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Conhecer para Prevenir Mariana de Figueiredo Lopes O CIRURGIÃO DENTISTA E O DORT

O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

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Conhecer para Prevenir

Mariana de Figueiredo Lopes

O CIRURGIÃODENTISTA E O DORT

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O CIRURGIÃO – DENTISTA E O DORT

Conhecer para Prevenir

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O CIRURGIÃO – DENTISTA E O DORT

Conhecer para Prevenir

Mariana de Figueiredo Lopes

Cirurgiã – Dentista graduada na Universidade Federal do Maranhão – UFMA

Aluna da Especialização em Dentística Restauradora da Escola de Aperfeiçoamento

Profissional da ABO de Santa Catarina

São Luís

2000

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Lopes, Mariana de Figueiredo

O Cirurgião – dentista e o DORT: Conhecer para

prevenir / Mariana de Figueiredo Lopes. – São

Luís,2000.

54 p.

1. Odontologia – Doenças ocupacionais. I. Título.

CDD 617.661 023

CDU 616.314 : 616 - 057

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A meus amados pais

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“Aliás, nós sabemos que tudo

concorre para o bem dos que amam

a Deus, que são chamados segundo

os seus desígnios.”

Rm 8:28

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por Sua presença protetora e Seu Amor supremo, sempre

iluminando meus caminhos e me dando forças para prosseguir

A meus amados pais Marcelino e Christina, por nunca medirem

esforços para que eu fosse feliz e por terem me ensinado a importância da

dignidade e de um bom caráter

A meu irmão Daniel, por ser o melhor amigo que eu poderia querer,

sempre presente em todas as horas de minha vida

Ao meu amado Saulo, por seu amor e carinho sempre presentes, além

do apoio em todas as decisões da minha vida, fundamental para que eu

prosseguisse na jornada para meu engrandecimento pessoal e profissional

À Prof.a Márcia Cuenca Campos Mendes, por suas valiosas lições e

pelo seu apoio fundamental na elaboração desta obra

Aos meus caros e verdadeiros amigos, que souberam compreender

minha ausência e distância, impostas pelos compromissos diários

A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para que este

trabalho se concretizasse.

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SUMÁRIO

p.

1 ... INTRODUÇÃO...........................................................................................8

2 ... REVISÃO DE LITERATURA....................................................................10

2.1 Histórico..................................................................................................10

2.2 Nomenclatura..........................................................................................11

2.3 Conceito..................................................................................................12

2.4 O DORT na prática odontológica..........................................................14

2.5 Sintomatologia........................................................................................16

2.6 Etiopatogenia..........................................................................................18

2.7 Estágios do DORT..................................................................................19

2.8 Manifestações clínicas...........................................................................22

2.8.1 Dedo em gatilho........................................................................................23

2.8.1 Doença de De Quervain...........................................................................23

2.8.2 Síndrome do Túnel do Carpo...................................................................24

2.8.3 Síndrome do Túnel Ulnar.........................................................................26

2.8.4 Síndrome do Redondo Pronador.............................................................26

2.8.5 Epicondilite...............................................................................................26

2.8.6 Bursite......................................................................................................27

2.8.7 Cervicobraquialgia...................................................................................28

2.8.8 Miosites e polimiosites.............................................................................28

2.9 Fatores de risco.....................................................................................28

2.9.1 Fatores biomecânicos..............................................................................29

2.9.2 Fatores organizacionais / psicossociais...................................................31

2.9.3 Mobiliário, ferramentas, equipamento, maquinários inadequados..........32

2.9.4 Fatores idade e sexo...............................................................................33

2.10 Diagnóstico............................................................................................34

2.10.1 Anamnese ocupacional...........................................................................35

2.10.2 História da doença...................................................................................35

2.10.3 Exame físico............................................................................................36

2.10.4 Exames complementares........................................................................37

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2.11 Tratamento..........................................................................................38

2.11.1 Terapia medicamentosa.......................................................................39

2.11.2 Terapias e exercícios de relaxamento................................................40

2.11.3 Terapia cirúrgica..................................................................................41

2.12 Prevenção.........................................................................................42

2.12.1 Fatores ligados ao ambiente de trabalho...........................................43

2.12.2 Fatores ligados à organização do trabalho........................................44

2.12.3 Recomendações sobre atividades domésticas..................................46

3 CONCLUSÃO....................................................................................46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................48

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CDD 617.661 023

CDU 616.314 : 616 – 057

O CIRURGIÃO – DENTISTA E O DORT

Conhecer para prevenir

Mariana de Figueiredo Lopes*1

Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho na Odontologia. Apresentam-se os riscos de doenças ocupacionais que atingem membros superiores, espádua e pescoço do cirurgião- dentista. Abordam-se as lesões, suas causas e sintomatologia, bem como meios de prevenção e formas de tratamento.

1 INTRODUÇÃO

As atividades modernas são muito pobres em qualidades de

movimentos. À medida que evolui, o trabalho torna-se mais dependente da

técnica, o que aumenta de forma assustadora o número de acidentes e doenças

profissionais1 . Cada profissão tem implicações características que podem trazer

àqueles que a exercem patologias específicas, as doenças ocupacionais. Certas

atividades exigem dos trabalhadores a ação dos mesmos grupos musculares por

meses ou anos a fio, podendo levar ao desenvolvimento de lesões.

Nos compêndios médicos, estas lesões antes conhecidas como Lesões

por Esforço Repetitivo – LER – foram rebatizadas com o nome de Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT – por ser esta nomenclatura

mais adequada. Caracterizam-se por afecções do aparelho locomotor, sobretudo

dos membros superiores, espádua e pescoço, que são formados por um delicado

*Cirurgiã – Dentista graduada na UFMA; Aluna de Especialização em Dentística Restauradora da EAP / ABOSC

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conjunto mecânico de músculos, fáscias musculares, tendões, ligamentos, vasos

sangüíneos, articulações e nervos. Estas afecções tem relação direta com as

exigências de movimentos repetitivos, rápidos, continuados e/ou vigorosos das

tarefas, além do ambiente físico e da organização do trabalho2,3.

Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho atacam

trabalhadores de diversas áreas – digitadores , bancários, escritores,

laboratoristas, trabalhadores de linha de produção, dentistas etc. – e que se

dedicam demais às tarefas que exigem esforço repetitivo, em posturas

inadequadas e sem períodos de repouso, que constituem o perfil epidemiológico

dos DORT1,2.

A Organização Mundial de Saúde ressalta que o ambiente, as

estruturas básicas e o desempenho no trabalho têm participação significativa na

instalação das doenças associadas ao próprio trabalho4.

O cirurgião-dentista é um trabalhador que usa e depende a cada dia

mais da técnica1, além de ter que enfrentar uma competição cada vez mais

acirrada por mercado de trabalho. As exigências do mundo moderno e as

particularidades da prática odontológica são fontes geradoras de estresse5, que é

um outro fator para o desenvolvimento da LER/DORT.

Estes distúrbios relacionados ao trabalho causam inicialmente dor, e

podem evoluir se não diagnosticados para a incapacidade de realizar

movimentos, de forma temporária ou mesmo permanente6.

É importante que a classe odontológica conheça estas alterações

patológicas e suas causas, pois este é o passo inicial para preveni-las e tratá-las

o mais cedo possível, preservando assim estruturas anatômicas fundamentais

para o desenvolvimento da profissão, além de sua saúde mental. Este trabalho

tem por finalidade alertar a classe odontológica para este problema, apresentar os

quadros clínicos característicos de DORT, seus fatores de risco, seu tratamento e

principalmente sua prevenção, fundamentando-se em ampla revisão bibliográfica

acerca do assunto.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Histórico

O DORT não é uma doença nova. Os sinais e sintomas da

tenossinovite, uma de suas manifestações clínicas, foram descritos em 1713 por

Bernardino Ramazzini 2,7 – o pai da Medicina do Trabalho7,8 – como a doença dos

escribas e dos notários, dizendo: “ a necessária posição da mão para fazer correr

a pena sobre o papel ocasiona não leve dano, que se comunica a todo o braço

devido à constante tensão tônica dos músculos e tendões e, com o andar do

tempo, diminui o vigor da mão” 2,7 , sendo o primeiro a estabelecer correlação

entre doenças e a ocupação das pessoas.

Ramazzini afirmou ainda que “ aqueles que levam vida sedentária e por

isso são chamados de artesãos de cadeira, como os sapateiros, os alfaiates e os

notários, sofrem de doenças especiais decorrentes de posições viciosas e da falta

de exercícios” 9.

Esta doença, mais tarde conhecida como “doença das tecelãs” (1920)

e “doença das lavadeiras” (1965)7 , deixava os pacientes com dores, os médicos

perplexos e os patrões suspeitando que seus empregados estavam fingindo ou

com uma doença imaginária, pois estes distúrbios podem levar à invalidez, mas

não deixam, a princípio, marcas visíveis aos olhos alheios10.

A industrialização acelerada ocorrida no início do século XX fez

aumentar o número de relatos de DORT de tal forma que chegou-se a considerá-

lo uma epidemia industrial11. Os numerosos estudos realizados nos últimos 100

anos apontam as tendinite como a maior causa de sofrimento dos trabalhadores

com atividade manual, bem como de indenizações trabalhistas12.

A partir de 1980, o problema se amplia e torna-se fenômeno mundial,

devido a grande evolução do trabalho humano e o aumento no ritmo da vida

diária. Atinge várias profissões que requerem movimentos repetitivos e/ou grande

imobilização postural7. É mais associado ao trabalho informatizado, entretanto,

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pode atingir todas as pessoas que possuem atividades sedentárias, produzem o

mesmo padrão de movimento continuamente e trabalham sob pressão do tempo

e da produtividade, permanecendo boa parte do dia em uma mesma posição6,

como é o caso do profissional de Odontologia.

2.2 Nomenclatura

A denominação DORT – sigla para Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho – passou a ser adotada recentemente, quando o

Ministério da Previdência e Assistência Social baixou a Ordem de Serviço 606

/98, publicada no Diário Oficial da União de 19 de agosto de 199813. A

nomenclatura DORT veio substituir a bastante difundida LER, Lesões por

Esforços Repetitivos. A mudança foi efetuada para evitar que a própria

denominação apontasse causas ou efeitos definidos14.

A diferença existente entre ambos os termos é que LER supõe a

existência de um “machucado”, que a pessoa esteja lesionada. A recuperação de

uma lesão se dá por cicatrização, que é feita pelo próprio organismo, quer

sozinho ou com intervenção médica. Já o termo DORT admite que os sintomas

podem aparecer sem que a pessoa esteja lesionada. Distúrbio significa mau

funcionamento de nosso corpo e/ou mente. Saúde e doença, como se sabe, são

estados que dependem da integridade física e mental do indivíduo, e que por sua

vez são influenciados diretamente pelas características da sociedade em que o

indivíduo está inserido. Por outro lado, o conceito de lesão por esforço repetitivo

omite o fato de que a dor sentida pelo paciente é provocada também por fatores

como estresse, fadiga e depressão15.

A adoção do termo DORT significa, portanto, que a dor crônica pode

existir sem que para isso haja obrigatoriamente uma lesão. Desta forma, tornam-

se mais compreensíveis os mecanismos que produzem o sofrimento e se

orientam ações mais eficazes no tratamento e prevenção do problema15.

Além das terminologias “Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao

Trabalho” e “Lesão por Esforços Repetitivos”, pode-se encontrar na literatura

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outras, tais como Lesões por Traumas Cumulativos – LTC, Doenças

Cervicobraquial Ocupacional – DCO, Síndrome de Sobrecarga Ocupacional –

SSO16, Síndrome Ocupacional do “Overuse”17, e Doenças Músculo-Esqueléticas

Ocupacionais – DMO18.

Independentemente da denominação ou sigla, elas representam o

mesmo problema: a dor e a perda de capacidade motora dos membros superiores

e conseqüente perda de capacidade produtiva do indivíduo.

2.3 Conceito

As pessoas, no exercício de suas profissões, estão sujeitas a fatores

que colocam em risco a sua saúde. Estes riscos estão divididos em acidentes de

trabalho e doenças profissionais. São considerados acidentes de trabalho os

eventos caracterizados pelo curto espaço de tempo existente entre a ação do

agente nocivo e o surgimento da lesão. As doenças profissionais, por outro lado

são caracterizadas por um período de tempo de maior duração entre a ação do

agente nocivo e o aparecimento da doença, e podem ter causas mecânicas,

físicas e químicas19. Os DORT são portanto doenças profissionais que possuem,

dentre outros fatores, causas mecânicas.

Apesar da adoção da nova terminologia – DORT, o uso do termo LER

em partes deste trabalho justifica-se, para se manter a referência bibliográfica.

Esta é uma doença grave e que já foi causa de aposentadoria por

invalidez de muitos profissionais. Ocorre por inflamação dos músculos, tendões e

nervos dos membros superiores, abrangendo dedos, mãos, ombros, braços,

antebraços e pescoço. Sua conseqüência mais grave é a perda da capacidade de

realizar movimentos, de modo temporário ou permanente6. As LER / DORT são

um conjunto de lesões que reduzem, no indivíduo, a capacidade de realizar

movimentos. O grau de limitação varia segundo o estágio da doença e pode

evoluir de parcial a total, se o trabalhador não for afastado das atividades

repetitivas que as provocaram. A detecção precoce das lesões permitirá controlar

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o agravamento das doenças que elas provocam, evitando ainda tratamentos

prolongados e longos períodos de afastamento médico do profissional20.

Segundo OLIVEIRA11, são denominadas LER as desordens neuro-

músculo-tendinosas de origem ocupacional de membros superiores, espádua e

pescoço, causadas pelo uso repetitivo e forçado de grupos musculares, ou pela

manutenção de forçada postura, sendo, em geral de cura difícil. Causam dor,

perda de força e edema e são responsáveis por uma parcela significativa das

causas da queda da “performance” profissional no trabalho.

Para COUTO21, as LER representam lesões musculares e/ou de

tendões e/ou de fáscias e/ou de nervos dos membros superiores, ocasionadas

pela utilização biomecanicamente incorreta dos membros superiores, que

resultam em dor, fadiga e queda de “performance” no trabalho; conforme o caso,

essas lesões podem evoluir para uma síndrome dolorosa crônica, nessa fase

agravada por todos os fatores psíquicos (no trabalho ou fora dele) capazes de

reduzir o limiar de sensibilidade dolorosa do indivíduo.

De acordo com a Norma Técnica Sobre LER do INSS, de 1993, a LER:

“ É uma terminologia para afecções que podem acometer

tendões, sinóvias, músculos, nervos, fáscias, ligamentos,

isolada ou associadamente, com ou sem degeneração dos

tecidos, atingindo principalmente, porém não somente, os

membros superiores, região escapular e pescoço, de origem

ocupacional, decorrente, de forma combinada ou não, de : a)

Uso repetido de grupos musculares; b) Uso forçado de

grupos musculares; c) Manutenção de postura inadequada” 20,22,23.

A LER, para MATTAR Jr.24 , é um estresse biomecânico que excede a

capacidade biológica do paciente. Segundo ele, a prática mostra que nem sempre

se consegue identificar uma causa de base anatômica para explicar o quadro

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doloroso e/ou inflamatório presente no caso. A acentuação do estresse

psicológico pelas crescentes disputas profissionais fazem parte do quadro.

NICOLETTI9 afirma que a LER é um fenômeno bio-psíquico-social que

pode atingir não apenas trabalhadores, mas também donas de casa, atletas,

músicos, bailarinas que, apesar de manterem atividades físicas repetitivas, não

estão sujeitas à organização “Tayloriana” clássica do trabalho. Qualquer atividade

profissional exercida sem preparo psíquico–emocional adequado e sem

condições físicas apropriadas para a função exercida por tempo prolongado

expõem o trabalhador a distúrbios músculo-esqueléticos de natureza complexa.

De acordo com a Ordem de Serviço 606, publicada no Diário Oficial da

União em 19 de agosto de 199813 as LER são:

“ ...patologias, manifestações ou síndromes patológicas que

se instalam insidiosamente em determinados segmentos do

corpo, em conseqüência de trabalho realizado de forma

inadequada.”

Além das profissões já consagradas, podemos encontrar no grupo que

compõe os portadores de LER crianças que passam várias horas seguidas em

jogos eletrônicos, pessoas que fazem tricô, pianistas, pipetadores de laboratório,

e inclusive dentistas7.

2.4 O DORT na prática odontológica

A Odontologia é rica em oportunidades de satisfação pessoal e

profissional. Entretanto, principalmente entre os profissionais mais jovens, vem

sendo crescente a insatisfação25, que se deve principalmente à dificuldade manter

a vida, enquanto luta-se para ganhar a vida 26.

Se supunha que o trabalho odontológico era de baixo risco. Mas um

estudo de CLOUTMAN27 mostra que a esperança de vida de dentistas ingleses

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era a menor dentre todas as profissões ou, pelo menos, igual à da profissão com

a mais baixa esperança de vida, que é a medicina.

KHALIL28 afirma que os dentistas:

“... sofrem de dores lombares, cefaléia tensional, e esforço

anormal em diversas partes do corpo, tais como região

dorsal, região lombar, pernas e pés. A fadiga dos olhos,

braços e pés é uma queixa comum entre dentistas...Alguns

apresentam problemas de saúde mais graves tais como

perturbações circulatórias...varizes das pernas, e artrite

cervical e das mãos. Desigualdade na altura dos ombros é

encontrada em vários deles. Bursite dos ombros e dos

cotovelos e inflamação das bainhas tendinosas são outras

doenças encontradas em dentistas...”

Aos fatores ocupacionais propriamente ditos, somam-se, de acordo

com FOX e JONES29 uma série de outros, como o baixo gasto energético, a falta

de oportunidade para pausas de repouso satisfatórias, a imobilidade relativa, o

uso de grandes grupos musculares para manter a posição de trabalho etc.

Fatores de natureza psicológica inerentes ao trabalho odontológico

condicionam tensão e estresse, tais como o surgimento de uma emergência

médica em pacientes odontológicos ou quebra de equipamentos30. ECCLES31

acrescenta que o trabalho odontológico envolve muita tensão uma vez que o

dentista trabalha com o paciente consciente e apreensivo, o que exige uma

relação paciente – dentista altamente positiva. Situações de tensão e estresse

também foram trazidas pelo desenvolvimento da tecnologia, juntamente com seus

indiscutíveis benefícios30.

Os agentes de risco presentes no ambiente odontológico são

numerosos e muito variados e os dentistas estão expostos a eles desde os

primeiros anos da faculdade, escola ou instituto e não desde que iniciam o

exercício da profissão, como erroneamente se pensava32. Especialmente entre os

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cirurgiões-dentistas, as doenças ocupacionais constituem uma séria e

preocupante realidade33. O exercício profissional os obriga a usar como rotina de

trabalho os membros superiores, principalmente as mãos e quase sempre com

repetitividade de um mesmo padrão de movimento, comprimindo mecanicamente

estruturas dessa região e muitas vezes com pressão temporal2. Quanto mais

especializado, mais rápido e repetitivo é o trabalho, principalmente para

periodontistas e endodontistas6.

O paciente com DORT pode evoluir com várias limitações, como

diminuição da agilidade e destreza manual, dificuldade em permanecer sentado

por muito tempo, dificuldades para manter os membros superiores elevados ou

suspensos por tempo prolongado, falta de firmeza para segurar objetos etc.

Deverá portanto ser orientado em termos de tratamento e reabilitação, a começar

por medidas capazes de diminuir a ansiedade e angústia, além de controle eficaz

dos quadros dolorosos16.

2.5 Sintomatologia

As manifestações do DORT podem variar de paciente para paciente.

Nem todos apresentam sinais visíveis dos distúrbios, mas alguns sinais e

sintomas são comuns a todos22.

O primeiro sinal do DORT é a dor, que pode se iniciar com pontadas

intermitentes por curtos períodos, e podendo ser acompanhada de fadiga

muscular e desconforto, que se recuperam com curtos períodos de repouso. Caso

os fatores agressivos não sejam removidos a dor, que a princípio é leve ou

moderada e sempre ligada aos movimento, passa a ser contínua ou

semicontínua, muito intensa, irradiada e difusa, com períodos de exacerbação

quando são executados determinados movimentos, ao final da jornada de

trabalho ou mesmo quando fora do trabalho e espontaneamente. Uma das

queixas mais freqüentes neste estágio é a dor noturna e de remissão demorada,

que impede o sono e promove significativo desgaste psíquico10,11.

Os locais mais freqüentemente relacionados como doloridos são

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17

antebraço e punho, o que se justifica pela inserção dos músculos flexores e

extensores dos dedos e punho, além dos responsáveis pela pronação ser

localizada no 1/3 proximal dos ossos do antebraço e epicôndilos11.

A dor pode ainda se localizar em regiões como ombros e costas, ou

também latejar em pontos distantes do seu local de origem. A irradiação da dor

pode ser distal ou central. Quando a sede da injúria se situa primariamente nos

punhos, a dor irradia-se para os dedos, antebraços e epicôndilos. Quando a sede

da dor é a espádua, e/ou pescoço, a dor se irradia para os segmentos distais

atingindo os dedos11.

Limitação ou incapacidade para realizar o trabalho também são

comuns no quadro clínico. Para fugir do incômodo, a pessoa passa a adotar

posturas inadequadas, retrai tendões, fica com as articulações rígidas e até

contrai o rosto, ou seja a dor é apenas o primeiro sinal de um ciclo vicioso

detonado pela doença10.

Além da dor, outras manifestações subjetivas do DORT são sensações

de peso e cansaço no membro afetado, parestesia, formigamento, distúrbios

circulatórios, edema, calor localizado, rubor, sudorese, perda de força muscular,

crepitações, choques, alterações de sensibilidade, transtornos emocionais,

depressão, insônia6,11,20,22,23.

A hipertonia, com aumento de volume dos músculos extensores e

flexores dos punhos e dedos, é comum e também um dos primeiros sinais

clínicos. É mais notada no 1/3 proximal, onde a palpação desencadeia dor11.

O edema no dorso das mãos e dedos, ausente no início, surgem nos

estágios mais avançados. Pode aparecer e regredir em poucos dias e é quase

sempre recorrente. Ao se tornar permanente, o edema produz acentuada

deformação dos dedos, mão e antebraço. A permanência do edema é atribuída a

microprocessos fibróticos que dificultam o retorno linfático11.

A imobilidade ocasionada pela dor pode provocar hipotrofias por

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desuso, principalmente na face palmar da mão e dedos, que assumem o aspecto

de “dedos em fuso”11.

Os sinais e sintomas da Síndrome do Túnel do Carpo, um dos

distúrbios que mais acomete os profissionais da odontologia, são dor noturna,

sensação de formigamento noturno nas mãos, sensação de parestesia pulsátil e

dolorosa nas extremidades dos membros superiores, notadamente no lado de

maior demanda, seguidos de uma sensação de inchaço e falta de controle motor

da mão e dos dedos 35,36,37,38,39,40,41. Mas pela similaridade existente entre a

sintomatologia da Síndrome do Túnel Carpal e outros distúrbios, tais como a

Síndrome do Desfiladeiro Torácico, Síndrome do Supinador e Síndrome do

Pronador Redondo, deve ser feito o diagnóstico diferencial42.

Para que se possa chegar a um correto diagnóstico, é preciso

considerar a possibilidade da presença de uma gravidez ou de doenças que

possuem sintomas idênticos aos anteriormente descritos, como reumatismo,

esclerose sistêmica, gota, infecções gonocócicas, tendinites traumáticas

(acidentes), osteoartrite, diabetes. Portanto, o exame clínico deve ser priorizado, e

sempre que necessário, devem ser checadas as provas de atividade reumática,

os níveis de ácido úrico, a radiografia do segmento afetado (artrose e afecções

ósseas), a ultrassonografia, a eletroneuromiografia, a tomografia e, nos casos de

hérnia cervical ou lombar, a ressonância magnética. Deve ser feita ainda uma

avaliação ergonômica do ambiente de trabalho23.

2.6 Etiopatogenia

O episódio inicial de uma lesão ocasionada pelo trabalho repetitivo

consiste numa reação inflamatória do tendão e das sinóvias que o envolvem. Com

repouso do segmento afetado, imobilização e tratamento medicamentoso, em

pouco tempo a inflamação desaparece, normalmente sem seqüelas. Caso

contrário, cada episódio inflamatório é seguido de outro, formando-se um círculo

vicioso que leva a casos crônicos de lesões, a espessamento irreversível de

tendões e sinóvias, e incapacitação permanente43.

Page 21: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

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Nas situações normais do dia-a-dia, ocorre uma reparação celular nos

tendões que os mantém sadios e lhes proporciona sempre uma determinada

reserva funcional, para responder a eventuais sobrecargas. Na presença de

sobrecargas crônicas, as estruturas miotendíneas sofrem desgaste. É por isso,

inclusive, que a quase totalidade dos distúrbios músculo-esqueléticos

ocupacionais ocorre em torno de áreas articulares44.

A contração prolongada dos músculos do pescoço e espádua, por sua

vez, produz miosite de tensão. A contração muscular cria pressão intramuscular,

especialmente na contração isométrica (contração sem encurtamento) e em

menor grau na isotônica (contração com encurtamento), levando a processos de

isquemia que, se perdurar, como no caso de postura defeituosa ocupacional, gera

processo inflamatório com reação fibrótica intramuscular e tecidos adjacentes11.

O sedentarismo, a perda natural de elasticidade muscular por desuso,

a adiposidade e a perda da elasticidade das estruturas articulares, somados às

doenças degenerativas, ajudam a agravar a situação5.

Essa tendência se acentua com o passar da idade, uma vez que no

indivíduo jovem as fibras gastas são rapidamente substituídas, restaurando-se de

imediato a integridade anatômica da área afetada. No idoso, porém, esse

processo é mais lento, abrindo maiores espaços para lesões, principalmente nas

atividades repetitivas e fora de condições ergonômicas adequadas, que são

fatores causais do DORT44.

2.7 Estágios do DORT

Segundo BRAWNE45 , os distúrbios pode ser classificados em 3

estágios:

v Estágio I

– Há dor e fadiga do braço afetado, durante o trabalho, cessando à noite e nos

dias de folga.

– Não há redução significativa da produtividade.

Page 22: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

20

– Não há sinais físicos.

– O quadro persiste por semanas ou meses, mas é reversível

v Estágio II

– Há dor recorrente e fadiga, que aumentam inicialmente durante a jornada de

trabalho e permanecem por mais tempo.

– Os sintomas não mais desaparecem à noite, perturbando o sono do indivíduo

– Redução da produtividade quando em trabalhos repetitivos

– Sinais físicos podem estar presentes

– Usualmente persiste por meses.

v Estágio III

– A dor, a fadiga e a fraqueza agora persistem mesmo em repouso e pode

haver dor mesmo sem movimentos repetitivos.

– Esses sintomas perturbam o sono.

– O paciente é incapaz de boa performance até para trabalhos leves.

– Os sinais agora estão presentes

– Poderá permanecer o quadro por meses ou anos

Já OLIVEIRA11 prefere classificar a LER em 4 estágios, procurando

enfatizar os extremos do curso clínico da doença:

v Estágio I

– Sensação de peso e desconforto no membro afetado

– Dor localizada nos membros superiores ou espádua que aparece

ocasionalmente durante a jornada de trabalho (pontadas)

– Não interfere na produtividade do trabalhador

– Não há irradiação nítida

– Melhora com repouso

– Geralmente é uma dor leve e fugaz

– Ausência de sinais clínicos

– Pode haver manifestação de dor ao exame clínico, quando a massa muscular

envolvida é comprimida

– Tem bom prognóstico

Page 23: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

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v Estágio II

– Dor mais persistente e intensa, que aparece durante a jornada de trabalho de

forma intermitente.

– A dor é tolerável e permite a execução da atividade profissional, mas com

uma notável redução da produtividade nos períodos de exacerbação.

– Pode estar acompanhada de sensação de formigamento e calor, alem de

leves distúrbios de sensibilidade.

– Pode haver irradiação definida

– Demora mais a melhorar com o repouso

– Pode aparecer ocasionalmente fora do trabalho (atividades domésticas,

práticas desportivas)

– De um modo geral, os sinais físicos continuam ausentes.

– Podem-se observar, algumas vezes, nodulações acompanhando a bainha da

musculatura envolvida

– Massa muscular com hipertonia e dor à palpação

– Prognóstico favorável

v Estágio III

– Dor persistente e forte, com irradiação mais definida

– Nem sempre a dor desaparece com o repouso, podendo ser apenas atenuada

– Paroxismos noturnos

– Freqüentes perdas da força muscular e parestesias

– Há queda acentuada de produtividade, ou mesmo impossibilidade de produzir

– Sinais clínicos presentes: edema recorrente; hipertonia muscular, etc.;

alterações da sensibilidade; manifestações vagais (palidez, sudorese da mão,

etc.)

– A mobilização ou palpação do membro provoca dor forte.

– Eletromiografia (EMG) alterada; o retorno à atividade produtiva pode ser

problemático.

– Prognóstico reservado

v Estágio IV

– Dor forte e contínua, por vezes insuportável, que se estende em geral por

todo o membro afetado.

Page 24: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

22

– Paroxismos de dor ocorrem mesmo com o membro imobilizado

– Perda da força e do controle dor movimentos.

– Sinais clínicos: hipotrofias por desuso, edema persistente produzindo

deformidades, atrofias principalmente dos dedos, nódulos e crepitações.

– A capacidade de trabalho é anulada

– Atos da vida diária prejudicados

– Alterações psicológicas, como depressão, angústia e ansiedade

– Prognóstico sombrio

Em todos esses estágios é importante que o médico reconheça a sua

responsabilidade como agente capaz de intervir na evolução do processo

degenerativo11.

2.8 Manifestações clínicas

Os DORT representam um grupo heterogêneo de quadros clínicos,

alguns deles bem definidos e outros mais difusos. Dentre as manifestações

clínicas do DORT a mais conhecida é a tenossinovite (inflamação do tecido que

reveste os tendões), mas há outros distúrbios associados: bursite (inflamação das

bursas, pequenas bolsas que se situam entre os ossos e os tendões das

articulações dos ombros), Síndrome de De Quervain, miosites (inflamação dos

músculos), cistos sinoviais, dor miofascial (contração dolorosa dos músculos),

tendinite (inflamação dos tendões), epicondilite (inflamação das estruturas do

cotovelo), e síndromes compressivas, como Síndrome do Túnel do Carpo

(compressão do nervo mediano ao nível do punho), Síndrome do Túnel Ulnar

(compressão do nervo ulnar a nível do punho), Síndrome do Redondo Pronador

(compressão do nervo mediano abaixo da prega do cotovelo), Síndrome Cérvico -

Braquial (compressão dos nervos ou tensão muscular da coluno cervical),

Síndrome do Desfiladeiro Torácico (compressão do plexo braquial : vasos e

nervos), Síndrome do Ombro Doloroso (compressão de vasos e nervos da região

do ombro)2, 3, 4, 20, 22,23 .

Além destas, outras 13 patologias são admitidas como LER/DORT,

pela OS 606, dentre elas o dedo em gatilho, a Síndrome do Interósseo Anterior

Page 25: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

23

(ou Síndrome do Supinador) e Tendinite da Porção Longa do Bíceps (ou Tendinite

Distal do Bíceps)13

2.8.1 Dedos em gatilho (Contratura de Dupuytren)

É a constrição inflamatória da bainha tendinosa, geralmente associada

à superfície áspera do tendão, resultando em interferência com o deslizamento

macio normal do tendão dentro se sua bainha. O tendão acometido é o flexor

superficial dos dedos da mão, havendo a formação de um nódulo no tendão, que

se localiza na superfície palmar das articulações metacarpo-falangeanas7,11.

Quanto à etiologia, considera-se como traumática, podendo ser

encontrado em trabalhadores que usam ferramental inadequado que traumatiza

com freqüência a região palmar7,11.

O sintoma mais comum é a impossibilidade de extensão normal dos

dedos, apesar de a flexão se fazer quase sempre sem dificuldade. O movimento

de extensão se processa como que ultrapassando um obstáculo, o que faz com

que o dedo salte com o esforço empregado para vencer tal resistência. Esse

processo se chama fenômeno do gatilho e é, na maioria das vezes, doloroso11.

É freqüentemente solitário, ocorrendo em um só dedo, usualmente o

quarto ou o terceiro, podendo no entanto ser multilocalizado em ambas as

mãos7,11.

2.8.2 Doença de De Quervain (Tenossinovite estenosante)

É uma fibrose dolorosa da bainha comum dos tendões do longo

abdutor do polegar e extensor curto do polegar, que, espessada, provoca

distúrbios de sensibilidade e impotência funcional ao deslizar no sulco ósseo do

processo estilóide do rádio11.

Encontra-se com freqüência em trabalhadores que usam a mão em

desvio ulnar, executando movimento de força e repetição7,11.

Page 26: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

24

O aparecimento da doença é geralmente insidioso, sem história de

trauma. Os sintomas podem estar presentes por meses, mas podem tornar-se

piores repentinamente e a dor ser aguda. Basicamente, o sintoma principal é a

dor no dorso do polegar, atingindo até o processo estilóide do rádio,

principalmente a flexão passiva - ao exame físico - e a abdução ativa do polegar.

O sinal de Finkelstein é típico da síndrome de De Quervain : consiste em dor a

altura do processo estilóide, quando é feito o desvio ulnar passivo da mão,

enquanto o polegar está fletido e aduzido sobre a região palmar e sobre ele se

fletimos demais dedos11.

2.8.3 Síndrome do Túnel do Carpo (STC)

Dentre os transtornos dos DORT, a Síndrome do Túnel do Carpo é o

que mais interesse tem para o cirurgião-dentista, por sua freqüência e por se

converter em distúrbio ocupacional21. Para BAUER36, há uma grande incidência

da STC nos cirurgiões-dentistas, principalmente periodontistas , endodontistas,

naqueles que praticam um grande número de exodontias e em higienistas dentas.

É uma neuropatia periférica, ocasionada pela compressão do nervo

mediano situado ao nível de um compartimento osteofibroso da parte palmar do

punho onde também passam os tendões flexores da mão e dos dedos7. O túnel é

formado pelo ligamento circular do carpo na parede anterior, pelos ossos

pisiforme e piramidal na parte interna e pelos ossos do carpo e suas articulações

na parede posterior. O nervo mediano tem origem no ombro, a partir de duas

raízes dos troncos externo e interno do plexo braquial, e inerva a maioria dos

músculos flexores do antebraço, os músculos curtos do polegar, os lumbricais

externos, a pele da mão, as articulações da mão, do cotovelo e os leitos

ungueais42.

Na palma da mão, abaixo das eminências tenar e hipotenar, o nervo se

ramifica, garantindo inervação dos dedos polegar, indicador, médio e metade do

anular. A outra metade desse dedo e todo o dedo mínimo não são inervados pelo

dedo mediano42.

Page 27: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

25

Ao se fazer um movimento do punho, por menor que seja, ocorre um

leve deslizamento do nervo mediano e do tendão flexor dos dedos, que segue no

mesmo sentido. Há então a necessidade de um espaço livre para a

movimentação destas estruturas. A redução deste espaço resultará na

compressão do nervo mediano. Na maioria dos casos, esta redução do espaço

decorre de um espessamento ou de um edema da bainha que recobre o tendão

flexor ou mesmo do próprio tendão42. Ou então pode realizar-se a compressão

por estruturas anômalas no interior do túnel do carpo7.

Os principais sintomas são dormências, parestesias e dor nos três

primeiros dedos da mão7 e reborda interna do 4.º dedo, sendo em geral

unilateral11, evoluindo com caráter progressivo, sob a forma de crises

paroxísticas, habitualmente noturnas. A parestesia e a dor se acentuam à flexão

do punho. Nos casos adiantados, observam-se atrofia de eminência tenar e

paralisia dos músculos envolvidos7. A queixa de dor noturna é praticamente

patognomônica para esse distúrbio38 e melhora ao se exercitarem os dedos da

mão ou é minimizada quando as mãos ficam em flexão ou extensão35,46. Isso se

explica pelo fato de a vasodilatação e a estase venosa produzirem edema na

sinóvia do tendão, aumentando assim, a compressão do nervo. A movimentação

ativa da mão faz reduzir esse quadro doloroso e parestésico47.

SILVERSTEIN et al41 sublinham que o caráter repetitivo e cumulativo

simultâneo é mais decisivo do que a intensidade da força de caráter ocupacional

no desencadeamento da STC.

Para o cirurgião-dentista, a repetição de gestos – como na raspagem

coronorradicular5 – e a manutenção de contra-resistências, a postura dos

membros superiores, com atividades que exijam constante flexão e extensão do

punho, a compressão mecânica das bases das mãos com instrumentos

periodontais e endodônticos, considerados curtos e inadequados e que

necessitam da utilização de força na base da mão, são causas ocupacionais

imediatas propriamente ditas da Síndrome do Túnel do Carpo36,39,46,48,49,

acrescidas de movimentos vibratórios contínuos e cumulativos, como por exemplo

ao desgastar rebarbas de acrílico no acabamento de próteses totais50.

Page 28: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

26

2.8.4 Síndrome do Túnel Ulnar

Consiste na compressão do nervo ulnar ao nível do punho, quando ele

passa através do canal de Guyon ou túnel ulnar, em torno do osso pisiforme,

levando a sintomas na margem ulnar da mão. Trata-se de uma afecção bem

menos freqüente que a síndrome do túnel carpiano, e ainda não bem estudada11.

Os sintomas consistem fundamentalmente em disestesia, dor, fraqueza

ou impotência funcional, hipotrofia musculares, sensação de frio e intolerância ao

calor, atingindo geralmente a face flexora e extensora do 4.º e 5.º dedos e região

hipotenar7,11.

2.8.5 Síndrome do Redondo Pronador

Consiste na compressão do nervo mediano, abaixo da prega do

cotovelo. Nesta região o nervo mediano passa entre os dois ramos do pronador

redondo, antes de passar sob a borda proximal do músculo flexor dos dedos7,11.

A compressão irá gerar dor nos três primeiros dedos, enfraquecimento

da oposição do polegar e dos flexores dos três primeiros dedos, além de dor ao

se pronar o antebraço com o punho firmemente cerrado e contra resistência11.

Há comprometimento sensitivo da eminência tenar. O quadro se

desenvolve quando há movimentos repetitivos e de força de pronosupinação e,

também, com a hipertrofia muscular dos músculos do antebraço11.

2.8.6 Epicondilite

Epicondilite lateral ou medial é caracterizada por dor no local de

inserção dos músculos epicondilianos. No epicôndilo lateral fixam-se

especialmente os extensores e no medial, os flexores7,11.

A dor é despertada pressionando-se a face externa e anterior do

epicôndilo, podendo-se irradiar para o ombro e a mão. Pode ser difusa, atingindo

Page 29: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

27

o terço proximal do antebraço. Os movimentos de extensão e flexão do punho

podem exacerbá-la, não tanto porém quando se solicita a supinação do antebraço

com carga sobre o braço. A articulação do cotovelo permanece livre, há

freqüentemente hipertonia da musculatura, que se encontra aumentada de

volume e sensível à palpação11.

A lesão que atinge a musculatura dos flexores é mais freqüente no

caso de DORT. Esta é uma condição que facilmente se torna crônica, se

agravando e recidivando com retorno aos movimentos repetidos e forçados,

sendo oportuno assinalar o seu grande número de ocorrências em dentistas7,11.

2.8.7 Bursite

A articulação do ombro é a mais diferenciada do aparelho locomotor no

que diz respeito aos seus movimentos. Apresentando, assim, ampla liberdade de

movimentos, mas pouco poder de contenção mioligamentar, dela é justo esperar

um número de queixas dolorosas freqüentemente atribuídas a traumatismos que

resultam em distensões, entorses, estiramento de partes moles justa-articulares,

etc7,11.

A tendinite mais comum é a do supra-espinhoso, que realiza imensa

quantidade de movimentos, sofrendo microtraumas repetidos, podendo chegar à

degeneração progressiva e necrose7,11.

Abduções repetidas levam a processos inflamatórios e degenerativos

do tendão do manguito rotator (grupo de músculos responsáveis pela rotação

externa do braço e sua abdução), resultando algumas vezes na ruptura parcial do

músculo referido, que se traduz na dificuldade de abdução e, nas formas agudas,

na impossibilidade de movimentos com o braço devido à dor. O quadro doloroso

não se restringe ao ombro mas atinge partes do membro e região da espádua e

do pescoço11.

Page 30: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

28

2.8.8 Cervicobraquialgia

Consiste numa desordem funcional e orgânica de origem ocupacional,

produzida por fadiga muscular e/ou repetida função dos braços e mãos. É

extremamente freqüente7,11.

Os músculos envolvidos são o trapézio, levantador de escápula, os

rombóides, o supra-espinhoso e os músculos cervicais11.

As síndromes dolorosas da região cervicobraquial se compõem

especialmente pela compressão do feixe neurovascular ao atravessar os

músculos do pescoço, especialmente os escalenos. A dor se irradia para todo o

membro superior, é de modo geral indefinida e acompanhada de sensação de

desconforto e de disastesias7,11.

Profissionais que exercem sua função de pé (posturas defeituosas) e

com os braços levantados estão entre o grupo de maior risco11.

2.8.9 Miosites e Polimiosites

São processos inflamatórios da musculatura esquelética que pelo

próprio esforço e fadiga podem sofrer ruptura de suas fibras elásticas, edema,

degeneração e fibrose. Tal quadro é representado clinicamente pela dor, fraqueza

e desconforto muscular7,11.

Muitas vezes, são quadros somente sintomáticos e complexos, de

difícil identificação11.

2.9 Fatores de risco

Não há uma causa única e determinada para a ocorrência de

DORT17,23. A literatura mostra que vários são os fatores agressivos existentes no

ambiente de trabalho odontológico, e que podem concorrer para a ocorrência

destes distúrbios, sem que, na maioria dos casos, o dentista os conheça17,30. Para

Page 31: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

29

que tais fatores sejam considerados de risco devemos observar a sua

intensidade, duração e freqüência17.

As origens dos DORT estão normalmente em atividades que exigem

força excessiva com as mãos, posturas incorretas com membros superiores,

repetitividade de um mesmo padrão de movimento e compressão mecânica das

estruturas dos membros superiores. Também pode ser encontrada em afazeres

domésticos que exigem muito das mãos e mesmo em esportes como o tênis, que

forçam os membros superiores. Ainda como etiologia consta o tempo limitado

para execução de uma tarefa2 .

Os distúrbios, contudo, são mais complexos do que a simples repetição

de movimentos. O estresse e a pressão psicológica no trabalho, por exemplo,

também são fatores que atuam como agravantes10. Existem, portanto, uma série

de fatores de risco que, quando somados, aumentam as chances de o indivíduo

desenvolver os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, como

fatores mecânicos, físicos, organizacionais, psicossociais e sistêmicos10,23.

2.9.1 Fatores Biomecânicos

A repetitividade dos movimentos que ocorrem durante a realização das

tarefas é um fator biomecânico no desenvolvimento do DORT. No trabalho do

dentista, podemos encontrar a repetitividade na raspagem coronorradicular; na

confecção de aparelhos ortodônticos fixos e móveis; nas manobras de

instrumentação manual dos condutos radiculares na Endodontia e de

polimerização das restaurações de resina; na realização de preparos durante a

confecção de próteses fixas; nos movimentos contínuos do pescoço e de

membros superiores (paciente / ferramentas de trabalho, paciente / equipamento,

paciente / matéria prima) durante os procedimentos realizados23. As constantes

flexões, extensões e desvios laterais de punho são movimentos de risco10.

O uso de força está relacionada à movimentação ou sustentação de

objetos, equipamentos e segmentos corporais. O odontólogo emprega a força em

diversas ações realizadas durante os tratamentos, necessitando ainda de

Page 32: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

30

precisão e execução de movimentos finos na grande maioria de seus

procedimentos. Essa associação atua aumentando a exposição dos

odontologistas a DORT/LER. Como exemplo do uso de força, podemos citar as

tarefas que envolvem a exodontia e a necessidade de afastar a bochecha para

melhor visualização do campo de trabalho10,23. O uso de luvas dificulta a

movimentação das mãos, a sensação tátil e a noção de uso da força, exigindo

também maior esforço para a execução das atividades23.

As posturas incorretas e antinaturais exigidas pelo trabalho, que não

respeitam a posição anatômica e as relações naturais entre os vários segmentos

do corpo23 constituem um importante problema ocupacional que ultimamente vem

merecendo a atenção dos ergonomistas30. O dentista permanece sentado durante

a maior parte de sua jornada de trabalho. Além disso, ele é obrigado, pela posição

dos instrumentos de trabalho e pelo dimensionamento do mobiliário, a realizar

movimentos freqüentes de flexão de tronco e pescoço, rotação de tronco,

elevação de ombro, abdução de membros superiores, flexão de cotovelo, flexão e

extensão de punho e trabalho com os membros superiores sem qualquer apoio

por muito tempo4. Estas posturas são mantidas durante toda a jornada de

trabalho. A necessidade de precisão visual desenvolvida durante o tratamento,

aliada à falta de habilidade para o uso da visão indireta podem estar associadas à

exigência de flexão do pescoço. Também há exigência de precisão manual com o

manejo de peças muito pequenas. Os fatores citados fazem com que o dentista

adote posturas que favorecem o surgimento de doenças23.

Movimentos vibratórios contínuos e cumulativos10 presentes na

manipulação de instrumentos elétricos ou pneumáticos, como os motores de alta

e baixa rotação utilizado pelos odontólogos, contribuem para o aparecimento de

vários problemas (vasculares, neurológicos e articulares) de membros superiores

que, quando associados a outros fatores, podem levar a ocorrência de

LER/DORT23.

A compressão mecânica direta dos tecidos e estruturas delicadas pode

provocar uma lesão nos membros. No caso, as compressões podem ocorrer

quando o odontólogo exerce força no uso de instrumentos com pegas

Page 33: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

31

antianatômicas, levando a pressão no local de contato4,23.

2.9.2 Fatores organizacionais / psicossociais

Os fatores organizacionais dizem respeito à forma como o trabalho

está estruturado, dividido, supervisionado, executado, e as estratégias que são

escolhidas para lidar com os obstáculos atuam como fatores de risco para o

aparecimento de DORT/LER. Essa organização está determinada pelos fatores

tecnológicos, que vão estabelecer o tipo de trabalho e pelos processos de

produção: dependendo dos modelos organizacionais adotados, teremos fatores

distintos associados23.

Nos diversos ambientes de trabalho onde estejam inseridos os

cirurgiões-dentistas, os fatores organizacionais podem estar representados por:

jornadas prolongadas, trabalhos em turnos, dupla jornada de trabalho (em tarefas

domésticas, com os filhos, em dois vínculos empregatícios etc.); inexistência de

pausas durante a jornada de trabalho; cobrança de determinada produtividade,

até mesmo quando o trabalhador é autônomo; ritmo intenso de trabalho; pressão

de chefia e de clientes; variabilidade e imprevisibilidade do conteúdo da tarefa,

notadamente quando é exigida uma intervenção maior ou mais complexa do que

a prevista; dificuldade do absenteísmo e da substituição do profissional, devido ao

vínculo e à confiança estabelecidos na relação dentista – paciente; prejuízo

financeiro; número de funcionários mal-dimensionado; ausência de auxiliares e de

cooperação entre colegas, auxiliares, clientes, secretárias, chefias e qualidade de

comunicação entre estes; competitividade entre profissionais; ameaça de

demissão; falta de manutenção preventiva de equipamentos, aumentando a carga

de trabalho11,23,30,34.

Percebe-se então que além das condições físicas do trabalho, deve-se

avaliar a carga psicológica à qual o trabalhador está sujeito. Os especialistas já

sabem inclusive que há perfis psicológicos associados à doença. Pessoas

dependentes, inseguras, insatisfeitas e com poucos interesses além do trabalho

são as mais atingidas. Isso explicaria os casos em que existem duas pessoas

Page 34: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

32

sujeitas exatamente às mesmas condições mas uma adoece e a outra não.

Profissionais motivados têm maiores chances de escapar da síndrome10.

Conforme SATO et al51 , o sofrimento dos portadores de LER está

associado a culpa e revolta, por terem adquirido a doença e pela impossibilidade

de retomar sua vida cotidiana. Advertem ainda que a dimensão psicossocial da

doença não deve ser negligenciada, para que os profissionais de saúde possam

ter uma melhor compreensão da doença propriamente dita, de seus

determinantes e de suas repercussões.

2.9.3 Mobiliário, ferramentas, equipamentos, maquinários inadequados

Com freqüência, a forma real de trabalhar é distinta da que haviam

previsto os desenhadores técnicos dos equipamentos e mobiliários. Às vezes, os

trabalhadores mudam os procedimentos ou desenvolvem práticas muito

diferentes das especificações dos postos. Com demasiada freqüência, os

trabalhadores são a variável que se adapta aos erros e atrasos do processo de

desenho e fabricação52.

Existe, portanto, a necessidade de uma intervenção ergonômica no

ambiente de trabalho, essencial para modificar os postos “criadores” de lesões de

DORT. O objetivo principal da avaliação ergonômica é propor melhorias nas

condições de trabalho, visando ao conforto e ao bem-estar tanto do profissional

quanto do paciente, modificando a organização do trabalho, disposição do

mobiliário, no conteúdo das tarefas e nos fatores ambientais23, como iluminação,

temperatura, umidade e ruídos, dentre outros22.

O ideal seria que uma equipe formada por ergonomistas, médicos,

fisioterapeutas, engenheiros, projetistas, administradores e mesmo o próprio

dentista pudesse intervir no projeto de concepção desses postos. Na falta dessa

equipe, um bom terapeuta ocupacional pode ser o elo entre o tratamento

específico e a prática diária do cirurgião-dentista23.

Page 35: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

33

Não existe uma aparelhagem ideal nem uma solução padrão.

Entretanto, a cadeira utilizada pelo paciente e o próprio paciente podem realizar

diversas manobras e movimentos23. O assento, o encosto e o apoio de cabeça

podem mover-se independentemente e, em muitos casos, mediante controles

elétricos, permitindo colocar o paciente de tal forma que o dentista possa

trabalhar confortavelmente30. Devido à pressão do tempo para realizar os

procedimentos, porém, muitas vezes os odontologistas não utilizam os recursos

da cadeira nem solicitam de seus pacientes os movimentos corporais que seriam

necessários para diminuir assim a carga de trabalho23.

É certo também que a imobilidade do trabalho do dentista é um fator

causal importante a ser considerado. Um movimento preciso necessita

geralmente de imobilização dos segmentos corporais que não participam do

movimento, o que causa fadiga muscular7. O simples fato de colocar a mesa de

trabalho mais longe, forçando o profissional a executar uma variação de

movimentos pode ser extremamente benéfico23.

2.9.4 Fatores idade e sexo

A literatura sobre a influência do fator idade do desenvolvimento do

DORT é variável. Acredita-se que dependa muito mais da idade média da

população empregada do país que de outros fatores, pois é normalmente o DORT

incide e incapacita a faixa etária de maior potencial de trabalho7,11. Para

OLIVEIRA11 , a faixa etária de maior incidência é a de 30 a 39 anos, seguindo-se

da faixa de 20 a 29 anos. A média das idades encontradas pelo autor foi de 35

anos.

Quanto ao sexo, a maioria dos autores concorda que o DORT atinge

mais freqüentemente as mulheres7,10,11,53,54,55 , assim como as doenças músculo-

esqueléticas em geral7.

Page 36: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

34

BARNARD56 explica que :

“Os músculos das mulheres não possuem o mesmo

potencial de desenvolvimento dos homens. Ela possui

menor número de fibras musculares e menor capacidade de

armazenar e converter o glicogênio em energia útil. Seus

ossos também tendem a ser mais leves e mais curtos, com

áreas de junção mais reduzidas”.

Porém, há fatores sistêmicos que parecem influenciar a prevalência do

DORT entre as mulheres, como a gestação e a amamentação, a menopausa, o

período pré-menstrual, o uso de anticoncepcionais42,53. O papel hormonal,

portanto, deve ser levado em conta, possivelmente pela maior retenção de

líquidos38, um agravante nas síndromes compressivas.

Alguns autores afirmam que os distúrbios podem estar associados em

maior ou menor grau a outras alterações de natureza endócrina, tais como

diabetes mellitus, obesidade20,42.

Além dos fatores anatômicos e hormonais, os trabalhos domésticos

após a jornada profissional, a chamada dupla jornada feminina, constituem um

outro fator para a maior prevalência dos distúrbios osteomusculares relacionados

ao trabalho nas mulheres7,10.

ASSUNÇÃO et al 57, entretanto, em um estudo de 38 casos de DORT,

concluíram que, ao contrário das outras pesquisas, o segmento de maior

predominância foi o do sexo masculino.

2.10 Diagnóstico

Por não terem um substrato anatômico evidente e diante da falta de

objetividade dos recursos diagnósticos disponíveis para avaliação dos quadros

clínicos apresentados, o diagnóstico dos Distúrbios Osteomusculares

Page 37: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

35

Relacionados ao Trabalho torna-se mais complexo4, sendo essencialmente

clínico7,11,20,22.

Baseia-se em uma anamnese bem conduzida que contemple a história

profissional, a história da doença e um exame físico detalhado4,7,11, estabelecendo

relação entre os sintomas e queixas apresentados e o trabalho que o profissional

executa20. Os exames complementares, laboratoriais e de imagem, não são

obrigatórios, devendo serem solicitados apenas quando for justificável20,22, como

por exemplo em quadros altamente inespecíficos4.

Os exames supracitados, em conjunto com o acompanhamento

evolutivo do caso, representam as medidas mais úteis para o diagnóstico desses

distúrbios4.

2.10.1 Anamnese ocupacional

A anamnese ocupacional inclui o estudo da função realizada, com seus

movimentos básicos e a freqüência destes movimentos, o uso ou não de

instrumental adequado, posição no posto de trabalho, jornada diária, pausas,

condições ambientais, relações pessoais e interpessoais – nível de

relacionamento com superiores, por exemplo – e tempo exercido na função.

Trabalhos após a jornada profissional – um segundo emprego ou mesmo serviços

domésticos – , práticas de esportes e atividades anteriores exercidas que possam

consistir na continuidade da atual, pela similitude dos movimentos exercidos7,11.

2.10.2 História da doença

A história da doença deve remontar ao seu início, quais os sintomas

iniciais e os segmentos afetados, como evoluíram estes sintomas, sua

exacerbação ou não ao longo da jornada de trabalho, sua remissão após esta

jornada ou em períodos de repouso mais prolongado, como nos fins de semana

ou férias. A dor, o formigamento, a fadiga, as parestesias e a perda de força são

sintomas freqüentes, isolados ou associados11.

Page 38: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

36

A dor, por ser o sintoma mais importante, deve ser investigada quanto

a sua localização, intensidade, caráter, irradiação11, modo de início – insidioso ou

agudo7. A queixa mais freqüente é a dor periarticular, normalmente com influência

de movimentos e rigidez articular. O quadro clínico poderá chegar à total

impotência funcional. O comportamento das articulações é importante, pois

alguns distúrbios melhoram com o repouso, enquanto outros causam intensa dor

nas primeiras horas do dia, melhorando com o uso das articulações7. Outro

aspecto que deve ser investigado é a ocorrência de tratamentos anteriores ao

exame atual11.

2.10.3 Exame físico

O exame articular deve ser detalhado. A pesquisa de dor à palpação e

aos movimentos passivos e forçados, sua localização e intensidade são básicas11.

A mobilidade articular pode apresentar alterações na amplitude dos movimentos

devido a dor, espasmos musculares, fibrose a até anquilose7. No exame das

bainhas tendíneas, buscam-se sinais de inflamação e crepitações. A pesquisa de

crepitação, típica na tenossinovite de De Quervain, pode trazer elementos

adicionais7,11.

A inspeção deve comparar estruturas homólogas, observando

alinhamento, forma, volume e/ou deformidades7. A existência de nódulos

acompanhando as bainhas musculares, a hipertonia dos músculos, atrofias,

edemas, alterações vasculares devem ser, sistematicamente, procurados11. O

exame dos tendões possui semiologia escassa, mas pode acusar aumento de

volume – como no caso do dedo em gatilho – ruptura e ruídos7.

Existem manobras e testes específicos para auxiliar na concretização

da hipótese diagnóstica, dentre eles os sinais de Finkelstein ( tenossinovite de De

Quervain), Tinnel (síndrome do túnel do carpo), Phalen ( síndrome do túnel do

carpo) e Gilliart - Wilson ( síndrome do túnel do carpo) 7,11, extensão lenta dos

dedos ( dedo em gatilho)e palpação do nervo ulnar 7.

Page 39: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

37

2.10.4 Exames complementares

Os exames complementares utilizados, quando se fazem necessários,

são exame radiográfico, ultrassonografia, eletromiografia4, provas de atividade

reumática, níveis de ácido úrico 11,23 e outros exames laboratoriais necessários

para afastar uma possível gravidez e doenças associadas aos sintomas do

DORT, pois reumatismo, artrite reumatóide, hipotireoidismo também podem

causar dor muscular e mascarar o quadro10.

É rara a observação de lesões ligamentares ou osteoartrose ao exame

radiográfico em pacientes com suspeita de DORT. A artrografia normalmente

também se apresenta normal4. Entretanto, o estudo radiológico da coluna cervical

pode identificar alterações estruturais congênitas – costela cervical e outras

anomalias – degenerativas ou traumáticas que podem contribuir para o

diagnóstico ou invalidar a suspeita de DORT. Tem valor para diagnóstico

diferencial afastando processos expansivos e compressivos que podem se

manifestar semelhante ao DORT11.

A ultrassonografia, embora muito solicitada em pacientes com queixas

sugestivas de LER/DORT, nem sempre mostra correlação entre o achado ultra-

sonográfico e o quadro clínico predominante4.

A eletroneuromiografia é principalmente usada para configuração

diagnóstica e avaliação prognóstica na suspeita de síndromes compressivas de

nervos periféricos como as Síndromes do Túnel do Carpo, de Guyon, do canal

cubital e interóssea posterior4,11. Nos demais quadros, que representam a maioria

dos casos, ela se apresenta normal11.

A ressonância magnética e a cintilografia podem eventualmente

oferecer subsídios diagnósticos valiosos, principalmente quando a dor é bem

localizada e não evolui de forma migratória, como se constata na maioria dos

pacientes do DORT4.

Page 40: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

38

2.11 Tratamento

Para o tratamento do DORT, os fatores causais não podem ser

abrangidos parcialmente. O tratamento moderno exige a ação de uma equipe

multiprofissional, para que o problema possa ser avaliado sob várias perspectivas,

o que é fundamental para a cura10.

Assim sendo, o médico identifica a alteração e coordena o tratamento;

o fisioterapeuta aplica exercícios para reabilitar os movimentos comprometidos,

empregando recursos que variam da eletroterapia e ultra –som à drenagem

linfática e gelo; o terapeuta ocupacional molda o local de trabalho ao tipo físico

da pessoa, indicando adaptações de borracha ou espuma aos móveis e

equipamentos, e orienta quais atividades podem e devem ser modificadas para

prevenir e solucionar o problema ; um psicólogo ou psiquiatra detecta a causa de

fatores como angústia e ansiedade no ambiente de trabalho10.

O grande problema relatado por médicos que cuidam das doenças do

trabalho é que os sintomas podem aparecer de forma lenta, e o paciente ir se

“acostumando” com as dores, dormências, inchaços, etc., de maneira que quando

procura um médico, o sucesso do tratamento pode estar comprometido6. Quanto

mais demorar para ser identificada e tratada, mais a dor crônica passa a

prejudicar as atividades diárias, o lazer, o sono e até o apetite10, chegando até

mesmo à incapacitação permanente6.

A primeira medida a ser tomada quando surgem esses sintomas é o

afastamento imediato dos fatores de risco, ou seja, cessar com atividades que

demandam esforço repetitivo, imobilizar o segmento afetado, evitar subir escadas

ou ficar muito tempo em pé, repousar e procurar um médico, mais

especificamente um ortopedista6,7.

A partir do momento em que o do paciente está afastado dos fatores de

risco, a variedade de tratamentos é ampla, e a conduta terapêutica dependerá do

estágio em que se encontra a doença e também da resposta particular de cada

organismo. Pode ser indicada desde condutas clássicas em fisioterapia, uma

Page 41: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

39

simples imobilização com terapia antiinflamatória e analgésica, a práticas

alternativas como homeopatia, acupuntura, laserterapia dentre outras, ou até

mesmo uma cirurgia3,7,11,20.

Nos estágios I e II, o tratamento médico pode recuperar o trabalhador,

permitindo-o voltar até mesmo para a mesma atividade, desde que feito um bom

tratamento e alteradas as condições de trabalho. Deve-se inclusive adequar o

instrumental de trabalho, de modo que seu uso continuado reduza o esforço no

desempenho da tarefa11.

Já no estágio III, se impõe a reabilitação profissional, além do

tratamento médico. A reabilitação deve ser cuidadosa e o retorno ao trabalho na

nova atividade profissional deve ser supervisionado, a fim de se evitarem

recidivas, que não são incomuns11.

No estágio IV, o tratamento médico e a reabilitação profissional

apresentam resultados precários. As recidivas são bastante freqüentes e qualquer

esforço maior, ainda que fora do trabalho, reabre o quadro sintomático. A quase

totalidade dos casos caminha, cedo ou tarde, para a invalidez. Neste estágio, os

problemas emocionais são agravados e os pacientes apresentam-se quase

sempre deprimidos e emotivos11.

2.11.1 Terapia medicamentosa

Ainda que nem sempre se disponha da perfeita caracterização clínica e

dos mecanismos etiológicos envolvidos nos quadros de DORT, é sempre

necessário uma intervenção rápida para controlar suas manifestações dolorosas,

de maneira a impedir seus conseqüentes reflexos sobre o bem-estar e a

performance funcional do paciente4.

Os quadros de dor podem ser controlados através de repouso,

analgésicos e relaxantes musculares4,7, antiinflamatórios não-hormonais ou

corticosteróides, de acordo com cada caso4.

Page 42: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

40

O uso de antiinflamatórios não hormonais receitados tradicionalmente

tem sido considerado insuficiente por especialistas10. Dentre os antiinflamatórios

não-hormonais, tem tido grande destaque o aceclofenaco, fármaco pertencente à

família dos ácidos fenilacéticos e que, por suas características é o agente de

primeira escolha no tratamento de pacientes com DORT. O aceclofenaco

apresenta ações antiinflamatórias e analgésicas de rápido início de ação em

comparação a fármacos da mesma classe terapêutica e excelente perfil de

tolerabilidade4.

Atualmente também estão sendo receitados antidepressivos tricíclicos

como regulador do sistema supressor da dor10. O uso de ansiolíticos, com

destaque para os benzodiazepínicos, deve ser prescrito sempre que for

necessário controlar os quadros de ansiedade, angústia e as manifestações

dolorosas, de modo a assegurar conforto ao paciente até que sejam

estabelecidas as premissas para o seu tratamento definitivo4. Entretanto seu uso

é contra-indicado a longo prazo, por aumentar a depressão, reduzir o sono

repousante e fazem a pessoa sentir mais dor11. Os casos de maior gravidade

exigem muitas vezes a participação de um psiquiatra4.

As infiltrações com corticosteróides, com intuito básico de alívio da dor

e diminuição do processo inflamatório7, são formalmente contra-indicadas, pois

causam degenerações de tecidos sinoviais, tendinosos e musculares, mas em

certos casos, se aplicada a quantidade mínima e no local correto, há sucesso.

Entretanto, isso não elimina a necessidade de um tratamento e até mesmo de

uma intervenção cirúrgica23.

2.11.2 Terapias e exercícios de relaxamento

Os métodos adotados para o tratamento do DORT podem incluir

sessões de fisioterapia, técnicas de relaxamento, novidades como a

miofascioterapia, métodos de reeducação postural global (RPG). A massoterapia,

a hidroterapia e a termoterapia reabilitam os movimentos e minimizam

edemas10,23.

Page 43: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

41

Os exercícios fisioterápicos devem ser inversamente proporcional à

intensidade e ao número de músculos envolvidos. Para o sucesso, a terapia

fisioterápica deve ser mais passiva de início, pois os músculos estão

comprometidos10.

A acupuntura é uma técnica milenar chinesa altamente difundida e que

pode ser usada na técnica tradicional ou em versões mais modernas, como

eletroacupuntura ou laserterapia, restabelecendo o equilíbrio energético,

relaxando os músculos, tendões e ligamento, estimulando o sistema que suprime

a dor, propiciando ação antiinflamatória10,23.

A Reeducação Postural Global – RPG – é um trabalho de correção

postural através de alongamento. É também preventiva e pode evitar o risco de

uma cirurgia. Apesar de ser uma técnica alternativa, assim como a acupuntura, é

cada vez mais difundida. O tratamento incide sobre os músculos da estática, os

músculos inspiradores e os músculos suspensores, que devem ser alongados10,23.

O Lian Gong é uma ginástica terapêutica que fortalece a musculatura

de todo o corpo e que também pode ser usada como tratamento. Os melhores

movimentos contra o DORT são os da primeira série, que visam desbloquear a

musculatura do pescoço e do ombro. Para prevenir e se recuperar do DORT, os

mestres de Lian Gong recomendam comer e respirar bem 10.

2.11.3 Terapia cirúrgica

As cirurgias não são recomendadas como a primeira opção de

tratamento, pois podem causar seqüelas ainda piores que a própria doença10.

Observa-se na prática que a maioria dos casos de DORT é resolvida através de

medidas puramente clínicas, sem necessidade de cirurgia. Deve-se começar

sempre com tratamento conservador, com imobilização e medicação4. Cirurgias

só devem ser realizadas em casos especiais6.

Sobretudo quando se cogita a possibilidade de intervenção cirúrgica,

devem-se aprofundar as pesquisas diagnósticas até o pleno esclarecimento dos

Page 44: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

42

fatores e mecanismos etiopatogênicos envolvidos. A necessidade de cirurgia só é

confirmada em casos com diagnóstico conclusivo em que essa intervenção é a

única medida capaz de restituir a capacidade funcional e diminuir a dor4,7,

devendo haver uma estratégica cirúrgica bem definida e prognóstico favorável4.

A cirurgia consiste na abertura das bainhas tendinosas e limpeza dos

depósitos de cálcio ou fibrina que provocam o espaçamento dessas e é indicado

para tendinites e tenossinovites7.

Para o sucesso das medidas adotadas no tratamento, os pacientes

precisam ter participação ativa, adquirindo uma maior conscientização corporal,

aprendendo a conhecer e trabalhar os seus próprios limites e as adaptações nas

atividades de vida diária e prática. Devem refletir sobre a história profissional,

resgatando as expectativas pessoais e o processo saúde – trabalho e voltar a

investir em projetos futuros23.

Após o tratamento é imprescindível que o paciente volte às suas

atividades, porém com alterações nas situações antes promotoras ou

contribuintes da patologia, buscando a reestruturação das condições de trabalho7.

Este retorno ao ambiente de trabalho deverá ser lento e gradual, acompanhados

de exercícios obrigatórios e modificações na jornada de trabalho, além da

correção da postura, adequação do ferramental – como por exemplo o uso de

curetas periodontais afiadas – às condições de trabalho, proibição ou limitação de

horas extras e acompanhamento técnico e psicológico7.

2.12 Prevenção

O simples fato de sentir dor após um dia intenso de trabalho não

significa que a pessoa seja portadora do DORT, pois a mesma normalmente

desaparece com repouso adequado58. O distúrbio só se configura se, ao invés de

uma dor temporária que vai embora em alguns dias, surgir um foco dolorido

persistente. Por isso a prevenção e o diagnóstico precoce são as maiores armas

de que dispomos6.

Page 45: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

43

Para prolongar o tempo de vida útil do profissional, este deve se cuidar

desde jovem, já que recuperar a saúde é muito mais difícil que manter. Uma vida

saudável tem que se basear em boa alimentação, condições de trabalho,

equilíbrio psicológico e atividade física23.

A adoção de certas medidas preventivas pode evitar o surgimento do

DORT. Dentre elas, o repouso de 10 minutos em cada hora para o repouso de

músculos e tendões, exames médicos periódicos e a diminuição do ritmo de

trabalho tão logo surja qualquer sintoma. Na odontologia, recomenda-se repouso

entre o atendimento de um paciente e outro. Alongamento e exercícios para mãos

e dedos são também excelentes aliados contra esse mal6.

2.12.1 Fatores ligados ao ambiente de trabalho

O local de trabalho deve ser planejado de forma a assegurar ao

cirurgião-dentista e ao paciente condições adequadas de conforto e segurança.

Aspectos relacionados à umidade, calor, ventilação, ruído e iluminação devem

obedecer aos padrões legais. O mobiliário e os equipamentos devem

proporcionar condições de boa postura, visualização e operação, além de

conforto para o paciente1,20,22.

O uso de instrumentais ergonomicamente bem dimensionados para o

tamanho das mãos e dedos do operador, adequar a altura do campo de trabalho

do profissional para eliminação de esforços adaptativos, evitar permanecer em

uma única posição por um longo período de tempo, manter os instrumentais que

serão utilizados dentro da área de alcance das mãos, à direita e à frente do

operador também são medidas preventivas a serem adotadas42.

A altura do mocho é determinada pelas características físicas do

usuário e da superfície de trabalho. Reguláveis ou fixos, todos deverão ter

encosto para proteção da região lombar. As pernas devem formar um ângulo de

90º e os pés deverão estar plenamente apoiados no chão20,22.

Page 46: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

44

A posição da cadeira deve permitir postura confortável aos membros

superiores, sem interferir no espaço necessário à acomodação das pernas22.

Deve-se procurar trabalhar com visão indireta (espelho) afim de evitar inclinação

da coluna trabalhar com os braços paralelos ao tronco, evitando assim as

bursites.

A mesa clínica deverá ser ampla o bastante para conter equipamentos

de modo a garantir a realização de tarefas e permitir o apoio de mãos e braços.

Objetos e equipamentos de uso freqüente devem ficar em áreas de fácil acesso,

para serem alcançados com os cotovelos junto ao corpo e, os de menor uso, com

os braços estendidos20,22. Para um melhor rendimento do trabalho, os

movimentos do cirurgião-dentista devem se restringir aos movimentos de dedos,

punhos e antebraços, eliminando-se ao máximo os movimentos de braço e

excluindo por completo os do corpo todo1.

2.12.2 Fatores ligados à organização do trabalho

Um sistema de trabalho efetivo deve satisfazer os requisitos técnicos e

organizacionais, bem como as necessidades sociais e pessoais dos indivíduos

que trabalham nesse sistema. O desempenho profissional varia de um indivíduo

para outro e num mesmo indivíduo em diferentes momentos. O ritmo e a carga de

trabalho devem levar em conta essas particularidades22.

Certas medidas preventivas devem ser adotadas para prevenir o

aparecimento do DORT: instituir pausas durante a jornada, onde cabíveis, para

repouso e relaxamento muscular; evitar prolongamento de jornada de trabalho

nas tarefas que exijam esforços repetitivos de forma continuada; incorporar uma

variedade de tarefas na mesma função: quando possível, deve-se mesclar tarefas

repetitivas com carga estática e outras não repetitivas, além de executar

movimentos contrários aos da tarefa, para redução da fadiga muscular; não

acumular atividades; ficar atento a posições viciosas e posturas inadequadas –

sobrecarga das articulações; estabelecer um ambiente de trabalho agradável,

evitando-se pressão por produção para reduzir fatores de stress nas situações de

Page 47: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

45

trabalho; avaliações médicas periódicas ou logo que surja qualquer sinal ou

sintoma indicativo do DORT22.

Outras recomendações para o ambiente de trabalho são: usar a

flexibilidade postural, levantar-se de vez em quando, andar um pouco; identificar

as posições forçadas e incorretas no trabalho, e adotar posturas corretas;

procurar conhecer recursos para conforto no consultório2.

Uma postura correta aumenta a eficiência e reduz os riscos de

distúrbios ocupacionais. A postura correta não significa uma única posição rígida:

ela compreende o posicionamento natural e relaxado do corpo, permitindo

liberdade e variação de movimentos22.

ECCLES e DAVES59 afirmam que é melhor que a cadeira esteja

horizontal, e não a 30º. A posição mais comum, a de 60º, é má, tanto para o

acesso a boca do paciente como para a postura do dentista. Em geral, é melhor

que a cabeça do paciente esteja virada para a frente e não para a esquerda ou

para a direita, apesar de, no tratamento de certas cavidades, estas últimas

posições serem necessárias. O operador deve trabalhar nas posições de “9

horas” ou de “12 horas”, mas não na posição de “3 horas”. Aconselham ainda

que, estando o paciente em posição fortemente reclinada, o punho da peça de

mão (“caneta”) deve ser posicionado na linha média acima do paciente, devendo

o dentista ocupar a posição de “9 horas” ou de “12 horas”.

Auxiliares de dentista podem constituir importante auxílio na prevenção

das doenças profissionais por agentes mecânicos. KILPATRICK60 diz que

auxiliares de dentista constituem um importante auxílio na prevenção das

doenças profissionais por agentes mecânicos, pois dentistas que trabalham com

auxiliares ficam mais relaxados e apresentam menos fadiga, uma vez que podem

concentrar sua atenção exclusivamente na boca do paciente, sem necessidade

de movimentação para a obtenção de instrumentos ou para preparação de

material.

Page 48: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

46

ARNOLD61 afirma que a presença de auxiliar redunda em dois

benefícios: de um lado, maior eficiência de trabalho, e, de outro, posicionamento

adequado do dentista.

Os dentistas que trabalham com auxiliar, provavelmente a esmagadora

maioria, tem o benefício de suas contribuições não só para a eficiência de sua

prática, mas também para o seu bem estar22.

2.12.3 Recomendações sobre atividades domésticas

Algumas atividades domésticas devem ser evitadas, principalmente

caso o profissional já esteja apresentando sinais e sintomas do DORT. Desse

modo, atividades como tricô ou crochê, lavar roupa – principalmente esfregar e

torcer – ter contato com água fria, bater bolo, colocar objetos no alto de armários,

estender roupa no varal, segurar panelas pelo cabo – dar preferência às panelas

com alça dupla – lustrar móveis e fazer compras de supermercado usando a

cestinha, por exemplo, devem ser eliminadas ou reduzidas ao máximo2.

3 CONCLUSÃO

A Odontologia, pelas próprias características inerentes à profissão, é

uma atividade que expõe seus praticantes a Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho.

O membro superior é um conjunto mecânico delicado que se sofre um

mau uso crônico pode desencadear o DORT. Na gênese do DORT, vamos

encontrar o trabalho exercido em más condições ergonômicas, com limitada

diversificação de movimentos, com alta repetitividade e esforço, por longas

jornadas de trabalho e utilização de ferramental inadequado, além de fatores

psicológicos como tensão e estresse.

Uma vez negligenciadas atitudes que possam prevenir o

desenvolvimento da patologia, esta pode causar incapacidade temporária ou

Page 49: O Cirurgião Dentista e o Dort - Conhecer Para Prevenir

47

mesmo permanente, ocorrendo em uma idade de alta capacidade de produção

profissional.

A incidência é maior em mulheres, e atinge a faixa etária de maior

produtividade.

Seu diagnóstico é essencialmente clínico, e os exames

complementares ajudam, mas não são necessariamente conclusivos. A

anamnese deve contemplar a história profissional, histórico clínico detalhado e

cuidadoso. As formas mais freqüentes são aquelas representadas por miosites e

tendinites que atingem os grupos musculares mais utilizados na execução da

tarefa profissional repetitiva e de esforço.

O tratamento da LER envolve aspectos médicos e, em grande número

de casos, readaptação profissional com mudança de função.

É necessário que o cirurgião-dentista seja visto como um todo e, a

partir daí, consiga despender algum tempo para a preservação da sua saúde,

prolongando com qualidade a sua vida útil.

SUMMARY Work Related Musculoskeletal Disorders in Dentistry. Risks of occupational diseases that affect the dentist’s upper limbs, shoulder, and neck are presented. The lesions, their causes and symptomatology, as well as resources of prevention and treatment are approached.

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