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PROJETO PLANO DE INTERNACIONALIZAÇÃO PLANO E ESTRATÉGIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS INOVA-RIA (5 MERCADOS SELECIONADOS) NO ÂMBITO DO PROJETO 23285 SIACPAE MILESTONE 3 RELATÓRIO FINAL Inova-Ria Rede de Inovação em Aveiro Versão 2.0 30 de outubro de 2014

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PROJETO PLANO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

PLANO E ESTRATÉGIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS INOVA-RIA

(5 MERCADOS SELECIONADOS)

NO ÂMBITO DO PROJETO 23285 – SIACPAE

MILESTONE 3 – RELATÓRIO FINAL

Inova-Ria – Rede de Inovação em Aveiro

Versão 2.0

30 de outubro de 2014

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Durante a duração do trabalho a informação contida neste documento é confidencial e propriedade da Ictech. Lda. e da Inova-Ria, não podendo ser divulgada ou distribuída a outrem sem expressa autorização das duas entidades. Após a conclusão do trabalho, esta informação é da exclusiva propriedade da Inova-Ria.

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Índice

1 Sumário Executivo 5

2 Introdução 11

3 Processo de seleção dos submercados alvo 13 3.1 Enquadramento com os estudos e informação disponíveis 14 3.2 Identificação dos submercados âmbito - aplicação da metodologia ISIS 15 3.3 Metodologia ISIS - Avaliação da atratividade e hierarquização dos submercados 15

3.3.1 Análises de fatores de contexto geral e transacional 15 3.3.2 Análise dos fatores internos 16 3.3.3 Seleção dos mercados potenciais 17

3.4 Síntese do processo de convergência do âmbito do estudo 17 3.5 Avaliação e hierarquização dos oito submercados 20

4 Plano de Internacionalização – uma visão transversal 25 4.1 Consequências em inovação e tecnologia 26 4.2 Recursos necessários a nível operacional e de gestão 26 4.3 Uma estratégia de Internacionalização para a Inova-Ria 27

4.3.1 Movimento de networking 28 4.3.2 Plano de atuação 29 4.3.3 Implementação 30 4.3.4 Aprendizagem 31 4.3.5 Estrutura e mecanismos de apoio por parte da Inova-Ria 31

5 Caracterização Geral dos Mercados Geográficos 33 5.1 Mercado Geográfico do Norte da Europa 33

5.1.1 Panorama geral 34 5.1.2 Economia em geral 34 5.1.3 As tecnologias de informação e comunicação no Norte da Europa 39

5.2 Mercado Geográfico dos Estados Unidos da América 41 5.2.1 Panorama geral 41 5.2.2 Economia em geral 42 5.2.3 As Tecnologias de Informação e Comunicação nos EUA 45 5.2.4 Ficha de mercado 48

5.3 Mercado Geográfico do Brasil 50 5.3.1 Panorama geral: 50 5.3.2 Economia em geral: 51 5.3.3 As Tecnologias da Informação e Comunicação no Brasil 54 5.3.4 Ficha de mercado 58

6 Submercados Setoriais para Internacionalização 61 6.1 Segmento de mercado: Smart Cities (Norte da Europa) 61

6.1.1 Contexto do mercado das Smart Cities 61 6.1.2 Análise de fatores de contexto geral 63 6.1.3 Análise de fatores de contexto transacional 65 6.1.4 Análise dos fatores internos 69 6.1.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para as Smart Cities 69

6.2 Segmento de mercado: Outsourcing de TICE nos mercados dos EUA e Norte da Europa 78 6.2.1 Contexto do mercado de Outsourcing 78 6.2.2 Análise de fatores de contexto geral 82 6.2.3 Análise de fatores de contexto transacional 86 6.2.4 Análise dos fatores internos 92 6.2.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para o Outsourcing 93

6.3 Segmento de mercado: Setor do Mar no Norte da Europa 98 6.3.1 Contexto do mercado da Economia do Mar 98 6.3.2 Análise de fatores de contexto geral 103 6.3.3 Análise de fatores de contexto transacional 104 6.3.4 Análise dos fatores internos 106

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6.3.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para a Economia do Mar 107 6.4 Segmento de mercado: Educação/eLearning no Brasil 120

6.4.1 Contexto do mercado da Educação/eLearning 120 6.4.2 Análise de fatores de contexto geral 121 6.4.3 Análise de fatores de contexto transacional 128 6.4.4 Análise dos fatores internos 134 6.4.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para a Educação/eLearning 135

7 Conclusão 142

8 Referências bibliográficas gerais 146

Anexo 1 – Mercados setoriais estudados na primeira fase do projeto 148

Anexo 2 – Exemplos de eventos mundiais relacionados com Smart Cities 152

Anexo 3 – Contactos relacionados com a Economia do Mar no Norte da Europa 154

Anexo 4 – Exemplos de eventos mundiais relacionados com a Economia do Mar 158

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1 Sumário Executivo

Vários anos após o início da crise económica e financeira à escala global, iniciada em 2008, o mundo continua a não encontrar o caminho para o crescimento. As previsões apontavam para que no final de 2014 a economia mundial crescesse entre os 2,5% a 3%, valor insuficiente para que se verifique uma recuperação económica consolidada. Por consequência, e especialmente para as empresas dos países da periferia europeia, como é o caso de Portugal, as medidas de estímulo ao crescimento económico na Europa não têm apresentado os resultados desejados, situação que, a par dos enormes constrangimentos ao nível do consumo interno, tem determinado uma indesejável paralisia da atividade económica.

Neste quadro, a crise financeira pode e deve estimular as empresas a seguirem uma alternativa à sua zona de conforto habitual, que as ajude a consolidar a presença em novos mercados através de, designadamente, parcerias de carácter comercial e tecnológico. A internacionalização é certamente uma resposta para um crescimento sustentável e para garantia da empregabilidade, sobretudo no setor das TICE (Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica), setor alvo desta análise e no qual a maior parte das empresas da Inova-Ria se encontram integradas.

O estudo final que agora se apresenta desenvolve-se a partir da aplicação de uma metodologia especialmente concebida pela Ictech, e aprovada pela Inova-Ria, a um conjunto de 35 segmentos de mercado obtidos pela combinação de quatro grandes geografias (Norte da Europa, EUA, Brasil e PALOP) com um conjunto de clusters tecnológicos ligados às TICE. Através do enfoque gradual do estudo, este trabalho coloca toda a ênfase e pormenor em apenas cinco mercados setoriais para os quais se desenhou uma estratégia genérica de internacionalização e se elencaram algumas especificidades relacionadas com cada um dos mercados estudados.

Foi, assim, feita uma análise aprofundada de acordo com a metodologia estabelecida e descrita exaustivamente em relatórios anteriores. As análises aprofundadas aos segmentos de mercado selecionados preliminarmente iniciaram-se pelo estudo dos diversos fatores de contexto geral numa perspetiva dos diversos submercados (fatores STEP: fatores sociais, tecnológicos, económicos, políticos, ambientais, éticos, regulatórios e legais). Seguidamente foram analisados os fatores de contexto transacional da Inova-Ria numa potencial entrada nesses submercados, utilizando a análise de Porter: tipificação e caracterização dos clientes, existência e caraterização de fornecedores locais, produtos substitutos locais e ou globais, concorrência local e global, e finalmente, o potencial para novos entrantes.

Após estas análises de contexto, e tendo em conta o conjunto de empresas da Inova-Ria, foi analisada a componente externa através de uma análise SWOT com o detalhe das oportunidades que potencialmente podem ser valorizadas e aproveitadas pelas empresas Inova-Ria e a capacidade de ultrapassar as ameaças relacionadas com um potencial ataque a esses submercados.

Na componente quantitativa da metodologia foi avaliado e classificado cada um dos fatores para a estratégia de internacionalização das empresas Inova-Ria e ajustada essa classificação para o que seria uma situação ótima de atratividade de cada fator. Nos resultados obtidos, foi constatada a dificuldade destes processos de internacionalização. Qualquer dos submercados estudados apresenta dificuldades significativas, facto que é traduzido pela pontuação obtida face ao máximo possível, refletindo as dificuldades potenciais de um qualquer processo de internacionalização.

Em função das conclusões dos dois relatórios preliminares e de todo o trabalho de estudo e na sequência do diálogo ocorrido com a Inova-Ria foram escolhidos os seguintes submercados para a o Plano de Internacionalização que este relatório descreve:

1. ”Smart Cities” - Mercado geográfico: Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia (Norte da Europa). Nestes países, os cidadãos assumem uma forte componente comunitária e de cidadania, as comunicações físicas são difíceis em certas épocas do ano e o estar “on-line” é uma necessidade representando, por isso, uma oportunidade de mercado por excelência para o desenvolvimento da IoT e para a aplicação do conceito de digitalização em zonas urbanas – as Smart Cities;

2. “Outsourcing” - Mercado geográfico: EUA. Aspetos ligados a uma abordagem “follower” ligada a eventuais fornecimentos de serviços e de outsourcing de atividades na área das TICE;

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3. ”Outsourcing” - Mercado geográfico: Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia (Norte da Europa). Aspetos ligados a uma abordagem “follower” relacionada com eventuais fornecimentos de serviços e de outsourcing de atividades na área das TICE, agora focados num mercado Europeu com as suas especificidades e diferenças em relação aos EUA;

4. ”Economia do Mar” – Mercado geográfico: Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia (Norte da Europa). O mar apresenta para a maior parte destes países a via de escoamento de exportações, de chegada de importações e de exploração económica de recursos, incluindo energias renováveis (e.g. eólicas em alto mar). Nestes países, encontram-se igualmente alguns dos maiores centros logísticos portuários do mundo, o que propicia excelentes oportunidades para aplicação de produtos e serviços das empresas TICE da Inova-Ria;

5. ”Educação/eLearning” – Mercado geográfico: Brasil. Aspetos ligados ao setor da educação, sistemas e tecnologias de informação e comunicação como recursos estratégicos para o aumento, melhoria e abrangência do setor da educação nas componentes de gestão de recursos e da aprendizagem, aquisição de conhecimento e criação de valor necessários para o desenvolvimento do País.

Na nossa visão, um plano de internacionalização consistente e praticável deve endereçar os seguintes pontos:

Que modelo adotar para a internacionalização?

Quais os tipos de produtos ou serviços a internacionalizar?

Quem são os potenciais clientes, parceiros ou outros que possam beneficiar dos nossos produtos e/ou serviços?

Quem são as entidades que nos podem facilitar a via da internacionalização num determinado segmento de mercado?

Que eventuais riscos existem e que ações são necessárias para implementar esta via de negócio?

Estas foram as principais questões que procurámos responder para cada um dos cinco mercados setoriais selecionados como alvo principal da internacionalização das empresas da Inova-Ria.

A estratégia genérica de internacionalização apontada neste estudo tem em conta o conhecimento das empresas da Inova-Ria, assumindo-se que, apesar do conhecimento tecnológico existente e das ações já empreendidas, elas têm ainda uma experiência embrionária em relação aos mercados externos. Tendo em conta os mercados selecionados, parece-nos claro que, no que toca ao outsourcing, a experiência existente está condicionada ao funcionamento no mercado português, podendo, por isso, colocar problemas na sua transferência para mercados claramente mais exigentes e habituados a metodologias de funcionamento diferentes e com extremo rigor em termos de organização e planeamento. Por outro lado, se a experiência das empresas é grande no desenvolvimento de produtos e aplicações, num contexto alargado da economia digital, a questão coloca-se na agilidade e na pertinência dessa experiência para o mercado exigente e tecnologicamente evoluído do Norte da Europa. Quanto à experiência em aplicações de sistemas de informação, e mesmo em aplicações para a educação e eLearning, ela é significativa na Inova-Ria, mas o mercado brasileiro assume, como demonstraremos adiante, uma exigência de competitividade quer em relação aos grandes players mundiais do setor, quer à concorrência local, bastante grande. As dificuldades são de monta e, como a metodologia quantificada revelou, estamos perante um enorme desafio, na medida em que a estratégia tem de se adequar a esta característica.

Assim, as linhas estratégicas transversais que propomos apontam essencialmente para métodos alternativos e táticos indiretos, aproveitando parcerias e players já instalados, em detrimento de estratégias diretas, nas quais poderíamos incluir a exportação direta ou a aquisição ou fusão com atores locais, soluções que nos parecem de mais difícil implementação numa fase imediata. Perante esta realidade, num quadro de estratégias indiretas, a primeira opção é a de angariar conhecimentos e entrar indiretamente nos mercados, usando mecanismos de outsourcing em que as empresas da Inova-Ria fornecem indiretamente os mercados trabalhando para players já instalados quer através da colaboração em subpartes de produtos ou serviços, quer fornecendo produtos que são depois comercializados por esses players.

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Outra possibilidade passa pela participação em projetos de desenvolvimento em comum, em programas de financiamento, tal como o H2020 ou o Portugal 2020, colaborando com entidades já instaladas no mercado ou outras empresas portuguesas que tenham, por via de outras áreas de negócio, acesso direto a esses mercados geográficos. Propomos que as estratégias diretas fiquem para fases posteriores do processo.

Para o desenvolvimento e implementação das estratégias indiretas descritas acima seria implementado um plano incluindo quatro fases ou processos:

Networking – prospeção de parceiros, estabelecimento de contactos e preparação das ações colaborativas;

Plano – elaboração e opção pelas alternativas estratégicas disponíveis;

Implementação – escolha de parceiros e definição de ações concretas a empreender;

Balanço e aprendizagem – partilha da experiência, dos sucessos e insucessos das empresas da Inova-Ria, beneficiando o seu conjunto e construindo sinergias.

Como base de apoio a este processo, a Inova-Ria assumiria um papel de suporte preponderante na preparação logística das ações, na elaboração de propostas de contratualização e suporte, na gestão e controlo dos projetos e nos processos de formação e aprendizagem, aliviando as estruturas das empresas suas associadas e proporcionando sinergias transversais, que, de uma forma generalizada, farão aumentar a competitividade geral do grupo.

Partindo destas ideias gerais para o todo do processo, o estudo revelou algumas particularidades em cada um dos submercados, que a seguir sumarizamos:

Norte da Europa: ”Smart Cities” – existem claras oportunidades para atuação neste mercado. O estudo encontrou um conjunto alargado de cidades já abertas a iniciativas nesta área e prontas para receber ideias de desenvolvimento. Os produtos ou serviços alinham-se em nove áreas distintas: mobilidade urbana, construção, infraestruturas integradas, cidadania, gestão e planeamento, partilha de conhecimento, métricas, indicadores e dados abertos. Os clientes são essencialmente institucionais, mas as entidades gestoras de bens ou serviços comuns também podem ser incluídas. A concorrência é feroz e assumida pelas grandes empresas de TICE globais, algumas das quais estão sediadas no mercado geográfico alvo. O potencial para os novos entrantes da Inova-Ria deverá focar-se claramente na inovação, na ideia diferente, útil e na colaboração com estas entidades, sendo que a participação em iniciativas do H2020 parece uma excelente via de entrada, a par da presença em eventos internacionais de obtenção de conhecimento e colaboração.

EUA e Norte da Europa: ”Oportunidades em Outsourcing” – as oportunidades no setor do outsourcing parecem concentrar-se preferencialmente no subsetor do Information Technology Outsourcing (aplicações, centros de dados, testes, assistência técnica, etc.) mais adequado aos perfis das empresas Inova-Ria que o Business Process Outsourcing, mais dedicado às atividades e à informação associada à gestão de negócios, onde a concorrência dos grandes players, especialmente as consultoras globais, é bastante forte. A localização física em relação ao mercado geográfico também é condicionante – a situação de offshore em relação aos EUA e o facto de haver um protecionismo ao “made in USA” pode ser desvantajoso em relação ao mercado europeu, mais aberto e mais próximo. Por outro lado, o aspeto da língua nos EUA, o inglês, mais fácil de tratar em Portugal do que a adaptação às línguas utilizadas no Norte da Europa, pode ser uma desvantagem em relação ao Norte da Europa, pelo que os dois mercados se equiparam. Em relação à concorrência, ela é significativa quer no arco do sul da Ásia, quer até no leste europeu e Irlanda, havendo mesmo países preocupados em organizar as empresas à escala nacional no ataque a estas oportunidades (e.g. Malásia). A exigência de excelência, a necessidade de cumprimento de requisitos, de prazos e uma demonstração à partida da existência de processos de trabalho que deem credibilidade e confiança a potenciais parceiros são aspetos críticos. O preço só é uma vantagem competitiva se cumpridos os aspetos referidos anteriormente. A participação em grandes eventos de outsourcing a nível global é fundamental para começar.

Norte da Europa: ”Economia do Mar” – apresentando-se politicamente como incontornável e prioritário, este segmento, quando analisado em detalhe, mostra severas fragilidades na existência de políticas públicas integradas de facto. Aparecendo em todos os programas de financiamento como prioritário, as abordagens coordenadas a nível dos países são ainda embrionárias, pelo que

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a penetração tem ainda de ser feita setor a setor. Foram identificados os seguintes setores: pescas, energias marinhas, transportes, náutica de recreio, aquacultura, gestão de recurso e construção naval e ainda alguns setores transversais tais como: localização e cartografia, gestão de portos, gestão de tráfego e fiscalização, emergência e salvamento. Os produtos/serviços podem concentrar-se na análise de dados, em sistemas de informação geográfica, telemetria, gestão de processos e operações, robótica e comunicações. O maior potencial para as empresas Inova-Ria foi identificado para os seguintes temas: comunicações costeiras, rastreio de carga, radares, sistemas autónomos, vigilância ambiental, desastres naturais, normas de segurança, gestão de embarcações e gestão de recursos marinhos. A concorrência aparece em duas frentes: as empresas especializadas nos diversos setores, muitas delas sediadas na região escolhida, e os grandes players globais das TICE, que também cobrem e têm divisões relacionadas com o Mar. Neste segmento, a principal exigência está na resiliência e qualidade dos produtos para trabalhar em ambientes hostis e condições climatéricas extremas. As novas rotas do Ártico são apenas um exemplo para os desafios que aqui se colocam. Sendo o preço, uma condicionante, pensamos que o cumprimento de regulamentos e o funcionamento em condições hostis são desafios ainda mais críticos.

Brasil: ”Educação/eLearning” – A Educação no Brasil é um setor em franca expansão, no qual as instituições públicas e privadas locais estão a apostar à escala da dimensão continental do país. É, sem dúvida, um setor crítico para o desenvolvimento e para a competitividade do Brasil, pelo que as oportunidades existem em número apreciável. Os produtos estão alinhados com a atividade e os conhecimentos das empresas Inova-Ria: multimédia, desenvolvimentos em web, blogs, redes sociais, gestão de conteúdos e sistemas de gestão educativa, etc. (apenas alguns exemplos de áreas de aplicação). Os bens concretos a internacionalizar podem passar por produtos para a sala de aula, plataformas de ensino, equipamentos escolares e sistemas de comunicações para a escola, formação e qualificação de professores e gestores de escolas na utilização das TICE. Em paralelo com as oportunidades, também existe uma significativa quantidade de players já instalados no mercado quer em termos de empresas nacionais, quer em termos de representantes dos grandes players globais do setor. Por outro lado, as exigências à entrada neste mercado são mais difíceis, pois o país está ainda mal posicionado em termos de transparência e a regulação e prática do mercado é ainda protecionista em relação às empresas locais. A disponibilidade de players locais é aqui fundamental, a par da interiorização da cultura brasileira e dos aspetos particulares da língua.

A Figura 1 apresenta uma perspetiva para uma avaliação global dos submercados estudados, posicionados em relação ao seu potencial e à capacidade das empresas da Inova-Ria em atuar nesses mesmos submercados. O potencial de negócios resulta do confronto entre as oportunidades, por um lado, e as ameaças e a concorrência, por outro. A capacidade de realização, por sua vez, dá uma indicação da soma de três componentes que têm de existir para que os negócios se concretizem: competências técnicas; capacidade de gestão; e força comercial para levar os produtos e serviços até aos mercados.

Desta avaliação sumária, concluímos que o mercado com maiores perspetivas de sucesso é o das Smart Cities no Norte da Europa, para o qual apenas falta à Inova-Ria concretizar um pouco melhor a sua capacidade de realização. A experiência de Outsourcing nas empresas da Inova-Ria e os produtos e serviços existentes para o setor da educação/eLearning apresentam uma boa capacidade de realização, mas as necessidades de mudança associadas a processos e os níveis de excelência no caso do Outsourcing e a séria concorrência na educação/e-Learning do Brasil reduzem um pouco o potencial de negócio. A situação agrava-se no caso do Outsourcing para os EUA, onde nos parece mais difícil de aproveitar a experiência existente de Outsourcing, a que acresce o forte nível da concorrência já instalada no mercado. No caso da Economia do Mar, juntam-se dois aspetos negativos: a pouca experiência em produtos para o Mar e a séria concorrência local já instalada e a trabalhar no mercado geográfico alvo.

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Figura 1 – Avaliação da capacidade de realização VS potencial de negócio para os cinco mercados estudados.

A conclusão final deste projeto é de que existe, de facto, potencial de internacionalização nestes mercados, mas o caminho é longo e tem de ser percorrido sem eliminação de etapas, consolidando bem as fases iniciais do processo de construção de credibilidade e aumentando gradualmente a confiança das empresas Inova-Ria nesses mercados, através da apresentação de trabalho competente nas vertentes tecnológicas, de inovação e de excelência no cumprimento escrupuloso de compromissos.

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2 Introdução

Nos termos do “Caderno de Encargos”, o objeto do presente Projeto visa desenhar e articular um plano e uma estratégia coerente de internacionalização para a Inova-Ria (também designado por Plano de Internacionalização), como instituição e, simultaneamente, a internacionalização de eventuais empresas ou agrupamentos de empresas, com oferta integrada, que possam ser criados para alguns mercados específicos.

Ainda, de acordo com o Caderno de Encargos do Projeto, o Plano de Internacionalização tem como alvo os seguintes mercados geográficos amplos: Brasil, Estados Unidos da América, Norte da Europa e PALOP com hierarquização de, no máximo, cinco segmentos de mercado concretos e com o principal objetivo de estudar esses mercados-alvo internacionais, designadamente através da seguinte sequência de ações:

a) Identificação dos principais mercados geográficos de destino/caracterização dos clusters de clientes ou parceiros alvo, com potencial para absorver as soluções desenvolvidas no quadro de ação da Inova-Ria, através da definição de uma shortlist inicial de segmentos de mercado com potencial – com um máximo de oito mercados. Para facilitação desta seleção e obtenção de informação adequada, foi feita a identificação de parceiros facilitadores do processo de recolha e análise da informação e conhecimento sobre o mercado;

b) A hierarquização desses mercados foi feita através da avaliação da atratividade e do potencial de negócio setorial ou de cluster, suportada numa definição da estratégia de entrada,

envolvendo, nomeadamente:

i Elaboração de relatórios de mercado/country/setorial profiling

ii Análise do enquadramento político, económico, social, tecnológico, ambiental e legal;

iii Caracterização das vantagens competitivas, ameaças de novas entradas, concorrência e substitutos;

iv Identificação dos principais atores da cadeia de valor, tais como tipos de clientes e fornecedores;

v Identificação dos pontos fortes e oportunidades de melhoria da internacionalização no mercado alvo;

c) Com base nesta análise foram selecionados até (no máximo) cinco segmentos de mercado, para os quais foi elaborada uma abordagem concreta do Plano de Internacionalização.

Este relatório, na sequência dos dois anteriores, que responderam sucessiva e cumulativamente às alíneas a) e b), consolida todo o trabalho, completando as tarefas respeitantes à alínea c) e propondo à Inova-Ria o conjunto de cinco cenários com potencial de internacionalização, que, sendo a última fase do trabalho deste projeto, não é mais do que a fase preliminar do trabalho de internacionalização que se considera premente para o sucesso das empresas da Inova-Ria no seu conjunto. A seleção do conjunto final de cinco mercados decorreu de um trabalho mais aprofundado de estudo em linha com a metodologia proposta para o projeto. Esse trabalho envolveu para cada uma das oito possibilidades, a efetivação de uma análise STEP, seguida de uma análise competitiva e de uma seleção de fatores de oportunidade e ameaça em relação à potencial penetração das empresas Inova-Ria nesses mercados.

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Este relatório desenvolve-se, assim, em quatro capítulos principais. A seguir a esta introdução, descreve-se de uma forma sumária todo o processo de trabalho, bem como a metodologia ISIS (Copyright © Ictech) utilizada para analisar e hierarquizar sucessivamente os mercados, de forma a reduzir o estudo a uma dimensão aceitável para o tempo e recursos disponíveis sem perder acutilância e optando pelos submercados com maior potencial. No capítulo 4, é feita uma descrição das ideias e sugestões gerais e de caráter transversal para a estratégia de internacionalização, que foi considerada relevante pela equipa de projeto no âmbito do presente estudo. No capítulo seguinte, foram elencados os três mercados geográficos finais e que enquadram os cinco mercados setoriais selecionados. São descritas as caraterísticas dos países e regiões selecionados e abordados os condicionalismos macroeconómicos de qualquer eventual estratégia de internacionalização para esses países. Finalmente, no capítulo 6, foram analisados os mercados setoriais, tendo como base as ideias gerais enunciadas para a estratégia de internacionalização e para cada um dos mercados setoriais, descrevendo as especificidades e essencialmente tentando corresponder às seguintes questões: Que produtos e/ou serviços? Quem são os clientes e ou parceiros? Que entidades nos podem facilitar a entrada? e Que eventuais riscos existem?

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3 Processo de seleção dos submercados alvo

Os condicionalismos do mercado nacional e os fenómenos de globalização no domínio das tecnologias que representam o contexto de negócio TICE, conjunto de tecnologias alvo deste trabalho, obrigam a que as empresas associadas da Inova-Ria tenham de encarar com atenção e de uma forma empenhada a possibilidade de internacionalização dos seus produtos e serviços. Internacionalização não é mais do que fazer negócios num espaço mais amplo do que aquele onde se movimentam naturalmente os recursos dessas empresas. Neste estudo, Plano de Internacionalização não é mais do que um Plano Estratégico e de Marketing que permita às empresas alvo do estudo abordar mercados diferentes dos habituais que atualmente se centram no mercado português. Uma estratégia de internacionalização pode passar pela exportação direta ou indireta através de subcontratação de produtos e/ou serviços, o licenciamento de marcas, a fabricação de produtos, a prestação de serviços, o franchising, as joint-venture, as alianças estratégicas ou pode igualmente assumir-se através de investimento direto no estrangeiro por aquisições, fusões, incorporações ou parcerias. Encara-se ainda como internacionalização a participação em consórcios internacionais de investigação, desenvolvimento e inovação, sobretudo nos casos onde as empresas Inova-Ria ainda não detêm conhecimento tecnológico suficiente e/ou o estado de desenvolvimento dos produtos e/ou serviços é embrionário. O trabalho, alavancado pela experiência dos consultores Ictech na abordagem a mercados externos e na definição de estratégias empresariais a longo prazo, suportou-se nas tarefas e modelos de trabalho a seguir descritas, e teve (tem) como ambição, despertar e apoiar nas empresas/clusters-alvo a necessidade de estudos mais concretos e de âmbito mais restrito, adaptados a cada caso em particular, proporcionando ideias e identificando, neste momento, necessidades ainda não completamente identificadas. Ver Figura 2.

Figura 2 – Metodologia de trabalho e utilização do modelo ISIS (Copyright © Ictech)

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3.1 Enquadramento com os estudos e informação disponíveis

Este trabalho teve como enquadramento os resultados obtidos no âmbito de um projeto mais vasto (SIACPAE), o qual já identificara anteriormente um conjunto de condicionalismos e definira um quadro de análise comum. O primeiro passo do trabalho incluiu a análise dos diversos estudos que resultaram até ao momento dos trabalhos do Projeto SIACPAE, desenhando e articulando uma estratégia coerente de internacionalização da associação Inova-Ria, como instituição, e simultaneamente a internacionalização de eventuais agrupamentos (clusters) de empresas, com oferta integrada, que

pudessem ser criados para uma parte ou para a totalidade dos mercados identificados. O enquadramento e o macro âmbito do trabalho foram balizados pelas seguintes fronteiras:

Atores-chave: Associação e Empresas Inova-Ria

Mercados geográficos: Norte Europa, Brasil, PALOP e Estados Unidos da América;

Setor de atividade e players internacionais nas TICE (Tecnologias da Informação, Comunicação e Eletrónica):

o Comunicações e Telecomunicações o Sistemas de Informação o Eletrónica o Energia

Para além do quadro circunscrito à informação existente no projeto SIACPAE, a Ictech localizou e estudou documentação muito diversificada referente ao cruzamento das três componentes anteriores. Ver Figura 3.

A Ictech procurou informação primária e secundária em diversas fontes: - informação primária livre, - informação de investigação restrita, e - relatórios reservados e bases de dados internas secundárias.

Figura 3 – Intersecção dos temas do estudo.

Os objetivos deste estudo passaram, assim, pela identificação dos principais mercados de destino com potencial para absorver as soluções desenvolvidas no quadro de ação da Inova-Ria, através da convergência dos mercados geográficos definidos para mercados setoriais restritos, dando origem a uma shortlist, através de uma metodologia desenvolvida pela Ictech, e, no final, com a apresentação de uma estratégia e o desenvolvimento de um plano de internacionalização para as empresas Inova-Ria para cinco mercado setoriais específicos.

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3.2 Identificação dos submercados âmbito - aplicação da metodologia ISIS©

Com base em toda a informação estudada e com o acordo da Inova-Ria, foram selecionados, após um estudo preliminar sobre 35 opções, oito submercados condicionados aos mercados geográficos amplos definidos no âmbito do Caderno de Encargos. Esta redução do âmbito do trabalho tornou-o mais focado e permitiu um maior aprofundamento da metodologia de trabalho. A escolha teve em conta critérios, sobretudo, ao nível dos seguintes elementos:

estado de desenvolvimento dos mercados geográficos alvo;

apetência dos respetivos mercados para produtos e serviços nas áreas das TICE;

existência de mercado a nível de clientes e/ou parceiros que possam ajudar na penetração estratégica a empreender;

apoio ou inexistência de barreiras governamentais, regulatórias ou outras, à presença ou à interação com empreendedores estrangeiros.

Para a seleção final dos oito submercados, foi apresentado à Inova-Ria um relatório preliminar (Milestone 1), incluindo as bases e as justificações para a proposta de seleção. A lista final foi consensualizada com a Inova-Ria.

Nesse relatório preliminar, foi ainda aprofundada a Metodologia ISIS© que aqui se apresenta em resumo e que teve em consideração os comentários e as propostas de melhoria da equipa da Inova-Ria.

3.3 Metodologia ISIS© - Avaliação da atratividade e hierarquização dos submercados

Tratou-se da parte mais complexa do estudo proposto. Face às limitações temporais e à profundidade das justificações necessárias, foi seguida uma metodologia de análise quantitativa simples, proprietária da Ictech, denominada Modelo ISIS© (Integrated Strategic Information System)1, genericamente aplicado em análises estratégicas e de marketing, e que aqui foi aplicada de uma forma reducionista somente ao problema da internacionalização.

Esta metodologia compõe-se de três passos que a seguir se descrevem resumidamente2:

3.3.1 Análises de fatores de contexto geral e transacional

Adotou-se uma abordagem concêntrica e clássica apoiada na análise STEP, estendida a aspetos de ambiente e valores e do modelo de Porter, aplicada aos oito submercados selecionados anteriormente, de forma a estudar os seus contextos geral e transacional. Ver Figura 4. Neste caso, o centro da análise são as Empresas Inova-Ria e o âmbito de estudo não é geral, mas sim restrito aos submercados selecionados. Neste passo, foi construída uma matriz de valorização de atratividade dos submercados avaliada para cada um dos fatores da análise STEP estendida, sempre encarados do ponto de vista das TICE, incluindo em particular fatores sociais, tecnológicos, económicos, políticos, ambientais, éticos, regulatórios e legais. Passando do contexto geral para o contexto transacional e aplicando a análise clássica de Porter, temos uma situação semelhante, em que a atratividade dos submercados é avaliada para os fatores seguintes também restritos ao setor das TICE: tipo e caracterização dos clientes, existência e caraterização de fornecedores locais, existência de produtos substitutos locais e ou globais, concorrência local e global, e potencial para novos entrantes.

1 Copyright © Ictech. 2 Para um maior detalhe sobre o racional da metodologia e a sua aplicação a este estudo, ver os dois relatórios

anteriormente apresentados.

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Cada um dos aspetos foi valorizado em termos de atratividade de acordo com uma fórmula de transformação de modo a obter-se o valor da atratividade de cada submercado face às duas análises em simultâneo.

Figura 4 – Representação dos níveis de contexto geral e transacional a aplicar aos submercados. Copyright © Ictech

3.3.2 Análise dos fatores internos

A identificação dos pontos fortes e oportunidades de melhoria da internacionalização nos submercados selecionados foi feita através da sobreposição da aplicação da técnica SWOT, tal como ilustrado na Figura 5. A aplicação do modelo SWOT não foi feita por Empresa, mas sim genericamente ao cluster Inova-Ria no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro com uma análise detalhada por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, foram avaliados sobretudo os fatores externos da análise SWOT, ou seja: as oportunidades, como fator benéfico, e as ameaças, como fator prejudicial.

Figura 5 – Complemento com a Análise SWOT restrita ao setor e ao contexto Inova-Ria. Copyright © Ictech

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Na sequência desta análise, foi ponderado o valor de atratividade já calculado anteriormente com um fator aditivo que potenciou ou não cada um dos submercados.

3.3.3 Seleção dos mercados potenciais

Com base nas matrizes e nos valores obtidos para a atratividade de cada submercado, foi elaborada uma lista hierarquizada de onde foram selecionados os cinco submercados que foram objeto do trabalho final que agora se apresenta.

3.4 Síntese do processo de convergência do âmbito do estudo

De acordo com a metodologia aprovada e descrita no ponto anterior, foi seguido um processo de convergência no âmbito do trabalho até se chegar ao objetivo final: elaborar um Plano de Internacionalização para cinco mercados setoriais específicos, selecionados a partir de quatro mercados geográficos amplos. Ver Figura 6.

Figura 6 – Evolução e convergência do processo de estudo. Copyright © Ictech

A partir do estudo de 35 combinações possíveis entre os mercados geográficos e os setores com maior potencial para as empresas Inova-Ria (ver lista completa das combinações analisadas e respetivas referências no Anexo 1), foi apresentada uma proposta inicial de aprofundamento do estudo para os 13 submercados seguintes3:

3 Ver Relatório Preliminar correspondente ao Milestone 1 para um maior detalhe.

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A. Mercados desenvolvidos 1. Norte da Europa – Energias renováveis (NEU7) – este conjunto de países está

especialmente apetente para temas ambientais. Por outro lado, as suas necessidades de energia, face às características climáticas, são acentuadas. Assim, o desenvolvimento de produtos ou serviços de TICE para a fileira de desenvolvimento das energias renováveis é, sem dúvida, uma oportunidade a explorar.

2. Norte da Europa – Smart Cities (NEU9 + NEU10, NEU6, NEU4, NEU3, etc.) – países desenvolvidos onde os cidadãos assumem uma forte componente comunitária e de cidadania, onde as comunicações físicas são difíceis e onde o estar “on-line” é uma necessidade são um mercado por excelência para o desenvolvimento da IoT e para a aplicação do conceito de digitalização em zonas urbanas – Smart Cities.

3. Norte da Europa – Economia do Mar (NEU11) – o mar apresenta para a maior parte destes países a via de escoamento de exportações, de chegada de importações e de exploração económica de recursos, incluindo energias renováveis (e.g. eólicas em alto mar). Além disso, nestes países encontram-se alguns dos maiores centros logísticos portuários do mundo, com excelentes oportunidades para aplicação de produtos e serviços das TICE da Inova-Ria.

4. Estados Unidos da América - Smart Cities (NEU9 + NEU10, NEU6, NEU4, NEU3, etc.) - os EUA são um mercado maduro e que contém em si próprio grandes sementes de desenvolvimento, inovação e empreendedorismo, sendo, simultaneamente, um mercado exigente e ambicioso na qualidade que exige e nos padrões de fiabilidade e excelência. A competição pelo preço, neste mercado, está fora de causa, pelo que a aposta tem de ser feita através da qualidade e excelência para se penetrar neste mercado. O segmento da IoT e das smart cities, digitalização, numa palavra, parece ser, neste contexto, a melhor via para tentar entrar nos EUA.

B. Mercados emergentes

5. Brasil – Educação/eLearning (BR2) – ultrapassadas algumas fases do desenvolvimento em que o combate à pobreza seria o principal objetivo, tudo indica que o Brasil terá, nos próximos anos, de voltar-se decididamente para a educação e para a melhoria das condições em que a transmissão de conhecimento e a aprendizagem se desenvolvem no País.

6. Brasil – Mobilidade (BR3) – a apetência dos brasileiros para a utilização das comunicações móveis está patente na evolução dos operadores móveis no Brasil e do seu sucesso (e.g. VIVO). Por este efeito, o desenvolvimento de aplicações móveis em todos os campos poderá ser um domínio interessante de entrada no mercado brasileiro. Sendo as aplicações um bem intangível, isso poderá contornar algumas das dificuldades constatadas no Brasil, de proteção à manufatura local e de limitações na importação de bens.

C. Mercados em desenvolvimento

7. Angola - Petróleo (AO1) – o setor do petróleo, a par da indústria diamantífera, é fundamental em Angola. Não tem problemas de financiamento, exige qualidade de excelência e assistência permanente — os sistemas não podem ser deixados “no ar”. Embora lidando com a indústria química por excelência, o setor do petróleo é um manancial de oportunidades para bens e serviços ligados às TICE: controladores, sensores, sistemas de gestão, eletrónica, etc. Além disso, ligados às empresas de petróleo, existem muitas empresas de saúde, formação, gestão, qualidade, higiene e segurança, etc. que podem adicionalmente apresentar mercados sectoriais interessantes.

8. Angola – Saúde (AO4) – a saúde é uma das prioridades do Governo Angolano. Ultrapassado o síndroma da guerra e estando priorizada pelas autoridades a redistribuição pela população dos benefícios financeiros da economia angolana, a saúde será certamente um dos campos de desenvolvimento imediato. As distâncias são grandes e a existência de conhecimentos muito rara e localizada – equipamentos de diagnóstico e sensorização à distância facilitariam imenso. Métodos de gestão, cartões de identificação, sistemas de informação serão certamente outros aspetos a estudar.

9. Cabo Verde – Educação/eLearning (CV4) – um dos principais problemas de Cabo Verde tem a ver com a necessidade de formar as suas populações. A dificuldade dos transportes inter-ilhas, as condições climáticas, a falta crónica de financiamentos face à pobreza dos

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recursos do país, obriga à inovação e à imaginação para que as pessoas adquiram conhecimento, provavelmente a única riqueza a que os cabo-verdianos poderão ambicionar em ambiente tão hostil.

10. Cabo Verde – IT Cluster (CV1) – o País está a apostar na fileira do IT como sendo uma aposta de valor acrescentado naquela zona de África. Esta proposta não é mais que uma forma de aprofundar este aspeto: O que é que está a ser feito? Quem são os principais atores? Que oportunidades existem? No contexto das TICE, é incontornável não propor este estudo, havendo esta prioridade do Governo do país.

11. Cabo Verde – Turismo (CV2) – o desenvolvimento de um turismo de captação de cidadãos da Europa e Américas é, talvez, a principal possibilidade de Cabo Verde desenvolver uma atividade económica que lhe traga as divisas tão necessárias à sua subsistência e desenvolvimento. Nos últimos anos, têm-se registado desenvolvimentos fortes nesta atividade, mas as oportunidades existem e podem ser crescentemente aproveitadas. O desenvolvimento de equipamentos e sistemas para o setor seria uma possibilidade interessante.

D. Segmentos de estudo transversal:

12. Norte da Europa/EUA/Brasil – Segurança da Informação – aspetos ligados à preservação, proteção, salvaguarda e garantia de consistência da informação e do seu encaminhamento e transporte, bem como a garantia de utilização da informação disponível e do desempenho dos equipamentos que a armazenam e transportam sem violação, são tópicos que têm sido preocupação dos cidadãos e das instituições dos países desenvolvidos, onde o principal bem transacionado é certamente a informação. Para este mercado, propunha-se o estudo transversal do setor da segurança da informação, seus players, características competitivas e potenciais mercados neste âmbito geográfico.

13. Moçambique/São Tomé e Príncipe - Oportunidades transversais (MZ1, ST1) – pretendia-se aqui estudar os investimentos em curso por parte de empresas, nomeadamente, portuguesas, nestes dois países e verificar da possibilidade das TICE entrarem como parceiras ou através de produtos associados aos objetivos principais dessas empresas. Seriam identificadas as oportunidades, os players, as formas de contactar e as formas de seguir atrás (“followers”) desses negócios, oferecendo produtos e sistemas TICE nestes dois mercados de muito potencial ainda não concretizado.

No quadro deste estudo, o conceito “follower” significa o aproveitamento indireto de vias abertas por outras empresas e/ou outras entidades com quem a Inova-Ria tenha potenciais relacionamentos e que estejam já presentes nesses mercados geográficos.

Com base nestas 13 propostas e o conhecimento e experiência da Inova-Ria, e em consequência do diálogo entre a equipa de projeto e a Inova-Ria, foram selecionados oito submercados para aprofundamento do estudo.

A Figura 7 representa os resultados desse diálogo, com a seleção de oito submercados para a continuação do estudo. Destes oito submercados, dois não foram previstos à partida e resultaram do trabalho de prospeção feito, entretanto, pelo que importa fazer uma descrição também para eles:

1. EUA: ”Oportunidades em Outsourcing” - Introduzido nesta fase em consequência do debate resultante do estudo e cobrindo aspetos ligados à possibilidade de uma abordagem “follower” ligada a eventuais possibilidades de fornecimento de serviços e de “outsourcing” de atividades na área das TICE.

2. Brasil: ”Cibersegurança” – Aspetos ligados à preservação, proteção, salvaguarda e garantia de consistência da informação e do seu encaminhamento e transporte bem como a garantia de utilização da informação disponível e dos equipamentos que a armazenam e transportam sem violação são tópicos que têm estado nas preocupações dos cidadãos e das instituições dos países desenvolvidos, onde o principal bem transacionado é, certamente, a informação. O estudo será transversal ao setor da segurança da informação, seus players, características competitivas e potenciais mercados neste âmbito geográfico.

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Os seis restantes já tinham sido alvo de análise e foram descritos acima:

3. Brasil: ”Educação/eLearning”. 4. Angola: ”Petróleo”. 5. Angola: ”Saúde”. 6. Moçambique: ”Oportunidades transversais”. 7. Norte da Europa: ”Economia do mar”. 8. Norte da Europa: ”Smart Cities.

Figura 7 – Seleção dos oito submercados, de acordo com a Inova-Ria, a partir dos 13 submercados apresentados no primeiro relatório.

3.5 Avaliação e hierarquização dos oito submercados

Prosseguindo o estudo, e na sequência da aplicação da Metodologia ISIS©, foi obtida uma hierarquização dos oito submercados do ponto de vista de uma política de internacionalização das empresas da Inova-Ria e tendo em conta os diversos fatores envolvidos na metodologia. O resultado desse trabalho da quantificação da atratividade é apresentado na Tabela 1.

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Atratividade Peso

(%)

Subm.

1

Subm.

2

Subm.

3

Subm.

4

Subm.

5

Subm.

6

Subm.

7

Subm.

8

EUA

Outsourc.

Brasil

Ciberseg.

Brasil

eLearning

Angola

Saúde

Angola

Petróleo

Moçamb.

Transv.

Norte Eur.

Mar

Norte Eur.

SmartCit.

STEP 50 7,15 5,75 6,30 4,95 4,95 5,60 8,55 8,25

PORTER 50 6,05 6,05 7,20 6,50 4,80 7,55 5,60 7,20

SWOT +4,0 -0,2 +1,4 -0,8 -1,8 +5,0 0,0 +4,0

ATRACTIVIDADE

TOTAL 100 14,26 11,75 13,88 11,27 9,40 14,47 14,15 17,23

Tabela 1 – Avaliação da atratividade total dos oito submercados em estudo.

Em geral, a conclusão principal apontou para uma dificuldade generalizada em “atacar” estes submercados. A classificação máxima, de acordo com a metodologia definida acima, seria 24 pontos. Constatámos que o máximo alcançado é de 17, sendo a média de cerca de 13 pontos. Sabendo-se que estes oito submercados já resultaram de uma primeira seleção, sendo por isso já aqueles que apresentavam mais potencial, este resultado reflete bem as dificuldades gerais de internacionalização para mercados globais. Em particular, e tendo em conta as análises para cada um dos submercados refletidas neste quadro, conclui-se que os cinco mercados que se destacam são os seguintes:

Norte da Europa: ”Smart Cities” e “Economia do Mar” – Estes dois mercado apresentam alto potencial para as empresas Inova-Ria. A competência tecnológica existente nas empresas Inova-Ria é significativa e existe capacidade para lidar com a concorrência neste segmento. A procura de TICE nestes países é muito significativa, até pelas suas preocupações ambientais e o seu alto poder de compra. Por outro lado, apesar de algumas ameaças no caso do Mar, nomeadamente a dificuldade em enfrentar a forte concorrência neste setor, da análise efetuada, constata-se o potencial para ultrapassar as ameaças e aproveitamento das oportunidades nestes dois submercados.

Moçambique: ”Oportunidades transversais” – Não sendo um mercado de dimensão significativa, admite-se que este submercado tem um potencial significativo para ser aproveitado em termos de nichos que se podem tornar interessantes. A capacidade tecnológica dos atores locais pode ser suprida pela capacidade tecnológica das empresas Inova-Ria. A capacidade das empresas Inova-Ria de poderem vir a ser “followers” de outras empresas portuguesas com forte presença no País parece reunir um elevado potencial, a par da existência de capacidade para o implementar.

EUA: ”Oportunidades em Outsourcing” – A possibilidade das empresas da Inova-Ria trabalharem em “outsourcing” de atividades na área das TICE para outros atores nos EUA apresenta potencial significativo. As únicas ameaças prendem-se com abordagens políticas de oposição a eventuais movimentos de deslocalização de trabalho para fora dos EUA e proteção do emprego de jovens de formação local. Apesar de tudo, a dimensão do mercado parece ser compatível com a ultrapassagem desta ameaça.

Brasil: ”Educação/eLearning” – O foco na edução existente e absolutamente necessário na fase atual de desenvolvimento da economia brasileira é uma oportunidade. A utilização das TICE neste domínio é por isso uma consequência óbvia. A participação das empresas Inova-Ria neste domínio parece, por isso, com grande potencial. Contudo, a análise competitiva apresenta algumas ameaças, pois a presença de firmas globais é intensa no Brasil, constituindo-se numa fortíssima concorrência. Ultrapassada esta ameaça com estratégias adequadas, o mercado parece ser uma aposta interessante.

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Os mercados, cuja análise de potencial foi considerado mais reduzido e que fizeram, portanto, parte da proposta de remoção do estudo, foram os seguintes:

Brasil: ”Cibersegurança” – Embora apresentando potencial face a todo o conjunto de ameaças sérias à segurança informática, este mercado pareceu oferecer alguma dificuldade por dois fatores essenciais: a falta de competências tecnológicas nas empresas da Inova-Ria; e a dificuldade de entrada num segmento de mercado crítico onde certamente vão existir privilégios para empresas já presentes no mercado.

Angola: ”Saúde” – Também o setor da saúde não aparentou ser o mais forte nas empresas Inova-Ria do ponto de vista de competências generalizadas. Além disso, o setor não apresenta ainda um desenvolvimento significativo e as necessidades são ainda a níveis demasiado básicos e a montante das exigências em TICE, sendo que, nos nichos onde esta necessidade já se faz sentir, existe uma presença significativa de empresas, muitas delas portuguesas.

Angola: ”Petróleo” – No mercado do petróleo não existe competência tecnológica setorial na Inova-Ria, embora pudessem existir competências de suporte ao setor, tal como é profundamente demonstrado nos produtos possíveis para esta atividade e no conceito do “poço digital”. Contudo, o mercado é pequeno e altamente regulado e dominado por um ator individual, pelo que a entrada seria certamente muito difícil e custosa. Daí a menor prioridade atribuída a este submercado.

Tendo em conta as conclusões do estudo acima descritas, a Inova-Ria decidiu aprofundar o plano de internacionalização para os seguintes submercados setoriais:

1. Mercado geográfico do Norte da Europa, submercado setorial da Smart Cities; 2. Mercado geográfico dos EUA, submercado setorial do outsourcing em TICE; 3. Mercado geográfico do Norte da Europa, submercado setorial do outsourcing numa atitude

similar e em extensão à abordagem nos EUA; 4. Mercado geográfico do Norte da Europa, submercado setorial da Economia do Mar; 5. Mercado geográfico do Brasil, submercado setorial da Educação/eLearning.

Foi, assim, preferido estudar a extensão da solução outsourcing também ao Norte da Europa em detrimento do mercado de seguidor em relação a Moçambique. Em qualquer caso, existe já documentação significativa para este mercado no segundo Relatório Preliminar (Milestone 2), pelo que, em qualquer altura, ele pode ser retomado como alvo para um plano de internacionalização.

Os resultados do estudo para estes cinco submercados setoriais, sua caracterização e propostas de internacionalização são o principal objetivo deste documento.

A Figura 8 ilustra todo o processo de convergência descrito acima.

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Figura 8 – Processo de convergência do estudo até aos Planos de Internacionalização.

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4 Plano de Internacionalização – uma visão transversal

Tendo em conta todo o trabalho acumulado ao longo deste projeto e as conclusões retiradas das matrizes de atratividade em relação aos diversos fatores estudados, definiu-se o Plano de Internacionalização, atacando, sobretudo, todos aqueles aspetos que prejudicam os valores de atratividade e tentando eliminá-los ou evitar que eles se tornem severamente prejudiciais.

Uma vez escolhida a estratégia geral de internacionalização, o respetivo plano visa responder às seguintes questões principais:

I. QUAIS são os produtos ou tipos de produtos ou serviços que são potenciais vencedores nos mercados selecionados?

II. QUEM vão ser os potenciais clientes, parceiros ou outros atores que vão beneficiar dos produtos e/ou serviços das empresas Inova-Ria?

III. QUEM são os principais facilitadores do processo local em relação aos mercados alvo? IV. COMO e sob que formas se podem fazer chegar os produtos e/ou serviços das empresas

Inova-Ria àqueles mercados?

Adicionalmente, o Plano de Internacionalização deverá ainda abordar os seguintes aspetos:

QUE riscos estão envolvidos? O que pode correr mal e como reagir?

QUE ações a curto-prazo (seis meses a um ano) poderão ser empreendidas para potenciar melhor o sucesso do Plano?

QUE recursos serão necessários?

QUE ações futuras poderão melhorar este trabalho, sobretudo do ponto de vista do estabelecimento das estratégias de cada uma das empresas?

O documento da Comissão Europeia intitulado “Internationalisation of European SME” (2010) dá conta de cinco principais tipologias de internacionalização: exportação, importação, investimento direto estrangeiro (IDE), cooperação tecnológica (c/ empresas estrangeiras) e subcontratação.

Os dois modos de internacionalização mais comuns são a exportação e a importação: 25% das PME dentro da UE27 exportam e de entre elas 50% fazem-no para além do mercado europeu; 29% das PME dentro da UE27 importam, das quais 50% fazem-no para além do mercado europeu.

Para além disso: 7% das PME da UE27 estão envolvidas em cooperação tecnológica com parceiros estrangeiros; 7% das PME da UE27 são subcontratantes de um parceiro externo; 7% têm subcontratantes estrangeiros; 2% das PME são ativos em investimento direto estrangeiro.

O mesmo estudo afirma que existe também uma ligação direta entre o nível de internacionalização e a dimensão da empresa. Quanto maior a empresa, mais ela tende a internacionalizar. Isto parece aplicar-se a qualquer um dos modos de internacionalização. Para as exportações, as percentagens de empresas ativas são 24% de microempresas, 38% de pequenas empresas e 53% de médias empresas, enquanto que para as importações as respetivas percentagens são de 28%, 39% e 55%. Ainda neste contexto, um dado relevante prende-se com a conclusão de que a probabilidade de uma empresa se tornar exportadora é superior para as empresas que previamente desenvolveram atividades de importação - um fato raramente presente no discurso coletivo sobre formas de internacionalização.

Especificando para o caso das PME, uma das maiores dificuldades é o desconhecimento dos mercados no exterior. Isto sugere que o acesso a informação — qualificada e adaptada às suas necessidades — continua a ser um desafio importante para as PME. Geralmente, as PME precisam de (mais) aconselhamento sobre o processo de internacionalização, bem como de conhecimento detalhado (e difícil de obter) sobre os mercados-alvo, que as associações e/ou clusters podem mais facilmente angariar, segundo lógicas de eficiência coletiva, e fornecer de forma personalizada às necessidades específicas de cada empresa ou de grupos/parcerias de empresas. Também a identificação de “pontos de entrada” de confiança e contactos em mercados-alvo são aspetos que ajudam as PME a enfrentar o processo de internacionalização, especialmente no início, quando o grau de incerteza é maior. Pesquisas recentes reforçam a ideia de que encontrar parceiros apropriados no mercado-alvo é um fator chave no sucesso das operações de internacionalização das PME.

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Para as PME, as alianças no processo de internacionalização poderão ser ferramentas valiosas, por permitirem partilhar custos, dar maior visibilidade ou alargar as valências. Para estabelecer uma aliança, as empresas dispõem de vários formatos em função do maior ou menor comprometimento de cada uma:

Grupo de empresas — as empresas cooperam entre si para desenvolvimento dos negócios nos mercados internacionais, através de algumas iniciativas comuns: e.g. estudos de mercado, presença em eventos ou representações coletivas, com economias de escala e uma oferta mais alargada de serviços;

Acordo de distribuição ou de representação — estes tipos de acordos poderão garantir acesso mais rapidamente a determinados mercados sem obrigar à criação de delegações próprias, com consequentes custos associados;

Consórcio — a criação de uma entidade com personalidade jurídica autónoma permite que várias empresas se associem para canalizarem as suas ofertas para um mercado específico. Neste modelo é possível alcançar melhores resultados quando as empresas têm dimensões semelhantes. Um exemplo da aplicação deste tipo de associação é a resposta a concursos em que, de um modo isolado, nenhuma das empresas tem capacidade de resposta quer pela dimensão, quer pelas valências exigidas.

Filial, sucursal ou subsidiária — formas de criar uma presença mais forte no país para onde se pretende exportar, de modo a garantir uma presença mais forte no mercado e o estabelecimento de relações mais estreitas com os clientes.

4.1 Consequências em inovação e tecnologia

A inovação terá de ser dirigida para o desenvolvimento de produtos e serviços de alto valor acrescentado do ponto de vista tecnológico identificando os requisitos (e.g. conhecimentos necessários), melhorias e mudanças (e.g. mudanças operacionais, de processos, etc.) para que a estratégia de internacionalização possa ser bem-sucedida. As exigências destes mercados sob o ponto de vista tecnológico são elevadas, pois as normas relevantes em alguns casos ainda não estão completamente estabilizadas — por exemplo, tecnologias de rede para interligação de sensores — o que obriga a uma vigilância apertada e permanente, através do acompanhamento dos fóruns internacionais onde o trabalho de normalização está a decorrer.

Apesar das dificuldades, crê-se que as tecnologias a incorporar estão acessíveis no que diz respeito a recursos humanos devidamente qualificados. Para todos os processos de análise, desenvolvimento e vigilância tecnológica é possível identificar profissionais, em Portugal, capazes de os assegurar.

As empresas que optarem pelo mercado de outsourcing deverão ajustar as suas competências tecnológicas às necessidades dos clientes. No caso dos serviços de desenvolvimento de aplicações, as opções estão, por exemplo, no tipo de plataformas — web, aplicações em mobilidade — ou ao nível dos sistemas operativos.

4.2 Recursos necessários a nível operacional e de gestão

Os mercados estudados são, todos eles, de uma grande exigência quanto ao cumprimento da qualidade nas entregas e dos prazos previamente contratados, o que obriga a uma responsabilização adicional e a uma nova cultura organizacional. Este movimento de internacionalização pode ainda ser uma motivação adicional para a necessidade inadiável de se implementarem novos processos nas empresas que ajudem a garantir a sua competitividade.

Na vertente de gestão, é ainda importante garantir o cumprimento das normas de gestão da qualidade, ambiente e responsabilidade social, que são normalmente exigidas nos contratos para estes mercados em particular. A entrada no mercado do outsourcing terá implicações igualmente na parte organizativa, com a necessidade de cumprir as normas de gestão que são requisitos básicos em muitos dos concursos para fornecimento deste tipo de serviços: e.g. CMMI, ISO 9001.

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4.3 Uma estratégia de Internacionalização para a Inova-Ria

No contexto deste estudo, e tendo em conta o trabalho de análise exaustiva feita nos submercados estudados, a Ictech concebeu a estratégia de internacionalização que a seguir se apresenta e que tem em conta uma perspetiva pragmática do potencial das empresas da Inova-Ria e das suas possibilidades de desenvolvimento no curto e médio prazos. A estratégia é composta por cinco processos que se desagregam em atividades. Apresenta-se na Tabela 2, abaixo, o resumo do processo (ver ilustração na Figura 9), o qual é um pouco mais detalhado nos pontos seguintes.

1. Movimento de rede e definição de parceiros e áreas tecnológicas dentro de cada segmento de mercado

a. Feiras e conferências b. Encontros e reuniões e outras missões específicas:

i) Centros e instituições de I&D ii) Reuniões Empresariais

2. Plano de atuação a. Estratégia indireta: estabelecimento de contratos de subcontratação ou de

parcerias de cooperação b. Estratégia direta preliminar: Participação em consórcios de I&D: H2020 e

P2020 c. Estratégia direta orgânica: Estabelecimento de parcerias de investimento

3. Implementação da atuação escolhida em três fases a. Escolha dos parceiros; b. Definição do Plano de Operacionalização c. Implementação

4. Balanço e aprendizagem para o futuro a. Sessões de trabalho de partilha e balanço b. Relatório de aprendizagem para experiências futuras c. Apoio a “newcomers” – novas empresas para internacionalização.

5. Implementação pela Inova-Ria de estruturas de apoio a. Apoio logístico às missões no local, a feiras e conferências b. Apoio à elaboração de propostas e contratualização c. Apoio durante a fase de execução – gestão e controlo de projetos d. Estabelecimento de processos de formação tecnológica e obtenção de

competências e. Estabelecimento de processos de balanço e aprendizagem

Tabela 2 – Estratégia geral de internacionalização das empresas Inova-Ria.

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Figura 9 – Processo de Internacionalização da Inova-Ria.

4.3.1 Movimento de networking

O estabelecimento de contactos e a formalização de conhecimento com pessoas dos diversos mercados setoriais selecionados é o primeiro passo para a internacionalização. Os mercados selecionados, até pela consequente componente de mudança organizacional e de descoberta de novas vias de desenvolvimento da Inova-Ria, são desafiantes para um grande conjunto de empresas da Associação, não sendo os players internacionais conhecidos das diversas equipas de gestão das empresas. O primeiro passo é, por isso, a presença ativa nos grandes eventos internacionais dos diversos setores, estabelecendo contactos, apresentando as empresas mesmo que numa primeira fase não existam produtos completamente desenvolvidos ou serviços devidamente implementados nas áreas em causa. Esta primeira participação visa sinalizar aos atores já instalados nesses mercados o interesse da Inova-Ria em abordar esses mercados e a disponibilidade de competências e experiência de base que podem ser interessantes e aproveitáveis por esses players.

Numa fase posterior, obtidas as competências adicionais necessárias e iniciado o desenvolvimento de produtos e/ou serviços no contexto de cada um dos mercados, passará a ser possível às empresas Inova-Ria apresentarem-se já como expositoras e participantes de pleno direito.

Uma alternativa mais vantajosa, mas também mais trabalhosa de organizar e mais custosa em recursos, embora com vantagens por ser mais focalizada, passa pela seleção de um conjunto de players mais importantes de cada um dos submercados e no desenvolvimento de missões específicas, levando as empresas interessadas a um contacto mais direto e focalizado com esses grandes players. Esta possibilidade proporcionará um conhecimento mútuo e sobretudo o estabelecimento de relações de confiança e parceria que podem desencadear a elaboração de contratos e trabalhos em conjunto.

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Estas missões terão como objetivos empresas, mas também centros de desenvolvimento e inovação. Não sendo exaustivo, este relatório apresenta algumas pistas sobre alguns desses grandes players. Propõe-se que um trabalho mais focado e intensivo seja feito para detalhe e elaboração dos programas detalhados dessas missões.

Figura 10 – As vantagens do movimento de “networking”.

4.3.2 Plano de atuação

Nesta fase do processo de internacionalização, a estratégia considerada mais adequada passa pela adoção de um método indireto em que as empresas da Inova-Ria, com as suas competências específicas nas TICE, se assumem como facilitadores e potenciais subcontratados para o desenvolvimento de produtos e/ou prestação de serviços alinhados com players já instalados nos mercados setoriais selecionados. Uma estratégia de atuação direta nesses mercados só será possível quando as competências tecnológicas específicas das empresas forem notórias e possam aí ser promovidas. Uma forma de acelerar a possibilidade desta atitude mais direta passa pela participação conjunta das empresas da Inova-Ria em ações e projetos de desenvolvimento e inovação em parceria, por exemplo, no contexto dos programas internacionais H2020 e do programa nacional Portugal 2020.

Uma estratégia direta mais ambiciosa, mas que que deve ser enquadrada apenas de aplicação pontual, passa por ações de investimento conjunto com fusão ou aquisição de/ou por alguns dos players identificados no processo anterior. Trata-se de uma estratégia mais difícil, por necessitar de reconhecimento exterior e de capacidades de financiamento que não se vislumbram como sendo uma potencialidade alargada ao conjunto das empresas Inova-Ria. Os mesmos problemas se colocam em outras estratégias de exportação direta ou deslocalização para os países identificados, que se assumem ainda mais difíceis e por isso não incluídas como opção.

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Figura 11 – Possíveis estratégias de internacionalização nos mercados escolhidos.

Após a definição da estratégia a adotar na internacionalização, as empresas devem organizar um plano de atividades que lhes permita chegar a esse objetivo, que passará pela elaboração de um documento que reúna a informação relevante, nomeadamente:

Estratégia — trajetória escolhida para se atingir a internacionalização dos negócios em função da estratégia empresarial e da informação disponível dos mercados a conquistar;

Modelos a adotar — formas organizativas do negócio selecionadas e que se adequam à estratégia;

Produtos e/ou serviços — que melhor se irão adaptar ao mercado em causa,

Marketing — as formas de comunicação e de recolha de informação de negócio a serem implementadas;

Percursos — fases do processo de internacionalização devidamente calendarizadas e com atribuição de recursos;

Organização de gestão — modelos de gestão a adotar: agentes, parceiros, etc.;

Investimento — recursos financeiros a disponibilizar para fazer face aos gastos com as iniciativas do projeto;

Financiamento.

Como todos os planos, este documento será um auxiliar precioso nas etapas seguintes, sobretudo na identificação dos investimentos e financiamentos necessários. Este projeto deverá seguir e implementar as decisões estratégicas tomadas e deverá cobrir as fases de entrada no mercado, de consolidação e manutenção das operações, após a entrada no mercado, e, eventualmente, da evolução futura do modelo de aproximação ao mercado.

4.3.3 Implementação

Escolhidas as opções estratégicas pelas empresas, individualmente ou em grupo, trata-se agora da implementação dos projetos e das ações definidas: a escolha concreta e o contacto com os diversos parceiros, a implementação dos planos de operacionalização e a sua implementação no contexto definido, nunca perdendo de vista a necessidade de uma capacidade de gestão forte que exige competências específicas adequadas e uma constante procura pelo cumprimento escrupuloso de calendários e especificações técnicas. O contexto dos mercados geográficos escolhidos representa-se

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através de um quadro de fornecimentos de excelência, não podendo ser admitidas falhas de cumprimento de especificações ou de prazos e condições de entrega.

A concretização de um projeto de internacionalização obriga à identificação dos recursos necessários para a sua implementação, sejam recursos já existentes ou a adquirir, sejam recursos internos ou externos:

Recursos físicos, nomeadamente, equipamentos, máquinas, computadores, veículos, e outros recursos similares que possam ou tenham de ser mobilizados;

Recursos materiais, nomeadamente catálogos, software, informação técnica, e outro tipo de recursos materiais associados ao processo de comercialização dos produtos da empresa;

Recursos humanos, necessários para cobrir todas as frentes em que se desenvolve a atividade de internacionalização: gestão do negócio, marketing e vendas, prestação do serviço e apoio. No marketing e vendas é crucial identificar os colaboradores, ou parceiros, capazes de garantir a presença da empresa nos eventos, identificar as oportunidades e acompanhar os clientes no sentido de garantir a sua fidelização. No desenvolvimento e eventual fabricação de produtos ou prestação de serviços, os colaboradores devem possuir as competências adequadas sob o ponto de vista técnico e as atitudes corretas perante o cliente. Todos os elementos associados à gestão têm de ser capazes de fazer o reporting e controlo de todo o processo, de modo a que a entrega seja feita cumprindo os mais exigentes padrões de excelência.

Recursos financeiros, nomeadamente o capital de investimento necessário, fixo e circulante, para financiar a existência do projeto empresarial no mercado quer na criação das infraestruturas de arranque, quer para suportar a estrutura durante o tempo em que o projeto empresarial não liberta fundos para se autofinanciar.

4.3.4 Aprendizagem

O desenvolvimento e a evolução só são possíveis se houver uma constante aprendizagem com a experiência e com os erros cometidos. Esta fase é, por isso, fundamental para corrigir rotas e para eliminar ineficácias e problemas. O estabelecimento de um conjunto de mecanismos de debriefing, de grupos de controlo e thinktanks de reflexão sobre o que correu bem e o que correu mal, o que é para repetir e aquilo que falhou, os resultados pretendidos e os obtidos, é fundamental quer para corrigir estratégias, quer para que outras empresas possam beneficiar do conhecimento adquirido pelos “mais experientes”. Este processo exige humildade por parte das empresas, capacidade de reflexão e capacidade para autorreconhecer erros e ineficácias, única forma de se aprender e poder corrigir. Os resultados deste processo são incorporados como melhorias em futuras iterações do ciclo de internacionalização.

4.3.5 Estrutura e mecanismos de apoio por parte da Inova-Ria

Concretizando a missão e os propósitos da própria associação Inova-Ria, esta tem um papel essencial a desempenhar no desenho e montagem de mecanismos de suporte às diversas fases deste processo de internacionalização. Desde o apoio na organização das missões de networking, formando as equipas e fazendo os planos de contacto e de trabalho, até à organização das sessões de aprendizagem e elaboração de relatórios com a consolidação das conclusões, vantagens e desvantagens das opções escolhidas. A intervenção da Inova-Ria deve ainda passar, naturalmente, pela ajuda na elaboração de contratos e projetos de concurso a financiamentos e apoio à gestão concreta de alguns projetos, complementando sempre as competências e as próprias estruturas de cada uma das empresas, a par do apoio a cada uma delas na sua própria estratégia de desenvolvimento.

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5 Caracterização Geral dos Mercados Geográficos

Nos pontos seguintes serão examinados, de uma forma sucinta, os três mercados geográficos correspondentes aos cinco submercados setoriais selecionados para elaboração dos Planos de Internacionalização. Sendo o conjunto dos países definidos neste projeto como “Norte da Europa” (Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia) um conjunto de populações com alto rendimento, exigências ambientais importantes e uma enorme apetência, por várias razões, pelas novas tecnologias digitais e de rede, este mercado não poderia estar fora de qualquer exercício de internacionalização de empresas ligadas às TICE. Assim, este amplo mercado geográfico acabou por ser selecionado como altamente prioritário com um enfoque especial nos setores do mar, smart cities e ainda como alvo de possível subcontratação (outsourcing) de empresas da Inova-Ria. O mercado dos Estados Unidos da América, com o seu desenvolvimento na Economia Digital em geral, foi selecionado também por via do seu potencial para a colaboração das empresas da Inova-Ria em parcerias com companhias a trabalhar nesse mercado. Finalmente, como participante de língua portuguesa, o mercado geográfico do Brasil acabou sendo selecionado com potencial para a expansão internacional das empresas Inova-Ria para o setor da Educação e eLearning.

5.1 Mercado Geográfico do Norte da Europa

Figura 12 – Mapa dos países nórdicos.

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5.1.1 Panorama geral

Os países do norte da Europa considerados neste estudo — Finlândia, Dinamarca, Noruega e Suécia — representam uma população de cerca de 26 milhões de pessoas. A Alemanha, por seu lado, tem uma população de cerca de 81 milhões de pessoas.

A Tabela 3 apresenta a percentagem de jovens (abaixo de 15 anos) para cada um destes países e a sua posição neste índice a nível mundial (229 países). Estes valores apontam para populações relativamente pouco jovens, à semelhança do que acontece um pouco em toda a Europa.

Ordem País Percentagem

165 Noruega 18,2%

181 Dinamarca 17,0%

182 Suécia 16,9%

192 Finlândia 15,8%

226 Alemanha 13,0%

Tabela 3 – Percentagem de jovens relativamente à população total Fonte: World by Map.

No seu conjunto, a zona constituída pelos países nórdicos e pela Alemanha apresenta os melhores índices de desenvolvimento, segundo vários pontos de vista, nomeadamente, a nível europeu, onde, por exemplo, ocupam os quatro lugares de topo no que diz respeito a inovação.

5.1.2 Economia em geral

Os países nórdicos são o exemplo mais vezes referido do êxito do estado-providência, modelo de governança em que se alia uma economia de mercado muito competitiva, a políticas governamentais de redistribuição da riqueza através de uma forte carga fiscal e de uma sólida intervenção em setores de atividade considerados chave, nomeadamente, os da assistência social e médica.

Os indicadores macroeconómicos (ver Tabela 4) mostram claramente que estes países têm economias maduras que, sem grandes taxas de crescimento, são das que na Europa têm resistido melhor à crise que se instalou desde 2008. A título de comparação, podemos indicar que o PIB português per capita em 2013 foi de 21.429 USD4.

Alemanha Dinamarca Finlândia Noruega Suécia

População (Milhões) 81 6 5 5 10

PIB a preços de mercado (109 USD) 3.598 320 273 519 553

PIB per capita (USD) 43.872 59.718 50.143 102.126 57.077

Crescimento real do PIB (%) 1,4 1,1 -0,2 2,1 2,2

Consumo privado (%) 1,4 1,0 0,6 2,3 2,5

Consumo público (%) 1,1 0,3 0,5 1,7 1,7

Taxa de desemprego – média (%) 5,0 7,0 8,6 3,0 7,7

Taxa de inflação – média (%) 1,4 1,4 1,3 2,1 0,6

Dívida pública (% do PIB) 78,0 49,2 59,6 33,7 41,8

Tabela 4 – Indicadores macroeconómicos do norte da Europa (2014).

4 Fonte: ONU.

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Se analisarmos outros indicadores, mais ligados ao desenvolvimento social e da sociedade da informação, estes países também se apresentam entre os primeiros, ver Tabela 5.

Indicador Alemanha Dinamarca Finlândia Noruega Suécia

Posição no Innovation Union Scoreboard 2013 (UE, 27 países)

2 3 4 n.d. 1

Posição no Networked Readiness Index 2014 (World Economic Forum, 148 países)

12 13 1 5 3

Posição na interação com entidades públicas (Eurostat, 39 países)

14 2 5 3 4

Tabela 5 – Indicadores de desenvolvimento do Norte da Europa.

Nesta tabela, podemos verificar que, no que diz respeito a inovação, os países nórdicos e a Alemanha ocupam os primeiros lugares da estatística organizada pela União Europeia. Quando comparados com indicadores globais abrangendo mais países, como os do Networked Readiness Index, podemos observar que a Finlândia, a Suécia e a Noruega estão entre os cinco melhores.

No caso da interação com as entidades públicas que indicam o grau de adesão às TICE e, de algum modo, o desenvolvimento do governo eletrónico, surgem novamente colocados no topo.

Nos pontos seguintes, abordaremos os países de uma forma separada.

Alemanha

A Alemanha tem o maior PIB da Europa e é um dos maiores exportadores a nível mundial, com as suas exportações a representarem mais de 7,5% a nível do comércio global. A sua mão-de-obra altamente especializada é a base de uma indústria poderosa, nomeadamente, em maquinaria, automóveis e produtos químicos. Desta forma, a indústria tem um peso muito significativo na economia, o maior a nível europeu.

O PIB alemão sofreu uma queda importante em 2009, maior do que a UE a 27, mas em contrapartida a economia alemã foi a que mais rapidamente reagiu nos anos seguintes. Embora com crescimentos moderados nos últimos anos — que se devem manter nos próximos anos —, a Alemanha ainda é a economia mais resiliente da zona Euro. Ver Tabela 6.

2011 2012 2013 2014(1) 2015(1) 2016(1)

População (Milhões) 81,7 81,7 81,8 81,9 82,1 82,2

PIB a preços de mercado (109 USD) 3.627 3.430 3.626 3.598 3.642 3.765

PIB per capita (USD) 44.407 41.996 44.361 43.872 44.235 45.575

Crescimento real do PIB (%) 3,4 0,9 0,5 1,4 1,6 1,5

Consumo privado (%) 2,3 0,7 1,1 1,4 1,5 1,5

Consumo público (%) 1,0 1,0 0,5 1,1 1,2 1,1

Taxa de inflação – média (%) 2,5 2,1 1,6 1,4 1,7 1,9

Dívida pública (% do PIB) 80,1 81,0 79,9 78,0 75,4 72,7

Tabela 6 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Alemanha (1) Estimativa

Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU)

Se bem que a Alemanha desempenhe um papel central na gestão da crise da Zona Euro, a nível doméstico, os objetivos do Governo passam por assegurar, a médio prazo, saldos orçamentais

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sustentáveis, sem descurar uma política fiscal cautelosa. Assim, e sem recorrer a um aumento da dívida pública e da carga fiscal, o aumento da despesa social e do investimento em infraestruturas, educação e I&D será suportado pelos saldos federais dos próximos anos e um potencial aumento das contribuições para a Segurança Social. Outro objetivo passa por restaurar a saúde do sistema financeiro. A Zona Euro está longe de um consenso quanto a uma união bancária credível e com capacidade de recapitalização. Finalmente, um último grande objetivo, a longo prazo, reside na denominada Revolução Energética. Com o anúncio da desativação das suas centrais nucleares até 2022, a Alemanha pretende aumentar a produção de energia a partir do gás natural, o que requer um forte investimento numa rede de centrais e a adoção das energias renováveis. Tais medidas terão, naturalmente, como consequência, um aumento da fatura energética das famílias e das empresas.

A Alemanha, juntamente com o Japão e os EUA, está num grupo restrito de países que dominam em termos de inovação vários setores industriais, como o das máquinas e equipamentos, o da indústria elétrica e eletrónica ou o dos produtos farmacêuticos. A economia alemã encontra-se na vanguarda europeia de um grande número de setores industriais, com predomínio de produtos de elevado valor acrescentado e nível tecnológico.

Dinamarca

Após a crise de 2008, a economia dinamarquesa tem vindo a recuperar da quebra no setor imobiliário e da recessão que se instalaram no país, à semelhança de todo mundo, e, especialmente, na Europa. Em 2010 e 2011, o crescimento ocorreu sobretudo à custa do consumo e investimento público, tendo o PIB contraído no ano seguinte. As expectativas apontam para um crescimento do PIB em torno dos 1,5% até 2018.

2011 2012 2013 2014(1) 2015(1) 2016(1)

População (Milhões) 5,6 5,6 5,6 5,6 5,6 5,7

PIB a preços de mercado (109 USD) 313 334 315 324 320 326

PIB per capita (USD) 56.411 59.856 56.250 57.718 59.783 57.543

Crescimento real do PIB (%) 1,6 1,1 -0,4 0,1 1,1 1,5

Consumo privado (%) 1,7 -0,5 0,5 0,1 1,0 1,4

Consumo público (%) 0,4 -1,5 0,7 -0,3 0,3 0,6

Taxa de inflação – média (%) 2,2 2,7 2,4 0,8 1,4 1,7

Dívida pública (% do PIB) 42,7 46,4 45,6 46,9 49,2 50,4

Tabela 7 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Dinamarca (1) Estimativa

Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU)

Para já, não se espera uma recuperação sustentada do consumo privado, apesar das medidas criadas pelo governo. Com o desemprego a descer ligeiramente e as famílias a conseguirem diminuir as enormes dívidas a que estão obrigadas, espera-se que o consumo privado evolua positivamente, estimulando a economia.

A crise financeira de 2008 deixou marcas no sistema bancário dinamarquês, que tem vindo a recuperar com ajudas substanciais do Governo. Por outro lado, as exportações ainda não deram o salto esperado após a contração provocada pela crise na zona Euro.

No médio prazo, o principal desafio para o Executivo dinamarquês consiste em conciliar o crescimento económico com a diminuição do défice orçamental, que, até 2009, acumulou vários anos de superavit.

Globalmente, a Dinamarca é um parceiro relativamente importante para Portugal, tendo-se registado um saldo positivo a favor de Lisboa em 2013, fruto do incremento das exportações e da contração das importações.

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Finlândia

A Finlândia conseguiu passar de uma economia de base agrícola e florestal, no final da 2ª Guerra Mundial, para uma nação com um dos mais altos rendimentos per capita e das mais produtivas da Europa. Segundo o índice do The Global Competitiveness Report 2013-2014, do Fórum Económico Mundial, a Finlândia ocupa o melhor lugar entre os países da União Europeia. Após um crescimento com uma média anual de 3,5%, entre 2000 e 2007, entrou em recessão, da qual tem vindo a recuperar lentamente. Ver Tabela 8.

A contração da economia nota-se nos principais indicadores económicos, nomeadamente, nas importações e consumo privado, ilustrando o contágio que tem sofrido das economias em maiores dificuldades.

2011 2012 2013 2014(1) 2015(1) 2016(1)

População (Milhões) 5,35 5,37 5,38 5,40 5,42 5,43

PIB a preços de mercado (109 USD) 237 264 250 269 276 277

PIB per capita (USD) 44.347 49.125 46.416 49.767 50.985 50.980

Crescimento real do PIB (%) 3,0 1,3 1,5 2,2 2,4 2,2

Consumo privado (%) 1,7 1,7 2,0 2,5 2,4 2.3

Consumo público (%) 1,0 0,8 1,3 1,7 1,3 1,0

Taxa de desemprego – média (%) 7,8 8,0 8,0 7,7 7,4 7,0

Taxa de inflação – média (%) 3,0 0,9 -0,1 0,6 1,9 2,3

Dívida pública (% do PIB) 38,6 38,2 41,3 41,8 41,2 39,9

Tabela 8 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Finlândia (1) Estimativa

Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU)

Prevê-se que, a partir de 2014/2015, o PIB comece a crescer de uma forma sustentada, com o consumo interno a expandir, assim como outros indicadores económicos. A dívida pública tem vindo agravar-se em função das medidas tomadas como resposta à crise de 2008, embora se mantenha entre as mais baixas da zona Euro.

As relações comerciais entre Portugal e a Finlândia têm sofrido, nos últimos anos, as consequências da crise financeira, com as exportações portuguesas a registar um incremento em 2013. A concentração das exportações é muito significativa, pois mais de metade corresponde a minerais e minérios, destacando-se ainda os têxteis, as máquinas e aparelhos e o vestuário, mas todos estes com valores abaixo dos 10%.

Em termos de grau de intensidade tecnológica, as exportações portuguesas eram dominadas, em 2011 (último ano disponível), pelos produtos de baixa e média-baixa tecnologia, com mais de 80%.

Quanto aos serviços, a Finlândia ocupou o 18º lugar como mercado cliente dos serviços portugueses. Tradicionalmente a balança comercial de serviços bilateral é favorável a Portugal.

Noruega

Apostando em empresas de capital maioritariamente público, o governo norueguês consegue exercer o controlo sobre áreas relevantes nos planos económico e social, nomeadamente, o setor dos combustíveis fósseis — petróleo e gás natural. A riqueza em recursos naturais constitui uma das principais características do país: 11º maior produtor mundial de energia hidroelétrica, segundo maior exportador mundial de peixe, 7º maior exportador de petróleo e terceiro de gás a nível mundial.

A par de uma gestão criteriosa dos recursos naturais, o governo tem conseguido resultados que lhe garantem uma saúde financeira quase inigualável, nomeadamente, através do fundo soberano, o segundo maior do mundo.

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As expetativas vão no sentido da procura interna sustentar um aumento consistente das importações norueguesas. O desemprego continua em níveis baixos: 3,5% em 2013, com as projeções a indicarem uma descida nos próximos anos.

Os indicadores macroeconómicos da Noruega são o espelho de uma economia sólida e capaz de ultrapassar a crise económica que se instalou em praticamente todo o mundo desde 2008. Ver Tabela 9.

2011 2012 2013(1) 2014(1) 2015(1) 2016(1)

População (Milhões) 5,0 5,0 5,0 5,1 5,1 5,1

PIB a preços de mercado (109 USD) 491 500 511 519 528 564

PIB per capita (USD) 98.730 99.830 101.294 102.126 103.298 109.705

Crescimento real do PIB (%) 1,1 2,8 0,8 2,1 2,7 3,1

Consumo privado (%) 2,6 3,0 2,1 2,3 2,8 3,3

Consumo público (%) 1,1 1,8 1,6 1,7 1,9 2,0

Taxa de desemprego – média (%) 3,3 3,2 3,5 3,0 3,0 2,9

Taxa de inflação – média (%) 1,3 0,7 2,1 2,1 2,4 2,4

Dívida pública (% do PIB) 28,4 29,6 32,6 33,7 35,0 35,7

Tabela 9 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Noruega (1) Estimativa

Prevê-se que o Governo enverede por medidas que aliviem os encargos fiscais das empresas e, eventualmente, das famílias, embora de imediato sem um impacto significativo na economia. Outras prioridades apontam o aumento do emprego, a promoção do investimento e a melhoria dos sistemas da saúde e da educação. Os grandes investimentos públicos deverão ser dirigidos para o reforço das infraestruturas, a educação, saúde, justiça e forças de segurança.

O setor bancário norueguês é robusto, com uma baixa exposição direta às economias em crise e bem mais forte do que na maioria dos países europeus, onde as economias enfraquecidas e o crédito mal parado são ainda problemas presentes, apesar dos bancos noruegueses continuarem expostos aos riscos dos créditos concedidos ao setor imobiliário, à indústria naval, à habitação e ao endividamento das famílias, em geral.

Suécia

A Suécia passou de um crescimento sustentado do PIB (média de 3,2% ao ano) para uma recessão em 2008 e, sobretudo, em 2009, conseguindo voltar ao crescimento em 2010, com um valor impressionante de 6,1%. A partir de 2011, tem conseguido crescimentos não tão expressivos como o de 2010, devido à contaminação da desaceleração sentida nas economias da zona Euro, oscilando entre 1,5 e 3%. As perspetivas para os próximos anos apontam para crescimento acima dos 2%, já a partir de 2014.

Relativamente ao investimento, espera-se que um reforço gradual da procura, doméstica e externa, sustentará a retoma, com algumas projeções a apontar valores para o crescimento anual de cerca de 4,3% entre 2015 e 2018.

O setor bancário sueco tem respondido bastante bem à crise financeira de 2008, sendo baixa a exposição direta da banca sueca à dívida soberana das economias mais problemáticas da Zona Euro. No entanto, existe algum risco devido ao elevado endividamento imobiliário e da sobreavaliação do valor da habitação, estando em formação um fundo de estabilidade financeira para garantir liquidez em caso de crise.

Ao cumprir com as regras rigorosas que estabelecem valores quanto ao teto do défice orçamental, a Suécia tem contas públicas equilibradas, sendo que a previsão do défice para 2015 aponta para um valor da ordem de 1,9%, longe dos valores dos países mais endividados da zona Euro. Ver Tabela 10.

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2011 2012 2013 2014(1) 2015(1) 2016(1)

População (Milhões) 9,5 9,6 9,6 9,7 9,8 9,8

PIB a preços de mercado (109 USD) 536 524 559 553 556 574

PIB per capita (USD) 56.546 54.874 58.057 57.077 56.970 58.461

Crescimento real do PIB (%) 3,0 1,3 1,5 2,2 2,4 2,2

Consumo privado (%) 1,7 1,7 2,0 2,5 2,4 2.3

Consumo público (%) 1,0 0,8 1,3 1,7 1,3 1,0

Taxa de desemprego – média (%) 7,8 8,0 8,0 7,7 7,4 7,0

Taxa de inflação – média (%) 3,0 0,9 -0,1 0,6 1,9 2,3

Dívida pública (% do PIB) 38,6 38,2 41,3 41,8 41,2 39,9

Tabela 10 – Principais Indicadores Macroeconómicos: Suécia (1) Estimativa

A política económica do Governo sueco centra-se na criação de emprego, sobretudo no emprego jovem, através de programas de trabalho temporário e de incentivos para promover a formação de desempregados. Com o objetivo de promover o mercado habitacional, foram ainda anunciadas medidas que incluem a baixa de impostos sobre a propriedade, a promoção do subarrendamento e estímulos à construção de habitação.

5.1.3 As tecnologias de informação e comunicação no Norte da Europa

A Tabela 11 apresenta dois dos muitos indicadores que podem ser utilizados para demonstrar o grau de desenvolvimento dos cidadãos dos países do Norte da Europa, no que diz respeito à utilização das TICE.

País Terminais móveis por 100 hab.

Utilização da Internet (%)

Finlândia 172 90

Dinamarca 127 92

Alemanha 121 82

Suécia 124 93

Noruega 116 95

Tabela 11 – Terminais móveis e Internet no Norte da Europa. Fonte: ITU

Programa H2020

O programa Horizonte 2020 é um dos instrumentos utilizados pela Comissão Europeia para prosseguir as suas políticas, definindo as prioridades que devem ser atribuídas aos financiamentos em Investigação, Desenvolvimento e Inovação.

Sendo o H2020 um instrumento fundamental da Comissão Europeia para promoção da inovação, faz sentido alinhar eventuais ações para desenvolvimento e experimentação de produtos e soluções nas áreas das Smart Cities e da Economia do Mar com a estrutura e prioridades do Programa nessas áreas. O programa H2020 está estruturado em três grandes pilares:

Pilar I – Excelência Científica: apoiar a União Europeia a tornar-se líder mundial em ciência;

Pilar II – Liderança Industrial: fortalecer a liderança industrial em inovação;

Pilar III – Desafios Societais: abordar as principais preocupações partilhadas por todos os europeus;

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Em especial no Pilar II – Liderança Industrial, foram consideradas relevantes as seguintes subáreas:

a) ICT, Information and Communication Techologies – micro-eletrónica, sistemas embebidos, computação da próxima geração, internet do futuro, robótica e fotónica.

b) Nanotecnologias, Materiais Avançados, Processos e Fabricos Avançados, Biotecnologia:

o Novos nanomateriais e nanotecnologias; o Materiais com novas funcionalidades e melhor desempenho; o Fábricas do futuro, edifícios energeticamente eficientes; o Processos e materiais em setores como a agricultura, alimentação e florestas, química

industrial e saúde.

c) Espaço – desenvolver e explorar as infraestruturas espaciais para satisfazer as necessidades da Europa.

Da mesma forma, para o Pilar III - Desafios Societais, definiram-se as seguintes linhas de atividade prioritárias:

Saúde, alterações demográficas e bem-estar;

Bio economia, incluindo segurança alimentar, agricultura e florestas sustentáveis, investigação marinha, marítima, em lagos e em rios;

Energia segura, eficiente e sustentável;

Transportes inteligentes, verdes e integrados;

Ação Climática, eficiência na utilização de recursos e matérias-primas;

A Europa num Mundo em mudança - Sociedades inclusivas, inovadoras e pensadoras;

Sociedades Seguras - proteção da segurança da Europa e dos seus cidadãos.

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5.2 Mercado Geográfico dos Estados Unidos da América

Figura 13 – Mapa dos EUA. Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU)

5.2.1 Panorama geral

Os Estados Unidos da América (EUA) são o terceiro maior país do mundo, com uma extensão de 4,5 mil quilómetros (de Este a Oeste) e 2,6 mil quilómetros (de Norte a Sul) e uma área superior a 9 milhões de km², sendo um país da mesma ordem de grandeza, em termos geográficos, da China e do Brasil e o dobro do conjunto dos países que formam a União Europeia (UE)5.

O país é o terceiro mais populoso do mundo, superado somente pela China (1300 milhões de habitantes) e Índia (1100 milhões de habitantes). A sua população é de aproximadamente 320 milhões de habitantes, um número que representa aproximadamente 4,5% da população mundial. Com uma taxa de crescimento da população de 0,8% ao ano (entre 2010 e 2015), o país apresenta uma densidade populacional relativamente baixa.

O território dos Estados Unidos é limitado, ao Norte, pelo Canadá; ao Sul, pelo México; a Oeste pelo oceano Pacífico; e a Leste pelo oceano Atlântico.

Devido à sua extensão territorial, existe uma grande variedade de paisagens: florestas temperadas, pantanais, planícies, montanhas rochosas, desertos, florestas húmidas, regiões árticas e ilhas vulcânicas e uma grande variedade de climas dos quais se destacam o subtropical, o polar, o mediterrâneo e o temperado.

O nível de imigração para os EUA é elevado, o que se reflete numa grande variedade de grupos étnicos, religiosos e culturais. Etnicamente, a população dos Estados Unidos é constituída por alemães, irlandeses, ingleses, italianos, escandinavos, polacos, franceses, hispânicos, africanos e asiáticos. Em

5Fonte: Economist Intelligence Unit (EIU)

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2011, os residentes nascidos no estrangeiro ascendiam a 40,4 milhões, representando cerca de 13% da população6.

Cerca de 54% dos habitantes do país e 55% do produto interno bruto (PIB)7 estão concentrados nos dez estados mais populosos (Califórnia, Texas, Nova Iorque, Flórida, Illinois, Pensilvânia, Ohio, Geórgia, Michigan e Carolina do Norte), que se situam nas zonas costeiras dos oceanos Atlântico e Pacífico, bem como nas regiões circundantes dos Grandes Lagos e no estado do Texas.

5.2.2 Economia em geral

A economia dos Estados Unidos é a maior do mundo, destacando-se em diversos setores (indústria, tecnologia, finanças, agricultura, extração mineira e turismo) e funcionando totalmente dentro de parâmetros capitalistas, ancorada num mercado consumidor interno forte e em exportações de bens, produtos e serviços.

Os EUA produzem grande quantidade de géneros agropecuários, sendo um dos maiores produtores mundiais de milho, trigo, açúcar e tabaco, com esta produção concentrada essencialmente na região sul do país.

A extração petrolífera e de minérios têm também destaque económico nos Estados Unidos. Os EUA possuem depósitos de gás natural e petróleo essencialmente nos estados do Texas e Alasca, assim como possuem igualmente depósitos de ouro, urânio e carvão mineral extraídos nos estados do Wyoming, Kentucky e Virgínia Ocidental.

O turismo nos Estados Unidos é igualmente relevante para a economia do país, sendo a terceira nação do mundo mais visitada por turistas estrangeiros (cerca de 1,5 mil milhões de turistas/ano).

Os EUA destacam-se, no entanto, nos produtos industrializados e tecnologia. Na indústria americana, distinguem-se os setores da produção automóvel, tecnologias de informação, da medicina, do setor aeroespacial e do setor do equipamento, sendo considerada como uma das mais desenvolvidas em termos tecnológicos, desenvolvimento que se reflete na própria economia do país. De acordo com a UNESCO, os EUA encontra-se no topo dos países em termos de investigação e desenvolvimento.

Grande parte da indústria norte-americana concentra-se nas regiões sudeste e nordeste, embora também haja grande produção de produtos manufaturados no estado da Califórnia, nomeadamente a produção de software e produtos de informática e eletrónica de consumo, concentrando-se uma grande parte dessas empresas na conhecida região de Silicon Valley, na cidade de San José (Califórnia).

O centro financeiro do país concentra-se principalmente em Wall Street (Nova Iorque), onde está localizada a maior bolsa de valores do mundo, a New York Stock Exchange (Bolsa de Valores de Nova Iorque).

Atualmente o setor dos serviços é o de maior relevância na economia Norte-Americana. Este setor absorve cerca de 75% da população ativa e estima-se que setor contribua com 80% para a formação do PIB, seguido da indústria que representa (19%) e do setor agrícola (1%).

Para 2014, as estimativas da EIU (Economist Intelligence Unit) e do FMI (Fundo Monetário Internacional) apontavam para uma taxa de crescimento do PIB de 2,2%. O desemprego continuaria a baixar, situando-se em 6,2%, enquanto a taxa de inflação deveria subir para 2%. O défice do setor público prosseguiria a sua trajetória descendente (-2,8% do PIB), o mesmo acontecendo com o saldo negativo da balança corrente (-2,2% do PIB).

6 Fonte: 2002-2013 Migration Policy Institute. 7 Fonte: U.S. Bureau of Economic Analysis (NIPA).

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Tabela 12 – Principais Indicadores Macroeconómicos (EUA). Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU) – ViewsWire October 2014

Notas: (a) Valores atuais; (b) Estimativas; (c) Previsões

De acordo com os dados da EIU, destacam-se as seguintes projeções para a economia dos EUA ao longo dos próximos cinco anos:

O dinamismo do setor privado e do setor público deverá contribuir para que a economia registe um crescimento de 3,2% em 2015 e para o período 2015-2019 as projeções apontam para crescimentos de 2,6% em média anual;

O crescimento económico no período terá por base o incremento do consumo privado, como resultado do aumento gradual do emprego e dos salários, e o dinamismo do investimento;

Os acordos alcançados em 2013 perspetivam o sucesso na conciliação do crescimento económico, com o controle da despesa pública e com uma subida de impostos, o que permitirá reduzir gradualmente o défice orçamental federal, que não deverá ultrapassar 1,8% do PIB no período 2017-2019. A dívida pública federal deverá também registar uma tendência decrescente, não indo além de 84% do PIB em 2019;

A política monetária expansiva vai permitir a manutenção das taxas de juro excecionalmente baixas até 2015, estimulando investimentos no setor privado. O investimento deverá continuar a registar variações positivas nos próximos anos com uma média de crescimento de 6% entre 2015 e 2019;

Depois dos 2% estimados para 2014, a taxa de inflação deverá rondar os 2,3% entre 2015 e 2019 (média anual); em termos de desemprego prevê-se uma diminuição gradual para 5,5% em 2018;

O défice da conta corrente deverá continuar a diminuir, não ultrapassando 1,6% do PIB no final do período 2017-2019 (2,2% em 2014). Prevê-se ainda que o dólar americano valorize relativamente ao euro entre 2015 e 2016, sendo expectável que o euro recupere algum terreno em 2017-2019.

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Relações Económicas com Portugal

Nos últimos cinco anos, a balança comercial de bens e serviços entre Portugal e os EUA tem sido amplamente favorável ao nosso país. De salientar que o crescimento médio anual das exportações, no período 2009-2013, foi de cerca de 15%, enquanto as importações aumentaram em cerca de 1%.

Em 2013, as vendas de bens e serviços para o mercado americano aumentaram 10% face ao ano anterior e as importações registaram um decréscimo de 4%, tendo o saldo alcançado perto de 1,7 mil milhões de euros. As exportações para os EUA atingiram, assim, o dobro das nossas importações em 2013, mantendo sensivelmente o mesmo padrão durante o ano de 2014.

Tabela 13 – Evolução da Balança Comercial Bilateral de Bens e Serviços (EUA). Fonte: Banco de Portugal; Unidade: milhão de EUR.

Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2009-2013; (b) Taxa de variação homóloga 2013-2014 Componente de Bens com base em informação do INE – Instituto

Nacional de Estatística, ajustada para valores fob.

Serviços

No âmbito dos serviços, e segundo dados do Banco de Portugal, constata-se que em 2013 os EUA foram responsáveis por 5,5% das vendas de Portugal ao exterior e por 7,4% das aquisições, os valores mais elevados dos últimos cinco anos.

Na área dos serviços, a balança bilateral tem sido igualmente favorável a Portugal, tendo sido registada uma evolução positiva ao longo dos últimos cinco anos. As exportações de serviços para os EUA atingiram 1200 milhões de euros em 2013 (o que representou um aumento de 14% relativamente a 2012), enquanto as importações alcançaram cerca de 800 milhões de euros (+7,6%), o que se traduziu num superavit de 395 milhões de euros, o valor mais elevado do período em análise.

Tabela 14 – Balança de Serviços de Portugal com os EUA Fonte: Banco de Portugal;

Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento no período 2009-2013; (b) Taxa de variação homóloga 2013-2014

Ainda segundo o Banco de Portugal, são as viagens e turismo (42% do total exportado em 2013) e os transportes (27%) que mais se destacam nas exportações portuguesas de serviços para os EUA.

Em relação às importações, sublinha-se a importância dos transportes (28% do total em 2013) e das viagens e turismo (26%).

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5.2.3 As Tecnologias de Informação e Comunicação nos EUA

Os EUA dispõem de uma infraestrutura de telecomunicações extensa que permite suportar o crescimento geral das TICE. A utilização da banda larga fixa estende-se a cerca de um terço dos Americanos e na banda larga móvel a cobertura é de 100% da população. Estes valores, traduzem, de longe, a melhor performance dos países da OCDE em termos de números absolutos de clientes ligados, o que representa um mercado gigantesco, sendo que as diferenças entre zonas urbanas e rurais embora existam não são significativas.

Figura 14 – Total de subscrições de banda larga fixa, por País e milhão de habitantes. Fonte: OECD (Dezembro de 2013)

Figura 15 – Total de subscrições de banda larga móvel, por País e milhão de habitantes. Fonte: OECD (Dezembro de 2013)

0 20 40 60 80 100

IcelandLuxembourg

EstoniaSlovenia

Slovak RepublicIreland

New ZealandFinland

Czech RepublicNorway

IsraelAustria

HungaryDenmark

ChilePortugalGreece

SwedenSwitzerland

BelgiumAustralia

PolandNetherlands

TurkeyCanada

SpainMexico

ItalyKorea

United KingdomFrance

GermanyJapan

United States

Total fixed (wired) broadband subscriptions, by country, millions, December 2013

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Velocidades de acesso de adoção de banda larga fixa em zonas urbanas e não urbanas

Entre 200 Kbps e

768 Kbps Entre 768 Kbps e

3 Mbps Entre 1,5 Mbps e

6 Mbps

Total dos EUA 64% 40% 28%

Áreas urbanas dos EUA 65% 43% 30%

Áreas não-urbanas dos EUA 63% 37% 24%

Tabela 15 – Velocidade de adoção de banda larga fixa nas áreas urbanas e não-urbanas dos EUA Fonte: FCC Report (2012)

A extensão do mercado dos EUA é também visível no número de operadores existentes, não se constatando a existência de monopólios geográficos como é comum em outros países. Em grande parte do território do País, a concorrência é um facto: 70% da população pode escolher entre cinco ou mais operadores e 98% pode optar por mais de dois operadores. São exceções apenas as regiões menos povoadas do Centro-Oeste e o Alasca.

Figura 16 – Cobertura geográfica em número de operadores disponíveis. Fonte: FCC Report (2012)

Em termos de cobertura geográfica, a situação é semelhante: em mais de 77% da extensão de estradas e em mais de 51% do território existe cobertura de mais de dois operadores.

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Figura 17 – Número de Operadores com Cobertura (Outubro de 2012).

Se analisarmos os equipamentos terminais, a conclusão sobre as oportunidades do mercado é semelhante: 55% de todos os clientes dispõem de smartphone, sendo que nas aquisições recentes essa percentagem sobe para 67%.

Figura 18 – Rácios de Penetração de Smartphones nos EUA (4T de 2009 a 2T de 2012) 8.

Neste contexto, fica claro que o mercado é enorme para as aplicações de TICE em todos os segmentos seja em casa, no automóvel ou na rua. A existência de disponibilidade quer da rede, quer em terminais para acesso ao mundo digital é quase universal num mercado de 320 milhões de pessoas.

8 Nielsenwire, The Nielsen Company, Two Thirds of New Mobile Buyers Now Opting for Smartphones, July 12,

2012. Ver também http://blog.nielsen.com/nielsenwire/online_mobile/two-thirds-of-new-mobile-buyers-now-opting-for-smartphones/ (acedido em Nov. 19, 2012).

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5.2.4 Ficha de mercado

Área 9.161.923 km2

População 316,4 milhões habitantes (estimativa 2013)

Densidade Populacional 4,5 hab./Km2

Designação oficial Estados Unidos da América (EUA)

Presidente Barack H. Obama (reeleito em Nov 2012; próximas eleições em Nov de 2016)

Capital Washington, D.C. – 5,7 milhões hab. (estimativa 2012, US Census)

Outras cidades importantes Nova Iorque (18,9 milhões hab.), Los Angeles (12,8 milhões hab.), Chicago (9,5 milhões hab.), Filadélfia (7,1 milhões hab.), Houston (6,4 milhões hab.), Miami (6,4 milhões hab.), Dallas (6,1 milhões hab.) e Atlanta (6,1 milhões hab.)

Religião Maioritariamente protestante (51,3%) e católica (23,9%)

Língua oficial Os EUA não decretaram uma língua oficial. A língua utilizada é o inglês, predominando o espanhol em algumas regiões do país

Unidade monetária 1 Dólar dos EUA (USD) = 0.7533 EUR (média 2014); 1 Dólar dos EUA (USD) = 0.925 EUR (1 de abril de 2015);

Risco País Risco Geral - AA (AAA = risco menor; D = risco maior)

Risco político AA

Risco de estrutura económica A (The Economist Intelligence Unit, nov 2013)

Risco de crédito País "não classificado" na tabela de risco da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos

Principais relações internacionais e regionais

Os EUA integram, entre outras, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Organization for Security and Co-operation in Europe – OSCE), o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (European Bank for Reconstruction and Development – EBRD), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Africano de Desenvolvimento (African Development Bank – AfDB), o Banco Asiático de Desenvolvimento (Asian Development Bank – ADB), o Banco de Compensações Internacionais (Bank for International Settlements – BIS) e a Organização das Nações Unidas (United Nations – UN) e suas agências especializadas. Este país é, ainda, membro da Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization – WTO), desde 1 de janeiro de 1995.

Ao nível regional faz parte do Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (North American Free Trade Agreement – NAFTA), do Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico (Asia-Pacific Economic Cooperation – APEC), do Conselho de Cooperação Económica do Pacífico (Pacific Economic Cooperation Council – PECC) e da Organização dos Estados Americanos – OEA (Organization of American Sates – OAS).

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Relacionamento com a União Europeia (UE)

O relacionamento dos EUA com a UE baseia-se na Nova Agenda Transatlântica, lançada em 1995, e na Parceria Económica Transatlântica, lançada em 1998. Mais recentemente, no Verão de 2013, perante as conclusões e recomendações do Grupo de Trabalho de Alto Nível criado pela UE e EUA, deu-se início formal às negociações de um Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento entre a UE e os EUA (Transatlantic Trade and Investment Partnership – TTIP), com o objetivo de eliminar as barreiras comerciais (aduaneiras e não aduaneiras), facilitando a compra e venda de bens e serviços por empresas nos dois mercados.

Ambiente de Negócios

Competitividade (Rank no Global Competitiveness Index 2014-15): 3 em 148.

Facilidade Negócios (Rank no Ease of Doing Business Report 2014): 7 em 189.

Transparência (Rank no Corruption Perceptions Index 2013): 19 em 177.

Ambiente de Negócio (Posição no Business Environment Ranking 2014-2018, da EIU - Economist Intelligence Unit, entre 82 países): 7.

Facilidade Comercial (Posição no Enabling Trade Index 2014 - 138 países) – entre parêntesis, a posição no sub indicador de acesso ao mercado – pilar 1 (acesso ao mercado doméstico): 15 (27)

Liberdade Económica (Posição no Economic Freedom Index): 12 em 178

Fonte: AICEP

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5.3 Mercado Geográfico do Brasil

Figura 19 – Mapa do Brasil. Fonte: http://www.ezilon.com/maps/images/southamerica/map-of-Brazil.gif

5.3.1 Panorama geral:

O Brasil é o quinto maior país do mundo, com uma área total de 8,5 milhões de quilómetros quadrados, abrangendo cerca de metade da América do Sul e sendo o maior e mais populoso país deste continente. As distâncias são à escala continental: 4.420 quilómetros de norte a sul e 4.328 km de leste a oeste, uma costa atlântica de 7.367 quilómetros, num total de 23.102 quilómetros. Tem como vizinhos todos os países da América do Sul, exceto Chile e Equador. O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, com cerca 204 milhões de cidadãos9.

Depois de mais de três séculos sob o domínio dos portugueses, o Brasil ganhou a sua independência em 1822, mantendo um sistema de governo monárquico até à abolição da escravatura em 1888 e a subsequente proclamação da república pelos militares em 1889. Os exportadores de café brasileiro dominaram politicamente o país, até o líder populista Getúlio Vargas subir ao poder em 1930. O Brasil passou por mais de meio século de governo populista e militar até 1985, quando o regime militar pacificamente cedeu o poder a governos civis. O Brasil continua na senda do crescimento industrial e agrícola e do desenvolvimento social. Explora vastos recursos naturais e possui uma extensa mão-de-obra. Hoje é líder económico da América do Sul, sendo um dos primeiros países desta região a iniciar o verdadeiro desenvolvimento económico. A grande desigualdade de rendimentos e o crime permanecem, contudo, problemas prementes, bem como mais recentemente a diminuição do ritmo de crescimento económico.

Hoje, o Brasil é líder mundial na produção de alguns alimentos e minerais. Também em outros setores como, por exemplo, o aço, o alumínio, a produção automóvel, o setor aeroespacial, a pasta de madeira, os produtos químicos e as indústrias têxteis, estão altamente desenvolvidos. O PIB brasileiro em 2013 foi de 4,8 biliões R$, um crescimento de 2,3% em relação a 201210. No entanto, esta evolução não se verificou em 2014, ano em que o PIB apresentou um crescimento residual de 0,1% e a previsão para 2015 aponta mesmo uma contração de 0,9%.

9 Estimativa para o início de 2015 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 10 Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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Figura 20 – Crescimento populacional no Brasil.

5.3.2 Economia em geral:

A economia brasileira registou um forte desempenho durante a maior parte do período 2007-2012, com uma taxa de crescimento médio real do PIB de 3,6% ao ano, embora com flutuações importantes. O crescimento beneficiou da forte procura doméstica e condições externas favoráveis, incluindo forte procura e preços elevados no mercado internacional das commodities brasileiras, o que impulsionou o país em termos comerciais.

O crescimento, suportado por políticas macroeconómicas sólidas, concentrou-se em alcançar um superavit primário, no cumprimento de rigorosas metas de inflação e num sistema de taxa de câmbio flutuante, o que contribuiu para consolidar a estabilidade macroeconómica. Ajudada por uma moeda que se valorizou, e apesar do forte crescimento da procura interna, a inflação foi mantida sob controlo, geralmente dentro da faixa de variação permitida pelas metas definidas. O crescimento económico sustentado ao longo de quase uma década e as políticas de rendimento permitiram ao Brasil fazer importantes progressos na redução da pobreza e na desigualdade de rendimentos, melhorando em simultâneos os números do emprego.

Desde o segundo semestre de 2011, no entanto, o crescimento tem desacelerado significativamente e a taxa de crescimento real médio, em 2012, foi de apenas 0,9%. Esta perda de dinamismo pode ser atribuída, em parte, à valorização do Real e à desaceleração da economia mundial, mas também reflete problemas estruturais que afetam a competitividade da economia brasileira, tais como infraestruturas inadequadas, insuficiente acesso ao crédito e carga fiscal muito elevada. Para resolver estes problemas, o Governo tem adotado medidas destinadas a eliminar as limitações nas infraestruturas, ampliar as concessões e parcerias entre os setores privado e público e reduzir a carga fiscal em algumas indústrias de transformação.

Para apoiar os setores afetados pela perda de competitividade, o governo brasileiro tomou algumas medidas que têm um impacto restritivo à importação, incluindo o aumento temporário das tarifas aduaneiras, a utilização de margens preferenciais para bens e serviços domésticos nas compras governamentais, a par do aumento da disponibilidade do crédito à exportação e de uma redução do nível de intermediação financeira. Em meados de 2011, o Banco Central baixou a taxa de referência do Banco Central do Brasil (BCB) - taxa SELIC, para um nível baixo recorde para os padrões brasileiros. Do lado fiscal, o Governo foi capaz de fornecer estes estímulos, mantendo um superavit primário durante todo o período de análise.

O período 2007-2012 foi assim especialmente dinâmico para o comércio externo no Brasil. As exportações cresceram a uma taxa média de 8,6% entre 2007 e 2012, refletindo uma forte procura externa pelos seus produtos. Mineração e exportação de produtos agrícolas representaram a maior parte deste crescimento, aumentando, em comparações anuais, de 15,4% e 12,3%, respetivamente. As exportações de produtos manufaturados aumentaram a uma taxa média anual de apenas 1,8%, e a sua participação no total das exportações de mercadorias diminuiu significativamente: de 47% em

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2007, para 34% em 2012. A participação dos produtos primários aumentou de 50% para 63%, devido, em especial, ao forte desempenho dos minérios.

O crescimento das importações superou as exportações durante o período em análise, expandindo a uma taxa anual de 13,1% entre 2007 e 2012, o que determinou que o superavit comercial se reduzisse. O défice comercial do Brasil no setor de produção aumentou de forma acentuada, com as importações de produtos manufaturados a crescerem a uma taxa média anual de 16,2% no período, atingindo 73% do total das importações em 2012.

O défice estrutural na balança comercial de serviços também aumentou durante o período de análise, em grande parte por conta de pagamentos mais elevados de equipamentos, viagens e transporte.

Depois de anos de superavit consecutivos, em 2008 o saldo da balança comercial do Brasil mergulhou em défice. O défice manteve-se em torno dos 4% do PIB em 2014. No entanto, os grandes fluxos de capitais, especialmente investimentos diretos estrangeiros (IDE), têm mais do que compensado o défice em termos de conta corrente. Em meados de 2012, o Brasil foi o sexto maior beneficiário de IDE.

Durante a última década, o país tem mantido políticas macroeconómicas de controlo da inflação e promoção do crescimento económico. A inflação foi de 6,3% em abril de 2014, enquanto o desemprego urbano se situou 4,9% (valor de referência a abril de 2014), caindo de 6% em meados de 2013. As taxas de juros continuam altas em comparação internacional: a taxa SELIC atingiu um mínimo histórico de 7,25% em outubro de 2012, mas, a partir de Abril de 2013 retomou as subidas, atingindo em Março de 2015 o valor de 12,75%, ainda assim um valor baixo para os padrões brasileiros, pois no fim do século XX a taxa SELIC rondava os 30 a 40%.

2011 2012 2013 2014 2015(1) 2016(1)

População (Milhões) 197 199 201 203 205 206

PIB a preços de mercado (109 USD) 2.474 2.247 2.245 2.202 2.039 2.065

PIB per capita (USD) 12.530 11.280 11.170 10.860 9.970 10.020

Crescimento real do PIB (%) 2,7 1,0 2,3 0,1 -0,5 1,2

Consumo privado (var %) 4,1 3,2 2,3 1,8 2,5 2,9

Consumo público (var %) 1,9 3,3 1,9 3,5 3,0 3,3

Taxa de inflação – média (%) 6,6 5,4 6,2 6,3 7,3 5,7

Dívida pública (% do PIB) 16,3 19,6 21,5 24,9 29,3 31,7

Tabela 16 – Principais Indicadores Macroeconómicos. (1) - Estimativa

Fonte: AICEP – Brasil Ficha de Mercado (2014) e Síntese País (2015)

Um dos objetivos da política do Brasil tem sido o reforço da integração económica regional. O Brasil é um dos membros fundadores do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e assinou acordos comerciais preferenciais com a Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México e Peru. Em conjunto com os seus parceiros do MERCOSUL, o Brasil tem também acordos preferenciais de comércio atualmente em vigor com a Índia e Israel. Existem também acordos preferenciais bilaterais no âmbito da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) com a Guiana e Suriname. A União Europeia e o Mercosul têm mantido as negociações a fim de criar um Acordo de Comércio Livre entre as duas regiões.

O Brasil mantém uma política de zonas de comércio livre para as importações e exportações, com incentivos a serem concedidos para fomentar a produção, o desenvolvimento e a integração regional das áreas de fronteira da região norte. Foram já criadas zonas de comércio livre em diversos estados, sendo a principal a Zona Franca de Manaus (ZFM), na região amazónica. Às empresas estabelecidas na ZFM são concedidas isenções fiscais pelos governos federal e estadual. Um dos requisitos para a concessão de tais benefícios reside no cumprimento dos critérios PPB (Processo Produtivo Básico), as etapas fabris mínimas necessárias para produzir determinado produto além de uma série de exigências

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ambientais e sociais. Todas as importações para a ZFM necessitam de uma licença. Os incentivos ao abrigo da ZFM programa vão estar em vigor até 2023.

O setor agrícola brasileiro desempenha um papel importante na economia, especialmente como fonte de exportações e emprego. O setor agroindustrial desempenha ainda um papel crucial na contribuição para o superavit da balança comercial. As exportações de produtos agroalimentares atingiram um nível recorde de cerca de 100 mil milhões de Reais em 201311.

O Brasil tem um setor industrial muito diversificado. No entanto, o setor perdeu dinamismo devido a uma erosão de competitividade, o que se traduziu no aumento das importações e de crescimento lento das exportações. As importações de produtos manufaturados têm aumentado, captando uma parte significativa do crescimento do consumo e do setor da indústria transformadora, tendo a balança comercial registado um défice recorde de 81 mil milhões de USD em 2012. Num esforço para reverter esta situação, o Governo tem reforçado a importância dada à política industrial, em parte através de dois planos nacional abrangentes: a Política de Desenvolvimento Produtivo (2008-2010) e o Plano Brasil Maior (2011-2014). Os instrumentos utilizados para promover o setor da indústria transformadora no âmbito destes programas incluem linhas de crédito em condições favoráveis, concursos públicos, incentivos fiscais e medidas fronteiriças de apoio.

O Brasil é quase autossuficiente na produção de energia primária, a extração de petróleo tem vindo a expandir-se cada vez mais, apresentando um crescimento médio de 20,5%, de 2007 a 2011. Não obstante a crescente procura interna, o Brasil tornou-se um exportador líquido de petróleo bruto pela primeira vez em 2007 e tem expandido significativamente seu excedente comercial desde então. No entanto, a dependência de importações de produtos petrolíferos refinados aumentou devido à insuficiente capacidade de refinação. O Brasil depende de grandes importações de gás natural, embora a produção nacional tenha aumentado 41% entre 2007 e 2012. A empresa estatal Petrobras tem mantido a sua posição dominante na produção, refinação, distribuição e retalho no mercado de petróleo e produtos petrolíferos, representando cerca de 90% do total da produção de petróleo no país e 98% do total da capacidade de refinação. O Brasil continua a ser o segundo maior produtor de etanol.

Figura 21 – Principais Indicadores por macrorregião do Brasil.

11 Fonte: AgroStat - Brasil.

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O Brasil tem aproximadamente 204 milhões de habitantes12 e 65 milhões de domicílios particulares permanentes13, com cerca de 80% de sua população a viver em áreas urbanas. De facto, a urbanização é um aspeto distintivo do crescimento do Brasil, com a população crítica para a economia a viver e a trabalhar em zonas urbanas. Elemento fundamental desta transformação é a habitação de baixo custo e com acesso a Internet (43% do total), impulsionando maiores rendimentos e a capacidade de aprofundar uma economia digital. Devido a essa transformação, e proporcionadas pela expansão da banda larga, vão surgindo oportunidades para fornecedores de tecnologia e serviços no desenvolvimento de soluções verticais de TI.

O Brasil tem uma economia extensa e diversificada, oferecendo às empresas portuguesas inúmeras oportunidades de parcerias e de exportação dos seus produtos e serviços. No entanto, fazer negócios no Brasil requer um profundo conhecimento do ambiente local, envolve custos, diretos e indiretos, referidos tradicionalmente como o "custo Brasil". Tais custos são muitas vezes relacionados com os custos de distribuição, as normas e procedimentos federais ou estaduais, as leis laborais e ambientais, e, sobretudo, a uma complexa estrutura tributária. A logística representa também um desafio particular, dada a falta de uma infraestrutura adequada para responder a quase uma década de expansão económica. Para além dos custos tributários, existe também um complexo sistema aduaneiro e jurídico.

O Governo brasileiro é o maior comprador de bens e serviços. Ganhar contratos com o governo, no entanto, pode ser desafiante. As empresas exportadoras podem encontrar-se em situação de desvantagem competitiva se não tiverem uma presença significativa no país, através de parcerias com entidades brasileiras ou algum tipo de empresa subsidiária, assim como a paciência e recursos financeiros para responder a dificuldades legais e entraves burocráticos.

O setor brasileiro de infraestruturas vai receber investimentos estimados em 800 mil milhões de USD no período de 2013 a 2017. O montante será dividido entre os setores de infraestrutura e energia, com um maior montante atribuído para o desenvolvimento de infraestruturas, como estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos.

O setor da construção no Brasil está numa fase de crescimento significativo. As principais cidades foram objeto de investimentos importantes em construção relacionados com o Campeonato do Mundo de Futebol 2014 e, especificamente para o Rio de Janeiro, com os Jogos Olímpicos de Verão, de 2016. O Governo do Estado do Rio de Janeiro estima que os investimentos no Estado entre 2010 e 2016 alcancem os 50 mil milhões de USD, incluindo infraestruturas e transportes. A maioria destes investimentos será feita no modelo brasileiro de PPP (Parceria Público-Privada).

Os primeiros Jogos Olímpicos a serem realizados na América do Sul vão gerar inúmeras oportunidades de negócios para as empresas portuguesas em vários setores. Os principais projetos incluem infraestruturas logísticas, melhorias nos portos, modernização de aeroportos, construção de transportes de massa e saneamento. O financiamento dos projetos será apoiado com uma significativa dotação pelo Governo Brasileiro no âmbito da fase dois do seu Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Este programa engloba investimentos em infraestruturas logísticas, energia, serviços sociais e mobilidade urbana.

Outras áreas promissoras para as exportações portuguesas incluem o petróleo e o gás, equipamentos agrícolas, construção civil, indústria aeroespacial e de aviação, educação, segurança e dispositivos de segurança da informação (cibersegurança), equipamentos para medicina, produtos para o desporto, tecnologias ambientais e transportes.

5.3.3 As Tecnologias da Informação e Comunicação no Brasil

O crescimento do mercado das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no Brasil tem sido impressionante. O setor das TIC foi um dos mais afetados positivamente pelo processo de abertura económica observada no Brasil na década de 1990, tendo o valor relativo do mercado das TIC quase duplicado ao longo de uma década.

Em 2013, o crescimento dos investimentos em Tecnologia da Informação no Brasil continuou muito significativo, com um aumento de 15,4% em relação a 2012. Comparado às demais economias

12 Fonte: IBGE – estimativa 2015. 13 Fonte: PNAD 2013 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) – IBGE.

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mundiais, o Brasil também se destacou, considerando que a média mundial de crescimento foi de 4,8%. Com esse resultado, o Brasil ficou entre os dez maiores crescimentos setoriais, mantendo a sétima posição no ranking mundial de investimentos em TI.

De acordo com os dados obtidos em estudo da IDC14, contratado pela Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e que confirma o Brasil como o sétimo país do mundo que mais gasta em tecnologia, o mercado doméstico de Tecnologia da Informação, que inclui hardware, software e serviços, movimentou 62 mil milhões de USD em 2013, representando cerca de 3% do PIB brasileiro e 3% do total de investimentos de TI no mundo, um resultado muito positivo e superior às participações apontadas no ano anterior. Deste valor, 11 mil milhões de USD vieram do mercado de software e 14 mil milhões de USD do mercado de serviços, sendo que a soma destes dois segmentos já superou 40% do mercado total de TI, um forte indicativo da passagem do Brasil para o grupo de economias que privilegiam o desenvolvimento de soluções e sistemas.

O setor de software teve um crescimento de 13,5% em 2013. Já o setor de serviços apresentou um crescimento mais modesto, com aumento de 7,7% sobre o ano anterior. No conjunto, software e serviços tiveram um crescimento de 10,1%, acima da grande maioria dos demais setores da economia brasileira, e também acima do PIB do país, que foi da ordem de 2,3%.

Em 2013, a utilização de programas de computador desenvolvidos no país (standard e sob encomenda) cresceu 15,3%, superior aos 12,9% de crescimento identificado no uso de programas de computador desenvolvidos no exterior, reforçando a tendência de crescimento que vem sendo apontada desde 2004.

O mercado nacional é explorado por cerca de 11 mil empresas, dedicadas ao desenvolvimento, produção, distribuição de software e de prestação de serviços. Daquelas que atuam no desenvolvimento e produção de software, cerca de 93% são classificadas como micro e pequenas empresas. Finanças, Serviços e Telecomunicações representaram praticamente 51% do mercado residencial, seguidos por Indústria, Governo e Comércio. Já em termos de crescimento, o Comércio foi o setor que apresentou o maior aumento nos investimentos, com variação positiva de mais de 27% em relação a 2012.

Segmentação do Mercado Mercado

Doméstico Mercado

Exportação Mercado

Total

Software 10.736 209 10.945

Serviços 14.405 598 15.003

Subtotal: Software e Serviços 25.141 807 25.948

Hardware 36.472 360 36.832

Subtotal: Tecnologias de Informação 61.613 1.167 62.780

Telecom 100.986 -- 100.986

Outros Serviços (*) 6.170 2.280 8.450

TI in House (**) 53.450 -- 53.450

Subtotal Outros 160.606 2.280 162.886

Total Mercado TICE 222.219 3.447 225.666

Tabela 17 – Mercado Total das TIC no Brasil – 2013 (em milhões de USD) (*) Outros Serviços . BPO Business Consulting, Operações Internacionais, Outros Serviços

(**) Fonte IDC - BRASSCOM Fonte: Mercado Brasileiro de Software Panorama e Tendências – ABES 2014

14 Fonte: Mercado Brasileiro de Software - Panorama e Tendências – 2014 (ABES)

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Participação por região

O referido estudo da ABES apresenta também a concentração regional dos investimentos do mercado de TICE no Brasil. No segmento de software, a região Sudeste do país reuniu o maior volume de recursos alocados ao setor em 2013, com 65% de participação. O Norte do país foi o que menos investiu no setor, com apenas 2% de participação.

No segmento de serviços, o Sudeste do Brasil foi também a região com o maior volume de investimentos com participação de 63%, seguido da região Centro-Oeste (14%), Sul (12%), Nordeste (9%) e Norte (2%).

Figura 22 – Distribuição Regional do Mercado Brasileiro de TI.

Brasil “Networked Readiness Index”

Apesar de um ligeiro aumento na pontuação obtida no indicador NRI (Networked Readiness Index), graças às melhorias na sua infraestrutura de TIC, (ficando na 56ª. posição nesse aspeto), o Brasil cai nove posições no ranking geral, ficando no lugar 69, decorrente do facto de outras economias terem sido mais rápidas a abraçar a revolução digital. Em aspetos parcelares, o país apresenta níveis relativamente altos de utilização das tecnologias da informação e comunicação, com cerca de metade da sua população a utilizar a Internet, uma indústria de comércio eletrónico bem-desenvolvida (30º. lugar), um governo empenhado em oferecer um número significativo dos seus serviços on-line (32º. lugar), o que resulta numa participação significativa dos cidadãos (31º. lugar) – ver Tabela 18. Contudo, e como se pode ver na Figura 23, o Brasil ainda compara negativamente, em termos do indicador geral, com os mercados mais desenvolvidos, também estudados neste relatório, da América do Norte e do Norte da Europa.

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2012 2014

Lugar Valor Lugar Valor

Networked Readiness Index 65 3,9 69 4,0

Environment subindex 101 3,5 116 3,4

1 Political and regulatory environment 77 3,6 78 3,6

2 Business and innovation environment 121 3,5 135 3,3

Readiness subindex 72 4,7 76 4,7

3 Infrastructure and digital content 68 4,0 56 4,5

4 Affordability 67 5,3 91 5,0

5 Skills 86 4,7 91 4,6

Usage subindex 54 3,8 47 4,1

6 Individual usage 66 3,3 59 4,2

7 Business usage 33 4,0 41 3,9

8 Government usage 59 4,0 54 4,3

Impact subindex 53 3,7 57 3,6

9 Economic impacts 52 3,5 64 3,3

10 Social impacts 54 3,9 58 3,9

Tabela 18 – Indicadores de desenvolvimento digital do Brasil Fonte: The Global Information Technology Report 2014 – World Economic Forum.

Figura 23 – Indicador de preparação para a economia digital nos dois lados do Atlântico. Fonte: Networked Readiness Index 2014 – World Economic Forum.

Estes dados não impedem que um ambiente pobre na inovação nos negócios (135ª posição), juntamente com deficiências e fragilidades no seu sistema de ensino (121ª. posição) - nomeadamente na área da matemática e ciência (136ª. posição) - impeçam o pleno aproveitamento do impacto económico que as TICE poderiam proporcionar (64ª. posição); apenas uma pequena parte da sua população está envolvida em tarefas e empregos que envolvem conhecimento intensivo (75ª. posição).

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5.3.4 Ficha de mercado

Área 8.515.692 km2 (IBGE – 5º país em extensão territorial)

População 204 milhões (estimativa IBGE para início de 2015)

Densidade Populacional 23,6 habitantes/Km2

Designação oficial República Federativa do Brasil

Presidente Dilma Rousseff, desde janeiro de 2011, reeleita nas eleições de 2014

Capital Brasília – 2,5milhões de habitantes (IBGE, 2007)

Outras cidades importantes São Paulo (11 milhões), Rio de Janeiro (6,1 milhões), Salvador (2,9 milhões), Fortaleza (2,4 milhões), Belo Horizonte (2,4 milhões)

Religião A maioria da população professa a religião Católica Romana (73,6%), embora a Constituição consagre a livre prática de todas as religiões

Língua oficial Português

Unidade monetária Real do Brasil (BRL)

1 EUR = 3,0512 BRL (Banco de Portugal – média de maio 2014)

Risco País Risco geral - BBB (AAA = risco menor; D = risco maior) – EIU, março 2014

Risco político Risco Político – BBB

Risco de estrutura económica

Risco de Estrutura Económica – BBB

Risco de crédito 3 (1 = risco menor; 7 = risco maior) – COSEC, maio de 2014

Principais relações internacionais e regionais

O Brasil é membro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Inter-American Development Bank – IDB) e da Organização das Nações Unidas (United Nations – UN) e suas agências especializadas (Specialized Agencies, Related Organizations, Funds, and Others UN Entities). Integra, ainda, a Organização Mundial de Comércio (World Trade Organization – WTO), desde 1 de janeiro de 1995.

Ao nível regional, o Brasil faz parte do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL, que se encontra, ainda, numa etapa do processo de integração definida como União Aduaneira, cujo objetivo final é evoluir para um Mercado Comum, compreendendo não só o livre comércio entre os países membros, a aplicação da Tarifa Externa Comum – TEC face a países terceiros, mas também, a livre circulação dos fatores de produção: capital e trabalho), da Associação Latino-americana de Integração (ALADI), do Sistema Económico Latino-americano e do Caribe (Sistema Económico Latino-americano y del Caribe – SELA), da Organização dos Estados Americanos (OEA), da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e é ainda membro associado da Comunidade Andina (Comunidad Andina)

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Relacionamento com a União Europeia (UE)

O relacionamento do Brasil com a União Europeia rege-se, fundamentalmente, por dois Acordos, pelo Acordo-Quadro de Cooperação Brasil/UE, em vigor desde 1 de novembro de 1995 e que, em termos de comércio de mercadorias, assume a natureza de acordo não preferencial em que as partes se concedem mutuamente o tratamento da nação mais favorecida (MFN – Most Favoured Nation:

conceito de não descriminação onde cada membro da OMC concede aos produtos de um outro membro um tratamento não menos favorável do que o tratamento que concede aos produtos semelhantes de qualquer outro país membro) e, ao nível supranacional, pelo Acordo-Quadro Inter-Regional de Cooperação Mercosul/UE, em vigor desde 1 de julho de 1999 e que tem por objetivo, entre outros, a preparação das condições para a criação de um Acordo de Associação Inter-Regional que incluirá a liberalização do comércio e serviços.

As negociações para a celebração de um Acordo Inter-Regional entre a UE e o MERCOSUL foram relançadas em maio de 2010, aguardando-se, neste momento, a marcação de uma data para a apresentação das propostas de ambas as partes sobre o comércio de bens e serviços e contratação pública (informações atualizadas sobre as negociações em curso podem ser obtidas no Overview of Ongoing Negotiations). Mais informação sobre o relacionamento bilateral pode ser consultada no Portal – European External Action Service (EEAS)

Ambiente de Negócios

Competitividade (Rank no Global Competitiveness Index 2013/14): 56 em 148

Facilidade de Negócios (Rank no Ease of Doing Business Rep. 2014): 116 em 189.

Transparência (Rank no Corruption Perceptions Index 2013): 72 em 177

Ambiente de Negócio (Posição no Business Environment Rankings 2014-2018, da EIU - Economist Intelligence Unit, entre 82 países): 43.

Facilidade Comercial (Posição no Enabling Trade Index 2014 - 138 países) – entre parêntesis, a posição no sub indicador de acesso ao mercado – pilar 1 (acesso ao mercado doméstico): 86 (108)

Liberdade Económica (Posição no Economic Freedom Index): 114 em 178

Fonte: Brasil Ficha de Mercado (AICEP maio 2014)

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6 Submercados Setoriais para Internacionalização

Explorados e descritos os três mercados geográficos de âmbito dos mercados setoriais selecionados, ir-se-á em seguida abordar e descrever em detalhe o contexto geral, transacional e os fatores críticos relacionados com os cinco mercados setoriais para os quais foi aprofundada a análise.

6.1 Segmento de mercado: Smart Cities (Norte da Europa)

6.1.1 Contexto do mercado das Smart Cities

A aposta nas Smart Cities e nas suas componentes surgiu um pouco por todo o Mundo, integrando as TICE como parte da solução para alguns dos maiores desafios que se colocam atualmente à gestão urbana: mobilidade, energia, ambiente e participação cívica.

Como se observa na Figura 24, a percentagem da população urbana tem vindo a subir nos últimos anos de um modo consistente, atingindo nos países alvo valores já acima dos 80%. A tendência de urbanização tem sido sentida a nível mundial, com a Europa e a América do Norte a ocuparem os lugares cimeiros. Na Europa, os países nórdicos e a Alemanha apresentam valores de urbanização superiores à média.

Com esta afluência às cidades, estas têm-se vindo a deparar com novos problemas, de uma nova dimensão e magnitude, onde a tecnologia pode dar um contributo importante para a sua resolução.

Figura 24 – Comparação da percentagem de população urbana. *** Neste contexto, Norte da Europa corresponde aos países alvo deste estudo.

Nota: Gráfico construído com dados das Nações Unidas: Department of Economic and Social Affairs.

Utilizando como referência as 40 cidades que fazem parte do Ericsson Networked Society City Index 2014, constata-se que entre as dez primeiras estão Estocolmo (1), Copenhaga (5), Helsínquia (6), Oslo (8) e que, na Alemanha, Berlim e Munique surgem respetivamente em 14º e 16º lugar, demonstrando que o Norte da Europa apresenta um nível de maturidade assinalável, no que diz respeito às Smart Cities. Este indicador tem uma componente tecnológica, que avalia a disponibilidade, o preço e a utilização das TICE, e uma componente de desenvolvimento nas vertentes social, económica e ambiental.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030

Mundo Europa Norte da Europa***

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Como exemplo do nível de desenvolvimento das cidades do Norte da Europa na adesão às iniciativas Smart Cities, pode utilizar-se a ordenação definida pelo sítio www.smart-cities.eu, onde se encontram nos dez primeiros lugares oito cidades nórdicas.

Desta análise, constata-se que as cidades escandinavas, pelo menos as de maior dimensão, já se encontram num estado avançado de maturidade no que se refere a Smart Cities ou, no mínimo, estão reunidas as condições para que adiram facilmente a iniciativas nesta área.

Antes de se avançar com a análise, é importante encontrar uma definição ou um enquadramento do conceito de Smart City para balizar o estudo. Utilizando como referência o estudo “Mapping Smart Cities in the EU” do Parlamento Europeu, uma definição possível é a seguinte:

“Smart City é uma cidade que procura resolver os problemas públicos através de soluções suportadas em TIC com base em parcerias municipais que agregam as várias partes interessadas”15

Neste contexto propõem-se seis características básicas em que se devem suportar as Smart Cities:

Governação inteligente — significa juntar a governação intra e intercidade/município, incluindo os serviços e interações que as interligam e, quando relevante, as organizações comunitárias, públicas, privadas e civis de modo que a cidade possa funcionar eficiente e efetivamente como um organismo uno. O instrumento privilegiado para atingir estes objetivos são as TICE (infraestruturas, hardware e software). É fundamental que as parcerias público-privadas e todos os intervenientes colaborem na prossecução de objetivos comuns ao nível de cidade. Os objetivos incluem transparência e dados abertos usando as TICE e o governo eletrónico com tomada de decisão participativa e serviços eletrónicos disponíveis para todos os cidadãos;

Economia inteligente — está associada a negócio e comércio eletrónicos, à produtividade aumentada, produção industrial e inovação baseadas em TICE e, consequentemente, novos produtos, serviços e modelos de negócio. A economia inteligente também implica a interligação local e global com fluxos físicos e virtuais de mercadorias, serviços e conhecimento;

Mobilidade inteligente — pressupõe transportes e sistemas de logística com uma grande incorporação de TICE. Por exemplo, os sistemas de transporte sustentáveis, seguros e interligados podem abranger autocarros, comboios, carros, bicicletas e percursos pedestres. A mobilidade inteligente dá prioridade a meios suaves de locomoção. A informação relevante disponível em tempo real pode ser acedida pelo público para poupar tempo e melhorar a eficiência. Os utilizadores do sistema de mobilidade também podem fornecer os seus próprios dados em tempo real ou contribuir para o planeamento a longo prazo;

Ambiente inteligente — inclui a energia inteligente — energias renováveis, smart grids, medição — controlo e monitorização da poluição, renovação de edifícios, edifícios sustentáveis, planeamento urbano verde, bem como a eficiência na utilização, reutilização e substituição de recursos. Serviços urbanos como a iluminação das ruas, gestão de resíduos, os sistemas de esgotos e os recursos hídricos que são controlados para avaliar o sistema, reduzir a poluição e melhorar a qualidade da água são alguns bons exemplos;

Cidadão inteligente — promove pessoas com competências digitais, que trabalham em ambientes com forte implementação das TICE, tendo acesso a educação e formação, gestão de capacidades e de recursos humanos, numa sociedade inclusiva que melhora a criatividade e promove a inovação;

Vida inteligente — cria as condições para estilos de vida, comportamentos e consumos baseados em TICE. A vida inteligente também é a vida sã e segura em cidades culturalmente ativas com instalações culturais com boas condições de alojamento. Implica, igualmente, altos níveis de coesão social e capital social.

Os componentes associados a Smart Cities são, normalmente, agrupados em 3 classes de fatores:

Tecnológicos — infraestruturas físicas, tecnologias “inteligentes”, tecnologias móveis, virtualização, redes digitais;

Humanos — recursos humanos, capital social;

Institucionais — política de governação, regulamentos e diretivas.

15 Smart City is ‘a city seeking to address public issues via ICT-based solutions on the basis of a multi- stakeholder,

municipally based partnership’.

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Numa vertente tecnológica, identificam-se vários níveis de intervenção:

Interface física — inclui a ligação ao “mundo real” quer através dos sensores necessários à recolha de informação, quer dos equipamentos para permitem a atuação sobre elementos físicos;

Rede de comunicação — os dados recolhidos pelos sensores e as instruções de atuação circulam numa rede constituída por modems, gateways agregadores e infraestrutura de transmissão;

Agregação e processamento de dados — os dados recebidos são, numa primeira fase, agregados em bruto e posteriormente processados e associados de modo a serem úteis à camada aplicacional;

Aplicação — a este nível é feita a interface com o utilizador e geridas as regras de negócio.

Na prática, as fabricantes posicionam-se em mais do que um destes níveis de intervenção, conforme a sua estratégia de negócio. Os fornecedores de soluções verticais acabam por intervir em todos os níveis, à custa de desenvolvimento interno ou por integração de soluções de terceiros.

6.1.2 Análise de fatores de contexto geral

Neste estudo, foi recolhida informação sobre o mercado das Smart Cities no Norte da Europa que permitirá avaliar a sua importância no conjunto de fatores típicos de uma análise STEP

Aspetos sociais

Os países do Norte da Europa apresentam-se normalmente nos lugares de topo de todos os indicadores relacionados com aspetos sociais, sendo apontados como exemplo de que é possível juntar desenvolvimento económico à proteção social e à participação cívica. Neste sentido, as populações das cidades do Norte da Europa estão preparadas para usufruir das inovações associadas às Smart Cities quer do ponto de vista de utilização da tecnologia, quer do ponto de vista cívico.

Aspetos tecnológicos

As tecnologias que serão usadas nas Smart Cities já estão, na sua grande maioria, disponíveis, nos vários níveis de intervenção. Os sensores já existem em grande profusão — medição de indicadores atmosféricos, tráfego, energia, água. Também já existem soluções ao nível da rede, capazes de responderem aos desafios colocados, mas assiste-se, atualmente, a uma grande dinâmica no desenvolvimento de novos paradigmas que sejam mais eficientes para as aplicações da Internet of Things em que as Smart Cities se inserem. Nas camadas superiores em que se faz o processamento dos dados também já estão disponíveis as ferramentas, plataformas e técnicas para que seja retirado o máximo proveito desses mesmos dados.

Aspetos económicos

Como foi referido atrás, os países do Norte da Europa apresentam indicadores invejáveis nas várias perspetivas em que normalmente são analisadas as economias nacionais - sobre este aspeto, ver o ponto 5.1.2.

Aspetos políticos

Juntamente com uma grande estabilidade política, nestes países o estado tem uma intervenção significativa nas áreas assistenciais e na abertura da governação à sociedade civil, num ambiente propício à criação de oportunidades iguais para todos.

Aspetos ambientais

As questões ambientais fazem parte das preocupações que estão na génese de algumas iniciativas no contexto das Smart Cities. Questões como a gestão dos recursos hídricos, o controlo da poluição atmosférica ou a criação de sistemas energéticos mais eficientes são alguns dos temas mais referidos e tratados nas iniciativas Smart Cities. Assim, as questões ambientais serão uma preocupação permanente de quem opera neste contexto e requisitos sempre presentes.

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Aspetos éticos

O conjunto destes países representa o mais baixo nível percebido quanto a corrupção, como se pode observar na Tabela 19. Além disso, são países que recebem muitos emigrantes que conseguiram integrar com bom ambiente de acolhimento.

Indicador Alemanha Dinamarca Finlândia Noruega Suécia

Competitividade (Posição no Global Competitiveness Index 2013-14) – 148 países

4 15 3 11 6

Facilidade de Negócios (Posição no Ease of Doing Business Report 2014) – 189 países

21 5 12 9 14

Transparêcia (Posição no Corruption Perceptions Index 2013) – 177 países

12 1 3 5 3

Ambiente de Negócio (Posição no Business Environment Rankings 2014-2018, da EIU - Economist Intelligence Unit, entre 82 países)

12 10 9 11 6

Posição no Economic Freedom Index 2014 (178 países)

18 10 19 32 20

Posição no Enabling Trade Index 2014 (138 países) – entre parêntesis, a posição no sub indicador de acesso ao mercado – pilar 1 (acesso ao mercado doméstico).

18(46) 17(46) 5(46) 12(41) 9(46)

Tabela 19 – Indicadores de negócios no Norte da Europa.

Aspetos regulatórios e legais

Os países do Norte da Europa pertencem à União Europeia, com a exceção da Noruega, que, em muito casos, também acaba por adotar a legislação europeia. Como tal, estão sujeitos às diretivas da Comissão e Parlamento Europeus, sendo relevante para as Smart Cities toda a legislação em torno de questões tais como ambiente, privacidade e concursos públicos. Além disso, sendo as intervenções em espaço público, existe tipicamente legislação específica aplicável com origem nas autoridades regionais ou municipais.

6.1.3 Análise de fatores de contexto transacional

Estudados os fatores mais abrangentes de contexto geral, proceder-se-á agora à análise de todos aqueles fatores externos, ainda contextuais, mas referenciados pelos elementos transacionais (isto é de compra, venda ou troca) dos bens ou serviços relacionados com a interação entre a Inova-Ria e a as suas empresas e o submercado das Smart Cities no Norte da Europa.

O modelo de Porter (também chamado de avaliação do contexto competitivo) introduziu o conceito de “vantagem competitiva sustentável” e inclui um conjunto de fatores cuja análise reflete a intensidade competitiva do negócio. Este segmento de mercado será analisado de acordo com os fatores definidos para o modelo.

Considerando o modelo de referência para as Smart Cities da Figura 25, identificam-se no topo os objetivos e as políticas públicas que condicionam o desenvolvimento das cidades. As indústrias e os serviços que servem as cidades, subordinados a estes objetivos e políticas, asseguram o dia-a-dia das cidades e dos cidadãos. As TICE serão facilitadoras destes serviços, criando as infraestruturas físicas e de dados que irão suportar e facilitar a prestação dos serviços aos cidadãos.

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No caso concreto das empresas Inova-Ria, existem oportunidades em quase todas as áreas na camada de “infraestruturas e tecnologias” quer seja por desenvolvimento interno, quer por integração de soluções e produtos de terceiros.

Figura 25 – Modelo de referência Smart Cities

Sendo um processo em construção, a tendência genérica será o incremento das iniciativas Smart Cities nas várias frentes em que este movimento se desdobra.

Considerando as orientações do “Operational Implementation Plan: First Public Draft” elaborado pela European Innovation Partnership on Smart Cities and Communities, identificam-se algumas áreas prioritárias:

Mobilidade Urbana Sustentável — soluções com o objetivo de criar sistemas de mobilidade eficientes e integrados que permitam a sua monitoria e gestão através dos diferentes modos, conduzindo a um menor impacto ambiental e a: - melhor integração e gestão dos transportes coletivos que contribuam para uma

multimodalidade porta-a-porta integrada; - melhores sistemas urbanos de distribuição e logística.

Construções, privadas e públicas, mais amigas do ambiente — reduzindo a utilização da energia e, de um modo mais geral, o impacto ambiental, potenciando indústrias competitivas, com sistemas integrados de monitoria;

Infraestruturas integradas — integração das vários infraestruturas (energia, transportes, comunicações, gás, etc.), evitando a sua replicação. As opções passam por dar novas funcionalidades a infraestruturas já existentes, ter um cadastro de redes atualizado, aberto e acessível, facilitando a sua reutilização;

Foco no cidadão — trabalho colaborativo entre as indústrias, sociedade civil e diferentes níveis da administração pública e os cidadãos para atingir interesses comuns, considerando as TICE, a mobilidade e a energia num ambiente urbano. Apesar do que já foi feito nestas áreas, podem ser reforçadas soluções para permitir que os cidadãos resolvam os seus problemas e que colaborem, mais ativamente, na resolução dos problemas da comunidade;

Gestão e planeamento integrados — envolvendo a coordenação das várias áreas e recursos de planeamento para se atingirem os objetivos comuns. As TICE serão fundamentais na disponibilização e gestão da informação entre os vários atores responsáveis pela gestão e planeamento das cidades;

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Partilha do conhecimento — a partilha de conhecimento entre as cidades e entre setores e atores é vital para as inovações nas Smart Cities. Boas ferramentas e práticas serão cruciais;

Métricas e indicadores — embora já estejam disponíveis um grupo significativo de indicadores cobrindo as várias áreas de intervenção das Smart Cities, a comparação entre cidades não é tarefa fácil. A disponibilização de indicadores fiáveis e comparáveis entre si vai exigir esforço na recolha e processamento de dados com origens muito diferenciadas.

Dados abertos (open data) — a utilização de dados disponibilizados pelas mais variadas fontes e devidamente integrados e processados continuarão a permitir a criação de novos modelos de negócio.

Existe uma consciência generalizada de que a aplicação das TICE pode facilitar a vida dos cidadãos, os negócios das empresas e a gestão da administração pública se devidamente enquadrada e integrada.

Tipo e caracterização dos clientes

Um dos grandes clientes das soluções Smart Cities acaba por ser o Estado, a nível central, regional ou local. Em particular, as instâncias do Estado a nível local são decisivas para a implementação e concretização das iniciativas Smart Cities, funcionando, em inúmeros casos, como cliente prioritário. Existem, contudo, muito mais entidades interessadas em criar negócios sobre as oportunidades Smart Cities, muitos deles sob a forma de concessão das autarquias, como gestores de espaços públicos e de sistemas de informação baseados em dados disponibilizados pelos organismos públicos. De igual forma, todas as entidades, públicas e privadas, que têm a seu cargo a gestão de bens ou serviços básicos como água, transportes, energia ou saneamento são potenciais clientes de soluções Smart Cities.

Existência e caraterização de fornecedores locais

A oferta de soluções para as Smart Cities far-se-á sobretudo a nível global, estando, neste momento todos os grandes fornecedores da área das TICE, e não só, a posicionarem-se e a desenvolver produtos e soluções. Alguns destes grandes fornecedores têm sede, ou bases, no Norte da Europa (e.g. ABB e Siemens), pelo que esses estarão a trabalhar em “casa”. Além destes, existem um conjunto enorme de fornecedores, muitos deles start-ups, nestes países, com soluções inovadoras para Smart Cities.

Concorrência local e global

Os grandes fornecedores, normalmente associados às TI (IBM, HP, Capgemini, Oracle, ATOS, etc.) já estão no terreno, oferecendo soluções para responder aos desafios colocados pelas Smart Cities . Por outro lado, os fornecedores de grandes soluções de engenharia — energia, transporte ferroviários e marítimos ou petróleo — também já incluíram nos seus portefólios equipamentos e soluções dirigidos a esta problemática. Estão neste caso a ABB, Silver Spring, Siemens ou Honeywell. A juntarem-se a estes, há também os fornecedores de soluções para serviços básicos (energia, água, transporte) que também já têm produtos destinados a Smart Cities (ver ABB, AGT, etc.). Eis uma súmula dos principais fornecedores do setor:

ABB, Suíça — Atua sobretudo nas áreas de automação, energia e tração elétrica, tendo também soluções para comunicações.

AGT International, Suíça — Especialista em IoT, análise de dados, soluções de cloud e serviços. As suas plataformas e aplicações destinam-se sobretudo a otimização de operações, gestão urbana, tráfego, gestão hospitalar, etc.

ATOS, França — Desenvolve produtos e presta serviços em muitas áreas de atividade tais como segurança civil, multimédia, redes e comunicações, gestão de pagamentos, operações de telecomunicações, gestão de mobilidade, administração pública, etc.

Autodesk, EUA — Especializada em sistemas CAD com aplicações nas mais variadas indústrias, disponibiliza soluções para Smart Cities nas áreas de planeamento, projeto, construção e gestão.

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Capgemini, França — Como fornecedor global de soluções de TI, tem soluções com aplicação nas Smart Cities tais como governo eletrónico, planeamento e gestão de infraestruturas e recursos, gestão da mobilidade ou Big Data.

Cisco, EUA — Além de equipamentos de conetividade, a Cisco oferece soluções integradas para áreas como segurança, estacionamento, comunicação ou gestão de tráfego.

Ericsson, Suécia — Fornece soluções completas de telecomunicações desde as infraestruturas até às plataformas de gestão e de serviços.

Esri, EUA — É uma empresa americana especializada em soluções de informação geográfica, sendo líder mundial em muitas aplicações desta área.

Firetide (UNICOM), EUA — Especialista em soluções de comunicações sem fios, nomeadamente para ambiente e contextos de alta criticidade.

General Electric, EUA — Multinacional com interesse em áreas como energia, água, petróleo e gás, gestão de energia, aviação, saúde e transportes.

Hitachi, Japão — Multinacional com atividade em várias áreas tecnológicas TIC: sistemas de energia, transportes, equipamentos industriais, Smart Cities, maquinaria para construção civil, sistemas automóveis e eletrónica de consumo.

Honeywell, EUA — Multinacional tecnológica com interesses e produtos em eletrónica de consumo, aeroespacial e defesa, segurança, construção e edifícios, processos industriais, eficiência energética, petróleo e gás, transportes e saúde;

Huawei, China — Empresa especializada em sistemas e soluções de comunicações com aplicação em atividades como segurança, governo eletrónico, transportes, sistemas de energia, comunicação social e entretenimento, petróleo e gás, saúde e produção industrial;

IBM, EUA — Multinacional de TI com soluções e serviços em praticamente todas as áreas da economia.

Itron, EUA — Empresa tecnológica com produtos e soluções para a gestão eficiente de energia e água, através de sistemas de medição e de otimização.

Libellium, Espanha — Fabricante de sensores e equipamentos de comunicações com aplicações em várias áreas da atividade económica, com ênfase nas IoT e Smart Cities.

Living PlanIT, Suiça — Empresa com produtos de middleware baseado em soluções cloud para recolha e processamento de informação de sensores e controlo de atuadores, com aplicações em áreas das Smart Cities.

Microsoft, EUA — Tem em desenvolvimento soluções em áreas como a eficiência na gestão dos recursos urbanos, segurança, saúde ou educação.

Oracle, EUA — À volta dos seus motores de bases de dados, oferece soluções dirigidas às Smart Cities e governo eletrónico;

OSIsoft, EUA— Fornece plataformas para análise de dados e big data.

SAP, Alemanha — Líder mundial de ERP, também oferece aplicações dirigidas às Smart Cities nomeadamente através de análise de dados, Big Data e gestão urbana;

Schneider Electric, França — Produtos na área da energia elétrica, desde as infraestruturas até sistemas de gestão de instalações elétricas, infraestruturas de data centres, iluminação, sistemas e controladores industriais, sensores e motores.

Siemens, Alemanha — Empresa tecnológica com produtos nas mais variadas áreas, como: automação, eletrodomésticos, energia, tração elétrica ou saúde. Produtos com aplicação em atividades económicas como: automóveis, química, data centres, vidro e solar, administração pública, petróleo e gás, minas e metais, equipamentos e automação industrial, gestão da água e Smart Cities.

Silver Spring, EUA — Produtos e soluções nas áreas de gestão da rede de energia, telemetria e redes de comunicações.

Toshiba, Japão — Produtos de eletrónica de consumo, computação pessoal, telecomunicações, equipamentos para diagnóstico médico, imagem e vídeo.

Urbiotica, Espanha — Produtos e soluções de sensores, comunicações sem fios e plataforma de gestão com aplicações em mobilidade urbana, gestão de tráfego e estacionamento, e medição de som;

Worldsensing, Espanha — Fornecimento de produtos e soluções de deteção, medição e de comunicação com aplicação em áreas como gestão de trânsito e estacionamento, geotecnia, instalações industriais, petróleo e gás.

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Potencial para novos entrantes

Existe um potencial enorme para os novos entrantes, pelo menos na fase inicial em que, ainda, se estão a demonstrar, através de pilotos e provas de conceito, os produtos e soluções que realmente terão aceitação pelo mercado e sobre as quais será possível construir modelos de negócios viáveis, sob o ponto de vista económico.

6.1.4 Análise dos fatores internos

Enquanto na análise contextual foram analisados os submercados numa perspetiva externa, o estudo partirá agora para o exterior, usando uma técnica modelo SWOT, tentando chegar aos fatores benéficos e prejudiciais, característicos do cluster Inova-Ria e que podem interagir com tudo o que externamente já foi caracterizado para o mercado das Smart Cities no Norte da Europa.

A aplicação do modelo SWOT não será feita por empresa, mas sim genericamente ao cluster Inova-Ria no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro como análise detalhada por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, serão avaliados sobretudo os fatores externos da análise SWOT, assumindo-se que os fatores internos não variarão de submercado para submercado, ou seja:

as oportunidades, como fator benéfico, e

as ameaças, como fator prejudicial,

… vistas no contexto da internacionalização, setor das TICE, para o submercado das Smart Cities no Norte da Europa.

Oportunidades

As oportunidades para as empresas da Inova-Ria são grandes, na medida em que existe lugar para o aparecimento de novos produtos e soluções que cubram áreas específicas no espaço criado pelas Smart Cities, nomeadamente:

Gestão da mobilidade;

Gestão da energia;

Processamento e disponibilização de dados;

Sistemas de sensores.

Ameaças

As ameaças que se vislumbram estão relacionadas com o estado de maturidade do mercado das Smart Cities e de não se conhecerem com clareza os modelos de negócio que vingarão no futuro.

Por outro lado, a concorrência é feroz nesta área, sobretudo por empresas start-ups que surgem todos os dias a tentarem atacar alguns dos nichos de mercado.

6.1.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para as Smart Cities

Nos pontos seguintes serão abordadas as ideias básicas para internacionalizar as empresas da Inova-Ria no setor das Smart Cities na região do Norte da Europa, incluindo Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. Ao incluir a internacionalização nas suas decisões estratégicas, as empresas terão de encetar as ações necessárias para, de uma forma coerente, abordarem todas as fases, desde a definição da oferta, até aos parceiros com que farão a aproximação aos novos mercados. O plano de internacionalização delineado neste documento corresponde o início de um processo complexo, que passará pelo planeamento das etapas para entrada no mercado e, por último, pela consolidação da atividade internacional, com a implementação do projeto de internacionalização.

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Perspetivas específicas do Mercado

Complementando a análise de Porter feita anteriormente, os mercados geográficos incluídos nesta análise do segmento de mercado dedicado às Smart Cities colocam alguns desafios em função das suas especificidades.

Até agora, a visão para tornar “Smart” correspondia em muitos casos a sistemas complexos que só estavam ao alcance das grandes empresas, limitando de algum modo a entrada de PME’s nos negócios de gestão urbana. A mudança de paradigma no sentido da criação de ecossistemas de informação nas Smart Cities com interfaces abertas permite o aparecimento de pequenas ou médias empresas com soluções focadas em problemas concretos que se interligam16.

As PME’s podem aproveitar esta envolvente, com várias estratégias:

Venda direta aos utilizadores — Os habitantes de uma cidade poderão adquirir produtos ou subscrever serviços diretamente se sentirem que podem obter benefícios, principalmente em áreas como sustentabilidade ou mobilidade;

Desenvolvimento sobre open data — A disponibilização de dados em acesso livre permite o desenvolvimento de aplicações com interesse direto para cidadãos e autarquias;

Políticas “normalizadas” — O facto de muitas autarquias tenderem a usar as mesmas normas e as mesmas políticas na disponibilização de informação e contratação de serviços cria oportunidades para as PME’s que terão, assim, um mercado mais vasto para os seus produtos;

Utilizar as plataformas de compras públicas — Os responsáveis pela gestão urbana cada vez mais utilizam plataformas centralizadas para efetuar as compras abrindo o leque de oportunidades para as PME’s.

Partindo da informação disponível no “Market Place of the European Innovation Partnership on Smart Cities and Communities”17, é possível identificar cidades registadas que estão envolvidas de algum modo em projetos ou iniciativas de Smart Cities. A Tabela 20 indica o número de cidades registadas por país, dando uma primeira indicação das entidades que já estão envolvidas em iniciativas deste tipo. A título de nota, importa referir que as informações obtidas em várias fontes sobre o estado de desenvolvimento das cidades, no que diz respeito a Smart Cities, não são completamente coerentes, nomeadamente, na classificação do seu estado de implementação das soluções.

País Cidades registadas

Alemanha 73

Dinamarca 24

Finlândia 10

Noruega 9

Suécia 48

Total 164

Tabela 20 – Número de cidades registadas.

Segundo o estudo “Mapping Smart Cities in the EU”18 entre os países com maior percentagem de Smart Cities, encontram-se a Noruega, a Suécia e a Dinamarca. O mesmo estudo refere igualmente, que a maior parte das iniciativas ainda não se encontravam consolidadas. Em 2011, 51% das cidades com mais de 100 mil habitantes já cumpriam pelo menos um dos critérios definidos para a classificação como “Smart”19.

16 Fonte: GIGAOM: Smart cities: Opportunities for startups 17 Link: https://eu-smartcities.eu/smartcities-profiles 18 Relatório elaborado por RAND, por solicitação da Comissão de Indústria, Investigação e Indústria do

Parlamento Europeu 19 Segundo as Nações Unidas (http://data.un.org/Data.aspx?d=POP&f=tableCode:240), existem 116 cidades com

mais de 100 mill habitantes nos países em estudo:

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Das seis características de uma Smart City — ambiente, governo, economia, mobilidade, pessoas e estilo de vida — o ambiente e a mobilidade são as que estão mais presentes nas iniciativas e projetos20. Em oposição, as caraterísticas governo e economia são as que são menos tratadas nas várias iniciativas.

O número de características tratadas nas iniciativas ativas está relacionado com o tamanho da cidade. Quanto maior a população, maior o número de características tratadas

Do mesmo estudo, ressalta que quase todas as cidades dos países nórdicos podem ser caracterizadas como Smart Cities. Estes países, contudo, têm tido aproximações diferentes a este tema, nomeadamente quanto à intervenção dos governos centrais. Em seguida, e sem se pretender constituir uma lista exaustiva, apresentam-se alguns exemplos de iniciativas ou pontos de contacto nos diversos países.

Alemanha

Devido à sua estrutura em federação, o governo nacional alemão não define uma política central para as Smart Cities, passando essa responsabilidade para as entidades do estado a nível regional e local21.

Sendo a Alemanha muito urbanizada e com muitas cidades de pequena dimensão (menores que 100 mil habitantes) o desenvolvimento das cidades colocará desafios significativos aos responsáveis pela sua gestão.

A plataforma “Morgenstadt: City Insights” resultou de uma aliança entre três ministérios, parceiros da indústria, de cidades da vanguarda da sustentabilidade urbana e dos institutos Fraunhofer. Esta plataforma opera em várias áreas relevantes para as empresas Inova-Ria, nomeadamente:

Energia — a cidade do futuro não deverá depender da energia fóssil, apostando em fontes de energias renováveis e em sistemas inteligentes de gestão da rede de distribuição;

Produção e logística — espera-se que o transporte e a logística associada a uma cidade ocorram de uma forma fluída, com o suporte das TIC, com uma estrutura de suporte ao comércio, serviços e produção dentro das cidades;

Mobilidade — as várias formas de transportes urbanos deverão garantir um nível elevado de qualidade de vida e ao mesmo tempo ter um impacto nulo no meio ambiente;

Informação e comunicação — As TIC garantem já hoje a comunicação entre muitos dos agentes e sistemas que controlam e dão vida a uma cidade: equipamentos, edifícios, veículos e pessoas;

Processos e organização das cidades — As pessoas terão muitas oportunidades para uma participação mais ativa nas decisões relevantes para as suas cidades, através de processos mais flexíveis e participação na governação;

Segurança — novas tecnologias e materiais associadas a ferramentas mais poderosas de planeamento assegurarão a segurança dos futuros sistemas urbanos.

Os projetos Smart Cities estão a decorrer por toda a Alemanha, organizados em iniciativas tais como:

EnEff Stadt: Research for Energy Efficiency22 — lançado pelo Ministério da Economia Federal, promove a pesquisa na eficiência, nomeadamente, para aquecimento e arrefecimento das habitações;

100% Erneuerbare-Energie-Regionen23 — identifica e apoia municípios e regiões que têm como objetivo o fornecimento energético sempre oriundo de fontes renováveis.

20 Os aspetos ambientais e energéticos são referido com três dos indicadores que constam dos objetivos da UE

para 2020 (http://ec.europa.eu/europe2020/targets/eu-targets/index_en.htm). 21 Six-Nations Smart Cities Forum 22 http://www.eneff-stadt.info/en 23 http://www.100-ee.de

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Dinamarca

Segundo o Ministério de Negócios Estrangeiros24, a Dinamarca oferece as melhores perspetivas para quem procura desenvolver, testar, demonstrar e implementar soluções para Smart Cities por três tipos de razões25:

Existem grandes expectativas em torno do crescimento deste mercado num futuro próximo;

As autarquias dinamarquesas procurarão propostas internacionais para levar mais longe as soluções de Smart Cities;

Estas cidades estarão à procura de soluções que se suportem em TICE para resolver os seus problemas e atingir os seus objetivos de desenvolvimento.

Atualmente, e segundo dados do CEDI, 50% dos municípios dinamarqueses estão envolvidos em iniciativas de Smart Cities e 80% destes municípios esperam aumentar a as suas iniciativas nos próximos dois anos. Neste contexto, surgirão muitas oportunidades para que investidores estrangeiros estabeleçam parceiras com as autarquias e regiões dinamarquesas no âmbito das Smart Cities.

Vários centros de investigação e universidades estão envolvidos em projetos para Smart Cities, como, por exemplo:

DTU-CITIES26;

AarhusUniversity-SmartCities27:

DanishOutdoorLightingLab (DOLL)28.

Pelo lado das autarquias, é possível encontrar exemplos de sucesso na construção das Smart Cities:

Copenhaga — A cidade pretende tornar-se a primeira capital neutra em carbono em 2025. Para isso, deverá implementar novas soluções para gestão da água, aquecimento, transportes e lixo e encontrar fontes alternativas de energia;

Aarhus — Tem como objetivo caminhar para a digitalização da cidade em estreita colaboração com os cidadãos, a academia, as empresas privadas e as autoridades públicas.

Finlândia

A Finlândia tem apostado na criação de cidades sustentáveis ambiental, social e economicamente. O Forum Virium Helsinki29 coordena iniciativas em torno das cidades entre as quais a “Estratégias das seis cidades”. A “Estratégia das seis cidades – serviços abertos e inteligentes”30 é um projeto com vista ao desenvolvimento urbano sustentável agregando as seis maiores cidades da Finlândia: Helsínquia, Espoo, Vantaa, Tampere, Turku e Oulu, com o objetivo de criar conhecimento, negócios e empregos, alinhada com o programa dos fundo estruturais da Finlândia para o crescimento sustentável e emprego (2014–2020).

Noruega

O governo norueguês definiu uma agenda digital assente em quatro pilares31:

Noruega online — promoção do acesso online e cobertura de banda larga para toda a população.

Revolução digital — aposta e suporte à criação de valor e reorganização digital através de enquadramento favorável a área críticas para o seu desenvolvimento.

Base para o crescimento — os elementos chave que podem assegurar uma política de longo prazo e criação de valor;

Implementação — responsabilidades e acompanhamento.

24 Link: http://www.investindk.com 25 Link: http://www.investindk.com/~/media/Files/Sheets/ICT/Smart%20City.ashx 26 Link: http://smart-cities-centre.org 27 Link: http://smartcities.au.dk 28 Link: http://www.lightinglab.dk/uk/ 29 Link: http://www.forumvirium.fi/en 30 Link: http://6aika.fi/in-english/ 31 Link: https://www.regjeringen.no/en/dokumenter/meld.-st.-23-2012-2013/id718084

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Na parte referente à revolução digital identificam-se as áreas relevantes onde as TIC poderão contribuir de um modo decisivo para a sua concretização e onde se incluem áreas relevantes para as Smart Cities:

Digitalização dos processos de negócio e comerciais, incluindo pagamentos;

Abertura e reutilização da informação do setor público;

Serviços de saúde e cuidados aos cidadãos com intervenção das autarquias;

Redução do impacto ambiental da atividade humana;

Desmaterialização dos processos e digitalização do setor dos serviços e processos no setor público;

Smart ICT — Smart Grids, Smart Buildings e Intelligent transport systems.

Estão particularmente presentes na Noruega, e também nos outros países nórdicos, as referências a iniciativas no que concerne à sustentabilidade energética de que se apresentam dois exemplos:

ENOVA — empresa pública, detida pelo ministério do Petróleo e Energia, criada em 2001 para promover a mudança para um consumo de energia mais sustentável ambientalmente. Apoia projetos e medidas que conduzam a uma redução ou conversão e maior utilização de energias renováveis;

Smart Cities @ NTNU — grupo de estudos e investigação da Universidade de Trondheim que aposta em tecnologias — materiais, urbanismo e informação — para cidades mais eficientes energeticamente, resilientes e saudáveis.

Suécia

Kista Science City constitui uma referência a nível das atividades TICE ao congregar numa mesma área mais de mil empresas que seguiram os passos da IBM e Ericsson e que se instalaram ainda nos anos 1970 naquele local.32 O Sjeste eGov lab (www.egovlab.eu), associado à Universidade de Estocolmo, assume um papel importante como promotor de projetos e iniciativas na área do governo eletrónico e das suas implicações a nível municipal.

A administração da Suécia está organizada em 290 autoridades locais com os mesmos poderes independentemente do tamanho, enquanto os ministérios são relativamente “magros”33. Estas autoridades locais estão focadas presentemente na conversão, ou aprofundamento, no sentido de aumentar a presença do conceito Smart City nos seus territórios e nas suas populações.

Embora existam movimentos e iniciativas para a transformação em cidades e comunidades sustentáveis, as TIC não têm estado sempre nas agendas públicas. Não existindo uma equipa a nível central dedicada às Smart Cities, a responsabilidade destes temas têm estado entre o Ministério dos Assuntos Sociais (infraestruturas urbanas) e as TIC com o ministério das Empresas, Energia e Comunicações.

O governo sueco lançou “A Digital Agenda for Sweden”34, que define os grandes objetivos para o país para a implementação das redes de comunicações e a adoção dos serviços proporcionados pelas TIC por parte da população em geral. Entre estes objetivos, encontra-se o da digitalização completa da informação geográfica. O documento ressalta igualmente a sustentabilidade e a responsabilidade ambientais como área onde as TIC podem dar um contributo relevante.

6.1.5.1.1 Aspetos regulatórios específicos

No processo de criação das Smart Cities é necessário melhorar a regulamentação aplicada em algumas áreas, para ser possível retirar todo o potencial das iniciativas que estão a decorrer. A responsabilidade de definição de políticas e a elaboração da regulamentação está repartida entre as instâncias comunitárias, os governos dos estados membros e os dirigentes regionais e autárquicos. Neste quadro, qualquer alteração obriga a processos, por vezes, longos de coordenação e concertação. Esta

32 Link: http://www.vinnova.se/en 33 Fonte: Six-Nations Smart Cities Forum 34 Link: http://www.government.se/content/1/c6/18/19/14/70f489cb.pdf

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envolvente pode levar a que alguns investimentos sejam retardados devido às incertezas regulatórias que ainda subsistem35.

Os desafios regulatórios entroncam em questões como a gestão da informação privada quer a disponibilizada pelos serviços através de iniciativas Open Data, quer pela informação recolhida pelos sensores para ser processada centralmente. Ao se interligarem sistemas (por exemplo: gestão de energia e controlo de tráfego) a complexidade aumenta e podem surgir vulnerabilidades de segurança e privacidade que não se colocavam em qualquer dos sistemas isoladamente.

A regulamentação ambiental é crítica para as Smart Cities, em áreas como a poluição das cidades, gestão das águas e efluentes ou resíduos urbanos. Sendo os transportes um dos principais focos das intervenções no âmbito das Smart Cities, todas as questões relacionadas com a segurança rodoviária passam a ser relevantes. Ainda outra área relevante são as telecomunicações e a legislação associada que deverá ser revista em breve tendo em conta o objetivo da União Europeia em criar um mercado único para as comunicações eletrónicas.

Além de toda a legislação e regulamentação aplicável a cada um dos setores em que se desdobram as Smart Cities, os governos precisam de criar quadros regulatórios abrangentes para ultrapassarem alguns dos problemas que são apontados como limitadores de uma maior escala na sua implementação36.

Produtos e serviços a internacionalizar

Existem empresas da Inova-Ria com produtos no setor das Smart Cities que já iniciaram o seu percurso de internacionalização quer diretamente, quer através de parcerias internacionais. Este deverá ser o caminho a seguir pelas empresas que pretenderem apostar em produtos e serviços para as Smart Cities que terão obrigatoriamente de se internacionalizar para recuperar os investimentos no desenvolvimento. Entre abordagens mais diretas ou indiretas, através de parceiros, a decisão terá de ser tomada produto a produto e mercado a mercado. Não sendo um mercado maduro, as Smart Cities oferecem oportunidades interessantes a novos entrantes.

Há bastantes empresas da Inova-Ria com experiência em projetos em cooperação nacional e internacional, que serão fundamentais para a consolidação das competências necessárias para o desenvolvimento de produtos e soluções para as Smart Cities onde se colocam desafios novos a nível das tecnologias, do modo de as utilizar no dia-a-dia das cidades e dos modelos de negócio subjacentes.

Os quadros comunitários, H2020, e as iniciativas nacionais, Portugal 2020, de apoio à investigação aplicada, desenvolvimento e inovação serão determinantes para as empresas que, de acordo com as suas estratégias próprias, pretendam encontrar ajudas para ultrapassar algumas barreiras à entrada.

Conforme referido na Figura 25, os produtos a internacionalizar podem cobrir uma ou várias das seguintes vertentes tecnológicas:

Sistema de sensores — isolados ou interligados em rede para aplicações específicas, por exemplo: trânsito, energia, saúde ou poluição;

Plataformas de comunicação — equipamentos e sistemas que garantam a recolha da informação e a sua agregação até um ponto central de processamento;

Plataforma de serviços — estrutura de serviços instanciada em plataformas aplicacionais ou sistemas autónomos para corresponder a necessidades concretas: gestão de tráfego, meio-ambiente, consumo energético, gestão autárquica, participação cívica dos cidadãos, educação, cuidados de saúde, etc.;

Processamento e disponibilização de informação — a partir de dados disponibilizadas pelas entidades públicas e privadas, aplicações que agreguem, processem e entreguem, ao utilizador final ou a plataformas de serviços, informação devidamente organizada e ligada.

Neste momento, as empresas Inova-Ria já têm soluções em algumas destas áreas que podem/devem ser potenciadas através da internacionalização. Contudo, é necessário alargar a oferta através de

35 Fonte: Market Place of the European Innovation Partnership on Smart Cities and Communities (eu-

smartcities.eu) 36 Fonte: Osborne Clarke: Smart cities in Europe – Enabling innovation.

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identificação e desenvolvimento de produtos e serviços alinhados com a estratégia de negócio de cada empresa.

Potenciais parceiros e facilitadores locais

As parcerias a criar devem permitir colmatar limitações das empresas Inova-Ria sob os seguintes aspetos:

Acesso ao mercado — neste domínio, as associações empresariais portuguesas e as dos países alvo podem ser úteis ao facilitar o contacto com os potenciais clientes;

Escala de negócio — em alguns casos, o desafio está acima das capacidades operacionais das empresas portuguesas pela sua dimensão ou complexidade, nomeadamente, devido ao suporte local que é necessário garantir. Nesta situação, é fundamental a colaboração com empresas que estejam implantadas no mercado e que possam suprir as necessidades operacionais;

Maturidade tecnológica — quando os produtos ainda estão numa fase embrionária, a ligação a empresas que já atuam nos setores pode contribuir para acelerar o seu processo de amadurecimento, por exemplo, em casos em que o produto em causa irá acrescentar funcionalidades a soluções que já estão no mercado.

Estão a decorrer atualmente muitos projetos financiados pela UE que tratam o tema das Smart Cities em vários estádios de maturidade tecnológica: desde projeto de investigação a pilotos pré-comerciais. O acompanhamento e a participação nestes projetos é um excelente veículo de internacionalização, pelas redes de contactos que se criam e pela atualização tecnológica que proporcionam. Indicam-se de seguida alguns exemplos de projetos com participação dos países nórdicos, sem se pretender cobrir o tema de uma forma exaustiva:

Triangulum37 — um dos três projetos farol do H2020 para as Smart Cities com demonstração e disseminação de resultados de tecnologias e soluções em três cidades: Manchester, Eindhoven e Stavanger e posteriormente transferidos para Leipzig, Praga e Sabadell;

Growsmarter38 — um dos três projetos farol do H2020 para as Smart Cities que pretende estimular a utilização de soluções “smart” através de três cidades farol: Estocolmo, Colónia e Barcelona;

ALMANAC39 — tem como objetivo o desenvolvimento de uma plataforma que integre redes IoT com redes de acesso para a criação de sistemas de informação integrados para aplicações dirigidas à sustentabilidade das Smart Cities;

READY4SmartCities40 — pretende aumentar a interoperabilidade para a adoção de tecnologias semânticas em sistemas de energia para obter a redução do consumo e das emissões;

RERUM41 — desenvolvimento, avaliação e demonstração de um modelo de referência para redes seguras e fiáveis de objetos “smart” que suportem as aplicações Smart Cities;

The RADICAL42 — plataforma integrada baseada em redes sociais e infraestruturas de Smart Cities, incluindo sensores e infraestruturas IoT, avaliando a interoperabilidade entre diferentes cidades e soluções tecnológicas;

CityPulse43 — aproximação inovadora a aplicações smart city adotando um aproximação integrada à Internet das Coisas e à Internet das Pessoas. Facilitará a criação de aplicações em tempo real e fiáveis.

COPCAMS44 — alavanca os avanços mais recentes em plataformas de computação embutida para o desenvolvimento em larga escala de sistemas integrados de visão que permitirão aplicações de alto nível a partir da extração de informação semântica das imagens recolhidas.

37 Link: http://www.iao.fraunhofer.de/lang-en/business-areas/mobility-and-urban-systems-engineering/1112-eu-

sponsors-sustainable-city-concepts.html 38 Link: http://www.grow-smarter.eu/home/ 39 Link: http://www.almanac-project.eu/news.php 40 Link: http://www.ready4smartcities.eu 41 Link: https://ict-rerum.eu/consortium/ 42 Link: http://www.radical-project.eu 43 Link: http://www.ict-citypulse.eu 44 Link: http://www.copcams.eu

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e-balance45 — tem como objetivo integrar os clientes de energia nas futuras smart grids de modo a estudar os futuros problemas ambientais com técnicas holísticas baseadas em TIC, novos modelos de negócio e o comportamento dos consumidores em condições reais;

DEWI46 — foca-se no desenvolvimento de redes de sensores sem fios, comunicações e aplicações. Serão testadas soluções para interoperabilidade e conectividade sem fios em smart cities;

SPARKS47 — assegurar a cibersegurança e a resiliência das smart grids é de importância vital tendo em conta a dependência das TIC das futuras redes de distribuição de energia.

OrPHEuS 48 — soluções para a otimização da interação entre múltiplas redes de distribuição de energia que estão ligadas por pontos de acoplamento. Serão testadas nas cidades de Ulm e Skellefteå.

Estratégia de promoção e venda no exterior

Um dos mecanismos mais utilizados para o encontro de parceiros e conhecimento de pessoas, mas também para adquirir conhecimentos sobre os produtos e serviços disponíveis nos mercados e posteriormente para a apresentação dos nossos próprios produtos, passa pela presença assídua em eventos internacionais representativos do setor.

6.1.5.4.1 Congressos, Feiras e Exposições

Apresentam-se no Anexo 2 alguns eventos relacionados de algum modo com a temática das Smart Cities durante o ano de 2015, tendo a maior parte deles uma periodicidade anual.

6.1.5.4.2 Ações de Promoção e Comunicação

As ações de promoção e comunicação são mais importantes depois do processo de internacionalização iniciado no sentido de reforçar a presença nos mercados recém-conquistados, afirmando a continuidade da aposta da presença. Os eventos podem ser os mesmos do ponto anterior mas a postura da presença passa por outras formas:

apresentação de produtos e serviços;

comunicação de conhecimentos tecnológicos e inovações;

apresentação de peritos; e

participação na regulação do setor com propostas e contribuições.

Deverá ser elaborado um Plano Anual, incluindo as presenças possíveis e os desafios a colocar internamente, para que elas se concretizem.

A participação em consórcios internacionais de investigação ou discussão sobre os grandes desafios do mercado é também pertinente.

No contexto da estratégia de internacionalização descrita, as ações de prospeção, estabelecimento de interligações e angariação de conhecimento tecnológico apresentam-se como críticos para o sucesso da estratégia. Neste ponto, sem caráter exaustivo, apresentam-se algumas soluções e ideias para a sua implementação.

6.1.5.4.3 Prospeção de concursos

A contínua procura por oportunidades é uma necessidade e uma das vias passa pelo conhecimento atempado dos desafios ao mercado colocados publicamente pelos potenciais clientes. O site www.globaltenders.com/tenders-portugal.htm , que se assume como a maior base de dados de concursos públicos do mundo, é assim uma possível via para manter esse conhecimento e explorar o tipo de oportunidades que por esse mundo fora se apresentam quer sejam lançadas por instituições públicas ou privadas.

45 Link: http://www.e-balance-project.eu 46 Link: http://www.dewi-project.eu 47 Link: https://project-sparks.eu 48 Link: http://www.orpheus-project.eu

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Riscos de Internacionalização

Os riscos da internacionalização estão associados sobretudo à não concretização de negócios que compensem os investimentos em desenvolvimento e prospeção:

Produto desajustado à realidade do mercado — a apresentação em feiras e exposições ou a participação em projeto de cooperação internacional com instituições do mercado alvo permitem conhecer melhor o mercado e as necessidades concretas;

Não cumprimento de requisitos regulamentares, normativos ou legais — o cumprimento, e respetiva certificação quando relevante, das normas aplicáveis é fundamental em mercados tão exigentes como os do Norte da Europa, por exemplo: normas de gestão da qualidade, gestão de gestão ambiental ou responsabilidade social. Em casos específicos, poderão ser impostas certificações de competência tecnológica;

Excessiva concorrência local ou global — para responder a esta ameaça, é vital a especialização numa área tecnológica ou numa área de negócio onde a concorrência não seja tão forte.

Os riscos contratuais não são críticos nestes mercados, pois como se refere na parte dos mercados geográficos, eles apresentam os melhores indicadores a nível transparência e facilidade de realização de negócios.

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6.2 Segmento de mercado: Outsourcing de TICE nos mercados dos EUA e Norte da Europa

Este mercado setorial, em particular, foi estudado em duas geografias: o mercado dos EUA e do Norte da Europa. Apesar disso, existe um tronco comum na descrição que se desdobra nas duas geografias sempre que necessário.

6.2.1 Contexto do mercado de Outsourcing

As atividades de outsourcing são, normalmente, classificadas em duas grandes áreas, em função do tipo de incorporação tecnológica:

BPO (Business Process Outsourcing) — engloba as atividades associadas mais diretamente ao negócio do cliente, tais como: - Call center e apoio a clientes; - Engenharia e projeto; - Gestão de instalações; - Finanças e contabilidade; - Serviços de recursos humanos; - Processos de conhecimento; - Serviços jurídicos; - Logística; - Marketing e comunicação; - Compras e aprovisionamento; - Processamento de salários; - Produção e desenvolvimento; - Vendas;

ITO (Information Technology Outsourcing) — implica competências em tecnologias de informação e pode ser prestado local ou remotamente, incluindo: - Desenvolvimento de aplicações; - Gestão de aplicações; - Gestão de estações de trabalho; - Serviços de infraestruturas e centro de dados; - Assistência técnica em TI; - Testes; - Outros serviços IT.

Tendo em conta as características da maior parte das empresas da Inova-Ria, foram considerados como relevantes no âmbito deste estudo apenas os serviços ITO.

Aspetos gerais do mercado de outsourcing ITO com foco nos EUA

Tendo em conta as etapas do processo de desenvolvimento de aplicações, o outsourcing pode recair sobre uma ou várias das suas fases e etapas (ver Figura 26):

Estratégia — o cliente contrata o prestador de serviços para definir juntamente com as equipas internas a melhor estratégia e arquitetura para os seus sistemas de informação: sistemas a instalar, utilização de soluções off-the-shelf ou personalizadas, tipos de fornecedores, etc.;

Construção — o fornecedor é responsável por algumas ou todas as etapas em que se subdivide esta fase: - Análise e conceção — no limite a contratação pode incluir todo o processo associado ao

desenvolvimento de sistemas, incluindo as etapas de análise de requisitos e de conceção e arquitetura;

- Desenvolvimento — o desenvolvimento pode incorporar várias das plataformas disponíveis atualmente: www, Apps, soluções corporativas, etc.

- Testes e validação — os testes poderão ser separados do desenvolvimento e contratados a fornecedores diferentes;

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Operação — pode incidir sobre diversas vertentes: - Gestão de aplicações — Configuração e manutenção de aplicações; - Gestão da infraestrutura — Operação e manutenção de sistemas de TI - Serviços cloud — alojamento de dados e aplicações; - Assistência técnica aos utilizadores.

Figura 26 – Cadeia de valor do mercado outsourcing ITO

A localização relativa do cliente e do fornecedor de outsourcing condiciona o modo como o negócio se desenvolve49:

Onshore — o prestador de serviços e o cliente estão sediados no mesmo país;

Nearshore — o cliente e o prestador estão em países próximos geográfica e, em muitos casos, culturalmente;

Offshore — o prestador está instalado num país distante do país do cliente.

Os gestores das empresas cliente sentem-se mais confiantes com as opções onshore e nearshore, relativamente à opção offshore, devido à proximidade geográfica, a que está normalmente associada uma maior afinidade cultural50. No caso dos EUA, este ponto pode penalizar as empresas da Inova-Ria.

As organizações recorrem aos serviços de outsourcing por uma variedade de razões:

Redução de custos;

Foco no core do negócio;

Acesso a recursos;

Melhoria da qualidade de serviço;

Transformação do negócio;

Maior flexibilidade financeira;

Maior transparência nos custos.

De entre todas estas justificações, a redução de custos é, segundo vários estudos, a mais frequentemente invocada para justificar a opção pela aquisição de serviços em outsourcing. A primeira intenção é, pois, cortar os custos, acelerar a chegada ao mercado dos seus produtos ou iniciar novos projetos com base em custos baixos de mão-de-obra. Os contratos baseados em mão-de-obra barata têm, muitas vezes, uma perspetiva de curto prazo, mas com o tempo as organizações vão criando laços

49 Fonte: Inovaria: Micro Outsourcing — Oportunidades e Orientações Estratégicas para PME TICE. 50 Fonte: Black Book of Outsourcing.

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mais fortes com os fornecedores e passam a privilegiar outros critérios associados à qualidade dos serviços prestados.

Segundo alguns especialistas da área de outsourcing em IT51, 2015 poderá trazer melhores resultados ao negócio do outsourcing. Nos últimos anos, nota-se um aumento do outsourcing com características offshore em formato híbrido, um maior foco na integração do serviço interno, um modelo de consultoria low cost, acordos mais pequenos e maiores exigências na governação dos resultados do outsourcing. Os processos de outsourcing serão focados no negócio, com forte tendências no sentido de terminar com, ou pelo menos diminuir, o esforço dos grandes processos de RFP. Para clarificação, apresentam-se a seguir algumas tendências.

I. Offshoring híbrido aumenta — Um modelo híbrido, combinando serviços internos e externos, tem vindo a ganhar a atenção dos gestores como alternativa ao offshoring puro. Já existem casos de sucesso em várias áreas. Á medida que as empresas crescem e desenvolvem as suas capacidades de gestão, elas estão em melhor posição para tirar melhor partido dos modelos híbridos.

II. Regressa a integração de serviços — Depois de terem dado uma oportunidade aos modelos de outsourcing puro, os gestores começaram a orientar as organizações para a integração de serviços. A integração de serviço e a gestão de fornecedores emergiram como uma prioridade máxima em 2014, quando algumas empresas se focaram em controlar o valor dos acordos de fornecimento não otimizados durante muitos anos. Os gestores consideram que as suas estruturas de gestão estão muito fragmentadas e, em resposta, tendem a otimizar as suas estruturas internas de modo a melhorar a sua capacidade de controlar os seus fornecedores.

III. Os grandes negócios tornam-se mais pequenos e os pequenos tornam-se grandes — O Multisourcing passou a ser a tendência, com os grandes acordos a serem substituídos por conjuntos de acordos de menor dimensão. Esta tendência não está generalizada, mas há clientes que já perceberam que têm muito a ganhar com a diversificação de fornecedores.

IV. A governação tornou-se mais difícil — Com o multisourcing a aumentar entre prestadores de serviços globais, a gestão passou a ter enfrentar desafios de uma escala superior. A gestão de outsourcing como um portefólio, com métricas consistentes, relatórios e modelos de gestão de desempenho ainda não é um processo maduro nem prática corrente em muitos dos clientes de outsourcing.

V. Contratos baseados em resultados — Haverá um incremento das solicitações ao mercado com base em resultados. Este aspeto permitirá aos fornecedores alinhar a sua compensação com os resultados esperados e o respetivo valor para o cliente.

VI. Tendência de normalização — A cloud, o utility computing e a virtualização convergirão num mesmo negócio. À medida que a indústria se sinta mais confortável com a cloud, também serão mais percetíveis os benefícios da normalização: por exemplo, o aumento da eficiência, a virtualização e menores despesas de suporte.

VII. O risco associado aos fornecedores será o centro da discussão — As empresas dedicarão mais atenção aos riscos relacionados com os seus fornecedores de IT. Como os clientes finais estão, cada vez mais cientes da cadeia de provisão, o risco de uma marca ser manchada por uma falha de um fornecedor cresce dramaticamente. Assim, o risco passará a ser uma preocupação diária da gestão, em vez de apenas surgir nas reuniões trimestrais de controlo. As perturbações políticas e económicas sentidas em países como a Ucrânia ou a Rússia colocam aos clientes de outsourcing novas preocupações com a localização dos seus fornecedores.

VIII. Fontes múltiplas (multisource) multiplicam-se — Existem poucas dúvidas de que acordos mais pequenos entre múltiplos fornecedores será o modelo que tendencialmente será adotado nas TI. No futuro, o número de fornecedores por cliente irá aumentar. O número de prestadores de serviços que cada companhia tem como fornecedores vai crescer significativamente. Isto significa que os requisitos de gestão também aumentarão.

51 Fonte: Stephanie Overby, http://www.cio.com/article/2864429/outsourcing/10-outsourcing-trends-to-watch-in-

2015.html

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IX. Os RFP desaparecem — Com as mudanças rápidas de tecnologia, o RFP tradicional toma demasiado tempo e tem custos elevados. Por vezes, quando as propostas chegam, os requisitos de negócio alteraram-se. Surgirão novos processos de compras, com mercados de serviços, que tomarão o lugar dos RFP. As grandes empresas têm de trabalhar colaborativamente com os fornecedores de serviços para compreender realmente como isso pode ser implementado.

X. Automatização e Cloud — Existem muitas expectativas à volta do que se designa, por vezes, como ARC (Automation, Robots, Cloud) que irá revolucionar o setor de outsourcing, ao possibilitar a automatização de processos de negócio que neste momento são assegurados em outsourcing, por um lado, e, por outro, com os serviços baseados em cloud, tornar possível baixar significativamente os custos com TI. Esta tendência irá certamente ter um impacto nos negócios de outsourcing, pois pode eliminar muitas oportunidades de negócio BPO, através da automatização e fará descer os custos em infraestruturas e gestão de aplicações com a adesão a serviços cloud5253.

Especificidade do outsourcing para o Norte da Europa

A estrutura do setor de outsourcing é semelhante à apresentada, com diferenças na dimensão, muito inferior ao gigantesco mercado norte-americano, e ao facto de Portugal passar a estar numa zona geográfica mais próxima dos clientes e poder ser considerado um parceiro nearshoring.

A concorrência neste mercado de ITO não é tão feroz como nos EUA, mas à medida que o mercado amadurece, é expectável que que a procura de serviços ITO cresça. Devido ao facto dos atuais prestadores de serviços ITO estarem a expandir a sua oferta e estarem a surgir novos prestadores, os clientes passam a dispor de uma oferta mais alargada para fazerem as suas escolhas. Neste momento, existem aqui oportunidades para prestadores ITO de países em desenvolvimento enquanto puderem oferecer preços competitivos. Mas a aposta deve passar por apresentar argumentos adicionais aos clientes para além do habitual preço baixo, oferecendo, por exemplo, um grau de especialização elevado numa tecnologia ou num campo de aplicação54.

As razões para o recurso a outsourcing na Europa seguem, genericamente, as referências dos EUA, como apontam alguns estudos55, cujas principais conclusões são:

As empresas manterão, ou aumentarão, o nível de externalização. Cerca de 80% dos respondentes ao inquérito levado a cabo pela Whitelane Research assim o indicam, com a perspetiva de que ainda exista potencial de crescimento significativo;

A redução de custos continua a ser o principal argumento para a aquisição de serviços de outsourcing. A preocupação com o core do negócio e sua transformação são as razões cada vez mais indicadas.

De um modo geral, as motivações não financeiras tornam-se mais importantes, acompanhando a maturidade do mercado e um maior nível de confiança no prestador de serviço.

Existe uma avaliação global dos clientes relativamente aos contratos de outsourcing que, no presente, é claramente positiva: cerca de 90%, embora com diferenças entre os vários prestadores.

Análise das competências TICE no Norte da Europa56

Alemanha

A procura de profissionais qualificados no setor TICE está associada diretamente à escassez de recursos com competências na área na qual se tem assistido a um aumento dos empregados com contrato de trabalho regular. Foi sentido um acréscimo significativo no número de alunos em cursos relacionados com TICE, em parte fruto de uma reestruturação no sistema educativo, que facilitou o acesso a alguns destes cursos. Os especialistas continuam a apontar a necessidade das empresas

52 James R. Slaby (HfS Research), Robotic Automation Emerges as a Threat to Traditional Low-Cost

Outsourcing. 53 Fonte: The ISG Outsourcing Index™ — Global Market Data and Insights First Quarter 2015. 54 Fonte: CBI: Market Comptetitiveness for information Technology OutSourcing (ITO). 55 Ver, por exemplo, IT Outsourcing Study Europe 2014/2015 — Whitelane Research. 56 Fonte: e-SKILLS IN EUROPE.

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terem de colaborar no esforço para ultrapassar a escassez de profissionais, através de cursos internos e de outsourcing.

Dinamarca

Têm-se assistido a um aumento do ensino das tecnologias de informação nas escolas desde os primeiros anos. A partir de 2005, a entrada de novos estudantes no ensino superior em cursos TICE duplicou. Com estes valores, os peritos estão otimistas quanto à capacidade do país em formar os especialistas necessários.

A tendência geral nas atividades de “digitalização” está focada em áreas específicas de negócios, por exemplo, no apoio social ou energia e ambiente, onde se espera que as TI tenham um papel decisivo para a concretização dos objetivos para os respetivos setores.

Finlândia

A Finlândia é geralmente reconhecida como uma das mais avançadas sociedades e economias baseadas em conhecimento. A população apresenta índices de literacia em TI claramente acima da média europeia. Com os profissionais TICE a representarem quase 6% do emprego em 2011, a Finlândia tem a segundo maior percentagem de profissionais TICE na União Europeia. Com a contração dos negócios da Nokia, estima-se que cerca de 14% da força laboral em TI tenha sido afetada, dando origem mesmo a desemprego no setor. Entretanto, tem havido um grande investimento externo com uma série de empresas a aproveitar as competências TICE disponíveis para criar os seus próprios centros de desenvolvimento. Por seu lado, a própria Nokia vendeu uma parte das suas atividades a duas empresas indianas associadas ao outsourcing: HCL Technologies e TATA Consultancy Services. Apesar de todas as perturbações, o setor TICE ainda continua a ser um pilar da economia finlandesa, possivelmente o mais importante.

Suécia

Os principais atores no campo das TICE na Suécia têm consciência da procura incessante por mais profissionais com as competências adequadas para responder às necessidades do mercado, tendo sido identificada a falta de cerca de 30 mil pessoas em 2012.

6.2.2 Análise de fatores de contexto geral

Neste ponto, foi recolhida informação sobre o submercado que permitirá avaliar a sua importância no conjunto de fatores típicos de uma análise STEP.

Aspetos sociais

EUA

Hoje, a procura de trabalhadores das TIC está a ultrapassar a oferta— como foi o caso durante muitos anos, exceto após o fenómeno dotcom. Segundo as estatísticas oficiais dos EUA57, existe a perspetiva de que serão necessários cerca de 1,2 milhões de novos trabalhadores nas várias profissões associadas às TI (ver Tabela 21). Estes empregos devem cobrir os postos de trabalho entretanto criados e os que ficarão vagos.

As principais profissões indicadas na Tabela 21 são:

Os desenvolvedores de software que constituem o grupo profissional com maior expressão na indústria. Criam programas de computador e supervisionam todo o processo de design, desde o planeamento inicial, à evolução das aplicações;

Os programadores escrevem o código-fonte, seguindo as orientações e as especificações definidas pelos desenvolvedores. Embora haja grandes expectativas relativamente à procura, os números não são tão elevados devido ao recurso ao outsourcing em países estrangeiros;

Os analistas de sistemas servem de ligação entre os departamentos de TI e a gestão. Analisam os sistemas de computador de uma organização e fazem recomendações no sentido de otimizar os

57 Fonte: Bureau of Labor Statistics, http://data.bls.gov/projections/occupationProj

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processos de negócio associados. Os analistas de sistemas de computador asseguram igualmente funções de consultores para as áreas de TI;

Os especialistas de suporte de computador constituem cerca de 8% da indústria de TI. Prestam ajuda e aconselham utilizadores finais ou organizações sobre aplicações ou equipamentos específicos, tanto internamente, a partir de um departamento central de TI, como externamente. Espera-se um crescimento significativo deste grupo enquanto as organizações continuarem a fazer upgrades a sistemas de computadores cada vez mais complexos.

De todos os novos empregos criados, cerca de 522 mil terão a seu cargo as atividades de programação e desenvolvimento de aplicações.

Título

Necessidades de emprego (1)

Variação

2012-2022(1) Novos

empregos

2012-2022(1) 2012 2022 # %

Investigadores 27 31 4 15% 8

Analistas 596 751 155 26% 249

Desenvolvedores e programadores 1.503 1.782 280 19% 522

Administradores de bases de dados e sistemas e arquitetos de redes

629 710 82 13% 184

Especialistas de suporte 722 845 123 17% 237

Outros 206 214 8 4% 40

Total 3.682 4.334 651 18% 1.240

Tabela 21 – Projeções de emprego para a área das TI nos EUA (1) Números em milhares

Com todas as limitações associadas a projeções deste tipo, e com um horizonte alvo tão longínquo, sobretudo numa indústria em que a evolução tecnológica é rápida e, por vezes, disruptiva, os valores dão apenas uma imagem indicativa das necessidades esperadas nas áreas da computação e da informática, certamente válida para o curto-prazo. Estes valores ilustram a dimensão da atividade de TI nos EUA. Devido à procura de técnicos e gestores das áreas de TI, os salários têm crescido mais do que em profissões equivalentes noutras indústrias.58

Além dos postos de trabalhos criados nos EUA, os contratos de outsourcing irão dar origem a muitos outros um pouco por todo o mundo: Índia, China, Leste Europeu, Indochina, América do Sul, etc.

Norte da Europa

Uma pesquisa empírica com inquéritos a CIO’s e gestores de RH em oito países europeus em 2012, estimou a procura de e-skills (profissionais de TIC) na União Europeia em cerca de 274 mil. Isto inclui 73 mil vagas para perfis de administração, arquitetura e análise em TIC e de aproximadamente 201 mil para outros profissionais TIC. Ver Tabela 22 para detalhes nos quatro países da União Europeia incluídos neste estudo.

58 Lauren Csorny, “Careers in the growing field of information technology services”, Beyond the Numbers:

Employment & Unemployment, vol. 2, no. 9 (U.S. Bureau of Labor Statistics, April 2013), http://www.bls.gov/opub/btn/volume-2/careers-in-growing-field-of-information-technology-services.htm

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Parâmetro Alemanha Dinamarca Finlândia Suécia

Profissionais de TIC em 2012 (em milhares) 1.261 135 135 251

Profissionais de TIC em 2012 (em % da força de trabalho) 3,1% 5,0% 5,5% 5,4%

Escassez de profissionais — em 2012 (em milhares) 82 5,5 5,5 10

Escassez de profissionais — previsão 2015 (em milhares) 121 14 12 31

Escassez de profissionais — previsão 2020 (em milhares) 156 27 17 57

Previsão de empregos TIC 2015 (em milhares) 1.299 133 137 246

Previsão de empregos TIC 2020 (em milhares) 1.425 132 148 255

Profissionais 2012 – Arquitetos e analistas (em milhares) 295 25 40 88

Profissionais 2012 – Técnicos profissionais - ISCO nível 2 (em milhares) 693 57 68 85

Profissionais 2012 – Técnicos - ISCO nível 3 (em milhares) 273 53 28 77

Novos diplomados TIC em 2011 16.526 1 426 1.119 1.620

Diplomados por 1000 habitantes (20-24 anos) 3,3 4,2 3,4 2,6

Tabela 22 – Indicador sobre competências TIC Fonte: E-SKILLS for jobs in Europe: measuring progress and moving ahead – fevereiro de 2014

Consultado em http://ec.europa.eu/DocsRoom/documents/4398 (abril de 2015) NOTA: Neste estudo não foi contemplada a Noruega

Aspetos tecnológicos

A atividade ITO tem, pela sua natureza uma ligação permanente e próxima com as TI e as suas evoluções que se reflete, quase imediatamente, no dia-a-dia de todos os profissionais da área.

As tecnologias de desenvolvimento de aplicações têm evoluído em várias vertentes, obrigando a um esforço permanente para que os profissionais se mantenham atualizados. Estando as competências TI “disponíveis” a nível global, as empresas que pretenderem passar a oferecer serviços ITO deverão encontrar uma área de mercado com um maior nível de especialização: sistemas de base dados, processamento Big Data, sistemas de informação geográfica, aplicações móveis, jogos, etc.

Começam a surgir alternativas ao outsourcing através da automatização de processo59. Atualmente, já é possível implementar estes processos, ultrapassando as limitações de orçamento e os tempos de implementação de soluções de TI desenvolvidas à medida. Estas alternativas baseadas no que se designa como “robot automation” são atrativas sempre que for possível definir e sistematizar as regras a serem aplicadas.

A facilidade de implementação destes mecanismos de automatização de processos sem necessidade de dominar as competências TI, mas apenas conhecendo o negócio e as regras, permite que outros profissionais as utilizem, ameaçando os negócios de outsourcing BPO e ITO.

Esta tecnologia é relevante, sobretudo quando existe uma necessidade a curto prazo e/ou a previsão de utilização do processo seja de curta duração.

59 James R. Slaby (HfS Research) Robotic Automation Emerges as a Threat to Traditional Low-Cost Outsourcing

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Aspetos económicos

As últimas evoluções do câmbio entre o dólar e o euro, a manterem-se, criam condições favoráveis à exportação de serviços de outsourcing para os EUA devido às condições financeiras atrativas criadas pela descida do euro face ao dólar. A juntar a isto, existe alguma estagnação económica do lado europeu, quando comparada com o crescimento da economia norte-americana.

O crescimento económico, aguardado há alguns anos para os países da União Europeia, irá também possibilitar o surgimento de novas oportunidades.

Aspetos políticos

Os EUA apresentam uma grande estabilidade política que se reflete no enquadramento legislativo, não existindo, sob este ponto de vista, riscos significativos.

Sendo o Norte da Europa, com a exceção da Noruega, pertencente à União Europeia, não existem aspetos políticos que condicionem, à partida, a exportação deste tipo de serviços.

Aspetos ambientais

Embora a atividade de desenvolvimento de software não apresente uma relação forte com os aspetos ambientais nem a jusante, nem a montante da cadeia de valor em que se insere, exceto no consumo de energia nos data centers, pode ser relevante que os prestadores de outsourcing cumpram com as boas práticas relacionadas sobretudo tendo em conta os mercados do Norte da Europa, onde existe uma forte consciência ambiental entre a população. A certificação, através das normas internacionais de gestão ambiental — ISO 14000, é uma forma de evidenciar as preocupações e a conformidade no que diz respeito ao ambiente.

Aspetos éticos

No Norte da Europa existe uma consciência social muito presente entre a população, pelo que as preocupações sociais das empresas serão sempre um requisito de entrada nestes mercados, embora possa não estar explícito nos pedidos de consulta dos clientes. Assim, será um bom argumento de venda a evidência das preocupações sociais, através de um sistema CSR (Corporate Social Responsibility).

Nos EUA, os aspetos sociais estão na ordem do dia, com as empresas a sentirem necessidade de demonstrarem que seguem as melhores práticas, sobretudo por pressão da comunicação social que acaba por passar para a opinião pública.

Por exemplo, o outsourcing pode ter impactos nas relações laborais entre os profissionais envolvidos e as entidades patronais, quando estas, para responderem às pressões que os clientes exercem sobre os preços, acabam transferindo toda esta pressão até aos colaboradores dos outsourcers, que podem estar a trabalhar em países praticamente sem proteção social.

Aspetos regulatórios e legais

Os fornecedores de serviços de outsourcing devem ter em atenção que os clientes estão particularmente atentos a determinadas questões como a proteção dos direitos de autor e a proteção dos seus dados. Na Europa, estas preocupações estão transcritas em diretivas europeias como, por exemplo, a 2009/24/EC relativa à proteção jurídica dos programas de computador60. Esta diretiva foi transcrita para os diversos países, que genericamente seguiram o texto original introduzindo alterações pelo que deve ser consultada a lei correspondente em cada país.

A proteção de dados pessoais é outra vertente que os prestadores de outsourcing devem cumprir, nomeadamente, na compatibilidade com as diretivas europeias 95/46/EC e 97/66/EC.

Nos EUA existem normas com objetivos semelhantes que têm de ser acauteladas durante os trabalhos com destino de empresas norte-americanas.

60 Fonte: CBI: EU Buyer Requirements for IT Outsourcing

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A segurança dos dados é um desafio permanente para os profissionais de TI, com especial incidência nas organizações que prestam serviços, sendo importante e em alguns concursos, obrigatória a certificação segundo as normas da série ISO 27000.

Os clientes necessitam que as empresas fornecedores sejam capazes de garantir uma qualidade constante ao longo de todo o processo de prestação de serviços. A certificação, segundo as normas ISO 9001, é um modo de evidenciar essa capacidade, normalmente reconhecida como tal e, por isso, apresentada como requisito em muitas consultas públicas para fornecimento de serviços.

No caso do desenvolvimento de software, existem outras normas mais específicas, como o modelo CMMI, que é aceite a nível global como uma evidência de que a empresa está preparada e organizada para prestar serviços de qualidade.

Para serviços em determinadas áreas de atividade existem normas ainda mais dirigidas como o PCI DSS61 para os pagamentos por cartão ou “Code of Practice for Cloud Service Providers62” para os serviços baseados em nuvem, com o qual se pretende demonstrar transparência, capacidade e responsabilidade.

6.2.3 Análise de fatores de contexto transacional

Estudados os fatores mais abrangentes de contexto geral, abordam-se agora todos aqueles fatores externos, ainda contextuais, mas referenciados pelos elementos transacionais (isto é de compra, venda ou troca) dos bens ou serviços relacionados com a interação entre a Inova-Ria e a as suas empresas e o submercado do outsourcing nos EUA e Norte da Europa.

O modelo de Porter (também chamado de avaliação do contexto competitivo) introduziu o conceito de “vantagem competitiva sustentável” e inclui um conjunto de fatores, cuja análise reflete a intensidade competitiva do negócio. Este segmento de mercado será analisado de acordo com os fatores definidos para o modelo.

Tipo e caracterização dos clientes

Os clientes para a atividade de outsourcing têm necessidade de contratar serviços especializados de desenvolvimento de sistemas e aplicações com diferentes níveis de externalização. Estas empresas podem pretender o software para utilização própria ou para colocar em clientes seus. Pode ainda ser considerado, num nível mais, baixo a contratação pura e simples de mão-de-obra gerida diretamente pelo cliente. Num nível superior, temos a contratação do desenvolvimento de sistemas a partir de especificações, mais ou menos genéricas, das entradas e saídas pretendidas. Na realidade existem muitas cambiantes entre estes extremos, com maior ou menor intervenção e controlo do cliente durante o processo de desenvolvimento.

Na prática, os clientes de serviços ITO podem estar associados a todos os setores da atividade económica63:

Indústria

Serviços

Comércio e distribuição

Governo e setor público

Quando se desagrega cada uma das indústrias, podem encontrar-se clientes de serviços ITO em setores tais como:

Automóvel

Tecnologias limpas

Bens de consumo

Médica e farmacêutica

Transformadora

61 Link: https://www.pcisecuritystandards.org/security_standards/ 62 Link: http://www.cloudindustryforum.org/code-of-practice/cop 63 Fonte: EY, Outsourcing in Europe

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Minas e metalurgia

Petróleo e gás

Energia

Etc.

No mercado de serviços existem clientes potenciais em quase todas as atividades:

Finanças e seguros

Informática

Consultoria

Comunicação social e entretenimento

Serviços especializados

Mediação imobiliária

Tecnologia

Telecomunicações

Saúde

Segundo os dados da ISG (Information Services Group), que publica regularmente indicadores a nível mundial sobre outsourcing, no primeiro trimestre de 2015 serão concluídos negócios no valor de 24 mil milhões de USD, em que mais de metade do valor terá origem na Europa, cerca de um terço nos EUA e o restante na Ásia e Pacífico. Embora, no caso da Europa, uma parte muito significativa destes negócios esteja relacionada com países não incluídos neste estudo, como o Reino Unido ou a França, estes valores mostram a dimensão dos serviços outsourcing a nível Europeu64.

Existência e caraterização de fornecedores locais

Nos EUA, as relações de outsourcing entre as empresas destinam-se, sobretudo, a cobrir competências internas que as empresas não detém e não pretendem desenvolver por não estarem alinhadas com a sua estratégia, ou que apenas respondem a necessidades pontuais. Podemos citar exemplos, tais como a inexistência de competência tecnológica específica num determinado sistema de base de dados ou num sistema operativo específico. A utilização de outsourcing onshore nos EUA não está, normalmente, relacionada a necessidade baixar os custos. Neste sentido, a concorrência por parte de fornecedores locais não tem como causa principal a diminuição de custos, pelo que para entrar em concorrência com estes fornecedores é preciso apresentar uma oferta com uma nível de excelência ao nível do que os clientes esperam dos fornecedores nacionais.

Algumas empresas fornecedoras criaram pontos de presença nos EUA que asseguram a interface com os clientes e canalizam os pedidos para as estruturas nos seus países de origem, tipicamente asiáticos, do leste europeu e da América do Sul.

Relativamente ao Norte da Europa, as empresas portuguesas apresentam-se como nearshore, pois partilham afinidades culturais e políticas através das instituições da União Europeia. Como foi já referido, todos os países do Norte da Europa dispõem de profissionais devidamente qualificados, embora não em número suficiente.

Neste caso, a concorrência nacional é forte, podendo as empresas portuguesas apostar no preço como argumento de venda, desde que se aproximem dos níveis de organização e inovação tecnológicas que caracterizam as empresas daqueles países.

Produtos substitutos locais e ou globais

Todos estes países apresentam os melhores resultados em vários dos índices disponíveis para caracterizar o desenvolvimento tecnológico, tanto a nível de infraestruturas, como ao nível das competências nas áreas de TIC dos seus cidadãos. Todos eles têm indústrias de TI muito evoluídas, pelo que o recurso a outsourcing surge principalmente por razões de custo.

O perigo de qualquer fornecedor de ITO ser substituído por outro, nestes mercados, é enorme, tanto pelas capacidades existentes no país como pela forte concorrência existente a nível global.

64 Fonte: ISG (Information Services Group): The ISG Outsourcing Index™ — Global Market Data and Insights

First Quarter 2015

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Para combater os riscos de substituição um potencial prestador de serviços ITO, as empresas devem:

Assumir-se como fornecedor preferencial para reduzir o risco de ser substituído pelos departamentos internos de TI. Para isso, é importante satisfazerem e ultrapassarem as expectativas dos clientes, em áreas como fiabilidade, qualidade, redução de custos, flexibilidade, inovação e tecnologia;

Manterem-se atualizadas com os novos modelos, como a computação em nuvem, com processos de migração rápidos e eficazes. Os pedidos para soluções na nuvem têm vindo a crescer e todas as previsões apontam para que se tornem regra;

Especializarem-se e focarem-se em mercados de nicho. Quanto mais especializado for, mais difícil será aos potenciais clientes encontrarem substitutos.

A substituição dos produtos/serviços das empresas da Inova-Ria por parte da concorrência é uma ameaça muito significativa e pode acontecer quer por atuação nas características do próprio produto/serviço, quer no preço por melhorias de eficiência de custos, com a possibilidade de baixar margens.

Concorrência local e global

A concorrência na área do outsourcing de software coloca-se a nível global. Tem expressão mais

significativa nas áreas geográficas descrita nos pontos seguintes. Ver Figura 27.

Figura 27 – Fornecedores de outsourcing para os EUA

a) Índia

Desde há muitos anos que a Índia é o país que imediatamente é associado ao outsourcing de software, tendo-se desenvolvido uma infinidade de empresas que têm vindo a subir na cadeia de valor da indústria de software, incluindo grandes empresas como, por exemplo, a Wipro ou a HCL Technologies.

b) China

Depois de conquistar a hegemonia mundial a nível da produção de bens e equipamentos, a China já apresenta várias e poderosas empresas destinadas à prestação de serviços de TI, incluindo o desenvolvimento de software.

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Estudos de consultoras como a IDC65 apontam para crescimentos anuais superiores a 20%, os quais se irão manter nos próximos anos. Nos últimos anos, tem-se assistido a um desenvolvimento rápido no mercado de outsourcing na China, com uma série de fusões e aquisições. Apesar da recessão nos mercados norte-americano e europeu, as previsões de receitas são positivas para os próximos anos.

As flutuações cambiais têm prejudicado as empresas chinesas que têm visto seus lucros diminuírem. Alguns dos fornecedores tendem a instalar-se em zonas menos desenvolvidas da China, de modo a beneficiar dos custos mais baixos da mão-de-obra.

A complexa envolvente política e económica internacional coloca novos desafios ao crescimento dos fornecedores chineses de outsourcing devido sobretudo ao aumento dos custos com o trabalho e à instabilidade cambial.

Pode indicar-se como o exemplo mais significativo do outsourcing na China, a Pactera Technology International Ltd.

c) Leste europeu

Os países do leste europeu como a Polónia, a Bielorrússia ou a Rússia dispõem de técnicos qualificados capazes de responder aos desafios postos pelo desenvolvimento de software, assim como as competências de gestão associadas.

Por exemplo, na Ucrânia66, o volume de negócios em outsourcing de TI ultrapassa os 2 mil milhões de USD por ano, com taxas de crescimento acima de 20%, envolvendo mais de 50 mil profissionais e mais de 500 empresas. Mais especificamente, no desenvolvimento de software as receitas rondavam os mil milhões de USD.

d) Indochina e Malásia

Mais recentemente alguns países da Indochina — Vietname, Laos e Camboja — têm vindo a criar uma indústria de prestação de serviços nas TI, com especial enfoque na operação de processos de negócio. A Malásia criou uma estrutura de apoio à exportação de serviços de outsourcing: Outsourcing Malaysia, que facilita o acesso ao mercado às empresas malaias.

Os clientes de ITO demonstram bastante poder devido ao nível de concorrência existente no setor. Para os fornecedores negociarem em melhores condições devem:

Especializarem-se num nicho de mercado ou oferta de produtos/serviços inovadores;

Apresentarem-se de um modo transparente aos seus potenciais clientes de modo a ganhar a sua confiança;

Identificarem e anteciparem os requisitos dos clientes de modo a responderem-lhes, antecipando as suas expectativas;

Construírem relações de longo prazo com os clientes para limitar os riscos de serem substituídos.

Apesar das dificuldades, este mercado oferece muitas oportunidades a fornecedores de países que consigam competir com custos mais baixos, garantindo os níveis de organização e tecnológico que existem nos mercados destino. As respostas à concorrência existente nestes mercados, local e global, devem passar por:

Especialização num determinado mercado horizontal ou vertical;

Oferta de soluções cloud para ir de encontro às inovações tecnológicas, mantendo-se a competitividade tecnológica;

Comparação com os fornecedores vizinhos, cultural e/ou geograficamente, dos clientes.

A concorrência diminui o poder dos fornecedores, pois existem muitos empresas com produtos e serviços semelhantes tendo como consequência a possibilidade dos clientes exercerem controlo sobre o mercado impondo as regras e as condições de acesso. Só é possível aumentar o poder dos fornecedores se estes assumirem um maior nível de especialização. Quando se especializam num mercado, por exemplo, software para a indústria naval, ou quando oferecem um alto grau da inovação, os prestadores ITO podem aumentar as suas oportunidades e o seu poder.

65 Ver ID. “China-Based Offshore Software Development Market to Reach USD 13.8 billion in 2017 at CAGR of

22.3%”. 66 Fonte: Ukrainian IT Market 2013: Fresh Stats and Forecasts

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A oferta de serviços de outsourcing é, assim, feita pelas grandes empresas mundiais que atuam a nível global, algumas delas sediadas na Europa. Apresentam-se de seguida alguns exemplos sem caráter exaustivo:

HCL Technologies — Com sede na Índia, deverá apresentar receitas de 5,7 mil milhões de dólares e lucros superiores a mil milhões, no final de 2014. A HCL, pertencendo ao clube muito restrito de empresas do setor das TIC que ultrapassam, em receitas, a fasquia de mil milhões de dólares. Opera em mais de 30 países com cerca de 100 mil empregados, com escritórios nos cinco países do Norte da Europa alvo deste estudo.

Accenture — Empresa, sediada nos EUA, que oferece serviços de consultoria na área da gestão e das TI, sedo projetado um volume de receitas superiores a 30 mil milhões de dólares em 2014. Dispõe de mais de 300 mil empregados distribuídos por 56 países, incluindo o Norte da Europa.

Capgemini — Vai apresentar resultados de 10 mil milhões de dólares em 2014, resultado de consultoria e prestação de serviços. Com mais de 140 mil empregados (56 mil na Índia) no final de 2014. Tem sede em França.

CGI — Sede no Canadá. Tem 68 mil empregados em 40 países a nível mundial, incluindo o Norte da Europa. Deverá ter receitas em 2014 de 10,5 mil milhões de dólares.

Cognizant — Com receitas previsíveis em 2014 de 10 mil milhões e mais 210 mil empregados, tem escritórios em todo o mundo. Tem sede no estado de New Jersey, nos EUA.

Wipro — Com a sede na Índia, a Wipro vai apresentar receitas no valor de 1,9 mil milhões em 2014. Tem 146 mil empregados a nível global.

Computacenter — É um dos fornecedores na área das TI com sede na Europa, Reino Unido, com uma faturação estimada de 3,1 mil milhões de libras em 2014. Está relativamente focada na Europa, sobretudo no Reino Unido, Alemanha, França e Bélgica.

CSC — Empresa norte-americana, estado de Virgínia, com 72 mil empregados e clientes em mais de 70 países. Vai apreentar uma receita de 12,6 mil milhões de dólares em 2014. Tem escritórios em todos os países do estudo, com exceção da Finlândia.

Tech Mahindra — Receitas estimadas de 3 mil milhões de dólares em 2014 e um terço das quais a ter origem na Europa. Tem 89 mil empregados espalhado pelo mundo inteiro,

TCS (Tata Consultancy Services) — Com sede na Índia tem uma receita expectável superior a 13 mil milhões de dólares no ano fiscal de 2014. Embora com clientes por toda a Europa, tem cerca de dois terços das receitas no Reino Unido. Tem mais de 300 mil empregados espalhados por todo o Mundo.

Sopra/Steria — Com sede em França, a associação entre a Sopra e a Steria criou um grupo com 3,3 mil milhões de euros de receita anunciada para 2014. Tem cerca de 36 mil funcionários, com 16 mil em França.

Infosys — Sediada na Índia, vai ter receitas de 8,2 mil milhões de dólares em 2014. Tem 160 mil empregados.

Atos — Receitas previsíveis em 2014 de 9 mil milhões de euros, com sede em França e com um total de 85 mil empregados.

Indra — Com sede em Espanha, vai garantir três mil milhões de Euros de receitas em 2014 e uma força de trabalho de 43 mil profissionais, espalhados por 149 países.

Num outro grupo de concorrentes num nível mais baixo de receita existem, entre outras empresas:

Endava — Roménia

IGATE — EUA

Kuehne & Nagel

Luxoft — Suíça

MAYKOR — Rússia

Mindtree — EUA

NNIT A/S — Dinamarca

Xchanging — Reino Unido

Além destas existe uma miríade de empresas que atuam neste ramo de atividade, oferecendo serviços ITO, muitas delas com sede em países europeus, sendo de realçar as empresas do leste europeu67

67 Link: http://itonews.eu

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(Ucrânia, Rússia, Bielorrússia, etc.) e de outros países europeus comunitários como a Roménia, Espanha, Polónia, Hungria, e Irlanda. No confronto direto com estes países, Portugal consegue apresentar níveis salariais mais baixos do que países como Espanha e Irlanda, com os mesmos níveis de competências e infraestruturas de apoio68.

Potencial para novos entrantes

Os novos entrantes nesta área de negócio têm de apostar na capacidade de gerir de uma forma capaz e rigorosa a sua atividade, de modo a obter a confiança dos clientes, que, após vários insucessos, passaram a impor regras muito rígidas no relacionamento, sobretudo na gestão dos projetos e dos seus resultados.69

Uma das tendências dos últimos anos, tem sido a diversificação de prestadores de serviços, pondo parcialmente em causa os grandes projetos de difícil gestão. Muitos clientes estão a apostar em aumentar o número dos seus fornecedores, tendência que obriga a ter mais recursos na gestão dos projetos, mas apresenta níveis de risco mais baixos, ao evitar as consequências dramáticas do falhanço de alguns projetos de grande dimensão.

Os negócios de outsourcing estão a tornar-se cada vez mais pequenos, principalmente nos EUA, com as empresas a não quererem arriscar o investimento de grandes somas envolvidas nos grandes contratos.70 A passagem para negócios de mais baixos valores está ter impacto mais significativo na América do Norte. Nota-se que o valor está a descer, enquanto o número de contratos se mantém ou tem tendência para subir. 71 Também se assiste a uma saturação do mercado, não se prevendo que surja nenhum contrato gigante nos próximos tempos. Por seu lado, o crescimento estará sobretudo no mercado dos negócios com valores médios ou baixos, onde ainda poderá haver crescimentoao nível do multisourcing. Deste modo, as empresas podem escolher entre um conjunto de fornecedores validados, o que significa que podem fazer um “leilão” para os seus projetos com um leque mais alargado de escolhas.

As empresas que tiveram sucesso no regime de multisourcing encontraram forma de ultrapassar os

desafios táticos, de modo a focarem-se nas questões estratégicas.

A concorrência que se cria pode beneficiar os clientes de outsourcing, mas, ao mesmo tempo, estes já começam a solicitar aos fornecedores que cooperem. Os fornecedores, por seu lado, entendem que podem beneficiar de algum nível de cooperação na conquista e retenção dos seus clientes, oferecendo, em alguns casos, serviços integrados cobrindo mais valências.72

A economia de outsourcing é muito menos linear do que a comparação entre salários possa sugerir. Não existe uma verdadeira “bolsa” de trabalho no desenvolvimento de software, o qual não pode ser comparado com negócios da produção de cobre ou de trigo. Além disso, existem riscos associados diretamente ao outsourcing de desenvolvimento. Não há garantia da qualidade da mão-de-obra que está a ser contratada. Muitas vezes, um programador interno pode custar cinco vezes mais, mas tornar-se mais competitivo se produzir software com menos erros e com garantias superiores. Os novos entrantes terão de se afirmar, não só, pelas suas competências técnicas, mas, fundamentalmente, pela capacidade de gestão e rigor que conseguirem colocar nos serviços prestados, de modo a não erodir as vantagens financeiras que advêm dos salários mais baixos.

O eventual acesso ao mercado por parte de novos fornecedores constitui, de algum modo, uma ameaça para os fornecedores instalados. Para estes, é fundamental que atuem de modo a minimizar esta ameaça, através de ações como:

Melhorar a comunicação, evidenciando as suas competências e o grau de qualidade e transparência que colocam nos seus serviços e nas relações com os clientes;

Transformar-se num fornecedor privilegiado de modo a ser dificilmente substituído por outro. Para isso tem de satisfazer as exigências e expectativas dos clientes, tais como confiança, qualidade, redução de custos, flexibilidade, inovação, etc.

Especialização num mercado vertical ou horizontal.

68 Fonte: APO — Portugal as a Nearshore Outsourcing Destination. 69 Fonte: Venture Pact (http://venturepact.com) 70 Link: http://www.cio.com/article/2405917/outsourcing/why-it-outsourcing-deals-are-getting-smaller.html 71 Link: http://www.cio.com/article/2405917/outsourcing/why-it-outsourcing-deals-are-getting-smaller.html 72 Fonte: Outsourcing exec urges: “Stop outsourcing your software development”.

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6.2.4 Análise dos fatores internos

Enquanto na análise contextual foram vistos os submercados numa perspetiva externa, a análise partirá agora de dentro da Inova-Ria para o exterior, usando uma técnica modelo SWOT, tentando chegar aos fatores benéficos e prejudiciais, característicos do cluster Inova-Ria e que podem interagir com tudo o que externamente já foi caracterizado para o mercado do outsourcing nos EUA e Norte da

Europa. A aplicação do modelo SWOT não será feita por Empresa, mas sim genericamente ao cluster Inova-Ria no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro através da análise detalhada por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, serão avaliados, sobretudo, os fatores externos da análise SWOT, assumindo-se que os fatores internos não variarão de submercado para submercado, ou seja:

as oportunidades, como fator benéfico, e

as ameaças, como fator prejudicial,

… vistas no contexto da internacionalização, setor das TICE, para o mercado do outsourcing nos EUA e Norte da Europa.

Oportunidades

A capacidade de desenvolvimento de software “instalada” nas empresas da Inova-Ria potencia a criação de negócios baseados em modelos de outsourcing.

Os custos da mão-de-obra em Portugal, associados às últimas descidas do Euro relativamente ao Dólar, permitem que o desenvolvimento de software possa ser competitivo e interessante, sob o ponto de vista financeiro, para as empresas clientes quer nos EUA, quer no Norte da Europa. Os níveis salariais mais baixos quando comparados com países como a Espanha, a Irlanda ou a República Checa permitem que as empresas portuguesas se apresentem com melhores condições ao mercado europeu e norte-americano.

As perturbações políticas e económicas sentidas em países como a Ucrânia ou a Rússia podem criar mais oportunidades para empresas portuguesas entrarem neste negócio quer por substituição direta, quer por entrada na cadeia de valor de algumas das empresas que já estão implantadas.

Ameaças

A concorrência é forte nesta área, havendo zonas do globo que, devido ao custo mais baixo da mão-de-obra, conseguem ter uma oferta muito atrativa no outsourcing de desenvolvimento de software. Temos nesta situação o Leste Europeu (e.g. Bielorrússia, Rússia, Polónia, Estónia, Ucrânia), a Índia, a China e a Península da Indochina (Vietname, Laos, Camboja, Malásia) e alguns países da União Europeia.

A maior parte desta oferta está organizada em grandes empresas (por exemplo: Plactera e Wipro Technologies) ou em estruturas promovidas pelos governos como a Outsourcing Malaysia. Por seu lado, a Inova-Ria não apresenta, ainda, uma estrutura que permita a oferta integrada dessa capacidade de uma forma agregada perante o mercado, o que se torna aparentemente numa desvantagem.

Uma percentagem significativa, os especialistas apontam para valores entre 30% e 50%, dos projetos de outsourcing falham por:

razões ligadas a problemas de competências dos fornecedores,

falhas de comunicação entre os clientes e as empresas de outsourcing, e ainda por

deficiente acompanhamento dos projetos.

Para ultrapassar estas questões, têm surgido imensas propostas de organização do trabalho e das relações entre clientes e fornecedores, que são fundamentais para que o mercado de outsourcing se mantenha e evolua positivamente e, para que isso aconteça, as capacidades de gestão associadas têm de existir em todos os intervenientes no processo.

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6.2.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para o Outsourcing

Nos pontos seguintes abordam-se as ideias básicas para internacionalizar as empresas da Inova-Ria no setor do outsourcing nas regiões dos EUA e do Norte da Europa. Ao incluir a internacionalização nas suas decisões estratégicas, as empresas terão de encetar as ações necessárias para, de uma forma coerente, abordarem todas as fases do processo, desde a definição da oferta, até aos parceiros com que farão a aproximação aos novos mercados. O plano de internacionalização delineado neste documento corresponde o início de um processo complexo, que passará pelo planeamento das etapas para entrada no mercado e, por último, pela consolidação da atividade internacional, com a implementação do projeto de internacionalização.

Cada uma das empresas deverá definir claramente as competências internas que pretende valorizar através da prestação de serviços de outsourcing tendo em conta o risco envolvido e as adaptações necessárias, as certificações que, eventualmente, será preciso obter, e os impactos no funcionamento interno. Partindo da análise do mercado apresentada, cada uma das empresas Inova-Ria poderá construir o seu próprio plano de internacionalização, afinando as recomendações listadas à sua realidade.

Neste contexto, as empresas podem optar por estender a sua oferta para fora do país, não alterando o seu portefólio, ou criar linhas específicas de serviços exclusivamente para o mercado externo. No limite, toda a empresa pode passar a estar orientada exclusivamente para o exterior, fazendo depender as suas receitas exclusivamente do mercado exterior. Ao centrar a sua atividade no mercado global, a empresa poderá sentir a necessidade de, no futuro, criar delegações comerciais e, eventualmente, produtivas junto dos clientes para criar laços mais fortes e aumentar o grau de confiança mútuo, e, desse modo, poder aspirar a contratos para atividades mais valorizadas.

A diferenciação dos produtos e serviços que é fundamental assegurar para as empresas se abalançarem em mercados tão globalizados, e por isso mesmo competitivos, passa por duas aproximações principais:

Preço — no caso do outsourcing, implicará competir com países com níveis salariais mais baixos que o português, como são os casos de alguns países asiáticos e do leste europeu, se este for o principal argumento de venda. Neste capítulo, porém, Portugal apresenta vantagens quando comparado com outros países europeus, como a Irlanda ou a Espanha, na medida em que é mais competitivo ao nível remuneratório e apresenta níveis semelhantes nas áreas das competências dos profissionais e nas infraestruturas tecnológicas;

Serviço/produto — a diferenciação ao nível dos serviços de outsourcing pode ser conseguida, por exemplo, pelas competências dos profissionais, pelo nível de organização do serviço, evidenciada pelas certificações, ou pela especialização em áreas de negócio específicas.

Considerando o investimento necessário para operações de promoção e angariação de clientes, nomeadamente a instalação ou contratação de agentes locais e missões a eventos do setor do outsourcing, é importante criar uma forma de associação onde seja possível repartir, de algum modo, os custos. Este papel pode perfeitamente ser assumido pela Inova-Ria, como elemento agregador.

Sendo o mercado de outsourcing extremamente competitivo devido à existência da oferta qualificada de serviços de IT por todo o mundo, fruto da ubiquidade dos conhecimentos tecnológicos e do processo de globalização em curso, muita da oferta reside em países com níveis salariais mais baixos que o português, fazendo com que a simples aposta no preço baixo não será suficiente, se não estiver associada a níveis elevados de competência técnica e estruturas organizativas eficazes que sejam capazes de garantir os escalões mais exigentes de qualidade, segundo os standards internacionais.

Para ser possível estruturar as ações no sentido da internacionalização numa área como o outsourcing, é fundamental identificar e caracterizar os serviços que serão incluídos na oferta. Considerando a classificação apresentada no ponto 6.2.1, as empresas Inova-Ria devem listar as áreas de atividade em que pretendem atuar, considerando as competências tecnológicas que detêm ou que pretendem adquirir. As alternativas também se colocam no elemento diferenciador a desenvolver — preço, qualidade do serviço prestado, área tecnológica ou atividade económica — ou no grau e na forma de associação entre as empresas.

As diferenças entre as duas regiões selecionadas, EUA e Norte da Europa, em relação ao setor do outsourcing, são subtis, sendo que a abordagem é sensivelmente a mesma, à parte o facto de a maioria

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dos países considerados na região do Norte da Europa pertencer à União Europeia. A seguir, serão elencadas algumas ideias para a elaboração de um plano de internacionalização neste setor, salvaguardando que alguns detalhes podem aparecer especificados para um ou outro daqueles mercados geográficos.

Perspetivas específicas do mercado

A constatação de alguma escassez de recursos humanos qualificados nestas áreas, que se possa sentir nos EUA, aponta para que as grandes necessidades de subcontratação se mantenham durante os próximos anos neste mercado. A seleção das etapas do processo TI em que as empresas da Inova-Ria se irão apresentar ao mercado norte-americano tem implicações na estrutura interna a montar. Se o desenvolvimento e os testes são possíveis sem uma ligação em “tempo real” ao cliente, a não ser para pontos de controlo da atividade, já a prestação de serviços de assistência técnica ou gestão de aplicações e infraestruturas obrigará a uma maior ligação ao cliente, com implicações, por exemplo, no horário de trabalho a praticar.

Constatou-se também uma significativa escassez de recursos humanos qualificados nestas áreas um pouco por toda a Europa, explicitada no ponto 6.2.2.1 para os países do Norte da Europa. Esta escassez aponta para que as grandes necessidades de subcontratação se mantenham durante os próximos anos também neste mercado.

Produtos e serviços a internacionalizar

As empresas da Inova-Ria devem definir claramente quais as fases e etapas do ciclo ITO em que irão participar (ver Figura 28):

Estratégia - Planeamento e estratégia tecnológica

Construção - Análise e conceção de sistemas e aplicações; - Realização ou construção dos sistemas e aplicações; - Testes e validação;

Exploração - Alojamento de aplicações; - Operação e gestão de sistemas, plataformas e aplicações; - Assistência técnica.

Figura 28 – Fases e etapas ITO.

As primeiras etapas exigem um grau de confiança elevado entre o cliente e o fornecedor, que, certamente, não será possível estabelecer desde o início, pelo que não deverão ser consideradas na estratégia de curto prazo. Entre outras componentes, as empresas da Inova-Ria devem clarificar se é importante focarem-se nas etapas de construção ou nas de apoio à operação.

Para conseguirem minimizar alguns dos problemas relacionados com a concorrência em mercado livre, é importante apostarem num grau significativo de especialização quer pelas tecnologias envolvidas (www, aplicações móveis, Big Data, etc.), quer pela atividade em que se inserem os sistemas e aplicações (ERP, Smat Cities, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Autárquica, etc.).

Potenciais parceiros e facilitadores locais

Para ultrapassar as barreiras iniciais de acesso ao mercado, é fundamental encontrar parceiros / facilitadores locais que criem as ligações necessárias para se ultrapassar as barreiras à entrada no mercado:

Estratégia e planeamento

Análise e conceção

Desenvol-vimento

Testes e validação

Gestão de aplicações

Gestão da infraestrutura

Assistência técnica

Estratégia Construção OperaçãoFases

Etapas

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Entidades oficiais — através das delegações instaladas no terreno: e.g. embaixadas, delegações AICEP;

Entidades privadas — agentes ou simples “antenas” que possam identificar oportunidades de negócio;

Parceiros de negócio — empresas que já estejam instaladas nos mercados e que potenciem negócios por complementaridade de ofertas ou por agilização de contactos e oportunidades.

Os portais que agregam consultas para serviços de outsourcing poderão servir como uma ferramenta importante para a identificação de oportunidades de negócio. Contudo, a maior parte dos portais marketplaces, que são uma forma relativamente vulgarizada para a identificação de oportunidades de trabalho para freelancers, muitos deles associados às TI, poderá não se adaptar ao estabelecimento de negócio entre empresas73. Principalmente no caso de desenvolvimento de novos produtos, as empresas encontram os seus parceiros preferencialmente através de referências e do histórico disponível, em detrimento de anúncios de larga divulgação.

Os potenciais clientes podem estar associados a qualquer setor da atividade económica e/ou ao setor público74, tal como vimos em 6.2.3.1, mas, no limite, os clientes para serviços ITO, para a Inova-Ria, podem ser encontrados em setores tais como:75

Automóvel

Bens de consumo

Médicas e farmacêutica

Transformadora

Minas e metalurgia

Petróleo e gás

Energia

No setor do comércio e distribuição, consideram-se o comércio retalhista e grossista e os transportes de pessoas e mercadorias e nos serviços, sobressaindo setores como:

Finanças e seguros

Consultoria

Meios de comunicação e entretenimento

Imobiliário

Tecnologia

Telecomunicações

Saúde

O plano de internacionalização poderá incluir a celebração de contratos com parceiros que facilitem o acesso a clientes. Estes parceiros deverão estar perfeitamente inseridos e ser conhecedores dos mercados locais.

Estratégia de promoção e venda no exterior

Existem anualmente várias exposições e eventos relacionados com o outsourcing um pouco por todo o mundo, promovidos pelas organizações do setor:

IAOP (International Association of Outsourcing Professionals) — é a principal organização global na área do outsourcing que tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento do mercado, permitindo a ligação entre os fornecedores, clientes e consultores e fomentando a comunicação, o reconhecimento e as certificações profissionais. Conta com mais 120 mil membros e associados. Organiza anualmente o “Outsourcing World Summit®”.

Shared Services & Outsourcing Network — organização à escala mundial que agrega profissionais das áreas de outsourcing e serviçso partilhados, com escritórios em várias partes do mundo: Nova Iorque, Londres, Singapura, Sydney, Dubai e Berlim. Com mais de 80.000 membros, disponibiliza recursos e organiza eventos por todo o mundo.

73 Link: http://www.quora.com/What-is-the-best-marketplace-for-outsourcing-software-development 74 Fonte: EY, Outsourcing in Europe — An in-depth review of drivers, risks and trends in the European outsourcing

market. 75 Fonte: Global Services: http://www.globalservicesmedia.com

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Riscos de Internacionalização

O processo de internacionalização apresenta riscos de vária ordem:

Riscos financeiros — a flutuação cambial pode ser a diferença entre um bem ou mal sucedido negócio. É importante antecipar as flutuações cambiais e, se possível, colocar cláusulas de salvaguarda para variações extremas;

Avaliação do produto/serviço — a adequação do serviço ao mercado é fundamental. No limite, no caso dos serviços de outsourcing, cada cliente terá o seu serviço devidamente personalizado;

Enquadramento regulatório e normativo — cada país apresenta particularidades legislativas que, numa primeira fase, poderão escapar a um estrangeiro. Assim é importante garantir que desde o início existem parceiros locais que identifiquem todos os aspetos regulamentares aplicáveis aos negócios em causa: laborais, fiscais, comerciais, ambientais, etc.

A barreira linguística — embora o Inglês se tenha imposto como a língua franca e seja falado pela maioria dos profissionais que atua das TIC, não é garantido que para determinado temas, como os relacionados com contratos, esse conhecimento seja suficiente. Nestes casos pode ser recomendável a utilização de serviços especializados de tradução que garantam que todas as cláusulas são devidamente entendidas de parte a parte. Este aspeto é especialmente pertinente para a região do Norte da Europa.

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6.3 Segmento de mercado: Setor do Mar no Norte da Europa

O mar apresenta para a maior parte destes países a via de escoamento de exportações, de chegada de importações e de exploração económica de recursos, incluindo energias renováveis (e.g. eólicas em alto mar). Além disso, nestes países encontram-se alguns dos maiores centros logísticos portuários da Europa e do mundo.

Este segmento de mercado é definido no âmbito dos aspetos ligados à possibilidade de fornecimento de produtos, soluções e serviços TICE para atividades ligadas ao Mar e às zonas costeiras no Norte da Europa. Apresenta-se a seguir a análise obtida de acordo com a metodologia aprovada.

6.3.1 Contexto do mercado da Economia do Mar

O setor do Mar tem vindo a receber a atenção dos governos europeus como sendo um polo de desenvolvimento das economias, através da revitalização dos setores tradicionais, como a pesca, ou de estímulos para o crescimento de atividades mais recentes, nomeadamente, a produção de energia e a aquacultura. Estas intenções estão expressas em muitos documentos como, por exemplo, no Plano de Ação para uma Estratégia Marítima da União Europeia, que prevê a criação de mais de sete milhões de postos de trabalho na Europa, até 2020, associados às atividades marítimas.

Em conjunto, a costa do Mar do Norte é uma região fundamental para a estratégia da Economia Azul de Europa, com previsões a apontar para valores de 150 mil milhões de euros de VAB e cerca de 850.000 pessoas. Embora estes valores incluam países, como o Reino Unido ou os Países Baixos, que não fazem parte do objeto deste estudo, representam bem a dimensão deste setor económico. A economia marítima da Noruega constitui um VAB enorme, estimado em 80 mil milhões de USD, e emprega aproximadamente 150 mil pessoas, em 14 mil empresas. Mas a parte de leão deste valor (80%) pertence à extração de petróleo e gás ao largo de Stavanger.

No caso da Dinamarca, na costa do Mar do Norte tem associado um VAB de 2,2 mil milhões de USD e mais de 12 mil empregos, com uma parte muito significativa das receitas associada à indústria do petróleo. O turismo costeiro e o transporte marítimo contribuem sobretudo para o emprego.

Na Suécia, a região de Västsverige ao redor de Gothenburg tem a mais alta concentração de atividades marítimas do país, dando origem a cerca de 12 mil empregos, principalmente em estaleiros, reparação de navios e transporte fluvial.

A costa alemã do Mar do Norte emprega à volta de 170 mil pessoas em quatro mil empresas e um VAB de 14 mil milhões de USD. Tem especial expressão a pesca e o transporte marítimo. Após um declínio em resultado da crise de 2008, o transporte marítimo de alto mar está a recuperar nos últimos anos. Esta costa está situada na zona europeia mais ativa em termos de navegação de alto mar, que, conjuntamente com as costas holandesa, belga e francesa, com 50% do movimento de mercadorias a ter origem fora da União Europeia. Devido a constrangimentos que estão a surgir em alguns portos pelo aumento dos movimentos portuários, espera-se que as TICE ajudem a ultrapassar o problema.

Por seu lado, as TICE têm vindo a alargar o seu âmbito de utilização em quase todas as atividades humanas, não sendo exceção as relacionadas com o mar. As várias atividades do setor do Mar podem ser enquadradas, para os objetivos deste estudo, em dois grandes grupos: verticais e de apoio. Ver Figura 29.

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Figura 29 – Atividades no setor do Mar

Atividades verticais

As atividades verticais correspondem, grosso modo, às fileiras económicas seguintes:

Pescas

Comporta a pesca propriamente dita e o processamento e comercialização do pescado. As TICE podem dar um grande contributo para, por exemplo:

Gestão das operações: planeamento e otimização de percursos;

Gestão do pescado (lota).

O número de empregos associados à pesca, indicados na Tabela 23, mostra a importância relativa desta atividade nos diversos países. Verifica-se que a pesca tem uma representatividade claramente maior na Noruega.

País Empregos %

Alemanha 11.566 0,01%

Dinamarca 5.767 0,10%

Finlândia 4.271 0,08%

Noruega 17.551 0,34%

Suécia 3.837 0,04%

Tabela 23 – Empregos associados à atividade de pesca.

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Energias marinhas

As energias marinhas incluem todas as atividades associadas à geração de energia elétrica a partir do mar quer seja aproveitando as ondas e as marés, quer instalando estações eólicas em mar aberto.

A energia eólica offshore é um dos setores com mais rápido desenvolvimento na Alemanha, na sequência da decisão do governo de descontinuar a produção de energia nuclear e elevar os objetivos em termos de proteção ambiental.

Em março de 2013, estavam em operação um total de 320 megawatts (MW), dos quais 50 MW no Mar Báltico, mais 1.600 MW em construção e 10 mil MW aprovados, a maioria no Mar do Norte.

Num curto período de tempo, o Mar do Norte tornou-se na concentração mais importante de turbinas de vento offshore no mundo. Já foram instaladas turbinas com uma capacidade de 5.000 MW, com os países do Mar do Norte a terem um papel central no desenvolvimento desta tecnologia. Ver Tabela 24.

Alemanha Dinamarca Finlândia Noruega Suécia

Instalações 16 12 2 1 6

Número de turbinas 258 513 9 1 91

Capacidade instalada (MW) 1.049 1.271 26 2 212

Tabela 24 – Instalações de eólicas offshore.

O país com mais instalações de produção de energia eólica offshore na Europa é o Reino Unido, com um total de cerca de 4.500 MW de potência instalada. Entre os países que são objeto deste estudo destacam-se a Alemanha e a Dinamarca, com 1.049 e 1.271 MW, respetivamente. O gráfico da Figura 30 mostra a distribuição das eólicas offshore pelas bacias mais importantes.

Figura 30 – Distribuição das eólicas offshore.

Devido à maturidade do mercado e à sua especificidade, o mercado dos hidrocarbonetos no Mar no Norte não é considerado neste estudo, embora represente uma importante fonte de emprego e receita, bem como uma fonte de energia essencial com baixo risco geopolítico, ao contrário de importações de países terceiros que podem ser ameaçadas pela instabilidade política do estado da origem ou dos países de trânsito. Dentro da região de Mar do Norte, os países com produção significativa são a Noruega, o Reino Unido, os Países Baixos e a Dinamarca. Esta indústria terá atingido o seu pico em meados dos anos de 1990, estando agora em declínio. Contudo, ainda assegura emprego e receitas significativas, com muitas reservas inexploradas, sobretudo na Noruega.

Mar do Norte63%

Oceano Atlântico

23%

Mar Báltico14%

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Transporte marítimo

Esta atividade engloba o transporte de mercadorias e as atividades subsidiárias como a carga e descarga de mercadorias nos portos. Apesar das dificuldades em valorizar com rigor as mercadorias que circulam por mar, estimativas, como a da International Chamber of Shipping, apontam para 90% como sendo a percentagem do comércio mundial que é escoada por via marítima. Para controlar e gerir todo este volume de mercadoria e informação associada, são fundamentais sistemas informáticos, em áreas como:

Gestão de carga

Gestão de rotas

Gestão da atividade portuária

As principais características do transporte marítimo no Mar do Norte são:

Grandes volumes de operações devido à pujança das economias da região;

Rede de serviços eficazes que garantem a integração com os portos da vizinhança, os portos interiores e o mar Báltico

Competição feroz entre os portos da região para atrair as cargas de alto mar, resultando em altas eficiências operacionais.

Náutica de recreio e turismo

Consideram-se nesta atividade o turismo de cruzeiro e a utilização de embarcações para lazer. O contributo das TICE, especificamente para esta atividade, terá a ver, por exemplo, com a criação de serviços informativos.

Estima-se que o setor dos cruzeiros na região do Mar do Norte seja responsável por cerca de mil milhões de euros de VAB, garantindo à volta de dez mil empregos.

Aquacultura

Inclui as atividades de propagação, crescimento e engorda de espécies aquáticas destinadas à alimentação humana. Encontramos exemplos de utilização de TICE em sistemas de monitorização ou em sistemas de gestão das operações.

A bacia do Mar do Norte apresenta algumas limitações para a implantação de infraestruturas de aquacultura devido a razões como o clima, a temperatura da água, a falta de sítios protegidos e, em algumas zonas, ao nível de poluição. Não se espera grande crescimento na aquacultura, com a exceção da Noruega, onde a indústria do salmão mostrou o seu potencial, principalmente desde 2008.

A aquacultura existe em todos os países em análise, mas na Noruega tem a sua maior expressão, ultrapassando em dez vezes a produção agregada dos outros países76 e apresentando crescimentos de, pelo menos, 4%. Paralelamente com a atividade propriamente dita, também se desenvolveu um forte setor tecnológico que fornece soluções à aquacultura.

No caso específico da Noruega, a pesca e a aquacultura são atividades importantes, empregando cerca de 28 mil profissionais, predominantemente em PME’s. A aquacultura está focada, principalmente, na produção de salmão.

Gestão de recursos marinhos

Pode estar orientada para atividades de negócio em volta da exploração dos recursos marinhos: pesca e extração mineral ou voltada para as preocupações ambientais, garantindo a continuidade dos recursos ou identificando focos de poluição.

Construção naval

A construção naval é relevante para as TICE enquanto oportunidade para incorporar as soluções tecnológicas que podem suportar e facilitar a atividade a que se destina a embarcação. Quando

76 Fonte: Eurostat.

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destinados a turismo, podem ser consideradas soluções de domótica, ou quando têm por objetivo a pesca, soluções de gestão de recursos marinhos.

A hegemonia dos estaleiros asiáticos (Japão, Coreia do Sul e China) é de tal ordem que estes países, no seu conjunto, representam mais de 90%, em tonelagem, da construção naval a nível mundial. Contudo existe uma atividade significativa na construção naval, nos países do Norte da Europa, com posições firmadas em determinados nichos de mercado, como navios de cruzeiro, dragas e navios para atividades offshore. Nos últimos anos, os estaleiros na Noruega especializaram-se na criação e fabricação de navios e plataformas de apoio a atividades offshore.

Atividades de apoio

As atividades de apoio são, genericamente, transversais às atividades verticais, tornam possível e segura a navegação no mar e o seu aproveitamento para a atividade económica. As TICE serão fundamentais em áreas como:

Localização, cartografia e meteorologia — os sistemas de localização e cartografia são a base da navegação marítima e para a localização de equipamentos e recursos. Juntamente com estes, a informação meteorológica também é fundamental no planeamento de rotas e na utilização do mar;

Fiscalização, emergência e salvamento — a fiscalização das atividades marítimas reveste-se de especial importância devido às infrações que são praticadas constantemente no mar quer do ponto de vista legal, quer do ponto de vista ambiental. Sendo o ambiente marítimo, de um modo geral, hostil para o homem, as situações de emergência ocorrem com bastante frequência, por condições ambientais adversas ou por avaria dos equipamentos;

Gestão de portos, marinas e equipamentos offshore — os portos, marinas e agora os equipamentos colocados em alto-mar oferecem importantes desafios aos responsáveis pela sua gestão, sobretudo devido ao volume de informação envolvida;

Gestão de tráfego marítimo — é fundamental fazer-se uma gestão rigorosa do tráfego marítimo por razões diversas, tais como a segurança de pessoas e bens, controlo de atividades ou de congestionamento;

Áreas TICE

As TICE podem contribuir de um modo mais ou menos significativo para todas estas atividades. A Figura 31 mostra as principais áreas TICE com relevância para as diversas atividades no setor do Mar:

Sistemas de informação geográfica — a navegação é um dos problemas que se coloca quando se pretende viajar, sendo por isso fundamental em todas as atividades que decorrem no mar;

Sistemas de comunicação — as TICE estão na base de todos os sistemas de comunicação que, no mar, assumem uma importância crucial;

Gestão de processos e operações — existem processos de grande complexidade ligados ao Mar, como a gestão de cargas e descargas em portos ou a gestão da atividade piscatória, onde as TICE são fundamentais para os operacionalizar;

Análise de dados — com a evolução tecnológica e científica constante, é possível recolher quantidades cada vez maiores de dados que são determinantes em algumas atividades. A análise em tempo útil desta quantidade enorme de dados permite melhorias relevantes em eficácia e eficiência em áreas como a gestão ambiental ou a exploração de recursos submarinos;

Telemetria — para a recolha da informação que permita a tomada de decisões em tempo útil é fundamental a recolha de dados fiáveis e em tempo real quer seja para o controlo ambiental, quer seja para a identificação do melhor banco de pesca ou para responder a alterações nas condições dos tanques de aquacultura;

Robótica — a robótica está tipicamente associada à telemetria de modo a ser possível a recolha de dados em locais ou em condições extremas. Assume particular relevância, por exemplo, na gestão de recursos marinhos.

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Figura 31 – Áreas TICE com interesse no setor do Mar.

6.3.2 Análise de fatores de contexto geral

Neste estudo, foi recolhida informação sobre o submercado a qual permitirá avaliar a sua importância no conjunto de fatores típicos de uma análise STEP

Aspetos sociais

Os países do Norte da Europa apresentam-se normalmente nos lugares de topo de todos os indicadores relacionados com aspetos sociais, sendo apontados como exemplo de que é possível juntar desenvolvimento económico à proteção social e à participação cívica. Desde sempre ligadas ao Mar e ao comércio marítimo, as populações destes países têm uma grande inclinação para utilizar e usufruir do mar e de tudo o que com ele está relacionado.

Neste sentido, as populações das cidades do Norte da Europa são um bom campo de aplicação de todas as tecnologias que se relacionam, de algum modo, com o Mar.

Aspetos tecnológicos

As tecnologias necessárias para as atividades marítimas já estão, na sua grande maioria, disponíveis. Os sensores já existem em grande profusão — temperatura, poluição, etc. Também já existem soluções ao nível das comunicações capazes de responderem aos desafios colocados.

Nas camadas superiores em que se faz o processamento dos dados também já estão disponíveis as ferramentas, plataformas e técnicas para que seja retirado o máximo proveito desses mesmos dados.

O ambiente a bordo das embarcações é hostil para os equipamentos elétricos e eletrónicos, devido aos altos níveis de salinidade e humidades existentes. Além disso, o espaço é reduzido, e os equipamentos estão sujeitos por vezes a vibrações mecânicas, o que obriga a que a conceção e construção dos sistemas destinados a serem embarcados devam ter em conta estes aspetos.

Aspetos económicos

Como foi referido anteriormente, os países do Norte da Europa apresentam indicadores positivos nas várias perspetivas em que, normalmente, são analisadas as economias nacionais. Desde o PIB per capita, dos maiores do mundo, até ao nível de dívida pública, a posição destes países nos vários índices é invejável.

Estas economias estão assentes nos recursos naturais, numa maturidade tecnológica significativa, numa capacidade inovadora eficaz e numa cultura nas empresas sofisticada, que têm conduzido a um ambiente económico estável. Toda esta envolvente resulta em condições adequadas à promoção do desenvolvimento da inovação e dos negócios, com base em mão-de-obra altamente qualificada e em instituições com uma reputação ética invejável. Ver Tabela 19.

Aspetos políticos

Nestes países, juntamente com uma grande estabilidade política, o Estado assume uma intervenção significativa nas áreas assistenciais consideradas chave para a criação de oportunidades iguais para todos.

Análise de dados

Sistemas de informação geográfica

Telemetria

Gestão de processos e operações

RobóticaSistemas de

comunicações

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Aspetos ambientais

Os aspetos ambientais assumem uma enorme importância quando se refere o Mar e os ambientes marinhos. As preocupações ambientais têm como principais alvos a gestão dos recursos piscatórios e o controlo da poluição. A pressão exercida sobre os bancos de pesca está sob permanente vigilância, sob pena de se comprometer, em definitivo, a exploração futura. Os casos de poluição, por seu lado, são conhecidos, estando toda a sociedade consciente da necessidade urgente e constante da sua deteção no sentido de mitigar os efeitos perniciosos.

Aspetos éticos

Estes países apresentam baixos níveis percebidos quanto a corrupção, como se pode observar na Tabela 19. Além disso, são países que recebem muitos emigrantes e onde estes conseguem encontrar um bom ambiente de acolhimento.

Aspetos regulatórios e legais

As atividades marítimas estão fortemente reguladas, segundo várias perspetivas: o comércio internacional, a gestão ambiental ou a utilização de recursos marinhos. Devido ao envolvimento, em muitos casos, de vários países, a legislação aplicável torna-se, por vezes, complexa. Sendo países europeus e comunitários, com a exceção da Noruega, o quadro legislativo aplicável estará muito dependente das diretivas comunitárias.

Nomeadamente a legislação do trabalho aplicável às tripulações tem vindo a ser cada vez mais restritiva, obrigando em alguns casos ao registo das horas de trabalho e de descanso.

6.3.3 Análise de fatores de contexto transacional

Estudados os fatores mais abrangentes de contexto geral, serão agora detalhados todos aqueles fatores externos, ainda contextuais, mas referenciados pelos elementos transacionais (isto é de compra, venda ou troca) dos bens ou serviços relacionados com a interação entre a Inova-Ria e a as suas empresas e o submercado da Economia do Mar no Norte da Europa.

O modelo de Porter introduziu o conceito de “vantagem competitiva sustentável” e inclui um conjunto de fatores cuja análise reflete a intensidade competitiva do negócio. De seguida, será analisado este segmento de mercado de acordo com os fatores definidos para o modelo.

Tipo e caracterização dos clientes

Os clientes das soluções TICE para o setor do Mar são de vários tipos: os responsáveis pelas atividades ligadas ao Mar, construtores de embarcações, proprietários de navios, etc. No primeiro caso, os gestores das atividades marítimas definem os seus requisitos e procedem às aquisições diretamente. Noutros casos, os requisitos dos clientes finais são colocados através dos fabricantes que incorporam de raiz os sistemas durante a construção.

Existência e caraterização de fornecedores locais

Se as atividades ligadas ao mar estão desenvolvidas nos países do Norte da Europa, também estão os fornecedores de soluções para este setor. Tendo este setor requisitos exigentes em termos de fiabilidade e segurança, características que normalmente se associam às empresas desta região do Mundo, a concorrência local está muito bem colocada.

Concorrência local e global

Como o setor do Mar é uma área de atividade com uma longa história, nomeadamente nos países em análise, existem atores instalados que dominam o mercado e que têm acompanhado as tendências de “informatização” dos processos e equipamentos. Muitos destes fornecedores estão sediados no Norte da Europa.

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Devido à extensão e diversidade do tema, não é possível identificar, pelo menos no enquadramento deste estudo, de uma forma exaustiva, todos os fornecedores relevantes, pelo que se optou por se referir apenas alguns exemplos de empresas que oferecem soluções que são utilizadas em algumas das atividades identificadas. As empresas são referenciadas no capítulo dedicado ao plano de internacionalização. Ver ponto 6.3.5.

Potencial para novos entrantes

Do rastreio da carga em tempo real, até aplicações de gestão de tripulação e passageiros e aos radares de nova geração, os navios de longo curso usufruem, cada vez mais, dos benefícios das TICE. Os ambientes marítimos não só são críticos em termos de sobrevivência, como funcionam, normalmente, em modo autónomo, com as tripulações dependentes do seu bom funcionamento.

Os responsáveis não podem arriscar abraçar novas tecnologias que ainda não tenham sido testadas em todos os ambientes e situações, pelo que os navios, muitas vezes, ainda não estão equipados com tecnologia de última geração. Identificam-se de seguida algumas alterações que se devem concretizar nos próximos anos no que diz respeito a utilização das TICE no setor do Mar:

Comunicações costeiras — sobretudo para atividades junto à costa — plataformas petrolíferas, aquacultura — existem alternativas às comunicações satélite: soluções baseadas em links de micro-ondas são interessantes quando existe linha de vista. Outras opções utilizadas baseiam-se em tecnologias Wi-Fi. Exemplo: SeaFi;

Rastreio de carga — o rastreio da carga nos navios e nos portos já começa a ser uma realidade, devido às vantagens para os sistemas logísticos associados e à disponibilidade da tecnologia. Além da sua posição, os sensores podem registar e comunicar informação complementar com as condições ambientais de armazenamento para produtos mais sensíveis. Exemplo: Globe Tracker;

Radares — a informação dos radares passa a ser integrada em sistemas que agregam outro tipo de informação, como imagens satélite ou informação meteorológica, de modo a criar aplicações que forneçam uma visão integrada da situação das embarcações. A par desta evolução, os radares têm evoluído tecnologicamente de modo a ultrapassar algumas limitações como a deteção a curta distância;

Sistemas autónomos — espera-se que nos próximos anos aumentem o número de equipamentos com capacidade de, em modo autónomo, realizarem as funções a que se destinam, substituindo operadores humanos ou enfrentando condições inóspitas para o homem;

Vigilância ambiental — a preocupação ambiental irá conduzir à necessidade colocar no terreno mais medidas ativas para controlar os efeitos nocivos da intervenção humana nas vertentes de sobre utilização dos recursos naturais e de poluição;

Desastres naturais — a prevenção ou mitigação dos efeitos dos desastres naturais será uma preocupação cada vez maior, com especial acuidade nas zonas costeiras, levando à instalação de sistemas específicos que através da análise de um conjunto alargado de dados consiga antecipar esses mesmos desastres e fazer acionar medidas de proteção e de alarme;

Normas de segurança — as normas de segurança de pessoas e bens conduzirão à necessidade de implantação de novos sistemas ou atualização dos existentes;

Gestão do navio — atualmente são gerados muitos dados numa embarcação através de sensores de muitos tipos. Muita desta informação é recolhida na “caixa negra” de modo a permitir a sua leitura em caso de acidente. Os sistemas que fazem a recolha e processamento destes dados ainda não utilizam redes TCP/IP. Há medida que os sensores aumentam em número, torna-se mais importante a instalação de soluções que permitam que os dados circulem mais facilmente dentro do navio e entre este e terra firme.

As áreas de atividade mais maduras (ex. transportes marítimos e portos) já estão “dominadas” pelos fornecedores que estão no mercado há muito anos. As oportunidades para novos atores podem surgir em processos de modernização de equipamentos por iniciativa dos proprietários ou, por exemplo, por exigência de nova legislação.

Em áreas mais recentes, como a aquacultura ou a gestão dos recursos marinhos, as oportunidades para novos entrantes são, à partida, maiores, pois existem novas aplicações das TICE por identificar e desenvolver.

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Devido à abrangência foi feita uma avaliação pela Ictech estudando cada uma das áreas segundo o seu potencial, cujos resultados se apresentam na Tabela 25.

Área de atividade Potencial (1 ... 5)

Exemplos

Transporte marítimo 2 Sistema de rastreio de carga

Gestão da atividade portuária

Pescas 3 Gestão de recursos piscatórios

Sistemas de planeamento e otimização de percursos

Náutica de recreio e turismo 3 Sistemas de divulgação de informação

Energias marinhas 4 Sistemas de monitoria

Construção naval 2 Domótica

Sistemas de gestão de recursos

Aquacultura 3 Sistemas de monitoria

Sistemas de gestão de operações

Gestão de recursos marinhos 4 Sistemas de monitoria

Análise de dados

Localização, cartografia e meteorologia

3 Sistemas de informação geográfica

Sistemas de recolha e processamento de dados meteorológicos

Fiscalização, emergência e salvamento

3 Sistemas de comunicação de emergência

Análise de dados para previsão de tempestades

Gestão de portos e marinas 2 Rastreio de carga

Gestão de tráfego marítimo 1 Rastreio de navios (e-navigation)

Tabela 25 – Potencial para novos entrantes por área de atividade.

6.3.4 Análise dos fatores internos

Enquanto na observação contextual foram analisados os submercados numa perspetiva externa, a estudo partirá agora para o exterior, usando uma técnica modelo SWOT, tentando chegar aos fatores benéficos e prejudiciais, característicos do cluster Inova-Ria e que podem interagir com tudo o que

externamente já foi caracterizado para o mercado da Economia do Mar no Norte da Europa. A aplicação do modelo SWOT não será feita por Empresa, mas sim genericamente ao cluster Inova-Ria no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro de análise detalhada por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, são avaliados, sobretudo, os fatores externos da análise SWOT, assumindo-se que os fatores internos não variarão de submercado para submercado, ou seja:

as oportunidades, como fator benéfico, e

as ameaças, como fator prejudicial,

… vistas no contexto da internacionalização, setor das TICE, para o mercado da Economia do Mar no Norte da Europa.

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Oportunidades

Estas áreas TICE podem ser relacionadas com as atividades do setor do Mar, conforme se propõe na Tabela 26. Devido à vastidão do tema, não é possível estabelecer todas as relações possíveis numa simples tabela. Pretende-se dar um conjunto de pistas para que estas relações sejam aprofundadas e encontradas oportunidades de negócio.

Análise

de dados

Sistemas de informação geográfica

Telemetria e

sensores

Gestão de processos

e operações

Robótica Sistemas de

comunicações

Transporte marítimo ✔ ✔ ✔ ✔

Pescas ✔ ✔ ✔ ✔ ✔

Náutica de recreio e turismo

✔ ✔

Energia marinha ✔ ✔ ✔ ✔ ✔

Construção naval ✔ ✔ ✔

Aquacultura ✔ ✔ ✔ ✔

Gestão de recursos marinhos

✔ ✔ ✔ ✔ ✔

Localização, cartografia e meteorologia

✔ ✔

Fiscalização, emergência e salvamento

✔ ✔ ✔

Gestão de portos e marinas

✔ ✔

Gestão de tráfego marítimo

✔ ✔ ✔ ✔ ✔

Tabela 26 – Relacionamento entre as áreas TICE e as atividades do setor do Mar.

Ameaças

As principais ameaças para a entrada das empresas da Inova-Ria prendem-se sobretudo com a existência de um número muito elevado de fabricantes com um grande historial com os operadores que intervêm neste submercado. Além disso, muitas dessas empresas têm as suas sedes nos países em análise, o que reforça essa ligação.

6.3.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para a Economia do Mar

Nos pontos seguintes são abordadas as ideias básicas para internacionalizar as empresas da Inova-Ria no setor da Economia do Mar na região do Norte da Europa, incluindo a Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia.

Perspetivas específicas do mercado

A experiência e disponibilidade de produtos e serviços para este segmento de mercado no contexto das empresas da Inova-Ria não é um dado adquirido. Nesse contexto, as estratégias de internacionalização disponíveis e passíveis de sucesso a curto prazo não podem assumir uma abordagem direta, antes deverão tomar uma atitude indireta. A perspetiva sobre o enquadramento estratégico de abordagem do segmento de mercado dedicado à Economia do Mar (também apelidada de “Oceano Digital” ou “Smart Ocean”, ou numa visão mais restrita “Smart Coast”) no Norte da Europa,

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conceito geográfico que no presente trabalho envolve a Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia, será abordada nos pontos seguintes.

A abordagem indireta recomendada passa pelo estabelecimento de parcerias e consórcios de colaboração com atores já envolvidos com a Economia do Mar quer estejam ou não já instalados naquela zona geográfica. Os atores, que poderão ser instrumentais nesta estratégia, dividem-se nos seguintes grupos:

Atores globais – empresas com uma forte atitude estratégica em relação à Economia do Mar;

Atores Locais – empresas com um papel significativo na Economia do Mar no contexto do mercado geográfico definido;

Empresas portuguesas – com potencial de entrada através de produtos que possam ser importantes no contexto da Economia do Mar, mesmo que não a ela diretamente dirigidos.

No contexto da estratégia direta de construção de uma fileira dedicada à Economia do Mar no cluster Inova-Ria, é então fundamental aproveitar os mecanismos de financiamento incluídos nos programas de apoio H2020 e Portugal 2020, construindo consórcios tendo como objetivo a participação em projetos de investigação, desenvolvimento e inovação que proporcionem a criação desse conhecimento e o desenvolvimento de uma oferta de produtos coerente e alargada.

Finalmente, uma possibilidade mais remota de estratégia direta seria a aquisição e/ou fusão com empresas existentes que fossem já detentoras de conhecimento, produtos e serviços neste mercado. Neste caso, os objetivos seriam:

Melhorias no sistema de competências e conhecimento na área;

Superação de insuficiências tecnológicas

Redução de custos de produção e de preços por deslocalização e/ou subcontratação;

Complemento e sinergias com outros mercados e segmentos de negócios;

Otimização de estruturas de produção e de carteiras de produtos e serviços com outras fileiras das TICE

Esta possibilidade parece ser de implementação e viabilização mais difíceis, não por falta de financiamento disponível, pois ele existe, mas pela inexistência de colaterais que o possam suportar face à dimensão das empresas da Inova-Ria e, de novo, num círculo vicioso, dificilmente desmontável face à inexistência de história no ataque a este segmento de mercado.

A título de exemplo, apresentam-se alguns dos atores principais no mercado geográfico com os quais pode ser estabelecida essencialmente uma estratégia indireta, mas com os quais também não é de excluir uma estratégia direta, através de mecanismos de fusão, desde que a Inova-Ria consiga demonstrar possuir competências e conhecimentos úteis e pertinentes:

Fornecedores de âmbito global no setor:

Alewijnse Marine Systems, Holanda, o desenvolvimento e fabrico de sistemas elétricos e de engenharia integrados para o setor marítimo.

Esri, EUA, é uma referência na área dos sistemas de informação geográfica, oferecendo também soluções e produtos dedicados, sobretudo, à gestão ambiental em ambientes marinhos.

Imtech Marine, Holanda, com um forte papel no negócio offshore.

Liebherr, Suiça, líder em gruas marítimas, automação e equipamentos de manipulação de carga.

Rolls-Royce Marine, UK, é líder em termos de equipamentos marítimos englobando a conceção, o fornecimento e o suporte a sistemas de energia e propulsão. A Rolls-Royce tem uma posição forte no offshore e nos setores navais em geral.

Smart Ocean, Irlanda, associação de empresas irlandesas que pretende potenciar as competências e capacidades das suas associadas (cerca de 50) na área das TICE aplicadas ao setor do Mar. A sua visão aponta para que, antes de 2020, a Irlanda seja líder no desenvolvimento e comercialização de produtos de próxima geração nas áreas da energia renovável marítima, monitorização ambiental, aquacultura e outras tecnologias aplicadas a ambientes marítimos. Este conjunto de empresas tem produtos como sistemas de sensores remotos, ferramentas de gestão e visualização de dados, modelação e simulação.

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Fornecedores globais, baseados no Norte da Europa:

ABB, Finlândia, Noruega e Suiça (com uma cobertura geral deste setor), em conjunto com o estaleiro italiano Fincantieri, a ABB constitui uma joint venture em Itália (Seastema SpA), envolvida na conceção, desenvolvimento e implementação de sistemas de automação integrados para o negócio naval, incluindo cruzeiros, ferries e grandes iates. Este fornecedor tem uma extensíssima gama de produtos nas áreas de energia, transporte e automação industrial, sendo muitos deles aplicáveis a embarcações e plataformas eólicas em mar aberto. Mais especificamente os seus produtos cobrem a geração e distribuição de energia, tração elétrica, sistemas de eficiência enérgica, sensores, etc.

Cargotec, Finlândia, é uma companhia global de serviços e produtos de transporte e carga com as marcas MacGregor, Kalmar and Hiab Cargotec. MacGregor oferece soluções integradas de carga para transporte marítimo e indústrias offshore. A Kalmar oferece soluções de manipulação de carga em portos, terminais e centros de distribuição logística para a indústria pesada e a Hiab soluções de carga em rodovias.

Codie, Alemanha, apresenta soluções que englobam a gestão de frotas, através da gestão da tripulação, sistema de gestão de manutenções, incluindo a gestão dos procedimentos de segurança. O software está organizado de um modo modular adaptando-se às necessidades concretas de cada situação.

Ericsson, Suécia, desenvolve a sua atividade principal na área de produtos e soluções de telecomunicações, disponibilizando também soluções integradas para embarcações que agregam sistemas de comunicações, serviços de cloud e, mesmo, aplicações de gestão da atividade marítima. Essas aplicações permitem a gestão de frota, monitorização de motores e preços de combustível, controlo e vias de navegação, bem como o bem-estar da tripulação.

Kongsberg Maritime, Noruega, oferece uma panóplia de produtos e soluções muito completa para muitas atividades ligadas ao Mar e em particular sistemas para o offshore, tais como: sistemas de gestão das operações a bordo, software de gestão de frotas; sistemas de vídeo para ambientes subaquáticos, automação e motores, sistemas de segurança, simuladores, sensores e transmissores, medida e gestão de tanques e gestão de eólicas.

SAM Electronics, Alemanha, é um líder mundial na construção naval e sobretudo na integração de sistemas elétricos e eletrónicos para todos os tipos de navios.

Siemens, Alemanha, oferece produtos e soluções em várias áreas relevantes para o setor do Mar, nomeadamente produção e eficiência energética, sistemas de propulsão, instrumentação e automação industrial. Concretamente a Siemens tem uma grande implantação nos sistemas de produção de energia eólica, através do fornecimento das suas turbinas. Também oferece soluções de segurança de bens e pessoas.

Wärtsilä, Finlândia, é líder global para soluções de energia marítima e para os mercados de energia. É o segundo maior fornecedor global de motores de navio e o líder mundial de motores médios a quatro tempos. Nos últimos anos comprou várias empresas de desenho de navios incluindo o grupo alemão SCHIFFKO (2006) e a Vik-Sandvik.

Alfa Laval Group, Suécia gere 32 unidades de produção e 102 centros de serviço a nível mundial. Este grupo tem receitas de 24,7 mil milhões de SEK (2010) com uma carteira de produtos diversificada, incluindo soluções de navegação, elétricas e eletrónicas.

Empresas de comunicações incluindo satélite:

Inmarsat, UK

EADS/Astrium, França

Telenor Satellite Broadcasting, Noruega

Cobham SATCOM, UK.

Perfurações em offshore

O crescimento do mercado de petróleo e gás reforçou a importância das soluções de perfuração offshore, sendo cada vez mais importantes para o setor naval. Os fornecedores de sistemas europeus mais importantes neste setor são a Saipem, de França, a Technip, da Itália, e ainda a Aker Solutions Group, com sede na Noruega, apresentando-se como as principais empresas de engenharia offshore a nível europeu.

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Equipamento elétrico e eletrónico marítimo

Kongsberg Maritime, Noruega, tem um centro de produção em Zhenjiang/China focado no fornecimento de unidades de controlo e distribuição elétrico para a indústria marítima.

Consilium, Suécia, operando uma unidade de fabrico para produtos de navegação a partir da China.

6.3.5.1.1 Perspetivas específicas do Mercado

Complementando a análise do contexto de mercado feita anteriormente (ver 6.3.1), os mercados geográficos incluídos nesta análise do segmento de mercado dedicado à Economia do Mar apresentam as seguintes especificidades e desafios.7778

Alemanha

A Economia do Mar na Alemanha dá emprego a cerca de 160 mil trabalhadores em cerca de quatro mil empresas concentradas em quatro grandes áreas:

Ems-Axis – região no noroeste da Alemanha ao longo do rio Ems;

Região metropolitana de Bremen-Oldenburg;

Região metropolitana de Hamburgo e respetivo interior adjacente;

Região de Schleswig-Holstein.

O tipo de atividades concentra-se nas seguintes grandes fileiras:

Construção e reparação naval,

Setor de exploração de eólicas offshore,

Fabrico de equipamentos (com orientação para a resolução de problemas ambientais).

Existem diversas definições de política estratégica para o setor, entre as quais se realça o Plano de Desenvolvimento Marítimo – uma estratégia integrada para a política marítima da Alemanha, em que a máxima prioridade vai para o reforço da competitividade alemã na economia do mar e na completa utilização do seu potencial de emprego. Outros aspetos de realce nesse plano são: a sustentabilidade e a diversidade biológica e o seu impacto na indústria marítima.

Dinamarca

A Dinamarca é líder na indústria marítima global e em atividades de transporte marítimo utilizando tecnologias avançadas. A Dinamarca oferece um quadro regulamentar estável e excecionalmente favorável, prosseguindo uma política industrial de longo prazo, o que resultou em vantagens e boas condições de negócio para as indústrias marítimas. As grandes fileiras do setor marítimo na Dinamarca são os seguintes:

Indústria naval - O transporte marítimo é uma aposta fundamental, estando as companhias de navegação dinamarquesas na vanguarda do transporte marítimo global. A maior empresa do mundo de transporte é dinamarquesa - AP Moller-Maersk Group, e existem outras também muito importantes: Torm, DFDS, J. Lauritzen, Svitzer e Norden. A frota explorada por companhias de navegação dinamarquesas transporta cerca de 10% de todos os bens comercializados globalmente;

Offshore - A indústria offshore dinamarquesa, sobretudo apostada na energia eólica de alto-mar (Mar do Norte e Mar Báltico), na energia das ondas e suportando a exploração de petróleo e gás no mar do Norte com o desenvolvimento de material, logística, segurança e gestão de instalações, está na vanguarda do desenvolvimento tecnológico. O setor offshore dinamarquês inclui grandes empresas, tais como Maersk, Vestas, Danfoss, DONG Energy, Siemens e Vattenfall. O setor é composto por mais de 230 empresas, várias universidades e organizações que empregam mais de 13 mil pessoas. No antigo estaleiro da Odense Steel em Lindoe, existe um centro para investigação

77 Fonte: ECORYS, SPRO, MRAG - Study on Blue Growth and Maritime Policy within the EU North Sea Region

and the English Channel - Final Report FWC MARE/2012/06 – SC E1/2012/01 - Client: DG Maritime Affairs and Fisheries - Rotterdam/Brussels, 4th March 2014

78 Fonte: Maritime Clusters in the Baltic Sea Region - Estonia, Finland, Germany, Latvia, Lithuania, Poland and Sweden”

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e desenvolvimento de energia eólica offshore, fundições de turbinas de energia e centrais de energia das ondas. O centro de I&D de Offshore da Dinamarca localiza-se em Esbjerg e é o centro de competência e inovação nacional oficial para a indústria offshore dinamarquesa. O Centro de Offshore facilita a cooperação no setor, gere projetos de desenvolvimento, proporciona atividades de partilha de conhecimento e promove o setor offshore dinamarquês a nível internacional. A Dinamarca tem uma longa tradição de exploração de energia eólica - com impressionantes resultados da investigação durante os últimos 25 anos, mais de 30% do consumo atual de eletricidade na Dinamarca é produzida por meio da energia eólica, e a meta é chegar a 50% até 2020.

Tecnologia marítima avançada - As fortes tradições navais na Dinamarca levaram a uma ampla gama de soluções tecnológicas avançadas para a indústria naval. Neste contexto existem várias empresas dinamarquesas na vanguarda da tecnologia marítima avançada:

A Thrane & Thrane é líder mundial em soluções de comunicação via satélite para a indústria, abrangendo localidades marítimas normalmente não cobertas pela tecnologia de comunicação tradicional;

A Logimatic é uma empresa de TI dinamarquesa com origens na indústria marítima que agora desenvolve software e soluções avançadas para logística, manutenção da frota e aquisições para a indústria naval;

A Blueline desenvolve e produz PC e monitores LCD robustos para ambientes agrestes, como o ambiente marítimo. Estas soluções são resistentes a vibrações, choques, líquidos, frio e calor extremos, bem como a outros riscos relacionados com o ambiente;

A Gatehouse foi um dos pioneiros no âmbito dos sistemas de identificação automática (AIS) e hoje permanece líder da indústria para a vigilância costeira e portuária.

A Dinamarca não é apenas líder mundial no âmbito do transporte e da tecnologia para a indústria marítima. A Dinamarca também foi classificado como o melhor mercado de teste para a Informação e Tecnologia de Comunicações (TIC).

Finlândia

O cluster marítimo finlandês é de exportação intensiva e, como tal, é muito dependente do mercado internacional. Existem apenas cinco estaleiros de construção naval que são vulneráveis a mudanças da procura externa e em conjunto com as empresas offshore estão ligados a 300 fornecedores de indústria naval e de equipamentos de movimentação de carga marítima. A rede de subcontratantes é ampla e consiste principalmente de PME’s, que sobreviveram à crise de forma diferenciada. Em termos de postos de trabalho o setor emprega cerca de 40 mil trabalhadores, com um negócio de 14 mil milhões de euros.

As principais áreas de competência são a construção de navios oceânicos, mega iates e navios para operarem no Ártico. Neste caso, a Finlândia também possui capacidades na construção e manutenção de plataformas offshore. O setor complementa-se, assim, com a indústria de equipamentos de manipulação de carga.

O maior desafio para os finlandeses é manter esta capacidade e infraestrutura dentro do país, pois a companhia de origem coreana que possui os estaleiros finlandeses está em processo de encerramento de alguns deles. Os portos finlandeses são de pequena dimensão e são em grande quantidade, competindo entre eles.

Enumeram-se abaixo alguns exemplos recentes da atividade de inovação e iniciativas que envolvem a indústria naval finlandesa:

Finnish Metals e Engineering Competence Cluster Fimecc Ltd, com um programa específico de I&D dedicado à indústria naval (2009-2013) no valor de 43 milhões de Euros e que envolveu 24 empresas e 11 universidades;

Marine Business Park de Vuosaari, Helsínquia, envolvendo algumas das empresas mais destacadas no setor: e.g. ABB Marine Systems e Aker Arctic (tecnologia para navegação no Ártico e Antártico);

Uma plataforma de inovação da indústria marinha do Sudoeste da Finlândia, recentemente estabelecida, envolvendo sete universidades, quatro cidades e dezenas de empresas incluindo novos grupos de pesquisa para a tecnologia de investigação marinha e de negócio. São exemplos dos resultados a construção atual de um grande ferry de passageiros mais amigo do

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ambiente, utilizando GNL como combustível e ainda do estaleiro STX Turku para a Viking Line Abp (empresa de cruzeiros);

Auramarine Ltd, com tecnologia Crystal Ballast - sistema revolucionário de tratamento da água de lastro dos navios perfeitamente integrado com os sistemas existentes e combinando filtragem automática com desinfeção por UV;

Eniram Vessel Platform (EVP), Optimum Speed Assistant (OSA) e Dynamic Trimming Assistant (DTA) com Eniram Ltd – novo software-onboard com sistemas de tempo real para controlo e otimização do desempenho do navio resultando em economias substanciais de custos de combustível.

Noruega

A economia do mar na Noruega concentra-se:

na região de Stavanger, como centro das operações de petróleo e gás em offshore, sendo a Noruega um líder mundial em termos da extração em águas profundas,

na região Ocidental, focando-se na aquacultura, especialmente na produção de salmão e com um potencial de desenvolvimento para outras espécies. Este setor tem crescido sensivelmente sobretudo para satisfazer a procuras nos países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China);

na Costa Ocidental da Noruega, com a sua indústria de construção naval particularmente ligada ao negócio offshore.

As estratégias e políticas da Noruega em relação ao setor focam-se num forte crescimento e desenvolvimento. Existem políticas estratégicas de suporte para os setores:

do petróleo e gás, através de desenvolvimentos e inovações a longo prazo, mantendo-se a Noruega como líder tecnológico da área;

eólicas de alto-mar;

construção naval e de equipamentos para águas profundas ligados aos negócios offshore;

indústria de aquacultura;

turismo de cruzeiros; e ainda

a proteção costeira.

Para estas políticas, são chamadas a colaborar as diversas entidades do país, nomeadamente, empresas, universidades e outras instituições, num espírito de colaboração com objetivos estratégicos para a economia norueguesa.

Suécia

O setor da construção naval entrou em declínio nos anos 70 e 80. Na Suécia, hoje, é a logística marítima (portos, terminais, companhias de navegação e serviços relacionados) que emprega mais de metade dos trabalhadores da fileira marítima. As regiões de Västra Götaland (45%), Stockholm (22%) e Skåne (11%) são as regiões mais determinantes. A fileira marítima inclui assim cerca de duas mil companhias e 44 mil trabalhadores, sendo que as companhias de construção naval têm ainda, apesar de tudo, um número significativo de trabalhadores – cerca de 35% do setor.

Nos últimos anos, constatou-se um forte crescimento no setor offshore, sobretudo na região ocidental da Suécia, para o mercado offshore norueguês. A Suécia tem duas das empresas mais importantes do mundo no projeto de estruturas offshore: a Bassoe Technology AB, especializada na conceção e construção das unidades móveis offshore (projetos recentes incluem barcaças de perfuração, unidades semi-submersíveis, alojamento em ambiente hostil e unidades de perfuração); e a Consultants GVA, que fornece projetos para embarcações offshore, plataformas de perfuração e unidades de alojamento. O interesse na cooperação no setor offshore resultou no desenvolvimento do consórcio colaborativo OffshoreVäst, onde cerca de 50 organizações trabalham em conjunto para fortalecer o desenvolvimento da indústria offshore sueca.

Quatro instituições universitárias (Chalmers University of Technology, University of Gothenburg, Kalmar Maritime Academy e KTH Royal Institute of Technology, em Estocolmo) são as principais entidades de pesquisa e educação marítima. A Universidade Marítima Mundial, em Malmö, foi fundada em 1983 pela Organização Marítima Internacional (IMO). Trata-se de um centro de excelência para a formação marítima de pós-graduação e pesquisa. Os institutos SSPA, SP e Swerea estudam e desenvolvem projetos relacionados com negócios dentro do setor marítimo. Há também I&D em energias renováveis

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em mar alto, aquacultura, turismo marítimo e costeiro, extração de minerais do fundo do mar e biotecnologia azul.

O transporte marítimo de mercadorias é vital para a economia sueca, uma vez que 90% das exportações e importações do país seguem essa via. Vários portos operam internacionalmente, mas o porto de Gotemburgo é o maior.

Programa H2020

O H2020 é uma oportunidade a não perder, no quadro de uma estratégia de angariação de conhecimentos, estabelecimento de redes e abordagem preliminar a este segmento de mercado, especialmente no quadro do seu pilar 3 – Desafios Societais, que inclui os seguintes objetivos com interesse para este tema:

Objetivo 3.2 – Agricultura, incluindo segurança alimentar, agricultura sustentável e florestas, investigação marinha, marítima e em águas interiores e bio economia

Objetivo 3.3 – Energia eficiente, limpa e segura

Objetivo 3.4 – Transportes inteligentes, verdes e integrados

Objetivo 3.5 – Ambiente, ações climáticas, ambiente, eficiência nos recursos e nas matérias-primas

… e ainda os objetivos com caráter transversal na área das TICE: comunicações, desenvolvimento de software, robótica, etc.

6.3.5.1.2 Aspetos regulatórios

Face aos impactos ambientais e aos diversos perigos para a vida humana, o setor é altamente regulado e são diversas as normas cujo respeito é fundamental. Assim, as listas de Certificação e Homologação são a principal ponto de referência para a implementação internacional de produtos e serviços

O processo de homologação, conforme exigido pelos regulamentos do IMO (Organização Marítima Internacional), pelos Estados de bandeira e pelas sociedades de classificação está estruturado em três etapas. O fornecedor tem de apresentar o pedido juntando a informação adequada: desenhos e fichas técnicas aplicáveis, resultado de testes, dados suficientes para verificação do cumprimento das normas e informações específicas adicionais relacionadas com a aplicação. A Sociedade Classificadora executa então a avaliação da conceção, testes do protótipo, a avaliação de gestão e avaliação de produção (executada por inspetores locais utilizando listas de verificação normalizadas). Todas as tarefas de avaliação incluem a etapa 2 do Processo de Aprovação Tipo. O controlo de produção é normalmente realizado numa base anual. Novos produtos ou modificações em produtos existentes podem exigir análises de projeto adicionais. Como etapa final, o certificado é emitido ao fornecedor. Em geral, é válido por cinco anos. A sociedade de certificação coloca o produto na lista dos produtos homologados (algumas destas listas estão publicadas nos sites das respetivas sociedades de certificação) e o fabricante pode comercializar o produto como tipo aprovado pela sociedade de certificação.

Papel e impacto do Diretiva Europeia sobre Equipamento Marítimo

As homologações apresentam-se aos fornecedores como uma pré-condição importante para a comercialização de seus produtos no setor marítimo. No entanto, é um fator de custo importante também a ter em conta. O reconhecimento mútuo de tais aprovações por diferentes sociedades de classificação e pelos “Estados de Bandeira” proporciona uma vantagem competitiva em relação ao custo da certificação, sendo também um objetivo no que diz respeito à implementação de regulamentos e padrões disponíveis harmonizados. A Diretiva Europeia sobre Equipamento Marítimo fornece uma base para o reconhecimento mútuo dos produtos em sete categorias de equipamentos a serem instalados em embarcações com pavilhão Europeu.

Para os produtos certificados no âmbito da Diretiva, a Comissão Europeia está a executar um Banco de Dados (base de dados Mared) que permite uma avaliação das quotas de mercado e o desenvolvimento atempado de número de certificados. Isso dá uma ideia sobre as quotas de mercado e desenvolvimento de mercado para as categorias de itens abrangidos pela Diretiva, nomeadamente, meios de salvação, equipamento MARPOL, equipamentos de segurança de incêndio, equipamentos de navegação e equipamentos de rádio comunicação, equipamentos SOLAS Capítulo II e equipamentos COLREGS. A análise dos dados a partir de 2012 mostra que as empresas de quatro

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países (Alemanha, China, Coreia do Sul e Reino Unido) representam mais de 50% das entradas do banco de dados. Se forem somadas as entradas de empresas provenientes da Noruega, Japão e Itália, estas representam ao todo uma quota de 75% de todos os certificados. Para rádio e equipamentos de comunicação, o Japão assume uma liderança forte, com mais de 40% de todas as entradas do banco de dados por si só. Se forem adicionadas as entradas do banco de dados da Dinamarca, Reino Unido e Alemanha, neste tipo de equipamentos, a percentagem sobe para cerca de 85%.79

Produtos e serviços a internacionalizar

Durante muito tempo, o papel das TICE na Economia do Mar limitava-se à extensão dos aspetos mais comuns de comunicações e serviços de informação de caráter geral às atividades marítimas, sobretudo à gestão e operação de navios e transportes marítimos. O desenvolvimento mais recente ocorreu em duas vertentes paralelas: a diversificação e as possibilidades abertas com a digitalização e miniaturização das TICE e, por outro lado, os potenciais entretanto descobertos na exploração dos mares e oceanos em resultado do alargamento das zonas em que cada país pode explorar esses ambientes, abrindo portas a novos produtos e serviços, alguns deles onde ainda mal se vislumbra a forma final que vão assumir. Daí, o surgimento do conceito de “Economia do Mar”” e ainda o alargamento do conceito de “Smart” (“Digital”) também aos oceanos: “Smart Ocean”.

Na análise de contexto realizada anteriormente, localizaram-se os seguintes conjuntos de tecnologias com potencial neste mercado. De seguida, desenvolveu-se, adicionalmente, algumas ideias para conjuntos de produtos e serviços em cada um dos grupos definidos:

Análise de Dados, as opções de “big data” na construção de sistemas de dados em áreas tão diversificadas como a gestão dos recursos marítimos, a gestão dos meios de transporte e logísticos que utilizem os oceanos, a compilação de dados meteorológicos e de análise e prospeção dos fundos marinhos são temas de exploração pelas TICE

Sistemas de Informação Geográfica, cobrindo em tópicos tais como a localização de recursos, meios de transporte e equipamentos de sensorização

Telemetria, incluindo todos os sistemas de medição e sensorização de equipamentos, recursos e meios à distância proporcionando a tomada de decisão e controlo centralizado

Gestão de processos e operações, abrangendo todos os sistemas de informação de gestão e controlo de suporte à decisão e à elaboração de relatórios de análise sobre as situações

Robótica, em meios onde a presença humana não é natural e as condições de habitabilidade são difíceis, o desenvolvimento e implementação de meios tecnológicos que possam permitir a visualização, a análise e a recolha de materiais em meios oceânicos e em profundidade

Sistemas de comunicações, as telecomunicações são fundamentais para que pessoas e equipamentos possam comunicar entre si e com as bases de controlo “onshore” e/ou “offshore”

Na Figura 32 podem verificar-se um conjunto de tendências, produtos e serviços e tecnologias adequadas a este segmento de mercado, alinhadas de acordo com um quadro temporal futurista.

79 Fonte: Balance technology consulting - “COMPETITIVE POSITION AND FUTURE OPPORTUNITIES OF THE

EUROPEAN MARINE SUPPLIES INDUSTRY” - Funded by the European Commission, DG Enterprise and Industry, Contract No. SI2.630862 - Final Report.

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Figura 32 – Roteiro de tendências, oportunidades de produtos e serviços e tecnologias utilizáveis na Economia do Mar.

Adaptado de: UK Marine Industries Roadmap & Capability Study – Technology Strategy Board – UK Marine Industries Alliance, BIS, Transport KTN.

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Potenciais parceiros e facilitadores locais

O Plano de Internacionalização deverá incluir a celebração de parcerias que facilitem o acesso a clientes. Estes parceiros deverão estar perfeitamente inseridos e ser conhecedores dos mercados locais. Os eventuais facilitadores locais agrupam-se da seguinte forma:

Programas de financiamento e/ou Instituições de investigação, muitas vezes de financiamento público dedicadas ao estudo e desenvolvimento de projetos de aplicação tecnológica ao serviço da economia do mar;

Instituições públicas e departamentos governamentais, de desenvolvimento económico e de incentivo ao investimento e criação de emprego no quadro da economia do mar; e finalmente

Empresas privadas dedicadas ao estabelecimento de negócios relacionados com a economia do mar e à aplicação dos conceitos digitais nesse setor da economia.

No Anexo 3 apresenta-se uma listagem de possíveis entidades enquadráveis nestes grupos e relacionadas com os mercados geográficos em causa.

Estratégia de promoção e venda no exterior

No contexto da estratégia de internacionalização descrita, as ações de prospeção, estabelecimento de interligações e angariação de conhecimento tecnológico apresentam-se como críticas para o sucesso da estratégia. Neste ponto, sem caráter exaustivo, apresentam-se algumas soluções e ideias para a sua implementação.

Um dos mecanismos mais utilizados para o encontro de parceiros, conhecimento de pessoas e também para adquirir conhecimentos sobre os produtos e serviços disponíveis nos mercados (e posteriormente para a apresentação dos próprios produtos) passa pela presença assídua em eventos internacionais representativos do setor.

6.3.5.4.1 Congressos, Feiras e Exposições

Constata-se a existência de um conjunto de eventos incontornáveis em qualquer processo de internacionalização neste setor. No Anexo 4 revela-se uma lista exaustiva, seguida de uma pequena seleção, e na Figura 33, ilustra-se uma súmula agregada por cada subárea da Economia do Mar.

OCEANS’15 – organizado pelo MTS/IEEE em Washington, de 19 a 23 de Outubro de 2015. O OCEANS’15 é um fórum excelente para avaliação e estabelecimento de contactos em todos os tópicos nas áreas de tecnologia marítima e engenharia dos oceanos.

Second Blue Planet Symposium - este Simpósio tem como objetivo "transferir as observações do oceano para os utilizadores". Ele vai coordenar tarefas ligadas ao mar no âmbito do Grupo de Observação da Terra (GEO); discutir a implementação de sistemas de observação oceânica; e aumentar a consciência dos benefícios sociais das observações do oceano para a comunidade em geral, especialmente para os doadores e decisores políticos. O simpósio será organizado de acordo com os componentes Blue Planet: observações do oceano sustentado; Ecossistemas sustentados e segurança alimentar; Previsão do oceano e Serviços; Serviços para a Zona Costeira; Clima Oceânico e Carbono; e Desenvolvimento de Capacidade e Consciência Social. Terá um foco particular na região da Ásia-Pacífico, ligando observações para benefícios societais, como para os pequenos Estados insulares (SIDS) desenvolvimento e ambientes costeiros e da economia azul. O GEO coordena o trabalho da Blue Planet e é composto por 90 países-membros, a Comissão Europeia (CE) e mais de 70 organizações participantes.

Dia Mundial dos Oceanos 2015 – celebra-se anualmente a 8 de Junho. Este Dia procura: alertar todos para a importância do Oceano na vida quotidiana; informar o público sobre o impacto das ações humanas no Oceano; desenvolver um movimento mundial do cidadão, a favor do Oceano; e mobilizar e unir a população do mundo num projeto para a gestão sustentável dos oceanos. Data: 08 de junho de 2015. Local: em todo o mundo.

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Figura 33 – Roteiro de eventos mundiais dedicados à Economia do Mar. Adaptado de: http://www.eventseye.com/, http://www.ihsmaritime360.com/events (acesso em Abril de 2015)

6.3.5.4.2 Ações de Promoção e Comunicação

As ações de promoção e comunicação são mais importantes, depois do processo de internacionalização iniciado no sentido de reforçar a presença nos mercados recém-conquistados, afirmando a continuidade da aposta da presença. Os eventos podem ser os mesmos do ponto anterior, mas a postura da presença passa por outras formas:

apresentação de produtos e serviços

comunicação de conhecimentos tecnológicos e inovações

apresentação de peritos; e

participação na regulação do setor com propostas e contribuições

Deverá ser elaborado um Plano Anual, incluindo as presenças possíveis e os desafios a colocar internamente, para que elas se concretizem.

A participação em consórcios internacionais de investigação ou discussão sobre os grandes desafios do mercado é também pertinente.

6.3.5.4.3 Prospeção de concursos

A contínua procura por oportunidades é uma necessidade e uma das vias passa pelo conhecimento atempado dos desafios ao mercado colocados publicamente pelos potenciais clientes. O site www.globaltenders.com/tenders-portugal.htm, que se assume como a maior base de dados de concursos públicos do mundo, é assim uma possível via para manter esse conhecimento e explorar o tipo de oportunidades que por esse mundo fora se apresentam, sejam lançadas por iniciativa de instituições públicas ou privadas.

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Riscos de Internacionalização

Toda a atividade que pode redundar em benefícios altos, como se pretende com a internacionalização, envolve um grau de risco acentuado. No texto que se segue resumem-se os três riscos maiores da estratégia de internacionalização no setor da Economia do Mar:

Cumprimento das normas regulatórias do setor e/ou as de caráter ambiental

Como foi já referido anteriormente, o caráter perigoso para infraestruturas e pessoas da atividade neste setor obrigou a uma consistente construção de um edifícios de regras, normas e diretivas europeias, que condicionam severamente a ação no setor. Este edifício cresceu com os perigos ambientais em que a atividade incorre ao perturbar o difícil equilíbrio ambiental dos oceanos – novas regras, desta vez de caráter ambiental, juntaram-se á estrutura já existente do ponto de vista da segurança física e da informação. O conhecimento aprofundado deste conjunto de normas é fundamental para a abordagem ao setor. Não será possível trabalhar nele sem se demonstrar, até para com os parceiros, um domínio completo do setor e a capacidade para ultrapassar esses obstáculos no desenvolvimento, fabricação e operação dos diversos produtos e serviços.

Excelência no cumprimento dos requisitos do cliente, incluindo datas de entrega

Não existe complacência nem compreensão nestes mercados para incumprimentos de qualquer natureza, para os quais não existam razões ponderosas. Neste contexto de trabalho, os gestores e as equipas têm de cumprir os compromissos e alguma flexibilidade e compreensão existentes noutras atividades são nestes casos completamente inaceitáveis. A formação dos gestores operacionais e das equipas de desenvolvimento para esta situação é fundamental para o sucesso, pelo que um esforço significativo tem de ser feito para obter esse conhecimento, no que diz respeito a métodos de trabalho e de controlo, e depois para o seu estrito cumprimento.

Competência tecnológica

Apesar da competência tecnológica ser, talvez, o ativo mais forte das empresas da Inova-Ria, o caráter exploratório deste segmento, a inexistência em Portugal de um verdadeiro cluster dedicado à tecnologia do Mar, torna este aspeto crítico e sujeito a risco. A formação terá de ser acelerada e o recurso a soluções internacionais uma prioridade. É fundamental interiorizar rapidamente nestas empresas o conhecimento que outros levaram anos a acumular. O estabelecimento de parcerias é, mais uma vez, a possível solução, a participação em consórcios de trabalho internacionais e com parceiros que dominam a tecnologia, é também uma via adicional possível.

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6.4 Segmento de mercado: Educação/eLearning no Brasil

O setor da educação e do eLearning é hoje uma área de aplicação das novas tecnologias da informação e comunicação. Sendo o conhecimento um bem assumidamente fundamental para o desenvolvimento económico, assumindo-se como sendo exponencial o aumento do conhecimento necessário para viver no mundo atual, as áreas da educação não poderiam fugir a esta revolução tecnológica. Em particular o mercado do Brasil, um país em desenvolvimento acelerado, não poderia fugir à necessidade de rapidamente acompanhar os paradigmas mais atuais na modernização dos meios de gestão e transmissão do conhecimento necessário ao desenvolvimento económico.

6.4.1 Contexto do mercado da Educação/eLearning

Ultrapassadas algumas fases do seu processo de desenvolvimento, em que a diminuição substancial da pobreza foi o principal objetivo, o Brasil terá nos próximos anos de voltar-se decididamente para a educação e para a melhoria das condições em que a transmissão de conhecimento e a aprendizagem se desenvolvem no País.

Apesar do fluxo de investimentos públicos e privados que o setor da educação tem recebido nos últimos anos, o Brasil necessita de melhorar o seu "ecossistema educativo" para fazer face aos requisitos de aptidão, conhecimento e inovação de um país que se esforça para melhorar a qualidade de vida de todos os seus cidadãos. Desde a década de 1990 que a economia do Brasil se tem modernizado e crescido, registando-se igualmente um crescimento, em tamanho e qualidade, das suas instituições de ensino superior. O acesso a melhor educação continua, no entanto, ainda a ser um desafio fundamental para o país.

No ensino primário e secundário, a qualidade da educação permanece baixa, quando comparada com outros países (o Brasil ocupa o antepenúltimo lugar do Índice Global de capacidades cognitivas e nível de escolaridade, num estudo global de 2014 envolvendo 39 países e uma região80). Apesar de algumas universidades públicas brasileiras serem globalmente competitivas, como por exemplo a Universidade de Campinas e a Universidade de São Paulo, elas são duas de apenas quatro universidades sul-americanas que fazem parte da lista das 400 universidades pertencentes ao “2014-15 Times Higher Education World University Ranking”. De facto, apenas 11% da população brasileira possui qualificação de nível secundário81.

O ensino superior brasileiro, no entanto, está a mudar rapidamente. De 2002 a 2012 o número de alunos a frequentar o ensino superior no Brasil duplicou para cerca de sete milhões. Com apenas 17% dos brasileiros com idade entre 18 e 24 anos na universidade, o governo comprometeu-se a aumentar esta percentagem para 33%, até 2020.

Com uma grande parte da população jovem e com o crescimento de setores industriais, como por exemplo o petróleo, que exigem trabalhadores qualificados, a procura pelo ensino superior vai continuar a aumentar. Para responder a este lucrativo e crescente mercado (e uma vez que o setor público não tem dinheiro para expandir a oferta), essa procura está a ser satisfeita por instituições privadas. Fundos privados, corporações e bancos de investimento estão agora a comprar e restruturar as instituições educacionais no Brasil a um ritmo bastante rápido.

As oportunidades para aprender e inovar com as TICE são inumeráveis. No entanto, apesar dos investimentos significativos, os sistemas educativos formais continuam a enfrentar desafios na preparação dos jovens com os conhecimentos e aptidões nas tecnologias da informação e comunicação fundamentais para o sucesso e para o desenvolvimento económico, como foi já visto.

Um recente relatório da OCDE sobre as perspetivas da ciência, da tecnologia e da indústria indica que os modelos tradicionais de educação não estão a preparar de forma adequada os alunos para responder à procura do mercado de emprego. O relatório enfatiza ainda que a educação formal

80 Fonte: Pearson/The Economist - Index of cognitive skills and educational attainment 2014. 81 Fonte: The Economist 2012.

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continua a ser o principal veículo para melhorar as competências necessárias de estímulo à inovação e que os governos precisam tomar medidas para resolver as limitações do sistema público.82

Muitos especialistas têm associado as limitações dos sistemas educativos à falta de uma verdadeira integração das tecnologias da informação e comunicação na educação. A falta desta integração afeta negativamente a aquisição de conhecimentos na utilização das TICE, em geral, e na aquisição de competências em TICE, em particular, mesmo quando estas tecnologias estão aparentemente disponíveis na sala de aula através da existência de computadores e Internet.

Muitos são os fatores responsáveis por esta situação, incluindo a falta de aplicações adequadas; falta de apoio técnico; ausência de fornecimento de energia elétrica de uma forma confiável; inadequação do rácio aluno-computador-professor; aprendizagem das TICE restringida ao estudo da informática básica e não extensiva a uma utilização transversal como facilitador em outras disciplinas; e, não menos importante, a capacidade limitada de professores para fazer um uso mais integrado das TICE para o ensino e a aprendizagem. 83

Existem diversas iniciativas regionais, como por exemplo a Rede Latino-americana de Portais Educativos (RELPE), que reúne 19 países na região e Espanha, com o objetivo de tornar as TICE uma parte integrante da educação através da formação e disponibilização de recursos para aumentar as qualificações dos professores em TICE.84

As investigações realizadas permitem concluir que muitos esforços envolvendo as TICE no domínio da educação têm sido implementados com intervenções dispersas e independentes por ministérios, departamentos ou agências, limitando o seu impacto.

O aproveitamento do potencial das TICE na educação requer uma abordagem integrada e coordenada entre os diversos interessados. Uma estratégia nacional, que oriente o trabalho dos vários ministérios, reforce a complementaridade de esforços e reduza a redundância. Em alguns países os ministérios do trabalho, das telecomunicações, da juventude ou desenvolvimento humano, educação, desenvolvimento social e até mesmo a indústria trabalham em conjunto para identificar áreas de interesse comum e desenvolver ações focadas em objetivos concretos.

6.4.2 Análise de fatores de contexto geral

Neste estudo, foi recolhida informação sobre o segmento de mercado da Educação/eLearning que permitirá avaliar a sua importância no conjunto de fatores típicos de uma análise STEP.

Aspetos sociais

Os principais indicadores sociais melhoraram ao longo da última década. O governo atual tem atribuído alta prioridade a programas de desenvolvimento social. "Fome Zero", por exemplo, é a estratégia do governo federal para erradicar a pobreza extrema, nomeadamente, promovendo a segurança alimentar e nutricional, bem como o acesso da população mais vulnerável aos seus direitos como cidadãos. Neste contexto, o governo combinou os programas de transferência social existentes num único programa unificado de transferência condicionada de fundos, "Bolsa Família", para a maioria das famílias desfavorecidas, que oferece subsídios financeiros, bem como um acesso combinado aos direitos sociais básicos (por exemplo: saúde, alimentação, educação e assistência social). Estão a ser conduzidos esforços para melhorar a eficiência do programa através de uma melhor seleção do público-alvo. No entanto, ainda há muito a ser feito para resolver as desigualdades entre as áreas rurais e urbanas, de género, raciais e para garantir que o acesso a bens e serviços beneficie todos os grupos sociais.

82 Fonte: OECD, OECD Science, Technology and Industry Outlook 2012 (OECD Publishing, 2012), 486,

http://dx.doi.org/10.1787/sti_outlook-2012-en. 83 Fonte: Robert B. Kozma and Shafika Isaacs, Transforming Education: the Power of ICT Policies, (Paris:

UNESCO, 2011), http://unesdoc.unesco.org/images/0021/002118/211842e.pdf 84 Fonte: Red Latinoamericana de Portales Educativos (RELPE), www.relpe.org/

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Em 2013, o Brasil ocupava a posição 79ª (em 179 países) no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, uma posição bastante modesta, em comparação com os níveis de desenvolvimento económico e sofisticação tecnológica do país.85

De acordo com o relatório de monitoria MDG86, em 2012 a percentagem de população a viver em pobreza extrema (menos de 1,25 USD por dia) era de 3,5%, ou seja, cerca de 7,1 milhões de pessoas, apesar de tudo uma melhoria significativa em relação a 2002, quando a pobreza extrema afetava 11,6% da população, cerca de 20 milhões de habitantes. O objetivo definido pelo Governo brasileiro é a redução da pobreza extrema até ao final de 2015 para um quarto do nível de 1990 (25,5%).87 Também de acordo com os indicadores do World Bank, a percentagem de população pobre em 2013 correspondia a 8,9% ou seja, cerca de 17,8 milhões de habitantes.

O Brasil é ainda, por isto, um dos países com maiores desigualdades sociais do mundo: os 20% mais pobres respondem por 4,2% do produto nacional. De acordo com o World Bank, o índice de Gini do Brasil, que pretende medir a desigualdade social, teve o seu valor máximo em 1989, com 63,3 pontos, sendo ainda 52,7, em 2012, uma das taxas de desigualdade mais elevadas do mundo. Em outras palavras, a riqueza e distribuição dos rendimentos continuam a ser muito desequilibrados, em particular nas regiões mais a norte e no nordeste. A desigualdade no Brasil está também relacionada com a raça: 65% dos 10% mais pobres são negros ou mestiços, enquanto 86% dos 1% mais ricos são brancos.

Especialmente durante a última década, a pobreza e a desigualdade têm diminuído notavelmente. De 1999 a 2009, o aumento do rendimento per capita dos 10% mais pobres foi quase quatro vezes maior do que o dos 10% mais ricos. A partir de 2002, aproximadamente 40 milhões de pessoas passaram para a classe média, enquanto 35 milhões de pessoas foram retiradas da pobreza. Da mesma forma, grupos tradicionalmente desfavorecidos, como os não-brancos e a população do nordeste, experimentaram um crescimento mais rápido do rendimento em comparação com o resto da sociedade. A redução da desigualdade é ainda mais notável quando se compara o Brasil com outros países. A desigualdade no Brasil desceu quase duas vezes mais rápido do que a média latino-americana, enquanto nos outros países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ou nos países da OCDE como um grupo, a desigualdade tem aumentado, entre o início da década de 1990 e o final da década de 2000.88

O acesso à educação melhorou nos últimos anos, mas ainda existem desequilíbrios regionais entre o nordeste e as regiões do sul e do sudeste, especialmente ao nível do ensino superior. A taxa de analfabetismo no Brasil caiu para 8,3% em 2013, mas continua a afetar a população pobre da região nordeste, onde 16,6% da população, com idade de 15 anos, não sabe ler. A percentagem de analfabetos no Brasil tem caído constantemente ao longo dos últimos dez anos, a partir dos 11,5% registados em 2004, de acordo com os números da Censo Nacional por Amostra Domiciliária, ou PNAD. Em números absolutos, cerca de 13 milhões de pessoas de um total de 201,5 milhões de brasileiros, são incapazes de ler ou escrever, segundo o estudo.89

O mesmo estudo mostra que no Nordeste, a taxa de iliteracia era cerca de 16,6%, em 2013, quase 6% menos que em 2004, quando a taxa era de 22,4%. A iliteracia é particularmente alta entre pessoas com mais de 60 anos, 23,9% da população, enquanto é quase inexistente entre o segmento mais jovem, com apenas cerca de 1% na faixa etária dos 15 aos 19 anos. Existe também um ligeiro aumento na duração do tempo que os brasileiros estão na escola, que atingiu uma média de 7,7 anos. Mais de 98% das crianças entre 6 e 14 anos vão à escola, mas essa percentagem cai para 84,3% entre os adolescentes dos 15 aos 17 anos.90

Aspetos tecnológicos

A utilização da tecnologia para apoiar a educação está em curso há já muitos anos no Brasil, apoiada na expectativa de mudança e transformação do processo de ensino e no aumento do desempenho escolar. O acesso às TICE e o seu uso proficiente pelos cidadãos são condições essenciais para o

85 Fonte: UN 2014 Human Development Statistical Tables. 86 Fonte: Millenium Development Goals, Maio de 2014. 87 Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, Relatório Brasil 2014. 88 Fonte: OCDE 2013. 89 Fonte: PNAD 2013.

90 Fonte: UN 2014 Human Development Statistical Tables.

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desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento. Estas tecnologias têm vindo a produzir impactos sociais relevantes, nomeadamente, na inclusão social. No caso dos jovens em idade escolar, tais impactos são ainda mais notáveis, pois as TICE e, sobretudo, as redes sociais, têm transformado de um modo rápido e profundo os seus processos de socialização e a forma como se relacionam com o mundo à sua volta. As novas gerações chegam às escolas com competências para utilizarem os computadores e trabalharem eficazmente neste ambiente virtual.

No Brasil existem programas do governo federal para o fomento da utilização das TICE na educação. O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), um programa educacional com o objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica - inicialmente denominado de Programa Nacional de Informática na Educação, foi originalmente lançado pelo Ministério da Educação, em abril de 1997. O programa leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Em contrapartida, os estados e os municípios devem garantir a estrutura adequada para receber os laboratórios e qualificar os educadores para uso dos computadores e tecnologias educativas.

Em relação à utilização das TICE em geral, os consumidores brasileiros gastam em média mais de 27 horas por mês a navegar na internet, em que mais de um terço desse tempo é em sites de media social. Números de 2012 indicam que o Brasil tem mais de 86 milhões de utilizadores de Internet. As redes sociais são muito populares num país onde os serviços telefónicos são ainda caros e irregulares. O Brasil é o segundo país do continente americano em termos de utilizadores individuais do Facebook e Twitter, imediatamente a seguir aos EUA: depois dos residentes nos Estados Unidos, os brasileiros representam o maior grupo nacional de utilizadores do Facebook (65 milhões), do Twitter (41 milhões), e do YouTube. Segundo a eMarketer, 79% dos brasileiros com acesso à Internet usam media social.

Em dezembro de 2014, existiam cerca de 281 milhões de telefones móveis em operação no Brasil91, correspondendo a uma densidade de 138 telefones móveis por 100 habitantes. Estudos mostram que existem mais brasileiros com acesso à Internet por através de dispositivos móveis do que por outros meios. O setor de telecomunicações foi privatizado no Brasil, mas, tal como noutros setores básicos, o governo mantém ainda alguns níveis de envolvimento e restrições ao envolvimento de empresas estrangeiras.

Dez/13 Dez/14

Telemóveis 271 milhões 281 milhões

Pré-pago 78% 76%

Densidade (por 100 hab.) 134 138

Crescimento ao Mês 581 mil 258 mil

0,2% 0,1%

Crescimento ao Ano 9,3 milhões 9,6 milhões

3,5% 3,6%

Tabela 27 – Total de telemóveis registados no Brasil Fonte: Teleco 2015.

Em relação a meios de pagamento eletrónico, o Brasil é o quarto maior mercado de cartões de débito/crédito do mundo, com a penetração mais alta de qualquer país da América Latina: uma média de 2,1 cartões por pessoa. Os métodos de pagamento mais comuns são cartões de débito e crédito, tais como o Visa, MasterCard, American Express, Diners Club Hipercard. A Cielo e a Rede também oferecem serviços de pagamentos eletrónicos.

91 Fonte: Anatel.

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Aspetos económicos

O setor da educação no Brasil é o décimo maior setor na economia brasileira, movimentando cerca de 75 mil milhões de USD por ano. O Brasil tem 51 milhões de alunos no ensino básico (que inclui pré-escola, ensino primário e ensino secundário) e cerca de seis milhões de estudantes estão matriculados em cursos universitários. Cerca de 75% dos estudantes de pós-graduação estão matriculados em instituições privadas, movimentando 12,5 mil milhões de USD por ano. Em 2015, 10 milhões de estudantes estarão nas universidades, muitos dos quais serão apoiados por empréstimos do Governo Federal (com empréstimos FIES, os alunos podem obter financiamento até 100% da sua educação, enquanto que através do programa PROUNI de empréstimos os estudantes da escola pública garantem um financiamento até 50%).

O Brasil, um país com dimensões continentais, enfrenta muitos desafios para oferecer um alto padrão de qualidade no ensino para a sua população, de modo a poder continuar a sua trajetória de crescimento.

O setor da educação no Brasil tem crescido exponencialmente nos últimos anos e deve continuar a crescer nos próximos anos, impulsionado por uma economia estável e pelo crescimento da classe média. Nos últimos cinco anos, a nova classe emergente tem revelado uma predisposição para melhorar a sua formação, procurando o ensino superior e cursos de formação profissional. O orçamento do Ministério da Educação foi de 5,5% do Produto Interno Bruto do Brasil, 19 mil milhões de USD, em 2013, com um forte investimento em novas salas de aula, infraestruturas, tecnologias de aprendizagem, livros didáticos e outros programas e meios pedagógicos.

Além dos investimentos do governo, o setor privado da educação no Brasil (incluindo material escolar, materiais e outros bens e serviços relacionados com a educação) é uma indústria que vale quatro mil milhões de USD, onde muitas oportunidades estão disponíveis para as empresas portuguesas. Do valor global da indústria da educação no Brasil, os materiais escolares correspondem a 44% do total, enquanto os livros para cursos universitários correspondem a 18%, livros para o ensino básico correspondem a 20% e os sistemas educativos alternativos valem 9%. As escolas de línguas correspondem a cerca de 9%.

De acordo com o relatório “Brazil Education Services Market Forecast to 2015”, o Brasil tornou-se num mercado de educação altamente lucrativo. Um dos principais fatores para esse crescimento sem precedentes foi a revisão do quadro regulamentar do setor. Também os programas de apoio à educação pós-secundária e a oportunidade das instituições se reformularem como organizações rentáveis financeiramente contribuíram para este resultado.

Ao contrário do ensino básico, o ensino superior brasileiro é dominado por instituições privadas, que são capazes de atender à procura pelos cursos para os quais não existe oferta das instituições públicas. As instituições de ensino superior do setor privado concentram a sua atenção na resposta a exigências profissionais impostas pelo mercado de trabalho e no desenvolvimento de programas de formação flexíveis para atender às necessidades dos trabalhadores. No meio da forte procura pela indústria de profissionais qualificados, existe a necessidade de desenvolvimento de infraestruturas educativas. No período compreendido entre 2012-2015, a taxa de crescimento anual das matrículas no ensino superior deve corresponder a cerca de 4,5%.

Existe também uma procura crescente por educação profissional no país. O número de institutos técnicos quase que triplicou nos últimos oito anos e os institutos têm ampliado o seu âmbito de formação. A expansão do sistema é considerada vital para um país com grande necessidade de trabalhadores qualificados. Também a educação à distância tem ganho impulso, pois o custo deste tipo de formação é muito menor em comparação com o ensino tradicional em sala de aula. A utilização da Internet tornou-se uma fonte de informações muito importante e mantém um lugar cimeiro na educação. No início, a educação on-line no Brasil abrangeu a formação elementar e, em 2010, existiam 9,4 milhões de utilizadores de formação on-line. Mas com a disponibilidade de cada vez mais cursos de formação superior em plataformas digitais, o papel da educação on-line vai continuar a reforçar-se com enormes oportunidades no futuro para os intervenientes públicos e privados.

O investimento na educação pública brasileira deverá quase duplicar nos próximos dez anos. O Plano Nacional de Educação (PNE) prevê um investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país na área até 2024 e pretende-se que, em 2024, 33% da população entre 18 e 24 anos esteja matriculada

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numa instituição de ensino superior. Em 2012, esse rácio era de 15,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Aspetos políticos

Contexto nacional:

O Brasil é uma República Federal composta por 26 Estados, um Distrito Federal (Brasília) e 5.560 municipalidades. O Brasil é uma democracia representativa, com um Presidente que age simultaneamente como Chefe de Estado e do Governo Federal. Todos os corpos legislativos e executivos, ao nível Federal, Estado e Municipal, são eleitos com mandatos quadrienais. O corpo legislativo federal é o Congresso Nacional, dividido entre o Senado e a Câmara de Deputados. Cada Estado tem uma legislatura estatal e um Governador diretamente eleito que encabeça o executivo estatal e escolhe os seus membros. A Constituição define uma estrutura de justiça independente.

Hoje o Brasil é uma democracia estabilizada com um sistema político e institucional bem desenvolvido. Ainda assim, algumas limitações persistem, as quais são suscetíveis de ter um impacto negativo sobre a boa governação, os direitos humanos e segurança dos cidadãos. Os desafios mais importantes incluem:

a) Dificuldade em eleger maiorias parlamentares estáveis no quadro do atual sistema político, o que cria uma série de problemas ao exercício do pleno poder legislativo e executivo;

b) Ligações entre os três níveis de governo (federal, estadual e municipal) relativamente frágeis, o que complica a definição e implementação de políticas e reformas a nível nacional, dificultando a integração nacional e o desenvolvimento equilibrado das diferentes regiões.

c) Frequentes casos de corrupção e uso ilegal de recursos públicos (em 2014 o Brasil teve a classificação 69 entre 175 países no estudo da Transparency International);

d) Complexidade legal e regulamentar e necessidade de melhorar o funcionamento do sistema judiciário, para aumentar a eficiência da administração pública e permitir aos cidadãos e agentes económicos o pleno exercício dos seus direitos. Uso excessivo da força por agentes da lei, acesso limitado à justiça para os mais pobres e mais vulneráveis da sociedade e os abusos contra povos indígenas são outras causas de preocupação;

e) Violência, particularmente grave nas grandes cidades e que está frequentemente associada com o narcotráfico e a exclusão social, gerando um forte sentimento de insegurança entre os cidadãos.

Contexto regional e internacional:

Nos últimos anos, o Brasil tem seguido uma política externa cada vez mais assertiva, desempenhando um papel ativo em fóruns multilaterais e posicionando-se como um representante dos países emergentes e como um grande defensor dos países mais pobres, especialmente em África.

É de salientar que, em muitas das grandes questões mundiais, a posição do Brasil tem sido convergente com a União Europeia. Ambos acreditam que o desenvolvimento sustentável pode ser mais facilmente alcançável num mundo multipolar, partilhando a opinião de que a integração regional é o melhor caminho para alcançar a prosperidade e a paz. Os seus pontos de vista coincidem igualmente sobre outras questões de interesse multilateral, como, por exemplo, a luta contra a pobreza, as alterações climáticas, a paz e a segurança.

A nível regional, o Brasil tem como objetivo reforçar o seu papel de protagonista na América do Sul, intervindo em crises ou conflitos envolvendo países vizinhos, de modo a promover a estabilidade regional, e tem apoiado vários processos de integração no subcontinente. O Brasil tem desempenhado um papel político importante no âmbito do Mercosul - e as negociações da Associação União Europeia-Mercosul – apoiando a negociação de acordos de comércio livre com países terceiros e o alargamento do Mercosul.

O Brasil tem também mantido relações bilaterais privilegiadas com os países vizinhos e assinou acordos comerciais com a Comunidade Andina e o México. O país tem também diversificado as suas relações bilaterais, estabelecendo relações mais estreitas com outras potências regionais, como, por exemplo, a Índia, a China, Rússia ou África do Sul, mas também com países árabes e países africanos. O Brasil tem também mantido relações equilibradas com os EUA e com a União Europeia.

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Aspetos ambientais

O meio ambiente do Brasil é um dos mais ricos e diversificados do mundo. A riqueza natural do Brasil inclui não só as florestas tropicais densas da Amazónia, mas também o biótipo importante da savana, como o Cerrado, o biótipo árido do Caatinga, a Floresta Atlântica, os “gramados” do Pampa e os “brejos” do Pantanal. Muita da fauna e flora do Brasil não se encontra em mais nenhuma parte do mundo e os seus ecossistemas contêm mais de 15% das plantas e espécies animais conhecidas. O Brasil tem também 12% das reservas mundiais de água doce.

As mudanças climáticas devem afetar os ecossistemas naturais de Brasil, aumentando o risco de perda de biodiversidade. Os recursos hídricos estão em risco em muitas áreas. Existem indicações que as mudanças climáticas globais e o desmatamento da floresta podem conduzir a alterações significativas no sistema hidrológico do Amazonas, com consequências potencialmente catastróficas para a floresta tropical e para toda a região.

A poluição urbana é outro grande problema no Brasil. Em muitos casos, os fortes fluxos de migração das zonas rurais para as zonas urbanas durante as últimas décadas resultaram num crescimento demográfico explosivo e incontrolável, que não foi acompanhado pelo desenvolvimento paralelo das infraestruturas básicas. Os níveis de poluição do ar são elevados nas grandes cidades, principalmente devido ao congestionamento do tráfego e a concentração da atividade industrial. Os problemas relacionados com a falta de saneamento são, por vezes, piores em cidades pequenas ou médias do que em grandes cidades, que têm mais recursos para lidar com estes problemas.

Aspetos éticos

Embora tenha sido aprovada uma posição forte do governo contra a corrupção, os riscos não diminuíram. O tráfico de influências, ou a prática ilegal de usar da influência de alguém no governo para obter favores ou tratamento preferencial, prejudica a integridade e transparência nos negócios. A desconfiança dos cidadãos no setor público é significativa, as sondagens de opinião realizadas indicam que os partidos políticos e o parlamento são consideradas as instituições mais afetadas pela corrupção.

As empresas que operam no Brasil têm de lidar com inúmeras agências reguladoras. Com efeito, este excesso de burocracia pode aumentar a probabilidade de pedidos de subornos por funcionários públicos. Num estudo de 2009, 70% dos empresários e gestores brasileiros identificam a corrupção como um dos principais entraves ao desenvolvimento económico.

O suborno em negócios internacionais é também pouco combatido. Embora o país tenha ratificado a Convenção da OCDE contra o suborno, um relatório de 2012 indica que há pouca fiscalização. Doze anos após a sua ratificação, apenas um caso chegou a tribunal e foram conduzidas somente duas investigações.

Ao nível local, o sistema brasileiro permite aos políticos e burocratas um grande poder discricionário sobre a utilização dos fundos públicos. Esta facilidade pode tornar os governos locais particularmente propensos à corrupção, pois a qualidade, procedimentos e capacidade de aplicação das leis para garantir a integridade variam de Estado para Estado.

As leis aplicáveis à contratação pública de bens e serviços são adequadas, no entanto, as empresas podem facilmente ser sujeitas a pedidos de suborno ou outras irregularidades na realização de contratos públicos. Isto deve-se principalmente aos fracos e ineficientes mecanismos de controlo. Os escândalos envolvendo ministros e dirigentes das empresas em 2012 também evidenciaram as alegações de corrupção em concursos públicos.92

Aspetos regulatórios e legais

Respondendo às necessidades dos seus cidadãos, o Brasil aposta nos programas de ajuda direta para melhorar os rácios do ensino básico e confia no setor privado para levar por diante os seus planos na educação de nível superior. Vários programas estatais oferecem bolsas de estudo e créditos a juros

92 Fonte: Transparency International.

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reduzidos para financiar as mensalidades no ensino superior (FIES), universitário (Universidade para Todos, o Prouni) e técnico (Pronatec).

Fundo de Financiamento Estudantil (FIES): O Fundo de Financiamento Estudantil é um programa do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação no ensino superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas. Podem recorrer ao financiamento os estudantes matriculados em cursos superiores que tenham avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação. Tem as seguintes características:

Financiamento de até 100% da mensalidade

Tempo máximo de financiamento: duração do curso

O financiamento pode ser contratado até o último dia do semestre

Taxa de juros extremamente reduzida (3,4% ao ano ou 0,28% ao mês)

Início de pagamento: um ano e meio após o fim do curso (prazo de carência) Programa Universidade para Todos (PROUNI): o Programa Universidade para Todos é uma iniciativa do governo federal para facilitar o acesso de alunos carecidos ao ensino superior. Criado em 2004, o ProUni oferece bolsas de estudos de 50% ou 100% da mensalidade em faculdades particulares. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC): foi criado pelo Governo Federal, em 2011, com o objetivo de expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica no país, além de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio público. Os cursos, financiados pelo Governo Federal, são disponibilizados de forma gratuita por instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e das redes estaduais, distritais e municipais de educação profissional e tecnológica. Desde 2013, as instituições privadas, devidamente habilitadas pelo Ministério da Educação, também passaram a disponibilizar cursos deste Programa. Também para a formação pública de base existem apoios governamentais através do Fundeb. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) é um conjunto de fundos de apoio financeiro constituído por recursos dos três níveis da administração pública do Brasil para promover o financiamento da educação básica pública. Foi criado em janeiro de 2007 e cobre, além do ensino fundamental - objetivo de anteriores iniciativas - a educação infantil, o ensino médio e a educação de jovens e adultos. Vai estender-se até 2020, sendo a contribuição atual dos estados e municípios de 20% do total das suas receitas próprias às quais o governo federal adiciona, no mínimo, 10% do montante reunido pelos estados e municípios. Com este mecanismo, o Fundo vai atingir em 2014 um montante de cerca de 126 mil milhões de R$, o que, quando comparado com o valor de 47 mil milhões de R$ em 2007, revela a aposta que o Brasil está a fazer na educação dos seus cidadãos.

No caso específico do mercado de trabalho brasileiro, o investidor deve ter em atenção os seguintes pontos:

O mercado de trabalho é fortemente regulamentado no Brasil. Os conflitos laborais são normalmente resolvidos em tribunais judiciais e os sindicatos são muito participativos nas relações laborais.

A legislação laboral é bastante complexa e completa, sendo notoriamente favorável aos trabalhadores;

Todos os trabalhadores têm direito a mais um mês de salário por ano como obrigatório, correspondendo ao subsídio de Natal.

Os empregadores devem contribuir para a segurança social federal e instituições de previdência.

O sistema de segurança social cobre os riscos principais do trabalhador, mas os empregadores podem necessitar de aumentar determinados benefícios para os níveis de gestão mais altos. A discriminação no trabalho é proibida.

Os pedidos de contratação de pessoal estrangeiro são controlados pelas autoridades federais.

O despedimento do trabalhador é regulamentado pelo governo federal. Existe uma extensa legislação no domínio da segurança social e do trabalho que rege as relações empregador/empregado.

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6.4.3 Análise de fatores de contexto transacional

Estudados os fatores mais abrangentes de contexto geral, abordam-se agora todos aqueles fatores externos, ainda contextuais, mas referenciados pelos elementos transacionais (isto é, de compra, venda ou troca) dos bens ou serviços relacionados com a interação entre a Inova-Ria e a as suas empresas e o submercado da Educação/eLearning no Brasil.

O modelo de Porter (também chamado de avaliação do contexto competitivo) introduziu o conceito de “vantagem competitiva sustentável” e inclui um conjunto de fatores cuja análise reflete a intensidade competitiva do negócio. Analisa-se abaixo este segmento de mercado, de acordo com os fatores definidos para o modelo.

Tipo e caracterização dos clientes

Existem dois tipos principais de clientes para soluções de aprendizagem apoiada em tecnologia: as instituições do Estado ligadas à educação ao nível federal, estadual ou municipal, e os grupos económicos que gerem as escolas privadas. Ambos atuam nos diversos níveis de ensino: pré-escolar, fundamental (primário), médio (secundário) e ensino superior:

Em relação aos principais grupos económicos privados a operar no mercado da educação brasileiro podem destacar-se os seguintes:

Grupo Positivo:

Fundado em 1972, na cidade de Curitiba (PR), o Grupo Positivo é, hoje, a maior corporação educacional do Brasil, sendo líder em três grandes segmentos de negócios:

Na área Educacional, o Grupo Positivo conta com as Escolas Positivo, unidades de Educação Básica que atendem alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, com o Curso Positivo e com a Universidade Positivo.

Na área Gráfico-Editorial, conta com a Editora Positivo, responsável pelo Sistema de Ensino Positivo, direcionado à rede particular e pelo Sistema de Ensino Aprende Brasil, desenvolvido para a rede pública municipal. A Editora Positivo também é responsável pela edição do Dicionário Aurélio. Já a Posigraf é um dos maiores parques gráficos de impressoras rotativas do país.

Na área de Informática, o Grupo possui a Positivo Informática, líder na produção de computadores, software e soluções educacionais para os mercados geral e

corporativo.

Site: www.positivo.com.br

Colégio Objetivo:

O Colégio Objetivo é uma instituição de ensino brasileira que teve origem em São Paulo, em 1971, De lá para cá, o Colégio Objetivo cresceu e expandiu-se em filiais por todo o Brasil, sendo que algumas operam sob sistema de franchise. É uma das maiores organizações privadas educacionais do país. No Brasil foram registados mais de 350 mil alunos nas 543 unidades existentes. A Universidade Paulista faz parte do Colégio Objetivo.

Site: www.objetivo.br

Abril Educação:

A Abril Educação S.A. é a maior instituição do mercado brasileiro no segmento de educação básica. Além das editoras Ática e Scipione, possui também os sistemas de ensino SER: Anglo, pH, Maxi, Motivo, GEO, Farias Brito e ainda a Etb - Sistema de Ensino Técnico, o Anglo Vestibulares, a rede de escolas pH, o Colégio Motivo, o Centro Educacional Sigma, o modelo de ensino O Líder em Mim, as redes de escolas de inglês Red Balloon e Wise Up, a rede de ensino móvel Edumobi, a AlfaCon Preparatórios para Concursos e a MSTech. Atualmente, a Abril Educação satisfaz com produtos e/ou serviços mais de 130 mil escolas e cerca de 30 milhões de alunos em todos os estados do Brasil.

Site: www.abrileducacao.com.br

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Kroton Educacional:

A Kroton Educacional é uma das maiores organizações educacionais privadas do

Brasil e do mundo, com mais de 45 anos de prestação de serviços no Ensino Básico e mais de dez anos no Ensino Superior. Em 2010, a Kroton adquiriu o Grupo IUNI Educacional, instituição que também atuava na graduação e pós-graduação presencial; em 2011, adquiriu a Universidade Norte do Paraná (Unopar), a maior instituição de Educação à Distância do país. Finalmente, em 2013, a Kroton realizou o seu maior investimento anunciando a fusão com a Anhanguera e, com isso, consolidou a sua liderança tanto no ensino Presencial como na Educação a Distância.

Site: www.kroton.com.br

Estácio:

Com 45 anos de atuação no setor da educação, a Estácio é uma das melhores redes

de ensino superior do Brasil, integrando Universidade, Centros Universitários e Faculdades, presente em todo o Brasil e atualmente com mais de 430 mil alunos. A Estácio oferece cursos de graduação (bacharelados, licenciaturas e tecnólogos93) e pós-graduação.

Site: estacio.com.br

Existência e caraterização de fornecedores locais

Existe muita oferta local de soluções TIC para a educação no Brasil quer através da comercialização de soluções de fabricantes estrangeiros, quer através do desenvolvimento de soluções próprias. A importância da língua neste tipo de aplicações e a pouca interiorização no Brasil da linguagem tecnológica universal, o inglês, reforça este aspeto, pois no mínimo, as aplicações necessitam da tradução para português.

Produtos e tecnologias para a Educação e eLearning

Há muitos anos que a tendência de utilizar tecnologia para apoiar a educação se acentua. Algumas das formas mais comuns de integração das TICE na educação incluem:

Os laboratórios equipados com computadores são frequentemente utilizados para disponibilizar acesso à tecnologia quando os recursos dos alunos são escassos. Embora estes laboratórios permitam alguma exposição à tecnologia, limitam a capacidade da incorporação total da tecnologia nos diversos programas de ensino e a sua utilização fora daqueles espaços, sendo, na maior parte dos casos, apenas utilizados para ensinar informática.

Os conteúdos e as formas de aprendizagem incentivam a utilização dos computadores e da Internet. Os alunos acedem aos computadores durante uma parte do dia escolar e são incentivados a fazê-lo em casa com objetivo melhorar a sua aprendizagem, despertar o sentido da pesquisa e da autoaprendizagem de uma forma transversal a vários temas do currículo. Esta forma pode ser potenciada com a utilização de quadros interativos que permitem partilhar e atuar com a audiência sobre o trabalho em evolução, facilitando a comunicação entre os intervenientes.

Utilização de aplicações de partilha de conteúdos e informação para facilitar a comunicação entre alunos e professores explorando elementos das redes sociais, do e-mail e outras formas de partilha de informação em rede, virtualizando a escola que agora passa a poder estar presente em vários locais em simultâneo.

Sistemas de gestão organizacional e administrativa da escola e dos alunos no seu conjunto, facilitando e dando eficácia aos investimentos escolares a todos os níveis e de uma forma vertical desde o governo até ao aluno em casa e à relação com os educadores em geral.

93 No Brasil, um tecnólogo é um profissional com um curso de nível superior em tecnologia. Contudo, este

conceito de tecnologia é relativamente alargado abrangendo, por exemplo, áreas tais como ambiente e saúde, controlo e processos industriais, gestão e negócios, hospitalidade e lazer, informação e comunicação, infraestruturas, cultura e design, segurança, etc.

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No espaço da sala de aula, em particular, a utilização e integração das TICE apresenta alguns tópicos tecnológicos com relevância para as empresas da Inova-Ria:

Multimédia

Os cursos organizados com recurso a tecnologias multimédia oferecem vantagens em termos pedagógicos em comparação com os métodos tradicionais de ensino:

Permitem um controlo mais efetivo e eficaz sobre o próprio progresso de aprendizagem, garantindo a sua avaliação em tempo real e informação sobre as dificuldades;

Garantem assistência apropriada para as diversas ocorrências;

Permitem uma aprendizagem ajustada às capacidades e ritmos do indivíduo.

Figura 34 – A sala de aula centrada no estudante. Fonte: Intel, “The positive Impact of eLearning -2012 Update”.

Blogs

Os blogs ou weblogs de sala de aula estão a ficar cada vez mais populares entre os professores e começam a fazer parte da sua própria formação. Um blog é uma página web constituída por posts, normalmente breves comentários e contribuições frequentemente atualizados, organizados cronologicamente, como um diário. Um blog estabelece redes entre web sites, ou mesmo com outros blogs. Muitos peritos preveem que os blogs se tornarão ferramentas pedagógicas de maior sucesso que os web sites.

Conteúdos pedagógicos

A educação não pode existir sem conteúdos pedagógicos. Os conteúdos têm de ser considerados como mais do que informação factual, pois abrangem todos os aspetos do tema: conceitos, princípios, relações, contradições, métodos de avaliação do progresso da aprendizagem, gestão de dúvidas e questões. A pedagogia inclui as ações e estratégias para ensinar, a organização da experiência da aprendizagem, na sala de aula ou fora dela, respondendo às diversas necessidades do aluno, fazendo a avaliação e implementando, com base no conhecimento prévio do aluno, a transformação das ideias em elementos compreendidos e assimilados.

Com a utilização das TICE podemos melhorar os resultados e aumentar as oportunidades de dar mais eficácia às experiências de aprendizagem. As TICE encorajam as interações, desenvolvem uma cultura colaborativa, uma aprendizagem ativa e permitem um feedback no contexto adequado. Com criatividade, as TICE podem dar vida a conceitos abstratos ao trazerem para o processo formativo a vida real, através da simulação e modelização, capturando e analisando eventos reais.

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eLearning

A simbiose entre a aprendizagem à distância e as telecomunicações está a ficar cada vez mais forte, permitindo novas soluções para velhos problemas, recursos educacionais inovadores e novas práticas pedagógicas. Um dos resultados mais inovadores e promissores desta relação é o chamado “eLearning”, a educação on-line, essencialmente um processo pelo qual professores e estudantes estão interligados através de uma rede de computadores e de meios eletrónicos.

O conceito de eLearning e a forma como ele se relaciona com a utilização eficaz das TICE é extremamente importante para a melhoria da aprendizagem, pois trabalha a interseção entre a aprendizagem e as tecnologias, sendo estas uma ferramenta e não um fim em si. O termo “eLearning” altera, primeiro, o clássico foco da pedagogia para a aprendizagem e, em segundo lugar, inclui as tecnologias de rede digital que alargam os limites da sala de aula tradicional.

Podemos identificar diversos benefícios no “eLearning”, incluindo, por exemplo, a liberdade de aprendizagem em qualquer momento ou em qualquer local, a interação assíncrona com o professor e o trabalho colaborativo em grupo.

Os produtos de eLearning alinham-se nos seguintes grandes grupos:

Sistema de Gestão de Ensino (Learning Management System - LMS)

Os Sistema de Gestão de Ensino (LMS) são aplicações de software projetadas para a gestão de programas de formação e educação. Os LMS tanto ajudam a gerir a sala de aula presencial, como a aprendizagem on-line (também conhecida como eLearning). Este tipo de sistemas disponibiliza as ferramentas necessárias para a gestão, criação, programação, formação ou aprendizagem numa escola ou numa empresa.

Embora uma solução LMS virada para a utilização em empresas tenha objetivos diferentes de outra utilizada em ambiente educativo, ambas partilham características comuns. Estas incluem a capacidade de gerir o calendário do curso, a criação e gestão de utilizadores e papéis (aluno e formador), produção de relatórios, mensagens e notificações para aluno e formador, distribuição de conteúdos via web e a capacidade de avaliar e testar os alunos. Uma solução LMS mais adaptada ao ambiente empresarial terá também de suportar a gestão de competências ao nível individual ou organizacional.

Figura 35 – LMS: funcionalidades mais importantes Fonte. EXIR, Knowledge Solutions, http://www.exir.me/portal/systems-solutions/lms

Sistema de Gestão de Conteúdos para Ensino (Learning Content Management System – LCMS)

Os Sistema de Gestão de Conteúdos para Ensino (LCMS) são usados para criar, armazenar, montar e entregar conteúdo personalizados de eLearning sob a forma de objetos de aprendizagem.

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Se bem que os limites sejam algo difusos, as funcionalidades típicas dos produtos LMS e LCMS são as seguintes:

Funcionalidades dos LMS:

Gestão de currículos e gestão da qualificação e certificação

Registo e administração dos estudantes e formadores

Gestão de competências

Gestão dos registos de formação

Gestão de eventos de formação (calendarização, acompanhamento, etc.)

Produção de relatórios

Produção de conteúdos

Funcionalidades dos LCMS:

Desenvolvimento e adaptação de conteúdos colaborativos

Ferramentas de gestão e adaptação de conteúdos

Publicação e distribuição

Implementação de fluxos de trabalho

Integração funcional com produtos LMS

Sistema de Gestão de Conteúdo (Content Management System – CMS)

Finalmente, os Sistemas de Gestão de Conteúdos (Content Management System – CMS) são aplicações utilizadas para criar, editar, gerir e publicar conteúdos de forma consistente e organizada, permitindo que os mesmos sejam modificados, removidos e adicionados com facilidade. Os CMS são frequentemente usados para armazenar, controlar e fornecer documentação empresarial, nomeadamente, notícias, artigos, manuais de operação, manuais técnicos, guias de vendas e brochuras de marketing. Os conteúdos podem incluir arquivos de computador, imagens, áudios, vídeos, documentos eletrónicos e conteúdo Web.

Figura 36 – Cadeia de valor do mercado do eLearning.

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Concorrência local e global

Apresentam-se a seguir alguns dos principais fornecedores de produtos para a Educação e eLearning presentes no mercado brasileiro (ver Figura 37):

Blackboard - é uma empresa internacional com sede em Washington, EUA, que fornece aplicações de software e serviços para o setor da educação. Tem como clientes empresas de prestação de serviços de educação, corporações e organizações governamentais. O seu produto para a educação é o Blackboard Learn, com presença significativa no mercado brasileiro.

IBM-Kenexa - foi adquirida pela IBM em 2012. O produto IBM Kenexa LCMS on Cloud é um Sistema de Gestão de Conteúdos de Aprendizagem (LCMS) adaptável destinado ao desenvolvimento e realização de formação eficaz dos colaboradores de uma empresa.

Moodle - é uma plataforma de ensino open-source, desenvolvida pela Moodle HQ, sediada na Austrália. A Moodle HQ é financiada por uma rede global de parceiros que fornecem os serviços Moodle. No Brasil existem três parceiros que fornecem soluções de ensino Moodle, sendo o mais importante a CrossKnowledge.

Mzinga - é uma empresa com sede em Waltham, Massachusetts. Social OmniSocial é a sua solução de software que integra comunicação, aprendizagem e partilha de conhecimentos, incluindo redes sociais e colaboração, aprendizagem formal e informal.

Saba Software - está sediada em Redwood Shores, na Califórnia. Iniciou-se no mercado do ensino e expandiu-se para a gestão de competências, cobrindo atualmente o ensino, a aquisição de competências, o planeamento de recursos humanos, o planeamento organizacional e a colaboração social. No mercado brasileiro tem uma forte presença no ensino com o produto Learning@Work.

SkillSoft - está sediada em Nashua, New Hampshire. A SkillSoft é um dos maiores fornecedores de eLearning para o mercado brasileiro, com uma sólida reputação como fornecedor de conteúdos de aprendizagem. Anunciou recentemente a aquisição da SumTotal Systems, uma das maiores empresas globais de software de gestão de talento, aprendizagem e da força de trabalho. No Brasil (e na América Latina) a principal parceira da Skillsoft é a MindQuest, responsável pela comercialização, customização e implementação de programas de educação corporativa.

SumTotal Systems - com sede em Gainesville, Florida, tem crescido organicamente e através de aquisições tornando-se um grande fornecedor de soluções para gestão de competências. O principal produto é a ToolBook, para preparação de conteúdos de formação e organização de materiais pedagógicos. Tem uma presença significativa no mercado brasileiro na área de soluções para gestão de competências nas grandes empresas.

Potencial para novos entrantes

Sendo verdade que o mercado brasileiro é gigantesco, também não deixa de ser verdade que uma parte substancial desse mesmo mercado já está tomada por fornecedores locais ou internacionais. Pese embora existirem dificuldades de entrada já identificadas, que acentuam a necessidade do estabelecimento de uma rede de contactos local eficaz, existe um potencial interessante para a entrada de empresas da Inova-Ria no mercado brasileiro com soluções para a educação baseadas em tecnologias TICE.

Para concretização desse potencial do mercado brasileiro, devem ser considerados os seguintes princípios gerais:

O Brasil é um país altamente competitivo e nas suas regiões mais desenvolvidas (Rio de Janeiro e S. Paulo) o mercado encontra-se bastante saturado. É, por isso, muito importante diferenciar a oferta das empresas da Inova-Ria;

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Para ser bem-sucedido no Brasil, é necessário estar fisicamente presente, ser capaz de falar com as pessoas cara a cara de modo a desenvolver e construir relacionamentos pessoais e estabelecer laços de confiança.

O Brasil é um mercado que tem de ser pensado a longo prazo, não é um mercado para resultados rápidos. A estratégia de entrada no mercado deve refletir esta realidade com uma abordagem profissional, forte acompanhamento e uma agenda de longo prazo.

6.4.4 Análise dos fatores internos

Enquanto na análise contextual foram analisados os submercados numa perspetiva externa, a análise partirá agora para o exterior, usando uma técnica modelo SWOT, tentando chegar aos fatores benéficos e prejudiciais característicos do cluster Inova-Ria e que podem interagir com tudo o que externamente já foi caracterizado para o mercado da Educação/eLearning no Brasil.

A aplicação do modelo SWOT não será feita por Empresa, mas sim genericamente ao cluster Inova-Ria no seu todo, embora este aspeto possa ser melhorado em trabalho futuro através de uma análise detalhada por empresa ou grupo de empresas pertencentes à Inova-Ria. No presente trabalho, serão avaliados, sobretudo, os fatores externos da análise SWOT, assumindo-se que os fatores internos não variarão de mercado para mercado, ou seja:

as oportunidades, como fator benéfico, e

as ameaças, como fator prejudicial,

… vistas no contexto da internacionalização, setor das TICE, para o mercado das TICE no setor da educação e em especial do eLearning no Brasil.

Figura 37 – Presença dos maiores fornecedores de eLearning no Brasil.

Oportunidades

As oportunidades das empresas Inova-Ria prendem-se principalmente com a dimensão do mercado e a língua comum, embora seja necessário ter um cuidado especial nas adaptações devidas à forma como o Português é falado e escrito no Brasil.

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Ameaças

As ameaças estão ligadas sobretudo à escala do país, para a qual as empresas Inova-Ria poderão não ter a dimensão adequada, e à existência de uma forte concorrência local e uma presença forte por parte das empresas globais.

6.4.5 Estratégia e Plano de Internacionalização para a Educação/eLearning

Perspetivas específicas do mercado

Com a adoção de uma estratégia de internacionalização de uma empresa, pretende-se definir o "caminho" a ser trilhado para expor a sua atividade a mercados externos, o que geralmente compreende duas questões críticas: para onde internacionalizar (quais mercados) e como internacionalizar (que modelo de internacionalização). Ao incluir a internacionalização nas suas decisões estratégicas, as empresas terão de encetar as ações necessárias de uma forma coerente desde a definição da oferta, até aos parceiros com que farão a aproximação aos novos mercados.

Para ser possível estruturar as ações no sentido da internacionalização numa área como a Educação e eLearning, é fundamental identificar e caracterizar os produtos e/ou serviços que serão incluídos na oferta. Nesse sentido as empresas Inova-Ria devem listar as áreas de atividade em que pretendem atuar, considerando as suas carteiras de produtos e serviços. No ponto 6.4.5.2 são indicados exemplos de produtos e serviços que, tendo em consideração os resultados da análise efetuada ao mercado brasileiro de Educação e eLearning, apresentam potencial de internacionalização no mercado.

O sucesso na cultura empresarial brasileira requer fortes relações interpessoais que são a pedra angular de parcerias de negócios eficazes e produtivas. Na maioria dos casos, as empresas necessitam de uma presença efetiva local e, por isso, devem investir tempo no desenvolvimento de relações com frequentes deslocações ao Brasil. No caso das empresas da Inova-Ria, a língua comum é um facilitador das relações interpessoais que deve ser explorado, devendo ser acauteladas as diferenças culturais existentes.

Para o desenvolvimento de novos negócios no mercado brasileiro é essencial trabalhar com um representante ou distribuidor qualificado, podendo em alguns casos existir vantagens na montagem de um escritório permanente no Brasil. É difícil para as empresas internacionais envolverem-se em contratos públicos de âmbito federal ou estadual sem um parceiro do Brasil, ou uma presença física no Brasil.

Em relação a apoios nacionais ao processo de internacionalização, será importante aproveitar as condições de financiamento incluídas nos programas de apoio H2020 e Portugal 2020, construindo consórcios tendo com o objetivo da participação em projetos de investigação, desenvolvimento, inovação, qualificação e internacionalização que proporcionem o conhecimento aprofundado do mercado brasileiro e das suas oportunidades de negócio e reforcem a fileira da Educação/eLearning no contexto das empresas da Inova-Ria.

Produtos e serviços a internacionalizar

Após análise dos produtos e serviços desenvolvidos pelas empresas da Inova-Ria classificados como relevantes para o setor da Educação/eLearning no mercado brasileiro, foram identificados os seguintes com capacidade de internacionalização:

Formação, escola e sala de aula

Existe uma grande experiência entre as empresas da Inova-Ria no que diz respeito ao desenvolvimento de produtos para o setor da Educação. Por exemplo do consórcio E-xample, que agrega o conhecimento, produtos e serviços de 26 empresas portuguesas nas áreas da aprendizagem e tecnologias de educação, incluindo empresas assocadas da Inova-Ria. Os produtos desenvolvidos por este consórcio incluem:

1. Produtos para a sala de aula que permitem uma melhor comunicação e interação entre alunos e professores, melhorando e flexibilizando a experiência de ensino e aprendizagem:

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Computadores pessoais ou tablets adequados à utilização pelos alunos;

Quadros interativos que melhorem e facilitem a comunicação dentro da sala de aula.

2. Plataformas de ensino, que tornam a experiência de aprendizagem mais aliciante e eficaz para alunos e professores, melhorando de forma contínua e sustentada o aproveitamento escolar:

Conteúdos pedagógicos multimédia adequados ao currículo escolar e à interação entre o professor e os alunos;

Blogs e wikis de âmbito escolar, servindo de suporte à partilha de informação dentro do ambiente escolar;

Ferramentas LMS de gestão e calendarização das atividades escolares, gestão dos eventos educacionais e do processo de avaliação e qualificação;

Acesso remoto aos conteúdos de formação.

3. Equipamentos escolares e sistemas de comunicações para a Escola, que permitem garantir uma ligação permanente dos computadores da escola, dos alunos e dos professores, entre si, bem como o acesso ao mundo exterior com elevada qualidade, incluindo políticas de segurança da informação, designadamente, cópias de segurança e recuperação e relatórios.

4. Formação e qualificação dos professores e gestores escolares na utilização e produção de conteúdos TICE de forma a comunicar o novo paradigma de ensino para mobilizar toda a estrutura a integrar no projeto.

5. Sistemas de gestão organizacional e administrativa da escola e dos alunos no seu conjunto, facilitando e dando eficácia aos investimentos escolares a todos os níveis e de uma forma vertical, desde o governo, até ao aluno em casa e à relação com os educadores em geral.

Diretamente relacionado com as atividades do Consórcio E-xample, foi criado o projeto Edulabs que tem como principal objetivo levar a tecnologia móvel até alunos e professores. Durante os próximos dois anos, serão distribuídos, no âmbito do Projeto Edulabs, cerca de mil tablets por alunos de vinte escolas. O projeto iniciou-se no ano letivo de 2014/2015.

Com o projeto Edulabs, as salas de aula terão sistemas tecnológicos integrados de hardware, software e plataformas de ensino que deverão constituir o núcleo do ecossistema escolar focado na componente ensino e aprendizagem, de utilização fácil atrativa e mobilizadora para todos os atores do ensino.

Figura 38 – Modelo tecnológico da e-Escola – equipamentos. Fonte: E-xample, Agrupamento de Empresas portuguesas de TIC na área da Educação, “Inovar na Educação: o

Aluno e a Famíla no Centro”, Workshop APDC, 2010.

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Existe também experiência nas empresas da Inova-Ria no desenvolvimento de produtos vocacionados para a gestão da escola e não relacionados com os aspetos pedagógicos. É o caso dos seguintes produtos com potencial de internacionalização:

Gestão de refeitórios escolares

Unicard Kids é uma solução de gestão de refeitórios de escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico e Jardins de Infância. Tem como objetivo automatizar um conjunto de processos relativos à marcação e pagamento de refeições, permitindo uma gestão centralizada de todos os processos inerentes, de forma mais simples e eficaz. O componente de transportes escolares é o elo final do sistema, permitindo uma gestão completamente integrada.

O produto permite o agendamento de refeições através de um portal web ou de quiosques instalados em locais bem definidos. A cada aluno é atribuído um cartão, que é usado para o pagamento das refeições. Para isso, a conta relativa a este cartão deverá ser previamente carregada, evitando a necessidade de emissão de faturas e inconvenientes da cobrança das mesmas. O cartão pode ser carregado através de locais com operadores, em quiosques (utilizando notas e moedas), em ATM ou a partir do portal web.

Gestão integrada da escola:

O produto SIGE, Sistema Integrado de Gestão de Escolas, baseia-se na atribuição de um cartão multifunções a cada utilizador, que serve para a sua identificação, para permitir o acesso ao recinto escolar e áreas específicas e ainda como meio de pagamento dentro da escola.

De realçar a capacidade deste produto de apoiar a gestão escolar, através do controlo imediato de todas as transações e da elaboração de um conjunto de relatórios que possibilitam um total domínio sobre os movimentos de pessoas e bens dentro da escola.

Potenciais parceiros e facilitadores locais

Um dos passos fundamentais na preparação de um plano de internacionalização passa pela identificação de potenciais facilitadores locais, que criem as ligações necessárias para se ultrapassar as barreiras à entrada no mercado:

Entidades oficiais — através das delegações instaladas no terreno: p. ex. Embaixada de Portugal, AICEP (Serviços Comerciais da Embaixada de Portugal);

Entidades privadas — associações privadas, Câmaras de Comércio e Indústria, agentes comerciais ou simples “antenas” que possam identificar oportunidades de negócios;

Parceiros de negócio — empresas que já estejam instaladas nos mercados que potenciem negócios por complementaridade de ofertas.

A seguir apresenta-se uma tabela com alguns exemplos de entidades com potencial facilitador num processo de internacionalização neste mercado.

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Entidades oficiais:

Informações gerais e legais sobre o mercado

AICEP Portugal Global: http://www.portugalglobal.pt/

Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil: http://www.camaraportuguesa.com.br/

Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX): http://www.funcex.org.br/

AICEP Brasil (S. Paulo): [email protected])

Embaixada Portuguesa no Brasil (Brasília): http://www.embaixadadeportugal.org.br/;

([email protected]);

Fundação Luso-Brasileira: http://www.fund-luso-brasileira.org/

Federação das Camaras Portuguesas de Comércio no Brasil http://www.brasilportugal.org.br

Dados estatísticos sobre o mercado

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: http://www.desenvolvimento.gov.br/

Banco Mundial: http://data.worldbank.org/indicator

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas: http://www.ibge.gov.br

Organismos públicos/ Agências governamentais

Ministério da Educação: http://www.mec.gov.br/

Senado Federal (legislação): http://www.senado.gov.br/legislacao/

Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX): http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/siscomex/siscomex.htm

Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI): http://www.inpi.gov.br/

Agência brasileira de Promoção das Exportações e dos Investimentos (Apex): http://www.apexbrasil.com.br/

Ministério das Relações Exteriores: http://www.itamaraty.gov.br

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: http://www.mdic.gov.br/sitio/

Portal do Governo Federal: http://www.brasil.gov.br/

Banco Central do Brasil: http://www.bcb.gov.br/

Brasil Global: http://www.brasilglobalnet.gov.br/

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI): http://www.abdi.com.br/

Entidades privadas:

No caso do Brasil, existem diversas associações dedicadas ao tema das tecnologias educativas que podem facilitar o entendimento e a entrada no mercado, das quais as principais são:

Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT) - entidade não-governamental, de caráter técnico-científico, filantrópico, sem fins lucrativos e de utilidade pública municipal. Tem como objetivo: ”impulsionar, no país, os esforços comuns e a aproximação mútua para o desenvolvimento qualitativo e quantitativo da Tecnologia Educacional, em favor da promoção humana e da coletividade". A instituição organiza cursos, congressos e seminários em todo o país, dos quais se destaca:

O 5º Congresso Brasileiro de Tecnologia Educacional, a realizar nos dias 17 e 18 de Novembro de 2014 na Cidade de São Sebastião do Paraíso, estado de Minas Gerais. A temática do evento esteve voltada para as “Tecnologias para a integração do desenvolvimento educacional - Interfaces na sociedade: Educação, Educação a Distância, Inclusão, Meio Ambiente e Saúde”. O evento constituiu um espaço de discussão entre parlamentares, educadores, estudantes e dirigentes de empresas públicas e privadas.

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O 46º Seminário Brasileiro de Tecnologia Educacional, que decorreu nos dias 10 e 11 de junho de 2014 no Rio de Janeiro sob o tema:”A Educação em uma era digital: a nova sala de aula virtual e presencial”.

Está agendado para os dias 1 a 4 de julho de 2015 o 5º Congresso Internacional de Tecnologia Educativa da ABT, sob o lema “Expectativas e Ações Transformadoras: A Humanidade em Foco”, a ser realizado no Campus Muzambinho, no Instituto Federal Sul de Minas Gerais. O Congresso, realizado a cada dois anos, desenvolve discussões sobre educação, tecnologia e inovação e práticas pedagógicas que contribuam para uma efetiva transformação social. Pela primeira vez, o evento será sediado no interior do Brasil. Isso porque um dos principais objetivos do encontro é promover a socialização de conhecimentos entre profissionais que atuam nos grandes centros e interior. Para alcançar o objetivo, a expectativa é agregar um grande número de interessados nos debates sobre Educação. O público-alvo do evento são os estudantes, professores dos diferentes níveis educacionais, diretores educacionais, secretarias de Educação, Saúde, Meio Ambiente e Comunicação, instituições/empresas, associações e profissionais das diversas áreas de conhecimento. A programação do evento incluirá os seguintes eixos temáticos: Ciências Agrárias, Comunicação – Tecnologias da Informação e Comunicação, Educação a Distância, Inclusão e Diversidade e Meio Ambiente e Sustentabilidade.94

Associação Brasileira de Desenho Instrucional (ABRADI) - sociedade sem fins lucrativos, que representa a categoria profissional dos criadores pedagógicos com o objetivo de promover o estudo, a pesquisa, o desenvolvimento de competências, a promoção e a divulgação da profissão. Realiza reuniões, encontros, cursos, palestras, mesas redondas, exposições, conferências, simpósios e congressos online e presenciais, assim como a elaboração de estudos e pesquisas.95

Associação Brasileira de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (ABEHTE) - entidade privada que pretende congregar investigadores de hipertexto e tecnologias aplicadas à educação com o objetivo de promover, desenvolver e divulgar entre os interessados os estudos hipertexto e as aplicações das tecnologias digitais na aprendizagem de conteúdos diversos no Brasil. A ABEHTE organiza periodicamente o Encontro Nacional de Hipertexto e Tecnologias Educacionais, que este ano se realiza de 15 a 17 de julho em São Luís, na Universidade Federal do Maranhão na sua 6ª edição.96

Associação Brasileira de Educação à Distância (ABED) - sociedade científica, sem fins lucrativos, criada em 1995 por um grupo de educadores interessados em novas tecnologias de aprendizagem e em educação à distância, que tem por objetivos: estimular a prática e o desenvolvimento de projetos em educação a distância em todas as suas formas; incentivar a prática da mais alta qualidade de serviços para alunos, professores, instituições e empresas que utilizam a educação a distância; apoiar a "indústria do conhecimento" do país procurando reduzir as desigualdades causadas pelo isolamento e pela distância dos grandes centros urbanos; promover o aproveitamento de "media" diferentes na realização de educação à distância; e fomentar o espírito de abertura, de criatividade, inovação, de credibilidade e de experimentação na prática da educação a distância. A ABED organiza periodicamente o Congresso Internacional ABED de Educação a Distância (CIAED), evento considerado como o mais importante que ocorre no Brasil nesta área e cuja 20ª edição se realizou de 6 a 9 de outubro de 2014 em Curitiba, Paraná. O próximo encontro, o 21° CIAED, com o tema "Se eu fosse Ministro da Educação, eu faria o seguinte a propósito da EAD...", abre espaço para que investigadores, educadores e dirigentes organizacionais possam apresentar trabalhos científicos baseados em investigação científica; apresentar novas experiências inovadoras; participar de mesas-redondas com especialistas do Brasil e de outros países; realizar palestras; inserir-se em grupos de trabalho de diferentes linhas de atuação; e estabelecer contatos profissionais. Será realizado de 25 a 29 de outubro de 2015 em Bento Gonçalves (RS).97

94 Link: http://www.ifsuldeminas.edu.br/index.php/pt/noticias/3805-congresso-abt 95 Link: http://www.abradi.com.br/ 96 Link: http://hiper2015slz.wix.com/hipertextonacional 97 Link: http://www.abed.org.br/congresso2015/545.html

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Para a definição do modelo de Internacionalização, com a identificação das áreas de negócio e formas de operacionalização do processo de intervenção a nível internacional, devem ser trabalhadas as seguintes variáveis:

Definição dos cenários estratégicos para efeitos da implementação de uma estratégia de internacionalização a ser implementada para os mercados selecionados;

Definição das opções estratégicas a serem adotadas para cada mercado;

Definição do modelo de processo de internacionalização a ser implementado

No caso do mercado brasileiro e em relação a possíveis estruturas locais de apoio ao negócio:

Para os investidores estrangeiros, a forma mais comum de fazer negócios é através de uma subsidiária ou sociedade de responsabilidade limitada.

As filiais são difíceis de constituir e dependem de aprovação por decreto presidencial. É mais simples quer em termos de burocracia, quer na obtenção das necessárias aprovações, criar uma empresa de responsabilidade limitada.

Em geral, não há requisitos mínimos de capital, exceto no caso das instituições financeiras. Embora a participação de uma entidade local não seja obrigatória, em geral é útil assegurar essa participação.

Os investidores estrangeiros geralmente incorporam novas empresas ou adquirem empresas já existentes. No entanto, a criação de novas empresas é relativamente simples e pouco exigente financeiramente, levando normalmente cerca de um mês.

Em relação à localização da empresa, esta é normalmente determinada por fatores diretamente ligados ao negócio: os regulamentos aplicáveis aos diversos aspetos da atividade, tais como taxas e incentivos, podem variar de estado para estado. Existem programas federais específicos para apoiar o investimento em regiões mais carenciadas, como sejam as regiões Norte e Nordeste. É também aconselhável analisar a situação com as agências estaduais de apoio ao desenvolvimento.

No que diz respeito aos aspetos financeiros, são de realçar os seguintes pontos:

O investimento estrangeiro no Brasil é normalmente elegível para incentivos económicos. Quer o governo federal, quer os estados oferecem incentivos ao investimento estrangeiro em determinadas áreas subdesenvolvidas ou em áreas consideradas estratégicas;

Empresas controladas por capital estrangeiro podem utilizar o mercado bolsista para obter capital através de ofertas públicas de aquisição ou outros mecanismos;

Diversos serviços de crédito financeiro estão disponíveis através dos bancos nacionais e estrangeiros que operam no Brasil;

Existe a possibilidade de obter financiamento de longo prazo através de empresas de investimento e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Estratégia de promoção e venda no exterior

6.4.5.4.1 Ações de Rede – Congressos e Conferências

Além de alguns exemplos já referidos de organizações patrocinadas por algumas associações pertinentes, salienta-se ainda a seguinte:

Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE) - evento internacional que realizará a sua quarta edição em Maceió, estado de Alagoas, de 26 a 30 de outubro de 2015. O IV Congresso Brasileiro de Informática na Educação realiza-se conjuntamente com a X Conferência Latino-Americana de Objetos e Tecnologias de Aprendizagem (LACLO) e congrega os primeiros eventos de Informática na Educação do Brasil (XXVI Simpósio Brasileiro de Informática na Educação e o XXI Workshop de Informática na Escola). O CBIE é voltado essencialmente para a discussão sobre a investigação e os desafios sobre a Educação, tendo como premissa o uso das tecnologias digitais da informação e comunicação no ensino com vistas à melhoria da qualidade educacional. 98

98 Link: http://ic.ufal.br/evento/cbie_laclo2015/

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6.4.5.4.2 Feiras e Exposições

Existem diversas feiras no Brasil dedicadas ao tema da Educação, onde a tecnologia educativa tem um papel e uma presença importante. Para 2015 estão já agendadas as seguintes feiras e exposições:

Bett Brasil Educar 2015 - de 20 a 23 de Maio em São Paulo, no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center. Trata-se do maior evento de educação da América Latina. O público-alvo são os profissionais ligados à educação, diretores e coordenadores, representantes públicos e profissionais de áreas afins, compradores e decisores dos mais altos níveis educacionais de instituições públicas e privadas e interessados nas novidades e soluções educacionais. Os objetivos passam pela promoção da tecnologia na educação, para instituições públicas e privadas (todos os níveis de graduação) e ainda por desmistificar os desafios de incorporação da tecnologia na sala de aula e no currículo escolar, elevando as instituições aos padrões internacionais de ensino.99

Interdidática 2015, Feira Internacional de Tecnologia Educativa, realiza-se de 15 a 17 de setembro de 2015 em São Paulo. A feira destina-se a profissionais ligados à educação nas suas diversas áreas e funções entre gestores públicos federais, estaduais e municipais, professores, técnicos e diretores de ensino com evidente presença e ligação à área de tecnologia educacional. Nesta feira estarão presentes diversos segmentos de empresas: hardware, software, sistemas e soluções para o ensino proporcionando aprendizagem sobre todo o tipo de soluções para a sala de aula inovadora.100

Educasul 2015 - será realizada entre os dias 10 e 11 de setembro de 2015, no Centrosul, em Florianópolis, e irá reunir educadores de todo o Brasil. Está direcionada a gestores, especialistas em assuntos educacionais, administradores escolares e coordenadores pedagógicos de instituições de educação básica e ensino superior, académicos de cursos de licenciatura e demais profissionais da educação. O evento promove a mostra de produtos e serviços para a educação para alunos e educadores, iniciativas para uma educação sustentável, além de trabalhos académicos e fóruns sobre as últimas tendências educativas e suas aplicações.101

Conferência de Tecnologias Móveis na Aprendizagem, realiza-se no dia 28 de abril de 2015 em São Paulo. Trata-se de uma importante oportunidade para todos aqueles que desejam expandir os conhecimentos que envolvem questões do universo digital, mas de uma forma prática para tratar de Tecnologia Educacional.102

Riscos de Internacionalização

O processo de internacionalização para este mercado brasileiro apresenta alguns riscos:

Risco cambial: o risco cambial é importante quando se pondera uma decisão de investimento no estrangeiro. A possível desvalorização da moeda do país de destino penaliza o valor a receber em Euros quando a empresa fizer a repatriação dos lucros. Este é um risco relevante para investimentos no Brasil, tendo em consideração a evolução da sua moeda nos últimos anos;

Adequação do produto/serviço — a adequação do serviço ao mercado é fundamental. No limite, no caso dos serviços de outsourcing para produtos locais de Educação/eLearning, cada cliente terá o seu serviço devidamente personalizado, mas na entrada mais direta no mercado com produtos e serviços próprios é fundamental ter uma noção da reação do mercado ao produto e do alinhamento com os consumidor local;

Enquadramento regulatório e normativo — o Brasil, como qualquer país, apresenta particularidades legislativas, que, numa primeira fase, poderão escapar a um estrangeiro. Assim, é importante garantir que desde o início existem parceiros locais que identifiquem todos os aspectos regulamentares aplicáveis aos negócios em causa: laborais, fiscais, comerciais, ambientais, etc.

99 Site: www.bettbrasileducar.com.br/ 100 Site: interdidatica.com.br/interdidatica/ 101 Site: www.capacitareventos.com.br/eventos/educasul-2015/ 102 Site: interdidatica.com.br/interdidatica/conferencia-de-tecnologias-moveis-na-aprendizagem/

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7 Conclusão

Com este relatório conclui-se o projeto de análise dos mercados potenciais para uma estratégia de internacionalização das empresas da Inova-Ria em tecnologias TICE. Nele se inclui todo o conjunto de informação em relação aos cinco mercados setoriais que resultaram da aplicação da metodologia acordada, tendo em conta a opinião da equipa da Inova-Ria. A partir dessa informação de base, elaborou-se uma estratégia de internacionalização adequada aos condicionalismos da Inova-Ria e às características dos mercados estudados.

Neste trabalho foi feita uma análise aprofundada de acordo com a metodologia estabelecida e sumariamente descrita neste relatório. Foram feitos estudos aprofundados dos fatores de contexto dos diversos submercados (fatores STEP). Da mesma forma, foi analisado o contexto transacional da Inova-Ria na sua potencial entrada nesses mercados setoriais, utilizando os fatores da metodologia de Porter. Após estas análises de contexto e com uma perspetiva de conjunto das empresas da Inova-Ria, analisou-se a componente externa de uma típica análise SWOT, incluindo um estudo com o detalhe possível das oportunidades que potencialmente podem ser valorizadas e aproveitadas pelas empresas Inova-Ria e a capacidade de ultrapassar as ameaças que se constituem numa potencial abordagem a esses submercados.

Na componente quantitativa da metodologia, foi feita uma avaliação transversal dos diversos fatores, procurando-se não só uma quantificação da atratividade de cada um deles para a estratégia de internacionalização das empresas Inova-Ria, ajustando a pontuação perante o que seria uma situação ótima de atratividade de cada fator. No seguimento das quantificações efetuadas, constatou-se a dificuldade deste processo de internacionalização. Qualquer dos submercados apresenta problemas e isso é visível na pontuação obtida, algo modesta, refletindo o quão difícil será potencializar ao máximo as oportunidades apresentadas para cada um dos submercados.

Em função de todo o trabalho realizado no âmbito do estudo, das conclusões apresentadas nos dois relatórios preliminares e na sequência do diálogo ocorrido com a Inova-Ria foram escolhidas cinco combinações entre os mercados geográficos propostos e os setores TICE pertinentes.

Os mercados assumidos como de maior potencial foram os submercados do Norte da Europa (Smart Cities e Economia do Mar), as oportunidades de Outsourcing nos mercados mais desenvolvidos: EUA e Norte da Europa, e, finalmente, a Educação/eLearning no Brasil.

A estratégia genérica de internacionalização apontada neste estudo para os mercados selecionados teve em conta, por exemplo, no que toca ao outsourcing, o facto de que a experiência existente foi condicionada ao funcionamento no mercado português, podendo este facto colocar problemas na transferência para mercados mais exigentes e habituados a metodologias de funcionamento diferentes, com exigências em termos de organização e planeamento.

Quanto à experiência em aplicações para a educação e eLearning, ela é significativa na Inova-Ria, mas o mercado Brasileiro assume uma exigência de competitividade quer em relação aos grandes players mundiais do setor, quer à concorrência local, que é bastante forte. Assim, as linhas estratégicas transversais propostas apontam para a adoção de estratégias indiretas, aproveitando parcerias e players já instalados, em detrimento de estratégias diretas, nas quais poderiam ser incluídas a exportação direta ou aquisição/fusão com atores locais, soluções que parecem ser de mais difícil implementação numa primeira fase. Assim, e num quadro de estratégias indiretas, a primeira atividade a desenvolver é a de angariar conhecimentos e entrar indiretamente nos mercados usando mecanismos de outsourcing e parcerias em que as empresas da Inova-Ria fornecem indiretamente os mercados trabalhando para players já instalados quer através da colaboração em subpartes de produtos ou serviços, quer fornecendo produtos que são depois comercializados por esses players. Outra possibilidade passa pela participação em projetos de desenvolvimento comuns enquadrados em programas de financiamento, tal como o H2020 ou o Portugal 2020, colaborando com entidades já instaladas no mercado ou com empresas portuguesas que tenham, por via de outras áreas de negócio, acesso direto a esses mercados geográficos. As estratégias diretas, tais como as descritas acima, ficariam reservadas para fases posteriores do processo.

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Para desenvolvimento e implementação das estratégias indiretas descritas acima seria implementado um plano com quatro fases ou processos:

Networking – prospeção de parceiros, estabelecimento de contactos e preparação das ações colaborativas;

Planeamento – elaboração e opção pelas alternativas estratégicas possíveis;

Implementação – escolha de parceiros e definição de ações concretas a empreender;

Balanço e aprendizagem – partilha da experiência, dos sucessos e insucessos, das empresas da Inova-Ria, beneficiando o seu conjunto e construindo sinergias.

Como base de apoio a este processo, a Inova-Ria assumiria um papel de suporte preponderante na preparação logística das ações, na elaboração de propostas de contratualização e suporte, na gestão e controlo dos projetos, nos processos de formação e aprendizagem, aliviando as estruturas das empresas suas associadas, proporcionando sinergias transversais e genericamente aumentando a competitividade geral do grupo.

As especificidades de cada um dos submercados merecem ainda os seguintes comentários. Para o Norte da Europa - Smart Cities, o estudo encontrou um conjunto alargado de cidades já abertas a iniciativas nesta área e prontas para receber ideias de desenvolvimento. O potencial para os novos entrantes da Inova-Ria deverá focar-se na inovação, na ideia diferente, útil e na colaboração com estas entidades, sendo que a participação em iniciativas do H2020 é uma excelente via de entrada, a par da presença em eventos internacionais de obtenção de conhecimento e colaboração. No caso do Outsourcing nos EUA e Norte da Europa, as oportunidades parecem concentrar-se preferencialmente no subsetor do Information Technology Outsourcing (aplicações, centros de dados, testes, assistência técnica, etc.), sendo que a localização física em relação ao mercado geográfico também é condicionante. Em relação à concorrência, ela é significativa quer no arco do sul da Ásia, quer até no leste europeu e Irlanda, havendo mesmo países preocupados em organizar as empresas à escala nacional no ataque a estas oportunidades (e.g. Malásia). A exigência de excelência é grande, sendo necessário garantir o cumprimento de requisitos e prazos, tornando-se crítico demonstrar, à partida, a existência e adoção de processos de trabalho que deem credibilidade e confiança a potenciais clientes. O preço só é vantagem competitiva se cumpridos os aspetos referidos. Para a economia do mar no Norte da Europa localizou-se o maior potencial para as empresas Inova-Ria nos seguintes temas: comunicações costeiras, rastreio de carga, radares, sistemas autónomos, vigilância ambiental, desastres naturais, normas de segurança, gestão de embarcações e gestão dos recursos marinhos. A concorrência aparece em duas frentes: as empresas especializadas nos diversos setores, muitas delas sediadas na região escolhida, e os grandes players globais das TICE, que também cobrem e têm divisões relacionadas com o Mar. Neste segmento, o cumprimento de regulamentos e o funcionamento em condições ambientais particularmente hostis são talvez os desafios mais críticos. Finalmente, para o mercado da Educação/eLearning no Brasil salienta-se que a internacionalização pode passar por produtos para a sala de aula, plataformas de ensino, equipamentos escolares e sistemas de informação para a escola, bem como para a formação e qualificação de professores e gestores de escolas na utilização das TICE. As exigências à entrada neste mercado são difíceis, pois o país está ainda mal posicionado em termos de transparência, e a regulação e prática do mercado é ainda protecionista em relação às empresas locais. A disponibilidade de players locais é aqui fundamental, a par da interiorização da cultura brasileira e dos aspetos particulares da língua.

A Figura 39 apresenta uma perspetiva final para uma avaliação global dos submercados estudados, posicionados em relação ao seu potencial e à capacidade das empresas da Inova-Ria para atuar neles. O potencial de negócios resulta de uma avaliação das oportunidades em confronto com as ameaças e a concorrência. A capacidade de realização, por sua vez, dá uma indicação da soma das competências técnicas, capacidade de gestão e força comercial para levar os produtos e serviços até aos mercados. Desta avaliação, conclui-se que o mercado com maiores perspetivas de sucesso é o das Smart Cities no Norte da Europa, para o qual é necessário concretizar um pouco melhor a capacidade de realização das empresas da Inova-Ria. A experiência de Outsourcing nas empresas da Inova-Ria e os produtos e serviços existentes para o setor da educação/eLearning apresentam uma boa capacidade de realização, mas as necessidades de mudança associadas a processos, os níveis de excelência no caso do Outsourcing e a séria concorrência na educação/e-Learning do Brasil reduzem um pouco o potencial de negócio. A situação agrava-se no caso do Outsourcing para os EUA, onde parece ser mais difícil de aproveitar a experiência existente de Outsourcing, a que acresce

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o forte nível da concorrência já instalada no mercado. No caso da Economia do Mar, juntam-se dois aspetos menos consistentes: a pouca experiência existente em produtos para o Mar e a concorrência local já instalada e a trabalhar no mercado geográfico alvo.

Figura 39 – Avaliação dos cinco mercados estudados no quadro de capacidade de realização VS potencial de negócio.

Terminado este projeto, a conclusão final é a de que existe potencial de internacionalização nos mercados analisados, mas o caminho é longo e tem de ser percorrido sem eliminação de etapas, consolidando bem as fases iniciais do processo de construção de credibilidade e aumentando gradualmente a confiança das empresas Inova-Ria nesses mercados, através da apresentação de trabalho competente, com conhecimento tecnológico e de excelência no cumprimento escrupuloso de compromissos assumidos.

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8 Referências bibliográficas gerais

ABB (2013), “Solid Foundations for Smart Cities”

ADI, “Modelo Teórico da internacionalização”, FADIS

AGROGES, “Plano estratégico para a internacionalização do sector dos vinhos em Portugal”, ViniPortugal, s/d

AICEP (2014), “Fichas de Mercado”

Ambient Insight (2011), “The Worldwide Market for Self-paced eLearning Products and Services: 2010-2015 Forecast and Analysis”

Centro Tecnológico do Calçado, “Internacionalização, Guia do Empresário”, s/d

Coelho, P. (2014), “A emergência do E-learning: Uma análise sobre as plataformas de educação online no Brasil e no mundo”

DG Internal Policies (2014), “Mapping Smart Cities in the EU”

DG Internal Policies (2015), “Ocean research in H2020: the Blue Growth Potential”

Docebo (2014), “E-Learning Market Trends & Forecast 2014 - 2016 Report”

ECORYS (2014), , “Study on Blue Growth and Maritime Policy within the EU North Sea Region and the English Channel”, DG Maritime Affairs and Fisheries”

Empirica (2014), “e-Skills for jobs in Europe: measuring progress and moving ahead”, EU

EWEA (2014), “The European offshore wind industry - key trends and statistics 2014”

Gartner, “Emerging Market Analysis Brazil”

Gartner, “Magic Quadrant for End-User Outsourcing Services, Europe”

Global Investment Research, 2014

IDC (2001), “The Learning Content Management System”

Leadership, “Estudo do Ecossistema de Apoio ao Empreendedorismo de Base Tecnológica em Portugal e Silicon Valley”, TICE.PT, s/d

OECD (2013), “The Future of the Ocean Economy: Exploring the prospects for emerging ocean industries to 2030”

PwC Brasil, “Doing Business and Investing in Brazil –2013”

SHIPBUILDING STATISTICS de Shipbuilders’ Association of Japan

Silva, J. (2004), “e-learning: o estado da arte”, Softciências

Silver Spring Networks (2013), “Charting the path to Smart cities”

SmartCitiesCouncil (2014), “Smart cities Readiness guide”

Stardust (2013), “Maritime Clusters in the Baltic Sea Region”

Study on Blue Growth and Maritime Policy within the EU North Sea Region and the English Channel (Ecorys)

Takano, Y. (2009), “Estudo do processo de internacionalização de uma empresa multinacional brasileira do ramo de integração de sistemas de tecnologia da informação e comunicação”, São Paulo

TIC Educação 2012 – cgi.br, edição 2013

Univ. Minho, “Internacionalização do Sector da Saúde Nacional nos Mercados de Angola, Brasil, EUA e Alemanha - Caderno Suplementar 4 - Mercados em análise: EUA”, AICEP,

U.S. INTERNATIONAL TRADE IN GOODS AND SERVICES, U.S. Bureau of Economic Analysis, July 2014

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UNESCO (2002), “Technologies for Education”

White House (2010), “Final Recommendations of the Interagency Ocean Policy - Task Force”

World Trade Organization – Trade Policy Review

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Anexo 1 – Mercados setoriais estudados na primeira fase do projeto

Mercado geográfico: Norte da Europa, incluindo Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia

NEU1 - Construção Civil/habitação - Produtos e serviços de apoio à construção civil e à implementação de casas domotizadas: aplicações, sensores, equipamentos de controlo, etc.

NEU2 - Agricultura e ambiente – As TICE como elementos de controlo a partir de informações meteorológicas, controlo de espécies e gestão de florestas e plantações, controlo e sensorização ambiental, etc.

NEU3 - Saúde – Equipamentos e serviços de apoio a centros de saúde, hospitais com foco na partilha de equipamentos sofisticados à distância, imagiologia e especialistas. Serviços de saúde online, desenvolvimento de aplicações móveis (digital health).

NEU4 - Transportes – Equipamentos e serviços de suporte a caminho-de-ferro - equipamentos de automatização, controlo e seguimento de composições bem como gestão de infraestruturas; etc.

NEU5 - Água – Equipamentos e serviços de apoio à fileira de produção e distribuição de água - equipamentos de controlo e gestão, sensores, sistemas de informação, etc.

NEU6 - Governo eletrónico – Aplicações de suporte às iniciativas de desmaterialização dos processos administrativos da administração pública, aos níveis central, regional e local.

NEU7 - Energias renováveis – Produtos e serviços no setor das energias renováveis e poupanças de energia, controlo consumo, sensores, etc

NEU8 - Comunicações móveis – desenvolvimento de aplicações e conteúdos; mobile Money; mobile health.

NEU9 - Smart cities – desenvolvimento de sensores para as áreas da energia e transportes; desenvolvimento de aplicações para smart cities; Arquiteturas e soluções Big Data.

NEU10 - Economia Digital – soluções para serviços financeiros; mobile Money e mPayments;

NEU11 - Economia do mar – soluções para as indústrias associadas ao mar como a pesca, omércio marítima ou gestão ambiental.

Mercado geográfico: Brasil

BR1 - Saúde – Equipamentos e serviços de apoio a centros de saúde, hospitais com foco na partilha de equipamentos sofisticados à distância, imagiologia e especialistas. Serviços de saúde online, desenvolvimento de aplicações móveis (digital health, mHealth).

BR2 - Educação e eLearning – Equipamentos e serviços de apoio nas escolas, tele-escola, implementação de internet, e WI-Fi, etc. Desenvolvimento de conteúdos e de soluções aplicacionais para formação técnica.

BR03 – Comunicações móveis – desenvolvimento de aplicações e conteúdos; mobile Money; mobile health.

BR4 – Smart cities – desenvolvimento de sensores para as áreas da energia e transportes; desenvolvimento de aplicações para smart cities; Arquiteturas e soluções Big data.

BR05 – Economia Digital – soluções para serviços financeiros; mobile Money e mPayments;

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Mercado geográfico: Países Africanos de Expressão Oficial Portuguesa

Mercado geográfico: Angola

AO1 – Petróleo - Produtos e serviços de apoio a toda a fileira da indústria petrolífera tais controlo, sensores, gestão de equipamentos (hardware e software), sistemas de gestão e logística, etc.

AO2 – Construção Civil/habitação - Produtos e serviços de apoio à construção civil e à implementação de casas domotizadas: aplicações, sensores, equipamentos de controlo, etc.

AO3 - Agricultura e ambiente – As TICE como elementos de controlo a partir de informações meteorológicas, controlo de espécies e gestão de florestas e plantações, controlo e sensorização ambiental, etc.

AO4 - Saúde – Equipamentos e serviços de apoio a centros de saúde, hospitais com foco na partilha de equipamentos sofisticados à distância, imagiologia e especialistas.

AO5 - Educação – Equipamentos e serviços de apoio nas escolas, telescola, implementação de internet, e Wi-Fi, etc.

AO6 - Transportes – Equipamentos e serviços de suporte a caminho-de-ferro - equipamentos de automatização, controlo e seguimento de composições bem como gestão de infraestruturas; etc.

AO7 – Água – Equipamentos e serviços de apoio à fileira de produção e distribuição de água - equipamentos de controlo e gestão, sensores, sistemas de informação, etc.

Mercado geográfico: Cabo Verde

CV1 – IT Cluster - Explorar a driving force do Governo sobre o IT cluster – o que é, quais são os objetivos, que meios existem – o que se pretende?

CV2 – Turismo – juntar os objetivos de eficácia e qualidade com o setor mais importante do País, o turismo: sistemas eficácia em energia, comunicações, poupanças energéticas, transportes ambientais e eficazes, etc. em hotéis, resorts, etc.

CV3 – Energias renováveis – produtos e serviços no setor das energias renováveis e poupanças de energia, controlo, sensores, etc.

CV4 - - Educação – equipamentos e serviços para melhorar a oferta educativa e proporcionar educação a todos.

CV5 – Indústria farmacêutica – Explorar e perceber o que fazer com esta aposta na indústria farmacêutica – oportunidades para sistemas de informação e produtos eletrónicos.

Mercado geográfico: Guiné-Bissau

Tendo em conta a análise feita, os fatores de risco existentes e o tipo de produtos e serviços a providenciar pelas empresas Inova-Ria, que exigem uma sociedade económica e socialmente em vias de desenvolvimento, capaz de beneficiar da utilização em geral das tecnologias de informação e comunicação, não nos parece que a Guiné-Bissau constitua um mercado-alvo a incluir no estudo nos próximos anos.

Mercado geográfico: Moçambique

MZ1 – Grandes Empreendimentos/Investimentos – Aproveitando e antecipando os potenciais de desenvolvimento de Moçambique, a proposta passa por definir e perceber quais os grandes investimentos que se estão a preparar para Moçambique e tentar perceber se nesses investimentos de grandes empresas existem oportunidades e trabalho para as TICE. Estamos a pensar em empresas de turismo com a instalação de grandes resorts, com soluções para a indústria hoteleira, empresas petrolíferas, na exploração do gás, empresas de mineração ou transformação com as suas exigências de controlo e de energia, grandes construtoras civis ou outros empreendimentos específicos.

Mercado geográfico: São Tomé e Príncipe

ST1 – Grandes Empreendimentos/Investimentos – Aproveitando e antecipando os potenciais de desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, a proposta passa por definir e perceber quais os grandes investimentos que se estão a preparar para São Tomé e Príncipe e tentar perceber se

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nesses investimentos de grandes empresas existem oportunidades e trabalho para as TICE. Estamos a pensar em empresas de turismo com a instalação de grandes resorts, com soluções para a indústria hoteleira, empresas petrolíferas, na exploração agrícola do cacau ou transformação com as suas exigências de controlo e de energia, construtoras civis ou outros empreendimentos específicos.

Mercado geográfico: Estados Unidos da América

EUA01 – IoT (Internet of Things) – desenvolvimento de soluções específicas para a IoT (Internet das Coisas) incluindo sensores, arquiteturas, redes de comunicações, Big Data, aplicáveis a cinco primeiros setores chave: wearables, indústria automóvel, ambientes domésticos, Smart Cities e ambientes Industriais.

EUA02 - Saúde – Equipamentos, Soluções e Serviços de apoio a centros de saúde e hospitais com foco na partilha de equipamentos sofisticados (e.g. imagiologia) e especialistas - à distância,…). Serviços de saúde online, desenvolvimento de aplicações móveis (digital health, mHealth).

EUA03 - Educação e eLearning – Equipamentos e serviços de apoio nas escolas, tele-escola, implementação de internet, e Wi-Fi, etc. Desenvolvimento de conteúdos e de soluções aplicacionais para formação técnica.

EUA04 – Comunicações móveis – desenvolvimento de aplicações e conteúdos (mobile Money; mobile health,..) e soluções M2M.

EUA05 – Economia Digital – soluções para serviços financeiros; mobile Money e mPayments;

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Anexo 2 – Exemplos de eventos mundiais relacionados com Smart Cities

Evento Local Data (2015)

Smart Cities Expo Montreal Montréal 25 a 27 de março

Monetising the Internet of Things 2015 Frankfurt 15 e 16 de abril

Traffex Birmingham 21 a 23 de abril

Internet of Things Summit 2015 San Jose 28 e 29 de abril

M2M World Congress 2015 Londres 28 e 29 de abril

Smart to Future Cities Londres 28 e 29 de abril

ThingsCon Berlim 8 e 9 de maio

Internet of Things European Summit Bruxelas 11 a 14 de maio

Internet of Things São Francisco 12 a 15 de maio

International Conference on Smart Cities and Green ICT Systems (SMARTGREENS)

Lisboa 20 a 22 de maio

Metropolitan Solutions Berlim 20 a 22 de maio

The Connected Conference Paris 28 a 30 de maio

Global Smart Home Summit Xangai 28 e 29 de maio

TMForum Live Nice 1 a 4 de junho

Smart City Event 2015 Amesterdão 2 a 5 de junho

Major Cities of Europe Conference Hamburgo 8 a 10 de junho

IoT Expo Dubai 9 e 10 de junho

M2M and IoT Strategies Summit Barcelona 9 a 11 de junho

Intelligent Sensing Programme - Internet of Things Londres 10 de junho

IoT Week Lisbon Lisboa 15 a 18 de junho

Sierra Wireless Innovation Summit 2015 Paris 17 de junho

Connected Cars 15 Amesterdão 24 e 25 de junho

Innovative City Nice 24 e 25 de junho

Entreprise Apps World Londres 24 e 25 de junho

IoT Cloud World Forum 2015 Londres 25 e 26 de junho

Smart Cities Meed Dubai 1 e 2 de setembro

Smart Cities Week Washington 14 a 16 de setembro

i-Connect Lyon 15 de setembro

IoT Solutions World Congress Barcelona 16 a 18 de setembro

IoT Security Boston 22 e 23 de setembro

Industry of Things World Berlim 21 e 22 de setembro

Internet of Things World Europe 2015 Berlim 6 e 7 de outubro

IEEE First International Smart Cities Conference (ISC2) Guadalara 25 a 28 de outubro

The 5th International Conference on the Internet of Things (IoT2015)

Seul 26 a 28 de outubro

IoT WORLD FORUM 2015 Oxford 18 a 19 de novembro

Smart City Expo World Congress Barcelona 17 a 19 de novembro

The Internet of Things World Forum 2015 Dubai 6 a 8 de dezembro

Gulf Traffic Dubai 7 a 9 dezembro

IEEE 2nd World Forum on Internet of Things (WF-IoT) Milão 14 a 16 de dezembro

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Anexo 3 – Contactos relacionados com a Economia do Mar no Norte da Europa

Programas de financiamento e/ou Instituições de investigação

Internacional

World Ocean Circulation Experiment Undersea Research Center (NATO) MAST (Marine Science and Technology) programme, European Commission International Council for the Exploration of the Sea Intergovernmental Oceanographic Commission, UNESCO European Geophysical Society Scientific Committee on Oceanic Research European Maritime Safety Agency European Environment Agency EU NAVFOR: EU counter-piracy military operation off the Somali coast Regional Fisheries Management Organisations (RFMOs) Conference of peripheral maritime regions (CPMR) International Maritime Industries Forum (IMIF) European science foundation – Marine Board Conference of Atlantic Arc Cities IMARES – marine ecology research institute Deltares research institute Scpinfonet: Research on the the green economy Wastenet: The Waste and Resources Research Community Web Portal

Finlândia

Finnish Institute of Marine Research

Noruega

Institute of Marine Research Norwegian Seafood Federation The Norwegian Seafood Association Norwegian Seafood Export Council National Institute for Food and Seafood Research (NIFES) The Fisheries and Aquaculture Research Fund Nofima - research and development for the fisheries, aquaculture and food industries Norwegian Fishermen’s Sales Organization The Norwegian Fishermen’s Association

Suécia

Stockholm Marine Research Centre SVID (The Swedish Industrial Design Foundation)

Instituições públicas e departamentos governamentais

Finlândia

Baltic Institute of Finland

Noruega

Ministry of Fisheries and Coastal Affairs Norwegian College of Fisheries Science

Suécia

Start-Up Stockholm

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VINNOVA (Swedish Governmental Agency for Innovation Systems) Verksamt.se (The Swedish Business Link to Government)

Organizações por bacia marítima

Mar Ártico:

The Northern Dimension Arctic Council Nordic cooperation (Norden) Barents Euro-Arctic Council

Mar Báltico:

Baltic Development Forum Baltic Sea Parliamentary Conference Working group on maritime policy Baltic Sea States sub-regional cooperation Working group on maritime policy Council of the Baltic Sea States Experts group on Maritime Policy VASAB Maritime spatial planning HELCOM-VASAB Helsinki Commission (Helcom)

Mar do Norte

Alfred Wegener Institute for Polar and Marine Research (D) Federal Institute for Waterway Engineering (D) British Geological Survey (GB) British Oceanographic Data Centre (GB) Federal Nature Conservation Agency (D) Federal Maritime and Hydrographic Office (D) Centre for Environment, Fisheries & Aquaculture Science (GB) Geological Survey of Denmark and Greenland (DK) International Council for the Exploration of the Sea Institute of Marine Research, University of Hamburg (D) Institutes for Fishery and Fishery Ecology / Federal Research Centre for Fisheries (D) Institute for Sea Fisheries / Federal Research Centre for Fisheries (D) National Institute for Coastal and Marine Management (NL) School of Biological Sciences, University of Wales, Swansea and Bangor (GB) Netherlands Institute of Applied Geo-science TNO - National Geological (NL) Federal Environmental Agency (D) North Directorate for Water and Navigation North Region (D) Northwest Directorate for Water and Navigation North West Region (D)

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Setor privado

A seguir listamos algumas das empresas especializadas marítimas que servem o mercado marítimo e offshore na Europa. Estas empresas operam um ou vários dos segmentos do vasto mercado marítimo.

Empresas altamente especializadas no mercado marítimo:

Sistemas elétricos/eletrónicos e equipamento náutico, e.g.:

Consilium, Suécia; Interschalt, Alemanha; Kelvin Hughes, UK; Martek Marine, UK; Raytheon Anschütz, Alemanha; SAM Electronics, Alemanha; Transas, Rússia/UK.

Líderes mundiais que cobrem principalmente o segmento marítimo:

Aker Solutions, Noruega; iXBlue, França; Jeppesen Marine, Dinamarca; Jotron, Noruega; Kongsberg Maritime, Noruega; Saipem, Itália; Technip, França;

Empresas com forte envolvimento no mercado marítimo mas fornecendo para outros mercados:

Sistemas auxiliares, e.g.: Autronica Fire & Security, Noruega; Hamworthy, UK.

Satellite communication, e.g.:

Cobham SATCOM, UK; EADS/Astrium, França; Inmarsat, UK; Telenor Satellite Broadcasting, Noruega.

Empresas industriais genéricas com baixas receitas no Mercado marítimo mas ainda significativas a nível global, e.g.:

ABB e Liebherr, Suiça; Alfa Laval, Suécia; AkzoNobel, Holanda; Bosch e Siemens, Alemanha; GEA Westfalia Separator, Alemanha; Schneider Electric, França;

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Anexo 4 – Exemplos de eventos mundiais relacionados com a Economia do Mar

Evento Date Descrição Periodicidade

Local

ARCTIC SHIPPING NORTH AMERICA CONFERENCE

Out 2015 (?)

Evento líder no que respeita ao setor da navegação no Ártico a realizar-se nos EUA, dedicado às oportunidades comerciais e desafios estratégicos nas operações no Ártico.

Anual ?, Canadá

ASBA Annual Cargo Conference

30 Set-02 Out 2015

USA

Bari-Ship Maritime Exhibition

21-23 Maio 2015

Iniciada em 2009 é a única feira marítima que se realiza no Japão Ocidental.

Imbari, Japão

Breakbulk Europe 18-21 Maio 2015

Trata-se da maior feira do mundo e de um forum de formação dedicado ao transporte de carga geral fracionada e à respetiva logística.

Antuérpia, Bélgica

Caribbean Shipping Exhibition

13-15 Oct 2015

Dominican Republic

China Ship Finance and Strategy Forum

19 Nov 2015

Shanghai, China

CONXEMAR 05-07 Out 2015

International Frozen Seafood Products Exhibition Anual

Vigo, Espanha

DANFISH INTERNATIONAL

07-09 Out 2015

Feira Internacional das Pescas De 2 em 2 anos

Aalborg, Dinamarca

Digital Ship Singapore 13-14 Out 2015

Conferência e feira dedicada às comunicações marítimas

Singapura

Digital Ship Tokyo 02-03 Set 2015

Conferência e feira dedicada às comunicações marítimas

Tóquio, Japão

East Med Marine Expo 07-08 Maio 2015

Trata-se da única feira desta dimensão especializada em tecnologia marítima no Mediterrâneo Oriental. Ela inclui equipamentos marítimos e da indústria de navegação, equipamentos para estaleiros, lubrificantes, combustíveis, etc.

Limassol, Chipre

ENERGY OCEAN 02-04 Junho 2015

Evento dedicado à promoção do desenvolvimento de energia limpa e sustentável utilizando os oceanos globais.

Anual Portland, ME, USA

Eastern Canadian Fisheries EXPO.

06-07 Fev 2015

Oportunidade de encontrar pessoas dedicadas à pesca em navio e na costa, equipamentos de pesca, processamento de peixe, desenho e construção de embarcações, etc.

De 2 em 2 anos

Yarmouth, NS, Canadá

Europort 03-06 Nov 2015

Europort é um local de reunião para a construção naval de estruturas complexas com objetivos especiais.

Roterdão, Holanda

FISH CANADA / WORKBOAT CANADA

22-23 Jan 2016

Feira comercial da indústria da pesca. De 2 em 2 anos

Moncton, Canadá

Gastech 2015 27-30 Oct 2015

Esta feira atrai mais de 20 mil presenças comerciais e técnicas, cerca de 500 expositores, 250 executivos nível C e 2 mil conferencistas.

Singapura

Hafengeburtstag - Hamburg

08-10 Maio 2015

Maior festival do mundo dedicado aos portos. Anual

Hamburg, Alemanha

IAPH World Ports Conference

01-05 Junho 2015

Esta conferência organizada pela Associação Internacional dos Portos desenvolve abordagens inovadoras e soluções orientadas para a sustentabilidade do crescimento dos portos no longo prazo.

Hamburgo, Alemanha

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Evento Date Descrição Periodicidade

Local

ICELANDIC FISHERIES EXHIBITION

Set 2017 (?)

Evento internacional dedicado a toda a indústria das pescas: apanha, localização, processamento, embalagem e marketing do produto final.

De 2 em 2 anos

Kópavogur, Islândia

IISM (INTERNATIONAL INDONESIA SEAFOOD & MEAT)

15-17 Out 2015

Conferência e exposição sobre peixe e marisco incluindo tecnologias da cadeia de frio

Anual Jakarta, Indonésia

INTERNATIONAL ALGAE CONGRESS

01-03 Dez 2015

Congresso internacional dedicado às algas. Anual

Lisboa, Portugal

ITECHMER LORIENT 14-16 Out 2015

Feira dedicada ao equipamento, processamento e serviços da indústria das pescas, construção e manutenção naval.

De 2 em 2 anos

Lorient, França

Korea Ship Finance Forum – 9th

28 Oct 2015

Anual Busan, Coreia do Sul

Kormarine 20-23 Out 2015

Feira Internacional do Mar, Construção naval e offshore.

Coreia do Sul

London International Shipping Week

07-11 Set 2015

Junta os líderes de todos os setores de navegação em Londres.

London, UK

Marine Money Ship Finance Forum – 14th

22-23 Set 2015

Evento líder na Ásia dedicado ao financiamento do negócio do Mar.

Anual Singapura

Marine Money Asia Week

22-23 Set 2015

Singapura

Marine Money Week New York

16-18 Junho 2015

Presença de mais de 1000 pessoas representando as maiores companhias de navegação, fretadores, fundos de capital privado, financiadores, etc.

Nova Iorque, EUA

Marintec China 01-04 Dec 2015

A mais reconhecida feira comercial dedicada aos mais recentes projetos de navios, engenharia de offshore e tecnologia aplicada aos portos.

Shanghai, China

Maritime Manpower Singapore Conference 2015

16 Julho 2015

Plataforma para que a elite da indústria possa discutir assuntos marítimos e uma oportunidade para contactos com pessoas de todo o mundo.

Singapore

Maritime Security 2015 West

17-19 Ago 2015

Aborda as necessidades dos governos, aspetos legais e infraestruturas críticas para a segurança das linhas costeiras.

Califórnia, USA

MAST (Maritime Systems & Technology) EURASIA

Junho 2015 (?)

Conferência global e feira comercial dedicada à segurança e defesa marítimas.

Anual ?, Europa

MIDDLE EAST WORKBOATS

28-30 Set 2015

Feira e conferências sobre navios comerciais. De 2 em 2 anos

Abu Dhabi, UAE

MARINE Maintenance World Expo

29 Set – 01 Out 2015

Feira internacional dedicada às tecnologias de manutenção naval, serviços, sistemas e manutenção de plataformas offshore.

Anual Antuérpia, Bélgica

Nor Shipping 02-05 Junho 2015

Trata-se de uma feira de alta qualidade, com conferências importantes proporcionando uma excelente oportunidade de estabelecimento de contactos na indústria marítima internacional.

De 2 em 2 anos.

Oslo, Noruega

NORTH ATLANTIC SEAFOOD FORUM CONFERENCE

Mar 2016 (?)

Feira comercial dedicada ao marisco. Anual

?, Noruega

Ocean Business 2015 14-16 Abr 2015

Ocean Business inclui uma feira internacional de tecnologia dos oceanos. Em paralelo realizam-se demonstrações e sessões de formação. Inclui ainda a Offshore Survey, uma conferência técnica e o Ocean Careers, uma sessão interativa dedicada ao recrutamento no setor.

De 2 em 2 anos

Southampton, UK

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Evento Date Descrição Periodicidade

Local

OI - OCEANOLOGY INTERNATIONAL

15-17 Mar 2016

Feira de oceanologia. De 2 em 2 anos

Londres, UK

Pacific International Maritime and Naval Exposition

06-08 Out 2015

Calendarizada para coincidir com as celebrações anuais da Royal Australian Navy, Pacific 2015, apresentará os desenvolvimentos mais recentes no domínio das tecnologias navais, submarinas e comerciais marítimas.

Sydney, Australia

Philippines Marine, Shipbuilding & Offshore Exhibition 2015

17-19 Junho 2015

Único evento dedicado à construção naval, realizado nas Filipinas, reunindo um grande conjunto de empresas.

Filipinas

POLAR FISH Out 2016 (?)

Ponto de encontro dos produtores e fornecedores do Atlântico Norte de equipamentos de pesca e processamento.

De 2 em 2 anos

Sisimiut, Gronelândia, Dinamarca

Sea Asia (Singapore Maritime Week)

21-23 Abr 2015

Desde o seu lançamento em 2007, a Sea Asia tornou-se uma plataforma para o negócio da indústria, ponto de contacto e uma mostra de novos produtos e serviços na região da Ásia Pacífico, atraindo cerca de 14 mil participantes incluindo CEO, presidentes, decisores e profissionais do mar.

De 2 em 2 anos

Singapura

TOC Americas 13-15 Oct 2015

A TOC Americas reúne todos os interessados na cadeia de valor dos contentores como um elemento vital na produtividade e logística operacional dos portos e transportes marítimos.

Panamá

TOC Asia 21-22 Abr 2015

A TOC Asia reúne todos os interessados na cadeia de valor dos contentores como um elemento vital na produtividade e logística operacional dos portos e transportes marítimos.

Anual Singapura

TOC Europe 09-11 Junho 2015

Encontro europeu de todos os interessados na cadeia de valor dos fornecedores de produtos e serviços ligados aos contentores. Esta feira é dedicada a todos os BCO (Beneficial Cargo Owner), transportadores, 3PL (Third Party Logistics), autoridades portuárias, terminais ou outros fornecedores.

Anual Roterdão, Holanda

TOC Middle East 08-09 Dec 2015

A TOC do Médio Oriente reúne todos os interessados na cadeia de valor dos contentores como um elemento vital na produtividade e logística operacional dos portos e transportes marítimos.

Anual Dubai

UDT EUROPE 03-05 Junho 2015

Feira e conferência para tecnologias de defesa submarina.

Anual Roterdão, Holanda

Sea Work International 16-18 Junho 2015

A maior feira internacional dedicada a navios comerciais a nível Europeu realizada num contexto portuário em Southampton há já 3 anos. Atrai mais de 7 mil pessoas de mais de 50 países reunindo compradores, vendedores, inovadores e legisladores.

Anual Southampton, UK

Sinaval - Eurofishing 21-23 Abr 2015

Feira internacional sobre construção naval, portos, pescas e energia dos oceanos.

De 2 em 2 anos

Bilbau, Espanha

Unmanned Muiti-purpose Vehicle Systems UVS TECH

Out 2015 (?)

Forum e feira internacional dedicada a veículos autónomos não tripulados multi-objetivo para sistemas complexos de petróleo e energia.

Anual Moscovo, Rússia

WCO - WORLD OCEAN CONGRESS

Out 2015 Exposição e congresso mundial sobre os oceanos. Anual

?, China

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Evento Date Descrição Periodicidade

Local

SEAFOOD EXPO GLOBAL / SEAFOOD PROCESSING GLOBAL

21-23 Abr 2015

Exposição dedicada ao marisco e processamento de marisco, juntando fornecedores e permitindo descobrir tendências da indústria e tecnologias.

Anual Bruxelas, Bélgica

SLOW FISH 14-16 Maio 2015

Exposição dedicada à sustentabilidade das pescas. De 2 em 2 anos

Génova, Itália

SEAWORK 16-18 Jun 2015

Conferência líder em actividades comerciais no setor do mar.

Anual Southampton, UK

SEAFOOD BARCELONA 21-23 Set 2015

Feira dedicada aos alimentos vindos do mar. Anual

Barcelona, Espanha