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NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE
ALIMENTOS
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NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
EMATER MG
CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES
Prof. Leonardo
Olá, meus amigos e amigas!
Estamos inaugurando este novo espaço para concursos e é muito
bom tê-los aqui. Nossas aulas visam preencher uma lacuna no mundo dos
concursos com relação as áreas agrícolas, onde faltam materiais de
qualidade para que possamos estudar os temas pedidos nos editais, nosso
objetivo e preencher esta lacuna e preparando os alunos a disputar uma
vaga, e estar entre os classificados. Assim, teremos aulas voltadas para os
principais concursos nacionais como: FISCAL AGROPECUÁRIO - (MAPA)
(Agronomia, veterinária, zootecnia), PERÍTO DA POLÍCIA FEDERAL
(Agronomia, engenharia florestal, engenharia elétrica, etc),
POLÍCIA CIENTÍFICA, INCRA E MUITOS OUTROS. Estaremos
elaborando aulas de acordo com os editais, com muitos exercícios, para
que possamos gabaritar estas provas. Queremos abordar várias áreas,
como engenharia agrícola, florestal, ambiental, engenharia civil, engenharia
elétrica, arquitetura etc.
O curso de segurança alimentar e nutricional, agroindústria de
alimentos, organização e mercado compõem-se de nove aulas em pdf
totalmente explicadas contemplando vários exercícios de concursos
anteriores visando o treinamento do candidato, esse material objetiva ser a
única fonte do aluno contemplando toda a matéria solicitada no edital
Terracap. Então, não precisará de livros, apostilas, ou qualquer outro
material. Em caso de dúvidas, teremos um FÓRUM diretamente ligado
aos professores, no qual você pode entrar em contato, quando julgar
necessário, para esclarecimento de pontos da aula que não ficaram tão
claros ou precisam de um aprofundamento. O site foi feito pensando em
você, para que alcance seus sonhos, passar em um bom concurso. Para
isso precisamos de excelentes materiais, o que era uma raridade nas áreas
INTRODUÇÃO
3
NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
EMATER MG
CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES
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específicas, hoje temos AGRONOMIACONCURSOS vindo a preencher está
lacuna.
Acompanhe nossa página no Facebook com as novidade no mundo dos
concurso.
Agronomia concursos
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NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
EMATER MG
CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES
Prof. Leonardo
APRESENTAÇÃO
Meu nome é Leonardo, sou Engenheiro Agrônomo formado na
Universidade Federal de Lavras. Trabalho há 10 anos na Emater-MG
(Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas
Gerais). Tenho pós-graduação Lato Sensu em Extensão Ambiental para o
Desenvolvimento Sustentável e em Gestão de Agronegócio. Iniciei o
mestrado em Agricultura Tropical, na área de conservação de solos. Fui
professor do curso técnico agrícola Pronatec, ministrei aulas de nutrição e
forragicultura, fertilidade do solo e culturas anuais e olericultura. Sou
professor de matemática e física do ensino médio. Ministro vários cursos
para agricultura familiar, entre eles fertilidade do solo, culturas anuais,
olericultura, mecanização agrícola, cafeicultura e manejo da bovinocultura
de leite. Trabalho com crédito rural (custeio e investimento), elaborando
projeto e prestando orientação aos agricultores há 10 anos. Sou
responsável pela elaboração da Declaração de Aptidão ao Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) e correspondente
bancário pelo sistema COPAN.
Fiz vários concursos, como Adagro-Pe (agência de fiscalização
agropecuária de Pernambuco), Perito da Policia Federal área 4 –
agronomia, Ministério Público e Ibama. Logrei êxitos em alguns e fui
reprovado em outros, mas assim é a vida do concurseiro. Passei na
Emater-MG, onde estou até hoje. O AGRONOMIA CONCURSOS tornou-se
o nosso ponto de encontro, nosso espaço de estudo para gabaritar todas
as provas de agronomia. Aproveite todas as oportunidades. Solicitamos
que os alunos que adquirirem nossos cursos avaliem-nos no final, para que
possamos melhorar a linguagem e os temas que não ficarem tão claros.
Espero que vocês também aprovem e gostem do nosso material, e que ele
possa ajudar na sua aprovação!
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NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
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O QUE VAMOS ESTUDAR NESTE CURSO?
ANÁLISE DO EDITAL
Vamos analisar nosso edital e montar um cronograma de aula.
2. SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
2.1 A ciência e o processo de nutrição: nutrição, alimentos e nutrientes.
2.1.1 Os nutrientes – funções, necessidades diárias e fontes alimentares:
2.1.2 Macronutrientes: proteínas, carboidratos (hidratos de carbono) ou
glicídios e gorduras ou lipídios;
2.1.3 Micronutrientes: vitaminas e minerais.
2.1.4 Alimentos Funcionais
2.2 Guia Alimentar da População Brasileira: Princípios; A escolha de
alimentos; Dos alimentos
2.2.1 à refeição; O ato de comer e a comensalidade; A compreensão e a
superação de obstáculos; Dez passos para alimentação saudável.
2.3 Comportamento alimentar, Hábitos Alimentares, Educação Alimentar e
Estilos Saudáveis de Vida
2.4 Transformações no padrão alimentar nutricional brasileiro
2.5 Qualidade de alimentos e saúde:
2.6 Quanto aos Aspectos Nutricionais: alimentos energéticos, construtores
e reguladores
2.6.1 Quanto aos Aspectos Sensoriais e Higiênicos
2.7 Boas Práticas no preparo de alimentos (seleção, higiene, preparo,
conservação, armazenamento)
2.7.1 Alimentação saudável em diferentes fases da vida: Lactentes, Pré
escolares, Escolares, Adolescentes, Adulto, Idoso (terceira idade), Gestante
e Nutriz (lactante)
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NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
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2.7.2 Principais doenças de origem alimentar
2.7.3 Políticas e Programas de Segurança Alimentar
2.7.4 A Política Nacional de Alimentação Escolar
3. AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS
3.1. Noções de Microbiologia de Alimentos
3.2. Boas Práticas de Fabricação aplicada a agroindústria de alimentos
3.3- Boas Práticas Agropecuárias na produção de matéria-prima aplicada a
agroindústria de alimentos.
3.4-Projetos Agroindustriais
3.5-Leis sanitárias aplicadas a área de alimentos
3.6- Lei 19.476 e Decreto 45.821/2011
3.7- Rotulagem de Alimentos
6. ORGANIZAÇÃO E MERCADO
6.1. MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO
6.1.1. Políticas públicas de apoio à comercialização de produtos e serviços
da agricultura familiar
6.1.2. Programa de Aquisição de Alimentos – PAA;
6.1.3. Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE;
6.1.4. Política Estadual de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar –
PAA Familiar;
Assim, vamos montar nosso cronograma.
Cronograma das aulas
AULA CONTEÚDO DATA
Aula 0 NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS
POSTADO
Aula 1 NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS
POSTADO
Aula 2
BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO APLICADA A
AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS, BOAS PRÁTICAS
AGROPECUÁRIAS NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA-POSTADO
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NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
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PRIMA APLICADA A AGROINDÚSTRIA DE
ALIMENTOS.
Aula 3 PROJETOS AGROINDUSTRIAIS
POSTADO
Aula 4
LEIS SANITÁRIAS APLICADAS A ÁREA DE
ALIMENTOS, LEI 19.476 E DECRETO 45.821|2011,
EMBALAGEM E ROTULAGEM DE ALIMENTOS POSTADO
Aula 5
POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO À
COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS DA
AGRICULTURA FAMILIAR, PROGRAMA DE
AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS – PAA; PROGRAMA
NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – PNAE;
POSTADO
Aula 6
A CIÊNCIA E O PROCESSO DE NUTRIÇÃO:
NUTRIÇÃO, ALIMENTOS E NUTRIENTES POSTADO
Aula 07
GUIA ALIMENTAR DA POPULAÇÃO BRASILEIRA,
QUALIDADE DE ALIMENTOS E SAÚDE E
TRANSFORMAÇÕES NO PADRÃO ALIMENTAR
NUTRICIONAL BRASILEIRO
POSTADO
Aula 08
QUANTO AOS ASPECTOS NUTRICIONAIS, BOAS
PRÁTICAS NO PREPARO DE ALIMENTOS,
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM DIFERENTES FASES
DA VIDA E PRINCIPAIS DOENÇAS DE ORIGEM
ALIMENTAR
POSTADO
Estes materiais são exclusivos dos alunos que adquiriram
de forma lícita, comprando diretamente do site
agronomiaconcursos, que tem reservados todos os
direitos. Evitem rateios ou outras formas ilícitas de
compra. Adquira diretamente do nosso site.
FIQUE DE
OLHO!
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NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
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Atualmente sabemos que os microrganismos são encontrados
praticamente em todos os lugares. Antes da invenção do microscópio, os
microrganismos eram desconhecidos dos cientistas. Havia epidemias
devastadoras, cujas causas não se conhecia. Os alimentos estragavam
frequentemente e não se podia controlar esse processo; famílias inteiras
morriam. Na Idade Média, milhares de pessoas morriam de ergotismo sem
que se soubesse que se tratava de um fungo ( Claviceps purpurea ).
Possivelmente a primeira pessoa a sugerir a existência da relação
entre os microrganismos e a deterioração dos alimentos foi A. Kircher
(1658), que examinou carne, leite e outras substâncias e verificou a
presença de “vermes” invisíveis a olho nu. Contudo suas observações não
foram aceitas. Em 1765, L. Lpallanzanii derrubou a teoria da geração
espontânea com os seus experimentos. Apesar da importância das
contribuições mencionadas, foi o médico francês L. Pasteur, o primeiro
cientista a compreender o papel dos microrganismos nos alimentos. Em
1857, ele mostrou que o azedamento do leite cru era devido ao
crescimento de microrganismos e em 1860, empregou o calor para destruí-
los, processo hoje chamado de Pasteurização.
IMPORTÂNCIA DOS MICRORGANISMOS NOS ALIMENTOS
As interações entre os microrganismos e alimentos implicam em
modificações enzimáticas e conseqüentemente em sabores e odores
desagradáveis. O advento de alimentos preparados tem ocasionado
problemas relacionados com doenças transmitidas pelos alimentos. A
deterioração é devido à conservação inadequada dos alimentos.
CLASSIFICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS
Os microrganismos são classificados em três grupos distintos,
dependendo do tipo de interação existente entre microrganismos e
INTRODUÇÃO A MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS
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NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
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alimentos, conforme descrito a seguir.
1) Os microrganismos nos alimentos são causadores de alterações químicas
prejudiciais resultando na deterioração microbiana. Essa deterioração
resulta em alterações de cor,odor, sabor. Essas alterações são
conseqüências da atividade metabólica dos microrganismos que estão
apenas tentando perpetuar a espécie, utilizando o alimento como fonte de
energia, sendo eu a deterioração provocada é somente uma conseqüência
do processo.
2) Os microrganismos presentes nos alimentos podem representar riscos à
saúde. São genericamente denominados de patogênicos, podendo afetar o
homem como os animais.
3) Os microrganismos presentes nos alimentos causam alterações
benéficas em um alimento, modificando suas características originais de
forma a transformá-lo em um novo alimento. Neste grupo estão dos os
microrganismos utilizados na fabricação de alimentos fermentados como
vinhos, cervejas, pães entre outros.
Vamos exercitar!!
1 - ES (SESA/ES) - Técnico em Laboratório - CESPE - 2013
De maneira geral, os microrganismos de interesse para os alimentos
podem ser divididos em dois grupos: contaminantes ou úteis. Com relação
aos microrganismos contaminantes, assinale a opção correta.
A Diferentemente das bactérias, os bolores não são capazes de produzir
metabólitos tóxicos ao homem.
B A espécie Saccharomyces cerevisiae é uma bactéria de importância
médica nas intoxicações alimentares.
C Os microrganismos deteriorantes não são capazes de provocar alterações
nas características organolépticas dos alimentos.
D A bactéria Escherichia coli é utilizada como indicador de contaminação
fecal na avaliação da qualidade higiênicosanitária do alimento.
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E A ingestão direta de microrganismos contaminantes é inócua à saúde
humana, devido às defesas naturais do organismo
SOLUÇÃO
A expressão "doenças de origem alimentar" é vulgar e tradicionalmente
utilizada para designar um quadro sintomatológico, caracterizado por um
conjunto de perturbações gástricas, envolvendo geralmente vómitos,
diarreia, febres e dores abdominais, que podem ocorrer individualmente ou
em combinação. As doenças de origem alimentar podem ser provocadas
por diversos grupos de microrganismos, incluindo bactérias, bolores,
protozoários e vírus. As bactérias, pela sua diversidade e patogenia,
constituem, de longe, o grupo microbiano mais importante e mais
vulgarmente associado às doenças transmitidas pelos alimentos. Os
alimentos podem ser contaminados por bactérias patogénicas para o
homem, como resultado de deficientes condições de higiene durante o seu
processamento, quer a partir de pessoas ou animais doentes, quer a partir
de fezes provenientes de indivíduos infectados.
Saccharomyces cerevisiae é uma espécie filogeneticamente próximas
são as mais empregadas pelo homem, que as utilizam nas várias indústrias
de fermentação alimentíica e de bebidas (Vicente, 1987; Gadd & White,
1993).
De acordo com FRANCO (2003) as bactérias pertencentes a este
grupo correspondem aos coliformes totais que apresentam a capacidade de
continuar fermentando lactose com produção de gás, quando incubadas a
temperaturas de 44 - 45º C. Os critérios microbiológicos que envolvem
E.coli são úteis quando é desejável determinar se houve contaminação
fecal
RESPOSTA D
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FONTES PRIMÁRIAS DE MICRORGANISMOS ENCONTRADAS NOS
ALIMENTOS
Gêneros e espécies mais importantes presentes nos produtos
alimentícios são encontrados em oito fontes, descritas a seguir.
a) Solo: O solo contém a maior variedade de microrganismos procedentes
de todas as fontes de contaminação. Organismos do solo entram na
atmosfera pela ação dos ventos e depois nos corpos d’água que são
arrastados para alcançar o interior ou a superfície dos alimentos.
São especialmente importantes alguns bolores, leveduras e algumas
espécies dos gêneros bacterianos Bacillus, Clostridium , Enterobacter,
Escherichia, Micrococcus, Alcaligenes, Flavobacterium , Chromobacterium ,
Pseudomonas , Proteus , Streptococcus , Leuconostoc, Acetobacter.
b) Água: As águas naturais não só contêm sua própria microbiota, como
também microrganismos procedentes do solo e possivelmente de
microrganismos procedentes de animais e de águas residuais. As espécies
bacterianas existentes nas águas naturais são principalmente espécies dos
gêneros Pseudomonas , Chromobacterium , Proteus , Micrococcus, Bacillus,
Enterococcus, Enterobacter e Escherichia coli. É provável que as três
últimas bactérias sejam contaminantes. Para a microbiologia de alimentos
dois aspectos são importantes: o aspecto de saúde pública e o aspecto
econômico.
c) Águas residuais: Quando são utilizadas águas residuais domésticas
sem tratamento existe a possibilidade de contaminação por microrganismos
patogênicos para o homem (doenças do trato intestinal). As águas naturais
contaminadas com águas residuais aportam os microrganismos nos
mariscos, pescados e outros alimentos de srcem marinha. Bactérias do
grupo coliforme, Enterococos, Vibrio , outras bactérias intestinais e vírus
são as principais contamina ntes.
d) Ar: A contaminação dos alimentos pelo ar pode ter importância tanto
por razões higiênicas quanto econômicas. Os microrganismos patógenos,
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em especial os que são responsáveis por infecções respiratórias podem ser
transmitidos pelo ar que possivelmente contamina os alimentos.
Os esporos de fungos do ar podem representar um inconveniente
para alguns tipos de alimentos, como por exemplo, queijo, carnes, pão,
leite condensado etc. Um dos grupos de bactéria que são particularmente
bem adaptadas são Actinomycetos, especialmente aquelas do gênero
Streptomyces , produz esporos que sobrevivem muito bem no ar. Algumas
espécies podem ser responsáveis pelo odor e sabor desagradável em água
potável.
e) Animais: Todos os animais saudáveis possuem uma microbiota
complexa, que pode ser transitória (microbiota normal de alguns
indivíduos) e patogênica (capazes de matar seus hospedeiros). Grande
quantidade de microrganismos é freqüentemente encontrada em:
pele – áreas úmidas especialmente virilha ou entre os dedos;
trato respiratório – nariz e orofaringe;
trato digestivo – boca e intestino grosso;
trato urinário – parte anterior da uretra;
trato genital – vagina;
A superfície da pele dos humanos e outros animais é exposta ao ar, solo e
água que contamina os alimentos e equipamentos. Os microrganismos são
característicos de cada espécie do animal e nos humanos a microbiota
normal da pele predominante são bactérias gram positiva dos gêneros
Staphylococcus , Corynebacterium e Propionibacterium.
Para os animais produtores de carne são predominantes os
Micrococos, Staphylococcus e Enterococos. O nariz humano e as mãos são
habitats primários do Staphylococcus aureus , eles residem na mucosa do
nariz. As secreções nasais contêm um grande número de bactérias, em
algumas pessoas, a maior parte é de Staphylococcus que contaminam suas
mãos. As fezes e os alimentos de srcem animal contaminados podem
conter diversos microrganismos entéricos, inclusive do gênero Salmonella .
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f) Manipulação e tratamento: Outras contaminações podem ter
srcem no equipamento que entra em contato com os alimentos nos
materiais utilizados e nas pessoas. O pessoal que trabalha nas plantas de
indústrias que fabricam alimentos pode contaminá-los durante sua
manipulação e tratamento. Alguns pesquisadores citam que os seres
humanos eliminam de 103 a 104 microrganismos vivos por minuto. O
número e tipo de microrganismos eliminados possuem uma relação íntima
com o ambiente de trabalho. A microbiota das mãos e roupas dos
manipuladores de alimentos pode ser oriunda do solo, água, poeira e
outros ambientes. Outras fontes importantes são as fossas nasais, a boca e
a pele. Em condições muito precárias de higiene também os
microrganismos do trato gastrintestinal podem contaminar as mãos dos
manipuladores e, conseqüentemente, os alimentos por eles preparados. As
mãos podem veicular vários microrganismos importantes, dependendo do
tipo de alimento manipulado ou do momento da coleta das amostras para
análise.
Os manipuladores de alimentos têm um importante papel na
prevenção das toxinfecções alimentares e das demais doenças de origem
alimentar. As mãos raramente estão livres de bactérias, que podem ser
transitórias ou semipermanentes no interior ou na superfície da pele. A
microbiota das mãos geralmente consiste de estafilococos. Eles aderem à
superfície da pele e persistem nos folículos capilares, poros, cavidades e
lesões causadas por rachadura na pele, e eles não são facilmente
removidos.
g) Ração animal: Animais confinados, bovinos e suínos, assim como as
aves, estão expostos a infecções provenientes de rações. Parte de
amostras de rações à base de peixes, ossos e carnes apresentam
salmonelas. O consumo pode levar a uma excreção temporária e às vezes a
doenças. Rações produzidas a partir de sobras do comércio de carnes,
reciclam as salmonelas de volta aos animais.
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A ingestão de miúdos crus ou inadequadamente tratados pelo calor,
provenientes de ovinos, aves, bovinos e outros animais levará
inevitavelmente à uma infecção por Salmonella .
h) Utensílios - Contaminação cruzada: Utensílios como recipientes,
bandejas, facas, tábuas, moedores etc., têm papel importante como fonte
de contaminação. As contaminações cruzadas causam contaminações pós-
processamento do alimento (ou seja, após a etapa de cozimento). Podem
ser evitadas por meio de:
planejamento cuidadoso do ambiente e distribuição de
equipamentos da fábrica;
controle do movimento de pessoal;
hábitos adequados dos manipuladores quanto à higiene.
CAUSAS DA CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS
Existe um grande número de fatores que contribuem para tornar um
alimento inseguro, causando toxinfecções àquelas pessoas que o ingerem.
As principais causas podem ser resumidas como:
controle inadequado de temperatura durante o cozimento,
resfriamento e a estocagem;
higiene pessoal insuficiente:
contaminação cruzada entre produtos crus e processados;
monitoramento inadequado dos processos.
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MICRORGANISMOS IMPORTANTES NA MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS
A Microbiologia é classicamente definida como a área da ciência que
dedica-se ao estudo de organismos que somente são visíveis ao
microscópio. Assim, podemos definir a Ciência da Microbiologia como
sendo,
Com base neste conceito, a microbiologia aborda um vasto e diverso
grupo de organismos unicelulares de dimensões reduzidas, que podem ser
encontrados como células isoladas ou agrupados em diferentes arranjos.
Assim, a microbiologia envolve o estudo de organismos procarióticos
(bactérias, archaeas), eucarióticos (algas, protozoários, fungos) e também
seres acelulares (vírus). Assim, temos o estudo das:
Bactérias – bacteriologia
Fungos – Micologia
Vírus – Virologia
Algas microscópicas e protozoários – Parasitologia ou
Protozoologia
Desta forma, o estudo da microbiologia teve seu início com os relatos
de Robert Hooke e Antony van Leeuwenhoek, que desenvolveram
microscópios que possibilitaram as primeiras observações de bactérias e
outros microrganismos a partir da análise de diversos espécimes biológicos.
Embora van Leeuwenhoek seja considerado o "pai" da microbiologia, os
relatos de Hooke, descrevendo a estrutura de um bolor, foram publicados
anteriormente aos de Leeuwenhoek.
O estudo dos microrganismos e de suas atividades,
preocupando-se com a forma, a estrutura, a reprodução, a
fisiologia, o metabolismo e a identificação dos seres
microscópicos. Inclui o estudo de sua distribuição natural, suas
relações recíprocas e com os outros seres vivos, seus efeitos
benéficos e prejudiciais sobre os homens e as alterações físicas
e químicas que provocam em seu meio ambiente.
16
NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
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Assim, embora Leeuwnhoek tenha fornecido importantes informações
sobre a morfologia bacteriana, estes dois pesquisadores devem ser
considerados como pioneiros nesta ciência. Nas últimas décadas, houve
uma "revolução" na microbiologia, a qual passou e ainda vem passando por
profundas modificações, especialmente no que se refere aos conhecimentos
sobre ecologia e classificação dos microrganismos.
Anteriormente, os microrganismos (principalmente os procarióticos)
eram considerados seres unicelulares de comportamento independente,
mesmo que fossem encontrados em agrupamentos contendo diversas
células. Assim, a maior parte dos conhecimentos foram obtidos a partir de
culturas puras isto é, o microrganismo era isolado da natureza e, após ser
"separado" dos demais microrganismos, era cultivado em laboratório,
gerando populações contendo um único tipo celular.
Nos últimos anos, com o progresso do conhecimento científico,
reconheceu-se a formação de biofilmes e seus potenciais danos para a
saúde, em diversos segmentos de atividades humanas. Os biofilmes
microbianos são comunidades de células aderidas a uma superfície e entre
si e embebidas por uma matriz de substâncias extracelulares poliméricas.
Estas substâncias poliméricas são produzidas pelos próprios
microrganismos, com a finalidade de aumentar a sua chance de
sobrevivência em um determinado meio. Estas substâncias de produção
microbiana são também denominadas slime.
Figura 2. Etapas de formação do biofilme Fonte: CAPELLETTI, 2006.
17
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Vamos exercitar!!
2 - Técnico em Laboratório - Microbiologia dos Alimentos - UFF/COSEAC - 2010
Muitas contaminações ou recontaminações ocorrem em indústrias de
diferentes tipos de alimentos. Grande parte destas contaminações está
diretamente relacionada à formação de biofilmes (...). (HAUN, 2004,
disponível em:
http://quimicadealimentos.files.wordpress.com/2009/08/biofilmes-
microbianos-na-industria-de-alimentos.pdf). Do ponto de vista da
segurança alimentar, o termo biofilme refere-se ao(à):
(A) material mucilaginoso que surge na superfície do leite, aumentando sua
viscosidade, devido ao crescimento de Alcaligenes viscolatis e Enterobacter
spp;
(B) meio de cultura semissólido utilizado para a multiplicação de
microrganismos durante o processo de identificação de espécies
contaminantes de alimentos industrializados;
(C) limosidade observada na superfície de alimentos sólidos, como carnes
frescas resfriadas, provocada pela ação de Pseudomonas;
(D) massa de resíduos orgânicos, microrganismos e seus metabólitos
(polímeros extracelulares e catabólitos) encontrada em superfície de
utensílios e equipamentos;
(E) crosta esverdeada causada pela produção de ácido sulfídrico (H2S) por
bactérias que crescem na superfície da carne e seus derivados.
SOLUÇÃO
Uma grande variedade de microrganismos é capaz de aderir e formar
biofilme em superfícies bióticas e abióticas, incluindo lentes de contato,
cascos de navios, encanamento em indústrias de alimentos e petróleo,
pedras em cursos d’água e sílica, aço inoxidável, vidro, alumínio, teflon,
materiais de náilon e borracha encontrados em ambientes utilizados para
18
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processar alimentos e em uma variedade de implantes e aparelhos
transcutâneos (RESENDE, 2005).
Nos últimos anos, com o progresso do conhecimento científico,
reconheceu-se a formação de biofilmes e seus potenciais danos para a
saúde, em diversos segmentos de atividades humanas. Os biofilmes
microbianos são comunidades de células aderidas a uma superfície e entre
si e embebidas por uma matriz de substâncias extracelulares poliméricas.
Estas substâncias poliméricas são produzidas pelos próprios
microrganismos, com a finalidade de aumentar a sua chance de
sobrevivência em um determinado meio. Estas substâncias de produção
microbiana são também denominadas slime.
Na indústria de laticínios a colonização em tanques de
armazenamento do leite, adesão nos trocadores de calor e adesão de
esporos na superfície de embalagens são alguns exemplos de problemas
que também estão ligados aos biofilmes sobre superfícies, constituindo um
ponto crítico na indústria (HAUN, 2004).
Um biofilme pode ser monoespécie quando é formado por apenas um
tipo de microrganismo, ou multiespécie, quando é encontrada mais de uma
espécie na comunidade microbiana (BOARI, 2008). Os biofilmes
monoespécies ocorrem mais em tecidos orgânicos, como válvulas
cardíacas, em conseqüência de processos infecciosos. Já os biofilmes
multiespécies ocorrem em organizações do ramo alimentício, onde se
utilizam outras superfícies (Fig. 4) (O’TOOLE et al., 2000 apud BOARI,
2008).
RESPOSTA D
19
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MICRORGANISMOS DE INTERESSE EM ALIMENTOS
Existe uma grande variedade de reinos e gêneros de microrganismo
que podem afetar direta ou indiretamente um alimento. Em caso de
presença nos alimentos, os microrganismos podem causar danos ou
benefícios ao alimento. Os microrganismo de interesse em alimentos,
compreendem as bactérias, os fungos e os vírus. Ao grupo dos fungos
pertencem os bolores e as leveduras. Vamos começar a estudar as
bactérias.
BACTERIAS
Levando em conta o número total de espécies bacterianas existentes
na natureza, poucas são importante para os alimentos. Assim, as Bactérias
são micro-organismos unicelulares de tamanho reduzido com dimensões
que variam entre 200 nm e 2,0 μm de diâmetro e de 2 a 8 μm de
comprimento. As bactérias podem ser encontradas sob forma de bacilos
(em forma de bastão), cocos (forma esférica) e espirilos (forma de saca-
rolhas ou curvadas) (Fig 1). As bactérias individuais podem formar pares,
grupos, cadeias ou outros agrupamentos; tais formações são usualmente
características de um gênero particular ou de uma espécie de bactéria.
A forma de uma bactéria é determinada por hereditariedade.
Geneticamente, a maioria das bactérias é monomórfica, isto é, elas
mantêm uma única forma. Entretanto, uma série de condições ambientais
pode modificar sua forma, a qual, quando alterada, dificulta sua
identificação. Algumas bactérias são pleomórficas, o que significa que elas
podem ter várias formas, e não apenas uma. Invisíveis ao olho humano, as
bactérias são normalmente medidas em micrômetros (µm), que são
equivalentes a 1/1000mm (10 - 3mm). As células bacterianas variam em
tamanho dependendo da espécie, mas a maioria tem aproximadamente de
0,5 a 1µm em diâmetro ou largura.
20
NOÇÕES DE MICROBIOLOGIA DE ALIMENTO
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CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES
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Figura 1 – Célula bacteriana com formato de bastonete (bacilo)
Vamos exercitar!
3 - SESA/ES - CESPE/UnB - 2013
A categoria das bactérias presentes na imagem acima em função de
sua forma é o
A espiroqueta.
B coco.
C espirilo.
D vibrião.
E bacilo.
SOLUÇÃO
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No quadro abaixo vemos os tipos de bactérias exstentes
As bactérias diferenciam-se de fungos e protozoários (eucariotos),
entre outras características, principalmente por serem definidas como
procariotos (Figura 2).
Figura 2 – Representação esquemática de células procariótica e eucariótica
Os Procariotos são seres vivos, comumente unicelulares, que não
apresentam um núcleo celular nem organelas em seu citoplasma. E os
Eucariotos são seres vivos com DNA compartimentado, ou seja, delimitado
por uma membrana formando o núcleo celular. O conhecimento sobre dois
RESPOSTA B
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tipos de células existentes (procarióticas e eucarióticas) é de suma
importância em Microbiologia, pois nos fornece a principal característica
para diferenciação entre bactérias e fungos, algas e protozoários.
Assim, essa característica presença ou ausência de núcleo nos auxilia
na definição das teorias de evolução da vida na Terra, pois sugere-se que
aquelas células mais “simples” foram as primeiras a surgirem no planeta,
dando origem posteriormente às células mais complexas. As bactérias são
encontradas nos mais variados ambientes incluindo solo e água, além de
serem encontradas associadas às plantas e animais e participarem da
transformação de vários substratos em produtos fermentados amplamente
consumidos pela humanidade.
As bactérias representam um grupo de micro-organismos de grande
importância, pois desempenham diversos papeis relevantes nas mais
variadas áreas da Microbiologia. Muitas bactérias estão associadas a
doenças em humanos como tuberculose (Mycobacterium tuberculosis),
cólera (Vibrio cholerae) e (Streptococcus pneumoniae). Em animais, como
a brucelose (Brucella sp.) e a leptospirose (Leptospira). Em plantas como
cancro bacteriano em tomate (Clavibacter michiganensis subsp.
michiganensis), escaldadura das folhas em cana (Xanthomonas
albilineans), entre outras.
Outro processo de grande importância das bactérias e o da
fermentação que é o processo de quebra da glicose sem nenhum consumo
de oxigênio. É, para os organismos anaeróbios, o único meio de obtenção
de energia, pois eles não possuem enzimas responsáveis pelas reações
químicas do ciclo de Krebs e da cadeia respiratória. Alguns organismos que
realizam a fermentação são as bactérias causadoras do tétano, do
botulismo e do levedo de cerveja. Os tipos mais importantes
da fermentação são a fermentação lática e alcoólica (fig. 3). A fermentação
láctica é assim chamada porque as bactérias que a fazem produzem ácido
láctico, que coagula o leite, transformando-o em coalhada ou em iogurte.
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Assim, O ácido pirúvico é diretamente reduzido a ácido láctico pelo NADH;
a fermentação homoláctica produz grandes quantidades de ácido láctico; a
fermentação heteroláctica leva à produção de outras substâncias, para
além do ácido láctico, como CO2, etanol e ácido acético.).
A fermentação alcoólica é realizada por um fungo unicelular, também
chamado de levedo de cerveja ou fermento de padaria, cientificamente
chamado de Saccharomyces cerevisiae. Essa levedura é utilizada na
fabricação de bebidas alcoólicas (vinhos, cervejas, aguardentes, etc.) e na
fabricação de pães na qual o gás carbônico é o responsável pelas bolhas
que tornam a massa mais macia.
Assim, a fermentação alcoólica é realizada por leveduras; o ácido
pirúvico é convertido em etanol e CO2 em duas etapas:
1ª - O ácido pirúvico é descarboxilado e forma-se acetaldeído;
2ª - O acetaldeído é reduzido pelo NADH a etanol.)
Fig . 3 – tipos de fermentação
Assim, as bactérias não somente representam um grupo relevante
em Microbiologia em função dos problemas causados, mas também pelos
benefícios advindos de seu uso, por exemplo, em fermentações na indústria
de alimentos para produção de produtos lácteos (fermentação lática -
queijos e bebidas lácteas fermentadas), vegetais fermentados
(fermentação lática - chucrute), produtos cárneos (fermentação lática -
linguiça e salame), bebidas (fermentação lática e malolática - vinho e
cachaça) e na produção de vinagre (fermentação acética), entre outros.
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As bactérias são ainda importantes na alimentação animal, por
exemplo, na produção de silagem uma vez que são os principais micro-
organismos responsáveis pela fermentação do material vegetal utilizado.
Além dos benefícios na indústria de alimentos, as bactérias estão
envolvidas em importantes processos na natureza como na ciclagem de
nutrientes (ciclo do nitrogênio) e decomposição. Veremos nas próximas
aulas maiores detalhes no envolvimento dos micro-organismos com a
produção de alguns produtos na agroindústria.
Assim, podemos identificação as bactérias de um determinado
alimento sendoo necessários sua observação no microscópio com a
finalidade de determinar a forma, tamanho, tipo de agrupamento,
estruturas e reações de coloração das bactérias existentes nos alimentos.
Uma das estruturas mais importância e a parede celular que é uma
estrutura complexa, semi-rígida, responsável pela forma da célula. A
principal função da parede celular é prevenir a ruptura das células
bacterianas quando a pressão da água dentro da célula é maior que fora
dela. A composição química da parede celular é usada para diferenciar os
principais tipos de bactérias. A parede celular permite a divisão das
bactérias em dois grupos:
bactérias gram positivas
bactérias gram negativas
O critério mais importante para diferencial de bactérias gram-positiva
e negativa e a coloração de Gram sendo um passo importante na
caracterização e classificação inicial das bactérias . Esse método de
coloração permite que as bactérias sejam visualizadas no microscópio
optico, uma vez que sem a coloração é impossível observá-las ou identificar
sua estrutura.
O método de coloração de Gram recebeu esse nome em homenagem
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ao patologista dinamarquês Hans Christian Joachim Gram que realizou a
descoberta em 1884 e até hoje continua sendo a mais utilizada nos
laboratórios de análises clínicas e microbiologia. Através da coloração é
possível identificar e diferenciar os dois principais grupos de
bactérias, Gram-positivas e Gram-negativas.
Assim, o procedimento de coloração de Gram permite que as
bactérias retenham a cor com base nas diferenças nas propriedades
químicas e físicas da parede celular. O uso dos corantes permite aumentar
o contraste e evidenciar a estrutura bacteriana. A coloração envolve 3
etapas principais:
• Coloração com violeta de cristal (um corante solúvel em água, roxo);
• A descoloração (utilizando etanol / acetona);
• A contra-coloração (utilizando corante Safranina, vermelho).
As bactérias Gram-positivas retém o cristal violeta devido à presença
de uma espessa camada de peptidoglicano (polímero constituído por
açúcares e aminoácidos que originam uma espécie de malha na região
exterior à membrana celular das bactérias) em suas paredes celulares,
apresentando-se na cor roxa. Podemos exemplificar algumas bactérias
Gram-positivas como os Bacillus, Nocardia, Clostridium, Propionibacterium,
Actinomyces, Enterococcus, Cornyebacterium, Listria, Lactobacillus,
Gardnerella, Mycoplasma, Staphylococcus, Streptomyces, Streptococcus.
As bactérias Gram-negativas possuem uma parede de peptidoglicano
mais fina que não retém o cristal violeta durante o processo de
descoloração e recebem a cor vermelha no processo de coloração final.
Exemplos de bactérias Gram-negativas são as Escherichia, Helicobcater,
Hemophilus, Neisseria, Klebsiella, Enterobacter, Chlamydia, Pseudomonas,
Salmonella, Shigella.
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Vamos exercitar!!
4 - MS CONCURSOS - 2017 - Prefeitura de Tanguá - RJ - Técnico de Laboratório
Assinale a alternativa que corresponde às lacunas que se encontram na
seguinte sentença que descreve as etapas de coloração de Gram: “Um
esfregaço fixado pelo calor é recoberto com o _______________. Após um
curto período de tempo, o corante é lavado, e o esfregaço é recoberto com
_______. A seguir, a lâmina é lavada com ________. Após mais uma
lavagem, a lâmina é então corada com ______________ e posteriormente
lavada e examinada microscopicamente”.
a) Cristal violeta, iodo, álcool, safranina.
b) Safranina, iodo, álcool, cristal violeta.
c) Cristal violeta, álcool, iodo, safranina.
d) Safranina, álcool, iodo, cristal violeta.
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SOLUÇÃO
A coloração envolve 3 etapas principais:
• Coloração com violeta de cristal (um corante solúvel em água, roxo);
• A descoloração (utilizando etanol / acetona);
• A contra-coloração (utilizando corante Safranina, vermelho).
Assim, podemos destacar os gêneros bacterianos de maior
importantes para os alimentos, podendo ser agrupados em sete categorias:
Bactérias Gram – negativas, aeróbicas e microaeróbias;
Encontramos, apenas o gêneros Campylobacter tem importância para
alimentos. São Oxidase positivos, com flagelos polares e com motilidade
característica (movimento saca-rolha). São Microaerófilos ou anaeróbios.
As espécies mais importante são C. jejuni, C. coli e C. lari, que são
causadores de gastrenterites de origem alimentar.
RESPOSTA A
1. Bactérias Gram – negativas, aeróbicas e microaeróbias;
2. Bactérias Gram – negativas, aeróbicas estritas;
3. Bactérias Gram – negativas, anaeróbicas facultativas;
4. Cocos gram – positivos;
5. Bacilos Gram-positivos produtores de esporos;
6. Bacilos Gram-positivos não esporulados;
7. outros
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Bactérias Gram – negativas, aeróbicas estritas
As espécies do gênero Pseudomonas pertencem à família
Pseudomonadaceae e são bacilos Gram-negativo não fermentadores de
glicose, não-esporulados, aeróbios e móveis, devido à presença de um
flagelo polar. Estes micro-organismos possuem necessidades mínimas
nutricionais e tolerância a uma grande variedade de condições físicas,
incluindo elevada temperatura. Sendo assim, encontra-se amplamente
distribuídas no solo e na água, e podem fazer parte da microbiota normal
do trato intestinal e pele de cerca de 3 a 5% da população.
As pseudômonas psicrotróficas são encontradas em alimentos refrigerados
e congelados. Em alimentos processado só são encontradas em alimentos
processados que sofreram contaminação pós processamento (baixa
resistência térmica).
Vamos exercitar!
5 - SESA/ES - CESPE/UnB - 2013
Considerando os microrganismos comumente envolvidos na deterioração de
carnes de frangos, assim como os métodos de conservação empregados na
indústria, julgue o item a seguir.
A Produtos embalados a vácuo favorecem o desenvolvimento de bactérias
do gênero Pseudomonas em virtude das condições de anaerobiose
requeridas por esses microrganismos.
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o CERTO
o ERRADO
SOLUÇÃO
As espécies do gênero Pseudomonas são bacilos Gram-negativos, aeróbios
e móveis. Possuem necessidades nutricionais mínimas, sobrevivendo em
uma grande variedade de ambientes. Encontram-se amplamente
distribuídas no solo e na água, e podem também fazer parte da microbiota
normal do trato intestinal e pele de 3 a 5 % da população.
Xanthomonas
São bacilos retos, com Flagelo polar e Catalase positiva. O chamado
teste da catalase é usado em microbiologia e consiste na detecção de
catalase em bactérias, servindo essencialmente para a distinção entre
estafilococos e estreptococos. Uma gota de peróxido de hidrogénio a
3%(v/v) é depositada numa lâmina de microscópio; uma amostra (uma
gota de cultura líquida do microorganismo a testar ou uma colónia colhida
com uma alça de inoculação ou um palito) é então esfregada nesta gota.
Se aparecem bolhas, o organismo é catalase-positivo (possui catalase, caso
dos estafilococos), se não é catalase-negativo (estreptococos). As bolhas
são formadas pelo oxigênio molecular libertado na reação da catalase.
Muitas espécies deste genero são patogênicas para plantas, como X.
campestris, responsável pelo cancrocítrico. Podem causar deterioração em
produtos de origem vegetal.
Halobacteriaceae
São bactérias halófilas extremas, necessitando de 15% de sal
para sua multiplicação. Esta concentração elevada de sal é necessária para
RESPOSTA ERRADO
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atividade de enzimas, para a estabilidade das membranas e ribossomos e
para síntese de protéica. São frequente em alimentos salgados, como
pescados e carnes. Os gêneros importante são Halobacterium e Halococcus.
Em alimentos salgados produz uma limosidade de odor extremamente
desagradável e de coloração vermelha devido ao pigmento que produzem
(bactorrubeína)
Acetobacter
São bacilos retos ou levemente curvos, Coloração de Gram variável
em função da idade das culturas. Podem ser móveis (flagelos peritríquios)
ou imóveis. Esse gênero é importante em alimentos, pois é capaz de oxidar
etanol a ácido acético e de oxidar acetato e lactato a CO2 e H2O.
Importantes na produção de vinagres. São Responsáveis pela deterioração
de sucos de frutas e bebidas alcoólicas (vinhos e cervejas).
Vamos analisar!
6 - Técnico de Laboratório - Biologia - UFJF - 2017
Microrganismos estão em todos os lugares e são essenciais para a
manutenção do planeta. Na produção industrial temos a utilização dos
seguintes microrganismos e suas seguintes aplicações, julgue o item a
seguir:
Acetobacter produzindo vinagre.
SOLUÇÃO
A fermentação acética corresponde à transformação do álcool em ácido
acético por determinadas bactérias, conferindo o gosto característico de
vinagre. As bactérias acéticas constituem um dos grupos de
microrganismos de maior interesse econômico, de um lado pela sua função
na produção do vinagre e, de outro, pelas alterações que provocam nos
alimentos e bebidas.
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Inicialmente, as bactérias acéticas foram designadas por Micoderma
vini. Depois, em relação ao aspecto morfológico, foram classificadas em
três espécies: Bacterium aceti, Bacterium pasteurianum e Bacterium
kurtzingianus. Somente em 1898 foram classificadas como sendo do
gênero Acetobacter.
Pela classificação atual, as bactérias acéticas pertencem à
família Pseudomonodaceae; aos gêneros Acetobacter e Gluconobacter. As
principais espécies de bactérias acéticas são: Acetobacter aceti,
Acetobacter pasteurianus, Acetobacter xylinum, Acetobacter
schützenbachii e Gluconobacter oxydans.
Acinetobacter
São Bacilos curtos ou cocobacilos, predominantemente aos
pares ou em cadeias curtas. São aeróbios estritos e mesófilos. São
importantes agentes de deterioração de alimentos, tanto crus como
processados, incluindo carnes e carcaças de aves.
Alcaligenes
Têm coloração Gram-variável, podendo apresentar-se na forma de
cocos, cocobacilos ou bacilos. São móveis, aeróbios estritos e oxidase
positivos. Não fermentam açúcares, mas produzem reações alcalinas.
Largamento distribuídos na natureza, têm sido causadores de deterioração
de alimentos protéicos como lei cru, carnes, ovos e laticínios.
RESPOSTA CERTO
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Alteromonas
São bactérias aeróbias, halófilas, moveis e comuns em ambiente
marinhos. Podem causar a deterioração de pescado
Brucella
São cocobacilos ou bacilos curtos, imóveis, com algumas espécies
patogênicas: B. abortus, patogênica para gado bovino, B. suis, patogênica
para suínos. São espécies que podem causar brucelose no homem. As
fontes de infecção são o leite cru e laticínios, carnes não cozidas ou
derivados de carne. Devido à sua baixa resistência térmica, são facilmente
eliminados dos alimentos pela pasteurização.
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Flavobacterium
Abragem as espécies bacilares imóveis, produtoras de pigmentos
carotenóides (amarelo ou vermelhos). A produção de pigmentos é
dependente da temperatura e do substrato. Algumas espécies multiplicam-
se melhor abaixo de 3º C. Podem ser isoladas da água, solo, animais,
humanos. Presentes em vegetais frescos e congelados, pescado, carnes e
aves.
Moraxella
São bacilos Gram-negativos curtos, muita das vezes classificados como
Acinetobacter, diferindo destes apenas por serem sensíveis à penicilina e
por serem oxidase positivos. Seu metabolismo é oxidativo, não formando
ácidos a partir de glicose.
Psychrobacter
Este gênero recentemente criado contém bacilos Gram – negativos
imoveis, antigamente pertenciam aos gêneross Moraxella e Acinetobacter.
A única espécie é P. immobilis, comuns em carne, aves e peixes e também
no ambinete aquático.
Shewanella
A espécie importante é S. putrefaciens, anteriormente denominada
Pseudomonas putrefaciens ou Alteromonas putrefaciens, associado ao
ambiente aquático e marinho
Bactérias Gram-Negativas anaeróbias facultativas
Encontra nesse grupo as famílias Enterobacteriaceae e Vibrionaceae. Estas
famílias contêm muitos gêneros, mas somente os importantes para os
alimentos são apresentados a seguir.
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Citrobacter
As espécies pertencentes a este gênero são bacilos móveis, com a capacidade
de utilizar citrato como única fonte de carbono. Pertencente ao grupo dos
coliformes. São bacterias intestinais e podem ser econtrados em muito alimentos.
Não há provas suficientes sobre a impôrtancia deles como agentes causadores de
doenças de origem alimentar. Podem causar deterioração dos alimentos. C.
freundii é a espécie mais comum nos alimentos.
Edwardsiella
São bacilos móveis com flagelos peritríquios. Algumas espécies podem ser
patogenciso para o hoem, mas sua veiculação pelos alimentos ainda não foi
suficientemente demonstrada.
Família Enterobacteriaceae Família Vibronaceae
Gêneros: Gêneros:
*Citrobacter
*Enterobacter
*#Escherichia
*Klebsiella
Grupo dos Coliformes:
usado como indicador
das condições
higiênicas dos
alimentos
Plesiomonas
Vibrio
Patogênicas
Edwardsiella
Erwinia
Proteus
Serratia
Hafnia
Deteriorantes
Salmonella
Shigella
Yersinia
Aeromonas
Escherichia
Patogênicas
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Enterobacter
São bacilos imóveis. Pertence a microbiota intestinal do homem e
pertencem ao grupo dos coliformes. Podem causar a deterioração de
alimentos.
Erwinia
São bacilos pequenos, móveis cm flagelos peritríquios, oxidase
negativos e catalase positivos. São importantes agentes causadores de
doenças em plantas.
Escherichia
Pertence ao Gênero Escherichia como principal espécie Escherichia coli, são
móveis com flagelos peritríquios. Coliformes fecais, atualmente
chamados de termotolerantes. Indicador de contaminação fecal de
alimentos encontrado no conteúdo intestinal do Homem e de animais de
sangue quente.
Hafnia
São bacilos móveis, importantes na deterioração de carnes
refrigeradas e vegetais. A única espécie é H.alvei.
Klebsiella spp
Ocorrem nas fezes de seres humanos e espécimes clínicas, solo, água,
grãos, frutas e vegetais. K. pneumoniae, K. oxytoca e ocasionalmente
outras espécies são patógenos oportunistas que podem causar bacteremia,
pneumonia, infecções do trato urinário e outras infecções ao homem.
Freqüentemente causam infecções nosocomiais urológicas, neonatais, em
pacientes geriátricos ou em tratamento intensivo (HOLT et al.,1994). São
bacilos imóveis, produtores de cápsula. Fazem parte do grupo dos
coliformes, sendo importantes devido à sua capacidade de desenvolver
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reações indesejáveis nos aliemntos. Não há provas conclusivas sobre sua
patogeneicidade quando veiculadas pelos alimentos.
Proteus spp.
Ocorrem no intestino dos seres humanos e em um grande número de
animais, em dejetos, solo e águas poluídas. Há relatos do isolamento de P.
myxofaciens em larvas de insetos. Patógenos de humanos causam
infecções no trato urinário, invasões secundárias, lesões septicêmicas,
freqüentemente em queimaduras de pacientes (HOLT et al., 1994). São
importantes agentes deteriorantes dos alimentos.
Salmonella spp.
As espécies de Salmonella spp. são agentes freqüentes de surtos de
enfermidades transmitidas por alimentos. Por serem microrganismos
entéricos, podem estar presentes no intestino de animais de sangue quente
e, mais raramente, também nos de sangue frio (FRANCO & LANDGRAF,
1996). Resistem bem às temperaturas de refrigeração, no entanto, o
congelamento provoca uma redução significativa da população, mas nunca
a destruição completa (GLEDEL, 1994; SILVA, 2000).
Em função de sua capacidade de disseminação no meio ambiente, podem
ser isoladas de locais variados e diferentes (águas doces superficiais, costa
marítima, carnes de animais, pescados, verduras, ovos, etc.) e,
conseqüentemente, de diversas matérias primas alimentares. Podem ainda
ser veiculadas pelo próprio ser humano, neste caso na condição de
portador assintomático (JAKABI et al., 1999). Salmonelas são causa de
febre tifóide, infecções entéricas, gastroenterites e septicemias (HOLT et
al.,1994).
Vamos exercitar!!
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8 - DF (SES/DF) - Médico Residente – Nutrição – IADES - 2017
Considerando treinamentos a respeito de segurança no trabalho e de
doenças transmitidas por alimentos, julgue o item a seguir.
A Salmonella sp é uma bactéria que sobrevive até a temperatura de 92º C,
por isso há necessidade do alimento atingir altas temperaturas para a
morte da referida bactéria.
o CERTO
o ERRADO
SOLUÇÃO
As salmonelas conseguem crescer em ambientes com temperaturas entre 7
e 48ºC e têm uma temperatura ótima de crescimento (temperatura à qual
a taxa específica de crescimento é máxima) entre 35 e 37ºC. As
salmonelas não se multiplicam à temperatura de refrigeração mas são
extremamente resistentes à congelação. As salmonelas são destruídas por
pasteurização, mas teores elevados de gordura e baixas Atividade
de Água (Aw) reduzem a eficácia dos tratamentos térmicos. O limite
mínimo de aw que permite crescimento é 0,93. O crescimento de
Salmonella é inibido em meios (ou alimentos) com concentrações de NaCl
entre 3 e 4% (com o aumento de temperatura - dentro da gama das
temperaturas toleradas- aumenta a tolerância ao NaCl). As salmonelas são
extremamente resistentes à secura.
Serratia.
São bacilos imóveis. As espécies importantes nos alimentos são S.
marcescens, produtoras de pigmentos vermelhos de natureza carotenóide,
e S. liquefaciens, que causa deterioração de vegetais e carnes refrigeradas.
RESPOSTA ERRADO
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Shigella
São bacilos não esporulados, imóveis. São encontrado no trato
gastrintestinal do homem e outros primatas. Sua importância nos
aliemntos deve-se à sua patogenicidade. Ao os agentes causadores da
shigelose (disenteria bacilar), que pode ser de origem alimentar.
COCOS GRAM-POSITIVO
Neste grupo estão incluídas as bacteriasaeróbicas facultativas da
família Micrococaceae (Micrococcus e Staphylococcus) e os cocos
pertencentes aos gêneros Aerococcus, Enterococcus, Lactococcus,
Leuconostoc, Streptococcus, Pediococcus e Vagococcus.
Gênero Micrococcus
São células bacterianas esféricas. São comumente encontradas no
solo, água, pó e pele do homem e dos animais. Algumas espécies são
termodúricas, resistem ao tratamento de pasteurização, outras com
freqüência nos utensílios e nos equipamentos utilizados pelos
manipuladores dos alimentos insuficientemente lavados e sanitizados.
Gênero Enterococcus
O enterococcos são um grupo de micorganismos que vêm-se
destacando nos últimos anos como patógenos oportunistas. A distribuição
de enterococos na natureza é ampla e eles fazem parte da microbiota
normal do homem e de animais, particularmente, do trato intestinal. A
maioria é relativamente resistente ao congelamento. As espécies mais
encontradas em alimentos são Enterococcus faecalis e E. faecium.
Gênero Staphylococcus
Uma das causas mais freqüentes dos surtos de intoxicações está
relacionada com a presença de toxinas produzidas por espécies de
Staphylococcus aureus . Os S. aureus são encontrados em lesões de pele e
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nas vias nasais do homem, sendo facilmente transferidos para os
alimentos.
Bacilos gram positivos produtores de esporos
Neste grupo estão os gêneros Bacillus, Clostridium e
Desulfotomaculum, que apresentam a característica comum de produzir
esporos.
Gênero Bacillus
As diferentes espécies podem ser mesófilas ou termófilas. Pode ser
encontrado no solo, água, material fecal e diversos alimentos. Este grupo
abriga espécies patogênicas como B. cereus , que causam gastrenterites de
srcem alimentar, numerosas espécies capazes de deteriorar os alimentos (
B. subtilis, B. coagulaus) e espécies empregadas na produção de alimentos.
Gênero Clostridium
A principal fonte de clostrídio é o solo. São encontrados no trato
intestinal do homem e de animais e nos alimentos. Este gênero contém
duas espécies patogênicas que podem ser veiculadas pelos alimentos: C.
botulinum e C. perfringens .
Desulfotomaculum
A espécie importante para os alimentos é D. nigrificans, devido à sua
capacidade de reduzir compostos sulfurados (sulfatos, sulfitos e outros)
produzindo H2S. Em alimentos enlatados, esta reação leva à formação de
sulfeto ferroso, que é responsável pelo enegreciemnto do alimento
Bacilos gram positivos não esporulados
Pertencem a este grupo as bactérias do gênero Brochothrix,
Carnobacterium , Kurthia , Lactobacillus e Listeria.
Gênero Listeria
A espécie mais importante deste gênero é a Listeria monocytogenes
associada com doença de srcem alimentar devido a sua patogenicidade,
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esta espécie causa a listeriose, que pode apresentar diversas manifestações
clínicas: septicemia, que pode resultar em aborto, endocardite,
conjuntivite, meningite etc.
Gênero Lactobacillus
São bactérias que fermentam carboidratos produzindo ácido lático,
podendo ser homo ou heterofermentativos. Devido a essa propriedade, os
lactobacilos pode ser bastante úteis na produção de alimentos, mas podem
causar também a sua deterioração.
Outras bactérias de interesse:
Mycobacterium;
Pode ser veiculado pelo leite cru e causar tuberculose. E rapidamente
destruído pela pasteurização
Propionibacterium
Importantes na produção de queijos devido a sua capacidade de produzir
ácidos propriônico e acético, além de outros ácidos orgânicos, e de CO2
Brevibacterium B. linens
É capaz de alterar as propriedades organolépticas características do
sabor de alguns queijos.
Corynebacterium
São anaeróbios facultativos, largamente distribuído pela natureza,
associados a processos de deterioração de vegetais e produtos cárneos
FUNGOS
Os organismos do Reino dos Fungos podem se unicelulares ou
multicelulares. Os fungos multicelulares grandes, tais como cogumelos,
podem parecer algumas vezes como plantas, mas não são capazes de
realizar a fotossíntese, como a maioria das plantas. Os fungos verdadeiros
possuem parede das células composta principalmente de uma substância
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chamada de quitina. As formas unicelulares dos fungos, as leveduras, são
microrganismos ovais, maiores que as bactérias. Os fungos mais típicos são
os bolores. Ao longo dos últimos dez anos, a incidência de infecções
importantes causadas por fungos tem aumentado. Estas infecções estão
ocorrendo como infecções nosocomiais e em indivíduos com sistema
imunológico comprometido. Os fungos também são benéficos, são
utilizados pelos homens como alimentos (cogumelos), para a produção de
comida (pão) e drogas (álcool). Das mais de 100.000 espécies conhecidas
de fungos, apenas cerca de 100 são patogênicas dos homens e dos
animais. O estudo dos fungos é chamado de micologia.
Assim, os fungos ao crescer nos alimentos causam mudanças
indesejáveis, tanto na composição química quanto na estrutura e
aparência. Desta forma, o alimento passa a ser rejeitado, o que representa
perda econômica e/ou desperdício de matéria-prima. Além disso, podem
produzir toxinas (micotoxinas) que representam sério risco para saúde
humana e animal, podendo provocar doenças que levam à morte. (fig 1)
Fig. 1 – efeitos dos fungos nos alimentos
Os fungos têm sido utilizados na biotecnologia há muitos anos.
Também podem ser usados pela engenharia genética, no controle biológico
de pragas.
BOLORES
Os bolores formam uma massa visível (chamada de micélio,
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composta de longos filamentos – as hifas) que se ramificam e se
expandem. O crescimento semelhante a algodão, algumas vezes
encontrado sobre o pão e as frutas, são micélios de fungos. Eles obtêm
seus alimentos absorvendo soluções de matéria orgânica de seu ambiente
que pode ser o solo, a água do mar, a água doce, um animal ou uma
planta hospedeira.
O aspecto macroscópico de todo bolor que cresce na superfície de um
alimento pode indicar a classe e a ordem a que pertence. Em geral a
maioria dos bolores necessita de uma menor quantidade de umidade
disponível. Pode ser calculada a quantidade total de umidade de um
determinado alimento que limita o crescimento dos bolores, por exemplo
14 a 15% nas farinhas e alguns frutos secos impedirá ou retardará o
crescimento dos bolores. Os bolores, a maioria, são considerados mesófilos
(25-30ºC), alguns podem crescer entre 35-37ºC ou a temperaturas
superiores. Alguns são psicrófilos, crescem em temperaturas de
refrigeração, -5 a -10ºC. São aeróbios, necessitam de oxigênio para crescer
(crescem na superfície dos alimentos). Quase todos os bolores são capazes
de crescer dentro de um amplo intervalo de pH (entre 2 e 8,5), ainda que a
maioria cresça melhor em pH ácido.
Eles utilizam muitos tipos de alimentos, desde o mais simples até o
mais complexo. Alguns bolores produzem substâncias que inibem outros
microrganismos. Determinados compostos químicos se comportam como
micostáticos por inibir o crescimento de bolores (como por exemplo, o
ácido sórbico, os propionatos e os acetatos), outros são especificamente
fungicidas por destruir os bolores. O início do crescimento dos bolores é
lento quando comparado com as bactérias e as leveduras.
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PRINCIPAIS GÊNEROS DE BOLORES DE INTERESSE EM ALIMENTOS
Aspergillus
São bolores muito abundantes, compreendem mais de 100 espécies.
Algumas espécies como A. glaucus e A. repens, são importantes agentes de
deterioração de alimentos. Muitas espécies como A. orizae e A. soyae, são
utilizados na produção de alimentos. A. niger é utilizado para produção
comercial de ácidos cítrico, glucônico etc. Algumas espécies, como A. flavus
e A. parasiticus, são produtoras de micotoxinas (aflatoxinas, ocratoxina A).
Gênero Mucor
Esse gênero de bolor pode ser encontrado no solo, esterco, frutas,
vegetais, grãos e outros alimentos. Muitas espécies de Mucor são utilizadas
na produção de queijos e alimentos fermentados orientais. As espécies
mais encontradas nos alimentos são M. pus illus, M. racemosus e M. rouxii .
Gênero Alternaria
Os bolores deste gênero são, com freqüência, causadores de
deteriorações nos alimentos (tomates, pimentões, maçãs e frutas cítricas),
causando o escurecimento dos tecidos. São encontrados também em
carnes vermelhas; algumas espécies são produtoras de micotoxinas
Gênero Neurospora
A espécie N. crassa produz esporos que permanecem viáveis no
ambiente por muitos anos; a espécie N. sitophila produz pigmentos de
coloração rósea e é comum em pães, crescem também em bagaço de cana-
de-açúcar e diferentes alimentos.
Gênero Penicillium
Este gênero de bolores é frequente e possuem incidência de grande
importância para os alimentos. Várias espécies como P. expansum , P.
digitatum e P. italicum são responsáveis pelos processos degradativos de
frutas cítricas, as espécies P. cyclopium e P. viridicatum causam
deterioração de grãos e cereais. Muitas espécies de Penicillium são
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empregadas na produção de alimentos, especialmente queijos. A espécie P.
camembertii , utilizado para fabricação de queijos camembert e brie e a
espécie P. roquefortii , empregado na fabricação dos queijos roquefort e
gorgonzola. Algumas espécies são produtoras de antibióticos e outra de
micotoxinas.
Gênero Fusarium
Os bolores pertencentes a este gênero crescem com freqüência na
superfície dos alimentos com aspectos algodonosos nas frutas cítricas,
abacaxis e figos. Algumas espécies são produtoras de micotoxinas.Gênero
Rhizopus: São agentes deteriorantes comuns em alimentos de srcem
vegetal, por serem termorresistentes, estas enzimas não são eliminadas
durante o processamento térmico dos vegetais, o que pode causar a
podridão mole pós-processamento.
LEVEDURAS
As leveduras são fungos unicelulares, não-filamentosos,
caracteristicamente esféricos ou ovais, são amplamente distribuídos na
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natureza: são freqüentemente encontradas como um pó branco cobrindo
frutas e folhas.
As leveduras que se encontram nos alimentos podem ser benéficas
ou prejudiciais. As fermentações produzidas pelas leveduras intervêm da
elaboração dos alimentos como pão, cerveja, diferentes tipos de vinhos,
vinagre e os queijos maturados. As leveduras são prejudiciais quando
produzem alterações nos sucos de frutas, xarope, melaço, mel, carnes,
vinhos, cerveja e outros alimentos. As leveduras se classificam
principalmente baseada nas suas características morfológicas, ainda que
para a microbiologia dos alimentos, suas propriedades fisiológicas têm
maior importância. As características morfológicas das leveduras são
determinadas mediante observação microscópica. A forma pode ser desde
esférica a ovóide, alimonada, cilíndrica e triangular.
O crescimento das leveduras se verifica através de um véu na
superfície do meio líquido e produção de um pigmento carotenóide. O
aspecto do crescimento desse microrganismo tem importância quando este
produz pigmento na superfície dos alimentos. Nos cultivos em Agar é difícil
diferenciar as colônias de leveduras de colônias de bactérias, a observação
microscópica dos microrganismos é a única forma segura que existe para a
diferenciação. A maioria das colônias jovens das leveduras é úmida e
mucosa, são colônias brancas, cremes ou rosadas.
São oxidativas, fermentativas. Na superfície de um líquido, as
leveduras oxidativas podem crescer em forma de película, de véu, ou de
espuma; são denominadas leveduras formadoras de película. As leveduras
fermentativas crescem em toda massa do líquido e produzem dióxido de
carbono. A maioria das leveduras cresce em substratos com elevadas
concentrações de açúcar e de sal, necessitam de mais umidade do que os
bolores.
O intervalo de temperaturas de crescimento da maioria das leveduras
é semelhante dos bolores com a temperatura ótima em torno de 25-30ºC e
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uma temperatura máxima de 35-47ºC. Algumas espécies são capazes de
crescer à temperatura de 0ºC ou inferiores. Uma reação ácida próxima de
pH 4 a 4,5 estimula o crescimento da maioria das leveduras. As leveduras
crescem melhor em aerobiose; algumas espécies do tipo fermentativo são
capazes de crescer, lentamente em anaerobiose. Em geral, os açúcares são
fontes de energia mais apropriada para as leveduras, mesmo as oxidativas.
PRINCIPAIS GÊNEROS DE LEVEDURAS DE INTERESSE EM ALIMENTOS
Gênero Candida
Algumas espécies crescem em película e são capazes de alterar os
alimentos com acidez e concentração de sal elevada, são mais encontradas
em carnes, manteiga, margarinas. Estas leveduras têm sido envolvidas em
processos de deterioração de vários tipos de alimentos: como frutas
frescas, vegetais, bebidas alcoólicas e refrigerantes.
Gênero Torulopsis
Estas leveduras fermentativas causam problemas nas fábricas de
cervejas e alteram vários tipos de alimentos. A espécie T. sphaerica
fermenta a lactose, capaz de alterar os produtos lácteos. Outras espécies
são capazes de alterar leite condensado, frutas e os alimentos ácidos.
Gênero Pichia : Estas leveduras crescem em superfície dos líquidos
(cervejas e vinhos) em forma de película.
Gênero Rhodotorula
Estas leveduras de cor vermelha, rosa ou amarelo podem produzir
manchas na superfície dos alimentos, manchas de diferentes cores na
superfície de carnes.
Gênero Debaromyces
As espécies de Debaromyces têm elevada tolerância ao sal (18-20%)
e pertencem ao grupo das leveduras formadoras de películas na superfície
de alimentos salgados ou mantidos em salmoura. Também crescem nos
queijos e embutidos.
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Gênero Schizosaccharomyces
Essas leveduras têm intensa atividade fermentativa, requerendo
vitaminas para sua multiplicação. Têm sido associadas à deterioração de
frutas e vinhos. Algumas espécies são xerotolerantes, crescendo em mel,
balas, caldo de cana etc.
Gênero Saccharomyces
A espécie do tipo S. cerevisae é muito empregada na indústria de
alimentos, com várias finalidades: fermentação de pães, bebidas (cervejas,
vinhos), fermentação de álcool, glicerol e outras aplicações em processos
tecnológicos. As leveduras de superfície são fermentadoras muito ativas e
crescem rapidamente a 20ºC. Essas espécies estão freqüentemente
envolvidas em alterações indesejáveis em muitos alimentos como frutas,
laticínios (leite, manteiga etc) maioneses, mel, vinagres e produtos
fermentados. A espécie S. cerevisae é uma mistura de inúmeras linhagens,
muito especialmente selecionadas e exploradas para fins industriais. A
maioria das leveduras que é utilizada na indústria de alimentos pertence ao
gênero Saccharomyces .
Vírus
Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, isto é, para
sobreviver e multiplicar é necessário que estejam parasitando uma célula
hospedeira viva. Devido à caracteristica de serem inativos nos alimentos, a
sua importância reside nas doenças que causam no homem e nos animais.
Veremos isso nos proximos capitulos.
Microrganismos Indicadores em Alimentos de Origem Animal
Microrganismos indicadores são grupos ou espécies de
microrganismos que, quando presentes e um alimento, podem fornecer
informações sobre a ocorrência de contaminação de origem fecal, sobre a
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provável presença de patógenos ou sobre a deterioração potencial do
alimento, além de poderem indicar condições sanitárias inadequadas
durante o processamento, produção ou armazenamento (FRANCO &
LANDGRAF, 1996).
Esses microrganismos indicadores podem ser utilizados para refletir a
qualidade microbiológica dos alimentos em relação à vida de prateleira ou à
segurança, neste ultimo caso, devido à presença de patógenos alimentares.
Em geral, microrganismos indicadores são utilizados para avaliar aspectos
de qualidade a sanificação dos alimentos. Alguns critérios devem ser
considerados na definição de um microrganismo ou grupo de
microrganismos indicadores: devem ser facilmente detectável,
quantificado, claramente distinguido de outros microrganismos da
microbiota do alimento; não deve estar presente como contaminante
natural do alimento; deve estar presente quando o patógeno associado
estiver; deve estar ausente no alimento livre do patógeno de interesse ou
presente em quantidade mínima; taxa de crescimento equivalente às dos
patógenos; taxa de morte paralela a dos patógenos de interesse; ter com
habitat exclusivo o trato intestinal do homem e outros animais; deveria
ocorrer em números muito altos nas fezes; apresentar alta resistência ao
ambiente extra-enteral; deveria haver técnicas rápidas, simples e precisas
para sua detecção e/ou contagem (DOYLE, BEUCHAT, MONTIVILLE, 1997).
Segundo a ICMSF (International Commission on Microbiological
Specifications for Foods), microrganismos indicadores podem ser agrupados
em: microrganismos que não oferecem riscos à saúde (mesófilos,
psicrotróficos, termófilos, bolores e leveduras) e microrganismos que
oferecem um risco baixo ou indireto à saúde (coliformes totais, coliformes
fecais enterococos, enterobactérias totais, Escherichia coli).
Mesófilas
As bactérias mesófilas constituem um grupo capaz de se multiplicar
entre 10ºC e 45ºC, sendo a temperatura ideal em torno de 30ºC. Esse
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grupo é importante porque inclui a maioria dos contaminantes dos
alimentos de origem animal, podendo atingir altas contagens quando o
alimento é mantido à temperatura ambiente. Segundo ICMS o número de
microrganismos aeróbios mesófilos encontrados em um alimento tem sido
um dos indicadores microbiológicos da qualidade dos alimentos mais
comumente utilizados, indicando se a limpeza, a desinfecção e o controle
da temperatura durante os processos de tratamento industrial, transporte e
armazenamento foram realizados de forma adequada.
Esta determinação permite também obter informação sobre a
alteração incipiente dos alimentos, sua provável vida útil, a falta de
controle no descongelamento dos alimentos ou desvios na temperatura de
refrigeração estabelecida (SILVA, 2002).
Psicrotróficos
Bactérias psicrotróficas se multiplicam em baixas temperaturas,
abaixo de 7ºC, embora a temperatura ótima de crescimento se situe entre
20 e 30ºC (Furtado, 2005). Os principais gêneros de bactérias
psicrotróficas encontrados no leite são a Achromobacter, Acinetobacter,
Alcaligenes, Flavobacterium e Pseudomonas (Gram-negativos) e Bacillus e
Clostridium (Gram-positivos). Essas bactérias são eliminadas pela
pasteurização, mas algumas enzimas produzidas pelas bactérias Gram-
negativas e os esporos, produzidos pelas Gram-positivas, são termo-
resistentes provocando reações bioquímicas nos constituintes do leite
resultando em alterações das características normais do produto.
Os dois grupos de enzimas mais importantes produzidos pelas
bactérias psicrotróficas são a protease e a lípase. Elas podem atuar no leite
cru, enquanto estocado, as bactérias psicrotróficas estão se multiplicando,
e, também, no leite que foi pasteurizado e nos derivados lácteos, causando
alterações físicas e sabores indesejáveis ao leite.
Essas bactérias são normalmente encontradas na água e em
vasilhames que não foram lavados adequadamente (OLIVEIRA ET AL.,
50
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2012)
Termófilos
As bactérias termófilas são definidas como aquelas cuja temperatura
ótima de crescimento situa-se entre 45 a 65ºC, e para algumas espécies
consideradas como termófilos extremos as temperaturas de crescimento
podem atingir 90ºC e o mínimo em torno de 35ºC (ICMSF, 1994). O leite
cru normalmente contém poucas bactérias termófilas, embora elas possam
estar presentes em número suficiente para se desenvolverem no leite
mantido a temperaturas elevadas, acarretando grande número desses
microrganismos no produto.
Essas bactérias constituem problema no leite pasteurizado quando
algumas porções são mantidas, por algum tempo, entre 50ºC a 70ºC
(ICMSF, 1994).
Bolores e Leveduras
Os fungos são microrganismos eucariotas, heterotróficos,
caracteristicamente micelares, que se dividem em bolores e leveduras, com
interesse não só do ponto de vista da deterioração dos alimentos, mas
também pelas múltiplas utilizações industriais em que participam como
agentes fermentativos (MOSS, 2000). A grande dispersão dos bolores e
leveduras no ambiente justifica a sua frequente aparição como
contaminantes nos produtos alimentares, visto que estes, em virtude da
sua composição, constituem um excelente meio para a fixação e
reprodução de grande número de espécies fúngicas, cuja proliferação
ocorre com facilidade por serem mais tolerantes a fatores extremos que
limitam o desenvolvimento bacteriano, como baixos valores de aw, pH e
temperatura (ROSS & NICHOLS, 2000).
Porém, a capacidade de desenvolvimento dos bolores a baixas
temperaturas constitui um problema na conservação dos produtos cárneos
quando estes, após o processamento térmico, são contaminados com
esporos destes microrganismos que, desenvolvendo-se, vão alterar o
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aspecto e as características nutricionais e organolépticas dos produtos,
abreviar a sua conservação e eventualmente contaminá-los com
micotoxinas. São frequentes os géneros Aspergillus spp., Penicillium spp. e
Fusarium qualidade do ar nas zonas de alto risco em que o produto
permanece após o processamento térmico e antes de ser embalado, na
utilização de embalagens adequadas, a vácuo ou com atmosfera
modificada, visto que são aeróbios estritos, ou pelo eventual recurso a
conservantes (GUERRERO & CHABELA, 2000).
Na ausência de cuidados após o processamento térmico,
desenvolvem-se geralmente leveduras pertencentes aos géneros Candida
spp., Rhodotorula spp., Saccharomyces spp., Torulaspora spp. e
Tricosporon spp., que por serem microaerófilas crescem em ambientes
onde existem quantidades residuais de oxigénio como pode acontecer nas
embalagens a vácuo ou em atmosfera modificada, passando nestes casos o
seu controlo pela utilização de conservantes (GUERRERO & CHABELA,
2000).
Coliformes totais
Este grupo é composto por bactérias da família Enterobacteriaceae,
capazes de fermentar a lactose com produção de gás, quando incubados a
35-37ºC, por 48 horas. São bacilos gram-negativos e não formadores de
esporos; fazem parte desse grupo predominantemente bactérias
pertencentes aos gêneros Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e
Klebsiella. Destes, apenas a Escherichia coli tem como hábitat primário o
trato intestinal do homem e animais homeotérmicos.
O Citrobacter, Enterobacter e Klebsiella, além de serem encontrados
nas fezes, também estão presentes em outros ambientes como na
vegetação e no solo, onde persistem por tempo superior ao de bactérias
patogênicas de origem intestinal como Samonella e Shigella.
Conseqüentemente, a presença de coliformes totais no alimento não indica,
necessariamente, contaminação fecal recente ou ocorrência de
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enteropatógenos (CUNHA,2006).
Coliformes fecais e Escherichia coli
De acordo com FRANCO (2003) as bactérias pertencentes a este
grupo correspondem aos coliformes totais que apresentam a capacidade de
continuar fermentando lactose com produção de gás, quando incubadas a
temperaturas de 44- 45ºC. Os critérios microbiológicos que envolvem E.coli
são úteis quando é desejável determinar se houve contaminação fecal.
Atualmente, ao invés de enumerar os coliformes fecais e E.coli alguns
laboratórios estão preferindo enumerar as bactérias pertencentes à família
Enterobacteriaceae como um todo, isto é, as fermentadoras e não
fermentadoras de lactose, pois números falsos seriam obtidos ao se
verificar apenas a presença de microrganismos fermentadores de lactose,
quando a população fosse constituída, na sua maioria, por microrganismos
não fermentadores, incluindo-se aqui as salmonelas lactose-negativas ou
outros fermentadores tardios desses açúcares (CUNHA, 2006).
Enterococcus
Essas bactérias, antes um subgrupo do gênero Streptococcus, a partir
de 1984 passaram a pertencer ao gênero Enterococcus, com 19 espécies
reconhecidas atualmente. Antes de 1984, os Estreptococcus fecais eram
chamados genericamente de enterococos, e consistiam de duas espécies:
Streptococcus faecalis e Streptococcus faecium. São atualmente
denominados Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium. São
relativamente resistentes ao calor e podem sobreviver as pasteurizações do
leite. Algumas restrições quanto a utilização dos Enterococcus como
indicadores de contaminação fecal dos alimentos são feitas, uma delas
seria de encontrarmos em outros ambientes além do trato intestinal e
apresentarem uma sobrevivência maior em relação aos enteropatógenos
encontrados no solo, nos vegetais e em alimentos, principalmente naqueles
submetidos à desidratação, ação de desinfetantes e a flutuações de
temperatura por serem mais resistentes.
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Apesar das limitações do uso desses microrganismos como
indicadores de contaminação fecal, sua presença em números elevados em
alimentos indica práticas sanitárias inadequadas ou exposição do alimento
a condições que permitiram a multiplicação de microrganismos indesejáveis
(DOYLE et al., 1997)
Análise microbiológica
A análise microbiológica é fundamental para se conhecer as condições
de higiene em que o alimento foi processado, os riscos que o alimento
podem oferecer à saúde do consumidor e se o alimento terá ou não a vida
útil pretendida; também se torna indispensável para verificar se os padrões
de especificações microbiológicos para alimentos nacionais ou
internacionais, estão sendo atendidos adequadamente. Essa pode ser
qualitativa ou quantitativa, sendo utilizados muitos e variados métodos,
entretanto, é recomendado a utilização de métodos aprovados por órgãos
reguladores; os quais podem ser convencionais ou rápidos.
O tipo de alimento analisado determina o procedimento a ser
empregado e o propósito da análise; essa escolha também pode ser
determinada pela suspeita de um microrganismo ser suspeito de estar
causando uma enfermidade. Os métodos rápidos são utilizados apenas para
controle, onde os resultados negativos prevalecem e os positivos são
considerados presuntivos e confirmados por métodos padrões.
Esses métodos podem ser por contagem em placas e por número
mais provável (NMP). O método de contagem em placas é um método
geral, que pode ser utilizado para contagem de grandes grupos
microbianos, como aeróbios mesófilos, aeróbios psicrotróficos, termófilos,
bolores e leveduras, variando-se do tipo de meio, a temperatura e o tempo
de incubação.
Na metodologia da contagem as amostras são homogeneizadas,
diluídas em série, em diluente apropriado, plaqueadas com ou sobre um
meio ágar apropriado e incubadas, após o que todas as colônias visíveis
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são contadas; o procedimento baseia-se nas premissa de que cada célula
microbiana presente em uma amostra irá formar uma colônia separada e
visível. A relação da contagem é feita entre o número de unidades
formadoras de colônias (UFC), que podem tanto ser células individuais
como agrupamentos característicos de certos microrganismos, por mililitro
ou gramas de amostra.
Essa metodologia é a mais empregada nos laboratórios de análises de
alimentos, pois diferentes grupos de microrganismos podem ser
enumerados de acordo com o meio de cultura e condições de incubação
utilizadas. Os números de mesófilos aeróbios contados indicam se a
limpeza, a desinfecção e o controle da temperatura durante os processos
de tratamento industrial, transporte e armazenamento foram realizados de
forma adequada; também permite obter informação sobre a alteração
incipiente dos alimentos, sua provável vida útil, a falta de controle no
descongelamento dos alimentos ou desvios na temperatura de refrigeração.
A contagem de microrganismo psicrotróficos e termófilos avalia o grau de
deterioração de alimentos refrigerados ou daqueles submetidos a
tratamento térmico.
Segundo SILVA (2002) a análise microbiológica é fundamental para
se conhecer as condições de higiene em que o alimento foi processado, os
riscos que o alimento podem oferecer à saúde do consumidor e se o
alimento terá ou não a vida útil pretendida; também se torna indispensável
para verificar se os padrões de especificações microbiológicos para
alimentos nacionais ou internacionais, estão sendo atendidos
adequadamente. Essa pode ser qualitativa ou quantitativa, sendo utilizados
muitos e variados métodos, entretanto, é recomendado a utilização de
métodos aprovados por órgãos reguladores; os quais podem ser
convencionais ou rápidos.
O tipo de alimento analisado determina o procedimento a ser
empregado e o propósito da análise; essa escolha também pode ser
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determinada pela suspeita de um microrganismo ser suspeito de estar
causando uma enfermidade. Os métodos rápidos são utilizados apenas para
controle, onde os resultados negativos prevalecem e os positivos são
considerados presuntivos e confirmados por métodos padrões. Esses
métodos podem ser por contagem em placas e por número mais provável
(NMP). O método de contagem em placas é um método geral, que pode ser
utilizado para contagem de grandes grupos microbianos, como aeróbios
mesófilos, aeróbios psicrotróficos, termófilos, bolores e leveduras,
variando-se do tipo de meio, a temperatura e o tempo de incubação. Na
metodologia da contagem as amostras são homogeneizadas, diluídas em
série, em diluente apropriado, plaqueadas com ou sobre um meio ágar
apropriado e incubadas, após o que todas as colônias visíveis são contadas;
o procedimento baseia-se na premissa de que cada célula microbiana
presente em uma amostra irá formar uma colônia separada e visível.
A relação da contagem é feita entre o número de unidades
formadoras de colônias (UFC), que podem tanto ser células individuais
como agrupamentos característicos de certos microrganismos, por mililitro
ou gramas de amostra. Essa metodologia é a mais empregada nos
laboratórios de análises de alimentos, pois diferentes grupos de
microrganismos podem ser enumerados de acordo com o meio de cultura e
condições de incubação utilizadas.
Contagem de bolores e leveduras Bolores são fungos filamentosos,
multicelulares, podendo estar presente no solo, no ar, na água e em
matéria orgânica em decomposição, em quanto que as leveduras são
fungos não filamentosos (SIQUEIRA, 1995). Esses microrganismos
apresentam um crescimento mais lento do que as bactéria nos alimentos
de baixa acidez e alta atividade de água, sendo por isso causa pouco
provável da deterioração desses alimentos. No entanto em alimentos ácidos
e de baixa atividade de água, o crescimento de fungos é maior, provocando
deterioração e contaminação dos produtos destinados a alimentação. De
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acordo com Dias (2014), esses microrganismos são amplamente
distribuídos no ambiente, podendo ser encontrados no ar e nos alimentos
nos quais constituem uma importante fonte de contaminação. A
temperatura, a taxa de ventilação, o número de pessoas que ocupam o
ambiente, a natureza e grau de atividade desempenhada por esses
indivíduos, bem como a matéria-prima utilizada, são fatores que favorecem
o desenvolvimento desses fungos. Oliveira; Lyra e Esteves (2013),
avaliando iogurtes de morango industrializados e comercializados no
município de linhares – ES, encontraram valores na contagem de leveduras
e bolores superiores a 103 UFC/g, valor acima do permitido pela legislação
brasileira. Segundo os mesmos autores, a presença de leveduras e fungos
filamentosos em iogurte é um indicativo de práticas sanitárias
insatisfatórias na fabricação ou na embalagem do produto. Sendo assim, a
presença de leveduras e bolores em um índice elevado nos alimentos pode
fornecer várias informações, tais como, condições higiênicas deficientes de
equipamentos, falha no processamento ou armazenamento e matéria prima
com contaminação excessiva. A contagem de bolores e leveduras é
aplicada principalmente para alimentos ácidos com PH menor que 4.5,
alimentos desidratados e farinhas (SIQUEIRA, 1995).
TÉCNICA DO NÚMERO MAIS PROVÁVEL (NMP)
A técnica do Número Mais Provável, também chamada de técnica dos
tubos múltiplos, é bastante utilizada pelos laboratórios de microbiologia de
alimentos para estimar a contagem de alguns tipos de microrganismos,
como coliformes fecais, coliformes totais, E.coli e Staphylococcus aureus
(CUNHA e SILVA, 2006). É considerada uma técnica de baixo custo, que
permite estimar a densidade da população empregando-se diferentes meios
de cultivo, analisando-se o crescimento celular microbiano através da
leitura da turvação do meio e determinação de produtos metabólicos no
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meio, como gases, ácidos e álcoois (VAZZOLLER, 1995), podendo ser
utilizada para estimar a população total ou um grupo específico de
microrganismos em uma amostra.
Segundo, Giaj-Levra (1991) cita que o NMP é um método muito
simples para quantificar microrganismos anaeróbios, apesar da leitura dos
resultados exigir, às vezes, exames microscópios e análises
cromatográficas de gases para complementação dos resultados. Na técnica
do Número Mais Provável, o produto a ser analisado, após
homogeneização, é submetido a, pelo menos, três diluições decimais
seriadas. De cada uma dessas diluições, alíquotas iguais são transferidas
para três ou para cinco tubos contendo o meio de cultura escolhido e um
tubo coletor de gás (tubo de Durhan). Todos os tubos são incubados, e em
seguida, os positivos são identificados. Pelo número de tubos positivos em
cada uma das diluições empregada determina-se o Número Mais Provável
por grama de produto, tendo como base a tabela estatística de Hoskins
para três ou para cinco tubos. (Franco, 2003)
Métodos rápidos e automatizados para enumeração de
microrganismos indicadores
Petrifilm
O sistema Petrifilm é composto por um sistema de filme duplo: um
filme que serve de base, recoberto com nutrientes desidratados e agentes
geleificantes solúveis à frio, e um filme superior, de polietileno, que contém
um indicador de cor e agentes geleificantes. A amostra, diluída ou não, é
inoculada na superfície do filme base e o filme superior é sobreposto. Com
o auxilio de um difusor plástico, a amostra é espalhada em uma área
determinada. Após solidificação da substância geleificante, o conjunto é
incubado na temperatura e tempo indicados pelo fabricante.
Após a incubação, as colônias visíveis são enumeradas e o resultado
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é expresso em UFC/mL (NERO; BELOTI; BARROS, 2000).
SimPlate
O sistema SimPlate foi desenvolvido pela IDEXX Lab. Inc.,Westbrook,
MA, EUA. com o objetivo de oferecer um diagnóstico rápido e pratico na
detecção de diversos microrganismos presentes em alimentos, fornecendo
resultados em Número Mais Provável (NMP ) baseado na positividade de 84
cavidades de uma placa especialmente desenvolvida. A amostra a ser
analisada é adicionada ao meio de cultura e a mistura é transferida para a
placa de SimPlate. Após a retirada do excesso de liquido, a placa é
invertida e incubada a 35 °C por 24h. O total de microrganismos viáveis é
determinado pelo número de cavidades com resultado positivo que
corresponde a um valor de NMP de UFC, conforme uma tabela de
equivalência fornecida pelo fabricante (NERO; BELOTI; BARROS, 2000).
ColiSure
O sistema ColiSure foi desenvolvido para a detecção qualitativa de
coliformes totais e E. coli em água. O meio desidratado é reconstituído em
100 ml de amostra de água e incubado á 35°C por 24h. A presença de
coliformes é observada pela coloração vermelha e a presença de E. coli é
identificada Pela fluorescência à luz ultravioleta (NERO; BELOTI; BARROS,
2000).
Plaqueamento em espiral
O plaqueamento em espiral é realizado por um equipamento que
permite a automatização na semeadura de amostras de alimentos. Nesse
sistema, a amostra do alimento, previamente homogeneizada, é depositada
automaticamente, de forma uniforme e contínua, em quantidades
decrescentes sobre uma placa com meio de cultura solidificado,
obedecendo ao formato de um espiral de Archimedes, do centro para a
borda da placa. Após a semeadura, a placa é incubada e as colônias
crescem ao longo da trilha espiral formada pelo processo. De acordo com a
quantidade de amostra dispensada, a placa é dividida em setores
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correlacionados com diluições, que poderão ser escolhidos para contagem,
já que uma mesma placa apresenta diluições decimais em duplicata (NERO;
BELOTI; BARROS, 2000).
Vamos dar uma pausa e voltamos na aula 1 para continuarmos esse
assunto.
BONS ESTUDOS
EQUIPE AGRONOMIACONCURSOS
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LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS
1 - ES (SESA/ES) - Técnico em Laboratório - CESPE - 2013
De maneira geral, os microrganismos de interesse para os alimentos
podem ser divididos em dois grupos: contaminantes ou úteis. Com relação
aos microrganismos contaminantes, assinale a opção correta.
A Diferentemente das bactérias, os bolores não são capazes de produzir
metabólitos tóxicos ao homem.
B A espécie Saccharomyces cerevisiae é uma bactéria de importância
médica nas intoxicações alimentares.
C Os microrganismos deteriorantes não são capazes de provocar alterações
nas características organolépticas dos alimentos.
D A bactéria Escherichia coli é utilizada como indicador de contaminação
fecal na avaliação da qualidade higiênicosanitária do alimento.
E A ingestão direta de microrganismos contaminantes é inócua à saúde
humana, devido às defesas naturais do organismo
SOLUÇÃO
A expressão "doenças de origem alimentar" é vulgar e tradicionalmente
utilizada para designar um quadro sintomatológico, caracterizado por um
conjunto de perturbações gástricas, envolvendo geralmente vómitos,
diarreia, febres e dores abdominais, que podem ocorrer individualmente ou
em combinação. As doenças de origem alimentar podem ser provocadas
por diversos grupos de microrganismos, incluindo bactérias, bolores,
protozoários e vírus. As bactérias, pela sua diversidade e patogenia,
constituem, de longe, o grupo microbiano mais importante e mais
vulgarmente associado às doenças transmitidas pelos alimentos. Os
alimentos podem ser contaminados por bactérias patogénicas para o
homem, como resultado de deficientes condições de higiene durante o seu
61
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processamento, quer a partir de pessoas ou animais doentes, quer a partir
de fezes provenientes de indivíduos infectados.
Saccharomyces cerevisiae é uma espécie filogeneticamente próximas
são as mais empregadas pelo homem, que as utilizam nas várias indústrias
de fermentação alimentíica e de bebidas (Vicente, 1987; Gadd & White,
1993).
De acordo com FRANCO (2003) as bactérias pertencentes a este
grupo correspondem aos coliformes totais que apresentam a capacidade de
continuar fermentando lactose com produção de gás, quando incubadas a
temperaturas de 44 - 45º C. Os critérios microbiológicos que envolvem
E.coli são úteis quando é desejável determinar se houve contaminação
fecal
2 - Técnico em Laboratório - Microbiologia dos Alimentos - UFF/COSEAC - 2010
Muitas contaminações ou recontaminações ocorrem em indústrias de
diferentes tipos de alimentos. Grande parte destas contaminações está
diretamente relacionada à formação de biofilmes (...). (HAUN, 2004,
disponível em:
http://quimicadealimentos.files.wordpress.com/2009/08/biofilmes-
microbianos-na-industria-de-alimentos.pdf). Do ponto de vista da
segurança alimentar, o termo biofilme refere-se ao(à):
(A) material mucilaginoso que surge na superfície do leite, aumentando sua
viscosidade, devido ao crescimento de Alcaligenes viscolatis e Enterobacter
spp;
(B) meio de cultura semissólido utilizado para a multiplicação de
microrganismos durante o processo de identificação de espécies
contaminantes de alimentos industrializados;
(C) limosidade observada na superfície de alimentos sólidos, como carnes
RESPOSTA D
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frescas resfriadas, provocada pela ação de Pseudomonas;
(D) massa de resíduos orgânicos, microrganismos e seus metabólitos
(polímeros extracelulares e catabólitos) encontrada em superfície de
utensílios e equipamentos;
(E) crosta esverdeada causada pela produção de ácido sulfídrico (H2S) por
bactérias que crescem na superfície da carne e seus derivados.
SOLUÇÃO
Uma grande variedade de microrganismos é capaz de aderir e formar
biofilme em superfícies bióticas e abióticas, incluindo lentes de contato,
cascos de navios, encanamento em indústrias de alimentos e petróleo,
pedras em cursos d’água e sílica, aço inoxidável, vidro, alumínio, teflon,
materiais de náilon e borracha encontrados em ambientes utilizados para
processar alimentos e em uma variedade de implantes e aparelhos
transcutâneos (RESENDE, 2005).
Nos últimos anos, com o progresso do conhecimento científico,
reconheceu-se a formação de biofilmes e seus potenciais danos para a
saúde, em diversos segmentos de atividades humanas. Os biofilmes
microbianos são comunidades de células aderidas a uma superfície e entre
si e embebidas por uma matriz de substâncias extracelulares poliméricas.
Estas substâncias poliméricas são produzidas pelos próprios
microrganismos, com a finalidade de aumentar a sua chance de
sobrevivência em um determinado meio. Estas substâncias de produção
microbiana são também denominadas slime.
Na indústria de laticínios a colonização em tanques de
armazenamento do leite, adesão nos trocadores de calor e adesão de
esporos na superfície de embalagens são alguns exemplos de problemas
que também estão ligados aos biofilmes sobre superfícies, constituindo um
ponto crítico na indústria (HAUN, 2004).
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3 - SESA/ES - CESPE/UnB - 2013
A categoria das bactérias presentes na imagem acima em função de
sua forma é o
A espiroqueta.
B coco.
C espirilo.
D vibrião.
E bacilo.
No quadro abaixo vemos os tipos de bactérias exstentes
RESPOSTA D
SOLUÇÃO
RESPOSTA B
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4 - MS CONCURSOS - 2017 - Prefeitura de Tanguá - RJ - Técnico de Laboratório
Assinale a alternativa que corresponde às lacunas que se encontram na
seguinte sentença que descreve as etapas de coloração de Gram: “Um
esfregaço fixado pelo calor é recoberto com o _______________. Após um
curto período de tempo, o corante é lavado, e o esfregaço é recoberto com
_______. A seguir, a lâmina é lavada com ________. Após mais uma
lavagem, a lâmina é então corada com ______________ e posteriormente
lavada e examinada microscopicamente”.
a) Cristal violeta, iodo, álcool, safranina.
b) Safranina, iodo, álcool, cristal violeta.
c) Cristal violeta, álcool, iodo, safranina.
d) Safranina, álcool, iodo, cristal violeta.
SOLUÇÃO
A coloração envolve 3 etapas principais:
• Coloração com violeta de cristal (um corante solúvel em água, roxo);
• A descoloração (utilizando etanol / acetona);
• A contra-coloração (utilizando corante Safranina, vermelho).
5 - SESA/ES - CESPE/UnB - 2013
Considerando os microrganismos comumente envolvidos na deterioração de
carnes de frangos, assim como os métodos de conservação empregados na
indústria, julgue o item a seguir.
A Produtos embalados a vácuo favorecem o desenvolvimento de bactérias
do gênero Pseudomonas em virtude das condições de anaerobiose
requeridas por esses microrganismos.
o CERTO
RESPOSTA A
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o ERRADO
SOLUÇÃO
As espécies do gênero Pseudomonas são bacilos Gram-negativos, aeróbios
e móveis. Possuem necessidades nutricionais mínimas, sobrevivendo em
uma grande variedade de ambientes. Encontram-se amplamente
distribuídas no solo e na água, e podem também fazer parte da microbiota
normal do trato intestinal e pele de 3 a 5 % da população.
6 - Técnico de Laboratório - Biologia - UFJF - 2017
Microrganismos estão em todos os lugares e são essenciais para a
manutenção do planeta. Na produção industrial temos a utilização dos
seguintes microrganismos e suas seguintes aplicações, julgue o item a
seguir:
Acetobacter produzindo vinagre.
SOLUÇÃO
A fermentação acética corresponde à transformação do álcool em ácido
acético por determinadas bactérias, conferindo o gosto característico de
vinagre. As bactérias acéticas constituem um dos grupos de
microrganismos de maior interesse econômico, de um lado pela sua função
na produção do vinagre e, de outro, pelas alterações que provocam nos
alimentos e bebidas.
Inicialmente, as bactérias acéticas foram designadas por Micoderma
vini. Depois, em relação ao aspecto morfológico, foram classificadas em
três espécies: Bacterium aceti, Bacterium pasteurianum e Bacterium
RESPOSTA ERRADO
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kurtzingianus. Somente em 1898 foram classificadas como sendo do
gênero Acetobacter.
Pela classificação atual, as bactérias acéticas pertencem à
família Pseudomonodaceae; aos gêneros Acetobacter e Gluconobacter. As
principais espécies de bactérias acéticas são: Acetobacter aceti,
Acetobacter pasteurianus, Acetobacter xylinum, Acetobacter
schützenbachii e Gluconobacter oxydans.
8 - DF (SES/DF) - Médico Residente – Nutrição – IADES - 2017
Considerando treinamentos a respeito de segurança no trabalho e de
doenças transmitidas por alimentos, julgue o item a seguir.
A Salmonella sp é uma bactéria que sobrevive até a temperatura de 92º C,
por isso há necessidade do alimento atingir altas temperaturas para a
morte da referida bactéria.
o CERTO
o ERRADO
SOLUÇÃO
As salmonelas conseguem crescer em ambientes com temperaturas entre 7
e 48ºC e têm uma temperatura ótima de crescimento (temperatura à qual
a taxa específica de crescimento é máxima) entre 35 e 37ºC. As
salmonelas não se multiplicam à temperatura de refrigeração mas são
extremamente resistentes à congelação. As salmonelas são destruídas por
pasteurização, mas teores elevados de gordura e baixas Atividade
de Água (Aw) reduzem a eficácia dos tratamentos térmicos. O limite
mínimo de aw que permite crescimento é 0,93. O crescimento de
Salmonella é inibido em meios (ou alimentos) com concentrações de NaCl
RESPOSTA CERTO
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entre 3 e 4% (com o aumento de temperatura - dentro da gama das
temperaturas toleradas- aumenta a tolerância ao NaCl). As salmonelas são
extremamente resistentes à secura.
9 - Prefeitura Morro da Fumaça - Nutricionista - FAEPESUL - SC - 2016
Sabe-se que algumas enfermidades de origem alimentar podem ser
causadas através da ingestão de agentes infecciosos e parasitários ou por
substâncias nocivas à saúde contidas no alimento. Sobre este assunto
julgue o item a seguir:
As bactérias dos gêneros Achromobacter e Pseudomonas constituem
exemplos de psicrófilos desenvolvendo-se em temperaturas abaixo de
35°C.
o CERTO
o ERRADO
SOLUÇÃO
De acordo com as normas da Internacional Dairy Federation, os
psicrotróficos foram definidos como sendo os microrganismos que podem
desenvolver-se a 7ºC ou menos, independente da temperatura ótima de
crescimento. Esse grupo é extremamente importante em produtos que são
conservados ou armazenados em condições de refrigeração (1 a 4
semanas), por provocar uma gradativa seleção microrgânica psicrotrófica.
Segundo SOARES, (2004) os microrganismos psicrotróficos contribuem
para deterioração do leite de duas formas: pela produção de enzimas
proteolíticas e lipolíticas que são secretadas a baixas temperaturas e
provocam alterações físicas, químicas e organolépticas mesmo após o
tratamento térmico. Os psicrotróficos não constituem um grupo taxonômico
RESPOSTA ERRADO
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específico de microrganismos, apresentando aproximadamente 15 gêneros
diferentes que foram isolados do leite e produtos derivados (MARTINS et.
al, 2004). Estes gêneros são compostos por bactérias Gram-positivas e
Gram-negativas, bacilos, cocos, víbrios, formadores ou não de esporos;
assim como microrganismos aeróbios e anaeróbios. Fazem parte deste
grupo tanto bactérias Gram-negativas – Pseudômonas, Achromobacter,
Aeromonas, Serratia, Alcaligenes, Chromobacterium e Flavobacterium spp -
como bactérias Gram-positivas: Bacillus, Clostridium, Corynebacterium,
Streptococcus, Lactobacillus e Microbacterium. Alguns gêneros de bolores e
leveduras também apresentam características do grupo dos psicrotróficos e
podem causar problemas de qualidade do leite sendo o gênero
Pseudômonas o predominante no leite armazenado a 4ºC por mais de 8-11
dias (SANTANA, 2001).
10 - IF Farroupilha - RS - Ciência e Tecnologia de Alimentos - 2016
O grupo de micro-organismos indicadores “Coliformes totais” é composto
por bactérias da família Enterobacteriaceae, capazes de fermentar a lactose
com produção de gás, quando incubados a 35-37ºC, por 48 horas. Os
coliformes (totais) são bacilos gram-negativos e não formadores de
esporos. Fazem parte desse grupo predominantemente bactérias
pertencentes aos gêneros Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e
Klebsiella. Destes, apenas a Escherichia coli tem como hábitat primário o
trato intestinal do homem e de animais homeotérmicos. Os demais -
Citrobacter, Enterobacter e Klebsiella, além de serem encontrados nas
fezes, também estão presentes em outros ambientes como na vegetação e
no solo, onde persistem por tempo superior ao de bactérias patogênicas de
origem intestinal como Samonella e Shigella. Os Coliformes fecais e
RESPOSTA ERRADO
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Escherichia coli correspondem aos coliformes totais que apresentam a
capacidade de continuar fermentando lactose com produção de gás,
quando incubadas a temperaturas de 44-45ºC (FRANCO, 2008). Com base
na informações acima, é correto afirmar que:
a) A E. coli é proveniente do leite, pois consegue fermentar a lactose.
b) Os coliformes fecais são provenientes somente do intestino humano.
c) A presença de coliformes totais no alimento indica, necessariamente,
contaminação fecal recente ou ocorrência de enteropatógenos.
d) Os critérios microbiológicos que envolvem E.coli são úteis quando é
desejável determinar se houve contaminação fecal em um alimento ou
superfície.
e) Os coliformes totais não servem para indicar condições de produção dos
alimentos, pois não podem ser separados dos micro-organismos que
habitam o intestino.
SOLUÇÃO
De acordo com FRANCO (2003) as bactérias pertencentes a este grupo
correspondem aos coliformes totais que apresentam a capacidade de
continuar fermentando lactose com produção de gás, quando incubadas a
temperaturas de 44- 45ºC. Os critérios microbiológicos que envolvem E.coli
são úteis quando é desejável determinar se houve contaminação fecal.
Atualmente, ao invés de enumerar os coliformes fecais e E.coli alguns
laboratórios estão preferindo enumerar as bactérias pertencentes à família
Enterobacteriaceae como um todo, isto é, as fermentadoras e não
fermentadoras de lactose, pois números falsos seriam obtidos ao se
verificar apenas a presença de microrganismos fermentadores de lactose,
quando a população fosse constituída, na sua maioria, por microrganismos
não fermentadores, incluindo-se aqui as salmonelas lactose-negativas ou
outros fermentadores tardios desses açúcares (CUNHA, 2006).
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RESPOSTA D
71
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73
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BIBLIOGRAFIA