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1,00 R$ CAP A

O berro número 10

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Page 1: O berro número 10

1,00R$

CAPA

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Alexandre

Para nos acompanhar e pedir númerosanteriores:

Preço do zine 1,00 + despesas postais(1zine: acrescentar 1,00 ao valor do zine)A partir de 2 zines: acrescentar apenas 1,50(ao valor total) Ex: 10 fanzines = 10,00 +despesa postais (1,50) = 11,50Dados da conta: Winter Bastos - BancoItaú - ag:6002 conta: 30592-5Aí é só mandara cópia do comprovante para a cx postal:100050, Niterói,RJ, 24020971e receberá osexemplares solicitados.Além de poderacompanhar o trabalho,você irá apoiar aimprensa alternativa/independente.

INDIFERENÇAMais uma cena rotineira dacidade grande

Pag.1 AGOSTO/2009 O BERRO

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Edição e ilustrações:Alexandre MendesFabio da Silva Barbosatextos:Fabio daSilva BarbosaWinter Bastos Tânia Roxoparticipação especial: MuriloucoObrigado a todo contingente insatisfei-to com a realidade contemporânea.Consciência se transformando em arma.

Liberdade, talvez seja o maior ideal para um indivíduo. Existem diversos tiposde liberdade. A preocupação (ou diria despreocupação?) dos membros do fanzine OBerro é praticar o exercício da liberdade dentro do universo das práticas sociais. As

sociedades, as nações e o mundo, onde há aglomeração de seres humanos, há a práticada coerção indireta ou psicológica. As pessoas respeitam parâmetros que obedecem do

nascer ao morrer. Não conseguem desenvolver um pensamento que contribua com amelhora do planeta. Nossa intenção é fomentar um pensamento crítico no mundo,

porque sem a conscientização das massas, nada mudará. O mundo será eternamentegovernado por uma minoria hipócrita, o que faz com que crianças de dez anos trabalhem

até dez horas por dia, em alguns lugares do globo (por vezes a troco de nada). Leia ozine e dê sua opinião em qualquer um dos temas. Entre em contato com a gente.

[email protected]@[email protected]@[email protected]

EDITORIAL

As flores não florescerão maisE o sol nunca mais vai nascerO fim parece ser muito triste

O mundo vai desaparecer

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CARTOON

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AGOSTO/2009 O BERRO Pag9 - BIOGRAFIA /POESIA

clandestinos e contra o alto custo devida. Criaram fundos de greve, prestandoajuda aos que perdiam o emprego. Emjulho de 1978, a oposição concorre aseleições com Santo para vice.

No mesmo ano, perde o empregona Metal Leve (estratégia dos situacio-nistas a fim de impedir sua candidatura).Consegue às pressas um emprego na AlfaBrás. As eleições acontecem, mas a chapasituacionista vence, por meio de fraude:“...via-se claramente que a urna e osvotos tinham sido trocados. Uma pessoasó fez o x nas cédulas.” Tentaram trêsmandados de segurança contra a posseirregular e perderam. Santo Dias édemitido em 1979. A repressão seintensifica e Santo assume o comandodas greves. Decidiu ajudar em umpiquete em frente da Fábrica Sylvania,em 30 de outubro de 1979. Com a prisãode um dos grevistas, Santo pediu que osoltassem, o que foi negado.Conformado, deu às costas para a polícia.O policial militar Herculano Leonel, semmotivo aparente, apontou sua arma paraSanto Dias e deu um tiro nas costas. Ossoldados jogaram seu corpo nocamburão e levaram para o Pronto-Socorro, já sem vida. Parentes e amigoscorreram para lá, afim de evitar que ocadáver sumisse. O enterro foiconcorrido, com discursos, inclusive odo sindicalista Lula.Todos os anos, nodia 30 de outubro, às 14h (horário de suamorte), escrevem de vermelho em frenteda Fábrica Sylvania: “Em 30 de outubrode 1979, aqui foi assassinado pela PM ooperário Santo Dias da Silva,defendendo os direitos da classetrabalhadora”. Depois caminham até seutúmulo, onde prestam homenagens.Santo Dias era um homem inconformadocom as mazelas do sistema e não sedeixou dobrar. Só mais um brasileiro,desses que fazem falta hoje em dia...

Hoje em dia, são poucas pessoas que buscamreproduzir seus pensamentos em palavras quese eternizam nas sólidas folhas de papel eblogs da internet. O pequeno livreto, intitulado“Palavra e Imagem”, de Eduardo Marinho,sintetiza poesia, realidade social e naturezahumana. O lema “sensibilizar, esclarecer,conscientizar”, na contracapa, resume a obra.Os desenhos são objetivos, no que se refereaos assuntos tratados. Uma das poesias deque mais gostei vem a seguir.

A entrada e a saída Por Eduardo Marinho

O contrário de morte não é vida;

a morte dura apenas o momento

de passar pela porta de saída.

A vida é o intervalo, a temporada

que começa ali na porta de entrada

e atende pelo nome nascimento.

Contrário mais exato é nascimento,

um espaço no tempo é o que é vida,

o momento integrado ao movimento.

Aprender, ensinar, plantar, colher

passar por se alegrar e sofrer

enquanto se aproxima da partida.

Irrealidades da nossa realidade,

apoiadas na cultura do consumo

possuir, ostentar, desfrutar facilidade;

e pouco de verdade se alcançar, enfim,

como se bastasse se viver assim,

possuir o mundo e seguir sem rumo.

PPPPPALAALAALAALAALAVRA E AÇÃOVRA E AÇÃOVRA E AÇÃOVRA E AÇÃOVRA E AÇÃOPor Alexandre Mendes

Agradecimentos: Helena Cristina

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Pag.2AGOSTO/2009O BERRO - POESIA/CONTO

Começaremos esta edição com a participa-ção de Murilo (vulgo Murilouco), poetapsicodélico e amigo de longa data.

Após tudo aquilo que queria sereterno, somente ficou como desejavaque a vida estivesse.É assim!Aquele momento está agora entretantos.

Sem título Por Murilo

Coadjuvantes fossilizados. Futurasestrelas do passado, jamais antes doapagado, cruzado fogo armado.Ciclo de Genesis degeladas, escorridas emisturadas.Ainda pode-se sentir.

O tremor da porta é muito real.O esconderijo é a melhor fuga.Passageiro do exílio quase perpétuo deintrigas não pertinentes, ao espelhoperdido pela fumaça do pensamento.E após tudo aquilo que parecia ser,Tenho aqui a errata dessa certeza.Enfim chegouO fim

1701Por Fabio da Silva Barbosa

Acordei ainda inebriada pela manhãde prazer com Morgana. Morgana... Era assimque gostava de ser chamada. Minhamachinha. Passei as mãos pelo seu corpo nu.Tomei banho e me arrumei. Tinha clientemarcado cinco da tarde. Queria sair antes queela acordasse. Se me visse indo, poderiaestragar tudo com suas crises de ciúme. Sabiaque meus clientes tinham algo com que nãopoderia competir. Isso a deixava louca. Mas,ela se esquecia do mais importante. Eramapenas clientes. Depositei o dinheiro dacerveja em baixo do cinzeiro que transbordavade bingas e saí.

Ao abrir a porta, o senhor que moraem frente abriu a janelinha.

- Boa tarde, princesa!Coitado. Deve passar o dia esperando

eu abrir a porta para olhar pela janelinha comaquela cara de tarado e me saudar com suasfrases feitas. Balancei a cabeça com umsorriso cínico e prossegui. O elevador aindaestava com defeito. A proprietária deveriaabater isto no aluguel. Um dos argumentosusados para cobrar esse absurdo por mês,foi o fato do prédio ter elevador. Ratos ebaratas disputavam os cantos. O porteiro estásempre dormindo, bêbado.

- Como é Seu Oligário? Assim vai cairda cadeira.

Ele abriu os olhos assustado.- Oi Dona Clarice... Bom dia...- Boa tarde!Respondi com o mesmo sorriso que

havia usado para cumprimentar meu vizinho.Era uma forma de agradar. Sabia que elesgostavam quando usava esse artifício.Descendo os degraus que desembocavam narua, ainda pude ouvir seu suspiro.

- Gostosa !!!

rebococaido.blogspot.comREBOCO CAÍDO

O BLOG QUE FAZ A DIFERENÇA

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O BERROAGOSTO/2009 Pag.3 - CONTO

Foto cedida pel

Deve ter voltado a cochilar logoque dobrei a esquina. Veio um táxi. Fiz logosinal. O motorista parou. Entrei séria. Disseo endereço acompanhado de um discretosorriso. Cínico, como todos os outros.Desci no restaurante combinado. O clientejá estava me esperando na varanda,tomando sua tequila com limão epetiscando algo que daquela distânciapareciam azeitonas. Assim que cheguei,me elogiou, como sempre. Esqueci deconferir se eram mesmo azeitonas nopratinho. Conversamos sobre bana-lidades. Ele era jovem, bonito e tinhadinheiro. Nunca entendi porque precisavade meus serviços. Qualquer mulherpoderia aprender a manusear os consolosde que tanto gostava, sem maioressacrifícios. Pedi suco de laranja. Dentrode meia hora estávamos no motel.

Eram por volta das vinte e umaquando pedi que me deixasse na boate.Foi uma noite movimentada. Morganaapareceu perto da hora de fechar. Osegurança criou problema por ter ordensde não deixá-la entrar. Na última vez abriuum gringo a facadas e deu a maior merda.Conversei com ela, mas não adiantou.Deve ter bebido a tarde toda. Saiu meamaldiçoando e disse que quandovoltasse conversaríamos. Suspirando,entrei. Ela sabia que ficaríamos na pior searranjasse um desses empregos de saláriomínimo. Atendi mais dois clientes e fui parao banho. Algumas meninas dormiam porlá, mas se não fosse para casa, ia terproblemas.

O táxi que havia pedido já estavaesperando. O motorista tentou puxarassunto, mas eu não estava para muitopapo. Só pensava em Morgana e nachateação que iria ter quando chegasseem casa. Estava torcendo para que elaestivesse na rua. Pelo menos chegariabêbada, em vez de me alugar com suas

crises de ciúmes. Às vezes penso que seriamelhor morar sozinha. Ou então voltar paraminha terra. A família ficaria feliz em me vervoltar. Mas agora não dava para isso. Tinhade juntar mais dinheiro. Estava pensando emcomprar um carro. Mas carro era perigoso. Oúltimo que tive Morgana estraçalhou contrao poste. Quase perdi aquela danada. Se pelomenos tivesse juízo naquela cabeça... Paraque beber assim? Mas também, se não beber,fica pior. Ninguém aguenta. Ô coisinha brabaque fui arrumar.

Quando nos conhecemos, se vestiade cigana e botava cartas. Fui por indicaçãode uma amiga e realmente encontrei meudestino. A própria cartomante. Aquelesbrincos enormes... Ficava linda com aqueleslenços. O nome havia tirado não sabia bemde onde. Disse que lembrava ter ouvido emalgum lugar. Coisas daquela cabeça maluca.

O porteiro estava dormindo. Passei emsilêncio. Não estava para sorrisos cínicos.Abri a porta do apartamento. O vizinho dafrente também estava dormindo àquela hora.Tomara que Morgana não resolva acordartodos os sonolentos com suas gritarias. Acasa estava escura. Ouvi o barulho dochuveiro. Fui para o quarto. Estava tudorevirado. Uma bagunça só.

Deitei e fiquei esperando. Fechei osolhos para, no último caso, fingir que dormia.Ela não veio. Muito tempo se passou. Talvezmais de uma hora. Levantei devagar. O queestaria tramando? Às vezes me assustavacom seu lado sombrio. Nunca sabia o queesperar. Bem devagar, fui até a porta dobanheiro. Estava entreaberta. Empurrei comcautela. Qual loucura desta vez?

- Morgana?Ninguém respondia. Dei uma espiada.

Não poderia ser. A silhueta, que vi atravésdas paredes plásticas do box, registrava algoterrível. Disparei pelo cômodo, abrindo aporta que me separava do meu amor. O corpoestava caído. Sem vida. Parecia uma

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O BERRO - BIOGRAFIA AGOSTO/2009 Pag. 8

SANTO DIAS, UM BRASILEIROPor Alexandre Mendes

Santo Dias da Silva, operáriopaulista, foi um dos grandes exemplos naluta pelos direitos dos metalúrgicos durantea ditadura militar. Nascido em Terra Roxa,no interior de São Paulo, em 22 de fevereirode 1942, trabalhava na roça de café com seupai e irmãos, como meeiro. A partir de 1960,Santo e outros trabalhadores da FazendaGuanabara mobilizaram-se contra a formade participação nos lucros da colheita(obtinham o alimento no armazém dopatrão, e recebiam muito pouco após osdescontos). O dono da fazenda dispensousua família e as demais que participaram domovimento.

Mudou-se para Viradouro e passoua trabalhar com sua família como bóia-fria.Tentou lutar por condições melhores nonovo ofício e foi novamente dispensado.Em outubro de 1962, deixou sua família e foitentar a sorte na capital. Conseguiu umemprego de ajudante geral na Metal Leve,empresa de componentes metalúrgicos.Participou de sua primeira greve poraumento salarial e instituição do 13º. Aqueleambiente politizado (metalúrgicos) mudouseu destino... Casou-se em 1965, ano em

que nasceu seu primeiro filho. Em 1967,participou da formação da OposiçãoSindical, que consistia na idéia de umcomando gerado dentro de cada fábrica. Omovimento contava com a participação decatólicos, marxistas e operários independen-tes. Ainda nesse ano, nasce sua filha.

A sucessão de greves e passeatasocorridas no ano de 1968 resultaram noendurecimento da ditadura e a instituçãodo AI-5. A Oposição Sindical lança a chapaverde, concorrendo as eleições dosindicato, mas perde, devido às propostaspopulistas da chapa situacionista. Asgreves se alastram por São Paulo e MinasGerais e a polícia recrudesce a repressão.Santo Dias, além de estar envolvido com aoposição do Sindicato dos Metalúrgicos,torna-se líder comunitário onde residiu naépoca (Jardim Margarida). A esposa dele,Ana Maria do Carmo Dias, lembra: “Nessaépoca, a repressão era tanta que a gente iacomprar pão na padaria juntos, eu e o Santo,com medo de ser presos se fôssemossozinhos”.

Em 1972, Santo foi trabalhar naBurndy do Brasil, onde organizou acomissão de fábrica, mas foi demitido. AOposição Sindical Metalúrgica criou ogrupo chamado Interfábricas. Santo Diasteve uma significativa participação noprojeto. Passava madrugadas panfletandoem portas de fábricas com a esposa eajudava os moradores da sua comunidade.Em 1973, as greves se intensificam. Santovolta a trabalhar na Metal Leve. A oposiçãoé atingida pela prisão de cinquentamilitantes em 1975, anulando a possibilidadede concorrer as eleições do ano. Entretanto,sob o lema “Trabalhar dentro da fábrica”,promoveram ações nas comunidades, coma reivindicação de escolas, creches, água,luz, regularização dos loteamentos

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JUNHO/2009 O BERRO Pag7 - POESIA

DIA DE FÚRIA Por Alexandre Mendes

Hoje eu despertei para a realidade das regras

O mundo me cobra uma postura: Viva sob regras, pois essas fazem o mundo girar

Vocês não me enganam mais!

Vou colocar em xeque toda minha credibilidade

meu trabalho, minha família

não importa: Quero dizer o que sinto.

Acho que ganho muito pouco; um salário na proporção da minha liberdade

Hoje consigo compreender porque alguns ignoram as regras e matam, tomados pelafúria

As regras me sufocam, não consigo respirar

Falta oxigênio, não consigo respirar

Quero minha liberdade; aquela que as regras me roubaram

Quero sentir prazer em viver, bem mais que cinco minutos por dia

fazer o que eu quero, não o que me é imposto. Chega desse fantochismo barato.

QUEM FAZ AS REGRAS NÃO SEGUE REGRAS

quero exercer o meu direito de xingar: Merda, Porra e Puta que o Pariu

Quero andar pelado pelas ruas do Centro ao meio dia

Maldito mundo sob regras...

As pessoas estão satisfeitas

Auxílio doença e auxílio desemprego

As pessoas estão satisfeitas

Copa do Mundo e Carnaval

Maldito mundo sob regras

me levando à destruição

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O BERRO - CONTO/OPINIÃO JUNHO/2009 Pag.4

marionete esquecida por seu dono. Abarriguinha, inchada pelo álcool, tapavaparte de sua xota cabeluda. Abracei-a emprantos sem saber o que fazer. Era o terrorjamais sentido. A água nos molhava,enquanto pedia para que se levantasse. Sódepois observei o sangue tingindo o chãodo banheiro. Ainda não tinha merecuperado quando os policiais chegaram.Não saberia dizer quanto tempo passou, oucomo souberam que precisávamos de ajuda.Agora, estou aqui. Tomando banho de solno pátio. Nunca saberei o que se passouem nosso apartamento. O número 1701 deum prédio, no centro da cidade. Fui à únicasuspeita. Seu Oligário não havia vistoninguém entrar ou sair do prédio. Osvizinhos disseram que brigávamos muito,por isso não estranharam aquela gritaria.Uma coisa é certa e só eu sei. Eu não estavalá.

A endemonizaçãodo erro

Por Fabio da Silva Barbosa

Quando ouvi falar disso pela primeira vez, não

consegui entender tão bem quanto agora. O erro,

que deveria ser apenas o início do acerto, vem se

transformado em um demônio assustador,

chegando ao ponto de impedir as pessoas de

tentar. A maioria acaba por preferir não fazer

nada a fazer algo e correr o risco de errar. Os

erros, medalhas no peito dos que não querem

apenas assistir outros produzirem, são usados

pelo senso comum como uma metralhadora de

desprezo e humilhação. Existem pessoas

especialistas nisto. Procuram falhas e

imperfeições em tudo que apareça. Como

ninguém, ou nada, é perfeito, acabam achando.

E um pequeno erro se transforma em algo mais

importante que toda uma belíssima obra.

Um exemplo da falta de complexo em relação ao

erro são as “reticências” na legenda que sobe na

série de cinema Star Wars. Em vez de se

retratarem da falha do primeiro filme, colocaram

os quatro pontos - que aparecem no final do

texto - em todos os filmes da série. Virou marca

registrada.

A endemonização do erro nos leva apenas ao co-

modismo e nos causa um pânico paralisante.

Temos de entender que o erro faz parte de nosso

ser. Somente negando nossa essência e nos

negando a aprender, deixamos de errar. O

presidente norte-americano Roosevelt dizia: “O

único homem que não erra e aquele que nunca

faz nada”. Embora esse homem não tenha sido

dos melhores, podemos destacar tal frase como

seu melhor momento.

Não tenha medo de errar. Erre! Tente! Faça!.

Na internet:www.vozesdaresistencia.blogspot.com

www.defesadaaldeiaimbuhy.blogspot.com

www.msgibson-eg.blogspot.com

www.fragmentosdoinfinito.blogspot.com

www./monotelha.blogspot.com

Page 10: O berro número 10

Pag.5 - ENTREVISTA AGOSTO/2009 O B E R R O

Nascido em Alagoas, Maceió, em 1940,Carlos Diegues (Cacá Diegues) veio para oRio de Janeiro aos 6 anos. Fez direito naPUC, onde foi Presidente do DiretórioEstudantil, fundou um cineclube e começousuas atividades como cineasta. Ainda comoestudante, dirigiu o jornal da UME (UniãoMetropolitana de Estudantes) e juntou-seao CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE(União Nacional dos Estudantes). Fundouo movimento Cinema Novo, junto comGlauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo CesarSaraceni, Joaquim Pedro de Andrade entreoutros. Participou da resistência intelectuale política à ditadura militar.

Como surgiu o interesse por cinema ecomo este se tornou um caminho a seguir,já que na época não havia escolas de cinemano Brasil e a tecnologia para tais produ-ções era praticamente nenhuma?Sempre fui um cinéfilo, um fã que aprendeutudo que sabe através dos filmes que viu.Quando decidi que queria fazer filmes,estudei, vi todos os filmes que precisava efiz alguns curtas-metragens, até realizar meuprimeiro filme, aos 23 anos de idade.

De todos os filmes que você dirigiu, qualmerece destaque e por quê?O preferido é sempre o próximo, aquele queainda não foi feito e no qual depositamostoda a nossa fé.

O que diferencia o cinema brasileiro docinema do resto do mundo?Não sei. Talvez aquilo que diferencia oBrasil do resto do mundo. Mas o que é esseelemento diferenciador? É dificil explicaruma cultura e suas singularidades.

Cinema e reflexãoPor Fabio da Silva Barbosa E o cinema de Cacá Diegues? O que o faz

ser considerado um dos cineastas maispopulares do Brasil?Em primeiro lugar o amor ao cinema. E depois,o meu desejo de ser útil aos outros, sendosincero comigo mesmo.

Quais as principais dificuldadesencontradas pelo nosso cinema?Como sempre, e como na maioria dasatividades culturais praticadas no Brasil,recursos para fazer o que queremos. Cinemaé uma coisa cara e, num país como o nosso,parece quase um luxo querer fazê-lo.

Como você já teve experiência em exibirfilmes no exterior, fale um pouco sobre areceptividade do público estrangeiro emrelação a nossas produções.Sempre que você faz qualquer coisa nova einédita, provoca o interesse. Da Sibéria aoEquador. Mas se você repete canhes-tramente aquilo que os outros já fizeram,provoca desinteresse e desprezo.

Qual a principal herança do Cinema Novoencontrada no cinema atual?O desejo de ter uma personalidade própria,e de descobrir o Brasil através do cinema.

Para finalizar, vamos tirar um pouco o focodo cinema. Algumas vezes encontramospessoas dizendo que a vida era melhor naépoca da ditadura. Como você, que militoucontra toda aquela violência, analisa essetipo de opinião?Quem diz isso não viveu aquele tempo ouentão era um aliado da ditadura. Nãopodemos deixar que aquilo volte a acontecerem nosso país, a ditadura foi uma noitemuito escura que não pode cair novamentesobre nós.

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Pag.6O B E R R O - HISTÓRIA

Para quem não sabe, o MovimentoAnarquista retomou a sua força no Riode Janeiro nos anos 80, após a ditaduramilitar. Em 1985, foi promovido um cursosobre Anarquismo pela UNIVERTA(Universidade Aberta), na UFRJ. A partirdesse evento, alguns participantesresolveram estruturar um espaçopermanente para discutir as idéiaslibertárias. O interesse despertado naépoca ocasionou a criação do “Círculode Estudos Libertários” que reuniadezenas de pessoas semanalmente nocampus daquela universidade. Seis anosdepois, em 1991, o grupo passou tambéma publicar o informativo mensal batizado“Libera” que circulava principalmenteentre interessados em estudar oMovimento Anarquista no Brasil e nomundo. Após o falecimento de um dosfundadores, o espaço de debates mudoude nome, passando a ser chamado“Círculo de Estudos Libertários IdealPeres” (CELIP), em 1995.

Cada vez mais atuantes dentro demovimentos sociais, os militantesanarquistas viram a necessidade defundar uma organização específica paralutar de maneira mais objetiva, colocandoem prática desde então o ideal. Isso,sem perder de vista os objetivos finais:

Uma breve e recente história do

Anarquismo no Rio de JaneiroPor Winter Bastos e Tânia Roxo eliminar a exploração e a dominação

do homem pelo homem, bem comoconstruir uma sociedade igualitária(sem governantes e governados). Foiassim que nasceu a FARJ (FederaçãoAnarquista do Rio de Janeiro) em 30de agosto de 2003, no bairro de VilaIsabel, zona norte da cidade.O“Libera” circula até hoje tendo setornado o veículo de comunicação daFARJ, com tiragem de 3 milexemplares nas 4 páginas, em formatotablóide.O CELIP se mantém agoracomo parte das atividades promovidaspela federação. Além disso, a entidadepossui a Biblioteca Social Fábio Luzque disponibiliza mais de 700 livros emseu acervo e centenas de periódicoslibertários (jornais, revistas e boletins)de diversos países.

Para quem quiser conhecer abiblioteca da FARJ, basta ir até oCENTRO DE CULTURASOCIAL (R. Torres Homem, 790– Vila Isabel – Rio de Janeiro),entre 9h e 17h, aos sábados.

O site da FARJ é:

www.farj.org

AGOSTO/2009

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