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EDIÇÃO MENSAL ONLINE JUNHO 2012
Notícias do ténis Esta newsletter foi escrita no âm
bito do novo Acordo Ortográfico.
O conquistador
Pela primeira vez, João Sousa alcançou o quadro principal de singulares de um dos maiores torneios do Mundo. Três triunfos no “qualifying” de Roland Garros,
em que também participaram sem sucesso Frederico Gil, Pedro Sousa e Gastão Elias (e também Michelle Larcher de Brito, na fase prévia feminina),
colocaram o vimaranense de 23 anos na elite da segunda prova do Grand Slam de 2012. O ano tem corrido de feição
para João Sousa, com um percurso sempre em ascensão desde 2008 no “ranking” mundial. Atualmente, o tenista, cujo perfil traça-se nesta
edição, posiciona-se em 147.º, mas tem como melhor registo a 128.ª posição em 7 de maio deste ano.
2 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
Uma nova imagem para a FPT
EDITORIAL
Federação Portuguesa de Ténis
Rua Ator Chaby Pinheiro, 7A — 2795-060 Linda-a-Velha
Tel.: 214 151 356 Fax: 214 141 520 [email protected] www.tenis.pt
EDIÇÃO ONLINE Direção: José Corrêa de Sampaio. Coordenação: José Santos Costa
Numa conjuntura de austeridade e de incerteza generalizada, o ténis assume-se, cada vez mais, como uma forma de escape para um dia
a dia nem sempre fácil. Com um mediatismo crescente, apoiado por profissionais experien-tes e com uma rede de infraestrutu-ras de qualidade, a nível nacional, o ténis, através dos seus clubes, tem vindo a assistir a uma maior afluência de jogadores e pratican-tes, interessados em usufruir de um ambiente social descontraído e da prática de uma modalidade com
preços convidativos. Consciente da importância de uma boa estratégia de comunicação e da necessidade de chegar junto destes nossos atletas, responsá-veis e amigos do ténis, de uma forma eficiente e apelativa, a Fede-ração Portuguesa de Ténis tem vindo a desenvolver diversas ações na área do design gráfico e da pla-taforma informática de que dispõe, como forma de suporte a este obje-
tivo. Num clima de forte contenção orça-mental e de dificuldades financeiras acentuadas, a FPT tem colocado na criatividade e na inovação a sua tónica dominante. Sem capacidade para recorrer a outsourcing, os recursos usados têm sido exclusi-vamente internos, quer da estrutura
da Federação, quer da Direção, numa clara aposta na “prata da casa” e na sua competência e dedi-
cação. Criámos assim uma nova imagem de marca, diferenciadora, moderna e comunicativa, capaz de simboli-zar a evolução para etapas mais ambiciosas de desenvolvimento e de prática do nosso desporto. Na continuação do que tem vindo já a ser feito, esta inovação em termos de branding e os novos códigos visuais da FPT serão aplicados progressivamente em todos os materiais e meios de comunicação (estacionário, folhetos e site entre
outros). Também o portal da Federação vai ter, muito em breve, um novo
layout. Impunha-se um ajustamento na sua imagem, por forma a torna-la mais atraente, mais moderna, mais amigável e mais operacional. Na prática, trata-se de um novo visual para o site principal, disponibilizan-do a informação de uma forma mais estruturada e mais lógica, apoiada num backoffice completa-mente remodelado e mais flexível. Numa primeira fase, o conteúdo da informação será semelhante ao atualmente existente, embora com um novo rosto e maior facilidade de
navegação, no entanto, numa segunda fase, pretende-se evoluir para novos conteúdos e funcionali-dades, tais como a inscrição de jogadores online, a criação de um cartão virtual e a automatização da gestão de realização das competi-
ções. Queremos que a Federação Portu-guesa de Ténis esteja mais próxi-ma da grande família que tutela (adeptos, praticantes, jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes) e
tudo faremos com esse objetivo. Isabel Cunha d’Eça Vice-Presidente
O conquistador
Pela primeira vez, João Sousa alcan-çou o quadro principal de singulares de um dos maiores torneios do Mun-do. Três triunfos no “qualifying” de Roland Garros, em que também parti-ciparam sem sucesso Frederico Gil, Pedro Sousa e Gastão Elias, coloca-ram o vimaranense de 23 anos na elite da segunda prova do Grand Slam de 2012. A temporada tem corrido de feição para João Sousa, com um percurso sempre em ascensão desde 2008 no “ranking” mundial. Atualmente, posi-ciona-se em 147.º, mas tem como melhor registo a 128.ª posição em 7 de maio deste ano, que começou com a presença no Open da Austrália, cedendo na última ronda do “qualifying”. Em Mersin, na Turquia, somou o segundo título de singulares em tor-neios “Challenger”, o que lhe valeu a entrada no “top” 150 mundial pela primeira vez na sua carreira. Ultrapassou a fase de qualificação em Barcelona, torneio de categoria 500, e João Lagos entregou-lhe um “wild card” para a edição de 2012 do Estoril Open. E João Sousa não podia ter correspondido melhor com a pre-sença nos quartos de final. João Sousa encontra-se radicado em Barcelona desde os 15 anos. Um empréstimo contraído pela família
JOÃO SOUSA: pela primeira vez, o vimaranense jogou o quadro principal de Roland Garros, logo no ano de estreia absoluta
3 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
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JOÃO SOUSA vive em Barcelona desde os 15 anos
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4 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
Marinho de Sousa possibilitou que o jovem integrasse a Barcelona Total Tennis. Vive sozinho, cuida da sua roupa e dedica-se de corpo e alma ao ténis. E tem sido recompensado pelo sacrifício. Começou a competir em “Futures” em 2007, ainda júnior. Na sua primei-ra participação, João Sousa atingiu os quartos de final, posição que repe-tiu nesse ano, em que acabou por quedar-se em 951.º no “ranking” ATP. Em 2008, João Sousa atingiu as meias-finais de um “Futures” e no Estoril Open, após ultrapassar o “qualifying”, foi travado por Frederico Gil na segunda ronda do quadro prin-cipal de singulares. No final do ano, galgou 200 posições, ascendendo até 564.º. No ano seguinte, João Sousa foi vice-campeão num “Futures” nas Canárias, onde, um mês depois, con-quistou o primeiro título no circuito profissional, em La Palma. Cedeu nas duas finais seguintes e acabou o ano em 443.º. Em 2010, que fechou em 244.º, atingiu a segunda ronda de um “Challenger” em Marrocos e, em “Futures”, esteve perto do “Grand Slam”, depois de ter somado triunfos em três torneios consecutivos: Vall-doreix, Tenerife e Lanzarote (todos em Espanha). O ano de 2011 não podia ter corri-do melhor, com o primeiro triunfo no “Challenger” de Furth (Alemanha) e os triunfos nos “Futures” espanhóis de Sabadel, Lleida e Balaguer. Em 2012, João Sousa concretizou o sonho de jogar o quadro principal
outro feito: no Estoril Open, tornou-se no quinto português nos quartos de final, juntando-se a Cunha e Silva (1992), Nuno Marques (1995), Frede-rico Gil (2006, 2008 e 2010) e Rui
Machado (2010). Em Furth, João Sousa, que não conseguiu revalidar o título de singu-lares, somou o segundo triunfo em pares num torneio do ATP Challen-ger Tour, juntamente com Arnau Bru-gues-Davi. A primeira vitória do vima-ranense acontecera em Tampere, na Finlândia, em 2010, ao lado de Leo-
nardo Tavares.
de Roland Garros, logo no ano de estreia absoluta do vimaranense no
pó de tijolo de Paris. Estreou-se na grelha principal fren-te ao espanhol Marcel Granollers (23.º ATP). E, tal como prometera antes, deu tudo por tudo, marcando mais um feito notável do ténis portu-guês nas provas do Grand Slam, numa temporada em que Frederico Gil foi o primeiro tenista masculino português a jogar uma terceira ronda do quadro principal de um “major”,
no Open da Austrália. Neste ano, João Sousa assinou um
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À porta dos Jogos Olímpicos
Neste ano olímpico, completam-se 24 anos da participação de Marco Seruca no torneio europeu de quali-ficação para os Jogos Olímpicos de Seul, na Coreia do Sul, em 1988, edição que marcou o regresso da modalidade ao programa do maior evento desportivo do planeta, depois de 64 anos de ausência. O convite a Seruca partiu da Federa-ção Portuguesa de Ténis, mas a presença de um tenista português em Budapeste, na Hungria, não foi
bem-sucedida. “Eu sabia que era difícil porque o nível de competição era bastante elevado, mas acreditava que, com um pouco de sorte, era possível qualificar-me”, recorda Marco Seru-ca, admitindo ter ficado “um pouco desiludido por ter perdido” com o
inglês Richard Winchell. Com 21 anos naquela altura, Marco Seruca, que se posicionava em 800.º na classificação mundial, acreditou que podia ganhar a Win-chell, no encontro da primeira ron-da, mas o britânico levou-lhe a
melhor em duas partidas. Marco Seruca rememora que “a qualificação, de quinta-feira a domingo, realizou-se em terra bati-da, apesar de o torneio olímpico, em Seul, se jogar em campo rápi-
do”. “Na altura, eu estava bem dentro da minha época competitiva e,
sem ter alguém com quem treinar. Na minha memória ficou registado o facto de, durante as refeições princi-pais no hotel em que eu estava alo-jado, em regime de ‘full board’, a minha mesa, que era sempre a mesma, estar junto a um pequeno palco. Durante dez dias, em todas as refeições, tive de ouvir umas senhoras a tocar harpa”, notou Mar-
co Seruca. Uma semana em Budapeste deu-lhe “a oportunidade de conhecer bem a cidade de Budapeste, que é incrivelmente rica em termos cultu-
rais e históricos”. Na qualificação para os Jogos Olímpicos de Seul, Marco Seruca recorda que não teve “a noção da dimensão da prova” olímpica, pelo que, para o único representante por-tuguês do ténis nessa qualificação
europeia, foi “um torneio normal”. “Talvez devido a esta ter sido a primeira edição dos Jogos Olímpi-cos em que o ténis era incluído após muitos anos, eu, e creio que muitos participantes, não tínhamos bem a noção da real importância da prova porque, em primeiro lugar nunca tinha visto ténis nos Jogos Olímpicos e, em segundo lugar, porque a própria organização do ‘qualifying’ não era específica. Recordo que alusivo aos jogos olím-picos só existia mesmo o símbolo”,
conclui Marco Seruca.
MARCO SERUCA
como o torneio era em terra batida, não tive necessidade de treinar especificamente para este torneio”,
lembra. O atual treinador de ténis recorda que a sua participação na qualifica-ção europeia foi proposta pela Federação Portuguesa de Ténis,
que suportou “todas as despesas”. “Fui sozinho para Budapeste”, recupera Marco Seruca, lembrando que “o pior” foi ter chegado à capital húngara “com uma semana de ante-cedência, devido a um erro com as
datas enviadas pela organização”. “Devido a esse incidente, fiquei
uma semana sozinho num hotel
6 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
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Certificação de treinadores: uma nova realidade
O período transitório para reno-vação da cédula de treinador foi
alargado até 30 de setembro, mas desde 1 de junho que é obrigatória a certificação. O
novo regime jurídico impõe e regulamenta a habilitação pro-
fissional no exercício da ativida-de, sancionando, com multas
pecuniárias, quem não estiver
em conformidade com o decreto-lei n.º 248-A, de 31 de
dezembro de 2008. E exige mais formação dos técnicos,
com a carga horária dos cursos a aumentar dez horas e os está-gios a serem obrigatórios. Vítor
Cabral, diretor do Departamento de Desenvolvimento (DdD) da
Federação Portuguesa de Ténis, considera que “é funda-mental um processo de forma-
ção/certificação credível em qualquer profissão” e lembra que tal “não era considerado
necessário no ténis por treina-dores, clubes ou jogadores”. É
este “grande desafio” que o diri-gente federativo aborda nesta
página e seguintes.
– Cursos mais completos e mais trabalhosos, com estágios, vão trazer um grau de especialização
superior? – Sem dúvida que este novo regime representa um grande desafio e que, certamente, se for bem implementado irá contribuir para uma maior especialização dos
treinadores.
Por um lado, a maior carga horá-ria permitirá um maior desenvolvi-mento das matérias e conteúdos específicos. Este aprofundamento permite um nível completamente diferente de perceção e integração
do conhecimento.
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VÍTOR CABRAL, na companhia de Pedro Cordeiro, considera que o novo regime “irá contribuir para uma maior especialização de treinadores
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Por outro lado, a inclusão do estágio vai possibilitar uma inter-venção direta nos clubes, orientan-do a aplicação prática dos conteú-dos transmitidos na parte curricular. Esta intervenção direta abre cami-nho para uma nova era de comuni-
cação entre a FPT e os clubes. Desta forma, pretende-se agir de uma forma decisiva no processo como os treinadores conduzem os treinos, levando a uma melhoria progressiva na qualidade do ténis
nacional. É difícil, neste momento, perce-ber como é que os treinadores poderão aceder a esta formação com estas cargas horárias, como é que isso se irá compatibilizar com os seus horários de trabalho. Mas penso que as soluções serão encontradas pela maioria dos trei-
nadores interessados. Em muitas outras profissões (professores, médicos, advogados, engenheiros, etc…) faz-se forma-ção com cargas horárias muito maiores e conjugadas com os deveres profissionais. Portanto, será uma questão de evolução para a profissão do treinador que trará, certamente, o aumento da
sua credibilidade. – O novo regime terá a virtude de separar aqueles que tiram um curso apenas e aqueles que o fazem para exercerem a profis-
são? – Penso que, acima de tudo, este
novo regime irá profissionalizar ver-dadeiramente a profissão do treina-dor. Deixará de existir lugar para o autodidata que vive à margem da realidade, num universo próprio onde se auto intitula possuidor de um conhecimento que não é certifi-cado ou atualizado. O radical que critica todos os programas e proje-tos, com base num conhecimento empírico que só ele conhece, está
em vias de extinção. O ténis, infelizmente, tem sido prejudicado ao longo dos anos por estas pessoas que remam sempre contra a maré e impossibilitam a implementação de programas de desenvolvimento fundamentais em qualquer desporto. Tem sido uma
realidade infeliz da nossa modalida-de e os projetos que têm vingado com destaque nacional internacio-nal, como o “Play+Stay” e o “Smashtour”, seu derivado direto, têm avançado à custa da coragem e trabalho de pessoas que aguen-tam, vezes sem conta, o impacto da
crítica destrutiva destes elementos. Na realidade atual, são já casos isolados e perfeitamente identifica-dos, devido, precisamente, ao investimento no processo de forma-ção/certificação da FPT. Relembro que algumas pessoas mantêm o
pessimismo retórico quando a mo-
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dalidade está a viver o seu melhor momento de sempre em resultados competitivos e na implementação dos programas já referidos, apesar do estado da economia. A formação dos treinadores tem tido um papel clara-
mente determinante nesta realidade. O ténis evoluiu já muito nesta área, garantindo que a esmagadora maioria dos treinadores está com certificação devida e com o nível de formação adequado. A adesão está claramente
acima dos 90 por cento. O que esperamos, e sempre promo-vemos, foi a integração destes valio-sos profissionais no processo de for-mação. Serão eles que vão ser sele-cionados pelo DdD para orientar os estágios dos novos treinadores, for-mados neste novo regime que vai
entrar agora em vigor. Devido ao extenso trabalho que realizamos ao longo destes anos, estamos na posição privilegiada de conhecer bastante bem todos os trei-nadores do país. A escolha desta equipa de trabalho será determinante para o futuro deste processo e da
própria modalidade. – Quais são os critérios para seleção dos tutores de estágio? – Para além de cumprirem com os requisitos mínimos (cédula de grau dois ou três regularizada) procurare-mos recrutar pessoas com outras mais-valias como a experiência, for-
mação académica, etc… Determinante será, também, o per-curso que realizaram ao longo desta década de formação, bem como a sua postura para com os programas desenvolvidos pela FPT. É justo que
se recompense quem mais investiu na sua formação e participou no desenvolvimento da modalidade. Existem em todo o país excelentes exemplos de profissionais que sem-pre estão disponíveis para ajudar e promover a modalidade. Queremos uma equipa de trabalho coesa, res-ponsável e entusiástica, em quem o DdD possa depositar a sua confian-
ça. – As cargas horárias vão aumen-tar 10 vezes o número atual e os estágios serão obrigatórios. A mudança não é muito drástica? – É, sem sombra de dúvida, uma mudança radical e difícil para os trei-nadores. Mas penso que será um hábito daqui a alguns anos. Uma nova geração de treinadores apenas conhecerá este regime de formação/
certificação.
Para os outros será complicado procurar subir para níveis de forma-ção superiores, mas não impossível. É importante que todos percebam que para se ser, por exemplo, pro-fessor de Educação Física numa escola é necessário tirar uma licen-ciatura de três anos e um mestrado de dois anos (desde a integração do
processo de Bolonha). Para realizar um trabalho tão específico e importante como ser treinador de uma modalidade não é propriamente adequado, neste con-texto, que a formação se faça ape-nas em meia dúzia de dias. Em alguns países é obrigatório, desde sempre, ser licenciado para poder
ministrar qualquer tipo de treino
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em todas as modalidades (caso de muitos países de leste, com a Rús-
sia à cabeça). Por outro lado, o aumento expo-nencial da carga horária corres-ponde à inclusão do bloco comum (igual em todas as modalidades) e pr inc ipa lmente do estágio (aproximadamente 70 por cento da carga horária total), pelo que pen-so que a adaptação dos novos trei-
nadores será conseguida. Este é um passo evolutivo num processo, que certamente não fica-
rá por aqui. – Era essencial mais e melhor
formação? – Penso que sim. Para além de tudo o que já falámos, penso que a própria questão da classe dos trei-nadores, do seu estatuto profissio-nal, está aqui em jogo. É funda-mental um processo de formação/certificação credível em qualquer profissão. Relembro que, num pas-sado ainda não muito distante, a necessidade de formação ou de certificação não era algo conside-rado necessário no ténis, por trei-nadores, clubes ou jogadores. Isto tem graves implicações na perce-ção que o público em geral tem, por vezes, da modalidade. Os “clientes” que, hoje em dia, apare-
cem nos clubes são muito mais
exigentes e conscientes do que pretendem nomeadamente para os seus filhos e a formação profissio-nal adequada é um critério determi-nante. Qualquer pai pretende que os seus filhos sejam acompanha-dos por um profissional com forma-ção pedagógico-científica adequa-
da. Claro que tudo isto é relativamente
recente e, naturalmente, é difícil con-seguir acompanhar todas as mudan-ças. O resultado de tudo isto é que a classe dos treinadores não está pura e simplesmente habituada à forma-ção/certificação como uma necessida-de para a realização do seu trabalho e, por isso, a sua adaptação ao novo
regime será mais difícil.
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10 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
Mas já evoluímos bastante neste campo com a intervenção do DdD, com a preocupação preparar os trei-
nadores para esta realidade. Muita coisa mudou, em especial nestes últimos sete anos, o que garantiu que os treinadores e o ténis em geral se encontram numa posi-ção confortável e privilegiada relati-vamente a outras modalidades para
a entrada em vigor deste regime.
gatório, desde 1 de Junho, ser por-tador da cédula para exercer a pro-fissão, o que significa que todas as sanções previstas na lei (multas avultadas para o treinador e o clu-be e mesmo proibição/suspensão de atividade) já se encontram em
vigor. Os novos cursos já começam este mês no Algarve e, em julho, em Lisboa. A partir desse momen-to, a formação entra de novo em
velocidade de cruzeiro.
Por tudo isto, vejo este novo regi-me como uma oportunidade para melhorar a todos os níveis e estou convencido da resposta positiva por parte dos treinadores e do ténis em
geral. – Quais são os próximos pas-
sos deste processo? – O período transitório para aqui-sição da cédula de treinador foi alar-gado para 30 de Setembro. No entanto, é importante relembrar que
isto não altera o facto de ser já obri-
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11 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
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Winners
Gil: o ténis em vez do futebol
Frederico Gil foi o entrevistado de Marta Leite de Castro na rubrica “Estilos de Vida” do programa de domingo da RTP “Cinco Sentidos”. O lisboeta recordou a primeira vez em que jogou ténis, na Praia das Maças, com cinco anos, e a estreia em competição, dois anos
mais tarde. “Tinha sete anos quando entrei num torneio de ténis e percebi que gostava da competição”, disse Frederico Gil em entrevista grava-da na “Sponsors Village” do Estoril Open, recordando que, anos mais tarde, repartia a modalidade com o
futebol. Gil recordou que não tinha tem-po “para nada” e que a mãe lhe disse que tinha de fazer uma opção: a prática do futebol ou o a do ténis. A escolha recaiu no fute-bol, mas “três ou quatro semanas depois” optou definitivamente pelo
ténis. “Percebi que era o ténis que eu queria. Assim não estava depen-dente do treinador no futebol, se me escolhia ou não para jogar. No
ténis, sou só eu a jogar”, recordou. Frederico Gil lembrou ainda o avô, que, observou, “jogou fute-
e terminou no “Players Lounge”, local em que, frisou o diretor do Estoril Open, se proporciona momentos relaxantes aos jogado-res, com o propósito de os tornar “felizes”. De permeio, passagem pela avenida das Palmeiras e pelo Centralito, onde o empresário ganhou o seu primeiro título de campeão nacional absoluto, em
1965. “Foi uma grande conquista e o Centralito, considerada a catedral do ténis português, estava cheio”,
rememorou João Lagos.
Benfica”. Por isso, o tenista referiu que traz no sangue o gosto pelo desporto, herdado de duas gera-
ções familiares. Também João Lagos foi entre-vistado por Marta Leite de Castro. Em “A Escolha de Marta” dos “Cinco Sentidos”, o diretor do Estoril Open foi cicerone numa
visita ao complexo do torneio. A partida para a breve digres-são foi na “Sponsors Village” – “onde se fazem grandes negó-cios ao almoço durante a sema-na”, como salientou João Lagos –
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12 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
Winners
Valle Costa e Margarida Moura experimentam sabor do triunfo
Em junho, Joana Valle Costa (atleta residente no CAR) e Margarida Moura (não-residente) experimenta-ram o sabor do triunfo no circuito profissional ITF. As duas tornaram-se nas primeiras portuguesas a vencerem o torneio de pares de Cantanhede. Nunca antes uma dupla lusa ultrapassara as meias-finais e Valle Costa e Moura con-quistaram o primeiro título interna-
cional. No torneio do Clube Escola de Ténis de Cantanhede, também se destacou Beatriz Machado Santos (na foto da direita), de apenas 16 anos, apurada para os oitavos de final de um torneio a contar para o “ranking” WTA. Começou por eliminar Sofia Araújo, que atingiu
quartos de final no ano passado
e depois beneficiou da desistência da espanhola Pilar Dominguez. Assinalável! “Beatriz aposta numa carreira internacional, precisando apenas de mais um torneio para aparecer no ‘ranking’ Mundial’”,
disse o seu treinador, Pedro Bívar. Em Amarante, Joana Valle Cos-ta, de 16 anos também, apurou-se pela primeira vez para a final de um torneio ITF Women. Mas não conseguiu arrecadar o título, dando, porém, boa réplica à francesa Virginie Ayassamy. Em Amarante, Valle Costa, cam-peã nacional de sub-16, esteve bem perto de repetir os triunfos em singulares de Maria João Koehler (2009) e de Magali de Lattre (2011).
Foto: Vítor Garcia
Rui Machado também esteve perante uma câmara de televi-são. No Jamor, o algarvio deu uma entrevista à TV Record Europa, em que revelou algum desalento por não ter tido entra-da direta no quadro de singula-res dos Jogos Olímpicos (ainda pode competir em Londres se tiver acesso a um “wild card”). Machado recordou que, quan-do era mais novo, praticou karaté e natação, mas que foi no ténis que encontrou “uma modalidade muito competitiva”. “Como sou muito competitivo, optei pelo ténis, em que tinha mais torneios. E tive mais sucesso. Foi por isso que me cativou o ténis”, afirmou. O tenista português mais cotado da atualidade fez ainda alusão ao seu momento mais marcante na sua carreira no ténis: o Open dos Estados Uni-dos de 2008, em que, depois do “qualifying”, o português jogou a primeira ronda com o espanhol Fernando Verdasco, que ven-ceu. “Foi uma experiência ines-quecível e a mais marcante até agora”, frisou.
Rui Machado e o ténis
Foto: Arnaldo Carvalho
13 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
Winners
Autênticas aulas ao ar livre
No Porto e em Lisboa, multipli-cam-se as iniciativas para os mais novos. Autênticas aulas ao ar livre e espaços privilegiados de
fomento da prática do ténis. No Dia Mundial da Criança, no âmbito da ligação do CT Porto ao Agrupamento de Escolas Irene Lisboa, organizou-se, pelo segun-do ano consecutivo, uma ação com 240 crianças, dos 4 aos 10 anos (foto ao lado). A iniciativa, como o apoio do DdD da FPT e da Associação de Ténis do Porto, realizou-se no CT Porto, com Nuno Marques, diretor técnico do clube e embaixador K-Open a
dar uma aula a 100 crianças. Em Lisboa, o Dia Olímpico foi assinalado na Quinta das Con-chas, no Lumiar, no âmbito do PNDT, em parceria com a Câma-ra Municipal de Lisboa e do Comité Olímpico de Portugal. Um evento que contou com a partici-pação de quase quatro mil crian-ças, entre os seis e os dez anos, pertencentes às mais diversas escolas do concelho de Lisboa. A FPT disponibilizou dois espaços, para que as crianças pudessem ter um contacto com a modalida-
de. Cerca de 300 crianças, subdi-vididas em grupos de 20, experi-
mentaram jogar ténis. Novamente no Porto, o PNDT visitou o Complexo Desportivo do Monte Aventino, com uma ação de deteção de talentos da Zona Norte, que registou a participação
de quase meia centena de jovens
dos escalões de sub-8 e sub-10, convocados após uma seleção difícil, dado o bom nível apresen-tado pelos atletas das associações regionais de Porto, Aveiro, Coim-bra, Viseu e Vila Real, que partici-param anteriormente nas etapas do circuito K-Open Smashtour
2012.
14 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
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Não há Jamor como o primeiro!
CARLOS FIGUEIREDO Jornalista
«TIE-BREAK»
Não esqueçamos que outro atrativo era a presença
das bonitas primas de João Lagos,
cujos nomes esqueci, mas não
a estampa...
O santuário tenístico do Jamor foi subitamente abalado, antes do começo de mais uma miraculosa edição do Estoril Open. Escrevo miraculosa e todos compreendem
porquê. Sou do tempo em que se pagava uma ninharia pela tarde toda no Jamor, para jogar e ainda se tinha direito a toalha para o duche quente
e sabonete… Também sou do tempo em que o dono (leia-se diretor) do Estádio Nacional era o general Correia Leal, que tinha o “court” central sistemati-camente reservado para si e para os seus compinchas (não pagan-
tes!). Mas pouco incomodava: a nossa turma era composta por quatro ele-mentos básicos — o José Sarama-go, escritor, que vinha de comboio desde a Parede; o Rui Pedrosa, guarda-redes de hóquei em patins da Lisgás e dono do carro da equi-pa; o Maçara, andebolista veterano do Belenenses; e este vosso criado, voleibolista do Lisboa Ginásio. Via-jam os três últimos no carro do Pedrosa, que nos recolhia em San-tos. Às vezes, juntavam-se-nos
outros “penduras” de ocasião. Não esqueçamos que outro atra-tivo era a presença das bonitas pri-
mas da João Lagos, cujos nomes já
esqueci, mas não a estampa… Em suma, tudo evoluiu, criámos carinho pelo Jamor e a ameaça de extinção, total ou parcial, não nos
larga assim. Como se fora consequência de mau agoiro daquele juiz árbitro suíço que dirigiu no Jamor um internacional júnior, que os espanhóis ganharam, e que andava muito alarmado, a ponto
de desabafar assim: — Vocês, portugueses, são muito ricos, estou aqui há quatro dias e aquela torneira não para de escorrer
água! Essas constatações do helvético estavam a pressagiar uma falta de meios que não podia ser só para os
outros. Um abraço para todos! P.S.: Numa época em que o fanatis-mo do apaniguados do chamado desporto-rei transforma o relvado em campo de batalha, é grato verificar que ainda há solidariedade no Mun-do. Não podia ficar indiferente à maravilhosa colaboração de um nor-te-americano anónimo, cuja medula foi doada ao português Gustavo. É difícil contá-los, mas são certamente centenas de milhar disponíveis em todo o Mundo. Valha-nos isso!