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Excelentíssimo Senhor Director de A Comarca de Arganil. Execelentíssimo Senhor. Fui surpreendido ao ler, em A Comarca de Arganil de 16 de Abril último, o artigo do Senhor Paulo Mattos Afonso com o título ‘’Caso Castro Nunes: Lomba do Canho e Museu Arquelógico’’. Surpreenderam-me, sobretudo, as declarações do Senhor Engenheiro Rui Silva e as matérias que entendeu trazer a lume. Mais surpreendido fiquei ainda ao ler a resposta com que saíu à liça o ex vereador António Gonçalves Cardoso, em ‘’reposição da verdade’’. Solicito-lhe pois a publicação desta, que divido em uma dirigida ao Senhor Eng, Rui Silva, outra ao Senhor ex Vereador da Cultura. E vice versa. Com os meus cumprimentos. Manuel de Castro Nunes. ‘’Primeira parte ou capítulo. Apesar de. Em recentes declarações do glorioso Primeiro Ministro de Portugal, acerca do falecimento do Professor Mariano Gago, ouvimos atónitos que ‘’apesar de (…) Mariano Gago deu um contributo inestimável para o progresso da Ciência em Portugal (…)’’. ‘’Apesar de.’’

O ''caso Castro Nunes''. Um professor contra a ''classe política

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O ''caso Castro Nunes''. Um Professor contra a ''classe política''.

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Excelentssimo Senhor Director de A Comarca de Arganil.

Execelentssimo Senhor.

Fui surpreendido ao ler, em A Comarca de Arganil de 16 de Abril ltimo, o artigo do Senhor Paulo Mattos Afonso com o ttulo Caso Castro Nunes: Lomba do Canho e Museu Arquelgico.Surpreenderam-me, sobretudo, as declaraes do Senhor Engenheiro Rui Silva e as matrias que entendeu trazer a lume.Mais surpreendido fiquei ainda ao ler a resposta com que sau lia o ex vereador Antnio Gonalves Cardoso, em reposio da verdade.Solicito-lhe pois a publicao desta, que divido em uma dirigida ao Senhor Eng, Rui Silva, outra ao Senhor ex Vereador da Cultura. E vice versa.Com os meus cumprimentos.Manuel de Castro Nunes.Primeira parte ou captulo.Apesar de.Em recentes declaraes do glorioso Primeiro Ministro de Portugal, acerca do falecimento do Professor Mariano Gago, ouvimos atnitos que apesar de () Mariano Gago deu um contributo inestimvel para o progresso da Cincia em Portugal ().Apesar de.Resta notar que inestimvel significa, letra, no estimvel. Pelo que, das duas uma, ou o glorioso Primeiro Ministro de Portugal manhoso e hipcrita ou inculto.O que est em causa, sem dvida, a cultura dos nossos governantes, em todos os estratos da nomenclatura da Repblica. Todos os restantes vcios assinalados j consagradamente denominada classe poltica so extenses e intruses de uma dada cultura. A prpria corrupo, mesmo nos detalhes do seu desenho sociolgico, uma extenso de uma dada cultura.Estou convicto de que, ao ler as declaraes do Senhor Engenheiro Rui Silva, o Senhor Engenheiro Pereira Alves ter comentado para os seus botes: Apesar de o Senhor Engenheiro Rui Silva ter sido membro do executivo camarrio do Partido Socialista. Etcetera e tal a hipocrisia e a mentira so transversais classe poltica e desenham inesperados consensos.Cumpre-me pois colocar em destaque algumas declaraes do Senhor Engenheiro Rui Silva e interpel-lo com exausto e rigor, numa tentativa de dissipar as trevas e as nuvens de fumo com que, aperar de, tanto o anterior executivo do PS quanto o actual do PSD tentam encobrir o cerne da questo. Apesar de.Ora, diz em dado passo o Senhor Engenheiro Rui Silva que, durante o seu mandato como Presidente da Cmara, foi confrontado pela Vereadora da Cultura de que havia no sto da Biblioteca Municipal uma secretria abandonada e trancada, cuja chave se encontrava sem paradeiro. E, tendo sido arrombada, o Senhor Engenheiro Rui Silva constatou que continha um conjunto de registos do esplio arqueolgico da Lomba do Canho, uma forma peculiar de se referir ao inventrio do esplio que constitura, at ser desalojado, o Museu Regional de Arganil, que era muito mais do que o esplio da Lomba do Canho de Arganil, pois a se recolhera esplio proveniente das campanhas de investigao e escavao levadas a cabo pelo Professor Castro Nunes, durante mais de cinquenta anos, por toda a Beira Alta e Litoral, nomeadamente concelhos de Tbua, Oliveira do Hospital e vrios do Distrito da Guarda.Mas o mais interessante apesar de, nas voltas e arquivoltas deste conspirativo episdio, foi que o Engenheiro Rui Silva, apesar de ser bvio e mais do que expectvel que deveria, antes de qualquer outra diligncia, informar-se junto do Professor Castro Nunes acerca das discrepncias que notara entre o inventrio e o esplio em poder e guarda da Cmara Municipal a que presidia, foi requisitar os servios do Museu de Conmbriga e da Universidade de Coimbra para que decifrassem o mistrio.O Senhor Engenheiro Rui Silva sabia bem em que condies o Museu Regional de Arganil fora desalojado e em que condies o Professor Castro Nunes fora intimado a recolher o esplio para atribuir ao espao outras funes mais nobres.Ora, declara ento o Senhor Engenheiro Rui Silva que, no decurso das suas averiguaes, soube o Museu de Conmbriga e a Universidade de Coimbra que os objectos que estavam inventariados mas no se encontravam no Museu Regional, que j no existia, haviam sido entregues Doutora Regina Anacleto.A Doutora Regina Anacleto, uma referncia quase paridisaca na minha memria infantil de arganilense, minha familiar, prima de minha me e filha do saudoso Jaime Teixeira. Cobo-me pois de fazer comentrios acerca da interveno da Doutora Regina Anacleto neste episdio, seno o de que, sendo pessoa prxima do Museu de Conmbiga e da Universidade de Coimbra, no foi ela, mas o meu pai, a informar o conimbriguenses de que o esplio estava sua guarda, a que pretexto e com que propsito.Ora, h de facto muito a revelar e esclarecer no mbito deste caso Castro Nunes ou mais apropriadamente caso Rui Silva e Pereira Alves, ou caso apesar de. Apesar de um ser do PS e outro do PSD, que interesses convergentes fazem Rui Silva e Pereira Alves unirem-se na mesma fileira para ocultarem a verdade no que respeita incria, falta de dignidade, transparncia no que concerne s matrias que respeitam ao Museu Regional de Arganil e ao abandono do stio arqueolgico da Lomba do Canho.Como dizia, a minha interpelao ao Engenheiro Rui Silva ser exaustiva e rigorosa. No cabe nos limites aceitveis para esta interveno.Para j, fica esta questo.Porque razo o Engenheiro Rui Silva, tendo encontrado uma secretria abandonada no sto da Biblioteca Municipal, a arrombou para constatar que guardava o inventrio do esplio do Museu Regional de Arganil? E, aps arromba-la, constatando que nela se guardava o inventrio do esplio do desmantelado Museu de Arganil, tendo tambm constatado que no havia coincidncia entre o inventrio e o esplio que continuava guarda da Cmara Municipal, no contactou de imediato com o Professor Castro Nunes e requisitou os servios do Museu de Conmbiga? E tudo apesar de ser do PS.Eu sei a resposta. Apesar deOra, manifesta-se o Engenheiro Rui Silva muito espantado porque o Professor Joo de Castro Nunes, tendo integrado a comisso de honra da candidatura do Engenheiro Pereira Alves presidncia da Cmara Municipal de Arganil, est agora em litgio com ele. Ora, sugiro-lhe que, antes de dizer uns palavres, pergunte ao seu correligionrio do PSD, ao Senhor Engenheiro Pereira Alves, porque razo, apesar de saber que, algum tempo depois, iria encontrar tambm abandonada num sto a mala que o Professor Castro Nunes entregara guarda da Doutora Regina Anacleto, teve a hipocrisia e o oportunismo de convidar o Professor Castro Nunes para integrar a comisso de honra da sua candidatura.Todos vamos constatando pelos jornais, atravs mesmo de declaraes pblicas de altos magistrados, que a classe poltica de que tanto se fala so, apesar de, sempre os mesmos em rotatividade. Todos reunidos nos mesmos propsitos, apesar de.Para j fico convicto de que, quando o PS resgatar a Cmara Municipal de Arganil, o Engenheiro Rui Silva dir: Apesar de ser do PSD, o Engenheiro Pereira Alves deu um contributo inestimvel para o progresso da Cultura em Arganil.S que, desta vez, o Engenheiro Rui Silva alegar em seu abono desconhecer que inestimvel significa, letra, no estimvel.

Segunda parte ou captulo.

Passou ento o caso a chamar-se caso Castro Nunes. Podia chamar-se o caso senhores engenheiros, mediante a condio de que todos aceitassem que todos os engenheiros so senhores e todos os senhores so engenheiros.A mim, concedeu-me o Senhor ex Verador o privilgio e honra de ser simplesmente senhor, sem mais. A meu pai, concedeu o caso a honra suprema de se denominar o Castro Nunes, embora o Senhor ex Vereador lhe acrescente o epteto qualificativo o Prof. Ainda no pegou em Arganil a moda do setr.Entre os engenheiros, concede o Senhor ex Vereador o qualificativo de Senhor apenas a um, o Senhor Eng Ricardo Pereira Alves. Senhores no inquinados pela obscenidade dos ttulos acadmicos s eu e o Senhor Maia Vale, a quem o Senhor ex Vereador retirou o ttulo honorfico com que se identificou.Ora, se eu tivesse que denominar o caso, que seria a primeira coisa a fazer para repor a verdade, dar-lhe-ia o ttulo um professor contra o oportunismo dos profissionais da poltica.Na sociedade portuguesa ergue-se, desde h umas dcadas, uma onda de indignao contra a manipulao da verdade pelos profissionais da poltica. Para l de todos os outros vcios que inquinaram a j etiquetada classe poltica, ou corporao poltica, o maior e o mais popular a mentira.Tornou-se deploravelmente obsceno assistir ao abandono de uma crescente legio de engenheiros, professores, mdicos, advogados, juzes, generais e marinheiros que prescindem da sua condio e estatuto para se dedicarem em exclusividade poltica. No se despojam de sua anterior condio, no abdicam dos ttulos pstumos e no prescindem de continuar a ser engenheiros, etcetera e tal. Engenheiro , por si s, uma mentira ou um encobrimento, devia haver engenheiros de dez a vinte. E esse o primeiro encobrimento da verdade.Ora, a um cidado que no pode juntar ao seu nome o ttulo ou condio de Senhor Presidente, Senhor Vereador, Senhor ex Vereador, Senhor ex Presidente, Senhor Candidato a Vereador, Senhor Candidato a Presidente, deveria ser concedido o benefcio de ser referido e qualificado pela sua legtima condio, no caso do tal Castro Nunes, Professor Doutor Joo de Castro Nunes, porque, uma vez que no gozou dos benefcios da classe poltica ou da corporao poltica, o que legitimamente lhe resta a sua condio acadmica, cultural e profissional. Nunca foi outra coisa.Porque razo a corporao poltica dos senhores presidentes, ex presidentes, vereadores e ex vereadores uniu fileiras contra o Professor?Diz, a dado passo, o Senhor ex Verador: O Eng Ricardo Pereira Alves assumiu um compromisso com os arganilenses que tem vindo a cumprir: ser o Presidente de todos os portugueses e no apenas alguns..De todos? Porque razo no o presidente do Professor Doutor Joo de Castro Nunes, a cuja residncia se deslocou para rogar o seu apoio quando precisou de ser eleito?Como o Senhor Eng Ricardo Pereira Alves e o Senhor Eng Rui Silva querero sempre alegar que so ou foram os presidentes de todos os arganilenses, sero sempre presidentes um do outro.E esta a verdade subjacente a toda a alegada verdade reclamada por um e por outro.A verdade ser reposta. Mas, para j, responda o Senhor ex Vereador Antnio Gonalves Cardoso.O Senhor insiste em afirmar que a citada mala, depois de vrias diligncias, foi encontrada? Como foi encontrada se se encontrava guarda e na posse da Doutora Regina Anacleto? Onde e em que circunstncias foi encontrada? que, como ver, este o ponto fulcral da sua verdade, para l de outros.Por mim, apenas me cumpre reiterar que no permitirei que a obra do Professor Doutor Joo de Castro Nunes, o esplio que outrora constituu o Museu Regional de Arganil e o stio arqueolgico abandonado da Lomba do Canho, sejam o pretexto e s para a guerrilha poltica entre o Senhor Presidente e o Senhor ex Presidente.E reitero tambm as questes que coloquei Assembleia Municipal de Arganil.Manuel de Castro Nunes.