Nota Técnica do Conasems - 15ª Conferencia Nacional de Saude

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Nota técnica do COSEMS

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  • NOTA TCNICA - 15 Conferncia Nacional de Sade e as Etapas Municipais

    Este ano ser realizada a 15 Conferncia Nacional de Sade (XV CNS) nos dias 1 a 4

    de dezembro em Braslia, com o tema Sade Pblica de qualidade para cuidar bem das pessoas. Direito do povo brasileiro. Nessa oportunidade ser possvel vivenciar um processo democrtico participativo e de construo ascendente, que se inicia em

    abril com as Etapas Municipais.

    Momento rico de dilogo, e de debate sobre os destinos do SUS, a realizao das

    Etapas Municipais e da Conferncia Nacional de Sade no podem ser vistas apenas

    como um evento comemorativo com o fim em si mesmo, mas sim como um processo

    contnuo e que deve envolver de forma ampla todos os brasileiros.

    Considerando a responsabilidade dos gestores municipais do SUS quanto realizao

    das Etapas Municipais, o CONASEMS v como pertinente lanar nota tcnica com o

    intuito de esclarecer, orientar e incentivar o conjunto de secretrios e secretrias

    municipais a realizar as Etapas Municipais da Conferncia Nacional.

    Tal documento, de carter norteador e esclarecedor, tm em seu contedo sugestes e

    propostas, sem, contudo ferir a autonomia ou interferir na iniciativa de cada gestor,

    considerando as especificidades e a diversidade de realidades do pas. A proposta

    apresentar o posicionamento da diretoria do CONASEMS diante do tema

    apresentado, destacar a importncia de se promover discusses qualificadas com

    cidados e cidads sobre os rumos da sade, defender os princpios e diretrizes

    constitucionais deste direito, e fortalecer o papel protagonista dos gestores municipais

    na construo dos Planos Estadual e Nacional de Sade.

    Respondendo algumas dvidas:

    Pretende-se esclarecer dvidas consideradas como mais frequentes e apontar

    caminhos para o trabalho da gesto na realizao das Etapas Municipais.

    1) Conferncias Municipais de Sade so diferentes das Etapas Municipais

    da Conferncia Nacional?

    O CONASEMS entende que sim, pois se trata de momentos diferentes da

    administrao municipal e, portanto seus objetivos tambm diferem. Abaixo segue

    um quadro resumo apresentando as principais diferenas:

    Conferncia Municipal de Sade Etapa Municipal da Conferncia

    Nacional

    Acontece no 1 ano do governo

    municipal;

    Convocada pelo Prefeito Municipal;

    Segue regimento aprovado pelo CMS;

    O Tema escolhido de acordo com a realidade local;

    Acontece no 3 ano do governo

    municipal;

    Convocada pelo Presidente da Repblica;

    Segue regimento aprovado pelo CNS;

    Tema apontado pelo CNS aps debate e provao do pleno

  • Faz um diagnstico da sade local e levanta as necessidades

    de sade da populao;

    Levanta propostas para execuo pelo governo local PMS e PPA;

    Seus delegados so eleitos nas pr - conferncias conforme

    definio do CMS;

    Produto: Relatrio aprovado em plenria final contendo as

    diretrizes e propostas a serem

    desenvolvidas por polticas de

    sade local.

    Avalia o diagnstico da sade local com foco no PMS

    aprovado e prope correes

    s/n;

    Levanta propostas para governo estadual e federal contribuir com os PES, PNS e PPA;

    Seus delegados so eleitos para participarem das conferncias

    estadual e nacional conforme

    definido pelo CNS;

    Produto: Relatrio final contendo as propostas e

    diretrizes aprovadas que

    incidiro sobre as polticas de

    sade nas esferas Estadual e

    Nacional.

    CMS Conselho Municipal de Sade; CNS Conselho Nacional e Sade; PMS Plano Municipal de Sade; PES Plano Estadual de Sade; PNS Plano Nacional de Sade; PPA Plano Plurianual.

    Vale aqui destacar suas semelhanas:

    Envolver amplamente a populao e garantir que representantes da sociedade civil organizada participem como tambm representantes de

    segmentos sociais historicamente excludos, com pouca capacidade de

    organizao e em situao de vulnerabilidade. importante valer-se do

    olhar da equidade;

    Embora ambas devam ser de participao aberta, a paridade quanto a eleio e indicao de seus delegados deve ser respeitada, ou seja, metade

    deve ser composta por representante dos usurios, e na outra metade 50%

    deve ser composta por representantes dos trabalhadores da sade, 25%

    representantes da gesto e 25% representantes dos prestadores.

    2) Qual o marco legal que devo consultar que diz respeito realizao das

    Etapas Municipais da Conferncia Nacional?

    A Lei n 8142 de 28 de dezembro de 1990, dispe sobre a participao da comunidade

    na gesto do SUS e prev a realizao de Conferncias de Sade, a cada quatro anos,

    e a organizao de Conselhos, ambos de carter deliberativo e permanente. Porm, no

    que se refere s Etapas Municipais da Conferncia Nacional, alm do Decreto

    Presidencial n 243, de 15 de dezembro de 2014, publicado no Dirio Oficial da

    Unio em 16 de dezembro de 2014 que convoca a XV CNS, h a Resoluo n 500 do

    Conselho Nacional de Sade de 12 de fevereiro de 2015, que aprova o regimento da

  • XV CNS e em seu Capitulo III define suas fases e etapas apresentando em seu inciso I

    a etapa municipal a realizar-se entre os dias 9 de abril e 15 de julho.

    3) Porque devo fazer Etapas Municipais da Conferncia Nacional?

    Trata-se de um importante momento para o gestor mobilizar e estabelecer dilogos

    com a sociedade brasileira acerca do direito sade e em defesa do SUS, analisar as

    prioridades locais de sade, formular propostas no mbito dos Municpios, dos

    Estados e da Unio.

    Cabe tambm apresentar um diagnstico da situao de sade, atualizar e validar

    propostas aprovadas no relatrio da Conferncia Municipal e que integraram o PMS,

    e assim qualificar ainda mais o trabalho da gesto em seus prximos dois anos.

    4) Como devo fazer a Etapa Municipal da Conferncia Nacional em meu

    municpio?

    Vale destacar a redao do Artigo 6 1 do Regimento aprovado pelo Conselho

    Nacional de Sade: A divulgao da Etapa Municipal ser ampla e a participao aberta a todas e a todos, com direito a voz e voto, em todos seus espaos.

    Posto isso se entende que caber ao gestor defender a extensa participao, portanto

    importante mobilizar amplamente a populao, mantendo o Conselho Municipal de

    Sade frente deste processo. Os trabalhadores da sade tambm devem participar

    colaborando na mobilizao de seu segmento e da populao.

    Estratgias de mobilizao da populao devem ser adotadas de acordo com a

    realidade de cada municpio, levando-se em conta acesso e existncia de comunidades

    isoladas, grau de escolaridade e nvel scio econmico da populao, existncia de

    lideranas locais e movimentos sociais organizados, parcerias e apoio de outros

    setores da administrao pblica e da iniciativa privada e disponibilidade dos meios

    de comunicao.

    PASSO A PASSO

    O CONASEMS apresenta uma sugesto de tarefas para a organizao da Etapa

    Municipal:

    Depois de debatido temas e eixos em reunio do Conselho Municipal de Sade

    recomenda-se a eleio de uma comisso organizadora que definir os seguintes

    aspectos:

    Data e local do evento: Definir esta data com antecedncia mnima de um ms, e para escolha do local deve-

    se levar em conta prioritariamente espaos pblicos, e na indisponibilidade destes, a

    capacidade financeira para locao e o nmero de participantes.

    Nmero de Delegados: Deve ser definido pelo Conselho Nacional de Sade e informado pelo Conselho

    Estadual.

  • Tema e Eixos Temticos: Definidos pelo Conselho Nacional de sade sero abordados neste documento mais

    adiante e de forma detalhada ponto a ponto.

    Palestrantes: Podem ser convidadas pessoas de fora da cidade, contudo estas devem ter

    conhecimento da realidade local, optando-se preferencialmente por participaes

    voluntrias sem custos. importante privilegiar tambm as pessoas da comunidade, e

    aproveitar as experincias do Municpio.

    Despesas com a Etapa Municipal da Conferncia Nacional: preciso definir qual a fonte destes recursos e sua quantidade, pois este valor

    determina a dimenso do evento. Contudo, no deve ser um fator limitador de sua

    qualidade. Buscar parcerias sempre interessante para envolver a sociedade e

    viabilizar recursos.

    Participantes: Definir o total de participantes para alm dos delegados, pensar em outras categorias

    como: convidados, observadores, autoridades locais, regionais e estaduais e

    palestrantes. Os demais participantes so: trabalhadores da sade e de outras

    secretarias, suplentes de delegados e demais pessoas de outras instituies que podem

    participar na qualidade de observadores, podem ou no ter direito a voz ou voto.

    Deve-se atentar para a capacidade fsica do local e a estrutura de apoio oferecida,

    como refeies e transporte quando necessrio e possvel.

    Regimento: Adotar o aprovado pelo Conselho Nacional de Sade e se necessrio proceder s

    adequaes que contemplem as especificidades locais, passando pela apreciao do

    Conselho Municipal de Sade para aprovao.

    Convites e Ofcios: Devem ser elaborados dentro das normas tcnicas de documentos oficiais.

    Programao: Depois da definio do perodo de realizao, durao, tempo de apresentao de

    cada palestrante, trabalhos de grupo e apresentao do tema e eixos, deve-se elaborar

    o programa final observando-se os seguintes itens:

    Horrio de credenciamento e entrega de material

    Abertura (considerando atrasos)

    Durao de cada mesa redonda

    Tempo para debate

    Intervalos para lanche e almoo

    Durao dos trabalhos de grupo se houver

    Durao da plenria final

    Crachs: aconselhvel diferenciar os crachs dos delegados dos demais participantes, esta

    diferena pode ser atravs de sua cor, pois facilitar a identificao destes na hora da

    contagem dos votos.

  • Credenciamento: => Delegados caso os delegados se inscrevam antes, levar a lista com os nomes s para ser assinado. Caso esta inscrio no se d previamente, levar listas com

    cabealhos prontos, em folhas separadas por segmento - usurio, trabalhador, gestor e

    prestador.

    => Participantes/Observadores assinam uma lista em separado no momento do credenciamento. Lembrar que a participao aberta e livre.

    Trabalhos de Grupo Caso seja adotada esta forma de trabalho os grupos tem por objetivo discutir e

    sintetizar os problemas levantados e formular propostas sobre os Eixos Temticos da

    XV CNS que mais adiante sero apresentados neste documento. Para facilitar a

    conduo dos trabalhos, necessrio que a comisso organizadora indique um relator

    para cada grupo, pois o mesmo ser responsvel pela apresentao do relatrio na

    plenria final. interessante que se prepare um roteiro de discusso sobre o tema e

    eixos ou perguntas norteadoras ou disparadoras do debate.

    Plenria Final: Tem por finalidade aprovar as propostas apresentadas e moes quando existirem.

    Quando a Etapa Municipal tiver como uma de suas finalidades a eleio de delegados

    para a etapa Estadual, deve ser reservado um espao de tempo para isso. Lembrar que

    o nmero de delegados de cada Municpio estabelecido pelo Conselho Nacional e

    indicado pelo Conselho Estadual de Sade.

    Antes do incio da plenria final as regras devem ser apresentadas aos delegados.

    Para facilitar o processo de contagem dos votos, alm da cor diferente dos crachs os

    delegados devem sentar-se em local separado dos demais.

    Relatrio Final: um documento que registra as decises da Etapa Municipal, o mesmo deve ser

    amplamente divulgado no Municpio e encaminhado cpia para o Conselho Estadual

    de Sade at 31 de julho, conforme resoluo n 500 do Conselho Nacional de Sade.

    O relatrio final deve apresentar as principais discusses e detalhar as propostas

    apresentadas pelos diversos grupos. Descreveremos a seguir alguns pontos que devem

    conter no relatrio:

    Introduo colocando aspectos gerais de organizao da Etapa Municipal e metodologia;

    Resumos do tema e dos eixos temticos apresentados no preciso descrever a fala de todos os palestrantes e sim o resumo do que foi considerado. bom pedir a

    cada palestrante uma sntese da sua apresentao;

    Propostas devem ser anexadas todas as propostas apresentadas pelos grupos e organizadas por temas especficos. IMPORTANTE: encaminhar apenas as propostas

    que incidiram sobre polticas de responsabilidade das esferas Estadual e Nacional;

    Concluso deve-se fazer uma avaliao geral da Etapa Municipal; Quando forem eleitos os delegados para a Conferncia Estadual, anexar nomes e seus

    respectivos segmentos e entidades representadas.

    A seguir sero apresentados o Tema da Conferncia Nacional e seus oito Eixos

    Temticos, seguidos de relatos sobre posicionamentos do CONASEMS.

  • 5) Sugestes de contedos para debate nas Etapas Municipais segundo

    posicionamentos do CONASEMS:

    Conhecer o tema da Conferncia fator importante:

    Sade Pblica de Qualidade para Cuidar Bem das Pessoas: Direito do Povo Brasileiro

    REFLITA:

    Como interpretar este tema considerando o contexto e a realidade de seu municpio, regio e estado;

    Como mobilizar a comunidade, usurios e trabalhadores, incentivando-os a participar deste debate com vistas defesa do SUS e da garantia do direito sade.

    Conhea tambm os oito eixos temticos:

    I - Direito Sade, Garantia de Acesso e Ateno de Qualidade;

    II - Participao Social;

    III - Valorizao do Trabalho e da Educao em Sade;

    IV - Financiamento do SUS e Relao Pblico-Privado;

    V - Gesto do SUS e Modelos de Ateno Sade;

    VI - Informao, Educao e Poltica de Comunicao do SUS;

    VII - Cincia, Tecnologia e Inovao no SUS; e

    VIII - Reformas Democrticas e Populares do Estado;

    REFLITA:

    Como interpretar a aplicao de cada eixo considerando a realidade socioeconmica, poltica e cultural de seu municpio, regio e estado;

    Como debater com a populao, usurios e trabalhadores motivando-os a levantar diretrizes e apontar propostas factveis que incidam sobre as polticas de

    sade local, estadual e nacional.

    Conhea o Regimento da 15 CNS, pois entre outras coisas h observaes

    importantes como, por exemplo, quanto ao prazo de envio do relatrio final da Etapa

    Municipal. de responsabilidade dos Conselhos Municipais de Sade envia-lo

    Comisso Organizadora da Etapa Estadual e do Distrito Federal at o dia 31 de julho

    de 2015.

    Para acessa-lo clique aqui:

    http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2015/Reso_500.pdf

    REFLITA SOBRE OS EIXOS:

    I - Direito Sade, Garantia de Acesso e Ateno de Qualidade:

    O CONASEMS defende a sade como um direito de todos, garantido na Constituio

    como poltica de estado, e reconhece os avanos promovidos pela incluso de todos

    os brasileiros em um sistema pblico de ateno integral em to pouco tempo, porm

    no descarta suas fragilidades e desafios. Neste momento se discute a sade como

    bem meritrio oferecido por meio de planos de sade privados. Para muitos esta

    proposta pode parecer atraente e frequentemente defendida. Entretanto numa anlise

    mais minuciosa, percebe-se uma noo reduzida da sade, garantida apenas por meio

  • da oferta de consultas, exames e tratamentos, desvinculados das aes de promoo,

    preveno e proteo. A ateno de qualidade incorpora o direito integral sade,

    onde os componentes acima devem ser ofertados na lgica coletiva e no

    exclusivamente individual, como a assistncia pelos planos de sade privados o

    fazem.

    A AB (Ateno Bsica) deve ser suficientemente ampla e qualificada para que o

    acesso seja garantido considerando as necessidades das pessoas e das comunidades.

    Esta qualificao deve permitir tambm o acesso do usurio aos demais servios de

    especialidades e hospitalares, considerando as diferentes realidades dos territrios, as

    especificidades regionais, as populaes em situao de vulnerabilidades e

    iniquidades.

    II - Participao Social;

    Para o CONASEMS a expresso que melhor define a participao social na Sade a

    contida na Constituio: participao da comunidade. Apontada no Artigo 198 como

    diretriz do SUS, a participao da comunidade traduz no s o controle, mas a

    proposio e ao, ou seja, amplia o conceito para alm do controle social, e destaca o

    papel formulador da comunidade e que se manifesta no processo das conferncias, de

    suas respectivas etapas e dos conselhos. No se questiona aqui os avanos

    promovidos graas democratizao da sade e da gesto por meio do funcionamento

    dos quase 6 mil conselhos de sade no pas, contudo h necessidade de uma reflexo

    crtica sobre o funcionamento dos conselhos, o papel dos conselheiros e a forma de

    realizao das conferncias, cujos produtos encerram uma enormidade de propostas

    de difcil monitoramento e cujos resultados e impactos positivos sobre a sade so

    duvidosos.

    O CONASEMS defende a ampla realizao das Etapas Municipais em todo pas, pois

    entende que esta escuta que parte dos territrios, reflete a vida e sade dos cidados e

    cidads, contribuindo com o processo ascendente de construo da XV CNS

    qualificando-o.

    indispensvel no s o envolvimento direto dos gestores com o funcionamento

    destas instncias deliberativas, como o apoio e o fortalecimento destes espaos por

    meio de capacitao de conselheiros; divulgao da importncia destas instncias;

    despertar o interesse de novos atores na busca por renovao de representaes e da

    ampliao da escuta; esclarecer o papel dos conselhos e conferncias assinalando que,

    mesmo diante de conflitos e disputas naturais nestes espaos, embates polticos

    partidrios no devem impedir as decises necessrias ao bom andamento da sade.

    O CONASEMS entende como participao direta dos gestores municipais no s a

    realizao das etapas em seus municpios, mas principalmente por assumir a vaga de

    delegado representante do segmento gestor. Para isso os COSEMS tambm deve se

    organizar a fim de apoiar as secretarias municipais neste processo e indicar, na etapa

    estadual, seu delegado representante.

    III - Valorizao do Trabalho e da Educao em Sade;

    A comunidade deve apontar que as escolas formadoras dos trabalhadores da sade

    estejam mais atentas s necessidades do SUS. Deve haver por parte destas escolas um

    maior comprometimento no suporte, qualificao e desenvolvimento de habilidades

    necessrias para os trabalhadores do SUS a partir das dificuldades destes

    trabalhadores em realizar suas atividades junto ao territrio vinculado. preciso ainda

    que a comunidade e os trabalhadores faam uma avaliao crtica sobre os inmeros

  • cursos que no dialogam com o espao do trabalho e com as necessidades do

    territrio, cujas plataformas meramente conteudistas no consideram as subjetividades dos trabalhadores, e nem to pouco promovem uma aprendizagem

    significativa com poder crtico e reflexivo capaz de motivar os trabalhadores para

    mudanas positivas da realidade e de ressignificao de seu trabalho.

    IV - Financiamento do SUS e Relao Pblico-Privado;

    A avaliao do SIOPS (Sistema de Informaes sobre Oramentos Pblicos em

    Sade) nos ltimos cinco anos aponta que os municpios aplicaram no SUS R$ 80

    bilhes a mais do que o determinado na Constituio, onde o mnimo de 15% dos

    impostos municipais deve ser aplicado em aes e servios de sade. Uma poltica de

    financiamento pensada exclusivamente por meio de incentivos verticalizados,

    determina aos municpios um comprometimento cada vez maior destes recursos em

    detrimento das necessidades locais, o que se observa de maneira crescente e

    acentuada nos ltimos 5 anos. Isso esgotou a capacidade do municpio de co-financiar

    programas e polticas governamentais estabelecidas pelos outros entes federados,

    como tambm reduziu o papel da participao da comunidade a meros fiscais dos

    recursos federais repassados, minimizando a capacidade de gesto participativa na

    formulao das polticas locais. O CONASEMS entende que deve haver uma reviso

    do pacto federativo sob a lgica das responsabilidades financeiras e de governana.

    Neste sentido defende a urgente aplicao da LC n 141/11, priorizando o debate

    sobre critrios de rateio como forma de garantir um planejamento ascendente e

    participativo do SUS.

    V - Gesto do SUS e Modelos de Ateno Sade;

    O modelo de ateno sade defendido pelo CONASEMS tem como base

    estruturante a AB como ordenadora da rede e gestora do cuidado. Neste sentido h

    que se garantir uma qualificao desta para que a rede de ateno sade seja

    organizada a partir das necessidades da comunidade, e no apenas como reflexo de

    ofertas baseadas em interesses econmicos e polticos setoriais.

    Outro importante desafio a ser debatido a necessidade de eliminar a lgica vertical

    dos programas que no dialogam com as equipes de AB, e promovem a fragmentao

    do cuidado, fragilizando o principio da ateno integral. Este modelo de ateno,

    defendido pelo CONASEMS, deve considerar o trabalho em sade a partir de uma

    equipe multiprofissional e interdisciplinar, onde os saberes devem ser compartilhados

    na construo de projetos teraputicos singulares, programticos e projetos de

    interveno junto comunidade.

    A organizao da rede no deve ser apenas fruto de pactuao federativa com a

    determinao de papeis dos diferentes servios que a integram, preciso que haja um

    processo que garanta o acesso dos usurios com qualidade em seus diferentes pontos

    de ateno, e o protagonismo dos trabalhadores deve ser considerado como

    importante fator.

    A gesto do SUS deve ser suficiente e responsvel para garantir este acesso com

    qualidade. Para os municpios de pequeno porte a participao dos outros entes no

    funcionamento desta rede pactuada, necessita de maior cuidado com a governana e

    financiamento dos servios regionais.

  • VI - Informao, Educao e Poltica de Comunicao do SUS;

    Buscar a diminuio e unificao dos mais de 350 sistemas de informao em sade

    estabelecidos pelas diversas reas temticas e que no produzem informaes teis

    para a tomada de deciso, portanto pouco servem como ferramenta de gesto.

    VII - Cincia, Tecnologia e Inovao no SUS;

    A incorporao das novas tecnologias em sade no deve desconsiderar as

    necessidades individuais e coletivas, entretanto h que se discutir com o estado

    brasileiro sua responsabilidade plena de financiamento e regulao do mercado de

    forma a garantir a universalidade de acesso a essas novas tecnologias. A sociedade

    deve preocupar-se em apontar ao estado brasileiro as questes ticas na produo

    destas tecnologias. No mbito municipal a populao deve exigir junto ao judicirio

    um compromisso maior com as questes coletivas na incorporao de novas

    tecnologias.

    VIII - Reformas Democrticas e Populares do Estado;

    Debater com a comunidade qual o modelo de desenvolvimento que se deseja

    fortalecer, como apostar em modelos mais sustentveis e saudveis; como ampliar a

    capacidade de escuta do estado; como abordar as necessidades de sade considerando

    a diversidade de sujeitos e as necessidades de sade de segmentos historicamente

    excludos, em situaes de iniquidades e com baixa visibilidade, e como desencadear

    polticas afirmativas buscando oferecer maiores oportunidades de incluso destes

    segmentos no setor sade como tambm nas demais polticas pblicas; debater

    processos que garantam maior visibilidade e transparncia dos processos decisrios

    na sade, todos esses pontos de debate fazem parte deste eixo.

    Porm o que no pode ser excludo deste debate a defesa da sade como direito

    fundamental do ser humano e dever do estado. A defesa do SUS como poltica capaz

    de estabelecer condies que assegurem o acesso universal e igualitrio s aes e aos

    servios para a promoo, proteo e recuperao da sade. Neste momento de ampla

    mobilizao preciso que a populao brasileira manifeste-se e defenda a

    manuteno do tudo para todos como determina a Constituio Federal. Em sntese, ou a sociedade se mantm coesa na defesa do SUS como foi pensado em 1986,

    defendido por militantes do movimento da reforma sanitria e inscrito na Constituio

    Federal Brasileira, ou recua e silencia diante da presso de outros interesses que veem

    no SUS uma ameaa aos seus lucros e ganncia desmedidos.

    Organizadores:

    Denise Rinehart

    Marcos da Silveira Franco

    Assessores Tcnicos do CONASEMS

  • Documentos consultados:

    1. BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Dirio Oficial da Unio.

    Braslia: Congresso Nacional, 05 out 1988.

    2. ______. Presidncia da Repblica. Casa Civil. Lei n 8.080, de 19 de setembro de

    1990. Dispe sobre as condies para a promoo, proteo e recuperao da sade, a

    organizao e o funcionamento dos servios correspondentes e d outras

    providncias.

    3. ______. Presidncia da Repblica. Casa Civil. Lei n8142 de 28 de dezembro de

    1990. Dispe sobre a participao da comunidade na gesto do Sistema nico de

    Sade (SUS) e sobre as transferncias intergovernamentais de recursos financeiros na

    rea da sade e d outras providncias.

    4. ______. Presidncia da Repblica. Casa Civil. Lei Complementar n 141 de 13 de

    janeiro de 2012. Regulamenta o 3o do art. 198 da Constituio Federal para dispor

    sobre os valores mnimos a serem aplicados anualmente pela Unio, Estados, Distrito

    Federal e Municpios em aes e servios pblicos de sade; estabelece os critrios de

    rateio dos recursos de transferncias para a sade e as normas de fiscalizao,

    avaliao e controle das despesas com sade nas 3 (trs) esferas de governo; revoga

    dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de

    1993; e d outras providncias

    5. ______. Ministrio da Sade. Conselho Nacional de Sade. Resoluo n 500 de 12

    de fevereiro de 2015. Aprova o regimento da 15 Conferncia Nacional de Sade.

    6. CARVALHO, Gilson de Cssia Marques de. Participao da Comunidade na

    Sade. Passo Fundo - RS. Instituto Superior de Filosofia Berthier - IFIBE; CEAP,

    2007. Editora IFIBE. 259 p.