O Código do Consumidor e Jurisprudência Aplicável

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Nota do autor:

Os artigos vetados foram transcritos com suas respectivas mensagens. De cada julgado, colacionamos o raciocnio que melhor se adequa ao assunto, citando a fonte. Remetemos o leitor a outros diplomas legais que guarda relao com o assunto. Ao final, temos as smulas Superior Tribunal de Justia. do

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LEI 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990(D.O. 12/09/1990) Direito econmico. Cdigo de Defesa do Consumidor - CDC. Dispe sobre a proteo do consumidor e d outras providncias.

O Presidente da Repblica , fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Ttulo I DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR Captulo I DAS DISPOSIES GERAIS Art. 1 - O presente Cdigo estabelece normas de proteo e defesa do consumidor, de ordem pblica e interesse social, nos termos dos arts. 5, inc. XXXII, 170, inc. V, da Constituio Federal, e art. 48 de suas Disposies Transitrias. Constituio Federal Art. 5 Todos so iguais perante a lei,

sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: XXXII - o Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor;

Art. 170. A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios: V - defesa do consumidor; Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgao da

Constituio, elaborar cdigo defesa do consumidor. JURISPRUDNCIA

de

STF. Consumidor. Defesa do consumidor. Natureza constitucional. Consideraes do Min. Carlos Velloso sobre o tema. CF/88, arts. 5, XXXII e 170, V. CDC, art. 1. ... Primeiro que tudo, assente-se que a proteo do consumidor constitui tema que tem encontrado guarida na legislao dos pases civilizados. No difcil explicar to grande dimenso para um fenmeno jurdico totalmente desconhecido no sculo passado e em boa parte, asseveram Ada Pellegrini Grinover e Antnio Herman de Vasconcelos e Benjamin, dado que, o homem do sculo XX vive em funo de um modelo novo de associativismo: a sociedade de consumo (mass consumption society ou Konsumgesellschaft), caracterizada por um nmero crescente de produtos e servios, pelo domnio do crdito e do marketing, assim como pelas dificuldades de acesso justia. So esses aspectos que marcaram o nascimento e desenvolvimento do direito do consumidor, como disciplina jurdica autnoma (Cdigo Brasileiro de Defesa do Consumidor, comentrios dos autores do anteprojeto, Ada Pellegrini Grinover et alii, Forense Universitria, 1991, pg. 07). No Brasil, na linha da expanso do fenmeno mundial do consumerismo a defesa do consumidor ganhou status de princpio constitucional: art. 170, V: A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios: V defesa do consumidor. A defesa do consumidor, registram Arruda Alvim, Thereza Alvim, Eduardo Arruda Alvim e James Marins, pode, ento, ser considerada, como afirma Eros Roberto Grau, um Princpio constitucional impositivo (Canotilho), a cumprir dupla funo, como instrumento para realizao do fim de assegurar a todos existncia digna e objetivo particular a ser alcanado. No ltimo sentido, assume a funo de diretriz (Dworkin) / norma objetivo / dotada de carter

constitucional conformador, justificando a reivindicao pela realizao de polticas pblicas. (Arruda Alvim et alii, Cdigo do Consumidor Comentado, R.T., 2 ed., pg. 13). Princpio constitucional, a defesa do consumidor (art. 170, V) encontra embasamento em diversos preceitos da Constituio: art. 5, XXXII: o Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor; art. 24, VIII: competncia atribuda Unio, aos Estados e ao Distrito Federal para legislar concorrentemente sobre responsabilidade por dano ao consumidor; art. 150, 5: a lei determinar medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e servios; art. 48 do ADCT: O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgao da Constituio, elaborar cdigo de defesa do consumidor; art. 175, pargrafo nico, II: a lei que regular as concesses e permisses dispor sobre os direitos dos usurios. dizer, a Constituio empresta ao princpio especial relevo. Da o registro de Eros Roberto Grau: A par de consubstanciar, a defesa do consumidor, um modismo modernizante do capitalismo / a ideologia do consumo contemporizada (a regra acumulai, acumulai impe o ditame consumi, consumi, agora porm sob proteo jurdica de quem consome) / afeta todo o exerccio de atividade econmica, inclusive tomada a expresso em sentido amplo, como se apura da leitura do pargrafo nico, II do art. 175. O carter constitucional conformador da ordem econmica, deste como dos demais princpios de que tenho cogitado, inquestionvel (Eros Roberto Grau, A Ordem Econmica na Constituio de 1988, Malheiros Ed., 6 ed., 2001, pgs. 272/273). Destarte, presente a lio do Professor Lus Roberto Barroso, no sentido de que os princpios constitucionais,... explcitos ou no, passam a ser a sntese dos valores abrigados no ordenamento jurdico, dado que espelham a ideologia da sociedade, seus postulados bsicos, seus fins, pelo que do unidade e harmonia ao sistema, integrando suas diferentes partes e atenuando tenses normativas, e porque os princpios, ademais, condensam valores, do unidade ao sistema e condicionam a atividade do intrprete (Lus Roberto Barroso, Fundamentos Tericos e Filosficos do Novo Direito Constitucional Brasileiro -

psmodernidade, teoria crtica e ps-positivismo, Rev. Forense, 358/91), presente, repito, a lio do Professor Lus Roberto Barroso, correta a posio adotada por Werson Rgo e Oswaldo Rgo, com apoio no magistrio do professor e desembargador Srgio Cavalieri Filho, que concebe o Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor como uma sobreestrutura jurdica multidisciplinar, aplicvel em toda e qualquer rea do direito onde ocorrer uma relao de consumo, justamente em razo da dimenso coletiva que assume, vez que composto por normas de ordem pblica e de interesse social (Werson Rgo e Oswaldo Rgo, O Cdigo de Defesa do Consumidor e o Direito Econmico, indito, os autores remeteram-me o artigo de doutrina; Srgio Cavalieri Filho, Programa de Responsabilidade Civil, Malheiros Ed., 3 ed., pgs. 412 e segs.) O Cdigo de Defesa do Consumidor, Lei 8.078, de 1990, encontra fundamento, portanto, na Constituio, regula ele um princpio constitucional / a defesa do consumidor / e foi editado por expressa determinao constitucional / ADCT, art. 48 / que fixou prazo ao legislador ordinrio para a sua elaborao. ... (Min. Carlos Velloso). (STF - Ao Dir. de Inconst. 2.591 Distrito Federal - Rel.: Min. Eros Grau J. em 07/06/2006 - DJ 29/09/2006)

STJ. Locao. Hermenutica. CDC. Inaplicabilidade as relaes regidas pela Lei 8.245/91. CDC, art. 1. Lei 8.245/91. No se aplica s relaes regidas pela Lei 8.245/91, porquanto lei especfica, o Cdigo do Consumidor. (STJ - Rec. Esp. 575.020 - RS - Rel.: Min. Jos Arnaldo da Fonseca - J. em 05/10/2004 - DJ 08/11/2004)

TJMG. Consumidor. Cdigo de Defesa do Consumidor. Finalidade. CDC, arts. 1 e

4. CF/88, arts. 5, XXXII, e 170, V. ADCT da CF/88, art. 48. Cumpre registrar a priori que a relao de consumo prevista no Cdigo do Consumidor como norma jurdica que trata dos mecanismos de equilbrio no mercado de consumo. A bem da verdade, o Cdigo do Consumidor no uma simples norma jurdica, e sim um sistema jurdico, contendo vrias normas de direito material civil e penal, alm do direito instrumental. ... cedio que o Cdigo do Consumidor surgiu atendendo a um comando constitucional, estabelecendo um sistema de defesa do consumidor. Assim, se h relao de consumo, os direitos dos usurios/consumidores so regulados e tutelados pelo Cdigo do Consumidor. Alis, o art. 1 do CDC bem claro ao dispor que o presente Cdigo estabelece normas de proteo e defesa do consumidor, de ordem pblica e interesse social, nos termos dos arts. 5, inciso XXXII; 170, inciso V, da Magna Carta, e artigo 48 de suas Disposies Transitrias, atendendo assim poltica nacional de relao de consumo, que tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito sua dignidade, sade e segurana, a proteo de seus interesses econmicos, a melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transferncia e harmonia das relaes de consumo (CDC, art. 4, caput). ... (Des. Abreu Leite). (TJMG - Ap. Cv. 231.436 - So Loureno - Rel.: Des. Abreu Leite - J. em 12/03/2002 - DJ 07/11/2002)

2 TACivSP. Locao. Consumidor. Relao locatcia. Inaplicabilidade do CDC. Precedentes de Jurisprudncia. CDC, art. 1.

O Cdigo de Defesa do Consumidor no se aplica relao locatcia, porque no h relao de consumo entre locador e locatrio, que no so fornecedor e consumidor. (2 TACivSP - Ap. s/ Rev. 632.379 - Rel.: Juiz Ferraz Felisardo - J. em 03/09/2002)

2 TACivCP. Seguro de vida e acidentes pessoais. Microtraumas. Tenossinovite e epicondilite. Indenizao. Contrato de adeso. Incidncia do CDC. Os acidentes pessoais ou do trabalho se inserem no contexto do seguro. Precedentes do 2 TACSP e STJ. CDC, art. 1. ... A matria objeto da r. sentena monocrtica de fls. 88/89 que julgou improcedente a ao, bem como o recurso de fls. 92/98 so de pleno conhecimento deste Juiz Relator, que em inmeras oportunidades j apreciou a matria em que inclusive figurou como r a ora apelada. Em que pese a concluso da r. sentena recorrida a mesma deve ser anulada pois, no crvel que no novo milnio interpretese e; aplique-se o contrato como levado a efeito, em que as doenas alegadas pelo autor apelante inserem-se no amplo contexto dos microtraumas, sendo que para tanto e por uma questo de economia processual transcrevemos voto de nossa autoria trazendo em seu bojo inclusive jurisprudncia do STJ, deciso esta que desde j fica fazendo parte integrante do presente voto, a saber: ... (Juiz Gama Pellegrini). (2 TACivCP - Ap. c/ Rev. 639.398 - Rel.:

Juiz Gama 29/08/2002)

Pellegrini

-

J.

em

Art. 2 - Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final. Pargrafo nico - Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeterminveis, que haja intervindo nas relaes

JURISPRUDCIATRT 2 Regio. Competnica. Cobrana de honorrios advocatcios decorrentes de contrato firmado entre o profissional e seu cliente. Consumidor. Relao de consumo. Incompetncia da Justia do Trabalho. CDC, art. 2. CF/88, art. 114. A relao bsica, cuja anlise conferida Justia do Trabalho, tem como centro de gravidade o trabalho humano desenvolvido em proveito alheio, mas inserido dentro de um sistema produtivo, de modo que o principal objetivo a consecuo efetiva do labor, dentro de referido sistema, mediante a paga respectiva. O que se visa o trabalho em si, e este ser remunerado. O produto final obtido pelo tomador de servios, no faz parte da relao jurdica trabalhista, porquanto tem conotao eminentemente empresarial. O fato de a profisso de advogado estar regulamentada em lei especfica (8.906/94), no afasta o profissional nela inserido do conceito de fornecedor fixado pelo art. 3, da Lei 8.078/90. O art. 2, da lei em exame, coloca

o consumidor na condio de destinatrio final do servio prestado, o que foge totalmente do mbito da relao de trabalho, a qual tem por objetivo central o trabalho humano prestado e no o resultado final do mesmo. (TRT 2 Regio - Rec. Ord. 60.160 - So Paulo - Rel.: Juza Jane Granzoto Torres da Silva - J. em 24/05/2007 - DJ 22/06/2007)

STJ. Sistema Financeiro da Habitao SFH. Consumidor. Contrato de financiamento imobilirio. Relao de consumo caracterizada. CDC, art. 2. de consumo a relao jurdica estabelecida entre o agente financiador e o muturio adquirente do imvel. (STJ - Rec. Esp. 436.842 - RS - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 8/3/2007 - DJ 14/5/2007)

STJ. Consumidor. Relao de consumo. Caminhoneiro. Destinatrio final. CDC, art. 2, caput. A expresso destinatrio final, de que trata o art. 2, caput, do CDC abrange quem adquire mercadorias para fins no econmicos, e tambm aqueles que, destinando-os a fins econmicos, enfrentam o mercado de consumo em condies de vulnerabilidade; espcie em que caminhoneiro reclama a proteo do Cdigo de Defesa do Consumidor porque o veculo adquirido, utilizado para prestar servios que lhe possibilitariam sua mantena e a da famlia, apresentou defeitos de fabricao. (STJ - Rec. Esp. 716.877 - SP - Rel.: Min.

Ari Pargendler - J. em 22/03/2007 - DJ 23/04/2007)

STJ. Consumidor. Sistema Financeiro da Habitao SFH. Contrato com cobertura do FCVS. Inaplicabilidade do CDC se colidentes com as regras da legislao prpria. Precedentes do STJ. CDC, art. 2. O CDC aplicvel aos contratos do SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAO, incidindo sobre contratos de mtuo. Entretanto, nos contratos de financiamento do SFH vinculados ao FUNDO DE COMPENSAO DE VARIAO SALARIAL FCVS, pela presena da garantia do Governo em relao ao saldo devedor, aplica-se a legislao prpria e protetiva do muturio hipossuficiente e do prprio Sistema, afastando-se o CDC, se colidentes as regras jurdicas. Os litgios oriundos do SFH mostram-se to desiguais que as Turmas que compem a Seo de Direito Privado examinam as aes sobre os contratos sem a clusula do FCVS, enquanto as demandas oriundas de contratos com a clusula do FCVS so processadas e julgadas pelas Turmas de Direito Pblico. (STJ - Rec. Esp. 489.701 - SP - Rel.: Min. Eliana Calmon - J. em 28/02/2007 - DJ 16/04/2007)

STJ. Sistema Financeiro da Habitao SFH. Consumidor. Relao de consumo. Inverso do nus da prova. Prova pericial. Honorrios do perito. Antecipao pelo ru. Inexistncia de obrigao. Presuno de veracidade. Precedentes do STJ. CDC, arts. 2 e 6, VIII.

O Cdigo de Defesa do Consumidor aplicase s relaes decorrentes do contrato de financiamento para aquisio da casa prpria. Precedentes da Corte assentaram que a regra probatria, quando a demanda versa sobre relao de consumo, a da inverso do respectivo nus. Da no se segue que o ru esteja obrigado a antecipar os honorrios do perito; efetivamente no est, mas, se no o fizer presumir-se-o verdadeiros os fatos afirmados pelo autor (REsp n 466.604/RJ, Rel.: o Min. Ari Pargendler, DJ de 2/6/03; REsp 443.208/RJ, Rel.: a Min. Nancy Andrighi, DJ de 17/3/03). (STJ - Rec. Esp. 635.885 - SP - Rel.: Min. Carlos Alberto Menezes Direito - J. em 29/11/2006 - DJ 02/04/2007)

TRT 2 Regio. Competncia. Consumidor. Advogado. Honorrios advocatcios. Relao de consumo e relao de emprego. Distino. CLT, art. 3. CDC, arts. 2 e 3, 2. Na relao de trabalho, em princpio, o objeto o trabalho humano prestado de forma pessoal e peridica a pessoa fsica ou jurdica, que utiliza-o como meio para atingir a finalidade de seu empreendimento, enquanto que a de consumo tem como ncleo fundamental o resultado final dos servios. (TRT 2 Regio - Rec. Ord. 60.020 - So Paulo - Rel.: Juiz Edivaldo de Jesus Teixeira - J. em 06/03/2007 - DJ 20/03/2007)

TRT 2 Regio. Competncia. Consumidor. Advogado. Honorrios advocatcios. Relao de consumo. CDC,

arts. 2 e 3, 2. CF/88, art. 114, I. Exegese. A despeito dos argumentos alinhavados pela recorrente, comungamos com os que entendem que a prestao de servios advocatcios se insere dentre as relaes de consumo, de vez que o advogado, em que pese a relevncia de suas funes, quando oferea seus servios de forma autnoma a pessoa fsica ou jurdica, se insere no mercado como um verdadeiro prestador de servios, nos moldes preconizados nos arts. 2 e 3, 2 do CDC. A proteo objetivada pelo CDC, via de regra, est voltada para o consumidor, e no para o prestador de servios ( trabalhador). Demais disso, ao erigir legislao moderna, induvidosamente inserida no mbito do direito civil, com princpios e parmetros prprios, apropriada para reger tais relaes, parece evidente que o legislador quis deixar que tais relaes ficassem no mbito da jurisdio comum. Parece incongruente com a lgica racional que deve orientar a distribuio de competncia, atribuir justia especializada em questes trabalhistas, cujos princpios protetores sempre tiveram como objeto o trabalhador, competncia para processar e julgar processos em que, como regra, inverter-se- o prprio contexto principiolgico. Exemplifica-se: no direito do trabalho, o princpio da norma mais favorvel foi construdo para a proteo do hipossuficiente; no CDC, a inteno a proteo do consumidor ; no processo do trabalho, a inverso do nus de prova, via de regra, se opera em favor do empregado; no CDC, em favor do consumidor. (TRT 2 Regio - Rec. Ord. 60.020 - So Paulo - Rel.: Juiz Edivaldo de Jesus Teixeira - J. em 06/03/2007 - DJ 20/03/2007)

STJ. Repetio de indbito. Consumidor. Relao de consumo. Duplo pagamento de insumos adquiridos por grande produtor rural. Pretenso veiculada com fundamento no CDC. Aplicao do direito espcie. Possibilidade. Devoluo simples do valor indevidamente pago. Aplicao dos arts. 964 e 965 do CCB. CDC, arts. 2 e 42, pargrafo nico. De acordo com o decidido no CC 64.524/MT, 2 Seo, de minha relatoria, DJ de 09/10/2006, s h relao de consumo quando ocorre destinao final do produto ou servio, e no na hiptese em que estes so alocados na prtica de outra atividade produtiva. Ressalva pessoal. Seja qual for o entendimento a respeito da existncia ou no de relao de consumo, na presente hiptese, o prprio Tribunal de Justia reconheceu a inocorrncia de cobrana extrajudicial indevida, o que afasta a incidncia do art. 42, pargrafo nico, do CDC. Vencida a base jurdica do acrdo recorrido, cabe ao STJ aplicar o direito espcie, porque no h como limitar as funes deste Tribunal aos termos de um modelo restritivo de prestao jurisdicional que seria aplicvel, to-somente, a uma eventual Corte de Cassao. Aplicao do art. 257 do RISTJ e da Smula 456/STF. Como ambas as circunstncias esto ausentes na presente hiptese, autoriza-se, apenas, a restituio simples do pagamento indevido, com fundamento nos arts. 964 e 965 do CC/16. (STJ - Rec. Esp. 872.666 - AL - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 14/12/2006 - DJ 05/02/20007)

STJ. Consumidor. Consrcio. Contrato para aquisio de veculo. Relao de consumo caracterizada. CDC, art. 2. Aplica-se o CDC aos negcios jurdicos realizados entre as empresas administradoras de consrcios e seus consumidores-consorciados. (STJ - Rec. Esp. 541.184 - PB - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 25/04/2006 - DJ 20/11/2006) STJ. Condomnio em edificaes. Consumidor. Contratao de contador. Inexistncia de relao de consumo entre o fornecedor de servio e condmino individualmente considerado. Existncia somente entre o contador e o condomnio. CDC, art. 2. Conforme reiterada jurisprudncia desta Corte, no relao de consumo a que se estabelece entre os condminos e o Condomnio, referente s despesas para manuteno e conservao do prdio e dos seus servios. A relao firmada entre o contador (prestador de servio) e o Condomnio (destinatrio final) est embasada na legislao consumerista, porm, em nada aproveita autora, haja vista que a prestao do servio de contadoria fora destinada ao condomnio, como um todo, e no, individualmente, a cada um dos condminos. Recurso especial a que se nega conhecimento. (STJ - Rec. Esp. 441.873 - DF - Rel.: Min. Castro Filho - J. em 19/09/2006 - DJ 23/10/2006)

STJ. Condomnio em edificaes. Consumidor. Relao de consumo entre o condomnio e o condmino. Existncia de legislao especfica.

Precedentes do STJ. Consideraes do Min. Castro Filho sobre o tema. CDC, art. 2. ... Quanto alegada violao ao artigo 17 do Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), a irresignao no merece acolhimento. Com efeito, conforme pacfica jurisprudncia desta Corte, as relaes jurdicas envolvendo condomnio e condminos so regidas por lei especfica, sendo inaplicvel o Cdigo de Defesa do Consumidor (...). (v. g. Resp 265.304/DF, Rel. Min. Fernando Gonalves, DJ de 01/12/2003). Nesse sentido, ainda: ... (Min. Castro Filho). (STJ - Rec. Esp. 441.873 - DF - Rel.: Min. Castro Filho - J. em 19/09/2006 - DJ 23/10/2006)

STJ. Consumidor. Locao. Distribuidora e revendedor de combustvel. Relao de consumo. Inexistncia. CDC, art. 2. O Cdigo de Defesa do Consumidor no se aplica aos contratos firmados entre postos revendedores de combustvel e distribuidores, uma vez que aqueles no se enquadram no conceito de consumidor final, previsto no art. 2 da referida lei. (STJ - Rec. Esp. 858.239 - SC - Rel.: Min. Arnaldo Esteves Lima J. em 05/10/2006 - DJ 23/10/2006)

STJ. Consumidor. Conceito. Relao de consumo. Sociedade. Pessoa jurdica. Excepcionalidade. No constatao na hiptese. CDC, arts. 2, 17 e 29. A jurisprudncia do STJ tem evoludo no sentido de somente admitir a aplicao do

CDC pessoa jurdica empresria excepcionalmente, quando evidenciada a sua vulnerabilidade no caso concreto; ou por equiparao, nas situaes previstas pelos arts. 17 e 29 do CDC. (STJ - AgRg no Rec. Esp. 687.239// - RJ - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 06/04/2006 - DJ 12/06/2006)

STJ. Competncia. Consumidor. Contrato. Sistema Financeiro da Habitao - SFH. Relao de consumo. Clusula de eleio de foro. Precedentes do STJ. CDC, arts. 2 e 3, 2. CPC, art. 111. O STJ j pacificou o entendimento no sentido de que h relao de consumo entre o muturio e o agente financeiro do SFH que concede emprstimo para aquisio de casa prpria, devendo ser afastada a clusula que prev o foro de eleio diverso do domiclio do devedor, quando isso importar em prejuzo de sua defesa. Conflito conhecido para declarar a competncia do Juzo Federal da 1 Vara da Seo Judiciria do Estado de Pernambuco. (STJ - Confl. de Comp. 38.152// - RJ Rel.: Min. Francisco Peanha Martins - J. em 22/03/2006 - DJ 15/05/2006)

STJ. Consumidor. Sociedade. Pessoa jurdica. Seguro contra roubo e furto de patrimnio prprio. Relao de consumo. Aplicao do CDC. Consideraes da Min. Nancy Andrihi sobre o tema. Precedentes do STJ. CDC, art. 2. ... Cinge-se a controvrsia principal em saber se uma pessoa jurdica que contrata um seguro contra roubo e furto do prprio

patrimnio pode ou no ser considerada consumidora, nos termos do art. 2 do CDC. a) Da alegada violao ao art. 2 do Cdigo de Defesa do Consumidor. Alega a recorrente que o acrdo recorrido teria violado os art. 2 do Cdigo de Defesa do Consumidor, pois teria, equivocadamente, considerado a recorrida como consumidora da recorrente. fato inconteste que os legisladores, quando da redao da Lei 8.078/90, no fizeram nenhuma distino entre pessoas fsica e jurdica para se beneficiarem do Cdigo de Defesa do Consumidor. Ao contrrio, em seu artigo 2 foram claros ao estabelecer que ambas podem utilizar-se da proteo conferida pelo CDC, bastando que, para tanto, os bens ou servios adquiridos sejam provenientes de um fornecedor e que a pessoa que os adquiriu seja destinatrio final" dos mesmos. Portanto, para se saber se determinada pessoa pode ou no ser considerada consumidora nos termos do art. 2 do CDC, deve-se verificar se ela se enquadra na definio de destinatrio final. A este respeito, a Segunda Seo deste STJ superou discusso acerca do alcance da expresso destinatrio final, constante do art. 2 do CDC, consolidando a teoria subjetiva (ou finalista) como aquela que indica a melhor diretriz para a interpretao do conceito de consumidor (REsp n 541.867/BA, Rel. Min. Antnio de Pdua Ribeiro, Rel. para o acrdo Min. Barros Monteiro, DJ 16.05.2005). Segundo a teoria preferida, a aludida expresso deve ser interpretada restritivamente. Com isso, o conceito de consumidor deve ser subjetivo e entendido como tal aquele que ocupa um nicho especfico da estrutura de mercado - o de ultimar a atividade econmica com a retirada

de circulao (econmica) do bem ou servio, a fim de consumi-lo, de forma a suprir uma necessidade ou satisfao eminentemente pessoal. Para se caracterizar o consumidor, portanto, no basta ser, o adquirente ou utente, destinatrio final ftico do bem ou servio: deve ser tambm o seu destinatrio final econmico; isto , a utilizao deve romper a atividade econmica para o atendimento de necessidade privada, pessoal, no podendo ser reutilizado, o bem ou servio, no processo produtivo, ainda que de forma indireta. Nesse sentido tambm o entendimento de Cludia Lima Marques, Antnio Herman V. Benjamin e Bruno Miragem, para quem: Destinatrio final aquele destinatrio ftico e econmico do bem ou servio, seja ele pessoa jurdica ou fsica. Logo, segundo esta interpretao teleolgica, no basta ser destinatrio ftico do produto, retir-lo da cadeia de produo, lev-lo para o escritrio ou residncia - necessrio ser destinatrio final econmico do bem, no adquiri-lo para revenda, no adquiri-lo para uso profissional, pois o bem seria novamente instrumento de produo cujo preo ser includo no preo final do profissional que o adquiriu." (Comentrios ao cdigo de defesa do consumidor: arts. 1 a 74, aspectos materiais, So Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 71). Assim, ainda que a recorrida seja uma pessoa jurdica, ela contratou - segundo a sentena e o acrdo recorrido - seguro com a recorrente visando a proteo contra roubo e furto do patrimnio prprio dela e no o dos clientes que se utilizam dos seus servios. Vale dizer, a proteo objeto do seguro no integra os servios prestados pela recorrida; razo pela qual ela destinatria final do servio de seguro

oferecido pela recorrente. Ressalte-se, todavia, que a situao seria diversa se o seguro tivesse como objeto a proteo dos veculos dos clientes da recorrida. Portanto, o que importante para qualificar a recorrida como consumidora, que a proteo objeto do seguro no integra de forma alguma os servios por ela prestados. Dessa forma, inegvel que a recorrida consumidora dos servios oferecidos pela recorrente e que, por conseqncia, o Cdigo de Defesa do Consumidor deve ser aplicado nessa relao. Alis, h precedente da 4. Turma, em que a recorrente tambm era a seguradora Sul Amrica, em que se decidiu pela aplicao do CDC pessoa jurdica que contratou seguro com ela (REsp 193.327/MT, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 10.05.1999). ... (Min. Nancy Andrighi). (STJ - Rec. Esp. 733.560 - RJ - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 11/04/2006 - DJ 02/05/2006)

STJ. Consumidor. Sociedade. Pessoa jurdica. Seguro contra roubo e furto de patrimnio prprio. Relao de consumo. Aplicao do CDC. CDC, art. 2. O que qualifica uma pessoa jurdica como consumidora a aquisio ou utilizao de produtos ou servios em benefcio prprio; isto , para satisfao de suas necessidades pessoais, sem ter o interesse de repass-los a terceiros, nem empreg-los na gerao de outros bens ou servios. Se a pessoa jurdica contrata o seguro visando a proteo contra roubo e furto do patrimnio prprio dela e no o dos clientes que se utilizam dos seus servios, ela considerada consumidora nos termos do art. 2 do CDC. (STJ - Rec. Esp. 733.560// - RJ - Rel.:

Min. Nancy Andrighi - J. em 11/04/2006 - DJ 02/05/2006)

STJ. Condomnio em edificao. Consumidor. Relao consumo entre o condomnio e o condmino. Inexistncia. Precedentes do STJ. CDC, art. 2. Lei 4.591/64. Aplicao. inaplicvel o Cdigo de Defesa de Consumidor s relaes entre os condminos e o condomnio quanto s despesas de manuteno deste. (STJ - Rec. Esp. 650.791 - RJ - Rel.: Min. Castro Meira - J. em 06/04/2006 - DJ 20/04/2006)

STJ. Consumidor. Concessionria de servio pblico. Tributrio. Taxa de esgoto. Cobrana indevida. Devoluo em dobro. Condomnio em edificao. Relao de consumo caracterizada. CDC, arts. 2 e 42, pargrafo nico. Existe relao de consumo entre o condomnio de quem cobrado indevidamente taxa de esgoto e a concessionria de servio pblico. Aplicao do art. 42 do CDC que determina o reembolso em dobro. (STJ - Rec. Esp. 650.791 - RJ - Rel.: Min. Castro Meira - J. em 06/04/2006 - DJ 20/04/2006)

STJ. Condomnio em edificao. Consumidor. Relao consumo entre o condomnio e o condmino. Inexistncia. Conceitos de consumidor e fornecedor. Precedentes do STJ. Consideraes do Min. Castro Meira

sobre o tema. CDC, arta. 2 e 3. Lei 4.591/64. Aplicao. ... O Cdigo de Defesa do consumidor, em seu art. 3, define fornecedor como sendo toda pessoa fsica ou jurdica, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produo, montagem criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios. O mesmo dispositivo, em seu pargrafo segundo, define servio: qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes de relaes trabalhistas Portanto, acha-se descaracterizada a relao de consumo entre condmino e condomnio, no h de se entender ser o condomnio prestador de servios a serem tutelados pelo Cdigo de Defesa do Consumidor, pois a atividade por ele realizada frustra a definio de prestao de servios em dois pontos, quais sejam: remunerao e fornecimento no mercado de consumo. O condomnio insere as despesas havidas sob essa rubrica no rol mensal a ser dividido entre os condminos. No recebe remunerao especfica para tal funo e no detm relao de consumo com os seus condminos. O condomnio, ente despersonalizado, nada mais do que o conjunto dos moradores de uma habitao coletiva - proprietrios, inquilinos ou outra modalidade de ocupao - como um prdio de apartamentos, cujo destino e orientao traada pelos prprios moradores. O fornecimento de gua feito aos prprios moradores, tal como ocorre na habitao individual. A mediao da estrutura condominial no o torna um fornecedor dos

servios destinados s unidades integram. ... (Min. Castro Meira).

que

o

(STJ - Rec. Esp. 650.791 - RJ - Rel.: Min. Castro Meira - J. em 06/04/2006 - DJ 20/04/2006)

STJ. Condomnio em edificao. Consumidor. Relao consumo entre o condomnio e o condmino. Inexistncia. CDC, art. 2. Lei 4.591/64. Aplicao. Consideraes do Min. Castro Meira sobre o tema. Precedentes do STJ. ... As relaes entre condmino e condomnio no so pautadas pelo Cdigo de Defesa do Consumidor, mas na Lei 4.591/64, conforme expressou o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito no voto-condutor do aresto 203.254/SP:No creio que merea ir adiante o especial por violao ao Cdigo de Defesa do Consumidor. No caso, aplica-se a Lei Especial de Regncia que a Lei 4.591/64. O Cdigo de Defesa do Consumidor, embora muitos o considerem mesmo um 'sobredireito', no pode ultrapassar os limites das relaes de consumo. E tais limites no alcanam, a meu sentir, as relaes condominiais, que esto subordinadas ao pacto representado pela vontade dos condminos, manifestada na conveno. Nesse sentido, colaciono, tambm, o seguinte precedente: ... (Min. Castro Meira).

(STJ - Rec. Esp. 650.791// - RJ - Rel.: Min. Castro Meira - J. em 06/04/2006 DJ 20/04/2006)

STJ. Competncia. Consumidor. Contrato de compra e venda com reserva de domnio. Equipamentos mdicos. Relao de consumo no caracterizada. Hipossuficincia inexistente. Foro de

eleio. Prevalncia. CDC, art. 2. CPC, art. 111. A 2 Seo deste Colegiado pacificou entendimento acerca da no abusividade de clusula de eleio de foro constante de contrato referente aquisio de equipamentos mdicos de vultoso valor. Concluiu-se que, mesmo em se cogitando da configurao de relao de consumo, no se haveria falar na hipossuficincia da adquirente de tais equipamentos, presumindo-se, ao revs, a ausncia de dificuldades ao respectivo acesso Justia e ao exerccio do direito de defesa perante o foro livremente eleito. Precedentes do STJ. Na assentada do dia 10/11/2004, porm, ao julgar o REsp 541.867/BA, a Segunda Seo, quanto conceituao de consumidor e, pois, caracterizao de relao de consumo, adotou a interpretao finalista, consoante a qual reputa-se imprescindvel que a destinao final a ser dada a um produto/servio seja entendida como econmica, dizer, que a aquisio de um bem ou a utilizao de um servio satisfaa uma necessidade pessoal do adquirente ou utente, pessoa fsica ou jurdica, e no objetive a incrementao de atividade profissional lucrativa. In casu, o hospital adquirente do equipamento mdico no se utiliza do mesmo como destinatrio final, mas para desenvolvimento de sua prpria atividade negocial; no se caracteriza, tampouco, como hipossuficiente na relao contratual travada, pelo que, ausente a presena do consumidor, no se h falar em relao merecedora de tutela legal especial. Em outros termos, ausente a relao de consumo, afasta-se a incidncia do CDC, no se havendo falar em abusividade de clusula de eleio de foro livremente pactuada pelas partes, em ateno ao princpio da

autonomia

volitiva

dos

contratantes.

(STJ - Confl. de Comp. 46.747 - SP Rel.: Min. Jorge Scartezzini - J. em 08/03/2006 - DJ 20/03/2006)

STJ. Consumidor. Conceito. Teoria finalstica ou subjetiva. Adoo pela 2 Seo do STJ. Relao de consumo. Precedentes do STJ. Consideraes do Min. Jorge Scartezzini sobre o tema. CDC, art. 2.

... Entretanto, na assentada do dia 10.11.2004, quando do julgamento do REsp 541.867/BA, de Relatoria do e. Min. ANTNIO DE PDUA RIBEIRO, Rel. para Acrdo o e. Min. BARROS MONTEIRO, esta Segunda Seo expressamente consignou a adoo da designada interpretao finalista ou subjetiva, consoante a qual reputa-se imprescindvel conceituao de consumidor e, por conseguinte, caracterizao da relao de consumo, que a destinao final a ser dada a um produto ou servio seja entendida como econmica, dizer, que a aquisio de um bem ou a utilizao de um servio satisfaa uma necessidade pessoal do adquirente ou utente, pessoa fsica ou jurdica, e no objetive o desenvolvimento de outra atividade negocial; no se admite, pois, que o consumo se faa com vistas incrementao de atividade profissional lucrativa, e isto, ressalte-se, quer se destine o bem ou o servio revenda ou integrao do processo de transformao, beneficiamento ou montagem de outros bens ou servios, quer simplesmente passe a compor o ativo fixo do estabelecimento

empresarial. Neste diapaso, naquela oportunidade, registrei em voto-vista:

O conceito de consumidor, na esteira do finalismo, portanto, restringe-se, em princpio, s pessoas, fsicas ou jurdicas, no-profissionais, que no visam lucro em suas atividades, e que contratam com profissionais. Entende-se que no se h falar em consumo final, mas intermedirio, quando um profissional adquire produto ou usufrui de servio com o fim de, direta ou indiretamente, dinamizar ou instrumentalizar seu prprio negcio lucrativo. (...). Denota-se, todavia, certo abrandamento na interpretao finalista, na medida em que se admite, excepcionalmente e desde que demonstrada 'in concreto' a vulnerabilidade tcnica, jurdica ou econmica, a aplicao das normas do Cdigo de Defesa do Consumidor a determinados consumidores profissionais, como pequenas empresas e profissionais liberais. Quer dizer, ao revs do preconizado pelos maximalistas, no se deixa de perquirir acerca do uso, profissional ou no, do bem ou servio; apenas, como exceo, e vista da hipossuficincia concreta de determinado adquirente ou utente, no obstante seja um profissional, passa-se a consider-lo consumidor. (...). Expostas as duas vertentes conceituais de consumidor, verifica-se inexistir unanimidade, tanto doutrinria, como jurisprudencialmente, contando as duas interpretaes com adeptos eminentes. Portanto, e sendo, a princpio, defensveis ambos os posicionamentos, faz-se imperioso ao hermeneuta perquirir qual deles mais se coaduna com a finalidade legal ('ratio legis'). Como cedio, cuida-se o Cdigo de Defesa do Consumidor de legislao especial, traduzindo-se num microssistema jurdico, com princpios e regras prprios, apartados das normas do direito comum, justamente por visar tutela especfica dos consumidores, classe

hipossuficiente e vulnervel numa sociedade globalizada, cuja economia encontra-se regida pelo consumo de massa, dominado, muitas vezes, por grandes e multinacionais corporaes. Ora, no haveria sentido em tornar, ao alvedrio do intuito legal, o especial em comum, o excepcional em genrico, ampliando-se sobremaneira a gama de situaes a merecer a proteo da legislao consumerista. De modo que adotamos integralmente o entendimento esposado pelos grandes tericos do Direito do Consumidor, CLUDIA LIMA MARQUES e ANTNIO HERMAN V. BENJAMIN, restringindo a proteo especial aos consumidores no-profissionais, pessoas fsicas ou jurdicas, ou queles que, embora profissionais, no visem lucro ao adquirir ou utilizar determinado bem ou servio, ou, ainda, se apresentem como flagrantemente vulnerveis numa determinada relao contratual: 'Efetivamente, se a todos considerarmos 'consumidores', a nenhum trataremos diferentemente, e o direito especial de proteo imposto pelo CDC passaria a ser um direito comum, que j no mais serve para reequilibrar o desequilibrado e proteger o no-igual. E mais, passa a ser um direito comum, nem civil, mas sim comercial, nacional e internacional, o que no nos parece correto. A definio do art. 2 a regra basilar do CDC e deve seguir seu princpio e sua 'ratio legis'. esta mesma 'ratio' que incluiu no CDC possibilidades de equiparao, de tratamento analgico e de expanso, mas no no princpio, sim na exceo, que exige prova 'in concreto' daquele que se diz em posio 'equiparada a de consumidor'. O direito a arte de distinguir e a 'ratio legis' do CDC no pode ser desconsiderada de forma a levar prpria destruio do que representa, logo, da prpria 'ratio legis' de proteo preferencial dos mais fracos, mais vulnerveis no mercado. (...).

Em resumo e concluindo, concordamos com a interpretao finalista das normas do CDC. A regra do art. 2 deve ser interpretada de acordo com o sistema de tutela especial do Cdigo e conforme a finalidade da norma, a qual vem determinada de maneira clara pelo art. 4 do CDC. S uma interpretao teleolgica da norma do art. 2 permitir definir quem so os consumidores no sistema do CDC. (...). O destinatrio final o 'Endverbraucher', o consumidor final, o que retira o bem do mercado ao adquirir ou simplesmente utiliz-lo (destinatrio final ftico), aquele que coloca um fim na cadeia de produo (destinatrio final econmico) e no aquele que utiliza o bem para continuar a produzir, pois ele no consumidor final, ele est transformando o bem, utilizando o bem para oferec-lo por sua vez ao seu cliente, seu consumidor. Portanto, em princpio, esto submetidos s regras do Cdigo os contratos firmados entre o fornecedor e o consumidor noprofissional, e entre o fornecedor e o consumidor, o qual pode ser um profissional, mas que, no contrato em questo, no visa lucro, pois o contrato no se relaciona com sua atividade profissional, seja este consumidor pessoa fsica ou jurdica. Em face da experincia no direito comparado, a escolha do legislador brasileiro, do critrio da destinao final, com o nico do art. 2 e com uma interpretao teleolgica permitindo excees, parece ser uma escolha sensata. A regra a excluso 'ab initio' do profissional da proteo do Cdigo, mas as excees viro atravs da ao da jurisprudncia, que em virtude da vulnerabilidade do profissional, excluir o contrato da aplicao das regras normais do Direito Comercial e aplicar as regras protetivas do CDC.' (CLUDIA LIMA MARQUES, in 'Contratos no Cdigo de Defesa do Consumidor: o novo regime das

relaes contratuais', 4 ed., So Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2002, pp. 278/280) 'Como j mencionamos antes, a amplitude de uma definio de consumidor que inclua a pessoa jurdica entre seus tutelados - e sem qualquer ressalva pode-se transformar em bice ao desenvolvimento do Direito do Consumidor, na medida em que tal conceito jurdico de consumidor quase que chega a se confundir com o seu similar econmico (excluindo-se deste ltimo, evidentemente, o consumidor intermedirio). Em outras palavras: se todos somos consumidores (no sentido jurdico), inclusive as empresas produtoras, por que, ento, tutelar-se, de modo especial, o consumidor/ Tambm tem sido apontado na doutrina majoritria estrangeira que to amplo conceito, de certo modo, desvia a finalidade do Direito do Consumidor, que proteger a parte mais fraca e inexperiente na relao de consumo. (...). Para ns, modestamente, consumidor todo aquele que, para seu uso pessoal, de sua famlia, ou dos que se subordinam por vinculao domstica ou protetiva a ele, adquire ou utiliza produtos, servios ou quaisquer outros bens ou informao colocados a sua disposio por comerciantes ou por qualquer outra pessoa natural ou jurdica, no curso de sua atividade ou conhecimento profissionais.' (ANTNIO HERMAN V. BENJAMIN, O conceito jurdico de consumidor, in 'Revista dos Tribunais' v. 628, So Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, fev./1988, pp. 77/78) ... (Min. Jorge Scartezzini).

(STJ - Confl. de Comp. 46.747 - SP - Rel.: Min. Jorge Scartezzini - J. em 08/03/2006 - DJ 20/03/2006) STJ. Consumidor. Responsabilidade civil. Acidente areo. Pessoa atingida no solo. Transporte de malotes. Relao de consumo. Caracterizao. Responsabilidade pelo fato do servio. Vtima do evento.

Equiparao a consumidor. Inverso do nus da prova. CDC, arts. 2, 6, VIII e 17. Resta caracterizada relao de consumo se a aeronave que caiu sobre a casa das vtimas realizava servio de transporte de malotes para um destinatrio final, ainda que pessoa jurdica, uma vez que o art. 2 do CDC no faz tal distino, definindo como consumidor, para os fins protetivos da lei, ... toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final. Abrandamento do rigor tcnico do critrio finalista. Em decorrncia, pela aplicao conjugada com o art. 17 do CDC, cabvel, por equiparao, o enquadramento do autor, atingido em terra, no conceito de consumidor. Logo, em tese, admissvel a inverso do nus da prova em seu favor. (STJ - Rec. Esp. 540.235 - SP - Rel.: Min. Castro Filho - J. em 07/02/2006 - DJ 06/03/2006)

STJ. Consumidor. Responsabilidade civil. Acidente areo. Pessoa atingida no solo. Transporte de malotes. Relao de consumo. Caracterizao. Responsabilidade pelo fato do servio. Vtima do evento. Equiparao a consumidor. Inverso do nus da prova. Consideraes do Min. Castro Filho sobre o tema. CDC, arts. 2, 6, VIII e 17. ... Narram os autos que, por se considerar em situao de manifesta hipossuficincia em comparao empresa r, solicitou o autor o benefcio estatudo no art. 6, VIII, do CDC, que prev a facilitao da defesa dos seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, mormente no que toca ao pagamento dos honorrios periciais, objetivando, com a prova tcnica, a apurao dos danos materiais efetivamente sofridos.

Com o indeferimento do pedido, seguiu-se a interposio de agravo de instrumento para o ento Primeiro Tribunal de Alada Civil do Estado de So Paulo, o qual foi improvido, por maioria, ao entendimento de no estar comprovada relao de consumo entre a vtima atingida em solo pela queda da aeronave e a respectiva empresa de txi areo, (...), uma vez que no ser possvel a equiparao do terceiro, no interveniente na relao de consumo, figura do consumidor, exceto se existir uma relao de consumo e houver um consumidor a quem possa se equiparar essa terceira pessoa. Nesse passo, asseverou o colegiado estadual que a controvrsia deveria ser dirimida luz da responsabilidade objetiva preconizada pelo art. 268, caput, do Cdigo Brasileiro do Ar, assim redigido: O explorador responde pelos danos a terceiros na superfcie, causados, diretamente, por aeronave em vo ou manobra, assim como por pessoas ou coisa dela cada ou projetada. Em seu arrazoado, alega o autor que a orientao esposada pelo tribunal a quo contraria a mens legis do art. 17 do cdigo consumerista, razo pela qual deve ser provido o especial, a fim de que seja permitido o exame do seu pedido de inverso do nus da prova. Tenho que lhe assiste razo, na medida que a prpria recorrida, em contestao ao cautelar (fls. 68), reconhece que a aeronave de sua propriedade, que presta servio de malote para o Banco do Brasil, veio a se chocar com a casa do autor, e a ao cautelar intentada visa a apurao dos danos psicolgicos sofridos. Ora, se a aeronave realizava servio de transporte de malotes para um destinatrio final, no caso, o Banco do Brasil, resta configurada a relao de consumo, uma vez que, na dico do art. 2 do Cdigo de Defesa do Consumidor, Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final. Em decorrncia, pela aplicao conjugada com o art. 17, cabvel, por

equiparao, o enquadramento do autor conceito de consumidor. A propsito, comentando esse artigo, Arruda Alvim afirma:

no

Conforme visto nos comentrios ao art. 2, em algumas situaes, o conceito geral de consumidor poderia ser insuficiente para abranger todas as relaes de consumo que requerem amparo legal. Isto o que ocorre nesta Seo II, referente ao fato do produto e do servio, e tem o presente artigo a virtude de preencher, completar, o espectro de abrangncia do conceito de consumidor, estendendo a proteo deste Cdigo a uma gama maior de situaes onde possa ocorrer dano, visando, desta forma, precipuamente, a proteo ao denominado 'bystander', ou seja, aquelas pessoas (fsicas ou jurdicas), j que a lei no restringe) que mesmo sem serem partcipes da relao de consumo foram atingidas em sua sade ou segurana em virtude do defeito do produto. (Cdigo do Consumidor Comentado, So Paulo, 1995, Ed. RT, 2 ed., p. 139/140). Ainda sobre o dispositivo em comento, Rizzato Nunes coincidentemente, exemplificando, afirma que, ... da queda de um avio, todos os passageiros (consumidores do servio) so atingidos pelo evento danoso (acidente de consumo) (...) Se o avio cai em rea residencial, atingindo a integridade fsica ou o patrimnio de outras pessoas (que no tinham participado da relao de consumo), estas so, ento, equiparadas ao consumidor, recebendo todas as garantias legais institudas no CDC.

Esse alargamento do mbito de abrangncia do Cdigo do Consumidor para todos aqueles que venham a sofrer os efeitos danosos dos defeitos do produto ou do servio decorre da relevncia social que atinge a preveno e a reparao de eventuais danos. E a equiparao de todas as vtimas do evento aos consumidores, na forma do citado art. 17, justifica-se em funo da potencial gravidade que pode atingir o fato do produto ou do servio. o que se verifica na hiptese em anlise, em que o acidente mencionado nos autos causou, no apenas prejuzos de ordem material ao autor, que teria sofrido, tambm, danos emocionais e psquicos. de se ter presente que, na busca do equilbrio entre as partes, em situaes especficas, a jurisprudncia desta Corte tem admitido o abrandamento do rigor tcnico do critrio finalista para a interpretao do conceito de consumidor, mesmo nas relaes entre pessoas jurdicas. E, no caso vertente, afigura-se-me necessria, seno indispensvel tal mitigao, at porque o fim colimado, num primeiro momento, apenas facultar ao Tribunal verificar se o requerente preenche os requisitos autorizadores da inverso do nus probatrio. Feitas essas consideraes, conheo do recurso e lhe dou provimento, para cassar o acrdo recorrido e determinar que o colegiado estadual prossiga no exame do pedido, na forma do art. 6, VIII, do Cdigo de Defesa do Consumidor, com vistas possvel inverso do nus da prova, se j no prejudicado o pedido. Custas e honorrios ao final. ... (Min. Castro Filho). (STJ - Rec. Esp. 540.235 - SP - Rel.: Min. Castro Filho - J. em 07/02/2006 - DJ 06/03/2006) STJ. Consumidor. Erro mdico. Cirurgio plstico. Profissional liberal. Aplicao do

(Comentrios ao Cdigo de Defesa do Consumidor, Ed. Saraiva, 2005 p. 99).

cdigo de defesa do consumidor. Precedentes do STJ. Prescrio. Consideraes do Min. Castro Filho sobre o tema. CDC, arts. 2, 14, 4 e 27. ... O art 14 da Lei 8.078/90 (Cdigo de Defesa do Consumidor) dispe sobre a responsabilidade civil do fornecedor de servios, responsabilizando-o pela reparao dos danos causados aos consumidores. Essa responsabilidade, de regra, de natureza objetiva, mas o pargrafo 4 daquele dispositivo abre exceo para a situao jurdica dos profissionais liberais, cuja responsabilidade fica abrangida pelo regime da culpa. Os servios prestados pelos profissionais liberais, portanto, so regulados pelas disposies do Cdigo de Defesa do Consumidor. A nica ressalva que a legislao consumerista faz em relao aos servios desta natureza encontra-se no 4 do artigo 14. dizer: a legislao de consumo abrange os servios prestados pelos profissionais liberais; apenas os exclui da responsabilidade objetiva. de se observar que esse tratamento diferenciado dispensado aos profissionais liberais, incluindo os mdicos, deriva da natureza intuitu personae dos servios prestados e da confiana neles depositada pelo cliente. Mas o artigo 27 do Cdigo de Defesa do Consumidor estabelece a prescrio por fato do produto ou do servio, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Sendo assim, no obstante o recorrente tentar demonstrar que o novo Cdigo Civil afastou a aplicao da legislao consumerista para os profissionais liberais, cumpre ressaltar que a Lei n 8.078/90 lei especial e, portanto, no entra em conflito com as disposies que regem as relaes civis, que apenas tratam da exigncia da comprovao da culpa para a aferio da obrigao de indenizar. Logo, no existe na lei a distino que o recorrente pretende fazer.

verdade que o fator culpa do profissional liberal pressuposto sua responsabilizao, mas no o para a definio da prescrio, em relao qual existe regra especial aplicvel a todos os casos de responsabilidade includos no artigo 14 do Cdigo de Defesa do Consumidor. Destarte, o fato de se exigir a comprovao da culpa para que se possa responsabilizar o profissional liberal, como no caso do recorrente pela cirurgia esttica, no causa suficiente a afastar a regra de prescrio estabelecida no artigo 27 da legislao consumerista, que especial em relao s normas contidas no Cdigo Civil. ... (Min. Castro Filho). (STJ - Rec. Esp. 731.078 - SP - Rel.: Min. Castro Filho - J. em 13/12/2005 - DJ 13/02/2006)

STJ. Consumidor. Erro mdico. Cirurgio plstico. Profissional liberal. Aplicao do cdigo de defesa do consumidor. Precedentes do STJ. Prescrio. CDC, arts. 2, 14, 4 e 27. Conforme precedentes firmados pelas turmas que compem a Segunda Sesso, de se aplicar o Cdigo de Defesa do Consumidor aos servios prestados pelos profissionais liberais, com as ressalvas do 4 do art. 14. O fato de se exigir comprovao da culpa para poder responsabilizar o profissional liberal pelos servios prestados de forma inadequada, no motivo suficiente para afastar a regra de prescrio estabelecida no art. 27 da legislao consumerista, que especial em relao s normas contidas no Cdigo Civil. (STJ - Rec. Esp. 731.078// - SP - Rel.: Min. Castro Filho - J. em 13/12/2005 - DJ 13/02/2006)

STJ. Consumidor. Relao de consumo. Transporte de mercadorias. CDC, art. 2.

Se resultar de relao de consumo, o transporte de mercadorias est sujeito disciplina do Cdigo de Defesa do Consumidor, sendo de cinco anos o prazo de decadncia do direito reparao de danos. Embargos de divergncia no providos. (STJ - Embs. de Div. em RESP 258.132 - SP Rel.: Min. Ari Pargendler - J. em 26/10/2005 - DJ 01/02/2006) STJ. Consumidor. Relao de consumo. Transporte de mercadorias. CDC, art. 2. Se resultar de relao de consumo, o transporte de mercadorias est sujeito disciplina do Cdigo de Defesa do Consumidor, sendo de cinco anos o prazo de decadncia do direito reparao de danos. Embargos de divergncia no providos. (STJ - Embs. de Div. em RESP 258.132 - SP Rel.: Min. Ari Pargendler - J. em 26/10/2005 DJ 01/02/2006)

STJ. Seguridade social. Previdencirio. Ao civil pblica. Consumidor. Benefcio previdencirio. Direitos individuais disponveis. Ausncia de relao de consumo entre o INSS e o segurado. Ministrio Pblico Federal. Ilegitimidade ativa ad causam. Precedentes do STJ. CDC, arts. 2 e 81, III. CF/88, art. 127. Lei Compl. 75/93, art. 6, VII, d. Lei 7.347/85, arts. 1, IV e 21. A quaestio objeto da ao civil pblica diz respeito a direito que, conquanto pleiteado por um grupo de pessoas, no atinge a coletividade como um todo, no obstante apresentar aspecto de interesse social. Sendo assim, por se tratar de direito individual disponvel, evidencia-se a inexeqibilidade da defesa de tais direitos por intermdio da ao civil pblica. Destarte, as relaes jurdicas existentes entre a autarquia previdenciria e os segurados do regime de

Previdncia Social no caracterizam relaes de consumo, sendo inaplicvel, in casu, o disposto no art. 81, III, do CDC. (STJ - AgRg no Rec. Esp. 703.351 - PR - Rel.: Min. Flix Fischer - J. em 27/09/2005 - DJ 14/11/2005)

STJ. Consumidor. Banco. Contrato bancrio. Execuo. Cambial. Cdula de crdito rural. Relao de consumo. CDC. Aplicao. Precedentes do STJ. CDC, arts. 2 e 29. Nos termos da Smula 297/STJ, aplica-se o Cdigo de Defesa do Consumidor s instituies financeiras. A jurisprudncia desta Corte tem admitido a incidncia da Lei 8.078/90 tambm aos contratos de cdula de crdito rural. Precedentes: AgR-REsp 292.571/MG, Rel. Min. Castro Filho, DJ 06/05/2002 p. 286; REsp 337.957/RS, de minha relatoria, DJ 10/02/2003 p. 214; REsp 586.634/MT, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 17/12/2004 p. 531; AgRg no RESP 671.866/SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 09/05/2005 p. 402; AgRg no AG 431.239/GO, Rel. Min. Antnio de Pdua Ribeiro, DJ 01/02/2005 p. 538. (STJ - Ag. Reg. no Ag. de Inst. 656.816 - MG Rel.: Min. Aldir Passarinho Jnior - J. em 28/06/2005 - DJ 05/09/2005)

STJ. Consumidor. Conceito. Sociedade. Pessoa jurdica. Empresa assessorada por profissionais qualificados. Vulnerabilidade no reconhecida na hiptese. Consideraes da Min. Nancy Andrighi sobre o tema. CDC, arts. 2, 17 e 29. ... Na presente hiptese, entretanto, ainda que se considere a natureza adesiva do contrato firmado entre as partes, informam os autos que a empresa foi devidamente assessorada por profissionais qualificados, fato que, em tese, afasta qualquer

indcio de abusividade em relao unilateralidade das clusulas do contrato e, por conseguinte, uma eventual vulnerabilidade tcnico-jurdica. ... (Min. Nancy Andrighi). (STJ - Rec. Esp. 684.613 - SP - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 21/06/2005 - DJ 01/07/2005)

STJ. Consumidor. Conceito. Sociedade. Pessoa jurdica. Excepcionalidade. Consideraes da Min. Nancy Andrighi sobre o tema. CDC, arts. 2, 17 e 29. ... A jurisprudncia deste STJ tem evoludo no sentido de somente admitir a aplicao do CDC pessoa jurdica empresria excepcionalmente, quando evidenciada a sua vulnerabilidade no caso concreto; ou por equiparao, nas situaes previstas pelos arts. 17 e 29 do CDC. (Resp. 476428, por mim relatado, julgado em 19/04/2005 e Resp. 661.145, de relatoria do Min. Jorge Scartezzini, julgado em 22/02/2005). Em outros termos: reconhece a jurisprudncia deste STJ a possibilidade de incidncia do CDC pessoa empresria somente nos casos em que evidenciada uma tpica relao de consumo, consubstanciada naquela em que uma parte fornecedora e a outra, adquirente ou utente vulnervel. ... (Min. Nancy Andrighi). (STJ - Rec. Esp. 684.613 - SP - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 21/06/2005 - DJ 01/07/2005)

STJ. Consumidor. Responsabilidade civil. Acidente de trnsito. Animal na pista. Concessionria de servio pblico. Culpa comprovada. Relao de consumo caracterizada. CDC, arts. 2 e 14. O STJ j proclamou que as concessionrias de servios rodovirios, nas suas relaes com os usurios da estrada, esto subordinadas ao Cdigo

de Defesa do Consumidor, pela prpria natureza do servio. (STJ - Ag. Reg. no Ag. de Inst. 506.807 - RJ Rel.: Min. Humberto Gomes de Barros - J. em 24/05/2005 - DJ 27/06/2005)

STJ. Consumidor. Responsabilidade civil. Transporte martimo. Deslocamento de bobinas de papel contratado por editora, destinatria final da mercadoria. Conceito de consumdior. Relao de consumo caracterizada na hiptese. Consideraes do Min. Castro Filho sobre o tema. CDC, art. 2. ... o cerne da questo reside no fato de ser ou no aplicvel o Cdigo de Defesa do Consumidor ao transporte martimo. A teor do disposto no art. 2 da Lei 8.078/90, consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final, conceito que se amolda perfeitamente EDITORA O DIA LTDA., ao contratar com o ru o deslocamento de bobinas, na qualidade de destinatria final do contrato de transporte martimo. Ocorrendo a destruio de parte da mercadoria transportada, e uma vez acionado o seguro contratado, a SUL AMRICA COMPANHIA NACIONAL DE SEGUROS, ao desembolsar o equivalente ao valor integral das peas seguradas e danificadas, passou condio de sub-rogada nos direitos da empresa consumidora quanto ao ressarcimento dos prejuzos causados durante o contrato de transporte. A tese de que as partes envolvidas so igualitrias, dedicadas ao complexo negcio de comrcio exterior, no havendo no caso, um polo mais fraco, mais necessitado de proteo, por ser mais vulnervel no logra a socorrer o recorrente. No se analisa, na hiptese, a condio da autora autonomamente, mas, sim, como pessoa jurdica que assumiu os direitos e a situao de outra empresa, que, na relao de consumo firmada, merece o amparo da legislao consumerista.

Com efeito, de acordo com a Lei 8.078/90, h relao de consumo nos contratos entre fornecedor de bens ou servios e consumidor, pessoa fsica ou jurdica, que seja seu destinatrio final. No incide a proteo da referida lei sobre a aquisio de bens ou servios com a finalidade de intermediao ou de sua transformao ou aperfeioamento com fins lucrativos. Sendo assim, o material transportado e o fim a que se destina, se econmico ou no, no altera a natureza da relao contratual ora em exame, firmada entre a autora-recorrida e segurado do rurecorrente, cujo objeto a prestao do servio de transporte da carga, em condies especificadas, o que s seria definitivamente cumprido com a entrega da carga conforme avenado. No cumprida a contento a avena, o prazo para a ao de indenizao seria de cinco anos. Feito o pagamento da seguradora ao segurado, outro no o prazo para que ela, em ao regressiva, busque recompor-se daquilo que despendeu. Outro no o entendimento desta egrgia Turma sobre a matria, conforme se depreende do seguinte julgado:Ao de indenizao. Contrato de transporte. Embargos de declarao. Cdigo de Defesa do Consumidor. Prescrio. O Acrdo recorrido enfrentou todas as questes apresentadas na apelao, no havendo necessidade de referncia expressa a determinados dispositivos legais, ausente, portanto, a alegada violao ao art. 535 do CPC. Aplica-se a prescrio do Cdigo de Defesa do Consumidor (art. 27), em caso de ao de indenizao decorrente de dano causado em mercadoria durante o respectivo transporte martimo, no importando para a definio do destinatrio final do servio de transporte o que feito com o produto transportado. No caso, o servio de transporte foi consumado com a chegada da mercadoria no seu destino, terminando a a relao de consumo, estabelecida entre a transportadora e a empresa que a contratou. Recurso especial conhecido e provido. (RESP 286.441/RS, Rel. p/ acrdo Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ de 03/02/2003).

Outrossim, de se ter presente, no que toca ao transporte areo nacional e internacional de cargas, a existncia de jurisprudncia pacfica de ambas as

turmas que compem a colenda 2 Seo deste Tribunal no sentido de que a responsabilidade civil do transportador regida pelo Cdigo de Defesa do Consumidor. A propsito, confiram-se, entre inmeros outros precedentes: REsp 236.755/SP, Rel. Min. Csar Asfor Rocha, DJ 15/10/01; ADREsp 224.554/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 25/02/02; REsp 244.995/SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 15/04/02; EREsp 269.353/SP, de minha relatoria, DJ 17/06/02, e REsp 329.587/SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 24/06/02. Tranqila a incidncia da lei sobre os contratos de transporte areo de mercadorias, no se justifica a distino relativa ao transporte martimo de cargas, razo pela qual de se entender aplicvel ao caso o prazo qinqenal previsto no art. 27 da Lei 8.078/90. ... (Min. Castro Filho). (STJ - Rec. Esp. 302.212 - RJ - Rel.: Min. Castro Filho - J. em 07/06/2005 - DJ 27/06/2005)

STJ. Consumidor. Plano de sade. Contrato de trato sucessivo. Aplicao do CDC. CDC, art. 2. Nos contratos de trato sucessivo aplicam-se as disposies do CDC, ainda mais quando a adeso da consumidora ocorreu j em sua vigncia. (STJ - Rec. Esp. 244.847 - SP - Rel.: Min. Antnio de Pdua Ribeiro - J. em 19/05/2005 DJ 20/06/2005)

STJ. Consumidor. Conceito. Critrio subjetivo ou finalista. Mitigao. Sociedade. Pessoa jurdica. Excepcionalidade. Vulnerabilidade. Constatao na hiptese dos autos. Prtica abusiva. Oferta inadequada. Caracterstica, quantidade e composio do produto. Equiparao (art. 29). Decadncia. Inexistncia. Relao jurdica sob a premissa de tratos sucessivos. Renovao do compromisso. Vcio oculto. CDC, arts. 2 e 3.

A relao jurdica qualificada por ser de consumo no se caracteriza pela presena de pessoa fsica ou jurdica em seus plos, mas pela presena de uma parte vulnervel de um lado (consumidor), e de um fornecedor, de outro. Mesmo nas relaes entre pessoas jurdicas, se da anlise da hiptese concreta decorrer inegvel vulnerabilidade entre a pessoajurdica consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar o CDC na busca do equilbrio entre as partes. Ao consagrar o critrio finalista para interpretao do conceito de consumidor, a jurisprudncia deste STJ tambm reconhece a necessidade de, em situaes especficas, abrandar o rigor do critrio subjetivo do conceito de consumidor, para admitir a aplicabilidade do CDC nas relaes entre fornecedores e consumidores-empresrios em que fique evidenciada a relao de consumo. So equiparveis a consumidor todas as pessoas, determinveis ou no, expostas s prticas comerciais abusivas. (STJ - Rec. Esp. 476.428 - SC - Rel.: Ministra Nancy Andrighi - J. em 19/04/2005 - DJ 09/05/2005)

STJ. Responsabilidade civil. Consumidor. Relao de consumo. Caracterizao. Mero contato social de consumo. Consideraes da Min. Nancy Andrighi sobre o tema. CDC, art. 2. ... O cumprimento dos princpios e dos objetivos do microssistema do CDC exige que se considere como relao de consumo, dentre outras manifestaes, o mero 'contato social de consumo gerado pela aproximao estabelecida entre o fornecedor e o consumidor, por meio de atos puramente materiais, independente de manifestaes claras de vontade de quaisquer das partes, no mbito de um mercado de consumo massificado. Aproxima-se o consumidor do fornecedor em momento anterior ou, at mesmo, fora de qualquer vnculo contratual, seja em face da publicidade, seja em funo das facilidades

concedidas ao consumidor para comparecer a determinados locais. Nessas situaes, mesmo antes de qualquer contrato efetivo de consumo, estabelecido no contato social, ainda na fase prcontratual, j se caracteriza a responsabilidade do fornecedor por acidentes de consumo' ... (Min. Nancy Andrighi). (STJ - Rec. Esp. 419.059 - SP - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 19/10/2004 - DJ 29/11/2004)

STJ. Responsabilidade civil. Consumidor. Hipermercado e shopping center. Assalto mo armada iniciado dentro de estacionamento coberto de hipermercado. Tentativa de estupro. Morte da vtima ocorrida fora do estabelecimento, em ato contnuo. Fato do servio. Prestao de segurana aos bens e integridade fsica do consumidor. Atividade inerente ao negcio. CDC, arts. 2 e 14. A prestao de segurana aos bens e integridade fsica do consumidor inerente atividade comercial desenvolvida pelo hipermercado e pelo shopping center, porquanto a principal diferena existente entre estes estabelecimentos e os centros comerciais tradicionais reside justamente na criao de um ambiente seguro para a realizao de compras e afins, capaz de induzir e conduzir o consumidor a tais praas privilegiadas, de forma a incrementar o volume de vendas. (STJ - Rec. Esp. 419.059 - SP - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 19/10/2004 - DJ 29/11/2004)

TAMG. Compromisso de compra e venda. Consumidor. Construo. Empresa de construtora e adquirente. Relao de consumo caracterizada. CDC, arts. 2 e 3. ... Data venia, entendo que a relao jurdica se encontra subordinada ao sistema do Cdigo de

Defesa do Consumidor, pois, no caso, identifica-se uma empresa do ramo de construo civil como fornecedora (art. 3) e o adquirente do imvel residencial como consumidor (art. 2). ... (Juiz Jos Flvio de Almeida). (TAMG - Ap. Cv. 418.032 - Pouso Alegre - Rel.: Juiz Jos Flvio Almeida - J. em 04/03/2004 DJ 28/05/2004)

TAMG. Plano de sade. Seguro sade. Consumidor. Segurado e seguradora. Relao de consumo caracterizada. Abrigo da responsabilidade civil objetiva. CDC, arts. 2, 3, 3 e 14. ... Inicialmente, cabe ressaltar que a relao havida entre as apelantes e os apelados se caracteriza como de consumo, por se encaixar perfeitamente nos ditames dos art. 2 e 3, 2, do CDC, uma vez que a seguradora em referncia se caracteriza como autntica prestadora de servios, devendo sua responsabilidade ser decidida sob o abrigo da responsabilidade civil objetiva, como dispe o art. 14 do CDC. ... (Juiz Alberto Aluzio Pacheco de Andrade). (TAMG - Ap. Cv. 395.440 - Belo Horizonte Rel.: Juiz Alberto Aluzio Pacheco de Andrade J. em 02/03/2004 - DJ 04/05/2004)

STJ. Competncia. Clusula de eleio. Clinica mdica. Equipamentos mdico-hospitalares de valor acima de 1 milho de dolares. Empresa vendedora de maior porte. Irrelevncia. Prevalncia do foro de eleio. CDC, art. 2. CPC, art. 111. A clnica mdica que adquire equipamento de valor acima de um milho de dlares tem, presumidamente, condies de exercer a sua defesa no foro previsto no contrato. A mera circunstncia de

a vendedora do referido equipamento ser empresa de maior porte que o da compradora no suficiente, por si s, para afastar o foro eleito. (STJ - Rec. Esp. 519.946 - SC - Rel.: Min. Csar Asfor Rocha - J. em 09/09/2003 - DJ 28/10/2003)

STJ. Seguro. Consumidor. Clusula de cancelamento automtico do contrato em caso de atraso no pagamento do prmio. Insubsistncia em face do CDC. Ausncia de interpelao. Consideraes sobre a hiptese. CDC, arts. 2, 3, 2 e 51, IV e XI. Dec.-Lei 73/66, art. 12, pargrafo nico. ... Trata-se, no caso, de contrato de adeso que se insere nas relaes de consumo (CDC, arts. 2 e 3, 2). Assim sendo, invlida a clusula que estabelece o cancelamento da aplice na hiptese de no-pagamento do prmio no prazo estipulado (art. 51, IV e XI, do supra-aludido diploma legal). Segundo a empresa recorrente, a suspenso da cobertura do seguro opera-se automaticamente, uma vez evidenciado o atraso no pagamento do prmio (art. 12 e pargrafo nico, do Dec.-Lei 73, de 21/11/66; art. 4 do Dec. 61.589/67). Tais disposies, todavia, no se aplicam ao caso, visto cuidar-se, na espcie, como acima assinalado, de relao consumerista, regida pelo Cdigo de Defesa do Consumidor. Em recente julgamento, a eg. 2 Seo terminou por admitir a suspenso do contrato pela seguradora aps a interpelao por ela promovida, colocando o segurado em mora. Refirome ao REsp 316.449-SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Jnior, cujo Acrdo ainda no foi publicado. No caso dos autos, h a particularidade de que a seguradora no providenciou a prvia interpelao do segurado para constitu-lo em mora; mais que isso, as prestaes em atraso foram pagas, a ora recorrente recebeu-as sem ressalvas e no a devolveu. Significa isso, em ltima anlise, que o pagamento das parcelas pelo segurado, mesmo em data subseqente

do vencimento, produziu os devidos e legais efeitos, at porque no promovida a indispensvel notificao do devedor para o fim mencionado. ... (Min. Barros Monteiro). (STJ - Rec. Esp. 494.252 - MG - Rel.: Min. Barros Monteiro - J. em 15/04/2003 - DJ 04/08/2003)

STJ. Consumidor. Conceito. Prestao de servios. Destinatrio final. CDC, art. 2. Insere-se no conceito de destinatrio final a empresa que se utiliza dos servios prestados por outra, na hiptese em que se utilizou de tais servios em benefcio prprio, no os transformando para prosseguir na sua cadeia produtiva. (STJ - Rec. Esp. 488.274 - MG - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 22/05/2003 - DJ 23/06/2003)

STJ. Consumidor. Conceito. Destinatrio final. Compra de software por empresa de alimentos. Consideraes sobre o tema. CDC, art. 2. ... Extrai-se dos autos que a recorrente qualificada como destinatria final, j que se dedica produo de alimentos e que se utiliza dos servios de software, manuteno e suporte oferecidos pela recorrida, apenas para controle interno de produo. Deve-se, portanto, distinguir os produtos adquiridos pela empresa que so meros bens de utilizao interna da empresa daqueles que so, de fato, repassados aos consumidores. evidente a necessidade de se precaver para que o sistema de proteo ao consumidor no oferea resguardo para relaes jurdicas que no devem estar inseridas nas normas de proteo previstas pelo Cdigo, j que este apresenta desfechos instantneos, constitudo de vrios benefcios para o consumidor. Como bem afirma Cludia Lima Marques (in Contratos no Cdigo de Defesa do Consumidor, fls. 107), O

destinatrio final o Endverbraucher, o consumidor final, o que retira o bem do mercado ao adquirir ou simplesmente utiliz-lo (destinatrio final ftico), aquele que coloca um fim na cadeia de produo (destinatrio final econmico) e no aquele que utiliza o bem para continuar a produzir, pois ele no o consumidor-final, ele est transformando o bem, utilizando o bem para oferec-lo por sua vez ao seu cliente, seu consumidor. (...) E, como conclui, ainda, Cludia Lima Marques (op. cit., fls. 107) ... esto submetidos s regras do Cdigo os contratos firmados entre o fornecedor e o consumidor noprofissional, e entre o fornecedor e o consumidor, o qual pode ser um profissional, mas que, no contrato em questo, no visam lucro, pois o contrato no se relaciona com sua atividade profissional, seja este consumidor pessoa fsica ou jurdica. Ou seja, no importa se a pessoa fsica ou jurdica tem ou no fim de lucro quando adquire um produto ou utiliza um servio. ... (Min. Nancy Andrighi). (STJ - Rec. Esp. 488.274 - MG - Rel.: Min. Nancy Andrighi - J. em 22/05/2003 - DJ 23/06/2003)

TAMG. Responsabilidade civil. Dano moral. Consumidor. Relao de consumo. Erro de diagnstico (cncer). Laboratrio de anlises clnicas. Prestao de servio. Responsabilidade objetiva. CDC, arts. 2 e 14. CF/88, art. 5, V e X. Reputa-se como de consumo e, portanto, sujeita s regras institudas pelo Cdigo de Defesa do Consumidor, a prestao de servios por laboratrios de anlises clnicas, os quais, em razo da responsabilidade objetiva, so obrigados a indenizar a ttulo de danos morais em caso de erro de diagnstico. (TAMG - Ap. Cv. 368.143 - Belo Horizonte Rel.: Juiz Alberto Aluzio Pacheco de Andrade J. em 03/09/2002 - DJ 14/05/2003)

. Consumidor. Laboratrio de anlises clnias. Prestao de servio. Relao de consumo caracterizada. Consideraes sobre o tema. CDC, art. 2. ... Quanto questo principal, imperioso salientar, inicialmente, que a relao jurdica estabelecida entre as partes se caracteriza como relao de consumo, tratando-se de defesa de interesse social, por ser preceito de ordem pblica, motivo pelo qual, autorizado pela melhor doutrina e jurisprudncia, de oficio, aplico as regras institudas pela legislao consumerista. Sob essa tica, o magistrio de Srgio Cavalieri Filho, in Programa de Responsabilidade Civil, Malheiros Editores, p. 282283: Lembre-se, por derradeiro, que os laboratrios de anlises clnicas, bancos de sangue, centros de exames radiolgicos e outros de altssima preciso, alm de assumirem obrigao de resultado, so tambm prestadores de servios. Tal como os hospitais e clnicas mdicas, esto sujeitos disciplina do Cdigo do Consumidor, inclusive no que tange responsabilidade objetiva. ... (Juiz Alberto Aluzio Pacheco de Andrade). (TAMG - Ap. Cv. 368.143 - Belo Horizonte Rel.: Juiz Alberto Aluzio Pacheco de Andrade J. em 03/09/2002 - DJ 14/05/2003)

TAMG. Consumidor. Hospital. Prestao de servio. Relao de consumo. Existncia. CDC, arts. 2, 3, 2 e 14. Na prestao de servio hospitalar, inverte-se o nus da prova, uma vez que o hospital caracteriza-se como autntico prestador de servios, encaixando-se perfeitamente nos ditames dos art. 2 e 3, 2, do CDC. Sua responsabilidade deve ser decidida sob o abrigo da responsabilidade civil objetiva, como dispe o art. 14 do mesmo Diploma Legal, cabendo-lhe demonstrar que inexistiu defeito e que a culpa pela

infeco hospitalar foi do paciente ou de terceiro. (TAMG - Ap. Cv. 357.801 - Belo Horizonte Rel.: Juiz Batista Franco - J. em 08/05/2002 DJ 15/04/2003)

2 TACivSP. Arrendamento mercantil. Leasing. Da inaplicabilidade do Cdigo do Consumidor. Consideraes sobre o tema. CDC, arts. 2, 6, 46 e 51. Lei 6.099/74, art. 1. ... O contrato de leasing no se subordina s regras do art. 6, 51 e 46 da Lei 8.078/90, posto que disciplinado pela Lei 6.099/74 e Res. 980 de 1984 do BACEN , dada a natureza da atividade comercial desenvolvida pela arrendatria, sendo que o bem objeto do arrendamento teve o condo de desenvolver a atividade empresarial, jamais poder ser enquadrado no conceito do art. 2 da lei consumerista, pois, consoante ensinamentos doutrinrios: ... o conceito de consumidor adotado pelo Cdigo foi exclusivamente de carter econmico, ou seja, levando-se em considerao to-somente a pessoa que no mercado de consumo adquire bens ou ento contrata a prestao de servios, como destinatrio final, pressupondo-se que assim age com vistas ao atendimento de uma necessidade prpria e no para o desenvolvimento de uma outra atividade negocial (Jos Geraldo de Brito Filomeno - Cdigo Brasileiro de Defesa do Consumidor - Ed. Forense Universitria - 4 ed. p. 25). No mesmo diapaso, a lio do Prof. Jos Reinaldo de Lima Lopes (Responsabilidade Civil do Fabricante a Defesa do Consumidor - Ed. R.T. - 3.2 - 3.2.1 - pp. 78/79), ao comentar o art. 2 do CDC, esclarecendo que a definio de consumidor est ligada subordinao econmica. Uma pessoa jurdica pode ser consumidora em relao outra, mas tal condio depende de dois elementos que no foram adequadamente explicitados neste particular artigo do Cdigo. Em primeiro lugar, o fato de que os bens adquiridos devem ser bens de consumo e no bens de capital; segundo, que haja entre fornecedor e

consumidor um desequilbrio que favorea o primeiro. O Cdigo do Consumidor no veio para revogar o Cdigo Comercial ou o Cdigo Civil no que diz respeito as relaes jurdicas entre partes iguais, do ponto de vista econmico, uma grande empresa oligopolista no pode valer-se do CDC da mesma forma que um microempresrio. ... (Juiz Clvis Castelo). (2 TACivSP - Ap. c/ Rev. 649.496 - So Paulo Rel.: Juiz Clvis Castelo - J. em 24/02/2003)

TAMG. Consumidor. Banco. Instituio financeira. Aplicabilidade do CDC. Pessoa jurdica. Equiparao a consumidor. Consideraes sobre os dois temas. ... No mrito, em que pesem os argumentos apresentados pelo banco apelante para no se aplicarem as regras estabelecidas no Cdigo de Defesa do Consumidor ao caso sub examine, a meu juzo, so aplicveis nas relaes bancrias, como vem decidindo o Superior Tribunal de Justia, seja em face da determinao expressa do art. 3, 2, da referida lei, seja em face de aplicao da teoria maximalista, verbis: Quanto aos maximalistas, pondera a autora citada, 'vem nas normas do CDC o novo regulamento do mercado de consumo brasileiro, e no normas orientadas para proteger somente o consumidor no profissional. E merece destaque o ponto a seguir tratado: O CDC seria um Cdigo geral sobre o consumo, um Cdigo para a sociedade de consumo, o qual institui normas e princpios para todos os agentes do mercado, os quais podem assumir os papis ora de fornecedores, ora de consumidores. A definio do art. 2 deve ser interpretada o mais extensivamente possvel, segundo esta corrente, para que as normas do CDC possam ser aplicadas a um nmero cada vez maior de relao de mercado. Consideram que a definio do art. 2 puramente objetiva, no importando se a pessoa fsica ou jurdica tem ou no fim de lucro quando adquire um produto ou utiliza um servio.

Destinatrio final seria o destinatrio ftico do produto, aquele que o retira do mercado e o utiliza, o consome: por exemplo, a fbrica de celulose que compra carros para o transporte dos visitantes, o advogado que compra uma mquina de escrever para seu escritrio, ou mesmo o Estado quando adquire canetas para uso nas reparties e, claro, dona-decasa que adquire produtos alimentcios para a famlia (Cdigo Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto, 6. ed., Forense Universitria, 1999, p. 30). Ora, a meu juzo, o legislador adotou tal doutrina no Cdigo de Defesa do Consumidor, ao colocar, tambm, como consumidoras de produtos ou servios, as pessoas jurdicas, tambm vulnerveis economicamente e hipossuficientes em face das instituies financeiras que impem a contratao e clusulas contratuais sua maneira sob pena de no estabelecer a prpria contratao. Nem se diga sobre a sua possibilidade de informao ou meios de se defender, pois, se procura uma instituio financeira, como no caso em tela, porque tem necessidade do crdito ou prestao de servio; sem ele, pode vir at mesmo a fechar suas portas, no importando o seu conhecimento ou possuir estrutura para avaliar a avena contratual. Por outro lado, entendo tambm justificvel a adoo de tal teoria pelo legislador consumerista, uma vez que, alm de colocar expressamente pessoa fsica ou jurdica como consumidoras, sem qualquer distino, ainda teve o cuidado, para espancar de vez qualquer dvida ou embate doutrinrio e jurisprudencial, de equipar-las, no art. 29, a consumidor. ... (Juiz Drcio Lopardi Mendes). (TAMG - Ap. Cv. 356.205 - Belo Horizonte Rel.: Juiz Drcio Lopardi Mendes - J. em 08/08/2002 - DJ 15/02/2003)

2 TACivSP. Consumidor. Destinatrio final. Conceito que inclui aquele que adquire o bem para desenvolvimento de sua atividade. Consideraes sobre o tema. CDC, art. 2.

... Embora no se tenha argido porque pretende-se a substituio do bem e no a resoluo do negcio ou abatimento no preo, cabe a lembrana para mostrar que a inteno legal reside em proteo do adquirente, reforando a tese esposada no Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor, aplicvel espcie, sim, porque, ainda que destinado o produto a sua atividade negocial, o agravado seu destinatrio final, porquanto no o adquiriu para simples intermediao, revenda, renegociao, respeitados abalizados entendimentos em sentido oposto. que, mais concernente, h que se aplicar o conceito at ento majoritrio de destinatrio final, que exclui dessa qualidade, aqueles que adquirem bens para implemento de sua produo. No vejo razo lgico-jurdica para diferenciar destinatrio final daquele adquirente para si, ou para sua empresa, de bens destinados ao desenvolvimento de sua atividade. Acolhendo-se tal entendimento estreito de que destinatrio final vem a ser a pessoa que consume o produto na acepo restrita do termo, s para si, seria o mesmo que admitir-se, ad argumentandum, que o profissional que comprasse um micro-computador, uma mquina de escrever ou tirar cpias, um equipo odontolgico ou aparelho de raio-X, etc., para o desenvolvimento de seu ofcio, como trabalhos que dependam desses equipamentos, no fossem assim considerados. Parece-nos incongruente esta interpretao; inexistiria consumidor por no haver destinatrio final, desde que, at eletro-domsticos, v.g., podem ser utilizados para servir a terceiros no participantes da aquisio. Foroso interpretar-se que ao referir-se a destinatrio final, a lei quis dizer que o produto, o bem, no seria objeto de repasse, nem mesmo de alguma forma transmudado ou transformado (fios em tecido ou tecido em vesturio, por exemplo), e no quanto forma de sua utilizao que pode ser a derradeira do ciclo, data venia mais uma vez, de entendimento diverso de conceituados estudiosos e aplicadores do direito. ... (Juiz Linneu de Carvalho).

(2 TACivSP - Ag. de Inst. 778.103 - Sorocaba Rel.: Juiz Linneu de Carvalho - J. em 10/02/2003)

STJ. Seguridade social. Consumidor. Previdncia privada. Inaplicabilidade do CDC. Inexistncia de relao de consumo. CDC, art. 2. ... Claro est que, no se tratando no caso de relao de consumo, mas sim de controvrsia relacionada com a previdncia privada, inaplica-se o Cdigo de Defesa do Consumidor, at mesmo porque, ao reverso do que proclamou o decisrio recorrido, no alcana ele situaes jurdicas pretritas. ... (Min. Monteiro de Barros). (STJ - Rec. Esp. 242.730 - MG - Rel.: Min. Barros Monteiro - J. em 27/06/2002 - DJ 14/10/2002)

Seguridade social. Ao civil pblica. Consumidor. Reviso de benefcio previdencirio. Ausncia de relao de consumo entre a instituio previdenciria e o beneficirio, que no pode ser considerado consumidor. Ministrio Pblico. Ilegitimidade. Precedentes do STJ. Lei 7.347/85, art. 1, II. CDC, art. 2, pargrafo nico. CF/88, arts. 127 e 129, III. Por outro lado, as relaes jurdicas entre a instituio previdenciria e os beneficirios do regime de Previdncia Social no so relaes de consumo e estes ltimos no se acham na condio de consumidores. (STJ - Rec. Esp. 423.098 - SC - Rel.: Min. Gilson Dipp - J. em 17/09/2002 - DJ 14/10/2002)

TAMG. Consumidor. Proprietrios rurais de pequeno porte. Execuo. Ttulo extrajudicial.

Cdula rural hipotecria. Contrato de adeso. CDC. Aplicabilidade. CDC, art. 2. Sendo os embargados produtores rurais de pequeno porte que necessitavam urgentemente do emprstimo, encontrando-se totalmente vulnerveis frente ao banco, instituio financeira de reconhecido poderio econmico, aplica-se o Cdigo de Defesa do Consumidor, no se podendo olvidar de que o contrato de adeso, havendo supresso da liberdade contratual daqueles. (TAMG - Emb. Infr. na Ap. Cv. 330.615 Sacramento - Rel.: Juiz Marin da Cunha - J. em 22/11/2001 - DJ 09/05/2002)

TAMG. Consumidor. Contrato de adeso. Relao de consumo. Conceito. Caracterizao. Teoria finalista. CDC, art. 2. Exegese. A doutrina que melhor interpreta o art. 2 da Lei 8.078/90 e que vem sendo adotada pela maioria dos tribunais, inclusive pelo Superior Tribunal de Justia, a finalista, em sua vertente mais moderna, que no restringe o conceito de consumidor apenas queles que retiram definitivamente o bem ou servio da cadeia produtiva, estendendo-o tambm aos que se encontram em situao de evidente vulnerabilidade ftica, econmica ou tcnica. (TAMG - Emb. Infr. na Ap. Cv. 330.615 Sacramento - Rel.: Juiz Marin da Cunha - J. em 22/11/2001 - DJ 09/05/2002)

2 TACivSP. Arrendamento mercantil. Leasing. Consumidor. Foro de eleio. Possibilidade e eficcia. Inexistncia de relao de consumo na hiptese. CDC, art. 2 eficaz a clusula do foro de eleio inserido em contrato de arrendamento mercantil.

(2 TACivSP - Ag. de Inst. 728.706 - Guariba Rel.: Juiz Norival Oliva - J. em 11/03/2002)

2 TACivSP. Arrendamento mercantil. Leasing. Consumidor. Compra de caminhes por empresa transportadora. Inexistncia de relao de consumo. CDC, art. 2. Inaplicabilidade. Inaplicvel o Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) a contrato firmado entre empresas, relativo a veculos utilizados em atividade lucrativa de prestao de servios comerciais. (2 TACivSP - Ag. de Inst. 728.706 - Guariba Rel.: Juiz Norival Oliva - J. em 11/03/2002)

2 TACivSP. Locao. Consumidor. Inexistncia de relao de consumo. Inaplicabilidade do CDC. CDC, art. 2. ... Primacialmente deixe-se assentado que, em matria locatcia, insustentvel a aplicao da legislei consumerista, na medida em que aqui no se cuida de relao de consumo ou de contrato de mtuo, devendo, por isso, prevalecer o estabelecido em contrato. ... (Juiz Mendes Gomes). (2 TACivSP - Ap. S/ Rev. 634.306 - So Paulo Rel.: Juiz Mendes Gomes - J. em 18/02/2002)

STJ. Competncia. Consumidor. Foro de eleio. Empresa de porte. Contrato de adeso. Presuno de poder exercer a defesa no foro escolhido. CDC, arts. 2, 51, XI e 54. vlida a clusula de eleio de foro constante de contrato de valor aproximado de R$ 1.000.000,00, celebrado por empresa de porte, que se presume tenha condies de exercer a defesa no foro escolhido, embora se trate de contrato de adeso.

(STJ - Rec. Esp. 304.678 - SP - Rel.: Min. Ruy Rosado de Aguiar - J. em 28/08/2001 - DJ 19/11/2001)

TJRJ. Plano de sade. Tutela antecipatria. Prestao de Servio Mdico Hospitalar. Necessidade de interveno cirrgica de urgncia. Obesidade mrbida com risco a sade e vida do segurado. Oposio da Seguradora, sob a alegao de enfermidade pr-existente. CPC, art. 273, I. Tutela antecipada deferida em razo de risco de dano irreparvel, configurada, na hiptese, os requisitos legais de prova inequvoca e verossimilhana da alegao, atravs de prova prconstituda. Antecipa-se os efeitos prticos da deciso definitiva em obedincia ao princpio da efetividade. Providncia legal para que a demora na prestao jurisdicional no acarrete dano irreparvel parte. Insubsistentes, luz do contrato e da lei, a negativa da internao do paciente - segurado pela recorrente. Correta a deciso antecipatria da tutela jurdica. (TJRJ - Ag. de Inst. 4.338 - Rel.: Des. Gerson Arraes - J. em 23/05/2001 - DJ 27/09/2001)

STJ. Consumidor. Relao de consumo. Existncia. Fornecimento de gua por concessionria de servio pblico e empresa que comercializa pescado. CDC, arts. 2, 3 e 42, pargrafo nico. CF/88, art. 5, XXXVII. Existe relao de consumo no fornecimento de gua por entidade concessionria desse servio pblico a empresa que comercializa pescados. Configurado esse vnculo obrigacional, considera-se a empresa que utiliza o produto como consumidora final. (STJ - Embs. de Decl. no Rec. Esp. 263.229 - SP

- Rel.: Min. Jos Delgado - J. em 07/06/2001 DJ 27/08/2001)

TJRJ. Responsabilidade civil. Dano moral. Consumidor. Pedido improcedente. Inexistncia de relao de consumo. Doao de sangue. Primeiro resultado do exame laboratorial positivo, sem especificao da doena da qual era portador. Chamamento do doador para refazimento do exame. Hepatite tipo C. No confirmao da doena. CF/88, art. 5, V e X. CDC, art. 2. Requerimento de danos morais pela apreenso sofrida desde aquele lacnico comunicado. Suspeita infundada do prprio tratar-se de AIDS ou outra doena sexualmente transmissvel. Inexistncia de relao de consumo. Aplicao do CCB, art. 159. Responsabilidade subjetiva. No comprovao do dano apontado, nexo de causalidade ou culpa do ru. Observao, por este, da Port. 1.376/93 do Ministrio da Sade. Ausncia do dever de indenizar. Manuteno da sentena que julgou improcedente o pedido inicial. (TJRJ - Ap. Cv. 996/99 - Rio de Janeiro - Rel.: Des. Leila Mariano - J. em 06/07/1999)

Art. 3 - Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios. V. art. 28.

1 - Produto qualquer bem, mvel ou imvel, material ou imaterial. 2 - Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das

JURISPRUDNCIATRT 2 Regio. Competncia. Consumidor. Advogado. Honorrios advocatcios. Relao de consumo e relao de emprego. Distino. CLT, art. 3. CDC, arts. 2 e 3, 2. Na relao de trabalho, em princpio, o objeto o trabalho humano prestado de forma pessoal e peridica a pessoa fsica ou jurdica, que utiliza-o como meio para atingir a finalidade de seu empreendimento, enquanto que a de consumo tem como ncleo fundamental o resultado final dos servios. (TRT 2 Regio - Rec. Ord. 60.020 - So Paulo - Rel.: Juiz Edivaldo de Jesus Teixeira - J. em 06/03/2007 - DJ 20/03/2007)

TRT 2 Regio. Competncia. Consumidor. Advogado. Honorrios advocatcios. Relao de consumo. CDC, arts. 2 e 3, 2. CF/88, art. 114, I. Exegese. A despeito dos argumentos alinhavados pela recorrente, comungamos com os que entendem que a prestao de servios advocatcios se insere dentre as relaes de consumo, de vez que o advogado, em que pese a relevncia de suas funes, quando oferea seus servios de

forma autnoma a pessoa fsica ou jurdica, se insere no mercado como um verdadeiro prestador de servios, nos moldes preconizados nos arts. 2 e 3, 2 do CDC. A proteo objetivada pelo CDC, via de regra, est voltada para o consumidor, e no para o prestador de servios ( trabalhador). Demais disso, ao erigir legislao moderna, induvidosamente inserida no mbito do direito civil, com princpios e parmetros prprios, apropriada para reger tais relaes, parece evidente que o legislador quis deixar que tais relaes ficassem no mbito da jurisdio comum. Parece incongruente com a lgica racional que deve orientar a distribuio de competncia, atribuir justia especializada em questes trabalhistas, cujos princpios protetores sempre tiveram como objeto o trabalhador, competncia para processar e julgar processos em que, como regra, inverter-se- o prprio contexto principiolgico. Exemplifica-se: no direito do trabalho, o princpio da norma mais favorvel foi construdo para a proteo do hipossuficiente; no CDC, a inteno a proteo do consumidor ; no processo do trabalho, a inverso do nus de prova, via de regra, se opera em favor do empregado; no CDC, em favor do consumidor. (TRT 2 Regio - Rec. Ord. 60.020 - So Paulo - Rel.: Juiz Edivaldo de Jesus Teixeira - J. em 06/03/2007 - DJ 20/03/2007)

STJ. Consumidor. Debntures. Emisso. Condies. Clusula abusiva. CDC, arts. 3 e 51. A emisso de debntures de competncia privativa da assemblia geral da emitente, que estabelece as condies gerais de lanamento, no podendo depois, no momento do resgate, argir a existncia de clusulas abusivas al