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no/cxícmç/a/ - repositorio-aberto.up.pt · SF->soro fisiológico SNC -> sistema nervoso central Sp02-$ saturação periférica de oxigénio TAD ->tensão arterial diastólica TAM

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Jajud!ade/(le'Q4tO/,2001

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

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Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 2

Aspirao de Secrees Traciueobrnpuicas na Criana

AGRADECIMENTOS

O produto final de longos meses de trabalho, s foi possvel com o

incentivo e boa vontade de todos os que me rodearam.

Neste pequeno espao gostaria de agradecer sem limites a muitas

pessoas que me ajudaram a erguer este projecto moroso.

Para mim um dever recordar-me:

do "empurro e incentivo" que a Nanda me deu e dos lanchinhos do Dr.

Monterroso;

dos enfermeiros da Unidade de Cuidados Intensivos Peditricos que para

alm de me integrarem na equipa, "apresentaram-me" ao meu orientador

e, depois de eu j ter sado do servio, efectuaram a colheita de dados

para a concretizao deste trabalho: a Mcia, a Carmo, a Fernanda, a

Elizabete, a Chely, a Paula, a Andreia, o Paulo, a Cristiana, a Lurdes, o

Armnio, a Joo, a Graciela, o Victor, a Rosa, a Cristina, a Susana, a

Silvia, a Albertina e a Manuela, e as enfermeiras chefes que deram o seu

parecer positivo;

do meu orientador Professor Doutor Lus Almeida Santos, que me

ensinou a "sair da pista de carrinhos da feira";

dos Professores Doutores Norberto Teixeira Santos, Mrio Queirs,

Herclia Guimares e da Enfermeira Paula Frana que sempre orientaram

este curso de forma eficaz;

da me da Joana, que em nome dos pais dos meninos internados, sempre

me incentivou a continuar este trabalho;

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 3

Aspirao de Secrees Traqueobronauicas na Criana

das Enfermeiras Fernanda Bastos e Teresa Nazar que se

disponibilizaram a 1er e corrigir o texto e tambm dos colegas da Escola

Superior de Enfermagem S. Joo que de vrias formas me estimularam;

do apoio da Dr. Clara e Eng. Armando pelo empenhamento no

tratamento estatstico;

de todos os amigos que de vrias formas expressaram o seu apreo e

ajuda.

No me posso esquecer de agradecer s crianas que tanto me ajudam na

realizao pessoal e profissional.

por ltimo que fao referncia, mas de certeza que so sempre os

primeiros a serem lembrados: os meus pais, a minha filha e o meu

marido que sempre se mostraram disponveis e incentivaram, sem se

lembrarem de limites, para que eu chegasse ao final deste trabalho.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 4

Aspirao de Secrees

LISTA DE ABREVIATURAS

bpm -abatimentos por minuto

cc -> centmetros cbicos

cm -> centmetro

CO2 -> dixido de carbono

CP AP ^ventilao espontnea com ventilao assistida

ETCO2 -> dixido de carbono expirado

FC -> frequncia cardaca FO2 ->fraco inspirada de oxignio

h ->hora

HIC -^hipertenso intracraneana

H.S J. -^Hospital de So Joo

Hg -> mercrio

Kg ->kilograma

1 -> litro

LCR ilquido cefalorraquidiano

meq/1 ->milequivalentes por litro

ml ->mililitros

mm -^milmetros

mn -^minutos

02 -> oxignio

OBS -^observao

p. ->pgina

PACO2 -opresso parcial de dixido de carbono alveolar

PaC02 -> presso parcial de dixido de carbono arterial

PAO2 ->presso parcial de oxignio alveolar

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho

Aspirao de Secrees Trapueobrnpuicas na Criana

Pa2 ~> presso parcial de oxignio arterial

PCO2 -^ presso parcial de dixido de carbono

PIC -opresso intracraneana

pH -> concentrao do io hidrognio

PO2 -^ presso parcial de oxignio

PPC -> presso de perfuso cerebral

PPI ->presso positiva intermitente

Sat2 -> saturao arterial de oxignio

SIMV -> ventilao mandatria intermitente sincronizada

SF->soro fisiolgico

SNC -> sistema nervoso central

Sp02 -$ saturao perifrica de oxignio

TAD ->tenso arterial diastlica

TAM -> tenso arterial mdia

TAS -> tenso arterial sistlica

TCE ->traumatismo craneoenceflico

TET ->tubo endotraqueal

UCIP -> unidade de cuidados intensivos peditricos

V A/C -> ventilao assistida / controlada

IMV -^ventilao mandatria intermitente

CMV -^ventilao mecnica controlada

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 6

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

INDICE

1-INTRODUO 12

2- REVISO BIBLIOGRFICA 16

2.1-Introduo 17

2.2-Aspirao de secrees 19

2.3- Complicaes da aspirao traqueobrnquica 21

2.4- Respirao/ventilao 25

2.5- Descrio do material e tcnica 34

3- MATERIAL E MTODOS 39

3.1- Tipo de pesquisa 40

3.2-Amostra 41

3.3- Hiptese e variveis 43

3.4-Protocolo de registo de dados 46

3.5 - Consentimento informado 55

3.6- Tratamento estatstico 57

4- RESULTADOS 58

4.1- Caracterizao da amostra 59

4.2- Anlise descritiva das variveis de atributo 60

4.3- Anlise dos resultados das variveis dependentes 68

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 7

Aspirao de Secrees TraqueobrnQuicas na Criana

5- DISCUSSO 81

5.1- Actualidade e importncia do trabalho 82

5.2-Limitaes e dificuldades 83

5.3- Metodologia 85

5.4-Resultados 88

6- CONCLUSES 105

7-SUGESTES 107

8-RESUMOS 109

9 - BIBLIOGRAFIA 116

10-ANEXOS 125

Anexo I- Folha de colheita de dados nos dias pares

Anexo II- Folha de colheita de dados nos dias impares

Anexo III- Parecer favorvel da Comisso de tica do Hospital de S.

Joo, para a colheita de dados

Anexo IV- Modelo de Declarao de Consentimento, a assinar pelos

pais das crianas intervenientes no estudo

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho

Aspirao de Secrees Tragueobrnauicas na Criana

NDICE DE QUADROS

Quadro 1- Potenciais problemas associados

aspirao endotraqueal 23

Quadro 2- Relao do calibre da sonda de aspirao

com o dimetro do tubo endotraqueal 24

Quadro 3- Valores normais dos sinais vitais, segundo a idade 32

Quadro 3a)- Valores normais da tenso arterial, segundo a idade 33

Quadro 4- Distribuio das toilettes endotraqueais por criana

e tcnica, idade, sexo e diagnsticos de admisso

relativamente s crianas estudadas 59

Quadro 5- Distribuio das toilettes endotraqueais por vias de

aspirao relativamente s tcnicas 60

Quadro 6- Distribuio das toilettes endotraqueais por nvel

do tubo endotraqueal relativamente s tcnicas 61

Quadro 7- Distribuio das toilettes endotraqueais por nmero

da sonda de aspirao relativamente s tcnicas 62

Quadro 8- Distribuio das toilettes endotraqueais por modo

ventilatrio relativamente s tcnicas 63

Quadro 9- Distribuio das toilettes endotraqueais por tipo

de ventilador relativamente s tcnicas 64

Quadro 10- Distribuio das toilettes endotraqueais por

medicao relativamente s tcnicas 65

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 9

Aspirao de Secrees Tracjueobrnauicas na Criana

Quadro 11- Distribuio das toilettes endotraqueais por nmero

da ltima aspirao relativamente s tcnicas 66

Quadro 12- Comparao do volume de soro fisiolgico

instilado (ml) relativamente s tcnicas 67

Quadro 13- Comparao da Sp02 relativamente s tcnicas 69

Quadro 14- Comparao do ETC02 relativamente s tcnicas 71

Quadro 15- Comparao da FC relativamente s tcnicas 73

Quadro 16- Comparao da TAS relativamente s tcnicas 75

Quadro 17- Comparao da TAM relativamente s tcnicas 77

Quadro 18- Comparao da TAD relativamente s tcnicas 79

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 10

Aspirao de Secrees Traqueobrnciuicas na Criana

NDICE DE FIGURAS

Figura 1- Medianas do volume de soro fisiolgico

instilado (ml) por tcnica 68

Figura 2- Medianas da Sp02 por tcnica 70

Figura 3- Medianas do ETC02 por tcnica 72

Figura 4- Medianas da FC por tcnica 74

Figura 5- Medianas da TAS por tcnica 76

Figura 6- Medianas da TAM por tcnica 78

Figura 7- Medianas da TAD por tcnica 80

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 11

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

/ -

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 12

Aspirao de Secrees Tragueobrnauicas na Criana

A aspirao traqueobrnquica uma tcnica utilizada na criana

ventilada com a finalidade de remover as secrees da rvore brnquica,

tarefa essa, que est dependente de diversos factores, nomeadamente a

presena do tubo endotraqueal e as capacidades da criana.

Por ser um procedimento utilizado repetidamente na mesma criana, por

terem sido detectadas algumas oscilaes hemodinmicas e tambm pela

informao colhida da prtica da Enfermagem, tornou-se numa

preocupao sentida por aqueles que a realizam.

Estudar a Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

suscitou motivao para o trabalho/investigao desta tese de mestrado.

Aps consulta bibliogrfica sobre o assunto, anlise, discusso e

observao directa do facto - alteraes hemodinmicas durante e aps a

aspirao de secrees traqueobrnquicas - entre os enfermeiros da

Unidade de Cuidados Intensivos Peditricos, gerou-se um maior

interesse e implicao em todo o processo de obteno dos dados para o

trabalho. A curiosidade despertada pelo assunto levou-nos a pensar que talvez a

tcnica utilizada na aspirao interferisse com os parmetros vitais da

criana. Diversos autores realizaram trabalhos neste mbito, o que nos levou a

elaborar este trabalho de investigao, seleccionando duas tcnicas de

aspirao e comparando parmetros fisiolgicos entre as duas de forma a

que os resultados que ressaltarem do estudo, possam contribuir para uma

melhor prtica dos enfermeiros que executam essas tcnicas e

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 13

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

consequentemente melhorar a qualidade dos cuidados prestados s (1,2,3)

crianas . A escolha do local para a colheita de dados foi o Hospital de So Joo -

Unidade de Cuidados Intensivos Peditricos (UCIP).

Foram objectivos do presente trabalho:

- identificar a variabilidade dos parmetros fisiolgicos relacionados

com as duas tcnicas de aspirao traqueobrnquica;

- definir qual a tcnica de aspirao traqueobrnquica com menor

repercusso no doente.

Este trabalho foi orientado pelo Professor Doutor Lus Almeida Santos,

com a finalidade de ser apresentado Faculdade de Medicina do Porto,

dando resposta candidatura ao grau de Mestre em Cincias de

Enfermagem - Pediatria, do seu autor.

Como referem Monique Formarier e Genevive Coutansais (citadas por

Ndia Salgueiro) a investigao a arte de submeter "velhos hbitos" e

"velhas coisas" a uma interrogao constante(4). Foi precisamente o que

fizemos ao confrontar a nossa prtica do dia-a-dia, por vezes considerada

um saber prtico mas rotineiro, com uma nova forma de abordagem de

uma tcnica j utilizada.

A linha de orientao para a elaborao deste trabalho de investigao

foi precisamente a construo da hiptese, sendo ela:

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 14

Aspirao de Secrees Trapueobrnauicas na Criana

Provavelmente, a manuteno da oxigenoterapia, conseguida com o

doente sempre conectado ao ventilador durante a aspirao

traqueobrnquica, leva a menor oscilao dos parmetros fisiolgicos

(Sp02, FC, TAS, TAM, TAD, ETC02), do que quando o doente

desconectado do ventilador para se proceder respectiva aspirao.

Aps a construo da hiptese, procedeu-se organizao do

enquadramento terico, tendo por base os mecanismos de fisiologia

respiratria.

O contributo da pesquisa bibliogrfica levou-nos necessidade de

descrever pormenorizadamente a tcnica da aspirao. Nessa descrio

esto includas, para alm da tcnica usualmente aplicada na UCIP,

tambm a que iria ser testada durante o trabalho.

O protocolo de colheita de dados foi testado na mesma Unidade, e os

seus resultados iro ser apresentados ao longo do trabalho sob a forma de

Quadros e Grficos, adaptados situao. Para a discusso dos

resultados conseguidos, comparam-se dados de outros trabalhos

efectuados nesse mbito, e tambm com outros efectuados em Unidades

de Cuidados Intensivos Neonatais.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 15

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

2-

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 16

Aspirao de Secrees Tragiteobrnguicas na Criana

2.1-INTRODUO

A aspirao traqueobrnquica uma tcnica muito utilizada nas crianas

ventiladas, como forma de substituir a funo do reflexo da tosse que se

encontra abolido.

Este procedimento efectuado nas crianas de todos os grupos etrios,

com qualquer diagnstico e hospitalizadas nos Cuidados Intensivos

Peditricos, submetidas a ventilao mecnica.

Toda a rvore respiratria humidificada por muco que reveste as suas

paredes. A secreo do muco feita por pequenas glndulas submucosas

e clulas caliciformes do revestimento epitelial das vias areas. Uma

outra funo do muco impedir que pequenas partculas existentes no ar

inspirado, que no foram filtradas no nariz, cheguem aos alvolos (5).

Esta via proporciona, para alm da passagem do ar, a filtrao, o

aquecimento e a humidificao do ar. As funes de aquecimento e

tambm de humidificao so possveis devido circulao de sangue

capilar pelas camadas submucosas da rvore respiratria.

Em cada clula epitelial que reveste a superfcie das vias respiratrias

existem cerca de 200 clios que batem 10 a 20 vezes por segundo

impulsionando as partculas na direco da faringe, ou seja, os clios das

vias respiratrias inferiores impulsionam para cima e os do nariz

direccionam-nos para baixo(5). O movimento contnuo ciliar de

aproximadamente lcm /min, impulsionando as secrees para a faringe

onde sero deglutidas ou eliminadas pela tosse, para o exterior.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 17

Aspirao de Secrees Trapueobrnquicas na Criana

O reflexo da tosse um mecanismo necessrio para mobilizar a

acumulao das secrees da rvore traqueobrnquica.

Durante esta actividade, desencadeia-se uma sequncia de eventos

automticos e cruciais com a finalidade de num movimento rpido

expelir qualquer corpo estranho que se encontre presente nos brnquios

ou na traqueia.

Quando o impulso aferente da rvore respiratria passa pelo nervo vago

e chega ao bolbo raquidiano desencadeia uma inspirao forada. A

epiglote e as cordas vocais fecham-se aprisionando o ar dentro dos

pulmes. Os msculos abdominais, os intercostais internos e os

expiratrios contraem-se. Os primeiros empurram o diafragma para

cima, fazendo aumentar a presso nos pulmes. Quando as cordas vocais

e a epiglote se abrem, o ar que se encontrava sob forte presso sai,

trazendo consigo as partculas que causam irritao essencialmente na

laringe e na carina (local onde a traqueia se divide nos brnquios) que

so pontos da rvore traqueobrnquica, particularmente sensveis.

Existem situaes em que a mobilizao das secrees difcil, ou at

mesmo impossvel, sendo elas a incapacidade para tossir com eficcia,

incapacidade para deglutir, a obstruo das vias areas por secrees

espessas ou por edema, incapacidade muscular para mobilizar as

secrees e presena de tubo endotraqueal ou traqueostomia( '.

Embora a aspirao endotraqueal no seja uma tcnica com um horrio

pr-definido, existem indicadores como a oscilao da tenso arterial,

elevao dos valores de pulso, respirao e volume corrente, que nos

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 18

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

indicam a necessidade de se proceder aspirao das secrees dessas

crianas.

Apesar de estarem estipuladas normas a seguir para efectuar a aspirao,

existem variaes que so difceis de quantificar e avaliar quanto sua

eficcia.

Esta diversidade, em conjunto com a necessidade de conceptualizar uma

tcnica favorvel para a criana, fez com que se tornasse indispensvel o

conhecimento das alteraes dos parmetros fisiolgicos antes e durante

a aspirao.

2.2- ASPIRAO DE SECREES

A aspirao de secrees uma tcnica que se destina a remover as

secrees em excesso das vias areas superiores, traqueia e brnquios;

utilizada nos casos em que o doente/criana no consegue remover as

secrees sozinho, por tosse ou atravs da deglutio.

Existem indicadores que nos avisam da necessidade de se proceder

aspirao das crianas que se encontram submetidas a ventilao

mecnica, os quais j referenciamos anteriormente.

Segundo Amborn et ai demonstrou-se que o indicador mais eficaz e

sensvel da presena de secrees traqueobrnquicas o aumento ou

reduo da presso arterial sistlica e diastlica (aumento de 5 mm Hg,

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 19

Aspirao de Secrees Trapueobrnpuicas na Criana

eram significativos, no entanto, o estudo no faz referncia aos valores

significativos da diminuio). Outros indicadores da presena de

excesso de secrees, segundo o estudo, foram a elevao do pulso,

respirao, volume corrente, perspirao e rudos expiratrios

prolongados e rudes. A presena da associao de alguns sinais em

determinado momento, so indicadores da existncia de excesso de

secrees, ainda segundo o mesmo estudo^ ' ' '.

Musser (1992) refere que a aspirao de secrees deve ter apenas a

frequncia necessria para manter a desobstruo do tubo de

traqueostomia ou endotraqueal. Sendo assim os sinais de ocluso parcial

das vias areas incluem a frequncia cardaca aumentada, aumento do

esforo respiratrio, diminuio da saturao perifrica de oxignio,

cianose ou aumento da presso inspiratria no ventilador( '.

Apesar de todos estes sinais referidos serem indicadores da presena de

secrees nas vias areas, o estado geral da criana (estabilidade

hemodinmica) ir, tambm, determinar a periodicidade das aspiraes.

Na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de So Joo, no Porto,

procede-se aspirao traqueobrnquica baseada na avaliao da

instabilidade respiratria - essencialmente na baixa de saturaes

perifricas de oxignio (SpC^) e na subida de dixido de carbono

expirado (ETC02) -, na presena de excesso de secrees ou quando o

ventilador alarma por aumento da presso inspiratria.

Aps a avaliao da necessidade de aspirao traqueobrnquica da

criana, h que se proceder tcnica de aspirao endotraqueal tendo em

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 20

Aspirao de Secrees Traweobrnguicas na Criana

vista que se trata de uma interveno altamente invasiva e que determi-

nados procedimentos, desde a preparao do material e equipamento, at

ao posicionamento da criana, devem estar protocolados para minimizar

o desconforto, e ao mesmo tempo tornar-se eficaz.

Todo o equipamento que entra em contacto directo com as vias areas

inferiores da criana, deve ser esterilizado, para evitar infeces

pulmonares e sistmicas, segundo os diversos autores que referenciam

esta tcnica (7'8'9'I0'1U2'13'14).

2.3- COMPLICAES DA ASPIRAO

Na tcnica de aspirao traqueobrnquica est descrita a ocorrncia de

algumas complicaes.

O risco de ocorrncia de pneumotrax e/ou enfisema como complicao

de barotraumatismo, deve-se ao facto de nem sempre ser possvel

controlar a fora do profissional que se encontra a hiperinsuflar

manualmente (Klick e col., 1978). A hiperinsuflao manual, recorrendo

a insuflador manual auto-insuflvel , pode originar aumento da presso

intratorcica (Enright, 1992), reduzindo a circulao de retorno (,5).

A bradicardia pode ser definida como lentido do ritmo cardaco, que

se caracteriza em geral por frequncia inferior a 60 bpm .

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 21

Aspirao de Secrees Trapueobrnguicas na Criana

A bradicardia pode ser provocada pela estimulao vagai e/ou do seio

carotdeo, podendo ainda, ocorrer arritmias cardacas devidas

estimulao dos receptores vagais de toda a rvore brnquica, da faringe

e do esfago .

Quando as secrees so espessas opta-se pela instilao de pequenas

quantidades de soro fisiolgico (de 1 a 5 cc consoante a idade da

criana), o que, no entanto, pode provocar irritao traqueal (Ackerman,

1985) e a sua eficincia estar comprometida com o facto de ser expelido

durante a fase expiratria do ciclo respiratrio (15' '.

Durante a aspirao da criana ventilada, podem ocorrer episdios de

hipoxemia devida: falta de pr-oxigenao, utilizao de cateter de

aspirao de dimetro no adequado, devendo o dimetro da sonda de

aspirao ser inferior a metade do dimetro do tubo endotraqueal,

durao de aspirao por perodos de tempo superiores a 15 segundos,

aspirao durante a insero da sonda de aspirao no tubo endotraqueal,

abertura do circuito do ventilador, especialmente em crianas com

instabilidade hemodinmica, utilizao de valores de vcuo superiores a

120 mm Hg, segundo estudos de Oh, 1986; Kuzenski 1978; Casey 1989

e estudos de Chandra e Hazinski, de i994(10>15'17>18>19). A possibilidade de

existncia de infeces cruzadas, est aumentada quando as secrees

saem sob presso das vias respiratrias (Cobley e col., 1991) e tambm

devido abertura frequente dos circuitos do ventilador \

Ainda em relao infeco, estas crianas esto imunitariamente

vulnerveis pelo que a lavagem das mos, a utilizao de um material

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 22

Aspirao de Secrees Trapueobrnguicas na Criana

esterilizado descartvel e a utilizao de uma tcnica assptica dever

estar sempre presente, como forma de evico de complicaes

infecciosas (Quadro 1).

Quadro 1- Potenciais problemas associados aspirao endotraqueal

Dor Traumatismo traqueobrnquico:

-> irritao da mucosa; ->hemorragia minor; -^hemorragia major; -> perfurao traqueobrnquica;

- enfisema cirrgico; - pneumotrax.

Broncospasmo / tosse paroxstica Hipoxemia / atelectasia Instabilidade cardiovascular:

-> stress - taquicardia / arritmias / hipertenso; -> estimulao vagai - bradicardia / hipotenso.

Aumento da presso intracraniana

Adaptado de Demers, 1982 (15).

Para minimizar estas complicaes, h que escolher material e tcnica

adequados.

O cateter deve ser o mais flexvel possvel, devendo-se ter o cuidado de i i , i j ~ (6,7,8,11,12,14,20,22,23).

evitar o colapso do material durante as aspiraes'

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 23

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

A embalagem que o possui deve mant-lo em posio recta, para no

apresentar curvas viciosas e solues de continuidade que ponham em

causa a manuteno da sua esterilizao.

A sonda deve passar facilmente atravs do tubo endotraqueal ou

traqueostomia, pelo que o seu calibre deve ter metade do dimetro

interno da via area artificial e, assim, permitir um adequado fluxo

gasoso em volta do cateter, minimizando a hipoxia (Quadro2).

Quadro 2 - Relao do calibre da sonda de aspirao com o dimetro do

tubo endotraqueal

C H do tubo endotraqueal C H da sonda de aspirao

2,0 - 3,0 04

3,5 05

4,0 - 4,5 06

5,0 - 6,0 08

6,5 - 7,0 10

7,5 - 8,0 12

8,5 - 9,0 14

Adaptado de Tcnicas e Procedimentos em Enfermagem

O comprimento dever ser o suficiente para alcanar a parte final do

tubo de traqueostomia ou endotraqueal.

A extremidade deve ser suave para evitar traumatismos da mucosa e

possuir vrios orifcios laterais para reduzir o traumatismo e tornar mais

eficiente a aspirao das secrees.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 24

Aspirao de Secrees Trac/ueobronauicas na Criana

O extremo proximal do aparelho de aspirao deve possuir um orifcio

ou uma conexo em y para controlar com o polegar o inicio da aspirao.

O enfermeiro dever introduzir a sonda com o orifcio destapado e s

tap-lo quando iniciar a aspirao (ascenso da sonda com movimentos

rotativos e suaves, pela via area artificial) e assim produzir a ~ (6,7,8,11,12,14,20,22,23)

s u c a o v ' ' ' .

2.4- RESPIRAO/VENTILAO

O aparelho respiratrio o local onde se procede respirao no ser

humano. Mas afinal o que a respirao?

A respirao um conjunto de actividades que se podem dividir em 4

processos funcionais ( ' '. So eles:

"ventilao pulmonar: entrada e sada de ar entre a atmosfera e os

alvolos pulmonares;

difuso de oxignio e de dixido de carbono, entre os alvolos e o

sangue;

transporte do oxignio e do dixido de carbono no sangue e nos lquidos

corporais para o interior e exterior das clulas;

regulao da ventilao e outras facetas da respirao".

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 25

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

Josephine Brucia referencia que o acto de respirar implica o

interrelacionamento da ventilao e da respirao (9). A ventilao o

movimento macio do ar proveniente do exterior ao organismo, ao

passar atravs do sistema condutor at aos alvolos.

Esse sistema condutor inclui as vias respiratrias superiores e inferiores.

A respirao consiste nos duplos processos de captao do oxignio e

eliminao do dixido de carbono, entre o organismo e o ambiente que o

rodeia. O nico lugar onde a respirao pode ocorrer na membrana

alvolo - capilar onde o oxignio (do ar) e o dixido de carbono (dos

resduos celulares) podem entrar e sair do organismo.

Mas a respirao no se efectua s a nvel pulmonar, pois o oxignio ao

ser transportado pelos glbulos vermelhos aos tecidos, vai reagir com os

carbohidratos, gorduras e protenas, e libertar a energia necessria para o

funcionamento celular.

Estas reaces catablicas do oxignio, produzem dixido de carbono,

que txico comprometendo seriamente a funo celular e, por isso, tem

de ser removido.

Sendo assim, a respirao baseia-se na troca do oxignio e do dixido de

carbono, e, tambm, no transporte entre as clulas do corpo e a atmosfera

do meio externo. O ar flui de uma regio de alta presso para uma de

menor presso, quer dizer, que o oxignio e o dixido de carbono

transferem-se entre o ar atmosfrico e o sangue por simples difuso.

Para que se efectue este processo, necessrio que exista uma menor

presso a nvel alveolar para se despolotar a inspirao e, assim, dar

incio respirao.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 26

Aspirao de Secrees Traaiteobrnauicas na Criana

O movimento de inspirao o que requer mais energia, ou seja,

necessrio que o diafragma e os msculos intercostais se contraiam, para

aumentar o volume da cavidade torcica. Assim, os pulmes expandem-

se e a presso nos alvolos torna-se negativa em relao presso

atmosfrica (o ar flui do exterior para os alvolos).

A expirao um movimento passivo, ou seja, os pulmes so

comprimidos pelo facto da musculatura implicada na inspirao, se

relaxar e a cavidade torcica retomar a posio de repouso; assim a

presso alveolar aumenta forando a sada do dixido de carbono (e dos

outros componentes do ar expirado).

Os gases que se encontram misturados no ar (99,5% so nitrognio e

oxignio e 0,5% de vapor de gua e dixido de carbono), possuem todas

as molculas uniformemente distribudas por todo o volume (61'62). O

volume do gs exerce presso contra as paredes do recipiente, forando

para sair do ambiente onde se encontra, devido ao constante movimento

molecular.

A presso parcial de um gs correspondente fora que ele exerce

contra as paredes do local onde se encontra. "Se as paredes so

permeveis como a membrana pulmonar, o poder de penetrao ou

difuso de um gs directamente proporcional sua presso parcial" (61,62)

O oxignio transportado pelo sangue de duas formas: dissolvido no

plasma ou em combinao com a hemoglobina.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 27

Aspirao de Secrees Traaueobrnpuicas na Criana

Normalmente 97% do oxignio transportado para os tecidos, feito em

combinao qumica com a hemoglobina, enquanto que os restantes 3%

esto dissolvidos no plasma. Quando a presso parcial de oxignio (P02)

elevada, como se verifica nos capilares pulmonares, o oxignio (02)

liga-se hemoglobina, quando a P02 baixa (como nos capilares dos

tecidos) a hemoglobina liberta o oxignio. Esta a base do transporte do

oxignio dos pulmes para os tecidos( ' ' ' }.

Com uma presso parcial de oxignio alveolar (PA02) de 100 mm Hg,

quase 96% de todas as molculas de hemoglobina esto combinadas com

o oxignio. Esta percentagem representa a saturao da hemoglobina.

O valor da saturao importante porque reflecte o oxignio disponvel

para os tecidos ( ' .

Uma pequena poro de dixido de carbono transportado no estado

dissolvido at aos pulmes. O dixido de carbono dissolvido no sangue

tambm reage com a gua para formar cido carbnico.

Em fraces de segundo, a enzima anidrase carbnica, catalisa a reaco

do dixido de carbono com a gua, aumentando a velocidade de reaco

e a quantidade de dixido de carbono que reage com a gua das

hemcias sendo esta a forma de transporte do dixido de carbono mais . .A (5,26,27,28)

importante . Tambm em fraces de segundo o cido carbnico dissocia-se em ies

hidrognio e bicarbonato. A maior parte dos ies hidrognio associa-se

hemoglobina pois esta um potente tampo cido - base.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 28

Aspirao de Secrees Trapueobronguicas na Criana

A anlise do sangue arterial oferece informaes sobre a homeostasia; a

avaliao dos gases do sangue arterial reflecte o estado cido - base do

organismo, a eficcia da ventilao e a adequao da oxigenao arterial.

A circulao pulmonar e a brnquica asseguram o aporte hemtico aos

pulmes. A circulao brnquica fornece aporte sanguneo aos tecidos da rvore

traqueobrnquica, enquanto que a circulao pulmonar constituda pelo

volume sanguneo recebido do ventrculo direito. A artria pulmonar

transporta o sangue venoso do ventrculo direito at aos alvolos atravs

das suas ramificaes. A proporcionada a permuta entre o oxignio e o

dixido de carbono. O sangue oxigenado regressa aurcula esquerda,

atravs das quatros veias pulmonares, circulando depois atravs da aorta,

para todo o organismo.

Outras funes da circulao pulmonar, so:

"- reservatrio de sangue para a circulao sistmica;

- regulao de certas substncias metablicas;

- equilbrio do fluxo sanguneo com a ventilao;

- proporciona nutrio ao tecido sanguneo" .

Para se estabelecer uma respirao eficaz atravs dum ventilador, a

criana necessita de um tubo endotraqueal (nasal ou oral) ou de uma

cnula de traqueostomia, para assegurar a permeabilidade da via area.

A entubao endotraqueal deve efectuar-se o mais rpido possvel e por

pessoal treinado para o efeito e consiste na introduo de um tubo

atravs do nariz ou da boca da criana, at traqueia, atingindo um

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 29

Aspirao de Secrees Tragueobrnauicas na Criana

posicionamento adequado eficcia da ventilao. O posicionamento,

assim como a escolha do dimetro do tubo endotraqueal, requer um

conhecimento da criana, especialmente da respectiva idade cronolgica,

existindo para isso frmulas que facilitam uma tomada rpida de deciso.

Segundo a 2a edio do Advanced Pediatric Life Support, a estimativa do

tamanho do tubo e do nvel a que dever ficar colocado obedece

seguinte frmula(31):

- dimetro interno (mm) = (idade / 4) + 4

- comprimento (cm) = (idade / 2) + 12 para tudo oral

- comprimento (cm) = (idade / 2) + 15 para tubo nasal

Esta frmula apropriada para crianas com idade superior a 1 ano; at

essa idade utilizam-se os tubos cujo dimetro interno entre 3 - 3,5 mm

e se forem recm-nascidos pr-termo a escolha recai no tubos de 2,5 mm (32)

Em algumas situaes necessrio efectuar uma traqueostomia, que

consiste na abertura da traqueia (traqueotomia) seguida de sutura dessa

abertura ao orifcio cutneo suprajacente, mantendo-se assim, a abertura

das vias areas para o exterior (estorna). Geralmente, efectuada sob

efeito de anestesia geral, no bloco operatrio, salvo em casos de

emergncia. As vantagens da traqueostomia esto relacionadas com a

reduo do espao morto, menor necessidade de sedao, mobilidade do

doente facilitada, menor traumatismo da asa do nariz e da cavidade oral,

melhor colaborao do doente, por aumento do conforto e menor

mudana da imagem corporal.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 30

Aspirao de Secrees Tragueobrnauicas na Criana

As desvantagens e potenciais complicaes so a necessidade de

consentimento dos pais, a ferida cirrgica, infeco, hemorragia e (22)

eventual deslocao do tubo para os tecidos .

Estas vias areas artificiais, so situaes no naturais, mas necessrias

em casos de emergncia, quando as funes das vias areas condutoras

naturais no esto presentes. No nariz no efectuado o aporte de sangue

que aquece e humidifica o ar e o movimento ciliar de transporte do muco

para o exterior. A nvel da nasofaringe, das adenides e das amgdalas,

verificam-se alguns processos imunolgicos que atravs desta forma no

so possveis de actuarem, por causa da ventilao mecnica.

Na laringe, a epiglote no protege a glote para impedir a aspirao de

alimentos ou lquidos, no possvel remover partculas atravs do

reflexo da tosse e no se processa a fonao, visto as cordas vocais no

vibrarem nem se unirem devido presena do tubo endotraqueal ou (9)

traqueostomia \ Nas situaes de ventilao artificial, as funes de filtrao, aquecimento e humidificao devero ser substitudas proporcionando

criana entubada ou traqueostomizada, o melhor conforto.

Depois de estabelecidas as vias areas artificiais, deve proporcionar-se

um aporte de oxignio e frequncia respiratria adequada patologia e

idade da criana.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 31

Aspirao de Secrees TragueobrnQuicas na Criana

Ao longo da idade da criana, observam-se oscilaes no s na

frequncia respiratria (FR) como tambm na frequncia cardaca (FC) e

tenso arterial (TA) (Quadros 3 e 3a)), visto serem mecanismos de

adaptao evoluo estaturoponderal.

Quadro 3 - Valores normais dos sinais vitais, segundo a idade

Idade (anos) Frequncia

respiratria

(ciclos/mn)

Frequncia

cardaca

(pulsaes/min)

Tenso arterial

sistlica mm Hg

12 15-20 60-100 100-120

Adaptado de Advanced Paediatric Life Support

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 32

Aspirao de Secrees Tragueobrnpuicas na Criana

Quadro 3 a)- Valores normais da tenso arterial, segundo a idade

IDADE (em anos) PRESSO SISTLICA

(mdia +/-2DP)

PRESSO DIASTOLICA

(mdia +1-2 DP)

V2 -1 90 +/- 25 61 +/- 19

1-2 96 +/- 27 65 +/- 27

2-3 95 +/- 24 61 +/- 24

3-4 99 +/- 23 65 +/-19

4-5 99+/-21 65+/-15

5 94+/-14 55 +/- 9

6 100+/-15 56 +/- 8

7 102+/-15 56 +/- 8

8 105+/-16 57 +/- 9

9 107+/-16 57 +/- 9

10 109+/-16 58+/-10

11 111+/-17 59+/-10

12 113+/-18 59+/-10

13 115+/-19 60+/-10

14 118+/-19 61 +/-10

15 121 +/-19 61 +/- 10

Adaptado de Prtica Peditrica de Urgncia, 1991

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 33

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

2.5- DESCRIO DO MATERIAL E TCNICA

Aps a abordagem da fisiologia da respirao, e tambm, das vantagens

e complicaes da aspirao, ir proceder-se descrio da tcnica de

aspirao traqueobrnquica bsica, ou seja, de acordo com vrios autores

e as Guideline (Clinical Practice) iro ser enumerados os principais , . , i- + (7,11,12,13,14,17,18,22,23,27,29,33,35,36,37,).

passos de tal procedimento K '

Material necessrio:

- Cateter de aspirao

- Luvas esterilizadas, ou pelo menos uma para a mo que ir proceder

tcnica de aspirao;

- Ampola de 10 ce de soro fisiolgico (dever estar preparada para o

caso de existir necessidade de se instilar soro fisiolgico para ajudar a

fluidificar as secrees);

- Seringa de 5 cc: para aspirar o soro fisiolgico da ampola e introduzi-lo

pelo tubo endotraqueal ou traqueostomia

- Aspirador de parede de baixa presso

- Tubos de conexo de aspirador sonda de aspirao

- Conexo em Y.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 34

Aspirao de Secrees Trapueobrnguicas na Criana

Depois do equipamento e material se encontrarem preparados e

funcionantes, deve ter-se em conta a preparao da criana e do

ambiente.

Princpios serais: - Se possvel, explicar criana o procedimento que ir ser efectuado (de

acordo com o seu grau de compreenso e nvel de conscincia). No

esquecer, no entanto, que os pais podem estar presentes neste momento,

pelo que no devero ser esquecidos, ou seja, deve dar-se a oportunidade

de se retirarem caso manifestem vontade, ou inseri-los nos cuidados se

for, tambm, essa a sua vontade.

- Manter a privacidade, no esquecer que as crianas que fazem parte do

estudo tm idades compreendidas entre 1 ms e 13 anos, e que os pais,

tambm, podero gostar de manter o ambiente privado. Assim,

protegem-se as outras crianas internadas que possam aperceber-se deste

procedimento que apesar de ser necessrio desconfortante.

- Posicionar a criana, pois facilita a execuo do procedimento e

proporciona conforto. A posio de decbito dorsal a mais facilitadora,

mas podem-se utilizar as decbitos laterais. Colocar a criana em

posio semi-fowler pode ser benfico (se no estiver contra-indicado),

pois ajuda a estimular a respirao profunda, a mxima expanso

pulmonar e tosse produtiva.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 35

Aspirao de Secrees Tragueobrnauicas na Criana

Procedimento:

-Aumentar a fraco inspiratria de oxignio (Fi02) do ventilador para

1,0 durante 3 minutos. Este tempo foi escolhido para hiperoxigenar a

criana e, assim, diminuir o risco de hipoxia.

Utiliza-se este tempo tambm para:

calar a luva esterilizada na mo dominante;

retirar a sonda do invlucro, com a mo que tem a luva esterilizada;

ajustar tubuladura do aspirador, junto da conexo em y;

ligar o aspirador de parede cuja presso negativa dever ser seleccionada

de acordo com a idade:

60 - 80 mm Hg para criana com idade inferior a 1 ano,

80 - 120 mm Hg para criana at aos 13 anos.

- Desconectar o doente do ventilador.

- Instilar 1 a 5 cc de soro fisiolgico, se as secrees forem espessas ou

existir indicao mdica para tal procedimento. Foi necessrio elaborar

uma tabela de quantidades de soro fisiolgico a instilar, em funo do

peso corporal da criana, visto que nas crianas duma faixa etria

semelhante o peso corporal pode no o ser. Em funo disso, e tambm

doutros estudos, estabeleceu-se que quantidade de soro fisiolgico a

instilar0 ' '] 3' ' 4'26'27>33'34'37'38>39>4)

numa criana com peso igual ou inferior a 10 Kg - 1 a 2 cc

numa criana com peso superior a 10 K g - 2 a 5 cc.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 36

Aspirao de Secrees Tragueobrnauicas na Criana

- Conectar novamente ao ventilador e aguardar at 30 segundos, tempo

suficiente para que o soro fisiolgico interaja com as secrees e ao

mesmo tempo no cause irritao traqueal.

- Desconectar e introduzir suavemente a sonda sem aspirar dirigindo-a

carina, com isto pretende-se prevenir traumatismo das vias respiratrias

e a hipoxia.

- Iniciar a aspirao 1 cm acima da carina, retirando a sonda suavemente,

com movimentos circulares, sob aspirao que no deve ultrapassar 10

segundos - Conectar novamente ao ventilador.

- Caso seja necessrio efectuar-se outra aspirao para se realizar uma

toilette mais eficaz, deve-se aguardar no mnimo 1 minuto (caso seja

possvel aguardar 2 a 3 mn), para proporcionar oportunidade de

reoxigenar os pulmes

- O valor prvio de Fi02 deve ser retomado assim que os valores basais

das Sp02 da criana se encontrem normais para o seu estado clinico.

- Limpar o tubo de aspirao, permitindo a desobstruo do tubo e

controlo da contaminao do prprio tubo.

- Desligar a aspirao.

- Inutilizar a luva, sonda e o restante material utilizado.

- Deixar a criana correctamente posicionada.

- Proceder lavagem higinica das mos.

- Vigiar continuamente sinais de insuficincia respiratria.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 37

Aspirao de Secrees Traweobrnquicas na Criana

- Registar hora, motivo de aspirao, a forma como decorreu a execuo

tcnica, o tipo de secrees e as reaces observadas.

Estes itens devem ser seguidos, para reduzir ao mximo as possveis

complicaes duma aspirao traqueobrnquica.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 38

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

3 -Cftlatea(/

&c)flfada&

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 39

Aspirao de Secrees Tragiteobrnguicas na Criana

3.1-Tipo de pesquisa

Este estudo prospectivo, comparativo entre duas tcnicas de aspirao

traqueobrnquica e aplica-se s crianas internadas: uma tcnica (a

tcnica A) nos dias pares e a outra tcnica (a tcnica B) nos dias impares.

Nos estudos de pesquisa tipo experimental, poder-se- expor os mesmos

sujeitos a mais do que um tratamento, neste caso, a duas tcnicas de

aspirao traqueobrnquica. Para Polit, este tipo de estudo chama-se

projecto de mensuraes repetidas. Estes projectos, ainda segundo o

mesmo autor, apresentam como vantagem a garantia de uma maior

equivalncia possvel entre os sujeitos expostos a aspiraes diferentes (41)

Neste estudo esto reunidas trs condies para satisfazerem os critrios

requeridos, ou seja, h manipulao por parte do investigador, a

distribuio da amostra aleatria e existe controlo - os sujeitos servem

como seu prprio grupo de controlo.

As crianas hospitalizadas nos dias pares, podem (ou no) serem as

mesmas que esto hospitalizadas nos dias impares. Sendo assim,

mesma criana aplica-se a tcnica A e a tcnica B. Ou seja, a criana

submetida aspirao segundo a tcnica A (tcnica usada habitualmente

na UCIP) submetida no dia seguinte aspirao segundo a tcnica B

(tcnica experimental em estudo) - a criana funciona como grupo de

controlo de si prpria.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 40

Aspirao de Secrees Traaueobronpuicas na Criana

A aplicao das 2 tcnicas de aspirao efectuada mesma criana

ventilada, consecutivamente, mas sempre enquadrada no plano

assistencial da criana e atendendo s suas necessidades de aspirao

traqueobrnquica.

3.2-AMOSTRA

As crianas que fizeram parte deste estudo, foram seleccionadas

atendendo a alguns parmetros:

- encontrarem-se em ventilao mecnica;

- possurem idades entre um ms e treze anos;

- apresentarem qualquer tipo de diagnstico, excepto traumatismo

crnio-enceflico (TCE).

A amostra deste estudo de investigao, foi constituda por todas as

crianas internadas na UCIP do Departamento de Pediatria do H. S.

Joo, de 1 de Junho a 31 de Agosto de 2001.

Atravs da escolha de uma amostra probabilstica, a probabilidade dos

sujeitos da amostra serem afectados por variveis estranhas distribuda

equitativamente. O facto de se terem excludo crianas com diagnstico de traumatismo

crnio-enceflico deste estudo, tem a ver com a necessidade de

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 41

Aspirao de Secrees Trapueobrnquicas na Criana

hiperventilao como parmetro de teraputica de controlo da

hipertenso intracraniana (HIC).

As crianas com TCE grave encontram-se em ventilao mecnica,

sedadas e curarizadas, pelo que os parmetros ventilatrios devero ser

ajustados de forma a ser obtida uma presso parcial de dixido de

carbono arterial (PaC02) de 35 a 40 mm Hg. A reduo da PIC quase

imediata visto a hiperventilao provocar uma vasoconstrio cerebral,

que resultado da resoluo da concentrao do C02 e reduo do

volume de sangue intracraniano (42). A manuteno da oxigenao

adequada e uma hipocapnia (no inferior a 25 mm Hg) so essenciais na

criana com HIC (42'61). Recomenda-se que o paciente seja manualmente

hiperventilado com oxignio a 100%, antes da aspirao por tubo

endotraqueal, ..., pelo que a utilizao do insuflador manual auto-

insuflvel, no passvel de ser mensurvel neste estudo ( \

Tambm as crianas com estas patologias esto hemodinamicamente

instveis, pelo que existiro seguramente outras variveis em jogo que

ultrapassam os objectivos deste estudo.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 42

Aspirao de Secrees Traaueobrnpuicas na Criana

3.3- HIPTESE E VARIVEIS

Para Verma e Beard as hipteses "so palpites que o investigador possui

sobre a existncia de relaes entre variveis" '.

Segundo Judith Bell uma hiptese " uma proposio hipottica, que

ser sujeita a verificao ao longo da investigao subsequente ... um

guia para o investigador, na medida em que representa e descreve o

mtodo a ser seguido no estudo do problema" (43).

No muito diferente do que j foi definido, Marie- Fabienne diz que uma

hiptese " um enunciado formal das relaes previstas entre duas ou

mais variveis. uma predio baseada na teoria ou numa poro desta

(proposio)" (44).

A orientao da colheita de dados, foi direccionada de forma a dar

resposta hiptese levantada: Provavelmente, a manuteno da

oxigenoterapia, conseguida com o doente sempre conectado ao

ventilador durante a aspirao traqueobrnquica, leva a menor

oscilao dos parmetros fisiolgicos (Sp2, FC, TAS, TAM, TAD,

ETC02), em relao ao doente desconectado do ventilador durante a

respectiva aspirao.

Segundo Polit esta hiptese considerada direccional: "hiptese que faz

uma previso especfica sobre a direco e natureza da relao entre as ' M (41)

variveis '.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 43

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

Esta hiptese um comentrio verosmil, acerca de um palpite surgido

atravs da experincia do dia-a-dia, da evidncia emprica e que gera

relaes entre variveis.

"As variveis so qualidades, propriedades ou caractersticas de

objectos, de pessoas ou de situaes que so estudadas numa

investigao" (44). uma "caracterstica ou atributo, de uma pessoa ou

objecto que varia (adopta valores diferentes) dentro da populao em

estudo" (41).

Consoante a utilizao das variveis em diferentes investigaes , assim

tambm elas so classificadas de diferentes maneiras.

As variveis dependentes e independentes interligam-se nos estudos do

tipo experimental, influenciando-se uma outra. Ou seja, a varivel

independente " a varivel manipulada pelo investigador com a

finalidade de estudar os seus efeitos na varivel dependente", enquanto

que a varivel dependente a "varivel influenciada pela varivel

independente" (41'44).

As caractersticas dos sujeitos do estudo, que servem para descrever uma

amostra, so consideradas variveis de atributo, pois so caractersticas

preexistentes da entidade em investigao, e so simplesmente

observadas e quantificadas (41'45'46,).

Neste estudo efectuado sobre Aspirao de Secrees

Traqueobrnquicas, a descrio das variveis dependentes est

relacionada com os parmetros fisiolgicos, ou seja, com a saturao

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 44

Aspirao de Secrees Trapueobrnpuicas na Criana

perifrica de oxignio (Sp02), a frequncia cardaca (FC), a tenso

arterial sistlica (TAS), mdia (TAM) e diastlica (TAD) e tambm com

o dixido de carbono expirado (ETC02).

Pois so estes que so influenciados pela varivel independente:

conexo versus desconexo do ventilador para se proceder aspirao

traqueobrnquica; esta varivel precisamente a que manipulada pelo

investigador, estudando os seus efeitos nos parmetros fisiolgicos.

O sexo, a idade, diagnstico, modo ventilatrio, sedao, curarizao e

analgesia so consideradas as variveis de atributo.

Em qualquer tipo de estudo quantitativo, existe uma necessidade de

precisar as variveis a controlar, da, a comparao feita entre sujeitos

submetidos s duas tcnicas.

No entanto, a ateno tambm recaiu sobre a presena de variveis

estranhas e a forma de as controlar. Este controlo foi feito atravs da

escolha da amostra, ou seja, no existindo grupo de controlo nesta

investigao, a submisso do mesmo sujeito s duas tcnicas, fez com

que a mesma criana se tornasse grupo de controlo de si prpria.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 45

Aspirao de Secrees Traaueobronauicas na Criana

3.4- PROTOCOLO DE REGISTO DE DADOS

Foi elaborada uma folha de colheita de dados para cada tcnica de

aspirao, para facilitar o seu preenchimento e havendo uma cor para

cada tipo de tcnica:

o amarelo para a tcnica A (anexo I), a utilizar em dias pares, e o verde

para a tcnica B (anexo II), utilizada em dias impares.

A elaborao da folha de colheita de dados foi efectuada aps pesquisa

bibliogrfica, essencialmente sobre a fisiologia da respirao e tambm

muito baseada na experincia e observao dirias no local de trabalho.

Foi respeitada, essencialmente, a parte prtica para se tornar fcil o seu

preenchimento e a organizao em termos funcionais e estticos.

O pr-teste foi efectuado no ms anterior ao do incio da colheita de

dados, para adaptao tanto ao seu preenchimento como para a

formulao de alteraes necessrias e at estimar o tempo necessrio ao

preenchimento da nova folha (41'44,45).

S foi possvel aplicar o protocolo a 2 crianas ventiladas, visto a UCIP

ser uma unidade pequena, mas, tambm, revelou-se estatisticamente

suficiente. Foram explicados a todos os enfermeiros o preenchimento das

folhas assim como as tcnicas a aplicar.

No cabealho da folha do protocolo faz-se a identificao da criana

atravs da colocao da vinheta hospitalar, onde se encontram dados

sobre o nome da criana, pais e morada (que no so necessrios para o

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 46

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

estudo), idade e data de nascimento, data e nmero de internamento, e

servio onde se encontra hospitalizado, assim como a data do ltimo

internamento.

Seguem-se os diagnsticos de admisso, pois podem interferir com a

estabilidade das trocas gasosas, pelas patologias ou at pela forma de

ventilao.

Todas as crianas estavam a ser ventiladas por vias areas artificiais:

traqueostomia, tubo endotraqueal - oro ou nasotraqueal. E de

salvaguardar, que por vezes, a mesma criana tanto pode ser aspirada por

via orotraqueal como mais tarde poder s-lo por tubo nasotraqueal;

poder dar-se ainda o caso, de alguma criana ser traqueostomizada aps

a entubao endotraqueal, pelo que, tambm, foi submetida a aspirao

pelas duas vias. A resposta a uma destas opes, ir orientar a nossa

ateno para a diferena que existe nas trs vertentes em relao ao

aumento do espao morto das vias areas.

O nvel do tubo endotraqueal, parmetro que constitui um dos dados

recolhidos no ser relevante, visto no influenciar o procedimento da

aspirao; podendo, no entanto, interferir com os valores dos parmetros

respiratrios.

As crianas que possuam tubo endotraqueal apresentavam nveis

diferentes, de acordo com a sua idade. Podiam ocorrer oscilaes

tambm, pelo facto da mesma criana, poder apresentar nveis diferentes

em momentos consecutivos.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 47

Aspirao de Secrees Traaueobrnpuicas na Criana

O pedido relacionado com o modo ventilatrio e o tipo de ventilador a

que a criana se encontra conectada, pode ser considerado uma

informao necessria para o facto de se ter que entrar em linha de conta

com o cruzamento destas variveis e os valores obtidos com este estudo.

No entanto ser de ressalvar que o acto "aspirao de secrees"

efectuado independentemente destes parmetros, mas sim atendendo aos

princpios j referidos anteriormente (5 '5 ' .

As crianas ventiladas, para se adaptarem melhor aos parmetros

ventilatrios, necessitam da administrao de sedativos, curarizantes e

analgsicos. A administrao desta medicao faz-se em bols ou em

perfuso contnua. Basal refere-se a administrao contnua em perfuso,

assim como, bols refere-se a administrao segundo o horrio prescrito.

Por vezes, para alm da administrao da medicao basal tambm se

associam bols do mesmo frmaco. Assim como, o facto da sedao

estar prescrita continuamente, no implica que a mesma criana esteja

com prescrio de curarizante e/ou analgesia. Mas a situao inversa j

se aplica, ou seja, sempre que a criana est com perfuso de analgsico

e/ou curarizante, encontra-se tambm com sedao basal ' \ Foi

precisamente a questo colocada em seguida, visto estes trs factores

terem que ser estudados e considerados, segundo os autores j citados,

variveis de atributo.

A criao de uma tabela onde pudessem ser inseridos todos os dados

referentes aos valores das variveis dependentes, foi uma tarefa precisa e

simultaneamente concisa, para evitar erros e tambm sobrecarga de

trabalho para os enfermeiros colectores dos dados.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 48

Aspirao de Secrees Traaueobrnguicas na Criana

Os parmetros respiratrios e hemodinmicos considerados para o

estudo, foram possveis de avaliar sem qualquer atitude invasiva, pois

encontram-se sempre monitorizados nas crianas internadas na UCIP do

H.S.J.

Assim, foram pedidos os valores de:

saturao perifrica de oxignio (Sp02);

dixido de carbono expirado(ETC02);

frequncia cardaca (FC);

tenso arterial sistlica (TAS);

tenso arterial mdia (TAM);

tenso arterial diastlica (TAD);

em vrios momentos.

So eles:

antes da aspirao (3 min aps o aumento da Fi02), ou melhor,

antes da toilette endotraqueal;

1 min depois da Ia aspirao;

1 min depois da ltima aspirao;

5 min depois da ltima aspirao;

15 min depois da ltima aspirao.

A forma de obteno dos dados acima referidos, acerca dos parmetros

respiratrios e hemodinmicos, implica monitorizao contnua das

crianas. O funcionamento da oximetria baseia-se na colocao dum sensor (um

emissor de luz infravermelha e um detector dessa luz) nos dedos (mos e

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 49

Aspirao de Secrees Traaueobrnguicas na Criana

ps), nas faces externas do p ou da mo, nos lbulos das orelhas

(colocados diametralmente opostos) e assim, a partir do sensor que tem a

fonte de luz, originam-se longitudes de onda que passam atravs dos

capilares da pele, at ao sensor que funciona como detector. O grau em

que as diferentes longitudes de onda so absorvidas pelo sangue est

relacionada com a percentagem de hemoglobina ocupada pelo oxignio.

O oxmetro mede essa absoro, efectua os clculos e da deriva o valor , , ~ j r . (6,11,26,27,31,48,61)

da percentagem da saturao de oxignio

A utilizao da pulsioximetria em Cuidados Intensivos est generalizada,

porque um mtodo no invasivo, no provoca danos nem transtornos

no paciente e a fiabilidade dos valores muito grande, pelo que a

transmisso dos valores modificados da oxigenao rpida.

Os valores normais da saturao de oxignio para uma criana oscila CK o 1 HO/ (5,6,24,25,26,34,48,49,50,59,61)

entre os 95 e 1 WVa Outra tcnica de avaliao do intercmbio gasoso a capnografia. A capnografia consiste na medio e registo grfico do dixido de

, J (6,11,27,31,60,61) carbono no gas respirado Se considerarmos que pela inspirao a concentrao de dixido de

carbono inalada quase nula, o valor expirado o que ir ser medido,

visto que o reflexo da actividade metablica celular do organismo e

tambm do seu transporte, pelo sangue, dos tecidos at aos pulmes,

sendo a eliminado. As alteraes existentes neste ciclo do dixido de

carbono iro ser detectadas atravs da avaliao e registo grfico da

percentagem do dixido de carbono expirado, que corresponde tambm

concentrao de dixido de carbono a nvel arterial

Maria da Conceio M S. R. O. Reisinho 50

Aspirao de Secrees Trapueobrnauicas na Criana

A avaliao na UCIP, efectuada atravs de um analisador de fluxo

lateral, colocado junto ao tubo endotraqueal.

A frequncia cardaca obtida atravs do registo eletrocardiogrfico

contnuo, aps a colocao de trs elctrodos no trax da criana,

dispostos em tringulo e aderentes pele.

medida que o impulso cardaco gerado no nodo sinusal, passa pelo

corao, as correntes elctricas propagam-se para os tecidos que

circundam o prprio corao e uma pequena quantidade dessas correntes

atingem a superfcie corporal. Os potenciais elctricos gerados por

essas correntes, so detectveis pelos elctrodos colocados no trax da

criana, criando assim um registo eletrocardiogrfico (5'6>21>29>34'51'6 \

A avaliao da tenso arterial efectuada por mtodo no invasivo de

medio indirecta, que se realiza atravs de um monitor, utilizando uma

braadeira de compresso, adaptado ao brao ou perna da criana, que

se vai insuflando e desinsuflando automaticamente, de acordo com a

frequncia pr estabelecida.

A insuflao da braadeira dever ser suficientemente grande para que

possa ocluir a artria sobre a qual exerce presso. Ao desinsuflar

lentamente, vo sendo detectadas vibraes causadas pelo jacto do

sangue no vaso parcialmente ocluido, esse nvel sensivelmente igual

presso sistlica.

medida que a presso na braadeira ainda mais reduzida, a qualidade

da vibrao, vai sendo mais dificilmente detectvel at que por fim,

deixa de estar presente coincidindo com a presso diastlica.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 51

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

A presso arterial mdia determinada conjugando 60% do valor da

presso diastlica e 40% do valor da sistlica (5'6>48'61).

Voltando descrio da folha de colheita de dados, ter que ser

registado, em local criado para o efeito, qual o nmero da ltima

aspirao. Foi tambm mencionada, a necessidade de, acordo com a tabela j

descrita, referenciar o volume do soro fisiolgico introduzido nas

aspiraes. Se considerarmos a toilette endotraqueal como o conjunto de aspiraes

que sero necessrias para que este procedimento se torne eficaz, essa

toilette poder ser constituda por uma aspirao at cinco momentos.

Este intervalo foi assim constitudo, porque foram os valores obtidos na

colheita de dados. A data e a hora inscritas em rodap tm a finalidade de seriar a amostra.

A assinatura do enfermeiro, ou do grupo de enfermeiros implicados

naquele procedimento correspondente toilette endotraqueal, tem por

finalidade implic-los e responsabiliza-los naquele processo, e proceder

aos respectivos agradecimentos.

J de seguida ter cabimento estruturar a tcnica A e contrapor com os

diferentes passos da tcnica B, para assim ser mais fcil comparar os

dois procedimentos e mostrar como serviram de guia aos enfermeiros

durante o perodo de colheita de dados.

Aspirao de Secrees Traaueobrnguicas na Criana

TCNICA A

Aumentar a Fi02 do ventilador para 1,0 durante 3 minutos.

Registar os valores basais pedidos na folha de colheita de dados.

Desconectar o cachimbo do tubo endotraqueal (TET).

Introduzir 1 a 5 cc de soro fisiolgico, de acordo com o peso da criana

(criana com peso igual ou inferior a 10 Kg - 1 a 2 cc de soro

fisiolgico, se o peso for superior a 10 Kgpode-se introduzir 2 a 5 cc de

soro fisiolgico), mas em SOS: quando as secrees forem espessas ou

se existir indicao mdica.

Conectar ao ventilador e aguardar at 30 segundos.

Desconectar novamente e introduzir a sonda de aspirao no TET,

tendo em considerao a norma assptica, dirigindo-a at carina.

Iniciar a aspirao 1 cm acima da carina, no demorando mais de 10

segundos.

Conectar ao ventilador e registar os valores pedidos na folha de

colheita de dados ao Io, 5o e 15 minutos.

Se forem necessrias mais aspiraes, os valores dos 5 e 15 minutos

devem ser registados s aps a ltima aspirao.

O valor prvio da FO2 deve ser retomado quando os valores de Sp02 se

encontrarem normais para a criana ou iguais aos valores basais.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 53

TCNICA B

Aumentar a Fi02 do ventilador para 1,0 durante 3 minutos.

Registar os valores basais pedidos na folha de colheita de dados.

Abrir a tampa do cachimbo que adapta o tubo endotraqueal (TET) s

traqueias do ventilador e introduzir 1 a 5 ce de soro fisiolgico, de

acordo com o peso da criana (criana com peso igual ou inferior a 10

Kg- 1 a 2 cede soro fisiolgico, se o peso for superior a 10 Kgpode-se

introduzir 2 a 5 ce de soro fisiolgico), mas em SOS: quando as

secrees forem espessas ou se existir indicao mdica.

Fechar a tampa e aguardar at 30 segundos.

Introduzir a sonda de aspirao, por dentro do cachimbo, tendo em

considerao a norma assptica, dirigindo-a at carina.

Iniciar a aspirao 1 cm acima da carina, no demorando mais de 10

segundos.

Fechar a tampa do cachimbo. Registar os valores pedidos na folha de colheita de dados ao Io, 5 o e 15

minutos. Se forem necessrias mais aspiraes, os valores dos 5 e 15 minutos

devem ser registados s aps a ltima aspirao.

O valor prvio da Fi02 deve ser retomado quando os valores de Sp02 se

encontrarem normais para a criana ou iguais aos basais.

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

3.5- CONSENTIMENTO INFORMADO

A investigao cientfica proporcionando benefcios sociedade, tem

tambm que ser controlada, pois tm sido criados alguns dilemas ticos,

especialmente quando a experimentao efectuada em seres humanos.

Sendo assim, as regras criadas baseiam-se nos princpios ticos de no

maleficncia, justia, beneficncia e autonomia (56). O conceito de no

maleficncia est interligado com a vida biolgica, ou seja, existe a

obrigao de no prejudicar ningum.

O conceito de justia prende-se com o principio de que todos os seres

humanos so iguais e merecem considerao e respeito.

Quanto aos princpios de beneficncia e autonomia referem-se

basicamente ao direito do paciente receber o melhor tratamento possvel

e a rejeitar ou interromper a investigao. A beneficncia contribui para

a melhoria dos cuidados prestados s crianas ventiladas, com benefcio

para o prprio e para outras crianas em idntica situao no futuro. A

autonomia est intimamente ligada com a autodeterminao e com o

consentimento informado por parte dos pais.

Os cdigos ticos so um conjunto de regras que pretendem guiar tanto

os investigadores como os avaliadores da investigao e os cidados

interessados (3 '.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 55

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

Estas normas fazem parte de um documento, internacionalmente aceite:

a Declarao de Helsnquia, redigida originariamente em 1964, e com

posteriores emendas de Tquio (1975), Veneza (1983) e Hong-Kong

(1989).

Todos os seus itens devem ser respeitados num projecto de investigao,

mas so de salientar os referidos por F. Almeida .

f apenas deve ser realizado em crianas quando os resultados dos

projectos realizados em adultos no forem extrapolveis para o

universo peditrico;

V apenas deve ser realizado em crianas se, previsivelmente, puder

acarretar benefcio para a prpria criana;

S a investigao adrede deve estar sob a responsabilidade de mdicos

com especial preparao peditrica, dadas as particularidades

inerentes a este tipo de ensaio;

S deve ser cientificamente correcto; no o sendo, no tico aplic-lo a

qualquer ser humano, criana ou no, por mais adequada que seja a

metodologia proposta e por mais respeitados que sejam todos os

outros itens dos cdigos internacionais de tica mdica para a

investigao;

S indispensvel a obteno do consentimento, aps adequada

informao dos pais ou dos legais representantes, para se poder

iniciar o ensaio; no aceitvel um consentimento presumido para

incluir determinado doente num ensaio clinico;

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 56

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

S a sua elaborao deve ser apresentada sob a forma de escrita e sempre

submetida apreciao de um Comisso de tica;

/ nenhum trabalho de investigao iniciado deve ser suspenso sem

razes absolutamente fundamentadas e justificadas .

Foi elaborado um documento, projecto de investigao, e entregue

Comisso de tica do H. S. Joo, que deu o seu parecer favorvel (anexo

III). Todos estes princpios foram atendidos, merecendo realce a

disponibilidade e optimismo dos pais atravs da obteno da assinatura

do consentimento informado, aps uma adequada informao e

explicao dos procedimentos (anexo IV).

3.6- TRATAMENTO ESTATSTICO

A comparao entre as tcnicas (A e B) relativamente s vias de

aspirao, medicao e nmero da ltima aspirao foi efectuada

utilizando o teste do Qui-quadrado.

Para analisar a comparao do volume do soro fisiolgico e dos

parmetros fisiolgicos (Sp02, ETC02, FC, TAS, TAM e TAD) em

relao s duas tcnicas referidas utilizou-se o teste de Mann-Whitney.

Foram construdos grficos de coluna para a apresentao grfica das

diferenas entre as duas tcnicas '.

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

4-

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 58

Aspirao de Secrees TraQueobronauicas na Criana

4.1- CARACTERIZAO DA AMOSTRA

Foram recolhidos dados de 136 aspiraes endotraqueais provenientes

de 9 crianas, com idades compreendidas entre 1 ms e 8 anos, das

quais 6 eram do sexo masculino; os seus diagnsticos esto descritos no

Quadro 4. Das toilettes endotraqueais realizadas, 88 (64%) provieram de

uma nica criana, no tendo cada uma, das restantes, contribudo com

mais de 9%, variando entre 2 a 13 toilettes endotraqueais por criana,

para o total da amostra (Quadro 4). Setenta e duas toilettes (53%) foram

realizadas utilizando a tcnica A. Todas as crianas foram submetidas a

ambas as tcnicas equitativamente (Quadro 4).

Quadro 4 - Distribuio das toilettes endotraqueais por criana e tcnica, idade,

sexo e diagnstico de admisso relativamente s crianas estudadas.

Total

Tcnica

Idade Sexo*

Total A(r i=72) B(r i=64)

Idade Sexo* n (%) n (%) n (%) Idade Sexo* Diagnstico de admisso

Nmero do doente

1 3 (2) 2 (67) 1 (33) 8 anos M Politraumatizado

2 88 (64) 47 (53) 41 (47) 3 anos F Doena neuromuscular

3 13 (9) 7 (53) 6 (47) 1 ano M Tumor cerebral

4 6 (4) 3 (50) 3 (50) 1 ano M Ependimoma

5 4 (3) 2 (50) 2 (50) 1 ano F Pneumotrax

6 2 (1) 1 (50) 1 (50) 1 ano F Tumor cerebral

7 12 (9) 6 (50) 6 (50) 8 meses M Displasia broncopulmonar

8 4 (3) 2 (50) 2 (50) 3 meses M Cardiopatia congnita

9 4 (3) 2 (50) 2 (50) 1 ms M Derrame pericrdico

*Sexo: M-masculino; F-feminino.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 59

Aspirao de Secrees Traaueobronauicas na Criana

4.2- Anlise descritiva das variveis de atributo

A via de aspirao mais utilizada foi por tubo nasotraqueal (67%),

seguindo-se o tubo orotraqueal e a traqueostomia com 18% e 15%,

respectivamente. A frequncia de toilettes endotraqueais, pelas

diferentes vias de aspirao, distribuiu-se de modo semelhante

relativamente s tcnicas estudadas (Quadro 5).

Quadro 5 - Distribuio das toilettes endotraqueais por vias de

aspirao relativamente s tcnicas. Tcnica

Total A B

~ (o/o) n (%) N (%) p*

Vias de aspirao U ,7U

Tubo nasotraqueal 90 (67) 48 (53) 42 (47)

Tubo orotraqueal 25 (18) 13 (52) 12 (48)

Traqueostomia 20 (15) 10 (50) 10 (50)

*Qui-quadrado de Pearson

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 60

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

O Quadro 6 mostra que o nvel do tubo endotraqueal (tubos naso e

orotraqueal) variou de 12cm a 19cm, sendo o mais frequente o nvel

16cm. Por este nvel de tubo endotraqueal foram realizadas 63% das

toilettes endotraqueais; pelos nveis 12cm e 13 cm foram efectuadas 12 e

20 aspiraes, ou seja, 11% e 18%, respectivamente. Por tcnica, esses

nveis referidos, distribuem-se uniformemente, com excepo dos nveis

que tm frequncias muito baixas.

Quadro 6 - Distribuio das toilettes endotraqueais por nvel do tubo

endotraqueal relativamente s tcnicas. Tcnica

Total A B

n ' ( % ) ~ n (%) n (%)

Nvel do tubo endotraqueal (cm)

(11) 5 (42) 7 (58)

(2) 1 (50) 1 (50)

(18) 11 (55) 9 (45)

0) 1 (100) 0 (0)

(1) 0 (0) 1 (100)

(1) 1 (100) 0 (0)

(D 1 (100) 0 (0)

(63) 39 (56) 31 (44)

(3) 2 (67) 1 (33)

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 61

Aspirao de Secrees Trapueobrnpuicas na Criana

No Quadro 7 esto descritos os nmeros das sondas utilizadas para se

procederem s toilettes endotraqueais. Oitenta porcento das vezes foi

utilizada a sonda nmero 10, das quais 60% pela tcnica A e as restantes

pela tcnica B; as sondas com os nmeros 8 e 12, contrariamente, foram

mais frequentes na tcnica B, 65% e 80% respectivamente. Estas

diferenas so estatisticamente significativas (p=0.014).

Quadro 7 - Distribuio das toilettes endotraqueais por nmero da

sonda de aspirao relativamente s tcnicas.

Total 1

Tcnica

Total 1 A B

n (%) n (%) n (%) P*

Nmero da sonda de aspirao 0,014*

8 17 (13) 6 (35) 11 (65)

10 105 (80) 63 (60) 42 (40)

12 10 (8) 2 (20) 8 (80)

Qui-quadrado de Pearson

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 62

Aspirao de Secrees Tragueobrnquicas na Criana

Em 76% das toilettes foram utilizados os modos ventilatrios SIMV e

A/C; o CMV 13% e os restantes modos ventilatrios (CPAP, PC,

CMV/PC, BIP AP, PS e CMV/PS) 11%. Por tcnica, as toilettes

endotraqueais distribuem-se uniformemente, com excepo dos modos

ventilatrios utilizados poucas vezes (Quadro 8).

Quadro 8 - Distribuio das toilettes endotraqueais por modo

ventilatrio relativamente s tcnicas. Tcnica

Total A B

n (%) n (%) n (%)

Modo ventilatrio

SIMV 52 (38) 26 (50) 26 (50)

A/C 51 (38) 29 (57) 22 (43)

CMV 18 (13) 9 (50) 9 (50)

CPAP 4 (3) 2 (50) 2 (50)

PC 3 (2) 3 (100) 0 (0)

CMV/PC 3 (2) 0 (0) 3 (100)

BIP AP 2 (1) 1 (50) 1 (50)

PS 2 (1) 2 (100) 0 (0)

CMV/PS 1 (D 0 (0) 1 (100)

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 63

Aspirao de Secrees Traqueobrnduicas na Criana

O tipo de ventilador mais utilizado foi o Bear Cub 750 vs (69%),

seguindo-se o Siemens-Servo Ventilator 300 (15%). No se verificaram

diferenas significativas relativamente ao tipo de ventilador usado em

cada tcnica (Quadro 9).

Quadro 9 - Distribuio das toilettes endotraqueais por tipo de

ventilador relativamente s tcnicas.

Tcnica

A B

n (%) n (%) p*

Tipo de ventilador 0.999*

Bear Cub 750 vs 94 (69) 50 (53) 44 (47)

Siemens-Servo Ventilator 300 21 (15) 11 (52) 10 (48)

Sechrist 10 (7) 5 (50) 5 (50)

Bennett Puritan 7200 9 (7) 5 (56) 4 (44)

BIPAP 2 (1) 1 (50) 1 (50)

*Qui-quadrado de Pearson

No Quadro 10 esto descritas as variveis de atributo relativas

medicao, agrupadas em 3 tipos de frmacos: sedao, curarizao e

analgesia, subdivididos em basal e em bols. Relativamente

administrao basal, em 70%) das toilettes endotraqueais as crianas

estavam sob sedao, em 16%> sob curarizao e em 4% sob analgesia.

No que respeita administrao em bols, em 56% das toilettes

endotraqueais as crianas estavam sob sedao, em 39% sob curarizao

e em 41% sob analgesia. Quando utilizada a tcnica A, quer a

administrao basal como a em bols, para qualquer dos trs tipos de

Total

n (%)

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 64

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

medicao, verificou-se um maior nmero de crianas sob o efeito dos

frmacos do que quando utilizada a tcnica B, contudo, essas diferenas

no so estatisticamente significativas (Quadro 10).

Quadro 10 - Distribuio das toilettes endotraqueais por medicao

relativamente s tcnicas.

Total

Tcnica

Total A B

n (%) N (%) n (%) P*

Basal

Sedao 0.801*

No 40 (30) 22 (55) 18 (45)

Sim 95 (70) 50 (53) 45 (47)

Curarizao 0.892*

No 113 (84) 61 (54) 52 (46)

Sim 21 (16) 11 (52) 10 (48)

Analgesia 1.000**

No 129 (96) 69 (53) 60 (47)

Sim 5 (4) 3 (60) 2 (40)

Em bols

Sedao 0.545*

No 58 (44) 29 (50) 29 (50)

Sim 76 (56) 42 (55) 34 (45)

Curarizao 0.607*

No 82 (61) 42 (51) 40 (49)

Sim 52 (39) 29 (56) 23 (44)

Analgesia 0.504*

No 77 (59) 39 (51) 38 (49)

Sim 53 (41) 30 (57) 23 (43)

"Qui-quadrado de Pearson; ** Teste exacto de Fisher

Aspirao de Secrees Tragueobrnauicas na Criana

Em 49% dos casos, considerou-se a toilette endotraqueal concluda

terceira aspirao e com uma nica aspirao, apenas, 11 casos (8%). O

nmero de aspiraes por toilette no ultrapassou as 5, contudo,

registaram-se 12 casos (9%) onde foram omitidos o nmero da ltima

aspirao. Relativamente s tcnicas A e B no se encontraram dife-

renas significativas no nmero de aspiraes necessrias. (Quadro 11).

Quadro 11 - Distribuio das toilettes endotraqueais por nmero da

ltima aspirao relativamente s tcnicas.

Tota 1

Tcnica

Tota 1 A B

n (%) n (%) n (%) P*

Nmero da ltima aspirao 0.382

1 11 (8) 8 (73) 3 (27)

2 27 (20) 12 (44) 15 (56)

3 67 (49) 35 (52) 32 (48)

4 16 (12) 8 (50) 8 (50)

5 3 (2) 3 (100) 0 (0)

No se sabe 12 (9) 6 (50) 6 (50)

Total 136 (100) 72 (53) 64 (47)

* Qui-quadrado de Pearson

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 66

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

O Quadro 12 foi construdo para dar uma panormica do volume de soro

fisiolgico instilado durante as aspiraes, comparando-o nas duas

tcnicas.

Relativamente quantidade de soro fisiolgico, instilado imediatamente

antes da Ia, 2a e ltima aspirao, no se verificaram diferenas

estatisticamente significativas entre as duas tcnicas (Quadro 12).

Nota: P25-Percentil 25; P75-Percentil 75.

Quadro 12 - Comparao do volume de soro fisiolgico instilado (ml)

relativamente s tcnicas. Tcnica

A B

n min P25 mediana P75 max n min P25 mediana P75 max P*

Imediatamente antes da:

Ia aspirao 62 1.0 2.0 2.0 2.0 8.0 56 1.0 2.0 2.0 2.0 8.0 0.902

2a aspirao 56 1.0 2.0 2.0 2.0 4.0 57 1.0 2.0 2.0 2.0 5.0 0.259

ltima aspirao 20 1.5 2.0 2.0 2.0 4.0 23 1.5 2.0 2.0 2.5 3.0 0.143

*Teste de Mann-Whitney

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

A observao da Figura 1, revela um valor de mediana igual para os diferentes momentos das duas tcnicas de aspirao.

Soro fisiolgico instilado (ml)

3

I A

I B

Imediatamente antes da Ia Imediatamente antes da 2a Imediatamente antes da aspirao aspirao ltima aspirao

Figura I - Medianas do volume de soro fisiolgico instilado (ml) por tcnica.

4.3- ANLISE DOS RESULTADOS DAS VARIVEIS

DEPENDENTES

Relativamente aos parmetros fisiolgicos medidos antes da aspirao e em diversos momentos (um minuto, cinco minutos, quinze minutos) da primeira, segunda e ltima aspirao, no se verificaram diferenas estatisticamente significativas entre as duas tcnicas (Quadros 13 a 18). As trs nicas excepes so : o ETC02 ao dcimo quinto minuto depois

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 68

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

da 2a aspirao (Quadro 14) e a FC ao dcimo e ao dcimo quinto

minutos depois da 2a aspirao (Quadro 15).

Mas observemos mais em pormenor.

Pela anlise do Quadro 13 verifica-se que o valor das saturaes

perifricas de oxignio (Sp02), antes das aspiraes situam-se entre 91 e

100%.

Quadro 13 - Comparao do Sp02 relativamente s tcnicas.

Tcnica

A B

n min P25 mediana P75 max n min P25 mediana P75 max P*

Antes da aspirao 71 92 99 100 100 100 64 91 100 100 100 100 0.673

Depois da Ia aspirao:

1 min 71 89 99 100 100 100 64 77 99 100 100 100 0.726

5 min 8 96 97 100 100 100 3 98 98 98 - 99 0.497

15 min 8 98 100 100 100 100 2 100 100 100 100 100 0.889

Depois da 2a aspirao

1 min 63 79 99 100 100 100 61 81 99 100 100 100 0.774

5 min 12 94 97 100 100 100 15 93 98 100 100 100 0.581

15 min 11 94 98 100 100 100 15 96 98 100 100 100 0.878

Depois da ltima aspirao

1 min 70 88 99 100 100 100 63 83 99 100 100 100 0.800

5 min 70 94 98 100 100 100 62 93 100 100 100 100 0.057

15 min 66 94 98 100 100 100 61 90 100 100 100 100 0.190

Teste de Mann-Whitney

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 69

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

Saturao Perifrica de Gdgrrio

120

Antes da lrrin 5mn 15mn lirin 5rrin 15 min lirin 5 min 15nin

Depois da 1" aspirao Depois da 2a aspirao Depois da ltima aspirao

Figura 2 - Medianas da Sp02 por tcnica

A oscilao mais acentuada verificou-se aos cinco minutos aps a

primeira aspirao, pela tcnica B, existiu uma baixa de valores de Sp02 (Figura 2).

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 70

Aspirao de Secrees TraaueobrnQiiicas na Criana

Vejamos o comportamento do dixido de carbono expirado, nas duas

tcnicas. Antes da aspirao o valor das medianas foi muito semelhante

nas duas tcnicas (Quadro 14). A excepo encontra-se nos valores

obtidos aos quinze minutos da segunda aspirao onde os valores das

medianas so muito diferentes nas duas tcnicas.

Quadro 14 - Comparao do ET C02 relativamente s tcnicas.

Tcnica

A B

n min P25 mediana P75 max n min P25 mediana P75 max P*

Antes da aspirao 72 0.9 3.1 3.9 4.5 8.6 64 1.8 3.4 3.8 4.3 8.2 0.896

Depois da Ia aspirao:

1 min 72 0.3 3.4 4.2 4.9 8.7 64 1.3 3.5 4.2 4.7 9.0 0.758

5 min 8 1.1 3.0 3.8 4.1 4.3 3 3.1 3.1 3.4 - 3.8 0.776

15 min 8 1.3 2.7 3.5 4.0 4.4 3 2.9 2.9 3.0 - 3.7 0.630

Depois da 2a aspirao

1 min 64 0.1 3.8 4.6 5.4 7.8 59 1.5 3.7 4.4 5.4 8.5 0.923

5 min 12 0.0 3.3 4.4 5.0 6.0 15 2.8 3.4 4.3 5.1 6.3 0.829

15 min 11 0.0 3.3 3.6 4.1 4.6 15 2.4 3.6 4.4 5.2 5.9 0.027

Depois da ltima aspirao

1 min 71 1.3 3.8 4.4 5.3 7.8 61 1.6 3.9 4.4 5.6 8.1 0.609

5 min 71 0.0 3.4 4.1 4.7 6.5 62 2.3 3.7 4.3 5.1 7.5 0.069

15 min 67 0.0 3.5 4.0 4.7 6.6 62 2.0 3.7 4.2 5.0 6.1 0.348

Teste de Mann-Whitney

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 71

Aspirao de Secrees Traqueobrnguicas na Criana

Vrios outros momentos apresentaram equidade de valores entre as duas

tcnicas, ou seja, ao primeiro minuto da primeira e ltima aspiraes

(Figura 3).

Dixido de Carbono Expirado

2

Antes da aspirado

IA IB

1 min 5 min 15 min

Depois da 1" aspirao

1 min 5 min 15 n

Depois da ? aspirao

1 min 5 min 15 min

Depois da ltima aspirao

Figura 3 - Medianas do ETC02 por tcnica.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 72

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

Os valores obtidos na colheita de dados acerca da frequncia cardaca,

revelaram-se estatisticamente significativos. Ao quinto e dcimo quinto

minutos aps a segunda aspirao, os valores da mediana entre as duas

tcnicas, foram significativamente diferentes (Quadro 15).

Quadro 75 - Comparao da FC relativamente s tcnicas.

Tcnica

A B

n min P25 mediana P75 max n min P25 mediana P75 max P*

Antes da aspirao 72 70 93 106 123 199 64 51 95 107 121 182 0.794

Depois da Ia aspirao:

1 min 72 77 99 111 125 182 64 75 104 112 125 187 0.503

5 min 8 73 94 110 137 147 3 102 102 140 - 141 0.279

15 min 8 79 92 107 126 140 3 98 98 122 - 129 0.497

Depois da 2a aspirao

1 min 64 82 101 112 128 190 61 80 105 113 126 193 0.716

5 min 12 91 112 131 159 193 15 84 98 105 117 164 0.037

15 min 11 96 117 132 156 193 15 89 98 103 115 162 0.008

Depois da ltima aspirao i

1 min 70 87 104 115 132 190 63 57 108 116 134 210 0.439

5 min 71 73 101 116 126 193 62 40 104 115 138 215 0.457

15 min 67 79 101 112 126 193 62 48 102 114 130 215 0.706

Teste de Mann-Whitney

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

Obtiveram-se, relativamente frequncia cardaca na tcnica A, valores

que revelam um aumento acentuado ao quinto e dcimo quinto minutos

(aps a segunda aspirao), enquanto que a mesma avaliao feita na

tcnica B, mostra uma descida ao quinto e dcimo quinto minutos

(Figura 4).

Ifeqinda Ckdaca

lnin 5mn 15nin

Cpcisfa Ia aspirao

Irrin 5rrin 15rrin

Ctpdstfa2aspirao

lnin 5nin 15n

Qpcis cfa trra aspirao

Figura 4 - Medianas da FCpor tcnica.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 74

Aspirao de Secrees Traaueobrnciuicas na Criana

O Quadro 16 reflecte os valores da tenso arterial sistlica avaliados

antes e depois das aspiraes, cujas medianas se situam em valores

aproximados entre elas, no momento anterior ao incio das tcnicas.

Quadro 16 - Comparao da TAS relativamente s tcnicas.

Tcnica

A B

n min P25 mediana P75 max n min P25 mediana P75 max P*

Antes da aspirao 72 56 80 89 100 146 64 72 81 90 106 149 0.470

Depois da Ia aspirao:

1 min 72 63 85 94 102 179 64 75 84 93 107 172 0.602

5 min 8 74 81 101 119 121 3 80 80 121 - 129 0.376

15 min 8 76 80 96 111 119 3 83 83 101 - 102 0.776

Depois da 2a aspirao

1 min 64 72 87 92 102 186 61 72 87 97 112 165 0.099

5 min 12 73 83 93 113 120 15 71 80 82 87 134 0.067

15 min 11 71 82 96 114 117 15 72 78 84 92 137 0.121

Depois da ltima aspirao

1 min 71 65 85 95 106 168 63 76 88 101 113 169 0.068

5 min 71 67 83 89 101 149 62 71 83 92 108 148 0.254

15 min 67 64 82 90 101 145 62 69 83 90 104 137 0.379

* Teste de Mann-Whitney

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 75

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

A anlise da Figura 5, mostra uma diferena de variao de TAS nas

duas tcnicas. Aos cinco minutos aps a primeira aspirao, o valor da

TAS na tcnica B superior ao mesmo valor na tcnica A. Por outro

lado, aps a segunda aspirao segundo a tcnica A, o valor da TAS ao

primeiro minuto inferior ao da tcnica B, invertendo-se essa tendncia

ao quinto e dcimo quinto minutos.

Tenso Arterial Sistlica

140

120

Antes da aspirao

1 min 5 nin 15 min

Depois da Ia aspirao I nin 5 min 15 min

Depois da T aspirao 1 nin 5 min 15 nin

Depois da ltima aspirao

Figura 5 - Medianas da TAS por tcnica.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 76

Aspirao de Secrees Tragueobrnauicas na Criana

Relativamente aos valores da tenso arterial mdia, existem oscilaes

significativas ao quinto minuto da segunda aspirao.

Quadro 17 - Comparao da TAM relativamente s tcnicas. Tcnica

B

n min P25 mediana P75 max n min P25 mediana P75 max p*

Antes da aspirao 72 48

Depois da Ia aspirao:

1 min 72 45

5 min 8 53

15 min 8 52

Depois da 2a aspirao

1 min 64 47

5 min 12 53

15 min 11 56

Depois da ltima aspirao

1 min 71 43

5 min 71 50

15 min 67 48 Teste de Mann-Whitney

58 63 74 122 64 46 58 66 78 117 0.449

62 68 80 147 64 50 62 59 70 88 91 3 50 50 56 66 77 89 3 53 53

63 68 77 167 61 51 62 65 70 72 84 15 49 55 62 64 83 98 15 45 56

69 85 164 0.500 89 - 89 1.000 71 - 71 1.000

72 85 138 0.173 59 68 101 0.059 61 65 91 0.087

64 70 82 143 63 52 67 74 59 68 74 108 62 44 60 68 58 64 72 104 62 44 59 65

87 143 0.073 86 125 0.463 78 112 0.375

Aspirao de Secrees Traqueobrnquicas na Criana

Tenso Arterial Mdia

Antes da aspirao

1 min 5min 15min

Depois da Ia aspirao 1 min 5 min 15 min 1 min 5min 15min

Depois da 2a aspirao Depois da ltima aspirao

Figura 6 - Medianas da TAMpor tcnica.

A Figura 6 mostra-nos a panormica do comportamento dos valores das

medianas da tenso arterial mdia, perante as duas tcnicas de aspirao

de secrees traqueobrnquicas.

Maria da Conceio M. S. R. O. Reisinho 78

Aspirao de Secrees Traaueobrnauicas na Criana

Pela anlise do Quadro 18, relativamente ao comportamento da tenso

arterial diastlica nas duas tcnicas, pode-se observar um paralelismo de

valores entre as duas tcnicas antes da aspirao.

Quadro 18 - Comparao da TAD relativamente s tcnicas.

Tcnica