lá uma integração "Follow-up"

com os agendamentos, um cálculo de capacidade por doca de recebimento, e o

envio de agenda automático para os CDs, aonde eles pudessem ter essa

visibilidade e o preenchimento aí...da demanda da...do preenchimento da

capacidade das docas, e um último, uma última caixinha pra fechar é toda a parte

do batimento de nota. Parte que envolve o recebimento, parte Fiscal, contábil né,

que também teria uma visão extranet pra fornecedores, a parte do envio do XML,

né, um sistema de identificação de divergências fiscais e comunicados

automáticos aos fornecedores à medida que a gente vai recebendo esses pedidos,

que a logística vai internalizando fazendo recebimento. Eu acho que a gente com

essa proposta sairia de uma situação atual, onde os processos, eles são manuais

né! No controle de toda essa cadeia de abastecimento, hoje a gente tem uma

fragilidade operacional e financeira, processos lentos e uma deficiência sistêmica

e, iriamos pra uma situação de automatização dos processos, eficiência e eficácia

do resultado, uma flexibilidade e tomadas decisões ágeis e mais assertivas,

interações, transformação sistêmica, visibilidade de todas as etapas do processo.

Melhor interação entre as áreas e fornecedores, e sem falar da sustentabilidade

operacional. Esses seriam os pontos que eu deixaria que como uma sugestão aí de

um modelo de controle e visibilidade do processo, dentro da cadeia do e-

commerce (D1).

A organização e planejamento muitas vezes geram a padronização dos processos e por

isso o desafio para os profissionais e estudiosos é maior, já que segundo KORTMANN et. al.

(2014) as características de flexibilidade, ou seja, baixos níveis de burocracia, em hierarquias e

necessidades de reduzir padronização na operacionalização, muitas vezes são conflitantes com as

metas de desempenho baseadas em eficiência operacional. Mesmo embora essa contradição seja

aparente e a flexibilidade influencia a eficiência operacional por meio da inovação e

customização em massa. E a mão de obra, muitas vezes, extraídas do varejo físico tem

80

propensão a inovar menos em razão ao costume da padronização, logo, a opção apresentada

foi criar um novo perfil de colaborador:

[...] a formação dos profissionais, na verdade esses profissionais vêm de indústria,

veem de varejo, as pessoas quando veem para o e-commerce, as pessoas vem com

uma mentalidade talvez bem fechada, porque na indústria os processos são bem

engessados, bem rígidos, já tem tudo muito construído, e no e-commerce a

mudança acontece muito rápido, hoje é assim, amanhã já pode ter outra mudança

ou até no mesmo dia as mudanças acontecem, então eu vejo bastante essa

característica desses profissionais que vem para o e-commerce. Bom, uma aposta

da companhia nesse sentido, tendo aí um déficit de profissionais na área, é

recrutar os Trainees no mercado, trazer essas pessoas pra companhia, formar

essas pessoas, dá todo o apoio, suporte, pra que elas possam crescer com a

companhia tendo em vista que esses Trainees são muito jovens, que saem da

faculdade com gás pra...de inovação, de mudanças, querendo crescimento,

buscando, isso são jovens da geração Y aí, que são bastante flexíveis, bastante

adeptos a mudanças, fazem sei lá, cinco coisas ao mesmo tempo, então a

companhia aposta muito no investimento, no treinamento desses Trainees, porém

é uma aposta que a empresa faz, ela de repente pode formar esse profissional para

o mercado, ele pode passar um ano sendo formado pela empresa e de repente o

mercado recrutar esse Trainee, mas é uma aposta que vale a pena a empresa

investir (B1).

A empresa A, ela foi uma grande escola em relação à flexibilidade, o ramo de e-

commerce é um ramo muito didático, dinâmico, as coisas mudam muito rápido e

a velocidade das informações, é muito rápido, hoje em dia, a tecnologia avança

muito rápido. Antigamente a gente tinha internet discada, hoje em dia a gente já

tem 4G, aplicativos no celular. Eu posso realizar compras no próprio celular,

então essas informações essas mudanças são muito rápidas, então se o e-

commerce ele não acompanhar esse tipo de mudança ele também acaba ficando

pra trás (B1).

Uma das barreiras na prática do comércio eletrônico que CASTRO NETO et. al.

(2010) apontam, advém da falta de qualificação suficiente de profissionais, informação que

corrobora com as entrevistas.

81

5.1.8 Categoria CAT-08 – Controle Culturais

Nesta categoria o objetivo é Confrontar a prática da Performance Management

System com as pesquisas. MALMI e BROWN (2008) fundamentaram seu trabalho no

Modelo Levers of Control de SIMONS (1995; 2000), trabalho chamado de Beliyefs System.

Assunto que foi tratado em referencial teórico, tais como: missão, crenças e valores

adotados pelas organizações.

Este conceito é amplamente divulgado na administração e não foi adaptado para

entendimento conforme abaixo descrito no Quadro 19.

Objetivo Referencial

Teórico Pergunta

Sistema de

Crenças

Controles

Culturais

Simons (1995)

Malmi e Brown

(2008)

Ferreira e Otley

(2009)

Sua companhia tem um sistema de crenças? Ou seja,

Missão, Visão e Valores?

Quadro 19 – Pergunta sobre controles culturais (Fonte: o autor)

Também questionou-se sobre a comparação com os pares, assim como descrito a

seguir no Quadro 20, a prática defendida nos modelos de Qualidade Total (CAMPOS,

2004) e conceituado por LOUGHRY e TOSI (2008) como as alterações nos comportamentos

dos profissionais influenciados pelos resultados dos seus pares, este conceito de peer

monitoring também foi estudado por VIANA (2014) que chamou de monitoramento pelos

pares.

Objetivo Referencial

Teórico Pergunta

Ranking no e-

commerce

Controle por

pares

Gestão à vista

Tigre (1999)

E-bit (site)

Oyadomari

(2011)

Vicente Falconi

(2010)

Existem rakings em gestão à vista para comparar os pares

ou os concorrentes?

Quadro 20 – Pergunta sobre controles culturais (Fonte: o autor)

82

Todas as empresas estudadas possuem desenho dos Controles Culturais, porém

compreende-se nas entrevistas que a aderência não é generalizada, assim como apresentada no

Quadro 21, bem como já era previsto na literatura, pois VIANA (2014) cita que a pressão

(monitoramento) pelos pares muitas vezes não pode ser aplicada pela administração da

empresa porque estariam em desacordo com aspectos culturais.

Empresa Uso de Controles

Culturais

Aderência dos Controles

Culturais

Compara os

Pares

A Sim Alta Sim

B Sim Baixa Não

C Sim Média Não

D Sim Média Não

Quadro 21 – Resumo do uso dos Controles Culturais (Fonte: o autor)

Para definir o grau de aderência foram consideradas as percepções dos respondentes.

Empresa A é a única que compara os pares, política que para OYADOMARI (2008) é

saudável dividir as corporações em Unidades de Negócio para competir entre si; a única

ressalva é que a competitividade em busca de incentivos monetários podem perder ganhos de

sinergia:

Isso é muito forte lá dentro, a gente tem sete grandes valores, uma missão que é o

que nos norteia, é o que faz a gente olhar longe, que faz pensar grande, a gente

tem e é forte (A1).

A gente tem Ranking, não é uma coisa que você vê em todas as áreas, está nas

principais áreas. A gente enxerga isso. A gente enxerga um sistema de

meritocracia e você sabe onde você tá e onde o seu colega do lado tá também, pra

vocês conseguirem se comparar e ter aí uma prévia até da avaliação de

desempenho, né!(A1).

[...] Isso é apresentado para todos, e acontecem desde os níveis básicos de

operação, aí falando de operador, “picking” e “Packing”, até os níveis mais altos

de gerentes (A1).

[...] tem a missão tem os valores, a gente preza muito ter as melhores pessoas, e a

gente também preza muito o cliente, nosso maior motivo da existência do e-

commerce é o cliente, então isso aí ela preza muito a companhia que hoje eu estou

[...] (A2).

83

A empresa B demonstra relatos menos entusiasmados que a empresa A e algumas

vezes se comparam com outras empresas, inclusive o concorrente líder. O mais

impressionante é o mesmo termo utilizado pelos dois entrevistados, “crise de identidade” para

definir a cultura da Empresa B. Importante ressaltar que um entrevistado é operacional e outro

estratégico e que as entrevistas foram realizadas em locais e horários diferentes:

A empresa B, ela tem, missão, visão e valores apesar de pouco difundido, assim,

na minha visão, pouco difundido, é uma companhia que certamente tem, deve

viver em alguns momentos se perguntando se a saída é varejo ou se é comercio

eletrônico? Uma coisa que por não estar difundida essa visão, essa missão, esses

valores, ainda existissem conflito de identidade. Vamos dizer assim, no

concorrente só pra completar a resposta, no concorrente aonde vim, do principal

concorrente, é o contrário disso, na verdade, é muito difundido missão, visão e

valores, é praticamente diária isso... Como é que eu vou? Fugiu-me a palavra,

você revive isso a todo o momento, existe essa recordação de onde você está, em

que companhia você está, qual a missão dessa companhia, aonde essa companhia

quer chegar. (B2) falava da Empresa A.

[...] tem sim, é pra inglês ver, então é assim... Eu venho de, como te falei, eu vim

da indústria, já passei pelo outros e-commerces, a indústria o qual eu vim

realmente funcionava, então você tem referência, a empresa que eu trabalho o

sistema ela tá num momento de identificação de identidade...ela tá num conflito

de identidade ainda...ela não sabe ainda [...] (B1).

[...] o que existe na Empresa B são os acompanhamentos individuais das áreas,

não tem nada que é de gestão a vista pra comparar com os pares. As áreas

trabalham muito por si só e muito olhando o teu próprio umbigo, olhando as suas

próprias metas e não as metas gerais da companhia, não há essa sinergia entre as

áreas. Então de repente a operação pode bater uma meta de frete e a parte

comercial não pode bater a meta de margem, enfim, é cada um olhando pro seu

próprio umbigo. As decisões não são tomadas em conjunto, cada um toma sua

decisão de acordo com o seu próprio indicador, então o que pode acontecer de

repente, é que todas as áreas baterem a meta, e a companhia não bater a tua meta

total, meta (B1).

A empresa C apresenta pouca competitividade e percepções antagônicas entre

operação e área estratégica:

84

Não, nesse ponto, principalmente as metas principais que tem a ver com as

remunerações variáveis não. Existe uma reunião de diretoria que acontece uma

vez por semana, e nessa reunião aí sim tem...cada um apresenta os seus

indicadores, então você tem uma visão global dos seus pares, só que não tem

Ranking oficial que apresente assim [...] (C2).

Tem e é muito forte isso. Então pra você ter uma ideia, está disponível lá no site,

conseguem ver lá, todas às vezes e em todas as comunicações internas, tem um

aviso: vai acontecer alguma coisa.,Então eles citam o que vai acontecer. Dão o

recado do que eles querem dar, e colocam assim #1 (Hashtag um) e aí coloca o

valor que aquele anúncio...do que eles estão fazendo...tem haver com o valor 01

(um) (C1).

A empresa D apresenta baixa competitividade, porém visão alinhada entre as áreas:

[...] tem também, eu até não acompanho tanto essa parte de indicadores, mas têm

também lá os resultados de cada CD, quanto tempo levou pra fazer a expedição

de cada carga. Mas vai entre CDs ela também muda um pouco. Eu vou entrar no

mesmo item de produtos porque eu fui redundante o tempo todo nessa entrevista,

mas eu medi o tempo de carregamento da fábrica de Joinville que são

refrigeradores, produtos grandes, com a fábrica de Rio Claro, que são produtos

médios, fogão, lavadora, com a fábrica de Manaus que são micro-ondas, eu...é

desleal (D2).

Gestão à vista, voltada mais para o gerenciamento da rotina do seu dia a dia

aonde você compara, você contra você mesmo. Não existe essa gestão à vista

comparando com concorrentes ou buscando práticas de mercado benchmark pra

que você se desafie. Na verdade, o principal objetivo da gestão à vista da empresa

atual é demonstrar os resultados em que se encontra (D1).

Seria aguardado que os controles culturais fossem utilizados em ambientes de alto

grau de incertezas, pois a importância desse tipo de controle é o papel de mitigar possíveis

comportamentos disfuncionais e especialmente os de valores (WIDENER, 2007). Como

esta categoria teve várias respostas que demonstram a não aderência das empresas a um

sistema de crenças e valores fortificados, cabe ressaltar que os discursos que divergem da

maioria, são da empresa A, evidenciam, assim, um nível de maturidade neste aspecto,

diferente das demais. OYADOMARI et. al. (2013) sugere que “aos profissionais que

queiram adotar inovações, é necessário que haja uma cultura organizacional em que a

inovação seja valorizada”, isso pode explicar as diferenças.

85

Embora pouco citados, percebe-se nesta categoria, que os controles administrativos por

serem mais fáceis de executar, uma vez sendo desenhados, cabe somente cumprir o

estabelecido, estão, maiormente assimilados. Diferentes dos controles culturais que são mais

complexos, caso estejam desenhados não é garantia que serão assimilados haja vista,

implementar controles culturais leva tempo, dedicação, acreditar naquilo que está sendo

pregado, logo o sistema de crenças foi o mais citado pelos respondentes.

Observa-se destaque para empresa A que foi citada pelos seus colaboradores como

tendo um sistema de crenças forte e mencionado por dois concorrentes pelo mesmo motivo.

5.1.9 Categoria CAT-09 – Sistema de Recompensa e Remuneração

Nesta categoria não foi necessária explanação por intermédio de resumo, pois a

totalidade dos entrevistados têm o mesmo tipo de remuneração e sua pergunta é tão clara

(vide Quadro 22) quanto suas respostas em relação ao sistema de recompensas.

Objetivo Referencial

Teórico Pergunta

Sistemas de

restrições

MCS como

pacote

Simons (1995)

Widener (2007)

Malmi e

Brown(2008)

O atingimento de metas interfere no recebimento da

remuneração variável? Explique!

Quadro 22 – Pergunta sobre sistema de restrições (Fonte: o autor)

Pode ser observado nesta categoria que os respondentes têm em sua remuneração

variável certo grau de flexibilidade, pois não são 100% atreladas às metas. As entrevistas

também apontaram que 50% desta remuneração são atreladas a fatores intangíveis, sendo

assim, o colaborador é medido por percepção dos superiores hierárquicos. Motivo de alguns

desconfortos por parte dos entrevistados. Mas de acordo CARR et. al. (2010) esta dose de

subjetividade é importante para promover empowerment.

Assim, pode-se perceber a fragilidade nas políticas de recompensa. A falta de

clareza nos critérios leva ao descontentamento.

A ferramenta que deveria motivar e alinhar as expectativas tem efeito contrário

diante da forma de uso. Principalmente, no que concerne a parte intangível da avaliação.

86

Neste caso os controles culturais se mostraram mais importantes para aderência da

estratégia do que a própria remuneração.

[...] qualquer sistema de meritocracia, a gente tem aí praticamente meio a meio,

uma é o número, é a sua avaliação de desempenho como indicador, se você

atingiu ou não, e o outro ponto é comportamental. Esses dois vão compor aí uma

avaliação geral do seu ano ou do seu período, o ponto é, o comportamento é um,

ele é muito vago né! Então a grande sacada é como “tangibilizar” critérios. [...]

(A1).

Interfere. A remuneração variável tem um formulário né...você fecha a sua

remuneração variável no momento do seu contrato e você tem a meta anual, você

estabelece essas metas com os seus gestores. No meu caso eu estabeleço com a

minha diretora e aí num período estipulado, está fazendo avaliações de

desempenho, muito bem estruturadas por sinal que você identifica se você bateu a

sua meta ou não, e aí a sua remuneração é de acordo com o percentual atingido. É

bem criterioso isso (C1).

Infelizmente não! É outro choque que eu particularmente tive. Venho de culturas

que se eu não bater meta não tem bônus. Se não bater meta você não sabe se vai

ter emprego. É isso tá mudando. Acho que pra esse ano muda, e até o ano passado

era uma coisa muito superficial porque você descobria suas metas em novembro

(C2).

[...] acompanhamento das metas atingidas em relação a remuneração variável, não

está bem clara e nem objetiva, ou seja, pra algumas áreas e departamentos tem

tudo muito claro, muito documentado em relação as metas, a remuneração

variável, agora pra outros departamentos isso já fica...se perdem no meio do

caminho, ou não tão claras, as metas são claras, porém em relação a remuneração

variável isso não está claro, isso não é claro (B1).

FERREIRA e OTLEY (2009) criaram uma estrutura para gestão de desempenho

embasada nos trabalhos de OTLEY e SIMONS (1999), que por sua vez confeccionaram

cinco perguntas que estavam relacionadas à gestão moderna: a definição, avaliação e

cumprimento de metas, formatação e implementação da estratégia, uso de benchmark,

recompensas (ou punições) e aprendizagem organizacional. Sendo assim, é ideologia muito

atual, tendo em vista, descrever o sistema de restrição da maioria das empresas estudadas.

87

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a proposta de coletar como funcionam os controles de planejamento,

administrativo, culturais, cibernéticos e de remuneração em um ambiente caracterizado por

alto grau de incertezas estratégicas e que fosse necessário um alto grau de flexibilidade às

empresas do setor do e-commerce, o presente trabalho objetivou investigar as percepções de

que o e-commerce é mais flexível que os outros ramos.

Optou-se, conforme metodologia da pesquisa, buscando através de entrevistas em

profundidade a 8 (oito) desses profissionais, discernir os controles gerenciais utilizados nas

empresas de comércio eletrônico em seu cotidiano. Outros foram as percepções entre

flexibilidade e o sistema de controle gerencial como um pacote e agregar oportunidades

acadêmicas para o meio prático.

Com o uso de ferramenta qualitativa foi possível identificar categorias para seccionar

este trabalho. Por meio do software NVIVO foi possível diagnosticar oportunidades que

outrora não haviam sido mapeadas. Sendo assim, analisando o Quadro 14 percebeu-se

claramente que o e-commerce, na percepção dos respondentes, é relativamente mais flexível

que os outros ramos anteriormente trabalhados.

O comércio eletrônico é por comparação novo, sendo o tempo de empresa um

reflexo de quão púbere é o e-commerce. Todos os entrevistados tinham menos que três anos

de empresa, dando destaque ao mais velho de serviço no grupo, que começou como Trainee.

Ao decorrer das respostas notou-se um fluxo natural de mão de obra, dos quais a empresa

líder de mercado forma profissionais para todos os demais segmentos do ramo.

Ao delinear os principais resultados, para uma melhor compreensão separou-se por

categorias das quais, na 1ª percebeu-se, também, estágios diferentes de maturidade das

empresas empregados à consolidação no uso do Sistema de Controles Gerenciais como um

pacote. Dessa forma, as empresas que apresentaram um sistema de crenças fortalecido, com

esquema de restrição e um melhor planejamento, isto é, com mais entendimento dos controles

cibernéticos, mostrou capacidade superior de: direcionar a formação da estratégia

organizacional; comunicar diretrizes; definir limites de atuação dos membros da organização;

e apresentou rotina no monitoramento dos planos realizados. Consequentemente estimulou a

aprendizagem organizacional formando, desse jeito os principais gestores dos demais

concorrentes.

88

Motivo que explica que as demais empresas tenham: os mesmos indicadores de

planejamento, controles cibernéticos, um sistema de recompensa e remuneração similares,

controles administrativos e culturais idênticos, apesar disso, com pouca divulgação, chamado

pelos próprios colaboradores de “crise de identidade digital”.

A diferença percebida foi na intensidade do uso dos controles culturais e de gestão

vista para comparar os pares, como descrita na Categoria 8, considerou que a capacidade das

organizações de dividir as autoridades, responsabilidades e os recursos necessários para

realizar os objetivos, conceituados como controles administrativos. Por outro lado, a missão, a

visão e os valores organizacionais foram considerados como os controles culturais.

Também questionou as possíveis incertezas estratégicas, quer dizer, os riscos que

podem afetar o sistema de controle gerencial nas empresas de varejo eletrônico. Na Categoria

2 os principais riscos externos citados foram: greve do principal transportador do Brasil, o

Correios, fragilidade da saúde financeira dos transportadores, causas naturais, e

principalmente incapacidade de previsão de demanda. O único risco interno apresentado foi a

falta de interação entre as áreas. Alguns entrevistados sugerem um indicador global que

contemple desde a compra do pedido até a entrega realizada com sucesso.

Baseado no conceito dos 4P de Kotler, juntamente com um conceito de flexibilidade

de Tenório, a Categoria 3 buscou entender qual ferramenta do E-commerce agiliza a mudança

do mix de produto e o Marketplace foi a resposta com maior frequência. Neste sentido foi

apresentada diversas vezes como mercado eletrônico do futuro. Por sua capacidade de

colocar novos parceiros em seu site, valer-se da reputação da sua marca e da credibilidade

para utilizar menos sua estrutura logística. Possibilitando que as gerências Regionais

futuramente migrem para agentes de cadastro a fim de se fortalecer, principalmente nas

regiões de difícil acesso logístico, onde as malhas encarecem o frete, que na maioria das vezes

inviabiliza a operação de venda online.

Analisando mais um pilar da flexibilidade, desta vez o preço, a Categoria 4 cotou que

os respondentes utilizavam a expressão dinâmica para conceituar a flexibilidade no preço, no

entanto, precificação dinâmica é uma ferramenta que, por meio de coleta de dados, compara

os preços da concorrência e utiliza alguns parâmetros juntamente com essa informação para

precificar os seus produtos. Ferramenta esta, que apenas duas das empresas possuem. Outro

fato relevante referente ao preço é que nenhuma das empresas tem um método de custeio bem

definido, ou seja, não possuem estratégia na formação do preço de venda dos produtos que

vise o lucro, com vistas à busca incessante por top line e valorização da marca diante do

89

cliente. Percepção dos respondentes que em suas percepções utilizavam a expressão “rasgar

margem”.

Este trabalho procurou entender referente à flexibilidade da comunicação, como

direcionar o seu produto na mesma página para diferentes clientes? A resposta destinada à

Categoria 5 foi uma ferramenta que estuda as preferências do cliente e oferece uma opção de

compra. Esta ferramenta é uma prática muito nova no universo da internet, faz uso de técnicas

de armazenagem de informação - inteligência artificial - reconhecendo estatisticamente alguns

padrões e correlacionando com diferentes dados que permitem formar categorias de

indivíduos e empresas, trazendo a apreensão que as suas preferências foram identificadas.

Esta referência em inovação tecnológica é denominada data mining e juntamente ao

Marketplace, pode direcionar o melhor produto para um determinado cliente para ser atendido

por um fornecedor local com o intuito de diminuir o custo total, o prazo de entrega e, talvez

finalmente, trazer lucro ao e-commerce.

A Categoria 6 abarcou a flexibilidade na distribuição, sabendo que a distribuição é

todo o recurso necessário para transformar a compra do site em pedido entregue, ou seja,

SAC, CD, transporte e etc. Os entrevistados concordaram que à sazonalidade impacta

diretamente na flexibilidade das operações em uma data especial como o Natal, por exemplo,

a demanda pode exigir: aumento de mão de obra, maquinários, capacidade de transporte,

espaço em CD, dentre outros. Mesmo com a flexibilidade de atender todas as demandas da

companhia nas sazonalidades, o objetivo de muitas empresas é diminuir o custo com logística.

Isso, em muitos casos, pode diminuir a eficiência, tendo em vista, que o baixo custo de uma

transportadora pode ser dado à baixa qualidade dos caminhões de transporte, que tendem

aumentar a taxa de produtos avariados e, consequentemente, o descontentamento dos clientes,

acrescendo a taxa de contato no SAC, justificando assim um aumento de custo em toda a

cadeia. Por este motivo foi sugerido o uso de um indicador de custo de qualidade total por

transportador, com desígnio de balizar as tomadas de decisões.

Devido ao equívoco no conceito, pois inovar deveria ser considerado a capacidade de

ir além dos limites, a Categoria 7 trouxe agrupados dois conceitos distintos. O primeiro tratou

do desenvolvimento de um novo produto ou de um processo resultando melhoria em relação

ao modelo anterior, proporcionando vantagem competitiva. Outro aplicou à tecnologia

melhoria de bens ou serviços podendo assim mesclar os dois conceitos na mesma frase sem

uma redundância, por exemplo, apresentar inovação em tecnologia. O conflito, talvez, de

identidade, classificado pelos respondentes quando questionado sobre os sistemas de crenças,

podem ser advindos da baixa tecnologia nas empresas digitais. Começando pelas planilhas de

90

Excel que, circulam entre as áreas sendo considerada a maior referência dos controles

cibernéticos, isto é, pelo processo manual de coleta de produtos no CD, não se esquecendo do

atendimento de Call Center por pessoas ao invés de um atendimento automatizado.

Acreditasse que se as áreas de TI se aproximarem das áreas de operação é possível que este

movimento traga inovação.

A categoria 9 foi a que apresentou menor relevância no software NVIVO. O sistema

de recompensa e remuneração foi o menos citado dos cinco pilares da teoria de sistemas de

controle gerencial, apresentado como forma de alinhar as expectativas dos indivíduos com os

objetivos das instituições organizacionais. Notoriamente a maioria dos entrevistados declarou

que a remuneração variável era parcialmente atrelada aos itens de controle cibernéticos, e a

outra parte aos diversos tipos de controle, sendo aderente ao modelo defendido por Malmi e

Brown.

As limitações deste estudo estão relacionadas à coleta de dados por amostragem não

probabilística por que impediu a generalização dos resultados. Por outro lado, houve a

tentativa de equilibrar os erros amostrais e aumentar a relevância escolhendo um profissional

de uma área estratégica e outro da área de operações. Ainda há barreiras nas análises, como

foram realizadas através de percepções, estas podem ter viés. Contudo foram seguidos à risca

os critérios para mitigar tal eiva.

Diante do exposto, chegou-se à conclusão que pesquisas futuras podem refinar os

resultados aqui apresentados, de modo a trazer, por exemplo, estudos técnicos sobre

Marketplace, data mining e precificação dinâmica. Pode-se, também, pesquisar sobre o nível

de flexibilidade das diversas organizações. Ou, até mesmo, o nível de maturidade das

empresas de e-commerce.

O campo da pesquisa na área de compras online é muito fértil, não ignorando os

grandes desafios a serem desbravados, entende-se que a contabilidade gerencial pode ser

importante precursor e fornecedor de informações que profissionalize a cada dia mais este

ramo.

91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, A. B.; REZENDE, A.J; ROCHA, W. Uma análise da complementaridade

entre gestão inteorganizacional de custos e open-book accounting. Base - Revista de

Administração e Contabiliade Unisinos, v. 5, n. 1, p 66-76, 2008.

ALBERTIN, L. A. Comércio eletrônico: benefícios e aspectos de sua aplicação. v. 38 n.

1. São Paulo: ERA, 1998.

ANTHONY, R. Self review in management accounting. Learning Systems Co, 1970.

ARAGÃO, L. A.; et. al. Visão baseada em recursos e capacidades dinâmicas no

contexto brasileiro: a produção e a evolução acadêmica em dez anos de

contribuições. READ. Revista Eletrônica de Administração, v. 16, n. 2, p. 127-150,

2010.

ASSEF, R. Guia prático de formação de preços: aspectos mercadológicos, tributários e

financeiros para pequenas e medidas empresas. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70 Ltda, 1997.

BENYOUCEF, M. E-Negotiation Systems for e-Participation. In D. Rios Insua & S.

French (Eds.), e-Democracy v. 5, p. 185–199. Dordrecht: Springer Netherlands, 2010.

BEUREN, I. M. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e

prática. São Paulo: Atlas, 2003.

BICUDO, M. A. V. A pesquisa qualitativa fenomenológica à procura de procedimentos

rigorosos. In. Fenomenologia: confrontos e avanços. São Paulo: Cortez, p. 70-102, 2000.

BRASIL, Decreto Nº 7.962 de 15 de Março de 2013. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7962.htm

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Características da investigação qualitativa. In:

Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto,

Porto Editora, p. 47- 51, 1994.

CALOF, J.L; DISHMAN. “The intelligence process: front-end to strategic planning”,

working paper. University of Ottawa, 2002.

CAMPOS, V. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-dia. 8. ed. Rio de

Janeiro: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2004.

CATELLI, A. (coord.) Controladoria: uma abordagem da gestão econômica - GECON.

2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

CASTRO NETO, MARIANO YOSHITAKE, MARINETTE SANTANA FRAGA,

92

YUMARA LÚCIA VASCONCELOS - COMÉRCIO ELETRÔNICO: ANÁLISE DOS

FATORES CRÍTICOS, 2010.

CHAVEZ, A; MAES, P. MIT Media Lab. Cambridge: MA, 1996.

CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro:

Campus, 2000.

CORRÊA, H.; SLACK, N. Flexibilidade estratégica na manufatura: incertezas e

variabilidade de saídas. Revista de Administração, v. 29. n. 1, 1994.

DATA MINING, Conceito de, University of California, Los Angeles. Disponível em:

www.ucla.edu/ UCLA.

DEANGELO, L. Auditor independence, 'low balling', and disclosure regulation, Journal

of Accounting and Economics, Aug., p. 113-127, 1981.

DEMING, E. Qualidade: A revolução na administração. São Paulo: Marques-Saraiva,

1999.

E-BIT. Pesquisa. Disponível em: http://www.ebit.com.br/webshoppers.

E-COMMERCE. Ranking dos maiores do Brasil. Disponível em:

www.olhardigital.com.br.

FERREIRA, A; OTLEY, D. The design and use of performance management systems:

An extended framework for analysis. Management Accounting Research, p. 263–282,

2009.

FREDERICK, S. Cognitive reflection and decision making. Journal of Economic

Perspectives. 19(4). p. 25-42, 2005.

FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. São Paulo:

Atlas, 1999.

__________, F; BIDO, D. S.; CRUZ, A. P. C.; MACHADO, M. J. C. A estrutura de

artefatos de controle gerencial no processo de inovação: existe associação com o perfil

estratégico? Brazilian Business Review. v. 12, n. 1, p. 129-156, 2015.

GHOSE, K. T. Dynamic Pricing in Electronic Commerce Using Neural Network, 2010.

GREY, W; T. OLAVISON; D.SHI. The role of e-Marketplace s in relationship-based

supply chains: A survey, Working Paper. IBM T.J: Watson Research Center, 2002.

KAPLAN, R. S; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação. Balanced Scorecard. 24. ed.

Rio de Janeiro: Elsevier, 1997.

KOLEHMAINEN, K. Dynamic Strategic Performance Measurement Systems:

Balancing Empowerment and Alignment, 2010.

93

KORTMANN, S; GELHARD, C; ZIMMERMANN, C; PILLER, F. Linking strategic

flexibility and operational efficiency: The mediating role of ambidextrous operational

capabilities, Amsterdam, ELSEVIER, 2014.

KOTLER, P; KELLER, K. L. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson

Prentice Hall, 2000.

LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Técnicas de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas,

2002.

LEE, C.S. An analytical framework for evaluating e‐commerce business models and

strategies, Internet Research, 2001.

LOUGHRY, M. L; TOSI, H. L. Performance Implications of Peer Monitoring.

Organization Science. p. 876-890, 2008

MACHADO, M. Análise das relações entre a gestão de custos e a gestão do preço de

venda: um estudo das práticas adotadas por empresas industriais conserveiras

estabelecidas no RS. Revista Universo Contábil, 2006.

MALAMUT, G. Processos Aplicados a Sistemas Integrados de Gestão. In: 1º

Seminário Brasileiro de Gestão de Processos. Rio de Janeiro: SAGE-COPPE-UFRJ,

2005.

MALMI, T; BROWN, D. A. Management control systems as a package: Opportunities,

challenges and research directions. Management Accounting Research, 2008.

MERCHAND, K. A.; OTLEY, D. T. A Review of the Literature on Control and

Accountability. In: Handbook of Management Accounting Research, v. 2, 2007.

____________, K. A; VAN DER STEDE, W. A. Management control systems:

performance, measurement, evaluation and incentives. 2. ed. Harlow. England; New

York: Prentice Hall, 2007.

ØSTERGREN, K.; STENSAKER, I. Management control without budgets: a field

study of „beyond budgeting‟ in practice. European Accounting Review, v.20, n.1, p. 149-

181, 2010.

OYADOMARI, J. C. T. Uso do Sistema Gerencial e Desempenho: Um estudo em

Empresas brasileiras sob a ótica da VBR (Visão baseada em Recursos).Tese de

Doutorado. São Paulo: FEA-USP, 2008.

____________, J. C. T. et. al. Uso do sistema de controle gerencial e desempenho: um

estudo em empresas brasileiras sob a perspectiva da Resources-Based View. REAd,

Revista Eletrônica de Administração, v. 17, n. 2, p. 298 – 329, 2011.

94

____________, J. C. T; et. al. Fatores indutores de inovação e manutenção de práticas

de controle gerencial: um estudo exploratório. Revista Universo Contábil. v. 9, núm. 2,

p. 125-141, 2013,

____________, J. C. T. et. al. Uso do controle gerencial e decisões em organizações de

saúde brasileiras: um estudo exploratório. Brazilian Business Review, v. 11, n. 2. p. 1-

34, 2014.

PALANISAMY, R. Strategic information systems planning model for building

flexibility and success. Industrial Management & Data Systems. v. 105, n. 1, p. 63-81,

2005.

PRECIFICA. Disponível em: http://precifica.com.br/.

PHILIPS, A.; WRIGTH, C, E-business's impact on organizational flexibility. Original

Research Article, 2007.

PORTER, M. Competição - on competition: estratégias competitivas essenciais. 2. ed.

Rio de Janeiro: Campus, 1999.

_________, M. Strategy and the Internet. v.79, n. 3, HBR, 2001.

_________, M. E. Competitive strategy : techniques for analysing industries and

competitors. New York: Free Press, 1980.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

ROBINSON. M; KALAKOTA, R. E-Business 2.0: Roadmap for Success. Addison-

Wesley, 2001.

ROGERS, E.M. Diffusion of Innovations. ed. 5 New York: Free Press, 1995.

SALERNO, M. Produção, trabalho e participação: CCQ e Kanban numa nova

imigração japonesa. In: Maria Teres L. Fleury e Rosa M. Fischer (org.). Processo de

trabalho e relações de trabalho no Brasil. São Paulo: Atlas, 1985.

__________, M. Modelo japonês, trabalho brasileiro. In: Helena Hirata (org.) Sobre o

Modelo Japonês: Automação. Novas Formas de Organização e de Relação de Trabalho.

São Paulo: USP, 1993.

__________, M. Flexibilidade e organização produtiva. In: Nadya A. Castro (org.) A

máquina e o equilibrista: inovações na indústria automobilística brasileira. São Paulo:

Paz e Terra, 1995.

SHIER, C. Controladoria: Como Instrumento de Gestão. 2. ed Curitiba: Juruá, 2011.

SIMONS, R. Levers of control: Harvard Business School Press. Boston, Massachussets,

Estados Unidos, 1995.

95

________, R. Performance Measurement and Control Systems for Implementing

Strategy: Text and Cases. Prentice Hall, Upper Saddle River: NJ USA, 2000.

STRAUS, A; CORBIN, J. Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o

desenvolvimento de teoria fundamentada. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

TENÓRIO, F. Flexibilização Organizacional: Mito ou Realidade, Rio de Janeiro:

Editora FGV, 2000.

TIGRE, B. Comércio eletrônico e globalização: desafios para o Brasil. In LASTRES,

Helena M.M. e ALBAGLI, Sarita. Informação e globalização na era do conhecimento.

Rio de Janeiro: Campus, 1999.

TIGRE, P. Gestão da Inovação, 7. ed. São Carlos, SP: Campos, 2006.

VIANA, P. H. L. Uso dos relatórios gerenciais por gerentes de varejo de rede

multinacional. Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014.

VIKTOR, H. L. Combining data mining and human expertise for making decisions,

sense and policies. Journal of Systems and Information Technology 4 (2), 33-56, 2000.

________, H. L. "Combining data mining and human expertise for making decisions,

sense and policies". Journal of Systems and Information Technology. v. 4 Iss, p. 33 – 56,

2000.

WIDENER, S. An empirical analysis of the levers of control framework. Nordestdt

Germany: Organizations and Society, 2007.

96

APÊNDICE A

Questões da entrevista semiestruturada

Objetivo Referencial Teórico Pergunta

Comparar a percepção do

nível de flexibilidade do e-

commerce com outros ramos

Tenório (2000) Você já trabalhou em outro ramo, fora do e-

commerce?

Comparar a percepção do

nível de flexibilidade do e-

commerce com outros ramos

Tenório (2000) Se sim, qual o nível de flexibilidade atribuiria

ao e-commerce e ao ramo anterior?

Controles Culturais

Controles Cibernéticos

Controles Dinâmicos e de

Planejamento

Uso diagnóstico

Uso interativo

Artefatos de controle

(Balanced Scorecard, PDCA,

Rolling Forecasting e etc)

Malmi e Brown ( 2008)

Oyadomari (2009)

Ferreira e Otley (2009)

Simons (1995)

Kaplan & Norton

(1992)

Hansen (2011)

Frezatti et al. (2012)

Vicente Falconi (2010)

Quais ferramentas de controle você utiliza no

dia a dia?

Incertezas estratégicas

Flexibilidade

Tomada de decisão

Widener (2007)

Kortmann et al. (2014)

Tenório (2000)

Quais mudanças de cenário faz você

flexibilizar suas decisões?

Tomada de decisão

Incertezas estratégicas

Paulo Viana (2014)

Widener (2007)

Kortmann et al.(2014)

Tenório (2000)

Que tipo de decisões você toma diante dessas

mudanças de cenário?

Controles Culturais

Controles Cibernéticos

Controles Dinâmicos e de

Planejamento

Malmi e Brown ( 2008)

Oyadomari (2009)

Ferreira e Otley (2009)

Simons (1995)

Quais ferramentas de controle (Relatórios)

você usa para tomar essas decisões?

Flexibilidade

Estratégia

4Ps (Mix de Produto)

Flexibilidade Logística

Tenório (2000)

Patel (2011)

Kortmann et al.(2014)

Widener (2007)

Porter (1996)

Ching (2008)

Qual a flexibilidade na estratégia no Mix de

Produto e Serviço da Cia? E qual o impacto

para Operação?

97

Flexibilidade

Estratégia

4Ps (Preço)

Flexibilidade Logística

Tenório (2000)

Patel (2011)

Kortmann et al.(2014)

Widener (2007)

Porter (1996)

Ching (2008)

Qual a flexibilidade na estratégia do preço da

Cia? E qual o impacto para Operação?

Flexibilidade

Estratégia

4Ps (Promoção)

Flexibilidade Logística

Tenório (2000)

Patel (2011)

Kortmann et al.(2014)

Widener (2007)

Porter (1996)

Ching (2008)

Qual a flexibilidade na estratégia para ofertar

o produto mais adequado ao Cliente? E qual

o impacto para Operação?

Flexibilidade

Estratégia

4Ps (Praça - Distribuição)

Flexibilidade Logística

Tenório (2000)

Patel (2011)

Kortmann et al.(2014)

Widener (2007)

Porter (1996)

Ching (2008)

Como a operação flexibiliza sua estratégia

para atender as demandas da Cia?

Flexibilidade no e-commerce

Controles Culturais

Controles Cibernéticos

Controles Dinâmicos e de

Planejamento

Tenório (2000)

Chueng e Lee (2001)

Chiavenato (2000)

Tigre (1999)

Malmi e Brown (2008)

Oyadomari (2009)

Ferreira e Otley (2009)

Simons (1995)

Tigre (1999)

E-bit (site)

Quais indicadores você acha que faltam que

poderia aumentar sua flexibilidade diante das

mudanças de cenários?

Sistema de Crenças

Controles Culturais

Simons (1995)

Malmi e Brown (2008)

Ferreira e Otley (2009)

Sua companhia tem um sistema de crenças?

Ou seja, Missão, Visão e Valores?

Sistemas de restrições

MCS como pacote

Simons (1995)

Widener (2007)

Malmi e Brown

O atingimento de metas interfere no

recebimento da remuneração variável?

Explique!

98

Ranking no e-commerce

Controle por pares

Gestão à vista

Tigre (1999)

E-bit (site)

Oyadomari (2011)

Vicente Falconi (2010)

Existem rakings em gestão à vista para

comparar os pares ou os concorrentes?

99

APÊNDICE B

Palavras mais significativas de acordo o software NVIVO e suas categorias:

Nº Palavra Extensão Contagem % Palavras similares Categoria

1 gente 5 410 3,5% gente (Colaboradores) Controle Culturais

2 cliente 7 171 1,5% cliente, clientes Generalizados

3 produto 7 150 1,3% produto, produtos Flexibilidade em Mix de Produto

4 Market Place 9 256 2,2% marketplace, market place Flexibilidade em Mix de Produto

5 operação 8 110 0,9% operação Flexibilidade na Distribuição

6 indicadores 11 108 0,9% indicador, indicadores Controles Cibernéticos

7 companhia 9 101 0,9% companhia, companhias Generalizados

8 flexibilidade 13 100 0,9% flexibilidade Generalizado entre as categorias de flexibilidade

9 preço 5 98 0,8% preço, preços Flexibilidade no Preço

10 inovação 5 97 0,8% inovar, inovação, inove, inovou Gaps

11 commerce 8 196 1,7% e-commerce, e-commerces Generalizados

12 mercado 7 83 0,7% mercado Generalizados

13 entrega 7 69 0,6% entrega, entregas Flexibilidade na Distribuição

14 concorrentes 12 68 0,6% concorrente, concorrentes Incertezas Estratégicas

15 empresa 7 68 0,6% empresa, empresas Controle Culturais

16 estratégia 10 67 0,6% estratégia, estratégias Incertezas Estratégicas

17 indice 6 72 0,6% benchmark, forecast, indice, line, start, time Controles Cibernéticos

18 impacto 7 61 0,5% impacto, impactos Incertezas Estratégicas

19 meta 4 56 0,5% meta, metas Sistema de recompensa e remuneração / Controles Cibernéticos

20 demanda 7 55 0,5% demanda, demandas Incertezas Estratégicas

21 mudanças 8 54 0,5% mudança, mudanças Controle Culturais

22 ferramentas 11 52 0,4% ferramenta, ferramentas Controles Cibernéticos

23 prazo 5 50 0,4% prazo Flexibilidade na Distribuição

24 valores 7 48 0,4% valor, valores Controle Culturais / Flexibilidade no Preço

25 transporte 10 52 0,4% delivery, mail, mobile, service, transporte, transportes Flexibilidade na Distribuição

26 custo 5 42 0,4% custo, custos Flexibilidade no Preço

27 time 4 45 0,4% era, lead, tempo, time Flexibilidade na Distribuição / Incertezas Estratégicas

28 logística 9 40 0,3% logística Flexibilidade na Distribuição

29 margem 6 40 0,3% margem Flexibilidade no Preço

30 pessoas 7 39 0,3% pessoa, pessoas Controle Culturais

31 sistema 7 38 0,3% sistema, sistemas, data minig Flexibilidade na Comunicação

32 compra 6 37 0,3% compra, compras Flexibilidade na Comunicação