Nutrição animal - apostila

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    NUTRIO ANIMAL

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    Introduo

    Nutrio a cincia que estuda os alimentos e a forma que eles atuam noorganismo.

    Atualmente a nutrio tem alcanado cada vez maior importncia naproduo animal, juntamente com o melhoramento gentico e manejo adequado.Enquanto a gentica confere ao indivduo seu potencial de desempenho, anutrio adequada que far com que o animal atinja esse potencial.

    Cada espcie possui necessidades nutritivas especficas, de acordo comsua raa, funo, idade, poca do ano e com o meio ambiente em que vive. Paradesenvolver uma nutrio adequada ao animal, todas estas caractersticas edetalhes devem ser analisados. Tambm se deve levar em conta a condioeconmica do proprietrio e facilidade em se obter a matria-prima para produzir arao diria dos animais (disponibilidade e logstica).

    Portanto, a alimentao diria dos animais deve traduzir as necessidadesnutritivas tericas em necessidades alimentares reais, levando em conta todos os

    detalhes acima citados.

    Alimentos: Nutrientes e Absoro

    Absoro e energia

    A energia ingerida (bruta) todo o alimento ingerido. Retira-se a energiafecal, que composta pelos alimentos no absorvidos e pelos metablitoseliminados. Ficamos com a energia digestvel aparente. Desta, perdemos aenergia dos gases (principalmente em ruminantes, que fazem muita fermentao)e a energia da urina (aumentada com a ingesto de muita protena, que liberanitrognio - que eliminado pela urina). A energia da urina se divide em endgena(metablitos) e a de alimentos (derivada da energia bruta). Com isso chegamos aenergia metabolizada aparente, que a importante, pois a que ser aproveitadapelo animal. Incluindo a energia da urina endgena e a energia fecal

    metabolizada, chegamos a energia metabolizada verdadeira, pois no foiproduzida pela ingesto do alimento. Associa-se a esta EMV o incrementocalrico, calor de fermentao, calor de digesto e absoro, calor de formao doproduto, calor de formao e excreo de fezes, chegamos a energia lquida, quese divide em de mantena e para produo. A energia lquida de mantena usada em: metabolismo basal, calor de atividade, calor de regulao trmica,energia metablica fecal e energia metablica urinria. A energia lquida de

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    produo usada em: crescimento, acrscimo de gordura, armazenamento decarboidratos, produo de ovos, produo de smem.

    O incremento calrico (IC) produzido pelo animal durante a fermentao(trato gastrintestinal), processamento e uso dos nutrientes pelo organismo. Avariao no IC alta, pois afetado por diversos fatores (consumo, estado

    fisiolgico e composio da dieta).O calor (IC) pode vir por mastigao, processamento, digesto, ingesto,absoro, formao e excreo de uria, transformao de nutrientes, etc.

    A gordura o alimento que menos produz IC. A protena a que maisproduz. Por isso que, em monogstricos, acrescenta-se leo a rao (no calor),para adens-la. Faz com que o animal coma mais sem que aumente seu IC.Como no inverno necessrio aumentar o IC (ajuda a manter a homeotermia),acrescenta-se fibras a dieta, pois o monogstrico no digere fibras, o que produzalto IC.

    Obs: Gaiola metablica: para testar o aproveitamento de um alimento, alimenta-seum animal com este produto por 10 dias, mantendo-o em observao para queno coma nada alm deste alimento em questo. Os 5 primeiros dias so apenasde observao, mas nos demais 5 dias testa-se a digestibilidade, analisando asperdas pela urina e fezes. O restante o que foi absorvido pelo animal.

    Nutrientes do alimentoO alimento se divide em gua e matria seca (MS), esta se dividindo em

    matria orgnica (MO) e mineral (MM).

    Para avaliar o alimento, coloca-o em uma estufa a 105C por 48h(alimentos verdes a 68C pois possuem maior teor de gua). Aps a perda dagua, o que resta matria seca. MS avaliada sendo incinerada. Com aincinerao a matria orgnica destruda restando as cinzas, que so a matriamineral.

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    Obs: queimadas para produzir pasto so ruins, pois eliminam a MO do solo.

    Em MO encontramos PB (protena bruta); EE (estrato etreo estrado doter que so as gorduras, lipdeos); FB (fibra bruta) e ENN (estrativos nonitrogenados carboidratos).

    Para calcular EE, ferve-se MS em ter, leva-se novamente a estufa e pesa-se. A perda a gordura.A FB encontrada nos vegetais est localizada na parede celular. As fibras

    so (principalmente) celulose, hemicelulose, lignina, slica e pectinas (que unemuma clula vegetal a outra). A pectina extremamente digestvel e muitoimportante para proteo do epitlio gastrintestinal. Formam cidos graxosvolteis (AGVs). As clulas do epitlio gastrintestinal se renovam a cada 24h e os

    AGVs fornecem energia para essa renovao. Cenoura e beterraba so ricas empectina.

    Para calcular a fibra bruta, ferve-se o alimento em detergente neutro. Odetergente rompe a parede celular vegetal e o contedo celular destrudo,restando FDN (fibra e detergente neutro). Diminui-se o detergente que foiadministrado e temos a quantidade de fibras.

    Obs: Contedo celular vegetal: protenas, vitaminas, minerais, gorduras. Esteselementos dependem dos nutrientes encontrados no solo. Quanto mais verdeescuro o capim, mais rico em nutrientes.

    ENN so os acares do alimento. obtido por diferena atravs do clculodo Mtodo de Weende: ENN = 100 (PB + EE + FB). Este o mtodo usado paramonogstricos. H tambm o Mtodo de Van Soest, para ruminantes, pois estemtodo fraciona a FB, o que importante para estes animais, j que so capazesde utilizar celulose. Quanto mais rico em celulose, melhor para o ruminante. Acelulose um conjunto de molculas de glicose unidas por ligaes . Amidos soglicoses unidas por ligaes . Os monogstricos no so capazes de quebrar asligaes beta, s os ruminantes so (estas ligaes so quebradas pela celulase,enzima produzida pelas bactrias do rumem as ligaes alfa so quebradas pela-amilase). A glicose um carboidrato e a celulose um polmero de glicose.

    A celulose sendo quebrada pela celulase libera glicose, que por sua vezlibera AGVs (principalmente cido actico, cido propinico e cido butrico, queso importantes fontes de energia para o ruminante). Os eqinos tambmdegradam a celulose (no clon - ceco), sendo capazes de aproveitar os AGVs.

    Obs: todos os nutrientes possuem C, H e O, mas apenas a protena possui N. Emmdia toda protena tem 16% de N. Alguns compostos (nitratos, nitritos, amnia)tambm possuem nitrognio, portanto nem todo nitrognio proveniente deprotena.Obs: Uria no rumem: as bactrias ruminais quebram a molcula de uria, usandoo nitrognio para produzir protenas (para si mesmas), se multiplicando. Oruminante se alimenta destas protenas com a morte das bactrias. Essa umaimportante fonte de protena na alimentao dos ruminantes.

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    A lignina 100% indigervel. Sua funo fornecer rigidez a planta ( seuesqueleto), sendo depositada na parede celular. Quanto mais velho o capim, maisrico em lignina.

    Quando o capim rico em lignina o animal leva muito tempo digerindo,dando sensao de saciedade ao animal, mas pobre em nutrientes, levando acarncia alimentar. Capim velho leva at 72h sendo digerido, fazendo com que oanimal se alimente menos. O ideal que o capim seja digerido em at 48h.

    Obs: entre o retculo e o omaso existe o orifcio retculo omasal, por onde passamapenas partculas de 1 a 2mm. As partculas so quebradas pelas bactrias e pelaruminao.

    Obs: a pele que envolve a cana de difcil digesto. O ideal para aumentar adigestibilidade da cana seria remover essa pele, o que levaria a um aumento damo de obra acaba sendo invivel. A cana rica em energia e por issogeralmente usada juntamente com a uria, em bovinos, pois as bactriasruminais precisam de energia para usar a uria e produzir protena. A uriadegrada em 20 minutos no rumem, por isso necessita ser administrada junto comum alimento energtico de degradao de igual rapidez para ser aproveitada.Outro alimento muito utilizado com essa finalidade o melao.

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    Os alimentos so compostos basicamente por aminocidos, vitaminas,minerais, cidos graxos, glicdios e fibras. Estes nutrientes devem seradministrados em propores adequadas as necessidades do animal. Deve-sepreocupar tambm com a possvel presena de substncias nocivas ao animal.

    Algumas substncias so alimentos para determinadas espcies, mas nopara outras. Da mesma forma, algumas so txicas para uns e para outros no.Por exemplo, no Brasil a armazenagem do amendoim muito ruim,desenvolvendo fungos que produzem aflatoxina (liberada pelo Aspergillus flavus).Os bovinos no so intoxicados por essa toxina, pois as bactrias do rumem aeliminam, mas os animais monogstricos sim. Outro exemplo a soja. Soja cruapossui o fator anti-tripsina, que no permite que a tripsina (enzima) atue nasprotenas (em monogstricos no ruminante no), levando a hipoproteinemia edoenas relacionadas a falta de protena (carncia alimentar).

    Grande parte dos alimentos utilizados na rao animal proveniente daproduo agrcola (milho, soja, aveia), mas muitos tambm so subprodutos(farinha de carne, de sangue) e produtos sintetizados (aminocidos, vitaminas,minerais).

    Ao administrar os alimentos aos animais, deve-se levar em conta doisaspectos importantes, que so a digestibilidade e a palatabilidade. De nadaadianta um alimento conter alta protena, se o animal no consegue digerir essaprotena adequadamente. Da mesma forma, se o alimento no for palatvel, oanimal no ir consumir a quantidade diria necessria, ou mesmo poder refugaro alimento.Obs: a digestibilidade da farinha de sangue bem mais baixa que a de carne.

    Outro aspecto importante que no existe alimento natural completo por sis. necessria a associao de vrios alimentos em uma rao para torn-lacompleta as necessidades dirias do animal.

    Classificao dos alimentosOs alimentos so classificados em volumosos e concentrados.

    Volumosos: so os alimentos com mais de 18% de fibra bruta. Ex: pastos,fenos, cascas, silagem (capim ou cana fermentados tritura-se e armazena-se emsilos; sofrem fermentao bacteriana neste perodo).

    Concentrados: alimentos com menos de 18% de fibras. Se subdividem em:

    Proticos alimentos com mais de 18% de protena bruta. Ex: soja,amendoim, girassol, algodo, farinha de carne, de peixe, de vsceras, de penas,de sangue.

    Energticos alimentos com menos de 18% de PB. Ex: milho, sorgo,arroz, aveia, cevada (que tanto protica quanto energtica).

    Obs: farinha de penas: deve sofrer hidrlise para aumentar a digestibilidade.Obs:Coeficiente de digestibilidade: mais importante que o teor de protena oude energia do alimento.

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    Importante: Deve-se adequar a rao a categoria animal (idade), pois cadacategoria animal possui necessidades diferentes.Obs: em torno de 70% do custo de uma propriedade corresponde a rao.

    Digesto no Ruminante

    O rumem um ecossistema, onde vivem vrias bactrias, fungos eprotozorios. As bactrias que vo morrendo tambm sofrem digesto servindocomo importante fonte de protenas para os ruminantes.

    Quando os alimentos chegam ao rumem, so metabolizados pela floraruminal. As bactrias se aderem partcula de alimento atravs de umasubstncia que ela mesma secreta. Depois de aderida, a bactria libera enzimasque iro digerir aquele alimento.

    O rumem cheio de papilas ruminais, mas nele s so absorvidos gua,

    cidos graxos e sdio. Todo carboidrato ingerido se transforma em AGVs norumem, sendo absorvido pelas papilas. Essas papilas so irrigadas, ento o que absorvido segue direto para o sangue.

    Obs: 70% da glicose do ruminante vm atravs do cido propinico. Paraproduo interessante aumentar a produo de cido propinico no rumem.

    Carboidratos solveisAs bactrias so muito sensveis alterao de pH. A saliva do ruminante

    tem a funo de tamponar o pH ruminal (contem bicarbonato). A alimentao doruminante deve ser equilibrada para no desequilibrar o ecossistema ruminal.

    Uma alimentao mais gordurosa mata os protozorios do rumem.Mudanas na alimentao devem ser feitas de forma lenta para que a flora

    microbiana se adapte.Os fungos so encontrados em rumem de animais que comem capim velho

    e silagem mal feita (mofada). O pH alto (alcalino) favorece a multiplicao destesmicrorganismos. Com o excesso de mastigao, por conta das fibras presentes nocapim velho, uma quantidade grande de bicarbonato chega ao rumem,alcalinizando o pH.

    No rumem tambm encontramos bactrias metanognicas. O ruminanteperde 8% de energia na produo de metanos por estas bactrias. Quanto melhora qualidade de alimento dos animais, menos metano eles iro produzir. Seaumentar a gordura na alimentao, os protozorios iro morrer e junto com elesmorrem as bactrias metanognicas (pois ficam aderidas a ele).

    O ruminante pode ingerir at 8% da sua alimentao com gordura, quepode ser sebo bovino, gro de soja, amendoim, etc. Para o ruminante, as gordurassaturadas so mais indicadas do que a gordura animal. A gordura insaturada txica para as bactrias.

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    Classificao dos ruminantesOs ruminantes so classificados em seletivos, no-seletivos e

    intermedirios.Seletivos: Girafa, camelo, alce e alguns cervdeos (se alimentam de flores,

    vagens e brotos - so alimentos muito digerveis).

    No-seletivos: Bovinos, bubalinos (se alimentam de capins, fenos esilagens).Intermedirios: A maioria dos cervdeos, a cabra, a ovelha .

    Os seletivos tm o rumem e o omaso menores.Os no-seletivos tm esses compartimentos bem maiores.Os intermedirios tm o rumem bem adaptveis. (na poca em que esto

    se alimentando de forma seletiva, o rumem est menor. Em perodos de no-seletividade ficam maiores).

    O seletivo tem a glndula salivar maior do que a do no-seletivo. Apopulao microbiana do seletivo tem muito mais bactrias amilolticas do que

    celulticas, porque produzem muitos AGVs e mais rpido, por isso precisamproduzir mais saliva para tamponar o pH ruminal.Os seletivos tambm tm o fgado maior, pois eles comem muitas flores e

    as flores so cheias de toxinas (e o fgado detoxificante).O Omaso regula a taxa de passagem. No seletivo o omaso menor e com

    menor nmero de folhas omasais. O orifcio retculo-omasal e o omaso-abomasalso maiores, permitindo a passagem de partculas de maior dimetro.

    Quanto mais seletivo for o ruminante, menor ser o omaso. O camelo notem omaso, porque extremamente seletivo.

    Nos no-seletivos a taxa de passagem mais lenta.O formato da cabea dos seletivos piramidal e a lngua e os lbios so

    mais mveis.

    Observaes sobre produo animal

    A avicultura e a pecuria so os grandes files do agronegcio, que fazema balana comercial fechar o ano com supervit. Para um frango de 2kg ao abate,gasta-se 4kg. Alm da avicultura e da pecuria, outro grande filo do agronegcio a suinocultura.

    A vaca cicla o ano inteiro, podendo ser coberta em qualquer poca, compossibilidade de pario em qualquer ms do ano, facilitando a criao. Cabras eovelhas no possuem essa caracterstica.

    Para inseminar tambm muito mais fcil nos bovinos, pois o braoesquerdo do tcnico funciona como cabo guia no reto da vaca, chegando a crvix.Com isso a inseminao em vacas extremamente desenvolvida, dando 98% deaproveitamento. Essa facilidade anatmica faz dos bovinos um melhor negcioque a criao de cabras ou ovelhas.

    Uma fmea que no prenha na primeira nem na segunda tentativas passvel de descarte trazem prejuzo (uma vaca 21 dias vazia j prejuzo, pois

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    est comendo sem produzir). No compensa gastar com veterinrio e ultra-somcom uma vaca problema alm do prejuzo com o custo mdico, ela pode passaressa m qualidade a sua prole.

    Existem 5 vertentes na produo animal (manejo): nutrio, gentica,reproduo, sanidade, instalaes. Se todas estiverem funcionando a contento,

    no h como cair a produo. Se h algum problema na produo, em algumadestas vertentes. Deve-se procurar sempre observar a propriedade de cima,como um todo, analisando cada um destes itens.

    Pode-se procurar auxlio profissional na EMATER, pois possui bonstcnicos. Mas a maioria dos servios de extenso rural no eficaz.

    O boi orgnico muito difcil de se produzir, pois se adubar o capim apenascom esterco no se consegue bons resultados. necessrio calcrio calctico,nitrognio, ou seja, produtos qumicos.

    Em propriedades de pecuria de corte (Nelore) com bom aproveitamento,abate-se o boi de 18 meses com 450kg. Mas a carne vendida no mercado internobrasileiro de m qualidade. Geralmente provm de animais mais velhos, comcarne mais dura e mais depsito de gordura.Obs: a carne de caprinos a mais magra e a de ovelhas a mais gorda.

    O Nelore o animal de produo ideal para nosso clima: couro preto, plosbrancos, extensa rea de superfcie (troca de calor com o ambiente).

    Os cascos dos animais tambm devem ser pretos, pois so maisresistentes. Defeitos ou problemas de aprumos fazem com que o animal tenhadificuldade de andar para procurar alimentos e tambm causa problemas nacpula (na fmea para suportar o peso do macho, e no macho para montar afmea).

    Ovelhas europias so polistricas de dias curtos: para o Brasil so ruins,pois passam por perodos sem ciclar. Ovelhas Santa Ins (produto de cruzamentoindustrial no Brasil) so as ideais.

    O Rio de Janeiro incentiva a piscicultura e a caprinocultura pelo perfil doestado.

    Obs: em abatedouros, antes de sacrificar os animais, deve-se molh-los comgua fria (asperso) para causar vasoconstrio perifrica e com isso melhorar aqualidade do couro, que fica sem sangue algum.

    Obs: O eixo central (cumeeira) da construo (seja ela qual for) deve estar nosentido leste-oeste. A luz solar mais bem aproveitada sem ter radiao solarexcessiva nos animais, facilitando a termorregulao. Em climas temperados deveser no sentido norte-sul.

    Estudo da gua

    O Brasil possui 80% de seu territrio em zona de clima tropical. Umacriao no Brasil deve visar animais adaptados a este clima.

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    guaA gua corresponde a mais 50% da composio do corpo animal, participa

    nos produtos que os animais fornecem (ex: leite). Alguns tecidos apresentam de70 a 90% de gua. A gua um nutriente essencial por natureza.

    Concentrao de gua nos tecidosSangue 90 a 92%Msculo 72 a 78%Ossos 45%

    Esmalte dos dentes 5%

    Funes vitais da gua: Ativa: Funciona como solvente (tem baixa viscosidade), substrato,

    transporte (aminocidos, glicose, vitaminas hidrossolveis, ons, produtos dometabolismo), termorregulao (calor especfico alto), excretora, processo daviso (constituinte do meio transparente dos olhos), transporte de som(constituinte dos lquidos do ouvido interno), lubrificao (liquido sinovial), proteomecnica (centros nervosos, olhos, feto).

    Estrutural: faz parte de todas as clulas, sendo o principal nutrientequantitativo do organismo.

    Obs: Bebedouro: deve ser sempre em local alto, com gua corrente.Comedouro: deve ser arredondado para evitar acmulo de alimento noscantos (fermenta e pode dar clica em eqinos).

    Composio do corpo animal (%):

    Espcie gua Protena Gordura MineraisNovilho 54 15 26 4,6

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    Suno 58 15 24 2,8Ovelha 60 16 20 3,4Galinha 56 21 19 3,2gua 60 17 17 4,5Homem 58 18 18 4,3

    Valores gerais 75 20 varivel 5,0

    Matria mineral: depende do tamanho relativo do esqueleto. Gordura: depende do nvel de ingesto de alimento. A porcentagem de

    gordura corporal aumenta com a idade. Tambm sofre influncia da condionutricional e do aspecto individual. Raes ricas em energia levam a maiordepsito de gordura.

    BovinosIdade Hidrocontedo

    Feto 95%

    Ao nascer 75 a 80%5 meses 66 a 72%

    Adulto 50 a 60%Novilho magro: 57% de gua e 18% de gordura.Novilho gordo: 42% de gua e 41% de gordura.

    O corpo pode perder praticamente toda a gordura, mais da metade daprotena, mas se perder 10% de gua morre.

    O calor produzido em um esforo muscular mximo e continuado por 20minutos to intenso que, se no for imediatamente dissipado, faz com que assubstncias albuminosas do corpo tornem-se rijas como um ovo cozido.

    Uma rao bsica pode ser feita com 75% de milho e 25% de soja. Emraes ricas em energia, o excesso vira depsito de gordura, enquanto raesricas em protena levam a formao de compostos nitrogenados (uria ou cidorico) que so txicos ao organismo, levando o animal a direcionar energia paraeliminar estes compostos, resultando em queda na produo.

    Fontes de guaAs trs fontes de gua do organismo so:

    gua de beber .

    gua dos alimentos .

    gua metablica : produto do metabolismo dos nutrientes:Metabolismo da glicose: rende 60% de seu peso em gua (carboidratos

    45g/100g).Metabolismo da protena: rende 42% de seu peso em gua (56g/100g).Metabolismo da gordura: rende acima de 100% (119g/100g).

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    Animais hibernadores: metabolizam suas reservas de carboidratos egorduras transformando-os em energia para seus processos vitais, e essemetabolismo produz gua bastante para compensar a perda na respirao eevaporao.

    Em uma anamnese de uma propriedade, a primeira coisa a se analisar aqualidade da gua. Em 90% do pas no h tratamento de gua nem esgotosanitrio. Se achar necessrio, enviar a gua para ser analisada na FEEMA.

    A necessidade de gua corresponde composio do corpo (quantidade degua que o compe) e a sua participao nos produtos finais do organismo:

    Crescimento : 75% do tecido formado durante o crescimento composto degua.

    Adulto : a gua usada proporcionalmente para produo de leite, ovos, l,carne, de acordo com a necessidade e disponibilidade.

    A gua ingerida (ou produzida) usada para: compensao das excrees +

    formao de tecidos e produtos.

    Excrees de gua1. Intestino.2. Rins.3. Pulmes.4. Pele.

    Perdas de gua pelo intestino:As perdas de gua so variveis de acordo com a natureza da dieta,

    aumentando a perda com:Alta ingesto de fibras.Alta porcentagem de material ingerido. Ingesto de alimentos laxantes.

    Para um animal perder peso, o ideal aliment-lo com fibras.Existem diferenas na absoro de gua entre as espcies. Por exemplo,

    os ovinos absorvem mais gua que bovinos. Com a ingesto de uma mesmarao, os ovinos tm fezes mais slidas, revelando menor perda de gua que osbovinos, que tem fezes mais aquosas.

    Em condies normais, esta perda de gua nas fezes insignificante. Masem caso de diarria, a perda de gua alta e pode levar a desidratao.

    Perdas de gua pelos rins:Os rins regulam o volume e a composio dos fluidos orgnicos. O

    aumento de minerais e protenas na dieta leva a maior perda de gua e diminuiona produo de gua metablica, o que aumenta a necessidade de ingesto degua.

    Em mamferos, o principal produto final do metabolismo da protena auria. A uria solvel em gua, txica para os tecidos em soluo concentrada

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    e precisa de muita gua para conserv-la em concentrao baixa, remov-la dostecidos e elimin-la do organismo.

    Em aves, o principal produto final do metabolismo da protena o cidorico, que excretado em forma quase slida, com nfima perda de gua.

    Sob as mesmas condies, as aves requerem menos gua que os

    mamferos e so menos sensveis a sua falta temporria.Mamferos com alimentao rica em protena e falta de gua leva aoacmulo de produtos txicos no organismo, culminando na morte do animal. Javes, ofdios e insetos sobrevivem muito mais nestas condies.

    Perdas de gua pelos pulmes:Atravs da respirao o animal dissipa calor (principalmente o co), pois o

    ar expirado saturado em gua (mesmo para um animal em repouso e sombra).Com o aumento da atividade fsica, aumenta a perda de gua.

    Perdas de gua pela pele:Atravs da transpirao (evaporao de gua) o animal tambm dissipa

    calor, auxiliando a termorregulao. Com aumento da atividade muscular ou datemperatura ambiente, aumenta a perda de gua.

    A maioria dos animais possui poucas glndulas sudorparas, ou nenhuma(sunos, aves). Os bovinos possuem muito mais glndulas sudorparas por cmque os bfalos (que acabam tendo maiores problemas com sua termorregulao).Resolvido o problema de termorregulao dos bfalos, eles sero muito maisprodutivos que os bovinos.

    Os sunos, por no terem glndulas sudorparas, partir de 22C tmproblema de termorregulao.

    As cabras conseguem ficar at 4 dias sem ingerir gua.A l facilita a termorregulao, pois funciona como isolante trmico, mas

    perde a qualidade (da l) em funo da umidade.O camelo tem capacidade de realizar longas jornadas com pouca gua,

    porque nutre-se normalmente de alimentos ricos em carboidratos, produzindopouca uria para ser eliminada. Alm disso, depende para suas necessidadesenergticas apenas da gordura acumulada em sua giba, e o metabolismo destagordura gera uma quantidade mxima de gua metablica. A evaporao de suapele reduzida por uma grossa camada de l. Suas fezes so slidas, o quediminui a perda de gua. Todas estas caractersticas o fazem um animalextremamente resistente.

    Fornecimento de guaDeve ser fornecida atravs da gua de beber (de boa qualidade, na

    temperatura ambiente e corrente) e em alimentos suculentos. Animais jovens tmmaior necessidade de gua por unidade de peso.

    Com menor ingesto de alimentos slidos, diminui a necessidade deingesto de gua.

    Pode-se umedecer a rao para alguns animais:

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    Bovinos: no faz diferena molhar a rao.Sunos: evita desperdcios, evita renite.Eqinos: evita transtornos respiratrios (podem inalar a poeira de raes

    fareladas).

    Se houver restrio de gua, o efeito imediato a diminuio do consumode alimentos. Com isso h queda no crescimento do animal e queda na conversoalimentar.

    A gua deve ser oferecida vontade, ser limpa (de procedncia conhecida,renovada e em bebedouros limpos) e o animal deve ter livre acesso a ela.

    No existe nenhum efeito nocivo do consumo excessivo de gua, excetoem condies patolgicas. (principalmente deficincia renal).

    Estudo da Energia

    Energia a capacidade de produzir trabalho. a energia que mantm o organismo (mantena e produtividade), pois

    apenas protena leva a deficincia de glicose (hipoglicemia) e, a partir de certoponto, a gliconeognese deixa de ser suficiente para suprir a necessidade deenergia do organismo.

    A toxemia da prenhez acontece porque no tero final da gestao queocorre 85% do crescimento do feto, levando a compresso do aparelho digestivoda me, levando-a a absorver menos nutrientes. Alm disso, o feto retira glicoseda me, independente de ela estar ingerindo ou no. O aporte do feto maisimportante que o da me. Tendo aporte menor e com o feto crescendo, aumenta a

    necessidade da me. Por isso as fmeas gestantes necessitam de uma dietadiferenciada neste perodo, sendo rica em energia (glicose). Caso no ingiramalimentao adequada, podem entrar em toxemia pela falta de glicose e excessode compostos nitrogenados (produzidos pela gliconeognese sobre a protena).Com a formao destes compostos, aumenta ainda mais a necessidade deenergia para poder elimin-los do organismo e tambm a necessidade de gua.

    O valor energtico de um alimento medido em calorias e determinado porcalormetro ou bomba calorimtrica ( o aparelho que mede o teor de energia doalimento).Relao encontrada na rotina:

    Cal = caloriaKcal = 1.000 cal

    Mcal = 1.000 Kcal = 1 termia (essa relao no muito usada na rotina).Cal = quantidade de calor necessria para aumentar de 1C, a temperatura de

    1 grama de gua.

    O animal precisa de energia para o metabolismo basal, manuteno eproduo. S consegue produzir se ingerir acima da quantidade diria necessria

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    para sua mantena (o que restar aps saciadas as necessidades de mantenaser destinado a produo).

    As necessidades de energia relativas ao metabolismo e a manuteno, porunidade de peso vivo, so proporcionais a superfcie relativa do corpo do animal.

    Assim, um indivduo pequeno, em confronto com outro maior, por unidade de

    peso, para manuteno, apresenta necessidades relativamente maiores.As necessidades de produo independem do tamanho animal, masdependem de sua superfcie corporal, da natureza e volume de sua produo,assim como do aproveitamento dos nutrientes digeridos.

    Obs: Digestibilidade: o que realmente importa na dieta. Por exemplo, o leite decabra mais digestvel que o de vaca, por isso mais indicado para crianas eidosos (pois aproveitam mais protenas), j que necessitam de maior aportenutricional.

    Obs: Brevilneos taurinos (europeus); Longilneos zebunos.

    Obs: Laboratrio de bromatologia: analisa os componentes e nutrientes dealimentos. Existe um na Rural:

    Laboratrio de bromatologia (Nutrio Animal) DNAPUFRRJ Instituto de Zootecnia

    Estrada Rio x So Paulo km 47 Seropdica - RJ

    Diviso da energia da dieta

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    Energia lquida (ELm e ELp)A energia lquida tem seu valor variando em funo da natureza da

    produo, das quantidades de forragens consumidas e da individualidade dosanimais.

    ELm corresponde ao metabolismo basal, atividades voluntrias (mexer acauda, orelha, deitar, levantar, andar) e energia usada para termorregulao(fundamental em pases tropicais).

    ELp a energia usada para gravidez, lactao, ganho de peso, trabalho,leite, ovos e l.

    O metabolismo basal o metabolismo bsico da vida, a energia gasta ematividades necessrias para manter o organismo vivo, ou seja, o que os rgogastam para trabalharem em temperatura ideal. Corresponde a energia que oanimal gasta quando est deitado, sem movimentos e em jejum.

    A energia usada na termorregulao corresponde a termognese e atermlise. So usadas para regular a temperatura corporal. Pode ser usada para

    manter o corpo quente ou para resfri-lo, conforme a temperatura ambiente.A perda de calor ocorre atravs do metabolismo basal, do incrementocalrico e de atividades voluntrias.

    Obs: Equaes sobre energia:ED = energia digestvelEB = energia brutaEF = energia fecalEM = energia metabolizvelEU = energia da urinaEG = energia dos gases

    EL = energia lquidaPC = perda de calorIC = incremento calrico

    AV = atividades voluntrias

    PC = IC + MB + AVED = EB EFEM = ED (EU + EG)EL = EM ICELp = EM PC

    Energia bruta: a energia determinada no alimento e formada pela somadas parcelas referentes aos nutrientes orgnicos principais (estrato etreo,protenas, carboidratos = ENN).

    Energia digestvel: a energia bruta ingerida subtrada da excretada nasfezes. a que realmente utilizamos. ED = EB EF. A partir da energia digestvelvem a metabolizvel.

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    Energia metabolizvel: a energia bruta do alimento descontadas asperdas de energia na forma de fezes, urina e gases (CH4). a energia que sobroudo alimento para aproveitamento pelo animal ( seu lucro). o que o organismometaboliza (glicose e gliconeognese). EM = ED (EU + EG).

    A energia metabolizvel segue dois caminhos:

    Uma parte gasta no trabalho de digesto ou incremento de calor, que envolvea mastigao, digesto e assimilao dos alimentos, com aumento das atividadesdo corao, pulmes, secrees dos sucos digestivos e ao bacteriana.A outra a energia lquida, utilizada preferencialmente para a manuteno do

    organismo, sendo a frao excedente usada para fins de produo, crescimento,carne, gordura, leite e trabalho.

    Fmeas em gestao e lactaoSe no receberem alimentao adequada na gestao, ocorrer aumento

    na porcentagem de abortamentos e natimortos, queda na produo de leite e osfilhotes que nascerem sero pequenos e desnutridos.

    ECC = escore de condio corporal. Depende da energia lquida. utilizado para fmeas leiteiras, de acordo com o estgio da produo leiteira. Aeste escore so atribudos valores de 1 a 5, onde 1 excessivamente magra e 5extremamente gorda. As fmeas leiteiras so angulosas (seu aporte direcionadoquase todo para o leite). O escore dado por anlise do trem posterior.

    Na pario seu ECC deve ser 4, nem muito magra nem muito gorda. Estem BE- (balano energtico negativo).

    No pico de lactao atinge 2,5, passando para BE+.A vaca deve ser coberta 60 dias aps a pario ( o perodo ideal). 60 dias

    antes do parto o perodo de seca. O perodo de lactao corresponde, portanto,a aproximadamente 305 dias.

    IEP = intervalo entre partos. Quanto menor o intervalo, maior a produo.No pico de lactao e no pr-parto (secagem) so os perodos de maior

    necessidade nutricional.O ECC avalia, na verdade, o manejo do tcnico e do veterinrio, pois a

    fmea precisa parir com escore 4, e ela s atinge esse ECC de acordo com omanejo nutricional.

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    Fisiologia Digestiva Comparada

    Monogstricos

    IntroduoOs nutrientes dos alimentos se dividem em: protenas, carboidratos,

    lipdeos, minerais e vitaminas.As protenas so compostas por ligaes de aminocidos. Os lipdeos so

    as gorduras, que liberam AGVs. Os carboidratos podem ser solveis ou fibrosos.Os solveis dividem-se em amido (polmero de glicose) ou acares simples(monossacardeos e dissacardeos). Os monossacardeos so a glicose, galactose

    e frutose. Os dissacardeos so maltose (glicose + glicose), sacarose (glicose +frutose) e lactose (glicose + galactose).

    EnzimasPara a digesto dos alimentos, so necessrias enzimas que quebrem os

    nutrientes em partculas menores, para que possam ser absorvidas pela mucosaintestinal. Existem enzimas especializadas para quebrar protenas, outras paraquebrar amido.

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    As enzimas proteolticas rompem as ligaes peptdicas das protenas,liberando os aminocidos. So secretadas pelo estmago, pncreas e intestino.Podem ser Exopeptidases (atacam as ligaes peptdicas terminais, liberandoaminocidos), Endopeptidases (atacam ligaes peptdicas internas das protenas,liberando peptdeos menores, mas no aminocidos livres), Dipeptidases (rompem

    ligaes do terceiro aminocido com o segundo, liberando dipeptdeos).Essas peptidases so armazenadas na clula na forma inativa dezimognios (ou pr-enzimas). O zimognio a juno do peptdeo com umpeptdeo inibidor. Ao serem liberadas, perdem o peptdeo inibidor e passam aforma ativa.

    As enzimas que digerem carboidratos so liberadas pelo pncreas eintestino: -amilase quebra o amido em polmeros menores, que so quebradasem molculas de maltose (vrias maltoses formam o amido) que umdissacardeo (dois acares duas glicoses). Dissacaridases fazem maltase(hidrlise da maltose), lactase (hidrlise da lactose) e sacarase (hidrlise dasacarose). Os monossacardeos formados sero absorvidos pela mucosaintestinal.

    A digesto de lipdios ocorre pela ao de Lipases Pancreticas e do SucoBiliar. O contedo gstrico no tem grande atuao sobre as gorduras. Quemrealmente ir emulsionar as gorduras, quebrando-as em pequenas partculas, osuco biliar, pois a bile tem uma ao detergente sobre as gorduras.

    O intestino (as clulas intestinais) usam os cidos graxos liberados paraconstituir novas molculas de gordura, novos lipdios (reagrupamento que se dde acordo com as necessidades do organismo), que sero transportados pelosvasos linfticos.

    Mastigao e saliva

    O processo de digesto se inicia pela mastigao. A saliva tem a funo deumedecer o alimento, alm de alguns possurem ptialina (mais importante emhumanos, apesar de estar presente tambm em carnvoros e onvoros), iniciandoo processo de quebra do amido. Nos ruminantes tem funo tamponante para opH ruminal, favorecendo a ao das bactrias da flora ruminal. Tambm tem aoanti-espumante, evitando a formao de espuma pelo processo de fermentao.

    A saliva mantm um fluido ambiental para sobrevivncia da flora ruminal(bactrias, fungos e protozorios vivem submersos no liquido ruminal, que formado pela saliva e gua ingerida).

    Suco gstrico

    A mastigao promove estmulo para liberao de gastrina, que por sua vezestimula as clulas parietais a produzir HCl.

    O HCl a secreo gstrica mais importante. Tem vrias funes: promovea destruio da flora microbiana; inicia o processo de ativao do pepsinognio(pois o meio cido faz com que libere o peptdeo inibidor); proporciona um pHtimo para a atuao da pepsina; faz a desnaturao protica das protenas(rompe a estrutura terciria, desfazendo as pontes de hidrognio, facilitando aatuao das peptidases). produzido pelas clulas parietais, que ao mesmo

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    tempo em que produzem HCl, liberam bicarbonato para o sangue (da a maralcalina aps a alimentao, causando preguia e moleza no animal).

    Obs: O pH do contedo gstrico mantido pelo HCl em torno de 1,5 e 2. Paraproteger a mucosa, as clulas epiteliais superficiais secretam bicarbonato de sdio

    junto com o muco, criando uma camada de proteo contra a acidez do sucogstrico, mantendo o pH deste muco em torno de 7.

    Intestinos, pncreas e fgadoChegando (o bolo alimentar) ao intestino delgado, ocorre a liberao das

    enzimas pancreticas, que s atuam em pH alcalino. Como a digesta est cida, opncreas primeiro libera bicarbonato para alcalinizar o bolo alimentar, para sento liberar suas enzimas.

    As enzimas liberadas pelo pncreas so:

    Proteases: Tripsinognio forma a tripsina, que quebra as cadeias j quebradas pela

    pepsina em cadeias ainda menores, liberando aminocidos. Quimotripsinognio forma a quimotripsina, que tambm uma

    endopeptidase. Sua principal funo coagular o leite, para que ele desadevagar e possa ser digerido, evitando uma diarria.

    Procarboxipeptidase forma a carboxipeptidase, que uma exopeptidaseque atua na extremidade terminal da carboxila livre, liberando aminocidosterminais da cadeia.

    -amilase: digere amido (carboidratos).

    Lipase: digere a gordura, quebrando-a em AGVs.

    O fgado libera a bile, que ir emulsificar as gorduras, facilitando a ao daslipases. As clulas do intestino delgado produzem maltase, sacarase e lactase,que quebram os dissacardeos em monossacardeos.

    Filhotes que nascem com deficincia destas enzimas no conseguemquebrar os dissacardeos (no sendo absorvidos por serem molculas grandes),que por sua vez promovem desequilbrio osmtico no lmem intestinal (atraindogua), causando diarria. No alergia ao leite, como muitos pensam, mas simdeficincia de maltase, sacarase e lactase.

    O intestino grosso de monogstricos possui uma flora microbiana queaproveita o nitrognio liberado pela quebra de protenas em aminocidos. Elasusam o N para produzir protena microbiana e a carboxila para produzir AGVs,

    restando a amnia.

    Obs: O excesso de alimentao protica gera muita amnia no intestino grosso,levando a formao de cncer de clon, pois a amnia altera a DNApolimerase,que a responsvel pela multiplicao do DNA da clula, gerando clulasexticas (com defeito) cancergenas. Para evitar o cncer de clon deve-se ingerirmuita fibra, pois elas absorvem a amnia e a eliminam, alm de tambmabsorverem o colesterol.

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    Os principais AGVs formados so cido actico, butrico e propinico. Obutrico fundamental para fornecer energia para as clulas do intestino. Asbactrias produzem estes AGVs e liberam para o meio (lmem), pois uma formade neutralizarem seu pH interno, j que com a quebra das protenas liberam muito

    hidrognio em seu interior, acidificando seu meio interno. Formando os AGVs elasusam este hidrognio e equilibram seu pH.

    Pr-estmagos dos poligstricosOs poligstricos possuem 3 pr-estmagos: Rumem, retculo e omaso.No rumem, as protenas sofrem desaminao pelas bactrias, liberando

    amnia (processo semelhante ao que ocorre no intestino grosso dosmonogstricos). Como os ruminantes usam a protena microbiana como fonte dealimento protico, muito mais barato fornecer uria para que as bactriasproduzam sua protena, do que fornecer protena na rao. Deve-se proteger (daao das bactrias) as protenas utilizadas na rao, permitindo que elas cheguem

    ao intestino para sofrerem absoro. Para isso existem produtos qumicos (tanino extrado de plantas) ou ento deve-se fornecer a protena em caroos (caroode algodo, de soja, de girassol), pois o caroo tem muita gordura, o que dificultaa aderncia das bactrias e elas no conseguem digerir a protena.

    Como a protena microbiana uma importante fonte protica para osruminantes, deve-se maximizar a populao de bactrias, pois barateia-se muito ocusto da rao.

    Para os ruminantes, os carboidratos podem ser fibrosos ou no, poisdigerem os dois. 70% da energia dos ruminantes provem do cido propinico. Ocido actico gera mais gordura no leite e o butrico fornece energia para asclulas do intestino.

    Poligstricos

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    Obs: na verdade,o omaso se localiza por trs do retculo.

    Todo animal precisa de glicose, que tambm fornecida porgliconeognese no fgado. Os ruminantes fazem gliconeognese principalmenteatravs dos AGVs (especialmente o cido propinico).

    Aps a digesto no rumem e retculo, o que sobra segue para o omaso, quetem a funo de selecionar e regular a passagem de partculas para o abomaso.No omaso, essas partculas sofrem novas quebras por bactrias, sendo reduzidasentre 1 e 2mm, pois o tamanho do stio omaso-abomasal. Partculas com maisde 1 a 2mm no passam para o abomaso. Quanto mais fibroso for o alimento (ex:lignina), mais difcil de quebrar. Quanto menor a partcula, mais rpida a taxa depassagem (pois as partculas pequenas passam para o omaso). Partculasmaiores estimulam a ruminao e diminuem a taxa de passagem.

    Do abomaso (estmago verdadeiro) em diante, o processo o mesmo quenos monogstricos, ocorrendo digesto dos nutrientes e da protena microbiana.

    Os ruminantes no tm sacarase, pois toda glicose digerida pelasbactrias no rumem.

    Obs: um alimento de boa qualidade digerido em no mximo 48h.

    Particularidades das espcies

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    O trato gastrintestinal mais simples o dos carnvoros (marta, felinos):estmago grande (para digesto de protenas) e intestino grosso pequeno (poucaingesto de fibras, populao bacteriana pequena).

    O co no estritamente carnvoro, portanto tem ceco e intestino grossoum pouco mais desenvolvidos, com pequena flora microbiana para produo de

    AGVs para as clulas intestinais.O suno onvoro e possui maior desenvolvimento do intestino grosso (comsaculaes para reter por mais tempo as fibras).

    Os cavalos possuem estmago pequeno e retm o alimento nele por poucotempo (taxa de passagem rpida). Seu pncreas produz pouca -amilase (tempouca atividade, digerindo pouco amido). Se ingerir muito carboidrato solvel irgerar fermentao no ceco com alta produo de AGVs e gases. Origina clica eem casos mais graves laminite. Possuem ceco e clon muito desenvolvidos.

    O coelho possui ceco muito desenvolvido, mais ainda que o do cavalo. Seuclon tambm desenvolvido, mas nem tanto quanto o do cavalo.

    Os bovinos possuem rumem muito desenvolvido. No so seletivos ecomem de tudo, ingerindo alimentos de pior qualidade, precisando do rumem paraquebrar estes alimentos.

    A girafa muito seletiva, possuindo um rumem menor, pois seu alimentosofre digesto rpida, no necessitando ser muito quebrado. Se alimenta debrotos, flores e leguminosas. Sua taxa de passagem rpida. Possui intestinogrosso mais desenvolvido que dos bovinos (todo ruminante mais seletivo tem ointestino grosso desenvolvido).

    Alimentos muito fibrosos (ruminantes) levam a mais mastigao, o geramaior tamponamento do rumem, favorecendo a proliferao de fungos. Aconcentrao de lignina muito grande nos talos de capim velho. Se foradministrar esse tipo de capim na alimentao, procurar utilizar apenas as pontase desperdiar os talos.

    Bactrias metanognicas (encontradas em locais anaerbicos rumem)produzem metano, que um gs txico. No rumem ficam associadas aprotozorios. Para evitar sua proliferao, faz-se a defaunao de protozorios(com alimentos ricos em gordura) usa-se apenas em animais de alto valorzootcnico, como vacas leiteiras. De 8 a 12% da energia dos alimentos desviadapara a produo de metano.

    Obs: existem bactrias aminolticas (muito grandes) e celulolticas (pequenas).Seu nmero varia de acordo com o tipo de alimentao do animal.

    Metabolismo de Carboidratos(em ruminantes e no-ruminantes)

    Fraes dos carboidratos (mais importante para os ruminantes digestomicrobiana)

    A Sacarose (td = 250%/h)B1 Amido e pectina (td = 50%/h)

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    B2 FDN: fibra em detergente neutro = celulose e hemicelulose (td = 2 a 5%/h)C Lignina (td = 0%/h)

    Obs: td taxa de digesto (em quanto tempo ocorre a digesto da frao).A hemicelulose est presente na parede celular. A lignina tambm se localiza na

    parede celular, mas classificada a parte, pois no possui digestibilidade.

    RuminantesAo formular uma rao, deve-se combinar a frao do carboidrato com a

    mesma frao dos nitrogenados, pois ambos tero a mesma velocidade dedegradao. Ex: protena microbiana: combina a energia do carboidrato (ATP)com o nitrognio do composto nitrogenado = uria + melao, ambos frao A.

    A frao A digerida rapidamente ao chegar ao rumem, sendo consumidaem apenas 20 minutos (250%/h). No chega at o intestino delgado.

    No importa se o carboidrato ou no estrutural. Todo ele transformadoem glicose no rumem, exceto a lignina. A glicose posteriormente convertida em

    AGVs. Estes AGVs (principalmente o cido propinico) iro sofrer gliconeogneseno fgado, conforme necessidade de energia do organismo, liberando glicose. Ocido butrico o principal fornecedor de energia para renovao do epitlioruminal (reepitelizao) e o cido actico o que mais fornece gordura para o leite.

    O pH ideal para a flora microbiana de 6,8/7,0, prximo do neutro. Quantomais formar AGVs, mais cido, favorecendo as bactrias que produzem cidolctico, diminuindo ainda mais o pH.

    Quanto mais mastigar, mais produzir saliva (bicarbonato), alcalinizando opH. Quando ocorrer o risco de acidificao do pH, fornecer volumoso para que oanimal mastigue e mantenha o pH ruminal prximo da neutralidade.

    No esfago encontramos os pressorreceptores e os mecanorreceptores.

    Conforme ocorre a dilatao do rumem, os pressorreceptores so sensibilizados epromovem a eructao para expelir os gases. Esses gases (metano, CO2 e H2)devem ser expelidos para no causar timpanismo.

    Para o animal ruminar, necessria a ativao dos mecanorreceptores, oque ocorre atravs das partculas slidas dos alimentos volumosos que o animalingere. Quanto mais ruminao, mais salivao, produzindo bicarbonato e fosfato.

    A ingesto do volumoso necessria para estimular a ruminao e regular o pHdo rumem. Acima de 40% (do total da rao diria) de ingesto de concentrado nadieta abaixa muito o pH.

    Obs: macete de exposio ou concurso leiteiro: alimenta-se o animal com muito

    concentrado e ponta de capim, e estimula-se os mecanorreceptores do esfago,introduzindo a ponta do capim e retirando. O animal ir regurgitar o concentrado,mastigar novamente e reengolir, evitando a acidificao. Tambm administra-sebicarbonato na rao (pH alto leva a mais formao de cido actico, favorecendoa produo de gordura no leite).

    As bactrias que produzem cido actico gostam de pH alto (alcalino),portanto quanto mais fibra, mais mastigao, mais saliva, mais alto o pH, maiscido actico.

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    Acidose ruminalAnimais de alta produo possuem uma necessidade muito maior de

    energia que s produzida em quantidade suficiente se administrar o concentrado rao. Deve-se tomar cuidado para no acidificar o pH ruminal e o animal entrar

    em acidose.

    70% de volumoso / 30% de concentrado: aumenta a produo, diminui asalivao. pH = 6,5/6,6.

    60% de volumoso / 40% concentrado: aumenta ainda mais a produo,mas diminui mais a salivao. pH = 6,0/6,2. At ento o animal suporta muito bem. a relao ideal para animais de produo.

    50% de volumoso / 50% de concentrado: aumenta muito a produo, mas

    diminui muito a salivao. pH = 5,5/5,8. Leva a morte das bactrias fibrolticas edos protozorios. Aumentam as bactrias amilolticas. Os ruminantes seletivos(cabras e ovelhas) suportam bem essa situao. Os bovinos j esto em acidose.

    As papilas ruminais entram em paraqueratose (feridas no epitlio levam aulcerao e queratinizao das papilas), prejudicando a absoro, causandoacmulo de AGVs no rumem. Os lactobacilos j comeam a produzir cido lctico,mas ainda h presena da bactria Megasphera elsdenii, que consome o cidolctico, equilibrando-o. Quadro de acidose subclnica.

    40% de volumoso / 60% de concentrado: pH = 5,0/5,2. uma das relaesusadas em concurso leiteiro, associada aos macetes j descritos. Ocorre mortedas bactrias amilolticas e aumento dos lactobacilos, proliferando a produo decido lctico. Aumenta a paraqueratose e as ulceraes das papilas ruminais,favorecendo a entrada de bactrias patognicas, que vo ao fgado e promovemabscessos.

    30% de volumoso / 70% de concentrado: pH = 4,5/5,0. Tambm usada emconcurso leiteiro. O contedo ruminal vira uma pasta, no possui mais as trscamadas (lquido, slido, gs). Morte de toda flora bacteriana, restando apenas oslactobacilos.

    Em casos de acidose, remove-se o contedo ruminal (com sonda suco) injeta-se soro morno no rumem para ajudar a dissolver o contedo e remov-lo.Injeta-se bicarbonato (com hidrxido de magnsio), lquido ruminal de outra vacasadia, fluidoterapia e dieta a base de volumoso (gradualmente para adaptao danova flora).

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    Obs: 0,25% bicarbonato e 0,75% de hidrxido de magnsio = 1% da rao deveconter essa mistura em concurso leiteiro. Levedo de cerveja (1% da rao)tambm ajuda a segurar a acidose.

    Pectinas

    As pectinas so encontradas no nabo, rabanete, beterraba, alfafa, cenoura

    e polpa ctrica.Reduz a acidose ruminal, pois possui muitas oses (acares) em sua

    molcula, tendo digesto um pouco mais lenta que a glicose.Alm disso, possui ligaes metil-ster e os H (cidos) se fixam a estas

    ligaes.A polpa ctrica um resduo de indstrias de suco de laranja e tangerina,

    sendo muito usada como alimentos para bovinos. Deve-se fornecer no mximo6kg por dia, em substituio ao milho (mximo de 50% de substituio, pois maisdo que isso dar gosto de polpa ctrica no leite).

    No-ruminantes

    Fontes de glicose: Os animais podem promover glicolise, glicognese,glicogenlise e gliconeognese.Glicolise a principal via de utilizao da glicose e ocorre no citossol de

    todas as clulas, mesmo na ausncia de oxignio. a quebra da glicose(metabolizao) e esse processo produz ATP. Uma molcula de glicose fornece38 ATPs (adenosina trifosfato). A -amilase quebra a glicose (glicolise).

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    Glicognio a principal forma de armazenamento de carboidratos emmamferos. Ocorre principalmente no fgado e nos msculos, sendo que nosmsculos funciona como fonte emergencial de energia para o prprio msculo eno fgado sua funo servir a outros tecidos, por sua transformao em glicosesangnea.

    Glicognese a formao de glicognio a partir da glicose. A glicogneseestoca glicognio no fgado e nos msculos, mas a capacidade de estoque limitada. No msculo, o estoque para fornecer energia para si mesmo, noliberando para o sangue. No fgado e para manter a glicemia.Glicogenlise a quebra do glicognio, liberando glicose.Gliconeognese o mecanismo de converso de no carboidratos (lipdeos

    e aminocidos) em glicose ou em glicognio. Dessa forma, fornece glicose aoorganismo quando no h carboidratos na dieta. Ocorre principalmente no fgadoe no rim, pois so onde se encontram as enzimas responsveis pelo processo. Emruminantes de extrema importncia, pois toda glicose quebrada no rumem.

    Importncia da fibra bruta para os monogstricos:Reduz os nveis de colesterol a lignina se agarra ao colesterol e o elimina nas

    fezes.A fibra traz sensao de saciedade e o animal come menos.No intestino delgado ela aumenta a produo de muco, que funciona como um

    gel em torno do alimento e impede o ataque enzimtico o animal aproveitamenos nutrientes e emagrece (bom para animais obesos e diabticos).Aumenta a taxa de passagem.Dificulta a ao da -amilase, fornecendo menos glicose para ser quebrada

    (bom para animais diabticos).Aumenta a imunidade, pois as pectinas favorecem o crescimento de bactrias

    benficas.Produo de AGVs (no ceco), fornecendo energia para o epitlio do trato

    gastrintestinal.Mantm a sade da flora microbiana (a fibra sofre digesto no ceco).

    EqinosOs cavalos possuem estmagos muito pequenos (mdia 18l) com taxa de

    passagem rpida (quanto menor a partcula, maior a absoro aproveitamentomelhor). Alm disso possuem baixa atividade de -amilase pelo pncreas, o queleva boa parte da digesto do amido para o ceco, onde so produzidos os AGVs egases.

    Com fermentao excessiva, dilata-se o ceco, aumenta a pressoosmtica, atraindo gua do organismo para a luz do intestino, aumentando adesidratao do animal e a dilatao do ceco e do intestino. Ocorre o mesmoprocesso de acidose lctica que nos ruminantes, sendo que causa muita dor(clica) no animal.

    Milho e aveia so os carboidratos solveis mais ingeridos por estesanimais. A fermentao do milho mais alta que a da aveia e esta deve serdeixada de molho da noite para o dia, para hidrat-la e inch-la (expondo o

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    amido), evitando que a aveia inche dentro do trato gastrintestinal e causeimpactao.

    Cavalos de enduro (rabes) possuem fibras musculares mais irrigadas(sangue), oxigenando com mais facilidade as gorduras (leo) e transformando-asem energia. Fornecer 1l de leo um dia antes da prova de grande ajuda para

    estes animais.O clculo da rao diria de um eqino basicamente: 2,5 a 3% do pesovivo, sendo 70% de volumoso + 30% de concentrado, ou 100% de volumoso(cavalos sadios). Para cavalos atletas: 60% de volumoso + 40% de concentrado.

    Ces e gatosCes possuem estmago muito evoludo e intestino grosso pequeno, com

    ceco pouco desenvolvido, mas com desenvolvimento de flora microbiana (poucaatividade, mas grande importncia).

    A rao de ces deve conter de 4 (mnimo) a 8% (mximo) de fibras, sendoque animais obesos deve ingerir o nvel mximo de fibras (8%).

    Os gatos se alimentam basicamente de protena, ingerindo pouqussimoscarboidratos.Existem duas enzimas que metabolizam a glicose no fgado:

    Glicoquinase: promove glicogenlise e glicognese. Os gatos no possuem.Hexoquinase: promove gliconeognese a partir da protena. Os gatos

    possuem muita.Os ces possuem ambas as enzimas.Por esse motivo, a rao de gatos deve ser a base de protena animal.Para ces, a melhor fonte de fibras o arroz cozido. Em gatos, a

    importncia de fibras ainda menor que para os ces, pois so essencialmentecarnvoros (j os ces so onvoros).

    A lactose (acar do leite) s importante em ces e gatos jovens, pois osadultos j no possuem mais quantidades suficientes de lactase para digerir essalactose, no sendo indicada a administrao de leite para estes animais.

    Compostos Nitrogenados

    FraesA NNP (nitrognio no protico): td = 300%/hB1 Protena solvel: td = 50 a 200%/h

    B2 Protena de intermediria degradao ruminal: td = 8 a 30%/hB3 Protena de lenta degradao ruminal: td = 2 a 8%/hC Protena ligada a lignina: td = 0%/h

    Metabolismo de protenas em ruminantesO ruminante absorve dois tipos de protenas: as provenientes dos alimentos

    e a protena bacteriana. Carboidrato no rumem : AGV, ATP, gases

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    Protenas no rumem : NH3 (2NH2 + 2H2O = 2NH3 + gases) Resultado : ATP + 3C + NH3 = protena microbiana.

    Quanto mais bactrias no rumem, mais protena microbiana para oruminante. Mas para isso as bactrias precisam receber carboidratos e nitrognio

    ao mesmo tempo. Deve-se combinar as fraes A, B1, B2, B3 e C doscarboidratos com a dos compostos nitrogenados. A uria um composto noprotico (frao A) que possui nitrognio. Isso barateia a rao do animal, pois auria barata e fornece o N que as bactrias precisam para formar suasprotenas, diminuindo a necessidade de administrar protenas caras rao doanimal (o que encarece o custo). Ao mesmo tempo em que fornecemos a uria, necessrio administrar um carboidrato que tenha a mesma velocidade dedegradao, pois caso contrrio pode-se intoxicar o animal com o excesso denitrognio (j que sem o carboidrato, as bactrias no conseguem formar aprotena, portanto no conseguem utilizar o nitrognio).

    A uria alcaliniza o meio e aumenta sua absoro pelo epitlio ruminal,

    intoxicando o animal, levando a alcalose sangnea e pode matar. Se isso ocorrer,fornecer vinagre (10l) ao animal, para acidificar o meio. necessrio ter sempre ao menos um pouco de uria na rao diria do

    animal, para que as bactrias cresam (se desenvolvam). Principalmente noinverno, em que o capim fica mais fibroso.

    Exemplos de fraes: B1: peptdeos e protenas de fcil degradao. Farelo de soja e farelo de

    algodo possuem muitas. Todos os alimentos proticos possuem vrios destespeptdeos.

    B2: farelo de soja e de algodo. B3: protena dos volumosos e de origem animal (estas esto proibidas, pois

    originaram a vaca louca). As de origem animal eram muito utilizadas, pois asbactrias no as reconheciam e elas passavam direto pelo rumem, sendoabsorvidas no intestino, que o que se deseja ao optar por fornecer protena dosalimentos aos ruminantes.

    O farelo de soja e de algodo acabam sendo degradados no rumem, pelasbactrias, o que no compensa, pois so mais caros que a uria. Deve-se

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    proteger as protenas (da rao) da ao das bactrias. As sementes oleosas nodevem ser trituradas em farelo, pois o leo da semente as protege da aomicrobiana, evitando sua degradao no rumem, permitindo que seusaminocidos sejam absorvidos no intestino. A gordura tem ao refratria sobre asbactrias, impedindo que elas se fixem ao caroo para degrad-lo.

    Outra forma de proteger a protena da rao o tanino. O tanino extradode plantas e o alimento fornecido com ele no sofre degradao pelas bactrias.O tanino tem um sabor amargo que evita que o animal ingira a planta que ocontem, mas a quantidade usada na rao no deixa este gosto amargo.

    Ionforos (rumensin e bovitec) so a terceira forma de proteger asprotenas no rumem. Agem sobre a Peptostreptococcus (que degrada a protena)e outras similares, aumentando a absoro dos aminocidos no intestino.

    Associaes de compostos nitrogenados com carboidratos de mesmadegradao: melao + uria; milho + soja. A polpa ctrica tambm muito boapara baratear a rao e tem a mesma taxa de degradao do milho (podendosubstitu-lo em at 50%).

    Obs: O sal proteinado muito interessante para gado de corte, e muito maisbarato que a rao, devendo ser usado no inverno. composto por NaCl (emconcentrao muito acima: 20 a 30%), sal mineral, soja e milho. A concentraoalta de NaCl faz com que o animal controle a ingesto do sal proteinado eaumente a ingesto de gua, que promove uma lavagem destes nutrientes dorumem, favorecendo a passagem destes (e das bactrias protena microbiana)para o intestino, sendo absorvidos. Como o coxo de sal fica do lado oposto ao dagua, no pasto (manejo ideal) e nunca ao lado, ao caminhar do sal gua, obovino vai pastando, o que aumenta o consumo de capim, favorecendo odesenvolvimento constante das bactrias (pela oferta de nutrientes).Obs: Cobalto: entra na formao da vitamina B12 e encontrado no sal mineral.

    Suplementao com N no invernoNo inverno o pasto fica muito pobre em nitrognio, que deve ser

    suplementado.Fontes de N: uria, sal proteinado, leguminosas (principalmente feijo).

    As folhas da leguminosas que contm protenas e nutrientes. O talo basicamente lignina. Em fenos, verificar se h bastante folhas.

    Uria: 40g/100kg/PV ou 1% do peso na cana.

    Para evitar casos de intoxicao, deve-se primeiro adaptar o animal a novaalimentao (10g/100kg/PV). No administrar uria para o animal em jejum. comum o animal se intoxicar por beberragem, por erro na diluio. Deve serdiluda em gua na quantidade de 1kg para cada 100l de gua, pois se diluirerrado o animal ir ingerir uria mais concentrada, se intoxicando.

    Na intoxicao por uria a sintomatologia nervosa: ataxia, incoordenao.Fornecer vinagre (reduz o pH e a amnia pra de ser absorvida pelo epitlioruminal).

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    A uria deve ser administrada associada a sulfato de amnia (9:1) paraformar aminocidos sulfurados (fornece S forma metionina e cistina,aminocidos essenciais para protena microbiana).

    Pastagens consorciadas: so as que dividem o pasto com gramneas e

    leguminosas, plantadas juntas. A gramnea possui raiz fasciculada e a leguminosaraiz bivotante (uma central e pequenas razes que saem da principal).

    Na raiz das leguminosas se desenvolve uma bactria (Rhizobium) que fixanitrognio, mantendo o nvel de N no inverno (nas pastagens que tmleguminosas).

    Teste das Substncias

    Para utilizar algum tipo de produto ou subproduto na rao dos animais,

    com a inteno de baratear a rao, deve-se conhecer quatro fatores sobre estealimento: Palatabilidade. Digestibilidade. Coeficiente de digestibilidade. Valor biolgico (em relao absoro de nitrognio):

    Balano positivo animal em crescimento (absoro maior que a perda).

    Balano negativo animal doente (perda maior que absoro).

    Balano equilibrado animal adulto.

    De posse deste conhecimento sobre o produto, pode-se formular umarao que o aproveite, com equilbrio dos nutrientes.

    O primeiro passo encaminhar uma amostra do alimento um laboratriode bromatologia, para analisar os nutrientes deste alimento.

    Teste de palatabilidadeA palatabilidade analisada em campo, fornecendo o alimento ao animal e

    verificando sua aceitao pelos animais. Introduz-se o alimento paulatinamente e

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    segue-se analisando o que ocorre com a produo dos animais, aps alguns diasde alimentao com o produto.

    Anlise de verificao de combinao da substncia (se possui qualidadecomo alimento)

    Consiste na verificao do aproveitamento dos nutrientes do alimento. Porexemplo, um alimento com 45% de protena (como o farelo de soja) promete seruma boa fonte de protena na rao, mas no se pode afirmar sem antes testar oaproveitamento desta protena pelo animal, pois pode ser que ele no absorvatoda essa porcentagem de protena deste alimento. Para verificar oaproveitamento, faz-se o teste de digestibilidade.

    Teste de digestibilidadeDivide-se em duas fases: Fase experimental e Fase de anlise.Se um alimento possui 45% de protena, supe-se que se o animal ingere

    1000g deste alimento, est ingerindo 450g de protena. Se essa ingesto de 1kg diria, ao final de 6 dias ter ingerido 2.700g de protena (450g x 6). Para conferir

    o aproveitamento dessa protena, so feitas as seguintes anlises: Fase pr-experimental: a fase de adaptao. So 6 dias alimentando o

    animal apenas com o produto que se quer testar. Durante esta fase no seanalisam as fezes, pois o perodo de limpeza do tubo digestivo, removendoresduos de alimentos ingeridos anteriormente.

    Fase experimental: so mais 6 dias. Durante essa fase continua-sealimentando o animal apenas com o produto em teste, mas dessa vez se analisamas fezes.

    Ex: ingeriu 2.700g de protena em 6 dias ........... PI = protena ingerida.Eliminou nas fezes 675g da protena (25%) ...... PF = protena fecal.

    Absorveu 2.025g da protena ingerida ................ PA = protena absorvida.

    PI _______ PA2700 _______ 2025

    100 _______ x .x = digestibilidade = 75%

    D% = PA/PI x 100 = 2025/2700 x 100 = 75%D = 75% da digestibilidade da protena.Uma boa digestibilidade de protena deve estar acima de 80% (protena

    de boa qualidade).

    Em torno de 80% corresponde a protena de boa qualidade, ento 75% de

    digestibilidade est dentro do aceitvel.

    A digestibilidade se divide em verdadeira e aparente:

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    Pode ser medida atravs de coleta total, com o uso de indicadores, pordiferena ou por anlise in vitro.

    Um indicador (corante) muito usado o xido crmico. Impregna-se oalimento com o corante. Usa-se quando se quer analisar apenas um componentede determinada rao. Dessa forma, o que sair impregnado pelo corante nas fezescorresponde a este componente da rao.

    A anlise in vitro feita apenas quando h equipamento laboratorialdisponvel. Um exemplo a anlise do suco ruminal.

    Composio das fezesAo analisar as fezes, deve-se levar em conta tudo o que a compe:

    Substncias indigestveis ex: lignina. Substncias digestveis no digeridas ex: celulose. Substncias digeridas e no absorvidas. Outras substncias que saem nas fezes, mas no foram ingeridas

    (provenientes do metabolismo do animal protena fecal metablica).A protena fecal metablica (nitrognio fecal metablico) corresponde a:

    enzimas, bile, clulas epiteliais descamativas, micrbios e muco.Dessa forma, o nitrognio fecal se divide em:

    NF indigestvel: alimentos ingeridos no digeridos.

    Nitrognio Fecal

    NF metablico: substncias nitrogenadas no ingeridas(no provenientes de alimentos)

    Coeficiente de digestibilidade da protena

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    O coeficiente de digestibilidade aparente medido pela equao:

    Mas o coeficiente de digestibilidade real (verdadeiro) deve incluir onitrognio metablico (NM), pois nem todo o nitrognio encontrado nas fezes proveniente da alimentao. Sendo assim, a equao que mede o coeficiente dedigestibilidade real seria:

    O grande problema conseguir mensurar o nitrognio metablico.

    Conforme demonstra o exemplo, a digestibilidade aparente subestima adigestibilidade real, pois exclui o nitrognio metablico. Se considerarmos onitrognio metablico, a digestibilidade verdadeira do alimento passa de 75% para85%, ficando dentro da faixa ideal de digestibilidade.

    Recursos para medir o nitrognio metablico Dieta sem protena: dieta aprotica. Cinco dias de fase pr-experimental

    contendo protena apenas para o desgaste corporal. Aps o perodo experimentalmede-se o NF, que equivaler ao NM.

    Dieta em que a energia seja suficiente para as perdas energticas doanimal com casena, que 100% digestvel: todo o N que sair nas fezes, nafase experimental, ser metablico.

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    Coeficiente de digestibilidade da fibraO organismo no fabrica fibra, portanto toda fibra encontrada nas fezes

    proveniente do alimento. H uma perda do aproveitamento com a formao degases, mas o resultado encontrado mais prximo da realidade do que o

    encontrado pelo coeficiente de digestibilidade aparente da protena.

    No rumem, parte da fibra absorvida e parte perdida com a formao degases. Sendo assim, os 75% de fibra absorvida no so reais, mas so maisprximos da realidade do que o nitrognio do CDA.

    Teste de valor biolgico (VB)

    medido atravs do nitrognio:NI = 100g (nitrognio ingerido)NA = 80g (nitrognio aparente: NI - NF)NF = 20g (nitrognio fecal) So asNU = 10g (nitrognio urinrio) Perdas

    As protenas ingeridas so degradadas por enzimas (no estmago eintestino), sendo quebradas em aminocidos. Estes aminocidos so absorvidos,chegam a corrente circulatria e sero aproveitados para formar protenas para ostecidos do prprio animal. Por isso, h necessidade de se ingerir protenas quecontenham aminocidos que compem as molculas destes tecidos, para quesejam melhor aproveitadas.

    Balanos

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    Balano positivo absoro de nitrognio maior que a perda. Necessriopara animal em crescimento (jovem).

    Balano negativo perda maior que a absoro. Comum em animaisdoentes, que diminuem a ingesto e aumentam o gasto (reaes metablicas).

    Balano equilibrado animal adulto. Sua absoro costuma ser

    equivalente a seu gasto.Ex: NI = 100; NA = 80; NF + NU = 80.

    Nitrognio urinrio (NU) NEn nitrognio endgeno (que est no organismo) = cido rico e

    creatinina. NEx nitrognio exgeno (ingeriu, absorveu, mas no reteve).

    NA = NI NF

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    VB = valor biolgicoVBR = valor biolgico real (inclui a perda urinria)NR = nitrognio retidoNA = nitrognio absorvido

    Obs: Exigncias nutricionais:Peixes precisam de dietas riqussimas em protenas: 40 a 45%.

    Animais em mantena: 16 a 18%.Vacas leiteiras em produo: 22%.

    Granulometria: em picadeiras, pica-se o capim do tamanho adequado para a taxade passagem de cada espcie animal:Coelhos 5 a 6cm.Cabras e ovelhas 4 a 5cm.Bovinos 2 a 3cm.

    Metabolismo de ProtenasEm monogstricos ou do abomaso em diante

    Protenas do organismo

    Plasma albuminas (100% de digestibilidade clara do ovo), globulinas,fibrinognio.

    Tecidos musculares extracelulares (mioglobina, tecidos conectivos),intracelulares (miosina, miognio, globulina).

    Tecidos funcionais enzimas, hormnios (ex: insulina), anticorpos eantitoxinas.

    Aminocidos essenciais, no essenciais (o organismo forma partir deoutros alimentos carboidratos e gorduras).

    Digesto e absoro Kp e Kd.

    - Formas de evitar o escape de protenas para o intestino grosso: diminuir oconsumo, aumentar a fibra da dieta (aumenta o peristaltismo e a taxa depassagem), protena ideal.

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    * Protena Ideal: uma expresso que tem sido muito usada em suinocultura. Obalanceamento da rao feito para sunos atualmente feito em cima dosaminocidos essenciais.* Aminocidos essenciais: so os que o organismo no produz, precisam seringeridos na alimentao. So eles:

    - Arginina- Fenilalanina- Histidina- Isoleucina- Leucina- Metionina- Treonina- Triptofano- Valina- Lisina

    Obs: Lisina, metionina e treonina so aminocidos limitantes em raes base demilho e soja (no so encontrados em quantidades suficientes para asnecessidades dirias, devendo ser suplementados).

    Qualquer protena que falte na dieta desbalanceia o equilbrio doorganismo. O animal deixa de fabricar alguns tecidos, enzimas e/ou hormnios,podendo levar ao estabelecimento de doenas.

    Deve-se ingerir protenas todos os dias, pois no estocamos protenascomo estocamos energia. A protena animal mais completa, pois a soja limitante, no possuindo todos os aminocidos essenciais nas quantidadesnecessrias.

    Digesto da protena Animais em geral: se ingerem menos protena, a atividade das enzimas

    responsveis pelo catabolismo e pela gliconeognese diminui. uma forma deconservar o nitrognio no organismo. Se ingerem mais protena, a atividadeaumenta para excretar o excesso de nitrognio.

    Felinos: isso no ocorre: a atividade das enzimas no muda, semprealta, logo, seus requerimentos em protena so maiores, pois ele no conservanitrognio no organismo.

    Aves e rpteis: excretam cido rico.

    Peixes: excretam amnia (pelas guelras).Mamferos: excretam uria.A uria solvel em gua, txica para os tecidos em soluo concentrada

    e precisa de muita gua para conserv-la em concentrao baixa, remov-la dostecidos e elimin-la do organismo.

    O cido rico excretado em forma quase slida, com nfima perda degua.

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    Sendo assim, sob as mesmas condies, as aves requerem menos guaque os mamferos e so menos sensveis a sua falta temporria.

    Mamferos com alimentao rica em protena e falta de gua sofremacmulo de produtos txicos no organismo, culminando na morte do animal. Javes, ofdios e insetos sobrevivem muito mais nestas condies.

    Quando h muita protena no intestino grosso, forma-se muita uria, quegera cncer de clon. A ingesto de fibras aumenta a taxa de passagem,reduzindo este risco.

    Em porcos no se pode reduzir o consumo de protenas, pois necessitamde muito nitrognio para crescerem (crescem muito rpido). No se podeadministrar fibras, pois diminuiria a absoro. Por isso se administra aminocidossintticos, mas na proporo necessria (protena ideal). Se administrar emexcesso, leva a hiperamonemia.

    Fatores que modificam a digestibilidade das protenas

    Idade: animais mais velhos precisam de protena mais digestvel (carne,

    principalmente de frango).Obs: raes geritricas so vendidas em valores mais altos, pois usam protenamais cara (protena animal mais digestvel).

    Inibidores da tripsina: soja crua para monogstricos.

    Reao de Maillard: forma ligaes muito fortes entre o aminocido e oacar, o que faz com que as enzimas proteolticas no consigam quebrar aprotena e o animal no consegue absorver os aminocidos. Leva a hipertrofia dopncreas (por excesso de secreo de enzimas) e morte. Quando o farelo desoja est escuro (passou por processo de alta temperatura) porque sofreu

    reao de Maillard.

    MetabolismoCom o processo digestivo da protena, so liberados os aminocidos. Os

    aminocidos absorvidos so levados s clulas onde sofrem ativao enzimtica(associada a energia ATP) e seguem para os ribossomos, onde sero utilizadosna formao de novas protenas de acordo com a necessidade do organismo,ditada pelo cdigo gentico da clula, via RNA transportador.

    Obs: Atravs do cdigo gentico so formadas protenas, ou seja, combinaesde aminocidos. Para formar a seqncia de aminocidos, o DNA separa seusdois filamentos e um deles serve como molde para a formao de um RNA,transcrevendo sua seqncia de bases para este RNA. A este processo d-se onome de transcrio e a este RNA de RNAm (mensageiro). O RNAm segue paraos ribossomos, onde sua seqncia de bases ir levar a informao para aformao dos polipeptdios correspondentes. Suas trincas so chamadas decdons. Para formar o polipeptdio, entra em ao outro RNA, o RNAt(transportador). O RNAt tambm possui uma trinca de nucleotdeos, chamada deanticdon, que se liga ao cdon correspondente no RNAm. Para cada cdon

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    existe um anticdon especfico, e o RNAt transporta o aminocido correto parasua posio na cadeia polipeptdica transcrita pelo RNAm. A este processo d-seo nome de traduo, pois a seqncia de bases foi traduzida para uma seqnciade aminocidos.

    - Excesso de protenaO excesso de protena segue para o ciclo da uria (para ser excretada) oupara o ciclo de Krebs (alguns aminocidos formam intermedirios do ciclo deKrebs, gerando energia).

    Alguns aminocidos so glicognicos, sofrendo gliconeognese no fgado enos rins, para formar glicose (manter a glicemia).

    - Consideraes especiais sobre os gatosOs gatos so carnvoros estritos. As enzimas envolvidas no catabolismo de

    protenas e na gliconeognese nestes animais tm alta atividade (no sofremmudanas em sua atividade, independente de alteraes na dieta do gato). Poresse motivo, ingerindo pouca ou muita protena, estas enzimas continuam ematividade alta, o que faz com que os gatos tenham baixa capacidade de retenode nitrognio.

    Arginina e taurina so aminocidos essenciais para gatos.*Arginina: A arginina formada a partir da ornitina. O gato possui baixa

    atividade das enzimas responsveis pela converso do glutamato e da prolina emornitina na mucosa intestinal. Isso leva a pouca formao de arginina. Estasenzimas so: Prolina-S-carboxilato sintetase e Ornitina aminotransferase.

    Dietas deficientes em arginina geram hiperamonemia, pois sem a argininaocorre deficincia na excreo da uria (ciclo da uria). Para o ciclo da uriafuncionar necessria a arginina, pois sem ela no se forma a arginase, noexcretando uria.

    Os sintomas da hiperamonemia so: vmitos, espasmos musculares,ataxia, hiperestesia (sensibilidade ao toque), podendo levar ao como e a morte.

    *Taurina: A taurina (cido-beta-amino sulfnico) derivada da metionina ecistena (aminocidos sulfurados contm enxofre), ou seja, na verdade no umaminocido e sim um derivado de um.

    A taurina de grande importncia para os felinos:

    componente dos sais biliares: vitaminas lipossolveis (A, D, E, K) esto

    presentes nas gorduras e sem os sais biliares no so absorvidas. Importante para o funcionamento da retina: pode levar a cegueira.

    Funo normal do miocrdio.

    Reproduo.

    Protenas de origem vegetal no so bem digeridas pelos felinos, precisamde protena animal.

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    As enzimas responsveis pela obteno de taurina so: cido cisteinosulfnico e decarboxilase. A decarboxilase tem baixa atividade no gato, por issono conseguem usar com eficincia a protena vegetal.

    Os sintomas de deficincia de taurina so:

    Degenerao da retina: fica para sempre, mesmo que restabelea ataurina na dieta.

    Cardiomiopatia: diminuio da contratilidade do miocrdio (falnciacardaca). Com suplementao a melhora ocorre em 2 a 3 semanas.

    Deficincia na digesto das gorduras.

    Fontes de taurina: carne, frango e peixe cru. Alimentar gatos com raode ces leva a deficincia de taurina.

    Aminocidos sulfurados: tambm so importante para produo defelinina, uma substncia eliminada pelos gatos para marcar territrio.

    Observaes importantes

    Ces e gatos com problemas renais deve-se diminuir a porcentagem deprotena da dieta para no sobrecarregar os rins. Usar protena animal (maisdigestvel).

    Deficincia de protena letargia, baixa resistncia a doenas (diminui aproduo de anticorpos: so formados partir de aminocidos).

    Deficincia de aminocidos essenciais leva :1. Diminuio no crescimento.

    2. Aumento da converso alimentar (quantidade de alimento que o animalprecisa ingerir para formar 1kg de peso) ter que ingerir mais rao para atingir1kg de peso. Esse aumento causado por rao desbalanceada.

    3. Diminuio na produo de leite.4. Empenamento deficiente (frangos).5. Piora o rendimento de carcaa piora na formao de carne (massa

    muscular).

    Regulao hormonal:1. Tiroxina mantm o equilbrio entre o anabolismo (construo) e o

    catabolismo (quebra) protico.2. Insulina inibe a gliconeognese. Sinal de que os nveis de glicose no

    sangue esto elevados.3. Glicocorticides estimulam a desaminao (para usar os esqueletos de

    carbono para formao de glicose) e a gliconeognese.

    Balano nitrogenado: equilbrio entre ingesto e excreo de nitrognio.1. Positivo maior ingesto do que excreo de N.2. Negativo maior excreo do que ingesto de N. Doena gerando

    catabolismo protico.

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    3. Equilibrado mesma quantidade de ingesto e excreo de N.

    Metabolismo de lipdeos

    cidos-graxos essenciais Linoleico (omega 6)

    Linolnico Aracdnico (Omega 3 )

    O Linoleico e o Linolnico so leos encontrados nos vegetais, j oAracdnico encontrado na gordura animal principalmente em peixes.

    Lipdeos: 9,4 Kcal/g (2,25 vezes mais energia) Carboidratos: 4,4 Kcal/g Protena: 5,4 Kcal/g

    Em ruminantes a nica situao que pede administrao de gordura naalimentao no incio da lactao, para evitar que o animal emagrea muito.

    O excesso de carboidratos gera acidose, alm disso, o tero aumentadocomprime o rmen, fazendo com que o animal no consiga se alimentar bem.

    O lipdeo ideal para ruminantes a gordura saturada (sebo de boi), estesebo deve ser derretido e pode ser administrado misturado a rao.

    Quando o ruminante ingere gordura insaturada, esta ser saturada pelasbactrias do rmen, sendo depositada nos tecidos. Isto acontece principalmentecom os ruminantes no-seletivos.

    Os seletivos e os monogstricos depositam nos tecidos a gordurainsaturada.

    As bactrias do rmen saturam a gordura insaturada, porque ela txicapara a bactria. Esse processo, ao da bactria sobre a gordura insaturadatransformando-a em saturada, chama-se biohidrogenao.

    Para monogstricos, o ideal a gordura insaturada (at o leo vegetal, pois hidrogenado).

    Quando a alimentao s possui os cidos Linolnico e Linoleico, o co ealguns outros animais conseguem convert-lo em cido aracdnico.

    O gato no consegue fazer essa converso e por isso tem que ingerir cidoaracdnico.

    Quanto maior o ndice de iodo na gordura, maior o ndice de insaturaodessa gordura.

    CetoseOcorre pela falta de glicose. O animal comea a retirar a gordura dos

    tecidos para obter energia. Essa gordura armazenada em forma de palmitato,que convertido em oxaloacetato. Nessa converso ocorre a liberao deacetilcoenzima-A, que ser utilizada no ciclo de Krebs, o que gera 38 ATPs emcondio de aerobiose.

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    Em condies de anaerobiose s gera 2 ATPs, no rmen (por exemplo).Para cavalos de enduro tambm recomendado dar leo na alimentao

    (trs dias antes da corrida).Em cavalos de curta distncia, como o PSI, no adianta dar gordura, pois o

    animal no aproveita bem.

    O animal com cetose tem: reduo do apetite, porque os corpos cetnicosdiminuem o apetite, ocorrem tremores musculares, dores. O animal cai e exala umcheiro adocicado.

    O animal com cetose deve receber glicose endovenosa. Colocar o animalpara andar (queimar os corpos cetnicos), promover transferncia de sucoruminal, administrar glicocorticides. Voltar a administrar carboidratos na dieta.

    A gordura previne a cetose. Ela tambm ativa as vitaminas lipossolveis (A,D, E, K). A gordura o veculo para que elas sejam absorvidas.

    As vitaminas lipossolveis so estocadas no fgado, mas seu excesso txico.

    Principais funes das gorduras: fornecer energia, precurssoras dasprostaglandinas e das vitaminas lipossolveis.

    Para ruminantes:

    1. Lipdeos X Digestibilidade da parede celular vegetal2. Lipdeos X Produo de metano3. Lipdeos X Desempenho4. Lipdeos X Cetose5. Lipdeos X Ca e Mg

    A gordura envolve as partculas de fibras e diminui a digestibilidade dovegetal.

    Diminui a produo de metano, porque mata os protozorios e as bactriasmetanognicas ficam aderidas a esses protozorios. Aumenta em torno de 5 a 8%o desempenho, e isto est ligado a diminuio da produo de metano. Previne acetose, pois impede que o animal retire gordura do prprio tecido.

    Nutrientes: vitaminas

    IntroduoSo compostos que tm funes especificas no organismo e por isso

    participam de reaes metablicas vitais.

    Classificao Lipossolveis; A, D, E, K. Hidrossolveis: Tiamina, Riboflavina, Niacina, cido pantotnico, Piridoxina,

    cido flico, Cianocobalamina (B12), Colina, Biotina, Inositol, cido ascrbico,Ubioquinona, etc.

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    Fatores que interferem no consumo inadequado de vitaminas1. poca de colheita e condies de armazenamento;2. Processamento do alimento ou rao;3. Reduo do consumo de alimento, restrio alimentar, raes

    com alta energia, temperatura ambiental;4. Fontes de vitaminas e sua variabilidade de anlises;5. Biodisponibilidade das fontes de vitaminas,6. Custo da dieta.

    Fatores que afetam os requerimentos de vitaminas e sua utilizao pelosanimais

    1. Condio fisiolgica do animal,2. Confinamento total;3. Estresse, doenas, condies ambientais adversas,4. Antagonistas de vitaminas

    Tiaminase, piritiamina, peixe, casca de trigo; Dicumarol bloqueia a ao da vitamina KAvidina (ovo) e strepavidina (Streptomyces spp), anti-metablicos de

    biotina; Gorduras rancificadas, inativam a biotina e destroem as vitaminas A, D, E.

    Vitamina AObs: provitaminas so compostos que no organismo so transformados emvitaminas.

    Ex:

    Betacaroteno Folhas verdes;

    Alfacaroteno leos vegetais;

    Criptoxantina milho;

    Licopeno pigmento do tomate

    Transformao das provitaminas A em vitamina A: Ocorre na mucosa

    intestinal pela ao de enzimas especficas: Carotenases.

    Metabolismo da Vitamina A: Influncia no processo metablico de muitas clulas e funo especfica no

    mecanismo da viso; Influi na estabilidade das membranas de mitocndrias;Atua na sntese protica e transporte de eltrons.

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    Avitaminose A: Diminui a concentrao de fosfolipdios colesterolacompanhada de queratinizao das clulas epiteliais (gerando paralisia).

    Funes da Vitamina A:1. Mecanismo da viso: protenas da membrana de clulas receptoras de luz

    Rodopsina (protenas conjugadas a um derivado de vitamina A);2. Proteo do epitlio: Regenerao, desenvolvimento e multiplicao dos

    epitlios.3. Desenvolvimento do sistema nervoso: leses labirnticas, equilbrio,

    marchas e cegueira;4. Reproduo e desenvolvimento embrionrio: Proteo do epitlio

    germinativo do macho e vaginal da fmea (queda na fertilidade, reabsoro defeto, diminuio na postura); Ao no desenvolvimento embrionrio.

    Vitamina D

    Generalidades: Transformao de provitamina D em vitamina D, atravs daao de raios ultravioleta. Quando se tem pouca exposio luz, h necessidadede suplementao de vitamina D.

    No Brasil, 45 minutos de luz solar so suficientes para que haja ativao devitamina D. S encontrada em alimentos de origem animal. Nos vegetais apenasno feno. lipossolvel.

    Metabolismo da Vitamina D: absorvida no aparelho digestivo emassociao com gorduras (lipossolvel). A vitamina D essencial para absoro

    de clcio.

    Sintomas carenciais de vitamina D:* Desequilbrio de clcio e ao fsforo (leva a desmineralizao dos ossos).

    Esse desequilbrio gera os demais problemas:

    Animais jovens: raquitismoAnimais adultos: osteomalcia Estado geral: diminuio do apetite e do crescimento. Sistema nervoso: aumento da irritabilidade, espasmos musculares, pode

    levar tetania dos leites (muito comum). Sistema sseo: aumento da fragilidade ssea (marcha dolorida). Sistema reprodutor: queda na postura, diminuio da eclodibilidade, m

    formao de fetos (principalmente em bovinos e ovinos).

    Obs: O manejo de animais de produo semi-confinados deve respeitar o horriode pico solar, no soltando os animais entre 11h e 15h (devendo ficar

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    estabulados). Pela manh, s soltar os animais aps as 8:30h (ou seja, aps aorvalhada), pois as gotculas de orvalho so os principais carreadores deverminoses (larvas).

    Vitamina E

    Generalidades: encontra-se em pequenas quantidades em trs principaisfontes: plantas (forrageiras), sementes, gorduras corporais. Mais importante aalfa tocoferol.

    Funes fisiolgicas e metabolismo: As funes fisiolgicas estorelacionadas com metabolismo de outros nutrientes.

    Antioxidante biolgico de menbranas e citoplasma; Proteo da vitamina A evitando que esta seja oxidada; Trocas de permeabilidade capilar;

    Respirao de tecidos (feita pelas mitocndrias);A deficincia de vitamina E pode levar encfalomalcia (ataxia

    resultante de hemorragia e edema de cerebelo).

    Sintomas carenciais de vitamina E: Transtornos ao crescimento; Encefalomalcia em aves; Degenerao da musculatura cardaca, com parada cardaca (sunos,

    cordeiros, coelhos); Distrofia muscular em pintos;

    Degenerao de mucosas da moela;Aumento da predisposio da oxidao da gordura corporal em gatos

    (lipidose heptica, encefalopatia txica, hepatopatias); Degenerao testicular, diminuio da ecloso de ovos; Diminuio da fertilidade e morte de fetos;Aumento da taxa de hemliseOs animais de produo possuem basicamente as plantas como fonte de

    vitamina E.

    Vitamina KGrupo de substncias com efeitos anti-hemorrgicos (quinonas). Em doses

    excessivas pode levar ao aumento de eritrcitos, albuminria, vmitos.

    Absorvida em associao com as gorduras da dieta.

    Funes metablicas: Indispensvel para manuteno do mecanismo decoagulao do sangue.

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    Carncia de vitamina K: Numerosas hemorragias em diferentes rgos, crebro, cavidade

    abdominal, vias urinrias, etc.Aumento de coagulao sangnea.

    Alimentao animal

    Concentrados ProticosSoja Glycine Max: mais de 7000 variedades. Entre as sementes de

    oleaginosas so as mais utilizadas na alimentao.

    38 39 % de protena, Pouca fibra aproximadamente 7%;

    Teor de lipdeos classificam-se acima do milho em energia; Pobre em clcio e fsforo;Alto valor protico, associado a excelente equilbrio de aminocidos.

    Semente de soja