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Núcleo Especializado de Combate à Discriminação, Racismo e Preconceito Núcleo Especializado de Infância e Juventude Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher Rua Boa Vista, 103 – 10º andar – São Paulo/SP – CEP 01014-001 – Tel. (11) 3101-0155 – Ramais 137/249 [email protected] EXMO (A). SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, pelos Defensores Públicos que esta subscrevem, vem a presença de V. Exa., com fundamento no art. 1º, inc. IV c/c 5º da Lei 7.347/85, art. 5º, inc. VI, alínea ‘g’ da Lei Complementar Estadual 988/06, art. 1º, “caput” e inc. III, art. 3º, incs. I, III e IV da CF/88 e art. 30 da Lei 12.695/2014 (“Marco Civil da Internet”), propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COMINATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1059191-91.2016.8.26.0100 e código 2018E2E. Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por VANESSA ALVES VIEIRA e Tribunal de Justica de Sao Paulo, protocolado em 10/06/2016 às 14:33 , sob o número 10591919120168260100. fls. 1

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Preconceito

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EXMO (A). SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO FORO

CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP

A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, pelos

Defensores Públicos que esta subscrevem, vem a presença de V. Exa., com fundamento

no art. 1º, inc. IV c/c 5º da Lei 7.347/85, art. 5º, inc. VI, alínea ‘g’ da Lei Complementar

Estadual 988/06, art. 1º, “caput” e inc. III, art. 3º, incs. I, III e IV da CF/88 e art. 30 da

Lei 12.695/2014 (“Marco Civil da Internet”), propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COMINATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE

FAZER C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS

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em face de RODRIGO PIOLOGO, brasileiro, solteiro, desenhista, portador da cédula

de identidade RG nº 32095674 SSP/SP, residente e domiciliado na Rua Padre Manoel

da Nobrega, 819, Indaiatuba, São Paulo, São Paulo/SP; RICARDO PIOLOGO,

brasileiro, solteiro, desenhista, portador da cédula de identidade RG nº 23876006

SSP/SP, residente e domiciliada na Rua Padre Manoel da Nobrega, 819, Indaiatuba, São

Paulo, São Paulo/SP; ROGERIO GONÇALVES FERREIRA VILELA, brasileiro,

divorciado, publicitário, portador da cédula de identidade RG nº 16539313 SSP/SP,

residente e domiciliado na Rua Paulo III, 369, Morumbi, São Paulo/SP; FÁBRICA DE

QUADRINHOS NÚCELO DE ARTES S/C LTDA., pessoa jurídica inscrita no CNPJ

sob o número 000.574.554/0001-00, situada na Rua Padre Agostinho Mendicute, nº

155, Sumaré, São Paulo/SP, CEP 1257-090, telefone (11) 3564-0936, representada por

Rogério Gonçalves Ferreira Vilela; GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA., pessoa

jurídica inscrita no CNPJ sob o nº 06.990.590/0001-23, com endereço na Avenida

Brigadeiro Faria Lima, 3477, 18º andar, São Paulo – SP; FACEBOOK SERVIÇOS

ONLINE DO BRASIL LTDA., pessoa jurídica inscrita no CNPJ sob o nº

13.347.016/0001-17, com endereço na Rua Leopoldo Couto de Magalhães Junior, 700,

5º andar, São Paulo – SP e TWITER com sede nacional administrativa na Rua Coronel

Joaquim Ferreira Lobo, 11, Vila Nova Conceição, São Paulo/SP, CEP: 04544-150,

pelos motivos que abaixo serão desenvolvidos.

I. DOS FATOS

I.1. Publicação “Ensinando carinhosamente pro seu sobrinho que High School

Musical não é filme de HOMI”

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1. No dia 1º de fevereiro deste ano, os humoristas “Irmãos Piólogos”

veicularam em seu perfil das redes sociais uma foto “Ensinando carinhosamente pro

seu sobrinho que High School Musical não é filme de HOMI”.

2. Em nefasta publicação postada, o tio agride fisicamente o sobrinho, para

“ensiná-lo” a ser “HOMI”:

3. A divulgação ocorreu nos seguintes endereços:

https://www.facebook.com/irmaospiologo/photos/a.527821477292344.1073741828.527

495720658253/980748188666335/?type=1&theater (acesso em 30/05/2016);

https://twitter.com/irmaospiologo/status/694186194725285888?lang=pt-br (acesso em

30/05/2016); https://www.instagram.com/p/BBP9MMWu6Kb/ (acesso em 30/05/2016).

4. O fato reverberou nas redes sociais, com diversas manifestações contra a

homofobia presente no conteúdo, de humor intolerante e antipedagógico para com a

sociedade, pois induz à intolerância, violência, o ódio e a discriminação contra a

população LGBT.

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5. A publicação no Facebook teve 22 mil visualizações e 4908

compartilhamentos. A publicação no Instagram teve 3691 curtidas.

I.2. Vídeo “Piripaque”

6. No vídeo “Piripaque”, com a seguinte mensagem introdutória: “SABE

AQUELAS SITUAÇÕES ONDE VOCÊ SABE O QUE QUER FAZER, MAS NÃO

TEM CORAGEM DE FAZER?”, publicado em 04 de Março de 2011. Este vídeo está

disponível no canal “Mundo Canibal”, no site do Youtube (disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=4EDnKXL5d9c&feature=youtu.be, acesso em

20/05/2016).

7. No vídeo supracitado, os personagens atuam de forma violenta para

atacar condutas e comportamentos que consideram inadequados ou indesejados. Nesse

sentido, o vídeo traz a prática das seguintes condutas:

a) Aborto provocado por terceiro, através de um soco desferido pelo namorado no

ventre da mulher quando esta lhe conta sobre a gravidez, que é indesejada pelo

agressor;

b) Assassinato da mãe, ao contar ao filho que é prostituta;

c) Assassinato do filho, ao declarar sua homossexualidade ao pai; este lhe dá um

tiro no estômago e na cabeça, seguidos por uma sucessão de tiros com risadas

sádicas do pai, personagem homicida de seu próprio filho.

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8. O vídeo já teve 1.037.414 visualizações, no Youtube:

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I.3. Vídeo “Sr. Donizildo em Whatahhel Prostituto”

9. Em outro vídeo, denominado “Sr. Donizildo em Whatahhel

Prostituto”, (disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XQlvrS5P24o,

publica em 17 de Maio de 2016, acesso em 20/05/2016), os seus autores demonstram

um menosprezo pela transexualidade da personagem (com um valor irrisório cobrado

pela prostituição), e incitam a violência com a tortura e mutilação da personagem

transexual, após o personagem agressor perceber seu engano quanto à cisgeneridade da

personagem, o que seria “inadmissível” e de uma perturbação “intolerável”, que deveria

ser sanada pelo agressor. A personagem após ser torturada, tendo os seios alongados e

os genitais masculinos cortados cruelmente, só se interessa pelo valor irrisório do

programa que acertara com seu algoz.

10. Trata-se de vídeo, nitidamente, transfóbico, pois, além de

desrespeitar a identidade de gênero da personagem, afirmando que ela “é um homem”,

ainda incita a violência em face da população de travestis e transexuais, ao torturá-la,

agredi-la e extirpar o seu órgão genital, afirmando, após, que agora era seria “uma

mulher”. Consiste em evidente opressão a este grupo, que pode incentivar, por parte

daqueles que tem acesso a material comportamentos violentos, agressivos e

discriminatórios.

11. O vídeo já teve 167.619 visualizações.

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I.4. Considerações gerais

12. Como se percebe do exposto os vídeos e os desenhos, produzidos

pelos réus Ricardo, Rogério e Fábrica de Quadrinhos são extremamente violentos e

incitam a violência e até mesmo o extermínio dos grupos vulneráveis mencionados

em cada cena.

13. A íntegra dos materiais pode ser vista nos documentos anexos.

14. As produções estão disponíveis livremente, sem necessidade de

cadastro ou senha, o que deixa vulneráveis crianças e adolescentes, que podem acessar

tais vídeos.

15. Deve levar-se em consideração o alcance das tecnologias de redes

sociais e o expressivo número de destinatários que tais mensagens alcançam por todo

território nacional. No Twitter, o grupo possui até o presente momento, nada menos do

que 27,8 mil seguidores (disponível em https://twitter.com/irmaospiologo?lang=pt-br,

acesso em 30/05/2016). No Facebook, 1.111.686 perfis curtem a página (disponível em

https://www.facebook.com/irmaospiologo/?fref=ts, acesso em 30/05/2016). No Youtube,

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a página conta com 1.795.216 inscritos (disponível em

https://www.youtube.com/user/irmaospiologo, acesso em 30/05/2016).

16. Além disso, contam eles com a audiência da página “Mundo

Canibal”, onde geralmente disponibilizam seus trabalhos, que, no Twitter, possuem 187

mil seguidores (Disponível em https://twitter.com/mundocanibal?lang=pt, acesso em

30/05/2016); no Facebook, 1.189.130 perfis curtem a página (disponível em

https://www.facebook.com/mundocanibal/, acesso em 30/05/2016) e, no Youtube

(disponível em https://www.youtube.com/user/OficialMundoCanibal, acesso em

30/05/2016), 3.164.457 perfis estão inscritos no canal.

17. Nos vídeos assinados por “mundocanibal.com.br” na seção “quem

somos” se verifica os responsáveis pela produção do site, sendo eles, os Irmãos Piólogo

(Rodrigo e Ricardo Piólogo) e Rogério Vilela (diretor da Fábrica de Quadrinhos),

conforme link: HTTP://irmaos piologos.com.br/ do que se conclui a autoria e

responsabilidade dos mesmos em relação aos vídeos mencionados.

18. A denúncia foi encaminhada pelo “Grupo de Advogados pela

Diversidade Sexual e de Gênero” e, no dia 09 de março de 2016, foi instaurado inquérito

policial junto à 2ª Delegacia de polícia de repressão aos crimes raciais e de delitos de

intolerância.

19. A Defensoria Pública, em busca de uma solução mais célere,

enviou ofício às empresas Google, Facebook e Twitter com o pedido de retirada dos

conteúdos ilícitos. Ocorre que, no dia 05 de abril, o Google justificou que após a análise

dos vídeos verificaram que não havia violação a quaisquer leis ou políticas do Youtube.

O Facebook até o momento não respondeu o ofício e o ofício encaminhado ao Twitter

também não obteve resposta.

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20. O abuso dos direitos constitucionais de uso dos meios de

comunicação e da liberdade de expressão violou direitos humanos difusos e coletivos de

grupos vulneráveis, cujo direito ao igual respeito e consideração, oriundo da conjugação

dos princípios da igualdade e da dignidade da pessoa humana, foram flagrantemente

violados.

21. Pelas razões expostas, a Defensoria Pública propõe a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA pleiteando indenização por danos morais coletivos contra os

responsáveis pelo evidente menosprezo e ataque à dignidade das pessoas homossexuais,

transexuais, mulheres, à sociedade como um todo, atingida no respeito ao pluralismo que

deve existir em um Estado Democrático de Direito, além de requerer a retirada das

postagens ofensivas evitando-se novos danos.

II. DA LEGITIMIDADE E DO INTERESSE DA DEFENSORIA PÚBLICA

PARA PROPOSITURA DA PRESENTE AÇÃO CIVIL PÚBLICA

22. A Defensoria Pública do Estado de São Paulo tem legitimidade

ativa para propor a presente ação, eis que, como instituição essencial à função

jurisdicional, à qual incumbe a defesa dos necessitados (art. 134 da CF/88 e art. 103 da

CESP/89) é órgão da Administração Pública, pelo qual se concretizam objetivos

fundamentais da República, como o de construir uma sociedade livre, justa e solidária, e

mais especialmente o de erradicar a pobreza e a marginalidade, reduzindo as

desigualdades sociais e regionais e atuar em favor das pessoas vítimas de discriminação

(art. 3º, incs. I, III e IV da CF/88 c/c art. 3º e art. 5º, inciso VI, alíneas g e l da Lei

Complementar Estadual 988/06).

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23. No presente caso, há pertinência temática para o ajuizamento da

presente demanda, que envolve a defesa dos direitos da população LGBT, dos direitos

das mulheres e dos direitos das crianças e adolescentes, que são vítimas, neste caso, da

violência reproduzida nos trabalhos mencionados, e a atuação da instituição de

promoção dos direitos humanos.

24. Na pesquisa Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil, realizada

no ano de 2009, por Gustavo Venturi e Vilma Bokany, a quase totalidade dos

entrevistados deu resposta afirmativa quando indagada sobre a existência ou não de

preconceito contra a população no país. A pesquisa reúne um conjunto de dados

estatísticos que comprova a vulnerabilidade da população LGBT, ao evidenciar, por

exemplo, que 64% da população entrevistada acredita que casais de gays e lésbicas não

deveriam demonstrar afeto em público1.

25. De acordo com dados de reportagem veiculada na página online

do Jornal O Globo, foram registrados, no ano de 2014, 216 homicídios motivados por

preconceito em relação à orientação sexual e identidade de gênero no Brasil. O

levantamento é feito pelo Grupo Gay da Bahia, que, na ausência de informações

oficiais, vem recolhendo as informações historicamente no país. Ademais, a Secretaria

Nacional de Direitos Humanos divulgou a informação de que foram feitas, entre janeiro

e abril desse ano, 337 denúncias relativas à questão, no Disque Direitos Humanos

(serviço da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos)2. Tais dados evidenciam que há,

no Brasil, um problema social recorrente de discriminação e violência contra uma

população específica.

1 BOKANY, Vilma; VENTURI, Gustavo. Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil. São Paulo:

Fundação Perseu Abramo, 2011.

2 Disponível em www.sdh.gov.br, acessado em 30 de setembro de 2014.

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26. A organização Transgender Europe ainda identificou que o Brasil

é o país no qual há mais homicídios de travestis e transexuais no mundo, tendo

mapeado, entre janeiro de 2008 e março de 2014, 604 mortes no país.

27. No ano de 2015, o Mapa de Violência sobre homicídio de

mulheres no país3, demonstrou claramente que mais da metade das mortes violentas de

mulheres no Brasil foram cometidas por familiares. Isso demonstra a vulnerabilidade

desse grupo, deixando clara a desigualdade de gênero e o compromisso que se deve ter

em busca da constitucional promessa de igualdade entre homens e mulheres.

28. Com efeito, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo é órgão

estatal, que representa adequadamente esses grupos e a população em geral, tendo em

vista suas próprias funções institucionais, de combate à desigualdade social e a qualquer

forma de discriminação e de atuação em prol de grupos vulneráveis e marginalizados.

29. Constitui atribuição institucional da Defensoria Pública promover

ação civil pública para a tutela de qualquer interesse difuso, coletivo e individual (art.

5º, inc. VI, alínea ‘g’ da Lei Complementar Estadual 988/06), sendo que a qualquer

Defensor Público cumpre executar as atribuições institucionais da Defensoria Pública,

na defesa judicial, no âmbito coletivo, dos necessitados (art. 50 da Lei Complementar

Estadual 988/06). Assim, a Defensoria Pública se afirma como instituição dotada de

legitimidade autônoma, para a condução do processo, no que diz respeito ao interesse

coletivo dos necessitados.

3 Disponível em http://www.mapadaviolencia.org.br/mapa2015_mulheres.php, acessado em 23 de maio

de 2016.

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30. E tanto é assim que, finalmente, após longo processo político, foi

conferida, finalmente, legitimidade à Defensoria Pública para a propositura de ação civil

pública, nos termos da Lei 11.448/07, que acrescentou à Lei 7.347/85, renumerando os

demais, o inciso II, verbis:

Art. 1o Esta Lei altera o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de

julho de 1985, que disciplina a ação civil pública,

legitimando para a sua propositura a Defensoria Pública.

Art. 2o O art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985,

passa a vigorar com a seguinte redação:

(...)

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a

ação cautelar:

I - o Ministério Público;

II - a Defensoria Pública;

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios;

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade

de economia mista;

V - a associação que, concomitantemente: esteja

constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei

civil; inclua, entre suas finalidades institucionais, a

proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem

econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico,

estético, histórico, turístico e paisagístico.

31. O marco civil da internet (Lei 12.965/2014), por sua vez, prevê

que:

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Art. 30. A defesa dos interesses e dos direitos

estabelecidos nesta Lei poderá ser exercida em juízo,

individual ou coletivamente, na forma da lei.

32. Assim, tendo-se em vista ser a propositura de Ação Civil Pública

pela Defensoria Pública atribuição decorrente de previsão legal inequívoca, deve a

presente ação ser recebida e julgada procedente, de acordo com os argumentos jurídicos

a seguir colacionados.

III. DA LEGITIMIDADE PASSIVA

33. Justifica-se a presença do Google, Facebook e Twitter no pólo

passivo da presente demanda, em conjunto com os próprios autores dos fatos

(RODRIGO PIOLOGO, RICARDO PIOLOGO e ROGERIO GONÇALVES

FERREIRA VILELA), pois nítida é a responsabilidade de tais empresas, ao se

considerar que os autores veiculam seus conteúdos por meio das empresas

supramencionadas, e que estas, após serem notificadas, permaneceram inertes.

34. Pacífica é a responsabilidade solidária das empresas de

comunicação pelos atos praticados pelos autores dos vídeos, já que esses últimos

veiculam suas informações por meio de tais redes sociais e buscas no Google. É o que

está consignado nos seguintes julgados:

"Ainda que muito se tenha discutido a respeito do

assunto, o certo é que se definiu de modo pacífico nos

Tribunais Estaduais e Superiores que a responsabilidade

dos provedores de internet se limita aos casos em que,

alertada do conteúdo ofensivo ou ilegal,

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particularmente ou por decisão judicial, não toma

nenhuma atitude destinada a fazer cessar o abuso ou ilegalidade (...) E se dano tiver havido pela publicação, a

responsabilidade, obviamente, deve ser objetivada contra

aquele que diretamente cometeu o ato danoso. E fartos

têm sido os casos em que o Poder Judiciário autoriza

ou obriga os provedores de internet a fornecer os

dados de quem postou a matéria ofensiva, nisso sim

possuindo os provedores a responsabilidade de ter

armazenados."

(TJSP, 2012.0000677840; 4º câmara de direito privado;

13.12.12; relator: Maia Cunha)

Confira-se, do Colendo Superior Tribunal de Justiça:

“RESPONSABILIDADE CIVIL. INTERNET. REDES

SOCIAIS.

MENSAGEM OFENSIVA. CIÊNCIA PELO

PROVEDOR. REMOÇÃO. PRAZO.2. Uma vez

notificado de que determinado texto ou imagem possui

conteúdo ilícito, o provedor deve retirar o material do

ar no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sob pena de

responder solidariamente com o autor direto do dano, em virtude da omissão praticada. 3. Nesse prazo de 24

horas, não está o provedor obrigado a analisar o teor da

denúncia recebida devendo apenas promover a suspensão

preventiva das respectivas páginas, até que tenha tempo

hábil para apreciar a veracidade das alegações, de modo a

que, confirmando as, exclua definitivamente o perfil

ou, tendo-as por infundadas, restabeleça o seu livre

acesso. O diferimento da análise do teor das denúncias não

significa que o provedor poderá postergá-la por tempo

indeterminado, deixando sem satisfação o usuário cujo

perfil venha a ser provisoriamente suspenso. Cabe ao

provedor, o mais breve possível, dar uma solução final

para o conflito, confirmando a remoção definitiva da

página de conteúdo ofensivo ou, ausente indício de

ilegalidade, recolocando-a no ar, adotando,

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nessa última hipótese, as providências legais cabíveis

contra os que abusarem da prerrogativa de denunciar.5.

Recurso especial a que se nega provimento”.

(REsp nº1323754 / RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, em

19.06.2012, DJe 28/08/2012).

“RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO

CONSUMIDOR. PROVEDOR. MENSAGEM DE

CONTEÚDO OFENSIVO. RETIRADA. REGISTRO DE

NÚMERO DO IP. DANO MORAL. AUSÊNCIA.

PROVIMENTO.

No caso de mensagens moralmente ofensivas, inseridas

no site de provedor de conteúdo por usuário, não incide a

regra de responsabilidade objetiva, prevista no art. 927,

parágrafo único, do Cód. Civil/2002, pois não se

configura risco inerente e à atividade do provedor.

Precedentes. É o provedor de conteúdo obrigado a

retirar imediatamente o conteúdo ofensivo, pena de responsabilidade solidária com o autor direto do dano.

O provedor de conteúdo é obrigado a viabilizar a

identificação de usuários, coibindo o anonimato; o

registro do número de protocolo (IP) dos computadores

utilizados para cadastramento de contas na internet

constitui meio de rastreamento de usuários, que ao

provedor compete, necessariamente, providenciar.

Recurso Especial provido. Ação de indenização por danos

morais julgada improcedente”.

(REsp nº 1306066 / MT, Rel. Ministro Sidnei Beneti, em

17.04.2012, DJe 02/05/2012).

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IV. DA COMPETÊNCIA

35. A competência da Justiça Estadual de São Paulo está justificada

pelo artigo 93, inciso da Lei 8078/90, que estabelece que:

“Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é

competente para a causa a justiça local:

I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano,

quando de âmbito local;

II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal,

para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-

se as regras do Código de Processo Civil aos casos de

competência concorrente”.

36. Por um viés ou outro, a Justiça Estadual da Comarca de São Paulo

é competente para o ajuizamento da presente demanda, pois os vídeos causaram um

dano nacional à toda população LGBT brasileira, às mulheres, às crianças e

adolescentes e à sociedade como um todo, atingida no respeito ao pluralismo e no

princípio da não discriminação, que devem prevalecer em um Estado Democrático de

Direito.

37. Optou-se pelo foro central, a fim de não se privilegiar nenhuma

região específica do município de São Paulo. Além disso, é onde se encontra a sede da

Defensoria Pública de São Paulo e de seus Núcleos Especializados, subscritores da

presente demanda. Em conformidade, ainda, com o artigo 46, §4º, do Novo Código de

Processo Civil, “havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão

demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor”. Nesse caso, as sedes da

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Fabrica de Quadrinhos, do Google, Facebook e Twitter estão no âmbito de competência

do Foro Central.

V. DA LIMITAÇÃO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO EM CASOS DE

DISCURSOS DE ÓDIO

38. Nos vídeos supracitados, há clara incitação ao crime de aborto

provocado por terceiro, homicídio e lesão corporal (contra filho por ser

homossexual e contra a mãe por ser prostituta), tortura e lesão corporal grave

(contra a transexual), com inequívoca manifestação de ódio e desprezo a

determinados grupos sociais, que, neste caso, são as pessoas lésbicas, gays,

bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), mulheres, crianças e adolescentes. Este

discurso de ódio é incompatível com o respeito à dignidade da pessoa humana, não só

da pessoa, individualmente considerada, mas da dignidade de coletividades.

39. A Constituição da República Federativa do Brasil prevê, em seu

artigo 5º, que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”

(inciso IV). Logo em seguida assegura também que “é assegurado o direito de

resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à

imagem” (inciso V).

40. A Lei 12965/2014 (Marco Civil da Internet) disciplina o uso da

internet com fundamento no respeito à liberdade de expressão, bem como aos

direitos humanos, pluralidade, diversidade e função social do uso da rede, prevendo

a responsabilização dos agendes causadores de danos.

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Art. 2o A disciplina do uso da internet no Brasil tem como

fundamento o respeito à liberdade de expressão, bem

como:

I - o reconhecimento da escala mundial da rede;

II - os direitos humanos, o desenvolvimento da

personalidade e o exercício da cidadania em meios

digitais;

III - a pluralidade e a diversidade;

IV - a abertura e a colaboração;

V - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do

consumidor; e

VI - a finalidade social da rede.

Art. 3o A disciplina do uso da internet no Brasil tem os

seguintes princípios:

I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e

manifestação de pensamento, nos termos da Constituição

Federal;

II - proteção da privacidade;

III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei;

IV - preservação e garantia da neutralidade de rede;

V - preservação da estabilidade, segurança e

funcionalidade da rede, por meio de medidas técnicas

compatíveis com os padrões internacionais e pelo estímulo

ao uso de boas práticas;

VI - responsabilização dos agentes de acordo com suas

atividades, nos termos da lei;

VII - preservação da natureza participativa da rede;

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VIII - liberdade dos modelos de negócios promovidos na

internet, desde que não conflitem com os demais

princípios estabelecidos nesta Lei.

Parágrafo único. Os princípios expressos nesta Lei não

excluem outros previstos no ordenamento jurídico pátrio

relacionados à matéria ou nos tratados internacionais em

que a República Federativa do Brasil seja parte.

41. Sabe-se que há uma polêmica sobre a possibilidade de se

estabelecer limites à liberdade de expressão, mesmo que ela veicule discursos de ódio,

violentos e atentatórios aos direitos humanos. Limites estes que podem ser tanto prévios

(censura prévia) como posteriores (reparações e direito de resposta).

42. O principal argumento daqueles que defendem a liberdade de

expressão absoluta, ilimitada é o de que devemos viver numa sociedade na qual todas as

idéias possam ser veiculada, de modo que haja o debate, no “livre mercado de idéias” e

se avance para idéias mais aprofundadas, adequadas e razoáveis.

43. A Defensoria Pública respeita e zela pelo direito à liberdade de

expressão. No entanto, monitora também a sua compatibilidade com outros direitos

humanos, como o de não ter a integridade física e psicológica ameaçadas, de não sofrer

opressões e ofensas, de não ser inferiorizado no campo social, de não ter agravada a

situação de vulnerabilidade na qual se encontram determinados grupos.

44. Além disso, em relação a grupos vulneráveis é, especialmente,

dificultosa a caracterização de um “livre mercado de idéias”, tendo em vista que estes

grupos, geralmente, possuem pouco ou nenhum poder político e acervo econômico,

capazes de possibilitar que se utilizem os mesmos meios de comunicação como, por

exemplo, no caso, redes sociais que atingem milhares de seguidores, para contestar as

idéias difundidas por estes canais e debate-las, de modo democrático.

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45. Faz-se necessária a intervenção da Defensoria Pública, nesse

contexto, para que essa vulnerabilidade seja minimamente superada ou minimizada,

estabelecendo a devida proteção a grupos minoritários e vulneráveis, diante do aparato

devastador utilizado por alguns comunicadores e pelos sites que hospedam o conteúdo

por eles produzido, que promovem a violência, a discriminação e a opressão.

46. Neste mesmo sentido, o próprio ordenamento penal, em âmbito

individual, coíbe, por exemplo, condutas que impliquem em ofensas, ameaças,

difamações etc. Do mesmo, com mais razão, faz-se necessária a proteção coletiva diante

destas mesmas condutas, porém, com maior abrangência e impacto danoso.

47. O Min. Celso de Mello, recentemente, na ADI 4274/DF, bem

pontuou, sobre os limites da liberdade de expressão e o discurso de ódio:

“O repúdio ao “hate speech” traduz, na realidade,

decorrência de nosso sistema constitucional, que reflete,

nesse ponto, a repulsa ao ódio étnico estabelecida no

próprio Pacto de São José da Costa Rica. (...)Evidente,

desse modo, que a liberdade de expressão não assume

caráter absoluto em nosso sistema jurídico,

consideradas, sob tal perspectiva, as cláusulas inscritas

tanto em nossa própria Constituição quanto na

Convenção Americana de Direitos Humanos. (...)Há

limites que, fundados na própria Constituição,

conformam o exercício do direito à livre manifestação

do pensamento, eis que a nossa Carta Política, ao

contemplar determinados valores, quis protegê-los de

modo amplo, em ordem a impedir, por exemplo,

discriminações atentatórias aos direitos e liberdades

fundamentais (CF, art. 5º, XLI), a prática do racismo

(CF, art. 5º, XLII) e a ação de grupos armados (civis ou

militares) contra a ordem constitucional e o Estado

Democrático (CF, art. 5º, XLIV)”.

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48. A liberdade de expressão é uma das formas da liberdade de

manifestação do pensamento, assegurada no art. 5°, IX, de nossa Constituição. De

acordo com o ilustre José Afonso da Silva:

“A liberdade de manifestação do pensamento constitui um

dos aspectos externos da liberdade de opinião. A

Constituição o diz no art. 5°, IV: é livre a manifestação do

pensamento, vedado o anonimato, e o art. 220 dispõe que

a manifestação de pensamento, sob qualquer forma,

processo ou veiculação, não sofrerá qualquer restrição,

observado o disposto nesta Constituição, vedada qualquer

forma de censura de natureza política, ideológica e

artística. (…)

A liberdade de manifestação do pensamento tem seu

ônus, tal como o de o manifestante identificar-se,

assumir claramente a autoria do produto do

pensamento manifestado para, em sendo o caso,

responder por eventuais danos a terceiros (…) O art. 5º,

V: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao

agravo, além da indenização por dano material, moral à

imagem”. (o grifo é nosso).

49. Assim, a proteção à liberdade de expressão não é absoluta, visto

que, desta forma, poderia haver a violação de outros direitos igualmente assegurados em

nosso sistema constitucional, como acorre no presente caso. A interpretação de um

direito fundamental deve conferir maior eficácia à interpretação de todos eles. Samantha

Ribeiro Meyer-Pflug argumenta que:

“A garantia à liberdade de expressão assegurada no Texto

Constitucional leva em consideração também a licitude e o

objeto da atividade de comunicação. Não é, a princípio,

toda e qualquer expressão que é protegida pelo direito

à liberdade de expressão”. (o grifo é nosso).

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50. O discurso de ódio, genericamente, caracteriza-se por “incitar a

discriminação contra pessoas que partilham de uma característica identitária comum”,

como a etnia, o gênero, a orientação sexual, a nacionalidade, a religião, uma deficiência

física, entre outros atributos. Tal discurso tenta desqualificar o grupo de pessoas como

detentor de direitos. Pablo Salvador Coderch considera que o discurso do ódio:

“(...) trata de perpetrar a marginalização ou

subordinação das pessoas pertencentes ao grupo

explorado, mediante o desprezo, ou inclusive o insulto;

sobretudo quando, na maior parte dos casos, se trata de

traços pessoais que a pessoa afetada não pode trocar por

sua própria vontade – a cor de sua pele ou seu sexo (...).”

51. Preconceito são as percepções mentais negativas em face de

indivíduos e de grupos socialmente inferiorizados. A externalização do preconceito, em

especial por meio comunicacional de grande poder difusor como a internet perpetua a

presença do tratamento discriminatório e segregacionista fomentado. O discurso passa a

estar ao alcance tanto daqueles a quem busca depreciar quanto daqueles a quem busca

incitar contra os depreciados e, também, está apto para produzir seus efeitos nocivos,

quais sejam: as violações a direitos fundamentais, o ataque à dignidade de seres

humanos.

52. Portanto, diante de um aparente conflito entre direitos

fundamentais garantidos em nossa Constituição, temos de sopesá-los para não permitir

o absoluto gozo de direitos por parte de um indivíduo ou grupo em detrimento de

direitos de outro indivíduo ou grupo. O princípio da proporcionalidade deve ser

invocado, haja vista que deve haver uma redução proporcional do âmbito de alcance

de cada um deles, visto que em nosso sistema constitucional pátrio não há direito

absoluto que se sobreponha a todos os demais direitos.

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53. Roger Raupp Rios esclarece que

“(...) a relação existente entre liberdade de expressão e a

dignidade da pessoa humana, posto que ambas são direitos

fundamentais, constitucionalmente garantidos e

desempenham relevante função na preservação dos demais

direitos e também do próprio sistema constitucional

democrático. Deve-se procurar fomentar e proteger

tanto a dignidade da pessoa humana como a

liberdade”. (o grifo é nosso)

54. A Constituição brasileira, ao fixar a dignidade da pessoa humana

como fundamento da República Federativa do Brasil (Constituição Federal art. 1º, III),

estabelece que o Estado existe em função de todas as pessoas e não estas em função

daquele. Consequentemente, considerar a pessoa como o valor supremo de nossa

democracia, não permite aceitar que a dignidade de um grupo de pessoas seja aviltada

pelo discurso de ódio promovido por indivíduos que se colocam em uma posição de

superioridade física e social.

55. A discriminação, promovida neste discurso, é “a materialização,

no plano concreto das relações sociais, de atitudes arbitrárias, comissivas ou

omissivas, relacionadas ao preconceito, que produzem violação de direitos dos

indivíduos e dos grupos”.

56. Recentemente, muitas notícias têm demonstrado como o discurso

de ódio proferido tem prejudicado a sociedade como um todo e contribuído para a

realização de atos de extrema violência, voltados para a manutenção de uma cultura

machista e heteronormativa.

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57. Além de todo o exposto, conforme já mencionado, os vídeos estão

disponíveis na internet, sem qualquer limitação de acesso, e poderão ser visualizados

por crianças e adolescentes.

58. Ocorre que, crianças e adolescentes são sujeitos de direitos em

processo de pleno desenvolvimento de suas personalidades e possuem direito à proteção

integral (art. 3º, Estatuto da Criança e do Adolescente), constituindo-se como dever de

todos – família, sociedade e Estado – a proteção aos seus direitos, dentre estes o direito

ao respeito e à dignidade (art. 4º ECA).

59. As imagens veiculadas pelos requeridos, de fato, não contribuem

para o desenvolvimento psíquico saudável de crianças e adolescentes. Ao contrário,

prejudicam sobremaneira a formação de suas personalidades, pois, ao invés de estimular

o respeito às diversidades e aos direitos de todas as pessoas, contribuem para a

disseminação de pensamento discriminatório e intolerante.

60. O artigo 70 do ECA disciplina expressamente ser dever de todos

prevenir a ameaça ou violação de direitos da criança e do adolescente. O exercício da

cidadania depende do conhecimento de direitos e deveres, em especial o dever de

respeito e a proibição de conferir tratamento discriminatório.

61. Neste sentido, as redes sociais e sites da internet não estão livres

deste dever, cabendo, assim, a responsabilização caso no exercício da liberdade de

expressão violem deveres a todos impostos.

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VI. DA CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL

62. Configurado está o dano moral, no presente caso, já que os vídeos

divulgados, claramente, fomentam um contexto social de ódio, discriminação e

menosprezo à população LGBT e violação aos direitos das mulheres e das crianças e

adolescentes, incitando a violência através de aborto provocado por terceiro, tortura,

mutilação, homicídio dos personagens.

63. Conforme afirma o professor José Reinaldo de Lima Lopes,

professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no artigo O

direito ao reconhecimento para gays e lésbicas4:

“Eribon e Honneth dizem que as injúrias são formas de

ofensa e violência. Pode-se até dizer que as injúrias

consistentes na negação de direitos permitem propagar

uma visão negativa dos homossexuais. A negação de

direitos, os discursos que publicamente afirmam que

não se pode condenar os homossexuais, mas que

também não se deve estimulá-los, têm como resultado o

estímulo contrário, isto é, o estímulo a violências físicas

e morais contra eles. (...). É uma mensagem de

desigualdade”.

64. Completa ele, ainda, que:

“Além disso, a honra e a intimidade das pessoas foi tratada

constitucionalmente como bem inviolável (inciso X), e

várias formas de comunicação pública e expressão

social de desprezo dirigidas a gays e lésbicas são

4 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-64452005000100004. Acesso em

02/10/2014.

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seguramente violações a sua honra e a sua intimidade. Isso para não falar que a própria Constituição prevê um

mandamento ao legislador (e a todo órgão público com

poderes semilegislativos, pode-se acrescentar) de punir "

qualquer discriminação atentatória aos direitos e

liberdades fundamentais" (inciso XLI). Esses direitos

individuais, tratados como direitos fundamentais de

qualquer membro da sociedade brasileira, já seriam

suficientes para indicar o quanto há de ilícito jurídico

na continuidade institucionalizada dos estigmas

antigays.”

(...)

“Dizer que tais relações não devem ser reconhecidas,

por contrariarem a índole religiosa e a moral

universal, incide na proibição constitucional de o

Estado aplicar coercitivamente a todos os cidadãos um

conjunto determinado de convicções religiosas. Os

argumentos de convicção religiosa não podem ser usados

com legitimidade no espaço democrático quando fundados

em si mesmos, pois nenhuma religião determinará

obrigações, deveres e direitos para todos os cidadãos, já

que nem todos compartilham a religião que se faz, ou que

é, dominante. A liberdade de crença, uma das marcas da

democracia, impede que sejam impostos a todos deveres

que se justificam apenas para os seguidores de

determinado credo.”

65. Evidente está, portanto, que os vídeos divulgados são ilícitos

jurídicos, pois contém cenas de incitação ao crime de aborto provocado por terceiro,

homicídio, tortura e lesão corporal gravíssima, implicando em atentados ao direito à

honra da população LGBT, das mulheres e das crianças e adolescentes, bem como ao

direito de não discriminação, previsto no artigo 3º, inciso IV, e à liberdade de

consciência e de crença (ou não crença), contida no artigo 5º, inciso VI, ambos da

Constituição da República.

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66. O Supremo Tribunal Federal, no acórdão que julgou

inconstitucional a Lei de Imprensa (ADPF 130) enunciou a inafastabilidade do direito

de resposta e de eventual indenização por danos materiais e morais, no caso de

abuso da liberdade de expressão. Restou claro, na ocasião, que:

“O art. 220 é de instantânea observância quanto ao

desfrute das liberdades de pensamento, criação,

expressão e informação que, de alguma forma, se

veiculem pelos órgãos de comunicação social. Isto sem

prejuízo da aplicabilidade dos seguintes incisos do art.

5º da mesma Constituição Federal: vedação do

anonimato (parte final do inciso IV); do direito de

resposta (inciso V); direito a indenização por dano

material ou moral à intimidade, à vida privada, à

honra e à imagem das pessoas (inciso X); livre exercício

de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as

qualificações profissionais que a lei estabelecer (inciso

XIII); direito ao resguardo do sigilo da fonte de

informação, quando necessário ao exercício profissional

(inciso XIV). Lógica diretamente constitucional de

calibração temporal ou cronológica na empírica incidência

desses dois blocos de dispositivos constitucionais (o art.

220 e os mencionados incisos do art. 5º). Noutros termos,

primeiramente, assegura-se o gozo dos sobredireitos de

personalidade em que se traduz a “livre” e “plena”

manifestação do pensamento, da criação e da informação.

Somente depois é que se passa a cobrar do titular de tais

situações jurídicas ativas um eventual desrespeito a

direitos constitucionais alheios, ainda que também

densificadores da personalidade humana. Determinação

constitucional de momentânea paralisia à inviolabilidade

de certas categorias de direitos subjetivos fundamentais,

porquanto a cabeça do art. 220 da Constituição veda

qualquer cerceio ou restrição à concreta manifestação do

pensamento (vedado o anonimato), bem assim todo

cerceio ou restrição que tenha por objeto a criação, a

expressão e a informação, seja qual for a forma, o

processo, ou o veículo de comunicação social. Com o que

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a Lei Fundamental do Brasil veicula o mais

democrático e civilizado regime da livre e plena

circulação das ideias e opiniões, assim como das

notícias e informações, mas sem deixar de prescrever o

direito de resposta e todo um regime de

responsabilidades civis, penais e administrativas.

Direito de resposta e responsabilidades que, mesmo

atuando a posteriori, infletem sobre as causas para

inibir abusos no desfrute da plenitude de liberdade de

imprensa.”

VI. DA TUTELA ANTECIPADA

67. O art. 300 do Código de Processo Civil dispõe sobre os requisitos

necessários para a concessão antecipada dos efeitos da tutela, quais sejam, a

probabilidade do direito e o perigo de dano.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando

houver elementos que evidenciem a probabilidade do

direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do

processo.

68. No mesmo sentido, prevê a Lei 12.695/2014 (Marco Civil da

Internet):

Art. 19. § 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto

no § 3o, poderá antecipar, total ou parcialmente, os efeitos

da tutela pretendida no pedido inicial, existindo prova

inequívoca do fato e considerado o interesse da

coletividade na disponibilização do conteúdo na internet,

desde que presentes os requisitos de verossimilhança da

alegação do autor e de fundado receio de dano irreparável

ou de difícil reparação.

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69. A verossimilhança das alegações ou probabilidade do direito

está presente, uma vez que as provas juntadas nos autos (denúncias, vídeos e cópias de

páginas da internet) comprovam a ocorrência de violação de direitos e incitação a

diversos crimes, sendo mais de um milhão os expectadores dos vídeos.

70. O perigo de dano irreparável ou de difícil reparação está no fato

de que os expectadores dos vídeos estão sujeitos a serem induzidos a praticar a

discriminação e até mesmo os crimes sugeridos nos vídeos como forma de solucionar o

que eles entendem por serem comportamentos problemáticos.

71. Muitos são os exemplos de crimes cometidos com essa intenção.

O garoto Alex, por exemplo, teve seu fígado dilacerado pelo pai, no Rio de Janeiro,

porque gostava de dança do ventre e de lavar louça. André, o pai, passou a aplicar o que

chamou de “corretivos”. Surrava o filho repetidas vezes para “ensiná-lo a andar como

homem”. No dia 17 de fevereiro de 2014, iniciou outra sessão de espancamento. Duas

horas depois, Alex foi levado para um posto de saúde. Parecia desmaiado, com os olhos

grandes, de cílios longos, entreabertos. Mas não havia mais o que fazer. Estava morto5.

72. Em 2012, dois irmãos foram mortos, porque, após um abraço,

foram confundidos com homossexuais e sofreram um ataque homofóbico, o mesmo

tendo ocorrido com um pai e um filho, em data anterior6.

73. Além disso, a população LGBT está, cotidianamente, sendo

vítima de ações violentas, discriminatórias, constrangedoras e vexatórias motivadas por

5 http://oglobo.globo.com/rio/menino-teve-figado-dilacerado-pelo-pai-que-nao-admitia-que-crianca-

gostasse-de-lavar-louca-11785342. Acesso em 02/10/2014.

6 http://oglobo.globo.com/brasil/abraco-de-irmaos-acaba-em-ataque-homofobico-morte-na-bahia-

5330477. Acesso em 02/10/2014.

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discursos de ódio. Da mesma forma, mulheres são vítima de violência dentro do próprio

lar, praticadas por seus próprios parceiros.

74. Portanto, fica a encargo do judiciário neste caso, evitar o dano, o

que, de acordo com a nova teoria da responsabilidade civil deve ser o principal objetivo

da tutela jurídica, pois a mera reparação do dano, na maioria das vezes, é insuficiente

para retornar a situação ao status quo ante somente após deste.

75. Assim, requer-se, de imediato, a emissão de obrigação de fazer

aos réus a fim de tirar imediatamente os vídeos do ar, e, aos réus autores dos vídeos,

retratarem-se, pelos mesmos meios de comunicação, a toda a população ofendida,

por meio, inclusive, do financiamento da elaboração de vídeos educativos, a serem

alocados nos mesmo locais de suas postagens, de modo que promova os direitos da

população LGBT, das mulheres e das crianças e adolescentes.

VII. DOS PEDIDOS

76. Diante de tudo o que foi exposto, requer-se de V. Excelência.:

A. Deferimento liminar da tutela antecipada para

determinar a retirada dos vídeos e publicações do ar,

constantes dos seguintes endereços, e de outros nos

quais também constem os materiais previstos no item I

dessa petição:

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https://www.facebook.com/irmaospiologo/photos/a

.527821477292344.1073741828.527495720658253/98074

8188666335/?type=1&theater

https://twitter.com/irmaospiologo/status/69418619

4725285888?lang=pt-br

https://www.instagram.com/p/BBP9MMWu6Kb/

https://www.youtube.com/watch?v=4EDnKXL5d9

c&feature=youtu.be

https://www.youtube.com/watch?v=XQlvrS5P24o

B. Que a ré GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA

torne indisponível, em até 48 (quarenta e oito) horas após

o deferimento da liminar, os links dos conteúdos dos réus

autores das produções, como por exemplo os seguintes e

outros que existirem:

https://pt-

br.facebook.com/irmaospiologo/photos/a.5278214772923

44.1073741828.527495720658253/980748188666335/

https://www.youtube.com/watch?v=Eu0amJ2f4H

M

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https://www.youtube.com/watch?v=wstvEWQLBs

4

https://www.youtube.com/watch?v=PlSkGt3PhtQ

https://www.youtube.com/watch?v=xkZgGXduzX

g

https://www.youtube.com/watch?v=vyqQf7tKFdw

https://www.youtube.com/watch?v=9O9nKGqSuU

0

https://www.youtube.com/watch?v=gNamokqN1z8

https://www.youtube.com/watch?v=4_FZnOGkAm

E

irmaospiologo.com.br/videos/whatahell-prostituto-

com-sr-donizildo/

C. Que a ré GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA

filtre e remova de seu serviço “Google Search” os links

citados no item “a” acima, e todos aqueles vinculados aos

materiais apontados no item I dessa petição;

D. Deferimento liminar da tutela antecipada para

determinar a retratação dos autores dos vídeos, pelos

mesmos meios de comunicação que utilizaram para

propagar seus vídeos;

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Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher

Rua Boa Vista, 103 – 10º andar – São Paulo/SP – CEP 01014-001 – Tel. (11) 3101-0155 – Ramais 137/249 [email protected]

E. Citação dos réus, para que, querendo, respondam à

presente ação, sob pena de revelia;

F. A designação de audiência de

conciliação/mediação;

G. A intimação do I. Representante do Ministério

Público, nos termos do art. 5º, § 1º da Lei 7.347/85;

H. A procedência da ação, tornando definitivo o

pleito da tutela antecipada, determinando-se

definitivamente a retirada dos vídeos do ar; a

retratação dos autores, pelos mesmos meios de

comunicações; assim como para determinar que os

réus reparem o dano moral coletivo praticado, através

do pagamento de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais),

que reverterá para ações de promoção da igualdade;

I. A fixação de pena de multa diária, nos termos

do art. 11 da Lei 7.347/85, no valor de R$ 500.000,00

(quinhentos mil reais) por cada descumprimento da

ordem judicial, ou outro reputado razoável por Vossa

Excelência, para aplicação em caso de descumprimento.

77. Provará o alegado por todos os meios de prova em direito

admitidos, como depoimento pessoal dos representantes legais dos réus, oitiva de

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Núcleo Especializado de Combate à Discriminação, Racismo e

Preconceito

Núcleo Especializado de Infância e Juventude

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Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher

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testemunhas, a serem oportunamente arroladas, perícia técnica, e pela juntada de

documentos.

78. Atribui-se à causa o valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil

reais), para fins de alçada.

São Paulo, 06 de Junho de 2016.

ELISA MARIA RUDGE RAMOS DA

SILVA TELLES

Defensora Pública

VANESSA ALVES VIEIRA

Defensora Pública

Coordenadora do Núcleo Especializado de

Combate à Discriminação, Racismo e

Preconceito da Defensoria Pública

ANA RITA DE SOUZA PRATA

Defensora Pública

Coordenadora Auxiliar do Núcleo

Especializado de Promoção e Defesa dos

Direitos da Mulher

MARA RENATA DA MOTA

FERREIRA

Defensora Pública

Coordenadora do Núcleo Especializado de

Infância e Juventude

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Núcleo Especializado de Combate à Discriminação, Racismo e

Preconceito

Núcleo Especializado de Infância e Juventude

Núcleo Especializado de

Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher

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ANA PAULA DE OLIVEIRA CASTRO

MEIRELLES LEWIN

Defensora Pública

Coordenadora do Núcleo Especializado de

Promoção e Defesa dos Direitos da

Mulher

AUREA MARIA DE OLIVEIRA

MANOEL

Defensora Pública

Coordenadora Auxiliar do Núcleo

Especializado de Combate à

Discriminação, Racismo e Preconceito da

Defensoria Pública

ALINE COUTO CELESTINO

Defensora Pública

BRUNO BORTOLUCCI BAGHIM

Defensor Público

CARLA FERREIRA ZAPAROLLI

Defensora Pública

DOUGLAS RIBEIRO BASÍLIO

Defensor Público

ERIK SADDI ARNESEN

Defensor Público

LIGIA CINTRA DE LIMA TRINDADE

Defensora Pública

LUCAS PAMPANA BASOLI

Defensor Público

LUIZ OTAVIO CONTIM FERRATO

Defensora Público

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Preconceito

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MARIA TERESA BASTIA VICHI

Defensora Pública

PRISCILA MORGADO CURY

Defensora Pública

RODRIGO AUGUSTO TADEU

MARTINS LEAL

Defensor Público

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