16
Redacçom A Conselharia de Turismo e Comunicaçom Social segue a insistir a estas alturas do ano 2004 que graças o Jacobeu vam visitar a Galiza seis milhons de pessoas. Estimou a Junta que estos visitan- tes vam seixar 3,600 milhons de euros em ingressos no país. A administraçom move cifras milho- narias fazendo uso do patrocínio privado de empresas.O pretexto é a activaçom da economia galega e o incremento do Produto Interior Bruto do país. Os recursos para a organizaçom do macro evento som públicos na sua maior parte, os benefícios, para as empresas privadas, sendo mínima o beneficio para a cidada- nia. Umha cidadania que sim sofre, quando menos em Santiago de Compostela, os inconvenientes de umha cidade tomada polas Forças de Segurança do Estado e cujos serviços básicos som ocupa- dos em benefício alheio. A vizin- hança nom tem importáncia. É O Jacobeu. A Direcçom Geral de Turismo insiste a estas alturas do Jacobeu de 2004 em que se vai alcançar a cifra de seis milhons de visitantes na Galiza, e que deixarám no país uns ingressos aproximados de uns 3.600 milhos de euros. A Conselharia de Cultura destinou dos seus orça- mentos 160 milhons de euros à cele- braçom do evento, aos que há que somar os provenientes da nova fórmula habilita- da exclusivamente para "Anos Santos": O financia- mento privado achegou14 mil- hons de euros para a celebraçons. Quem xere todo este capital é a Sociedade Anónima de Gestom criada a tal efeito pola Junta da Galiza. As contas da S.A.G Jacobeu Umha Sociedade de Gestom que, segundo o próprio informe Conselho de Contas do ano 1999, elaborou os seus orçamentos sem rigor, recomendando "maior serie- dade nas suas contas". A situaçom fiscal da Sociedade que gere o Jacobeu "é incerta", indica o Conselho de Contas, quem pom aliás de manifesto que o organis- mo publico non utiliza o concur- so publico para fazer as suas con- trataçons. A recomendaçom do órgao consultivo incide em que " a sociedade deve gerir as suas con- t r a - taçons de um jeito publi- co para permitir que qualquer fornecedor inte- ressado puder apresentar as ofer- tas que estimar pertinentes". Isto vem sendo o mesmo que reconhe- cer que o Jacobeu fai a maioria das contrataçons polo procedi- mento de negociaçom, sem con- curso publico. A Sociedade Anónima do Jacobeu geriu no ano 1999 a cifra de 71 milhons de euros. novas da Número 20, Julho de 2004 Bases Democráticas Galegas protagonizarám Dia da Pátria Debatem entre abolir ou regularizar a prostituiçom ADEGA denuncia nova 'Lei do Solo' Activista Nunca Mais Lugo condenado a mais de um ano de prisom Árias Curto encadeia-se na fazenda de Lugo OPINIOM Além dum escano Cláudio López Garrido 20 número Jacobeu: investimento público para benefício privado Noia e Santa Cruz de Arrabaldo, vítimas do Plano Galiza Redacçom O projecto da Variante de Noia, elaborado pola Conselharia de Política Territorial, é umha estrada de circunvalaçom da vila que a uni- ria com a futura Via de Alta Capacidade até Briom. Ambos viais som "compromissos" recolhi- dos no chamado Plano Galiza, para a "melhora das infraestruturas" da Barbança norte. No entanto, a saída projectada em Ourense para a auto-estrada de Santiago suporá a destruiçom da aldeia e mesmo de várias vivendas da paróquia de Santa Cruz de Arrabaldo.

ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

Redacçom

A Conselharia de Turismo eComunicaçom Social segue ainsistir a estas alturas do ano 2004que graças o Jacobeu vam visitar aGaliza seis milhons de pessoas.Estimou a Junta que estos visitan-tes vam seixar 3,600 milhons deeuros em ingressos no país. Aadministraçom move cifras milho-narias fazendo uso do patrocínioprivado de empresas.O pretexto éa activaçom da economia galega eo incremento do Produto InteriorBruto do país. Os recursos para a organizaçomdo macro evento som públicos nasua maior parte, os benefícios,para as empresas privadas, sendomínima o beneficio para a cidada-nia. Umha cidadania que simsofre, quando menos em Santiagode Compostela, os inconvenientesde umha cidade tomada polasForças de Segurança do Estado ecujos serviços básicos som ocupa-dos em benefício alheio. A vizin-hança nom tem importáncia. É OJacobeu.A Direcçom Geral de Turismoinsiste a estas alturas do Jacobeude 2004 em que se vai alcançar acifra de seis milhons de visitantes

na Galiza, e quedeixarám no paísuns ingressosaproximadosde uns 3.600milhos deeuros. AConselhariade Culturadestinou dosseus orça-mentos 160milhons deeuros à cele-braçom doevento, aos quehá que somar osprovenientes danova fórmula habilita-da exclusivamente para"Anos Santos": O financia-mento privado achegou14 mil-hons de euros para a celebraçons.Quem xere todo este capital é aSociedade Anónima de Gestomcriada a tal efeito pola Junta daGaliza.

As contas da S.A.G Jacobeu Umha Sociedade de Gestom que,segundo o próprio informeConselho de Contas do ano 1999,elaborou os seus orçamentos semrigor, recomendando "maior serie-

d a d enas suas contas". Asituaçom fiscal da Sociedade quegere o Jacobeu "é incerta", indicao Conselho de Contas, quem pomaliás de manifesto que o organis-mo publico non utiliza o concur-so publico para fazer as suas con-trataçons. A recomendaçom doórgao consultivo incide em que "a sociedade deve gerir as suas

c o n -t r a -

taçons deum jeito publi-

co para permitir quequalquer fornecedor inte-

ressado puder apresentar as ofer-tas que estimar pertinentes". Istovem sendo o mesmo que reconhe-cer que o Jacobeu fai a maioriadas contrataçons polo procedi-mento de negociaçom, sem con-curso publico. A SociedadeAnónima do Jacobeu geriu no ano1999 a cifra de 71 milhons deeuros.

novas daNúmero 20, Julho de 2004

BasesDemocráticasGalegasprotagonizarámDia da Pátria

Debatem entreabolir ou regularizar aprostituiçom

ADEGAdenuncia nova'Lei do Solo'

Activista NuncaMais Lugo condenado amais de um ano de prisom

Árias Curtoencadeia-sena fazenda deLugo

OPINIOM

Além dum escanoCláudio López Garrido

20número Jacobeu: investimentopúblico para benefício privado

Noia e Santa Cruz deArrabaldo, vítimas doPlano GalizaRedacçom

O projecto da Variante de Noia,elaborado pola Conselharia dePolítica Territorial, é umha estradade circunvalaçom da vila que a uni-ria com a futura Via de AltaCapacidade até Briom. Ambosviais som "compromissos" recolhi-

dos no chamado Plano Galiza, paraa "melhora das infraestruturas" daBarbança norte. No entanto, a saída projectada emOurense para a auto-estrada deSantiago suporá a destruiçom daaldeia e mesmo de várias vivendasda paróquia de Santa Cruz deArrabaldo.

Page 2: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

segunda

Editora: Minho Media S.L.

Director: Ramom Gonçalves

Redactor-chefe: Carlos Barros G.

Conselho de Redacçom: MartaSalgueiro, J. Manuel Lopes, AntónÁlvarez, Ivám Garcia, Alonso Vidal

Colaboraçons: Maurício Castro,Inácio Gomes, Davide Loimil, JoámCarlos Ánsia, Santiago Alba Rico,Kiko Neves, José R. Pichel, RamomPinheiro, Carlos Taibo, IgnacioRamonet, Ramón Chao

Fotografia: Arquivo NGZ

Humor Gráfico: Suso Sanmartin,Pepe Carreiro, Pestinho +1,Xosé Lois Hermo

Publicidade: 639 146 523

Imagem Corporativa: Paulo Rico

Desenho gráfico e maquetaçom:Miguel Garcia e Carlos Barros

NOVAS DA GALIZAApartado 106927080 Lugo - GalizaTel: 639 146 [email protected]

As opinions expressas nos artigos nomrepresentam necessariamente aposiçom do periódico. Os artigos somde livre reproduçom respeitando aortografia e citando procedência. Éproibido outro tipo de reproduçom semautorizaçom expressa do grupo editor.

A informaçom continua periodicamenteno portal www.galizalivre.org

Fecho de Ediçom: 20.07.04

2 segunda Julho 2004 novas da galiza

A perda do escano europeudo BNG é, para A NossaTerra, um roubo a Galiza epara Beiras um revival daseleições do 36, fuzilamen-to de Bóveda incluído. Jáque tal proceder não énovo, a questão não estánas más artes do PP, masem explicar como o BNGperdeu 200.000 votos.Mais dos que conserva.Segundo Ramón Muñizem ANT, trata-se de "votosvacilantes" que conside-ram o PSOE como umpartido progressista e de esquerdas e,portanto, seria um grave erro que o BNGcaísse na tentação de recuperá-los atra-vés da crítica desapiedada aos sociatas.A sua receita é a do burro mecânico: tra-balhar. "É dicir, nós ao noso".Mas o quê é "o nosso"? Se do que setrata é de criar na sociedade um estadode opinião favorável às teses próprias,supom-se que haverá que ser críticocom as posturas lesivas para o país e asclasses populares, por muito que asdefenda um partido considerado deesquerdas e progressista polo eleitoralienado. Ao longo da legislatura, nãofaltarám ocasiões de comprovar o con-senso estrutural entre PSOE e PP.Se "o nosso" é conservar o voto hesi-tante - que, curiosamente, não se revelamui dubitativo na sua condição espanho-lista - haverá que se manter na ambigui-dade que viu caracterizando o BNG,ainda a risco de perder o voto daesquerda. Os resultados estão à vista. OBNG já não tem rabo nem cornos, é con-fuso, profuso e difuso, equívoco e uni-sex; mas não presta.Por outra banda, deve existir algumharazão para o voto indeciso preferir de estavez o PSOE ou a abstenção. Pensar quemudárom o voto polo seu próprio diletan-tismo parece absurdo, por muito vacilantesque forem. Talvez se sentirem defraudadosao comprovar que o BNG não é umhaalternativa diferente das outras. Algum errodeveu-se cometer. Ou é que ninguémdetectou a decepção até o de agora? A incapacidade para a autocrítica supre-se às vezes com discussões de mercado-tecnia sobre a idoneidade das pessoas edas mensagens. Mas neste caso estão

fora de lugar. Camilo Nogueira fixo ummeritório trabalho no ParlamentoEuropeu que a imprensa não logrousilenciar totalmente e a candidatura doBNG tinha glamour. Polo demais, acampanha foi como as anteriores. Dedieta. Insípida e baixa em calorias..Para M. Veiga em ANT, o retrocesso doBNG inscreve-se num processo maisamplo, desencadeado pola ofensiva re-espanholizadora do Aznarismo, o que oleva a concluir: O certo é que non haiunha crise do BNG senon do nacionalis-mo en todo o Estado.Não se consola quem não quer; mas talfenómeno não se manifesta da mesmamaneira em toda parte, nem é compará-vel a indeterminação do BNG ou a socie-dade de garantia recíproca de CiU com oPP, com a clareza de ERC ou a audáciado PNV com o Plano Ibarretxe. Poroutra parte, se não há crise, não é com-preensível essa desputa sobre as com-petências inerentes à variopinta lista deresponsáveis do BNG: porta-voz, candi-dato, árbitro interno, representante máxi-mo, coordenador mínimo, valedor exter-no Grande Líder, Pequeno Buda …Parte do fiasco deve-se à própria confi-guração do BNG, cuja fragmentaçãointerna mais do que pluralidade reflecteinmadurez. Depois de 20 anos com amesma linha e a mesma praxe, as dife-renças entre fracções, enfrentadas poloreparto de responsabilidades e os crité-rios de coptação, são tão insuperáveiscomo quando se constituiu o "Poliedro",expressão acunhada por Beiras. Aimpossível superação desse minifundis-mo diz bem pouco sobre a capacidadepara articular um projecto comum.

Quando se conta com o suporte mediá-tico do sistema, os problemas internostêm menor importância. Nem sequer éprecisa a existência de organização paraganhar as eleições, como prova o caso doPSOE em Vigo. Mas isso não é de apli-cação ao BNG. Contudo, os resultadosdas eleições europeias, como os das últi-mas gerais não são mais do que umasequela do fiasco municipal. A políticalocal é o eido onde se desenvolve o tra-balho político básico, onde se está emcontacto contínuo com o eleitorado,onde se forma a militância, onde searma o partido e, também, onde primeirorebentam as contradições.O BNG cresceu graças ao trabalho locale retrocede, fundamentalmente, poloserros cometidos nos concelhos, se bem écerto que fôrom magnificados e, emmuitos casos, desfigurados polos mes-mos meios de comunicação aos que lhepaga a publicidade.Cumpre esperar que a experiência dopassado tenha servido para avaliar a ren-dibilidade do trabalho realizado para oinglês, a fiabilidade das candidaturas ealianças de urgência e os limites dooportunismo. Do contrário, nem oSantíssimo Cristo da Vitoria vai evitarque a presença em concelhos como o deVigo se converta em marginal. E semumha sólida base municipal, não serápossível manter, já não digo acrescentar,a representação nas outras instâncias.Num país cuja identidade esmorece ecom ela a base social na que sustentarum projecto de reconstrução nacional,não hai muito margem para o optimismo.A luz que se acredita avistar no fundo dotúnel pode ser um outro comboio.

Além dum escanoPor Cláudio López Garrido

Cumpre esperarque a experiênciado passado tenhaservido para avaliara fiabilidade dascandidaturas ealianças deurgência e oslimites dooportunismo

Page 3: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

editoriala

Julho 2004novas da galiza 3

Gon

zalo

sumário

Vial de Noiaestragará a ria

Junta projecta a destruçomda ria de Noia com um

viaduto de 1.360metros de longitude

Querem partir em dousa aldeia de Santa Cruz

A aldeia do concelho deOurense prepara-se para ser literalmente partida polas obrasda futura auto-estrada aSantiago

Skárnio voltaao cenário

A banda viguesa renascecom força do que nomchegou nem a ser cinza

60 anos com oSempre em Galiza

A seis décadas da publicaçomno exílio da obra de referência

do nacionalismo galego

10

11

12

De diferentes meios nom comprometidos com opoder está-se a incidir na ideia, de maneira espe-cialmente visível nos últimos anos, de a Galizasofrer silenciosamente um vasto processo dereconversom da sua base e geografia produtiva(com grandes efeitos no plano identitário) queteria na sector turístico o seu emblema maisreconhecível. Novas da Galiza decidiu-se adebruçar neste número no que nom por acaso é amostra mais patente do processo turistificadorque desenha o poder do PP com o pano de fundode um grande consenso do resto das forças polí-ticas institucionais: processo de explícitadirecçom institucional, nom produto em exclusi-va do livre mercado que tanto se pregoa, no quea velha ósmose entre os poderes públicos neo-franquistas e as já conhecidas selectas famíliasda economia galega nom fai mais do que reac-tualizar-se em novos cenários. Porque turistifi-caçom é, como a experiência nos demonstra,abertura de portas a grandes gigantes transnacio-nais da hotelaria, mas nem só: suculentas cam-panhas de promoçom de braços dados comCaixa Galicia ou Caixa Nova, construçom deinfraestruturas desportivas com participaçom deFADESA, grandes e novos viais de comuni-caçom para o carro individual a articular umnodo do mercado turístico galego ditando quecomarcas devem subir ao comboio do progressoe quais sofrer em silêncio agonias da despopu-laçom, a atonia social e a morte doce daextinçom silenciosa.

O alimento dum exclusivista sector turísticoimpulsionado polo tándem PP-PSOE e até dia dehoje assumido implicitamente polo nacionalismomaioritário, com gritantes vazios nas suas análi-ses sobre um fenómeno que está a mudar a facee entranha do país, nom se reduz ao aumento doseu peso no conjunto do Produto Interior Bruto,como reiteradamente afirma um Pérez Varela eri-gido em representante da política do bombo, ofasto baleiro e a incultura. A questom, comopatenteia a reportagem que neste mês apresenta-mos, relaciona-se com os destinos e usos do din-heiro público no atinente aos sectores económi-cos a promocionar; com a qualidade real de vidapara as maiorias sociais que introduz a alternati-va proposta, umha autêntica apisonadora demonoespecializaçom hospedeiro-comercial quenom parece evitar precariedades e emigraçons danaçom mais moça; com a utilizaçom do patrimó-nio cultural nacional e o destino desses espaçosmonofuncionais como no que se está a convertirCompostela, campo de experimentaçom do par-que temático urbano com controlo telemáticopermanente e ditadura policial contra a dissidên-cia mais explícita; com o modelo de cultura quecara o exterior projecta a Galiza ou com as ofer-tas que nesta direcçom o poder fai à própria cida-dania galega. Algumhas das respostas figuramnas páginas deste Novas da Galiza, que quijoachegar mais um grao de areia à dissecçom deumha outra expressom (quiçá a mais privilegia-da) da política do chapapote e o engano.

editorialO parque temático

15

7

Jacobeu, negóciopara uns poucos

Detemo-nos nas contas emotivaçons do Jacobeu,celebraçom que beneficiará,fundamentalmente,entidades privadas

Page 4: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

4 notícias Julho 2004 novas da galiza

notíciasIndependentistas secundarám manifestaçom unitária convocada polas Bases Democráticas Galegas

Iniciativa cívica pola autodeterminaçomprotagonizará o Dia da PátriaRedacçom

No que vai ser a sua verdadeiraapresentaçom em sociedade seismeses depois de se terem consti-tuído, as Bases DemocráticasGalegas ocuparám um papel pre-eminente no vindouro Dia daPátria Galega. Esta iniciativacívica em defesa do direito deautodeterminaçom e a democra-cia para a Galiza nascera no pas-sado Inverno a partir do pulo deum grupo de pessoas representa-tivas de distintos ámbitos da vidasocial e política galega. Trás unsmeses de silêncio, o que se defi-ne como "umha iniciativa nompartidária nem sectária que pre-tende encarnar os mínimos daruptura democrática no nossoPaís" deu o passo para ocuparumha posiçom central no diagrande do nacionalismo. Comefeito, há já meses que algumhasdas pessoas impulsionadoras doprojecto lançara a ideia da con-vocatória dum Dia da Pátria uni-tário sem nengumha exclusomno que o conjunto de forças polí-ticas e sociais da naçom cenifica-ra na capital a exigência autode-terminista. O desenho inicialpareceu cumprir-se em boa parteagora, quando distintas forçasindependentistas e de esquerdasdecidírom apoiar a convocatóriae deixar de parte os actos pró-prios que habitualmente reali-zam. Assi, NÓS-UP, a FPG, oPCPG e o sindicato CUT secun-darám activamente a manifes-taçom. Ainda que nom se fizopúblico nengum comunicado aoencerramento desta ediçom,parece evidente que o resto deforças políticas e sociais do inde-pendentismo se somarám àmobilizaçom nacional, assi comotambém numerosos colectivos devariada adscriçom de diferentespontos do País. Por seu turno, oBNG nom assistiu às reunionspreparatórias da jornada e nomdeu nengumha explicaçom dasua negativa a participar damesma.Este modelo de manifestaçom,que sairá da Alameda deCompostela às 13:00 com apalavra-de-orde autodetermi-naçom para rematar na cêntricaPraça do Toral, tem escassos pre-cedentes, dado que é a primeira

vez que se cria de maneira for-mal e estruturada umha alternati-va nom partidária em favor dasoberania por volta de umhasérie de pontos mínimos. Se qui-germos procurar algum antece-dente afastado teríamos que ir ainícios da década de 90 para lem-brarmos a mobilizaçom convo-cada por parte do nacionalismo eo independentismo em favor dosdireitos nacionais, mesmo compresença da esquerda espanhola;há justo um lustro, era o inde-pendentismo estritamente quemsaía à rua no seu conjunto no Diada Pátria, no início de aqueleprocesso de unidade de acçomque com o tempo daria lugar aNÓS-UP.De resto, a apretada agenda dosdias 24 e 25 nom muda tanto emrelaçom a anos passados. A AMIconvoca a tradicional Rondalhada Mocidade com a Bandeira quese vem celebrando ininterrumpi-damente desde 1995, saindo daPraça de Cervantes e rematandonum concerto na Praça deMaçarelos. Também NÓS-UPmantém a velada lúdica e políti-

ca do 25J: o jantar-festa começaa partir das 14:00h, com a pre-sença de grupos musicais e can-tautores. Como nota distintiva, aorganizaçom política do inde-pendentismo celebrará um actopolítico contra a Constituiçomeuropeia e o actual modelo deUE no que falarám, aliás dumrepresentante galego, militantesportugueses, castelhanos, bascose cataláns.

Actos do BNG.Mais um ano, o Dia da Pátria donacionalismo institucional virácaracterizado polas análisessobre a conjuntura eleitoral epola correlaçom de forças inter-na entre uns e outros sectores.Recém fechada a crise nos orga-nismos de direcçom com a cons-tituiçom dum novo aparelhonacional com caras renovadaspara reforçar Anxo Quintana, oDia da Pátria servirá para confir-mar o novo papel do alaricano.Deslocado Beiras do seu papelde primeira fila, será o vozeiroda frente nacionalista o que tomea palavra na Praça da Quintana

no remate da tradicional mani-festaçom. Para além da polémicainterna, os dirigentes desta for-maçom salientárom como eixosreivindicativos da jornada aexigência da dívida histórica doEstado para com a Galiza e areclamaçom de um novo estatutode autonomia.No atinente à oferta cultural,Galiza Nova e a FundaçomGaliza Sempre coorganizam o jámui conhecido Festigal, com umvariado leque de actividades cul-turais e propostas musicais paragente de todas as idades. O cám-pus sul volta a ser o cenário ele-gido para a festa.

Controlo policial e cerimóniasoficiais.A família real espanhola incideeste ano na atençom directa aGaliza, realizando mais umhavisita o 25J das muitas que jávimos neste ano e, mais emgeral, desde que se iniciou a pro-paganda caritativa e paternalistacom a Galiza trás o atentado doPrestige. A presença de altosrepresentantes do Estado, entre

eles Rodríguez Zapatero, faráainda mais minucioso o plano decontrolo da populaçom vigoranteem Santiago durante o Jacobeucom o chamado "Plano Directorde Segurança". O helicóptero dapolícia espanhola leva boa partede Julho a sobrevoar a cidade esom habituais os controlos dasentradas, com registos de carrosincluídos, por parte de unidadesde intervençom deste corpo.Coincide aliás este importantedesdobramento com a acele-raçom de processos judiciaiscontra militantes independentis-tas compostelanos e com a apli-caçom reiterada de sançons eco-nómicas por murais, pintadas,colagens e retirada de bandeirasespanholas de prédios públicos.Recordemos que este estado dealerta repressiva se vê intensifi-cado polos habituais enfrenta-mentos de rua protagonizadospola mocidade independentista.No passado ano foram sabotadasvárias centrais bancárias do cen-tro da cidade com artefactosincendários e praticaram-se duasdetençons na manhá do 25.

Manifestaçom independentista no 25 de Julho de 2003

Page 5: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

notíciasJulho 2004novas da galiza 5

Feminismo debate-se entre a aboliçome a regularizaçom da prostituiçom

Alexandre Fernandes terá que pagar 6.180 eurospor suposto incidente na luita contra a LOU

Redacçom

O quê fazer com a prostituiçom?É o debate aberto, nos últimostempos de maneira virulenta, noseio do feminismo galego. Duasposturas som em este momento asmais defendidas: abolicionista elegalizadora. Por unha banda estáquem de jeito frontal exige a abo-liçom da prostituiçom, defenden-do medidas tais como a penali-zaçom dos usuários. Por outra banda está quem, recon-hecendo que o melhor que poderiapassar-se é a própria aboliçom daprostituiçom, tem a certeza de quea regularizaçom das condiçons devida e de trabalho das prostituitasé um primeiro passo, ou mesmoquem vê este passo puro pragma-tismo político. Em todas as suasvariantes o debate está aberto,ainda que quiçá por medo nomparece acometer-se com todas asconsequências.Há poucos dias, no parlamento

galego cenificavam-se estas duasposturas na tese sobre prosti-tuiçom. Quando a deputada doBNG Ana Pontom explicava apostura das nacionalistas sobre aqiestom era apupada por umgrupo de mulheres do colectivoAlecrim. A deputada nacionalistaexplicava que consideravam aprostituiçom como violência exer-cida contra as mulheres, mas tam-bém que cumpre reconhecer a suaexistência e achegar a estas mul-heres o acceso aos dereitos labo-rais de qualquer trabalhadora, assicomo as mesmas obligaçons noatinente a fiscalidade e segurançasocial.Em estes momentos, segundo oserviço de igualdade da Junta daGaliza, no país exercem a prosti-tuiçom 8200 mulheres. De estas,o 83,3% prefeririam abandonar aactividade. Para o PSOE e para ocolectivo Alecrim, a legalizaçomde esta actividade suporia "avalaras teses dos que fam negócio com

as mulheres".No entanto, o feminismo galego

defende umha e outra postura semencarar con valentia o debate. Defacto, na tabela reivindicativagalega da Marcha Mundial dasMulheres, um tímido ponto quepede a elaboraçom de "campanhas

de desligitimaçom dos usuáriosdas protituiçom como cúmplicesdo comércio e exploraçom dasmulheres" é a referência maissalientável. O debate parece voltarcom força. Os grupos de mulhe-res, o feminismo e a sociedade emgeral deveram encará-lo.

O debate que se está a produzir comforça no feminismo galego por voltada prostituiçom nom é novo, mas res-surge a cada pouco. A Uniom

Europeia move-se entre dous modelosà hora de tratar o tema. Um é o aboli-cionismo, defendido na Galiza poloPP e PSOE, face o legalizador ou

regularizador defendido no plano ins-titucional polo BNG. No movimentofeminista, sem embargo é mais difícildar com umha posiçom única.

Redacçom

No passado 22 de Junho cele-brou-se no Julgado do Penal nº2 de Compostela o julgamentocontra Alexandre Fernandes porsupostas "lesons e coacçons"contra umha estudante naFaculdade de Económicas damesma cidade. A multa definiti-va ascende a 6.180 euros, logode umha negociaçom com oadvogado da acusaçom, quesolicitava penas de prisom.O julgamento desenvolveu-se

perante umha intensa presençapolicial, que impediu mesmo oacesso de jornalistas: perto devinte polícias de choque e trêscarrinhas vigiavam os exterio-res do edifício onde se estava arealizar umha concentraçom emsolidariedade com o acusadoconvocada polo organismoCeivar. O militante independentistaAlexandre Fernandes já foraexpulso da Universidade deSantiago (USC) em 2002 eimpedido de matricular-se em

qualquer universidade galegapor três anos. O motivo aduzidopola reitoria consistia na supos-ta agressom à estudante Silviade la Fuente durante umha dis-cussom, aspecto negado porAlexandre Fernandes e aindapola única testemunha do acon-tecido.Em representaçom de Ceivar,Joám Peres avalia o acontecidocomo um castigo contra oamplo movimento anti-LOU,personificado na figura doAlexandre e denuncia "a ine-

xistência de umha separaçomde poderes real e a facilidadecom que qualquer montagempolítico-policial deriva final-mente numha sançom exempla-rizante".Três dias antes do julgamento,na madrugada de 19 de Junho, aportaria do prédio em que seencontra o domicílio particularda estudante Sílvia de la Fuentefoi atacado com um artefactoincendiário, segundo infor-maçons recebidas polo portalgalizalivre.org.

NGZA modificaçom da Lei deOrdenaçom Urbanística eProtecçom do Meio Rural queprojecta a Junta "nom está a terem conta consideraçons ambien-tais" segundo a ADEGA, colecti-vo que destaca a "incidência evi-dente no ambiente." O organismo ambientalista recla-ma que o anteprojecto da chama-da 'Lei do Solo' seja debatida poloConselho Galego do Meio (enti-dade da qual a ADEGA foi excluí-da) e polo Conselho Económico eSocial, assim como polos colecti-vos de defesa ambiental.Entre as reformas que produzirá alei estám a redefiniçom das cate-gorias de solo rústico de pro-tecçom agro-pequária, protecçomflorestal e protecçom paisagística,assim como a implantaçom de umregime que torne viáveis os esta-belecimentos de aqüicultura a ins-talar no litoral.

NGZA Associaçom Galega deHistoriadores e Historiadoras(AGH) celebra este mês o primei-ro ano de vida de Murguia,Revista Galega de Historia, contrês números até o momento.Murguia tenta achegar ao conjun-to da cidadania e à comunidadeinvestigadora do País a história daGaliza e as disciplinas relaciona-das como a geografia, a econo-mia, o direito ou a antropologia.Salientam neste último número oestudo de um testamento em gale-go do ano 1422, a entrevista aFrancisco Fernández del Riego eum texto de Xoán Carlos GarridoCouceiro sobre a recuperaçom damemória nas instituiçons.

'Lei do Solo'nom leva em conta consideraçonsambientais

Revista Murguia celebra primeiro aniversário

Atacam residência particular de Sílvia de la Fuente

Page 6: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

6 notícias Julho 2004 novas da galiza

Activista Nunca Mais Lugo condenadoa mais de um ano de prisomRedacçom

O dia 2 de Julho fazia-se pública asentença do Julgado penal nº 2 deLugo que condenava a 1 ano e dousmeses de prisom e a 600 euros desançom a Bernardo Valdês Paços,professor da usc, por um delito de"lesons" e outro de "atentado contraagente da autoridade" nos altercadosque se produzirom durante a visitade Mariano Rajoy quando este aindaera vice-presidente do GovernoEspanhol. A condena nom será efec-tiva pois ao nom possuir ValdêsPaços nengum tipo de antecedentespenais nom ingressará em prisom.Algo semelhante ocorre com asançom económica, já que o acusa-do depositou faz tempo umha quan-tidade de 1142 em conceito defiança, polo que nom terá tamémque desembolsar mais quantidade apartir da sentença. Novas da Galiza informou o mesmodia que o advogado comunicava a

Valedê Paços a sentença do conteú-do da mesma a travês deGalizalivre.org. Tras poder falarcom el, Valdês Paços amosava-setranquilo e confiado nas possibilida-des de resoluçom dum próximorecurso. Fontes de Nunca MaisLugo assi mesmo si que reconhece-rom em privado ver-se sorpreendi-das pola desproporcionalidade dasentença à que qualificarom de"política e injusta". Mais quando nomesmo juíço os polícias testemun-has cairam em variadas contra-diçons óbvias e quando as outraspessoas em princípio imputadasnem siquer fôrom processadas.Recordamos aos nossos leitores quea visita de Mariano Rajoy produz-seo 8 de Fevereiro de 2003 com a crisedo Prestige ainda de actualidade edetentando el a responsabilidademais aguda e directa em toda a ges-tom do desastre. Esse dia NuncaMais convoca a um cento de pesso-as na praça onde está o prédio em

que Rajoy vai dar umha conferênciae apresentar um livro do PartidoPopular. Diante a escasez de efecti-vos policiais e a sua descoordi-naçom vários manifestantes atingemzarandear o carro do vice-presidentesem golpeá-lo polo que este debefugir por becos da zona velha deLugo. Posteriormente e tras receberreforços de todos os corpos repressi-vos existentes em Lugo o carro podeentrar, mas protegido polos escoltasque fam uso indiscriminado de"punhos americanos" e ensinam aalguns manifestantes as suas pisto-las. Neste momento os polícias agre-dem a Valdês Paços quem sofredurantes uns dias umha forte hincha-zom na face.Posteriormente vários membros deNunca Mais, independentismo e bngsom objecto de cartas do julgadoonde se lhes chama a declarar tam sópor ser reconhecidos em fotos dejornais. Algumha das pessoas quetentam ser processada nem siquer

lhe chega a carta com os seus dadoscorrectos e na que lhe falta o núme-tro de documento de identidade.Diante da impossibilidade de provaso caso desses imputados é processa-do decidindo a fiscalia continuarapenas com o juízo de Valdês Paços. Recordamos tamém aos nossos lei-tores que o responsável destasactuaçons foi o subdelegado doGoverno em Lugo, o sr. Labrada,quem declarou na prensa a necessi-dade de reforçar os corpos policiaistras essa visita e o de buscar respon-sabilidades a qualquer preço. Fontesnom oficiais do ambiente naciona-lista luguês falam assi mesmo dumrecrudezemento visível da repres-som nesta cidade já que ao caso deValdês Paços haveria que engadir ostrês sindicalistas condenados apenas desproporcionadas e às teste-munhas do caso dos tres sindicalis-tas e aos que ao parecer estamcomeçando a chegar cartas para umpróximo juízo.

Árias Curto encadeia-se na fazenda de LugoRedacçom

Antom Arias Curto, exlíder doExército Guerrilheiro do PovoGalego Ceive, e os seus irmaosJosé e Joam Arias encadeiavam-seo dia 1 deste mês a uns radiadoresdo primeiro andar do prédio que adelegaçom de fazenda tem na cida-de de Lugo. Exigiam a aplicaçomdo direito de retracto legal a abertu-ra dum novo praço de 5 meses parapoder partilhar na recuperaçom danave-talher da sua propriedade queo Estado vem de embargar-lhes.Em 1993 quando Arias Curto aindaestava em prisom como dirigentedo EGPGC o inspector de fazendaMontalvillo Díaz impom aos irma-os Arias umha sançom de 310.000euros por impagamento do IVE. Amulta foi taxada arbitrariamentedefinindo o talher de reparaçonscomo concessionário de automó-veis. Após múltiplos recursos asançom reduzia-se a 90000 eurosimpagáveis nos praços impostos. Énesse momento quando a chefa derecadaçom Teresa López Garciaexecuta a orde de embargo e saca anave dos irmaos Ärias a subasta,nom respeitando os prazos legaisvigentes. A nave resultava final-mente adjudicada em subasta aoempresário Tomás da Lama por umvalor aproximado de 56000 eurosembora esta quantidade é metadedo seu valor real. Esta pessoa é pro-prietária do concessionário

Volkswagem em Monforte e dedi-ca-se ao negócio imobiliário circu-lando rumores por Monforte polasua relaçom com o branqueio dedinheiro do narcotráfico. As tres e um quarto do mesmo diaefectivos policias desalojavam aosirmaos Árias da delegaçom, apre-sentando-se na mesma a planamaior da Polícia Nacional luguesa.Novas da Galiza pudo falar comAntom Árias Curto no mesmoencadeiamento e este amosava-setranquilo embora nom confiava emser recebido nesse momento pornengumha instância de Fazenda.Jornalistas ali presentes confirma-ram a Novas da Galiza que a polí-cia já tinha feito um tento de desa-lojo com certa actitude de agressi-vidade mas que a presênciamaciça de jornalista fez que des-sistiram do primeiro intento.Finalmente os irmaos Árias foramlevados à esquedra policial ondepassaram um par de horas e foramidentificados.

Redacçom

A sentença emitida poloJulgado de InstrucçomNúmero 1 determina que atotalidade dos trabalhadores etrabalhadoras que ficavam noGrupo de Empresas Álvarez(GEA) antes do seu encerra-mento devem ser indemniza-dos com perto de seis mileuros por pessoa, por causados salários nom pagos.Após duras mobilizaçons einiciativas de todo o tipo, estasentença é o resultado do tra-balho sindical que abriu dousprocessos judiciais encamin-hados, principalmente, a queo plantel de trabalhadores etrabalhadoras fosse o primei-ro a receber a dívida daempresa, que ultrapassa centoe vinte milhons de euros.Na CIG celebram esta peque-

na vitória, já que existe a pos-sibilidade de recurso porparte da Tesouraria daSegurança Social, que arreca-dou o dinheiro obtido pololeilom dos bens embargados àempresa. No fecho da ediçomdeste número o ente públicoainda nom tinha movidopeça.GEA contava com quatrofábricas em Vigo (Mohasa,Santa Clara, Vanosa e Povisa)e outra en Arcade (Pontesa),em que trabalhavam 750 pes-soas antes de ir à falência. Oprogressivo desmantelamentoda empresa reduziu até estenúmero os milhares de con-tratos que mantinha historica-mente, quando era umhareferência ineludível entre osfocos de atracçom de empre-go do sul da província dePonte Vedra.

NGZA biblioteca de Melide acol-heu a fundaçom da RedeGalega do Jogo Tradicional nopassado sábado 26 de Junho.Com a denominaçom deBrinquédia (país de brinque-dos), pretende divulgar inicia-tivas encaminhadas à "recupe-raçom das práticas lúdicas tra-dicionais", assim como apoiara constituiçom de federaçonsdesportivas em disciplinas tra-dicionais.A Assembleia Fundacional,em convocatória aberta, foiapoiada por associaçons dedesportos tradicionais e popu-lares, centros de ensino e pes-soas a título individual. Entreos acordos adoptados estám ode celebrar periodicamenteum encontro nacional dejogos, a realizaçom de activi-dades de formaçom e divul-gaçom, assim como promovera investigaçom do patrimóniolúdico tradicional.Os promotores e as promoto-ras constatam um processo derecuperaçom do jogo tradicio-nal na Europa, assim como aapariçom de colectivos noPaís interessados na recupe-raçom das práticas lúdicas emgeral, entidades que preten-dem apoiar e aglutinar. Outrodos acordos da Assembleia foisolicitar a adesom àAssociaçom Europeia deJogos e DesportosTradicionais (AEJST) comomembro observador.

Rede para arecuperaçomdos jogos tradicionais

EN-Mocidadecelebra décimoaniversário

NGZA organizaçom juvenil deEsquerda Nacionalista (EN)cumpre dez anos desde a IAssembleia Nacional, celebradaa 15 de Maio de 1994 emCompostela. Com motivo doaniversário celebrarám umhaceia de convívio em 24 deJulho, à qual assistirám pessoasde diferentes geraçons e moçose moças que já participárom naorganizaçom.O acto contará com a inter-vençom política do secretárionacional de EN, Alberte X.Rodríguez Feijoo, e SaulSantim, porta-voz nacional daorganizaçom juvenil.

Sentença reconhece direito do plantel de Álvarez a receber salários em atraso

Page 7: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

reportagemJulho 2004novas da galiza 7

Jacobeu

Redacçom

A Direcçom Geral de Turismoinsiste a estas alturas doJacobeu de 2004 em que se vaialcançar a cifra de seis milhonsde visitantes na Galiza, e quedeixarám no país uns ingressosaproximados de uns 3.600 mil-hos de euros. A Conselharia deCultura destinou dos seus orça-mentos 160 milhons de euros àcelebraçom do evento, aos quehá que somar os provenientes danova fórmula habilitada exclusi-vamente para "Anos Santos": ofinanciamento privado ache-gou14 milhons de euros para acelebraçons. Quem xere todoeste capital é a SociedadeAnónima de Gestom criada a talefeito pola Junta da Galiza.

As contas da S.A.G. Jacobeu Umha Sociedade de Gestomque, segundo o próprio informeConselho de Contas do ano1999, elaborou os seus orça-mentos sem rigor, recomendan-do "maior seriedade nas suascontas". A situaçom fiscal daSociedade que gere o Jacobeu "éincerta", indica o Conselho deContas, quem pom aliás demanifesto que o organismopublico non utiliza o concursopublico para fazer as suas con-trataçons. A recomendaçom doórgao consultivo incide em que

" a sociedade deve gerir as suascontrataçons de um jeito publi-co para permitir que qualquerfornecedor interessado puderapresentar as ofertas que esti-mar pertinentes". Isto vemsendo o mesmo que reconhecerque o Jacobeu fai a maioria dascontrataçons polo procedimentode negociaçom, sem concursopublico. Diz também oConselho de Contas da Junta deGaliza sobre a auditoria do ano1999 que na Sociedade

Anónima de Gestom do Jacobeo"as decisons de contrataçom debens e serviços deveram basear-se em razons objectivas e con-trastáveis". É especialmente sig-nificativo que for um organismodependente do governo galegoquem puger por escrito no seuinforme estas chamadas deatençom. A Sociedade Anónimado Jacobeu geriu no ano 1999 acifra de 71 milhons de euros.Fora do que poda ser umha mel-hor ou pior gestom, com toda a

importáncia que tem a utili-zaçom de recursos públicos, aJunta pom a justificaçom para acelebraçom de este evento noimpulso da economia galega.Benefícios sim... Mas paraquem?.

Turismo e economiaO sector turístico é, a dia dehoje, umha das apostas econó-micas mais importantes dogoverno do PP e foi em reitera-das ocasions invocado poloslíderes do PSOE como soluçomaos graves problemas do país.Pérez Touriño tem manifestadoque "o turismo é um dos sinaisde identidade da Galiza futura".O governo galego pula porqueneste sector se apoie um dosmotores mais importantes daeconomia, assegurando que écapaz de gerar em momentosdeterminados mais do 20% doPIB do País.A finais do ano 1990 as activi-dades do sector serviços fôromas protagonistas do desenvolvi-mento económico da Galiza,dando emprego em 1998 aumhas 480.000 pessoas, um52% da povoaçom ocupada.O Jacobeu tem umha influêncianotável no sector turístico e node serviços, especialmente nahotelaria, nos transportes e nocomércio. O resultado ansiadoinspira-se numa umha regra de

O Jacobeu fai amaioria das

contrataçons poloprocedimento denegociaçom, semconcurso publico

reportagem

investimento públicopara benefício privado

Governo Fraga fortalece sectores turístico e serviços frente os produtivos

A Conselharia de Turismo e Comunicaçom Socialsegue a insistir a estas alturas do ano 2004 quegraças o Jacobeu vam visitar a Galiza seis milhonsde pessoas. Estimou a Junta que estos visitantesvam seixar 3.600 milhons de euros em ingressos nopaís. A administraçom move cifras milhonarias

fazendo uso do patrocínio privado de empresas. Opretexto é a activaçom da economia galega e oincremento do Produto Interior Bruto do país. Os recursos para a organizaçom do macro eventosom públicos na sua maior parte, os benefícios,para as empresas privadas, sendo mínima o bene-

ficio para a cidadania. Umha cidadania que simsofre, quando menos em Santiago de Compostela,os inconvenientes de umha cidade tomada polasForças de Segurança do Estado e cujos serviçosbásicos som ocupados em benefício alheio. Avizinhança nom tem importáncia. É O Jacobeu.

O sector turístico é, a dia de hoje, umha das apostas económicas mais importantes do governo do PP e foi em reiteradasocasions invocado polos líderes do PSOE como soluçom aos graves problemas do País

Page 8: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

8 reportagem Julho 2004 novas da galiza

três bem simples: se o turismoincrementa o PIB, e o Jacobeufai o próprio com o primeiro, éobvio pensar que o Jacobeuinfluirá no PIB da Galiza. Mas aregra de três nom funciona. AAdministraçom pública, comovimos, investe moitos recursosneste sector, mas quem obtém arendibilidade e recebe os benefí-cios destes investimentos é sem-pre o sector privado. Isto o quesignifica é que os fundos públi-cos estam a ser investidos, como

os 71 milhons de euros antesmencionados, para o enriqueci-mento de umhas quantas empre-sas que vivem do turismo.As contas do "Ano Santo" de1993 servem como exemplo doque acontecerá sem dúvidaquando se fixer a análise deeste 2004. O auge do turismo na Galizaestá, em este momento, a jogarcontra o desenvolvimento deoutros sectores económicos.Assim, o turismo tem-se conso-lidado como a pretensa soluçomà crise estrutural de muitas eco-nomias locais, representandoumha alternativa á desacele-raçom dos sectores agrícola,pecuário e pesqueiro..

A criaçom de empregoOutro dos mitos recorrentes quecirculam em relaçom ao sector

turístico em geral e à cele-braçom do "Ano Santo" emCompostela é que repercute nacriaçom de emprego e queaumenta a sua estabilidade. Estaafirmaçom tem a sua cara. É emcerta medida certo. O Conselhodas Comunidades Europeiasconsidera o turismo um sectorde importáncia económica esocial no marco da política decriaçom de emprego. Na Uniom

Europeia estes sectores ofere-cem mais de oito milhons deempregos directos a tempo com-pleto. Pode que esta seja a reali-dade nos restantes países daUniom, mas nom na Galiza nemmuito menos em Compostela. Acriaçom de emprego no sectorturístico e de serviços, é nestacidade, precário e temporal,como insistentemente vêm afir-mando as centrais sindicais

nacionalistas. Se isso é assim emrelaçom com a actividade turísti-ca em geral, que se desenvolvefundamentalmente, nuns mesesdeterminados, sobra dizer o quese passa com o Jacobeu, celebra-do com intervalos de anos.Contratos temporais, incumpri-mento das jornadas laborais,exporaçom...som só algumhasdas palavras que poderiam citar-se em relaçom ao emprego em

estes sectores. A mesma empre-sa de turismo INCOLSA, depen-dente do Concelho de Santiago,recibiu recentemente numerosascríticas por parte do sindicatoCIG, quem a acusou de numero-sas irregularidades nos proces-sos de contrataçom de pessoal,e de primar os contratos even-tuais apesar de ser a actividadeda empresa permanente e nomestacional.

Os gastos do Ano Santo de 1993ascendêrom à cifra de 15.090 mil-hons das antigas pesetas, o quesupujo umha desviaçom no gastodo 290% face o orçamento inicial-mente projectado, de 5.072 mil-hons. A dívida adquirida com osbancos por tal esbanjamento foi de2.750 millhons de pesetas, e as per-

das ascendêrom aos 2.128 milhons,sempre falando na antiga moeda.Visto este panorama, a Sociedade deGestom do Plano Jacobeu semelhavater poucas saídas: a quebra era imi-nente. Mas a decisom pola que seoptou foi o desvio de outras partidasorçamentárias do governo Fragapara este organismo com a intençomevidente de salvar o défice.

Os números do Jacobeu

A Conselharia de Cultura destinou dos seus orçamentos 160 milhons de euros à celebraçom do evento

Os gastos do AnoSanto de 1993

supugêrom umhadesviaçom no gasto

do 290% face oorçamento

inicialmenteprojectado, de

aproximadamente30 milhons de euros

A administraçommove cifras

milhonarias fazendouso de dinheiro

público e dopatrocínio privado

de empresasinteresseiras

Page 9: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

9reportagemJulho 2004novas da galiza

Nome e Apelidos

Nº Conta

Junto cheque polo importe à ordem de Minho Média S.L.

Localidade E-mail

C.P.Endereço

Telefone

1 Ano = 12 números = 20 euros

Preenche este impresso com os teus dados pessoais e envia-o a NOVAS DA GALIZA, Caixa dos Correios 1069 (C.P. 27080) de Lugo

Assinante Colaborador = ____ euros

Assinatura

[email protected] Telefone: 639 146 523www.novasgz.com

Seis milhons de visitantes é acifra oferecida pola DirecçomGeral de Turismo para este2004. Seis milhons de pessoasque tirarám fotos no Obradoiro,subirám por Praterias àQuintana, aguardarám umhashoras na ringleira para atraves-sar a Porta Santa, darám umpasseio polo Franco e arredoresaté a tardinha... Entom apanha-rám o autocarro que os leva deregresso. O turismo que atrae oJacobeu e o Caminho nomdeixa beneficios notáveis signi-

ficativos em este ámbito. Operegrim emprega os alberguespara pernotar, enquanto os visi-tantes que a catedral e os seusarredores recebem a diário fampouco mais do que isso. Osbenefícios que criam orientam-se em grande medida para osector do transportes, pois háque lembrar também que seesta a dar umha desviaçom deestas pessoas cara os hotéis deoutras zonas, como as RiasBaixas. Também é certo queesse turismo de nível alto ali-

menta as numerosas cadeiashoteleiras transnacionais queocupárom como fungos a pai-sagem urbana. AC, NH ouHesperia apropriárom-se deinúmeros espaços da cidade,algum de grande valor históri-co (é o caso do Convento dasOblatas) para lho brindar aoturismo de alto nível e excluira vizinhança da cidade, quesofre a presença permanenteda Unidade de IntervençomPolicial espanhola e umhaordenança municipal restritiva

com a liberdade de expressompor obra e graça da "necessá-ria higiene" em favor do turis-ta. No respeitante a esta ques-tom, a própria associaçom dehosteleiros de Santiago ecomarca já tem protestadoante o alcaide polo elevadonúmero de hotéis de luxo con-centrados em Compostela.Santiago registou no 1999 umíndice turístico de 416 e umhaactividade económica do 256.Em este mesmo ano o turismoem Vigo ascendia ao 387, com

umha actividade económica de797. Sam Genjo registava umíndice turístico do 167, comumha actividade económica do27, enquanto as cifras corres-pondentes à cidade daCorunha eram, respectivamen-te, de 564 e 898. A conclusomdá nas vistas: O turismo nom éa panaceia que se pretendeapresentar e nom supom umreforçamento significativo daeconomia produtiva. O Jacobeo influi no turismo,isso é certo. E que o turismoinflue no PIB também é certo.Porém, a influência positiva naeconomia galega nom é tal. Omacro-evento só serve paraincrementar a economia de unsquantos, consolidando sectoresjá fortalecidos, como o turismo,os serviços e o comércio (acada mais concentrados emmaos de empresas transnacio-nais) e aumentando as desi-gualdades sociais, devido atemporalidade dos contratoslaborais. Contribui tambémnesta medida o esquecimentoda Junta para com outros secto-res como a gadaria ou a pesca,bastante menos favorecidos doque a hospedaria e as empresasde viagens. O Governo daJunta semelha mais preocupadoem projectar umha imagem deGaliza cultural, espanhola, pre-tensamente cosmopolita e prós-pera que atraia pessoas e quar-tos rápidos cara as arcas desempre, do que em criar umhaeconomia sólida e firme einvestir em uns sectores debase que contribuam para amelhora social do País.

O Governo daJunta semelhamais preocupadoem projectar umhaimagem de Galizacultural, espanhola,pretensamentecosmopolita epróspera, do queem criar umhaeconomia sólida efirme e investir emuns sectores debase que contribuampara a melhorasocial do País

Seis milhons de turistas...

O macro-evento só serve para incrementar a economia de uns quantos, consolidando sectores já fortalecidos,como o turismo, os serviços e o comércio

Page 10: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

10 reportagem Julho 2004 novas da galiza

Parte da estrada decorreria polo Esteiro do Tambre, proposto para a Rede Natura 2000

José do Traba

Segundo se recolhe no próprioestudo informativo da Junta, a rea-lizaçom do viaduto poderia oca-sionar, na sua fase de contruçom,"danos temporais ao marisqueio,polo que se contemplam medidascorrectoras", como indemnizar ostrabalhadores e tra-balhadoras afectadasdo sector extractivo.O mesmo estudo ofi-cial prediz um possí-vel deterioramentoda qualidade daságuas, incidência nosfundos ou modifi-caçons das correntesmarinhas. Nun anexo do estudoinformativo indica-seque, com a cons-truçom do viaduto,poderia-se originarum processo de ero-som na praia daBarquinha e na PontaAbrunheira -de ondepartiria o viaduto-devido ao aumentode velocidade dascorrentes. Entretanto, na PuntaTestal, onde desembocaria o via-duto, sufriria-se o processo con-trário, já que, ao ver-se reducida avelocidade das correntes, provo-caria-se um previsível incrementoda sedimentaçom, com a conse-quente reduçom de calados.Cumpre acrescentar que a praia deTestal veria-se condenada irreme-diavelmente à sua desapariçom.Aliás, também se reconhece um

incremento, ainda que mínimo, doprocesso de colmatagem daEnseada de Noia.A altura do viaduto projectado, detam só 1´70 metros em preamar,impediria o passo de grande partedas embarcaçons ao interior daenseada noiesa. A existência doviaduto também suporá a desapa-

riçom do escassohorizonte de marque lhe resta aNoia, posto que avisom da vila verá-se totalmente alte-rada pola presença,na mesma boca daenseada, dumhabarreira de pilotesde betom.O tracejamento daVariante tambémdecorre entrenúcleos habitados,como é o caso deEiroa ouTaramancos. Destaaldeia era natural oinsigne AntomAvilês. A estradatranscorrerá aescassos metros das

vivendas e mesmo obrigará aderrubar pequenas edificaçons.Algumhas das construçons exis-tentes vam ficar praticamentesoterradas polo betom, porque afutura via irá, em alguns trechos,sobre taludes de 18 metros dealtura. Outros lugares do municí-pio, como Barquinha, ficarám cer-cados pola estrada e isolados doresto da vila.A organizaçom ecologista Adega

O projecto da Variante de Noia, elaborado polaConselharia de Política Territorial, é umha estra-da de circunvalaçom da vila que a uniria com afutura Via de Alta Capacidade até Briom. Ambosviais som "compromissos" recolhidos no chamadoPlano Galiza, para a "melhora das infraestrutu-

ras" da Barbança norte. Em 17 de Março, o Diário Oficial de Galiza publi-ca os estudos informativo e de impacto ambientalda Variante de Noia. No anúncio da Conselhariade Política Territorial constam quatro tracejamen-tos diferentes para este vial, em três deles contem-

pla-se a construçom de viadutos sobre a Ria deNoia. A Conselharia estabeleceu como preferente osegundo, que possui 3.687 metros de longitude eque conta com um viaduto sobre a Ria de Noia de1360 metros de extensom. Este último é, sem lugara dúvidas, o aspecto máis polémico da Variante.

Junta projecta em Noia umha estradade grande impacto no meio

A Variante decorreria polo meio de núcleos habitados e estragaria a paisagem da Ria de Noia

Em alguns trechos, o trazado vai sobre taludes de 18metros de altura, polo que soterrará as casas existentes.

A Variante irá polo meio de núcleos habitados, a escassosmetros de vivendas.

A construçom do viaduto pode afectar o marisqueio, modi-ficará as correntes e deteriorará a qualidade das águas e osfundos marinhos.

A altura do viaduto é de 1´70 metros em preamar.

as chaves O viaduto nomsoluciona o problema,simplesmente deslocageograficamente asua incidência deumha zona a outra.Também suporáa desapariçom doescasso horizontede mar que lheresta a Noia

Algumhasconstruçons

vam ficarpraticamente

soterradas polobetom, porque

a futura viairá, em algunstrechos, sobretaludes de 18

metros de altura

Page 11: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

reportagemJulho 2004novas da galiza 11

considera inaceitável esta varian-te, entre outros motivos, polo seugravíssimo impacto ambientalsobre o "Lugar de InteresseComunitário" (LIC) do Esteirodo Tambre, já que parte da futuraestrada decorrerá por este espaçonatural. O nível de proteçomambiental dos espaços LIC, pro-postos para a Rede Natura 2000,estabelece a obriga de manternun estado de conservaçom favo-rável aos tipos de hábitats natu-rais que fixerem parte de cadaespaço. A construçom de um via-duto de mais de um quilómetroafectaria, irreversivelmentesegundo Adega, todo o contorno. A razom principal para a cons-truçom desta infraestrutura,segundo manifestam da Junta e oPP noiês, é evitar o colapso dotránsito polo centro de Noia e,assi, solucionar as retençons quese dan nos meses do Verao.

Porém, Adega considera que oviaduto nom soluciona o proble-ma, simplesmente desloca geo-graficamente a sua incidência deumha zona a outra.

Reacçom popularHa vários meses constitui-se aPlataforma pola Defensa da Riade Noia e Muros, colectivo queorganiza às Quintas feiras eSábados concentraçons diante dacasa consistorial noiesa parapatenteiar a sua oposiçom a estainfraestrutura. Também organizaassembleias informativas abertasao conjunto da cidadania, mesasredondas com políticos, que somboicotadas polo PP, além deoutro tipo de actos da mesmanatureza. Na Plataforma polaDefesa da Ria decantam-se porque se estude a fundo unha alter-nativa que concite un maior con-senso e que esta decorra polo

interior da comarca. Tambémdenunciam o obscurantismo e ainflexibilidade das adminis-traçons autonómica e local nestetema. No mês de Março, unhadelegaçom dos vizinhos e vizin-has afectadas entrevistouse enCompostela com o presidente daJunta, Manuel Fraga, para solici-tar-lhe o estudo de outras alterna-tivas de menor impacto. O man-datário galego respostou-lhe comfrases do estilo de: "O dinheirodos galegos nom está para seresbanjado" ou "a Variante fará-sepolas boas ou polas bravas, aindaque for com a Guarda Civil".As demandas deste colectivopopular som apoiadas por outrosmovimentos sociais do País,como Adega ou Burla negra. Opasado domingo 11 de Julho,centos de pessoas marcharom apé desde a aldeia de Eiroa atéTaramancos, numha manifes-taçom em contra do trazado daVariante. Da Plataforma polaDefesa da Ria consideram queumha alternativa polo interiorvertebraria melhor a comarca. No atinente aos interesses quese movem trás o trazado daJunta, há sérias suspeitas deoperaçons urbanísticas. A genteda comarca é conhecedora deque o Grupo Mahía possuiterrenos próximos à futuraVariante. Aliás, esta estradadesembocaria a poucos quiló-metros de Portosinho, localida-de caracterizada pola sua verti-ginosa turistificaçom, que contacom um clube náutico e na queMahía dispom de numerososimóveis para a sua venda.Outro dos grandes beneficiados éa empresa Eroski, que projectaconstruir um centro comercialem Agra de Barro, em Noia. Undos acesos da Variante estarásituado a poucos metros dosterrenos que adquiriu a empresabasca para a construçom do cen-tro comercial.

J.M. Lopes

Já em 1995, a ponto de se rematara auto-via que une Ourense comVigo, técnicos do concelho dasBurgas desenharam o enlace dammesma com a futura auto-estradacara Santiago, a A-52.Misteriosamente, umha vez licita-do o tramo Santiago-Doçom dedita infraestrutura, a CPTOPVdecide mudar o trazado e realizaro enlace partindo pola metade aaldeia de Santa Cruz, o que afec-taria quarenta e umha casas ederrubaria quatro. A obra afectariaaliás um jázigo de época romana eoutro do neolítico, para além depassar a rentes das conhecidas fer-venças do Vinhao, de grande valorhistórico e ecológico.Privada de grandes apoios, ante oconsenso de fundo que motivamas grandes infraestruturas rodo-viárias, a vizinhança decide-se ase organizar por conta própria ecomeçar com pequenas medidasde pressom. As primeiras assem-bleias tomam um carácter ordiná-rio e passam a se reunir comrepresentantes do concelho, aDeputaçom Provincial, aConselharia e os partidos da opo-siçom institucional. Estes, mani-festando o seu apoio às reivindi-caçons vicinais, seguírom aplau-dindo na prática o trazado oficialpor ser o de menor impacto, já quea alternativa proposta exigiriaumha curvatura excessiva. Para oportavoz da vizinhança, as reu-nions mantidas com Núñez Feijoo-que rematárom em largas e faltasde concreçom-, J.L.Baltar e o con-celheiro de Obras PúblicasRodríguez Cid fôrom umha puracomédia teatral.Com o convencimento de proporumha alternativa viável, vizinhos evizinhas recorrem a umha nova fór-mula que variaria o enlace caraFeás, sito na estrada comarcal Ou-402 (Ourense-Cortegada), para evi-tar a curvatura antes dita. Apesar deos seus argumentos serem incontes-táveis, o PSOE, com o que se entre-vistam, dá a calada por resposta.

Os interesses de fundoA pouco que riscarmos nos actoresem jogo damos com umha realidadesobradamente conhecida. Por soba-do, nom resulta menos importantelembrar que o 70% do Plano Galizavai destinado a grandes infraestrutu-

ras, na sua maioria aprovadas emdatas anteriores ao atentado doPrestige. Tampouco é ocioso lem-brarmos que as mobilizaçons popu-lares galegas em defesa de núcleospopulacionais habitados contraauto-estradas, plantas de gás, portosou encoros som sistematicamenteignoradas polo poder político e eco-nómico, que as culmina por cima davontade das populaçons afectadas.Tam só episódios de conflituosidadesocial intensa, amplos apoios parti-dários ou choques violentos -foi ocaso da empacotadora de Guijar eVila Boa- inclinam a balança emfavor dos habitantes de bairros eparróquias. Neste caso há aindaoutros dados bem concretos: o mis-terioso cámbio do trazado originalbem pudo dever-se a serem os terre-nos polos que este passava proprie-dade da poderosa Bodegas Arnoya,um dos maiores produtores de vinhoda comarca do Ribeiro. Com o novotrazado, a saída da auto-estradasituará-se precisamente acarom dassuas terras, com o que é possívelumha revalorizaçom das mesmas.Se formos mais alô, entenderemostambém a negativa a aceitar a saídaproposta pola vizinhança só 300metros mais abaixo, na estradadirecçom a Cortegada: esta afectariaumhas graveiras de COPASA, polé-micas no seu dia por carecerem deautorizaçom (Lembremos as estrei-tas vinculaçons desta empresa como PP, o que a levou a obter conces-som de obras na Cidade da Cultura,como dizíamos no NGZ nº 18).

A mobilizaçomSem resignar-se, a vizinhança temdado passos já fora dos corredorese gabinetes. Durante todo o mês deJunho pugérom-se mesas informa-tivas no centro da cidade; assistí-rom também com propaganda acomícios do PP, onde fôrom convi-dados a se marchar. Tam só NÓS-Unidade Popular sedecidiu até dia de hoje a umhaimplicaçom directa com SantaCruz de Arrabaldo. Além de reali-zar pronunciamentos públicos con-tra a construçom do conjunto dainfraestrutura, a organizaçom inde-pendentista tem estabelecido umcanal de colaboraçom permanentecom os e as afectadas. No passado12 de Junho, as e os independentis-tas colaborárom na organizaçomdum roteiro pola zona ao que assis-tírom umhas dúzias de pessoas.

Aldeia ourensá de Santa Cruz,umha outra vítima das grandesinfraestruturas de transporte

Entre a balbúrdia entusiasta do Plano Galiza à que os trêsgrandes partidos institucionais se somam, com os habituais debatesde investimentos, promessas e prazos, algumhas vozes entrecortadase silenciadas polos meios de maior difusom pulam por se fazerouvir. É o caso da vizinhança de Santa Cruz de Arrabaldo, umhaaldeia do concelho de Ourense que se prepara para ser literalmentepartida polas obras da futura auto-estrada a Santiago.

O Concelho apagou, en mais de umha ocasiom, os murais da Plataforma Pola Defesa da Ria

Parte do tracejamento transcorrerá polo Esteiro do Tambre, propostopara a Rede Natura 2000

Page 12: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

12 análise Julho 2004 novas da galiza

José Manuel Lopes

Mais alá das palavrasUmha primeira condiçom da obraque analisamos é que vai, se se nospermite dizê-lo, muito além de simesma. Existem produtos humanoscom importante carga teórica ouvalor estético que aginha perdem osseus perfis mais nítidos para seerguerem em referentes colectivosalicerçados em centos ou milharesde adesons íntimas individuais.Como essas cançons protesto cujatranscendência artística deixamosespontaneamente de parte por asso-ciá-las com capítulos, eventos oulutas de grande significaçom, oucomo esses líderes cuja efígie -associada a certos valores e princí-pios- ensombrece ou apaga os seustextos e achegas políticas, o'Sempre en Galiza' viu-se devoradopolas peculiares circunstáncias doseu parto e difusom.Afortunadamente devorado, dize-mos nós, porque ao contrário doque tantas vezes se tem passado nahistória do nosso nacionalismo,autosatisfeito no diletantismo eimpotência da escrita, as palavrasfôrom só isso, palavras, numhamaré convulsa de decisons, impli-caçons e aconteceres. Lembremosque as reflexons que abrem o livronascêrom nas dores e ansiedades doexílio, rodeadas dos "páramos cal-cinados" nos que Castelao viviu osrigores do biénio negro, nos que sesegue a teorizar e a desenhar acçompolítica e marcos programáticos.Nom perdamos tampouco de vistaque se continua contra a ameaçacrescente do fascismo, com a impli-caçom absorvente e vital na organi-zaçom contra a barbárie, com apluma acesa polas dores dos irmaosassassinados, com os padecimentosfísicos da pobreza e a cegueira. No'Sempre en Galiza', em geral naobra castelaoniana, estám semprepresentes as achegas político-ideo-lógicas que tantos estudiosos têmabordado: a definiçom objectiva danaçom, o pacifismo anti-imperialis-ta, o populismo ruralista, o inter-classismo progressista...som mui-tíssimos os elementos que o empa-

rentam em filiaçom directa com osprimeiros grandes teóricos donacionalismo, quer na caracteri-zaçom da Galiza elaborada polosector conservador (Risco), quernas filias republicanas e federais(Vilar Ponte). Mas, a diferença dosseus predecessores, aqui as teori-zaçons salpicam-se da prática,modulam-se em muitas ocasionsem funçom dos ritmos políticos. Eempapam-se, nom esqueçamos, deumha vinculaçom afectiva comquem sofrem e a Galiza real dasclasses populares que nom achamosnem de longe em outros compan-heiros de viagem, atitude vital dorianjeiro que transparecem pedago-gicamente até as 'Cousas' mais sin-téticas e as láminas de apariênciamais inócua, como pendons dessegaleguismo místico que empapoutantos militantes de preguerra.E ainda há mais: se a história de'Teoria do Nazonalismo Galego' oude 'Doutrina Nazonalista' nos remi-te precisamente a isso, ao planodoutrinário, ao debate mais oumenos acalorado entre umha mino-ria intelectual que vinha de desco-brir a Galiza desenhando umhacausa colectiva, o 'Sempre enGaliza' encarna um movimento quealcançou certa fase de madurez edesenvolvimento: o que se vinculouideológica e praticamente à esquer-da, o que foi motor fundamental naconsecuçom do Estatuto deAutonomia, o que estava a desenharainda em germe umha pequenacomunidade nacional passando 'dacantiga à arenga', como ilustrativa-mente expujo um historiador, e oque contribui para a defesa daRepública achegando o melhor dosseus homens à causa frentepopulis-ta. Mas também o que, em temposde cerco e decadência, fai por nomesquecer a necessária organizaçome política nacionalista na Terra. Estaoutra fasquia, que nom fai parteexplicitamente dos conteúdos dolivro, acompanha o 'Sempre enGaliza' até dia de hoje de maneirarecorrente. No mesmo ano em quesai do prelo em Bos Aires é consti-tuído na vizinha Montevideo oConselho da Galiza, órgao dumha

legalidade vulnerada e orientado'para que a Galiza recupere o antespossível os seus direitos democráti-cos de autodeterminaçom política enacional', por palavras de SoaresPicalho. Anos estes nos que acorrespondência patenteia um pro-gressivo desencontro com umnacionalismo de interior em trancede deixar de sê-lo em forma decapitulaçom prática (exclusivismoculturalista) e reconversom teórica("a inutilidade do nacionalismo").De aí que o 'Sempre en Galiza' sejatambém para nós, que o herdamosdo vivido polos nossos pais emaes, essa obra que chegava daAmérica camuflada nos falsos fun-dos das malas e que se agachavanas trastendas das livrerias pararebater a ideia de que o nacionalis-mo galego nom era possível nemdesejável; para vincular a nossacausa à política e à esquerda dumCastelao auto-declarado amigo daUniom Soviética e companheirode Luís Soto; para ligar as alarmes,enfim, ante umha elite política ehistórica que tinha a ousadia defazer transformismo com um líderde massas para o converter emartista e de distorcer o seu legado.A dureza vivida na altura e adeserçom dos velhos inventouumha bíblia onde havia um livro.

A sua actualidadeCom as matizaçons que quigermos,o 'Sempre en Galiza' segue a ache-gar algumhas das mais importanteschaves do pensamento nacionalistae, como tal, mantém a actualidadegenérica que tem toda obra referen-cial, com a sua capacidade de acol-her no seu seio visons parcialmentedivergentes. Genérica, por contergrandes ideias força que som as dogaleguismo histórico -que aindahoje nos acompanham- e as de certaorientaçom populista e progressistada causa nacional que chegou até osnossos dias: a vinculaçom estrita eindissolúvel da Galiza com as clas-ses populares; a língua como pedraangular da identidade colectiva; aprecepçom, ainda escassamenteteorizada, da relaçom colonialGaliza-Espanha.Ora, é perigoso confundir tal refe-rencialidade laxa e englobadoracom umha referencialidade canóni-ca. Eis o sentido que o nacionalis-mo maioritário deu nas últimasdécadas à teorizaçom de Castelao:na longa noite de pedra, como jávimos, porque a sua reivindicaçommilitante era um balom de oxigénioface a estratégia pinheirista de acos-sa e derrubamento do nacionalismopolítico e, por suposto, de qualquerorientaçom marxista; em datas mais

recentes, porque o minimalismonacional e a vocaçom hispanista dadécada de 30 eram oportunamentetrasladáveis a tempos da IIªRestauraçom borbónica para ali-mentar práticas conciliadoras ebrandas. Poderíamos desde o inde-pendentismo, como é prática ao usona briga política, lançar-nos vorazesà obra de Castelao e tencionar umhaapropriaçom exclusivista que nossituasse como herdeiros de certasessências legitimadoras. E, ainda,na luta política nom há mais essên-cias necessárias a reivindicar que asderivadas das mais sólidas ancora-gens éticas. De resto, os marcosprogramáticos, as apostas tácticas,os desenhos estratégicos, nom sommais que grandes aplicaçons con-tingentes, devedoras dos seu con-texto, mais ou menos valentes,audazes ou afotunadas. Em rigor,pois, Castelao nunca foi um inde-pendentista galego e o 'Sempre enGaliza' é representante egrégio dalinha autonomista-federalista quenasce com as Irmandades e chegaao BNG; posicionamento assentadoem sólidas conviçons teóricas -acrença da salvaçom da Galiza numespaço hispano que o nosso paísseria quem de refundar-, nas tesesculturalistas de naçom que Castelaovia opostas "ao imperialismo castel-

No 60 aniversáriodo 'Sempre en Galiza'Cumprem-se seis décadas da publicaçom no exí-lio da obra de referência do nacionalismo gale-go ou, por dizê-lo de outra maneira, seis déca-das de vicissitudes do nacionalismo organizadobaixo a longa sombra da que ainda hoje é, paramuitos, umha bíblia que encarna as essênciasideológicas do nosso projecto colectivo. Fôrome som muitas as linhas escritas sobre o que foi

chamado "livro collage", pola impossibilidadede o encaixar num determinado género literárioou político, e muitas as incursons que tencioná-rom disseccionar o pensamento que nas suaspáginas deitou o rianjeiro. Nós faremos porprescindir, quanto possível, dos lugares comunse das ideias mais tópicas que adereçam estasseis décadas em constante companhia (compan-

hia activa e inspiradora) de Castelao e o seupensamento. Do que se trata, antes do mais, éde discernir a originalidade da sua teorizaçom ede compreendermos em que medida traduz aspulsaçons e aconteceres da etapa na que foiconcebido; de revisarmos a sua actualidade;finalmente, de analisar o seu papel como símbo-lo e encarnaçom do país em andamento.

Entrega das Medalhas Castelao 2004. A direita espanhola apropria-se reiteradamente da figura do rianjeiro

Page 13: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

análiseJulho 2004novas da galiza 13

hano e ao arredismo português"-,e nos medos ante umha fraquezaprática, a do nosso nacionalismo,que engordou as posiçons maistímidas e conjunturalistas("Contra Espanha levaríamos asde perder", adverte Vítor Casasaos arredistas, na altura verdadeiracorrente definida e perfeitamentecaracterizada que se teima emocultar). Minimalismo nacional,para-estatalismo táctico e políticae progressismo social desde aminusvalorizaçom do proletariadosom os grandes traços condicio-nantes do ideossistema deCastelao que o nacionalismorefundado -nomeadamente aUPG- retoma de maneira pratica-mente literal com as pequenasparênteses das fases de maior radi-calidade. A utilizaçom da iconanom é, portanto, aleatória oucasual.De posiçons nacionalmente maisavançadas, adoita-se pôr de relevoo que há de indigerível nesta obrado rianjeiro: o reintegracionismo -"a nossa língua floresce emPortugal"- e um filo-independen-tismo explicitado nos seus últimosanos trás as contínuas desavinçascom o republicanismo espanhol.Matizemos também: quanto à lín-gua, Castelao nom muda um milí-metro as posiçons que desdeMurguia fam parte do núcleo idio-mático-cultural do galeguismo, oque levou Carvalho Calero adizer, simplesmente, que ele eraumha pessoa excluída do oficialis-mo cultural autonómico por sermais um seguidor das posiçonsque neste terreno mantinha o deRianxo. O 'Sempre en Galiza' étambém meridiano neste sentido.Ainda, nos grandes vultos donacionalismo esta profunda con-viçom reintegracionista nem sem-pre se plasmou contundentementena prática quotidiana, menosainda num contexto -o da IIªRepública e no seio de umhasociedade ainda iletrada- onde o

conflito pola plasmaçom gráficado idioma nom alcançara a rele-váncia política e a dimensom sim-bólica dos nossos dias. O reinte-gracionismo de Castelao nom eraavançado porquanto era, nemmais nem menos, peça consubs-tancial e intimamente assumida nomarco da concepçom idiomáticados nacionalistas, entre os quaissó casos pontuais (Ricardo Flores,Joám Vicente Biqueira) dam oatrevido passo da restauraçomortográfica.E quê acontece com o indepen-dentismo? É incontestável que osfactos levam Castelao a reajusta-mentos mais ou menos espontáne-os que avançam na direcçom denegar toda credibilidade à castapolítica espanhola -independente-mente de adscriçons ideológicas-e de fortalecer um orgulho nacio-nal galego que passaria a despre-zar enfaticamente qualquer hispa-nismo: escreve o nosso homem noVerao de 1947, num trecho quefará parte da segunda ediçom do'Sempre en Galiza', que "nomtemos nenhumha fe nos espan-hóis; mas temo-la em nós mesmose nas ideias que professamos". Porvezes a leitura dos factos vividosconduz -e este é o caso- a conclu-sons mais lúcidas do que centos defólios de sissuda elaboraçom teó-rica. Mas este é, tam só, umCastelao: o Castelao desesperadopola patente de corso que omundo ocidental dá ao fascismoespanhol; o Castelao que nomrecebe notícias claras do que sepassa na Terra e que deve alviscaras timidezes ou a traiçom; oCastelao que contrasta o marcoideológico ideal do republicanis-mo e o hispanismo com a Espanhae os espanhóis reais, de carne eosso. Um Castelao endurecido ecarregado de genreira -e porémsempre robustecido pola fe, o"princípio esperança", comoreceita contra toda adversidade-mas que em absoluto acomete

umha reformulaçom a fundo doseu ideossistema inicial e nomvaria umha linha das suas procla-mas anti-arredistas.

O símboloPara umha elite política e econó-mica, a que nos governa, situadana mesma caverna político-ideo-lógica e nos mesmos postos demando económicos que os seusantecessores directos e por vezesbiológicos (dos caciques da IªRestauraçom aos capos falangis-tas), o 'Sempre en Galiza' é umlivro perigoso, como perigosa équalquer alusom à galeguidadeque vaia além do formato musicalou poético. Quiçá umha das pro-vas mais dolorosas e evidentes doestado de anormalidade democrá-tica que padecemos é que nomfalamos da perseguiçom -lógica ecomprensível- dum revolucionárioindependentista, mas dum demo-crata íntegro e mesmo algo ingé-nuo que acreditou quase até o finalda sua vida no acomodamento dofeito nacional galego no quadroespanhol. O reformismo socialprogressista que representou, adefesa do idioma, a identificaçomactiva com os sofredores, bempoderiam ser um mínimo ponto deencontro ou um pilar fundacionaldumha situaçom de certa normali-zaçom colectiva. Mas na Galizado século XXI -com poderes, pre-bendas, riquezas e disfarces políti-cos repartidas entre as famíliasespanholas de liberais e 'conserva-dores', como no estado apodrecidode inícios do século XX- esta ban-deira de dignidade nacional é umarma perigosa a manipular ouesconder. Ainda, o sucesso da ver-som do "Castelao artista" difundi-da por Pinheiro, que por supostoexige o esquecimento voluntáriodo muito político 'Sempre enGaliza', nom é o problema maisgrave ao que temos que enfrentar-nos. É problema ainda maior queos declarados herdeiros do nosso

homem -ou até mesmo os queinsistem na fidelidade mais estritaàs suas proclamas concretas- con-sintam a apropriaçom reiteradapor parte da direita espanhola dafigura do rianjeiro e o tráfico ilíci-to com a sua obra e as suas ache-gas: e é que a 'monarquia constitu-cional', as medalhas Castelao, ogaleguismo da ultradireita mediá-tica existem, reproduzem-se eassentam, polo consentimento ecumplicidade de quem deveramser críticos activos: políticosnacionalistas que pretendem com-parar o Estatuto de 1936 com afarsa de 1980, líderes que se reú-nem com um dos carrascos voca-cionais do rianjeiro, intelectuaisque escrevem nas plataformas dofascismo mediático e cobram poloseu labor. Castelao si que revolveentom na tumba.A defesa da sua figura nom passa,portanto, por elevar a categoriacanónica a sua obra: antes domais, por evitar que maos tamsujas o manuseiem e frustrar o"contrabando de noxento estrume"que denunciara já amargamenteArístides Silveira, rodeado de ana-nos galego-espanhóis da emi-graçom, a finais da década de 60.Por vezes este desagrávio simbóli-co e valente -no que nom se dei-tam contas de votos nem se acom-panha de reflexons tácticas- ergue-se em activo tam fundamental paragerar orgulho colectivo, que se faifito na nossa história de luta, comose demonstrou às claras em 1984nos choques ao pé de Bonaval.De resto, se o símbolo nos acolhea todos e todas -se nos inspira- éporque além de particulares toma-das de posiçons políticas (discutí-veis na década de 30 e hoje clara-mente insuficientes) fai parte jádum património validado polocompromisso incorruptível deCastelao com o seu país e emanci-pado das renúncias, desonestida-des e malabarismos que acompan-három a trajectória de tantos.Contra as disquisiçons teóricasque tanto tempo ocupam, contraas desputas sobre heranças fami-liares ou fidelidades a linhas, dorianjeiro podemos dizer simples-mente, em traduçom livre aonosso contexto, algo semelhanteao que Engels dixera frente atumba de Marx sintetizando afigura do amigo e companheiro eespaventando a legiom dos segui-dores mais mecanicistas e dogmá-ticos: " foi sobretodo um homemque dedicou toda a sua vida àcausa da Galiza." Pobres e golpe-ados, aclamados mas profunda-mente sós, vinculados até a obses-som no amor à sua luta, desgasta-dos até o limite polos seus sonhose exigências, coincidem os verda-deiros grandes líderes em compar-tilhar umha complexidade de vidae exigência sincera do combateque empequenece as palavrasmais brilhantes.

O símbolo acolhe-nos porque além de particulares tomadas de posiçons políticas fai parte já dum património validado polo seu compromissoincorruptível com o seu país e emancipado das renúncias, desonestidades e malabarismos que acompanhárom a trajectória de tantos

Page 14: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

PGL

Um dos mais famosos promotorese autores da lírica medieval gale-go-portuguesa foi o rei Afonso,conhecido pola historiografiaespanhola como Afonso X o Sábiode Castela. De origem nom galega(nasceu em Toledo), a sua obraabrange, no entanto, umha dasmais importantes produçons dalírica medieval galego-portuguesa,as famosas Cantigas de SantaMaria (CSM), embora também sejaautor de algumhas cantigas profa-nas.A sua preferência pola língua gale-go-portuguesa deve-se, possivel-mente, a que este rei se criou emAlhariz, e as investigaçons apon-tam, designadamente no planoléxico e fonético, que o galegoaprendido nessas terras em criançaé aquele que mais tarde teria leva-do às CSM. Embora com a pre-cauçom com que sempre se devemacometer este tipo de investi-gaçons, e nom atrevendo-nos por-tanto a confirmar a autoria de todasas cantigas como sendo rei, nom háqualquer dúvida do seu importantecontributo como um dos maisimportantes promotores da poesiatrovadoresca.No PGL, e incluídas no macropro-jecto das Cantigas Trovadorescas,

da autoria de José-MartinhoMontero Santalha -que pretendeagora a inclusom em linha de todaa lírica galego-portuguesa- já estádisponível, nesta segunda entrega,135 CSM, nas quais se poderáapreciar e desfrutar da qualidadedestas composiçons. Junto com estas 135 CSM, também

acabamos de publicar o resto daproduçom de Dom Dinis, mesmocom as suas dez fantásticas canti-gas de escárnio, e ainda as cantigas(todas de amigo) de Fernám doLago e Joám de Requeijo. No banco de dados do PGL podemjá ser consultadas 340 cantigas de13 autores diferentes.

14 cultura Julho 2004 novas da galiza

portal galego da língua

Reforçam-se tópicos acerca da língua

PGL

Diversos meios ecoam hoje asconclusons do livro ''O galego e amocidade'', que explicita as tesesdo último estudo realizado polaReal Academia Galega a respeitoda língua e a mocidade. Maisumha vez, reproduzem-se ostópicos típicos de ''língua do atra-so'' e de ''pailáns'' e deita por terraas esperanças de melhoria da ati-tude no que diz respeito ao gale-go por parte da mocidade, talqual se podia ter interpretado, àpartida, no mapa sociolinguísticoeditado pola própria Academia.

Continuando com os tópicos, quemesmo se reforçam, a investi-gaçom acrescenta que sotaque efonética galegas som identifica-das como sendo de ''paletos" e"paletas'', de pessoas carentes decapacidade de ''liderança'' e ainda''rurais'', nomeadamente no casodo falado por mulheres, em con-fronto com o galego falado comfonética espanhola, que ganhanas preferências. Além disso, reforçam-se as ideiasque vinculam as pessoas quefalam galego no mundo urbanocom a ideologia ''nacionalista'', asque penalizam em maior medida

aquelas pessoas que mudam delíngua para o galego que aquelasque o fam para o espanhol ou asque tenhem em conta a pouca uti-lidade da língua. Ora, o estudo conclui tambémque quem fala galego relacionadirectamente idioma e identida-de, sendo considerados os e asgalego-falantes pessoas mais''divertidas'' e ''fieis''. Por sua vez,o multilingüismo, e portanto apossibilidade de se aprender eutilizar o galego, é consideradapositivo, embora o compromissopara utilizá-lo nom acompanheesta resposta.

Aberta inscriçomde Português nasEscolas deLínguas da Galiza

PGL. Como todos os anos anima-mos os cidadãos e cidadãs galegasa se inscreverem. Pensemos o quepensarmos sobre a identidade danossa língua, o certo é que o estu-do do português nas EOI vai aju-dar a disciplinarmos a nossa falapessoal, a marcarmos umasregras, a redescobrirmos palabrase estruturas e, em relação a isto, aidentificarmos as numerosíssimasinterferências do espanhol. Para oano lectivo 2004-5, será possível,pela primeira vez, as pessoas ins-crever-se no mês de Julho, man-tendo-se o prazo de Setembro.Muito provavelmente poder-se-ãofrequentar aulas em Compostela,também pela primeira vez.

Vem a lume onovo jornal'Frontera notícias'

PGL. Pedro Leitão é o director donovo jornal ''Frontera notícias'',que veu a lume com o seu núme-ro zero no passado mês de Junho,e que estará nos quiosques men-salmente. O jornal incidirá naactualidade dos concelhos raianosdo Parque Nacional da Peneda-Gerês e do Parque Natural doJurês. No seu número de lança-mento, as 32 páginas informamdetalhadamente sobre os aconte-ceres dos concelhos raianos, emesmo com uma entrevista aDavid Araújo.

Lamentammarginalizaçomdo galego nadistribuiçom dofilme 'Pinocho 3000'

A Mesa. O filme Pinocho 3000será distribuído na Galiza com 9cópias em espanhol e só 3 cópiasem galego, embora a Junta daGaliza tivesse colaborado econo-micamente na produçom do filmee apesar das pioneiras dobragensde filmes para o galego que fijono seu dia o grupo Filmax, queproduz Pinocho 3000. No ano2003, a Junta da Galiza entrou afazer parte do accionariado destegrupo audiovisual e, porém, istonom se reflectiu num aumento dadobragem de cinema à nossa lín-gua própria, polo contrário.Com este tipo de acçons, ogoverno galego está a faltar aomandado do art. 20 da Lei deNormalizaçom Lingüística(1983), onde se diz que "a Juntada Galiza deve fomentar a pro-duçom, a dobragem, a legenda-gem e a exibiçom de filmes eoutros meios audiovisuais emlíngua galega".

Deputaçom deLugo e CRTVGexcluem línguagalega dos seusserviços na Internet

A Mesa/PGL. A Deputaçom deLugo acabou de apresentar umnovo desenho e arquitectura doseu site www.diputacionlugo.org.A única língua usada neste site é oespanhol, ficando excluído o gale-go de quaisquer informaçons dis-ponibilizadas. Continuando assimcom a linha de desprezo pologalego que era evidente já na ver-som anterior deste web, apesardas múltiplas reclamaçons reali-zadas por diferentes organizaçonscívicas desde 2001. O caso da deputaçom de Lugonom é uma excepçom no que dizrespeito ao nom cumprimento porparte dos organismos públicos daGaliza da legislaçom vigente queabriga o "bilingüismo harmóni-co"promovido polas próprias ins-tituiçons". Como exemplo, ummeio de comunicaçom fulcralpara a promoçom da língua gale-ga, a CRTVG, só utiliza o espan-hol para noticiar a actualidade noseu web na Internet.

Novo estudo da Real Academia Galega identificagalego-falantes como 'atrasados' e 'pailáns'

Segunda entrega das CantigasTrovadorescas inclui obras do rei Afonso

Provavelmente seja a língua falada em Alhariz areflectida na obra lírica do famoso rei

www.agal-gz.org

Concurso demonólogossobre a língua

SNL da USC. "Temos muitobico. Vem-nos com contos" é onome do concurso de monólogosque parte de umha iniciativa daComissom de NormalizaçomLingüística da Faculdade de CC.Económicas e Empresariais eapoiada polo Serviço deNormalizaçom Lingüística daUSC. O objectivo do concurso épromover a reflexom entre osmembros da comunidade univer-sitária sobre a situaçom e a pro-blemática da língua galega e dosseus e das suas falantes, tanto navida universitária como fora dela,a partir das histórias que relatemos participantes. Mais infor-maçons em www.usc.es/cnleco.

Page 15: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

músicaJulho 2004novas da galiza 15

música

Davide Loimil e Inácio Gomes

Skárnio Avante"A situaçom da banda actualmen-te é muito boa e positiva, aindamais do aguardado,está claro queiamos viver uma situaçom dura ecomplicada e afortunadamente,sendo nós os primeiros em afron-tar a realidade a gente sabe ondeestá este colectivo e qual é e foi asua praxe ao longo de tantos anos;também dixémos que muito maisduro e com mais força de derru-bamento venhem os golpesquando se trata de uma pes-soa de dentro, de um dosnossos. Contudo, a bandareforçou-se e se houveralgum tipo de dúvidasobre o nosso caminho,os nossos fins e a nossaluita, sabemos quepouco a pouco derru-bamos e construímosos nossos fins e son-hos. O facto de queSkárnio for o objectivode tanto ataque espanho-lista,de tanta censura,ainda que é triste vivê-lo,demonstra-nos que tal ecomo estám as cousas imospolo bom caminho no nosso tra-balho. Para quem nos pretendecalar desde dentro e desde foratemos a clara conviçom de quequando isto rematar nom vai serpolos seus ataques. No respeitanteao nosso selo Propaganda-Pel-Fet,também deixárom claro quesom mais algo do que um selo:apoio màximo!"

Novo Vocalista. Primeirospassos da nova formaçom"Pois o cantante muito bem,cumpriu as expectativas que

pugéramos nele,também é certoque este colectivo é mais algo doque música e portanto tinha queencaixar com nós em muitosaspectos; cumpriu sem lugar adùvidas e, ainda que tem queganhar experiência, ficamosmuito contentes com ele ecom a suaforma deviver

ev i s i o n a reste projecto.Percebe à perfeiçom o queisto significa e conleva.Estivemos fora do País e a res-posta foi muito boa, tem cone-xiom com a gente, com a banda ecom o público. Agora tem quetrabalhar e polir o que ele mesmose proponha, algo que vai conse-guir com a experiência. Por isso

os novos concertos fora do paísfôrom muito bem e temos umVerao com datas comprometidas,fora do país de novo. Movemo-nos sobretudo na PaísesCataláns,mas para além da Galizaestaremos também no País Basco

e em Espanha... Havemosde ver-nos por

alô...

Direcçom...Cada vez é mais complexo

levá-los avante, ainda que simtemos bons planos.Por agoraestamos a tocar muito, e agoramesmo gerimos algum "bolo" noEstado francês, posto que"Arredista" também chegou atéalô. Ao vivo, apesar de que nomincluímos nada novo, sim temos

muitas cousas feitas e estrutura-das, ainda que resta muito porfazer.Tirar um disco novo é muitodificil, mas já o temos em mentepara nom mui longe; suponhoque havemos de provar algunstemas antes de tirar o disco àrùa.Agora mesmo tocamos, pre-paramos "bolos" e novo disco,também muitas cousas queaguardamos poder levar a cabo.Aginha teremos novo sítio na

internet."

Som Skárnio"È certo. Ao longo dos

anos conseguimos ter onosso próprio som, asnossas característicase a nossa raiz.Sempre dixemos queé muito bom quenom todos escuite-mos os mesmos esti-los, que cada umachegue o seu e que

em conjunto todosgostemos do resulta-

do. Isso é Skárnio. Onovo disco vai sonar a

Skárnio, vai ser skatalíti-co e muito nosso. Ainda

assim achamos que vai sur-prender e que, indepedendente-mente de que se goste dele,(aguardamos e confiamos quesim), condensará anos de trabal-ho e de ilusons. Ficamos muitocontentes com a ediçom deArredista (que funcionou muitobem) sobretudo porque que anossa língua rache as balizaspostas no caminho. Que se con-heça e se valore fora do nossopaís. È muito grato. Aguardamosque o novo disco quanto menospercorra o mesmo caminho".

skárnio, de novo na rua

[email protected]@terra.es

Muito mais durossom os golpesquando se trata deuma pessoa dedentro, de um dosnossos. Contudo, abanda reforçou-see, se houver algumtipo de dúvida sobreo nosso caminho, osnossos fins e anossa luita,sabemos que poucoa pouco derrubamose construímos osnossos fins e sonhos

Tirar um disco novoé muito dificil, masjá o temos em mentepara nom mui longe.O novo disco vaisonar a Skárnio, vaiser skatalítico emuito nosso. Aindaassim achamos quevai surprender

Costumados à fedorenta rumorologia popularque nos rodeia recebemos os problemas quetinha que afrontar o colectivo politico musicalSkárnio, como isso, como um rumor fatal por

confirmar. E resulta que o rumor confirmou-se,em forma de comunicado, e o dano pareciairreparável. Mas nada mais longe da realidade,a banda galega renasce com força do que nom

chegou nem a ser cinza e fai-no no seu terreno,acima dum cenário e dum jeito mais do quesolvente. Skárnio toma a palavra. Eis um infor-me sobre o que nos comentárom.

Page 16: ngz20 - Novas da Galizanovas.gal › wp-content › uploads › 2016 › 10 › ngz20.pdf · 2017-11-29 · novas da galiza Julho 2004a editorial 3 Gonzalo sumário Vial de Noia estragará

Alonso Vidal

42 anos. Entrou em contacto como mundo sindical no conflito deASCON, quando era aluno doInstituto Santa Irene, desde ondese organizara um comité de apoioaos trabalhadores para a recolhi-da de dinheiro e participaçom namobilizaçons. Passou por USO-Galiza, CSG integrada na INTG,foi parte escindida da CXTG, eposteriormente fusionada naCIG. Aqui, na executiva comar-cal, fixo-se cargo de áreas deacçom social, cultura, organi-zaçom, até alcançar a secretariadesde Dezembro do 97.Politicamente começou na APG,cissom da ANPG do ano 77, com16 anos. Estivo na fundaçom deGalicia Ceibe, de onde saiu noano 81. No BNG entrou há cincoanos e saiu há três meses por dis-crepáncias com a direcçom quenom quer detalhar.

O nacionalismo na Galiza cotiza àbaixa, após os últimos resultadoseleitorais?Talvez. O mais chamativo é queenquanto em Catalunha o naciona-

lismo de esquerda avança, e no PaísBasco se mantém estável com apa-riçom de novos projectos comoAralar que aglutinam pessoas à suavolta, na Galiza, globalmente, pare-ce que vai minguando. As razonspodem ser múltiplas, mas em defi-nitiva, o nacionalismo galego deveseguir olhando mais para as organi-zaçons sociais de base. Descuidou-se o que é a militança, a partici-paçom, o trabalho nas organizaçonssociais de base, em troca do trabal-ho institucional, onde se empregoumuito esforço em quadros. O res-surgimento do nacionalismo, temque passar pola revitalizaçom dasorganizaçons sociais de todo tipo,sindicais, culturais, ecologistas...

E o sindicalismo nacionalista?Nom houvo também certa institu-cionalizaçom?A linha sindical da CIG sempre foimuito estável. Fomentou-se a parti-cipaçom, mantivo-se o assemblea-rismo e a reivindicaçom. Mas mui-tas vezes, dependendo de quemencabece o sindicato, a imagempode chegar a ser distinta. Há trêsanos, houvo umha mudança nadirecçom. Aqui si que houvo umha

renovaçom importante naExecutiva Confederal da CIG, e issopudo fazer mudar o talante. É certoque num momento dado se poten-ciou a linha de gestom e formaçomda FORGA, mas eu acho que foisem descuidar os aspectos reivindi-cativos. De facto os conflitos quehouve nos últimos anos, sobretudona comarca de Vigo, ponhem demanifesto que a linha de luita sindi-cal estivo presente. Agora temosdous retos importantes: medrar nafiliaçom, para afortalar a estrutura,e a negociagom colectiva, comoelemento de implicaçom dos trabal-hadores e as trabalhadoras na vidasindical. Ficaremos fora do pactosindical a nível estatal e fomentare-mos a negociaçom colectiva o maisparticipativa possível.

Porque os trabalhadores e trabal-hadoras votam no PP?É boa pergunta. Porque há muitotrabalhadores que nom tenhem con-ciencia de seu! E esse é um trabalhopendente do sindicalismo. Pensaque na Galiza os trabalhadores etrabalhadoras sindicadas nom che-gam ao 20%. Percentagem maiorque no resto do Estado, que esta

sobre o 12 %. Mas fica um 80% declasse trabalhadora galega semfiliaçom. Quanto aos filiados, achoque respondem eleitoralmente carao nacionalismo mas é algo cada vezmais difícil de saber.

Mudamos de tema. Estiveste naPalestina representando à CIG.Como está a situaçom?WAC, umha organizagom daesquerda israelita que agrupa qua-dros e trabalhadores e trabalhadorasárabes e judéus, organizou umencontro de umha semana para quesindicatos europeus conheceram adrástica situaçom dos operários ara-bes em territórios ocupados e nointerior de Israel. Ali puidemoscomprovar como o governo israeli-ta está utilizando o desempregocontra o povo palestiniano. Os ára-bes do interior, em sectores comoconstruçom ou têxtil, estám sendodeslocados e substituidos por maode obra muito mais barata proce-dente do sudeste asiático ou daEuropa do Leste. Assim empobre-cem a populaçom árabe (1.200.000pessoas), que aliás vivem numhacompleta marginalizaçom a respei-to da populaçom judea, num verda-deiro appartheid. O segundo objec-tivo será a aplicaçom pura e dura depolíticas económicas neoliberaispara tentar superar a crise económi-ca israelita e conseguir que as gran-des companhias e multinacionais daconstruçom e da agricultura tives-sem mais benefícios. Em algumhaszonas do norte de Israel, a percenta-gem de desemprego chega ao 50%.

Nos territórios ocupados?Estivemos na zona de JerusalémOeste, no campo de refugiados deSuafat e em Nablus em contactocom os sindicatos palestinianos.Tratam de levar umha vida normal,que se vê cortada amiúde por incur-sons do exército judeu apoiados porforças do interior de Israel. Nessecaso fecham-se as contras, e saemos milicianos a tratar de defender oque podem. Os índices de desem-prego som próximos ao 55%. Asempresas israelitas instaladas nosterritórios também estám a substi-tuir trabalhadores palestinos por tai-landeses, filipinos e européus orien-tais. Mesmo atraves dos postosfronteirizos, com feches de frontei-

ra selectiva e arbitrária, fazem comque muitos palestinos perdam o seuposto de trabalho por nom podercruzar a linha. Ao terem proibida apernocta do interior de Israel,devem ir e voltar cada dia. Nunca sesabe a que hora e por quanto tempopermanecerá a fronteira aberta. Emmuitos casos depende da vontadedo Chefe do posto fronteiriço. Eagora com o muro, muito pior. EmSuafat, mais de 800 pessoas terámque dar um rodeio de duas ou trêshoras para entrar a trabalhar todosos dias a Jerusalém.

Que opinam os israelitas domuro?Há de tudo. Umha grande massaque nom opina e olha para outrolado, mesmo pessoas que se defi-nem como de esquerda. Resulta ate-rrador. Dizem que é um preço quehá que pagar pola segurança. Adireita e ultradireita judea estámobviamente a favor. Depois estámorganizaçons de esquerda, mal vis-tas e com imagens de pró-sírios,como a WAC, que ajudam os tra-balhadores arabes do interior deIsrael e que estám totalmente emcontra do muro.

Continua a estar presente aPalestina na consciência da socie-dade galega? Quando umha situaçom se mantémno tempo, fai com que nos chegue aparecer normal. A intifada baixoude intensidade e essas imagens des-garradoras som administradas deoutra maneira. Eles dependemmuito da solidariedade internacio-nal para tentar normalizar asituaçom laboral. Necessitamemprego. Da CIG vamos iniciarumha campanha ligada a cooperati-vas do campo palestinianas que seráumha forma de aproximar à socie-dade galega esta problemática. Efundamentalmente temos que man-ter viva na sociedade a consciênciacrítica.

"Devemos manter viva a consciênciacrítica sobre o problema palestiniano"

a entrevista Xerardo Abraldes

novas da

ERRATANa entrevista realizada no passa-do número informamos, por errode transcriçom, que Alexandra deQueirós estava a cumprir condenana prisom de Teixeiro, sendo quena realidade, na Prisom Provin-cial da Corunha.