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nÚmero 141 15 de outubro a 15 de novembro de 2014 2 € periódico galego de informaçom crítica livros transmontanos 14 A Tragamundos é umha livraria cul- tural especializada em Trás-os- Montes e Alto-Douro. O seu respon- sável, António Alberto Neves, aposta em revalorizar a cultura galega em contacto com a do norte português. auGe e caída dos verdes 13 Com a crise económica e energética nasce um forte movimento ecologista na Alemanha dos 70, do que surdirá Die Grünen. Nos 80 boicotavam a in- vestidura do chanceler Khol; hoje ne- gociam pactos com Merkel. N ovas da G ali a “Qualquer processo de confluência cidadá tem que começar desde abaixo” IAGO MARTíNEZ porta-voz rotatório da ‘Marea Atlántica’ da Corunha Pág. 6 oPiniom UE 2014/2019: A CONTINUIDADE DAS POLíTICAS DE AUSTERIDADE por Lidia Senra / 3 O PRIMEIRO DEVER por José E. Vicente / 3 ARREDISTAS por César Caramês / 28 suPlemento central a revista COUTO MISTO: A REPÚBLICA ESQUECIDA (II) X. Pereira analisa os privilégios que tinha a vizinhança destas terras ubicadas arredor do limite administrativo com Portugal A VISIBILIDADE DO CINEMA NA GALIZA Julio Vilariño reflite sobre as dificultades da populaçom para aceder a projeçons de cinema de qualidade As gentes galegas estivérom presentes na vida do escritor argentino quando começava a sua trajetória literária / PÁG.22 As transnacionais imponhem as regras acordo de livre comércio ue-eua Os representantes políticos da Uniom Europeia e os Estados Unidos iniciárom em 2013 as conversas para configurar o acordo multilateral mais impor- tante das últimas décadas, o Tratado Transatlántico de Co- mércio e Investimento (ACTI ou TTIP). Com o objetivo de criar o maior mercado do mundo (800 milhons de consumidores e a metade do PIB global), o TTIP pretende homogeneizar à baixa as regulaçons dos diferentes es- tados e pôr as leis ao serviço das grandes empresas. / PÁG. 10-12 Quanto paga o Sergas por privatizar o aborto? custo da objeçom de consciência A falta de regulaçom da objeçom de consciência torna a lei de 2010 um texto insuficiente para garantir os direitos sexuais e re- produtivos e fai da interrupçom da gravidez (IVE) uma presta- çom privatizada. Em 2012 houvo 3.655 IVEs e praticamente todas se fizerom em clínicas privadas que cobrárom da Junta entre 400 e 750 euros por aborto. A ideologia dos e das objectoras está a passar por cima dum di- reito das pacientes. / PÁG. 18-19 nova lei beneficia comPanhia liGada ao narcotrÁfico Cortázar e a diáspora galega junta Pom-se ao serviço dos Grandes emPresÁrios do joGo A Junta anunciou umha modificaçom da Lei do Jogo que permitirá a apertura dum casino na cidade de Vigo, pregandose assim a umha das demandas da grande empresa do sector do jogo, a Cirsa. Esta com- panhia, que foi investigada por relaçons com narco- tráfico e lavagem de capitais, opera no nosso país em colaboraçom com a Egasa, com a qual partilha num 50% a propriedade do casino da Toja. O presi- dente da Cirsa, Manuel Lao, medrou no mundo em- presarial ao abeiro de CiU e as investigaçons sobre o escándalo das ITV catalás tirárom a luz movimen- tos mafiosos desta empresa do jogo. / PÁG. 16-17 SANDRA G. REY

Novas da Galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz141.pdf · 2017-11-29 · 02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014 Se tés algumha crítica a fazer,

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nÚmero 141 15 de outubro a 15 de novembro de 2014 2 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

livros transmontanos 14A Tragamundos é umha livraria cul-tural especializada em Trás-os-Montes e Alto-Douro. O seu respon-sável, António Alberto Neves, apostaem revalorizar a cultura galega emcontacto com a do norte português.

auGe e caída dos verdes 13Com a crise económica e energéticanasce um forte movimento ecologistana Alemanha dos 70, do que surdiráDie Grünen. Nos 80 boicotavam a in-vestidura do chanceler Khol; hoje ne-gociam pactos com Merkel.

Novas da Gali a

“Qualquerprocesso de confluênciacidadá temque começardesde abaixo”

IAGO MARTíNEZporta-voz rotatório da ‘Marea Atlántica’da CorunhaPág. 6

oPiniom

UE 2014/2019: A CONTINUIDADE DASPOLíTICAS DE AUSTERIDADE por Lidia Senra / 3

O PRIMEIRO DEVER por José E. Vicente / 3

ARREDISTAS por César Caramês / 28

suPlemento central a revista

COUTO MISTO: A REPÚBLICA ESQUECIDA (II)X. Pereira analisa os privilégios que tinha a vizinhança destasterras ubicadas arredor do limite administrativo com Portugal

A VISIBILIDADE DO CINEMA NA GALIZAJulio Vilariño reflite sobre as dificultades da populaçom paraaceder a projeçons de cinema de qualidade

As gentes galegas estivérom presentes na vida do escritorargentino quando começava a sua trajetória literária / PÁG.22

As transnacionaisimponhem as regras

acordo de livre comércio ue-eua

Os representantes políticos daUniom Europeia e os EstadosUnidos iniciárom em 2013 asconversas para configurar oacordo multilateral mais impor-tante das últimas décadas, oTratado Transatlántico de Co-mércio e Investimento (ACTI ou

TTIP). Com o objetivo de criar omaior mercado do mundo (800milhons de consumidores e ametade do PIB global), o TTIPpretende homogeneizar à baixaas regulaçons dos diferentes es-tados e pôr as leis ao serviço dasgrandes empresas. / PÁG. 10-12

Quanto paga o Sergaspor privatizar o aborto?

custo da objeçom de consciência

A falta de regulaçom da objeçomde consciência torna a lei de2010 um texto insuficiente paragarantir os direitos sexuais e re-produtivos e fai da interrupçomda gravidez (IVE) uma presta-çom privatizada. Em 2012 houvo

3.655 IVEs e praticamente todasse fizerom em clínicas privadasque cobrárom da Junta entre400 e 750 euros por aborto. Aideologia dos e das objectorasestá a passar por cima dum di-reito das pacientes. / PÁG. 18-19

nova lei beneficia comPanhia liGada ao narcotrÁfico

Cortázar e a diáspora galega

junta Pom-se ao serviço dosGrandes emPresÁrios do joGo

A Junta anunciou umha modificaçom da Lei do Jogoque permitirá a apertura dum casino na cidade deVigo, pregando se assim a umha das demandas dagrande empresa do sector do jogo, a Cirsa. Esta com-panhia, que foi investigada por relaçons com narco-tráfico e lavagem de capitais, opera no nosso país

em colaboraçom com a Egasa, com a qual partilhanum 50% a propriedade do casino da Toja. O presi-dente da Cirsa, Manuel Lao, medrou no mundo em-presarial ao abeiro de CiU e as investigaçons sobreo escándalo das ITV catalás tirárom a luz movimen-tos mafiosos desta empresa do jogo. / PÁG. 16-17

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RA

G. R

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Page 2: Novas da Galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz141.pdf · 2017-11-29 · 02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014 Se tés algumha crítica a fazer,

02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

mineiras de corcoestoquerem ocultar a sua debilidade financeira

A Plataforma pola Defesa deCorcoesto e Bergantinhos consi-dera o anúncio das negociaçonsda Edgewater com um grupo em-presarial espanhol para retomaro projeto mineiro de Corcoesto,um 'globo sonda' para ocultar asua extrema debilidade financei-ra e tratar de melhorar as pers-petivas de cotizaçom da empresacujo valor em bolsa está afundi-do desde outubro de 2013, quan-do o Presidente da Junta anun-ciou no Parlamento a paralisa-çom definitiva do projeto por in-cumprir as garantias técnicas eeconómicas. A capitalizaçom embolsa da matriz canadense conti-nua, depois do anúncio feito pú-blico o dia de ontem, em níveismínimos históricos, o que deter-mina a falta de credibilidade queesta nova gera dentro dos poten-ciais investidores.

Por outra banda, considera-mos totalmente falso que Minei-

ra de Corcoesto poda retomar econtinuar o projeto mineiro deCorcoesto -consiga ou nom umsócio financeiro- toda vez que atramitaçom do projeto mineiroestá “concluída”, segundo pala-vras do próprio diretor-geral deIndústria, Ángel Bernardo Taho-ces. Qualquer intento de sacaradiante o projeto passaria neces-sariamente pola apresentaçomdum novo projeto que teria queseguir a tramitaçom administra-tiva necessária com exposiçompública e fase de alegaçons aomesmo por parte dos cidadaos eafetados. O comunicado vemconfirmar que a Edgewater e aMineira de Corcoesto continuamcom a sua conhecida estratégiade manipulaçom, enredo e enga-no à cidadania e mesmo aos in-vestidores.

Em relaçom à situaçom finan-ceira, depois de analisar as últi-mas contas presentadas e con-sultados diversos expertos namatéria, a Plataforma consideraque a Mineira de Corcoesto, S.L.incumpre a normativa contávelespanhola que obriga a amorti-zar os ativos intangíveis reco-

nhecidos no ativo do balanço.Em consequência, as contasanuais nom refletiriam, de acor-do com a normativa, a verdadei-ra situaçom económica e finan-ceira da empresa.[...]

Nas contas anuais tampouco se

regista, em contra da opiniom dosexpertos, nengum deterioramen-to do valor dos ativos intangíveisderivado da negativa resoluçomda Junta de Galiza que impede aexploraçom do jazigo mineiro.[...] A contabilizaçom deste dete-

rioramento ou a explicaçom daincidência da resoluçom adminis-trativa nas contas anuais, suporia,a juízo da Plataforma, um acusa-do pioramento da situaçom eco-nómica e financeira, tanto da fi-lial, Mineira de Corcoesto, comoda sua matriz Edgewater.

Outro extremo que acredita aextremada e delicada situaçom fi-nanceira é que o ativo corrente daempresa, que ascende a510.099,96 euros, é muito inferiorao passivo corrente (dívidas a cur-to prazo) que ascendem a12.086.952,55 euros o que deter-mina que a empresa nom tem nen-gumha capacidade de fazer fronteás dívidas a curto prazo. Esta cons-titui a causa típica de concurso decredores, manifestada pola inca-pacidade de fazer frente às dívidasexigíveis a curto prazo.

A Plataforma estará atenta aqualquer movimento da Edgewa-ter e vai continuar trabalhando pa-ra impedir que este despropósitode projeto saia adiante em contrados interesses da cidadania.

Plataforma pola Defesa de Corcoesto e Bergantinhos

Conhecemos, ao fio do fe-cho desta ediçom, que fi-nalmente os organismos

judiciais atuantes na Galizaabrem umha investigaçom sobrea manifesta ilegalidade dos traba-lhos de mineraçom da CementosCosmos na Vila Velha de Triacas-tela. Trata-se de trabalhos que es-tám a pôr em grande risco, casode nom terem provocado já danosirreparáveis nela, a Cova Eirós,contedora dumha importantemostra de pinturas rupestres dasmais antigas localizadas em terri-

tório galego. Age a fiscalia do Tri-bunal Superior de Justiça da Gali-za em resposta à denúncia inter-posta pola ADEGA, que leva mes-ses a elevar a voz canda a vizi-nhança da paróquia contra osabusos da cimenteira apoiados elegitimados polo concelho deTriacastela e a Junta da Galiza.

Atua a procuradoria estatal emdefesa deste jazigo arqueológicoúnico, sim. Mas enquanto os orga-nismos da 'Justiça' demoravam ase decidir a tomar medidas, já a fi-lial do grupo brasileiro Votorantim

tivo tempo de utilizar os tribunaiscomo arma. Reclamando milharesde euros a quem tem alertado dasagressons ao património que a mi-na traz consigo, procura silenciarpola via do afogamento económi-co. Fai-no porque o modelo de jus-tiça estatal segue a ser umha ma-quinária ao serviço do poder, emais se cabe desde as reformasdas taxas judiciais do governo es-panhol do Partido Popular.

A vizinhança da Vila Velhaameaçada pola Cosmos tem co-metido o 'delito' de dar publici-

dade, ante os silêncios de boaparte da indústria mediática sis-témica, as irregularidades comas que a cimenteira tem conse-guido que se lhe permita seguira agredir o território. A Cosmos'pede' que se deixem de emitirnas redes sociais opinions queconsidera que suporiam “danoscontra a honra” da empresa depredaçom do território.

O seu caso traz duas liçons im-portantes. Dumha banda, a eficá-cia dum ativismo enraizado portodas as partes do território, capaz

de proteger o local e lançar alar-mas que ativem a necessária in-dignaçom e resposta. Doutra, anecessidade de assentar redes desolidariedade, caixas de resistên-cia extensas capazes de protegera quem defendendo o território ouo património se expom a ser alvodo aparato repressivo que é a jus-tiça dos poderosos. A associaçomcultural 'O Iribio' e a vizinhançada Vila Velha som exemplo do pri-meiro, e a perseguiçom com que aCosmos pretende amedonhá-lasprova do segundo.

Solidariedade contra a ‘Justiça’editorial

humor suso sanmartin

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDITORAA.C. MINhO MEDIA

CONSELhO DE REDAçOMIván G. Riobó, Aarón López Rivas, Rubén Melide, Xavier Miquel, Raul Rios,Xoán R. Sampedro, Olga Romasanta, BetiVázquez, Alonso Vidal e Ana Viqueira

SECçONSCronologia: Iván Cuevas / Economia:Raul Rios / Mar: Afonso Dieste / Media: Xoán R. Sampedro e Gustavo Luca / Além Minho: Eduardo S. Maragoto / Povos:

José Antom ‘Muros’ / Dito e Feito: Olga Ro-masanta / A Denúncia: Iván García / Despor-tos: Anjo Rua Nova e Xermán Viluba / Consu-mir Menos, Viver Melhor: Xan Duro / A Crian-ça Natural: Maria Álvares Rei / Agenda: IreneCancelas / A Revista: Rubén Melide / A Gali-za Natural: João Aveledo Língua Nacional:Isabel Rei Samartim / Criaçom: Patricia Ja-neiro / Cinema: Xurxo Chirro, Iván GarcíaAmbruñeiras e Julio Vilariño

DESENhO GRÁFICO E MAQUETAçOMhilda Carvalho, Manuel Pintor

FOTOGRAFIAArquivo NGZ, Sole Rei, Galiza Independente(GZI-Foto), Zélia Garcia, Borja Toja

ADMINISTRAçOM: Carlos Barros Gonçales

AUDIOVISUAL: Galiza Contrainfo

hUMOR GRÁFICOSuso Sanmartin, Pestinho, Xosé Lois hermo,Gonzalo, Ruth Caramés, Pepe Carreiro, Mincinho, Beto

FEChO DE EDIçOM: 22/10/2014

CORREçOM LINGÜíSTICAXiam Naia, F. Corredoira, Vanessa Vila Verde, Mário herrero, Javier Garcia, Iván Velho, José Dias Cadaveira, Albano Coelho

COLABORAM NESTE NÚMEROSuso Sanmartin, Lidia Senra, José E. Vicente, Vera-Cruz Montoto, Adriana P. Villanueva, Carlos C. Varela, Xan de Camorga, Alexandre Costa, César Caramês, Ernesto Vázques Souza, X. Pereira, Charo Lopes, Lara Rozados

Page 3: Novas da Galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz141.pdf · 2017-11-29 · 02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014 Se tés algumha crítica a fazer,

Há 150 anos a AssociaçomInternacional dos Traba-lhadores publicava o seu

manifesto inaugural, no qual seafirmava que a conquista do po-der político era "o primeiro deverda classe operária". Nom só de-sapareceu esta obriga funda-mental da política, senom que acondicionam novas exigências.Jameson assinala como as prin-cipais a desapariçom do passado-como um elemento que vertebrao presente- e o debilitamento dofuturo, com o esvaimento daideia dum grupo revolucionárioque transformará a sociedade.

Esta nova política vive no pre-sente, exalta a ausência dum pas-sado interpretado sistematica-mente como culpa ou suspeita, eignora os sacrifícios polo futuro.As inovaçons foram umha pro-messa incumprida, e salvo aseleiçons todo é umha ilusom. OSubcomandante Marcos compa-rava numha carta o fetichismoeleitoral com os produtos milagre-anunciados no mesmo meio, astelevisons- que prometem a pos-sibilidade de adelgaçar sem fazerexercício. Os projetos tradicio-nais -o partido, o sindicato, o an-tagonismo, a açom coletiva, a lui-ta de classes, a hipótese comunis-ta- som entendidos como meramelancolia de esquerdas que

nom rivaliza com o acerto dosconsumidores que escolhem um-ha marca eleitoral.

Milhares de pessoas nas ruashá três anos e milhons de votos

agora, convertem-se no célebreteste das manchas de Rorschach:tentamos decifrá-lo e organizarinformaçom ambígua e confusamas em realidade projetamos asnossas dúvidas e expetativas.Nem de esquerdas nem de direi-tas, neutrais em torno à autode-terminaçom, indiferentes à assi-milaçom cultural, mas sempredos nossos, que podem ser mui-tos e nom sempre os mesmos: ocrepúsculo do Estado nascido daTransiçom ou a sua renovaçom,o trunfo definitivo do nomadismoe as multitudes, a vitória da cida-dania livre de hierarquias, o su-cesso da ética, o sentido comumque nos devolverá à normalidadeprévia ao dilúvio, ou umha estra-

tégia tam hábil que supera, só po-las suas próprias habilidades, otestemunhalismo da esquerda.

Na política sem política a parti-cipaçom é aparência, o programaretórica, a mudança reestabiliza-çom. E as esperanças geradas an-tecipam a inminente frustraçom.Contra a opçom e tentaçom da re-tirada política, o repto é conver-ter o presente no centro de anoa-mento entre o passado comoaprendizagem e o futuro revolu-cionário como horizonte: a liber-taçom do povo como obra do po-vo mesmo, trás um esforço pro-longado e umha dura experiên-cia. Mesmo poderíamos aceitarque quase tudo mudou, agás onosso primeiro dever.

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

oPiniom

OParlamento Europeu vemde confirmar, com 423votos a favor, 209 em con-

tra, entre eles o da Alternativa Ga-lega de Esquerda em Europa, e 67abstençons, a nova ComissomEuropeia.

Analisando o processo de ava-liaçom das candidatas e doscandidatos, podemos dar-nosconta da contradiçom entre aideia da Europa que nos ven-dem e a Uniom Europeia queconservadores e socialdemocra-tas sustentam.

Simplesmente vendo a arquite-tura desta Comissom damo-nosconta de a que interesses respon-de: Arias Cañete, com interessesem negócios relacionados com aindústria petroleira, de Comissá-rio de Açom polo Clima e Energia.Jonathan Hill, Comissário de Es-tabilidade Financeira, ServiçosFinanceiros e Uniom dos Merca-dos de Capitais, relacionado comum think tank especializado noassessoramento sobre reformasdos serviços públicos e propostaseconómicas. Marianne Thyssen,Comissária de Emprego, AsuntosSociais, Capacidades e Mobilida-de Laboral, dirigente do PartidoCristao Democrata Flamengo que

vem de anunciar um programa decortes na Bélgica que tivo comoresposta a convocatória dumhagreve geral para o 15 de dezem-bro. Maros Sefcovic, Vicepresi-dente e Comissário da Uniom daEnergia, conhecido opossitor àsluitas contra a mudança climáticae às de promoçom das energiasrenováveis. Tibor Navracsics, Co-missário de Educaçom, Cultura,Juventude e Cidadania, membrodum governo húngaro que fixoreformas constitucionais que es-magárom o estado de direito, feitopolo que este governo foi adverti-do várias vezes pola UE. Estes

som apenas alguns exemplos.Mas também nom podemos en-

ganar-nos e permitir que, depois,desde os governos e desde os par-tidos que os sustentam se botembolas fora. Os Comissários e asComissárias forom propostos po-los Governos dos Estados mem-bro e, por tanto, a Comissom Eu-ropeia é a expressom, em primei-ro lugar, do que os governos que-rem que seja e, em segundo lugar,da vontade dos partidos conser-vadores e socialdemocrata quecom os seus acordos sustentamas políticas neoliberais.

O Sr. Junker e o Conselho Eu-

ropeio constituírom umha Comis-som para seguir fazendo a políti-ca das multinacionais, em contradas classes populares e da inmen-sa maioria da cidadania.

Em todo o seu discurso, o Sr.Junker dedicou menos dum mi-nuto a falar de desemprego, zerominutos a falar da agricultura,zero minutos à pobreça e exclu-som social e zero minutos à dé-veda que atenaça os povos doSul da Europa.

Ficou claro que esta Comis-som seguirá a aplicar as políticasde austeridade, seguirá exigindoreformas estruturais e seguirá

promovendo o desmantelamen-to e privatizaçom dos serviçospúblicos e dos bens comuns co-mo a água ou as sementes e oacaparamento das terras.

Estamos ante umha Comissomque vai seguir impulsando políti-cas que vam vulnerar direitoshumanos fundamentais comosom a alimentaçom, a saúde, oensino ou a vivenda.

O reforço das luitas que os po-vos estám a levar adiante contraas políticas neoliberais e a pro-fundizaçom das alianças da es-querda ruturista som cada vezmais necessários para lograr po-líticas que ponham os direitosdas pessoas por cima dos inte-resses do capital.

UE 2014-2019: a continuidadedas políticas de austeridade

Lidia Senra

O primeiro deverJosé E. Vicente

Estamos ante umhaComissom que vaiseguir impulsandopolíticas que vamvulnerar direitos humanos fundamentais comosom a alimentaçom,a saúde, o ensinoou a vivenda

A nova política viveno presente, exaltaa ausência dumpassado interpretadosistematicamentecomo culpa ou suspeita, e ignora ossacrifícios polo futuro

Page 4: Novas da Galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz141.pdf · 2017-11-29 · 02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014 Se tés algumha crítica a fazer,

04 acontece Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

aconteceUm juíz de Carvalho rejeitou umha solici-tude de execuçom hipotecária ao entenderque a entidade financeira incurrira numabuso das cláusulas contratuais, motivo re-colhido na doutrina aprovada polo Tribu-nal de Justiça das Comunidades Europeias.

imPedido um desPejo Graças a umha doutrina da ue

A revista de Adif deixou de considerarcomo Alta Velocidade Espanhola a linhaferroviária Ourense-Santiago. Fai-no de-pois de que esta publicaçom passa-se aser considerada como prova no proces-so judicial de Angróis.

adif exclue ourense-santiaGo das linhas ave

Raul Agulheiro Cartoy foi de-tido pola Guardia Civil e sub-metido à legislaçom antiter-rorista. O ministério espa-nhol do Interior, através dasua conta na rede social Twit-ter, responsabilizou Agulhei-ro da explosom que causoudanos materiais na casa doconcelho de Baralha.

NGZ / A Guardia Civil apresou emCompostela o jovem independen-tista Raul Agulheiro Cartoy, quefoi enviado a prisom sem fiançaacusado dos delitos de “integra-çom em banda armada”, “estragosterroristas” e “depósito de explo-sivos” após ter-se acolhido ao seudireito a nom declarar perante ojuiz da Audiência Nacional espa-nhola Fernando Andreu.

Um desproporcionado disposi-tivo foi despregado no 3 de outu-bro polos militares, cortando oacesso à rua do Espírito Santo pa-ra registrar o domicílio em quemorava Agulheiro Cartoy. O mo-ço, natural da Marinha, foi arrou-pado por dúzias de pessoas que seconcentrárom no lugar em mostrade solidariedade. Em aplicaçomda legislaçom antiterrorista, ficouincomunicado e foi transladado a

Madrid para ser posto a disposi-çom do tribunal de excepçom es-panhol. Após três dias puido final-mente comunicar com a famíliadesde o penal de Soto del Real, emque se encontra dispersado.

Os protestos contra a detençomrepetírom-se em dias posterioresem Compostela e noutros pontosda Galiza, nomeadamente na Ma-rinha. Na capital galega é conhe-cido o ativismo de Raul Agulheirocontra das vulneraçons de direitosaparelhadas ao marco jurídico deexcepçom da legislaçom 'antiter-rorista'. Desde os seus inícios faiparte da associaçom Que voltempara a casa, da qual tem exercidocomo porta-voz.

As organizaçons juvenis da es-querda nacionalista e independen-tista manifestárom também o seurechaço a esta nova 'campanhamediático-policial'. Briga, Isca!,Galiza Nova e Xeira emitírom cadaum o seu comunicado em solida-riedade com o detido, reclamandoa sua imediata posta em liberdade.

Interior criminaliza a militánciaindependentista no TwitterImediatamente logo do apresa-mento, o ministério do Interioraproveitou a rede social Twitter

para criminalizar a militáncia deRaul A. Cartoy no independentis-mo, responsabilizando-o nestarede da sabotagem com explosi-vos que dous dias antes causaradanos materiais na casa do con-celho de Baralha. O departamen-to que dirige Jorge FernándezDíaz emitiu um comunicado re-produzido na íntegra pela im-prensa sistémica que ligava o jo-vem à “organizaçom terrorista”baptizada polo estado como 'Re-sistência Galega'.

Transladam de prisom Maria Osório, Antom Santos,Eduardo Vigo e Teto FialhegaNas últimas semanas a presa polí-tica Maria Osório e os presos polí-ticos Antom Santos, Eduardo Vigoe Roberto Rodrigues Fialhega 'Te-to' comunicárom o seu translado aoutros centros penitenciários, os'destinos definitivos' onde cumpriras condenas impostas pola Au-diencia Nacional espanhola emsetembro de 2013, segundo infor-ma o organismo antirrepresivo

Ceivar. Assim, Santos ingressou jáao penal de Dueñas (Palência), Vi-go foi conduzido desde Mansillade las Mulas (Leom) até Ocaña I(Toledo), Fialhega foi transladadoa Valhadolid e Osório fica presaem Mansilla de las Mulas, a 200quilómetros da sua morada emBezerreá. A dispersom obriga a fa-miliares e amizades a percorre-rem cada ano por volta de 564.000quilómetros, a distáncia equiva-lente a rodear 14 vezes a Terrapassando polo equador.

Apresado em Compostela maisum militante independentista

justiça esPanhola acusa-o de “inteGraçom em banda armada”, “estraGos terroristas” e “dePósito de exPlosivos”

10.09.2014 / Pais e Mais da es-cola infantil de Maceda de Tri-ves manifestam-se contra a su-pressom do posto de cozinhei-ro no centro.

11.09.2014 / Plataforma Galiza comCatalunya organiza pola Diadaconcentraçom em Compostelaa favor do direito a decidir.

12.09.2014 / Juíza Pilar De Larapede a contabilidade do PP deLugo, Corunha, Compostela,Ferrol e Ourense.

13.09.2014 / Plataformas deemigrantes retornados home-nageiam em Coristanco MaríaÁngeles Lorenzo Rey, que qui-tou a vida o ano anterior aonom poder pagar as sançonsde Fazenda.

15.09.2014 / Meio cento de vizi-nhos de Chantada protestamcontra as verteduras de águasresiduais ao rio Asma.

16.09.2014 / Professorado con-centra-se no CEIP Ben-Cho-

Shey de Pereiro de Aguiar, on-de Filipe de Bourbon e LetiziaOrtiz inauguram o curso esco-lar, para rejeitar a política edu-cativa da Junta e exigir a retira-da da LOMQE.

17.09.2014 / Condenados aum total de 11 anos e 5 me-ses 6 das 11 pessoas acusa-das polos incidentes na ma-nifestaçom de Galicia Bilin-güe em 2009. Um deles teriaque entrar na cadeia ao terpena de 4 anos.

18.09.2014 / Trabalhadores daENCE em Návia e Pontevedramanifestam-se em solidarieda-de com os seus companheirosde Huelva (Andalucia).

19.09.2014 / Amplo desprega-mento policial causa um detidono despejo dumha família emArins (Compostela), que foraimpedido por duas vezes.

20.09.2014 / Cámara de Teu res-titue a corporaçom municipalde 1936.

21.09.2014 / Porta do Sol em Vi-go acolhe manifestaçom con-tra a mudança climática.

22.09.2014 / BNG denuncia o in-cumprimento do Plano de Norma-lizaçom Linguística quando sefam 10 anos da sua aprovaçom.

23.09.2014 / Meio cento de vizi-nhos de Sam Tisso (Composte-la) percorrem a distáncia entrePenaposta e a Pedreira paraprotestar contra o projeto de li-nha de alta tensom de Fenosa.

cronoloGia

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

24.09.2014 / Morre um operárioagrícola eletrocutado na Riba(Estrada) e outro esmagadobaixo umha máquina em SamCosme (Melide).

25.09.2014 / Acampada frente àsede da Junta em Vigo para de-nunciar demoras na tramitaçomda RISGA e reclamar recursospara as pessoas excluídas. Apolícia despeja-a a dia 30.

26.09.2014 / Meio cento de pes-soas concentra-se en Lugo

contra a abertura dumha gaso-lineira próxima ao Minho.

27.09.2014 / Associaçom polarecuperaçom da memória his-tórica de Marim organiza ho-menagem no Poço da Revolta aCarmen Pesqueira Dominguez“A Capirota”, violada e assasi-nada em 1936.

28.09.2014 / Manifestaçons re-clamam o aborto livre e gratuí-to em Compostela, Ferrol, Vigo,Lugo e Corunha.

30.09.2014 / AMI anúncia a suadissoluçom.

01.10.2014 / Artefato explossivoestoura na casa do concelhode Baralha.

02.10.2014 / Morre um homemem Coirós, alegadamente apóscapotar o seu trator.

03.10.2014 / Polícia espanholadetem em Compostela sob le-gislaçom antiterrorista R.A.C.,ao que acusam de colocar um

artefato explossivo em Baralhaa dia 1 de outubro.

04.10.2014 / Mais de 120 persoasparticipam na marcha reivindi-cativa para salvar as árvoresdas fragas de Catasos, afetadaspola linha eléctrica Irijo-Lalim.

05.10.2014 / Umhas três mil pes-soas manifestam-se na Corunhapola aboliçom das touradas.

06.10.2014 / Abanca culmina aabsorçom do Banco Etcheverría.

07.10.2014 / BAMAD denunciaque a Junta exclue da convoca-tória de ajudas para a adquisi-çom de fundos bibliotecas pú-blicas os concellos de mais de30.000 habitantes.

08.10.2014 / Audiência levantaimputaçom a 12 membros deAdif polo acidente ferroviáriode Angrois.

09.10.2014 / Apresenta-se emSantiago a candidatura cidadáCompostela Aberta.

cronoloGia

Segundo os últimos dados do IGE, em 2011 só 44% dosgalegos declarava falar “sempre” na língua própria,enquanto em 2001 essa resposta era a dum 57% dosquestionados: um descenso de 13 pontos em apenas 10anos. No lado contrário, os que dim falar galego “às ve-zes” aumentárom de 30% a 45% no mesmo período.

forte caída das Pessoas monolínGues em GaleGo

A revista de temática decrescentista ‘15/15\15’ está a pre-parar a publicaçom do seu número zero através dumhacampanha de mecenato virtual. Entre os impulsores es-tám Manuel Casal Lodeiro ou Xoán Doldán, da Associa-çom Véspera de Nada. Nos dous primeiros dias, conse-guírom quase a metade dos 5.700 que necessitam.

‘15/15\15’, revista Para a ‘iii revoluçom da esPécie humana’

NGZ / O julgamento político quesentou o independentista HeitorNaia no banco de acusados daAudiência Nacional espanholaficou visto para sentença a co-meços de mês. O arredista, vizi-nho de Vigo, leva desde dezem-bro de 2012 em liberdade provi-sória e imputado canda outrasduas pessoas por terem partici-pado na colocaçom dos “três ar-tefactos explosivos” que causá-rom danos materiais nas ante-nas de radio e televisom domonte Sampaio, na cidade olívi-ca, durante unha açom aconte-cida em agosto de há dous anos.Naia, quem empregou o galegona sua declaraçom, negou a suaimplicaçom nestes feitos, con-tradizendo assim a versom dadapor outro dos julgados: XurxoRodríguez Olveira.

Assim, Rodríguez Olveira de-clarou-se responsável do acon-tecido e inculpou Naia, Santín emesmo o preso político EduardoVigo, quem nom estava a ser jul-gado por estes feitos e a quemacusou de lhe ter ensinado apreparar uns explosivos que, se-gundo o seu relato, Naia teriacolocado ao pé das antenas.Num julgamento anterior reali-zado em março, Olveira dixoque “asumo mi responsabilidad,

me arrepiento y pido perdón porlos hechos” após se reconhecera sim próprio como “membro deResistência Galega”.

Pola sua banda, o terceiroacusado polos danos ocasiona-dos nas antenas do monte Sam-paio, Diego Santín, confirmouque o carro que Olveira condu-zia no momento em que foiapresado era da sua proprieda-de e que mercou o material como qual, segundo o escrito da acu-saçom, fôrom fabricados os ex-plosivos. Porém, Santín Monte-

ro sublinhou que desconheciapara que se ia usar esse mate-rial. O viguês reconheceu fazerparte do movimento indepen-dentista no momento dos feitos,acrescentando a seguir que “noconsidero que la violencia seanecesaria”. Sem incriminar nin-guém nem aceitar os cargos de“pertença a banda armada”,Santín reconheceu-se autor dosfeitos que se lhe imputam, poloque a fiscalia rebaixou a peti-çom de pena a 3 anos de prisome outros 3 de liberdade vigiada.

Visto para sentença ojulgamento em que Heitor Naiaenfrenta 17 anos de prisom

NGZ / O titular do Julgado de Ins-truçom número 4 da Corunha ab-solveu a seis ativistas de Stop Des-pejos da acusaçom de “desobe-diência” que formulara a Subde-legaçom do Governo na sua con-tra. As seis pessoas julgadasfôrom detidas durante o despre-gue policial efeituado para despe-jar da sua vivenda a umha vizinhacorunhesa em novembro de 2013.Porém, o juiz considerou que nomtivera lugar tal delito do qual selhes acusava e declarou a sua ab-solviçom sem ser necessário ini-ciar a vista judicial.

A plataforma Stop Despejos ACorunha chamou a umha concen-traçom nas portas dos julgadoscorunheses e denunciou a arbitra-

riedade com a que estas ativistasforam detidas no seu momento.Num comunicado prévio à absol-viçom, Stop Despejos qualificavade “vingativa” a operaçom policialde novembro, pois numha oca-siom anterior a mobilizaçom po-pular conseguira paralisar o des-pejo da vizinha corunhesa.

Concentraçons perante IGVSNo dia 17 de outubro Stop Despejosrealizou concentraçons perante asoficinas de Instituto Galeego de Vi-venda e Solo (IGVS) em diversas ci-dades do país. Com esta açom, oscoletivos ánti-despejos reivindicá-rom umha vivenda digna e denun-ciárom a mala praxe da Junta nagestom do parque de vivenda social.

Absolvem seisativistas de StopDespejos na Corunha

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

José Luis Iravedra, ex presidente do PP da província deLugo e representante do mesmo partido no Conselho deAdministraçom da CRTVG, foi imputado por carrexar ido-sos com demência senil ou Alzheimer nas eleiçons auto-nómicas de 2012. O deputado Ramón Vázquez (AGE), au-tor da denúncia, exigiu o cesamento imediato de Iravedra.

ex Presidente do PP luGuês imPutado Por carrexar votos

O conselho nacional do Bloque decidiu que a frente na-cionalista se apresentará às eleiçons municipais sob o no-me ‘BNG - Assembleias Abertas’. O gesto, que chega de-pois de rejeitar participar das chamadas marés, supomsegundo Xavier Vence “abrir as candidaturas à participa-çom dessa cidadania que quer mudar as cousas”.

‘bnG-assembleias abertas’ serÁ a marca Para as municiPais

“O processo de empoderamento cidadámtem que continuar depois das eleiçons”

iaGo martíneZ é Porta-voZ rotatório da marea atlÁntica

A. LOPES / “Nom estamos sozi-nhos nem sozinhas. E tambémnom acabamos de chegar. Pre-cedem-nos movimentos pluraise muitos anos de mobilizaçom eorganizaçom desde abaixo”. Es-tas som algumhas palavras doManifesto Marea Atlántica que háuns meses iniciou o processocom o que dotar de vida os bair-ros da Corunha e ativar mecanis-mos de participaçom cidadá.Preparando-se para as vindeiraseleiçons municipais, as Mareasjá medrárom em vários zonas dacidade como o Orçám, a CidadeVelha ou Os Malhos e a Falperra.Também aparecêrom, entre ou-tras, a Marea Feminista, a de Ou-tro Urbanismo ou a Animalista,havendo na atualidade umhasdez assembleias cidadás às quese aguarda que se somem mais.Segundo indica Iago Martínez, hámais de mil pessoas a participardas Mareas e mais de um centonos diversos grupos de trabalho.

Em que momento se encontra aMarea Atlántica e com que forçascontades?A Marea Atlántica está, felizmen-te, num momento de desborda-mento cidadao. Estamos a come-çar a segunda fase. A primeira foia apresentaçom do manifesto,com o que se atingírom mais de2.800 apoios, e começar a ativar opulmom do processo, que som asMareas. Na semana passada, fige-mos um ato público, baixo o título'Hai Marea' como um sintoma deque isto é já imparável, em que seapresentárom os princípios bási-cos. A resposta das assembleiasestá a ser mui positiva. A gente as-sume com ilusom o processo e hátambém umha boa disposiçomdas forças políticas que se víromidentificadas com o manifesto.Esta segunda fase passa por se-guir consolidando as Mareas, quesom assembleias abertas mastambém um processo de trabalhopara a construçom dum projeto

participativo. O seguinte passo da-rá-se em dezembro com a convo-catória da 'Marea Viva'. Será umponto de inflexom. Nesse momen-to, as forças políticas terám queter decidido se se diluem no pro-cesso e a Marea tomará decisonssobre temas como a metodologiapara o processo de primáriasabertas ou a redaçom de um pro-grama participativo.

Nom tedes medo a que gentecom experiência política colhamais peso nas assembleias doque aquela gente que nom a tem?A organizaçom da Marea estápensada para que isso nom acon-teça. A multiplicaçom de assem-bleias contribue a diluir os perfiscom maior experiência militante.Ademais, as Mareas nom tomamapenas decisons sobre o seu bair-ro, senom sobre o conjunto da Ma-rea Atlántica. Existe também umgrupo de mediaçom cuja funçomé velar para que os perfis mais do-minantes em contextos assem-bleares nom bloqueiem outros.Este grupo fai também umha ava-

liaçom permanente do processo eintenta-se que em todas as assem-bleias esteja presente alguém des-te grupo ou algumha pessoa comexperiência em facilitaçom e di-namizaçom.

Se se consegue representaçommunicipal, criarám-se mecanis-mos que acheguem as decisonsda cidadania ao Concelho?Isto vai-se construindo com otempo da Marea. É um processode mínimos que avança a modo.A semana passada apresentamosos nossos quatro princípios bási-cos: vida digna para todas as pes-soas, economia justa e sustentá-vel, democracia e participaçomcidadá e um novo contrato éticoentre a cidadania e os seus repre-

sentantes. Estes princípios impli-cam a criaçom de mecanismos dedecisom, participaçom e rendi-çom de contas. Na 'Marea Viva'de dezembro e nas suas jornadaspreparatórias se debaterá e deci-dirá quais mecanismos serám emconcreto. O processo cidadaonom se detém em Maria Pita. Oempoderamento cidadao tem quecontinuar após as eleiçons, sejaqual seja o resultado.

Podem-se conjugar os ritmospróprios das instituiçons, maisligados à eficiência, e os ritmosassembleares, mais pausados ereflexivos?A assembleia é umha ferramenta,que segundo se utilize pode pro-duzir democracia ou nom. Tam-bém se produze democraciaquando, por exemplo, há umhadelegaçom de confiança e depoisse submetem as decisons a umhaassembleia. A Marea Atlánticapensou-se nesses dous vectores.Por um lado a participaçom aber-ta e plural, mas também a eficáciaante os tempos que nos impom

presentar-nos a umhas eleiçonsmunicipais. E polo de agora há umbom resultado.

Há algum tipo de projeto de caraa entrar nas deputaçons?A Marea é um processo municipa-lista, mas isto nom quere dizerque nom nos decatemos da impor-táncia que tenhem as deputaçonsno poder local e que, por desgra-ça, é cada vez maior. Mas qual-quer processo de confluência temque começar de abaixo. Se se par-tilham objetivos e métodos pode-rám-se somar forças para atingiras deputaçons. Estám a medrarmuitos processos de confluênciacidadá na Galiza, mas haverá queestudar se é possível umha ativi-dade conjunta.

Como som as relaçons com as or-ganizaçons políticas com as queas Mareas tenhem reivindica-çons comuns?Ao princípio figemos um chama-mento a agentes coletivos, entreos que se contavam partidos, mo-vimentos sociais, ONGs..., paraestabelecer um diálogo e resolverdúvidas. A este chamado respon-dêrom organizaçons sociais e par-tidos como Anova, Equo, EspazoEcosocialista, EU, BNG, Compro-miso, Partido Humanista... Fôromreunions transparentes e o seuconteúdo está publicado na nossaweb. A nossa proposta era que, separtilhavam o espírito da Marea,se diluíssem neste processo e ani-massem às suas bases a participar.Até o de agora, sem nengumhaexceçom, todos os partidos que sereunírom com nós tenhem gentedas suas bases a participar.

“O mês de dezembroserá um ponto de

inflexom neste projeto”

“A assembleia é umha ferramenta:

pode produzir democracia ou nom”

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

O Sindicato Independiente de Trabajadores, sinalado co-mo “amarelo” desde outros sindicatos, ganhou com maio-ria absoluta as eleiçons da planta viguesa (20 represen-tantes). UGT conseguiu 6 delegados; CCOO, 3; CIG, 2 e aCUT outros 2. É a primeira vez que a CUT logra represen-taçom em Citroën.

‘sindicato indePendiente’ volve Ganhar em citroën

As propostas feitas pola direçom, que aposta numha “fren-te ampla nom excluínte”, ganhárom as votaçons, e os pos-tos de representaçom fôrom ocupados polo setor Irmandi-nho de Beiras e Noriega, a FPG e o MpB, graças ao sistemade listas abertas puras. No fecho desta ediçom, o coletivocrítico Cerna ainda nom votara a sua eventual cissom.

anova sai dividida da sua seGunda assembleia nacional

NGZ / Cementos Cosmos, a em-presa proprietária da polémicamina em Triacastela situada aci-ma da Cova de Eiros, reclama45.000 euros ao presidente da as-sociaçom cultural 'O Iribio', Mar-cos Celeiro, por considerar queprovocou danos à honra da em-presa. Segundo explicou Celeiroa NOVAS DA GALIzA, esta denúnciabasea-se em comentários e infor-maçons publicadas em Facebooke Twitter, na publicaçom de umvídeo em YouTube e no descum-primento de umha denúnciaapresentada por ele contra a ce-menteira, a qual o acusa de de-núncia falsa. Celeiro afirma quese trata de umha açom de “escar-mento público” para aquelas pes-soas que estám a mobilizar-secontra a atividade de CementosCosmos em Triacastela e assinalaque nom lhe pidem que retire doseu perfil nas redes sociais os co-mentários, senom que deixe deemiti-los e que se a sentença é cul-patória que a publique.

Porém, esta nom é a únicaaçom legal iniciada pola empresa

contra a vizinhança de Vila Velha.Assim, o presidente de O Iribiodenúncia também que há pro-prietários de fincas que estám areceber buro-faxes prévios a umpossível despejo e, devido a umhaconcessom para o uso da água dorio Teixido por parte de CementosCosmos, se está a dificultar o tra-balho de regadio da vizinhança.

Denúncia na ProcuradoriaPola sua banda, o coletivo ecolo-gista Adega acudiu à Procurado-ria de Meio Ambiente e Patrimó-

nio para solicitar a paralizaçomdo trabalho de Cementos Cosmosem Vila Velha para assim salva-guardar os jazigos arqueológicosda Cova de Eiros. “Solicitamos aoProcurador Público que logo deinstar à paralisaçom cautelar dasobras, dea traslado do caso ao jul-gado pola suposta comissom dumdelito contra o Património Histó-rico e a possível prevaricaçom naqual incorreriam as administra-çons, como cooperadoras neces-sárias desta desfeita”, afirma Ade-ga na sua web.

Cementos Cosmos demandaas vozes críticas contra a mina de Triacastela

NGZ / Emilio Sánchez del Peso, in-terno na prisom pontevedresa daLama, passou 50 dias em greve defame em denúncia dos maus tratoshabituais neste centro penitenciá-rio, segundo informou o grupo Ga-liza Sul da campanha Cárcere=Tor-tura. Segundo este coletivo, nesses50 dias Sánchez nom recebeu nen-gum tipo de assistência médicaquando o Regulamento Penitenciá-rio indica que nestes casos o presodeve ser deslocado à enfermariaaos 25 ou 30 dias e o médico da ca-deia redigir um relatório de segui-mento. O observatório Esculca tam-bém denunciou a situaçom destepreso, quem antes de rematar coma greve de fame viu reduzida a suamassa corporal em 20 kilos.

Sánchez del Peso participa dacampanha Cárcere=Tortura, aqual procura respostar a violênciapadecida polas pessoas presas.Como denúncia a maus tratos re-cebidos desde a sua chegada à

prisom da Lama, Sánchez inicioua 14 de agosto umha greve de fa-me indefinida que se prolongouaté o 2 de outubro, data em que asua saúde se viu deteriorada se-riamente e foi deslocado à enfer-maria. Cárcere=Tortura denúnciaque tal deslocamento fora solici-tado em várias ocasions por Sán-chez e o seu avogado mas que aspetiçons nom se vírom atendidase que as cartas de ánimo ao presoem luita fôrom retidas pola fun-cionariado da cadeia.

Nas últimas semanas houveconcentraçons de apoio a Sán-chez del Peso nas cidades de Vigoe Ourense. Cárcere=Tórtura temrecolhidas várias denúncias demaus tratos e abusos na prisomda Lama. Neste mesmo centro pe-nitenciário, há uns meses regista-va-se a morte de Eugenio GarciaSerrano 'Gavioto', preso que tam-bém integrava a campanha de de-núncia anti-carcerária.

Um preso da Lamapassa 50 dias emgreve de fame

NGZ / O Observatório para a De-fensa dos Direitos e LiberdadesEsculca está a trabalhar numdossier que recolha os casos deabusos policiais no espaço públi-co no período 2010-2015. O obje-tivo da entidade, segundo infor-ma, é compilar os dados que do-cumentem umha situaçom “quetod@s sabemos, por evidente,ser em extremo grave”, mas quenom pode ser adequadamentemostrada e analisada devido àdispersom desses dados.

Esculca assinala que, de entreos reportes já recebidos de vítimasou testemunhas de abusos poli-ciais, atopam por vezes informa-çom “muito vaga” para ser incluí-da no dossier. “Um dia do mês dejunho, em Vigo, fôrom indentifica-das 3 ou 4 pessoas por...”, exem-plificam. Pedem dados claros co-mo data, hora, lugar, força policialatuante, número de agentes (seiam identificados ou nom) e atua-çom policial; além de qualquer ou-tra circunstância relevante. Para

facilitar umha tomada de dados ri-gorosa, Esculca está a difundirumhas fichas que, embora nomsejam estritamente necessáriaspara enviar qualquer informaçom,indicam os ditos dados necesários.

O observatório visa fechar arecolhida de dados no final deano, polo que solicitam às pes-soas vítimas de abusos policiaisque ainda nom enviarom infor-maçom fagam “um esforço” e co-muniquem através do endereç[email protected].

Esculca ultima a recolha de dados para um ‘dossier’sobre abusos policiais

NGZ / Depois de mais de vinteanos de trajetória militante, a As-sembleia da Mocidade Indepen-dentista (AMI) decidiu na sua XIAssembleia Nacional ponher fimà atividade das suas siglas. “Apósum profundo processo de refle-xom e debate interno, considera-mos que hoje a ferramenta que te-mos nom se adequa às condiçonse necessidades atuais”, expom aAMI no seu comunicado. Segun-do analisa esta organizaçom juve-nil, “o contexto de hoje pouco tema ver com o de finais de noventaou mesmo com o primeiro lustrode 2000; e a referencialidade deAMI também se ressitua num pa-norama no que várias organiza-çons independentistas concorrempor um lugar relativamente simi-lar nos seus posicionamentos”.

Porém, a AMI marca também o

início de um novo ciclo militante,considerando “a autoorganiza-çom da mocidade um primeiropasso imprescindível para a revo-luçom”, polo que se acrescenta anecessidade de criar novas ferra-mentas e organizaçom para “de-fendermo-nos das agressons, doespólio e do deserto”. Deste jeito,entre as autocríticas sobre o tra-balho dos últimos anos se encon-tra a falta de umha “afirmaçompública” da evoluçom ideológicaque estava a experimentar a mili-táncia e que passaria pola “apro-ximaçom ao feminismo real e ra-dical (levar a luita também aos es-paços militantes, às casas e aoscorpos), questionamento da figu-ra do Estado -seja este qual for-, ecrítica intransigente ao progressocomo modelo desenvolvimentistae insustentável”.

AMI dissolve-se apósmais de vinte anos

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crónica GrÁfica

08 acontece Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

A Corunha encheu-se de mobilizaçons contra a Feira Taurina.

Na imagem, concentraçom perante o Coliseo / VERA-CRUZ MONTOTO

O recém criado centro social Harar, em Noia, saiu em roteiro

polas mámoas da Serra do Barbança / GALIZA CONTRAINFO

O cemitério viguês de Pereiró acolheu homenagem a Humberto Baena,

militante antifranquista fusilado em 1975 / GALIZACONTRAINFO

Milhares de pessoas saírom à rua em Vigo em defesa do centro de atençom à diversidade funcional 'San

Francisco', imerso num processo de privatizaçom que poderia provocar o seu fechamento / GALIZA CONTRAINFO

Feminismo reivindicou aborto livre num 'flashmob'

e num passa-ruas por Compostela / GALIZA CONTRAINFO

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

mar

Assim nom há ‘jeito’

A.DIESTE / A Uniom Europeia es-tuda proibir a partir do 1 de ja-neiro o ‘jeito’, umha arte tradi-cional da pesca artesanal galegacom a qual trabalham atualmen-te 430 barcos, por volta de 900pessoas. Bruxelas quer, incitadapolo ‘lobby’ ambientalista (quetambém o há) ponher fim a to-das as artes de emalhe à deriva.E mete dentro do mesmo saco as‘cortinas da morte’ (kilómetrosde redes largadas por mega-bu-ques, e que tecem umha barreiraem que cai de todo) e o ‘jeito’. “Éum exemplo de governar desdeum gabinete, decidindo sobrepapeis”, diz Miguel Rodríguez,‘jeiteiro’ de Rianxo, o principalporto quando se fala desta artepesqueira. “O jeito usa-se dentroda ria, só colhe sardinha, xurelo,algumha xarda e tranchos, sequedam. Como muito cada bar-co pode colher por toda umhajornada de trabalho quatro oucinco caixas”. Som embarca-çons de baixura, que raramentepassam dos 9 metros de compri-mento e nas quais habitualmen-te faenam a esta arte duas pes-soas. “É como se proibissem acaça em África e metessem nomesmo saco os ricos que vam deEuropa matar elefantes e os bos-quimanos que caçam zebrascom lanças para comer”, pomcomo exemplo Rodríguez. “EmBruxelas e em Madrid devemser parvos de todo se levam essalei adiante”, acrescenta contun-dente Manuel Ordóñez, outromarinheiro, também de Rianxo.

Dar passosForam dias de juntanças entrejeiteiros de Rianxo e portoscomo A Ilha, Cabo ou Redon-

dela. Assembleias e reunionscom alcaides e Conselharia doMar. Em Europa, tanto o BNGcomo o PSOE já apresentaramno Parlamento perguntas so-bre as intençons de acabarcom o ‘jeito’. “Se Europa con-tinua adiante com a teima, nósmobilizaremo-nos, claro, ha-verá que montá-la, é do que vi-vemos mil famílias”.

José Antonio Ordóñez, tam-bém ‘jeiteiro’ e também deRianxo, reconhece que “é a pri-meira vez que nos vemos num-ha destas, nunca passara algoassim. Mas se nom temos nadaa ver, nada de nada com as vo-lantas ou as chamadas ‘corti-nas da morte’! Nós nom arra-samos o mar! Esta arte já setrabalhava aqui antes da che-gada dos cataláns com as fábri-cas (em finais do XIX)”.

O alcaide de Rianxo, AdolfoMuiños (BNG) reconheceu quena vila existe preocupaçom,nom só no sector do mar (prin-cipal alicerce da economia rian-xeira) senom no conjunto da vi-zinhança. Já colocou à disposi-çom dos marinheiros o Conce-lho e os seus meios para fazer oque seja mester. Miguel Rodrí-guez lamenta que desde a Junta“só haja boas palavras e dadastarde, mal e arrasto, compro-missos, nengum”. E finaliza: “Tiimagina que se conhece que aUE o 1 de janeiro vai fechar naGaliza umha empresa de 800trabalhadores, que vam para arua. Que estaria a passar? Queos jornais e televisons estariamtodo o dia a falar disso, que ospolíticos andariam a mover o cupara evitá-lo... mas somos mari-nheiros. E para nós, merda”.

Bruxelas avalia proibir o ‘jeito’, pesca artesanal,tradicional e única da baixura galega com a qualtrabalham 430 barcos, a partir do 1 de janeiro

aGro

A.L. / A publicaçom do decreto125/2014 polo que se regula naGaliza a venda direta dos produ-tos primários provocou inque-dança nas redes sociais e naspróprias produtoras. Com estanova normativa a Junta da Gali-za cria um registo, estabelecequantidades máximas anuais porvariedade e indica como se deve-rá expor a informaçom sobre osprodutos. Também assinalaquais serám os produtos primá-rios a vender, entre os que se en-contram mel e ovos.

Dito decreto provocou confu-som entre as produtoras agrá-rias, polo que de organizaçonscomo o Sindicato Labrego Gale-go (SLG) se exige à Conselhariade Meio Rural umha campanhainformativa sobre esta regula-mentaçom. Deste jeito, o SLG ex-pom que este tipo de regulamen-tos devem evitar a burocratiza-çom ou a adopçom de normasadaptadas mais à produçom in-dustrial do que à produçom la-

brega pois poderiam conformarsérios obstáculos para a comer-cializaçom direta de produtos.

Este sindicato organizou juntan-ças com produtoras para informardo conteúdo do decreto e conheceras dúvidas das trabalhadoras agrá-rias. Segundo se informa numhanota de imprensa, a dúvida maisfrequente é a referente ao etique-tado dos produtos, o qual seria ob-rigatório para todos os envasados.No caso dos produtos a granel, navenda no lugar de produçom a in-formaçom poderá ser proporcio-nada diretamente pola produtora,na venda a pequenos estabeleci-mentos poderia estar recolhidanumha fatura e na venda em mer-cados poderá expor-se a informa-çom alimentar num rótulo.

AlegaçonsDo SLG também se está a traba-lhar em alegaçons para melho-rar o recolhido no decreto daJunta, procurando umha maiorflexibilidade da norma para os

casos de venda de excedentes,de intercámbio de produtos e pa-ra as famílias para as que a ven-da direta constitue umha ajuda àrenda familiar. Assim, desta or-ganizaçom vê-se com atençomtambém as quantidades máximapermitidas no decreto, pois al-gumhas semelham demasiadoaltas como para se referer a pe-quenas produçons, como podeser o caso da quantia limite de13.000 kg de kivis anuais.

Por outra banda, em boa medi-da será agora decisom dos conce-lhos galegos a aplicaçom destanormativa, ao recair sobre eles aresponsabilidade da gestom dosmercadinhos municipais.

slG reclama informaçom à conselharia

Junta publica decreto para regular a venda direta

Alertam de que as eivas burocráticas

poderiam obstaculizara comercializaçom

SL

G

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10 economia Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

economia

VERA-CRUZ MONTOTO VÁZQUEZ / OACTI (Acordo Transatlántico deComércio e Investimento), maisconhecido polas suas siglas em in-glês TTIP (Transatlantic Trade In-

vestment Partnership) ou TAFTA(Trans-Atlantic Free Trade Agree-

ment), é um acordo que as elitespolítico-financeiras estám a nego-ciar em segredo - ou isso tentam -para criar o maior mercado domundo, integrado por mais de 800milhons de consumidoras e con-sumidores, absorvendo quase ametade do Produto Interior Bruto(PIB) mundial e monopolizandoum terço das transaçons realiza-das em todo o planeta.

Através deste tratado comer-cial, a Uniom Europeia (UE) e osEstados Unidos (EUA) pretendemnom só eliminar os aranzeis co-merciais entre ambas as partes,senom “harmonizar” por baixo to-das as regulaçons e critérios, op-tando por assumir aquelas norma-tivas que estabeleçam menos pro-teçons e direitos para a cidadania.Se é certo que as negociaçons seiniciárom oficialmente no ano2013, as conversas e acordos ti-nham sido encetados com a “De-claraçom Transatlántica” de19901, um documento que estabe-leceu a realizaçom de cimeirasanuais entre a Uniom Europeia eos Estados Unidos para promovero livre comércio no quadro do sis-tema capitalista neoliberal, isto é,para conseguir o estabelecimentode dinámicas comerciais pratica-mente isentas de regulaçom econtrolo por parte dos estados,um cenário de mercado feito àmedida das grandes empresastransnacionais.

Que se negoceia no ACTI/TTIP?Cumpre umha análise por secto-res. A nível laboral, a equipara-çom das trabalhadoras e trabalha-dores europeus com os estadouni-denses suporia um deterioraçomainda maior dos nossos direitoslaborais, já que os EUA nom rati-ficárom convénios fundamentaisda Organizaçom Internacional doTrabalho (OIT), como aqueles querecolhem o direito a organizar-nos sindicalmente, à greve ou aosconvénios coletivos.

A nível agroalimentar, as gran-des empresas do sector agrário ebiotecnológico procuram eliminaras restriçons europeias aos ali-mentos transgénicos, ponhem emcausa os nossos sistemas de eti-quetado e rejeitam o uso do “prin-cipio de precauçom” no estabele-cimento de normas de seguridadealimentar. Ademais, devido àsgrandes dimensons das granjas esuperfícies cultivadas da agroin-dústria estadounidense, seria pra-ticamente impossível a sobrevi-vência da maioria das labregas elabregos europeus, estabelecen-do-se o sistema de “fábricas de ali-mentos” existente nos EUA2. Tam-bém chegariam aos nossos pratosa carne e o leite tratados com hor-monas cancerígenas como a So-matotropina Bovina Recombinan-te, os polos “lavados” com cloro,os porcos engordados com Racto-pamina - proibida em 150 paísespola sua perigosidade - ou os maisde 30.000 produtos químicos ain-da legais e comercializados nosEstados Unidos que estam asso-ciados a doenças e enfermidadescomo cancro de mama e testicu-lar, infertilidade masculina, diabe-te e obesidade.

No tocante a serviços públicoscomo a sanidade, o ACTI estáorientado a favorecer a privatiza-çom e a entrada de empresas deseguros estadounidenses, apro-

fundando a restriçom do acessouniversal aos serviços de saúde.Assemade, ao estar-se a tratarquestons vinculadas à proprieda-de inteletual e às patentes, existea possibilidade de que se dificulteo acesso a medicamentos genéri-cos – as grandes empresas farma-cêuticas manteriam durante maistempo a exclusividade da patentedos seus medicamentos impondopreços altos para aumentar osseus lucros - e abriria a porta à pa-tentizaçom dos seres vivos, tamdesejada polas empresas vincula-das à produçom de sementes e ali-mentos transgénicos – muitas de-las também farmacêuticas, comoa Bayer ou a Syngenta -.

A nível de serviços públicostambém se veria afetada a gestomdas águas, os serviços sociais, as

pensons e os sistemas educativos.De facto, segundo os documentosfiltrados, para a oferta de serviçosabertos à privatizaçom a Comis-som Europeia está a seguir as pau-tas do denominado acordo TISA(Trade in Services Agreement), oAcordo sobre Comércio de servi-ços que a UE está a negociar nestemomento, também em secreto,com dezenas de países da OCDE.Este tipo de negociaçom realiza-seem base a umha “lista negativa”,isto é, todo é privatizável exceto orecolhido nesta lista, que tambémse poderia chegar a privatizar, pré-via negociaçom específica.

Em quanto ao que respeita àprivacidade das pessoas, nos EUAas companhias acedem mais livre-mente aos dados dos usuários, in-tercambiando e vendendo estasbases de dados a outras corpora-çons, negócio limitado em Europagraças ao direito à privacidade; deaprovar-se o ACTI, tanto compa-nhias europeias como estadouni-denses acederiam à nossa infor-maçom pessoal.

Também poderiam ficar sobcontrole dos interesses das em-presas privadas outros muitos ám-bitos, tais como a gestom dos resí-duos tóxicos, as licenças de radio-difusom ou os estudos de impactomeio-ambiental.

É importante assinalar que umdos aspetos mais transcendentes

do ACTI é o estabelecimento dairreversibilidade das privatiza-çons. É dizer, que se um governodecide privatizar empresas ou ser-viços públicos, seria ilegal que umgrupo de governo posterior vol-tasse a fazê-los públicos.

Mas, sem dúvida, neste com-pêndio ilimitado de perda de di-reitos por parte da cidadania, um-ha das propostas mais controver-sas é a implementaçom dum me-canismo de arbitragem privadoentre empresas e estados denomi-nado ISDS (Investor State Dispute

Settlement / Mecanismo de Reso-luçom de Conflitos entre Investi-dores e Estados), um sistema queproporciona às grandes corpora-çons o direito a denunciar a go-vernos locais, regionais ou esta-tais se consideram que umha de-terminada norma poderia restrin-gir ou limitar os seus ganhos pre-sentes ou futuros3. Para dirimirestes conflitos o ACTI propom unstribunais especiais4, formados portrês advogados privados, à mar-gem de qualquer tribunal estatalou internacional, e sem possibili-dade de apelar a sua sentença.

Este tipo de mecanismo de re-soluçom de conflitos está já incor-porado noutros tratados de livrecomércio, e conhecemos algunsdos seus pormenores. Por exem-plo, que existe umha elite interna-cional de juristas agrupados em

ACTI/TTIP: as regras do governo mundial das empresas transnacionais

O tratado pretende criar o maior mercado do mundo, com maisde 800 milhons de consumidores e a metade do PIB mundial

As corporaçons teriam direito a

denunciar governosse considerarem que

umha determinadanorma pode restringir

ou limitar os seus ganhos presentes

ou futuros

o acordo nom Procura só a suPresom de aranZeis, mas homoloGar Por baixo as reGulaçons de cada estado

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11economiaNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

pouco mais dumha dúzia de gabi-netes de advogados que tenhem omonopólio na prática da totalida-de dos casos. Só entre quinze ár-bitros - todos procedentes daUniom Europeia, Estados Unidosou Canadá - participárom na reso-luçom de 55% do total das dispu-tas sobre tratados de investimentodas que se tem registo5.

Como se nom bastasse, esta en-trega da soberania dos povos e Es-tados às empresas multinacionais,o ACTI também contempla a cria-çom do denominado Conselho deCompensaçom Regulatória, quedaria às empresas o poder de es-colher e eliminar regulamentos,receber notificaçons das novaspropostas de normativas com an-tecedência à sua aprovaçom e apotestade de eliminar as restri-çons que considerem prejudiciaisaos seus interesses.

Pode que a algumhas pessoaslhes custe imaginar um cenário noqual as empresas mandam maisque os governos, mas isto é já um-ha realidade. Um caso paradigmá-

tico foi o do governo da Argentinaque, para fazer frente à crise eco-nómica dos anos 2001/2002 deci-diu congelar os juros dos serviçospúblicos de água e energia paragarantir estes fornecimentos vi-tais para a populaçom, medidasque motivárom a denúncia demais de quarenta corporaçons –várias delas dedicadas à gestom

privada da água -, de tal forma queno ano 2008 a Argentina acumu-lava cerca de mil milhons de dóla-res em demandas. Também naatualidade a Alemanha está de-nunciada pola empresa do setorelétrico sueca Vattenfall pola suadecisom de abandonar a energianuclear no seguimento do aciden-te de Fukushima.

Ademais, como reconhece aprópria Conferência das Naçons

Unidas sobre Comércio e Desen-

volvimento (UNCTAD) tanto oscustos destas arbitragens como onúmero de casos disparárom nosúltimos anos. Dos 38 registadosem 1996 no CIADI (Centro Inter-

nacional de Resoluçom de Dife-

renças relativas a Investimentos -dependente do Banco Mundial),passárom a notificar-se 450 em2011, estando 151 nas maos detam só três empresas, que embol-sárom 2.884 milhons de euros po-los seus serviços.

Entre o secretismo e a filtraçomMas sem dúvida o facto que fixosaltar todas as alarmas contra oACTI foi o secretismo com o quese estám a levar a cabo estas ne-

gociaçons. Só conhecemos umhapequena parte da informaçom, e aprática totalidade da mesma foiobtida graças à filtraçom6 de do-cumentos. Um dos mais revelado-res foi a carta intitulada “Arrange-ments on TTIP negotiating docu-ments”7 na qual o chefe da equipanegociadora europeia, o catalámIgnacio García Bercero, compro-metia-se com o seu homólogo es-tadounidense, L. Daniel Mullany,a manter em segredo os termosdas negociaçons, violando destaforma a normativa comunitária1049/2001 que obriga às institui-çons europeias a tornar públicosos seus documentos. Como senom bastasse, comprometeu-setambém a que os documentosemanados destas negociaçonsmanteriam-se em segredo durantetrinta anos. Outro cúmplice neces-sário deste silenciamento foi o Co-missário de Comércio da UE, Ka-rel de Gucht, quem decidiu conce-der carácter confidencial às nego-ciaçons e negou a funçom nego-ciadora do Parlamento Europeu8,umha instituiçom muito mais pró-xima ao controle da cidadania quea Comissom Europeia, que équem está a manejar as negocia-çons neste momento.

A este respeito, se bem quase to-das as pessoas somos conscientesde que grande parte das decisonsque regem a nossa vida diária somtomadas sem consultar a cidada-

O secretismo das negociaçons fixo saltartodas as alarmas. Só

conhecemos umhapequena parte da

inforaçom, e a prática totalidade da

mesma foi obtida graças a filtraçons

A elétrica sueca Vattenfall denunciou

a Alemanha por deixara energia nuclear

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12 economia Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

nia, nom deixa de ser surpreen-dente que os dirigentes dumha edoutra beira do Atlántico aspira-ram a ocultar os seus planos à po-pulaçom mundial, já que existemvários antecedentes nos quais esteprocedimento suscitou um alarmesocial suficiente grande para para-lisar as negociaçons. Foi o caso,por exemplo, do Acordo Multilate-

ral de Investimentos (AMI) no1998 e do Acordo Comercial con-

tra a Falsificaçom (ACTA) no 2012. É o que ativistas internacionais

como a politóloga estadounidenseSusan George denominam “efeitovampiro”, umha teoria que vem dese converter na metodologia prin-cipal da sociedade organizadacontra o ACTI. Dita estratégiaconsiste em sacar à luz toda a in-formaçom possível deste tipo denegociaçons lesivas para os direi-tos humanos e sociais, de tal jeitoque, igual ao que lhes passa aosvampiros, estes acordos morramao “tirá-los à luz”. Singelo, mas emocasions mui efetivo.

Diante das críticas ao obscu-rantismo e campanhas de sensi-bilizaçom das organizaçons so-ciais que se venhem coordenandoativamente contra o ACTI desdeo ano 2013, a Comissom Europeiarealizou a metade do presenteano umha consulta supostamentepública – à que só podiam acederaquelas pessoas que tivessem in-ternet e soubessem inglês -, coma que pretendiam calar as denún-cias sobre a falta de informaçomà cidadania. No entanto, sommuitas as vezes nas que as insti-tuiçons europeias tenhem feitoesta manobra de lavagem de ima-gem – por exemplo com a entradade sementes geneticamente mo-dificadas -, sendo sabido que da-do o alto número de “lobbistas” –integrantes de grupos de pressom- do sector privado na UE9 estasvotaçons som monopolizadas po-los gabinetes privados das em-presas, que terçam os resultadosao seu favor.

Argumentos a favor, açons contraA dia de hoje, há já centos de orga-nizaçons sociais em ambas as bei-ras do Atlántico organizando-separa informar e denunciar este gol-pe definitivo que as elites globaisquerem assestar às classes traba-lhadoras. A nível europeu existeumha aliança de mais de cem or-

ganizaçons, nas que se encontramsindicatos, organizaçons ecologis-tas, agrárias, dos direitos dos con-sumidores e consumidoras, de de-fesa dos direitos digitais, etc10.

Tanto nos EUA como na maiorparte dos países da UE estám-se adesenvolver charlas, vídeos infor-mativos11 e açons de denúncia, co-mo a manifestaçom que tivo lugaro passado mês de maio em Bruxe-las e que, apesar de pacífica, fina-lizou com case trezentas pessoasdetidas, entre elas três deputadosbelgas. Também houvo manifes-taçons com êxito em Inglaterra,Escócia e Irlanda no passado dia18 de julho.

Já mais recentemente, em 10 e11 de outubro tivo lugar o “Dia deAçom Europeia #NoalTTIP e con-tra o fracking”, no que se desen-volvêrom 320 açons de denúnciaem vários países da UE simulta-neamente, sendo secundado tam-bém na Galiza em Ponte Vedra, ACorunha, Ferrol, Compostela eOurense. Realizárom-se tambémnessas mesmas datas em Barcelo-na as jornadas internacionais “So-berania sequestrada, direitos emperigo”, nas que participou LidiaSenra, contando novamente coma intervençom da ativista estadou-nidense Susan George.

Denunciar publicamente a in-formaçom sobre o Acordo Trans-nacional de Comercio e Investi-mentos (ACTI) é umha das ferra-mentas que temos para acadar aconsciência social necessária para

pará-lo. Previsivelmente as mobi-lizaçons sociais irám-se incremen-tando nos vindeiros meses, aomesmo tempo que seguirám avan-çando as negociaçons. Seremosquem de acadar a intensidade quena década dos 90 e princípios des-te século tivérom as mobilizaçonsantiglobalizaçom e ponher ao solo vampiro dos nossos direitos hu-manos e sociais?

NOTAS

1. Um dos seus primeiros precedentes

é a criaçom do GATT (General Agree-

ment on Tariffs and Trade / Acordo Ge-

ral sobre Aranzeis e Comércio) no ano

1947, logo da II Guerra Mundial. No

artigo “La globalización feliz: instruc-

ciones de uso”, de Raoul Marc Jennar e

Renaud Lambert, publicado no nº224

da ediçom em castelhano do Le Monde

Diplomatique, correspondente ao mês

de junho de 2014, pode-se aceder a um-

ha compilaçom pormenorizada dos an-

tecedentes do ACTI.

2. Pode-se ampliar informaçom a través

do informe “Acuerdo comercial Estados

Unidos-Unión Europea: La cosecha del

siglo para el agronegocio. Cómo um

tratado de libre comercio Estados Uni-

dos-Unión Europea puede dañar para

siempre una agricultura y alimentaçom

sostenibles e equitativas”, publicado

por Amigos da Terra.

3. A posta em marcha deste mecanismo

teria impossibilitado impedir explora-

çons mineiras como a de Corcoesto, já

que trazeria consigo que a Junta ou o Go-

verno local pagasse umha indemniza-

çom tam grande que desestabilizaria por

completo a sua previsom de orçamentos.

4. Para ampliar informaçom, consultar o

artigo “Tribunales para atracar a los es-

tados”, de Benoît Bréville e Martine Bu-

lard, publicada no nº224 da ediçom em

castelhano do Le Monde Diplomatique,

correspondente ao mês de junho de 2014.

5. Informe “Cuando la injusticia es ne-

gocio”, realizado polo Observatório

Corporativo Europeu e Transnational

Institute no ano 2013.

6. As primeiras filtraçons fôrom realiza-

das pola Federaçom Europeia de Sindi-

catos de Serviços Públicos (EPSU).

Numha série posterior, realizárom-se

através da web Filtrala.org -umha plata-

forma independente de denuncia cidadá

com sede em Bélxica- e na página do co-

lectivo Bilaterals.org. No blogue

http://eu-secretdeals.info atopamos unha

compilaçom de documentos secretos fil-

trados sobre o TTIP/ACTI e o CETA.

7. “Gestom dos documentos de nego-

ciaçom do TTIP”, datada o 5 de julho

de 2013.

8. Intervençom durante o debate “EU

trade and investment agreement nego-

tiations with the US”, celebrado o 22 de

maio do 2013 no Parlamento Europeu.

9. Existem abundantes artigos sobre

os grupos de pressom instalados em

Bruxelas, por exemplo o artigo “Lob-

bies corporativos en la Unión Euro-

pea”, de Rafael Carrasco, Miguel Jara

e Joaquín Vidal, publicado no nº55 da

revista EL Ecologista. Pode-se atopar

informaçom actualizada da pressom

sobre a legislaçom comunitária e in-

ternacional exercida polos lobbies pri-

vados estabelecidos em Bruxelas na

web http://corporateeurope.org. Análi-

se específica sobre a ingerência dos

lobbies na negociaçom do ACTI reco-

lhida no artigo “Los 'lobbies' domina-

ron el 92% de las reuniones prepara-

torias de la alianza comercial UE-

EEUU”, de Alejandro López, em Pú-

blico (15 de julho de 2014).

10. Ver manifesto “As pessoas, o ambien-

te e a democracia antes do lucro e dos

direitos dos acionistas”: http://www.bila-

terals.org/?as-pessoas-o-ambiente-e-

a&lang=e. Campanha estatal “No al

Tratado Transatlántico de Comercio e

Inversiones”, #NOalTTIP: http://noalt-

tip.blogspot.com.es e https://www.face-

book.com/noalttip. Campanha europeia

“STOPttip”: http://stopttip.net. Aliança

europeia D19-20 contra o ACTI:

http://www.d19-20.be/em/

11. Disponível unha escolma em

http://noalttip.blogspot.com.es/p/vi-

deos.html

centros sociais

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

casa do sarCurros Enríquez · Compostela

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

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ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

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cs a ZalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

O dia de açom europeia contra oTTIP foi também

secundado na Galiza

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13internacionalNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

O crescimento eleitoral e o refluxo dos movimentosna rua fez aflorar as tensões internas da formaçoma terra treme

C.C.V. / Conta-se que na Revoluçãode Abril, após uma mobilizaçãopolas liberdades sexuais, ÁlvaroCunhal declara que eles, os doPCP, não fizeram a revolução “pa-ra putas e maricas”. Poucas episó-dios ilustram melhor como osaparelhos dos grandes partidos deesquerda, em aras de “contradi-ção principal”, bloqueavam lutascomo a sexual, feminista, ecolo-gista ou anti-militarista. O maiofrancês, com o PCF em fora de jo-go, fora uma importante advertên-cia de que os movimentos não iamesperar mais polas “vanguardas”.No ronsel do 68, multiplicam-seas reivindicações anti-autoritáriase que iam além do reparto econó-mico. Em Itália, o desbordamentodo PCI – tornado “partido dasmãos limpas” - dará na nova ima-ginação revolucionária do movi-mento autónomo. Na Alemanhauma particularidade: o que se des-borda é a social-democracia, e odetonante é um impressionantemovimento ecologista do qualnascem Os Verdes (Die Grünen).Quiçá do seu fracasso podamos ti-rar alguma lição para a Galiza dehoje que atravessa um momentonão muito diferente.

Do ecologismo ao partidoUns novos movimentos sociaiscentrados na defesa da terra sul-cam a Alemanha da década de 70,

marcada pola crise económica eenergética. O problema da de-pendência do petróleo posterga-se novamente: a energia nuclearresolvera-o momentaneamente.Os seus gravíssimos riscos ecoló-gicos colocam-na no centro dodebate político, e as cidadãs dagrande potência mundial sensibi-lizam-se perante as nocividadesdo ‘desarrollismo’. Para apreciaressa consciência ecológica bastarecordar que DNR (Deutscher

Naturesschurtzing) agrupava játrês milhões e meio de pessoas,polo que se tratava dum movi-mento ecologista realmente demassas. Contudo, isto não se tra-duzia em mudanças reais. Dessasensação de impotência política –que levará o filósofo Günther An-ders a questionar o pacifismo -surge o desejo de dar ao movi-mento alguma tradução eleitoral,que poida implementar mudan-ças a partir das instituições. Con-tavam, aliás, com o exemplo dosbons resultados do Movimentopola Defensa do Meio Ambienteem Suíça ou o Green Party naGrã-Bretanha, para além dos ex-perimentos municipalistas emHolanda das Kabouters.

O novo sujeito político alemãonasce da confluência de ex – mili-tantes do SPD – os da primeira“Lista verde de Bremen” -, jovensdo mesmo partido, gente da ex-

trema esquerda, e coletivos hete-rogéneos da contra-cultura e dounderground. Obtêm algum con-celheiro e deputado regional, eem 1980 constituem o Die Grünen

de âmbito nacional, toda uma no-va cultura política que se assenta-ria em quatro principios básicos:ecologia, justiça social, democra-cia de base e não violencia. E en-tão o movimento dispara-se verti-ginosamente: multiplicam o nú-mero de filiados, votos e, sobretu-do, representantes institucionais.

Morrer de sucessoGerir esse sucesso era o princi-pal problema dos Verdes. Resol-ver as contradições entre os ver-tiginosos ritmos da política re-presentativa e o democrático fo-go lento do assemblearismo, é a

chave de todo partido-movimen-to, o nó górdio no que atualmentese encontram Podemos ou asCUP – umas ‘por riba’ e outras‘por baixo’ -. Os Verdes, que as-piravam a ser uma sorte de “par-tido anti-partidos”, dotaram-sede muitas medidas para blindara tentação burocratizadora: cen-tro de gravidade e protagonismonas totalmente autónomas agru-pações locais e regionais, cargosrotativos e – num começo - nãoremunerados, metodologia deconsenso e representação dasminorias, primazia do programasobre as figuras públicas, et cete-ra. Mas, o crescimento eleitoral eo refluxo dos movimentos na ruafez aflorar as tensões internas.

Por uma parte, a heterogenei-dade do Partido Verde não foi tãosó uma saudável pluralidade; pa-ra muitas pessoas à procura du-ma última oportunidade de “fa-zer política” supôs um partido-refúgio. Por outro lado, o salto dapolítica local e regional à nacio-nal e europeia impunha uma ine-vitável profissionalização e buro-cratização. A corrente dos Rea-los, liderada por Joschka Fischere Cohn-Bendit (o “Dani e Verme-lho” do 68) apostavam claramen-te na política institucional. A dosFundis, queriam manter o pesona rua e nos movimentos. Entre-tanto apresenta-se a possibilida-

de de entrar no governo do land

de Hessen com o SPD, e JoschkaFischer acede: os Verdes inicia-vam o caminho que lhe conhece-mos hoje. As Fundis abandonampouco a pouco o partido, que en-tra de cheio nisso que JoachimJachnow chama a “dialética dosêxitos parciais”, de vitória em vi-tória até à derrota final. A reivin-dicação ecologista vai-se desu-nindo da social, ficando numa es-pécie de social-democracia comselo ecológico. Para as teóricasdo municipalismo libertário Ja-net Beihl e Murray Bookchin, aexperiência verde é o paradigmade como um sucesso eleitoral“não sustentável” pode acelerara assimilação dum projeto radi-cal. Eis a evolução do Die Grü-

nen, que nos 80 boicotavam emcamiseta e sapatilhas a investi-dura do chanceler Khol, portan-do legendas em solidariedadecom a Nicarágua Sandinista, eatualmente negociam engravata-dos pactos com Merkel.

Os movimentos nãoiam esperar mais

polas “vanguardas”

aPrendiZaçens da deriva do Partido verde alemão

Eleições e movimentos, o caso ‘Die Grünen”

Atualmente negociamengravatados pactos

com Merkel

Gerir o seu sucessofoi o principal

problema dos Verdes

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14 internacional Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

“A nossa cultura é tam comum que qualquera pode ir ver umha obrada Galiza caso nom fosse abordada por nengum autor trasmontano”além minho

antónio alberto alves, da livraria cultural trasmontana ‘traGamundos’

EDUARDO MARAGOTO / A Tragamun-dos é uma livraria cultural espe-cializada em Trás-os-Montes eAlto-Douro que, para além devender livros, vende e promovepraticamente de todo relaciona-do com a regiom: vinho, mercea-ria fina, artesanato e informa-çom. Mas a Galiza também estáem foco. O dono, António Alber-to Alves, estivo recentementeem Monção no primeiro encon-tro “Integrados” de entidades deaquém e além Minho. Só duassemanas mais tarde participounum encontro de docentes deportuguês na Corunha.

Quais os vossos objetivos? Todos os autores de Trás-os-Montes e Alto-Douro ou todos osautores que escrevem sobre Trás-os-Montes e Alto-Douro tenhem aporta aberta na livraria. Isso é o quenos dá identidade. Complementar-mente, na livraria entra a cultura equalquer outra questom relaciona-da com este território. Por isso, pa-ra além do espaço destinado às lei-turas, que é o que é suposto fazerumha livraria, temos também acomponente de produtos e produ-

tores, de pessoas que gostam deTrás-os-Montes e Alto-Douro evam procurar algumas das culturasmais antigas para as reabilitar, por-que gostam do mundo rural e deTrás-os-Montes, e trazem essemundo para dentro da livraria,quer seja através de obradoirosquer seja através de exposiçons.Nós temos ervas aromáticas, cháse mezinhas, e venhem onde a nóspessoas que nos transmitem a cul-tura da regiom sobre isto. Tambémtemos um espaço para além do dasleituras, que nom é umha galeriade arte mas onde começamos apreencher as pareces com exposi-çons. E isso também nos tem mar-cado porque a livraria acaba porser um pólo cultural da própria ci-dade onde também temos exposi-çons de escultura, de pintura e atéhouvo umha de candeeiros de raí-zes de árvores de Trás-os-Montes.

Existem outras cidades na re-giom com projetos semelhantes? Nom, nunca houvo, embora no iní-cio nom fôssemos conscientes desermos a única de temática regio-nal. Porém, nós estamos a tentarorganizar as livrarias de Trás-os-

Montes e Alto Douro no sentido defazer perceber a importáncia deum autor trasmontano a umha li-vraria generalista. Nos últimostempos tenhem aparecido livra-rias de centros comerciais ou dehipermercados que vendem gran-des êxitos editoriais e isto afetou osetor tradicional. Com o trabalhoque nós estamos a fazer de uniomdas livrarias, até estas livrarias co-meçam a mostrar autores tras-montanos e percebem que as pes-soas que venhem de fora estám àprocura de matérias locais.

Esta vontade de comunicar com aregiom também se reflete numa co-municaçom fluente com a Galiza? É umha boa questom. Nós podía-mos estar-nos a virar para a regiomsul, mas também nos interessaolharmos para a Galiza. Ponho umexemplo: quando nós temos umha

pessoa que está a fazer o doutora-mento ou o mestrado e vem procu-rar qualquer livro que nós nom te-mos, eu sempre os aconselho a iremprocurar à Galiza. Imagina quequerem falar das tradiçons orais oude geografia. Pode acontecer quenom tenhamos nós essa bibliogra-fia temática, mas na Galiza há. Anossa cultura é tam comum quequalquer autor pode muito bem irver umha obra da Galiza caso nomfosse abordada por nengum autortrasmontano. Esta é umha ambi-çom que muitos de nós tempos jáde algum tempo e nós cada vez pro-curamos mais isso, por exemplo emencontros como o de hoje [Integra-dos], sempre com o objetivo de re-valorizar a cultura galega em con-tacto com a do Norte português. Pa-ra a cultura não existe a fronteira.

Experiências nesse sentido, ao ní-vel dos escritores, por exemplo? Não, a única por enquanto foi oconvite que recebemos para ir àfeira do livro de Ourense. Nós fo-mos lá confirmar umha cousa quejá sabíamos, que é que havia liga-çons de intelectuais de Vila Realcom intelectuais da cidade de Ou-

rense que atualmente se encon-tram quebradas, até porque os au-tores já morreram, mas isso dá-nos um bom exemplo. Se já se fijono passado, mais umha razom pa-ra o voltarmos a fazer. Nom pode-mos aceitar que, se tanto se falana integraçom das regions no ám-bito da União Europeia, nalgumsentido estejamos a regredir aindamais, porque desapareceram asalfândegas mas as pessoas conti-nuam muitas vezes de costas vol-tadas, e essa é a pior fronteira.

De que ligaçons intelectuais falas? Houvo revistas que tinham sedeem Vila Real e Ourense, de Antó-nio Cabral e Septentrião, um movi-mento literário cujos autores tive-ram um passado político de oposi-çom ao regime salazarista. Tinhasede no atual espaço da Traga-mundos e por isso é importante pa-ra nós reivindicarmos Septentrião.

O que nom se pode perder em VilaReal para além da Tragamundos? A Serra do Alvão é um espaço im-perdível porque mantém aindamuito de como som as aldeias ser-ranas e trasmontanas.

“Podíamos virar-nos para o sul, mas tambémnos interessa olharmos para a Galiza”

“Muitas pessoas continuam de costas

voltadas, a pior fronteira”

O palestiniano é um povo forçado a fugir e refugiar se nos estados vizinhos mais próximos da Palestina históricaPovos

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / O Povo pales-tiniano é um povo despojado deterras,direitos e propriedades po-lo Imperialismo Ocidental, poloseu agente nesta regiom geográfi-ca: o sionismo, o Estado de Israel.Também polos erros estratégicose luitas intestinas dos estados ára-bes e do próprio Movimento de Li-bertaçom Palestiniano (OLP, ANP,Hamas, Al-Fatah ...).

É um povo forçado, após a fun-daçom do Estado de Israel no 48 eposteriormente no ano 67, depoisda ocupaçom sionista de Cisjor-dánia, Gaza e Jerusalém Leste, afugir e refugiar-se nos estados vi-zinhos mais próximos da Palesti-na Histórica: o Líbano, a Síria dos

Al Asad, Jordánia e Egipto.Houvo outras migraçons face os

paises do Golfo e Arábia Sauditamais vinculadas às tradicionaismigraçons económicas, e alémdestas houvo outras migraçonsmais minoritárias vinculadas àsvicissitudes políticas e aos confli-tos internos de árabes em geral ePalestinianos em particular.

Aqui vamos particularizar ascomunidades palestinianas vincu-ladas à área geográfica da Palesti-na Histórica, refugio natural dasexpulsons de palestinianos polossionistas.Imos falar da situaçompolítica de comunidades nesse es-tado, populaçom , divissons.

A Populaçom Palestiniana que

maiormente escapou após 48 e 67fôrom para a Jordánia onde mo-ram 3´5 milhons de descendentesde refugiados que encontráromum país desértico dado polos in-gleses à monarquia hachemi co-mo consolo por nom ser reis dumreino árabe mais grande. Unspoucos beduínos e algumhas vilascomo Anann, perto de Belém e Je-rusalém Leste, era todo o que ha-via. 2/3 dos atuais jordanos sompalestinianos com cidadania e de-reitos plenos, os palestinianosdescendentes da expulsom de 67tenhem todos os dereitos exceptoumha cidadania que se dá de ma-neira individualizada. Fam parteplena da sociedade jordana.

Líbano: Entre o medio milhome o milhom, vítimas da guerra civilentre façons libanesas e a politicaentre comunidades deste país e asescolhas geopolíticas, som refu-giados sem nengum dereito civil.Tenhem 64 ofícios que nom pode-riam exercer em território libanés.Tenhem que ter um passe especialse querem sair dos acampamen-tos. Nestes, quem se ocupa inter-namente da ordem pública, do for-necemento de alimentos,da edu-caçom e a sanidade som as façonspalestinas (maiormente as pro-sí-rias), as agências da ONU para re-fugiados e as asociaçons caritari-vas islámicas e cristiás.Som bru-talmente repudiados polos seito-

res dereitistas pro-ocidentais.Síria: Entre medio milhom e um

milhom. Gozavam de direitos ple-nos excepto a cidadania, mas a si-tuaçom muito comunitarista eparticularizada nom era a libane-sa. A partir da guerra entre o regi-me de Al Asad e a oposiçom, os is-lamistas de Hamás, ao apoiar esta,partirom a comunidade palesti-niana. A batalha ganhárom-namaiormente as façons pro-siriasdo FPLP,FDLP, já que os acampa-mentos estám nas grandes cida-des que domina o regime.

No Egipto, as e os palestinianosnom chegam ao medio milhom,vinculados ao Sinai, que fica aocarom de Gaza.

Comunidades palestinas na Grande Síria e o mundo árabe

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15dito e feitoNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

dito e feito

NaArea nasce em 2011, mas aspessoas que a constituides levá-vades já anos involucradas nalimpeza das praias, nom é?É. Cada um e cada umha de nósleva ativo dum modo ou outro des-de o Prestige. Coincidimos naslimpezas de praias de aquela, econhecimo-nos mais através dodocumentário Marea Branca, quefixo Isabel Coixet sobre essasmesmas limpezas. Depois fomoscompartindo outros espaços. Co-laboramos de forma pontual comum grupo que estivo retirandochapapote nas praias de Carnotadurante os três anos posterioresao afundimento do petroleiro; umgrupo no qual participava gentede todas partes mas que foi muiboicotado polas instituiçons por-que nom sentava bem que tempodepois se seguira falando desse te-ma. Houvo outra temporada emque colaboramos com a gente deAsoar Armega, de Corcubiom,que fazia muito bom trabalho lim-pando o porto. Contavam com umgrupo de mergulhadores que lim-pavam os fundos, logo traziam ochapapote a terra, para além dealguns animalinhos que semprevinham polo meio. Enquanto clas-sificávamos o que aparecia, a gen-te de CETMA Cetáceos instalavaum pequeno aquário onde metiaos animais que chegaram e faziaum obradoiro para crianças, e afi-nal da jornada os animais devol-viam-se limpos ao mar.

E cada um pessoalmente tam-bém foi fazendo o que puido. Euvivo em Fisterra e sou estreme-nha, e cada vez que vinha algumamigo tentava ir à praia e limpar-mos juntos, e também com a gen-te de aqui. E mesmo agora, nasfins de semana, vou com os nenosà praia e seguimos limpando. NaArea, como coletivo, nasceuaos nove anos do afundimento doPrestige, em 2011.

Para além de organizar limpezasde praias, que outras actividadeslevades a cabo?Essas limpezas vam tambémacompanhadas doutras atividadescomo passeios ou jantares napraia. Para além disso, temos or-

ganizado rotas, como por exemplopolo Monte Pindo, para tratar deque todas e todos conheçamos me-lhor o nosso meio. E estamos re-matando umha unidade didáticapara centros de ensino, para tratarde trabalhar este tema com nenose adolescentes. Demo-nos contade que o problema vém já das ca-sas, e que de pouco serve o nossotrabalho se ao chegarem vem a seupai misturar todo o lixo o tirar oque for pola borda do barco, assimque queremos chegar também àrealidade das casas, aos marinhei-ros, e que eles e o resto da socieda-de sejam também conscientes doseu papel nesta problemática.

Que atopades nas praias quando limpades?Basicamente chapapote e plásti-cos, os dous cancros dos nossosmares. As praias estám cheias deplásticos como garrafas de agua erefugalhos dos pescadores e osmarinheiros. Muitos som objetosque caem dos barcos durante ostemporais, mas outros som guin-dadas pola borda: latas de refres-co, garrafas de lixívia de limpar osbarcos, poliexpam, nasas de plás-tico… Atopamos também muitoplástico das bateias, ainda que nanossa zona nom há, e bastantessapatos. E algo que sempre sur-preende muito: bastonzinhos de

limpar as orelhas! Há centos emtodas as praias! O problema doplástico é mui grave, nom só polosobjectos grandes que se vem asimples vista, mas por essa “sopade plástico” em que estamos con-vertendo os nossos mares. Hámuitos anaquinhos que quasenem se vem, e que requirem quete sentes na areia e vaias escudri-lhando grau a grau.

Ultimamente atopamos tam-bém muitos anacos de lata, arru-gados e oxidados. Nom somosquem de retirá-los, porque o marsegue traindo outros! Umha moçadumha empresa de mergulho dazona dixo-nos que podem ser res-tos do Casom.

E o chapapote? Segue aparecen-do doce anos depois da catástro-fe do Prestige?Claro. A Praia de Rostro, umhadas zonas mais afetadas e onde

limpamos amiúde, tem ainda mui-to chapapote debaixo da areia,porque os temporais que vinhé-rom semanas depois de ter afun-dido o barco enterrárom todo an-tes de que ninguém o puidessequitar de ali. A dia de hoje atopa-mos “galhetas” de vários tipos:umhas mais velhas e outras maisfrescas. Nom sabemos se se devea que há diferentes capas de cha-papote na areia ou a que as maisfrescas pertencem a outras limpe-zas de tanques em alta mar que sefam frente às nossas costas. Háumhas semanas fum passeiar comuns amigos, começamos a atopargalhetas, puxemo-nos a limpar, equitamos quase 40 kg de chapa-pote em só umhas horas.

É arrepiante… Sabe-se isto?Sabe-o todo o mundo, ainda quehaja gente que se implique mais eoutra menos. Vê-se a simples vis-ta! Nós intentamos dar-lhe a má-xima difusom possível, mantendoo contato com “Que pasa na cos-ta”, e movendo o tema no nossoFacebook. Agora estamos criandoum blogue para isto mesmo. Oque passa é que muita gente nomestá afeita ao trabalho voluntário,e di que o retire o Concelho ouCostas. Para muitas de nós é im-possível aguardar polas institui-çons, que nunca chegam. Temos

consciência médio-ambiental enom somos quem de ficar quedas.

Que fazedes com o chapapoteque retirades? Isso é um marrom bem gordo. Co-meçamos chamando a Costas,mas Costas di que só se encarregado tema se lhe chega através doConcelho. E o Concelho nom nosfai caso! A última vez tivemos asgalhetas perto dum mês aguar-dando a que vinheram por elas.Aliás, eu sempre quedo com umhaparte das recolhidas e classificotodo o que vamos encontrandopor anos, por se algumha vez al-guém quer fazer um estudo.

Em relaçom com isto, qual é oapoio que recebedes por partedas instituiçons?Ajuda nengumha. Só doutras as-sociaçons ecologistas, como ADE-GA, que organiza umha limpezade praias simultánea no Dia dosOceanos, na qual nós também par-ticipamos. Para atos assim pon-tuais o Concelho ajuda-nos dan-do-nos sacas, águas, etc. Do restonada, porque nom convém. As cá-maras municipais querem dar um-ha imagem determinada para o tu-rismo; de facto, limpam as praiassó para os turistas, porque o restodo ano estám feitas umha merda eninguém se ocupa delas.

entrevista a sole méndeZ, membro do coletivo ‘naarea’

“Seguimos a recolher chapapote das praias”O.R. / O que fica do Prestige doze anos após a maior catástrofe ambiental donosso país? Poucas pessoas o sabem melhor do que os membros do coletivo‘NaArea’ de Fisterra, composto por pessoas como Sole Méndez que levam to-do este tempo retirando chapapote das praias da sua zona. “O chapapote

nunca se acaba; se foramos limpar todos os dias quitaríamos ‘galhetas’ novasde cada vez”, afirma Sole. Arredor dos restos de petróleo, e também dos dooutro “cancro dos nossos mares”, o plástico, gira a atividade deste coletivoque assume o trabalho que nengumha instituiçom quer enfrentar.

“Em Costas dim quesó levam o chapapote

que limpamos se osavisa o Concelho,

mas o Concelho nom nos fai caso!”

Muitas de nós somos incapazes de aguardar a que as instituiçons fagam algo por manter as praias limpas

Recolhida de plásticos e

chapapote na praia do Rosto

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16 a fundo Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

Manuel Lao foi investigado por narcotráfico e lavagem de capitais mas Garzón arquivou um processo que salpicava a cúpula da CiUa fundo

a emPresa cirsa, liGada ao narcotrÁfico, PoderÁ abrir outra casa de joGo em viGo

A Junta cede à pressom dos caposdo jogo e modificará a lei para permitirmais de um casino por provínciaA Conselharia da Presidência da Junta modificará a Lei do Jogo de Galizapara permitir a instalaçom dum casino em Vigo, umha velha demanda dumhadas empresas líderes mundiais do sector, a Cirsa, investigada pola sua rela-çom com o narcotráfico e com a lavagem de capitais e associada desde há

anos no nosso país com a companhia Egasa. Após a mudança legal autori-zada pola Junta da Galiza, as duas empresas poderám abrir unha sucursaldo casino da Toja -que possuem em 50%- na cidade olívica com o objetivode captar clientela portuguesa.

XAN DE CAMORGA / O Governo ga-lego do PP acaba de confirmaratravés dos meios de comunica-çom empresariais que modificaráa Lei do Jogo para deixar semefeito as atuais restriçons que im-pedem situar os casinos nos nú-cleos urbanos das cidades e abrirmais de um estabelecimento des-te tipo numha mesma província.Esta decisom fará que a empresacatalá Cirsa, umha das líderes dosector a nível mundial e proprie-tária de 50% do casino da Toja,poda ver finalmente cumprido oseu velho sonho de possuir umcasino em Vigo que lhe permitacaptar mais clientela portuguesa.

O seu proprietário, Manuel LaoHernández, é um controvertidoempresário que medrou no mun-do dos negócios junto ao seu ir-mao Juan - a quem adquiriu a suaparte da empresa em 1998 - aoabeiro da CiU na vila de Terrassa,aonde emigrou da sua Andaluzianatal [quando tinha 12 anos]. Defacto, estivo no ponto de mira daAudiência Nacional espanholapola sua alegada ligaçom com otráfico de drogas e com a lava-gem de dinheiro negro, mas oprocesso dirigido polo juiz Balta-sar Garzón foi finalmente arqui-vado apesar dos dados a indicia-rem a relaçom da empresa do jo-go com as mafias e com os caposdo narcotráfico.

O recente anúncio feito polaConselharia da Presidência,Administraçons Públicas e Jus-tiça, que dirige Alfonso Rueda -mao direita do presidente Fei-jóo -, chega quatro anos depoisde que a Cirsa se associasse àcompanhia galega do jogo Ega-sa, presidida polo corunhês Jo-sé González Fuentes e que ope-ra sob as marcas Solpark e Luc-kia. Deste jeito, cada umha das

empresas controla 50% do casi-no situado na Ilha da Toja, noconcelho de Ogrove, ainda queo acordo estabeleça tambémque compartirám todos os ne-gócios em território galego. Aintençom do Governo galego édesenvolver a dita modificaçomlegal conjuntamente com a Leide Orçamentos de 2015, aindaque no caso de que nom fosse

possível optaria por fazê-lo naLei de Acompanhamento que setramita de jeito simultáneo.

A Egasa, que tem mais de 1600pessoas empregadas em todo omundo, alcançou um volume de ne-gócios de mais de 185 milhons deeuros em 2013. Pola sua banda, aCirsa, que conta com mais de 14.000

trabalhadores e trabalhadoras, ul-trapassou os 1500 milhons de eurosde faturaçom no mesmo período.

Eurovegas reativa o projetoA Cirsa consegue assim o ansiadoprojeto de ter um casino na princi-pal cidade do País, algo que estavaa tentar desde há quase duas déca-

das e que nom deu conseguido an-tes devido à oposiçom do Governolocal de Ogrove, cujos responsá-veis convencêrom o entom presi-dente da Junta Manuel Fraga paraque se negasse a modificar a regu-lamentaçom. A decisom motivouum recurso judicial da empresaque finalmente foi rejeitado polo

As escuitas policiaisdo escándalo das

ITV catalás que destapou a corrupçomna família Pujol tirárom

à luz os métodos mafiosos dos

fundadores da Cirsa

Interior do Casino da Toja

Manuel Lao, presidente da Cirsa

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17a fundoNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

asdasdsadadsdasd

Cirsa, narcotráfico, Garzón, CiU e as ITVA Cirsa tem protagonizado nu-merosas informaçons publicadaspolo NOVAS DA GALIzA, como acompleta reportagem do número25, em dezembro de 2004, emque eram noticiadas as diversasinvestigaçons jornalísticas e judi-ciais que apontam para relaçomda companhia de jogo com o trá-fico de drogas e com a lavagemde dinheiro negro e se detalhavao mecanismo utilizado para obranqueamento.

Na altura explicava-se tambémcomo Garzón mantinha paralisadoo Processo 251/99 contra ManuelLao por tráfico de estupefacientese lavagem de capitais cinco anosdepois da sua abertura. O juiz che-gara a decretar a prisom alguns ad-ministradores das sociedades ins-trumentais usadas para os negó-cios ilícitos mas evitou adotar me-dida algumha contra Lao. O inqué-rito, afinal, foi arquivado.

E isto apesar dos indícios quevinculavam a empresa com tran-saçons económicas ilícitas, onde odinheiro do jogo se fusiona com o

do narcotráfico e vam juntos paraparaísos fiscais. Parte destes fun-dos som destinados depois ao pa-gamento de subornos apolíticos/as, prática habitual daCirsa, como provam também al-gumhas informaçons noticiadaspor esta publicaçom ao longo dosanos (NGz 25, NGz 49).

Coincidindo com a abertura dosumário houvo empresas que con-corriam no sector do jogo com aCirsa que aproveitárom para de-nunciar a existência de “fortes e fiá-veis movimentos económicos de

sociedades deste grupo em diferen-tes paraísos fiscais, assim como depossíveis contas também situadasem diversos “paraísos” que pudes-sem pertencer a personalidadespolíticas que dérom apoio especiale completamente ilícito à Cirsa noEstado espanhol e no estrangeiro”.Entre os supostos beneficiários es-tariam o ex-presidente da Genera-litat catalá Jordi Pujol Solei, o seufilho mais velho, Jordi Pujol Ferru-sola, ou o daquela conseller en cape na atualidade presidente do Go-verno catalá, Artur Mas Gabarro.

Alguns destes trabalhos jorna-lísticos fôrom fornecidos comoprova num processo judicial aber-to no Chile em que a Cirsa denun-ciava umha empresa rival por su-postas calúnias contra a compa-nhia ao tê-la acusado de subornose branqueamentos. Ao considerara relevância das provas achega-das, os representantes da Cirsa re-tirárom a querela em lugar deaguardar por umha sentença queiria previsivelmente prejudicar osseus interesses.

A relaçom entre os Lao e os Pu-jol voltaria a sair à luz mais recen-temente na sequência do escánda-lo das ITV, já que durante as inter-vençons telefónicas dos investiga-

dos se constatou que Oriol Pujol,outro dos filhos do ex-presidenteda Generalitat e na altura secretá-rio-geral adjunto de ConvergènciaDemocràtica de Catalunya (CDC),intermediou na adquisiçom daplanta de Sharp em San Cugat porparte da Cirsa. A empresa que as-sessorou a operaçom, propriedadedum íntimo amigo de Oriol Pujol eem que trabalha a sua companhei-ra, embolsou-se dous milhons deeuros em comissons.

Nestas conversas também ficá-rom claros os métodos mafiososutilizados polos Lao durante a suatrajetória, já que um dos investi-gadores chega a mostrar-se in-quieto, lembrando que som “unstipos que empregárom gente parapartir pernas”. Contodo, ManuelLao continua a gozar de boa repu-taçom entre a classe empresarial,que lhe tem outorgado numerososreconhecimentos ao seu traba-lhou, e desde o ano 2008 é mem-bro da junta diretiva da Confede-ración Española de Organizacio-nes Empresariales (CEOE).

Tribunal Supremo em março de2012. O TS argumentou que, nostermos da lei atual seria necessárioconvocar um novo concurso públi-co para conceder a licença, o queseria impossível devido às espe-ciais características deste casino.

Mas o desembarque no Estadoespanhol do magnate estado-uni-dense Sheldon Adelson, promotordo finalmente frustrado projeto dasEurovegas - um macrocomplexoturístico e de jogo -, significou paraos empresários do sector a aberturadumha nova via para conseguirmaterializar os seus projetos. A Co-munidade de Madrid, governadapolo PP, acedeu de forma imediatoa modificar a lei de medidas fiscais

e administrativas para autorizar ainstalaçom de novos casinos na ci-dade. A mudança normativa, quetambém foi aplicada nas Astúrias,Baleares, Valência ou Saragoça,permite agora habilitar salas ane-xas a um casino que poderám si-tuar-se inclusive noutro município.

Na sequência desta decisom opresidente da Egasa intensificou acampanha para reclamar a modi-ficaçom da regulamentaçom gale-ga do jogo num sentido similar aoque sucedeu em Madrid, utilizan-do os meios de comunicaçom so-cial empresariais para propagan-dear as supostas bondades do pro-jeto. Assim, em várias entrevistasassinalou que noutras comunida-des autónomas a lei fora modifi-cada para abrir mais casinos e in-sistiu em que o negócio que pro-move “seria bom para a Junta epara a sociedade galega porquecriaria emprego e mais impostos”.

Ao mesmo tempo, o empresáriocorunhês deixava mui claro que amaterializaçom do projeto depen-dia da “vontade política”, ao consi-derar que a nível legal nom exis-tem impedimentos. Mas assegura-va que nom existiam negociaçonscom a Junta nesse sentido e laia-va-se de que “com a atual lei gale-ga nom é possível o projeto”. O ca-so é que pouco mais dum ano de-pois, o Governo galego anunciavaa modificaçom normativa parapermitir a abertura dumha sucur-sal do casino da Toja em Vigo. E is-so apesar de que o estabelecimen-to situado na ilha pontevedresa

continua a dar perdas de maisdum milhom de euros anuais.

O próprio González Fuentes re-conhecia nas entrevistas que o mo-tivo de apostar pola cidade olívicatem que ver com que é a principalurbe e a zona mais industrializadado País e qualificava de “preocu-pante” que os moradores da comar-ca “tenham que ir entreter-se a ne-gócios doutro país [Portugal] e issonom favorece a economia galega”.

A zona de Vigo com mais possi-bilidades para acolher o novo casi-no é Samil, tendo em conta que aCirsa adquiriu em 2002 o Gran Ho-tel de Samil através da sociedadeHLG (Hoteles Lao Garriga) preci-samente com a intençom de situá-lo no rés-do-chao do edifício. Con-todo, a concessom administrativaoutorgada a um empresário viguêsem meados da década de 60, e queexpira em 2016 estabelece que um-ha vez findo este período tanto osterrenos como as obras e instala-çons terám que ser cedidas ao Con-celho livres de cargas. A empresabaralhou também no seu dia umhapossível localizaçom para o com-plexo de jogo no centro da cidade,concretamente no edifício do BancoSimeón situado na rua do Príncipe.

dinheiro em metÁlico oculto Para a arGentinaEm dezembro de 2006 o presidente da Cirsa, Manuel Lao, era detido com500.000 euros sem declarar num aeroporto argentino. A sua chegada aBuenos Aires coincidia com a presença nesta cidade do superintendentede Casinos e Jogos do Chile, Francisco Javier Leiva, investigado por su-posta prevaricaçom relacionada com tratamentos de favor para a com-panhia espanhola no seu país. NOVAS DA GALIzA tivo acesso e divulgou odocumento alfandegário da detençom de Lao no seu número 49.

Cirsa e Egasa acordáromcompartir negóciosno território galego

O projeto de Eurovegas abriu novas vias para

empresários do sector

Egasa realizara campanha mediática

para modificar as leis do jogo

Samil, em Vigo, é azona com mais

possibilidades paraacolher o casino

Manuel Lao é membro da junta diretiva da CEOE

Luckia é umha das marcas baixo a qual opera Egasa

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18 em anÁlise Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

BETI VÁZQUEZ / Umha ilha deserta.Umha mulher grávida que querabortar e um ou umha ginecólogaque se declara objetora. “Estaria amoral d@ sanitári@ por riba dumdireito que foi acordado de manei-ra coletiva? Que aconteceria se @sanitári@ trabalhasse na saúdepública?” Miguel Anxo Garcia Ál-varez, psicólogo clínico e presi-dente do comité de ética assisten-cial da área do CHUS, explica comesta metáfora o conflito que seabriu após a aprovaçom, em mar-ço de 2010, da lei de Saúde Sexuale Reprodutiva e de InterrupçomVoluntaria da Gravidez (IVE polassuas siglas em castelhano).

Quanto custa ao Sergas a obje-çom de consciência? Dependendode se se trata dum aborto farma-cológico (através da ingesta da pí-lula conhecida como RU-486) oudum aspirado, que se pratica a par-tir das sete semanas de gestaçom;e dependendo também de se a mu-lher solicita anestesia local ou se-daçom, abortar vai requerer o de-sembolso de entre 400 e 750 euros.Som os preços que as próprias clí-nicas afixam nas suas páginasweb, pois a Conselharia da Saúdenem sequer publicou dados referi-dos a esta prestaçom sanitária.

No nosso país, em 2012, abor-tárom 3.655 mulheres, segundoas cifras do ministério espanholda Saúde. Praticamente todas ofigêron em centros privados. E is-to porque em áreas sanitárias co-mo a da Crunha e de Vigo só sepraticam abortos de mais de 14semanas e menos de 22, que cor-respondem aos casos de graverisco para a nai ou malformaçonsno feto. Unicamente no hospitalde Ourense se realizam 90% dasIVE solicitadas. Os 10% restantessom casos de entre oito e doze se-manas que precisam duma inter-vençom cirúrgica e quem objetasom as e os anestesistas. As mu-lheres som encaminhadas ora auma clínica privada ora ao estran-geiro, a Madrid ou às Astúrias.

Sergas e objeçom por desleixoNestas circunstáncias, e enquantoParlamento de Navarra aprovoujá em 2010 uma lei que exige o re-gisto de profissionais que objetamem consciência, na Galiza tal re-gulaçom nom existe. Se uma mu-lher grávida de menos de 14 se-manas solicita a IVE na área sani-tária de Compostela será encami-nhada de maneira automática pa-ra Vigo ou para a Crunha. E istoapesar de o Sergas nom estar emcondiçons de afirmar que nom po-de prestar o serviço no hospitalpúblico da capital galega, poisnom tem um registo de objeçons.

“Assistimos aqui a um fenóme-no de difícil qualificaçom, as apa-rentes objeçons coletivas, quenom chegam ao nível de ser insti-tucionais porque nom é o Sergasque se declara objetor mas que defacto é como se o fosse”, explica opsicólogo Miguel Anxo Garcia Ál-varez, que sustenta que “o queocorreu foi umha grande fraudeem relaçom ao aborto na saúdepública” porque “nom se produ-

zem objeçons; simplesmente,nom se praticam abortos”.

A este respeito, Garcia Álvarez,que preside ao comité de ética as-sistencial do CHUS, defende aobjeçom de consciência como“um direito dos profissionais”,mas rejeita o uso perverso que aConselharia da Saúde fijo ao ba-leirar este “direito” de conteúdoporque “qual é a diferencia entreum ginecólogo que efetivamentese nega a participar num abortopor um convencimento moral eaqueloutro oportunista que prati-ca abortos na sua clínica privadapero nom o fai no hospital públi-co?” Estando regulada, umha fal-sa objeçom carrejaria conse-quências que previamente esta-

riam estabelecidas numha lei co-mo a aprovada em Nafarroa.Contodo, no registo navarro só háum profissional anotado e o go-verno mantém igualmente o con-certo com umha clínica privadade Pamplona, a única que praticaabortos em todo o território.

“A própria lei de 2010 prescreveque a objeçom deve ser reguladanumha lei posterior”, aponta Ma-ria Xesús Diaz, psicóloga no cen-tro de planeamento familiar deBeira-Mar, no corunhês bairro deMonte Alto, desde agosto de 1984.Também ela reclama um registroque permita “saber com quemeios contam os hospitais públi-cos para garantir a IVE, que é um-ha prestaçom mais da carteira deserviços”, e lembra que “objetaumha pessoa, nom o hospital”. Adecisom do Sergas de assinarconcertos com centros privadostraz consigo umha desigualdadesanitária ao manter numha situa-çom duvidosa umha prestaçomque foi reconhecida como maisum direito sanitário e que pede

ser tratado com normalidade nosistema público.

A psicóloga e o psicólogo con-cordam também ao falarem dum-ha “colisom de direitos”. E volta-mos á metáfora da ilha deserta:que o Sergas remeta para o artigo16.2 da Constituiçom espanhola(liberdade ideológica) como qua-dro suficiente para entender a ob-jeçom de consciência só deixa oproblema no ar e obriga a resolvercada caso conforme forem ocor-rendo. Em base a isto, umha mu-lher grávida que procura atençomno mesmo hospital onde consultaas suas necessidades sanitárias“pode topar-se com um 'nom,olhe, aqui nom pode abortar por-que se nos declararam objetorestodos hoje de manhá'”, ironiza Mi-guel Anxo Garcia, para considerarde seguida que semelhante situa-çom “é intolerável porque esta-mos a dar por assente que a con-cretizaçom do direito á liberdadeideológica passa por riba do direi-to dumha paciente a receber um-ha prestaçom”.

Mais eivas da lei espanhola de saúde sexual e reprodutivaA falta de regulaçom da objeçomde consciência e só um dos pon-tos da lei de 2010 que nom foi de-senvolvido e que a tornam umtexto insuficiente para garantiros direitos sexuais e reproduti-vos das mulheres. Assim, a nor-ma aprovada polo governo espa-nhol, o PSOE na altura, estabe-lecia que nos centros de ensinopúblicos se dariam aulas de edu-caçom afetivo-sexual dentro dosconteúdos formais e com pers-petiva de género.

“Isto nom se está a cumprir,menos ainda coa Lei Wert e a re-tirada da matéria Educaçom pa-ra a Cidadania”, anota Maria Xe-sús Diaz. Aliás, incide em que oscentros de planeamento familiar,os COF, “estám a ser desmante-lados”. Na Crunha, as duas gine-cólogas do COF de Beira-Mar

Até 3.655 mulheres interrompérom a gravidez na Galiza em 2012. Praticamente todas tivérom de ir à privadaem anÁlise

Objeçom de consciência: carta-branca aoSergas para vulnerar o direito ao aborto

a junta PaGa entre 400 e 750 euros Por cada interruPçom voluntÁria da GravideZ em clínicas Privadas

A falta de regulaçomda objeçom na lei de 2010 privatiza o direito ao aborto

A Lei 2/2010, que regula a interrupçom voluntaria da gravidez, dispom que asmulheres poderám acudir a qualquer hospital público para interromper umhagestaçom nom desejada. Tal disposiçom bate de fronte com a objeçom, umdireito d@s profissionais da saúde que na Galiza nom está regulado. A Con-

selharia da Sanidade nom tinha há quatro anos e nom tem hoje contabilizadoo número de objeçons. Porém, já em agosto de 2010 quem solicitava umaborto era encaminhada a umha clínica privada. Som três as que tenhemconcerto, duas em Vigo e mais uma na Crunha.

Page 19: Novas da Galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz141.pdf · 2017-11-29 · 02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014 Se tés algumha crítica a fazer,

Deixando á margem que a objeçomde consciência nom foi regulada naGaliza, estás a favor de que se con-temple dentro do sistema de saúdepública? Por que?A objeçom de consciência é um as-sunto interessante e cheio de mati-zes. Pessoalmente, a priori, nomconcordo com essa objeçom. Comoobreira da saúde devo-me ante todoa um código deontológico, aos prin-cípios éticos e aos direitos das doen-tes. Se realizo o meu trabalho deacordo com os princípios de autono-mia da paciente, justiça e nom-male-ficiência nom vejo onde pode colhernessa tríade a minha objeçom. Poroutra banda, nom admito umha ob-jeçom de consciência que na práticasó serve para o controlo do corpodas mulheres convertendo-se assimnum dos instrumentos mais dema-gógicos que tem a igreja católica pa-ra introduzir-se na saúde pública.

Na tua prática diária, entendes quea lei de 2010 é suficiente para falardo aborto como um direito?Nos movimentos sociais quando sefala de aborto adoita ser um subtipomui concreto: o IVE (Interrupción

Voluntaria del Embarazo). Mas nomeio hospitalar diferenciamos mui-tos tipos. Quando se trata de umaborto espontâneo, este é tratadocomo qualquer outro processo saú-de-enfermidade (a nom ser polassempre inerentes discriminaçons degénero que existem em qualquerámbito da vida). No caso de ser umIVE a cousa já muda. Falávamos an-tes da objeçom, nunca vim tal obje-çom quando se trata de umha car-diopatia ou fratura de fémur. Massim tenho vistas demasiadas no mo-mento de dispensar pílulas pós-coi-tais (quando era necessária receitamédica) ou no transcurso da gravi-dez e interrupçom desta. Por outrabanda, já vai sendo hora de deixarde idolatrar a lei de 2010. Onde asmulheres se tenhem que deslocar aoutras cidades ou incluso a Madrid

para poder realizar um IVE (o qualvai em contra de todos os tratadosinternacionais), onde te obrigam aguardar “três dias de reflexom” fa-zendo passar as mulheres por trá-mites burocráticos desnecessários,ou aturarem discursos da Red Ma-dre com informaçons claramentetendenciosas . Acho que está muitolonge do aborto livre e gratuito quetodas defendemos.

Que panorama atopa uma mulherque decide interromper a gravi-dez no Hospital do Barbança?Perante a lei do 2010 os IVEs ficamfora dos hospitais públicos, quiçánom tanto na atençom primária por-que é a via de acesso à sanidade dapopulaçom. Quando foi todo o de-bate do anteprojeto de lei de Gallar-dón, as pessoas às quais se recorriacomo “figuras autorizadas” eram osginecólogos das clínicas privadas. Éevidente que nom só é a sua empatiacara as mulheres o que move o seudiscurso. Nom podemos falar deaborto livre quando este é um direi-to que está privatizado.

Como avalias as políticas públicasem saúde sexual e reprodutiva?A saúde sexual é vista polas políti-cas de gestom sanitária como um-ha simples prevençom de doenças

sexualmente transmissíveis e pla-neamento familiar. Nem sequer seestá atuando de acordo com estaótica reducionista. Os métodoscontracetivos estám a ser retira-dos do catálogo de fármacos gra-tuitos, ainda há farmácias quecontam com licença pública ondese negam a vender métodos anti-conceptivos; os screenings gineco-lógicos estám a ser espaçados demaneira insultante, a desmatela-çom dos centros Quérote... Comoseres bio-psico-sociais, a saúdesexual nom passa por “nom ter agonorreia” senom em processossociais e psicológicos. Umha vezdixo-me umha trabalhadora so-cial: “nom importa que lhe deasum condom grátis a umha moça, oimportante é a relaçom que cons-trui essa moça com o condom”. Asaúde necessariamente passa polavida, e ante um cenário onde nosassassinam cada semana, poucasaúde (tanto sexual como qual-quer outra) pode estar garantida.

19tribunaNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

“Nom podemos falarde aborto livre porque

está privatizado”

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atendem desde 2013 as152.000 mulheres em idadefértil que fam parte da áreade saúde desde que a Conse-lharia decidiu amortizar aúnica vaga de ginecologiaque havia no outro COF da ci-dade, o do Ventorrilho.

A norma de 2010 contemplatambém um aborto livre até às14 semanas. Porém, obriga aentregar por escrito “as pou-cas” ajudas económicas que háem vigor para a maternidade.“E se nom tenho nengum pro-blema económico, nem laboral,nem social? Por que tenhemque me dar isso?”, perguntaDiaz. E ainda mais. O texto de-termina que as mulheres de 16e 17 anos poderám decidir so-bre a sua gravidez, desde que@ representante legal estejaavisad@. “Esta disposiçom vio-la a lei de autonomia do pa-ciente, que reconhece o direitodestas menores a tomarem de-cisons sobre qualquer inter-vençom salvo aquelas que im-plicarem um grave risco”. Apsicóloga exemplifica as con-sequências desta limitaçom:“tivemos o caso dumha moçaque residia aqui com umha tiaenquanto a nai e o pai estavamna América do Sul. O consenti-mento da tia nom servia e tivé-rom que enviar umha ata nota-rial de aló”. A gravidade daquestom reside em que esta-mos a falar dumha prestaçomonde os prazos som fulcrais.Faltando tempo, seria o Tribu-nal de Menores a decidir sobreo corpo desta mulher.

Objetar contra os direitos sexuais e reprodutivosO presidente do comité de éticado CHUS reconhece que é o ei-do dos direitos sexuais e repro-dutivos aquele que mais inspi-rou os e as objetoras de cons-ciência. Lembra que cando seaprovou a lei vigente relativaao aborto “objetava desde o ze-lador até o administrador quetinha que chamar a mulher portelefone!” e que houvo farmá-cias que se negaram a vender acontracetivos ou preventivosda gravidez alegando objeçomde consciência.

Afirma Miguel Anxo Garciaque no sistema sanitário públi-co, a objeçom foi utilizada “co-mo parapeito aos avanços nodireito das mulheres a abor-tar” e pergunta-se por que,umha vez regulado este direi-to, o Sergas nom garante a IVEnos hospitais públicos estabe-lecendo como critério seletivopara as novas contrataçonsque @ sanitári@ nom se ne-gue a participar nos abortos.Ou aceitaria a Conselharia deSanidade que nos hospitaispúblicos nom se realizassemtransfusons de sangue porque@s profissionais se declaras-sem Testemunhas de Jeová?

“A objeçom é um dos instrumentosmais demagógicos da igreja católicapara introduzir-se na saúde pública”

alicia ares vilar é enfermeira no hosPital do barbança

A área que maisobjeçons recebe é

a dos direitos sexuais e reprodutivos

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20 tribuna Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

O autor reflete sobre a funçom social do consumo como forma deostentaçom e pergunta-se polos límites deste modelo no contexto da crisetribuna

RAUL RIOS / Desde que os cinemasValle Inclán botárom o fecho nazona nova de Compostela, o úni-co local onde se podem ver filmesno grande ecrám é o centro co-mercial As Cancelas. Os bilhetescustam cerca de 7 ou 8 euros, mascada dous ou três meses tenta-mos ir ver algo. As salas de visio-nado estám no segundo e últimoandar. Nom há um elevador nemumhas escadas mecánicas quevaiam diretamente da porta doprédio. Antes de chegar às bilhe-teiras, estás obrigado a percorrero resto do centro comercial. A dis-posiçom arquitectónica eleva acurva da demanda.

Enquanto fazemos esse passeiosem sol nem chuiva, quase sem-pre sai o mesmo comentário. “Co-mo pode ser que haja tanta gentea comprar caralhadas nos temposque correm?”. Nom é nengumhabrincadeira. Para nom chegar tar-de ao filme temos que pôr especialcuidado em ir esquivando toda es-sa clientela com bolsas do ‘zara’.Há algo que nom nos encaixa. Oassunto é que temos perto de300.000 parados na Galiza, um22,29 por cento da populaçom ati-va. Os menores de 25 anos esta-mos perto de 50 por cento. Há já653.000 pessoas em risco de po-breza, nengumha brincadeira. Deonde tira a massa toda essa gente?

Mui a princípios do séculopassado, o estadounidenseThorstein Veblen formulava asua 'Teoria da classe ociosa'. Oeconomista bosqueja umha so-ciedade na que as capacidadesde ócio e de consumo som sinó-nimas de êxito social, na medidaem que som provas visíveis dopoder pecuniário dum indivíduoou grupo de indivíduos (classe).O facto de alguém nom tiver quededicar o seu próprio tempo eesforços a nengumha tarefa pro-dutiva mostra como, graças aoseu status dominante, háoutra(s) pessoa(s) que traba-lham por ele e se encarregam decobrir as suas necessidades. Damesma maneira, o consumo éumha forma de mostrar ao restode indivíduos a riqueza acumu-lada. Quanto mais luxuoso einecessário seja este consumo,

mais efetiva será a ostenta-çom e, portanto, mais êxitosocial atingirá um indiví-duo determinado.

Os exemplos som bemconhecidos: talheres emprata e ouro, louças de por-celana, roupas de marca,carros de alta gama ou tre-belhos tecnológicos de úl-tima geraçom. Apesar deque muitas das pessoasque adquirem estes artigosjustificam a sua comprapolas maiores capacidadesfuncionais dos produtos oupola sua suposta qualida-de; a realidade é que a di-ferença fundamental entreum garfo de ouro e um ou-tro de latom ou entre umhacamisola ‘Lacoste’ e umhaoutra sem marca é o preçoe, com ele, a capacidade demostrar o poder pecuniáriopróprio ante o público.

Chegados a este ponto, al-guém se perguntará se todoisto quer dizer que a multi-dom que vai de escaparateem escaparate por As Can-celas fai parte dessa classesocial dominante e pecunia-riamente superior. Nadamais longe da realidade. Ve-blen sustém que o móvel quesubjaz na raiz da propriedade (e,por extensom, do consumo) nomé outro que a emulaçom. Do mes-mo modo que a possessom de ri-queza outorga honra, também dálugar a umha distinçom “odiosa”para quem nom a possui. Umhapessoa é rica e honorável na me-dida em que houver pessoas po-bres e vulgares com as que secomparar, e vice-versa. Esta dis-tinçom é o incentivo fundamentalpara adquirir riqueza e consumir.Outro incentivo contemplado polomesmo autor é a simples necessi-dade de subsistência e de atençomdas necessidades físicas; mas estemotivo de consumo ocupa sempreum papel muito secundário frentea funçom diferenciadora.

É essa necessidade de emula-çom a que nos permite explicarcomo pessoas que mal podem pa-gar a hipoteca ou as faturas –agrandíssima maioria da popula-

çom- tenhem, ainda assim, essaforte necessidade por comprarroupa nova cada mês ou por tro-car um telemóvel que julgam an-ticuado. Semelha que a presomde certas necessidades sociais po-de chegar a ser mais forte do quea própria presom das necessida-des básicas. E a emulaçom man-tém-se apesar das adversidades.Ao refletir sobre a sociedade deconsumo e os seus templos co-merciais, Galeano escrevia que“os visitantes venhem a umha fes-ta onde nom fôrom convidados,mas podem ser mirons”. E é que,

mesmo quando a carteira está va-zia; há gente que escolhe o centrocomercial como o lugar idóneopara passar os tempos livres, darum passeio com os amigos eolhar objetos de desejo que sem-pre ficarám fora do seu alcance.

Ao olhar este panorama cami-nho do cinema, pergunto-me atéque ponto essa necesidade deconsumo ostensível como únicavia conhecida para o êxito socialpode interferir na satisfaçom dasnecessidades básicas. Onde está olimite? Lembro a famosa pirâmidede Maslow que sai nos manuais

escolares de economia. Se-gundo esta teoria psicológi-ca, um indivíduo só sente anecessidade de reconheci-mento social umha vez ficagarantida a cobertura dasnecessidades fisiológicas ede segurança pessoal: ali-mentaçom, bem-estar físico,vivenda, emprego, etc. Nomvejo a cousa tam clara.

Veblen situa a apariçomdo consumo como institui-çom de diferenciaçom so-cial na fase inicial do queele denomina, dum jeitoum tanto difuso, “culturadepredadora”. Seria mes-mo anterior à apariçom doconceito que hoje entende-ríamos como “riqueza”. As-sim, o consumo como pro-va de riqueça é um fenóme-no posterior, sendo numprimeiro lugar umha formade diferenciar umha classesuperior honorável dumhaoutra classe vulgar e infe-rior: a primeira consome oque a segunda produz(nom é necessária a acu-mulaçom). O que interessadestacar de aqui é que, ape-sar de tentar estabelecerum momento inicial paraesta prática, o autor apre-

senta-a como um risco comum atodas as sociedades, pois eleva anecessidade de diferenciaçomsocial quase ao status de condi-çom humana.

É a humana umha espécie in-trinsecamente miserável? Real-mente necessitamos situar-nosnumha posiçom de superiorida-de social, embora seja ilusória,para auto-realizar-nos? Exibire-mos os últimos trebelhos tecno-lógicos quando nom dê para afatura da eletricidade? Haverágente que depois de ficar no pa-ro siga pondo cara de peixequando os grevistas fechem oscomércios? Comentaremos ocatálogo do ‘Ikea’ umha vez nosdespejem das nossas casas? Lu-ziremos garfos de prata ante osconvidados quando nom hajacomida na panela? Tenho muitacuriosidade em ver onde se si-tuam os limites da ostentaçom.

Quanto mais luxuosoe innecessário seja o

consumo, mais efetivaserá a ostentaçom

Superioridade sociale consumo de caralhadas

Comentaremos o catálogo do Ikea umha

vez nos despejem das nossas casas?

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21mediaNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

notas de rodaPé

Antonio Caño, diretor de El País, assumedesde o seu cargo a defesa dum jorna-

lismo de nom intervençom. "Os jornalistas -propom- devem estar à margem de todasas causas políticas, e, ainda mais, devemconsiderar-se fora de todas as causas".

Caño defende a filosofia da observa-çom neutral e despreza o jornalismo

que arrodeia El País coma um inaceitávelconcentrado ideológico e político. "Eunom creio no jornalismo combativo, nemno jornalismo social, nem creio no jor-nalismo com qualquer adjetivo. Os jor-nalistas devem-se limitar a contar o quepassa desde diferentes ángulos".

Para superarmos o jornalismo "com-bativo" e "social", o diretor cuida que

o modelo é o da imparcialidade norte-americana. Com plena imparcialidadepodemos recordar que os norte-america-nos Nicolas Berggruen e Martin E. Frank-lin, os dous principais acionistas da Li-berty Acquisition Holdings Corporation,controlam desde novembro de 2010 amaioria absoluta do capital da Prisa.

El País está em liberdade de transmitiràs alunas matriculadas no seu curso

de jornalismo que a imprensa verdadei-ramente moderna é a do Grupo Liberty.No entanto, em Norteamérica há todo ummovimento social contra a informaçomdominada polos grandes interesses pri-vados. Críticos como Noam Chomsky eEdward Herman denunciam a desapari-çom do jornalismo baixo os interessesdas elites financeiras e empresariais.

Há seguidores de Caño noutras facul-dades de jornalismo e desde logo na

imprensa da Galiza. Numha leitura rápi-da da historia do jornalismo norte-ame-ricano verám que nunca cessou a cor-rente crítica contra o género de impren-sa que defende El País.

Amodernidade que predica Cañonom tem nada de novo. É umha for-

ma de censura que se repete. Compro-vem a imparcialidade de El País no mas-sacre de Gaza: milhons de toneladas demetralha contra a populaçom civil pales-tiniana sitiada, contadas num relato es-crito desde Tel Aviv. Se calhar El País cui-dava que contar a opiniom dos massa-crados era parte desse odiado jornalismo"combativo" e "social".

Jornalismo àmargem dascausas comoforma de censura

media

A.L. / A Associaçom de Meios em Galego(Amega) apresentou através dos gruposparlamentários de AGE e BNG umha pro-posta de Lei de Publicidade Institucionalque, por palavras do seu presidente Henri-que Sanfiz, procura “proteger, cultivar, di-fundir e socializar o idioma galego” e lograrumha maior transparência no reparto deajudas e publicidades institucionais aosmeios de comunicaçom. Em declaraçonsapós o registo do texto no Parlamento, San-fiz lembrava que o Colégio Profissional deJornalistas da Galiza, o Sindicato de Jorna-listas e mesmo o Conselho de Contas ve-nhem reclamando que “a publicidade insti-tucional se reparta em convocatórias públi-cas e objetivas nas quais todos os meios po-dam concorrer em igualdade de condiçons”.

Durante as juntanças com os grupos par-lamentários a Amega conseguiu o apoio deAGE e BNG, enquanto o PSdeG afirmouque votaria a favor da sua toma em conside-raçom mas nom partilha a redaçom do mes-mo. Por outra banda, o PPdeG teria lembra-do a promesa do presidente da Junta da Ga-liza, Alberto Núñez Feijóo, de apresentarantes de que remate este ano umha lei dePublicidade Institucional.

No articulado da proposta de lei da Ame-ga exponhem-se iniciativas para garantirque a publicidade institucional seja difun-dida respetando o idioma galego e ade-quando-se a uns princípios de veracidadee rigor, assim como propostas para evitarque nas contrataçons para a difusom decampanhas institucionais apenas se vejambeneficiadas as grandes empresas editorasde jornais diários.

Deste jeito, a proposta da Amega definepublicidade institucional como “toda for-ma de comunicaçom, difundida por qual-quer meio por parte das AdministraçonsPúblicas (…) com o fim de promover a suaimagem, as suas atividades ou fomentarvalores de interesse público”. Este tipo decomunicaçons, engade posteriormente oarticulado, “deverá acatar os princípios deveracidade, transparência, legalidade, leal-dade institucional, neutralidade, interessepúblico, eficiência, nom discriminaçom erespeto à pessoa e às suas atividades, epromocionará os valores democráticos eda língua e cultura galegas”.

Supressom dos convéniosNo artigo 21 a proposta da Amega expoma supressom dos convénios entre meios eadministraçons para realizar textos desde

a empresa informativa que recolham a ati-vidade de dita administraçom, umha práti-ca habitual na atualidade. Assim, a Amegadefende que as entidades do setor público“nom poderám assinar convénios, nemefetuar contratos por procedimentos res-tringidos, negociados ou de adjudicaçomdirecta, com empresas editoras de médios,agências de notícias ou agências de publi-cidade, que tenham por objeto a comuni-caçom ou tratamento informativo de lo-gros ou açons de governo”.

No referido à contrataçom para a publi-cidade institucional, a Amega exige que

estes processos respeitem os princípios depublicidade, concorrência e nom discrimi-naçom, estando regulados pola normativavigente em matéria de contrataçom públi-ca. Com o fim de promover a língua galeganos meios, a Amega propóm que “a con-trataçom de publicidade se realizará porseparado entre os meios de comunicaçomque só empreguem a língua galega e osque, no seu caso, usem as duas línguas ofi-ciais, devendo garantir-se que nengum dosdous grupos receberá mais de 60% do or-çamento previsto para esta finalidade”. As-sim, a Amega aposta também numha pla-nificaçom anual da publicidade institucio-nal e criaçom de umha comissom.

Atualmente, a Amega está conformadapolos meios A Nova Peneira, A Voz de Vilal-

ba, Certo, Crónica3, Galicia Confidencial,NOVAS DA GALIzA, Praza Pública, Quepasa-

nacosta, Radiofusión, Sermos Galiza, Tem-

pos Novos, Terra Cha Xa e Val Miñor. Info.

Amega leva ao Hórreo umhaproposta para impedir as ajudasdiretas da Junta aos jornais

Exigem que a publicidadeda Administraçom nom

discrimine nengum meio

associaçom de meios em GaleGo aPresenta lei de Publicidade institucional

Page 22: Novas da Galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz141.pdf · 2017-11-29 · 02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014 Se tés algumha crítica a fazer,

22 Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014cultura

cultura Elites culturais galegas na diáspora travárom contato comum Cortázar ainda moço e inexperto no mundo das letras

Galiza na mariola de CortázarcumPrem-se 100 anos do nascimento do escritor arGentino

Em 1977, o vilalvês RamónChao entrevistava a JulioCortázar em Rádio Fran-

ça. A transcriçom dum trechodesta conversa foi publicada porFrancisco Xosé Fernández Navalno seu livro Respirar polo idioma.

Os galegos e Julio Cortázar e nelaCortázar expom o momento noqual o seu compromisso políticoe social adquiriu umha maior pre-sença na sua escrita. “Quando euescrevi Rayuela vivia na Argenti-na. Nom tinha o menor compro-misso com a história e muito me-nos com nengumha ideologia,com nengumha política. Era oque se chamava um moço liberal(…), mas depois de que esse livroquedasse rematado, eu passei po-la experiência, a primeira grandeexperiência histórica da minha vi-da, que foi a confrontaçom com aRevoluçom Cubana. Eu fum a Cu-ba e vim o que estava sucedendoem Cuba, dous anos depois da Re-voluçom, e descubrim, por pri-meira vez o que era um povo, oque eram oito milhons de pessoastratando de encontrar essa identi-dade que eu procurava com egoís-mo e solitariamente para mimpróprio, num quartinho de Paris”.

Do confessado perante Chaopodem ser deduzidas as etapasem que se desenvolvêrom as in-quietudes de Cortázar. Foi nessaépoca de “moço liberal” onde asua relaçom com as gentes gale-gas na diáspora argentina se tor-na relevante. Daquela, a ativida-de cultural, e sobretodo editorial,que estavam a desenvolver pes-soas como Luís Seoane, LorenzoVarela ou Rafael Dieste cruzou-

se com os caminhos iniciáticosdum Cortázar que procurava en-trar no ámbito da crítica e da pro-duçom literária.

Tradutora e companheiraSeguindo o mapa Cortázar en-contra-se que o vínculo funda-mental do escritor argentino coma Galiza foi a sua primeira esposa,a prestigiosa tradutora AuroraBernárdez. De pais galegos, estamulher nasceu em Buenos Aires,mas passou quatro anos da suainfáncia na Galiza, concretamen-te numha aldeia do concelho deMaside, na comarca do Carvalhi-nho. No livro de Fernández Naval,autor que conseguiu entrevistar-se com ela para aprofundar na co-nexom galega de Cortázar, afir-ma-se que entre as suas lembran-ças de cativa está ouvir falar deCastelao nas conversas domésti-cas. Jovem de caráter indepen-dente, lançou-se ao ofício de tra-dutora, sendo suas as adaptaçonsao castelhano de obras como La

nausée, de Jean Paul Sartre, tra-balho que indica o alto nível inte-letual atingido por Bernárdez.

Bernárdez vai conhecer a Cor-tázar em Buenos Aires em 1948 e

A.LOPES / As gentes da Galiza estivérom presentes em diversas épocas davida de Julio Cortázar. Deter-se nos episódios galegos deste escritor ar-gentino semelha dar saltos nos diversos quadros dumha mariola, nos quaisse percebe umha história ainda por desenvolver. Considerar a palavra Cor-tázar nom como nome próprio de um escritor da literatura universal, senom

como umha seleçom de experiências nas vanguardas culturais do séculoXX ajudará a deitar luz sobre a vida e o ativismo das gentes do nosso paísque fugírom além-mar na procura da sobrevivência. A continuaçom, inicia-se o percurso por alguns dos quadros com nome galego da mariola desen-hada polo percurso vital de Cortázar.

Escasseiam dadossobre as etapas da

vida de AuroraBernárdez nas

quais nom mantivovínculo com Cortázar

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23culturaNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

O património imaterial galego-português voltaprocurar o seu reconhecimento na Unesco

‘Ponte... nas ondas!’ anuncia a candidatura no décimo aniversÁrio do Primeiro intento

vai casar com ele em 1951, acom-panhando-o mais tarde no seudeslocamento a Paris. Em setem-bro de 1968 separaram-se, numhaépoca em que Cortázar, após osacontecimentos de maio desseano, aprofundará no seu compro-misso político. Cortázar manifes-ta-se aqui também como umhalousa ou sombra espaçosa, poisapesar de Bernárdez ser umhamulher de ampla atividade cultu-ral é mui difícil recompilar infor-maçom publicada sobre as épo-cas em que a sua vida nom secruzava com a de Cortázar, aquem cuidará nos dias prévios àsua morte em 1984 e de quem seconverterá em administradorado seu legado literário.

Anos 40: Cuadrado, Varela e SeoaneEm agosto de 1944 Cortázar as-sinava um dos seus primeiroscontos na revista Correo Litera-

rio, fundada por três galegos mi-grados que estavam a desenvol-ver umha ampla atividade edito-rial e cultural. Este triángulo es-tava conformado por Luís Seoa-ne, Lorenzo Varela e ArturoCuadrado. Este projeto, comomuitos outros em que se embar-cárom estes três migrados, pro-curava a difusom da cultura ga-lega na diáspora e das ideias an-tifascistas dos seus editores. Nes-ta década de 40, também na mi-graçom se sofreria a profundadeceçom provocada pola aceita-çom internacional do regimefranquista após a vitória aliadana Segunda Guerra Mundial. As-

sim, em agosto de 1945 o Correo

Literario lembrava a estreita li-gaçom entre o franquismo, o na-zismo e o fascismo que Ocidentesemelhava esquecer de repente.

Durante estes tempos, Seoane,Cuadrado e Varela fôrom coeren-tes com a sua consciência anti-franquista, o que lhes custou terque baixar-se de projetos edito-riais argentinos que nom se mos-

travam o suficientemente críticoscom o regime que deixara centosde mortos na Galiza. Segundo in-dica no seu trabalho FernándezNaval, Cuadrado e Seoane aban-donavam a editorial Emecé, daqual fôrom fundadores em 1939,quando se aceita publicar um li-vro do cónsul de Espanha emBuenos Aires. Segundo o mesmoautor, o poeta Lorenzo Varela dei-

xaria de colaborar com a revistaSur em 1945, época em que a suadiretora, Victoria Ocampo, se te-ria declarado anticomunista.

A batalha de MontevideuCortázar vai ter contacto com asgentes da Galiza em muitas maisocasions, também na sua épocaparisina, onde se faria amigo doartista Leopoldo Nóvoa. Mas écuriosa também a coincidênciacom o episódio que Alonso Mon-

tero deu em chamar 'Batalha deMontevideu'. Em 1952 a UNES-CO, com a oposiçom de intele-tuais como Albert Camus, conce-dia umha vitória diplomática aoregime franquista ao aceitá-lo co-mo membro. Deste modo, a dita-dura espanhola ia ter representa-çom na VIII conferência generaldeste entidade em Montevideu,evento em que Cortázar trabalha-va como tradutor. Foi nesta con-ferência onde o galeguismo doGrupo Galáxia e da diáspora, queparticipou dumha intensa cam-panha mediática em prol do usodo galego, apresentava para oseu debate umha Denúncia da

perseguizón do idioma galego

pol-o Estado Hespañol. O repre-sentante do franquismo na con-ferência da ONU era, entre ou-tros, Manuel Fraga Iribarne.

As concomitáncias galegascontinuam: a mariola Cortázarpisou terra galega em duas oca-sions nos anos 50, tal como se re-colhe na sua correspondência;seria também um galego, Fran-cisco Porrúa, com quem vai man-ter umha estreita relaçom edito-rial e de amizade... Umha vezCortázar deixa a Argentina polaEuropa, deixa também atrás aGaliza portenha, arredada do seupaís, mas ativa na memória e de-fesa da sua identidade e das suasideias. Antes dessa marcha,Seoane recolheria apontamentosdos rasgos de Cortázar para futu-ros retratos que deixarám cons-táncia gráfica do encontro entreGaliza e Cortázar.

Arturo Cuadrado,Lorenzo Varela e

Luís Seoanedesempenhavam

umha intensa laborcultural e editorial na

Argentina de 40

NGZ / Neste mês de outubro fijodez anos desde que um grupo deprofessoras e professores entregá-rom na sede da Unesco em Paris aprimeira candidatura do patrimó-nio comum galego-português. Estainiciativa apresentada oficialmenteem 2004 estava promovida por cen-tros de ensino minhotos de ambosos lados da raia envolvidos no pro-jeto 'Ponte... nas Ondas!'. Nom sóera a primeira vez que o patrimóniopartilhado entre estes dous povosprocurava o seu reconhecimentopola Unesco, mas a primeira vezque esse organismo recebia umhacandidatura internacional avaliza-da por dous Estados. Coincidindocom este décimo aniversário, a As-sociaçom Cultural e PedagógicaPonte... nas ondas! acaba de anun-ciar que vai voltar a empreenderumha campanha pola inscriçom do

património comum galego-portu-guês na Lista Representativa daUnesco. O alvo: conseguir o maiornúmero de apoios possíveis até o25 de novembro de 2015 e alcançaro objetivo ante a Unesco.

Duas tentativas frustradasSegundo Santiago Veloso, presi-dente de 'Ponte... nas Ondas!', é pre-ciso remontar-se 20 anos atrás paraencontrar as origens desta candi-datura. Como explicou num artigopublicado pola Associaçom deMeios em Galego, é em 1994 quenasce esta experiência interescolarque une estudantes e mestres deambos os lados do Minho. Depoisde várias iniciativas noutros ámbi-tos, é em 2001 que decidem elabo-rar a candidatura do património co-mum galego-português ao rebufodas primeiras proclamaçons de

Obras Mestras do Património Ima-terial feitas pola Unesco. Apesar dotrabalho realizado e do aval dos es-tados português e espanhol, essacandidatura apresentada em 2004foi paralisada em novembro de2005, quando a Unesco recomen-dou reformular a candidatura ape-

sar de valorizá-la positivamente eassegurar que tinha futuro.

A frustraçom nom foi um pro-blema, e 'Ponte... nas Ondas!' vol-tou pôr-se maos à obra adiantan-do-se à entrada em vigor da Con-vençom para a Salvaguarda do Pa-trimónio Imaterial. Assim, em

2007 chega a segunda tentativa,com a oportunidade que se abriaante as iminentes inscriçons naLista Representativa. Mas a refor-mulaçom do primeiro dossier dacandidatura bateu com a preten-som dos dous estados de incluir assuas próprias propostas na lista.

À terceira é de vezPara que desta vez a candidaturavaia adiante, os impulsores vamestar centrados em que a campa-nha consiga todo o apoio socialpossível. Fam um chamamento aparticipar, nesta ordem, aos cen-tros educativos, “origem e motordesta iniciativa”; às pessoas a títu-lo individual ou coletivo e, por últi-mo; às instituiçons públicas, que“devem sentir o alento e a deman-da da sociedade civil, das pessoasportadoras desse património”.

Cuadrado e Seoaneabandonavam a

editorial Emecé, daqual fôrom

fundadores em1939, quando se

aceita publicar umlivro do cónsul de

Espanha em Buenos Aires

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24 desPortos Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

d desP

orto

svinte e quatro metais em taeKwondo

Após ficar o ano anterior às portas dese proclamar campeoa da Europa, a fu-tebolista compostelana Vero Boquetevai luitar pola vitória na Champions.Para conseguir tal fim assinou polo FFCFrankfurt, o clube europeu com ummaior número de taças da Europa.

vero boquete quer a chamPions

Galiza conquistou o título por seleçonsna modalidade freestyle e foi a domina-dora no Campeonato Estatal de taek-wondo celebrado em Marina D´Or. A re-presentaçom galega obtivo catorze me-dalhas na modalidade técnica de adultoe dez mais em freestyle.

A. RUA NOVA / O 2014 foi o ano dotriatlo galego. Sem dúvida, o su-cesso mais espetacular foi a pro-clamaçom de Xavi Gómez comotetracampeom mundial na distán-cia olímpica. Sete dias depois, otriatleta ferrolano, conquistavatambém o Campeonato Mundialde Meio Ironman. As estatísticasde Xavier som espetaculares enom sempre os meios de comuni-caçom reflitem com justiça o es-forço e o trabalho dum desportistade elite que pode chegar a treinaraté 8 horas ao dia.

Desde o ano 2007, Gómez nombaixa do pódio do Mundial; foi pri-meiro por quatro vezes, subcam-peom por três e bronze num parde anos. Acumula três campeona-tos de Europa e duas participa-çons em Jogos Olímpicos, sendodiploma em Beijing 2008 (ao fina-lizar quarto), e subcampeom olím-pico em Londres 2012. Com estepalmarés, nas redes sociais, haviamais de umha pessoa que pergun-tava: é Xavi Gómez o melhor des-portista da nossa história?

Muitas e muitos falavam de queos únicos que podem disputar a

Gómez tal consideraçom som Da-vid Cal, com quatro medalhasolímpicas, e o futebolista Luis Suá-rez, o único galego e jogador doEstado em possessom do Balom deOuro. Mas a Cal nom lhe ajudamos seus vínculos com o PP nem asua irregularidade competitiva.

À sombra de Xavi Gómez mo-ram muitas e muitos triatletas ga-legos com trajetórias desportivasverdadeiramente brilhantes. Nompodemos esquecer o incombustí-vel Ivan Raña. O triatleta de Ordesfoi o primeiro galego campeommundial deste desporto (Cancun,2002), e também é duplo cam-peom europeu. Agora, com trintae cinco anos, dedicase à larga dis-

táncia, onde quer luitar polo mun-dial Ironman de Hawai.

Nesta temporada consagrárom-se dous triatletas galegos comosom Uxio Abuin e Pablo Dapena.Ambos ocupárom o primeiro e se-gundo lugar no Campeonato esta-tal de triatlo, onde sempre há ga-legos na cima. E a façanha pode-ria ter sido maior, se outro galego,Anton Ruanova, duplo subcam-peom estatal, nom tivera umha

avaria mecánica quando lideravaa prova, que lhe obrigou a aban-donar a competiçom.

As moças galegas também es-tám na vanguarda do triatlo. Esteano a ferrolana Melina Alonso fi-cava segunda na Taça pan-ameri-cana de Valparaiso, e continua asua progressom individual. Piorsorte tivo a lucense Aida Valiño.Depois de vencer no Campeonatoestatal de Meia Distáncia, durante

um treino em Oia, um carro atro-pelava-a e ficava gravemente feri-da, com fratura de cotovelo e cla-vícula, ficando privada de ganharmais títulos.

Mençom especial para SusanaRodriguez. A viguesa compete emparatriatlo, e é todo um exemplode superaçom. Neste ano conse-guiu ser subcampeoa mundial deacuatlo, e o bronze em Edmontonno mundial de paratriatlo na cate-goria PT5, de desportistas com de-ficiência visual.

Mas como cada temporada, ase os desportistas da Galiza, aonom poderem competir com a Se-leçom Galega, sofrem na sua peleo nepotismo e injustiça da federa-çom espanhola. Já a sofrêrom Xa-vi Gómez, Iván Raña, Anton Rua-nova,... e este ano Uxio Abuin,Carmen Gómez e Melina Alonsoficavam fora do mundial por deci-som técnica, apesar de atingirema vaga. Se no ano 2014 o rendi-mento do triatlo galego foibom,quanto melhores seriam osresultados dos e das triatletas ga-legas competindo com a Galizacomo seleçom oficial?

O triatlo galego sobe ao Olimpo

Primeiros trunfos de Suévia e Torques

À sombra de XaviGómez moram

muitas e muitostriatletas galegos

com trajetórias brilhantes

LIGA GALLAECIA / A 1ª jornada daLiga Gallaecia tivo lugar em Na-dela, no campo dos Torques deLugoslávia e coincidindo com asfestas do Sam Froilám. O primei-ro encontro da tarde tivo comocontendentes à Suévia F.G e àsAfiadoras F.G. que, numha com-petida primeira metade oferecê-rom um bom nível ao público doCampo Municipal de Nadela. Ascompostelanas, com um jogo detoque meio e curto superárom nocontrolo da bola e domináromcom autoridade no relvado nade-lao, contando a maioria dos seusataques como anotaçons dumponto. Pola sua parte, as Afiado-ras com um jogo muito mais ver-tical, lançavam-se ao contra-ata-que naquelas jogadas em que asua intensa defesa era quem derecuperar a bola. Assim, as ou-

rensanas estivérom sempre napeleja realizando fulgurantes ata-ques com golos e os três pontos.A primeira metade finalizou comum resultado de 1-6 (9) 2-0 (6).No começo da segunda metadeum golo de três pontos da Suéviaanunciou a mudança de tendên-cia; as compostelanas tinhammaior facilidade para se achegarao marco afiador. As suevas, comumha marcha mais, graças aomaior número de relevos, conver-têrom-se definitivamente em do-nas do encontro. As Afiadoras,nom desanimárom e pelejárompor manter-se perto no marcadorao lograr um tanto que ainda da-va algumha esperança às ouren-sanas 2-6 (12) 2-1 (7). Com o pas-so dos minutos, a Suévia foi to-pando maiores facilidades parasomarem pontos ante umha equi-

pa ourensana sem possibilidadede trocos e já afogada polo esfor-ço realizado. Nos últimos 5 minu-tos, a Suévia anotaria vários go-los mais fazendo aumentar a di-ferença no placar até o definitivo6-8 (26) 2-2 (8) que nom reflexa aigualdade na primeira metade,mais sim a desigualdade na se-gunda.

A vigente campeoa perde em NadelaO segundo encontro da 1ª jornadada Liga Gallaecia enfrentou asAmbilokwoi com os anfritrións lu-goslav@s. Numha competida pri-meira metade, as viguesas fôrommuito mais efetivas. A possessomda bola debateu-se a partes iguaisentre o jogo em longo das da ria eumhas Torques que mostráromcerta melhora no jogo com a mao.

Os viguesas/es mostrárom-se mui-to efetivos, contando todas asoportunidades como pontos, nomcomo a equipa local que pese a ge-rar um maior número de oportuni-

dades nom lograva ter a calmaprecisa para transformar os pon-tos. Assim, as locais concedêromfaltas em posiçons perigosas, pre-sentes que fôrom aproveitadospolos pateadores do Ambilokwoi.Assim, a primeira metade finali-zou com um estranho 0-3 (3) 0-5(5) em favor das visitantes, quan-do o marcador poderia ser muitomais elevado de acordo com o jo -go e as oportunidades geradas porambas as equipas.

No começo da segunda metadeas locais conservárom o bom jogomostrado, nom se vinhérom abai-xo polos erros da primeira metadee começárom a transformar os

seus ataques em pontos. Além dis-so, a defensa local melhorou asprestaçons da primeira metadesuperando nas bolas longas, desa-tivando a principal arma dos cam-peons. Ambilokwoi, pola sua par-te, ressentiu-se do estado de for-ma dalg um dos seus melhores ho-mens e nom conservou a calmaquando se viu superado no mar-cador polas luguesas. Dous pon-tos das visitantes ajustárom omarcador com 10 minutos para ofinal 1-5 (8) 0-7 (7) mais umha jo-gada individual local pujo umponto mais no marcador (9-7) e fi-xo que o Ambilokwoi tivera quearriscar na procura dum golo.Nesse justo momento umha suce-dida contra lugoslava conseguiriaum golo, somando 3 pontos defi-nitivos que deixariam um 2-6 (12)0-7 (7) no marcador.

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

Depois de vencer a Liga Galega A, Samertolameu com-pletou umha magnífica temporada nos play-off. Na fasede ascenso a máxima divisom do remo, a Liga ACT, atraineira galega Samertolameu de Meira superou comclaridade a Amegrove, Getaria e zumaia. Assim, a Liga2015 verá competir três equipas da Galiza: Tirán, Caboda Cruz e Meira.

três traineiras GaleGas na elite

ALEXANDRE COSTA / Há apenasquatro anos quando um grupo demoços da Corunha se juntou parainiciar na Galiza o futebol Irlan-dês. Daquela ninguém aguardavaque anos depois se tivesse con-vertido num dos desportos queestá na moda no nosso país. O seucrescimento é espetacular, che-gando a ter este ano 8 equipasmasculinas, 7 femininas e váriosprojetos a ponto de cristalizarnoutras vilas galegas como VilaGarcia ou Lalim.

O caso galego e um caso atípi-co dentro do futebol gaélico, jáque a maior parte das equipasque existem fora da Irlanda somformadas na sua maioria por ir-landeses afincados nesses terri-tórios, mas nom é assim no casogalego, onde sucede o contrário,apenas há irlandeses nas esqua-dras galegas.

A liga galega começou no fimde semana do dia 11 de outubrocom a presença de 7 equipasmasculinas: Estrela Vermelha(Compostela), Irmandinhos (AEstrada), Fillos de Breogan (ACorunha), Mecos (Ogrobe), Pon-tevedra, Braithreachas (A Estra-da), Artabros (Oleiros) e Univer-sidade de Vigo.

O atual campeom na catego-ria masculina, o Estrela Vermel-ha, nom o vai ter fácil para re-validar o título. Os Irmandinhosacabam de conseguir a segundavaga no torneio Europeu apósos Madrid Harps. Os Fillos con-solidárom o plantel que lhes fijoser finalistas da Taça Galega ePontevedra e Mecos dérom um

salto qualitativo nos últimosmeses que deve ser tido em con-ta. A incógnita vai chegar damao das novas equipas, Braith-reachas, Ártabros e UVigo.

A competiçom feminina vai es-tar composta por Estrela Vermel-ha (Compostela), Irmandinhas (AEstrada), Fillas de Breogan (ACorunha), Mecas (Ogrobe), Pon-tevedra, Braithreachas (A Estra-da) e Auriense (Ourense). Pas-sando assim de 3 a 7 equipas emapenas um ano.

A nível feminino parece muitocomplicado ou quase impossívelderrotar a todo-poderosa equipada Estrada que vem de procla-mar-se subcampeoa da Europa

em Dublin. As da Estrada tenhemum potencial impressionante esobretodo futuro, muito futuro.

E é que o nível está a subir pro-porcionalmente ao aumento deequipas no país. Nom é casuali-dade que o Estrela ficara campe-om de grupo no Europeu por ci-ma da esquadra Parisina, atuaiscampeons franceses e três vezesda Europa, ou que Irmandinhos eIrmandinhas consigam o seguntoposto no europeu. As e os galegosvam conseguindo cada vez cotasmais altas e ganhando o respeitofora da nossa naçom.

Boa prova foi o histórico jogoda Galiza contra Irlanda noOgrobe no passado 4 de outubro,

onde as seleçons galegas, dirigi-das por Carlos Seco e Carlos To-rres, figérom frente aos combi-nados irlandeses, pondo-os pormomentos em apuros e dandoumha imagem muito boa do quese está a fazer no país.

Reconhecimento internacionalDesde que debutara a seleçomem Narom, graças a Siareir@sGaleg@s, Fundaçom Artabria eFillos de Breogam, nom só é quea seleçons galegas estejam recon-hecidas como oficiais polos orga-nismos internacionais, senomque também fôrom pioneiras nacriaçom de seleçons nacionais.Hoje em dia já existem entre ou-

tras, as seleçons da Itália,França ou Inglaterra,mas há que recordar nes-te ponto que além de Ir-landa as únicas que joga-ram um jogo internacio-nal foram a galega e abretoa. E é que as sele-çons galegas fomos asque iniciamos o caminhodos combinados nacio-nais.

Ótimo é o crescimentodeste desporto no nossopaís, mas nom só polaprática desportiva saudá-vel, senom também porsair fora das dinámicasimpostas polos grandesmeios de comunicaçom eos lobbys tam presentesnoutros desportos, ondeprima o benefício econó-mico sobre o desportivo.É importante recuperar

esse espírito de defesa do teu clu-be e da tua comarca, como pro-mulga o gaélico, onde os valoresdesportivos e o orgulho de vestirumha camisola valem mais doque um contrato multimilionário.

O seguinte repto para o gaélicodo nosso país, além de medrarnumericamente em equipas econsolidar a Seleçom NacionalGalega, é a criaçom dumha fede-raçom galega para que dumhavez por todas vejamos este des-porto reconhecido polas institui-çons, e que o gaélico galego, co-mo gostamos de chamá-lo, conti-nue a afiançar-se na Galiza. Paraisso devemos de caminhar, para ogaélico galego federativo.

Novos reptos e desafios para o Fútebol Gaélico Galego

aida vieites, quinta no mundial de PatinaGem livre

Aida Vieites, do clube corunhês CPA Maxia, atingiu aquinta praça no seu debute como sénior no Mundial dePatinagem Artística Livre. Trás alcançar o quinto posto noprimeiro passe curto, Vieites confirmou este sucesso repe-tindo classificaçom no longo. A patinadora galega fechaassim umha exitosa temporada em que também logroucolocar-se na quinta praça do campeonato europeu.

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

A.LOPES / Com a Breve História

do Reintegracionismo coloca-seum primeiro tijolo para criar um-ha leitura viva da nossa história eafastada das historiografias con-vencionais do nacionalismo ma-joritário e do projeto de ensino es-tatal. Na sua introduçom, TiagoPeres expom que o conceito delíngua com que se trabalha nesteestudo é o que a define como pro-duto de umha construçom social.Deste modo, cita à historiadorafrancesa Anne Marie Thiesse,quem chegara à conclusom deque as identidades som fruto doque ela denomina um “sistemaIkea” que “permite montagens to-talmente diferentes a partir dasmesmas categorias elementares”.Seguindo com o exposto, Peresassinala que “a escolha duns ele-mentos e não doutros, juntamen-

te com outros fatores de tipo polí-tico, histórico, económico ou ad-ministrativo delimitaram as rela-ções entre o padrão galego e oportuguês e a posterior codifica-ção normativa”. Este é o motivoprincipal para iniciar um repassohistórico que recolherá os deba-tes e visons sobre a língua e a suarelaçom com as falas do além Mi-nho presentes nas diversas etapasdo galeguismo.

Desde o Iluminismo até os nos-sos dias, Peres recolhe discursos,artigos de prensa e controvérsiasentre as elites da cultura galegaque exponhem que a reivindaçomde que galego e português som amesma língua estive visível emtodas as fases do galeguismo his-tórico. Porém, precisa que muitasvezes esses discursos eram maisbem retóricos, pois em nengum

momento, exceto através da es-colha gráfica dalguns autoresconcretos, se dérom passos práti-cos para atingir essa unificaçomlinguística. Porém, até o ano 1936pode-se dizer que o sentir majori-tário no galeguismo é o de que ga-

lego e português pertencem aumha mesma família linguística,postura que se vê fortalecida coma publicaçom na década de 40com o Sempre em Galiza de Cas-telao. A ditadura franquista etambém a postura sobre a línguado Grupo Galaxia e do pinheiris-mo vam provocar umha rupturacom tales discursos linguísticos,ficando o galego cada vez maisarredado das possibilidades quelhe ofertaria o português. Peres,por outra banda, indica que aindafica por investigar qual foi o papeljogado por Ramom Pinheiro e osseus achegados durante a Transi-çom espanhola, assinalando quepessoas mui próximas a ele con-seguiram postos de poder e in-fluência nas novas administra-çons autonómicas. Finalmente,Tiago Peres assinala que desde a

década de 80 do século XX a rei-vindicaçom reintegracionista co-lheu novas forças através do as-sociacionismo e correntes políti-cas como o independentismo.

Dentro desta última fase está apublicaçom desta Breve História

do Reintegracionismo. Com estenovo trabalho, os movimentosreintegracionistas contam comumha ferramenta com a que pro-curar novas perspectivas com asquais abordar os reptos do reinte-gracionismo neste século XXI,como pode ser a ruptura de bar-reiras sociais dum movimentoque em boa medida medrou noscampus universitários e em círcu-los intelectuais.

Breve História do Reintegracionismo

Tiago Peres Gonçalves

Através Editora, 2014

temPos livres

entrelinhas breve história do reinteGracionismo

Gastronomia

“… a droga desta sociedade é

outro invento do consumismo,

um invento que hastra os falsos

profetas xustifican como

contracultura; pero pra selo, a

caña non serve, según din os

que fixeron a palabra. Eles, os

de Sésamo, si son contracultural,

porque teñen a cultura popular

enfrontada á oficial burguesa

ás oficiais pequeno burguesas,

ceibes por eses mundos de tolos

que se din revolucionarios”.

Moncho Valcarce,

Diario dun retiro en Poio, 1980

CARLOS C. VARELA / Não ia emabsoluto desencaminhado LoisVázquez, quando na sua “NovaLadaiña da Queimada”, realçavade dita bebida a sua “azul algara-bia”. Algarabia, al-arabiya, signi-ficava originariamente “línguaárabe”, que é a que fala do álcool,o alquitar, o alambique… O voca-bulário dos destilados revela a suaparadoxal origem. Também che-gou o açúcar ao Reino da Galizatrazido pola cultura islâmica, eAlonso del Real mesmo vê no usodos cítricos uma “ré-ativação” mu-

çulmana. De ser verdadeiro o do-cumento descoberto por ManuelMartínez Llopis, estaria registra-da en 1386, numa vila próxima seSevilha, a preparação duma quei-mada para festejar o remate doRamadão. Apenas poderiam be-ber dela homens e mulheres grá-vidas, para darem força às crian-ças que amassavam no ventre.

Seja como for, a queimada éuma das “tradições inventadas”mais exitosas da pós-guerra, quequiçá, para alguns, servisse demeio de expressão do reprimido.As lutas polas ré-significaçõesdesta bebida e o seu ritual abremum espaço político, um campo deforças atravessado por oposiçõescomo a de regionalismo/naciona-lismo, purismo/mestizagem, cel-tismo/anti-celtismo, etc. Em Gali-cia: aguardientes, licores, queima-

das (1984), Jorge Víctor Sueiro re-úne, numa pickwickiana mesa re-donda, varias personagensgalegas arredor da gastropolíticada queimada. A maior parte mili-tantes do regionalismo de lacãocom grelo, mas as suas discrepân-cias não deixam de bosquejar al-gumas linhas de tensão.

Manuel Rodríguez Pousada,por exemplo, mostra-se mui relu-tante à apropriação nacionalistado ritual. Recorda que começou aestudá-lo “vendo que as queima-das pretendiam por uma parte po-litizar-se em alguns aspectos e fa-zer delas um pouco de juerga, debroma, de guasa… Eu sempre crique a queimada era algo mais im-portante, porque para mim repre-senta um muito da alma destenosso povo galego”.

Ainda, insistirá em que “agoracostumam acompanhar o rito comuns cânticos com letras de Pondal,o poeta da raça, ou o poeta da te-rra, e dar-lhe à queimada comoum simbolismo revolucionário,que eu creio que não deve ter”.Por sua parte, Juan José Moralejoopinava que “a sua difusão temmuito de conha folklórica comer-cial e costumista, com toda essaparafernália de esconjuros e a so-lene e irreverente idiotez de bebê-la ao som do Hino Galego: bebevocê jerez ou rioja ao som do Hino

Nacional espanhol?” Pepe Domin-go Castaño faz uma crítica pareci-da, mas com uma intencionalida-de completamente diferente: “mo-lesta-me muito que haja tantasmaneiras de fazê-la. Devemos ins-titucionalizar a queimada, de for-ma que todos a façamos igual. Aqueimada deve ser a bebida na-cional de Galiza”. Aparece aquientão, como na língua, as disputaspola estandardização.

Haveria que compilar as cançõ-es empregadas no rito, pois tam-bém revelam tensões, apropriaçõ-es etc. Polo geral apresentam te-máticas telúricas; mais Terra doque Nação. Por exemplo, em “Can-tigas da Queimada”, de M. TrigoDíaz: “Pinga de queimada: / nosmeus beizos / morno bico da terranai”. Também as de temática cel-tista predominam sobre as anti-celtistas: “Breogán, Breogán, Bre-ogán, / danos pan e danos viño / eaugardente para queimar / anquenónos dés cariño”, no “Cantar daQueimada” de Baldomero Isorna.

Este debate dos ‘mangia fuoco’que organizou Jorge Víctor Suei-ro nos anos oitenta, possivelmen-te mudaria muito uma ou duasdécadas depois. O temor destespersoeiros aos usos revolucioná-rios do rito esconjurariam-se to-talmente: como em tantas outrascousas, o grande olfacto políticode Manuel Fraga adiantou-se à“construção nacional”. O que fo-ra ministro de Franco inicia-se naarte da queimada com algum dosmelhores Mestres, e não des-aproveita nenhuma ocasião paracerimoniar autênticos perfor-

mances da identidade antropoló-gica galega. Faz queimadas emmitins, em reuniões com líderesmundiais, posando para a im-prensa sensacionalista… Apre-senta-se a si mesmo como xamãda tribo. E, claro, desta volta nen-hum Rodríguez Pousada denun-cia a politização da queimada.Hoje, quase ninguém a associariajá como o nacionalismo.

No plano gastronómico os deri-vados da aguardente não tiveramsucesso. Na altura Luis López Sal-gado propusera o combinado ‘Ga-licia libre’, cola com aguardente; eVictorino Álvarez Pérez servia noDon Víctor de Madrid o ‘Celtacom nata’, uma sorte de irish-cof-

fee que levava aguardente quei-mada, limão e nata. A “nacionali-zação” do produto não funcionoue, porém, continua a manter mui-to do seu vigor indigenista.

Gastropolíticasda queimada

Page 27: Novas da Galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz141.pdf · 2017-11-29 · 02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014 Se tés algumha crítica a fazer,

27temPos livresNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2014

que faZer

16.10.2014 / APRESENTAÇOMDO CURSO DE PERCUSSOM/ 19:00 no C.S. Mádia Leva(Rua Serra dos Ancares, 18).LUGO

16.10.2014 / COLÓQUIO SO-BRE 'A OUTRA POLÍTICA' /20:00 no C.S. A Cova dos Ra-tos (Rua Romil, 3). VIGODebate sobre "A globalizaçomda rebeldia" em base à análiseda Sexta Declaraçom da SelvaLacandona do EzLN. Dentrodas I Jornadas Galegas da Dig-na Autonomia, que organiza ocoletivo Fugaemrede.

18.10.2014 / FESTA DE CO-MEMORAÇOM DA BATALHADE RANDE / 10:00 no MuseuMeirande (Rande - Cedeira).REDONDELAJornada de portas abertas nomuseu, mostra de embarcaçonstradicionais, jantar popular eteatralizaçons da batalha.

18.10.2014 / CURSO DE TEA-TRO DA OPRIMIDA / 10:30 noCentro sociocultural dasFontinhas (Rua Berlim, 13).COMPOSTELATodos os sábados até dezem-bro. Organiza GTO 100 Tolas.Mais informaçom em [email protected].

18.10.2014 / MAGUSTO PO-PULAR E RECOLHEITA DOMILHO / 16:00 no Moinho daRegueira (Matamá). VIGORecolheita e esfolhada do mil-ho, atuaçons e jogos à tarde emagusto às 20:00. À noite con-certos de Algarabia, Turre'sBand e Xistra de Coruxo.

18.10.2014 / FESTA DOACORDEOM / 18:00 no LocalA Muiñeira do Xoxe (Rua En-rique Peinador Vela, 12).MONDARIZ BALNEÁRIOParticipam grupos e solistasgalegos e portugueses.

18.10.2014 / GRELO FOLC2014 / 18:00 no Mosteiro.MONFEROAtividades infantis e jogos du-rante a tarde, atuaçons de Eu-demónicas, Ataque Escampe, ARequinta da Laxeira e Trapa-llada a partir das 22:00.

18.10.2014 / JORNADAS AN-TIMILITARISTAS / 20:00 nobar Fonte do Galo (Rua SamJosé). CANGASPalestra-debate sobre '25 anosda insubmissom na Galiza' eprojeçom do documentário doKEM-MOC de Bilbo.

18.10.2014 / CEIA CONCERTO/ 22:00 no C.S. O Fresco (Bai-rro da Ponte, 9). PONTE AREIASCeia (com opçom vegana) econcertos de La yegua gris eKolera 77.

18.10.2014 / CONCERTO DE

CRÓ! / 22:00 no C.C. Distrito9 (Caminho Figueirido, 89 -Coia). VIGO

19.10.2014 / VIII CONCURSODE MÚSICA TRADICIONAL /18:00 no Edifício Social deLuou. TEIOOrganiza a A.C. A Mámoa.Concurso de quartetos tradi-cionais.

20.10.2014 / MESA REDON-DA: 'PERCURSO POLA AR-QUITETURA CONTEMPORÁ-NEA COMPOSTELANA' /20:30 na Sala 9 da Faculdadede História (Praça da Univer-sidade, 1). COMPOSTELACom o professor David ChaoCastro. Organiza a A.C. Cun-cas.

21.10.2014 / MERCADO EN-TRE LUSCO E FUSCO / 17:00no parque de Belvis. COMPOSTELAFeira de produtos locais, bioló-gicos e de comércio justo. To-das as terças-feiras.

21.10.2014 / PALESTRA SO-BRE 'A NADA E O BALEIRONA HISTÓRIA DA ARTE' /20:30 na Sala 9 da Faculdadede História (Praça da Univer-sidade, 1). COMPOSTELACom a estudante Carla Serra-no. Organiza a A.C. Cuncas.

22.10.2014 / PROJEÇOM DEDRÁCULA, DE BRAM STO-KER, DE COPPOLA / 19:00na Sala 11 da Faculdade deHistória (Praça da Universi-

dade, 1). COMPOSTELACom colóquio ao final. Organi-za a A.C. Cuncas.

24.10.2014 / PALESTRA: 'SA-ÚDE MENTAL. SILENCIADA,ESTIGMATIZADA E DESCON-HECIDA' / 20:30 no C.S. Má-dia Leva (Rua Serra dos An-cares, 18). LUGOCom Cristina Prieto, diagnosti-cada de bipolaridade há 20anos.

24.10.2014 / CONCERTO DEES UN ÁRBOL / 22:00 no C.C.Distrito 9 (Caminho Figueiri-do, 89 - Coia). VIGO

25.10.2014 / JORNADA DEMURALHAS ABERTAS NOCASTRO DE REMONDE /

14:00 na Eira da Xoana (Ra-mil). AGOLADAJantar popular e roteiro até oCastro de Remonde (17:00).Organizado em colaboraçomcom a Escola de PatrimónioCultural Carme Buxán.

25.10.2014 / V SERÁM DACARVALHEIRA / 21:30 na Ca-sa Cultural da Piconha. SALZEDA DE CASELASDurante o serám vam ser pro-jetadas fotos antigas.

25.10.2014 / SESSONSH.A.L.O. IMPRO VIGO / 22:00no C.C. Distrito 9 (CaminhoFigueirido, 89 - Coia). VIGOCom Macarena Montesinos(violonchelo), Pablo Orza (gui-tarra) e Niet F-N (sintes).

25 e 26.10.2014 / PASABO-DEGHAS / 17:00 em Sam Mi-guel de Sarandom. VEDRAFestival que começa com umroteiro por sete adegas e incluimagusto, atividades infantis eatuaçons, à noite, de Maelog,Tanto nos Ten E Fanfarria Ta-quikardia. No domingo há jan-tar com foliada e, à tarde, cir-co.

28.10.2014 / PALESTRA SO-BRE 'UMHA BREVE HISTÓ-RIA DE SARGADELOS' /20:30 na Sala 9 da Faculdadede História (Praça da Univer-sidade, 1). COMPOSTELACom o estudante Daniel NúñezLázare. Organiza a A.C. Cun-cas.

29.10.2014 / PROJEÇOM DEFUNNY GAMES, DE HANEKE/ 19:00 na Sala 11 da Facul-dade de História (Praça daUniversidade, 1). COMPOSTELACom colóquio ao final. Organi-za a A.C. Cuncas.

24.10.2014 / SAMAÍN E CON-CERTOS / 21:30 no C.C. Dis-trito 9 (Caminho Figueirido,89 - Coia). VIGOAtuam Trocotombix e Beware.

01.11.2014 / CASTAÑAZOROCK / 18:00 no MercadoGandeiro. CHANTADAAtuam Dubioza Kolektiv, Ma-china, Talco ou Gatillazo. In-clui atividades infantis, abertode bilharda, concurso de can-tos de taberna, magusto e osVII Jogos Bravús.

06.11.2014 / SESSONSH.A.L.O. IMPRO VIGO / 22:00no bar Bizarre (Rua Irman-dinhos, 11). VIGOCom Elena Vázquez Ledo (vio-lino), David Santos (baixo) eSaúl Puga (contrabaixo).

Memória histórica, educaçom social e outrosciclos de cinema em outubro e novembroO Instituto de Estudos Minhoranosdesenvolve um ciclo de ‘Cinema eMemória’ na Aula de Cultura Pon-te de Rosas, em Gondomar. Proje-tam (às 20:30) La Sauceda. De lautopía al horror, de Juan MiguelLeón Moriche (dia 22) e As silen-ciadas, de Pablos Ces (dia 29).O ciclo de cinema e educaçom so-cial do Colégio de Educadoras e

Educadores Sociais de Galiza levaAntonia’s Line, de Marleen Gorris,a Oleiros (16 de outubro às 20:00no Teatro As Torres de SantaCruz), Precious, de Lee Daniels, aLugo (30 de outubro às 17:00 naSala de exames da Aula UNED),eLuna de Avellaneda, de Juan JoséCampanella, a Ponte Vedra (13 denovembro às 18:30 no Centro So-

cial Ponte Vedra Leste).O Cineclube de Compostela conti-nua a sua atividade as quartas-fei-ras no C.S. O Pichel (Rua SantaClara, 21). O programa está noseu blogue: http://cineclubede-compostela.blogaliza.org/. Tam-bém o C.S. Gomes Gaioso da Co-runha (Monte Alto) projeta filmesnas quartas de outubro.

XVI Aniversário de ArtábriaA Fundaçom Artábria celebra osseus dezasseis anos com ummês de atividades que finalizamno 25 de outubro com umha ceiae concerto de Blues do País. Seráno centro social da Fundaçom,no bairro de Esteiro (Ferrol).Aliás, no dia 16 Xurxo Souto

apresenta ‘Contos do Mar de Ir-landa’, no 17 Isabel Risco repre-senta ‘Nabiza Girl’, no 23 Ma-nuel Cráneo e Alfredo López ‘To-kio’ falam da sua banda desen-hada ‘A causa do crime’, e no 24estreiam o documentário 15anos da Fundaçom Artábria.

A fundaçom por umha bancaética Fiare organiza em Lugoumha jornada informativa. Vaidecorrer na manhá do 18 deoutubro (desde as 10:00), naDeputaçom de Lugo. Inclui pa-lestras sobre 'A necessidade deumhas finanças éticas na si-tuaçom atual', 'O momentoatual: que é a Fiare Banca Éti-ca?' e 'A operativa bancaria deFiare Banca Ética', e a proje-çom do documentário Finanzaséticas, o proxecto Fiare.

Jornadasobre abanca ética

de fiare

em centros sociais e associaçons

em ferrol

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

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Novas da Gali a Apartado 39 (15701) COMPOSTELA [email protected]

Onacionalismo tem comoobjeto a exaltaçom danaçom. As naçons, em

sentido moderno, constituemprojetos de classe num capitalis-mo que dispom do Estado-na-çom como expressom políticaprincipal. Assim, a ideia de na-çom pode encerrar projetos an-timperialistas, como o curdo,junto a outros profundamenteagressivos, como o americano.A naçom permite a miragem darepresentaçom total dumha so-ciedade por parte dumha classedeterminada. Como repetiu onacionalismo galego durante obipartido, esta defesa do próprionom se tem por que concretizarnum Estado soberano. Pode-seacomodar mesmo à autonomiacom tal de que se sintam satis-feitos os interesses da classe queo impulsiona e que se permita aprojeçom social da identidadeque promove. Como credo, achaimprescindível propagar cons-ciência nacional, ou seja, a as-sunçom massiva do seu relato,compêndio dos valores e do ima-ginário da classe que o enuncia

O independentismo, tem co-mo objeto um fim político, a so-berania económica, política ecultural. Supom umha opçom ra-dicalmente democrática, a deci-som livre da comunidade sobretodos os aspectos que lhe afe-tam. Entre eles, já agora, o con-trolo sobre a economia, impres-cindível para qualquer conceçomprogressista nesta fase do capi-talismo. Este processo de empo-deramento da comunidade per-mite a descolonizaçom necessá-ria para a emancipaçom pessoalem tessituras de subalternidadesecular. Constitui a possibilidadedum reseteio total das institui-çons e das relaçons de poderdentro dessa sociedade. Comométodo, provoca a criaçom po-pular dumha identidade diferen-ciada através da própria dialéticapolítica. Quer dizer, ao transfor-mar as demandas e necessida-des dessa comunidade específi-ca, irresolúveis polo Estado, emagravo coletivo e focá-lo para areconstituiçom separada comoúnica alternativa.

há quase cem anos, as Ir-mandades certificárom o aban-dono do regionalismo do XIX.Nom será tempo de darmos porsuperado o nacionalismo do XXe ir pensando em proclamar-nos, de hoje para sempre, arre-distas galegos?

César Caramês

arredistas

ANA VIQUEIRA / Blues do País ves-te-se de retranca e idiossincra-sia galega para bailar ao somdos ritmos mais clássicos doblues. Bieitta James e PepeKing -Iseo e Brais- acabam desacar o seu primeiro álbum emconjunto, Bateas no Mississippi.

Antes de sentar nas bateas ha-verá que mergulhar no género.Perguntamos-vos, como pode-ríamos traduzir o blues para onosso idioma?[Brais] Ufff, complicado! Miraque nos atrevemos com cousas,mas traduzir o “blues”... Creioque melhor que traduzi-lo é me-tê-lo num palheiro, ou entre omilho, ou numha lonja, numhatasca e ver a mistura que sai. [Iseo] Ba! Pois eu vou-me atre-ver. Traduziria-o como “Morrin-ha”. Chamárom-lhe blues por-que era o som e o ritual em queas negras e os negros se conta-vam as suas penas, fazendo-asmais levadeiras na companhiadas outras, fazendo-se rir umhasàs outras também com as letrasmais picantes e atrevidas. Issomesmo fazíamos aquí. MesmoBrais quando di o de metê-lo nopalheiro e entre o milho, tam-bém está envolvendo esses ele-mentos dumha ternura e umhatristeza pola ausência tremen-das. O “blues” é a “saudade”,cantar às ausências e às penas,mas com ternura e retranca.

Como é o caminho -quantasflores, quantas pedras...- que

vai de Sacha(r) na Horta às Ba-teas do Mississipi?[Br] Com Sacha na Horta já sommuitos anos, muitas experiên-cias… e as que restam! Mas é umgrupo mui numeroso e dirigidoa um tipo de cenários e de públi-co. Blues do País é um projetomuito mais ágil e versátil, quepode gostar a muita gente dife-rente. Som caminhos diferentes,mas podem ser percorridos àvez… e que se complementamdalgumha maneira.[Is] Sacha na Horta mudou-mefortemente em muitos sentidos.Dalgum modo já nunca deixo delevar a bata posta. Bieitta é todaumha sachadora também. Osprojetos encaixam completa-mente. Portanto, como diz Brais,os trajetos e o trabalho que im-plicam som muito diferentes.

Este é o vosso primeiro álbum,houvo suor neste primeiro par-to conjunto?[Br] Suor, berros e risos!! Foi muiintenso. Em duas tardes grava-mos, noutra misturamos e... pa-ra o forno. Contamos com a aju-da do grande Toño Vázquez, quenos ajudou a pôr a proa rumo aum bom disco, como mereciamestas cançons. E ficou umhacousa jeitosa, mas a verdade éque já estamos a pensar no se-guinte! Ferve-nos a cabeça commuitas ideias![Is] Sim, houvo de todo! Os te-mas gravamo-los seguido atéacabarmos. Nada de corta e co-

la. Portanto, com o pouco tempocom que contávamos e fazendo-o assim, podia haver mais imper-feiçons, mas a intençom era re-colher a emoçom e a frescura domomento. Foi umha experiênciaem que também nos conhece-mos como Blues do País e fomosvendo para onde queríamos ir.

A autêntica conexom entre osnossos ouvidos e a vossa voz emúsica está nos concertos.Quando pondes os pés e todo ocorpo no cenário, como gostaisde criar o contacto com quemestá aí para ver-vos?[Br] Gostamos de estar com agente, que a conexom seja inten-sa e divertida. Nom é um concer-to ao uso, onde os artistas mos-tram ao público o que fam. Bluesdo País nom se entende sem acumplicidade do público. Somversons, cançons alheias feitasnossas, paródias, retranca, tris-tezas... é umha posta em cenabastante teatral.[Is] Sim. Gostamos de conseguiressa cumplicidade com a gente,essa confiança que fai que se es-queçam de que tu és a artista eelas o público. Acabamos sendoum grupo de companheiras pas-sando um bom momento juntas.

A língua, os costumes, a idios-sincrasia... o vosso trabalho es-tá cheio de sentimento de Te-rra. Como de importante é le-var o galego à música?[Br] É crucial. O mundo muda

mui rápido e é preciso criar refe-rentes em galego, respostas ousimplesmente fazer as pergun-tas em galego. Que seja possívelviver e sentir em galego. Criar,como se está a fazer, umha enor-me diversidade de gostos e esti-los para a mocidade, e para todoo público em geral, mas sempreem galego.[Is] Para mim cantar em galegoé um ato de liberdade e de com-promisso com o futuro. Fazermúsica em galego (ou escrever,ou fazer rádio, ou falar, ou ensi-nar, ou brincar...) é criar formasde resistência contra o monstroda homogenizaçom. É dar a op-çom de medrar sem beijar os sa-patos de nenhum amo. Há mui-tas línguas em que cantar, masumha única para tecer comuni-dade: a própria.

Acaso todas as pessoas sere-mos um furacam de arte pordescobrir?[Br] Certeza. Parafraseando opoeta nicaraguense Rubén Da-río : “aqui todo o mundo é artistaaté que nom se demonstre ocontrário”.[Is] Cada umha de nós tem um-ha representaçom única em sida vida, só que as artistas que-remos partilhá-la com as de-mais. Aqui educa-se para repri-mir as diferenças, as emoçonse quase toda sensaçom e pen-samento. Se educássemos semesses barrotes seríamos todasartistas.

entrevista ao duo musical blues do Pais

“Fazer música em galego é resistircontra o monstro da homogeneizaçom”