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ANO II - N O 7 - dez/2011 - R$3 lcligacomunista.blogspot.com - [email protected] Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil Orgão de propaganda da Liga Comunista GREVE NA USP DOCUMENTOS: Que o Comando de Greve Comande a Greve! Solidariedade de classe Vs Peleguismo “Acabou o amor, isso aqui vai virar o inferno!” Saudações internacionalistas da TMB e da FUL Polêmica sobre os eixos centrais de nossa greve Comitê Antiimperialista: Frente Única e Frente Popular 2 GRÃ BRETANHA Derrotar Cameron na guerra de classes dentro e fora de casa! III CONGRESSO NACIONAL DO PSOL APROVA ALIANÇAS COM PCdoB, PV, PTB E MARINA A um passo da conversão de partido pequeno burguês em partido burguês 191 ANOS DO NASCIMENTO DE ENGELS O Bolchevique Em defesa das tradições operárias e comunistas contra a moda reacionária e individualista burguesa dentro dos movimentos ‘indignados’ da juventude hoje

O bolchevique # 7

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O Bolchevique No7 - Dezembro de 2011 1

ANO II - NO7 - dez/2011 - R$3

lcligacomunista.blogspot.com - [email protected]

Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil

Orgão de propaganda da Liga Comunista

GREVE NA USPDOCUMENTOS:

Que o Comando de Greve Comande a Greve!Solidariedade de classe Vs Peleguismo“Acabou o amor, isso aqui vai virar o inferno!”Saudações internacionalistas da TMB e da FULPolêmica sobre os eixos centrais de nossa greveComitê Antiimperialista: Frente Única e Frente Popular 2

GRÃ BRETANHADerrotar Cameron na guerra de classes dentro e fora de casa!

III CONGRESSO NACIONAL DO PSOLAPROVA ALIANÇAS COM PCdoB, PV, PTB E MARINA

A um passo da conversão de partido pequeno burguês em partido burguês

191 ANOS DONASCIMENTO DE ENGELS

O Bolchevique

Em defesa das tradiçõesoperárias e comunistas contra a moda reacionária e individualista burguesa dentro dos movimentos ‘indignados’ da juventude hoje

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191 ANOS DO NASCIMENTO DE ENGELS

Em defesa das tradições operárias democráticase comunistas contra a atual moda reacionária eindividualista burguesa dentro dos movimentos

‘indignados’ da juventude hoje

No dia 28 de novembro completaram-se 191 anos do nascimento de um dos maiores gigantes do pensamento e da ação revolucionária que a humanidade e a luta de classes já produziu, Frederico Engels.

Em conjunto com Marx,

“Engels foi o mais notável sábio e mestre do proletariado contemporâneo em todo o mundo civilizado. Desde o dia em que o destino juntou Karl Marx e Friedrich Engels, a obra a que os dois amigos consagraram toda a sua vida converteu-se numa obra comum... Marx e Engels foram os primeiros a demonstrar que a classe operária e as suas rei-vindicações são um produto necessário do regime econô-mico atual que, juntamente com a burguesia, cria e orga-niza inevitavelmente o proletariado; demonstraram que não são as tentativas bem intencionadas dos homens de coração generoso que libertarão a humanidade dos males que hoje a esmagam, mas a luta de classe do proletariado organizado. Marx e Engels foram os primeiros a explicar, nas suas obras científicas, que o socialismo não é uma invenção de sonhadores, mas o objetivo final e o resulta-do necessário do desenvolvimento das forças produtivas da sociedade atual... Ensinaram a conhecer-se e a tomar consciência de si mesma, substituíram os sonhos pela ciência... Ensinaram que toda a história escrita até os nos-sos dias é a história da luta de classes, a sucessão no do-mínio e nas vitórias de umas classes sociais sobre outras. E este estado de coisas continuará enquanto não tiverem desaparecido as bases da luta de classes e do domínio de classe: a propriedade privada e a produção social anárqui-ca”. (Friedrich Engels, V. I. Lénine, 1895).

Marx e Engels defendiam que os comunistas, sem deixar de lutar pelos objetivos imediatos e pelos interesses presentes da classe operária, repre-sentavam e defendiam o futuro do movimento. E para isto, destacava En-gels, era preciso conhecer o proletariado: “A situação da classe operária é a base real e o ponto de partida de todos os movimentos sociais de nosso tempo porque ela é, simultaneamente, a expressão máxima e a mais visível manifestação de nossa miséria social... O conhecimento das condições de vida do proletariado é imprescindível para, de um lado, fundamentar com solidez as teorias socialistas e, de outro, embasar os juízos sobre sua legiti-midade e, enfim, para liquidar com todos os sonhos e fantasias pró e contra.” (A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, Frederich Engels, 1845).

Hoje, quando vemos importantes movimentos hegemonizados pela juventude desde o Cairo a Londres, de Atenas a Wall Street, que, por re-pugnar legitimamente a política canalha dos partidos oportunistas (social democratas e stalinistas) e centristas (pseudo-trotskistas), descambam para concepções que nem sequer podem-se qualificar com o radicalismo liberal próprio do anarquismo, sendo mais uma espécie de neo-autonomismo des-politizado. Embora saibamos que não se trata de um agrupamento homogê-neo, que os manifestantes da Praça Tahir e o Ocuppy Wall Street diferem dos “indignados” espanhóis os quais, por sua vez, pouco têm em comum com a juventude que sacudiu as ruas de Londres e que entre si também é muito heterogênea, tratamos de destacar alguns traços comuns ou que se sobressaem entre os demais. Dentre estes princípios essenciais estão o consensualismo na tomada de decisões (contra o método da democracia operária de decisão por maioria) o anti-partidarismo e a não-violência. Há mais de um século os marxistas combatem o pacifismo e o anti-partidarismo, como ideologias burguesas que levam a luta de classes dos trabalhadores à impotência, mas pouco se falou do consensualismo, e por isto trataremos mais especificamente de realizar a crítica desta concepção.

O REACIONÁRIO FETICHE DAS DECISÕES CONSENSUAIS

De perto, os anti-autoritários, pacifistas e horizontalistas repudiam mais as melhores tradições de organização que levaram o proletariado à vitória no passado do que a ordem burguesa. É uma esterilizante aversão plantada nas novas gerações contra a edificação de uma autoridade revolucionária

que se sobressaia nas lutas das massas, se coloque a altura das tarefas históricas e conduza os conflitos sociais em direção à emancipação do pro-letariado. Trata-se de um antídodo inoculado pela ideologia da reação demo-crática burguesa que trava o desenvolvimento da consciência da juventude desviando toda sua rebeldia para a impotência política contrária a consti-tuição do partido revolucionário e a tomada violenta do poder pelas massas. Basta ver a questão do bezerro sagrado do “consenso”.

Em termos práticos, a experiência nos mostra que quando grupos maio-res tentam tomar decisões por consenso, normalmente são obrigados a che-gar ao menor denominador comum intelectual em suas decisões: o mínimo de controversas ou até mesmo a decisão mais medíocre que um conjunto considerável de pessoas pode atingir acaba sendo adotada - precisamente porque todos devem concordar com tal resolução ou então se abster de votar tal questão. Mais grave ainda é que este método permite um autorita-rismo insidioso e uma manipulação grosseira - mesmo quando utilizado em nome da autonomia ou liberdade.

Este consenso acaba por silenciar aspectos vitais do dissenso, do diá-logo apaixonado e da dissidência. Quando se decide por maioria, a minoria derrotada pode resolver reverter uma decisão desastrosa para o coletivo através da articulação persistente e abertamente da discordância com fun-damentos potencialmente persuasivos. O consenso, por sua vez, tenciona a minoria para silenciá-la em favor de um “metafísico consenso” do grupo. Su-prime-se assim, o criativo papel de dissidência valiosa como um fenômeno democrático que desaparece na uniformidade cinzenta exigida pelo consen-so. Qualquer organismo de idéias libertárias que visa dissolver a hierarquia, as classes, a dominação e a exploração, acaba sendo refém da ditadura do menor denominador comum contra a vanguarda mais consciente da luta ou é submetido a coação de uma minoria que bloqueia a tomada de decisões pela maioria de um coletivo. Por outro lado, pode-se criar uma ditadura de uma minoria para sabotar qualquer decisão de uma coletividade, suprimir a dialética da luta de idéias que se desenvolve no confronto da oposição e situação, conduzindo o movimento para um cemitério ideológico.

Esta metodologia é totalmente antidemocrática, pois ela não permi-te decisões por maiorias simples. É tudo baseado em direitos individuais burgueses em oposição aos métodos de luta coletivos dos trabalhadores e, sobretudo, a luta por impor seus interesses históricos através da ditadura do proletariado por meio de um partido do tipo bolchevique hierarquicamente centralizado. Estes métodos e interesses de classe revolucionários são mais odiados por estes movimentos “indignados” do que os próprios capitalistas.

Esta metodologia acaba por tornar qualquer movimen-to, por mais “indignado” que seja, refém das tendências burguesas e pequeno burguesas da juventude e impede tais movimentos de se combinar com a luta da classe tra-balhadora. Afinal, como passar dias e semana acampando no meio das praças e ao mesmo tempo organizar a luta por local de trabalho pelo controle da produção e atacar o capital no seu ponto nevrálgico, o bolso? Esta moda individualista se contrapõe a organização do proletariado como militante de um partido do tipo bolchevique e de uma internacional democraticamente centralizada, os únicos instrumentos que podem reverter a correlação de forças hoje em favor da reação imperialista.

Quanta falta faz Engels às lutas das novas gerações! Uma ausência fatal para uma juventude mal formada pela reação ideológica contra-revo-lucionária e anti-comunista, nascida após o fim da URSS sob um imenso bombardeio das concepções mais reacionárias, individualistas e desagre-gadoras da barbárie capitalista, incrementadas por traições históricas das direções tradicionais do movimento de massas. Para refrescar a memória da luta contra as influências individualistas pequenos burguesas reproduzimos na página 13 um dos mais importantes textos do marxismo revolucionário já escritos sobre o tema: “Sobre a Autoridade”, escrito em Março de 1873.

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O Congresso Nacional do PSOL, que ocorreu nos dias 03 e 04 de dezembro, centrou seus debates na ampliação do arco de alianças do partido nas eleições municipais

de 2012. Deliberou por ampla maioria por aliar-se ao PV de Gabeira no Rio de Janeiro, ao PTB em Macapá e ao PCdoB em Belém. Além disto, o Congresso aprovou por abrir um diá-logo com Marina para discutir as futuras eleições presidenciais e lançar candidatura própria em 2014, ou seja, procurar Marina que está sem partido para ser a candidata do PSOL, posição defendida pela APS, a maior corrente do partido, que elegeu o Deputado Federal Ivan Valente para presidir a legenda de agora em diante.

O alinhamento entre as tendências políticas do partido para composição de chapas na disputa para a sua direção nacional seguiu de certo modo as identidades políticas estabelecidas du-rante as polêmicas do Congresso: Chapa 1 (MES e CST), 77 votos; Chapa 2 (MTL-Dissidência do MES em Pernambuco), 67; Chapa 3 (Parte Enlace-CSOL-LSR), 46; Chapa 4 (APS-Parte Enlace-TLS), 139. Embora algumas correntes posassem de contrárias as coligações burguesas, como a CST/UIT, du-rante todo o Congresso a CST aliou-se ao MES, que reivindica o patrocínio empresarial da Gerdau e Taurus, que apoiou Paulo Paim ao Senado pelo PT e defende para 2012 a coligação com o PV de Gabeira no Rio. Além disto, o MES dirige o DCE da USP onde comprovadamente anda conspirando com a Reito-ria contra a greve geral e a ação direta estudantil (clique aqui para entrar na página do Facebook WikiUsp foraPM). Um dos elementos principais desta unidade, destacado pela CST, é que ambas as correntes são defensoras da recolonização da Líbia e da Síria, recolonização vendida pela propaganda de guerra da grande mídia imperialista e reproduzida por estas correntes pequeno burguesas como sendo “revoluções”. A CST apresen-tou os carniceiros mercenários do CNT armados pela CIA como “revolucionários”, e agora ambas, CST e MES, reivindicam para a Síria o mesmo roteiro macabro imposto a Líbia.

Por sua vocação eleitoralista sobrepujar de longe as aspi-rações pela ampliação de sua intervenção sindical e relação com a classe trabalhadora, o debate sindical do PSOL - cujas tendências se distribuem entre as diversas centrais e agrupa-mentos (Intersindical, CSP-Conlutas, Unidos pra Lutar) - sobre a estratégia do partido neste âmbito previamente indicados para serem discutidos no Congresso foi completamente secunda-rizado e por fim empurrado com a barriga para a realização de uma Conferência Sindical do partido no primeiro semestre de 2012.

Marina Silva, que reivindica a política econômica dos gover-nos FHC e Lula, que teve como vice o empresário da Natura, que representa um setor do grande capital nacional e estran-geiro com quem estabeleceu laços tanto quando era Ministra quanto em sua candidatura que declarou ter arrecadado R$ 24 milhões de reais, representa hoje um espectro político mais burguês e amplo que o PSOL. Por possuir um capital político eleitoral maior que o do PSOL, Marina não vê hoje vantagens para identificar-se com este partido, o que não impede de vir a fazê-lo depois das eleições de 2012 se este partido vier a aburguesar-se de forma mais consistente. E é esta a meta da direção do partido, expresso de forma mais consequente pe-las teses do MTL e dissidentes do MES chamada “Um passo em direção ao Brasil Real”. Esta estratégia partidária segue de vento em polpa com as resoluções do III Congresso de aprofun-dar o curso do cretinismo eleitoral e fisiológico traçado desde a fundação do partido, para aliançar-se despudoradamente com todas as agremiações burguesas, não importando que sejam elas governistas, ligadas a oposição de direita burguesa (PV) ou o quanto sejam corruptas como o PTB e o PCdoB, Assim, o PSOL joga por terra a imagem vestal que o partido buscava

ser identificado em troca de mais espaço no horário eleitoral, mais financiamento burguês de campanha, mais chances de cargos no legislativo e no executivo, etc. Alcançado este objeti-vo e tendo conquistado alguma das capitais pleiteadas, o parti-do deverá converter-se gradualmente de partido cujo programa é burguês e a composição social pequeno burguesa, para um partido administrador do Estado capitalista e cujo programa e composição social amadureça e aproxime-se a um dos tantos partidos burgueses marginais do país como são o PV, PPS e PSB.

Plinio de Arruda Sampaio costuma repetir que na década de 80 diziam que ele representava a ala direita do PT (quando, por exemplo, na disputa interna pela candidatura do partido à prefeitura de São Paulo, Plínio representou a direita contra a candidatura de Erundina) e agora representa a esquerda do PSOL sem que ele tenha mudado suas convicções nas últimas três décadas. A lógica também vale para a dinâmica da relação PSOL-Marina. Enquanto esta última consolida-se como uma al-ternativa real na sucessão de Dilma, o PSOL tratará de dar os passos que forem necessários para adequar-se aos padrões burgueses que atendam ao espectro político de Marina.

Apesar das diferenças de matizes entre as tendências, algo as unificava: vários dos oradores no Congresso repetiram como um mantra que o que mais precisava ser rechaçado no parti-do era o espírito de grupo de propaganda, e em nome deste combate “para levar o socialismo e a liberdade” para “o Brasil real” o PSOL toma pela enésima vez na história o velho atalho oportunista para enfiar o pé na jaca no que existe de mais podre da política burguesa nacional.

O curso daqueles que honestamente desejam levar o so-cialismo às massas é outro e começa exatamente pelo que os dirigentes oportunistas do PSOL mais hostilizam, a criação de uma liga de propaganda que saiba combinar a elaboração de um programa genuinamente marxista revolucionário para nos-sa época, ou seja, trotskista, com a agitação polí¬tica revolu-cionária sobre as massas. Todo atalho que se esquive destas tarefas conduzirá ao oportunismo ou ao sectarismo. Foram a agitação, a propaganda e a organização política bolcheviques, forjados em um combate encarniçado contra os oportunistas precussores do PSOL, mencheviques e social-democratas que também buscavam alojar-se a qualquer custo dentro do Estado capitalista, os meios que canalizaram a insatisfação dos tra-balhadores para a preparação consciente da tomada do poder através da revolução social e à instauração de sua ditadura re-volucionária. Eis o único e verdadeiro meio até hoje conhecido para alcançarmos o socialismo e a liberdade para amplas mas-sas da população trabalhadora.

A um passo da conversão de partidopequeno burguês em partido burguês

III CONGRESSO DO PSOL APROVA ALIANÇAS COM PCDOB, PV, PTB E MARINA

Ivan Valente, da APS, eleito presidente do PSOL

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CORRESPONDÊNCIAS

Entre em contato:CAIXA POSTAL 09CEP 01031-970SÃO PAULO - [email protected] lcligacomunista.blogspot.com

SAUDAÇÃO DA TMB (ARGENTINA)

“Os estudantes latino americanos estão tomando em suas mãos as resoluções de seus problemas contra os capitalistas eseus cúmplices”

Declaração apresentada no Ato-Político de 03/12/2012 em defesa dos 73 presos políticos e pela retirada dos processos a estudantes e trabalhadores da USP

A partir da Secretaria de Direitos Humanos do Centro de Estudantes de Educação da Universidade Nacional de Lujan nos solidarizamos com a luta dos estudantes da Universidade de São Paulo e repudiamos todo tipo de repressão do Estado capitalista.

Os estudantes latino americanos estão tomando em sus mãos as resoluções de seus problemas contra os capitalistas e seus cúmplices. Assim como os estudantes chilenos e colombianos, o estudantado brasileiro está agora na vanguarda, seguindo as gloriosas tradições iniciadas pelo estudantado latino americano a partir da Reforma Universitária de 1918 em Córdoba.

L. T., Secretária de Direitos Humanos doCentro de Estudantes em Educação da UNLU e

membro da Tendência Militante Bolchevique

SAUDAÇÃO DE SOLIDARIEDADE DA FUL (ARGENTINA)

“Repudiamos todo acto derepresión por parte del poderen defensa del capital y endetrimento de los intereses de los sectores populares”

Compañeros de la Universidad de San Pablo

Somos el Frente Universitario de Luján (FUL) agru-pación que integra los centros de estudiantes de las ca-rreras: Ciencias de la Educación, Información Ambiental y Profesorado en Geografía, sumando a compañeros de otras carreras que no integran un centro de estudiantes. El motivo de este mail es solidarizarnos con la lucha que están llevando a cabo y destacar que repudiamos todo acto de represión por parte del poder en defensa del ca-pital y en detrimento de los intereses de los sectores po-pulares.

Desde esta agupación proponemos la defensa de una universidad publica, masiva, popular que atienda a los intereses del pueblo, sin la intervención del capital pri-vado nacional y transnacional funcional al lucro y los in-tereses privados y sectoriales. Asistimos a un momento histórico en donde se ve resurgir la lucha de los pueblos latinoamericanos, otrora reprimidos, acallados y perse-guidos por las dictaduras militares, debemos apostar a la organización y la unidad latinoamericana reivindicando los anhelos, sueños y proyectos que nos fueron pisotea-dos y arrancados.

Frente Universitario de Luján (FUL)Ocupação da Reitoria da USP em novembro de 2011

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A base estudantil garantiu em todos os momentos nossa luta contra a brutal repressão policial, contra a burocracia universitária e contra as traições da

direção do DCE e de seus lacaios. Uma das tarefas do Comando de Greve deve ser organizar juntamente com as entidades estudantis o SINTUSP e a ADUSP, medidas práticas de legítima defesa da greve, das assembleias, do conjunto dos lutadores e estudantes contra a repres-são policial e para-policial neonazista. As lutadoras e lu-tadores que compõem o Comando de Greve de Base, com delegados revogáveis eleitos nas assembleias de curso, inaugurou um outro modo de fazer política: a lição aprendida com os diversos movimentos da juventude e dos trabalhadores espalhados pelo mundo é que a força do movimento vem da base. É necessária uma articu-lação de todos os defensores dos métodos da ação dire-ta, que fazem oposição a diretoria do DCE, para aprova-rem em todos os fóruns do movimento (a começar pelas reuniões do comando de greve) que será um comitê de representantes do comando de greve quem vai conduzir a assembleia geral e dirigir nossa greve, não o DCE.

FORA PM! FORA RODAS!CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DO MOVIMENTO!

A ação direta dos estudantes, a ocupação da FFLCH e em seguida da Reitoria, junto com a Greve Geral massi-va são os principais instrumentos de luta do movimento e foi o que deu visibilidade nacional a nossa pauta de reivindicação pelo Fora PM! Fora Rodas! e pelo fim de TODOS os processos e inquéritos contra estudantes e trabalhadores, tanto dos 73 quanto das dezenas de pro-cessos administrativos e penais anteriores.Contrário ao que Alckmin e Rodas esperavam, a greve cresce a cada dia, incorporando novos cursos e derrota bravamenteas tentativas de enfraquecer o movimento. Caso dealguns professores e a diretora da FFLCH que interviram na assembleia estudantil para tirar o curso de Letras da greve. Mas a força do movimento reverteu bravamente isso ontem nas assembleias das letras (22/3) com a volta do curso de letras à greve por ampla maioria.

A ESTATUINTE SOBERANA E A ARMADILHA DADESMOBILIZAÇÃO DA LUTA REAL E DIRETA

Na assembléia geral do dia 17/11, quase três mil es-tudantes reafirmaram as bandeiras que deram início ao movimento, aspirando ao fim da intervenção tucana, das fundações privadas e dos estatutos herdados da ditadura militar, votaram por uma Estatuinte Soberana. A aspiração dos que não querem a USP submetida ao jugo do capital, dos que desejam a produção do conhecimento liberada para atender ao conjunto da sociedade, principalmente, aos trabalhadores, querem uma Estatuinte Soberana que liquide com toda a estruturasemi-feudal e elitista vigente na USP, o fim do Vestibular, assegurando aos trabalha-dores e suas famílias, o controle e o ingresso na mais importante universidade pública do Brasil.No entanto, os mediadores de Rodas podem se utilizar desta aspiração legítima para desmobilizar nossa luta real e direta de agora, como fez Suelly em 2007 através do distracionista e inútil V Congresso da USP. Por isto, acreditamos que não devemos desviar o foco central de nosso movimento hoje da luta pelo fim da repressão, da intervenção tucano burguesa na USP e da criminalização dos lutadores. De fato, todas as promessa falsas de mudanças estatutárias feitas pela casta parasitária e tirana que hoje controla a USP para nos tapear devem ser rechaçadas pelo movi-mento estudantil identificado com a resistência da popu-lação proletária contra a polícia, questionando a estrutu-

QUE O COMANDO DEGREVE COMANDE A GREVE!

PANFLETO UNIFICADO

A Assembleia Geral dos Estudantes da USP realizada em 30/11/2011, na ECA, deliberou pela manutenção da greve até o início de 2012, que a Calourada Unificada terá como tema as reivin-

dicações da greve e será organizada pelo Comando de Greve. A próxima Assembleia Geral ficou marcada para o dia 08/03 de 2012 às 18h na FAU.

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ra elitista e semi-feudal da USP, enquanto exemplo para outros estudantes e setores da juventude em luta. A con-signa da Estatuinte, por si só, não vai resolver nenhum dos nossos problemas, é a força do movimento, a ação direta que pode derrubar Rodas, impor uma Estatuinte, expulsar a PM, retirar os processos etc.

O GOLPE DO DCE COM A “ABERTURA DENEGOCIAÇÕES” É CONTRA A GREVEE CONTRA O FORA RODAS!

Na assembleia geral de hoje (23/11), é necessário ga-rantir a manutenção da greve e de seus eixos, evitando que a direção do DCE (PSOL) e seus lacaios(PSTU e cia) desviem a nossa luta para uma derrota desmorali-zante. Desde o princípio, o DCE é contra e sabota a luta contra a PM no Campus, pelo Fora Rodas e pelo fim dos processos contra estudantes e trabalhadores. Na última assembleia (17/11), o DCE não admitiu que sua propos-ta de abrir negociações com a Reitoria foi rejeitada por nítido contraste. O DCE mantém esta política desmorali-zante mesmo após a fracassada “audiência pública” com Rodas que ignorou o movimento, demonstrando que não tem a menor disposição de diálogo. A única proposta de negociação feita por Rodas até agora não passou da ta-

peação de criar grupos de trabalho para reavaliar (e não para revogar) o convênio USP-PM e os processos ad-ministrativos contra os estudantes e funcionários sob a condição de desocupação da Reitoria: proposta que foi rechaçada por nossas assembleias. Pouco depois Ro-das mostrou sua verdadeira disposição em rever o uso da repressão policial contra a comunidade universitária: a maior invasão já sofrida por uma universidade brasilei-ra; um aparato militar com helicópteros, cavalos e mais de400 soldados da tropa de choque para prender73 es-tudantes. Esta é a negociação de Rodas, esta é a demo-cracia de Alckmin. Mas apesar de Rodas já ter deixado bem claro que não negocia nada e que só que é liquidar a resistência ao projeto privatista tucano, o DCE insiste em forçar goela abaixo da assembléia a “abertura de ne-gociações”.Isso ocorre porque o DCE vem sendo contra nossa luta desde o princípio, desde quando três estu-dantes foram presos pela polícia e a diretoria do DCE, ao invés de lutar pela liberdade deles, fez um cordão de isolamento contra os manifestantes para assegurar que os três companheiros presos fossem levados para a de-legacia. Logo depois, o DCE e PSTU foram contra a ocu-pação da administração da FFLCH, reunindo-se com re-presentantes da Reitoria às costas dos estudantes. Além disso, PSTU e PSOL sabotaram a assembléia que de-liberou a ocupação da reitoria, tratando de deslegitimá-la para isolar a própria ocupação. Dirigentes do PSOL e professores ligados ao PSTU deramdeclarações contra a ocupação da Reitoria à imprensa burguesa, reforçando a campanha da mídia mentirosa de satanização de nossa luta. Por fim, os mesmos partidos foram contra a defla-gração da greve, mesmo quando havia 73 companheiros presos. Agora PSOL e PSTU apegam-se à bandeira da Estatuinte, da “abertura de negociações” e de um “plano de segurança” (mais iluminação, podas de árvores, uma “nova” guarda universitária etc). Com isto, eles preten-dem fazer uma negociação rebaixada com a Reitoria no abstrato para sair da greve, jogando para de baixo do tapete todos os eixos centrais que impulsionaram o mo-vimento desde o início: “Fora PM! Fim do convênio PM-USP” e “Fim das perseguições políticas! Revogação ime-diata dos processos contra estudantes e trabalhadores”.

QUE A CHAPA COMBATIVA 27 DE OUTUBROSE ORGANIZE PARA COMBATER AS MANOBRAS DOS AGENTES DE RODAS (PSOL/PSTU)

A chapa combativa formada pelos ocupantes da rei-toria, 27 de Outubro, formada por independentes, MNN, LER-QI, PCO, PRAXIS e POR, deve se organizar en-quanto setor combativo para derrotar as manobras do setor traidor do movimento (PSOL/PSTU), por meio de reuniões periódicas que discutam as táticas para impedir que os pelegos conciliem com RODAS/PSDB/PM.

Comitê AntiimperialistaEstudantes da Moradia Retomada – USP

Núcleo de Ação e Estudos dos Trabalhadores em Edu-cação - NATE

Espaço Mané Garrincha – ECMGLiga Comunista - LC

São Paulo, 23 de novembro de 2011

Imagem de PM arrebentando porta da Reitoria para invadir o prédio na madrugada de 08/11/2011

Repressão da Tropa de choque contra estudantese trabalhadores no dia 08/11/2011

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O Bolchevique No7 - Dezembro de 2011 7

Em defesa de Rafael e contra as “liderançasestudantis” que conspiram com a Reitoriacontra nossa luta!

SOLIDARIEDADE DE CLASSE VS PELEGUISMO NA USP

Para inviabilizar o comando de greve e livrar a cara da acusação de traidores, as “lideranças estudantis” que andaram se reunindo com os capangas do Reitor

contra nossa luta, atacaram de forma repugnante e calunio-sa a um dos presos políticos da ocupação da Reitoria.

Um princípio básico no movimento combativo de luta é a proteção incondicional aos lutadores, mas a gestão do DCE (PSOL) e seus coadjuvantes (PSTU e agora a Mar-cha Mundial das Mulheres - PT), ao invés de defender Ra-fael Alves – estudante da USP processado pela direção da universidade por várias lutas realizadas e preso político da invasão da Reitoria pela tropa de choque, contra os ataques de RODAS/PSDB e de seu propagandaminister 1, Reinaldo Azevedo da Veja, eles próprios o atacam: na última reunião do comando de greve, quando foi aprovada por consenso a participação de Rafael na mesa da audiência pública da ALESP em 28/11, justamente porque o companheiro esteve em linha de frente do movimento desde o início, e tem sido um dos presos políticos mais visados pelas calúnias da mí-dia burguesa, esses traidores tentaram vetar a participação de Rafael, sacando da cartola a mentira de que ele teria sido “machista”.

Supostamente no ônibus, na volta da assembléia da Fa-culdade de Direito dia 10/11, vários estudantes entoavam palavras de ordem sobre os pelegos do movimento, quando 3 estudantes ligadas ao Bloco PSTU/PSOL entraram. Con-tudo, segundo testemunham mais de 10 estudantes que estavam presentes na ocasião, nenhuma ofensa foi dirigida a elas por Rafael ou por qualquer outro estudante. Estran-hamente, nada foi dito, nem mesmo pelas supostas “ofendi-das”, por mais de 15 dias!

Mas qual a razão disso ter sido levantado só dia 25/11? Simples, porque as correntes que dirigem o DCE e os CAs vem perdendo terreno dentro da greve. Na assembléia ge-ral, dois dias antes, o bloco PSOL/PSTU levou uma derro-ta histórica: aprovou-se que a calourada unificada da USP não seria organizada mais pelo DCE, e sim pelo comando de greve! A sede de vingança, o ódio e o ranger de dentes desse setor só poderiam ser saciados com a implosão do comando de greve e, para conseguir isso, atacam alguém que já é constantemente alvo dos ataques da direita: Rafael Alves. Este setor tenta desqualificá-lo enquanto militante. É o velho método stalinista de mentir para destruir pessoas contrárias, no caso, ao projeto fascista de Rodas/Alckmin. Trata-se de um ataque não somente a Rafael, mas contra todo o setor combativo que luta contra Rodas, contra a PM e contra todos os processos usados para tentar reprimir os lutadores.

Contudo, ao contrário do que desejavam PSTU e PSOL e a despeito de toda sua investida falsificadora, a reunião dos presos políticos de 26/11 aprovou uma carta de repúdio à tentativa de desmoralização de Rafael. Está claro que esta “denúncia” contra Rafael nada tem a ver com um repúdio ao machismo, trata-se da mais pura picaretagem, uma artiman-

Fac-símile do e-mail enviado com relato de José Clóvis, acessor do Reitor Rodas sobre reunião que realizou no

dia 28 de outubrono prédio da História com “setores organizados do movimento estudantil... do encontro

surgirm algumas propostas para colocar fim à invasão do prédio da Administração da FFLCH... Os alunos disseram que há dois grupos no interior do movimento sendo um organizado, ligado a pequenos partidos de esquerda, o

outro composto por ultraradicais que não desejam sair...” Na reunião, a dica dada para “acuar” os “ultraradicais” é

organizar uma paródia de Estatuinte e revogar o Convênio com a PM criando um “Forum Permanente de Segurança”

com a própria PM.

ha dos traidores do movimento que estão “chateados” por-que vão perder a verba para a calourada e a oportunidade de influenciar os calouros para votarem neles nas eleições para o DCE que a nossa greve adiou para 2012!

Ao invés de Rafael, quem deve ser investigado por uma comissão eleita no comando de greve e aprovada em as-sembléia são os estudantes que negociaram às costas do movimento com Rodas, conforme apontam os e-mails en-contrados na Reitoria! Se forem identificados os traidores, que estes sejam tornados inelegíveis e percam direito de voz e voto em todos os fóruns do movimento estudantil e de massas!

1 - “Ministro da propaganda”, cargo ocupado por Goebbels na Alemanha Nazista.

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A célula básica do capitalismo é a mercadoria. E maximalizar os lucros obtidos com a USP é o pro-jeto do grande capital. Isto é o que está em disputa

na USP, quem duvida verifique o que diz sobre a USP a mídia especializada em assuntos econômicos (Exame, Valor, etc.).

Mas não se trata de realizar uma privatização típica na USP. Há certas instituições, como o IBGE ou a Fun-dação Osvaldo Cruz ou as próprias universidades fede-rais e estuaduais, por exemplo, que foram criadas para servir superestruturalmente ao conjunto da classe capi-talista. A privatização direta da USP com a cobrança de mensalidades seria imensamente lucrativo para um pun-hado de capitalistas compradores da universidade, mas seria uma solução tipo matar a galinha dos ovos de ouro, pois prejudicaria o conjunto da burguesia que não pode contar com as “uniesquinas”, vendendoras de diplomas, para obter um mínimo necessário de produção cultural e científica que a USP fornece. Portanto, há um certo consenso na burguesia e no imperialismo que a USP é um “patrimônio coletivo” dos capitalistas e precisa, como “melhor universidade da América Latina”, segundo a The Economist (08/10/2011), ser otimizada para dar mais lu-cros ao capital financeiro, as fundações, terceirizadoras, etc. Sendo assim, para o grande capital que recrudesce a globalização e a mercantilização do planeta desde os anos 80, processo que foi aprofundado na década se-guinte com os processos de restauração capitalista nos Estados operários da Eurásia (à excessão da Coréia do Norte), é preciso livrar-se dos focos de resistência a este projeto na USP. O que não vai por bem, vai por mal, pen-sam eles. Por isto é preciso fazer uma caçada seletiva a vanguarda da luta entre os trabalhadores e estudantes, perseguindo diretores do Sintups e lutadores estudantis, acuando e coagindo ao conjunto da comunidade univer-sitária através de medidas repressivas com o incremento da repressão policial no Campus. É isto que está em jogo e é contra o conjunto destas medidas que devemos nos insurgir.

Então, ao prender 73 dos nossos companheiros, a tropa de choque a mando de Alckmin e de Rodas, que poderia simplesmente evacuar a Reitoria pela despropo-rção militar das forças entre os ocupantes e o aparato de guerra que invadiu a universidade naquela madrugada, tratou de tornar reféns seja com a prisão em âmbito ime-diato, seja por meio dos processos jurídicos pendentes contra quase uma centena de pessoas, e assim desfo-car a luta contra o “Fora PM!” e “Fora Rodas!” e fim dos processos contra estudantes e trabalhadores, obrigando-nos a estender nossa pauta de reivindicações para uma demanda que não existia até o dia 08 de novembro. Com os 73 novos processos Rodas meteu um bode na sala. Trata-se de um problema real, com o objetivo de aplicar punições exemplares para que nunca mais se ocupe a

Reitoria, mas que também serve como elemento distra-cionista afim de que passemos a lutar pelo acessório, o desprocessamento dos 73 presos políticos, e não pelo principal que foi a causa da luta até então. Além disto, como já declarou claramente, o Reitor espera que o pró-prio tempo e o recesso de janeiro e fevereiro trate de es-friar e cansar a greve.

A tática da burocracia estudantil conciliadora do DCE (PSOL/MES) que sofreu pesados reveses nas últimas assembleias (perda do controle político e financeiro da calourada, rechaço a aprovação do estado de greve, etc.), como toda burocracia que pretende desmantelar uma greve é fustigar o refluxo da luta, rebaixar a pauta de reivindicações e ao mesmo tempo aprovar medidas no sentido de abrir negociações com o interventor (audiên-cias públicas, cartinhas endereçadas a Rodas, buscar interlocutores para abrir o diálogo com a Reitoria, etc.).

A tática do PSTU, que dirige alguns CAs da FFLCH e compõe uma chapa comum com a atual diretoria traidora do DCE vai no mesmo sentido. Os morenistas juvenis da ANEL buscam de um menor denominador comum com a retaguarda dos estudantes (este menor denominador costuma ser o nível de consciência do senso comum, formado pela opinião pública burguesa, Folha, Veja, Glo-bo,...), em nome da surrada justificativa de buscar “de-mandas que dialogam com a massa”, como gostam de repetir, para também ir amortecendo o movimento afim de rebaixar tanto as aspirações estudantis ao ponto que tornem-se migalhas, “espelhinhos para engar índio” ne-gociáveis com o Reitor e daí enterrar a greve em uma mesa de negociações com o interventor através de um plano de repressão alternativo.

Os companheiros da LER enveredam pelo mesmo caminho ao eleger como eixo da luta “em defesa dos 73

POLÊMICA COM A LER-QI ACERCA DOS EIXOS DA GREVE NA USP

Defender os 73 presos políticos semsecundarizar TODOS os demais processados, o “Fora PM!” e o “Fora Rodas!”

Cartaz do Ato Em defesa dos 73 presospolíticos em que os eixoscentrais dagreve geral “Fora PM! e Fora Rodas!” foramcompletamente suprimidos

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presos políticos” secundarizando as demandas e eixos principais desta luta, o “Fora PM!, Fora Rodas e fim de TODOS os processos!”.

Esta tática tem levado-os a cometerem erros primá-rios, como foi a recusa em aceitar a validade de uma assembleia de mais de 2 mil pessoas no dia 08 de nov-embro porque era, na argumentação dos companheiros, inconcebível realizar uma assembleia enquanto tivessem estudantes presos (que só começaram a ser liberados as 4h da manhã do dia seguinte) e, portanto, se sua po-lítica não tivesse sido derrotada na votação, poderia ter sacrificado a enorme assembleia que deu o pontapé ini-cial a greve geral da USP. Sendo assim, alertamos aos companheiros para não ajudarem nossos adversários a desfocarem nossa greve com uma política equivocada que supostamente dialoga, mas que na verdade se apóia em um fato político que não pode render para sempre (e particularmente pode não ter tanta validade para os ca-louros) e que tende a esvaziar-se se continuar sobrepu-jando as questões de fundo que é a luta contra a polícia, o interventor, os processos históricos que pesam contra o Sintusp e os estudantes, etc. Embora devamos com unhas e dentes continuar a luta pelo fim dos processos contra os 73, uma luta justa e necessária, pavimenta um caminho de derrotas ofuscar com apenas uma demanda

“Onde o ultra-esquerdismo se encontra com ostalinismo”, campanha do PSTU para acuar a

LER na USP. Assim como o PSTU, a LER tem sua origem no morenismo, uma variante stalinofóbica do

trotskismo. A campanha do PSTU, por maisabsurda que pareça, está dando certo.

“Acabou o amor, isso aquivai virar o inferno!”

Comecemos pelo fundamental: APOIAMOS INCONDICIONAL-MENTE A OCUPAÇÃO DA REITORIA DA USP. Para nós, todos os 73 presos políticos são valorosos companheiros que agiram

corretamente, através da ação direta. Rechaçamos as manipulações pro-movidas pela mídia do capital. Rechaçamos a política da atual diretoria do DCE e de alguns CA’s que condenam a ocupação da reitoria porque só se interessam pela ocupação de cargos e aparatos. Estes que desde o primeiro momento foram contra nossa luta direta, que tramaram para deslegitimar nossas assembléias, não nos representam!

Os setores do movimento que condenaram a ocupação da reitoria (PSOL e PSTU) não têm legitimidade para representar os estudantes. São os delegados eleitos para os comandos de greve que devem organi-zar as mesas e o movimento em geral. Propomos também que a assem-bléia aprove uma carta aberta à população, esclarecendo as razões do movimento, que tem como base a construção de uma universidade livre dos ditames do capital.

Polícias e forças armadas têm uma função essencial: resguardar a propriedade privada e o sistema capitalista. Por isso é preciso combater as manipulações midiáticas. Somos contra a PM na USP porque somos contra os aparatos repressivos em qualquer circunstância e local: USP, Alemão, Rocinha, Haiti, Iraque, Afeganistão, Líbia, mundo. A função es-sencial da polícia é garantir a dominação da burguesia pela coerção ma-terial, pela força física, pela violência a serviço da classe dominante e por isto não há militares menos violentos, existem movimentos mais e menos radicalizados, o que pode fazer variar o grau e a forma da repressão.

O tamanho do aparato mobilizado para reprimir a ocupação da rei-

toria mostra o quanto os estudantes incomodaram a burguesia e seus gestores, que tentaram intimidar o movimento com seus soldados. Não funcionou. Muito pelo contrário. Crescemos.

Rodas é o feitor escolhido para tocar no tapa a privatização da USP. Daí a repressão e os processos que pesam sobre os ombros de estu-dantes e trabalhadores que resistem. É preciso engrossar o coro de Fora Rodas! Esta é a bandeira dos que defendem que a universidade deixe de ser autoritária e semi-feudal para ser gerida pelos que nela estudam e trabalham, uma universidade a serviço dos trabalhadores e do progresso da humanidade é a garantia de que ela seja plural, gratuita, democrática e autônoma.

A crise mundial do capitalismo sacode o mundo: da Inglaterra ao Chi-le, dos Estados Unidos à Grécia. No Brasil também se intensificam as lutas: contra Belo Monte, contra os despejos da Copa e outras. É por isso que a mídia burguesa demoniza os estudantes e trabalhadores da USP; eles sabem que o Brasil também vai virar o inferno, e temem que a USP seja o estopim.

Abaixo os processos contra estudantes e trabalhadores da USP!Fora Rodas! Fora PM da USP, fora PM do mundo!

Espaço Cultural Mané Garrincha - ECMGEstudantes da Moradia Retomada – USPLiga Comunista – LCNúcleo de Ação e Estudos dos Trabalhadores em Educação - NATE

PANFLETO UNIFICADO

Reproduzimos o panfleto unificado distribuído na assembléia de estudantes da USP no dia 17 de novembro. A Assem-bleia foi realizada na FAU e contou com quase 3 mil estudantes. Apesar de todas as manobras do DCE (PSOL) na direção da mesa dos trabalhos, os burocratas estudantis não conseguiram aprovar junto aos estudantes a política de abertura de negociação com o interventor Rodas e a assembléia em quase sua totalidade deliberou pelo adiamento das eleições da diretoria do DCE para 2012 e pela continuidade da greve geral pelo “Fora PM!, Fora Rodas! e fim dos processos contra estudantes e trabalhadores!”. Os estudantes decidiram também por realizar um ato público em 24 de novembro, na Av.

Paulista com concentração na Praça Osvaldo Cruz.

o debate mais amplo e para o qual precisamos ganhar os melhores lutadores e as massas para lutar por um outro ensino superior, por uma USP a serviço de toda a classe trabalhadora e da população pobre.

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Em meio a polarização política criada pela luta de classes na greve dos estudantes da USP, onde PSOL e PSTU estão vergonhosamente sabotan-

do a ação direta e a luta estudantil, o agrupamento Re-fundação Comunista anunciou sua “retirada do Comitê Antiimperialista” quando todas as outras correntes que compõem o Comitê se posicionaram em favor da greve e contra os burocratas estudantis. DIGA-ME COM QUEM ANDASE EU TE DIREI O QUE IRÁS REFUNDAR

Isto assumiu este desfecho porque a RC compõe o DCE e CAs na FFLCH com as correntes traidoras, tem o “rabo preso” com eles. Para quem não sabe, a RC é uma corrente que nem pela reforma da previdência nem pela ocupação do Haiti pelo governo Lula foi convencida a romper com o PT, tendo saído deste partido somente em 2005, no terceiro ano de mandato de Lula. Mesmo depois de sair do principal partido da burguesia brasileira hoje, a RC continua chamando voto em Dilma, como fez no segundo turno de 2010, ou seja, na candidata do PT, can-didatura preferencial da burguesia como o resultado das eleições comprovaram. Na USP, a RC faz parte da gestão do DCE junto com o MES, a corrupta corrente pesolista que reivindica o hábito de ter suas campanhas eleitorais patrocinadas pelas grandes coorporações da burguesia como a Gerdau e a fabricante de armas Taurus. Nos CAs da FFLCH estão juntos com as “lideranças estudantis” que reúnem-se as escondidas dos estudantes para cons-pirar com os capangas do interventor como desmobili-zar a resistência estudantil ao projeto privatista da USP. A RC faz parte das chapas à reeleição destes canalhas ao DCE e CAs e pleiteia, através de uma candidatura parlamentar através do oportunista PSOL, um cargo de vereador nas eleições municipais de 2012. Estes são os compromissos políticos prioritários para a RC. Afora isto, anunciou em uma carta de intenções com grupos petis-tas, brizolistas e bolivarianos, a construção de uma fren-te popular institucional com fins eleitorais. Quando a LC tomou conhecimento disto por documentos publicados pela própria RC, denunciamos esta surrada estratégia de colaboração de classes nas reuniões do Comitê e com a própria RC.

A Refundação Comunista desertoudo Comitê Antiimperialista, preferindo ficar com os traidores do PSOL contra a greve estudantil da USP

FRENTE ÚNICA Vs FRENTE POPULAR II

Acima, charge do cartunista Latuff ironizando osreacionários cuja cabeça é doutrinada pela mídia

burguesa. Abaixo, reportagem do semanáriofascistóide, Veja, difamando os grevistas da USP

como sendo meninos mimados.Preconceitos reacionários que a RC repercute.

Este artigo expressa a continuidade de nossa elaboração e aplicação de nossas concepções sobre Frente Única dentro do Comitê Antiimperialista. Ele foi escrito em meio ao calor da luta na USP. A primeira polêmica “Frente Única Vs Frente Popular” foi publicada nO Bolchevique #5. Ela contém polêmicas contra as concepções de outras correntes que debandaram do Comitê durante nossa

campanha contra a intervenção imperialista na Líbia e no Haiti, no primeiro semestre de 2011

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Diante deste currículo político da RC, de forma al-guma invejável, alguém pode perguntar: por que ainda assim o Comitê Antiimperialista tolerava a participação deste tipo de agrupamento dentro do Comitê? Porque simplesmente o Comitê é uma frente única de ação e numa frente única de ação só se exige do aliado circuns-tancial unidade prática para enfrentar um inimigo comum. No Comitê, realizamos debates e atos políticos antiimpe-rialistas sem comprometer a nenhum dos membros do mesmo com o programa dos outros membros, pois trata-se de uma frente de ação e não de uma unidade orgânica e programática. DIRIGENTES DA REFUNDAÇÃO REPERCUTEMOS PRECONCEITOS REACIONÁRIOS DA MÍDIAFASCISTA ACERCA DA GREVE NA USP

A luta contra os aliados juvenis da Reitoria na USP foi o limite até onde chegamos com a RC que, enquanto busca os votos dos estudantes para continuar em sua aliança oportunista com os traidores do PSOL no DCE, vomita a mesma detratação da venal mídia burguesa contra o movimento estudantil da USP, acusando-o de ser um movimento desprezível de playboys com seus óculos Ray-ban como declarou em sua carta de retira-da do Comitê: “No momento em que escrevemos essas mal traçadas o “movimento mais importante na conjun-tura nacional” entrega seus trabalhos e entram em férias escolares. Em fevereiro, estarão de volta: óculos Ray-ban, bronzeados e prontos para novos embates pela mudança do mundo ou, senão, para mudança de seu pequeno mundo.” Qualquer coincidência entre este sór-dido desprezo que a RC tem da luta dos estudantes da USP com os artigos da Veja contra o que este semanário fascistóide chama de “revolta dos mimados” não é mera semelhança. Por si, a RC não justificaria nossa respos-ta a sua carta e deserção, mas consideramos de suma importância divulgar para os estudantes em greve o que pensam suas “lideranças estudantis” acerca de sua gre-ve. Assim, contribuímos para que os estudantes rompam qualquer ilusão neste tipo de “liderança” e limpem o mo-vimento estudantil destes traidores, assim como através de uma luta política sem quartel estamos limpando o nos-so Comitê.

Esta não foi a primeira deserção do Comitê, também

quando não nos esquivamos de denunciar o governo Dilma setores petistas que faziam parte do Comitê pula-ram fora. Quando denunciamos os mercenários do CNT como agentes da CIA na Líbia, a CST/PSOL pulou fora. Agora quando tomamos decididamente o lado da ocu-pação da reitoria, reivindicamos a ação direta e denun-ciamos a burocracia estudantil traidora do PSOL e PSTU, a RC pula fora. A MAIS ESFARRAPADA DAS DESCULPAS:O COMITÊ NÃO DEVE SE POSICIONAR ATIVAMENTE NA USP PORQUE ESTE CONFLITO NÃO ESTÁ“CENTRADO EM PRÁTICAS ANTIIMPERIALISTAS”?

Ao passo que desqualifica e diminui a greve estudan-til com assembléias semanais de três mil estudantes, a RC se supervaloriza caracterizando que “rachou” com o Comitê. Nada mais distante da realidade. O que a RC fez

foi desertar da luta antiimperialista na USP. Pois, se para a RC só seria função do Comitê realizar ações de políti-ca internacional “centradas em práticas antiimperialistas” contra ocupações militares a do Afeganistão, Iraque, Li-bia, Haiti, Palestna e Síria, a luta atual contra a PM e o projeto que a Reitoria tucana quer impor na USP é essen-cialmente uma luta antiimperialista, como bem destacou outro membro do Comitê, pertencente ao NATE: “Estou convencido de que a luta ali, como qualquer outra luta estudantil nos moldes do que se desenvolve hoje na Uni-versidade de São Paulo, seja de fato uma luta antiimpe-rialista, ainda que como diria Marx, eles fazem a história mesmo que não tenham consciência disto. O processo de privatização segue o receituário da política econômi-ca estabelecida no Consenso de Washington, que como toda política neoliberal participa da mesma lógica de con-trarrestar a crise. O Banco Mundial patrocinou um encon-tro na Tailândia na década de 1990, que contou com pre-sença de vários ministros de estado, intelectuais da área de educação, economistas liberais, etc., para estabelecer os parâmetros do processo de privatização e enxuga-mento das universidades públicas, bem como para todo o sistema educacional nos três níveis. Dali saiu uma “ver-dadeira” política de reformas educacionais que culmina-ram nos Planos Anuais, Planos Decenais, nas Avaliações Externas e nos cortes de verbas para as diferentes esfe-ras do ensino, atingindo em cheio o ensino superior. Por-tanto, como dissemos o imperialismo não se manifesta enquanto uma relação social de dominação apenas pela forma de ocupação militar, mas também através de sua política consensual assimétrica, ou seja, pela via da força do capital associado e/ou estrangeiro em defesa dos seus interesses em cada estado nacional. Não é a toa que te-mos um acentuado avanço do ensino à distância liderado por empresas multinacionais, inclusive norte-americanas, encampada no Brasil pelo finado ministro da educação do governo FHC, Paulo Renato. Outras instituições es-trangeiras participam com joint ventures em diversas uni-versidades privadas no Brasil, particularmente no estado de São Paulo onde estão situadas as mais importantes universidades brasileiras, alvos do sucateamento e do processo de privatização. Só por isto já teríamos razão de sobra para apoiar e mais, intervir, como um verdadeiro comitê antimperialista. Mas, os companheiros da RC que

“Se você não ficar atento, os meios de comunicação te farão amar os opressores e odiar aos oprimidos”

Malcon X

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não comungam da nossa formulação, buscam outras ra-zões para desautorizar a participação do comitê no movi-mento: a autodeterminação do movimento. Com certeza estão a falar da sua autodeterminação nos acordos com o PSTU, MES e consortes.”

Se é verdade que o conflito da USP não é uma in-

vasão militar de um país oprimido por um exército de ocupação estrangeira, não é menos verdade que a USP foi ocupada por um imenso aparato militar com direito a helicópteros, cavalaria e presos políticos a serviço de um projeto privatista imperialista aplicado contra o ensino estatal e a autonomia universitária em todo o mundo. A luta na USP é uma expressão de uma reação da juventu-de a esta política imperialista assim como o são as lutas estudantis que neste exato momento eclodem no Chile e na Colômbia.

PELA “AUTO-DETERMINAÇÃO” DO OPORTUNISMO?

A RC chegou ao cúmulo do caradurismo em justificar sua pretensão de tentar impedir que o Comitê apoiasse ativamente a greve estudantil e a ocupação da reitoria em nome da “autodeterminação dos povos” e do “leninis-mo” quando na verdade só queria preservar a autodeter-minação dos oportunistas estudantis da USP em trair os estudantes sem serem denunciados por nós.

A própria consigna comum do PSTU, PSOL e seus

satélites como a RC, “por um projeto alternativo de segu-rança para a USP” já nos dá uma dica de porque estes setores se opõem à luta pelo “Fora PM!” detonador polí-tico e um dos três principais eixos da greve, porque con-hecemos bem o significado desta “repressão alternativa” pela boca da figura mais proeminente do PSOL hoje, o deputado estadual fluminense Marcelo Freixo, defensor de “UPPs em todos os morros!”, e sabemos bem onde vai dar este projeto alternativo destes traidores: no in-cremento da repressão do aparato policial na USP como hoje sofrem nossos irmãos trabalhadores nos bairros

proletários. Na verdade, se a esta altura dos acontecimentos fizer-

mos uma licença para notar o próprio projeto de univer-sidade defendido pela RC e por outros grupos stalinistas que compõem o “Movimento por uma Universidade Po-pular”, defendido pela RC, não passa de uma pataquada stalinista, uma defesa disfarçada de uma universidade burguesa maquiada, a qual foi completamente rechaça-da por Marx há quase 150 anos na crítica ao Programa de Gotha: “Uma «educação popular pelo Estado» é total-mente rejeitável.” Em outras palavras, mesmo que não fosse por seu papel nefasto de coadjuvante dos traidores, pegando carona de forma nada principista à sombra de correntes como o MES na universidade, o próprio “proje-to” da RC se opõe pelo vértice ao projeto dos verdadeiros comunistas para o ensino superior, uma universidade a serviço da classe trabalhadora e da população pobre e governada pelos que nela trabalham e estudam.

A RC também justifica sua deserção alegando que,

uma vez que o Comitê assinou panfletos com os Estu-dantes da Moradia Retomada da USP denunciando a di-retoria do DCE, teria demonstrado que “não os respeita” e “quebrou a confiança” que a RC depositava no Comi-tê. A RC ainda argumenta que “previamente notificamos (o Comitê) de nossas diferenças e de nossa desautori-zação, pois ao nosso ver, ‘seria desrespeitoso de nossa parte soltarmos uma nota sem consultar os nossos ca-maradas e aliados.’ Ao sair a nota [assinada pelo Comitê] constitui-se deslealdade e quebra de confiança política”. Pois bem, proclamamos mais uma vez em alto e bom som que nós da LC antes de tudo e sobretudo devemos nossa lealdade à luta pela emancipação revolucionária dos trabalhadores e da juventude e nesta luta temos a obrigação de romper e denunciar os oportunistas e as direções traidoras. É a isto que se subordina nossa leal-dade e a nada mais. Por isto, por nossa lealdade aos estudantes em luta contra o aparato repressivo policial, contra o governo burguês tucano, a mídia burguesa e contra a sabotadora burocracia estudantil que não hesi-tamos nem por um instante em não ceder as chantagens da RC e a defender um panfleto assinado pelo Comitê como produto da posição política da maioria esmagadora de seus membros.

Por sua vez, este episódio torna claro que a RC deve

lealdade aos seus aliados traidores da diretoria do DCE e tem a audácia insultante de propor ao Comitê que antes de soltarmos uma nota denunciando estes canalhas que consultemos os próprios canalhas. Fazemos esta denún-cia para aprofundar a desilusão dos estudantes em sua direção traidora do DCE e em seus “aliados e camara-das” da RC a quem também denunciamos como cúmpli-ces desta traição a luta estudantil. Ex-aliados da RC den-tro do Comitê Antiimperialista, fiquem com os traidores, nós ficamos com os estudantes em luta.

Por fim, lamentamos que alguns companheiros que

dentro do Comitê manifestavam desejo de romper com a nociva política de colaboração de classes do stalinismo e da social democracia e refundarem suas militâncias sob bases comunistas, acabem por reAfundarm as militân-cias dentro da RC.

E-mail de 02 de junho de 2011, onde Waldir Jorge relata reunião com membros DCE, dirigido pelo MES/PSOL,

para negociação de devolução da área de Convivência do CRUSP, tomada pelos estudantes para a Reitoria que

planeja criar um shopping no espaço.

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Alguns socialistas abriram, nestes últimos tempos, uma campanha em regra contra aquilo a que cha-mam ‘o princípio da autoridade’. Basta dizer-lhes que este ou aquele ato é autoritário para que o con-denem. Abusam de tal modo desta maneira sumária

de proceder que é preciso examinarmos a coisa mais atenta-mente. Autoridade, no sentido próprio da palavra, quer dizer: imposição da vontade de outrem sobre a nossa; e, por outro lado, autoridade supõe subordinação. Ora, na medida em que estas duas palavras soam mal e que a relação que representam é desagradável para a parte subordinada, trata-se de saber se há meio de passar sem elas e se - dadas as atuais condições da sociedade - poderemos dar à vida um outro estado social no qual essa autoridade não tenha mais razão de existir e onde, por conseguinte, deva desaparecer.

Examinando as condições econômicas, industriais e agrí-colas que estão na base da atual sociedade burguesa, verifica-mos que tendem a substituir cada vez mais a ação isolada pela ação combinada dos indivíduos. A indústria moderna substituiu as pequenas oficinas de produtores isolados pelas grandes fá-bricas e oficinas onde centenas de operários vigiam máquinas complexas movidas pelo vapor; os carros e as camionetas nas grandes estradas são suplantados pelos comboios nas vias fé-rreas, tal como as pequenas escunas e faluas à vela o foram pelos barcos a vapor. A própria agricultura caiu pouco a pouco no domínio da máquina e do vapor, os quais substituem lenta, mas inexoravelmente, os pequenos proprietários pelos grandes capitalistas que cultivam com a ajuda de operários assalariados grandes superfícies de terrenos. Em todo o lado a ação inde-pendente dos indivíduos é substituída pela ação combinada, a complicação dos processos interdependentes. Mas, quem diz ação combinada, diz organização; ora, é possível a organi-

Sobre a AutoridadeFriedrich EngelsMarço de 1873

TEORIA MARXISTA

zação sem a autoridade?

Suponhamos que uma revolução social tenha destronado os capitalistas que presidem agora a produção e a circulação das riquezas. Suponhamos, para nos colocarmos por completo no ponto de vista dos anti-autoritários, que a terra e os instru-mentos de trabalho se tornaram a propriedade coletiva dos tra-balhadores que os empregam. A autoridade terá desaparecido ou terá pura e simplesmente mudado de forma? Vejamos.

Tomemos por exemplo uma fiação de algodão. O algodão deve passar pelo menos por seis operações sucessivas antes de ser reduzido a fio, operações que se fazem, na sua maio-ria, em salas diferentes. Além disso, para manter as máquinas em movimento, é preciso um engenheiro que vigie a máquina a vapor, mecânicos para as reparações cotidianas e numero-sos serventes que transportem os produtos de uma sala para a outra, etc.

Todos estes operários, homens, mulheres e crianças são obrigados a começar e a acabar o seu trabalho a horas de-terminadas pela autoridade do vapor que não se importa com a autonomia individual. É preciso, pois, primeiramente, que os operários se entendam quanto às horas de trabalho, e que es-

Os anti-autoritários modernos foram derrotados na assembléia de greve na Faculdade de Direito da USP. Os “democáticos” membros do “15.o, Ocupa

sampa” propuseram a proibição a liberdade demanifestação das bandeiras partidárias nas

atividades da greve, mas a maioria estudantilrechaçou esta proposta reacionária

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lutamente necessária, cooperação que deve ter lugar em horas bem precisas para que não ocorram desastres. Também aí, a primeira condição para o seu uso é uma vontade dominante que resolva todas as questões subordinadas, vontade representada quer por um único delegado, quer por um comitê encarregado de executar as decisões de uma maioria de interessados.

Num ou noutro caso, há uma autoridade muito pronunciada. Mas, o que é mais: que aconteceria ao primeiro comboio que partisse caso se abolisse a autoridade dos empregados da es-trada de ferro sobre os senhores passageiros? Porém, a neces-sidade da autoridade, e de uma autoridade imperiosa, não pode ser mais evidente que num navio em alto mar. Aí, no momento do perigo, a vida de todos depende da obediência instantânea e absoluta de todos à vontade de um único.

Quando avanço tais argumentos contra os mais furiosos anti-autoritários, estes não sabem o que responder:”Ah! Isso é verdade, mas o que damos aos delegados não é uma autorida-de, mas sim uma missão!”. Estes senhores julgam ter mudado as coisas quando só mudaram os nomes. Eis como estes pro-fundos pensadores gozam com as pessoas.

Acabamos, pois de ver que, por um lado, certa autoridade, atribuída não importa como, e, por outro lado, certa subordi-nação são coisas que, independentemente de toda a organi-zação social, se impõem a nós devido às condições nas quais produzimos e fazemos circular os produtos.

Vimos, além disso, que as condições materiais de produção e da circulação se complicam inevitavelmente com o desenvol-vimento da grande indústria e da grande agricultura e tendem cada vez mais a estender o campo dessa autoridade. É, pois, absurdo falar do princípio da autoridade como de um princípio mau em absoluto, e do princípio da autonomia como de um princípio bom em absoluto. A autoridade e a autonomia são coisas relativas cujos domínios variam nas diferentes fases da evolução social. Se os autonomistas se limitassem a dizer que a organização social do futuro restringirá a autoridade aos limi-tes no interior dos quais as condições de produção a tornam inevitável, poderíamos entender-nos; em vez disso, permane-cem cegos perante todos os fatos que a tornam necessária, e levantam-se contra a palavra.

Porque é que os anti-autoritários não se limitam a erguer-se contra a autoridade política, contra o Estado? Todos os socialis-tas concordam em que o Estado político e com ele a autoridade política desaparecerão como conseqüência da próxima revo-lução social, ou seja, que as funções públicas perderão o seu caráter político e se transformarão em simples funções admi-nistrativas protegendo os verdadeiros interesses sociais. Mas os anti-autoritários pedem que o Estado político autoritário seja abolido de um golpe, antes mesmo que se tenham destruído as condições sociais que o fizeram nascer. Pedem que o primeiro ato da revolução social seja a abolição da autoridade. Já algu-ma vez viram uma revolução, estes senhores? Uma revolução é certamente a coisa mais autoritária que se possa imaginar; é o ato pelo qual uma parte da população impõe a sua vontade à outra por meio das espingardas, das baionetas e dos can-hões, meios autoritários como poucos; e o partido vitorioso, se não quer ser combatido em vão, deve manter o seu poder pelo medo que as suas armas inspiram aos reacionários. A Comu-na de Paris teria durado um dia que fosse se não se servisse dessa autoridade do povo armado face aos burgueses? Não será verdade que, pelo contrário, devemos lamentar que não se tenha servido dela suficientemente? Assim, das duas uma: ou os anti-autoritários não sabem o que dizem, e, nesse caso, só semeiam a confusão; ou, sabem-no, e, nesse caso, atraiçoam o movimento do proletariado. Tanto num caso como noutro, ser-vem à reação.

1 - Vós que aqui entrais, abandonai toda a autonomia! - Tra-ta-se de um paralelismo ao texto original de Dante Alighieri, A Di-vina Comédia. Chegando Virgílio e Dante à entrada do inferno, este se assombra com a inscrição que se lê no portal:”Lasciate ogne speranza, voi ch’intrate” -”Deixai toda esperança, ó vós que entrais”. ALIGHIERI, Dante. A divina comédia: inferno.

sas horas, uma vez fixadas, se tornem a regra para todos, sem nenhuma exceção. Depois, em cada uma das salas e constan-temente, surgem questões de detalhe sobre o modo de pro-dução, sobre a distribuição dos materiais, etc., questões que é preciso resolver imediatamente, sob pena de ver parar toda a produção; quer se resolvam pela decisão de um delegado pro-posto por cada ramo de trabalho, ou, se possível, pelo voto da maioria, a vontade individual deve sempre subordinar-se; quer isto dizer que as questões serão resolvidas autoritariamente. O mecanismo automático de uma grande fábrica é bem mais tirânico do que alguma vez o conseguirão ser os pequenos ca-pitalistas que empregam os operários. Pelo menos nas horas de trabalho pode-se escrever na porta da fábrica: Lasciate ogni autonomia voi che entrate! 1. Se, pela ciência e pelo seu gê-nio inventivo, o homem submeteu as forças da natureza, estas se vingam submetendo-o, já que delas se usa, a um verdadei-ro despotismo independente de qualquer organização social. Querer abolir a autoridade na grande indústria, é querer abolir a própria indústria, é destruir a fiação a vapor para voltar à roca de fiar. Tomemos, como outro exemplo, a estrada de ferro. Tam-bém aí, a cooperação de uma infinidade de indivíduos é abso-

Cartaz soviético onde operário esmurra mesa dos capitalistas. Mais abaixo, operários da construção civil exercem a democracia operária e votam pela

greve que paralisa as obras do estádio doMaracanã contra a superexploração patronal

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O Bolchevique No7 - Dezembro de 2011 15

A Liga Comunista publica abaixo um relato do Socia-list Fight britânico, membro do Comitê de Ligação pela IV Internacional, do qual a LC faz parte, acerca

da greve geral britânica iniciada neste 30 de novembro de 2011, a maior do país desde 1926.

Mais de dois milhões de trabalhadores nas Escolas, hospitais, repartições públicas, aeroportos e todas as ca-tegorias essenciais do Estado realizam uma espetacular greve contra o ataque da coalizão Conservadora / Liberal democrata sobre as suas aposentadorias e empregos. O objetivo de Cameron é demitir 710 mil servidores públi-cos, retardar a idade da aposentadoria para 67 anos e aumentar em 3% a contribuição do funcionalismo para a previdência social. Esta é a maior paralisação desde a greve geral de 1926. Este movimento, assim como foram as manifestações anti-cortes do início de 2011 e as revol-tas juvenis iniciadas em Tottenham, faz parte da legítima reação dos trabalhadores e da população pobre na guerra de classes contra o governo de Cameron.

Ostensivamente apresentado pelo governo como se fosse um problema das aposentadorias, na realidade, este ataque faz parte do conjunto dos ajustes. O motivo da grande greve foi a declaração de guerra de classe com anuncio do orçamento dois dias antes. Polly Toynbee, arti-culista do Guardiam resumiu desta forma:

“George Osborne (Ministro da Fazenda do governo do primeiro ministro David Cameron) desfere cada um de seus golpes sobre os setores mais pobres. Com sua de-claração de outono o chanceler declarou guerra de classe: um assalto Tory [designação usada para referir-se ao Par-tido Conservador] sobre os trabalhadores do setor públi-co e sobre os pobres. Guerra de classe, guerra contra as mulheres, guerra inter-regional: a declaração de George Osborne é flagrantemente em favor da minoria contra a maioria da população. Os Conservadores arregaçaram as mangas e mostraram os dentes. Caiu a máscara da farsa eleitoral de David Cameron. Acabaram-se as lágrimas de crocodilo pelos pobres, acabou-se a demagogia da mobi-lidade social, e do “governo mais amigo da família “, aca-bou-se a balela de que “estamos todos juntos nesta”. Com este abraço de urso, Osborne chutou o pau da barraca.”

Os ricos burocratas sindicais pretendem simplesmente realizar este movimento como uma forma de fortalecer seu controle sobre as negociações e descomprimir (manobrar) a ira das bases para mostrar aos filiados dos sindicatos que estão fazendo alguma coisa.

Dave Prentice, secretário geral e burocrata da ala di-reita da UNISON, o sindicato dos trabalhadores do serviço público, pareceu mais militante que alguns dirigentes sin-dicais da “esquerda” neste confronto. A burocracia sindical faz parte do Partido Trabalhista e a canalha dirigente do partido trabalhista, em essência, apóia os planos de ajus-tes e está do lado da burguesia britânica contra os trabal-hadores, a população empobrecida britanica e os povos oprimidos do mundo. O economista porta-voz do Partido

Laborista, Ed Balls, criticou a forma como estão sendo aplicados os cortes mas reforçou a necessidade das me-didas de guerra: “Todos têm que sacrificar-se, inclusive o serviço público”.

Foi esta guerra contra a classe operária e os pobres que provocou esta forte greve. Comparando esta guerra com as outras guerras estrangeiras, um amigo, Seamus Conway, comentou: “Pela vitória da greve de hoje ..... é absolutamente espetacular que as pessoas estão se in-surgindo contra este governo .... pergunto se a BBC irá re-latar nossas manifestações com a mesma simpatia como que relatou as manifestações da Síria e da Líbia, onde apoiou entusiasticamente um bando de bandidos cruéis a serviço das super potências ricas... “ E o próprio Conway responde “eu tenho minhas dúvidas que isto aconteça”.

Neste momento em que o imperialismo fecha o cerco contra a Síria e o Irã, para recolonizar este país a exem-plo do que já vem fazendo no Afeganistão, Iraque, Líbia e Haiti, neste momento em que a juventude iraniana tomou a embaixada britânica em Teerã, o Comitê de Ligação pela IV Internacional se coloca incondicionalmente ao lado dos trabalhadores britânicos e imigrantes, dos povos oprimi-dos pela derrota de sua “própria burguesia”!

Derrotar Cameron na guerra de classes dentro e fora de casa!

GREVE GERAL BRITÂNICA

Acima, crianças e suas professorasinglesas participam dos protestos da greve

geral. Abaixo, iranianas protestam contra a GrãBretanha que juntamente com os EUA e Israel

preparam o ataque ao Irã.

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16 O Bolchevique No7 - Dezembro de 2011

O Bolchevique assinatura solidária de 20 números - 100 reaisContacte-nos: [email protected]

No dia 17 de novembro foi realizado no Rio de Janeiro um importante ato nacional contra a agressão imperialista à Líbia. O protesto

teve dois momentos, um em frente ao Consulado francês e outro no Consulado dos EUA.

Estiveram presentes militantes da Liga Comunis-ta, da Refundação Comunista, do PCB, do Coletivo Lenin e do Reagrupamento Revolucionário. A LC e a RC estavam no ato do Rio representando também o Comitê Antiimperialista de São Paulo. As falas dos agrupamentos presentes denunciaram o massacre de 60 mil pessoas nesta mais recente aventura mili-tar da OTAN em busca de se apropriar das riquezas energéticas dos países oprimidos e a imposição do governo fantoche do CNT, e reivindicaram a defesa da resistência antiimperialista naquele país africa-no.

As falas também denunciaram as invasões do Afeganistão, Iraque e Haiti e a ameaça eminente de novas invasões contra a Síria, Irã, Cuba e Coréia do Norte. Em cada um dos atos os manifestantes gri-taram em alto e bom som: “Fora OTAN, fora já daí, Fora o imperialismo de Obama e Sarkozy!”

Fora OTAN, fora já daí!Fora o imperialismo deObama e Sarkozy!”

ATO NACIONAL CONTRA A INTERVENÇÃO IMPERIALISTA NA LÍBIA

Reproduzimos a nota do ComitêAntiimperialista sobre ao protesto realizado no Rio de Janeiro em que a LC também participou.

O Bolchevique - Outubro de 2010 1