163
NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE JUAREZ DE QUEIROZ CAMPOS LEONEL ANTONIO GARBIN LÚCIA HELENA PRESOTO VANDERLEI SOARES MOYA INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS EM SAÚDE EDITORA JOTACÊ SÃO PAULO 2004

NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

  • Upload
    tranque

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

NOÇÕES DE AUDITORIA EM

SERVIÇOS DE SAÚDE

JUAREZ DE QUEIROZ CAMPOS

LEONEL ANTONIO GARBIN

LÚCIA HELENA PRESOTO

VANDERLEI SOARES MOYA

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS EM SAÚDE

EDITORA JOTACÊ

SÃO PAULO – 2004

Page 2: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE

JUAREZ DE QUEIROZ CAMPOS

LEONEL ANTONIO GARBIN

LÚCIA HELENA PRESOTO

VANDERLEI SOARES MOYA

EDITORA JOTACÊ

SÃO PAULO – 2004

Page 3: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

INTRODUÇÃO

Escrever sobre Auditoria não é tarefa fácil porque o

desempenho do profissional da área se reveste de uma roupagem

onde dificilmente se consegue separar técnica da arte.

A abordagem desta obra enfoca fundamentalmente a sugestão

de algumas diretrizes e procedimentos com vistas a padronização de

métodos e técnicas integrantes da rotina do Auditor de Serviços de

Saúde.

Embora o exercício da Auditoria remonte ao período anterior da

era cristã ainda envolve matéria controversa até para o

estabelecimento de funções e atribuições do cargo.

A parceria, a terceirização dos serviços e a crescente

descentralização administrativa do Estado acompanhada de

progressivo processo de descentralização dos órgãos públicos,

acenam para um mercado profissional ocupado pelo empirismo e

manifesta tendência à corrupção.

No início de 2003, o noticiário jornalístico quase não deu conta

de tantos casos de trambique envolvendo autoridades públicas no

desempenho de atividades de grande responsabilidade para a

manutenção de níveis de credibilidade em serviços públicos como a

Receita Federal, a Polícia Federal e outros de grande porte onde se

insere, obrigatoriamente, a figura do Auditor.

No campo da saúde a situação se torna mais complexa em

função do tipo de produto envolvido: a vida dos seres humanos.

Os procedimentos médicos, de enfermagem e dos demais

serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações

Page 4: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

alcançam o infinito inalcançáveis pelos mais potentes e sofisticados

computadores do mundo.

O ato médico não implica na atuação de apenas um profissional

em função dos avanços tecnológicos e do aprofundamento científico.

O cliente mais informado conseqüentemente mais exigente

passou a cobrar procedimentos mais complexos e de custos cada vez

mais superiores aos valores inflacionários.

A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de

compra e como os serviços de saúde são de alto custo restaram os

planos de saúde, o seguro saúde e o Sistema Único de Saúde.

As empresas operadoras de Medicina de Grupo não

conseguem enfrentar a elevação desmedida das despesas com

assistência médico-hospitalar.

Neste trabalho enfocamos as Bases Doutrinarias da auditoria a

partir de uma abordagem rica de detalhes para entendimento da

moderna auditoria.

Em seguida, a Auditoria para certificação envolvendo com

bastante ênfase a filosofia do Sistema da Qualidade e seus

meandros.

Finalmente, o Prontuário Médico talvez o tendão de Aquiles do

Auditor abordado pelo Dr. Vanderlei Soares Moya, Médico e Auditor

do Sus rica em detalhes.

Esperamos haver colaborado para ampliação dos

conhecimentos do assunto principalmente dos profissionais

empolgados com a profissionalização do Auditor.

Page 5: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 5

TÍTULO I – O PERFIL DO AUDITOR MODERNO: ALGUMAS IDÉIAS VIVENCIAIS

1. Introdução 7

2. Alguns lembretes do cotidiano 12

TÍTULO II – BASES DOUTRINÁRIAS NA AUDITORIA

1. Introdução 21

2. Conceitos 29

3. Finalidades da Auditoria 31

4. Classificação da Auditoria 33

5. Princípios Básicos da Auditoria 36

TÍTULO III – AUDITORIA PARA CERTIFICAÇÃO

1. Conceito de Qualidade 71

2. Conceito de Qualidade em Saúde 75

3. Os Clientes do Hospital 78

4. As Ferramentas da Qualidade aplicadas à Saúde 80

5. Indicadores da Qualidade 87

TÍTULO IV – PRONTUÁRIO DO PACIENTE

1. Introdução 134

2. Ensino e Pesquisa 142

3. Informação e Faturamento 143

4. Comissão de Prontuários 145

5. Acesso ao Prontuário 149

6. A Guarda 150

7. Responsabilidade Civil 153

8. Conclusão 155

Page 6: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

TÍTULO I

O PERFIL DO AUDITOR MODERNO: ALGUMAS

IDÉIAS VIVENCIAIS

Juarez de Queiroz Campos

1. INTRODUÇÃO

No início de 2002 operacionalizando uma idéia antiga e

amadurecida começamos a ministrar Cursos de Especialização de

Auditoria em Serviços de Saúde, em nível de pós-graduação,

buscando novas alternativas profissionalizantes, numa área muito

carente de cérebros.

Com base na nossa experiência pela ministração de modelos

bem sucedidos de levar idéias e tecnologia apropriada para a

operacionalização de métodos e técnicas de Administração dos

Serviços de Saúde desde o início da década de 70, elaboramos

programa e material didático de suporte para o discurso teórico-

prático e fomos à luta.

Finalmente, um acervo de mais de 1.300 turmas nos 27

Estados e um número superior a 200 cidades de médio e grande

porte e 100 livros publicados formam, no nosso entender, um cartão

de visita capaz de suportar novos empreendimentos culturais.

Como sempre ocorre nas investidas doutrinadoras

selecionamos João Pessoa, Belém, São Luiz, Teresina, Maceió,

Fortaleza, Salvador, Passo Fundo, Cuiabá, Presidente Prudente, São

José do Rio Preto, Barretos, Imperatriz, São José dos Campos,

Campina Grande, Belo Horizonte e São Paulo nosso pólo de atuação

para iniciar esta nova etapa cultural e apostólica. Em dezembro

Page 7: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

acima, num total de 1.400 profissionais dos diversos campos

buscando a interdisciplinariedade.

No início de cada curso esclarecíamos ser a primeira incursão

num dos campos mais complexos da Administração de Saúde em

função da falta de uma vivência tecnicamente apropriada e o discurso

antiquado de existir somente a Auditoria Médica.

Do alunado participante dos cursos ministrados e em

desenvolvimento somente 30 por cento eram médicos, numa mostra

inequívoca da extensão e universalidade do tema proposto.

Não foi pequena a surpresa quando recebemos um convite para

festa de formatura da 1ª turma de concluintes do Curso de

Especialização de Auditoria dos Serviços de Saúde de João Pessoa

com direito a inauguração de uma placa comemorativa na entrada

principal da Associação Médica da Paraíba, noticiário jornalístico do

evento e como não poderia deixar de acontecer: os varões em traje

formal (hoje só utilizado em casamentos e posses políticas

importantes), as alunas de longo preto com 97 participantes de João

Pessoa e Campina Grande, em jantar festivo não faltando o

tradicional forró e como nordestino de boa cepa, de origem paraibana

dançamos um forró lascado até as cinco da manhã com 39 alunas em

sistema de revezamento; pobre da nossa hérnia de disco. Mas, isto é

outra história.

E os paraibanos não ficaram só nisso. Criaram a Associação

Paraibana de Auditoria de Serviços de Saúde e realizaram o 1º

Congresso Nacional na área, em outubro de 2003 mostrando, com

clareza: quem procura acha. A semente prosperou e no segundo

semestre de 2003 estávamos com 12 novas turmas.

Page 8: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

com garra para enfrentar desafios sem esmorecimento, enfim,

lutar é preciso.

Durante os cursos, verificamos a emergência de massas

cinzentas procurando, a todo o custo, o máximo de informações

notadamente sobre a política de financiamento, controle e avaliação

de gestão do Sistema Único de Saúde – SUS e dos Planos de Saúde.

Motivados pela exigência de ampliação do universo de

atividades do Auditor, programamos o Curso de Capacitação de

Gestão e Auditoria do Sistema Único de Saúde e em agosto de 2003

iniciamos a primeira turma em João Pessoa com 30 alunos e em

Belém com 50, ambos promovidos pelo Instituto Nacional de Estudos

em Saúde – INES – entidade associativa com o objetivo de ensino e

pesquisa na área da saúde onde ocupamos o cargo de Presidente do

Conselho Deliberativo e a nossa substituta Dra. Lúcia Helena

Presoto, Presidente da Diretoria Executiva.

Em função da inexistência de atendimento uniforme quanto às

atribuições técnico-profissionais do Auditor, temos observado certas

discrepâncias e até antagonismos no discurso de prestadores de

serviços, operadores e usuários, embora exista legislação pertinente

normatizando o assunto, analisaremos algumas colocações de

dicionaristas principalmente quando abordam especificamente os

conceitos de Auditor, Consultor e Perito com atribuições teoricamente

conflitantes. Por isto rebuscamos a tríade de dicionários de nossa

familiaridade: Aurélio e Larousse Cultural.

Para o Aurélio:

Auditor (ô) [Do lat. auditore.) 1. Aquele que ouve;

Auditoria s.f. 1. Cargo de auditor. – 2. Lugar ou repartição onde o auditor

exerce as suas funções. – 3. Cont. Exame analítico e pericial que segue o

Page 9: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

desenvolvimento das operações contábeis, desde o início até o balanço;

auditagem.

Para Larousse Cultural:

Auditor s.m. (Do lat. auditor.) 1. Aquele que ouve; ouvinte, ouvidor – 2.

Pessoa encaregada das tarefas de auditoria. – 3. Bras. Perito contador

encarregado de examinar contas.

Auditorar v.i. e t. Praticar auditoria em uma empresa, uma conta, etc.

Auditoria s.f. 1. Função de auditor. – 2. Local onde se exerce essa

função. Auditoria interna, quando realizada por funcionários da própria

empresa ou instituição; auditoria externa, realizada por empresas de

prestação de serviço especialmente contratadas.

Para o Aurélio:

Consultor – 1. Aquele que dá ou pede conselho. 3. Aquele que dá

pareceres de assuntos da sua especialidade.

Consultivo – Adj. 1. Referente a consulta. 2. Que envolve conselho. 3.

Diz-se das corporações que emitem parecer sem voto deliberativo.

Consultar – [Do lat. Consultare] v.t.d. 1. pedir conselho, opinião,

instrução, parecer, a: Consultou o médico. 3. Sondar, examinar, antes de

decidir. 4. Dar ou apresentar a sua consulta ou parecer sobre (algum

assunto). 6. Dar parecer.

Consultoria – [De consultor + ia.] S.f. 1. Cargo ou função de consultor

(3); Os consultores. 2. O local onde eles trabalham.

Finalmente, Larousse define:

Consultor – adj. e s.m. (Do lat. consultor.). – 1. Que responde a

consultas; que dá pareceres. – 2. Quem responde acerca de assuntos

referentes a sua especialidade.

Consultivo – adj. (Do lat. consultus.) – 1. Relativo a consulta. – 2.

Instituído para dar conselhos, pareceres.

Consultar – v.t. (Do lat. consultare.) (Conj. [4]) – 1. Pedir opinião,

conselho, buscar informações; interrogar. – 2. Solicitar parecer de um

especialista, de um profissional. – 5. Fig. Tomar por guia. – 6. Estudar as

disposições para obter informações sobre o futuro

Para o Aurélio:

Page 10: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Perícia. [Do lat. peritia.) S.f. 1. Qualidade de perito. 2. Habilidade,

destreza. 3. Vistoria ou exame de caráter técnico e especializado. 4.

Conjunto de peritos (ou um só) que faz essa vistoria: A perícia está

fazendo investigações sobre o crime.

Perito. (í) [Do lat. peritu.) Adj. 1. Experimentado, experiente, prático,

versátil 2. Sábio, douto, erudito, sabedor. 3. Hábil, destro, fino, sagaz

S.m. 4. Aquele que é sabedor ou especialista em determinado assunto;

experto. 5. Aquele que se acha habilitado para fazer perícia (3). 6. Aquele

que é nomeado judicialmente para exame ou vistoria.

Para Larousse Cultural:

Perícia. s.f. (Do lat. peritia.) 1. Qualidade de perito; habilidade, destreza.

– 2. Exame feito por perito, isto é, por pessoa habilitada. – 3. Conjunto de

peritos que faz esse exame. – 4. Conhecimento, ciência

Perito. adj. (Do lat. peritus.) – 1. Diz-se do indivíduo que, pela

experiência, adquiriu conhecimentos especializados sobre determinado

assunto – 2. Conhecedor, entendido, experimentado, hábil, prático,

sabedor, técnico, versado. s.m. – 1. Pessoa apta a opinar sobre

determinada questão.

2. ALGUNS LEMBRETES DO COTIDIANO

Observando os conceitos emitidos pelos mais renomados dicionaristas,

verificamos não ser muito fácil uma diferenciação nas funções de

Consultor, Auditor e Perito principalmente num campo profissional

emergente e sem acervo histórico-vivencial.

Por muitos anos (quase cinqüenta) tivemos a oportunidade de executar

tarefas pertinentes às atividades de Consultor, Auditor e Perito geralmente

nas áreas médica, administrativa e financeira no campo específico da

saúde. A vivência nos mostrou algumas conclusões importantes para o

exercício de atividades desenvolvidas neste mundo profissional

novo,embora não o seja, face a uma existência milenar em culturas

diferentes.

Certa ocasião ministrando aula, uma aluna nos inquiriu:

- Mestre Jú (nosso nome de guerra) quem irá me garantir sucesso

profissional após a conclusão deste Curso de Auditoria?

- Escuta lá menina! Quem é bom nasce feito, quem é ruim não tem jeito...

Se o seu arsenal genético for compatível com algo escolhido por você, um

bom aprendizado e muita vivência poderão lhe levar ao sucesso, se você

Page 11: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

não tiver potencial para ser Auditor em Serviços de Saúde não

ultrapassará o limite da mediocridade. Na atividade profissional sempre

haverá um perfil do cargo não necessariamente condizente com o da

pessoa interessada.

- E qual o perfil do Auditor de Saúde?

- Como se trata de uma profissionalização ainda em busca de espaço neste

mundo racional selvagem, talvez o perfil do Auditor ainda não esteja

perfeitamente delimitado. Todavia, uma das características de um Auditor

competente é a capacidade de negociação, a empreitada mais difícil na

nossa trajetória profissional.

- Mestre Jú, por quê?

- Um auditor contábil analisará balanços, lucros, superávit, enfim,

desempenho econômico-financeiro, o Auditor administrativo verificará o

desempenho dinâmico de uma empresa em termos de efetividade, eficácia

e eficiência, contudo, o Auditor em Serviços de Saúde, independente da

área específica (médico, administrativo, de enfermagem, nutrição,

farmácia, odontologia e outros) estará lidando com um produto altamente

perecível e de complexidade infinita: o trinômio saúde-doença-morte.

Nesta hora, o choque de interesses pressupõe um embate sem téguas

porque o espetáculo prevê muitos atores se considerando individualmente

como o mais importante candidato ao Oscar segundo a lei de Gerson

(levar vantagem a qualquer custo).

- E o cliente, o paciente neste contexto?

- Infelizmente, não é considerado sequer coadjuvante... desempenha o

papel de mero figurante sem o direito de ser incluído sequer na legenda do

espetáculo. Sempre repetimos enfaticamente: a lei do interesse é

universal, a história é clara e ninguém se despoja dele embora, nem

sempre se dê conta. Em algumas ocasiões raras não estará em jogo o

financeiro, havendo outros como: massagem do ego, reconhecimento

público, investimento celestial (passaporte para o céu) enfim, de graça,

como mostra de solidariedade restam pouquíssimas oportunidades.

- Mestre, como você fala muito sobre fantasias, sonhos, emoções, ideais e

garra, qual seria o perfil do Auditor?

- Não é fácil traçá-lo, mesmo porque historicamente surgiram tipos de

profissionais executando tarefas pertinentes como do Consultor, do Perito

e do Auditor. No nosso entender e frisamos anteriormente são três perfis

completamente diversos e qualquer tentativa de integrar suas atividades

Page 12: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

num só, o teimoso amealhará fracassos retumbantes. Senão vejamos:

Consultor é staff e se dará mal se insistir em extrapolar este contexto e vai

mais um depoimento: começamos as atividades profissionais na área da

Administração da Saúde ainda muito jovem embora com curriculum

formal adequado para as pretensões.

- E daí?

Na época havia poucos médicos especialistas em

Administração de Saúde mesmo porque é fato notório, os facultativos

não gostam de Administração e sentimos enormes dificuldades para a

integração dos doutores em equipes mesmo porque, pelo discurso

acadêmico do ensino médico notadamente individualista não é fácil a

um profissional ter êxito como médico e integrante de uma equipe

interdisciplinar. Ao sermos selecionados para o exercício de atividade

de consultoria tínhamos enorme dificuldade de adaptação porque o

nosso perfil não sugeria as características de um consultor e quando

contratados para trabalhos de consultoria procurávamos nos

impregnar da temporariedade do cargo.

- Mestre Jú, todo cargo é temporário?

- No nosso entender, sim. Em função da vivência com

Consultores no campo da saúde (não nos atrevemos a discutir o

desempenho deste tipo de profissional em outras atividades técnicas

por falta de convivência) tivemos dificuldades para enquadrá-los no

perfil daquela função, de repente, o vírus do mando nos contaminava

e entrávamos em choque com o pessoal executivo. Insistimos por

quase três décadas em tentar o sucesso na tríade: executivo – auditor

– consultor – mas a conclusão não foi animadora pois as tentativas

apontavam para uma missão impossível: são três perfis

completamente diferentes e ninguém conseguirá exercer a tríade de

modo eficiente. Além disso, a acirrada concorrência, a divisão do

Page 13: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

trabalho, a complexidade dos cargos e funções, o mercado, as

dificuldades para uma formação acadêmica adequada, a tendência

para a rotina ou mudanças modistas sem experiências

comprobatórias da sua validade e outros, também conspiram para o

sucesso do candidato a Consultor. Quanto ao Perito trata-se de perfil

altamente profissionalizado com as questões ético-legais da área

escolhida para o exercício das funções não devendo ser generalista

pautando o desempenho do seu trabalho nos níveis da maior

objetividade, principalmente nas perícias pertinentes a laudos oficiais

solicitados por órgãos estatais como os da Administração Pública,

das Autoridades Judiciais do Ministério Público, Autoridades Policiais,

do Ministério Público e dos órgãos de defesa do consumidor. O laudo

ou outro documento emitido por profissional na função de perito é

reconhecido como instrumento processual importante exigindo-se

linguagem clara, nítida, precisa, concisa e transparente. Resumindo,

o Perito desenvolve aptidões onde se incluirão princípios de lógica,

lingüística e profundo conhecimento técnico, ético e legal do tema a

ser periciado. Quanto ao Auditor seu perfil é mais complexo quando

comparado ao do Consultor e a nossa experiência como Auditor foi

um desastre total. Os motivos foram muitos, porém o nosso

temperamento não condizia com um mínimo de capacidadade

negociação. Como a nossa formação acadêmica incluia Medicina,

Direito, Filosofia e Administração de Empresas e mais dois

doutorados, imaginávamos ser um misto de inteligência com um

pouco de Sherlock Holmes, Agatha Christie e segundo os auditados

também

Page 14: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Adolf Hitler completassem o perfil não formamos boa imagem.

Pensávamos estar tudo certinho na lei, nos códigos e nos

regulamentos parecendo fácil aplicá-los em qualquer lugar e a

qualquer tempo. E mais, o profissional médico não é fácil de lidar e

parece não gostar de utilizar a arte da negociação e como depende

muito dele o sucesso de qualquer empreendimento na área da saúde

para nós o relacionamento não foi dos mais fáceis com investidas mal

sucedidas e vexames de alta complexidade.

- Mestre Jú, você se lembra de algum fato marcante em sua

vida como consultor?

- Menina, para ilustrar sua mente e prepará-la para o caminho

do desconhecido relembramos um fato ocorrido quando da unificação

dos Institutos de Previdência constituindo o INPS.

Na época como trabalhássemos no ex IAPTEC – lotado em

Florianópolis - fomos designados para presidir uma Comissão com o

objetivo de integrar a assistência médico-hospitalar prestada pelos

ex-IAPs. Um dos objetivos mais complexos e difíceis da empreitada

foi tentar padronizar e verificar os procedimentos diferentes com

relação a cada Instituto.

Como o número de cirurgias era muito grande (do total quase

60% eram apendicectomias enquanto em 12% no HC de São Paulo –

USP) contratou um serviço de Anatomapatológica com a seguinte

rotina: os cirurgiões quando fosse o caso, enviariam para a Central do

INSS as peças retiradas no ato cirúrgico permitindo aos auditores

decidir quanto a coerência da operação proposta com o achado. Lá

um dia nos deparamos com dois apêndices de um cliente. Pelo

inusitado entramos em contato com o profissional responsável numa

Page 15: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

cidade do oeste catarinense , por sinal, coordenador médico local do

INPS e marcamos um encontro na Agência local mas não dissemos o

motivo da visita, mas o doutor nos aguardava no aeroporto e nos

levou à sua residência, causando-nos certos embaraços. Após lauto

almoço domiciliar fomos ao seu consultório e lá mostramos-lhe os

dois apêndices.

A justificativa foi extremamente simples e fácil:

“- Doutor Juarez realizei a apendicectomia e seguindo a rotina

encaminhei-a para a Central e a resposta nada de chegar.

Preocupado com a demora da resposta enviei outro, foi este o

ocorrido.

- E o senhor tem um banco de apêndices?

- Sim, geralmente o cliente operado quer se livrar da peça,

guardo-a num vidro de formol e fico aguardando.”

Como esta, foram dezenas de situações onde sentimos

perfeitamente: estar saindo do nosso mundo tentamos montar serviço

de auditoria na Previdência Social e em Planos de Saúde mas, no

relacionamento com o profissional, médico saía até fumaça.

- Mestre Jú, você não gosta de ser médico?

- Sim e muito. Mas o nosso perfil não condizia com o mundo

onde vivemos pelo menos como Perito, Auditor ou Consultor.

- E qual o perfil do Auditor segundo o mestre Jú?

- Menina, para matar a sua curiosidade vou mostrar 3

transparências capazes de responder suas indagações: a primeira se

refere ao perfil do Mestre Jú segundo os colegas com quem

mantivemos relacionamento profissional ao longo da vida.

Page 16: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

A segunda diz respeito ao perfil do auditor conforme nossa

fantasia e nosso sonho; e a terceira é um conselho (se conselho

fosse bom era pago sendo grátis não serve para nada) para você e

também para o mundo racional selvagem profissionalizado:

PERFIL DO AUDITOR

Perfil do Mestre Ju segundo os auditados

Perfil do Auditor Fantasia

Perfil Bom Senso - Coerência

Alcaguete Capacidade de Negociação

Ambicioso Cidadania

Antiético Conhecimento do Assunto

Corrupto Consciência Cívica

Desleal Coragem

Ditador Disciplina

Falso Entusiasmo

Falso Policial Espírito de Equipe

Incoerente Espírito de Iniciativa

Médico Fracassado Estabilidade Emocional

Mentiroso Ética

Prepotente Habilidade Administrativa

Honestidade

Idoneidade

Imaginação Criativa

Lealdade

Liderança

Motivação

Page 17: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Senso De Humor

Seriedade

Solidariedade

Tato na Abordagem

O SEGREDO DO SUCESSO

1. Acredite no seu objetivo.

2. Torne o trabalho agradável primeiro a você mesmo.

3. Justifique da maneira mais convincente possível as

medidas para mudança da rotina vigente.

4. Abra o coração para as críticas dos colegas de

equipe, mesmo daqueles pelos quais não nutra

simpatia pessoal.

5. Respeite a pessoa humana do seu colega ou

subordinado.

6. Realize reuniões freqüentes com seus colegas e

subordinados.

7. Não minta nem falseie a verdade para com a equipe.

8. Seja leal consigo e com a equipe.

9. Diga sempre o “porque” das coisas.

10. Dose a sua busca de auto-realização.

11. Quando algo não der certo é acidente de percurso.

12. Calar de si mesmo é humildade e dos defeitos alheios,

caridade

13. Calar na dor é heroísmo e na verdade triste omissão

14. O maior mandamento ético é a tranqüilidade de

consciência do dever cumprido.

Page 18: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

15. Cala-te ou dize coisas mais valiosas.

16. Crença, garra e amor são a chave do sucesso.

17. Lutar é preciso, vencer ou perder mero detalhe.

18. O passaporte para a felicidade eterna é a solidariedade em

vida.

Page 19: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

TÍTULO II

BASES DOUTRINÁRIAS DA AUDITORIA

Lúcia Helena Presoto

“Quando os homens fracassam o que

lhes faltou não foi inteligência:

foi paixão”. (Struther Burt)

1. Introdução

1.1. Política Nacional de Saúde

No Brasil até o início da década de 30, a atuação do Estado com relação à

saúde priorizou o amparo do modelo de desenvolvimento econômico

agroexportador. Suas atividades reguladoras ou de intervenção pública

contemplaram marginalmente a questão social e os direitos sociais

centrados em programas desenvolvidos para privilegiar os setores

hegemônicos da economia, embora alguns dotados de racionalidade

técnica.

Preocupado com a insatisfação da classe operária urbana, o Governo

Central iniciou a regulamentação da assistência ao trabalhador a partir da

década de 20 criando pelo Decreto Lei de 24/1/1923, as Caixas de

Aposentadoria e Pensões (CAPs), conhecido como Lei Eloy Chaves e

considerado a semente do sistema previdenciário atual e constituindo a

primeira interferência do Estado para criar um mecanismo destinado a

garantir ao trabalhador algum tipo de assistência. Todavia, o direito às CAPs

eram desiguais pela destinação somente às empresas ligadas à exportação e

ao comércio (ferroviários, marítimos e bancários), na época, fundamentais

para o desenvolvimento do capitalismo no Brasil (Silva 1996).

Page 20: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Os Institutos de Aposentadoria e Pensões foram criados na década de

30, como os IAPI, IAPC, IAPTEC, IAPM, IPAS, IAPFESP, IAPB,

constituindo um dos marcos da medicina previdenciária com roupagem

diversa das antigas Caixas e organizados por categorias profissionais.

Enquanto as CAPs eram formadas por um colegiado de empregados e

empregadores, a direção dos IAPs cabia a um representante do Estado

assessorado por um colegiado, sem poder deliberativo e escolhido pelos

sindicatos reconhecidos pelo governo.

O período de 1945 a 1964 foi marcado pela crise do regime populista e

pela tentativa de implantação de um projeto de desenvolvimento econômico-

industrial.

As condições de saúde da maioria da população pioravam e surgiram

propostas por parte do movimento social no início dos anos 70 reivindicando

reformas de base imediatas e, entre elas, a Reforma Sanitária (Silva 1996).

Em 1966, o Governo Federal integrou os Institutos num processo de

incorporação e unificação: o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS),

marco importante rumo a universalização do sistema.

Porém, a criação deste órgão dificultou ainda mais o controle do

orçamento da Previdência Social, favorecendo o desvio de verbas e a

corrupção em função da inexistência de fiscalização.

O controle passou a ser conduzido na direção dos interesses de uma

minoria e o governo, com isto, revelou a crise do setor saúde. Estes Institutos

por não possuírem número suficiente de hospitais para atender os segurados,

lançaram mão dos hospitais privados, constituindo, na época, 82,5% dos

nosocômios do País.

Page 21: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

No início da década de 80, sindicatos e partidos iniciaram uma fase de

agitação questionando a saúde e as políticas sanitárias no Brasil. Acadêmicos,

cientistas e tecnocratas progressistas debateram em seminários e congressos

as endemias e a degradação da qualidade de vida da população. A discussão

tomou força com os movimentos populares (associação de moradores,

mulheres, sindicatos, igrejas e partidos políticos) exigindo soluções para os

problemas da saúde criados pelo regime autoritário.

A partir de 1983, a sociedade civil organizada reivindicou ao

Congresso novas políticas sociais para assegurar plenos direitos de cidadania

aos brasileiros, inclusive à saúde, vista como dever do Estado e, pela primeira

vez, na história do País, a saúde era vista socialmente como um direito

universal e dever do Estado (Luz 1991).

Os profissionais da área reivindicam uma transparência efetiva de

responsabilidade, com poder de decisão para Estados, Municípios e Distritos,

contrariando a tendência centralizadora, historicamente dominante desde o

início do século XX.

Com esta visão e percepção social da descentralização institucional da

saúde criou-se a possibilidade de superar a concepção puramente geopolítica

do processo e a tendência de limitar a descentralização aos aspectos

meramente executivos da política institucional.

Para evitar estes limites, o Projeto de Reforma Sanitária propôs, em

1986, a criação de Conselhos Municipais e Institucionais de Gestão dos

Serviços de Atenção Médica.

Estes Conselhos pressupunham participação popular por meio de

representantes da comunidade organizada no planejamento, gestão e

Page 22: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

avaliação dos serviços sanitários iniciando novos fase e modelo de saúde

onde o controle, sempre necessário, era também possível.

A Auditoria até então pontual e contábil, passou a constituir uma

das principais ferramentas de controle do Sistema de Saúde

focalizada principalmente na qualidade dos serviços.

No setor público, a necessidade de auditar a assistência à

saúde nasceu em 1966 como resultado da alta concentração de

autoridade decisória e fortalecimento do modelo estatal expresso pelo

I Plano Nacional de Desenvolvimento – PND em plena ditadura militar

e dando caráter policialesco à atividade representada pela figura do

“médico fiscal do INSS”. Inicialmente, a Auditoria em Serviços

Públicos era contábil e administrativa e para detecção de fraudes se

caracterizando por fiscalização, policiamento e trabalhos

descontínuos.

Observando irregularidades e injustiças nos critérios de

pagamento, constatamos ser a insignificância dos valores pagos aos

serviços prestados, tanto médicos quanto hospitalares, um fator

preponderante na prevalência de falhas nos sistemas, porque é muito

fácil auditar um sistema capaz de pagar dignamente e tais falhas

poderiam ser corrigidas com agilidade não fosse a lentidão da

burocracia.

O panorama histórico até a década de 80 era de um sistema

centralizado e burocrático, características principais do Instituto

Nacional de Previdência Social – INAMPS onde predominaram:

crescente especialização da assistência médica;

crescente incorporação tecnológica e custos;

assistência de má qualidade, cara e desigual;

Page 23: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

compra indiscriminada de serviços;

lógica do prestador;

modelo hospitalocêntrico; e

fraudes no sistema.

Contrapondo-se a esta situação o Governo utilizava uma

Auditoria Médica no Serviço Público caracterizada por trabalhos

pontuais, profissionais desinteressados e pouco envolvidos com o

trabalho, pouca efetividade, constatação de falhas sem corrigir a

causa e descrédito onde o Auditor era marcado pelo perfil do médico

fiscal com a função de glosar contas e norteado pelos critérios

específicos da fonte pagadora.

Em março de 1986, a VIII Conferência Nacional de Saúde

propôs:

instituições colegiadas gestoras;

integralidade nos cuidados;

política de Recursos Humanos;

regionalização e hierarquização dos serviços; e

universalidade no acesso.

A Constituição Federal de 1988, denominada constituição

cidadã, foi caracterizada por traços marcantes da vitória do

movimento da Reforma Sanitária, fruto de longa e intensa luta da

sociedade civil ao obedecer ao art. 198 da Carta Magna a Lei

8.080/90 criou o Sistema Único de Saúde – SUS preconizando, entre

outros princípios, a equidade, universalidade e descentralização dos

serviços com ênfase na qualidade da assistência

. Até então, a Auditoria dos setores público e privado visava

contas e faturamentos. A partir daquela medida mudou de foco e a

Page 24: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

introdução do conceito de células de trabalho e equipes flexíveis para

a operacionalização favoreceu a sua composição efetivando o

desempenho de resultados com qualidade dos serviços e constituindo

o critério balizador da Auditoria.

1.2. No Setor Privado – Planos de Saúde

O Sistema de Medicina de Grupo surgiu em Baltimore – EUA,

em 1929, decorrente do alto custo da medicina e do poder aquisitivo

da população. A fórmula tinha como proposta juntar instalações e

equipamentos otimizando-os pelo uso comunitário.

Este modelo, depois de aprimorado e organizado em empresas

foi bem aceito e tornou-se espelho para as primeiras organizações de

Medicina em Grupo no Brasil e outros países.

A ABRAMGE – Associação Brasileira de Medicina em Grupo,

criada em 1966 teve seu primeiro convênio firmado com o Instituto de

Aposentadoria e Pensões dos Industriários – IAPI tornando-se a 1a

Policlínica Central de Plano de Saúde a atender uma comunidade e

anos mais tarde seus contratos se estenderam às famílias,

paralelamente a este fato se desenvolveram outros Planos de Saúde.

Não parece haver data precisa do início da Auditoria nos planos

privados e imaginamos ter havido a necessidade de controle desde a

data da sua criação.

Embora até a década de 90, no serviço privado, o principal foco

da Auditoria tenha sido o faturamento outras preocupações

norteavam as avaliações como:

maior abrangência;

direcionamento da Auditoria conforme as coberturas contratuais

estabelecidas;

Page 25: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

controle e pressão na cobrança por resultados;

continuidade do trabalho (aprimoramento);

motivação por resultados; e

banco de dados.

Do ponto de vista didático podemos classificar a Auditoria em 4

fases:

1a fase – verificação de coberturas contratuais;

2a fase – redução de custos;

3a fase (atual) – valorização do binômio custo x benefício; e

4a fase (futura) – Auditoria de Qualidade – acreditação

profissional/institucional caminhando para a excelência no

atendimento.

Um dos motivos para o aumento do interesse pela Auditoria é a

estatística dos indicadores da saúde na iniciativa privada no Brasil.

Cerca de 80% dos exames solicitados apresentam resultado normal,

20% dos realizados não são retirados, os idosos são responsáveis

por até 10 consultas/paciente/ano e 90% das despesas com saúde

ocorrem nos últimos 2 anos de vida permitindo concluir: embora haja

escassez de dinheiro, o maior problema é o gerenciamento.

Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, entre 1950

e 2025, a população de idosos no Brasil crescerá 16 vezes contra 5

vezes da população total, transformando-o na 6a maior população

com mais de 32 milhões de pessoas acima de 60 anos perdendo

apenas para México e Nigéria.

Page 26: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Este quadro indica a necessidade de uma política de saúde

pública e privada preparada para atender esta clientela ou não

suportará a demanda.

Noticiário jornalístico comparou o desempenho da Santa Casa

de Misericórdia de Porto Alegre com sete hospitais sendo dois gerais

e cinco especializados (câncer, pneumologia, neurologia, cardiologia

e transplantes), no ano de 2002, 68,5% dos atendimentos foram

feitos pelo SUS e mesmo assim aquela instituição terminou com

superávit. Seu gestor justifica: apesar da crise financeira e da baixa

remuneração do SUS, mudar a forma de gestão é o melhor caminho

(Jornal Estado de S. Paulo 24/1/2003).

Os modelos de trabalho na Auditoria Médica em Saúde se

caracterizam por apresentar:

Auditoria Externa (pontual) com:

Monitoramento de Internações e Pré-análise de Faturamentos.

Auditoria Interna com:

Central de Regulação Médica;

Contas Médicas;

Credenciamento; e

Perícias Médicas.

Na Auditoria Médica, além do controle de contas há

possibilidade de interface com outros sistemas de controle de custos

em saúde como:

- Home Care;

- Case Management;

- Controle de Absenteísmo; e

- Liquidação de Sinistros.

Page 27: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Uma grande preocupação dos profissionais na área de Auditoria

é: uma vez resolvidos os problemas de glosa, acabaria a função do

Auditor, ao contrário, observa-se no mercado uma área em expansão

acenando para perspectivas como:

- coberturas contratuais mais abrangentes (regulamentação dos

Planos de Saúde);

- renegociações severas de valores/serviço prestado;

- maior disponibilidade de informações; e

- processo educativo bilateral (equipes de Auditoria interagindo

com maior efetividade).

Desta forma haverá menor folga operacional (lucro operacional),

ajuste de despesas (maior conhecimento dos gastos por

procedimentos) e melhor apropriação dos custos (fixos x variáveis).

As tendências sinalizam para um caminho de nivelamento de

custos; e maior apropriação de receitas (otimização de recursos)

levando os resultados para um futuro de:

Auditoria de Qualidade (busca dos serviços de excelência);

Acreditação Hospitalar/Prestadores; e

reestruturações da rede referenciada (setor privado).

Além destas, serão possibilitadas outras iniciativas como:

- medicina baseada em evidências;

- protocolos em “Centros de Excelência”;

Page 28: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

- interface entre saúde e demais áreas (administrativa, jurídica,

empresarial);

- consultoria em saúde; e

- informatização médica.

2. Conceitos

Em função do produto final do Auditor ser um relatório é

necessário cuidado especial com a redação porque sua interpretação

depende diretamente da clareza e objetividade do texto escrito.

Deste modo, para melhor entendimento das atividades de

Auditoria devemos proceder à revisão de alguns conceitos utilizados

freqüentemente nos Relatórios de Auditoria.

1. Controle: monitoramento de processos (normas e eventos)

para verificar a conformidade dos padrões estabelecidos e

detectar situações de alarme requerendo uma ação avaliadora

detalhada e profunda.

2. Avaliação: análise de estrutura, processos e resultados das

ações, serviços e sistemas de saúde para verificar sua

adequação aos critérios e parâmetros de efetividade, eficácia e

eficiência estabelecidos para o Sistema de Saúde.

3. Fiscalização: atenta vigilância da execução de atos e

disposições da legislação pelo exercício da função fiscalizadora.

4. Inspeção: realizada sobre um produto final numa fase

determinada de um processo ou projeto visando detectar falhas

ou desvios.

Page 29: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

5. Supervisão: ação orientadora ou de inspeção em plano

superior.

6. Consultoria: verificação dos fatos para apontar sugestões ou

soluções num problema determinado.

7. Perícia: operações para proceder a esclarecimentos técnicos à

justiça quando por autoridade judicial ou policial.

8. Auditoria: exame sistemático e independente dos fatos pela

observação, medição, ensaio ou outras técnicas apropriadas de

uma atividade, elemento ou sistema para verificar a adequação

aos requisitos preconizados pelas leis e normas vigentes e

determinar se as ações e seus resultados estão de acordo com

as disposições planejadas. A Auditoria pela análise e

verificação operativa possibilita avaliar a qualidade dos

processos, sistemas e serviços, a necessidade de melhoria de

uma ação preventiva/corretiva/saneadora e propícia à alta

administração informações necessárias ao exercício de controle

efetivo sobre a organização ou sistema contribuindo para o

planejamento e replanejamento das ações e o aperfeiçoamento

do sistema.

9. Não-conformidade: desacordo com o previamente especificado.

10. Disposição: atacar o efeito de uma não conformidade.

11. Ação preventiva: atuar sobre uma não conformidade potencial

evitando sua ocorrência e solicitar o Termo de Autorização de

Funcionamento emitido pela Comissão Nacional de Energia

Page 30: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Nuclear – CNEN como pré-requisito para a liberação do

credenciamento.

12. Ação corretiva: agir sobre a causa de uma não conformidade

evitando sua recorrência. Ex: execução do baritamento das paredes.

3. Finalidades da Auditoria

Aferir a preservação dos padrões estabelecidos e procedera a

levantamento de dados permitindo ao Sistema Nacional de

Auditoria – SNA conhecer a efetividade, eficácia, custos e os

gastos da atenção à saúde.

Avaliar objetivamente os componentes dos processos

administrativos da Instituição, serviço ou sistema auditado

objetivando a melhoria dos procedimentos pela detecção de

desvios dos padrões estabelecidos.

Avaliar a efetividade, eficácia e eficiência dos serviços de saúde

prestados à população visando à melhoria progressiva da

assistência.

O cumprimento de suas finalidades far-se-á pelo

desenvolvimento de atividades de Auditoria analítica e operativa

objetivando:

a) determinar a conformidade dos elementos de um sistema ou

serviço verificando o cumprimento das normas e requisitos

estabelecidos;

b) levantar subsídios para a análise crítica da eficácia do sistema

ou serviço e seus objetivos;

Page 31: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

c) verificar a adequação, legalidade, legitimidade, efetividade,

eficácia, eficiência dos serviços de saúde e a aplicação dos

recursos;

d) avaliar a qualidade da assistência à saúde prestada e seus

resultados e apresentar sugestões para seu aprimoramento;

e) avaliar a execução das ações de atenção à saúde, programas,

contratos, convênios, acordos, ajustes e outros congêneres; e

f) prover ao auditado oportunidade de aprimorar os processos sob

sua responsabilidade.

Para o SNA constituem objeto do exame de Auditoria:

1. aplicação dos recursos transferidos pelo Ministério da Saúde a

entidades públicas, filantrópicas e privadas;

2. gestão e execução dos planos e programas de saúde do

Ministério da Saúde, Secretaria Estadual da Saúde e Secretaria

Municipal envolvendo recursos públicos e observação dos

aspectos:

organização;

cobertura assistencial;

perfil epidemiológico;

quadro nosológico;

resolubilidade/resolutividade; e

adequação dos recursos repassados e a sua aplicação financei-

ra

3. exame e avaliação dos contratos firmados pelo Ministério da

Saúde com as Secretarias Estaduais e Municipais e destas com

a rede complementar para a prestação de serviços no Sistema

de Informações Ambulatoriais – SIA; Sistema de Informações

Page 32: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Hospitalares – SIH /SUS, execução de obras e fornecimento de

materiais;

4. celebração de convênios, acordos, ajustes e instrumentos

similares; e

5. prestação de serviços de saúde nas áreas ambulatorial e

hospitalar.

4. Classificação da Auditoria

Os termos na Auditoria provocam divergências com relação aos

conceitos assim, apresentaremos as definições adotadas neste

estudo:

Regular ou Ordinária – atende a rotina, é periódica,

sistemática e previamente programada com vistas à análise e

verificação das fases específicas de uma atividade, ação ou

serviço.

Especial ou Extraordinária – atende a apuração de denúncias,

indícios de irregularidades por determinação do Ministro de

Estado da Saúde e outras autoridades ou verificar atividade

específica para avaliação e exame de fatos em área e períodos

determinados incluindo exames realizados por especialistas em

determinadas áreas de atuação profissional, designados por

autoridade competente com emissão de laudo pericial.

4.1. Quanto ao tipo:

Analítica – procedimentos especializados consistindo na análise

de relatórios, processos e documentos para avaliar se os

serviços e os sistemas de saúde atendem às normas e padrões

Page 33: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

definidos delineando o perfil da assistência á saúde e seus

controles.

Operativa – procedimentos especializados consistindo na

verificação do atendimento aos requisitos legais/normativos dos

sistemas e atividades relativas à área da saúde por exame

direto dos fatos (obtidos pela observação, medição, ensaio ou

outras técnicas, documentos e situações para determinar

adequação ou conformidade dos processos em alcançar os

objetivos).

4.2. Quanto à Área de Atuação:

estruturas organizacionais (Serviços de Saúde sob Gestão

Federal, Secretarias de Saúde e Unidades Prestadoras de

Serviços – UPS);

procedimentos administrativos operacionais;

áreas de trabalho, operações e processos; e

grau de conformidade do serviço (procedimentos documentados

e especificações).

4.3. Quanto à abrangência:

Auditoria Interna ou de 1a parte: executada por Auditores

habilitados da própria organização com a finalidade de verificar

o grau de aderência ao sistema, consiste na avaliação contra

requisitos e ajuda na solução. Ex: Empresa Empresa.

Auditoria Externa ou de 2a parte: avaliação e controle

sistemático e independente das atividades e resultados da

empresa sobre outra contratada para prestação de serviços

Page 34: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

feita por rede credenciada de Auditores. Ex: Empresa

Fornecedor.

Auditoria de 3a parte: avaliação aplicada por uma entidade

certificadora.

Ex: Programa Nacional de Controle de Qualidade – PNCQ, patrocinado pela

Sociedade Brasileira de Análises Clínicas – SBAC em parceria com

INMETRO e ABNT conferindo o Certificado de Qualidade ISO 9002 a um

laboratório de análises clínicas.

4.4. Quanto à execução:

Auditoria Prospectiva ou Auditoria prévia – com caráter

preventivo procura detectar situações de alarme para evitar

problemas.

Auditoria Concorrente – acontece durante o processo para

acompanhar a execução das atividades e garantir a qualidade

do produto.

Auditoria Retrospectiva – avalia resultados e corrige as falhas.

4.5. Quanto ao enfoque:

Produto – consiste na análise do resultado final da operação

Processo – avalia o resultado da atividade acompanhando sua

dinâmica.

Sistema – avalia o setor como um todo.

Ex: Tomando um Serviço de Enfermagem como exemplo:

- um curativo: produto

- realização do curativo: processo

- Setor de Enfermagem: sistema.

Page 35: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

4.6. Quanto a profundidade:

Horizontal: grande universo de verificação com pouca

profundidade; e

Vertical: pequeno universo de verificação com grande

profundidade.

Quanto ao critério de escolha da amostra pode-se optar por:

Randômica: cada item tem a mesma probabilidade de ser contemplado,

independente da importância, numera aleatoriamente e sorteia.

Estratificada: os itens são alocados em subgrupos e cada um

colabora com um número deles selecionados

proporcionalmente à sua importância. Os grupos são

previamente escolhidos e quem determina o tipo de

amostragem é o Auditor.

5. Princípios Básicos da Auditoria

5.1. Princípios relativos ao papel do Auditor

A atividade de Auditoria em saúde visa garantir a qualidade da

assistência no campo da saúde respeitadas às normas técnicas,

éticas e administrativas. A função do Auditor não deve ser vista como

um mero glosador de contas e sim como orientador para uma boa

qualidade do atendimento aliada a um custo adequado.

Os Auditores são responsáveis perante a administração da

organização onde prestam serviço e pelos seus usuários e atuam

nesta área devendo justificar a confiança individual e institucional

depositada.

Para isto o Auditor deve ter:

Page 36: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

INDEPENDÊNCIA – manter uma atitude de independência para

assegurar a imparcialidade do julgamento, execução e emissão

de Parecer e demais aspectos relacionados com a

profissionalização evitando qualquer relação com a

área/elemento a ser auditado preservando-o de influências

capazes de interferir nos resultados.

AUTONOMIA – manter o domínio do julgamento profissional

pautando-se por critério de planejamento dos seus exames, na

seleção e aplicação de procedimentos técnicos e testes de

Auditoria, definição de conclusões e elaboração de relatórios e

pareceres.

IMPARCIALIDADE – abster-se de intervir nos casos onde haja

conflitos de interesses capazes de influenciar na absoluta

isenção do julgamento não devendo tomar partido ou emitir

opiniões.

OBJETIVIDADE – apoiar-se em fatos e evidências permitindo o

conhecimento razoável da realidade ou a veracidade dos

documentos ou situações para a emissão de opinião com bases

consistentes.

CONHECIMENTO TÉCNICO E CAPACIDADE

PROFISSIONAL – possuir conhecimento técnico específico e

das áreas relacionadas com as atividades auditadas para

comprovar legitimidade e legalidade no desempenho dos

objetivos do órgão ou entidade sob exame, experiência obtida

numa somatória de atuações possibilitando o amadurecimento

do julgamento profissional; o discernimento entre situações

gerais e particulares e capacidade profissional mantendo-se

Page 37: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

atualizado quanto ao avanço das normas, procedimentos e

técnicas.

ATUALIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS TÉCNICOS – manter

competência técnica atualizando-se quanto ao avanço de

normas, procedimentos e técnicas específicas.

CAUTELA E ZELO PROFISSIONAL – ater-se aos objetivos da

Auditoria.

Na elaboração do Relatório e emissão de sua opinião usar bom

senso em seus atos e recomendações agindo com precaução, zelo,

acatando as normas de ética profissional e cumprindo as normas

gerais e o adequado emprego dos procedimentos de Auditoria geral

ou específica.

COMPORTAMENTO ÉTICO – obrigar-se na qualificação dos

serviços públicos a proteger os interesses da sociedade,

respeitar as normas de conduta ético-profissional,

confidencialidade das informações recebidas, salvo nos casos

de obrigação legal e profissional, habilidade, precaução,

prudência, zelo profissional e bom senso em seus atos e

recomendações.

SIGILO E DISCRIÇÃO – o sigilo profissional é regra no

exercício da Auditoria.

O Auditor deve utilizar dados e informações do seu

conhecimento exclusivamente na execução dos serviços a seu cargo.

Salvo determinação legal ou autorização expressa da alta

administração, nenhum documento, dados, informações e

demonstrações poderão ser fornecidos ou revelados a terceiros, nem

Page 38: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

deles poderá utilizar-se o Auditor, direta ou indiretamente em proveito

de interesses pessoais ou de terceiros.

Outras recomendações para o Auditor:

pontualidade;

boa apresentação;

preparo adequado;

calma, educação e paciência;

clareza nas perguntas;

evitar juízos de valor sobre como um dado deve ser descrito

e/ou implementado;

manter a mente aberta;

usar corretamente a linguagem postural;

não fazer “inferências”, e se basear em evidências objetivas;

atuar de acordo com as necessidades inerentes à Auditoria;

permitir ao auditado expor suas razões e dar oportunidade para

melhorar o sistema da qualidade da sua organização;

humildade em reconhecer ser impossível saber tudo;

manter os documentos/registros referentes à Auditoria

atualizados e em arquivos seguros e confidenciais;

ter ampla visão dos processos administrativos; e

visualizar acuradamente do custo/benefício.

Por se tratar de uma atividade envolvendo recursos financeiros

e interesses conflitantes entre prestador do serviço e convênios de

saúde, são requisitos mínimos para o Auditor formação,

conhecimento técnico na área de informática, conhecimento amplo da

Page 39: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Instituição, habilidade diplomática para negociação e conhecimento

das leis e códigos vigentes à assistência à saúde.

Para a definição do dimensionamento ideal de Auditores para a

Auditoria interna deve-se levar em consideração os seguintes

aspectos:

quantidade e grau de complexidade dos programas, ações e

atividades a serem auditadas;

grau de informatização e disponibilidade de aplicativos de

suporte à análise de dados;

grau de dificuldade de acesso aos setores da Instituição;

diversificação e complexidade dos setores e atividades da

entidade;

número de servidores/empregados constantes na Folha de

Pagamento;

volume de recursos gerenciados pela entidade; e

distribuição geográfica da entidade.

5.2. Princípios relativos à execução dos trabalhos de

Auditoria

Operacionalização da Auditoria – sendo uma atividade

programada, as Auditorias públicas deverão ser organizadas com

datas marcadas para sua realização mediante a Programação Anual

de Atividades de Auditoria (P.A.A.A.), mesmo as eventuais

(solicitações ou apuração de denúncia).

5.2.1. Planejamento da Auditoria

Um Plano de Auditoria deve estabelecer e/ou definir os critérios

e programação de atividade e deve incluir:

Page 40: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

1. Objetivo e escopo da Auditoria

2. Por quê realizá-la? Qual o seu propósito?

3. Quais os requisitos envolvidos? O quê deve ser procurado?

4. Quando e quem deve proporcionar os recursos de suporte para

a equipe de Auditoria?

5. Quem e como será informado da Auditoria?

6. Quais as áreas/unidades auditadas?

7. Quem comporá a equipe de Auditores?

8. Quem será o Coordenador da equipe?

9. Onde será realizada a Auditoria e quais os desdobramentos

possíveis?

10. Onde serão realizadas reuniões de abertura/encerramento da

Auditoria?

11. Quando será ser realizada a Auditoria?

12. Quando será iniciada e qual a duração incluindo o tempo

programado para as principais atividades?

13. Quando será apresentado o Relatório Final da Auditoria?

14. Como será realizada a Auditoria?

15. Exigência de confiabilidade.

5.2.2. Preparação da Auditoria:

No Planejamento da Auditoria a fase do Exame Preliminar visa

obter os elementos para sua realização assim, o Auditor procede aos

exames preliminares da natureza e características das atividades

e/ou elementos a serem auditados e respectivas áreas.

O planejamento dos trabalhos é fundamental para a realização

de uma Auditoria objetivando prover a natureza, a extensão e a

Page 41: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

profundidade dos procedimentos empregados nos trabalhos e a

oportunidade de aplicação sob a responsabilidade da equipe de

Auditoria.

5.2.3. Fases da preparação:

1) designação da equipe e coordenador;

2) definição das atividades e elementos a serem auditados;

3) levantamento de documentação, procedimentos institucionais

relacionados com as atividades ou os elementos a serem

auditados;

4) técnica e material apropriado a ser utilizado;

5) identificação dos aspectos críticas das atividades ou pontos

chave;

6) definição das pessoas/técnicos envolvidos e seu grau de

capacitação;

7) identificação dos documentos de referência (relatórios, roteiros,

normas e instruções vigentes, legislação aplicável, resultado

das últimas Auditorias realizadas e outros registros); e

8) elaboração da Lista de Verificação (Check list).

Vantagens do Planejamento e da lista de verificação:

melhor utilização do tempo (otimização);

preparação e conhecimento da equipe;

o material pode ser utilizado para outras Auditorias;

seqüência lógica de perguntas; e

qualidade do trabalho e conclusões adequadas.

Page 42: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Nota: Na fase do planejamento, poderá ser utilizada a técnica

do 5W + 1H + show me para permitir ao Auditor buscar as evidências

objetivas de conformidades às especificações constituindo uma das

ferramentas da qualidade mais importante para auxiliar na execução

da Auditoria.

O quê, qual, quê?

What

Quem? Who

Onde?

Where

Quando + mostre-me ou evidencie-me When Show me

Por quê? Why

Como? How

Esta técnica permite efetuar questões abertas e evitar

perguntas com uma resposta (questões fechadas) é poderosa

ferramenta e permitirá comprovar se o descrito nas normas e rotinas

é de realizado.

Exemplo: Mostre os seus procedimentos ao invés de “é verdade

quê vocês têm normas de serviço?”.

5.2.4. Condução da Auditoria e Avaliação dos Resultados

Concluído o planejamento, inicia-se a execução propriamente

dita.

É importante lembrar: o Auditor terá livre acesso a todas as

dependências do órgão ou entidade auditada, à documentação e

papéis indispensáveis ao cumprimento de suas atribuições.

Page 43: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Se houver limitação da ação o fato deverá ser imediatamente

comunicado e por escrito ao dirigente da unidade auditada e à(s)

chefia(s), para urgentes providências e a realização da Auditoria pode

ser dividida em cinco fases:

1) Reunião de Abertura

É fundamental estabelecer um clima de boa comunicação e

cooperação entre os auditados e Auditores diminuindo as resistências

naturais e esta reunião poderá definir o sucesso ou fracasso do

trabalho.

Devem estar presentes a equipe de Auditoria e responsáveis

pela direção, gerentes e coordenadores da área/unidade a ser

auditada e deve ser breve (máximo 45’) e objetiva, servindo para

esclarecer dúvidas de ambas as partes e presidida pelo Coordenador

da equipe, com registro dos participantes.

A agenda rotineiramente preconiza:

entrega do Ofício de Apresentação e do Comunicado de

Auditoria. Obs: Este último pode ser enviado previamente para

o material solicitado ser providenciado com antecedência

(anexo I).

apresentação dos Auditores;

apresentação do escopo e objetivos da Auditoria;

solicitação/confirmação de quem será o acompanhante da

Auditoria;

estabelecimento/definição dos arranjos logísticos (sala de

trabalho dos Auditores e outros).

Page 44: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

2) Execução da Auditoria

Considerada a fase operacional, quando as verificações vão ser

realizadas “in loco”, os Auditores deverão atentar para os pontos:

utilizar roteiros e check list, mas não se restringir a eles;

ser preciso nas anotações efetuadas de grande utilidade na

elaboração do Relatório e não podem permitir dúvida;

procurar evidências objetivas sustentando as não conformidades;

comprovar com assinatura do responsável os documentos

solicitados (relação de pessoal, notas fiscais e outros);

falar com os executantes das tarefas, não se restringindo à

análise de documentos ou observação durante a visita;

escutar mais e atentamente e falar menos;

não permitir ao auditado estabelecer o ritmo da Auditoria; e

ficar atento às atividades “destrutivas” do auditado –

interrupções freqüentes, documentos não encontrados e pessoa

chave com atividade de última hora.

3) Avaliação da Auditoria

Terminado o trabalho analítico e/ou operativo, na fase da

avaliação dos resultados serão analisadas as informações e os dados

obtidos, incluindo as evidências para reforçar as anotações de não

conformidade objetivando evitar contestação. Caso não haja

evidência objetiva de não conformidade, esta poderá ser mencionada

no Relatório como “observação” a ser considerada, pois para cada

distorção, impropriedade ou irregularidade deve haver um padrão de

normalidade (norma ou lei) e procedimento interno ou externo.

Page 45: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

4) Reunião de Fechamento

Terminada a avaliação in loco é necessário dar conhecimento

ao auditado/áreas a compreensão dos resultados genéricos da

Auditoria apontando as distorções.

Uma Auditoria de 2a parte se restringirá à entrega do Relatório.

Em se tratando de uma Auditoria de 1a parte ou de Certificação, serão

apontadas as não conformidades e respectivas correções para

providências imediatas.

5) Relatório de Auditoria

O Relatório deve seguir um padrão admitindo-se adaptações

necessárias à interpretação e avaliação dos trabalhos. Sua

apresentação deve ter seqüência lógica, linguagem compatível isenta

de erros ou rasuras e ser conclusivo para permitir a formação de

opinião sobre as atividades realizadas e como documento de caráter

formal refletirá os resultados dos exames efetuados de acordo com a

forma e o tipo de Auditoria. As informações quanto às ações, fatos ou

situações observadas devem reunir:

- escopo e objetivo da Auditoria;

- identificação da equipe de Auditoria;

- data da Auditoria;

- documentos auditados e/ou relacionados;

- descrição das não conformidades encontradas;

- apreciação/julgamento das Auditorias quanto à importância das

não conformidades detectadas e sua influência na efetividade

do sistema ou serviço; e

- relação de encaminhamento do Relatório.

Page 46: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Requisitos do Relatório:

1) Primeira página: CAPA:

a) nome da instituição;

b) nome do responsável;

c) nome da Divisão;

d) número do Relatório/ano;

e) unidade auditada; e

f) data da realização da Auditoria.

2) Segunda página:

Equipe de Auditores – relacionar nome e matrícula dos componentes

da equipe.

3) Terceira página:

a) Identificação – registrar os dados de identificação da Instituição

auditada como: Razão Social, Nome Fantasia, CGC/CPF,

Natureza, Tipo, Endereço (rua, bairro, município, tel, fax,

endereço eletrônico);

b) Diretoria – relacionar o nome e CPF dos componentes da

Diretoria; e

c) Caracterização da Unidade – registrar os dados da Ficha de

Cadastro da unidade auditada.

4) Quarta página:

a) Índice – relacionar por itens e subitens os tópicos do Relatório.

Page 47: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

5) Quinta página:

Corresponde à primeira folha a receber numeração. Quando

numeradas em processo/documentação, as folhas serão

renumeradas de modo seqüencial e deverá conter:

I – Introdução – registrar o documento de determinação da

Auditoria e o objetivo a ser alcançado.

II – Metodologia – descrever a técnica de execução dos trabalhos.

III – Avaliação dos controles internos classificados em:

a) Avaliação físico-funcional:

- dados levantados pela aplicação dos roteiros de avaliação

físico-funcional e seus papéis de trabalho;

- devem ser apontados os dados e fatos relevantes em conjunto

ou destacados; e

- serve de base para o item avaliação qualitativa.

b) Análise da documentação:

- os dados representativos levantados pela verificação da

documentação de atendimento (AIH, Prontuários, Fichas

Clínicas, Solicitação de Exames, Laudos, Boletins e outros) e

Termos de Convênios e similares. OBS: nas Auditorias no SIA

e/ou SIH/SUS este item constitui a essência da Auditoria;

- é fundamental a verificação operativa ser precedida de ação

analítica (avaliação do perfil do hospital ou ambulatório);

- os registros das irregularidades serão realizados nas planilhas.

Demonstrativo das distorções na AIH, Prontuários Clínicos e

Cirúrgicos, UTI e outros, descritos de forma clara, consistentes

e suficientes neste item em conjunto ou destacados; e

- serve de base para o item Avaliação Qualitativa.

Page 48: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

c) Avaliação Orçamentário-Financeira:

- os dados levantados pela verificação dos recursos repassados

e utilizados; dos processos licitatórios, de compras efetuadas;

de balancetes e registros contábeis;

- o registro das irregularidades é feito na Planilha;

- relação de despesas impugnadas e descritas de forma clara e

consistente neste item em conjunto ou destacadas;

- os dados relativos aos controles internos (almoxarifados,

farmácia, transporte, pessoal e outros);

- no convênio ou similar é fundamental ser a verificação operativa

precedida de ação analítica (Termos do Convênio, valores,

objeto); e

- serve de base para a Avaliação Qualitativa.

Nota: os tópicos em relação aos itens a, b e c contêm

informações básicas a serem acrescidas de outras capazes de

contribuir para maior consistência ao Relatório de Auditoria

embasando a Avaliação Qualitativa: Avaliação Qualitativa descrição

do diagnóstico da situação verificada com base no conteúdo dos

itens anteriores nos aspectos:

- físico-funcional e organizacional;

- gerência e gestão de processos finalísticos e de apoio;

- desenvolvimento do Capital Humano;

- avaliação da assistência da saúde prestada, seus resultados e

impactos; e

- regularidade dos registros contábeis e documentos de receitas

e despesas.

Page 49: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Nota: as situações não configurando evidências objetivas

importantes devem ser mencionadas no Relatório como observações.

O resultado de uma Auditoria depende do tipo de instituição

auditada e seu objetivo. Nas instituições privadas isto fica

determinado no Contrato e nas públicas, geralmente de Auditorias

internas, o procedimento é diferente e a finalização da Auditoria é

seguida de etapas como pareceres, recomendações e

acompanhamentos, a saber:

1) Parecer

Em função da análise realizada ou dos fatos apurados, situar as

condições de funcionamento e operacionalidade do objeto da

Auditoria registrando o parecer técnico da equipe e/ou perspectiva

para novos servidores além dos encaminhamentos com data e

assinatura dos integrantes.

Definição do Parecer a ser emitido:

O Auditor deverá usar de acuidade e prudência ao definir o tipo

de Parecer como resultado dos exames considerando:

a) determinados achados de Auditoria relacionados com falhas,

omissões e impropriedades podem significar situações

impróprias (distorções cabendo a emissão de Parecer

Restritivo) ou irregulares;

b) a adequação do Parecer dependerá do acurado exame das

circunstâncias e/ou evidências envolvidas nas situações de

julgamento a serem avaliadas em conjunto considerando-se:

- freqüência de incidência ou reincidência do achado;

- descumprimento de recomendações de Auditorias anteriores;

Page 50: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

- evidência de intenção;

- efetivo prejuízo à União, Estados e Municípios; e

- outros fatores capazes de contribuir para a adequada definição

do tipo de Parecer a ser emitido.

2) Recomendações

As recomendações serão feitas com base nas evidências

objetivas de não conformidade. Este princípio norteia o fato de cada

impropriedade/irregularidade exigir um padrão de normalidade (norma

ou lei). O Auditor deverá registrar as sugestões pertinentes aos

problemas abordados. Para cada distorção registrada, uma

recomendação ao auditado e/ou autoridade(s) competente(s)

embasada nas normas vigentes.

No caso de instituições públicas se a situação exigir ação

corretiva/saneadora imediata a(s) recomendação(ões) deverá(ão) ser

encaminhada(s) ao gestor/diretor auditado ofício expedido pela chefia

imediata para conhecimento e atendimento, independente da

finalização do Relatório.

Nota: deverão ser rubricadas as folhas do Relatório a partir da

introdução e folhas com registros de distorções, todos os

participantes da Auditoria deverão assinar o Relatório.

3) Acompanhamento das ações corretivas/saneadoras

propostas

Qual terá sido o valor da Auditoria se não forem efetuadas

ações de acompanhamento? Se as falhas detectadas não foram

corrigidas? Certamente, a eficácia da Auditoria ficará comprometida

Page 51: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

porque é refletida pela mudança provocada pelas ações

corretivas/saneadoras.

O acompanhamento e a avaliação da implementação das ações

corretivas devem ser realizados pela chefia imediata considerando-

se:

- determinação do período e forma de acompanhamento;

- resposta escrita do auditado sobre a implantação da ação

corretiva e sua eficácia; e

- confirmação/comprovação da implementação da ação corretiva

e sua eficácia conforme programado pelas ações de supervisão

ou acompanhamento por período determinado, quando for o

caso.

Nota: esgotado o prazo para o cumprimento das

recomendações, sem seu atendimento ou justificativa, a chefia

interessada deve reiterá-las, sob aprazamento, mediante ofício.

5.3. Princípios relativos à coordenação dos trabalhos

A designação do Coordenador da Auditoria depende do tipo de

Instituição auditada.

Geralmente será por delegação do titular do órgão de controle

designando um Coordenador para a equipe de Auditoria

assegurando-se o conhecimento técnico e capacidade profissional e

estabelecendo mecanismos e procedimentos adequados de

coordenação para garantir o cumprimento das atribuições conferidas

desde o planejamento até a conclusão dos trabalhos e

acompanhamento dos resultados.

Page 52: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Das atividades de coordenação:

a) promover a participação dos componentes da equipe na

elaboração dos trabalhos propiciando maior compreensão dos

objetivos, alcance, enfoques, procedimentos e técnicas a serem

aplicadas;

b) instruir e dirigir adequadamente a equipe quanto à execução

dos trabalhos e cumprimento dos programas de Auditoria; e

c) definir a intensidade da supervisão de acordo com o

conhecimento e capacidade profissional dos membros da

equipe, grau de dificuldade previsível dos trabalhos, alcance de

prováveis impropriedades ou irregularidades a detectar no

órgão ou entidade auditada sem cercear a liberdade e a

flexibilidade necessárias aos técnicos.

Áreas e enfoques da coordenação:

a) planejar a Auditoria, preparar documentos de trabalho,

relatórios, check list e outros e orientar a equipe;

b) aplicar os procedimentos e técnicas para obtenção das

metas/objetivos previstos de acordo com o programa da

Auditoria;

c) observar os objetivos definindo em conjunto com a equipe as

necessidades específicas da Auditoria;

d) representar a equipe de Auditoria junto ao auditado;

e) elaborar em conjunto com a equipe o Relatório de Auditoria;

f) observar e concluir de forma consistente definindo em conjunto

com a equipe as necessidades específicas da Auditoria;

g) relatar à chefia imediata os resultados da Auditoria e quaisquer

dificuldades na realização das atividades; e

Page 53: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

h) acompanhar as ações a serem desencadeadas, informando a

Chefia imediata os resultados.

5.4. Princípios relativos à obtenção de evidências

Consideram-se evidências as informações colhidas durante a

Auditoria. Para atender aos objetivos da atividade de Auditoria, o

Auditor deverá realizar, na extensão necessária, os testes ou provas

adequadas com vistas à obtenção de evidências qualitativamente

aceitáveis e fundamentar de forma objetiva suas recomendações e

conclusões.

É importante para o Auditor obter informações representativas e

suficientes para confirmar os dados colhidos/apurados,

independentemente de se relacionarem com conformidades ou não.

A finalidade da evidência é a obtenção de elementos suficientes

para sustentar a emissão do Parecer para permitir ao Auditor chegar

a um grau razoável de convencimento da realidade dos fatos e

situações observadas, da veracidade da documentação, da

consistência da somatória dos fatos e fidedignidade das informações

e registros gerenciais para fundamentar sua opinião.

Tipos de evidências:

a) física – comprovável materialmente;

b) documental – comprovável pelos registros em papéis e/ou

documentos;

c) circunstancial – fornece impressão ao Auditor, não servindo de

evidência de Auditoria, pois não é objetiva suficientemente para

embasar uma não conformidade. Este tipo de evidência serve

Page 54: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

para alertar devendo o Auditor procurar evidências

comprováveis; e

d) admissível – obtida pela declaração verbal.

A validação do julgamento depende da qualidade da

evidência no concernente a:

a) suficiência – a aplicação de testes resulta na obtenção de uma

ou várias provas e propicia um grau razoável de convencimento

a respeito da realidade ou veracidade dos fatos examinados;

b) adequação – os testes ou exames realizados são apropriados à

natureza e características dos fatos examinados; e

c) pertinência – há coerência da evidência com as observações,

conclusões e recomendações de Auditoria.

Critérios para obtenção de evidências:

a) importância relativa – o significado da evidência no conjunto de

informações, tem peso e é comprobatória; e

b) níveis de riscos prováveis – probabilidades de erro na obtenção

e comprovação da evidência. Neste caso é necessário

confirmar a evidência com reteste, nova técnica ou método para

confirmação.

5.5. Princípios relativos a Impropriedades e Irregularidades

O Auditor deverá atentar para situações com indícios de

irregularidades, mesmo não sendo objeto do escopo inicial e, na

possibilidade de obtenção de evidências destas situações deverá ser

dado destaque por ocasião do Parecer para a adoção de

providências.

Page 55: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Não obstante a busca de impropriedades ou irregularidades no

decorrer dos exames não deverá ser maior o objetivo da Auditoria, o

Auditor deverá se conscientizar do risco de tais ocorrências atentando

para:

a) as fragilidades dos controles internos podem levar a distorções;

b) os riscos potenciais dos recursos utilizados - desperdício, mau

uso, desvio;

c) as peculiaridades/características do desenvolvimento das

operações - sem normas e rotinas descritas;

d) a atitude do pessoal ante os controles existentes - não

obedecem levando à ocorrência de distorções; e

e) os comportamentos indevidos - atitude inadequada do pessoal

gerando distorções.

Distorções: dados registrados constituindo evidências objetivas de

não conformidade.

As não conformidades quando violam documentos normativos

podem ser de dois tipos:

- impropriedade – norma ou lei;

- irregularidade – norma ou lei, resultando em prejuízo

quantificável e/ou configurando dolo.

Indicadores de Irregularidades

Identificados pelo adequado conhecimento da natureza e

peculiaridade das operações podendo surgir como conseqüência dos

controles, resultados dos trabalhos efetuados pelos Auditores e

outras fontes de informações. Quando identificados o Auditor

Page 56: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

aprofundará a análise dos procedimentos para evidenciar a existência

de tais irregularidades.

Apuração

A apuração de impropriedades e/ou irregularidades exige do

Auditor extrema prudência e profissionalismo para alcançar com

segurança os objetivos propostos para a apuração.

Na apuração de impropriedades e/ou irregularidades o Auditor

deverá:

a) utilizar a regra dos 5 W + 1 H + show me (o quê, quem, quando,

onde, por quê, como e mostre-me);

b) procurar evidências objetivas para subsidiar as suas

conclusões;

c) fazer perguntas silenciosas a si próprio;

d) formular perguntas hipotéticas, tais como: o quê ocorre se...,

suponha quê...;

e) pedir para repetir quando não entender a resposta dando, se

possível, exemplos;

f) fazer uma pergunta de cada vez, de forma a não confundir o

auditado;

g) falar, se possível, com quem executa as tarefas;

h) usar linguagem acessível;

i) não evidenciar uma atitude punitiva ao encontrar uma não

conformidade; e

j) ser o mais detalhado possível para comprovar as não

conformidades.

Page 57: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Do resultado da Auditoria

a) Relatório sem distorções: uma vez finalizado, o Relatório deverá

ser levado ao conhecimento da chefia imediata para ciência e

encaminhamento á direção superior para providenciar as

medidas mediante cópias autenticadas, conforme as

recomendações da Auditoria.

b) Relatório com distorções: o Relatório deverá ser levado ao

conhecimento da chefia imediata para ciência e

encaminhamento à direção superior para proceder aos

encaminhamentos sugeridos mediante cópias autenticadas

dando conhecimento ao auditado sobre a importância do

cumprimento das recomendações propostas e o prazo de até

30 dias para apresentação das justificativas a partir da data do

recebimento e o processo obedecerá sua tramitação

administrativa no âmbito de origem.

A equipe de Auditoria em conjunto com a chefia imediata

acompanhará por cronograma a correção das distorções apontadas.

Formalização do Processo

Toda Auditoria dos serviços públicos se inicia com a

formalização do processo administrativo e os documentos integrantes

do processo de Auditoria são:

a) documento originário da Auditoria (determinação do Ministério,

denúncia, solicitação dos Conselhos de Saúde e outros);

b) cópia do ato designando a equipe de Auditoria;

c) cópia do Ofício de Apresentação assinada pelo Diretor da

Unidade Auditada;

Page 58: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

d) Comunicação de Auditoria;

e) Relatório de Auditoria;

f) mapa de análise de AIH e/ou dos documentos do SIA

preenchido(s) e assinado(s) pela(s) a equipe de Auditoria;

g) cópia do Relatório Demonstrativo de AIH pagas, destacando as

AIH com irregularidades e/ou Síntese de Produção

Ambulatorial;

h) os Relatórios de Saída dos Sistemas de Informações utilizados

como parâmetro na Auditoria analítica quando for o caso;

i) cópias de outros documentos indispensáveis para compor o

processo;

j) cópia do ofício endereçado, apresentação da defesa escrita e

cópia do Aviso de Recebimento – AR;

k) defesa encaminhada pela unidade com respectivos anexos;

l) planilha de cálculo das impugnações quando for o caso;

m) cópia da Guia de Recolhimento – GR e/ou Boletim de Diferença

de Pagamento – BDP;

n) cópia do ofício comunicando o valor do débito ao auditado e cópia

do AR;

o) cópia do documento do prestador autorizando o desconto do

débito em processamento, se for o caso; e

p) cópia dos expedientes de encaminhamento do processo e/ou

Relatório de Auditoria às outras instâncias.

Bibliografia consultada

Air University. Aulas do Academic Instructor Course. USA; 1976.

Jornal Estado de São Paulo 24/1/2003

Page 59: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Luz MT. Notas sobre as políticas de saúde no Brasil de “transição

democrática”- anos 80. In: Revista de Saúde Coletiva. São Paulo,

vol 1, nº 1; 1991.

Ministério da saúde. Manual de Normas de Auditoria. Brasília; 1998.

RPC Engenharia da Qualidade Ltda. Manual de Formação de

Auditores Internos da Qualidade, jan; 1997.

Silva KR. A cidade, uma região, o Sistema de Saúde: para uma

história da saúde e da urbanização em Campinas/SP. São Paulo:

Hucitec; 1996.

Page 60: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Anexo I

Carta de delegação de Auditoria (modelo)

São Paulo, 29 de Janeiro de 2003.

Do: Diretor Presidente

Para: Todos os colaboradores

Para a continuidade da implantação de nosso Sistema da Qualidade, foram

constituídos 45 Auditores internos, com trabalhos iniciados e todos têm

autoridade para entrevistar pessoas, acessar documentos e executar as atividades

julgadas necessárias.

Contamos com a colaboração de todos para o perfeito e

contínuo andamento deste processo de implantação.

Sem mais para o momento

_____________________________

Presidente

Page 61: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Anexo II

Carta de Comunicação de Auditoria

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Departamento de Controle, Avaliação e Auditoria

Comunicado de Auditoria – CA Nº

_______________/___________________à Unidade de Saúde:

____________________________________________

Para cumprimento do disposto o(a)______________________

Nº ___________________ de ____/_____/____, solicitamos

fornecer a esta equipe de Auditoria os documentos abaixo

relacionados:

Local________________de_____________de________.

(p/ equipe)

Recibo de devolução no verso

DEVOLUÇÃO DOS DOCUMENTOS RELACIONADOS NO

AVERSO DESTE CA Nº

_________________/___________________.

Recebemos os documentos constantes da Comunicação de Auditoria

supramencionada.

Em _________/___________________/____________

__________________________________________

(Nome e assinatura)

Page 62: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Anexo III (modelo – SUS)

SECRETARIA DO ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO

COORDENADORIA DE PLANEJAMENTO EM SAÚDE

DEPARTAMENTO TÉCNICO DE AUDITORIA EM SAÚDE

COMPONENTE ESTADUAL DO SISTEMA NACIONAL DE

AUDITORIA

IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE

ÓRGÃO AUDITADO:

Razão Social:

CGC: Natureza:

Gestão: Endereço:

CEP: Município:

Fone: Fax:

IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS

DIRETOR TÉCNICO DE DIVISÃO DE SAÚDE:

NOME:

CPF: CRM:

DIRETOR CLÍNICO:

NOME:

CPF: CRM:

DIRETOR ADMINISTRATIVO:

NOME:

CPF: CRM:

EQUIPE DE AUDITORES

Page 63: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

PERÍODO DA AUDITORIA:

Anexo IV

Modelo para certificação

Preparação do Check-list

Ф LISTA DE VERIFICAÇÃO Nº

Folha /

Tipo de Auditoria: Adequação: Conformidade:

Requisito/Documento

Auditado: Auditor Nome Visto Data

Líder

Acompanh.

Item Item Doc. Questão Sim Não NA

Page 64: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Anexo V

Relatório de Auditoria – Modelo

Ф RELATÓRIO DE AUDITORIA Nº

FOLHA /

Tipo de Auditoria: Adequação: Conformidade:

Data da Auditoria: __/__/__

Data da Reunião: __/__/__

Nome (Auditores) Visto Nome (Auditados) Visto

Lista de

verificação

Não-

conformidade

(Evidência

objetiva)

Causa

Raiz

Ação Corretiva, Prazo

e Responsável Item Item Doc.

Obs.: só preencher os espaços em branco – os reticulados

serão preenchidos na reunião pós-Auditoria com os auditados!

Page 65: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Folha 1

Capa

1) Nome da Instituição: 2) Nome do responsável:

3) Número do Relatório/ano:

4) Data da realização da Auditoria:

IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS

DIRETOR TÉCNICO DE DIVISÃO DE SAÚDE:

NOME: CPF:

CRM:

DIRETOR CLÍNICO:

NOME: CPF:

CRM:

DIRETOR ADMINISTRATIVO:

NOME: CPF:

CRM:

Folha 2

EQUIPE DE AUDITORES

1) Auditor Coordenador:

2) Especialistas:

3) Período da Auditoria:

Page 66: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Folha 3

IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE

ÓRGÃO AUDITADO:

Razão Social:

CGC:

Natureza:

Gestão:

Endereço:

CEP:

Município:

Fone:

Fax:

Folha 4

Índice

Relacionar por itens do Relatório

Folha 5

I - INTRODUÇÃO: registrar o documento determinando a Auditoria e o objeto a ser alcançado.

II - METODOLOGIA: descrever as técnicas de execução dos trabalhos.

III - RELATÓRIO (propriamente dito)

Page 67: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS

Auditoria. 1. Tecnologia contábil objetiva a verificação ou

revisão de registros, demonstrações e procedimentos adotados para

a escrituração, visando avaliar a adequação e veracidade das

situações memorizadas e expostas. A Auditoria é uma avaliação, por

revisão, análise, estudo para opinar sobre o comportamento

patrimonial, a gestão de administradores, a conduta de pessoas às

quais se confiam bens ou riquezas, o destino de fundos e recursos,

em suma, busca “conhecer” pelos registros, documentos, controles,

como ocorreram feitos produtores de peças contábeis, através de

registros embrenhando-se por investigações amplas quando o

objetivo é descobrir a fraude ou coibir a corrupção. (A. Lopes de Sá,

Ana M. Lopes de Sá, Dicionário de Contabilidade, Atlas, 1994).

2. Exame das operações, atividades e sistemas de determinada

entidade para verificar se são executados ou funcionam em

conformidade com determinados objetivos, orçamentos, regras e

normas. (Boletim interno do TCU N. 34 de 23/07/92).

Auditoria Contábil. Auditoria relativa ao plano da organização,

dos procedimentos e documentos referentes à salvaguarda dos ativos

e a fidedignidade das contas. Esta Auditoria é concebida com a

finalidade de fornecer uma garantia razoável de: 1) as operações e o

acesso aos ativos se efetuem em conformidade com as autorizações;

2) as operações sejam registradas quando necessário; 3) a

contabilização dos ativos seja comparada com a existência física a

intervalos razoáveis e tomadas medidas adequadas relativamente a

Page 68: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

todas as diferenças não justificadas. (Boletim Interno do TCU N. 34

de 23/07/92).

Auditoria de Balanço. Auditoria para a verificação da exatidão

dos saldos apresentados por um balanço, Auditoria de fim de

exercício para observar a exatidão da escrita partindo do balanço,

sinônimo de Auditoria geral ou sintética. (A. Lopes de Sá, Ana M.

Lopes de Sá. Dicionário de Contabilidade, Atlas, 1994).

Auditoria de Gestão. Objetiva omitir opinião para a certificar a

regularidade das contas, verificar a execução de contratos,

convênios, acordos ou ajustes, a probidade na aplicação dos

dinheiros públicos e na guarda ou administração de valores e outros

bens da União ou a ela confiados. (A. Lopes de Sá, Ana M. Lopes de

Sá. Dicionário de Contabilidade, Atlas, 1994).

Auditoria de Sistemas. Análise dos fluxogramas dos controles

internos feita na pré-Auditoria visando a dar segurança ao plano de

Auditoria e mensurar a profundidade das amostragens. (A. Lopes de

Sá, Ana M. Lopes de Sá. Dicionário de Contabilidade, Atlas, 1994).

Tipo de Auditoria pelo qual os Auditores recorrem ao estudo dos

sistemas e do controle interno da entidade fiscalizada e à

identificação dos eventuais pontos fortes e / ou deficiências deste

controle interno, para definir o local, a natureza e o âmbito dos

trabalhos de Auditoria julgados necessários para formularem parecer.

(Boletim Interno do TCU N. 34 de 23/07/92).

Auditoria do Planejamento Estratégico. Consiste em verificar

se são atingidos os grandes objetivos (habitualmente a longo prazo)

da entidade e respeitadas as políticas e estratégias em matéria de

Page 69: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

aquisição, utilização e alienação dos recursos. (Boletim Interno do

TCU N. 34 de 23/07/92).

Auditoria Especial. Verificação contábil de Auditoria com a

finalidade de observar um acontecimento de natureza especial como

um desfalque, um desgoverno de uma diretoria e outros. As

Auditorias especiais têm sempre objetivo certo e não se confundem

com as gerais ou normais processadas buscando uma verificação de

natureza ampla, sem visar a um fato determinado. (A. Lopes de Sá,

Ana M. Lopes de Sá. Dicionário de Contabilidade, Atlas, 1994).

Auditoria Externa. 1. Auditoria feita por profissional liberal não

funcionário da empresa ou entidade. As Auditorias externas são

quase sempre promovidas por empresas de profissionais ou por

entidades especiais visando a penetrar nas empresas ou nos órgãos

públicos com a independência necessária para pesquisar. (A. Lopes

de Sá, Ana M. Lopes de Sá. Dicionário de Contabilidade, Atlas, 1984).

2. É executada por profissional habilitado ou organização

profissional especializada sem vinculações com a empresa auditada.

(José Daniel de Alencar. Dicionário de Auditoria, Brasiliana, 1984).

3. Auditoria realizada por um organismo externo e independente

da entidade fiscalizada, tendo por objetivo, por um lado, emitir parecer

sobre as contas e a situação financeira, a legalidade e regularidade

das operações e / ou sobre gestão e, por outro, elaborar os relatórios

correspondentes. (Boletim Interno do TCU N. 34 de 23/07/92).

Auditoria Financeira. Análise das contas, situação financeira e

legalidade e regularidade das operações, realizada por um auditor

para emitir ou não um parecer. Esta Auditoria inclui: 1) análise das

contas e da situação financeira da entidade fiscalizada com vistas a

Page 70: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

verificar se: a) todas as operações foram corretamente autorizadas,

liquidadas, ordenadas, pagas e registradas. b) foram tomadas

medidas apropriadas com vistas a registrar com exatidão e a proteger

os ativos, ex., tesouraria, investimento, inventário dos valores

imobiliários, existências. 2) análise da legalidade e regularidade, com

vistas a verificar se: a) todas as operações registradas estão em

conformidade com a legislação geral e específica em vigor; b) todas

as despesas e receitas são, respectivamente, efetuadas e

arrecadadas com observância dos limites financeiros e ao período

autorizados; c) todos os direitos e obrigações são apurados e geridos

segundo as normas aplicáveis. (Boletim Interno do TCU no 34 de

23/07/92).

Auditoria Interna. 1. Verificação dos fatos contábeis pelos

processos técnicos da Auditoria, realizada por funcionários da própria

azienda; Auditoria interna é também uma denominação dada à seção

encarregada de realizar as tarefas de tal natureza; geralmente a

seção de Auditoria fica subordinada ao conselho fiscal, nas

sociedades anônimas, ou a um controlador geral da empresa tendo

seu cargo a supervisão da tesouraria, contadoria e Auditoria. (A.

Lopes de Sá, Ana M. Lopes de Sá. Dicionário de Contabilidade, Atlas,

1994).

2. Nas empresas privadas, é executada por iniciativa própria ou

através de departamentos específicos ou serviços contratados. No

setor público, é efetuada por órgãos de controle interno. (José Daniel

de Alencar. Dicionário de Auditoria, Brasiliana, 1984).

3. Serviço ou departamento de uma entidade incumbido pela

direção de efetuar verificações e avaliar os sistemas e procedimentos

Page 71: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

da entidade objetivando minimizar as probabilidades de fraudes, erros

ou práticas ineficazes. A Auditoria deve ser independente no seio da

organização e prestar contas diretamente à direção. (Boletim Interno

do TCU N. 34 de 23/07/92).

Auditoria Operacional. 1 – Atua nas áreas inter-relacionadas

do órgão/entidade, avaliando a eficácia dos seus resultados em

relação aos recursos materiais, humanos e tecnológicos internos para

a gestão dos recursos públicos. Sua filosofia de abordagens dos fatos

é de apoio pela avaliação do atendimento às diretrizes e normas e

pela apresentação de sugestões para seu aprimoramento.

2. Auditoria para verificar o “desempenho” ou forma de “operar”

dos diversos órgãos e funções de uma empresa. Tal Auditoria testa

“como funcionam” os setores, visando, principalmente, à eficiência, à

segurança no controle interno e à obtenção correta dos objetivos.

Pode tal revisão ser feita em conjunto com as demais, no caso de

Auditoria integral ou isoladamente, inclusive em períodos mais curtos.

(A. Lopes de Sá, Ana M. Lopes de Sá. Dicionário de Contabilidade,

Atlas, 1994).

3. Auditoria incidente em todos os níveis de gestão sob o ponto

de vista da economia, eficiência e eficácia, nas suas fases de

programação, execução e supervisão. (Boletim Interno do TCU N. 34

de 23/07/92).

Page 72: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

TÍTULO III

AUDITORIA PARA CERTIFICAÇÃO

Leonel Antonio Garbin

1. CONCEITO DE QUALIDADE

O conceito de “Qualidade” é descrito de diferentes formas por vários

autores refletindo complexidade, numerosos aspectos e natureza

multidimensional. A seguir, destacaremos o conceito de qualidade de alguns

doutrinadores:

a) Qualidade como conformidade às especificações.

As especificações são valores numéricos com faixas de

variação (tolerância) necessárias, características chaves como

diâmetro, resistência, densidade, comprimento, espessura e

temperatura.

As especificações são guias para o considerado ou não

aceitável. Em relação ao grande número de consumidores ou clientes

como no setor de serviços, conformidade com as especificações pode

não ser suficiente até serem baseadas em pesquisas de mercado ou

estudo de clientes representando a experiência do autor voltada para

a área industrial. (Philip B. Crosby).

b) Qualidade como adequação do uso.

Adequação ao uso pode existir numa grande faixa de qualidade,

custo e características de performance: um carro de luxo é adequado

ao uso mas um Jeep também. (J. Juran).

Page 73: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Alguns compradores estão interessados em custos e não em

modelos de luxo e prestígio significando “adequação ao uso” para

outros consumidores, assim, diferentes grupos de compradores têm

diferentes preferências e idéias diversas daquilo considerado

adequado ao uso.Podemos perguntar: Qual a finalidade? Qual a

freqüência? Como corrigir falhas e defeitos?

c) Qualidade como satisfação do cliente.

O conceito em tela se adequará melhor ao setor de serviços. O

cliente não tem muita escolha no caso de serviços públicos como

fornecimento de água e esgoto, correios ou outros monopolizados do

tipo telefonia, serviços bancários ou seguros onde a legislação

controla as regras operacionais. Em outros setores o cliente pode

escolher e a existência de uma competição real o cativa; para

escolher o melhor serviço e satisfazer suas expectativas. A satisfação

do cliente significa ausência de erros, defeitos, demora e custos

baixos. (Armand V. Feigenbaum)

d) Qualidade de longa duração para compensar custos.

Benefício é algo intangível e raramente possibilita a sua

quantificação e se valem os custos constitue julgamento subjetivo

feito pelo comprador ou cliente. Exemplos de benefícios de produtos

e serviços:

Metrô: como transporte é confortável, conveniente (não

polui), confiável e rápido.

Telefone: como meio de comunicação pode ser eficiente,

rápido, de baixo custo e economiza tempo.

Page 74: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Eletricidade: proporciona os meios de se obter iluminação

e refrigeração. O serviço de fornecimento de energia elétrica deve ser

confiável eficaz e de baixo custo.

e) Definição oficial de qualidade ISO.

A definição de qualidade ISO é fornecida pelo INMETRO, através das

Normas Técnicas, “a qualidade é o conjunto das propriedades e

características de um produto, processo ou serviço fornecendo a capacidade

de satisfazer as necessidades implícitas ou explícitas”. Em serviços de saúde

as necessidades implícitas nem sempre são conhecidas pelo usuário, pois nem

sempre o cliente (paciente) detém o conhecimento científico para elucidação.

Qualidade (Bittar, 1997) – segundo a JCAHO: grau onde os serviços

prestados ao cliente aumentam a probabilidade de resultados favoráveis e

diminuem a de desfavoráveis, em função do atual o presente estado da

arte.Segundo Mirshawka (1994) existem seis fatores para a implantação de

um programa de qualidade:

Liderança da alta administração: participando de todo o

processo, tomando a frente de todos para a sua implantação e

principalmente entendendo do processo da implantação da qualidade.

A existência de campeões de causa: problemas

exigindo soluções urgentes atrapalham o desempenho da

organização ou setor, provocando grande impacto econômico ou de

melhoria nas condições de trabalho nos colaboradores.

Alinhamento dos sistemas de gerência: toda a gerência

utilizando os mesmos programas, filosofias e tendo o mesmo objetivo:

o crescimento da organização.

Page 75: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Educação e treinamento de cada um na organização:

todos os funcionários devem ser treinados para entenderem suas

atribuições e o quanto a qualidade é importante para a organização.

Tempo: o programa de implantação da qualidade

necessita de um período para os resultados aparecerem, sem

milagres, os programas de melhoria gastam tempo para mostrar

resultados.

Relatórios e medições: feitos de forma integrada

voltados para a melhoria da organização como um todo e não de um

setor ou departamento e de fácil entendimento, onde se possa

verificar o andamento do programa de qualidade com facilidade.

1.1. Qualidade em serviços

Os serviços possuem algumas características diferenciadoras da

produção e segundo Mirshawka (1994) são:

intangíveis, mesmo quando envolvem produtos tangíveis;

personalizados, mesmo quando prestados de forma semelhante,

quem os está recebendo percebe de forma diferente e dois profissionais

prestando idêntico serviço sempre haverá algo de diferente, pessoal;

envolvem o cliente, principalmente em saúde onde outros fatores

(físicos, psicológicos e filosóficos) além dos técnicos, contribuem para o

restabelecimento do paciente;

produzidos exatamente de acordo com a demanda;

não podem ser preparados antes do momento exato da execução;

produzidos e consumidos no mesmo instante; e

perecíveis e não podem ser armazenados ou estocados.

Page 76: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

As deficiências da qualidade em serviços não podem ser eliminadas

antes da execução e pelos conhecimentos técnicos e treinamento podemos

minimizar a probabilidade de sua ocorrência.

Os serviços não podem ser substituídos ou vendidos como de segunda

mão e quando ocorrem falhas, um novo serviço é fornecido. Exemplo de

tratamento para doença proveniente de transfusões exigem um trabalho muito

intenso e necessitam com muita freqüência de uma complexa integração

interfuncional envolvendo vários sistemas.

A aquisição de produtos e serviços ao preço ofertado levantam a

questão da análise de custo-benefício e é tão ou mais importante para a

administração da qualidade dos serviços quanto o insumo industrial. Alguns

atributos dos serviços são valorizados pelos clientes e outros não, pois o valor

assumido é percebido de forma diferente. Nem todos os clientes valorizam

um carro veloz ou de alta potência mas se a maioria dos consumidores

potenciais o fazem este critério deve ser levado em consideração nas análises

de custo-benefício.

A dificuldade de se aplicar este tipo de análise de custo-

benefício no setor de serviços decorre dos benefícios serem, na

maioria das vezes, intangíveis e relacionados com a percepção de

cada um. A mensuração dos valores percebidos em determinado

serviço, permite a adequação do serviço valorizado pelos

consumidores, eliminando-se atributos não valorizados e custos

relacionados a estes atributos.

Há serviços (hemoterapia) cujas falhas podem aparecer muito

tempo após a sua prestação como a contaminação por HIV, podendo

demorar anos para se manifestar ou ser detectada).

Page 77: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

2. CONCEITO DE QUALIDADE EM SAÚDE

Para Malik (1996): “as pessoas trabalham acreditando serem o

pensamento positivo e a auto-ajuda suficientes para garantir a

qualidade da prestação de assistência”. Segundo dirigentes de

prestadoras de serviços de saúde de São Paulo, pela impressão, há

pouco a aprimorar nos serviços sob a sua responsabilidade. Isto não

parece ser a percepção prevalente entre os usuários, financiadores e

boa parte dos profissionais dependendo do papel por estes

representados na prestação ou gestão das atividades e prossegue:

qualidade em saúde, embora em termos teóricos se prenda a

questões mais amplas, tende a ser confundida pela opinião pública

em geral com a falta de qualidade na assistência médico-hospitalar.

Os indicadores serão diferentes quando se trata de um programa

onde a prática seja a cobrança direta ou quando possa não haver

dispêndio. Quanto aos financiadores a serem escolhidos, há estudos

apontando para o fato das empresas ao comprarem uma modalidade

de assistência médica supletiva para os funcionários terem clareza

quanto ao produto em aquisição. A qualidade em saúde depende de

vários fatores muito bem colocados por Mirshawka (1994) no

esquema abaixo:

Expectativas dos pacientes

Necessidades

Experiência

Oferta dos concorrentes

Conhecimento de tecnologia e do

ambiente

Page 78: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

A qualidade possui fatores e significados dependendo do ponto

de vista em observação, do prestador, do financiador, dos familiares e

da comunidade, para cada um a qualidade pode ter significado

diferente.

Malik (1996) aponta “a qualidade é reconhecidamente um termo ao

qual se atribui valor subjetivo vendido variando praticamente de interlocutor

para interlocutor. Por outro lado, assume o termo como atributo, com

conotação positiva de qualquer pessoa ou coisa”.

Em produtos e serviços, a qualidade exerce influência direta

importante na saúde das pessoas, uma falha poderá ser fatal e a

organização sofrerá sanções legais e econômicas, além de perda da

imagem e as instituições de saúde necessitam de maior número de

profissionais qualificados e competentes para geri-las com segurança.

No início da década de 60, Donabedian (1969) Professor da

Universidade de Michigan, acrescentou à Medicina tópicos para

discutir a qualidade, ao propor uma tríade na sua medida, dividindo

sua avaliação em três fases: estrutura, processo e resultados,

vejamos:

Estrutura: medidas estruturais de qualidade incluiriam itens

quantificáveis e tangíveis como a relação entre o número de médicos

e o de leitos, equipamentos necessários e bom funcionamento nas

salas cirúrgicas, enfermarias e outros locais significando um hospital

limpo, seguro e com os equipamentos adequados, com área

construída e rede elétrica, hidráulica e comunicação em bom

funcionamento.

Page 79: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Processo: diz respeito ao funcionamento e se relaciona com a

utilização de revisões funcionais, medidas do bom atendimento, como

a média de permanência de pacientes em determinado setor,

obediência às normas e condições estabelecidas, indica se os

profissionais de saúde utilizam corretamente as instalações

hospitalares e exercem suas funções com precisão.

Resultado: envolve desde conceitos como morbidade e

mortalidade até complicações individuais como casos de infecções,

complicações iatrogênicas ou de outra natureza. A preocupação com

o fator cura ou minorar o sofrimento humano, prevenção ou

recuperação da saúde do cliente e se a pessoa submetida a

tratamento se tornou menos doente como seria sem a intervenção do

médico, ou qual o andamento da doença sem intervenção.

As individualidades biopsicossociais tornam os procedimentos

médicos tarefa difícil de medir, somente focalizando estrutura e

processo, argumentam alguns, seria possível fazer melhorias

importantes no atendimento pois estes tópicos são interdependentes

ou partes complementares ou ainda como reforça W. E. Deming

(1990) subprocessos contribuindo para o processo final representado

pela prestação adequada de serviços de saúde ao paciente, à

comunidade dependente deste serviço e ao agente financiador.

Segundo Mirshawka (1994) quando a atenção é excessiva não

resulta em melhor qualidade mas em maiores custos. O excesso de

atenção só é mais caro e não corresponde ao aumento da qualidade,

constituindo desperdício. Exemplo a distribuição de souvenir útil para

encarecer o tratamento em nada contribuindo para a melhoria da saúde

do paciente. Os hospitais com construções luxuosas mais voltadas para

Page 80: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

o setor de hotelaria são acessórios, mas em alguns está se tornando o

objetivo principal e o atendimento clínico ao paciente fica esquecido.

3. OS CLIENTES DO HOSPITAL

A definição do cliente para um hospital é importante, porém

nem sempre fácil como parece. Nogueira (1994) mostra no esquema

abaixo, os clientes mais comuns em hospitais e sua diversidade:

Além dos hospitais, muitos serão clientes das unidades

hemoterápicas: médicos, pacientes, convênios, órgãos públicos,

institutos de pesquisas, laboratórios produtores de hemoderivados e

outros.

3.1. Problemas dos Executivos de Serviços de Saúde

Os executivos de saúde têm problemas como:

custos elevados e crescentes preocupando os administradores

com a sobrevivência da Instituição sobrando pouco tempo para o

planejamento e a qualidade;

trabalho ininterrupto: 365 dias por ano, 24 horas por dia, não

podendo dar férias coletivas ou emendar feriados, tornando o horário de

trabalho inconveniente para a maioria dos profissionais;

PACIENTES

MÉDICOS

FONTES PAGADORAS

CLIENTE

DO

HOSPITAL

FAMILIARES

FUNCIONÁRIOS

COMUNIDADE

Page 81: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

baixo envolvimento de pessoas nos objetivos do hospital, devido

à baixa remuneração, os profissionais necessitam vínculo com várias

instituições dificultando o comprometimento com qualquer uma;

alta taxa de rotatividade do pessoal pela busca de melhores

salários dificultando o treinamento e a integração da equipe;

acelerada renovação tecnológica, tornando obsoletos os

equipamentos a curto prazo, exigindo constantes investimentos em

equipamentos e treinamento;

inadequada política de remuneração dos serviços transformando

os administradores em pedintes de órgãos públicos;

concorrência de outros sistemas de atendimento, home care, hospital

dia tornando a internação mais curta e menos custosa; e

falta de melhor qualificação: pela falta de recursos materiais e

capital humano, a Instituição de saúde deixa de treinar adequadamente seus

profissionais com influência direta no atendimento dos pacientes (clientes). O

maior nível crítico de exigência dos pacientes quanto à qualidade dos

serviços está ligado ao crescimento do nível cultural da população e pela

maior cobertura da imprensa. A conseqüência de qualquer ocorrência

envolvendo o nosocômio traz ampla repercussão na mídia.

De acordo com Mirshawka (1994) a situação é mais grave nos

hospitais cujos diretores são nomeados por critérios políticos e não pela

competência, dos quais não se exige dedicação à função em tempo integral,

lógica e necessária ficando a Instituição gerenciada por pessoas de confiança,

nem sempre as mais competentes, geralmente leais ou convenientes

independente do conhecimento técnico.

Page 82: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

4. AS FERRAMENTAS DA QUALIDADE NA SAÚDE

As organizações interessadas na implementação da qualidade

possuem pontos em comum, segundo Brossard (1996) resumidos na

melhoria da qualidade pela remoção das causas de problemas nos

sistemas, levando inevitavelmente ao aumento da produtividade.

As pessoas executando as tarefas têm mais conhecimento

sobre elas quando comparadas com outro membro da organização,

por isto, suas opiniões podem ser levadas em consideração em

qualquer programa de qualidade bem elaborado.

Os funcionários querem se envolver e executar bem as tarefas:

possuem interesse num trabalho produzido da melhor forma possível

e se sentem valorizados. Para melhorar um sistema deve-se trabalhar

em conjunto e usar técnicas gráficas, porque um processo

estruturado produz melhores resultados em relação ao desordenado.

As Técnicas Gráficas de Solução de Problemas – TGSP ajudam a

encontrar as variações, a importância relativa do problema a ser

resolvido e se as mudanças efetuadas têm tido o impacto desejado. A

relação antagônica entre operadores e gerentes é contraproducente e

está superada em função de possuírem os mesmos objetivos: o bom

atendimento aos clientes (pacientes). Toda organização tem “pedras

preciosas” desconhecidas esperando ser “lapidadas” e quando bem

utilizadas pela administração poderão aumentar a qualidade e os

resultados econômicos da organização. Segundo Nogueira (1994)

para se conseguir realizar bem uma tarefa, duas coisas são

fundamentais: saber exatamente aquilo a ser feito e ter os meios para

executá-lo. Devemos implantar programa das qualidade com cuidado

utilizando técnicas e ferramentas adequadas. Existem várias

Page 83: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

ferramentas da qualidade; escolhemos oito, por serem as mais

citadas pela maioria dos autores e entendê-las mais importantes,

conforme veremos a seguir.

4.1. Fluxograma – ferramenta adequada, quando se necessita

identificar o fluxo atual ou de idéias e acompanhamento de qualquer

produto ou serviço, objetivando identificar desvios, constitui uma

representação gráfica para mostrar os passos de um processo. O

fluxograma apresenta uma excelente visão do operacional pode ser útil

para verificar como os passos deste processo se inter-relacionam e

utiliza símbolos facilmente reconhecidos para representar cada etapa do

processo.

Pelo estudo destes gráficos descobriremos eventuais lapsos. O

fluxograma pode ser aplicado em qualquer caso como o percurso de

uma fatura, um fluxo de medicamentos, serviços ou passos para

marcação de um procedimento cirúrgico.

4.2. Estratificação – divisão de um problema em várias partes

de forma a conhecê-lo e analisá-lo melhor, exemplo absenteísmo por

Início

Fases do processo

Decisão

Fim

Page 84: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

departamento e não absenteísmo total.Segundo Brossard (1996) a

estratificação é muitas vezes usada para analisar dados e pesquisar

oportunidades de melhoria; ajuda na análise dos casos cujos dados

mascaram fatos reais e geralmente ocorre quando dados registrados

provém de diferentes fontes e são tratados de maneira semelhante.

Exemplo: números de faltas totais do hospital e de faltas por

especialidade.Para Nogueira (1994) estratificação é uma forma de se

enxergar uma situação sob vários ângulos identificando diversas

partes do todo ou subgrupos dentro do grupo maior e o primeiro

passo para a solução de um problema é identificá-lo corretamente.

Quando queremos identificar o problema do grande número de

adiamentos de transfusões como verificar vários extratos, forma de

agrupar os dados tornando nossas informações mais significativas:

por dia da semana; especialidade, equipe médica, tempo marcado e

outros. Estudos participativos escutando as equipes facilitará a

avaliação das causas de adiamento das transfusões e ajudariam a

encontrar soluções para o problema.

Para estudar as faltas ao trabalho de uma Unidade Hospitalar é

conveniente dividi-las por departamento ou turno tentando descobrir

onde se encontra o problema.

4.3. Diagrama de Causa e Efeito – mostrar as causas com

diversos níveis de detalhamento para provocar um efeito determinado

e é possível agrupá-las por categorias contribuindo para o problema

ser entendido com maior facilidade, na área de serviços as mais

freqüentes podem ser agrupadas em categorias: pessoas, métodos,

equipamentos e materiais não se limitando estas e se outras surgirem

Page 85: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

na análise do problema devem ser consideradas. Esta ferramenta é

chamada de Diagrama de ISHIKAWA, o primeiro a utilizá-la ou

Espinha de Peixe pelo seu formato.

Segundo Brossard (1996) o Diagrama de Causa e Efeito foi

desenvolvido para representar a relação entre o efeito e todas as

possibilidades de “causa” capazes de contribuir para tal efeito.A analogia

com o tratamento médico é perfeita; não se concentrará na febre (efeito) se

descobrirmos e combatermos a sua razão (causa). Vejamos a seguir um

exemplo de diagrama de causa e efeito:

Atendimento Falta Roupa

na Enfermaria Adequada

Atraso Cirurgião Falta Instrumental

Atraso Enfermeira

Cirurgias de Emergência Alta Freqüência

de atrasos das Cirurgias

Demora para chegar ao Comunicação sala não

bloco de exames Inadequada preparada

Paciente não preparado Exames sala ocupada

incompletos Estimativa de duração

Inadequada de Cirurgia anterior

PACIENTE AMBIENTE

MATERIAL

PESSOAL

Page 86: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

4.4. Gráfico de Pareto – Vilfredo Pareto estudou a

distribuição da riqueza na Itália e mostrou um pequeno número de

pessoas detendo a maior parte dela. Mais tarde, tomando como base

os estudos de Pareto, J. M. Juran enunciou o Princípio de Pareto:

quando um grande número de causas contribui para determinado

efeito poucas destas causas são as responsáveis pela maior parte do

efeito, também conhecido como “20-80” ou seja, um pequeno número

de causas colabora com grande parte dos resultados.

A grande utilidade do Gráfico de Pareto é dividir as causas

entre as mais importantes realmente causadoras de grande impacto

no resultado do processo e as secundárias com pequeno impacto nos

resultados.

O Diagrama de Pareto é utilizado para priorizar os problemas

indicando em quais a administração deve se concentrar.

Pode-se exemplificar pesquisando as principais causas dos

problemas numa unidade hospitalar deve-se levantar estes problemas

de forma contínua para acompanhar o progresso da qualidade.

Exemplo: GRÁFICO DE PARETO

1) Falta de pessoal treinado

2) Demora no atendimento ao

paciente

3) Falta de material

4) Equipamentos danificados

5) Falta de espaço adequado

6) Equipe desmotivada

1 2 3 4 5 6

Page 87: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

4.5. Diagrama de Dispersão ou Diagrama de Correlação

permite estatisticamente observar se duas variáveis são relacionadas

ou ocorrem independentemente e a correlação existe quando uma

variável influencia outra podendo ser positiva ou negativa.

a) Positiva: os valores de uma variável aumentam quando a

outra aumenta. Exemplo: número de consultas com o faturamento;

b) Negativa: uma aumenta quando a outra diminui. Exemplo:

tempo de espera para consulta e número de médicos.

Numa unidade hospitalar correlação positiva poderia acontecer quando

ante o número de atendimentos ou consultas e o faturamento quanto maior o

número de consultas maior será o faturamento.

Exemplo: DIAGRAMA DE DISPERSÃO OU DIAGRAMA DE

CORRELAÇÃO

F

A

T

U

R

A

M

E

N

T

O

Número de atendimentos ou consultas

Page 88: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

4.6. Folha de Verificação – folha de papel onde as

dimensões a serem estudadas sobre determinado assunto estão

impressas, fáceis de anotar e sua finalidade é coletar os dados de

forma organizada facilitando o estudo, posterior análise e correção

das falhas e seu acompanhamento.

OCORRÊNCIA VERIFICAÇÃO MENSAL TOTAL

Atraso técnico 6

Atraso preparação do

paciente 15

sala ocupada 8

falta de equipamentos -------

60

falta de material esterilizado 16

Outros 10

TOTAL 115

4.7. Carta de Tendência – representa dados visualmente;

utilizada para monitorar um sistema e observar, ao longo do tempo,

alterações na média esperada. É comum sua utilização em

ocorrências, como: quebra de aparelhos, produção, refugo e para

fazer possíveis ocorrências quando as atuais condições se

mantiverem.

4.8. Benchmarking – Maximiano (2000) define: “técnica de

comparar e procurar imitar as organizações, concorrentes ou não do mesmo

ramo de negócios ou de outros fazendo algo de maneira particularmente bem-

Page 89: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

feita e cuja essência é a busca das melhores práticas da administração como

forma de ganhar vantagens competitivas”.

Prática pouco difundida no País e especialmente na área da saúde por

predominarem empresas de pequeno porte, em função de poucos dados e

relatos sobre a administração interna, medo ou vaidade de estar copiando

alguém e não criando nada de novo contribuindo para aumentar as

dificuldades de desenvolvimento do setor.

É mais raro copiar modelos de fora do sistema de saúde o atraso da

administração das organizações de saúde em relação aos outros setores como

os de tecnologia de ponta e da hospitalar estas práticas deveriam ser

incorporadas com maior rapidez.

O benchmarking é importante porque ajuda as empresas a formularem

os objetivos para os programas de melhoria contínua.

De acordo com Davenport (1994) “na medida da capacidade das

empresas a de buscarem externamente formas alternativas de processos de

planejamento, o benchmarking pode ajudar a romper a tendência ao enfoque

interno da empresa e olhar mais para as ocorrências à sua volta”. Para o

progresso da Administração Hospitalar aconselha-se verificar quais técnicas

dão resultados em outras organizações e adaptá-las contribuindo para seu

desenvolvimento.

5. INDICADORES DA QUALIDADE

De acordo com Gil (1993), o indicador da qualidade é o termômetro

capaz de permitir à alta administração e aos acionistas auscultar o diálogo e o

Page 90: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

ambiente externo da empresa, particularmente o exercido entre as linhas de

negócios e seus clientes consumidores.

Há uma relação entre a qualidade e a produtividade, quanto maior a

qualidade maior a produtividade e quanto menor a qualidade menor a

produtividade, quando a administração espera resultados a curto prazo corre

sério risco de perda da qualidade por falta de tempo suficiente para o

programa amadurecer e mostrar os resultados.

Esta relação é mostrada por Deming no esquema:

Para Bittar (1997), a produtividade é a relação entre a produção

(paciente-dia, consulta de ambulatórios e emergência, no de exames,

refeições elaboradas, no de quilos de roupas lavadas, pacotes

esterilizados, atendimentos preditivos e corretivos de manutenção)

Os custos diminuem em função de

retrabalho, erros, atrasos e

dificuldades; melhor uso de máquinas e

materiais

Melhoria da Qualidade

Melhoria da Produtividade

Permanência nos negócios

Geração de novos

empregos

Maior participação no mercado com

melhor qualidade e

preços menores

Page 91: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

dividida pelo número de funcionários de cada área permitindo-nos

verificar a produção de cada funcionário ou da equipe.

Segundo Robles (1994) “no acompanhamento de produção, sob a ótica

da qualidade, um dos passos mais importantes é o da definição e

questionamento contínuo dos pontos de controle, quanto antes for descoberta

uma potencial unidade defeituosa, maiores são as chances de recuperá-la e

menores os custos perdidos no processamento e menor o custo das falhas”.

Os indicadores da qualidade devem ser construídos de acordo com os

objetivos/interesses dos consumidores, muitas vezes, desconhecidos pelo

usuário. Devido a grande complexidade dos serviços de saúde a geração dos

indicadores de qualidade é atividade importante do responsável pela

qualidade. (Gil 1993).

A forma efetiva da definição dos indicadores da qualidade e a

do acompanhamento de seu ciclo de vida se dá por comitês formados

pelos usuários e coordenadores da qualidade empresarial.

De acordo com Gil (1993) os indicadores da qualidade também têm o

seu ciclo de vida, necessitando periodicamente ser reformulados,

substituídos, aperfeiçoados ou eliminados porque novas tecnologias,

processos, equipamentos e técnicas são incorporados ao tratamento dos

pacientes.Os custos dos fatores contribuintes dos produtos e serviços sofrem

alterações não sendo diferente na área hospitalar e hemoterápica, os

parâmetros mudam, novos serviços surgem porque é um fator importante

hoje e amanhã pode não sê-lo.

5.1. Indicadores de qualidade na saúde – Donabedian

(1969) identifica sete atributos para definir a qualidade do

Page 92: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

atendimento em saúde com o objetivo de delimitar e apresentar

perspectivas a serem consideradas simultaneamente para se avaliar

a qualidade em saúde e são: eficácia, efetividade, eficiência,

otimização, aceitação, legitimação e eqüidade.

Efetividade – resultado obtido no processo do trabalho quando

comparado ao estado da arte: “eficácia”. Na avaliação da qualidade

em saúde este atributo pode ser definido como o grau de melhoria na

saúde do objeto de avaliação quando comparado com os níveis

especificados como eficazes, os melhores possíveis com o uso da

tecnologia mais avançada.

Resultado Real Obtido

Resultado Ideal (Eficácia)

Eficácia – estado da arte, o melhor a ser feito nas condições

mais favoráveis para cada realidade, para determiná-la deve-se

realizar uma avaliação tecnológica, no sentido mais amplo da palavra,

em busca do “estado da arte”. Este atributo faz mais sentido quando

avaliado com os outros seis a seguir. Bittar (1996) a define como “o

índice de eficácia se refere ao máximo de benefícios concebíveis de

cuidados realizáveis” e para Perez (2000) eficácia é o grau de

satisfação das expectativas de resultado é o cumprimento da missão.

Benefícios realizáveis X 100

Máximo de benefícios concebíveis

Eficiência – habilidade de obter o melhor resultado com o

menor custo. Embora não haja dúvida para o entendimento deste

atributo, Donabedian analisa a polêmica entre os profissionais de

saúde: se o custo deve ser um atributo da qualidade na saúde ou não

e embora um procedimento desnecessário, mesmo de alto custo, não

Efetividade =

Índice de eficácia =

Page 93: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

interfere no alcance da eficácia (melhora máxima da saúde), por si,

representa incompetência, falta de cuidado e irresponsabilidade

social, tornando difícil não considerar o seu custo como algo sem

relação com a qualidade. Segundo Perez (2000): “fazer bem feito

alguma coisa, fazer adequadamente um trabalho”.

Resultado Real Obtido

Custo do Atendimento

Otimização – busca identificar a melhor qualidade de

procedimentos relativamente de menor custo para obter a efetividade

máxima por unidade de custo e embora possamos adicionar mais

procedimentos ao atendimento parecendo úteis e os benefícios

adicionais podendo ser negativamente desproporcionais em relação

ao custo reduzindo os níveis de eficiência.

Donabedian apresenta uma analogia à curva decrescente da

Teoria Microeconômica onde um recurso marginal acrescentado ao

processo traria um ganho cada vez menor até chegar a um ponto

onde os ganhos com o recurso marginal passam a ser negativos. A

otimização é um ponto ótimo e especifica onde a maior quantidade de

benefícios é obtida ao menor custo: o ponto de maior valor na curva

de eficiência de um dado objeto de avaliação e a otimização

equivaleria a fornecer o melhor atendimento com o menor dispêndio.

Aceitação – grau de adequação do atendimento aos desejos,

necessidades e expectativas do cliente. Embora possamos

argumentar se a aceitação é dependente da eficácia, efetividade e

eficiência, de acordo com Bittar (1997) percebe-se outros aspectos

importantes:

Eficiência =

Page 94: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

“aceno ao atendimento (disponibilidade, conveniência e

oportunidade);

relacionamento do profissional com o paciente

(consideração, respeito, explanação, direito à participação, empatia e

outros);

amenidades: itens no ambiente do atendimento tornando-

o mais agradável, conveniente e confortável;

preferências do paciente em relação à efetividade do

atendimento (as conseqüências dos atendimentos devem ser

avaliadas pelo paciente, tendo como perspectivas background e

expectativas, conseqüentemente uma ação considerada o melhor por

um paciente pode diferir de outro e ambos serem diferentes do

julgado melhor pelo médico; e

preferências do paciente em relação ao custo do

atendimento (percepção do valor econômico do tratamento pelo

paciente)”.

Legitimidade – aceitação do atendimento pela comunidade ou

pela sociedade. O atendimento considerado melhor para um paciente

não o será para a sociedade em função de aspectos ponderáveis em

nível comunitário, com recursos escassos vale a pena continuar

tratamento caro como a hemodiálise em paciente sem possibilidade

de cura ou investir em doenças com tratamento mais simples e

barato, atingindo uma população maior e geralmente carente como a

tuberculose? Surge um problema ético e quem vai decidir onde

investir?

Page 95: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Eqüidade – determina o justo quanto à distribuição de

benefícios entre os membros de uma população, torna o atendimento

aceitável pela população e legitima os aspectos abaixo: O quê as

pessoas consideram justo? Muitos pacientes ficam satisfeitos

simplesmente com o atendimento, porque, para uma parcela da

população carente, muitas vezes, é difícil chegar até o local do

atendimento. O quê a sociedade considera justo? No Brasil os

investimentos públicos estão muito aquém do necessário, os gastos

com juros superam, em muito, os investimentos em saúde além de

investirmos pouco em prevenção (saneamento básico, água tratada,

controle da poluição e outros).

Distribuição do acesso ao atendimento subseqüente e suas

conseqüências. Segundo Donabedian (1969) o princípio da

qualidade é relacionado com o compromisso moral para assegurar a

todos acesso ao atendimento com maior eficácia.

AS NORMAS DA SÉRIE ISO 9000

Há várias normas de certificação mas nos ateremos a Norma

Série ISO 9000 por ser a mais difundida no mercado empresarial é a

mais conhecida internacionalmente.

1) ORIGEM DA NORMA ISO 9000

De acordo com Arnold durante a Segunda Guerra Mundial,

muitos países (inclusive os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a

França) se aliaram para deter a marcha da Alemanha, da Itália e do

Japão. A grande diferença entre os soldados, embora lutassem lado a

lado, provocou inúmeros problemas. Os países aliados não apenas

Page 96: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

tinham a língua, o costume e a crença religiosa diferentes como um

problema a enfrentar e também a forma como utilizavam munição,

veículos e unidades de medidas diferentes. Estas discrepâncias

tornavam os suprimentos (balas, por exemplo) não compartilháveis

pelas forças lutando do mesmo lado.

Para impedir esta incompatibilidade de componentes de tornar

problema criaram-se as primeiras normas militares. A indústria

entendeu o mérito da normatização técnica e seguiu o exemplo das

forças armadas; as indústrias de cada País desenvolveram suas

normas.

Evolução das Normas

ANO NORMA FONTE

1963 MIL-Q-9858a Exército dos EUA

1969 AQAP OTAN

1971 ASME Boiler Code American Society of Mechanical

Engineers

1973 Defstan 05 Reino Unido

1973 API14A American Petroleum Inst.

1975 CSA Z299 Norma Canadense

1975 AS 1821/22/23 Norma Australiana

1979 BS 5750 Norma Britânica

1985 API Q1 American Petroleum Institute

Muitas das normas atualmente aplicadas incluindo a Série ISO

9000 descendem das primeiras. Um elemento comum às normas

militares, da indústria do petróleo e governamentais foi à inspeção

opressiva objetivando o produto final e não processo utilizado em sua

fabricação. As normas tentaram adaptar todos ao mesmo padrão com

um exército de inspetores examinando o trabalho do pessoal. Durante

as décadas de 1970 e 1980, a ciência do controle da qualidade

Page 97: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

evoluiu, passando de organizações reativas (dominadas pela

inspeção) para organizações proativas (orientadas para o sistema). O

foco mudou do resultado final (o produto) e concentrou-se no

processo de fabricação do produto. A teoria para justificar a mudança

era: se o processo utilizado para produzir o produto fosse

desenvolvido e mantido adequadamente, o produto seria compatível

e a qualidade melhorada. Esta teoria foi desenvolvida por líderes da

qualidade como Juran, Deming, Crosby e Feigenbaun e o caminho da

industrialização assumido pelo Japão em seus esforços para tornar-

se potência industrial.

Um dos principais problemas durante a implementação da ISO

9000 foi o desperdício de tempo discutindo a sua validade achando

ser o requisito de controle de projeto capaz de matar a criatividade

dos engenheiros industriais. A norma está buscando acima do

necessário para nossos produtos? Isto parece válido até ser

entendido. Ela apenas pede serem as boas práticas da engenharia

observadas? Qual setor da engenharia não é válido? Após horas de

discussão, descobriu-se quando a ISO 9000 foi finalmente entendida:

cada elemento era válido e fazia sentido.

A norma ISO 9000 é conceitual permitindo ao técnico ou leitor

determinar a melhor forma de implementação e como não é receita

com regras rígidas de implementação está aberta a potenciais erros

de aplicação exigindo conhecimentos técnicos de quem o for

implementar e um adequado planejamento para dar tudo certo.

A norma ISO 9000 consiste em vinte requisitos completando o

Sistema da Qualidade distribuídos em três categorias baseadas na

Page 98: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

implementação de atividades e divididos quanto a responsabilidade

pela sua elaboração e manutenção da forma abaixo:

A) Atividade da Gerência

Responsabilidade da gerência - Sistema da qualidade

B) Atividades Gerais da Empresa

Controle de Documentos - Identificação e Rastreabilidade do

Produto - Situação da Inspeção e Ensaios - Controle de Produtos

Não-conformes - Ação Corretiva - Registros da Qualidade - Auditorias

internas da Qualidade - Treinamento

C) Requisitos Específicos

Análise Crítica de Contrato - Controle de Projeto – Aquisição -

Produto Fornecido pelo Comprador - Controle de Processo - Inspeção

e Ensaios - Equipamentos de Inspeção, Medição e Ensaios -

Manuseio, Armazenamento, Embalagem e Expedição - Assistência

Técnica -Técnicas Estatísticas.

2) RESPONSABILIDADE E ORGANIZAÇÃO DA

ADMINISTRAÇÃO

Na implementação da qualidade, o processo administrativo

abrange a responsabilidade pela administração e sua atribuição

principal é fornecer direção e visão para o resto da empresa. A visão

e a dedicação à qualidade devem ser expressas por política da

qualidade e dos objetivos, fornecimento dos recursos e condições

políticas para a sua implementação e incentivando os colaboradores.

A administração deve definir responsabilidades e níveis de

autoridade e fornecer recursos e capital humano para desempenho

das funções necessárias na organização, apresentar um sistema

Page 99: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

parade possibilitar produção de alta qualidade e a alta gerência

deverá analisar para se certificar de sua eficácia e o estágio de

implementação.

A conformidade pressupõe clareza e o cliente definirá

precisamente a especificação da qualidade e uma organização

assegura sua excelência por um adequado Sistema de Gestão da

Qualidade. A ISO 8402:1994 define a Gestão da Qualidade como “as

atividades da função gerencial para determinar a política da

qualidade, os objetivos e as responsabilidades e os implementam por

meios como planejamento da qualidade, controle da qualidade,

garantia e melhoria da qualidade dentro do Sistema da Qualidade”e

ao estabelecê-lo uma organização deve por em prática: objetivos,

processos, procedimentos e responsabilidades definidas. Devem ser

estabelecidos: os requisitos de treinamento juntamente com a

definição de padrões de desempenho e uma sistemática de

monitoração e análise crítica para assegurar ao sistema de gestão da

qualidade permanecer “vivo” e dinâmico.

Objetivos definidos, por exemplo, diminuição das falhas em

10% em relação ao ano anterior, da reclamação dos clientes em 20%,

do período médio de processamento dos pedidos para um dia. O

Gerente de Compras é responsável pela aprovação das aquisições

de materiais e equipamentos, cabendo ao Diretor Financeiro ratificar

o pedido.

Monitoração ou acompanhamento para verificar os resultados

até aquele momento, se não foram os planejados, analisar o porquê e

planejar novamente para alcançar os resultados esperados.Quando

um sistema funciona adequadamente surgem inúmeros benefícios

Page 100: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

para a empresa como a melhoria no planejamento do negócio,

aumento na conscientização para a qualidade ao longo do tempo e

através da organização, melhoria na comunicação e outros,

resultando em aumento da satisfação do cliente. A evidência disto

pode ser vista nas pesquisas realizadas em firmas com o documento

de certificação do Sistema da Qualidade resultando em maior controle

das atividades da organização em todos os níveis. Quando o sistema

de Gestão da Qualidade atender aos requisitos da norma ISO 9001

ou ISO 9002 poderá ser certificado por um organismo credenciado

pela melhoria no planejamento, aumento da satisfação do cliente,

diminuição de custos, maior controle e certificação.

A norma ISO 9001 é aplicada em organização envolvida em

algum projeto original de produto, serviço ou pesquisa e

desenvolvimento. A ISO 9002 se aplica quando a empresa trabalha

de acordo com projetos estabelecidos, internos ou fornecidos pelo

cliente.

A ISO 9003 é apropriada a uma companhia trabalhando com

um simples sistema de inspeção e teste no estágio final.

Exemplos de responsabilidades administrativas:

comprometimento sincero com a qualidade e com o

Sistema da Qualidade;

declaração por escrito da política referente aos negócios

da organização assinada pelo Diretor Executivo da

Organização;

política compreendida e implementada em todos os

níveis;

autoridades e responsabilidades definidas;

Page 101: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

recursos de verificação adequados; e

indicação do representante da administração, ligando a

administração ao conjunto de colaboradores.

3) SISTEMA DA QUALIDADE

O Sistema da Qualidade representa a estrutura da empresa,

sua côncepção, organização e implementação. A certificação é

baseada na documentação totalmente provida dos documentos

pertinentes e implementada; contendo o Manual da Qualidade; a

documentação da preparação de Planos da Qualidade; identificação

e aquisição de controles, processos, equipamentos, recursos e

habilidades.

4) ANÁLISE CRÍTICA DE CONTRATO

O fornecedor deve manter procedimentos para a análise crítica

de contrato certificando-se de poder cumprir o estabelecido e certeza

de entregar o produto ou serviço no prazo e na qualidade prometida.

Resumindo, a análise crítica de contrato compõe os elementos:

requisitos do cliente por escrito, de comum acordo;

requisitos do cliente processados de forma e precisa;

requisitos do cliente analisados e registrados; e

alterações do contrato analisado por autoridade.

5) CONTROLE DE PROJETO

O controle de projeto é apenas parte da norma ISO 9001, não

sendo incorporado na norma ISO 9002, principalmente porque a

prestação de serviços, na maioria das vezes, não possui projetos

adequados.

Page 102: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

O fornecedor deve estabelecer e manter procedimentos para

controlar e verificar o projeto do produto assegurando o cumprimento

dos requisitos especificados e, na elaboração do projeto, a Instituição

deve se certificar do cumprimento das fases:

planejamento e programação das funções de projeto e

desenvolvimento;

designação de equipe qualificada dispondo de recursos

adequados;

controle sobre interfaces técnicas e organizacionais;

garantia de projetos analisados criticamente, verificados e

validados nas etapas apropriadas;

controle das alterações e modificações no projeto;

se a qualidade está sendo incluída na fase do projeto; e

se está garantida uma transição suave da prancheta de

desenho até o produto.

A identificação das alterações do projeto devem ser

documentadas e as alterações passarão pelo mesmo nível de revisão

e análise crítica do projeto original.

6) CONTROLE DE DOCUMENTOS E DADOS

Requisito importante, principalmente nas empresas brasileiras

sem o hábito de manter a documentação em ordem e organizada de

forma a ser verificada, encontrada com facilidade no lugar adequado.

A maioria das empresas dispõe de algum tipo de sistema para

coleta, armazenamento, recuperação e análise crítica da

documentação da qualidade, entretanto, falham ao esclarecer quais e

Page 103: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

como os documentos devem ser listados, controlados e considerados

registro da qualidade na escolha dos documentos da qualidade.

Os Auditores verificarão nas Auditorias da Qualidade se:

a pessoa certa está utilizando corretamente os

documentos apropriados à realização das funções

atribuídas;

a disponibilidade ou o acesso a tais documentos é

imediato;

os documentos apresentam a situação das revisões

realizadas e quando aplicáveis suas aprovações; e

controle sobre alterações nos documentos, incluindo os

de origem externa, como bulas, instruções de uso, contra-

indicações e outros.

Exemplos de documentos da qualidade requerendo controles:

desenhos, especificações de produtos ou serviços, plantas,

instruções para inspeções, procedimentos de ensaio, instruções de

trabalho chamados de Procedimentos Operacionais Padrão (POP),

Folhas de Operação, o Manual da Qualidade e Procedimentos de

Garantia da Qualidade. Os documentos estando preparados,

aprovados e editados, a próxima tarefa é mantê-los atualizados. A

empresa deverá ter um método documentado para atualizar, analisar

e aprovar atualizações de documentos anteriores à reedição,

devendo ser assinados.

7) AQUISIÇÃO

O elemento aquisição está relacionado, objetivando a análise

crítica de contrato. O pedido de compra emitido por um fornecedor é

Page 104: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

um contrato e deverá cumprir as exigências da proposta ou do

contrato e a diferença é a emissão pela empresa ao invés de aceitar o

contrato.

Este elemento requer um sistema capaz de assegurar os

requisitos do pedido de compra compreendidos pela empresa e pelo

fornecedor antes da liberação da ordem e a seleção de fornecedores

e subcontratados devendo fornecer produtos/serviços consistentes

com qualidade aceitável.

Pedidos de compras deverão conter os detalhes para garantir

serem produtos ou serviços adquiridos corretamente na primeira vez,

obrigando-se à empresa possuir cadastro atualizado de fornecedores.

8) CONTROLE DE PRODUTO FORNECIDO PELO

CLIENTE

Em muitas empresas, este elemento parece estranho e nada

representa e se refere a forma como as peças fornecidas por um

cliente são entregues e incorporadas ao produto final do mesmo

cliente e não é uma ocorrência normal e comum no âmbito da

atividade industrial. Quando o cliente fornece itens a serem

incorporados no produto, deve-se ter vários cuidados, como:

1) a empresa deve verificar a aceitabilidade pelo comprador;

2) o armazenamento de forma a evitar dano ou deterioração

durante o tempo de estocagem; e

3) a manutenção do produto durante sua permanência no

estoque deverá ser definida e acompanhada para evitar deterioração.

9) IDENTIFICAÇÃO E RASTREABILIDADE DO PRODUTO

Page 105: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Este elemento trata de duas questões diferentes e separadas

(1) a identificação do produto e (2) rastreabilidade do produto: sua

aplicação é restrita a instituições trabalhando com produtos físicos

não sendo aplicável para aquelas atuando com serviços ou

informações, exemplo hospitais.

Identificação de produto em termos de lote, grupo, tipo, classe e

outros para garantir o não processamento e expedição de produtos

errados e se a rastreabilidade é especificada por razões de

segurança.

10) CONTROLE DE PROCESSO

Este requisito se refere especificamente às atividades visando

um produto em vias de fabricação; dependendo da empresa, o

controle do processo constará de atividades diferentes e especiais de

acordo com a natureza do produto. Numa metalúrgica, o controle do

processo pode estar relacionado a atividades do tipo material de

recorte, dobramento, soldagem, rebitamento, esmerilhamento e

pintura, controladas para garantir a qualidade.

Procedimentos documentados para as operações de

procedimentos, quando sua ausência puder afetar

adversamente a qualidade.

As atividades desenvolvidas compõem-se de três fases

devendo a empresa:

1) identificar os processos usados na produção e, quando

aplicável à instalação do produto;

2) planejar os processos e a instalação utilizada na

produção; e

Page 106: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

3) assegurar a execução dos processos sob condições

controladas garantindo a qualidade do produto final.

Condições controladas significam procedimentos com:

1) instruções de trabalho documentadas definindo a forma

de produção e as instalações quando, na ausência de tais instruções,

a qualidade do produto for afetada negativamente, equipamentos de

produção e instalação adequados, ambiente de trabalho adequado e

o produto atender às normas/códigos e planos da qualidade;

2) monitorização das características de processos e produto

durante a produção e instalação;

3) aprovação dos processos e equipamento; e

4) padrões de qualidade de trabalho, de forma escrita ou por

amostras representativas.

A documentação para demonstrar o controle de processos

para a regulagem de linha de montagem, pode incluir:

1. Gráficos do controle estatístico de processo;

2. Instruções de trabalho detalhadas;

3. Relatórios de inspeção;

4. Gráficos de processos variáveis;

5. Relatórios de inspeção da primeira a última peça;

6. Procedimentos escritos; e

7. Padrões de qualidade detalhados.

11) INSPEÇÃO E ENSAIOS

A qualidade não pode ser verificada na inspeção de uma peça

devendo ser construída na peça e ao realizar a inspeção, esta deve

Page 107: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

reunir dados para uma abordagem proativa a fim de solucionar o

problema, não sendo usada para identificar a não-conformidade de

um produto; pois sua finalidade é reunir dados necessários para a

identificar a causa básica de um problema, apurar e monitorar a

solução.

Para verificar a conformidade das matérias-primas, produtos em

processamento ou acabados deve-se inspecioná-los, ensaiá-los e

compará-los com as especificações ou critérios definidos. O nível de

inspeção no recebimento dependerá da confiança no fornecedor.

Responsabilidade do inspetor ao receber um lote de peças. Verificar:

1) o número de peças;

2) identificação do material;

3) dimensões da mecânica dentro de limites de tolerância;

4) propriedades físicas (resistência, tratamento térmico);

5) pintura (cor, viscosidade, área abrangida);

6) identificação do número do lote e da série;

7) ajuste (compatibilidade da montagem);

8) roscas perfeitas; e

9) revisão do desenho.

12) CONTROLE DE EQUIPAMENTOS DE INSPEÇÃO,

MEDIÇÃO E ENSAIOS

Nas indústrias deve ser usada a instrumentalização

especializada de medidas de precisão para aferir a aceitabilidade do

produto, variando de uma fita métrica para inspecionar o comprimento

de uma viga a um dispositivo medidor da oscilação na potência

elétrica, em microvolts. Para cada tipo de equipamento de inspeção,

Page 108: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

medição e ensaios será indicado um método para assegurar a

exatidão das medições. A calibragem exata do medidor será

determinada pela precisão exigida pelas medidas e definida por um

programa de calibração.

Os equipamentos deverão ter a precisão necessária e serem

adequados aos objetivos pretendidos incluindo balanças de

produção, gabaritos, dispositivos e padrões.

Procedimentos e calibração necessários:

1. rastrear a calibração identificada em todos os

equipamentos;

2. verificar o produto medido/ensaiado quando se constatar

estar o instrumento impreciso;

3. manter registros completos da calibração para a

freqüência de calibração poder ser revisada; e

4. enviar o equipamento de inspeção, medição e ensaios

para um laboratório de calibração e solicitar sua

calibração sem fornecer as informações especificas não

atende aos requisitos da norma, não significando dever o

laboratório ser orientado para calibrar o equipamento de

acordo com norma ou procedimento e critério específicos

de aceitação. O segredo de um programa de calibração

aprovado é a empresa tomar decisões sobre como

orientar o processo. Exemplo: definindo limites.

13) SITUAÇÃO DE INSPEÇÃO E ENSAIOS

O objetivo é assegurar a identificação do produto inspecionado

e conforme pronto para ser entregue ao cliente ou não-conforme. A

Page 109: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

prática empresarial requer a identificação do produto em todos os

estágios da produção permitindo ao operário determinar se a peça foi

inspecionada, aprovada ou não. Para um produto ser despachado,

utilizado ou instalado, deve-se ter a garantia de sua passagem pelos

ensaios e inspeções requeridos e os procedimentos garantirem os

produtos submetidos a ensaios e inspeções requeridos sejam

despachados, utilizados ou instalados.

14) CONTROLE DE PRODUTOS NÃO CONFORME

Indica o procedimento correto para identificar, segregar, dispor

e documentar o produto não-conforme com o objetivo de impedir o

acesso do produto rejeitado ao cliente.

O controle de produto não-conforme deve incluir:

1) identificação;

2) documentação do tipo e a extensão da não-conformidade;

3) avaliação;

4) segregação (quando necessário);

5) disposição do produto não-conforme (destino);

6) notificação das funções apropriadas (superiores, vigilância

sanitária e outros); e

7) definição das responsabilidades pela análise crítica e a

disposição do produto não-conforme (quem irá avaliar o produto e

quem determinará o destino do produto irregular. Os procedimentos

evitarão o uso inadvertido ou instalação do produto não-conforme.

15) AÇÃO CORRETIVA E PREVENTIVA

Page 110: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Os colaboradores de uma organização devem ter autoridade e

responsabilidade para encontrar formas para melhorar a parte do

processo sob sua competência. A melhoria contínua deve resultar em

ações corretivas implementadas para impedir a repetição de produto

defeituoso ou falha. As ações corretivas devem partir de duas formas

de investigação: a causa básica de um produto com defeito é

identificada e adota-se a ação corretiva para impedir sua ocorrência;

e a segunda consiste em identificar as áreas com probabilidade de

ser fabricado produto de má qualidade; deste modo, saneado antes

do produto ser fabricado, diminuindo os custos de fabricação.

Resumindo, nesta seção da norma deve-se ter os requisitos:

1. investigar a causa do produto não-conforme e esclarecer

a causa básica;

2. analisar os processos e as informações a fim de eliminar

as causas potenciais de produtos em não-conformidades;

3. iniciar ações corretivas para tratar de problemas

correspondentes aos riscos;

4. aplicar controles de ações corretivas eficazes;

5. documentar as alterações nos procedimentos;

6. verificar, analisar continuamente, investigar os dados de

desempenho dentro da organização e de fontes externas;

7. considerar reclamações de clientes; e

8. executar as ações corretivas eficazes a curto e longo

prazos.

16) MANUSEIO, ARMAZENAMENTO, EMBALAGEM,

PRESERVAÇÃO E EXPEDIÇÃO

Page 111: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Muitas empresas não atribuem a esta área a mesma

importância do projeto, da análise crítica de contrato ou de fabricação,

porém esta tem tanto peso ou mais porque está ligada à satisfação do

cliente. Uma organização pode elaborar um ótimo projeto e o fabricar

com perfeição e manuseá-lo com imperfeição, danificando o material

durante o seu manuseio ou na elaboração de sua embalagem.

Manuseio: a organização deve fornecer os meios e criar

métodos para manusear as peças sem comprometer a qualidade.

O método de manuseio e armazenamento de materiais deve

levar em consideração a utilização de estrados para o transporte,

containers, esteiras e veículos adequados para evitar danos

provocados pela vibração, choque, abrasão, corrosão, temperatura ou

outras condições capazes de interferir na qualidade do produto.

Armazenamento: inclui o recebimento, expedição e estoque

dos produtos da organização. Os requisitos devem incluir:

1) locais adequados para armazenamento de forma a

garantir um produto salvo de danificações;

2) critérios adequados de recebimento e expedição de

produtos; e

3) condições de estocagem com avaliações periódicas

(exemplo: trimestralmente).

Embalagem: além de servir para proteger o produto é utilizado

para a divulgação e propaganda da organização; outros

procedimentos: o controle da embalagem, conservação e marcação

na extensão asseguram a qualidade dos produtos de acordo com o

prometido. A embalagem deve ser elaborada de forma a facilitar a

Page 112: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

identificação do número da peça, número do lote, registro de

responsável e outros.

Expedição: após a inspeção final a organização deve

assegurar a qualidade do produto até o destino final, proteger e

preservar a qualidade do produto, controle da sua movimentação

incluindo o recebimento e envio autorizado de entrada e saída das

áreas de armazenamento e, se possível, a utilização de código de

barras.

17) CONTROLE DE REGISTROS DA QUALIDADE

Os registros da qualidade atendem a três objetivos importantes:

1) verificar se as atividades do programa de certificação são

atendidas havendo duas maneiras de verificar sua ocorrência:

observação da atividade pelo Auditor do Órgão Certificador, devendo

estar presente 24 horas por dia, sete dias por semana, observando

todas as ocorrências, sendo uma tarefa bastante difícil de ser

cumprida. As Auditorias Intermediárias poderão ser feitas mediante

amostragem na documentação da qualidade da organização,

verificando se os registros foram elaborados de acordo com o

Sistema da Qualidade;

2) verificar as condições do produto em determinado

momento, não necessitando esperar terminar a produção para saber

se o produto está sendo produzido com qualidade, fornecendo tempo

para os responsáveis corrigirem as possíveis falhas.

3) fornecer histórico do processo ou produto, identificando

cada passo para a sua execução, podendo ser rastreada cada

atividade elaborada no produto ou serviço.

Page 113: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Os registros (cópia física ou eletrônica) são evidências objetivas

do atendimento dos critérios e requisitos do cliente.

Exemplos de registros de qualidade: Relatórios das Auditorias

Internas da Qualidade, Relatórios de Inspeção, Dados de Calibração,

Instruções Internas de Trabalho e outros.

De nada vale gerar registros da qualidade quando não

controlados, acessíveis e identificáveis sem uma prova documentada

dos elementos da norma estarem sendo atendidos.

Estando tudo isso em conformidade com a norma, a verificação

da conformidade torna-se uma tarefa de tempo integral não

atendendo a finalidade da certificação.

Níveis de documentação abrangem estrutura aceita de

documentos e se estão de acordo com a autoridade e

responsabilidade de cada colaborador na organização:

Nível 1: políticas de qualidade

Nível 2: procedimentos

Nível 3: instruções de trabalho

Nível 4: formulários , registros, listas e outros.

A política da qualidade é de responsabilidade da alta

administração, enquanto os procedimentos da média gerência e as

instruções e outros registros dos colaboradores operacionais da

organização envolvidos.

18) AUDITORIAS INTERNAS DA QUALIDADE

Depois de implementado o Programa da Qualidade a equipe e a

organização como um todo, ao relaxar a qualidade deverá voltar para

os padrões de pré-implantação do Sistema da Qualidade. Para isto

Page 114: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

não acontecer a empresa deve continuar monitorando o programa

conforme determinado. As Auditorias Internas da Qualidade são feitas

periodicamente e constituem um exame da fidelidade de uma

empresa ao programa estabelecido. É um exame de consciência para

saber a situação do sistema de qualidade da organização e serve de

preparação para a Auditoria de Certificação. As Auditorias Internas da

Qualidade devem responder a: (1) As atividades estão de acordo com

o programa planejado? (2) O Sistema da Qualidade é eficaz?

As Auditorias Internas da Qualidade devem ser programadas

com base na importância e situação das atividades e os

procedimentos definidos de Auditorias incluindo ações corretivas

tomadas em tempo hábil. A orientação em Auditorias de Sistema da

Qualidade é dada pela norma ISO 10011.

19) TREINAMENTO

Procedimentos para garantir a qualificação do pessoal na

realização de tarefas designadas. Os colaboradores das Auditorias

Internas da Qualidade participarão de curso para Auditores Internos

com duração mínima de 16 horas/aula, ministrado por um especialista

em Auditoria da Qualidade com Certificado de Auditor Líder Assessor.

As necessidades de treinamento devem ser sistemáticas e

periodicamente submetidas a revisão, identificadas, fornecidas e

registradas. As organizações devem fazer, pelo menos anualmente, a

revisão da necessidade de treinamento de acordo com o

planejamento das futuras necessidades (crescimento, absorção de

novas tecnologias e novos equipamentos), programação do

treinamento dos seus colaboradores. São requisitos importantes para

Page 115: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

a certificação: o aumento da qualidade e o aumento da produtividade

de qualquer organização.

20) SERVIÇOS ASSOCIADOS

É o serviço pós-venda; quando especificado em contrato a

organização estabelecerá normas para a execução e verificação para

comprovar o cumprimento do acordo e seus principais instrumentos

são: as instruções de uso relativas a montagem, instalação,

aprovisionamento, operação, listas de peças sobressalentes e

assistência técnica de qualquer produto devem ser completas,

fornecidas em tempo e apoio logístico para facilitar o manuseio e a

instalação.

A elaboração desta determinação responderá as perguntas:

O contrato especifica atividades após à instalação e da

responsabilidade da fornecedora do produto ou serviços?

É utilizado equipamento especial ao se cumprirem os

requisitos de assistência constantes do contrato?Como

este equipamento é verificado quanto ao seu projeto e

funcionamento?

Existe equipamento de medição e ensaio utilizado durante

a instalação e ensaios de campo e exija controle?

Foram desenvolvidas instruções incluindo ajuste e

instalação operação, assistência técnica ou

sobressalentes ou catálogos de peças e apresentadas da

maneira correta facilitando o operador? As

responsabilidades pela segurança foram definidas e

compreendidas pelo fornecedor, distribuidor ou usuário?

Page 116: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

21) TÉCNICAS ESTATÍSTICAS

Assegura a correta utilização de métodos estatísticos pela

organização para controlar os processos ou a produção.

Exemplos de aplicação de métodos estatísticos, análise de

mercado, projeto de produto (especificações de confiabilidade,

estimativa de vida útil) capacidade da produção, avaliação de

desempenho e outras.

As técnicas estatísticas mais utilizadas são: análise fatorial,

variância, desvio-padrão, análise de risco, amostragem, testes de

significância e gráficos de controle.

III DOCUMENTOS DA QUALIDADE

1. Manual da Qualidade

1) As políticas da qualidade geral da organização e as

relacionadas com cada elemento da norma estão contidos num

documento chamado Manual da Qualidade.

2) A documentação, principalmente dos níveis 2 e 3, define

as responsabilidades, ações e interações e outros para as pessoas

envolvidas com o Sistema da Qualidade devendo ser legível, fácil de

usar e acessível.

3) O Manual da Qualidade do nível 1 apresenta uma visão

geral para os não integrantes do Sistema da Qualidade e usado como

documento de marketing.

- Os objetivos do Manual da Qualidade são: promover o

conhecimento da qualidade através da organização, mostrar a

habilidade da organização em operar um sistema da garantia da

qualidade: impressionar bem os clientes ou atender às suas

Page 117: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

solicitações: definir ou clarificar a função qualidade, facilitar

mudanças, fornecer um Sistema da Auditoria, atuar como guia para

fornecedores: atender requisitos comerciais internacionais, melhorar a

comunicação e atender aos requisitos da norma ISO 9001/9002;

elemento 4.2.

1.1. Elaboração do Manual da Qualidade

Apesar de Manual único com características diferentes para

cada organização deverá conter estrutura mínima e semelhante para

cada empresa.

Titulo: geralmente com o nome Manual da Qualidade e o

nome da organização em fase de certificação: Hospital ABC Ltda;

Escopo: local onde será executada a Auditoria podendo ser

toda a organização ou parte dela: Laboratório de Anatomia Patológica

do Hospital ABC Ltda.

Página e revisão/alteração: o Manual da Qualidade deverá ser

paginado e conter o número da revisão, sendo o primeiro “0” e o

resumo das modificações.

Índice: facilitar a leitura e entender seu conteúdo.

Lista de distribuição: (também pode ser mantido

separadamente), com identificação de quem recebe, facilitando a

troca nas revisões ou alterações.

Definição da política de qualidade: fornecimento de serviços

de qualidade, aumento da satisfação dos colaboradores, clientes e

fornecedores.

Descrição do Sistema da Qualidade (podendo ser substituído

por procedimentos detalhados onde os níveis 1 e 2 estão

combinados) e uma lista de referência cruzada entre os

Page 118: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

procedimentos da organização e os elementos da norma. Os

procedimentos são a essência da documentação do Sistema da

Qualidade e constituem as leis da organização, quanto às

responsabilidades e ações. Em empresas de grande porte, podem

coexistir vários manuais de procedimentos, cada um cobrindo uma

área, um departamento e outros: os manuais de treinamento,

manuais técnicos.

Os documentos do Sistema da Qualidade devem ser

controlados e qualquer alteração registrada.

FORMULÁRIO DE CONTROLE

O Formulário deve indicar a situação das revisões, a descrição

desta alteração, data e assinatura do responsável pela aprovação.

A declaração da política da qualidade deve definir os objetivos e

o comprometimento com a qualidade pelo Diretor Executivo

responsável pela organização e expressar seu total apoio ao Sistema

da Qualidade.

É política da empresa fornecer aos clientes os produtos e

serviços associados capazes de atender integralmente aos requisitos

e especificações contratadas.

Para alcançar este objetivo asseguramos a eficiência do

Sistema da Qualidade e o cumprimento dos requisitos da ISO

9001:2.000 e assinada pelo Diretor Executivo.

Os organogramas e escopos de responsabilidade da

organização devem ser analisados buscando diretrizes claras quanto

à autoridade e responsabilidades.

Page 119: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

As linhas de subordinação do representante da administração

em termos de decisões relacionadas à qualidade devem estar

claramente definidas no organograma.

As instruções de trabalho ou procedimentos devem ser

documentadas, implementadas e controladas e conhecidas dos

interessados.

Entretanto, a ISO 9001 no item 4.9 estabelece a necessidade

destes documentos na ausência de instruções contrárias à qualidade

e independente de experiência e conhecimento do funcionário.

Para os procedimentos acima será sempre necessário uma

instrução de trabalho.

As instruções de trabalho podem incluir: Desenhos de

Fabricação/ Instalação, Fichas de Acompanhamento da Produção,

Instruções de Operação, Planos de Qualidade/Inspeção, Métodos e

Instruções para Teste e Manuais Técnicos.

A norma ISO 8402 define um plano da qualidade como documento

normativo das práticas, os recursos e a seqüência de atividades

relativas a qualidade de um produto e serviço, projeto ou controle.

É a linha mestra na elaboração do Sistema da Qualidade para

a implementação da qualidade e sua certificação.

1.2. Procedimento do Sistema da Qualidade

Na elaboração dos procedimentos do Sistema da Qualidade,

deve ser claramente definido QUEM será responsável pela ação e o

controle, O QUÊ é adicionado/controlado e como, incluindo:

informações processadas, métodos e equipamentos usados, registros

processados; ONDE – local, programação, freqüência e QUANDO.

Page 120: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Informações essenciais para o controle de um procedimento: título, número,

situação da edição/ revisão, números das páginas e total de páginas, responsáveis

pela emissão e aprovação e data. Não é recomendável uma pessoa ser responsável

pela emissão e aprovação de um procedimento sendo importante um terceiro para

revisar a operação, reduzindo falhas e fazer uma análise crítica da documentação

(desk study) para identificar os elementos-chave de cada procedimento.

2. Planejamento de Auditorias

Para realizar Auditoria de Sistema da Qualidade eficiente, é

imperativo conduzir atividades preliminares adequadas, constituindo:

Planejamento e Preparação.

Planejamento: ao planejar uma Auditoria de qualquer tipo,

alguns pontos devem ser definidos:

Freqüência/programação: de quanto em quanto tempo a

organização ou o departamento será auditado e as Auditorias de

Certificação são semestrais.

Responsabilidade: o responsável pela Auditoria. Se for

Auditoria Interna, são os colaboradores da empresa e no Setor de

Certificação pelo Auditor Externo.

Critério: utilização da norma ISO 9000.

Escopo: poderá ser global ou um departamento em particular.

Duração: tempo de duração de 1 a 3 dias.

Planejamento de Auditorias Internas.

Freqüência/programação baseada em: desempenho anterior,

criticidade, complexidade e modificações.

No planejamento, ainda serão considerados:

revisar periodicamente o programa;

Page 121: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

revisar contratos, normas, requisitos regulatórios;

obter detalhes da empresa;

considerar implicações quando são múltiplas unidades;

estabelecer custos e programação;

realizar uma pré-visita de Auditoria;

determinar registros anteriores da qualidade;

variar Auditores;

efetuar procedimentos/autoridade abortando a Auditoria; e

efetuar procedimentos/autoridade para interromper as

atividades.

A preparação deve.

obter e avaliar a documentação aplicável mais recente

com relação aos critérios definidos;

relatar os resultados desta análise ao responsável.

Esta é a fase onde as datas de realização da Auditoria de

campo é normalmente definida e acordada, não esquecer das

viagens;

avaliar os registros da Auditoria anterior;

preparar o itinerário da Auditoria de campo; e

elaborar a Lista de Verificação com base nos

procedimentos a serem auditados.

A Lista de Verificação é uma ferramenta valiosa para a Auditoria

utilizada como documento de trabalho e registro e sua elaboração é

um processo útil de avaliação durante a análise da documentação

(desk study) e o seu objetivo é assegurar se o atendimento e o

escopo da Auditoria são efetivados, todas as suas partes foram

completadas, em caso positivo se o planejado foi executado.

Page 122: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

A Lista de Verificação deve atuar como guia para o Auditor e

constitue sua maior ferramenta para a execução satisfatória da

Auditoria não podendo restringir o Auditor e na preparação da lista

este deve considerar processos em execução, procedimentos

aplicáveis, documentos, registros e requisitos da norma,a

complexidade ou nível de detalhamento da Lista dependerá da

experiência do Auditor.

3. Realização da Auditoria

O processo de Auditoria de Campo consiste de:

Reunião de abertura:

condução da Auditoria real;

revisão da Auditoria;

reunião de fechamento; e

acompanhamento, se necessário da Auditoria.

Este procedimento cobre a realização da Auditoria.

3.1. Reunião de Abertura

A reunião de abertura é a primeira etapa no processo de

Auditoria de Campo de Segunda ou Terceira Parte, prepara o

caminho para a adequada comunicação, cooperação e receptividade.

Itens da pauta da reunião de abertura formal conduzida pelo Auditor-

Líder:

introdução;

lista de presença;

registro do Auditor e procedimento de reclamações;

objetivo da Auditoria (norma da qualidade);

Page 123: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

escopo da Auditoria;

explicação da análise da documentação;

explicação da metodologia / amostragem;

explicação das não conformidades e sua classificação;

programação e itinerário;

sala de reunião e arranjos domésticos;

acompanhantes;

reunião de fechamento;

natureza do Relatório e acompanhamento;

confidencialidade; e

visita rápida às instalações.

A lista não é prescritiva nem deverá ser exaustiva.

TÉCNICAS DE REUNIÃO DE AUDITORIA

As reuniões de abertura para Auditorias Internas deverão ser

informais e ter um caráter de simples introdução. Os acompanhantes,

os representantes e as reuniões formais de abertura e fechamento

podem não ser necessárias para as Auditorias Internas.

3.2. Realização da Auditoria

Ao discutir Métodos e Técnicas de Auditoria deve-se considerar

os objetivos gerais do Processo de Auditoria, confirmar a existência

do Sistema da Qualidade, se está completo, funciona corretamente e

é eficaz. Devido ao volume de trabalho e ao número de informações

controladas por um Auditor, torna-se fácil perder de vista estes

objetivos.

Page 124: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Para alcançar os objetivos é necessário obter informações

sobre: pessoal; processos; equipamentos, ferramentas, materiais;e

documentação devendo ser objetivo da função Auditoria e em

particular do Auditor a adoção de abordagem positiva, profissional e

construtiva, e o Auditor tentar obter uma abordagem cooperativa,

aberta e honesta do auditado devendo o Auditor:

reunir-se inicialmente com o representante da área;

conversar com as pessoas responsáveis pelas tarefas, e

não apenas com as chefias;

explicar o objetivo da visita;

agir com tranqüilidade, cortesia e demonstrar firmeza;

não fazer os outros calarem e nem agir com ar de

superioridade; e

falar de forma clara e cuidadosa.

O Auditor usará o bom-senso durante a condução da Auditoria,

devendo examinar a evidência objetiva da Auditoria, consultar sua

Lista de Verificação e fará anotações. No caso de descobrir uma

deficiência considerar o impacto global do problema e a real condição

física da área ou processos em Auditoria.

3.3. Exame de Evidências

Abrange os documentos e registros; evidências físicas e as

condições ambientais (onde aplicável). O Auditor procurará

informações claras e completas, a exatidão dos dados, as assinaturas

nos documentos e se um documento estiver incompleto, examinar

uma amostra de outros para estabelecer a extensão da não

conformidade.

Page 125: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

TÉCNICAS DE QUESTIONAMENTO

Existem 6 palavras importantes para qualquer Auditor: como,

onde, quando, o quê, por quê e quem. Conseqüentemente, um

Auditor deve fazer perguntas eficientes e abertas evitando as cujas

respostas “sim” e “não” encerram a conversação. Porém, há

momentos durante a Auditoria onde tais respostas se tornam

necessárias, finalmente, a função principal é extrair as principais

informações.

3.4. Revisão da Auditoria

Completada a Auditoria o Auditor/equipe deverá realizar uma

revisão privativa dos resultados encontrados. Os exames poderão

incluir uma revisão e conclusão do preenchimento das listas de

verificação; estudo e comparação das anotações da equipe; listagem

das não-conformidades. Uma não-conformidade será considerada

como: uma deficiência, uma constatação e uma não-concordância.

A ISO 8402 define uma não-conformidade como sendo “não

atendimento de um requisito especificado”. A definição abrange o

afastamento ou ausência de uma ou mais características da

qualidade (incluindo características de dependência ou elementos do

Sistema da Qualidade em relação aos requisitos específicos).

Declaração descrevendo uma não conformidade deverá incluir

detalhes da evidência objetiva encontrada. Uma não-conformidade

pode ser uma falha de inaplicabilidade da norma, não implementação

do Manual da Qualidade e do Código de Prática, regulamentação do

contrato, ausência de procedimentos ou outros documentos com

requisitos especificados pela empresa. Quando as descrições das

Page 126: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

não-conformidades devem ser escritas? Algumas organizações

insistem em preenchê-las imediatamente, buscando também a

assinatura do representante credenciado da empresa. A melhor forma

é: repassar os fatos verbalmente e chegar a um acordo com o

auditado quanto à natureza da não-conformidade; tomar nota e

consultá-las para preparar a descrição; fazer um rascunho das não-

conformidades durante o horário do almoço ou no final do dia e

finalizar a descrição durante a reunião privativa dos Auditores e o

documento de registro da descrição definirá o procedimento aplicável,

edição/revisão, área/departamento/função, a norma e o número do

elemento.

3.5. Classificação de Solicitação de Ação Corretiva

SAC MAIOR

Emitida quando ocorre:

a) total ruptura de procedimento ou instrução de trabalho

crítico à qualidade do produto ou à operação do Sistema de

Qualidade da Organização;

b) a ausência de um procedimento requerido pela norma no

Sistema de Qualidade da Organização;

c) pequenas falhas no procedimento e quando analisadas

em conjunto, superem ou ruptura importante; e

d) probabilidade de não-conformidade resultante de dano

imediato à qualidade do produto ou serviço sendo oferecido.

SAC MENOR

Emitida quando uma ou mais deficiências foram identificadas

em procedimento ou instrução de trabalho ou na operação do

Page 127: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Sistema da Qualidade da Organização, com severidade menor em

relação aos casos de SAC Maior a ser corrigida e verificada antes da

certificação ser recomendada enqunto uma irregularidade tipo SAC

Menor permite a certificação. A ação corretiva é verificada na primeira

visita de acompanhamento. A classificação das SAC’s é baseada no

julgamento adequado fruto de experiência e conhecimento técnico do

Auditor.

Não-conformidades podem ser agrupadas por função,

procedimento ou elemento da norma. A classificação de não

conformidades não é necessária para Auditorias Internas. A

Solicitação de Ação Corretiva (SAC) é utilizada para auxiliar na

melhoria do sistema. Nas Auditorias Internas as SAC’s poderão ser

apoiadas por recomendações para a correção e melhoria da situação.

As situações de Segunda ou Terceira Parte são mais formais e

as SAC’s emitidas obrigatoriamente. Contudo, se a administração

implementar a ação corretiva durante a Auditoria, não poderá ser

formalmente definida como uma SAC na reunião de fechamento, mas

anotadas nos registros da Auditoria.

Em Auditorias Internas, torna-se útil para a empresa a

manutenção de um Livro de Registro das principais não

conformidades, incluindo a situação das ações de acompanhamento

e a Solicitações de Ações Corretivas (SAC’s) de Segunda ou Terceira

Parte.

3.6. Relatório da Auditoria e Acompanhamento

REUNIÃO DE FECHAMENTO

Page 128: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Ao terminar a revisão, o Auditor/equipe apresentará os

resultados à administração na reunião de fechamento chamada de:

Reunião Final; Considerações Finais e Reunião de Encerramento.

Para o caso de Auditorias Internas a reunião poderá ser informal,

construtiva e direcionada para o aperfeiçoamento do sistema; afinal, o

Auditor e o auditado trabalham para a mesma empresa e objetivos

comuns.

As reuniões de fechamento de Segunda Parte devem ser mais

cuidadosas porque contratos estão em jogo e os relatórios serão

usados como referência futura. O Auditor deve estar preparado para

desafios maiores, impostos pelo auditado com relação às não-

conformidades encontradas: situações emotivas.

As reuniões de fechamento de Auditoria de Terceira Parte são.

O Auditor deverá estar ciente da condição de cliente da empresa

e,como tal, esperar uma apresentação completa, detalhada e

construtiva dos resultados. Alguns poderão se ater aos dados

encontrados e às solicitações de ações corretivas enquanto outros

darão suporte aos resultados com comentários e observação

construtivas e durante a reunião de fechamento, o Auditor/líder da

equipe deve:

explicar os resultados e evidenciar de forma cuidadosa e

precisa;

estar preparado para justificar e defender os resultados;

evitar ser conduzido para uma discussão;

desculpar-se por um erro evidenciado e consertá-lo; e

fazer recomendações com caráter de consultoria.

Page 129: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Os comentários devem se limitar a fornecer explicação dos

critérios/requisitos de aceitação; recusar o conserto rápido como a

solução para o problema e a Gerência deve tentar corrigir a sua

causa.

3.7. Relatório

Depois da Auditoria e da reunião de fechamento será produzido

um relatório escrito, conciso e fácil de ler, não contendo nada além do

escopo da reunião de fechamento. Dependendo do tipo de Auditoria,

o relatório irá incluir:

nome da Organização;

data da Auditoria;

local da Auditoria;

número de identificação do contrato;

norma de Garantia da Qualidade;

pessoal chave contatado;

membros da equipe Auditora;

SAC’s emitidas;

participantes nas reuniões;

resultados ou conclusão;

lista de distribuição; e

anexos.

O relatório não incluirá:

as deficiências corrigidas durante a Auditoria;

informações confidenciais dadas nas entrevistas;

assuntos não discutidos na reunião de encerramento;

opiniões subjetivas – somente fatos verificáveis;

Page 130: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

frases ou orações ambíguas; e

frases ou palavras antagônicas.

3.8. ACOMPANHAMENTO E FECHAMENTO

O processo de implementação de qualquer ação corretiva

solicitada é chamado de acompanhamento e será feito após

analisando da documentação do cliente ou visita as suas instalações

e estas açõescorretivas de verificação e aceitação são chamadas

fechamento.

Ao processar as SAC’s o Auditor e o auditado terão

responsabilidades específicas, estando o auditado em conjunto com o

representante da administração devendo:

investigar e definir claramente o problema;

propor um programa de ações corretivas e preventivas de

longo prazo;

acordar a data para fechamento das não-conformidades;

introduzir mudanças;

verificar a eficiência através de Auditorias Internas; e

notificar o Auditor.

O Auditor verificará a eficácia da ação corretiva mediante uma

visita na empresa e/ou realizando uma Auditoria nas evidências

objetivas e documentação apresentada pela organização auditada.

4. SELEÇÃO E REGISTRO DE AUDITORES

Ao selecionar Auditores as características abaixo podem

contribuir para a eficiência e eficácia nas Auditorias: Mente aberta,

Page 131: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

diplomacia, persistência, auto-disciplina, imparcialidade, honestidade,

audição aberta, paciência, clareza, desenvoltura no falar, habilidade

de comunicação, interesse, sem receio de impopularidade e

compreensibilidade. As características abaixo poderão afetar

negativamente uma Auditoria:

mente fechada - propensão à discussão – indisciplina –

teimosia – preguiça - desejo de ser apreciado- timidez - dificuldade de

comunicação – impaciência - não profissionalismo -facilidade de ser

enganado –arrogância. Ao planejar e preparar uma Auditoria, o

Auditor selecionado ou um dos membros da equipe deverá conhecer:

critérios aplicáveis de gestão da qualidade;

conteúdo de códigos;

regulamentos e normas;

práticas da qualidade da indústria/função objeto da

Auditoria;

regulamentos legais e contratuais; e

processos utilizados pelo auditado;

A falta de conhecimento da equipe Auditora no processo

da empresa deve ser completada pelo uso de um especialista na

equipe (exemplos: empresas de treinamento; usuários de software).

As responsabilidades do Auditor-líder durante o processo de

Auditoria são:

tomar as decisões finais em todas as fases da Auditoria;

auxiliar a seleção dos outros membros da equipe;

preparar o plano de Auditoria;

representar a Equipe da Auditoria na reunião de abertura

e fechamento; e

Page 132: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

submeter o relatório da Auditoria.

As responsabilidades específicas do Auditor são:

cumprir os requisitos da Auditoria;

comunicar e esclarecer os requisitos da Auditoria;

planejar e conduzir as tarefas designadas de forma eficaz

e eficiente ;

documentar as solicitações de ações corretivas;

observar e evidências objetivas;

relatar os resultados da Auditoria;

verificar a eficiência das ações corretivas;

reter e garantir a salvaguarda dos documentos; e

cooperar e apoiar o Auditor-líder.

Existem regras e regulamentos aplicáveis à condução de

Auditorias de Terceira Parte monitoradas pelo Organismo Nacional de

Credenciamento (por exemplo: NACCB – UK, RAB – USA, INMETRO

– Brasil). Para alcançar o credenciamento, o organismo de

certificação deve ter um sistema formal e documentado de controles:

receber Auditorias do Organismo de Credenciamento;

receber Auditoria em cada Auditor; e

possuir Auditores-líderes registrados.

Os Auditores devem ser registrados por uma organização

conduzindo um sistema de registro de Auditores reconhecido

internacionalmente.

Exemplos: IRCA – International Register of Certificated Auditors

– Inglaterra, RAB – Register Accreditation Board – EUA, QSA –

Quality Society of Austrália – na Austrália.

Page 133: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Um sistema de registro de Auditores é um meio eficaz de

fornecer consistência e exatidão na interpretação da norma pelos

Auditores, o operado pelo International Register of Certificated

Auditors prevê três tipos de Auditores analisados e autorizados para:

Auditor Provisório – atende aos requisitos para o registro com

exceção de experiência em Auditorias.

Auditor – realiza toda ou qualquer parte de uma Auditoria de

Sistema da Qualidade.

Auditor-líder – gerencia uma Auditoria de Sistema da

Qualidade.Os requisitos para o registro do Auditor-líder são baseados

em: sistema de pontuação e qualificação educacional e experiência

profissional; experiência em Auditoria de Segunda ou Terceira Parte;

conclusão satisfatória de curso reconhecido de treinamento para

Auditor-líder. Os detalhes do Sistema de Registro estão descritos nas

instruções publicadas pelas organizações de registro de Auditores.

4.1. EXEMPLO DE UM ITINERÁRIO PARA AUDITORIA

Auditoria Hospital ABC

14 e 15 de agosto (4ª e 5ª feiras), 2003

DIA 01

09:00 – Reunião de Abertura

10:30 – Procedimentos de Recepção

10:45 – Procedimentos de Compras

11:15 – Recebimento/Inspeção de Medicamentos

12:30 – Almoço

13:30 – Visita do Laboratório Hematologia

14:00 – Documentos de Controle do Processo

Page 134: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

14:30 – Procedimentos para o Controle de Processo

15:00 – Café

15:15 – Centro Cirúrgico/Treinamento

16:00 – Traumatologia/Treinamento

16:45 – Encerramento

DIA 02

09:00 – Setor de Recepção

09:30 – Setor de Traumatologia

10:00 – Café

10:15 – Procedimentos para Armazenamento

11:00 – Procedimentos de Testes de Aceitação

11:30 – Procedimentos para Aferição

12:30 – Almoço

13:30 – Auditorias de Sistema/Análise Crítica de Sistema

14:00 – Procedimentos da Qualidade

14:45 – Treinamento em Qualidade

15:15 – Café

15:30 – Revisão dos Auditores

16:30 – Reunião de Fechamento

A conformidade dos requisitos exige clareza e caberá ao

fornecedor definir a especificação da qualidade.

A conformidade é empregada quando os clientes especificam o

exigido e o fornecedor atende ás exigências. A adequação ao uso

serve para descrever a adequação de um produto ou serviço na

realização de sua função requerida.

A ISO 8402:1994 define a gestão da qualidade como as

atividades da função gerencial determinadoras da política da

Page 135: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

qualidade, os objetivos e responsabilidades e os implementam por

meio de planejamentos, controle, garantia e melhoria da qualidade.

Para estabelecer um sistema de gestão da qualidade, uma

organização deve por em prática objetivos; processos; procedimentos

claros; responsabilidades definidas; e requisitos de treinamento,

juntamente com a definição de padrões de desempenho.

4.2. EXEMPLO DE UM PLANO DE AUDITORIA

LEGENDA

Auditoria Programada

Auditoria Completada e Satisfatória

Auditoria Completada e Insatisfatória

Ação Corretiva Data da Auditoria de Follow Up

Ação Corretiva Tomada Auditoria de Follow Up,

Completada e Satisfatória.

Proce

-

dimen

to

JAN. FEV. MAR

.

ABR. MAI. JUN. JUL. AGO

.

SET. OUT

.

NOV

.

DEZ.

Page 136: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

EXEMPLO DO FORMULÁRIO DE SITUAÇÃO

REGISTRO DA SITUAÇÃO DE SOLICITAÇÃO DE AÇÃO

CORRETIVA (SAC)

NO de

Série

da

SAC

SAC

emitid

a para

Defici

ência

Data da

Auditor

ia

Iniciais

do

Audito

r

Lem.

da Data

Enviad

a em

Data

Térm.

da

Ação

Ação para

Prevençã

o de

Recorrênc

ia

Data

Proposta

para

acom.

Proposta

Data

Fechame

nto da

SAC

SOLICITAÇÃO DE AÇÃO CORRETIVA (SAC)

MAIOR/MENOR

EMPRESA

SERVIÇO No VISITA N

o

SAC No

AUDITOR: DATA DA AUDITORIA:

REPRESENTANTE DA EMPRESA: PROCEDIMENTO No

ÁREA / DEPTO / FUNÇÃO: ISO 9000 REF:

EDIÇÃO: DETALHES DA NÃO CONFORMIDADE:

VISTO: DATA FECHAMENTO:

REPRESENTANTE DA EMPRESA: PROPOSTA PARA SAC AUDITOR: MAIOR:

AÇÃO CORRETIVA TOMADA PARA EVITAR

RE-OCORRÊNCIA: VISTO:

REPRESENTANTE DA EMPRESA: DATA:

ACEITAÇÃO DA AÇÃO CORRETIVA /

COMENTÁRIOS:

REPRESENTANTE DA EMPRESA: DATA:

VISTO:

MAIOR/ MENOR

NOTIFICAR FECHAMENTO

FECHAMENTO

AUDITORIA 1 mês 2 meses 6 meses

ACOMPANHAMENTO

RE-AUDITORIA 2 semanas 1 mês 6 meses

Page 137: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

BIBLIOGRAFIA

1. BITTAR, Olímpio J. Nogueira V. HOSPITAL Qualidade &

produtividade, Sarvier editora de livros médicos Ltda. São Paulo,

1997.

2. BRASSARD, Michael Qualidade: Ferramentas para uma melhoria

contínua. Qualimark , RJ,

3. Coletânea de normas de Sistemas da Qualidade (ABNT)

Associação Brasileira de Normas Técnicas – Fórum Nacional de

Normatização. RJ 1997.

4. CROSBY, Phillip Qualidade é investimento, Editora José Olímpio,

São Paulo, 1979, 3ª Edição

5. DEMING, Willian E. Qualidade: a revolução da administração,,

Marques Saraiva,RJ 1990.

6. DONABEDIAN, A . The Seven Pillars of Quality, Arch Pathol Lab.

Med, V114, Nov. 1990, Pág. 1115 – 1118.

7. DONABEDIAN, Avedis A guide to medical care administration,

Vol. II Medical Care Apraisal, Quality and utilization. Washington,

D.C. American Public Health Association, 1969.

8. FEIGENBAUN, Armand V. TOTAL QUALITY CONTROL,

Mcgraw-hill 1986.

9. FEY, Robert & GOCENE, Jean – Marie Princípios da Gestão da

Qualidade. Fundação Calonite Gulbenkian , Lisboa, Portugal,

1983, 3ª Ediçã

10. GEBHARDT, Joan E. & TOWNSERD, Patrick L. Qualidade em

ação: Lições de liderança, participação e avaliação, Makron

Books, SP 1993.

Page 138: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

11. JUNQUEIRA, Luciano A P. Qualidade dos serviços de saúde e

satisfação do usuário. Cadernos FUNDAP, nº 19, Pág. 47-59,

Jan/Abr, 1996.

12. LIMA, Carlos R.M,Activity-Based Costing para Hospitais,

EAESP/FGV, São Paulo, Dissertação de Mestrado, 1997.

13. MALIK, Ana Maria, DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS

HUMANOS, GERÊNCIA DA QUALIDADE E CULTURA

ORGANIZACIONAL, Revista de administração de empresas, SP,

V. 32 pag.32-41

14. MAXIMIANO, Antonio César Amaro, Teoria Geral da

Administração Atlas,2.000 2ª Edição

15. MIRSHAWKA,Vitor. Hospital. Fui bem atendido! A vez do Brasil.

Ed. Makron, Rio de Janeiro, 1994.

16. NOGUEIRA, L.C.L. GERENCIAMENTO PELA QUALIDADE

TOTAL NA SAÚDE,. Belo Horizonte, DG,1999.

17. NOGUEIRA, R. P. PERSPECTIVAS DE QUALIDADE EM

SAÚDE, São Paulo. Qualitimark, 1994.

18. PAGE, Stephen B. Research: The key to Quality policies and

Procedures quality Progress, January 2.000, Pag. 58 a 62.

19. PIERACCIANI, Valter A Síndrome da Qualidade Fundação

Nestle, SP, 1994.

20. PITTA, Ana Maria Fernandes Avaliação como processo de

melhoria da qualidade de serviços públicos de saúde. RAP Rio de

janeiro – 44-61 abr./jun. 1992.

21. QUINTELLA, Heitor M. e CORTADE, James W.: TQM Gerência

de Qualidade Total, Makron Books ,SP, 1995.

Page 139: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

22. REIS, Luiz Filipe S. ISO 9000: Auditorias de Sistemas da

Qualidade, Ética, SP, 1995.

23. ROBLES, Jr., Antônio Custos da Qualidade: uma estratégia para

a competição global. Atlas, SP, 1996.

Page 140: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

TÍTULO IV

PRONTUÁRIO DO PACIENTE

Vanderlei Soares Moya

1. INTRODUÇÃO

Ao falar de Prontuário do Paciente visualizamos dois conceitos:

o primeiro se refere ao Prontuário do Paciente em tratamento em

instituição de saúde, em regime de internação, com registros

referentes aos cuidados prestados; quanto ao segundo, estamos nos

referindo aos da atenção dada ao paciente, em regime de internação,

ambulatorial ou pronto atendimento, em instituição ou consultório nos

remetemos ao conceito equivocado, considerando o Prontuário do

Paciente, instrumento de registros médicos.

Tais conceitos serão reafirmados ao tratarmos do assunto, pois,

os registros em consultório particular raramente são citados e a

legislação, determinações e resoluções tratam do assunto como

prontuário de instituição de saúde e sobre a responsabilidade do

médico. Para exemplificar, basta pesquisar em quantos artigos do

Código de Ética Médica o tema é tratado em comparação com o

Código de Ética da Enfermagem, só para citarmos as duas categorias

mais atuantes no acompanhamento dos pacientes.

Enfocando o assunto sob uma visão geral salientando as

características do prontuário como instrumento de registros de

cuidados prestados em acompanhamento ambulatorial e

principalmente em regime de internação por todos os profissionais

envolvidos no atendimento, sem esquecer as peculiariedades do

Page 141: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

prontuário de consultório, fichas clínicas e dos boletins de

atendimento de urgência e emergência e também registros de

atendimento devendo ser tratados como prontuário.

Consideramos válida uma reflexão da importância do prontuário

como instrumento avaliador de qualidade podendo ser visualizado

como indicador de qualidade de um serviço, tanto extrínseca ou

intrínseca, significando uma Instituição com bom padrão de atenção

médica, onde se espera encontrar um prontuário de boa qualidade,

com uso de tecnologia de ponta, como o Prontuário Eletrônico, com

registros adequados, espelhando a qualidade da instituição e diante

de um prontuário com registros descuidados, transferimos esta

impressão de descaso nos cuidados aos pacientes.

As instituições preocupadas com a qualidade exigem melhor

atenção aos registros comprometedores da imagem da instituição e

da qualidade do serviço, pois predispõem ao aumento de custos e

riscos de infringir a legislação.

1.1. HISTÓRICO

Em 460 a.C. Hipócrates, em sua obra “epidemia”, apresentou

alguns apontamentos sobre doenças de pacientes, sem se referir aos

cuidados individuais.

Em 1.137, o Hospital São Bartolomeu, em Londres, apresentou

registros de documentação pertinente aos pacientes e em 1.580,

Camilo de Lellis, na Itália, menciona pela primeira vez, exigência de

registros de prescrição médica individual, dieta do paciente e

relatórios dos cuidados de enfermagem, incluindo o relatório de troca

de plantão.

Page 142: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Em relação aos Arquivos Médicos, a presença de arquivamento

organizado dos prontuários podemos destacar:

Em 1.897, o Hospital Geral de Massachussets, organizou um

Serviço de Arquivo Médico e em 1.913, também nos EUA, entre as

exigências para credenciamentos de hospitais, estavam o registro

completo dos casos e o arquivamento de prontuários.

No Brasil, o Hospital das Clínicas da FMUSP implantou o

primeiro Serviço de Arquivo Médico e Estatística em 1.943, seguido

da Santa Casa de Santos em 1.945.

1.2. DEFINIÇÃO

Prontuário: s.m. 1. Lugar onde se guardam ou depositam

coisas das quais se pode necessitar a qualquer instante. 2. Manual

de indicações úteis. 3. Bras. Ficha (médica ou policial e outros) com

os dados referentes a uma pessoa. (Dicionário Aurélio Básico da

Língua Portuguesa)

Prontuário do Paciente: “conjunto de documentos

relativos à história da vida do paciente e da sua doença, escritos de

modo claro, conciso e acurado, sob o ponto de vista médico social e

garantida à necessária uniformidade estatística” (Mac Eachern).

A resolução CFM 1.638/02 define como “o documento único

constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens

registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações

sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter

legal, sigiloso e científico, possibilitando a comunicação entre

membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência

prestada à pessoa.“

Page 143: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Prontuário Padrão: a promoção da saúde vem se

tornando uma tarefa cada vez mais especializada exigindo a

participação de diversos profissionais na equipe agindo de forma

coordenada e integrada, buscando a melhor proposta terapêutica,

fazendo do prontuário instrumento único e obrigatório de registro e

comunicação e para cumprir sua finalidade como instrumento de

intercomunicação da equipe de saúde responsável pelo paciente é

necessário ser redigido em linguagem clara, objetiva e concisa, grafia

legível evitando o uso de siglas ou códigos pessoais.

Pode ser considerado obra de diversos autores pela elaboração

conjunta de profissionais de saúde e diz respeito ao paciente

revelando sua intimidade, a quem os registros pertencem e sob

guarda da instituição.

Os Registros: todo atendimento ao paciente na

Instituição deve ser registrado. Durante o período de internação sua

função é possibilitar a avaliação do paciente a qualquer momento de

forma clara e completa, permitindo uma rápida e precisa conclusão

sobre o tratamento aplicado e sua repercussão clínica, objetivando a

atualização da proposta terapêutica instituída.

Suas anotações devem dispensar ou simplificar anamneses e

exames complementares reduzindo custos hospitalares e o tempo de

permanência do paciente, agilizando condutas e facilitando o

tratamento, proporcionando melhores resultados e, após a alta do

paciente, é uma fonte de dados e registros permitindo auditorias e

relatórios para mostrar a qualidade e a quantidade do trabalho

prestado e a avaliação do progresso da ciência médica pela análise

de dados e estatísticas, condutas e resultados.

Page 144: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

A Resolução CFM 1.638/02, salienta ser “o prontuário um

documento valioso para o paciente, o médico assistente, as

instituições de saúde, o ensino, a pesquisa e os serviços públicos de

saúde, além de instrumento de defesa legal“.

Ao proceder os registros do Prontuário do Paciente, o

profissional terá em mente os compromissos com:

a ética e a lei;

o ensino e a pesquisa; e

a informação e o faturamento.

Ético-legal: documento de grande valor para defesa do

profissional e da instituição, pois entre estes e o paciente há relação

jurídica perfeitamente definida por dispositivos legais, determinando

direitos e deveres, representando importante documento de

comprovação da atividade profissional, registrando os atos

profissionais realizados. No documento deve ser salientada

cuidadosamente a responsabilidade civil do profissional médico

representado por imprudência, imperícia e negligência e ainda

instrumento de reivindicação de direitos, perante os serviços, pelo

paciente, a partir do fornecimento de laudos com segurança até

questionamentos sobre os cuidados prestados e os problemas ético-

legais devem ser analisados com muito critério.

Neste aspecto a Lei 8.078/90, o Código de Defesa do

Consumidor a partir do artigo 14 determina: “o fornecedor de serviços

responde, independentemente de culpa, pela reparação de danos

causados aos consumidores por defeitos relativos a prestação de

serviços e informações insuficientes ou inadequadas sobre sua

função e riscos”.

Page 145: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

§ 4o – A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será

apurada mediante a verificação de culpa”.

Art. 72 – “o prestador de serviços, como o profissional da

saúde, não impedirá ou dificultará o acesso do consumidor às

informações sobre ele constantes em cadastros, banco de dados e

registros“.

Nestes dois artigos fica claro o poder de um prontuário

incompleto ou com registros ilegíveis ser considerado uma prestação

de informações insuficientes ou forma de dificultar o acesso do

paciente aos registros, embora o profissional de saúde, perante a lei,

seja enquadrado como prestador de serviços. A legislação prossegue:

Lei Estadual 10.294/99, São Paulo: são direitos dos usuários de

serviços públicos: Art. 3o – São direitos básicos do usuário:

I – a informação;

II – a qualidade na prestação do serviço; e

III – o controle adequado do Serviço Público.

Lei Estadual 10.241/99, S.P.: São direitos dos usuários dos

serviços receber informações claras, objetivas e compreensíveis

sobre:

hipóteses diagnósticas, diagnósticos realizados, exames

solicitados, ações terapêuticas, riscos, benefícios e inconvenientes

das medidas diagnósticas e terapêuticas propostas;

acessar a qualquer momento o prontuário médico; e

receber por escrito o diagnóstico e o tratamento indicado,

com a identificação do profissional.

Em relação ao Código de Ética Médica, observamos:

Page 146: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Art. 39 – É vedado ao médico receitar ou atestar de forma

secreta ou ilegível.

Art. 69 – É vedado ao médico deixar de elaborar Prontuário

Médico para cada paciente.

Art. 70 – É vedado ao médico negar ao paciente acesso ao seu

Prontuário Médico, ficha clínica ou similar ou deixar de dar

explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionar

riscos para o paciente ou terceiros.

Art. 112 – Deixar de atestar atos executados no exercício

profissional, quando solicitado pelo paciente ou seu responsável

legal.

Parágrafo único – O Atestado Médico é parte integrante do ato

ou tratamento médico, sendo o seu fornecimento direito

inquestionável do paciente não importando em majoração de

honorários.

Ainda sobre o Art. 112 – Fixa a obrigação do médico escrever

breve relato do procedimento profissional executado, nele

comunicando informações de interesse ao tratamento do paciente

(Parecer exarado no processo consulta CFM 1.955/01), seja atestado

para justificar falta ao trabalho ou outra obrigação, a recomendação

de uma licença, um encaminhamento a outro médico a abertura de

um processo de interdição ou de anulação de um negócio ou o

recebimento de um benefício”.

Sobre o Código de Ética da Enfermagem: Resolução COFEN

240 de 30/08/00:

Page 147: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Art. 64 – A proibição do profissional de enfermagem assinar as

ações de enfermagem não executadas por ele, bem como permitir a

outro profissional assinar.

Art. 75 – Cita ser dever do profissional colocar o número de

inscrição do Conselho Regional na sua assinatura quando no

exercício profissional

Além dos Códigos de Ética devem ser destacadas as

Resoluções referentes ao prontuário:

Resolução CFM 1.638/02 – determina a responsabilidade pelo

prontuário a:

médico assistente e demais profissionais assistentes do

paciente;

hierarquia médica da instituição;

chefias de equipe, chefias da clínica, do setor até o Diretor

da Divisão Médica e/ou Diretor Técnico;

obrigatoriedade da criação das Comissões de Revisão de

Prontuários nos estabelecimentos e/ou instituições de saúde onde se

presta assistência médica e define as incumbências das Comissões e

destaca: “…é obrigatória a legibilidade da letra do profissional

prestador do atendimento ao paciente e a identificação dos

profissionais prestadores do atendimento e obrigatórios a assinatura

com o respectivo número do CRM”.

O Decreto 94.406/87 regulamenta o exercício da enfermagem,

e determina:

Art.3o – a prescrição da assistência de Enfermagem é parte

integrante do programa de enfermagem.

Page 148: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Art.14 – (incumbe) Anotar no Prontuário do Paciente as

atividades da assistência de enfermagem, para fins estatísticos.

A Resolução COFEN 272/02, define:

consulta de enfermagem: compreende o histórico

(entrevista), exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de

enfermagem; e

a Sistematização da Assistência de Enfermagem deverá

ser registrada formalmente no Prontuário do Paciente.

Histórico de Enfermagem: conhecer hábitos individuais e

biopsicossociais visando a adaptação do paciente à unidade de

tratamento, assim como a identificação de problemas.

Exame Físico: o enfermeiro deverá realizar as seguintes

técnicas: inspeção, ausculta, palpação e percussão de forma

criteriosa efetuando o levantamento de dados sobre o estado de

saúde do paciente e anotando as anormalidades encontradas para

validar as informações obtidas no histórico.

Diagnóstico de Enfermagem: o enfermeiro após ter

analisado os dados colhidos no histórico e exame físico, identificará

os problemas de enfermagem, as necessidades básicas afetadas e

grau de dependência, fazendo julgamento clínico sobre as respostas

do paciente, da família e da comunidade aos problemas, processos

de vida vigentes ou potenciais.

Prescrição de Enfermagem: conjunto de medidas

decididas pelo Enfermeiro responsável pelo direcionamento e

coordenação da assistência de enfermagem ao paciente de forma

individualizada e contínua, objetivando a prevenção, promoção,

proteção, recuperação e manutenção da saúde.

Page 149: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Evolução de Enfermagem: registro feito pelo enfermeiro

após a avaliação do estado geral do paciente. Deste registro constam

os novos problemas identificados, um resumo sucinto dos resultados

dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados nas

24horas subseqüentes.

Resolução COFEN 272/02, art.3o, Parágrafo único. Nos

casos de Assistência Domiciliar, este prontuário deverá permanecer

junto ao paciente assistido, objetivando otimizar o andamento do

processo e atender o disposto no Código de Defesa do Consumidor.

2. ENSINO E PESQUISA

O Prontuário é campo de pesquisas e fonte de dados

estatísticos de mortalidade e morbidade, de incidência e prevalência,

torna possível comparar diferentes condutas terapêuticas e permite o

conhecimento da terapêutica utilizada e o efeito alcançado, facilitando

estudos de avaliação.

3. INFORMAÇÃO E FATURAMENTO

O prontuário possibilita à instituição realizar os registros dos

serviços prestados, diagnósticos e resultados mesmo porque os

registros mostram o padrão e o atendimento prestado pelo

hospital/serviço não devendo ser visto como instrumento de cobrança

de serviços, pois é relicário da vida médica do paciente e quando

ocorre esta cobrança, os registros devem permitir o dimensionamento

dos serviços realizados e a justificativa de sua necessidade.

Ao citarmos a cobrança dos serviços realizados não podemos

deixar de lembrar o controle da prestação da atenção.

Page 150: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Como curiosidade, lembramos: o prontuário “nasceu” em 1.580,

na Itália, em 1.581 deu-se o reconhecimento oficial desta prática de

auditoria, pelo primeiro Colégio de Contadores em Veneza, visando a

comprovação de exatidão dos registros contábeis.

Obviamente a Auditoria Médica é muito mais complexa,

passando deste a comprovação de qualidade dos serviços prestados,

sua indicação e resultados indo muito além da conferência da sua

realização, tornando inevitável a comparação.

Sobre o tema Auditoria Médica a Resolução CFM 1.614/01, destaca:

a auditoria do ato médico constitui importante mecanismo

de controle e avaliação dos recursos e procedimentos adotados,

visando sua resolubilidade e melhoria na qualidade da prestação dos

serviços; e

a auditoria médica se caracteriza como ato médico, por

exigir conhecimento técnico, pleno e integrado da profissão.

Art. 6o – O médico, na função de auditor, se obriga a manter o

sigilo profissional, devendo, ao julgar necessário, comunicar a quem

de direito e por escrito suas observações, conclusões e

recomendações, sendo-lhe vedado realizar anotações no Prontuário

do Paciente.

Art. 7o – O médico, na função de auditor, tem o direito de

acessar, in loco, toda a documentação necessária, sendo-lhe vedada

a retirada dos prontuários ou cópias da instituição, podendo, se

necessário, examinar o paciente, ao ser devidamente autorizado pelo

mesmo, quando possível ou por seu representante legal.

§1o – Havendo identificação de indícios de irregularidades no

atendimento do paciente, cuja comprovação necessite de análise do

Page 151: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Prontuário do Paciente, é permitida a retirada de cópias

exclusivamente para fins de instrução da auditoria.

Resolução COFEN 266/01, dispõe sobre a atividade do

enfermeiro auditor, destacando:

direito de acessar o Prontuário do Paciente, lembrando

não poder o profissional auditor interferir nos registros do Prontuário e

o enfermeiro não depender da presença de outro profissional para o

acesso, em alusão direta a Resolução CFM 1.614, ao determinar ser

necessário autorização do médico assistente para o acesso às

informações.

Complementa a Resolução a determinação de ser vedada a

retirada de Prontuário ou cópias da instituição, podendo examinar o

paciente, sempre autorizado pelo mesmo, porém, havendo indícios de

irregularidades no atendimento é permitida a retirada de cópias para

fins de instrução de auditoria, nos mesmos termos da Resolução do

CFM.

Esta Resolução do COFEN, está embasada na Lei 7.498 de

25/06/86, art.11, alínea h, ao definir: “o enfermeiro exerce todas as

atividades de enfermagem, cabendo-lhe consultoria, auditoria e

emissão de parecer sobre matéria de enfermagem”.

4. COMISSÃO DE PRONTUÁRIOS

Compete a Comissão de Revisão de Prontuários observar os

ítens obrigatórios de cada prontuário, assegurar a responsabilidade

do preenchimento, guarda e manuseio dos prontuários.

A Resolução 1.638/02 do CFM, define como itens obrigatórios

num prontuário:

Page 152: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

identificação do paciente;

anamnese;

exame físico;

exames complementares e seus respectivos resultados;

hipóteses diagnósticas;

diagnóstico definitivo;

tratamento efetuado;

evolução diária do paciente;

prescrição médica consignando data e hora; e

tipo de alta.

4.1. RESPONSABILIDADES

É responsabilidade do Responsável Técnico da unidade de

atendimento hospitalar, prestador da assistência ao paciente a

notificação por escrito, ao Responsável Técnico pela saúde do

trabalhador local, nos casos comprovados ou suspeitos de agravos a

saúde relacionados ao trabalho, cuja fonte de exposição represente

riscos a outros trabalhadores e/ou ao meio ambiente.

4.2. IDENTIFICAÇÃO

Nome completo, data de nascimento, sexo, nome da mãe,

naturalidade (Município e Estado), endereço completo (nome da via

pública, número, complemento, bairro, Município, Estado e CEP).

Nos casos emergenciais, nos quais seja impossível a

coleta da história clínica do paciente, deverá constar o relato médico

Page 153: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

completo dos procedimentos realizados em condições de assegurar o

diagnóstico e/ou a remoção para outra unidade.

4.3. EVOLUÇÃO

Evolução diária do paciente, com data e hora,

descriminação dos procedimentos aos quais o mesmo foi submetido e

identificação dos profissionais responsáveis pela sua feitura,

assinados eletronicamente quando elaborados/ armazenados em

meio eletrônico.

Com relação a necessidade de manter arquivados os exames

realizados, nos reportamos a Consulta CREMESP 1.326/92, com a

seguinte conclusão: os laudos de exames laboratoriais, anátomo-

patológicos e radiológicos serão anexados ou transcritos ao

Prontuário do Paciente.

Uma vez cumprida esta formalidade, não existe obstáculo para

fornecer ao paciente os filmes radiológicos, fita de ECG, exames e

outros, mediante recibo.

Page 154: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

O SIGILO

O assunto sigilo é um dos pontos controversos a serem

discutidos, principalmente quando se fala em fornecer informações

contidas em prontuário a terceiros, como autoridades, empresas de

seguros ou instituições. Devemos sempre considerar: o sigilo protege

o paciente, e somente em virtude disto deve ser valorizado.

No Código de Ética Médica observa-se:

Art. 11 – O médico deve manter sigilo quanto às

informações confidenciais conhecidas no desempenho das suas

funções.

Art. 102 – É vedado ao médico revelar fato conhecido em

virtude do exercício de sua profissão, salvo por justa causa, dever

legal ou autorização expressa do paciente.

Art.103 – Revelar segredo profissional referente a

paciente menor de idade...

Art.105 – Revelar informações confidenciais obtidas

quando do exame médico de trabalhadores...

Art.106 – Prestar a empresas seguradoras qualquer

informação sobre as circunstâncias da morte de paciente seu...

Art.107 – Deixar de orientar seus auxiliares e de zelar

para respeitarem o segredo profissional...

Art.108 – Facilitar o manuseio e conhecimento dos

prontuários, papeletas e demais folhas de observações médicas

sujeitas ao segredo profissional, por pessoas não obrigadas ao

compromisso.

No Código de Ética da Enfermagem temos:

Page 155: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Art. 29 – (é dever) Manter segredo sobre fato sigiloso

conhecido, em razão de sua atividade profissional, exceto nos casos

previstos em lei.

No Código de Ética da Fisio/TO

Art. 7o, inciso VIII (é dever) – Manter segredo sobre fato

sigiloso conhecido em razão de sua atividade profissional e exigir o

mesmo comportamento do pessoal sob sua direção

Código Penal Brasileiro em seu artigo 154 rege (in verbis):

“Revelar à alguém sem justa causa segredo de que tem ciência

em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação

pode produzir dano à outrem.” é crime, punido com pena de detenção

de um a seis meses ou multa.

A Resolução CFM 1.605/00, reforma o Código de Ética e determina:

Art. 1o – O médico não pode, sem o consentimento do

paciente, revelar o conteúdo do prontuário ou ficha médica.

Art. 2o – Nos casos do art. 269 do Código Penal, onde a

comunicação de doença é compulsória, o dever do médico restringe-

se exclusivamente a comunicar tal fato à autoridade competente,

sendo proibida a remessa do Prontuário do Paciente.

Art. 3o – Na investigação da hipótese de cometimento de

crime o médico está impedido de revelar segredo capaz de expor o

paciente a processo criminal.

Art. 4o – Se na instrução de processo criminal for

requisitada por autoridade judiciária competente a apresentação do

conteúdo do prontuário ou da ficha médica, o médico disponibilizará

os documentos ao perito nomeado pelo juiz, para ser realizada perícia

restrita aos fatos em questionamento.

Page 156: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Art. 5 o – Se houver autorização expressa do paciente,

tanto na solicitação como em documento diverso, o médico poderá

encaminhar a ficha ou prontuário diretamente à autoridade

requisitante.

Art. 6o – O médico deverá fornecer cópia da ficha ou do

prontuário quando solicitado pelo paciente ou requisitado pelos

Conselhos Federal ou Regional de Medicina.

Art. 7o – Para sua defesa judicial, o médico poderá

apresentar a ficha ou prontuário à autoridade competente solicitando

ser a matéria mantida em segredo de justiça.

Art. 8o – Nos casos não previstos nesta resolução e

quando houver conflito no tocante à remessa ou não dos documentos

à autoridade requisitante, o médico deverá consultar o Conselho de

Medicina, onde mantém sua inscrição quanto ao procedimento a ser

adotado.

5. ACESSO AO PRONTUÁRIO

A solicitação de acesso às informações contidas no prontuário

pode ser feita pelo paciente ou a quem este autorizar de maneira

expressa.

No caso de óbito ou o paciente ser menor ou incapaz, esta

solicitação poderá ser feita por familiares ou responsável legal

destacando-se ser o pai do paciente falecido o titular do sigilo médico.

Quando se tratar de Empresas de Seguro, reporta-se ao

Processo Consulta CFM 1.955/01: “se for conveniente e, sobretudo,

corresponder ao interesse do paciente, o médico pode elaborar o

Atestado Médico de modo a informar sua opinião técnica sobre os

Page 157: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

quesitos efetivamente importantes para uma empresa seguradora

pagar o devido ao paciente ou aos seus sucessores... mas não pode

e nem deve ser constrangido, ainda mais pelo CFM, a usar o papel

timbrado de uma entidade comercial com quem não tem qualquer

vinculação profissional ou empregatícia e com a qual, até por

compostura, pode não querer ver ligada sua imagem.”

Art. 106 (CEM) – É vedado ao médico prestar a empresas

seguradoras qualquer informação sobre as circunstâncias da morte

de paciente seu, além daquelas contidas no próprio Atestado de

Óbito, salvo por expressa autorização do responsável legal ou

sucessor.

6. A GUARDA

Este é um outro ponto de indefinição e discussão pois são

muitas as definições, ao considerarmos os vários aspectos do

documento.

Em busca de uma legislação específica sobre Prontuário de

Paciente, encontra-se a lei 8069/90, Estatuto da Criança e do

Adolescente, no art. 10:

“Os hospitais e demais estabelecimentos de saúde de

gestantes públicos e particulares, são obrigados a: manter registros

das atividades desenvolvidas através de prontuários individuais pelo

prazo de 18 anos.

E complementa no Art. 228 – “Deixar o encarregado de serviço

ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de

manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo

referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou

Page 158: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de

nascimento, onde constem as intercorrências do parto ou do

desenvolvimento do neonato.

Pena – detenção de seis meses a dois anos.”

No caso específico de partos, o prazo para guarda do

prontuário é de 18 anos e nos demais?

Além disto, ao se falar em guarda do prontuário está se

referindo a guarda do documento original ou as informações

contidas?

Para buscar respostas deve-se considerar a Resolução CFM

1.639 de 10/07/02 aprovando as normas técnicas para o uso de

sistemas informatizados para a guarda e manuseio do prontuário e

recomendando a implantação da comissão permanente de avaliação

de documentos dispondo sobre o tempo de guarda dos prontuários:

Art.2o – Estabelecer a guarda permanente para os

prontuários médicos arquivados eletronicamente em meio óptico ou

magnético e microfilmados.

Nos casos de prontuários em suporte de papel:

Art.4o – Estabelecer o prazo mínimo de 20 (vinte) anos, a

partir do último registro, para a preservação dos prontuários médicos

em suporte de papel.

Parágrafo único – findo o prazo estabelecido no caput e

considerando o valor secundário dos prontuários, a Comissão de

Avaliação de Documentos, após consulta à Comissão de Revisão de

Prontuários, deverá elaborar e aplicar critérios de amostragem para a

preservação definitiva dos documentos em papel com informações

relevantes do ponto de vista médico-científico, histórico e social.

Page 159: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Sobre a microfilmagem, destaca:

Art 5o – Autorizar, no caso de emprego de microfilmagem,

a eliminação do suporte de papel dos prontuários microfilmados, após

análise obrigatória da Comissão Permanente de Avaliação de

Documentos da unidade médico-hospitalar geradora do arquivo.

Para a digitalização dos registros:

Art 6o – Autorizar, no caso de digitalização dos

prontuários, a eliminação do suporte de papel dos mesmos, desde a

obediência da forma de armanezamento dos documentos

digitalizados à norma específica de digitalização contida no anexo

desta resolução e após análise obrigatória da Comissão

Permanente...

Em resumo, as Normas Técnicas para a informatização, devem

garantir:

I - integridade da informação;

II - cópia de segurança: mínimo a cada 24 hs.;

III - banco de dados, características;

IV - privacidade e confiabilidade;

V - autenticação – identificação de cada usuário- senhas;

VI - auditoria – registros dos eventos;

VII - transmissão de Dados;

VIII - Certificação de software pela CFM e pela SBIS

(ww.cfm.org.br/certificação); e

IX - Digitalização de prontuários- características do sistema.

O tempo de guarda do prontuário envolve dúvidas, porque é

necessário definir aquilo a ser preservado e quando se fala em

Page 160: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

guardar a informação, está se discutindo sobre os registros ou o

assunto registrado?

Parece somente um jogo de palavras, mas é importante ao se

considerar o espaço ocupado pelos arquivos de prontuário nas

Instituições.

Ao se falar sobre guarda dos registros está se definindo a

guarda dos documentos originais e como definido pela Resolução

CFM 1.639/02, ao se tratar de registros em suporte de papel, devem

ser mantidos por VINTE anos. Após este prazo pode ser estabelecido

outra forma para se preservar a informação contida nos registros por

tempo indeterminado permitindo a destruição do suporte de papel.

Esta Resolução revoga a Resolução CFM 1.331/89 quando

estabelecia ser o prontuário médico documento de manutenção

permanente dos estabelecimentos de saúde e após decorrido prazo

não inferior a DEZ anos a fluir da data do último registro, o prontuário

pode ser substituído por métodos de registro, capazes de assegurar a

restauração plena das informações nele contida.

A Resolução CFM 1.639/02 foi publicada de acordo com o art.

177 do Código Civil anterior: “a prescrição das sessões pessoais

operar-se-à em vinte anos”

O novo Código Civil estabelece, em seu art. 206, prazos da

prescrição das sessões pessoais diferenciados por pretensão e

determina no §3o, item V, a prescrição em três anos para a pretensão

de reparação civil, e no §5o, item II, a prescrição em cinco anos a

pretensão dos profissionais liberais em geral (…) pelos seus

honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços (…)., não

Page 161: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

obstante constar nas sessões II e III as causas capazes de impedir,

suspender ou interromper a prescrição.

7. RESPONSABILIDADE CIVIL

Referindo-se ao Novo Código Civil, cabe salientar ter havido

alteração da natureza jurídica da responsabilidade civil, cujas

conseqüências foram ampliadas com a explicitação da

responsabilidade objetiva, referindo ter o profissional formação

acadêmica correspondente a ciência e a ética da profissão por ele

abraçada, exercendo-a dentro da normalidade da ciência, sendo

prudente e perito, destacando-se o art. 951 tratando da indenização

devida por profissional no exercício da atividade, quando, por

negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente,

agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.

O profissional médico é acusado tecnicamente e sua defesa se

apóia nos elementos abaixo:

a. o depoimento do médico;

b. a análise do prontuário; e

c. o estudo da petição do autor da demanda;

d. tendo como elementos da responsabilidade:

e. o autor: o profissional;

f. o ato: a ação executada ou não e como;

g. a culpa: negligência, imperícia, imprudência;

h. o dano: laudo do perito judicial; e

i. o nexo causal: circunstâncias da ocorrência.

Page 162: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

Assim, reproduzimos aqui, trecho do texto “A Defesa do

médico”, produzido e publicado pelo Departamento de Defesa

Profissional da APM:

j. “A tempestividade, adequação, moderação, precisão e

acurácia serão observadas no prontuário. Com os dados

identificados na descrição cirúrgica, evolução clínica, e

prescrições pode-se afastar o elemento culpa do ato

médico. Nesta oportunidade é observado se o médico

deixou de tomar os cuidados necessários para evitar o

dano, abandonou as cautelas normais a serem

observadas ou descumpriu as regras disciplinadoras da

ciência médica”.

O Prontuário é documento com registros capazes de serem

observados nos casos de defesa profissional e, portanto, entendemos

ser necessária a conscientização do profissional envolvido na sua

elaboração possibilitando eliminar os registros ilegíveis, incompletos,

baseados em inúmeras siglas se multiplicando diariamente em LOTE,

RNC, aaa, AA, BRNF, TIC, NPP, DPP, TPP, CCC, DPI, HD.

Artigo do JAMB Jan/Fev 2003, do Dr Eduardo da Silva

Vaz, Diretor de Defesa Profissional da AMB

…”tem sido firme a posição tanto da AMB quanto a do CFM

contra esta forma de seguro. É importante os médicos se

conscientizarem do problema, mantenham uma boa relação com o

seu paciente e gastem o tempo necessário para o preenchimento

adequado dos prontuários. O nosso Código de Ética Médica, quando

observado na íntegra, é uma proteção adicional. Infelizmente, na

grande maioria das vezes, trabalhamos em locais inadequados, com

Page 163: NOÇÕES DE AUDITORIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE · serviços abrangem uma complexibilidade cujas combinações . ... A classe média está empobrecendo e perdendo o poder de compra e

escassas condições materiais, possibilitando o aumento do risco de

atuação. Por este motivo, o cuidado com as anotações de nossos

prontuários deve ser tanto quanto o cuidado dispensado aos nossos

pacientes”.

8. CONCLUSÃO

O prontuário preenchido de maneira correta em todos os seus

aspectos, espelha a qualidade da instituição e do atendimento dado

ao paciente.

“Uma segurança para os médicos cultos e conscienciosos, uma

ameaça constante para os audazes sem escrúpulos, os ignorantes

incorrigíveis e, ao mesmo tempo, uma barreira intransponível contra

as reclamações e os caprichos dos clientes descontentes”

(LACASSAGNE)