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www.pwc.pt/inforfisco Notícias Inforfisco N.º 150 Junho 2014

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Notícias Inforfisco

N.º 150 Junho 2014

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Índice

Notícias Inforfisco 2

1. Legislação tributária 3

2. Instruções e decisões administrativas 5

3. Harmonização fiscal comunitária 7

4. Jurisprudência do Tribunal Constitucional (TC) 9

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo (STA) 11

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo (TCA) 25

7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE)

63

8. Jurisprudência do Centro de Arbitragem Administrativa (CAAD)

67

9. Publicações 70

Nota 1 Colocando o cursor sobre o número do diploma, poderá visualizar-se a página da Internet onde originalmente ele foi publicado. Efetuando um "click" será feito o reencaminhamento para essa página. Notamos, contudo, que esse reencaminhamento poderá não funcionar se ocorrerem alterações nas páginas de origem (portais do Governo, da AT, etc). Nota 2 Toda a informação contida neste documento está apresentada em forma resumida, podendo a respetiva informação integral ser consultada no site www.pwc.pt/inforfisco

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1. Legislação tributária

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Diploma Assunto

Decreto-Lei n.º 91/2014, de 20.06.2014

Fiscalidade - Supervisão complementar das entidades financeiras - Regime jurídico do acesso e exercício da atividade seguradora e resseguradora - Alteração Decreto-Lei n.º 91/2014 que transpõe parcialmente a Diretiva n.º 2011/89/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de novembro de 2011, no que se refere à supervisão complementar das entidades financeiras de um conglomerado financeiro, e procede à alteração do regime jurídico do acesso e exercício da atividade seguradora e resseguradora, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 94-B/98, de 17 de abril e à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 145/2006, de 31 de julho, que transpôs as Diretivas n.os 2002/87/CE, de 16 de dezembro, e 2005/1/CE, de 9 de março, ambas do Parlamento Europeu e do Conselho. Publicação: DR I, n.º 117, de 20.06.2014

Decreto Regulamentar Regional n.º 9/2014/A, de 30.05.2014 (publicado em junho)

Fiscalidade - Regime dos benefícios fiscais contratuais - Região Autónoma dos Açores Decreto Regulamentar Regional n.º 9/2014/A , de 30 de maio, que regulamenta o regime dos benefícios fiscais contratuais, condicionados e temporários, suscetíveis de concessão ao abrigo do disposto no artigo 9.º do Decreto Legislativo Regional n.º 2/99/A, de 20 de janeiro, que adapta o sistema fiscal nacional à Região Autónoma dos Açores. Publicação: DR I, n.º 122, de 27.06.2014

1. Legislação tributária

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2. Instruções e decisões administrativas

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N.º Assunto

30160/2014, de 27.06.2014

IVA - Pão especial - Enquadramento na verba 1.1.5 da Lista I anexa ao CIVA

30159/2014, de 18.06.2014

IVA - Enquadramento das empresas locais

Ofícios Circulados

N.º Assunto

6861 IVA - Isenções - Fornecimento de refeições efetuado por IPSS a outras IPSS’s, a entidades publicas protocoladas, no âmbito da ação social e ainda a outras entidades, com ou sem finalidade lucrativa, desde que lhes seja reconhecida a utilidade social (Artigo: alíneas 7) e 9) do art. 9.º)

205.20.10-20/2014 IEC - LGT - Aplicação da taxa reduzida do imposto especial de consumo aplicável à cerveja produzida por pequenas cervejeiras (Artigo: 20.º, 80.º, 85.º (CIEC) e 43.º (LGT))

Fichas Doutrinárias

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3. Harmonização fiscal comunitária

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3. Harmonização fiscal comunitária

N.º Assunto

Decisão n.º 376/2014/EU, de 21.06.2014

IEC - Decisão n.º 376/2014/EU - Taxa reduzida Decisão n.º 376/2014/UE do Conselho, de 12 de junho de 2014, que autoriza Portugal a aplicar uma taxa reduzida do imposto especial sobre o consumo do rum e dos licores produzidos e consumidos na Região Autónoma da Madeira e dos licores e aguardentes produzidos e consumidos na Região Autónoma dos Açores. Publicação: JOUE L 182/1 de 21.06.2014

Regulamento n.º 609/2014 , de 07.06.2014

IVA - Regulamento (UE, Euratom) n.º 609/2014 Regulamento (UE, Euratom) n.º 609/2014 do Conselho, de 26 de maio de 2014, relativo aos métodos e ao procedimento para a colocação à disposição dos recursos próprios tradicionais e dos recursos próprios baseados no IVA e no RNB e às medidas destinadas a satisfazer as necessidades da tesouraria. Publicação: JOUE L 168/39 de 07.06.2014

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4. Tribunal Constitucional

(TC)

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4. Tribunal Constitucional

Data/Processo Assunto

Acórdão de 23.06.2014, Proc. 1268/13

IRC - CPPT - Portaria n.º 112-A/2011, de 22 de março - valor do litígio

Acórdão de 17.06.2014, Proc. 1102/13

Fiscalidade - Lei das Finanças das Regiões Autónomas - adaptação do sistema fiscal nacional às especificidades regionais

Acórdão de 02.06.2014, Proc. 14/2014

Fiscalidade - LEO 2014 - apreciação da constitucionalidade - artigos 33.º, 75.º, 115.º e 117.º

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5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo (STA)

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 417/14

IRS - CPPT - impugnação judicial - tempestividade da impugnação Reconduzindo-se o vício que o impugnante atribui ao ato de liquidação impugnado a vício de violação de lei, por inexistência do facto tributário, a procedência de tal vício será geradora de anulabilidade do ato, e não da sua nulidade, não podendo, pois, ser impugnado a todo o tempo (n.º 3 do artigo 102.º do CPPT).

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 386/14

CPPT - RGIT - contraordenação fiscal I - Das decisões dos Tribunais Tributários de 1.ª Instância cabe recurso direto para a Secção do Contencioso Tributário quando o recurso verse exclusivamente matéria de direito. II - Discutindo-se no recurso a falta ou omissão de um facto relevante para apreciação do mérito do recurso, o recurso não versa exclusivamente matéria de direito pelo que a Secção do Contencioso Tributário do STA é incompetente, em razão da hierarquia para dele conhecer.

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 613/14

CPPT - nulidade - prazo de arguição - processo de execução fiscal - falta - elementos essenciais do ato - penhora I - A nulidade da penhora é uma nulidade processual, como qualquer outra que seja praticada no processo de execução fiscal que, não sendo uma das mencionadas no art. 165.º, pese embora assim a haja denominado o recorrente, apenas tem um tratamento de nulidade relativa ou anulabilidade, devendo contra ela ser apresentada, em 10 dias, reclamação. II - Não estamos face a uma nulidade do negócio jurídico invocável a todo o tempo, por contender com a substância de uma relação jurídica ou de uma nulidade do ato tributário em que a falta de algum dos seus elementos essenciais afeta a respetiva validade em resultado de qualquer desconformidade com a lei, regras e princípios aplicáveis seja à sua prática ou nascença, seja aos seus efeitos. III - O que se nos depara é uma nulidade processual cujo regime legal de arguição, consta do disposto nos art. 276.º e 277.º do CPPT.

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 1102/13

IRC - liquidação pela repartição de finanças - audiência prévia I - Faltando o contribuinte à obrigação de declarar os seus rendimentos para efeitos de imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas, a Administração procede à liquidação nos termos do disposto no artigo 90.º n.º 1 alínea b) do respetivo Código, com base na "matéria coletável do exercício mais próximo que se encontre determinada". II - O artigo 60.º da LGT impõe que, neste caso, se faculte ao contribuinte a oportunidade de exercer o seu direito de audição prévia.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 566/14

CPPT - execução fiscal - pedido - suspensão I - O adquirente pode pedir na própria execução fiscal a entrega do bem imóvel que lhe foi adjudicado em processo de execução fiscal, mediante requerimento endereçado ao chefe do órgão de execução fiscal e com base no despacho de adjudicação, seguindo-se os termos adaptados do processo para entrega de coisa, previsto nos arts. 861.º e seguintes do CPC, aplicável ex vido art. 828.º do mesmo Código. II - Pedida a entrega do bem pelo adquirente, de duas uma: ou a entrega se consuma sem reação jurídica dos que o detinham, ou, ao invés, estes deduzem oposição à execução; na primeira situação, nada obsta a que o pedido seja apreciado e decidido pelo órgão de execução fiscal, enquanto que, na segunda situação, só o tribunal tributário poderá dirimir o conflito [cfr. art. 151.º do CPPT e art. 49.º, n.º 1, alínea d), do ETAF]. III - Pedida a entrega, se o detentor do bem, apesar de notificado para o efeito, não deduziu oposição, não pode o chefe do serviço de finanças suspender a entrega invocando simplesmente a ulterior dedução de “impugnação judicial” em que o detentor do bem, após ter sido indeferido o pedido de anulação da venda, pede de novo a anulação da venda e a suspensão da entrega. IV - Essa suspensão só seria possível se tivesse sido concedido efeito suspensivo à referida “impugnação judicial”.

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 1752/13

IRS - ato lesivo - impugnabilidade - ação administrativa especial - regime simplificado de tributação - mudança do regime de tributação A ação administrativa especial é o meio processual adequado a impugnar contenciosamente o ato lesivo praticado pela Direção Geral de Impostos que determina a correção da declaração de IRS submetida via internet, substituindo o anexo B pelo anexo C.

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 958/13

SISA - CIMSISD - contrato promessa - ajuste de revenda - matéria coletável - juros compensatórios I - Nos termos do disposto no artigo 2.° parágrafo 2.° do CIMSISD, a obrigação de pagamento do imposto de Sisa nasce desde que se verifiquem cumulativamente dois factos, primeiro, a cedência da posição contratual de comprador no contrato-promessa, assumindo a figura do “ajuste de revenda”, segundo, que o terceiro que adquiriu tal posição no contrato-promessa venha a celebrar efetivamente a escritura de compra e venda a que respeita esse mesmo contrato-promessa. II - O valor a considerar para efeitos de liquidação do imposto de Sisa é o mesmo para o terceiro comprador e para o promitente-comprador cedente, ambos são sujeitos passivos do respetivo imposto. III - Incumbe ao cedente, da posição contratual do contrato-promessa, efetuar as diligências necessárias, para que se possa inteirar da celebração da escritura de compra e venda entre a promitente-vendedora e o terceiro, de modo a poder cumprir atempadamente com as suas obrigações fiscais.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 1549/13

CPPT - oposição à execução fiscal - erro na forma de processo - rejeição liminar - petição inicial I - O erro na forma do processo afere-se pelo ajustamento do meio processual ao pedido que se pretende fazer valer, pelo que, se o pedido formulado em juízo pelo executado é de que seja extinta a execução fiscal, é adequado o meio processual de oposição à execução fiscal. II - Questão diferente é a de saber se na petição inicial foram alegados fundamentos válidos de oposição, questão que se situa no âmbito da viabilidade do pedido e já não da propriedade do meio processual, sendo que ser for manifesto que não foi alegada fundamento algum dos admitidos no n.º 1 do art. 204.º do CPPT, verifica-se motivo para a rejeição liminar da petição inicial nos termos da alínea b) do n.º 1 do art. 209.º do CPPT. III - A falta de notificação da liquidação das taxas de portagem, bem como a falta de notificação da decisão administrativa de aplicação da coima, porque determinam a inexigibilidade das dívidas que tenham origem nesses atos, integram, em abstrato, o fundamento de oposição à execução fiscal previsto na alínea i) do art. 204.º, n.º 1, do CPPT. IV - A rejeição liminar da petição inicial com fundamento na alínea b) do n.º 1 do art. 204.º do CPPT só deve ocorrer em situações em que seja manifesta, evidente, a inexistência de fundamento admissível de oposição.

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 1062/12

LGT - CPPT - execução de julgado - indemnização - prestação de garantia - juros moratórios I - O art. 53.º da LGT consagra o direito de indemnização do devedor pelos prejuízos resultantes da prestação de garantia bancária ou equivalente que tenha oferecido para obter a suspensão da execução fiscal, no caso de a dívida exequenda vir a revelar-se indevida por força do vencimento do procedimento ou processo tributário em que era controvertida a respetiva legalidade, podendo o pedido de indemnização ser formulado tanto nesse procedimento ou processo tributário, como autonomamente. II - O artigo 171.º do CPPT visou, tão só, regulamentar o modo de requer a indemnização no próprio procedimento ou processo tributário, e não regulamentar o modo de a requerer através do meio processual autónomo (principal ou acessório) adequado para o efeito. III - Não dispondo o lesado de decisão que condene a Administração ao pagamento da referida indemnização (quer porque não exerceu o respetivo direito através do referido enxerto no procedimento ou processo tributário quer porque, tendo-o feito, a sentença omitiu pronúncia a esse propósito) e não estando, assim, esta obrigada ao seu pagamento em execução espontânea do julgado, pode, ainda assim, o lesado formular esse pedido em execução coerciva do julgado anulatório, isto é, no meio processual acessório do processo tributário onde foi anulada a dívida garantida. IV - À indemnização concedida em execução de julgado mediante pedido formulado nessa sede não acrescem juros moratórios, uma vez que, em face da inexistência de anterior condenação, a Administração não estava obrigada ao seu pagamento em execução espontânea do julgado, pelo que não pode considerar-se que exista atraso ou mora na reconstituição da plena legalidade no que à referida indemnização a partir do termo do prazo da execução espontânea do julgado anulatório.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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Notícias Inforfisco 15

Data/Processo Sumário

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 1689/13

IVA - lista I - taxa reduzida I - A lista I do CIVA prevê os produtos que podem beneficiar da taxa reduzida do CIVA. II - Trata-se de uma lista taxativa e não exemplificativa pelo que apenas os produtos nela incluídos podem beneficiar da taxa reduzida do IVA.

Acórdão de 18.06.2014, Proc.1842/13

IRC - caducidade do direito à liquidação - prazo de caducidade - prazo de liquidação I - Tendo a liquidação resultado da aplicação de métodos indiretos de determinação da matéria coletável nos termos do disposto nos artigos 87.° e 88.° da LGT e 51.° do CIRC, o único prazo de caducidade do direito à liquidação aplicável é o que decorre do disposto no art. 45.º, n.º 1 da LGT - 4 anos. II - A liquidação é efetuada até 30 de novembro do ano seguinte a que respeita. Porém, sendo excedido este prazo - art. 90.º, n.º 1, b) do atual Código de Imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas -, de natureza meramente disciplinar ou ordenador do funcionamento dos serviços da Administração Tributária, nenhuma repercussão desse excesso pode ser retirada para a legalidade eficácia ou perfeição do ato de liquidação que venha a ocorrer em momento posterior.

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 1942/13

IRS - CPPT - impugnação judicial - reclamação graciosa - objeto da impugnação judicial - vício procedimental I - A impugnação judicial de indeferimento de reclamação graciosa tem por objeto imediato a decisão da reclamação e por objeto mediato os vícios imputados ao ato de liquidação. II - Anulado o indeferimento da reclamação por vício procedimental desta, cabe ao tribunal conhecer dos restantes vícios imputados ao ato tributário, uma vez que este é competente para conhecer em tal impugnação, quer do indeferimento da reclamação, quer dos vícios imputados ao ato tributário.

Acórdão de 18.06.2014, Proc. 1527/13

IS - empreendimento turístico - fração autónoma - isenção - imposto municipal sobre transmissão onerosa de imoveis I - De acordo com o decidido pelo acórdão desta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo de 23 de janeiro de 2013 em julgamento ampliado, nos termos do disposto no art. 148.º do CPTA, no processo n.º 968/12, e que deu origem ao acórdão uniformizador de jurisprudência n.º 3/2013, a aquisição de unidades de alojamento num empreendimento turístico, ainda que integradas no empreendimento em causa e, por isso, afetas à exploração turística, não pode beneficiar das isenções consagradas no art. 20.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 423/83. II - A referida interpretação, independentemente da sua correção, não viola disposição constitucional alguma.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 04.06.2014, Proc.142/14

CPPT - recurso por oposição de acórdãos - falta - pressupostos Não prevendo o ETAF de 2002 a prolação de decisões uniformizadoras relativamente a divergências jurisprudenciais ocorridas em áreas diferentes do contencioso da jurisdição administrativa e fiscal, não é de admitir, por não se enquadrar no recurso previsto no art. 284.º do CPPT, uma invocada oposição entre decisões de tribunais tributários e de tribunais administrativos ou de tribunais judiciais.

Acórdão de 04.06.2014, Proc.1763/14

CPPT - recurso para uniformização de jurisprudência - falta - pressupostos Não é de admitir recurso para uniformização de jurisprudência interposto de decisão arbitral, por falta dos pressupostos respetivos, nos termos do disposto no n.º 5 do art. 284.º do CPPT, se não se verifica divergência de soluções quanto à mesma questão de direito.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.311/14 (publicado em junho)

RGIT - contraordenação fiscal - recurso judicial - decisão de aplicação de coima - prazo - férias judiciais I - A contagem do prazo de vinte dias após a notificação da decisão administrativa de aplicação da coima, de que o arguido dispõe para interpor recurso (art. 80.º, n.º, 1 do RGIT), faz-se nos termos do artigo 60.º do RGCO (ex vi da alínea b) do art. 3.º do RGIT), donde resulta que o prazo se suspende aos sábados, domingos e feriados. II - Terminando esse prazo em férias judiciais, transfere-se para o primeiro dia útil seguinte, por força do preceituado no art. 279.º, alínea e), do CC.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.356/14 (publicado em junho)

CPPT - graduação de créditos - omissão de pronúncia É nula, por omissão de pronúncia, a sentença de verificação e graduação de créditos que não se pronuncie nem gradue os juros de mora de créditos exequendos e reclamados pela Fazenda Pública que os peticionou.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.458/14 (publicado em junho)

CPPT - oposição à execução fiscal - nulidade de sentença - excesso de pronúncia Padece de nulidade por excesso de pronúncia (art. 125.º, n.º 1 do CPPT), por exceder os seus poderes de cognição quanto à causa de pedir, violando a regra da identidade de causa de pedir de causa de julgar, a sentença que, em processo de oposição à execução fiscal, conheceu de fundamento de oposição não invocado pelo oponente, nomeadamente a sua ilegitimidade por não ter exercido de facto a gerência da devedora originária.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 28.05.2014, Proc.291/14 (publicado em junho)

CPPT - empreendimento turístico - benefícios fiscais - nulidade de sentença I - A sentença não enferma da arguida nulidade por contradição entre os fundamentos e a decisão, expressamente prevista no art. 125.º, n.º 1, do CPPT, se a decisão adotada resulta, num processo lógico, dos fundamentos invocados para a suportar. II - De acordo com o decidido pelo acórdão desta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo de 23 de janeiro de 2013, em julgamento ampliado, nos termos do disposto no art. 148.º do CPTA, no processo n.º 968/12, e que deu origem ao acórdão uniformizador de jurisprudência n.º 3/2013, a aquisição de unidades de alojamento num empreendimento turístico, ainda que integradas no empreendimento em causa e, por isso, afetas à exploração turística, não pode beneficiar das isenções consagradas no art. 20.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 423/83. III - A referida interpretação e aplicação do art. 20.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 423/83, independentemente da sua correção, não viola disposição ou princípio constitucional algum.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.1861/14 (publicado em junho)

CPPT - nulidade de sentença - excesso de pronúncia - caducidade de liquidação I - Resulta do artigo 125.º n.º 1 do CPPT que constituem causas de nulidade da sentença a falta de assinatura do juiz, a não especificação dos fundamentos de facto e de direito da decisão, a oposição dos fundamentos com a decisão, a falta de pronúncia sobre questões que o juiz deva apreciar ou a pronúncia sobre questões que não deva conhecer. II - A caducidade do direito à liquidação, não constituindo matéria de conhecimento oficioso, tem de ser suscitada em sede de petição inicial, pelo que, não o tendo sido, está vedado ao tribunal conhecer dessa questão. III - O juiz não está autorizado a conhecer da caducidade da liquidação por referência ao devedor originário, se o devedor subsidiário a invocou expressamente relativamente à sua pessoa.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.220/14 (publicado em junho)

LGT - contribuições para a segurança social - liquidação oficiosa - caducidade do direito à liquidação Constitui um verdadeiro ato administrativo declarativo de liquidação de um tributo, sujeito ao regime de caducidade previsto no art. 45.º da LGT, uma liquidação de contribuições fixada oficiosamente pelo Instituto de Solidariedade e Segurança Social, com base em declarações de remunerações também oficiosamente elaboradas por esta mesma entidade na sequência de ação de fiscalização.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.395/14 (publicado em junho)

IMI - IS - prédio urbano - afetação - habitação Não tendo o legislador definido o conceito de “prédios (urbanos) com afetação habitacional”, e resultando do artigo 6.º do Código do IMI (subsidiariamente aplicável ao Imposto do Selo previsto na nova verba n.º 28 da Tabela Geral) uma clara distinção entre “prédios urbanos habitacionais” e “terrenos para construção”, não podem estes ser considerados, para efeitos de incidência do Imposto do Selo (Verba 28.1 da TGIS, na redação da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de outubro), como prédios urbanos com afetação habitacional.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 28.05.2014, Proc.274/12 (publicado em junho)

IRC - transmissibilidade de prejuízo fiscal - ato tácito de deferimento - revogação I - Por força do disposto no art. 69.º, n.º 7, do CIRC (na redação da Lei n.º 32-B/2002, de 30 de dezembro), o requerimento aludido no seu n.º 1, desde que instruído com os elementos previstos no n.º 2, era de considerar tacitamente deferido se a decisão não fosse proferida «no prazo de seis meses a contar da sua apresentação, sem prejuízo das disposições legais antiabuso eventualmente aplicáveis». II - Atento o teor do n.º 2 do referido art. 69.º (na redação do Decreto-Lei n.º 221/2001, de 7 de agosto), os elementos em causa são todos que se mostrem «necessários ou convenientes para o perfeito conhecimento da operação visada, tanto dos seus aspetos jurídicos como económicos», em ordem a ser demonstrado que «a fusão é realizada por razões económicas válidas, tais como a reestruturação ou racionalização das atividades das sociedades intervenientes, e se insere numa estratégia de redimensionamento e desenvolvimento empresarial de médio ou longo prazo, com efeitos positivos na estrutura produtiva». III - Não podem considerar-se «elementos necessários ou convenientes para o perfeito conhecimento da operação» de fusão de sociedades os necessários para averiguar se existem ou não dívidas à Segurança Social e se algumas das sociedades intervenientes na operação efetuaram já o pagamento de dívidas que lhes estavam a ser exigidas em processos de execução fiscal. IV - Ao invés, no âmbito de procedimentos deste tipo, a cópia do pedido de registo definitivo da operação de fusão configura um elemento documental insubstituível, em função da necessidade de o requerente comprovar a publicidade legalmente exigida para a conclusão de uma operação de fusão societária, capaz de ser oponível a terceiros. V - O facto de um talão de registo comercial ostentar, na qualidade de apresentante, a identidade de um indivíduo e não a firma da sociedade requerente, não legitima que, mais de um ano após a entrega do requerimento aludido no n.º 1 do art. 69.º do CIRC instruído com aquele documento, o pedido feito pela AT de cópia da certidão do teor da descrição da inscrição da fusão na competente Conservatória seja apto a impedir o decurso do prazo legal de deferimento tácito, quando se comprova que tal talão respeita ao registo do ato de concentração societária em causa nos autos. VI - A circunstância de o ato expresso de indeferimento do pedido de transmissibilidade de prejuízos fiscais ter sido emitido depois do seu deferimento tácito, confere-lhe uma dimensão revogatória implícita, por substituição, pelo que o prazo para essa revogação não é ilimitado, mas sim um prazo limitado de um ano contado da data em que se formou o deferimento tácito, em conformidade com o disposto nos arts. 140.º e 141.º do CPA, subsidiariamente aplicáveis por força do preceituado nos arts. 2.º, alínea c), da LGT e 2.º, alínea d), do CPPT, em conjugação com o disposto no art. 58.º do CPTA.

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 28.05.2014, Proc.1675/14 (publicado em junho)

CPPT - oposição de julgados - identidade de matéria de facto - identidade de matéria de direito I - São requisitos cumulativos para a admissão do recurso de oposição de julgados, a que alude o artigo 280.º, n.º 5 do CPPT: que se trate “do mesmo fundamento de direito”, que não tenha havido “alteração substancial na regulamentação jurídica”, que se verifique identidade de situações de facto e se tenha perfilhado solução, expressa, oposta nos dois arestos. II - Não se verifica a oposição de julgados se as soluções expressas adotadas nos julgados em confronto não resultam de entendimentos divergentes quanto à mesma questão fundamental de direito, mas antes do enfrentamento de realidades fácticas distintas, que levaram à apreciação de questões jurídicas diversas.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.514/14 (publicado em junho)

CPPT - omissão de pronúncia - suspensão da execução - reforço - garantia - falta de fundamentação I - A nulidade da decisão, por omissão de pronúncia, só existe quando o tribunal deixa de apreciar e decidir uma questão que haja sido chamado a resolver, a menos que o seu conhecimento tenha ficado prejudicado em face da solução dada ao litígio. II - Enferma de vício de forma, por falta ou insuficiência de fundamentação, o despacho do OEF que [na sequência de notificação do executado para reforçar uma garantia já anteriormente prestada (há oito anos) e com fundamento numa invocada desvalorização acentuada dos imóveis penhorados que constituem tal garantia], indefere o pedido de manutenção dessa mesma garantia, pelo valor apurado quanto aos bens já oferecidos e também com o oferecimento de novos bens, se tal indeferimento não esclarece a razão de ser daquela acentuada desvalorização, nem a razão de não se dar qualquer relevância a uma outra avaliação apresentada pela reclamante.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.1086/13 (publicado em junho)

IVA - impugnação judicial - oposição à execução fiscal - erro na forma de processo I - O erro na forma do processo, nulidade decorrente do uso de um meio processual inadequado à pretensão de tutela jurídica formulada em juízo, afere-se pelo pedido e não pela causa de pedir, conquanto esta possa ser utilizada como elemento de interpretação daquele, quando a esse respeito existam dúvidas. II - Tendo aquele que foi chamado à execução fiscal por reversão deduzido impugnação judicial em que pediu a anulação da liquidação que deu origem à dívida exequenda e, do mesmo passo e no mesmo articulado, pedido a anulação da decisão de reversão, verifica-se erro parcial na forma do processo, devendo desprezar-se este último pedido e prosseguir o processo apenas para conhecimento do primeiro, que é o único adequado à forma processual escolhida. III - Não pode proceder a invocada ilegalidade da liquidação se o vício assacado a este ato, que é uma liquidação de IVA - se refere à falta de dedução do imposto respeitante a um período ulterior.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 28.05.2014, Proc.355/14 (publicado em junho)

CPPT - IMI - graduação de créditos - imposto municipal sobre imóveis - privilégio creditório - privilégio imobiliário especial - hipoteca - código civil Nos termos dos artigos 744.º, n.º 1 do CC e 122.º do Código do IMI, gozam de privilégio imobiliário especial sobre os bens cujos rendimentos estão sujeitos a Imposto Municipal sobre Imóveis, os créditos de IMI inscritos para cobrança no ano corrente na data da penhora (…), e nos dois anos anteriores, bem como os respetivos juros de mora (8.º do Decreto-Lei n.º 73/99, de 16 de março), pelo que devem ser graduados em primeiro lugar, precedendo os créditos garantidos por hipoteca, ex vi do disposto no artigo 751.º do CC.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.214/14 (publicado em junho)

CPPT - nulidade de sentença - intimação para comportamento - garantia - administração - silêncio I - A não indicação dos fundamentos de facto na decisão recorrida, no momento lógico e cronológico a que se refere o art. 607.º do CPC, não implica a nulidade da decisão, trata-se de uma irregularidade que afeta o desenvolvimento lógico da decisão, mas que não a fere de falta de fundamentos, nos termos designados no art. 615.º, n.º 1, al. b) do CPC. II - O meio processual de Intimação para um comportamento é meio idóneo a compelir a Administração Tributária a emitir uma decisão expressa (positiva ou negativa) sobre a prestação de garantia no âmbito de processo de execução fiscal.

Acórdão de 28.05.2014, Proc.907/13 (publicado em junho)

LGT - prescrição - código de processo tributário - citação I - No domínio do CPT a mera instauração da execução tinha como efeito a interrupção do prazo de prescrição que estivesse em curso; II - A adesão ao Plano Mateus, para pagamento da dívida fiscal em prestações, determinava a suspensão do prazo de prescrição, até que fosse praticado um ato administrativo expresso a excluir o aderente de tal regime prestacional; III - Os atos interruptivos da prescrição anteriores, ocorridos no domínio do CPT, a que a LGT não reconheça esse efeito - como é o caso da instauração da execução fiscal - não produzem efeitos sobre a contagem do novo prazo de prescrição de 8 anos iniciado em agosto de 2003; IV - A citação do revertido após 01/01/2007, tem como efeito a interrupção da prescrição nos termos do disposto no art. 49.º, n.ºs. 1 e 3 da LGT.

Acórdão de 21.05.2014, Proc.766/13 (publicado em junho)

LGT - contribuições para a segurança social - liquidação oficiosa - caducidade do direito à liquidação Constitui um verdadeiro ato administrativo declarativo de liquidação de um tributo, sujeito ao regime de caducidade previsto no art. 45.º da LGT, uma liquidação de contribuições fixada oficiosamente pelo Instituto de Solidariedade e Segurança Social, com base em declarações de remunerações também oficiosamente elaboradas por esta mesma entidade na sequência de ação de fiscalização.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 21.05.2014, Proc. 398/14 (publicado em junho)

LGT - CPPT - providência cautelar - arresto I - O artigo 51.º da LGT permite à Administração Tributária tomar providências cautelares para garantia dos créditos tributários em caso de fundado receio de frustração da sua cobrança. II - O arresto é uma das providências cautelares admitidas em processo judicial tributário “ex vi” do disposto no artigo 135.º do CPPT e de que a Fazenda Pública pode lançar mão desde que preenchidos os requisitos do artigo 136.º do mesmo diploma legal. III - Verificados os pressupostos determinantes da procedência e legitimação deste procedimento cautelar o facto de o seu objeto serem créditos da conta corrente de IVA da requerida e não estarem reunidas ainda as condições para efetuar a compensação por iniciativa da AT não obsta a que o arresto seja decretado. IV - É que o arresto tem uma mera função de garantia, não contende com a existência da dívida e o direito de crédito quer do requerente quer da requerida. Como medida preventiva e de tutela garante apenas a eficácia de uma eventual execução retirando ao arrestado apenas o poder de disposição e dessa forma obstando à sua dissipação ou gasto.

Acórdão de 21.05.2014, Proc. 306/14 (publicado em junho)

RGIT - contraordenação fiscal - atenuação especial - coima - falta de entrega de imposto - prestações tributárias I - Nos termos do disposto no n.º 2 do art. 114.º do RGIT (na redação que lhe foi dada pela Lei n.º 64.º-A/2011, de 30/12) o limite mínimo da contraordenação negligente por “falta de entrega da prestação tributária” é o de 15% do valor do imposto em falta. II - Julgando-se preenchidos os pressupostos legais de atenuação especial da coima, previstos no art. 32.º, n.º 2 do RGIT, haverá que atender a que, nos termos do disposto no art. 18.º do RGCO, os limites mínimos e máximos das coimas abstratamente aplicáveis se reduzem para metade, sendo dentro destes novos limites que terão de ser fixadas as coimas concretamente aplicadas a cada uma das contraordenações fiscais em concurso. III - As coimas individualmente fixadas para as contraordenações em concurso praticadas após a entrada em vigor da Lei n.º 55-A/2010, de 31/12 - que deu nova redação ao art. 25.º do RGIT, reintroduzindo-lhe a sua redação originária (que havia sido alterada pela Lei n.º 64.º-A/2008, de 31/12) - são objeto de cúmulo material, e não de cúmulo jurídico.

Acórdão de 21.05.2014, Proc.737/13 (publicado em junho)

CPPT - erro na forma de processo - ação para reconhecimento de direito - interesse legítimo - pedido de pagamento - juros indemnizatórios - meio processual adequado - meio processual residual - meio processual complementar I - A ação para reconhecimento de um direito ou interesse legítimo (art. 145.º do CPPT), assume um carácter complementar dos restantes meios contenciosos previstos no contencioso tributário, só sendo admissível a sua utilização quando for o meio mais adequado para a assegurar a tutela jurisdicional efetiva. II - A ação para reconhecimento de direito é o meio processual adequado para pedir a condenação da Administração Fiscal no pagamento de juros indemnizatórios, na sequência da anulação do ato tributário de liquidação em processo de impugnação judicial, se a AT cumpriu, no prazo e integralmente, o julgado (anulação da liquidação, com a consequente restituição do imposto e juros compensatórios já pagos).

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 14.05.2014, Proc.274/14 (publicado em junho)

IS - IMI - verba - tabela do imposto de selo - prédio urbano - afetação - habitação Não tendo o legislador definido o conceito de “prédios (urbanos) com afetação habitacional”, e resultando do artigo 6.º do Código do IMI - subsidiariamente aplicável ao Imposto do Selo previsto na nova verba n.º 28 da Tabela Geral - uma clara distinção entre “prédios urbanos habitacionais” e “terrenos para construção”, não podem estes ser considerados, para efeitos de incidência do Imposto do Selo (Verba 28.1 da TGIS, na redação da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de outubro), como prédios urbanos com afetação habitacional.

Acórdão de 14.05.2014, Proc.46/14 (publicado em junho)

IS - IMI - verba - tabela do imposto de selo - prédio urbano - afetação - habitação Não tendo o legislador definido o conceito de “prédios (urbanos) com afetação habitacional”, e resultando do artigo 6.º do Código do IMI - subsidiariamente aplicável ao Imposto do Selo previsto na nova verba n.º 28 da Tabela Geral - uma clara distinção entre “prédios urbanos habitacionais” e “terrenos para construção”, não podem estes ser considerados, para efeitos de incidência do Imposto do Selo (Verba 28.1 da TGIS, na redação da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de outubro), como prédios urbanos com afetação habitacional.

Acórdão de 14.05.2014, Proc.1491/13 (publicado em junho)

IMI - LGT - dispensa de audição - audição prévia - liquidação do imposto - imposto municipal sobre imóveis I - O mero pedido de liquidação de IMT pelo contribuinte não pode, em princípio, ter o alcance de apresentação da declaração tributária para efeitos de dispensa da audição prévia antes da liquidação imposta pelo artigo 60.º da LGT. II - O mero pedido de liquidação entendido como impulso tem como efeito direto dar início ao procedimento da liquidação III - A dispensa ilegal do direito da audição prévia antes da liquidação constitui preterição de formalidade essencial suscetível de invalidar o ato final da liquidação. IV - Demonstrando-se, como no caso dos autos, que quer houvesse audição prévia do contribuinte ou tal formalidade fosse dispensada tal facto não alterava, face à natureza do imposto, a decisão tomada essa formalidade degradou-se em formalidade não essencial e com tal não é motivo da sua invalidade. Deferido tacitamente o apoio judiciário na modalidade da dispensa da taxa de justiça os efeitos decorrentes do deferimento tácito cessam com a notificação do despacho que indefere expressamente o pedido de apoio. II - Não tendo a petição inicial apresentada antes da vigência do novo CPC sido rejeitada pela secretaria face ao indeferimento do pedido de apoio judiciário deve o oponente ser notificado nos termos do preceituado no artigo 486.º/3 do CPC anterior para efetuar o pagamento da taxa de justiça devida sob pena de absolvição da instância da Fazenda Pública.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 14.05.2014, Proc. 1319/13

Fiscalidade - livre circulação de capitais - dividendos - sujeito passivo não residente - convenção para evitar a dupla tributação Atendendo ao primado do direito comunitário e resultando da jurisprudência do TJUE (i) que os tratamentos desiguais permitidos pela al. a) do n.º 1 do art. 58.° do Tratado CEE devem ser distinguidos das discriminações proibidas pelo n.º 3 deste mesmo artigo e (ii) que para que uma regulamentação fiscal possa ser considerada compatível com as disposições do Tratado relativas à livre circulação de capitais, é necessário que a diferença de tratamento diga respeito a situações não comparáveis objetivamente ou se justifique por razões imperiosas de interesse geral, é de anular a retenção na fonte efetuada pelo substituto tributário a entidade não residente, se ficou provado que aquela restrição, substanciada em maior tributação de entidade não residente, não pode ser neutralizada, em concreto, por via da Convenção celebrada entre os Estados para evitar a dupla tributação.

Acórdão de 14.05.2014, Proc.115/14 (publicado em junho)

LGT - executado por reversão - suspensão da prescrição - insolvência - inconstitucionalidade orgânica - competência legislativa I - Por força do disposto no art. 48.º, n.º 2, da LGT, “As causas de suspensão ou interrupção da prescrição aproveita, igualmente ao devedor principal e aos responsáveis solidários ou subsidiários”. II - A subordinação da extensão ao responsável subsidiário dos efeitos dos atos praticados em relação ao devedor originário, que se estabelece no n.º 3 do art. 48.º da LGT, apenas está prevista quanto aos atos interruptivos da prescrição e não também quanto às causa de suspensão da prescrição. III - O sentido e alcance do art. 100.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), tem de ser entendido na sua preordenação à satisfação dos interesse da insolvência, que coenvolve, além do interesse prevalecente dos credores, na satisfação célere e eficiente dos seus créditos, relevantes interesses públicos e do próprio insolvente. IV - Trata-se de uma regra específica de suspensão do prazo de prescrição dirigida aos credores colocados numa situação especial, para que tenham a possibilidade de serem pagos pelo produto da massa insolvente, em condições de igualdade e de proporcionalidade, fazendo confluir as execuções dos seus créditos numa execução universal, através da avocação dos respetivos processos ao da insolvência. V - Reconhecendo o próprio legislador a incerteza quanto à possibilidade de satisfação dos direitos de todos os credores e, por conseguinte, a eventual inutilidade da avocação dos processos, por insuficiência da massa insolvente, não seria legítimo que o prazo de prescrição corresse contra os mesmos, em decorrência de um princípio geral acolhido no art. 321.º, n.º 1, do Código Civil, segundo o qual a prescrição se suspende durante o período de tempo em que o titular estiver impedido de fazer valer o seu direito. VI - Não contendendo o art. 100.º do CIRE com o regime de suspensão da prescrição das dívidas tributárias, consagrado nos arts. 48.º a 49.º da LGT, não enferma de inconstitucionalidade orgânica, por violação dos arts. 103.º, n.º 2, e 165.º, n.º 1, alínea i), da CRP.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 14.05.2014, Proc.1236/13 (publicado em junho)

CPPT - convolação do processo - oposição - impugnação judicial - rejeição I - Tendo o oponente em sede de oposição à execução querido discutir a legalidade em concreto da liquidação donde derivava a dívida em cobrança e não invocando nenhum dos fundamentos de oposição previstos na lei competia ao juiz curar da possibilidade de convolação da oposição em processo de impugnação judicial. II - Concluindo pela impossibilidade da convolação por ter caducado já o direito de impugnar, aquando da instauração da oposição outra coisa não restava que rejeitar a oposição. III - O facto de a oposição ter sido tempestivamente apresentada não determina a tempestividade da impugnação.

Acórdão de 14.05.2014, Proc.1458/13 (publicado em junho)

IRC - revisão do ato tributário - princípio do primado do direito comunitário - retenção na fonte Em face do princípio da equivalência dos meios processuais (implicando que às entidades não residentes devam ser asseguradas as mesmas possibilidades legais que às entidades residentes), o estabelecimento do prazo de 2 anos, previsto no n.º 1 do art. 89.º do CIRC (a que corresponde o atual art. 95.º do mesmo diploma) para pedir o reembolso do montante retido na fonte, por uma sociedade não residente, após ter reunido o requisito temporal de detenção da participação social em momento posterior à distribuição dos lucros e consequente tributação por retenção na fonte, não impede que esta lance mão do pedido de revisão oficiosa ao abrigo do disposto no art. 78.º da LGT, verificados que estejam os respetivos pressupostos.

Acórdão de 14.05.2014, Proc.399/14 (publicado em junho)

CPPT - omissão de pronúncia - idoneidade - garantia I - O juízo sobre a idoneidade da garantia há de resultar da avaliação que for efetuada em concreto sobre a suscetibilidade desta assegurar o pagamento da quantia exequenda e do acrescido, aferindo a Administração Tributária designadamente, da suficiência e solidez da garantia oferecida e da capacidade e idoneidade do garante . II - Se a sentença não conheceu em substância da legalidade do despacho que indeferiu a garantia oferecida, questão que lhe foi suscitada, ocorre omissão de pronúncia. III - O Supremo Tribunal Administrativo, cujos poderes de cognição nos recursos judiciais interpostos per saltum das decisões da 1.ª instância não incluem o de conhecer em substituição das questões relativamente às quais tenha havido omissão de pronúncia (art. 12.º, n.º 5, do ETAF e arts. 679.º e 684.º, n.ºs 1 e 2, do CPC). IV - Os recursos jurisdicionais no contencioso tributário têm, em regra, efeito meramente devolutivo da decisão recorrida (artigo 286.º, n.º 2 do CPPT).

5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo

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6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo (TCA)

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 12.06.2014, Proc. 7117/13

LGT - CPPT - impugnação - taxa - publicidade - estradas nacionais - competência Por força, primeiro do Decreto-Lei n.º 637/76, de 29 de junho, e, posteriormente, da Lei n.º 97/88, de 17 de agosto (art. 2.º, n.º 2) o inciso “aprovação ou licença” da Junta Autónoma das Estradas, constante do art. 10.º, n.º 1, alínea b), do Decreto-Lei n.º 13/71, de 23 de janeiro, foi derrogado e desgraduado na emissão de parecer. ii) Passando o licenciamento da afixação e inscrição de mensagens de publicidade a ser atribuído de forma universal às câmaras municipais, na área do respetivo concelho, sem prejuízo da intervenção obrigatória, através da emissão do respetivo parecer, de entidades terceiras. iii) Depois da entrada em vigor da Lei n.º 97/88, a EP - Estradas de Portugal, S.A., deixou de ter competência para liquidar taxas pelo licenciamento de afixação de mensagens publicitárias, uma vez que a sua intervenção se limita à emissão de parecer, no âmbito do procedimento de licenciamento, da autoria das câmaras municipais, nos termos dos disposto no art. 2.º, n.º 2, da Lei n.º 97/88, de 17 de agosto.

Acórdão de 12.06.2014, Proc. 6858/13

IRS - CPPT - intimação para um comportamento - retenção na fonte por conta do imposto - impugnação da retenção na fonte por conta do imposto 1) No que respeita à impugnação da retenção na fonte, por parte do substituído, tendo em vista decidir entre a aplicação do disposto no artigo 132.º e a aplicação do disposto no artigo 133.º do CPPT, importa apurar o título em nome do qual são efetuados os descontos ao rendimento do sujeito passivo. É que da determinação do mesmo resulta o respetivo regime aplicável: se se tratar de retenção na fonte, a título definitivo, é de aplicar o disposto no artigo 132.º do CPPT; se se tratar de retenção na fonte, a título de pagamento por conta, rege o disposto no artigo 133.º do CPPT. 2) A diferença de regime entre o disposto no artigo 132.º do CPPT e o disposto no artigo 133.º do CPPT reside em que no preceito do artigo 132.º/5, na falta de decisão da reclamação graciosa no prazo legal, ocorre indeferimento tácito da pretensão; em idêntica situação, o preceito do artigo 133.º/4, do CPPT faz presumir o deferimento tácito da pretensão. 3) Estando em causa rendimentos tributáveis em IRS, nas categorias de rendimentos do trabalho dependente - artigo 2.º, n.º 3, al. b)/3), do CIRS e de rendimentos de capitais - artigo 5.º/3, do CIRS, os rendimentos referidos em último lugar são tributados a taxas liberatórias - artigo 71.º/3/c), do CIRS, pelo que a retenção na fonte opera de forma definitiva; ao invés, nos termos do artigo 98.º/1, do CIRS, as retenções na fonte efetuadas ao abrigo do disposto no artigo 2.º/3/b), do CIRS, “rendimentos do trabalho dependente”, têm a natureza de pagamentos por conta do imposto respeitante ao ano em que ocorreram e estão sujeitas ao englobamento, como previsto no artigo 22.º/1, do CIRS. 4) Donde resulta que as retenções na fonte definitivas estão sujeitas ao regime de impugnação do artigo 132.º do CPPT e as retenções na fonte por conta do imposto estão sujeitas ao regime de impugnação do artigo 133.º do CPPT.

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo

Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo Sul

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 12.06.2014, Proc. 7705/13

LGT - reclamação - prescrição - conhecimento oficioso - interrupção da prescrição - prova i) As dívidas tributárias prescrevem, salvo o disposto em lei especial, no prazo de oito anos contados, nos impostos periódicos, a partir do termo do ano em que se verificou o facto tributário e, nos impostos de obrigação única, a partir da data em que o facto tributário ocorreu, exceto no imposto sobre o valor acrescentado e nos impostos sobre o rendimento quando a tributação seja efetuada por retenção na fonte a título definitivo, caso em que aquele prazo se conta a partir do início do ano civil seguinte àquele em que se verificou, respetivamente, a exigibilidade do imposto ou o facto tributário (art. 48.º, n.º 1, da LGT). ii) A citação, a reclamação (graciosa), o recurso hierárquico, a impugnação e o pedido de revisão oficiosa da liquidação do tributo interrompem a prescrição (art. 49.º, n.º 1, da LGT). iii) Considerando as normas acima apontadas e os elementos constantes do PEF apenso, não pode proceder a alegação da Recorrente de que o prazo prescricional se havia interrompido com a citação da executada, uma vez que tal ocorrência não se pode dar sequer como indiciariamente provada.

Acórdão de 12.06.2014, Proc. 6224/12

LGT - decisão arbitral - fundamentos da impugnação - pronúncia indevida - juros indemnizatórios - taxa de arbitragem i) A decisão arbitral sobre o mérito da pretensão deduzida que ponha termo ao processo arbitral é passível de recurso para o Tribunal Constitucional, na parte em que recuse a aplicação de qualquer norma com fundamento na sua inconstitucionalidade ou que aplique norma cuja inconstitucionalidade tenha sido suscitada e, bem assim, para o Supremo Tribunal Administrativo quando esteja em oposição, quanto à mesma questão fundamental de direito, com acórdão proferido pelo Tribunal Central Administrativo ou pelo Supremo Tribunal Administrativo. ii) Os únicos fundamentos legalmente admissíveis como suporte de reação da decisão dos Tribunais arbitrais para os Tribunais Centrais, consistem na impugnação de tal decisão, consagrada no art. 27.º do RJAT, com os fundamentos previstos no art. 28.º, n.º 1, do mesmo diploma. iii) No conceito de “pronúncia indevida”, para além do excesso de pronúncia, incluem-se as situações em que o tribunal arbitral funcionou de modo irregular ou em que excedeu a sua competência. iv) De acordo com o disposto no art. 24.º, n.º 5, do RJAT, é devido o pagamento de juros, independentemente da sua natureza, nos termos previsto na lei geral tributária e no Código de Procedimento e de Processo Tributário. v) Assim, nos processos arbitrais tributários há lugar ao pagamento de juros indemnizatórios nos termos dos artigos 43.º, n.º s 1 e 2, e 100.º da LGT, quando se determine que houve erro imputável aos serviços de que resulte pagamento da dívida tributária em montante superior ao legalmente devido. vi) As custas do processo arbitral (vulgo, taxa de arbitragem), compreendem as despesas resultantes da condução do processo arbitral e os honorários dos árbitros, nos termos do art. 2.º, n.º 1, do Regulamento de Custas nos Processos de Arbitragem Tributária, mas não abrangem o ressarcimento de outras despesas resultantes da lide, nem os honorários dos mandatários judiciais.

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Acórdão de 12.06.2014, Proc. 7679/14

CPPT - valor da causa na reclamação do ato do órgão de execução fiscal [artigo 276.º do CPPT] - taxa de justiça inicial 1) Na reclamação do ato do órgão de execução fiscal, prevista no artigo 276.º do CPPT, é aplicável na determinação da taxa de justiça inicial devida não os valores constantes da Tabela I-A do Regulamento das Custas Processuais mas sim a Tabela II do mesmo RCP. 2) O valor atendível para efeitos de custas ou outros previstos na lei, no contencioso associado à execução fiscal, é o correspondente ao montante da dívida exequenda ou da parte restante, quando haja anulação parcial, exceto nos casos de compensação, penhora ou venda de bens ou direitos, em que corresponde ao valor dos mesmos, se inferior [artigo 97.º-A/1/e), do CPPT]. 3) O autor pode apresentar outra petição ou juntar o documento a que refere a primeira parte do disposto na alínea f) do artigo 558.º, dentro de dez dias subsequentes à recusa de recebimento ou de distribuição da petição, ou à notificação da decisão judicial que haja confirmado, considerando-se a ação proposta na data em que a primeira petição foi apresentada em juízo [artigo 560.º do CPC].

Acórdão de 12.06.2014, Proc. 7437/14

LGT - EBF - IRC I. As mais-valias obtidas por uma Sociedade de Gestão de Participações Sociais (SGPS), cuja tributação se encontrava suspensa por reinvestimento do valor de realização dos bens alienados nos termos do art. 44.º do CIRC, ficariam sujeitas a tributação no momento da fusão em virtude da anulação das partes de capital detidas na sociedade fundida em que se efetuou o reinvestimento, mas a essa tributação obsta o disposto no art. 74.º, n.º 6 do CIRC ao estatuir que aquelas mais-valias não concorrem para a formação do lucro tributável. II. Estabelecendo o artigo 67.º, n.º 10 do CIRC quando se pode considerar verificado que as operações abrangidas pelo regime de neutralidade fiscal das fusões e cisões tiveram como principal objetivo ou como um dos principais objetivos a evasão fiscal, procedendo-se então, se for caso disso, às correspondentes liquidações adicionais de imposto, a AT dispõe dos meios legais para poder obviar a que o regime da neutralidade fiscal das fusões opere relativamente à mais-valias suspensas. III. A interpretação a dar ao disposto no n.º 2 do art. 17.º do EBF, na redação do Decreto-Lei n.º 198/01, aplicável aos contratos de trabalho celebrados anteriormente a 2003 é a de que o limite máximo mensal dos encargos, por posto de trabalho, é de 14 vezes o salário mínimo nacional (SMN). IV. Da expressão “encargos mensais” referida no n.º 2 do art. 17.º do EBF, e por conjugação com o seu n.º 1, resulta que o empregador pode considerar como custo fiscal por cada posto de trabalho, no máximo, o montante equivalente a 14 vezes o SMN, acrescido de uma majoração de 50%. V. O limite “anual” da majoração previsto no n.º 2 do art. 17.º do EBF deve ser interpretado em conformidade com o cômputo do prazo previsto no n.º 3, e ser consentâneo com este, uma vez que, só assim se garante a unidade do sistema jurídico e a sua coerência, elemento primacial da interpretação jurídica (art. 9.º do Código Civil, aplicável ex vi, art. 11.º, n.º 1 da LGT).

(continuação)

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Data/Processo Sumário

VI. Como o limite máximo previsto no n.º 2 se reporta a uma “majoração anual”, o termo “anual” deve também ser objeto de cômputo (tal como o prazo de cinco anos previsto no n.º 3) ou seja, se inicia no primeiro dia de vigência do contrato e termina no último dia dos cinco anos a contar daquela data (termos do art. 279.º, alínea c) e art. 296.º, ambos do CC). VII. Se a AT demonstra, conforme lhe compete, os pressupostos em que assentou a desconsideração como custo da importância atribuída pela Recorrente à uma Fundação, cumprindo, deste modo, o ónus que sobre si recai nos termos do art. 74.º da LGT (prova dos factos constitutivos dos seus direitos), que não é contrariada por qualquer meio de prova, não se verifica a “fundada dúvida” a que se refere o n.º 1 do art. 100.º do CPPT. VIII. O art. 115.º, n.º 5 do Código do IRC, (a que corresponde o atual n.º 4 do art. 123.º) estabelece uma obrigação de conservação dos documentos de suporte contabilísticos das sociedades, por 10 anos, findo este prazo, a AT não pode efetuar correções com fundamento na falta da apresentação desses documentos, cabendo-lhe o ónus da prova dos factos constitutivos do seu direito de tributar (art. 74.º, n.º 1 da LGT). IX. Os gastos contabilizados pela Recorrente enquanto “despesas de publicidade” referentes a direito de utilização de camarotes de estádios de futebol, fundadas em contrato de patrocínio não colocado em causa pela AT, só podem ser requalificados como “despesas de representação” quando a AT cumpra o seu ónus probatório (art. 74.º, n.º 1 da LGT). A AT não satisfaz o ónus da prova que sobre si recai para requalificar uma “despesa de publicidade” como sendo de “representação”, quando no âmbito da ação de inspeção não recolhe elementos que permitam concluir que esses gastos têm como destinatário terceiros à empresa, e de igual modo, quando não invoca factos concretos que sustentem a afirmação de “caráter recreativo” da despesa.

Acórdão de 12.06.2014, Proc. 7730/14

LGT - reclamação - prescrição - causas interruptivas - suspensão i) Os atos praticados fora dos processos a que se refere o n.º 1 do art. 49.º da LGT não relevam para a contagem do prazo de paragem de cada um deles, previsto no n.º 2 desse artigo, revogado pela Lei n.º 53-A/2006, de 29 de dezembro. ii) Havendo concorrência de várias causas interruptivas do prazo de prescrição, só a primeira é relevante para efeitos do disposto no n.º 2 do art. 49.º da LGT, na redação anterior à Lei referida em i). iii) A suspensão do processo de execução por efeito de penhora que garante a totalidade da dívida e acrescido só produz efeitos jurídicos a partir do reconhecimento dessa garantia pelo órgão da execução fiscal. iv) O atual do n.º 3 do artigo 49.º da LGT, tem natureza interpretativa, aplicando-se aos factos anteriores a 01-01-2007.

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Acórdão de 12.06.2014, Proc. 7634/14

LGT - CPPT - o instituto da reversão é exclusivo da execução fiscal - regime normativo aplicável à decisão de reversão - despacho de reversão - necessidade de fundamentação - requisitos de fundamentação do despacho de reversão - normas relativas à responsabilidade subsidiária - caráter substantivo - conceito de gerência e de atos de gerência - o gerente goza de poderes representativos e de poderes administrativos face à sociedade - regime de responsabilidade subsidiária previsto no art. 24.º, n.º 1, da LGT - herdeiro do responsável subsidiário - transmissão da responsabilidade subsidiária nos termos do art. 29.º, n.º 2, da LGT 1. O instituto da reversão é exclusivo da execução fiscal, sendo desconhecido na execução comum, e traduz-se numa modificação subjetiva da instância, pelo chamamento, a fim de ocupar a posição passiva na ação, de alguém que não é o devedor que figura no título. 2. De acordo com a jurisprudência do S.T.A. e a doutrina que subscreve-mos, é a oposição à execução o meio processual adequado para o executado, por reversão, discutir em juízo o despacho determinativo dessa reversão, nomeadamente, imputando-lhe vícios de forma por ausência de fundamentação e preterição de formalidades legais, mais devendo enquadrar-se este fundamento da oposição no art. 204.º, n.º 1, al. i), do CPPT. 3. Para o efeito da definição de qual o regime normativo aplicável à decisão de reversão do processo de execução fiscal, no que respeita aos requisitos adjetivos para a respetiva efetivação, importa o momento em que a citada reversão é decretada. 4. O despacho de reversão, embora proferido num processo de natureza judicial, tem a natureza de ato administrativo (cfr. art. 120.º, do CPA), pelo que são de considerar em relação a ele as exigências legais próprias deste tipo de atos, designadamente, no que concerne à fundamentação (cfr. art.s. 268.º, n.º 3, da CRP, e 23.º, n.º 4, e 77, da LGT). 5. De acordo com a jurisprudência mais recente do S.T.A., com a qual concordamos, a fundamentação formal do despacho de reversão basta-se com a alegação dos pressupostos e com a referência à extensão temporal da responsabilidade subsidiária que está a ser efetivada (cfr. art. 23.º, n.º 4, da LGT) não se impondo, porém, que dele constem os factos concretos nos quais a A. Fiscal fundamenta a alegação relativa ao exercício efetivo das funções do gerente revertido. 6. As normas com base nas quais se decide a responsabilidade subsidiária, inclusivamente aquelas que determinam as condições da sua efetivação e o ónus da prova dos factos que lhe servem de suporte, devem considerar-se como normas de caráter substantivo, pois a sua aplicação tem reflexos materiais na esfera jurídica dos revertidos. Nestes termos, a aplicação do regime previsto na LGT aos requisitos da reversão da execução fiscal contra responsáveis subsidiários apenas tem suporte legal quando os factos que servem de fundamento à mesma reversão ocorreram depois da sua entrada em vigor (cfr. art. 12.º, do CC; art. 12.º, da LGT). 7. A gerência é, por força da lei e salvo casos excecionais, o órgão da sociedade criado para lhe permitir atuar no comércio jurídico, criando, modificando, extinguindo, relações jurídicas com outros sujeitos de direito. Estes poderes não são restritos a alguma espécie de relações jurídicas; compreendem tantas quantas abranja a capacidade da sociedade (cfr. objeto social), com a simples exceção dos casos em que as deliberações dos sócios produzam efeitos externos.

(continuação)

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8. O gerente goza de poderes representativos e de poderes administrativos face à sociedade. A distinção entre ambos radica no seguinte: se o ato em causa respeita às relações internas entre a sociedade e quem a administra, situamo-nos no campo dos poderes administrativos do gerente. Pelo contrário, se o ato respeita às relações da sociedade com terceiros, estamos no campo dos poderes representativos. Por outras palavras, se o ato em causa tem apenas eficácia interna, estamos perante poderes de administração ou gestão. Se o ato tem eficácia sobre terceiros, verifica-se o exercício de poderes de representação. 9. Na previsão da al. a), do art.24.º, n.º 1, da LGT, pretendem-se isolar as situações em que o gerente/administrador culpado pela diminuição do património societário será responsável pelas dívidas tributárias cujo facto constitutivo se tenha verificado no período de exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de pagamento ou de entrega tenha terminado depois deste, competindo à Administração Fiscal fazer a prova de que foi por culpa sua que o património se tornou insuficiente. Já na al. b), do preceito o gerente é responsável pelas dívidas tributárias cujo prazo legal de pagamento ou de entrega tenha terminado no período do exercício do seu cargo, recaindo sobre o mesmo o ónus da prova de que não foi por culpa sua que o pagamento não se efetuou. Por outras palavras, nas situações em que o gestor exerce, efetivamente, as suas funções e é no decurso desse exercício que se forma o facto tributário ou se inicia o prazo para o pagamento, mas antes que tal prazo se esgote, o gestor cessa as suas funções, o ónus da prova, de que o património da sociedade se tornou insuficiente para a satisfação da dívida por ato culposo do gestor, corre por conta da Fazenda Pública (cfr. alínea a), do artigo 24.º, da LGT). Se é no decurso do exercício efetivo do cargo societário de gerente que se esgota o prazo para o pagamento do imposto, não vindo ele a acontecer (o pagamento não se efetuou no prazo devido), o ónus da prova inverte-se contra o gerente, sendo ele quem tem de provar que não lhe foi imputável a falta de pagamento (o gestor está obrigado a fazer prova de um facto negativo, poupando-se a Fazenda Pública a qualquer esforço probatório - cfr. al. b), do normativo em exame). Na alínea b), do n.º 1, do art. 24.º, da LGT, consagra-se, portanto, uma presunção de culpa, pelo que a Administração Fiscal está dispensada de a provar. 10. O herdeiro do responsável subsidiário, falecido sem que tivesse sido citado para a reversão, contra quem revertera a execução fiscal originariamente instaurada contra sociedade comercial, responde pela dívida exequenda até ao limite das forças da herança, nos termos do art. 29.º, n.º 2, da LGT, assim havendo que distinguir, para efeitos práticos, se a herança foi aceite pura e simplesmente ou a benefício de inventário (cfr. art. 2071.º, do CC). É, por isso, inquestionável, atualmente, à face do regime previsto na LGT, que os sucessores dos responsáveis subsidiários podem ser responsabilizados pelo pagamento das dívidas dos devedores originários abrangidas pela dita responsabilidade subsidiária. 11. Apesar de tudo o acabado de referir, quanto à legitimidade dos sucessores dos responsáveis subsidiários em sede de execução fiscal, o certo é que somente se pode transmitir ao sucessor a responsabilidade que se tenha constituído na esfera jurídica do responsável subsidiário, entretanto falecido em momento anterior à reversão. Pelo que, em qualquer caso, se devem examinar os pressupostos substantivos da reversão previstos no examinado art. 24.º, n.º 1, da LGT, face ao "de cuius", com vista a posterior transmissão dessa responsabilidade aos sucessores, nos termos do citado art. 29.º, n.º 2, do mesmo diploma.

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Acórdão de 12.06.2014, Proc. 7603/14

RGIT - custas de parte - restituição da taxa de justiça - processos de contraordenação 1. As custas de parte traduzem-se no quantitativo monetário devido pela parte vencida à vencedora, conforme a proporção do vencimento, com a limitação prevista na lei, por virtude do que a mesma parte vencedora teve de despender com o processo em causa (cfr. art.s.529.º, n.º 4, e 533.º, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6). 2. A restituição da taxa de justiça em processos cíveis, admitida no âmbito da conversão da taxa de justiça em encargos, a que se reporta o art.22, do RCP, ou a exigência da parte vencedora à parte vencida, na proporção em que o for, a título de custas de parte, da taxa de justiça que pagou no decurso da ação "lato sensu" e por causa dela, prevista no art.447.º-D, do Código de Processo Civil (atual art.533.º, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6), e nos art.s.25.º e 26.º do RCP, não é aplicável em matéria de contraordenações fiscais. 3. No processo penal, aplicável subsidiariamente aos processos de contraordenação, a lei só admite, excecionalmente, conforme resulta dos art.s. 462.º, n.º 1, e 463.º, n.º 3, al. b), do CPP, a devolução da taxa de justiça ao arguido no caso de ter sido absolvido no recurso extraordinário de revisão, e, ao assistente, na hipótese de a decisão revista ter sido absolutória e, no juízo de revisão, haver sido condenatória. Fora dos casos acabados de referir, em sede de processos de contraordenação não prevê a lei qualquer outra situação de devolução de taxa de justiça paga pelo arguido, nomeadamente em virtude da interposição de recurso e conforme estatui atualmente o art. 8.º, n.º 7, do RCP. 4. O arguido absolvido no recurso de contraordenação não tem direito à restituição da taxa de justiça paga com vista à sua interposição. Em consequência, não tem fundamento legal, no caso da procedência da impugnação da decisão condenatória no procedimento de contraordenação em cujo final da sentença se refere sem custas, a solução de devolução da taxa de justiça paga em obediência ao art. 26.º, do RCP.

Acórdão de 12.06.2014, Proc. 7094/13

CPPT - ncidente de nulidade de acórdão - fundamentos - delimitação objetiva do recurso - princípio do dispositivo - incidente de reforma de acórdão - fundamentos 1. A possibilidade de dedução do incidente de nulidade da sentença (acórdão) visa satisfazer a preocupação de realização efetiva e adequada do direito material e o entendimento de que será mais útil à paz social e ao prestígio e dignidade que a administração da Justiça coenvolve, corrigir do que perpetuar um erro juridicamente insustentável, conforme se retira do preâmbulo do Dec. Lei 329-A/95, de 12/12. 2. Tal como as sentenças de 1ª. Instância, os acórdãos proferidos pelos Tribunais Superiores podem ser objeto de arguição de nulidade. Além das nulidades previstas nas diferentes alíneas do art. 615.º, n.º 1, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6, surgem-nos ainda duas situações decorrentes da colegialidade do Tribunal que profere o acórdão e que dão origem a nulidades específicas deste: o acórdão ser lavrado contra o vencido e, por outro lado, sem o necessário vencimento (cfr. art. 666.º, n.º 1, e 667.º, do CPC).

(continuação)

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3. As conclusões das alegações do recurso definem, como é sabido, o respetivo objeto e consequente área de intervenção do Tribunal “ad quem”, ressalvando-se as questões que, sendo de conhecimento oficioso, encontrem nos autos os elementos necessários à sua integração (cfr. art. 639.º, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6; art. 282.º, do CPPT). Na delimitação objetiva do recurso funciona, em regra, o princípio do dispositivo (cfr. art. 635.º, n.º 2, do CPC), em consonância com a natureza disponível da maior parte das questões que integram o objeto do processo. Independentemente do âmbito definido pelo recorrente no requerimento de interposição do recurso, é legítimo restringir o objeto do recurso nas conclusões do mesmo, assim se identificando, concretamente, qual a decisão (ou parte da decisão) visada pela impugnação. 4. No que, especificamente, diz respeito ao incidente de reforma de acórdão, admite o legislador (a partir da reforma do CPC introduzida pelo Dec. Lei 329-A/95, de 12/12) que as partes possam deduzir tal incidente, nos termos das disposições combinadas dos art.s. 616.º, n.º 2, als. a) e b), e 666.º, do CPC (aplicáveis ao processo judicial tributário “ex vi” do art. 2.º, al. e), do CPPT), quando, não admitindo a decisão judicial recurso, tenha ocorrido manifesto lapso do juiz na determinação da norma aplicável ou na qualificação jurídica dos factos ou, igualmente, quando constar do processo prova documental com força probatória plena (cfr. art. 371.º, do CC) ou quaisquer elementos que, só por si, impliquem, necessariamente, decisão diversa da proferida e que o juiz, por lapso manifesto, não haja tomado em consideração. 5. O art. 616.º, n.º 2, do CPC, procura especificar, com maior precisão, os poderes de alteração da decisão judicial, os quais podem fundar-se, não propriamente numa omissão, mas antes num ativo erro de julgamento. Na alínea a), da norma, aparece previsto o erro manifesto de julgamento de questões de direito, o qual pressupõe, obviamente, para além do seu caráter evidente, patente e virtualmente incontroverso, que o juiz se não haja expressamente pronunciado sobre a questão a dirimir, analisando e fundamentando a (errónea) solução jurídica que acabou por adotar (v.g. aplicou-se norma inquestionável e expressamente revogada, por o julgador se não haver apercebido atempadamente da revogação). Por sua vez, na alínea b) aparece, essencialmente, previsto o erro manifesto na apreciação das provas, traduzido no esquecimento de um elemento que, só por si, implicava decisão diversa da proferida (v.g. o juiz omitiu a consideração de um documento, constante dos autos e dotado de força probatória plena, que só por si era bastante para deitar por terra a decisão proferida). Em ambas as situações o legislador dá prevalência ao princípio da justiça material em detrimento do princípio da imutabilidade das decisões judiciais. 6. Por outras palavras, a reforma de acórdão somente pode ter lugar quando se verifique um lapso notório do Tribunal na determinação da norma aplicável ao caso sob apreciação ou na qualificação jurídica dos factos, tal como a existência de erro manifesto na apreciação das provas, traduzido no esquecimento de um elemento que, só por si, implicava decisão diversa da proferida em consequência do que se deve concluir que a decisão judicial foi proferida com violação de lei expressa. Nestes termos, não é viável, através deste incidente processual, alterar as posições jurídicas assumidas no acórdão com base nos elementos existentes no processo, isto é, não poderão corrigir-se eventuais erros de julgamento que não derivem do dito lapso notório derivado de violação de lei expressa.

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Acórdão de 12.06.2014, Proc. 6726/13

LGT - IRS - ato tributário e facto tributário - noção - conceito de rendimento tributário em sede de CIRS. (conceção de rendimento-acréscimo) - noção de mais-valia (cfr. art. 10.º, do CIRS.) - art. 10.º, n.º 1, al. a), do CIRS - mais-valias realizadas com a alienação onerosa de bens imóveis - art. 5.º, do Dec. Lei 442-A/88, de 30/11 (norma de direito transitório) - partilha da herança - natureza - aquisição através de escritura de partilha excedendo a quota ideal do herdeiro - pagamento de tornas - natureza de compra e venda - aquisição da propriedade reportada ao momento da celebração do contrato - cálculo do valor de aquisição e do valor de realização, em sede de liquidação de sisa - litigância de má-fé - noção - art.542.º, n.º 1, do atual CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6 - pressupostos da condenação da A. fiscal como litigante de má-fé (art. 104.º, n.º 1, da LGT) 1. O ato tributário tem sempre na sua base uma situação de facto concreta, a qual se encontra prevista abstrata e tipicamente na lei fiscal como geradora do direito ao imposto. Essa situação factual e concreta define-se como facto tributário, o qual só existe desde que se verifiquem todos os pressupostos legalmente previstos para tal. As normas tributárias que contemplam o facto tributário são as relativas à incidência real, as quais definem os seus elementos objetivos. Só com a prática do facto tributário nasce a obrigação de imposto. A existência do facto tributário constitui, pois, uma condição “sine qua non” da fixação da matéria tributável e da liquidação efetuada. 2. Na construção do conceito de rendimento tributário o CIRS adota a conceção de rendimento-acréscimo, segundo a qual a base de incidência deste tributo abrange todo o aumento do poder aquisitivo do contribuinte, incluindo nela as mais-valias (vistas enquanto acréscimos patrimoniais que não provêm de uma atividade produtiva, mas que têm algum significado económico e sendo passíveis de controlo pela A. Fiscal, nestas se incluindo as mais-valias prediais) e, de um modo geral, as receitas irregulares e ganhos fortuitos, os quais também devem ser considerados manifestações de capacidade contributiva. 3. A mais-valia deve definir-se, em princípio, pela diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição, especialmente quando o facto gerador do imposto se descreve como uma alienação onerosa, assim estando sujeita ao princípio da realização (cfr. art. 44.º, do CIRS). 4. O art. 10.º, n.º 1, al. a), do CIRS, sistematicamente inserido na categoria de incrementos patrimoniais (normas de incidência real), apresenta-se como uma norma de delimitação da incidência. O preceito consagra um facto gerador de imposto (norma de incidência tributária) relativo às mais-valias realizadas com a alienação onerosa de bens imóveis que tenha sido originada fora dos quadros de uma atividade económica deliberada, visto que só então o respetivo ganho não será considerado um rendimento profissional ou empresarial, portanto, um rendimento inserido na categoria B (cfr. art. 3.º, do CIRS). O normativo em exame tem, portanto, subjacente a ideia de que o proveito a considerar mais-valia será um ganho inesperado ou imprevisto. Por outro lado, quanto ao momento em que o imposto é exigível, vetor que é essencial para imputar a mais-valia tributável a um determinado ano fiscal, rege o art. 10.º, n.º 3, do CIRS. Quer dizer, o facto gerador reporta-se ao momento da prática do ato que "realiza" a mais-valia.

(continuação)

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Data/Processo Sumário

5. O art. 5.º, do Dec. Lei 442-A/88, de 30/11, exclui da tributação as mais-valias realizadas que não estavam sujeitas ao imposto de mais-valias que vigorava anteriormente à Reforma Fiscal de 1988 (Dec. Lei 46673, de 9/6/1965), quando tais ativos tenham sido adquiridos antes da entrada em vigor do CIRS, portanto 1/1/1989 (cfr. art.2, do Dec. Lei 442-A/88, de 30/11). Ou seja, continuam não sujeitos a tributação em mais-valias os ganhos obtidos com a alienação de imóveis cuja aquisição haja sido anterior a 1/1/1989, excetuados os terrenos para construção, cabendo ao contribuinte a prova de que os bens ou valores foram adquiridos em data anterior à entrada em vigor do CIRS. 6. A partilha da herança gera a cessação do estado de indivisão hereditária (contitularidade) e de materialização dos bens de cada quinhão hereditário, retroagindo os seus efeitos ao momento da abertura da sucessão (cfr. art. 2119.º, do CC), assim se evitando quaisquer hiatos na titularidade das relações jurídicas que são objeto da sucessão. Juridicamente, tudo se passa como se cada um dos herdeiros fosse, desde a morte do "de cuius", titular único dos direitos da sucessão hereditária, no que se refere aos bens corporizados na partilha. Mais se dirá que a partilha se deve visualizar, não com uma natureza meramente declarativa, mas antes como um verdadeiro ato modificativo ou de conversão, na medida em que converte os vários direitos dos herdeiros a uma simples quota (indeterminada) de um todo que se consubstancia nas relações jurídicas de cariz patrimonial que são objeto da sucessão, em direito exclusivo a uma parcela determinada do todo. 7. No entanto, em tudo o que exceder a quota ideal que ao herdeiro pertence em virtude de concorrer à herança, o mesmo herdeiro não adquire por efeito da sucessão, antes realizando uma verdadeira aquisição a título oneroso, uma autêntica compra, sendo que, recaindo sobre bens imóveis pode sobre a mesma incidir imposto. É disso exemplo o disposto no art. 8.º, n.º 10, do C.I.M.S.I.S.S.D., em vigor no ano de 1995, ano de realização da partilha no caso "sub judice". A "ratio" do citado preceito consiste na constatação da existência de uma transmissão com cariz oneroso no que se refere à diferença entre a quota do herdeiro, então passível de imposto sobre sucessões e doações, e o valor que o mesmo acaba por receber, na partilha, nomeadamente em bens imóveis. Esta diferença, sujeita a tornas, é suficiente para concretizar a onerosidade da transmissão nesta parte, a qual reveste a natureza de uma verdadeira compra e venda, assim não reportando os seus efeitos ao momento da abertura da sucessão e antes se devendo ter por concretizada a aquisição da respetiva propriedade no momento da celebração do contrato, no caso concreto a escritura de partilha lavrada em 3/2/1995 (cfr. art.s. 408.º e 1317.º, al. a), do CC). 8. Tanto para o cálculo do valor de aquisição, como para o do valor de realização, a lei considerava então como vetor a ter em consideração o montante por que os bens imóveis tivessem sido avaliados para efeitos de liquidação de sisa, atualmente o IMT. (cfr. art.s. 42.º, n.º 2, e 44.º, n.º 1, do CIRS). 9. Não nos dá o ordenamento jurídico-tributário a noção de litigância de má-fé, devendo ir buscar-se ao CPC, o qual se aplica supletivamente (cfr. art. 2.º, al. e), do CPP. Tributário; art. 104.º, da LGT). Neste campo, o princípio geral a observar, decorrente do próprio direito de ação, consagrado no art. 20.º, da CRP, é o de que o processo deve proporcionar às partes a ampla e incondicionada possibilidade de dirimir, com intensidade, liberdade e abrangência, as suas razões de facto e de direito, segundo um espírito de razoabilidade e equilíbrio, mas igualmente sem inibições ou constrangimentos, que possam eventualmente advir do receio de futuras penalizações, assentes no entendimento que o Tribunal vier a adotar sobre os temas em discussão.

(continuação)

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Data/Processo Sumário

Em consonância com o disposto no art. 266.º-A, do CPC (cfr. art. 8.º, do atual CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6), o qual impõe às partes o dever geral de probidade, estatui o art. 456.º, n.º 1, do mesmo diploma legal (cfr. art. 542.º, n.º 1, do atual CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6) que será condenado em multa e indemnização à parte contrária, se esta a pedir, o litigante de má-fé. 10. Na descrição da figura do litigante de má-fé, o texto legal diz-nos que se deve considerar como tal aquele que atuando com dolo ou negligência grave (cfr. art. 542.º, n.º 2, do CPC): a - Tiver deduzido pretensão ou oposição cuja falta de fundamento não devia ignorar (modalidade de dolo ou negligência grosseira substancial); b - Tiver alterado a verdade dos factos ou omitido factualidade relevante para a decisão da causa (modalidade de dolo ou negligência grosseira substancial); c - Tiver praticado omissão grave do dever de cooperação ou use o processo ou os meios processuais de forma manifestamente reprovável (modalidades de dolo ou negligência grosseira instrumental). 11. Especificamente quanto à possibilidade de condenação da A. Fiscal no pagamento de uma sanção pecuniária a quantificar de acordo com as regras da litigância de má-fé, deve levar-se em consideração o art. 104.º, n.º 1, da LGT, normativo que visa apenas as situações restritas nele explicitadas de patente violação, por banda da Fazenda Pública dos princípios da igualdade, da imparcialidade e da boa-fé. O comportamento sancionado no preceito é apenas o da atuação da Administração no processo judicial e não também o tido no processo administrativo gracioso (cfr. art. 266.º, n.º 2, da CRP).

Acórdão de 12.06.2014, Proc. 7309/14

CPPT - oposição - fundamentos - erro do processo - ilegalidade abstrata - publicidade - estradas

i. A escolha da forma de processo é determinada, de entre os tipos de processo legalmente previsto, pela pretensão processual deduzida pelo autor e em função da causa de pedir por este alegada na petição inicial. ii. O erro na forma do processo deve ser aferido face ao pedido e à causa de pedir, abstraindo de qualquer juízo sobre o mérito da ação. iii. A mera inconcludência da pretensão, por falta de suporte factual ou jurídico, não provoca erro na forma do processo. iv. A ilegalidade abstrata ou absoluta, prevista na al. a) do n.º 1 do art. 204.º do CPPT como fundamento de oposição à execução fiscal, consiste na ilegalidade do próprio do tributo e não na mera ilegalidade do ato tributário ou da liquidação; v. Não há erro na forma do processo se essa ilegalidade é invocada em sede de oposição, ainda que seja manifesta a sua improcedência. vi. A incompetência para a liquidação e cobrança de tributos constitui ilegalidade abstrata ou absoluta, enquadrável na norma referida supra em iv.

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Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7295/14 (publicado em junho)

CPPT - embargos de terceiro - caducidade do direito de ação - nulidade - contraditório - ónus da prova i) As nulidades do processo são desvios ao formalismo processual seguido no processo em relação ao formalismo processual prescrito na lei e a que esta faça corresponder a invalidação de atos processuais. Estas nulidades afetam a própria sentença quando, no momento processual em que a formalidade processual devia ser observada e em vez da prática do ato que integrava essa formalidade, o juiz profere a sentença; ii) O apontado desvio processual só ocorrerá se não tiver sido dado cumprimento ao dever de facultar sempre às partes a oportunidade de, antes de a decisão ser proferida, se pronunciarem sobre qualquer questão suscetível de as afetar e que ainda não tenham tido possibilidade de contraditar. O que não sucedeu na presente situação, estando longe de se perspetivar a existência de uma decisão surpresa, uma vez que a ora Recorrente foi oportunamente notificada da junção do processo administrativo, bem como para se pronunciar precisamente sobre a exceção da caducidade do direito de ação suscitada pela Fazenda. iii) Os embargos de terceiro são o meio processual adequado para defender os seus direitos quem for ofendido na sua posse ou qualquer outro direito por um ato de arresto, penhora ou qualquer outro ato judicialmente ordenado de apreensão ou entrega de bens (art. 237.º, n.º 1, do CPPT). iv) Sendo o prazo previsto no art. 237.º, n.º 3, do CCPT um prazo de caducidade, nessa medida, cabe ao embargado - a Fazenda - alegar factos concretos extintivos ou impeditivos do direito do embargante, recaindo sobre aquele embargado o ónus da prova sobre a não tempestividade dos embargos formulados (art. 342.º, n.º 2, do CC).

Acórdão de 29.05.2014, Proc. 5587/12 (publicado em junho)

LGT - CPPT - IVA - processo técnico de contestação da classificação pautal - declaração aduaneira - representante legal do contribuinte - despachante oficial - caso administrativo decidido 1) A organização do processo técnico de contestação não é uma faculdade da Administração Aduaneira, dependente da iniciativa da contribuinte; ao invés, trata-se de um procedimento obrigatório, sempre que exista divergência entre o declarante e a Administração Aduaneira sobre a classificação pautal da mercadoria importada. 2) Numa situação em que o sujeito passivo do imposto, através do seu representante legal [o despachante oficial], apresentou declaração aduaneira com a classificação pautal da mercadoria, nos termos indicados pela Administração Aduaneira, sem que o mesmo logre alegar ou demonstrar que tal manifestação de vontade extravasava ou colidia com as indicações ou orientações que haviam sido, por si, determinadas, ou seja, que a referida declaração não observava os limites da representação, não pode o mesmo, em momento posterior, declarar a sua discordância em relação à classificação pautal, dado que entretanto se formou caso administrativo decidido sobre a mesma.

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Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7389/14 (publicado em junho)

CPPT - embargos de terceiro - inutilidade superveniente da lide - responsabilidade pelas custas - prescrição i) A regra geral em matéria de custas assenta no princípio da causalidade, ou seja, paga as custas a parte que lhes deu causa, a parte cuja pretensão não foi atendida, a parte que não tem razão no pedido que deduziu; subsidiariamente, deve atender-se ao princípio do proveito, segundo o qual, não havendo vencimento, paga as custas quem do processo tirar proveito. ii) Decretada a extinção da instância de embargos de terceiro por inutilidade superveniente decorrente da extinção da globalidade dos processos de execução fiscal de referência na sequência da declaração de prescrição das dívidas exequendas, e não lhes sendo a prescrição imputável, as custas devem ser suportadas pelas partes nos termos do preceituado no art. 450.º, n.º s 1 e 2, alínea c), do CPC (na redação aplicável à data).

Acórdão de 29.05.2014, Proc. 6959/13 (publicado em junho)

LGT - CPPT - oposição - impugnação judicial - erro no meio processual - convolação - tempestividade i) Havendo erro na forma de processo, deverá ser ordenada a convolação do meio processual inadequado para o meio processual adequado (cfr. art. 98.º, n.º 4, do CPPT e art. 97.º, n.º 3, da LGT), salvo se, pela análise da petição, for manifesta a improcedência ou a sua extemporaneidade. ii) Não é de ordenar a convolação da oposição à execução fiscal em impugnação judicial, quando à data em que foi deduzida a oposição estava, há muito, precludido o prazo para impugnar previsto no art. 102.º do CPPT, pelo que a convolação seria um ato inútil e, enquanto tal, proibido por lei (cfr. art. 130.º do CPC).

Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7566/14 (publicado em junho)

CPPT - oposição - indeferimento liminar - tempestividade - citação - princípio do inquisitório i) A decisão de indeferimento liminar tem que assentar em fundamentos evidentes, incontroversos, que tornem inútil qualquer instrução e discussão posterior da causa; ii) A oposição à execução fiscal não pode ser liminarmente rejeitada, por intempestiva, com fundamento na alínea a) do n.º 1 do art. 203.º do CPPT, quando o oponente alega factualidade plausível no sentido de demonstrar a sua efetiva tempestividade e os elementos disponíveis nos autos não permitirem, por si só, provar que assim não é.

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Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7576/14 (publicado em junho)

CPPT - providência cautelar de suspensão de eficácia de norma - pressupostos no processo contencioso tributário - art 147.º, n.º 6, do CPPT 1. Para efeitos de desaplicação ao caso concreto de norma imediatamente operativa, o art. 73.º, n.º 2, do CPTA, confere legitimidade a quem possa ser diretamente abrangido pelo campo de aplicação da norma, ou seja, ao lesado. Por outro lado, ainda à luz do art. 73.º, n.º 2, do CPTA, interpretado em conformidade com os artºs. 20.º e 46.º, da CRP, no caso concreto a entidade requerente deve considerar-se parte legítima para, nos autos, defender os interesses coletivos dos seus associados, bem como para defender coletivamente os interesses individuais dos seus associados que atuam no mercado abrangido pelas normas suspendendas. 2. A providência cautelar de suspensão da eficácia de norma reveste natureza conservatória, na medida em que dá resposta a um interesse dirigido à conservação de situações jurídicas já existentes, procurando que o equilíbrio de interesses que existia no momento em que entrou em vigor a norma se mantenha, a título provisório, até que, no processo principal, seja decidida a questão da validade da mesma. Com efeito, a suspensão da eficácia, ao paralisar os efeitos do ato, paralisa a inovação que ele visava introduzir na ordem jurídica, fazendo com que, durante a pendência do processo principal, tudo se mantenha como estava antes de o ato ter sido praticado. Porque assim é, a suspensão da eficácia de normas serve para proteger os interesses daqueles que, no processo principal, pretendam obter sentenças que, anulando normas ilegais ou declarando a respetiva nulidade ou inexistência, façam com que tudo permaneça como era antes de essas normas terem entrado em vigor. 3. A concessão da examinada providência cautelar depende da verificação cumulativa de três requisitos, os quais se encontram consagrados no art. 120.º, nºs. 1, al. b) e 2, do CPTA, a saber: a -“Periculum in mora” - fundado receio de que, quando o processo principal chegue ao fim e sobre ele venha a ser proferida uma decisão, esta já não venha a tempo de dar a resposta adequada às situações jurídicas envolvidas no litígio, seja devido a inutilidade da decisão, ou porque se produziram danos dificilmente reparáveis; b -“Fumus non malus iuris” - segundo o qual não é necessário um juízo positivo de probabilidade quanto ao êxito do processo principal, antes bastando (formulação negativa) que não seja evidente a improcedência da pretensão de fundo do requerente ou a existência de circunstâncias que obstem ao seu conhecimento de mérito; c -Requisito negativo - a atribuição da providência não pode causar danos desproporcionados, vetor através do qual se dá expressão ao princípio da proporcionalidade em sentido estrito ou da proibição do excesso e que se encontra consagrado no n.º 2, do art. 120.º, do CPTA, a exemplo do que se passa no domínio da atribuição de providências no processo civil e resulta do art. 387.º, do CPC. 4. A acrescentar aos requisitos identificados deve recordar-se que, no contencioso tributário, a possibilidade de dedução de providências cautelares tem consagração específica na lei, mais exatamente no art. 147.º, n.º 6, do CPPT. Os termos em que estas providências são admitidas pelo legislador revelam-se manifestamente exíguos, pois abrangem apenas os casos em que se esteja perante situação de fundado receio de uma lesão irreparável para o requerente, o qual tem o ónus de invocar e provar tal condição, sendo que o prejuízo irreparável se deve reportar ao mesmo requerente da adoção das medidas.

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Acórdão de 29.05.2014 Proc. 7573/14 (publicado em junho)

CPPT - omissão de pronúncia (vício de “petitionem brevis”) - conceito e âmbito desta nulidade - nulidades processuais secundárias - conhecimento imediato do pedido previsto no art. 113.º, n.º 1, do CPPT, é obrigatório - ampliação da causa de pedir - art. 265.º, do CPC - o fornecimento de gás é considerado um serviço público essencial - a definição dos bens do domínio público e o seu regime inserem-se na reserva relativa de competência legislativa da A.R - princípio da generalidade e universalidade dos tributos - noção de taxa - a taxa situa-se apenas no domínio dos serviços públicos divisíveis - a taxa pode ter por fundamento, além do mais, a utilização de um bem do domínio público - princípio da legalidade tributária - art. 103.º, n.º 2, da CRP - princípio constitucional da igualdade - princípio constitucional da proporcionalidade 1. A omissão de pronúncia (vício de “petitionem brevis”) pressupõe que o julgador deixa de apreciar alguma questão que lhe foi colocada pelas partes. 2. No processo judicial tributário o vício de omissão de pronúncia, como causa de nulidade da sentença, está previsto no art. 125.º, n.º 1, do CPPT, no penúltimo segmento da norma. 3. A falta de realização de diligências constituirá uma nulidade processual e não uma nulidade de sentença. A falta de avaliação de provas produzidas, tal como a sua errada avaliação, constituirá um erro de julgamento da matéria de facto. 4. Embora o Tribunal tenha também dever de pronúncia sobre questões de conhecimento oficioso não suscitadas pelas partes (cfr. art. 608.º, n.º 2, do CPC), a omissão de tal dever não constituirá nulidade da sentença, mas sim um erro de julgamento. 5. Os desvios do formalismo processual previsto na lei constituirão nulidades secundárias, com o regime de arguição previsto no art. 199.º, do CPC. Neste caso, tratando-se de irregularidade anterior à decisão final, a sua arguição deve ser efetuada junto do próprio Tribunal recorrido, em consonância com o preceituado no citado art. 199.º, do CPC. Mais, as irregularidades não qualificadas como nulidades principais ou de conhecimento oficioso (cfr. art. 98.º, do CPPT) ficam sanadas com o decurso do prazo em que podem ser arguidas, o que significa que tudo se passa como se elas não tivessem sido praticadas. Por último, se o interessado, além de pretender arguir a nulidade processual, quiser também interpor recurso da decisão que foi proferida, deverá cumulativamente apresentar requerimentos de arguição da nulidade e de interposição de recurso, não podendo fazer a arguição da nulidade neste último. 6. O conhecimento imediato previsto no art. 113.º, n.º 1, do CPPT, é obrigatório, tanto no caso de estar em causa apenas resolução de questões de direito, como no caso de estar em causa também, ou exclusivamente, questões de facto, como se infere da redação imperativa adotada no mesmo preceito (“...conhecerá...”). No caso de estar em causa a resolução de questões de facto, o conhecimento imediato não deixa de ser obrigatório, mas a questão de saber se o processo fornece os elementos necessários envolve alguma subjetividade, a mesma que está ínsita na possibilidade de o juiz realizar ou ordenar todas as diligências que considerem úteis ao apuramento da verdade, conforme estatui o art. 13.º, n.º 1, do CPPT De qualquer modo, só no caso de o juiz entender ser de realizar ou ordenar diligências de prova poderá deixar de conhecer imediatamente do pedido.

(continuação)

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7. A ampliação da causa de pedir, consubstanciando a invocação de novos vícios do ato de liquidação impugnado, a lei não o permite em sede de alegações consagradas no art. 120.º, do CPPT, desde logo devido ao princípio da estabilidade da instância consagrado no art. 260.º, do CPC. Por outro lado, tal ampliação da causa de pedir somente poderia ter suporte no art. 265.º, do CPC, preceito que faz depender essa possibilidade de confissão feita pelo réu e aceite pelo autor. Por último, tal factualidade não reveste carácter superveniente para a recorrente, assim lhe proporcionando a tomada de conhecimento de vícios de que não podia conhecer no momento da apresentação da petição inicial, porquanto somente nesta circunstância poderia haver legitimidade para a alteração da causa de pedir. 8. O fornecimento de gás é considerado um serviço público essencial, o qual se encontra sujeito a especiais regras de proteção dos utentes do mesmo serviço (cfr. art. 1.º, n.º 2, al. c), da Lei 23/96, de 26/7, com as alterações introduzidas pela Lei 12/2008, de 26/2). 9. A definição dos bens do domínio público e o seu regime inserem-se na reserva relativa de competência legislativa da Assembleia da República e já se inseriam nessa reserva à face da redação da Constituição saída da revisão constitucional de 1989 (cfr. art. 168.º, n.º 1, al. z), da CRP). Atualmente tal regime de reserva relativa encontra-se consagrado no art. 165.º, n.º 1, al. v), da C.R.Portuguesa. Este regime de reserva da A.R. abrange a definição, não apenas do domínio público do Estado, mas também do de outras entidades públicas suscetíveis de serem titulares dele, como sejam as regiões autónomas ou as autarquias (cfr. art. 84.º, da CRP). 10. Por força do princípio da generalidade e universalidade dos tributos, onde se incluem as taxas (art. 5.º, n.º 2, da LGT), estes a todos são aplicáveis, incluindo o ora recorrente. Sendo que, no caso concreto, a legitimidade da C.M.Sintra para liquidar as taxas objeto do presente processo se baseia nos artºs.238.º, n.º 4, e 241.º, da C.R. Portuguesa, e no art. 19.º, al. c), da Lei das Finanças Locais (L.F.L.) aprovada pela Lei 42/98, de 6/8 (cfr. atualmente art. 8.º, do Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais, aprovado pela Lei 53-E/2006, de 29/12; art. 15.º, da L.F.L. aprovada pela Lei 2/2007, de 15/1). 11. A taxa situa-se apenas no domínio dos serviços públicos divisíveis. Na verdade, existem atividades públicas ditas indivisíveis, dado que o benefício para os particulares das mesmas resultante tem carácter genérico (v.g. defesa nacional; atividade legislativa; atividade diplomática). Porém, existem muitas outras atividades e serviços públicos de que os particulares podem extrair vantagens individualmente consideradas, pelo que, nesses casos, há a possibilidade de realizar a respetiva cobertura financeira, total ou parcialmente, mediante a criação de taxas (v.g. propinas da instrução pública; custas da justiça; portagens pagas nas vias de comunicação). 12. A taxa pode definir-se como uma prestação coativa, devida a entidades públicas, com vista à compensação de prestações efetivamente provocadas ou aproveitadas pelos sujeitos passivos. Em contraste com o imposto de características unilaterais, a taxa caracteriza-se pela sua natureza cumutativa ou bilateral, devendo o seu valor concreto ser fixado de acordo com o princípio da equivalência jurídica. A natureza do facto constitutivo que baseia o aparecimento da taxa pode consistir na prestação de uma atividade pública, na utilização de bens do domínio público ou na remoção de um limite jurídico à atividade dos particulares (cfr. art. 4.º, nºs.1 e 2, da LGT; artºs.3.º e 4.º, do Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais, aprovado pela Lei 53-E/2006, de 29/12; art. 15, n.º 2, da L.F.L. aprovada pela Lei 2/2007, de 15/1).

(continuação)

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13. O tributo objeto dos presentes autos é uma taxa (e não um imposto) e que a sua criação e cobrança não ofende o princípio da legalidade tributária consagrado no n.º 2, do art. 103, da CRP. 14. O princípio da igualdade é um dos princípios estruturantes do sistema constitucional português, encontrando consagração genérica no art. 13.º, da CRP. Por sua vez, a vinculação das autoridades administrativas ao princípio da igualdade encontra consagração no art. 266.º, n.º 2, do diploma fundamental. As decisões mais recentes do Tribunal Constitucional, na vertente que aqui interessa, assinalam corretamente que o princípio da igualdade obriga a que se trate por igual o que for necessariamente igual e como diferente o que for essencialmente diferente, não impedindo a diferenciação de tratamento, mas apenas as discriminações arbitrárias, irrazoáveis, ou seja, as distinções de tratamento que não tenham justificação e fundamento material bastante. 15. O princípio da proporcionalidade, é explicitado como princípio material informador e conformador da atividade administrativa, no art. 266.º, n.º 2, da CRP, assim implicando a juridicidade de toda a atividade da Administração (cfr. art. 5.º, n.º 2, do CPA). No âmbito do procedimento tributário, a consagração de tal princípio resulta do art. 55.º, da LGT, tendo expresso desenvolvimento no art. 46.º, do CPPT.

Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7524/14 (publicado em junho)

IRC - noção de custos - requisito da indispensabilidade de um custo - ajudas de custo - conceito - despesas de deslocações e estadas - conceito - inserção contabilística - Dec. Lei 192/95, de 28/7 1. Para o conceito fiscal de custo vale a definição constante do aludido art. 23.º, do C.IRC, a qual, depois de nos transmitir, de uma forma ampla, a noção de custos ou perdas como englobando todas as despesas efetuadas pela empresa que, comprovadamente, sejam indispensáveis para a realização dos proveitos ou para a manutenção da fonte produtiva, procede a uma enumeração meramente exemplificativa de várias despesas deste tipo. Estamos perante um conceito de custo que se pode considerar comum ao balanço fiscal e ao balanço comercial. A definição fiscal de custo, como conceito mais amplo do que sejam os custos de produção e de aquisição, parte de uma perspetiva ampla de atividade e de necessidade da empresa, assim estabelecendo uma conexão objetiva entre a atividade desta e as despesas que, inevitavelmente, daqui decorrerão. E fá-lo com uma finalidade claramente fiscal, a qual consiste em distinguir entre custos que podem ser aceites para fins fiscais e que, por isso, vão influenciar o cálculo do lucro tributável e os que não podem ser aceites para tal efeito. Os custos ou perdas da empresa constituem, portanto, os elementos negativos da conta de resultados, os quais são dedutíveis do ponto de vista fiscal quando, estando devidamente comprovados, forem indispensáveis para a realização dos proveitos ou para a manutenção da fonte produtiva da empresa em causa. A ausência de qualquer destes requisitos implica a não consideração dos referidos elementos como custos, assim devendo os respetivos montantes ser adicionados ao resultado contabilístico.

(continuação)

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2. O requisito da indispensabilidade de um custo tem sido jurisprudencialmente interpretado como um conceito indeterminado de necessário preenchimento casuístico, em resultado de uma análise de perspetiva económica-empresarial, na perceção de uma relação de causalidade económica entre a assunção de um encargo e a sua realização no interesse da empresa, atento o objeto societário do ente comercial em causa, sendo vedadas à A. Fiscal atuações que coloquem em crise o princípio da liberdade de gestão e de autonomia da vontade do sujeito passivo. Não obstante, se a A. Fiscal duvidar fundadamente da inserção no interesse societário de determinada despesa, impende sobre o contribuinte o ónus de prova de que tal operação se insere no respetivo escopo societário. 3. Constituem ajudas de custo os abonos auferidos pelos trabalhadores, referentes a deslocações (alimentação e alojamento) por si efetuadas em benefício da entidade patronal, desde que se destinem a compensar o trabalhador pelas despesas por si suportadas e relativas a essas mesmas deslocações. 4. As despesas de deslocações e estadas, são as suportadas pelos sujeitos passivos de IRC quando estivermos perante encargos com transporte, estadias e refeições comportadas com trabalhadores dependentes da empresa por motivos de deslocação destes para fora do local de trabalho e mediante a apresentação de um documento comprovativo, mais devendo tais custos ser inscritos na conta 62 - Fornecimentos e serviços externos, face ao anterior regime do P.O.C. aprovado pelo Dec. Lei 410/89, de 21/11 (regime aplicável ao caso "sub judice" - cfr. art. 12.º, do CC). Pelo contrário, se tais encargos fossem suportados através de ajudas de custo (sem apresentação do respetivo documento comprovativo da despesa), deviam ser inscritos na conta 64 - Custos com o pessoal. 5. O Dec. Lei 192/95, de 28/7, regula as ajudas de custo a atribuir a funcionários e agentes da Administração Pública que se desloquem ao seu serviço ao estrangeiro, diploma este aplicável "in casu", visto que a lei fiscal remete, na fixação do respetivo regime, para os limites legais estabelecidos anualmente para as ajudas de custo e de transporte pagas ao pessoal da Administração Pública, além do mais, para deslocações no/ao estrangeiro (cfr. art. 2.º, n.º 3, al. e), do CIRS, em vigor em 1999).

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Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7372/14 (publicado em junho)

CPPT - LGT - decisão da matéria de facto - princípio da livre apreciação da prova - erro de julgamento de facto - impugnação da decisão de 1.ª instância relativa à matéria de facto - ónus do recorrente - noção de taxa - licenciamento da implantação de tabuletas ou objetos de publicidade em postos de combustível - art. 15.º, al. j), do Dec. Lei 13/71, de 23/1 - Dec. Lei 637/76, de 29/7 - questões novas - conceito de publicidade (cfr. art. 3.º, do Código da Publicidade aprovado pelo Dec. Lei 330/90, de 23/10) 1.Relativamente à matéria de facto, o juiz não tem o dever de pronúncia sobre toda a matéria alegada, tendo antes o dever de selecionar apenas a que interessa para a decisão, levando em consideração a causa (ou causas) de pedir que fundamenta o pedido formulado pelo autor (cfr. artºs. 596.º, n.º 1 e 607.º, nºs.2 a 4, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6) e consignar se a considera provada ou não provada (cfr. art. 123.º, n.º 2, do CPPT). 2. Segundo o princípio da livre apreciação da prova, o Tribunal baseia a sua decisão, em relação às provas produzidas, na sua íntima convicção, formada a partir do exame e avaliação que faz dos meios de prova trazidos ao processo e de acordo com a sua experiência de vida e de conhecimento das pessoas (cfr. art. 607, n.º 5, do CPC, na redação da Lei 41/2013, de 26/6). Somente quando a força probatória de certos meios se encontra pré-estabelecida na lei (v.g. força probatória plena dos documentos autênticos - cfr. art. 371.º, do CC) é que não domina na apreciação das provas produzidas o princípio da livre apreciação. 3. O erro de julgamento de facto ocorre quando o juiz decide mal ou contra os factos apurados. Por outras palavras, tal erro é aquele que respeita a qualquer elemento ou característica da situação “sub judice” que não revista natureza jurídica. O erro de julgamento, de direito ou de facto, somente pode ser banido pela via do recurso e, verificando-se, tem por consequência a revogação da decisão recorrida. 4. No que diz respeito à disciplina da impugnação da decisão de 1ª. Instância relativa à matéria de facto a lei processual civil impõe ao recorrente um ónus rigoroso, cujo incumprimento implica a imediata rejeição do recurso. Ele tem de especificar, obrigatoriamente, na alegação de recurso, não só os pontos de facto que considera incorretamente julgados, mas também os concretos meios probatórios, constantes do processo ou do registo ou gravação nele realizada, que, em sua opinião, impunham decisão sobre os pontos da matéria de facto impugnados, diversa da adotada pela decisão recorrida (cfr. art. 685.º-B, n.º 1, do CPC, “ex vi” do art. 281.º, do CPPT). Tal ónus rigoroso ainda se pode considerar mais vincado no atual art. 640.º, n.º 1, do CPC, na redação resultante da Lei 41/2013, de 26/6. 5. A taxa pode definir-se como uma prestação coativa, devida a entidades públicas, com vista à compensação de prestações efetivamente provocadas ou aproveitadas pelos sujeitos passivos. Em contraste com o imposto de características unilaterais, a taxa caracteriza-se pela sua natureza cumutativa ou bilateral, devendo o seu valor concreto ser fixado de acordo com o princípio da equivalência jurídica. A natureza do facto constitutivo que baseia o aparecimento da taxa pode consistir na prestação de uma atividade pública, na utilização de bens do domínio público ou na remoção de um limite jurídico à atividade dos particulares (cfr. art. 4.º, nºs.1 e 2, da LGT; artºs.3.º e 4.º, do Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais, aprovado pela Lei 53-E/2006, de 29/12; art. 15.º, n.º 2, da L.F.L. aprovada pela Lei 2/2007, de 15/1).

(continuação)

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6. A taxa em causa nos presentes autos foi criada pelo Dec. Lei 13/71, de 23/1, tendo sido atualizada por diversos diplomas legais posteriores, então da área de jurisdição da Junta Autónoma de Estradas e no seu art. 15 (norma que define a incidência objetiva do mesmo tributo), estão consagrados os montantes a pagar por autorização ou licença, previstos nos atos elencados nas suas alíneas a) a k), sendo que na alínea j) se prevê a taxa pela implantação de tabuletas ou objetos de publicidade, por cada metro quadrado ou fração dos mesmos: Esc.500$00. 7. A "EP-Estradas de Portugal, S.A.", continua a deter as atribuições previstas no citado art. 15.º, do Dec. Lei 13/71, de 23/1 (com a redação do art. 1, do Dec. Lei 25/2004, de 24/1, normativo que atualizou o montante da taxa em causa para o quantitativo de € 56,79, por cada metro quadrado ou fração), de autorização ou licenciamento da implantação de tabuletas ou objetos de publicidade em postos de combustível, instalados na sua área de jurisdição, bem como a liquidar e a cobrar as correspondentes taxas por esses factos, mais se devendo levar em consideração que a mesma autorização ou licenciamento somente pode ser concedida quando a entidade recorrida verifique que a estrada ou a perfeita visibilidade do trânsito não são afetados pelas citadas tabuletas ou objetos de publicidade, nos termos do art. 12.º, do aludido Dec. Lei 13/71, de 23/1. 8. O Dec. Lei 637/76, de 29/7, em traços gerais, consagra os princípios controladores da atividade publicitária, fazendo a destrinça entre a afixação de publicidade nas áreas urbanas e fora das áreas urbanas, mais proibindo esta última, e cometendo o respetivo regime de licenciamento à câmara municipal do local onde for produzida (cfr. artºs.1 a 3 do Dec. Lei 637/76, de 29/7). Não contendo este diploma qualquer norma revogatória, não pode o intérprete concluir pela revogação, efetuada por este decreto-lei, do regime previsto no Dec. Lei 13/71, de 23/1, visto que regime/lei especial (cfr. art. 7.º, n.º 3, do CC). 9. O direito português segue o modelo do recurso de revisão ou reponderação (modelo que tem as suas raízes no Código Austríaco de 1895). Daí que o Tribunal “ad quem” deva produzir um novo julgamento sobre o já decidido pelo Tribunal “a quo”, baseado nos factos alegados e nas provas produzidas perante este. Os juízes do Tribunal de 2ª. Instância, ao proferirem a sua decisão, encontram-se numa situação idêntica à do juiz da 1ª. Instância no momento de editar a sua sentença, assim valendo para o Tribunal “ad quem” as preclusões ocorridas no Tribunal “a quo”. Nesta linha, vem a nossa jurisprudência repetidamente afirmando que os recursos são meios de obter o reexame de questões já submetidas à apreciação dos Tribunais inferiores, e não para criar decisões sobre matéria nova, não submetida ao exame do Tribunal de que se recorre, visto implicar a sua apreciação a preterição de um grau de jurisdição. 10. A publicidade consiste na ação dirigida ao público com o objetivo de promover, direta ou indiretamente, produtos, serviços ou uma atividade económica (cfr. art. 3, do Código da Publicidade aprovado pelo Dec. Lei 330/90, de 23/10). Nestes termos, a exposição no exterior de um edifício da denominação da empresa e respetivo logotipo, enquanto sinal distintivo dos comerciantes, não deixará de ter de se considerar como publicidade, ainda que de forma mitigada. A identificação do estabelecimento permite identificar a empresa e, consequentemente, a atividade comercial que desenvolve, assim devendo considerar-se um fator de publicidade.

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Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7209/13 (publicado em junho)

CPPT - instituto do justo impedimento - art. 140.º, do CPC - ónus de alegar e formular conclusões (cfr. art. 639.º, do CPC) - ónus de formular conclusões - conclusões complexas 1. O instituto do justo impedimento que, como transparece da sua própria designação, é reclamado por exigências evidentes de justiça, deve ser considerado de aplicação generalizada, não só por imperativo constitucional decorrente do princípio da justiça que decorre da ideia de Estado de Direito democrático consignada no art. 2.º, da CRP, mas também do próprio princípio do acesso aos Tribunais e à Justiça (cfr. artºs. 20.º, n.º 1, e 268.º, n.º 4, da CRP) que não pode deixar de exigir para sua concretização a concessão de uma possibilidade efectiva e não apenas teórica de utilização dos meios contenciosos de defesa de direitos e interesses legalmente protegidos. Aliás, deve entender-se que vigora no nosso direito uma regra básica de que não deve perder direitos pelo decurso do tempo quem esteve impossibilitado de exercê-los, regra essa que tem vários afloramentos, um dos quais é o instituto do justo impedimento. O CPTA veio confirmar a aplicabilidade generalizada deste instituto do justo impedimento, ao admitir expressamente, no art. 58.º, n.º 4, al. c), a sua invocação para impugnação de actos anuláveis para além do prazo legal. Por isso, a figura do justo impedimento deverá ser aplicada generalizadamente, tanto relativamente a processos que correm pelos Tribunais como aos processos administrativos. 2. A figura do justo impedimento está reservada para as situações em que um evento não imputável à parte, ou ao seu mandatário, tenha obstado à prática atempada de um acto. Face à redacção do art. 146.º, n.º 1, do CPC, anterior à reforma de 1995, o actual conceito de justo impedimento foi alargado quanto aos parâmetros do seu funcionamento, visto que da actual redacção do preceito se pode concluir que a figura jurídica em causa passou a abranger não só os eventos normalmente imprevisíveis, estranhos à vontade da parte, mas antes todo o acontecimento obstaculizante da prática atempada do acto em causa, desde que não imputável à parte, nem aos seus representantes ou mandatários, assim se apelando para uma ideia de culpa (cfr. art. 487.º, n.º 2, do CC). Por outras palavras, só se verifica uma situação de justo impedimento, nos termos do art. 146.º, n.º 1, do CPC (cfr. actual art. 140.º, do CPC, na redacção da Lei 41/2013, de 26/6), quando a pessoa que devia praticar o acto foi colocada na impossibilidade absoluta de o fazer, por si ou por mandatário, em virtude da ocorrência de um facto independente da sua vontade e que um cuidado e diligências normais não fariam prever. 3. O actual art. 639.º, n.º 1, do CPC. (cfr. anterior art. 685.º-A, n.º 1, do CPC, na redacção do Dec. Lei 303/2007, de 24/8) faz recair sobre o recorrente o encargo de circunscrever com clareza o âmbito do litígio submetido ao escrutínio judicial, através da explicitação das razões da sua dissidência, o qual se desdobra em dois distintos ónus. O primeiro, o de alegar, sob pena de indeferimento do recurso (cfr. 641.º, n.º 2, al. b), do CPC). O segundo, o de formular conclusões da alegação, sob pena de não se tomar conhecimento do recurso (cfr. art. 639.º, n.º 3, do CPC).

(continuação)

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4. O ónus de formular conclusões na respectiva alegação só pode considerar-se satisfeito quando o recorrente fecha a sua minuta pela enunciação de proposições que sintetizem com clareza, precisão e concisão os fundamentos ou razões jurídicas pelos quais se pretende obter o provimento do recurso (anulação, alteração ou revogação da decisão do Tribunal "a quo"). É que, consoante os casos, o recorrente pode pretender a revogação da decisão impugnada, seja para que o Tribunal "ad quem" profira nova decisão, substituindo-se ao Tribunal recorrido (sistema de substituição), seja para que os autos sejam devolvidos ao Tribunal "a quo" para proferir nova decisão (sistema de cassação). Por outro lado, o recorrente pode pretender a revogação da decisão injusta (afectada por erro de julgamento - "error in iudicando") ou a anulação da decisão afectada por invalidade ("error in procedendo"). 5. As conclusões do recurso podem apresentar-se de forma deficiente, obscura, complexa ou com omissão das especificações consagradas no art. 639.º, n.º 2, do CPC. As conclusões serão complexas quando não cumpram as exigências de sintetização a que se refere o art. 639.º n.º 1, do mesmo diploma (prolixidade), ou quando, a par das verdadeiras questões que interferem na decisão do caso, surjam outras sem qualquer interesse (inocuidade). A complexidade ainda poderá decorrer do facto de se transferirem para o segmento que deve integrar as conclusões, argumentos ou referências doutrinárias ou jurisprudenciais que são propícias ao segmento da motivação do recurso.

Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7589/14 (publicado em junho)

LGT - CPPT - seleção da matéria de facto - princípio da contextualização i) Compete ao juiz selecionar a matéria de facto pertinente para a solução da causa, condensando a materialidade fáctica alegada nos articulados, no respeito pelo silogismo que deve existir entre os factos selecionados, a fundamentação jurídica de que se socorre e o segmento decisório ou dispositivo que irá proferir. ii) Nessa seleção o juiz não está adstrito às expressões sintáticas ou fórmulas vocabulares utilizadas pelas partes, antes goza de ampla liberdade na fixação do discurso argumentativo destas, desde que não desvirtue o seu sentido e não exclua o que de essencial para a discussão da causa foi alegado por aquelas. iii) A penhora não deve exceder os bens suficientes para o pagamento da dívida exequenda e do acrescido (art. 217.º, 1.ª parte, do CPPT) e o respetivo auto deve mencionar o valor atribuído aos bens (art. 221.º, al. c). Caso esse valor diminua significativamente, pondo em risco a efetiva cobrança dos créditos tributários, a penhora poderá ser reforçada (art. 199.º, n.º 9, do CPPT), competindo à AT avaliar dessa necessidade, pois ao executado apenas é permitido pedir a redução da garantia/penhora (cfr. art. 199.º, n.º 10, do CPPT). iv) Segundo o princípio da contextualização do ato administrativo em matéria tributária, a sua legalidade/ilegalidade deve ser apreciada em função dos pressupostos de facto e de direito que foram tidos em conta na sua prolação. Quaisquer factos posteriores ou nova regulamentação jurídica são irrelevantes para essa apreciação. v) Não releva para a ilegalidade deste ato uma compensação posterior à sua prolação. Nos termos do n.º 2 do artigo 49.º da LGT (na redação em vigor até à Lei n.º 56-A/2006, de 29.12) a paragem do processo por período superior a um ano por facto não imputável ao sujeito passivo faz cessar o efeito interruptivo do processo mas não o seu efeito suspensivo (quando acompanhado da prestação de garantia), porque os factos suspensivos são de natureza duradoura, obstando ao começo e ao decurso do prazo de prescrição enquanto perdurarem, não ocorrendo a cessação do efeito suspensivo sem que cesse o facto que o determinou.

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Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7219/13 (publicado em junho)

IRC - CPPT - impugnação - regime de transparência fiscal - regime simplificado i) A reforma processual civil de 2013 concretizou, de forma mais efetiva, a garantia do duplo grau de jurisdição da matéria de facto, tendo sido alargados os poderes de cognição do tribunal de segunda instância. Porém, como resulta do art. 662.º, n.º 1, do CPC, esse poder deve ser exercido com prudência, não bastando a mera discordância das partes ou a divergência do tribunal de recurso com o decidido na primeira instância para que a matéria de facto seja alterada. ii) A modificação das respostas do tribunal de 1.ª instância à matéria de facto só deve ser efetuada quando for irrefutável o erro na decisão da matéria de facto praticado pelo tribunal a quo. iii) A modificação não deve atingir uma amplitude tal que implique todo um novo julgamento de facto, com a reapreciação de toda a prova produzida, a alteração da convicção do julgador a quo e a postergação dos princípios da livre apreciação das provas e da imediação. iv) O princípio da livre apreciação das provas contido no art. 607.º, n.º 5, do CPC, significa que o juiz decide com intermediação de elementos psicológicos inerentes à sua própria pessoa e que por isso não são racionalmente explicáveis e sindicáveis, embora a construção da sua convicção deva ser feita segundo padrões de racionalidade e com uma valoração subjetiva devidamente controlada, com substrato lógico e dominada pelas regras da experiência. v) O princípio da imediação limita a tarefa de reexame da matéria de facto fixada no tribunal a quo, que só pode ser modificada se ocorrer erro manifesto ou grosseiro ou se os elementos documentais fornecerem uma resposta inequívoca em sentido diferente daquele que foi anteriormente considerado. vi) A mera discordância sobre a valoração da prova testemunhal e sobre a convicção do julgador, sem identificação ou concretização do vício lógico em que este incorreu, não autoriza uma alteração da matéria de facto. vii) As sociedades de profissionais constituídas por advogados estão enquadradas no regime da transparência fiscal ao abrigo da al. b) do n.º 1 do art. 6.º do CIRC. viii) O regime da transparência fiscal prossegue três propósitos: neutralidade fiscal, combate à evasão fiscal e eliminação da dupla tributação económica dos lucros distribuídos aos sócios. ix) As sociedades de profissionais estavam abrangidas pelo regime simplificado de determinação do lucro tributável em sede de IRC. x) O registo no cadastro informático da AT de uma sociedade de advogados no regime geral de tributação, por erro imputável aos serviços, impede a posterior correção da situação tributária e o enquadramento da sociedade no regime simplificado, se as suas declarações apresentadas ao abrigo do regime geral foram aceites sem reservas e se os serviços informaram o representante da sociedade da desnecessidade de apresentação de declaração de opção por este regime. xi) Na situação anteriormente referida a correção pela AT da situação tributária da sociedade e a realização de liquidações adicionais constitui venire contra factum proprium e violação do princípio da boa-fé que deve nortear a sua atuação (art. 59.º, n.º 2, da LGT).

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Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7497/14 (publicado em junho)

IVA - impugnação - avaliação direta - avaliação indireta - correções técnicas - nulidade i) Por ser divisível, o ato tributário pode ser impugnado total ou parcialmente como também pode ser anulado na sua totalidade ou apenas em alguns dos seus segmentos. ii) As correções que a AT pode efetuar à matéria coletável podem resultar de uma avaliação direta, através da recolha e processamento dos dados das declarações ou através da verificação do seu conteúdo e de correções de eventuais erros. iii) Este tipo de avaliação assenta, assim, na análise da declaração do contribuinte ou nos elementos da sua contabilidade, dando origem a correções técnicas (ou meramente aritméticas), pois não envolvem um juízo subjetivo sobre a realidade dos factos, ou a correções sujeitas a um juízo de ponderação. iv) As correções técnicas destinam-se a corrigir proveitos registados por montantes inferiores aos que constam das faturas emitidas, a desconsiderar custos ou perdas não comprovadamente indispensáveis para a realização dos proveitos ou ganhos sujeitos a imposto ou para a manutenção da fonte produtora ou deduções de imposto que se refira a operação simulada bem como deduções de imposto referido em faturas ou documentos equivalentes que não obedeçam aos requisitos formais legalmente exigidos. v) As correções sujeitas a ponderação aplicam-se a desvios significativos em relação a custos-padrão ou a taxas de reintegração ou amortização ou à determinação do lucro tributável e têm como pressuposto serem aplicadas segundo princípios de razoabilidade e proporcionalidade. vi) A avaliação indireta, pressupondo uma falta de colaboração do contribuinte e a ausência, falta de apresentação ou deficiência dos elementos declarativos ou da contabilidade, visa a fixação da matéria coletável com recurso a indícios e presunções. vii) O que justifica a avaliação indireta é a impossibilidade de chegar a um resultado objetivo extraído da escrita do sujeito passivo ou da sua declaração. viii) Não obstante ambos os métodos de avaliação partam de pressupostos diferentes, é possível conciliar e aplicar ambos numa só operação de avaliação. ix) Padece de nulidade por excesso de pronúncia a sentença que anula integralmente liquidações em relação às quais não tinham sido questionadas as correções técnicas. x) A insuficiência e inexatidão dos elementos contabilísticos, bem como a manifesta discrepância entre o volume de negócios declarado com o volume de negócios apurado pela AT e a existência de factos concretos que permitiram a esta concluir que o recorrido revelou nos exercícios em exame uma capacidade contributiva superior à declarada abre a porta ao recurso à avaliação indireta.

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Acórdão de 29.05.2014, Proc. 7475/14 (publicado em junho)

CPPT - impugnação - estradas - publicidade - competência i) A zona de proteção das estradas nacionais abrange os terrenos limítrofes à estrada, englobando faixas com servidão non aedificandi e faixas de respeito, que se estendem 100 metros para além daquelas. ii) Para seja possível liquidar taxas por publicidade colocada nas zonas de proteção é necessário identificar a exata localização da mesma em relação à estrada, através de referências geográficas longitudinais e perpendiculares a esta ou então por meio de coordenadas geográficas. iii) Faltando alguma destas referências a liquidação fica viciada por erro nos pressupostos de facto. iv) O princípio lex specialis derrogat legi generali só é aplicável quando não for outra a intenção inequívoca do legislador. v) A Lei n.º 97/88, de 17 de agosto, pretende de forma inequívoca regular a afixação e inscrição de mensagens de publicidade e propaganda atribuindo o licenciamento de forma universal às câmaras municipais, na área do respetivo concelho, sem prejuízo da intervenção obrigatória, através da emissão do respetivo parecer, por parte de entidades com jurisdição exclusiva para defesa de interesse públicos específicos que têm de ser tidos em conta na emissão de licença final pelo respetivo município. vi) A Lei n.º 97/98 visa, também, preservar a segurança rodoviária nas situações em que esta pode ser afetada pela afixação de publicidade nos terrenos limítrofes à estrada. vii) Corresponde por isso à intenção referida em iv) supra, a derrogação, pelo art.º 2º, nº 2, da Lei n.º 97/88, de 17 de agosto, do art. 10.º, n.º 1, alínea b), do Decreto-Lei n.º 13/71, de 23 de janeiro, degradando a aprovação ou licença prevista nesta norma em mero parecer obrigatório. viii) Tal derrogação já tinha sido também anteriormente operada pelo Decreto-Lei n.º 637/76, de 29 de junho. ix) Assim, a competência para a aprovação ou licenciamento prévio de publicidade situada na faixa de respeito passou a ser das Câmaras Municipais do respetivo concelho, deixando a JAE de ter competência para licenciar a afixação de mensagens publicitárias e para o procedimento licenciador, pelo menos na zona non aedificandi e na faixa de respeito. x) Essa falta de competência resulta também, para a EP, da sua transformação em sociedade anónima, por não lhe terem sido legalmente outorgadas nem constarem do contrato de concessão quaisquer competências para licenciar a afixação de mensagens publicitárias e/ou para o procedimento licenciador. xi) O regime de licenciamento da publicidade exterior previsto na Lei n.º 97/98 não abrange o licenciamento da construção e implantação dos respetivos suportes, quando estes sejam necessários para a afixação da publicidade. xii) O desgaste administrativo sofrido pela EP com a colocação de publicidade nas circunstâncias referidas em ix), esgota-se com a avaliação do risco e a emissão do parecer referido em v).

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 30.04.2014, Proc. 6580/13 (publicado em junho)

LGT - RCPIT - ato tributário - delegação de poderes - inspeção tributária - notificação do contribuinte - prazo - natureza do prazo - audição prévia I. A previsão das menções obrigatórias que devem sempre constar do ato, encontra-se consagrada no artigo 123º, n.º1 do CPA. Em concreto, a alínea a) de tal norma refere a indicação da autoridade que o praticou e a menção da delegação ou subdelegação de poderes, quando exista. Trata-se de uma menção obrigatória que está em consonância com o disposto no artigo 38.º do mesmo diploma, nos termos do qual o órgão delegado ou subdelegado deve mencionar essa qualidade no uso da delegação ou subdelegação. II. Assim, é requisito do ato a menção da delegação ou subdelegação de poderes e não também a indicação do Diário da República em que foi publicado o despacho de delegação ou subdelegação. III. Sobre a conclusão dos atos de inspeção em caso de ações de inspeção destinadas à consulta, recolha e cruzamento de elementos, dispõe o artigo 61.º, n.º2 do RCPIT, donde se retira (em leitura conjugada com o n.º 1 do mesmo preceito) que os atos de inspeção se consideram concluídos na data da notificação da nota de diligência, a qual indicará obrigatoriamente as tarefas realizadas. IV. De acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 36.º do RCPIT, o procedimento de inspeção é contínuo e deve ser concluído no prazo máximo de seis meses a contar da notificação do seu início (isto, sem prejuízo das situações legalmente previstas de ampliação de tal prazo, nos termos do n.º3 do mesmo artigo 36.º do RCPIT). V. Tal prazo tem natureza meramente ordenadora, sendo que a única consequência que decorre da sua violação é a que resulta do n.º 1 do art. 46.º da LGT: o prazo de caducidade, que estava suspenso, cessa esse efeito, contando-se o prazo desde o seu início, ou seja, tudo se passa como se não tivesse sido feita a inspeção correndo o prazo de caducidade continuamente e sem qualquer suspensão. VI. Face ao disposto no artigo 43.º do RCPIT, em concreto o seu n.º 1, “Presumem-se notificados os sujeitos passivos e demais obrigados tributários contactados por carta registada e em que tenha havido devolução de carta remetida para o seu domicílio fiscal com indicação de não ter sido levantada, de ter sido recusada ou de que o destinatário está ausente em parte incerta”. VII. Deste modo, a devolução da carta-aviso ou a sua recusa de recebimento não obriga ao envio de nova notificação, nem obsta a que o procedimento tenha o seu início, desde que a remessa postal tenha sido endereçada para a morada do visado, o que no caso se verificou. VIII. Como decorre do art. 60.º, n.º 1 do RCPIT e 60.º, n.º 1, al. e) da LGT, impõe-se a audição prévia do contribuinte no que ao procedimento de inspeção respeita, quando concluída a prática de atos de inspeção e caso os mesmos possam originar atos tributários ou em matéria tributária desfavoráveis à entidade inspecionada, ou seja, quando os atos de inspeção resultem em proposta/projeto de correções ao declarado pelo sujeito passivo. IX. O legislador ao utilizar a expressão “atos tributários ou em matéria tributária desfavoráveis” está a referir-se às projetadas correções a que chegou após a conclusão dos atos de inspeção e que provavelmente irão dar origem a uma liquidação que, à partida, alterará a situação tributária do contribuinte.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 29.05.2014, Proc. 679/09.8 (publicado em junho)

CPPT - intempestividade - omissão de pronúncia - erro sobre o objeto 1. O artigo 331.º, n.º 2, do Código Civil não é aplicável em execução fiscal. 2. O prazo para requerer a anulação da venda com fundamento na existência de contrato de arrendamento conta-se a partir da data em que o adquirente toma conhecimento desse contrato e de que o mesmo é oponível à execução, quando estes factos forem posteriores à venda - artigo 257.º, n.º 2, do CPPT; 3. A mera constatação de que o imóvel adquirido se encontra habitado não equivale ao conhecimento da existência e do conteúdo do contrato de arrendamento e de que o mesmo é oponível à execução; 4. Tendo sido alegado que esse conhecimento foi obtido nos 90 dias que antecederam o pedido de anulação da venda, cabe ao tribunal realizar as diligências instrutórias necessárias e úteis ao apuramento desse facto - artigo 99.º, n.º 1, da LGT. 5. Tendo o primitivo requerimento de anulação da venda sido rejeitado pela secretaria, cabe ao Tribunal indagar se o novo requerimento foi apresentado dentro do prazo a que alude o artigo 476.º do CPC. 6. Se o tribunal recorrido não tiver relevado estes factos, o tribunal de recurso deve anular a decisão recorrida para a ampliação da matéria de facto - cfr. artigo 712.º, n.º 4, do CPC, na redação em vigor à data da interposição do recurso.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 567/13.3 (publicado em junho)

CPPT - vencimento da obrigação tributária - sustação da execução fiscal - insolvência 1. O Tribunal Centra Administrativo é hierarquicamente competente para o conhecimento do recurso em que tenha sido invocado, nas conclusões respetivas, um facto que não tem suporte na decisão recorrida; 2. Mas se esse facto não foi alegado oportunamente e não podia ter sido oficiosamente considerado, também não pode ser provido o recurso que tenha por base a sua ocorrência. 3. A declaração de insolvência não determina a sustação da execução fiscal instaurada para cobrança de crédito vencido posteriormente - artigo 180.º, n.º 6, do CPPT. 4. O crédito decorrente de facto tributário ocorrido antes da declaração da insolvência mas que só foi determinado posteriormente constitui crédito vencido após a declaração da insolvência.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 627/13.0 (publicado em junho)

LGT - CPPT - vencimento da obrigação tributária - sustação da execução fiscal - insolvência 1. O Tribunal Centra Administrativo é hierarquicamente competente para o conhecimento do recurso em que tenha sido invocado, nas conclusões respetivas, um facto que não tem suporte na decisão recorrida; 2. Mas se esse facto não foi dado como provado e o recurso não tem por objeto o respetivo julgamento de facto, também não pode ser provido o recurso que tenha por base a sua ocorrência. 3. A declaração de insolvência não determina a sustação da execução fiscal instaurada para cobrança de crédito vencido posteriormente - artigo 180.º, n.º 6, do CPPT. 4. O crédito decorrente de facto tributário ocorrido antes da declaração da insolvência mas que só foi determinado posteriormente constitui crédito vencido após a declaração da insolvência.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 220/07.7 (publicado em junho)

CPPT - oposição - isba - intempestividade - falta de notificação no prazo da caducidade 1. Não é intempestiva a oposição deduzida dentro do prazo dos trinta dias a que alude o artigo 203.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, acrescidos da dilação a que alude o artigo 252.º-A do CPC, aplicável em processo tributário. 2. Não caducou o direito à liquidação efetuada e notificada dentro do prazo de execução do julgado a que alude o artigo 175.º, n.º 1, do Código de Processo nos Tribunais Administrativos (aplicável por força do artigo 146.º, n.º 1, do CPPT) e no cumprimento do dever respetivo.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 705/12.3 (publicado em junho)

IRS - LGT - impugnação judicial - juros compensatórios - fundamentação - notificação I) A fundamentação de uma liquidação de juros compensatórios deve dar a conhecer, no plano factual, o montante do imposto sobre o qual incidem os juros, a taxa ou taxas aplicáveis e o período da sua contagem. II) A notificação é um ato exterior e posterior ao ato tributário notificado e os vícios que afetem a notificação em si, podendo embora determinar a ineficácia do ato notificado, são insuscetíveis de gerar a invalidade do ato tributário e de determinar a anulação visada com a presente impugnação, o que determina a procedência do presente recurso, na medida em que os elementos presentes nos autos permitem identificar a liquidação em causa e o alcance da mesma em termos de se afirmar que a mesma está fundamentada, sendo que a questão da falta de notificação da mesma com todos os seus elementos envolve matéria que não contende com a validade da mesma, podendo, isso sim, refletir-se noutra sede.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 2064/13.8 (publicado em junho)

LGT - dispensa da prestação de garantia - responsabilidade do executado - ónus de alegação - facto notório 1.Constitui pressuposto da dispensa da garantia a que alude o artigo 52.º, n.º 4, da Lei Geral Tributária que a inexistência ou insuficiência de bens não seja responsabilidade do requerente; 2. Recai sobre o requerente o ónus de alegar os factos concretos que demonstrem a verificação desse pressuposto e que não sejam factos notórios - artigos 170.º, n.º 3, do CPPT e 87.º, n.º 2, do CPA. 3. Não constitui facto notório a relação entre a crise económico-financeira do país e a insuficiência de bens do requerente. 4. Não demonstra tal relação o requerente que se limita a declarar que a inexistência ou insuficiência de património para a prestação da garantia não resulta da sua atuação empresarial.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 2071/13.0 (publicado em junho)

LGT - CPPT - reclamação art. 276.º CPPT - nulidade da sentença por omissão de pronúncia e falta de fundamentação - julgamento da matéria de facto - tempestividade I) Em termos de omissão de pronúncia, embora o julgador não tenha que analisar todas as razões ou argumentos que cada parte invoca para sustentar o seu ponto de vista, incumbe-lhe a obrigação de apreciar e resolver todas as questões submetidas à sua apreciação, isto é, todos os problemas concretos que haja sido chamado a resolver no quadro do litígio (tendo em conta o pedido, a causa de pedir e as eventuais exceções invocadas), ficando apenas excetuado o conhecimento das questões cuja apreciação e decisão tenha ficado prejudicada pela solução dada a outras. E questão, para este efeito (contencioso tributário), é tudo aquilo que é suscetível de caracterizar um vício, uma ilegalidade do ato tributário impugnado. II) No que concerne à nulidade da sentença por falta de fundamentação de facto e de direito, há que ter em atenção que, como é sabido, só se verifica tal nulidade quando ocorre falta absoluta de fundamentação, sendo que há que distinguir cuidadosamente a falta absoluta de motivação da motivação deficiente, medíocre ou errada. O que a lei considera nulidade é a falta absoluta de motivação; a insuficiência ou mediocridade da motivação é espécie diferente, afeta o valor doutrinal da sentença, sujeita-a ao risco de ser revogada ou alterada em recurso, mas não produz nulidade. Por falta absoluta de motivação deve entender-se a ausência total de fundamentos de direito e de facto. III) Ao TCA assiste o poder de alterar a decisão de facto fixada pelo tribunal “a quo” desde que ocorram os pressupostos vertidos no art. 712.º, n.º 1 do CPC (atual art. 662.º), incumbindo-lhe, nessa medida, reapreciar as provas em que assentou a decisão impugnada objeto de controvérsia, bem como apreciar oficiosamente outros elementos probatórios que hajam servido de fundamento à decisão sobre aqueles pontos da factualidade controvertidos. V) A reclamação a apresentar pela Recorrente dependia do facto de esta ter sido notificada da realização da penhora no seu vencimento, sendo que, neste domínio, entende-se que a notificação à entidade patronal e o seu conhecimento pela ora Recorrente não é idónea para o efeito, pois que o ato em apreço pode revelar-se inconsequente, como muitas vezes sucede, quando a entidade patronal, por várias razões, vem dizer que não pode proceder nos termos solicitados, de modo que, só após a resposta da entidade patronal, é possível dizer se a penhora em apreço foi ou não concretizada, sendo que, só em caso afirmativo, se procede à notificação do executado, sendo que nessa notificação é também indicado o meio para reagir e o prazo a considerar para o efeito. VI) Sendo assim, é manifesto que a ora Recorrente, com o requerimento de 20-09-2013, procurou, antes de discutir a bondade da penhora, evitar a concretização da mesma, o que se apreende com a peticionada por antecipação devolução de montantes, pois que, recebido o ofício em 19-09-2013, não é crível que no dia seguinte existissem já quantias depositadas para devolver, pelo que, perante o requerimento de 20-09-2013 e a posição assumida pela AT, que não se furtou à respetiva análise, em função do momento e do meio utilizado, desconsiderando a pretensão da ora Recorrente, é manifesto que estamos perante uma decisão que afeta a esfera jurídica da mesma, sendo suscetível de reclamação, de modo que, a partir do momento em que não é posta em crise a tempestividade da presente reclamação com referência a decisão comunicada ao abrigo do ofício n.º 86145 de 15.11.2013, é ponto assente que o presente recurso tem de proceder.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 2434/04.2 (publicado em junho)

IRS - LGT - CPPT - impugnação judicial - prescrição - inexistência de facto tributável I. Muito embora a prescrição da obrigação tributária não constitua vício invalidante do ato de liquidação e não seja fundamento da respetiva impugnação, isso não deve impedir que o Tribunal no processo de impugnação não considere a prescrição da obrigação para concluir pela inutilidade superveniente da lide, pois que prescrita a obrigação se torna inútil a decisão sobre a legalidade do ato da liquidação. II) Das normas contidas nos artigos 169.º n.º 1 do CPPT e 49.º n.º 3 da LGT decorre que a execução fica suspensa até à decisão do pleito que tenha por objeto a legalidade da dívida exequenda (e não existe qualquer dúvida neste matéria) “desde que tenha sido constituída garantia nos termos do artigo 195.º ou prestada nos termos do artigo 199.º ou a penhora garanta a totalidade da quantia exequenda e do acrescido” e que o “prazo de prescrição legal suspende-se por motivo de paragem do processo de execução fiscal em virtude de (…) impugnação ou recurso”, sendo que a suspensão da execução nos termos do artigo 169.º, n.º 1 do CPPT opera-se, ope legis, por força da prestação de garantia ou efetivação da penhora que garante a totalidade da quantia exequenda e acrescido, desde que sejam utilizados os meios processuais de discussão da legalidade da dívida exequenda ali elencados, ou seja, trata-se, pois, de ato predominantemente processual em que o órgão de execução fiscal atua no âmbito do processo executivo, vinculado a um quadro normativo que regula o legal andamento do processo, e sujeito a estritas regras e princípios processuais. III) Tal significa que, uma vez constituída ou prestada garantia ou realizada penhora de bens suficientes para garantia do pagamento da dívida e acrescido, aliada à pendência de processo de impugnação judicial, fica legalmente suspensa a execução fiscal até à decisão do pleito, e esta suspensão determina, por sua vez, a suspensão do próprio prazo de prescrição que esteja em curso ou daquele que houvesse de reiniciar-se por virtude da cessação de algum efeito interruptivo da prescrição. IV) A partir daqui, considerando as normas acima apontadas, não se pode avalizar o discurso da Recorrida, nem a posição assumida pelo Tribunal recorrido, pois que, considerando os dados de facto constantes do PEF apenso, não se vislumbra fundamento legal para afirmar a suspensão do processo de execução fiscal e, nesta medida, a suspensão do prazo de prescrição legal, o que significa que não há que considerar qualquer período de suspensão decorrente do uso de meios procedimentais ou processuais associados a prestação de garantia idónea (art. 49.º n.º 3 da LGT, na sua versão inicial e n.º 4, na versão da Lei n.º 53-A/2006, de 29/12) ou penhora suscetível de garantir a totalidade da quantia exequenda e do acrescido, de modo que, tem de concluir-se que, iniciada a contagem do prazo prescricional em 23/12/2005, o prazo de 8 anos decorreu integralmente até ao dia 23/12/2013, mostrando-se consequentemente prescrita a dívida tributária, o que significa que, nesta altura, a sentença recorrida não pode manter-se, devendo, nesta sequência, proceder o presente recurso jurisdicional, impondo-se concluir no sentido de a lide ser supervenientemente inútil em virtude da prescrição da dívida de IRS impugnada.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 2357/10.6 (publicado em junho)

CPPT - oposição - nulidade da decisão por omissão de pronúncia - julgamento da matéria de facto - taxa de justiça - apoio judiciário - deferimento tácito - indeferimento expresso - lei fundamental I) Em termos de omissão de pronúncia, embora o julgador não tenha que analisar todas as razões ou argumentos que cada parte invoca para sustentar o seu ponto de vista, incumbe-lhe a obrigação de apreciar e resolver todas as questões submetidas à sua apreciação, isto é, todos os problemas concretos que haja sido chamado a resolver no quadro do litígio (tendo em conta o pedido, a causa de pedir e as eventuais exceções invocadas), ficando apenas excetuado o conhecimento das questões cuja apreciação e decisão tenha ficado prejudicada pela solução dada a outras. E questão, para este efeito (contencioso tributário), é tudo aquilo que é suscetível de caracterizar um vício, uma ilegalidade do ato tributário impugnado. II) Ao TCA assiste o poder de alterar a decisão de facto fixada pelo tribunal “a quo” desde que ocorram os pressupostos vertidos no art. 712.º, n.º 1 do CPC (atual art. 662.º), incumbindo-lhe, nessa medida, reapreciar as provas em que assentou a decisão impugnada objeto de controvérsia, bem como apreciar oficiosamente outros elementos probatórios que hajam servido de fundamento à decisão sobre aqueles pontos da factualidade controvertidos. III) O ato tácito só se consolida na ordem jurídica se não for judicialmente impugnado ou se, sendo-o, essa impugnação não tiver êxito. Daí que o interessado, uma vez notificado do ato expresso de indeferimento, deve reagir à prolação deste, impugnando-o contenciosamente se o reputar de ilegal, pugnando pela manutenção do ato tácito, de modo que, não o tendo feito, não pode, por isso, vir a recorrente questionar no âmbito destes autos, a validade do ato expresso de indeferimento. IV) Não se vislumbra que as preocupações do Recorrente encontrem eco em termos de colocarem em crise a Lei Fundamental, pois que está assegurado ao interessado a possibilidade de recorrer ao Tribunal no sentido de fazer valer a sua pretensão, questionando o ato expresso e pugnando pela manutenção do ato tácito, o que significa que, em nenhum momento está em crise o acesso aos Tribunais e bem assim o desenvolvimento do processo, pois que o mesmo não deixará de correr a sua tramitação normal enquanto decorre o procedimento relacionado com o pedido de proteção, sendo que a possibilidade de o ato expresso afastar o ato tácito tem as condicionantes descritas, o que também afasta os receios da Recorrente neste domínio.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 754/11.9 (publicado em junho)

LGT - oposição - julgamento da matéria de facto - gerência de facto I) Ao TCA assiste o poder de alterar a decisão de facto fixada pelo tribunal “a quo” desde que ocorram os pressupostos vertidos no art. 712.º, n.º 1 do CPC (atual art. 662.º), incumbindo-lhe, nessa medida, reapreciar as provas em que assentou a decisão impugnada objeto de controvérsia, bem como apreciar oficiosamente outros elementos probatórios que hajam servido de fundamento à decisão sobre aqueles pontos da factualidade controvertidos. II) A fundamentação formal do despacho de reversão basta-se com a alegação dos pressupostos e com a referência à extensão temporal da responsabilidade subsidiária que está a ser efetivada (n.º 4 do art. 23.º da LGT) não se impondo, porém, que dele constem os factos concretos nos quais a AT fundamenta a alegação relativa ao exercício efetivo das funções do gerente revertido. III) Tal significa que, no caso de reação do visado, a AT terá então (na contestação à oposição) de avançar com esses elementos no sentido de se desembaraçar do ónus que a lei lhe comete da prova dos pressupostos da responsabilidade subsidiária do gerente, estando aqui em destaque o efetivo exercício da gerência, sendo que tal situação não se estende para lá do momento acima apontado, ou seja, em sede de contestação, a AT tem de enumerar os tais factos concretos que evidenciam o apontado exercício de funções de gerente por parte do ora Recorrente. IV) A gerência é, por força da lei e salvo casos excecionais, o órgão da sociedade criado para lhe permitir atuar no comércio jurídico, criando, modificando, extinguindo, relações jurídicas com outros sujeitos de direito. Estes poderes não são restritos a alguma espécie de relações jurídicas; compreendem tantas quantas abranja a capacidade da sociedade (cfr. objeto social), com a simples exceção dos casos em que as deliberações dos sócios produzam efeitos externos (cfr. arts. 260.º n.º 1 e 409.º n.º 1 do Código das Sociedades Comerciais). O gerente/ administrador goza de poderes representativos e de poderes administrativos face à sociedade. A distinção entre ambos radica no seguinte: se o ato em causa respeita às relações internas entre a sociedade e quem a administra, situamo-nos no campo dos poderes administrativos do gerente. Pelo contrário, se o ato respeita às relações da sociedade com terceiros, estamos no campo dos poderes representativos. Por outras palavras, se o ato em causa tem apenas eficácia interna, estamos perante poderes de administração ou gestão. Se o ato tem eficácia sobre terceiros, verifica-se o exercício de poderes de representação. V) A partir do momento em que o probatório comporta um conjunto de elementos, relacionados com os documentos apresentados pela Recorrente que permitem apreender que o ora Recorrido praticou atos em representação da sociedade originária devedora, nomeadamente os que ficaram descritos no probatório, situação que permite estabelecer, como se disse, um fio condutor no que concerne ao envolvimento do ora Recorrido na vida da sociedade, tem de entender-se que ficou demonstrada a prática por parte do ora Recorrido de atos em representação da sociedade, como forma típica de assegurar o giro comercial da mesma.

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 273/07.8 (publicado em junho)

LGT - CPPT - oposição - impugnação da matéria de facto - junção de documentos - gerência de facto - fundamentação I) A fundamentação formal do despacho de reversão basta-se com a alegação dos pressupostos e com a referência à extensão temporal da responsabilidade subsidiária que está a ser efetivada (n.º 4 do art. 23.º da LGT) não se impondo, porém, que dele constem os factos concretos nos quais a AT fundamenta a alegação relativa ao exercício efetivo das funções do gerente revertido. II) Tal significa que, no caso de reação do visado, a AT terá então (na contestação à oposição) de avançar com esses elementos no sentido de se desembaraçar do ónus que a lei lhe comete da prova dos pressupostos da responsabilidade subsidiária do gerente, estando aqui em destaque o efetivo exercício da gerência, sendo que tal situação não se estende para lá do momento acima apontado, ou seja, em sede de contestação, a AT tem de enumerar os tais factos concretos que evidenciam o apontado exercício de funções de gerente por parte do ora Recorrente. III) Assim, e na medida em que o art. 523.º n.º 1 do CPC (atual art. 423.º) refere que os documentos destinados a fazer prova dos fundamentos da ação ou da defesa devem ser apresentados com o articulado em que se aleguem os factos correspondentes e se não forem apresentados com o articulado respetivo, os documentos podem ser apresentados até ao encerramento da discussão em 1.ª instância, mas a parte será condenada em multa, excepto se provar que os não pôde oferecer com o articulado - n.º 2 do artigo 523.º do CPC (o atual normativo admite a junção de documentos até 20 dias antes da data em que se realize a audiência final), temos que no caso presente, não está em causa a possibilidade de junção de documentos, pois que é a apresentação de alegações que constitui o encerramento da discussão da causa na 1.ª instância (artigo 120.º do CPPT), o termo final do prazo para apresentação de documentos em 1.ª instância, a questão está em que esses documentos apenas poderiam ser admitidos enquanto elementos de prova com referência à alegação da Fazenda Pública sobre a matéria em discussão nos autos. IV) Ora, sobre a questão da gerência de facto, a Fazenda Pública não alegou qualquer facto sobre a realidade que envolve os autos, o que significa que, não se colocando qualquer situação de ocorrência posterior, os documentos em crise são imprestáveis para o efeito visado, dado que, nada foi alegada no domínio apontado, o que impõe a eliminação desses elementos do probatório, porquanto, nos termos do disposto no disposto no artigo 264.º n.º 2 do Código de Processo Civil, o juiz só pode fundar a sua decisão nos factos alegados pelas partes e esta regra vale também no direito processual tributário, como decorre dos artigos 99.º n.º 1, da LGT 13.º n.º 1, parte final, do CPPT. V) A gerência é, por força da lei e salvo casos excecionais, o órgão da sociedade criado para lhe permitir atuar no comércio jurídico, criando, modificando, extinguindo, relações jurídicas com outros sujeitos de direito. Estes poderes não são restritos a alguma espécie de relações jurídicas; compreendem tantas quantas abranja a capacidade da sociedade (cfr. objeto social), com a simples exceção dos casos em que as deliberações dos sócios produzam efeitos externos (cfr. arts. 260.º n.º 1 e 409.º n.º 1 do Código das Sociedades Comerciais). O gerente/ administrador goza de poderes representativos e de poderes administrativos face à sociedade.

(continuação)

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Data/Processo Sumário

A distinção entre ambos radica no seguinte: se o ato em causa respeita às relações internas entre a sociedade e quem a administra, situamo-nos no campo dos poderes administrativos do gerente. Pelo contrário, se o ato respeita às relações da sociedade com terceiros, estamos no campo dos poderes representativos. Por outras palavras, se o ato em causa tem apenas eficácia interna, estamos perante poderes de administração ou gestão. Se o ato tem eficácia sobre terceiros, verifica-se o exercício de poderes de representação.

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 267/06.0 (publicado em junho)

LGT - SISA - impugnação judicial - nulidade da sentença por omissão de pronúncia, por oposição entre os fundamentos e a decisão e por desconsideração das diligências de prova requeridas - fundamentação - ónus da prova - ilegalidade do ato de liquidação I)Em termos de omissão de pronúncia, embora o julgador não tenha que analisar todas as razões ou argumentos que cada parte invoca para sustentar o seu ponto de vista, incumbe-lhe a obrigação de apreciar e resolver todas as questões submetidas à sua apreciação, isto é, todos os problemas concretos que haja sido chamado a resolver no quadro do litígio (tendo em conta o pedido, a causa de pedir e as eventuais exceções invocadas), ficando apenas excetuado o conhecimento das questões cuja apreciação e decisão tenha ficado prejudicada pela solução dada a outras. E questão, para este efeito (contencioso tributário), é tudo aquilo que é suscetível de caracterizar um vício, uma ilegalidade do ato tributário impugnado. II) Quanto à matéria da oposição entre os fundamentos e a decisão, cabe notar que o vício em questão apenas ocorre quando a decisão (sentença) padece de uma contradição intrínseca que consiste numa incompatibilidade da subsunção, da factualidade dada por provada e tida por relevante à decisão final que veio a ser tomada, ao quadro jurídico aplicável, na medida em que aquela - factualidade - impunha sentido decisório diferente e oposto ao que veio a ser acolhido; Numa palavra, a contradição tem de se verificar entre os fundamentos invocados em suporte da decisão e o sentido decisório desta última. III) Compete ao juiz examinar, em cada processo judicial, se é legalmente permitida a produção dos meios de prova oferecidos pelas partes, e, no caso afirmativo, aferir da necessidade da sua produção em face das questões colocadas, sabido que instrução tem por objeto os factos controvertidos e relevantes para o exame e decisão da causa tendo em conta as várias soluções plausíveis da questão de direito, de modo que, resulta claro que a dispensa, a não produção de quaisquer diligências de prova não implica uma violação de qualquer ato/formalidade imposta por lei, no caso a respetiva inquirição, já que é a própria lei que expressamente atribui ao juiz a faculdade de dela poder prescindir e não se vislumbra compatível que, de um passo, se confira ao juiz o poder de não produzir prova requerida pelas partes litigantes e, de outro e em simultâneo, se sancione a utilização de tal poder com um vício de forma fulminado com a nulidade.

(continuação)

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo

Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo Norte

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Data/Processo Sumário

IV) A exigência legal e constitucional de fundamentação visa, primacialmente, permitir aos interessados o conhecimento das razões que levaram a autoridade administrativa a agir, por forma a possibilitar-lhes uma opção consciente entre a aceitação da legalidade do ato e a sua impugnação contenciosa e para ser atingido tal objetivo a fundamentação deve proporcionar ao destinatário do ato a reconstituição do itinerário cognoscitivo e valorativo percorrido pela autoridade que praticou o ato, de forma a poder saber-se claramente as razões por que decidiu da forma que decidiu e não de forma diferente. V) No caso presente, não é novidade que a sisa incidia sobre a transmissão da propriedade do imóvel identificado nos autos, sendo a matéria coletável medida pela contrapartida dessa transmissão, tendo os outorgantes na escritura pública em causa declarado um preço de compra e venda de € 78.560,67, apurando depois a AT, em sede de inspeção junto da empresa vendedora a existência de meios de pagamento no valor total de € 128.440,46, o que significa que sendo a liquidação da sisa realizada pela diferença, mostra-se fechado o silogismo judiciário, num raciocínio suficiente, claro e congruente, constituindo esta liquidação a emanação normal, típica, daqueles pressupostos e das normas jurídicas apontadas. VI) Sobre a AT incide o ónus de provar a existência de todos os pressupostos (de facto e de direito) que a determinaram a efetuar correções ao declarado pelo contribuinte, incumbindo-lhe, por isso, indagar sobre a verificação do facto tributário que afirma ter existido, através da realização de todas as diligências necessárias à descoberta da verdade material, só podendo efetuar a liquidação adicional quando os elementos que tiver apurado permitam formar a séria convicção sobre a existência do facto tributário não declarado (total ou parcialmente) pelo contribuinte (princípio da verdade material - arts. 50.º do CPPT e 58.º n.º 1 da LGT). VII) A recolha de elementos sobre os meios de pagamento no âmbito da empresa vendedora em associação com a declaração por escrito do sócio-gerente de tal empresa no sentido de que o valor real de venda da fração foi superior ao declarado, indicia seriamente que o valor intrínseco do bem é diferente e superior ao declarado na escritura, sendo que esta “fundada suspeita” de falta de aderência à realidade do valor de aquisição declarado mais se adensa se tivermos em linha de conta a constatação de uma situação idêntica, relativamente, a um outro imóvel com tipologia similar e com menos dois terraços/varandas, cujo proprietário regularizou o pagamento da Sisa, desse modo reconhecendo e aceitando a entrega da totalidade dos meios de pagamento detetados aquando da fiscalização à empresa vendedora, o que sugere que a empresa vendedora se “encontrava aberta” a manobras de evasão fiscal deste teor, o que legitima a atuação da AT com referência ao recurso da metodologia alternativa utilizada, apenas se lhe impondo que solicitasse a cooperação devida do recorrido/impugnante no sentido de esclarecer a situação em apreço, sem margem para quaisquer dúvidas admitidas e através do meios de prova admitidos em direito. VIII) Ora, a verdade é que se entende que a AT cumpriu essa obrigação de se dirigir ao contribuinte solicitando-lhe a referida cooperação ao remeter-lhe o relatório inspetivo e ao conferir-lhe o exercício do direito de audição, verificando-se que este alheou-se desta matéria, não enviando cópia dos meios de pagamento solicitados, tendo apenas respondido que a escritura foi realizada e liquidada na presença do notário, não se referindo aos adiantamentos anteriormente entregues à empresa vendedora.

(continuação)

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo

Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo Norte

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Data/Processo Sumário

IX) Assim sendo, com este pano de fundo, impunha-se agora ao Recorrente, com recurso aos meios gerais de prova, desde que não postergados pela lei, desde o documental ao testemunhal, passando pelo pericial, legitimar/evidenciar a sua conduta neste âmbito, situação que este negligenciou, na medida em que se limita, como já ficou dito, a refugiar-se nos termos da escritura, nada alegando no sentido de explicar todo o processo que envolveu tal aquisição, explicando, nomeadamente, o alcance da declaração do Banco mutuante que, pela aludida escritura, concede ao aqui Recorrente um empréstimo da quantia de quinze milhões e setecentos e cinquenta mil escudos e, nesta medida o enquadramento relativamente aos demais meios de pagamento apontados, situação sobre a qual o Recorrente não tem uma única palavra, realidade que compromete ab initio a sua posição, o que justifica a afirmação acima apontada no sentido de que a prova testemunhal nada aportaria neste domínio, precisamente pela falta de alegação dos factos necessários ao cabal enquadramento da tese do Recorrente.

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo

Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo Norte

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 15.05.2014, Proc. 89/13.2 (publicado em junho)

IVA - LGT - CPPT - reclamação art. 276.º CPPT - nulidade da sentença por omissão de pronúncia e por falta de fundamentação - prescrição - interrupção do prazo I) Em termos de omissão de pronúncia, embora o julgador não tenha que analisar todas as razões ou argumentos que cada parte invoca para sustentar o seu ponto de vista, incumbe-lhe a obrigação de apreciar e resolver todas as questões submetidas à sua apreciação, isto é, todos os problemas concretos que haja sido chamado a resolver no quadro do litígio (tendo em conta o pedido, a causa de pedir e as eventuais exceções invocadas), ficando apenas excetuado o conhecimento das questões cuja apreciação e decisão tenha ficado prejudicada pela solução dada a outras. E questão, para este efeito (contencioso tributário), é tudo aquilo que é suscetível de caracterizar um vício, uma ilegalidade do ato tributário impugnado. II) No que concerne à nulidade da sentença por falta de fundamentação de facto e de direito, há que ter em atenção que, como é sabido, só se verifica tal nulidade quando ocorre falta absoluta de fundamentação, sendo que há que distinguir cuidadosamente a falta absoluta de motivação da motivação deficiente, medíocre ou errada. O que a lei considera nulidade é a falta absoluta de motivação; a insuficiência ou mediocridade da motivação é espécie diferente, afeta o valor doutrinal da sentença, sujeita-a ao risco de ser revogada ou alterada em recurso, mas não produz nulidade. Por falta absoluta de motivação deve entender-se a ausência total de fundamentos de direito e de facto. III) Com a alteração que o art. 40.º da Lei n.º 55-B/2004 introduziu no n.º 1 do art. 48.º da LGT, o prazo de prescrição das dívidas relativas a IVA e, em certos casos, a impostos sobre o rendimento, passou a contar-se a partir do início do ano civil seguinte àquele em que se tenha verificado, respetivamente, a exigibilidade do imposto ou o facto tributário. IV) A Lei n.º 53-A/2006, de 29-12, dando nova redação ao art. 49.º da LGT veio consignar no n.º 3 deste preceito que “(s)em prejuízo do disposto no número seguinte, a interrupção tem lugar uma única vez, com o facto que se verificar em primeiro lugar”. V) Assim, no caso dos autos, em foram identificados dois factos interruptivos da prescrição da divida exequenda já na vigência da LGT - a citação na execução fiscal e a reclamação graciosa - antes da entrada em vigor da aludida nova redação do art. 49.º da LGT, ocorrendo a interposição do recurso hierárquico na vigência da redação atual do agora apontado art. 49.º n.º 3 da LGT, não tem esse facto eficácia interruptiva do prazo prescricional. VI) Este novo elemento ocorrido já em 2007 não tem por efeito nova interrupção da prescrição, pois que segundo o n.º 2 do artigo 49.º da LGT (aplicável por força do n.º 2 do artigo 12.º do CC), a interrupção da prescrição tem lugar uma única vez, com o facto que se verificar em primeiro lugar e, no caso dos autos, a prescrição tinha já sido interrompida com a citação na execução fiscal e a reclamação graciosa.

6. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo

Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo Norte

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7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE)

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 19.06.2014, Proc. C-53/13 e C-80/13

Livre prestação de serviços - Agência de trabalho temporário - Destacamento de trabalhadores por uma agência estabelecida noutro Estado-Membro - Restrição - Empresa utilizadora de mão de obra - Retenção na fonte do imposto sobre o rendimento desses trabalhadores - Obrigação - Pagamento ao fisco - Obrigação - Caso de trabalhadores destacados por uma agência nacional - Inexistência dessas obrigações O artigo 56.º TFUE opõe-se a uma regulamentação, como a que está em causa no processo principal, por força da qual as sociedades estabelecidas num primeiro Estado-Membro que recorrem a trabalhadores empregados e destacados por agências de trabalho temporário estabelecidas num segundo Estado-Membro, mas que operam no primeiro Estado pela mediação de uma sucursal, são obrigadas à retenção na fonte e ao pagamento antecipado, ao primeiro Estado, do imposto sobre o rendimento devido pelos referidos trabalhadores, quando a mesma obrigação não está prevista para as sociedades estabelecidas no primeiro Estado que utilizam os serviços de agências de trabalho temporário estabelecidas nesse mesmo Estado.

Acórdão de 13.06.2014, Proc. C-377/13

IS - Reenvio prejudicial - Conceito de ‘órgão jurisdicional de um Estado-Membro’ - Tribunal Arbitral Tributário - Diretiva 69/335/CEE - artigos 4.º e 7.º - Aumento do capital social de uma sociedade de capitais - Imposto de selo em vigor em 1 de julho de 1984 - Supressão e posterior reintrodução deste imposto de selo Os artigos 4.º, n.º 1, alínea c), e 7.º, n.os 1 e 2, da Diretiva 69/335/CEE do Conselho, de 17 de julho de 1969, relativa aos impostos indiretos que incidem sobre as reuniões de capitais, conforme alterada pela Diretiva 85/303/CEE do Conselho, de 10 de junho de 1985, devem ser interpretados no sentido de que se opõem a que um Estado-Membro reintroduza um imposto sobre as entradas de capital relativamente a operações de aumento de capital social abrangidas pela primeira destas disposições, que estavam sujeitas a esse imposto em 1 de julho de 1984, mas que foram, em seguida, dele isentadas.

Acórdão de 12.06.2014, Proc. C-461/12

IVA - Reenvio prejudicial - Sexta Diretiva IVA - Isenções - Artigo 13.º, B, alínea d), pontos 3 e 5 - Conceitos de ‘demais títulos’ e de ‘outros efeitos de comércio’ - Sistema de promoção de vendas - Cartão de desconto - Base de tributação O artigo 13.º, B, alínea d), da Sexta Diretiva 77/388/CEE do Conselho, de 17 de maio de 1977, relativa à harmonização das legislações dos Estados-Membros respeitantes aos impostos sobre o volume de negócios - Sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado: matéria coletável uniforme, deve ser interpretado no sentido de que a venda de um cartão de desconto, como o que está em causa no processo principal, não constitui uma operação relativa a «demais títulos» ou a «outros efeitos de comércio», na aceção, respetivamente, dos pontos 5 e 3 desta disposição, que visa certas operações que os Estados-Membros devem isentar de imposto sobre o valor acrescentado.

7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 12.06.2014, Proc. C-39/13, C-40/13 e C-41/13

Fiscalidade - Liberdade de estabelecimento - Imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas - Unidade fiscal entre sociedades do mesmo grupo - Pedido - Fundamentos de recusa - Localização, noutro Estado-Membro, da sede de uma ou de várias holdings intermédias, ou da sociedade-mãe - Falta de estabelecimento estável no estado de tributação 1) Nos processos C-39/13 e C-41/13, os artigos 49.º TFUE e 54.º TFUE devem ser interpretados no sentido de que se opõem à legislação de um Estado-Membro por força da qual uma sociedade-mãe residente pode constituir uma unidade fiscal com uma subfilial residente quando a detém por intermédio de uma ou várias sociedades residentes, mas não pode constituir essa unidade fiscal quando detém a subfilial por intermédio de sociedades não residentes que não dispõem de um estabelecimento estável nesse Estado-Membro. 2) No processo C-40/13, os artigos 49.º TFUE e 54.º TFUE devem ser interpretados no sentido de que se opõem à legislação de um Estado-Membro por força da qual o regime da unidade fiscal pode ser concedido a uma sociedade-mãe residente que detenha filiais residentes, mas não a sociedades-irmã residentes cuja sociedade-mãe comum não tem a sua sede nesse Estado-Membro, nem dispõe aí de um estabelecimento estável.

Acórdão de 05.06.2014, Proc. C-500/13

Reenvio prejudicial - IVA - Diretiva 2006/112/CE - Dedução do imposto pago a montante - Bens de investimento - Bens imóveis - Regularização das deduções - Legislação nacional que prevê um período de regularização de dez anos Os artigos 167.°, 187.° e 189.° da Diretiva 2006/112, do Conselho, de 28 de novembro de 2006, relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado, e o princípio da neutralidade fiscal devem ser interpretados no sentido de que não se opõem a disposições do direito nacional, como as que estão em causa no processo principal, que, em caso de alteração da afetação de um bem de investimento imobiliário, em virtude de esse bem ter sido afetado, num primeiro momento, a uma utilização que não dá direito a dedução do imposto sobre o valor acrescentado e, num momento posterior, a uma utilização que dá esse direito, preveem um período de regularização de dez anos a contar do início da utilização do bem, excluindo, assim, que a regularização possa ser efetuada de uma só vez no decurso de um único exercício fiscal.

Acórdão de 05.06.2014, Proc. C-24/12 e C-27/12

Fiscalidade - Livre circulação de capitais - Restrições - Pagamentos dos dividendos de um estado-membro para um território ultramarino do mesmo Estado - Âmbito de aplicação do direito da União - Regime especial UE-PTU O direito da União deve ser interpretado no sentido de que não se opõe a uma medida fiscal de um Estado-Membro que restringe os movimentos de capitais entre esse Estado-Membro e o seu próprio país e território ultramarino, ao prosseguir, de forma efetiva e proporcionada, o objetivo de luta contra a evasão fiscal.

7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia

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Data/Processo Sumário

Acórdão de 05.06.2014, Proc. C-255/13

Fiscalidade - Reenvio prejudicial - Segurança social - Regulamento (CE) n.º 883/2004 - Artigos 19.º, n.º 1, e 20.º, nº.s 1 e 2 - Regulamento (CE) n.º 987/2009 - Artigo 11.º - Nacional de um Estado-Membro segurado no Estado da residência - Ocorrência de uma doença grave e inesperada durante as férias noutro Estado-Membro - Pessoa obrigada a permanecer nesse segundo Estado durante onze anos, devido à sua doença e à disponibilidade de cuidados médicos especializados na proximidade do local onde vive - Fornecimento de prestações em espécie nesse segundo Estado - Conceitos de ‘residência’ e de ‘estada’ O artigo 1.º, alíneas j) e k), do Regulamento (CE) n.º 883/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril de 2004, relativo à coordenação dos sistemas de segurança social, deve ser interpretado no sentido de que, para efeitos dos artigos 19.º, n.º 1, ou 20.º, n.ºs 1 e 2, deste regulamento, quando um cidadão da União, que residia num primeiro Estado-Membro, ficou grave e inesperadamente doente enquanto passava férias num segundo Estado-Membro e foi forçado a permanecer durante onze anos nesse Estado em razão dessa doença e da disponibilidade de cuidados médicos especializados na proximidade do local onde vive, deve considerar-se que esse cidadão se encontra em situação de «estada» nesse último Estado-Membro, quando o centro habitual dos seus interesses se situa no primeiro Estado-Membro. Cabe ao órgão jurisdicional nacional determinar o centro habitual dos interesses desse cidadão através da apreciação do conjunto dos factos relevantes e atendendo à sua vontade, tal como ela resulta desses factos; a mera circunstância de esse cidadão permanecer no segundo Estado-Membro durante um longo período de tempo não é suficiente, por si só, para considerar que reside nesse Estado.

Acórdão de 30.04.2014, Proc. C-209/13 (publicado em junho)

Fiscalidade - Sistema comum de imposto sobre as transações financeiras - Autorização de uma cooperação reforçada ao abrigo do artigo 329.º, n.º 1, TFUE - Decisão 2013/52/UE - Recurso de anulação com fundamento na violação dos artigos 327.º e 332.º TFUE, bem como do direito internacional consuetudinário 1) É negado provimento ao recurso. 2) O Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte é condenado nas despesas. 3) O Reino da Bélgica, a República Federal da Alemanha, a República Francesa, a República da Áustria, a República Portuguesa, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia suportam as suas próprias despesas.

7. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia

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8. Jurisprudência do Centro de Arbitragem Administrativa (CAAD)

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Notícias Inforfisco 68

Data/Processo Sumário

Acórdão de 09.05.2014 Proc. 191/2013-T (publicado em junho)

TGIS - Verba 28.1

Acórdão de 30.04.2014 Proc. 288/2013-T (publicado em junho)

IS - Terreno para construção - Verba 28.1 da TGIS

Acórdão de 22.04.2014 Proc. 310/2013-T (publicado em junho)

IS - Os terrenos para construção - Verba 28.1 da TGIS

Acórdão de 22.04.2014 Proc. 236/2013-T (publicado em junho)

IVA - Competência material do tribunal arbitral - Pedido de revisão oficiosa - Reconhecimento do direito à dedução do IVA

Acórdão de 21.04.2014 Proc. 85/2013-T (publicado em junho)

IRC - Amortizações

Acórdão de 21.04.2014 Proc. 270/2013-T (publicado em junho)

IRS - Tributação de mais-valias - Certificação nos termos do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro

Acórdão de 21.04.2014 Proc. 215/2013-T (publicado em junho)

IS - Terrenos para construção - Verba 28.1 da TGIS

Acórdão de 11.04.2014 Proc. 185/2013-T (publicado em junho)

IS - Propriedade vertical - Verba 28.1 da TGIS

Acórdão de 31.03.2014 Proc. 143/2013-T (publicado em junho)

IRC - Derrama - Regime Especial de Tributação de Grupos de Sociedades

Acórdão de 10.03.2014 Proc. 248/2013-T (publicado em junho)

IS - Propriedade vertical - Verba 28.º da TGIS

Acórdão de 17.02.2014 Proc. 204/2013-T (publicado em junho)

IVA - Contrato de empreitada executado por consórcio externo

Acórdão de 06.02.2014 Proc. 104/2013-T (publicado em junho)

IRS - Residência fiscal

8. Jurisprudência do Centro de Arbitragem Administrativa

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Notícias Inforfisco 69

Data/Processo Sumário

Acórdão de 20.12.2013 Proc. 38/2013-T (publicado em junho)

IRC - Regime da eliminação da dupla tributação económica dos dividendos auferidos pelas SGPS

Acórdão de 25.11.2013 Proc. 92/2013-T (publicado em junho)

IRC - Tributação autónoma

Acórdão de 10.10.2013 Proc. 80/2013-T (publicado em junho)

IRC - Prestações suplementares/acessórias - dedutibilidade fiscal dos juros suportados - Artigo 23.º do CIRC e artigo 32.º, n.º 2 do EBF

8. Jurisprudência do Centro de Arbitragem Administrativa

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9. Publicações

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Notícias Inforfisco 71

Tipo Sumário

Country-specific Recommendations

Commissioner Šemeta's speech and the full documents

Country-specific Recommendations

Recommendation for a Council Recommendation on Portugal’s 2014 national reform programme and delivering a Council opinion on Portugal’s 2014 stability programme

Report VAT: Report on feasibility of new rules 2015

Press Release

Council agrees to close tax loophole for corporate groups

Press Release Preparation of Economic and Finance Ministers Council, Luxembourg 20 June (MEMO/14/428 18/06/2014) On the agenda: Closing loopholes in company taxation, Code of Conduct on Business Taxation, Energy taxation and European Semester.

Press Release

Taxation: New guidelines on transfer pricing See "Other news" and the frequently asked questions (MEMO/14/394 04/06/2014)

Press Release

State aid: Commission investigates transfer pricing arrangements on corporate taxation of Apple (Ireland) Starbucks (Netherlands) and Fiat Finance and Trade (Luxembourg) (IP/14/663 11/06/2014)

News Release Eurostat 92/2014 - taxation trends in the European Union - the overall tax-to-GDP ratio in the EU28 up to 39.4% of GDP in 2012

Information

Andorra commits to automatic exchange of information in tax matters

Information VAT 2015 - A video of the 2 June London conference on the new rules for supplies of broadcasting, telecom and e- services is online

Information

Taxation: a new web page outlines the tax issues addressed by the "European Semester" co-ordination process and the tax-related recommendations to EU countries

Information

The Customs 2020 Programme

Information

The Fiscalis 2020 Programme

OECD Article Advancing global action to support fiscal sustainability

Press Release

Building growth: Country-specific recommendations 2014 (IP/14/623 02/06/2014)

9. Publicações

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