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EDITORIAL A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral nas Nações Unidas em 20 de Novembro de 1989, e ratificada por Portugal em 21 de Setembro de 1990. Documento incontornável, a Convenção reúne o conjunto de direitos inalienáveis que assistem às crianças, entregando aos Estados membro a obrigação de proteger a criança contra todas as formas de discriminação, e de tomar medidas positivas para promover os seus direitos. Quero salientar, de entre os direitos consagrados na Convenção, o direito à vida e ao desenvolvimento, à liberdade e à participação, à educação, ao acesso à saúde, o direito ao repouso, aos tempos livres e o direito a serem protegidas. A realização plena de todos os direitos pelas crianças, devem ser respeitados e garantidos sem qualquer discriminação, é uma responsabilidade de todos nós. Deixo o convite para que releiam a Convenção, documento central na defesa dos mais jovens, e por isso uma referência obrigatória e essencial ao trabalho diário que todos e cada um fazem na Casa Pia de Lisboa em prol das mais de 3300 crianças a quem temos o privilégio de garantir o nosso melhor trabalho. A elas, e acreditando que diariamente contribuímos para o seu desenvolvimento integral, dedicamos este número da Newsletter. Presidente do Conselho Diretivo Cristina Fangueiro As crianças/jovens e o desenvolvimento psicológico Curso Vocacional de Eletricidade e Curso Técnico de Turismo Eventos e Notícias "A torto e a direito, a Laura (des)constrói a sua circunstância". Conversas de pé de orelha: reflexãoSobre o oposicionismo na infância e Adolescência Sites a Consultar SUMÁRIO NEWS JUN 15 A CRIANÇA e o seu desenvolvimento 03 04 06 07/08 09 10 02 Vozes e Testemunhos

NEWS - Casa Pia de Lisboa I.P. · que todos e cada um fazem na Casa Pia ... Ser criança é pedir com os olhos, derramar uma ... Eu cresço todos os dias,

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EDITORIALA Convenção sobre os Direitos da Criança

foi adotada pela Assembleia Geral nas

Nações Unidas em 20 de Novembro de

1989, e ratificada por Portugal em 21 de

Setembro de 1990.

Documento incontornável, a Convenção

reúne o conjunto de direitos inalienáveis

que assistem às crianças, entregando aos

Estados membro a obrigação de proteger

a criança contra todas as formas de

discriminação, e de tomar medidas

positivas para promover os seus direitos.

Quero salientar, de entre os direitos

consagrados na Convenção, o direito à

vida e ao desenvolvimento, à liberdade e

à participação, à educação, ao acesso à

saúde, o direito ao repouso, aos tempos

livres e o direito a serem protegidas. A

realização plena de todos os direitos pelas

crianças, devem ser respeitados e

garantidos sem qualquer discriminação,

é uma responsabilidade de todos nós.

Deixo o convite para que releiam a

Convenção, documento central na defesa

dos mais jovens, e por isso uma referência

obrigatória e essencial ao trabalho diário

que todos e cada um fazem na Casa Pia

de Lisboa em prol das mais de 3300

crianças a quem temos o privilégio de

garantir o nosso melhor trabalho.

A elas, e acreditando que diariamente

contribuímos para o seu desenvolvimento

integral, dedicamos este número da

Newsletter.

Presidente do Conselho DiretivoCristina Fangueiro

As crianças/jovens e odesenvolvimento psicológico

Curso Vocacionalde Eletricidade eCurso Técnico de Turismo

Eventos e Notícias

"A torto e a direito, a Laura(des)constrói a sua circunstância".

Conversas de pé de orelha:reflexãoSobre o oposicionismona infância e Adolescência

Sites a Consultar

SUMÁRIO

NEWSJUN 15

A CRIANÇA e o seudesenvolvimento

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02Vozes eTestemunhos

VOZES02|NEWS JUN 15

Testemunhos...

Quando se é criança, este mundo é tudo muitonovo para ela, tudo é uma novidade, quando vaicrescendo vai tornar-se mais rebelde, mais curiosasempre para descobre coisas novas.Quando chega a fase da adolescência vaicometendo erros, cada vez que têm um problemapensam que o mundo vai acabar e não pensamem mais nada. Só fazem disparates o que osprejudica não só a si, como aos que as rodeiam.Mas todos os erros que cometem em crianças,tornam-se consequências quando crescem e sãoadultos.

Paula Guerra - 14 AnosCED Santa Clara

Ser criança é achar que o mundo é feito de fantasia,sorrisos e brincadeiras.

Ser criança é lambuzar-se todo a comer algodãodoce, acreditar que o mundo é cor-de-rosa echeio de pipocas,

Ser criança é olhar e não ver o perigo, é sorrir efazer sorrir, chorar e nem saber porquê,

Ser criança é esconder-se para terem que aprocurar, errar sem saber, é querer ser feliz,

Ser criança é pedir com os olhos, derramar umalágrima e sensibilizar, é isso e muito mais...

É ensinar que a vida pode ser mais fácil apenascom um sorriso, é ensinar que para ser feliz, bastaapenas olharmos para uma criança.

Ser criança é perseguir a felicidade sem se importarcom a idade.

Tatiana FernandesCED Santa Catarina

O dia mundial da criança é festejado em datasdiferentes, para defender os direitos universais dascrianças. É importante fazer sorrir uma criança, poisé a época mais feliz da vida. Enquanto for livre, euserei sempre uma criança! Educanda Alice Matias do CED Santa Catarina

As crianças têm o direito de serem felizes, a divertirem,mas têm a responsabilidade de serem boas pessoas.

Educando Hugo Pereira do CED Santa Catarina

Os direitos e os deveres são importantes, pois se nãoexistissem, muitas crianças seriam vítimas de maustratos, passavam fome, não tinham apoio das Comissõesde ajuda às crianças e até podiam morrer, por outrolado ao não cumprir com os deveres, põem-se muitasvezes em perigo.

Educandos da RA Areia Branca

O direito é uma coisa boa que nós temos de fazerdireito. Temos o direito de ir a casa, mas temos denos portar bem. A palavra direito tem muitossignificados, tem o significado de ficar direito, de ir àescola… Ajudar os outros é um dever.

Educando David Urbano do CED Santa Catarina

A criança tem direito a ter liberdade de expressão…Direito a ver televisão…e a ter acesso à informação…Tem direito a ser respeitado!

Educando Flávio João do CED Santa Catarina

As crianças têm direito a cometer erros, mas umacriança que faz uma asneira tem direito a ser perdoada.

As crianças têm o dever de ser organizadas, comopor exemplo na arrumação do seu quarto.

Educando Diogo Parreira do CED Santa Catarina

"Ser criança deveria ser viver num lugarcheio de paz, alegria, segurança eaproveitar a infância para brincar"

Liedson Lima -11 anosCED Santa Clara

Eu cresço todos os dias,E tu também devias.Chegamos à escola,Com boas companhias.

Na Residência de Santa Rita,Vais ter uma visita.Os teus amigos vais levar,E com eles vais brincar.

N.H. - 09 AnosCED Santa Clara

O pai de Laura faleceu há 5 anos e, desde então, amãe começou a beber e a maltratá-la. A professoraobservou que tinha nódoas negras nos braços e queandava assustada. Foi sinalizada à CPCJ e assinado umAcordo de Promoção e Proteção com a mãe. Face anova agressão e observada no hospital foi aplicado oProcedimento de Urgência e entrou na Casa deAcolhimento Temporário (CAT) acompanhada pelastécnicas da CPCJ e 2 agentes da PSP. Trazia apenas amochila, vinha cansada, com fome e assustada. Foirecebida por um educador que a confortou etranquilizou. Telefonou à mãe e disse-lhe onde seencontrava. No dia seguinte, conheceu os colegas daCAT e recebeu a visita da mãe. Teve de mudar deescola.No início, a Laura pensava que iria ficar por poucotempo. Depois percebeu que lhe podia acontecer omesmo que à amiga Raquel: ir para uma Residência deAcolhimento (RA). Após 6 meses, o projeto de vida dereintegração familiar não se concretizou e foi para umaRA da CPL que preparou a sua chegada: reservaramum espaço no roupeiro para as suas coisas e uma camacom uma mensagem de "boas - vindas". A mãe tinha-lhe prometido estar presente mas só a sua educadorae técnica gestora a acompanharam. Já estava habituadaao acolhimento, mas esta sensação de que agora poderiaser por mais tempo, angustiava-a. Só queria que alguémlhe dissesse que podia ir para casa.Sempre foi boa aluna e na RA encontrou uma sala deestudo onde aprendeu a aproveitar melhor o tempoe ganhou um prémio de melhor aluna.A mãe deixara de beber mas ainda tinha recaídas.Tinha o perfil e a vontade de adquirir e desenvolvercompetências pessoais e sociais que lhe permitissemser autónoma, daí ter integrado uma Residência dePré-Autonomia (RPA), com 15 anos.Foi uma decisão difícil, um novo programa com 4fases: integração, desenvolvimento, consolidação eautonomização. Novos adultos, novos pares maisresponsabilidade… em cada fase, objetivos diferentese uma bolsa financeira, benefícios correspondentes.

Parabéns! Passados 20 meses concluiu o programa daRPA tendo adquirido e consolidado várias competênciaspessoais e sociais.Agora, muito confiante, a Laura sabia que poderiaintegrar os Apartamentos de Autonomização (AA),enquadrava-se nos critérios de integração!Chegou o dia de entrar num e iniciar outra etapa nasua vida. Um novo percurso de aprendizagens,chamavam-lhe "ganhar asas".Receberam-na com sorrisos, ofereceram-lhe um girassol,símbolo dos AA, assinou um Acordo e entregaram-lheas chaves de "casa". Passaria a gerir, com apoio, umabolsa de inserção. Iria partilhar o AA com 3 jovens, eteria um quarto só para si. Estava receosa masentusiasmada… Foi recebida com um jantar organizadopelas colegas com o suporte dum educador, presençaregular e sempre contactável.A equipa ajudou-a a perceber a responsabilidade dumquotidiano diferente, sendo desafiada a assumir o papelde protagonista da sua vida. Foi difícil, mas sentiu-sesempre apoiada pelos técnicos e fez bons amigos entreos colegas… saboreou o gosto das suas conquistas!Passaram 2 anos e Laura estuda no Ensino Superior.Visita a mãe e partilha com ela o que aprendeu. Vaialugar uma casa com uma amiga, mas conta ainda como apoio da equipa dos AA na Fase de Transição daCPL… Diz em jeito de despedida - "fortaleci as asaspara voar"…

STASE do CED de Santa Catarina

Os artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução dos artigos publicados, exclusivamentepara fins não comerciais, indicando sempre a fonte e informando a Casa Pia de Lisboa.

ARTIGO INTERNO03|NEWS JUN 15

"A torto e a direito, a Laura(des)constrói a sua circunstância".

O processo de desenvolvimento humano caracteriza-se por fases difíceis "de oposição", sobretudo quandoo individuo se vê confrontado com a contrariedade,podendo nesta ocasiões surgir comportamento dehostilidade, sendo o comportamento de oposiçãoesperado, no final da 1ª infância e na pré-adolescência.Todavia, o comportamento hostil é preocupantequando é frequente e persistente e quando afeta asinterações das crianças e jovens nos seus várioscontextos de socialização, adquirindo um caraterpatológico, conforme se encontra definido na DSMV (1), no que respeita à Perturbação desafiante deOposição [313.81(F91.3)] ."Um padrão de humor zangado/irritável,comportamento confl ituoso/desafiante oucomportamento vingativo, que dura pelo menos 6meses, caracterizado pela presença de pelo menos4 sintomas de qualquer uma das categoriasestabelecidas que ocorrem durante a interacção compelo menos um individuo que não seja irmão ouirmã."É pois necessário conhecer o perfi l dedesenvolvimento de cada criança/jovem. São estasinformações que ajudam o cuidador a lidar com cadacriança/jovem de forma adequada, proporcionando-lhe uma resposta adequada às suas necessidades,"experiências adaptadas às diferenças individuais" ,bem como a "necessidade de estabelecer limites, deorganização e de expectativas" (Brazelton eGreenspan, 2002) que estimulem e potenciem oseu desenvolvimento.

A importância da (in) existência de interaçõesrelacionais precoces é, desde há muito tempo, objetode várias investigações que procuram aliar ainvestigação a teoria para compreenderem causas econsequências deste fator nos padrões da organizaçãomental dos indivíduos (Soares, 2006, p. 215). Nestesestudos há um denominador comum responsável pelobem-estar da criança/jovem: o desenvolvimentoemocional. Este é atribuído a qualidade e quantidadede interações precoces, determinante na construçãoda estrutura interna de qualquer individuo (Soares,2006).A continuidade e qualidade das experiencias afetivase empáticas geradoras de apego (Bowlby, J. 1969),constituem um padrão importante que influencia, domesmo modo, relações de apego, posteriores, a queAmorós e Palácios (2004, p.22) chamam modelointerno de relações afetivas. O cumprimento de regrasé desde a 1ª infância fundamental para aprender alidar com a frustração. A conjugação destes doisfatores desenvolve a consciência moral e a capacidadede resiliência (Brazelton).A adolescência enquanto processo maturativo debusca da identidade implica uma maior vulnerabilidadeemocional e uma maior reatividade relativamente àautoridade e à imposição de limites, surgindo oscomportamentos oposicionistas típicos desta fasecomo forma dos adolescentes marcarem a suaidentidadeNeste contexto o papel dos educadores na vida dosadolescentes passa por um lado por os proteger e

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ARTIGO INTERNO04|NEWS JUN 15

Conversas de pé de orelha: ReflexãoSobre o Oposicionismo na Infância e Adolescência

conter, na medida em que aqueles não têm uma claraconsciência dos seus limites e, por outro lado, darem-lhes espaço para que possam experimentar novasvivências, funcionando assim como um "porto de abrigo".Nesta dupla tarefa de identificação e diferenciação, odiálogo continua a constituir o instrumento mais eficazna relação.É na relação que se constroem os alicerces para umainteracção segura entre o individuo e os vários contextosde socialização em que se move, assumindo a qualidadeda vinculação um papel preponderante no processo dedesenvolvimento infantil, com repercussão ao nível daformação da identidade que marca a adolescência eposterior autonomia na vida adulta.

Bibliografia

1. Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais- VEdição (2014). Critério de diagnóstico 313.81 (F91.3): AmericanPsychiatric Association.2. Nolen-Hoeksema, Susan (2014). (ab)normal psychology. New York,NY: McGraw Hill. p. 323. ISBN 978-0-07-803538-83. Pardini DA, Frick PJ, Moffitt TE (November 2010). "Building anevidence base for DSM-5 conceptualizations of oppositional defiantdisorder and conduct disorder: introduction to the special section".J Abnorm Psychol 119 (4): 683-8.4. Amoros, P. & Palacios, J. (2004). Acogimiento Familiar. Madrid: AlianzaEditorial.5. Bowlby, J. (1969). Apego e Perda: Volume 1. Lisboa: Martins Fontes6. Brazelton, T. & Greenspan, S. (2002). A criança e o Seu Mundo.Requisitos Essenciais para o Crescimento e a Aprendizagem. Lisboa:Editorial Presença.7. Soares, I. (2006). Trajectórias dos nossos vínculos: Desenvolvimento,psicopatologia e aplicações clinicas. In M. C. Taborda Simões; M. T.Sousa Machado; M. L. Vale Dias; Luiza I. Nobre Lima (Eds.), Psicologiado Desenvolvimento - temas de investigação (pp. 213-241). Coimbra:Edições Almedina.

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05|NEWS JUN 15

Direitos: "Enquanto criança tenho direitoa divertir-me e ter amigos para brincarno lar e na escola".Deveres: "Sou uma criança e tenho odever de ir à escola, estudar, ajudar nastarefas da casa e respeitar os colegas eeducadores".

Paulo BorgesCED Santa Clara

Direitos: "Enquanto criança tenho direitoa ter uma família, alimentação, cuidadosde saúde e ser respeitado"Deveres: "Tenho o dever de ir à escolae aprender coisas novas, tenho o deverde fazer as tarefas da escola, respeitaros meus colegas e os educadores".

Ruben EstreloCED Santa Clara

As crianças têm o dever de respeitar osoutros. Devem ter as coisas arrumadas,ir à escola e portarem-se bem. Tem odireito de serem bem tratadas, de brincare serem amadas.

Bruno Manuel - 13 AnosCED Santa Clara

A criança deve respeitar os adultos,colegas, professores e a família. Deve irà escola. A criança tem o direito a serlivre, escolher os seus amigos, o seucaminho, se gosta do mesmo sexo ounão e ter o tipo de brincadeiras.

Ana Cabeleira - 17 AnosCED Santa Clara

A criança tem os seguintes direitos:mimos, carinho, beijinhos e abraços.A criança tem os deveres: ter respeito,estudar, aprender a manter o seu espaçolimpo.

Ângelo Silva Manuel - 10 AnosCED Santa Clara

Luisa Barbeiro e Catarina PralDiretoras Técnicas do CED Santa Clara

Casa Pia de Lisboa

Ser Criança - Direitos e Deveres

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06|NEWS JUN 15

Desde o período pré-natal até à velhice, odesenvolvimento humano é multi l inear emultiplamente determinado, até pela interação defatores ligados a cada idade, à situação histórico-social e aos "acontecimentos significativos da vida".Como as competências humanas resultam dainteração social, a qualidade das relações interpessoaisé determinante para o desenvolvimento.Segundo Meltzer, as quatro funções básicas da famíliasão: gerar amor, conter a dor depressiva, ensinar apensar e promover a esperança, pelo que, além deum poderoso fator de apoio e estímulo aodesenvolvimento, esta pode ser um espaço dedificuldades e conflitos para os seus membros. Oacolhimento residencial de crianças e jovens é umaparte da intervenção social que visa salvaguardar oexercício das funções parentais, pelo que a suaqualidade dependerá do grau em que osintervenientes as protagonizarem. O desenvolvimentode uns também depende do desenvolvimento dosque os rodeiam. E, acauteladas algumas necessidadesbásicas, "o afeto é o termómetro da nossacompetência".A escola é uma instância fundamental na promoçãodo desenvolvimento. O (in) sucesso escolar temobjetivas implicações no percurso de vida das criançase jovens, e determina fortemente o desenvolvimentodo autoconceito. Somos psicologicamente saudáveisquando a nossa busca de conhecimento é desinibida:como se estimula e encoraja a curiosidade e o prazerde aprender? E a verdadeira motivação de cada umpoderá residir no desejo… dos outros?!Pensando nas crianças mais novas, e para contrariaruma visão determinista (uma extrema carência deestimulação nas fases precoces da vida seria fatalpara o desenvolvimento), lembramos uma célebreinvestigação na qual meninas duma instituição deacolhimento e com um atraso considerável dodesenvolvimento, foram transferidas para umainstituição de Senhoras com um grande déficecognitivo mas na qual "passaram a ter o seu afeto,brincavam juntas, jogavam e conversavam". As meninas,em dois anos superaram o seu atraso. A ternura eum sent ido de per tença promovem odesenvolvimento e a resiliência.

Quanto à adolescência, destacamos que mesmo odesenvolvimento saudável implica um progressivodesligar da autoridade das figuras parentais e a adoçãode comportamentos desafiantes e difíceis de gerir,pelos próprios e pelos adultos. Para uma verdadeiracompreensão e intervenção junto dos jovens, osadultos deverão revisitar as marcas da própriaadolescência. Parte do sofrimento psicológico decorredas expetativas que alimentamos em relação aosoutros, mas igualmente perante nós mesmos.Cada geração desenvolve-se a partir da própria infância,e para que cada elemento de um grupo humanoprogrida, é também necessário que os próprios grupos(famílias, organizações) se modifiquem e evoluam,como organismos vivos que são, também parasobreviverem às próprias crises.Concluímos salientando que na infância fomosextremamente dependentes dos adultos e poderemoster criado imagens distorcidas do mundo e de nósmesmos. Aos adultos compete prestar atenção eprocurar elucidar este processo, até para evitar osefeitos de profecias auto-realizadas...

"Cada pessoa guarda um segredo.O segredo do homem é a sua própria infância"

AS CRIANÇAS/JOVENS E O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO

CONVIDADO/A

José Torres e Nuno Melo Serviço de Apoio Psicoterapeutico da Casa Pia de Lisboa

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CURSOS na CASA PIA07|NEWS JUN 15

CURSO VOCACIONALDEELETRICIDADE

PODE CONCORRER | Jovens com mais de 13anos, designadamente aqueles que tenham duasretenções no mesmo ciclo ou três retenções emciclos distintos.

CONFERE | 9 º ano de Escolaridade

DURAÇÃO | 1.100 horas/ano

ONDE | CED Pina Manique

PERFIL | Permite obter certificação escolarcorrespondente ao 3ºCEB e adquir irconhecimentos, desenvolver capacidades e práticasno domínio da electricidade.

COORDENAÇÃO | Carla Marieta

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CURSO PROFISSIONALNÍVEL 4

TÉCNICO TURISMO

PODE CONCORRER | Jovens com 9.º anocompleto ou formação equivalente.

CONFERE | Qualificação Profissional de Nível 4 e12.º ano de Escolaridade.

DURAÇÃO | 3 anos lectivos/3200 a 3400 horas

ONDE | CED Pina Manique

PERFIL | É o profissional que anima e organizaeventos em empresas de turismo, organiza reservasem agências de viagens e faz receção e acolhimentoem unidades turísticas.

SAÍDAS PROFISSIONAIS | Técnico de Turismo

COORDENAÇÃO | Paula Simões

08|NEWS JUN 15

CURSOS na CASA PIA

Casa Pia de Lisboa organiza JornadasPedagógicas da Surdocegueira

Casa Pia de Lisboa organiza ação sobrePráticas de trabalho e estilos de vida

saudável.

Realizou-se no passado dia 19 de junho no auditório doCentro Cultural Casapiano, no âmbito da responsabilidadesocial a ação de formação sobre práticas de trabalho eestilos de vida saudável. Esta iniciativa contou comparticipação de oradores de diversas instituições, querelataram práticas, experiências e saberes sobre a temática.O evento contou com 112 participantes, grande partecolaboradores da Casa Pia, mas também de outrasinstituições públicas.

EVENTOS E NOTÍCIAS09|NEWS JUN 15

Decorreu no passado dia 29 de junho, no Centro CulturalCasapiano, as Jornadas Pedagógicas da Surdocegueiraorganizadas pelo Centro de Educação e DesenvolvimentoAntónio Aurélio da Costa Ferreira da Casa Pia de Lisboa.É de destacar a excelente organização e a riqueza dasvárias comunicações. No painel da tarde, deu-se voz àsfamílias. Esta iniciativa contou com cerca de 115participantes de instituições parceira, bem como deoutros organismos que desenvolvem a sua atividadenesta área de intervenção.

Instituto de Apoio à Criançahttp://www.iacrianca.pt/

www.casapia.pt

Associação de Apoio à Criança e ao Jovemhttp://raizes.pt/

Contactos dos Centros de Educação e Desenvolvimento:

D. Maria Pia | Tel.: 21 816 52 00 • D. Nuno Álvares Pereira | Tel.: 21 361 67 10Jacob Rodrigues Pereira |Tel.: 21 304 10 70 • Pina Manique |Tel.: 21 365 12 00Francisco Margiochi | Tel.: 24 987 70 20 • Santa Clara | Tel.: 21360 53 50Nª Srª da Conceição | Tel.: 21382 55 80 • Santa Catarina | Tel.: 21 322 45 40António Aurélio da Costa Ferreira | Tel.: 21 793 59 63

UNICEF Portugalhttp://www.unicef.pt/

Comissão nacional de Proteção das Crianças eJovens em Riscohttp://www.cnpcjr.pt/

Contactos dos Serviços Centrais:

Av. do Restelo, nº 1 – 1449-008 LisboaTel.: 21 361 40 39 • Fax: 21 362 73 97 • E-mail: [email protected]

SITES A CONSULTAR

CONTACTOS

FICHA TÉCNICA

10|NEWS JUN 15

Proprietário: Casa Pia de Lisboa, I.P.

Diretora: Cristina Fangueiro.

Coordenação/Edição: Centro Cultural Casapiano

Conselho Editorial: Áurea Maia, António Bazílio, Carla Ventura,Cristina Fangueiro,Conceição Duarte, Diana Carmona, FátimaMartinho, Graça Freitas, Ilda Pissara, Isabel Gil, João Louro,Paula Liques, Margarida Neves, Olga Miralto, Paulo Videira,Pedro Silveira, Raquel Afonso, Rui Eira, Vasco Barata e VeraMatos.

Colaboraram nesta edição:José Torres e Nuno MeloServiços de apoio Psicoterapeutico da Casa Pia de LisboaLuisa Barbeiro e Catarina PralDiretoras Técnicas do CED Santa Clara

Equipa dos STASE do CED de Santa CatarinaEducandos das Residências de Acolhimento doCED de Sta Catarina e do CED Santa Clara

Design e Paginação: Teresa Reynolds /Casa Pia de Lisboa

Redação e Assinaturas:Centro Cultural CasapianoRua dos Jerónimos, nº 7 A - 1400-210 LisboaTel. 21 361 40 90Fax: 21 361 40 91E-mail: [email protected]

Data de Publicação: Junho de 2015

Distribuição: Digital gratuita

Newsletter disponível em www.casapia.pt